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Curso de Campo da UFM G 2014 Livro de Relatórios - https://cursodecam poufmg.w ordpre ss.com / 1 CURSO DE CAMPO DA UFMG 2014 LIVRO DE RELATÓRIOS Marco Aurelio Ribeiro de Mello Frederico de Siqueira Neves Ana Filipa Ramos Palmeirim Arleu Barbosa Viana-Junior João Carlos de Castro Pena Curso realizado de 19 de julho a 7 de agosto de 2014 no Parque Estadual do Rio Doce, Marliéria, MG, Brasil (Versão corrigida, publicada em 11 de maio de 2015)

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CURSO DE CAMPO DA UFMG 2014

LIVRO DE RELATÓRIOS

Marco Aurelio Ribeiro de Mello

Frederico de Siqueira Neves

Ana Filipa Ramos Pa lme irim

Arleu Ba rbosa Via na-J unior

João Ca rlos de Castro Pe na

Curso realiza do de 19 de julho a 7 de a gosto de 2014

no Pa rque Esta dua l do R io D oce, Ma rliéria, MG, Brasil

(Versã o corrigida, publica da e m 11 de maio de 2015)

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REALIZAÇÃO

I NS T I T UIÇ Ã O

Progra ma de P ós-G raduaçã o e m Ecologia, Conserva ção e Mane jo da Vida Silvestre (PPG-ECMVS), Unive rsida de Fe de ral de Minas Ge rais. Site: https://www.ufmg.br/pos/ecologia/.

C OORD E NA D ORE S D O PPG -E C M VS

Adria no Pe re ira Pa glia, UFMG

Frederico de Siqueira Neves, U FMG

C OORD E NA D ORE S D O C URS O

Frederico de Siqueira Neves, U FMG

Marco Aurelio Ribeiro de Mello, UFMG

T UT ORE S

Ana Filipa Ramos Pa lme irim, UFRJ

Arleu Ba rbosa Via na-J unior, UFMG

João Ca rlos de Castro Pe na, UFMG

PROFE S S ORE S C ONVI D A D OS

Clebe r Figuere do, UFMG

Danie l Brito, UFG

Fernando Azevedo, UFSJ

Fernando Silveira, UFMG

Marcos Figue ire do, UFRJ

Rodrigo Bra ga, UFMG

Rudi La ps, UFMS

Sybelle Bellay, UEM

Tadeu Guerra, UFLA

D I A G RA MA ÇÃ O E A RT E FI NA L

Marco Aurelio Ribeiro de Mello, UFMG

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T URMA

Adria na Assunçã o de Ca rvalho

Alessandra Ma rques Gonçalves Te ixeira

Cecilia Kruszy nski de Assis

Estefa ne do Na scime nto Leoncini Siqueira

Fábio Túlio Pace lhe de S ouza Júnior

Fabíola Amara l La de ira

Fernanda Figueiredo de Araujo

Flávia R ibeiro Silva

Geanne Carla N ovais Pe reira

Isabela Mendes Cardoso

Isabelle Ce rcea u Brandão

Janaina Uchôa Me deiros Agra

João He nrique de Azeve do Xav ier

Mariana Pa stori La ra

Pedro Biagini Ga rcia

Pedro Henrique Vie ira Bra ga Pe reira da Silva

Rafael Alme ida de Souza

Raque l Hosken Pe re ira da Silva

Rayana Mello S ouza

Rômulo Mendonça Ma cha do Carleia l

Samantha P riscila Silva Campos

Vanessa Ma tos

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USO DAS INFORMAÇÕES CIENTÍFICAS Este livro contém os rela tórios dos projetos de pesquisa cie ntífica rea lizados pe los a lunos, sob orientaçã o dos profe ssores e tutore s, no Curso de Campo da UFMG, e dição 2014. O objetivo desses proje tos foi tre ina r os alunos em história na tural, teoria ecológica, mé todo cie ntífico, plane ja mento e execução de projetos, técnicas de ca mpo para estuda r dife re nte s táx ons, a nálise e inte rpretaçã o de da dos e comunicaçã o cie ntífica. Portanto, mesmo que possa m

ser inte ressantes para inspirar proje tos ma is aprofundados no futuro, os re sulta dos rela tados aqui, assim como suas inte rpre tações, nã o são conclusivos. Desta ma neira, a s informa çõe s contida s neste livro devem ser inte rpre tada s com cautela, não deve ndo ser usadas dire tamente pa ra tomada de decisões sobre questõe s aca dê micas e ambientais, se m que ante s os editores deste liv ro seja m consulta dos.

DIREITOS AUTORAIS Todos os dire itos estão reserva dos para o P rogra ma de P ós-G raduaçã o e m E cologia, C onserva ção e Mane jo da Vida Silvestre da U nive rsidade Fe deral de Minas Ge rais (PPG -ECMVS/UFMG). Esta obra intele ctual pode se r copiada e distribuída liv remente para fins nã o-come rciais, desde que não se ja altera da parcia l ou totalme nte, e que a fonte seja se mpre citada.

Se você deseja citar e ste liv ro, s iga o modelo a baixo:

Mello MAR, Neves FS, Palme irim FR, Via na-J unior AB & Pena JCC. 2014. Livro de re latórios do Curso de Campo da UFMG 2014. Belo Horizonte: Programa de Pós-G raduaçã o e m Ecologia, Conserva ção e Ma nejo

da Vida S ilvestre, U nive rsida de Fe de ral de Minas Gerais. 136 p.

Se você deseja cita r um trabalho específico dentro deste livro, use e ste mode lo:

Pacelhe FT, R ibeiro F, Cercea u I, Campos S & Viana -Junior AB. 2014. Cupins menos a pare ntados apresenta m comportame nto mais agressivo. Prá tica Orientada 1 in Mello MAR, Neves FS, Palme irim FR, Viana -Junior AB & P ena JCC (eds.), Liv ro de rela tórios do Curso de Ca mpo da U FMG 2014. Belo H orizonte: Progra ma de P ós-G raduaçã o e m Ecologia, Conserva ção e Ma nejo da Vida Silvestre, Unive rs ida de Fede ral de Minas Ge rais. P p 11-14.

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SUMÁRIO

Realização ............................................................................................................................................... 2 Institu ição.............................................................................................................................................. 2 Coordenadores d o PP G-ECMVS ........................................................................................................... 2 Coordenadores d o curso ...................................................................................................................... 2 Tutores ................................................................................................................................................... 2 Professores convidad os ....................................................................................................................... 2 Diagramação e arte final...................................................................................................................... 2 Turma..................................................................................................................................................... 3

Uso das informações científicas ........................................................................................................ 4 Direitos autorais.................................................................................................................................... 4 Sumário .................................................................................................................................................... 5 Objetivos do curso................................................................................................................................. 7

Disciplina para alunos ......................................................................................................................... 7 Disciplina para tutores ........................................................................................................................ 7

Programa do curso................................................................................................................................ 8 Estratégia de ensino ............................................................................................................................. 9 Agradecimentos..................................................................................................................................... 9 Projetos Orientados - Rodada 1 .................................................................................................... 10

Cupins menos aparent ados apres entam comportamento mais agressivo .......................................................... 11 Estrutura da comunidade de invertebrados em macrófit as da lagoa carioca ................................................... 15 Efeito de produtos de cuidado pessoal na comunidade planctônica ........................................................................ 20 Influência do isolamento na recolonização de s erapilheira por macroinvert ebrados ............................... 24 Dispersão e prefer encia de frutos de Joannesia princeps V ell. (Euphorbiaceae) por cotias ................... 27

Projetos Orientados - Rodada 2 .................................................................................................... 31 Tamanho não é documento: influência morfológica dos diásporos na epizoocoria ..................................... 32 Dispersão espacial de duas palmeiras na Trilha do Vinhático ...................................................................................... 36 Fezes de ant a influenciam a estrutur a da comunidade de macroinvertebrados do solo? ....................... 39 Efeito de borda e da ser apilheir a sobre métricas estruturais da comunidade de inv ertebr ados ...... 42 Tamanho de manchas de Piper sp. e fr equência de herbivoria..................................................................................... 45

Projetos Livres – Rodada 1 .............................................................................................................. 48 Efeito de borda sobre a frequência de galhador es e minador es .................................................................................. 49 A riqueza de fungos é influenciada pelo gradiente de umidade? ................................................................................ 50 Influência da estrutur a de Astrocarium aculeatissimum na abundância de Pholc idae............................... 51 Luz como fator limitante para l íquens ............................................................................................................................................. 52 Armadilha de formiga-leão: t amanho cor poral influencia o diâmetro do funil ............................................... 53

Projetos Livres – Rodada 2 .............................................................................................................. 54 Herbivoria e defesa: tricomas e idade da folha ......................................................................................................................... 55 Conhecimento local sobre a onça-pintada e suas implicações ...................................................................................... 56 Estratégia s exual em uma espécie de Tettigoniidae: estudo de caso ....................................................................... 60 Efeitos da luminosidade e textura do tronco para os líquens ........................................................................................ 61 Testando a hipót ese da fuga em uma espécie de palmeira .............................................................................................. 62

Projetos Finais .................................................................................................................................... 63 Avaliação da gest ão do Parque Est adual do Rio Doce .......................................................................................................... 64 As cotias at uam como engenheir as do ecossistema? ............................................................................................................ 78 Predação de ninhos artific iais em diferentes usos do solo ............................................................................................... 83 Formigas do entorno do Parque Estadual do Rio Doce ....................................................................................................... 87 Turnover tempor al na estrutur a de uma rede de interação ins eto planta .......................................................... 95

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Comunidade de Rola-bosta na zona de amortecimento do Parque Est adual do Rio Doce ................... 100 Preferência aliment ar de macacos-pr ego (Sapajus apella) em experimentos de cafet eria ................. 107 A teoria de biogeogr afia de ilhas e corredores ecológicos s e aplica ao microhábitat de s erapilheira?...................................................................................................................................................................................................................................... 113 Avifauna da zona de amortecimento do PERD: comparação entre ambientes .............................................. 117 Predação de lagart as artificiais em diferent es usos do solo ......................................................................................... 123 Relação entre cobertur a de macrófit as e aves de ambientes aquáticos .............................................................. 130

Convite ................................................................................................................................................ 136

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OBJETIVOS DO CURSO

D I S C I PLI NA PA RA A LUNOS

Tem o obje tiv o de ensina r aos alunos os fundamentos do mé todo científico na prática, permitindo que no futuro possa m a plicá -lo a pesquisa s sobre Ecologia, C onserva ção e Manejo. O curso ta mbém ofere ce a oportunidade de a pre nde r sobre a história na tural de dife re nte s organismos, intera ções e ambie nte s abordados em prá ticas ministra das por espe cia listas e m cada te ma. Durante o curso sã o simuladas e treinada s ativ ida des que englobam quase a totalida de da prá tica cie ntífica, incluindo tra ba lho em equipe (e networking), pla neja me nto cie ntífico, exe cuçã o de projetos, interpre ta ção de re sulta dos, comunicaçã o cie ntífica (escrita e oral) e submissão de traba lhos pa ra publica ção.

D I S C I PLI NA PA RA T UT ORE S

Disciplina ofe recida para alunos de doutora do que já cursa ra m a disciplina “E cologia e Mane jo de Vida Silvestre I” ou outra ace ita como equiva lente. T rata -se de uma versão volta da a os alunos que o fa rão como tutore s. O objetivo é dar -lhes treina mento na ela boração de um curso de campo, desde a estrutura logística a té a didá tica. Os tutores participarã o do pla nejame nto do curso, da corre ção de re latórios e serã o ta mbé m responsáve is por orienta r prá ticas com grupos de alunos nas prá ticas orie nta das (POs) 1 e 2, além de ajuda r grupos de a lunos nos proje tos livres (PLs) e no projeto final (PF). Dura nte o curso, os tutores serã o treinados e m dife re nte s a tivida des rela cionadas à carreira de cie ntista e professor unive rsitário, incluindo elabora çã o de a ulas prática s, rev isão de rela tórios (pale stras, re sumos e artigos) e orienta ção de a lunos.

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PROGRAMA DO CURSO

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ESTRATÉGIA DE ENSINO Como menciona do anteriormente, o C urso de Ca mpo da UFMG é dividido e m duas disciplinas: uma v isa o treina mento de alunos e m método cie ntífico, teoria ecológica e história na tural; a outra visa o treina mento de tutore s e m e nsino e logística de campo. Por isso, as ativ ida des sã o dife rentes e ntre as disciplinas. A base conce itual passada para os alunos e tutores e stá firme me nte ca lca da na litera tura sobre filosofia da ciê ncia.

Disciplina para alu nos

A nota fina l da disciplina para a lunos será dada através de uma composiçã o de notas parcia is dos re latórios e apresentações ora is.

PO: proje to orie ntado e m grupo. Pesquisa rá pida de um dia, feita em grupos sob orientaçã o de um professor ou tutor, que dete rmina rá o obje tiv o do proje to e discutirá com os a lunos o contexto, a lógica, o método e os resultados e spe ra dos. Com discussão e pla neja me nto (briefing) na noite a nterior, cole ta de dados de ma nhã, a nálise de da dos à tarde, apresentação ora l à noite e rela tório e scrito ela borado e entre gue no dia se guinte.

PL: projeto livre em grupo. Pe squisa rápida de um dia, feita em grupos, cujo tema será de finido pelos próprios alunos. Um profe ssor ou tutor discutirá com o grupo o contex to, a lógica, o método e os resultados espe rados, porém da ndo a o grupo a liberda de de

tomar a s de cisõe s. Com discussã o e pla neja me nto (briefing) na noite anterior, coleta de da dos de manhã, análise de da dos à tarde, apresentaçã o oral à noite e rela tório e scrito ela bora do e entre gue no dia se guinte.

PF: proje to final em grupo. Os alunos se orga nizarã o em duplas e terã o uma sema na para plane ja r e executar um proje to de pesquisa ma is complexo do que os POs e PLs. N o último dia do curso as descobertas deve m ser relata das e m uma apresentação ora l e, poste riormente, as duplas terã o um mês pa ra confecciona r um re latório na forma de artigo completo forma tado se gundo as normas determinada s no curso.

Disciplina para tu tores

A nota final da disciplina para tutore s será dada através de uma composiçã o de notas parcia is das a tivida des desenvolv ida s.

Os tutores serã o avalia dos por dois professores, seguindo os critérios expostos acima. Espera -se que os tutores se jam positiv os e proativos, tra zendo pa ra os profe ssores não apenas proble mas, mas ta mbém soluções. Os tutore s deve rão ta mbé m elabora r P Os pa ra grupos de alunos e a presentar uma palestra sobre sua s teses a o longo do curso.

AGRADECIMENTOS Agrade ce mos ao PPG-EC MVS e à UFMG pe la verba disponibilizada para o curso de campo. A e quipe de funcioná rios do Parque Esta dua l do Rio Doce, representa dos pelo diretor Vinícius Moreira, prestou -

nos um inestimáve l apoio logístico dura nte o curso. Sem a iniciativa do Prof. Fra ncisco Barbosa da UFMG não haveria o aloja me nto do PELD, onde nos hospe damos durante o curso.

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PROJETOS ORIENTADOS - RODADA 1

Foto por Marco A. R. Mello

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C UPI NS MENOS A PARENTADOS APRES ENTAM COMPO RTA MENTO MAIS AGRESSI VO

Fábio T. Pace lhe¹, Fláv ia Ribeiro¹§, Isa belle Ce rceau¹, Sa mantha Campos¹ & Arleu B. Via na-Junior¹

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is,Brasil

Palavras -chave: ass ina tura química, agressividade, B la ttode a, Termitoidae, Te rmes e Armitermes

§Autor corresponde nte: flav iaribe irobio@gma il.com

I NT ROD UÇ Ã O

Os cupins são inse tos socia is da orde m Blattodea: Epifa miliaTermitoidae (a ntiga orde m Isopte ra) (Gulla n & C ranston 2012) que de sempe nha m importa nte pape l no processo de decomposição e cicla gem de nutrientes. Uma colônia típica conté m um casal re produtor, rei e ra inha, que se ocupa m apena s de produzir ovos, dive rsos ope rários estéreis, que exe cutam todo o trabalho e a limenta m as outras castas, e solda dos, també m estére is, que sã o responsáveis pela de fesa da colônia (C onsta ntino 1999).

Em inse tos sociais, grande pa rte do comporta me nto de comunica ção de uma colônia é me dia da por s ina is químicos e pistas (Howard & B lomquist 2005 ). Neste contex to, os hidrocarbone tos pre sentes na cutícula constitue m um grupo de compostos químicos de importâ ncia funda me nta l pa ra a sina liza ção intra e inter-colonial. Esse s compostos sã o gera lmente rela ciona dos à identificação dos indiv íduos de ntro da colônia e o pe rfil cuticula r dos hidroca rbonetos é apare nteme nte espécie-e spe cífico (Haverty et al. 1990). Esse reconhe cimento é se mpre pre ce dido de conta to físico, e pode resultar e m comporta me ntos agressivos (B inde r 1987), o que foi obse rvado e m algumas espécies, como Hodo termes mos sambicus (Hagen 1853), Trinervitermes trinervoides (Sjöstedt 1911), Heterotermes au reus (Snyder 1920) e Micro termes spp. (Pea rce et al. 1990).

Ente nde r a s intera ções homocoloniais e heterocoloniais (intraespe cífica e inte respecífica) nos cupins é importa nte de ntro de uma pe rspe ctiva ecológica, onde esses fa tores podem influe nciar nas dinâmicas de distribuição e spa cia l dos cupinze iros e dispersão dos mesmos. Compree nde r me lhor esses fatores é de funda me nta l importâ ncia pa ra o ma nejo de á reas de preservaçã o e e m sistema s a groflorestais, onde sã o considera dos pra gas. Devido a estes motiv os, neste traba lho busca mos avalia r se existe rela ção entre os compostos químicos (s ina is químicos) das colônia s de cupins (Termes sp. e Armitermes sp.) com os comporta mentos agressivos exibidos por

algumas espécies. Acreditamos que exista um gra die nte de s imila ridade e ntre os sinais químicos dos cupins, indo de ma ior a menor e ntre mesma colônia, mesma espé cie e espé cies distinta s, podendo resulta r em comporta mento a gressivo entre e les qua nto menor a s imila ridade. Assim, espera -se obse rvar uma baixa a gressiv ida de entre indivíduos homocoloniais, uma ma ior a gressiv ida de entre indivíduos heterocoloniais, ma s de me sma espé cie e uma agressivida de a inda maior entre indivíduos heterocoloniais, mas de espé cies distintas.

ME T OD OLOGI A

Á rea d e est udo

O estudo foi rea lizado na Trilha do Vinhático, no Parque Esta dua l do R io D oce (PERD), loca lizado no município de Ma rliéia/ MG. Este Pa rque a pre senta uma á rea de 35.794 ha cobertas por la gos e florestas em diferentes estágios de sucessã o, desde ambie ntes de ca poe irinha até florestas e m estágio clímax (Instituto Esta dua l de Florestas 2002).

A mo st rag em do s cup in s

Ao longo da trilha foram sele cionadas três colônias de cupins, sendo duas de Termes sp. (colônia s 1 e 1’) e uma de Armitermes sp. (colônia 2). A distância e ntre colônias foi de, no mínimo, 30 m para certifica r que as mesmas e ram distintas. Fora m cole tados indivíduos das dua s espé cie s utilizando uma enxa da de jardinage m pa ra que bra r o cupinzeiro e a remoçã o dos indivíduos foi feita ma nua lmente. Em seguida, os indivíduos coletados foram armazena dos e tra nsfe ridos para o labora tório do Pa rque Estadual do Rio Doce, onde fora m tria dos. Somente indivíduos das castas de ope rá rios e solda dos fora m sele ciona dos, se ndo os solda dos utilizados pa ra ide ntifica ção taxonômica e os ope rários usa dos nos experime ntos do e studo. O tipo de de fesa exibida pelos solda dos (defe sa química) é pouco evidente quando compa rada ao comporta me nto dos operários. No la bora tório fora m realizados os testes de agressivida de, obse rvados com o a uxílio de lupa.

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T est e de agr essiv id ad e

O teste de agressividade foi realiza do se gundo descrito por J mha sly e Leuthod (1999), consistindo em empare lha r 10 cupins e m dois grupos de cinco ope rários de cada colônia em uma a re na de 3,4 cm de diâ me tro, conforme a s se guintes combina ções (Colônia 1 x Colônia 1; C olônia 2 x C olônia 2; C olônia 1’ x Colônia 1’; Colônia 1 x C olônia 2; Colônia 1 x C olônia 1’; C olônia 2 x C olônia 1’) e obse rvadas as intera ções durante cinco minutos, se ndo classifica do o tipo de comporta mento a presenta do a cada inte rvalo de 30 segundos (soma ndo no máximo 10 comportamentos ). Os comportame ntos registra dos fora m exame, alarme e agressão. O comporta mento de exa me foi cara cteriza do por reconhe cimento, que consistiu e m palpaçã o ou a nte nação. O comportame nto de a larme foi definido quando o indivíduo vibrava o corpo e, por fim, a s agressões, foram caracterizadas por lutas direta s (mordidas e apreensõe s). Foram feitas cinco réplicas para ca da tra tame nto.

A n ál ises est at íst icas

Para analisar se existe m rela ções e ntre os tra ta mentos e a agre ssivida de dos cupins, construímos um modelo linear gene raliza do (G LM), utilizando a agre ssiv ida de como uma variável resposta e os tra ta mentos como variáveis explicativas. Todas a s aná lises esta tísticas foram feitas utiliza do o programa R (R Deve lopment Core Tea m, 2013).

RE S ULT AD OS

Observa mos que existe m diferenças comporta mentais entre os trata me ntos homocolonia is e he terocolonia is. Na tabela 1 encontra m-se os resulta dos dos índices comporta mentais analisados entre as combina ções das colônias.

Tabela 1 : Resultados dos índic es compo rtamentais com difer entes co mbinações d e colônias (Média ± Des vio pad rão), s endo o N = 10 para c ada co mbin aç ão. O “*” repres enta compo rtamento que apr esentou dif er ença signific ativ a entr e os tratamentos.

Combinação

de colônias

Índice de

exames

Índice de

Alarme

Índice de

Agressividade *

C1 x C1 10 ± 0 1.0 ± 0.7 0.8 ± 0.8

C1 x C2 6.4 ± 1.2 0.6 ± 0.6 9.8 ± 0.2

C1 x C1 ’ 10 ± 0 3.8 ± 1.7 ± 0.5

C2 x C2 10 ± 0 1.0 ± 0.7 1.0± 1.0

C2 X C1’ 7.6 ± 1.1 4.6 ± 1.5 6.2 ± 1.7

C1’ X C1’ 10 ± 0 0.2 ± 0.2 0 ± 0

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Foi possível obse rvar que e m inte rações homocolonia is e he te rocolonia is de mesma espé cie os índices de exames sã o bem maiores, quando compa ra do a os índices de agressão durante o tempo de observa çã o. Mas em intera ções he te rocolonia is de espé cies dife rentes, são obse rvados os exames, mas o comporta mento a gressiv o apa re ce com índices bem maiore s, compa rado aos tra ta mentos homocoloniais e he terocoloniais de mesma e spé cie (Tabe la 1).

Verificamos que nã o existe agressivida de em tra ta mentos homocolonia is e que ocorre um pe que no aume nto na s taxas de agressividade nos tratame ntos heterocoloniais intraespecíficos. Entreta nto, nos tra ta mentos intere spe cíficos, as taxas de a gressão aume nta m significativame nte (p < 0.001) (Figura 1).

Figura 1: Aná lise de G LM com distribuiçã o de erro de Poison. C1 e C 1’ representa m duas colônias difere ntes de Termes sp. ( tra ta mentos hete rocoloniais) e C2 representa uma colônia de Armitermes sp.

D I SC USSÃ O

O comportame nto de exame, caracteriza do pe lo tateame nto das ante nas, é um re conhecimento químico rea lizado por meio do órgão sensorial olfativo. Esse comporta mento possui índices a ltos nos tra ta mentos homocolonia is e hete rocolonia is de mesma espécie, mas com pouca s observa ções de agressão. N os tra tamentos he terocoloniais de espé cies difere ntes, o comportame nto de exame ocorre, ma s os índice s de agressão se torna m mais altos. N as inte rações homocoloniais e heterocoloniais intraespe cíficas os índice s de exame podem ser maiore s devido à s imila ridade dos sinais químicos, ou seja, pela difere nça e ntre hidrocarbone tos pre sentes na cutícula quitinosa das e spé cie s (Haverty e t al. 1990) essencia l para reconhecimento dos indivíduos, faze ndo com que esse comportame nto se mante nha durante todo o te mpo de observação, nã o sendo nece ssário rea lizar a gressões a os outros indivíduos.

Cupins de monstra ra m comporta mentos a gre ssiv os 10 vezes maiore s e m inte ra çõe s inte respe cífica s quando compa ra do com rela ções intraespecíficas heterocoloniais. Esse comportamento també m pode ser ex plica do por meio da possível diferença dos sinais químicos. O re conhecime nto e o comportamento agressivo ocorre ram de forma rápida, a pa rtir do prime iro contato interespecífico. O comportamento agressivo e ntre indiv íduos homocolonia is nã o ocorreu, demonstrando que os indivíduos se reconhecem como pare nte s, esta ndo envolvidos na s ativ ida des positivas.

O re conhecime nto químico e os comportame ntos agressivos rá pidos e m e ncontros intere spe cíficos demonstram que os cupins possuem estra té gias eficie nte s pa ra a prote ção da colônia. O ata que rá pido possibilita a e liminaçã o de pre da dores e invasores sem grandes conse quê ncias pa ra a colônia (Gulla n & Cranston 2012). O reconhe cimento poderia ser

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importa nte pa ra elimina r espé cies que traga m outras amea ças além da pre da ção, como doenças e inquilinismos.

O conhecime nto do pa drã o comporta me nta l de cupins tem importâ ncia no controle desse grupo quando e le se torna uma praga, alé m de conhe cer melhor sua biologia. Mas vale ressa lta r que os comporta mentos dos cupins nesse ex perimento podem ter s ido altera dos devido à sua re tirada do ambiente natura l, que da da umida de, exposição à luz intensa e manuseio dos indivíduos com pinças.

A G RA DE CI ME NT OS

Agrade ce mos ao P rogra ma de Pós-gra dua ção em Ecologia, Conse rvaçã o e Ma nejo da Vida S ilvestre da Universidade Fe de ral de Minas Ge rais pe la ofe rta do Curso de Ca mpo e a o Parque Estadual do R io D oce pela estrutura fornecida pa ra realizaçã o do Curso. Agrade ce mos a todos os professores, tutore s e colabora dores e nvolv idos na organiza çã o e/ou realiza çã o do Curso, especialmente ao Arle u Via na e ao Cle be r Figuere do.

RE FE RÊ NCI AS BI BLI OG RÁ FI CA S

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ES TRUTURA DA COMUNIDA DE DE I NVERTEBRADOS EM MAC RÓFI TAS DA LA GOA CA RIOCA

Alessandra M. G. Teixe ira1§; C ecília Kruszynsk i2§; Estefa ne N. L. Siqueira3; Rafa el A. Souza1; Vane ssa M. Gome s1&Sybelle Be llay4

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil.

2.Labora tório de Ecologia Isotópica, Centro de Ene rgia N uclear na Agricultura, B rasil

3.Departa me nto de B otâ nica, Univers ida de Fede ral de Minas Ge rais, B rasil

4.Centro de Ciê ncias B iológicas, Univers idade Esta dual de Ma ringá, B rasil

§Autor corresponde nte: alessandra mgt@hotma il.com

I NT ROD UÇ Ã O

As comunida des sã o estruturadas por proce ssos que atua m localme nte e re giona lmente. Pa drões unimoda is da riqueza e composição do plâncton podem ser considera dos loca is quando re lacionados ao esta do trófico dos lagos e a produtivida de primá ria (Pujoni 2010).

Um dos grupos mais produtiv os da biosfera sã o as macrófitas aquá ticas, sendo importantes para a estrutura das comunida des biológicas e manutenção das funçõe s ecossistêmica s. Estudos re aliza dos em lagoas no Pa rque Estadual do Rio Doce mostrara m a importâ ncia da s ma crófita s na conserva çã o de ambientes aquáticos (Ma ia-Ba rbosa et al. 2008, Aoki 2010).

As ma crófita s, por possuíre m uma complexida de estrutura l de folhas e raízes espé cie -específica (Santa na et al. 2009), propicia m o aumento da heteroge neida de espa cia l, cria ndo microha bita ts que podem se r colonizados por dive rsas comunida des de inverte bra dos e verte bra dos. Entre as comunida des de inverte bra dos que utiliza m as ma crófita s como local propício pa ra reproduçã o, alime ntaçã o e re fúgio, pode-se cita r a zooplanctônica e bentônica.

Os orga nismos zoopla nctônicos e be ntônicos participam do fluxo de ene rgia e da ciclage m de

nutrientes do siste ma, além de servire m de alimento para outros orga nismos a quá ticos (Margale f 1983 apud Ra mos 2008). Além disso, sã o conside rados bioindica dores da qualida de da á gua (Ca llisto et al. 2001 apu d Ra mos 2008, Santos et al. 2009).

Dessa forma, ide ntifica mos a estrutura da comunidade de invertebra dos associada às ma crófitas aquá ticas na Lagoa Ca rioca. As seguinte s hipóteses fora m formuladas: a) A composiçã o de inve rtebrados associa dos a três dife rentes espé cies de macrófitas é simila r; e b) Há coocorrência de inverte bra dos nas dife re nte s espécies de ma crófitas. Espe rávamos encontra r os me smos grupos de inverte bra dos tanto nas diferentes áre as litorâneas quanto associa dos às três espécies de macrófitas a quá ticas.

MÉ T OD OS

Á rea d e est udo

Nosso estudo foi conduzido no Parque Esta dua l do Rio D oce (PERD) (19º45 ’S - 19º50’S e 42º35’W - 42º40’W) s ituado no estado de Minas Gerais, Bra sil. Possui um sistema hídrico constituído por 42 lagoas que abrange uma á rea de 35.000 ha (Figura 1). Selecionamos a Lagoa do C arioca dev ido a o sua fácil acessibilida de.

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Figura 1: Sistema lacustr e do médio Rio Doc e, evid enciando os limites do Parque Estadu al do Rio Doce e os pontos de coleta n a Lagoa Carioc a.

C ol et a d e d ad o s

Amostras de zooplâ ncton foram coleta das no dia 21 de julho de 2014 e ntre o pe ríodo de 9horas e 11hora s. Fora m coleta dos três indivíduos de cada e spé cie de macrófita (Nym phaea elegans H ook, Utricularia sp. e um tipo de monocotile dônea), tota lizando nove pontos a mostrais. Em ca da ponto fora m coleta dos e filtra dos 10 L de á gua para amostra r a comunida de zooplanctônica, com o auxílio de um ba lde plástico e rede de a rra sto de 68μm de a bertura de malha. As coleta s foram fixadas e m potes plásti cos com solução de formol 8%, etiqueta dos.

Em labora tório, as plantas coleta das foram ide ntifica das e lava das com água destilada. O material obtido com a lava gem dessas pla nta s e as amostras fixadas e m campo fora m identificadas em labora tório a té o níve l taxonômico mais ba ixo com auxílio de microscópio ótico e microscópio este reoscópico. Posteriorme nte, os morfotipos foram organiza dos e m grupos ma iores.

A n ál ise do s D ad o s

Para verifica r se existe diferença s ignificativa e ntre a rique za de inve rte brados observa da pa ra as espécies de macrófitas foi utilizado o teste de Krusk al W allis no programa S ta tistica 7.

Os pa drões de organiza çã o da comunidade de inverte bra dos da Lagoa do Ca rioca fora m a nalisados através do índice de coocorrência C -Score (Checkerboard s core) (Stone & Robe rts 1990 apud Bellay 2009), um modelo nulo baseado na ma triz de presença-a usê ncia. O C-S core me de o núme ro médio de unida des de pare s de morfotipos que não coocorre m em todos os possíve is pa res, podendo gera r um pa drã o agrega do, se gre gado ou aleatório depe ndendo da comunida de e studa da (Krasnov et al. 2006 apu d Bellay 2009).

Para determinar os pa drões de associa ção entre as amostras e a nalisar a distribuiçã o dos morfotipos, foi utiliza do o índice Jaccard pa ra aná lise de similarida de (AN OSIM) e ordena mento pe lo mé todo de escaloname nto multidime nsiona l (NMDS), utilizando as rotinas disponíveis no progra ma PAST.

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RE S ULT AD OS

Fora m e ncontrada s no total 46 morfotipos, divididos em nove grupos distintos. R otife ra apresentou o maior núme ro de morfotipos (S=15), totalizando 32,6% da riqueza e ncontrada (Figura 2). Dentre os grupos de inverte bra dos encontra dos, os Rotifera

apresentara m mais que o dobro da rique za e m rela ção aos he mípte ros, ne má todos e protozoários. Ao se compa rar a rique za de inverte bra dos entre as três espé cies de macrófitas foi observa do que não houve dife re nça significativa (Figura 3).

Figura 2: Riqu eza d e morfotipos de in verteb rados encontrados associados as macrófitas da Lago a Carioc a.

s

Figura 3: Média, erro e desvio padr ão da riqueza de morfotipos associados às três espéc ies de macróf itas (U= Utricularia sp., M=Monocotiledônia, N=N ymphaea elegans).

Em rela çã o à coocorrê ncia, o pa drã o de distribuição dos morfotipos associa dos às macrófitas da La goa Carioca foi considera do alea tório (C -Score observa do = 13,75, p (observa do >=espera do): 0,52), evide nciando novame nte uma homogene ida de da comunidade de inve rtebrados a ssociados à ma crófitas aquá ticas da la goa.

A análise de agrupamento evide nciou que a comunidade de inve rtebrados é homogêne a, confirmado pelo orde na mento da s amostra s por NMDS (s tress =0,22). Os trê s grupos de a mostras estã o re presentados no diagrama de orde na ção bidimensional (Figura 4). A a nálise de similarida de ANOS IM apresentou um va lor global de R = 0,617, confirmando os resultados da classifica ção e

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indicando a ex istência de dife re nças não significa tivas (P = 0,37) na composiçã o da comunida de identificada. A qua lidade do ajuste da orde naçã o (stress = 0,22) e a distribuição das a mostras no dia gra ma bidimensional

do N MDS sugere m uma transiçã o contínua e ntre as associa çõe s de e spé cie s a o longo da zona litorânea na área de estudo.

Figura 4: Orden ação por NMDS (N=N ymphaea elegans, M= Monocotiledonia, U=Utric ularia sp.). Stress = 0,22.

D I SC USSÃ O

A estrutura da comunida de de inverte bra dos da Lagoa Carioca foi homogê nea. A homogene ida de pode propiciar uma maior v ulnera bilidade dos inverte bra dos, já que terã o uma me nor variedade de respostas fre nte a dife rentes tipos de impa ctos ambienta is (Resh et al. 1996 apud Lopes et al. 2011). Poré m, isso pode ria se r altera do caso os morfotipos fosse m ide ntifica dos até o níve l de espécie como em Dvorak & Best (1982), que e ncontram Nonagria sp. (Insecta, Le pidoptera, Noctuidae) somente em Phragm ites au stralis (Cav.) Trin. Ex Steud.

A ma ior rique za de rotífe ros pode estar re lacionada ao fato de ste grupo ser re conhe cido como organismos gene ralistas que dispe rsa m fa cilme nte, culminando em uma distribuiçã o cosmopolita (La mpe rt & Sommer 2007). Este grupo por a presentar cara cterística s como ciclo de vida curto, respondem rápido às mudanças a mbie nta is e sã o conside rados como bons indica dores da qualida de de á gua (Attayde & Bozelli 1998 apud Pujoni 2010).

Os a grupa mentos obtidos na aná lise N MDS demonstram adequa çã o e consistência das represe nta ções usadas para diferencia ção dos grupos ide ntifica dos. Isso sugere uma transição contínua entre a s comunidade s a o longo da zona litorâ nea da área de estudo.

A similaridade encontra da na composição de inverte bra dos na zona litorânea pode se r atribuída ao tama nho da La goa Carioca e às condições ambie ntais seme lha ntes que fa cilitam a dispe rsão dos organismos. De ssa forma, suge rimos que as comunidade s de invertebra dos a ssociados às macrófitas de lagoas rasas e pe que nas pode m se guir um padrão alea tório de distribuição de espé cie s.

A G RA DE CI ME NT OS

Agrade ce mos à profa Sybelle B ellay pelas contribuições ao tra balho, ao Clébe r Figue ire do pela ide ntifica ção das ma crófitas, a o Arleu Viana pe lo forne cimento de re ferências bibliográficas, ao Parque Estadual do Rio D oce pe la estrutura fornecida e à P ós-gra dua ção em E cologia, C onse rvaçã o e Manejo da Vida S ilvestre da U FMG pelo fina nciamento do curso.

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EFEI TO DE PRODUTOS DE CUIDADO PESSOAL NA COMUNIDADE PLA NC TÔ NICA

Mariana P. Lara1, Pe dro H.V.B.P. da Silva2, Raque l H.P. da Silva1, Ray ana M. Souza1§& C lebe r C. F iguere do3.

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is.Bra sil.

2.Departa mento de Zoologia, Unive rsida de Fede ral de Minas Ge rais,B rasil.

3.Departa me nto de B otâ nica, Univers ida de Fede ral de Minas Ge rais, B rasil.

Palavras -chave: fitoplâ ncton; zooplâncton; prote tor sola r; re pelente pa ra inse tos; taxa fotossinté tica; á rea s de conserva çã o.

§Autor corresponde nte: raya [email protected]

I NT ROD UÇ Ã O

Produtos de cuida do pessoal (PCPs) consistem um grupo de substâ ncias encontra das em loções, pastas de de nte s, sabões, fra grâ ncias, protetores solare s, entre outros (Bra usch & Rand 2011). Ao contrário da maioria dos produtos farmacêuticos, que são metaboliza dos, os PCP’s sã o a dministrados externamente e atingem o ambie nte aquá tico sem sofrere m altera ções em sua composiçã o (Te rne s et al. 2004 apud Bra usch & Ra nd 2011).

Em escala global, os compostos mais comumente detectados na supe rfície da água são prove nie ntes de produtos de cuida do pessoa l (Pe ck 2006 apu d Brausch & Rand 2011). Entre tanto, a ma ioria dos e studos foca nos e feitos de compostos farma cêuticos e pouco se sabe sobre a toxicidade dos PCP’s (Daughton & Ternes 1999 apu d B rausch & Rand 2011). Alé m destes compostos serem utiliza dos e m gra nde quantidade, alguns tra balhos indicam que muitos são persistentes ambienta lme nte, bioativos, e têm pote ncial para bioacumula ção (Pe ck 2006, Ma ckay & Barnthouse 2010 apu d B rausch & Rand 2011).

Ambie ntes aquá ticos pode m ser contamina dos por PCP’s de forma dire ta, por pessoas que pra ticam ativida des re crea tiva s, ou indireta, por me io de resíduos de eflue nte s de esgoto (Bra usch & Ra nd 2011). Poiger et al. (2004 apu d Brausch & Rand 2011) estima ram que, em mé dia, uma pe ssoa aplica 1263 mg de filtro UV diaria mente e que o uso coletivo dos mesmos em áreas de balnea bilidade pode ge rar níveis alarmantes desse s compostos no a mbie nte (P oiger et al. 2004 apu d Brausch & Rand 2011). Sendo assim, os PCP’s pode m se r uma fonte de polue ntes re levante em regiões be m conserva das e que pe rmitem ativida des turísticas e de recrea ção e m a mbientes aquá ticos, como e m a lgumas ca tegorias de Unida des de C onserva ção. N esses loca is, os produtos mais

consumidos são os prote tores sola res e os re pe lentes de inse tos.

Os prote tores solares a presentam filtros UV orgâ nicos e inorgâ nicos, sendo os orgânicos mais estudados pela sua intera ção com o a mbiente e com os organismos aquáticos. O composto Câ nfora de Metilbenzilide no é o filtro UV ma is comumente encontra do e m e fluentes de esgoto e superfície da água no mundo. Outros tipos ta mbé m pode m ser encontra dos no ambie nte e bioa cumulados em organismos aquá ticos, além de indícios de pote ncial ativida de estrogênica (Bra usch & Ra nd 2011).

O composto ativo da ma ioria dos re pelentes de inse tos usa dos no mundo, o N,N-die til-m-toluamida (DEET) age na pe rce pção sensorial de insetos a o á cido lático, que é o principal sinal de te cta do para localiza ção dos seus hospede iros (Dav is 1985, Dogan et al. 1999 apud C onsta nzo et al. 2007).

Segundo B rausch & Rand (2011), a ma ioria dos estudos de toxicidade é realiza do com pe ixes e em menor frequência com anfíbios, plantas, ba cté ria s, protozoários e organismos planctônicos, e a s variáveis mais estudada s sã o taxa de crescimento da popula ção, taxa de cre scime nto individual, reproduçã o, sobrevivê ncia, biomassa e de senv olvime nto.

Considera ndo o pote ncial tóxico desses compostos em ambientes natura is e a fa lta de e studos nesse tema no Brasil, nosso obje tiv o é ava lia r o efe ito do uso de um prote tor sola r e de um re pele nte de insetos em comunidade s pla nctônicas de um a mbiente la custre, verifica ndo a lte ra ções na taxa fotossinté tica do fitoplâncton e no comporta mento do zooplâncton.

Em outros estudos, o crescimen to foi a va riáve l mais escolhida para avaliar o efeito de PCP’s no fitoplâncton (Bra usch & Ra nd 2011). Se ndo o crescime nto do fitoplâ ncton de pende nte da

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fotossíntese, nossa hipóte se é que produtos de cuida do pessoa l afe ta m nega tiva mente a taxa fotossinté tica. Caso isso ocorra, esperamos que se jam encontra dos menores valores de taxa de transfe rência de elé trons entre fotossiste mas nas a lga s subme tidas à contamina ção por protetores sola res e re pe lentes de inse tos. Com rela ção ao zooplâ ncton, alte rações comporta mentais sã o ge ralme nte as respostas avalia das e m estudos e cotoxicológicos. N ossa hipótese é que os PCP’s afe tarã o a comunida de estuda da. Espe ramos que ocorra m altera ções nos padrõe s de motilida de desses organismos, como em casos de intoxica çã o.

MÉ T OD OS

Á rea d e est udo

O siste ma la custre do mé dio Rio Doce é formado por cerca de 150 la goa s, das quais a proxima da mente 50 estã o protegidas de ntro dos limite s do Parque Estadual do R io D oce/ PERD (19º29’S - 42º28’W), o maior re mane sce nte de Ma ta Atlântica do Esta do de Minas Gerais (35.976 ha) (F igura 1). O entorno do Parque é ocupa do principalmente por pla nta ções de Eucalyptus. A la goa Carioca, utiliza da neste estudo, possui profundidade máx ima de 10 m, á rea de 0, 13 km2 é escura e mesotrófica (Barros 2010).

Figura 1: Localiz ação d e 18 lagoas do Parque Estadu al do Rio Doc e/PERD (MG) , sendo a Carioc a (1) a lagoa ut iliz ada para o estudo. A linh a contínu a indic a os limites do PERD. Fonte: Insti tuto Min eiro d e G estão d as Águas (IGA M-MG).

O clima da região é definido co mo tropical semi-úmido, com qua tro a cinco me ses de se ca e cara cterística s mesoté rmicas (Nimer 1989 apud Barros 2010), com te mpera tura em torno de 25ºC. Dados da esta ção climatológica instalada dentro do

PERD, obtidos entre 2004 e 2008, mostram que o período ma is que nte e chuvoso se este nde de outubro a março, e o período de seca, de a bril a setembro.

C ol et a d e d ad o s

Para a cole ta de água, utiliza mos uma re de de arrasto (20 μm de porosida de) para concentra çã o de fitoplâncton e deposita mos coleta mos três litros de água e o material filtrado foi deposita do e m um balde plástico graduado que poste riormente foi tra nsfe rido para um galã o de 5L. Foi feita uma nova filtrage m em uma re de de maior porosidade a fim de sepa rar os macroinve rte brados e microcrustáceos, dos objetos de e studo. O experime nto apresenta três tra ta mentos: controle; solução de prote tor sola r FPS 30; e soluçã o com re pe lente de inse tos e m creme, com três réplicas para cada trata me nto. A conce ntra ção das soluções foi obtida pe la dissolução de 250 mg dos produtos te sta dos em 1L de á gua destilada. C ontrole e tra ta mentos fora m montados a partir da a dição de 15 0 mL da a mostra filtra da em erle nmeyers. No ca so dos tra ta mentos, cada erle nmeyer re ce beu 15 mL da soluçã o a se r testada. Todos os frascos fora m ta mpados com filme de PVC. Estes, por sua ve z, foram mantidos em condiçã o de iluminação por três horas a o a r livre.

Foi feita uma filtra ção a vá cuo com 15 mL das amostras de ca da tra ta mento utilizando um filtro de fibra de v idro do tipo GF1. Devido à a lta conce ntra ção de sílica presente na água da La goa Ca rioca (Ale ssandra Marques, com.pess.), e nfrentamos problema s dura nte o processo de filtra çã o a vá cuo. As a lgas re tidas no filtro fora m cobertas com filme PVC e fora m coloca das no a parelho de fluorimetria mini-P AM para a me diçã o da taxa fotossintética (Figueredo et al. 2007).

Para a análise dos efe itos sobre o comporta mento do zooplâncton, 5 ml das a mostras de cada tra tamento fora m coloca das em placas de Pe tri e observa das com o a uxílio de uma lupa dura nte 15 minutos a o longo da prime ira hora de ex perimentaçã o. D ois observa dores fora m responsáveis por registra r o comportame nto do zooplâncton. Re gistramos o comportamento dos qua tro taxa mais a bunda ntes no siste ma de estudo, sendo elas Brachio nus mirus (Bra mir), Kerate lla sp., Chaoboru s sp. (larva de Dipte ra) e C opepoda (náuplio e adulto).

A n ál ise do s d ado s

Para testa r a difere nça da taxa de tra nsfe rê ncia de e létrons (ETR) entre o controle e os tra ta mentos, foi fe ita uma aná lise de covariância (ANC OVA). A a nálise foi rea lizada com o a uxílio do softwa re R 2.1.1 pa ra Windows.

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RE S ULT AD OS

A eficiê ncia fotossintética não sofreu alte rações segundo os tra tame ntos e mprega dos (ANC OVA, F = 1,72; Gl = 2 e 76; P > 0,05) (Figura 2). Apesa r disso, cinco dos seis maiore s valore s de ETR foram encontra dos no controle. D o mesmo modo, os valores

refe rentes ao tra tame nto com re pelente foram gera lmente menore s.

Figura 2: Inf luência d e protetor solar (superior) e r epelente (inf erior) sobr e a taxa fotossintétic a d e fitop lânc ton da Lago a Carioc a, Parque Estadu al do Rio Do ce ( MG).

Ape nas dois dos qua tro taxa utilizados a pre senta ram mudanças de motilida de quando ex postos ao repe lente. Brachio nus m irus, no tra tamento controle, se locomov ia de forma continua, e nqua nto modificou para mov ime ntaçã o descontínua e com pequenos saltos no tra tamento com re pe lente. O mesmo tra ta mento també m alterou o comporta mento do

Keratella sp., que apresentou maior motilidade se compa ra do a o controle.

D I SC USSÃ O

É possível que substâ ncias pre sentes no repe lente alte re m os processos de transporte de e lé trons do apara to fotossintético do fitoplâncton, a pesa r de não confirmada estatisticame nte. Entre tanto, essa

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tendê ncia não foi obse rvada pa ra o tratame nto com filtro solar. Ainda que os PCP’s se jam utilizados individua lme nte e m porçõe s rela tiva me nte pequena s, um estudo fe ito em um la go na Suíça rela tou que quase uma tonela da de filtro solar é a diciona da por ano naquele e cossiste ma (P oiger e t al. 2004 apud Brausch & Rand 2011) Esta é uma situa ção pre ocupa nte devido à carência de estudos que investigam efeitos deste produto na comunida de aquá tica (B rausch & Rand 2011).

Como as amostras fora m ma ntidas e m um a mbiente não controla do, houve uma gra nde variação de luz e tempe ratura a o longo de todo o experime nto. Estas variações, possivelme nte, influe nciara m na s taxas fotossinté ticas do fitoplâ ncton.

Não foi obse rvada mudança de comporta me nto do zooplâncton nos tra tamentos com filtro sola r. Isso pode te r ocorrido pela conce ntra ção utiliza da (250mg p/L), que pode ter sido ba ixa pa ra causa r intoxica ção nesses orga nismos. Dife re nte me nte, o tra tamento com re pe lente gerou mudança comporta menta l, suge rindo que a conce ntraçã o utilizada (250mg p/L) provoca intox ica ção no zooplâncton. Estudos ante riores mostrara m que há uma a lta variaçã o de conce ntra ção do DEET nos re pe lentes comercia liza dos (U.S. Environme ntal Protection Age ncy apu d C onsta nzo et al. 2007). Isso pode nos indicar que a concentra çã o existe nte no produto utiliza do pa ra o teste pode se r a lta e conse gue induzir uma resposta ne ga tiva ma is rapida me nte. Esta situaçã o nos mostra que são ne cessários novos testes para investigar o efe ito da concentra çã o de sta substâ ncia sobre a comunidade planctônica.

Portanto, produtos de cuida do pessoal causam efeito toxicológico na comunida de planctônica. N o entanto, não foi obse rvado influência destes produtos nas taxas fotossinté ticas do fitoplâncton. Suge rimos que estudos futuros controle m os fa tores a mbientais, como tempe ratura e incidê ncia de luz, que podem

causa r alte rações nos re sulta dos. De qua lquer forma, este estudo se rve como base pa ra futuros estudos que irã o inve stiga r os efe itos dos produ tos de cuida do pessoal na comunidade pla nctônica de a mbientes lacustres.

A G RA DE CI ME NT OS

Agrade ce mos ao Instituto de Ciê ncias B iológicas e ao Progra ma de Pós-gra dua ção em Ecologia, Conserva ção e Mane jo da Vida Silvestre (PPG-ECMVS/UFMG) pelo a poio e ince ntivo à nossa forma ção a cadêmica. À toda equipe de funcionários do PERD. À Alessa ndra Marques pelo a uxílio na ide ntifica ção do zooplâncton e a o Arle u Via na pelas análises estatística s. Agra de ce mos ta mbém todos os professores e tutores do Curso de ca mpo pelo suporte e apoio.

RE FE RÊ NCI AS BI BLI OG RÁ FI CA S

Barros CFA. 2010. Diversid ade e ecolog ia do fitoplâncton em 18 lago as natur ais do médio Rio Doc e. Tes e d e doutorado. Belo Horizonte: Universidad e Fed er al d e Minas Gerais , Progr ama de Pós-Gr aduaç ão em Ecologia, Conservação e Manejo da Vid a Silvestr e.

Brausch JM Rand G M. 2011 . A review of person al care products in the aquatic environment: Environ mental concentr ations and toxicity. Chemosph ere 82:1518 -1532.

Constanzo SD , Watkinson AJ, Murb y EJ, Ko lpin DW, Sandstro m DW. 2012. Is there a ris k associated with the insec t rep ellent DEET (N,N -diethyl- m- toluamid e) commonly found in aquatic en viron ments? Scienc e of the Total Environment 384: 214 –220.

Figueredo CC, G iani A, Bird DF. 2007. Do es allelop athy contribute to Cylindrospermopsis raciborskii (Cyanob acteria) bloo m occurr ence and g eographic expansion? Phycologic al Society of A meric a 43 : 256 –265.

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I NFLUÊNCIA DO ISOLAM ENTO NA RECOLO NIZAÇÃO DE S ERA PILHEI RA PO R MAC ROI NVERTEBRADOS

Adria na A. C arvalho¹; Geanne C. N. Pe reira¹§; Jana ina U. M. Agra ¹; Joã o H. A. Xavie r¹; Pe dro B. Garcia ¹ & Daniel Brito²

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil

2.Departa mento de E cologia, U niversidade Federa l de Goiás, Brasil

Palavras -chave: Bioge ografia de Ilhas, fra gmenta ção, inverte bra dos, Ma ta Atlântica, ma triz de ha bitat.

§Autor corresponde nte: gea [email protected]

I NT ROD UÇ Ã O

A fragme nta çã o de habita ts pode se r considerada uma das maiore s ameaça s à biodive rs ida de causa das pelas a tividades a ntrópicas. Esse processo consiste na reduçã o de uma á rea contínua, resultando na divisão desta em dois ou mais fra gmentos (Wilcove et al. 1986; Shafe r 1990 apud Prima ck & Rodrigues 2001). A Teoria de Bioge ografia de Ilhas pode ser utiliza da para descreve r o proce sso de fragme nta ção, conside rando que os fragme ntos sã o ilhas de ha bita t circunda das por uma ma triz inóspita (Primack & R odrigue s 2001). Alé m disso, a composiçã o de e spé cies de fra gme ntos é um processo dinâ mico, cara cteriza do por ex tinções locais e re coloniza ções.

Entre as inúme ras implicações nega tivas rela ciona das à fragmenta ção, se de sta ca a limitação do pote ncial de dispe rsã o e coloniza çã o de uma dada espé cie (Fahrig 2003). A cria ção de uma ma triz inóspita para determinada s espécies, como áreas de cultivo ou pastage ns, pode m, por exe mplo, dificultar a recoloniza çã o dos fra gme ntos que por sua vez pode influe nciar direta me nte a dispersã o de frutos e seme nte s, pre judicando a alime nta çã o de animais nativos de de te rmina do ecossistema (Prima ck & Rodrigues 2001). A re dução de fontes alime nta res pode resultar numa maior compe tiçã o por esses recursos, o que pode precipita r o de clínio populacional ou até mesmo a extinçã o local. Outra implica ção importante é o efe ito de borda que se cara cteriza pe la a lte ração de algumas condições bióticas e abióticas que podem modifica r a composiçã o de vá rias comunida des, a fe tando diversos processos biológicos (Laurence 2000).

A ocupaçã o histórica dos territórios originalme nte de Mata Atlâ ntica prov ocou a fra gmenta ção desse bioma, cuja cobertura ve geta l a tua l varia e ntre 11.4% a 16% (Ribe iro e t al. 2009). Tal s itua ção pode se r e ncontrada na região do Parque Estadual do Rio Doce, o qual é circundado por terrenos que desenvolve m a tiv ida des agrope cuá ria s e cida des de pe que no e médio porte.

Dessa forma, num contexto mais a mplo, diversos estudos pode m se r rea lizados com o intuito de se analisar os efeitos da fragmenta ção sobre a macrofauna loca l.

Neste estudo, estabe lecemos como microcosmo de estudo uma pequena áre a de vegeta ção se cundá ria do Parque Estadual do Rio D oce e procuramos avaliar o efeito de diferentes níve is de isola mento sobre a recoloniza çã o por ma croinvertebra dos presentes na serapilheira. Tendo como embasa mento te órico o modelo de bioge ografia de ilhas, conside ramos que maiore s níveis de isolamento de fra gmentos de serapilheira da fonte circundante se rão responsáveis por um me nor gra u de re colonizaçã o por macroinve rte brados.

MÉ T OD OS

O Parque Estadual do R io D oce (PERD) foi cria do em 1944, e m Mina s Gerais, e possui uma área de aproximada me nte 36 mil ha de Mata Atlâ ntica, abra nge ndo os municípios de D ionísio, Timóte o e Marlié ria (19° 45 ’ e 19° 30’S e 42° 38’ e 48° 28’W ). Entre os rios presente s na áre a estão o Rio Doce e o Rio P ira cicaba (IEF 2002).Este estudo foi re aliza do próximo à se de a dministra tiva do Parque, e m um fragme nto de ma ta se cundá ria rode ado por estra das e insta lações próximas à e ntra da Oeste do Parque.

Para testar se a rique za de ma croinve rtebrados associa dos à sera pilhe ira diminui com o aume nto do isolame nto dos fragmentos, simulamos a fragme nta çã o deste substrato (Figura 1). Para isso, de marcamoscinco parcelas com um qu adrat de PVC com 34 cm de lado. As parcelas foram manipula das do seguinte modo: ( I) re moção manual da se rapilheira, (II) re tira da da fauna da sera pilhe ira removidautilizando um defa una dor e ntomológico e (III) reposiçã o do mate ria l defa una do na pa rcela de orige m. U ma parce la foi conside rada como controle e

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as outras qua tro fora m subme tidas a isolame ntos de 10, 20, 50 e 100 cm de distancia mento da fonte. Para recoloniza r o fra gmento, ca da anima l teria que se deslocar da á rea-fonte e atravessar a ma triz.

Figura 1: Esquema do desenho amostr al de frag mentação de serap ilheira. O esquema ilustr a o deslocamento de indivíduos da fonte (continen te) até o fr ag mento (ilh a), passando pela matriz, ambiente inóspito ao organismo estudado . A seta i lustra o d esloc amento n ec essário p ar a a recoloniz aç ão do fr ag mento por macroinvertebr ados da fonte.

Os fra gmentos de sera pilhe ira fora m cole ta dos após três horas de ex posiçã o, armazena dos e m sacos

plásticos e ide ntifica dos de acordo com o tipo de tra ta mento. As a mostras de sera pilhe ira fora m tria das e os invertebra dos foram morfotipa dos. As morfoespécies servira m de modelo para representa r a análise de toda a comunidade de ma croinve rtebrados presente na área. A correlaçã o entre a riqueza de macroinve rte brados e os difere nte s tra ta mentos foi avalia da por me io de uma regressão linear simples.

Considera mos a presença dos ma croinve rtebrados como indica dor de recoloniza çã o, sinaliza ndo a capa cida de da popula ção de se e sta belece r nos fragme ntos, poré m a e fe tividade desse esta bele cime nto não foi avalia da.

RE S ULT AD OS

Cole ta mos 14 morfoespécies nos fragme ntos controle (sem isola mento) e com 10 cm de isola me nto, 11 morfoespécies nos fragme ntos com 20 e 5 0 cm de isolame nto, e 12 morfoespé cies no fragme nto com 100 cm de isolame nto (Figura 2). Alguns dostaxadas morfoespécies e ncontra dos fora m: Formicida e, Ara chnida, Cole mbola, C ole opte ra e Miria poda. A análise de Regressão Linea r que indicou que a riqueza não diminuiu com o a umento do isola mento (F1,3 = 0,99; R2 = 0,25; p = 0,39).

Figura 2: Relaç ão en tre a r iquez a d e macro invertebrados d e serapi lheir a e do isolamento entre os fr ag men tos e a área fonte (F1,3 = 0,99; R2 = 0,2 5; p = 0,39).

D I SC USSÃ O

A rique za de ma croinverte bra dos não diminuiu com o aume nto do isolame nto a té um metro, sendo assim, esta re moção de sera pilhe ira nã o representou ba rre ira significa tiva para essa comunida de de

macroinve rte brados de se rapilheira que, e m três horas, foi capaz de se desloca r e ocupa r o fragmento. É possíve l que a ca usa de ssa ba ixa corre laçã o seja a alta mobilidade desse s animais, muitos dos quais se deslocam em á reas ma iores que um me tro (Cullen -Jr et al. 2012). No entanto, neste e studo, como não

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avalia mos a dife rença na composiçã o de espécies dos dife re nte s tratame ntos, não pode mos a firma r se a composiçã o de espécies de macroinve rte brados é influe nciada por e ssa escala de isola mento.

Para a fragme nta ção afe tar a dispe rsã o de um g rupo de organismos, a matriz e ntre o fragmento e a fonte deve se r impermeáve l pa ra e sse grupo (Townsend et al. 2010). Neste trabalho, o solo exposto corresponde à matriz, mas pode não representar uma ba rreira que afete ne ga tivamente a riqueza de macroinve rte brados na e sca la do expe rimento, podendo ser um modelo insuficie nte pa ra ente nde r o impacto do isolame nto de fragme ntos de sera pilhe ira na riqueza de ma croinverte bra dos que os recolonizam.

Observa mos que o deslocame nto e ntre fonte e fragme nto variou entre as morfoespécies ide ntifica das. Sendo assim, a ela boraçã o de modelos experime ntais com foco e m um grupo taxonômico pode ter um desdobra me nto difere nte do observa do em níve l de comunidade. Porta nto, pa ra me lhor compree nde r o flux o da ma crofauna de inve rtebrados entre fra gme ntos sugerimos que, em trabalhos futuros, se jam ava lia dos níveis de isolame ntos maiore s que um me tro e te mpo de exposição maior que trê s horas. Alé m disso, o levanta mento da composiçã o das espé cies antes da defauna ção contribuiria para u m me lhor e nte ndimento sobre o efeito da fra gme ntaçã o sobre a comunida de associa da à se ra pilhe ira.

No contex to do manejo de unida des de conserva çã o, a remoçã o de pe que nas quantidades de sera pilhe ira ou a a bertura de trilhas por anima is ou pela gestã o do parque nã o re presenta impacto releva nte sobre a rique za de espécies se tive rem a té um me tro de largura. Cabe re ssaltar que nã o ava lia mos os impa ctos

da compa cta ção do solo, re sulta do da frequenta ção destas trilhas e que pode torna r a ma triz impe rmeável para a lguns dos grupos de ma croinverte bra dos.

A G RA DE CI ME NT OS

Ao P rofessor Daniel Brito, que é a alma do proje to. Ao Arleu Via na e a o Marco Me llo que nos auxilia ram responde ndo dúvidas eventua is. À Elizâ nge la que emprestou a vassoura. Ao Ra fael que tirou uma foto do grupo.

O projeto foi realiza do com aux ílio do Progra ma de Pós-G raduaçã o em Ecologia C onserva çã o e Mane jo da Vida S ilvestre da Unive rs ida de Fede ral de Minas Gerais

RE FE RÊ NCI AS BI BLI OG RÁ FI CA S

Fahrig L. 2003. Effects of habitat frag mentation on Biodiversity.Annu. Rev. Eco l. Evo l. 34 :487–51 5.

IEF – Instituto Es tadu al D e Flor estas (MG) . Plano d e Man ejo do Parque Estadu al do Rio Doc e. 2002.

Cullen- Junior LC, Rudr an R, Valladar es-Padua C. 2012. Métodos de Estudos E m Biologia da Conser vaç ão e Man ejo d a Vid a Silvestre. Curit iba: UFPR.

Laurenc e WF. 2000. Do edg e effec ts occur over larg e spatial scales? Tr end. E col. E vol. 1 5:1 34-13 5.

Primac k RB, Rodrigu es E. 2001. Biolog ia da Conservaç ão. Londrina: Planta.

Ribeiro MC et al. 2009. The Br azil ian A tlan tic For est: How much is left, and how is the remaining for est distributed? Implic ations for cons ervation . Bio logical Conservation 1 141–1 153 .

Townsend CR, Begon M, Harp er JL. 2010. Fundamentos em Ecologia. Porto Alegr e: Artmed.

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DISPERSÃO E PREFERENC IA DE FRUTOS DE JOANNESI A PRINC EP S VELL. (EUPHORBIAC EA E) PO R CO TIAS

Fabíola A. La de ira¹§, Fernanda F. Ara ujo¹, Isabe la M. Ca rdoso¹, R ômulo M. M. Carleia l¹ & Fe rnando Azevedo

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil

2.Departa mento de Zoologia, Unive rsida de Fede ral de São Joã o Del Rey, Bra sil

Palavras chave s: Dasyprocta aza rae; cotie ira; Ma ta Atlâ ntica, Parque Estadual D o R io D oce.

§Autor corresponde nte: la deira.fa [email protected]

I NT ROD UÇ Ã O

Dispe rsã o é uma rela çã o do distancia mento de um indivíduo do seu ponto de orige m. A hipótese de Janze n (1970) e Conne ll (1971) diz que a he rbivoria pode ser responsáve l pela alta rique za de espécies em florestas tropica is, pois pre dadores forrageariam proxima me nte à pla nta s-mãe. Isso levaria a uma maior taxa de pre daçã o de se me nte s em dista ncias menores da planta-mãe, enqua nto se mentes mais distantes da planta -mãe teriam ma is chances de sobrevivê ncia.

Muitos animais são responsáveis na dispe rsão de seme nte s e frutos pa ra locais ma is dista nte s da pla nta de origem (zoocoria). Nessa relaçã o, os ma míferos tem um papel muito importante para o sucesso reprodutiv o da planta, principalme nte por carre gar as seme nte s e deposita r no solo ou e nte rra r (Vander Wall 1990), a exe mplo de prima tas e roedores. Isso pode ocasionar uma importâ ncia na dispersão e rege ne raçã o florestal. Esses efeitos de top-down tem sido cada vez ma is estuda dos em comunida des terrestre s (McLa re n and Pe terson 1994). Dona tti e colabora dores (2009) mostrara m que na ausência da cotia (Dasyprocta azarae Lichtenste in, 1823) a populaçã o de pa lmeira As trocaryum aculeatis simum entrou e m cola pso. Esse estudo examina se a cotia é uma potencia l dispe rsora de frutos de cotieira. Hipote tiza mos que (I) se frutos da s cotieiras são pre dados por cotias; ( II) as cotias auxilia m na dispersão dos frutos; ( III) as cotias dã o pre ferê ncias a determinados tamanhos de frutos.

MÉ T OD OS

E spécie de est udo

Joannesia princeps Vell. (Euphorbia ceae ),conhecida popularmente como cutie ira e fruta-de -cutia, é uma espé cie a rbórea que ocorre do Pa rá a Sã o Paulo, Ba hia, Espírito Santo e Minas Ge rais, principalme nte na floresta pluvia l da encosta a tlâ ntica. Com altura entre

15 a 20 metros, é uma pla nta decídua cara cte rística de terrenos secos da encosta pluv ial a tlâ ntica, produzindo grande qua ntidade de seme ntes v iáveis anualme nte e florescendo entre os meses de julho e sete mbro com o apare cime nto das novas folhas. Os frutos da cutieira contê m de uma a trê s se mentes, que amadure ce m e ntre os meses de março e maio.

A cutieira possui va lor comercia l, apresentando made ira leve, de cor cla ra e às ve zes com ma nchas amare la das, se ndo utiliza da pa ra a fa brica ção de palitos de fósforo, ce lulose, tabua do para forros e canoas e janga das. Além disso, a semente possui um óle o pe sado e a mare lo, útil pa ra fins me dicinais e indústrias, muitas ve zes substituindo o óle o de linhaça.

Por desempenhar pape l importa nte na a limenta ção de a lguns grupos da fauna a travé s dos seus frutos, não deve faltar na composição de flore sta s destina das ao repovoa me nto de áreas de gra da das de preserva ção perma nente.

Á rea d e est udo

O Parque Esta dual do Rio D oce (PERD), com uma á rea de 35.794 hectares, foi criado em 1944 e re pre senta o maior re ma nescente de Floresta Atlâ ntica e m Minas Gerais e um dos principa is fra gmentos do bioma no Brasil ( IEF 2002). Apresenta gra ndes áre as cobertas por florestas de dife rentes estágios de suce ssã o, sendo e ncontradas exte nsões de cobertura primária.

A á rea do PERD é limitada a leste pe lo rio Doce e a oeste pe lo rio Pira cicaba. A Ba cia do R io D oce percorre cerca de 600 km do Esta do de Minas Ge rais, onde ocorre a formaçã o de s istema la custre com cara cterística s singulares em dois pontos, sendo um dele s em seu trecho mé dio, inse rido no Vale do Aço, em Mina s Gera is. Parte de sse s istema lacustre encontra -se de ntro da áre a do PERD, se ndo um importa nte siste ma a quífe ro pa ra a manutenção da diversidade.

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C ol et a e An ál ise d e d ado s

Para te sta r a dispe rsão dos frutos e as condições das seme nte s, fora m a mostrados qua tro e spé cimes de Joannesia princeps isola dosentre si por pe lo menos dez metros, ao longo da Trilha do Vinhático no PERD. Todos os frutos ao re dor da á rvore tive ram sua distância pa ra a á rvore-mãe medidas com o uso de tre na e fora m cole tados um total de 441 frutos para análise, cara cteriza ndo-os pe la pre sença ou ausência de pre daçã o.

Em la bora tório, se leciona mos apenas frutos nos quais era possíve l me dir a la rgura e altura, onde consideramos a a ltura da cica triz de inse rçã o do pedúnculo a sua pa rte oposta, e perpendicularmente medimos a largura. Dessa forma, me dimos em torno de seis a 15 frutos por individuo da á rvore, utilizando o paquímetro.

As ana lises dos da dos fora m rea lizados a través do teste esta tístico AN OVA no softwa re SPSS versão 2.0 para a nalisar a diferença entre os frutos coleta dos de árvores dife re nte s.

RE S ULT AD OS

Pr ed ação d e fr uto s d e Joanne sia pr inceps por

co t ias

Em um total de 441 frutos, 330 foram pre da dos e 111 não fora m pre dados. Nos frutos preda dos foram observadas marcas de mordida, ausência total ou de parte das seme ntes e pe daços de casca bastante que bra dos. Através de sses indícios podemos concluir que os frutos de J. princeps estão sendo pre dados pelas cotias.

D isp er são d e sem ent es d e J oanne sia pr ince ps

Encontra mos ma is próximos da planta mãe frutos não pre dados, com distancia média de 4,6 me tros para o prime iro e 6,9 me tros pa ra frutos pre da dos (F = 49, 4, P < 0,001). A árv ore 2 representa um outlie r pois nesse ponto foi e ncontrado um aglome rado de se mentes bem ma ior que nos de mais ( figura 1).

Pr efer ên cias d as co t ias po r t am an ho s d e fr uto s.

Os va lores de la rgura e altura do fruto e m rela çã o à

pre dação nã o fora m significativos (P>0,05; figura 2). Os valores mé dios de tama nho dos frutos e m rela ção à pre da ção estã o representados na Figura 3.

Figura 1: Relaç ão da condiç ão d as sementes en tre a dist ancia d a planta mãe (D esvio Padr ão (SD)= 2,8 não pr edad as e 3,12 pred ad a; Erro Padr ão (SE) = 0,27 não pred ad a e 0,17 pred ada) .

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Figura 2: Relação entr e pref erênc ia de pr edaç ão com altura ( A) e largura (B). Onde os resultados não mostr aram nenhu ma preferência d as cotias na s eleção dos frutos.

Figura 3: T amanho médio dos frutos em r elação à pr edaç ão.

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D I SC USSÃ O

Diversos mamífe ros se mpre são cita dos como dispersores de se me nte s re levantes em florestas neotropica is, espe cialmente os de gra nde porte como cutia, paca s e a ntas. (Forget 1994, Fragoso et al. 2003; Pime nte l a nd Ta ba relli 2004; Janse n et al. 2004; Guima rães et a l. 2005). As ma rcas observa das nos frutos indica m preda ção realizada pela cotia ( informaçã o pessoal Fe rna ndo Azevedo). Esse a nimal tem o comportame nto de re tirar o pe ricarpo de frutos ante s de leva-los pa ra outro local (Haugaase n et al, 2012).

Nossa s aná lise s corrobora m com a literatura e demonstrara m que a cotia auxilia na dispe rsão de seme nte s de J. princeps. Os frutos predados se encontrava m ma is dista ntes da árv ore-mãe do que aque les não pre da dos, o que cara cteriza o fe nôme no de dispe rsã o. Embora nã o fosse o foco de nosso tra balho, obse rvamos um grande núme ro de frutos ente rrados na sera pilheira. Alé m disso, encontramos vários aglomera dos de seme ntes pre dada s, norma lme nte e m área s cobertas e a fastada s da árvore-mãe. P resumive lmente, as cotias possuem o hábito de ca rre gar se me nte s para regiões mais prote gidas de pre da dores e acumula-los em núme ro (Howe 1989) e isso foi obse rvado e m ca mpo sendo explica do pelo outlier da árv ore 2. Estudos que se propuserem a inve stiga r este comporta me nto e o seu impacto para a dispe rsã o de J. princeps se ria m bem vindos. No PERD, a populaçã o de outros ma míferos capa zes de se alimentar e dispersar as se me ntes da cotie ira é pouco re presentativa.

A hipótese de que cutias tem preferê ncia por ce rtos tama nhos de frutos foi reje itada, poré m obse rvamos que a ma ioria dos frutos predados te ndem a ter tama nhos inte rmediários. Esses resultados sugerem que a cotia, e mbora se ja ca pa z de preda r frutos de dife re nte s ta manhos, evita os extre mos ( frutos muito pequenos ou muito gra ndes). Acredita mos que esse padrão se deve a o fa to qu e frutos pe que nos te m um baixo te or nutriciona l, enqua nto frutos ma iores ofe rece m ma ior res istência pa ra o animal ace ssar as seme nte s. Esse comporta me nto é explica do pela teoria de forra gea mento ótimo.

Sugerimos que estudos posteriores leve m em consideraçã o a ida de dos anima is, de forma a investigar se difere ntes classe s de ida des pre dam certas cla sses de frutos. Acre ditamos que frutos de

gra nde ta manho só pode m se r pre dados por animais adultos e de grande porte sendo nece ssário mais estudos pa ra comprovar e sses dados. Dessa forma concluímos que a cotia é a principal dispersora de frutos de cotie ira e nesse estudo não foi comprovada a pre ferencia por tama nho de frutos pe lo a nimal.

RE FE RÊ NCI AS

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PROJETOS ORIENTADOS - RODADA 2

Foto por Marco A. R. Mello

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TAMA NHO NÃO É DOC UMENTO: I NFLUÊNCIA MO RFO LÓGICA DOS DIÁSPO ROS NA EPIZOOCORIA

Estefa ne N.L. Sique ira2§; Isa be lle C erceau1; Fábio Pa che le1; Samantha C ampos 1& Ferna ndo A. O. Silve ira2

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil.

2.Departa mento de Botânica, U nive rsida de Federal de Mina s Gera is, B rasil.

§Autor corresponde nte: [email protected]

I NT ROD UÇ Ã O

A dispersã o de diásporos é o proce sso pe lo qual os diásporos sã o re mov idos da proximida de da planta-mãe para distância s onde pode m se estabele cer. A dispersão é um processo-chave no ciclo de v ida da maioria das plantas porque permite que a se mente se esta bele ça e m um a mbiente com me nor pressã o de pre dação e compe tição (H owe & Miriti 2004 apud Andrea zzi et al. 2009). A dispersã o é um dos fa tores que afeta m a distribuição e spa cia l e a via bilidade das populações de plantas a longo pra zo (Asquith et al. 1999 apu d Andreazzi e t al. 2009), e entre seus bene fícios estão a re duçã o da predaçã o de diásporos, maximizaçã o da ge rmina çã o e colonizaçã o de novos habita ts (Sánchez-Cordeiro & Martíne z-Ga lla rdo 1998 apud Andre azzi e t a l. 2009).

Algumas espécies de pla nta s possue m estruturas espe cia lizada s (ga nchos, tricoma s, pappus, e tc...) que aume nta m a chance dos diás poros serem tra nsporta dos passivamente sobre a pela gem ou penuge m de anima is (Begon e t a l. 2007). Este proce sso é denominado epizoocoria e é pouco estuda da, espe cia lmente em a mbie nte s tropicais (Bullock e t al. 2011).

O presente tra balho tem como obje tivo avaliar a dispersão de diá sporos maduros e ve rdes e a influê ncia da morfologia do diásporo na taxa de adesã o de ade são e de despre ndimento de duas espé cies e pizoocórica s e m um sub-bosque de Mata Atlântica. Nossa primeira hipótese é de que o estágio de ma turação do diásporo a feta a s taxas de ade são e remoção, com diá sporos ma duros apresentando maior taxa de ade são e me nor taxa de despre ndime nto. N ossa segunda hipótese prediz que a morfologia do diásporo afe ta as taxas de a desã o e despre ndime nto, com maiores razões gancho/diásporo a pre senta ndo ma ior taxa de ade são e me nor taxa de despre ndimento.

MÉ T OD OS

Á rea d e est udo

O estudo foi rea lizado na T rilha do Vinhá tico, no Parque Esta dua l do R io D oce (PERD), loca liza do no município de Marlié ia/MG. O Parque ocupa uma á rea de 35.794 ha, nos qua is se distribui uma flore sta esta ciona l semide cidua l em dife re nte s está gios de suce ssão, desde a mbientes de capoeirinha a té florestas e m está gio clímax (Instituto Esta dua l de Florestas 2002).

C ol et a d e d ad o s

E xper im en to 1 : t axa d e adesão d e d iásp oro s

Qua tro pesquisadores ca minha ra m durante 15 minutos ca da no sub- bosque da mata, atuando como coletores de diásporos. A dire ção da ca minha da foi escolhida de forma aleatória de forma que a cada minuto uma nova direçã o era sortea da pa ra que a coleta continuasse. Ao final de uma hora todos os diásporos que fica ram aderidos à s roupas dos coletores fora m morfotipa dos e conta dos.

E xper im en to 2: t axa d e d espr end im en to d e

d iásp oro s

Os diásporos de duas e spé cies a mostrados no Experimento 1 fora m fixa das à s pernas dos cole tores em uma altura mé dia de 1 m. Para cada e spé cie 10 diásporos fora m aderidos e m distâncias de aproximada me nte 1 cm e ntre s i, se ndo cinco diásporos de cada espécie presos e m cada pe rna. Neste experime nto foram utilizados ape nas diásporos maduros. Os quatro coletore s ca minha ram no sub-bosque dura nte 30 minutos a uma velocida de mé dia de 0,75 m/s. Os diá sporos de sprendidos foram conta dos e m inte rvalos constantes de 1 minuto.

Mo r folog ia d a sem en t e

Os diásporos da s duas e spé cies coleta dos e m campo fora m leva dos ao la bora tório e me didas de comprimento total da seme nte, comprimento do gancho dispe rsor e núme ro de tricomas em cada gancho fora m estimados em 10 diásporos de cada espé cie.

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A n ál ise do s d ado s

Para verificar se existe dife rença significa tiva e ntre os frutos verde s e maduros ade ridos aos cole tores foi utiliza do o teste-t pare ado para a mostras depe ndentes.

Os da dos fora m submetidos a uma a nálise de sobrevivê ncia no R (R Development Core Team 2008) para ava lia r o tempo de despre ndime nto dos diásporos nas duas e spé cie s de pla nta s. Com base no tempo de desprendimento e na velocida de percorrida, estimou-se a distâ ncia média de dispersão dos diásporos pa ra a construçã o de uma curva de sombra de diá sporos. Pa ra esta a nálise, a ssumiu-se uma direçã o única de desloca me nto do dispe rsor.

Foi fe ito um te ste -t de S tudent para verifica r se existe dife re nça significa tiva e ntre a ra zão comprime nto do gancho e comprime nto da se me nte de ca da e spé cie, utilizando as rotinas disponíveis no progra ma P AST (Hammer et al. 2005). O me smo teste foi utiliza do para verifica r se existe dife re nça entre a ra zã o e ntre número de tricomas por comprimento do ga ncho de cada espécie.

RE S ULT AD OS

Durante o Expe rime nto 1 fora m encontradas duas espé cies de plantas com dispe rsão epizoocórica, a prime ira espécie é uma monocotile dônea e a se gunda uma eudicotiledônea. Em re la ção à taxa de a desã o de diásporos, foram e ncontrados 419 frutos ma duros aderidos a os coletores da monocotile dônea durante uma hora de cole ta. Da segunda espé cie, foram registra dos 16 frutos ma duros e seis verdes (Fig. 1).

Figura 1. Méd ia e des vio padr ão d a ad esão d e diásporos maduros e verd es obs ervados em uma monocotiledôn ea (mono) e eudicocotiledôn ea (dico).

Em rela ção à taxa de de sprendime nto, para a espé cie de monocotiledônea ce rca de 50% dos diá sporos se despre nde ra m do dispersor nos primeiros dois minutos. Em rela çã o à espé cie de dicotiledônia todos os seus diásporos foram despre ndidos nos primeiros cinco minutos de caminhada (Fig. 2).

Figura 2. Taxa d e despr endimento de diásporos em u ma monocotiledôn ea ( mono) e eudicoco tiledônea (dico) em relação ao tempo .

A análise de sobrevivê ncia nã o revelou dife renças significa tiva s (P=0,06) no te mpo de despre ndimento dos diásporos pa ra as dua s espé cies de pla nta s, apesa r de obse rvarmos que a monocotiledônea possui um tempo maior de desprendimento compara do à eudicotile dônea (Fig. 3).

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Figura 3. T empo de d esprendimentos de diásporos de u ma monocoti ledôn ea e uma dicot iledôn ea ao longo do tempo .

Em rela ção à morfologia da se mente observa mos que a ra zão entre o tama nho do gancho e a seme nte foi maior na e udicotile dônea qua ndo compa rado à monocotile dônea (t=-15; P< 0,05).

Figura 3. Raz ão entr e tamanho do gancho e a semen te no diásporo (t=-15; P< 0,05).

A razã o e ntre o núme ro de tricomas pe lo comprimento do gancho da monocotile dônea foi aproximada me nte 14 ve zes ma ior qua ndo compara do à eudicotile dônea (t= -21,52; P = 0,05) (F ig. 4).

Figura 4. Razão entr e tamanho do g ancho e o nú mero de tricomas no diásporo (t= -21,52; P = 0,05) .

D I SC USSÃ O

Nosso e studo é um tra ba lho pione iro que buscou avaliar a taxa de a desão e despre ndime nto de diásporos que se dispe rsa m por epizoocoria em rela ção à morfologia do diá sporo. N ossos resultados evide nciara m que a razão entre tama nh o do gancho e o tama nho da seme nte na espé cie de monocotile dônea foi me nor qua ndo compara do com a espécie de dicotiledônea. Entreta nto, os diásporos da monocotile dônea nã o a presenta ram menor taxa de de sprendime nto conforme e spe rado. Este resulta do evide ncia que o investimento no ta manho do ga ncho dos diá sporos não influência na taxa de despre ndime nto dos mesmos. Alé m disso, a maior densidade de tricomas no gancho també m pare ce não esta r re laciona da com a taxa de despre ndimento.

Nossos dados evidencia ram que a taxa de ade são de diásporos maduros foi maior em re laçã o a os diásporos ve rdes, o que pode esta r relacionado à fa lta

Mono

Dico

0,16

0,24

0,32

0,4

0,48

0,56

0,64

0,72

0,8

Raz

ão

Dico

Mono0

4

8

12

16

20

24

28

32

36

Raz

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de ma turação, ausência de tricomas no ga ncho, elevada a desã o de diásporos na planta mãe ou outros fatores. A qua ntidade de diásporos a der idos pode esta r rela cionada com a abundância da espé cie no local, ma turaçã o do diásporo, tipo de superfície de adesã o ou período re produtivo. Quanto maior a adesã o, maior o te mpo de perma nência no dispersor, o que resulta em ma iores distâncias percorrida s, aume nta ndo a possibilidade de re moçã o do diásporo das imediações planta-mãe. Essa remoçã o pode evita r a compe tição intrae spe cífica, aumentar o fluxo gênico entre popula çõe s e a coloniza ção de novas áreas (S chuppet al. 2010).

A pe rma nê ncia dos diásporos não foi proporciona l ao tempo, sendo que a maioria diásporos foi dispe rsa nos prime iros minutos. Os diásporos da dicotile dônea despre nde ra m do dispersor ma is ra pidamente que diásporos da monocotiledônea, numa proporção de aproximada me nte meta de do te mpo. Nossos resulta dos indicam que a maior parte dos diásporos se despre nde em menos de 30 minutos e diferem bastante dos dados disponíve is sobre espécies epizoocóricas de a mbie nte s tempe rados (Bullock et al. 2011).

Nosso trabalho nos levou a concluir que ca da es pé cie investe e m um tipo de estrutura do diásporo para aume nta r a eficiência de dispe rsã o. Sendo assim, a dife re nça encontrada entre os ta ma nhos de ganchos e número de tricomas entre as dua s espécies demonstra que ca da pla nta te m uma estra té gia distinta pa ra dispersar se us diásporos.

A G RA DE CI ME NT OS

Agrade ce mos a o professor Fe rna ndo Silveira pelas contribuições a o traba lho, ao Arleu Via na pe lo forne cimento de re ferê ncias bibliográfica s e análises esta tísticas, a o Pa rque Estadual do R io D oce pela

estrutura forne cida e à P ós-graduaçã o e m Ecologia, Conserva ção e Mane jo da Vida Silvestre da UFMG pelo fina nciame nto do curso.

RE FE RÊ NCI AS

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DISPERSÃO ESPACIA L DE DUAS PA LMEIRAS NA TRILHA DO VI NHÁ TICO

Fernanda F. Araujo1, Pedro H.V.B.P. da Silva2, Raquel H.P. da Silva1, Rayana M. Souza1§, Rômulo M. M. Carle ial1& Marcos S.L. Figue ire do3

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil.

2.Departa mento de Zoologia, Unive rsida de Fede ral de Minas Ge rais, B rasil.

3.Departa me nto de Ecologia, Unive rs ida de Fede ral do Rio de Jane iro, Brasil.

Palavras -chave: Jussa ra; B reja úba; distribuiçã o espacial; Pa rque Esta dua l do R io D oce.

§Autor corresponde nte: raya [email protected]

I NT ROD UÇ Ã O

Escalas espa cia is são muito importantes na e cologia (Levin 1992 apud Hay e t al. 2000) e existe m dive rsas mane ira s de estudá -la s. As e sca las espa cia is podem ser macro (biogeográfico), meso (comunida des) ou micro (distribuição dos indiv íduos de ntro de uma comunidade ), e identificar a escala que pretendemos tra balhar é essencia l pa ra entender os pa drões associa dos (Hay et al. 2000). A distribuiçã o espacial dos orga nismos é afe ta da pela dispersã o e na escala micro pode mos dife renciar três formas bá sicas: ao acaso, re gular e agregada. Qua ndo um organismo pode ocupar qualque r ponto no espa ço supondo uma homogeneidade a mbienta l, leva ndo a um comporta mento não sele tiv o, chama mos de dispersão a o a caso. Qua ndo um organismo tende a evita r outro muito próximo (como exe mplo a compe tiçã o por alime nto ou e spa ço), resultando numa distribuição uniforme espa ça da, cha mamos de dispersão regula r, e quando um orga nismo te nde a ser atraído pa ra um local particular do a mbie nte ou por outro orga nismo chama mos de dispersão agre gada(Be gon 2008; Hay et al. 2000). Vários fa tores podem se r considera dos re sponsáveis pe las formas de distribuição dos indivíduos: fatores ambie ntais (pH, luminosida de, disponibilida de de água), inte rações intraespe cíficas (compe tiçã o), re produtivos ( tipo de reprodução, dispe rsão) e estocásticos (ala ga mento, queima das, e tc.) (Hutchinson 1953 apud Ludwig & Reynolds 1988 apu d Hay et al. 2000). Portanto, conhe ce r a mane ira que os indivíduos pode m se distribuir e m uma comunida de é essencia l para ente nder as dinâmica s popu lacionais ve ge tais (Hay et al. 2000).

Na Ma ta Atlâ ntica é comum se encontrar dive rsas espé cies de pa lme ira s, que possue m biologia diversifica da, va ria ndo de espé cies solitárias à touce ira s, com e spinhos ou ine rmes. Estas plantas desempe nham importante pa pel e cológico, sendo

fonte de alime nto e abrigo pa ra diversos grupos, porta nto pode m se r conside rada s um bom mode lo ecológico pa ra estudos de distribuição espacial (Leitma n e t al. 2012 a pud Ma rtinelli & Moraes 2013).

A breja úba, Astrocaryum acu leatissimu m (Schott) Burret, é uma espécie de palmeira endê mica de Mata Atlântica (Lore nzi et al. 2004 apud Gale tti et al. 2006) é conside rada genera lista e por isso é encontrada em vários tipos de a mbiente desse bioma. N o Parque Estadual do Rio D oce, a bre jaúba é a bun dante em mata s se cundá rias. Sua s folhas sã o compridas, com muitos a cúleos e próximas do solo, ocupa ndo um diâ me tro de copa de 5 me tros e m média.

A palmeira jussara ( Euterpe edulis Mart.) é e ncontrada principalmente e m á reas de Ma ta Atlâ ntica, mas també m e m pa rte do Ce rrado. Seu crescime nto é lento, nã o possui capa cida de de rebrota e é depe ndente de florestas be m preservadas. É uma espé cie de pa lmito de importância comercia l e o extra tivismo é uma das grandes causas de re dução das populações natura is. O seu estado de conserva ção está atualmente classifica do como v ulneráve l devido à sua alta exploração, perda de ha bitat e de gra da ção dos rema nesce nte s de Ma ta Atlâ ntica (Ma rtine lli & Moraes 2013). Possui um caule comprido e e streito, onde é encontrado o palmito, e folha s menore s que as folhas da bre jaúba.

O obje tiv o do nosso tra balho foi dete rmina r o padrão de distribuição espacial das palme iras As trocaryum aculeatiss imum e Eu terpe e dulis em um ambie nte de mata se cundá ria de Ma ta Atlântica no Parque Estadual do R io D oce, compara ndo os pa drões de distribuição espa cial dos orga nismos. Nossa hipótese é que encontra re mos pa drões distintos pa ra essas espé cies, uma ve z que a A. acu leatissim um é considerada gene ralista de ambie nte, enquanto aE. edulis é considera da e spe cia lista, ocorrendo na maioria das ve zes em ambientes mais úmidos e

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preserva dos. Sendo assim, espera mos que a A. aculeatiss imum a pre sente uma distribuiçã o espacial regula r e pa ra a E. edu lis esperamos uma distribuição espa cia l agregada.

MÉ T OD OS

C ol et a d e d ad o s

O traba lho foi realiza do em uma trilha (Vinhá tico) inse rida em uma área se cundária de Ma ta Atlâ ntica, localiza da no Parque Esta dual do Rio Doce, Minas Gerais, que apresenta clima tropica l, quente e semiúmido, com tempe raturas mé dias e ntre 20 e 22ºC, pluv iosida de mé dia anual varia ndo de 125 0 e 1500 mm e chuvas conce ntra das nos meses de verã o e esta ção seca com qua tro a cinco meses de dura ção (IEF 2002). Fize mos um tra nse cto de 138 metros com parcela s a dja centes de qua tro metros qua dra dos,

apena s do lado dire ito do transecto, totalizando 69 parcela s. Na área de ca da pa rcela, conta mos o número de indivíduos de A. acu leatissim um e E. edulis.

A n ál ise do s d ado s

Utilizamos o mé todo P QV (Blocked-Q uadrat Variance) do tipo TTLQV ( two -term local qu adrat variance), que calcula a variâ ncia do número de indiv íduos por parcela s e diferentes combina ções entre as pa rcelas (Ludwing & Rey nolds 1988). O agrupame nto das parcela s é rea lizado a pa rtir de combinações progressivas. Para ca da valor de variância refe rente a cada a grupa mento foi gera do um grá fico. Para classifica r o tipo de pa drã o de distribuiçã o, foi realiza da uma comparaçã o e ntre os grá ficos ge rados e as curvas padrões. (F igura 1)

Figura 1: Cur vas p adrão p ara c ad a tipo de d istribuiç ão geogr áfic a, g erado p elo método TTLQV.

Var

iân

cia

Agregaçã de parcelas

Regular

Agregado

Aleatório

Figura 2: Curvas de variância par a A. aculeatissimum e E. ed ulis.

Var

iân

cia

Agregação de parcelas

Jussara Brejaúba

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RE S ULT AD OS

No total, foram contados 13 indivíduos de A. aculeatiss imum e oito indivíduos de E. edulis. O número de palmeiras das duas e spé cies, e m cada parcela, foi muito baix o. Com os valores de variância obtidos, foi gera do um gráfico de variaçã o da variância e m função da a gre gaçã o das pa rcelas (Figura 2). Para A. aculeatiss imum, a curva gera da e stá mais próxima ao pa drã o de distribuição re gular, mas poste riormente, a presentou um crescimento da variância. Para E. edu lis obse rvamos uma curva cresce nte, sugerindo estar mais próx imo a o padrão de distribuição a grega da.

D I SC USSÃ O

Não foi possíve l de te ctar cla ramente um padrão de distribuição pa ra as espé cies de pa lme ira a mostrada s. Em nossa s a nálises a variâ ncia oscilou de 0.1 a 0.4 em E. edulis e de 0.2 a 0.3 em A. acu leatissim um. Em E. edulis existe um aumento contínuo na variância, enquanto que e m A. aculeatiss imum a va riâ ncia é inicia lmente constante e depois aumenta. Ainda assim, essas oscila ções sã o tão pe que nas que são indistinguíveis de zero e pode m te r sido ca usa das por uma ba ixa a mostrage m, a qual re fle te uma pequena escala espacial. Assim sendo, mesmo que obse rvemos tendê ncias na oscila çã o da variância e m uma escala pequena, e m uma esca la maior essa s oscilações poderiam se diluir e não sere m ma is detectáveis. Uma analogia s imple s se ria a distribuiçã o de pré dios em uma da da região. De ntro da cidade, uma escala pequena, os pré dios a parentaria m te r uma distribuição re gular. P or outro lado, as cida des em si poderiam ser conside rada s aglomerados de prédios, separadas por uma ma triz de a mbie nte sem estes.

Ainda que a s aná lise s ma te má ticas nã o nos permitiram definir o padrão de distribuição da s duas espé cies, acha mos importante compa rtilhar nossas observações qua lita tivas feitas e m campo. E. edulis, que é considera da uma espécie especialista e depe ndente de alta umidade, foi obse rvada e m maior quantida de proxíma a um le ito se co de rio. O mesmo não pode se r dito sobre A. acule atis simum, que foi encontra da uniforme mente dura nte todo o transecto.

Tais observa çõe s sugeririam uma tendência à aglome ra ção e m E. edu lis e m locais mais úmidos na mata secundária. A. aculeatissimum, por outro la do, pare ce ter uma distribuiçã o re gular por toda a região amostrada, muito provave lme nte à sua maior plasticida de ao lidar com a mbie nte s com va ria ção de umida de.

Reforça mos a subje tiv ida de de nossas conclusões e estimula mos que pesquisa s com da dos ma is robustos seja m desenvolvida s para melhor compree nder o padrão de distribuição popula ciona l dessa s duas espé cies.

A G RA DE CI ME NT OS

Agrade ce mos ao Instituto de Ciê ncias B iológicas e ao Progra ma de Pós-gra dua ção em Ecologia, Conserva ção e Mane jo da Vida Silvestre (PPG-ECMVS/UFMG) pelo a poio e ince ntivo à nossa forma ção a cadêmica. À toda equipe de funcionários do PERD. À Jussa ra por forne cer dados ao nosso estudo. Agra de ce mos ta mbém todos os professore s e tutores do C urso de campo pe lo suporte e apoio.

RE FE RÊ NCI AS BI BLI OG RÁ FI CA S

Galetti M, Don att i CI, Pir es AS, Guimar ães Jr PR, Jordano P. 2006. Seed survival and dispersal of an end emic Atlantic for est palm: the co mbined eff ects of defaun ation and forest f rag mentation. Botanical Journal of th e Linnean Society 151 : 141–149.

Hay JD , Biz err il MX, Calouro AM, Costa E MN, Ferr eir a AA, Gastal MLA , Goes Jr CD , Manz an DJ, Martins CR, Monteiro JMG, Oliveira SA, Rodrigu es MCM, Seyffar th JAS, Walter BMT . 2000. Co mp araç ão do p adr ão d a distribuição esp acial em esc alas d ifer entes d e esp écies nativas do cerrado , em Brasí lia, DF. Revista Br asileir a de Botânic a 23: 341- 347.

Instituto Estadu al de Florestas 2002. Plano de Manejo do Parque Estadual do Rio Doc e. Ac essado em 10/07/2014. Disponível em http ://www.ief .mg .gov.br.

Ludwig JA e Reynolds JF. 1988. Statistic al ecolog y: a p rimer on methods and computing. New Yo rk: John Wiley&Sons

Mar tinelli G, Mor aes MA . 2013. Livro ver melho da flor a do Brasil . Rio de Jan eiro : Insti tuto de Pesquis as Jardim Botân ico do Rio d e Janeiro.

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FEZES DE A NTA INFLUENCIAM A ESTRUTURA DA COMUNI DADE DE MAC ROI NVERTEBRADOS DO SO LO?

Flávia R ibeiro1§, Ma ria na P. La ra1, Rafa el A. de S ouza1, Va nessa M. Gomes1, J oão C. C. Pe na2& Filipa Palmeirim3

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil.

2.Departa mento de Zoologia, Unive rsida de Fede ral de Minas Ge rais, B rasil.

3.Departa me nto de Ecologia, Unive rs ida de Fede ral do Rio de Jane iro, Brasil.

Palavras -chave: fluxo de nutrientes, funçõe s ecossistêmica s,la trina, Tapiru s terrestris

§Autor corresponde nte: flav iaribe irobio@gma il.com

I NT ROD UÇ Ã O

A presença de uma única espécie pode influe nciar a de toda a comunidade (J ou quet et al. 2006). Algumas espé cies fornece m uma a mpla gama de recursos que são utiliza dos por um grande número de espécies consumidoras e assim pode m de terminar a composiçã o e a divers idade de comunida des por me io de sua influê ncia a disponibilida de de re cursos (Begon 2007).

A a nta (Tapirus terrestris Linna eus, 175 8) é o maior mamífe ro terrestre ne otropica l. Sua dieta consiste basica mente em frutos caídos, folhas, ca ules tenros, brotos, pe que nos ramos, plantas aquática s, cascas de árvores e orga nismos aquáticos (Sek iamae t al. 2006). Em função da gra nde quantida de de seme ntes que ingere m, tornam-se le gítimas dispersoras através de suas fezes. Em re giões ala gadas e de muitos rios, as anta s ge ralme nte de feca m na á gua (Sek iamae t al. 2006), mas outros estudos mostra m que podem defe car em te rra firme, se mpre e m um mesmo loca l, denomina dos de “ latrinas de antas”, onde há a cúmulo de várias fe zes. Assim nas latrinas ocorre o a umento de nutrientes e muita s ve zes a germinação de seme nte s de diferentes espécies de plantas (Sekiamae t al. 2006).

O de pósito perma nente de fe zes no me smo loca l, ao mudar a quantida de de matéria orgânica no solo, pode afeta r a comunidade presente ne sse local pode ser afeta da. Por sua ve z, orga nismos associa dos ao solo são re sponsáve is por alte rar a dinâmica do ecossiste ma por me io da modificaçã o, manutenção e/ou criaçã o de habita ts pa ra outros orga nismos. Em particular, minhocas, térmitas e formigas tê m sido ide ntifica das como os mais importa nte s e nge nheiros do solo (Lave lle e t al. 1997 apud Jouquet e t al. 2006). Os ma croinverte bra dos ge ram impactos na agre gação e porosida de do solo, e aume ntam as proprie dades hidrá ulicas associada s e a

disponibilidade de ma té ria orgânica do solo para microorga nismos (Lave lle e t al. 2001,), sendo

fundamentais no processo de ciclagem de nutrientes.

Diante disso, verifica mos se a prese nça de la trina s de anta alte ra a estrutura da comunida de de organismos associa dos ao solo. A rique za e abundância de macroinve rte brados no solo deve se r superior em locais com pre sença de la trina. Se ndo assim, espe ramos obse rvar núme ros superiores de morfotipos e de indiv íduos no solo em locais com presença de la trina.

MÉ T OD OS

Á rea d e est udo

O e studo foi desenvolvido na Trilha do Vinhá tico no Parque Esta dua l do Rio Doce - PERD, localiza do no esta do de Minas G era is. O Pa rque é e m sua ma ioria

Figura 3Figura 1 : Riqu ez a de macroinvertebr ados no solo entr e os dois amb ientes de u ma floresta no PE RD.

Figura 2Figura 2: Não h á dif eren ça signif icat iva na abundância de macroinvertebr ados entr e os dois amb ientes.

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composto por floresta estacional se mide cidua l, em vários e stá gios de sucessão, e constitui o maior rema nesce nte contínuo de Ma ta Atlântica do Esta do, com 35.976 há (Instituto Estadual de Florestas 2002).

C ol et a e anál ise de d ado s

Fora m ide ntifica das latrinas de a nta, das qua is se te fora m se le ciona das pa ra a mostrage m. Em cada latrina, foi dete rminada uma pa rcela de 30 x 30 centíme tros, de ntro da qual coleta mos 250 cm³ de solo. A partir de cada latrina amostra da, foi tomada a distância de dois metros, onde outra parce la foi esta bele cida e a me dida de um pote de solo abaixo da serapilheira foi cole tada dentro desta. Assim, foram coleta das se te a mostras de solo nas la trinas e se te amostras de solo fora das la trina s, totaliza ndo 14 amostras parea das.

Em la bora tório, o material foi tria do e os macroinve rte brados de solo e ncontrados foram separados em morfotipos A rique za de morfotipos e a

abundâ ncia de macroinve rtebrados pa ra cada amostra fora m determinada s e esses dados foram subme tidos a o teste T pa rea do para ve rificar a dife re nça entre as a mostra s dentro e fora das la trinas.

RE S ULT AD OS

Um total de 44 morfotipos de inverte bra dos foi amostrado, dentre eles coleópteros, á caros, formiga s, cupins, colêmbolas, pseudoescorpiões, ara nhas e miriá podes. O solo aba ixo da la trina continha 26 morfotipos, enqua nto o solo sem latrina continha 27. Não foi possível ide ntifica r morfotipos ex clusivos de cada ambie nte.

A partir do teste T-pare ado observa mos que não houve diferença significa tiva pa ra a riqueza de macroinve rte brados no solo (T= 0,317; gl= 12; P= 0,756) e ntre os dois ambientes (figura 1). O núme ro total de indivíduos entre os dois ambie ntes ta mbém não va riou de maneira significa tiva (T = 0,760; gl= 12; P= 0,461) ( figura 2).

D I SC USSÃ O

As feze s de anta não influencia ram a riqueza e a abundâ ncia de ma croinverte bra dos no solo. Dessa forma, e mbora este ja e nvolvida no flux o de recursos para o solo, isso não se re fle tiu na e strutura da comunidade de ma croinve rtebrados e m uma micro-escala. Uma das possíve is justificativas para esse resulta do pode ria esta r relacionada à capa cida de de suporte do solo, que representa o número de indivíduos que o a mbie nte suporta (Rickle fs 2010). Provavelme nte, o aporte de novos nutrientes advindos das fe zes de antas pode não promove r um incre mento da rique za e da a bundâ ncia dos organismos se a capa cida de de suporte loca l for limitada por outro recurso, como o espaço. A disponibilidade de nutrientes no a mbie nte, mesmo sem as latrinas, já se ria suficiente pa ra o desenvolv ime nto e a manute nçã o da comunidade de macroinve rte brados no solo a li presente.

Alterna tivamente, a esca la espacial tra balha da pode não te r s ido a mais a dequada pa ra de tectar dife renças na estrutura da comunida de de ma croinverte bra dos. A áre a de influência das latrinas pode se r maior do que a te sta da, indicando que a distância entre as parcela s localiza das a baix o e fora das la trinas pode ria ser um fa tor releva nte.

Outro fa tor se ria o a porte de fe zes, que pode ter um efeito mais ime diato na a dição de ma té ria orgânica e talve z a influê ncia sobre os ma croinverte bra dos se dê de forma ma is pontua l no te mpo. É possíve l ta mbém que haja efe ito dentro de a lguns grupos de inverte bra dos, e não com ma croinve rtebra dos como um todo. Ou talve z o uso de morfotipos não te nha

permitido de tecta r pa drões. Em suma, apesar de as latrinas de anta contribuírem pa ra um a ume nto de matéria orgânica no solo, isso não alte ra a estrutura da comunida de de macroinve rte brados em solo de Floresta Atlântica Estacional.

A G RA DE CI ME NT OS

Agrade ce mos ao P rogra ma de Pós-gra dua ção em Ecologia, Conse rvaçã o e Ma nejo da Vida S ilvestre da Universidade Fe de ral de Minas Ge rais pe la ofe rta do Curso de Ca mpo e a o Parque Estadual do R io D oce pela e strutura fornecida para a realizaçã o do Curso. Agrade ce mos a todos os professores, tutore s e colabora dores e nvolv idos na organiza çã o e/ou realiza çã o do Curso, especialme nte à Filipa Pa lme irim e ao João Ca rlos Pe na.

RE FE RÊ NCI AS BI BLI OG RÁ FI CA S

Begon M, To wnsend CR, H arper JL. 2007. Ecolog ia: de indivíduos a ecossistemas . Oxford: Blac kwel l Publishing.

Instituto Estadu al d e Florestas. 2002. Plano de Mnejo do Parque Estadu al do Rio Doc e. Acess ado em 1 5/07/2014. Disponível em http ://www.ief .mg .gov.br.

Jouquet P, D auber J, Lager löf J, Lavelle P, Lep age M. 2006. Soil invertebrates as ecos ystem engin eers : Intend ed and accid ental effec ts on soil and feedb ack loops . Applied Soil Eco logy 32: 153- 164.

Ricklefs REA. 2010. A Econo mia d a Natur eza. Guan ab ara Koogan .

Sekiama ML, Lima IP, Roch a VJ. 2006. Ordem Perissodactyla. In: Reis NR, Per acchi AL, Pedro WA , Lima IP, editor es. Mamíf eros do Brasi l. Londrina. 277-280.

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EFEI TO DE BORDA E DA S ERA PILHEI RA SO BRE M ÉTRICAS ES TRUTURA IS DA COMUNIDA DE DE INVERTEBRADOS

Alessandra Ma rques¹, Adria na Carva lho¹, Ce cília Kruszy nski², Fabiola La de ira¹; Pe dro Ga rcia¹§&Rodrigo B raga1

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil.

2.Labora tório de Ecologia Isotópica,Centro de Ene rgia N uclear na Agricultura, B rasil

§Autor corresponde nte: pe drog4rci4@gma il. com

I NT ROD UÇ Ã O

A expa nsão das a tivida des socioe conômicas te m sido a principal causa da degradaçã o de ha bita ts na turais, aume nta ndo a ocorrência do processo de fragme nta çã o e m diversos biomas (R ocha et al. 2006), sendo conside rada uma das ma iores a mea ças à biodivers ida de mundial. Entre as consequência s da fragme nta çã o flore sta l está o drástico aume nto de zonas de conta to ou bordas e ntre o habita t nativo e os habita ts a ltera dos ao seu redor.

O microa mbiente na borda de um fra gmento é dife re nte daquele do inte rior da flore sta (P rimack & Rodrigues 2001) e essa dife rença é provocada por diversos fa tores que pode m ser cla ssificados como: (1) abióticos – a umento de luminosidade, te mpe ra tura, ventos e diminuição da umidade; (2) biológicos diretos – muda nças na a bundâ ncia e distribuiçã o de espé cies; e (3) biológicos indiretos – mudanças nas intera ções e cológicas (Murcia 1995 apud Prima ck & Rodrigues 2001). O efeito de borda prov oca alte rações estruturais na ve geta çã o como, por exemplo, o a umento da queda de á rvores, troncos e folhas devido a maior exposição aos ventos (C ochrane 2001 apu d R ocha et al. 2006).

A rique za de espé cies é uma mé trica que ajuda a compree nde r os proce ssos, tais como pre da ção e herbiv oria, e como os siste mas e cológicos funcionam (Rick lefs 2010). P oré m, nã o forne ce informações sobre o funciona me nto do ecossistema. Os grupos funciona is de espé cies são de te rmina dos pe las suas rela çõe s com serviços e cossistê micos (Casa nove s et al. 2011) e expressam como as espécies usa m os recursos disponíve is. Sua ca racte rização contribui pa ra o ente ndimento e ntre biodiversidade, fa tores bióticos e proce ssos e cossistê micos e sua s rela ções (D ia z et al. 2002). Bra ga et al. (2013) mostra ram que distúrbios de habita ts modificam as funções ecológica s em besouros, a través da modifica çã o de a lguns a tributos da comunidade, como rique za, a bundâ ncia e biomassa. Barraga n et al. (2011) mostrara m que pode haver uma altera çã o grande na diversidade funcional de uma comunida de de besouros como re sulta do de

alte rações de ha bitats que implicaria m na muda nça dos processos e cológicos.

O obje tiv o deste trabalho foi verificar se existem alte rações na e strutura da comunida de de inverte bra dos que ocorre m na sera pilheira, à medida que aume nta a distância e m re lação à borda de um fragme nto e que se altera o volume de sera pilheira. Espera mos que ta nto a rique za de morfotipos como a quantida de de grupos funcionais aume nte m à medida que a ume nta a distância e m re lação à borda e que aume nta o v olume da se ra pilheira.

MÉ T OD OS

O nosso estudo foi realizado no Pa rque Esta dual do Rio Doce, loca lizado na região norde ste do Estado de Minas Ge rais (42º38’W, 48º28’W, 19º45’S e 19º30’S). Utilizamos um transecto de 200 m que se iniciava em uma flore sta predominante mente de mogno (Swie tenia macrophy lla King) e a partir dos 60 m havia uma transição pa ra Ma ta Atlântica secundária em proce sso de re gene ra ção. C ole ta mos três amostras de serapilheira num re cipie nte de 20x30 cm, aproximada me nte de 15 em 15 m, tota lizando 11 pontos. Tria mos em la boratório os inve rtebrados associa dos à se rapilheira e ide ntifica mos ao níve l de morfotipos. Ca tegorizamos os inve rtebrados em rela ção a o seu grupo funcional, utilizando como cara cterística s funcionais o nível trófico (he rbívoros ou preda dore s) e o ta manho (gra ndes ou pequenos) dos invertebra dos. Para verificar a influê ncia do efeito de borda e do volume da se rapilheira sobre a riqueza de morfotipos e de grupos funcionais re alizá mos uma Regressã o Múltipla.

RE S ULT AD OS

Ide ntifica mos, no tota l, 42 morfotipos de inverte bra dos na sera pilhe ira, se ndo que o ponto localiza do a 75 m de distância da borda a pre sentou o maior núme ro, contabiliza ndo 18 morfotipos. Já o ponto localiza do a 150 me tros a pre sentou o menor

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número de morfotipos, re stringindo -se a pe nas a um. Encontra mos 57 indivíduos que foram se para dos em qua tro ca tegorias funciona is: pre dador gra nde, pre dador pequeno, he rbívoro grande e he rbívoro pequeno. Ao analisarmos cada indivíduo pudemos conta bilizar: um pre dador gra nde, 17 preda dores pequenos, um herbív oro grande e 38 he rbívoros pequenos. Os volume s da sera pilhe ira va ria ra m de 1800 a 6800 mL.

A distância da borda da ma ta e o v olume de serapilheira não influe nciara m a riqueza de morfotipos (R²= 0,02; F(2,8) = 0,08; p< 0,91) (Figuras 1 e 2).

Em rela çã o à rique za de grupos funciona l, a quantida de de grupos funcionais na comunidade de inverte bra dos nã o se alte rou conforme se a fastou da borda e conforme a lte rou o volume da sera pilhe ira (R² = 0,09; F(2,8) = 0,44; p < 0,65) (F igura s 3 e 4).

Figura 1: Regress ão da riquez a de morfotipos de invertebr ados com d istância da bord a.

Figura 2: Regr essão d e riqu eza de morfot ipos com o volu me de ser apilh eir a.

Figura 3: Regr essão d a riqu ez a de grupos funcionais e distância da bord a.

Figura 4: Regr essão da r iquez a d e grupos funcionais e volume de s erap ilheira.

D I SC USSÃ O

O afastamento da borda e o volume da sera pilhe ira não influencia ram a rique za de morfotipos e a quantida de de grupos funcionais de inve rtebrados que ocorrem na serapilheira do fra gme nto. Qua nto à rique za de morfotipos, pode mos inferir que o grande volume de se ra pilhe ira na borda (6.400mL) não deve conse guir compe nsa r a ba ixa divers ida de e complexidade estrutura l da ve ge taçã o dessa área a qual, mesmo gera ndo recursos que podem ser utiliza dos pe la comunidade de inve rtebrados, é pre dominante me nte re presenta da por a penas uma espé cie de pla nta. Ade ma is, a ma ior diversidade de pla ntas no interior da ma ta pode nã o compe nsar o pequeno volume de serapilheira encontra do (2.400mL) pa ra que esses fa tores possam influencia r a rique za.

O baixo número de morfotipos de inve rtebrados encontra dos na se rapilheira pode indicar uma menor proporção de organismos detrítiv oros em re lação ao

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total dos grupos funcionais, aca rre ta ndo e m uma taxa de decomposição ba ixa que disponibiliza poucos nutrientes a sere m ca ptados e assimilados na biomassa ve ge tal, o que leva, por sua vez, numa restriçã o de recursos a limenta res a se rem consumidos pelos inverte bra dos de serapilheira.

No que se refere à qua ntida de de grupos funcionais, observa mos que essa mé trica també m nã o é influe nciada pelo afa sta me nto da borda ou pela alte ração do v olume de se rapilheira. Possivelme nte, um número ma ior de amostra s que re pre sentassem um distancia me nto ma ior da borda e m direçã o ao interior da mata possibilitaria evidenciar o efeito de borda. Laurence (1991) cita do por Primack & Rodrigues (2001) sugere que e sse efeito e m plantas pode se r de te cta do a té 500 me tros de distância a partir da borda.

A G RA DE CI ME NT OS

Agrade ce mos ao Prof. Rodrigo Bra ga pelas contribuições e a nálises esta tísticas, ao Parque Estadual do Rio D oce pe la estrutura fornecida e à P ós-gra dua ção em E cologia, C onse rvaçã o e Manejo da Vida S ilvestre da U FMG pelo fina nciamento do curso.

RE FE RÊ NCI AS

Barr ag an F, Moreno CE, Escob ar F, Halffter G, Navar rete D. 2011.Negative Imp acts of Human Land Use on Dung Beetle Functional Diversity. PLoS ONE 6(3): e17976.

Brag a RF, Kor asaki V, Andr es en E, Louzad a J. 2013 . Dung Beetle Co mmunity and Functions along a Habitat -Disturbanc e Gr adient in th e Amazon: A Rap id Assessment of Eco logical Functions Associated to Biodiversity. PLoS O NE 8(2): e57786.

Casano ves F , Pla L , Di Rienzo JA. 2011. Valor acíon y anál isis de la diversidad e funcional y su relación com los servicios ecosistémicos. Centro Agronó mico T ropical de Investig ación y Ens eñnza.

Díaz S, Gurvich DE, Pér ez HN, Cab ido M. 2002. ¿Quién necesita tipos funcionales d e plantas? Bo let ín d e l a Socied ad Botánic a de Arg entin a. 37(1 -2): 135-140.

Primac k R.B. & Rodrigu es E. 2001 . Bio logia d a Conservaç ão. Londrina: Editora Plan ta. p 327.

Ricklefs RE . 2010. A Economia da Natur eza. Rio de Janeiro: Guanab ar a-Koog an. p 550.

Rocha CFD, Berg allo H G, S luys MV, Alves MAS. 2006. Biologia da Conser vaç ão: essências. São Carlos : Editora Rima.

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TAMA NHO DE MA NC HAS DE PIP ER S P. E FREQUÊNCIA DE HERBI VORIA

Geanne C. N. Pere ira ¹§; Isa bela M. Ca rdoso¹; Jana ina Agra¹, João H. A. Xavier¹& Rudi R. Laps²

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil

2.Centro de Ciê ncias B iológicas e da Saúde, Univers idade Federa l do Mato Grosso do Sul, Brasil

Palavras -chave: Ma ta Atlântica, B iogeogra fia de ilhas, conce ntração de recurso, distribuição a grega da, fragmenta ção, reba nho e goísta.

§Autor corresponde nte: gea [email protected]

I NT ROD UÇ Ã O

Herbivoria é definida como o consumo de estruturas das plantas que pode aumentar a suscetibilida de da mesma à morta lidade (Rickle fs 1993). Os e feitos da herbiv oria sobre uma planta depe nde m do tipo de herbív oro, o estágio de desenvolv ime nto em rela ção ao a taque e das pa rte s afeta das da pla nta (Be gon et al. 2007). As populações de plantas tê m sido sele ciona das a o longo da ev oluçã o a través de va ria das estraté gia s, se ja m e las morfológicas (como e spinhos e cutícula e spessa), químicas (me tabólitos secundários) e de distribuiçã o espa cia l, afim de contornar a preda çã o por he rbívoros e otimizar seu suce sso re produtivo (Be gon et al. 2007). O fitness de cada uma das e spé cies se rá de termina do por essas cara cterística s e pe la rede de intera ções que esta bele ce com outras pla ntas e com se us preda dores. Os inse tos herbívoros apresentam dive rsos tipos de forrageio, podendo se r mastiga dores, sugadore s, minadore s, brocadores ou ga lhadore s.

As popula çõe s de um modo ge ral sã o distribuída s em mosa ico em alguma e sca la. Essa distribuiçã o pode ser causa da por cara cte rísticas do a mbiente ou ainda, ser criada pe las atividade s dos organismos (Be gon et al. 2007). Popula çõe s vege tais podem conter tanto mancha s de ape nas um indivíduo como ma nchas de vários indivíduos. Mancha s menore s a ume ntam sua cha nce de sobrevivê ncia, pois a probabilida de do herbív oro encontrá-la e investir na mesma é menor, ao passo que ma nchas de maior de nsida de a tra em mais herbívoros, pois e les gasta m me nos energia na busca de a limento ne ssas ma nchas (Begon et al. 2007).

Duas hipóteses dife rentes se propõe m a explicar estraté gia s de distribuição espacial das espécies. A hipótese da "concentra çã o de recurso" propõe que quanto maior for uma ma ncha, esta se conformará em um polo de ma ior a tra çã o para os he rbívoros (Root 1973 apud Fle ck & Fonseca 2007), enqua nto que a hipótese do "reba nho egoísta" afirma que pa drões agre gados dilue m o risco de pre da ção e ntre todos os

indivíduos da popula ção (Ha milton 1971 apu d Begon et al. 2007).

A pa rtir da me dida do pe rce ntua l de he rbivoria em mancha s de ta manhos va ria dos em uma e spé cie de Piper sp., pre tende mos avalia r qual das duas hipóteses melhor explica ao pa drão de distribuiçã o espacial desta espécie.

MÉ T OD OS

O presente tra balho foi realiza do e m um fra gmento de Ma ta Atlâ ntica inserido no Pa rque Esta dua l do R io Doce (PERD), Minas Ge rais. O PERD é considerado o maior re ma nescente de ste bioma no esta do de Minas Gerais ( IEF 2002). Ao longo da trilha do Vinhá tico, avalia mos 36 mancha s de uma espé cie do gêne ro Piper sp. (Pipera cea), utiliza das como mode lo para avaliar o perce ntual de herbiv oria em ma nchas distinta s. Para me dir a frequência de he rbivoria mé dia em ca da ma ncha, conta bilizamos o número de folhas totais e o núme ro de folhas com sinais de herbiv oria (> 10 % da lâ mina folia r). Conside ramos uma distância mínima de um me tro para sepa ra r indiv íduos de mancha s dife rentes.

Ob j eto d e est udo

Piper é um gêne ro muito a bunda nte no B rasil com aproximada me nte 283 espécies (Yunck er 1973 apud Figueiredo & Sa zima 2004), distribuídas ta nto em ambientes preserva dos como e m a mbientes que sofrera m distúrbios (Figueiredo & Sa zima 2004). As espé cies desse gêne ro sã o conside rada s modelos intere ssantes para estudos e cológicos, pois se rvem como a limento para ave s, possue m re lações mutua lísticas com morce gos frugívoros e tem importâ ncia medicina l. A reprodução pode ser assexuada por re produçã o clona l e sexua da a través da polinizaçã o por moscas. A espécie estudada possui distribuição a gre gada e isolada, ou seja, encontra m-se ma nchas com apenas um indivíduo e ma nchas com mais de um indivíduo.

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Ao ana lisarmos os da dos, considera mos a he rbivoria média da ma ncha como um todo, pois Piper sp. també m se re produz e mitindo estolões, ge rando clones com a s me sma s ca racte rísticas genética s. Assim, as ma nchas sã o compostas por módulos de um ou poucos ge netes. Desta forma, a análise a nível individua l tem me nor importâ ncia e cológica que ao nível de manchas.

Para testar se existe uma re laçã o ne gativa entre o pe rce ntual de herbiv oria e o núme ro de folhas totais e m ca da ma ncha de Piper sp., subme temos os dados a uma aná lise de regressão linear simples.

Resul t ado s

Houve uma ampla varia çã o do núme ro de folhas por ma ncha. C onta biliza mos a pe nas três folhas na menor ma ncha, enqua nto que na maior havia 873 folhas. Observa mos que ma nchas me nores apresenta m percentua l de herbiv oria muito variável (Figura 1A). O pe rce ntual de herbivoria rela tiva ten de a deca ir com o a ume nto do número de folhas por mancha (F1,34 = 12, 16; R2 = 0,24; p = 0,001) e começa a atingir va lores estáveis a partir de 200 folha s (Figura 1B).

Figura 4: Relaç ão en tre o p ercen tual d e herb ivoria média em manch as de Pip er sp. por número de folh as. A: cur va log arítmic a, dados brutos. B: Dados log aritmizados.

D I SC USSÃ O

Observa mos que mancha s com maior número de folhas sofre m uma me nor porce nta ge m de herbiv oria. Desta forma, elas conserva m ma is área fotossintética e provavelmente se us indiv íduos pode m inve stir mais em re produçã o. As ma nchas com me nos folhas tem uma te ndência a serem mais a taca das, e seus indivíduos deverã o investir em cre scime nto e sobrevivê ncia, produzindo menos inflorescência s.

Trabalhos a nte riores com outros siste mas herbív oro-pla nta obse rvara m que o tipo de he rbivoria ta mbém alte ra o fitne ss. Alguns herbív oros, como grilos, come m partes de folha s de difere ntes galhos, enquanto la rvas de le pidóptera pe rmane ce m no mesmo galho a té consumir todas suas folhas (Letourne au 2004 apu d Mello 2007). Poré m, neste sistema, qua ndo uma das pla nta s de uma determinada ma ncha pe rde todas sua s folhas, outros indivíduos da mesma mancha apresenta m menos herbiv oria. Assim, e m espécies com comportamento clona l como a e spé cie de P iper estuda da, o tipo de

herbiv oria te m me nos importância que e m plantas nas quais a re produção clona l é mais ra ra.

Perce be mos ta mbém um efeito da estocasticida de em ma nchas com menor núme ro de folhas. A proba bilidade de um he rbívoro e ncon trar uma mancha grande é maior do que a proba bilidade dele encontra r uma ma ncha pe que na, devido à dife re nça de áre a. Na biogeogra fia de ilhas, esse fe nôme no é conhe cido como “e feito alv o”, pois ilhas ma iores são alvos ma is fá ce is para os colonizadore s (Be gon e t al. 2007). Como em ma nchas com menor núme ro de folhas a porce ntage m de he rbivoria variou de zero a 100 % pode mos infe rir que mancha s pequenas estão mais suje itas a estocasticidade a mbie nta l. Este efeito diminui com o aumento do tamanho das ma nchas. Há uma te ndê ncia à estabiliza ção da frequência mé dia de herbiv oria em funçã o do número de folhas.

Diante de ste s da dos pode mos infe rir que, considerando somente a herbivoria, é mais va nta joso para as popula ções de Piper sp. apresentar distribuição a grega da.

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A G RA DE CI ME NT OS

Ao Rudi, por te r s ido gentil e por suas ide ias brilhantes. O projeto foi realiza do com aux ílio do Progra ma de Pós-G raduaçã o em Ecologia C onserva çã o e Mane jo da Vida S ilvestre da Unive rs ida de Fede ral de Minas Gerais.

RE FE RÊ NCI AS

Begon M, Towns end CR, Harp er JL. 2007. Ecolog y: fro m individuals to ecosys tems. Oxford : Blac kwel l Publishing.

Figueiredo RA , Sazi ma M. 2004. Poll ination Ecolog y and Resourc e Partit ioning in Neotropic al Pip ers In: Dyer L A, Palmer A D N, editors. Pip er : a model genus for

studies of phytochemistry, ecolog y and evolution . Kluwer Ac ademic . p 33- 57.

Fleck, To más; Fonsec a, R. Carlos . 2007. Hipó tes es sobre a riqueza d e ins etos galh ador es:uma r evis ão considerando os níveis in tra- específico, inter específico e de comunid ade. Neo tropic al Biolog y and Conservation , 2(1):36-45

IEF – Instituto Es tadu al D e Flor estas (MG) . Plano d e Man ejo do Parque Estadu al do Rio Doc e. 2002.

Mello, MA R. 2007. Influenc e of herb ivor e attack p atterns on reproduc e success of th e shrub piper hispidiu m (Piper aceae) .Ecotropica, 13 : 1-6.

Ricklefs, RE . 1993 . A econo mia da natur ez a. 3 ed . Guan ab ara Koogan , Rio d e Janeiro.

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PROJETOS LIVRES – RODADA 1

Foto por Marco A. R. Mello

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EFEI TO DE BORDA SOBRE A FREQUÊNCIA DE GA LHA DORES E MI NADO RES

Adria na A. C arvalho¹; Geanne C. N. Pe reira¹§; Jana ina U. M. Agra ¹; Joã o H. A. Xavie r¹; Pe dro B. Garcia ¹ & Daniel Brito²

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil

2.Departa mento de E cologia, U niversidade Federa l de Goiás, Brasil

Palavras chave: Fra gme ntaçã o, Ma ta Atlântica, Herbiv oria, Parque Estadual do Rio Doce, Plâ nt ula s, Heterogene ida de a mbie nta l

§Autor corresponde nte: gea [email protected]

A fra gme ntaçã o de ha bita ts é uma da s principais amea ças à biodive rsida de. U m dos proble mas associa dos é o e feito de borda que te m, entre suas consequê ncias, uma dife re nciaçã o na composiçã o, estrutura e funçã o da vege ta ção próxima à borda do fragme nto. A Ma ta Atlâ ntica é um hots pot em avança do proce sso de fra gmentação e por essa ra zão a escolhe mos como local de estudo. Hipote tizamos que, qua nto ma is próximo à borda, ma ior será a frequência de ga lha dores e minadores já que na borda as plantas e stã o mais sujeitas a fa tores fís icos, como o efeito de ventos e te mpera tura, torna ndo-a s mais vulne ráveis à herbiv oria. Avalia mos a frequência de folhas com sina is de he rbívoros galha dores e minadore s em plântulas de um fra gmento florestal próximo a o Parque Estadual do R io D oce, Minas Gerais. Para avaliar o efe ito de borda fizemos dois tra nse ctos pe rpe ndicula res à borda a dentrando o

fragme nto, nos quais delimitamos se te parce las de dois me tros quadrados espaça das por 15 m entre s i. Em cada pa rcela conta bilizamos a fre quê ncia de folhas com sinais de mina dores e galhadore s em plâ ntulas com até um me tro e meio de altura. No Transe cto 2 obse rvamos um padrão de diminuiçã o na frequência de he rbívoros com o distancia me nto da borda, o que nã o foi observa do no Tra nse cto 1. Logo, o efe ito de borda sobre a frequê ncia de galha dores e minadore s não foi monotônico no fragmen to. Possive lmente, a ausê ncia de um pa drã o na frequência desse s herbív oros se deve à heteroge neida de da paisage m e à divers idade do dossel. Visto que há grandes dificulda des em dete ctar padrõe s no efe ito de borda, sugerimos um a umento no número de tra nse ctos e do se u comprime nto afim de me lhor compree nder sua inte nsidade em fragme ntos de Mata Atlâ ntica.

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A RIQUEZA DE FUNGOS É I NFLUENCIADA PELO GRA DI ENTE DE UMI DADE?

Alessandra Ma rques1§, Isa be la Ca rdoso1, R ômulo Ca rle ial1& Vane ssa G ome s1

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil.

Palavras -chave: fungos; rique za; gradiente de umida de.

§Autor corresponde nte: alessandra mgt@hotma il.com

A riqueza de espé cies varia conforme diversos gra die ntes ambie ntais. Tendo e m vista que os fungos são organismos relacionados a ambie ntes úmidos e que a umidade no inte rior de uma ma ta pode ser maior próxima a o solo e diminuir conforme se distancia deste, o presente tra balho teve como objetivo verificar se a riqueza de fungos associados ao tronco de uma dete rmina da espé cie de árv ore va ria em rela ção à a ltura da mesma. C ole ta mos um total de sete nta e cinco amostras do súbe r e m cinco dife rentes indivíduos, se ndo que em ca da indivíduo foram esta bele cidas cinco faixa s de quarenta centíme tros de altura. Em ca da faixa foram amostra dos três qua dra dos de 5cm x 5cm. Em la boratório os fungos

fora m classifica dos e m morfotipos e poste riormente os da dos obtidos fora m analisa dos a travé s de Análise de Va riâ ncia (ANOVA). Foram encontrados nove morfotipos, se ndo que a riqueza de fungos nã o variou entre as dife rente s altura s estuda das. Mesmo tendo encontra do um núme ro consideráve l de morfotipos de fungos, o pe ríodo de cole ta e a me nor umida de na esta ção de se ca nã o favore ce algumas espé cies que poderiam ocorre r em e sta ções de chuva quando a umida de se torna ma is eleva da. Outras variáveis como luminosida de, rugosida de do tronco e a a ltura máxima a mostrada ta mbém pode m te r influe nciado a rique za de espécies.

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I NFLUÊNCIA DA ES TRUTURA DE ASTROC ARIU M ACU LEATI SSI MUM NA A BUNDÂ NC IA DE PHO LCIDA E

Cecília Kruszy nski¹§, Fabíola A. Ladeira², Ma ria na Pastori² & Raquel Hoske n²

1.La boratório de Ecologia Isotópica,Ce ntro de E nergia Nuclea r na Agricultura, B rasil.

2.Departa mento de Biologia Gera l, Univers ida de Fede ral de Minas Ge rais, B rasil.

Palavras -chave: dispersã o, Ma ta Atlântica, a ranha, Bre jaúba, palmeira

§Autor corresponde nte: ce [email protected]

Organismos se a gre ga m e se dispersa m quando encontra m re cursos e condições favoráve is pa ra a reprodução e sobrevivência. U m re curso importante para a ranhas a rborícolas é a e strutura das plantas como disposição de folhas, ta manho da copa e a ltura da planta. O nosso objetivo é verificar se a abundância de uma espé cie de aranha da fa mília Pholcidae (Ara chnida, Aranae ) é influe ncia da pe la estrutura da palmeira breja úba (Astrocarium acu leatissimu m). Nossa hipótese é que o tama nho da copa e o núme ro de folhas influencia m a a bundância dessa espé cie de aranha. Prevemos que se rão e ncontra das mais aranhas nas palmeiras que tive re m o ma io r diâmetro e número de folhas. Pa ra ta nto, esta bele ce mos quatro tra nse ctos de 5 0 m cada, nos qua is me dimos o

diâ me tro, o número de folhas e o número de a ranhas em cada pa lmeira e ncontra da. Tanto o diâmetro quanto o núme ro de folhas influe ncia ram positivame nte a abundância de ara nhas. Assim, indivíduos ma is desenvolvidos da palme ira apresenta m estrutura mais favorável pa ra as a ranhas construíre m sua s teias, resultando e m uma maior abundâ ncia da espé cie. A disposição das folhas da palmeira e a presença de muitos a cúleos em suas folhas, provave lme nte confere m às a ranhas um microhá bita t propício para o estabe le cimento de teias, pois f ica m prote gidas contra pre da dores e danos provocados por movimentos de pessoas e outros animais. Se ndo assim, a breja úba pode ser um importa nte re curso pa ra a ranhas de diversas espé cies.

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LUZ COMO FA TO R LIMI TA NTE PA RA LÍQUENS

Estefa ne N L Siqueira1, Fe rna nda F Araujo1, Flávia Ribeiro1§, Isabelle Ce rcea u1& Sama ntha Ca mpos1

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil.

Palavras chave: mutua lismo, epífitas, bioindica dores.

§ Autor correspondente: f lavia ribeirobio@gma il. com

Líquens sã o orga nismos e pifíticos que pa rticipa m de uma rela çã o mutualística env olve ndo algas fotossinte tizantes e fungos e sã o conside rados també m bioindicadores de pe rturbaçã o antrópica. As variações de habita t a ca rre ta m as ma iores dife re nciações e ntre populações de líquens e pifíticos, por isso nas bordas da ma ta deve haver a lguma variação na sua abundância, pois a luminosidade é muito maior e m borda s. Este traba lho rela ta a distribuição de um morfotipo de líquen no tronco de árvores em borda de ma ta de uma estrada no Parque Estadual do R io Doce, levando em conta a oferta de luz. Levanta mos a hipótese de que troncos iluminados possue m ma ior abundância de líque ns quando compa ra dos a troncos sombrea dos, se ndo e sta basea da em duas premissa s: (i) líque ns ne cessita m de

luz para se desenvolver e (ii) os líque ns são extre ma mente se nsíve is a f lutua çõe s da intensida de luminosa. Selecionamos 11 árv ore s à margem da estrada pa ra a conta ge m de uma única espécie de líquen. E m cada árv ore, dua s parcela s a mostrais de 40 cm foram sele ciona das, a um me tro do solo, sendo que uma delas estava na pa rte iluminada do tronco e a outra na pa rte sombrea da. Os dados fora m avaliados no programa Excell por meio de um gráfico de linhas parea das. Verifica mos que a a bundâ ncia de líquens presente na área ilumina da do tronco foi sete vezes maior do que na á rea sombreada, corroborando nossa hipótese. A difere nça na abundância dos líque ns e ntre a parce la iluminada e a pa rcela sombrea da suge re que a luz é um fator limita nte pa ra o estabe lecimento de líquens.

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A RMADI LHA DE FORMI GA -LEÃO: TAMA NHO CO RPO RAL I NFLUENCIA O DIÂMETRO DO FUNI L

Fábio T. Pace lhe1, Pedro H.V.P. da S ilva2§, Rafael A. de Souza1, Raya na M. Souza1

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil

2.Departa mento de Zoologia,Unive rsida de Fe de ral de Minas Gerais, B rasil

Palavras -chave: arma dilha de captura; My rme le ontidae; Ne uroptera; preda ção.

§Autor corresponde nte: pe drohenriquevbpsilva@gmail. com

As formigas -leã o (N europte ra: My rmele ontidae) são um importante grupo de preda dores com ce rca de 40 espé cies de scritas no B rasil. Possue m fundamental importâ ncia na dinâmica predador-presa de ambientes na turais e a ntropiza dos. A fase la rval deste grupo é cara cteriza da pela construção de arma dilhas em forma de funil no solo, para captura de presas. No presente tra balho avalia mos se existe re laçã o e ntre o tama nho dos indivíduos e a la rgura, profundida de e inclinação do funil a rma dilha. O estudo foi re aliza do no Pa rque Esta dua l do Rio D oce, onde cole ta mos as larvas e os da dos re ferentes às dime nsõe s da arma dilha. Três medida s foram aferidas para o tama nho corpora l do inseto: comprimento to tal (CT), comprimento de ma ndíbula (C M) e comprime nto de abdômen (C A). Uma aná lise de coline arida de foi fe ita

para avalia r a correlaçã o e ntre a s variáveis. Construímos dois Modelos Lineares Ge nera lizados (GLM), pa ra descobrir se ex iste re laçã o entre o diâ me tro do funil e o CT e entre a inclina ção e o CT. Observa mos que os va lores da inclina ção do funil apresenta m uma distribuição normal de ntro da populaçã o estuda da, mostra ndo que pode have r um valor ótimo de inclinaçã o e ntre 45 e 5 0 graus, possivelme nte de terminada pe lo sucesso na ca ptura de pre sas. Observa mos uma relaçã o positiva e ntre o comprimento total do inseto e o diâmetro do funil arma dilha . Isto indica que esta medida da arma dilha pode se r utilizada pa ra estimar indiretame nte o tama nho do indivíduo presente ne la. C om e sta ferrame nta, podemos fa zer estudos populacionais sem a ne cessida de de capturar indivíduos.

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PROJETOS LIVRES –RODADA 2

Foto por Marco A. R. Mello

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HERBI VORIA E DEFESA : TRICOMAS E IDA DE DA FOLHA

Fábio T. Pace lhe¹§, Isa belle Ce rceau¹, J oão X avier¹, Ma ria na Pastori ¹

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil

Palavras -chave: Miconia, interaçã o inse to-planta, área foliar, Parque Esta dua l do Rio D oce, herbív oros

§Autor corresponde nte: fa [email protected]

As plantas estã o sujeitas a uma e norme va rie dade de herbív oros e patógenos, e ao longo do tempo evolutiv o desenvolvera m dive rsas estra tégias de defesa. Entre e ssas estra té gias, existe m as de fesas químicas como a produçã o de polife nóis que podem inibir e a té mesmo ma tar os herbív oros, e as de fesas físicas como tricomas e espinhos. A pa rtir disso, nossos obje tivos fora m avalia r se: (1) existe dife re nça no consumo de folha s jove ns e maduras de duas espé cies do gê ne ro Mico nia sp., a pa rtir da hipótese de que folhas ma duras sofre m ma iores danos ca usados por herbívoros; (2) a presença de tricomas pode influe nciar o consumo de área folia r, partindo da hipótese de que folhas lisas são mais consumida s. Folhas de duas espécies, M iconia albicans e Mico nia sp. fora m cole ta das próximo à la goa Dom H elvé cio, Parque Estadual do Rio Doce (MG). Dez indivíduos de cada espécie foram se lecionados e a folha mais jovem e a mais ma dura de cinco ramos de cada foram coleta das para a nálise da á rea folia r consumida.

Fora m quantificados danos causados por he rbívoros minadore s, ra spa dores e mastigadore s e m 200 folha s. A pa rtir de uma a nálise nã o-pa ramé trica (teste de Krusk al-Wallis), ve rificamos que folhas jovens possue m me nor área folia r consumida quando compa ra das às folhas ma duras. Isso pode ser explica do pe lo maior investimento em prote ção confe rido às folha s jove ns, provavelmente de fesas químicas, como os polifenóis. Essa estra té gia é muito importa nte no início do desenvolvimento folia r, quando as folhas são menos f ibrosas e os he rbívoros possue m maior fa cilida de de consumi-las. Porta nto, a maior pa rte da supe rfície foliar foi consumida quando a folha já era adulta. Obse rvamos que as folhas com poucos tricomas tive ram maior á rea foliar consumida que as pla ntas pilosa s. A presença de tricomas pode ser uma importa nte e stratégia de defesa contra herbív oros, pois os mesmos possue m preferê ncia por folhas ma dura s e com baixa pilosida de.

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CO NHEC IMENTO LOCA L SO BRE A O NÇA -PI NTADA E SUAS IMPLICAÇÕ ES

Adria na Ca rvalho1§, Alessa ndra Marque s1, Fabíola La de ira1& R aquel H osken 1

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil.

Palavras -chave: ge stã o participativa, Panthera onca, Pa rque Estadual do Rio Doce.

§ Autor correspondente: a driac. [email protected]

O Parque Esta dua l do Rio D oce (PERD) é o maior rema nesce nte de Ma ta Atlântica do e sta do de Minas Gerais e uma das espécies de felídeos e ncontra das nesse parque é a onça-pintada (Pa nthe ra onca Linnaeus, 1758), a qua l e stá criticame nte a meaçada de extinçã o. A destruiçã o de ha bitats natura is da onça-pinta da em de corrê ncia da expa nsã o de pastage ns e áre as de reflorestame nto de eucalipto provocam proble mas rela ciona dos a o a taque de onças-pintadas a anima is domésticos das proprie dades rurais do e ntorno. Esse con flito exige nece ssaria mente a a doção de um mé todo de gestão participativa que env olva a comunidade dire ta mente afeta da por ele. Dessa forma, ela boramos um roteiro de entrevista dire ciona do a os pe cuarista s das

localida des de Ma rliéria, Dionís io e Pingo D’Água que forne ça informações a se rem incorporadas a o Pla no de Ma ne jo do PERD. O formulário é base ado numa entrevista se miestruturada e utiliza a té cnica Snow Ball. Os três eixos de perguntas que compõem o formulário sã o: 1-Informações gera is sobre a região; 2-Informações sobre a onça -pintada e 3 -Informações sobre os a ta ques. Pa ra a aná lise dos da dos se rão utiliza dos os progra mas Atlas.ti e Anthropa c. Espera mos que os resultados obtidos possam ser utiliza dos pe la gestão do parque para: desenvolv ime nto de a çõe s de prote ção da espé cie e de conserva ção da Ma ta Atlâ ntica, forta le cimento da importâ ncia da e tnobiologia no processo de gestão participativa e reformulaçã o do pla no de mane jo.

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A NE XO

Formulário de e ntrevista:

Nome: ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __

Sexo: Feminino Masculino Ida de:_________ ____________ ___

Cida de: ________ ____________ ____________ ___________Te mpo de residê ncia: ____________

Ocupa ção: ___ ____________ ____________ ____________ ____________ ______ ______ ________

Tamanho da criaçã o: __________ ____________ ____________ ____________ ____________ _____

1 Você conhe ce algum parque na região?

Sim Nã o. Quais? ____ ____________ ____________ ____________ ____________ ____

2 O que você a cha do Parque Estadual do Rio Doce ? (Re laçã o com a comunidade, importância para a re giã o).

__________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ________

3 Você conhe ce os anima is s ilvestres da re giã o? Quais?

Sim Nã o. Quais? _________ ____________ ____________ ____________ __________

4 Você já consta tou a presença de onça -pintada na região?

Sim Nã o. Onde ? _________ ____________ ____________ ____________ ___________

5 Para você, as onças-pintadas viera m de onde?

__________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ________

6 Qua l a ima gem que você tem da onça-pinta da?

__________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ________

7 Você já ficou sa bendo de a lgum caso, incide nte ou aconte cimento env olve ndo onça-pinta da na re giã o?

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Sim Não. Quais?

__________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ________

8 (Caso a re sposta ante rior fale sobre ata que ) Onde, quando, como e por que a cha que as onças -pintada s estã o ataca ndo?

__________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ________

__________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ________

9 Qua l a frequência dos a taques?

__________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ________

10 Você te m a lgum mé todo de proteçã o para seus a nima is contra o a ta que de onça-pinta da ?

Sim Nã o. Qual(is)? _ ____________ ____________ ____________ ____________ _____

11 (Se não te m) Porque não te m?

__________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ________

12 (Se não te m) C onhece alguma pessoa que tenha?

__________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ________

13 Você sugere algum tipo de a ção para evitar os a taques?

__________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ________

__________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ________

14 Qua ndo há ata que de onça -pintada, v ocê a cha que algué m é responsáve l pe lo prejuízo causado?

__________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ________

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15 Você sa be distinguir o a taque da onça -pinta da de outros anima is?

Sim Não. Como?

__________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ________

16 Qua l a liga çã o/uso que a pessoas tem com a onça -pita da?

__________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ________

__________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ________

17 Você acha que ex iste algum tipo de prote ção ambie ntal para os a nimais silvestres?

__________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ________

18 Você sa beria dizer se já houve algum tra balho com obje tiv o de evitar o a taque ou ajudar os pecuaristas que já tive ram seus a nima is a taca dos por onça -pintada na região?

__________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ________

__________________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ ____________ __________________________ ____________ ____________ ____________ ________

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ES TRA TÉGIA S EXUA L EM UMA ESPÉC IE DE TETTIGO NI IDA E: ESTUDO DE CASO

Pedro H.V.P. da Silva1 , Rayana M. Souza2, Rômulo Carleal2§, Samantha Ca mpos2, Vane ssa Gomes2

1.Depa rta me nto de Zoologia,Univers ida de Fede ral de Minas Ge rais,Brasil

2.Departa mento de Biologia Gera l,Unive rs ida de Fede ral de Minas Ge rais, B rasil

Palavras -chave: dimorfismo sexua l; ra zão sexual; poligia ndria; Espera nça

§Autor corresponde nte: rcarleia l@hotmail. com

O dimorfismo sexual e ra zã o sexual 1:1 sã o pa drões comuns entre os inse tos. Ge ralmente ma chos apresenta m cara cterísticas secundárias que os dife re ncia de fê mea s da mesma espé cie. Tamanho corpora l, coloraçã o, orna mentos com dife rentes formas e ta ma nhos, são cara cte rísticas que podem esta r rela ciona das à a traçã o e se leçã o sexua l. Existem qua tro tipos básicos de estra tégias sexuais entre os animais, se ndo eles monoga mia, poliginia (vá rias fêmea s para um ma cho), poliandria (vários ma chos para uma fême a) e poligiandria. O objetivo deste tra balho foi e ncontrar um pa drão de dimorfismo sexual e a ra zã o sex ual pa ra uma popula ção de uma espé cie de Te ttigoniidae (Orthoptera). As e spe ranças fora m cole ta das ativame nte durante 20 minutos por cinco coletores. Os espé cimes coleta dos foram separados por morfotipo. Apena s um dos cinco morfotipos de e spe ranças foi utiliza do, por ser mais abunda nte (42 machos e 47 fê meas). Os indiv íduos fora m separa dos quanto a o sexo utiliza ndo estruturas do apa relho re produtor e posteriorme nte tive ram três

medida s aferidas: C omprimento total (CT); Comprimento do Abdôme n (CA) e C omprimento do Fêmur (CF). Foram rea liza dos um teste t de Stude nt para ca da me dida morfológica e m funçã o do sex o, afim de dete ctar um possível dimorfismo sexua l. Ape nas o CT nã o de monstrou dife re nça significa tiva entre a s medidas morfológicas de machos e fê meas (t = 0.51; p = 0. 61), e nquanto CA e CF foram significantes (t = 0.52; p = 0.01; t = -3.99; p = 0.002, respectiva ). Para testar a ra zã o sexual f ize mos um teste qui-qua dra do, onde não foi consta tado dife re nça significa tiva (x2 = 0.14; p = 0. 76), entre a ra zão encontra da (1:1, 18) e a ra zã o de 1:1. N ão foram detectados estruturas que pode ria m funcionar como um ornamento em a mbos os sexos. Ambas estraté gia s monogâmica e poliândrica poderiam ser atribuídas a este siste ma mas a credita mos que a poligiandria é ma is prováve l, uma ve z que a monogamia é muito rara em insetos e já ex istem registros de espécies promiscuas na Ordem estudada.

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EFEI TOS DA LUMINOS IDADE E TEXTURA DO TRO NCO PA RA OS LÍ QUENS

Cecília Kruszy nski³, Estefane N.L. Siqueira²§; Jana ina U. M. Agra¹; Ra fael Alme ida¹; Pe dro B. Ga rcia¹

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil

2.Departa mento de Botânica, U nive rsida de Fe deral de Mina s Gera is, B rasil

3.Laboratório de E cologia Isotópica, Ce ntro de E nergia Nuclea r na Agricultura, Brasil

Palavras chave: mutua lismo, epífitas, bioindica dores, rugosida de.

§. Autor correspondente: este_ bio@ya hoo.com. br

Os líquens são a ssociações mutua lísticas e ntre um fungo e um organismo fotobionte. O esta be lecim ento e a morfologia dos fungo estão submetidos a os requerime ntos de luminosida de, á gua e sais mine rais do orga nismo fotobionte. Porta nto, e spe ra-se que em uma floresta a ocorrê ncia do líquen se ja dete rminada pela a be rtura de dossel e pelo tipo de textura do tronco. Um dosse l ma is a be rto aca rre ta rá um aume nto da disponibilida de de luz de ntro da flore sta e substra tos com textura ma is rugosa pode m ser capa zes de re te r mais umidade, nutrie ntes e aume nta r as chances do esporo e m se estabe le cer pela maior supe rfície de contato. Para testar se essas variáveis de te rmina m a ocorrência de líquens em troncos de árvore em uma floresta de Ma ta Atlâ ntica, levantamos me didas de abe rtura de dossel e tipo de textura do tronco e re la ciona mos estas medidas com a proporçã o de líque ns. Pa ra me nsurar a qua ntida de de luz, utiliza mos o progra ma ArcG IS 10.1 que converte dados de ima ge m do dossel em núme ro de

pixels bra ncos. Os tipos de tex tura foram cate goriza dos em três: liso, rugoso e muito rugoso. Os resultados da análise de cova riâ ncia aponta ram que nenhuma das va riáve is de te rminou a proporção de líque ns no tronco das árvores. No enta nto, existe uma tendê ncia de que líquens te nha m uma pre ferê ncia por uma textura rugosa média (p= 0,06). Texturas muito lisas, ou muito rugosas podem desfav ore ce r o e sta be lecimento dos esporos por, possivelme nte, nã o re terem muita umidade, dificultando o estabe lecimento dos e sporos. Não houve variabilida de na entra da de luz na á rea de estudo, possivelmente por ser uma região de mata secundária e m re ge nera çã o, indica ndo que neste local o crescimento de líque ns nã o está rela ciona do com a luminosida de. É provável que nestas condições outras variáveis como umidade, diâ me tro e altura do tronco possam estar de te rmina ndo a presença dos líquens nos troncos das árv ore s.

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TES TA NDO A HI PÓTES E DA FUGA EM UMA ESPÉCI E DE PA LMEI RA

Fernanda F. Araujo¹, Fláv ia Ribeiro¹, Geanne C. N. Pe reira¹§& Isabela M. Cardoso¹

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil.

Palavras chave: As trocaryum acu leatissimum, breja úba, Ja nzen-Connell, Ma ta Atlântica, Pa rque Esta dual do Rio D oce , pre dação de seme nte s.

§Autor corresponde nte: gea [email protected]

De acordo com a H ipótese da Fuga de Ja nzen -Conne ll, a preda çã o de sementes ocorre mais inte nsa mente próximo à pla nta mãe já que ne ste local há maior deposiçã o de seme nte s e a preda çã o é de pende nte da densidade. Acre dita mos que esta H ipótese nã o se aplica a todas às espécies. Pa ra testá-la usa mos como modelo uma espé cie de pa lmeira, a breja úba (Astrocaryum aculeatiss imum, Schott),em dois locais de ve getaçã o secundária de Mata Atlântica no Parque Estadual do R io D oce - Trilha do Vinhá tico e Ma ta de Mogno. Escolhemos a rbitra ria mente 19 pa rce las de 30 x 30 cm e e m cada uma contamos o núme ro tota l de frutos e o número de frutos com vestígios de pre dação por broca dores e/ ou roe dores. Medimos a distância de cada pa rce la à planta a dulta mais próxima, que considera mos como a planta -mã e. Ana lisa mos os dados por regressã o s imples com as variáveis: de nsida de de frutos, fre quê ncia de frutos

com sinais de preda çã o e distâ ncia da pla nta a dulta mais próxima. Não encontra mos relaçã o e m ne nhum dos casos. Apa rente mente a Hipótese da Fuga não se aplica à A. acu leatissimu m. N o e nta nto, a lguns fa tores devem ser conside ra dos: ( i) os dois a mbientes estuda dos nã o sã o homogêne os e linea res; (ii) a distribuição e spa cia l das breja úbas não permite a ide ntifica ção da planta mãe e m ca mpo; (iii) cada espé cie te m uma estraté gia de sobrev ivência dife re nte e (iv) possive lme nte o a densame nto é maior na é poca de frutificação. C omo a coleta dos dados não ocorreu dura nte o pe ríodo de frutificaçã o da pla nta, os frutos pode m ter sido re distribuídos na paisa ge m devido a o longo pe ríodo em que se encontrava m na á rea, alte rando o pa drã o original de distribuição. Assim, estudos que visa m testa r a Hipótese da Fuga deve m controla r outras variáveis que possam inte rfe rir nos resulta dos.

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PROJETOS FINAIS

Foto por Marco A. R. Mello

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A VALIA ÇÃO DA GES TÃO DO PARQUE ES TA DUA L DO RIO DOC E

Adria na A. C arvalho1& Raquel H. P. Silva1§

1. Depa rta me nto de Biologia Ge ral, U niversidade Fe dera l de Minas Gera is, Bra sil

Palavras -chave: RAPP AM, Ma ta Atlâ ntica, Unida des de C onse rvação, Efe tivida de de Ma ne jo.

§Autor corresponde nte: ra que lhoske n@gma il. com

RE S UMO

A ava lia ção periódica da efe tivida de de ge stã o das unida des de conse rvaçã o é um importante instrume nto que auxilia na prioriza ção de esforços e investimentos para a conserva ção. C onsidera ndo a representa tiv ida de do Parque Estadual do Rio D oce (PERD) como o principa l re manescente de Mata Atlântica de Minas Ge rais, buscou-se analisa r sua efetividade de ge stã o, objetivando identificar os pontos forte s e fra cos da gestão, a lé m de forne cer subsídios para o aprimora mento contínuo das ações de manejo. A nossa hipótese é que o re curso fina nceiro é o principal fa tor limitante para a ge stã o. A efetividade de gestão foi avalia da pela Me todologia para Ava lia ção Rá pida e a Prioriza ção do Ma nejo de Unidade s de Conse rvaçã o (RAPP AM), junta mente com a aplica çã o de fe rra me nta s parti cipa tivas junto à equipe gestora, como ma pea mento pa rticipa tiv o e análises de fortale zas, oportunidade s, fra que zas e

amea ças. Os principais impa ctos levantados presentes na unidade fora m: construçã o de infraestruturas, conve rsã o do uso do solo, espécies exóticas invasora s, expansã o urba na, incê ndios antrópicos e pesca ilega l. A efe tivida de de gestã o do PERD foi avalia da e m 67%, se ndo que os ite ns me lhor avalia dos foram: ‘processo de toma da de de cisão’, ‘obje tivos’, ‘ampa ro le gal’, ‘re cursos humanos’ e ‘resultados’; e os ele mentos com me nor pontua ção fora m: ‘recursos fina nceiros’, ‘pe squisa, avaliação e monitoramento’ e ‘comunica ção e informa ção’. A escassez de re cursos fina nce iros prove nientes dos órgãos a mbientais e sta dua is constitui um grande obstá culo pa ra a ge stã o efe tiva do parque, o que gera uma sé rie de conse quê ncias a os processos ecológicos e socioe conômicos da re giã o. Algumas recomendações fora m leva nta das e discutidas com a equipe gestora.

I NT ROD UÇ Ã O

A cria çã o de unida des de conse rvaçã o (UC s) é uma das principais forma s de manute nçã o das á reas natura is, se rvindo como refúgio para espé cies que não podem sobreviver e m paisa ge ns alta mente antropizadas e como á reas que pe rmitem a continuidade de processos e cológicos esse nciais. Entreta nto, no Brasil, a té meados da dé ca da de 70, o esta bele cime nto de UCs a tendia a critérios pre dominante me nte e sté ticos ou a circunstâ ncias políticas favoráveis, não se ndo seguidos fundame ntos técnicos e científicos que re metesse m à ideia de um sistema de unidade s de conserva çã o. As discussões acerca da criaçã o de um siste ma somente se inicia ram a pa rtir da promulga ção da Constituiçã o de 1988 e culminaram com a publicaçã o da Le i n° 9. 985/2000 que instituiu o Siste ma Na ciona l de U nidade s de Conserva ção – SNU C (Araujo 2007). O SNUC foi conce bido de forma a pote ncializa r o pape l das UC s, de modo que sejam plane ja das e a dministra das de forma integrada e assegura ndo que amostras significa tiva s e e cologicame nte viáveis da s dife rentes populações, habita ts e ecossistema s este jam

adequada me nte representadas no território nacional e nas á guas jurisdicionais ( MMA 2014).

Ape nas a cria ção de uma UC pelo P ode r Público não gara nte sua efe tiva imple mentação, re que rendo do órgão gestor o esta be lecime nto de condições apropria das de infrae strutura, de pe ssoa l e de regula rizaçã o fundiá ria que proporcione m de fato a prote çã o da área. Qua ndo essa s exigê ncias e outras estraté gia s tais como a elabora ção do plano de mane jo e definiçã o da zona de a morte cime nto não são exe cutadas, pode-se dize r que a s UCs representa m “ parques de pa pel”, termo que se refere às áreas protegidas que nã o fora m devida mente impla nta das, te ndo ape nas uma existê ncia virtua l, “como linhas de senha das em mapas oficia is” (Lima et al. 2005).

No que re spe ita a o pla no de mane jo, a Lei do SNUC o define como o “ [...] docume nto técnico me dia nte o qual, com funda mento nos objetivos gerais de uma unida de de conserva ção, se estabe le ce o seu zonea mento e as norma s que deve m pre sidir o uso da área e o ma nejo dos recursos na turais, inclusive a

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impla nta ção das e struturas físicas nece ssárias à gestão da unidade.” (Brasil 2000). Nesse sentido, considerando que a ge stã o de uma UC compre ende as açõe s dire ta mente rela cionadas ao cumprime nto dos objetivos pa ra os quais foi esta bele cida, a ava lia ção da efetividade de gestão de UCs se a presenta como uma importa nte fe rra menta que possibilita identificar respostas ade qua das às pre ssões e ameaça s, auxiliando na prioriza ção de esforços e inve stime ntos para a conse rvação (Ara ujo 2007).

O Parque Esta dua l do R io D oce é o maior rema nesce nte de Ma ta Atlântica do e sta do de Minas Gerais, a bra ngendo uma área de 35.976 he cta res. Essa unida de de conserva ção de prote çã o integral a briga o terceiro maior siste ma la custre do pa ís, composto por aproximada me nte 40 la goa s na tu rais e a presenta uma a lta divers ida de biológica, inclusive com vá rias espé cies amea ça das de extinção e/ ou e ndêmica s (IEF 2002).

Assim como o PERD, outras unidades de conserva ção em Minas Ge rais apresentam grande importância regional para a manute nção de p rocessos e cológicos, preserva ção de habita ts e serviços e cossistê micos. Ape sar disso, os investimentos estaduais na á rea ambienta l têm sido escassos e muito inferiores a os investimentos em outras áre as. Enqua nto que para as instituições ambie ntais do esta do (Se cre ta ria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Suste ntáve l, Funda çã o Esta dual do Me io Ambiente e Instituto Esta dua l de Florestas) foram re passa dos em 2013 um valor de a proxima da mente R$ 222.923.725,00, para o setor a grope cuá rio há uma maior varieda de de instituições rela cionadas a esse setor (Secre taria de Estado de Agricultura, Pecuá ria e Abaste cime nto, Funda ção R ura l Mine ira, Instituto Mineiro de Agrope cuá ria, E mpresa de Assistência Técnica e Exte nsã o R ura l do Esta do de Minas Ge rais e Empresa de Pesquisa Agrope cuá ria de Minas G era is) e o orça me nto foi ce rca de R $ 508.023.262,00, quase 60% superior a o investimento na área ambie ntal (CGE 2014).

Tendo e m vista a importâ ncia desse parque pa ra a conserva çã o do bioma com o ma ior gra u de devastaçã o do país e sua representa tiv ida de no contex to estadual, fazem -se ne cessá rias avaliações periódicas da efe tiv ida de de gestão como forma de assegura r o desempe nho sa tisfatório de sua funçã o, objetivos de criaçã o e conserva ção de se us a tributos natura is. Assim, de corridos oito anos da última a nálise de efe tiv ida de de gestã o do pa rque que apresentou como re sulta do um s tatus alto - 80,8% ( IEF 2008), a proposta de ste traba lho é a de realizar uma nova avaliação da efe tiv ida de do manejo do PERD, verifica ndo as fortale zas e fragilida des no pla neja me nto e ge stã o dessa UC, com vistas ao

monitoramento e a primorame nto contínuos do mane jo.

Considera ndo o a tua l s istema político e sta dua l, o qual não prioriza investimentos pa ra a á rea a mbiental, a nossa hipótese é que o re curso financeiro é o principal fator limita nte para a ge stã o do Parque Esta dua l do Rio Doce. C aso isso se confirme, se rá ve rifica do que o repasse de re cursos pe los órgãos ambie ntais é insuficie nte para re aliza r as ações de mane jo críticas do parque, como prote çã o, fiscaliza çã o, turismo, pesquisa, e ntre outra s.

MÉ T OD OS

Á rea d e est udo

O Parque Esta dua l do R io Doce está loca lizado na porçã o sudoeste do estado de Minas Ge rais (19° 45 ’S e 19° 30’S; 42° 38’W e 48° 28’W), na região do médio rio Doce, e a bra nge os mun icípios de D ionísio, Timóte o e Marliéria. O parque pe rte nce à ca te goria ‘Prote ção Inte gral’ de acordo com o SNUC (Brasil 2000).

O PERD foi cria do pe lo De cre to-Lei nº 1.119, de 14 de julho de 1944, sendo o prime iro pa rque estadual criado e m Minas Ge rais, com o objetivo de prote ge r a flora e a fauna da Mata Atlântica e o s istema lacustre do mé dio rio Doce. A ideia de cria çã o do PERD nasceu a partir da visão do Bispo de Ma ria na, Dom He lvécio Gome s de Olive ira, que e m mea dos da déca da de 30, vislumbrou a prote çã o das ma tas circundantes da lagoa Nova, hoje la goa D om Helvé cio. Inicialme nte, o parque esteve vincula do à Se cre taria da Agricultura e sua fiscaliza ção era feita pela Polícia Rural e, a pa rtir de 1962, o IEF pa ssou a a dministrá -lo (IEF 2002).

A vege taçã o do pa rque é na sua grande ma ioria representa da pela Floresta Estacional Se midecidual que se e ncontra em vá rios estágios de suce ssã o. Fora m lista das 1129 espécies botâ nicas pe rtencentes a 134 fa mília s (IEF 2002).

A fa una é extre mame nte rica, sendo que ce rca de 16% das espé cies registra das para essa UC sã o e ndê micas da Mata Atlâ ntica, a lé m de outras que figuram nas listas nacional e estadual de espé cies da fa una amea çada s de extinção. O PERD a briga 77 espécies de mamífe ros distribuídas e m nove ordens, o que equiva le a 30% de todas as espécies de ma míferos da Mata Atlântica. Em rela ção às ave s fora m re gistra das 325 espé cie s. Esse número é conside rado ex pre ssiv o, pois corresponde a 82% das aves registra das pa ra o vale do rio D oce de Minas Gerais, 47% das aves registra das pa ra o bioma da Ma ta atlântica, 41% da avifauna mineira e 19% da avifa una brasileira. Pa ra os

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peixes fora m re gistrada s 27 espé cies e para os anfíbios 38 ( IEF 2002).

C ol et a e anál ise de d ado s

A coleta de da dos foi rea liza da junto à e quipe ge stora do PERD no pe ríodo de 31 de julho a 5 de agosto de 2014. Para a obtenção de da dos sobre a situa ção atual do pa rque, prime ira me nte aplica mos um que stionário para ava lia ção rápida. O questioná rio fa z pa rte da Metodologia pa ra Avalia çã o Rá pida e a P riorizaçã o do Mane jo de Unida des de C onse rvaçã o (R APPAM, em inglês), a qual foi de senv olvida pe la World Wide Fund for N ature (WW F), e visa estabele cer re des viáveis de áreas protegidas mundia lme nte (Ervin 2003). O método RAPP AM de avalia çã o da efetivida de de gestão de área s protegida s é base ado nas diretrizes propostas pela World C ommission on Prote cted Areas (WCPA) e foi desenvolvido com os se guintes objetivos: “1) identificar os pontos forte s e fra cos do mane jo; 2) analisar o escopo, a severidade, a pre dominância e a distribuiçã o das dive rsas a mea ças e pressõe s; 3) identificar á reas de alta importância ecológica e social e v ulnera bilidade; 4) indica r a urgência e a priorida de de conse rvaçã o de unida des de conse rvaçã o indiv iduais; 5) ajuda r no desenvolv ime nto e na priorizaçã o de interve nções políticas a dequada s e dos passos seguintes de acompa nhame nto para me lhora r a e fetividade de mane jo de unida des de conse rvaçã o.” (Ervin 2003).

O questioná rio é dividido e m seis módulos: perfil; pressõe s e amea ças; contexto (importâ ncia biológica, importâ ncia socioe conômica, vulnera bilidade); pla neja me nto (obje tiv os, amparo le gal, de senho e pla neja me nto da á rea); insumos (re cursos huma nos, comunicaçã o e informa ção, infraestrutura, recursos fina nceiros); processos (plane ja mento, processo de tomada de decisã o, pesquisa, avalia çã o e monitoramento); resultados e siste mas de unida des de conse rvaçã o. O pe rfil da UC constitui em informa ções básicas, como nome, da ta de esta bele cime nto, á rea, administração, orçamento anual, entre outra s. O módulo re laciona do ao s istema de á reas prote gidas foi ex cluído de nossa aná lise, pois não é utilizado no cá lculo de e fetividade de ge stã o e o seu uso é recomendado em ca sos de compara ções de resulta dos entre várias UCs.

Para a a nálise de pre ssões e a mea ças, é considera do que pressão é uma a tividade de impa cto nega tiv o na UC e que está presente nos últimos cinco a nos, enquanto amea ça é uma a tivida de impacta nte com proba bilidade de ocorrê ncia no futuro. Sendo assim, uma mesma atividade pode se r considerada pressã o e amea ça. A análise de pre ssões e a meaça s é fe ita separada me nte para ca da fa tor de impa cto levanta do pela equipe de tra balho e sã o conside rados os seguintes itens: te ndência dos últimos cinco anos ou

proba bilidade de se concretizar nos próximos cinco anos (aumentou, permane ce u consta nte ou diminuiu), a abra ngê ncia (de a cordo com o ta manho da área afeta da), o impa cto (severo, alto, mode ra do ou suave) e a permanência de sse impa cto no futuro (perma nente ou a curto, mé dio ou longo prazo). Os dados de pe rma nência do impacto fora m ex cluídos de nossa a nálise devido à insuficiência dos da dos obtidos, pois a lguma s pre ssõe s e a meaças a inda nã o foram avalia das qua nto a esse quesito por parte da equipe gestora do pa rque. Os da dos de a bra ngência e impacto foram utiliza dos pa ra ca lcula r o gra u de criticida de de cada pre ssã o ou ameaça. Pa ra cada fator impa ctante a pontuaçã o obtida na parte de abra ngê ncia é multiplica da pela pontua ção de impacto, o que forne ce o grau de criticida de de cada ativida de, sendo ela uma pressã o e/ ou a mea ça.

Os módulos ‘C ontexto’, ‘P laneja mento’, ‘ Insumos’, ‘Processos’ e ‘Resultados’ sã o subdivididos e m vá rias pergunta s e a lguma s fora m re tiradas, incluídas ou adapta das ao contex to do parque, tota lizando 99 pergunta s, se ndo que o módulo ‘contex to’, com 31 questões, é o único que nã o é inserido na a nálise quantita tiva dos da dos. Para cada pe rgunta há quatro opçõe s de resposta: sim (cinco pontos), pre dominante me nte sim (três pontos), pre dominante me nte nã o (um ponto) e nã o (ze ro ponto). As nota s obtidas e m cada subdivisão dos módulos são transformada s e m porce nta ge m para que se possa avaliar qual a situaçã o de cada pa rte em rela ção à nota máxima que pode ria ser obtida (100%).

Duas oficinas de traba lho foram rea lizadas com a participaçã o do gestor e de coorde nadores que compõe m a e quipe gestora do PERD. Os participantes são responsáveis pelos se guintes setore s da gestã o: administra ção, manutenção, pesquisa cie ntífica, uso público e viveiro de mudas. Na prime ira oficina foi utiliza da a ferra menta de ma peamento participativo (Drumond et al. 2009) pa ra obte r dados de dia gnóstico da UC e levantame nto e análise de pressõe s e amea ças. Poste riorme nte, o que stionário para ava lia ção rá pida foi a plica do à equipe gestora, considerando que os pre ssupostos do mé todo foram atendidos (E rvin 2003). Após a nálise dos dados obtidos na primeira oficina, uma segunda oficina foi realiza da com o objetivo de apresenta r os dados sinte tizados por meio da fe rra me nta pa rticipa tiva ‘Aná lise defortaleza s, oportunidades, fraqueza s e amea ças’ (Drumond et al. 2009) e compa rtilhar suge stões sobre possíve is ações que possa m ser adota das pela gestão do pa rque.

Dados re lacionados às a tiv ida des ile gais (ca ça e pesca) e registros de incêndios no parque e sua zona de a morte cime nto foram obtidos junto ao 3º Ba talhão de P olícia Ambie nta l, se dia do na UC. Os recursos fina nceiros re passados ao pa rque fora m levantados

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por me io de rela tórios a nua is e labora dos pela e quipe gestora, os qua is discrimina m os valores a rreca dados oriundos do Instituto Esta dua l de Florestas pa ra a manute nção do parque (ex ceto paga mento de funcioná rios) e os valores adquiridos ou se rviços presta dos por me io de pa rce ria s. O pla no de mane jo do PERD (IEF 2002) foi consulta do pa ra a complementação dos da dos.

RE S ULT AD OS E DI SC US SÃ O

Pr essõ es e A m eaças

Com base nas informa çõe s obtidas por meio do mape ame nto pa rticipa tiv o realizado com a e quipe gestora, consta ta -se que as principais pressões sofridas pelo PERD sã o: construçã o de infraestrutura s, conversã o do uso do solo, espé cies exóticas invasora s, expansã o urba na, incêndios a ntrópicos e pesca ile ga l. Com exce çã o da pesca ile gal, todas as pressões atuais se configuram e m a mea ças futuras. A Figura 1 mostra o grau de criticida de (a bra ngência x impa cto) das pressõe s e a meaças dete ctada s.

Figura 1: Gr aus de criticidad e ( abr angência e imp acto) p ara cad a pr essão e ameaç a levantada pela equip e ges tora do Parqu e Estadual do Rio Doc e. As pr essões estão rep res entad as em pr eto e as ameaç as em cinz a.

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A construçã o de uma rodovia na zona de amortecime nto é um dos motivos de preocupa ção atua l da e quipe, uma vez que a lé m desse empree ndime nto ser apoia do pe la comunida de do entorno, sua construção ce rtame nte oca siona rá um aume nto da ocupa ção humana na re giã o, o que pode gera r um círculo vicioso da s pressões ex ternas rela ciona s à expa nsão urbana ao redor do parque. Essa expansã o é conse quê ncia do desenvolvimento econômico da re giã o, mas atualme nte está loca lizada, sobre tudo, na porçã o norte do pa rque, com ocupa çõe s bem próximas de seus limites, resulta do da falta ou inoperâ ncia das políticas de plane ja mento e uso e ocupaçã o do solo das pre feituras locais. Assim, a proximida de das ocupa ções huma nas com o parque é a principal causa dos incêndios registra dos nas zonas limítrofes, pressão que se agrava com o de corre r dos anos e que pode ser potencia lizada pelos pe ríodos prolongados de estiage m cada vez ma is frequentes na região. Entre ta nto, é importa nte salienta r que a fiscaliza ção dos focos de incêndio tem se intensifica do ao longo dos a nos e desde 2012 o PERD conta com o Centro Integrado de Prevenção, C ontrole e Comba te a Incêndios. Outra muda nça na paisa ge m ocasionada pela ocupaçã o huma na se refe re à s á reas de pastage ns e eucaliptais que, ainda que já este jam consolidadas e com pouca s perspe ctivas de crescime nto, se apresentam como uma ma triz desfav oráve l que dificulta ou a té mesmo impede a presença e mov ime ntaçã o de anima is que requerem ambientes florestais. Nesse se ntido, os conflitos casua is de ataques de onças -pinta das a animais domésticos rela tados pe la equipe gestora são consequê ncia do isolame nto do parque, que por sua vez inte rfe re dire ta mente sobre a áre a de vida de um animal que exige gra nde s territórios. Por fim, o domínio do entorno por uma matriz inóspita reforça a

vulne rabilida de do pa rque a o e feito de borda, além da impossibilida de de se cria r conexões com outros fragme ntos florestais.

O esta bele cime nto de espécies exóticas invasora s, espe cia lme nte gra míneas, tais como o ca pim-coloniã o (Panicum maximum ), capim-braquiá ria (Brachiaria spp.) e o capim-gordura (Melinis minutiflora), é um problema crescente no pa rque. A resolução desse proble ma é difícil, tendo em vista que o e ntorno do parque é domina do por pa sta ge ns que utiliza m essas gramíneas pa ra alimenta ção do ga do. Alé m disso, nos últimos anos, observa -se a chegada de espé cies típicas de Cerra do, como mico-estrela (Callithrix penici llata) e lobo-guará (Chrys ocyon brachyu rus), que pode m desestruturar re des de intera ções e se tornarem dominantes e m re lação às nativas de Ma ta Atlântica. No toca nte às espécies exóticas piscív ora s, desta ca-se a presença de peixes como tilá pia ( Tilapia cf. rendalli), piranha (Pygocentrus nattereri), tucunaré (Cichla oce llaris) e a paia ri (Astrono tus ocellatus). Essas trê s últimas espé cie s são pre dadores piscívoros e ca usam a re dução da riqueza de espécies na tiva s (IEF 2002). C om o obje tiv o de minimizar e sse problema, desde 1993 é permitida a pesca de pe ixes ex óticos no lago D om H elvé cio, medida de mane jo que, se gundo a equipe do parque, també m fa cilitará que no futuro a pe sca ile gal de espé cies nativas nã o se ja ma is uma amea ça. A Figura 2 apresenta os re gistros policiais rela ciona dos à pe sca e, ainda que ha ja uma re duzida a preensão de pesca do ile gal no período de 2009 até junho de 2014, é a lto o número de a preensões de instrume ntos utilizados nessa a tiv ida de. N os a nos de 2013 e 2014 o núme ro de apree nsões apresentou uma que da de cerca de 70% em relaçã o a 2009, 2011 e 2012, o que pode se r um reflexo do aume nto de esforço de fiscaliza çã o no parque.

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Figura 2: Registros policiais relac ionados à p esca i leg al no Parque Estadual do Rio Doc e.

E fet iv id ad e d e g est ão

Considera ndo a pontua çã o gera l nos módulos ‘Plane ja mento’, ‘ Insumos’, ‘P rocessos’ e ‘Resultados’, a efe tivida de de gestão do PERD a lcançou uma mé dia de 67% (Figura 3). Ao se ana lisa r as pontuações

obtidas por ca da módulo, obse rva-se que o módulo ‘Plane ja mento’ a pre sentou a me lhor pontua ção (mé dia: 76%), se guido pelos módulos ‘Resultados’ (73%), ‘P rocessos’ (média: 69%) e, por último, o módulo ‘ Insumos’ com menor pontuaçã o (mé dia: 57%).

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Figura 3: Avaliaç ão de ef etiv idad e d e gestão do Parque Estadual do Rio Doce po r subdivisão dos módulos ‘Planejamento’ , ‘Insumos’, ‘Pro cessos’ e ‘ Resultados’.

Embora a aná lise do contexto da UC não seja utilizada para fins de quantifica çã o da efetivida de de gestã o, a avaliação dos crité rios ‘Importâ ncia Biológica ’, ‘Importância S ocioe conômica ’ e ‘Vulne rabilida de’ permite compree nde r melhor aspectos fundame ntais atinentes aos obje tiv os de conse rvaçã o da UC e que, conseque nte me nte, devem ser conside rados no proce sso de gestão. A importâ ncia biológica do PERD está dire tamente rela ciona da com a presença de espé cies anima is e vege tais a meaçadas de extinção tanto e m nível na ciona l quanto esta dua l, tais como: jacu-esta lo (Neomo rphus geoffroyi), guigó (C allicebus personatus), ja carandá-da-ba hia (Dalbergia nigra ), palmito-juça ra (Euterpe edu lis), muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthu s), ga to-do-ma to (Leopardus tigrinus), entre outros (IEF 2002, MMA 2008, Biodive rsitas 2014). O pa rque ainda é ha bitat de espé cies raras como o roedor Abrawayaomys ruschii e espé cies e ndêmicas de morcegos como P laty rrhinus recifinus e Chiroderma doriae (IEF 2002). N o que conce rne a os aspe ctos socioe conômicos, a importâ ncia do pa rque pa ra a re giã o está base ada principalmente no re cebimento de ICMS E cológico

pelos municípios que compreende m a área da UC, seja m ele s Ma rliéria, Dionísio e Timóteo. Já no tocante à vulnera bilida de, esta se rela ciona principalmente à escassez de recursos fina nce iros e à falta de autonomia para controle da s movimentações fina nceiras, pois as mov ime ntações dessa natureza fica m centra lizadas no Instituto Esta dua l de Florestas (IEF), órgã o a mbie nta l responsável pe la gestão da unida de. Ade mais, o exce sso de burocra cia na contrataçã o e requerime nto de se rviços de manute nção impe de a celerida de na re aliza ção de algumas ações necessá rias a o funciona me nto da UC.

O ele me nto de a nálise ‘P lane ja mento’, que inclui as cate gorias ‘Obje tivos’, ‘Amparo Lega l’ e ‘Desenho e Plane jamento da Área’, é utiliza do pa ra obte nçã o do valor final da efe tivida de de gestã o. No que se refere aos obje tiv os, é nece ssário ressalta r o a poio que o PERD tem da comunida de do Ma rliéria, a qual esteve direta me nte env olvida no se u processo de cria ção. É també m cresce nte o apoio da comunida de de Dionísio mas, em contra partida, as comunidade s de Baixa Verde, Cava Gra nde e Revés do Be lé m, que

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surgiram como desdobra mentos de empree ndime ntos instala dos na re gião, a o não se sentirem pertence nte s a ela ta mpouco defende m os objetivos e inicia tivas conse rvacionistas do parque. Essa falta de a poio a lia da à ausê ncia de sentimento de pertencime nto sã o ta mbé m reflexos da ca rência de instruçã o forma l e orga nização socia l de parte da populaçã o do entorno, que por sua vez re pe rcute na permanência de alguns impasses com a comunida de que nã o são re solvidos pela via pa rticipa tiva (Mannigel 2006). Excetuando-se uma única disputa judicial de re gularizaçã o fundiária de uma faze nda de 142 ha ao sul do parque que possui 80% de Mata Atlântica, toda a área do pa rque é lega liza da, o que contribui favoravelme nte pa ra a gestão.

O módulo ‘Insumos’ a brange trê s subdivisõe s: recursos humanos, comunica ção e informa çã o, infraestrutura e recursos financeiros. De a cordo com a equipe gestora do PERD, o núme ro de funcionários (contra tados e oriundos de parce rias) é suficiente para atende r as de mandas de tra balho no pa rque. Porém, a equipe nã o re cebe tre ina me ntos específicos a os cargos que ocupa m e não ex iste uma capa cita ção sistemá tica e periódica para a e quipe, sendo que a forma ção de novos funcioná rios é fe ita principalmente pelos funcioná rios mais antigos. Uma funcioná ria, que está trabalhando no PERD há 25 anos, rela tou que no come ço de sua carreira e ra conv ida da a faze r vários cursos e pa rticipa r de eventos de capa cita ção promov idos pelo IEF, mas atualmente isso nã o ocorre ma is. Ape sar disso, a e quipe ge stora acre dita que os re cursos humanos seja m um ponto forte na gestão do parque, pois contam com funcioná rios de a lta qualida de, o que pode ser constata do nas avalia çõe s pe riódicas que são realiza das com os funcioná rios com re lação às me tas de cada e quipe.

A comunica ção entre os diversos setore s do IEF e entre a s UCs nã o é eficiente devido à hie ra rquiza çã o e burocra cia re lacionada s. Nã o há um sistema de informa ções e vários dados rela ciona dos à gestão da UC fica m retidos no IEF, assim como nã o há ne nhum sistema a dequado pa ra o processamento e análise de dados, o que dificulta para a equipe gestora tra balhar com da dos de período mais longo para a nalisar variações e te ndê ncias e, consequente mente, propor novas medida s. Alé m disso, os dados ecológicos e socioe conômicos existe ntes não são suficientes para o aprimora me nto contínuo das a çõe s de mane jo, o que constitui um grande ga rgalo pa ra as novas propostas de a ção. Entre as comunida des, a relaçã o se dá de forma he terogênea, sendo que o parque estabele ceu uma rela çã o bem próxima com alguns municípios (ex.: Marlié ria e D ionís io) e outras comunida des se encontra m mais distantes.

A infraestrutura do pa rque v oltada ao turismo e recrea ção atende à dema nda do pa rque durante quase todo o a no, sendo às ve zes insuficiente somente em feriados prolongados. Como a e quipe prevê uma ex pansão urba na a celera da nos próximos anos, a estrutura pode não ma is se a dequar à futura dema nda. Alé m disso, o parque conta com infraestrutura a dequada para rece be r grupos de pesquisa dores e outros profiss ionais. Com re lação à infraestrutura de tra balho, ve rifica -se que a lguns proce dime ntos básicos ao funciona me nto do parque apresenta m situa ção pre cá ria, como a fa lta de manute nção dos veículos, fa lta de equipame ntos e normas de se gurança de traba lho, esca sse z de equipa mentos de ca mpo, e ntre outras ne cessida des.

Os recursos financeiros do parque nos últimos 10 anos não fora m suficientes para realiza r as a çõe s de mane jo críticas. Entre ta nto, se gundo a e quipe ge stora, há uma te ndê ncia de melhora para os próx imos 10 anos devido às a ções que têm sido propostas pe lo gestor. Existe um orçame nto bá sico que a te nde às ativida des básicas ao funciona mento do parqu e, porém nã o pe rmite que o pa rque promova ações complementares com relaçã o ao manejo e pe squisa proveniente da própria ge stã o do pa rque. Sendo assim, ta is ações ge ralme nte são rea lizada s por instituições parceiras, mas ne m se mpre a te nde m às reais de ma ndas do parque, já que a definiçã o de como o recurso se rá impla ntado gera lme nte é exte rna e não de a cordo com as prioridades e obje tivos da UC. A equipe a firma que o gestor te m gra nde ca pacida de para aloca r recursos financeiros provenientes de parcerias exte rnas, poré m, o gestor ale ga nã o ter tempo suficiente pa ra pode r estruturar proje tos a sere m e nca minhados pa ra a gência s de fomento e incentiv o à pe squisa e possíve is e mpresas fina nciadoras. Além da escassez de recursos, as prá ticas de a dministra ção fina nceira são muito burocrá ticas, morosas e depe nde ntes da situa ção política esta dual, o que prejudica o a ndame nto das açõe s do pa rque. U m exe mplo da insta bilida de política influe nciando diretame nte na gestã o do parque ocorreu entre os anos de 1986 e 1993, em que o parque foi fe cha do para reforma e durante quatro anos nenhuma obra foi rea liza da devido à muda nça de a dministração do esta do.

Ana lisa ndo os dados sobre re cursos fina nceiros alocados e ntre os a nos de 2010 a 2013, observa -se que o IEF re passa por volta de R$ 25 0.000, 00 anualmente ao PERD e os recursos aloca dos por meio de parce rias soma m cerca de R$ 4.000.000,00 anua is (Figura 4). O esta bele cime nto de pa rce ria s com pre feituras e empresa s se tornou uma necessida de do PERD pa ra a alocaçã o de re cursos financeiros e logísticos, o que já havia sido re lata do e m se u pla no de ma ne jo (IEF 2002). Se gundo o gestor do PERD se ria ne cessário um orçamento ao re dor dos R$ 10 milhões por ano para

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cumprir toda s as de mandas que se impõe a o mane jo adequado da unida de. Sendo assim, o órgão ambienta l responsável pela gestã o da UC contribui com apenas 2,5% do orça me nto idea l e, embora as

parcerias desempenhe m um papel e ssencial no provimento de recursos fina nceiros, estes somente cobre m ce rca de 50% das despesas ne cessárias ao mane jo, o que corrobora a nossa hipótese.

Figura 4: Aloc ação anual d e r ecursos financ eiros p elo Parque Estadual do Rio Doce or iundos do Instituto Estadual d e Flor estas ( em preto) e d e par cer ias co m Pr efeituras e empr esas (em cinz a).

O módulo ‘P rocessos’ engloba três e lementos de análise: ‘pla ne jame nto’, ‘processo de toma da de decisã o’ e ‘pe squisa, avaliação e monitora me nto’. Ao analisar o plano de ma nejo, pode -se conside rar que ele é abrangente e extremame nte de talhado, mas é do ano de 2002 e está e m proce sso de reformula çã o e atua lizaçã o. Devido a e sse forma to tra diciona l não ser de gra nde aplica çã o para a equipe gestora, o ge stor pre tende fazer um pla no de manejo mais sucinto, acessível aos funcioná rios e que possa se a daptar às nece ssidades e modificações ao longo do tempo que o parque venha a passa r. Alé m disso, segundo o gestor, um plano de mane jo que expresse as reais nece ssidades do pa rque nã o deverá se r fe ito por consultore s, mas sim por sua e quipe e, portanto, essa será a nova conformaçã o da da ao p lano de mane jo. Os inve ntá rios de fa una e flora estã o desa tua lizados no pla no de manejo, mas novas pe squisas já foram realiza das nesse intervalo de te mpo e deve m ser incorpora das ao nov o docume nto. A equipe formula pla nos de tra balho visando identificar as metas para cada se tor da ge stã o e conside ram que essa

estraté gia tem tra zido bons re sulta dos para e nfrentar as amea ças e pressões da UC.

A equipe gestora está organiza da nos se guintes setores: Prote çã o e pe squisa ambiental, uso público, integraçã o com o e ntorno, produçã o de muda s, administra tivo/ financeiro e manute nçã o. A tomada de decisões e ntre os se tores de administração é tra nspare nte e os funcioná rios tê m autonomia para tanto no caso de ausência do gestor. As comunida des do e ntorno pa rticipa m da tomada de de cisões principalmente pela sua a tua çã o no conselho consultivo, o qual está imple menta do, é considera do efetivo e promove re uniões bime strais, mas comumente há reuniões extra ordinárias, resultando em reuniões mensa is.

O monitora me nto dos usos le gais no parque é feito pelo controle de entrada de v isitantes e, no ca so das trilhas, é verificado se o pisotea me nto está e m níveis adequados por me io da avaliaçã o v isua l do de sgaste de raízes nas trilhas. Nos pe ríodos de chuva, quando o

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solo fica mais vulneráve l, algumas trilha s pode m ser interditadas por a lguns dias para evitar processos de erosão. A trilha do Vinhá tico é a mais usa da pa ra fins educativos e a trilha dos Pesca dores é mais utilizada para as prá ticas de pesca. Já para o monitoramento dos usos ilega is, a dimensã o do parque é o principal fator limita nte, pois algumas re giões do parque, principalmente a o norte, estã o mais isola das e não propiciam a s atividade s de fisca lizaçã o.

A equipe relata que as pesquisa s re cebem total a poio do pa rque, dentro de suas limitações, ma s a devolução dos resultados nã o é nesse mesmo níve l, sendo que às ve zes os funcioná rios não tem acesso aos traba lhos ou o forma to é inade qua do para o ente ndimento por pessoas não rela ciona das à á rea de pesquisa. Os pesquisadores têm muita libe rdade de atua ção, mas a e quipe gestora não é consulta da sobre as maiores dema ndas de pe squisa do parque, porta nto a maioria dos tra balhos nã o a te nde às prioridade s de ge stã o do pa rque. Essa distância entre a gestão e a pesquisa não se restringe a pena s ao PERD e as principa is dificuldade s pa ra promove r essa aproximaçã o são os obje tivos das pesquisas não sere m voltados aos proble mas loca is, a lingua gem é ina dequada, poucos estudos são volta dos a ações prá ticas e os ge store s muitas ve zes pre cisa m tomar decisões urgente, tendo pouco te mpo para se emba sare m e m publicações cie ntíficas (Cook et al. 2010, Ma rris 2007, Pullin & Knight 2005). Os trabalhos de cará ter socia l sã o muito pontuais e pouco frequentes, se ndo que uma a tual demanda do parque é entender qual é a pe rce pçã o das comunida des do entorno sobre o pa rque. Pesquisas que foquem em espé cies exóticas e/ou invasoras e nos conflitos e ntre o pa rque e o se u e ntorno ta mbém são ne cessá ria s, como é o ca so dos a ta ques a o ga do por onças-pinta das. A equipe demonstra interesse e m promover eventos de cará ter e ducativo com as comunidade s do

entorno que inclua m as pesquisas realiza das no parque, poré m, muitas da s vezes os pe squisa dores não se e nvolve m nessa s ações de divulgaçã o cie ntífica. Outro me io de divulga çã o é o bole tim Muriqui, o qual é distribuído entre os funcionários do parque e ainda não é distribuído na s comunida des por falta de recurso financeiro, mas o ge stor vem trabalhando para o esta bele cime nto de parcerias com as pre feituras.

O módulo ‘Resulta dos ’ avalia se nos últimos dois anos as ações de ma nejo fora m coe re nte s com as amea ças e pressões, os objetivos da UC e o plano de tra balho atua l. Em gera l, verifica-se que a gestã o do parque vem cumprindo a ma ioria dos itens, como prevenção de a mea ças e a plica ção da lei, a ções mitigatórias (como ma nute nçã o dos aceiros), ma nejo de recursos natura is, controle de vis ita ntes e impla ntaçã o e manute nção da infraestrutura, mas alguns ite ns ainda apresenta m de ficiê ncias, como ela bora ção de inventá rios, monitorame nto e avalia ção de funcioná rios (principalme nte os externos), capa cita ção de re cursos humanos e pesquisa e monitoramento de resultados.

Reco m end açõ es

A partir da análise de fortalezas, oportunidade s, fraque zas e a meaças (Ta bela 1), fora m siste matiza das informa ções e suge stões que possa m contribuir e reforçar o monitorame nto e a avaliaçã o de ações imple menta das, a ide ntifica ção de proje tos a serem impla nta dos e a avaliaçã o do desempe nho do tra balho rea lizado na UC (Drumond et al. 2009). Nesse caso, as fortale zas e fraqueza s constituem fatores inte rnos à gestã o da unidade de conse rvaçã o e oportunidade s e a mea ças a pre senta m fa tores externos, que nã o estã o sob responsa bilidade da gestão, mas que pode m vir a influenciá -la.

Tabela 1 : Matriz de an ális e estr atégic a de fortalez as, oportunid ades, fr aquezas e ameaças r elacionad as à g estão do Parqu e Estadual do Rio Doc e.

Interno Externo

Fortalezas

- Transpar ência no processo d e gestão

- Autonomia dos funcionários par a to mad a d e decisõ es

- Cap acid ade do g estor par a a locaç ão d e recursos

- Importância biológic a

Oportunidades

- Parc eria com KFW (Pro mata)

- Funcionários de empr esas privad as e terc eirizad as

- Instituições d e pesquisa

- Apoio do Ministério Público

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- Pres ença do b atalhão d a PM

- Regulariz aç ão fundiária r esolvid a

- Reuniõ es frequ entes da equip e e do cons elho consultivo

- Infraestrutura b ásic a ad equad a

- Apoio à pesquisa

- Boletim Muriqui

- Títulos obtidos (Sítio RA MSAR, Reser va d a Biosfera, Patrimônio Natural d a Hu manid ad e)

- Parc eria com produ tores rur ais de D ionísio

- Apoio da comunid ad e de Mar liéria

- ONG Amigos do Parque

Fraquez as

- Recursos financ eiros limitados

- Burocr acia nos proc essos ad ministr ativos e hierarquia estatal

- Pesquisas que n ão prioriz am as nec essidad es do parqu e

- Falta d e pesquisas elaborad as pelo p arque

- Isolamento g eogr áfico do parqu e em r elação a outras U Cs

- Escassez e falta d e manutenção d e plac as infor mativas

- Desatualizaç ão e pouc a apl icabi lidad e do plano de man ejo

Ameaç as

- Expansão urb ana

- Incêndios an trópicos

- Facilid ade d e ac esso

- Espécies exóticas

- Conflitos de in ter esses

- Instabilid ad e da polí tica ambiental em MG

Com o obje tiv o de maximizar as forta leza s, sugerimos que as reuniões da e quipe devem prioriza r ta nto as questões administra tivas qua nto o compa rtilhamen to de ideia s sobre os vários se tores da gestã o com abertura para opiniões, críticas e sugestõe s de cole gas de e quipe como forma de avaliar conjunta me nte cada setor, a lém de propicia r uma ma ior se gurança à equipe com rela ção à toma da de decisõe s e m caso de ausência de algum membro da a dministra ção. N esse sentido, fa zem-se nece ssárias també m reuniões periódicas e ntre os funcionários de cada setor, para que as ideias possam se r re passa das pelo responsável do setor nas reuniões da e quipe gestora.

Considera ndo a importância das pa rcerias já existe ntes para o adequa do desenvolv ime nto das ativida des do PERD, re come nda mos a expansão dessas parcerias pa ra ONGs, empresa s privadas e centros de e nsino pa ra aloca ção de recursos fina nceiros e de serviços, como a gentes de e duca ção ambienta l, eventos científicos, eve ntos de capa cita ção, entre outros. Essa s parce rias possibilita rã o a promoçã o de ma is eve ntos rela ciona dos à biodive rsida de e e ducaçã o ambiental com público ex terno, como ações de se nsibiliza ção volta das principa lme nte a o público de fina is de sema na e feriados, visando à muda nça de pe rcepção com re la ção a o parque.

Ainda que existentes, pe rce be mos que os dados sobre fiscaliza ção, monitoramento e pesquisa nã o estão devidame nte siste matiza dos, dificultando o acesso ime dia to a esse s da dos quando ne cessá rio. Assim, recomendamos a e labora çã o de rela tórios anuais com compila ção desses da dos, o que permitirá, por

exemplo, uma aná lise mais deta lha da sobre o histórico de a tiv ida des le gais e ilegais no parque, sendo uma boa ferra menta de subsídio para o pla neja me nto. Tal siste ma tização possibilita ria ainda um maior e ntrosa me nto entre ações realiza das pela PM a mbiental e a gestã o do pa rque, devido ao compa rtilha mento dos re gistros leva ntados pe la PM refe rentes às a tividades ilegais de ntro e no entorno do parque.

Como rela tado pela equipe gestora, as ativida des de pesquisa são prioriza das, se ndo provido apoio tota l a os pesquisadores interessa dos. No enta nto, muitas ve zes os pe squisa dores não consulta m o pa rque sobre as rea is nece ssida des e dema ndas do parque com rela ção a te mas a serem estuda dos que possam a uxiliar na gestã o. Sendo assim, grande pa rte das pe squisas não atende os principais objetivos de gestão do pa rque e nem sempre os resultados sã o transforma dos em implica çõe s concre tas para a conserva ção. Os resulta dos dos trabalhos ta mbém deve ria m ser melhor aborda dos pe la equipe pesquisa dora a fim de torna r esses dados ma is ace ssíve is e que possam subsidiar futuras a çõe s no parque, torna ndo algumas proposições passíveis de exe cução. Tendo e m vista esse proble ma e a fa lta de recursos do parque para realiza r suas próprias a tividades de pesquisa, o esta bele cime nto de pa rce ria s com instituições de pesquisa pode ser uma fe rra me nta viável para o alca nce desse objetivo, desde que cons idere m as prioridade s da gestã o do parque e m suas pesquisa s. Um exe mplo se ria aprofunda r os e studos sobre o mane jo de espécies exóticas inva soras pote nciais e as que já são e ncontradas no parque. Outra priorida de

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de estudo sã o as espécies-chave, pa rticula rmente a viabilidade a longo pra zo dessas popula çõe s para que se possa pla ne jar a s a ções de ma ne jo de a cordo com a situaçã o de cada espécie. Ade mais, pe squisas de cunho socia l ta mbé m fa ze m pa rte de outra la cuna de pesquisa do pa rque, as quais devem se r estimula das com o obje tivo de esta bele ce r trocas e diálogos com as comunidade s, o que propicia ria uma me lhor compree nsão de como as pessoas percebem as ações do pa rque e essa re laçã o mais próxima contribuiria para os obje tivos de conse rvação.

Outra questão importa nte a ser conside ra da se refere à alocaçã o de re cursos financeiros por e ditais de agência s de fomento e incentiv o à pe squisa, que é um proce sso que requer formaçã o aca dê mica e disponibilidade de te mpo para formula r os proje tos de pesquisa. À vista diss o, a re ivindica ção junto a o IEF para que seja criada uma ca te goria de contra taçã o de funcioná rio e spe cificamente pa ra e ssa funçã o pode ria ser uma estra tégia útil à obtenção de uma maior quantida de de re cursos.

Por me io das informações transmitidas pe la e quipe gestora, pode mos constata r que o boletim Muriqui é um meio de comunicaçã o eficiente entre os funcioná rios do pa rque. Algumas notícias contidas no boletim pode m ser ta mbém de inte resse público e, porta nto, pode ria m se r divulga das també m nas localida des do entorno. Para ta nto, o parque pode ria tentar estabele cer pa rce ria s com e mpresas de comunicaçã o (jornal, te levisão, rá dio) para que algumas notícias pudessem se r de conhe cime nto da populaçã o. A parceria ta mbé m pode ria se r efetivada com alguma e mpresa priva da que possa financiar a impressão desse ma te ria l, já que o re curso financeiro é o fa tor limitante à a mpla divulga ção pe lo parque.

Com relaçã o a o conselho consultivo, reforçamos a nece ssidade que sua composição deve compre ender membros de instituiçõe s envolvidas com o parque, órgãos a mbienta is, parceiros e representa ntes das comunidade s do e ntorno. Além disso, deve ser considerada a pa rticipa çã o de re presenta ntes dos vários municípios do entorno, não somente a que les que a bra nge m a á rea do parque. Dessa forma, os diversos inte resses pode m se r discutidos e conte mpla dos no processo de tomada de de cisões.

No toca nte às fraqueza s identifica das e que influe nciam dire tamente a gestão do PERD, suge rimos uma série de a ções que possa m a me nizá-las. Uma prime ira fraque za consta tada é re lativa ao isolame nto do parque. Esse proble ma pode ser minimizado com a ções que vise m à conexã o do parque com outros fra gmentos menore s (Reservas Lega is, APPs, etc) no e ntorno para possibilita r vias de movime nta çã o da fauna. O estabele cimento de Reservas Legais, por exemplo, pode ser orienta do no

sentido de compor uma estrutura de corredor e ntre fragme ntos, quando possível. Igua lmente, a área do parque deve ser siste ma ticamente fiscaliza da a fim de se combater as pressões e a mea ças que possam reduzir sua á rea já estabele cida.

Uma atenção e spe cia l ta mbém deve se r destina da às pla cas informativas, as quais deve m ser constantemente reavalia das com re laçã o a o seu esta do de conserva ção e conteúdo para que possam atende r aos seus objetivos de orie ntar os visitante s. Alguns loca is deve m ter placas de orienta ção geográ fica, informa çõe s sobre a biodiversidade e també m sobre a postura e atitude s espera das dos visitantes. As placa s devem causar um mínimo de poluiçã o visual, ma s devem esta r distrib uídas de forma que todos os vis itantes te nha m a cesso às informa ções. A mensa ge m contida na s pla cas deve ainda ser sucinta e direta para que gra nde parte do público possa rapida me nte acessa r e compreende r a informa ção tra nsmitida.

A desa tua lização e pouca a plica bilidade do plano de mane jo influe m direta me nte sobre a ge stã o do parque. Ne sse se ntido, a formula ção de um pla no de mane jo mais sucinto e ada ptável à s nece ssidades do parque se apresenta como um bom instrume nto a ser incorpora do a o processo de gestão. Entre tanto, algumas la cunas presentes no pla no de mane jo atual (ex.: levanta mento siste mático de aves no inte rior do parque) e dados desa tua lizados sobre a composição florística deve m ser reava lia dos, com o intuito de reforçar a lguns dos objetivos de conse rvaçã o.

Algumas oportunidades para maximiza ção das ações de gestão podem ser promovidas ou me lhor aproveitada s. Os progra mas de financia me nto, por exemplo, deve m se r rigorosame nte controlados com rela ção às a tivida des realiza das e prestaçã o de conta s, como forma de ga rantir uma ade qua da aplicação dos recursos. Já as parce rias que envolvam a contra ta ção de funcioná rios devem ser feitas com base em crité rios que priorizem norma s de segura nça de tra balho e outros assuntos pertinentes à s ativ ida des tra balhistas, pois esse é um ite m ainda ine ficie nte da gestão do PERD. Os títulos re cebidos pe lo parque e o seu consequente re conhecime nto internacional devem se r utiliza dos como justifica tiva pa ra a forma ção de pa rce rias, a loca ção de re cursos, incentiv o à visitaçã o com fins científicos, entre outros. Tais títulos tê m gra nde apelo social e a mbienta l, o que é ba sta nte valoriza do, principalme nte por empresa s priva das.

Iniciado no final de 2013, o P roje to de C onse rvação e Recuperaçã o da Ma ta Atlântica, Cerrado e Caa tinga, por meio do estabe le cimento de pa rce ria s entre IEF/PERD, Emater, R ota ry C lub, Pre feitura de D ionís io e os produtores rurais desse município, te m como

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objetivo a re cupe raçã o de mana nciais, por meio do cerca mento e pla ntio de mudas. Caso essas parce rias seja m be m-sucedida s, deve m ser expandidas futura me nte pa ra outros municípios limítrofes ao parque visando um alcance maior dessa s ações que buscam a formação de corre dores ecológicos, a lém de gara ntir a pere nidade dos re cursos hídricos, contribuindo para a ma nute nçã o de processos ecológicos e o uso racional dos recursos na turais no entorno.

Como forma de aumenta r ou até mesmo adquirir o apoio de outras comunida des que não somente aque las que a bra ngem a área do pa rque, o PERD poderia esque ma tizar e m sua age nda de eve ntos externos o atendimento e v isita a os outros municípios de seu entorno, dive rs ificando as suas atividades e alte rna ndo e ntre os municípios atendidos.

Com rela çã o às a meaça s exte rna s à gestã o do PERD, a expansã o urba na te m sido identificada como uma forte a tividade impa cta nte, que pode ge rar desequilíbrios e cológicos na área do parque, principalmente pe lo efe ito de borda. Sendo assim, o parque deve recorre r às a gências fisca liza doras e meios le gais qua ndo houve r irregula rida des na ocupa ção e uso do solo. Alguns tipos de atividade s, como indústrias, gra nde s e mpree ndimentos, aeroportos, estra das, e ntre outros, deve m ser rigorosa me nte ana lisa dos com relaçã o aos possíveis impactos resulta ntes. N os casos de e mpree ndime ntos que fav ore ça m as comunida des do e ntorno, um bala nço e ntre vantage ns e desvanta gens desse impacto deve se r levado e m conside ra ção, de sde que seja m respeitados os obje tiv os da UC, e ações alte rna tiva s deve m ser propostas quando houver conflito de interesses.

Outra a mea ça que te m gera do gra ndes impa ctos principalmente na zona de amortecimento do parque são os incê ndios de orige m a ntrópica. A grande abundâ ncia de gramíneas no e ntorno propicia uma maior propa gaçã o do fogo, logo, os incêndios tomam um grande proporçã o, pode ndo atingir a áre a do parque. U ma forma de minimizar esse impacto se ria mobilizar a população por meio de mutirões de controle de gra míneas, devendo essas serem eliminada s de pastos aba ndona dos e roçadas em locais onde há grande a cúmulo de bioma ssa. Quando possível, deve se r prioriza do o plantio de muda s de espé cies na tivas e o comba te de incê ndios nessas áreas. Um bom exe mplo de parce ria que pode se r um dispositivo útil de aloca çã o de re cursos é o Termo de Ajusta me nto de C onduta (TAC). No caso do PERD, uma parceria já foi f irma da e está estabe le cido, por meio de um TAC, que o De pa rta me nto de Estra das de Roda ge m do Esta do de Mina s Ge rais (DER-MG) e stá permanentemente responsável pela ma nute nçã o dos

aceiros do parque, a bra nge ndo uma exte nsã o de 43 km.

Já a e ntrada de pessoas no pa rque para a prá tica de ativida des ile gais pode se r coibida pe lo monitoramento participa tivo, que inclui pessoas das próprias comunidade s, por me io de de núncias feitas anonimamente aos órgã os fisca lizadores. Tais ações são ma is eficientes e m comunida des já mobiliza das e que ente nde m os obje tivos do parque, porta nto, a mobilizaçã o deve ocorre r no máximo de localida des possível, prioriza ndo aquelas onde há maior re gistro de a tividades ilegais.

Com rela çã o ao esta bele cime nto e expa nsã o de espé cies exóticas invasoras, as a çõe s de mitiga ção dos danos desse impacto deve m ser toma das como uma da s prioridade s de pesquisa, já que e ssa é uma das a mea ças mais seve ras e m á reas protegidas. Os tra balhos devem desenvolver estra tégias de controle dessas espécies e ev ita r que possa m colonizar novos ambientes. No PERD, esse problema abrange tanto os ambientes terrestre s qua nto os aquá ticos. Tendo como exemplo o s istema la custre, que é extre ma mente importa nte para a dinâmica de todo o parque e está incluso nos obje tivos de conserva ção, o levantamento de espécies exóticas piscívora s é restrito a algumas la goa s e está de satualiza do, devendo essa ser uma priorida de de pe squisa.

A instabilida de política pode comprome ter o anda me nto das a tivida des de gestão do parque, como investimentos, contra tação de funcionários, esta bele cime nto de parce rias, transpa rência fina nceira, comunica ção inte rse toria l, entre outros fatores. Dessa ma neira, um ma ior engajame nto dos gestores e funcioná rios de UCs estaduais na re solução dessas questões pode re sulta r e m muda nças nos órgãos ambientais. U m exe mplo a ser conside rado é o fato de várias UCs não possuíre m plano de mane jo, esta rem desatualizados ou em uma conforma ção pouco prática. Sendo a ssim, uma reformulação desse forma to, torna ndo o pla no de manejo ma is f lexíve l, sucinto e ada ptativo, poderia se r incorpora do por uma quantida de ma ior de UCs que ainda nã o conseguiram viabilizar esse processo, se ja por falta de recursos fina nceiros ou humanos.

C ONC LUSÃ O

A avaliaçã o da e fetividade de ge stã o, a o reve lar vários pontos fortes e fra cos das a tivida des conduzidas no PERD, possibilitou o conhe cimento da realida de da área e se a pre senta como uma ferramenta útil de tomadas de iniciativas, visando o aprimora mento das açõe s re lativas a o mane jo da UC.

Ape sar de ser uma unida de de conse rvaçã o bem esta bele cida e de grande vis ibilida de no ce nário

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esta dua l e fede ral, deficiência s sobretudo no re passe e alocaçã o de recursos fina nce iros dificulta m o cumprimento das a ções críticas de mane jo do parque, sendo, portanto, ne cessá ria uma maior a te nçã o dos órgãos compete ntes e da socie dade civil. Caso contrário, uma sé rie de consequências aos processos ecológicos e socioeconômicos da re giã o pode ser gera da e dista ncia r a UC do cumprime nto de seus objetivos.

A G RA DE CI ME NT OS

Agrade ce mos ao Programa de Pós -Gra duaçã o em Ecologia, Conserva ção e Mane jo da Vida Silvestre, do Instituto de Ciê ncias Biológicas da Univers ida de Fede ral de Minas Gera is por todo o apoio financeiro e logístico pa ra via bilizar a rea liza ção do curso. Aos coordena dores, professores e tutores pela orienta ção nos proje tos. Aos motoristas do ICB por nos acompa nhar nos projetos. À equipe gestora do Parque Estadual do Rio Doce e seus funcioná rios, que além de apoia re m o curso, se dispuse ram a participar do nosso traba lho e foi essencia l para a rea liza ção desse projeto. Aos colega s de turma, pe lo compa rtilha mento de ide ias e descobertas e pela convivência agradáve l.

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AS CO TIAS A TUAM COMO ENGENHEI RAS DO ECOSSIS TEMA?

Alessandra Ma rques1§&Jana ína Agra1

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil

Palavras -chave: Dasypro cta sp., riqueza de espécies, formigas, se rapilheira, estocagem de frutos, Ma ta Atlântica

§Autor Corre spondente: a lessa ndra [email protected]

RESUMO

A rique za de e spé cies, numa escala local, pode ser influe nciada por diversos processos, sendo que os principais são as inte ra çõe s e ntre os orga nismos, a disponibilidade de recursos e as condições do ha bita t. Alguns orga nismos sã o capa zes de modificar ou criar habita ts, afeta ndo a disponibilida de de re cursos para outras e spé cie s, sendo conside rados “e nge nheiros do ecossiste ma”. Este traba lho tem o obje tivo de averiguar se as cotias atua m como enge nhe ira s do ecossiste ma dev ido a seu comporta mento de estoca ge m de frutos. Hipote tizamos que á reas com aglome ra ções de frutos e stoca dos pela cotia influe nciam positiva me nte a riqueza de espécies de formigas, dev ido ao aumento da he terogene ida de espa cia l, qua ndo compara das à área s com ausência

ou ba ixa densida de de frutos. Amostras de serapilheira florestal fora m cole tadas no Parque Estadual do Rio D oce, sendo de marca dos 20 qua dra dos 1 x 1 m (10 qua dra dos com aglome rações de frutos e 10 quadra dos com ausência de frutos). A rique za de espé cies de formigas e a qua ntida de de frutos encontrados e m cada qua dra do, com e sem frutos, fora m ana lisadas através do te st t de S tudent e da aná lise N MDS. Fora m ide ntifica dos 19 gêne ros de formigas perte nce ntes a seis subfamílias. A rique za e composiçã o de espé cies de formigas não apresentou dife re nça s entre as parcela s com e se m frutos. Sendo assim, a a tivida de comportame ntal da cotia de aglome rar frutos e m dete rminadas área s da serapilheira nã o exe rce influe ncia sobre a rique za de formigas.

INTRODUÇÃ O

A rique za de espé cies pode ser influenciada por vários proce ssos que a tua m e m dife rentes escalas espaciais e te mpora is (G odfray & La wton 2001). N a escala loca l, os processos de termina nte s da rique za de espécies são as inte rações e ntre os organismos, a disponibilidade de recursos e as condições do ha bitat (Alonso 1998, Ribas et al. 2003). Portanto, variáve is do habita t como relevo e solo podem evide nciar dife re nça s na distribuição e composiçã o de inverte bra dos na se rapilheira (Va sconcelos e t al. 2003). Organismos que atua m, direta ou indire ta mente, na disponibilidade dos recursos usados por outras espé cies e m rela ção ao me io físico, a carre tando na modificaçã o ou cria çã o de ha bita ts podem ser considerados “e nge nhe iros do e cossiste ma” (Jones et al. 1994), sendo que neste conceito as inte rações tróficas ou compe tiçõe s nã o sã o conside rada s (Jones et al. 1997).

Roedores são tra dicionais pre da dores de se me nte s, sendo as sementes considera das um re curso alimentar alta mente e ne rgé tico (Smith & R eichman 1984). As cotias (Dasyprocta sp.) da fa mília Dasyproctidae sã o importa ntes dispe rsoras de frutos de dive rsas es pé cie s de árv ore s, entre essas a Joannesia princeps (Ve llozo 1798), conhecida popularmente como cotie ira e ocorrente e m área s de

Mata Atlâ ntica com distribuiçã o de Se rgipe à São Paulo (R olim & Folli 2000, Ca rvalho 2005, Gale tti e t al. 2010). As cotia s possuem um comporta mento de estoca ge m de seme ntes o qua l tra nsporta m frutos a uma distância de 0,5 – 300 me tros da fonte, deposita m e m bura cos rasos e os cobre m, frequente me nte, com folhas ou brotos (Hallwa chs 1986). Se gundo Shorrocks (1990), recursos efê meros (carcaças, frutos, folha s e fezes) são coloniza dos e explora dos por dive rsas e spé cies de inverte bra dos. Dessa forma, as a glomera ções de ca scas e frutos inteiros de cotieiras promovidos pela a tividade das cotias pode m proporciona r o aumento da heteroge neida de do habita t e a formaçã o de novos microha bitas para diversos inverte bra dos, como as formigas que ocorre m na serapilheira.

As formigas sã o inse tos socia is da fa mília Formicidae (Hymenopte ra), que ocorre m e m todos os a mbientes terrestre s e são importa nte s por ma ntere m re lações ecológicas com muitos orga nismos (C ullen e t al. 2012). A divers ida de local deste grupo te m sido corre lacionada com vá rios fa tores como a complexidade estrutural da vege ta ção, o clima, a disponibilidade de re cursos e as inte rações intere spe cíficas (Greenslade & Gree nslade 1971; Andersen 1986a ). Algumas espécies de formigas utiliza m a se rapilheira como fonte de recursos alimentares (Levings & Windsor 1984), de refúgio e

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també m como a brigo a través da construção de ninhos (Holldobler & W ilson 1990).

O obje tivo deste traba lho é verificar se o comporta mento de estocagem de frutos pela s cotias influê ncia a riqueza de formigas de sera pilheira, torna ndo as cotias engenheiras do ecossistema. Hipote tiza mos que á reas com a glome ra çõe s de cascas e frutos inteiros de cotie ira s influê nciam positivame nte a rique za de e spé cies de formigas quando compa radas à área s com a usência de frutos. Espera mos que o maior a cúmulo de casca s e frutos acarre te num aume nto da rique za de espécies de formigas devido a o aumento da complexida de estrutura l do habitat.

MÉTOD OS

Área de est udo

O Parque Esta dua l do Rio Doce (PERD) localiza-se no leste do esta do de Minas Ge rais e a bra nge os municípios de Ma rliéria, Timóte o e Dionís io (19º 29’24” , 42º 28’18”). Possui uma extensã o de, aproximada me nte, 36.000 ha, sendo conside rado o maior re manesce nte de Mata Atlâ ntica do esta do. O parque engloba á reas de mata a tlâ ntica se cundá ria em estágios iniciais e avançados de re ge nera çã o, além de um re mane sce nte de ma ta primá ria.

O estudo foi realiza do na Trilha do Vinhá tico, situada dentro do Pa rque Esta dual do R io D oce. A trilha tem um forma to de gota, possui um pe rcurso de 800 m e é constituída por ma ta atlântica se cundária com fitofisionomia de Floresta Esta cional Se midecidual (IEF 2000).

Coleta de dados

A cole ta de da dos e m ca mpo foi feita no dia 31 de julho de 2014 a o longo da Trilha do Vinhá tico. Delimitamos 10 parcelas de 1 x 1 m e m áre as que apresentavam aglome rados de frutos de cotieiras e para ca da pa rcela com frutos, selecionamos uma parcela controle onde não hav ia nenhum fruto. A distância mé dia entre os quadrados com e sem acúmulo de cotie iras foi de nove me tros. Toda a serapilheira de limita da por ca da pa rcela foi re colhida, acondicionada em sacos devidame nte identificados e conduzidas a o la bora tório para tria ge m e ide ntifica ção das formigas a té o me nor nível taxônomico possível, sob microscópio estere oscópico e com a uxílio de chaves de ide ntifica ção. Pa ra triagem das formigas utilizamos o método Ex tra tor de W ink ler, com tempo de ex posição de 48h (Culle n et al. 2012).

Análise de d ados

Primeirame nte realiza mos uma a nálise de distribuição dos dados de rique za através do valor de Shapiro, para ave rigua r se os valores apresenta m distribuição norma l. Para testa r se a rique za de formigas é mais elevada e m parcela s com a glomera dos de frutos de cotie ira, compa ramos a riqueza de gê neros encontra dos em pa rcelas com e sem o fruto através de um test t de S tudant. També m realiza mos uma análise NMDS para obse rvar se a composiçã o de gêne ros de formigas é diferente entre estas parcela s. Todas a s análises foram feito no software Past (versão 2.17c).

RESULTAD OS

Ambos os grupos de a mostras (com e se m o fruto de

Figura 1: G êneros de for migas id entificados em 20 parc elas de serapilh eir a em flor esta estacion al semi -d ecidu al tropic al .

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cotie ira) a pre senta m distribuição norma l dos dados de rique za. Foram ide ntifica dos 23 morfoespé cie s, distribuídas e m 19 gêne ros de formiga s pe rtencentes à seis subfa mílias: My rmicinae, Formicinae, P onerinae, Dolichoderinae, Proce ra tiinae, D ory linae (Figura 1 e Tabela 1). As pa rcelas com frutos de cotie ira apresenta m 21 morfoespécies e as parce las se m o

fruto possuem 17. A maioria das morfoespécies encontra das pe rtencem à subfamília My rmicina e, seguida por Ponerinae. N o entanto, não existe dife re nça s ignificativa da rique za entre estas pa rcelas (t = 0,31; p = 0,76).

Através da aná lise de dissimilarida de N MDS, não observa mos pa drões na composição de morfoespécies de formigas que distinguisse m as parcela s com fruto de cotieira das pa rce las se m fruto (Figura 2).

DISCUSSÃO

O Parque Estadual do R io D oce a presenta uma a lta rique za de subfa mília s e gêneros de formigas. São encontra das 11 subfa mílias no PERD das 14 existentes no Bra sil (B olton 1994, Fernánde z & Sendoya 2004), sendo que neste tra balho foram e ncontradas seis subfamílias.

Em um estudo realiza do no PERD e m 2006 por C oelho & Ribe iro, as subfa mílias mais e ncontrada s ta mbém estã o re presenta das por My rmicinae e Ponerina e, embora te nha s ido utilizado o mé todo de coleta do tipo pitfall. Soa res et al. (2001), e m tra balho no sul de Minas e utilizando o mesmo mé todo de coleta do presente estudo (Mini-W ink ler), e ncontrara m mais espé cies da subfa mília Myrmicinae, seguida por Pone rinae e Formicinae.

É observa do uma grande similarida de de subfa mílias encontra das nos tra balhos, indepe nde ntemente do está gio suce ssiona l da ma ta a tlâ ntica, da época do ano e do mé todo de cole ta, o que suge re que as assemblé ias de formigas que habitam a sera pilhe ira da ma ta do Vinhá tico apresenta alta resiliê ncia.

Em rela ção à rique za de espécies, não foi obse rvada dife re nça s quando comparamos á reas com aglome ra ções de frutos e á reas com ausê ncia de frutos de cotieiras. R esulta do contrá rio foi encontra do em estudo re aliza do por R iba s et al. (2003) e m á reas de Cerrado, no qua l o aumento da he terogene ida de do habita t a carretava no aumento da riqueza de espé cies de formigas. No e nta nto, Allouchea et al. (2012) propõem, a travé s de re centes mode los de estocasticida de combina do com os principais pila res da teoria do nicho e da te oria de bioge ografia de ilha s, que a he te rogene idade ambie ntal pode não atuar de modo positivo sobre a rique za de espécies. A explicação para isso seria a de que o aume nto da heteroge neida de leva a re dução da á rea efe tiva mente disponíve l para ca da espécie e consequentemente o tama nho da populaçã o é re duzido e a extinçã o por fatores estocásticos é aumenta da.

Figura 2: An ális e d e dissimilarid ade (NMDS) d a co mposiç ão de gên eros de for mig as de ser apilh eir a em p arcelas co m cotiei ra (ver melho) e sem cotieir a (verd e), bas eado no índice d e Br ay- curtis.

Tabela 1 : Orden aç ão das subfamílias de fo rmig as pelo número de g ên eros. A propor ção d e g êneros d e for mig as por subfamíl ia encontr ad as está rep res entada em porcentagem (%) .

Subfam ília Número de G êneros

Myrmicinae 10 (5 2.63%) Pone rinae 3 (15,79%) Formicinae 2 (10,53%) Dolichoderinae 2 (10,53%) Procera tiina e 1 (5,263%) Dorylina e 1 (5,263%)

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A previsão testa da foi refuta da, o que nos leva a concluir que a s cotias não exerce m a função de “enge nheiras do ecossistema” sobre a s assembléias de formigas de se rapilhera. P oré m, se gundo Jones et al. (1997), o impa cto causa do por espécies consideradas e nge nheiras na rique za de outras espé cies va ria e norme me nte e não necessa ria mente de forma positiva. Alé m disso, existe m diversos proce ssos, que não sã o conside rados no conce ito de “enge nheiros do e cossiste ma” que pode m afe tar a rique za de espécies, como intera ções pre dador-presa e competiçã o.

AGRADECIMENT OS

Agrade ce mos ao Programa EC MVS e ao corpo docente da disciplina, a o Pa rque Estadual do Rio D oce pelo apoio na pesquisa e pela estrutura forne cida, ao Instituto Esta dua l de Florestas – IEF/MG, a FAPEMIG e a CAPES pelas bolsas de me strado conce didas, ao Fábio Pa celle, Ray ana Me llo, Joã o Ca rlos Pena e Arleu Viana por toda ajuda e disposição da da neste tra balho.

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PREDAÇÃO DE NI NHOS A RTIFIC IAIS EM DIFERENTES USOS DO SO LO

Cecília Kruszy nski 1&Isa be lle C erceau2§

1.La boratório de Ecologia Isotópica, Ce ntro de E nergia Nuclea r na Agricultura, Brasil

2.Departa mento de Biologia Gera l, Univers ida de Fede ral de Minas Ge rais, B rasil

Palavras-chave: ninhos artif iciais, pre da ção de ninhos, fragme nta ção, nidificaçã o.

§Autor Corre spondente: isabellece [email protected]

RESUMO

Impactos causa dos pela explora çã o excessiva de recursos, principalme nte como a fra gmentaçã o de gra nde s tre chos florestais, modifica m a paisage m e forma m um mosaico de pastos, monoculturas e mata. Essa fragme nta çã o ge ra he terogene ida de espacial do habita t, um fa tor de grande importâ ncia na organiza çã o das comunidades. Esse fa tor a umenta a varie dade de micro-ha bitas e micro-clima s, acarre tando e m dive rsificaçã o de nicho e disponibilidade de recursos, que pode influencia r na dinâmica de muitas espé cies de aves, pois e stá rela ciona da com a escolha dos locais de nidificaçã o e a

taxa de preda ção de ovos.Esse tra balho tem como objetivo avaliar a taxa de pre da ção de ninhos artificia is e m três com dife re nte s tipos de usos do solo na á rea do e ntorno do Parque Estadual do R io doce. Fora m sele ciona das área s de monocultura de euca lipto, pastagem e fragme ntos de Ma ta Atlâ ntica. Fora m confecciona dos 45 ninhos artificia s, distribuídos na área de estudo e monitorados dia ria mente. Poucas perturba ções ocorre ra m durante o expe rime nto, o que ge rou resultados não significa tiv os, Esse s re sulta dos podem ser atribuídos à duraçã o do expe rimento, ausência de predadore s, interferê ncia humana e apa rência dos ninhos.

INTRODUÇÃ O

A explora ção exce ssiva do recursos na turais tem causa do dive rsas modificações na paisa ge m, que pre judicam e spé cie s e ca usam vá rios impa ctos nega tiv os no ambie nte. N o Brasil, um dos países com maior riqueza biológica do mundo (G oerck 2001), esses impa ctos ge ram hete roge neida de e spa cia l do habita t, um fa tor de grande importâ ncia na organiza çã o das comunidades. Esse processo aume nta a varieda de de micro-habita s e micro-climas, acarre tando e m dive rsificaçã o de nicho e disponibilidade de recursos (Weissburg & Z imme r-Faust 1993; Be gon 2007).

Grandes tre chos florestais e stã o se ndo fra gmentados devido à s a tivida des humana s, como a gricultura e pecuária, forma ndo um mosaico de pastos, monoculturas e mata, aume ntando a quantida de de borda que acompanha os fragme ntos (Duca et al 2001). Essa dive rsida de na estrutura da vege ta ção pode influe nciar na dinâ mica de muitas espé cie s, principalmente de aves, onde a dive rsida de da estrutura vege tal é funda me nta l para a e scolha dos locais de nidifica çã o (H olmes 1990). Aves ha bitantes do sub-bosque do Pa rque do Rio D oce apresentam baixas densida des, e isso pode estar rela cionado com

alguma perturba çã o local, como ocorrê ncia de pre dadores de ovos e ninhos ( Ins tituto Estadual de Florestas, 2002). A pre da ção de ov os pode ser influe nciada pe la estrutura da vege ta ção circundante (Zimme rma n 1984), que pode afeta r dire tame nte a dinâmica de populações de aves.

A pre daçã o dos ninhos é a ponta da como um dos fatores mais importantes no declínio nas populações de ave s, o que exe rce gra nde influê ncia no comporta mento reprodutiv o desse grupo (C ody 1971) e que pode afeta r a estrutura e funciona me nto da comunidade como um todo (Lima 1987). Estudos utilizando ninhos a rtif iciais podem e lucidar pa drões de predaçã o na nature za (G ibbs 1991). Esse proce dime nto permite ente nde r me lhor os fa tores que contribuem pa ra a predaçã o de ninhos e os impactos que a modifica çã o da paisa ge m pode causar na fa una local. Mamífe ros, como ma rsupia is (Barbini & Passa mani 2003) e prima tas (Alexandrino e t a l. 2012) e ave s (França & Marini 2009) podem ser pre dadores desse tipo de ninho.

A utiliza ção de ninhos a rtificiais pe rmite o controle de variáveis nos desenhos expe rimentais, como ta manho e quantidade de ninhos, maior facilida de na condução de estudos e menor tempo e m ca mpo, o que não é

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permitido com ninhos na tura is, pois são de difícil aquisição e monitoramento (Ma rini 1994). Para experime ntos com esse tipo de ninho, os ovos de codorna sã o a mplame nte utiliza dos dev ido à facilidade de aquis içã o e proximidade de ta manho com ov os de aves pequenas e médias (Ma rini 1994).

Esse tra balho foi desenvolvido na área do e ntorno do Parque do R io D oce, onde a ma ioria das área s de vegeta çã o na tiva fora m substituídas por área s de pasto e pla nta ções de eucalipto, transformando o parque numa ilha inse rida numa ma triz perturbada (Instituto Esta dua l de Florestas, 2002).

Dessa forma, o objetivo de sse trabalho foi verificar se há dife rença na taxa de preda çã o de ninhos arti ficais nos diferentes usos do solo (eucaliptal, pasto e mata nativa) e se há difere nça na taxa de sobrevivência dos ovos a o longo do tempo nesses a mbiente s. Espera mos e ncontrar diferença e m ambos, se ndo que os ovos do pasto seriam mais pre da dos que nos outros a mbie nte s e os ov os da ma ta seriam pre dados mais le nta me nte que nos outros ambientes.

MÉTOD OS

Área de est udo

O Parque do Rio Doce engloba o s iste ma lacustre do médio rio Doce e prote ge o maior rema nescente contíguo de Ma ta Atlâ ntica de Minas Ge rais, numa área de 35.976 hecta res. A Mata Atlâ ntica do parque se e ncontra e m vários está gios de sucessã o e a briga várias espécies endêmicas e ameaça das de extinçã o.

O Parque abriga a proximada me nte 325 espécies de aves, corresponde ndo a 82% das aves encontradas no vale do R io D oce de Mina s Gera is e 47% das aves da Mata Atlâ ntica. P oré m, a expansã o urbana no entorno do pa rque fa z com que a lguma s área s se jam convertidas e m pastos e monoculturas.

O e studo foi realiza do no entorno do Pa rque Estadual do Rio Doce, e m uma fa zenda localizada na zona de amortecime nto que possui dife rente s tipos de uso do solo. As áreas sele ciona das pa ra a realizaçã o do tra balho fora m pasto, eucaliptal e fra gmento de Mata Atlântica.

Predação de ninhos

Fora m confecciona dos 45 ninhos a rtif iciais com feixes de gra míneas se cas, e m formato de cesto. Os ninhos fora m distribuídos nas á reas de estudo de a cordo com o desenho a mostral especifica do aba ixo e foram marcados com peda ços de sisa l e pa litos de churrasco para identificaçã o nos monitora me ntos. Em ca da uma das zona s, um desenho amostra l distinto foi feito, porém em todos os ninhos ficara m a de z me tros um do outro.

Na zona de e uca lipta l, 15 ninhos foram dispostos em um transecto de 150 me tros. Na zona de mata atlâ ntica nativa, fora m fe itos três tra nsectos de 50 metros, sendo dois de les parale los e um perpendicular. Em ca da um deles fora m de positados cinco ninhos. Na zona de pasto, foram fe itos trê s transectos de 50 m para lelos, e e m cada um deles foram depositados

Figura 1: O único ninho art ificial pred ado dur ante o exp erimen to foi na área de p asto.

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cinco ninhos.

Em cada ninho foi de posita do dois ov os de codorna e os ninhos fora m monitora dos dura nte cinco dia s na parte da ma nhã. Os ninhos foram fotogra fados no início do experime nto e todo o proce dime nto foi feito com luvas de borracha pa ra reduzir os possíveis efeitos do odor humano.

Fora m pe rcorridos os transce ctos, identificados os ninhos e fotografa dos qua ndo havia indícios de perturba çã o.

RESULTAD OS

Durante cinco dias de monitora mento, houve poucas perturba ções: Um ninho na região de pasto foi movido do loca l se m pre juízo aos ovos, provavelmente foi movido por um a nimal que pa stava. A única pre dação que ocorre u durante o experimento foi um ninho na zona de pasto no último dia de monitoramento. Devido à baixa taxa de preda çã o, não houve dados suficientes pa ra a nalisar os resulta dos.

DISCUSSÃO

A ba ixa taxa de predaçã o pode ter ocorrido devido à diversos fa tores. C omo a é poca de realiza çã o dos experime nto nã o corresponde à é poca re produtiva de aves, os preda dores de ninhos nã o estã o com imagem de busca desse tipo de a limento. Poré m, no nosso tra balho, os poucos dia s de ex perime nto pare ce ram influe nciar ma is nesse caso, já que a preda ção foi no último dia de monitora me nto e e m outros estudos com o mesmo núme ro de dia s houve uma taxa alta de

pre dação (Ta bela 1).

Ade ma is, as trilhas foram abe rtas rece ntemente e houve presença de outros pesquisadore s nas á reas todos os dias, o que pode te r afastado os preda dore s. Alé m disso, a pa rência do ninho e tipo de ovo ta mbém podem te r influe ncia do. O ovo de codorna, apesa r de ter um tamanho próximo ao de aves silvestres, ele possui uma casca rígida, podendo dificultar a pre dação. Alguns estudos critica m a utilizaçã o de ovos de codorna em experimentos como este, e defe nde m que pote nciais preda dores como mamífe ros, nã o tem ca pacida de para pre dá-los (Roper 1992).

Tabela 1: Estudos similar es com pred açõ es de ninho obtiveram r esultados difer entes. Estudo d e Passamani, co m a mes ma dur aç ão de Cerceau & Kruszyns ki, ob teve resultados signific ativos de pr edaç ão .

Trabalhos anteriores demonstraram gra nde va ria ção na taxa de pre da ção de ninhos ao longo de um a no. Essa varia ção pode ocorre r devido à va ria ção da disponibilidade de alime nto no loca l (Ba talha & Martins 2004). Ade mais, o expe rime nto f oi re aliza do durante o inve rno. Estudos de monstra ram que a variação no clima pode influencia r a taxa de pre da ção em diferentes épocas do ano (D uca e t al 2001). Outro fator que pode te r influenciado ne sse resultado é a baixa de nsida de de aves de sub-bosque no Parque (Instituto Esta dua l de Florestas, 2002). C om a baixa densidade dessas presa s no loca l, os preda dores podem não utiliza r essas áreas para forragear constantemente.

Não se sabe se as taxas de pre daçã o obtidas nesse estudo sã o norma is para a região ou se nã o houve tempo suficie nte pa ra que ocorresse a preda çã o.

Autores Ninhos totais Ninhos predados Tempo Vegetação

Passama ni 12 9 5 dias Mata Atlâ ntica

Cerceau & Kruszy nski 45 0 5 dias Mata Atlâ ntica

Alvarez & Ga le tti 192 136 7 dias Mata Atlâ ntica

Melo & Ma rini 52 24 15 dias Mata Atlâ ntica

França & Marini 240 208 15 dias Cerra do

Duca e t a l. 256 115 15 dias Mata Atlâ ntica

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AGRADECIMENT OS

Agrade ce mos ao Prof. Dr. Tadeu pelo de lineamento do experimento, a o Arleu pe la idé ia incial da utiliza ção de ninhos a rtif iciais, a o Parque Estadual do Rio D oce pela estrutura forne cida e à Pós -gra dua ção em Ecologia, C onse rvaçã o e Ma nejo da Vida Silvestre da UFMG pe lo financia me nto do curso.

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FO RMIGAS DO ENTO RNO DO PARQUE ES TA DUA L DO RIO DOC E

Estefa ne N. L. Sique ira1§& Fernanda F. Ara ujo1

1. Depa rta me nto de Biologia Ge ral, U niversidade Fe dera l de Minas Gera is, Bra sil.

Palavras -chave: zona de a mortecimento, solo, biodive rsida de, serapilheira.

§Autor Corre spondente: este_ bio@y ahoo.com.br

RE S UMO

Em a mbientes tropica is, a he te roge neidade do habita t e a disponibilida de de recursos de termina a distribuição de e spé cie s de formigas. N o entanto, pouco se sa be sobre os padrões e me canismos que determinam a estrutura da comunida de de formigas que forrageia m na sera pilhe ira, sobre tudo em á reas de pa sta ge m e eucalipto. O obje tiv o de sse tra balho foi de te rmina r qual tipo de uso do solo é mais importa nte para a comunidade de formiga s no entorno do Parque Esta dua l do Rio doce (PERD) em Minas Gera is. Nossa hipótese é que planta çõe s de euca liptos são mais a dequadas à zona de amortecime nto do PERD e m compa ra ção com o

pasto. Este tra balho foi desenvolvido no Parque Estadual do Rio Doce, Minas Ge rais. Foram amostrada s formigas de sera pilhe ira, utilizando pitfall de solo e m áreas euca lipto, pasto e flore sta. Um total de 51 morfo espécies de formiga s fora m amostra dos, distribuídas e m sete subfa mílias. A rique za e a composiçã o de e spé cies a mostradas na sera pilhe ira não dife riram e ntre flore sta, pasta gem e eucalipto. Este estudo demonstra que nesta e sca la á reas de pastage m ou eucalipto são indifere ntes para a comunidade de formigas como zona de amortecime nto.

I NT ROD UÇ Ã O

O solo é um importa nte recurso na tural que abriga a biodivers ida de e a tiv ida des antrópicas, sendo considerado um componente vita l pa ra os processos e ciclos de transforma ções fís ica s, biológicas e químicas (Stre ck et al. 2002). De a cordo com Kaminsk i (2004), mudanças no solo rela ciona das à a çã o antrópica, como pastage ns,agricultura e s ilvicutura podem ocasionar o aume nto na ciclagem de substâ ncias promovendo a elimina çã o da cobe rtura na tural do solo afe tando a diversidade biológica. A qua lidade do solo pode se r diminuída pela s muda nças no uso da terra, especialmente o cultivo em á reas desflorestadas (Spa gnollo 2004).

A má utiliza ção do solo pode resulta r na fragme nta çã o dos habitats natura is, causando alte rações na dinâ mica da s popula çõe s da fa una e flora.

Dessa forma, a conserva ção do solo e por consequê ncia, da divers idade biológica pode ser realiza da a través da criaçã o de á reas de prote ção ambienta l que tem como função, nã o ape nas conserva r os ele me ntos da divers ida de biológica e os atributos na turais da regiã o, mas també m, pe rmitir a manute nção dos serv iços a mbienta is presta dos.

A Lei do SNUC (Le i Fe de ral núme ro 9985/2000) determina que as unidade s de conse rvaçã o te nham a

sua “ zona de amorte cimento” definida. Essas zonas de a mortecimento sã o o “ entorno de uma unida de de conserva çã o, onde a s a tivida des huma nas estão suje ita s a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impa ctos ne gativos sobre a unida de”. Elas tê m a função de proteger o e ntorno dessas área s, prevenindo o efeito de borda.

A fa una de inverte bra dos a presenta uma te ndência em acompa nha r a rique za vege ta l, uma ve z que a baixa dive rsida de ve ge tal aca rreta dife renças na disponibilidade de recursos nesses a mbientes (Battirola 2003). Inverte bra dos te rrestres, em localida des a ntropizadas, pode m indica r o níve l de degradaçã o área s. Assim, considerando a dinâmica dia nte de dife rentes composições de flora, solo e a ção antrópica, é e spe rado que de ntro de um mesmo fragme nto, com locais estruturalmente distinta s, possam existir dife renças na composiçã o e abundâ ncia da comunida de de inve rtebra dos (LE IVAS, FISCHER, 2008).

As formiga s, um dos grupos representantes da ordem Hymenopte ra, desempenha m diversos papéis ecológicos no e cossiste ma, como dispersão e pre dação de seme ntes, ciclagem de nu trie nte s, herbív oria e detritiv oria (Hölldobler & Wilson 1990; Nune s et al. 2011) e são importantes na formação do solo, apresenta ndo rela ção com pa drões de sucessão vegeta l (Va sconcelos et al. 2008). O grupo constitui apena s 2% da fa una de inse tos descrita, porém

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podem constituir mais de 3 0% da biomassa de animais de importa nte s ecossistemas, como florestas tropica is, sava nas e campos (Ellwood & Foste r 2004, Wilson & H ölldobler 2005). Gra nde pa rte das espécies conhe cidas habita o solo e/ ou se rapilheira (Wa ll & Moore 1999), sendo que e m florestas tropica is a maior parte da fauna de formigas pode esta r associa da à serapilheira (De la bie & Fowle r 1995).

O obje tiv o de sse tra balho foi de terminar qua l tipo de uso do solo é ma is importa nte para a comunidade de formigas no e ntorno do Parque Estadual do R io doce (PERD) em Minas Gera is. Nossa hipóte se é que pla nta ções de e uca liptos são ma is a dequadas à zona de amorte cimento do PERD em compa ra ção com o

pasto. Sendo a ssim, espera mos que as planta çõe s de euca liptos te rão mais espécies em comum com a mata que o pasto.

MÉ T OD OS

Á rea d e est udo

O estudo foi rea lizado no Pa rque Esta dua l do R io Doce (PERD), que ocupa uma área de 35.794 he ctare s, representa ndo o maior re ma nescente de Flore sta Atlântica do Esta do de Minas Ge rais e um dos principais fra gmentos do bioma no B rasil. Apresenta gra nde s áreas cobertas por florestas de dife rentes está gios de sucessã o, onde sã o e ncontra das extensões de cobe rtura primá ria.

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O PERD foi estabe le cido como á rea de prote ção ambienta l em 1944 e a bra nge três municípios, Marlié ria, Timóte o e D ionís io. A ve geta çã o do PERD é classifica da como Floresta Esta ciona l Semide cidua l, dentro do domínio da flore sta atlântica brasile ira

(IBGE 1992). Apresenta clima sa zonal, te ndo um período seco com te mpe ratura s médias mensais de 15 a 20ºC, de a bril a setembro, um pe ríodo chuvoso com tempe ratura s de 20 a 22ºC, de outubro a março.

A áre a do Parque é limita da a le ste pe lo rio Doce e a oeste pe lo rio Pira cicaba. A Ba cia do R io D oce percorre cerca de 600 km do Esta do de Minas Ge rais, onde ocorre m a forma çã o de uma pe culia r s istema

lacustre com características singula res. Parte desse sistema la custre e ncontra -se de ntro da á rea do PERD, sendo um importa nte siste ma a quífe ro pa ra a manute nção da dive rs ida de.O entorno do PERD é

Fig 1: Map a ilustrando a zon a de amortecimento do Parque Estadual do Rio Doc e, co m seus difer entes usos e ocupações do solo (IEF, 2002).

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marcado por intensa atividade antrópica, apresentando principalme nte área s de pastage ns e pla nta ção de eucalipto ( IEF 2002) (Figura 1).

Amostragem

A amostra gem foi realizada no pe ríodo de 31/07 a 04/08 de 2014. Fora m escolhidos três blocos abra nge ndo á reas da zona de a mortecime nto do Parque Esta dua l do Rio Doce, com três siste mas dife re nte s de uso do solo em cada uma: flore sta secundária (mata), pastagem e planta ção de eucalipto (Figura 2).

Em ca da siste ma de uso de solo, foram monta dos três tra nse ctos de 100 me tros, onde foram montados três

pontos de coleta s (0 m, 50 m e 100 m). Assim totaliza ra m nove pontos de coleta por áre a, e 81 soma ndo os três blocos. Cada ponto de cole ta foi representa do por uma arma dilha de solo do tipo pitfall. As armadilhas perma necera m no campo por 48 horas e para conse rvaçã o e morte dos indiv íduos capturados, foi utilizada uma soluçã o de de tergente (neutro), sa l e água.

Análise dos dado

Para as a nálises, foi calcula da a média da riqueza de espé cies de formiga s por parce la. Para a nalisa r a rique za de espécies de formigas e m rela çã o aos tipos vegeta cionais e proporçã o

de espé cie s florestais em ca da tipologia foi construído um mode lo line ar ge neraliza do (GLM), utiliza ndo-se a rique za por pa rce la em ca da bloco como variável resposta, e o tipo vege ta ciona l e proporção de espé cies e m ca da tipo vege tacional como variáveis explica tivas. Para avalia r a mudança na composição

da comunida de de formigas entre as esta ções e entre os e stá gios de sucessão foi realizada uma a nálise multiva ria da va riâ ncia (Anosim) (Anderson 2001). Todas as aná lise s foram realiza das utilizando o softwa re R (R Development C ore Team 2013).

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RESULTAD OS

Um tota l de 5 1 morfo-espé cies de formigas foi amostrada s neste estudo. N o Bloco 01 foram

coleta dos 34 morfotipos, no Bloco 02, 29 morfotipos, e no B loco 03, 24 morfotipos. Em re lação a os tipos vegeta cionais, o Pasto a presentou a maior rique za de morfotipos (3 4), se guido de Ma ta (30) e Euca lipto (24) (Figura 3).

Para a rique za de espécies de formigas de sera pilhe ira não observa mos umadife rença s ignifica tiva entre os tipos ve geta cionais (p > 0.05, Figura 4-A,B).A proporção de espécies floresta is e ncontra das ta mbém

não foi difere nte. No e nta nto, a composição das espé cies entre os tipos vege ta ciona is foi dife rente conforme evidenciado na Figura 5.

Fig. 2: Mapa ilustr ando os locais d e amostr agem. Siglas : BL1 M- Bloco 1 Mata; BL1P- Bloco 1 Pasto; BL1E- Bloco 1 Eucaliptal ; BL2M- Bloco 2 Mata; BL2P- Bloco 2 Pasto; BL2E- Bloco 2 Eucaliptal ; BL3 M- Bloco 3 Mata; BL3P - Bloco 3 Pasto; BL3E- Bloco 3 Euc aliptal

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D I SC USSÃ O

No presente estudo, as subfa mílias mais rica s foram

Myrmicinae e Formicinae,fa to ocorrido dev ido à presença dos gê neros P he idole ( oito sp.) e Camponotus (oito sp.),respe ctivame nte. O gêne ro Pheidole possui a mpla distribuição ge ográfica, cara cteriza dopela presença de espécies pione ira s, alta me nte agressivas e compe titivas (Ramos et al.2003), já o gê nero Camponotus possui grande diversidade de habita ts com espé ciesarborícolas e terrícolas, sendo cara cteriza das por espécies gene ralistas (Ra mos e t al. 2003).Diferente do que espe rávamos com re la ção à hipótese, obse rvamos que a rique za de e spé cie s de formigas de sera pilhe ira

Figura 3: Riquez a de morfot ipos em cad a Bloco e em c ada tipologia vegetal .

Figura 4: A-Riqueza de espéc ie em c ada tipo logia veg etal. B- Proporç ão de espécies florestais em c ada tipologia.

Figura 5: Diagr ama d as espécies co mpar tilhad as e restritas a c ada ambiente.

A

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não dife re e ntre os tipos vege tacionais indicando que para formigas, ne sta e sca la de a mostrage m o tipo vegeta cional da zona de a mortecime nto do parque não diferiu para formiga s de sera pilheira.

Alguns estudos rea liza dos com formiga s já verifica ram que nã o ex iste re la ção entre aumento na rique za e sucessã o se cundá ria (Be lsha w e Bolton 1993; Estra da & Fe rna nde s 1999;Garro 2012). Entreta nto, acre ditávamos que, com o proce ssonatura l de suce ssão e a consequente recupe ração da rique za de espécies vege tais,aumento da complexidade, da e spe ssura da sera pilheira e disponibilidade de re cursos,ocorre ria um núme ro maior de espécies de formigas de sera pilhe ira (Matos et al. 1994;B rühl & Eltz 2010; Le al 2003) coexistindo em a réas de flore sta primária e á reas de eucalipto. Verificamos que a composição de espécies de formigas de se rapilheira mudou de uma floresta para euca lipto e pasto, todavia não houve dife re nça significa tiva.

As formiga s encontrada s em áreas em processo incial de sucessã o como a pastagem possuem cara cterística s oportunistas e genera listas como a s do gêne ro P heidole e Sole nopsis (Bra ndã o e t al. 2012), comumente e ncontradas em a mbie nte s abe rtos e modificados, pois tolera m ba ixa umidade e tempe ratura s altas ca usa da pela alta radiação solar devido o dossel descontínuo da flore sta, que corrobora os da dos do nosso estudo. Com o avanço do processo sucessional, a s espécies ge nera listas são substituídas por espé cies te rritorialistas e dominantes, evide nciando que a comunida de de formigas é afeta da por mudanças na estrutura do habita t, devido o processo de suce ssã o se cundá ria (Neves e t a l., 2010), explicando a mudança na composiçã o de espécies entre os está gios sucessionais. Uma possível explicação para a rique za de espé cies de formigas de serapilheira nã o alte rar e ntre os tipos ve getacionais é que me smo a floresta primária te ndo capacida de de suportar uma riqueza maior, as formiga s espe cia listas e domina nte s, melhores competidora s, inibem aque las gene ralistas, mantendo a rique za entre as floresta se cundá ria e primária próximas (Marque s et al., in press).

Nosso tra balho de monstrou que a rique za de formigas de se rapilheira nã o sea lte ra e ntre tipos ve getacionais da zona de a mortecimento do Pa rque Estadual do R io Doce na esca la estudada. Esse fa to provavelmente ocorre devido à s inte ra çõe s inte respe cífica s como a inibiçã o das formigas dominantes diante das gene ralistas ou porque as espécies que a li res idem são alta me nte res ilientes e permanece m nas áre as por muito te mpo.

Observa mos també m que existe uma te ndê ncia de alte ração na composiçã o de espécies de formigas

entre os tipos vege ta ciona is, ocorrendo uma substituiçã o na tural das espécies com o avanço da suce ssão secundária, todav ia nã o houve dife re nça significa tiva.

A G RA DE CI ME NT OS

As a utora s agra decem ao Pa rque Esta dual do R io Doce pe la infrae strutura e a poio logístico e a os seus funcioná rios; a o P rogra ma de Pós-G raduaçã o em Ecologia, Conse rvaçã o e Ma nejo da Vida S ilvestre da UFMG pe lo fina ncia mento do curso de campo; à Escola Municipal Ma rcia no Fe lisberto Pinto pela infraestrutura cedida durante as a nálises de da dos do curso; a os professores Frede rico Neves e Ta deu Guerra pela a juda com as a nálises estatísticas; aos tutores do curso e a o grupo do “PELD” pe lo apoio e ajuda durante as cole tas de campo e tria ge m do material em la bora tório; a os proprietá rios rurais que nos pe rmitira m rea lizar o traba lho e m suas proprie dades; às formiga s por fornecer da dos ao nosso estudo e por fim à todos os pa rticipantes do curso de campo da U FMG/2014.

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TURNO VER TEMPORA L NA ES TRUTURA DE UMA REDE DE I NTERA ÇÃO I NS ETO PLA NTA

Fábio T. Pace lhe1& Rafae l A. de S ouza¹§

¹Departa mento de Biologia Geral, Univers ida de Fede ral de Minas Ge rais, Brasil

Palavras -chave: Tricho gonio pis sp., mutualismo, antagonismo, PERD

§Autor corresponde nte: rikuna cc@gma il. com

Resumo

Uma ampla gama de inte ra çõe s entre dive rsas espé cies ocorre m em e cossiste mas natura is, o que cria s istemas complexos. Essas intera ções sã o gera lmente classificada s de acordo com os benefícios ou malefícios impostas às espé cies que intera ge m, e as redes de inte raçã o re sulta nte s apresenta m uma mistura de rela ções positivas e nega tivas. Pode haver també m muda nças na estrutura de rede e ntre o dia e a noite, devido a o pico de a tivida de de diferentes táxons e m dife rentes mome ntos do dia. A fim de testar essa hipóte se de muda nça te mporal na estrutura de uma rede ecológica de ntro da escala de um dia, acompa nhá mos uma popula ção da espécie Trichogoniopis sp (Astera ceae) nas marge ns da Lagoa Carioca no Parque Esta dua l do Rio D oce, sudeste do Brasil. 30 pla ntas individuais fora m marcada s pa ra observação. Em qua tro turnos de seis horas de observação registra mos os vis ita ntes florais de ca da pla nta por 10 min, em um tota l de 24 h de observa ção. Classificamos as interações como mutualismo,

anta gonismo, ou ne utro. 157 intera ções fora m registra das feitas por 41 morfoespécies de inverte bra dos. Dura nte o dia, as interações anta gonistas prevale cera m, principa lmente devido à presença da abe lha Trigo na fulviventris, as espécies mais ce ntrais da re de, o qual é conhe cido pe lo seu comporta mento de rouba r o né ctar. As poucas intera ções mutua listas fora m feitas por borbole tas e mariposas, que foram obse rvada s visitando as flores de forma legítima, e també m por ara nhas, que fora m observadas preda ndo abe lhas (la drões de nécta r em potencia l). A re de noturna apresenta ra m maior modularida de (0, 70) do que a rede diurna (0,55). Durante a noite houve ma is interações mutua listas, devido à grande dive rsida de de mariposas que vis ita m. Os nossos resulta dos mostram que as rede s de polinizaçã o devem ser estuda do, nã o só dura nte o dia, mas també m durante a noite, ta l como o e ma ranhado forma do por essa s inte rações muda de acordo com a ide ntida de do taxa que visita as pla ntas e m diferentes momentos.

Introdução

Nos e cossiste mas na turais, um número significa tiv o de espécies participam de uma a mpla gama de inte rações, criando s iste mas complexos. Essas inte rações são geralmente classifica das de acordo com os be nefícios ou male fícios impostas às espé cies que inte ra gem, e as rede s de inte raçã o resulta ntes apresentam uma mistura de relações positivas e nega tivas (Bronstein, 2012).

As pla nta s rece be m uma infinidade de organismos e m seus siste mas florais. Entre estes, podemos cita r os orga nismos a nta gonistas, como os pilha dores de néctar, vis ita ntes flora is que retira m o néctar das flores se m de sempe nha r a polinizaçã o (Irwin et a l, 2004), e os inse tos sugadores de seiva, herbív oros que se localiza m no pe dúnculo floral suga ndo os re cursos que a tende ria m a s flores (Novotny & Basse t, 1998). Podemos citar ta mbé m organismos mutua listas, como polinizadore s, que e m busca de né cta r ( re curso alimentar transportam pólen entre indivíduos da popula ção desempenhando um pape l fundamental na reprodução das plantas, e os pre dadores, como ara nhas de comportamento se nta-e-espera que localiza das na s flores, pre dam os

visitantes flora is (Romero & Vasconcellos -Ne to, 2004). Alé m destes, existe m aqueles orga nismos que sã o neutros no sis te ma e nã o desempenha m nenhuma função apa rente. Va le ressa lta r que o resulta dos da intera ção (antagonismo, mutua lismo ou ne utralismo) são contexto-de pende nte s, e a linha que sepa ra bene fícios ou male fícios é muito té nue (Bronste in, 2012).

Nas re des de inte raçã o planta -visita nte s florais, cada e lo representa uma espé cie a nimal que visitam as flores de uma espé cie vege tal. Essas intera ções pode m se r espe cialistas e ntre alguns parceiros, ou gene ralista, onde forma m-se muitas intera ções (Dupont and Olesen, 2009). Ape sar do forte intere sse a tua l em re des e cológicas, a maior parte dos estudos sã o descrições estáticas da estrutura das re des, se ndo poucos os e studos que analisam sua dinâ mica te mpora l (ve r Olesen et al 2008). As flore s de algumas espécies se creta m né ctar continuame nte, ou e m gra nde pa rte do dia e da noite, podendo a tra ir orga nismos ta nto diurnos, como noturnos (Morse a nd Fritz, 1983). Dessa forma, a compree nsão da dinâmica da rede de ntro de uma escala te mpora l pe que na, como 24 horas de um dia é

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importa nte, a fim de rela ciona r os padrõe s da re de com os processos e cológicos.

Desta forma, o presente e studo prete nde compree nde r se existe turnover de espé cies e m um sistema de inte ra ção planta-v isitantes florais ao longo

de 24 horas e se os resulta dos dessas 66 interações (anta gonista, mutualista ou ne utro) varia m dentro deste pe ríodo, utilizado a fe rra me nta de redes pa ra uma melhor compree nsã o do siste ma.

Materiais e m étodos

Área de est udo O Parque Esta dua l do R io D oce constitui o

maior re manescente do bioma Ma ta Atlântica e m Minas Ge rais, tota lizando 36.000 ha de florestas (5% do que havia originalmente na re giã o), rodea do por pla nta ções de Eucalyptus spp, com lagos ocupa ndo uma área de 3.530 ha, corresponde nte s a 9,8% da sua área total (Ba rbosa, 1977). N a porçã o sul do PERD, encontra mos a lagoa Ca rioca (ponto ce ntral = 19º 45’S; 42º 37’W), objeto de ste e studo, um lago na tural circundado por flore sta, possuindo e m uma das margens uma praia pa nta nosa com aprox ima da mente 120 metros de comprime nto. Está praia é domina da por trê s e spé cie s ve ge tais, sendo uma delas a nossa pla nta de e studo. Planta de estudo

Trichogoniopis sp (Aste raceae) é uma pla nta arbustiva e habita áreas de ma rge ns de florestas ou cla reiras. Floresce o ano todo, tendo um pico de floração e ntre os meses de março e abril, pode ndo atra ir a rtrópodes perte nce ntes a várias guildas, como herbív oros, polinizadore s e preda dores (R omero & Vasconcellos-Ne to, 2004; Salomã o e t al, 2006). Amostragem das interações com as flores de

Trichogonipis sp. ao longo de 24 horas. Fora m ma rca das 30 plantas a lea tória s

distancia das e ntre ela s aproximadame nte 2 me tros com ta ma nhos variados, distribuída s ao longo da pra ia pa ntanosa. Para avalia rmos o turnover de espé cies de formigas a o longo de 24 horas, a amostrage m ocorreu dentro de qua tro compa rtimentos te mporais de se is horas (00:00h às 06:00; 06:00h às 12:00; 12:00h às 18:00; e 18:00h às 24:00), tota lizando 24 horas a mostradas e ntre os dias 01/08 e 03/08 de 2014 . Ca da pla nta marcada foi observada durante um tota l de 10 minutos em ca da compa rtimento te mporal, tota lizando 40 minutos a o fina l da s 24 horas de amostra ge m. Todas a s espécies intera gindo com as flore s da Trichogonipis sp fora m coleta dos no mome nto das obse rvações e tra nsporta dos pa ra o La bora tório de Ecologia do

Mutualismo pa ra se re m ide ntifica dos até o menor nível taxonômico. Análise das redes

Fora m construídas três re des de intera çã o distinta s: A primeira re de se rá pa ra toda a comunidade que intera giu ao longo de 24 horas com a Trichogonipis sp, se ndo estas inte ra ções mutua listas, anta gonistas e neutras. Além dessa, se rá construída duas re des com toda a comunida de que inte ragiu a o longo de 24 horas com a Trichogonip is sp, separa das temporalme nte e ntre dia e noite. Pa ra cara cteriza r a topologia das re des de intera çõe s da Trichogonip is sp serã o calculadas as dife renças na rique za, núme ro e frequência de inte ra ções pa ra cada re de. Para ca da umas das três re des, se rão ca lcula das a s métricas de modularida de ( M) e cone ctâ ncia (C).

A modularida de será calcula da através do índice de modularida de M (varia e ntre 0-1) que estima o grau e m que grupos de espé cie s (plantas e formigas) intera ge m mais e ntre si do que com e spé cies de outros grupos na rede (G uimerà & Amara l 2005). O índice M diminui qua ndo a fra ção de ligações e ntre módulos aumenta na rede tota l. Va lores e levados de M indica m que as formiga s e pla nta s forma m módulos que sã o se mi-inde pe nde nte de outra s inte rações da rede (Olesen et al. 2007). Será te sta da a s ignificâ ncia de M para ca da re de através de 1.000 gera das por um modelo nulo (Modelo nulo II: Ba scompte et a l. 2003), para ava lia r se o valor de M observa do nas re des empírica s são superiores a os espera dos para rede s de igua l ta ma nho e com simila r he te rogeneidade de intera ções entre espé cies. Os índices M serã o calculados a través do softwa re Netca rto (G uimerà & Ama ral 2005 ).

A cone ctâ ncia é uma cara cterística alométrica que ca ra cte riza como as espé cie s estã o conecta das na comunidade, se ndo definida como a proporção de possíve is inte rações que re almente estã o ocorrendo na comunidade. A cone ctância (C) será calcula da como C = x/mn, onde x é o núme ro de intera ções observa das, e m e n são o número de espé cies de pla nta s e formigas, respe ctiva mente (Jordano 1987).

Resultados Fora m registra das 157 inte rações rea lizada s

por 41 morfo-espé cie s de invertebra dos. As re des de intera ções se mostra ra m dife rentes entre a ma nhã e a noite, tanto na composiçã o da s espécies, com duas morfo-espé cies de a belhas pre dominando de manhã

e vária s morfo-espé cies de mariposas predomina ndo à noite, e quanto a os tipos de inte raçã o, com ma is intera ções a ntagonistas ( roubo de né ctar) na parte da manhã e ma is inte rações mutua listas (poliniza çã o) na parte da noite ( figura 1).

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Figura 5 – Turno ver d e inter ações . Os antagonis mos são acontecem co m mais fr equência durante o dia, e os mutualismos à noite.

A re de diurna conté m 25 indivíduos de Trichogoniopus sp. e 18 morfo-espé cie s de inverte bra dos, diâ me tro de 7, distancia mé dia e ntre os vé rtice s de 3.22, conectâ ncia de 0. 11 e

modularida de de 0,56, a presenta ndo 8 módulos e duas espé cies de abe lhas ce ntrais ( Trigona fu lviventris e Apis me lli fera) (figura 2).

Figura 2 – Rede de interaçõ es diurn a, apr esentando as esp écies de ab elh a Trigona fulviventris e Apis mel lifera co mo c entr ais nesta rede.

A re de noturna conté m 21 indivíduos de Trichogoniopus sp. e 27 morfo-espé cies de inverte bra dos, diâme tro de 11, dista ncia média e ntre

os vértices de 5.24, cone ctância de 0.08 e modularida de de 0,71, apresenta ndo 10 módulos (figura 3).

0

5

10

15

20

25

30Nú

mer

o de

obs

erva

ções

Horasmutualismo antagonismo neutralismo

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Figura 3 – Red e de in ter açõ es noturna, apr esentando várias morfo- espécies mariposas.

A rede total de 24 horas contém 26 indivíduos de Trichogo niopu s sp. e 41 morfo-espécies de inve rtebrados, diâ metro de 6, distância mé dia

entre os vértices de 3.50, cone ctância de 0.09 e modularida de de 0,71, apresenta ndo 10 módulos (figura 4).

Figura 4 – Rede d e inter ações em 24 horas. Apr esenta as espécies de ab elha Tri gona fulviventris e Apis mellifera como c entr ais nesta r ed e e as morfo- espéc ies d e mariposas estão mais perif éricas.

Encontra mos també m 4 morfo-espé cies de aranhas que ocorre ram tanto de noite qua nto de manhã e m cima da flor da Tricho gonio pus sp. Essas aranhas a presentava m um comporta me nto de pre dação “senta e espe ra” (espe rando pela presa passa r), mas só registra mos 2 casos de preda çã o de Apis mellifera na pa rte da manhã ( figura 5).

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Figura 5 – Thomisidae sp. Predando u ma Apis melífera

Discussão

Nós inferimos a s a belhas Trigo na fulviventris e Apis melli fera como antagonistas com base na litera tura que diz que estas e spé cies sã o comumente pilha doras (). C ontudo pa ra podermos afirma r que estas espécies e stã o se favore cendo da flor da Trichogoniopus sp. se m bene ficiá -la, será ne cessário mais observa çõe s comporta me nta is de forra geio destas espé cies.

O que a chamos de ma is inte ressa nte é a dife re nça da topologia da re de e ntre os horá rios diurno e noturno. Enquanto que de manhã as intera ções sã o dominadas pelas Trigona fulv iventris e a Apis melífera que são ba sta nte a bunda nte s no sistema, à noite existe uma gra nde qua ntidade de morfo-espé cies de ma riposa s intera gindo com as flores. Isso nos demonstra que, de manhã, sem a presença destas duas espécies de abe lha, a rede fica totalme nte desconecta da, forma ndo vários compone ntes, com principa lmente invertebra dos que intera ge m de mane ira neutra com a flor (ape nas passa ndo sobre a mesma se m cole tar nenhum né ctar ou pólen, como dípte ros, mosca s e orthopteras) e poucas espécies de borbole tas e mariposas pode ndo faze r a polinizaçã o das flores. Se a Trigona fu lviventris e a Apis melífera inte ragire m negativame nte com a Trichogoniopus sp., entã o se m elas a inte raçã o positiva entre as ma riposa s e a pla nta pode m ser favore cidas, uma vez que sobre mais re curso pa ra e las. À noite pode mos ve r que existem 13 morfo -espécies de mariposas inte ragindo positiva mente com a s flores, indicando que a re de, apesa r de ter uma distâ ncia média entre os vé rtice s ma ior que a re de diurna, te m muita sobre posiçã o dessa função de poliniza çã o, ou seja, se algumas espé cie s fore m ex tintas do s istema, outras poderã o suprir a sua falta, e o serv iço de polinizaçã o nã o se rá comprome tido.

Outra pa rte curiosa deste s iste ma é o pa pe l que as a ra nhas pre dadora s pode m exe rcer. Já foi demonstrado por R omero et a l, 2004, que a a ranha Misumenops argenteus te m um pa pe l positivo na produçã o de se mentes da Trichogniopsis adenantha

por se alimentar de inse tos sugadores que se alimentavam na base das flore s desta planta. No nosso s istema, observa mos ara nhas se alimentare m de Apis me lli fera (pote nciais pilhadore s), indica ndo que e las pode m agir favorecendo as plantas por diminuíre m o potencial efe ito negativo que a s a belhas exerce m. Acre ditamos que estas a ranhas não prede m as mariposas por e las apresenta re m um tama nho bem maior do que as abe lha s, dificultando a sua captura.

Um sistema a pare nteme nte s imple s, pode se torna r complexo se observa do ma is cuidadosa mente e os nossos re sulta dos de mostra m que as re des de intera ções devem ser estudadas, não só dura nte o dia, ou só durante a noite, mas sim dura nte todo o pe rí odo uma vez que o ema ranha do formado por e ssas intera ções muda de acordo com a identida de do taxa que visita as pla nta s em dife rentes mome ntos.

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§Autor corresponde nte: geannecnp @hotmail.co m

RE S UMO

Altera ções no uso da terra têm sido responsáve is pela perda de biodive rsida de, pe la mudança de funçõe s e cossistê micas de ambientes. A zona de amortecime nto de unidades deconserva ção te m sido colocada como uma estraté gia pa ra diminuir a a ção antrópica. Este traba lho temcomo objetivo ide ntifica r qual o tipo de uso do solo, e uca lipta l ou pasto, é menos impacta nte pa ra acomunidade de besouros rola-bosta no e ntorno do Parque Esta dua l do R io Doce. Estes besouros sedesta ca m por serem indicadore s de qua lidade ambienta. Espe ra-se que áreas com pla nta ções deeucalipto seja m menos impactantes à comunida de de rola bosta do que á reas de pa sto. Pois vegeta çõesma is complexas apresenta m ma ior diversidade (Bra ga et al. 2012). Utilizamos 81 pitfall’s, isca das comfe zes huma nas, distribuídos em nove área s de ma ta, eucaliptal e pa sto (trê s repe tições), no pe ríodo de julho e agosto de 2014.

Cole ta mos 418 espé cimes de nove espé cie s de esca rabe ídeos. C ole ta mos 387indivíduos nos ambientes de ma ta, 18 nos e uca lipta is e a pe nas três nos pastos. A espé cie ma isabundante encontrada foi Canthidiu m sp. (221 indivíduos), que ta mbém foi a única coleta da nos trêstipos de a mbie nte estudados. A Rique za e a abundância são ma iores na ma ta seguida do eucaliptal eme nor no pasto. O eucaliptal mantê m ma is e spé cie s de ma ta do que o pasto. Aná lise de composiçã oindica formaçã o de dois grupos distintos, um forma do pela ma ta e eucaliptal e outro pelo pa sto. Nossosresulta dos mostraram a lta diss imila rida de entre mata, pasto e monocultura de euca lipto. Ava lia ndo osdiferentes usos do solo na zona de amorte cime nto de Parque Estadual do Rio Doce, e nossos re sulta dos, para a comunida de de rola-bostas seria mais interessa nte ma nter as monoculturas de e ucalipto que a spasta gens.

I NT ROD UÇ Ã O Altera ções no uso da te rra têm sido responsáveis pela

perda de biodive rs ida de, pe la mudança defunções

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ecossistê micas de ambientes (Chapin e t al. 2000). Uma maneira de conservar a mbientes e diminuir os efeitos das a lte ra çõe s antrópica s te m sido a cria ção de unidades de conserva ção e áreas deprote ção, que vão desde pa rques nacionais e e sta dua is, a reservas particulares. Pe squisa dores a pontamque á reas de conserva çã o não pode m ser v istas como ilhas isola das, pois a pe rsistê ncia destas pode depender ta mbém da biodivers ida de de outras unidades de conserva ção (Morse llo 2001). Essa perce pçã o leva a um deba te acerca dos planos de ma nejo de gra ndes áre as de prote çã o ambiental. A zona de amorte cime nto tem sido colocada como uma e stratégia pa ra diminuir a ação antrópica ao re dor das unidade s de conserva çã o, atua ndo como um filtro, a ume ntando á reas de ha bitat disponíve is e criando a possibilidade de uso de populações loca is para se u sustento (Morsello 2001). Mas muitas das vezes a s unida des de conserva çã o e suas zonas de amorte cimento estã o em áreas de conflito humano, principa lme nte a cerca do uso da terra. As zona s de amorte cimento norma lmente são de domínio priva do (Vitalli et al. 2007) e por isso suas terras pode m ser utiliza das de acordo com o proprie tário.

Sob essa perspe ctiva está o Parque Estadual do R io Doce (PERD), su a zona de a mortecimento engloba 7 cidade s do Sudoeste do estado de Minas Ge rais. Segundo o plano de ma ne jo do Pa rque,ce rca de 82% das área s da zona de amorte cimento são usa das para extra ção de ma deira (monocultura de E uca lipto) e ativida des a gropecuárias. O plano de ma nejo prevê estudos constantes sobre as zonas de a mortecimento do pa rque. A partir disso nosso tra balho visou responde r qua l o tipo de uso do solo é menos impactante para a comunidade de besouros rola-bosta no e ntorno do Parque Esta dua l do R io D oce.

Besouros rola-bosta (Coleopte ra: Scarabae ina e) são dispersores se cundários de se me nte s,contribuem para a cicla ge m, ae ração do solo e controle de parasitas de verte bra dos (Nichols 2008). Sã ota mbém considerados como grupo funcional indicador de qualida de a mbiental. Isso se deve a o fato deex istir

guilda s be m definida s, taxonomia be m e sta belecida para as espécies, sere m fa cilme nte amostra dos, possuíre m alta divers idade e por reagire m às perturba ções a mbie nta is (Ha lffte r et al. 1992), e por isso fora m escolhidos para sere m os objetos e estudo.

Por ca usa dos dife re nte s usos do solo e da cara cterística do grupo estudados hipote tizamos que áreas com pla nta ções de e uca lipto sã o menos impactante à comunidade de rola -bosta do que á reas depa sto. Pois ve ge tações ma is complexas apresenta m ma ior divers ida de (B raga e t al. 2012, Harvey et al.2006, Gardne r e t al. 2008, Shaha buddin et al. 2010).

MÉ T OD OS

Este tra balho foi rea lizado no município de Marliéria, na zona de amortecimento do Parque Estadual do rio Doce (PERD). O Pa rque foi criado e m 1944 e é considerado o maior fragme nto de Ma ta Atlâ ntica de Minas Ge rais, possui área total de 35.794 ha (trinta e cinco mil se tecentos e nove nta e qua tro he cta res). É um a mbie nte marcado pela existência de vários la gos. Entre os rios presente s na áre a estão o Rio Doce e o Rio P ira cicaba (IEF 2002).

A amostra ge m foi realiza da e ntre 31 de julho e 03 de agosto de 2014. Fora m marca dos três locais, em cada local hav iam trê s área s (ma ta, eucaliptal e pa sto), em cada á rea foi marcado um transe cto de 100m², foram colocada s nove a rma dilha s, dista ncia das 50 m (cinquenta me tros) entre si. Ou se ja, foram três locais e cada local possuía um bloco de três áreas (figura 1), cada áre a com nove a rmadilhas, totaliza ndo 81. As arma dilha s e ram do tipo pitfall e ficara m ex postas por 48 h (quarenta e oito horas) com iscas de fe zes humanas. Dentro de cada recipiente cole tor foi utiliza da solução de á gua, sal e de tergente (neutro) para ca ptura r e preservar os espécimes. Os e spé cimes capturados fora m leva dos a o laboratório do PERD e poste riormente a o Labora tório de E cologia Ev olutiva e Biodiversidade da Unive rsida de Federa l de Minas Gerais, para ide ntifica ção

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Para as aná lises de rique za, a bundâ ncia e similarida de de espé cies entre as á reas estudosfize mos testes de GLM utiliza ndo o progra ma estatístico R. Pa ra a nálise da riqueza fize mos teste deGLM, atribuindo distribuição de P oisson. Para verifica r a dife rença da abundâ ncia entre as áreas foiutiliza da uma análise de GLM, quasipoisson. E G LM, també m, pa ra ve rifica r a porce ntage m de espé cies em comum do eucaliptal e do pa sto em rela ção à ma ta. Para a nálise de composiçã o utilizamoso software Pa st, N MDS, utilizando o índice de Jacca rd.

RE S ULT AD OS

C ole ta mos 418 espé cime s de nov e e spé cie s de e sca ra beíde os. Oito de la s sã o e ncontra da s na ma ta , se is no e uca lipta l e duas no pasto. A e spé cie mais a bunda nte e ncontra da foi canthidium sp. (221 indiv íduos), que ta mbé m foi a única cole ta da nos trê s tipos de a mbie nte e studa dos (ta be la 1).

Figura 2: Relação en tre área e riquez a entr e as tr ês áreas estudad as, Eucal ipto, Mata e Pasto d a zona de amortecimen to do Parque Estadu al do Rio Do ce. Riqu eza é maior n a mata e menos no pasto (p<0,05).

Figura 3: Relação entre ár ea e abund ância relat iva de esp écies en tre as três ár eas estudad as, Eucal ipto, Mata e Pasto d a zon a de amor tec imento do Parque Estadu al do Rio Doc e. Mata é mais abundan te de esc arab eín eos que eucaliptal e pasto (p=0,001).

Fig. 1: Vista d as ár eas de coleta, sep ar adas por b locos, loc alizados pró ximo à po rtar ia p rincipal do PERD . Bloco 1 , Bloco 2 e Bloco 3. BL: Bloco, M: Mata, E: Euc alip tal , P: Pasto .

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Figura 4: Relaç ão entr e área e porc entag em de esp écies em co mu m co m a área d e mata. Euc aliptal é mais similar à mata do que pasto (p=0,01).

Figura 5: NMDS para a estrutura d as comunid ad es de escar ab eíneos p ara c ad a ambiente. A ord enaç ão foi b aseada em uma matriz de similar idad e ger ada pelo índice de Jaccard. Cada ponto indica uma ár ea. Pontos sobrepostos indicam maior similarid ade. A composi

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A rique za é ma ior na mata se guida do e uca lipta l e menor no pa sto (p<0,05 ) (f igura 2). A abundância també m é maior na mata e me nor no pasto (p=0,001) (Figura 3). C ole ta mos 387 indivíduosnos ambie ntes de mata, 18 nos eucaliptais e ape nas 3 nos pastos. O euca lipta l ma ntêm mais espé cies de ma ta do que o pasto (p=0,01), com ce rca de 57% e m comum com a mata (Figura 4). Ma ta e pasto possuem a pena s uma espé cie e m comum, enqua nto que o eucaliptal possui

cinco espé cie s em comum com a mata. A N MDS para os a mbientes indica que pode have r dois grupos distintos nas á reas, um formado pela ma ta e euca lipta l e outro pe lo pasto (Figura 5).

D I SC USSÃ O

Os resultados obse rvados comprovam nossa hipótese de que há menos impacto para a comunidade de rola-bosta e m áreas de plantaçã o de euca lipto q ue em áreas de pasta ge m. As áreas de monocultura de euca lipto apresenta ra m uma riqueza três vezes maior

Tabela 1 : Espéc ies coletadas e abundânc ia d e aco rdo com o amb iente.

Espécie Mata Eucalíp to Pasto

Ateuchus sp. W eb er (1801) 0 1 0

Canthidium sp. Erichson (1847) 213 6 2

Canthon podagricus aff Haro ld (1868) 0 0 1

Canthon sp. Hoffmannsegg (1817) 125 6 0

Dichotomius sp. Hop e (1838) 1 0 0

Dichotomius subg ênero Luder waldtinia Mar tínez (1951)

26 1 0

Eurystern us caribaeus H erbes t (1789) 16 3 0

Eurystern us hirtellus Dalman (1824) 14 1 0

Eurystern us sp. Dalman (1824) 2 0 0

Total 397 18 3

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e abundância se is ve zes maiorque no pasto. Vários estudos evidencia m que a altera ção no uso da te rra e mudança da vegeta çãoafe tam a divers idade de inse tos (Basset et al. 1998, Basse t et al. 2008). A vegeta çã o na tural tende a mante r maior qua ntida de de micro-ha bitat e por isso favorece m a a lta diversidade de inse tos. (S ilva etal. 2010). A diminuição da rique za de espé cies re la ciona da com a muda nça na vegeta çã o por ma neiraa ntrópica é mostra da ta mbém no estudo de Andresen & Laurance’s (2007), que foi explica da pela diminuiçã o na a bundância de fe zes maiore s, competiçã o e dominância por espécies mais gene ralistas.

As e spé cies de ma ta pare ce m te r uma restrição a es te tipo de a mbie nte. A ma ta compa rtilha a pe nas uma espé cie com o pasto, Canthidium sp.. Canthidium é dos gê neros ma is ricos da América doSul (Kohlma nn & Halffter 1988). E o há bito alime ntar de vá rias espé cies de ste gê ne ro é bem plá stico(Howden & Young 1981). Para as espécies de ma ta, esta belece r-se no pasto é um desafio, visto que as condições ambienta is são be m diferentes. Conside rando a abundâ ncia de Canthidium sp., não é possíve l afirmar

que a espécie se esta bele ce u em á rea de pasto. Ele pode estar a pe nas utilizando esteambie nte e se esta bele ce ndo na ma ta e no e uca lipta l. Pois coleta mos 213 indivíduos na s áreas de mata eape nas dois e m á rea de pasto. Estes dois indivíduos foram coleta dos na á rea de pasto do B loco 2, onde o pasto está a dja ce nte à ma ta.

Silva e cola boradore s (2010) mostrara m que variáveis ambienta is alte ram a composição de espé cies de besouro rola -bosta, em que a cobe rtura ve ge tal influe ncia na escolha de habita t dessesa nimais. O valor de 5 7% de s imila ridade na composiçã o de espé cies entre Ma ta e monocultura deeucalipto també m pode se r explicado pela cobe rtura vege ta l, inexiste nte nas áreas de pasto. A baixaa bundâ ncia de rola-bosta nas pla nta ções de euca lipto e no pasto pode se r explica da que poucosma míferos de médio e gra nde porte utiliza m e ssas área s e a s espé cies de sses mamífe ros (Culot et al.2013). N ossos resultados mostrara m a lta dissimilaridade entre pa sto e monocultura de eucalipto, da dosque corrobora m com estudos já a presenta dos a nte riorme nte (Be iroz et al. 2014).

Com re laçã o a outros tra balhos similares já fe itos (Beiroz et al. 2014, Andre sen 2003, Culot et al. 2013, Audino et al. 2013) perce be mos que nosso número de espé cies e indivíduos no ge ral foimenor, o que pode ser explicado pela me todologia e pelo tempo de coleta. As arma dilhas fora mcoloca das ape nas em

uma esta ção, a seca. Outros tra balhos, como de Olive ira et al. (2011), jáevidencia ra m diminuiçã o no número de coleópte ros nesta época. Além disso, nosso estudo foi realiza doem apenas trê s sítios de coleta.

C ONC LUSÃ O

Avalia ndo os difere ntes usos do solo na zona de amortecime nto de Pa rque Estadual do RioDoce, e como mostra os nossos resultados, pa ra a comunidade de rola -bostas se ria mais intere ssante mante r as monoculturas de e uca lipto que as pasta gens. Mas existe uma perda de rique za e abundâ nciadeespécies nos eucaliptais, não se ndo o idea l para a manutenção da biodive rsida de destes. Os animais do pasto e stã o mais susce ptíveis a variações ambienta is. Pe rce be -se uma tendência para o euca lipta lconserva r mais esca ra beíneos que o pasto. Besouros rola-bostas são importa ntes anima is por presta r se rviços e cossistê micos essencia is pa ra a conserva çã o de a mbientes. Deve se r dada sua dev ida importâ ncia para a preservaçã o de sses a nima is.

A G RA DE CI ME NT OS

O projeto foi realiza do com aux ílio do Progra ma de Pós-G raduaçã o em Ecologia C onserva çã o e Mane jo da Vida S ilvestre da Unive rs ida de Fede ral de Minas Gerais. Agrade ce mos a o Parque Estadualdo R io D oce pelo suporte da do, aos mora dores Domingos e Ira ci por ce derem suas fa ze ndas para osestudos. Perpétuo por nos ajuda r durante todo campo, e a Escola Municipa l Ma rciano Felisberto Pinto pe la ge ntile za de ceder seu e spa ço, ene rgia e létrica qua ndo tudo

pare cia pe rdido. E ao Cássio Alencar Nunes pela ide ntifica ção dos besouros.

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PREFERÊNC IA ALIMENTA R DE MACACOS -PREGO (SAP AJU S AP ELLA) EM EXPERIMENTOS DE CA FETERIA

Flávia R ibeiro¹§& Sa mantha Campos¹

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is,Brasil

Palavras -chave: Ce bidae, Lecythis p isonis, Parque Estadual do Rio Doce, sa pucaia.

§Autor corresponde nte: flav iaribe irobio@gma il.com

RE S UMO

A disponibilidade de re cursos a limentares do ambiente pode influencia r a divers idade e a abundâ ncia de animais frugívoros e sua forma de vida, como se us deslocamentos para obte nção de alimento, sua área de uso e a estrutura social de se us grupos. O Parque Esta dua l do R io D oce (PERD) rece be um gra nde afluxo de vis itantes pa ra lazer, o que intensifica o conta to com os ma ca cos -prego ( Sapajus apella Linna eus, 1758) que frequentam as áreas dos atra tiv os turísticos. Esses indivíduos tê m fá cil a cesso a alimentos fornecidos de ma neira espontânea pelos visitantes e a restos de alime ntos obtidos nas lixe ira s. A partir de ex perimentos de cafe teria investiga mos se existe dife re nça na preferê ncia a lime nta r e ntre maca cos-pre go que vive m em áre as de a trativos turísticos ( restaurante) e a que les que v ivem fora destas áreas (base de pesquisa), sem contato com os visitantes. Nossa hipótese é que ma cacos-prego que vivem nas duas á reas te nha m a mesma prefe rência

alimentar: frutos na tivos. Rea lizamos um total de 20 experime ntos de cafete ria, onde disponibiliza mos três ite ns alime nta res para os grupos de maca cos-pre go: castanhas de sapucaiacom os arilos, maçã em peda ços e salga dinhos de milho sa bor presunto. Na base de pe squisa 60% dos ma ca cos -pre go tive ram pre ferê ncia a limenta r por ca sta nha s de sa pucaia enquanto que, no restaurante, 70% dos maca cos-pre go e scolhera m o salgadinho de milho. Essa pre ferê ncia por salgadinho de milho reflete uma mudança na dieta dos a nimais e mesmo em seus padrõe s de comportame nto, apa rente mente causa dos pelo convívio com os vis ita ntes do PERD. Alé m dos pre juízos nutricionais, outro fator ne gativo seria o estabele cimento de uma re lação de depe ndência dos ma ca cos pa ra a obtenção de alimento. São proposta s alguma s me didas de mane jo de caráte r experimental, que devem se r avalia das quanto à sua e ficácia e que visa m busca r meios para evita r a pe rda da função ecológica dessa espécie e assegura r o bem estar dos maca cos-pre go e visitantes.

I NT ROD UÇ Ã O

A disponibilidade de re cursos a limentares do ambiente pode influencia r a divers idade e a abundâ ncia de anima is frugívoros e sua forma de v ida como, por exemplo, se us desloca mentos para obtençã o de a limento, sua área de uso e a estrutura social de seus grupos (Lape nta 2006). O Brasil é o país que possui a maior rique za de prima tas do mundo, com mais de 130 táxons reconhe cidos entre espécies e sube spé cie s (Rylands et al.2000).

Os ma ca cos -pre go, a tua l gê nero Sapajus, vivem em pra ticamente todos os tipos de florestas neotropicais (Freese e Oppenheime r 1981) ocupa ndo ta mbém forma çõe s mais abe rta s de Ce rra do e Caa tinga (B icca-Marques e t al. 2006). São a nimais diurnos e arborícolas que v ivem preferencia lme nte na parte centra l do dossel, a pesa r de forra gea rem nos níveis mais altos da s copas e no chão. Apre senta m, em ge ral, área de vida gra nde (15 0 a 293 ha), e mbora sobreviva m em áreas me nores (12 a 80 ha ),

depe ndendo da distribuiçã o e disponibilida de dos recursos alime ntares (Fragaszy et. al. 2004, Freese e Oppenheime r 1981). Os grupos socia is variam e ntre seis a 35 indivíduos, com composição estáve l e que norma lme nte contém a pena s um ou dois ma chos adultos (Freese e Oppenheime r 1981).

Os ma ca cos -pre go possue m comportamento oportunista, flex ibilida de de die ta e grande capa cida de de ada ptaçã o quanto aos pa drões de forrageio, minimiza ndo certos níveis de compe tição devido à utilização de re cursos alime nta res alte rna tiv os e m época s de escassez de frutos. Essas cara cterística s permite m suce sso na ocupação de dife re nte s habita ts, incluindo aquele s que não são utiliza dos por outros prima tas frugívoros. São onív oros com dieta ba seada especialme nte e m frutos, apesa r de ta mbém fazer parte dela flore s, brotos, raízes, pequenos a nfíbios, ré pteis, a rtrópode s, ovos, filhotes de pássaros e pe que nos ma míferos (Fraga szy et al. 2004). Apesa r de normalmente consumirem frutos maduros e de atuare m como importantes

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agentes de dispe rsã o de se me nte s de algumas espé cies de árvores, e m é pocas de e scassez ta mbém podem alimentar-se de frutos verdes. Essa dieta alta me nte ene rgética parece ser funda me nta l para sustentar seu comporta me nto de forrage io rela tiva mente a tivo (Freese e Oppenheime r 1981). Esses prima tas sã o capaze s de explorar dife rentes recursos de forma inovadora (C ardoso 2008), utilizando sua alta ha bilidade ma nipulativa (Fraga zsy et. al. 2004). O sucesso no forra geio e m gra ndes á reas de vida e stá associado à sua me mória espacial, à utiliza ção de pa drões de forra geio e à ca pacidade de utilizar de forma e ficaz as informa ções visua is para localiza r e re conhece r áre as com a limento favorável (Garbe r e Pa ciulli 1997).

De acordo com o pla no de ma nejo do Pa rque Estadual do R io Doce (PERD) a comunida de de prima tas é composta por sete espé cies, sendo que dua s não ocorria m natura lme nte neste loca l e provavelmente fora m introduzidas. Tra ba lhos realizados no Parque indicara m que as e spé cie s de prima tas possuem densidade s surpreende nte me nte ba ixas quando compa ra das a outras loca lidade s na re giã o. A única exceçã o é a espé cie Sapajus apella Linnae us, 1758 (macaco-pre go), que a presentou de nsida de bastante elevada. Esta espé cie é de ntre a s na tivas da á rea a mais ge nera lista, possuindo hábito alimentar onívoro e alta s taxas re produtivas (Instituto Esta dual de Florestas 2002).

O PERD rece be um gra nde afluxo de visitantes para laze r, sobre tudo pe la presença de lagoas, o que intensifica o contato entre os vis ita ntes e os maca cos-pre go que frequentam as á reas dos atra tivos turísticos. Os grupos de S. apella que fre quentam estas á reas têm fá cil a cesso a alime ntos leva dos pelos visitantes ou vendidos no re sta ura nte, que sã o muitas ve zes forne cidos de ma ne ira espontâ nea pelos próprios visitantes, e a restos de alime ntos obtidos nas lixe ira s. Segundo Forthman Quick (1986) a ingestão de sse tipo de a limento pode torna r parte da die ta dos maca cos e afeta r seus pa drões de atividade. A pa rtir de experime ntos de cafe teria investiga mos se existe dife re nça na prefe rência alimentar entre maca cos-pre go que vive m e m áreas de a tra tiv os turísticos e aque les que vive m fora destas á reas, se m conta to com os visitantes. N ossa hipótese é que maca cos-pre go que vive m e m áreas de a tra tiv os turísticos e aque les que vivem fora dela s te nha m a me sma pre ferê ncia a limentar e que e sta prefe rência seja por frutos na tiv os. Se nossa hipótese estiver correta, quando difere ntes ite ns alime ntare s forem igua lmente disponibiliza dos, espe ra mos observar que os maca cos-pre go que v ivem nos dife rentes ambientes escolha m mais frequente me nte frutos nativos do que outros ite ns a limenta res que não faze m parte da sua dieta alime nta r original.

MÉ T OD OS

Á rea d e est udo

Nosso estudo foi rea lizado e m duas á reas do PERD: no restaurante e na base de pesquisa. O restaurante está localiza do e m área de atra tivo turístico e, por isso, rece be um grande núme ro de visita nte s durante todo o ano ao contrá rio da base de pesquisa, que e stá localiza da fora da á rea de visita ção. De acordo com o pla no de ma nejo, o PERD é o ma ior rema nescente contíguo de Ma ta Atlântica e m Minas Ge rais com aproximada me nte 36.000 ha. Está loca liza do na região sudeste do B rasil (19º42’S, 42º3 4’ W), na região do médio Rio D oce. É na sua grande ma ioria representa do pe la flore sta e sta ciona l se midecidual que se e ncontra em vá rios estágios de suce ssã o, desde ambie ntes de ca poe irinha até flore sta s em está gio clímax. A fauna é extrema me nte rica com a presença de grande núme ro de e spé cies e ndê micas da Ma ta Atlântica e de espécies a mea çada s de extinçã o (Instituto Esta dua l de Flore stas 2002).

E xper im en to d e cafet er ia

Para o ex perime nto de ca fe teria disponibiliza mos três ite ns a limenta res para os grupos de ma ca cos -pre go (S. apella ) que fre que nta m a s áreas do resta ura nte e base de pesquisa do PERD. Oferece mos as castanhas de sapucaia (Lecy this p isonis, Cambess - Le cythida ceae) com os arilos, maçã (M alus sp. - Rosaceae) em peda ços e salgadinhos de milho sabor presunto. Durante experimentos prelimina res, testamos a pre ferê ncia dos ma cacos -prego por frutos de L. pisonis e Miconia sp. (Melastoma ta ceae), a mbos com ocorrência no Pa rque. Como a pre ferê ncia dos indivíduos que participara m do experime nto foi por L. pisonis, selecionamos a mesma como um dos itens alimentares pa ra os experimentos subsequente s. Escolhe mos esses itens a limentares por se trata re m, no caso da L. pisonis, de uma e spé cie na tiva da Mata Atlântica e importa nte ite m da die ta dos maca cos-pre go do PERD e, no caso da ma çã e salgadinhos de milho, por sere m alime ntos frequente mente ofe recidos pe los visitantes a os animais que vive m nas proximida des do restaurante. Removemos as castanhas de sa pucaia do fruto e fatiamos as ma çãs no intuito de pe rmitir mesma fa cilidade de a cesso a os dife re nte s ite ns alimentares, tornando-os mais compa ráveis e controlando a forma e a a pre senta ção.

Para iniciar o expe rimento, prime ira mente localiza mos o grupo de ma cacos-prego e e ntão disponibilizamos as ca feterias. Para não interferir na escolha do ite m a lime nta r, nos a fastamos das cafe terias a uma distância mínima de 5 m. Colocamos quantida des s imila res de ca da alime nto em pra tos de alumínio se pa rados, em posições alinhada s sem espa çame nto e ntre eles. A ordem de ca da alimento

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foi a leatória, por meio de sorteios rea liza dos a cada experime nto de ca feteria. Dura nte qua tro dias realiza mos um total de 20 expe rime ntos, sendo 10 na região do resta ura nte e 10 nas prox imida des da base de pesquisa. Cada experime nto teve duração de 15 min e um interva lo de pe lo menos 30 min e ra da do para inicia r um nov o experimento. Para registrar a pre ferê ncia a lime nta r do primeiro indivíduo e m cada cafe teria filmamos todos os expe rime ntos por no mínimo 5 min, com dua s câme ras fotográficas na função vídeo: Ca non (mode lo G 12) e Sony (mode lo Cyber-shot DSC-W65 0), a fim de registra r de talhes adiciona is do comporta me nto a limenta r. Considera mos ape nas a prefe rência a limentar do prime iro indivíduo, por supor que a escolha dos dema is indivíduos do grupo pode ria ser influenciada pela escolha do prime iro indivíduo. Os vídeos foram analisados e os da dos tabula dos e avalia dos no programa Excell por me io de um grá fico de coluna s. Não foi ne cessá rio fa zer aná lise esta tística uma vez que os dados não deixa ram dúvida s.

RE S ULT AD OS

Durante os qua tro primeiros dia s do mês de Agosto realiza mos um total de 20 ex perime ntos de ca feteria, sendo 10 na região do restaurante e 10 nas proximida des da base de pe squisa. Todos os grupos de maca cos-pre go re sponderam positiva mente a os experime ntos de ca feteria. Uma vez iniciado o experime nto, um ou ma is indiv íduos do grupo se

aproximava e fa zia uma rá pida inspeçã o dos itens alimentares disponibiliza dos e logo e scolhia o alimento de sua prefe rência. Na maior parte dos experime ntos o indivíduo se alime ntava no próprio local da ca fe teria, mas em alguns casos, o prato era levado com o alimento para a árvore. Este comporta mento foi obse rvado a pena s e ntre os grupos que frequenta m a á rea do restaurante.

Os grupos de maca cos-pre go que frequenta m a á rea do re sta ura nte e aquele s que frequentam as proximida des da base de pe squisa a pre senta ram pre ferê ncias alime nta res distintas (figura 1). Na base de pesquisa 60% dos ma cacos-prego escolhe ram como primeira opçã o de ite m alime nta r as castanhas de sa pucaia e 40% e scolhera m ma çã. Ne nhum dos indivíduos teve prefe rê ncia a limenta r por salgadinho de milho. Em todos os 10 ex perimentos, entre todos os indivíduos que participaram das cafe terias, ape nas um indivíduo se alimentou de salga dinho de milho quando este e ra a única opçã o, ou seja, qua ndo as castanhas de sapuca ia e ma çã já havia m a caba do. O oposto foi obse rvado no resta ura nte: 70% dos maca cos-pre go apresenta ra m prefe rê ncia alimentar por sa lga dinho de milho, 20% por ma çã e apenas 10% por ca sta nha s de sapuca ia.

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Figura 1: Salgad inho de milho foi escolhido ap enas entr e os grupos de macacos -pr ego que frequentam as áreas de atr ativos turísticos.

D I SC USSÃ O

Os grupos de maca cos-pre go ( S. apella) que frequenta m a á rea do restaurante e a que les que frequenta m as proximida des da base de pe squisa apresentara m prefe rências a lime nta res distintas, ao contrário do que ima gináva mos. Os grupos de maca cos-pre go que vive m fora das áreas de atrativos turísticos tiveram prefe rência por castanhas de sapucaia (L. pisonis), como espe rado, a o contrário dos grupos que freque nta m as área s de atra tivos turísticos, em conta to com um grande núme ro de visitantes, que apresentara m pre ferê ncia a limen tar por sa lga dinhos de milho. D e acordo com o habitat, os maca cos se ajusta m às varia çõe s do a mbie nte, apresentando comporta mentos que ge ralme nte obje tiva m a fonte de re curso com melhor ba lanço e nergé tico (Chapman & Fediga n 1990).Como o ace sso a os difere nt es itens alimentares ofe re cidos durante os expe rime ntos de cafe teria foi o me smo e como as castanhas de sapucaia são ma is e nergé ticas do que os sa lga dinhos de milho _ 100g de salgadinho de milho possui 456 Kcal, enqua nto que, segundo Carva lho et al. (2012) 100g de ca sta nha de sapucaia forne ce 620 Kcal _ essa questão do melhor ba lanço energético pare ce não explicar a prefe rência alimentar por sa lga dinhos de milho nas á reas de a tra tiv os. Obse rvamos alguns dos indivíduos dos grupos que vivem fora da s á reas de atra tiv os cheirando e mesmo encosta ndo a língua em salga dinhos de milho e, e m se guida, os descartando, suge rindo que o odor e sa bor nã o deve m explicar a pre ferê ncia dos grupos de ma ca cos -pre go que frequenta m o resta ura nte. Essa prefe rência por salga dinhos de milho dos grupos que vive m em á reas de a trativos turísticos re fle te uma mudança na dieta

dos a nimais e mesmo e m seus padrões de comporta mento, apa rente mente ca usa dos pe lo convívio com os v isita nte s do PERD. De a cordo com estudo realiza do por Sabba tini e t al. (2008) no Parque Naciona l de B rasília, a proximidade com os humanos fez com que ma cacos fossem de sestimulados a procura r alime nto em fonte s na turais como a mata, pre ferindo sempre os alimentos trazidos pela populaçã o e gastando me nos tempo no forrageio das áreas na turais. No entanto, em estudos rea liza dos por Sacra mento (2014) nesse mesmo Pa rque o grupo estuda do teve pre ferê ncia pelo alimento na tural.

No PERD, mesmo qua ndo os a limentos não são ofe recidos pelos vis ita ntes, os macacos-pre go os assediam na tenta tiva de obtê-los, podendo inclusive furtar alime ntos leva dos ou comprados no Parque pelos v isitantes e me smo e ntra r no re sta ura nte para furtar la tas de sucos e outros ite ns, como obse rvamos durante período do estudo. A substituiçã o da dieta natura l por alime ntos ina de qua dos ao consumo e com baixo pote ncial nutritivo pode causar déficit nutricional aos maca cos, e a inge stã o de restos alimentares e m baixo esta do de conserva ção encontra dos nas lixe iras pode levar a alte rações da função ga strointestinal, a o comprome time nto do sistema imunológico e do estado de saúde dos animais de modo gera l (Sabba tini et al. 2006). Os alimentos levados pe los visitantes e ofere cidos aos maca cos podem a ume ntar os níveis de glicose e colesterol desses anima is (Saito et al. 2010), causando problema s de saúde a os me smos. Se gundo rela tos do gere nte do PERD, de a cordo com exames realiza dos, alguns indivíduos já foram dia gnosticados com dia betes.O va lor nutriciona l dos salga dinhos de milho,

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um dos itens alime nta res oferecidos pe los visitantes aos ma ca cos -pre go que frequenta m as área s de atra tiv os turísticos, é extre ma mente baixo. Esses salga dinhos são constituídos por açúca res, gorduras saturadas, monoinsatura das e poliinsatura das, alto teor de sódio, ba ixo te or de fibra s, de ntre outros compone ntes ( informa ções obtidas na embala ge m do produto). Se gundo Souza e t al. (2008), as castanhas de sapuca ia apresentam a lto valor nutriciona l. As seme nte s oleaginosas sã o rica s em proteínas e muito ricas em lipídios, sã o boas fontes de fibras e possuem quantida des ra zoáve is de tia mina, riboflavina e nia cina e de vitaminas B 1 e B2. Possue m ta mbém teores conside ráveis de fósforo e potássio, sendo pobre s e m sódio, o que favore ce o s istema cardiovascula r. Contê m, ainda, qua ntida des ra zoáveis de cálcio e magnésio.

Alé m de sses pre juízos nutriciona is, outro fator nega tiv o seria o e sta belecime nto de uma re laçã o de depe ndência dos ma cacos e m relaçã o aos visitantes para a obtençã o de alimento. A ingestão de alime ntos forne cidos pelos visitantes poderia pr ovoca r uma diminuiçã o da inge stã o de frutos e, por conseguinte, uma reduçã o da funçã o ecológica desses animais como importa ntes agentes dispersores de se mentes (Saito et al. 2010). Dentro deste contex to, propomos algumas medida s de manejo que visa m coibir o consumo de a limentos tra zidos pelos visitantes ou comprados no re sta ura nte pe los maca cos-pre go: pla neja me nto de ações articuladas de Educa ção Ambie ntal voltadas pa ra os visita nte s, como o forne cimento de informa ções sobre a presença dos maca cos-pre go no PERD e como lidar com esse animais diante da possibilida de de conta to; tre ina me nto dos funcionários do PERD com o objetivo de impe dir a tos de a limenta ção dos anima is por parte dos vis itantes; insta laçã o de pla cas apropriadas nas depe ndências do PERD, sobre tudo próximo à área do restaurante, lagoas, ca mping, esta ciona mento e trilhas sobre a proibiçã o de a limenta ção dos maca cos-pre go; adequa çã o de lixe ira s, que atualmente permite m o acesso dos anima is aos alimentos ali deixa dos pelos vis ita ntes, com a insta laçã o de cha pas de aço no meio da abe rtura, impedindo o a cesso dos maca cos a o interior das me sma s, mas possibilitando ao visitante de usá-la; a implantação de um guarda-volumes, onde as pessoa s poderiam deixar os seus pertences para evitar o roubo por pa rte dos animais quando estes sã o deixa dos sozinhos; e insta laçã o de pla taformas de a limenta ção como forma de diminuir ou coibir o assé dio dos ma ca cos -pre go a os visitante s. Nesta s pla taformas pode ria m ser ofe rtados pelos funcioná rios do PERD nos dias de ma ior vis ita çã o, como feriados e finais de se mana, ite ns alime nta res como frutas, ve ge tais e amendoins, evitando que os animais busque m por alime ntos que interfiram substa ncialmente e m sua die ta. Esta última medida que propomos deve ser de ca rá ter expe rimenta l,

devendo se r ava lia da sua eficácia. Todas as me didas aqui propostas visa m buscar me ios pa ra ev ita r a pe rda da funçã o e cológica de ssa espécie e assegura r o bem esta r dos maca cos-pre go e vis ita ntes.

A G RA DE CI ME NT OS

A todos os professores e tutores que participa ram do Curso de Ca mpo da UFMG 2014 pela s orienta ções e valiosas contribuições. Ao Instituto Estadual de Florestas de Minas Ge rais, pela infraestrutura conce dida durante os tra balhos de campo no Parque Estadual do R io D oce e aos funcioná rios e administra ção do Parque pe lo grande a poio da do, que tornou possíve l a realiza ção do estudo. Ao P rograma de Pós -Gra dua çã o em E cologia C onserva ção e Mane jo da Vida Silvestre da U nive rsida de Fe de ral de Minas Gerais, pelo apoio fina nceiro.

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A TEO RIA DE BIOGEOGRA FIA DE I LHAS E CORREDO RES ECOLÓ GICOS S E A PLI CA AO MICRO HÁBITA T DE S ERAPI LHEI RA?

Isabela Ca rdoso1§& R omulo Carleia l1

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil

Palavras -chave: corredores ecológicos, inve rteb rados do solo, Mata Atlâ ntica

§Autor corresponde nte: isa me nde s182@gmail. com

I NT ROD UÇ A O

De acordo com a teoria de Bioge ografia de Ilhas de MacArthur e Wilson (1967), ilhas ma is próximas da área-fonte tem maior probabilida de de serem encontra das e coloniza das. Diversos a utores afirmam que fragmentos flore sta is isola dos pode m ser considerados ilhas pois tende m a se comportar como tal. Nesse contexto a teoria contribuiu para a definiçã o de desenhos de unida des de c onserva ção com base na perda da biodive rsida de devido à extinçã o e falta de recolonizaçã o (Nascimento et a l, 2012). Poré m já foi comprovado que para a te oria ser aplica da a os fra gmentos deve-se levar em conta efeito de borda, grupo de espécie estudado e o quão tra nsponível é a matriz (Picke tt 2007).

Outra a bordage m que surge a o se estudar fra gme ntos é a de utilizaçã o de corre dores ecológicos. Os corre dores ecológicos facilita m o de sloca me nto dos organismos e ntre fragme ntos e e ntre fra gme nto e matriz, aume nto flux o gênico promovendo manute nção e restaura ção da biodivers idade (Seoane et a l, 2010). É importa nte levar e m considera ção o tipo de popula ção que se quer conecta r, pois o que pode ser corre dor para uma espé cie pode nã o se r para outra (Se oane et al, 2010). No entanto, pode m ocorrer alguns efe itos ne gativos com a implantaçã o de corre dores como dispe rsã o de espé cies ex ótica s e invasoras, impa ctos demográficos e ge né ticos e dispersão de fogo (H ilty e t al, 2006).

A se rapilheira de florestas é formada majorita ria me nte por folha s e galhos em dife rentes está gios de de composiçã o. A cicla ge m de nutrientes provenientes da se rapilheira é funda mental pa ra o funciona me nto de e cossiste mas flore sta is sendo considerado o me io mais importa nte de transfe rência de eleme ntos da vegeta çã o pa ra o solo (Vital e t a l, 2004). A fauna de se rapilheira é rica em decompositores e de tritívoros, sendo os pr incipais grupos e ncontrados os Acari e Collembola, que fazem parte da meiofa una, e os Isoptera, minhoca s, Diplopoda e Coleopte ra que fazem parte da macrofauna (B egon et al, 2007). Esse s a nimais podem

causa r uma re distribuição em la rga esca la dos de tritos, contribuindo para o desenvolv imento do solo (Begon et al, 2007).

O obje tivo deste e studo foi investigar se a te oria de bioge ografia de ilhas e corredores e cológicos podem ser aplica das pa ra a fa una de se ra pilhe ira, testando a hipótese de que fra gme ntos isolados de sera pilhe ira terã o me nor a bundâ ncia e rique za de morfoespécies que fragme ntos conectados à matriz por corre dores ecológicos. Este estudo é inova dor, uma ve z que poucas ve zes a te oria da biogeografia de ilhas foi testada em microhábita ts.

MA TE RIA L E MÉT OD OS

Á rea d e est udo

O estudo foi conduzido no Pa rque Estadual do R io Doce, conhe cido como PERD (19° 42' 23" S 42° 34' 33"O) com á rea tota l de 35.970 he cta res, que engloba os municípios de Marlié ria, D ionís io e Timóte o. O Parque foi a prime ira unidade de conserva çã o criada em Minas Ge rais, e m 1944, se ndo o maior rema nesce nte de Ma ta Atlâ ntica do esta do ( IEF, 2002). O clima da re giã o é do tipo AW (T ropical Quente Semi-Ú mido) com estações se ca e chuvosa bem definidas, segundo a cla ssificaçã o Köppe n. Pa rte do sistema lacustre formado pe la Bacia do R io Doce se encontra de ntro dos limites do PERD se ndo de grande importâ ncia para a ma nutençã o da biodiversidade.

C ol et a e anál ise de d ado s

Para testar se a teoria de biogeogra fia de ilhas e corre dores e cológicos se a plica a sera pilheira, monta mos a lguns expe rimentos na Trilha do Vinhático, que é constituída por floresta se cundá ria com rica composição de sera pilheira. Os experime ntos eram compostos por blocos de três tra ta mentos: um fra gmento isolado da ma triz, um fragme nto conecta do à ma triz por qua tro corre dores e o controle, circunda do por ma triz. Cada um de sses tra ta mentos foi monta do como um quadrante de 3m x 3m e estava m distantes ao me nos 20m um do outro.

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Fize mos cinco ré plicas de cada bloco, totaliza ndo 15 amostras. Para os tra tamentos do tipo Corre dor e Isolado, removemos toda a cobertura ve geta l e serapilheira de ntro do qua drante, para depois delimita r o fra gmento no ce ntro do trata me nto. Os fragme ntos fora m padroniza dos como quadrados de 30x30cm e fora m defa una dos pe lo mé todo de W ink ler. No caso do trata me nto Corre dor, o fragme nto era liga do à ma triz por quatro corre dores de 5cm de largura, a 1.5 m do centro, constituídos da me sma serapilheira de faunada utilizada no fra gmento. Para o Controle, um qua dra nte de 30x30cm da sera pilhe ira original e ra re mov ido do ce ntro do tra tamento e substituído pe la se rapilheira de faunada ( fotos de todos os tratame ntos pode m se r e ncontradas na

Figura 1). U ma ve z que os tra tamentos anteriores eram subme tidos à exce ssiv os distúrbios dura nte a remoção da ve ge taçã o, decidimos exe rcer um distúrbio s imila r no Controle, removendo a cobe rtura vegeta l da pa rte su pe rior e pisoteando a ma triz dentro do quadrante. Todos os ex perime ntos foram deixa dos no ca mpo por 24 horas e para que no dia seguinte fosse m recolhidos os conte údos dos fragme ntos. Estes e ra m subme tidos ao mé todo de extra ção de Winkle r para que toda a fauna ali contida fosse filtrada pa ra poste riores aná lise s. O ma terial coleta do foi tria do e m laboratório com aux ilio de lupa s e ide ntifica dos por morfoespécies com a uxílio de professores e da lite ra tura disponível.

Figura 1. Fotos evid enciando os tr ês tipos d e tr atamento : A – Co rredo r; B – Isolado; C – Controle. A s eta vermelh a indic a a porção de s erap ilheira r emovid a e posterior mente substituida por material d ef aunado no tr atamento contro le.

Para compa rar a composição da macrofauna nos dife re nte s tra tamentos, fora m escolhida s duas variáveis resposta, a bundâ ncia e rique za de morfoespécies, que fora m ana lisa das usando o método GLM (AN OVA, distribuição quasi-P oisson) no softwa re R. Para a a nálise de a bundância, o tra ta mento C ontrole do bloco núme ro 4 foi retira do

da a mostra, pois uma mesma morfoespécie de formiga tota lizou mais de 70 indivíduos e acabava por enviesa r os resulta dos. Poste riormente verificamos que o tra ta mento se loca lizava próximo à um formigue iro, o que confirmou a pontua lidade dessa abundâ ncia exagera da.

RE S ULT AD OS

Os resulta dos rela tiv os à rique za e abundância de morfoespécies por trata me nto se e ncontra na Ta bela 1. Encontra mos um tota l de 443 indiv íduos pertence ntes a 14 ordens de invertebra dos. A maior rique za e ncontrada foi de 25 morfoe spé cie s no tra ta mento Isolado do bloco dois e a menor de quatro morfoespécies no tratame nto Controle do bloco qua tro. A abundância va riou de seis indivíduos até 90 indivíduos, sendo a me nor no Controle do bloco um e a maior no Controle do bloco qua tro (nota sobre e sta abundâ ncia anorma l na introdução).

Em ambas abundância e rique za, a média foi ma ior no tra ta mento Isola do, se guido do tra ta mento Corredor e Controle. O teste AN OVA acusou significância apena s para a a nálise de rique za e ntre os tratame ntos (F = 9.8 (2, 12); P < 0.003), enqua nto que a abundância foi ma rgina lme nte s ignifica nte (F = 3.73; P < 0.058) (Figura 2).

Tabela 1 . Riquez a e abundância de morfoesp écies por tratamento .

Bloco Abundância Riquez a

Número 1

Controle 6 6

Corredo r 12 7

Isolado 36 24

Número 2

Controle 15 9

Corredo r 63 21

Isolado 45 25

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Número 3

Controle 16 10

Corredo r 20 17

Isolado 34 19

Número 4

Controle 90 4

Corredo r 21 8

Isolado 22 13

Número 5

Controle 9 10

Corredo r 14 11

Isolado 40 25

Figura 2. Teste ANO VA co mpar ando riqueza e abund ância entr e os tratamentos .

D I SC USSÃ O

Curiosa me nte os resulta dos e ncontra dos foram exatamente opostos às nossas hipóteses iniciais. Tanto a abundâ ncia como rique za de morfoespécies foi ma ior no tra ta mento Isolado, ao invé s do C ontrole. Esse resulta do é ba sta nte inte ressante e apare nteme nte contra-intuitivo, uma ve z que se ria mais na tural e spe rar uma ma crofa una ma is rica e mais simila r a da ma triz, qua ndo esta não é afe ta da.

Ainda que o nosso resulta do sugira que a dinâ mica de fragme ntos e corredore s não se a plica ao microhá bita t de sera pilhe ira, acre ditamos que não podemos descartá-la por comple to pelas ra zõe s que se segue m. Talvez, a o invés de funciona r como um facilita dor para a dispe rsã o da macrofauna, a serapilheira ofere ça uma barre ira pa ra essas espé cie s. Nossa hipótese é que o solo limpo é mais fácil de tra nspor do que uma ca ma da irre gular de ma té ria orgânica, que é o que constitui a se rapilheira. Assim sendo, indivíduos se locomove ria m mais livre mente no a mbiente de ma triz, fa cilitando sua che gada aos fragme ntos. Uma outra hipótese é que inde pendente da permea bilida de da ma triz, os indivíduos que alca nça m o fragme nto, tende m a perma nece r nele. Neste ca so, o fra gme nto e sta ria funciona ndo como uma e sponja, re te ndo toda a fauna representa tiva

daquela microhá bitat. Em um ambie nte se m ma triz, por outro lado, os indivíduos não tenderia m a permanece r em um único local, uma ve z que toda a cobertura a o seu re dor é homogê nea. Essa distribuição mais alea tória talve z te nha re fle tido nos resulta dos, o que justifica ria a me nor rique za e abundâ ncia nos tra ta mentos tipo C ontrole.

Acreditamos que estudos que se proponha m a testar teoria s be m e sta belecidas, poré m e m escalas distintas, ofe rece m um excita nte ca mpo de pesquisa que tem muito a contribuir pa ra uma melhor compree nsã o da unive rsalidade das teorias que permeiam a biologia. Nesse presente estudo, encontramos indica tiv os que a Teoria da Biogeogra fia de Ilhas pode nã o ser aplicáve l para o microambie nte de sera pilhe ira. O quanto estudos similares se rã o capa zes de forta le cer ou e nfraquecer os gra ndes pilares da ecologia é algo que ainda tere mos que aguardar para ver, mas a ideia de que, mesmo a s ma is estabe le cidas te orias ecológicas nã o são a prova de fa lhas, é bastante excitante.

A G RA DE CI ME NT OS

Agrade ce mos aos professore s Frede rico Neves e Tadeu Gue rra pela contribuiçã o no ama durecimento da ideia do proje to, ao tutor Arleu pela ajuda e

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orientaçã o e m ca mpo, Ao “Dudu” pela a juda nas análises estatística s, ao progra ma EC MVS e fina nciadores C APES, CNPq, FAPEMIG e a o PERD por nos re ceber durante os 20 dias de curso.

RE FE RÊ NCI AS

BEGON, Michael ; TOW NSE ND, Colin R.; HA RPE R, John L. Ecologia: de indivíduos a ecossistemas . Artmed , 2007.

HILTY, Jodi A.; LIDICKER JR, William Z.; ME RENLE NDE R, Adina. Co rridor ecology: the scienc e and pr actic e of linking landscap es for biodiversity cons ervation. Island Press, 2006.

MACA RTHU R, Rober t H. The th eory of island biogeogr aphy.Princ eton Universi ty Pr ess, 1967 .

NASCIME NTO, Alexandr e Túl io Amar al et al. Cons ervação da biodiversid ade e din âmica ecológic a espacial : evoluç ão da teoria. CEP, v. 60020, p. 181 , 2012.

PICKETT , Steward TA; KOLASA , Jurek; JO NES , Clive G. Ecological und erstanding: th e n atur e of theo ry and th e theor y of natur e. Ac ademic Press, 2010.

SEOANE, Carlos Edu ardo Sícoli et al . Co rredo res ecológicos como f err amenta para a d esfrag mentação d e flo restas tropicais . Pesquisa Flor estal Br asileir a, v. 30 , n. 6 3, p . 207, 2010.

VITAL, An a Rosa Tundis et al . Produção de serapi lheir a e ciclag em d e nutrientes d e uma f loresta estacional semid ecidu al em zon a r ipária. Revista Árvor e, v. 28, n . 6, p. 793-800, 2004.

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A VIFA UNA DA ZO NA DE AMORTEC IMENTO DO PERD: COMPARAÇÃO ENTRE AMBI ENTES

João H. A. Xavier 1§&Vane ssa M. Gomes1

1. Depa rta me nto de Biologia Ge ral, U niversidade Fe dera l de Minas Gera is, Bra sil

Palavras chave: Mata Atlântica, Parque Estadual do R io D oce, uso do solo, fragmenta ção, pontos de escuta, simila ridade.

§Autor corresponde nte: ja umrique @gmail.com

RE S UMO

A Ma ta Atlântica é o bioma brasileiro ma is impacta do por a tiv ida des humana s. A ma ior pa rte de seus rema nesce nte s se localiza em unida des de conserva çã o. C om o propósito de minimizar os impactos ne gativos de diversa s ativ ida des humana s, parques deve m possuir uma zona de a mortecimento localiza da e m seu entorno. N ela as a tiv ida des humanas estã o sujeitas a normas e restrições espe cífica s. O Parque Esta dua l do Rio D oce é o maior rema nesce nte de Ma ta Atlâ ntica de Minas Gera is. Sua zona de a morte cime nto é composta principalmente por eucaliptais, pa sta ge ns e fra gmentos de ecossiste mas na turais. Procurando e ntender a influê ncia de ca da a mbie nte à avifa una da regiã o, compa ra mos a rique za de espé cie s de aves de

euca lipta is, pastagens e fragme ntos de mata. Levantamos os dados a través de pontos de escuta nos dife re nte s ecossistemas, e ide ntifica ção a pa rtir do canto. Os a mbie nte s a presentara m rique za e composiçã o esta tistica me nte se me lha ntes. Todos os resulta dos encontra dos sugerem que, na pa isagem fragme nta da da áre a de e studo, nenhum a mbiente representa uma forte barre ira à mov ime ntaçã o das aves. Porém, a presença de uma espé cie e m um ambiente não significa que ela esteja faze ndo uso daquele ha bita t, podendo ela estar some nte se deslocando. Assim, a possibilida de d os a mbientes apresentarem difere ntes importâ ncias para a conserva çã o da s aves não pode ser descarta da.

I NT ROD UÇ Ã O

A ba cia hidrográfica do rio Doce se este nde e ntre Minas Gerais (86%) e o Espírito Santo (14%). Em seu relev o monta nhoso, predomina o clima seco e que nte, com pre cipitaçã o pra ticamente se m ex cedente. A floresta pluv ial tropica l que ocupava a re giã o possuía uma biodivers idade complexa, que lhe ga rantia eficiê ncia, poré m a custa de um e quilíbrio frá gil. As mata s perma nece ra m pre serva das até a dé cada de 30, pelas dificulda des de povoa me nto e pe los re gistros de casos de malá ria na re giã o. (Espindola e We ndling 2008)

Entre 1930 e 1960, a zona do médio rio D oce sofreu uma tra nsformação completa de sua paisage m. As terras de floresta fora m ocupadas pela agricultura e, com maior intensida de, pela pe cuá ria (Florisbe lo 2005). Marcado pelo poder dos gra nde s fa zende iros, o proce sso re duziu drastica mente a biodive rsida de e esgotou os solos dev ido a queimadas, sobre paste jo e pisote io (Espindola e W endling 2008). A pa rtir de 1960, extensas monocultura s de eucaliptos substituíram pastos esgotados e algumas á reas de floresta (Le ite et al 2010). Em 2005, o médio rio D oce a presentava uma

paisa ge m de devasta çã o a mbiental e reduçã o drá stica da biodive rsida de (F lorisbe lo 2005).

É nessa re giã o de intensa s e recentes transformações que se loca liza o Pa rque Estadual do Rio Doce (PERD), a ma ior á rea re ma nescente de Mata Atlâ ntica no esta do de Minas Gera is, com a proxima da mente 36.000 ha. Na dé cada de 60 o pa rque sofreu uma sé rie de incêndios, o maior de les em 1967. Com isso, as florestas atualme nte e ncontra das sã o em grande parte se cundá rias, com a lguns tre chos que possuem cara cterística s das floresta s primá ria s (Lopes et al 2002). O gra u de conserva ção e a extensã o do PERD permite m a ma nutenção de muitas espécies que já não ocorre m mais e m outros re mane sce ntes do vale do Rio Doce dev ido aos efe itos da fra gme ntaçã o da paisa ge m e das pressõe s antrópica s (Machado 1995).

Com o propósito de minimiza r os impactos ne gativos sobre a unida de, parque s deve m possuir uma zona de amortecime nto. A Le i n° 9.986/2000, que instituiu o Siste ma Na ciona l de U nidades de C onserva çã o, define zona de a mortecimento como o entorno de uma unida de de conserva ção, onde as a tiv ida des humanas estã o sujeitas a normas e restrições

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espe cífica s. Segundo o Instituto Estadual de Florestas de Minas Ge rais (IEF 2002), o Parque Estadual do R io Doce possui uma zona de amorte cimento de 61 mil hectares, delimita da com ba se em ca racte rísticas regionais. Ecossistemas na turais, como ca poe ira s, mata s e áreas de várzeas compõe m 13% da zona e 82% da s áreas sã o explora das pa ra extraçã o de made ira (re flore sta me nto, 50 %), a tiv ida des agrope cuá ria s (a gricultura, 2,7% e pastage ns, 29,58%) e ocupa çã o huma na (0, 05%).

Espera -se que diferentes ocupa ções do solo influe nciem a biodivers ida de do pa rque de formas distinta s. As florestas devem se r de grande re levância como corre dores pa ra a fauna loca l, mas representam uma ba ixa porce nta ge m da zona de amorte cimento. Segundo o plano de ma nejo do Parque Estadual do Rio D oce, as á reas de e uca liptos, se permitire m o desenvolv ime nto do sub-bosque, pode m funcionar como zona ta mpã o, minimiza ndo os impa ctos do meio ex terno, como o efe ito de borda. Essas á reas també m podem serv ir como corre dores de dispersão de espécies entre fra gmentos floresta is, e aumentar as popula çõe s de a lgumas espécies que utiliza m as áreas de eucaliptos. Quanto à pe cuá ria, as pastagens apresenta m-se ba sta nte degrada das, devido ao pastoreio excessivo, leva ndo a uma gra nde erosão do solo.

Para ate nder adequada me nte o propósito da zona de amortecime nto, deve-se saber qua is usos e ocupações do solo me lhor se a de qua m à biologia dos animais presentes no parque, e spe cia lmente a o se tra tar de espé cies a mea ça das de extinção. Uma das fo rma s de cara cteriza r os dife rentes ambie ntes é a través dos bioindica dores, e spé cies que re sponde m rapida mente a difere ntes alterações a mbienta is (Furness e Greenwood 1993). Bioindica dores te m sido utilizados para de te cta r mudanças na na tureza por, pe lo me nos, 40 anos, e atua lmente são utiliza dos principalmente para avaliar a condiçã o do ambie nte (Nie mi e McD ona ld 2004). Um dos usos te m sido pa ra a avaliar a fra gmentaçã o do ambie nte (O'Ne ill et al. 1988). As aves sã o a mpla mente utilizadas como indica dor de qualida de dos ecossistema s, pois contêm espécies restritas, espe cia listas a dete rminadas condições, e espé cies gene ralistas, e ncontrada s e m dife rentes ambientes (Bie rregaa rd a nd Stouffer, 1997).

Os estudos da avifa una do pa rque sã o esca ssos, e conce ntra dos apenas nas bordas e e m pontos espe cíficos. Apesa r disso, resultara m e m uma listage m total de 325 espé cies de aves re gistrada s. Esse número corresponde a 82% da s aves re gistra das no vale do R io Doce de Minas Ge rais (Ma cha do 1995 ), 47% das aves registra das na Ma ta Atlâ ntica (Stotz et al. 1996), 41% da avifa una mine ira (Ma ttos et al. 1993) e 19% da avifauna brasileira (Sick 1997). As fa mílias mais numerosas foram Tyra nnida e com 58 espé cies e Embe rizidae com 57 e spé cie s, perfaze ndo, juntas, um terço das espécies registra das, cara cte rística das áreas floresta das neotropica is.

O pre sente estudo visa investigar a s imila rida de e ntre a composição de e spé cie s de aves e suas rique zas dos dife re nte s a mbientes que compõe a zona de amortecime nto do pa rque. Para tanto, co mpa ramos áreas de pasto, planta çõe s de eucalipto e fra gme ntos florestais. Hipote tizamos que fragme ntos de mata devem possuir ma ior rique za de aves que plantações de eucaliptos e estas, por sua vez, devem possuir avifauna mais rica e m re la ção a os pastos.

MÉTOD OS

Para compa rar os dife rentes ambientes da zona de amortecime nto do pa rque, foram fe itos levantamentos da avifa una e m dife rentes á reas, por meio de grava ções e tria ge m de se us cantos e por observação com a uxílio de binóculo.

Fora m sele ciona dos trê s loca is, cha ma dos de blocos, conte ndo um ambiente de pastage m, uma de pla nta ção de eucalipto e um de fragmento floresta l, próximos um a o outro, para evitar a discre pância devido a cara cterística s regionais. Assim, avaliamos três blocos, ca da um com os três difere ntes a mbientes - Pasto, Eucalipto e Ma ta. Em ca da a mbiente, foram esta bele cidos três pontos de escuta de 10 minutos de grava ção, dista dos em 50 me tros, totaliza ndo 30 minutos de grava ção para ca da ambiente em cada bloco, 90 minutos de grava ção para cad a bloco e 270 minutos de gravaçã o no total. Todas as gravações fora m realiza das na pa rte da manhã, entre seis horas e nove e me ia.

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Figura 1. Imag em d e satélite com os pontos amostr ais. As leg endas indic am os pontos de cad a bloco (BL1, BL2 e BL3) divid idos pelos ecossistemas que r epr esentam (P - pasto ; M - Mata; E - Eucal iptos).

Fora m e stima das a riqueza e a composição de espé cies para cada ambie nte, avalia do o gra u de compa rtilha mento de espé cies dos ambie ntes Pa sto e Eucalipto e m re lação à Ma ta e analisada a simila ridade na composiçã o de espécies e ntre os três ambientes. Para isso foram fe ita s análises esta tísticas GLM, com utilizaçã o do Progra ma R.

RE S ULT AD OS

Foi re gistrado um total de 69 espécies, das quais 58 pudera m se r ide ntifica das e nquanto 11 foram classifica das e m difere ntes morfoespé cies.

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Tabela 1 . Lista d as esp écies não-pass erifor mes id entificad as

Tabela 2. Lista das espécies Passerifor mes identific adas

Nome do táxon

TINAMIDAE Gray, 1840

Crypturellus tataupa (Temminck, 1815)

CRACIDAE Rafinesque, 1815

Penelope sp.

ARDEIDAE Leach, 1818

Bubulcus ibis (Linnaeus, 1758)

ACCIPITRIDAE Vigors, 1824

Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788)

CHARADRIIDAE Leach, 1820

Vanellus chilensis (Molina, 1782)

COLUMBIDAE Leach, 1820

Columbina talpacoti (Temminck, 1811)

Columbina squammata (Lesson, 1831)

Patagioenas picazuro (Temminck, 1813)

Patagioenas cayennensis (Bonnaterre, 1792)

Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, 1792)

CUCULIDAE Leach, 1820

CROTOPHAGINAE Swainson, 1837

Crotophaga ani Linnaeus, 1758

TAPERINAE Verheyen, 1956

Tapera naevia (Linnaeus, 1766)

CAPRIMULGIDAE Vigors, 1825

Hydropsalis parvula (Gould, 1837)

TROCHILIDAE Vigors, 1825

TROCHILINAE Vigors, 1825

Amazilia lactea (Lesson, 1832)

TROGONIDAE Lesson, 1828

Trogon viridis Linnaeus, 1766

RAMPHASTIDAE Vigors, 1825

Pteroglossus aracari (Linnaeus, 1758)

PICIDAE Leach, 1820

Picumnus sp.

Colaptes campestris (Vieillot, 1818)

CARIAMIDAE Bonaparte, 1850

Cariama cristata (Linnaeus, 1766)

FALCONIDAE Leach, 1820

Milvago chimachima (Vieillot, 1816)

Micrastur semitorquatus (Vieillot, 1817)

PSITTACIDAE Rafinesque, 1815

Primolius maracana (Vieillot, 1816)

Eupsittula aurea (Gmelin, 1788)

Pionus maximiliani (Kuhl, 1820)

Amazona vinacea (Kuhl, 1820)

Amazona farinosa (Boddaert, 1783)

Nome do táxon

THAMNOPHILIDAE Swainson, 1824

THAMNOPHILINAE Swainson, 1824

Myrmotherula axillaris (Vieillot, 1817)

Formicivora serrana Hellmayr, 1929

Thamnophilus ambiguus Swainson, 1825

FURNARIIDAE Gray, 1840

FURNARIINAE Gray, 1840

Furnarius figulus (Lichtenstein, 1823)

Furnarius rufus (Gmelin, 1788)

COTINGOIDEA Bonaparte, 1849

TITYRIDAE Gray, 1840

TITYRINAE Gray, 1840

Pachyramphus viridis (Vieillot, 1816)

TYRANNOIDEA Vigors, 1825

RHYNCHOCYCLIDAE Berlepsch, 1907

TODIROSTRINAE Tello, Moyle, Marchese & Cracraft, 2009

Hemitriccus diops (Temminck, 1822)

TYRANNIDAE Vigors, 1825

ELAENIINAE Cabanis & Heine, 1860

Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824)

Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822)

Capsiempis flaveola (Lichtenstein, 1823)

TYRANNINAE Vigors, 1825

Myiarchus ferox (Gmelin, 1789)

Myiarchus tyrannulus (Statius Muller, 1776)

Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766)

Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766)

Myiozetetes similis (Spix, 1825)

Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819

FLUVICOLINAE Swainson, 1832

Cnemotriccus fuscatus (Wied, 1831)

TROGLODYTIDAE Swainson, 1831

Troglodytes musculus Naumann, 1823

Pheugopedius genibarbis (Swainson, 1838)

TURDIDAE Rafinesque, 1815

Turdus leucomelas Vieillot, 1818

PARULIDAE Wetmore et al., 1947

Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830)

ICTERIDAE Vigors, 1825

Cacicus haemorrhous (Linnaeus, 1766)

THRAUPIDAE Cabanis, 1847

Coereba flaveola (Linnaeus, 1758)

Tangara sayaca (Linnaeus, 1766)

Tangara cayana (Linnaeus, 1766)

Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766)

Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823)

Tiaris fuliginosus (Wied, 1830)

FRINGILLIDAE Leach, 1820

Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766)

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A rique za média obtida entre os blocos pa ra cada ambiente, foi de 16 pa ra Ma ta; 17,33 para Eucalipto e 15,66 para Pasto. Como pode ser obse rvado no Gráfico 1, não houve difere nça e sta tistica mente significa tiva para a riqueza, quando se compa ra os dife re nte s ambientes.

Gráfico 1 . Riqu ez a de espécies encontrad a par a os três amb ientes e s eus respectivos d esvios padr ão.

Ao analisar qual dos a mbientes mais se asse melha ao ambiente da Ma ta, e m te rmos de composição de espé cies, foi observa do que os eucaliptais compa rtilha m cerca de 40% da s espé cie s e ncontra das nos fra gmentos de Ma ta, en qua nto as pastagens compa rtilha m cerca de 30%. Poré m, essa dife re nça não foi significa tiva, como pode ser visto no Grá fico 2.

Gráfico 2. Po rcen tag em de esp écies co mpar tilh adas entr e o amb iente Mata e os outros do is ambientes es tudados, Eucalipto e Pasto.

A aná lise de similarida de (G ráfico 3) mostrou que a composiçã o de espé cies é seme lhante, com poucas dife re nça s entre os trê s ambientes. Gra nde pa rte das espé cies e ncontra das estã o presentes em pelo menos dois a mbie nte s (N = 23), sendo que oito dentre estas estã o presente s nos três a mbie nte s. O número de espé cies exclusivas de cada a mbie nte é pra tica mente o me smo. Isso pode ser observa do na Figura 2.

Gráfico 3 . Análise d e similarid ad e na composiç ão de espécies en tre os tr ês ambientes estudados .

Figura 2. Diagr ama de Venn mostrando o número de espécies co mp artilh adas e exc lusivas nos ambientes estudados.

No diagra ma acima, ve mos que ma tas e eucaliptais compa rtilha m 16 e spé cies, matas e pastagens compa rtilha m 10, pastagens e eucaliptais compa rtilha m 13.

D I SC USSÃ O

De acordo com Lens et al. (2002), o que pode determinar a presença de uma espécie e m um ambiente de gra da do é sua mobilidade e sua tolerâ ncia à de teriora ção do há bita t. As aves sã o um grupo de muita mobilidade, e os re sulta dos sugerem que, na pa isa gem fragme nta da da á rea de estudo, nenhum ambiente re presenta uma forte ba rre ira à movime nta çã o da av ifa una ali e ncontrada. Dessa forma, a pre sença das aves nos locais depe nde do grau de de terioraçã o dos a mbie nte s e da tole rância das ave s a o impacto. Como a composição de espécies não dife riu significa tiva mente e ntre os locais, espe ra-se que a maioria das aves encontra da nã o seja sensível às diferenças e ntre os e cossiste mas.

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Devido a e sca la na qual foi realiza da a cole ta de dados, cada bloco ana lisa do pode es tar funciona ndo como uma me sma comunida de, com gra nde parte das espé cies se deslocando e ntre ma is de um ambie nte. Os efe itos do uso do solo, modifica ção de ha bitat e fragme nta çã o provave lme nte podem ser me lhor perce bidos numa escala maior, da da a a lta capa cida de de de sloca me nto que as ave s possuem.

A de gra da ção de habitat dentro dos fra gmentos de mata pode ser um importa nte de te rmina nte da habilida de de espé cies pers istirem no inte rior dos mesmos (Ma rsden et al. 2001). Os fra gme ntos avalia dos são pe que nos, possuem poucas árvores largas e um dossel menos de nso se compara dos à mata do PERD, mais conserva da. O ta ma nho dos fragme ntos fa z com que, me smo seu inte rior, esteja muito sujeito ao efeito de borda, que ge ra uma composiçã o vege ta l muito difere nte do interior de mata (Oliveira et al. 2004). Dessa forma, não conse gue m mante r uma riqueza de aves muito dife re nte dos a mbientes (pasto e eucalipto) em sua adja cê ncia.

Ao mesmo te mpo, a de tecção da presença de uma espé cie em um a mbiente nã o s ignifica que a me sma este ja fa ze ndo uso da que le habita t, podendo ela estar somente se deslocando. Assim, com estes resultados não pode mos afirma r que os locais estudados contribue m da me sma forma pa ra a conserva ção das espé cies de Mata. Para tanto, deve m ser a nalisados aspe ctos como disponibilida de de espaços para nidifica cão, a lime nto e outros recursos, além das condições a bióticas de ca da escossite ma.

A G RA DE CI ME NT OS

Agrade ce mos a o Progra ma de P ós G raduação em Ecologia, da UFMG, pe la exce lência, organiza ção e profissiona lismo na rea lizaçã o do curso de ca mpo e de tantos outros eventos e disciplinas. Aos professore s, tutores e cole gas que colabora ram e m diversos momentos da construçã o deste tra balho e de nossa forma ção. Agra de ce mos també m ao Parque Estadual do Rio Doce e todos se us funcionários, pelo a poio, infraestrutura, disponibilida de e conse rvaçã o de um ecossiste ma único.

RE FE RÊ NCI AS BI BLI OG RÁ FI CA S

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PREDAÇÃO DE LAGARTAS ARTI FICIAIS EM DIFERENTES USOS DO SOLO

Mariana P. Lara¹ & Pedro B. Garcia¹§

1.Depa rta me nto de Biologia Ge ral, Universidade Federa l de Minas G era is, Bra sil

Palavras -chave: zona de amorte cime nto, modelos de la rvas de Le pidoptera, fragmenta ção, inte raçõe s intere spe cíficas, Ma ta Atlântica, estra to vege ta l.

§Autor corresponde nte: pe drog4rci4@gma il. com

RE S UMO

Rece nte me nte, expe rime ntos com pre daçã o em modelos a rtif iciais tê m sido utiliza dos pa ra me nsurar a pre dação sobre inse tos e ta mbém sobre répteis em florestas tropicais. Neste trabalho, utiliza mos uma aborda ge m expe rimental s imila r pa ra avaliar se a frequência de preda çã o sobre modelos a rtif iciais de laga rta s sofre muda nça s em paisa gens com três dife re nte s usos do solo: eucalipta l, floresta se cundá ria e pasto. Para ta nto, desenvolvemos a seguinte hipótese: a fre quê ncia de pre dação é ma ior em ambientes com maior modificaçã o da e strutura da vegeta çã o, sendo que se rá mais eleva da no pasto devido à maior exposição das laga rta s a preda dore s. O tra balho foi realiza do no entorno do Parque Estadual do R io Doce, o maior rema nescente de Mata Atlântica de Minas Gera is, e os loca is de amost ragem compuse ram trê s blocos forma dos pe los a mbiente s:

fragme nto de ma ta se cundá ria, e uca lipta l e áre a de pasto. Pa ra ava lia r a frequência de pre daçã o de laga rta s e m ca da um dos três tipos de ha bita t, confe ccionamos 90 laga rta s a rtif iciais. Um total de 52 laga rta s (57,7%) fora m predadas durante as 72 h de exposiçã o. A fre quê ncia de preda ção foi significa tiva me nte maior pa ra as la gartas coloca das no pasto, onde 76,6% destas fora m preda das. As porce ntage ns de pre daçã o para os a mbie ntes de mata e euca liptal não diferira m entre si de forma significa tiva, se ndo que para o primeiro a mbiente observou-se uma fre quê ncia de pre daçã o de 50% e para o eucaliptal, esta foi de 46,6%. A intensida de maior de pre da ção no pasto compara da com a que ocorreu na ma ta e no e uca lipta l pode ter ocorrido devido às dife renças e struturais da ve getaçã o.

I NT ROD UÇ Ã O

As inte rações consumidor-recurso são a pena s um dos muitos tipos de inte rações e ntre as espé cies que influe nciam as populações e sua ev oluçã o a través da sele ção na tura l. Esta s inte ra çõe s de finem a estrutura das comunidades e siste mas biológicos e influe nciam o se u funciona mento. Elas ta mbém rea lça m a influê ncia de cisiva do ambie nte biológico sobre o comporta mento dos indivíduos, a de mografia das populações e a evolução das espé cie s (Rickle fs 2010). As re lações pre dador-presa, herbív oro-pla nta e parasita-hospe deiro sã o toda s exemplos das intera ções consumidor-recurso,que organiza m as comunidade s biológicas em ca deia s alimentare s, ao longo das quais a ene rgia dos alimentos é passada através do e cossiste ma. É típico de inte rações consumidor-re cursoque os consumidores se bene ficie m individualme nte e seus números possam aume nta r, e nquanto as popula ções recurso diminu em (Rick lefs 2010). Assim, e nqua nto a ene rgia e os nutrientes se move mpa ra cima numa ca deia alimentar, as populações sã o controlada s tanto por

baixo, pelos re cursos, qua nto por cima, pelos consumidores.

Dentre a s inte ra çõe s consumidor-recurso, destaca -se a pre daçã o, que corresponde ao consumo de um organismo (a presa) por outro orga nismo (o predador), sendo que a presa está viva quando o pre dador a ataca (B egon et al. 2006). É comum associar a pre dação a e feitos nociv os sobre as popula ções de presa s, uma vez que os preda dores retira m indiv íduos dessas populações. No e nta nto, ne m sempre esses efeitos são assim tão prev isíve is. Norma lmente, os indivíduos que sã o mortos (ou prejudica dos) são aque les com o menor potencia l pa ra contribuir para o futuro da popula ção. Além disso, deve haver mudanças compe nsa tórias no crescimento, sobrevivê ncia ou reprodução das presas sobrevive nte s: elas pode m ter me nos competiçã o por um re curso limita nte, ou produzir mais f ilhotes, ou outros pre da dores pode m a taca r me nos presas (Begon e t al. 2006). Ou seja, enquanto a preda çã o é ruim pa ra a presa que é morta, e la pode ser boa para aque las que não sã o. Dessa forma, os preda dores afeta m a distribuição e a a bundância da s espé cie s,

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desempe nhando o pa pel de controle das populações (Begon et al. 2006, Rickle fs 2010).

Diante da importância das intera ções p re dador-presa para a e struturaçã o da s comunida des biológica s, infe re -se que alterações na paisage m pre judicariam a dinâmica de funciona me nto dos e cossiste mas como um todo. A maior a mea ça à divers idade biológica é a perda de ha bita t, sendo que, alé m de estarem sendo destruídos rapida me nte, os habita ts que ante riorme nte ocupava m gra nde s á reas, são frequente me nte divididos em pe que nos peda ços, pelas estra das, campos, cida des, e um gra nde núme ro de outras ativida des humana s (Primack & Rodrigues 2001). A fra gmentaçã o do habitat é o processo pe lo qual uma grande e contínua áre a de ha bitat é tanto reduzida e m sua á rea, qua nto dividida em dois ou mais fra gme ntos (W ilcove e t al. 1986, Shafe r 1990). Esses fra gme ntos sã o fre que ntemente isola dos uns dos outros por uma paisa ge m a lta me nte modificada ou degradada (P rima ck & Rodrigues 2001).

Nesse cená rio de intensa fra gmentaçã o de ha bitats, destaca -se a destruição da Mata Atlâ ntica. Esse bioma possui conce ntrações excepciona is de espécies endê micas e ve m passa ndo por uma enorme pe rda de habita t, motivos que o cara cteriza m como um “hotspot” da biodivers ida de (Myers et al. 2000). Em déca das re ce nte s, a Ma ta Atlâ ntica foi qua se que inteiramente devasta da para a produção de cana-de-açúcar, café e ca cau, restando me nos de 5 % da floresta original (Mye rs 1986). Os re ma nescentes nativos estão divididos e m fra gmentos isolados que, provavelmente, não sustentam mais popula ções de muitas e spé cie s com á reas de vida exte nsas (Primack & Rodrigue s 2001).

A fra gmenta ção de habita ts provoca impa ctos nega tiv os sobre a biodive rs ida de, inte nsificando os efeitos de borda, que criam condições microclimá ticas desfav oráve is – modificando a luminosidade, tempe ratura e umida de – e altera m inte rações bióticas – prov oca ndo, por exemplo, muda nça s na distribuição e a bundância de pre dadore s e culminando em um aumento das pressões de pre dação. Tais alte rações podem levar ao declínio e à extinçã o local de espé cies estrita mente florestais (Wilcove e t al. 1986, Laurance 1991, Fa hrig 2003).

Rece nte me nte, expe rimentos com pre dação artif icial têm sido utilizados pa ra mensura r a preda ção sobre inse tos he rbívoros (B rodie & Moore 1995, Loiselle & Farji-B re ner 2002) e ta mbé m sobre cobra s (B rodie 1993, Brodie & Janzen 1995, Hinma n et al. 1997, Pfennig et al. 2001) em flore sta s tropica is. Koh & Menge (2006) conduzira m um estudo com modelos artificia is de larvas de Le pidoptera para testar as

respostas das borbole tas tropicais à fragmenta ção florestal. P ara isso, basea ra m-se na s hipóteses de que a taxa de preda çã o sobre as laga rtas diminui da borda da floresta para o interior; ta l taxa é maior em cla reiras do que sob o dossel; e a taxa de pre daçã o é maior em uma ilha ve rdade ira do que e m um fragme nto florestal.

No presente traba lho, utiliza mos uma abordagem experime ntal s imila r pa ra avaliar se a frequência de pre dação sobre mode los a rtificia is de la ga rta s difere em paisage ns com três dife re nte s usos do solo: pla nta ção de e uca lipto, fragme nto de flore sta secundária e pasto. N ós levanta mos a seguinte hipótese: a fre quê ncia de pre dação de modelos artificia is de larvas de Lepidopte ra é maior em ambientes com maior modificaçã o da e strutura da vegeta çã o original. Dessa forma, e spe ramos que a frequência de pre daçã o seja ma is e leva da no pasto devido à ma ior homogene ida de do estra to vegeta cional ne ste a mbiente, que tornaria as presas mais v ulneráve is a os pre dadores.

MÉ T OD OS

O estudo foi rea liza do em Agosto de 2014, em proprie dades particulares na zona de a mortecimento do Pa rque Esta dual do R io D oce (PERD), em Minas Gerais, na re giã o do médio R io D oce. Cria do pe lo Decre to-Lei nº 1.119, de 14 de Julho de 1944, o PERD é uma Unidade de Conse rvaçã o gerida pelo Instituto Estadual de Florestas de Minas Ge rais, e e stá localiza do e ntre os meridianos 42° 38’W e 42° 28’W e os pa ralelos 19° 45 ’S e 19° 30’S. Sua á rea a bra nge os municípios de D ionís io, Ma rliéria e Timóteo. Possui uma á rea de 35.976 ha e 120 k m de períme tro que inclue m uma ve geta çã o de Ma ta Atlâ ntica e ce rca de 40 la goa s (IEF 2014).

Os sítios e scolhidos para este estudo foram represe nta dos por três blocos (Figura 1), sendo que cada bloco foi composto por três áre as forma das pre dominante me nte pelos seguinte s tipos de ha bita t: euca lipta l, f loresta se cundá ria e pasto. Pa ra ava lia r a frequência de pre da ção de la gartas em ca da um dos três tipos de ha bita t, confe cciona mos 90 la gartas artificia is utiliza ndo ma ssa de modela r atóxica. A malea bilidade do ma terial possibilita que o pre dador deixe suas impressões após interagir com os mode los, forne cendo evidência s de pre dação ao pesquisador, que pode e ntã o re cupera r a s laga rta s a rtif iciais (Brodie 1993). Para simplifica r, a partir daqui iremos nos re ferir a os mode los a penas como laga rtas, e a os três a mbie nte s amostra dos como Mata, Pasto e Eucaliptal.

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Figura 1: Vista aérea d as áreas do entorno do PERD util izad as n este estudo . BL1= Bloco 1 ; BL2= Bloco 2; BL3= Blo co 3 ; M= h abitat de mata (floresta secund ária); E= hab itat de eucal ipto; P= habitat d e pasto . Fonte: Google E arth .

As la ga rta s fora m confe ccionada s se guindo um padrão de colora ção existe nte na re giã o (observa ção pessoal) não-críptico e nã o-a posemá tico. Elas foram construída s sobre bases e la borada s com pa litos de made ira, e para a futura fixa çã o das laga rta s nos substratos, um pe daço de linha foi a ma rra do em volta de ca da palito. A massa de modela r foi a plica da em volta dos esqueletos, resultando em laga rta s de forma to cilíndrico com 30 mm de comprime nto e 5 mm de largura. Assim como no estudo de Barce los et al. (2011), durante todo o processo de manuse io do material utilizamos luvas de sca rtáve is pa ra evitar que odore s huma nos pude sse m inte rfe rir no expe rime nto.

Fora m coloca das 30 la gartas por bloco, se ndo 10 em cada tipo de habita t. Os mode los foram distribuídos ao longo de um transecto linear, sendo uma la ga rta fixada – e m algum ra mo em a mbiente de ma ta e euca lipta l, e no capim ou ra mo de a rbusto no

ambiente de pasto – a cada de z me tros. C onforme suge rido por Koh & Me nge (2006), uma ve z que a proba bilidade de pre daçã o pode ser a fetada significa tiva me nte por diferentes substratos, este estudo padronizou o tipo de substrato sobre o qual os modelos a rtif iciais fora m instala dos, evitando assim que os resulta dos e conclusões fossem te nde nciosos.

As la gartas pe rmane ceram e m campo por 72 hora s, sendo e ntão fotogra fada s e recupe ra das para a nálise em la bora tório. Elas foram classifica das e m duas cate gorias: nã o-pre dadas – quando não havia marcas visíveis nos mode los – e preda das – quando havia evidê ncias de a taques de pre dadores (Figura 2). Para verifica r se houve dife rença na frequência de pre dação e ntres os três a mbie nte s amostra dos, realiza mos o teste do qui-quadrado no programa Excel 2013.

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Figura 2: E xemplos d e mod elos d e lagar tas s em evidên cia de p red aç ão – can to superio r à esquerda – e co m d ifer entes evid ências de pred aç ão.

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RE S U LT AD OS

Um total de 5 2 la ga rtas (57,7%) foram preda das durante a s 72 h de exposiçã o, se ndo que a pre da ção foi ma is intensa no Pa sto (Figura 3). A frequência de pre dação foi maior pa ra as la gartas coloca das neste ambiente (X² = 6,649; gl = 1; p = 0,035), onde das 30

laga rta s de posita das, 76,6% fora m pre dada s (N = 23). As porcenta gens de pre daçã o pa ra os ambie nte s de Mata e Euca lipta l não diferira m entre si de forma significa tiva, sendo que pa ra o primeiro a mbie nte, observou-se uma fre quê ncia de preda çã o de 50 % (N = 15) e para o e uca lipta l, esta foi de 46,6% (N = 14).

Figura 3: Co mp aração d as frequên cias d e pred aç ão entr e os tr ês ambien tes amostrados no ento rno do PERD, ilustr ando maio r porcentagem d e pred aç ão par a o ambiente de Pasto (X² = 6,649; gl = 1; p = 0,03 5).

D I SC USSÃ O

A inte nsida de maior de preda çã o no Pasto comparada com a registra da para Ma ta e pa ra o Eucaliptal pode ter ocorrido devido às difere nças e struturais da vegeta çã o. A ve ge taçã o mais homogênea da pastage m pode ria favorece r algumas espécies pre dadoras de laga rtas – como formigas – que torna r-se-ia m ma is abundantes e, conse que nte me nte, aume nta ria m a intensida de de predaçã o neste ambiente. Ainda, no Pasto as la ga rtas e sta ria m mais expostas a predadore s como aves. De acordo com Krabs & Dav ies (2003), as larvas de Le pidoptera buscam refúgios em loca is como troncos ve lhos ou na parte a baxial de folhas. N o Pasto, estes refúgios seria m escassos, uma ve z que este a mbiente apresenta um estra to vege ta l com poucas espécies de pla ntas. Esta simplifica çã o da estrutura ve ge tal diminui as chances de as la ga rtas se escondere m de pre dadores.

Nos ambientes de Mata e Eucaliptal, as porcentagens de pre daçã o fora m simila res (50% e 46,6%,

respectiva mente) e não diferira m de forma significa tiva, possive lme nte dev ido à maior simila ridade e ntre e ste s dois habitats e m compa ra ção com o Pasto. P or exemplo, nos dois a mbie ntes é possível e ncontrar os estratos de sub-bosque, bosque e dossel.

Estudos e nvolvendo preda ção de modelos registra ram uma maior pre daçã o por insetos em compa ra ção com a frequência de pre da ção por ave s. Assim, é possível que o Pasto a presente uma maior abundâ ncia de a rtrópode s carnívoros, como formiga s, que aume nta ria m a intensida de de preda çã o de laga rta s neste a mbiente. Como o presente estudo foi realiza do na época da seca, sugerimos que e le seja complementado com cole tas futuras realiza das na época chuvosa, pois variações na s condições climá ticas pode m resultar em flutuações na abundâ ncia de pre dadore s e, consequente mente, na intensida de de pre daçã o de larvas de Lepidoptera. Sendo assim, os resultados em pe ríodos chuvosos poderiam se r muito difere nte s daquele s registrados no período da seca.

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Os expe rimentos de pre da ção que utilizam modelos artificia is pode m nã o representar de fato as taxas natura is de pre da ção (B rodie 1993, Berry & Lill 2003). Isto pode ocorre r, por exemplo, devido às dife renças de cheiro e colora çã o entre os mode los artif iciais e as presa s rea is, que podem representar pistas se nsoriais distinta s aos preda dores (B rodie 1993). A coloração e padrõe s nos ané is parece m a fe tar a pre dação em milípede s artif iciais (Brodie & Moore 1995) e em cobras (Brodie 1993, Brodie & Ja ze n 1995, Hinma n et al. 1997) pela avifauna, e é provável que sinais químicos també m influenciem a pre daçã o de modelos artificia is de la rvas de Lepidoptera por a rtrópode s.

No entanto, estudos que utiliza m mode los artif iciais para me dir a pre da ção, possibilitam uma rá pida e padronizada me dida das taxas rela tivas dessa intera ção (Brodie 1993). O rápido a cesso a este tipo de informa ção é funda mental pa ra a conserva çã o, principalmente nos trópicos, onde as florestas têm sido desmata das a taxas a larma nte s e os estudos de longo pra zo são limita dos pe la falta de recursos (Laurance 1999).

Alé m disso, estudos como e ste são importa n tes, pois considerando o ce ná rio a tua l no que tange ao contínuo desmatame nto de áreas nativas pa ra dar luga r a difere ntes usos do solo, podemos e ncontrar evidê ncias de mudanças ta mbém nas inte rações intere spe cíficas, como a pre daçã o. Essa s mudanças são capa zes de modificar a dinâmica popula cional de diversas espé cies, com fortes implicações para a área da Biologia da Conserva çã o. Por exemplo, a tra nsforma ção de um ha bita t na tural re pre senta a perda de ha bitat para algumas espécies que não podem mais pe rma ne cer na que las área s e que, porta nto, sã o ex tintas loca lme nte. As que persiste m, por sua vez, podem vir a sofre r e m longo prazo com as mudanças na inte nsida de de pressões seletivas locais, como o aume nto da frequência de pre da ção.

Os resulta dos deste estudo de monstra m que dife re nte s usos do solo podem afe tar a porcentagem de predaçã o de laga rtas també m de forma distinta, sendo que no a mbie nte que sofreu maior modifica ção do estra to vegeta l, registra mos a ma ior fre quê ncia de pre dação. P oré m, nossos resultados corroboram nossa hipótese inicial a penas parcia lmente, pois as frequências de pre da ção pa ra os ambie ntes de Ma ta e Eucaliptal não dife riram significativame nte.

Por fim, a homoge neida de da estrutura da vege ta ção e a e levada a bundâ ncia de artrópodes no Pas to pare ce m se r fatores de terminantes para a maior porce ntage m de preda çã o registra da neste a mbie nte. Na Mata e no Euca lipta l, por sua vez, a maior complexidade estrutura l da vege ta ção – promov ida pela existê ncia de a o me nos três estra tos ve ge tais (sub-bosque, bosque e dosse l) – pode ser responsável

pela similarida de e ntre as porce ntage ns de pre da ção registra das. No entanto, é possível que o esforço amostral utilizado neste estudo nã o tenha sido suficie nte para evidencia r dife re nças entre estes dois ambientes. De ssa forma, suge rimos que estudos de maior duraçã o se ja m re aliza dos.

A G RA DE CI ME NT OS

Agrade ce mos a o tutor Joã o C. Pe na pela ajuda em campo e na e labora çã o do projeto. Ao professor Tadeu G uerra pelos e nsina mentos sobre modelos artificia is. Aos tutore s Arle u Viana e Ana Filipa Palme irim e ao professor Fre de rico Neves pela ajuda com as a nálises estatísticas. Ao Elídio pelo a uxílio no tra nsporte. E um agradecime nto e m especial a os compa nheiros da ediçã o 2014 do curso de campo da UFMG pela ajuda na confe cção dos modelos artificia is.O proje to foi realiza do com o auxílio do Progra ma de P ós-G radua ção e m Ecologia, Conserva ção e Mane jo da Vida Silvestre da Universidade Fede ral de Minas Ge rais e com o a uxílio do Instituto Esta dual de Florestas de Minas Ge rais (IEF) e do Pa rque Estadual do Rio Doce.

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RELAÇÃO ENTRE COBERTURA DE MAC RÓFI TAS E AVES DE AMBI ENTES AQUÁ TICOS

Pedro H.V.B.P. da Silva1§& Rayana M. Souza2

1.Depa rta me nto de Zoologia, Univers ida de Federa l de Minas Ge rais, Brasil

2.Departa mento de Biologia Gera l, Univers ida de Fede ral de Minas Ge rais, B rasil

Palavras -chave: siste ma lacustre, aves a quá ticas, D om He lvécio, lagoa.

§Autor corresponde nte: pe drohenriquevbpsilva@gmail. com

RE S UMO

Variáve is a mbie nta is e fa tores biológicos são frequente me nte re lacionados à estrutura ção de comunidade de aves a quá ticas. A presença de macrófitas de te rmina uma re te nçã o de organismos límnicos próximos à margem, de te rmina ndo uma região com eleva da bioma ssa e alta produtividade. Em siste mas la custres, a s aves aquática s possue m um pape l importante pa ra processos ecológicos como cicla gem de nutrie ntes e biogeogra fia de outros organismos que tra nsporta m de dive rsas mane ira s, como por exe mplo na s pena s. Desta forma, tivemos como objetivo inve stiga r a possível re la ção entre a cobertura de macrófitas e a dive rsida de de aves aquá ticas na la goa D om H elvé cio, localizada no Parque Esta dua l do R io Doce, Mina s Gera is. A coleta

de dados foi fe ita a partir de obse rvaçã o direta, com 10 minutos de observa ção e m ca da ponto, ao longo de toda a exte nsã o da lagoa dura nte trê s dia s. Totalizando 40 pontos amostra is, e m um esforço de 6,7 hora s de observa ção. A cobertura de ma crófitas foi a partir da ca tegorizaçã o por porcentage m de cobertura e m cinco classe s. Nã o foi e ncontrada rela ção significativa entre a divers ida de de aves aquá ticas e a cobertura de ma crófita s no la go estuda do. Fora m obse rvada s 16 espécies de aves aquá ticas ao longo da lagoa, de ntre estas as mais abunda ntes observa das fora m Croto phaga m ajor e Egretta thula. Enquanto que a s e spé cie s mais ra ras fora m Ros trhamu s sociabilis e Cairina mos catha.

I NT ROD UÇ Ã O

Fatores abióticos como a profundida de da água e fatores bióticos como a composiçã o florística e a fitofisionomia da vegeta çã o associa da ao a mbiente aquá tico sã o fre que nte me nte rela ciona dos a estrutura çã o das comunidades de ave s aquá ticas (Pime nta et al. 2007, Bancroft et al. 2002). Portanto variações te mpora is ou espaciais destes recursos interfere m dire tamente na distribuição de aves aquá ticas de uma comunidade (Pimenta et al. 2007).

As macrófitas a quá ticas contribuem fortemente para a dive rsida de biológica nos ecossistemas límnicos apresentando eleva da biomassa e a lta produtividade, desempe nhando importante pa pel no ciclo de nutrientes e fluxo de ene rgia. São ca pazes de esta bele ce r uma forte liga çã o entre o s istema aquá tico e o ambie nte te rrestre que o circunda (Esteves 1998).

Portanto a pre sença da comunida de de ma crófitas está re lacionada com o grande núme ro de nichos ecológicos e a vasta dive rsidade de espé cie s animais observadas na s re giões litorâne as, uma vez que servem de abrigo a anima is nectônicos e bentônicos, promovendo ta mbé m refúgio pa ra pequenos animais em fuga dos gra ndes pre dadores. Sendo assim lagos

com presença de macrófitas a briga m uma rica comunidade de inve rtebrados e pe ixes que a trae m um gra nde núme ro de aves (Brum & Esteves 2001).

As aves a quá ticas també m exercem importantes funçõe s ecossistêmica s e funcionam como indicadoras das condições do a mbie nte e da produtivida de dos s istema s ecológicos (Rodrigues et al. 2007). Elas exe rce m um impa cto conside rável sobre a ciclage m de nutrientes, biomassa de macrófitas e pe ixes, por sere m orga nismos de grande porte e possuírem a lto requerime nto e nergé tico. São importa ntes també m na bioge ografia de outros sere s, atua ndo como dispe rsoras de microrganismos, inverte bra dos, seme nte s e ovos, através da regurgitaçã o, defe ca ção ou ca rrega ndo nas suas plumas e pe nas (W eller 1999, Sanchéz e t al. 2006).

Aves aquáticas sã o todas as espécies de pe nde ntes de áreas úmida s, podendo ser continenta is ou marinhas (Perello 2006). Muitas das espécies deste grupo de aves são migra tórias e/ou realiza m deslocamento entre áreas úmidas que de te rmina m importantes variações te mpora is na composição e a bundâ ncia das comunidade s de aves aquática s (W iens 1989 apud Perello 2006). Este s de sloca me ntos muitas ve zes são reflexos das flutua ções na disponibilidade de re cursos. A oferta de alime ntos está re laciona da a muda nças na

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cobertura vegeta l e na disponibilidade de á gua ou amba s, ou seja, conse quê ncias das va ria ções nos ciclos hidrológicos (B olduc & Afton 2004 apud Pe rello 2006).

Estes a nimais sofre m de uma a lta taxa de ex tinçã o e vem sofre ndo severos declínios, exigindo ações emerge nciais para prevenir extinções e evitar rompime nto de funções ecossistêmica s (Accordi & Barcellos 2006). Mínimas a ltera ções do habita t como dre nagem, a terra mento, desma tamento e alte rações do flux o de á gua como aqueles provenientes de construçã o de barre iras, já sã o capa zes de modificar as popula ções de aves aquáticas. Porta nto trabalhos que visa m a distribuição espacial e/ou te mporal de aves aquá ticas sã o muito importa ntes pa ra verificar a utiliza ção de dife rentes ha bitats de a cordo com a esta bilidade das á reas utiliza das pa ra forrage io e/ ou reprodução.

O objetivo deste tra balho foi avaliar uma possível rela ção entre a cobertura de ma crófitas e a diversidade de e spé cie s de aves aquática s no la go Dom Helvé cio, em Minas Ge rais. Para isto testa mos a seguinte hipóte se: Qua nto ma ior a cobertura de macrófitas maior será a divers ida de de aves a quá ticas.

MÉ T OD OS

Á rea d e tr abalho

Otra ba lho foi re a liza do na la goa D om H e lv é cio, loca liza do no Pa rque E sta dua l do R io D oce, município de Ma rlié ria, D ionís io e Timóte o – Mina s Ge ra is. O pa rque a pre se nta 3 5. 970 ha de e x te nsã o, se ndo o ma ior fra gme nto de floresta tropica l do esta do. O pa rque possui um gra nde s iste ma la custre composto por qua re nta la goa s, se ndo a la goa D om He lvé cio (Fig. 1) a ma ior e m e x te nsã o, a pre se nta ndo 6, 7 k m2 de á rea e 32,5 me tros de profundida de no ponto ma is profundo.

Figura 1: Map a do Parque Estadu al do Rio Doc e, L agoa Do m Helvécio em d estaque. Fonte: Instituto Min eiro de G estão das Águas (IGAM- MG) . A l inha con tínua indic a os limites do PERD .

C ol et a d e d ad o s

A cole ta de dados foi fe ita a pa rtir de pontos de observação dire ta ao longo de toda a extensã o da lagoa Dom H elvécio. Foram fe itos 40 pontos de observação em três dias (Fig.2), com dura çã o de dez minutos e m ca da ponto, tota lizando 400 minutos (6,7 horas) de obse rvaçã o. Durante o te mpo de observação em cada ponto, os observa dores permaneciam em uma distâ ncia padrão da borda e avaliavam a re giã o de borda da lagoa de ntro de um campo de visão padronizado. Foi levantado o núme ro de espécies de ave s aquática s que utilizavam ou permaneciam na borda da lagoa e sua s respectivas abundâ ncias, alé m da porcenta gem qua litativa da cobertura de macrófitas na borda pelas se guintes classes: menor que 10%, e nte 10% e 25 %, e ntre 25 % e 50%, entre 50% e 75% e maior que 75%.

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Figura 2: Mapa co m a distribuiç ão dos 40 pontos amostr ais do estudo na lago a Dom Helvécio.

A n ál ises est at íst icas

Para avaliar o suce sso de amostra ge m da s espé cies de aves aquática s na área e studa da, utiliza mos o programa Estima teS, versã o 9. 1 (C olwell 2013) para faze r uma curva de acumula çã o de espécies base ada em amostras. Para ide ntifica r as espécies mais abunda ntes e as espé cies mais ra ras do nosso estudo, construímos um gráfico de fre quê ncia rela tiva utilizando os dados de abundância obtidos. Para testar o efeito da cobertura qualita tiva de ma crófitas sobre a composiçã o da comunida de de aves aquá ticas,foi construido ummodelo linear gene ralizado(GLM), se ndo a composição da comunidade de aves aquá ticas a variável re sposta e a cobertura qualita tiva de macrófitas a variável explica tiva.

RESULTAD OS

Fora m observa das 16 espé cies de aves a quá ticas (Anex o 1), pe rtencentes a nove fa mílias e se te ordens dife re nte s. A orde m mais representativa foi a Peleca niforme e a fa mília mais re pre senta tiva foi a

Ardeidae (CB RO 2014). A curva de acumula çã o de espé cies de aves a quá ticas (Fig. 3) ba seada em amostras, não atinge uma assíntota mesmo com o esforço a mostral de 40 pontos, indica ndo que ex istem mais espécies que não foram observa das no estudo.

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Figura 3: Curva de acu mulação d e espéc ies de aves

aquátic as obs ervadas no L ago Do m Helvécio, MG , sendo

16 espécies amostrad as ao longo d e três dias em 40 pontos

amostrais .

O gráfico de fre quê ncia re lativa (Fig. 4) de cada espé cie de ave a quá tica a mostrada no estudo nos indica que ex istem ma is e spé cie s raras do que abunda ntes. Entreta nto vale ressa ltar que o período de a mostra ge m (três dias) pode ter influe nciado este resulta do, levando a uma baixa a mostrage m de cada espé cie no estudo. Não foi obse rvada uma rela ção significa tiva (p>0,05) e ntre a composiçã o da comunidade de aves a quá ticas e a cobe rtura qualita tiva de ma crófita s, não corrobora ndo a nossa hipótese de e studo.

Figura 4: Gr áfico de fr equênc ia r elativa d e cad a esp écie de

ave aquática amostr ada no Lago Dom Helvécio , MG . (r2 =

0.9615)

D I SC USSÃ O

A re laçã o entre cobertura de macrófitas e a diversidade de aves aquática s não foi observa da em nossos testes estatísticos. Possive lme nte, a cate goriza ção da cobe rtura de ma crófita s pode ter influe nciado nos resulta dos obtidos, uma vez que outros estudos mostrara m uma forte rela çã o entre estas va riáve is estuda das (B rum & Esteves 2001).

O levantamento de aves que utiliza m da la goa D om Helvécio apresentou um pa drã o espera do para qualque r comunidade estudada: espé cie s m uito abunda ntes e espé cies raras (Figura 4). Espé cies como Crotophaga majo r (G melin 1788), Egre tta thula (Molina 1782) e Aramu s gu arau na (Linna eus 1766) foram as espé cies mais obse rvadas e m toda a exte nsã o do la go. São espé cie s que e stã o intima me nte ligada s a corpos d’agua e utiliza m de re cursos que estão presentes nas mata s ciliares e/ ou no espelho d’a gua. A E. thu la é uma espécie ge neralista e cosmopolita, onívora e não

possui restriçã o qua nto ao ha bita t. A espé cie C. major é intima mente associa do a luga res a laga dos, ma tas densas e m be ira de rios, la goa s, mangue zais; vive m, gera lmente, dista nte s de ha bitações humanas. O carã o (A. guarauma) é uma e spé cie que se a lime nta de moluscos e estão associa dos a re giões de pâ ntano e lagoas. (Sick 1997, BirdLife Inte rnational 2013).

Espécies como C hlo roceryle amazona (La tha m 1790), Nyctico rax nyctico rax(Linnaeus 1758), Ros trhamus sociabi lis(Vie illot 1817) e Cairina mos catha (Linna eus 1758) fora m as espécies mais rara s observa das durante o leva nta me nto. Dentre estas qua tro espécies, o C. am azo na seria uma espécie subamostra da, uma vez que se re fere a uma e spé cie ampla mente distribuída pelo B rasil e altamente a ssocia da a re giões com rios e lagoas. A espécie C. moscatha de ntre às observadas é uma das mais ameaça das uma ve z que é muito cobiçada pe la ca ça e v ivem em rios e lagos com mata s ciliare s. (Sick 1997, B irdLife Inte rna tiona l 2013).

A G RA DE CI ME NT OS

Gosta ría mos de a gra de cer pelo apoio no ca mpo os professores Ta deu Gue rra e Fre derico Neves. Ao Elídio pe lo apoio na logística de tra balho e espe cia lme nte à Ana Filipa Pa lmeirim, a o Joã o Carlos Pena e Arleu Via na pelo apoio nas diversas s ituações enfrentadas por nós. Gosta ría mos de a gra de cer també m ao D om He lvécio e a o Tião por possibilitar a execução de ste trabalho. Agradece mos pelo a poio fina nceiro e estrutural à Pós-gra dua ção ECMVS, ao Parque Estadual do Rio Doce, à FAPEMIG, CAPES E CNPq.

RE FE RÊ NCI AS

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Anex o 1

Ordem, Família, Espécie Nome popularAnseriformes Linnaeus, 1758 Anatidae Leach, 1820

Anatinae Leach, 1820 Cairina moschata (Linnaeus, 1758) pato-do-matoCuculiformes Wagler, 1830

Cuculidae Leach, 1820Crotophaginae Swainson, 1837

Crotophaga major Gmelin, 1788 anu-corocaCoraciiformes Forbes, 1844

Alcedinidae Rafinesque, 1815Chloroceryle amazona (Latham, 1790) martim-pescador-verdeChloroceryle americana (Gmelin, 1788) martim-pescador-pequenoMegaceryle torquata (Linnaeus, 1766) martim-pescador-grande

Pelecaniformes Sharpe, 1891Ardeidae Leach, 1820

Tigrisoma lineatum (Boddaert, 1783) socó-boiNycticorax nycticorax (Linnaeus, 1758) savacuArdea cocoi Linnaeus, 1766 garça-mouraArdea alba Linnaeus, 1758 garça-branca-grandeEgretta thula (Molina, 1782) garça-branca-pequenaPilherodius pileatus (Boddaert, 1783) garça-real

Threskiornithidae Poche, 1904Phimosus infuscatus (Lichtenstein, 1823) tapicuru-de-cara-pelada

Gruiformes Bonaparte, 1854Aramidae Bonaparte, 1852

Aramus guarauna (Linnaeus, 1766) carãoRallidae Rafinesque, 1815

Gallinula galeata (Lichtenstein, 1818) frango-d'água-comumCharadriiformes Huxley, 1867

Jacanidae Chenu & Des Murs, 1854Jacana jacana (Linnaeus, 1766) jaçanã

Accipitriformes Bonaparte, 1831Accipitridae Vigors, 1824

Rostrhamus sociabilis (Vieillot, 1817) gavião-caramujeiroAramus guarauna (Linnaeus, 1766) carão

Rallidae Rafinesque, 1815Gallinula galeata (Lichtenstein, 1818) frango-d'água-comum

Charadriiformes Huxley, 1867Jacanidae Chenu & Des Murs, 1854

Jacana jacana (Linnaeus, 1766) jaçanãAccipitriformes Bonaparte, 1831

Accipitridae Vigors, 1824Rostrhamus sociabilis (Vieillot, 1817) gavião-caramujeiro

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