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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL SILVIA LEITE PACHECO INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS UTILIZADAS EM FAMILIARES DE DEPENDENTES QUÍMICOS E A EFICÁCIA DA TERAPIA COGNITIVO - COMPORTAMENTAL NESSE CONTEXTO São Paulo 2013

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA

COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

SILVIA LEITE PACHECO

INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS UTILIZADAS EM

FAMILIARES DE DEPENDENTES QUÍMICOS E A EFICÁCIA

DA TERAPIA COGNITIVO - COMPORTAMENTAL NESSE

CONTEXTO

São Paulo

2013

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SILVIA LEITE PACHECO

INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS UTILIZADAS EM

FAMILIARES DE DEPENDENTES QUÍMICOS E A EFICÁCIA

DA TERAPIA COGNITIVO - COMPORTAMENTAL NESSE

CONTEXTO

Trabalho de conclusão de Especialização

Área de Concentração: Terapia Cognitivo-Comportamental

Orientadora: Profa. Msc. Eliana Melcher Martins

Coorientadora: Profa. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon

São Paulo

2013

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AGRADECIMENTOS

À toda minha família pelo apoio e compreensão.

À Eliana Melchior e Élcio Martins pelos ensinamentos e amizade.

À Renata Alarcon pelo estímulo e paciência na orientação, tornando possível

a conclusão desta monografia.

Aos meus colegas do curso pelas trocas de experiências

Às minhas amigas queridas Helena, Mirelle e Pilar pela parceria.

À Maria de Fátima Rato Padin e Helena Sakyiama pela convite para participar

da pesquisa nacional de familiares de dependentes químicos que muito me

acrescentou.

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RESUMO

A necessidade da participação da família no tratamento do dependente Químico

(DQ) se mostra fundamental. Vários estudos identificam que a adesão ao tratamento

é muito maior quando a família é incluída. O objetivo deste estudo foi o de investigar

abordagens que somem técnicas eficazes tanto para o dependente químico como

para o familiar. As angústias da família e suas crenças em relação ao membro

usuário e a outras situações devem ser trabalhadas e não apenas incluir o familiar

como instrumento para a resolução de problemas do DQ. A metodologia utilizada

foi a busca de artigos publicados em revistas científicas entre 1999 a 2013. Além

dos artigos, foram pesquisados livros da área de dependência química e tratamento

para familiares, publicados no Brasil. Os resultados mostram várias abordagens para

familiares de DQ. Porém, a Terapia Cognitivo-comportamental se torna mais ampla,

pois atua com foco na reestruturação cognitiva para que haja mudança do

comportamento. Pode ser introduzida em outras abordagens e contempla o

dependente químico e o familiar. O sentimento do familiar é valorizado objetivando

melhorar a sua capacidade de lidar com os problemas existentes dentro ou fora

desse contexto.

Palavras-chave: Dependente químico, abuso de drogas, tratamento de familiares,

Terapia Cognitivo-comportamental e família.

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ABSTRACT

The need for the family participation in the treatment of the chemically dependent

(CD) is essential. Several studies indicate that adhesion to treatment is much greater

when the family is included. The objective of this study was to investigate

approaches that put together effective techniques for both the chemically dependent

and the family. The family anguish and their beliefs regarding to the user member

and other situations must be worked and does not only include the family as a tool to

solve the problem of the CD. The methodology used was the search for articles

published in scientific journals between 1999 and 2013. In addition to the articles,

books on the CD and family‟s treatment field published in Brazil have been

researched. The results show several approaches for the family of the CD. However,

Cognitive-behavioral therapy becomes wider as it operates with a focus on cognitive

restructuring to cause a change of behavior. May be inserted in other approaches

and it takes into account the chemically dependent and the family. The feeling of the

family is valued in order to improve their ability to deal with existing problems within

or outside this context.

Key-words: Chemical dependence, drug abuse, family therapy, cognitive-behavioral

therapy and family.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 –

......................................................................................... 28

Quadro 2 – Identificação de riscos ............................................................................ 31

Quadro 3 – Gatilhos e planos de proteção ................................................................ 32

Quadro 4 – Tipos de comunicação ............................................................................ 33

Quadro 5 – Reforços ................................................................................................. 34

Quadro 6 – Resolução de problemas ........................................................................ 36

Quadro 7 – Nomeação de atividades ........................................................................ 37

Quadro 8 – Estágios Motivacionais ........................................................................... 37

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 7

2 OBJETIVO .......................................................................................................... 13

3 METODOLOGIA ................................................................................................. 14

4 RESULTADOS ................................................................................................... 15

4.1 Intervenções Familiares ............................................................................... 15

4.2 Terapia Multifamiliar ..................................................................................... 15

4.3 Abordagem Sistêmica .................................................................................. 19

4.4 Terapia de família cognitivo-comportamental ............................................... 20

4.5 Terapia familiar comportamental .................................................................. 21

4.6 Modelo doença familiar ................................................................................ 23

4.7 Terapias integrativas .................................................................................... 23

4.8 Grupos de Apoio e Grupos de orientação familiar ....................................... 24

4.9 CRAFT ......................................................................................................... 28

4.9.1 Estrutura das nove sessões do CRAFT ................................................. 29

4.10 Terapia Unilateral ......................................................................................... 39

4.11 Aconselhamento Cooperativo ...................................................................... 39

5 DISCUSSÃO ...................................................................................................... 40

6 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 42

7 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 43

ANEXOS ................................................................................................................... 47

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1 INTRODUÇÃO

Dependência Química é uma doença crônica, irreversível e recorrente, sendo

comparada à diabetes e hipertensão. Caracteriza-se pela perda de controle do

consumo com qualquer substância psicoativa (FIGLIE et al, 2010).

O equilíbrio do sistema cerebral do individuo é abalado toda vez que ele faz

uso dessas substâncias e, consequentemente, surgem alterações que podem

determinar o aparecimento da dependência química. Ou seja, quanto mais cedo e

mais frequente for o uso da substância, maior a chance de se tornar Dependente

Químico (DQ).

A Dependência Química é uma doença bio-psico-social que acarreta

prejuízos em vários setores da vida do indivíduo, gerando problemas sociais,

familiares, físicos, psicológicos e psiquiátricos (FIGLIE et al, 2010). Sem tratamento

adequado, a tendência é a de que a doença piore cada vez mais.

As substâncias psicoativas podem ser classificadas como: depressora do

SNC (Álcool, Benzodiazepínicos, Solventes, Opiáceos), estimulantes do SNC

(Cocaína e Crack, Anfetaminas, Tabaco) e perturbadoras do SNC (Maconha, LSD,

Cogumelos, Ayahuasca, Anticolinérgicos encontrados em plantas como beladona).

ilícita

-cultural e político

conhecimento do fenômeno do uso de maconha, sua proporção e consequências. O

Segundo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD) investigou o padrão

de uso de maconha e, pela primeira vez, detectou os índices de dependência de

maconha em uma amostra que representa a população brasileira (LENAD, 2012).

No Brasil 7% da população adulta experimentou maconha na vida,

representando 8 milhões de pessoas. Para avaliar uso frequente consideramos o

uso no último ano, e neste quesito, se enquadram 3% da população adulta, que

equivale a mais de 3 milhões de pessoas. A idade de experimentação

bem como com o abuso de outras substancias. Mais de 60% dos usuários de

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maconha experimentaram a droga pela primeira vez antes dos 18 anos de idade

(LENAD, 2012).

Tendo em vista o contexto atual de discussão da legislação referente

maconha, a opinião publica sobre a legalização da maconha foi investigada na

população de 14 anos de idade ou mais. A maioria (75%) da população abordada

não concorda, 11% concorda com a legalização da maconha, enquanto 14% não

tem uma opinião formada (LENAD, 2012).

Em publicação recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil foi

apontado como uma das nações emergentes onde o consumo de estimulantes como

a cocaína – seja na forma intranasal (“pó”) ou fumada (crack, merla ou oxi) – está

aumentando, enquanto na maioria dos países o consumo está diminuindo (LENAD,

2012).

Devido a sua natureza hidrossolúvel, a cocaína pode ser usada por qualquer

via de administração. O crack, a merla, e o oxi, (ou pasta base), são apresentações

da cocaína para serem fumadas, enquanto, a cocaína em

intranasal, podendo também ser injetada na corrente sanguínea. Quase 6 milhões

de brasileiros (4%, da am alguma apresentação de

cocaína na vida. Este índice foi de 3% entre adolescentes representando 442 mil

jovens. No último ano, a prevalência de uso dessa droga atingiu 2,6 milhões de

adultos (2%) e 244 mil adolescentes, (2%) (LENAD, 2012).

A cocaína usada pela via intranasal é a mais comum, tendo sido

experimentada por 4% dos adultos, pouco mais de 5 milhões de pessoas, enquanto

2% a usou desta forma no último ano representando 2.3 milhões de pessoas.

, sendo de menos de 2% tanto no uso na vida

quanto nos últimos 12 meses representando 316 e 226 mil jovens respectivamente.

fumada,

(crack/merla e oxi) pelo menos uma vez na vida (1,4% dos adultos e 1% dos jovens).

Um em cada cem adultos usou crack, no último ano representando 1 milhão de

pessoas. O uso de cocaína fumada na adolescência foi mais baixo, 1% para o uso

na vida (150 mil jovens) e 0.2% de uso no último ano - cerca de18 mil pessoas

(LENAD, 2012).

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O Dependente Químico quando aceita se tratar, vive muito bem sem a

substância. Dentre vários tratamentos estão os atendimentos ambulatoriais,

internação, hospital dia, atendimento psicológico, psiquiátrico, reabilitação cognitiva,

grupos de auto-ajuda e religioso.

Podemos citar como referência o NIDA (National Institute on Drug Abuse) -

EUA, órgão vinculado ao Departamento de Saúde dos Estados Unidos, que

estabeleceu em 1999 os princípios do tratamento em dependência química, a partir

de dados provenientes de pesquisas cientificas e da prática clínica.

A missão do NIDA é liderar a nação em trazer o poder da ciência para

suportar o abuso de drogas e dependência química.

Seguem abaixo os 13 princípios de tratamento baseado em evidências

científicas elaborado pelo NIDA, podendo ser adaptados à realidade de cada país e

ou região:

;

O Tratamento necessita ser facilmente disponível;

Tratamento deve atender às várias necessidades e não somente ao uso

drogas;

O tratamento necessita ser continuamente avaliado e modificado de

acordo com as necessidades;

Permanecer em tratamento por período

efetividade;

Aconselhamento e outras técnicas comportamentais são fundamentais

para o tratamento;

Medicamentos são importantes, principalmente quando combinados com

terapia;

A comorbidade deveria ser tratada de uma forma integrada;

Desintoxicação o começo do tratamento;

O tratamento não necessita ser voluntário para ser efetivo;

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A possibilidade de uso de drogas deve ser monitorada;

Avaliação sobre HIV, hepatites B e C e aconselhamento para evitar esses

riscos;

Recuperação vários

episódios de tratamento.

Estes preceitos são importantes para nortear princípios básicos necessários

às estruturas de tratamentos. Expressam a importância do dinamismo e da

flexibilidade nos tratamentos ao falarem que não existe apenas um modelo de

trabalho eficaz para todos. Porém, ressaltam que o dependente de drogas deve ser

tratado para retornar a um funcionamento produtivo na família, no trabalho e em sua

vida social.

-

dependentes de drogas perante o tratamento. Diante disso, valorizam a importância

dos serviços estarem sempre disponíveis para quando forem solicitados, mas

lembra-se que tal ambivalênc

padrão de funcionamento visto em geral no sistema (Brasil, V.R., 2012).

O impacto causado pela Dependência Química no contexto familiar é muito

grande. Sabe-se que a abordagem familiar é fundamental e deve ser trabalhada

dentro dos programas terapêuticos.

Para cada indivíduo envolvido com álcool e/ou outras drogas, estima-se que

de 4 ou 5 pessoas, incluindo cônjuges, filhos e pais, são direta ou indiretamente

afetados (SEADI, S.M.S.; OLIVEIRA, M.S., 2009).

O enfoque nas famílias dentro do tratamento da dependência química teve

início há muitos anos, com a criação dos grupos de apoio. Na realidade, a

abordagem familiar em dependência química utiliza-se de vários modelos de

atuação, sendo que a maioria dos profissionais especializados em família busca a

sua própria mistura, tendo como instrumento uma gama de idéias e práticas

diferentes (FIGLIE et al, 1999).

Percebe-se que, quanto maior e saudável for o vinculo do DQ com a família,

maiores serão as chances do tratamento ter uma evolução positiva e

consequentemente, caminhar para a manutenção da abstinência do dependente.

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Os familiares adoecem junto com DQ e, na maioria das vezes, o estado

emocional desse familiar interfere negativamente no tratamento, fazendo com que o

DQ tenha poucos recursos para se manter abstêmio.

Tendo ciência da importância da família na vida do DQ e ainda, das

interações que se estabelecem entre família e doente, faz-se necessário que o

tratamento seja extensivo aos familiares.

Este trabalho foca a eficácia da Terapia Cognitivo Comportamental dentro da

literatura científica sobre tratamento para familiares de DQ e investiga a ocorrência

de pesquisas e publicações que tratam dos familiares, de modo a analisar as

técnicas utilizadas mais eficazes.

Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa álcool e Drogas [INPAD] em

2010 no Grupo de Ajuda “Amor-Exigente” com uma amostra de 500 Familiares de

Dependentes Químicos, em artigo ainda não publicado, revelou que uma das

maiores dificuldades encontradas pelas famílias do dependente químico é a

resistência do parente adicto em se engajar em algum tratamento. Dessa forma, a

família, leva um tempo médio de mais de 2 anos para buscar ajuda e o dependente

químico permanece em média mais de 6 anos sem tratamento.

Esse estudo de corte transversal e amostra de conveniência de 500 famílias

dos grupos de Amor Exigente foram significativos para a realização desta

monografia. Esse grupo de apoio tem como filosofia a orientação e educação sobre

comportamentos de dependentes químicos para os familiares.

Segundo a pesquisa do INPAD, sentimentos como tristeza, impotência,

vergonha e culpa são impactantes no cotidiano da família do DQ. A tristeza do

familiar foi o sentimento que mais apareceu em relação ao problema.

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem que se mostra

cada vez mais eficaz no tratamento da dependência química, na manutenção da

abstinência e no tratamento para os familiares.

Através de um conjunto de técnicas (reestruturação cognitiva, questionamento

socrático, flexibilidade cognitiva, treinamento de habilidades sociais para resolução

de problemas, questionário de esquemas, balança decisória, vantagens e

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desvantagens do uso da substância), a TCC foca em metas específicas, leva em

consideração fatores cognitivos e comportamentais e visa a mudança do

comportamento problema.

As sessões são estruturadas, obedecem a uma agenda de acordo com a

demanda do paciente e apresentam tempo de duração entre 50 a 60 minutos. O

número de sessões também varia de acordo com as necessidades de cada caso

(ZANELATTO N.; LARANJEIRA R., 2013).

O modelo cognitivo proposto por Aaron Beck considera o uso de substâncias

uma estratégia compensatória que tem a função de eliminar e neutralizar crenças

disfuncionais a respeito de si, do outro, do mundo e das relações entre estes

(ZANELATTO N.; LARANJEIRA R., 2013).

A TCC objetiva modificar e reestruturar as crenças disfuncionais, diminuindo o

desejo pelo uso da substância e interrompendo o uso ou a recaída. No tratamento

com o familiar, a TCC buscará as crenças e comportamentos que possam

desencadear situações de gatilho para o dependente e desestabilidade dos

membros da família.

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2 OBJETIVO

O objetivo deste estudo foi investigar quais são as intervenções mais eficazes

para tratamento de familiares de dependentes químicos e como a Terapia Cognitivo-

comportamental tem sido ou pode ser utilizada.

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3 METODOLOGIA

Foi realizada uma revisão bibliográfica através de verificação de artigos de

revistas científicas.

Esses artigos foram pesquisados nas bases de dados da BIREME (Biblioteca

Regional de Medicina), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em

Ciências da Saúde), MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde),

SciELO (Scientific Eletronic Library Online) e PubMed (National Library of Medicine),

a partir das seguintes palavras-chave: dependente químico, abuso de drogas,

tratamento de familiares, TCC e família. Os descritores em inglês foram: addictive

behaviors, family, substance use, intervention, parents, drugs, prevention.

Os critérios de inclusão no estudo foram: artigos indexados nacionais e

internacionais, basicamente entre os anos de 1999 e 2013. Os artigos selecionados

foram aqueles que abordaram, especificamente, os tipos de tratamentos para

familiares de dependentes químicos.

Os critérios de exclusão foram: artigos que não atingiram as expectativas de

resultados relacionadas ao uso de substâncias psicoativas e relacionamento familiar,

intervenções familiar.

Além dos artigos, foram pesquisados livros da área de dependência química e

tratamento para familiares, publicados no Brasil.

Foram selecionados 5 estudos em Inglês e 12 brasileiros (entre livros e

artigos).

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4 RESULTADOS

Através de uma síntese individual, os resultados obtidos neste estudo

mostram os tipos de abordagens mais utilizadas e eficazes para tratamento de

familiares de dependentes químicos e as suas características.

As referências bibliográficas citadas foram agrupadas pelo tipo de publicação

(livros, artigos, teses, manuais), anos de publicação e palavras chaves relacionadas

com o tema do estudo. Desta forma, após a leitura, foram compiladas as ideias

centrais mostrando as características de cada uma.

Algumas abordagens como: Intervenções familiares, Terapia Multifamiliar,

Modelo de Doença, Terapia de Família Cognitivo-Comportamental, Terapias

Integrativas, Grupos de Apoio e Orientação Familiar, Modelo Comportamental, Craft,

Terapia de Família Unilateral, Aconselhamento Cooperativo serão descritas abaixo.

4.1 Intervenções Familiares

A intervenção é construída pelos familiares e pelas pessoas significativas

para o dependente, visando dar-lhe um ultimato quanto ao uso abusivo de drogas.

Este método, amplamente utilizado, tem sido muito pouco avaliado quanto a sua

eficácia. Portanto, a família deve ser instruída para que a intervenção seja feita de

forma adequada, senão deixa de ser eficaz. (SCHENKER, M.; MINAYO, M. C. S.,

2004)

4.2 Terapia Multifamiliar

A Terapia Multifamiliar é uma abordagem que possibilita a cada membro do

grupo da família ver os demais em interação , passar da compreensão

compreensão do outro. O atendimento multifamiliar oportuniza às

famílias repensarem os seus conceitos e incluírem-se no projeto de mudança

(Ravazzola, Borilan & Mazieres). A abordagem multifamiliar como uma intervenção

breve na dependência química não entende os problemas das famílias como uma

doença e sim como padrões relacionais disfuncionais e é focada nos recursos e

habilidades que as famílias possuem para resolver os seus problemas. É uma

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técnica particularmente útil e aplicável para abusadores e suas famílias. Esse tipo de

terapia pode ser utilizada em qualquer contexto de tratamento da dependência

química

as famílias estão mais disponíveis e acessíveis (Sugar, 1986). Reconhecem a

influência crítica que o sistema familiar tem no desenvolvimento e na manutenção de

problemas de abuso de droga (SEADI, S.M.S.; OLIVEIRA, M.S., 2009).

Segue um exemplo de terapia multifamiliar através de uma pesquisa realizada

em uma clínica psiquiátrica (SEADI, S.M.S.; OLIVEIRA, M.S., 2009).

Foram pesquisados 672 sujeitos hospitalizados em uma clínica

psiquiátrica para desintoxicação especializada no tratamento de

dependência química cujos familiares participam no mínimo de um

encontro do grupo multifamiliar, no período compreendido entre março de

1997 e julho de 2003.

Os dados foram coletados ao longo de 6 anos, com base em prontuários

de atendimentos multifamiliar.

As substâncias utilizadas pelos pacientes identificados foram: álcool,

cocaína, maconha e outras substâncias.

O instrumento utilizado foi uma ficha com dados sociodemográficos e

informações quanto ao consumo de substâncias psicoativas e a

frequência de familiares às sessões.

A Pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em Pesquisa da PUCRS.

A abordagem Multifamiliar foi inserida no programa para que o tratamento

fosse extensivo aos familiares.

As sessões multifamiliares eram semanais e tinham a duração de 1 hora.

O processo terapêutico era desenvolvido em 6 (seis) sessões visando

contemplar as principais etapas do tratamento hospitalar: a fase pós-

desintoxicação, o início das abordagens individuais e o imediatamente

após a alta hospitalar e início da ressocialização.

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Todo o processo terapêutico tinha a duração de seis sessões. Os grupos

eram de final em aberto, com famílias saindo deles e outras neles

ingressando.

Paciente designado, identificado, reconhecido. Esta expressão

para designar aquela pessoa cuja situação provocou uma demanda de

tratamento por parte de um ou vários membros da família e mesmo

daqueles profissionais obrigados a intervir na realidade (Miermont &

Molina-Loza, 1994).

O paciente identificado deveria ter concluído a etapa de desintoxicação

que dura em média uma semana; ter ingressado no Programa de

tratamento com duração de mais ou menos 21 dias. O paciente podia

participar das sessões multifamiliares somente acompanhado de no

mínimo um familiar e/ou de alguém do sistema significativo. Não havia

restrição quanto aos tipos de configurações familiares, grau de instrução,

grau de parentesco ou idade para a participação no grupo.

Não era permitida a participação do paciente identificado e/ou seus

familiares e/ou pessoas com vínculos significativos se estivessem

intoxicados

Quanto ao número de participantes, variava desde sessões com duas

famílias sessões denominadas numerosas, comportando várias

famílias com a presença de dezenas de pessoas.

As sessões começavam com a apresentação e o acolhimento das

famílias iniciantes. E sempre que famílias estavam na 6a sessão era

oferecido um espaço para um depoimento, avaliação e despedida do

grupo ao final da sessão. Para as famílias que estavam enfrentando o

tratamento do paciente identificado pela primeira vez, o sofrimento incluía

também a dificuldade para realizarem a internação que em alguns casos

iniciara de forma compulsória. Para esse grupo os temas recorrentes

eram a culpa – o sentimento de culpa propriamente dito, e/ou a

culpabilização; nesta era frequente um cônjuge atribuir ao outro a

responsabilidade pelo problema do filho (a).

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No grupo percebíamos também a necessidade de saberem qual a causa

da dependência e que uma grande expectativa de cura era depositada na

internação. Nas famílias que tinham experienciado a internação uma ou

várias vezes era evidente a ambivalência entre “ajudar novamente e o

largar de mão”.

Os dependentes químicos

família com a sua

conduta, em muitos casos agressiva, e uma necessidade enorme de

reparação. Estes sentimentos eram explicitados através de palavras e

também de expressões e/ou gestos (não verbais) e o arrependimento era

demonstrado na sessão multifamiliar, sob forte impacto emocional

repercutindo no grupo todo. Estes temas eram trazidos pelas famílias que

estavam entre a 1a e a 3a sessão.

Quando estavam próximos da alta h , entre a 4a e a 6a

sessão, o medo da recaída, o receio do convívio familiar e o

enfrentamento da realidade eram tratados nas sessões. Durante o

desenvolvimento do processo terapêutico as dificuldades familiares que

compartilhavam entre si transformavam-se em questionamentos,

reflexões e vivências, nas quais também encontravam possibilidades de

mudanças.

A partir da temática (dores, temores e perdas) que as famílias de forma

muito colaborativa expressavam durante as sessões, seus membros

descobriam e construíam juntos uma rede de apoio e solidariedade, na

qual a impotência cedia espaço para um comprometimento com a

mudança.

Para esse estudo foi considerada adesão ao tratamento quando os

sujeitos participaram de, no mínimo, 50% do processo terapêutico (3

sessões) ou mais.

Não foi encontrada associação entre a adesão ao tratamento e o tipo de

substância utilizada,

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A participação de mais de um familiar esteve associada a uma maior

adesão.

Conforme vários especialistas em terapia multifamiliar “nas reuniões

multifamiliares, as famílias se convocam para ajudar a solucionar o problema de uma

e de todas, gerando-se um verdadeiro efeito de rede” (RAVAZZOLA et al., 1997:

302). O uso da terapia de grupo multifamiliar com famílias de risco possibilita a

muitas famílias a construção e/ou ampliação da rede social muitas vezes

empobrecida pela vergonha associada ao estigma dos serviços psiquiátricos

(SLUZKI, 1997).

Sem duvida, a família tem um papel fundamental como protetora para o uso e

abuso de substâncias, mas, quando a dependência química , o

tratamento, inclusive da família, deve ser adotado sempre e a prática evidencia que

o quanto antes melhor. Na medida em que para cada dependente químico espera-

se, no mínimo, quatro a cinco pessoas envolvidas, são relevantes estudos que

possam contribuir para uma visão ecológica no tratamento da dependência química

, inclusive a família.

A participação de dois ou mais familiares repercute em uma adesão

57,9%

4.3 Abordagem Sistêmica

A Abordagem Sistêmica considera que o comportamento de qualquer

membro da família afeta e é afetado por todos os outros. Portanto, uma mudança

vivida por um membro da família trará mudança para todo o sistema. Entende os

conflitos familiares como um sistema de interação entre os membros dessa família.

Considera a família como um todo, sendo mais importante do que a soma das

partes; assim são avaliados os seus padrões de interação e verificados o que

sustenta o problema.

Segundo, Staton 1982, as pessoas à volta do dependente químico,

acompanham o seu estilo de vida, respondendo de forma complementar ao

comportamento disfuncional. Nessas famílias podem ser encontradas pessoas que

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tendem a mudar seus horários ou deixar seus empregos para cuidar dos

dependentes. Faz parte da tarefa de intervenção terapêutica, auxiliar as famílias a

experimentarem a força construtiva do limite, do não e da espera, sempre que estes

forem organizadores e funcionais. A abordagem familiar de orientação sistêmica

foca para a necessidade de se trabalhar enfaticamente nas famílias dos

dependentes químicos, questões relacionadas à tolerância aos prejuízos do uso de

drogas, à negação, à rigidez, à comunicação familiar, ao desenvolvimento de

flexibilidade do sistema, à hierarquia, aos limites e a construção de autonomia, a

diferenciação, à separação e à morte. (Guimarães A.; Aleluia, G., 2012)

4.4 Terapia de família cognitivo-comportamental

A Terapia cognitivo-comportamental mescla técnicas comportamentais e

cognitivas.

A estratégia é a de mudar pensamentos que geram comportamentos

inadequados. É uma abordagem mais ampla. Visa mudar cognições (pensamentos)

para normalizar comportamentos. Tem como objetivo a reestruturação das

cognições e crenças, normalmente encontradas nos familiares dos Dependentes

Químicos, para a família perceber e responder às situações de maneira mais

funcional, melhorando as relações familiares, as habilidades para resolução de

problemas e o fortalecimento de estratégias de enfrentamento.

A TCC reconhece a influência de elementos cognitivos, tais como: o

processamento da informação, a aprendizagem social, e os estágios de

desenvolvimento para a formação do indivíduo.

Essa abordagem com casais ou famílias pode atuar tanto na prevenção

quanto no tratamento para abuso da dependência. O foco principal é explorar as

crenças e comportamentos familiares que estejam mantendo gatilhos não apenas no

usuário, mas de todos os membros envolvidos.

Podemos exemplificar quando a família não tem consciência de que a

dependência química é uma doença e de que o usuário precisa de tratamento. A

crença da família de que o paciente interrompe o uso da substância quando quiser

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faz com que a relação familiar conflituosa seja um gatilho (motivação) para retomar

ou continuar o uso da substância.

A TCC trabalhará para que a família mude essa crença (ele interrompe

quando quiser) e consequentemente mude o comportamento disfuncional que,

muitas vezes, desencadeia a recaída. O reconhecimento e manejo adequado de

situações que podem levá-lo ao uso de drogas, evitará o uso e estresse de todos os

membros família.

O foco está na mudança das interações familiares, que servem de estímulo

para melhorar as relações e as habilidades de solucionar problemas.

Assim sendo, o uso de drogas é aqui entendido como funcionalmente

relacionado aos problemas da vida do indivíduo e influenciado, por sua vez, pelos

fatores sociais e cognitivos. (ANGELA, G., GISELE, A., 2012; SCHENKER, M.;

MINAYO, M. C. S. ,2004).

4.5 Terapia familiar comportamental

O Modelo comportamental baseia-se nas teorias de aprendizagem social,

condicionamento clássico e operante, recompensa e punição de comportamentos

considerados apropriados ou inapropriados.

Nessa abordagem, os comportamentos, incluindo o uso de substância

psicoativa são aprendidos e mantidos através de reforços positivos e negativos, os

quais podem ser provenientes de interações familiares. (ZANELATTO, N.;

LARANJEIRA, R. (2013) (p.552-559).

Sendo assim, sob essa ótica, as interações familiares podem reforçar ou

prevenir comportamentos relativos ao uso de substâncias psicoativas, dado que tais

comportamentos são aprendidos e mantidos nas interações familiares, a partir de

um esquema de reforçamento positivo ou negativo.

Esse modelo tem como objetivo mudar aqueles comportamentos de familiares

que estariam servindo como estímulo para o consumo nocivo de substâncias

psicoativas ou como desencadeadores de recaídas.

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Por isso, o cerne da intervenção resume-se em primeiro, identificar os

comportamentos que instigam o uso de drogas; em segundo lugar, prover o

indivíduo de habilidades que rompam tal ciclo de conduta e, em terceiro, propiciar-

lhe formas de lidar com situações propensas à recaída. Os pais aprendem esses

princípios terapêuticos através de um treinamento sobre o gerenciamento e

monitoramento parental de forma a utilizá-los com o adicto (ANGELA G.; GISELE,

A., 2012).

Segundo Guimarães e Aleluia (2012) seguem alguns passos para essas

intervenções familiares:

As famílias podem ser recebidas tanto em processos de terapia quanto

em reuniões de orientação familiar.

As sessões de psicoterapia familiar ou de casal, com os núcleos

familiares específicos, têm objetivos mais pontuais e se pautam para a

compreensão do padrão familiar e para a respectiva intervenção.

As sessões de orientação podem ser feitas com a presença de diversos

grupos familiares, aproveitando a diversidade de experiências dos

presentes para facilitar a diminuição da negação e da culpa. Nesse

contexto pode-se trabalhar com grupos de pares (dependentes químicos,

pais, mães, irmãos, cônjuges,...) ou grupos multifamiliares.

De acordo com o plano de tratamento estabelecido e com a modalidade

adotada, é possível conciliar sessões abertas com sessões dirigidas,

tanto em grupo como individual, com ou sem a presença do DQ, desde

que acordado previamente entre as partes.

Algumas questões importantes a serem priorizadas nos modelos acima

citados:

Ouvir a família em relação ao seu modo de funcionamento e aos recursos

ou ausência de recursos, para lidar com o DQ e com o tratamento.

Trabalhar a motivação e favorecer a adesão tanto do dependente quanto

de seus familiares

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Facilitar a diminuição da culpa e a elaboração dos sentimentos, das

tensões e dos padrões de comportamento a isto relacionados.

Auxiliar o manejo da responsabilidade partilhada e a consolidação de

uma dinâmica de cooperação e inclusão.

Qualificar os comportamentos funcionais em relação aos papéis

específicos de cada membro da família, favorecendo a ampliação da

visão acerca dos problemas, de intrapessoal para interpessoal.

Adotar medidas e estratégias de reforço para a prevenção de recaída

também no âmbito familiar.

4.6 Modelo doença familiar

O Modelo “da doença familiar” explica a dependência química como uma

doença interferindo na vida do dependente e de toda a sua família. Parte do

princípio de que a família e o dependente químico têm uma doença, considerando

que os membros da família sofrem de co-dependência. Foi difundida em 1940 e tem

como diretriz um conjunto de sugestões baseadas nos 12 passos, como parte da

estrutura de intervenção dos grupos anônimos de mútua ajuda - Alcoólicos

Anônimos (AA), Narcóticos Anônimos (NA). Tem como objetivo principal, gerar na

família posturas e comportamentos que não sejam facilitadores da continuidade do

uso da substância.

Neste modelo, as famílias de dependentes frequentam grupos de Al-Anon

(para familiares de alcoolistas) ou Nar-Anon (para familiares de dependentes de

outras drogas), separadamente dos dependentes, frequentadores ou não dos A.A.

ou N.A.

Embora as intervenções familiares baseadas nesse modelo sejam comuns

em programas de tratamento para dependência química, existem poucas

publicações científicas a respeito (SCHENKER, M.; MINAYO, M. C. S. 2004).

4.7 Terapias integrativas

As Terapias Integrativas defendem que os indivíduos fazem parte de sistemas

complexos e interconectados que acoplam os fatores individuais, familiares e extra-

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familiares (amigos, escola, comunidade). O diferencial deste tratamento é efetuar as

sessões na casa das famílias ou em suas comunidades. Acredita-se que desta

forma, conseguem diminuir a resistência da população de jovens infratores com que

trabalha, uma vez que promovem a aliança terapêutica.

Os serviços são adaptados às conveniências de horário tanto da família

quanto do terapeuta, inclusive nos fins de semana. O uso abusivo de drogas pelo

adolescente é visto, na teoria sistêmica, como um fenômeno multidimensional. Essa

abordagem utiliza a terapia de família feita em domicílio de forma regular, porque

acredita em seus benefícios. Pois isso, além de levar a atuação do terapeuta aos

locais do cotidiano, onde pode observar as interações familiares in loco, inteirar-se

da ecologia da vizinhança e aproximar-se do grupo de amigos do adolescente, retira

o ônus do deslocamento do grupo em tratamento. O intenso envolvimento procurado

por este modelo de terapia é realçado pela confiança e pelas relações pessoais que

se aprofundam e permitem maior compreensão do problema. (SCHENKER, M.;

MINAYO, M. C. S., 2004)

4.8 Grupos de Apoio e Grupos de orientação familiar

Os grupos de apoio e de orientação familiar são grupos coordenados por um

profissional e os objetivos focam a educação e/ou socialização dos participantes e

podem apresentar estrutura variada. Em geral, têm uma ligação com uma instituição

e pode ser realizada com 1 ou mais familiares do dependente.

O grupo de apoio/suporte se constitui em relevante estratégia de cuidado

aos familiares de usuários de drogas. Segundo os familiares, a

importância desse grupo é porque é uma fonte de escuta, eles se sentem

acolhidos, o que lhes permite falar, chorar, conversar, pedir ajuda, sem

medo de serem julgados, apresentando-se como um importante recurso

terapêutico.

Verifica as expectativas e os conhecimentos que a família detém sobre

Dependência Química, com relação às seguintes variáveis: sentimento,

conceitos, motivos e condutas familiares. Tem como objetivo melhorar a

qualidade das relações familiares. (MUNARI; ZAGO, 1997).

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Segue pesquisa de GRUPO DE APOIO (Grupo de apoio/suporte como

estratégia de cuidado: (SIMONE, Q. A., et al. 2010).

Pesquisa realizada no segundo semestre de 2010, em um CAPS AD de

uma cidade do sul do pais. O CAPS AD foi criado em novembro de 2009

e realiza grupos de usuários de drogas e de familiares, além de outras

atividades preconizadas pelas políticas públicas referentes ao álcool e

outras drogas. Estas ocorrem diariamente, nos períodos da manhã e

tarde.

Participaram do estudo 10 familiares de usuários de drogas que

frequentam as atividades grupais.

Os dados foram coletados através de uma entrevista semiestruturada,

realizada com cada familiar.

Os familiares foram convidados a participar do estudo durante a atividade

grupal, sendo agendado dia e hora para a coleta dos dados.

As entrevistas foram realizadas em um consultório, através de um

questionário com perguntas abertas e fechadas acerca da temática.

Frente à percepção do uso de drogas por seu familiar, a família passa a

conviver com esta realidade e sofre por não saber lidar com os problemas

ocasionados pela dependência química.

Percebe-se que, muitas vezes, participa da atividade grupal por se sentir

desamparada, acreditando que assim,

.

Através da participação da família nos grupos de apoio no CAPS AD, os

familiares referiram que aprenderam a lidar com o usuário de drogas

fortalecendo-se para ajudá-lo, instrumentalizando-se para o seu cuidado.

Acreditam que sem este apoio e o conhecimento adquirido nos grupos

não conseguiriam auxiliá-lo na sua recuperação.

Percebem que a participação nos grupos do CAPS A

possibilidade de receber o apoio não só dos profissionais da saúde, mas,

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também, de outros familiares que vivenciam as mesmas situações, medos

e incertezas, acreditando serem compreendidas, tendo o sentimento de

pertença ao grupo.

Através da participação nos grupos de apoio, os familiares trocam

experiências aprendendo a lidar com as situações cotidianas.

Conclui-se ser o grupo de apoio/suporte uma importante estratégia de

cuidado aos familiares de usuários de drogas, apresentando-se como

ferramenta a ser utilizada na promoção do cuidado prestado.

E uma ferramenta de atenção em saúde a ser utilizada pelo enfermeiro

que precisa dominar esta tecnologia com vista a tornar seu trabalho no

CAPS AD produtivo.

O estudo evidenciou o papel da família como principal fonte de apoio e

sustentação, sendo o alicerce que mantém o vínculo social do usuário de

drogas. Acredita-se que e fundamental a atuação compartilhada entre

profissionais e familiares para a efetividade do seu tratamento.

Segue modelo de Orientação Familiar (FIGLIE N.B., et al 1999):

Serviço de orientação familiar desenvolvido durante o acompanhamento

ambulatorial de DQs de um serviço público.

Não era condição necessária o paciente estar em acompanhamento.

Em alguns casos, a família deu continuidade ao tratamento enquanto os

pacientes abandonaram.

Foi realizada uma análise descritiva dos dados obtidos no período de

1995 a 1998, com 26 grupos de familiares de DQs em acompanhamento

ambulatorial na UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas)

pertencente ao Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de

São Paulo.

A pesquisa ocorreu com as famílias que procuraram o serviço.

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Os instrumentos utilizados foram dois questionários semi-estruturados

que os familiares recebiam na primeira e última sessão.

O primeiro questionário continha questões referentes a informações sócio

demográfico e tratamentos anteriores e atual do familiar bem como do

dependente; fonte de encaminhamento; o que a família esperava da

orientação; o que a família havia feito para auxiliar o dependente quanto

ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas; existência de motivos

para a Dependência Química.

O segundo questionário investigava qual a melhor forma para auxiliar o

dependente após a participação no grupo; o conceito de dependência

química; o que foi mais importante no tratamento.

Os participantes desse grupo eram pessoas que mantinham vínculo

estreito e próximo do DQ, não se restringindo a família biológica.

O grupo era fechado com 6 atendimentos semanais de 75 minutos de

duração, com a presença de 6 famílias e sem a presença do DQ.

O serviço era coordenado por uma psicóloga e uma estagiária de

psicologia.

As famílias que possuíram mais de 2 faltas eram desligadas do grupo

atual e convidadas a participar da formação de um próximo grupo que

funcionava nos mesmos moldes.

Amostra inicial: 146 famílias totalizando 26 grupos

O convite era estendido a toda a família. Porém, 82% da amostra total

não teve um segundo parente participante.

No quadro abaixo, a sequencia das sessões no tratamento do Grupo de

Orientação Familiar em Dependência Química (FIGLIE N.B., et al 1995 a 1998).

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Quadro 1 – Sequencia das sessões no tratamento do Grupo de Orientação Familiar em Dependência Química

Sessão Temas Discutidos Objetivos

1 Contrato e

Queixa

Explicitar o objetivo do tratamento: cuidado com o familiar; Efetuar a vinculação terapêutica; Aprender a lidar com a

impotência/potência frente a cura do dependente;

2

Trabalhar as emoções

(reações típicas);

Razões que levam ao uso;

Comportamentos Indicativos

Reconhecer os sentimentos do familiar em relação ao dependente; Levar em conta os sentimentos que os

dependentes provocam no âmbito familiar, com o objetivo que essa transferência possa ser interrompida; Perceber os

vários motivos que podem levar ao consumo de drogas/álcool; Apontar comportamentos indicativos do

consumo de drogas/álcool, favorecendo a troca de experiências entre familiares que constataram o consumo /

dependência e familiares que não tinham a mesma convicção.

3

Modelo dos Estágios de Mudança de Prochaska e DiClemente – Dinâmica da

personalidade (6;15;16)

Explicitar a dinâmica do processo de modificação de dependente/usuário para abstinente, em suas respectivas

fases motivacionais; Introduzir o papel da recaída como fazendo parte do

processo de mudança.

4

O que fazer para ajudar;

Comportamentos a serem evitados

Discutir a necessidade de algumas atitudes que podem auxiliar ou piorar o prognóstico tanto do dependente, quanto

da família.

5 Sessão

Informativa

Transmitir conceitos básicos sobre as drogas mais utilizadas, forma de utilização, efeitos e vias de

administração; Discutir as dificuldades físicas (dependência, tolerância e síndrome de abstinência) e psicológicas para atingir a abstinência; Reconhecer as formas de tratamento

existentes.

6 Plano de Ação para cada caso

Definir metas especificas para cada familiar, com orientação do terapeuta, que possam auxiliar na recuperação da saúde

mental da família. Discutir a participação no grupo, críticas e sugestões.

Fonte: FIGLIE N.B., et al. (1999)

4.9 CRAFT

O CRAFT (Reforço Comunitário e Treinamento em Família) é uma

modalidade de terapia oferecida a familiares ou amigos de indivíduos com

problemas de uso de substância que se recusam a buscar tratamento. O programa é

realizado por meio de intervenções com nove sessões estruturadas em estratégias

motivacionais, análise funcional do comportamento de quem usa drogas,

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precauções contra violência doméstica, treinamento de habilidades em comunicação

e como convidar o usuário a participar do tratamento. Foi desenvolvido para ajudar

alcoólatras -los na busca de

tratamento através da persuasão e do suporte de familiares (Concerned Other –

abordagem Al-Anon que encoraja os familiares a aceitarem a sua impotência em

ajudar o alcoólatra, incitando-os a se desligarem para focar em suas próprias

necessidades. O CRAFT é amplamente desenvolvido no estudo de Meyers e

colaboradores (1999). Essa abordagem percebe a recuperação do adicto como

muito afetada pelo contexto ou “comunidade” de reforço, compondo-se de família,

amigos, trabalho, escola, grupo espiritual e grupos sociais. O familiar irá aprender a

identificar e reorganizar as possibilidades dentro do ambiente do paciente de modo

que um comportamento sóbrio e lúcido seja reforçado e o hábito de beber e usar

drogas sejam efetivamente desencorajados. Essas novas habilidades influenciarão

definitivamente os pacientes a entrarem para tratamento e, ao mesmo tempo,

ajudarão a família a intensificar a satisfação com suas próprias vidas. (SCHENKER,

M.; MINAYO, M. C. S. , 2004)

4.9.1 Estrutura das nove sessões do CRAFT

O CRAFT é o único programa de treinamento oferecido a familiares ou

amigos de indivíduos com problemas de abuso ou dependência química que se

recusam a buscar tratamento que tem recebido apoio cientifico. Pesquisas mostram

que 64 a 86% dos familiares ou amigos que passaram pelo programa CRAFT

conseguiram fazer com que o ente querido buscasse tratamento para o abuso de

substância. É um programa eficiente e que exige relativamente poucas sessões com

o familiar até que o paciente se envolva em algum tratamento. Está estruturado em 9

sessões, 1 vez por semana, com duração de aproximadamente 1hora e 30 minutos,

sendo imprescindível a participação em todas as sessões, e faltas podem acarretar

o desligamento do programa.

São trabalhados no decorrer das 9 sessões:

Estratégias motivacionais;

Análises funcionais do comportamento abusivo do paciente;

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Prevenção da violência domestica;

Treinamento de comunicação;

Treinamento do reforço positivo;

Desencorajamento do hábito;

Treinamento do auto-reforço do familiar;

Sugestão de tratamento para o paciente.

Possui como objetivos: fazer com o dependente químico passe a buscar

tratamento; reduzir o uso de álcool e outras drogas; ajudar o familiar a fazer

mudanças de vida positivas a fim de melhorar seu funcionamento psicológico

independente do paciente entrar ou não para um tratamento.

Responsabilidade do Familiar no Tratamento: pesquisas da década de 70

mostraram que os cônjuges de bebedores podiam exercer um papel crucial na

busca de um tratamento. Tal observação apontou ainda que embora os indivíduos

com problemas de abuso de substância geralmente não estivessem interessados

em buscar ajuda, seus familiares estavam altamente motivados em apoiar qualquer

forma positiva de mudança. Além do mais, os familiares estavam em uma posição

ideal para exercer uma considerável influencia nas decisões envolvendo o hábito de

beber.

Referencial Teórico: com base nos princípios comportamentais, utiliza-se

estratégias de reforço em oposição às técnicas de confrontos. O familiar irá aprender

a identificar e reorganizar as possibilidades dentro do ambiente do paciente de modo

que um comportamento sóbrio e lúcido seja reforçado e o hábito de beber e usar

drogas sejam efetivamente desencorajados. Essas novas habilidades influenciarão

definitivamente os pacientes a entrarem para tratamento e ao mesmo tempo

ajudarão a família a intensificar a satisfação com suas próprias vidas.

1a SESSÃO: ESTRATÉGIAS MOTIVACIONAIS

Objetivo: estabelecer expectativas positivas descrevendo o programa CRAFT,

seu sucesso e os potencias benefícios para as famílias e apresentação dos

participantes.

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Apresentação dos participantes. Apresentação do programa, duração e

contrato terapêutico.

2º SESSÃO: ANÁLISES FUNCIONAIS DO COMPORTAMENTO ABUSIVO DO

PACIENTE

Objetivo: Construir a motivação para a mudança; acolhimento; retomada das

premissas e objetivos do programa; tarefa para identificação das expectativas

(benefícios do programa e elementos reforçadores).

Método: Pedir para cada familiar escrever quais os benefícios que julga obter

com o programa, tanto em relação ao paciente como em relação à própria vida.

Entrevista Semi Estruturada (analise funcional do comportamento):

1. O que você acredita que levou o paciente ao uso?

2. O que já foi feito, tentado em relação ao uso do paciente?

3. O que não deu certo? Por quê?

4. O que deu certo? Por quê?

Preenchimento do “Quadro de Identificação"

Quadro 2 – Identificação de riscos

Gatilhos

Externos

Gatilhos

Internos

Comportamento

de beber/ uso

Consequências

Positivas curto

prazo

Consequências

Negativas

Longo prazo

Com

quem

Pensando O que usa Pensamentos

agradáveis

Interpessoal

Físico

Onde Sentindo Quando usa Sentimentos

positivos

Emocional Legal

Quando Por quanto

tempo

Profissional

Financeiro

Fonte: Meyers, R.J. et al. (1999)

Após preenchimento do quadro é feito o fechamento.

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3ª SESSÃO: PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Objetivo: Prevenir a violência domestica e enfrentar o comportamento

agressivo do usuário; acolhimento; avaliar o potencial de violência no

relacionamento entre o familiar e o paciente:

Abaixo o quadro de identificação do potencial de agressão que deve ser

preenchido pelo paciente

Quadro 3 – Gatilhos e planos de proteção

Estimulo à Agressão

(Gatilhos)

Plano de Prevenção Plano de Proteção

Fonte: Meyers, R.J. et al (1999)

O preenchimento do quadro tem como objetivos:

Obter o máximo de informações para formular um plano de ação

Evidenciar que o familiar é a pessoa ideal para isso, pois esta em contato

com o usuário durante os episódios de violência;

Mostrar a previsibilidade dos episódios de violência;

Identificar a frequência e a gravidade destas ocorrências;

Identificar os benefícios da violência para o paciente;

Capacitar o familiar para não reforçar positivamente tais comportamentos

disfuncionais;

Desenvolver no familiar condições para respostas relativas à segurança

destes;

Identificar lugares seguros para estes momentos;

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Discutir intervenções legais;

Auxiliar o familiar a lidar com culpa e raiva.

4º SESSÃO: TREINAMENTO DA COMUNICAÇÃO

Objetivo: Treinar habilidades de comunicação; acolhimento; breve introdução

sobre a importância de desenvolver habilidades de comunicação como recurso

imprescindível para abordar o paciente quanto à busca pelo tratamento.

Atividade 1 - dramatização:

Solicitar dois familiares para desempenhar o papel de paciente e família,

na qual será dramatizado um diálogo envolvendo a questão do uso e da

busca por tratamento. Todos deverão participar e desempenhar ambos os

papéis.

Objetivos: identificar o estilo de comunicação do familiar com o paciente,

se assertivo, passivo ou agressivo.

Fechamento: colocar em plenário para que todos possam discutir a

respeito do tipo de comunicação presente nas dramatizações.

Breve exposição sobre os tipos de comunicação: Assertivo, Agressivo e

Passivo.

Quadro 4 – Tipos de comunicação

PASSIVO AGRESSIVO ASSERTIVO

Fonte: Meyers, R.J. et al (1999)

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Atividade 2 - dramatização

Método: solicitar dois familiares para desempenhar o papel de paciente e

família, na qual será dramatizado um diálogo envolvendo a questão do

uso e da busca por tratamento, agora, de maneira assertiva.

Objetivo: fornecer uma base lógica para melhorar a comunicação

ensinando habilidades de comunicação positiva e assertiva.

Fechamento: colocar em plenário para que todos possam discutir a

respeito do tipo de comunicação assertiva, proporcionando um

levantamento das crenças e interpretações envolvendo tal

comportamento.

Fechamento da sessão.

5ª SESSÃO: TREINAMENTO DO REFORÇO POSITIVOS

Objetivos: Reforçar positivamente a sobriedade e a abstinência; acolhimento;

breve apresentação do conceito de Reforço Positivo (diferenciando-o de ausência de

reforço negativo).

Quadro 5 – Reforços

REFORÇO POSITIVO REFORÇO NEGATIVO

É capaz de fortalecer uma reação quando oferece um estimulo logo após esta reação. Para a maioria das pessoas atenção, dinheiro e reconhecimento funcionam como ótimos reforçadores positivos.

Ex.: Após um intenso período de uso de drogas, a pessoa demonstra retomada de seus cuidados pessoais e retorna às atividades rotineiras. A família então reconhece e elogia seus esforços.

Ex.: Um profissional após dedicar-se e executar um bom trabalho, recebe um aumento de salário.

É capaz de fortalecer uma reação quando remove algum tipo de estimulo aversivo. É importante observar que, ao contrario do uso popular, o reforço negativo não tem um caráter punitivo. Ele é justamente a remoção de um evento punitivo.

Ex.: Devido a uma intensa dor de cabeça, a pessoa resolve tomar um analgésico para aliviar a dor.

Ex.: A recaída é o comportamento de retirar o estimulo aversivo que consiste nos sintomas de abstinência.

Ex.: Diante da fissura do paciente por fumar um cigarro de maconha, a mãe leva-o a uma sorveteria, aliviando assim a necessidade do consumo.

Fonte: Meyers, R.J. et al (1999)

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Elucidar o quão reforçadora pode ser a substância usada pelo familiar

dependente.

A partir do levantamento realizado na sessão anterior (4ª) evidenciaremos

quais os comportamentos da família podem ser também reforçadores

para a manutenção do uso.

Em plenário: descobrir quais outros comportamentos pode ser

reforçadores para o paciente usuário, mas que não estão relacionados a

manutenção do uso;

Reforçar comportamentos saudáveis;

Antecipar repercussões negativas em função do oferecimento de reforço

Positivo, impedindo o uso, a partir dos comportamentos trazidos pelo;

Familiar durante a discussão em plenário;

Reforçar comportamentos de sobriedade e abstinência.

Objetivo: identificar pequenas recompensas apropriadas para o paciente e

instruir o familiar sobre como usá-las para reforçar apenas o comportamento sóbrio e

lúcido. Fechamento

6ª SESSÃO: DESENCORAJAMENTO DO HÁBITO

Objetivo: O uso das consequências negativas; acolhimento; breve explanação

sobre a Técnica de Resolução de Problemas.

As técnicas de resolução de problemas são uma espécie de plano, de mapa

para ir do local „A‟, o estado inicial do problema, até ao local „B‟, um estado final

pretendido. Assim a solução do problema compreende a representação do problema

(ter claro qual é o problema a ser resolvido), a escolha da melhor solução (decidir

em meio à uma série de possibilidades qual a melhor solução a ser seguida) e a

identificação do melhor momento de atuação (esperar o momento apropriado para

agir).

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Decisões são as escolhas que procuram resolver problemas e aproveitar

oportunidades.

Atividade: Identificando o Problema e Buscando a Solução

Método: Pedir para que o familiar escreva um problema (sobre o qual

sinta maior dificuldade) na folha sulfite e em seguida a maneira como

costuma resolver. Em seguida deverá preencher o quadro abaixo

elencando os pontos positivos e negativos de tal atitude e posteriormente

pensar (técnica Brainstorming) em outras maneiras de resolver o

problema para obter o resultado pretendido.

Quadro 6 – Resolução de problemas

POSITIVO NEGATIVO INTERESSANTE

Fonte: Meyers, R.J. et al (1999)

O objetivo dessa atividade é treinar habilidades de resolução de problemas e

mostrar como introduzir intervalos a partir do reforço positivo nos momentos de uso

de substâncias.

Após a atividade, abrir em plenário para que todos possam falar de seus

problemas e todos possam sugerir soluções. Fechamento da sessão.

7ª SESSÃO: TREINANDO O AUTO-REFORÇO

Objetivo: Ajudar os familiares a aumentarem as atividades prazerosas,

melhorando sua qualidade de vida; acolhimento.

Atividade: Pedir para o familiar preencher o quadro abaixo:

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Quadro 7 – Nomeação de atividades

FAÇO E GOSTO

FAÇO E NÃO GOSTO

Técnica de Resolução de

Problemas

NÃO FAÇO E GOSTO

Estratégias Plausíveis para

Atingir as Metas

NÃO FAÇO E NÃO GOSTO

Fonte: Meyers, R.J. et al (1999)

Objetivo: explorar a insatisfação do familiar nas varias áreas da vida;

desenvolver metas e um plano para abordar esses problemas; auxiliar o familiar a

identificar e exemplificar reforços para ela mesma. Fechamento.

8ª SESSÃO: SUGESTÃO DE TRATAMENTO PARA O PACIENTE

Objetivo: Convidar o paciente usuário a entrar no tratamento; acolhimento;

apresentação do Quadro dos Estágios Motivacionais.

Objetivo do quadro: orientar a família sobre a existência dos estágios

motivacionais a fim de que possa determinar o melhor momento e a melhor maneira

de sugerir o tratamento ao paciente, aproveitando momentos de alta de motivação.

Motivação para o tratamento é entendida como um processo dinâmico que as

vezes aparece em direção à mudança e outras vezes não. Assim, temos:

Quadro 8 – Estágios Motivacionais

PRÉ-CONTEMPLAÇÃO

Estágio em que não há intenção de mudança nem mesmo critica a respeito

do conflito envolvendo o comportamento-problema.

CONTEMPLAÇÃO

Estágio no qual o paciente se conscientiza de que existe um problema, no entanto, há uma ambivalência quando

à perspectiva de mudança.

AÇÃO

Estágio no qual o paciente escolhe uma estratégia para realização desta mudança

e toma uma atitude neste sentido.

MANUTENÇÃO

Estágio onde se trabalha a prevenção à recaída e a consolidação dos ganhos

obtidos durante a Ação.

Fonte: Meyers, R.J. et al (1999)

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1. Aproveitando as janelas de oportunidade

O paciente percebe que o seu consumo causa problema;

O paciente percebe que outras pessoas identificam seu uso, e ele achava

que isso não acontecia;

O paciente começa a perguntar sobre o tratamento do familiar;

O paciente questiona a mudança de comportamento do familiar.

2. Sugerindo o tratamento

Oferecer sempre a oportunidade de um encontro informal com o

terapeuta;

Informar que o terapeuta do paciente poderá (e deve) ser outro que não o

do familiar;

Dar sempre a opção de simplesmente experimentar o tratamento;

Informar sempre que o paciente não terá que fazer aquilo que não quiser;

Ter a opção de trabalhar outras áreas de sua vida, que não seja a do uso

de drogas;

Uso da comunicação positiva

3. Orientações Gerais:

Usar a influência de uma pessoa especifica na família ou o terapeuta para

chamar o paciente para o tratamento;

Falar sobre a importância do tratamento com o paciente;

Lidar com a raiva e a frustração diante da recusa para a entrada no

tratamento;

Criar estratégias futuras para o alcance desta meta;

Importância da manutenção do tratamento (do familiar)

Fechamento da sessão.

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9ª SESSÃO: FEEDBACK E ENCAMINHAMENTOS

Fechamento do programa:

Feedback para cada familiar;

Encaminhamentos necessários

4.10 Terapia Unilateral

A Terapia de Família Unilateral (no ca

,

desenvolvidas por Thomas et al. (1999), atestando a eficácia do método.

(SCHENKER, M.; MINAYO, M. C. S., 2004)

4.11 Aconselhamento Cooperativo

O Aconselhamento Cooperativo, desenvolvido por Yates, é a busca de

estratégias para o atendimento de pacientes alcoolistas.

Trata-se de um programa experimental, criado na Inglaterra (Universidade de

Yale) em 1959. Envolve os membros da família através de uma campanha na mídia,

com o objetivo de induzi-los a comparecer ao centro de tratamento a fim de serem

treinados, no caso de estarem preocupados com o problema de alcoolismo de seus

parentes. O autor obteve resultado, na medida em que 47% dos alcoólatras

entraram em tratamento, ou melhoraram o seu funcionamento, quando algum

membro de sua família compareceu ao treinamento (SCHENKER, M.; MINAYO, M.

C. S., 2004).

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5 DISCUSSÃO

O presente estudo mostra a importância da intervenção familiar no tratamento

da Dependência Química. Qualquer intervenção à família, mesmo que seja breve, é

de total relevância. Incluir familiares no tratamento deve ser uma meta, pois quanto

maior o número de membros participantes e quanto mais rápido for o engajamento

ao tratamento, maiores serão as chances de sucesso.

As abordagens de tratamento aqui relacionadas contribuem para a clareza de

como a família está diretamente ligada ao desenvolvimento saudável de seus

membros.

Os estudos indicam a influência, positiva ou negativa, da família, dos amigos,

do ambiente escolar no caso de vulnerabilidade para o uso abusivo de drogas,

principalmente na adolescência.

A família, em algumas abordagens, participa de orientações em grupos ou

individuais que objetivam a melhora da evolução clínica do DQ e da relação familiar.

Porém, na maioria das vezes só quando é solicitada ou quando o paciente está

institucionalizado. Sendo assim, quando o dependente não está se tratando, a

família não tem suporte técnico, emocional e orientações importantes de

profissionais da área de saúde.

Nos grupos de Amor Exigente, percebe-se grande adesão de famílias, mas

muitos participam quando o parente está internado, justificando que a instituição em

que ele se encontra, vincula a liberação da visita com o comparecimento nos grupos

de auto ajuda.

As abordagens voltadas na busca de tratamento para o DQ, através da

família, visam a colaboração e ajuda do familiar para a conscientização do

dependente químico sobre a necessidade de assistência especializada. Nessa

abordagem, o familiar muitas vezes aceita as orientações até o parente dependente

entrar em tratamento e o suporte necessário para o membro da família é

interrompido.

Mediante dados relatados nos artigos abordados, o leitor percebe a

importância de atender o familiar independente do tratamento do DQ.

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Nas abordagens acima citadas, a TCC pode ser utilizada com o objetivo de

buscar nesses grupos crenças e comportamentos disfuncionais independente da

doença. Além de necessitar de orientação para lidar com a situação, o familiar

precisa de acolhimento individual para aprender a trabalhar com suas crenças.

Todas as abordagens citadas, contemplam o paciente e a família, utilizam-se

do treinamento de habilidades, técnica também utilizada na TCC. Esta técnica visa

fazer com que o familiar aprenda habilidades para lidar com o usuário objetivando

mudanças do comportamento indesejável.

A TCC além de treinar habilidades, investiga crenças disfuncionais visando

uma reestruturação cognitiva (mudanças de pensamentos) do familiar, trabalhando o

seu lado emocional.

Os membros da família, em muitos casos, ficam subordinados ao tratamento

do DQ e carentes de atenção aos seus próprios sentimentos.

É uma abordagem mais completa é a TCC, pois contempla as necessidades

tanto do dependente químico como a do familiar de uma forma individualizada.

Assiste cada membro com objetivos além da dependência química. Ajudará o

familiar a trabalhar com suas crenças e angústias.

Acredita-se que a TCC pode ser envolvida em todas as abordagens citadas

de uma forma estruturada ou não. Mostra-se eficaz e completa. Não só orienta o

familiar a lidar com o DQ, mas ajuda-o a entender as suas próprias crenças sejam

elas disfuncionais ou não. Pode fazer com que a família conscientize-se em buscar

tratamento não necessariamente quando o DQ está internado, mas sim como uma

forma de ajudar a si mesmo a lidar com a situação.

O sentimento de tristeza do familiar será focado pela TCC tanto quanto os

conflitos da relação. Fazer com que o familiar trabalhe esse sentimento é

fundamental para que ele possa ajudar o dependente.

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6 CONCLUSÃO

O estudo evidenciou a importância da família como suporte fundamental no

tratamento do Dependente Químico. O trabalho compartilhado entre os profissionais

e familiares se faz cada vez mais necessário.

A família deve ser vista como adoecida e com suas próprias necessidades por

que a dependência química tem um resultado devastador sobre a vida dos

familiares.

A TCC, entre as abordagens de família apresentadas, se caracteriza de uma

maneira mais completa por trabalhar com as angústias do familiar e por poder ter

técnicas incluídas na maioria das abordagens.

Além de tratar o paciente de imediato, utilizando-se de técnicas

comportamentais, trabalhará também com técnicas cognitivas. O familiar trabalha na

TCC sua vulnerabilidade emocional e não somente o manejo comportamental com o

parente dependente químico.

Familiares fortalecidos emocionalmente, em geral, conseguem maior

estabilidade e, com isso, lidam e auxiliam de forma mais eficaz os dependentes

químicos.

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ANEXOS

Eu Silvia Leite Pacheco, afirmo que o presente trabalho e suas devidas

partes são de minha autoria e que fui devidamente informada da responsabilidade

autoral sobre seu conteúdo.

Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de

Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob

o título “Intervenções terapêuticas utilizadas em familiares de dependentes

químicos e a eficácia da terapia cognitivo - Comportamental nesse contexto”,

isentando, mediante o presente termo, o Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-

Comportamental (CETCC), meu orientador e coorientador de quaisquer ônus

consequentes de ações atentatórias à "Propriedade Intelectual", por mim praticadas,

assumindo, assim, as responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações

realizadas para a confecção da monografia.

São Paulo, 10 de Dezembro de 2013.

_______________________

Assinatura do (a) Aluno (a)