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CULTURA POLÍTICA INSURGENTE NA ESPANHA E NO BRASIL
LUCIENE PAZINATO DA SILVA1
Resumo: O uso da Internet durante as mobilizações de rua ocorridas no início deste século
XXI nos cenários políticos nacional e internacional, trouxe para o campo da pesquisa da
comunicação e da política desafios ao debate das formas de participação política. A rede
Internet e a comunicação móvel configuram um novo processo de organização nas ações
coletivas que Castells (2009) denomina de autocomunicação de massa. A discussão das
transformações de novas formas de participação na cultura política denominado de políticas
insurgentes permite analisar o contexto deste fenômeno de comportamento político, a partir de
pesquisa comparativa dos coletivos urbanos: a Plataforma Democracia Real Ya! que propõe
discutir uma democracia real, e impulsionou na Espanha, em maio e junho de 2011 a
participação da população nos acampamentos de todo o pais, originando o Movimento 15-M,
os “Indignados”; e o Movimento Passe Livre – MPL que, na luta pela tarifa zero no transporte
público, mobilizou a participação da população nas manifestações de rua ocorridas no Brasil
em junho de 2013. Portanto, destacam-se nestes fenômenos políticos contemporâneos as
novas forças de relações de poder, alterando as decisões dos poderes instituídos e
resignificando a própria comunicação, colocando em debate poderes locais e globais na pauta
de discussão.
Palavras-chave: Autocomunicação de massa, cultura política; Internet.
INTRODUÇÃO
As manifestações de rua ocorridas na Espanha em maio e junho de 2011, iniciadas
pela plataforma Democracia Real YA! - DRY e as manifestações de junho de 2013 no Brasil,
iniciadas pelo Movimento Passe Livre - MPL tem em comum reivindicar uma democracia
representativa mais participativa, contestando as formas de condução dos poderes constituídos
legalmente. Estes representantes dos movimentos sociais se organizam e se constituem a
partir do uso intensivo dos aparelhos móveis de comunicação e, juntamente com suas
reivindicações constituem uma nova cultura política insurgente.
Desta forma, ocupam os espaços públicos para disseminar seus protestos que passam a
ter participação ampla da sociedade civil, tanto na Espanha como no Brasil. E destas
ocupações passam a ter visibilidade nos meios de comunicação tradicional, como a televisão.
Esta pesquisa pretende mostrar de que forma foram projetadas estas manifestações nas
televisões públicas da Espanha e do Brasil. Portanto, mostrar de modo comparativo como
1Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUC-SP, professora de Ciências Sociais do
Centro Universitário Unibrasil, Curitiba-PR, Brasil. Essa pesquisa é parte integrante da investigação realizada na
Universidad de Valladolid, Valladolid, Espanha financiada pela CAPES. E-mail: [email protected]
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foram as coberturas de ambas as manifestações na Televisão Espanhola, TVE e na TV Brasil,
em seus respectivos telejornais, acompanhando os noticiários de âmbito nacional.
Os dados quantitativos e qualitativos levantados para esta pesquisa encontram-se em
processo de análise, mas é possível verificar já com o material existente novas práticas de
atuação com a existência de um novo sujeito político, com novos recursos de comunicação – a
Internet e a necessidade de participação mais efetiva nas decisões das políticas de acesso aos
direitos coletivos.
REFERENCIAL TEÓRICO
Para compreender a atual dinâmica dos movimentos sociais apontados nesta
pesquisa, nos reportamos a Gohn e Bringel (2014: p. 08-12) descrevem o cenário do mundo
globalizado no final do XX, como a rearticulação das formas de dominação no campo
econômico, político e social. Uma globalização assimétrica que reestruturou as formas de
organização e de protestos, das ações coletivas e dos movimentos sociais. Dentre os fatores, o
aparecimento de ativismo internacional e transnacional e multiescalar; a renovação dos atores
sociais que compartilham e dão sentidos diferentes à mobilização; um “paradoxo
democrático” de que o ideal democrático é cada vez mais geral; mudanças no cenário local e
global.
Alves (2012: p. 32-33) utilizando-se das análises sobre os ocorridos em Portugal,
Espanha e EUA, salienta seis características dos movimentos sócias democráticos de massa e
que ocorrem em países capitalistas sob o Estado de direito democrático. E podemos tomá-las
para análise que se propõe em nossa pesquisa.
As características são: complexa diversidade social; recusam táticas violentas e
ilegais, evitando a criminalização; utilizam redes sociais para intervenção e mobilização;
possuem inovação e criatividade política de contestação social; capacidade de comunicação e
visibilidade as misérias da ordem burguesa; e reivindicam a democratização radical contra a
farsa democrática dos países capitalistas centrais, a exemplo da Espanha com !Democracia
real Ya!
Analisando mais de perto as práticas políticas e ampliando a discussão Pinto
(2014: p. 129) compara com o que vem acontecendo em 2011 com a história dos movimentos
sociais enfatiza “que estamos frente a um fenômeno com qualidades diferenciadas quando se
examina as manifestações da Primavera Árabe, dos Indignados na Espanha e dos Estudantes
no Chile”.
A autora, ao analisar comparativamente estes dois últimos países, parte da
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hipótese de que estamos frente a uma nova forma de fazer política e, portanto, levanta cinco
novidades que acredita caracterizar estes movimentos a começar pela radicalização da
democracia que aparece nas manifestações e que tomou lugar das utopias de tipo socialista,
como uma forte crítica a uma democracia que não se realiza devido a uma elite política que
concentra poder político e econômico. Pinto (2014: p.135-139). A segunda novidade é a
internet e o celular, não apenas para comunicação imediata, mas como forma de organização,
que segundo a autora, em dois vetores diferentes, chamado horizontal tornando o movimento
aberto e acessível e, verticalmente na organização de redes, que seriam a terceira novidade.
Na quarta, são movimentos liderados por jovens, que ha muito estavam afastados da política.
A quinta novidade é a relação dos movimentos com os espaços públicos, espaços
que se tornam esferas pública, de formação de opinião, pois “se apropriam da geografia das
cidades, transformando praças e calçadas em lugares de discussão e de construção de
discursos e do próprio movimento” (p. 139). O que possibilita grande visibilidade dos
movimentos nas ruas e nas praças com capacidade agregadora de diferentes segmentos e um
alastramento da própria luta, formas de como estão tomando a rua parece apontar para uma
novidade na forma de se fazer política.
Juntamente com este novo perfil de atores sociais e suas práticas políticas
enfoquemos o uso dos recursos tecnológicos como celulares, e computadores pessoais, tendo
a rede Internet como ferramenta de ampliação de comunicação e alcance dos movimentos
sociais.
Nesta aspecto, com a difusão da Internet, uma nova forma de comunicação interativa
surge, que CASTELLS (2009) denomina de “autocomunicação de massas”, processo esse
capaz de produzir em único meio a convergência de recursos de comunicação e,
fundamentalmente, possibilitar interação com os conteúdos das mensagens. Para se chegar a
essa convergência, houve uma série de transformações da comunicação, e das relações de
poder, nas mudanças para a comunicação multimodal e multidimensional global.
Esse é um elemento fundamental da atual transformação, afirma CASTELLS (2009: p.
144-145), pois suas consequências reais no campo da comunicação dependem das decisões
políticas, empresariais e grupos de interesses sociais. Processo que levou à novas formas de
comunicação, incluída a autocomunicação de massas, que alterou a audiência dos meios de
comunicação de massa, que se transformaram em um sujeito comunicador com maior
capacidade para redefinir os processos de comunicação social que marca a cultura da
sociedade. Paradoxalmente, o estado cedeu aos interesses do capital e levou “al nacimiento de
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una nueva forma de comunicación que puede aumentar el poder de la ciudadania sobre el
capital y el estado” (CASTELLS, 2009: p.164-165).
Um enfoque importantíssimo na análise de CASTELLS (2009b) se refere à atuação
política dos atores sociais que atuam em nossa sociedade mediante a reprogramação das
redes de comunicação, porque podem transmitir mensagens que apresentam novos valores às
mentes e inspiram esperanças de mudança política.
A essa participação dos atores, CASTELLS (2009: p. 394) nomeia movimentos
sociais e políticas insurgentes:
A los actores sociales que aspiran al cambio cultural (cambio de valores) los
conceptualizo como movimientos sociales, y a los procesos que aspiran al cambio
político (cambio institucional) en discontinuidad con la lógica incorporada en las
instituciones políticas los defino como políticas insurgentes. [grifo do autor]
É quando o sistema midiático se abre, transformando, como chama CASTELLS
(2009b), a panóplia, e que permite intervenções politicamente em dois níveis: nos
movimentos sociais, pois muda valores sobre nossas mentes; e no uso da rede Internet, para
receber e enviar informações. Esses movimentos se constrõem entre o local e o global. É com
movimento espontâneo em que a indignação da população sempre foi importante.
As políticas insurgentes, afirma CASTELLS (2009: 394), provocam a transição
entre a mudança cultural e a mudança política, mediante a incorporação de sujeitos
mobilizados pela transformação cultural ou política em um sistema político a que não
pertencia anteriormente. Originam-se tanto na reafirmação de um projeto cultural ou político
como em um ato de resistência contra as instituições políticas. Isso pode ou não dar lugar aos
projetos que são adotadas pelos movimentos sociais ou as políticas insurgentes. E, quando
surgem tais projetos, pode se dar uma transformação estrutural.
As políticas insurgentes nascem à margem do sistema e conduzem um movimento de
transformação política. Esses atores não estavestãoam participando politicamente no coração
do sistema político, mas programam e reprogramam a rede. Como novo espaço de poder, em
que a esfera pública se reconstitui fora das instituições, reconstitui-se em um mundo da
comunicação, em todas as suas versões – a autocomunicação CASTELLS (2009b).
O espaço de interação dos movimentos sociais e políticos, insurgentes ou não,
floresce e vive no espaço público, como afirma CASTELLS (2009: p. 395):
En otras palabras, los movimientos sociales y políticos, insurgentes o no, florecen y
viven en el espacio público. El espacio público es el espacio de la interacción social
y significativa donde las ideas y los valores se forman, se transmiten, se respaldan y
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combaten; espacio que en última instancia se convierte en el campo de
entrenamiento para la acción y la reacción. [grifo do autor]
As redes de comunicação multimodal constituem, em conjunto, o espaço público na
sociedade em rede, de tal maneira que as diferentes formas de controle e manipulação das
mensagens e da comunicação no espaço público estão no centro da construção do poder,
afirma Castells.
Em um mundo marcado pelo crescimento da autocomunicação de massas,
complementa CASTELLS (2009: p. 396-397), há muitas oportunidades para que os
movimentos sociais e as políticas insurgentes entrem no espaço público, complementa.
Utilizam a rede de comunicação, promovem a mudança política e cultural ainda que comecem
em uma posição subordinada dentro do poder institucional. A liberdade e, em última
instância, a mudança social se entrelaçam com o funcionamento institucional e organizativo
das redes de comunicação. A política de comunicação se torna dependente da política da
comunicação.
METODOLOGIA
Esta pesquisa busca realizar uma análise comparativa dos processos políticos e da
comunicação pública na Espanha e no Brasil, tomando como estudo de caso a cobertura
jornalística realizada pelos noticiários do telejornal Telediário 2, do Canal La 1, da Televisão
Pública Espanhola – TVE, sobre o Movimento 15-M, os “Indignados”, ocorrido nas
principais praças das capitais das Comunidades Autônomas da Espanha, nos meses de maio e
junho de 2011.
Foram investigadas as notícias veiculadas no telejornal Telediario 2, Canal La 1,
da TVE durante as duas semanas de maio e de junho de 2011, período que se manteve o
acampamento do movimento 15M no principal local de referência do movimento, na Praça
Puerte del Sol, em Madri. As semans foram dividas em: 1a. Semana – dias 15 a 21 de maio;
2a. Semana – dias 22 a 28 de maio; 3a. Semana – dias 29 de maio a 04 de junho; e 4a. Semana
– dias 05 a 12 de junho. Considerou-se as semanas de domingo a sábado, pois o movimento
inicia no domingo e somente na 4a. Semana foi considerado de domingo a domingo.
A catalogação da cobertura do 15M dada pelo telejornal Telediário 2 foi a partir
do site da RTVE. Os noticiários estão organizados por dia, mês e ano e armazenados na
íntegra.
Foram 28 dias de cobertura do 15M, tempo de permanência dos acampados em
Madri. O tempo de cada telejornal oscilava entre 30 minutos a 01 hora dependendo do
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armazenamento no site da RTVE, sendo que prevalece o tempo máximo, ficando o de menor
tempo para sábados e domingos.
A cobertura do telejornal Repórter Brasil, da televisão pública brasileira TV Brasil,
durante as Manifestações de junho de 2013 no Brasil, que ocorreram nas principais ruas,
avenidas e praças das capitais do país, durante as quatro semanas daquele mês.
Foram investigadas as notícias veiculadas no telejornal Repórter Brasil na edição
da noite, de segunda a sábado, veiculadas nas 04 semanas de junho de 2013 divididas em: 1a.
Semana – dias 03 a 08; 2a. Semana – dias 10 a 15; 3a. Semana – dias 17 a 22; e 4a. Semana –
dias 24 a 29. Aos domingos não ha edição do telejornal.
A catalogação da cobertura das manifestações dada pelo telejornal Repórter Brasil
foi a partir do site do canal da TV Brasil. Os noticiários estão organizados por dia, mês e ano.
A hospedagem das notícias do dia estão divididas e organizadas de forma aleatória e
fragmentada. Foram assistidos um total de 119 inserções, com tempo de 15 segundos a 10
minutos de cada inserção, dependendo do dia e da cobertura da notícia.
RESULTADOS
O Movimento 15M da Espanha no telejornal da TVE
O telejornal, durante as quatro semanas ao longo dos 28 dias, explica a dinâmica do
15M desde a primeira inserção abordando o perfil dos manifestantes, sobre as comissões,
reações e formas de organização interna. Dentre as principais reivindicações do 15M que o
telejornal comentou estava a reforma eleitoral e a luta contra a corrupção.
Na 1a. semana do telejornal, exatamente no primeiro dia de mobilização nenhuma
notícia é veiculada no telejornal, porém no transcorre dos dias são reportagens com imagens
sobre os acampados convocados pela plataforma !Democracia real YA!, em Madri
explicando que o movimento é apartidário.
Depoimentos da 1a. semana, sobre o 15M e o período pré-eleitoral:
Luis [representante Plataforma ¡Democracia real! Ya]: no hay que compartir con
ningún partido concreto, la compartida que nos une es una oposición al
bipartidismo.
José Luis Rodríguez Zapatero: Es una protesta pacífica. Merecen nuestro respecto.
Y quiero que ese país, […] hace falta en los jóvenes, especialmente el empleo, si
consiguen trabajando y votando.
Ismael Peña [profesor de Ciencia Política de la Universidat Oberta de la
Cataluña]: este movimiento tendrá un texte de aceptación domingo. Y se es bueno
continuara hasta mayo del año que viene.
Dolores de Cospedal [Secretaria general del PP]: que se garantía la Jornada de
Reflexión y que los ciudadanos no se visen invadidos con ningún tipo de mensaje.
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A 2a. semana, o telejornal dedica-se ao dia das eleições 22 de maio. Como o
movimento permaneceu, são mostradas as dinâmicas do acampamento de Madri com as
assembléias, as comissões que em turnos decidem o que fazer e espaços para o registro das
propostas, além de atividades culturais, e a noite ocorre o “grito mudo”, devido a “Jornada de
Reflexión”. O próprio telejornal já indaga: até quando o Movimento 15M permanece nas
praças?
[Personas en las calles]: … Aquí no se habla de policita se hable de problema de
las personas. … Es un Movimiento pacifico entonces nuestra respuestas son
pacificas.
Artur Mas [Presidente de la Generalitat, Barcelona]: Cuando las cosas se van
degradando cuestión de higiene de seguridad. Llega un momento q hay q hacer
alguna cosa. […]
Ignacio Lario [presidente comercial]: […] esta situación no se puede asumir mucho
mas. Es que nos llevan a ruina.
Participante do M15: Sanidad ha venido aquí en acampamiento e ha comprobado
cual son las condiciones e nos la aprobado.
Na 3a. semana o telejornal continua com a pergunta: Até quando o movimento
fica na Puerta de Sol? Nos debates dos acampamentos, ocupar o espaço público só o
necessário e propostas a longo prazo. A difusão tem apoio das redes sociais aliadas e
oferecem ao mundo seu informativo e, solidariedade nas mais de 700 concentrações em todo
o mundo. Período que porta-vozes de acampamentos de mais de 30 cidades se reúnem para
decidir propostas. Domingo, dia 29, Movimento 15M decide em assembléia três opções: se
retirar, ficar mais uma semana ou criar um pequeno espaço permanente.
Depoimentos desta 3a. semana, continua a tentativa de retirar o 15M das praças:
[Telediario]: Hasta donde va el movimiento 15M? Una democracia mas abierta,
transparente, participativo según el pleno debate . La necesidad da reforma da ley
electoral do controle dos cargos públicos.
Ivan Martínez [portavoz do movimiento 15M]: […] Tiene una serie de puntos
determinados pero son solo aspectos políticos. Al mismo pasa con la educación, hay
otras comisiones no a llegado ningún consenso.
Um acampado [Barcelona]: Yo no tengo nada claro q se convierta en un partido
político porque lógicamente soy de la opinión que las personas q estamos aquí nos
hemos reunidos voluntaria e espontáneamente […].
[Telediario]: […] los portavoces de las acampadas de más de 30 ciudades de
España y deciden acordar propuestas […] El 15M continua se extendiendo en
barrios e municipios y suman + de 80 reuniones solo en la Comunidad de Madrid.
E na 4a. semana, momento das reuniões para decidir se deixam ou não as praças
das cidades. Momentos também de confrontos dos manifestantes com a polícia nas posses
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municipais. Manifestações nos congressos de deputados em Madri, Barcelona, Málaga e
Valência. Incluindo também resposta do governo diante da ação da policia, como o
subdelegado do governo.
Dia 12 de junho, domingo, preparativos da saida do Movimento “Indignados” da
Puerta del Sol, em Madri. Em outras cidades como Valência, Valladolid e Sevilha decidem
permanecer acampados até o próximo domingo [19 de junho]. Em Barcelona decidem manter
o acampamento mas não dormir.
Depoimentos desta 4a. semana, 15M seguem pelas ruas, deixam as praças:
[Telediario]: Algunos acampamentos de movimiento 15M ya empiezan a
desmantelarse. Pamplona, con la promesa de reuniones semanales. Bilbao, deciden
su marcha y Sevilla continua acampados.
Hilario Alfaro [Presidente de Cocem]: reclama al Ministro do Interior un informe
eses case 02 meses los daños por haber ejercido de forma anormal los deberes que
tenían que hacer cumplido.
Ana Botella [Delegada del gobierno de la comunidad de Valencia]: La policía solo
se defendió, que retumén sus actitudes pacíficas, la policía rechazo las actitudes
antidemocráticas.
[Telediario, Puerta del Sol]: […] Lo movimiento, seguirá tiendo aquí su epicentro
porque dejaran aquí un punto de información. […]. Hoy termina una fase y por la
noche una jornada de reflexión con un grito mudo.
Sobre as manifestações de junho de 2013 no Brasil no telejornal da TV Brasil
O telejornal, durante os 30 dias do mês de junho apresentou um total de 119 inserções.
No início, primeira e segunda semana, as notícias revelam desordem e caos sobre as
manifestações e nas duas semanas seguintes outra interpretação será dada.
Na 1a. semana do mês de junho sobre as manifestações ligadas ao transporte público
será dias 06 e 07, quinta e sexta-feira, na cidade de São Paulo, considerados os 1o. e 2o. atos
das manifestações, relatando que a organização dos integrantes do Movimento Passe Livre -
MPL. As cenas e notícias são de violência da polícia com o uso de bombas de gás
lacrimogêneo, sprey de pimenta, bombas de borracha e por parte dos manifestantes pichações,
fogo sendo ateado.
Depoimento desta 1a. semana, pouca visibilidade:
[Repórter Brasil]: [...] manifestantes convidavam a população a ir para as ruas
protestar contra o aumenta da tarifa [...].
Na 2a. semana novamente São Paulo, em que acontecem os 3o e o 4o. atos de protesto,
dias 11 e 13, terça e quinta-feira, repetindo notícias de violência, com a prisão de jornalistas e de
manifestantes. Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, cobra informações sobre confrontos em São
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Paulo e no Rio de Janeiro. E, reunião do Ministério Público-SP com representantes do MPL,
propondo suspender o aumento da passagem, desde que suspendam as manifestações em vias públicas.
Prefeito e governador de São Paulo, afirmam que os atos de violência e vandalismo são inaceitáveis.
Telejornal fala sobre cálculo da passagem de ônibus com base nos dados do IBGE, BACEN e
SPTRans, nos últimos 19 anos aumento foi de 540%.
Depoimentos desta 2a. semana, reação das autoridades:
[Repórter Brasil]: A PM já não tinha mais foco. Bombas por todos os lados. [...]
[Repórter Brasil, sede do MP de SP comenta: [...] proposta de suspender o
aumento da passagem por 45 dias. Se aceita, as manifestações em vias publicas
serão suspensas [...].
[Repórter Brasil ]: O governador de São Paulo, Geraldo, disse que os atos de
violência e vandalismo são inaceitáveis [...] O prefeito Fernando Haddad diz que
estendeu a mão para o diálogo [...] manifestantes fizeram questão de dizer que não
iam abdicar da violência.
É a partir da 3a. semana de junho, quando os noticiários e inserções do telejornal
trouxeram enfoque diferenciado sobre as manifestações.
Semana em que ocorrem as 5o. 6o. e 7o. atos em São Paulo, segunda dia 17, terça dia
18 e quinta-feira dia 20 respectivamente, em que ao menos 09 capitais foram alvo de
protestos. Como ocorreu o dia 18, terça-feira, no 6o. ato de protesto, o Rio de Janeiro foi palco
da maior manifestação no pais, conforme informação do próprio telejornal, foram 100 mil
pessoas ocuparam pacificamente a Candelária, Palácio Tiradentes, centro da cidade. Noite que
o telejornal dará longo espaço de debates sobre as manifestações, incluindo notícias
explicativas sobre o MPL.
Sobre o uso de armas letais pela polícia brasileira Coordenadora de Direitos Humanos
do órgão, frisa que a Anistia Internacional lança guia para polícia lidar com protestos. Dia em
que se revoga a passagem de ônibus.
No dia 20, quinta-feira, no 7o. ato as manifestações ocorrem em mais de cem cidades.
Semana em que pela primeira vez o telejornal trás notícia da presidenta Dilma Rousseff em
que ela comenta sobre as manifestações, em evento em Brasília, bem como o Ministro-Chefe
da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. E na noite do dia 21,
sexta-feira, uma vez entrevista do representante do MPL, anunciando a saída da luta nas ruas.
Momento das manifestações em torno da redução na tarifa de ônibus repercutirem fora
do Brasil, como na Inglaterra, EUA e França.
Depoimentos desta 3a. semana, expansão das manifestações pelo pais:
[Repórter Brasil]: [..] manifestantes lotaram o Largo da Batata [...] Não houve
cenas de violência. [...] graças a reunião pela manha entre a liderança do
movimento e a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo -SESP-SP.
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Fernando Grella [Secretário da SSEP-SP]: [a PM] vai estar a disposição como
sempre esteve, para o ato acreditamos que o movimento, que o ato, que vai ser
pacífico [...].
Mayara Vivian [líder do MPL]: O que agente precisa é revogar o aumento. Nosso
objetivo é revogar o aumento.
Presidenta Dilma Rousseff: Essa mensagem direta das ruas é por mais cidadania,
por melhores escolas, por melhores hospitais, postos de saúde, por direito a
participação. [...]
Lucas Monteiro de Oliveira [integrante do MPL]: [...] a curto prazo ele é bem
básico ele é a redução da passagem, revogação do aumento, [...] defende uma pauta
mais ampla, tarifa zero, uma vez que o transporte é essencial para garantir outros
direitos, essencial para circular pela cidade [...].
Yuri [historiado, participa das manifestações]: O movimento mostra que transporte
é o centro das questões da cidade, discutem cidades como Rio de Janeiro e São
Paulo na campanha para prefeito se discutiu, o reflexo forma o que se exige mais
participação da população.
Maria Carloto [doutora]: [...]O MPL, existe em várias capitais do Brasil, ha vários
anos tem uma militância cotidiana, respaldado por partidos de esquerda, por
organização de esquerda, por centros acadêmicos de esquerda, diretórios de
estudantes [...].
João Pedro Stédile [líder do Movimento dos Sem-Terra] : [...] decidimos elaborar
uma carta coletiva para que o governo chame os movimentos [...].
Na 4a. semana, muita visibilidade aos representantes dos poderes. Agenda
política do poder executivo federal, com imagens de reuniões da presidenta Dilma Roussef
para discutir a reforma política com líderes dos poderes, centrais sindicais e representantes
dos movimentos sociais e anuncia os “05 pactos a favor do pais”. A OAB Nacional e o
Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral lançam projeto de iniciativa popular que
defende a reforma do sistema eleitoral. Líderes dos partidos de oposição criticaram,
principalmente o plebiscito para a convocação da Constituinte da reforma política.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os movimentos sociais que emergem neste cenário global buscam expor a
deficiência da forma como a democracia representativa e todas as instituições dela
constituinte estão distantes da realidade pela qual a sociedade civil quer efetivamente
participar.
Estes movimentos, os “Indignados”, da Espanha e as manifestações de junho de
2013 no Brasil, com a mobilização de grupos organizados como o Democracia real Ya! e o
Movimento Passe Livre, expuseram as mazelas que o capitalismo e a política atual impõem a
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população, denunciando insatisfações diante da crise de representação política versus
interesses da população.
Com estas reivindicações nas praças e ruas da Espanha e do Brasil, a partir do que
foi exposto nos canais públicos dos respectivos países, foi possível conhecer diversos atores
sociais que buscam dar outra dinâmica a vida social. Como mostrado nos noticiários dos
telejornais, diversas vozes se manifestaram desvelando os sujeitos políticos envolvidos nestes
movimentos. Foi Possível conhecer também mais de perto como os poderes públicos e as
instituições destas democracia responderam a estes novos fenômenos e suas formas legítimas
de se manifestarem.
Cabe ressaltar também, os limites nas informações dos noticiários dos telejornais.
Na Espanha, não houve espaços para demais grupos políticos que já vinham constituindo
debates no mundo acadêmico e as novas lideranças, limitando-se aos políticos já instituídos.
E no Brasil, a resistência do poder público em reconhecer a demanda sobre o
transporte público, e que respondeu a princípio de forma coercitiva, aos poucos vai
percebendo a força da multidão, mesmo que uma parte dos manifestantes tenha se utilizado da
força física, e a mídia anunciando a violência que eram os protestos, houve resposta da
própria população, mudando o curso tão complexo destes novos momentos políticos do pais e
dos próprios movimentos.
REFERÊNCIAS
ALVES, Giovanni. Ocupar Wall Street... e depois? In: HARVEY, David et al. Occupy. São
Paulo: Boitempo: Carta Maior, 2012. p. 31-38.
CASTELLS, Manuel. Comunicación y poder. Madrid: Alianza Editorial, 2009. Disponível
em:
https://holismoplanetario.files.wordpress.com/2012/09/comunicacic3b3n_y_poder_de_manue
l_castells.pdf. Acesso em: nov. 2015.
CASTELLS, Manuel. Presentación del libro `Comunicación y poder´ a cargo de Manuel
Castells. Universidad Complutense de Madrid. Em 17 de nov. 2009. Enviado em 8 de nov.
de 2010. Autor: Departamento de Estudios e Imagen Corporativa. Área de Audiovisuales.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Z2PmCEPE5iI. Acesso em: Nov. 2015.
GOHN, Maria da Glória e BRINGUEL, Breno. Apresentação: A discussão contemporânea
sobre os movimentos sociais. In: ______. Movimentos sociais na era global. 2. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. p. 7-16.
PINTO, Celi Regina Jardim. Movimentos sociais 2011: estamos frente a uma nova forma de
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fazer política? In: GOHN, Maria da Glória e BRINGUEL, Breno. Movimentos sociais na era
global. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. p. 129-146.
Radio e Televisão Espanhola – RTVE. Disponível em: <http://www.rtve.es>. Acesso em mar.
2016.
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