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CULTURAS JUVENIS: UMA RESSIGNIFICAÇÃO CONTEMPORÂNEA?
YOUTHFUL CULTURES:
A CONTEMPORARY RETHINKING?
GUIMARÃES, Gilselene Garcia1 MACEDO, Juliana Gomes de2
RESUMO: Esta reflexão objetiva o questionamento de justificativas decorrentes das seguintes questões: existe uma cultura do jovem ou existe o jovem das várias culturas? Pode-se falar de culturas juvenis? A cultura é ressignificada pelo jovem no seu cotidiano contemporâneo ou o jovem a encontra, e a representa em suas atitudes? A temática dos jovens se forma de amplos focos de debates e vários fatores podem legitimar a existência de uma cultura dos jovens ou justificar a sua não veracidade. O desenvolvimento da reflexão encontra seus fundamentos teóricos centrados em recortes contextualizados da sociedade. Um instigante questionamento é provocado na tentativa de apontar focos centrais que mostrem com olhar renovado a proposta de ter como objeto de estudo a figura do jovem. Ser capaz de apreender ações do agir cotidiano, em pleno processo de transformação e circularidade, pode significar o início de um novo diálogo a respeito de uma nova cultura juvenil. PALAVRAS CHAVES: Juventude, cultura, cotidiano. ABSTRACT: This reflection aims to question the justifications that come from the following subjects: does a culture of the youth exist or does the youth of several cultures exist? Can we speak about youthful cultures? Does the youth give another meaning to the culture in your day by day or does the youth find it and represent it in your attitudes? The thematic of the youth is formed of wide focuses of debates and several factors can legitimate the existence of a culture of the youth or justify its non truthfulness. The development of the reflection finds its theoretical foundations centered in contextualized cuttings of the society. A questioning is provoked as an attempt to point central focuses that show, with renewed look, the proposal of having as object of study the youth. To be capable to apprehend actions of day by day acting, in the middle of the process of transformation and circularity, can mean the beginning of a new dialogue regarding a new youthful culture. KEY WORDS: Youth, culture, daily.
Introdução
Muitas têm sido as abordagens que focalizam a temática da juventude dialogando
diretamente com os aspectos relacionados aos movimentos sociais e culturais. Não raro, estes
1 Doutoranda em Educação na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Mestre em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ/PROPED, Especialista em educação Matemática, Docente de
matemática da rede estadual de ensino do estado do Rio de Janeiro, Docente na Universidade Cândido Mendes,
pesquisadora e integrante do Grupo de Pesquisa Infância, Juventude e Educação (UERJ / PROPED). E-mail:
[email protected] 2 Mestranda em Educação na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Especialista em Educação a
Distância e em Informática Educativa, Docente de Informática Educativa da rede estadual e privada do estado do
|Rio de Janeiro, pesquisadora e integrante do Grupo de Pesquisa Infância, Juventude e Educação (UERJ /
PROPED). E-mail: [email protected]
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enfoques seguem uma linha de análise que se cruzam em pontos centrais tais como: a
delinqüência e a contestação. Diante destas reflexões, poucas são as novidades a serem
constatadas, portanto, conforme nos diz Foucault (1996): “o novo não está no que é dito, mas no
acontecimento de sua volta” (p.26). Sendo assim, a novidade em se debruçar sobre a temática dos
jovens, pode consistir justamente no olhar que é lançado sobre os mesmos. A reflexão deste
trabalho quer, principalmente, levantar questionamentos que partem ao encontro da justificativa
das seguintes reflexões: existe uma cultura do jovem ou o jovem da cultura? Ou seja, a cultura
vigente é ressignificada pelo jovem no seu cotidiano ou o jovem encontra uma cultura e faz dela a
representação em suas atitudes?
O desenvolvimento da análise se sustenta, sobretudo, na exposição de fundamentos
teóricos que relacionam o jovem e a cultura, considerando que ambos os focos centrais são
suscetíveis de discussões diferenciadas e historicamente construídas. Portanto, este trabalho não
apresenta seu mérito voltado para uma abordagem conclusiva. Os pilares teóricos aqui
mencionados mostram estratégias que foram pesquisadas em momentos particulares e em
contextos específicos de uma determinada sociedade.
Primeiramente, faremos uma abordagem teórica percorrendo algumas correntes que
focalizam o jovem e sua condição juvenil. Segundo o olhar de alguns especialistas, o conceito de
juventude vem descolado de uma efetiva compreensão das dificuldades e das carências que
envolvem a vida do jovem no seu sentido mais abrangente.
Uma análise relevante será direcionada para as três principais correntes teóricas da
sociologia que envolve o conceito de juventude e suas variadas condições de ser jovem. Em
seguida, uma análise sobre o paradoxo existente para a compreensão do termo cultura se faz
necessário, na tentativa de fazer uma interseção dos vários conceitos e terminologias existentes
com as diversas condições juvenis.
E finalmente, tentaremos articular o pensamento dos teóricos abordados com outros
universos culturais emergentes que podem ser realçados. Os teóricos que vêm dialogar a relação
jovem e cultura são muitos e variam dentro dos vários contextos históricos. Trataremos, aqui,
apenas com alguns dos autores que se destacam no recorte específico questionando a existência
de uma cultura juvenil própria e sua importância como tal.
Condição Juvenil e Juventude: trajetórias teóricas.
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Na tentativa de elucidar as principais questões que envolvem os vários conceitos
atribuídos à juventude, encontramo-nos diante de um enorme leque de contribuições, com
diferentes abordagens. Poderíamos iniciar com as contribuições advindas da Grécia Antiga, com
filósofos tais como Homero, Sócrates, Platão e Aristóteles, caracterizando uma estrutura social
organizada ao redor do jovem. Porém, este era amparado pela figura do homem maduro que
conduzia e dirigia a educação.
Após as várias tentativas, oriundas das raízes filosóficas, de buscar um conceito para a
categoria juventude, encontramos no período romano, abordagens teóricas de Lucrécio, Cícero
Sêneca e Quintiliano, que defendem a influência da figura da deusa greco-romana “JUVENTA”,
caracterizada como um mito da sociedade, criada para explicar as mudanças ocorridas ao longo
dos séculos. Considerando “JUVENTA” como uma criação da sociedade, alguns teóricos
arriscam-se em dizer que a juventude não passa de uma invenção sócio-cultural.
Durante a Idade Média (séculos XIII/XV), com as contribuições de Espinoza, as
propostas giravam em torno dos fatores teológicos. E, somente por volta do século XVIII, com
Rousseau, se começou a vislumbrar uma categorização social composta pelos jovens. No entanto,
a sociedade vigente não estava preparada para acolher esta categoria da juventude, e, por este
motivo, questionavam a existência desses sujeitos inseridos na sociedade. Os jovens, por sua vez,
buscavam alcançar com muita rapidez a vida adulta e, por isso, tinham nas suas atitudes e
comportamentos um reflexo das atitudes dos adultos, mostrando-se envergonhados de sua
própria juventude.
Somente no século XX, a fase juvenil adquire um novo vigor e toma proporções que
sustentam dificuldades no esclarecimento de seus conceitos de identidade. Neste contexto,
muitos foram os pensadores que contribuíram com suas análises, entre eles Stanley Hall, 1904;
Erick Erickson, 1976; Aberastury & Knobel, 1989; José M. Pais, 1993; Eric Hobsbawn, 1995;
Levi & Schmitt, 1996; Luis A. Groppo, 2000; Helena Abramo, 2005; entre outros.
Diante desta panorâmica, surge o convite para um novo olhar que devemos direcionar
sobre a juventude valorizando e acreditando na sua diversidade. Conforme Pais (1996),
“não há de fato, um conceito único de juventude que possa abranger os diferentes campos semânticos que lhe aparecem associados. As diferentes juventudes e as diferentes maneiras de olhar essas juventudes corresponderão, pois necessariamente, diferentes teorias” (p. 36).
Os termos “juventude” e “adolescência” são, muitas vezes, usados por especialistas como
sendo sinônimos. Não pretendendo aprofundar nem discutir a diferença que poderá ser detectada
entre ambos no decorrer desta reflexão, os dois termos serão utilizados mantendo uma relação
homogênea dos dois conceitos, ou seja, faremos uso dos termos empregando o mesmo sentido.
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Para Maffesoli (2000), falar de jovens é considerar formação de grupos heterogêneos, que
foram denominados de “micro-tribos”, entendendo que se revestem de características comuns,
tais como: sentimento, comportamento ético e forma de comunicação. A escolha e adequação
por uma determinada tribo coincide com a integração específica a um grupo de pertencimento,
que induz ao exclusivismo, gerando a formação de uma matriz de identidade com suas
características visíveis e reconhecíveis. Nas “tribos”3, os jovens ancoram-se na segurança do
grupo, assim como adota para si os deveres, os códigos de honra e as obrigações determinadas
pela própria tribo4.
Ariés (1981), retornando à sociedade medieval mostra que, neste contexto, não se fazia
distinção entre o mundo infantil e o mundo adulto e, menos ainda, uma separação entre o
universo social, amplamente falando, e o universo familiar. De acordo com Ariés, o indivíduo se
desenvolvia socialmente sem grandes destaques para as diferentes fases de transição. Sendo
assim, a criança “(...) mal adquiria algum desembaraço físico era logo misturada aos adultos e
partilhava de seus trabalhos e jogos. De criancinha pequena, ela se transformava imediatamente
em homem jovem, sem passar pelas etapas da juventude”(p.10). Somente no século XX,
conforme Ariès, é que surge a classificação social distinguível de adolescência, justificada pelo
conceito moderno de infância que aflora nas sociedades européias do século XVII. O autor
chama a atenção ainda para um importante fator de diferenciação inserido no contexto jovem: o
gênero. Até o século XVII, somente os jovens do sexo masculino usufruíam do privilégio de uma
boa formação escolar e eram pressionados a mostrarem-se portadores de ações que refletissem
uma formação clara, reta e consciente dos valores vigentes. Às moças eram reservados os
privilégios exclusivos da formação voltada para a preparação de serem “boas mães” e “boas
esposas”, tornando-as assim, “adultas” precocemente.
A análise feita por Groppo (2000) se faz relevante considerando que
“(...) a juventude é uma concepção, representação ou criação simbólica, fabricada pelos grupos sociais ou pelos próprios indivíduos tidos como jovens, para significar uma série de comportamentos e atitudes a ela atribuídos”(p. 8).
De acordo com este autor, a sociologia ressalta uma curiosa dificuldade em “definir” o
objeto que ela própria ajudou a criar e, desse modo, suscita a polêmica diante de dois critérios de
definição de juventude que, na verdade, não encontram um ponto de coesão: “o critério etário e
o critério sociocultural” (GROPPO, 2000, p.9). A sua intenção se fundamenta em demonstrar a
“importância crucial do entendimento de diversas características das sociedades modernas, o
3 Para Maffesolli (2000), a formação de tribos vai de encontro a um processo de desendividualização regida por
uma “comunidade emocional”, que é aberta, instável e propensa à moral dominante. 4 Nesse sentido, para Maffesoli(2000) existe um conformismo dos integrantes que se mostram fièis às regras do
grupo. Esta ética grupal ancora-se no imaginário coletivo e constrói assim um ideal comunitário de coesão.
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funcionamento delas e suas transformações” (op. cit., 2000, p.12), enquadrando a juventude
como categoria social.
Percebemos cada vez mais, uma crescente abertura no que se refere à condição juvenil
que, principalmente no século XX, envolve outros setores sociais, deparando-se com uma
infinidade de significados, comportamentos e referenciais etários.
Em a História dos Jovens, Levi & Schmitt (1996) consideram a juventude como as demais
épocas da vida, definindo-a como uma condição transitória e provisória que carrega significados
simbólicos de potencialidade e fragilidade da construção cultural. Ressaltam-se as inquietudes
entre maturidade e imaturidade sexual, falta e aquisição de autoridade e de poder.
Retornando aos, assim chamados, “loucos anos 20”, o filósofo Ortega y Gasset (1987) faz
referência ao “triunfo da juventude”, buscando uma caracterização definidora destes
protagonistas. Segundo o autor, “o jovem atual vive sua juventude de hoje com tamanha
determinação e segurança, que parece existir só nela. Não se preocupa absolutamente com o que
a maturidade pensa dele; mas ainda: esta tem a seus olhos um valor quase ridículo”(p.245).
Refletindo, finalmente, dentro de uma perspectiva contemporânea encontramos em
Melluci (1997) pontos legitimadores que conduzem à reflexão para uma definição simbólica.
Sendo assim, o autor afirma que “(...) a adolescência parece estender-se acima das definições em
termos de idade e começa a coincidir com a suspensão de um compromisso estável, com um tipo
de aproximação nômade em relação ao tempo, espaço e cultura”(MELLUCI, 1997, p. 9).
As pessoas “permanecem” (Melucci, 1997) jovens dentro de um intervalo de tempo cada
vez maior, não se importando mais com a faixa etária na qual se enquadram, mas valorizando,
somente, o desejo e o prazer de vivenciar determinadas características existentes, exclusivamente,
no período juvenil. A excessiva diversidade cultural que, hoje, temos a possibilidade de circular
promove uma ampliação do limite do imaginário que cada um de nós é capaz de exercer. Os
fatores físicos e biológicos, que até então determinavam com exatidão o início e o fim do ciclo
juvenil, passam a ser incorporados ao imaginário individual.
Um realce: as correntes teóricas da sociologia.
Esta reflexão busca auxílio no diálogo direto com o sociólogo José Machado Pais, que
aborda as diversas condições juvenis teoricamente agrupadas de acordo com as três principais
correntes sociológicas: a geracional, a classista e da cultura juvenil. Vale ressaltar que passaremos
por cada uma destas correntes, sem uma análise profunda, buscando um entendimento de cada
uma delas e a relação que perpassa os três conceitos sem, porém, nos determos em uma análise
profunda de cada uma.
6
Refletindo com o autor, tomamos como ponto de partida a corrente geracional. Esta
vislumbra a juventude como uma fase de vida, e conseqüentemente, um aspecto unitário. Dentro
desta corrente, a discussão principal se encontra na questão da continuidade/descontinuidade dos
valores intergeracionais. Pais (1996), afirma que
“fala-se de rupturas, conflitos ou crises intergeracionais quando as descontinuidades entre as gerações se traduzem numa clara tensão ou confrontação. Por se encontrarem num estado de disponibilidade, de aprendizagem da vida social e de algumas permeabilidades ideológicas, os jovens viveriam esses processos de uma maneira muito própria, formando-se entre eles uma consciência geracional”(p. 40).
Interagindo com outros teóricos desta mesma corrente, Pais (1996) demonstra que estes
são unânimes em acreditar que o jovem vive e experimenta as situações e os problemas como
membros de uma mesma geração. As experiências que são compartilhadas entre eles mostram-se
semelhantes, e por serem da mesma geração, enfrentam símiles problemas.
Sobre o relacionamento entre jovens e adultos, apresentam-se duas referências que se
enquadram na corrente teórica geracional: o relacionamento do tipo aproblemático e, do tipo
problemático. O primeiro vai caracterizar uma relação não conflituosa, de modo que seja
realizável uma convivência de harmonia entre duas gerações: jovens e adultos. Entretanto, o tipo
problemático vai ressaltar o caráter ameaçador que os jovens podem representar para os adultos.
Estes se mostram irritados quando se deparam com uma “cultura juvenil” (muitas vezes
apresentada como contracultura), que vem de encontro à “cultura adulta”. Neste sentido, Bourdieu
(1983) nos leva à reflexão de que quando analisamos os jovens com as condutas valorativas da
“cultura adulta” são evidenciados a existência de um “universo da adolescência” (p.114). Para
tanto, o autor caracteriza este universo com o marco de uma “irresponsabilidade provisória”(op.
cit., p. 114), onde os sujeitos, biologicamente categorizados como jovens, podem ser
considerados como adultos em algumas situações, mas, em outras situações, são “rebaixados” à
categoria infantil sendo considerados crianças. Para Bourdieu (1983), os jovens são “(...) meio-
criança, meio-adulto; nem criança nem adulto” (p. 114).
No entanto, tentando individualizar a principal questão social da juventude na sociedade
contemporânea, deparamos com o fato do retardo da independência financeira dos jovens que
coincide com a entrada no mundo do trabalho. Esta mesma sociedade justifica tal fato com a
exigência de que o jovem necessite de um melhor preparo técnico para que seja bem qualificado
no mercado de trabalho atual. Isso, conseqüentemente, resulta em um período prolongado de
estudo e, portanto, para alguns, significa o adiamento da inserção no mercado de trabalho.
7
Porém, Bock (2004) suscita uma nova reflexão que vem camuflar a verdadeira e polêmica
questão social, ou seja, o jovem inserido no mercado de trabalho é considerado uma ameaça à
estabilidade financeira adquirida pelo adulto. O adulto, por sua vez, torna-se vulnerável quando
as possibilidades de vir a ser substituído nas suas funções empregatícias por um profissional de
idade cronológica mais baixa são evidentes e significativas, provocando, assim, uma desarmonia
entre as gerações.
Conforme a corrente geracional, questões referentes à juventude são polarizadas e partem
de duas posições diferentes. A primeira vai privilegiar sinais de continuidade no qual a geração
jovem vivência, interioriza e adquire valores, crenças e normas da geração adulta, garantindo um
fluxo contínuo das gerações. Por outro lado, a descontinuidade gera um fracionamento entre as
culturas no que diz respeito à transmissão de comportamentos e atitudes da geração adulta para a
nova geração.
Uma outra corrente com a qual dialogamos, refere-se à corrente classista. De acordo com
Pais (1996), os jovens se agrupam conforme as classes sociais produzidas politicamente. As
distinções que se podem observar nesta corrente são analisadas como diferenças muito mais
interclassistas5 do que intraclassistas6 (p. 49).
E, concluindo esta análise, faremos uma breve reflexão sobre a cultura juvenil, sem a
pretensão de esgotar a discussão em si e seus principais argumentos. Conforme afirma Pais
(1996), “o sistema de valores socialmente atribuídos à juventude (tomado como conjunto referido
a uma fase de vida), isto é, valores a que aderirão jovens de diferentes meios e condições
sociais”(p. 54), vem como definição de cultura juvenil, contrapondo-se à corrente da cultura
intergeracional e da corrente classista.
O cotidiano apresenta-se como um “celeiro” onde os jovens constroem sua própria base
de compreensão e entendimento social. Ainda, segundo o autor, as correntes sofrem interações
sociais e entre si ressaltando que os jovens partilham as diversas maneiras de se comunicarem,
assim como, os variados valores que defendem. Estes são legitimados pela convivência
permanente no próprio grupo e pela transição que os jovens fazem em contextos socialmente
diferentes.
Na tentativa de buscar um ponto de interseção que nos aponte as diferenciações e as
similaridades das correntes em questão, Carvalho (2002) elenca terminologias que se intercruzam
com os diversos contextos sociais juvenis. Neste sentido, podemos perceber que existe uma
dinamicidade circulante entre as terminologias, entre as correntes abordadas, fazendo-as muitas
vezes se fundirem nos infinitos conceitos e teorias que as perpassam. Tais terminologias
5 Entre classes diferentes 6 Dentro da mesma classe
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justificam suas diversidades conforme as necessidades de suas utilizações e nos contextos
específicos que podem ser empregadas de acordo com as estruturas sociais vigentes.
Corrente Geracional
Corrente Classista
Culturas Juvenis
Geração Juvenil
Classe Juvenil
Cultura Juvenil
Análise
Análise
Subculturas
Intergeracional
Intrageracional
Geracionais
Fase de vida
Consciência de classe
Curso de Vida
Quadro 01
A visão dos especialistas para os desvios do termo cultura.
Embora a vida cotidiana se apresente como uma tecitura de redes de comportamentos, de
valores, de crenças e de normas queremos, neste momento, refletir sobre os conceitos referentes
ao termo cultura fazendo uso das divergências associadas ao termo que são utilizadas por
diversos teóricos.
Para Vattimo (2005) uma análise sobre a cultura torna-se delimitada por signos
predominantes decorrentes de um mundo industrializado. Nesse sentido, o autor opta em
defender o termo como diferenças que podem legitimar uma determinada cultura. Afirma ainda
que, “o valor da cultura é somente aquele da diferença e, como tal, é também sinônimo de
liberdade” (2005, p. 42 ). Existem inúmeras concepções de como se “faz” cultura e, de acordo
com o autor, para poder fazer tal escolha, torna-se necessário ponderar e discutir, porque uma
cultura é melhor do que outra?
A análise de Vattimo (2005) prossegue pontuando que
“a novidade que nos colocam diante da cultura e das culturas dos séculos que virão é a descoberta da pluralidade como valor digno de ser defendido e prometido por si só, seja no plano dos “produtos culturais” seja no plano da política e das instituições” (p. 56)
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Diante disso, o autor conclui que “a cultura é, portanto,... memória”(op. cit., 2005, p. 56),
constituída como um chamado a algo que não é mais presente mas que pode tornar-se garantia
de respeito ao outro, de abertura e de comum liberdade.
Focalizando a reflexão em Geertz, a “hibridização” da cultura se constitui em um sistema
de significados construídos historicamente, considerando a relação existente com o ser humano.
Segundo Geertz (1989), “nós somos animais incompletos e inacabados que nos completamos e
acabamos através da cultura”(p. 36). Com grande propriedade, o autor afirma que existe um
enorme vácuo entre a mensagem que recebemos do nosso corpo e o que julgamos saber fazer a
fim de que este possa funcionar corretamente. Cabe a nós preenchermos este vácuo com
informações ou desinformações, proporcionados por nossa cultura. Para Geertz, “(...) nossas
idéias, nossos valores, nossos atos, e até mesmo, nossas emoções são como nosso próprio
sistema nervoso, produtos culturais”(1989, p. 36).
Entretanto, o autor chama a atenção para o cuidado que deve existir diante da análise
cultural que nos propomos fazer. Segundo ele, a cautela sobre uma cultura fechada deve ser
primordialmente considerada admitindo que as formas culturais devem estar articuladas com o
objetivo correto da análise, ou seja, considerar a lógica informal da vida real (GEERTZ, 1989, p.
12). A análise que Geertz (1989) faz do termo cultura se encontra pautada na defesa de uma
“ciência interpretativa, a procura do significado” e não uma “ciência experimental em busca de
leis”(p.4).
Para Kuper (2002), a cultura é localizada no contexto de passado, presente e futuro,
apropriando-se de uma relação de empréstimo cultural. Segundo este autor, “(...) toda cultura é
multicultural”(op. cit., p.307). Nesse sentido, se entende o termo cultura como uma necessidade
de desconstrução de variadas convicções que foram agrupadas e rotuladas como tal. “Separando
tais elementos”, continua Kuper (2002), “a pessoa é levada a explorar as configurações em
transformação em que a língua, os conhecimentos, as técnicas, as ideologias políticas, os rituais,
as mercadorias e assim por diante estão relacionadas entre si” (op. cit., p.309). O autor
caracteriza, ainda, a cultura como uma ciência transmitida e aprendida, e não, genética ou
historicamente herdada. No entanto, para Kupper, não se pode admitir um ser humano sem
cultura. Ao nascermos realizamos a humanidade apenas biologicamente, a qual será concretizada
através da cultura.
Buscando um desfecho para esta discussão, longe de afirmativas de conclusão, vale a
reflexão com Larraia (2005) que destaca a cultura como um processo comunicacional. O autor
adverte que “(...) a linguagem humana é um produto da cultura, mas não existiria cultura se o
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homem não tivesse a possibilidade de desenvolver um sistema articulado de comunicação oral”(p.
52). Nesse sentido, podemos pensar que a cultura se desenvolve dentro de um processo
acumulativo, ou seja, os aprendizados são comunicados, executados e , novamente, repassados.
Uma preferencial: a cultura juvenil
Independente do estágio em que cada nação se encontra um dos principais objetivos a
serem realizados trata da preparação do jovem para uma atuação com responsabilidade e ética da
vida adulta. Tal objetivo se constitui uma obrigação de todas as nações, sejam estas desenvolvidas
ou em fase de desenvolvimento, grandes ou pequenas.
Vários são os fatores que podem legitimar a existência de uma cultura dos jovens ou
justificar a sua não veracidade. Um instigante questionamento vem sendo provocado frente a esta
reflexão na tentativa de apontar focos centralizadores que mostrem com um olhar renovado a
proposta de ter como objeto de estudo o jovem.
A cultura do jovem ou o jovem da cultura? O desenvolvimento desta reflexão encontra
seus principais fundamentos teóricos centralizados em recortes específicos e contextualizados de
uma determinada sociedade. Segundo Gottlieb e Reeves (1968) “numa sociedade como a nossa, o
problema se avoluma e assume uma variedade de dimensões consideráveis”(op. cit., p.54). Nesse
sentido, apontam alguns aspectos que são responsáveis pela introdução e pelo desenvolvimento
da cultura jovem em nossa sociedade (op. cit., p. 54), a saber:
1º) sociedade industrializada com complexa divisão do trabalho;
2º) a possibilidade oferecida aos jovens de alcançar uma posição profissional mais elevada do que aquela que seu pai conseguiu alcançar;
3º) um sistema de escolas públicas, aberto a todos os jovens, mas vinculado a uma obrigatoriedade de freqüência, independente da consideração de que isto possa ser útil à sociedade; e, por último,
4º) a livre escolha da sua profissão, permitindo ao jovem a (des)obrigatoriedade de suprir uma carência da sociedade.
Concordando com a análise feita por Gottlieb e Reeves (1968), que aborda a complexa
realidade social vivida pelos jovens antes da revolução industrial percebemos a responsabilidade
da família na preparação deste jovem para a vida adulta. A família, representando uma instituição
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secular, constituía uma fonte primária de socialização da criança o qual foi interrompida pela
urgência do conhecimento da maquinaria de produção que trouxe a exigência de um crescente
número de operários especializados.
A necessidade do aprendizado profissional, com a centralização de equipamentos
específicos abrigados em centros educacionais de treinamento, levou os jovens a romperem com
a tradicional sucessão de habilidades profissionais do pai, adquiridos no ambiente familiar.
Atitudes importantes sinalizam que o lar está se tornando para os jovens um lugar de transição,
visto que este está sendo deslocado por maior tempo para dentro de uma instituição educacional
na expectativa de alcançar a demanda de especialistas exigida pela sociedade. Os jovens se
dirigem às suas casas somente para dormir, fazer as refeições e trocar de roupas.
Por outro lado, a escola começa a desenvolver várias outras funções além da transmissão
de conhecimentos, tais como: oferecer diversões através de esportes, bailes e peças teatrais; atuar
como centro de informações sobre moda, música, vestuário e acessórios para carros, ressaltando
assim o mercado consumidor. Conforme o sistema social da escola, o jovem passa a conviver
mais tempo do seu dia com outros jovens de sua idade e, portanto, isolados do contexto total da
sociedade. A formação de grupos homogêneos proporciona ao jovem um estreitamento das
relações pessoais que mantém com seu grupo, adquirindo assim características de uma “pequena
sociedade particular”. Diante disso, surge nesta sociedade uma subcultura própria com seus
rituais, símbolos, modas, linguajares e valores individuais.
Vários são os cientistas sociais que estruturam suas hipóteses na caracterização do
período vivenciado pelo jovem como de agitação e tensão, acreditando assim em uma “cultura
juvenil”.
Em Colleman (1961), percebemos através dos resultados apresentados em seus estudos,
que os jovens, junto com outros jovens, apropriam-se de valores diferentes daqueles que lhes fora
apresentados pela sociedade adulta, constituindo assim uma outra pequena sociedade com a sua
cultura própria, mantendo apenas alguns elos de comunicação com a sociedade externa.
Colleman apoia a idéia da existência de uma cultura juvenil.
Em contraposição a esta proposta, dialogamos com Elkin e Westley (1955) que se
posicionam com idéias contrárias aos vários teóricos que buscam um estudo aprofundado
caracterizando a cultura dos jovens. De acordo com estes autores, as possíveis diferenças que se
revelam entre jovens e adultos são de pequena importância e, portanto, não constitui assim um
fator relevante para a legitimação de uma cultura juvenil, mas apresenta-se com um “caráter
mítico”.
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Estudos especializados em compreender com maior clareza o comportamento dos jovens
foram desenvolvidos por vários cientistas sociais. Gottlieb e Reeves (1968) aprofundaram suas
pesquisas envolvendo 20 cientistas sociais na tentativa de poderem se apropriar de alguma
afirmação conclusiva. Conforme os autores supracitados, a pesquisa se fundamenta nas respostas
e nas discussões comparadas dos 20 cientistas requisitados, oriundas dos seguintes
questionamentos:
“1º) Você aceita a proposição de uma cultura adolescente?
2º) Que critérios usa ou usaria, para estabelecer a validade de
uma cultura adolescente?”(op. cit. , 1968, p. 59)
Neste contexto, vale ressaltar que o termo adolescente aqui empregado pelos autores não
constitui diferenças junto ao conceito atribuído ao termo jovem.
Com o objetivo de sermos mais fiéis possíveis aos resultados obtidos, mostramos a nossa
concordância com as proposições relatadas por estes autores. A maioria dos cientistas que
participaram da pesquisa expressaram suas preocupações em fixar um único ponto a ser
observado para possíveis conclusões.
No início parecia que valores e comportamentos seriam capazes e suficientes para
responder aos questionamentos introdutórios. No entanto, alguns cientistas levantam a hipótese
da possibilidade de se formarem várias subculturas, caso se tenha presente às variações sócio-
econômicas, éticas, religiosas, assim como idade, residência e, até mesmo, a escola freqüentada.
Diante dos resultados, alguns procedimentos foram ressaltados atendendo à exigência de
justificar as controvérsias apontadas acerca da existência ou não de uma cultura dos jovens.
O primeiro procedimento analisado trata-se das questões de terminologias e semântica,
quanto ao uso e o entendimento associado ao termo cultura jovem. Citando um dos cientistas
pesquisados, lemos em Robert Hess ( apud Gottlieb e Reeves, 1968) da Universidade de Chicago,
um trecho da resposta obtida pelo questionário:
“(...) a dificuldade reside numa questão de terminologia. Usar o termo “cultura adolescente” para definir um conjunto de valores que são independentes dos valores da sociedade adulta,... tornaria certamente difícil a defesa da proposição de que haja uma cultura adolescente... Entretanto, se o termo for empregado para indicar as modalidades de comportamento que caracterizam certos segmentos de nossa população adolescente,... aí então o argumento da existência de uma cultura ou subcultura adolescente certamente se torna indestrutível”(p.61).
Para o segundo procedimento a ser analisado, deparamos com a questão da diferença de
atitudes e valores entre jovens e adultos. Muito embora os jovens apresentem um
comportamento diferenciado na sociedade, a base que sustenta e fundamenta tais ações é a
13
mesma do mundo adulto. De acordo com Berenice Neugarten (apud Gottlieb e Reeves, 1968) ,
também da Universidade de Chicago, conforme sua resposta ao questionário, fica claro que
“(...) o conceito de uma subcultura adolescente que age separadamente ou em detrimento da subcultura do adulto foi um tanto exagerado. (...)os adolescentes podem imprimir seus caracteres sobre a cultura e criar uma versão um tanto diferente; mas essencialmente o seu conjunto de valores, hábitos e costumes é o mesmo que regula o mundo adulto” ( p. 61-62).
Um outro procedimento, foi levantado em questão, e tratou da diferença existente entre
as gerações de hoje, que acaba por ser amenizada quando comparada a aquela que havia no início
do século. Segundo R.J. Havighurst (apud Gottlieb e Reeves, 1968),
“(...) havia praticamente um abismo entre as duas gerações, em comparação às diferenças agora encontradas na classe média, porque a geração dos pais de então era mais autoritária e menos doutrinada pela idéia de tratar a geração adolescente num plano de igualdade”(p.63).
Neste contexto, alguns cientistas ressaltam a importância da questão de problemas
metodológicos existentes, que devem ser resolvidos antes da afirmação definitiva de que ocorre
uma cisão entre as gerações. Ruth Shonle Cavan, chama a atenção às seguintes questões: “Qual o
padrão de comparação que se deve usar para avaliar as formas marginalizadas da cultura
adolescente? A cultura dos pais? A cultura de um grupo étnico específico ao qual pertençam os
pais? Ou a cultura em geral?”(apud Gottlieb e Reeves, 1968, p.66).
Finalizando o relato e a concordância apresentada neste estudo, dialogamos com Albert
Cohen (apud Gottlieb e Reeves, 1968) que questiona: “O que queremos dizer por uma
subcultura?”(op. cit., p. 67). Neste contexto o autor faz uma reflexão de que, ao constatarmos a
existência de sistemas sociais juvenis, não significa admitir a existência de uma cultura juvenil
distinta. As diferenças serão ressaltadas no momento em que um adulto, por exemplo, diante de
determinado comportamento dos jovens admitir um valor diferenciado do seu próprio
comportamento. O autor nos chama à reflexão de que “muito do que é interpretado como sendo
uma “cultura juvenil” distinta faz parte da cultura comum, e não é “subcultural”. Parece-me
evidente existem subculturas adolescentes distintas”(op. cit., p. 68-69).
Finalizando e repensando...
A temática dos jovens tem se constituído em um amplo foco de debates, porém nem
sempre com resultados credíveis. Este fato se dá em grande parte devido à metodologia de
pesquisas mal estruturadas que não costumam levar em conta as diversidades de contextos e
realidades, no qual os jovens se encontram inseridos.
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Sendo a juventude tradicionalmente fixada no período de transição para a vida adulta
percebemos que são, os jovens, aqueles mais afetados por qualquer transformação e mudança nas
estruturas sociais. Na verdade, é através deles que se fazem circular os modos de vestuário,
músicas, linguagens, cortes de cabelos, cores predominantes, entre outros. Segundo Pais, “(...) os
problemas que se atribuem à juventude talvez sejam mais problemas da “sociedade” do que da
própria “juventude”(p.6). Esta reflexão nos remete a fatores já mencionados, como a diversidade
de atividades, dos objetivos e de critérios de avaliação, que podem estar presente na mesma
cultura.
Estamos cientes que o termo juventude ainda apresenta várias definições, sendo que de
um modo geral o seu significado está em uma dimensão sócio-cultural. Conforme Grinspun
(2005), “(...) do ponto de vista das ciências modernas, a juventude, ou as juventudes, enquanto
etapa da condição humana, tem a função “societal” de maturação do indivíduo. (...) A
complexidade da palavra não está em si própria mas nas interpretações que a contém (...)”(p. 9 –
10).
Embora, estejamos voltados para a análise e a aceitação da existência de uma cultura
juvenil como uma verdade não podemos, entretanto, definir pontos específicos de como e onde
se distingue da cultura geral. Gottlieb e Reeves (1968) concluem que:
“A questão da existência ou não existência de uma subcultura adolescente não deverá depender dos graus ou tipos de diferenças encontrados entre os adolescentes e adultos. As diferenças podem ser suficientes, mas de modo algum necessárias, para estabelecer a importância de um fenômeno específico”.(p. 59)
Para empreender o processo de interação que regula estes pontos analisados, dialogamos
com Bourdieu (1983), ressaltando o conceito de habitus e como este é compreendido:
“(...) um sistema de disposições duráveis e transponíveis que, integrando todas as experiências passadas, funciona a cada momento como uma matriz de percepções, de apreciações e de ações – e torna possível a realização de tarefas infinitamente diferenciadas, graças às transferências analógicas de esquemas(...)”.(p. 65)
Neste contexto entendemos que o conceito de habitus perpassa a relação de indivíduo e
sociedade na tentativa de configurar as reflexões pertinentes que o mundo contemporâneo exige
desta. Trata-se de uma relação permanente e dinâmica tendo como processo de socialização a
busca de interação entre as opostas realidades do mundo objetivo e o mundo subjetivo de cada
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indivíduo.7 Um indivíduo que se encontra imerso em um processo pluralista de estímulos sem
referências homogêneas e, muitas vezes, também não coerentes.
Imerso neste processo cíclico podemos pensar na possibilidade de uma nova cultura, uma
nova “matriz”8 cultural. Podemos, ainda, considerar o surgimento de um novo agente social
incorporado de ações que atendam às pressões modernas com linguajares e comportamentos
coerentes. Enfim, ser capaz de apreender ações do agir cotidiano em pleno processo de
transformação e “circularidade” pode significar o início de um novo diálogo. Nesse sentido, há
que se pensar, trata-se da cultura do jovem ou o jovem da cultura?
Como ilustração desse processo cíclico, que envolve os vários jovens de todos os tempos,
podemos contemplar, no quadro sinótico apresentado abaixo, as várias influências advindas de
diferentes contextos culturais que contribuíram, ou não, na formação desses jovens e que, de
alguma forma, vivenciaram a relação com estas expressões imersas na sociedade.
QUADRO SINÓTICO DAS DÉCADAS
1ª novela de rádio Repórter Esso Chanchadas Chegada da Coca-Cola Capitão América / Gibis Década de 1940 Primeiros passos feministas UNE Universitários na luta pelo Petróleo: “O petróleo é nosso” Moças românticas e ingênuas Rapazes durões e machistas Juventude Brasileira – nos moldes de Mussolini e Hitler.
7 Tendo presente esta interpretação vale considerar a existência recíproca e constante de troca entre indivíduos e
sociedade. 8 Termo utilizado por Pierre Bourdieu.
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Transmissão na TV Elvis Presley / Rock Jânio Quadros proíbe rock nos bailes Década de 1950 Raul Seixas Jovens – malandros e violentos Filósofo Jean Paul Sartre – guru da juventude Bossa Nova – Tom Jobim / João Gilberto Beatles – “mais populares que Jesus Cristo” Jovens com cabelos compridos Jovem guarda – energia rebelde do rock’n roll Mini saia – 1ª manifestação cultural do corpo como fonte de prazer Indústria feminina francesa – mais calças compridas do que saias Década de 1960 Movimento Hippie Woodstock Alfabetização de jovens e adultos – Paulo Freire Ousadia dos partidos políticos tradicionais Centro popular de cultura Leila Diniz – símbolo de emancipação feminina Brasil tricampeão de futebol Overdose de drogas – Janis Joplin, Jimmi Hendrix, ... 1ª manifestação dos homossexuais Ano Internacional da Mulher Jovens Punks gritam: “não há futuro” Década de 1970 Febre das discotecas Aprovada a lei do divórcio 1º bebê de proveta Censura brasileira de filmes, revistas, músicas e peças teatrais Igreja católica atrais jovens pelo emocional, afetivo e moral Legitimação da UNE Elis Regina protesta com a música “Como nossos pais” (Belchior)
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Aids Camisinha Surgimento dos Yuppies – jovens profissionais bem sucedidos Consumo de cocaína Modelos substituem as “misses” Década de 1980 Michael Jackson / Xuxa / Madona Livro favorito dos jovens: FELIZ ANO NOVO (Marcelo Rubens Paiva) – relata a história de jovens de classe média que curtem maconha, festas no sótão e meninas sem sutiã. Rock in Rio
MTV – vídeo clipes
Movimento Punk – Brasil
CD / Telefone Celular / internet Clonagem Rock permanece / surgem duplas sertanejas, pagode e axé music Aids nas mulheres e heterossexuais Coquetéis de remédios – aumentam as esperanças de vida dos infectados pela Aids. Década de 1990 Uso de crack Música eletrônica / música rap Arrastão nas praias pelos jovens de zonas mais pobres Hip-Hop – agasalhos esportivos, largos blusões coloridos, jeans bem folgados, bonés com abas para trás, colares grossos e dourados. Grafiteiros
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