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Curiosidades e lendas da Estância Quem foi o coveiro mais famoso da Estância? Os misteriosos gemidos na região da Vila Aparecida Você conhece Paulino e Chico Grude? Por que Vicente Matheus faz parte da História de Ribeirão ? O homem que pescava de guarda-chuva Você sabe quem foi Roberto Bottacin? Descubra tudo isso e muito mais no encarte dos 57 anos da Estância Turística de Ribeirão Pires

Curiosidadese lendasdaEstância - Folha Ribeirão Pires · “Um jogo só acaba quando termina” “Socrates!!!eleehimprestávelnãovendo,muitomenos eu empresto e ponto finar”

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Curiosidades elendas da Estância

Quem foi o coveiro

mais famoso daEstância?

Os misteriososgemidos na regiãoda Vila Aparecida

Você conhecePaulino e Chico

Grude?Por que Vicente

Matheus faz parte

da História deRibeirão ?

O homemque pescava

deguarda-chuva

Você sabe quem foiRoberto Bottacin?

Descubra tudo isso e muito mais no encarte dos 57 anosda Estância Turística de Ribeirão Pires

2 Sexta-feira, 18 de março de 2011Ribeirão Pires 57 anosFolha

Paulino, Chico Grude e Wallace:alguns dos andarilhos de Ribeirão Pires

Qualquer cidade domundo, grande oupequena, possui seus

moradores ilustres. Delegados, juí-zes, comerciantes, artistas, jorna-listas, lojistas, fazem parte da elitede uma cidade que se preza. Sãoeles que ditam regras, tendências,criam fatos e movimentam a eco-nomia e a sociedade de ondemoram. Em Ribeirão Pires não édiferente. Seus ilustres estão nascolunas sociais dos jornais e revis-tas e se fazem ver e ouvir. Suasautoridades ditam e fazem cumpriras leis, tornando a vida em socie-dade organizada e produtiva.Mas nem todos se encaixam

nessa regra. Cidade que é cidadepossui suas preciosidades quetambém chamam a atenção e sefazer ser vistas e ouvidas. Nestecaso, os andarilhos, pessoas mis-teriosas e às vezes, assustadoras,mas que diariamente convivemjunto à sociedade constituída. NaEstância, livros históricos relatamque ao longo da construção deRibeirão Pires, os andarilhossempre estiveram presentes.Entre os mais famosos, o Paulino,o Chico Grude e mais recente-mente Wallace, este dispensaapresentação.Mas vamos voltar cerca de 80

anos na história e falar dePaulino, um homem comum, quevagava pelas ruas da cidade, tra-zendo medo e despertando curio-sidade a todos.Ele era um homem comum,

sem emprego fixo, um mulatoandarilho. Segundo historiadores,sua peculiaridade era a de nãogostar, nem um pouco, de ser cha-coteado, fosse por adultos oucrianças.O Paulino, em suas andanças

pela cidade, não perturbava nin-guém. Porém ao ser provocadocom brincadeiras que não lheagradavam, tornava-se violento.Desandava a correr atrás de seusprovocadores, atirando nelesgrossas pedras sem medir as con-sequências. Paulino sumiu ecomo todo andarilho do passado,ninguém soube qual foi o seu fim.Outro andarilho registrado nos

livros de História, é o ChicoGrude, ao contrário do Paulino,frisam os historiadores, era consi-derado por todos como um“homenzinho” bonachão.Também ameaçava correr atrás dequem o molestava, principalmen-te as crianças, porém, o fazia a

fim de se divertir com a disparadalouca da meninada.De estrutura pequena, franzi-

no, ele tinha sempre na boca um“pito” feito de barro, espécie decachimbo. Perambulava pelasruas filando um cafezinho aqui,um cigarrinho ali, uma pinguinhaacolá e assim ia levando a suavidinha.Sem data certa, de quando

viveu em Ribeirão Pires, ChicoGrude, ganhou esse apelido porsempre estar pedindo algo epitando no pito de barro, divertin-do a todos e ganhando uns troca-dos.Seu corpo foi encontrado em

um lugar qualquer da cidade, masentre os mais velhos, sua imagemainda vive na memória.Recentemente outro andarilho

chamou a atenção na Estância.Apesar de conhecido de todos,virou celebridade nacional poruma inconsequente ação de doisguardas municipais. Em 2009,Wallace, homem alto, negro epacato, que percorre as ruas dacidade, sobrevivendo de doações,foi agredido com jatos de extintore tudo foi filmado pelos membrosda corporação. Ridicularizado,não revidou, e “deixou pra lá” aação dos GCM’s, que tiveram aspenas transformadas em serviçossociais.Já Wallace continua pela cida-

de, caminhando calado, dormindoaqui e ali, comendo lá e acolá,mas sem incomodar ninguém.Até quando, ninguém sabe!Relembre abaixo o triste diálo-

go que levou a humilhação deWallace.

O diálogo:A ação começa quando

Wallace pede um copo de água aoguarda.Guarda: ''você quer gás de

pimenta, borrachada ou tiro?''.Wallace: “gás de pimenta”.Guarda: “vai pagar com che-

que ou dinheiro?”.Wallace: “com cheque”.Guarda: “gás natural ou car-

bônico?''.Wallace: ''eu quero gás natu-

ral''.Guarda: “o cidadão vai ser

atendido agora”.Em seguida o guarda descar-

rega a espuma de um extintor deincêndio contra o rapaz, que éarremessado para trás.

Durante décadas a população ribeirãopirense convive com pessoas que não possuem residência fixa

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Carta de Kubitschek a Renato Zampol

Jádepois da emancipação,maisprecisamente em 1961, overeador de Ribeirão Pires da

2ª legislatura, Renato Zampol, recebeuuma carta de agradecimento do presi-dente da república, JuscelinoKubitschekescritadeprópriopunho.AcartafoifeitanofimdomandatodeJK.Amensagem foi uma forma de

agradecimento a todos políticosdo Partido Democrático Cristã(PDC) que o apoiaram para se ele-ger presidente. Veja ao lado areprodução da carta assinada pelopresidente e datada em 1961.Juscelino Kubitschek de

Oliveira foi eleito presidente doBrasil nas eleições de 1955, tendoJoão Goulart (Jango) como vice-presidente. Assumiu o governo nodia 31 de janeiro de 1956, ficandono poder até 31 de janeiro de1961.

Século XVII, nessa épocaRibeirão Pires fazia parte domunicípio de Santo André da

Borda do Campo e chamava-seCaguaçu, que significa "mata grande"ou "mata virgem" em Tupi Guarani.Os anos se passaram e em 22 de junho

de 1896, criou-se o distrito de RibeirãoPires em São Bernardo do Campo que,mais tarde, em 30 de novembro de 1938,foi transferido para o município de Santo

André.

Para os distritos que não tinham dinhei-ro para se emancipar era feito o Livro deOuro, e a comissão saia com este livroaceitando colaboração para despesas doplebiscito.Em Ribeirão Pires o Livro de Ouro foi

elaborado pelo munícipe Wady Eid eDorival Hércules Golla que denominou olivro de Sociedade Amigos de RibeirãoPires e sairam pela cidade angariando fun-dos para campanha aonde visitaram algunsempresários que assinaram o Livro deOuro registrando o valor e quando foidoado.

Para que a luta da Emancipaçãotivesse êxito, foi realizado o plebis-cito no dia 22 de novembro de1953, com a vitória do sim com598 votos e contrários apenas45 votos.

Faziam parte da

Sociedade de Amigos: Abdalla Chiedde,Adib Eid, Alberto Cinquentti, AlfredoDib, Antonio Teixeira Lima, ArchangeloMano, Arthemio Giachello, ArthurGonçalves de Souza Jr., Dorival HerculesGolla, Francisco Arnoni, Francisco M.Mazzei, Francisco Tocci, Gildo Giachello,Irineu de Souza, Ivair de Souza, JoãoNetto, José Alonso, José Pedro Mendes,José Salero, Juvenal Teixeira de Lima,Leonardo Meca, Lucas Ângelo Arnoni,Luiz Baroni, Luiz Betega, Manfredo C.Von Glehn, Mario Netto, Miguel Cruz,Moacir Garcês, Natalino Bertoldo,Nicolino Presti, Santinho Carnavale,Savério Luiz Schuraccio, Shuji Miasaka,Zeferino Zampol, Wadi Eid e WagnerMoreno.Graças a iniciativa desses homens,

Ribeirão Pires hoje está em um crescentedesenvolvimento.

Emancipação Política de Ribeirãocomeçou por um Livro de OuroA partir de 1953 Ribeirão Pires começou o seu desenvolvimento e hoje é uma Estância

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Nos dias de hoje poucos são osjovens que ouviram falar deRoberto Bottacin, alguns até

arriscam dizer que ele é um simplesnome de rua. Mas na verdade Bottacinera muito mais do que uma pessoaconhecida e seus feitos ajudaram a mar-car Ribeirão Pires na história nacional.Controverso e polêmico, o homem de mil

facetas, vivia com a intenção de balançar asestruturas da sociedade, mostrar as contradi-ções e a hipocrisia das pessoas, e ainda fazercom que elas repensassem as práticas,fugindo do censo-comum.O historiador da Estância, Arnaldo

Boaventura Neto, é um dos maiores expoen-tes da obra de Bottacin e conta quem foi estehomem que ao final da vida acabou tambémreconhecido com um dos renomados histo-riadores da Estância.Roberto Bottacin Moreira nasceu dia 17

de novembro de 1935 em Ribeirão Pires,filho de Américo Fonseca Moreira e OlgaBottacin. Começou a jogar futebol profis-sionalmente em 1952 pelo time do Juventus,mas somente no ano seguinte atuaria comotitular. O futebolista dedica-se, sobretudo aotime da Mooca, clube que frequentementeemprestava seu passe para outras equipesrespeitadas como Atlético Mineiro,Nacional de São Paulo, Bragantino, Olariado Rio de Janeiro e Germânia (equipe daGuiana Inglesa) onde, segundo relatos dopróprio Bottacin, teve contato com a atriz

hollywoodiana Audrey Hepburn, que culmi-naria em namoro de um ano e quatro meses.Terminada a sua curta carreira futebolís-

tica, Roberto candidata-se a vice-prefeito deRibeirão Pires em 1962 pela UniãoDemocrática Nacional (UDN), e a prefeitoem 1966 pela Aliança Renovadora Nacional(ARENA), sendo derrotado por SantinhoCarnavale.Com as chuteiras penduradas e sem obter

êxito político, Roberto Bottacin lança-secomo escritor e historiador, publicando em1964 o seu primeiro livro: Onde estaráHitler? A partir daí o escritor dá sequênciaaos seus estudos relacionados ao nazismo,com o lançamento de outros livros sobre oassunto. No entanto, não se limitou ao tema.Bottacin especializou-se na história regio-nal, com a publicação de livros sobre aHistória de Ribeirão Pires, Mauá e RioGrande da Serra.No final da década de 60 encabeçou um

movimento – juntamente com o Reis deOuro Clube, do qual ele fazia parte – pelotombamento da capela de Nossa Senhora doPilar. Nos anos seguintes a ideia foi apoiadapelos políticos da cidade e o tombamento doimóvel foi assinado em 24 de abril de 1975pelo secretário de Estado da Cultura, José E.Mindlin.Bottacin promoveu as maiores polêmicas

que Ribeirão Pires já presenciou, algumasdelas ganharam repercussão nacional, comofora o caso da candidatura ao papado em

1978 e da eleição de santo-padroeiro em1983, quando Roberto apoiou NossaSenhora do Pilar, mas venceu o São José.Mas um dos maiores feitos de Bottacin foiconseguir aposentar em 14 de julho de 1978,a Mula Menina, “funcionária” da Prefeiturade Ribeirão Pires, que tinha como atribui-ção, carregar materiais pelas ruas da hoje,Estância.Menina foi aposentada pelo então prefei-

to Luiz Carlos Grecco, por DecretoMunicipal e deu a mula residência fixa noCamping Municipal e garantia de alimentoaté o final de sua vida que se deu em 1987,quando foi enterrada no canil municipal.

Em 1990 Roberto sofreu um derramecerebral vindo a perder parte da visão, masapesar da debilidade e do declínio do prestí-gio social, Bottacin continuava na ativa fre-quentando as sessões da Câmara deRibeirão Pires, onde era a voz ativa dosmunícipes no descontentamento com arepresentação política local, chegando aarremessar no plenário, pizzas e até gali-nhas. Mas o maior constrangimento queBottacin causou aos legisladores foi, em 28de abril de 1995, conseguir alvará de fun-cionamento para uma pizzaria onde funcio-nava e funciona até hoje o prédio da Câmarade Vereadores.O historiador faleceu em 4 de maio de

2002 deixando duas filhas, Carol e Carina.O seu nome batizou o plenário da CâmaraMunicipal da cidade.

As peripécias de um historiador que quisse tornar Papa e aposentou uma mulaAssim era Roberto Bottacin, um jogador de futebol profissional que se tornou uma figura folclórica

Roberto Bottacin

Bottacin como jogador doJuventus em 1952

Audrey Hepburn, supostanamorada de Bottacin

Mula Menina, aposentada em1978

Em 1995 a Câmara de RibeirãoPires se transafomou em pizzaria Na foto o historiador Roberto Bottacin alimenta a Mula Menina logo após a publicação da aposentadoria do animal por parte da Prefeitura

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Ribeirão Pires também tem suahistória de pescador. Acredite se quiser

Quem já não ouviu uma boa história de pescador. Tem a docara chamado Curt Carish que estava observando o marna beira da praia de Port Allen notou estranhas ondula-

ções na água. Ele logo notou que havia um peixe de bom tamanhonadando de modo esquisito. O filho dele lhe passou uma vara debambu e Curt pulou na água, acertando o peixe com varadas. Curtentão levou o peixão para casa pensando em fazer um churrascocom ele. O homem colocou o peixão num saco dentro do freezer.No dia seguinte, ao pegar o peixe para preparar o churrasco, Curtnotou algo estranho na boca do bicho. Foi aí que ele descobriu quenão pegou apenas um peixe, mas também um Relógio de ouro! Eo pior não é isso: o relógio ainda estava funcionando e marcava ahora certa! Acreditem se quiser.Tem a do cara que foi pescar em Ilha Comprida e pegou um bagrão

com as mãos. Segundo o autor da façanha, o pescador que estava aolado ficou sem jeito, pois ainda não tinha pego nenhum. Ele jura queé verdade.Ou ainda a do pescador que estava pescando peixe espada na

enseada de Guarapari, quando uma das linhas acusou um peixe fisga-do. Era muito forte e o pescador até pensou que fosse uma arraia. Parasurpresa dele era uma tartaruga fisgada pela nadadeira. Segundo opescador, o bichinho voltou para o mar.Menos impactante, mas também curiosa, é a história de pescador

ocorrida em Ribeirão Pires na década de 40, quando o Rio RibeirãoPires (que corta a atual Avenida Brasil) transbordava e invadia a hoje,Avenida Fortuna.Segundo o historiador Américo Del Corto, naquela época, a

Avenida Fortuna tinha apenas algumas casas e nas épocas de chuvasforte, o rio transbordava inundando grande parte da rua. Às vezesquando isso ocorria, aparecia grande quantidade de peixes: sagüirus elambaris, que eram facilmente apanhados com uma simples peneira.Certo dia, um senhor que não é identificado pelo historiador, portan-do um guarda-chuva, encaminhou-se para o local, a fim de verificarse havia mesmo peixes na rua em dias de chuvas. Vendo que tudo eraverdade, e que as pessoas conseguiam farta pescaria com suas penei-ras, e começou a pensar como poderia também conseguir alguns pei-

xinhos para suas refeições. Foi ai que surgiu a grande ideia.Como não carregava nenhuma peneira, lembrou-se do guarda-

chuva e não pensou duas vezes, chegando o mais rápido possívelperto da água, abriu-o e fez dele uma espécie de rede.Com grande satisfação, viu muitos peixes entrarem naquele pano

preto e rápido procurou içá-lo para a margem.Foi grande sua decepção. A armadura do guarda-chuva não resis-

tindo ao peso da água mais os peixes, virou a avessas e lá se foramtodos os cobiçados peixinhos. Muito decepcionado, relembra o histo-riador, só restou ao homem lamentar que, além dos peixes, havia per-dido o seu guarda-chuva pescador.Se tudo isso é verdade ou não, fica para análise da cada um.Leia abaixo outras histórias de pescador. E acredite se quiser!

Diz o historiador que um homem tentou pescar lambaris com guarda-chuva em plena Avenida Fortuna

“Alguns meses atrás estava pescando em alto mar com sardinhas,quando de repente senti um puxão tão forte que acabei caindo do barco.Voltei e não consegui retirar o peixe. Foi então que comecei a soltarlinha e fui para costa. Lá estavam curiosos e familiares que me ajuda-ram a tirar o peixe da água. Era uma baleia azul. Até ai tudo bem, a sur-presa ficou para quando abrimos a “danada”, lá dentro estava OsamaBin Laden. Todos ficaram assustados, e ele acabou nos rendendo comvárias armas e fugindo”.

João Júnior - Ceará

“Ouvi esses dias que dois pescadores estavam pescando lambari emum lago da cidade e haviam “fisgado” um peixe tão grande que doishomens não conseguiam segurar de tão pesado.Duvidei afinal seria mais uma vez papo de pescador, mas dessa vez

quebrei a cara os pescadores deram um jeito dessa história não passarpor apenas mais uma mentira e graças a tecnologia das câmeras digi-tais fotografaram rapidinho o “danado”. Agora resta saber se isso é umfato real ou apenas uma montagem em Photoshop. Sabe como é pesca-dor!”.

Felipe Costa - EUA

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Vicente Matheus doou área para Ribeirãoem troca de uma garrafa de conhaque

Em 1964 o prefeitoAdaquir Prisco convo-cou o político e historia-

dor Antonio Simões para umaação cívica. Como Simões estavasempre em companhia de VicenteMatheus, empresário que marcouseu nome como presidente doSport Club Corinthians Paulista,pediu que ele interviesse junto aoempresário para que o mesmocedesse um terreno para o muni-cípio onde seria instalado umPABX de telefonia no bairro daQuarta Divisão. Segundo o pre-feito da época, os moradoresdaquela região estavam recla-mando da impossibilidade de tertelefones no local, já que estavamlonge do centro da cidade.Nessa época a empresa de

Vicente Matheus realizava obrasem Ribeirão Pires, entre elas, ocalçamento da Avenida SantoAndré, que compreendia o trechoda Loja do Tatu, onde hoje está oCartório Eleitoral, até a PonteSeca.Por ser comunicativo,

Matheus, sempre que vinha acidade, convidava um políticopara almoçar com ele. Vinha numautomóvel Belair, tinha motoris-ta, e queria companhia para pas-

sar o dia e conversar sobre assun-tos relativos às obras.Numa dessas visitas, buscan-

do atender ao pedido do prefeito,Simões se encontrou comMatheus, ocorre que naquele dia,o historiador havia ganhado umlitro de conhaque, por ter ajudadoum morador da cidade a resolverquestões ligadas a impostos juntoa Prefeitura, e o empresário nãotirava o olho da garrafa queSimões carregava.“No caminho indo para Quarta

Divisão ver umas obras, eu fala-va sobre a doação do terreno e ele(Matheus) de olho no litro falavado conhaque”, descreveu o histo-riador, no livro Etapas Evolutivasde Ribeirão Pires.Lá chegando, relembra

Simões, mostrou para o empresá-rio a localização do terreno queinteressava a Prefeitura, perto daAdutora Rio Claro, ao lado docampo de futebol da QuartaDivisão. No mesmo momento,Vicente Matheus, sorrindo teriadito: “Você me dá o conhaque eeu te dou o terreno”. Negóciofechado, terreno doado.Hoje a área está sendo utiliza-

da pela sede da SociedadeAmigos do Bairro.

Terreno foi usado para instalar um PABX de telefonia para atender moradores da Quarta Divisão

Mas quem foi Vicente Matheus?

VicenteMatheus Bathe, conhecido comoVicenteMatheus, nasceu naEspanha, em28 demaio de1 9 0 8

e faleceu em São Paulo, no dia 8 de fevereiro de 1997, Foum empresário espanhol naturalizado brasileiro que atuavacomo empresário da construção civil pesada, mineração depedreiras (extração de pedras e areia para construção civil).Tornou-se nacionalmente conhecido como presi-

dente do Sport Club Corinthians Paulista por oitomandatos, sendo eleito pela primeira vez em 1959,além de ter logrado a eleição de sua esposa, MarleneMatheus, para sucedê-lo. Era considerado um diri-gente à moda antiga, que usava recursos próprios parafinanciar projetos do clube. Era uma figura folclóricaque produzia máximas (alguns dizem que proposita-damente. Leia algumas delas ao lado) carregadas deincorreções e divertiam amigos e desafetos. Foisepultado no cemitério da Quarta Parada em SãoPaulo.Sua primeira esposa, Ruth Pereira Matheus, filha

de um grande desenvolvista do bairro de Guaianasesse encontra sepultada no Cemitério do Lajeado, nomesmo bairro. Vicente Matheus e sua primeira espo-sa tiveram duas filhas, Abigail Matheus e DalvaMatheus.

As frases eternizadasdo dirigente corintiano“Um jogo só acaba quando termina”

“Socrates!!! ele eh imprestável não vendo, muito menoseu empresto e ponto finar”

“Comigo ou sem migo o Corinthians será campeão”

“Minha gestação foi a melhor que o Corinthians játeve”

“O nosso mais novo reforço para compor a zaga é oquero-quero” Obs.: falando à imprensa sobre a contrata-ção do lateral biro-biro

“Pede pra Antártica mandar umas brahmas”

“Peço aos corinthianos que compareçam às urnas paranaufragar nossa chapa”

“Quem está na chuva é para se queimar”

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Descubra quem são as personalidadesbrasileiras que já moraram em Ribeirão

Apesar de consagrados, poucos munícipes sabem que eles já habitaram a Estância Turística

AEstância Turís t ica de Ribeirão Pires é conhecida naregião pelos seus atrat ivos, sejam eles histór icoscomo a Pedra do Elefante ou a Igreja do Pilar ou com

festas tradicionais como o Fest ival do Chocolate e o Blocodas Mocreias . Mas, poucos sabem que o município já foimorada de grandes personal idades da histór ia brasi le ira , quecom certeza na época eram tão ou mais importantes que osmarcos histór icos da cidade.Segundo o autor do livro Etapas Evolutivas de Ribeirão Pires,

Antonio Simões, pelo menos três figuras devem ser relembradas pelasuas representatividades dentro da Cultura Brasileira. Entre outras pes-soas, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Plínio Marcos.“Não tive nenhum contato com nenhum dos três. Mas já era vivo em

Ribeirão Pires na época em que eles viviam na cidade e ouvia as histó-

rias que o povo contava nas ruas” assim fala Antonio Simões.“Todos eles viveram na cidade em fases diferentes de suas vidas. Já

eram famosos, é claro, mas na época não havia tanta ostentação comoexiste hoje” confirma o autor.Além dos três ícones, outros famosos já residiram na Estância. Entre

1927 e 1930 o ex-presidente do Sport Clube Corinthians PaulistaVicente Matheus esteve pela cidade, quando ainda era solteiro. Alémdisso, ainda hoje no Rancho Alegre em Ouro Fino existe uma chácaraque era de propriedade do Governador do Estado de São Paulo, MárioCovas. Na região do pastoril ainda hoje existe uma propriedade que éde familiares do produtor de cinema Herbert Richers. Para completar alista também pode se lembrar os atores globais Gustavo Leão e JussaraFreire, que moraram na Estância, além de Paulo Szot, barítono e con-sagrado ator de teatro que também tem suas raízes na cidade.

Oswald de Andrade Tarsila do Amaral Plínio Marcos

Oescritor Oswald de Andrade viveuna cidade entre os anos 40. Segundoo autor do l ivro, Etapas Evolut ivas

de Ribe i rão P i res , r e s id iu no Sí t ioFranc i sco Vie i ra Pedro , na Es t rada daColônia. O imóvel ainda funcionou nos anos60 como a boate Rancho Fundo e hoje é depropr i edade do condomín io Ja rd im BoaSorte .Um dos mais conceituados dentre os escritores e

dramaturgos brasileiros, Oswald de Andrade é lem-brado por ter sido um dos idealizadores e organiza-dor da Semana de Arte Moderna de São Paulo que

Apintora Tarsila do Amaral morou naEstância na mesma época de Oswaldode Andrade, mas na região do São

Caetaninho. O local mais exato foi na chamadaChácara do Sr. Rezende.Tarsila fez parte da renovação da arte brasileira

que aconteceu na década de 20. Participou do movi-mento modernista e teve intensa relação com a ques-tão da brasilidade. Formou, com Anita Malfatti,Menotti Del Picchia, Mário de Andrade e Oswald deAndrade, com quem se casou em 1924, o chamadoGrupo dos Cinco.

Um pouco mais recente, há cerca de 30 anosatrás, Plínio Marcos também passou unstempos em Ribeirão Pires. Simões afirma

que o ator, assim como Tarsila, viveu no bairro SãoCaetaninho.Escritor, ator, diretor e jornalista, Plínio Marcos foi umartista consagrado que teve sua carreira iniciada porvolta dos anos 60, passou pela censura da ditadura e éconsiderado um dos maiores talentos da época pelacrítica.

Gustavo Leão

Vicente Matheus

Paulo SzotJussara Freire

Mário CovasHerbert Richers

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Moradores hilariantes da EstânciaTurística de Ribeirão PiresConheçam as personalidades que viveram ou vivem na cidade, cada um com o seu jeito curioso de viver

Juvenal Bicheiro:Muito conhecidopor trabalhar com oJogo do Bicho.

Zé da Cruz: Vivia demal com a vida, nada

parecia agrada-lo

Algumas personalidades de Ribeirão Pires não são artistas, canto-res ou atores, porém, tem algo em comum com todos esses, que éa popularidade.

Na Estância Turística de Ribeirão Pires, dificilmente, as pessoas não se lem-bram da “Izabel da Rodoviária”, ou do “Zé da Cruz”, “Juvenal Bicheiro”, “PedroGúira” ou o “Américo do óleo”.A equipe da Folha em comemoração ao aniversário de 57 anos da cidade, pres-

ta uma homenagem a essas “figuras” que caíram no gosto popular dos cidadãosdo município.Na antiga rodoviária da cidade era o principal local onde as pessoas poderiam

encontrar Izabel Domingo Cristina Naja, ou mais conhecida por “Izabel daRodoviária”.De estatura não muito alta e de olhos azuis bem marcantes, ficava próximo às

pessoas que esperavam o ônibus pedindo uma moeda, um gesto interessante emuito conhecido da Izabel, eram seus “saltos mortais”, que eram capazes de ame-drontar alguns espertinhos que vinham com brincadeiras e que ela geralmente nãogostava. Izabel tinha uma voz bem grossa, outra artimanha que colocava medo naspessoas.Era muito conhecida e logo conquistou o carinho de muitas pessoas da cidade,

ficando registrada na memória de muitas delas. Lucinéia Barbosa de Souza, quetrabalha a 10 anos vendendo passes nas proximidades da antiga rodoviária, podetestemunhar vários episódios com relação a ela.“A Izabel não gostava muito dos estudantes, pois eles faziam muitas brinca-

deiras com ela”, diz Lucinéia.No dia seis de março, Izabel completou 40 anos, atualmente mora em Mauá

junto a parentes e passa bem.“A lembrança que permanece em minha mente é de carinho e claro muito diver-

timento, pois ela e uma pessoa que não mexia com ninguém”, finaliza Lucinéia.Zé da Cruz, esse tem nome meio fantasmagórico, porém, não diz muito sobre

quem realmente era, quando jovem, participava como goleiro no Ribeirão PiresFutebol Clube, era de boa família e de muito bom caráter, respeitado por todos,mas com o passar dos anos, foi adquirindo algumas esquisitices, a principal que

lhe marcou bastante era sua atitude quando ouvia as pessoas fazerem pequenasbatidas no que quer que fosse, ao ouví-las, ficava muito furioso, disparando umaenxurrada de palavrões, alguns brincalhões sendo na maioria das vezes seus ami-gos e se aproveitavam dessa sua fraqueza, e quando tinham a oportunidade batiamem alguma coisa e riam a vontade, ao som de palavrões. No fundo todos eramseus amigos, e agiam dessa forma, pois uma das fraquezas dos seres humanos érir da desgraça alheia.O “Juvenal Bicheiro”, assim era chamado, pois trabalhava preenchendo talões

de “jogo do bicho”, seu verdadeiro nome era Juvenal de Oliveira.De estatura baixa, porém forte, sempre usava em sua cabeça um chapéu,

demonstrava ser um homem muito nervoso, irritado e estressado, demonstrandonão ter gostado de nascer, nada o deixava feliz, reclamava de tudo, mas era muitorespeita; pelas pessoas, pois tinha algo em si, que o tornava muito confiável, queera o ato de ser uma pessoa muito correta, seja no jogo do bicho ou em seus com-promissos.“O Cataré” essa figura ficou muito marcada pela sua forma irreverente e inco-

mum de vender suas frutas e legumes, com sua carroça saia para vender seus pro-dutos pelas ruas, de porta em porta, oferecia o que tinha para vender, gritando parasua clientela: Olha a banana podre; o tomate verde; a mexerica azeda, e assim pordiante.E assim, o gorducho “Cataré” com sua carroça ia vendendo seus produtos

“estragados”, de boa alma e muito trabalhador.“Américo do Óleo” assim era chamado Américo Morette Caprara, falecido em

01/01/1997, era muito conhecido porque vendia óleo, produto que na época nãose vendia com tanta facilidade que nem hoje.De estrutura franzina e baixa, se diferenciava por parecer estar sempre nervo-

so e reclamando de algumas coisas. Mas ótima pessoa e muito querido por todos,vendia seu óleo, que deixava armazenado em um tambor e através de uma bombafazia sua comercialização em feiras livres.Assim é algumas personalidades da cidade serrana, cada um com o seu jeito,

com a sua forma de ver o mundo e enxergar a vida, construindo a historia de maisuma pedaçinho de terra nessa imensidão que é o universo.

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Toda cidade que tenha uma história quese preze guarda nas paredes de seucemitério municipal contos assombro-

sos e curiosos. A pacata Ribeirão Pires não fogeda regra, e o cemitério de São José, que fica naAvenida Francisco Monteiro, também tem o seufolclore particular. Desconhecido pela grandemassa, na década de 30 houve um personagemmítico que habitava o local, e sem querer, traziamedo aos moradores que passavam em frente àssepulturas já tarde da noite. Na época, ele eraconhecido como coveiro Barbieri.A história é contada pelo historiador Américo

Del Corto, que em seu livro Reminiscências deRibeirão Pires relembra seu passado na cidade.Segundo o autor, na época não havia transportecoletivo e eram poucos os que possuíam veículopróprio. Com isso, somado a escuridão quetomava a região após o por do Sol, passar emfrente a qualquer cemitério era tido como ato decoragem.Certa madrugada, o gado que seu pai criava

para trabalhar em uma olaria fugiu, e para não seperder o dia de trabalho seguinte, Américo e seupai foram ao encalço dos animais. Na procura, oproprietário dos fugitivos foi direto na direçãodo cemitério, sabendo que por esses lados exis-tia o capim preferido dos animais. Mas, ao invés

de encontrar o gado, ele encontrou outra coisa.Naquele tempo ainda não existia energia elé-

trica. Mas ainda assim, em meio ao breu, umamisteriosa luz que se ascendia e apagava conti-nuamente nasceu. Curioso, o homem foi deencontro ao ponto luminoso, onde encontrou opersonagem dessa reportagem. Sentado sobreuma pedra que servia de soleira para o portãoestava o conhecido coveiro Barbieri. Mas, afinalo que era a luz?“Ao ser aspirado para uma boa “baforada”, o

fumo do cachimbo se ascendia mais forte, pro-duzindo aquela luz dentro do negror da noite.Essa luz desaparecia assim que o cachimbo eraretirado da boca; tornava a reaparecer, quandonovamente, aspirado e assim sucessivamente,até acabar a carga do fumo. E foi isso que duran-te algum tempo fez muita gente correr amedron-tada” assim Américo Del Corto explicou em seulivro a iluminação fantasmagórica do cemitério.O motivo para o coveiro ficar altas horas da

madrugada ali, fumando seu cachimbo, tambémera de curiosidade. Casado com Dona Pina,Barbieri alimentava outro vício, e ao se excederpor vezes no consumo de bebidas alcoólicas, ocoveiro discutia com a esposa, e usava o silên-cio e isolamento do cemitério como ambientepara descansar.

Mas enganam-se os que pensaram que Barbieriera santo. Mesmo sem saber que suas bafo-radas no cachimbo amedrontava a região, o

coveiro também tinha seus momentos de tentar assus-tar quem passava pelo local intencionalmente.Mais uma vez em meio às páginas do livro Reminiscências

de Ribeirão Pires, Américo Del Corto, conta uma peripécia docoveiro ribeirãopirense. Ainda na década de 30 e no mesmoCemitério São José, Barbieri aprontou para quem passava emfrente ao local, e dessa vez a vítima foi um sobrinho.Sabedor de que o rapaz passava várias vezes em frente ao

cemitério, pois estava indo e voltando da casa de uma namo-rada que vivia no bairro Roncon, o coveiro Barbieri usou um

velho barril para se divertir e amedrontar o parente.Em certa noite, ele levou o barril até a entrada do local,

onde há um declive com relação a via. Quando avistou aolonge seu sobrinho, se meteu dentro do tonel e o fez rolar atéos pés de sua vítima, a fim de amedrontá-lo. Porém, ele nãosabia que o rapaz trazia consigo um pedaço de pau, naquelaépoca chamado de “cacete”, comum entre os andarilhos queprecisavam se livrar de cachorros. A surpresa então deixou deser do sobrinho e passou a ser do tio, quando Barbieri perce-beu que o jovem golpeou e destruiu o barril de madeira comsua arma e já se preparava para atacar o desconhecido. Ocoveiro só escapou da surra porque passou a gritar e assim foireconhecido.

Outra do coveiro

Coveiro Barbieri: O funcionáriomais famoso do Cemitério São JoséConheça a história de Barbieri, o personagem marcante da década de 30 do Cemitério de São José

Cemitério São José em 1960 e agora em 2011

21Sexta-feira, 18 de março de 2011 Ribeirão Pires 57 anos Folha

Sexta-feira, 18 de março de 2011Ribeirão Pires 57 anosFolha22

Os misteriosos gemidos no antigoeucaliptal na região da Vila Aparecida

Écomo diz no livro do historiador Américo Del Corto,Reminiscências: “quem passa hoje pelo local nem ima-gina que por muitos anos muita gente se sentiu assom-

brada ao passar por ali”.Onde hoje está localizada a Vila Aparecida, próximo ao Centro

de Ribeirão Pires, já foi nas décadas de 30 e 40 o lar de imensoseucaliptos com mais de trinta anos de idade e que assustou muitagente grande. A atual avenida Francisco Monteiro, chamada porCaminho da Colônia, era apenas um estreito caminho de terra, poronde passava carroças de todas as espécies, carretões e até carros debois, juntamente com os primeiros caminhões que começavam achegar na cidade.A pequena estrada de terra, quando chovia, virava um lamaçal.

De tempos em tempos a Prefeitura de Santo André, que na épocacontrolava Ribeirão Pires, mandava passar uma máquina plaina paraacertar a via que ligava a região onde hoje é o Centro da Estância.A Estrada da Colônia servia de passagem para as Vilas de

Sant’ana, Santa Luzia, Roncon, entre outras localidades. Ao transi-tar onde hoje é a Vila Aparecida, obrigatoriamente se passava porbaixo dos eucaliptos. Sem luz elétrica, sem casas, sem qualquerforma próxima de civilização, este trecho se tornava ainda maisescuro e também temeroso para alguns. Em certas noites, ouviam-segemidos estranhos, vindos do meio do eucaliptal. Os mais supersti-ciosos, quando obrigados a passar pelo local, ficavam com os cabe-

los arrepiados e imploravam a todos os Santos para que tais gemi-dos não se fizessem ouvir naquela hora. E assim que foi durantemuitos anos e a dúvida de onde via e o que eram os gemidos per-sistiu. Mesmo durante o dia se ouvia os gemidos, mas quase nin-guém percebia. Como relatou o autor na sua obra: “fora da escuri-dão se é mais corajoso”. Del Corto conta que desde pequeno viviaentre o eucaliptal, que ficava perto da sua casa. Local esse onde resi-de até hoje.Quando criança Américo ia sempre aos eucaliptos para apanhar

frutas silvestres e sabia o motivo dos temerosos assustadores gemi-dos que fez muita gente tremer ao longo dos anos. “Chegava mesmoa divertir-me quando alguém comentava comigo, até com certoassombro sobre a suposta lamentação”, diz Américo no livro.Os gemidos eram nada mais nada menos, que resultado de atrito

entre galhos de eucaliptos, que com o cenário certo, escuridão emuita imaginação causavam temor nos mais impressionados. Paradar passagem ao progresso, um dia os eucaliptos foram derrubadose Del Corto afirma ter testemunhado esta queda. “Quem passassepor perto naquela hora, podia notar perfeitamente os dois galhosainda juntos, mesmo no chão, parecendo não querendo se separar.Estavam até bastantes gastos de tanto se esfregarem um ao outro,quando os ventos os faziam se mover, resultando daí o atrito quemais parecia um gemido e que por anos a fio amedrontou muitagente”, relembrou o autor.

Rua Santo Bertoldo cruzamento com Av. Francisco Monteiro em 1972

A lenda das árvores que assombravam o caminho de quem andava a noite pelo Eucaliptal

Onde tinha os eucaliptos , hoje é a Vila Aparecida

23Sexta-feira, 18 de março de 2011 Ribeirão Pires 57 anos Folha

Sexta-feira, 18 de março de 2011Ribeirão Pires 57 anosFolha24

O defunto na Chuva: Atrás daIgreja do Pilar existia um cemitério

Para quem pensa que cemitério atrás de Igreja é coisa só de filme de terror está enganado

No ano de 1738, foiregis trado o pri-meiro sepultamento

nos fundos da Capela deNossa Senhora do Pilar,tudo isso mostra que o PilarVelho deve ser apontadocomo o berço de RibeirãoPires, pois foi ao redor daCapela que se fixaram anti-gos brasileiros, em especialao longo dos séculos XVIIIe XIX. Mas foi um cresci-mento lento.Quem nunca ouviu aquelas

lendas urbanas famosas sobrecemitérios antigos e mal assom-brados, que ficavam atrás dealguma igreja?Em Ribeirão Pires, temos

isso como verdade, e não comolenda, porém está é uma histo-ria para dar risadas, e não paracausar medo.No Pilar velho, há a tradicio-

nal festa de primeiro de Maio,com seus festejos encantava aspessoas, com danças folclóri-cas, conjunto musicais, bandassertanejas e outras atrações.Muita gente não sabe, mas

atrás da Igreja, exatamenteonde estão aqueles ciprestes-pinheiros, existia um cemitério.Sempre que falecia algum

morador da cidade, o defuntoera colocado em um caixão ouem uma rede atada a uma vara,cujas pontas eram apoiadassobre os ombros de duas pes-soas, uma na frente da outra.Certa vez havia morrido uma

pessoa, que morava perto da

estação ferroviária da cidade,quatro pessoas se disponibiliza-ram a levar o defunto para ondeseria a sua última morada.Durante o trajeto feito, o

tempo começou a mudar, dandoa entender que uma forte chuvalogo se aproximava fenômenonão incomum mesmo nos diasde hoje em Ribeirão Pires,assim que a chuva deu início osquatro rapazes, começaram aprocurar um local para se prote-gerem da forte chuva que caia,num repente, um dos homensque levara o morto lembrou deum botequim onde poderiam seguardar da chuva e tomar uma“cachaçinha” para esquentar, eassim foi feito, ao chegar aobotequim, rapidamente e semcerimônia alguma, aqueles qua-tro homens baixaram a redecom o corpo no chão e mais quedepressa correram para dentrodo botequim.O temporal desabou sem pie-

dade por sobre aquele caixãocom o corpo, os rapazes jámolhados, procuravam comba-ter a umidade em seus corposcausados pela chuva, e logica-mente tomando vários goles decachaça.Quando a chuva parou, vol-

taram novamente à rede e parti-ram rumo ao cemitério, carrega-vam o falecido com certa ani-mação, pois o efeito da pinga jácomeçara a surgir.Este caso aconteceu aqui

mesmo em nossa RibeirãoPires, há muitos anos passados.

Onde hoje é ojardim da

igreja do Pilarantes era um

cemitério

25Sexta-feira, 18 de março de 2011 Ribeirão Pires 57 anos Folha

Sexta-feira, 18 de março de 2011Ribeirão Pires 57 anosFolha26

Cada dia que passa a tecnologia está mais avançadacom relação ao cinema. Hoje podemos assistir filmesde vários gêneros em 3D (três dimensões) e até mesmoem 6D onde será possível realmente acreditar que ospersonagens do filme que você está assistindo estãointeragindo com o público, quase como se fosse novosmembros da plateia.Mas você sabe como eram os cinemas de Ribeirão

Pires?

O primeiro cinema da hoje Estância tem registrocomo Cine Pathé que era localizado nos números 16 e14 da Rua Comendador João Ugliengo, no largo daMatriz entre os anos de 1910 e 1930. Nesta época ocinema era mudo.“Eu não cheguei a frequentar este cinema, mas

diziam que abaixo da tela tinham músicos com instru-mentos musicais que tocavam de acordo com a cena eisso acontecia na maioria dos cinemas mudos”, relem-bra Walter Galo, hoje com 84 anos.Depois do Centro Alto, o Cine Pathé foi transferido

para a rua do Comércio onde hoje está localizado aCasas Pernambucanas. Em 1934 o senhor FelícioLaurito, morador de família conhecida da cidade, cons-truiria um novo cinema dando a ele o nome de suafilha, Cine Lourdes.Por algum tempo foram exibidos filmes mudos até

o advento do sistema sonoro. Com novo proprietáriopassou a chamar-se Cine Teatro Brasil, hoje o imóvel

reformado vem se prestando para várias atividades.Serviu como Teatro Municipal, danceteria e até umbingo. Hoje o local serve como uma lanchonete.Após alguns anos, Abdalla Chiedd construiu o Cine

Damasco, na rua do Comércio, que teve seu nomemudado para Cine Odeon e hoje o imóvel foi transfor-mado no Shopping Center Duaik e que por 18 anos

havia uma sala de cinema e há quatro ano as atividadesda sala foram encerradas. O último filme exibido foiTitanic.No final de 2010, a Câmara de Ribeirão Pires apro-

vou uma concessão por 30 anos para que a rodoviáriavelha se torne um shopping e a previsão é que o localtenha de duas a três salas de cinema.Américo Del Corto, em entrevista conta como

começou sua paixão por cinema. “A primeira vez queeu fui ao cinema, se é que pode se chamar de cinema,foi em 1930 quando minha irmã com o namorado e eusegurando vela, fomos ao Cineminha do Prado, ondehoje está localizado a Gran Farma. Eu tinha cerca deseis anos. O cinema era ao lado de um botequim ondehoje é o 2º Cartório de Protestos de Ribeirão Pires”,lembra.Aos sábados e domingos, com tempo bom, muitas

pessoas se reuniam ao ar livre e o primeiro filme queAmérico Del Corto assistiu foi Carlito e Chico Bóia,uma espécie de O Gordo e o Magro.Eu estava eufórico, sentado a mesa, aguardando o

início da sessão, quando uma pessoa informou: “daquimais uns minutos daremos início à nossa sessão decinema desta noite”. Eu não me continha de tantaansiedade quando o filme começou em uma tela que naverdade era um pedaço de pano onde o projetor eraatrás do pano. Era um corre-corre danado entre Carlitoe Chico Bóia, brigas, risadas, choros, tudo misturado

numa confusão infernal envolvendo aqueles dois”,lembra.Américo conta que passados cerca de 10minutos do

filme, onde já estava completamente tomado pelofilme, repentinamente as figuras desapareceram e asluzes se acenderam.“Eu pensava que o filme tinha acabado,mas não, era

necessário parar com a imagem para que uma pessoaregasse o pano para que o mesmo não incendiasse,como o projetor ficava atrás do pano, fazia o tecidoesquentar. A interrupção do filme era feita váriasvezes”, explica.A partir daí começou a paixão de Américo Del

Corto pelo cinema. Na sua adolescência não perdiauma sessão, tendo vezes em ir a duas sessões em umúnico dia. Depois ele começou a se interessar pela salade projeção.“Depois disso montei duas salas de cinemas; uma

emOuro Fino Paulista e outra em Rio Grande da Serraque duraram cerca de três anos”.Apaixão por cinemas durou até depois do casamen-

to aonde chegou a assistir o filme Museu de Cera em3D. Com o passar dos anos, seu Américo Del Cortonão frequenta mais cinemas, mas a paixão pelos filmescontinua, onde com frequência aluga DVD’S.

Do cinema mudo onde músicos ficavam embaixo da tela que tocavam de acordo com a cena ao cinema 6 dimensões

Cineminha do Prado. Ao fundo o pano branco

Cine Lourdes posterior Cine Brasil

Shopping Center Duaik onde abrigava o último cinema

Os 101 anos da inauguração doprimeiro cinema em Ribeirão Pires

27Sexta-feira, 18 de março de 2011 Ribeirão Pires 57 anos Folha

Sexta-feira, 18 de março de 2011Ribeirão Pires 57 anosFolha28