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CURSO DE FORMAÇÃO DE MONITORES
SOCIOAMBIENTAIS DA MARÉ – EDUMARÉ
Ana Maria de Almeida SANTIAGO [email protected]
FFP- UERJ
Helena Maria Marques ARAÚJO [email protected]
CAP- UERJ
RESUMO
O II Curso de Formação de Monitores Socioambientais da Maré (Edumaré) é uma ação do Projeto de Educação
Ambiental e Comunicação Social do Projeto de Recuperação Ambiental do Canal do Fundão (DAMARÉ). Criado
pela Superintendência de Educação Ambiental da Secretária de Estado do Ambiente, o DAMARÉ se iniciou em
2010, atendendo à demanda de ações e comunicação social e educação ambiental, geradas pelas obras
realizadas no Canal do Fundão.
Executado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com recursos do Fundo Estadual de Conservação
Ambiental e Desenvolvimento Urbano (FECAM), o DAMARÉ realiza ações de empoderamento identitário e de
fortalecimento de gestão participativa no contexto da Educação Ambiental Crítica. Entre essas ações, destaca-
se o II Edumaré, que se propõe a formar cerca de 1000 monitores socioambientais no novo contexto de
implementação da Unidade de Polícia Pacificadora no Bairro da Maré.
Neste artigo apresentamos as linhas de desenvolvimento teórico, as características e os objetivos do curso de
formação de monitores socioambientais, assim como suas relações com o empoderamento identitário e a
gestão participativa na comunidade da Maré.
PALAVRAS-CHAVE: Formação de monitores socioambientais - Educação ambiental crítica - Maré.
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INTRODUÇÃO
O II Curso de Formação de Monitores Socioambientais da Maré (Edumaré) é uma ação
do Projeto de Educação Ambiental e Comunicação Social do Projeto de Recuperação
Ambiental do Canal do Fundão (DAMARÉ).
Criado pela Superintendência de Educação Ambiental da Secretária de Estado do
Ambiente, o DAMARÉ se iniciou em 2010, atendendo à demanda de ações e comunicação
social e educação ambiental, geradas pelas obras realizadas no Canal do Fundão.
Executado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com recursos do Fundo
Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (FECAM), o DAMARÉ realiza
ações de empoderamento identitário e de fortalecimento de gestão participativa no contexto
da Educação Ambiental Crítica. Entre essas ações, destaca-se o II Edumaré, que se propõe a
formar cerca de 1000 monitores socioambientais no novo contexto de implementação da
Unidade de Polícia Pacificadora no Bairro da Maré a partir de 2014.
O Bairro da Maré ocupa uma região à margem da Baía de Guanabara, caracterizada
primitivamente por vegetação de manguezal, suprimida por aterramentos realizados pela
população ou pelo poder público, para propiciar o assentamento de população de baixa renda.
No início do século XX, já existiam pequenos núcleos de povoamento, notadamente de
pescadores. Foi, contudo, após a reforma urbana realizada pela prefeitura de Pereira Passos e,
principalmente, com o desenvolvimento industrial do Rio de Janeiro na década de 40 que a
ocupação da região se incrementou. A construção da Avenida Brasil (concluída em 1946) e o
grande fluxo de migrantes nordestinos que chegaram à cidade na referida década
contribuíram para esse processo de ocupação.
A interferência do poder público no processo de ocupação da Maré foi significativa.
Nos anos 60, o Estado realizou a remoção de populações de favelas (Praia do Pinto, Morro da
Formiga, Favela do Esqueleto) e de desabrigados das margens do rio Faria-Timbó para
habitações populares construídas na Maré. Enquanto, no final da década de 70 e na década de
80, o Governo Federal aterrou regiões alagadas, transferindo os moradores das palafitas para
construções pré-fabricadas (Projeto Rio).
Em 1988, foi criada a 30ª Região Administrativa, incorporando a Maré, sendo a
primeira RA a se instalar em um território de habitações populares. Em 1994, a Maré foi
reconhecida como bairro. Atualmente, congrega dezesseis comunidades e possui importante
diversidade cultural. O bairro cobre cerca de 800 mil metros quadrados, entre a Av. Brasil e a
margem da Baía, sendo cortado pela Linha Vermelha e pela Linha Amarela e sofre impacto
negativo direto da degradação do Canal do Fundão e seu entorno. Em 2000, possuía 132.176
habitantes que moravam em 38.273 domicílios (CEASM, 2000, p. 35).
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Fonte: http://redesdamare.org.br/projetos/retrato-da-mare
JUSTIFICATIVA
A resistência das favelas envolve lutas que atravessam os planos da infraestrutura
urbana, dos direitos (civis, políticos e sociais), do simbólico, que também
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passam pelo reconhecimento da diversidade e da pluralidade cultural. De acordo com os
programas de inclusão social e de integração urbana, muitos problemas de ordem
socioeconômica ainda são enfrentados pelos moradores das áreas de “Assentamento Precário
Informal” que denunciam a falta de infraestrutura e, consequentemente, uma reduzida
vivência de cidadania plena.
Dada essa configuração, torna-se urgente apontarmos os principais dilemas cotidianos
para o planejamento de iniciativas voltadas para a promoção desses espaços urbanos. Salta
aos nossos olhos a situação dos diferentes segmentos empobrecidos com destaque para os
jovens na cidade do Rio de Janeiro. Este fato nos remete a preocupações que transitam tanto
no campo das políticas sociais voltadas para aquele público - visando a sua incorporação ao
mercado de trabalho formal e a sua escolarização - quanto a medidas de repressão
institucionalizada.
Estudos recentes indicam como os segmentos sociais mais privilegiados
economicamente continuam a reproduzir o imaginário social preconceituoso sobre os
moradores de favela. Infelizmente, a população jovem tem engrossado as estatísticas de
mortalidade por morte violenta. Certas características de identificação, como morar em favela,
estar com vestimentas associadas ao estilo do funkeiro (boné, bermudão, tênis de marca,
cabelo pintado de loiro), ser negro, dentre outras marcas sociais ou corporais, podem ser lidas
como elementos que levantam suspeitas sobre a ligação com alguma atividade criminosa.
Consequentemente, a segregação geográfica é fomentada pela cultura do medo e da
insegurança. Daí, a urgência de inclusão desses atores sociais no sentido de apoiá-los no
desenvolvimento de novas habilidades, como por exemplo, a formação educacional na
perspectiva socioambiental.
Com base neste histórico, o Estado brasileiro tem reunido esforços para, juntamente
com diferentes esferas, implementar políticas públicas que favoreçam a integração urbana e
social partindo da ideia de que a cidade é para todos.
Nesse sentido, a educação ambiental crítica se constitui numa forma abrangente de
educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico
participativo. Por outro lado, sabemos que a sustentabilidade é um critério básico, integrador,
que estimula as responsabilidades éticas. A melhoria efetiva das condições materiais de
existência da população local, portanto, está associada, dentre outros fatores, às ações de
organização social e qualificação.
ENQUADRAMENTO TEÓRICO E OBJETIVOS
Em nosso trabalho tivemos que estabelecer alguns conceitos básicos para formar um
mosaico teórico conceitual para execução das linhas chaves de nosso curso. Sendo assim, são
eles: espaço não formal de educação, educação ambiental e vulnerabilidade socioambiental.
- Espaço não formal de educação
Outros lugares, além da escola, são portadores de dimensões pedagógicas; porém são
espaços diferenciados do espaço educativo formal escolar. Entre esses espaços diferenciados,
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portadores de dimensões pedagógicas, podemos destacar: os espaços não formais de
educação e os espaços informais de educação.
Os espaços não formais de educação são aqueles com grande potencial educativo e
com clara intencionalidade em educar (ex.: programas educativos, exposições guiadas, visitas
guiadas, museus, centros culturais). A intencionalidade e a não escolarização caracterizam
fortemente os espaços educativos não formais. Já os espaços informais de educação são
espaços, segundo Trilla, Ganem e Arantes (2008), sem explícita intencionalidade em educar,
mas que também educam. Esses se dão através de redes de conhecimento, inseridas no
universo cultural de cada grupo social ou sociedade em geral, como por exemplo, a educação
aprendida informalmente com a família e os vizinhos.1
O Projeto DAMARÉ e o Curso Edumaré são compreendidos como um espaço de
educação não formal. Esse enquadramento teórico se justifica pela intencionalidade educativa,
pelo trabalho com noções de conhecimentos não escolarizado, pela abordagem
interdisciplinar, pela interação com o cotidiano dos monitores. Outrossim, trabalhamos
metodologicamente com elementos da cultura local e de relevância social que informam os
indivíduos e que oportunizam a percepção dos problemas socioambientais2.
- Educação Ambiental
Embora a Educação Ambiental apareça no debate educativo contemporâneo como
uma necessidade, o termo comporta uma polissemia significativa, que espelha divergências
teórico-metodológicas importantes do campo. Nesse sentido, cabe explicitar a que Educação
Ambiental o Projeto Damaré e o Curso estão filiados.
Propomos um processo educativo que seja crítico, emancipatório e transformador
(LOUREIRO, 2012). É crítico porque promove uma reflexão histórica da civilização na qual
estamos inseridos, oportunizando processos de desconstrução de verdades e valores
tradicionais. É emancipatório porque busca a autonomia e a liberdade dos indivíduos, ao
explicitar que a sociedade não é o espaço da harmonia, mas de conflitos3, pois há assimetrias
estabelecidas por “relações de dominação, opressão e expropriação” (LOUREIRO, 2012, p. 88).
É transformador porque almeja outro modelo civilizatório. Essa proposta está sintetizada no
que se denomina Educação Ambiental Crítica.
Por outro lado, no âmbito de uma política pública, buscamos promover uma gestão
ambiental participativa. Nesse sentido, nos filiamos, também, à Educação no Processo de
Gestão Ambiental, já que propomos “criar condições para transformar o espaço ‘técnico’ da
‘gestão ambiental’ em espaço público”, evitando “que os consensos sejam construídos apenas
entre atores sociais com grande visibilidade e influência na sociedade” (QUINTAS, 2008, p.8).
1 Os espaços educativos formais, informais e não formais são complementares, mas tem ritos próprios, culturas
próprias e códigos específicos. 2 Utilizamos o termo socioambiental com o objetivo de demarcar o campo político. Entendemos que o social é
constitutivo do ambiente; contudo, em função da tradição biologizante de ambiente, o uso do termo permite evidenciar que compreendemos que a questão ambiental é fruto das relações sócio históricas (LOUREIRO, 2012, p. 83). 3 Conflito (social e político) "é uma forma de interação entre indivíduos, grupos, organizações e coletividade que
implica choques para o acesso e a distribuição de recursos escassos." (BOBBIO, MATTEUCCI & PASQUINO, 1992 p. 225)
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Há, portanto, um comprometimento com os princípios e práticas da justiça ambiental
(ACSELRAD, 2010).
- Vulnerabilidade socioambiental
A priorização desses grupos justifica-se por todo quadro teórico já apresentado,
contudo, outra questão pode ser levantada: a relação entre degradação ambiental, pobreza e
risco.
Segundo Barcellos e Oliveira (2008, p. 14), embora a degradação ambiental seja
promovida por diversos fatores como “especulação imobiliária, o uso inadequado do solo, o
desmatamento, o não cumprimento à legislação”, os estudos recentes evidenciam que há uma
“um vínculo estreito” entre degradação ambiental e a “perpetuação da pobreza” e a
“inacessibilidade à terra”, o que torna “a população de baixa renda mais vulnerável aos
desastres naturais”.
O Projeto DAMARÉ e o curso Edumaré tem como objetivo fortalecer as comunidades
através da atuação de monitores socioambientais que interagirão com os grupos em maior
vulnerabilidade socioambiental no território, favorecendo a participação na gestão ambiental
e na promoção do desenvolvimento local e cultural.
Por outro lado, podemos afirmar que os objetivos específicos são: fortalecer as
associações e as instituições representativas da comunidade instaladas no território;
caracterizar o território através de um diagnóstico socioambiental; identificar os grupos em
vulnerabilidade socioambiental; identificar atitudes que desfavorecem a saúde, a
sustentabilidade e a melhoria da qualidade de vida; incentivar a elaboração de projetos de
intervenção local, de monitoramento e controle do ambiente e de políticas públicas; construir
participativamente diretrizes que orientem a ação pública no território.
PERFIL DOS CURSISTAS
O Edumaré formará cerca de 1000 (mil) monitores socioambientais das diferentes 16
(dezesseis) comunidades do bairro da Maré, priorizando jovens e adultos. Os monitores
socioambientais têm como função interagir com os grupos em maior vulnerabilidade
socioambiental no território, visando a participação na gestão ambiental e a promoção do
desenvolvimento local e cultural.
A seleção dos monitores se realizou a partir das indicações das 16 associações de
moradores existentes; além do CEASM/Museu da Maré e Vila Olímpica da Maré, instituições
locais de relevância sociocultural reconhecida.
Os cursistas jovens indicados deverão atender ao seguinte perfil: ser morador do
bairro da Maré (Comprovante de residência); estar ciente que ele é prestador de serviço, logo
o rendimento anual deverá ser incluído na declaração de Imposto de Renda do responsável
(Termo de compromisso assinado); não ter carteira de trabalho assinada (Termo de
compromisso assinado); estar cursando (ou ter cursado) o Ensino Médio (Comprovante de
escolaridade); ter idade entre os 16 anos e os 24 anos (Carteira de identidade, CPF e
PIS/PASEP/NIT); ter disponibilidade no turno selecionado (manhã ou tarde) e aos Sábados,
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dedicando até 10 (dez) horas semanais ao curso (Termo de compromisso assinado); possuir
capacidade de comunicação.
Os cursistas adultos indicados deverão atender ao perfil dos jovens acima - com
exceção do quesito idade e escolaridade - e acrescido dos itens relacionados a seguir:não ser
aposentado por invalidez ou estar em licença saúde (Termo de compromisso assinado); ter,
pelo menos, completado o primeiro segmento do Ensino Fundamental, (Comprovante de
escolaridade ou Termo de compromisso assinado); ter acima de 24 anos.
METODOLOGIA Uma proposta de educação ambiental crítica, que se constitui numa forma abrangente
de educação, depende de ações capazes de atingir a todos os cidadãos, através de um
processo pedagógico participativo. Nesta tarefa, o Edumaré pretende formar, em 2014/15,
cerca de 1000 moradores das diferentes comunidades do bairro da Maré - na cidade do Rio de
Janeiro- potenciais multiplicadores de uma reflexão socioambiental no território.
As turmas são organizadas pela coordenação pedagógica do curso de forma aleatória a
partir dos inscritos, porém respeitando os procedimentos estabelecidos. Cada turma tem dois
representantes de cada uma das 16 (dezesseis) associações, 01 (um) do CEASM/Museu da
Maré e 01 (um) da Vila Olímpica da Maré, perfazendo 34 (trinta e quatro) cursistas por turma.
Cada turma é acompanhada por um tutor, professor/orientador das atividades do
Edumaré. Os tutores envolvidos são selecionados pela UERJ, possuindo licenciatura em
diversas áreas, considerando o caráter multidisciplinar da Educação Ambiental. Ministrará
oficinas pedagógicas e apoiará o trabalho de professores convidados, além de ser o elo entre
os cursistas e a equipe de coordenação.
Além dos tutores e professores convidados, o Edumaré conta com uma coordenação,
uma assessoria e dois assistentes acadêmicos, apoiados por articuladores comunitários.
Diferentes metodologias são utilizadas no processo, destacando-se o papel das oficinas
pedagógicas e trabalhos de campo. No senso comum, quando falamos em oficina, nos
referimos a um lugar onde se conserta ou constrói alguma coisa. Do ponto de vista
pedagógico, trata-se de um espaço complexo, reflexivo, de construção, no qual se estabelece
um “jogo”, um vínculo, uma comunicação entre seus participantes, promovendo a criação, ao
final do processo, de objetos, fatos ou conhecimentos.
Essas diferentes metodologias propiciam aos monitores socioambientais
compartilharem debates e discussões socializadas sobre o território, as identidades, as
histórias e as memórias locais. Nesse primeiro momento, o eixo central será sua relação com o
espaço em questão – o território das comunidades de favelas. Em segundo momento, as
temáticas de diferenças de gênero, questões ligadas aos preconceitos e racismos, educação
sexual e violência de toda ordem estão presentes.
As oficinas pedagógicas se contrapõem à educação tradicional, na medida em que não
valorizam a memorização, repetição e atitude passiva do aluno. Através da oficina há uma
interação entre razão e sentimentos, considerando o contexto histórico e social em que o ser
humano está inserido, há uma atitude proativa do estudante construindo o seu próprio
conhecimento, sendo autor e coautor da produção de saberes cotidianos e científicos.
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O Curso conta, também, com um Ciclo de Palestras (9h), aos Sábados, que são
ministradas por profissionais especializados da Superintendência de Educação Ambiental da
Secretaria de Estado do Ambiente – SEAM/SEA.
Também são realizadas Campanhas Socioambientais (20h) cujos focos principais são as
vulnerabilidades identificadas no diagnóstico realizado pelos monitores. Inicialmente, serão
realizadas as Campanhas sobre Dengue e Resíduos Sólidos por serem questões já identificadas
como problemas socioambientais do território.
Tantos as oficinas quanto os trabalhos de campo permitem aos participantes adquirir
um novo conhecimento sistematizado e construído por si através de vivências específicas
coordenadas pelos tutores e professores, capacitando-os a uma ação mais coerente e
consequente na transformação da realidade em que atuam. As duas metodologias propiciam
também internalização de princípios participativos, já que exigem constantemente trabalho
coletivo e, consequentemente, a gerência dos conflitos.
O conteúdo programático do curso será dividido em5 módulos, a saber: Crise
ambiental e desafios para o século XXI; Características geográficas e geológicas da Baía de
Guanabara; Diagnóstico socioambiental participativo; Direitos Humanos; Corpo, gênero e
sexualidade; Ambiente e saúde. Além disso, termos um Módulo transversal de
Educomunicação, com formação em webradio e fotografia utilizadas como denúncias de
problemas e potencialidades das comunidades. Além disso, serão realizadas Campanhas
socioambientais nos territórios. Tudo isto dá ao curso uma formatação com carga horária de
70 horas/ aula.
RESULTADOS O Projeto DAMARÉ 2014 dá continuidade às ações que vinham sendo realizadas nos anos
anteriores em parceria com a SEA/ SEAM e a UERJ. A partir de demandas socioambientais das
comunidades da Maré desde 2010 foram realizadas ações afirmativas de empoderamento
identitário através de oficinas culturais e de qualificação para o trabalho e renda, além de
atividades relacionadas ao Núcleo de Pesca e à Memória dos pescadores locais.
O DAMARÉ visa promover - via educação ambiental crítica - o fortalecimento da
comunidade da Maré empoderando os atores sociais mais vulneráveis, no caso, pescadores,
mulheres desempregadas e da Terceira Idade e jovens em idade de risco social. Além disso,
visa a inclusão das comunidades na participação da gestão ambiental e na promoção do
desenvolvimento local e cultural, através do oferecimento de cursos e oficinas culturais e
artísticas e da abertura de frentes geradoras de trabalho, renda e inclusão social, com
valorização e fomento das iniciativas locais.
As práticas e ações da Educação ambiental crítica desenvolvidas através do Projeto
DAMARÉ vem proporcionando o fortalecimento identitário de grupos sociais em situação de
risco e de grande vulnerabilidade socioambiental nas comunidades da Maré e noutras.
Também através de certas ações desenvolvidas neste sentido, permite-se a qualificação para o
trabalho de grupos desfavorecidos socialmente.
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