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CURSO BÍBLICO INTERNACIONAL ENCONTRO COM A PALAVRA Livro 9 PRESCRIÇÕES DE CRISTO (Soluções Bíblicas Para os Problemas da Vida) PR. DICK WOODWARD

CURSO BÍBLICO INTERNACIONAL · estudo de toda a Bíblia, dividido em 13 livros. Essa jornada nos levará do Livro de Gênesis ao Apocalipse e nos dará uma visão panorâmica de

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CURSO BÍBLICO INTERNACIONAL

ENCONTRO COM A PALAVRA

Livro 9

PRESCRIÇÕES DE CRISTO(Soluções Bíblicas Para os Problemas da Vida)

PR. DICK WOODWARD

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Toda glória e honra ao Senhor nosso Deus! Este material foi escrito e impresso pelo Ministério Cooperativo Internacional (ICM - International Cooperating Ministries) para ser uma bênção em sua vida.

“Portanto, fortifique-se na graça que há em Cristo Jesus. E as coisas que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confia a homens fiéis, que sejam também capazes de ensinar a outros” (II Timóteo 2.1,2).

Woodward, Dick

Prescrições de Cristo(Soluções Bíblicas Para os Problemas da Vida)

Curso Bíblico InternacionalENCONTRO COM A PALAVRA

Tradução em Português: Ruth Gialluca

Correção Ortográfica: Lídia Damasceno Gialluca, Nadir F. Lopes e Marlene Frade

Editoração Eletrônica: Elen Canto

Capa: Paulo Sergio Baeta e Jersio Dreissing

Impresso no Brasil por: Fine Graf Gráfica e Editora Ltda.

Supervisão Geral: Pr. Leandro Ferreira

E-mail: [email protected]

1ª Edição: Novembro/2004 = 1.000 exemplares2ª Edição: Junho/2007 = 2.000 exemplares3ª Edição: Novembro/2010 = 3.000 exemplares4ª Edição: Maio/2014 = 3.000 exemplares5ª Edição: Fevereiro/2017 = 3.500 exemplares6ª Edição: Agosto/2019 = 4.000 exemplares

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Nota ImportanteO material que você tem em mãos é um complemento dos estudos

que vêm sendo ministrados por uma rede variada de emissoras de rádio e pela internet (www.desfrutedeus.com) e é enviado, gratuitamente, ape-nas aos ouvintes que estão acompanhando, regularmente, os estudos por uma dessas emissoras. Para recebê-lo, basta solicitar, escrevendo para o endereço divulgado no final de cada aula.

Por se tratar de um curso, é necessário responder o questionário de cada livro; com isto você garante o recebimento do próximo, bem como de um lindo Certificado de Conclusão ao término do curso.

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ÍNDICE

Introdução (ao aluno iniciante) ...............................................................................06

INTRODUÇAO................................................................................07

CAPÍTULO 1Prescrições Bíblicas Para Relacionamentos Difíceis ........................................08

CAPÍTULO 2Prescrições Bíblicas Para a Raiva Pecaminosa .....................................................14

CAPÍTULO 3Prescrições Bíblicas Para a Raiva Justa .............................................................19

CAPÍTULO 4Prescrições Bíblicas Para Comunicação Com Deus ..............................................23

CAPÍTULO 5Prescrição Para Comunicação Nos Relacionamentos ........................................31

CAPÍTULO 6Prescrição Para o Pecado ...................................................................................41

CAPÍTULO 7Prescrição Para a Culpa ...................................................................................46

CAPÍTULO 8Uma Breve Prescrição Para o Casamento ........................................................56 CAPÍTULO 9Prescrição Para os Pais ...................................................................................63

CAPÍTULO 10Prescrição Para a Depressão .........................................................................66

CAPÍTULO 11Prescrição Para a Cura Interior ......................................................................72

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CAPÍTULO 12Prescrição Para Salvação ................................................................................. 75

CAPÍTULO 13Prescrição Para a Adversidade ..................................................................82

CAPÍTULO 14Prescrição Para o Caráter ................................................................................88

CAPÍTULO 15Prescrição Para Ter Direção ...........................................................................94

CAPÍTULO 16Prescrição Para a Identidade ........................................................................109

CAPÍTULO 17Prescrição Para a Ansiedade .......................................................................117

CAPÍTULO 18Prescrição Para a Paz ....................................................................................121

CAPÍTULO 19Prescrição Para Oração ................................................................................134

CAPÍTULO 20Prescrição Para a Obediência .....................................................................138

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Introdução (ao aluno iniciante) Quando você se aprofunda na Palavra de Deus e deixa que a Palavra

transforme sua vida, coisas maravilhosas e tremendas acontecem.Bem-vindo ao ENCONTRO COM A PALAVRA. Juntos faremos um

estudo de toda a Bíblia, dividido em 13 livros. Essa jornada nos levará do Livro de Gênesis ao Apocalipse e nos dará uma visão panorâmica de cada livro da Bíblia. Observaremos a estrutura do livro, o seu contexto histórico e, o que é mais importante, buscaremos uma aplicação para nossas vidas, a partir do ensino de cada livro.

Algumas pessoas acham a Bíblia um livro confuso. Realmente, não é fácil relacionar os acontecimentos com a sua época e o seu significado. Mas, cada versículo da Bíblia é um pedacinho desse quebra-cabeça, cujo conteúdo é muito glorioso. Minha oração é que, no final dessa jornada, você tenha adquirido uma compreensão maior de cada livro da Bíblia, do modo como eles se completam, e possa situá-los dentro da história de Deus com o homem. No final, você terá uma compreensão de como Deus trabalhou nos tempos do Velho Testamento; terá também compreendido o que mudou com a vinda de Jesus Cristo e a razão da mudança; aquilo em que você antes cria no coração, será confirmado em sua mente, e você poderá testemunhar sua fé com mais confiança e conhecimento.

Espero que você faça todo o curso e convide outras pessoas para que nos acompanhem nesse estudo da Bíblia, o livro mais importante do mun-do. Faça suas malas e prepare-se para embarcar. Estamos prestes a partir!

Ferramentas que serão utilizadasSegundo o apóstolo Paulo, a única maneira de não passarmos ver-

gonha, quando se trata de Bíblia, é tornarmo-nos obreiros que manejem bem a Palavra. A única maneira de entender a Bíblia é saber usá-la. Por isso, o meu desafio é que você assuma o compromisso de estudá-la com dedicação e sinceridade. Nenhum livro merece mais dedicação e em-penho da nossa parte que a Bíblia. Se você quiser se aprofundar ainda mais neste estudo, além de dedicação e empenho há outras ferramentas que o ajudarão a ir mais fundo no conhecimento das Escrituras.

Antes de qualquer coisa você precisa de uma Bíblia e, se possível, adquira mais de uma tradução. Você também vai precisar de um cader-no para anotações.

Como qualquer outro trabalho, esse será cumprido com mais fa-cilidade e atingirá melhores resultados, se você possuir as ferramentas certas. O estudo da Bíblia fica mais produtivo, quando se utilizam os recursos disponíveis. Procure equipar-se com as ferramentas que men-cionamos e você se surpreenderá com os resultados.

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PRESCRIÇÕES DE CRISTO

CBI - Encontro com a Palavra Livro 9 7

Introdução

Neste livro exploraremos as respostas de Jesus a algumas das questões mais problemáticas que enfrentamos.

É na Bíblia que encontramos todas as prescrições feitas por Cristo, pois a Palavra de Deus ofe-rece soluções para todos os nossos problemas; porém, para termos acesso a elas, precisamos admi-tir que necessitamos da ajuda de Deus; precisamos admitir que es-tamos “doentes”.

Quando estamos muito do-entes, o médico prescreve um re-médio que trata a doença, e foi o próprio Senhor Jesus quem disse: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes” (Mateus 9.12).

Os problemas que os crentes enfrentam vão de tensões nos re-lacionamentos até batalhas com enfermidades, portanto, antes de cumprirmos nossa missão, ajude-mos outros cristãos a encontrarem soluções para os seus problemas, soluções estas que só podem ser encontradas nas Escrituras, as

quais estão repletas de prescrições inspiradas para todos os proble-mas da vida.

À medida que aplicamos as prescrições bíblicas em nossas vidas, a igreja se torna mais que um lugar onde encontramos sal-vação e preparação para os mi-nistérios (Filipenses 2.12; Efésios 4.12); ela passa a ser também o lugar onde os crentes encontram soluções para seus problemas, so-luções estas que fazem deles mi-nistros frutíferos para a glória de Deus.

Neste livro, veremos as pres-crições bíblicas para relaciona-mentos difíceis; falaremos a res-peito da comunicação com Deus e com o homem, sobre o pecado e a culpa.

Minha oração é para que este livro faça com que a Palavra de Deus entre em você e para que você entre na Palavra de Deus, porque é nEla que encontramos as prescrições de Cristo para os pro-blemas mais difíceis que enfrenta-mos no decorrer da vida.

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PRESCRIÇÕES DE CRISTO

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“Evite as controvérsias tolas e inúteis, pois você sabe que aca-bam em brigas. Ao servo do Se-nhor não convém brigar, mas, sim, ser amável para com todos, apto para ensinar, paciente. Deve cor-rigir com mansidão os que se lhe opõem, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento, levando-os ao conhecimento da verdade, para que assim voltem à sobriedade e escapem da arma-dilha do diabo, que os aprisionou para fazerem a sua vontade” (II Timóteo 2.23-26).

Enquanto algumas pessoas afirmam que a igreja deve funcio-nar como um hospital, tratando bem todos àqueles que entram pe-las suas portas, aprendemos com a Carta de Paulo aos Efésios que a igreja deve ser um lugar onde os crentes são treinados para o ministério.

Paulo afirma que, quando nos reunimos como igreja, nosso obje-tivo deve ser sempre “preparar os santos para a obra do ministério” (Efésios 4.12); entretanto, um dos problemas mais comuns que en-frentamos hoje são os empecilhos

para um ministério eficiente.A preparação dos santos para

a obra do ministério deve tratar desses problemas, por isso a solu-ção prescrita no texto supra citado de II Timóteo é dirigida a crentes envolvidos num relacionamen-to difícil, que pode ser conjugal, entre pais e filhos, entre irmãos na igreja, ou qualquer outro re-lacionamento que necessite de aconselhamento.

Paulo escreveu esta prescrição para Timóteo, um jovem pastor, a fim de orientá-lo como pastorear crentes problemáticos.

Quando o Senhor nos ensinou a ser sal da terra e luz do mundo, disse que devemos primeiro bus-car reconciliação com nosso irmão para, depois, nos preocuparmos com o nosso relacionamento com Deus (Mateus 5.24).

Jesus ensinou esse princípio porque sabia que jamais vencere-mos o mundo se o relacionamento com nossos irmãos estiver quebra-do, por isso encontramos várias prescrições no Novo Testamento que tratam de problemas de rela-cionamento entre irmãos em Cristo,

Capítulo 1

Prescrições Bíblicas Para Relacionamentos Difíceis

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como em Mateus 18.15-18, por exemplo.

Viver no céu com irmãos que amamos é algo glorioso, mas viver aqui na terra com nossos irmãos da igreja é outra coisa! Desde que Caim matou Abel, ter um bom rela-cionamento com o irmão tem sido um desafio que persiste até hoje.

Examinando as Escrituras, percebemos que o amado após-tolo Paulo, em sua segunda carta a Timóteo, afirma que o diabo é a força que está por trás dos pro-blemas de relacionamento entre os cristãos; ele é a razão, porque o relacionamento entre os crentes fica muitas vezes tão difícil.

Naquela passagem, Paulo está ensinando Timóteo como ele deveria responder àqueles a quem ministrava, uma vez que o ensino na Igreja do primeiro século era dado em grande parte baseado nos relacionamentos, através do discipulado, no contato um a um, ou em pequenas igrejas reunidas nos lares.

Nesse contexto, era comum encontrar pessoas rebeldes, de difícil trato, nesses grupos, o que acabava atrapalhando a união en-tre os crentes.

Podemos perceber isso atra-vés das cartas de Paulo às igrejas e pelas cartas gerais, escritas por

outros apóstolos, como João, o apóstolo do amor (III João 9,10).

Pastores como João e Timóteo viam-se diante de relacionamen-tos muito difíceis, tendo de tra-tar dos causadores e das vítimas desses distúrbios, o que podemos observar, explicitamente, na carta de Paulo a Timóteo em questão, já que nela ele explica como isso deve ser feito e apresenta uma prescrição inspirada por Deus, so-bre o que fazer diante de relacio-namentos difíceis.

Se você se vir num relaciona-mento difícil, considere atentamen-te esta prescrição: primeiro, Paulo disse a Timóteo que para ser par-te da solução de Deus num rela-cionamento difícil precisamos nos comprometer a ser servos humildes do Senhor, pois apenas Deus pode resolver esses problemas de rela-cionamento, usando Seus servos como veículos da Sua solução.

O relacionamento mais difí-cil que você enfrenta todos os dias pode ser com seu cônjuge; por outro lado, seu cônjuge pode achar que o relacionamento que tem com você é o mais difícil para ele(a). De acor-do com Paulo, a questão é saber se nesse relacionamento você será ser-vo do Senhor ou servo do diabo.

Paulo instrui Timóteo sobre certas coisas que podemos fazer,

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as quais abrem a porta para que Deus trabalhe no relacionamento e fecham a porta para o diabo; outras coisas que fazemos, po-rém, podem ter o efeito contrário: abrem a porta para o diabo e a fe-cham para Deus.

O mais importante, segundo Paulo, é não contender; uma dis-cussão nervosa em meio a uma crise de relacionamento fecha a porta para Deus e abre a porta para o diabo (cf. II Timóteo 2.23-26). Se num relacionamento a dois ambos forem espirituais, en-tenderão que neles existe o poten-cial para serem servos do Senhor ou servos de Satanás.

Tiago escreveu que a “ira do homem não produz a justiça de Deus” (1.20), e você sabe o que isto significa? Quer dizer que, se você ficar com raiva, sempre dis-cutindo, não será um instrumento, através do qual Deus vai trabalhar, porque é Satanás quem trabalha através de você, quando você está com raiva. Todos nós estamos sujeitos a agir como Pedro agiu, quando disse, num momento, que Cristo era o Filho de Deus e, logo depois, disse algo que fez Jesus reagir dizendo: “Para trás de mim, Satanás” (Mateus 16.23).

Assim como Deus pode tra-balhar através de nós, Satanás

também pode, por isso a prescrição que encontramos naqueles versícu-los de Paulo a Timóteo é que diante das dificuldades em nossos relacio-namentos devemos nos compro-meter a sermos servos do Senhor.

Se, porém, uma das pessoas envolvidas no relacionamento não for crente, Deus saberá como traba-lhar através daquela que é; sendo ambas cristãs, a questão é saber quem vai se comprometer a ser ser-vo do Senhor nesse relacionamento.

Um segundo passo nesta prescrição é enfocar a natureza do problema que a pessoa está en-frentando. Quando Paulo diz que devemos corrigir com mansidão os que se nos opõem, faz nos recordar da tentação de Jesus , no deserto, quando Satanás ofereceu o mundo inteiro em troca de seu “eu”; caso Jesus tivesse aceitado sua propos-ta, seria um perdedor (Mateus 4.8-10), pois, de acordo com o ensino de Jesus, ganhar o mundo implica em anular-se (Marcos 8.36).

Não podemos jamais nos anular por causa de um prato de lentilha, como fez Esaú (Gênesis 25.29-34), nem devemos desis-tir da individualidade com a qual Deus nos criou, da capacidade de sermos a pessoa que Deus quer que sejamos: uma pessoa diferente de qualquer outra na face da terra.

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PRESCRIÇÕES DE CRISTO

CBI - Encontro com a Palavra Livro 9 11

Parte do problema de que Pau-lo estava tratando referia-se à opo-sição que Timóteo vinha sofrendo à sua individualidade e à particulari-dade que Deus planejou para ele. Timóteo não precisava ser como as pessoas achavam que ele deve-ria ser; também não precisava ser igual a outro servo de Deus que ele admirasse e a quem fosse compa-rado. Ele não podia ser domina-do nem controlado por pessoas de temperamento mais forte; não po-dia perder a liberdade de ser a pes-soa que Deus queria que ele fosse.

Tudo isso significa viver de acordo com o que Paulo, em outro texto chama de “a boa, perfeita e agradável vontade de Deus” (Ro-manos 12.2). De acordo com Pau-lo, essas pessoas que se opunham a Timóteo eram cativas de Satanás e só mesmo Deus podia libertá-las, porque só Deus pode fazer com que cada um recupere o seu “eu”.

Afinal, qual é o objetivo dessa prescrição? É que a pessoa cati-va se recupere e seja liberta. Como só Deus pode fazer isso, o máximo que você pode fazer num relaciona-mento é tomar sua posição de ser-vo do Senhor para que Ele o use na libertação de outras pessoas.

Nessa palavra de Paulo a Ti-móteo, a prescrição que ele dá é que, se você quiser ser servo do

Senhor num relacionamento difí-cil, assuma o compromisso de ser agente do Espírito Santo.

Em Gálatas 5.22 Paulo men-ciona três frutos do Espírito: ama-bilidade, mansidão e paciência; depois de dar o primeiro passo, que é ser servo do Senhor dentro do relacionamento, você está pronto para o segundo que é ser amável, manso e paciente, de modo que seja um veículo usado por Deus para libertação da outra pessoa envolvida no relacionamento.

Vamos nos concentrar nesses três frutos do Espírito menciona-dos por Paulo. Pense um pouco a respeito da mansidão, uma pala-vra da Bíblia que é constantemen-te mal interpretada, pois geral-mente é confundida com fraqueza.

Mansidão é submeter-se ao controle de Deus. Apenas como ilustração, imagine um forte ca-valo selvagem sendo domado até que finalmente aceite o cabresto e o freio em sua boca; quando isso acontece, ele está aceitando o controle do montador.

Na estrada de Damasco, Paulo perguntou a Jesus: “Que devo fazer, Senhor?”. Naquele momento, Pau-lo aceitou o cabresto e se submeteu ao controle de Cristo; ele passou o resto da sua vida obediente à vonta-de do Senhor Jesus Cristo.

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PRESCRIÇÕES DE CRISTO

CBI - Encontro com a Palavra12 Livro 9

Você já se rendeu ao jugo de Cristo? Você vive em submissão diária à vontade do Senhor?

A mansidão é fruto do Espírito e não uma característica da perso-nalidade que nós desenvolvemos. A mansidão de que Paulo fala é resultante do trabalho do Espírito Santo em nossos relacionamentos problemáticos.

É importante que não haja discussões nem acessos de raiva com a pessoa com quem estamos tendo um relacionamento proble-mático; para que isso aconteça devemos responder ao convite do Senhor e aceitar o Seu jugo, a fim de enfrentarmos o relacionamen-to com o controle de Cristo sobre nossas emoções.

Amabilidade e PaciênciaPaulo prescreve mais dois fru-

tos do Espírito para nós humanos, seres tão frágeis que somos: a amabilidade e a paciência.

Se você quiser ser um veículo usado pelo Espírito Santo para li-bertar os cativos de Satanás, deve ser amável.

No capítulo 13 da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, dos versículos 4 ao 7, descobrimos quinze virtudes que expressam como se comporta o amor, o pri-meiro fruto do Espírito.

Através de um estudo des-sas virtudes, aprendemos que a amabilidade é uma questão sim-ples, que envolve amar a pessoa que está causando problemas no relacionamento.

Quanto à paciência, podemos interpretá-la como “a fé em expec-tativa”, sobretudo em nosso rela-cionamento com Deus; no que diz respeito ao nosso relacionamento interpessoal, paciência é “o amor em expectativa”.

Somos instruídos a imitar a paciência de Jó, que sofreu pacien-temente e, através do sofrimento, teve sua fé fortalecida, porque a sua paciência era a fé em expectativa.

Quando estamos sendo ali-mentados para nos tornarmos adultos espirituais, ou procurando ser servos do Senhor num relacio-namento difícil, devemos aprender a ter paciência, que é o amor em expectativa.

Estudando atentamente a prescrição desta passagem bíbli-ca, vemos que Paulo estava dizen-do a Timóteo que a própria pes-soa problemática tem um papel na sua libertação, mas, para que tal aconteça, essa pessoa deve atender a duas condições: reco-nhecer a verdade e experimentar o que Paulo chama de “espírito de arrependimento”.

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PRESCRIÇÕES DE CRISTO

CBI - Encontro com a Palavra Livro 9 13

Ainda há outros ensinos que podemos tirar desta prescrição para um relacionamento difícil, e um deles, dirigido ao “servo do Se-nhor”, é: “Deve corrigir com man-sidão os que se lhe opõem, na esperança de que Deus lhes con-ceda o arrependimento, levando-os ao conhecimento da verdade” (II Timóteo 2.25).

Neste versículo, Paulo não está dizendo que devemos forçar a pessoa a aceitar a verdade. A prescrição de Paulo é que, atra-vés do fruto do Espírito, conquis-temos um momento para sermos ouvidos e, quando este momento chegar, coloquemos diante da pes-soa a verdade que ela precisa ou-vir e entender, a verdade que pode libertá-la.

Devemos aceitar as limitações da nossa responsabilidade, que vai até um determinado ponto no re-lacionamento, conforme nos orien-ta Paulo em sua Carta aos Roma-nos, quando diz que devemos fazer o possível, quanto depender de nós, para viver em paz com todos (12.18). Notem que ele diz “se pos-sível”, “quanto depender de nós”.

Depois de ter-se posicionado naquele ponto do relacionamento, onde está havendo o problema; após ter buscado ser um servo

do Senhor e um agente do Espíri-to Santo, apresentando a verdade que a outra pessoa precisava ouvir, é preciso que se entenda o seguin-te: Deus pode ou não dar o espírito de arrependimento, a fim de que a pessoa reconheça a verdade e se recupere; essa pessoa pode ou não receber o espírito de arrepen-dimento, que significa repensar a respeito do comportamento que estava mantendo.

Você não pode reconhecer a verdade e, menos ainda, arre-pender-se pela outra pessoa, pois a sua libertação depende de que ela assuma essas duas condições: reconhecer a verdade e arrepen-der-se, além de contar com a dis-posição de Deus conceder-lhe o espírito do arrependimento.

Depois de atingir este ponto da prescrição para um relacio-namento difícil, devemos aceitar nossas limitações; é preciso que se entenda que, nesse ponto, a li-bertação da outra pessoa não de-pende mais de nós, mas sim do que Deus pode fazer e da liberda-de de escolha que a pessoa tem para aceitar ou rejeitar o que Deus está tentando mostrar, através da sua vida, quando devemos aplicar o princípio “eu não posso, mas Deus pode”.

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PRESCRIÇÕES DE CRISTO

CBI - Encontro com a Palavra14 Livro 9

“Assim, eu lhes digo, e no Se-nhor insisto, que não vivam mais como os gentios, que vivem na inutilidade dos seus pensamen-tos. Eles estão obscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus por causa da ignorância em que estão, devido ao endure-cimento do seu coração. Tendo perdido toda a sensibilidade, eles se entregaram à depravação, co-metendo com avidez toda espécie de impureza. Todavia, não foi isso que vocês aprenderam de Cristo. De fato, vocês ouviram falar dele, e nele foram ensinados de acordo com a verdade que está em Je-sus. Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo ho-mem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade. Portan-to, cada um de vocês deve aban-donar a mentira e falar a verdade ao seu próximo, pois todos somos membros de um mesmo corpo.

“Quando vocês ficarem irados, não pequem. Apaziguem a sua ira antes que o sol se ponha, e não deem lugar ao diabo”.

“Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calú-nia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoan-do-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo”.

“Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados, e vivam em amor, como também Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus” (Efésios 4.17-27, 31,32; 5.1,2).

Você já teve problemas com sentimento de raiva? Muita gente os tem, inclusive muitos crentes, mesmo que não demonstrem e se fechem, mas, cedo ou tarde, tudo vem à tona, pois ninguém conse-gue se fechar para sempre.

Um crente não deveria ter este tipo de sentimento trancado dentro de si, mas o fato é que tal acontece, por isso devemos buscar na Bíblia a prescrição para lidar

Capítulo 2

Prescrições Bíblicas Para a Raiva Pecaminosa

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PRESCRIÇÕES DE CRISTO

CBI - Encontro com a Palavra Livro 9 15

com o pecado da raiva, pois nela encontramos prescrições que mos-tram como Deus pode nos trans-formar de dentro para fora, elimi-nando nossa raiva.

Existem dois tipos de raiva: a raiva justa e a raiva pecaminosa; a raiva justa, às vezes, é chama-da de “indignação justa”. Foi ela que moveu Jesus quando virou as mesas dos mercadores no pátio do Templo e acusou-os de transfor-mar aquele lugar em um “covil de ladrões” (Mateus 21.12,13).

Na passagem bíblica com a qual iniciamos este capítulo, Pau-lo usa uma metáfora muito pro-funda a respeito da conduta cristã, quando fala para o crente, todos os dias, pela manhã, entrar no seu “quarto espiritual” e “vestir-se” espiritualmente.

De um lado temos as roupas da nossa antiga vida, os velhos trapos do “velho homem”; de ou-tro, temos o que ele chama de “as vestimentas da nova vida”; em ra-zão disso, quando nos revestimos espiritualmente, devemos nos des-pir dos trapos da velha vida e nos revestir com os trajes da nova vida.

Paulo dá nomes a esses tra-pos e a raiva é um deles, quan-do afirma que a raiva é uma das roupas rotas que o “velho homem”

usava, advertindo: “Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade” (Efésios 4.31); isso significa que quando nos ira-mos não devemos pecar.

Dois tipos de raivaUm servo do Senhor fica in-

dignado, quando vê a obra de Deus impedida ou prejudicada, o que não é errado, desde que esse sentimento não o leve a pecar. Po-rém, o outro tipo de raiva, a peca-minosa, presente na maioria dos crentes, não deveria existir na vida de um nascido de novo, um verda-deiro discípulo de Jesus Cristo.

A raiva pecaminosa nasce, quando alguém ou alguma coisa se interpõe no nosso caminho. Neste capítulo em estudo, encon-traremos prescrições da Palavra de Deus contra a raiva pecaminosa na vida de um cristão.

Prescrição bíblica para a raiva pecaminosa

O versículo tão conhecido de Isaías 53.6 apresenta uma defi-nição do que é raiva: “Todos nós, tal qual ovelhas, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho”. Quando você está de-terminado a seguir o seu próprio

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PRESCRIÇÕES DE CRISTO

CBI - Encontro com a Palavra16 Livro 9

caminho e algo o impede sobram-lhe algumas opções: você pode passar por cima desse obstáculo, desviar-se ou abrir um caminho bem no meio dele. A atitude mais infantil que você poderia ter seria perder o controle e ter um acesso de raiva, como faz uma criança; aliás, esta é uma boa definição para o sentimento de raiva: uma atitude simplesmente infantil.

O Velho Testamento apresenta outra definição para a raiva peca-minosa. Quando Caim bateu em seu irmão Abel até à morte, Deus lhe perguntou: “Por que você está furioso? E por que se transtornou seu rosto? Onde está seu irmão Abel e o que foi que você fez? Se você fizer o bem, não será acei-to? Mas, se não fizer, saiba que o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo” (Gênesis 4.6,7). O que Deus estava realmente per-guntando era: “Qual é a causa e o verdadeiro objeto da sua raiva?” ou “De quem é que você está com tanta raiva?” e, ainda, “O que você estava realmente fazendo, quando bateu em Abel até à morte?”.

Se não havia nada de erra-do com Abel, por que Caim esta-va com raiva dele? A verdadeira causa da raiva de Caim era ele

mesmo, por isso Deus não aceitou sua oferta, pois ela era inaceitável.

A questão nesta história não está nas duas ofertas, mas nos dois homens e a pergunta mais importante que Deus fez a Caim mostrou como ele poderia se tor-nar aceitável para Deus e para ele mesmo; esta pergunta mostrou que ele tinha duas escolhas: “Se você fizer o bem, não será acei-to? Mas se não fizer, saiba que o pecado o ameaça à porta; ele de-seja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo”; portanto, ele poderia aceitar a si próprio e tornar-se aceitável, ou atacar Abel e ele fez a segunda escolha.

Hoje existem pessoas no mundo que continuam fazendo esta mesma escolha, descarregan-do sua raiva em pessoas que não são a causa nem o alvo dela.

Qual é a verdadeira causa da sua raiva? Qual é a força que está por trás da sua raiva? Esta história de Caim e Abel mostra qual é a dinâmica da raiva pecaminosa e a prescrição para ela, que é fazer o que é certo para se tornar aceitá-vel diante de Deus, de si mesmo e dos outros, e isso é bem melhor que viver culpando e atacando ou-tras pessoas por não conseguir ser aceito.

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PRESCRIÇÕES DE CRISTO

CBI - Encontro com a Palavra Livro 9 17

Jesus ensinou a mesma coisa com uma metáfora bem humora-da, quando fez a seguinte pergun-ta: “Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Dei-xe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu? Hi-pócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramen-te para tirar o cisco do olho do seu irmão” (Mateus 7.3-5).

Ao ouvir certa vez uma mãe dizer que seus filhos a deixavam com muita raiva respondi-lhe, per-guntando se seus filhos lhe causa-vam mesmo raiva ou usavam um meio de extrair de dentro dela toda raiva de que falava.

A responsabilidade pelo esta-do emocional daquela mulher era uma questão muito importante para que a causa da sua tristeza, alegria ou raiva fosse atribuída aos seus filhos. Seriam eles que a dei-xavam com raiva? É claro que não. A verdadeira causa do seu senti-mento era outra; talvez até fosse por seu marido ter batido a porta, quando saiu para o trabalho e seus filhos, nesse caso, eram simples “Abeis”, nos quais ela extravasava sua raiva”.

Enquanto eu buscava na Bí-blia ajuda para a minha própria raiva, deparei-me com uma per-gunta que Deus fez ao profeta Jonas, quando estava com raiva, furioso: “Você tem alguma razão para essa fúria?” (Jonas 4.4).

Que pergunta séria! Você fica bem quando está com raiva? Pen-se um momento sobre isso. Algu-mas pessoas estão sempre com raiva; vivem em ebulição, com uma raiva suprimida, que cau-sa derrames, ataques cardíacos e outros problemas de saúde. A verdade é que ninguém fica bem quando está com raiva.

Se você parar para pensar um pouco, verá que aqueles que estão ao seu redor também não ficam bem quando você está com rai-va. Quantos jantares em casa são um desastre porque alguém está com raiva! Isso já aconteceu com você? Às vezes, reuniões especiais de famílias acabam em desastre porque alguém está com raiva.

Tiago escreveu: “Meus ama-dos irmãos, tenham isto em men-te: Sejam todos prontos para ou-vir, tardios para falar e tardios para irar-se, pois a ira do homem não produz a justiça de Deus. Portanto, livrem-se de toda im-pureza moral e da maldade que

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prevalece, e aceitem humilde-mente a palavra implantada em vocês, a qual é poderosa para salvá-los” (Tiago 1.19-21). Em outras palavras, quando você ex-travasa sua raiva, Deus não tem como trabalhar através de você.

Como vimos no primeiro capí-tulo, quando estamos com raiva, fechamos a porta para Deus e a abrimos para o diabo. (II Timóteo 2.23-26): por esta razão, devemos saber identificar nossa raiva, pois ele é um tipo de pecado e Deus não quer que o crente viva com raiva; enfim, não podemos come-çar a tratar do nosso problema de raiva enquanto não confessarmos que a raiva é um pecado.

O texto bíblico com o qual ini-ciamos este capítulo possui uma prescrição para a raiva: “...renova-dos no modo de pensar e a reves-tir-se do novo homem...” (Efésios 4.23,24). O que o apóstolo Paulo está dizendo é que Deus pode nos renovar de dentro para fora, por-que é desse modo que tiramos a trave dos nossos olhos e lançamos mão de extravasar nossa raiva, atacando os “Abeis” que aparecem na nossa frente.

O apóstolo Paulo apresen-tou outras prescrições para nossa

raiva. Falando aos casais, Paulo disse que não devemos ir para a cama com raiva, que o princípio que devemos guardar é que não podemos suprimir nem guardar nossa raiva.

O texto de Paulo em Efésios 4 mostra que a raiva reprimida leva a uma lista de sentimentos destru-tivos e negativos como a amargu-ra, indignação, ira e maldade.

Diferentemente do que muita gente pensa, Paulo não está dizen-do que não devemos ficar com rai-va: ele é realista o suficiente para reconhecer que há momentos em que é inevitável que fiquemos com raiva, por isso ele escreve: “Quan-do vocês ficarem irados, não pe-quem. Apaziguem a sua ira an-tes que o sol se ponha” (Efésios 4.26).

A mãe de todos os pecados é o orgulho e quase sempre encon-tramos junto com o orgulho um co-ração cheio de raiva pecaminosa. Se nos sentimos indignados, a não ser que seja uma indignação justa, como a que Jesus sentiu, quando viu o pátio do Templo ser transfor-mado num covil de ladrões, passa a ser uma raiva pecaminosa e deve-mos confessá-la e aplicar as prescri-ções contra o pecado da raiva.

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 9 19

Talvez, enquanto lia o último capítulo, você tenha pensado: “Ah, será que existe este negócio de rai-va justa?”. A resposta é um enfá-tico “Sim!”.

Nem sempre sentir raiva é pecado e podemos dizer isto por-que mais de uma vez os Evange-lhos contam que Jesus teve raiva, como já foi citado, em sua visita ao Templo, que deveria ser casa de oração, mas estava sendo transfor-mado em um mercado corrupto.

Os líderes religiosos tinham transformado a liturgia de adora-ção prescrita por Moisés num es-quema de exploração dos judeus que, cumprindo a Lei, vinham de todas as partes para as festas dos Dias Santos em Jerusalém.

Nessas ocasiões, cobravam preços exorbitantes pelos animais que eram vendidos para serem oferecidos no Templo; além disso, para comercialização dessas mer-cadorias, só era aceita uma moeda super valorizada que eles próprios tinham criado.

Quarenta anos depois des-se episódio, quando os romanos

destruíram o Templo, foi encontra-do um cofre e, dentro dele, o que corresponde hoje a sete milhões de dólares.

Não é motivo de espanto que Jesus tenha virado as mesas da-queles mercadores e limpado toda a área do Templo, movido por uma indignação justa, pois a vontade e a obra do Seu Pai estavam sendo impedidas pelo regime corrupto dos líderes religiosos.

Encontramos a palavra “rai-va” ou “ira” aproximadamente tre-zentas vezes na Bíblia e noventa e oito por cento das vezes refere-se à ira de Deus. Se Deus fica irado, significa que existe a ira justa ou raiva justa.

Preste atenção nestas duas definições da ira de Deus: “A ira de Deus é Sua reação aniquiladora contra tudo que não é santo” e “a ira de Deus é a reação aniquila-dora de um Deus amoroso contra qualquer coisa que esteja des-truindo aqueles que Ele ama”.

Conta-se que certa ocasião fo-ram necessários oito policiais para conter um pai que se encontrou

Capítulo 3

Prescrições Bíblicas Para a Raiva Justa

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CBI - Encontro com a Palavra20 Livro 9

com o assassino e estuprador de sua filhinha de sete anos de idade. Aquele pai era um homem gentil, marido e pai amoroso, mas se en-cheu de ira contra aquele que tinha destruído o objeto do seu amor; ti-nha matado a pessoa que ele tanto amava. Será que a mesma pessoa pode ser ao mesmo tempo amoro-sa e irada? Claro que sim!

“Deus age em todas as coi-sas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito” (Romanos 8.28). Que sentimen-tos tomam conta de você ao ver a vontade e o plano de Deus bloque-ados ou blasfemados pelos ímpios deste mundo?

Através da história, podemos ver que algumas pessoas que fo-ram muito usadas por Deus para cumprir Sua vontade e obra na terra foram pessoas extremamente espirituais e santas. Abraham Lin-coln irou-se quando viu escravos sendo vendidos no mercado. Ele acreditava que a escravidão não era da vontade de Deus e esta foi a razão da sua ira, mais um exemplo de raiva justa.

Outro defensor da abolição da escravatura foi Wilburforce, mem-bro do Grupo Clapham, na Ingla-terra. Este grupo de fiéis seguidores

de Cristo foi ferrenho defensor da abolição da escravatura porque acreditava que ela feria e irava o coração amoroso de Deus; eles ti-nham convicção de que o coração de Deus estava entristecido e irado com a escravidão, a qual destruía aqueles a quem Ele amava.

Hoje, crentes fiéis estão cheios de ira por causa da disseminação do aborto em todo mundo; para eles, os milhões de crianças cruelmente aspiradas do ventre de suas mães, ou assassinadas de outras formas, representam uma injustiça maior que a escravidão de séculos atrás.

Você fica com raiva quando vê aqueles a quem Deus tanto ama sendo abusados? Você já teve con-tato com uma criança que foi abu-sada, ou com uma mulher que foi violentada? Você não se enche de raiva, quando vê essas vítimas de violências indefesas e inocentes? Esta não é uma raiva pecaminosa. É uma raiva justa.

Uma dessas vítimas citadas pode sentir tanto a raiva peca-minosa como a raiva justa, mas encontramos prescrição na Bíblia para as duas.

Como pastor, tenho visto como estas prescrições são importantes na minha vida e na vida daquelas pessoas que pastoreio.

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 9 21

Nunca vou me esquecer do caso de uma senhora muito crente que tinha um sentimento de raiva. Ela e o marido tinham três filhos, sendo a mais nova uma adorável menina de três anos, mas esta se-nhora tinha uma compulsão para matar aquela criança.

Mesmo ela não tendo mos-trado nenhuma evidência de raiva contra qualquer pessoa, pedi-lhe que durante a semana preparasse uma lista de pessoas, pelas quais poderia sentir raiva, principalmente pessoas contra as quais tivesse ex-pressado algum tipo de indignação.

Fiquei chocado quando, na semana seguinte, ela me apareceu com uma lista de mais de trinta nomes! Ela estava em ebulição por dentro de tanta raiva dessas pesso-as e sem qualquer razão aparente.

Nos dois anos seguintes, pro-curei instruí-la a expressar de forma correta a sua raiva, de uma maneira que não fosse pecaminosa. Como a maioria das pessoas daquela lista era da sua igreja, eu a encorajei a se reconciliar com elas; à medida que ela fez isso, aquela compulsão terrível foi se esvaziando, até que finalmente desapareceu.

Eu aprendi muito sobre raiva com aquela mulher e a principal li-ção foi que não podemos suprimir

nossa raiva; por isso Paulo pres-creve, no texto que lemos no início deste capítulo, que não devemos deixar que o sol se ponha sem que tenhamos nos esvaziado de nossa ira.

Não podemos armazenar rai-va e se a suprimirmos ela poderá se manifestar de outras maneiras, às vezes até cruel, como uma es-tranha compulsão de matar uma criancinha.

Também aprendi que parte da prescrição bíblica para a raiva justa, quando a vítima é uma pes-soa espiritual, é perdoar os agres-sores. Esta senhora era espiritual e encontrou a graça de Deus para perdoar todos aqueles que não ti-nham agido bem com ela.

Um dos maiores impedimen-tos para a cura interior em pessoas que sofreram violência é a incapa-cidade de perdoar o agressor. É preciso ter a graça de Deus para perdoar, como fomos perdoados, segundo a oração de Jesus, onde encontramos esta prescrição para a raiva justa: “Perdoa nossas dí-vidas, assim como perdoamos aos nossos devedores” (Mateus 6.12).

Dez palavras importantesExistem algumas palavras

que são obrigatórias no dia-a-dia

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CBI - Encontro com a Palavra22 Livro 9

de pessoas espirituais: “des-culpe-me”, “eu estava errado”, “você me perdoa?”; o segundo grupo de palavras que, às vezes, deve ser usado é: “você estava errado(a)”, “eu me magoei, mas o(a) perdoo”.

Estas frases já salvaram muitos relacionamentos; por outro lado, a ausência delas já foi responsável por muita dissolução deles.

A raiva justa e a prescrição para ela apresentam-se de várias formas: seja um sentimento de indignação diante do distancia-mento que a sociedade está man-tendo de Deus, ou uma dor pes-soal por causa de uma violência sofrida. Para qualquer delas de-vemos sempre examinar a origem da raiva e o seu verdadeiro alvo para, então, aplicar a prescrição bíblica.

Devemos nos auto examinar e detectar o motivo da nossa raiva, pedindo a Deus que sonde nossos corações e nos mostre o motivo da nossa raiva; se a sua causa está em algum bloqueio da obra que

fazemos para Ele ou se é movida por interesse próprio.

Depois que a causa tiver sido detectada, devemos pedir a Deus que canalize nossa justa indigna-ção para uma força construtiva que Ele possa usar para reverter injustiças sociais, tais como a es-cravidão e o aborto.

Se a raiva for pecaminosa, de-vemos confessar e buscar o perdão daqueles que foram feridos por ela. Às vezes devemos perdoar aqueles que abusaram de nós, a fim de que possamos dar início a um processo de cura interior em nossas vidas, através de nossa reconciliação com Deus e com os outros.

Se você precisa de ajuda nessa área ou conhece alguém com esse problema, eu recomendo que leia e estude os versículos que citamos a seguir. Eles vão ajudar a entender melhor como o perdão e a prescri-ção de Deus para a raiva contri-buem para a cura interior (Salmo 7.11, Efésios 4.26,31,32, II Crô-nicas 7.14, Mateus 18.21-35, Co-lossenses 3.13, Mateus 6.12,15).

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Nos três primeiros capítulos deste livro vimos as prescrições bíblicas para problemas nos rela-cionamentos e para a raiva justa e a raiva pecaminosa. Existe uma li-nha que permeia todas estas pres-crições que é a comunicação.

Quando nos encontramos em relacionamentos problemáticos, a prescrição é cultivar o fruto do Es-pírito em nossas vidas, para que chegue o momento em que a ou-tra pessoa passe a aceitar o que temos para dizer; nesse momento de ensino, a capacidade de comu-nicação é parte essencial da pres-crição, pois jamais resolveremos nossos conflitos nem ajudaremos alguém, se não soubermos comu-nicar as prescrições de Deus.

No que se refere à raiva peca-minosa ou justa as palavras que não podemos esquecer são: “des-culpe-me”, “eu estava errado(a)”, “você me perdoa?”, ou: “você es-tava errado(a)”, “eu me magoei, mas o(a) perdoo”. Estas palavras salvam casamentos e a ausência delas leva casamentos e qualquer outro tipo de relacionamento ao

fim, principalmente relacionamen-tos problemáticos.

Há pessoas que nunca dizem: “eu errei” e, muito menos, “sinto muito”, pois, para elas, admitir o próprio erro é sinal de fraqueza, por isso têm dificuldade para dizer “sinto muito” e “desculpe-me”.

Quando o assunto é raiva, deve-mos nos comunicar com as pessoas que ferimos com a nossa raiva ego-ísta; se o sentimento for uma raiva justa, devemos fazer uso da comu-nicação para lutar contra a injustiça que está impedindo e bloqueando a vontade ou a obra de Deus. Quando somos vítimas de ofensas, devemos fazer como fez Cristo: comunicar nosso perdão para aqueles que nos feriram (Lucas 23.34).

Comunicação com DeusDevemos começar a cultivar

a comunicação a partir do nosso relacionamento com Deus e o mo-delo apresentado por Deus está no capítulo 3 de Gênesis, quan-do Ele fala com Adão e Eva, de-pois que eles pecaram: “Ouvindo o homem e sua mulher os passos

Capítulo 4

Prescrições Bíblicas Para Comunicação Com Deus

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CBI - Encontro com a Palavra24 Livro 9

do Senhor Deus que andava pelo jardim, quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim. Mas o Senhor Deus chamou o homem, perguntando: ‘Onde está você?’. E ele respon-deu: ‘Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi’. E Deus perguntou: ‘Quem lhe disse que você estava nu? Você comeu do fruto da árvore da qual lhe proibi comer?’” (Gênesis 3.8-11).

Quando começamos a ler a Bíblia, observamos dois princípios importantes, referentes à comuni-cação com Deus. Primeiro, apren-demos que quando pecamos, imediatamente Deus busca a res-tauração do relacionamento; tam-bém aprendemos que ao ouvir Sua voz, geralmente fugimos de Deus.

Este episódio também mostra que Deus se comunica com Suas criaturas, porque eles ouviram a voz de Deus andando no jardim, quando soprava a brisa do dia e se esconderam da presença do Senhor. A voz de Deus manifestou Sua presença; a voz era uma ex-pressão da presença de Deus.

Logo no início da Bíblia, le-mos sobre este fenômeno mara-vilhoso que acontece ainda hoje:

Deus quer se comunicar e ter um relacionamento com a raça huma-na, mas o homem se esconde des-sa expressão maravilhosa do amor incondicional de Deus.

As primeiras frases que Deus dirigiu ao homem foram perguntas como: “Onde está você?”. Mas, por que Deus fez esta pergunta, se Ele sabia onde eles estavam? Deus queria que eles confessassem que não sabiam onde estavam e que estavam perdidos.

Quando uma pessoa está per-dida, a primeira coisa que ela pre-cisa saber é que está perdida, por isso Deus perguntou: “Onde está você?”. Basicamente, foi essa a resposta que eles deram: “Sabe o que é ...nós vamos dizer onde estamos. É que ouvimos Sua voz e isso quer dizer que não estamos tão longe assim, mas, quando ou-vimos a Sua voz, ficamos confusos porque ela nos fez ver que esta-mos nus e, se continuarmos a ou-vir a Sua voz, vamos expor nossa nudez; como não queremos expor nossa nudez nos escondemos”.

A Bíblia relata o seguinte: “Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que an-dava pelo jardim, quando sopra-va a brisa do dia...” Isso parece estranho, pois você, por acaso, já

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 9 25

viu uma voz andando? Através de uma alegoria, este texto mostra como Deus se comunica, como Ele estabelece um relacionamento conosco e como nós nos comuni-camos e estabelecemos um rela-cionamento com Ele.

Quando digo que se trata de uma alegoria, não estou dizendo que estejamos falando de uma lenda ou de um mito. Uma alego-ria é uma historia, cujos persona-gens e cenário têm um significado mais profundo.

Eles ouviram a voz de Deus, uma voz que se comunica; eles fugi-ram da presença de Deus e, quando a voz de Deus manifestou Sua pre-sença, eles se esconderam da voz de Deus; eles, portanto, se escon-deram da presença de Deus, que foi para o jardim buscando um relacio-namento com Adão e Eva, porque Ele sabia que eles tinham pecado.

Esta história é uma alego-ria, mas como aconteceu com eles, acontece ainda hoje, porque Deus ainda quer se comunicar e ter um relacionamento conosco. Independentemente do nosso pe-cado e, principalmente, por cau-sa dele, precisamos desespera-damente deste relacionamento com o nosso Deus, que nos ama incondicionalmente.

Esta linda história é uma ale-goria magnífica do amor incondi-cional de Deus por nós, pelos pe-cadores. Como foi naqueles dias, ainda é nos dias de hoje!

Quando o primeiro homem e a primeira mulher disseram onde estavam, Deus lhes perguntou: “Quem lhe disse que você estava nu?”. Lendo a história, vemos que Deus os colocou no jardim e lhes disse que não comessem da árvo-re do conhecimento do bem de do mal.

No instante em que eles de-sobedeceram a Deus descobriram que estavam nus; aliás, mesmo an-tes de Deus iniciar a comunicação eles já sabiam que estavam nus.

Deus quis remetê-los ao mo-mento em que descobriram que estavam nus, quando lhes per-guntou: “Quem os fez saber que estavam nus?”. A tradução mais próxima do hebraico seria: “Quem vocês acham que revelou que vo-cês estavam nus?”. “Vocês não percebem que antes, quando Eu me comunicava, acontecia um maravilhoso milagre?”.

Como era antes, no tempo do terceiro capítulo da Bíblia, ain-da é hoje, pois Deus se comuni-ca conosco e não percebemos a magnitude deste milagre, que é

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o da comunhão do Criador com o homem.

Será que você valoriza esta comunicação o suficiente para se-parar um tempo do seu dia espe-cialmente para ela?

O teólogo D. L. Moody disse que se você quiser alguns mo-mentos silenciosos com Deus, terá que ser antes de se levantar ou depois que for para a cama. Vale a pena levantar-se antes de todo mundo ou ir para a cama de-pois de todo mundo para se co-municar com Deus.

No capítulo 4 de João, lemos sobre o encontro de Jesus com uma mulher junto ao poço de Jacó, quando Ele falou acerca de uma verdade sobre adoração, a qual era extraordinária tanto para um judeu como para um samaritano.

Eles estavam discutindo como judeus e samaritanos adoravam a Deus, quando a mulher disse: “Nossos antepassados adoraram neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde se deve adorar” (João 4.20). O que ela queria saber realmente era quem estava certo, como em nossos dias em que existem tantas denominações cristãs! Qual delas é a certa?

A resposta de Jesus àquela

mulher foi que ninguém tem o mo-nopólio de Deus: “...está chegan-do a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura” (4.23).

Outro teólogo, A. W. Tozer, disse certa vez que “Deus não está buscando trabalhadores em espe-cial, porque já os tem bastante; Ele está procurando adoradores; esses Ele tem poucos”.

A liturgia de adoração judai-ca a que a mulher samaritana se referiu vinha do Livro de Êxodo, quando Deus, através de Moisés, ensinou o povo a adorá-Lo.

Deus disse a Moisés que construísse uma tenda de adora-ção, onde havia um lugar chama-do Santo dos Santos, que era uma câmara interna onde a Arca da Aliança era mantida. Deus disse a Moisés: “Minha presença habitará na Arca da Aliança”.

Davi ia sempre à tenda da adoração buscar a presença de Deus, a “Shekinah”. Por esse mo-tivo também Daniel, sempre que orava no cativeiro, fazia-o voltado para Jerusalém, onde a presença de Deus habitava literalmente no Templo, em Jerusalém.

O que Jesus estava dizendo

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àquela mulher era que as coisas não eram mais daquele jeito, pois Deus está em qualquer lugar, in-dependentemente de onde você O invocar e O adorar. Você só precisa conhecê-Lo e adorá-Lo em espírito e em verdade.

Jesus estava falando profetica-mente da verdade mais dinâmica do Novo Testamento: “Acaso não sabem que o corpo de vocês é san-tuário do Espírito Santo que habita em vocês?” e “Cristo em vocês, a esperança da glória” (I Coríntios 6.19; Colossenses 1.27).

Hoje, comunicação com Deus significa que podemos nos comu-nicar com Ele independentemen-te de onde estivermos; devemos apenas separar tempo e lugar para essa comunicação.

Quando Natanael ouviu a res-peito de Jesus indagou: “Nazaré? Pode vir alguma coisa boa de lá?” (João 1.46); quando Jesus o en-controu, disse-lhe: “Aí está um verdadeiro israelita em quem não há falsidade” (1.47). Então Na-tanael perguntou: “De onde me conheces?”. Jesus o surpreendeu, dizendo: “Eu o vi quando você ainda estava debaixo da figueira”. Natanael exclamou: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel” (1.49).

Natanael era um homem te-mente a Deus e, ao que parece, ele tinha seus momentos com Deus todos os dias, debaixo da fi-gueira, o que talvez ninguém mais soubesse, além de Deus. E você, tem a sua figueira, um lugar e uma hora reservados para comunhão com Deus?

A melhor definição para ora-ção é “conversa com Deus” e toda boa conversa tem dois momentos: quando você fala e quando você ouve o que a outra pessoa fala.

Isso se aplica principalmente quando estamos conversando com Deus, porque existem coisas que Deus quer ouvir de nós como, por exemplo, confissão de pecados e adoração.

Embora não exista nada que contemos a Deus que Ele já não saiba, nada que possa surpreendê-Lo, Ele, ao contrário, sempre nos surpreende com o que nos conta, pois quando Deus se comunica co-nosco nos faz saber coisas que de outra maneira nunca saberíamos.

No capítulo 3 de Gênesis, Deus está dizendo para o homem: “Estou me comunicando com você e quero que você se comu-nique comigo; quero ter um rela-cionamento com você, porque Eu o conheço e quero que você me

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conheça. Venha para minha pre-sença, comunique-se comigo, des-cubra mais sobre mim e estabele-ça um relacionamento comigo. Eu vou me encontrar com você e você vai separar um tempo e um lugar para se encontrar comigo”.

O que Moisés registrou aqui foi o relacionamento e a comuni-cação mais importante do mundo e o propósito dessa comunica-ção é conhecer melhor a Deus e adorá-Lo.

Conhecer a Deus é amá-Lo e adorá-Lo é expressar o nosso amor por Ele; também é orar e buscar Sua presença, lançando sobre Ele toda a nossa ansiedade, a fim de descobrirmos que Ele tem cuidado de nós (I Pedro 5.7).

O propósito desta comunica-ção é nos aproximar do Seu trono de graça para que recebamos mi-sericórdia diante dos nossos fra-cassos e graça quando necessário (Hebreus 4.16).

Comunicação com nós mesmosCerto homem ermitão saiu da

sua reclusão e dirigiu-se a uma agência dos correios próxima de onde vivia, onde encontrou um homem que deixava a agência com as mãos repletas de cartas. Vendo-o feliz com todas aquelas

cartas, o ermitão perguntou-lhe: “Faz quanto tempo que você não tem notícias suas?”.

Quanto tempo faz que você não entra em contato com você mesmo? Você fica sabendo tudo o que acontece com muita gente, mas e com você? Será que pode-mos ouvir a nossa própria voz?

Você acha que uma pessoa que fala sozinha é louca? Uma vez um homem me disse: “eu falo co-migo mesmo porque esta é a única maneira de falar com alguém inteli-gente ou sobre alguém inteligente!”.

A pergunta daquele homem que vivia no meio do mato, des-taca uma disciplina espiritual: a de ouvir a si mesmo e estar cons-ciente do que se passa no próprio coração e na própria mente, o que coincide com o que Davi escreveu: “...ao deitar-se, reflitam nisso e aquietem-se” (Salmo 4.4).

No silêncio, na quietude do nosso coração, podemos refletir sobre o que Deus quer que saiba-mos, a fim de que possamos nos preparar para uma reação bem pensada diante dos acontecimen-tos da vida. Se não buscarmos esses momentos de quietude e solidão, não descobriremos onde Deus quer que estejamos e não glorificaremos o Seu nome.

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No Salmo 4, Davi nos encora-ja a que tenhamos uma pequena conferência com nós mesmos no meio da noite. Ele certamente es-tava angustiado e sem poder dor-mir quando escreveu este Salmo, por isso falava sozinho; ele estava na sua cama, pensando consigo mesmo, meditando, refletindo por-que, certamente, queria descobrir como reagiria ao ouvir a voz de Deus revelando-lhe tudo o que ele tinha de saber.

O Salmo 4 mostra outra pe-culiaridade da nossa comunicação com Deus. Davi já tinha descober-to qual seria a parte do homem numa conversa com Deus, quando escreveu: “Saibam que o Senhor escolheu o piedoso; o Senhor ou-virá quando eu o invocar” (v.3).

Davi já tinha experimentado tomar parte numa conversa com Deus; ele já tinha feito essa des-coberta, por isso disse: “Na minha aflição clamei ao Senhor; gritei por socorro ao meu Deus. Do seu templo ele ouviu a minha voz; meu grito chegou à sua presença, aos seus ouvidos” (Salmo 18.6).

Quando é que você realmente busca comunhão com Deus? Não é quando você se vê rodeado de problemas, sem saber para onde ir? É nesse momento que a maioria

das pessoas deseja falar com Deus e isso não é nenhuma crítica. Eu agradeço a Deus pela chamada “teologia da tempestade”, aque-la que faz com que busquemos a Deus quando chegam as tempes-tades da vida.

Qualquer crise ou calamidade que nos leva para Deus funciona como uma intervenção divina e uma oportunidade para Deus fazer a nossa fé crescer.

Conheci algumas pessoas que confirmariam o que estou dizendo, pessoas para quem esta interven-ção foi o acontecimento mais im-portante de suas vidas.

A comunicação mais intensa entre o homem e Deus geralmente acontece no meio da tribulação. Davi já tinha passado por angús-tias e experimentado que naqueles momentos ele se comunicou com Deus (Salmo 4.1 e 18.6).

Observando a história de Davi, percebemos que houve mui-tos momentos como esses na sua vida, momentos de angústia e de buscar ao Senhor, mas ele tinha descoberto outra dimensão de vi-tal importância numa conversa com Deus: “Ofereçam sacrifícios como Deus exige e confiem no Se-nhor. Muitos perguntam: ‘Quem nos fará desfrutar o bem?’ Faze, ó

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Senhor, resplandecer sobre nós a luz do teu rosto!” (Salmo 4.5,6).

Depois de haver cometido um pecado, Davi tinha diante de si uma decisão difícil a tomar: ou ele fazia o que era certo e confes-sava o seu pecado ou escondia o seu erro. Se ele fizesse o que era certo, a repercussão seria desas-trosa, pois todos saberiam que o rei tinha cometido um pecado e ele acreditava que seu reino não sobreviveria se, naquele momento, ele fizesse o que era certo, por isso decidiu fazer o que era mais fácil e escondeu o seu erro.

Como Davi tinha o coração segundo o coração de Deus, ele era um homem de Deus, compro-metido com os padrões de Deus, por isso o sentimento de culpa o perturbou a ponto de tirar-lhe o sono e foi nesse contexto que Davi teve uma conversa com Deus.

Depois de conversar com Deus, ele decidiu no seu coração fazer o sacrifício que fosse neces-sário e continuar confiando no Senhor. Davi tinha sobre si uma grande responsabilidade, porque o povo via nele um exemplo de fé e integridade, por isso ele deveria fazer o que era certo e não o que era mais fácil, como todos faziam.

Se pudéssemos perguntar a Davi “Quem lhe disse...?”, como

Deus perguntou a Adão e a Eva, ele certamente responderia que Deus lhe disse que fizesse o sa-crifício que fosse necessário para fazer o que é certo e confiar nEle.

Nos Salmos, encontramos exemplos de orações, como as de Davi, que são verdadeiras con-versas com Deus. Nelas, obser-vamos um padrão que se repete: apresentação das petições a Deus e depois a resposta do Senhor como parte da conversa-oração com Ele. O Salmo 22 é um exem-plo extraordinário desse tipo de conversa-oração.

Os salmistas eram bons de conversa, porque sabiam que a parte mais importante das conver-sas-orações é quando Deus está falando ou respondendo às ora-ções, pois isso mostrava que Deus os tinha escutado e que eles esta-vam experimentando a dimensão mais importante da conversa com Deus. A partir daí, eles deveriam simplesmente fazer o que Deus ti-nha revelado que fizessem.

Você é bom de conversa com Deus? A mãe de Jesus apresentou uma regra importante para se con-versar com Deus, no casamento em Caná da Galileia, quando Je-sus transformou a água em vinho, dizendo aos servos: “Façam tudo o que ele lhes mandar” (João 2.5).

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PRESCRIÇÕES DE CRISTO

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Neste estudo sobre as prescri-ções bíblicas para os problemas da vida temos descoberto que Deus nos deixou os 66 livros inspirados, porque Ele sempre soube dos pro-blemas que enfrentamos.

Se você abrir a Palavra de Deus com confiança, descobrirá que Deus nos deixou prescrições práticas na Sua Palavra Inspirada para todos os problemas que en-frentamos no dia-a-dia.

Nesta série de estudos vimos as prescrições bíblicas para rela-cionamentos difíceis. Você está vivendo um relacionamento difícil ou você está tornando sua relação difícil para alguém? Se este for o seu caso, as Escrituras têm muito que lhe ensinar.

Também enfocamos a ques-tão da raiva pecaminosa, que sempre atrapalha os relaciona-mentos, além de atentarmos para as prescrições de Cristo para a raiva justa, ou indignação justa, como chamam alguns teólogos, que, de acordo com o ensino da Bíblia, torna-se aceitável, já que muitos de nós não podemos fugir

dela em algum momento de nos-sa vida.

Existe uma linha comum que permeia todas estas prescrições, que é a comunicação. Quando estudamos a prescrição para rela-cionamentos difíceis, aprendemos que devemos manter o fruto do Espírito, porque assim deixamos a porta aberta para Deus trabalhar na relação.

Se deixarmos a porta aberta para Deus, conquistamos o direito de falar com a outra pessoa e a sua atenção, o que pode nos dar a oportunidade de apresentar a verdade da Palavra de Deus que li-berta; este é o momento do ensino do qual já falamos (cf. II Timóteo 2.23-26).

Estas prescrições dizem res-peito à comunicação que devemos manter para tratar dos nossos re-lacionamentos difíceis. No que se refere à raiva, tanto a pecaminosa como a justa, já mencionamos as frases que devem fazer parte do nosso vocabulário: “desculpe-me”, “eu estava errado(a)”, “sinto mui-to”, “você me perdoa?” e também:

Capítulo 5

Prescrição Para Comunicação Nos Relacionamentos

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“você estava errado(a)”, “eu me magoei, mas o(a) perdoo”. Estas palavras salvam casamentos e a falta delas leva ao fim casamentos e relacionamentos.

Há pessoas que nunca dizem: “eu estava errado” ou “sinto mui-to”, isto é, nunca admitem que estão erradas; elas acham que nunca erram! Por isso têm dificul-dade para pedir perdão, pois con-sideram que isso seria rebaixar-se diante de outra pessoa e o relacio-namento acaba desmoronando.

O que é comunicação?

Um professor de faculdade decidiu usar um método inusitado nas suas aulas sobre princípios da comunicação, quando, certo dia, ele entrou propositalmente atra-sado na sala e, como imaginava, os alunos estavam na maior desor-dem. Ele foi para frente do quadro negro, deu um murro na mesa e gritou: “Quero que vocês façam a maior bagunça”. Quando ele fez isto, os alunos ficaram imediata-mente em silêncio absoluto, con-seguindo o que desejava.

De acordo com a explicação que esse professor deu a seguir, na comunicação, apenas sete por cento do que comunicamos é transmitido por palavras; quarenta

e quatro por cento é transmitido pela nossa linguagem corporal e quarenta e nove por cento pelo tom de voz.

O professor explicou que a fra-se “quero que vocês façam a maior bagunça” representou apenas sete por cento da sua mensagem. Os noventa e três por cento restan-tes foram comunicados através da sua atitude austera e do seu tom de voz que, juntos, transmitiram a mensagem: “Parem de falar!”.

Estes mesmos princípios de comunicação existem no ca-samento ou em qualquer outro relacionamento. Muitos casais, durante uma terapia ou aconse-lhamento, dizem: “não existe mais comunicação entre nós”, mas, de acordo com a teoria daquele pro-fessor, podemos afirmar que este casal se comunica, mesmo que os dois não estejam se falando.

Comunicar-se é “transmitir e receber informações, mensagens e ideias através da fala, de gestos e por outros meios”. São estes “ou-tros meios” que funcionam quan-do não existe a fala.

Um sorriso pode transmitir um pensamento positivo e uma afei-ção; uma testa franzida ou um “dar de ombros” pode transmitir sarcas-mo, raiva e fúria; quando alguém

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 9 33

bate a porta ou esmurra a parede também está comunicando algo.

Se o casal para de se falar e passa a se tratar com aquele silên-cio frio, mesmo assim está haven-do uma comunicação.

Certa vez uma mulher me dis-se: “quando meu marido não fala, tenho de abrir bem os ouvidos para escutar o que ele está dizen-do” Sem dúvida, o silêncio dele está comunicando algo.

Luz acessaMuitas bactérias se multipli-

cam no escuro e não suportam a luz. Se um casal quiser man-ter forte o seu relacionamento, a comunicação entre esse homem e essa mulher precisa ser como uma “luz” sobre as “bactérias” dos problemas que surgem entre eles. Com uma boa comunicação eles matam essas bactérias e podem tratar daquelas que resistirem. Este princípio vale para todos os relacionamentos.

A segunda observação que quero fazer refere-se às duas di-mensões da comunicação. Co-municação é “dar e receber infor-mação, mensagem e ideias”. No casamento, ou em qualquer outro relacionamento, as duas dimen-sões da comunicação são: dar e

receber; de acordo com esta defi-nição, concluo que o problema de comunicação no relacionamento também possui duas dimensões: às vezes a fonte do problema é o emissor e em outras vezes o receptor.

Veja como uma senhora des-creveu o problema de comunica-ção no seu casamento: “É como se meu marido estivesse vivendo numa ilha deserta, e eu estivesse rodeando esta ilha há vinte anos, tentando, sem sucesso, encon-trar um lugar para ancorar o meu barco”.

Imagine se você e seu côn-juge estivessem vivendo em ilhas separadas e que o único meio de comunicação fosse por rádio; para que vocês se comunicassem se-riam necessárias duas coisas: um de vocês teria que ligar o rádio e enviar uma mensagem e o outro deveria ligar o receptor e descobrir a frequência utilizada para receber a mensagem.

Como vimos no último capítu-lo, até a comunicação com Deus possui essas duas dimensões: dar e receber. A comunicação no ca-samento ou em qualquer outro re-lacionamento possui duas dimen-sões distintas, como se fossem essas duas ilhas.

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Muitas vezes o que aconte-ce no casamento é que o emissor não liga o rádio para mandar a mensagem; outras vezes, quando liga, a mensagem sai distorcida e confusa.

Certa vez, uma mulher deu a seguinte explicação ao seu marido: “Eu sei que você acha que enten-de o que eu digo, mas o que você precisa saber é que aquilo que falei não é o que eu queria dizer!”. Às vezes, o receptor não está ligado ou não está sintonizado na frequência certa.

Há mais de quatro décadas como pastor tenho perguntado aos casais que alegam não haver mais comunicação no casamento, se algum dia houve uma boa comu-nicação e a maioria responde que quando se casaram a comunica-ção era boa. Aliás, como poderiam se casar se assim não fosse?

Depois de concordarem que alguma coisa aconteceu e quebrou as linhas de comunicação entre eles, eu passo uma tarefa para os dois. Peço que façam uma lista de todas as razões, por que acham que as linhas de comunicação se romperam.

A partir dessa lista, desco-brimos dois sintomas típicos de problema de comunicação entre

casais: os dois ou um deles parou de falar e o outro, na maioria das vezes que tentou se comunicar, acabou ficando com raiva.

Quando o problema é causado porque um deles, ou ambos para-ram de conversar, peço que a par-te “muda” dessa história faça uma lista de todas as razões porque parou de falar. Se o problema for que um, ou os dois sentem raiva ao tentar se comunicar, peço que a parte “raivosa” faça uma lista de todos os motivos pelos quais a comunicação com seu cônjuge o deixou com raiva.

Sempre explico que se um de-les ou os dois pararam de conver-sar, isso provoca a raiva do outro e funciona como um dos “interrupto-res dos circuitos de comunicação”.

Um interruptor de circuito é um dispositivo que corta a eletri-cidade quando há sobrecarga e perigo de fogo ou dano no siste-ma elétrico. Ao discutir cada um desses “interruptores de circuito” da comunicação, eu pergunto o que seria necessário para restau-rar cada um deles e todo este pro-cesso mostra que a comunicação é feita de dar e receber, já que esses “interruptores de circuito” frequen-temente estão relacionados com a maneira como um dos parceiros

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estava sendo recepcionado pelo outro.

Uma mulher escreveu que uma das razões porque não fala-va mais com o marido, era porque “não era ouvida”. Ela contou, por exemplo, que quando dizia para o marido: “o bebê falou uma palavra nova hoje”, percebia que o marido não a estava escutando, como se estivesse em outra “frequência”. Já que a comunicação não é fei-ta de monólogo, ela tinha desisti-do de falar. No início, ela chorava com a atitude do marido e a inter-pretava como desinteresse e falta de amor por ela e pelo bebê!

Um marido contou que sem-pre que compartilhava com sua mulher alguma coisa importante para ele, por exemplo, a participa-ção em um seminário, a mulher ria dele. Foi aí que ele decidiu não lhe contar mais nada do que se passa-va em seu coração.

Quando você compartilha sua vida com alguém, é como se pusesse o seu coração nas mãos dessa pessoa. Neste momento, a pessoa pode fazer o que quiser com o seu coração; pode apertá-lo, jogá-lo para o alto, pisar sobre ele e rir dele; porém, a pior coisa que pode fazer é ignorá-lo, porque o oposto do amor não é o ódio e

sim a indiferença. Ignorar alguém é o oposto de amar esta pessoa.

Às vezes, um cônjuge reage às tentativas do seu parceiro de se co-municar, ignorando suas tentativas de comunicação; quando seu côn-juge tenta falar com você e você não o escuta, está ignorando-o.

Um marido escreveu que sua mulher era uma “metralhadora de palavras”. Ele contou que sempre que tentava se comunicar com ela em um nível mais profundo, ela disparava contra ele.

O interessante é que essa mesma esposa escreveu que um dos “interruptores de circuito” era que seu marido era um “franco atirador de palavras”, por isso ela tinha medo de dizer-lhe alguma coisa que ele, embora precisasse ouvir, mas não querendo, “atiras-se” contra ela.

Podemos identificar um ponto comum entre todos estes exem-plos. A comunicação não implica apenas na transmissão de algu-ma coisa. A comunicação no ca-samento ou em qualquer outro relacionamento também tem im-plicações com a maneira como a mensagem é recebida pela outra pessoa.

Em cada um desses exemplos a maneira como o outro parceiro

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recebeu a mensagem causou uma interrupção no circuito de comuni-cação. Ao tentar aplicar as pres-crições bíblicas para comunicação em nossos relacionamentos, preci-samos nos disciplinar, para sermos bons receptores e bons ouvintes.

Síndrome de tartarugaÀ medida que eu falava com

os casais sobre esses “interrupto-res de circuitos” comentava que alguns deles pareciam casais de tartaruga. Se você maltratar uma tartaruga, ela põe a cabeça para dentro do casco e fica assim por muito tempo.

Quando nossa mensagem não é bem recebida, como tartarugas colocamos nossas cabeças para dentro de nossos cascos e muitos casais vivem como duas tartaru-gas, precisando desesperadamen-te compreender que a comuni-cação possui duas dimensões: a dimensão de dar e a dimensão de receber.

Estas duas dimensões da comunicação são importantes e devem ser compreendidas, valo-rizadas e tratadas, caso o casal, ou qualquer cristão, em qualquer relacionamento, queira ter as fer-ramentas que possibilitam a uni-dade em Cristo.

Síndrome de porco espinhoExiste uma estória bem in-

teressante sobre dois porcos-es-pinhos, que tentavam trocar carinhos. Mas, como é que os por-cos-espinhos se abraçam? Com muito cuidado! Um queria mostrar amor e carinho para o outro, mas cada vez que se abraçavam leva-vam espetadas.

A aplicação desta estória é ób-via. Quando tentamos nos comu-nicar com nosso parceiro, ou mes-mo no relacionamento com outros cristãos, dependendo da reação da outra pessoa, acabamos sendo espetados. Contudo, não podemos evitar relacionamentos só porque já fomos feridos tentando nos co-municar. Para haver comunicação é preciso haver coragem.

ResumoA comunicação não é apenas

o que é dito, mas também o que é ouvido.

A comunicação não é apenas o que é dito, mas também o que é sentido.

A comunicação não é apenas o que é dito, mas também o que as pessoas desejam ouvir.

A comunicação não é apenas o que é dito, mas é tudo aqui-lo que é transmitido, por meio

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da fala, de gestos e por outros meios.

A regra de ouro da comunicaçãoA essência do ensino de Jesus

sobre relacionamento humano, no Sermão da Montanha, pode ser assim resumida:

“Assim, em tudo, façam aos outros, o que vocês querem que eles lhes façam” (Mateus 7.12). Este ensino de Jesus é conhecido como “A Regra de Ouro”.

Todos os exemplos citados como inadequados na comunica-ção entre um casal, ou entre ir-mãos em Cristo, ou em todos os outros relacionamentos, podem ser resumidos nessa única pala-vra: egoísmo. A Regra de Ouro é a solução de Jesus para os proble-mas como a dificuldade de comu-nicação, que enfrentamos em nos-sos relacionamentos.

Para aplicar a Regra de Ouro de Jesus você precisa entender que deve se colocar no lugar da outra pessoa. Por exemplo, para se tornar um bom receptor na co-municação com sua mulher, com seu marido, com outro irmão, ou qualquer outra pessoa, coloque-se no lugar dessa pessoa. Pergunte a você mesmo: “Se eu estives-se no lugar dela, tentando me

comunicar, como eu gostaria que a minha mensagem fosse recebi-da?”. Quando você descobrir a res-posta, ponha-a em prática, porque sua resposta a esta pergunta é a Regra de Ouro da comunicação nos relacionamentos.

Se você se disciplinar e agir sempre dessa forma vai perceber a importância do outro receber sua mensagem corretamente, pois, na comunicação, aqueles que são ini-ciantes querem ter certeza de que o ouvinte compreendeu bem o que foi comunicado. Ninguém quer que o seu parceiro na comunicação fi-que sem entender sua mensagem, como nos exemplos citados.

Você não vai querer se de-parar com alguém pronto para discutir ou metralhá-lo com pa-lavras. Você não quer que seu parceiro na comunicação esteja em outra sintonia, totalmente de-sinteressado pelo que você está falando, sem dar importância al-guma a você ou àquilo que você tem a dizer.

Depois que você identificar quais são os “interruptores do cir-cuito de comunicação” no seu re-lacionamento e restaurar estes cir-cuitos, deixe que a Regra de Ouro de Jesus o guie. Se você realmen-te quiser aplicar este princípio de

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Jesus, precisa que a outra pessoa esteja no centro da sua vida.

Para isso precisa também que Deus e o Seu Santo Espírito este-jam no centro da sua vida; você precisa que sua vida seja “Cristo-cêntrica” e sabe por quê? É con-tra a nossa própria natureza ter alguém que não seja o nosso “Eu” no centro da nossa vida. Lembre-se que sem o fruto do Espírito Santo será impossível deixar de ser “Egocêntrico” e colocar a outra pessoa no centro da sua vida (cf. Gálatas 5.22,23).

Existe outro ensino de Jesus, aplicável à comunicação, que com-plementa o ensino da Regra de Ouro. De acordo com Paulo, Jesus disse que, “há maior felicidade em dar que em receber” (Atos 20.35).

Como a comunicação en-volve dar e receber, devemos considerar o que a outra pessoa precisa ouvir e usar nossa comu-nicação como um bem para ela. De acordo com Jesus, seremos mais felizes se mantivermos esse padrão de comunicação (Efésios 4.21-25,29,31,32).

Os princípios de comunicação ensinados por Paulo

Se quisermos que aquilo que falamos seja como um presente

para os que nos ouvem, devemos considerar a instrução de Paulo aos Efésios sobre sermos canais da graça de Deus sempre que abrir-mos a boca: “Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a necessida-de, para que conceda graça aos que a ouvem” (Efésios 4.29).

A Segunda Carta de Paulo aos Coríntios possui outros textos mui-to profundos sobre a importância vital das duas dimensões do dar e receber, na comunicação. “Fala-mos abertamente a vocês, corín-tios, e lhes abrimos todo o nosso coração! Não lhes estamos limi-tando nosso afeto, mas vocês es-tão limitando o afeto que têm por nós. Numa justa compensação, falo como a meus filhos, abram também o coração para nós!” (II Coríntios 6.11-13).

Paulo estava falando sobre al-gumas portas de comunicação que temos em nossos corações; os co-ríntios tinham fechado seus cora-ções para ele e lhe dado as costas. Deus quer que homens e mulheres crentes, unidos em Cristo, tenham as portas da comunicação em seus corações sempre abertas.

Infelizmente, a verdade é que nós, casais e irmãos em Cristo,

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gastamos tempo demais com as portas fechadas para outras pes-soas, por isso, Paulo também es-creveu: “Pois, se os entristeço, quem me alegrará senão vocês, a quem tenho entristecido” (II Co-ríntios 2.2).

Esta passagem também pode ser aplicada às duas dimensões do dar e receber da comunicação num relacionamento. É importan-te que você, na dinâmica da co-municação de dar e receber no seu relacionamento, deixe a outra pes-soa sempre animada.

Pense, quem o poderá ani-mar, quando você precisar de aju-da? Geralmente uma pessoa passa setenta e cinco por cento de sua vida com seu cônjuge, mas passa-rá a eternidade com seus irmãos e irmãs em Cristo; por esta razão, seria bom começar desde agora a cultivar uma boa comunicação com aqueles que você ama e ama-rá para sempre.

O seu marido, sua esposa ou o seu amigo crente recebeu a respon-sabilidade de se comunicar com você de uma forma que colabore para a sua felicidade e você, igual-mente, tem a responsabilidade de edificá-los com tudo que fala.

Paulo dá mais um conselho para a comunicação com nosso

cônjuge ou irmão em Cristo, na mesma carta aos coríntios, onde escreveu: “Antes, renunciamos a procedimentos secretos e vergo-nhosos; não usamos de engano, nem torcemos a palavra de Deus. Ao contrário, mediante a clara ex-posição da verdade, recomenda-mo-nos à consciência de todos, diante de Deus” (II Coríntios 4.2). Paulo desafiou os irmãos de Corin-to a que fizessem o mesmo ao se comunicarem com ele.

Agora preciso dar um alerta. Pode ser que você tenha magoado o seu cônjuge ou algum irmão por conta da sua franqueza e hones-tidade, mas, na verdade, apenas despejou neles o seu sentimento de culpa.

Vou dar um exemplo: uma vez um casal me perguntou se eles deveriam falar a verdade e contar à filha adolescente que ela tinha sido concebida antes deles se ca-sarem, ao que respondi perguntan-do se a filha deles precisava saber daquilo, ou se eles fariam isso por causa do sentimento de culpa que tinham. Corremos o risco de fazer a mesma coisa com nosso cônjuge ou com algum irmão em nome da honestidade.

Existem ocasiões em que a comunicação franca e aberta deve

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ser contida, às vezes até por pro-blemas de saúde; um coração fra-co, por exemplo, ou talvez a pes-soa não esteja emocionalmente preparada para ouvir o que temos a dizer.

A nossa honestidade e fran-queza, o nosso sentimento de cul-pa e a nossa necessidade de ser-mos honestos com alguém, devem passar pelo prisma do amor. Deve-mos pensar primeiro no bem estar da pessoa e, depois, nos efeitos da nossa honestidade sobre a vida dela.

O crente deve buscar o equilí-brio entre o que deve e o que não deve falar; ao mesmo tempo em

que considera estes pontos na co-municação, o crente também deve buscar um relacionamento hones-to e aberto.

Àquilo que dei o nome de “bactérias”, o apóstolo Paulo cha-mou “procedimentos secretos e vergonhosos e engano”. A nossa comunicação deve ser objetiva e sem “jogos”; deve buscar o bem da outra pessoa e não, de alguma forma, aliviar nosso sentimento de culpa.

Devemos ser corajosos em nossa comunicação e “acender a luz” sobre tudo o que é secreto e vergonhoso, assim jamais andare-mos no engano.

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O maior problema que eu te-nho é o pecado, e não sei se você sabe, mas o seu maior problema também é o pecado; aliás, o maior problema de todo o mundo é o pecado.

A diferença entre um crente e um incrédulo é que o crente sabe que o seu maior problema é o pe-cado e aqueles que ainda não nas-ceram de novo não sabem isso.

A Bíblia tem várias definições para o pecado e estas são algumas delas: quebrar a lei, perder o obje-tivo, desviar-se do caminho e viver por conta própria, independente de Deus. Vamos fazer a vontade de Deus ou vamos viver do nosso jeito? Esta é a grande questão.

Na sua carta aos Romanos, Paulo apresenta uma prescrição para o pecado (Romanos 7.1-8.17). Nesse texto, Paulo descre-ve o dilema que enfrentava com o pecado, abrindo seu coração de maneira transparente ao descrever a luta que enfrentava com o peca-do em sua mente.

Antes de vermos a solução de Deus para este dilema, quero fazer

uma observação a respeito de Paulo: ele não estava falando do pecado na vida de um incrédulo, pois já tinha tratado deste assun-to nos quatro primeiros capítulos da carta aos Romanos, enfocando, nos quatro capítulos seguintes, a questão do pecado na vida do crente que busca a santificação.

A Palavra de Deus afirma que devemos ser santos porque Deus é santo (I Pedro 1.16) e somente o crente que deseja ser santo conhe-ce a força e o poder do pecado.

Se você não está tentando viver uma vida santa, não pensa muito no pecado, então isso não é um problema para você; po-rém, se como Paulo, você deseja ardentemente ser santo, tenho certeza que você já sabe a di-mensão do problema do pecado em sua vida.

Apesar de longo, quero citar, parafraseando, o discurso de Pau-lo sobre a questão do pecado, que se encontra em Romanos 7.14 a 8.13, pois acredito que nunca foi tão necessário abordar este assun-to no Corpo de Cristo como hoje,

Capítulo 6

Prescrição Para o Pecado

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quando tanta gente professa ser seguidor de Cristo, mas não se interessa pelo que Paulo ensinou neste trecho das Escrituras.

A sinfonia da inadequação“Eu não entendo o que acon-

tece comigo, pois não consigo fa-zer o que é certo; mesmo que de-seje fazê-lo ardentemente, acabo sempre fazendo aquilo que é mal e que odeio fazer. Se eu não quero fazer o mal e faço, se na verdade, odeio o mal que pratico e a cons-ciência me acusa sempre que isso acontece, devo entender que a lei de Deus que estou quebrando é uma lei justa e boa”.

“Se não faço o que quero, mas sim o que não quero, não sou eu que faço, mas o pecado que habita em mim. Através da minha própria experiência doloro-sa e vergonhosa de vários anos, convenci-me de que não existe absolutamente nada de bom em mim, quer dizer, na minha carne, porque estou falando da minha natureza sem o cuidado de Deus, que está longe de Deus. Eu pos-so desejar o que é certo, mas não encontro forças em mim para fa-zer o que eu quero e assim vivo, dia após dia, sem conseguir fazer o bem que quero.

Não posso mais negar que não tenho controle sobre minha vida. Descobri esta lei: sempre que que-ro fazer o bem, o mal se manifesta em mim. Na minha mente, desejo obedecer à lei de Deus, mas des-cobri outra lei nos meus membros, que guerreia contra a lei da minha mente e me faz cativo do pecado, e ela é muito atuante em mim.

Por isso, chego à seguinte con-clusão: na minha mente confesso que sou escravo da lei de Deus, e realmente desejo isso, mas a dura realidade é que na minha carne sou escravo da lei do pecado. Ah! Miserável homem que sou! Quem me libertará deste corpo da mor-te? Graças a Deus, porque esta pergunta já foi respondida, porque Jesus Cristo, meu Senhor, me li-bertou deste doloroso conflito e agonia espiritual”.

A sinfonia da adequação“Portanto, nenhuma conde-

nação há para aqueles que estão em Cristo Jesus, que não andam de acordo com a carne, mas sim de acordo com o Espírito. Porque a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus me libertou da lei do pecado e da morte. Porque aquilo que a lei não pôde fazer porque era fraca na carne, Deus o fez, mandando

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Seu filho na semelhança de car-ne, como oferta pelo pecado. Ele condenou o pecado na carne, cumprindo a exigência da lei em nós, que não vivemos de acordo com a carne, mas de acordo com o Espírito”.

“Porque aqueles que vivem de acordo com a carne voltam suas mentes para a carne, mas aque-les que vivem de acordo com o Espírito têm suas mentes voltadas para as coisas do Espírito. Porque ter a mente voltada para a carne é morte, mas ter a mente voltada para as coisas do Espírito é vida e paz. Por isso, a mente voltada para a carne se opõe a Deus; não está sujeita à Lei de Deus e nem pode estar; e aqueles que estão na carne não podem agradar a Deus”.

“Mas vocês não estão na car-ne, meus irmãos e irmãs, vocês estão no Espírito, uma vez que o Espírito de Deus habita em vocês. Aqueles que não têm o Espírito de Cristo não pertencem a Ele. Mas, se o Espírito de Cristo habita em vocês, mesmo que seus corpos estejam mortos por causa do pe-cado, o espírito de vocês está vivo porque Deus os declarou justos. E o Espírito daquEle que ressusci-tou Jesus Cristo dos mortos pode dar vida aos seus corpos mortais

e também através do Seu Espírito que habita em vocês”.

“Por isso, irmãos e irmãs, concluímos que temos uma obri-gação e devemos assumir o com-promisso, não de viver controlados pela carne, porque, se vivermos controlados pela carne, morrere-mos, mas, se vivemos através do Espírito, submetemos à morte as obras da carne em nossos corpos e viveremos”.

De uma maneira tão bonita, Paulo descreve o problema do pe-cado e a maior prescrição de Deus para esse problema na vida de um crente. Poderíamos dizer que toda a Bíblia se constitui em uma “pres-crição para o pecado”, porque a própria cruz é um símbolo da pres-crição de Deus e a solução para o problema do pecado na vida dos incrédulos, ao mesmo tempo que representa a chave para a vitória do crente sobre o pecado.

A prescrição para o pecado dos crentes que querem ter uma vida santa é descrita de várias ma-neiras e em várias passagens na Bíblia, mas nenhuma delas é tão bonita e tão bem definida como esta de Romanos que acabamos de parafrasear.

Um dos meus teólogos pre-feridos, Dr. William Barclay, que

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durante quarenta anos foi profes-sor na Universidade de Edinburg, na Escócia, intitula este ensino de Paulo de “A Sinfonia da Inadequa-ção”, o que acho ser uma boa ma-neira de denominar esta confissão tão transparente de Paulo.

Nesta bela narração, Paulo mostra que certas prescrições para o pecado são inadequadas, como quando tentamos tratar o pecado com recursos humanos, e ao usar a expressão “na carne”, segundo William Barkley, Paulo refere-se, como já falamos anteriormente, àquela parte dele que estava “lon-ge de Deus, sem o cuidado de Deus”.

Depois que iniciei este estudo, pedi que alguns participantes me dissessem quais os problemas dos quais eles gostariam que eu falas-se e uma das sugestões foi para que eu abordasse a questão do “crente carnal”.

A dúvida manifestada foi a seguinte: “Por que tantos crentes hoje são crentes carnais?”. Se uma pessoa é crente, ela deveria ser como Cristo e não carnal; ela não deveria viver de acordo com a sua natureza humana, sem o cuidado de Deus, pois jamais poderemos aplicar este conceito à vida que Jesus Cristo viveu na terra.

O crente carnal é aquele que professa ser cristão, mas que ain-da não descobriu a prescrição de Deus para a solução do pecado na vida de um crente, da manei-ra como Paulo descreveu na sua carta aos Romanos ou, se a des-cobriu, não a colocou em prática.

A maneira como Paulo abriu seu interior e mostrou a luta que enfrentava incomoda alguns teólo-gos, os quais dizem que Paulo não poderia estar falando de si mes-mo, porque a ideia que eles têm do espiritualmente maduro após-tolo Paulo é que ele jamais pode-ria ter vivido aquela batalha com o pecado.

Esta passagem dos textos de Paulo é uma das mais mal com-preendidas, pois até já ouvi pes-soas dizerem que se o apóstolo Paulo enfrentou tamanha luta com o pecado, nós, quando tentados, deveríamos nos render imediata-mente e evitar a luta; outros até dizem que, de acordo com o que Paulo escreveu, é impossível ven-cer o pecado. Se o texto de Paulo parasse no capítulo 7, poderíamos concordar com essas afirmações, mas ele nos apresenta as boas-no-vas no capítulo seguinte.

Para mim, a palavra chave nesse contexto é “carne”, pois

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subentende-se que o que Paulo es-tava dizendo era: “Sem Deus, sem o cuidado de Deus, minha luta contra o pecado me fez enxergar como sou miserável!”.

Aqueles que não são heróis espirituais chegam a esta con-clusão mais rapidamente, no en-tanto, para um herói chegar a tal conclusão é mais difícil, pois ninguém jamais se esforçou tanto para ser justo e obter a salvação, sem a ajuda de Deus, que Saulo de Tarso; todavia, ao tentar resol-ver o problema do pecado, inde-pendente de Deus, ele se viu num terrível dilema e numa dicotomia que o levaram a dizer: “Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”.

Na região de Tarso, onde Paulo foi criado, os cruéis conquistadores romanos aplicavam uma terrível pena capital: se uma pessoa fosse condenada por assassinato, ela era totalmente despida e acorrenta-da ao cadáver também nu, costas com costas, presos pelos tornoze-los, joelhos, coxas, enfim, pelo cor-po inteiro, sendo mandado dessa forma para o deserto. O corpo em decomposição infectava o corpo do

condenado, levando-o a uma morte indescritivelmente cruel.

Quando Paulo disse, no final do capítulo 7, “Quem me livrará do corpo sujeito a esta morte?”, estava referindo-se a essa pena de morte; era como se ele esti-vesse dizendo: “Quem me livrará deste corpo morto, ao qual estou acorrentado?”.

De acordo com o ensino de Paulo sobre o pecado, com esta sinfonia da inadequação, a solu-ção para o problema do pecado não está sobre nós; ela vem de dentro para fora.

A revelação que Paulo apre-senta para o pecado mostra a inadequação física para superar o problema do pecado, porque a vi-tória sobre o poder do pecado só é encontrada na prescrição de Deus: “Agora já não há nenhuma conde-nação para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8.1).

Se você tem feito como Pau-lo fazia, quando era fariseu, se está tentando resolver o proble-ma do pecado com suas próprias forças, então aceite hoje a pres-crição de Deus para todos os dias de sua vida.

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Davi, mais que ninguém, pre-cisou resolver o seu problema de culpa. Se você quiser saber por-que ele sofreu com a culpa, leia a história deste capítulo obscuro da vida de Davi, no II Livro de Sa-muel, capítulos 11 a 18.

Davi foi o segundo e o melhor rei de Israel. Ele reinou durante quarenta anos e, depois de quator-ze anos no trono, Davi cometeu o pecado de adultério com uma mu-lher chamada Bate-Seba, arquite-tando, em seguida, a morte de seu marido numa batalha.

No resumo da vida de Davi, no capítulo 15 do Primeiro Livro de Reis, lemos o seguinte: “Davi fi-zera o que o Senhor aprova e não deixara de obedecer a nenhum dos mandamentos do Senhor durante todos os dias da sua vida, exceto no caso de Urias, o heteu” (v.5). Sob o ponto de vista de Deus, em todo este terrível episódio da vida de Davi a pior parte do seu pecado foi o que ele fez para Urias e não o que ele fez para a mulher de Urias.

Os livros históricos sempre se referem a Davi como um grande

homem e líder excepcional. A pa-lavra hebraica “hesed” descreve a aliança de lealdade e o com-promisso que Davi firmou com homens de Israel, que foram cha-mados de “os valentes de Davi”, e Urias era um deles. Quando Davi pecou contra Urias, traiu a aliança que tinha firmado com ele.

Davi achava que ninguém sa-bia do seu pecado e, mais de um ano depois, Davi ainda pensava que o plano para encobrir tudo o que tinha acontecido tinha dado cer-to, mas aquele deve ter sido o pior período de sua vida, por causa do sentimento de culpa que ele teve.

No Salmo 32, Davi conta que seu sentimento de culpa era inten-so dia e noite, que “suas forças se foram esgotando como em tempo de seca” (4).

Quando o corajoso profeta Natã se apresentou na corte de Davi e o acusou do seu pecado, imediatamente Davi confessou: “Pequei contra o Senhor”. Disse, então, Natã: “O Senhor perdoou o seu pecado” (II Samuel 12.13). O perdão foi instantâneo, foi liberado

Capítulo 7

Prescrição Para a Culpa

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imediatamente após esta confis-são de Davi, o que o levou a es-crever o Salmo 51, uma oração de confissão em que encontramos a prescrição bíblica para a culpa.

Se você tem sofrido com sen-timento de culpa e não sabe como confessar os seus pecados, me-morize o Salmo 51, mesmo que leve um ano para fazer isso, mas memorize-o e, depois, faça dele sua oração até que você encontre a bênção do perdão que Davi des-creveu no Salmo 32.

“Tem misericórdia de mim, ó Deus, por teu amor; por tua gran-de compaixão apaga as minhas transgressões. Lava-me de toda a minha culpa e purifica-me do meu pecado. Pois eu mesmo reco-nheço as minhas transgressões e o meu pecado sempre me persegue. Contra ti, só contra ti pequei e fiz o que tu reprovas, de modo que justa é a tua sentença e tens razão em condenar-me. Sei que sou pe-cador desde que nasci, sim, desde que me concebeu minha mãe. Sei que desejas a verdade no íntimo e no coração me ensinas a sabedo-ria” (Salmo 51.1-6).

Nos primeiros versículos des-ta oração, Davi apela para a mise-ricórdia, o grande amor e a com-paixão de Deus; Ele apela para

as muitas misericórdias de Deus, já que misericórdia é a expressão do amor incondicional de Deus. No Salmo 23, Davi escreve que a bondade, a misericórdia, o amor incondicional de Deus, o seguirão todos os dias de sua vida (6).

Isso mostra que Davi real-mente conhecia Deus, pois qual-quer pessoa que conhece Deus sabe que Ele nos ama de manei-ra incondicional, que o Seu amor por nós não é conquistado através de algum deslize de nossa parte. É isso o que significa “graça” e “misericórdia”.

A misericórdia de Deus impe-de que recebamos o castigo que merecemos e a graça de Deus der-rama sobre nós todo tipo de bên-çãos que não merecemos. Como Davi conhecia a Deus intimamen-te, ao confessar o seu pecado ele apelou para o grande amor, a com-paixão e a misericórdia de Deus.

Ele confessou o pecado contra Jeová e não contra Bate-Seba ou Urias, porque entendia que havia pecado contra Jeová, contra Ele somente. Apesar de Davi ter pe-cado gravemente contra Urias e Bate-Seba, o seu amor por Deus era tão grande, tão intenso, que a tristeza que ele tinha causado a Deus era muito maior que o mal,

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que tinha causado ao seu fiel ami-go e à sua mulher.

Uma mulher muito temente a Deus que viveu no século passa-do fez a seguinte oração: “Senhor Deus, prefiro ir para o inferno a en-tristecer o Espírito Santo mais uma vez”. Esta oração expressa o mes-mo espírito que Davi tinha quando orou: “Contra ti, só contra ti, pe-quei e fiz o que tu reprovas” (4).

Davi sabia que podia contar com o perdão de Deus: “Purifica-me com hissopo e ficarei puro; la-va-me e mais branco que a neve serei. Faze-me ouvir de novo júbi-lo e alegria e os ossos que esma-gaste exultarão... Então ensinarei os teus caminhos aos transgres-sores, para que os pecadores se voltem para ti” (7,8,13). Ele co-nhecia Deus e sabia que o Senhor restauraria a sua vida.

No último capítulo, vimos al-gumas definições do que é pecado e Davi também o definiu, quando orou: “apaga as minhas transgres-sões... purifica-me do meu peca-do... apaga todas as minhas ini-quidades...”. Davi não se justificou nem quis dar desculpas para o que tinha feito. Ele definiu o seu peca-do como transgressão, como uma desobediência intencional, ou seja, uma quebra de lei deliberada.

Ele também fala sobre “iniqui-dade”, os caminhos tortos da vida. Quando as flechas estão tortas nunca acertam o alvo. Davi sabia que tinha alguma coisa torta em sua vida e, por isso, perdia o alvo e cometia iniquidade, o que o levou a dizer: “meu pecado sempre me persegue”.

Quando ele pediu purificação, pediu purificação total: “... lava-me, e mais branco do que a neve serei” (7). Esta palavra “lavar”, em hebraico, refere-se àquela la-vagem que ainda é feita nas mar-gens dos rios, em algumas partes do mundo, batendo-se a roupa so-bre a pedra. Davi estava pedindo a Deus para fazer isso com ele, a fim de que sua iniquidade fosse retirada.

Imagine a dor e a tristeza de Davi ao orar a Deus: “Esconde o rosto dos meus pecados”. A ver-dade é que Deus não deixaria de ver os pecados de Davi, nem deixa de ver os seus e os meus pecados; Deus não esconde o Seu rosto dos nossos pecados, porque tudo o que fazemos está diante dos olhos dEle: “Nada, em toda a criação, está oculto aos olhos de Deus. Tudo está aberto e exposto diante dos olhos daquele a quem havemos de prestar contas” (Hebreus 4.13).

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Se realmente conhecemos, amamos o nosso Deus e queremos glorificá-Lo e agradá-Lo, devemos também saber que no meio da nossa convicção de pecado existe a realidade incontestável de que pecamos contra Ele, diante dEle e que Ele tudo vê!

Outra característica de Davi é que ele conhecia a si próprio, por isso orou: “Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu minha mãe” (5); ele sabia como era o seu interior, que era pecador desde o ventre de sua mãe. Ele sabia que a sua natureza era pecaminosa.

Era assim que Davi se via e isso o levou a fazer esta oração: “Purifica-me com hissopo e fica-rei puro; lava-me, e mais branco que a neve serei. Faze-me ouvir de novo júbilo e alegria, e os os-sos que esmagaste exultarão. Es-conde o rosto dos meus pecados e apaga todas as minhas iniqui-dades. Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável. Não me expulses da tua presença, nem tires de mim o teu Santo Espíri-to. Devolve-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito pronto a obedecer. Então ensinarei os teus caminhos aos

transgressores, para que os peca-dores se voltem para ti. Livra-me da culpa dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, e a minha língua aclamará a tua justiça. Ó Senhor, dá palavras aos meus lábios, e a minha boca anunciará o teu louvor” (Salmo 51.7-15).

Estas lindas palavras revelam a prescrição de Deus para o peca-do e também apontam para o sen-timento de culpa que vem quando a pessoa se convence que pecou; é o tipo da oração que devemos fazer a Deus quando queremos ser sarados da culpa de algum pecado e não uma tentativa de encobri-lo, como se colocássemos um tam-pão sobre um tumor maligno.

Em grego, a palavra “confes-sar” é composta da combinação de duas outras palavras: “igual” e “dizer”, ou seja, “confessar” o pe-cado significa dizer a mesma coisa que Deus diz a respeito do pecado ou concordar com Deus na ques-tão do pecado.

Quando fazemos essa oração a Deus, estamos declarando o mesmo que Deus declara a respei-to do nosso pecado. Se você tem fé para confiar na misericórdia e na graça de Deus, que Ele respon-de sua oração, descobrirá a maior

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prescrição para o pecado e para a culpa resultante do pecado.

Quando Davi orou “purifica-me com hissopo”, estava se referin-do à pratica dos sacerdotes de re-servar o hissopo para purificação de pecados como o assassinato, para o qual era prescrita a pena de morte. Com este pedido, Davi declarou o que ele achava do seu pecado.

O comentário que fizemos para as várias palavras que Davi usou referindo-se ao pecado, no Salmo 51, são citações do livro de David Swartz, intitulado “Dança com Ossos Quebrados”.

Neste salmo, Davi está dizen-do: “Faz-me ouvir o som de alegria e os ossos que foram quebrados se alegrarão novamente”, o que nos leva a crer que a doença que lhe sobreveio, como resultado da sua culpa, fez com que ele sentisse como se todos os seus ossos esti-vessem sendo quebrados.

Davi menciona a sua culpa: “Livra-me da culpa dos crimes de sangue, ó Deus”, o que, sem dú-vida, referia-se ao assassinato de Urias, anunciando esperançoso: “e a minha língua aclamará a tua justiça”.

Apesar de se enxergar como o pior pecador da face da terra, a esperança e a confiança que Davi

tinha que Deus o perdoaria ficam claras nesta oração: “Não me ex-pulses da tua presença”.

Neste trecho, convém obser-var o seguinte: Davi foi rei durante quarenta anos e, quando ele pe-cou, já era rei havia quatorze anos, continuando a reinar mais vinte e seis anos depois desse episódio; portanto, Deus não o expulsou e todas as petições de Davi foram respondidas.

Se você fizer esta mesma ora-ção com sinceridade, Deus vai res-ponder suas petições, e fará deste salmo a sua prescrição pessoal para o seu pecado e sua culpa.

A Bíblia apresenta Davi como “um homem segundo o coração de Deus, que fazia a vontade de Deus” (I Samuel 13.14; Atos 13.22); entretanto, algumas pes-soas perguntam como um homem segundo o coração de Deus pôde cometer tais pecados e eu mesmo faço a seguinte pergunta: dá para acreditar que um bárbaro como Davi, que viveu seiscentos anos antes dos hunos se instalarem na Europa, pudesse escrever o Salmo 23?; que um homem que viveu mil anos antes de Jesus Cristo te-nha confessado seus pecados da maneira como Davi confessou no Salmo 51?

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Quando observamos as peti-ções que Davi fez mil anos antes de Cristo, percebemos que ele es-tava muito à frente do seu tempo, teologicamente falando; que tudo o que escreveu o fez de forma pro-fética, como podemos constatar em Atos 2.30, quando Pedro refe-re-se a Davi como profeta.

Para exemplificar que Davi es-tava à frente do seu tempo e que atuou como profeta naquele sal-mo, considere o seguinte: quando ele orou “por tua grande compai-xão apaga as minhas transgres-sões”, literalmente, foi como se ele tivesse dito: “faça meu pecado desaparecer”.

Com a morte de Jesus na cruz, foi exatamente isso o que Deus fez com os nossos pecados, o que fica explícito na parábola do fariseu e do publicano, quando Jesus ensi-na que qualquer pessoa que fizer a oração do pecador será “justifica-da” (cf. Lucas 18.9-14).

A Carta de Paulo aos Roma-nos é a declaração do Evangelho mais completa que encontramos no Novo Testamento. Esta obra-prima teológica do apóstolo Paulo é uma explanação das Boas Novas do Reino. A palavra “justificado” significa “como se nunca tivesse pecado”, sendo declarados justos,

exatamente como Davi anunciou profeticamente naquele salmo de confissão.

Outro exemplo é quando ele diz: “Livra-me da culpa dos cri-mes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, e a minha língua aclamará a tua justiça”, isto é, a justiça de Deus e não a dele! Esta visão profética é um prenúncio do que chamamos de “sacrifício expiatório”.

Não somos declarados justos por Deus, porque somos justos, mas, sim, porque Cristo morreu na cruz por nós. Deus, literalmente, transmite a justiça de Seu filho para nós, quando nós cremos no Evan-gelho. Então, a justiça de Cristo é creditada a nós por causa da Sua morte na cruz. Davi viu isso mil anos antes de Jesus vir ao mundo.

Quando ele orou: “Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável”, ele estava profeticamente se referindo ao que Jesus ensina-va como “novo nascimento”. Davi sabia que não era de um conserto superficial em seu coração que ele precisava, mas sim, de um ato so-brenatural de criação.

Basicamente, o que ele esta-va orando era: “como sou um pe-cador em meu coração, em meu

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homem interior, se o Senhor não fizer uma obra de criação no cen-tro do meu ser, vou continuar pe-cando seguidamente.

Encontramos a resposta para este pedido nas palavras de Je-sus ao rabino Nicodemos, sobre o novo nascimento: “O que nas-ce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito. Não se surpreenda pelo fato de eu ter dito: É necessário que nasçam de novo” (João 3.6,7).

Paulo, também, comentando este assunto, apresentou uma des-crição do que é o novo nascimen-to: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação: as coisas antigas já passaram; eis que sur-giram coisas novas” (II Coríntios 5.17). De acordo com Paulo, so-mos criados em Cristo Jesus e este ato de criação acontece dentro de nós, quando nascemos de novo, de onde podemos concluir que o novo nascimento é a única solução para o problema do pecado e da culpa.

Davi continua a mostrar o seu discernimento profético ao orar: “Não te deleitas em sacrifícios nem te agradas em holocaustos, se não eu os traria. Os sacrifícios que agradam a Deus são um es-pírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus,

não desprezarás. Por tua boa von-tade faze Sião prosperar; ergue os muros de Jerusalém. Então te agradarás dos sacrifícios since-ros, das ofertas queimadas e dos holocaustos; e novilhos serão ofe-recidos sobre o teu altar” (Salmo 51.16-19).

Nos tempos de Davi, a pres-crição para o pecado e a culpa era levar um animal para a Tenda da Adoração para ser sacrificado pelos pecados, quando o sacerdote inter-cedia pela pessoa e fazia um ritual que, profeticamente, simbolizava a prescrição final de Deus para os problemas do pecado e da culpa.

Davi mostrou mais uma vez que podia ver muito além do seu tempo: “Senhor, se eu soubesse que o Senhor se agradaria com os sacrifícios de animais, traria um rebanho inteiro para a Tenda da Adoração, mas eu sei que não é isso o que o Senhor quer. O Se-nhor não se agrada de sacrifício de animais, nem tem prazer em ofertas queimadas; o que o Senhor realmente quer, o sacrifício que O agrada, é o que estou lhe oferecen-do agora: um espírito quebrantado e um coração contrito”.

A palavra “contrito” significa “estar extremamente arrependido pelo pecado”. O primeiro ensino de

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Jesus, que nos mostra como pode-mos viver segundo os valores do Seu Reino, foi: “Bem-aventurados os pobres de espírito, pois deles é o Reino dos Céus”. “Pobre de espí-rito” significa “de espírito quebran-tado”. Esta primeira bem-aventu-rança poderia ser assim traduzida: “Bem-aventurados os quebranta-dos de espírito” (Mateus 5.3).

Há diferentes tipos de que-brantamento: podemos estar que-brantados por causa dos nossos pecados, em razão de alguma enfermidade de uma tragédia que nos sobreveio, mas o que aconte-ce, na maioria das vezes, é que só conseguimos ser quebrantados quando somos levados a um perí-odo de crise.

Quando nos apresentamos quebrantados diante de Deus, abri-mo-nos para o que Ele quer para nós; ficamos totalmente abertos para a vontade de Deus, a qualquer hora, em qualquer lugar, como Davi escreveu, com o coração contrito e o espírito quebrantado.

Como você se sente quando peca e entristece o coração de Deus? Davi conhecia bem a Deus e seu coração estava quebrantado; ele tinha entristecido Deus com o seu pecado e seu espírito estava quebrantado.

Os “ossos quebrados”, como diz o Salmo 32, eram uma prova do peso do pecado e o que pode-mos “ouvir” Davi dizer nesta con-fissão é: “Ah, Senhor Deus, este é o tipo de sacrifício que o Senhor quer!”.

Davi tinha um projeto de re-construir os muros de Jerusalém e o considerava como uma obra de Deus. Neemias reconstruiu os mu-ros de Jerusalém, mas Davi, como rei, muitas vezes reparou-os.

Os muros que protegiam a cidade estavam sempre necessi-tando de reparos, o que Davi rea-lizava, porque sentia que essa era uma coisa que Deus queria que ele fizesse, mostrando preocupa-ção ao orar: “Por tua boa vontade faze Sião prosperar; ergue os mu-ros de Jerusalém”.

Sião, hoje, representa a co-munidade espiritual. “Quando os muros estiverem reconstruídos, o Senhor se agradará do sacrifício”. A reconstrução dos muros a que Davi se refere corresponde, profe-ticamente, aos frutos de arrepen-dimento referidos por João Batista em Mateus 3.8.

Detalhes e resultadosO importante de uma expe-

riência espiritual não são os seus

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detalhes, mas os seus resulta-dos. O Salmo 51 registra a con-fissão dos pecados de adultério e assassinato de Davi. No Salmo 32, que também trata da confis-são de pecados, temos os resulta-dos da experiência de confissão e arrependimento.

Os sintomas físicos descritos, detalhadamente, por Davi refe-rem-se àquele terrível ano em que ele encobriu o seu pecado, acre-ditando que ninguém sabia o que havia acontecido.

Em sua confissão, Davi orou para que ele tivesse a alegria da sua salvação restaurada, porque ele de-sejava louvar ao Senhor novamen-te. Na sequência deste salmo de confissão, encontramos a resposta de Deus à petição de Davi.

“Como é feliz aquele que tem suas transgressões perdoadas e seus pecados apagados! Como é feliz aquele a quem o Senhor não atribui culpa e em quem não há hipocrisia! Enquanto eu manti-nha escondidos os meus pecados, o meu corpo definhava de tan-to gemer, pois dia e noite a tua mão pesava sobre mim; minhas forças foram-se esgotando como em tempo de seca. Então reco-nheci diante de ti o meu pecado e não encobri as minhas culpas.

Eu disse: Confessarei as minhas transgressões ao SENHOR e tu perdoaste a culpa do meu peca-do” (Salmo 32.1-5).

Se você, como Davi, está an-gustiado e sofrendo fisicamente com a consequência de uma cul-pa, eu o desafio novamente a orar o Salmo 51. Leia, também, o Sal-mo 32 e veja o que experimentará depois de usar as palavras de Davi para confessar os seus pecados.

Se você fez esta oração de confissão e não está usufruindo a bênção do perdão, saiba que você precisa esquecer aquilo que Deus já esqueceu e lembrar-se do que Deus se lembra, pois Deus per-doa e esquece nossos pecados. Foi Ele quem disse isso: “Eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus peca-dos” (Jeremias 31.34).

Entretanto, Deus se lembra que somos pecadores e nós nos esquecemos disso. Esta é uma das razões, porque caímos tantas vezes no pecado, porque esque-cemos que devemos nos lembrar que somos pecadores, ao mesmo tempo que nos lembramos dos pe-cados já confessados, perdoados e esquecidos por Deus.

Se você usar as palavras do Salmo 51 como sua oração de

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confissão e arrependimento, expe-rimentará a bênção do perdão que Davi descreveu tão claramente, com total ausência de culpa e ab-soluta certeza do perdão que vem do amor do nosso Pai do Céu.

Quando você experimentar o que Davi descreve no Salmo 32, que é uma sequência da sua ora-ção de confissão e arrependimen-to, descobrirá, como Davi, que Deus está perseguindo você com Sua bondade e com Seu amor incondicional.

Foi isso que levou Davi a fa-zer aquela oração de confissão e arrependimento. A misericórdia de Deus, como ocorreu com Davi, o impedirá de receber o castigo que você merece e Sua maravilhosa graça salvadora derramará sobre você as bênçãos que você não merece.

Conclusão Neste livro, vimos a pres-

crição de Deus para alguns dos problemas que enfrentamos. Nos próximos capítulos, veremos ou-tras prescrições, mas a verdade que eu quero compartilhar com você é que, não importa qual seja o seu problema. Deus tem uma prescrição espiritual para ele.

A minha oração é que este livro o encoraje a estudar a Pa-lavra de Deus e que você cresça cada vez mais na fé, achegue-se a Deus com o coração aberto e peça a Ele que lhe dê sabedoria e lhe mostre a prescrição para os seus problemas.

Estude a Palavra de Deus em atitude de oração e Ele será fiel para o guiar na Verdade que o li-bertará (Provérbios 3.5,6; João 8.31,32,36; Tiago 1.5).

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Na Primeira Carta de Pe-dro, no capítulo 3, este apóstolo escreve uma breve prescrição para as mulheres, cujos maridos não obedecem à Palavra.

A prescrição de Pedro para essas mulheres começa com a ex-pressão “do mesmo modo”, pois Pedro estava se referindo aos úl-timos versículos do capítulo an-terior, nos quais ele declara que devemos retornar para Cristo, o pastor das nossas almas.

De acordo com a prescrição de Pedro, para as mulheres, cujos maridos não obedecem a Palavra, depois do relacionamento com Cristo, o mais importante é o re-lacionamento com o marido. Pe-dro ainda fala sobre o desafio de muitas mulheres que acumulam vários papéis e como esposas e mães sentem-se frustradas por causa de atitudes de um marido ou um pai que não obedece à Pa-lavra de Deus.

Nessa breve prescrição para essas mulheres, cujos maridos não obedecem à Palavra de Deus, Pedro fundamenta seu ensino com

uma metáfora, na qual apresenta Cristo e a Igreja como o modelo de relacionamento que as mulheres devem ter com seus maridos.

Essencialmente, o que Pedro escreve nesta passagem para as mulheres, cujos maridos não obe-decem à Palavra, é: “Vocês conse-guem enxergar o modelo de rela-cionamento entre Cristo e a Igreja? Nessa ilustração, vocês são a Igre-ja, portanto, devem se relacionar com seus maridos da mesma for-ma como a Igreja se relaciona com Cristo”.

No versículo 7 do mesmo ca-pítulo, Pedro começa sua prescri-ção para os maridos com a mes-ma expressão: “Do mesmo modo”. O que Pedro estava dizendo aos maridos era: “Vocês estão vendo o modelo de Cristo e da Igreja? Nesta ilustração, vocês são como Cristo, portanto, cada um deve se relacionar com sua esposa como Cristo se relaciona com a Igreja”.

No capítulo 5 de Efésios, o apóstolo Paulo escreveu a mesma prescrição para os maridos: “Mari-dos, amem cada um a sua mulher,

Capítulo 8

Uma Breve Prescrição Para o Casamento

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assim como Cristo amou a Igreja e entregou-se por ela” (5). Basica-mente, o que Paulo estava falando era: “Amem como Cristo amou, deem-se como Ele se deu e sejam para suas esposas como Cristo é para a Igreja”. No original grego, a expressão “assim como” significa: “exatamente como”.

Nesse modelo apresentado pe-los apóstolos Pedro e Paulo, no qual eles estabelecem que os maridos sejam para suas mulheres como Cristo é para a Igreja, quem tem o desafio mais difícil são os maridos e essa tarefa só lhes será possível se Cristo estiver no centro de suas vidas; se Cristo estiver neles, eles terão o potencial para amar como Cristo amou, darem-se como Ele se deu e serem como Ele é. Não há nenhuma estranheza nesta prescri-ção dos apóstolos para os maridos, nos quais Cristo vive.

Tenho uma tarefa para os ma-ridos: estudem o capítulo 13 da Primeira Carta de Paulo aos Corín-tios, principalmente os versículos 4 a 7, porque nestes versículos encontramos quinze virtudes que mostram como se comporta o amor de Cristo.

Sempre que o apóstolo Paulo usar a palavra “amor”, naquele capítulo, substituam pela palavra

“Cristo”. Orem por cada virtude e peçam para que Cristo, que vive em vocês, lhes dê a graça para cada um amar sua mulher desta maneira. Se fizerem isto, descobri-rão que vocês podem amar como Ele ama, dar-se como Ele se dá e ser para sua mulher como Cristo é para sua Igreja.

O maior problema no casa-mento pode ser resumido em uma única palavra: “egoísmo”; quanto ao corretivo mais importante para esse problema pode ser resumido, também, em uma única palavra: “altruísmo”, que é o oposto do egoísmo e significa dar-se como Jesus se deu, se entregou, para salvar a Igreja.

Ele deu tudo de si mesmo; Ele morreu pela Igreja. Maridos, deem às suas mulheres nessa mesma me-dida, amando-as como Ele amou, e vocês se descobrirão sendo para suas mulheres como Cristo é para a Igreja. Tudo isso está implícito na expressão “Do mesmo modo”.

Pedro não estava falando para as mulheres, cujos maridos ama-vam suas esposas da maneira prescrita por ele e por Paulo. Pode ser que eles estivessem escre-vendo tanto para mulheres, cujos maridos eram incrédulos, como para aquelas que tinham maridos

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crentes, mas que não obedeciam ao ensino desses apóstolos.

Observe que Pedro não falou nada sobre as mulheres passarem sermões em seus maridos, mas, ao contrário, instruiu-as, dizendo: “sujeite-se cada uma a seu mari-do, a fim de que, se ele não obe-dece à Palavra, seja ganho sem palavras, pelo procedimento de sua mulher” (1).

Aos maridos, Pedro instruiu para não tentarem consertar suas mulheres, pois, mesmo que você seja um especialista no que ela precisa saber e fazer, vai acabar descobrindo que ela não segue as opiniões do “especialista”.

Quanto mais o marido tenta convencer a mulher de que ele sabe todas as respostas, menos ela quer ouvi-las. Uma mulher não quer um homem que está sempre dizendo que ele está certo e ela está errada e o mesmo se aplica com relação ao homem, porque existe uma coisa no ego masculino que rejeita ouvir a mulher falando sobre seus erros.

Um princípio vital do conselho matrimonial

Existe um princípio no conse-lho matrimonial, que está implíci-to no aconselhamento de Pedro,

quando ele escreveu: “cada um deve ficar no seu lugar”. Para ex-plicá-lo, eu faço um retorno à his-tória de Gideão, que derrotou mais de 250 mil midianitas com apenas 300 homens. A chave dessa mila-grosa vitória, descrita em Juízes 7, foi que “cada homem mantinha a sua posição” (21).

Esposa e marido têm uma po-sição a ocupar no casamento, e quando cada um assume essa po-sição determinada por Deus o ca-sal adquire condições de enfrentar os problemas.

Depois de falar sobre o pro-blema do marido que não assu-miu sua posição, Pedro apresenta várias prescrições para a mulher manter a sua posição. Ela deve ser espiritual, submissa, silencio-sa e dócil.

Quando Pedro fala de submis-são, ele está dizendo que a mulher deve deixar que seu marido seja o seu pastor, como Cristo é o pastor da Igreja; quando fala de ser silen-ciosa, ele quer dizer que a mulher não deve forçar, empurrar, passar sermão, censurar ou ter atitude alguma que venha a envergonhar seu marido.

Pedro sabia que nada disso traz bom resultado; também sabia que a mulher não é responsável

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pelo fato de o marido não assumir o seu papel no casamento.

A estratégia sugerida neste conselho matrimonial é que, se há alguma coisa que vai motivar esse marido a tomar a sua posição no casamento, esta será o exemplo de Cristo na vida de sua mulher.

Pedro aconselha a mulher a assumir a responsabilidade apenas pela pessoa que ela pode controlar e pela qual é responsável, que é ela própria. O conselho de Pedro é que a mulher não se sobrecarre-gue assumindo a responsabilidade do marido, nem se exima da sua própria responsabilidade, que é sobre ela mesma.

A mulher deve ser espiritual e confiar no Senhor, o qual vai ajudá-la a ser tudo o que ela pode ser em Cristo. Pedro quis tirar a responsa-bilidade que a mulher, às vezes, assume pelo marido e pelos erros dele, quando a anima a assumir a sua própria responsabilidade, sen-do tudo o que o Senhor quer que ela seja como esposa e mãe.

Muitas vezes, a causa número um de discussões nos casamentos é o homem, que reclama de tudo o que a mulher faz de errado, e a mulher, que reclama de tudo o que o marido faz de errado; a mulher tentando arrastar o marido para o

lugar dele e ele recusando-se a ou-vi-la, o mesmo acontecendo com relação a ela.

O conselho de Pedro tem como base o ensino de Jesus em Mateus 7.1-5, onde Ele ensinou que devemos primeiro tirar a trave dos nossos olhos, para depois aju-dar o outro a tirar o cisco do seu olho. Jesus não falou nada sobre julgarmos alguém; a essência do Seu ensino é que devemos primei-ro julgar a nós mesmos.

É bem possível que você, ho-mem, como marido, venha pedir a Deus, a graça necessária para amar sua mulher como Cristo amou a Igreja, para se entregar por ela como Cristo Se entregou pela Igreja e para ser para ela o que Ele é para a Igreja. Dessa for-ma, sua mulher será motivada a assumir a posição dela.

Quanto a você, mulher, se es-tiver na sua posição, isso pode mo-tivar o seu marido a assumir a res-ponsabilidade do seu próprio papel e da sua posição no casamento. Pode ser, também, que não acon-teça sempre assim, pois isso vai depender do uso do livre arbítrio do marido; mas se a esposa ficar reclamando e forçando seu marido a assumir o seu papel, definitiva-mente isso nunca funcionará.

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Depois de dedicar seis versí-culos às mulheres, o apóstolo Pe-dro escreveu um versículo para os maridos: “Do mesmo modo vocês, maridos, sejam sábios no conví-vio com suas mulheres e tratem-nas com honra, como parte mais frágil e co-herdeiras do dom da graça da vida, de forma que não sejam interrompidas as suas ora-ções” (I Pedro 3.7). Apesar de ter escrito apenas um versículo para os maridos, o apóstolo deixou nele uma tarefa desafiadora.

Ao escrever que os maridos “sejam sábios no convívio com suas mulheres” parece que Pedro estava falando sobre algo que era óbvio e desnecessário; entretanto, ele estava falando de algo mais complexo que o simples fato de que o homem deve viver com sua mulher.

Cada vez mais alguns maridos passam menos tempo com suas mulheres, por isso acho que o ve-lho pastor Pedro foi muito sábio ao dizer: “convivam com suas mulhe-res, afinal, foi para isso que vocês se casaram”.

A prescrição de Pedro inclui sabedoria no convívio com a mu-lher e eu gostaria de saber o quanto cada marido conhece sua mulher e a compreende. Você conhece e

compreende a mulher com a qual vive? Nem sempre você entende sua mulher, pois ela própria, às vezes, não se entende. Como po-demos compreender nosso cônju-ge, quando não nos entendemos?

A seguir, Pedro falou aos mari-dos para “tratarem suas mulheres com honra” e isto é muito profun-do, pois, em algumas culturas, os homens exploram a fraqueza física das mulheres, usando-as como es-cravas, ao invés de tratá-las com amor e respeito.

Essa prescrição de Pedro foi re-volucionária naquele tempo e con-tinua sendo nos dias de hoje. Basi-camente, o que ele disse foi: “Não explorem a fraqueza das mulheres; antes honrem a fraqueza delas”.

Em algumas áreas, as mulhe-res são mais fortes que os homens, como em sua resistência para su-portar a dor física. Minha mãe, que teve onze filhos, costumava dizer: “Se fossem os homens que engravidassem, não haveria mais que três filhos em cada família”.

A prescrição de Pedro era: “Quando vocês perceberem a fra-queza delas, tratem-nas com hon-ra; não as explorem, mas honrem-nas”. Demonstre confiança em sua mulher e ajude-a a superar seus problemas e suas fraquezas.

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Mulher, foi para isso que Deus lhe deu um marido; para ser a cober-tura que o seu coração de mulher sempre desejou.

Pedro escreveu: “tratem-nas com honra, como parte mais frá-gil e co-herdeiras do dom da gra-ça da vida”, o que é uma definição eloquente de casamento na Bíblia.

A referência à “graça da vida” sugere que nenhum de nós merece vida; que a vida que recebemos a cada dia vem da graça de Deus; não a merecemos nem fizemos nada para tê-la; que ela nos é dada pela graça de Deus.

O casamento é isso: duas pessoas, dia após dia, receben-do a graça da vida, como casal, e as mulheres são as beneficiárias dessa metáfora inspirada de Pedro prescrita para o marido, porque a essência do que ele prescreveu para os maridos foi: “Amem suas mulheres”, observando depois que, se isso for verdadeiro no ca-samento, as orações do marido não serão interrompidas.

O apóstolo Paulo escreveu essa mesma prescrição, no Ca-pítulo do Casamento: “O marido deve cumprir os seus deveres conjugais para com a sua mulher e, da mesma forma, a mulher para com o seu marido. A mulher

não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o mari-do; da mesma forma, o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher. Não se recusem um ao outro, ex-ceto por mútuo consentimento e durante certo tempo, para se de-dicarem à oração; depois, unam-se de novo, para que Satanás não os tente por não terem domínio próprio” (I Coríntios 7.3-5).

O relacionamento de um casal crente em Cristo requer que cada cônjuge tenha um relacionamento vertical e individual com o Senhor antes de ter uma experiência a dois no casamento, pois o relacio-namento mais íntimo que temos nesta vida não é o casamento, mas o nosso relacionamento com Deus. As ligações que temos com nosso cônjuge são fortes ou fracas, dependendo do nosso relaciona-mento individual com Jesus Cristo.

A instituição mais importan-te sobre a face da terra não é a Igreja, mas o lar que supre a Igreja com pessoas espirituais. Muitas igrejas hoje estão divididas em pe-quenos grupos, por causa do con-ceito de que em uma igreja grande não há possibilidade de se usufruir comunhão entre os irmãos, ou de haver uma comunhão espiritual de

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qualidade como Jesus Cristo dese-ja para uma igreja local.

Muito antes de instituir a Igreja, Deus formou os pequenos grupos chamados casamento e fa-mília, como descreveu o salmista: “Deus dá um lar aos solitários” (Salmo 68.6).

Mulheres, junto com Deus, fa-çam de seus maridos a prioridade número um em suas vidas. Ma-ridos, façam de suas mulheres a

prioridade número um em suas vi-das. Não tentem mudar um ao ou-tro. À medida que Deus trabalhar em suas vidas, coloquem-se em suas respectivas posições e cada um ore a Deus para que seu côn-juge se posicione corretamente. Depois, assistam Deus trabalhar e abençoar suas vidas individual-mente e como cônjuges, na igreja, na cidade, na nação e no mundo (leia o Salmo 128).

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Neste estudo, também encon-tramos uma prescrição para os pais, já que eles são a chave para as bênçãos de Deus, à medida que as leis de Deus para o casamento e para a família têm o seu impacto no mundo.

O maior problema dos casa-mentos hoje não é causado pe-las esposas e pelas mães; não são elas que deixam de cumprir a prescrição que vimos no capí-tulo anterior. O maior problema dos casamentos de crentes hoje é causado pelos maridos e pais que não assumem a responsabilidade designada por Deus para eles: ser o líder de suas famílias.

Encontramos a prescrição de Deus para o casamento a partir do último versículo do capítulo 5 de Mateus, bem no meio do Sermão da Montanha, onde está escrita a pa-lavra “perfeito” duas vezes. Alguns dizem: “Eu jamais serei perfeito”; outros argumentam: “Sou perfeito e é melhor você ser perfeito também”.

O perfeccionista, além de fa-zer mal a si mesmo, também des-trói aqueles de quem exige perfei-ção, porém, veja como o contexto

desse versículo se torna ainda mais forte se excluirmos a palavra “per-feito”: “Portanto, sejam... como é o Pai celestial de vocês”.

Jesus pronunciou este versí-culo para os homens que tinham acabado de ouvir o Seu desafiador ensino sobre ética; Ele tinha ensi-nado que devemos amar nossos inimigos, dizendo que para amar-mos aqueles que nos amam, não precisamos de nenhuma graça, mas apenas de amor humano.

Se você realmente quer amar com o amor de Deus, ser sal da ter-ra e luz do mundo, deve amar seus inimigos; se lhe baterem numa face, diga ‘Deus lhe abençoe’ e mostre a outra face. Jesus estava concluindo este ensino, quando disse para aqueles homens: “Vocês tem que ser como é o seu Pai ce-lestial; vocês devem amar da ma-neira como Deus ama e devem agir como homens de Deus”.

Mais adiante, no Sermão do Monte, Jesus os ensinou a se di-rigirem a Deus em oração com o “Pai Nosso”. Em meu trabalho de aconselhamento pastoral, pessoas já me procuraram dizendo: “Pastor,

Capítulo 9

Prescrição Para os Pais

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sempre que vou orar, tenho dificul-dade para dizer ‘Pai nosso’”; depois de me contarem como eram seus pais terrenos, fica claro, tanto para mim quanto para essas pessoas, por que elas têm dificuldade de se dirigirem a Deus como “Pai”.

Pais, prestem atenção nestas palavras: “Pai nosso, que estás nos céus”. É assim que devemos ser: como nosso Pai do céu é e não como nosso pai da terra é ou era.

Certo pai costumava cantar uma música junto à cama do seu filho, cuja letra dizia assim: “Pai, eu quero ser como o Senhor é, por-que meu filho quer ser como eu”.

De todas as passagens das Escrituras dirigidas aos pais e às mães, uma delas é considerada por judeus e cristãos a mais im-portante sobre este assunto.

Este texto, que é importante para os judeus há milhares de anos, é tido pelos rabinos e estudiosos judeus como o Sermão de Moisés: “Ouça, ó Israel o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Ame o SENHOR, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças. Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver

andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar. Amar-re-as como um sinal nos braços e prenda-as na testa. Escreva-as nos batentes das portas de sua casa e em seus portões” (Deuteronômio 6.4-9).

Esta passagem é chamada de “Shema”, que pronuncia-se “shim-mah”, porque começa com a palavra “ouça”, que, em hebrai-co, é “shema”. Por que um texto tão pequeno como esse é conside-rado tão importante e é incluído na adoração dos judeus há quase quatro mil anos?

Para responder a esta pergun-ta temos que fazer outra: “Por que Moisés pregou este sermão?”. Moi-sés pregou este sermão depois que os filhos de Israel tinham percorrido, em quarenta anos, um percurso que poderia ter sido feito em onze dias.

Deus tinha ordenado, através de Moisés, que eles atravessassem o deserto e conquistassem as na-ções pagãs e guerreiras das cida-des fortificadas de Canaã, porém eles não tiveram fé para invadir a terra de Canaã; por esta razão, an-daram em círculos de incredulidade durante quarenta anos no deserto.

Moisés pregou este sermão, porque estava determinado a nunca mais deixá-los repetir o que tinham vivido: o horror da

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peregrinação no deserto, onde uma geração inteira de israelitas morreu!

Este sermão de Moisés ensinou uma estratégia para que os pais ensinassem a seus filhos as con-vicções e os valores da Palavra de Deus. Essa estratégia possui qua-tro sólidos fundamentos, os quais denominei: responsabilidade, rela-cionamento, realidade e revelação.

O ponto principal desse ser-mão de Moisés é que Deus deixou com os pais a responsabilidade para nutrirem, espiritualmente, seus filhos. Isaías também escre-veu que Deus quer que os pais en-sinem a Palavra de Deus a seus filhos (Isaías 38.19).

Se tudo o que uma criança souber a respeito de Deus ela tiver aprendido com uma mulher, não é de estranhar que, quando for uma pessoa adulta, ache que igreja e coisas espirituais sejam apenas para mulheres e crianças; por isso, Deus tem boas razões para insistir que “os pais” ensinem seus filhos sobre Ele e Sua Palavra.

Não há como ensinar os filhos da maneira como Moisés instruiu sem que haja um relacionamento com eles, aberto para ensino, que não deve ser dado na forma de uma palestra ou de um sermão, mas no dia-a-dia do relacionamento.

Vemos várias instruções no Velho Testamento para que os pais ensinem, respondendo às perguntas de seus filhos (Josué 4.6), já que Deus deu às crianças uma curiosi-dade natural, o que os pais devem usar para ensinar, enquanto respon-dem às perguntas de seus filhos.

O desafio de Moisés aos pais é que estas palavras de Deus ha-bitem em seus corações e sejam realidade em suas próprias vidas, antes de ensinarem aos seus filhos, porque o modelo é a mensagem. Se você quer saber o que está en-sinando aos seus filhos, fique na frente do espelho. Ensinamos valo-res para nossos filhos, não pelo que dizemos, mas pelo que fazemos.

Finalmente, toda verdade que os pais ensinam aos filhos devem ter como base a revelação que Deus deu a Moisés, a Lei de Moisés, a Lei de Deus, a Palavra de Deus.

Fazendo a aplicação do ser-mão de Moisés, podemos dizer que os pais têm ensinado a Palavra de Deus a seus filhos há mais de cin-co mil anos e que o legado mais importante que você pode deixar para os seus filhos é um conheci-mento pessoal de Deus e da Sua Palavra, a fim de que possamos en-tender porque Jesus disse àqueles homens: “Portanto, sejam ...como ...é o Pai celestial de vocês”.

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Quando lemos a Bíblia, desco-brimos no capítulo 4 do seu primeiro livro, a história de Caim, o primeiro homem a ter um nascimento natural e a quem Deus fez a seguinte pergun-ta: “Por que você está furioso e por que se transtornou o seu rosto?” (6).

Continuando a leitura da Bí-blia, descobrimos que Moisés ficou tão deprimido que orou pedindo que Deus o matasse (cf. Números 11:15); mais adiante, lemos que o profeta Elias sentou-se sob uma ár-vore e também pediu para morrer (I Reis 19.4), o mesmo acontecendo com o profeta Jonas (Jonas 4.3).

Quando lemos o Livro de Jó, vemos que ele também ficou de-primido, em decorrência de todo o sofrimento por que passou, o que o levou a lamentar seu nascimento e manifestar o desejo de não mais viver (Jó 3.11-13)

Se você, crente, tem passado por momentos difíceis e de de-pressão, saiba que não está sozi-nho. Moisés, Elias, Jonas e Jó são heróis da fé do Velho Testamento, que passaram pela depressão e sobreviveram a ela.

Não precisamos nos sentir en-vergonhados e até mesmo nos iso-larmos de nossos irmãos, como se fôssemos os únicos a se sentir as-sim. Sentir-se deprimido não quer dizer, absolutamente, que você é pequeno ou fraco na fé, porque até mesmo nosso Senhor Jesus Cris-to chegou a dizer: “A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal” (Marcos 14.34); portanto, Jesus se sentiu como to-dos aqueles homens de Deus, que acabamos de mencionar, como eu e você.

No Livro dos Salmos, vemos o salmista perguntando à sua alma: “Por que você está assim tão tris-te, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim?” (Salmo 42.5,11; 43.5). Em outras palavras, o salmista diz: “estou deprimido; mas, por que estou deprimido?”.

A depressão é um problema tão antigo quanto a Bíblia, por esta razão não conseguiremos resolver os problemas de depres-são em poucos minutos, mas po-demos enfocar as prescrições de

Capítulo 10

Prescrição Para a Depressão

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Deus contra a depressão e o pri-meiro enfoque deve ser dado às suas causas.

A causa do problema pode ser física, química ou biológica e para estas causas existe uma solução médica, pois sabemos que muitas condições físicas podem levar à depressão.

Por exemplo, problemas da tiroide, que são causados por um metabolismo desequilibrado, podem levar à depressão e a sé-rios problemas emocionais, tanto quanto o álcool, que é um agente supressor ou depressivo, por isso aqueles que têm problemas com esta droga podem, também, sofrer de depressão, bem como através do uso de certos tipos de medica-mentos que podem desenvolver um estado depressivo.

De certa forma, é cruel dizer para um crente que está sofrendo com uma depressão que ele pre-cisa ler mais a Bíblia e orar mais, quando a causa de sua depressão é uma tiroide debilitada.

Outra causa possível da de-pressão é a psicológica, isto é, ori-gina-se na mente, o que também necessita de nossos cuidados e um tratamento diferenciado.

Você acha que gente que fala sozinho é louca? Um amigo meu

disse que ele fala sozinho porque é a única chance que ele tem de conversar com alguém a respeito de alguém inteligente! Quando fa-lamos sozinhos, estamos nos co-municando com o nosso “ego”, re-petindo pensamentos e ideias que mostram nossa opinião sobre nós mesmos.

Quando fazemos afirmações maldosas a respeito de nós mes-mos, nossa mente sofre efeitos negativos desta atitude. Eu sei de pessoas que fizeram isso durante anos, o que pude comprovar em meu trabalho de aconselhamen-to pastoral, e todas as vezes que conversamos elas fazem comen-tários negativos a respeito delas mesmas, o que significa que, du-rante anos, elas fizeram mal a si próprias.

Se você diz a você mesmo, cem vezes durante a semana, que você não presta, não acha que isto terá um efeito negativo em sua vida? Depois de anos com este comportamento, não é de es-tranhar que você comece a sentir como se fosse uma pessoa que não presta!

Certo fazendeiro costumava vir até mim por causa da depressão de que era vítima, dizendo-me, re-petidas vezes: “Eu não valho mais

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que um cachorro”. Se é isto o que você diz sobre você mesmo, não se surpreenda quando começar a se sentir menos que um cachorro.

Você sabia que todos os seus sentimentos são registrados no seu banco de memória e ficam lá? Nossa capacidade para lembrar o que está armazenado em nosso banco de memória pode variar, mas nunca se apaga totalmente.

Sob a influência de certos medicamentos podemos lembrar de pensamentos armazenados. Se você plantou pensamentos negati-vos em seu subconsciente, esses pensamentos estão armazenados, como numa fita cassete, que fica tocando em seu subconsciente a mesma mensagem: “Você não tem valor, você não tem valor...”. Quando esta fita começa a tocar em seu consciente, pode levá-lo à depressão.

As sentenças negativas levam a declarações do tipo: “eu não sou bom e nada de bom acontece para mim; minha vida não tem jeito”. Se você carregou o seu “eu” com este tipo de mensagem durante anos, não é de estranhar que este-ja deprimido!

Pergunte a você mesmo qual é a causa da sua depressão. Existe um fundo de verdade neste velho

“clichê”: “você é aquilo que come”. Se você não tem bons hábitos ali-mentares, está obeso ou doente, vai acabar se tornando uma pes-soa deprimida e, muitas vezes, esta é a causa psicológica da de-pressão, já que alguns casos po-dem ser explicados simplesmente por maus hábitos de pensamento.

Jesus disse que “os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu cor-po será cheio de luz”. Quando Jesus se referiu a “olhos”, Ele es-tava se referindo à perspectiva de vida que a pessoa tem; continuan-do: “Mas, se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são!” (Ma-teus 6.22,23). Que perfil preciso sobre depressão podemos tirar deste texto!

Considere a sabedoria do apóstolo Paulo ao dar a prescrição para um pensamento saudável: “tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for cor-reto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de exce-lente ou digno de louvor, pensem nessas coisas” (Filipenses 4.8). Imagine de quantos pensamentos

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negativos nossa memória estaria livre, se seguíssemos a prescrição que Jesus e Paulo deixaram sobre o hábito de pensar de maneira saudável.

Entretanto, repito, a causa da depressão pode ser física ou quími-ca, pode ter origem em efeito co-lateral de um medicamento, num metabolismo debilitado e em ou-tras tantas causas físicas; por isso, não é certo chegar para um crente que está sofrendo de depressão e dizer para ele o que achamos, sem prestar-lhe a assistência que ele necessita, de acordo com a origem do mal que o está afetando.

Outras vezes, a causa da de-pressão pode ser espiritual. Se você não conhece o Evangelho, não me surpreende que esteja so-frendo de depressão, porque uma das principais causas da depres-são é a culpa, para a qual só existe um remédio, que é o Evangelho de Jesus Cristo.

No Salmo 51, temos o regis-tro da oração de confissão e ar-rependimento de Davi, onde ele fez um pedido muito profundo: “apaga as minhas transgressões”. Como algumas palavras hebraicas são difíceis de ser traduzidas, tal-vez a melhor tradução para “apa-ga as minhas transgressões” seja

“remova completamente, como se jamais tivesse acontecido”.

É impressionante a revelação profética de Davi, como ele teve a exata visão do plano de Deus, pois Paulo, em sua Carta aos Roma-nos, usou uma palavra que tem o mesmo significado desta que Davi usou no salmo do arrependimento (Salmo 51.4).

Esta palavra é “justificado”, que significa “como se jamais ti-vesse pecado”. Deus pode fazer com que o pecado jamais tenha existido; Ele pode apagar comple-tamente nosso pecado, como fez ao atender o pedido de Davi.

As boas novas do Evangelho são que Jesus não veio para pes-soas boas, mas para as más; Ele não morreu pelos bons, mas pe-los maus. Jesus disse: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes” (Mateus 9.12). Portanto, se você não é bom, o Evangelho é para você; toda a vida e ministério de Jesus têm você como alvo.

Acho impressionante o núme-ro de pessoas que, mesmo sendo crentes no Evangelho há tantos anos, ainda sofrem com depres-são causada por um pecado em suas vidas, porque acham que Deus não o perdoou; acreditam

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que Deus não ouviu o pedido de perdão para aquele pecado, igno-rando que, não importa qual tenha sido o seu pecado, desde que con-fessado e abandonado, já recebeu o perdão de Deus.

O único pecado que Deus não perdoa é o pecado da incredulida-de. Se a causa da depressão for es-piritual, por causa da culpa, cren-do no Evangelho, ela vai acabar porque, se o diabo o convenceu de que você cometeu um pecado imperdoável, vença-o aceitando o dom da fé e crendo no Evangelho.

As Escrituras possuem pres-crições fortes para a depressão, cuja causa está na esfera da guer-ra espiritual, pois Jesus nos ensi-nou a orar diariamente: “livra-nos do mal” (Mateus 6.13).

Algumas vezes, a depressão deveria ser chamada de “opres-são”, quando o problema é causado pelo inimigo. Quando Jesus disse: “A minha alma está profundamen-te triste, numa tristeza mortal”, a opressão era a causa de toda aque-la tristeza, porque o inimigo não queria que Jesus fosse para a cruz.

Sendo a causa do seu proble-ma a opressão, qual é a prescrição? É a libertação oferecida pelo Cristo Vivo; por esta razão Jesus nos ensi-nou a orar: “livra-nos do mal”.

Supondo-se que a causa da perturbação mental daqueles que estão internados nos hospitais seja uma opressão espiritual, será que eles algum dia serão curados por meio de medicamentos? Como po-derão chegar à cura se a causa da sua perturbação é opressão espi-ritual e são tratados por pessoas que não reconhecem o problema nem a sua cura? Existem casos para os quais a solução tem que ser espiritual, porque a causa do problema é espiritual.

Observe quantas vezes a Bíblia fala sobre a alegria do Senhor. Por que Neemias e todas aquelas pes-soas do Velho Testamento diriam “a alegria do Senhor é a nossa for-ça?”, porque o fruto do Espírito é amor, alegria... (Gálatas 5.22).

Um dos meus escritores favo-ritos escreveu: “A dor e o sofrimen-to são inevitáveis, mas, para um crente, a miséria é opcional”. Você sabe por quê? Porque um cren-te tem o Espírito Santo e o fruto do Espírito é alegria, uma alegria que não faz muito sentido, que vai além da compreensão, porque não se baseia no que nos acontece. Será que o Espírito Santo pode nos dar um tipo de alegria que vença a depressão?

O profeta Isaías disse que

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sim: “...e dar a todos os que cho-ram em Sião uma bela coroa em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de pranto, e um manto de louvor em vez de espírito de-primido. Eles serão chamados carvalhos de justiça, plantio do Senhor, para manifestação da sua glória” (Isaías 61.3). Que revela-ção maravilhosa!

Se o seu espírito está pesa-do e deprimido, tente fazer isso: louve ao Senhor! Comece lou-vando-O mesmo sem vontade de fazê-lo, mesmo que você se sinta como se não pudesse mais respirar e fosse morrer sufocado.

Comece a louvar a Deus! Eu o de-safio a tentar!

As soluções espirituais e bí-blicas que ofereci são uma men-sagem dos profetas e da Igreja, anunciada há milhares de anos.

Quero lembrar mais uma vez que é uma crueldade prescrever uma solução espiritual, psicológi-ca ou emocional para uma pes-soa deprimida, quando a solução para essa depressão está num tratamento médico. Porém, se a depressão tiver fundo espiritual, tenha certeza de que as solu-ções espirituais de Deus sempre funcionam!

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CBI - Encontro com a Palavra72 Livro 9

Muitos anos atrás, um homem chamado John Quincy Adams atravessava uma rua. Ele estava muito doente e levou cinco minu-tos para chegar do outro lado. Um amigo que passava perguntou-lhe: “Como está John Quincy nesta manhã?”, ao que ele respondeu: “John Quincy está muito bem, mas a casa onde ele mora está em pés-simas condições. Na verdade, está quase caindo e talvez John Quincy tenha que se mudar logo!”.

John Quincy Adams tinha um ótimo conhecimento teológico e reconhecia muito bem a distinção que o apóstolo Paulo fez do ho-mem interior, ou homem espiritu-al, que é eterno, e do homem ex-terior, nosso corpo temporal, bem como a dimensão dos valores do homem interior, que são superio-res aos valores do homem exterior.

A saúde do homem interior, o homem espiritual, é mais valiosa que a saúde do homem exterior, o homem físico e podemos experi-mentar a cura do homem interior como resultado direto da nossa salvação.

A nossa fé pessoal no Evange-lho traz-nos o perdão e a experiên-cia do novo nascimento, que nos faz novas criaturas de dentro para fora, por Cristo, em Cristo e para Cristo, o que resulta uma maravi-lhosa experiência de cura interior (II Coríntios 5.17,18).

Doença psicossomática é a doença no corpo (do grego soma), cuja causa originária se encontra na mente (alma) do homem (do grego psique). As duas principais causas de doenças psicossomá-ticas são a culpa e o rancor vin-gativo; quanto às duas principais dimensões da cura interior, das doenças psicossomáticas, são o perdão e a graça para perdoar, o que um dos meus tutores chama-va de “a cura das memórias”.

Cannon James Glennen, da cidade de Sidney, na Austrália, cunhou uma palavra nova em seu livro sobre cura que é “desper-dão”. Glennen escreve: “O maior obstáculo para a cura interior é o ‘desperdão’ e podemos estar so-frendo com este sentimento por não termos certeza do perdão de

Capítulo 11

Prescrição Para a Cura Interior

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Deus ou do perdão das pessoas a quem fizemos mal. A causa do ‘desperdão’ também pode ser defi-nida pela indisposição de perdoar aqueles que pecaram contra nós”.

Considere a perfeita sabe-doria do Senhor, quando ensinou Seus discípulos a orar diariamen-te: “Perdoa as nossas dívidas, as-sim como perdoamos aos nossos devedores” (Mateus 6.12), o que realmente é um desafio, principal-mente para aqueles que já foram brutalizados e massacrados.

Já ouvi o testemunho de pes-soas que, depois de sofrerem abu-sos e violências, ainda sofriam com um sentimento de rancor vin-gativo, e este sentimento retarda-va a sua cura interior. Essas pesso-as confessaram que apenas depois desse obstáculo ter sido removido, é que elas experimentaram o início da cura interior. Jesus sabia disso quando promoveu a reconciliação e o perdão como parte vital da Sua prescrição para a oração e a cura interior.

Quando pecamos, precisamos olhar para o alto e crer no primeiro fato do Evangelho, as Boas Novas, que Deus perdoa nossos pecados, porque Jesus morreu por eles; depois, precisamos olhar ao re-dor, perdoar aqueles que pecaram

contra nós e buscar o perdão da-queles contra quem pecamos; tam-bém precisamos olhar para dentro dos nossos corações e perdoar a nós mesmos. Perdoar-nos é a dimensão mais importante do perdão, depois de termos cometido pecados com consequências graves.

Quando confessamos nossos pecados e colocamos nossa con-fiança na morte de Jesus Cristo na cruz, para perdão dos nossos pe-cados, precisamos esquecer o que Deus esquece e nos lembrarmos do que Deus se lembra. Deus per-doa os nossos pecados e, depois, os esquece. A Palavra de Deus ga-rante isso.

No Novo Testamento, apren-demos que, “se confessarmos nossos pecados, ele é fiel e jus-to para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (I João 1.9). Deus fala, claramente, no Velho Testamento: “Porque eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pe-cados” (Jeremias 31.34).

Entretanto, Deus se lembra de que somos pecadores e nós nos esquecemos disso, o que, muitas vezes, nos leva a pecar novamen-te, repetidas vezes.Mostramos que nossa fé é falha, quando, de-pois de termos confessado nossos

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CBI - Encontro com a Palavra74 Livro 9

pecados, continuamos a nos lem-brar deles e carregamos uma carga de culpa, mesmo depois de Deus ter perdoado e esquecido.

Certa vez, ouvi a história de um monsenhor em Paris, que foi informado de que uma das freiras de sua comunidade afirmava falar com Jesus todas as noites. Quan-do a freira foi chamada à sua pre-sença e confirmou a notícia, ouviu do monsenhor: “Da próxima vez que falar com Jesus, pergunte-lhe qual foi o pecado que o monse-nhor cometeu em Paris, antes de se tornar padre”.

Alguns dias depois, a freira pe-diu uma conferência com o mon-senhor e, assim que a recebeu, o monsenhor perguntou-lhe: “Minha filha, você falou com Jesus mais uma vez?” e ela respondeu: “Sim, padre”. “Você fez a Ele a pergunta que lhe mandei fazer?”. Quando a freira respondeu afirmativamente, o monsenhor perguntou-lhe: “E o que foi que Jesus disse?”. A freira, então, respondeu: “Jesus mandou que eu lhe dissesse que Ele não se lembra”.

Se realmente acreditamos no Velho e no Novo Testamento, esta deve ser a resposta que ouvimos quando fazemos a mesma per-gunta que o monsenhor fez. Era esta a resposta que você esperava ouvir?

Quando aplicamos o Evange-lho da Salvação aos nossos peca-dos, devemos nos disciplinar para lembrar do que Deus se lembra e esquecer o que Deus esquece. Devemos implementar essa disci-plina espiritual e receber a certeza do perdão nas três direções que já mencionei e volto a falar: devemos olhar para o alto e receber o per-dão de Deus; olhar ao redor e per-doar nosso próximo, como Deus nos perdoou, e receber o perdão do próximo, quando pecamos con-tra ele, e, finalmente, devemos olhar para dentro de nós e perdoar a nós mesmos.

A combinação dessas discipli-nas espirituais tem como resultado a cura interior, o que nos convence de que a salvação nos leva à cura interior, e esta é mais importante que a cura física.

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Toda cultura e toda religião, em todo mundo, tentam oferecer prescrições para a maior necessi-dade do homem, que é a necessi-dade de salvação.

A Palavra de Deus diz que Ele amou tanto o mundo que mandou Seu Filho para ser seu Salvador e, quando o Filho de Deus esta-va aqui, afirmou que Ele veio para salvar o mundo (João 3.16-18). O Salvador que morreu na cruz pela nossa salvação também nos deu a prescrição para aplicarmos pesso-almente esta salvação.

Em uma boa enciclopédia, en-contramos as sete maravilhas mais antigas do mundo, as sete maravi-lhas mais modernas do mundo e as sete maravilhas naturais do mundo.

A Bíblia fala que a dimensão mais importante da vida espiritual e, também, as verdadeiras mara-vilhas do mundo são as sete ma-ravilhas espirituais, que nós vere-mos a seguir.

1ª - O maior plano do mundoA primeira maravilha espiri-

tual é o plano mais importante do

mundo. Os cientistas que estudam o mundo ficam intrigados com a majestade, a beleza, a complexi-dade e a ordem observadas em seus telescópios e microscópios.

É necessário ter muita fé para observar o projeto fenomenal do macrocosmo e do microcosmo deste mundo e achar que tudo isso simplesmente aconteceu como por acidente, negando-se a crer no Ar-quiteto e Criador de tudo o que ve-mos na terra e existe no universo, o que não acontece com as pesso-as de fé, que creem que o projeto espetacular que observamos ao nosso redor é a assinatura de Deus feita nas telas da Sua criação.

Nos dicionários, encontramos esta definição do “eu”: “a indivi-dualidade da pessoa humana”. No Novo Testamento há algumas cita-ções de Jesus, fazendo as seguin-tes perguntas: “Pois, que adian-tará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em tro-ca de sua alma?” (Mateus 16.26).

O Deus Todo Poderoso criou-nos com um potencial individual,

Capítulo 12

Prescrição Para Salvação

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CBI - Encontro com a Palavra76 Livro 9

para sermos únicos sobre a terra e o que Jesus disse foi que não devemos trocar por nada o nosso verdadeiro “eu”, essa individuali-dade dada por Deus a cada ser humano.

Deus é o Arquiteto e Criador deste mundo, também o meu Cria-dor e o seu. Se cremos em Deus, também cremos que Ele tem um propósito deliberado para tudo que projeta e cria, portanto, Ele tem um projeto para a minha e para a sua vida.

Uma indicação para esta nos-sa individualidade pretendida e projetada é que hoje existem mais de 60 bilhões de dedos em toda terra, e cada um deles tem uma impressão digital única. Cada um dos seis bilhões de seres humanos vivos sobre a terra tem impressão digital e vocal, e DNA únicos.

A profunda declaração bíblica é que Deus tem um projeto único para os seis bilhões de vidas sobre a terra; também tinha um plano para cada vida que já viveu antes de nós e, certamente, terá para to-dos que virão depois de nós. O pla-no de Deus para cada ser humano é uma das maravilhas espirituais do mundo (Marcos 8.36,37; Sal-mo 139.16; Jeremias 1.5; Roma-nos 12.2).

2ª - O maior divórcio do mundoÉ possível que você esteja se

perguntando: como pode haver um Deus, uma ordem e um pla-no por trás de tudo, num mundo conturbado como esse em que vi-vemos, cheio de alienação, divór-cio, famílias quebradas, crimes, assassinatos, armas nucleares e biológicas de destruição em mas-sa, refugiados, manifestações de protesto, doenças incuráveis e ou-tros problemas tão difíceis que nos atordoam? Se Deus tem um plano para tudo e para todos, por que este mundo está tão cheio de todo tipo de sofrimento, como se qui-sesse nos convencer de que nos-sas vidas não são resultantes de um projeto, mas, sim, de um caos aleatório? Por que existem tantas pessoas feridas, deprimidas, con-fusas, alienadas, solitárias e infeli-zes neste mundo?

A Bíblia responde essas per-guntas e você não encontrará uma visão mais realista nem melhores respostas que as encontradas na Palavra de Deus.

A Palavra de Deus afirma que Deus quer que vivamos de acor-do com o projeto que Ele ideali-zou para a vida humana. Porém, Deus também nos deu liberda-de para escolher entre ter um

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 9 77

relacionamento com o nosso Cria-dor, vivendo de acordo com o Seu plano para nossas vidas, ou rejei-tá-Lo. Podemos usar esta liber-dade para seguir nossas escolhas egoístas e fazer o que queremos, declarando-nos livres e, então, nos divorciarmos de Deus e do plano dEle para nossas vidas.

O fato de termos sido cria-dos por Deus com liberdade para fazer nossas próprias escolhas, permitindo que nos divorciemos do nosso Criador e do Seu plano, levou-nos a essa epidemia de di-vórcio entre nós e o nosso Deus, o maior divórcio do mundo, e é uma das maravilhas espirituais do mundo, a reconciliação desse divórcio, que é o assunto principal da Bíblia (Gênesis 3; Isaías 53.6; João 3.19; Romanos 1.24,26, 28; 3.23).

3ª - O maior dilema do mundoO Deus revelado na Bíblia,

que é a essência do amor perfeito, deseja ter com Seus filhos um re-lacionamento profundo e baseado no amor. Entretanto, o Deus da Bí-blia também é Santo e a essência da justiça perfeita. As descrições bíblicas do caráter de Deus reve-lam um padrão absoluto, através do qual podemos estabelecer o

que é certo e o que é errado, tan-to para o mundo, como para nos-sas vidas. Não há como um Deus amoroso e santo ignorar o maior divórcio do mundo.

Como Pai celestial perfeito, Deus enfrenta um dilema de certa forma semelhante ao dilema que muitos pais enfrentam. Quando nós, pais, queremos ter um rela-cionamento de amor com nossos filhos rebeldes, como lhes mos-tramos amor incondicional e acei-tação, sem violar aquilo em que acreditamos e lhes ensinamos ser correto?

Da mesma forma, o nosso Deus, cujo caráter é a essência do perfeito amor e da perfeita justi-ça, quer responder-nos de maneira consistente com a essência do Seu caráter, quando O servimos, mas, ao mesmo tempo, corre “a pape-lada do nosso divórcio”. Esse é o grande dilema do mundo e ou-tra maravilha espiritual do mundo (Gênesis 3.8-13; Lucas 15.11-24; Hebreus 12.5-11; Apocalipse 3.19,20).

4ª - A maior declaração do mundoA maior declaração do mun-

do é que Deus resolveu o maior dilema do mundo e promoveu a reconciliação do maior divórcio

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do mundo! Encontramos na Bíblia esta declaração de Jesus, que, com sua morte, ofereceu a única solução de Deus para o problema do pecado e a única salvação de Deus para este mundo pecamino-so, alienado e ferido.

A mensagem da Bíblia é a Boa Nova que, quando Jesus morreu na cruz, Deus fez algo consistente com Seu amor e justiça perfeitos, colocando sobre o Seu único Filho todo o castigo que nós, seres hu-manos rebeldes, merecíamos por causa de nossos pecados.

Desta forma, Deus exerceu e satisfez Sua justiça perfeita, expressando Seu perfeito amor, quando Jesus morreu na cruz. O mais importante de tudo é que, quando Jesus morreu naquela cruz, deu a todos nós acesso ao único caminho para a reconcilia-ção do divórcio com Deus.

Desta maneira, Jesus comu-nicou a essência e a motivação maior da Sua grande declaração: “Porque Deus tanto amou o mun-do que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). A maior declaração do mundo faz da cruz de Cristo a maravilha espiritual mais im-portante do mundo (Isaias 53.6;

Mateus 20.28; João 3.14-21; II Coríntios 5.18-21; I Pedro 2.24).

5ª - A maior decisão do mundoQuando Jesus disse que cada

um deve crer pessoalmente na maior declaração do mundo, dei-xou para nós tomarmos a maior decisão do mundo.

Jesus enfocou a maior decisão do mundo para nós ao dizer que cada um deve pessoalmente crer na maior declaração do mundo. Imediatamente após proclamar que era o único Salvador do mun-do, falando de Si mesmo, Jesus disse: “Quem nele crê não é con-denado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus” (João 3.18).

A decisão de crer nesta de-claração de Jesus é a maior deci-são do mundo! Isso é verdadeiro, porque, de acordo com Jesus, se cremos na Sua declaração, resol-vemos nosso problema com o pe-cado que nos divorciou de Deus.

Entretanto, se não cremos que Jesus é o único Salvador, já esta-mos condenados, por isso, a deci-são que fazemos de crer na grande declaração de Jesus é a diferença entre a nossa condenação eterna e a nossa salvação, o que passa a ser

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a maior decisão do mundo e mais uma das maravilhas espirituais do mundo (João 1.12; 3.16-19; Atos 16.30-32; Romanos 10.9,10).

6ª - A maior direção do mundoSe você está acompanhando

essa lógica comigo, pode ser que esteja fazendo a seguinte pergun-ta: “Como posso saber que tomei a maior decisão do mundo?”. Je-sus respondeu esta pergunta para você e para mim com estas pala-vras: “Siga-me”.

O espírito da aliança, com a qual Jesus desafiou aqueles que professaram crer nEle, era: “Si-gam-me e Eu farei de vocês...”. Jesus estava dizendo: “Siga-me. Essa é a sua parte. E eu farei... Esta é a minha parte. Siga-me. Essa é a sua cota de responsabili-dade. E Eu farei... Esta é a minha cota de responsabilidade”.

Essa é a minha versão do con-trato, com o qual Jesus iniciou a jornada espiritual de fé daqueles que mostraram que, verdadei-ramente, criam nEle, quando se comprometeram a segui-Lo.

A partir do momento que você toma a decisão de crer e assume o compromisso de seguir Jesus, se alguém pudesse lhe mostrar o que você estaria fazendo vinte

anos depois, você ficaria surpreso, pois o que parece impossível para você, no portão de entrada da sua jornada de fé, torna-se possível, porque Jesus sempre fará a parte dEle, quando você crê e assume o compromisso de se tornar um dis-cípulo verdadeiro de Jesus Cristo e de segui-Lo.

Quando aqueles que disseram a Jesus que criam nEle ouviram aquelas duas palavras, conside-rando a aliança, com a qual Jesus os desafiou, logo descobriram que seguir Jesus significava afastar-se do pecado e render-se incondicio-nalmente a Ele

Muitos dos que disseram que criam em Jesus, porém, não esta-vam dispostos a validar a sua fé, rendendo-se, incondicionalmente, a Jesus e seguindo-O, conforme os termos estabelecidos por Ele, mas a minoria de autênticos discípulos de Jesus Cristo que assumiu esse compromisso descobriu que seguir Jesus significa definição, direção, propósito e valor para suas vidas.

Aqueles que professam crer em Jesus, que estão dispostos a assumir o compromisso de segui-Lo, sempre descobrirão que esta é a maior direção do mundo!

Se você observar cuidadosa-mente a mudança drástica na vida

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de crentes professos que seguem Jesus, bem como a falta de trans-formação naqueles crentes profes-sos que não O seguem, verá cla-ramente que a direção de seguir Jesus é outra maravilha espiritual do mundo.

Quando você toma a decisão de crer em Jesus e segui-Lo, Ele promove em você todas as mu-danças, para as quais o salvou, e o capacita para fazer tudo o que Ele quer que você faça por e para Ele. Você mesmo provará que a maior direção do mundo é a direção de seguir Jesus (Mateus 4.19; Lucas 5.1-11; João 8.30-36; Apocalip-se 1.5,6).

7ª - A maior dinâmica do mundoApesar da morte de Jesus

Cristo ser a maior maravilha espi-ritual do mundo, a verdade mais empolgante sobre Ele, no Novo Testamento, são as Boas Novas pregadas pelos apóstolos, “que, depois de Jesus ter sido mor-to e sepultado, levantou-se dos mortos!”.

O Cristo ressuscitado vive so-bre a terra hoje em Seus discípulos e é responsável por todas as trans-formações em suas vidas, além de ser a fonte de poder, responsável por impactar e influenciar Seus

discípulos dos quatro cantos do mundo e de todas as gerações.

O Cristo ressuscitado que vive em Seus discípulos, e atra-vés deles, é a maior dinâmica do mundo! O fato do Cristo vivo de-sejar viver em você, e através de você, é hoje a maravilha espiritual mais empolgante deste mundo!

De acordo com Jesus, aqueles que experimentam esta dinâmica são os que “nasceram de novo”. Se você ainda não nasceu de novo, tome a decisão de crer em Jesus Cristo e assuma o compromisso de caminhar em Sua direção e segui-Lo. Esta é a sua parte. Quando você der este passo importante, descobrirá que o Cristo vivo e res-suscitado dirige e enche com po-der a sua vida. Esta é a parte dEle e a Sua promessa.

Entregue o controle e a dire-ção da sua vida para Jesus. No tempo dEle, você vai nascer de novo e vai recuperar o plano que Deus sempre teve para sua vida, o maior plano deste mundo!

Quando você assume o com-promisso de crer em Jesus, segui-Lo e viver de acordo com o pla-no de Deus, não haverá ninguém igual a você sobre a face da terra.

A vida de um seguidor de Je-sus Cristo é distinta e a distinção

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dessa nova vida em Cristo supera em muito a distinção das suas im-pressões digitais, da sua voz e do seu DNA.

Você quer nascer de novo? Você está pronto para tomar a maior decisão do mundo e crer na maior declaração de Jesus Cristo? Você está disposto a render-se in-condicionalmente a Ele? Você já decidiu se quer receber a maior dinâmica do mundo e assumir o compromisso de seguir Jesus? Se você quer iniciar sua jornada de fé com Jesus, faça, com sinceridade, esta oração:

“Querido Pai Celestial, confes-so que sou pecador e que confio em Seu Filho, Jesus Cristo, como meu Salvador. Coloco minha con-fiança em Sua morte na cruz e em Sua ressurreição, para perdão de

cada um dos meus pecados. Eu abandono agora todos os meus pecados e me afasto deles. Quero desfazer o divórcio contigo e, para tanto, eu declaro, aqui e agora, pela fé, que Jesus Cristo é meu Senhor e Salvador. Eu me rendo, incondicionalmente, ao controle e direção de Jesus sobre a minha vida. Faça com que minha vida esteja sempre em perfeito alinha-mento com o grande plano que o Senhor preparou para mim. Aju-da-me a seguir Teu Filho, Jesus Cristo, a confiar em Seu poder e autoridade, a viver em exaltação a Ele e para a Sua glória. Obrigado por providenciar a maior e eterna salvação para mim. Amém” (João 1.12,13; 3.3-8; Efésios 2.8-10; Filipenses 1.6; 2.13; I Pedro 1.22-2.25).

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Leia com atenção estas pala-vras do Senhor Jesus ao concluir o Seu sermão mais longo, o Sermão do Monte: “Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as prati-ca é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbor-daram os rios, sopraram os ven-tos e deram contra aquela casa e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha. Mas quem ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, transborda-ram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu, e foi grande a sua queda” (Mateus 7.24-27).

Se você fosse um habilidoso artista e eu lhe desse uma tela, tinta, pincéis e todos os utensílios necessários para pintar um quadro, e pedisse que você pintasse o que lhe viesse à mente, ao ouvir a pala-vra “vida”, o que você pintaria?

Ao concluir o Sermão do Mon-te, Jesus deixou este quadro sobre a “vida”: Duas casas, uma ao lado

da outra, e uma tempestade cain-do sobre as duas.

Isto é a vida, de acordo com Jesus. No Seu quadro sobre a vida, Jesus declarou que essas duas casas eram muito semelhan-tes até vir a tempestade, quando descobriu-se que elas não eram iguais, pois uma desmoronou e a outra não.

A diferença entre uma e outra é que a casa que desmoronou foi construída sem um fundamento, enquanto que a que não caiu esta-va fundamentada sobre uma rocha.

Se para alguns jovens fosse pedido que pintassem um quadro sobre a vida, provavelmente eles fariam uma pintura mais idealista, como alguém surfando sobre uma grande onda; o mesmo retrato pintado pelos seus pais ou avós, possivelmente seria algo pessimis-ta, como alguém num barco afun-dando, a 80 quilômetros da costa, sem nenhuma ajuda à vista.

O retrato de Jesus sobre a vida não é idealista nem pessimista mas, sim, realista. De acordo com Jesus, a vida é difícil e feita de

Capítulo 13

Prescrição Para a Adversidade

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tempestades e ninguém está imu-ne às tempestades da vida, princi-palmente os Seus seguidores.

Quando alguns discípulos verdadeiros de Jesus passam por tempestades, acham que isso não deveria acontecer com eles pelo fato de serem autênticos discípu-los de Jesus Cristo.

Existe uma teologia muito co-nhecida nos dias de hoje, chama-da de “Teologia da Prosperidade”, que ensina que o povo de Deus jamais deve sofrer ou ficar doente, mas sempre prosperar, ser saudá-vel e até mesmo rico.

Muitos aprenderam que Jesus prometeu uma vida livre de adversi-dades, e estão convencidos de que a vida de um crente não tem que ser difícil, que o crente recebe imunida-de contra as tempestades da vida.

Jesus dissipa esse mito na conclusão do Sermão do Monte, quando mostra as consequências da adversidade às pessoas que pensam que a vida que Ele pro-mete aos Seus seguidores começa com uma porta larga, que leva a um caminho amplo e fácil, o que não é verdade, pois Jesus ensinou que esse tipo de caminho leva à destruição (Mateus 7.13).

Na mesma metáfora, Jesus prometeu aos Seus discípulos que

a vida que Ele oferece começa com uma porta estreita, seguida de um caminho difícil, que exige disciplina. Entretanto, Ele também prometeu que essa vida difícil e disciplinada leva aqueles que O seguem a uma vida abundante (João 10.10). Jesus foi realista ao ensinar que poucos O seguiriam e encontrariam este tipo de vida.

Uma leitura atenta do Novo Testamento e da História da Igreja mostra que os poucos que segui-ram Jesus descobriram esse tipo de vida, quando assumiram o com-promisso de segui-Lo pela porta es-treita, prosseguindo pelo caminho da disciplina do discipulado e do andar segundo os termos de Jesus.

Fórmula para a adversidadeAlgumas pessoas consideram

a depressão uma consequência direta da adversidade e costumam dizer coisas do tipo: “Perdi meu emprego e entrei em depressão. Estou tão deprimido, acho que vou me matar”. Com isso elas es-tão dizendo: “Minha adversidade me levou direto para este estado emocional de depressão”.

O ensino de Jesus é contrário à perspectiva de que a adversidade leva um crente, nascido de novo, a esse estado emocional deplorável

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ou a qualquer outra consequência funesta.

Jesus apresentou o perfil de dois homens que passaram exa-tamente pela mesma adversida-de, usando as mesmas palavras para descrever essa adversidade: a chuva caindo, a água subindo, o vento soprando contra as duas ca-sas, mas as consequências foram contrárias.

Você já observou quantas ve-zes Jesus desafiou Seus discípu-los, enquanto os ensinava sobre fé? Essa metáfora da tempestade, no final do capítulo 7 de Mateus, é seguida por uma história de tem-pestade no capítulo seguinte.

“Entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram. De repen-te, uma violenta tempestade aba-teu-se sobre o mar, de forma que as ondas inundavam o barco. Je-sus, porém, dormia. Os discípulos foram acordá-lo, clamando: ‘Se-nhor, salva-nos! Vamos morrer!’. Ele perguntou: ‘Por que vocês estão com tanto medo, homens de pequena fé?’. Então ele se le-vantou e repreendeu os ventos e o mar, e fez-se completa bonança” (Mateus 8.23-26).

Sempre achei esta história fascinante, porque ela começa com uma grande tempestade e

termina com uma calmaria; entre a tempestade e a calmaria, sur-giu uma pergunta feita por Jesus aos Seus discípulos, registrada no Evangelho de Lucas: “Onde está a sua fé?”. Em outra tradução le-mos: “Quando vocês vão começar a acreditar em mim?”. A essência desta pergunta é: “Qual é a rela-ção da fé de vocês com essa tem-pestade?”. É evidente que Jesus estava desafiando a fé dos Seus apóstolos.

Os pais da Igreja viam muita alegoria na Bíblia, mas isso não implica que seja uma lenda ou um mito. Para eles, uma alegoria era uma história, na qual persona-gens, lugares e contextos tinham um significado espiritual.

Esse incidente era considera-do uma alegoria da Igreja ou do povo redimido de Deus. O convite que Jesus fez aos apóstolos, para irem para o outro lado é uma fi-gura de Jesus levando-nos para a eternidade; também ilustra Jesus conosco no barco, na jornada para o outro lado, para a eternidade.

Jesus também ensinou que en-frentamos dificuldades e que pode-mos passar por muitas tempesta-des no caminho para o outro lado. Alguns acreditam que Jesus quis ensinar que a vida em si é uma

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tempestade pela qual passamos, enquanto fazemos a viagem desta vida para a vida eterna no céu.

Existe outra história de tem-pestade no Evangelho de Mateus, onde lemos que, certa ocasião, Je-sus mandou os apóstolos entrarem no barco e seguirem na Sua frente para o outro lado do mar da Gali-leia; depois de despedir a multi-dão de cinco mil famílias que Ele tinha acabado de alimentar, Jesus buscou um pouco de privacidade do outro lado do monte para orar.

Quando caiu a noite, Jesus ainda estava sozinho, mas o barco já estava a uma distância consi-derável da terra e foi abatido por fortes ondas, provocadas por uma daquelas tempestades repentinas, típicas daquele mar, que estava se abatendo sobre o barco dos após-tolos. Durante a quarta vigília da noite, por volta das quatro da ma-nhã, Jesus foi até eles, andando sobre as águas. Quando os após-tolos O viram andando sobre as águas, ficaram aterrorizados. Na língua original, lemos que aqueles pescadores tremeram de medo, quando viram Jesus andando so-bre as águas, em meio àquela terrível tempestade. Então, Jesus lhes disse: “Coragem, sou eu. Não tenham medo!”. Pedro então

disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro por sobre as águas”. “Venha”, convidou Jesus, e Pedro saiu do barco e andou so-bre as águas em direção ao Mes-tre, mas, quando reparou no ven-to, teve medo, começou a afundar e gritou: “Senhor, salva-me!”. Imediatamente Jesus estendeu a mão, segurou-o e disse: “Homem de pequena fé, por que você du-vidou?”. Quando eles estavam a salvo no barco, o vento cessou e a tempestade se tornou em calmaria (Mateus 14.22-32).

Existem momentos em nos-so ministério ou em missões que recebemos, como enviados de Je-sus, nos quais o Senhor nos cha-ma para andar “sobre as águas”. Quando Ele o chamar para andar sobre as águas, certifique-se de que é o Senhor e que Ele o está chamando, porque você pode aca-bar bebendo um bocado de água, se não tiver estas duas certezas.

Pedro também aprendeu que para andar sobre as águas tem que manter os olhos no Senhor. Lemos que Pedro reparou no ven-to e o mesmo acontece conosco, quando tiramos os olhos de Jesus, porque reparamos em coisas que não estão lá e nos concentramos nos “e se” da vida.

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Pedro viu, realmente, as on-das provocadas pela tempestade no mar. Quando ele gritou “Senhor, salva-me”, Jesus imediatamente estendeu a mão, segurou-o e deu-lhe um apelido. Jesus já lhe tinha dado o nome de “Pedro”, quando o viu pela primeira vez, pois Simão era o seu nome.

Pedro era um homem instá-vel, quando conheceu Jesus, que, mesmo assim, deu-lhe o nome de “Pedro”, que significa “rocha”, e durante três anos o chamou as-sim, porém, quando deixou-se afundar no mar, Jesus o chamou de “homem de pequena fé”.

A pergunta que Jesus fez a Pe-dro: “homem de pequena fé, por que você duvidou?” poderia ter a seguinte tradução literal do grego: “Pedro, por que você pensou duas vezes?”.

Podemos tirar a seguinte apli-cação pessoal deste incidente: é o Senhor quem nos leva a andar sobre as águas, para fazermos o que nós e outras pessoas achamos impos-sível fazer; quando isso acontecer com você, nunca pense duas vezes, ande sobre as águas com Jesus.

Como você acha que os dois chegaram ao barco? Você acha que Jesus carregou Pedro, como se fosse um bebê, ou acha que Pedro

voltou andando para o barco com Jesus? Esta é uma pergunta inte-ressante para pensar, porque essa história da tempestade é mais que a história de um milagre.

Eu concordo com os pais da Igreja que consideravam esse epi-sódio uma alegoria, já que, para eles, essa é uma alegoria que re-trata a fé e desafia os que “andam sobre as águas” com Jesus, quan-do assumem o compromisso da Grande Comissão do Senhor.

Certo estadista missionário considerava o milagre da multipli-cação dos pães para cinco mil fa-mílias, realizado por Jesus, como “uma alegoria da visão missioná-ria de Jesus para o mundo”, tendo como base as famílias com fome, que representam o mundo e suas necessidades.

Jesus tomou o lanche de um menino, repartiu-o, abençoou-o e, depois, começou a passá-lo para as mãos dos apóstolos e, através das mãos deles, para a multidão com fome, incluindo as mulheres e crianças, alimentando, provavel-mente, vinte mil pessoas com o lanche daquele menino, que eram apenas cinco pães e dois peixinhos.

Depois de alimentar a mul-tidão, Jesus foi para a montanha e orou até, aproximadamente,

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quatro horas da manhã. Qual teria sido a oração de Jesus? Seria pelo mundo, representado por aquela multidão que Ele tinha alimentado milagrosamente?

Creio que, além de ter orado pelo mundo, orou substancialmen-te por aqueles doze homens, pois Sua estratégia era passar para as mãos deles tudo o que ele queria dar para o mundo.

ResumoCom a metáfora da tempesta-

de concluindo o Sermão da Mon-tanha, além dessas outras duas histórias envolvendo tempesta-des, Jesus está ensinando uma lição muito clara: “Olhem como é a tempestade. Você não consegue impedir que ela venha, mas, se você fosse imune às tempestades da vida, sua fé jamais cresceria”.

Jesus deu uma prescrição para as adversidades da vida que é mais ou menos o seguinte: você tem que passar pela sua adversi-dade usando seu sistema de fé, orando e lendo a Bíblia.

À medida que andamos so-bre as águas com Jesus, levando o Seu Evangelho para o mundo, somos instruídos a ir ao trono da graça com ousadia, para receber-mos a misericórdia sobre nossos erros e a graça que nos ajuda em tempos de necessidade (Hebreus 4.16).

Receber a graça, da qual ne-cessitamos, certamente contribui para o nosso crescimento espiritu-al; mas, e quando é que recebe-mos a graça que nos faz crescer espiritualmente? Quando passa-mos pelas tempestades e as ava-liamos sob o prisma do nosso sis-tema de fé.

O Cristo que vive em nós está comprometido com o nosso crescimento espiritual, por isso, Ele permite e, às vezes, até envia tempestades sobre nossas vidas, porque, na adversidade, podemos sempre contar com a prescrição de Jesus, que nos mostra o ca-minho no meio da tempestade, o qual nos leva ao crescimento que Ele quer para nós.

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CBI - Encontro com a Palavra88 Livro 9

“Pedi forças para que eu ti-vesse conquistas, mas fui feito fraco para que, com humildade, aprendesse a obedecer. Pedi saú-de para realizar grandes feitos, mas recebi fragilidade para que minhas obras fossem nobres. Pedi riquezas para que fosse feliz, mas recebi a pobreza para que fosse sábio. Pedi poder para ter o louvor dos homens, mas recebi fraqueza para que sentisse a necessidade de Deus. Pedi tudo que acredita-va ser bom para aproveitar a vida. Não recebi nada do que pedi, para que pudesse aproveitar tudo o que tive. Não recebi o que pedi, mas os meus desejos mais ocul-tos foram atendidos. Apesar de mim mesmo, as orações que não fiz foram respondidas e hoje estou entre os homens mais abençoados do mundo”. Um soldado escreveu este poema em 1862.

Uma das razões por que nos-sas vidas e nossas orações são como as deste soldado é porque Deus está fortemente comprometi-do com o propósito de ver o caráter perfeito do Seu Filho desenvolvido

em você e em mim, através do poder do Espírito Santo. Por essa razão, Ele permitirá qualquer coisa em nossas vidas para que o caráter de Cristo seja desenvolvido em nós.

Leia agora estas palavras pro-fundas de Jesus sobre a formação do caráter e observe, nos versícu-los abaixo, que Jesus apresentou de outra maneira, a prescrição para a adversidade que vimos no último capítulo: “Os fariseus e al-guns dos mestres da lei, vindos de Jerusalém, reuniram-se a Jesus e viram alguns dos seus discípulos comerem com as mãos ‘impuras’, isto é, por lavar. (Os fariseus e todos os judeus não comem sem lavar as mãos cerimonialmente, apegando-se, assim, à tradição dos líderes religiosos)... Então os fariseus e os mestres da lei per-guntaram a Jesus: Por que os seus discípulos não vivem de acordo com a tradição dos líderes reli-giosos, em vez de comerem o ali-mento com as mãos impuras? Ele respondeu: Bem profetizou Isaías acerca de vocês, hipócritas; como está escrito: Este povo me honra

Capítulo 14

Prescrição Para o Caráter

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com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens. Vocês negligenciam os mandamentos de Deus e se ape-gam às tradições dos homens... Assim vocês anulam a Palavra de Deus, por meio da tradição que vocês mesmos transmitiram. E fazem muitas coisas como essa” (Marcos 7.1-3,5-9,13).

Mais tarde, Jesus explicou o que tinha dito aos líderes religio-sos: “Jesus chamou novamente a multidão para junto de si e dis-se: Ouçam-me todos e entendam isto: Não há nada fora do homem que, nele entrando, possa torná-lo impuro. Ao contrário, o que sai do homem é que o torna impuro. Se alguém tem ouvidos para ou-vir, ouça!” (14-16).

“Depois de deixar a multidão e entrar em casa, os discípulos lhe pediram explicação da pará-bola. Será que vocês também não conseguem entender, perguntou-lhes Jesus. Não percebem que nada que entre no homem pode torná-lo impuro, porque não entra em seu coração, mas em seu estô-mago, sendo depois eliminado?”. Ao dizer isto, Jesus declarou puros todos os alimentos, e continuou:

“O que sai do homem é que o torna impuro, pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades se-xuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as mal-dades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez. Todos esses males vêm de dentro e tornam o homem impuro” (17-23).

Quando Jesus falou essas pa-lavras, dirigindo-se aos líderes reli-giosos dos judeus, Ele comparou a Palavra de Deus com as tradições deles, confrontando-os ao dizer: “Assim vocês anulam a Palavra de Deus, por meio da tradição que vocês mesmos transmitiram”.

Depois, ao ensinar sobre a formação do caráter, Jesus deixou bem claro o Seu desafio, porque, de acordo com Jesus, o caráter é determinado pelos mandamentos dos homens ou pelos mandamen-tos de Deus.

Sem dúvida, a melhor defini-ção de caráter foi a que Jesus deu e foi por esta razão que Ele veio a este mundo e viveu aqui durante trinta e três anos, ao invés de vir num dia e morrer no dia seguinte pelos nos-sos pecados, já que Ele poderia ter resolvido tudo numa só tarde. Ele veio e ficou aqui durante trinta e

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três anos, porque quis deixar o Seu ensino como um modelo do cará-ter de Deus, mostrando como Deus quer que o homem viva.

Como se desenvolve o caráter do homem? Jesus mostrou que existem duas maneiras de moldar o caráter: de dentro para fora e de fora para dentro, enfatizando a pri-meira dimensão; contrariamente, os líderes religiosos enfatizavam a segunda dimensão, que hoje cha-mamos de “meio ambiente”, pois muitos sociólogos e assistentes so-ciais têm convicção de que se o meio ambiente for mudado, o ca-ráter das pessoas também o serão.

Por que, então, duas pessoas expostas a exatamente o mesmo contexto social, educação, pobre-za ou riqueza, acabam reagindo de maneira totalmente diferente, de dentro para fora?

A pobreza tem sido apontada como responsável por moldar um comportamento criminoso, mas, ao mesmo tempo, também tem sido atribuída à pobreza a forma-ção do caráter de pessoas como jamais foi visto.

Que fator é esse, no interior do ser humano, que provoca di-ferentes reações ao meio em que se vive? Jesus mostrou que são os fatores de dentro para fora que

são vitais na formação do caráter, e não os fatores de fora para den-tro. Estes são importantes, mas é a resposta de dentro para fora a tudo que é externo que forma o caráter.

O que nos faz reagir bem de dentro para fora a todas as forças que nos atingem de fora para den-tro? De acordo com Jesus e a Bí-blia, para ter a melhor resposta de dentro para fora às forças de fora para dentro, precisamos de um milagre em nossos corações.

Encontramos mais de mil ve-zes a palavra “coração” na Bíblia. Quando as Escrituras se referem ao coração, estão falando da mente, da vontade, das motivações e das emoções que impulsionam nossas ambições, decisões e escolhas.

Considere estas referências ao coração encontradas na Bíblia: “Acima de tudo, guarde o seu co-ração, pois dele depende toda a sua vida”; “O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração”; “Guardei no coração a tua palavra para não pecar contra ti”; “Mas o que ela diz? A palavra está perto de você; está em sua

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boca e em seu coração, isto é, a palavra da fé que estamos procla-mando: Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se con-fessa para salvação” (Provérbios 4.23; Lucas 6.45; Salmo 119.11; Romanos 10.8-10).

Quando as Escrituras se re-ferem ao coração, estão falando, principalmente, do que o apóstolo Paulo chamou de “homem inte-rior”. De acordo com Jesus e com Paulo, todos nós somos forma-dos de homem interior e homem exterior.

A essência do que Jesus dis-se foi que não existe nada exterior que possa contaminar o homem, mas sim o que sai do nosso cora-ção, pois é no homem interior que decidimos de que forma vamos reagir às influências de fora para dentro que nos atingem.

Foi Jesus quem disse: “...a boca fala do que está cheio o co-ração” (Mateus 12.34). Em outras palavras, podemos saber o que uma pessoa tem no coração, observando o que ela diz, já que todas as ações das pessoas são determinadas pelo que está em seus corações.

No Velho Testamento, lemos pregações como esta do profe-ta Jeremias, que diz: “O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incu-rável” e ele conclui que só Deus pode conhecê-lo (17.9,10).

Davi pediu a Deus que lhe mostrasse a verdade sobre o que estava oculto em seu interior e, quando Deus fez isso, ele reconhe-ceu sua condição de pecador des-de que foi concebido e formado no ventre de sua mãe (Salmo 51.5). Por esta razão, Deus prometeu, no Velho Testamento, que daria um coração novo ao Seu povo (Eze-quiel 11.19).

Com relação à criação dos nossos filhos, precisamos entender que eles precisam de um milagre, que só acontece quando Deus co-loca no coração de cada um deles o dom da fé, pois, se cada um em seu coração crer no Evangelho, e com sua boca confessar que Jesus morreu e ressuscitou, será salvo.

Se você está trabalhando com crianças e ensinando a elas a Pa-lavra de Deus, precisa e deve orar pedindo este milagre, que Deus forme o caráter de cada uma de-las, dando-lhes a dinâmica de dentro para fora, a fim de que elas tenham a reação correta diante

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das forças que agem de fora para dentro em suas vidas, encontran-do, assim, os valores e a dinâmica que formam seu caráter.

No início deste capítulo, eu afirmei que neste ensino Jesus apresentou de maneira diferente a Sua prescrição para a adversida-de, em relação ao que ensinou no capítulo anterior. Você pode estar perguntando como esses dois en-sinos se relacionam?

Quase que, universalmente, as pessoas relacionam alegria, serenidade e bem-estar em ge-ral com as circunstâncias com as quais se deparam, mas Jesus dei-xou uma prescrição para formação do caráter, usando a mesma me-táfora com a qual encerrou o Ser-mão do Monte, quando fez uma ilustração da vida com as duas casas que sofreram os efeitos da mesma tempestade.

Jesus continuou ensinando que não são as circunstâncias ex-ternas que determinam nosso ca-ráter, mas sim, o fundamento ou a falta dele, isto é, o que não está à vista, que modela e revela nosso caráter.

Na verdade, o ensino é o mes-mo, só que focalizado de outra maneira. Como as duas casas, que ilustram duas vidas enfrentando o

mesmo problema, vemos aqui que não é o que vem contra nós, as cir-cunstâncias adversas, que formam o nosso caráter, porque quando encontramos dentro do nosso co-ração a dinâmica para reagir às circunstâncias externas é que o nosso caráter é determinado.

De acordo com Jesus, Jere-mias e Davi, é no coração que está nosso maior problema e é para ele que precisamos de uma solução miraculosa. Temos que concordar com Davi e Jeremias, que mos-traram a verdade sobre os nossos corações, e fazer a oração de Davi, pedindo o milagre da criação neles.

Conversando com Nicodemos, Jesus ensinou esta mesma verdade sobre a natureza humana e apre-sentou a única solução, dizendo: “O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito. Não se surpreenda pelo fato de eu ter dito: É necessário que vocês nasçam de novo” (João 3.6,7).

Quando as Escrituras usam a palavra “carne”, estão falando da “natureza humana sem o cuidado de Deus”. Confrontado pelos líde-res religiosos e conversando com Nicodemos, Jesus ensinou, de maneira consistente, que o nosso maior problema está em nossos corações e que a única solução

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é nascermos de novo, porque o novo nascimento é a prescrição de Jesus para a formação do nosso caráter e para sobrevivermos às adversidades.

Eu o desafio a refletir nestes três últimos capítulos sobre as prescrições de Cristo que compar-tilhei com vocês.

Você já aceitou a prescrição de Cristo para salvação? Você ja-mais poderá aceitar, e por em prática, essas prescrições para a

adversidade e formação de cará-ter, sem antes aplicar a prescrição de Jesus para salvação.

Como ministro de Cristo, eu insisto e suplico que você tome a decisão mais importante do mun-do, tome a direção mais importan-te do mundo e receba a maior di-nâmica do mundo. Só então você poderá recuperar o plano de Deus para sua vida e obter o fundamen-to que o mantém firme diante das tempestades que lhe sobrevêm.

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Enquanto servi como pastor por quase cinco décadas, a pergun-ta que mais ouvia era esta: “Pastor, como posso saber qual é a vonta-de de Deus?”. Às vezes, a pergunta tinha relação com alguma decisão crucial, outras vezes, porém, a pes-soa queria conhecer a vontade de Deus para sua vida, a fim de condu-zi-la melhor.

Sempre que eu respondia a essa pergunta, concentrava-me em doze passos que devemos dar, quando precisamos conhecer a vontade de Deus. Estes doze pas-sos não são uma fórmula exata que nos leva, automaticamente, à von-tade específica de Deus, mas defi-nem algumas questões que devem ser consideradas, quando tentamos alinhar a nossa vontade com a von-tade de Deus.

Lemos na Bíblia que, quando Deus falou com o homem pela pri-meira vez, depois da sua queda, a primeira pergunta que lhe fez foi: “Onde está você?” e a segunda: “Quem lhe disse...?”. Fica explícito, na primeira pergunta, que, às vezes, podemos estar em algum lugar onde

não devemos estar, e, na segunda, como se Deus perguntasse: “A quem você tem ouvido?”. Diante disso, en-tendemos que uma das primeiras coisas que Deus compartilhou co-nosco na Bíblia foi a direção divina.

Essas duas perguntas do ter-ceiro capítulo da Bíblia são uma prescrição para termos direção divi-na. Essa prescrição que valeu para aquele tempo continua valendo para nós hoje. De repente, perce-bemos que estamos espiritualmente distantes de onde deveríamos estar e essa percepção não vem de pes-soas, mas é uma direção espiritual que vem de Deus.

A partir do texto hebraico, a se-gunda pergunta poderia ser assim traduzida: “Quem o fez saber...?”. Quando percebemos que o propó-sito de Deus é que saibamos onde estamos e onde deveríamos estar, costumamos justificar nossas ati-tudes dizendo: “Deus me disse...”. Talvez você se sinta à vontade expli-cando: “Deus me disse...”, ou pode ser que se sinta ainda melhor com-plementando sua explicação, dizen-do: “Deus me fez saber que neste

Capítulo 15

Prescrição Para Ter Direção

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momento da minha vida eu não es-tou onde precisava estar”.

Conta-se que um almirante da Marinha dos Estados Unidos estava na ponte de comando da sua capita-nia durante uma forte tempestade, quando foi informado de que haviam captado um ponto no radar e que se continuassem naquela rota haveria uma colisão. O almirante, imedia-tamente, mandou que se passasse a seguinte ordem: “Vocês estão na nossa rota. Por favor, alterem sua rota em 15 graus para o norte”.

Alguns minutos depois, o almi-rante foi informado de que a mensa-gem tinha sido respondida: “Afirma-tivo. Vocês estão no curso de uma colisão. Por favor, alterem o seu curso quinze graus para o sul”. Em resposta, o almirante ordenou a se-guinte mensagem: “Aqui quem está falando é o Almirante Peter W. John-son, da Marinha dos Estados Unidos da América e, repito, alterem sua rota em 15 graus para o norte”.

Essa mensagem teve a seguinte resposta: “Aqui é o Primeiro Mari-nheiro Willard P. Sawyer da Guarda Costeira dos Estados Unidos e, repi-to, alterem seu curso quinze graus para o sul”. Quando o almirante re-cebeu esta resposta ficou muito ir-ritado e enviou a seguinte resposta: “Eu ordeno que vocês alterem sua

rota quinze graus para o norte. Sai-bam que sou um almirante da Ma-rinha dos Estados Unidos e isso é uma ordem”.

Depois de uma breve pausa, esta foi a resposta que o almirante recebeu: “Insisto, alterem o curso da sua rota em quinze graus para o sul. Saibam que sou Primeiro Mari-nheiro da Guarda Costeira dos Esta-dos Unidos de vigia em um farol!”.

Quando nosso Deus Onipotente nos faz saber onde estamos e onde deveríamos estar, não deve haver dúvidas quanto a alterar o curso das nossas vidas. Devemos nos subme-ter à Sua direção, quando Ele mos-trar onde deseja que estejamos.

A vontade de Deus para o nosso caráter

A vontade de Deus para a vida de todos os discípulos de Jesus Cris-to é a aplicação da essência dos Dez Mandamentos e do Sermão do Mon-te. O apóstolo Paulo enfocou essa dimensão da vontade de Deus ao es-crever aos tessalonicenses: “A vonta-de de Deus é que vocês sejam san-tificados...” (I Tessalonicenses 4.3).

Moisés não desceu do Monte Sinai com “Dez Sugestões”, mas com “Dez Mandamentos”, que re-presentam a vontade de Deus para o caráter do Seu povo. O Sermão do

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CBI - Encontro com a Palavra96 Livro 9

Monte é o clímax da revelação de Deus referente ao caráter de cada discípulo de Jesus Cristo e toda a Bíblia expressa a vontade de um Deus Santo para todo homem e toda mulher de Deus, a fim de que sejam perfeitos e plenamente preparados para toda boa obra (cf. II Timóteo 3.16,17).

É importante que compreen-damos que os Dez Mandamentos e o Sermão do Monte não dizem que devemos ter o caráter ali apresen-tado para que sejamos salvos. Os ensinos de Jesus e os mandamen-tos de Moisés foram dados por Deus para que saibamos de que maneira os salvos devem viver, como povo autêntico de Deus, assim como a vontade dEle para o caráter do Seu povo, que deve ser cumprida, para que sejamos reconhecidos como povo de Deus.

A vontade de Deus para nossa carreira profissional

Davi escreveu que os passos de um homem de Deus são firma-dos pelo Senhor (Salmo 37.23). Ele também escreveu que antes que o homem existisse, Deus já tinha to-dos os seus dias escritos (Salmo 139.16). Além disso, no Salmo 23, Davi também afirma que Deus está com ele, à sua frente e atrás dele;

dessa forma, torna-se impossível es-capar do interesse que o seu Pastor tem por cada um dos seus movi-mentos (Salmo 23).

Esta intimidade com Deus não era exclusiva de Davi, mas pode e deve ser a experiência de todo filho de Deus. “Toda vez que um pardal cai de uma árvore e morre, Deus vai ao velório!”. Esta é a frase de um evangelista de outra geração sobre as seguintes palavras de Jesus: “Não se vendem dois pardais por uma moedinha? Contudo, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês” (Mateus 10.29).

A aplicação que Jesus faz deste ensino é que, como dois pardais são vendidos por uma moedinha, e nós temos muito mais valor para Deus que um pardal, se Deus tem uma vontade específica para a vida e a morte de um pardal, podemos ter certeza de que Ele tem uma vonta-de específica para cada detalhe de nossas vidas.

Nesta ilustração do pardal, Je-sus confirma a revelação de Davi sobre um Deus pessoal, o qual se importa com os pequenos detalhes da nossa vida, tem programado cada um dos nossos dias e diri-ge nossos passos. Ainda na mes-ma passagem, ele reforça a ideia de que Deus se importa conosco,

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dizendo que Ele conhece até o nú-mero de fios de cabelo da nossa cabeça (Mateus 10.30).

O apóstolo Paulo também concordou com Davi ao escrever que as boas obras não são respon-sáveis para a nossa salvação, mas somos salvos para as boas obras, as quais Deus, em Sua providên-cia, determinou que façamos para Ele (Efésios 2.10).

Paulo escreveu que, quando se converteu na estrada de Damasco, sua obsessão passou a ser agar-rar-se ao propósito que Jesus ti-nha para ele (Filipenses 3.12). Ele também nos exortou a provar, na prática, que o plano de Deus para nós é bom, satisfaz as exigências de Deus e nos leva à maturidade espiritual (Romanos 12.2).

Como já comentamos anterior-mente, nos primeiros versículos da Bíblia, Moisés mostrou que existe um lugar onde Deus deseja que es-tejamos e o próprio Deus nos fará saber se estamos ou não neste lugar.

Ao considerar esses valores de Jesus, Moisés, Davi e Paulo, somos grandemente abençoados em saber que nosso Deus é um Deus pesso-al, que se importa com cada um de nós, individualmente.

De acordo com esses canais de revelação, Deus conhece o número

de fios de cabelo da nossa cabeça, firma nossos passos, programa nos-sos dias e deseja o cumprimento de um plano para nosso caráter, nossa carreira profissional e para todas as decisões importantes que tomamos ao vivermos para Ele neste mundo.

Passo nº 1: Crer na vontade específica de Deus para sua vida

O ponto de partida para bus-car a vontade de Deus para nossas vidas é crer que ela existe. O fato de existirem mais de cem bilhões de dedos no mundo, e cada um ser diferente do outro, sugere que Deus tem um plano único para cada um de nós.

Hoje o DNA vai mais longe que as impressões digitais, como teste-munha eloquente do milagre de que cada um de nós é um ser único e exclusivo, que Deus, realmente, tem um plano específico para cada indivíduo.

Mesmo que tenhamos a salva-ção, isso não nos leva, automatica-mente, a esse plano, pois devemos saber que um dos primeiros subpro-dutos e propósitos da nossa salva-ção é a recuperação da vontade de Deus para nossas vidas.

Minha oração é que esses doze passos que comecei a compartilhar com você o guiem ao conhecimento

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da boa, agradável e perfeita vonta-de de Deus, desde que você não se esqueça que o primeiro passo nesta recuperação é acreditar que Deus tem um plano pessoal para você e para mim.

Passo nº 2: Estar disposto a fazer a vontade de Deus

O segundo passo, estar disposto a fazer a vontade de Deus, é o mais importante dos doze passos que vou compartilhar com você. Na Oração do Pai Nosso, Jesus nos ensinou a orar: “Seja feita Tua vontade”; no jardim, na noite anterior à Sua cru-cificação, quando suou gotas de san-gue, Jesus mostrou aos Seus discí-pulos como devemos orar: “Não seja como eu quero, mas sim, como tu queres” (Mateus 6.10; 26.39).

Jesus deixou outro princípio que pode ser aplicado, quando bus-camos o conhecimento da vontade de Deus, que é bem simples: “Se alguém decidir fazer a vontade de Deus, descobrirá se o meu ensino vem de Deus ou se falo por mim mesmo” (João 7.17). Estas poucas palavras de Jesus colocam em nos-sas mãos a chave que abre a vonta-de de Deus para nossas vidas.

De acordo com o apóstolo Paulo, conhecer a vontade de Deus não é difícil nem complicado, pois

Deus não complica nem obscure-ce Sua vontade deliberadamente. Ao falar sobre este assunto, Pau-lo deixou uma prescrição para conhecermos a “boa, agradável e perfeita vontade de Deus”: le-vantar nossas mãos para o alto em completa rendição e submissão da nossa vontade à vontade de Deus. “...Ofereçam-se (rendam-se) em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (cf. Romanos 12.1,2).

Nossa rendição incondicional a Deus simplifica a busca para conhe-cer a Sua vontade. Através da ob-servação, experiência e estudo das Escrituras, cheguei à conclusão de que o maior obstáculo para conhe-cermos a vontade de Deus para nos-sas vidas é a nossa própria vontade. Deus não Se revela àqueles que se recusam a fazer a Sua vontade.

Passo nº 3: Estar aberto para o que possa ser a vontade de Deus

Certa vez, uma mulher pediu ao seu pastor que não a confundis-se com textos das Escrituras, por-que ela já tinha decidido o que ia fazer! Um homem que ganha muito bem para dar consultoria me dis-se, recentemente, que, na maioria das vezes, seus clientes não que-rem a consultoria, pela qual es-tão pagando; o que eles querem,

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simplesmente, é a confirmação do que eles já decidiram fazer.

Muitas vezes, a vontade de Deus está fora do nosso alcance, porque, quando a buscamos, já te-mos nossos próprios planos. Se nos-sas mentes já estão fechadas para a vontade de Deus, isso quer dizer que, na verdade, não a estamos buscando, mas estamos apenas pe-dindo a Deus que abençoe a nossa vontade, os nossos planos e o cami-nho que já decidimos tomar.

Passo nº 4: A Palavra de DeusIsaías afirma que existe uma

diferença tão grande entre os pensa-mentos e os caminhos de Deus e os nossos próprios pensamentos e ca-minhos como os céus estão distantes da terra. A filosofia do ministério de Isaías era pregar a Palavra de Deus, porque ela estabelece um alinha-mento entre os nossos pensamentos e os pensamentos de Deus, entre os nossos caminhos e os caminhos de Deus e entre a nossa vontade e a vontade de Deus (Isaías 55.8,9).

Esse importante príncipe dos profetas, na verdade, está dizen-do porque ele pregou a Palavra de Deus. De acordo com Isaías, se o povo de Deus realmente quiser conhecer a vontade dEle, que não age nem pensa como nós, deve

simplesmente dedicar mais tempo à Palavra de Deus.

Certa vez, ouvi Billy Graham contar um episódio de quando ele ainda não era conhecido como é hoje, quando, numa ocasião, ele estava embarcando em um avião e cumprimentou um velho pastor ami-go dele, que já estava sentado lendo a Bíblia, mas esse pastor ignorou-o completamente. Depois de estarem voando há uma hora, o pastor foi se sentar onde Billy Graham estava, cumprimentando-o eufórico, descul-pando-se por não o ter cumprimen-tado antes. Ele se justificou dizendo: “Quando oro, falo com Deus, mas, quando abro a Palavra de Deus, Ele fala comigo. Ele estava falando co-migo, quando você me dirigiu a pala-vra, e eu não podia interromper Deus para falar com Billy Graham”.

Todos os dias Thomas A’Kempis abria sua Bíblia com essa oração: “Que todas as outras vozes se ca-lem e que eu ouça apenas o Senhor falando comigo”. Se queremos sin-ceramente conhecer a vontade de Deus, devemos estar prontos para ouvi-Lo, pedindo-lhe que fale conos-co, quando abrimos Sua Palavra.

Passo nº 5: OraçãoQual é o primeiro passo que

tomamos quando queremos saber a

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vontade de alguém? Primeiro, deve-mos nos encontrar com essa pessoa e conversar com ela. Quando um homem está apaixonado e decide se casar com a mulher que ama, o primeiro pensamento que lhe vem à mente é encontrar-se com ela e conversar a respeito dos seus senti-mentos. O mesmo acontece quando buscamos conhecer a vontade de Deus: nossa primeira atitude deve ser a de buscar um encontro com Deus e ter uma conversa com Ele.

Em toda boa conversa existem duas dimensões. Toda pessoa boa de conversa sabe que a dimensão mais importante numa comunica-ção é quando a outra pessoa fala. Devemos nos lembrar disto quando oramos ou quando abrimos a Pala-vra de Deus.

Se uma pessoa acredita que a oração é um encontro com Deus, no qual só ela fala, essa pessoa não sabe orar. A dimensão mais impor-tante da oração, dessa conversa com Deus, obviamente não é quan-do falamos com Ele, mas quando Ele fala conosco.

Com sinceridade e humildade os apóstolos pediram a Jesus que lhes ensinasse a orar e, em resposta à confissão e ao pedido deles, Je-sus ensinou a oração do Pai Nosso (Lucas 11.1-4) Esta foi uma oração

e, ao mesmo tempo, um ensino so-bre como orar. Use a oração do Pai Nosso como um guia para falar com Deus e, depois, abra sua Bíblia e peça a Deus que fale com você.

Jesus não pretendeu que esse guia de conversa com Deus fosse usado de maneira mecânica, como se Deus se agradasse de muita re-petição e até deixou instruções bem claras de que essa não era Sua intenção.

Acho importante observar outra instrução de Jesus sobre como orar, porque existem algumas pessoas que creem que, se repetirem uma oração e recitarem a mesma súpli-ca repetidas vezes, Deus vai ouvir e atender.

Quando Jesus ensinou Seus discípulos a orar, Ele disse: “Mas, quando você orar, vá para seu quar-to, feche a porta e ore a seu Pai, que está em secreto, então seu Pai, que vê em secreto, o recompensa-rá. E, quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pen-sam que por muito falarem serão ouvidos” (Mateus 6.6,7).

Passo nº 6: Examinar suas motivações

Você quer conhecer a vontade de Deus para sua vida por causa do

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que você vai ganhar com isso ou por causa do que Deus vai ganhar? Nos-sas motivações são muito importan-tes para Deus, pois a Palavra de Deus relaciona nossas motivações com nosso coração e a Bíblia afir-ma que nosso coração é enganoso, mais que todas as coisas.

Jeremias escreveu que o nos-so coração é tão enganoso que so-mente Deus pode conhecê-lo (Jere-mias 17.9,10); quanto ao apóstolo Paulo, em I Coríntios 4.5, deixou expresso que só depois que Deus expuser as motivações ocultas dos nossos corações é que nossas obras serão julgadas

Ao enfrentar a cruz, Jesus orou: “Agora meu coração está pertur-bado, e o que direi? Pai, salva-me desta hora? Não. Eu vim exatamen-te para isto, para esta hora. Pai, glorifica o teu nome! Então veio uma voz dos céu que dizia: Eu já o glorifiquei e o glorificarei novamen-te” (João 12.27,28).

Com base nesta passagem, certo homem de Deus escreveu que essa deveria ser a oração de todos nós: “Pai, glorifica o Teu nome e manda a conta para mim. Pode ser qualquer coisa, Pai, apenas glorifica o Teu nome!”. As palavras de Jesus e as desse servo de Deus que aca-bei de citar mostram qual deve ser a

nossa motivação. Devemos sempre querer conhecer a vontade de Deus.

Você quer conhecer a vontade de Deus para a glória de Deus ou para sua própria glória e ganho pes-soal? Nossa resposta a esta pergun-ta será muito importante para Deus, quando nossas obras forem avalia-das no dia do julgamento de Cristo. Por essa razão, é muito importante que, ao buscarmos conhecer a von-tade de Deus, nossa motivação seja a Sua glória.

Passo nº 7: Avaliar seus donsDe acordo com o apóstolo Pau-

lo, se realmente queremos conhecer a vontade de Deus, depois de nos rendermos, incondicionalmente, a Ele, de termos sido transformados pela renovação da nossa mente e determinado que o mundo não vai nos moldar, devemos descobrir nossos dons espirituais e, depois, oferecê-los a Deus como um sacri-fício vivo (Romanos 12.1-8). Essa disciplina espiritual vai nos levar ao centro da vontade de Deus.

Um dos meus tutores, muito tempo atrás, costumava dizer: “De-veria ser óbvio para todos que Deus não chamou um homem manco para ser um corredor olímpico dos 100 metros”. Depois que fizermos um inventário dos nossos dons naturais

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e espirituais, como mordomos fiéis devemos aceitar nossas limitações e, também, assumir a responsabili-dade pelas nossas habilidades.

João Batista é um bom exem-plo de homem que praticou essas duas disciplinas. Ele sabia quem ele era e quem ele não era, o que pode-mos observar quando ele declarou: “Eu sou a voz do que clama no de-serto: Façam um caminho reto para o Senhor” (João 1.23). Isso é o que ele era; ele sabia que a sua vida era preciosa demais para ser algo menos que a voz que clamava no deserto, porém, ele também sabia quem ele não era (João 3.27-36; Marcos 1.7,8).

Conheço crentes que sofreram desnecessariamente, porque não aceitaram suas limitações. Por ou-tro lado, poderemos vir a sofrer no dia do julgamento, porque não as-sumimos a responsabilidade pelas nossas habilidades. Como o servo mau e negligente da parábola dos talentos, muitas vezes achamos que não temos nenhum dom e enterra-mos os talentos que nos foram da-dos (Mateus 25.14-30).

Inventário dos dons espirituaisJá vi muitos crentes frustra-

dos, porque não sabiam quais eram seus dons ou porque não estavam

exercitando os dons que tinham. O ro-teiro que vem a seguir pode ajudá-lo a fazer um inventário dos dons espiri-tuais derramados pelo Espírito Santo.

1. Familiarize-se com a lista dos dons espirituais. Existem em torno de vinte a vinte e um dons espirituais, mencionados no Novo Testamento. Pessoalmente, eu não creio que os dons possam ter sido compilados pelos vários autores das Escrituras para ser uma lista fecha-da e completa, mas acredito que os dons apresentados sirvam como exemplos de dons espirituais.

2. Creia que você recebeu dons. O capítulo 12 da Primeira Carta aos Coríntios é o capítulo mais impor-tante do Novo Testamento sobre a questão de dons espirituais. Ao es-tudar este capítulo, observe a ênfase dada à palavra “todo”. Resumindo este capítulo, podemos concluir que todos os crentes, todos os nascidos de novo, têm dons espirituais.

3. Considere as maneiras como você pode ser útil e frutífero em sua igreja local. Todos os dons do Espí-rito são dados para edificação, bên-ção, instrução, preparação, encora-jamento e inspiração dos membros da igreja, portanto, o local para você descobrir, identificar, exercitar e de-senvolver o seu conjunto de dons espirituais é a sua igreja.

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4. Faça a distinção entre habili-dade natural e dom espiritual. Suas habilidades naturais são os dons e talentos que você recebeu por he-rança genética, que se tornam espi-rituais, quando você os consagra a Deus. Por exemplo, se alguém tem uma ótima voz para cantar e dedica o uso dela para glorificar e adorar a Deus, seu talento natural torna-se um dom espiritual.

Você herdou seu dom espiritu-al ou conjunto de dons espirituais, quando nasceu espiritualmente, porque quando o Espírito Santo vem habitar em nós traz com Ele um con-junto de dons espirituais que, antes de nascer espiritualmente, nós não tínhamos (I Coríntios 12).

5. Outros membros da sua igre-ja podem ajudá-lo a identificar seus dons espirituais. Calcule o impacto desses dons naqueles por causa de quem os dons espirituais lhe foram dados. Se pessoas creem e se tor-nam membros do Corpo de Cristo porque você compartilhou com elas o Evangelho, isso significa que você tem o dom de evangelismo. Se al-guém compreende as verdades es-pirituais depois que você faz uma explanação delas, isso quer dizer que você tem o dom do ensino. Um dos papéis mais importantes da igreja local é ajudar os crentes

a identificar, reconhecer e exercitar seus dons espirituais.

6. Encontre oportunidade para experimentar os seus possíveis dons e ministérios, pois, como você vai saber se tem o dom do ensino se não tiver a fé e a coragem para ten-tar ensinar em uma Escola Domi-nical ou em um pequeno grupo de estudo bíblico?

7. Dê um tempo a você mes-mo para desenvolver aqueles dons espirituais que você acha que tem. Uma experiência negativa, após a tentativa de um estudo bíblico, não significa que você não tenha o dom do ensino.

8. Participe de um culto de consagração e, com sinceridade, dedique seus dons espirituais a Deus, que lhos deu e é o poder por trás desses dons, aquEle cuja glória é o propósito de todos os dons.

Passo nº 8: Buscar um padrãoNosso Deus é um Deus de or-

dem e esta característica pode ser percebida na criação, por isso, não é de surpreender a maneira como Ele revela Sua vontade em nossas vidas.

No Livro de Atos, lemos que o apóstolo Pedro teve a visão de um lençol com animais, os quais, pela Lei de Moisés, eram proibidos de ser consumidos pelos judeus (Atos 10).

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Três vezes Pedro ouviu a ordem para matar e comer aqueles animais e todas as vezes ele se recusou a obedecer até que ele ouviu uma batida na porta e o Espírito Santo lhe disse que fosse com aqueles ho-mens que estavam à sua procura, sem perguntar nada.

Pedro logo percebeu que, além de serem gentios, aqueles homens eram servos de um centurião do exército de Roma, a capital do impé-rio romano, na época, que tinha con-quistado e ocupado a terra de Israel.

Sabendo que tudo o que estava acontecendo não se tratava de uma coincidência, Pedro pôde ver, na sequência dos acontecimentos, um padrão da direção divina. A experi-ência de Pedro foi uma revelação de que o Evangelho de Jesus Cristo não era apenas para o judeu, mas para todas as nações da terra.

O Livro de Atos relata outro episódio semelhante, quando Filipe estava realizando uma cruzada evan-gelística na região de Samaria e o Es-pírito o levou para o deserto de Gaza (Atos 8). Apesar dos evangelistas ge-ralmente irem para os grandes cen-tros populacionais, Filipe obedeceu à direção do Espírito e foi para onde não havia ninguém, para o deserto.

Obedecendo ao Espírito San-to, ele encontrou o tesoureiro da

Etiópia, o qual estava cruzando o deserto em uma carruagem. Filipe foi convidado pelo etíope a subir em sua carruagem e pôde levar aquele político africano a Cristo e batizá-lo.

A História da Igreja conta que, a partir de então, uma forte igreja foi plantada no norte da África, cer-tamente pela grande influência cau-sada pela conversão daquele etíope, mesmo que o Espírito Santo tenha usado outras pessoas para pre-gar o Evangelho de Cristo naquele continente.

Essas são duas histórias, entre tantas contidas na Bíblia, que mos-tram o padrão de orientação divino, por isso, quando você estiver procu-rando a vontade de Deus, busque por esses padrões, porque eles po-dem não ser, necessariamente, ex-traordinários ou sobrenaturais, mas serão evidências do grande milagre que acontece quando permitimos Deus nos dirigir e nos orientar.

Passo nº 9: Buscar uma confirmação

Existem momentos, quando buscamos a vontade de Deus, em que necessitamos de uma confir-mação, porque, em nossa jornada de fé, deparamo-nos com encruzi-lhadas ou situações duvidosas, para as quais não encontramos nenhum

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versículo das Escrituras que nos indique se o caminho certo é pela direita ou pela esquerda, a não ser que nos sujeitemos à direção do Es-pírito. Fazemos o possível para optar pela melhor decisão, embora reco-nheçamos a dura realidade de que simplesmente não sabemos que ca-minho seguir; depois de termos feito tudo o que estava ao nosso alcance para discernir a vontade de Deus, optamos por um caminho ou outro.

Apesar de não existir nenhum versículo que diga, especificamente, por qual caminho devamos ir, um versículo das Escrituras apresenta um princípio muito útil para esses momentos de encruzilhada em que, às vezes, nos encontramos, que se encontra no Salmo 37.23, onde le-mos que “O Senhor firma os passos de um homem, quando a conduta deste o agrada”. Isso quer dizer que, às vezes, devemos caminhar em frente, para o que entendemos que é a vontade de Deus, orando e buscando confirmação.

Essa confirmação pode ser posi-tiva ou negativa, porque, se tudo der certo e a direção que escolhemos ti-ver uma marca evidente da aprova-ção de Deus, temos a confirmação positiva da vontade dEle, como se Deus estivesse dizendo para nós: “Este é o caminho; siga-o” (Isaías

30.21). Depois que tomamos uma direção, vemos as evidências do Cristo vivo adiante de nós, prepa-rando-nos o caminho (João 10.4).

Outras vezes, porém, a confir-mação é negativa e os resultados são o oposto dos que mencionamos; quando isso acontece, devemos ser humildes o suficiente para voltar ao ponto da encruzilhada e escolher a outra direção.

Passo nº 10: Esperar no SenhorDeus não está com pressa. Fre-

quentemente, perdemos a direção do Senhor, tentando dirigi-Lo no plano que nós temos para nossas próprias vidas, por isso, a expressão “esperar no Senhor” é tão frequente na Palavra de Deus.

É preciso ter mais fé para es-perar que para ser ativo. A prescri-ção e direção de Deus para pesso-as com a personalidade como a de Jacó é “esperar no Senhor”, haja vista que Jacó estava sempre cor-rendo o risco de perder a vontade de Deus para sua vida, porque cor-ria na frente de Deus.

Leia a história de Jacó, nos ca-pítulos 25-32, do Livro de Gênesis, e o comentário de Paulo sobre esta história, no capítulo 9 de sua Car-ta aos Romanos. Deus deixou Jacó manco para coroá-lo com a bênção

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da Sua vontade. Vemos nisso um exemplo do que significa esperar no Senhor, porque, quando um ho-mem temente a Deus fica manco, não tem jeito; não pode mais correr e aprende a esperar no Senhor.

Em algumas traduções da Bí-blia a palavra “selá” aparece seten-ta e três vezes no Livro dos Salmos, mas em uma tradução moderna aparece a palavra “pausa, pense com calma sobre isso”.

Frequentemente Deus coloca uma pausa em nossa vida, a fim de nos guiar na nossa jornada de fé, também porque Deus tem suas pró-prias razões para nos fazer esperar quietos.

Quando experimentamos a vontade de Deus, podemos ser le-vados a uma pausa para pensarmos calmamente sobre nossas priorida-des, nossos objetivos e sobre outras questões.

Quando encontramos um “selá” do Senhor, devemos perguntar o que Ele quer que pensemos, uma vez que nos fez dar essa pausa; além disso, em nossa jornada de fé ja-mais devemos colocar um ponto de interrogação onde Deus já colocou um ponto final!

Lembre-se que Deus pode es-tar usando essa pausa em nossos planos para nos preparar para algo

maior dentro dos planos dEle (Leia sobre a vida de José em Gênesis, capítulos 39-50).

Passo nº 11: Permanecer em movimento

A Bíblia está cheia de parado-xos. Um paradoxo é algo que parece ser contraditório, mas, ao ser exami-nado mais de perto, pode não apre-sentar contradições; algumas vezes um paradoxo não é uma contradi-ção, porque as duas proposições apresentadas são verdadeiras.

As proposições que parecem contraditórias podem ser esclare-cidas, quando percebemos que a questão não é “ou um ou outro”, mas “um e outro”. Este paradoxo é resolvido, quando percebemos que, às vezes, pode ser de um jeito ou de outro.

Podemos também deixar passar a vontade de Deus, porque vivemos na correria e Deus não vive corren-do; quando o caso é esse, então pre-cisamos esperar no Senhor. Outras vezes, perdemos a vontade de Deus, porque estamos sentados, apáticos, indecisos, sem fé nem coragem e aí o Senhor continua sem nós.

Esses dois conceitos aparente-mente contrários entre si, não são contraditórios. Não é um caso de um ou outro, mas de um e outro. A

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verdade é que, às vezes, precisamos esperar no Senhor e, às vezes, pre-cisamos continuar caminhando.

Temos um adversário que não quer o nosso bem e sua primeira es-tratégia é fazer que sejamos pregui-çosos, indecisos, apáticos e espiri-tualmente fracos, deixando passar a vontade de Deus, porque não temos a fé, a coragem nem a disciplina para seguir a direção que Ele traçou para nós.

Quando essa estratégia falha, ele, então, tenta nos fazer pessoas obcecadas e viciadas no trabalho, ocasião em que, também, deixa-mos passar a vontade de Deus, lu-tando para adquirir o que está fora do nosso alcance, correndo na fren-te de Deus.

Obviamente, todos nós precisa-mos ter o equilíbrio entre esses dois extremos para sermos servos madu-ros do Senhor, que sabem discernir e fazer a vontade dEle.

Passo nº 12: Buscar conselho espiritual

A Bíblia ressalta a importância de termos conselheiros: “quem sai à guerra precisa de orientação, e com muitos conselheiros se obtém a vitória” (Provérbios 24.6; 11.14). Isso não quer dizer que, quando es-tivermos diante da encruzilhada que

citei anteriormente, devemos con-sultar uma multidão de conselhei-ros, porque tal atitude só causaria confusão, já que uma multidão de conselheiros iria resultar em uma multidão de opiniões para a decisão que temos de tomar.

Quando esses homens sábios escreveram esses dois versículos do Livro de Provérbios, ensinaram duas verdades básicas. Uma é que, quan-do duas nações entram em guerra, terá mais chance de vencer aquela que tiver uma multidão de conse-lheiros, o outro ensina que, quando estamos diante de uma encruzilha-da, precisando escolher o caminho a ser tomado, temos que ter uma multidão de bons conselheiros. Em outras palavras, temos que ter uma boa educação espiritual para estar-mos preparados para tomar as deci-sões difíceis.

Encontramos no Livro de Isaías uma passagem muito bonita que de-fine os benefícios de uma boa educa-ção espiritual. De acordo com o tex-to, aqueles que têm uma multidão de bons conselheiros espirituais, quando estiverem diante de uma encruzilha-da na vida, vão ouvir as vozes desses conselheiros, dizendo: “Este é o ca-minho; siga-o” (Isaías 30.20,21).

Todos os dias, quando conto minhas bênçãos, fico agradecido

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por ter tido em minha jornada de fé conselheiros maravilhosos, que me deram conselhos sábios, nas fases críticas da minha vida e do meu ministério.

Existem momentos em que não é fácil discernir a vontade de Deus para nossas vidas o que, afinal, é o propósito da nossa salvação. Por isso, é sábio buscar conselhos de crentes mais velhos, os quais há anos têm buscado e encontrado a vontade de Deus para suas vidas.

A Igreja tem se movimentado neste mundo como um comboio de navios, com a formação e o sincro-nismo perfeitos e sobrenaturais do Espírito Santo.

O Cristo vivo é o navio ban-deira, a capitania no centro desse comboio, que a todo tempo dá si-nais para todos os navios, porém, se você não tiver os olhos no na-vio bandeira e perder os seus si-nais, a obra de Cristo vai continu-ar, mas sem você, porque fora da

sintonia do comboio você perde a formação.

Aqueles que se identificam como servos de Cristo não são pes-soas especiais porque nunca perdem um sinal, mas os servos que Deus usou, e usa ainda hoje, são aqueles que não recebem os sinais da cultu-ra nem da sociedade em que vivem, pois são, e sempre foram, servos do Senhor, com os olhos no “navio bandeira”, preparados para captar os sinais do Cristo Vivo.

Concluo este estudo sobre a direção divina como comecei: enfa-tizando o milagre que é a existên-cia de um lugar mostrado por Deus para cada um de nós nesta jornada com Cristo.

Minha oração é que esses 12 Passos o ajudem a manter seus olhos naquEle que o guiará em Sua boa, perfeita e agradável vontade, para que sua vida seja sempre aceitável a Deus, que o criou e o recriou para viver nela (cf. Romanos 12.1,2).

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Existe um lugar onde Deus quer que estejamos e alguém que Ele quer que sejamos e eu gosta-ria de destacar na Bíblia oito per-guntas que Deus faz, que mostram onde Ele quer que estejamos, o que Ele quer que façamos e, prin-cipalmente, quem Ele quer que sejamos.

Intitulei essas oito perguntas de “bússola espiritual”; se você deixar que Deus lhe faça essas perguntas, respondendo-as com sinceridade, você vai se ver num diálogo com Deus.

Isso é verdade, principalmen-te em tempos de transição, quan-do estamos convencidos de que precisamos passar por uma mu-dança em nossa vida pessoal ou em nosso ministério.

As quatro primeiras pergun-tas são as primeiras palavras que Deus dirigiu ao homem caído: “Ouvindo o homem e sua mulher os passos do SENHOR Deus, que andava pelo jardim, quando so-prava a brisa do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus entre as árvores do jardim. Mas o

SENHOR Deus chamou o homem, perguntando: Onde está você? E ele respondeu: Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, por-que estava nu; por isso me escon-di. E Deus perguntou: Quem lhe disse que você estava nu? Você comeu do fruto da árvore da qual lhe proibi comer? Disse o homem: Foi a mulher que me deste por companheira que me deu do fruto da árvore, e eu comi. O SENHOR Deus perguntou então à mulher: Que foi que você fez? Respondeu a mulher: A serpente me enga-nou, e eu comi” (Gênesis 3.8-13).

Não é estranho o Criador fazer perguntas para a criatura? É claro que Deus já sabia todas as respos-tas às perguntas que Ele fez; Deus sabia onde o homem estava, mas o problema é que o homem não sabia onde estava e a primeira coi-sa que um homem perdido precisa saber é que está perdido.

Nesta passagem de Gênesis, temos um diálogo entre Deus e o homem, no qual Deus levou o homem a pensar sobre sua con-dição até perceber que estava

Capítulo 16

Prescrição Para a Identidade

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perdido, que estava onde não de-veria estar.

Como tudo o que vemos no Livro de Gênesis, essas perguntas não representam um diálogo de Deus apenas com o homem da-quele tempo, mas com o homem de hoje, também.

Você já se sentiu perturbado com um sentimento como se Deus quisesse você em algum lugar, no qual você não estava? Você já fi-cou preocupado, pensando que não é a pessoa que Deus quer que você seja? Isto é o que denomina-mos “crise de identidade”

De acordo com Moisés, sua crise de identidade pode ser a voz de Deus, andando pelo jardim da sua vida, desafiando-o com a per-gunta “Onde está você?”, a mesma que Ele fez para o homem caído.

O propósito da primeira per-gunta de Deus é colocar o ho-mem onde seu Criador quer que ele esteja; o da segunda, “Quem lhe disse...?” é deixar o homem consciente de que Deus estava tentando estabelecer um diálogo com ele, porque queria que o ho-mem confessasse a quem ele es-tava dando ouvidos e, exatamente, onde ele estava. Esta segunda per-gunta levou Adão e sua mulher de volta para o lugar e o momento em

que eles comeram do fruto da ár-vore, que não deveriam comer, e, imediatamente, perceberam que estavam nus (7).

Antes de Deus iniciar esse diá-logo, Ele se comunicava com Adão e Eva, e o propósito da segunda pergunta era deixá-los conscientes desse milagre, do qual eles não tinham consciência: Deus fazendo-os saber o que Ele queria que eles soubessem. Você tem consciên-cia de que é um milagre, quando Deus tenta fazê-lo saber algo que Ele quer que você saiba?

A terceira pergunta “Você co-meu do fruto da árvore, da qual lhe proibi comer?” pode ser as-sim parafraseada: “Você tem pro-curado as respostas em lugares errados?”.

As árvores do jardim foram criadas por Deus para satisfazer as necessidades do primeiro homem e da primeira mulher e, exami-nando o cenário onde esse diálogo aconteceu, vemos que essas ne-cessidades deveriam ser supridas pelas árvores do jardim, obede-cendo a uma ordem de prioridades (Gênesis 2.8,9).

As árvores do jardim supririam a necessidade dos olhos, a neces-sidade do alimento e, depois, a ne-cessidade da própria vida; a árvore

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do conhecimento, porém, foi de-clarada por Deus fora dos limites permitidos.

No capítulo 3, lemos que Adão e Eva pecaram, quando vio-laram a prioridade prescrita por Deus, colocando suas necessida-des físicas, ou seja, de alimento, em primeiro lugar, a necessidade dos olhos, como segunda priori-dade mais importante, impedindo que a necessidade de vida fosse suprida, porque, em lugar da vida, Deus os fez experimentar a morte e a expulsão do jardim e da Sua presença.

Eles não foram considerados culpados por substituir as priorida-des de Deus pelas deles, mas por desobedecerem a Deus e come-rem do fruto da árvore do conhe-cimento. Adão e Eva foram moti-vados pelo pensamento de que, se comessem aquele fruto, tornar-se-iam sábios como Deus.

Uma aplicação dessa alegoria nos dias de hoje é a super valori-zação do conhecimento humano e o pouco ou nenhum respeito pela necessidade de revelação da parte de Deus.

Você já viu uma árvore do conhecimento ou uma árvore da vida? Tudo isso é uma alegoria, pois as árvores no jardim são uma

ilustração desse grande sermão pregado por Moisés.

Jesus começou Seu ministério público citando o Sermão de Moi-sés: “Mas, depois os sustentou com maná, que nem vocês nem os seus antepassados conheciam, para mostrar-lhes que nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca do SENHOR” (Deuteronômio 8.3; Mateus 4.4). A verdade que Jesus enfocou está ilustrada nessas ár-vores do jardim do Éden.

Na Bíblia, vemos que “olho” se refere também à perspectiva ou maneira de enxergar a vida. “Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são!” (Mateus 6.22,23).

Jesus estava ensinando que nossa vida pode ser cheia de felici-dade ou de depressão e infelicida-de, pois a diferença entre os dois extremos está na maneira como enxergamos as circunstâncias, em nossa disposição mental e pers-pectiva de vida.

A mesma verdade foi ensina-da, alegoricamente, no Jardim do

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Éden, com a afirmação de que es-sas árvores deveriam suprir as ne-cessidades do homem. A verdade básica que Deus estava comuni-cando é esta: se buscarmos a Pa-lavra de Deus, pedindo a Ele que supra as necessidades dos nossos olhos ou que nos mostre, através da Sua Palavra, como devemos ver as coisas, todas as nossas ne-cessidades serão supridas, porque teremos vida, à medida que Deus suprir nossa necessidade de que Ele nos mostre como quer que enxerguemos tudo o que está ao nosso redor.

A árvore do conhecimento, da qual Deus havia dito que Adão e Eva não comessem, mas eles comeram, é uma ilustração da filosofia humana que afirma: “eu não preciso da revelação de Deus, porque eu tenho uma inteligência superior e isto é tudo que preciso”.

No início da Bíblia, Deus já está dizendo para você e para mim que nosso Criador tem cons-ciência de todas as nossas neces-sidades, pois foi Ele quem nos criou com elas.

Deus sabe, e quer que nós também saibamos que nossa maior necessidade está na visão. Precisamos, desesperadamente, pedir a Deus que nos dê revelação,

através da Sua Palavra, de como nosso Pai amoroso que está nos céus quer identificar e satisfazer nossas necessidades.

Será que interpretamos nos-sas necessidades à luz da Pala-vra de Deus ou interpretamos a Palavra de Deus à luz das nossas necessidades? Numa leitura refle-xiva e cuidadosa desse capítulo, com o ensino do Espírito Santo, teremos a revelação de uma ver-dade muito mais profunda que qualquer visão equivocada.

Deus está dizendo que como era naquele tempo ainda é nos dias de hoje, porque Adão e Eva inter-pretaram a Palavra de Deus à luz de suas necessidades; eles coloca-ram seus desejos em primeiro lugar e a revelação de Deus em segundo, enfim, eles fizeram o que quiseram e, depois, pediram que Deus lhes mostrasse como suas necessidades poderiam ser supridas.

Eles eram bem parecidos com a maioria dos crentes que hoje ou-vem a Palavra de Deus nas igrejas, mas, durante a semana, fazem o que querem, escolhem como su-prir suas necessidades e, depois, voltam à igreja para ouvir Deus falar como elas podem ser supri-das, quando deveria ser o contrá-rio. Eles deveriam primeiro buscar

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a Deus e pedir que lhes mostre como suprir suas necessidades, dispondo-se a obedecer.

A quarta pergunta que Deus fez no Jardim do Éden foi: “Que foi que você fez?”. Esta pergunta desa-fiou-os a olharem para trás e refleti-rem sobre a atitude que tiveram. O propósito desta quarta pergunta foi tirar uma confissão daquele primei-ro casal da humanidade.

Em grego, a palavra “confes-sar” é formada de duas outras, “falar” e “a mesma coisa”, portan-to, literalmente, confessar significa falar a mesma coisa ou concordar com Deus, isto é, embora Deus saiba o que fazemos, Ele quer nos ouvir dizendo a mesma coisa que Ele diz sobre o que nós fazemos, exatamente como fazemos com nossos filhos.

A quinta pergunta de Deus está mais adiante, no Livro de Gênesis, quando Deus se dirigiu à escrava egípcia Agar, dizendo: “Agar, serva de Sarai, de onde você vem e para onde você vai?” (Gênesis 16.8).

Nos últimos dias e horas do ano que termina, quando acredi-tamos estar passando por um mo-mento de transição, Deus gosta de fazer perguntas, e essa quinta pergunta que Ele fez nos desa-fia a olhar para trás e relacionar

nosso passado com o presente e o futuro.

As boas novas que depreen-demos dessa quinta pergunta são que não precisamos voltar para o lugar de onde viemos, principal-mente nos dias de hoje, quando milhões de pessoas acreditam que o presente e o futuro são previstos pelo nosso passado.

No entanto, se não houver um acontecimento que mude nossa vida, nosso futuro pode ser previs-to pelo nosso passado, haja vista que a Bíblia ensina que ninguém consegue mudar o que realmente é (Jeremias 13.23).

O Evangelho da Bíblia, entre-tanto, é otimista ao proclamar esta verdade maravilhosa: podemos nos aproximar de Deus com fé e sermos transformados! (Romanos 12.2; II Coríntios 3.18; 5.17).

Vamos encontrar a sexta per-gunta de Deus, no Livro de Gê-nesis, quando Ele perguntou para dois irmãos: “Quem é você?” (Gê-nesis 27.18,19,32-34). Usando o mesmo raciocínio anterior, esta pergunta implica que deveríamos ser alguém que provavelmente não somos.

Quando foi perguntado a Esaú “Quem é você?” ele chorou e la-mentou, porque tinha trocado a sua

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identidade por um prato de sopa; quanto a João Batista, quando lhe fizeram a mesma pergunta, este grande profeta deu a resposta certa (João 1.19-23). João Batista sabia quem ele era e quem ele não era, e não deixou que a pressão da socie-dade o impedisse de ser aquilo que Deus tinha planejado para ele.

A resposta errada ou a falta de resposta à sexta pergunta talvez seja a única razão da infelicida-de pessoal, que vemos no mundo hoje. Com a experiência de pastor há mais de cinco décadas, posso dizer que isso também se aplica aos crentes de todos os tempos.

Se você é um crente seguidor de Jesus e está passando por mo-mentos de tristeza, seu Deus amo-roso gostaria de instigá-lo e per-suadi-lo com a sexta pergunta até que você entenda que Ele o criou e o recriou para ser alguém.

Deus pode fazê-lo refletir acerca de todas essas coisas até que use essa sexta pergunta para fazer você saber que jamais será feliz até que, pela graça de Deus, diga que você é o que Deus criou e recriou para que você seja (Salmo 139.16-24; Romanos 12.2).

Encontramos a sétima pergun-ta “O que você é?”, implícita em declarações como a do apóstolo

Paulo em I Coríntios 15.10: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para comigo não foi inútil”. Ele agradeceu a Deus por não ter recebido inutilmente a graça de ser o que era, e deixou a exortação para que nós não rece-bamos em vão a graça de Deus.

O que somos também está im-plícito em exemplos como Moisés, a quem Deus chamou e preparou para ser libertador, ou em outros que foram reis, profetas, sacerdo-tes ou exerceram qualquer outro tipo de liderança na obra de Deus.

Também relacionamos essas perguntas e suas respectivas res-postas ao ensino de Paulo, quando nos diz que somos salvos para as boas obras, as quais Deus plane-jou para nós, quando nos salvou (Efésios 2.10).

A sétima pergunta tem a ver com os dons naturais e espirituais, com o nosso serviço ministerial para o Senhor, uma candeia onde Ele nos colocou para sermos luz neste mundo; esta pergunta tem a ver com o que fazemos em nosso dia-a-dia, já que o que fazemos está diretamente relacionado com o que somos.

A última pergunta é: “O que vocês querem?”. Estas foram as primeiras palavras de Jesus no

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Evangelho de João, quando Ele re-crutou alguns discípulos que, pos-teriormente, foram comissionados para apóstolos (João 1.38).

Ao permitirmos que essas per-guntas brilhem em nosso espírito até que saibamos quem somos, o que somos e onde Deus quer que estejamos, as perguntas mais importantes passam a ser “o que queremos e o quanto realmente queremos?”.

Deus nos fez criaturas com capacidade de livre escolha; Ele sabe onde você está, quem e o que você é. Deus também sabe quem Ele quer que você seja, onde Ele quer que você esteja e o que Ele quer que você seja, pois Ele o ama e deseja que você che-gue às respostas certas para essas perguntas.

Deus honra o fato de sermos criaturas com livre arbítrio, por isso Ele jamais nos forçará às res-postas. Falando de maneira figura-da, Ele pode nos tratar como tra-tou Jonas e mandar tempestades sobre nossas vidas, ou colocar-nos na barriga de um grande peixe até que respondamos corretamente às suas perguntas; pode, também, fa-zer uma “pressãozinha do peso de um elefante” até que só nos reste dar as respostas que Ele espera.

Deus pode intervir em nossas vidas, como fez com o apóstolo Paulo, na estrada de Damasco e, como Ele nos ama, pode nos fa-zer uma oferta irrecusável, mas, como Jonas e o apóstolo Paulo, devemos escolher alinhar nossa vontade com a vontade de Deus e ser quem Ele quer que sejamos e fazer o que Ele quer que façamos.

Ao fazer-nos criaturas com li-vre arbítrio, Deus criou-nos à Sua imagem e semelhança. Grandes criações de Deus, como o sol, a lua e as estrelas, tanto quanto as suas micro criaturas, não podem fazer escolhas (Salmos 8 e 19).

Quando olhamos a criação de Deus, através de um telescópio ou microscópio, observamos que existe uma ordem, porque a von-tade dEle tem sido imposta sobre toda criação. O homem é a única criatura de Deus criada com a ca-pacidade de fazer escolhas; nossa capacidade para escolher faz par-te do plano de Deus para nós, por isso Ele jamais violará essa liber-dade de escolha.

No final do Novo Testamento, temos a revelação do Cristo vivo de pé, batendo, pacientemente, à porta das nossas vidas (Apocalip-se 3.20). Jesus batendo à porta, representa o amor de um Salvador

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tentando entrar em nossas vidas, para que Ele possa ter comunhão conosco. Jesus Cristo jamais vai forçar a fechadura nem arrombar a porta.

Um artista pintou um quadro de Jesus batendo numa porta, mas esta não tinha maçaneta do lado de fora, mostrando que ela só podia ser aberta pelo lado de dentro. Como somos criaturas com livre arbítrio, a pergunta “O que você quer?” ganha um significado muito profundo.

Depois de usar essas pergun-tas como uma bússola espiritual e

pessoal há mais de cinco décadas, hoje eu as compartilho com você, desejando que elas sirvam de bús-sola espiritual para você também.

Descobri que, apesar das per-guntas nunca mudarem, as res-postas podem variar. Ao permitir que Deus use essas perguntas para fazê-lo saber quem Ele quer que você seja, o que Ele quer que você seja, e onde Ele quer que você esteja, deixe que seu amoro-so Criador mais uma vez lhe faça a segunda pergunta “Quem lhe disse e quem você acha que o está fa-zendo saber essas coisas?”.

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O período pós segunda guerra mundial, quando o mundo come-çou a enfrentar a realidade das ar-mas termonucleares de destruição em massa, foi chamado de “A Era da Ansiedade”. Agora essas armas estão nas mãos de um número maior de pequenas nações e gru-pos terroristas também estão ten-tando adquiri-las.

Armas químicas e biológi-cas de destruição em massa fo-ram acrescentadas a um arsenal tão horrível que não dá para ser descrito. Hoje, acrescentamos a esse cenário a ameaça de terro-rismo global e constatamos que vivemos realmente uma “Era de Ansiedade”.

Em todo o mundo pessoas sofrem com a ansiedade, porque, além do estresse provocado por circunstâncias pessoais, ainda existe a nuvem de ansiedade cau-sada pelo mundo.

Com você, que é ansioso, eu compartilho a prescrição de Je-sus para a ansiedade, que vem dos lábios do nosso Senhor e é maravilhosa!

“Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam, mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferru-gem não destroem, e onde os la-drões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração. Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas, se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são! Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao di-nheiro. Portanto eu lhes digo: Não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer ou be-ber; nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante que a comida, e o corpo mais importante que a rou-pa? Observem as aves do céu: não

Capítulo 17

Prescrição Para a Ansiedade

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semeiam, nem colhem, nem ar-mazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor que elas? Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida? Por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem. Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo o seu es-plendor, vestiu-se como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e ama-nhã é lançada ao fogo, não ves-tirá muito mais a vocês, homens de pequena fé? Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘Que vamos comer?’ ou ‘Que vamos beber?’ ou ‘Que vamos vestir?’. Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vo-cês precisam delas. Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas. Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Bas-ta a cada dia o seu próprio mal” (Mateus 6.19-34).

Jesus não falou para apren-dermos a viver com a preocupa-ção e com a ansiedade, nem para

controlarmos o estresse. Ele disse: “Não se preocupem”. Outra tra-dução do texto grego poderia ser: “Parem de ficar ansiosos”.

Qual é exatamente a prescri-ção de Jesus para lidar com a an-siedade? Nesta passagem das Es-crituras, encontramos um estudo muito importante sobre os valores de Cristo. Na primeira parte dessa prescrição, Jesus enfocou alguns falsos valores que podem levar à ansiedade (19-21).

O dicionário registra a seguin-te definição para valor: “preço atri-buído a uma coisa; estimação, va-lia”. Na prescrição de Jesus para ansiedade, Ele fala sobre alguns frágeis tesouros.

De acordo com Jesus, existem dois tipos de tesouros: os tesou-ros da terra e os tesouros do céu. Jesus ensinou que os tesouros da terra são vulneráveis e frágeis, consumíveis pela traça e pela fer-rugem; em outras palavras, eles se depreciam e, além disso, podem ser levados por ladrões. Os tesou-ros do céu, no entanto, não são consumidos pela traça, nem pela ferrugem, nem os ladrões jamais poderão tirá-los de nós.

A maioria das pessoas que ouviram essas palavras de Jesus, costumava armazenar o alimento

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para sustento de suas famílias; eles sabiam o que era estocar co-mida que podia ser estragada por roedores, insetos e outros tipos de animais, portanto, entenderam o que Jesus quis dizer com tesouros terrenos, vulneráveis, que levam a um alto nível de ansiedade e preocupação.

Para apresentar o segundo passo da prescrição para ansieda-de, Jesus usou uma metáfora que revela outra fonte de ansiedade e mostra que a diferença entre felici-dade e infelicidade está na manei-ra como vemos as coisas (22,23).

Depois, Jesus atacou outra causa de ansiedade ao falar que devemos servir apenas a Deus (24). Conhecendo o primeiro man-damento, “Não terás outros deuses além de mim” e a resposta de Jesus para a tentação de Satanás, dizen-do que daria a Ele todos os reinos do mundo, devemos saber que, se servimos a alguém ou a algo além de Deus, estamos trazendo ansie-dade sobre nossas vidas.

Ao declarar que não podemos servir a dois senhores, Jesus es-tava nos dando a prescrição para a ansiedade. Este senhor que Je-sus falou que não devemos servir, mesmo que não o reconheçamos como senhor, é o dinheiro. Jesus

declarou que, se servirmos a Deus e ao dinheiro, temos uma lealda-de dividida, um senhor frágil e um pensamento muito delicado.

A essência dessa prescrição de Jesus é enfocada nas vinte e uma perguntas que Ele fez, direta ou indiretamente, nessa passagem das Escrituras. Vemos em toda a Bíblia Deus fazendo perguntas e, quando Ele se tornou carne e vi-veu entre nós, continuou fazendo perguntas, oitenta e três delas no Evangelho de Mateus.

Em espírito de oração, procu-re encontrar, na passagem bíblica do Sermão do Monte, no capítulo 6 de Mateus, as respostas certas para as vinte e uma perguntas que Jesus fez. Você se verá fazendo a aplicação de uma prescrição, a qual reduzirá drasticamente seu nível de ansiedade, respondendo corretamente a cada pergunta.Onde está o seu coração? (21). Qual a sua perspectiva de vida? (19 e 20). Você vê a vida de ma-neira saudável e pura? O seu corpo está cheio de luz e de felicidade ou o seu corpo está cheio de escuri-dão e infelicidade? Você tem uma visão dupla ou sofre de “esquizo-frenia espiritual”? (23). Você serve a Deus ou está servindo ao dinhei-ro e ao poder do materialismo?

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(24). Você é ansioso e se preo-cupa com o que vai comer, beber ou vestir? (25). O que é sua vida? (25). O que é o seu corpo? (25). Quanto você vale? (26). Quais são os seus limites? (27). Se o Pai Ce-leste alimenta os pássaros, será que Ele também não vai alimen-tá-lo? (26). Se o Pai Celeste veste os lírios do campo, será que Ele não vai vestir você também? (30). Sua ansiedade ajuda em alguma coisa na resolução dos problemas? (27). O que sua ansiedade revela a respeito da sua fé? (30). Você acredita que Seu Pai Celeste sabe tudo o que você precisa? (32). Se você coloca Deus em primeiro lu-gar e faz o que Ele lhe manda fa-zer, você confia que Ele vai suprir suas necessidades?

ResumoSe você quiser diagnosticar a

fonte da sua ansiedade, em espírito

de oração, responda estas cinco perguntas: Quais são as suas ati-vidades diárias? Que pensamentos têm ocupado sua mente durante o dia? A quem ou a que você serve diariamente (com quem são suas alianças)? Quais são suas preocu-pações diárias (suas ansiedades)? Quais são suas ambições?

Depois de responder a essas perguntas, você está pronto para ler este resumo da prescrição de Jesus para a ansiedade de um crente: “Busquem, pois, em pri-meiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas. Por-tanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Bas-ta a cada dia o seu próprio mal” (Mateus 6.33-34). A essência da prescrição de Jesus para a ansie-dade de um crente é expressa nes-ta frase: “Deus em primeiro lugar”.

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A frase seguinte é de um dos meus autores preferidos, escreven-do para cristãos: “A dor e o sofri-mento são inevitáveis, mas a misé-ria é opcional”. Quer saber qual foi o homem que teve todas as razões do mundo para ser miserável? Abra a Bíblia no Novo Testamento e leia os escritos do apóstolo Paulo e, então, você verá o que é dor e sofrimento.

Em sua Segunda Carta aos Coríntios, o grande apóstolo apre-sentou uma rápida autobiografia e, para mostrar um pouco da vida do maior missionário de toda a história da Igreja de Jesus Cristo, transcrevo este texto: “São eles servos de Cristo? (estou fora de mim para falar desta forma). Eu ainda mais: trabalhei muito mais, fui encarcerado mais vezes, fui açoitado mais severamente e ex-posto à morte repetidas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove açoites; três vezes fui golpeado com varas, uma vez apedrejado, três vezes sofri nau-frágio, passei uma noite e um dia exposto à fúria do mar. Estive continuamente viajando de uma

parte a outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos dos gentios, perigos na cidade, perigos no deserto, peri-gos no mar e perigos dos falsos irmãos. Trabalhei arduamente e muitas vezes fiquei sem dormir; passei fome e sede, e muitas ve-zes fiquei em jejum; suportei frio e nudez” (II Coríntios 11.23-27).

Existe um falso ensino sendo disseminado, através da Teologia da Prosperidade, que diz que Deus quer que estejamos sempre bem, ricos e felizes, com o que jamais concordariam Jesus e o apóstolo Paulo, pois o próprio Senhor Jesus nos advertiu que neste mundo terí-amos aflição (João 16.33).

Na Carta aos Filipenses, Pau-lo escreveu que mesmo nas difi-culdades ele tinha a paz de Deus, que excede todo o entendimento, uma paz que não faz muito senti-do, sobrenatural (4.7). Um estudo cuidadoso desta carta mostrará que essa paz que ele tinha esta-va ligada à alegria, já que nela é encontrada a palavra alegria 17

Capítulo 18

Prescrição Para a Paz

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vezes, mesmo tendo sido escrita enquanto ele estava preso.

Se você for como eu, ao ler as dificuldades pelas quais Paulo passou, pode perguntar: “Como ele podia ter paz em meio a tanto sofrimento e tribulação?”. Deve-mos ser gratos ao Espírito Santo que levou Paulo a nos escrever res-postas inspiradas à essa pergunta.

A resposta está no capítulo 4 da sua Carta aos Filipenses, onde ele escreveu o que chamo de “A Prescrição Para a Paz”, pois expli-ca como ele podia viver em paz, independentemente das circuns-tâncias, e prescrever esse tipo de vida para você e para mim.

Essa paz que a Bíblia chama de “paz de Deus” é um estado de paz contínuo, no qual Deus man-tém o crente. Antes de enfocarmos a prescrição de Paulo para este es-tado de paz em que o Cristo vivo o mantinha, quero escrever três ins-truções que devemos conhecer e aplicar em nossas vidas.

Primeira, esse estado de paz é a paz de Deus que devemos apren-der; segunda, essa é a paz que recebemos num relacionamento pessoal com Cristo; terceira, exis-tem condições específicas que de-vem ser observadas para aplicar a prescrição para a paz de Deus.

A paz tem que ser aprendidaNa Carta de Paulo aos Filipen-

ses, lemos que ele tinha aprendido a ter essa paz: “...aprendi a adap-tar-me a toda e qualquer circuns-tância... Aprendi o segredo de vi-ver contente em toda e qualquer situação (isto quer dizer que antes ele não sabia), seja bem alimen-tado, seja com fome, tendo muito ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4.11-13).

Não dá para evitar a seguinte pergunta: O que foi que ele apren-deu e quem ele estava ensinando? De acordo com o próprio Paulo, ele foi instruído pelo Cristo vivo e ressuscitado.

É empolgante e ao mesmo tempo confortador para mim ler que a paz pode ser aprendida, o que me oferece a oportunidade de um dia conhecer essa paz miracu-losa, além de concordar que, real-mente, estar em estado de miséria é uma opção.

Pela graça de Deus aprendi essa prescrição para a paz durante uma das maiores crises da minha vida. Eu era pastor, desfrutando de uma década de ministério frutífe-ro, quando minha saúde me forçou a desistir daquele ministério tão ativo. Apesar do desenvolvimento

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progressivo dessa doença incurá-vel na coluna vertebral, forçando-me a encarar os desafios e as limi-tações de passar o resto da minha vida em uma cadeira de rodas, ou coisa pior, descobri a prescrição para a paz no capítulo 4 da Carta de Paulo aos Filipenses e, então, memorizei este capítulo e fiz dele a minha oração antes de dormir. Meditei sobre ele e descobri a prescrição para a paz. A boa nova é que, se Paulo aprendeu, você também pode aprender essa pres-crição para a paz de Deus.

Paz relacionalAo meditar sobre a prescrição

para a paz dada por Paulo, você logo verá que ele tinha um rela-cionamento pessoal com o Cristo vivo e ressuscitado e presumia que aqueles para quem ele estava fa-zendo essa prescrição também o tivessem, pois, sem esse relacio-namento, é impossível aplicar essa prescrição de paz. A prescrição de paz foi escrita para crentes que já abriram a porta de suas vidas para um relacionamento pessoal com o Cristo vivo (Apocalipse 3.20).

Paz condicional

De acordo com Paulo, mesmo al-guém que tenha um relacionamento

pessoal com o Príncipe da paz, o es-tado conhecido como paz de Deus só será experimentado por aqueles que cumprirem certas condições. Se você conhece Jesus Cristo e cumpre essas condições, poderá experimen-tar a paz de Deus.

Na Carta de Paulo aos Filipen-ses, encontramos dezesseis condi-ções explícitas ou implícitas para a paz de Deus, as quais você deve procurar encontrar enquanto lê esta passagem: “Alegrem-se sem-pre no Senhor; novamente direi: Alegrem-se! Seja a amabilidade de vocês conhecida por todos. Perto está o Senhor. Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o enten-dimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus. Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for no-bre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amá-vel, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente, ou digno de louvor, pensem nessas coisas. Ponham em prática tudo o que vocês aprenderam, recebe-ram, ouviram e viram em mim. E o Deus da paz estará com vocês.

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Alegro-me grandemente no Se-nhor, porque finalmente vocês re-novaram o seu interesse por mim. De fato, vocês já se interessavam, mas não tinham oportunidade para demonstrá-lo. Não estou di-zendo isso, porque esteja neces-sitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem ali-mentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me forta-lece” (Filipenses 4.4-13).

Dezesseis condições para ter pazSe você quer ter a paz que

Paulo prescreveu, a primeira con-dição que você deve cumprir é não se preocupar com coisa alguma (6). Ele disse para não ficarmos ansiosos nem preocupados, por-que a preocupação é contrapro-ducente. Você não consegue nada com a preocupação e ainda esgota suas energias emocionais e espi-rituais tão necessárias para lidar com os problemas, por isso, Paulo, como Jesus, disse que não deve-mos nos preocupar com nada.

A segunda condição para a paz é Orar a respeito de tudo. A

preocupação é contraproducente, mas o grande apóstolo conhecia a produtividade da oração e sabia que a oração nos livra das crises que nos preocupam.

Paulo, por exemplo, pediu que os filipenses orassem para que ele saísse da prisão; eles, então, oraram e ele foi liberto da prisão em que estava, quando escreveu a carta. No entanto, Paulo sabia, por experiência própria, que Deus nem sempre acaba com os nossos problemas.

Paulo tinha um problema que ele mesmo chamou de “espinho na carne”. Três vezes ele pediu a Deus que o curasse, depois de ter visto muitas pessoas serem cura-das, através dele, quando orava ou impunha suas mãos, mas, três vezes Deus lhe disse “não”. Basicamente, o que Deus disse a Paulo foi: “Eu vou lhe dar a graça para lidar com este problema” (cf. II Coríntios 12).

Quando Deus deu a Paulo a graça para lidar com o seu pro-blema, o apóstolo aprendeu, por experiência própria, que a oração pode nos livrar dos problemas ou nos dar a graça para lidar com eles.

Devemos sempre orar a res-peito de tudo, por isso, as duas pri-meiras condições para a paz são:

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“Não andem ansiosos por coisa al-guma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus”.

Paulo apresentou a terceira condição para a paz, quando es-creveu sobre nossos pensamen-tos: “Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nes-sas coisas”. Nossos pensamentos são como ovelhas e nós somos pastores desses pensamentos.

Segundo dados estatísticos “5% das pessoas pensam, 10% pensam que pensam, 75% pre-ferem morrer que pensar e 10% pensam que estão pensando, mas estão simplesmente remanejando seus preconceitos”. Nessa pres-crição para paz, Paulo nos desa-fia a nos juntarmos aos 5% que realmente pensam; sua prescrição é decidir corretamente como va-mos pensar. A instrução de Paulo foi para que nos concentremos no que é verdadeiro, nobre, correto, puro, amável, de boa fama, exce-lente e digno de louvor.

Os estudiosos acreditam que parte dessa prescrição de Paulo é

uma paráfrase do que Isaías escre-veu: “Tu, Senhor, guardarás em perfeita paz aquele cujo propósito está firme, porque em ti confia” (Isaías 26.3). Neste texto, Isaías apresentou duas condições para a paz de Deus: ter propósito firme no Senhor e confiar nEle.

Dentro daquela masmorra em Roma, onde passou seus últimos dias de vida na terra, antes de ser decapitado, provavelmente essas prescrições tenham se tornado a prescrição pessoal de Paulo para manter a sanidade.

Em situações de extremo es-tresse, como um divórcio, falência, ataque do coração, uma cirurgia complicada, doença maligna em estágio final, guerra e prisões, descobrimos que essa prescrição pode preservar nossa paz e sani-dade mental.

Paulo e Isaías concordaram que quando existe confiança, a paz é perfeita e constante; sem con-fiança, não há paz, porque a paz de Deus é essencialmente condicional.

A quarta condição para paz prescrita por Paulo envolve ação da nossa parte. Acompanhe co-migo o versículo 9 do capítulo 4 de Filipenses: “Ponham em práti-ca tudo o que vocês aprenderam, receberam (creram), ouviram e

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viram em mim. E o Deus da paz estará com vocês”.

Talvez você pergunte: “Você quer dizer que existe algo que eu posso fazer para conseguir a paz de Deus e mantê-la, principalmen-te quando estou passando por uma crise?”. É exatamente isto que es-tou falando; pode estar certo disto!

Paulo fala de maneira bem precisa e objetiva do papel que devemos exercer, se quisermos ex-perimentar a paz de Deus. Às ve-zes, quando não fazemos a nossa parte, o “ladrão da paz” aparece. Perdemos nossa paz quando, por medo, fazemos o que achamos que temos de fazer, ao invés de fa-zermos o que é certo.

A quinta condição para a paz enfoca o “ladrão da paz” na vida dos crentes que passaram por grandes perdas, enquanto ser-viam ao Senhor (4.8). Alguns crentes e servos de Deus podem chegar ao desespero e questionar o valor de tudo que fizeram como missionários, evangelistas, pasto-res ou testemunhas fiéis de Cristo, trabalhando onde quer que Deus os tenha colocado. Nessa tradu-ção, Paulo usou a palavra “se”: “...se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas”. Paulo foi enfático em seus

escritos ao destacar que não so-mos salvos pelas boas obras, mas para as boas obras (Efésios 2.10). Nessa passagem de Filipenses, Paulo estava ensinando que um crente jamais pode duvidar do va-lor que existe em fazer o bem, ser-vindo ao Senhor.

Desde sua conversão, Paulo comprometeu-se a fazer o bem e dedicou-se completamente à obra de Jesus. E o que ganhou com isso? Mesmo com todos os reveses que sofreu, Paulo tinha paz porque tinha aprendido a superar a tenta-ção de não crer mais na bondade.

Essa condição está incluída na prescrição para a paz de Paulo, porque ele abriu mão de privilé-gios que poderia usufruir dentro da igreja, como os demais seguidores de Jesus Cristo, pois não espera-vam ser recompensados por todo o bem que tinham feito nesta vida e, sim, na vida eterna.

Observe que Paulo prescre-veu “oração e súplicas com ação de graças” (4.6). A sexta condição para a paz é expressa nestas duas palavras “ser grato”. Se você está se debilitando por causa da velhi-ce, de um acidente, um derrame ou qualquer outra doença, restam-lhe duas opções: concentrar-se no que perdeu ou está perdendo e ficar

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deprimido, amargurado, ou con-centrar-se no que você ainda tem e ser grato. Você vai descobrir que esta segunda opção é uma terapia muito eficiente. Pense em quantas bênçãos você tem e descubra que, quando começar a se concentrar nas bênçãos e agradecer a Deus por elas, sua mente vai sair do que é negativo para o que é positivo e, então, sua paz vai voltar.

Paulo enfocou a sétima con-dição para a paz ao explicar que devemos aprender a ser pacien-tes, porque a impaciência é outro “ladrão de paz” (4.10,11). Outra causa para o contentamento ex-pressa por Paulo nesses versículos é paciência. Em nosso relaciona-mento com Deus, a paciência é “a fé na expectativa”. Quando ora-mos por algo e achamos que não estamos sendo respondidos, pode ser que Deus esteja nos chaman-do para experimentar o tipo de paciência que envolve ter “fé na expectativa”, ou seja, esperar em Deus. Em nossos diversos relacio-namentos, a paciência é “o amor na expectativa”.

Quando ficamos impacientes com Deus ou com outras pesso-as, perdemos nossa paz pessoal. O tipo de paciência que Paulo prescreveu aqui é o nono fruto do

Espírito (Gálatas 5.22). Isso con-firma o pré-requisito que já com-partilhei com você: a paz de Deus tem que ser relacional.

O Senhor quer desenvolver em nós duas dimensões da paci-ência: a paciência vertical, ensi-nando-nos a ter a fé que espera no Senhor, e a paciência horizon-tal, exercitada em nossos relacio-namentos, ensinando-nos que o amor espera. Enquanto não apren-dermos a ter paciência, nossa paz pessoal será muito frágil.

A oitava condição para a paz na instrução de Paulo é que seja-mos amáveis, ou seja, tenhamos um espírito manso, como o de Jesus. Essa mansidão também é fruto do Espírito Santo, citado por Paulo em sua Carta aos Gálatas (5.22).

Mansidão e amabilidade não são sinais de fraqueza. Na ver-dade, o significado da palavra “mansidão” está ligado ao da palavra “domado”. Quando um cavalo selvagem é domado e, fi-nalmente, aceita que o freio seja colocado em sua boca, passando a ser controlado pela pessoa que está na sela, isto quer dizer que ele está “manso” mas, não “fra-co”. Essa mansidão pode ser tra-duzida por “força sob controle”. A

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amabilidade, portanto, é um sinô-nimo de mansidão.

Outra palavra que também tem o conceito de “amabilidade” usada por Paulo é “aceitação”. Muitos heróis da fé, com anos de experiência andando com Deus, contam que existe uma relação muito próxima entre aceitação e paz. Não deveria ser surpresa para nós encontrarmos essa correlação na prescrição para paz de Paulo. A paz vem, quando aceitamos nos-sas limitações.

Quanto à nona condição para a paz, retome comigo os motivos de contentamento desse apóstolo. Quando consideramos que Paulo aprendeu a “viver contente em toda e qualquer situação” (4.12), concluímos que, a partir do mo-mento em que ele fez de Jesus Cristo o seu Senhor, creu que Je-sus estava no controle da sua vida. Ele sabia estar contente em toda e qualquer circunstância, porque cria que estava na vontade do seu Senhor e Salvador, o Cristo vivo, que tem tudo sob o Seu controle.

A nona condição implica em uma rendição incondicional à von-tade de Jesus Cristo como nosso Senhor. Qualquer coisa que não seja uma rendição incondicional a Jesus Cristo como Senhor pode

ser um “ladrão de paz” para aque-les que professam seguir a Cristo. Grande parte da nossa ansiedade ou perda de paz pode ser resultan-te do fato de jamais termos feito de Jesus nosso Senhor; de não levantarmos nossas mãos para o alto em rendição completa e in-condicional a Ele.

Alguns de nós não estamos dispostos a fazer a vontade de Cris-to; resistimos à Sua vontade como um cavalo selvagem resiste ao con-trole do freio em sua boca. O sim-ples fato de nos rendermos sincera e incondicionalmente à Sua vonta-de nos levará a ter a paz de Deus.

A décima condição para a paz foi enfocada por Paulo, quan-do escreveu: “Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter far-tura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situ-ação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou pas-sando necessidade” (4.12). Paulo tinha descoberto o segredo para estar contente em toda e qual-quer situação que se encontrasse.

Qual era esse segredo? Apren-der a receber a graça para aceitar o que ele não podia controlar, cren-do que tudo o que acontece é com a aprovação do Senhor. A vida de Paulo é um exemplo maravilhoso

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de discípulo que aceitou a vontade do seu Senhor, quer as circunstân-cias fossem favoráveis ou extrema-mente desfavoráveis.

A aplicação da décima condi-ção é óbvia: podemos perder a paz de Deus, se não recebermos a gra-ça do Cristo vivo para aceitarmos Sua vontade a cada dia, indepen-dentemente das circunstâncias.

A décima primeira condição para a paz é aprender a viver em meio às dificuldades ou, como es-creveu Paulo: “Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter far-tura” (4.12). Em meio a uma cri-se, por acaso você pediu a Jesus para lhe ensinar o que Ele ensinou a Paulo? Essa é outra dimensão da paz de Deus que devemos apren-der. Para manter a paz com Deus, peça a Cristo que lhe ensine a pas-sar pelas dificuldades.

Se você ama a Deus e é cha-mado de acordo com o Seu plano, Deus pode fazer com que tudo que acontece em sua vida se encaixe para o seu bem. Pode ser que não exista nada de bom no que vem lhe acontecendo ultimamente, mas “Deus age em todas as coi-sas para o bem daqueles que o amam” (Romanos 8.28). Tenha esta verdade em mente, quando estiver passando por uma crise.

A décima segunda condi-ção para a paz é pedir ao Senhor que lhe ensine a viver em meio à prosperidade. Você já pensou que o desafio de viver em meio à prosperidade muitas vezes é maior que em meio à dificuldade e à pobreza?

Muitos de nós corremos para Deus e para Sua Palavra em tem-pos de dificuldade, mas, outros se afastam de Deus, quando tudo vai bem, quando há prosperidade e segurança. O maligno derruba muitos crentes quando eles estão usufruindo a prosperidade e as bênçãos do Senhor.

O apóstolo Paulo deu o exem-plo e apresentou o preceito com a décima segunda condição para a paz, ao dizer que devemos pedir ao Senhor que nos ensine a viver em prosperidade. Muitos crentes perderam a paz, porque jamais pediram ao Senhor que os ensi-nasse o segredo de uma vida santa em meio à prosperidade (Filipen-ses 4.12).

Paulo enfocou a décima ter-ceira condição dessa prescrição para a paz, quando nos desafiou a jamais esquecermos que “perto está o Senhor” (5). Se você conhe-ce um pouco da vida do apóstolo Paulo, pense no que significava

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para ele essa proximidade com o Senhor.

Durante o seu último e mais penoso confinamento em Roma, era muito perigoso visitá-lo, por isso certamente ninguém foi vê-lo, conforme ele escreveu em sua úl-tima carta a Timóteo (II Timóteo 4.16,17). Quando você se vir em meio a uma crise, nunca se esque-ça de que o Senhor o está assis-tindo e o fortalecerá, exatamente como assistiu e fortaleceu Paulo.

É por isso que tenho enfati-zado que, se alguém realmente quer entender e aplicar a prescri-ção para paz com Deus que Paulo deixou para nós, tem que cultivar um relacionamento pessoal com o Senhor.

A décima quarta condição para a paz é fundamentar sua serenidade e alegria em seu re-lacionamento com o Cristo vivo. Em que se baseia sua serenidade e alegria? Se a base da sua serenida-de e alegria é seu cônjuge, seus fi-lhos ou alguém especial com quem você tem um relacionamento, a base da sua serenidade é muito frágil, porque não existe relaciona-mento algum sobre a face da terra que não seja passível de perda.

Milhões de pessoas que firma-ram suas vidas nas circunstâncias

naturais e viram tudo ruir, por cau-sa de uma doença ou de uma defi-ciência qualquer, juntam-se a mim para dizer a você, que baseia sua paz e alegria em sua saúde, bele-za ou vitalidade, que essas bases são muito frágeis. Paulo apresentou um fundamento forte para sua paz: “Alegrem-se sempre no Senhor; novamente direi: alegrem-se!” (4).

Encontramos a décima quinta condição para a paz nas seguintes palavras de Paulo: “Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pen-sem nessas coisas. Ponham em prática tudo o que vocês aprende-ram, receberam, ouviram e viram em mim. E o Deus da paz estará com vocês” (8 e 9).

No Evangelho de João, en-contramos estas palavras muito profundas de Jesus: “Como vocês podem crer, se aceitam glória uns dos outros, mas não procuram a glória que vem do Deus único?” (5.44).

Deus disse a Abraão: “ande segundo a minha vontade” (Gêne-sis 17.1). Quantos de nós fazemos isto? Quantos de nós andamos com

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Deus a cada dia? Quantos de nós passamos as vinte e quatro horas do dia pensando em como Deus se sente a respeito de quem somos, onde estamos e o que fazemos?

Todo crente vai enfrentar uma crise, quando não conseguir ter a aprovação de Deus nem a do ho-mem. Há momentos em que não conseguimos explicar às pessoas o que está acontecendo em nossas vidas e, se precisarmos da apro-vação no nível horizontal, isto é, das pessoas que nos cercam, des-cobriremos que o fundamento da nossa paz é muito frágil; por isso, se quisermos manter a paz com Deus, devemos aprender a valori-zar a Sua aprovação para tudo em nossas vidas.

Finalizo meu resumo sobre as prescrições de Paulo com a déci-ma sexta condição para obtermos e mantermos a paz de Deus, que é aprender o que significa descansar em Jesus Cristo “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus” (7).

O que significa “descansar em Cristo”? O que significa estar “em Cristo Jesus”? Estar “em Cristo” é a metáfora preferida dos autores do Novo Testamento para des-crever nosso relacionamento com

nosso Senhor e Salvador, fator vi-tal para se conhecer e preservar a paz de Deus.

Os autores do Novo Testa-mento, principalmente o apóstolo Paulo, contam que estamos “em Cristo”, se somos discípulos ver-dadeiros dEle. Esta expressão foi usada por Paulo noventa e sete ve-zes em suas cartas e significa es-tar em união com Cristo, como um ramo está unido à videira (João 15.1-16).

Estar “em Cristo” significa ti-rar dEle, que é a Videira, todo o poder espiritual doador da vida, necessário para fazer tudo que fa-zemos para Ele, com Ele e por Ele, enquanto descansamos nEle. Es-tar “em Cristo” significa descansar dia-a-dia em Seu poder, a fim de que façamos o que Ele nos cha-mou para fazer.

Criei um pacote que chamo de “Os Quatro Segredos Espirituais”, para transmitir o conceito de estar “em Cristo”. Sem dúvida alguma eu, um tetraplégico, não poderia fazer nada do que faço e jamais estaria ensinando a Bíblia em todo o mundo, em tantas línguas, não fosse a aplicação destes qua-tro segredos espirituais: “A ques-tão não é quem ou o que eu sou, mas quem e o que Ele é, porque

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eu estou nEle e Ele está em mim; nada depende do que eu posso fa-zer, mas do que Ele pode, porque eu estou nEle e Ele está em mim; o que eu quero não é importante, mas sim o que Ele quer, porque eu estou nEle e Ele está em mim”.

Quando coisas boas aconte-cem, porque Ele doou Sua vida, dando poder através de mim, um dos Seus ramos, devo sempre me lembrar do quarto segredo espiri-tual: “A questão não é o que eu fiz, mas o que Ele fez, porque eu esta-va nEle e Ele estava em mim”; em outras palavras, é isso o que signi-fica “descansar em Cristo Jesus”.

Grande parte da nossa ansie-dade e falta de paz é resultante do pensamento de que devemos viver como Cristo viveu e fazer a obra de Cristo com nossas próprias forças.

Você pode estar passando por uma crise de saúde que lhe rou-bou a capacidade de se concentrar para orar, por essa razão, quero lhe ensinar uma oração baseada nessa prescrição.

Se você quer experimentar a paz de Deus que Paulo pres-creveu para nós, eu o convido a fazer esta oração comigo: “Pai, na Tua Palavra o Senhor afirma que pode nos manter em perfeita paz, se cumprirmos as condições

para essa paz. Eu quero a Tua paz em minha vida, por isso peço que me dê sabedoria para não me preocupar com coisa alguma e fé para orar por tudo; que minha mente seja discipli-nada para eu pensar em tudo o que é bom e que eu tenha a in-tegridade moral para fazer o que é certo; que eu seja sempre oti-mista para acreditar na bondade. Dá-me entendimento sobre o que o Senhor tem feito para que eu sempre lhe dê graças por tudo. Que eu jamais tente empurrá-Lo ou ir à Sua frente, mas que eu saiba esperar em Ti, experimen-tando e expressando a mansidão e a paciência, fruto do Seu Es-pírito em mim; que eu estabele-ça minhas prioridades de acordo com a Tua aprovação sobre quem sou, o que sou e o que faço; que jamais faça nada para ser visto nem aprovado pelos homens. Não me deixes esquecer de como o Senhor está perto, quando eu buscar me aproximar de Ti, ado-rando e usufruindo de Ti a cada dia e para sempre; que eu entre-gue minha vida a Ti até que haja um alinhamento perfeito entre a minha vontade e a Tua vontade. Dá-me a graça para aceitar a Tua vontade em cada situação, em

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momentos de dificuldade e tam-bém de prosperidade. Pela Tua graça, que eu aprenda a prospe-rar espiritualmente e estar con-tente em situação de abundância e de necessidade. Finalmente, Pai, agora que entendo que não importa quem eu sou, mas quem o Senhor é, não importa o que eu posso fazer, mas o que o Senhor pode, não importa o que eu que-ro, mas o que o Senhor quer, e

sei que, no final, não será o que eu fiz, mas o que o Senhor fez que trará resultados eternos, dá-me completa confiança e total dependência de Ti, a fim de que eu descanse minha mente total-mente em Cristo. Capacita-me a cumprir essas condições para que eu tenha paz. Em nome do meu Senhor Jesus Cristo, para minha paz e para Sua glória. Amém!”.

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Existem muitas prescrições para oração nas Escrituras, mas a oração do Pai Nosso, que Jesus Cristo ensinou, é a mais importan-te e profunda prescrição para ora-ção que o mundo já ouviu.

De vários exemplos e ensinos sobre oração, existe um, em parti-cular, que eu gostaria de comentar, pois, quando a vida se mostrou muito difícil para mim, descobri essa prescrição para oração, que se apresenta por meio de uma metáfora.

O trono da graçaEsta metáfora ilustra e ensina

que a oração é como se aproximar de um trono, que chamamos de “Trono da Graça”: “Assim, aproxi-memo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de receber-mos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade” (Hebreus 4.16).

Deste trono Deus derrama li-vremente misericórdia e graça para o Seu povo por causa de seus erros e necessidades. Por isso, quando buscamos este trono, podemos

esperar receber misericórdia para nossos erros e graça para nos ajudar em tempos de necessida-de. Misericórdia é o atributo de Deus que impede que recebamos o que merecemos, enquanto que graça é uma característica do ca-ráter de Deus, que derrama sobre nós todos os tipos de bênçãos que não merecemos e não conquista-mos por nosso próprio mérito ou esforço.

Quando você busca a Deus em oração, necessita destas duas dádivas de Deus, que são a graça e a misericórdia. A palavra “mise-ricórdia” é encontrada 366 vezes na Bíblia, ou seja, uma vez para cada dia do ano, inclusive para o ano bissexto, quando há 366 dias.

Usando esta palavra tantas vezes na Bíblia, Deus está nos di-zendo: “Vocês não têm um dia na vida em que não precisem da mi-nha misericórdia”.

Com qual frequência você agradece a Deus por esta miseri-córdia que o impede de receber o que você merece? Meu pai na fé, Dr. J. Vernon MacGee, tinha 81

Capítulo 19

Prescrição Para Oração

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anos quando o ouvi pregando pela última vez. Lembro-me que ele disse: “Tenho 81 anos e nunca me interessei tanto pela misericórdia de Deus como me interesso hoje”.

Heróis espirituais da Bíblia buscavam a Deus, como fez Davi, confessando seu pecado de adul-tério e assassinato, desta manei-ra: “Tem misericórdia de mim, ó Deus, por teu amor; por tua gran-de compaixão, apaga as minhas transgressões. Lava-me de toda a minha culpa e purifica-me do meu pecado, pois eu mesmo re-conheço as minhas transgressões, e o meu pecado sempre me per-segue” (Salmo 51.1-3).

Estas são as palavras de um homem de Deus, depois de ter entendido que precisava da mise-ricórdia de Deus por causa do pe-cado que tinha cometido. A pres-crição para oração no Trono da Graça que aprendemos é: Quando buscamos o trono da graça, deve-mos fazê-lo com total confiança de que as misericórdias de Deus têm como base o que Jesus Cristo con-quistou na cruz por nós.

Ele veio do céu por nossa causa, ofereceu o Seu sangue pe-los nossos pecados e, hoje, nova-mente no céu, intercede por nós (Hebreus 9.11-14). A morte de

Jesus na cruz é a única base so-bre a qual Deus pode nos purificar completamente dos nossos peca-dos, porque o sacrifício de Jesus conquistou para nós a salvação eterna. Não há mais nada para acrescentar ao que Ele fez por nós na cruz (Hebreus 10.17,18); só nos resta aproximarmo-nos do tro-no da graça com plena confiança nessas Boas Novas.

“Graça”, o favor e as bênçãos de Deus que não merecemos, é outra palavra muito bonita na Bí-blia; a raiz desta palavra significa “favor imerecido”, portanto, esta definição de graça significa que não temos nossos pecados perdo-ados porque mereçamos; nossos pecados são perdoados porque Deus nos amou o suficiente para mandar Seu Filho ao mundo para morrer na cruz pela nossa salva-ção. Entretanto, a palavra significa muito mais que, simplesmente, fa-vor imerecido.

Graça maravilhosaEste é outro versículo mara-

vilhoso sobre graça que saiu da pena do apóstolo Paulo: “E Deus é poderoso para fazer que lhes seja acrescentada toda a graça, para que em todas as coisas, em todo o tempo, tendo tudo o que

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é necessário, vocês transbordem em toda boa obra” (II Coríntios 9.8). Este versículo é o mais en-fático da Bíblia sobre a graça de Deus disponível para o Seu povo.

De acordo com Paulo, Deus é capaz de fazer toda graça (não apenas um pouco dela) abundar sobre você (não apenas sobre Billy Graham, o pastor ou o missionário, mas sobre você), para que você (repeti para enfatizar) sempre (não apenas de vez em quando) tenha toda a suficiência (não apenas suficiência) e em todas as coisas (não apenas em algumas coisas) abunde e prospere em toda (não apenas em alguma) boa obra.

Toda graça, em todas as coi-sas, em todo o tempo, tendo tudo o que for necessário, para que transbordem em toda boa obra que Deus quer fazer através de você. A Igreja do Novo Testamento virou o mundo de cabeça para bai-xo, porque creu e experimentou a verdade que Paulo proclamou nes-se versículo extraordinário sobre a graça maravilhosa de Deus.

A qualidade e a quantidade dessa graça estão disponíveis para você e para mim no trono da graça, toda a vez que oramos, pois deve-mos ter a consciência de que essa metáfora sobre o trono da graça

nos convida a nos aproximarmos de Deus, a fim de recebermos mi-sericórdia para nossos erros e gra-ça para nos ajudar em tudo que precisamos para viver como Jesus quer que vivamos e servi-Lo en-quanto estivermos neste mundo.

Como amo a Deus por fazer com que o trono da graça seja acessível a mim; quando Ele nos diz que o trono da graça está lá sempre que precisamos; que sim-plesmente devemos ir até esse trono e Ele nos dará livremente Sua misericórdia para os nossos pecados e a Sua graça para nos ajudar em tempos de necessidade, porque Deus tem prazer em abrir as portas do céu e derramar Sua graça maravilhosa sobre nós.

O coração de Deus deve se entristecer sobremaneira, quando ignoramos completamente o Seu trono da graça, pois Ele nos ama e tem Seus métodos para nos enco-rajar a nos encontrarmos com Ele.

As Escrituras contam que o povo de Deus sofre, às vezes, por-que há momentos em que Deus, li-teralmente, força Seu povo a aces-sar a graça que Ele disponibilizou.

Paulo escreveu que Deus nos dá acesso pela fé à graça, que nos possibilita ficarmos firmes na fé e viver uma vida que glorifique a

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Deus neste mundo; ele também mostrou que devemos nos alegrar na tribulação (no sofrimento), por-que nosso sofrimento muitas vezes nos força a acessarmos a graça de Deus disponível para nós (Roma-nos 5.2-5).

Devemos todos nos alegrar e agradecer a Deus pelos momentos difíceis, de sofrimento, que nos forçam a buscar o trono da gra-ça. Sem essas tribulações, talvez não tivéssemos a graça que tanto precisamos para viver na terra, a fim de cumprir os propósitos para

nossa salvação e glorificar o nome de Deus.

Concluindo, você já acessou o trono da graça e misericórdia de Deus? Se ainda não o fez, não adie até amanhã. Deus está no trono da graça esperando para derramar sobre você Sua graça e misericór-dia. Você já aceitou que a graça e a misericórdia de Deus estão diariamente acessíveis, através do trono da graça de Deus? Você tem recebido e compartilhado da mise-ricórdia e da graça de Deus com outras pessoas?

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Você já sabe que o Novo Testa-mento enfatiza a importância vital da obediência na vida do seguidor de Jesus Cristo, não sabe? Jesus deu prioridade à obediência mais que qualquer outro no Novo Testa-mento. Por exemplo, Ele enfocou e definiu o que é obediência, quando perguntou: “Por que vocês me cha-mam ‘Senhor, Senhor’ e não fazem o que eu digo?” (Lucas 6.46).

Em Seu sermão mais impor-tante, o Sermão do Monte, Jesus mostrou o valor que dava à obe-diência. Das oito bem-aventuran-ças, duas declaram bênçãos sobre o discípulo que tiver fome e sede de justiça, ou seja, fome e sede de fazer o que é certo, e também sobre o discípulo que for persegui-do por causa da sua justiça. Jesus também acrescentou que a justiça dos Seus discípulos tinha que ser superior à justiça dos escribas e fariseus (Mateus 5.6,10,20).

Jesus concluiu o Seu sermão com algumas tremendas ilustra-ções sobre a importância da obe-diência e com as seguintes pala-vras Ele apresentou um veredicto: “Nem todo aquele que me diz:

‘Senhor, Senhor’, entrará no Rei-no dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mateus 7.21).

Suas palavras finais naquele monte foram para contar a estória de duas casas, sobre as quais caiu uma forte tempestade; nessa me-táfora, a casa que desaba ilustra o discípulo que não obedece ao en-sino de Jesus; quanto à casa que sobrevive à tempestade, simboliza o discípulo obediente à Palavra.

Jesus ensinou que a única ma-neira de provar que o Seu ensino é a Palavra de Deus é obedecen-do-O; portanto, apenas o discípulo que obedecer saberá se o ensino de Jesus é mesmo a Palavra de Deus. Aprendemos com Jesus que obter mais conhecimento da Pala-vra não leva à obediência, mas ser obediente leva à Palavra de Deus e a conhecê-la mais profundamente.

Depois de dar o exemplo e ensinar que devemos lavar os pés uns dos outros e servir uns aos ou-tros, Jesus proclamou: “Agora que vocês sabem estas coisas, feli-zes serão se as praticarem” (João 13.17).

Capítulo 20

Prescrição Para a Obediência

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Durante a Última Ceia, quan-do os apóstolos perguntaram a Jesus como eles poderiam ter um relacionamento com Ele,depois da Sua ressurreição, Jesus disse: “Se alguém me ama, obedecerá à mi-nha palavra e meu Pai o amará; nós viremos a ele e faremos mora-da nele” (João 14.22-23).

Jesus ainda reiterou aos dis-cípulos: “Vocês serão meus ami-gos, se fizerem o que eu lhes ordeno” (15.14), o que também está registrado no Livro de Atos, quando Pedro anunciou que Deus concede o Espírito Santo aos que lhe obedecem (5.32).

A Grande ComissãoEu apresentei esse breve pa-

norama dessas prescrições de Cristo para a obediência, a fim de criar um contexto para o Seu maior Mandamento. Quando Je-sus se encontrou com Seus após-tolos e cerca de quinhentos discí-pulos, depois da Sua ressurreição, Ele deixou esta ordem para todos aqueles que professam ser Seus discípulos: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado,

e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos sé-culos” (Mateus 28.18-20).

Paulo foi obediente à Grande Comissão. Quando começou a con-tar aos coríntios qual era a grande motivação por trás do seu ministé-rio, o que fez dele o maior missioná-rio da história da Igreja, ele revelou três grandes valores: ele cria que Um tinha morrido por todos; que todos estavam perdidos e, por fim, que deveriam ouvir o Evangelho.

Paulo viveu tão consumi-do pelo zelo de contar ao mundo sobre Cristo que os coríntios o acusaram de estar “fora de si” ou louco. Ele estava defendendo sua sanidade, quando revelou qual era sua motivação por trás do seu mi-nistério (II Coríntios 5.13-6.2).

No final da Carta aos Roma-nos, Paulo contou àqueles discí-pulos que estava ansioso para ir a Roma, porque ele queria que eles o ajudassem a alcançar aqueles que deveriam ouvir o Evangelho na Espanha. Ao revelar este dese-jo, Paulo fez uma declaração sur-preendente, quando disse que, se fosse traçada uma linha de Corinto até ao meio da Itália, não haveria nenhum ponto onde ele não tives-se pregado o Evangelho.

Se você pegar um mapa e observar esse traçado, verá que

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Paulo estava falando de um feito e tanto, o que tem sido compro-vado por historiadores da Igreja, que atestam ter Paulo realmente pregado o Evangelho em todos os lugares que mencionou, além do fato de ele ter chegado à Espanha, apoiado pela igreja de Roma.

Paulo tinha um coração mis-sionário voltado para todo o mun-do e, com outros apóstolos, entre-gou-se totalmente à pregação do Evangelho de salvação, por meio da fé na morte e ressurreição de Jesus Cristo, para perdão dos nos-sos pecados (I Coríntios 15.1-4).

O que motivou a primeira gera-ção da Igreja a pregar o Evangelho e a fazer discípulos em todo o mun-do? A resposta a esta pergunta, na verdade, é muito simples: eles criam que Jesus Cristo morreu por todos, que todos se perderam e que todos deviam ouvir o Evangelho.

Por que algumas igrejas não levam o Evangelho para os perdi-dos deste mundo? Será que não acreditam que os homens estejam perdidos? Existem alguns crentes denominados “neo-evangélicos” que não creem que todos estão perdidos ou que todos devem ouvir que Jesus morreu pela sal-vação de todos, mas nós cremos que é preciso cumprir a Grande Comissão de fazer discípulos para

Cristo, que foi dada à primeira ge-ração da Igreja.

Em 1974, aconteceu em Lausanne, na Suíça, o Congresso Internacional de Evangelização Mundial, contando com líderes es-pirituais de 150 países, que se reu-niram para discutir sobre uma úni-ca questão: Nós realmente cremos que os perdidos estão perdidos? No final, todos concordaram com as três premissas missionárias de Paulo e documentaram sua resolu-ção no documento que chamaram de “O Tratado de Lausanne”.

Esse tratado declara a convic-ção dos autênticos discípulos de Jesus Cristo, a respeito da missão da Igreja do Cristo vivo e Ressus-citado no mundo de hoje. Estu-dando esse documento, podemos observar que ele trata de algumas razões, pelas quais tantos crentes hoje não estão envolvidos em mis-sões mundiais.

Gostaria de destacar apenas alguns pontos, sobre os quais es-ses líderes cristãos concordaram:

“Cremos que o Evangelho é as Boas Novas de Deus para o mun-do, e estamos determinados, pela Sua graça, a obedecer à Grande Comissão de Cristo, de proclamar o Evangelho a toda humanidade e fa-zer discípulos em todas as nações.”

“O propósito de Deus é

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chamar do mundo um povo para si e enviá-lo de volta ao mundo como Seus servos e Suas testemu-nhas. Envergonhados confessa-mos que, muitas vezes, negamos nosso chamado e não cumprimos nossa missão ao tomarmos a for-ma do mundo ou ao nos isolarmos do mundo. Alegramo-nos porque, mesmo que seja transmitido atra-vés desses vasos terrenos, o Evan-gelho é um tesouro precioso.”

Eles fizeram as seguintes afir-mações a respeito da autoridade das Escrituras:

“Declaramos que cremos na divina inspiração, confiabilidade e autoridade, tanto do Velho como do Novo Testamento em sua totalida-de, como a Palavra de Deus escrita, sem erro em tudo o que afirma e a única regra infalível de fé e prática.”

“Declaramos que cremos no poder da Palavra de Deus para cumprir o Seu propósito para sal-vação, porque cremos que a men-sagem da Bíblia é dirigida a toda humanidade.”

Eles também concordaram que uma das razões por que a evangeli-zação não é tão atuante no mundo hoje como deveria prende-se ao fato de que muitos acreditam que uma religião é igual a outra. Eles concor-daram que não é toda e qualquer re-ligião que leva à salvação e ao céu.

Em um dos parágrafos lemos:“Declaramos que cremos que

existe apenas um Salvador e um Evangelho. Mesmo que haja a re-velação de Deus através da natu-reza, negamos que a revelação da natureza possa salvar, e rejeitamos qualquer afirmação de que Cristo fala através de todas as religiões e ideologias da mesma maneira. Não existe outro nome sob o céu pelo qual devamos ser salvos. To-dos os homens estão perecendo por causa do pecado, mas Deus ama todo homem e não deseja que qualquer um deles pereça, mas que todos se arrependam”.

Certo estadista missionário escreveu: “A Grande Comissão é o Estatuto da Igreja. Como qualquer outra organização, a Igreja deve cumprir os termos deste estatuto para que continue a existir”.

Voltando ao Tratado de Lausan-ne, a declaração mais importante dele é: “A Evangelização Mundial requer que todas as igrejas levem todo Evangelho a todo o mundo”. Como eles concordaram que a Igre-ja é o centro do propósito de Deus e escolhida por Ele para ser o canal de divulgação do Evangelho, acrescen-taram que “o Evangelho não deve ser associado a nenhuma cultura, a nenhum sistema social ou político nem a qualquer ideologia humana”.

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O Tratado também concluiu que “O papel determinante das missões ocidentais está desapare-cendo rapidamente e, como mis-sionários, estamos sendo muito lentos na preparação e encoraja-mento de líderes nacionais que assumam suas responsabilidades. Em toda nação e cultura deve ha-ver programas de treinamento para pastores e leigos de doutrina, dis-cipulado, evangelismo, preparação e serviço. Esses programas de trei-namento devem se basear em ini-ciativas locais e serem estruturados de acordo com padrões bíblicos”.

O consenso desse tratado foi que “líderes de suas respectivas culturas sabem alcançar e treinar seu próprio povo melhor que os ocidentais”.

Sempre me encontro com líde-res espirituais em outros países e lhes pergunto: “Qual é a sua maior necessidade?”. A resposta que cos-tumo obter é a seguinte: “Treina-mento para nossa liderança; esta é a nossa maior necessidade”. Acre-dita-se que haja hoje no mundo inteiro dois milhões de pastores e menos de cem mil desses pastores se formaram em seminário. Isto é uma realidade para muitos deles, porque a educação teológica ou bí-blica é proibida e muito difícil de ser obtida em suas culturas.

Os oito pastores que se res-ponsabilizaram pela tradução dos nossos estudos bíblicos fizeram o seguinte comentário: “Temos pro-curado uma ferramenta que pos-sa ser compreendida pela grande maioria dos agricultores da China, pois apenas 5% do povo em nosso país têm o privilégio de ir para a faculdade, já que a grande maioria compõe-se de simples agricultores. Estávamos procurando um curso bíblico dirigido para mentalidades de doze anos de idade e, quando nos deparamos com este estudo bíblico, vimos que era a ferramen-ta que estávamos procurando”.

Isto me trouxe grande alegria porque, quando me converti, o que jamais posso esquecer foi a minha busca de alguém que pu-desse fazer com que o estudo das Escrituras se tornasse suficiente-mente simples para eu entender.

Sou muito grato porque, com vinte anos de idade, tive como pro-fessor da Bíblia o Dr. J. Vernon Mc-Gee. Deus usou o seu método sim-ples e dinâmico de ensino para abrir os 66 livros da Bíblia para mim e, durante mais de quinze anos, eu te-nho feito o mesmo por jovens con-vertidos. Isso se aplica, principal-mente, em países e culturas onde a educação bíblica é proibida e muito difícil de ser encontrada.

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A última resolução do Tratado de Lausanne afirma que a única esperança do mundo e a única esperança abençoada da Igreja é a segunda vinda de Jesus Cris-to. Juntos, eles determinaram: “A Promessa da vinda de Jesus Cristo é um incentivo para nosso evangelismo, bem como Suas pa-lavras, dizendo que o Evangelho deve ser pregado primeiro para to-das as nações antes que venha o fim. Cremos que o período entre a ascensão de Cristo e a Sua volta deva ser preenchido com a missão do povo de Deus, que não pode parar até que venha o fim”.

O fato de o Evangelho ter que ser primeiro pregado para toda criatura, antes da volta de Cris-to, deve nos motivar a falar para outros sobre Ele (Mateus 24.14; Marcos 16.15). Pedro nos desa-fiou a apressarmos o dia da volta de Cristo dessa maneira, porque Jesus não quer que nenhum se perca, mas que todos sejam salvos (II Pedro 3.9, 11,12).

O Tratado de Lausanne é o es-tatuto doutrinário do Ministério de Cooperação Internacional, o mes-mo que produz o Curso Bíblico

Internacional, transmitido em todo o mundo.

Concluindo, Jesus não está preocupado com o que falamos ou com o que conhecemos, mas com o que fazemos, ou seja, com nossa obediência às Suas deter-minações, como Ele foi com as determinações de Seu Pai: “As-sim como me enviaste ao mun-do, eu os enviei ao mundo” (João 17.18).

Minha oração é que o Curso Bíblico Internacional o ajude e o prepare para levar as Boas Novas para o seu mundo.

Obedecer à Grande Comissão é a essência da missão do Minis-tério de Cooperação Internacional e do Curso Bíblico Internacional, que coincide com a conclusão do Tratado de Lausanne: “Por isso, à luz dessas coisas, nossa fé e re-solução é entrar em aliança sole-ne com Deus e com cada irmão para orarmos, planejarmos e ope-rarmos juntos a evangelização de todo mundo. Convocamos todos a se juntarem a nós. Que Deus nos ajude, pela Sua graça e para Sua glória, a sermos fiéis a essa alian-ça”. Amém! Aleluia!

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C.B.I. ENCONTRO COM A PALAVRA – QUESTIONÁRIO DO LIVRO 9PRESCRIÇÕES DE CRISTO

Aluno(a):________________________________________________________ Rua:___________________________________________________No.______Bairro:________________________________Fone:_____________________Cep:_______________Cidade:_________________________________UF:___E-mail:_______________________________________________________Nasc:__/__/____Sexo: ( )M ( )F Est. Civil:__________________Escolaridade:____________________Igreja:________________________Esposo(a):________________________________________Nasc:__/__/_____Aulas através de: ( )Rádio; ( )Site; ( )CDs; ( )Cartão do Céu; ( )Apenas o livro

Leia com atenção o livro e responda o questionário. Em cada questão, apenasuma das três alternativas está correta e deverá ser assinalada. Ao recebermoseste questionário respondido, lhe enviaremos o próximo livro, na medida emque o Estudo pelo rádio e site (www.desfrutedeus.com) for avançando.

QUESTIONÁRIO1. Se você quiser ser um veículo usado pelo Espírito Santo para libertar os

cativos de Satanás, deve ser:A( ) SubmissoB( ) AmávelC( ) Ousado

2. Quando você compartilha sua vida com alguém:A( ) Você fica comprometidoB( ) Você perde a privacidadeC( ) É como se pusesse o seu coração nas mãos dessa pessoa

3. O importante de uma experiência espiritual não são os detalhes, mas:A( ) O crescimento espiritualB( ) Os seus resultados C( ) A vida eterna

4. O maior problema no casamento pode ser resumido em uma única palavra:A( ) “Infidelidade”B( ) “Egoísmo”C( ) “Ciúme”

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5. A DEPRESSÃO é um problema:A( ) Tão antigo quanto a BíbliaB( ) Dos dias atuaisC( ) Que atinge mais as mulheres

6. Toda a cultura e religião do mundo tentam oferecer:A( ) Cura para a depressãoB( ) Felicidade C( ) Prescrições para a maior necessidade do homem

7. A palavra “CORAÇÃO” é encontrada na Bíblia:A( ) Quase mil vezesB( ) Mais de mil vezes C( ) Quase duas mil vezes

8. De acordo com Paulo, conhecer a vontade de Deus:A( ) Não é difícil nem complicadoB( ) É a nossa salvação C( ) É o princípio da vida cristã

9. A Bíblia ressalta a importância de:A( ) Ter uma boa educaçãoB( ) Ter conselheiros C( ) Estudar as profecias

10. A palavra “MISERICÓRDIA” é encontrada na Bíblia:A( ) 266 vezesB( ) 366 vezesC( ) 466 vezes

Enviar para: ENCONTRO COM A PALAVRACaixa Postal 201189201-970 - Joinville-SCObs.: Você também pode digitalizar e enviar pelo e-mail: [email protected]

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MEU TESTEMUNHO(O que Deus tem feito em minha vida através deste curso)

Ao relatar seu testemunho no espaço abaixo, estará, automaticamente, autorizando a divulgação do mesmo pelo Ministério Desfrute Deus..

Município: _________________________________________________________ UF: ______

Nome: ____________________________________________________ Data: ___/___/_____

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