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1 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI APOSTILA LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS ESPÍRITO SANTO

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI

APOSTILA LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS

PÚBLICAS

ESPÍRITO SANTO

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CONCEITUANDO POLÍTICAS PÚBLICAS

Disponível em: http:www.politicaspublicaseducacao.com.br

“Políticas públicas” são diretrizes, princípios norteadores de ação do

poder público; regras e procedimentos para as relações entre poder público e

sociedade, mediações entre atores da sociedade e do Estado. São, nesse caso,

políticas explicitadas, sistematizadas ou formuladas em documentos (leis,

programas, linhas de financiamentos) que orientam ações que normalmente

envolvem aplicações de recursos públicos. Nem sempre, porém, há

compatibilidade entre as intervenções e declarações de vontade e as ações

desenvolvidas. Devem ser consideradas também as “não ações”, as omissões,

como formas de manifestação de políticas, pois representam opções e

orientações dos que ocupam cargos.

As políticas públicas traduzem, no seu processo de elaboração e

implantação e, sobretudo, em seus resultados, formas de exercício do poder

político, envolvendo a distribuição e redistribuição de poder, o papel do conflito

social nos processos de decisão, a repartição de custos e benefícios sociais.

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Como o poder é uma relação social que envolve vários atores com

projetos e interesses diferenciados e até contraditórios, há necessidade de

mediações sociais e institucionais, para que se possa obter um mínimo de

consenso e, assim, as políticas públicas possam ser legitimadas e obter eficácia.

Elaborar uma política pública significa definir quem decide o quê, quando,

com que consequências e para quem. São definições relacionadas com a

natureza do regime político em que se vive, com o grau de organização da

sociedade civil e com a cultura política vigente. Nesse sentido, cabe distinguir

“Políticas Públicas” de “Políticas Governamentais”. Nem sempre “políticas

governamentais” são públicas, embora sejam estatais. Para serem “públicas”, é

preciso considerar a quem se destinam os resultados ou benefícios, e se o seu

processo de elaboração é submetido ao debate público.

A presença cada vez mais ativa da sociedade civil nas questões de

interesse geral torna a publicitação fundamental. As políticas públicas tratam de

recursos públicos diretamente ou através de renúncia fiscal (isenções), ou de

regular relação que envolve interesses públicos. Elas se realizam num campo

extremamente contraditório onde se entrecruzam interesses e visões de mundo

conflitantes e onde os limites entre público e privado são de difícil demarcação.

Daí a necessidade do debate público, da transparência, da sua elaboração em

espaços públicos e não nos gabinetes governamentais.

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OBJETIVOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Disponível em: http:www.politicaspublicaseducacao.com.br

As políticas públicas visam responder a demandas, principalmente dos

setores marginalizados da sociedade, considerados como vulneráveis. Essas

demandas são interpretadas por aqueles que ocupam o poder, mas

influenciadas por uma agenda que se cria na sociedade civil através da pressão

e mobilização social.

Visam ampliar e efetivar direitos de cidadania, também gestados nas lutas

sociais e que passam a ser reconhecidos institucionalmente. Outras políticas

objetivam promover o desenvolvimento, criando alternativas de geração de

emprego e renda como forma compensatória dos ajustes criados por outras

políticas de cunho mais estratégico (econômicas).

Ainda outras são necessárias para regular conflito entre os diversos

atores sociais que, mesmo hegemônicos, têm contradições de interesses que

não se resolvem por si mesmas ou pelo mercado e necessitam de mediação.

Os objetivos das políticas têm uma referência valorativa e exprimem as

opções e visões de mundo daqueles que controlam o poder, mesmo que, para

sua legitimação, necessitem contemplar certos interesses de segmentos sociais

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dominados, dependendo assim da sua capacidade de organização e

negociação.

LEGISLAÇÃO E EDUCAÇÃO

http://www.unione.art.br/dnfile/io1h91o7numoql76hjms_def/jpg/cursos/0/arquivo-io1h91o7numoql76hjms_def.jpg

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei no 9.394/96

e suas alterações.

Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional

decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

Da Educação

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Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na

vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e

pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas

manifestações culturais.

§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve,

predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.

§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática

social.

TÍTULO II

Dos Princípios e Fins da Educação Nacional

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Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de

liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno

desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho.

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento,

a arte e o saber;

III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;

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IV - Respeito à liberdade e apreço à tolerância;

V - Coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

VI - Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

VII - valorização do profissional da educação escolar;

VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação

dos sistemas de ensino;

IX - Garantia de padrão de qualidade;

X - Valorização da experiência extraescolar;

XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

XII - consideração com a diversidade étnico-racial. (Incluído pela Lei nº 12.796,

de 2013).

TÍTULO III

Do Direito à Educação e do Dever de Educar

Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante

a garantia de:

I - Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos

de idade, organizada da seguinte forma: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de

2013).

a) pré-escola; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013).

b) ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013).

c) ensino médio; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013).

II - Educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade;

(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013).

III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou

superlotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades,

preferencialmente na rede regular de ensino; (Redação dada pela Lei nº 12.796,

de 2013).

IV - Acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os

que não os concluíram na idade própria; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de

2013).

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V - Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação

artística, segundo a capacidade de cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com

características e modalidades adequadas às suas necessidades e

disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de

acesso e permanência na escola;

VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por

meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte,

alimentação e assistência à saúde; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013).

IX - Padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e

quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento

do processo de ensino-aprendizagem.

X – Vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino Fundamental mais

próxima de sua residência a toda criança a partir do dia em que completar 4

(quatro) anos de idade. (Incluído pela Lei nº 11.700, de 2008).

Art. 5o O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo,

podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária,

organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e,

ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo. (Redação dada

pela Lei nº 12.796, de 2013).

§ 1o O poder público, na esfera de sua competência federativa, deverá:

(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013).

I - Recensear anualmente as crianças e adolescentes em idade escolar, bem

como os jovens e adultos que não concluíram a educação básica; (Redação

dada pela Lei nº 12.796, de 2013).

II - Fazer-lhes a chamada pública;

III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.

§ 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Público assegurará em

primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório, nos termos deste artigo,

contemplando em seguida os demais níveis e modalidades de ensino, conforme

as prioridades constitucionais e legais.

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§ 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo tem legitimidade

para peticionar no Poder Judiciário, na hipótese do § 2º do art. 208 da

Constituição Federal, sendo gratuita e de rito sumário a ação judicial

correspondente.

§ 4º Comprovada a negligência da autoridade competente para garantir o

oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela ser imputada por crime de

responsabilidade.

§ 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder Público

criará formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino,

independentemente da escolarização anterior.

Art. 6o É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na

educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade. (Redação dada pela Lei

nº 12.796, de 2013).

Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições:

I - Cumprimento das normas gerais da educação nacional e do respectivo

sistema de ensino;

II - Autorização de funcionamento e avaliação de qualidade pelo Poder Público;

III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previsto no art. 213 da

Constituição Federal.

TÍTULO IV

Da Organização da Educação Nacional

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Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em

regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino.

§ 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulando

os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e

supletiva em relação às demais instâncias educacionais.

§ 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta Lei.

Art. 9º A União incumbir-se-á de: (Regulamento)

I - Elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o

Distrito Federal e os Municípios;

II - Organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do sistema

federal de ensino e o dos Territórios;

III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e

aos Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o

atendimento prioritário à escolaridade obrigatória, exercendo sua função

redistributiva e supletiva;

IV - Estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino

fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos

mínimos, de modo a assegurar formação básica comum;

V - Coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação;

VI - Assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino

fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino,

objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino;

VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós--graduação;

VIII - assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação

superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre

este nível de ensino;

IX - Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente,

os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu

sistema de ensino. (Vide Lei nº 10.870, de 2004).

§ 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de Educação, com

funções normativas e de supervisão e atividade permanente, criado por lei.

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§ 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a União terá acesso a

todos os dados e informações necessários de todos os estabelecimentos e

órgãos educacionais.

§ 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser delegadas aos Estados

e ao Distrito Federal, desde que mantenham instituições de educação superior.

Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:

I - Organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus

sistemas de ensino;

II - Definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino

fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das

responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos

financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público;

III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as

diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas

ações e as dos seus Municípios;

IV - Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente,

os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu

sistema de ensino;

V - Baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;

VI - Assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio

a todos que o demandarem, respeitado o disposto no art. 38 desta Lei; (Redação

dada pela Lei nº 12.061, de 2009).

VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual. (Incluído pela Lei

nº 10.709, de 31.7.2003).

Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as competências referentes

aos Estados e aos Municípios.

Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de:

I - Organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus

sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da União

e dos Estados;

II - Exercer ação redistributiva em relação às suas escolas;

III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;

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IV - Autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de

ensino;

V - Oferecer à educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o

ensino fundamental, permitido a atuação em outros níveis de ensino somente

quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de

competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela

Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino.

VI - Assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal. (Incluído pela

Lei nº 10.709, de 31.7.2003).

Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por se integrar ao sistema

estadual de ensino ou compor com ele um sistema único de educação básica.

Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do

seu sistema de ensino, terão a incumbência de:

I - Elaborar e executar sua proposta pedagógica;

II - Administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;

III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas;

IV - Velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;

V - Prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento;

VI - Articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de

integração da sociedade com a escola;

VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os

responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como

sobre a execução da proposta pedagógica da escola; (Redação dada pela Lei nº

12.013, de 2009).

VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz competente da Comarca

e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que

apresentem quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do percentual

permitido em lei. (Incluído pela Lei nº 10.287, de 2001)

Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:

I - Participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de

ensino;

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II - Elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do

estabelecimento de ensino;

III - zelar pela aprendizagem dos alunos;

IV - Estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor

rendimento;

V - Ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar

integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao

desenvolvimento profissional;

VI - Colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a

comunidade.

Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do

ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e

conforme os seguintes princípios:

I - Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto

pedagógico da escola;

II - Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou

equivalentes.

Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de

educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica

e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito

financeiro público.

Art. 16. O sistema federal de ensino compreende: (Regulamento)

I - As instituições de ensino mantidas pela União;

II - As instituições de educação superior criada e mantidas pela iniciativa privada;

III - os órgãos federais de educação.

Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito Federal compreendem:

I - As instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo Poder Público

estadual e pelo Distrito Federal;

II - As instituições de educação superior mantidas pelo Poder Público municipal;

III - as instituições de ensino fundamental e médio criado e mantidas pela

iniciativa privada;

IV - Os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, respectivamente.

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Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de educação infantil, criadas

e mantidas pela iniciativa privada, integram seu sistema de ensino.

Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem:

I - As instituições do ensino fundamental, médio e de educação infantil mantidas

pelo Poder Público municipal;

II - As instituições de educação infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada;

III – os órgãos municipais de educação.

Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis classificam-se nas

seguintes categorias administrativas: (Regulamento)

I - Públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas, mantidas e

administradas pelo Poder Público;

II - Privadas, assim entendidas as mantidas e administradas por pessoas físicas

ou jurídicas de direito privado.

Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão nas seguintes

categorias: (Regulamento)

I - Particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são instituídas e

mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que

não apresentem as características dos incisos abaixo;

II - Comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas

físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas

educacionais, sem fins lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora

representantes da comunidade; (Redação dada pela Lei nº 12.020, de 2009)

III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de

pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação

confessional e ideologia específicas e ao disposto no inciso anterior;

IV - Filantrópicas, na forma da lei.

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TÍTULO V

Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino

CAPÍTULO I

Da Composição dos Níveis Escolares

Art. 21. A educação escolar compõe-se de:

I - Educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e

ensino médio;

II - Educação superior.

CAPÍTULO II

DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Seção I

Das Disposições Gerais

Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando,

assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e

fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.

Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos

semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não

seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma

diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem

assim o recomendar.

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§ 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando se tratar de

transferências entre estabelecimentos situados no País e no exterior, tendo

como base as normas curriculares gerais.

§ 2º O calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive

climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com

isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei.

Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de

acordo com as seguintes regras comuns:

I - A carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um

mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado

aos exames finais, quando houver;

II - A classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira do ensino

fundamental, pode ser feita:

a) por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série ou

fase anterior, na própria escola;

b) por transferência, para candidatos procedentes de outras escolas;

c) independentemente de escolarização anterior, mediante avaliação feita pela

escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência do candidato e

permita sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do

respectivo sistema de ensino;

III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por série, o

regimento escolar pode admitir formas de progressão parcial, desde que

preservada a sequência do currículo, observadas as normas do respectivo

sistema de ensino;

IV - Poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas,

com níveis equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino de línguas

estrangeiras, artes, ou outros componentes curriculares;

V - A verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:

a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência

dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do

período sobre os de eventuais provas finais;

b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;

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c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do

aprendizado;

d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;

e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao

período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados

pelas instituições de ensino em seus regimentos;

VI - O controle de frequência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu

regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida a frequência

mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação;

VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos escolares, declarações

de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão de cursos, com

as especificações cabíveis.

Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades responsáveis alcançar

relação adequada entre o número de alunos e o professor, a carga horária e as

condições materiais do estabelecimento.

Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à vista das condições

disponíveis e das características regionais e locais, estabelecer parâmetro para

atendimento do disposto neste artigo.

Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino

médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema

de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada,

exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da

economia e dos educandos. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

§ 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o

estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico

e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil.

§ 2o O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá

componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica, de

forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. (Redação dada pela

Lei nº 12.287, de 2010)

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§ 3o A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é

componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática

facultativa ao aluno: (Redação dada pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)

I – Que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; (Incluído pela

Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)

II – Maior de trinta anos de idade; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)

III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar,

estiver obrigado à prática da educação física; (Incluído pela Lei nº 10.793, de

1º.12.2003)

IV – Amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro de 1969; (Incluído

pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)

V – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)

VI – Que tenha prole. (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)

§ 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das

diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente

das matrizes indígena, africana e europeia.

§ 5º Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir

da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja

escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da

instituição.

§ 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do

componente curricular de que trata o § 2o deste artigo. (Incluído pela Lei nº

11.769, de 2008)

§ 7o Os currículos do ensino fundamental e médio devem incluir os princípios da

proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma integrada aos

conteúdos obrigatórios. (Incluído pela Lei nº 12.608, de 2012)

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio,

públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-

brasileira e indígena. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008).

§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos

aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população

brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da

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África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a

cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade

nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e

política, pertinentes à história do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de

2008).

§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos

indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em

especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.

(Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008).

Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda, as

seguintes diretrizes:

I - A difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres

dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática;

II - Consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada

estabelecimento;

III - orientação para o trabalho;

IV - Promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não

formais.

Art. 28. Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de

ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às

peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente:

I - Conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e

interesses dos alunos da zona rural;

II - Organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às

fases do ciclo agrícola e às condições climáticas;

III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.

Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, indígenas e quilombolas

será precedido de manifestação do órgão normativo do respectivo sistema de

ensino, que considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de Educação,

a análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da comunidade

escolar. (Incluído pela Lei nº 12.960, de 2014)

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Família base de tudo!

Seção II

Da Educação Infantil

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Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como

finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus

aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da

família e da comunidade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

Art. 30. A educação infantil será oferecida em:

I - Creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;

II - Pré-escolas-Escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade.

(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras

comuns: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

I - Avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das

crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino

fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)

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II - Carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um

mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional; (Incluído pela Lei nº

12.796, de 2013)

III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno

parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral; (Incluído pela Lei nº 12.796,

de 2013)

IV - Controle de frequência pela instituição de educação pé--escolar, exigida a

frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas; (Incluído pela

Lei nº 12.796, de 2013)

V - Expedição de documentação que permita atestar os processos de

desenvolvimento e aprendizagem da criança. (Incluído pela Lei nº 12.796, de

2013).

Seção III

Do Ensino Fundamental

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Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos,

gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por

objetivo a formação básica do cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei nº

11.274, de 2006)

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I - O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o

pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

II - A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da

tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;

III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a

aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;

IV - O fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana

e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino fundamental em

ciclos.

§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podem

adotar no ensino fundamental o regime de progressão continuada, sem prejuízo

da avaliação do processo de ensino aprendizagem, observadas as normas do

respectivo sistema de ensino.

§ 3º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa,

assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e

processos próprios de aprendizagem.

§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado

como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais.

§ 5o O currículo do ensino fundamental incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que

trate dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no

8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do

Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático

adequado. (Incluído pela Lei nº 11.525, de 2007).

§ 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído como tema transversal

nos currículos do ensino fundamental. (Incluído pela Lei nº 12.472, de 2011).

Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da

formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das

escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade

cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. (Redação

dada pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997)

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23

§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição

dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação

e admissão dos professores.

§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes

denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso.

Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro

horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o

período de permanência na escola.

§ 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas alternativas de

organização autorizadas nesta Lei.

§ 2º O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral,

a critério dos sistemas de ensino.

Seção IV

Do Ensino Médio

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Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima

de três anos, terá como finalidades:

I - a consolidação E o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino

fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

II - A preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para

continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a

novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

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III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação

ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;

IV - A compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos

produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.

Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste

Capítulo e as seguintes diretrizes:

I - Destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da

ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da

sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação,

acesso ao conhecimento e exercício da cidadania;

II - Adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa

dos estudantes;

III - será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória,

escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro

das disponibilidades da instituição.

IV – Serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias em

todas as séries do ensino médio. (Incluído pela Lei nº 11.684, de 2008)

§ 1º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados

de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre:

I - Domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção

moderna;

II - Conhecimento das formas contemporâneas de linguagem.

Seção IV-A

Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio

(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

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Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste Capítulo, o ensino médio,

atendida à formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de

profissões técnicas. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, as

habilitações profissionais poderão ser desenvolvidas nos próprios

estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições

especializadas em educação profissional. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível médio será desenvolvida nas

seguintes formas: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

I - Articulada com o ensino médio; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

II - Subsequente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o ensino

médio. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível médio deverá

observar: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

I - Os objetivos e definições contidos nas diretrizes curriculares nacionais

estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação; (Incluído pela Lei nº 11.741,

de 2008)

II - As normas complementares dos respectivos sistemas de ensino; (Incluído

pela Lei nº 11.741, de 2008)

III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto

pedagógico. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

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Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível médio articulada, prevista no

inciso I do caput do art. 36-B desta Lei, será desenvolvida de forma: (Incluído

pela Lei nº 11.741, de 2008)

I - Integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino

fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação

profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino, efetuando-

se matrícula única para cada aluno; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

II - Concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino médio ou já o estejam

cursando, efetuando-se matrículas distintas para cada curso, e podendo ocorrer:

(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as oportunidades

educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as oportunidades

educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de Inter

complementaridade, visando ao planejamento e ao desenvolvimento de projeto

pedagógico unificado. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação profissional técnica de nível

médio, quando registrados, terão validade nacional e habilitarão ao

prosseguimento de estudos na educação superior. (Incluído pela Lei nº 11.741,

de 2008)

Parágrafo único. Os cursos de educação profissional técnica de nível médio, nas

formas articulada concomitante e subsequente, quando estruturados e

organizados em etapas com terminalidade, possibilitarão a obtenção de

certificados de qualificação para o trabalho após a conclusão, com

aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma qualificação para o trabalho.

(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008).

Seção V

Da Educação de Jovens e Adultos

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27

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Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram

acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade

própria.

§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos,

que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades

educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus

interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do

trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.

§ 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com

a educação profissional, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741,

de 2008)

Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que

compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao

prosseguimento de estudos em caráter regular.

§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:

I - No nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze

anos;

II - No nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos.

§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios

informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.

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28

CAPÍTULO III

DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Da Educação Profissional e Tecnológica

(Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008)

Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos objetivos da

educação nacional, integra-se aos diferentes níveis e modalidades de educação

e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. (Redação dada pela Lei

nº 11.741, de 2008)

§ 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser organizados

por eixos tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários

formativos, observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino.

(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

§ 2o A educação profissional e tecnológica abrangerá os seguintes cursos:

(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

I – De formação inicial e continuada ou qualificação profissional;

(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

II – De educação profissional técnica de nível médio; (Incluído pela Lei nº 11.741,

de 2008)

III – de educação profissional tecnológica de graduação e pós--graduação.

(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

§ 3o Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e pós-

graduação organizar-se-ão, no que concerne a objetivos, características e

duração, de acordo com as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo

Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino

regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em instituições

especializadas ou no ambiente de trabalho.

Art. 41. O conhecimento adquirido na educação profissional e tecnológica,

inclusive no trabalho, poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento e

certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos. (Redação dada pela

Lei nº 11.741, de 2008)

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29

Art. 42. As instituições de educação profissional e tecnológica, além dos seus

cursos regulares, oferecerão cursos especiais, abertos à comunidade,

condicionada a matrícula à capacidade de aproveitamento e não

necessariamente ao nível de escolaridade. (Redação dada pela Lei nº 11.741,

de 2008).

CAPÍTULO IV

DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

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Art. 43. A educação superior tem por finalidade:

I - Estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do

pensamento reflexivo;

II - Formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a

inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da

sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;

III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o

desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e,

desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive;

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30

IV - Promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos

que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do

ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;

V - Suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e

possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que

vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do

conhecimento de cada geração;

VI - Estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular

os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e

estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;

VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão

das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa

científica e tecnológica geradas na instituição.

Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas:

I - Cursos sequenciais por campo de saber, de diferentes níveis de abrangência,

abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos pelas

instituições de ensino, desde que tenham concluído o ensino médio ou

equivalente; (Redação dada pela Lei nº 11.632, de 2007).

II - De graduação, abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio

ou equivalente e tenham sido classificados em processo seletivo;

III - de pós-graduação, compreendendo programas de mestrado e doutorado,

cursos de especialização, aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos

diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das

instituições de ensino;

IV - De extensão, abertos a candidatos que atendam aos requisitos

estabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino.

Parágrafo único. Os resultados do processo seletivo referido no inciso II do caput

deste artigo serão tornados públicos pelas instituições de ensino superior, sendo

obrigatória a divulgação da relação nominal dos classificados, a respectiva

ordem de classificação, bem como do cronograma das chamadas para

matrícula, de acordo com os critérios para preenchimento das vagas constantes

do respectivo edital. (Incluído pela Lei nº 11.331, de 2006)

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31

Art. 45. A educação superior será ministrada em instituições de ensino superior,

públicas ou privada, com variados graus de abrangência ou especialização.

Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos, bem como o

credenciamento de instituições de educação superior, terão prazos limitados,

sendo renovados, periodicamente, após processo regular de avaliação. (Vide Lei

nº10.870, de 2004)

§ 1º Após um prazo para saneamento de deficiências eventualmente

identificadas pela avaliação a que se refere este artigo, haverá reavaliação, que

poderá resultar, conforme o caso, em desativação de cursos e habilitações, em

intervenção na instituição, em suspensão temporária de prerrogativas da

autonomia, ou em descredenciamento. (Vide Lei nº 10.870, de 2004)

§ 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo responsável por sua

manutenção acompanhará o processo de saneamento e fornecerá recursos

adicionais, se necessários, para a superação das deficiências.

Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, independente do ano civil,

tem, no mínimo, duzentos dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo

reservado aos exames finais, quando houver.

§ 1º As instituições informarão aos interessados, antes de cada período letivo,

os programas dos cursos e demais componentes curriculares, sua duração,

requisitos, qualificação dos professores, recursos disponíveis e critérios de

avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condições.

§ 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento nos estudos,

demonstrado por meio de provas e outros instrumentos de avaliação específicos,

aplicados por banca examinadora especial, poderão ter abreviada a duração dos

seus cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino.

§ 3º É obrigatória à frequência de alunos e professores, salvo nos programas de

educação à distância.

§ 4º As instituições de educação superior oferecerão, no período noturno, cursos

de graduação nos mesmos padrões de qualidade mantidos no período diurno,

sendo obrigatória a oferta noturna nas instituições públicas, garantida a

necessária previsão orçamentária.

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32

Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando registrados,

terão validade nacional como prova da formação recebida por seu titular.

§ 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por elas próprias

registrados, e aqueles conferidos por instituições não universitárias serão

registrados em universidades indicadas pelo Conselho Nacional de Educação.

§ 2º Os diplomas de graduação expedidos por universidades estrangeiras serão

revalidados por universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e área

ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais de reciprocidade ou

equiparação.

§ 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos por universidades

estrangeiras só poderão ser reconhecidos por universidades que possuam

cursos de pós-graduação reconhecidos e avaliados, na mesma área de

conhecimento e em nível equivalente ou superior.

Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão a transferência de alunos

regulares, para cursos afins, na hipótese de existência de vagas, e mediante

processo seletivo.

Art. 50. As instituições de educação superior, quando da ocorrência de vagas,

abrirão matrícula nas disciplinas de seus cursos a alunos não regulares que

demonstrarem capacidade de cursá-las com proveito, mediante processo

seletivo prévio.

Art. 51. As instituições de educação superior credenciadas como universidades,

ao deliberar sobre critérios e normas de seleção e admissão de estudantes,

levarão em conta os efeitos desses critérios sobre a orientação do ensino médio,

articulando-se com os órgãos normativos dos sistemas de ensino.

Art. 52. As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos

quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio

e cultivo do saber humano, que se caracterizam por:

I - Produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático dos

temas e problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural,

quanto regional e nacional;

II - Um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de

mestrado ou doutorado;

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III - um terço do corpo docente em regime de tempo integral.

Parágrafo único. É facultada a criação de universidades especializadas por

campo do saber.

Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às universidades, sem

prejuízo de outras, as seguintes atribuições:

I - Criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação

superior previstos nesta Lei, obedecendo às normas gerais da União e, quando

for o caso, do respectivo sistema de ensino;

II - Fixar os currículos dos seus cursos e programas, observadas as diretrizes

gerais pertinentes;

III - estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa científica, produção

artística e atividades de extensão;

IV - Fixar o número de vagas de acordo com a capacidade institucional e as

exigências do seu meio;

V - Elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em consonância com as

normas gerais atinentes;

VI - Conferir graus, diplomas e outros títulos;

VII - firmar contratos, acordos e convênios;

VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos de investimentos

referentes a obras, serviços e aquisições em geral, bem como administrar

rendimentos conforme dispositivos institucionais;

IX - Administrar os rendimentos e deles dispor na forma prevista no ato de

constituição, nas leis e nos respectivos estatutos;

X - Receber subvenções, doações, heranças, legados e cooperação financeira

resultante de convênios com entidades públicas e privadas.

Parágrafo único. Para garantir a autonomia didático-científica das universidades,

caberá aos seus colegiados de ensino e pesquisa decidir, dentro dos recursos

orçamentários disponíveis, sobre:

I - criação, expansão, modificação E extinção de cursos;

II - ampliação E diminuição de vagas;

III - elaboração da programação dos cursos;

IV - Programação das pesquisas e das atividades de extensão;

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V - contratação E dispensa de professores;

VI - Planos de carreira docente.

Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público gozarão, na forma da lei,

de estatuto jurídico especial para atender às peculiaridades de sua estrutura,

organização e financiamento pelo Poder Público, assim como dos seus planos

de carreira e do regime jurídico do seu pessoal.

§ 1º No exercício da sua autonomia, além das atribuições asseguradas pelo

artigo anterior, as universidades públicas poderão:

I - Propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e administrativo, assim como

um plano de cargos e salários, atendidas as normas gerais pertinentes e os

recursos disponíveis;

II - Elaborar o regulamento de seu pessoal em conformidade com as normas

gerais concernentes;

III - aprovar e executar planos, programas e projetos de investimentos referentes

a obras, serviços e aquisições em geral, de acordo com os recursos alocados

pelo respectivo Poder mantenedor;

IV - Elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais;

V - Adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas peculiaridades de

organização e funcionamento;

VI - Realizar operações de crédito ou de financiamento, com aprovação do Poder

competente, para aquisição de bens imóveis, instalações e equipamentos;

VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras providências de ordem

orçamentária, financeira e patrimonial necessárias ao seu bom desempenho.

§ 2º Atribuições de autonomia universitária poderão ser estendidas a instituições

que comprovem alta qualificação para o ensino ou para a pesquisa, com base

em avaliação realizada pelo Poder Público.

Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu Orçamento Geral,

recursos suficientes para manutenção e desenvolvimento das instituições de

educação superior por ela mantidas.

Art. 56. As instituições públicas de educação superior obedecerão ao princípio

da gestão democrática, assegurada a existência de órgãos colegiados

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35

deliberativos, de que participarão os segmentos da comunidade institucional,

local e regional.

Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocuparão setenta por cento dos

assentos em cada órgão colegiado e comissão, inclusive nos que tratarem da

elaboração e modificações estatutárias e regimentais, bem como da escolha de

dirigentes.

Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior, o professor ficará

obrigado ao mínimo de oito horas semanais de aulas.

CAPÍTULO V

DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

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Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a

modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de

ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento e altas habilidades ou superlotação. (Redação dada pela Lei nº

12.796, de 2013)

§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola

regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.

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§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços

especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos,

não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.

§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na

faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.

Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência,

transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação:

(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

I - Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos,

para atender às suas necessidades;

II - Terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível

exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas

deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar

para os superdotados;

III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para

atendimento especializado, bem como professores do ensino regular

capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;

IV - Educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida

em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem

capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os

órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade

superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;

V - Acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares

disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.

Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de

caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e

com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e

financeiro pelo Poder Público.

Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa preferencial, a

ampliação do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos globais

do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na própria rede pública

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37

regular de ensino, independentemente e do apoio às instituições previstas neste

artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

TÍTULO VI

Dos Profissionais da Educação

Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela

estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos,

são: (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009)

I – Professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na

educação infantil e nos ensinos fundamental e médio; (Redação dada pela Lei

nº 12.014, de 2009)

II – Trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com

habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação

educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas

áreas; (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009)

III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou

superior em área pedagógica ou afim. (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)

Parágrafo único. A formação dos profissionais da educação, de modo a atender

às especificidades do exercício de suas atividades, bem como aos objetivos das

diferentes etapas e modalidades da educação básica, terá como fundamentos:

(Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)

I – A presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento os

fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho; (Incluído

pela Lei nº 12.014, de 2009)

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II – A associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e

capacitação em serviço; (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)

III – o aproveitamento da formação e experiências anteriores, em instituições de

ensino e em outras atividades. (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)

Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível

superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e

institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o

exercício do magistério na educação infantil e nos 5 (cinco) primeiros anos do

ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal.

(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de

colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a capacitação

dos profissionais de magistério. (Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009).

§ 2º A formação continuada e a capacitação dos profissionais de magistério

poderão utilizar recursos e tecnologias de educação a distância. (Incluído pela

Lei nº 12.056, de 2009).

§ 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará preferência ao ensino

presencial, subsidiariamente fazendo uso de recursos e tecnologias de

educação a distância. (Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009).

§ 4o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios adotarão

mecanismos facilitadores de acesso e permanência em cursos de formação de

docentes em nível superior para atuar na educação básica pública. (Incluído pela

Lei nº 12.796, de 2013)

§ 5o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios incentivarão a

formação de profissionais do magistério para atuar na educação básica pública

mediante programa institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes

matriculados em cursos de licenciatura, de graduação plena, nas instituições de

educação superior. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)

§ 6o O Ministério da Educação poderá estabelecer nota mínima em exame

nacional aplicado aos concluintes do ensino médio como pré-requisito para o

ingresso em cursos de graduação para formação de docentes, ouvido o

Conselho Nacional de Educação - CNE. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)

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§ 7o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)

Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se refere o inciso III do art. 61 far-

se-á por meio de cursos de conteúdo técnico-pedagógico, em nível médio ou

superior, incluindo habilitações tecnológicas. (Incluído pela Lei nº 12.796, de

2013)

Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada para os profissionais a que

se refere o caput, no local de trabalho ou em instituições de educação básica e

superior, incluindo cursos de educação profissional, cursos superiores de

graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação. (Incluído pela Lei nº

12.796, de 2013)

Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: (Regulamento)

I - Cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso

normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e

para as primeiras séries do ensino fundamental;

II - Programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de

educação superior que queiram se dedicar à educação básica;

III - programas de educação continuada para os profissionais de educação dos

diversos níveis.

Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração,

planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação

básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-

graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base

comum nacional.

Art. 65. A formação docente, exceto para a educação superior, incluirá prática

de ensino de, no mínimo, trezentas horas.

Art. 66. A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível

de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado.

Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por universidade com curso de

doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico.

Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da

educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos

de carreira do magistério público:

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I - Ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;

II - Aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento

periódico remunerado para esse fim;

III - piso salarial profissional;

IV - Progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do

desempenho;

V - Período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de

trabalho;

VI - condições adequadas de trabalho.

§ 1o A experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de

quaisquer outras funções de magistério, nos termos das normas de cada sistema

de ensino. (Renumerado pela Lei nº 11.301, de 2006)

§ 2o Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no § 8o do

art. 201 da Constituição Federal, são consideradas funções de magistério as

exercidas por professores e especialistas em educação no desempenho de

atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento de educação

básica em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da

docência, as de direção de unidade escolar e as de coordenação e

assessoramento pedagógico. (Incluído pela Lei nº 11.301, de 2006)

§ 3o A União prestará assistência técnica aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios na elaboração de concursos públicos para provimento de cargos dos

profissionais da educação. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)

TÍTULO VII

Dos Recursos financeiros

Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação os originários de:

I - Receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios;

II - Receita de transferências constitucionais e outras transferências;

III - receita do salário-educação e de outras contribuições sociais;

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IV - Receita de incentivos fiscais;

V - Outros recursos previstos em lei.

Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o

Distrito Federal e os Municípios, vinte e cinco por cento, ou o que consta nas

respectivas Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de impostos,

compreendidas as transferências constitucionais, na manutenção e

desenvolvimento do ensino público.

§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados,

ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos

Municípios, não será considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo,

receita do governo que a transferir.

§ 2º Serão consideradas excluídas das receitas de impostos mencionadas neste

artigo as operações de crédito por antecipação de receita orçamentária de

impostos.

§ 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes aos mínimos estatuídos

neste artigo, será considerada a receita estimada na lei do orçamento anual,

ajustada, quando for o caso, por lei que autorizar a abertura de créditos

adicionais, com base no eventual excesso de arrecadação.

§ 4º As diferenças entre a receita e a despesa previstas e as efetivamente

realizadas, que resultem no não atendimento dos percentuais mínimos

obrigatórios, serão apuradas e corrigidas a cada trimestre do exercício

financeiro.

§ 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa da União, dos Estados,

do Distrito Federal e dos Municípios ocorrerá imediatamente ao órgão

responsável pela educação, observados os seguintes prazos:

I - Recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de cada mês, até o vigésimo

dia;

II - Recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo dia de cada mês, até

o trigésimo dia;

III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao final de cada mês, até o

décimo dia do mês subsequente.

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42

§ 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a correção monetária e à

responsabilização civil e criminal das autoridades competentes.

Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e desenvolvimento do ensino as

despesas realizadas com vistas à consecução dos objetivos básicos das

instituições educacionais de todos os níveis, compreendendo as que se

destinam a:

I - Remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais

da educação;

II - Aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e

equipamentos necessários ao ensino;

III – Uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino;

IV - Levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao

aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino;

V - Realização de atividades necessárias ao funcionamento dos sistemas de

ensino;

VI - Concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas;

VII - amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao

disposto nos incisos deste artigo;

VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de

transporte escolar.

Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino

aquelas realizadas com:

I - Pesquisa, quando não vinculada às instituições de ensino, ou, quando

efetivada fora dos sistemas de ensino, que não vise, precipuamente, ao

aprimoramento de sua qualidade ou à sua expansão;

II - Subvenção a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial,

desportivo ou cultural;

III - formação de quadros especiais para a administração pública, sejam militares

ou civis, inclusive diplomáticos;

IV - Programas suplementares de alimentação, assistência médico-odontológica,

farmacêutica e psicológica, e outras formas de assistência social;

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43

V - Obras de infraestrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou

indiretamente a rede escolar;

VI - Pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando em desvio

de função ou em atividade alheia à manutenção e desenvolvimento do ensino.

Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e desenvolvimento do ensino

serão apuradas e publicadas nos balanços do Poder Público, assim como nos

relatórios a que se refere o § 3º do art. 165 da Constituição Federal.

Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, prioritariamente, na prestação de

contas de recursos públicos, o cumprimento do disposto no art. 212 da

Constituição Federal, no art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais

Transitórias e na legislação concernente.

Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios, estabelecerá padrão mínimo de oportunidades educacionais para o

ensino fundamental, baseado no cálculo do custo mínimo por aluno, capaz de

assegurar ensino de qualidade.

Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este artigo será calculado pela

União ao final de cada ano, com validade para o ano subsequente, considerando

variações regionais no custo dos insumos e as diversas modalidades de ensino.

Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e dos Estados será exercida

de modo a corrigir, progressivamente, as disparidades de acesso e garantir o

padrão mínimo de qualidade de ensino.

§ 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a fórmula de domínio público

que inclua a capacidade de atendimento e a medida do esforço fiscal do

respectivo Estado, do Distrito Federal ou do Município em favor da manutenção

e do desenvolvimento do ensino.

§ 2º A capacidade de atendimento de cada governo será definida pela razão

entre os recursos de uso constitucionalmente obrigatório na manutenção e

desenvolvimento do ensino e o custo anual do aluno, relativo ao padrão mínimo

de qualidade.

§ 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e 2º, a União poderá fazer

a transferência direta de recursos a cada estabelecimento de ensino,

considerado o número de alunos que efetivamente frequentam a escola.

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§ 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser exercida em favor do Distrito

Federal, dos Estados e dos Municípios se estes oferecerem vagas, na área de

ensino de sua responsabilidade, conforme o inciso VI do art. 10 e o inciso V do

art. 11 desta Lei, em número inferior à sua capacidade de atendimento.

Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no artigo anterior ficará

condicionada ao efetivo cumprimento pelos Estados, Distrito Federal e

Municípios do disposto nesta Lei, sem prejuízo de outras prescrições legais.

Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser

dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas que:

I - Comprovem finalidade não-lucrativa e não distribuam resultados, dividendos,

bonificações, participações ou parcela de seu patrimônio sob nenhuma forma ou

pretexto;

II - Apliquem seus excedentes financeiros em educação;

III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária,

filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de

suas atividades;

IV - Prestem contas ao Poder Público dos recursos recebidos.

§ 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de

estudo para a educação básica, na forma da lei, para os que demonstrarem

insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da

rede pública de domicílio do educando, ficando o Poder Público obrigado a

investir prioritariamente na expansão da sua rede local.

§ 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão poderão receber apoio

financeiro do Poder Público, inclusive mediante bolsas de estudo.

TÍTULO VIII

Das Disposições Gerais

Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências federais

de fomento à cultura e de assistência aos índios, desenvolverá programas

integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e

intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:

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45

I - Proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas

memórias históricas; a reafirmação de suas identidades étnicas; a valorização

de suas línguas e ciências;

II - Garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações,

conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e demais

sociedades indígenas e não-índias.

Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os sistemas de ensino no

provimento da educação intercultural às comunidades indígenas, desenvolvendo

programas integrados de ensino e pesquisa.

§ 1º Os programas serão planejados com audiência das comunidades indígenas.

§ 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos nos Planos Nacionais

de Educação, terão os seguintes objetivos:

I - Fortalecer as práticas socioculturais e a língua materna de cada comunidade

indígena;

II - Manter programas de formação de pessoal especializado, destinado à

educação escolar nas comunidades indígenas;

III - desenvolver currículos e programas específicos, neles incluindo os

conteúdos culturais correspondentes às respectivas comunidades;

IV - Elaborar e publicar sistematicamente material didático específico e

diferenciado.

§ 3o No que se refere à educação superior, sem prejuízo de outras ações, o

atendimento aos povos indígenas efetivar-se-á, nas universidades públicas e

privadas, mediante a oferta de ensino e de assistência estudantil, assim como

de estímulo à pesquisa e desenvolvimento de programas especiais. (Incluído

pela Lei nº 12.416, de 2011)

Art. 79-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003)

Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional

da Consciência Negra’. (Incluído pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003)

Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de

programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino,

e de educação continuada.

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46

§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será

oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União.

§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro

de diplomas relativos a cursos de educação a distância.

§ 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação

a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos

sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes

sistemas.

§ 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá:

I - Custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão

sonora e de sons e imagens e em outros meios de comunicação que sejam

explorados mediante autorização, concessão ou permissão do poder público;

(Redação dada pela Lei nº 12.603, de 2012)

II - Concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;

III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos

concessionários de canais comerciais.

Art. 81. É permitida a organização de cursos ou instituições de ensino

experimentais, desde que obedecidas as disposições desta Lei. Art. 82. Os

sistemas de ensino estabelecerão as normas de realização de estágio em sua

jurisdição, observada a lei federal sobre a matéria. (Redação dada pela Lei nº

11.788, de 2008)

Art. 83. O ensino militar é regulado em lei específica, admitida a equivalência de

estudos, de acordo com as normas fixadas pelos sistemas de ensino.

Art. 84. Os discentes da educação superior poderão ser aproveitados em tarefas

de ensino e pesquisa pelas respectivas instituições, exercendo funções de

monitoria, de acordo com seu rendimento e seu plano de estudos.

Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação própria poderá exigir a

abertura de concurso público de provas e títulos para cargo de docente de

instituição pública de ensino que estiver sendo ocupado por professor não

concursado, por mais de seis anos, ressalvados os direitos assegurados pelo

art. 41 da Constituição Federal e 19 do Ato das Disposições Constitucionais

Transitórias.

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Art. 86. As instituições de educação superior constituídas como universidades

integrar-se-ão, também, na sua condição de instituições de pesquisa, ao Sistema

Nacional de Ciência e Tecnologia, nos termos da legislação específica.

TÍTULO IX

Das Disposições Transitórias

Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano a partir da

publicação desta Lei.

§ 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação desta Lei, encaminhará,

ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas

para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre

Educação para Todos.

a) (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006)

b) (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006)

c) (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006)

II - Prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e adultos

insuficientemente escolarizados;

III - realizar programas de capacitação para todos os professores em exercício,

utilizando também, para isto, os recursos da educação a distância;

IV - Integrar todos os estabelecimentos de ensino fundamental do seu território

ao sistema nacional de avaliação do rendimento escolar.

(Revogado pela lei nº 12.796, de 2013)

§ 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando a progressão das redes

escolares públicas urbanas de ensino fundamental para o regime de escolas de

tempo integral.

§ 6º As assistências financeiras da União aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios, bem como a dos Estados aos seus Municípios, ficam condicionadas

ao cumprimento do art. 212 da Constituição Federal e dispositivos legais

pertinentes pelos governos beneficiados.

Art. 87-A. (VETADO). (Incluído pela lei nº 12.796, de 2013)

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48

Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adaptarão sua

legislação educacional e de ensino às disposições desta Lei no prazo máximo

de um ano, a partir da data de sua publicação.

§ 1º As instituições educacionais adaptarão seus estatutos e regimentos aos

dispositivos desta Lei e às normas dos respectivos sistemas de ensino, nos

prazos por estes estabelecidos.

§ 2º O prazo para que as universidades cumpram o disposto nos incisos II e III

do art. 52 é de oito anos.

Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que venham a ser criadas

deverão, no prazo de três anos, a contar da publicação desta Lei, integrar-se ao

respectivo sistema de ensino.

Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o regime anterior e o que se

institui nesta Lei serão resolvidas pelo Conselho Nacional de Educação ou,

mediante delegação deste, pelos órgãos normativos dos sistemas de ensino,

preservada a autonomia universitária.

Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis números 4.024, de 20 de dezembro

de 1961, e 5.540, de 28 de novembro de 1968, não alteradas pelas Leis n.º

9.131, de 24 de novembro de 1995 e 9.192, de 21 de dezembro de 1995 e, ainda,

as Leis n.º 5.692, de 11 de agosto de 1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982,

e as demais leis e decretos--lei que as modificaram e quaisquer outras

disposições em contrário.

Brasília, 20 de dezembro de 1996; 175º da Independência e

108º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Paulo Renato Souza

Este texto não substitui o publicado no DOU de 23.12.1996

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49

DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO

BÁSICA. BRASÍLIA: MEC, SEB, DICEI, 2013.

Apresentação

A Educação Básica de qualidade é um direito assegurado pela

Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Um dos

fundamentos do projeto de Nação que estamos construindo, a formação escolar

é o alicerce indispensável e condição primeira para o exercício pleno da

cidadania e o acesso aos direitos sociais, econômicos, civis e políticos.

A educação deve proporcionar o desenvolvimento humano na sua

plenitude, em condições de liberdade e dignidade, respeitando e valorizando as

diferenças. Nesta publicação, estão reunidas as novas Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Educação Básica. São estas diretrizes que estabelecem a base

nacional comum, responsável por orientar a organização, articulação, o

desenvolvimento e a avaliação das propostas pedagógicas de todas as redes de

ensino brasileiras.

A necessidade da atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais surgiu

da constatação de que as várias modificações – como o Ensino Fundamental de

nove anos e a obrigatoriedade do ensino gratuito dos quatro aos 17 anos de

idade – deixaram as anteriores defasadas. Estas mudanças ampliaram

consideravelmente os direitos à educação das nossas crianças e adolescentes

e também de todos aqueles que não tiveram oportunidade de estudar quando

estavam nessa fase da vida. Diante dessa nova realidade e em busca de

subsídios para a formulação de Novas Diretrizes Curriculares Nacionais, a

Câmara da Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, promoveu

uma série de estudos, debates e audiências públicas, com a anuência e

participação das entidades representativas dos dirigentes estaduais e

municipais, professores e demais profissionais da educação, instituições de

formação de professores, mantenedoras do ensino privado e de pesquisadores

da área.

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50

As Novas Diretrizes Curriculares da Educação Básica, reunidas nesta

publicação, são resultados desse amplo debate e buscam prover os sistemas

educativos em seus vários níveis (municipal estadual e federal) de instrumentos

para que crianças, adolescentes, jovens e adultos que ainda não tiveram a

oportunidade, possam se desenvolver plenamente, recebendo uma formação de

qualidade correspondente à sua idade e nível de aprendizagem, respeitando

suas diferentes condições sociais, culturais, emocionais, físicas e étnicas.

É por isto que, além das Diretrizes Gerais para Educação Básica e das

suas respectivas etapas, quais sejam, a Educação Infantil, Fundamental e

Média, também integram a obra as diretrizes e respectivas resoluções para a

Educação no Campo, a Educação Indígena, a Quilombola, para a Educação

Especial, para Jovens e Adultos em Situação de Privação de Liberdade nos

estabelecimentos penais e para a Educação Profissional Técnica de Nível

Médio. Além disso, aqui estão presentes as diretrizes curriculares nacionais para

a Educação de Jovens e Adultos, a Educação Ambiental, a Educação em

Direitos Humanos e para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o

Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.

É necessário destacar que a qualidade expressa no conjunto dessas

diretrizes deve-se ao trabalho realizado pelo Conselho Nacional de Educação.

Esperamos que está publicação se torne um instrumento efetivo para reinvenção

da educação brasileira e a construção de uma Nação cada vez mais justa,

solidária e capaz de desenvolver todas as suas inúmeras potencialidades.

Aloizio Mercadante

Ministro da Educação

RELATÓRIO

Histórico

Na organização do Estado brasileiro, a matéria educacional é conferida

pela Lei nº 9.394/96, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), aos

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51

diversos entes federativos: União, Distrito Federal, Estados e Municípios, sendo

que a cada um deles compete organizar seu sistema de ensino, cabendo, ainda,

à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os

diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e

supletiva (artigos 8º, 9º, 10 e 11).

No tocante à Educação Básica, é relevante destacar que, entre as

incumbências prescritas pela LDB aos Estados e ao Distrito Federal, está a

assegurar o Ensino Fundamental e oferecer, com prioridade, o Ensino Médio a

todos que o demandarem. E ao Distrito Federal e aos Municípios cabe oferecer

a Educação Infantil em Creches e Pré-Escolas, e, com prioridade, o Ensino

Fundamental.

Em que pese, entretanto, a autonomia dada aos vários sistemas, a LDB,

no inciso IV do seu artigo 9º, atribui à União estabelecer, em colaboração com

os Estados, o Distrito Federal e os municípios, competências e diretrizes para a

Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os

currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica

comum.

A formulação de Diretrizes Curriculares Nacionais constitui, portanto,

atribuição federal, que é exercida pelo Conselho Nacional de Educação (CNE),

nos termos da LDB e da Lei nº 9.131/95, que o instituiu. Esta lei define, na alínea

“c” do seu artigo 9º, entre as atribuições de sua Câmara de Educação Básica

(CEB), deliberar sobre as Diretrizes Curriculares propostas pelo Ministério da

Educação. Esta competência para definir as Diretrizes Curriculares Nacionais

torna-as mandatórias para todos os sistemas. Ademais, atribui-lhe, entre outras,

a responsabilidade de assegurar a participação da sociedade no

aperfeiçoamento da educação nacional (artigo 7º da Lei nº 4.024/61, com

redação dada pela Lei 8.131/95), razão pela qual as diretrizes constitutivas deste

Parecer consideram o exame das avaliações por elas apresentadas, durante o

processo de implementação da LDB.

O sentido adotado neste Parecer para diretrizes está formulado na

Resolução CNE/CEB nº 2/98, que as delimita como conjunto de definições

doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos na Educação Básica

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52

(…) que orientarão as escolas brasileiras dos sistemas de ensino, na

organização, na articulação, no desenvolvimento e na avaliação de suas

propostas pedagógicas.

Por outro lado, a necessidade de definição de Diretrizes Curriculares

Nacionais Gerais para a Educação Básica está posta pela emergência da

atualização das políticas educacionais que consubstanciem o direito de todo

brasileiro à formação humana e cidadã e à formação profissional, na vivência e

convivência em ambiente educativo. Têm estas Diretrizes por objetivos:

I – Sistematizar os princípios e diretrizes gerais da Educação Básica contidos na

Constituição, na LDB e demais dispositivos legais, traduzindo-os em orientações

que contribuam para assegurar a formação básica comum nacional, tendo como

foco os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola;

II – Estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar a formulação,

execução e avaliação do projeto político-pedagógico da escola de Educação

Básica;

III – orientar os cursos de formação inicial e continuada de profissionais –

docentes, técnicos, funcionários – da Educação Básica, os sistemas educativos

dos diferentes entes federados e as escolas que os integram, indistintamente da

rede a que pertençam.

Nesse sentido, as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a

Educação Básica visam estabelecer bases comuns nacionais para a Educação

Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, bem como para as

modalidades com que podem se apresentar, a partir das quais os sistemas

federal, estaduais, distrital e municipais, por suas competências próprias e

complementares, formularão as suas orientações assegurando a integração

curricular das três etapas sequentes desse nível da escolarização,

essencialmente para compor um todo orgânico.

Além das avaliações que já ocorriam assistematicamente, marcou o início

da elaboração deste Parecer, particularmente, a Indicação CNE/CEB nº 3/2005,

assinada pelo então conselheiro da CEB, Francisco Aparecido Cordão, na qual

constava a proposta de revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a

Educação Infantil e para o Ensino Fundamental. Nessa Indicação, justificava-se

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53

que tais Diretrizes se encontravam defasadas, segundo avaliação nacional sobre

a matéria nos últimos anos, e superadas em decorrência dos últimos atos legais

e normativos, particularmente ao tratar da matrícula no Ensino Fundamental de

crianças de 6 (seis) anos e consequente ampliação do Ensino Fundamental para

9 (nove) anos de duração. Imprescindível acrescentar que a nova redação do

inciso I do artigo 208 da nossa Carta Magna, dada pela Emenda Constitucional

nº 59/2009, assegura Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos

de idade, inclusive a sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram

acesso na idade própria.

Nesta perspectiva, o processo de formulação destas Diretrizes foi

acordado, em 2006, pela Câmara de Educação Básica com as entidades: Fórum

Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, União Nacional dos Conselhos

Municipais de Educação, Conselho dos Secretários Estaduais de Educação,

União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, e entidades

representativas dos profissionais da educação, das instituições de formação de

professores, das mantenedoras do ensino privado e de pesquisadores em

educação.

Para a definição e o desenvolvimento da metodologia destinada à

elaboração deste Parecer, inicialmente, foi constituída uma comissão que

selecionou interrogações e temas estimuladores dos debates, a fim de subsidiar

a elaboração do documento preliminar visando às Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Educação Básica, sob a coordenação da então relatora,

conselheira Maria Beatriz Luce. (Portaria CNE/CEB nº 1/2006).

A comissão promoveu uma mobilização nacional das diferentes entidades

e instituições que atuam na Educação Básica no País, mediante:

I – Encontros descentralizados com a participação de Municípios e Estados, que

reuniram escolas públicas e particulares, mediante audiências públicas

regionais, viabilizando ampla efetivação de manifestações;

II – Revisões de documentos relacionados com a Educação Básica, pelo

CNE/CEB, com o objetivo de promover a atualização motivadora do trabalho das

entidades, efetivadas, simultaneamente, com a discussão do regime de

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54

colaboração entre os sistemas educacionais, contando, portanto, com a

participação dos conselhos estaduais e municipais.

Inicialmente, partiu-se da avaliação das diretrizes destinadas à Educação

Básica que, até então, haviam sido estabelecidas por etapa e modalidade, ou

seja, expressando-se nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

Infantil; para o Ensino Fundamental; para o Ensino Médio; para a Educação de

Jovens e Adultos; para a Educação do Campo; para a Educação Especial; e para

a Educação Escolar Indígena.

Ainda em novembro de 2006, em Brasília, foi realizado o Seminário

Nacional Currículo em Debate, promovido pela Secretaria de Educação

Básica/MEC, com a participação de representantes dos Estados e Municípios.

Durante esse Seminário, a CEB realizou a sua trigésima sessão ordinária na qual

promoveu Debate Nacional sobre as Diretrizes Curriculares para a Educação

Básica, por etapas. Esse debate foi denominado Colóquio Nacional sobre as

Diretrizes Curriculares Nacionais. A partir desse evento e dos demais que o

sucederam, em 2007, e considerando a alteração do quadro de conselheiros do

CNE e da CEB, criou-se, em 2009, nova comissão responsável pela elaboração

dessas Diretrizes, constituída por Adeum Hilário Sauer (presidente), Clélia

Brandão Alvarenga Craveiro (relatora), Raimundo Moacir Mendes Feitosa e José

Fernandes de Lima (Portaria CNE/CEB nº 2/2009). Essa comissão reiniciou os

trabalhos já organizados pela comissão anterior e, a partir de então, vem

acompanhando os estudos promovidos pelo MEC sobre currículo em

movimento, no sentido de atuar articulada e integradamente com essa instância

educacional.

Durante essa trajetória, os temas considerados pertinentes à matéria

objeto deste Parecer passaram a se constituir nas seguintes ideias-força:

I – As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica devem

presidir as demais diretrizes curriculares específicas para as etapas e

modalidades, contemplando o conceito de Educação Básica, princípios de

organicidade, sequencialidade e articulação, relação entre as etapas e

modalidades: articulação, integração e transição;

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55

II – O papel do Estado na garantia do direito à educação de qualidade,

considerando que a educação, enquanto direito inalienável de todos os

cidadãos, é condição primeira para o exercício pleno dos direitos: humanos,

tanto dos direitos sociais e econômicos quanto dos direitos civis e políticos;

III – a Educação Básica como direito e considerada, contextualizada mente, em

um projeto de Nação, em consonância com os acontecimentos e suas

determinações histórico-sociais e políticas no mundo;

IV – A dimensão articuladora da integração das diretrizes curriculares compondo

as três etapas e as modalidades da Educação Básica, fundamentadas na

dissociabilidade dos conceitos referenciais de cuidar e educar;

V – a promoção E a ampliação do debate sobre a política curricular que orienta

a organização da Educação Básica como sistema educacional articulado e

integrado;

VI – A democratização do acesso, permanência e sucesso escolar com

qualidade social, científica, cultural;

VII – a articulação da educação escolar com o mundo do trabalho e a prática

social;

VIII – a gestão democrática e a avaliação;

IX – a formação E a valorização dos profissionais da educação;

X – O financiamento da educação e o controle social.

Ressalte-se que o momento em que estas Diretrizes Curriculares

Nacionais Gerais para a Educação Básica estão sendo elaboradas é muito

singular, pois, simultaneamente, as diretrizes das etapas da Educação Básica,

também elas, passam por avaliação, por meio de contínua mobilização dos

representantes dos sistemas educativos de nível nacional, estadual e municipal.

A articulação entre os diferentes sistemas flui num contexto em que se vivem:

I – Os resultados da Conferência Nacional da Educação Básica (2008);

II – Os 13 anos transcorridos de vigência da LDB e as inúmeras alterações nela

introduzidas por várias leis, bem como a edição de outras leis que repercutem

nos currículos da Educação Básica;

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56

III – o penúltimo ano de vigência do Plano Nacional de Educação (PNE), que

passa por avaliação, bem como a mobilização nacional em torno de subsídios

para a elaboração do PNE para o período 2011-2020;

IV – A aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação

Básica e de Valorização dos Professores da Educação (FUNDEB), regulado pela

Lei nº 11.494/2007, que fixa percentual de recursos a todas as etapas e

modalidades da Educação Básica;

V – A criação do Conselho Técnico Científico (CTC) da Educação Básica, da

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da

Educação (Capes/MEC);

VI – A formulação, aprovação e implantação das medidas expressas na Lei nº

11.738/2008, que regulamenta o piso salarial profissional nacional para os

profissionais do magistério público da Educação Básica;

VII – a criação do Fórum Nacional dos Conselhos de Educação, objetivando

prática de regime de colaboração entre o CNE, o Fórum Nacional dos Conselhos

Estaduais de Educação e a União Nacional dos Conselhos Municipais de

Educação;

VIII – a instituição da política nacional de formação de profissionais do magistério

da Educação Básica (Decreto nº 6.755, de 29 de janeiro de 2009);

IX – A aprovação do Parecer CNE/CEB nº 9/2009 e da Resolução CNE/CEB nº

2/2009, que institui as Diretrizes Nacionais para os Planos de Carreira e

Remuneração dos Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública, que

devem ter sido implantados até dezembro de 2009;

X – As recentes avaliações do PNE, sistematizadas pelo CNE, expressas no

documento Subsídios para Elaboração do PNE Considerações Iniciais. Desafios

para a Construção do PNE (Portaria CNE/CP nº 10/2009);

XI – a realização da Conferência Nacional de Educação (CONAE), com o tema

central “Construindo um Sistema Nacional Articulado de Educação: Plano

Nacional de Educação-Suas Diretrizes e Estratégias de Ação”, tencionando

propor diretrizes e estratégias para a construção do PNE 2011-2020;

XII – a relevante alteração na Constituição, pela promulgação da Emenda

Constitucional nº 59/2009, que, entre suas medidas, assegura Educação Básica

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obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, inclusive a sua oferta gratuita

para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; assegura o

atendimento ao estudante, em todas as etapas da Educação Básica, mediante

programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação

e assistência à saúde, bem como reduz, anualmente, a partir do exercício de

2009, o percentual da Desvinculação das Receitas da União incidente sobre os

recursos destinados à manutenção e ao desenvolvimento do ensino.

Para a comissão, o desafio consistia em interpretar essa realidade e

apresentar orientações sobre a concepção e organização da Educação Básica

como sistema educacional, segundo três dimensões básicas: organicidade,

sequencialidade e articulação. Dispor sobre a formação básica nacional

relacionando-a com a parte diversificada, e com a preparação para o trabalho e

as práticas sociais, consiste, portanto, na formulação de princípios para outra

lógica de diretriz curricular, que considere a formação humana de sujeitos

concretos, que vivem em determinado meio ambiente, contexto histórico e

sociocultural, com suas condições físicas, emocionais e intelectuais.

Este Parecer deve contribuir, sobretudo, para o processo de

implementação pelos sistemas de ensino das Diretrizes Curriculares Nacionais

específicas, para que se concretizem efetivamente nas escolas, minimizando o

atual distanciamento existente entre as diretrizes e a sala de aula. Para a

organização das orientações contidas neste texto, optou--se por enunciá-las

seguindo a disposição que ocupam na estrutura estabelecida na LDB, nas partes

em que ficam previstos os princípios e fins da educação nacional; as orientações

curriculares; a formação e valorização de profissionais da educação; direitos à

educação e deveres de educar: Estado e família, incluindo se o Estatuto da

Criança e do Adolescente (ECA) Lei nº 8.069/90 e a Declaração Universal dos

Direitos Humanos. Essas referências levaram em conta, igualmente, os

dispositivos sobre a Educação Básica constantes da Carta Magna que orienta a

Nação brasileira, relatórios de pesquisas sobre educação e produções teóricas

versando sobre sociedade e educação.

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58

ARTIGO PARA REFLEXÃO:

Autores: Lílian Cruz,

Betina Hillesheim e Neuza Maria de Fátima Guareschi

Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/psoc/v17n3/a06v17n3

Acesso: 05/05/2016

FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO E POLÍTICAS

PÚBLICAS: O FUNDEF E A POLÍTICA DE

DESCENTRALIZAÇÃO

VICENTE RODRIGUEZ*

RESUMO: Este artigo aborda a discussão dos principais impactos do Fundef na

política educacional atual. Através de uma abordagem particular sobre os

impactos no sistema educativo público e nas relações intergovernamentais no

Brasil, o artigo visa polemizar as possibilidades e os cenários criados pelo Fundo.

As divergências com a posição oficial do MEC são remarcadas pelo autor.

Palavras-chave: Políticas Públicas; Política Educacional; Relações

Federativas.

Introdução

Analisar a política atual de financiamento no setor educacional é também

uma oportunidade para poder analisar como está evoluindo a política de

descentralização do Estado brasileiro, mais particularmente a descentralização

do seu aparelho de proteção social.

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59

Após o período centralizador do regime militar, o sistema de financiamento

da educação pública no Brasil vem sendo reestruturado com base em duas

lógicas principais:

Em primeiro lugar, aumentar e garantir os recursos para a educação

pública. Esta posição dominou os movimentos por educação da década de 1980

e teve presença destacada nos trabalhos dos constituintes de 1988. Durante esta

época, os níveis de vinculação de recursos de estados e municípios a serem

gastos com desenvolvimento e manutenção do ensino aumentaram de 20 para

25% do total da receita de impostos e transferências, e delimitou-se o que

poderia ser considerado como gastos com Manutenção e Desenvolvimento do

Ensino (MDE), minimizando uma fonte de desvios de recursos constitucionais do

setor educacional para outros gastos. Esta tendência foi aprofundada nos

processos constituintes estaduais e municipais, nos quais várias unidades da

federação fixaram sua vinculação em gastos para educação em 30% da receita

de impostos. São Paulo situa-se entre esses casos. Esta tendência nem sempre

contou com o apoio do poder executivo dos entes federados, os quais, das mais

diversas formas, opuseram-se a esta lógica. No entanto, a lógica do aumento de

recursos comandou as reformas políticas realizadas nas duas últimas décadas

no Brasil.

Em segundo lugar, descentralizar o sistema tributário nacional revigorando

o nosso sistema federativo convalescente após 20 anos de autoritarismo

centralizador por parte da União. Este processo de descentralização financeira

tem sido seguido de perto e, de forma bem mais problemática, pela

descentralização das competências entre as diferentes instâncias federativas,

particularmente a descentralização do aparelho responsável pelas políticas

públicas de proteção social. Atingida neste processo, principalmente pelos

efeitos da política de vinculação do gasto, a oferta de serviços educacionais foi

afetada fortemente pela lógica da descentralização fiscal do Estado brasileiro. A

reforma fiscal e financeira teve efeitos imediatos, e, em muitos casos, perversos,

no setor educacional.

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60

* Prof. Dr. do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas à Educação (Decisae), da Faculdade de Educação da Unicamp. E-mail: [email protected]

A primeira descentralização do setor educacional e suas consequências

(1988-1996)

O primeiro período do processo de descentralização educacional pode ser

resgatado resumidamente da seguinte maneira: a descentralização fiscal para

estados e municípios, iniciada na década de 1980, aumentou a disponibilidade

de recursos nessas instâncias governamentais (ver Tabela 1).

Observe-se que a esfera municipal recebe hoje 10 pontos percentuais a

mais do total da receita do Estado brasileiro do que nas décadas do regime de

exceção militar. No plano da receita total de impostos, isto representa perto de

20 bilhões de Reais a mais por ano, nos orçamentos dos níveis subnacionais.

Como resultado do processo desencadeado pela lei da vinculação, o setor

educacional aumentou significativamente a sua disponibilidade de recursos

orçamentários. Em contrapartida, o aumento da oferta de serviços educacionais,

por parte das instâncias governamentais municipais, foi modesta e totalmente

focalizada no ensino pré-escolar, com a anuência dos governos estaduais

(Rodriguez, 1997).

Tabela 1 Brasil – Distribuição da Receita de Impostos 1960-1997 Recursos Disponíveis

por Nível de Governo (%)

Anos Federal Estadual Municipal

1960 59,44 34,01 6,55

1980 69,17 22,18 8,64

1988 62,32 26,92 10,77

1997 56,4

27 , 5 16,1

Fonte: Afonso J. R. & Raimundo J.C. BNDES (mimeo), Rio de Janeiro, 1998.

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61

Para poder acompanhar esta tímida expansão da oferta no ensino

fundamental, por parte dos municípios, foi necessário recorrer a toda uma série

de artifícios contábeis para cumprir as disposições constitucionais de gasto.

Encontram explicação nestes artifícios todas as formas de desvio na execução

orçamentária dos recursos da educação para outras atividades dos poderes

públicos. Foi este, durante a década de 1990, um dos principais problemas

apontados pelos foros educacionais. E foi a partir deste cenário que a União

encontrou legitimidade para intervir nacionalmente na política educacional.

Assim, após a resistência de quase uma década dos prefeitos municipais e

governos estaduais para conduzir um processo articulado de descentralização

da oferta educacional entre as esferas governamentais,1 houve a intervenção do

governo federal por meio da Emenda Constitucional nº 14/96 e da lei 9324/96,

as quais concretizam um novo cenário de coordenação do processo. Este texto

visa discutir este novo cenário.

Algumas das questões centrais que podem ser colocadas a respeito deste

novo cenário são: será que ele fortalece o diálogo e a cooperação entre as

diversas instâncias governamentais que atuam no sistema público de educação?

É possível afirmar que o Fundef permite fortalecer a articulação da oferta entre

os diferentes níveis de ensino? Será que ele viria no sentido de manter ou de

alterar a lógica política do último período, a saber, aumentar e garantir mais

recursos para a educação nacional? Qual será seu impacto no processo de

democratização e controle da cidadania sobre o bem público educacional? E,

finalmente, em que ele contribui para elevar os níveis de qualidade e efetividade

do sistema público de educação?

A segunda descentralização educacional: o Fundef e suas tensões – 1996/

2000.

A forma negligente e fragmentada com que os atores do sistema federativo

enfrentaram o problema da nova distribuição de recursos, entre 1988 e 1995,

seria responsável por uma primeira tensão no sistema educacional quando da

implantação do Fundef. Isto se deu com os municípios, que já vinham

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concentrando sua atividade no ensino pré-escolar, em muitos casos instalando

sistemas municipais de alta qualidade – com suporte educacional e pedagógico,

atendimento em período integral, saúde, alimentação e outros benefícios –, que

implicavam um nível de gasto elevado no orçamento das secretarias municipais

com objetivo de realizar 25% da receita de impostos.

O Fundef, ao ser implantado, retira recursos do ensino pré-escolar para

serem alocados privilegiadamente no ensino fundamental, pois as matrículas

pré-escolares não são levadas em conta para os repasses dos per capita do

Fundo. Este caráter competitivo entre os diversos níveis de ensino trará consigo

um dos problemas importantes do Fundef, a saber, a introdução de uma fratura

entre os diferentes níveis de ensino básico, como definido na LDB, lei 9.394/96

(Capítulo II, Seção I a V) e na ideia de um Sistema Nacional de Ensino presente

na mesma lei (artigo 8 § 1º).

Neste artigo não será discutida, pois não é seu objeto, a correção ou não

da definição do ensino fundamental como prioridade para a educação nacional

num país com as características do Brasil. No entanto, adotar esta prioridade da

forma como foi feito acarretou um grande número de efeitos perversos ao interior

da política de financiamento adotada.

Além disso, o resultado político do Fundef apresenta-se como uma

armadilha para os prefeitos que terão de enfrentar a diminuição da oferta do nível

pré-escolar e, mais do que isso, deverão reduzir os níveis de qualidade do

sistema, com os custos políticos que pesarão sobre a opinião pública nos seus

municípios. Nenhum político gosta da ideia de fechar escolas.2 Isto recria

novamente um clima de desconfiança com relação às ações políticas

supranacionais e uma disputa federativa que se traduz hoje no elevado número

de ações legais contra o Fundef por parte das municipalidades.

No entanto, é preciso nunca perder de vista que a primeira fase da

descentralização descoordenada (Lobo, 1993) foi altamente problemática, no

sentido anteriormente apontado, da desigualdade no sistema educacional. Para

indicar o ponto que este problema havia alcançado, citamos uma pesquisa

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realizada em 1995, segundo a qual uma criança que estudasse no sistema

municipal podia chegar a gastar R$ 2.900 por ano, enquanto seu vizinho,

estudante de uma escola estadual, gastava R$ 480 por ano (Fundap, 1995).

Lembrando também que, de certa forma, foram as desigualdades que criaram as

condições para legitimar a intervenção federal.

Para analisar o impacto do Fundef será necessário destacar de forma

ordenada alguns dos problemas que ele enfrenta. No nosso entender, três

merecem especial atenção: a) o impacto sobre a relação entre os níveis de

ensino; b) o impacto sobre a mobilidade das matriculas entre os níveis de

governo e c) o impacto nas relações entre os diferentes níveis de governo. A

seguir, destacar-se-á esta discussão.

As diferentes fraturas do sistema educacional

O Brasil viveu, no início dos anos 90, vários processos de descentralização

estaduais seguindo a tendência, já forte na época, da municipalização dos

serviços educacionais. Estes processos foram, sem dúvida, muito ricos. Eles

vinham desenvolvendo um sistema de foros de discussão intergovernamental,

que apesar de lentos e difíceis de serem conduzidos apontavam para um nível

maior de negociação. Neste sentido, os exemplos mais notórios destes

processos foram o Rio Grande do Sul (Winckler, 1996) e o Paraná (Raggio,

1996), que já em 1995 haviam vislumbrado a necessidade da instituição de um

custo per capita para as matrículas que estavam sendo deslocadas de um nível

governamental para outro. Embora anteriores à engenharia fiscal e financeira do

Fundef, estes processos já apontavam para o caminho possível de fazer a

descentralização sem ônus entre os parceiros governamentais. Apesar disso,

havia fundadas críticas a estes processos por eles serem conduzidos de forma

autoritária por parte dos governos estaduais (Raggio, 1996).

Esta questão será responsável pela fratura política e institucional que

acompanha a implantação do Fundo. Este se fez à revelia das experiências

acima citadas, desperdiçando a possibilidade do resgate político das mesmas.

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64

Isto também significou o sacrifício de foros de articulação intergovernamentais,

que facilitariam o diálogo no interior do processo de descentralização.3 A

importância do diálogo intergovernamental revela-se decisivo no planejamento

das ações do sistema, na priorização e hierarquização de competências, na

integração dos diferentes níveis de governo e na distribuição de recursos. Porém,

no cenário criado, pode-se aventar a hipótese de um aprofundamento do

estranhamento político dos entes governamentais subnacionais com relação à

legitimidade política de coordenação federal.

A forte autonomia política dos municípios herdada de 1988, a total

autonomia financeira dos sistemas municipais de ensino na atual reforma e a

falta de foros político institucionais apropriados retiram dos estados a capacidade

de articular políticas educacionais estaduais, de coordenar os processos de

correção e ajuste das desigualdades geradas pelo próprio Fundo. Assim, deixaria

de existir, aos poucos, um sistema estadual de educação que seria substituído

por múltiplos sistemas municipais diversos e possivelmente desiguais. Este outro

tipo de fratura institucional não é de menor relevância que o anterior.

Mas, retomando uma das hipóteses levantadas acima, outro cenário que

surge da implementação do Fundef é o de uma fratura entre os níveis de ensino.

As pesquisas de acompanhamento do Fundo, no estado de São Paulo,4

apontam para a diminuição, quando não para retração, da oferta de matrículas

no ensino infantil.

Uma outra forma de fragilização para o sistema educacional encontra-se no

fato de que as matriculas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) ficaram fora

do cálculo para o repasse do per capita do Fundo. Para isso, foi necessário que

a equipe do MEC recorresse, lamentavelmente, a utilização de um veto

presidencial sobre a proposta de lei em tramitação, contrariando, assim, a

vontade da maioria dos atores políticos do sistema educativo nacional.

A educação em suplência é um campo importante de intervenção dos

municípios, embora os impactos do Fundo na oferta de matriculas, neste nível

de ensino, não apontem uma tendência nítida nas pesquisas já citadas, parece

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65

factível prever que algo similar a aquilo acontecido no ensino infantil poderá ser

delineado num futuro próximo.

Falamos em fratura do sistema de educação básica, porque todos os níveis

de ensino deveriam ser planejados e articulados, no seu crescimento, de forma

integrada pelo sistema público como um todo. O “efeito” do Fundo é o contrário:

a focalização exacerbada dos recursos no ensino fundamental se faz às custas

da exclusão dos outros níveis de ensino (Oliveira, 1999).

A descentralização selvagem (1976-2000)

Ao analisar o efeito redistributivo de matrículas entre os níveis

governamentais, acarretadas pelo Fundef, poder-se-ia afirmar que estamos num

cenário de descentralização muito acelerada. Ao observar a Tabela 2, vemos

que mais de 4 milhões de matrículas do ensino fundamental mudaram de

instância governamental entre 1997-1999, o que representa um número muito

significativo e sugere um forte impacto sobre os sistemas municipais receptores,

que na maioria dos casos não se encontram aparelhados nem

administrativamente nem pedagogicamente. Uma parte importante deste

deslocamento situa-se nos sistemas do Sul e do Sudeste, que estavam menos

municipalizados e portanto sofreram um impacto maior do Fundef.

Tabela 2 Brasil 1997-1999

Evolução da Matrícula no Ensino Fundamental por Dependência

Administrativa

Dependência

administrativa

1997 1998 1999

Federal

30.569

29.181

27.521

Estadual 18.098.544 17.266.355 16.702.076

Municipal 12.436.528 15.113.669 16.126.649

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Privada 3.663.747 3.383.349 3.278.397

TOTAL 34.229.388 35.792.554 36.170.643

Fonte: MEC/INEP, Apud Oliveira & Oliveira.

Soma-se a essa constatação aquela que indica que os maiores receptores

de matrículas de ensino fundamental são os municípios de pequeno porte e, na

maioria das vezes, os mais frágeis do ponto de vista financeiro e administrativo

(Monlevade, 1999). O “efeito” Fundef, que explica em parte este movimento, é

que ele representa dinheiro novo nos cofres das prefeituras, muitas delas em

situação tão precária que quaisquer recursos representam uma vantagem

imediata. Mesmo que depois o projeto não seja sustentável para seus

sucessores. Ou seja, existe a possibilidade de que, ante uma alteração das leis

atuais de distribuição de recursos do Fundef, muitas das matrículas que foram

atribuídas, sem nenhum planejamento, aos municípios não possam ser

sustentadas pelo poder municipal.5 Um elemento a mais para apoiar esta

hipótese surge quando se percebe a reação contrária a essa tendência, por parte

dos municípios mais fortes. Um dos exemplos é Campinas, em São Paulo, que

não assumiu municipalizar as matrículas, lembrando os casos de Londrina e

Maringá, no Paraná, para mostrar que este é um fenômeno mais geral. O que de

fato acontece é que a fragilidade política dos peque-nos municípios os deixa mais

vulneráveis à pressão e à vontade política do ente governamental superior; desta

forma a municipalização é dos mais frágeis. Este cenário é preocupante com

relação ao efeito do Fundef sobre a manutenção da qualidade do ensino público

no país.

Esta perspectiva de instabilidade do Fundef para o processo de

descentralização educacional já foi apontada por vários autores (Davis, Arelaro,

Pinto, Guimarães). Esta descentralização de matrículas educacionais, feita sem

planejamento nem prioridades claras, pode ser definida como uma

descentralização selvagem gerada pelos efeitos financeiros do Fundef nos

municípios.

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67

Esta relação complexa e contraditória entre o Fundo e a qualidade desejada

para o sistema educativo também revela-se complexa e contraditória no campo

das relações que ficarão vigendo entre as esferas de governo no sistema público

de ensino, pois sempre que um ator governamental perde recursos em benefício

dos outros sem a sua anuência, a estabilidade política da relação federativa

estará assentada em cenários conflituosos e não cooperativos.

A falta de compromisso da União com o ensino fundamental

A União, numa federação como a brasileira que está assentada em

profundas desigualdades regionais, encontra seu sentido mais profundo no papel

redistribuído de recursos para combater as iniquidades sociais e econômicas.

Apesar do resultado histórico pouco expressivo que a União ostenta nesta área,

o sistema tributário nacional está ancorado no princípio de redistribuir a renda

pública nacional entre os parceiros federados (ver Gráficos 1 e 2).

Historicamente, esta lógica está presente na constituição da República

Federativa, mesmo durante o período de exceção da ditadura militar; se houve

centralização tributária, coube aos planos de metas zelar por esta lógica

estruturante de qualquer federação.

Gráfico 1

Fonte: Afonso & Ramundo.

Arrecada çã o Propria dos Estados e Municipios

Sul 16 %

Sudeste 61 %

Nordeste 12 %

Norte+CO 11 %

Arrecadação própria dos estados e municípios

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Na constituição de 1988 e na LDB de 1996, este princípio foi reafirmado

para orientar o comportamento do governo federal. Assim, pela lógica

descentralizadora que comanda estas leis, condena-se a oferta direta de

serviços educacionais no ensino fundamental por parte da União e reforça-se o

seu papel coordenador e equalizador. Não é de estranhar, então, que a Lei

9424/96, em seu artigo 8º, estabeleça um valor mínimo nacional per capita e que

aqueles estados que não atinjam este valor sejam complementados pela União

com recursos a fundo perdido.

Existia um destacado argumento redistributivo nas justificativas para

promulgação da Lei 9424/96, que aventava a ideia de que o Fundo teria três

impactos decisivos no sistema educacional:

Reduziria as desigualdades de oferta desse nível de ensino no âmbito

nacional.

Elevaria os índices de qualidade da oferta desse nível de ensino. - Iria

estruturar um verdadeiro sistema descentralizado de ensino.

O governo federal tem realizado várias manobras para burlar esta

responsabilidade. A primeira manobra deu-se quando da promulgação da

Emenda constitucional que constitui a base para implantação do Fundef. Através

dela o governo federal reduziu o percentual dos seus recursos vinculados que

deveriam ser aplicados no ensino fundamental. Este percentual caiu de 50%,

segundo regia o artigo 60 das disposições transitórias da Constituição de 1988,

Receita disponivel dos estados e Municipios S ul

% 6 1

S udest e 5 2 %

e dest Nor % 9 1

Nor t e+CO 1 3 %

Gráfico 2

Fonte: Afonso & Ramundo.

Receita disponível dos estados e municípios Norte+CO

13 %

Nordeste 19 %

Sul 16%

Sudeste % 52

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para 30%. Este fato representou uma contradição no discurso oficial, já que

depois de encampar a política dos organismos internacionais que declaram a

necessidade de priorizar o ensino fundamental no Brasil e estabelecendo está

prioridade na política educacional do país, o governo federal tomou uma medida

que diminui a sua responsabilidade.6

Isto seria compreensível num pais com suas demandas educacionais

satisfeitas e equilibradas, o que, como sabemos, não é o caso do Brasil, onde há

ainda um esforço razoável para cobrir um déficit de analfabetismo existente na

sua população. Embora muito melhor do que os indicadores ostentados uma

década atrás, o percentual atual ainda representa quase 17 milhões de

brasileiros sem educação. Por outro lado, deve ser lembrado que o esforço

gigantesco para democratizar o acesso e a cobertura do ensino fundamental –

hoje, em São Paulo, 94% das crianças em idade escolar estão matriculadas

neste nível de ensino – realizou-se massificando as condições de ensino com

resultado nefasto sobre a qualidade do sistema. Portanto, restaria ainda um bom

período de necessidade de intervenção do governo federal no combate ao

analfabetismo e aos baixos índices de qualidade no ensino fundamental. Os

recursos federais retirados do ensino fundamental contribuem para manter as

desigualdades da oferta e a baixa qualidade de ensino no sistema público.

Além destes problemas, a União tem desrespeitado o princípio lógico que

norteia o mínimo nacional para o custo-aluno, que deveria ser fixado pela soma

do total dos recursos de todos os Fundos estaduais dividido pelo total de

matrículas no ensino fundamental. Segundo cálculos para o ano de 1998, este

valor deveria ser de R$ 423,45 por ano (Davis, 1999). O governo federal tem

fixado, arbitrariamente, este valor em R$315 por ano. Com este artifício, o

governo federal deixa de aplicar R$ 1,534 bilhões no sistema público. Com o

valor fixado em R$315, apenas 8 estados recebem alguma complementação da

União. Se o valor fosse corretamente calculado, muitos outros estados fariam

parte desta categoria. Se há a intencionalidade de equalizar e redistribuir

recursos para combater desigualdades, e isto se encontra entre os principais

objetivos do Fundef, será difícil obter os resultados desejados. Reduzindo o

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montante de recursos que deveriam ser aplicados no combate ao analfabetismo

e na universalização do ensino fundamental, negando-se a colocar o volume

correto de recursos no per capita mínimo nacional para reduzir as desigualdades

inaceitáveis da nossa federação, é que não será. Não fosse suficiente este tipo

de postura, a legislação do Fundef permite a intervenção federal nos municípios

que não cumpram as determinações legais e determina uma série de

penalidades e punições para os governos subnacionais e, no entanto, não

promove nenhum mecanismo de controle e penalidades para a própria União.

Vale dizer que o parceiro, federal, se transforma em interventor. E na “nova”

parceria estabelecida, uns entram com esforço/recursos para melhorar o ensino,

enquanto o outro entra com “boas ideias” e aplica punições. Isto cria um clima

de desconforto entre as esferas governamentais e compromete a legitimidade e

a aceitação da política federal por parte dos outros níveis de governo. Nestas

condições, as possibilidades de estruturar um verdadeiro sistema

descentralizado de educação ficam comprometidas e, ao contrário, surgirá uma

multiplicidade de sistemas educacionais descoordenados e principalmente

desiguais.

Completam este cenário as manobras da União para retirar recursos de

estados e municípios: o estabelecimento do Fundo Social de Emergência,

transformado em Fundo de Estabilização Fiscal, e agora em DRU, retém receita

de impostos que deveriam ser transferidos da União para estados e municípios.

A Lei Kandir, que desonera as exportações, com os tributos das outras esferas

de governo, conclui o avanço do Governo Federal sobre os recursos a serem

aplicados em educação pelos outros parceiros federados.

Mais recursos para o ensino básico

A tendência para a alocação de novos recursos na educação vem desde

começos da década de 1980, mais precisamente em 1983, quando o congresso

aprova a emenda Passos Porto e continua com as determinações da

Constituição Federal de 1988. Em 1996, a LDB determina com maior precisão o

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que pode ser considerado gasto com desenvolvimento e manutenção de ensino

– MDE (artigo 70). Esta determinação, ao excluir os gastos com merenda,

representará recursos novos para o ensino.

Merece ser ressaltado que o Fundef ancora-se na ideia de que o Brasil

gasta o suficiente com educação, no entanto gasta mal (Negri, 1977). Esta

afirmação encontra-se na apresentação dos estudos que justificam a preparação

da lei do Fundo. Como vimos anteriormente o efeito do Fundef sobre a alocação

e o ordenamento dos recursos entre as dependências administrativas do sistema

e entre os diferentes níveis de ensino é, no mínimo, desastrada. Já o objetivo de

buscar recursos novos para o sistema educacional não se encontra sequer entre

as suas preocupações. A ideia de que 3,9% do PIB é um percentual suficiente

para o gasto educacional no Brasil faz parte do discurso da equipe ministerial do

Governo atual.

As tensões que começam a ser delineadas no ensino infantil, no ensino

médio e que, em poucos anos, baterão às portas do ensino superior, impedem

de acreditar que a equipe ministerial esteja certa nas suas afirmações. Mais

realista parece ser o relator da Comissão de Educação da Câmara Federal,

Deputado Nelson Marchezam (RS), que sugeriu 7 % do PIB como sendo

necessário para um plano de longo prazo que retire o Brasil das péssimas

condições educacionais que vigoram atualmente e que constrangem a Nação

em todas as estatísticas internacionais sobre o tema.

Democratização, participação e controle das políticas públicas: os

Conselhos de Acompanhamento e Controle Social (Cacs)

A forma adotada na engenharia fiscal que deu origem ao Fundef traz em si

uma possibilidade de melhorar as informações necessárias ao

acompanhamento, por parte da sociedade, do gasto em educação. Isto tem sido

notado rapidamente por diversos setores sociais, que já têm uma experiência de

ação social ligada ao controle das políticas públicas. Prova disso é a boa

receptividade e a alta participação de militantes de partidos políticos, lideranças

comunitárias e sindicais nos diversos cursos e seminários sobre o Fundef que

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vêm sendo oferecidos por diversas entidades acadêmicas, governamentais e

não-governamentais. Esta percepção dos atores sociais mais participativos é

ainda incipiente no nível da comunidade em geral que, descrente com o alto

índice de corrupção e impunidade no setor estatal, não sente legitimidade para

esse tipo de ação política. No entanto, o potencial de avaliação e controle da

ação pública que propicia o Fundef parece irrefutável.

A legislação que cerca a implantação dos Fundos nos estados é bastante

exigente quanto à responsabilidade que os Cacs exercem na implantação e o

controle do gasto por parte das Secretarias. E a análise da experiência de

Municípios como Paulínia7 permite afirmar que a intervenção Federal (FNDE)

junto às secretarias municipais, ou ao Banco de Brasil, quando estes negam o

repasse de informações aos conselhos, é rápida e legalmente constrangedora.

Isto tende a favorecer as expectativas de legitimidade para a participação social

nos Conselhos.

Ao contrário do que pudera parecer, com a afirmação anterior, isto não

invalida a existência de formas de cooptação dos Cacs por parte do poder

municipal. A manipulação das representações nos conselhos, a maquiagem das

informações apresentadas, o autoritarismo na relação entre os representantes

do poder público e a comunidade são traços constantes da situação dos

Conselhos em muitos municípios. Os primeiros resultados do levantamento junto

aos Cacs da região de Campinas permitem realizar como uma primeira

constatação que na sua maioria são organismos de funcionários públicos. Não

somente pelo grande número de participantes que possuem este estatuto, mas

principalmente porque são os que têm melhores condições de participação,

como por exemplo liberação em horário de trabalho para reuniões.

Em segundo lugar, verifica-se que em cidades de maior porte o nível de

autonomia da representação com relação a prefeitura é maior, também é mais

autônoma a forma como se opera o processo de tomada de decisões. No

entanto, o desconhecimento técnico do representante, os custos individuais da

participação e os obstáculos colocados pela administração municipal têm

tornado a ação dos conselhos extremamente limitada. O constante desrespeito

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73

à legislação por parte do executivo municipal não tem tido as consequências

previstas em lei, mesmo em cidades de maior participação e autonomia dos

conselhos.8

Por outra parte, os Conselhos das cidades menores, na amostragem dos

municípios, apresentam uma composição e um modo de atuar bastante ambíguo

em relação ao executivo municipal. A influência da secretaria municipal de

educação é bastante mais presente nos sistemas de controle e decisão do

Conselho. ARTIGOS

As possibilidades de melhorar a participação no controle público são

também fortemente determinadas pelas condições gerais de atraso e

autoritarismo que caracterizam a genealogia histórico estrutural da sociedade

Brasileira. Os conselhos do setor educacional são fortemente limitados por este

contexto.

A análise das características do Fundef, das condições de sua

implementação e dos seu impactos sobre a educação brasileira encontrasse em

processo de gestação. A experiência restrita de 3 anos de história ainda é

insuficiente para permitir extrair todas as consequências desta política pública.

A preocupação levantada neste artigo, com respeito à constituição de

possíveis cenários de conflitos a partir da implementação do Fundo, tem por

objetivo confrontar com o ufanismo oficial e incentivar um diálogo critico entre os

diferentes atores do sistema educacional.

Notas

1. Para uma reconstrução do processo de descentralização na educação

entre 1987-1995, ver Arretche & Rodriguez, “A descentralização das políticas

sócias no Brasil”, São Paulo: Fundap/ Fapesp, 1999.

2. Na pesquisa “Acompanhamento da implantação do Fundef no Estado de

São Paulo” (USP/ Unicamp/Unesp), a equipe regional de Campinas começou a

detectar nos municípios da região um movimento nessa direção. Particularmente

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no município de Campinas, onde inicialmente estão encurtando-se os períodos

de atendimento.

3. A exemplo dos foros criados pela política de Saúde a partir de inícios da

década de 1990, na figura das comissões bipartites e tripartites (Arretche &

Rodriguez, 1999).

4. Ver Bassi (2001): “Gestão e financiamento da educação básica:

Repercussões do Fundef em sete municípios” e a pesquisa em andamento

“Acompanhamento da implementação do Fundef no Estado de São Paulo” sendo

realizada por uma equipe interinstitucional (USP/Unesp/Unicamp) coordenada

pela Prof.ª Liste Arelaro.

5. A primeira lembrança a se fazer para vislumbrar um cenário deste tipo é

o ano de 2006, prazo de validade do atual Fundef. Lembre-se que os estados já

obtiveram as vantagens que precisavam e agora precisam enfrentar o problema

da explosão do ensino médio; com isto o interesse pelo Fundef atual diminui

consideravelmente. Um segundo cenário muito mais dramático que se pode

imaginar é relembrar o efetivo repasse das matriculas no Nordeste por parte dos

executivos estaduais para os municípios, apoiados pelo governo federal, através

de projeto financiado pelo Banco Mundial, que redundou na transferência de

matrículas para o nível municipal trocadas por obras e “miçangas” eleitorais aos

prefeitos. Acabada a camuflagem do dinheiro novo do empréstimo internacional

entrando nos municípios, sobrou para eles a conta de ter que sustentar sem

recursos novos o sistema educacional recém-criado. Afora o brilhante jogo

político dos governos federal e estadual, que conseguiram impor aos municípios

a política desejada, para o sistema educacional restou uma queda generalizada

dos indicadores educativos para o Brasil. É reconhecida a fragilidade pedagógica

e administrativa dos pequenos sistemas educacionais do Nordeste do país

(Rezende, 1989).

6. Além desta determinação, o governo federal conseguiu incluir, para efeito

de cálculo, a sua cota parte do salário educação, que é uma contribuição social

e não imposto, o que diminui ainda mais a sua parte dos 30%.

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75

7. A pesquisa “Acompanhamento da Implantação do Fundef no Estado de

São Paulo” acompanha na Região de Campinas os Municípios de Campinas,

Paulínia e Pedreira. Para se aprofundar na discussão da situação dos Cac’s

nestes municípios, ver Oliveira Rosenanda (2001).

8. Na pesquisa “Acompanhamento da implantação do Fundef no Estado de

São Paulo” tem aparecido repetidamente este desrespeito, assim no Município

de Campinas a prefeitura tem incluído os inativos dentro dos gastos do Fundef,

e pelos primeiros resultados, ainda a serem verificados, sequer os 25% da

receita de impostos têm sido gastos em educação (ver Pulstinik, 2001).

EDUCATION FUNDING AND PUBLIC POLICIES:

FUNDEF AND THE DECENTRALIZATION POLICY

ABSTRACT: This paper examines the discussion around Fundef’s

main impacts on the present educational policy. Through a particular

approach of these impacts upon the public educational system and the

intergovernmental relationships within Brazil, this paper aims at arising

a polemic around the possibilities and settings created by the Fund.

Many discrepancies as to MEC’s official position are highlighted by the

author.

Key words: Public Policies; Educational Policy; Federative Relationships.

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