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Curso de Técnicas Posturais e Manipulativas

Curso de Técnicas Posturais e Manipulativas§ão... · Capítulo 3 - Osteopatia, Maitland e Quiropraxia 3.1 Osteopatia 3.2 Maitland 3.3 Quiropraxia Capítulo 4 - Isostretching e

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Curso de

Técnicas Posturais e

Manipulativas

Sumário

Apresentação

Introdução

Capítulo 1- Anatomia e Postura

1.1 A Coluna Vertebral

1.2 Músculos

1.3 As Fáscias

1.4 Disco Intervertebral

1.5 Respiração

1.6 A Estática

1.7 O que é postura

1.8 A boa postura

1.9 Métodos e Materiais

1.10 O que é postura errada

Capítulo 2 – Disfunções, Introdução às Técnicas e R.P.G.

2.1 Disfunções

2.2 Técnicas posturais

2.3 R.P.G. (REEDUCAÇÃO POSTURAL GLOBAL)

Capítulo 3 - Osteopatia, Maitland e Quiropraxia

3.1 Osteopatia

3.2 Maitland

3.3 Quiropraxia

Capítulo 4 - Isostretching e Pilates

4.1 Isostretching

4.2 Pilates

Apresentação

Olá, seja bem-vindo (a) ao estudo de Técnicas Posturais e Manipulativas.

Com este conteúdo você aprenderá sobre as técnicas mais famosas,

existentes no mercado, voltadas ao tratamento dos desvios posturais e

disfunções ósseas que requerem manipulação.

No entanto, trabalhar com tais técnicas exige muita responsabilidade e

conhecimento. São manobras delicadas que, se não bem executadas, podem

causar lesões e agravar o problema do paciente, ao invés de propiciar a cura.

Estudar e se aprofundar é fundamental, pois, para a execução perfeita

das manobras, é preciso obter os conhecimentos de anatomia e fisiologia da

coluna vertebral e de seus ligamentos, e do sistema musculoesquelético. Além

disso, saber exatamente quais são as indicações e contraindicações de cada

técnica, é de suma importância. Portanto, o assunto é sério e exige

conhecimento e dedicação.

Assim, preparamos este conteúdo que, certamente, lhe ajudará na

identificação com alguma técnica em específico (ou até mais de uma). Nele,

você encontrará noções de anatomia da coluna vertebral e músculos, o que é

e a história de cada técnica postural ou manipulativa, além de exemplos de

exercícios de cada uma delas.

Introdução

O conteúdo “Técnicas Posturais e Manipulativas” descreverá as técnicas

posturais e de manipulação óssea e muscular, fornecendo conhecimentos de

anatomia dos principais sistemas envolvidos, das disfunções tratadas com as

técnicas em questão, além dos dados necessários para que o aluno conheça

as técnicas existentes no mercado e escolha aquela(s) que mais lhe chame a

atenção, em relação à metodologia de trabalho, para buscar seu

aprofundamento profissional.

Capítulo 1

Anatomia e Postura

1.1 A Coluna vertebral

A coluna vertebral é o pilar mestre do nosso corpo. Também chamada

de “coluna mestra”, trata-se de um empilhamento de ossos sobrepostos em

perfeita harmonia, sendo constituída de vértebras, ligadas entre si por um

“bolo” cartilaginoso, o disco intervertebral, formando uma nova articulação.

Atrás, o arco posterior forma um canal para a medula, protegendo-a e,

também, apresentando três apófises (bicos ósseos), onde se ligam os

ligamentos e músculos. O conjunto é solidificado por muitos ligamentos fortes

que limitarão sua flexibilidade e assegurarão sua coesão.

O sistema de músculos implantado sobre a parte posterior é

importante e muito complexo. A camada profunda desse sistema é composta

por vários músculos que formarão um grupo importante no desenvolvimento de

um trabalho postural.

Essa construção tem por função oferecer mobilidade e força para a

coluna, mas também causa certa fragilidade, devido aos seus componentes.

Além disso, assegurará três funções principais para a coluna, que se

combinarão de uma maneira permanente:

- Flexibilidade: para participar do movimento;

- Apoio: por assegurar a verticalidade e o equilíbrio;

- Proteção medular: para boa transmissão do sistema nervoso, a fim de

organizar o funcionamento de modo mais justo possível.

A coluna vertebral também serve de apoio aos músculos dos membros,

tanto superiores como inferiores. A coluna normal deve ser capaz de se

deformar nas diferentes direções para participar e conceder mais amplitude

aos movimentos, e depois, retornando dos movimentos, tornar-se rígida

novamente para fixar as articulações, a fim de assegurar sua função de

proteção e de ponto de apoio, repartindo, da maneira mais eficaz, as

pressões ao nível das vértebras, entre os corpos vertebrais, protegendo os

discos e as articulações.

As dores ocorrem quando alguma coisa em todo esse “sistema” não

funciona de maneira adequada. Separamos os sistemas (ósseo, muscular,

disco intervertebral e ligamentos) de uma maneira mais didática, para que se

possa entender como ocorrem as lesões e de que forma as técnicas posturais

e de manipulação podem atuar.

Principais ossos:

Conheceremos, agora, os ossos que compõem a coluna vertebral,

juntamente com suas principais articulações e acidentes anatômicos.

Denominamos de acidentes anatômicos todas as irregularidades existentes

em um osso, cada pico, forâmen (buraco), fossas e encaixes das

articulações.

Estes acidentes são importantes, pois são os locais onde se encontram

as origens e inserções dos músculos e ligamentos, além de formarem as

superfícies das articulações.

Olhando para a figura, cada sulco, forame, pedículo, processo e tubérculo trata-se de um acidente anatômico.

Fonte: www.sogab.com.br.

Acidentes anatômicos do osso fêmur. Fonte: ATLAS DE ANATOMIA HUMANA – SOBOTTA.

A coluna vertebral forma uma haste móvel que compõe, juntamente

com as costelas e o osso esterno, o esqueleto do tronco. Ela possui trinta e

três ossos chamados de vértebras que possuem características diferentes,

de acordo com a região da coluna onde se localizam. Com essas diferenças,

há uma subdivisão da coluna em regiões, cada uma com as suas

particularidades, formando as curvaturas fisiológicas que a coluna vertebral

possui.

Podemos classificar essas curvaturas assim (incluindo o número de

ossos que cada região possui):

Região cervical: formada por sete vértebras, a sua curvatura

fisiológica

denomina-se lordose (côncava

para trás);

Região dorsal ou torácica: formada por doze vértebras, sendo a

maior das curvaturas, denominando-se cifose (côncava para frente). Tem

ligação com as costelas, que se conectam na frente com o osso chamado

esterno, por cartilagens (algumas não se ligam, sendo denominadas costelas

flutuantes), formando a Caixa Torácica, que por sua vez tem papel

fundamental na respiração e sofre alterações nos desvios posturais;

Região lombar: é formada por cinco vértebras, sendo as maiores em

tamanho e largura. A sua curvatura denomina-se lordose (côncava para trás);

Região sacra: formada por cinco vértebras, são todas fundidas entre si

formando um único osso;

Região coccígea: formada por cinco vértebras, também fundidas.

Algumas pessoas possuem variações anatômicas, não possuindo todas as

cinco vértebras coccígeas.

Olhando a coluna de uma visão anterior, podemos notar que as

vértebras tornam-se cada vez mais largas à medida que descemos. Contam-

se as vértebras de cima para baixo, sendo nomeadas por suas iniciais e

número, conforme sua posição. Por exemplo:

- C.3: terceira vértebra cervical,

- T.6: sexta vértebra torácica,

- L.5: quinta vértebra lombar,

- S.2: segunda vértebra sacral.

Observe a imagem:

Número de vértebras e curvaturas de cada região. Fonte: Própria.

As vértebras são mais ou menos visíveis, de acordo com a quantidade

de gordura e músculos de cada pessoa. Utilizaremos, como exemplo, uma

pessoa bem magra, cujas vértebras e escápulas são bem visíveis, enquanto

que outra pode ter mais massa muscular nessa região, com os músculos

romboides bem salientes entre as escápulas, não se podendo visualizar os

ossos. Estas duas pessoas diferentes podem ter as mesmas angulações em

nível de coluna torácica na radiografia, mesmo que não aparente.

Cada vértebra possui duas partes principais: a anterior, que é maciça e

chamada de corpo vertebral, e a parte posterior, denominada de arco

vertebral posterior. O corpo tem formato cilíndrico, enquanto o arco posterior

tem dois pedículos que são implantados atrás do corpo. Duas lâminas se

juntam para trás, simetricamente, prolongando-se em uma

projeção óssea única, denominada

processo espinhoso ou espinha.

Em cada junção entre os ossos ocorre um espessamento mais ou

menos vertical: os processos articulares. Cada uma possui, nas suas

extremidades (superior e inferior), uma superfície articular cartilaginosa e,

deste processo articular, sai uma projeção lateral chamada processo

transverso. O arco posterior e a parte de trás do corpo vertebral delimitam

o forame vertebral.

O empilhamento dos forames vertebrais forma uma espécie de canal

ósseo que é denominado canal vertebral, sendo que este local abriga a

medula espinhal. A cada espaço intervertebral, os pedículos de duas

vértebras “empilhadas” formam o forame intervertebral, por onde passa cada

nervo que sai da medula de uma maneira simétrica, de cada lado da

coluna vertebral. Esses nervos saem da medula espinhal e dão movimento e

sensibilidade aos membros e tronco, através de estímulos cerebrais.

A vértebra e seus acidentes anatômicos. Fonte: www.sogab.com.br.

Canal Medular (acidente anatômico por onde passa a medula espinhal.) Fonte: www.fm.usp.br.

Detalhando cada uma das vértebras de cada região da coluna

vertebral, veremos que são bem diferentes entre si, determinando as

características de cada região.

O esqueleto do pescoço é formado pela coluna cervical. É dividida em

duas regiões: a coluna cervical suboccipital (parte atípica) e pela parte típica.

A coluna atípica é formada pelas duas primeiras vértebras C.1, chamada de

Atlas, que se encontra exatamente sob o crânio; e C.2, chamada de Áxis, e

ambas têm um funcionamento específico. A coluna cervical típica é formada

por C.3 a C.7, e todas as vértebras possuem as mesmas características.

O corpo da vértebra cervical é pequeno e a espessura dos discos

intervertebrais é cerca de um terço da espessura do corpo vertebral. Estas

duas características permitem uma grande mobilidade. A forma retangular

dos corpos limita um pouco as inclinações laterais. Elas têm como

particularidade que as suas faces superiores salientam-se dos lados,

chamando-se “lábios" (ou uncus) e as faces inferiores são incisadas de tal

forma que se correspondem.

Essa forma óssea permite a mobilidade e uma grande estabilidade,

ao mesmo tempo. Assim, os corpos estão “calçados” lateralmente. As faces

superiores destas vértebras são um pouco convexas e inclinadas para

frente. As faces inferiores são um pouco côncavas e inclinadas para trás. As

espinhas têm comprimentos variados; C.2 e C.7 são longas e as outras bem

mais curtas, favorecendo o movimento de extensão.

O processo transverso das vértebras cervicais nasce de duas raízes: uma

ao lado do corpo e a outra no pedículo. São largas e limitam, pelo seu

encontro, as inclinações laterais. Essas duas raízes delimitam um

orifício– o forame transversário - e, depois, juntam-se, por fora,

formando um pequeno sulco por onde passa o nervo espinhal. Os processos

transversos cervicais estão “furados”, dando passagem (com exceção de C.7)

para uma artéria muito importante: a artéria vertebral, que irriga, em parte,

o encéfalo.

Assim, um bom alinhamento da coluna cervical é importante, pois

além do risco de um pinçamento nervoso (de raízes nervosas saídas dos

forames), há o risco de compressão da artéria, podendo haver acidentes

vasculares.

Facetas articulares das vértebras. Fonte: www.fm.usp.br.

Como processos articulares, temos as facetas superiores que se

voltam para cima e para trás, e as facetas inferiores, para baixo e para

frente. Elas posicionam- -se em um ângulo de 45 graus e, por isso, a

inclinação lateral sempre se combina com uma certa rotação: de fato, se

olhamos a vértebra de cima, veremos que, do lado da inclinação, a superfície

articular se desloca para baixo e um pouco para trás. No lado oposto à

inclinação, desloca-se para cima e um pouco para frente. A união dos dois

movimentos produz uma rotação para o lado da inclinação.

Assim, temos que a mobilidade da coluna cervical típica é importante

para a flexão, extensão e rotação, e é muito menos importante para a

inclinação lateral.

A coluna suboccipital (ou atípica) é a parte mais alta da coluna

cervical, região na qual são produzidos os movimentos independentes da

cabeça, como os movimentos de pescoço, que simbolizam “sim” e “não”

leves. C.1 ou atlas e C.2 ou áxis, têm as suas particularidades. O atlas

parece mais um anel ósseo do que uma vértebra, reforçado por dois maciços

colaterais. A parte dianteira constitui o arco anterior, pois o atlas não tem

corpo e a parte traseira constitui o arco posterior. Lateralmente, as massas

laterais encontram-se no processo transverso por onde passa a artéria

vertebral.

O anel está dividido em dois pelo ligamento transverso do atlas, que

se fixa no interior das massas laterais. A parte anterior envolve o pivô da

vértebra áxis. A parte posterior constitui o forame vertebral, por onde passa a

medula espinhal. As partes de cima e de baixo das massas laterais

constituem as superfícies articulares, pelas quais o atlas se une, em cima,

com o occipital e, abaixo, com o áxis.

O osso occipital faz parte dessa articulação entre atlas e áxis, e

fica localizado na parte de trás da base do crânio, possuindo um

forame, que é a continuação do canal vertebral, por onde a medula entra no

crânio. De cada lado deste forame, há uma superfície convexa, recoberta por

cartilagem, que equivale a uma das massas laterais do atlas, sendo

chamados de côndilos do occipital. Em cima de cada massa lateral

também há uma superfície ovalada, porém côncava, recoberta por

cartilagem.

Esse conjunto forma um bloco, uma esfera maciça que se articula com

uma esfera côncava. Isso permite movimentos em todas as direções,

mas um tanto quanto limitados. Dessa forma, temos que os principais

movimentos são em flexão e extensão, estando fortemente impedidos pelos

ligamentos, ou seja, os movimentos de balançar a cabeça afirmativamente.

Você sabia?

O atlas é mantido sob o occipital por uma cápsula bastante frouxa,

com ligamentos nos quatro pólos: um anterior, um posterior e dois colaterais.

Além disso, outros ligamentos unem o áxis ao occipital e mantêm,

indiretamente, o atlas entre o áxis e o occipital.

O áxis é a segunda vértebra cervical. Tem uma forma típica de uma

vértebra cervical, mas com duas particularidades ósseas na parte de cima, o

que lhe permite a articulação com o atlas. De cada lado do corpo vertebral há

uma superfície ovalar convexa, que corresponde à parte inferior de uma

massa lateral do Atlas. Em cima do corpo do áxis há um processo em forma

de pivô: é o processo odontoide ou “dente” do áxis, que, como um eixo,

aloja-se na parte anterior do anel do atlas.

Assim, não há disco intervertebral entre C.1 e C.2, mas sim, duas

articulações clássicas. Essas superfícies são convexas tanto no atlas quanto

no áxis, não se encaixando, sendo uma dobradiça de mobilidade permanente.

Existem duas articulações entre o atlas e o processo odontoide; a

primeira está entre o atlas e a face anterior do processo odontoide; e a

segunda, entre o ligamento transverso do atlas (que possui uma superfície

articular anterior) e a face posterior do processo odontoide.

Veja as imagens:

A coluna cervical. Note as duas primeiras vértebras diferentes, atlas e áxis, com o processo odontóide.

Fonte: www.fm.usp.br.

Vértebra atlas (C1), vista anterior. Fonte: www.fm.usp.br.

Vértebra atlas (C1), vista posterior. Fonte: www.fm.usp.br.

Vértebra áxis (C2), vista anterior. Fonte: www.fm.usp.br.

Vértebra áxis (C2), vista posterior. Fonte: www.fm.usp.br.

Articulação atlas e áxis (C1-C2). Fonte: www.fm.usp.br.

Os ligamentos que unem o áxis e o atlas são atlantoaxial anterior e

posterior; e o áxis ao occipital são o occipitoaxial e o occipitodontóide ou

“suspensor do dente”.

A coluna cervical superior tem como função o equilíbrio vertical da

cabeça durante os movimentos do corpo. Para preenchê-la, ela deve

permanecer livre. A coluna cervical inferior tem como função os

deslocamentos da cabeça e a orientação do olhar, que comanda todos os

nossos gestos.

A coluna torácica ou dorsal é constituída por doze vértebras, onde a

espessura do disco é de um sexto do corpo vertebral. Sendo assim, temos

um disco muito estreito, o que limita bastante a sua mobilidade. O corpo

vertebral é cilíndrico e seu corte é circular. Nas faces laterais dos corpos

vertebrais, encontram-se superfícies articulares onde se articulam as costelas,

estando:

- uma em cima e outra em baixo, de T.2 a T.9;

- uma no meio e outra embaixo na vértebra T.1;

- e apenas uma nas vértebras T.11 e T.12.

A superfície dos processos articulares é arredondada, mas plana; as

superiores voltam-se para trás (um pouco para cima e lateralmente); as

inferiores voltam-se para frente (um pouco para baixo e medialmente). São as

vértebras inferiores que permitem os movimentos de flexão, extensão e

inclinação lateral. As vértebras torácicas possuem facetas articulares que

estão situadas sobre a curva de um mesmo círculo, cujo centro seria do corpo

vertebral, o que permite e favorece as rotações.

As lâminas das vértebras são achatadas e retangulares, mais altas do

que largas e sobrepõem-se, como se fossem as telhas de um telhado. Seus

processos espinhosos são alongados, muito oblíquos para baixo, com

exceção de T.11 e T.12, limitando a hiperextensão de coluna, pois se

encontram posteriormente. Os processos transversos têm comprimentos

desiguais, sendo mais longos nas torácicas altas do que nas baixas. Em sua

face anterior está uma superfície que corresponde a uma costela (novamente,

exceto em T.11 e T.12).

É uma região da coluna onde todos os movimentos são possíveis

quando falamos de mobilidade, mas há um pouco de limitação pela caixa

torácica, que se fixa nas vértebras. Isso se vê principalmente nas vértebras

de T.1 a T.7 (região situada entre as escápulas), cujas costelas estão

unidas quase diretamente na frente ao esterno, por meio de uma

cartilagem. As vértebras de T.8 a T.10 sustentam as „‟costelas falsas‟‟, que

são mais livres na frente. Sua ligação com o esterno se realiza através de

uma cartilagem mais comprida, que, por sua vez, está unida à cartilagem da

sétima costela.

E, por final, as vértebras T.11 e T.12 sustentam as costelas “flutuantes”,

não unidas com o esterno. Essa região se parece muito com uma dobradiça,

com grande mobilidade.

Veja, a seguir, a constituição anatômica diferenciada da vértebra torácica.

A vértebra torácica com seus acidentes anatômicos. Fonte: www.sogab.com.br.

A coluna lombar tem um disco espesso, de um terço do corpo, o que

lhe confere um grande grau de mobilidade. Os corpos são volumosos, de

forma oval e côncava para trás.

Os processos transversos são longos e são chamados de “costiformes”.

Nas suas extremidades, encontram-se um tubérculo. Os processos articulares

ultrapassam o comprimento do corpo da vértebra em cima e embaixo, com

uma parte central reduzida: o istmo.

Em cima, eles têm a forma de uma cavidade cilíndrica voltada

medialmente e um pouco para trás; embaixo, a forma de um cilindro maciço,

voltado lateralmente e um pouco para frente.

As superfícies articulares são verticais, mas as lombares superiores são

cada vez mais frontais, indo para as lombares inferiores, e totalmente frontais

na junção lombossacral. As espinhas das vértebras são curtas e maciças,

permitindo uma boa amplitude de extensão.

Assim, temos que a coluna lombar permite boa amplitude em

flexo- -extensão, em inclinação lateral e pouca mobilidade em rotação.

A região lombar tem como função a sustentação do peso. Todas as

compensações de movimento entre as colunas lombar e cervical ocorrem na

região dorsal, sejam elas estáticas ou dinâmicas.

Diferença anatômica da vértebra lombar. Fonte: www.fm.usp.br.

A junção lombossacra tem uma característica em particular: a base

do sacro está inclinada para frente, havendo grandes variações de ângulos de

um indivíduo para outro, e isto é mais marcado na postura ereta, onde a

articulação está submetida a um grande esforço de abertura pelo peso

corporal sobreposto. O corpo de L.5 e o disco L.5/S.1 são um pouco menos

altos atrás do que na frente. Este conjunto está disposto em forma de curva,

sendo côncava para trás. As superfícies dos processos articulares estão em

plano quase frontal. Esta junção está reforçada fortemente pelos ligamentos

iliolombar e sacrolombar.

O sacro é um osso mediano e posterior da pelve, situado entre os dois

ossos da pelve, os ilíacos. Tem a forma de um triângulo e é formado pela

fusão de cinco vértebras. A sua face pélvica é côncava e no centro vemos a

forma dos corpos vertebrais, separados por linhas transversas, que

representam os discos. A parte mais alta salienta-se para dentro da pelve,

região chamada de promontório sacro. Lateralmente, há os forames sacrais

pélvicos, que se prolongam para fora por meio de sulcos. Destes sulcos,

saem os ramos anteriores dos nervos sacrais. A face superior apresenta, no

centro, o platô sacral, ou base do sacro, sobre o qual se coloca o disco

L5/S1 e a quinta vértebra lombar. Atrás do platô encontra-se o canal sacral

que é a continuação do canal vertebral e, lateralmente, temos as asas do

sacro.

A face dorsal do sacro é convexa. Da linha mediana para fora,

bilateralmente, encontram-se a crista mediana do sacro (fusão das espinhas);

em seguida, o sulco sacral (fusão das lâminas); depois, a crista intermediária

do sacro (fusão dos processos articulares). Mais lateralmente, os forames

sacrais dorsais, de onde emergem os ramos posteriores dos nervos sacrais;

e, para finalizar, a crista lateral do sacro (fusão dos processos transversos).

A face lateral é um pouco triangular. Nela há uma superfície

articular em forma de “meia-lua”, um pouco côncava: a faceta auricular ou

aurículo do sacro.

Osso sacro, vista anterior. Fonte: www.fm.usp.br.

Osso sacro, vista posterior. Fonte: www.fm.usp.br.

Osso sacro, vista lateral. Fonte: www.fm.usp.br.

O cóccix é um pequeno osso triangular, resultado da fusão de três a

cinco vértebras, porém, não reconhecíveis. O cóccix se articula com o sacro

por meio de uma superfície ovalada, sendo mantido por uma cápsula e por

ligamentos (esta articulação encontra-se normalmente soldada).

Osso cóccix, vista anterior. Fonte: www.fm.usp.br.

Osso cóccix, vista posterior. Fonte: www.fm.usp.br.

Agora, conversaremos a respeito de um assunto muito importante: os

movimentos da coluna e sua flexibilidade (mobilidade). Devido à mobilidade

da coluna vertebral, o tronco pode realizar movimentos nos três planos:

- Para frente e para trás (frontal): flexão e extensão;

- De lado (sagital): inclinação lateral;

- Girando sobre si próprio (lateral): rotação.

Esses movimentos não têm a mesma amplitude em todos os

níveis vertebrais, dependendo de diversos fatores variáveis: a forma das

vértebras; a altura dos discos em relação à altura dos corpos (quanto mais os

discos são espessos, maior é a mobilidade) e a presença das costelas (na

região torácica, limitando a mobilidade). Vimos que a coluna lombar

tem grande mobilidade e que dentro de cada segmento, seja lombar,

torácico ou cervical, um nível é mais móvel que outro.

Todos os movimentos podem combinar-se, formando movimentos

maiores, como por exemplo, rotação, extensão e inclinação lateral do

pescoço.

A flexibilidade é, geralmente, bem maior nas crianças, pois suas

estruturas, como ligamentos e cartilagens, ainda estão “moles”, já que seu

processo de formação ainda não está concluído. Pode-se fazer manutenção

desta flexibilidade ao longo da vida. Isto garante uma coluna mais saudável e

um corpo menos propenso à lesões. Deve-se evitar alongamentos excessivos,

trabalhando sempre dentro da amplitude de movimento fisiológico de cada

articulação. Manobras mais ousadas e suas indicações, serão expostas mais

tarde.

Existem zonas de hipermobilidade da coluna (zonas de articulação em

dobradiça), onde se passa de um tipo de vértebra para outro:

Articulação em dobradiça C.1- occipital: (cabeça – atlas primeira

dobradiça vertebral), mobilidade em flexo-extensão;

Articulação C.1- C.2: quer dizer atlas – axis, hipermobilidade em

rotação;

Articulação em dobradiça cérvico-dorsal: hipermóvel em flexão.

Passa-se sobre um nível de uma região pouco móvel em flexão (a região

dorsal) para uma região hipermóvel, ou seja, a cervical;

Articulação em dobradiça dorso-lombar: hipermóvel em flexão (é

frequente, neste local, que a coluna começe a se curvar para frente); em

inclinação lateral e em rotação, no nível de T.11 – T.12 (atenção, durante

os movimentos de rotação forçada ou de rotação rápida, o disco, neste

nível, possui o risco de ser hipersolicitado. É a primeira dobradiça rotatória

a partir da região baixa da coluna);

Articulação em dobradiça sacro-lombar: hipermóvel em extensão

(sendo esta que “forçará”, portanto, as curvaturas).

Entre estas áreas articulares em dobradiça, há outras regiões da

coluna que também possuem particularidades da mobilidade:

- A região cervical é hipermóvel em quase todos os planos e vemos que a

rigidez de pescoço ou o limite de movimentos, nesta região, é frequentemente

de origem articular, não muscular;

- A região torácica é propícia para flexão anterior, limitada principalmente

na sua parte alta pela presença das costelas, que limitam toda a amplitude de

movimentos;

- A região lombar é, sobretudo, usada para a realização da flexão posterior,

ou seja, extensão.

Ligamentos:

Um ligamento é uma banda de tecido fibroso que se une aos dois

ossos adjacentes. Normalmente, é um espessamento da cápsula, mas

também, pode estar dentro ou fora desta.

Assim como a cápsula articular, que recobre todas as nossas

articulações, os ligamentos têm o papel mecânico importante de manter a

articulação. É um papel passivo, ou seja, eles não se contraem como os

músculos para exercer essa função. Por esta razão, são considerados

inextensíveis ou inelásticos; mas são colocados sob tensão por

determinadas posições da articulação e relaxados por outras.

Os ligamentos possuem inúmeros receptores nervosos sensitivos, que

percebem a velocidade, o movimento, a posição da articulação, além de

estiramentos e dores que podem ocorrer, eventualmente. Eles

transmitem permanentemente essas informações ao cérebro, que responde

com ordens motoras aos músculos.

É isto que chamamos de sensibilidade proprioceptiva. Apesar desse

dispositivo, um movimento excessivo da articulação pode produzir um

estiramento ligamentar, que ocasiona distensão ou ruptura, sendo o que

acontece nos casos de entorse.

Temos como principais ligamentos anatômicos da coluna: Ligamento

Flavo, ligamento Longitudinal Posterior e Ligamentos Inter e Supraespinhal.

Ligamento flavo. Fonte: www.fm.usp.br.

Ligamento Longitudinal Posterior e Ligamentos Inter e Supraespinhal. Fonte: www.fm.usp.br

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1.2 - Músculos

O músculo é um órgão do corpo humano, formado por tecido muscular,

sendo este tipo de tecido muito versátil, tendo como principal característica

a propriedade de contração e distensão de suas células, geralmente em

resposta a um estímulo nervoso. E é essa propriedade que gera os

movimentos dos membros e das vísceras. Há três tipos básicos de tecido

muscular: liso, estriado esquelético e estriado cardíaco.

O que denominamos músculo é constituído, na realidade, por dois

elementos: o sistema aponeurótico, que reúne os segmentos e os elementos

de contração que permitem ao sistema fibroelástico fazer a função de tensão

sobre os membros, para promover os seus movimentos ou controlá-los.

O Músculo Esquelético

O músculo esquelético forma a maior parte da musculatura do corpo,

chamada na “boca popular” de “carne”. O esqueleto é totalmente recoberto

por este tecido, que está preso aos ossos e é responsável pela movimentação

do corpo.

Este tipo de músculo apresenta, na microscopia, listas alternadas

entre claro e escuro, dispostas transversalmente. Esse tipo de estriação é

resultado do arranjo regular de microfilamentos, formados por duas proteínas:

actina e miosina. Estas são as reais responsáveis pela contração muscular. A

célula muscular estriada é chamada de fibra muscular e possui muitos

núcleos, podendo atingir comprimentos que vão de 1mm a 60 cm.

Este tecido é inervado pelo sistema nervoso central (SNC) e, por isso,

é chamado de músculo voluntário, pois se encontra em parte sob controle

consciente. As contrações do músculo esquelético são responsáveis pelos

movimentos de todos os ossos e cartilagens do corpo humano.

Há outros tipos de tecido muscular no corpo humano; porém, o

mais importante para os movimentos é o esquelético. Mas, para nível de

conhecimento, falaremos das características dos outros tipos de tecido

muscular para que você compreenda as diferenças com o músculo

esquelético.

O tecido muscular liso está presente em vários órgãos internos, na

pele, aparelho reprodutor e excretor e na parede dos vasos sanguíneos, as

fibras musculares lisas possuem um só núcleo. As proteínas actina e miosina

estão dispostas em hélice em seu interior, não formando um padrão estriado

como no tecido muscular esquelético. A sua contração, ao contrário da dos

músculos esqueléticos, geralmente ocorre involuntariamente. O estímulo

responsável pela sua contração vem do sistema nervoso vegetativo.

Já o tecido muscular estriado cardíaco é o tipo de músculo

presente no coração. Na microscopia, a sua estriação é transversal. Suas

células também só possuem um núcleo e sua contração é involuntária.

Sua inervação é de responsabilidade do sistema nervoso vegetativo.

rincipais músculos no corpo humano. Fonte: ATLAS DE ANATOMIA – SOBOTTA.

Diferenças das disposições das fibras dos diferentes tipos de músculo. Fonte: www.afbio.com.br

Para quem trabalha com técnicas que exigem muita contração da

musculatura esquelética, como ocorre no Iso-stretching e no Pilates, é

importante saber o conceito de fadiga muscular e tetania.

A estimulação intensa e ininterrupta da contração de um determinado

músculo faz com que este chegue ao máximo grau de contração.

Então, esse músculo permanece em uma contração constante, o que recebe

o nome de tetania. Se o estado de tetania muito prolongado continuar,

causará a fadiga muscular.

No caso de um músculo chegar ao estado de fadiga, após seu

relaxamento, perderá a propriedade de contração por um determinado

período de tempo. As causas deste fenômeno são: deficiência de ATP,

incapacidade de propagação do estímulo nervoso através da membrana

celular ou acúmulo de ácido lático no tecido muscular.

Origem e Inserção:

Os termos origem e inserção referem-se aos locais onde os músculos

nascem e onde eles se fixam, respectivamente. Estes pontos de fixação em

ossos e/ou estruturas anatômicas é que vão determinar a ação do músculo,

ou seja, a sua função no corpo, pois estas fixações são os pontos fixos de

alavanca para a realização de uma determinada ação muscular.

Anatomicamente, é difícil determinar, de maneira exata, qual é a

verdadeira origem e qual é a inserção de um músculo, mas isto não

interfere na sua ação. A determinação destes pontos é importante para a

realização das provas de comprimento e força musculares.

Tríceps Braquial

Origem:

Cabeça longa: escápula (tubérculo infraglenoidal)

Cabeça lateral: úmero (face posterior, acima do sulco para o n. radial)

Cabeça medial: úmero (face posterior, abaixo do sulco para o n. radial)

Inserção: face posterior do olécrano da ulna

Ação: extensão do antebraço

Antagonista: bíceps braquial

Tônus:

É uma propriedade do músculo. Toda a fisiologia do tônus é

inconsciente e escapa totalmente do controle voluntário. Trata-se do estado

de semicontração, de contração parcial normal, no qual os músculos se

encontram constantemente. É causado por estímulos nervosos, sendo um

processo totalmente inconsciente, que mantém os músculos em alerta para

entrarem em ação.

Dentro do conceito de tônus, podemos ter hipotônus, quando o

estímulo nervoso é bloqueado por alguma lesão. Neste caso, perde-se o

tônus normal e o músculo se torna flácido. É importante não confundir esta

flacidez da hipotonia patológica com a flacidez normal (fisiológica),

ocasionada por falta de atividade física. Esta última é facilmente contornada

com exercícios físicos e, mesmo baixo, apresenta certo tônus muscular.

Já o aumento do tônus muscular acima do normal é denominado de

hipertonia, que também aparece em patologias neurológicas. O tônus

também pode estar aumentado em casos de tensão emocional, causando a

sensação física de tensão muscular. Esta última condição pode ocasionar

fadiga, pois o músculo gasta mais energia que o normal.

O tônus antigravitacional é o mais conhecido. Trata-se do tônus que

poderíamos denominar de proprioceptivos. Na realidade,encontra-

se sob a dependência dos proprioceptores: fusos e reflexos miotáticos,

labirínticos e sistema vestibular, articulares, musculares, etc.

Para ele devemos a manutenção da posição ereta; a suspensão dos

segmentos pendulares; as reações de adaptação estática e adaptação às

mudanças de posição e às reações inconscientes de equilíbrio. É com esse

tônus antigravitacional que se relacionam todos os músculos classificados

na categoria tônica.

Agonistas, antagonistas e sinérgicos:

Dois músculos são ditos agonistas quando concorrem para uma

mesma função. São ditos antagonistas, quando são de funções opostas.

Vamos olhar mais fundo este conceito, pois a afirmação é simples, mas

este sistema é mais complexo do que se pensa: se a contração do flexor

fizesse a flexão e a do extensor fizesse a da pura extensão, e etc...,

esses movimentos seriam sempre realizados em suas amplitudes máximas e

em um único plano, sendo assim, inúteis na vida diária.

Os gestos funcionais são feitos por sutilezas articulares; ou seja, X

graus de flexão aliam-se à X graus de abdução, etc. Ao lado do sistema

puramente motor, encontra-se um sistema regulador que freia, limita, orienta,

controla; resumindo, harmoniza o movimento. Esse sistema é denominado

sinergia muscular.

Para entendermos melhor, vamos utilizar um trecho de BIENFAIT,

Marcel (2000) em “As Bases da Fisiologia da Terapia Manual”. Ele diz o

seguinte: “Na região de cada eixo articular, dois movimentos são possíveis

em direções diametralmente opostas: a flexão ou a extensão, a abdução ou a

adução, a rotação interna ou externa. Existem assim, dois grupos musculares

em oposição aparente. É desse antagonismo que se origina a regulação do

movimento. Um grupo realiza o movimento, o antagonismo o controla: seja

para frear sua violência, seja para limitar a velocidade, seja regular a

amplitude, seja para conferir grande precisão. No entanto, esse controle não

se limita ao sistema antagonista. Esse sistema intervém por intermédio de

músculos laterais para dirigir o movimento, ou por músculos antifuncionais

para limitar a ação.”

Continuando o trecho: “Não existem músculos antagonistas, mas sim

complementares. Dois músculos são sinérgicos quando, inicialmente de

funções diferentes, aliam-se para um objetivo comum.”

O músculo sinérgico de outro raramente é seu agonista. Não há

músculo de função única. Todos apresentam em seu vetor de tração uma

obliquidade que faz com que seja um flexor e rotador interno, e outro flexor e

rotador externo.

Assim, podemos afirmar que na fisiologia muscular, não há ação

de um músculo isoladamente, há apenas as sinergias.

Músculos Fásicos e Músculos Tônicos:

Ainda utilizando as citações de BIENFAIT: “Cada músculo tem uma

função própria diferente de seu aparente agonista e é única. O braquial é

tônico e suspende o antebraço em leve flexão nas posições de “braço solto”.

O bíceps é supinador e flexor do antebraço. Não existe agonismo entre

esses dois músculos. Um entra em contração reflexa por estiramento

quando a articulação se abre, e o outro por estímulo direto para fechá-

la.”

Dentro das funções fisiológicas do tecido muscular, este usa de dois

tipos diferentes de unidades motoras. Enfatizando, são estruturas bem

distintas. As fibras dinâmicas (ou fásicas) possuem em sua estrutura por

fibras longas, enquanto que as fibras motoras tônicas são por fibras curtas.

Ranvier foi quem classificou as fibras musculares em fásicas rosas ou

pálidas e em fibras tônicas vermelhas ou escuras. Diferenciou-se em três

tipos de fibras musculares:

Fibras FF (Fast Fatigable): tratam-se de músculos cujas fibras possuem

uma coloração pálida, sendo sua contração rápida, de valor elevado de

tensão tetânica, de velocidade de condução rápida, mas são pouco

resistentes à fadiga. São estes tipos de fibras utilizadas pelo corredor de 100

metros rasos, pois este precisa de explosão na hora da largada, e a

distância a ser percorrida é curta. São denominadas também de fibras tipo I;

Fibras S (Slow): aqui temos fibras de coloração vermelha, tendo como

características a contração lenta, baixo valor de tensão tetânica, velocidade

de contração lenta, mas com enorme resistência à fadiga. São estas as

fibras recrutadas pelos maratonistas, pois precisam de trabalho muscular para

grandes distâncias. São denominadas de fibras tipo II;

Fibras FR (Fast Resistent): são fibras mais raras de serem encontradas,

sendo um tipo intermediário. São mais rápidas que as fibras II e mais

resistentes que as fibras tipo II.

Considerando a fisiologia dos músculos, é importante ressaltarmos que

nas unidades motoras fásicas, temos uma função dinâmica e que nas

unidades motoras tônicas, temos uma função estática. Todo músculo tem

uma função considerada dominante.

Podemos considerar alguns músculos como completamente dinâmicos,

sendo estes geralmente dos membros inferiores e superiores. São estes os

grandes músculos que geram movimentos grandes.

Outros tipos de músculos são tônicos por completo, sendo estes os

chamados de antigravitacionais, pois lutam constantemente contra a

gravidade para manter o nosso corpo em posição ereta, sendo músculos

posturais. Por esta razão, estes músculos devem ser constantemente

trabalhados com alongamento e fortalecimento, pois estão mais suscetíveis

aos encurtamentos importantes, causando desvios posturais. São músculos

de fibras curtas.

Nas figuras a seguir, estão relacionados todos os músculos

considerados antigravitacionais:

Músculos antigravitacionais nas visões anterior e posterior. Fonte: BIENFAIT, 2000.

Também temos os músculos considerados dinâmicos, sendo estes os

grupos musculares do tronco e cintura.

O que são cadeias musculares

Todos os nossos músculos são indiretamente ligados uns aos

outros por forma de cadeias musculares, que são a passagem das linhas de

força que percorrem o nosso corpo, fazendo-o reagir de uma extremidade à

outra. Toda atividade dentro de uma parte do corpo terá repercussões no

corpo todo. É por isso que temos que ter uma atenção especial nas

extremidades, que são a expressão das compensações corporais. Desse

modo, a modificação da posição delas permitirá buscar uma maior tensão e

assegurar as múltiplas variantes aos exercícios.

A definição clássica de cadeia muscular dada por Françoise Meziéres

(conhecida como Madame Meziéres) é: “Conjunto de músculos de mesma

direção e sentido, geralmente poliarticulares que se comportam como se

fossem um só músculo e se recobrem como telhas de um retalho”.

A partir de observações práticas e estudos anatômicos, nossa Madame

pioneira neste campo, descreve também três leis relacionadas às cadeias

musculares, que seguem:

- Toda tentativa de correção local irá gerar uma compensação à

distância;

- Toda tentativa de tensionamento de uma cadeia muscular, resulta em

uma tendência de rotação interna dos membros;

- Toda tentativa de tensionamento de uma cadeia muscular, leva a

tendência de um bloqueio respiratório em apneia inspiratória.

Como já vimos anteriormente, o que segura o nosso corpo em pé é a

cadeia dos músculos estáticos. Os músculos que compõem esta cadeia

possuem maior quantidade de tecido conjuntivo e um tônus mais elevado,

pois exercem uma função antigravitacional, exigindo uma contração parcial

constante. São músculos que tendem a ser mais tensos, hipertônicos,

encurtados e menos flexíveis, e são os mais atingidos nos casos de

patologias.

Quando os músculos estáticos encurtam-se demasiadamente,

podem ocorrer desvios ósseos e compressões das articulações. Quando um

músculo de uma cadeia muscular é afetado, todos os outros músculos da

mesma cadeia são afetados.

Para os nossos principais movimentos, utilizamos a cadeia dos

músculos dinâmicos. Estes músculos têm uma quantidade menor de tecido

conjuntivo e tônus muscular mais baixo, por esta razão, podem tornar-se

extremamente flácidos e hipotônicos. Um exemplo clássico disso são os

músculos abdominais de pessoas sedentárias.

Músculos locais: Multífidios, diafragma, transverso abdominal (TA) e

assoalho pélvico. Esses músculos formam o cilindro da estabilidade, por isso,

devem estar sempre contraídos durante os exercícios de pilates.

Músculos Globais: Cadeia longitudinal - é formado pelo eretor espinhal,

ligamento sacrotuberoso, bíceps femoral e fibular;

Cadeia Oblíqua anterior: é formada pelo oblíquo interno, adutor e

oblíquo externo contralateral;

Cadeia Oblíqua posterior: formada pelo latíssimo do dorso, glúteo

máximo contralateral;

Cadeia lateral: tensor da fáscia lata, glúteo médio e mínimo,

adutores contralaterais.

Nossos grupos musculares são, na maior parte, pluriarticulares, ou

seja, passam por mais de uma articulação, e sobem uns nos outros,

constituindo assim as cadeias musculares. Como exemplo, podemos falar

assim: numa fila de pessoas de mãos dadas, se uma delas tropeça, seu

desequilíbrio se transmitirá às outras. Da mesma forma, qualquer tração

efetuada em uma extremidade de uma cadeia muscular se traduz

imediatamente por uma compensação em um ponto qualquer da cadeia.

Colocando esse exemplo em nosso corpo, vejamos os músculos

espinhais; uma tentativa de alongamento da nuca traduz-se por uma

agravação da lordose lombar ou por uma diminuição da cifose torácica. Da

mesma forma, uma correção da lordose lombar “achata” a nuca e acarreta

uma flexão do quadril.

Resumindo, cadeias musculares são músculos que exercem a mesma

função, tendo muita influência nas alterações posturais. Podem ser estáticas

ou dinâmicas e dividem-se em grupos:

Cadeia Mestra Anterior: é subdividida em quatro cadeias menores – a

inspiratória, antero-interna do ombro, anterior do braço e antero-interna do

quadril. É composta pelos seguintes músculos: escalenos, intercostais,

diafragma e seus pilares, psoas, adutores pubianos (pectíneo, adutor curto,

adutor longo, reto interno e pequena porção do adutor magno), músculos

anteriores da perna, peitoral menor, subescapular e coracobraquial. Obs: a

retração desses músculos causa projeção da cabeça para frente, dorso curvo,

enrolamento dos ombros para frente, joelhos em valgo, pés planos, tórax

elevado, rotação interna do braço e hiperlordose lombar. Também ocorre o

desabamento do arco plantar.

Cadeia Mestra Posterior: também subdividida em quatro cadeias

menores – póstero superior, póstero inferior, superior do ombro e superior

lateral do quadril. Os músculos que a compõem são: músculos da planta dos

pés, bíceps, ísquios tibiais, pélvico-trocanterianos, glúteos, espinhais, fáscia

lata, tibiais anterior e posterior.

Obs: a retração desses músculos causa dorso plano, projeta o tronco para

frente, nuca ou região lombar escavada, genu varo, pés cavos, retração

muscular do posterior da coxa e retificação das curvaturas da coluna.

No entanto, os praticantes do RPG consideram outra cadeia mais

ampla, que engloba todos os músculos que passam pelas três curvaturas

principais da coluna. Trata-se da Cadeia Cérvico-tóraco-abdominopélvica. No

pescoço, ela começa pela aponeurose profunda ou pré-vertebral, as

aponeuroses intra e peri-faringianas que se tornam mais abaixo as

bainhas vasculares e viscerais, a aponeurose média. Todas essas

formações ligam-se à base do crânio.

Na caixa torácica, a aponeurose pré-vertebral prolonga-se pelo reforço

posterior da fáscia endocárdica. Por meio de todo esse conjunto

aponeurótico, fascial e ligamentar, o diafragma encontra-se de certa forma

suspenso à base do crânio e coluna cervicodorsal até T4. Os autores

comparam o corpo humano com uma marionete, cuja fáscia são os fios que

fazem com que se mova. Nada representa melhor essa imagem do que a

cadeia cérvico-tóraco-abdominopélvica. Ela seria a cadeia central de

suspensão, na qual se ligam os quatro membros.

“Power House” - O Centro de Forças:

Power House, ou Centro de Força, constitui o que há de mais

importante nos métodos posturais, sendo o princípio mestre do Método

Pilates. Trata-se da área entre a base da sua caixa torácica e a linha que vai

de um quadril ao outro.

É composto por quatro músculos.

São eles:

Transverso do abdômen: tem a função de estabilizar as vértebras

lombares. É um músculo involuntário. É ligado neurologicamente ao períneo

(possuem a mesma inervação) e, por isso, sua contração só é possível

quando simultânea à contração do períneo. Também só entra em ação na

expiração forçada;

Períneo: músculo do assoalho pélvico, fazendo sustentação

visceral, causando uma pressão positiva. Suas ações são diretamente

proporcionais, ou seja, quanto maior a pressão intrabdominal, maior a

estabilização lombar;

Multíferos: trata-se de um músculo bem interno da coluna e que

tem a função de estabilizar a mesma. Faz a flexão lateral da coluna e rotação

lateral do tronco, também sendo um auxiliar na extensão;

Diafragma: tem a forma de cúpula. Na inspiração, ele aplaina para

expansão da caixa torácica (quando a respiração é mais anatômica possível,

ou seja, sem protusão abdominal). Como ele tem inserções nas vértebras

lombares, também possui a função de estabilização da coluna.

Músculos abdominais. Fonte: ATLAS DE ANATOMIA – SOBOTTA.

O conceito que Joseph Pilates chamou de POWER HOUSE (casa

de força) é coordenar a mecânica respiratória do diafragma, com a sinergia

dos músculos abdominais (principalmente o transverso do abdômen),

multíferos e períneo, conseguindo, assim, estabilizar a coluna lombar.

Sabe-se que o transverso do abdômen e o oblíquo interno são os

únicos músculos a terem conexões com o tronco anterior e com a coluna, por

isso, autoridades australianas em estabilização de coluna descrevem estes

músculos como um cilindro tridimensional.

Frente e lado do cilindro são feitos pelo transverso do abdômen e

oblíquo interno;

Atrás estão os multíferos;

A base é constituída pelos músculos do assoalho

pélvico; O teto é constituído pelo diafragma.

A estabilidade da coluna lombar depende de que os músculos "do

centro" estejam fortes e trabalhando em conjunto, para transformar o

abdômen e a coluna em pilares resistentes, o que é essencial para a vida

diária e atividades desportivas, e é isso o que Joseph Pilates propõe com o

conceito de POWER HOUSE. Ele ainda considerava os músculos períneo e

transverso do abdômen.

Segundo KENDALL, (1995) "uma insuficiência em controle postural

podem causar cargas excessivas aos tecidos do corpo, deixando a coluna

vertebral às lesões”.

A essência da estabilidade da coluna vertebral é aliar a flexibilidade com

força, portanto, o sistema muscular fornece a 1ª linha de defesa contra o

desabamento da coluna osteoligamentar.

A "POWER HOUSE" faz com que possamos desenvolver a estabilidade

ativa da coluna lombar, o que possibilita ao paciente e/ou aluno a educar a

relação membros inferiores/bacia organizada/organização axial nas posturas

deitado, sentado e em pé, dando foco no trabalho, não só na força dos

músculos do tronco, mas também desenvolvendo a coordenação, e o melhor

padrão da atividade muscular. Além disso, com a "POWER HOUSE" ativa, há

a organização da coluna dorsal, desbloqueando a cintura escapular, educando

os movimentos fisiológicos das escápulas, eliminando as tensões e

desequilíbrios que refletem na coluna cervical. Tudo isso possibilita a liberação

dos movimentos da cabeça. A somatória de tudo é um tronco estável, forte e

flexível para organizar membros inferiores e membros superiores alinhados e

com fluidez de movimentos.

Alguns outros músculos são importantes para ajudar a Power House. São eles:

Paravertebrais: são motores primários da extensão;

Intertransversários: situado entre os processos transversos (promovendo a

flexão lateral), e entre os processos espinhosos (auxiliar na extensão).

1.3 - As Fáscias

As fáscias designam anatomicamente uma membrana de tecido

conjuntivo fibroso de proteção: um órgão (fáscia periesofagiana, fáscia peri e

intrafaringiana) ou de um conjunto orgânico (fáscia endocárdica, fáscia

parietalis), designa também tecidos conjuntivos de nutrição (fáscia

superficialis, fáscia própria).

Esta foi uma denominação utilizada, primeiramente, pelos osteopatas

que, na realidade, foram os primeiros a ter noção de globalidade. A palavra

fáscia, no singular, não representa uma entidade fisiológica, mas um conjunto

membranoso muito extenso, no qual tudo se encontra ligado, em

continuidade.

Este conjunto tissular é muito importante, pois nele se apoiam todas as

técnicas modernas de terapia manual.

BIENFAIT, em As Bases da Fisiologia da Terapia Manual (2000),

diz: “A fáscia é um conjunto de tecido conjuntivo, que representa

praticamente 70% dos tecidos humanos. Seja qual for o nome que leve, ele

sempre possui a mesma base. Por exemplo, entre um osso e uma

aponeurose, não há diferença. Como todos os tecidos, o conjuntivo é formado

por células conjuntivas: os blastos. São osteoblastos nos ossos, controblastos

na cartilagem, fibroblastos no tecido fibroso, etc. Essas células em forma de

estrela comunicam-se todas por prolongamentos proctoplásmicos, não

havendo nenhuma atividade metabólica. Sua fisiologia é unicamente a de

secretar duas proteínas de constituição: o colágeno e elastina.

A fáscia superficialis é um exemplo de fáscia nutridora, tratando-se de

um imenso tecido conjuntivo frouxo que forra a pele praticamente ao longo

de toda a sua superfície, e desaparece em certas regiões: na base do crânio

e na região da nuca, na região esternocostal, na região sacra e glútea, nas

patelas e cotovelos.

Uma de suas principais funções da fáscia superficialis é a de nutrir o

epitélio cutâneo, explicando por que todas as regiões que acabamos de ver,

desprovidas desse conjuntivo, são regiões de maior incidência de escaras.

1.4 – Disco Intervertebral

O disco intervertebral é uma “esponjinha” que fica entre duas

vértebras, sendo uma espécie de amortecedor da coluna. Separando as

vértebras, estes discos amortecem a carga que exercemos sobre a coluna

com cada passo que damos, e também, permitem que façamos os mais

diversos movimentos.

Juntamente com a vértebra, o disco forma a unidade vertebral,

possuindo várias funções: amortece impactos; dá flexibilidade à coluna;

mantém a vértebra de cima separada da de baixo.

Estrutura do disco intervertebral. Fonte: Acervo pessoal, 2009.

Unidade vertebral. Fonte: Acervo pessoal, 2009.

Esse disco é formado por um núcleo pulposo arredondado, de

consistência gelatinosa semilíquida, composta por mucopolissacarídeos. Este

núcleo pulposo tem uma enorme capacidade de reter água. No adulto jovem,

aliás, é composto de 88% de água. O núcleo produz uma pressão que

mantém as vértebras distantes umas das outras e o anel fibroso mantém o

núcleo na posição central. Este núcleo é rodeado por uma parte periférica, o

anel fibroso, uma placa de fibrocartilagem disposta em camadas

concêntricas ao redor do núcleo. Trata-se de um amortecedor fibro-hidráulico,

autodistribuidor de tensões.

Infelizmente, com o avançar da idade, o disco vai perdendo a

capacidade de absorver e reter líquido, de acordo com a pressão que sofre

durante a vida, ano após ano. O desgaste do disco se inicia aos 25 anos de

idade.

O disco precisa de um sistema de compressão e descompressão

para nutri- -lo; funciona como uma esponja e sua nutrição se dá por osmose.

Resumindo: ao dormirmos (onde não há pressão), o líquido nutritivo é

absorvido do meio externo para dentro do núcleo (o disco enche de água)

num processo de hidratação. Com o passar do dia, havendo pressão sobre o

disco, o líquido extravasa do interior para o exterior, num processo de

desidratação. Esta é a razão pela qual levantamos pela manhã uns

centímetros mais altos do que deitamos à noite (disco bem nutrido = aumento

do diâmetro).

Este aumento de diâmetro noturno em um disco desidratado (com

fissuras) que perdeu a elasticidade, aliado à falta de movimentos, também

explica por que, às vezes, acordamos com dor nas costas.

Os discos são unidos aos corpos vertebrais por uma fina cartilagem.

Eles são também mantidos pelos ligamentos vertebrais comuns: o ligamento

longitudinal posterior (LLP), fixando-se aos discos; e o ligamento

longitudinal anterior (LLA), fixando-se aos corpos vertebrais.

Um movimento de flexão anterior da coluna, visto de perfil ao nível

de duas vértebras lombares:

- O disco é pinçado anteriormente e alongado posteriormente;

- Os ligamentos situados posteriormente ao núcleo (eixo do movimento de

flexão) são colocados em tensão.

O primeiro a estar tensionado é o ligamento supraespinhal;

posteriormente vêm os ligamentos interespinhais e interapofisários. Estes

ligamentos não são suficientes para frear estas inclinações quando estas são

de grande amplitude ou de longa duração. Um trabalho muscular também se

faz necessário para frear estes movimentos.

Com o passar do tempo, os ligamentos distendidos não fornecem uma

estabilização suficiente e não informam em tempo hábil que a coluna está em

tensão. Com essa estrutura fragilizada, pode-se apresentar uma solicitação

mais viva da flexão anterior em carga.

Há também a possibilidade de estiramento do ligamento longitudinal

posterior (LLP). Isto é mais grave devido à posição onde este ligamento se

encontra, ou seja, no canal raquidiano, anteriormente à medula espinhal. Ao

mínimo edema consequente a um estiramento de ligamento, rapidamente as

consequências levam às dores, ou seja, a lombalgia. O edema pode,

igualmente, comprimir as raízes nervosas em sua saída do canal, a

compressão mais frequente é a do nervo ciático, nervo que sai de orifícios de

conjugação L4/L5, L5/S1 e dos três primeiros orifícios sacros. Pode

mesmo ocorrer a migração de uma parte do núcleo para fora do disco, no

canal raquidiano: é a hérnia de disco (que é de fato, uma hérnia do núcleo).

Com a flexão do tronco, há uma pressão muito maior do núcleo do

disco, deslocando-o para trás, do que a pressão que é exercida no núcleo

para frente, quando a coluna é movimentada em extensão.

1.5 - Respiração

O Diafragma:

O diafragma é um músculo singular e totalmente assimétrico, ou seja,

ele não é como os outros músculos que possuem os dois lados iguais. Ele

separa o tórax do abdômen, compreendendo duas partes: uma muscular e

periférica, graças a qual o músculo insere-se ao longo do contorno do tórax e

sobre a coluna; outra tendinosa e central, denominada “centro tendíneo”.

Trata-se do motor do movimento torácico; não sendo considerado um

músculo, mas sim, um conjunto músculo-tendíneo constituído por oito

músculos. É um conjunto membranoso e muscular porque deve adaptar-se

aos movimentos do tronco e às deformidades torácicas. É o diafragma

que se adapta ao tórax e não o contrário. Sua fisiologia está intimamente

ligada aos movimentos das costelas.

Segundo SOUCHARD, em seu livro Respiração (1989), a respeito do

diafragma: “Formando uma abóboda de concavidade inferior, o diafragma

é na realidade constituído na periferia por finos músculos digástricos

justapostos cujos tendões centrais, imbricados, formam o centro tendíneo. A

parte muscular, por sua vez, divide-se em uma ação vertebral, uma porção

costal e uma porção esternal.”

Falar de origem e inserção do músculo diafragma torna-se delicado,

pois este possui vários locais de inserção. No entanto, é primordial ter este

entendimento devido à ação biomecânica, através da anatomia funcional. Por

isso, deve-se prestar uma particular atenção às inserções aponeuróticas dos

músculos, porque o sistema fibroso aponeurótico possibilita a ação

sequencial dos músculos, contribuindo para a formação de cadeias

musculares que tornam inoperante toda a ginástica analítica ou segmentar.

Portanto, de uma forma resumida, temos como origem e inserção as

porções:

Porção vertebral: parte interna ou pilares do diafragma, constituída

por 2 grossos feixes de fibras de comprimentos desiguais. O pilar direito

insere-se sobre os discos intervertebrais L.1-L.2 e L.2-L.3, descendo, às

vezes, sobre o disco L.3-L.4. O pilar esquerdo insere-se sobre o disco L.1-L.2

e, frequentemente, prolonga-se até o disco L.2-L.3;

Porção costal: é toda região lateral do diafragma. Origina-se na face

interna das últimas costelas e sobre as arcadas aponeuróticas que unem os

ápices da 10ª, 11ª e 12ª costelas (Arcadas de Senac). Essas inserções

confundem-se com as do transverso do abdômen, especialmente ao nível da

10ª, 11ª e 12ª costelas. As fibras musculares terminam-se sobre os bordos

laterais dos folíolos laterais e anteriores do centro tendíneo.

Porção esternal: é constituída por um ou dois feixes musculares

distintos, provenientes da face posterior do processo xifóide, terminando-se

sobre a porção média do folíolo anterior;

Centro tendíneo: lâmina fibrosa formada pelo cruzamento dos

tendões medianos dos músculos digástricos periféricos; o centro tendíneo

ocupa a porção central do diafragma.

Vista inferior do diafragma, com seus orifícios. Fonte: www.wikipédia.com.br.

O diafragma possui orifícios importantes, que obturam totalmente a

região inferior do tórax. Esses três orifícios juntam-se co m as estreitas

zonas entre os pilares, que permitem a passagem do tronco simpático, dos

nervos esplâncnicos e da raiz interna das veias Ázigos. São eles:

Orifício aórtico: essa ranhura ósteo-fibrosa sobe até a 12ª dorsal e

permite a passagem da aorta que adere à sua porção anterior;

Orifício esofágico: unicamente muscular, situa-se ao nível da 10ª dorsal.

De forma elíptica, permite a passagem dos nervos pneumogástricos e do

esôfago que a ele adere fortemente, através das fibras musculares e

conjuntivas;

Orifício da veia cava inferior: a veia cava atravessa o centro tendíneo

na junção folíolo anterior com o folíolo direito, onde se adere.

Ainda utilizando trechos de SOUCHARD sobre o diafragma e sua

localização, ele diz: “A posição do diafragma: em pé, em posição de repouso,

a cúpula diafragmática direita projeta-se ao nível do 4º espaço intercostal,

à esquerda no nível do 5º. No entanto, essa posição é variável. A

fisiopatologia do diafragma dependerá, entre outras coisas, da forma do tórax

e do volume das vísceras abdominais.”

O diafragma é inervado somente pelos nervos frênicos, que possuem

suas raízes em C3, C4 e C5, sendo estes os motores do diafragma. Estes

nervos também aparecem com participação importante na sensibilidade

proprioceptiva do mesmo.

Sua vascularização é riquíssima, e como artérias principais, temos:

- Artéria mediastinal posterior, derivada da aorta torácica, no nível dos pilares;

- Artéria frênica superior derivada da mamária interna;

- Artéria frênica inferior derivada da aorta abdominal, e suas

anastomoses, juntamente com sua simétrica compõem as arcadas perifoliares;

- Ramos da artéria músculo-frênica e das quatro últimas intercostais.

Também possui um rico sistema venoso que caminha junto ao

sistema arterial, sendo composto pelas veias cava inferior e mamárias

internas. Já o seu sistema linfático é bem complexo, pois o diafragma é um

enorme cruzamento das redes torácica e abdominal. Seus principais

linfonodos linfáticos localizam-se no mediastino.

Os músculos *inspiratórios e *expiratórios são acessórios, pois o motor

primário é o diafragma.

* Os inspiratórios acessórios são numerosos e de implantação anatômica

variada. Pela própria definição, entram em jogo apenas durante inspirações

de grande amplitude (com exceção apenas de leve atividade possível dos

intercostais e escalenos na respiração de média amplitude). São eles:

esternocleidomastóideos; escalenos anterior, médio e posterior; trapézio

superior e médio; subclávio; peitoral menor e maior; elevador da escápula;

rombóides; serrátil anterior e posterior superior; grande dorsal; multifídios;

semi-espinhal do tórax, do pescoço e da cabeça; rotadores lombares,

torácicos e cervicais; dorsal longo; iliocostal; intercostais internos e

médios; subcostais e supracostais.

* A expiração é um movimento passivo desencadeado a partir do

cessar da contração dos músculos inspiratórios. Eles intervêm apenas

durante esforços, no grito, na tosse, etc. isto é, em atividades de grande

dinâmica. Os músculos expiratórios são expiratórios acessórios. São eles:

oblíquos internos e externos; transverso do abdômen; reto do abdômen;

piramidal do abdômen; quadrado lombar; serrátil posterior inferior; transverso

do tórax e grande dorsal.

1.6 – A Estática

Como todos os sólidos, o corpo humano encontra-se submetido às leis

de gravidade, ou seja, o corpo encontra-se em equilíbrio quando a vertical

abaixada do centro de gravidade cai em sua base de sustentação. Quando

estudamos um corpo, assim como suas perturbações, devemos considerar

sua base de sustentação e seu centro de gravidade.

Isso também nos remete para a primeira lei da estática, “A Lei das

Compensações”, do nosso Marcel Bienfait, onde “para que nosso corpo

permaneça em condições de equilíbrio, todo o desequilíbrio deverá ser

compensado por um desequilíbrio inverso.” Toda a compensação da

patologia estática encontra- se nessa lei. Em pé, não há desequilíbrio

segmentar sem compensação.

Há outra noção importante; a de que as posições humanas não são

posições fixas, ou seja, são equilíbrios controlados constituídos por

desequilíbrios permanentes, que se corrigem ou compensam-se.

Toda função tônica encontra-se nessa noção, que corrige os

desequilíbrios quando isso é possível, controla-os e limita-os, quando

necessário. Não existe uma linha de gravidade imutável. Em pé, o corpo

humano oscila permanentemente sobre sua base. As oscilações variam,

evidentemente, de acordo com a forma dessa e de sua orientação.

Centros de Gravidade:

Nosso corpo é um sólido articulado, e como tal, seu centro de

gravidade geral é condicionado pela posição de seus diversos segmentos no

espaço.

Marcel Bienfait (2000) ainda nos diz que “o centro de gravidade geral é

a resultante de todos os centros de gravidade segmentares. Em nossa

estática, há tantos centros de gravidade quanto posições.”

Veremos apenas o centro de gravidade em pé, mas lembre-se que ele

é diferente nas posições de sentado ou inclinado para frente. E vale a pena

lembrar que a avaliação postural é muito importante na aplicação das

técnicas posturais, e nela devemos levar em consideração a morfologia dos

indivíduos, pois ela pode não ser a mesma para todos.

Por exemplo,em pessoas de raça negra, as curvaturas vertebrais,

especialmente a lombar, são mais acentuadas do que nas pessoas brancas.

Para os asiáticos, isso é o inverso.

Na posição vertical, o centro de gravidade de nosso corpo no espaço

situa-se na região do corpo da terceira vértebra lombar, mas nosso corpo

“flutua” raramente no espaço. Na posição em pé, os pés encontram seu apoio

no chão, e transferem esse apoio à cintura pélvica.

Na nossa posição ereta, não é o centro de gravidade no espaço que

devemos considerar, mas o centro de gravidade do tronco e segmentos

superiores em equilíbrio sobre as articulações coxofemurais. Este se situa,

ligeiramente, à frente do corpo da quarta vértebra dorsal.

1.7 – O que é Postura

A postura é composta das posições de todas as articulações do corpo

em um dado momento, e o alinhamento postural estático é bem mais descrito

em termos de posições das várias articulações e partes do corpo (KENDALL,

1995).

Postura é um termo geral, definido como uma posição ou atitude do

corpo, o arranjo relativo das partes corporais para uma atividade específica,

ou uma maneira característica de uma pessoa sustentar o corpo

(LEHMKUHL, 1987).

A função principal das posturas é ajudar-nos a realizar as nossas

atividades de vida diária, ou até mesmo físicas, com o menor gasto

energético possível. Dessa forma, temos que a postura e o movimento estão

intimamente relacionados, pois o movimento começa em uma postura e pode

terminar em outra; exemplo disto é quando uma pessoa começa o movimento

sentada e termina em pé.

Tais relações de postura dos membros podem ser modificadas e

controladas de maneira voluntária, mas este controle exige muita

concentração.

1.8 – A Boa Postura

A boa postura ou postura padrão serve para padronizar o

alinhamento postural durante a avaliação. O alinhamento padrão ideal é

baseado em princípios científicos válidos e fundamentados, envolvendo uma

quantia mínima de esforço e sobrecarga, e conduz à eficiência máxima do

corpo.

Na postura padrão, a coluna encontra-se com as curvaturas normais e

os ossos dos membros inferiores em alinhamento ideal para sustentação de

peso. A pelve neutra conduz ao bom alinhamento do abdômen e do

tronco. O tórax e a coluna superior devem estar em uma posição que

favoreça o funcionamento ideal para os órgãos respiratórios. A cabeça fica

ereta em uma posição bem equilibrada, que minimiza a sobrecarga sobre a

musculatura cervical.

É lógico que há variações de uma pessoa para outra, de acordo com o

tipo corporal, a forma e as proporções do corpo, sendo fatores importantes na

distribuição de peso.

Para esta análise, é utilizado um fio de prumo para representar uma

linha de referência. Um fio de prumo é uma linha com um peso preso na

ponta para promover uma linha absolutamente vertical-padrão, para medir

desvios. O ponto na linha onde o fio de prumo é suspenso deve ser um

ponto fixo padronizado. O teste do fio de prumo é usado para determinar se

os pontos de referência da pessoa que está sendo testada estão no mesmo

alinhamento que os pontos correspondentes da postura padrão. Os desvios

de vários pontos de referência, a partir do fio de prumo, revelam a extensão

do alinhamento defeituoso do indivíduo.

Veja os pontos de referência na vista lateral, a partir do fio de prumo:

Cabeça: Posição neutra, não inclinada nem para frente, nem para trás;

Coluna cervical: Curvatura normal, ligeiramente convexa anteriormente;

Escápulas: Em bom alinhamento, achatadas de encontro à parte superior

das costas;

Coluna torácica: Curvatura normal, ligeiramente convexa posteriormente;

Coluna lombar: Curvatura normal, ligeiramente convexa anteriormente;

Pelve: Posição neutra, espinhas ântero-superiores no mesmo plano vertical

que a sínfise púbica;

Articulações dos quadris: Posição neutra, nem fletidas, nem estendidas;

Articulações dos joelhos: Posição neutra, nem fletidos, nem estendidos;

Articulações dos tornozelos: Posição neutra, perna vertical e em ângulo

reto com a planta do pé.

Postura padrão, vista lateral. Pontos onde o fio de prumo deve passar. Fonte: Acervo pessoal,2009.

Em vista lateral, os músculos anteriores e posteriores, presos à pelve,

mantêm-se em alinhamento ideal. Anteriormente, os músculos abdominais

tracionaram para cima e os flexores do quadril tracionaram para baixo. Assim,

os músculos abdominais anteriores e extensores dos quadris trabalham

juntos para inclinar a pelve posteriormente; os músculos da região lombar e

os flexores dos quadris trabalham juntos para inclinar a pelve, anteriormente.

1.9 – Métodos e Materiais

O material a ser usado consiste em:

* Pranchas de Postura: são tábuas de madeira compensadas, nas

quais foram desenhadas impressões dos pés;

* Fio de Prumo: o fio de prumo é suspenso de uma barra acima da

cabeça, e o peso do prumo é pendurado em linha com o ponto de base-

padrão, ou seja, anterior ao maléolo lateral na vista lateral, a meio caminho

entre os calcanhares na vista posterior;

* Régua Dobrável com Nível: esta é usada para medir a diferença de nível

entre as espinhas ilíacas posteriores. Também é usada para descobrir

quaisquer diferenças entre os ombros. Um plano quadriculado de fundo

também é eficiente para medir diferenças entre os ombros;

* Conjunto de seis blocos: são usados com a finalidade de determinar a

quantidade de elevação necessária para nivelar, horizontalmente, a

pelve lateralmente;

* Lápis Dermatográfico: é usado para marcar os processos, a fim de

observar a posição da coluna em casos de desvio lateral;

* Fita Métrica: usada para tirar medidas de comprimento de membros

inferiores e para medir a limitação da flexão para frente, ao tentar alcançar os

artelhos dos pés;

* Cartão para registrar o exame.

Atenção!!!

O paciente deve estar trajando roupas adequadas para o exame, tais

como maiô ou duas peças para mulheres, e sungas para homens. Caso

contrário, será impossível identificar todas as estruturas necessárias.

1.10 - O que é Postura Errada

Todos esses pontos fazem parte de uma postura nadequada:

- O quadril está em retroversão; portanto, caído para trás;

- A coluna, vista de lado, tem a forma de um “C” (postura cifótica);

- O gradil costal está voltado para dentro;

- Os ombros estão virados para dentro;

- A cabeça está para frente, sendo sustentada pelos músculos da cervical,

havendo até pregas no pescoço;

- O corpo se encontra em um padrão totalmente flexor.

A postura errada provoca um maior desgaste das vértebras, dos discos

intervertebrais e das articulações, pois elas estão incongruentes, gastando

mais rapidamente a cartilagem articular nos pontos de maior pressão. As

estruturas posteriores estão sendo alongadas e as anteriores comprimidas.

Em função disto, ocorrem distensões nos ligamentos e desequilíbrio

muscular.

O indivíduo pode até não ter um desvio estrutural ou patologia na

coluna vertebral instalada, mas, se continuar adotando uma postura

inadequada por muito tempo, isto certamente ocorrerá.

Postura padrão (ideal) e as formas de postura fora do padrão, vista lateral. Fonte: Acervo pessoal, 2009.

Desvio postural vista posterior ao fio de prumo. Fonte: Acervo pessoal, 2009.

Nesta unidade estudamos a anatomia da coluna vertebral de uma

maneira geral, falamos tanto da parte óssea, como da muscular, ligamentar e

do disco intervertebral. Também conhecemos a anatomia dos ossos da pelve e

do sistema muscular esquelético, e ainda o conceito de postura, avaliação

postural e o que é a boa e a má postura.

Capítulo 2

Disfunções, Introdução às técnicas e

R.P.G

Agora, você conhecerá as disfunções, para depois passarmos as técnicas e

as manobras de execução. Além disso, iniciaremos os estudos sobre o R.P.G.,

(Reeducação Postural Global), que vem sendo reciclado através dos tempos, sendo

uma das técnicas mais famosas e praticadas pelos amantes deste tipo de terapia. E

poderá, ainda, fazer uma associação entre a anatomia aprendida e as disfunções

existentes, construindo sua própria opinião sobre qual técnica é a mais adequada

para os seus trabalhos.

2.1 – Disfunções

A palavra disfunção, quando falamos de coluna vertebral, pode englobar as

várias estruturas que envolvem este conjunto. Pode afetar sua própria estrutura;

neste caso, são as que afetam as curvaturas fisiológicas da coluna vertebral, como a

hiperlordose, hipercifose e escoliose. As outras disfunções incluem as lesões do

disco intervertebral, do próprio osso (ex: osteoporose), da pelve, dos músculos e as

psicológicas.

2.1.1 - Principais Disfunções Posturais

As disfunções da coluna vertebral formam um grupo de patologias que atinge

a humanidade. Diz-se que 90% da população sofrem ou sofrerão com algum

problema de coluna.

Cifoses:

A hipercifose é um aumento anormal da concavidade posterior da coluna

vertebral, que é a cifose dorsal. Também é chamada, popularmente, de corcunda.

Vista lateralmente, a coluna forma um C. A cabeça está para baixo, em flexão; os

ombros estão caídos e para frente, e os braços virados para dentro.

Este desvio postural é o mais comum de todos, primeiro porque a força da

gravidade atua sobre nós e, em segundo lugar, porque quase todas as nossas

atividades são desenvolvidas a frente do nosso corpo, em postura de flexão. Assim,

a musculatura posterior vai ficando enfraquecida.

Este tipo de postura causa, com o tempo, um verdadeiro desvio da estrutura

vertebral, não só puramente vertebral, mas também instalado, podendo levar a

disfunções de outras estruturas. Daremos uma explicação mais didática: digamos

que uma pessoa fica sentada por um bom período de seu tempo.

Com essa postura, há uma tendência de encurtamento da musculatura

anterior e flexora da coluna, enquanto que a musculatura posterior e extensora da

coluna tende a enfraquecer e contraturar, principalmente no nível de paravertebrais.

Vai ocorrendo um desequilíbrio gradual dessas musculaturas com o passar do

tempo, o que faz com que as articulações não se encontrem mais na posição

normal.

Isto acontece porque os músculos, que deveriam dividir a carga com a

articulação, estão em desequilíbrio.

Assim, temos que os desequilíbrios musculares são causadores de um tipo de

incongruência, ou seja, de um desarranjo no movimento articular. Por consequência,

uma região da articulação pode sofrer uma pressão maior e tender a sofrer um

desgaste, o que provocará um processo de artrose. Os músculos e tendões ficam

mais predispostos às lesões, do tipo tendinites e bursites.

A hipercifose da coluna torácica pode provocar uma diminuição do espaço da

região abdominal, ocasionando uma compressão dos órgãos internos e diminuindo a

expansão máxima do diafragma, por falta de espaço. Assim, temos várias

consequências para a pessoa que permanece em má postura, sentada por horas.

Ela apresentará uma menor capacidade pulmonar, sua respiração será mais

apical e menos diafragmática, o que gerará uma menor oxigenação sanguínea e

cerebral, levando o indivíduo a se cansar mais facilmente e a render menos nas

suas atividades da vida diária e no trabalho.

De uma maneira geral, acabamos de demonstrar o quanto um simples desvio

postural pode desencadear outros distúrbios, não só da própria coluna, mas o

quanto pode afetar outros sistemas do nosso organismo.

Hiperlordose:

É uma alteração postural que acontece no nível da coluna lombar, que

acentua a curvatura normal fisiológica já existente.

Na região lombar, o quadril estará muito inclinado para frente, o que

chamamos de anteversão da pelve (se ficou alguma dúvida, leia novamente na

Biblioteca Virtual o texto sobre Anatomia - Curvaturas fisiológicas e seus eixos). A

inclinação da pelve leva a uma acentuação maior da curvatura lombar. Os músculos

abdominais se apresentarão flácidos e, em consequência, o abdômen é mais

pronunciado.

Você sabia?

É mais raro ocorrer uma hiperlordose no nível da coluna cervical. Isto

geralmente ocorre na disfunção chamada de Síndrome do Respirador Bucal, mas é

acompanhada de uma série de disfunções, sendo a hiperlordose cervical uma

consequência.

Mesmo assim, a incidência de hiperlordose é mais rara do que a hipercifose

dorsal, e até a sua correção é mais fácil. É bem comum na gravidez, pois o peso da

criança e o aumento do volume uterino levam a mãe a jogar o quadril para frente,

para manter o equilíbrio, alterando o seu centro de gravidade.

Hipercifose dorsal e hiperlordose lombar. Fonte: Acervo pessoal, 2009.

Escoliose:

A escoliose é a curvatura lateral em relação ao fio de prumo da coluna

vertebral. A sua diferença, em relação às outras curvaturas, é que não se trata de

um aumento de uma curvatura fisiologicamente normal. Na verdade, ela é uma curva

que se instala onde antes era reto.

Sua causa pode ser por um problema estrutural (neste caso, há rotação das

vértebras) ou não estrutural (sem rotação das vértebras). A sua maior causa (pelo

menos na maioria das vezes) dá-se pela má postura, mas também pode ser

congênita ou adquirida. Doenças ou lesões também podem ocasioná-la.

Temos, também, as escolioses idiopáticas, cuja causa não se conhece. Faz

parte da constituição do indivíduo e a criança, geralmente, nasce com ela, piorando

com o passar dos anos. Essa forma de escoliose tem um fundo genético e acomete

mais as meninas.

Outra forma também ocorre quando uma perna é maior que a outra

(discrepância entre os membros), ocorrendo um desvio lateral da coluna, de maneira

compensatória. Nesses casos, uma palmilha corretiva pode ser suficiente para

corrigir, antes que a deformidade se torne estruturada.

Mas, em casos de escoliose muito acentuada e progressiva, a intervenção

cirúrgica ou o uso de coletes podem ser necessários.

Nas escolioses estruturais temos uma rotação fixa dos corpos vertebrais,

sendo totalmente visível em radiografias. Quando essas curvaturas são detectadas

na infância e/ou adolescência, seu tratamento e/ou reversão são mais fáceis, sendo

tratadas com técnicas posturais.

Quanto à classificação, as escolioses podem ser:

Primárias: quando há uma curvatura única, colocando a coluna em um

formato da letra “C” na visão posterior;

Secundárias: quando há uma segunda curvatura lateral, geralmente

compensatória da curvatura primária, formando a letra “S” na visão posterior.

Em relação à nomenclatura das escolioses, há certa divergência, pois alguns

consideram que o nome se dá pelo lado em que se encontra a convexidade da

curvatura, enquanto outras escolas pregam que o nome se dá pelo lado da

concavidade. Ex: escoliose idiopática torácica Direita (convexa para o lado direito).

2.1.2 - Disfunções da Pelve

Como vimos no capítulo I, sobre Anatomia, a curvatura da coluna lombar se

dá através da posição em que a bacia se encontra em relação à coluna vertebral. Os

movimentos retro e anteversão da pelve são fisiológicos. No entanto, em alguns

casos (como encurtamento de cadeias musculares ou em lombalgias e demais

problemas que causam dores na coluna, assumindo-se uma posição antálgica), a

pessoa assume um desvio da pelve de forma permanente, agravando ainda mais os

problemas de postura.

Uma anteversão da bacia (báscula sobre os fêmures para frente) causa uma

lordose lombar, ao passo que uma retroversão (báscula da bacia para trás) leva ao

desaparecimento da lordose lombar.

Em pé, a anteversão é frequentemente causada por um encurtamento dos

ligamentos ou músculos anteriores do quadril, e, normalmente, ocorre no

encurtamento da Cadeia Muscular Mestra Posterior, ao passo que a retroversão é

fruto do encurtamento da Cadeia Mestra Anterior.

Caso seja necessário, volte para a Unidade I, para rever as figuras de báscula

da pelve.

2.1.3 - Disfunções do Disco Intervertebral

Revisando novamente a Anatomia da unidade anterior, entre duas vértebras

há o disco intervertebral, sendo este uma espécie de amortecedor da coluna.

Composto por um núcleo no centro, possui um anel fibroso ao seu redor. Quando

este núcleo se desloca temos as patologias do disco intervertebral, sendo que a

mais severa é a popular hérnia de disco.

Hérnia e Protusão Discal:

Acontece quando o núcleo do anel fibroso se desloca do centro, comprimindo

estruturas nervosas que passam dentro do canal vertebral. Isto acontece quando o

anel fibroso ao redor do núcleo está muito desgastado ou rompido, perdendo sua

elasticidade. Hérnia de disco é o nome dado para este deslocamento de núcleo, que

pode ser mais medial, atingindo a medula espinhal, ou mais lateral, atingindo um

nervo espinhal.

A medula espinhal pode ser mais ou menos comprimida de acordo com a

direção do deslocamento, bem como as raízes nervosas ou a artéria vertebral. As

lesões anatômicas do disco classificam-se em:

Ruptura interna do disco: há fissuras radiais do anel fibroso, também

chamada de protusão discal;

Prolapso discal: quando a integridade do ligamento longitudinal posterior é

preservada;

Hérnia extrusa: acontece quando um pedaço da hérnia migra para cima,

para baixo ou para o interior do forame, dentro do canal vertebral.

A protusão discal não é tão grave quanto a hérnia de disco, pois o núcleo se

desloca e comprime o anel fibroso que está ao seu redor, mas não se rompe como

nas hérnias. De qualquer forma, a dor pode ser tão intensa quanto da hérnia, devido

ao deslocamento do disco, podendo comprimir as estruturas nervosas. No entanto, o

prognóstico é melhor, pois o disco tem grande probabilidade de retornar ao seu lugar

com a utilização de medicamentos, fisioterapia e exercícios realizados de forma

contrária ao movimento que provocou o deslocamento do núcleo.

A maioria dos casos de hérnia discal acontece na região lombar,

principalmente entre as vértebras L4-L5 ou L5-S1. Isto se explica pelo fato desta ser

a região de maior sobrecarga da coluna. Os nervos ou raízes nervosas comprimidos

por este disco deslocado são os responsáveis pelos movimentos e sensibilidade das

pernas. Por esta razão, a dor da hérnia de disco lombar apresenta a típica irradiação

para os membros inferiores.

Esta é a popular dor ciática, pois o nervo comprimido, em questão, é o

ciático, o maior do nosso corpo. Suas raízes saem entre a quarta e quinta vértebras

lombares (L4-L5) e nos primeiros e poucos segmentos do osso sacro. Suas raízes

saem por entre as vértebras, passam através do forame ciático, que fica abaixo do

músculo piriforme, depois passam por toda a extensão da parte posterior do quadril

e inferior do músculo glúteo máximo, ou seja, pelo nosso “bumbum”. Logo depois, se

estende para baixo em sentido vertical na região posterior da coxa, atrás do joelho, e

finalmente, se ramifica nos músculos da panturrilha, indo para baixo até os pés.

A dor ocasionada por esta compressão é denominada de lombociatalgia ou

ciatalgia (ou ainda, dor ciática). Ciatalgia significa um tipo de nevralgia (dor no nervo)

ou inflamação do nervo ciático, o que provoca dor no caminho que o nervo percorre,

na face posterior e interna da perna. A lombociatalgia pode ter várias origens, sendo

uma delas a hérnia de disco. As outras causas são: fraturas de vértebras, tumores,

estiramento, trauma local, osteoartrose das vértebras lombossacrais, distúrbios

metabólicos ou infecciosos, etc.

A lombociatalgia pode ter início de forma lenta ou abrupta. Pode se irradiar

para todo o membro inferior afetado ou pode estar mais forte em certas regiões,

como na parte interna das coxas. Uma crise aguda de ciatalgia pode ser causada

por um movimento em falso de flexão, mais rotação da coluna vertebral.

A dor da hérnia de disco é extremamente forte, sendo lancinante e

autolimitante, podendo fazer com que a pessoa fique “travada”, impossibilitando-a

até de se locomover; todos os seus movimentos são muito dolorosos.

Para as pessoas se autoprotegerem da dor, podem assumir uma postura

antálgica, ou seja, antidor. Podem ocorrer alguns sintomas, como alterações da

sensibilidade (parestesias), com sensação de formigamento. Em casos graves,

ocorre uma paralisia do intestino e/ou bexiga.

Podem ocorrer, também, hérnias de disco cervicais, sendo mais raras que as

lombares, ocorrendo geralmente nos níveis entre C6 e C7. A dor irradia para os

braços, pode haver formigação nos dedos e alguns pacientes perdem a força nas

mãos pelo consequente enfraquecimento muscular ou por falta de sensibilidade. A

dor da hérnia cervical também é muito forte.

Os pacientes com hérnia devem procurar o médico. Geralmente, o tratamento

inclui vários medicamentos, mas alguns casos podem ser cirúrgicos. Com processo

cirúrgico ou não, o trabalho da fisioterapia é importante, assim como as técnicas

manipulativas e posturais.

Atenção:

Também devemos comentar que a falta de curvaturas na coluna, ou seja, a

retificação das curvas fisiológicas, também é um tipo de disfunção e pode causar dor

e outras disfunções.

Retificação das curvaturas. Fonte: Acervo pessoa, 2009.

2.1.4 - Disfunções Ósseas

A osteoporose trata-se de uma doença séria, causada por uma alteração

metabólica dos ossos. Leva a uma perda da massa óssea numa velocidade anormal,

sendo bem patológica. Pode acometer todo o corpo, sendo mais grave nas vértebras

e nos quadris. É mais comum entre as mulheres e está associada à alteração

hormonal que se segue ao período do climatério e da menopausa (entre 45 e 55

anos).

Com o avançar da idade, os ossos vão perdendo a qualidade e ficando

rarefeitos (como se fossem furadinhos), perdendo a estabilidade. Podem ocorrer

fraturas espontâneas, sem nenhuma causa aparente. A velocidade das

descalcificações dependerá de fatores durante a vida, como a alimentação,

sedentarismo, consumo excessivo de cigarros, café e álcool. Estes fatores aceleram

a osteoporose.

A evolução da doença é gradual, mas lenta, dando tempo para uma

intervenção. A primeira queixa é a dor nas costas, que pode ser irradiada para outras

regiões. Quando chega o estágio mais avançado da doença, a postura torna-se típica

de hipercifose. Isto acontece pela dor que a osteoporose causa (postura antálgica) e

pelo achatamento das vértebras, que vão se formando em forma de cunha.

Pequenos traumas ou impactos podem provocar uma fratura vertebral por

compressão.

A articulação do quadril, principalmente a coxofemoral, também é bastante

afetada. A dor se concentra mais na região dorsal, da hipercifose, podendo se

manifestar em forma de cinta e evoluir gradativamente, causando fadiga muscular e

distensão ligamentar crônica. A pessoa sente dor, tanto sentada quanto em pé.

O tratamento requer diversos cuidados. A orientação médica é fundamental,

além da reposição de cálcio e hormônios (em mulheres que se encontram na fase de

climatério), exercícios regulares como caminhadas e hidroginástica, alimentação

adequada e banhos de sol nos horários adequados. As técnicas posturais e

manipulativas só serão indicadas quando houver uma melhora da rarefação óssea,

pelo elevado risco de fraturas.

Da esquerda para a direita: vértebra normal, com osteoporose média e osteoporose severa. Fonte: www.sbot.org.br.

2.1.5 - Disfunções Musculares

Entre as disfunções musculares, temos as contraturas, distensões e

contusões; mas, para nível dos nossos estudos, a mais importante será a contratura

muscular.

Contraturas ou espasmos musculares são tensões que se dão nos músculos,

principalmente do pescoço, e que geram dor e desconforto ao paciente. Geralmente,

é a principal causa das lombalgias e cervicalgias. É ocasionada por estresse, tensão

nervosa, má postura, esporte e mobiliário inadequado, que causam um desequilíbrio

muscular.

Infelizmente, este espasmo gera um círculo vicioso, piorando o quadro de dor

e contratura. Tudo começa com alguma DOR (gerada por mau posicionamento ou

estresse), que causa uma POSTURA ANTÁLGICA, que por sua vez, causa

ESTRESSE, causando mais CONTRATURA MUSCULAR, e que, finalmente,

causará mais DOR, iniciando o círculo vicioso da dor, novamente.

Nesse contexto, aparecem os trigger points, ou seja, pequenos pontos de

contraturas musculares que causam dor e compressão de estruturas.

Essa disfunção responde muito bem com as técnicas posturais e

manipulativas, principalmente com as técnicas de trabalho muscular da osteopatia e

as técnicas de stretching muscular, pois estas alongam os músculos, desativam os

pontos triggers, aumentam os espaços entre as vértebras e descomprimem

estruturas.

* Triggers ou pontos gatilhos são os pontos de maior contratura muscular e que

desencadeiam dor quando estimulados ou apertados.

2.1.6 - Dores Psicossomáticas da Coluna

Entende-se por dores psicossomáticas, aquelas provocadas pelo estresse

emocional. Uma pessoa que passa por algum estresse ou grande trauma emocional,

pode desencadear um quadro de muita tensão muscular. O problema começa com

as contraturas localizadas nos ombros ou na coluna lombar, e então, não se

consegue manter o corpo em uma posição correta. Daí temos o círculo vicioso,

descrito no tópico anterior.

Em casos assim, além das técnicas que serão abordadas (como tratamento

da consequência), a pessoa deve procurar técnicas de relaxamento e

acompanhamento psicológico (como tratamento da causa); caso contrário, será

difícil conseguir o tratamento e cura completa.

2.2 – Técnicas Posturais

Temos inúmeras técnicas, cada uma com suas características em particular;

destacaremos as mais difundidas e praticadas, que possuem bastante

embasamento científico e eficácia comprovada.

Umas são estáticas, enquanto outras, bem dinâmicas. Umas só necessitam

da mão do terapeuta e uma maca específica para serem trabalhadas. Outras usam

aparelhos mecânicos que mais parecem objetos de tortura, mas que trazem

incomparável bem-estar, como no Pilates. Bolas de vários tamanhos e formatos,

bastões e elásticos são acessórios utilizados com sucesso.

Isto é muito interessante e importante, pois o fisioterapeuta não necessita de

grandes equipamentos de eletroterapia para promover a melhora e a cura do seu

paciente, apenas o talento e a precisão de movimentos das suas mãos.

Vale a pena frisar a tamanha responsabilidade na realização, pois um

movimento mal realizado pode causar uma lesão, com inúmeras consequências.

Todas as técnicas posturais e manipulativas que serão descritas tratam o

paciente de uma maneira bem individual. Os organismos são diferentes, com

disfunções e reações distintas às diversas patologias e aos tratamentos. Temos

terapias que podem ser realizadas em grupos, mas, no entanto, é ideal para

indivíduos que buscam bem-estar físico e não apresentam graves patologias; do

contrário, se faz necessário um tratamento individualizado.

Outro fator que engrandece a prática dessas técnicas é que elas não tratam

somente das disfunções de postura e coluna vértebra, além de que estudamos, mas

são eficazes também em disfunções dos pés (pé plano e cavo), dos joelhos (valgo,

varo e recurvatum), torcicolo, dores nas regiões cervical, dorsal e lombar, hérnias de

disco, em processos de artrite e artrose, bursites, tendinites, problemas respiratórios

(pelo trabalho respiratório), estresse e problemas circulatórios.

No decorrer deste aprendizado, conheceremos seis das diversas técnicas

existentes. (R.P.G., Osteopatia, Maitland, Quiropraxia, Isostretching e Pilates)

Falaremos separadamente de cada uma, ressaltando seus conceitos, um pouco da

história, métodos e fotos ilustrativas de exemplo de exercícios.

Começaremos pelo mundialmente famoso e praticado “R.P.G.”, uma técnica

totalmente diferenciada das outras, com seu stretching ativo de autocrescimento.

2.3 - R.P.G. (Reeducação Postural Global)

Conceito

A descrição da sigla R.P.G. é o seu próprio conceito, ou seja, Reeducação

Postural Global, e trata as patologias mais complexas que se apresentam na

fisioterapia.

O R.P.G. leva em consideração três sistemas como um todo, sendo eles o

muscular, o sensitivo e o esquelético, procurando tratar os músculos na sua

estrutura diferenciada, de uma forma individualizada. Também enfatiza as

necessidades de cada pessoa, tratando suas desarmonias; isto porque a técnica

prega como filosofia que cada ser humano, enquanto organismo vivo, reage de

forma diferente para cada patologia.

Trata-se de um trabalho exclusivamente individual, não podendo ser realizado

com mais de uma pessoa (característica da maioria das técnicas posturais).

Esse método é baseado no stretching, ou seja, no alongamento das cadeias

musculares que se encontram encurtadas por alguma patologia pré-existente,

gerando esse encurtamento, ou em casos onde o próprio encurtamento por vícios

posturais acaba gerando uma disfunção.

História

O R.P.G. teve a sua criação na década de 80 e seu pai é o fisioterapeuta

francês Philippe Souchard. Depois de 15 anos pesquisando a área de ginástica

postural, chegou aos princípios do seu próprio método de terapia física. Mais tarde,

criou o método de S.G.A. (Stretching Global Ativo), para complementar as bases do

R.P.G.

Também foi responsável pela criação da universidade de Terapia Manual,

sendo atualmente o Diretor-Presidente, que é a escola francesa de R.P.G. (marca

patenteada), um centro de formação contínua reconhecido pelo Ministério da

Formação Profissional e detentor do selo de qualidade da Federação Francesa de

Fisioterapia.

Fundou o Instituto Philippe Souchard de R.P.G., em São Paulo, que ministra

cursos contínuos para a formação dos futuros terapeutas no Brasil.

Vivendo em Saint-Mont, Sul da França, atualmente ele mantém um centro de

formação em R.P.G. e de outras terapias, chamado Université Internacional

Permanente de Thérapie Manuelle – UPITM. Philippe Souchard já formou terapeutas

em R.P.G. em vários países, entre eles França, Portugal, Espanha, Itália, Bélgica,

Brasil e Argentina.

Metodologia

Trata-se de uma técnica bem mais estática do que dinâmica, pois, apesar do

stretching ativo que o paciente faz no sentido do autocrescimento, o terapeuta

trabalha a direção do movimento, além das contrações serem isométricas sem

grandes amplitudes ou, na maioria das vezes, sem nenhum arco de movimento.

A técnica só pode ser realizada, exclusivamente, por fisioterapeutas.

Trabalha-se em uma maca especial para o posicionamento do paciente, nas

posturas sentada e deitada, para os alongamentos das cadeias musculares. Tratam-

se, também, os músculos denominados da estática, chamados de antigravitacionais,

sendo o tríceps sural, reto femural, isquiotibiais, pelvicotrocanterianos e espinhais.

Como já comentamos anteriormente, esses músculos são os responsáveis

pela manutenção do nosso corpo em pé, pois estão em constante contração

isométrica para que permaneçamos em pé. Sua fraqueza torna a postura ereta mais

difícil, causando as deformidades.

São igualmente tônicos os músculos cujo papel é o de suspender a cintura

escapular e o tórax, os escalenos, trapézio superior, intercostais e o sistema

musculofibroso, que suspende o centro frênico e uma grande parte da massa

visceral.

No quadro a seguir, estão as principais diferenças dos músculos da estática e

da dinâmica, sendo que estes últimos são mais utilizados nas técnicas posturais

mais dinâmicas, ou seja, nas quais o paciente faça mais arco de movimento e mais

amplitudes de stretching muscular.

MÚSCULOS DA ESTÁTICA MÚSCULOS DA DINÂMICA

- muito fibrosos - pouco fibrosos

- muito tônicos - pouco tônicos

- muito vermelhos - menos vermelhos

- mais rosados

- fibras musculares curtas - fibras musculares longas

- motoneurônios alfa-tônicos - motoneurônios alfa-fásicos

de descarga lenta de descarga rápida

- muito resistentes - pouco resistentes

- pouco fatigáveis - rapidamente fatigáveis

- mais aptos ao alongamento - mais aptos a movimentos

Fonte: FUNDAMENTOS DA REEDUCAÇÃO POSTURAL GLOBAL (Philippe Souchard).

Durante as sessões desta técnica, é necessária a participação ativa do

paciente, juntamente com padrões respiratórios e posturas específicas, com o

objetivo de se trabalhar as cadeias musculares posteriores (músculos estáticos) e

anteriores (músculos dinâmicos).

No desenvolvimento de sua técnica, o mestre Souchard criou as posturas de

trabalho, que são em número de oito. Estas posturas promovem o alongamento das

cadeias musculares, com consequente diminuição da sobrecarga articular e

correção postural. Acompanhe-as a seguir:

O tempo de cada posição é o de uma longa expiração forçada, tempo no qual

o paciente deve fazer um movimento de autocrescimento, abaixamento das costelas,

forçando a coluna lombar contra a cama ou colchonete.

Cada movimento pode ser repetido de cinco a dez vezes.

Rã no chão, braços fechados;

Rã no chão, braços abertos;

Rã no ar, braços fechados;

Rã no ar, braços abertos;

Postura sentada;

Postura em pé, contra a parede;

Postura em pé, no centro;

Postura em pé, inclinada para frente.

As posturas deitadas permitem insistir no bom alinhamento da nuca, tórax,

coluna vertebral, ombros, cotovelos, mãos, pelve, quadril, joelhos e dos pés. Já as

em pé, permitem mais precisão sobre a coluna vertebral, quadril, joelhos, pés,

ombros, regiões lombar e torácica e no esquema corporal. A postura sentada dá

margem para a insistência em coluna vertebral, quadril, joelhos e esquema corporal.

Lembrando que todas essas posturas devem ser conciliadas com a

respiração de autoengrandecimento, associada ao abaixamento das costelas, além

do grande trabalho respiratório. É comum o paciente terminar a sessão sentindo

cansaço, como se tivesse feito um exercício intenso. Também são normais as dores

musculares no dia posterior da sessão.

Para que o tratamento seja eficaz, o ideal são sessões semanais (uma por

semana) com duração de uma hora; mas em casos mais graves, exceções podem

ser feitas. Nesses casos, podem ser realizadas até duas vezes por semana. Em

cada sessão, é ideal realizar somente de uma a duas posturas.

Assim como todas as técnicas, alguns princípios regem a sua filosofia, sendo

elas: a Individualidade (cada pessoa sente e reage de uma maneira diferente); a

Casualidade (a verdadeira causa do problema pode estar longe do sintoma – a

técnica trata da consequência à causa) e a Globalidade (não trata somente partes

isoladas, e sim, o corpo como um todo).

Tudo isso nos mostra o quanto o tratamento deve ser individualizado. Além

disso, lembramos que a técnica é indicada em todas as faixas etárias, podendo

iniciar em crianças a partir de 7 (sete) anos de idade.

Nesta unidade estudamos sobre as disfunções posturais da coluna vertebral,

foco principal das técnicas posturais. Assim, também, as disfunções da pelve, disco

intervertebral e músculos. Conhecemos o conceito das técnicas posturais e

manipulativas que nos proporcionou conhecimentos a respeito do R.P.G.

(Reeducação Postural Global).

Capítulo 3

Osteopatia, Maitland e Quiropraxia

3.1- OSTEOPATIA

Conceito

O termo Osteopatia, que é a técnica de Terapia Manual propriamente dita, e

também como é conhecida por muitos estudiosos e praticantes, refere-se a vários

métodos diferentes de tratamento dentro da fisioterapia:

* Mobilização e manipulação articular;

* Massagem do tecido conectivo;

* Massagem de fricção transversa, entre outras.

Mobilização e manipulação articular são métodos conservativos de tratamento

de dor, restrição de amplitude de movimento articular (ADM), e outras disfunções de

movimento do sistema músculo-esquelético.

Tem a denominação de Terapia Manual toda técnica que utiliza as mãos

para manipular articulações.

Neste conceito, também, entra a técnica Maitland, que será abordada no

próximo tópico. Por conta disto, suas histórias e conteúdos se assemelham e

mesclam-se.

Osteopatia: “A Osteopatia é um meio de diagnóstico, tratamento e cura

fundamentada em sólidos conhecimentos de anatomia e fisiologia. Reconhece que a

patologia se instala devido à ocorrência de disfunções das estruturas (músculos,

ligamentos, fáscias, articulações, vísceras) e que o próprio organismo tem uma

capacidade de autocura e recuperação.”

Em resumo, a sua filosofia traz que o corpo é capaz de curar-se das

disfunções, desde que os obstáculos sejam eliminados.

A Osteopatia é uma concepção terapêutica e diagnóstica das disfunções de

mobilidade articular e tecidual em geral. (DÓCUSSE, 2000).

História

A utilização da terapia manual data-se no Egito, na Era dos Faraós, e na

Grécia Antiga, quando Hipócrates descreveu, em seu trabalho de articulações,

algumas manipulações.

Apesar de ter sido abandonada pela comunidade médica dos séculos XVIII e

XIX, sua prática retornou, principalmente, nas últimas décadas.

Atualmente, faz parte da medicina contemporânea e tem atuação

consideravelmente importante.

A terapia manual foi primeiramente desenvolvida pelo médico americano

Andrew Taylor Still, no fim da década de 70 do século XlX. Quando Still era jovem,

sofria de enxaquecas e náuseas, e essas só melhoravam quando ele apoiava a sua

nuca em uma corda estendida entre duas árvores.

Tornou-se posteriormente cirurgião, mas quando concluiu que, o que ele

praticava era inútil para curar as dores de alguns pacientes, voltou a estudar

anatomia e fisiologia para tentar compreender melhor o corpo humano.

Em 1864, quando uma epidemia de meningite cerebroespinhal matou vários

de seus pacientes e três de seus filhos, Dr. Still persistiu em seus estudos.

Dez anos depois da meningite, ele atendeu uma criança com desinteria

hemorrágica e percebeu que seu abdômen estava frio, enquanto seu tórax estava

quente. Praticou na criança suas técnicas de mobilização e a mesma ficou curada.

A partir daí, ele entendeu que as estruturas ósseas e articulares estão

interligadas, inclusive com as vísceras. Estudou ainda mais e se tornou um médico

de prestígio, fundando as três escolas de osteopatia.

Todas as escolas de Osteopatia do mundo derivam das de Still. Para atingir o

nível mais alto, da Osteopatia visceral, são necessários 5 (cinco) anos de estudo.

A aceitação por parte da Medicina aconteceu após os grandes êxitos de seu

uso, com embasamentos científicos no tratamento de disfunções do sistema

músculo-esquelético. Estas conclusões podem ser vistas na publicação “United

States Clinical Practice Guideline, Acute Low Back Problems in Adults,” que se trata

de um guia publicado por um hol de especialistas e pesquisadores do governo

americano, onde recomendam o uso de terapia manual.

Osteopatia é uma das especialidades da fisioterapia, apesar de poder ser

praticada por médicos, que mais cresceu nos últimos 30 anos. Em 1978, foi fundada

a “International Federation of Orthopedic Manipulative Therapy (IFOMT)”, a primeira

subdivisão da “World Confederation for Physical Therapy (WCPT).” Com a formação

desta associação, a prática da osteopatia começou a ficar intensamente popular.

Andrew Still deixou seus princípios básicos para a prática da Osteopatia:

A estrutura determina a função: consideramos ossos, músculos, fáscias,

glândulas, vísceras, pele, etc, como estruturas, e cada uma com a sua função

específica. Doenças não se desenvolvem se essas estruturas estiverem na

mais perfeita harmonia e bom funcionamento;

A unidade do corpo: o corpo humano tem a propriedade de encontrar e

reencontrar seu equilíbrio físico e mental, ou seja, seu eixo. É isso o que

denominamos homeostasia. Still situou esta unidade ao nível do sistema

miofascioesquelético, que é capaz de armazenar os traumas que sofre;

A autocura: o corpo tem o poder de evitar e eliminar doenças, desde que os

meios não estejam bloqueados devido à desarmonia;

A lei da artéria: segundo Still, esta era a sua lei principal. O sangue é o meio

de transporte de todos os elementos e é o que assegura a imunidade natural.

O seu bloqueio gerará uma circulação deficiente, resultando num retorno

venoso lento, provocando paralisações venosas, acúmulo de toxinas e

debilitando o órgão, permitindo o aparecimento de enfermidades.

Metodologia

A prática da Osteopatia envolve inúmeros tipos de técnicas manipulatórias,

cada uma com suas características.

Para que se defina a técnica mais adequada para determinado tipo de

disfunção, alguns parâmetros devem ser levados em conta, como:

* Conhecer o tecido lesionado (músculo, ligamento, deslocamento ósseo);

* Quais os tecidos responsáveis pelos sintomas;

* Qual o estado do tecido lesionado (ex: hérnia).

Lembre-se!!!

As técnicas só possuem uma ação específica sobre tecidos específicos para

o qual foram elaboradas, ou seja, uma determinada técnica só age para determinado

tecido, não agindo para outro.

A metodologia baseia-se em duas técnicas: Estruturais e Rítmicas.

Estruturais: As estruturais são através da realização das manobras no

sentido da barreira motriz e contra a restrição da mobilidade, obedecendo a lei da

dor. Elas se dirigem no sentido da restrição da mobilidade, a fim de romper

aderências e regularizar o tônus, para restaurar a função e a mobilidade articular.

Rítmicas: As rítmicas são baseadas no controle do ritmo e da repetição,

utilizando movimentos de translações, trações e compressão, angulações e

impulsos. Cada movimento, ativo e passivo, é acompanhado de numerosos reflexos

de angulação e adaptação, incluindo fenômenos de facilitação e inibição no nível

dos mecanorreceptores.

As técnicas estruturais se resumem nas técnicas com Thrust, sendo

realizadas dentro dos limites fisiológicos articulares; são movimentos de alta

velocidade e curta amplitude.

No momento da realização deste movimento, é possível ouvir um barulho

bem característico de estalido, por isso o nome Thrust; isto é causado pela

separação das superfícies articulares no meio das amplitudes, sem provocar

traumatismos.

As Técnicas Rítmicas são mais numerosas e não se resumem a só um tipo de

manobra, podendo trabalhar todas as estruturas corporais:

Técnicas de Stretching: trata-se de técnicas de estiramento dos ligamentos,

fáscias, músculos e tendões, baseadas em movimentos de curta amplitude,

sendo que a força deve ser aplicada de maneira lenta e gradual, para relaxar

o tecido. Com o relaxamento gradual do tecido, aumenta-se o estiramento,

também gradualmente, e aproveita-se a nova amplitude de movimento que se

ganha com a manobra;

Técnicas de Bombeo: técnicas próprias para a liberação de ligamentos e

aponeuroses, bombeando-se com tração e pressão, alternadamente com

relaxamento, até que se obtenha uma sensação de diminuição da dor e da

tensão;

Técnicas de Articulação: esta técnica é própria para os elementos peri- -

articulares (cápsula, ligamentos, fáscias); baseadas em movimentos

repetitivos e passivos, associados a uma ou várias alavancas. Sentindo a

resposta dos tecidos, o terapeuta pode aumentar ou diminuir a intensidade de

suas ações;

Técnicas de Inibição: é utilizada para desativação de pontos trigger

(gatilho), direcionada aos espasmos musculares; consistindo em exercer uma

pressão perpendicular sobre o músculo ou ligamento buscando a inibição,

relaxamento e provocando um aumento circulatório e uma diminuição da

resposta eferente;

Técnicas de Energia Muscular: é a utilização de contrações isométricas e

da barreira motriz, utilizando movimentos nos três planos no espaço (frontal,

sagital e coronal). O paciente empurra em direção oposta com o terapeuta

resistindo ao movimento, fazendo uma contra-força. Cada contração muscular

é seguida de um período de descontração. Após 3 ou 4 contrações, se ganha

uma nova barreira motriz.

Para os osteopatas, o corpo é único e indivisível.

Muitas vezes, não se leva em conta que uma disfunção na coluna pode levar

a um problema cardíaco. É impossível fracionar o corpo. As manobras são de

acordo com a necessidade do paciente e não apenas manipulações sem sentido,

como erroneamente muitas pessoas pensam.

O osteopata verdadeiro procura a causa e não se limita a tratar um sintoma.

Os principais problemas tratáveis pela osteopatia são:

Dores de várias procedências;

Cervicobraquialgia e lombociatalgia;

Hérnia de disco;

Torcicolo; (glossário)

Cefaleias (dores de cabeça);

Tendinites;(glossário)

Disfunções dos membros (síndrome do impacto, síndrome femuropatelar,

entorses frequentes de tornozelo, síndrome do túnel do carpo);

Disfunção temporomandibular;

Afecções do trato digestivo (refluxo, gastrite, hérnia de hiato, constipação),

genito-urinário (incontinência, distúrbios menstruais, disfunções sexuais) e

cardiorrespiratório.

– Exemplos de Exercícios

Manobra com rotação lateral.

Técnica de Osteopatia em crianças

Manipulação vertebral

Técnica Osteopática de Tração para Manipulação da Pelve

Osteopatia visceral.

Manobra de Thrust cervical

3.2 - MAITLAND

O conceito de Maitland, como dito anteriormente, assemelha-se muito ao da

Osteopatia, no entanto, trata-se mais de uma mobilização de estruturas do que de

uma manipulação, como ocorre na Osteopatia.

Maitland também era fisioterapeuta. Nascida (isso mesmo! Maitland era ela,

uma mulher) na Austrália, foi criadora do método que levou o seu nome. Sendo

assim, é um método predominantemente fisioterápico.

Ela considerava que os conceitos de mobilização e manipulação podem ser

diferenciados. Isto dependerá da ADM (amplitude de movimento) a mais, ou

acessória, onde se pode conseguir executar o movimento. Podemos entender esta

afirmação quando estas técnicas de movimentos a mais são subdivididas em níveis

de oscilações.

Por esta razão, Maitland subdividiu sua técnica em cinco níveis, que são

utilizados pelos terapeutas para quantificar a intensidade de aplicação dos

movimentos.

A estipulação dos níveis deve levar em consideração o local dentro da ADM,

onde a técnica é aplicada, e a profundidade de penetração do movimento dentro da

mesma.

Estes níveis podem ser ajustados para serem utilizados na ADM dentro da

articulação. Ou seja, qualquer nível de aplicação pode ser utilizado

independentemente da quantidade de ADM existente na articulação.

História

Como dito anteriormente, Geoff Maitland era uma fisioterapeuta de origem

australiana que estabeleceu os fundamentos da fisioterapia de manipulação.

No ano de 1961, Maitland ganhou uma bolsa de estudos para estudar na

Inglaterra, começando os seus estudos sobre as diferenças entre manipulação e

mobilização, influenciada por James Cyriax.

Em 1964, lançou a primeira edição do livro "Manipulação Vertebral",

recentemente traduzido para o nosso idioma (2002).

Em 1967, já era uma autoridade no assunto, ajudando na luta da classe de

fisioterapeutas para atuar na área de terapias manipulativas.

Em 1968, publicou "Manipulação Periférica", ainda não traduzido. Ao

retornar para a Austrália, iniciou a aplicação da abordagem terapêutica através do

Método Clinical Reasoning (Raciocínio Clínico). A técnica trata-se da tomada de

decisão onde o fisioterapeuta é um investigador, criando questões objetivas para

poder chegar a um diagnóstico fisioterapêutico mais preciso (EDWARDS e col.,

2004).

Metodologia

Ela desenvolveu a técnica com o objetivo de produzir uma resposta de

analgesia com uma melhora na amplitude do movimento.

Maitland é um método de mobilização e manipulação articular, que é usado

para alongar ou liberar, com segurança, determinadas estruturas, a fim de restaurar

os movimentos e o arco de movimento normal.

A base principal é o reposicionamento das estruturas em seus de origem ou

próximas do normal, a fim de obter um alívio da dor. É indicada como analgésico

para estruturas rígidas, encurtadas ou com hipo ou hipermobilidade (hipo –

pequena e hiper – grande mobilidade), disfunção osteomioarticular (referente ao

osso e músculo juntos), aderências, arco incompleto de movimento e

reposicionamento articular.

As técnicas usadas são de movimentos passivos oscilatórios (que oscilam)

em um tempo de 30 segundos a 1 minuto e meio, usando os graus I e II para alívio

da dor, os graus III e IV para a mobilização e ganho de arco de movimento.

A manipulação Thrust fica classificada como grau V e pode ser usada como

analgesia local, já que ativa os mecanorreceptores que informam o cérebro e faz

feedback com os mecanos sensitivos do cérebro, aliviando a dor.

Para selecionarmos qual a técnica adequada, devemos considerar a relação

entre a dor e a resistência. Também devemos analisar fatores como o

posicionamento articular, direção da força, compressão ou tração, velocidade, ritmo

e tempo de aplicação.

Utilizaremos, agora, um trecho de MAITLAND (1986), em “Manipulação

Vertebral”, para falarmos dos seus níveis e qual a profundidade do seu movimento:

Nível I: executado no início da ADM que há na articulação, não sendo

executado até o limite patológico ou anatômico articular, ele apenas penetra

nos primeiros 25% da ADM existente na articulação;

Nível II: executado do início ao meio da ADM acessória existente na

articulação. Este último também não chega à barreira anatômica ou

patológica de ADM articular;

Nível III: executado do meio ao final da ADM existente na articulação. Este

último chega ao limite anatômico ou patológico articular e gera uma tensão

biomecânica de alongamento intermitente nos tecidos peri-articulares durante

o período de aplicação;

Nível IV: executado no final da ADM acessória existente na articulação, este

também chega à barreira anatômica ou patológica de ADM da articulação.

Nesta última técnica, os tecidos peri-articulares são colocados sobre uma

tensão biomecânica de alongamento quase constante durante seu período de

aplicação;

Nível V: é o único de manipulação articular descrito aqui. Este último é

executado em alta velocidade no final de ADM acessória existente na

articulação. A intenção da execução da manipulação é penetrar na barreira

patológica de ADM acessória sem lesar o limite anatômico da mesma. A

manipulação, por ser executada em alta velocidade, gera uma alta tensão

biomecânica em tecidos conectivos, que pode romper barreiras patológicas

de ADM em um único movimento.

Resumindo o que foi dito:

G1 - pequena amplitude de movimento no início da amplitude do movimento.

G2 - grande amplitude de movimento no meio da amplitude do movimento

(sem resistência).

G3 - grande amplitude de movimento no ponto de resistência.

G4 - pequena amplitude de movimento no ponto de resistência.

G5 - pequena amplitude de movimento e thrust em alta velocidade.

Os graus de mobilização 1 e 2 são usados quando se tem a intenção de reduzir,

eliminar a dor (nos casos de dor dominante), e os graus 3, 4 e 5, para se obter

alongamento e, consequentemente, uma maior amplitude de movimento (nos casos

de rigidez dominante).

A maior contribuição de Geoffrey foi classificar os graus de movimento

passivo para uma melhor aplicabilidade da técnica.

Fisiologicamente, o método Maitland ativa o mecanismo não-opioide, através

da estimulação da substância periaquedutal (uma das substâncias que se

encontram no encéfalo e que também passam por entre as meninges) cinza dorsal.

Consequentemente, ocorrem efeitos de analgesia e melhora do movimento,

imediatamente.

A terapia manual estimula receptores na pele, nos músculos e nas

articulações, e estes impulsos aferentes alcançam a medula e centros cerebrais

superiores para produzir uma resposta analgésica e uma melhora no movimento.

A disfunção dos movimentos funcionais pode ser causada por uma restrição

no movimento segmentar. Portanto, a avaliação e o tratamento dessas restrições

segmentares, possibilitarão a reabilitação do movimento funcional.

As indicações da técnica incluem pacientes com disfunções neuro-músculo-

esqueléticas, envolvendo tanto articulações periféricas e/ou da coluna vertebral

como também articulação têmporo-mandibular (ATM); sendo que estas alterações

estão gerando quadros de dor, parestesia (alterações de sensibilidade), rigidez,

fraqueza, instabilidade articular, perda de controle, etc.

Como contraindicações, podemos relacionar:

Espondilolistese;

Hipermobilidade articular

Lesões vertebrais com compressão de raízes nervosas e compressão da

cauda equina ou da medula (mielopatia);

Traumas: fratura, fratura por stress, subluxação e lesões ligamentares;

Tumores;

Infecções;

Artropatias inflamatórias: espondilite anquilosante, artrite reumatóide, Doença

de Reiter, colite ulcerativa, Doença de Crohn e psoríase;

Em crianças e adolescentes, os graus 3 e 4 podem lesar placas de

crescimento;

Hérnia de disco;

Gravidez;

Osteoporose e osteomalácia.

3.3 - Quiropraxia

A maior preocupação dos criadores das técnicas de manipulação era tratar e

prevenir as patologias causadas pela má postura, stress e tensão, com o objetivo de

manter uma boa qualidade de vida.

A Quiropraxia trata-se de uma técnica que utiliza vários métodos terapêuticos,

entre os quais estão o ajustamento manual e a manipulação da articulação, para

alinhar a coluna.

O bom alinhamento reflete de maneira positiva na prevenção de doenças do

sistema nervoso, muscular e esquelético, pois assim, como os osteopatas e

praticantes de Maitland afirmam: "quando a estrutura do corpo está mal posicionada,

a dor é imediata consequência."

É a única técnica, entre as estudadas neste conteúdo, que sempre foi

praticada por pessoas técnicas, ou seja, sem uma formação profissional de nível

superior. Bastava um curso de formação técnica para que a pessoa pudesse praticá-

la.

Mas, CUIDADO! Trata-se de uma técnica manipulativa das estruturas e

qualquer erro pode causar lesões graves.

Preocupados com isso, foram surgindo escolas de nível superior, sendo essa

exigência uma realidade em vários países, tornando-se mais um curso da área da

saúde.

O conhecimento superior se faz necessário, pois antes de começar o

tratamento, é imprescindível fazer uma avaliação clínica criteriosa do paciente,

incluindo interpretações de radiografias, tomografias computadorizadas e

ressonância nuclear magnética. Também são necessários exames e testes físicos, a

indicação da reeducação postural e as orientações para curar doenças.

As técnicas de manipulação das articulações, assim como a osteopatia,

também são realizadas por meio de movimentos rápidos e acompanhadas do

estalido característico. O objetivo é trazer a mobilidade normal da articulação afetada

de volta, reduzindo a dor e a tensão muscular e promovendo a melhora do

movimento.

Atualmente, é um curso universitário de cinco anos, incluindo em sua grade

curricular uma carga horária em ciências biomédicas, métodos diagnósticos e

terapêuticos, além da prática clínica.

História

Daniel David Palmer, canadense, no ano de 1895 começou a trabalhar com a

técnica, em Davenport, no estado de Iowa (E.U.A.).

Uma pessoa chamada Harvey Lillard chegou ao seu consultório dizendo que

há 17 anos atrás, ao se curvar, sentiu algo estranho em suas costas e quase que,

imediatamente, perdeu a audição. D.D Palmer trabalhava, então, somente com

magnetoterapia, mas não obteve sucesso neste caso. Examinando o paciente mais

minuciosamente, ele encontrou uma vértebra proeminente e dolorida na região da

torácica superior, sendo este o local onde Harvey Lillard havia se machucado. D.D.

Palmer realizou uma pressão manual específica na vértebra e, então, Lillard

começou a ouvir novamente.

Esta foi a primeira manipulação articular. Depois disso, D.D.Palmer procurou

por um paciente com algum problema cardíaco que não respondia ao tratamento

médico convencional.

Ele examinou a coluna do paciente e encontrou “uma vértebra deslocada e

que estava pressionando os nervos que inervam o coração”. Ele manipulou (ajustou)

a vértebra e a doença começou, imediatamente, a melhorar. Continuou a procurar

pacientes para comprovar os seus estudos, tratando as pessoas com suas

manobras de manipulações manuais. Fundou uma escola de Quiropraxia.

Uns dos pacientes do Dr. Palmer foi o reverendo Samuel Weed, conhecedor

de palavras gregas. Palmer solicitou ao reverendo uma palavra grega que

significasse “feito com as mãos”. O reverendo, então, sugeriu Cheiro Praktikos, e

destas palavras, chegou-se à “chiropractic”, cuja tradução em português é

Quiropraxia, quiropatia ou quiroprática.

Em meados de 1897, a Escola Palmer oferecia cursos com a duração de, no

máximo, 6 (seis) meses. Com o desenvolvimento rápido da profissão, fez-se

extremamente necessária uma formação mais confiável. Por isto, foram criados

cursos de nível superior.

Nos E.U.A e Canadá, trata-se da terceira carreira mais procurada dentro da

área de saúde. Existe um grande campo de atuação no Brasil, principalmente por

termos um número bem restrito de profissionais capacitados para atender a

demanda da população com sérios problemas de coluna vertebral.

No Brasil, a profissão tem a sua representação pela Associação Brasileira de

Quiropraxia, que é reconhecida pela Federação Mundial de Quiropraxia. O seu

reconhecimento terapêutico é importante, pois em países onde a quiropraxia é

reconhecida de forma oficial, como nos E.U.A., Canadá e alguns países da Europa,

a técnica é integrada aos sistemas públicos nacionais de saúde.

Metodologia

A quiropraxia tem sua eficácia comprovada pelas ciências e por resultados

incrivelmente rápidos que a técnica oferece.

O terapeuta faz uma entrevista e um exame clínico bastante minucioso para,

então, propor a sua linha de tratamento. Esta consistirá sempre de três fases que

são integradas entre si, sendo elas: a terapia manual propriamente dita e métodos

físicos; exercícios para reabilitação e as orientações de vida diária.

Os quiropratas desenvolveram várias técnicas com o objetivo de restaurar a

movimentação sem obstáculos e sem dor.

As técnicas englobam manipulações nas seguintes estruturas:

Articulações: com a utilização de movimentos precisos, rápidos e secos, é

realizada a manipulação com o ajuste das articulações. Este movimento seco,

geralmente, causa um estalido característico. Depois do ajustamento articular,

temos a diminuição da dor, com o relaxamento da musculatura e aumento da

mobilidade.

Músculos: para os músculos, podemos realizar uma manobra de palpação

sutil e delicada com o objetivo de localizar e dissolver possíveis áreas de

tensão muscular, finalizando com um movimento passivo para alongamento

muscular.

Postura: quando um indivíduo tem dores de origem músculo-esquelética,

estas costumam causar algum tipo de alteração postural, pelo ciclo vicioso da

posição antálgica, já comentado anteriormente. Nestes casos, a utilização de

manobras de tração suave auxilia na reabilitação da postura ideal.

Os exercícios da quiropraxia possibilitam que a pessoa com uma disfunção de

origem músculo-esquelética permaneça em atividade. Os exercícios prescritos têm o

objetivo de estabilizar e fortalecer as áreas comprometidas, assim como os

alongamentos levarão ao aumento da flexibilidade e diminuição da tensão muscular.

As orientações devem ser oferecidas durante o tratamento para otimizar os

resultados, além de prevenir novas crises de dor.

O terapeuta deve passar todas as instruções sobre como manter a postura

ideal e a maneira adequada de realizar as atividades de vida diária, nunca se

esquecendo que o estilo de vida de cada um deve ser considerando.

Inicialmente, a frequência do tratamento deve ser de uma a três vezes por

semana, reduzindo essa frequência conforme a melhora dos sintomas. Os

tratamentos podem durar de um a quatro meses.

Podemos considerar como principais disfunções tratadas com Quiropaxia:

Dores na coluna vertebral;

Dores de cabeça (cefaleias);

Dores e tensão muscular;

Dores articulares;

Restrições a movimentação;

Hérnias de disco mais brandas;

Formigamento de extremidades de membros (inferiores e superiores), perdas

sensitivas, dores provenientes de movimentos repetitivos (LER/DORT) e

aumento de sensibilidade.

Também é indicada em alguns tipos de alterações neurológicas:

Déficit neurológico progressivo;

Síndrome da cauda equina;

Mielopatias;

Antecedentes de acidentes vasculares cerebrais (não sendo indicada para

manipulação da coluna cervical);

Sinais e sintomas sugestivos de insuficiência vértebro-basilar (não sendo

indicada para manipulação da coluna cervical).

Agora, veremos as suas contraindicações. Nos casos ortopédicos (ósseos e

articulares), não é indicada apenas na região afetada, podendo ser indicada nas

regiões adjacentes.

Lesões destrutivas (câncer ósseo, doença de paget);

Fraturas e luxações agudas ou em consolidação;

Fraturas patológicas por desmineralização óssea;

Necrose avascular dos ossos;

Osteomelite;

Instabilidade articular;

Atropatias inflamatórias em fase aguda;

Aneurisma da aorta;

Paciente simula a dor ou dor psicossomática;

Doenças malignas;

Doenças genéticas que acometem o músculo (não há resultados).

Capítulo 4

ISOSTRETCHING E PILATES

4.1 - ISOSTRETCHING

O Isostretching é uma ginástica que se faz respeitosa pela sua definição: ele

é, de fato, no sentido próprio, uma “arte de abrandar e fortificar o corpo, através de

exercícios propícios” (Lê Rolert). Bernard Redondo, em seu livro IsoStretching: a

ginástica da coluna, (2001), descreveu a técnica como sendo “uma ginástica

postural, global, ereta”.

Postural: Considerada postural, pois a maioria dos exercícios é realizada

dentro do alinhamento vertebral correto e mantida pelo tempo de alguns segundos,

tempo equivalente a uma expiração longa e forçada.

Global: Considerada global, pois o corpo todo trabalha a cada exercício,

incluindo musculação e relaxamento em cada postura, priorizando a coluna

vertebral. Este princípio é muito importante, pois a coluna vertebral é uma região,

muitas vezes, esquecida na prática de algumas atividades físicas, causando

diversos males.

Ereto: Considerada ereto, pois não é como a maioria das ginásticas que são

realizadas com a coluna em cifose ou em extensão. Este método solicita a coluna

vertebral em autocrescimento, com o objetivo de trabalhar mais especificamente a

musculatura paravertebral (Esta na parte de Anatomia, é uma das musculaturas

que sustentam a coluna) profunda.

Temos que os diversos grupos musculares motores, que compõem nosso

corpo, agem simultaneamente e alternativamente, seja pela contração, ou pelo

relaxamento.

Um músculo só pode funcionar por duas maneiras:

Concêntrico: encurtamento pela contração;

Excêntrico: alongamento pelo relaxamento controlado, mais ou menos rápido

ou total.

O alongamento, na verdade, só pode ser passivo quando provocado por uma

força exterior ou antagonista. O estiramento só acontece após o relaxamento

completo, uma vez que os reflexos miotáticos são inibidos.

História:

O Isostretching é a evolução natural do método de ginástica de

entretenimento e da colocação em forma. Seus pais são o casal de terapeutas

franceses Bernard e Rosie Redondo e o criaram na própria França, na década de

70.

Atualmente, o casal ministra os cursos em vários países (ensina há quase 30

anos) mesmo já tendo uma idade avançada, provando a eficácia do método em

manter o corpo saudável, com ótima postura e com músculos alongados e fortes.

O casal ainda apresenta obras de sua autoria, como a denominada

Gymnnastique d’Equilibre – Ginástica do Equilíbrio.

Como o governo de países da Europa (dentre eles, Alemanha, Suíça e a

própria França) tem uma política de prevenção muito rígida contra a invalidez por

doenças relacionadas à idade e ocupacionais, o casal Redondo desenvolveu a

técnica de stretching muscular, que melhorava a postura, prevenia contraturas

musculares e doenças no disco intervertebral (este último é um notável fator que

leva à invalidez).

A técnica do Isostretching foi largamente aplicada na França, aprimorada e

levada para outros países.

Metodologia:

“A harmonia do corpo de forja pela qualidade, equilíbrio, entre a força e a

leveza, potência de contração e possibilidade de alongamento” (REDONDO,

Bernard; IsoStretching: a ginástica da coluna, 2001).

Esta harmonização é necessária, tanto para a estética como para a saúde. É por

esta razão que cuidar dos movimentos compensatórios das extremidades (cabeça,

membros) deve ser um cuidado extremo, pois estes são a expressão das rotações

compensatórias, que são consequência das posições em tensão e que revelam

restrições de movimento ou de mobilidade.

A ação do Isostretching assegura o trabalho muscular, contrariando a

compensação de alguns músculos durante o exercício e bloqueando esses tipos de

ações por uma forte contração muscular dos músculos antagonistas ao movimento.

Por causa dessa realidade, teremos, ao mesmo tempo, uma parte de reforço e outra

de alongamento.

A finalidade do método reside mais na procura da qualidade corretiva dos

exercícios do que da quantidade das repetições em si. No progresso da correção,

deve-se procurar a precisão dentro do domínio, na intensidade de contração e do

estiramento muscular, o que aumentará as possibilidades de trabalho e dará uma

grande variedade de exercícios.

Ainda utilizando as palavras de REDONDO (2001), “A dificuldade da ginástica

está no fato de criar suficientes contrações e tensões musculares, limitando os

movimentos compensatórios, e nem tanto no fato de posicionar a postura”.

O controle respiratório e o domínio das sensações e das posições são a base do

Isostretching, acrescido de um intenso trabalho muscular. Não se trata de uma

ginástica leve, pois há uma intensidade de trabalho muscular.

Ao contrário do Pilates, não é uma adaptação de técnicas orientais; seu

objetivo é dar, em primeiro lugar, uma ação sobre o físico do que para a mente, ou

seja, procura o melhoramento da condição física, e se traduz como não

traumatizante.

Os exercícios devem ser realizados com a máxima atenção e a maior intensidade

dada pelo praticante. A postura deve ser mantida por todo o tempo de uma

expiração longa e forçada. Ao mesmo tempo, deve-se exigir do paciente um

movimento de autoengrandecimento do tronco, juntamente com uma contração

isométrica dos músculos dos membros.

O Isostretching e as contrações otimizarão a atividade muscular,

acrescentarão força, mobilidade e, assim, harmonizarão as curvaturas naturais do

corpo, evitando o enrolamento à frente, consequência das retrações e do

envelhecimento.

Esses princípios são contrários a outras ginásticas, realizadas de forma dinâmica

e que são baseadas em repetições dos exercícios. Isto não quer dizer que essas

ginásticas são erradas, mas elas deixam de lado o trabalho da estrutura profunda,

que deveria ser a base de toda a atividade física, que começa por um conhecimento

de seu corpo, pela precisão da execução e pela não provocação de traumatismos

por má execução.

Deve-se conduzir uma atenção particular sobre a posição em segurança da

coluna vertebral, tendo uma redução momentânea das curvaturas, pela ativação dos

músculos paravertebrais e seu alinhamento sobre a bacia.

Aplicações Práticas:

Todo exercício deve ser repetido 3, 6 ou 9 vezes nos simétricos (os dois

membros ao mesmo tempo) e 2, 4 ou 8 vezes nos assimétricos (um membro

de cada vez);

O tempo de manutenção da postura do exercício é determinado pela

expiração profunda e prolongado por cerca de 6 segundos, mas, com a

prática, pode-se levar o tempo expiratório em 10 segundos ou mais;

Em cada expiração, relaxa-se somente a tensão, ou seja, a ereção

raquidiana, a contração isométrica sem modificar a posição da base (sabe-se

que no final da série das repetições haverá o relaxamento total);

A bacia é a base da postura em todos os casos; a coluna deverá se alinhar

sobre o prolongamento, enrijecendo-se para não inverter-se ou acentuar as

curvaturas.

Durante a ação, ocorre a fixação de diversos elementos, aumentando a

tensão muscular por alongamentos pela contração isométrica, tendo uma

expiração profunda e prolongada (sendo forçada, fazendo freno-labial –

franzir dos lábios); um abaixamento das escápulas (fixação isométrica e um

autoengrandecimento da coluna vertebral).

Você sabia?

Quando a técnica de Isostretching foi criada, todos os exercícios eram

realizados com a pelve antevertida, o popular “encaixe da bacia”, mesmo em

posições sentada ou deitada. Atualmente, após estudos mais atualizados, prega-se

a pelve neutra, assim como no Pilates, para não favorecer encurtamentos e aumento

de tensão da cadeia anterior.

4.2 - PILATES

O método Pilates não engloba nenhum tipo de terapia física, sendo

considerado um método de condicionamento físico e mental que tem bases em

princípios específicos criados pelo seu “pai”, Joseph Pilates.

Joseph definiu seu sistema de “Contrologia”, ou seja, “a ciência e a arte de

coordenar o desenvolvimento do corpo, mente e espírito através de movimentos

naturais sob o rígido controle da vontade.” Os movimentos da Contrologia foram

projetados para exercitar, ao máximo, cada um dos feixes nos 800 músculos-

motores voluntários que temos; aliás, a essência da filosofia da contrologia é que

“cada célula do cérebro seja treinada para colaborar com as células do corpo”.

O método é uma mescla do melhor das tradições orientais e ocidentais,

promovendo uma união perfeita entre a mente e o corpo, aumentando a percepção

dos mesmos como uma unidade, trabalhando em completa harmonia um com o

outro. A abordagem oriental do exercício é o caminho da calma, da concentração e

da percepção de si mesmo como um todo, enfatizando o alongamento e a

flexibilidade.

A abordagem ocidental enfatiza o movimento, o tônus muscular e a força.

Princípios Básicos:

Joseph Pilates desenvolveu a técnica, inicialmente, com seis princípios

básicos que a mesma se baseava.

Com a evolução dos estudos, outros princípios foram englobados, e hoje são

nove.

Respiração: trata-se do princípio mais difícil. Segundo Pilates, mantém a

circulação do sangue pura. Deve ser feita na caixa torácica, e não ser

abdominal. Deve-se fazer do modo adequado, sincronizando a expiração com

os movimentos.

Concentração: concentre sua mente no movimento que o seu corpo fará,

para que seja realizado com a máxima eficiência;

Precisão: está ao lado do princípio de controle. Pilates dizia: “concentre-se no

movimento cada vez que se faz o exercício, caso contrário você o realizará de

maneira inadequada e ele perderá o seu valor”.

Fluidez: o movimento não tem eixos, deve ser realizado de maneira lenta e

harmoniosa para recrutar exatamente o músculo que se deseja naquele

exercício.

Controle: todos os movimentos devem ser controlados pela mente. Deve-se

aprimorar a coordenação do corpo e da mente e garantir que os movimentos

não sejam mal feitos e banais, evitando também, que a pessoa se machuque;

Alinhamento Postural: este princípio nos faz saber qual o posicionamento do

corpo no espaço. Também traz a percepção de proteger a articulação em

movimentos fora do alinhamento, pois nem todo o movimento faz bem para a

articulação.

Força: adicionar intensidade ao exercício para desenvolver resistência.

Centragem: exercitar-se a partir da força dos músculos profundos da “power

house” (diafragma, transverso abdominal, períneo e multifídeos), já

comentados no tópico sobre músculos.

Relaxamento: importante aprender a relaxar o corpo ao invés de

sobrecarregá-lo.

História

Joseph Pilates foi uma figura notável, bem a frente de seu tempo. Nasceu na

Alemanha, perto de Dusseldorf, em 1880. Por ter nascido doente, sofrendo de asma,

raquitismo e febre reumática, dedicou toda a sua vida, para tornar seu corpo

fisicamente forte.

Na sua juventude, estudou e tornou-se especialista em cultura física,

mergulho, esqui e ginástica. Com 14 anos, sua forma física era tão intensa que

servia de modelo vivo para desenhos de mapas de anatomia muscular.

Em 1912, mudou-se para a Inglaterra, onde ganhava a vida como lutador de

boxe, artista de circo e treinador de autodefesa.

Quando a Primeira Guerra Mundial começou, dois anos mais tarde, foi

considerado estrangeiro inimigo e levado para um campo de concentração em

Lancaster, junto com outros alemães e, mais tarde, transferido para Ilha de Man.

Pilates tornou-se enfermeiro e treinou outros estrangeiros no campo de

concentração com os exercícios de cultura física que ele mesmo desenvolveu.

Adaptou macas com molas, fazendo os protótipos dos aparelhos que são utilizados

até hoje nos estúdios do Método Pilates.

Sua técnica foi reconhecida quando nenhum dos internos daquele campo

padeceu na epidemia de gripe, que matou milhares de pessoas em outros campos

da Inglaterra em 1918.

Após a guerra, Pilates continuou com os programas de treinamento de

condicionamento físico em Hamburgo, Alemanha, onde aperfeiçoou seu método,

trabalhando com a força policial da cidade.

Em 1926, desiludido com o trabalho do exército alemão, Pilates migrou para

os Estados Unidos. No navio para a América, Pilates encontrou sua futura esposa,

Clara. Quando chegou, o casal fundou um Estúdio de Pilates na cidade de Nova

Iorque, que funciona até hoje. Joe e sua esposa supervisionaram, pessoalmente,

seus clientes naquele estúdio até a década de 60.

Pilates pregava o que praticava, e viveu uma vida longa e saudável, em

plena forma física. Morreu em 1967, aos 87 anos, ao tentar defender seu estúdio de

um incêndio. Seu método é aplicado até hoje, sendo um dos mais praticados,

inclusive por pessoas famosas, dançarinos e atletas.

Pilates e seu método logo adquiriram seguidores entre os membros da

comunidade de dança. Vários dançarinos tornaram-se devotos e mandaram seus

alunos para serem treinados por Joe.

Metodologia

O Método Pilates deriva da técnica da “Contrologia” de Joseph Pilates, ou a

Arte do Controle.

Pilates reconheceu que as funções motoras do cérebro controlam a

mobilidade do corpo. Ele considerou o que pouco se pensava na época: exercícios

que dão ênfase à precisão da mente e à integridade anatômica dos músculos.

Baseando-se nisto, ele formulou um sistema que “desenvolve o corpo de uma

maneira uniforme, corrige as posturas erradas, restaura a vitalidade física, revigora a

mente e eleva o espírito”. Ele via a forma física de uma maneira holística, e que se

tivesse um coração forte, este carregaria o sangue de oxigênio e, um sangue bem

oxigenado vai aos músculos e força o lixo (metabólicos) acumulado para fora do

sistema muscular.

A maioria dos 500 exercícios que ele desenvolveu envolve uma posição

reclinada, ou totalmente deitada, que permite que você se exercite sem forçar o

coração e tire vantagens de uma posição relaxada, mais natural dos órgãos internos.

O método ainda faz com que a pessoa se movimente na forma mais simples.

De uma forma comprometida, dá para exercitar todos os músculos e

desenvolvê-los de uma maneira uniforme. “Desenvolver músculos menores

naturalmente ajuda a fortalecer os músculos maiores”. Por isso, deve-se concentrar

os esforços para atingir o máximo de sua capacidade, mantendo total concentração.

O objetivo primário é desenvolver a mente e o corpo de uma maneira

uniforme. Concentrar-se no Centro de Força (Powerhouse, já descrita

anteriormente), inclusive trabalhando os músculos abdominais e os glúteos.

Também se deve respeitar os princípios descritos no início desta unidade.

Outros pontos importantes a serem considerados, além dos princípios já

descritos, são:

Relaxamento: aprender a relaxar os músculos para não aumentar o tônus

durante o exercício;

Do umbigo para a coluna: isto significa reduzir, ao máximo, a distância entre

o seu estômago e as suas costas. Deite-se de costas e respire normalmente.

Recolha o umbigo em direção à coluna e continue respirando, sem deixar seu

estômago se deslocar para cima;

Da coluna para o colchão: deite-se de costas com os pés juntos e as pernas

estendidas. Pressione as costas o máximo possível contra o colchão e elimine

o espaço entre a parte média de suas costas e o colchão (Mat). o colchão é

chamado de Mat no Pilates;

Evite a hiperextensão: quando se estende os braços e pernas nos

exercícios de Pilates e em outros, é comum forçar as articulações e, assim,

“trancar” os cotovelos e os joelhos. Isto pode fazer com que essas

articulações se flexionem no sentido contrário ou causem um

hiperalongamento, fazendo com que a pessoa possivelmente se machuque.

Contrair os glúteos: para endurecer os músculos glúteos flácidos, faça o

seguinte; em pé, deitado ou sentado, imagine que há uma moeda entre suas

nádegas. Aperte uma contra a outra, de forma como se fosse espremer a

moeda;

Enrolando as vértebras: qualquer que seja o exercício de Pilates, não faça

movimentos abruptos, nem dê trancos com as costas. Deve-se movimentar o

dorso para cima ou para baixo de uma forma suave e gradual, como se

estivesse enrolando a coluna, formando uma roda, uma vértebra por vez;

A Caixa: é a posição de postura na qual, ficando em pé, forma-se uma linha

reta de ombro a ombro e de quadril a quadril.

Os exercícios de Pilates podem ser realizados em vários aparelhos, também

existindo as modalidades de solo e bola. Veja um pouco de cada:

O colchão: ou Mat. É um elemento fundamental dos exercícios de Pilates.

Geralmente, inicia-se os trabalhos por ele para depois ir para os

equipamentos de estúdio. É a forma mais econômica de se praticar o método,

além de poder ser levado para qualquer lugar;

Parede: ou Wall. São poucos os exercícios de parede, mas o objetivo é fazer

a coluna flexível e alongar a musculatura da perna;

As Molas: (Springs ou Cadillac), criadas por Joe e usadas em pacientes

hospitalizados na Primeira Guerra Mundial. Elas ensinam a manter o Centro

de Força no lugar. As molas são usadas mais frequentemente para alongar,

articular e estabilizar a coluna;

Os Barris: (Barrels) otimizam a função respiratória, desenvolvem a

musculatura dos membros superiores e inferiores e também trabalham a

coluna, corrigindo a postura;

O Círculo Mágico: (Magic Circle) tem o objetivo de auxiliar o equilíbrio e a

postura de uma maneira adequada, fortalecendo os músculos dos membros

superiores e peitoral, fortalecendo e modelando os músculos dos membros

inferiores e quadril, e aumentando o controle da Power House;

A Cadeira: (Chair) oferece mais equilíbrio e controle ao corpo. Muitas

atividades podem ser desenvolvidas, incluindo o alongamento da coluna e

dos tendões das pernas, além de fortalecer o Centro de Força, pés,

tornozelos, tendão de Calcâneo, músculos glúteos e braços. Ela é a base dos

exercícios de Pilates mais avançados;

O Reformer: permite exercícios iniciantes e intermediários. Cada exercício

prepara para a próxima atividade. As faixas, as molas e a caixa permitem

vários exercícios em diversas posições. Nele, os exercícios são mais fáceis

do que no solo (Mat). O colchão exige que você lute contra a gravidade, e que

faça todo o trabalho sozinho. Já os aparelhos, com as molas, ajudam a atingir

os objetivos;

O Cadillac: é um equipamento que se destaca pelo seu sistema de molas em

diversas graduações, que possibilita o seu uso em todas as regiões do corpo.

Ótimo em mobilizações, flexibilizações, alongamentos, exercícios abdominais

e grandes fortalecimentos de membros superiores e inferiores. Tem suporte

superior, o que possibilita a realização de trabalhos diferenciados, tirando os

membros inferiores do solo, fazendo elevações e trabalhos suspensos,

imitando trapézios de circo. Ganhou o nome de Cadillac por Joseph, pois ele

considerava seu principal e melhor equipamento. Como o principal e mais

luxuoso carro da época era o Cadillac, Joe considerava seu equipamento um

verdadeiro “Cadillac”;

A Bola: a bola é leve, portátil, durável e barata, ao contrário de qualquer outro

equipamento de Pilates. Opor a gravidade do seu corpo contra uma bola

requer equilíbrio, revigoração e força de alguns músculos. Os aparelhos de

exercício apóiam a coluna e os glúteos, ou seja, essas áreas ficam relaxadas

durante o exercício e, por isso, não são trabalhadas. Com a bola, os músculos

estão sempre trabalhando. Ao mesmo tempo em que está fortalecendo o

corpo, a bola de exercício trabalha propriocepção (sua consciência do seu

corpo no espaço). A bola ajuda a concentrar a atenção. Em nenhum outro

lugar a transferência de peso pode ser tão bem praticada quanto em cima da

bola. Quando levantamos um braço ou uma perna, estamos causando uma

alteração de peso, levando para um ajuste rápido do corpo. É impossível

alongar o corpo com um colchonete ou equipamento da mesma maneira que

se faz com a bola.

O número de sessões semanais, a duração da sessão e o quanto de tempo

que a técnica pode ser realizada são determinados de acordo com cada indivíduo e

da sua resistência, mas o método pode ser praticado enquanto se tiver saúde e

disposição para praticá-lo. As repetições dos exercícios são de, no máximo, 10

vezes, suficientes quando realizadas com a máxima eficiência.

Entre as indicações do método, temos:

Alívio de dores nas costas;

Controle de problemas de peso;

Alívio do estresse e problemas associados a ele;

Aumento da flexibilidade dos músculos e das articulações;

Alonga e fortalece o corpo;

Corrige a postura, a coordenação do corpo, o equilíbrio e o alinhamento;

Estímulo do sistema circulatório;

Oxigena o sangue;

Ajuda a curar tecidos feridos e ajudar a prevenir a osteoporose.

Vamos, agora, falar a respeito das poucas contraindicações do método, cuja

maioria está relacionada com a técnica executada na bola, pois esta exige um maior

esforço por parte do aluno por apresentar uma superfície instável, podendo causar

algumas alterações de pressão arterial, sendo então, contraindicada para pessoas

que com hipertensão arterial não controlada e glaucoma (aumento da pressão

arterial intraocular).

No caso de gravidez, torna-se uma contraindicação relativa, pois o volume do

útero gravídico torna o exercício uma tarefa complicada. Além disso, a superfície

instável da bola pode ser perigosa para a gestante. Os exercícios de solo e em

decúbito dorsal (abdômen para cima) são mais indicados.

O ideal é para a gestante que já praticava Pilates ou Iogo antes de

engravidar. Para mulheres sedentárias que desejam iniciar a prática durante a

gestação, a técnica já se torna contraindicada. Neste caso, a hidroginástica é

mais interessante.

Em processos álgicos e/ou inflamatórios, é contraindicado, pois as grandes

amplitudes de movimento podem piorar o quadro.

Em casos de osteoporose avançada, exercícios de flexão e extensão da

coluna e aumento da pressão abdominal também não são interessantes. Além disso,

em caso de uso da bola, qualquer pequena queda pode ocasionar uma fratura.

Exemplos de Exercícios

Hip Lift

Posição Inicial – Inspirar, contrair; Expirar fazendo a ponte; Inspirar

parado;

Fonte: Acervo pessoal, 2009.

Expirar realizando e extensão de joelhos; Expirar fazendo flexão de joelhos;

Inspirar parado; Finalizar o exercício na posição inicial.

Fonte: Acervo pessoal, 2009.

Abdominal

Fonte: Acervo pessoal, 2009.

Spinal Rotation

Inspirar, contrair, expirar e rolar a bola para o lado esquerdo;

Inspirar, Expirar e voltar, após rolar a bola para a direita.

Fonte: Acervo pessoal, 2009.

Flexibilização na bola.

Fonte: Acervo pessoal, 2009.

Flexibilização no Reformer.

Fonte: Acervo pessoal, 2009.

Abdominais no Reformer.

Fonte: Acervo pessoal, 2009.

Exercício na Chair. Posição Inicial – Inspiração, contração. Expiração, mantém a

contração – Posição Final. Flexão plantar durante todo o exercício.

Fonte: Acervo pessoal, 2009.

Posição Inicial – Inspiração, contração. Expiração, mantém a contração

– Posição Final.

Fonte: Acervo pessoal, 2009.

Flexibilização na Cadeira.

Fonte: Acervo pessoal, 2009.

Posição Inicial – Inspiração, contração. Expiração, mantém a contração –

Posição Final. Exercício no Cadillac.

Fonte: Acervo pessoal, 2009.

Boa sorte e Sucesso!