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1 FORMANDO DISCÍPULOS COM UMA COSMOVISÃO CRISTÃ “indo, portanto, fazei discípulos...” (Mt 28:19-20). “... com vistas ao aperfeiçoamento dos santos” (Ef 4:12). por Rev. Ewerton Barcelos Tokashiki Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho última revisão 16/05/2013

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FORMANDO DISCÍPULOS COM

UMA COSMOVISÃO CRISTÃ

“indo, portanto, fazei discípulos...” (Mt 28:19-20). “... com vistas ao aperfeiçoamento dos santos” (Ef 4:12).

por

Rev. Ewerton Barcelos Tokashiki

Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho

última revisão 16/05/2013

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Curso para discipuladores

Introdução O que é discipulado? Há com certeza uma diversidade de opiniões quanto ao propósito e modo de realizá-lo. Qual o tempo apropriado para realização de um Curso de Discipulado e qual o número de lições é ideal? Ou ainda, quais as discussões se darão geralmente em torno do conteúdo das lições e métodos de aplicação. Todavia, A principal preocupação que devemos ter quanto ao discipulado, se é que estamos sendo bíblicos ou não na nossa concepção prática de como deve ser realizado.

Precisamos partir do modelo apresentado por Jesus (embora não seja o primeiro modelo apresentado na Bíblia) que é o mestre dos mestres. Jesus teve um ministério onde ensinou multidões, mas concentrou a sua mensagem no treinamento dos discípulos, formando a base para a continuidade do seu ministério a partir do discipulado. Antes de sua ascensão a sua principal ordem foi a formação de novos discípulos (Mateus 28.18-20; Mc 3.14). E inicialmente os discípulos viveram coerentemente este mandato testemunhando que “não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido” (At 4:20).

O discipulado em seu sentido bíblico precisa ser resgatado. Tanto um conceito, como uma prática orientada por princípios bíblicos de discipulado evidenciará a saúde espiritual da igreja. Creio que sem um discipulado intencional, organizado e direcionado a igreja local estará sujeita a diversas enfermidades. Quando as pessoas não são levadas a pensar conforme as Escrituras, elas pensam como o mundo. O pastor luterano Dietrich Bonhoeffer com tristeza notou que

em tudo que segue, queremos falar em nome de todos aqueles que estão perturbados e para os quais a palavra da graça se tornou assustadoramente vazia. Por amor a verdade, essa palavra tem que ser pronunciada em nome daqueles de entre nós que reconhecem que, devido à graça barata, perderam o discipulado de Cristo, e, com o discipulado de Cristo, a compreensão da graça preciosa. Simplesmente por não querermos negar que já não estamos no verdadeiro discipulado de Cristo, que somos, é certo, membros de uma igreja ortodoxamente crente na doutrina da graça pura, mas não membros de uma graça do discipulado, há que se fazer a tentativa de compreender de novo a graça e o discipulado em sua verdadeira relação mútua. Já não ousamos mais fugir ao problema. Cada vez se torna mais evidente que o problema da Igreja se cifra nisso: como viver hoje uma vida cristã.1

Este é o modelo bíblico onde é possível desenvolver o caráter de Cristo na vida

dos envolvidos no seu senhorio. Conhecer a Deus por meio de Jesus, e glorifica-lo num relacionamento construtivo como Igreja. Nesse relacionamento formativo o alvo é preparar discípulos para um envolvimento nos ministérios e todas as atividades da igreja local,

1 Dietrich Bonhoeffer, Discipulado (São Leopoldo, Ed. Sinodal, 1995), p. 18. Bonhoeffer (1906-1945) foi um jovem pastor luterano que durante a 2a Guerra Mundial protestou contra o regime Nazista. Foi preso e morto aos 39 anos, num campo de concentração alemão. Durante a sua prisão escreveu várias cartas e livros na área de Teologia Pastoral que foram preservados e, alguns se encontram traduzidos para o português.

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proporcionando um fortalecimento qualitativo, que resultará naturalmente na multiplicação de outros discípulos. O que é discipulado? Creio que antes de dizer o que é discipulado, é necessário negar as ideias errôneas. O discipulado não é um programa. Nem mesmo deveria ser confundido com uma série de estudo de lições bíblicas. Não é um curso de iniciação doutrinária que ocorre em encontros semanais. Como também não é um novo sistema de culto nos lares. Embora o discipulado recorra a organização de um programa, o estudo seqüenciado de lições doutrinárias, e aconteça em encontros semanais ele é um princípio de formação. Ser discípulo é muito mais do que ser um mero aprendiz temporário. M. Bernouilli observa que “o discípulo tem em comum com o aluno o fato de receber um ensino, mas o primeiro compromete-se com a doutrina do mestre.”2 Mas ser discípulo não se resume ao exercício intelectual “é importante reconhecer que a chamada para ser discípulo sempre inclui a chamada para o serviço.”3

John Sittema nos lembra que discipular é “reproduzir a si mesmo e sua fé na vida de outros.”4 Evidentemente não podemos confundir algo simples, mas essencial: o Senhor Jesus exige que façamos discípulos dele e não nossos. Novamente podemos citar Sittema observando que “esse processo requer o desenvolvimento de um relacionamento de confiança, de exemplo, de revelação do nosso coração e da nossa fé ao discípulo que, por sua vez deve imitar o padrão de fé do seu mestre.”5

A definição usada por David Kornfield é limitada. Ele afirma que “discipulado é uma relação comprometida e pessoal, onde um discípulo mais maduro ajuda outros discípulos de Jesus Cristo a aproximarem-se mais dEle e assim reproduzirem.”6Embora ela seja proveitosa para nos lembrar da relação de compromisso que se estabelece entre as pessoas envolvidas no discipulado, ela coloca a multiplicação como a sua finalidade. A motivação e finalidade do discipulado é a glória de Deus, e é por causa dele, obediência a ele, para que seja conhecido é que discipulamos. O discipulador não é simplesmente um professor. Ele é alguém que além de informar também coopera na formação espiritual do seu aprendiz, tornando-se referência para o discípulo. Mas, devemos sempre lembrar que nenhum discipulador é modelo de perfeição, mas sim, um modelo de transformação, mostrando que assim como o discípulo, ele também está num processo, que a cada dia subirá um degrau na absorção do caráter de Cristo. Com este sincero objetivo ele poderá identificar-se com o discípulo, seguindo o exemplo de Paulo: “...não que o tenha já recebido, ou tenha obtido a

2 J.J. Von Allmen, ed., Vocabulário Bíblico (São Paulo, ASTE, 1972), pp. 108-109. 3 Colin Brown, ed., Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento (São Paulo, Ed. Vida Nova, 1981), vol. 1, p. 666. 4 John Sittema, Coração de Pastor (São Paulo, Ed. Cultura Cristã, 2004), p. 173. 5 John Sittema, Coração de Pastor, p. 173. 6 David Kornfield, Série Grupos de Discipulado (São Paulo, Editora SEPAL, 1994), vol. 1, p. 6.

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perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” (Fp 3.12, ARA). Todos pecaram e carecem da glória de Deus A pedagogia cristã pressupõe uma deficiência moral a ser corrigida. A Escritura declara que a nossa situação sem a graça de Deus é desesperadora. Paulo nos revela que

vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência. Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza, merecedores da ira (Ef 2:-13, NVI).

Em resumo, concluímos que, destituídas da graça de Deus todas as pessoas são escravas de seus impulsos e desejos pecaminosos, da estrutura corrompida do mundo e do poder dos demônios. Os efeitos do pecado no ser humano são extensiva e intensivamente devastadores. O discipulado pressupõe a necessidade dos eleitos serem reeducados pelo evangelho para a vida cristã sob o senhorio de Jesus Cristo. O apóstolo ainda nos declara que a salvação pela graça e a transformação do entendimento produzem um comportamento que glorificará a Deus.

Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. (Ef 2:4-10, NVI). Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo; o qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras. (Tt 2:11-14, NVI).

Deus nos revela que todas as coisas cooperam para sermos transformados à imagem de Cristo. Paulo escreveu aos cristãos de Roma que

sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito. Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” (Rm 8:28-29, NVI).

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A sua intenção não era apenas dizer que todos os eventos são conduzidos por Deus para nos fazer bem, mas que cooperam entre si cumprindo a finalidade do sumo bem, que é nos tornar semelhantes à Cristo. O discipulado apresenta o evangelho e treina os novos convertidos para que tenham a mente do nosso redentor. Paulo nos esclarece que

nós, porém, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito procedente de Deus, para que entendamos as coisas que Deus nos tem dado gratuitamente. Delas também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito, interpretando verdades espirituais para os que são espirituais. Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente. Mas quem é espiritual discerne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido; pois „quem conheceu a mente do Senhor para que possa instruí-lo?‟ Nós, porém, temos a mente de Cristo. (1 Co 2:12-16, NVI)

É com este paradigma que Paulo exorta os cristãos de Roma que “pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:1-2, NVI). A aceitação e o entendimento do evangelho produzirão a sua prática de santidade. O apóstolo Pedro ordena que “estejam com a mente preparada, prontos para a ação; sejam sóbrios e coloquem toda a esperança na graça que lhes será dada quando Jesus Cristo for revelado. Como filhos obedientes, não se deixem amoldar pelos maus desejos de outrora, quando viviam na ignorância. Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: „Sejam santos, porque eu sou santo‟.” (1 Pe 1:13-16, NVI). Discipulado é construção da cosmovisão cristã7

Por que participar de um curso que nem sei o que significa cosmovisão? Permita-me dizer que a fidelidade e a relevância do Cristianismo estão na aplicabilidade de todo o evangelho ao ser humano em todas as suas necessidades para a glória de Deus. Pensando na sua relevância, Nancy Pearcey declara que

o Cristianismo genuíno é mais do que relacionamento com Jesus, tanto quanto se expressa em piedade pessoal, freqüência à igreja, estudo da Bíblia e obras de caridade. É mais do que discipulado, mais do que acreditar em um sistema de doutrinas sobre Deus. O Cristianismo genuíno é uma maneira de ver e compreender toda a realidade. É uma cosmovisão, uma visão de mundo.8

Assim, a relevância do discipulado é que nele apresentamos o evangelho refletido e aplicado ao ser humano em todas as esferas da vida.

7 A minha sugestão é que se crie na Escola Dominical ou se forme um grupo de estudo sobre Cosmovisão Cristã para estudos e leituras mais avançadas, desta forma intensificando o discipulado mais maduro. 8 Charles Colson & Nancy Pearcey, E agora como viveremos? (Rio de Janeiro, CPAD, 2000), p. 33

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Se a dúvida é entender o que é cosmovisão comecemos com definições do assunto.9 A palavra em si não diz muita coisa, apenas indica que todos têm uma concepção de mundo, ou da realidade, e que a partir de como entendemos, ou interpretamos o que existe assim viveremos, tomaremos decisões, escolheremos, planejaremos, organizaremos os nossos valores éticos, nos relacionaremos com as pessoas, e até mesmo enfrentaremos a expectativa da morte. No entanto, cosmovisão é mais do que exercício mental de sistematizar conceitos e valores, é submeter tudo ao domínio do Senhor Jesus.

Aos que estão iniciando no estudo do assunto, ofereço algumas definições que somam em esclarecer o assunto:

“... cosmovisão é primeiro uma explicação e interpretação do mundo, e em segundo lugar, uma aplicação dessa concepção à vida.”10 W. Gary Phillips “... é a estrutura de entendimento que usamos para que o mundo faça sentido. A nossa cosmovisão é aquilo que pressupomos. Ela é o modo como olhamos a vida, nossa interpretação do universo, a orientação da nossa alma.”11 Philip G. Ryken “... é um conjunto de pressuposições (hipóteses que podem ser verdadeiras, parcialmente verdadeiras ou inteiramente falsas) que sustentamos (consciente ou inconscientemente, consistente ou inconsistentemente) sobre a formação básica do nosso mundo.”12 James W. Sire “A visão de mundo enxerga e compreende a Deus, o Criador, e a Sua criação – ou seja, o homem e o mundo – primeiramente através das lentes da revelação especial de Deus, as Santas Escrituras, e depois, por intermédio da revelação natural de Deus na criação, interpretada pela razão humana e reconciliada pela e com a Escritura, para que creiamos e vivamos de acordo com a vontade de Deus, glorificando-O, dessa forma, de mente e coração, desde agora e por toda a eternidade.”13 John MacArthur Jr. “... é a estrutura compreensiva de crenças básicas de uma pessoa acerca das coisas.”14 Albert Wolters “... cosmovisão é um modelo conceitual por meio do qual, consciente ou inconscientemente, afirmamos ou adaptamos tudo o que cremos, e através do qual podemos interpretar e avaliar a realidade.”15 Ronald H. Nash “...uma série de crenças sobre os assuntos mais importantes da vida.”16 Ronald H. Nash

9 O conceito de cosmovisão, ou visão de mundo surgiu entre os pensadores alemães com a palavra Weltanschauung. O teólogo e historiador escocês James Orr foi um dos primeiros a lidar com o conceito na língua inglesa. No mesmo período Abraham Kuyper, na Holanda, desenvolvia a mesma sistematização em seu país, e fundou uma universidade, que foi instrumento para difundir o conceito entre os protestantes e, atualmente é um conceito bem conhecido. 10 W. Gary Phillips & William E. Brown, Making Sense of Your World from a Biblical Viewpoint, p. 29 11 Philip G. Ryken, What is Christian Worldview (Phillipsburg, P&R Publishing, 2006) p. 7 12 James W. Sire, O Universo ao Lado – A Vida Examinada – Um Catálogo Elementar de Cosmovisões (São Paulo, Editora Hagnos, 2004), p. 21 13 John MacArthur Jr., Pense Biblicamente – recuperando a visão cristã de mundo (São Paulo, Editora Hagnos, 2004), p. 16-17 14 Albert M. Wolters, A Criação Restaurada – Base Bíblica para uma Cosmovisão Reformada (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2007), p. 12 15 Ronald H. Nash, Faith and Reason, p. 24

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Assim, entendendo que fazer discípulos não é apenas levar pessoas para a igreja. Não basta conduzir indivíduos ao evangelho, mas é necessário ensinar como todo o evangelho é necessário para aplicação em todas as esferas da vida. A profundidade de uma verdade não esta na elaborada e complexa maneira como ela é apresentada, nem mesmo na intensidade como ela afeta a nossa percepção, ou na relevância de sua aplicação, mas sim, em sua fidelidade com a Escritura e como ela nos santifica diante do Senhor Deus. Discipular é ensinar um discípulo a viver com uma mente cristã. Por isso, não basta apenas ensiná-lo a pensar como um cristão, mas também a decidir, interpretar, entreter, construir, agir, relacionar, produzir a partir de princípios bíblicos para a glória de Deus. Certa vez, num sermão John MacArthur Jr. resumiu o propósito da vida neste esboço:

Afinal de contas, pra que estou neste mundo? Por que estou aqui? 1º- você foi planejado para o prazer de Deus [ adoração]. 2º- você foi formado para a família de Deus [ comunhão]. 3º- você foi criado para se tornar como Cristo [ crescimento espiritual]. 4º- você foi moldado para servir a Deus [ serviço espiritual]. 5º- você foi criado para uma missão [evangelismo]

Para um estudo continuado sobre cosmovisão cristã recomendo:

1. Abraham Kuyper, Calvinismo (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2003). 2. Albert M. Wolters, A Criação Restaurada – Base Bíblica para uma Cosmovisão Reformada (São

Paulo, Editora Cultura Cristã, 2007). 3. Brian J. Walsh & J. Richard Middleton, A visão transformadora – moldando uma cosmovisão cristã

(São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2010). 4. Charles Colson & Nancy Pearcey, E agora como viveremos? (Rio de Janeiro, CPAD, 2000). 5. James W. Sire, O Universo ao Lado – A Vida Examinada – Um Catálogo Elementar de Cosmovisões

(São Paulo, Editora Hagnos, 2004). 6. James W. Sire, Dando nome ao elefante – cosmovisão como um conceito (Brasília, Editora

Monergismo, 2012). 7. John MacArthur Jr., Pense Biblicamente – recuperando a visão cristã de mundo (São Paulo, Editora

Hagnos, 2004). 8. Joseph R. Farinaccio, Fé com razão – por que o Cristianismo é verdadeiro (Brasília, Editora

Monergismo, 2009). 9. Michael D. Palmer, Panorama do pensamento cristão (Rio de Janeiro, CPAD, 1998).

Discípulo formando discípulos Há uma pergunta que raramente é feita por soar agressiva ao nosso comodismo. Quantas pessoas foram transformadas por Deus em crentes maduros e multiplicadores, graças ao fato de você, um dia, ter se apegado às suas vidas, e investido tempo com elas, de modo que Deus usou você para treiná-las na vida cristã? Se não nos comprometemos com o discipulado a situação é simples: estamos pecando por omissão. Verificando o mandamento de Cristo sobre fazermos discípulos, podemos apenas mencionar os seguintes textos bíblicos:

16 Ronald H. Nash, Worldviews in Conflit, p. 16

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Indo, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os... ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado (Mt 28:19-20, ARA). E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo (At 5:42, ARA). E o que da minha parte ouviste através de muitas testemunhas isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros (2 Tm 2:2, ARA). Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir (2 Tm 2:24, ARA). Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina (Tt 2:1, ARA).

O fiel discípulo de Jesus forma outros discípulos. Este princípio acontece em

conseqüência da obediência ao claro ensino da Escritura quanto ao crescimento do Corpo de Cristo e proclamação do Reino de Deus. Luis Aranguren comenta que a relação entre o discipulador e o aprendiz está “baseada no modelo de Cristo e seus discípulos, na qual o mestre reproduz no discípulo a plenitude de vida que ele próprio tem em Cristo, de tal forma que o discípulo se capacita para ensinar a outros.”17 Analisaremos alguns exemplos deste princípio bíblico:

1. Jesus e o treinamento dos doze O Senhor Jesus constantemente pregou às multidões, mas o seu ensino foi

direcionado aos seus discípulos. A Escritura relata que “Jesus subiu a um monte e chamou a si aqueles que ele quis, os quais vieram para junto dele. Escolheu doze, designando-os apóstolos, para que estivessem com ele, os enviasse a pregar” (Mc 3:13-14, NIV).

2. Barnabé e Saulo – Atos 9.26-27; 13.1-3. No primeiro texto vemos Barnabé tomando Paulo consigo e o apoiando em

um momento que enfrentava a oposição dos irmãos que não acreditavam em Paulo. Vemos aqui que apesar de todo conhecimento bíblico que Paulo possuía (Atos 22.3) ele agora precisava de alguém que o apoiasse e que o colocasse em condições de servir a igreja. Nesse direcionamento Barnabé foi peça fundamental. No capítulo 13 vemos Lucas mostrando uma lista de profetas e mestres, onde Barnabé está encabeçando esta lista e Saulo é o último da lista, não sabemos exatamente se há implicações quanto a esta ordem na lista, mas no versículo 3 vemos ambos sendo separados pelo Espírito Santo e pelos irmãos e mandados juntos para sua primeira missão. Vemos aqui, que o período de discipulado já dava seus primeiros frutos.

3. Barnabé e João Marcos – Atos 13.13; 15.37-39; 2 Tm 4.11. Aqui vemos num primeiro momento João Marcos sendo objeto de contenda

entre Paulo e Barnabé, em virtude de ter abandonado uma missão recém-iniciada.

17 Luis Aranguren, Discipulado Transformador (São Paulo, LifeWay, 2002), p. 16.

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Depois lemos Barnabé tomando João Marcos e fazendo o mesmo que fizera anteriormente com Paulo, ou seja, tomando alguém nascido de novo em Cristo, mas que necessitava de ajustes em seu caráter cristão. Por fim vemos Paulo já no final do seu ministério recomendando a Timóteo que lhe enviasse João Marcos, pois lhe seria útil para o ministério do apóstolo.

4. Paulo e Timóteo – Atos 16.1-2; 2 Tm 2.2 Neste texto de Atos verificamos que Paulo tomou esse jovem discípulo e o fez

acompanhá-lo, com certeza seguiu-se a partir daí, um período de discipulado, pois Paulo já no final do seu ministério se dirige a Timóteo com essas palavras “e o que de minha parte ouviste, através de muitas testemunhas, isso mesmo, transmite a homens fiéis e também idôneos para que instrua a outros”.

O discipulado é muito mais do que simplesmente passagem de informação, antes de tudo é formação. O que temos visto em muitas igrejas é apenas uma transmissão de lições que não chega a ser um verdadeiro discipulado, pois não forma, apenas informa. O discipulado não pode ser apenas uma etapa antes do curso de preparação para batismo. Cremos que um discípulo de Jesus não pode ser formado, em apenas seis meses, contudo, não há problema algum que em seis meses de ensino e treinamento o discípulo ingresse numa classe de catecúmenos, e até que seja recebido como membro, mas, o discipulado deve continuar.

Há um perigo que paira quando o processo de integrar o membro é algo apenas institucional. A experiência mostra que muitos dos que são recebidos como membros de uma igreja local, após o curso de catecúmenos, passam a não ter mais a mesma disposição de aprender, ou seja, de se submeterem a um discipulado continuado, de modo, que mesmo depois de anos de vínculo com a igreja local, ainda têm dúvidas doutrinárias em questões básicas, ou comportamentos inaceitáveis para um membro antigo. Paulo reprova os cristãos de Corinto ao perceber que

não lhes pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a crianças em Cristo. Dei-lhes leite, e não alimento sólido, pois vocês não estavam em condições de recebê-lo. De fato, vocês ainda não estão em condições, porque ainda são carnais. Porque, visto que há inveja e divisão entre vocês, não estão sendo carnais e agindo como mundanos? (1 Co 3:1-3, NVI).

Em muitos casos a formação de um caráter cristão, e o seu crescimento espiritual que até então era notável, também sofre uma desaceleração. Vivendo relacionamentos saudáveis

Vamos refletir a respeito do que você tem que ser e fazer como membro do Corpo de Cristo e discipulador. Em nosso relacionamento necessitamos que você tenha um comportamento aprovado pelo Mestre. Se você quer ensinar, então deve ser exemplo. Paulo fez a ousada declaração aos crentes da igreja de Corinto “sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1 Co 11:1, ARA). Assim, a medida que a imagem de Cristo é restaurada em nós, outros podem nos olhar como modelos de maturidade. Escrevendo aos cristãos filipenses o apóstolo exige que “o que também

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aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco” (Fp 4:9, ARA).

Podemos classificar algumas sugestões, que você como servo do Senhor, deve viver para influenciar positivamente a vida do novo discípulo. Eis algumas delas:

1. Obedeça sempre a Palavra de Deus. 2. Cuide bem da sua família. Quando necessário busque auxílio pastoral para

aconselhamento. 3. Não perca a ternura. A amargura mata o vigor espiritual e nos torna

indiferentes com a santidade. 4. Nunca seja orgulhoso. A soberba é essencialmente competitiva e ofensiva. 5. Não seja uma oposição rebelde à liderança da igreja, pelo contrário,

contribua com críticas construtivas. 6. Exercite uma vida de oração contínua. A intimidade com Deus é o

exercício do relacionamento que Ele exige. 7. Cultive uma vida de santificação pessoal. 8. Anseie ardorosamente andar dentro da vontade de Deus para que você

esteja na Sua presença aprovado. 9. Aprenda na Palavra de Deus acerca do sentido e propósito da sua vida. 10. Humilhe-se diante de Deus naqueles momentos de crise e desespero. 11. Seja sincero em desabafar os desafetos e problemas nos aconselhamentos,

buscando respostas na sabedoria da Palavra de Deus. 12. Chore lágrimas de quebrantamento e não de amargura. 13. Não desista do seu compromisso com o Senhor, pois Ele é fiel à Sua

Aliança contigo. 14. Permita-se ser pastoreado. 15. Esteja atento aquilo que a Palavra de Deus tem a dizer. 16. Com temor aceite a repreensão dos seus pecados, buscando o

arrependimento sincero. 17. Seja humilde em pedir perdão e disposto em perdoar. 18. Deseje crescer e servir com eficácia e aceitação diante de Deus. 19. Identifique os dons que o Espírito Santo lhe deu e use-os no serviço e

edificação dos irmãos. 20. Seja produtivo, para que não caia na futilidade e não perca o seu propósito

de glorificar a Deus. Estas atribuições serão para você contínuos desafios como um discipulador.

Todavia, para que consiga viver efetivamente você necessita praticar a mutualidade da comunhão (uns aos outros) no Corpo de Cristo. Não existe rebanho de uma ovelha só. O motivo do discipulado O propósito do discipulado é somente um. Embora falemos neste curso de obediência ao mandato de Cristo, convicção da verdade bíblica, multiplicação de novos convertidos, saúde espiritual da igreja local, e outros fatores que envolvem o discipulado, o fato é que há somente um motivo, entretanto, ele é como uma corda

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trançada de vários fios. Podemos mencionar os elementos que somam ao principal motivo:18

1. Ao aplicar o discipulado apresentamos o evangelho da salvação aos eleitos de Deus proporcionando a oportunidade para que o Espírito Santo aplique a graça irresistível. Evangelizar é compartilhar Jesus, no poder do Espírito, deixando os resultados para Deus, visando a reeducação para uma vida transformada à imagem Cristo Jesus. Paulo afirma que “Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito. Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8:28-29).

2. Através do discipulado preciosas vidas são libertas das trevas e do poder de Satanás para luz do reino do Filho de Deus (Cl 1:).

3. Com o discipulado a igreja cresce espiritual e numericamente. 4. Pelo discipulado ensinamos as pessoas a reconhecer a soberania de Cristo

sobre todas as esferas da vida humana, inclusive na ciência, na arte, na educação, na economia, na política e na recreação.

5. O propósito essencial que envolve todos os demais é a glória de Deus. O profeta Oséias disse “conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva serôdia que rega a terra” (Os 6:3, ARA).

A diferença entre evangelizar e discipular Joel Beeke oferece uma clara definição de evangelização. Ele escreve que

evangelização vem de uma palavra grega que significa „boas novas‟. Assim, poderíamos definir a evangelização como sendo a proclamação das boas novas, a proclamação do evangelho. Nele buscamos, pela graça de Deus, a conversão de pecadores. Num sentido mais amplo podemos dizer que inclui a edificação dos filhos de Deus. Inicialmente, a evangelização procura a conversão de pecadores e no sentido mais amplo, procura o discipulado daqueles que já nasceram de novo.19

Existe uma legítima diferença entre evangelismo e discipulado. John R.W. Stott comenta que

no evangelismo proclamamos a loucura do Cristo crucificado, a qual é a sabedoria de Deus. Decidimos não saber mais nada e, mediante a insensatez dessa mensagem, Deus salva aqueles que nele creem. No discipulado cristão, entretanto, ao levar pessoas à maturidade, não deixamos a cruz para trás. Longe disso. Antes, ensinamos a completa implicação da cruz, incluindo nossa suprema glorificação.20

Creio que devemos pregar o evangelho a todos. A Escritura revela que “todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Rm 3:23, NVI). E que “Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não

18 R.B. Kuiper, El Cuerpo Glorioso de Cristo (Grand Rapids, T.E.L.L., 1985), p. 225. 19 Joel R. Beeke, A tocha dos puritanos – evangelização bíblica (São Paulo, PES, 1996), pp. 13-14. 20 John R.W. Stott, O chamado para líderes cristãos (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2005), p. 53.

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pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3:16). Deste modo, “quem crê no Filho tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele” (Jo 3:36). Este é o resumo das boas novas para todo pecador. É nossa responsabilidade chamá-los ao genuíno arrependimento dos seus pecados. É dever de todo ser humano se arrepender dos seus pecados, porque Deus é santo e perfeito, nos criou manifestar a Sua glória. Por isso, devo anunciar o senhorio de Cristo Jesus sobre todos, e ordená-los que se voltem para Ele. Prego o evangelho por alguns motivos:

1. Por amor à glória de Deus. Anunciar a sua majestade, soberania, os seus feitos como Criador, Provedor e Redentor.

2. Porque Cristo é o mediador da nova aliança. E sob a administração do Seu senhorio, Ele exige que o Seu reino seja anunciado como inaugurado entre as nações.

3. Creio segundo as Escrituras que é o meio ordinário que Deus usa para eficazmente chamar os eleitos aplicando a graça salvadora por obra do Espírito Santo.

4. Porque o Espírito Santo implanta em mim um amor de treinar pelo discipulado os eleitos que são transformados pela sua maravilhosa graça. O Senhor Jesus ordena que devo ser testemunha da Sua misericórdia, e que Ele é o único mediador entre Deus e os homens.

Por isso em minha prática de evangelização:

1. Ordeno ao pecador, sob a autoridade do evangelho de Cristo, que ele se arrependa e despreze os seus pecados porque são infinitamente ofensivos à santidade de Deus, e a justiça divina sentencia o pecado com condenação eterna!

2. Apresento Cristo que é a única, suficiente e perfeita satisfação substitutiva que Deus proveu para Si mesmo, que ofereceu a Si mesmo como sacrifício ao Pai, e sobre Si recebeu a ira, sofrendo as agonias do inferno sobre a cruz, a nossa condenação.

3. Exorto ao ouvinte que creia, receba e submeta-se a Cristo como o seu Senhor, encontrando nEle o perdão dos seus pecados, a reconciliação com o Pai, a satisfação e o propósito de sua vida que é glorificá-Lo.

A minha pregação ou testemunho do evangelho deve ser feito sem criar falsa esperança em quem nunca se converterá. A promessa de perdão é aos que crerem em Cristo Jesus, e somente eles experimentarão o amor de Deus (Jo 3:36). Acerca da evangelização indico a leitura dos seguintes livros:

1. Greg Gilbert, O que é o evangelho? (São José dos Campos, Editora Fiel, 2010). 2. Hermisten M.P. Costa, Breve teologia da evangelização (São Paulo, PES, 1996). 3. Joel R. Beeke, A tocha dos puritanos – evangelização bíblica (São Paulo, PES, 1996). 4. John MacArthur Jr., O evangelho segundo Jesus (São José dos Campos, Editora Fiel, 2ªed., 1994). 5. John Piper, Deus é o evangelho (São José dos Campos, Editora Fiel, 2011). 6. Mark Dever, O evangelho e a evangelização (São José dos Campos, Editora Fiel, 2011).

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O Objetivo do discipulado Cremos que o objetivo geral do discipulado de certa forma já foi mostrado na introdução e definição, todavia, seremos um pouco mais específicos. 1. Instruir para evangelizar

Haverá casos de discipulado que será necessário pré-evangelizar. Isto significa que a instrução de doutrinas básicas da fé cristã antecederá à apresentação da salvação em Cristo. O pré-evangelismo é ao mesmo tempo didático e apologético. É didático porque se propõe a estabelecer as doutrinas fundamentais sobre a Trindade, o que é a Bíblia, pecado, graça, perdão, expiação, céu, inferno, e tantas outras palavras chaves que preparam o evangelizado para receber a verdade integral para a sua vida. O chamado missionário de Ashbel G. Simonton ocorreu no Seminário Teológico Princeton (14/10/1855), quando num sermão o Dr. Charles Hodge

falou da necessidade absoluta de instruir os pagãos antes de poder esperar qualquer sucesso na propagação do Evangelho e mostrou que qualquer esperança de conversões baseada em obra extraordinária do Espírito Santo comunicando a verdade diretamente não é bíblica.”21

Em seu aspecto apologético o pré-evangelismo é a defesa das crenças básicas

do Cristianismo. Não apenas defesa, mas também a desconstrução de argumentos anticristãos. Vivemos numa sociedade pós-moderna onde não basta apenas dizer: arrependa-se e creia em Cristo. É possível que no decorrer dos estudos se descubra que o discípulo carrega consigo uma carga enorme de conceitos estranhos e, talvez anticristãos, que recebeu em sua formação. É necessário apresentar o evangelho para que ele salve a mente de conceitos ímpios do mesmo modo que redentoramente agirá na alma. 2. Formação de valores cristãos

Como vimos na definição, este aspecto do objetivo será o de implantar no discípulo um caráter que mais se aproxime da imagem de Jesus Cristo (Rm 8:29). Paulo orienta ao jovem Timóteo que “meu filho, fortifique-se na graça que há em Cristo Jesus. E as coisas que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie a homens fiéis que sejam também capazes de ensinar a outros” (2 Tm 2:1-2, NVI). Devemos nos perguntar que mudanças Deus têm feito na vida de outras pessoas através de nós. Portanto, o discipulado não é algo a ser aplicado apenas a um cristão menos experiente; ou com pouca idade, ou com pouco ou muito tempo de igreja, pouca ou muita experiência de vida. Mas sim, cristãos comprometidos e humildes o suficiente para reconhecer que ainda necessitam de transformação. A santificação é uma experiência progressiva. Entendemos que vivemos numa relação dentro do reino de Cristo, em que ele sendo inaugurado não está consumado. Deste modo, como súditos deste reino, vivemos a tensão do já-ainda-não, ou seja, “ele já experimenta a presença do Espírito Santo em si, mas ainda espera por seu 21 A.G. Simonton, Diário (Casa Editora Presbiteriana, 1982), p. 106.

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corpo ressurreto. Ele vive nos últimos dias, mas o último dia ainda não chegou.”22 Paulo constantemente menciona esta tensão que afeta em aspectos práticos a vida cristã:

O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus. Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória. [...] E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo (Rm 8:16-17, 23, NVI). Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Por isso todos quantos já somos perfeitos, sintamos isto mesmo; e, se sentis alguma coisa de outra maneira, também Deus vo-lo revelará. Mas, naquilo a que já chegamos, andemos segundo a mesma regra, e sintamos o mesmo. Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam. (Fp 3:12-17, NVI). Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória. Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; pelas quais coisas vêm a ira de Deus sobre os filhos da desobediência; nas quais, também, em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas. (Cl 3:1-7, NVI).

Como Paulo deixa claro no seu ensino que enquanto o cristão vive esta tensão é responsável de vencer progressivamente os seus pecados. Hoekema esclarece que “a tensão contínua entre o já e o ainda-não implica que, para o cristão, a luta contra o pecado continua ao longo da presente vida. Mas esta é uma luta para se engajar, não na expectativa da derrota, mas na certeza da vitória.”23 3. Evangelização pela amizade A evangelização eficaz acontece através da amizade. Pessoas que demonstram o amor de Cristo, que se preocupam umas com as outras, são pessoas que cuidam umas das outras. O papel do discipulado é explicar o motivo desse cuidado e comunhão. A transformação pessoal através de relacionamentos ocorre quando o amor de Deus é manifestado através dos seus filhos (Jo 17:20-23). A Bíblia afirma que os cristãos sobrevivem e crescem nos relacionamentos mútuos:

Membros uns dos outros (Rm 12:5) 1. Amando cordialmente uns aos outros (Rm 12:10).

22 A.A. Hoekema, A Bíblia e o Futuro (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 1989), p. 94. 23 A.A. Hoekema, A Bíblia e o Futuro, p. 97.

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2. Honrando uns aos outros (Rm 12:10). 3. Tendo o mesmo sentir uns para com os outros (Rm 12:16; 15:5). 4. Amando uns aos outros (Rm 13:8). 5. Edificando uns aos outros (Rm 14:19). 6. Acolhendo uns aos outros (Rm 15:7). 7. Admoestando uns aos outros (Rm 15:14). 8. Saudando uns aos outros (Rm 16:16). 9. Esperando uns pelos outros (1 Co 11:33). 10. Importando uns com os outros (1 Co 12:25). 11. Servindo uns aos outros (Gl 5:13). 12. Levando a carga uns dos outros (Gl 6:2). 13. Suportando uns aos outros (Ef 4:2; Cl 3:13). 14. Sendo benignos uns para com os outros (Ef 4:32). 15. Sujeitando-se uns aos outros (Ef 5:32). 16. Consolando uns aos outros (1 Ts 4:18; 5:11,14). 17. Confessando pecados uns aos outros (Tg 5:16). 18. Orando uns pelos outros (Tg 5:16) 19. Sendo hospitaleiros uns com os outros (1 Pe 4:9) 20. Tendo comunhão uns com os outros (1 Jo 1:7).

Sabemos que pessoas precisam de pessoas. Por isso, o discipulado de modo legítimo por meio de um relacionamento de confiança comunica a verdade. 4. Amadurecimento espiritual Esta divisão se refere principalmente a formação de líderes que estarão discipulando no futuro. Mas haverá também, multiplicação dos discípulos de Cristo, pessoas que serão tratadas no seu caráter e transformadas para glória de Deus, a fim de ocuparem outros lugares na Igreja de Jesus.

É comprovado por pesquisas24 que nos primeiros meses de conversão o potencial evangelístico do cristão é muito mais aguçado. Se os grupos de discipulado estiverem abertos a visitantes, será também um forte instrumento de evangelização, pois o novo convertido desempenhará como nenhum outro a tarefa de trazer pessoas para ouvir a mensagem de Cristo, além do resultado positivo que a comunhão pode produzir no coração do visitante. 5. Ensinar a conhecer a vontade de Deus Para ampliar o conhecimento deste assunto recomendo:

1. Bruce Waltke & Jerry MacGregor, Conhecendo a vontade de Deus 2. John MacArthur Jr., La voluntad de Dios – compruebe la dirección y el propósito de Dios para su vida

(El Paso, Editorial Mundo Hispano, 2009). 3. Kevin DeYoung, Faça alguma coisa – uma abordagem libertadora sobre a vontade de Deus em sua vida

(São Paulo, Editora Mundo Cristão, 2012). 4. Paul E. Little, Confirmando a vontade de Deus (Rio de Janeiro, Editora Textus, 2002).

6. Desenvolver discernimento contra os desvios doutrinários O apóstolo Paulo instrui, constantemente em suas epístolas, os cristãos contra os erros doutrinários, bem como faz denúncia de seus proponentes. A sua preocupação é latente no modo como ele intenciona criar um senso crítico nos 24 Lawrence O. Richards, Teologia da Educação Cristã (São Paulo, Edições Vida Nova, 1969, 3ª ed.), p.156.

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cristãos, para que possam exercer discernimento diante dos estranhos ensinos que surgia dentro da Igreja.

Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo. Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado! Como já dissemos, agora repito: Se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado! (Gl 1:6-9, NVI). O que receio, e quero evitar, é que assim como a serpente enganou Eva com astúcia, a mente de vocês seja corrompida e se desvie da sua sincera e pura devoção a Cristo. Pois, se alguém lhes vem pregando um Jesus que não é aquele que pregamos, ou se vocês acolhem um espírito diferente do que acolheram ou um evangelho diferente do que aceitaram, vocês o suportam facilmente. (2 Co 11:3-4, NVI). E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. (Ef 4:11-14, NVI).

Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos por sua manifestação e por seu Reino, eu o exorto solenemente: pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina. Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos. Você, porém, seja sóbrio em tudo, suporte os sofrimentos, faça a obra de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério. (2 Tm 4:1-5, NVI)

7. Preparo para os ministérios no Corpo de Cristo

Os ministérios na igreja local são diversos e também diversos os dons, portanto, o discipulado deve visar também os demais ministérios dentro da Igreja. Teremos como um resultado natural um número maior de membros envolvidos na evangelização, evitando a ociosidade e outros problemas conseqüentes. A mente desocupada é produtiva oficina do diabo!

Nenhum ministério (serviço) é superior ao outro. Um ministério depende do outro e, todos eles cooperam entre si. O apóstolo Paulo instruiu aos cristãos de Éfeso que

Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas. E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos

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inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente” (Ef 4:10-14, NVI).

Resultado natural: crescimento numérico

Uma igreja local saudável naturalmente desenvolve e cresce. Lucas narra que “a igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número” (At 9:31, ARA). Somos informados pela Escritura que os eleitos de Deus serão alcançados pela pregação da Palavra. Paulo estando na região de Acaia recebeu uma visão do Senhor que lhe disse: “não tenha medo, continue falando e não fique calado, pois estou com você, e ninguém vai lhe fazer mal ou feri-lo, porque tenho muita gente nesta cidade” (At 18:9-10, NVI). A reação de apóstolo àquela revelação foi que “ficou ali durante um ano e meio, ensinando-lhes a palavra de Deus”(At 18:11, NVI), e muitas pessoas se converteram.

Quantas pessoas se converteram através da sua evangelização? É triste saber que há cristãos que nunca levaram ninguém a Cristo. É óbvio que quem realiza a sobrenatural obra regeneradora é o Espírito Santo, mas Deus decidiu chamar pecadores perdidos através de pecadores perdoados. O apóstolo João relata que André após conhecer pessoalmente Jesus, foi em busca de seu irmão Simão e “o levou a Jesus” (Jo 1:42, ARA). A igreja atual tem gradativamente perdido a noção de que cada cristão é um ganhador de almas. Até a mesmo a expressão ganhador de almas soa um tanto que estranho aos nossos ouvidos nestes tempos pós-modernos, mas era um termo muito comum até o fim do século 19. Esta expressão é uma menção à declaração do apóstolo Paulo que disse: “porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível” (1 Co 9:19, ARA).

Ao discipular apresentamos o evangelho da salvação aos eleitos de Deus proporcionando a oportunidade de que o Espírito Santo aplique a graça irresistível. A doutrina da predestinação não anula a responsabilidade da pregação. Pelo contrário, ela é a garantia de que a nossa evangelização não será infrutífera, mas teremos convertidos atraídos pela livre graça de Deus, eleitos para a glória eterna. Após terminar a exposição da doutrina da predestinação em Romanos (capítulos 8-9), na sequência Paulo comenta sobre a necessidade absoluta de se pregar o evangelho a todos (Rm 10:13-18). A graça é suficiente a todos, mas será eficiente somente nos eleitos de Deus.

Somos cooperadores desta maravilhosa obra de reconciliação. A Escritura declara que “somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (2 Co 5:20). Evangelizar é compartilhar Jesus, no poder do Espírito, deixando os resultados para Deus. Waylon Moore afirma que “a evangelização é o meio que proporciona convertidos, e é o campo de adestramento para o desenvolvimento dos discípulos. Quando a igreja exala discípulos, então inala convertidos.”25 25 Waylon Moore, Multiplicación de Discípulos (El Paso, Casa Bautista de Publicaciones, 1981), p. 29.

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Princípios para discipuladores 1. Convicção do seu dever de discipular

É necessário que o discipulador tenha realmente absorvido a visão do discipulado e não simplesmente concordado com sua eficácia. Em outras palavras, é necessário que ele esteja envolvido intelectualmente, emocionalmente e voluntariamente com a visão. Qual a importância disso? George Barna diz que a visão é a “força impulsora por trás da atividade de um líder ou grupo de pessoas motivadas. É uma força interior que guia o indivíduo através de dificuldades imprevistas ou estimula a agir quando exausto ou hesitante em dar o próximo passo rumo a meta a ser alcançada.”26

A convicção deste ministério preserva a sua continuidade. Se ocorrer do responsável pela implantação do discipulado vier a desistir do trabalho, aquele que tem a visão, não abandonará o projeto. Para nós este fator motivador é a verdade bíblica sobre discipulado confirmada e estimulada pela iluminação do Espírito Santo. 2. Determinação e compromisso Aquele que assume o ministério do discipulado deve estar consciente da sua grande responsabilidade. Este compromisso pode ser deleitoso, caso seja assumido totalmente, pois é um ministério de formação de vidas, o qual poderá ver na prática o fruto do seu trabalho. Porém, deve ser lembrado que aqueles discipulados serão pessoas que, vêem para a igreja com feridas e problemas, com conceitos errados e costumes que deverão ser identificados através de um acompanhamento sincero. O princípio da identificação precisa reger a relação entre discipulador e discípulo. Caso o discipulador não se identifique com o problema do discípulo, este não sentirá segurança em ser pastoreado, comprometendo assim o objetivo do discipulado. O discipulador deverá identificar-se com tais pessoas e seus problemas, não deixando de confrontar o que está errado, tendo discernimento e moderação para não tomar uma posição legalista (Tt 2:11-15).

Se o discípulo desanimar isto não pode contagiar o discipulador. Por isso, não falte aos compromissos e só desmarque em casos que impossibilitem que você vá ao estudo. 3. Preparo e conhecimento bíblico/doutrinário

É imprescindível que o discipulador tenha conhecimento da identidade doutrinária. Pois o discípulo estará adentrando numa denominação confessional. Caso ensine doutrinas que não coadunem com todo o corpo doutrinário da denominação, causará uma confusão na mente do discípulo tornando-o um crente instável (Efésios 4.11-16). Se você tiver alguma dúvida quanto alguma doutrina ou a interpretação de algum texto bíblico, procure o seu pastor, ou adquira literatura. Para o seu contínuo crescimento o discipulador deverá participar dos cursos de treinamento oferecidos na igreja. Como parte de nossa identidade local vivemos como uma igreja discipuladora e, isto significa que oferecemos treinamento para que os

26 George Barna, O Marketing na Igreja (São Paulo, JUERP, 1993), p. 75.

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membros não deixem de crescer. O nosso projeto de Instituto Bíblico Para Liderança dispõe de matérias avulsas realizadas em sistema modular. Também há classes na Escola Bíblica Dominical que oferecem estudo temático; e, ainda no estudo bíblico semanal desenvolvemos um tópico de teologia sistemática. Todo este conteúdo equivale a cursos de aperfeiçoamento para toda igreja, e em especial aos líderes.

4. Deve ser empático

O discipulador precisa se esforçar para desenvolver um relacionamento pessoal com o discípulo. Uma amizade sincera com o seu discípulo contribuirá para esse fim, incluindo uma preocupação pastoral, sendo sensível aos problemas e necessidades do discípulo, expressando esse sentimento através de: aconselhamento, oração e outros tipos de ajuda.

O discípulo está aos cuidados de todos os recursos da igreja. Se necessário encaminhá-lo ao pastor da igreja, aos diáconos, e aos sócios da sociedade interna que mais se identifique com ele (UPH, SAF, UMP, UPA). É nesta estrutura que, de modo saudável, vivemos a reciprocidade cristã, ou seja, pessoas cuidando de pessoas, como membros uns dos outros. 5. Bom testemunho

Bom testemunho envolve muito mais do que ser simplesmente um crente “bonzinho”. É alguém que se preocupa em ser fiel àquilo que é bíblico e luta por isso. Deve ser alguém que tenha “sede de Deus”, a fim de aprender, orar e envolver-se na prática da comunhão da igreja. 6. Saber ouvir

O discipulador é uma pessoa que sabe dar a oportunidade para que outros falem. Ele se agrada em ver o desenvolvimento de seus discípulos, e que não inibe com o seu orgulho o crescimento do discípulo. Quem sabe ouvir, saberá que deve fazer o discípulo pensar e não dar respostas prontas, como se fosse o dono da verdade. Evite estes três erros:

1. Não ignore o que está sendo falado. 2. Não aparente estar ouvindo, desligando-se mentalmente da conversa. 3. Não ouça as palavras, sem “ouvir” os sentimentos que estão por trás delas.

7. Como você aprende? Pausaremos aqui para um breve teste de aprendizado: ( ) Eu leio muito. Os livros são importantes para mim quando quero aprender. ( ) Raramente leio. Não gosto de ler. ( ) Eu aprendo ao fazer, olhar e me envolver com coisas práticas. ( ) Freqüentemente ouço aúdio ou vídeos educativos. ( ) Gosto de conversar com alguém que conhece sobre o assunto que me interessa. ( ) Eu não tenho um padrão definido de aprendizagem. Quem será discipulado?

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Quando listamos aqueles que serão discípulos devemos dividir em dois principais grupos: 1. Discipulado de iniciantes e, 2. Discipulado avançado. DISCIPULADO DE INICIANTES 1. Amigos interessados É comum que amigos demonstrem interesse em conhecer a igreja que você frequenta. Além de convidá-lo para uma visita a um dos cultos ou à Escola Dominical é interessante oferecer-lhe um estudo bíblico – discipulado. 2. Discipulado de visitantes contínuos Devemos aproveitar as oportunidades e oferecer o Curso de Discipulado àqueles que estão visitando a nossa igreja com certa frequência. Provavelmente esta pessoa aceitará o curso, pois, as suas repetidas visitas aos cultos demonstram certo interesse. A evangelização não é algo que deve ser feita somente com aqueles que vêem à igreja local! O mandamento do Senhor Jesus é “indo por todo mundo” (Mt 28:19-20). Se caso você descobrir que algum dos seus parentes, amigos, ou conhecidos tem o interesse de estudar a Bíblia não perca a oportunidade de oferecer o discipulado. 3. Discipulado de novos convertidos É necessário discipular os novos convertidos para acelerar o processo de maturidade e firmeza na fé. Se esperássemos que este novo convertido aprendesse sobre a vida cristã, apenas vindo aos cultos, provavelmente, ele levaria muito tempo. A experiência tem nos mostrado que alguns levam anos para estarem prontos para a evangelização sem o discipulado, ou para servir em outro departamento dentro da igreja. O discipulado tem se mostrado eficaz em integrar e vacinar os novos convertidos contra os famosos “pescadores de aquário”. Geralmente os novos convertidos saem para outras denominações por causa da confusão doutrinária que sofrem, ou, por não encontrarem acolhida na comunhão na igreja de origem. Estes dois problemas são solucionados através do discipulado. 4. Como complemento do curso de catecúmenos O discipulado encaminha para a classe de catecúmenos. No processo de aprendizagem, e ao certificarmos de que o aluno realmente fez seu compromisso de salvação com Cristo, devemos conscientizar o novo convertido de sua necessidade de assumir um compromisso completo. Aquele que tem compromisso com Cristo, também o tem com a sua Igreja. A classe de catecúmenos deve ser vista como uma seqüência natural do discipulado, mas não o seu fim. O discípulo precisa aprender que ele iniciou a aprender sobre a vida cristã, e que o processo durará toda a vida. DISCIPULADO AVANÇADO 1. Discipulado de membros vindos de outra igreja evangélica

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Deve-se examinar se os membros vindos de outra comunidade evangélica carecem, ou não, de estudar os fundamentos da fé cristã. Cada caso deve ser cuidadosamente verificado, e isto pode acontecer nos primeiros encontros de estudo, aferindo o grau de conhecimento bíblico e entendimento doutrinário. Recomenda-se que inevitavelmente se estude com ela acerca da identidade confessional da igreja. Se ela não entender, ou recusar aceitar as doutrinas essenciais, por uma questão de coerência e honestidade, ela não poderá se tornar membro da IPB. Assim, é prudente nos primeiros encontros de estudo listar os temas que o discípulo não conhece, tem dificuldade de entender, ou até mesmo se opõe, como por exemplo, o batismo infantil e a doutrina da predestinação. A nossa proposta é que o discipulado conduza o discípulo na construção de uma cosmovisão cristã. Neste caso o ensino envolve treiná-lo pensar conforme a cosmovisão calvinista. Segundo B.B. Warfield

o calvinista é o homem que vê a Deus; e tendo visto a Deus em sua glória, por uma parte, experimenta um sentimento de indignidade para comparecer diante dEle como criatura e muito mais como pecador e, por outro lado, o calvinista está cheio do assombro reverente de que, apesar de tudo, Deus recebe aos pecadores. Aquele que sem reservas crer em Deus e, está convencido de que Deus será o seu Deus em todo o seu pensamento, sentimento e vontade – em toda a ampla gama de suas atividades intelectuais, morais e espirituais - e, através de todas as suas relações individuais, sociais e religiosas, é por força da lógica mais estrita um calvinista.27

Ainda assim, deve-se novamente lembrar a natureza do discipulado. Ele não é apenas uma sequência de estudos bíblicos, mas primeiramente a relação estabelecida entre duas pessoas, sob a autoridade da Palavra de Deus, para que pela confiança, amor e temor do Senhor, se aprenda acerca do senhorio do Senhor Jesus, visando o amadurecimento integral do discípulo. 2. Discipulado avançado para líderes Líderes não nascem prontos, eles são feitos. Dentre os membros da igreja local o pastor, presbíteros e os coordenadores do projeto de discipulado devem observar os líderes em potencial. Há irmãos que após tornarem-se membros da igreja, acomodam-se por pensarem que a vida cristã será apenas de manutenção, não atentando que as Escrituras Sagradas enfaticamente falam de continuo crescimento. A preocupação de Paulo em cada igreja implantada era a de formar uma liderança multiplicadora. Isto significa que líderes devem treinar líderes. Deus em sua rica graça, em meio a necessidade, levanta líderes autodidatas, entretanto, não foi este o modelo que o nosso Senhor Jesus nos deixou, e que foi seguido pelos apóstolos e deixados para os presbíteros.

Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus. E agora, na verdade, sei que todos vós, por quem passei pregando o reino de Deus, não vereis mais o meu rosto. Portanto, no dia de hoje, vos

27 B.B. Warfield, Calvin as a Theologian and Calvinism Today em: Presbyterian Board of Publication, Philadelphia, 1909, pp. 22-23.

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protesto que estou limpo do sangue de todos. Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus. Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. (At 20:24-28).

Quanto ao material de estudo O material será definido a partir do modelo de discipulado a ser realizado. Se ele for um discipulado para apresentar as doutrinas elementares da fé cristã, então, ele precisa iniciar com o material padrão adotado pela igreja local. Entretanto, se o discipulado for para maturação de membros ou preparo de liderança o pastor precisa, conforme o objetivo, compilar os textos e estabelecer o tempo e propósito do estudo. MATERIAL PARA O DISCIPULADO DE INICIANTES Se o material é básico da fé cristã as editoras têm produzido vários textos de estudo direcionados para discipulado. Temos adotado o material publicado pela Editora Cultura Cristã. Para os discipuladores além do curso recomenda-se que adquira literatura e continue estudando. O texto usado para o estudo será definido pela liderança da igreja. Apenas sugerimos que os discipuladores possuam como recurso, ou material de apoio os seguintes livros:

1. A Bíblia de Estudo de Genebra (Editora Cultura Cristã). 2. Adão Carlos Nascimento, A Razão da Nossa Fé (Editora Cultura Cristã). 3. Adão Carlos Nascimento & Alderi S. de Matos, O que todo presbiteriano inteligente deve saber (Z3

Editora). 4. Ezequiel Peixoto de Andrade, Estudos bíblicos doutrinários (Editora Cultura Cristã). 5. J.I. Packer, Teologia concisa (Editora Cultura Cristã). 6. Martha Piece, Sábia & conselheira uma reflexão bíblica sobre o papel da mulher (Editora Fiel). 7. Misael Batista do Nascimento, Os primeiros passos do discípulo (Editora Cultura Cristã). 8. Richardo Baxter, Manual pastoral de discipulado (Editora Cultura Cristã). 9. R.C. Sproul, Verdades essenciais da fé cristã (Editora Cultura Cristã), 3 volumes. 10. Sean Michael Lucas, O cristão presbiteriano – convicções, práticas e histórias – uma cartilha sobre a

identidade presbiteriana (Editora Cultura Cristã). 11. Thabiti Anyabwile, O que é um membro saudável? (São José dos Campos, Editora Fiel).

MATERIAL PARA O DISCIPULADO AVANÇADO A literatura neste caso será definida pelos temas que necessitarão ser estudados. Entretanto, recomendo que o discipulador adquira:

1. Breve Catecismo de Westminster (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2010). 2. Confissão de Fé de Westminster (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2010). 3. Abraham Kuyper, Calvinismo (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2004). 4. Charles Colson & Nancy Pearcey, E agora, como viveremos? (Rio de Janeiro, CPAD, 1999). 5. Joel R. Beeke, Vivendo para a glória de Deus – uma introdução à fé reformada (São José dos

Campos, Editora Fiel, 2010). 6. John MacArthur Jr., Pense biblicamente – recuperando a visão cristã de mundo (São Paulo, Editora

Hagnos, 2005). 7. Nancy Pearcey, Verdade absoluta – libertando o Cristianismo de seu cativeiro cultural (Rio de Janeiro,

CPAD, 2006).

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O método do discipulado O método é a forma como desenvolveremos na prática o discipulado, portanto, terá um caráter formal e informal. Precisamos ter consciência de como estamos ensinando. O método formal é o ensino declarado, ou seja, a lição bíblica explícita nos conceitos transmitidos. Por método informal entendemos o que é chamado currículo oculto, sendo este uma força educacional eficiente transmitido pelas ideias captadas de modo não verbal. Lawrence O. Richards define currículo oculto como “todos os elementos de qualquer situação de relacionamento entre crentes que apoiam ou inibem o processo de transformação”28 Por isso, é muito importante como discipuladores atentarmos para o nosso testemunho integral diante do discípulo “pois as nossas atitudes podem falar mais alto do que nossas palavras”. Podemos pensar no seguinte exemplo: suponhamos que um pastor está ensinando sobre relacionamento entre irmãos, a um pequeno grupo, e está falando sobre a necessidade de não termos barreiras que nos afastem. Barreiras, como hierarquias, diferenças de dons, etc. Mas ao mesmo tempo, dentro de uma pequena sala, prefere falar atrás de um púlpito, enquanto os outros estão sentados, ou prefere manter uma linguagem metódica e formal. Que mensagem você acha que ele está passando através do currículo oculto? Apresentaremos algumas diretrizes práticas a respeito dos encontros de discipulado.

1. O discipulador e discípulo, se possível, devem ter a mesma versão da Bíblia para que se evite a confusão de divergência de traduções.

2. Quanto à revista, ou apostila usada, não devem passar de uma pergunta para a outra até que se certifique que o aluno compreendeu bem o assunto e o texto bíblico.

3. Preferencialmente deve-se limitar a estudar uma lição por vez. Mesmo que o discípulo tenha disponibilidade de tempo, não tenha pressa de terminar.

4. Cuidado com a sua aparência pessoal! Roupa indecente, higiene, e mau humor transmitem muitas mensagens negativas que poderão prejudicar o Discipulado. A pessoa não está divorciada de sua mensagem.

É necessário lembrar que o estudo das lições não precisam ser seguidas ininterruptamente. Pode-se ter sensibilidade e flexibilidade nelas, mesmo porque nem sempre o tema que será discutido no dia atenderá a necessidade dos discípulos naquele momento. 1. Encontros semanais

Estes encontros devem ser num dia e hora que sejam satisfatórios tanto para o discipulador como para o grupo de discipulado.

A lição anterior precisa estar fresca o suficiente para fazer a ponte com a lição que será estudada. As lições são sequenciais, se houver uma distância temporal muito grande, pode acontecer que o discípulo não consiga fazer a ligação de um assunto com o outro.

28 Lawrence O. Richards, Teologia do Ministério Pessoal (São Paulo, Edições Vida Nova, 1980), p.156.

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2. Local Deve ser um local cômodo onde haja liberdade de expressão. O discípulo não

pode ser intimidado a expor as suas conclusões. Se possível o encontro deve ocorrer na casa dele, onde poderá desenvolver-se um maior vínculo de intimidade entre o discípulo e o discipulador, e entre os participantes do grupo.

Quando o discipulado acontecer apenas entre duas pessoas: o discipulado e o aluno, ele deve ser num ambiente que não ofereça risco de aparência do mal, ou facilite um envolvimento pecaminoso. 3. Tamanho do grupo

Se o discipulado for realizado por várias pessoas interessadas ao mesmo tempo, então, será melhor que seja pequeno. Porém, caso tenha um número reduzido de líderes discipuladores, é necessário que se mantenha numa média de 10 a 15 discípulos, apenas sugerindo pela convicção de que nunca desenvolveremos um proveitoso relacionamento de ensino acompanhado num grande grupo. Recomenda-se quando possível que os discipuladores sejam um casal. Caso não tenha disponibilidade de casais, também poderá ser uma dupla de jovens, observando sempre o fator de faixa etária, ou afinidade entre discipulador e discípulo. O fato de serem duplas favorecerá a visita ou o discipulado a mulheres ou famílias, evitando possíveis constrangimentos. Além do mais, sempre haverá, um, observando o trabalho do outro, podendo fazer críticas e dando ideias que possam melhorar este trabalho. Além de aprimorar a visão do trabalho em equipe. 4. Programa do encontro do discipulado

O programa poderá ter duração média de 1 hora, podendo estender-se conforme a necessidade. Isto significa que o discernimento em cada encontro de estudo será essencial. Deve-se estabelecer um tempo, sendo considerado conforme o contexto da lição, ou outros assuntos que surgirem, ou ainda preocupações levantadas e dúvidas a serem solucionadas a parte do tema da lição.

Cada encontro constará de:

Oração: No caso de discipulado para novos convertidos use uma linguagem simples. Evite um futuro constrangimento quando chegar o momento do discípulo orar, pois se sentirá incapaz de orar como o seu discipulador.

Lição: O estudo bíblico indutivo seguirá a sequência da revista do aluno. Neste ponto lembre-se sempre da definição e do objetivo do discipulado, para que as lições se ajustem a este propósito. Tudo o que é bíblico é adequado, porém, deve-se ter o cuidado de sempre pensar em termos práticos, quaisquer que sejam as lições.

Compartilhar: Explique a lição, aplicando-a ao contexto diário, e às experiências práticas. Surgindo um momento para testemunho, ouça, é possível que o discípulo fascinado com a sua nova vida em Cristo queira compartilhar como está sendo desafiador viver de modo coerente a fé cristã. Dê oportunidade para que o discípulo apresente possíveis problemas e, assim você possa estimulá-lo a perseverar em Cristo. Caso haja mais de um, observe com atenção se nenhum discípulo está ficando de fora da conversa.

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Distribuição do tempo: O discipulador deverá distribuir de maneira proveitosa cada parte do programa do encontro para que o estudo bíblico seja proveitoso. Deve-se ter o cuidado para que não seja desproporcionar o encontro do estudo bíblico de modo que transpareça desorganização, ou que o discipulador pareça confuso quanto ao que está fazendo. Isto poderá causar insegurança e talvez dúvidas no discípulo que está iniciando.

Caso perceba que algum discípulo está enfrentando algum problema o discipulador pode interromper o estudo e mudar para um momento de aconselhamento. Se for um grupo de estudo contendo mais pessoas torna-se necessário dedicar maior atenção àquele discípulo, e se for o caso, marque outro horário para conversar individualmente a respeito do problema.

Desenvolvimento do diálogo:29 Por meio da conversação se identifica as crenças. É responsabilidade do discipulador de submeter estas crenças à autoridade da Escritura Sagrada que é a nossa única regra de fé e prática. Para isso, você pode fazer algumas perguntas no decorrer das lições:

1. O que você crê sobre esse assunto? 2. Onde você aprendeu isso? 3. Como você sabe que está correto? 4. Quais são as consequências de se crer assim? 5. Se o que você crê não fosse certo, gostaria de conhecer a verdade?

O diálogo é um processo de duas vias. Isso significa que não é só você quem fala. Assim:

1. Diga algo para provocar a conversa. 2. Pergunte para saber como Deus está agindo no coração da pessoa. A boca fala

do que o coração está cheio. 3. Escute, pois é a melhor maneira de conhecer o que está acontecendo e de ter a

oportunidade de alcançar o objetivo de expor o evangelho. 4. Direcione a conversa para o que a Escritura diz. A Palavra de Deus é a palavra

final sobre qualquer assunto.

Desafie o aluno, em toda oportunidade, para que faça um compromisso com o Senhor Jesus. Observe abaixo como é simples evitar ideias erradas e apresentar-lhe o plano da salvação: 1)Ele precisa reconhecer 2. Ele precisa fazer a. Sou pecador a. Arrepender dos seus pecados b. Minhas virtudes/boas obras são insuficientes b. Crer e confiar só no perdão de Cristo c. Preciso conhecer mais de Jesus c. Fazer-se membro da igreja

29 Adaptado de William Fay & Ralph Hodge, Testemunhe de Cristo sem medo (São Paulo, LifeWay Brasil, 2003), p. 30.

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O discipulado e a igreja local O discipulado não é uma atividade em que somente os membros estão comprometidos. Os presbíteros docentes e regentes são chamados para liderar a igreja local, e neste processo de cuidar abrange o acompanhar o rebanho em suas necessidades:

1. Visitar os membros que necessitam de assistência. 2. Resolver os desentendimentos entre os membros. 3. Instar aos disciplinados no sincero arrependimento. 4. Orar por/com todas as famílias da igreja. 5. Consolar os aflitos e necessitados. 6. Ser um pacificador em assuntos controversos. 7. Lembrar aos membros da sua fidelidade ao Senhor Deus. 8. Supervisionar o bom andamento das atividades da igreja.

Além dessas atribuições a liderança deve supervisionar a atividade de

discipulado dentro da igreja local. Vimos nesse programa que os princípios transmitidos aos discipuladores são também apresentados aos novos convertidos. A convicção favorece a sequência de toda uma estrutura de discipulado. Em primeiro lugar teremos um grupo de discipuladores formados, porém, o primeiro grupo de novos convertidos formados depois destes, já serão discipulados dentro desta visão, e se engajarão no programa como discipuladores. O objetivo é termo uma igreja discipuladora e não apenas um programa de discipulado. Assim, podemos resumidamente listá-los:

1. Formar discípulos com uma cosmovisão cristã. Treinamos o pensamento com premissas bíblicas. Ensinamos que em todas as esferas de sua vida estamos sob o senhorio de Jesus Cristo e, que devemos viver confiantemente.

2. Apresentar o evangelho aplicado para que vivamos relacionamentos saudáveis. O evangelho precisa estar doutrinariamente claro no entendimento de quem ensina, não há outro evangelho (Gl 1:6-9), nem mesmo se pode ensiná-lo com preferências pessoais, excluindo ou adicionando nele o que não procede da Escritura, nem por ela pode ser claramente provado (At 20:25-31; Ap 22:18-19).

3. Integramos do novo convertido nos relacionamentos e estrutura da igreja local. Transformado pela graça de Deus, o novo convertido torna-se membro da Igreja de Cristo e precisa ser preparado para o batismo, treinado para atuar com os seus dons e testemunhar do evangelho em todas as áreas da sociedade.

4. Acompanhamos o crescimento espiritual do novo convertido rumo à maturidade cristã. O modelo de cristãos que queremos formar aponta para a conformidade de Cristo (Rm 8:29).

O Conselho convicto desta ordenança de Cristo precisa estruturar a igreja de modo que facilite a relação de discipulado. Com isto em mente apresento o esboço de uma estruturada para prover uma igreja discipuladora.30

30 O organograma da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho encontra-se no anexo no fim desta apostila.

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I. CURSO PARA FORMAÇÃO DE DISCIPULADORES A formação de qualquer projeto começa com treinamento. Embora o discipulado aparentemente se configure como um projeto, na realidade ele se delineia por princípios de formação. O discipulado não é apenas um programa, embora ele mantenha uma estrutura como já vimos até aqui. Como parte de sua identidade a liderança local necessita desafiar e, através do ensino bíblico apresentar a responsabilidade da igreja ser discipuladora. O treinamento inicial de discipuladores que será motivado não pelo método, mas por princípios bíblicos da natureza do discipulado. Obviamente o método do como fazer é indispensável, mas não é o método que produzirá resultados, não é ele que em si é o cumprimento da comissão do Senhor Jesus. Por isso, qualquer tentativa de treinamento onde o claro entendimento da natureza essencial do que é o discipulado resultará no fracasso do método. II. COORDENAÇÃO DOS DISCIPULADORES Após o treinamento dos discipuladores eles devem ser coordenados para captarem os “discípulos em potencial”. Embora, por convicção, cada discipulador poderá ter a iniciativa de selecionar quem ele discipulará, enquanto organismo vivo, a igreja local precisa estruturar-se para viver o discipulado. Os supervisores poderão ser o pastor, os presbíteros ou membros designados pelo conselho da igreja local. A função destes coordenadores é de fazer a ponte entre discipuladores e discípulos em potencial identificados no convívio da igreja local. A coordenação visando à escolha de um discipulador que melhor se identifique, ou que tenha disponibilidade e assim se estabeleça um vínculo de confiança entre discipulador e discípulo. Listo os seguintes casos:

1. Os filhos dos membros que também desejam se tornar membros comungantes da igreja local. Os pais poderão procurar o pastor, ou os coordenadores e manifestar o desejo de seus filhos que serão conduzidos ao discipulado.31

2. Os coordenadores ou discipuladores ao identificar os visitantes assíduos deverão cuidar para que sejam procurados, antes ou após os cultos, e sejam abordados com a proposta de iniciarem um discipulado.

3. Deverão ser discipulados os novos convertidos que estão no convívio da igreja. Quem tomará a iniciativa de propor o discipulado para eles serão os coordenadores, embora os discipuladores mais atentos também o podem se oferecer para acompanhá-los.

4. Os membros vindos de outras comunidades evangélicas também deverão ser discipulados. Torna-se necessário este acompanhamento, tanto pelo motivo de integrá-los efetivamente na igreja, bem como visando esclarecer-lhes a identidade doutrinária da IPB. Assim, aquele que congrega na intenção de transferir-se para a igreja local, em seus primeiros momentos de convívio, ele

31 O Conselho da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho decidiu que todos os adolescentes ou jovens, mesmo que batizados na infância e educados na igreja desde a sua tenra meninice, deverão participar do curso de discipulado, antes ou durante o curso de catecúmeno para que possam ser examinados e se tornem membros comungantes da nossa igreja.

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será assistido por um membro maduro e convicto da confessionalidade reformada que o esclarecerá sobre a história, doutrina, disciplina, governo da nossa igreja.32

5. Mesmo os casos de discipuladores que desenvolvem o estudo acompanhado com pessoas que não têm convívio com a igreja local precisam notificar o coordenar para que ele possa verificar a disponibilidade e não sobrecarregar alguns, enquanto outros se encontram disponíveis, ou ociosos.

III. ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL FORMATIVA Todos os cristãos independentemente do estágio de maturação que atingiu sempre será um discípulo. Ele carecerá sempre de aprendizado contínuo. Certamente esse convívio com a estrutura de educação cristã da igreja local avançará a integração, o crescimento, e consequentemente a maturação de todos os membros comprometidos com a Escola Bíblica Dominical. A Escola Bíblica Dominical é um indispensável recurso como parte do treinamento contínuo de discipulado. Entretanto, o modelo convencional de Escola Dominical que apresenta lições aleatórias, sem propor um currículo com um objetivo definido, e sem um alvo claramente direcionado, em geral, torna-se numa instituição que não usa todo o seu potencial educacional. A proposta de uma Escola Bíblica Dominical Formativa intenciona oferecer cursos de treinamento para os membros da igreja local. Em vez, de se adotar revistas que sigam um currículo temático pronto, os professores são desafiados a preparar cursos para ser aplicados no decurso de um ano. Estes professores serão incentivados a adquirir literatura específica para que se especialize naquela área de estudo. Obviamente o pastor, como presbítero docente, terá a responsabilidade de treinar, orientar na preparação do plano de aulas, indicar a literatura básica e confiável, bem como coordenar a aquisição de textos, ou livros de identidade reformada. O currículo da EBDF será formado a partir do objetivo de equipar os alunos com o conhecimento necessário em áreas cruciais para a maturação da vida cristã. Algumas sugestões de cursos para a Escola Bíblica Dominical Formativa:

1. Curso de Panorama de Antigo Testamento 2. Curso de Panorama de Novo Testamento 3. Curso de Panorama de História da Igreja Cristã 4. Curso Dons e Ministérios do Corpo de Cristo 5. Curso de Cosmovisão Cristã 6. Curso das Confissões Reformadas

IV. CURSOS PARA TREINAMENTO DE LIDERANÇA Como parte de sua identidade de igreja discipuladora serão oferecidos cursos de treinamento de liderança. Tanto os novos convertidos ou os membros maduros além do discipulado acompanhado pelo qual passaram, a sua assiduidade nos cultos de doutrina durante a semana, a sua participação como aluno de um dos cursos da 32 É decisão do Conselho da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho que todos que vierem de outra comunidade evangélica sejam discipulados e passem pela classe de catecúmenos para conhecerem as doutrinas da IPB, e somente serão aceitos como membros se aceitarem por convicção a nossa identidade confessional.

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Escola Bíblica Dominical Formativa, e mesmo participando dos cultos, ainda terão à sua disposição alguns cursos para liderança. Estes cursos podem ser oferecidos em módulos que funcionarão no decorrer da semana, ou em finais de semana, dependendo da disponibilidade dos interessados. A proposta é dispor de um instrumento de ensino que facilite aos que interessam em aprender o que não seria ensinado de modo sistemático, num curto espaço de tempo e com didática direcionada. Preservando o ministério de discipulado O ministério de discipulado não pode estar vinculado a algum pastor. Os pastores não são permanentes numa igreja local, mas os ministérios o são. O discipulado é um dever de cada cristão, por isso, a sua manutenção e continuidade depende daqueles que nele estão engajados.

Os discipuladores devem seguir as seguintes sugestões para que o ministério não se torne extinto:

1. Supervisionar o trabalho de todos os grupos de discipulado. 2. Manter clara a visão do ministério de discipuladores, corrigindo os desvios. 3. Periodicamente desafiar novos membros para que se tornem discipuladores. 4. Aperfeiçoar continuamente o material de estudo do discipulado. 5. Coordenar o ministério de discipulado como metas para outros ministérios e

departamentos da igreja. 6. Aperfeiçoar o material e ampliar ou substituir a literatura usada de base para o

estudo e treinamento de discipulado.

Vimos nesse programa que os princípios transmitidos aos discipuladores são também apresentados aos novos convertidos. A convicção favorece a sequência de toda uma estrutura de discipulado. Em primeiro lugar teremos um grupo de discipuladores formados, porém, o primeiro grupo de novos convertidos formados depois destes, já serão discipulados dentro desta visão, e se engajarão no programa como discipuladores. O objetivo é termos uma igreja discipuladora e não apenas um programa de discipulado. Assim, podemos resumidamente listá-los:

5. Formar discípulos com uma cosmovisão cristã. Treinamos o pensamento com premissas bíblicas.

6. Apresentar o evangelho aplicado para que vivamos relacionamentos saudáveis. 7. Acompanhamos o crescimento espiritual rumo à maturidade cristã. 8. Integramos do novo convertido nos relacionamentos e estrutura da igreja local. 9. Ensinamos que em todas as esferas de sua vida estamos sob o senhorio de

Jesus Cristo e, que devemos viver confiante. Compromisso permanente do discipulador Você entendeu a seriedade de ser um discipulador? Há uma latente urgência e necessidade, somada à obrigatoriedade de se discipular de modo planejado, consciente, e formando inteligentemente os cristãos das gerações vindouras

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preparando-os para viverem de modo digno do chamado do evangelho de Cristo. Ao mesmo tempo serem membros que serão uma igreja saudável construindo uma cosmovisão cristã comprometida somente com o ensino das Escrituras Sagradas. Treinando cristãos que com discernimento rejeitam, tanto os falsos mestres, como os falsos profetas, bem como não se deixam levar pelos novos ventos de doutrina que sopram nestes tempos pós-modernos. Abaixo uma declaração de desafio e compromisso para ser um discipulador:

1. Em obediência a grande comissão ordenada por nosso Senhor Jesus, comprometo-me em fazer discípulos tendo Cristo como mestre (Mt 28:18-20).

2. Comprometo-me em estudar as Escrituras a fim de estar preparado a dar razão da nossa fé. 3. Disponho-me ensinar a Palavra de Deus com integridade de vida e fidelidade à verdade. 4. Quando não souber a resposta de qualquer questão que seja, não tentarei inventar uma, mas

com humildade buscarei aprender para ensinar somente a verdade, pois, também sou discípulo e estou no processo do saber em amor e temor do Senhor.

5. Creio que ao discipular apresento o evangelho da salvação aos eleitos de Deus proporcionando a oportunidade para que o Espírito Santo aplique a graça irresistível. Evangelizar é compartilhar Jesus, no poder do Espírito, deixando os resultados para Deus, visando uma reeducação para uma vida transformada.

6. Comprometo-me ser exemplo de transformação de vida para os meus discípulos. 7. Assumo a responsabilidade de comunicar-lhes a visão de discipulado: um discípulo formando

discípulos para Cristo Jesus. 8. Acredito que cada vida a mim confiada é importante para Deus. Meu objetivo não é

aumentar o número de membros da minha igreja, mas, conduzir o discípulo a aumentar o seu amor por Cristo como o seu Salvador.

9. No que estiver ao meu alcance tentarei instruir e aconselharei o meu discípulo em suas dúvidas e problemas, guardando sigilo e preservando a sua dignidade. Entretanto, o que não souber resolver encaminharei ao pastor para um acompanhamento adequado.

10. Submeto-me às autoridades de nossa igreja, enquanto elas permanecerem fiéis à Escritura Sagrada, reconhecendo serem instituídas por Deus para o meu bem e de todo o Corpo de Cristo sob os seus cuidados.

Conclusão

Tudo no discipulado é para a glória de Deus. Desde a motivação para iniciar um discipulado, ou mesmo proclamar, ensinar e aplicar o evangelho que revela o Senhor Deus na beleza de seus atributos e poderosos feitos. A glória de Deus é a finalidade do discipulado. Benjamin B. Warfield declara que

Deus não é retratado na Escritura como perdoando o pecado porque Ele realmente se importe com o pecado. Nem porque Ele seja tão exclusivo ou predominantemente o Deus de amor, como se os outros atributos diminuíssem pelo desuso na presença de Sua infinita bondade. Pelo contrário, Ele é retratado como libertando o pecador de sua culpa e corrupção porque Ele se compadece das criaturas da sua mão, envoltas em pecado, com uma intensidade que nasce da veemência da sua santa ira contra o pecado e sua justa determinação de visitá-lo com uma intolerante retribuição; de modo que conduz por uma completa satisfação pela a sua infinita justiça e santidade, como pelo seu ilimitado amor por Si mesmo.33

33 Benjamin B. Warfield, "God" in: Works of B.B. Warfield (Grand Rapids, Baker Books, 2003), vol. 9, p. 112.

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É importante lembrar que o alvo não é a multiplicação de conversões. Isto será o resultado. Entretanto, como fruto da riqueza da sua graça alcançaremos os eleitos de Deus, conduzindo de novos convertidos rumo ao modelo de cristãos maduros. E estes crentes fortes na fé produzindo outros novos convertidos como conseqüência dessa maturidade e vigor espiritual. É tempo de repensarmos o modo de como estamos vivendo enquanto igreja local. Com isso não proponho mudança de paradigma eclesiológico. Estou convencido de que o sistema de governo presbiteriano é herança do ensino de toda a Escritura Sagrada. Refiro-me ao trabalho de manutenção das atividades da igreja local que se atém a um pequeno grupo de líderes, que provavelmente não foram discipulados e, consequentemente não veem no discipulado a devida importância. Indispensavelmente a liderança da igreja deve estar preparada para equipar os santos (Ef 4.11-13). Se todos, e não apenas alguns, ou só o pastor, se comprometerem em viver o discipulado toda a igreja local será vigorosamente beneficiada. O pastor coordenando os grupos de formação de líderes estará mais livre para pastorear o rebanho, podendo em reuniões periódicas com os discipuladores, ser informado a respeito das ovelhas que carecem de um cuidado mais específico, e ele mesmo discipulando e acompanhando o desenvolvimento dos discipuladores.

Vimos que em cada encontro será um instrumento de formação e transformação. Nos encontros com o indivíduo ou, de um pequeno grupo propicia um ambiente onde o “instrui-vos e admoestai-vos mutuamente” (Cl 3.16).

O pastor e os demais líderes das igrejas devem equipar o povo de Deus. Já que eles (a liderança) não possuem todos os dons necessários para que o corpo cumpra as suas funções. A liderança deve preparar os crentes para que cumpram este ministério de discipulado no exercício coletivo dos seus dons, de modo que, a igreja local, de modo saudável, será: discípulos formando discípulos (Mt 28:16-20).

Apêndice 1 Um resumo da doutrina da Escritura Sagrada

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Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (2 Tm 3:16-17, ARA).

Confissão de Fé de Westminster I.1 Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal modo manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo. Definição da doutrina: a Escritura Sagrada é a inerrante, clara, suficiente e inspirada Palavra de Deus, sendo ela a nossa única fonte e regra de fé e prática.

Necessitamos ter convicção sobre qual fundamento estamos crendo e estaremos ensinando. Nossa fonte de conhecimento é a Palavra de Deus. Através dela o Senhor se dá a conhecer de um modo especial. Ela é o nosso objeto de estudo para conhecermos verdadeiramente quem é o nosso Deus, e qual a Sua vontade para todo ser humano. Para isso é necessário sabermos o que é a Bíblia. É indispensável termos convicção do que estaremos aprendendo. Provavelmente você ouvirá argumentos do tipo “ah! papel aceita qualquer coisa!”, ou, “porque a Bíblia é sua única regra de fé?” O apóstolo Pedro nos ordena “santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3:15). Começaremos a nossa jornada de estudos analisando primeiramente o que é a Bíblia. Lorraine Boettner nos adverte, dizendo que “a resposta que dermos à pergunta „o que é Cristianismo‟? dependerá amplamente do conceito que sustentarmos da Escritura”.34 Se aceitarmos que a Bíblia é um mero livro de religião, sem inspiração, insuficiente, cheio de erros, e impossível de ser entendido, então, ele não nos servirá para nada, a nossa fé será vazia de significado tornando o nosso Cristianismo numa religião confusa! Estaremos baseando a nossa convicção a respeito da Bíblia sobre cinco declarações que caracterizam a Bíblia como sendo a Palavra de Deus.

1. A Bíblia é nossa única fonte e regra de fé e prática. 2. A Bíblia é plenamente inspirada pelo Espírito Santo. 3. A Bíblia é clara em suas declarações sobre salvação e santificação; 4. A Bíblia é inerrante em todas as suas afirmações. 5. A Bíblia é suficiente para nos ensinar tudo em matéria de fé.

34 Lorraine Boettner, Studies in Theology (Philadelphia, The Presbyterian and Reformed Publ. Co., 1967), p. 9

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1. A Bíblia é nossa única fonte e regra de fé e prática Somente a Escritura Sagrada é autoridade absoluta.

Somente a Escritura Sagrada define minhas convicções doutrinárias. Somente na Escritura Sagrada encontro a verdadeira sabedoria. Somente a Escritura Sagrada rege as minhas decisões.

Somente a Escritura Sagrada molda o meu comportamento. Somente a Escritura Sagrada determina os meus relacionamentos.

Por que a Bíblia tem toda esta autoridade? A resposta é simples: ela é a Palavra inspirada por Deus. Então, por que muitas pessoas não se submetem a esta autoridade? Calvin K. Cummings observa que

como pode alguém ler as reivindicações da Escritura como sendo a Palavra de Deus e estudar a evidência de tais reclames, somente para rejeitar a Bíblia como inspirada por Deus? Outros leem e creem com uma convicção inabalável que a Bíblia é a inspirada Palavra de Deus. A diferença não é a falta de evidências (João 20:30; Lucas 16:31). A diferença é que para alguns não foi dado o Espírito Santo para capacitá-los ver a verdade da evidência bíblica. Eles são espiritualmente obscurecidos e prejudicados; não podem ver a verdade. São espiritualmente mortos; não podem ouvir a voz de Deus falando em todos os limites.35

2. A Bíblia é plenamente inspirada pelo Espírito Santo

Cremos que a Escritura Sagrada é plenamente inspirada.36 Isto significa que o Espírito Santo exerceu soberanamente uma influência suficiente e completa estendendo-se a todas as partes das Escrituras, conferindo-lhes uma revelação autorizada de Deus, de modo que as revelações vieram a nós por intermédio da mente e da vontade de homens, todavia, elas são no sentido estrito, a Palavra de Deus. Esta influência do Espírito Santo que envolveu os escritores sacros, estendeu-se não somente aos seus pensamentos gerais, mas também a todas as palavras que eles usaram, de modo que os pensamentos que Deus desejou revelar-nos foram conduzidos com infalível exatidão. Não foram inspirados apenas os seus pensamentos, mas cada palavra original que os autores usaram.

Esta inspiração se estende não somente ao texto, mas afetou organicamente o seu autor, no momento do registro da revelação. Os escritores foram os instrumentos de Deus no sentido de que aquilo que eles disseram, foi de fato o que Deus disse. No ato da inspiração o Espírito não anulou o escritor, mas agiu em, com e através de sua personalidade. O Espírito de Deus não inspirou os autores como se fossem máquinas, anulando a sua liberdade, responsabilidade e capacidades mentais, mas escreveu através deles (2 Pe 1:16-21). Cada autor viveu numa situação social específica, num contexto histórico real, escrevendo com preocupações particulares, para destinatários e propósitos definidos, em seus escritos inspirados percebemos, inclusive, que eles foram influenciados pelo condicionamento situacional em que estavam vivendo. Mesmo havendo na Bíblia a diversidade literária, linguística, e estilo próprio de cada autor, isto não anula que ela tenha fonte numa única mente, e que o Espírito Santo

35 Calvin Knox Cummings, Confessing Christ (Suwanee, Great Commission Publications, 2004), p. 16. 36 Lorraine Boettner, Studies in Theology, p. 11

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seja o seu autor primário (2 Pe 1:19-21; Rm 11:33-36). O Dr. A.A. Hodge descreve como a inspiração ocorreu sobre os autores.

Os escritores de todos os livros eram homens, e o processo de composição que lhes deu origem era, caracteristicamente, processo humano. As características pessoais do modo de pensar e sentir dos escritores operaram espontaneamente na sua atividade literária e imprimiram caráter distinto em seus escritos, de um modo em tudo semelhante ao efeito que o caráter de quaisquer outros escritores produz nas suas obras. Escreveram impelidos por impulsos humanos, em ocasiões especiais e com fins determinados. Cada um deles enxerga o seu assunto do seu ponto de vista individual. Recolhe o seu material de todas as fontes que lhe são acessíveis – da experiência e observações pessoais, de antigos documentos e de testemunho contemporâneo. Arranja seu material com referência ao fim especial que tem em vista; e de princípios e fatos tira inferências segundo o seu próprio modo, mais ou menos lógico, de pensar. Suas emoções e imaginações exercitam-se espontaneamente e manifestam-se como co-fator nas suas composições. As limitações de seu conhecimento pessoal e de seu estado mental em geral, e os defeitos de seus hábitos de pensar e de seu estilo são tão óbvios em seus escritos como o são outras quaisquer de suas características pessoais. Usam a linguagem e os modismos próprios da sua nação e classe social.37

3. A Bíblia é clara em suas declarações sobre a salvação e santificação

A essência da revelação bíblica é acessível ao homem independentemente do seu nível cultural (Sl 19:7; Sl 119:130). Não é requisito necessário ser formado em teologia para se interpretar a Bíblia, nem mesmo receber uma ordenação oficial para isto. Todos devem ter livre acesso ao seu estudo e interpretação. Todavia, isto não significa que cada um é livre para interpretá-la do modo que lhe for mais conveniente. A doutrina do livre exame ensina que qualquer pessoa pode interpretar ou verificar a interpretação das Escrituras usando, de modo correto os princípios da hermenêutica, o real significado de uma passagem bíblica (CFW I.7).

Em cada texto há um significado único, e não múltiplo. O que determina o significado do texto é a intencionalidade do autor, em seu contexto histórico e analisado na sua estrutura gramatical. Não é possível falar em clareza de significado quando confusas teorias hermenêuticas interrompem a interpretação do que o autor quis dizer.

A Escritura fala que o homem natural “não pode entendê-las, porque se discernem espiritualmente” (1 Co 2:14b). Ela não está negando uma capacidade do não convertido de entender os assuntos naturais e éticos de que a Bíblia fala. Por exemplo, a Palavra de Deus é a revelação da vontade de Deus, mas ela contém a história da raça humana, a narração de culturas de povos antigos, a descrição geográfica de lugares específicos e muitos outros assuntos. Mas, mesmo quando trata de assuntos éticos, o não convertido é capaz de entendê-los. Usemos de exemplo os “dez mandamentos” (Ex 20:1-17). Será que por mais ímpia que seja a pessoa ela pode alegar incapacidade de entender a lei de Deus? Se a Palavra de Deus fosse absolutamente obscura, então Deus não poderia condenar os pecadores que ouvem a

37 A.A. Hodge, Esboços de Teologia (São Paulo, PES, 2001), p. 90.

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sua Palavra, pois eles poderiam alegar que nada entendem! A Escritura tem em si mesma uma clareza que garante a inteligibilidade da sua mensagem.38 Não se nega que as Escrituras contenham muitas coisas de difícil entendimento. É verdade que elas requerem estudo cuidadoso. Todos os homens precisam da direção do Espírito Santo para a correta interpretação e obtenção da verdadeira fé. Afirma-se, porém, que em todas as coisas necessárias à salvação, elas são suficientemente claras para serem compreendidas mesmo por aqueles que tiveram pouca formação escolar.39

Toda verdade necessária para a nossa salvação e vida espiritual é ensinada tanto explícita como implicitamente na Escritura.40 Tudo o que é necessário para a salvação e uma vida de obediência é inteligível para os servos de Cristo. A convicção do seu dever pessoal de obedecer à Palavra de Deus é uma obra da iluminação pelo Espírito Santo (1 Ts 2:13; 1 Pe 1:22-25). 4. A Bíblia é inerrante em todas as suas afirmações Por ter sido escrita por homens sujeitos aos equívocos, alguns incrédulos (e até alguns pastores) afirmam que a Escritura Sagrada também contém erros. Todavia, estas pessoas ao negarem a inerrância das Escrituras estão fazendo da mente humana um padrão de verdade mais elevado do que a própria Palavra de Deus. O que encontramos na Bíblia são “aparentes contradições”, ou afirmações incompreendidas, que podem ser coerentemente harmonizadas com uma interpretação cuidadosa (Hb 6:18; Jo 17:17). O fato, de que não consiga entender uma verdade, não significa que ela não seja real, tenho que considerar a limitação do meu conhecimento e a falibilidade de minha mente em pensar corretamente.

A doutrina da inerrância não é recente como alguns pensam. Os reformadores criam firmemente nela. Um antigo teólogo chamado Francis Turrentin (1623-1678) observou que “os escritores sacros foram movidos e inspirados pelo Espírito Santo, envolvendo tanto os pensamentos, como a linguagem, e que eles foram preservados livres de todo erro, fazendo com que os seus escritos fossem plenamente autênticos e divinos.”41 Se a Bíblia contém algum erro histórico, geográfico, ou científico, como poderemos ter certeza de que não terá erros morais (Sl 12:6)? Deus mentiu, ou errou em alguma de suas informações? Seria a pergunta mais sensata a se fazer. Deus soberanamente não poderia livrar os seus agentes escritores de errarem? Como poderíamos aceitar a autoridade da Bíblia, que alega ser a verdade, ensinar a verdade, inspirada por um Deus verdadeiro, e que ama a verdade, se a sua Palavra estivesse cheia de erros (Nm 23:19; 2 Sm 7:28; Jo 17:17; Tt 1:2; Hb 6:18)? No mínimo, ela seria algo não confiável, e perderia toda a sua autoridade, pois não poderíamos chamá-la de

38 Paulo Anglada, Sola Scriptura A Doutrina Reformada das Escrituras (São Paulo, Editora Os Puritanos, 1998), p. 86. 39 Charles Hodge, Teologia Sistemática (São Paulo, Ed. Hagnos, 2001), p. 137. 40 John MacArthur, Jr., Sola Scriptura (São Paulo, Ed. Cultura Cristã, 2000), p. 210. 41 citado por W.G.T. Shedd, Dogmatic Theology (Nashville, Thomas Nelson Publishers, 1980), vol. 1, p. 72. Grifos meus.

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Palavra de Deus! Mas a Escritura autentica a si mesma como inerrante (Js 23:14; Sl 12:6; Pv 30:5; Jo 14:35; 1 Ts 2:13). 5. A Bíblia é suficiente para nutrir o nosso relacionamento com Deus. Os 39 artigos de Fé da Religião Anglicana ensinam este tema de forma bem precisa ao declarar que “as Escrituras Sagradas contêm todas as coisas necessárias para a salvação; de modo que tudo o que nela não se lê, nem por ela se pode provar, não deve ser exigido de pessoa alguma que seja crido como artigo de Fé ou julgado como exigido ou necessário para a salvação.”42 Na Bíblia o homem encontra tudo o que precisa saber e tudo o que necessita fazer a fim de que venha a ser salvo, viva de modo agradável a Deus, servindo e adorando-O aceitavelmente (2 Tm 3:16-17; 1 Jo 4:1; Ap 22:18).43 A Bíblia é completa em seus 66 livros. Mesmo se os arqueólogos encontrassem uma outra epístola do apóstolo Paulo não a aceitaríamos como parte da Palavra de Deus. O número de livros que o nosso Senhor desejou dar-nos é somente este, nada mais acrescentaremos (Ap 22:18-19). O que os autores escreveram, movidos pelo Espírito Santo, é inspirado, todavia, não significa que os outros dos seus escritos também sejam inspirados. Por exemplo, Paulo escreveu 13 dos 27 livros do Novo Testamento, mas durante toda a sua vida, após a conversão, certamente que escreveu muito mais do que apenas estas epístolas, mas isto, não significa que a inspiração estava inerente à sua pessoa de tal modo, que sempre escrevia inspirado. Mas, é bom lembrarmos que tudo o que nos foi deixado (os 66 livros), somente foi preservado por causa de sua inspiração. Não podemos acrescentar nada à Bíblia (Dt 4:2; 12:32; Pv 30:5-6; Ap 22:18-19). Deus quer que descubramos o que crer ou fazer segundo a sua vontade somente na Escritura Sagrada (Dt 29:29; Rm 12:1-21). Não existe nenhuma revelação moderna que deva ser equiparada à autoridade da Palavra de Deus. Somente a Bíblia é a nossa única fonte e regra de fé e prática e não novas profecias (leia todo o Sl 119). 6. A Bíblia “católica” é diferente da Bíblia “protestante”?

A resposta é um “sim” e um “não”. Sim, pois há de fato pelo menos duas diferenças que podem ser claramente observadas. A primeira diferença é quanto à sua tradução que difere tanto das versões evangélicas, como entre as católicas. Por que existem tantas Bíblias diferentes? Seria mais correto perguntarmos “porque existem tantas traduções diferentes?” Não existem Bíblias diferentes, como se algumas fossem mais completas do que outras,44 ou algumas falassem coisas que contradizem as demais! O que ocorre é que as Sociedades Bíblicas, que se dedicam à tradução deste tão precioso livro, adotam diferentes teorias de tradução (veja sobre teoria de linguística).

A segunda diferença é que as “Bíblias Católicas” possuem 7 livros a mais (Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc) e alguns acréscimos 42 39 Artigos de Fé da Religião Anglicana, artigo VI sobre As Escrituras Sagradas citado no Apêndice de Wayne Grudem, Teologia Sistemática (São Paulo, Ed. Vida Nova, 2002), p. 999 43 Paulo Anglada, Sola Scriptura A Doutrina Reformada das Escrituras, p. 74 44 Aqui me refiro entre os 66 livros conforme encontrados nas traduções adotadas pelos protestantes.

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nos livros de Ester e Daniel.45Até a Reforma do século XVI o conjunto de livros da Bíblia era aceito como sendo de apenas 66 livros. Os protestantes começaram a declarar sola Scriptura (somente a Escritura) como única regra de Fé, e apegando-se ao número de livros do Antigo Testamento hebraico (39 livros) e do Novo Testamento grego (27 livros). Então, em reação a esta postura protestante, a Igreja Católica Romana decidiu no Concílio de Trento (1545-1563 d.C.) reconhecer alguns livros como inspirados além dos 66 aceitos. Assim, na 4ª sessão de 08/04/1546 no Decreto Concernente às Escrituras Canônicas o clero romano decidiu que:

Se alguém não receber como sagrados e canônicos os livros do Antigo e do Novo Testamento, inteiros e em todas as suas partes, como se contém na velha edição Vulgata, e conscientemente os condenar, seja anátema.46

Esta decisão da Igreja Católica Romana implicou que ao adotar a Vulgata Latina como texto padrão oficial, ela endossou todos os livros apócrifos que esta tradução continha. A Vulgata Latina é uma tradução em latim da Bíblia feita em 382-383 d.C. a partir da Septuaginta47 e não do texto hebraico original. O tradutor da Vulgata Latina foi Sofrônio Eusébio Jerônimo (340-420 d.C.), sendo que ele mesmo questionava o acréscimo de livros na nova tradução latina que não faziam parte do texto hebraico. Em outras palavras a Vulgata Latina é uma tradução de outra tradução e não do original. Como herdeiros da Reforma a nossa convicção encontra-se expressa na Confissão de Fé de Westminster da seguinte forma:

Os livros comumente chamados apócrifos, não sendo de inspiração divina, não fazem parte do cânon da Escritura; e, portanto, não são de nenhuma autoridade na Igreja de Deus, nem de modo algum podem ser aprovados nem utilizados senão como escritos humanos.48

O cânon das Escrituras O cânon é a coleção de livros reconhecidamente inspirados e autorizados por Deus. Recebemos somente estes como sendo a Palavra de Deus. A sua divisão em nossa Bíblia se encontra de modo literário e não cronológico. A classificação é como segue abaixo:

O Antigo Testamento Livros da Lei Livros

Históricos Livros Poéticos

Profetas Maiores

Profetas Menores

Gênesis Josué Jó Isaías Oséias Juízes Joel Rute Amós

Êxodo 1 Samuel Salmos Jeremias Obadias

45 Catecismo da Igreja Católica, Parte I, cap. II, art. 3. iv, p. 43. 46 Herminsten M.P. da Costa, A Inspiração e Inerrância das Escrituras Uma Perspectiva Reformada (São Paulo, Ed. Cultura Cristã, 1998), p. 70. 47 A Septuaginta (LXX) é a tradução grega do Antigo Testamento feita entre 200 a 150 a.C., por uma equipe de aproximadamente 70 judeus. Embora a tradução foi realizada à partir do texto hebraico, foram acrescentados vários outros livros religiosos e escritos em grego, que circulavam entre os judeus. Norman Geisler & William Nix, Introdução Bíblica (São Paulo, Ed. Vida, 1997), pp. 196 e 213. 48 Confissão de Fé de Westminster I.3.

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2 Samuel Jonas Levítico

1 Reis Provérbios Lamentações Miquéias 2 Reis Naum

Números

1 Crônicas Eclesiastes Ezequiel Habacuque 2 Crônicas Sofonias

Deuteronônio Esdras Cantares Daniel Ageu Neemias Zacarias Éster Malaquias

O Novo Testamento Evangelhos Epístolas Paulinas Autor desconhecido

Mateus Romanos Hebreus 1 Coríntios

Marcos 2 Coríntios Epístolas Gerais Gálatas Tiago

Lucas Efésios 1 Pedro Filipenses 2 Pedro

João Colossenses 1 João 1 Tessalonicenses 2 João

Livro Histórico 2 Tessalonicenses 3 João Atos dos Apóstolos 1 Timóteo Judas

2 Timóteo Livro Profético Tito Apocalipse de João Filemom

Certamente aprenderemos muito, mas, em tudo examinando: o que a Escrituras

diz? O pastor presbiteriano rev. Henry B. Smith escreveu um poema que poderíamos usar para resumir o que falamos até aqui a respeito da Escritura Sagrada:

Aprendamos sempre com a Bíblia na mão O que nos foi entregue, nada aceitando senão O que nos foi ensinado, nada amando senão O que nos foi prescrito, nada odiando senão O que nos foi proibido, nada fazendo senão O que nos foi ordenado na Bíblia do Cristão.49

49 Citado em Bruce Bickel, ed., Sola Scriptura, p. 210.

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Apêndice 2 Princípios básicos para a interpretação da Bíblia

A Hermenêutica Bíblica é a ciência e arte de interpretar a Bíblia. Em resumo

veremos alguns princípios de interpretação, que cuidadosamente observados nos livrará de dizermos o que a Bíblia não diz! Lembre-se o objetivo da interpretação da Escritura é alcançar o significado do texto. Pressupomos que nele há um significado único, e não múltiplo, e o que determina o significado do texto é a intencionalidade do autor, em seu contexto histórico e analisado na estrutura gramatical. 1. Como devo me aproximar do texto 1. Com reverência e desejo sincero de aprender. A Bíblia é autoridade inquestionável! Aqueles que criticam negativamente a Escritura, não querem ser criticados por ela. 2. Humildade para reconhecer que posso estar vivendo de forma errada, e prontificar-me em mudar. Ao mesmo tempo em que ensino, também estou aprendendo. 2. Observar bem o texto 1. Limitar o texto e assunto a ser estudado. 2. Ler repetidas vezes até entender a estrutura do texto. 3. Verificar qual é a forma literária (narrativa, profecia, parábola, poesia, etc.) 4. Verificar as divisões naturais. 5. Verificar o contexto geral: geografia, história, usos e costumes. 6. Verificar o contexto próximo: o texto anterior e posterior. 7. Verifique o uso da gramática: verbos, substantivos, conjunções, pronomes, etc. 3. Pergunte o máximo ao texto e procure as respostas no próprio contexto 1. Quem, onde, aonde, quando, o que, por que, como, quanto, etc. 2. Quem é o personagem principal? 3. O que estava fazendo? 4. Qual a ênfase do texto, ou seja, a sua mensagem central? 5. Quais foram as consequências da ação? 4. Um texto obscuro é interpretado pelo mais claro 1. Não devemos isolar o texto do seu contexto histórico original. 2. Todos os textos que tratam do mesmo assunto devem ser usado para lançar luz sobre a passagem obscura. A Bíblia interpreta a si mesma! 5. Quanto à mensagem 1. O que o autor quis dizer para a sua época? A intenção do autor determina o significado do texto. 2. Quem foram os leitores originais? Cada livro tem os seus destinatários. 3. Qual foi o resultado da mensagem naquela época? 4. O que este texto nos diz hoje? Todo texto contém princípios universais, isto é, uma mensagem para todos os povos de todas as épocas. 6. Procure fazer um esboço do texto 1. Busque a ideia central da passagem. 2. Extraia os outros assuntos do texto que também estão presentes e procure entender a sua relação. 7. Como praticar o ensino bíblico

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1. Algo para crer e firmar convicção. 2. Algo para corrigir agora e sempre aperfeiçoar. 3. Algo para pedir a Deus e nele depender. 4. Algo para planejar produzir no reino de Deus a médio e longo prazo. 5. Algum motivo de louvor e gratidão.

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Apêndice 3 Cremos e confessamos: resumo da fé presbiteriana

Esta parte do nosso curso tem o objetivo de fornecer ao estudante um resumo da fé reformada tão conciso e preciso quanto possível. Para uma rápida verificação do que cremos e confessamos como Igreja Presbiteriana, em nossos símbolos de fé, este esboço foi preparado para facilitar a pesquisa e esclarecer a dúvida numa seqüência simples e lógica de proposições. A doutrina das Escrituras Sagradas

1. É a Palavra de Deus 2. É a especial revelação de Deus 3. É uma revelação histórico-progressiva 4. É cessada a transmissão desta revelação especial em outros modos 5. É inspirada verbal, plenária e organicamente pelo Espírito Santo 6. É dada através de homens escolhidos e capacitados 7. É inerrante em cada uma das suas declarações 8. É claramente inteligível a todos 9. É iluminada pelo Espírito para o nosso entendimento espiritual 10. É completo o seu conteúdo 11. É suficiente para a nossa salvação 12. É pública, ou seja, todos têm direito ao livre exame 13. É necessário traduzi-la em língua vernáculo 14. É autoridade final em toda discussão e resolução 15. É a nossa única fonte e regra de fé e prática

A doutrina do Ser e das obras de Deus

1. É um só Deus em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo 2. É perfeito, imutável, independente, infinito, eterno 3. É pessoal em toda relação com a sua criação 4. É santo, bondoso, sábio, justo, verdadeiro em seu Ser 5. É possível conhecê-lo suficientemente 6. É impossível compreendê-lo exaustivamente 7. É criador de todas as coisas em seu estado de perfeição 8. É providente em todas as suas obras 9. É seu o completo controle de cada detalhe e tudo o que acontece no universo 10. É absolutamente soberano sobre tudo e todos 11. É verdadeiro galardoador daqueles que o buscam

A doutrina do Homem

1. É criado à imagem de Deus 2. É constituído corpo e alma 3. É ordenado formar uma família: homem e mulher 4. É decaído em pecado 5. É escravo do pecado e perdeu o seu livre-arbítrio 6. É imputado o seu pecado sobre toda a sua descendência 7. É sofredor das consequências do seu pecado 8. É incapaz de se salvar, ou de preparar-se para isso 9. É maldito e condenado por causa do seu pecado 10. É uma única família em várias raças

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11. É ordenado viver os mandatos social, cultural e espiritual A doutrina da Pessoa e obra de Jesus Cristo

1. É Deus-homem 2. É verdadeiro Deus em todos os seus atributos 3. É verdadeiro homem em toda a sua constituição 4. É o revelador do Pai e da sua vontade eterna 5. É encarnado da virgem Maria por obra sobrenatural do Espírito 6. É impecável, todavia, pode realmente ser tentado 7. É nosso único representante diante de Deus 8. É nosso Mediador na nova Aliança 9. É o prometido Profeta que nos traz a Palavra do Pai 10. É o perfeito Sacerdote que intercede por nós 11. É o soberano Rei que inaugura o Reino de Deus sobre nós 12. É nosso suficiente, satisfatório e definitivo sacrifício diante do Pai 13. É limitada a expiação em seu propósito de salvar somente os eleitos 14. É intercessor eficaz à destra do Pai 15. É seu cada dom concedido pelo Espírito Santo aos salvos 16. É gracioso doador dos seus méritos ao seu povo 17. É a nossa justiça, santidade e sabedoria 18. É Senhor sobre tudo o que existe 19. É esperado o seu retorno físico num futuro não revelado

A doutrina da Salvação

1. É planejada na eternidade 2. É garantida pela graciosa e livre eleição de Deus 3. É fundamentada na obra expiatória de Cristo 4. É exercida na Aliança com o Pai, por meio do Filho, no Espírito Santo 5. É aplicada em nós pelo Espírito Santo 6. É iniciada em nós na regeneração 7. É proclamada pelo chamado universal do evangelho 8. É evidenciada pela fé e arrependimento 9. É declarada na justificação 10. É familiarizada na adoção 11. É comprovada pela santificação 12. É continuada até o fim pela preservação na poderosa graça 13. É consumada na glorificação, após o juízo final

A doutrina do Espírito Santo

1. É verdadeiro Deus em todos os seus atributos 2. É a terceira Pessoa da Trindade 3. É o consolador prometido procedente do Pai e do Filho 4. É quem inspirou a toda a Escritura Sagrada 5. É quem nos batiza no Corpo de Cristo 6. É o regenerador e vivificador dos eleitos de Deus 7. É quem nos ilumina para o correto entendimento da Palavra de Deus 8. É testemunha da obra de Cristo em nosso favor 9. É aquele que internaliza em nós a obra da salvação 10. É quem nos convence do pecado, da justiça e do juízo 11. É quem testifica em nosso coração a filiação de Deus 12. É o penhor e selo da nossa salvação 13. É quem frutifica as virtudes de Cristo para a santificação

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14. É o comunicador dos dons de Cristo 15. É agente que torna real a nossa comunhão com toda a Igreja de Cristo

A doutrina da Igreja

1. É o glorioso corpo de Cristo 2. É composta de todos os eleitos de Deus 3. É visível pela confissão pública de fé em Cristo 4. É una, santa e universal 5. É pura pela fiel pregação da Palavra de Deus 6. É confirmada pura pelo correto exercício dos Sacramentos 7. É selado na Aliança pelo batismo o crente e a sua descendência 8. É na Ceia do Senhor celebrada a comunhão da presença espiritual de Cristo 9. É purificada pela justa e amorosa aplicação da Disciplina 10. É testemunha da glória de Deus 11. É comunicadora do evangelho da salvação em Cristo Jesus 12. É educadora em treinar discípulos para servir inteligentemente 16. É um instrumento de influência para preservar e transformar a sociedade 13. É serva num mundo corrompido pelo pecado 14. É adoradora do soberano Deus Trino 15. É governada pela pluralidade de presbíteros numa igreja local 16. É cooperadora em toda obra do Reino de Deus

A doutrina dos Últimos Acontecimentos

1. É inaugurado, mas não consumado (já-ainda-não) o Reino de Deus 2. É pessoal na sua realização 3. É universal em sua extensão 4. É esperado o retorno físico de Cristo Jesus 5. É verdadeira a promessa da ressurreição final 6. É absolutamente certa a vitória sobre o mal e seus agentes 7. É inevitável o julgamento de todos os homens 8. É real o lugar de punição eterna que os condenados sofrerão 9. É ansiada a restauração de toda a criação 10. É a consumação final de toda obra da providência 11. É gracioso o galardão que os salvos receberão 12. É eterna a habitação de Deus com o seu povo escolhido

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Apêndice 4 Ministério Barnabé

- ministério de visitação -50 A visitação é de grande importância dentro da igreja, porque nos dá não só a chance de aconselhar e fortalecer os que estão fracos na fé ou doentes, mas, também, de evangelizar e aproximar de Deus aqueles que estão sem Cristo em seus corações. 1. Requisitos para o integrante do ministério de Visitação

1. Desejar ser usado pelo Senhor – Is 6:8 2. Ter uma vida coerente com a pregação – 1 Co 11:1; 2 Ts 3:9 3. Crescer continuamente em Jesus Cristo – Fp 3:12-14 4. Fazer a visita numa atmosfera de amizade e amor – Pv 17:17 5. Ter um compromisso com Deus:

- Estou disposto a empregar tempo neste ministério? - Estou disposto a abrir mão de atividades pessoais, não prioritárias para

dedicar-me mais a este ministério? - Estou disposto a estudar a Palavra de Deus, preparar-me melhor para

isso? - Desejo, de fato, que Deus modifique áreas de minha vida que ainda

tenho problemas? - Estou disposto a renunciar a mim mesmo para que Cristo seja

evidenciado? 2. Aspectos Gerais da visitação nos lares

1. A visita deve ter um objetivo. Não deve ser demorada. 2. Avisar a visita com antecedência, para não ser inconveniente. 3. Cuidado com comentários a respeito dos objetos da casa. 4. Deixe que a pessoa visitada também fale. Dialogue com ela, não monologue! 5. Após ouvir a pessoa, medique com a Palavra de Deus, usando o medicamento

certo. 6. Cuidado com a direção da conversa, para que não se torne um ambiente de

calúnia e maledicência. 7. Não trate de interesses próprios na visita. 8. Seja humilde e não se altere com opiniões contrárias as suas. 9. Fale sempre com amor, e espere o resultado de Deus. 10. Não tente resolver problemas além de sua capacidade. Encaminhe-o ao pastor,

ou à junta diaconal. 11. Jamais espalhe as confidências (problemas) que o visitado confiou a você. Seja

discreto e fiel à pessoa para poder ajudá-la. Se possível busque orientação pastoral.

12. Durante a semana ore pela pessoa visitada. 13. Mostre sempre um interesse sincero e puro pela pessoa visitada. 14. Lembre-se: Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão (Pv 17:17).

50 Esboço de visitação preparado pelo Rev. Baltazar Lopes Fernandes.

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Apêndice 5 As 70 resoluções de Jonathan Edwards51

Sendo sensível ao fato de que sou incapaz de fazer qualquer coisa sem a ajuda de Deus, humildemente rogo-lhe, pela sua graça, que me capacite a manter estas resoluções até ao ponto em que elas sejam agradáveis à sua vontade, por amor a Cristo. Lembre-se de ler estas resoluções uma vez por semana. 1. Resolvi que farei tudo aquilo que seja para a maior glória de Deus e para o meu próprio bem, proveito e agrado, durante todo tempo de minha peregrinação, sem nunca levar em consideração o tempo que isso exigirá de mim, seja agora ou pela eternidade fora. Resolvi que farei tudo o que sentir ser o meu dever e que traga benefícios para a humanidade em geral, não importando quantas ou quão grandes sejam as dificuldades que venha a enfrentar. 2. Resolvi permanecer na busca contínua de novas maneiras para poder promover as resoluções acima mencionadas. 3. Resolvi arrepender-me, caso eu um dia me torne menos responsável no tocante a estas resoluções, negligenciando uma ínfima parte de qualquer uma delas e confessar cada falha individualmente assim que cair em mim. 4. Resolvi, também, nunca negar alguma maneira ou coisa difícil, seja no corpo ou na alma, menos ou mais, que leve à glorificação de Deus; também não sofrê-la se tiver como evitá-la. 5. Resolvi jamais desperdiçar um só momento do meu tempo; pelo contrário, sempre buscarei formas de torná-lo o mais proveitoso possível. 6. Resolvi viver usando todas minhas forças enquanto viver. 7. Resolvi jamais fazer alguma coisa que eu não faria, se soubesse que estava vivendo a última hora da minha vida. 8. Resolvi ser a todos os níveis, tanto no falar como no fazer, como se não houvesse ninguém mais vil que eu sobre a terra, como se eu próprio houvesse cometido esses mesmos pecados ou apenas sofresse das mesmas debilidades e falhas que todos os outros; também nunca permitirei que o tomar conhecimento dos pecados dos outros me venha trazer algo mais que vergonha sobre mim mesmo e uma oportunidade de poder confessar meus próprios pecados e miséria a Deus. 9. Resolvi pensar e meditar bastante e em todas as ocasiões sobre minha própria morte e sobre circunstâncias relacionadas com a morte. 10. Resolvi, sempre que experimentar e sentir dor, relacioná-la com as dores do martírio e também com as do inferno. 11. Resolvi que sempre que pense em qualquer enigma sobre a salvação, fazer de tudo imediatamente para resolvê-lo e entendê-lo, caso nenhuma circunstância me impeça de fazê-lo. 12. Resolvi, assim que sentir um mínimo de gratificação ou deleite de orgulho ou de vaidade, eliminá-lo de imediato. 13. Resolvi nunca cessar de buscar objectos precisos para minha caridade e liberalidade. 51 Steve J. Lawson, As firmes resoluções de Jonathan Edwards (São José dos Campos, Editora Fiel, 2010), pp. 147-158.

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14. Resolvi nunca fazer algo em forma de vingança. 15. Resolvi nunca sofrer nenhuma das mais pequenas manifestações de ira vinda de seres irracionais. 16. Resolvi nunca falar mal de ninguém, de forma tal que afete a honra da pessoa em questão, nem para mais nem para menos honra, sob nenhum pretexto ou circunstância, a não ser que possa promover algum bem e que possa trazer um real benefício. 17. Resolvi viver de tal forma como se estivesse sempre vivendo o meu último suspiro. 18. Resolvi viver de tal forma, em todo o tempo, como vivo dentro dos meus melhores padrões de santidade privada e daqueles momentos que tenho maior clarividência sobre o conteúdo de todo o evangelho e percepção do mundo vindouro. 19. Resolvi nunca fazer algo de que tenha receio de fazer uma hora antes de soar a última trombeta. 20. Resolvi manter a mais restrita temperança em tudo que como e tudo quanto bebo. 21. Resolvi nunca fazer algo que possa ser contado como justa ocasião para desprezar ou mesmo pensar mal de alguém de quem se me aperceba algum mal.

(Resoluções 1 a 21 foram escritas em New Haven em 1722) 22. Resolvi esforçar-me para obter para mim mesmo todo bem possível do mundo vindouro, tudo quanto me seja possível alcançar de lá, com todo meu vigor em Deus – poder, vigor, veemência, violência interior mesmo, tudo quanto me seja possível aplicar e admoestar sobre mim de qualquer maneira que me seja possível pensar e aperceber-me. 23. Resolvi tomar ação deliberada e imediata sempre que me aperceber que possa ser tomada para a glória de Deus e que possa devolver a Deus Sua intenção original sobre nós, Seu desígnio inicial e Sua finalidade. Caso eu descubra, também, que em nada servirá a glória de Deus exclusivamente, repudiarei tal coisa e a terei como uma evidente quebra da quarta resolução. 24. Resolvi que, sempre que encetar e cair por um caminho de concupiscência e mau, voltar atrás e achar sua origem em mim, tudo quanto origina em mim tal coisa. Depois, encetar por uma via cuidadosa e precisa de nunca mais tornar a fazer o mesmo e de orar e lutar de joelhos e com todas as minhas forças contra as origens de tais ocorrências. 25. Resolvi examinar sempre cuidadosamente e de forma constante e precisa, qual a coisa em mim que causa a mínima dúvida sobre o verdadeiro amor de Deus para direcionar todas as minhas fortalezas contra tal origem. 26. Resolvi abater tais coisas, a medida que as veja abatendo minha segurança. 27. Resolvi nunca omitir nada de livre vontade, a menos que essa omissão traga glória a Deus; irei, então e com frequência, rever todas as minhas omissões. 28. Resolvi estudar as Escrituras de tal modo firme, preciso, constante e frequente que me seja tornado possível e que me aperceba em mim mesmo de que estou crescendo no conhecimento real das mesmas. 29. Resolvi nunca ter como uma oração ou petição, nem permitir que passe por oração, algo que seja feito de tal maneira ou sob tais circunstâncias que me possam

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privar de esperar que Deus me atenda. Também não aceitarei como confissão algo que Deus não possa aceitar como tal. 30. Resolvi extenuar-me e esforçar-me ao máximo de minha capacidade real para, a cada semana, ser levado a um patamar mais real de meu exercício religioso, um patamar mais elevado de graça e aceitação em Deus, do que tive na semana anterior. 31. Resolvi nunca dizer nada que seja contra alguém, exceto quando tal coisa se ache de pleno acordo com a mais elevada honorabilidade evangélica e amor de Deus para com a sua humanidade, também de pleno acordo com o grau mais elevado de humildade e sensibilidade sobre meus próprios erros e falhas e de pleno acordo àquela regra de ouro celestial; e, sempre que disser qualquer coisa contra alguém, colocar isso mesmo mediante a luz desta resolução convictamente. 32. Resolvi que deverei ser estrita e firmemente fiel à minha confiança, de forma que o Provérbio 20:6 “Mas, o homem fiel, quem o achará?” não se torne nem mesmo parcialmente verdadeiro a meu respeito. 33. Resolvi fazer tudo que poderei fazer para tornar a paz acessível, possível de manter, de estabelecer, sempre que tal coisa nunca possa interferir ou inferir contra outros valores maiores e de aspectos mais relevantes. 26 de Dezembro de 1722 34. Resolvi nada falar que não seja inquestionavelmente verídico e realmente verdadeiro em mim. 35. Resolvi que, sempre que me puser a questionar se cumpri todo meu dever, de tal forma que minha serenidade e paz de espírito sejam ligeiramente perturbadas através de tal procedimento, colocá-lo diante de Deus e depois verificar como tal problema foi resolvido. 18 de Dezembro 1722 36. Resolvi nunca dizer nada de mal sobre ninguém que seja, a menos que algum bem particular nasça disso mesmo. 19 de Dezembro de 1722 37. Resolvi inquirir todas as noites, ao deitar-me, onde e em quais circunstancias fui negligente, que atos cometi e onde me pude negar a mim mesmo. Também farei o mesmo no fim de cada ano, mês e semana. 22 e 26 de Dezembro de 1722 38. Resolvi nunca mais dizer nada, nem falar, sobre algo que seja ridículo, esportivo ou questão de zombaria no dia do Senhor. Noite de Sábado, 23 de Dezembro de 1722 39. Resolvi nunca fazer algo que possa questionar sobre sua lealdade e conformidade à lei de Deus, para que eu possa mais tarde verificar por mim se tal coisa me é lícito fazer ou não. A menos que a omissão de questionar me seja tornada lícita. 40. Resolvi inquirir cada noite de minha existência, antes de adormecer, se fiz as coisas da maneira mais aceitável que eu poderia ter feito, em relação a comer e beber. 7 de Janeiro de 1723 41. Resolvi inquirir de mim mesmo no final de cada dia, de cada semana, mês e ano, onde e em que áreas poderia haver feito melhor e mais eficazmente. 11 de Janeiro 1723 42. Resolvi que, com freqüência renovarei minha dedicação de mim mesmo a Deus, o mesmo voto que fiz em meu batismo, o qual recebi quando fui recebido na comunhão da igreja e o qual reassumo solenemente neste dia 12 de Janeiro, 1722-23. 43. Resolvi que a partir daqui, até que eu morra, nunca mais agirei como se me pertencesse a mim mesmo de algum modo, mas inteiramente e sobejamente pertencente a Deus, como se cada momento de minha vida fosse um normal dia de culto a Deus. Sábado, 12 de Janeiro de 1723.

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44. Resolvi que nenhuma área desta vida terá qualquer influencia sobre qualquer de minhas ações; apenas a área da vivência para Deus. E que, também, nenhuma ação ou circunstância que seja distinta da religião seja a que me leve a concretizar. 12 de Janeiro de 1723 45. Resolvi também que nenhum prazer ou deleite, dor, alegria ou tristeza, nenhuma afeição natural, nem nenhuma das suas circunstâncias co-relacionadas, me seja permitido a não ser aquilo que promova a piedade. 12 e 13 de Janeiro e 1723 46. Resolvi nunca mais permitir qualquer medida de qualquer forma de inquietude e falta de vontade diante de minha mãe e pai. Resolvi nunca mais sofrer qualquer de seus efeitos de vergonha, muito menos alterações de minha voz, motivos e movimentos de meu olhar e de ser especialmente vigilante acerca dessas coisas quando relacionadas com alguém de minha família. 47. Resolvido a encetar tudo ao meu alcance para me negar tudo quanto não seja simplesmente disposto e de acordo com uma paz benévola, universalmente doce e meiga, repleta de quietude, hábil, contente e satisfeita em si mesma, generosa, real, verdadeira, simples e fácil, cheia de compaixão, industriosa e empreendedora, cheia de caridade real, equilibrada, que perdoa, formulada por um temperamento sincero e transparente; e também farei tudo quanto tal temperança e temperamento me levar a fazer. Examinarei e serei severo e acutilante nesse exame cada semana se por acaso assim fiz e pude fazer. Sábado de manhã, 5 Maio de 1723 48. Resolvi a, constantemente e através da mais acutilante beleza de caráter, empreender num escrutínio e exame minucioso e muito severo, para constatar e olhar qual o estado real de toda a minha alma, verificando por mim mesmo se realmente mantenho um interesse genuíno e real por Cristo ou não; e que, quando eu morrer não tenha nada de que me arrepender a respeito de negligências deste tipo. 26 de Maio de 1723 49. Resolvi a que tal coisa (de não ter afeto por Cristo) nunca aconteça, se eu a puder evitar de alguma maneira. 50. Resolvi que, sempre agirei de tal maneira, que julgarei e pensarei como o faria dentro do mundo vindouro apenas. 5 de Julho de 1723 51. Resolvi que, agirei de tal forma em todos os sentidos, como iria desejar haver feito quando me achasse numa situação de condenação eterna. 8 de Julho de 1723 52. Eu, com muita freqüência, ouço pessoas duma certa idade avançada falarem como iriam viver suas vidas de novo caso lhes fosse dada uma segunda oportunidade de a tornarem a viver. Eu resolvi viver minha vida agora e já, tal qual eu fosse desejar vivê-la caso me achasse em situação de desejar vivê-la de novo, como eles, caso eu chegue a uma sua idade avançada como a sua. 8 de Julho de 1723 53. Resolvi apetrechar e aprimorar cada oportunidade, sempre que me possa achar num estado de espírito sadio e alegremente realizado, para me atirar sobre o Senhor Jesus numa reentrega também, para confiar nEle, consagrando-me a mim mesmo inteiramente a Ele também nesse estado de espírito; que a partir dali eu possa experimentar que estou seguro e assegurado, sabendo que persisto a confiar no meu Redentor mesmo assim. 8 de Julho de 1723

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54. Sempre que ouvir falar algo sobre alguém que seja digno de louvor e dignificante e o possa ser em mim também, resolvi tudo encetar para conseguir o mesmo em mim e por mim. 8 de Julho de 1723 55. Resolvi tudo fazer como o faria caso já tivesse experimentado toda a felicidade celestial e todos os tormentos do inferno. 8 de Julho de 1723 56. Resolvi nunca desistir de vencer por completo qualquer de minhas veleidades corruptas que ainda possam existir, nem nunca tornar-me permissivo em relação ao mínimo de suas aparências e sinais, nem tão pouco me desmotivar em nada caso me ache numa senda de falta de sucesso nessa mesma luta. 57. Resolvi que, quando eu temer adversidades ou maus momentos, irei examinar-me e ver se tal não se deve a: não ter cumprido todo meu dever e cumprir a partir de então; e permitir que tudo o mais em minha vida seja providencial para que eu possa apenas estar e permanecer inteiramente absorvido e envolvido com meu dever e meu pecado diante de Deus e dos homens. 9 de Junho e 13 de Julho de 1723 58. Resolvi a não apenas extinguir nem que seja algum leve ar de antipatia, simpatia fingida que encobre meu estado de espírito, impaciência em conversação, mas também e antes poder exprimir um verdadeiro estado de amor, alegria e bondade em todos os meus aspectos de vida e conversação. 27 de Maio e 13 de Julho de 1723 59. Resolvi que, sempre que me achar consciente de provocações de má natureza e de mau espírito, que me esforçarei para antes evidenciar o oposto disso mesmo, em boa natureza e maneira; sim, que em tempos tal qual esses, manifestar a boa natureza de Deus, achando, no entanto, que em algumas circunstâncias tal comportamento me traga desvantagens e que, também, em algumas outras circunstâncias, seja mesmo imprudente agir assim. 12 de Maio, 2 e 13 de Julho 60. Resolvi que, sempre que meus próprios sentimentos comecem a comparecer minimamente desordenados, sempre que me tornar consciente da mais ligeira inquietude interior, ou a mínima irregularidade exterior, me submeterei de pronto à mais estrita e minucioso exame e avaliação pessoal. 4 e 13 de Julho de 1723 61. Resolvi que a falta de predisposição nunca me torne relaxado nas coisas de Deus e que nunca consiga retirar minha atenção total de estar plenamente fixada e afixada só em Deus, exista a desculpa que existir para me tentar; tudo que a fala de predisposição me instiga a fazer, abre-me o caminho do oposto para fazer. 21 de Maio e 13 de Julho de 1723 62. Resolvi a nunca fazer nada a não ser como dever; e, depois, de acordo com Efésios 6:6-8, fazer tudo voluntariosamente e alegremente como que para o Senhor e nunca para homem; “Sabendo que cada um, seja escravo, seja livre, receberá do Senhor todo bem que fizer”. 25 de Junho e 13 de Julho 1723 63. Supondo que nunca existiu nenhum indivíduo neste mundo, em nenhuma época do tempo, que nunca haja vivido uma vida cristã perfeita em todos os níveis e possibilidades, tendo o Cristianismo sempre brilhante em todo o seu esplendor, e parecendo excelente e amável, mesmo sendo essa vida observada de qualquer ângulo possível e sob qualquer pressão, eu resolvi agir como se pudesse viver essa mesma vida, mesmo que tenha de me esforçar no máximo de todas as minhas capacidades inerentes e mesmo que fosse o único em meu tempo. 14 de Janeiro e 3 de Julho de 1723

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64. Resolvi que quando experimentar em mim aqueles “gemidos inexprimíveis”, Romanos 8:26, os quais o Apóstolo menciona e dos quais o Salmista descreve como, “ A minha alma se consome de anelos por tuas ordenanças a todo o tempo ”, Salmos 119:20, que os promoverei também com todo vigor existente em mim e que não me “cansarei” (Isaías 40:31) no esforço de dar expressão a meus desejos tornados profundos nem me cansarei de repetir esses mesmos pedidos e gemidos em mim, nem de o fazer numa seriedade contínua. 23 De Julho e 10 de Agosto de 1723 65. Resolvi que, me tornarei exercitado em mim mesmo durante toda a minha vida, com toda a franqueza que é possível, a sempre declarar meus caminhos a Deus e abrir toda a minha alma a Ele: todos os meus pecados, tentações, dificuldades, tristezas, medos, esperanças, desejos e toda outra coisa sob qualquer circunstância. Tal como o Dr. Manton diz em seu sermão nr.27, baseado no Salmo 119. 26 De Julho e 10 de Agosto, 1723 66. Resolvi que, sempre me esforçarei para manter e revelar todo o lado benigno de todo semblante e modo de falar em todas as circunstâncias de toda a minha vida e em qualquer tipo de companhia, a menos que o dever de ser diferente exija de mim que seja de outra maneira. 67. Resolvi que, depois de situações aflitivas, avaliarei em que aspectos me tornei diferente por elas, em quais aspectos melhorei meu ser e que bem me adveio através dessas mesmas situações. 68. Resolvi confessar abertamente tudo aquilo em que me acho enfermo ou em pecado e também confessar todos os casos abertamente diante de Deus e implorar a necessária condescendência e ajuda dele até nos aspectos religiosos. 23 de Julho e 10 de Agosto de 1723 69. Resolvi fazer tudo aquilo que, vendo outros fazerem, eu possa haver desejado ter sido eu a fazê-lo. 11 de Agosto de 1723 70. Que haja sempre algo de benevolente toda vez que eu fale. 17 De Agosto, 1723

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Apêndice 5 PROGRAMA DE DISCIPULADO CURSO BÁSICO DE TEOLOGIA

OBJETIVO DO CURSO A formação de qualquer projeto começa com treinamento. Embora o discipulado aparentemente se configure como um projeto, na realidade ele se delineia por princípios de formação. O discipulado não é apenas um programa, embora ele mantenha uma estrutura como já vimos até aqui. Como parte de sua identidade a liderança local necessita desafiar e, através do ensino bíblico apresentar a responsabilidade da igreja ser discipuladora. DESCRIÇÃO DO CURSO

1. O curso será realizado no sistema de módulos. 2. Cada módulo será ministrado dentro do cronograma por diferentes

professores. 3. Cada módulo tem um plano de aula. 4. O professor deve estabelecer a proposta e esboço do módulo.

PROGRAMAS DE AULA

1. Sistema modular 2. Terça-feira à Sábado – 5 encontros 3. Horário 19:00hs às 22:30hs

SISTEMA DE AVALIAÇÃO

1. Primeira opção de avaliação a. 50% - Declaração da leitura do livro-texto adotado pelo professor b. 50% - Trabalho escrito com tema definido em sala de aula

2. Segunda opção de avaliação:

a. 100% - Resumo ou resenha do livro-texto Bibliografia para avaliação: Autor, nome da obra, cidade, editora, ano (não superior à 200 páginas.) - WHITE, Peter, O Pastor Mestre (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2003). Data de entrega: Dia e mês. Obs.* O professor poderá escolher uma dentre as duas opções. A avaliação será planejada antecipadamente, escolhendo bibliografia, e marcando data de entrega da avaliação. O combinado deverá ser esclarecido no primeiro dia de aula. PROFESSORES

1. Rev. Ewerton B. Tokashiki

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2. Rev. Rogério Bernini Jr. 3. Sem. Marcelo Sanchez Ávila 4. Presb. Daniel Nogueira

DISCIPLINAS Eixo Bíblia

1. Hermenêutica 2. HGAB – História, Geografia e Arqueologia Bíblica 3. Síntese do Antigo Testamento 4. Síntese do Novo Testamento

Eixo Pastoral

5. Homilética 6. Liturgia 7. Liderança Cristã 8. Discipuladores 9. Aconselhamento 10. Ética dos Dez Mandamentos 11. Constituição da IPB

Eixo História e Doutrina

12. História da Igreja 13. História do Presbiterianismo 14. Calvinismo 15. Credos e Confissões

Eixo Teologia Sistemática

16. Teologia I – Bibliologia 17. Teologia II - Doutrina de Deus 18. Teologia III – Doutrina do Homem e Cristo 19. Teologia IV – Doutrina do Espírito Santo e da Salvação 20. Teologia V – Doutrina da Igreja e das Últimas Coisas

Progresso de organização:

1. Atualização da biblioteca da IPPVH 2. Curriculum de livros para serem encomendados com antecedência 3. Padronizar a metodologia de pesquisa e trabalho 4. Possibilidade de parceria com o IBRO

Disposição das Disciplinas para 2011 Mês Matéria Professor Fevereiro Hermenêutica Março HGAB Abril Síntese do Antigo Testamento Maio Síntese do Novo Testamento

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Junho Homilética Julho História da Igreja Cristã Agosto História do Presbiterianismo Setembro Credos e Confissões Outubro Calvinismo Novembro Liturgia Disposição das Disciplinas para 2012 Mês Matéria Professor Fevereiro Teologia I – Bibliologia Março Liturgia Abril Constituição da IPB Maio Teologia II – Doutrina de Deus Junho Discipuladores Julho Teologia III – Doutrina do Homem e Cristo Agosto Liderança Cristã Setembro Teologia IV – Doutrina do Espírito Santo e da

Salvação

Outubro Ética dos Dez Mandamentos Novembro Teologia V – Doutrina da Igreja e Escatologia

Bibliografia

1. Anglada, Paulo, Sola Scriptura A Doutrina Reformada das Escrituras (São Paulo, Ed. Os Puritanos, 1998). 2. Aranguren, Luiz & Fabián D. Ruiz, Discipulado Transformador (São Paulo, LifeWay, 2002). 3. Barna, George, O Marketing na Igreja (São Paulo, Editora JUERP, 1993). 4. Baumann, Igor P., Formação de Discipuladores (Curitiba, ADSantos Editora, 2009). 5. _____________ , Formação do Discípulo (Curitiba, ADSantos Editora, 2009). 6. Bickel, Bruce, ed., Sola Scriptura (São Paulo, Ed. Cultura Cristã, 2000). 7. Boettner, Lorraine, Studies in Theology (Philadelphia, The Presbyterian and Reformed, 1967). 8. Bonhoeffer, Dietrich, Discipulado (São Leopoldo, Ed. Sinodal, 1995). 9. Brown, Colin, ed., Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento (São Paulo, Ed. Vida Nova, 1981), vol. 1. 10. Bruce, A.B., O Treinamento dos Doze (São Paulo, Arte Editorial, 2005). 11. Catecismo da Igreja Católica (São Paulo, Edições Loyola, 1999). 12. Casimiro, Arival D. & Paulo Lalli, Rede de discipulado (Santa Bárbara d‟Oeste, Z3 Editora, 2012). 13. Cordeiro, Wayne, Faça de sua igreja uma equipe (Rio de Janeiro, Danprewan Editora, 2002). 14. Cruz, Valberto da, & Fabiana Ramos, Pequeno grupos – para a igreja crescer integralmente (Viçosa, Ultimato Editora, 2007). 15. Cummings, Calvin Knox, Confessing Christ (Suwanee, Great Commission Publications, 2004). 16. Costa, Herminsten M.P. da, A Inspiração e Inerrância das Escrituras Uma Perspectiva Reformada (São Paulo, Ed. Cultura Cristã, 1998). 17. Donahue, Bill, & Russ Robinson, Edificando uma igreja de grupos pequenos (São Paulo, Editora Vida, 2003).

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18. Eims, Leroy, The Lost Art of Disciple Making (Grand Rapids, Zondervan Publishing House, 1984). 19. Fay, William & Ralph Hodge, Testemunhe de Cristo sem medo (São Paulo, LifeWay Brasil, 2003). 20. Fryling, Alice, Disciplemakers’ Handbook (Downers Grove, InterVarsity Press, 1989). 21. Geisler, Norman & William Nix, Introdução Bíblica (São Paulo, Ed. Vida, 1997). 22. Getz, Gene A., Building up one another (Wheaton, Victor Books, 1979). 23. Grudem, Wayne, Teologia Sistemática (São Paulo, Ed. Vida Nova, 2002). 24. Heck, Joel D., ed., The Art of Sharing Your Faith (Tarrytown, Fleming H. Revell Co., 1991). 25. Hendricksen, Walter A., Discípulos são feitos, não nascem prontos (Belo Horizonte, Editora Atos, 2002). 26. Hodge, A.A., Esboços de Teologia (São Paulo, PES, 2001). 27. Hodge, Charles, Teologia Sistemática (São Paulo, Ed. Hagnos, 2001). 28. Houston, James M., Mentoria Espiritual (São Paulo, Editora Mundo Cristão, 2006). 29. Kornfield, David, Série Grupos de Discipulado (São Paulo, Editora SEPAL, 1994). 30. Kuiper, R.B., El Cuerpo Glorioso de Cristo (Grand Rapids, T.E.L.L., 1985). 31. Marra, Claúdio A., A Igreja Discipuladora (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2007). 32. _____________ , Confissão de Fé de Westminster (São Paulo, Ed. Cultura Cristã, 2003). 33. Menezes, Antônio Carlos F. de, Manual Prático do Evangelista (Belo Horizonte, Editora Atos, 2005). 34. MacArthur Jr., John ed., Redescobrindo o Ministério Pastoral (Rio de Janeiro, CPAD, 1998). 35. Moore, Waylon, Multiplicación de Discípulos (El Paso, Casa Bautista de Publicaciones, 1981). 36. Oak, John Han H., Chamado para acordar o leigo (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2006). 37. Pippert, Rebecca Manley, Out of the Saltshaker & into tho World (Downers Grove, InterVarsity Press, 1995). 38. Richards, Lawrence O., Teologia da Educação Cristã (São Paulo, Edições Vida Nova, 1969, 3ª ed.). 39. _________________, Teologia do Ministério Pessoal (São Paulo, Edições Vida Nova, 1980). 40. Ridderbos, Herman, Historia de la Salvación y Santa Escritura (Grand Rapids, Libros Desafío, 2004). 41. Sanders, J. Oswald, Discipulado espiritual – princípios para que todo creyente siga a Cristo (Grand Rapids, Editorial Portavoz, 2009). 42. Santos, Romer C. dos, Novo convertido – o cuidado da igreja com os seus primeiros passos (Missão Primícia, 2009). 43. Shedd, W.G.T., Dogmatic Theology (Nashville, Thomas Nelson Publishers, 1980), vol. 1. 44. Simonton, A.G., Diário (Casa Editora Presbiteriana, 1982). 45. Sittema, John, Coração de Pastor (São Paulo, Ed. Cultura Cristã, 2004). 46. Sproul, R.C., Discípulos Hoje (São Paulo, Ed. Cultura Cristã, 1998). 47. Stott, John R.W., O chamado para líderes cristãos (São Paulo, Ed. Cultura Cristã, 2005). 48. Von Allmen. J.J., ed., Vocabulário Bíblico (São Paulo, ASTE, 1972). 49. White, Peter, O Pastor Mestre (São Paulo, Ed. Cultura Cristã, 2003).