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Curso Estatuto da OAB e Código de Ética II · 2015-10-25 · Pág. 50 Ordem dos Advogados ... modo a estarem sujeitos ao regime do Estatuto da Advocacia e da OAB, além do regime

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Conteúdo

Atividade de Advocacia ........................................................................................ Pág. 8

Direitos do Advogado ........................................................................................... Pág. 15

Desagravo público ............................................................................................... Pág. 18

Inscrição ............................................................................................................... Pág. 20

Cancelamento da inscrição .................................................................................. Pág. 27

Licenciamento ...................................................................................................... Pág. 28

Sociedade de Advogados .................................................................................... Pág. 31

Advogado Empregado.......................................................................................... Pág. 32

Honorários Advocatícios ...................................................................................... Pág. 34

Incompatibilidades ............................................................................................... Pág. 37

Impedimentos ....................................................................................................... Pág. 45

Ética do Advogado ............................................................................................... Pág. 48

Infrações e Sanções Disciplinares ....................................................................... Pág. 50

Ordem dos Advogados do Brasil .......................................................................... Pág. 67

A organização e suas finalidades ......................................................................... Pág. 67

Eleições e mandatos ............................................................................................ Pág. 73

Processo na OAB ................................................................................................. Pág. 75

Disposições Gerais .............................................................................................. Pág. 75

Processo Disciplinar ............................................................................................. Pág. 75

Código de Ética e Disciplina da OAB ................................................................... Pág. 76

Ética do Advogado ............................................................................................... Pág. 77

Processo disciplinar ............................................................................................. Pág. 98

Referências Bibliográficas .................................................................................... Pág. 102

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1. ATIVIDADE DE ADVOCACIA O Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil, nos moldes atuais, foi instituído por meio da Lei n.º 8.906, de 4 de julho de 1994. O exercício da atividade de advocacia é privativo para os integrantes dos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil. O concluinte do curso de direito (ou ciências jurídicas) adquire apenas a condição de bacharel. Com a aprovação no exame da Ordem dos Advogados do Brasil e subsequente inscrição nos respectivos quadros, o bacharel adquire então a condição de advogado. Considera-se efetivo exercício da atividade da advocacia a participação anual em ao menos 5 (cinco) atos privativos de advogado (previstos no artigo 1º do Estatuto da Advocacia e da OAB), em causas ou questões distintas. E a comprovação do efetivo exercício faz-se mediante:

a) certidão expedida por cartórios ou secretarias judiciais;

b) cópia autenticada de atos privativos;

c) certidão expedida pelo órgão público no qual o advogado exerça função privativa do seu ofício, indicando os atos praticados.

Conforme prevê o artigo 1º do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil, são atividades privativas de advocacia:

a) a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais; e

b) as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.

Quanto a primeira hipótese, a expressão “qualquer” foi julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal por meio da ação declaratória de inconstitucionalidade n.º 1.127-8. A postulação mediante os Juizados Especiais, a Justiça do Trabalho e a Justiça de Paz não é privativa do advogado, segundo decisão proferida na mencionada ação declaratória de inconstitucionalidade. Sobre a consultoria jurídica como atividade privativa do advogado, veja-se e analise-se a ementa de uma decisão proferida pelo Tribunal de Ética da OAB-SP:

485ª Sessão, de 16 de fevereiro de 2006. EXERCÍCIO DA PROFISSÃO – CONSULTORIA JURÍDICA PRESTADA POR BACHAREL EM DIREITO – IMPOSSIBILIDADE. Não basta cursar a faculdade de direito, obter aprovação e ter expedido seu diploma ou certificado de conclusão do curso, para ser advogado. Para ser advogado é preciso estar inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. São atividades privativas de advocacia a postulação em juízo e as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídica. São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais

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e administrativas (artigos 1º e 4º do EOAB). O bacharel em direito não pode sob qualquer hipótese prestar consultoria jurídica, que é atividade privativa da advocacia, sob pena de cometer crime de exercício ilegal da profissão (Regulamento Geral – artigo 4º). (Sem grifos no original). (Proc. 3.279/2005 – v.u., em 16/02/2006, do parecer e ementa do Rel. Dr. LUIZ ANTÔNIO GAMBELLI – Rev. Dr. FÁBIO KALIL VILELA LEITE – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE).

É importante frisar que, uma vez praticado ato privativo de advogado por pessoa não inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil, estes serão considerados nulos. Já a postulação administrativa por quem não seja inscrito na OAB nada tem de ilícito, sendo perfeitamente possível. Nesse sentido, veja-se recente julgado do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

524ª sessão de 20 de agosto de 2009 EXERCÍCIO PROFISSIONAL – ADVOCACIA ADMINISTRATIVA E EXTRAJUDICIAL – POSTULAÇÃO DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS – ATOS PRIVATIVOS DA PROFISSÃO – LIMITAÇÕES ÉTICAS. A postulação de benefícios perante o INSS, inclusive os recursos administrativos, não são atos privativos da advocacia e podem ser feitos pelo próprio segurado ou por intermédio de procurador devidamente capacitado. Trata-se daquilo que costumamos denominar de advocacia administrativa ou extrajudicial. A atividade tem amparo no preceito constitucional do livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, nos termos do art. 5, XIII da Lei Maior, não maculando o Estatuto da OAB. A defesa de funcionário público em processo administrativo disciplinar, para surpresa, retrocedeu em nosso direito positivo após a edição da Súmula Vinculante n. 5, do Colendo Supremo Tribunal Federal, segundo a qual “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.” A postulação administrativa é o primeiro passo para a busca ao Judiciário em ações de revisão ou de obtenção de benefícios previdenciários, tornando a advocacia previdenciária uma especialidade, onde a convivência de advogados com “consultores leigos” vem criando um nicho de mercado bastante atraente, potencial de perigosas “parcerias” e já existentes situações de captação de causas e clientes, propaganda e publicidade imoderada. (Sem grifos no original).

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(Proc. E-3.792/2009 – v.u., em 18/08/2009, do parecer e ementa do Rel. Dr. LUIZ ANTONIO GAMBELLI – Rev. Dr. FABIO KALIL VILELA LEITE – Presidente Dr. CARLOS ROBERTO FORNES MATEUCCI).

Portanto, segundo redação da Súmula Vinculante n.º 5 do Supremo Tribunal Federal, também no processo administrativo disciplinar não se considera indispensável a feitura da defesa técnica por um advogado. Também não se inclui na atividade privativa do advogado a impetração do habeas corpus em qualquer instância ou tribunal, a teor da disposição contida no parágrafo primeiro do artigo 1º do Estatuto da Advocacia e da OAB. Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nulidade, só podem ser admitidos a registro, nos órgãos competentes, quando visados por advogados (art. 1º, §2º da Lei n.º 8.906/94). Portanto, o visto de um advogado em atos constitutivos de pessoas jurídicas, são condicionantes ao registro e arquivamento dos mesmos perante os órgãos competentes. Antes de proferir o visto, no entanto, é dever do advogado examinar todos os instrumentos que lhe foram submetidos, só devendo proferi-lo após a constatação do preenchimento de todas as exigências legais pertinentes. Sobre o tema, é importante analisar a seguinte manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

Sessão de 20 de outubro de 1994 VISTO DO ADVOGADO EM ATOS E CONTRATOS CONSTITUTIVOS DE PESSOAS JURÍDICAS A obrigatoriedade do visto do advogado nos atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nulidade, como condição da admissibilidade do registro (artigo 1º §2º do Estatuto), se estende às hipóteses de emendas e reformas de atos constitutivos ou estatutos de sociedades civis e comerciais, quando impliquem alterações substanciais na estrutura da sociedade. Entendimento da Corregedoria Geral da Justiça de São Paulo, contido no Comunicado 20/81, e Provimento 09/81. Incoerência legal exigir-se o visto exclusivamente nos atos e contratos constitutivos das pessoas jurídicas, considerada a frequente complexidade técnico-jurídica de emendas e reformas introduzidas. O visto, por conveniência ético-disciplinar, (artigo 34, inciso V do Estatuto) deve ser aposto como resultado da autoria ou colaboração do advogado na elaboração dos respectivos instrumentos. Exigência pré-existente no Estatuto revogado e reiterado no atual, destinada a promover, a exemplo do regime de outras profissões, a elevação do rigor técnico-jurídico na constituição das pessoas jurídicas e prevenir dissidências societárias, danosas ao progresso da economia do país, à ordem legal e à paz social.

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Provimento no. 49, de 13/7/1981 do Conselho Federal da OAB. (Sem grifos no original). (Proc. E-1.180 - V.U. Relator Dr. Elias Farah - Revisor Dr. Joviano Mendes da Silva - Presidente Modesto Carvalhosa).

A função de diretoria e gerência jurídicas em qualquer empresa pública, privada ou paraestatal, inclusive em instituições financeiras, é privativa de advogado, não podendo ser exercido por quem não se encontre inscrito regularmente na Ordem dos Advogados do Brasil (art. 7º do Regulamento Geral da OAB). É importante frisar que é vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade. Dispõe o artigo 2º do Estatuto da Advocacia e da OAB que o advogado é indispensável à administração da justiça, e que no seu ministério privado, ele presta serviço público e exerce função social. No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus público (art. 2º, §2º da Lei n.º 8.906/94). O advogado, no exercício da profissão, goza de inviolabilidade por seus atos e manifestações, nos limites estabelecidos pelo Estatuto da Advocacia e da OAB. Prevê o artigo 3º do Estatuto em estudo, que o exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a denominação de advogado são privativos dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). E consideram-se também exercentes da atividade de advocacia, de modo a estarem sujeitos ao regime do Estatuto da Advocacia e da OAB, além do regime próprio a que se subordinem, os integrantes da Advocacia-Geral da União, da Procuradoria da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas entidades de administração indireta e fundacional. Esses profissionais, para o exercício de suas atividades, estão obrigados, portanto, à inscrição na OAB. Os integrantes da advocacia pública são elegíveis e podem integrar qualquer órgão da OAB, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 9º do Regulamento Geral da OAB. O estagiário de advocacia que estiver regularmente inscrito, pode praticar os atos privativos de advogado (descritos no artigo 1º do Estatuto da Advocacia e da OAB), na forma do regimento geral, desde que em conjunto com advogado e sob responsabilidade deste. Prevê o artigo 4º do Estatuto da Advocacia e da OAB que são nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e administrativas. Ademais, constitui exercício ilegal da profissão a prática de atos privativos de advocacia, por profissionais e sociedades não inscritos na OAB. Também são nulos os atos praticados por advogado impedido - no âmbito do impedimento - suspenso, licenciado ou que passar a exercer atividade incompatível com a advocacia.

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O advogado pode postular tanto em juízo como fora dele, devendo fazer prova do mandato (art. 5º, caput, da Lei n.º 8.906/94). Entretanto, em caso de urgência, pode o advogado atuar sem procuração, obrigando-se, nesse caso, a apresentá-la no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período. Sobre esse assunto há recente manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

512ª sessão de 17 de julho de 2008 EXERCÍCIO PROFISSIONAL – DIREITO DE EXAME DE AUTOS PELO ADVOGADO – PRERROGATIVA INCONTESTE, NOS TERMOS DO ART. 7º, INCISO XIII, DO ESTATUTO, CUJO LEGÍTIMO DESDOBRAMENTO AUTORIZA A BREVE RETIRADA DE AUTOS, INDEPENDENTEMENTE DE PROCURAÇÃO, PARA EXTRAÇÃO DE CÓPIAS. A possibilidade de exame, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral, de autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo, constitui prerrogativa legal do advogado, em face da sua indispensabilidade à administração da Justiça e do exercício dos direitos de ação e de defesa (EAOAB, art. 7º, XIII, CF, art. 5º, XXXV e LV e 133). Justifica-se ante situação de urgência, ou mesmo para que o Advogado possa decidir pelo patrocínio da causa, assegurando-se-lhe, ainda que desprovido de procuração, como legítimo desdobramento do direito de exame dos autos, a fazer carga destes por breve período, para extração de cópias. Encaminhamento à Comissão de Direitos e Prerrogativas e Vice-Presidência da Seccional. (Proc. E-3.617/2008 – v.u., em 17/07/2008, do parecer e ementa do Rel. Dr. LUIZ FRANCISCO TORQUATO AVOLIO – Rev. Dr. BENEDITO ÉDISON TRAMA – Presidente Dr. CARLOS ROBERTO F. MATEUCCI).

A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os atos judiciais, em qualquer juízo ou instância, salvo os que exijam poderes especiais, os quais devem ser expressamente conferidos. Quando o advogado renunciar ao mandato, ele tem o dever de continuar, durante os 10 (dez) dias seguintes à notificação da renúncia, representando o mandante, salvo se for substituído antes do término desse prazo (art. 5º, §3º da Lei n.º 8.906/94). A notificação da renúncia ao cliente deve ser feita, preferencialmente, mediante carta com aviso de recepção, com posterior comunicação ao Juízo. O Tribunal de Ética da OAB de São Paulo já teve oportunidade de se manifestar sobre o assunto em análise em interessante situação, conforme se verifica a seguir:

464ª sessão de 18 de março de 2004

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MANDATO - REVOGAÇÃO TÁCITA - HIPÓTESE DE RENÚNCIA - IMPOSIÇÃO ÉTICA DIANTE DA FALTA DE CONFIANÇA MANIFESTADA PELO CLIENTE - REPRESENTAÇÃO PELO DECÊNDIO LEGAL - FALTA DE ORIENTAÇÃO DO CLIENTE - IRRELEVÂNCIA - OBSERVÂNCIA DA CONSCIÊNCIA DO PROFISSIONAL O patrocínio pressupõe os elementos da confiança e da consciência. A confiança deve ser recíproca, como se infere do art. 16 do CED; a consciência funda-se na orientação ética, técnica e jurídica do profissional da advocacia, ainda que exercendo a assessoria jurídica privada (CED, 4º, § único). Caracteriza quebra da confiança desautorização verbal do cliente quanto à defesa de seus interesses, que impõe declinar do patrocínio. À falta de indicação de advogado para substabelecimento, deve o constituído promover desde logo a renúncia dos mandatos, nos autos judiciais, ratificada por correspondência dirigida ao cliente (carta “AR” ou telegrama com recibo de entrega). O renunciante deve permanecer na representação do cliente pelo decêndio legal, a fim de evitar-lhe prejuízos e seguir a orientação dada para preservação de seus interesses (art. 45 do CPC e 5º, § 3º, do Estatuto da Advocacia). Não havendo qualquer orientação específica, deve o advogado guiar-se, exclusivamente, pela sua consciência profissional. (Sem grifos no original). (Proc. E-2.898/2004 – v.u., em 18/03/04, do parecer e ementa do Rel. Dr. LUIZ FRANCISCO TORQUATO AVÓLIO – Rev. Dr. LUIZ ANTÔNIO GAMBELLI – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE).

É, ainda, importante frisar, que é defeso ao advogado funcionar no mesmo processo, simultaneamente, como patrono e preposto do empregador ou cliente. Sobre o assunto, já se manifestou o Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

521ª sessão de 21 de maio de 2009 ADVOGADO – PREPOSTO – ADVOGADO NÃO PODE PATROCINAR AÇÃO JUDICIAL EM QUE TENHA FIGURADO OU POSSA FIGURAR COMO PREPOSTO. É defeso ao advogado empregado representar a sua empregadora na Justiça do Trabalho e exercer a função de advogado ao mesmo tempo. Nada impede que o preposto seja advogado exercendo somente a representação processual e não atuando como advogado e preposto, ao mesmo tempo. Quer dizer, o advogado não pode a um só tempo patrocinar ações

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judiciais e figurar como preposto em um mesmo processo – pode abdicar de sua qualidade de advogado para representar seu empregador, na condição de preposto, em audiência. Saliente-se que por comprometimento do padrão ético dos profissionais do direito, como preposto, o advogado não terá independência, devendo responder a todas as perguntas, conforme orientação do reclamado, enquanto que, como advogado, não estará obrigado a depor, mas, ao contrário, estará impedido de fazê-lo, por dever do sigilo profissional. (Sem grifos no original). Proc. E-3.735/2009 – v.u., em 21/05/2009, do parecer e ementa do Rel. Dr. ARMANDO LUIZ ROVAI – Rev. Dr. FABIO KALIL VILELA LEITE – Presidente Dr. CARLOS ROBERTO FORNES MATEUCCI.

Ainda sobre o mesmo assunto, outra decisão exarada pelo Tribunal de Ética e Disciplina da OAB de São Paulo bem esclarece a proibição de exercício simultâneo das condições de preposto e patrono do empregador ou cliente:

485ª sessão de 16 de fevereiro de 2006 ADVOGADO EMPREGADO PREPOSTO NA JUSTIÇA DO TRABALHO – IMPOSSIBILIDADE DE EXERCÍCIO CONCOMITANTE – DIREITO DO ADVOGADO EM SER SOMENTE PREPOSTO DE SUA EMPREGADORA. É defeso ao advogado empregado representar a sua empregadora na Justiça do Trabalho e exercer a função de advogado ao mesmo tempo, impossibilitando a retratação confessional por ocasião do depoimento pessoal do reclamante da ação na fase da instrução, oportunidade em que o empregador (representado pelo advogado) teria que deixar a sala de audiência para não ouvir o depoimento do reclamante, impedindo-o sequencialmente de formular perguntas ao reclamante, que seja de interesse processual. Nada impede que o preposto seja advogado exercendo somente a representação processual e não atuando como advogado e preposto, ao mesmo tempo. (Proc. 3.268/2005 – v.u., em 16/02/2006, do parecer e ementa do Rel. Dr. CLÁUDIO FELIPPE ZALAF – Rev. Dr. BENEDITO ÉDISON TRAMA – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE).

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2. DIREITOS DO ADVOGADO O artigo 6º do Estatuto da Advocacia e da OAB é claro ao dispor que não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se em consideração e respeito recíprocos. Ademais, é dever das autoridades, servidores públicos e serventuários da justiça, dispensar ao advogado, no exercício da profissão, tratamento compatível com a dignidade da advocacia e condições adequadas ao seu desempenho. Prevê o artigo 7º da Lei n.º 8.906/94 que são direitos do advogado:

I) exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional;

II) a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia;

III) comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis;

IV) ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB;

V) não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão domiciliar (a expressão “assim reconhecidas pela OAB” foi julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por meio da ADIN n.º 1.127-8);

VI) ingressar livremente:

a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a parte reservada aos magistrados;

b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e independentemente da presença de seus titulares;

c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado;

d) em qualquer assembléia ou reunião de que participe ou possa participar o seu cliente, ou perante a qual este deva comparecer, desde que munido de poderes especiais;

VII) permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados no inciso anterior, independentemente de licença;

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VIII) dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de horário previamente marcado ou outra condição, observando-se a ordem de chegada;

IX) o inciso IX do artigo em estudo, que conferia ao advogado o direito de “sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de julgamento, após o voto do relator, em instância judicial ou administrativa, pelo prazo de quinze minutos, salvo se prazo maior for concedido” foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por meio da ADIN n.º 1.127-8;

X) usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou afirmações que influam no julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que lhe forem feitas;

XI) reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento;

XII) falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva da Administração Pública ou do Poder Legislativo;

XIII) examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada a obtenção de cópias, podendo tomar apontamentos;

XIV) examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos;

XV) ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais;

XVI) retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez dias;

XVII) ser publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da profissão ou em razão dela;

XVIII) usar os símbolos privativos da profissão de advogado;

XIX) recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional;

XX) retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial, após trinta minutos do horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a autoridade que deva presidir a ele, mediante comunicação protocolizada em juízo.

No entanto, há que se estar atento às ressalvas previstas no parágrafo primeiro do artigo 7º do Estatuto da Advocacia e da OAB, que dispõe que não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI:

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a) aos processos sob regime de segredo de justiça;

b) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer circunstância relevante que justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria ou repartição, reconhecida pela autoridade em despacho motivado, proferido de ofício, mediante representação ou a requerimento da parte interessada;

c) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver os respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois de intimado.

É importante recordar que o advogado também goza de imunidade profissional, não constituindo injúria ou difamação qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, pelos excessos que eventualmente cometer. Acerca do tema, é importante conhecer a redação legal do dispositivo, que sofreu alteração após o julgamento da ADIN n.º 1.127-8:

§ 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.

O Supremo Tribunal Federal, por meio da mencionada ação declaratória de inconstitucionalidade, julgou inconstitucional a expressão “ou desacato”, o que deve ser estudado com atenção pelo candidato. Portanto, se o advogado cometer desacato, ainda que no exercício do sua atividade, não estará acobertado por sua imunidade profissional, que somente abrange a injúria e a difamação. Note-se, ademais, que também a calúnia não está incluída entre as condutas acobertadas por tal imunidade, logo, uma vez praticada, gerará ao advogado a pertinente responsabilidade. O parágrafo terceiro do artigo 7º, embora questionado na ADIN n.º 1.127-8, foi julgado constitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Veja-se sua redação:

§ 3º O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da profissão, em caso de crime inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo.

O mencionado inciso IV a que faz referência o citado dispositivo tem a seguinte redação: “ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB”. E o parágrafo quarto do artigo em estudo também sofreu arguição de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal. Veja-se sua redação:

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§ 4º O Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, em todos os juizados, fóruns, tribunais, delegacias de polícia e presídios, salas especiais permanentes para os advogados, com uso e controle assegurados à OAB.

A expressão “e controle” foi julgada inconstitucional pela Corte Constitucional pátria, por meio da ADIN n.º 1.127-8. Portanto, o uso de salas especiais destinadas a advogados deve ser assegurado à OAB, mas não o controle delas, que permanece com a administração do respectivo órgão do Poder Judiciário ou Executivo. Por fim, conforme prevê o parágrafo sexto do artigo 7º do Estatuto da Advocacia e da OAB, presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte de advogado, a autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra da inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia, em decisão motivada, expedindo mandado de busca e apreensão, específico e pormenorizado, a ser cumprido na presença de representante da OAB, sendo, em qualquer hipótese, vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a clientes do advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos de trabalho que contenham informações sobre clientes. Essa ressalva, no entanto, não se estende a clientes do advogado averiguado que estejam sendo formalmente investigados como seus partícipes ou co-autores pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra da inviolabilidade. 2.1 Desagravo público Quando algum inscrito na OAB estiver no exercício de sua profissão, cargo ou função perante algum órgão da OAB e for ofendido, incumbe ao conselho competente a promoção do desagravo público do ofendido, sem prejuízo da responsabilidade criminal em que incorrer o infrator. O desagravo, portanto, é procedimento de natureza pública adotado pela OAB quando algum inscrito sofrer ofensa no exercício de suas atividades ou em razão dela. O desagravo público pode ser promovido de ofício pelo Conselho competente, a pedido do ofendido ou de qualquer outra pessoa. Apresentado o pedido, o relator pode propor o arquivamento do mesmo caso a ofensa seja pessoal e não esteja relacionada com o exercício profissional ou com as prerrogativas gerais do advogado, ou, ainda, caso configure crítica de caráter doutrinário, político ou religioso. Se não for o caso de arquivamento, compete ao relator, caso se convença da existência de prova ou indício de ofensa relacionada ao exercício da profissão ou de cargo da OAB, propor ao Presidente que solicite informações da pessoa ou autoridade ofensora, no prazo de 15 (quinze) dias, salvo em caso de urgência e notoriedade do fato (art. 18, §1º do Regulamento Geral da OAB).

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Sejam ou não prestadas as informação pela pessoa ou autoridade ofensora, se o relator convencer-se da procedência da ofensa, deve emitir parecer e submetê-lo ao Conselho. Caso esse parecer seja acolhido, deve ser designada sessão de desagravo, a qual deve receber ampla divulgação. Na sessão de desagravo o Presidente deve ler a nota a ser publicada na imprensa, encaminhada ao ofensor e às autoridades e registrada nos assentamentos do inscrito. Se a ofensa tiver ocorrido no território da Subseção a que se vincule o inscrito, a sessão de desagravo pode ser promovida pela diretoria ou conselho da Subseção, com representação do Conselho Seccional (art. 18, §6º do Regulamento Geral da OAB). É importante frisar, a teor da disposição contida no parágrafo sétimo do artigo 18 do Regulamento Geral da OAB, que o desagravo público é instrumento de defesa dos direitos e prerrogativas da advocacia e, em razão disso, não depende de concordância do ofendido, que não pode dispensá-lo, devendo ser promovido a critério do Conselho. Como se vê, o desagravo público é instrumento de defesa da advocacia, e deve ser utilizado apenas em situações excepcionais. Nesse sentido, veja-se pertinente decisão do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

431ª sessão de 15 de março de 2001 INFRAÇÕES ÉTICO-DISCIPLINARES - HABITUALIDADE - SUSPENSÃO PREVENTIVA ESTABELECIDA NO EAOAB - APLICAÇÃO A falta ou inexistência, no CED, de definição ou orientação sobre questão de ética profissional, que seja relevante para o exercício da advocacia ou dele advenha, enseja consulta e manifestação do Tribunal de Ética e Disciplina. Embora inexista dispositivo quantificando o número de representações ético-disciplinares contra o mesmo profissional, conhecido como o "campeão das representações", e determinando seja aplicado o disposto no art. 70, § 3º, do Estatuto (suspensão preventiva), em princípio, existe repercussão prejudicial à dignidade da advocacia, podendo ser utilizado o preceito do art. 48 do CED. Tanto quanto o instituto do desagravo público, a suspensão preventiva deve incidir em casos excepcionais. Apesar de pouco utilizado, é instrumento eficaz à disposição de todos para proteger não apenas a própria sociedade mas a advocacia. Sua incidência independe da quantidade de representações mas da gravidade das mesmas. Pela sua importância, está a merecer efetivo posicionamento a respeito por parte dos TEDs, Conselhos Estadual e Federal, para onde devem ser remetidas sugestões. (Sem grifos no original). (Proc. E-2.294/01 - v.u. em 15/03/01 do parecer e ementa do Rel. Dr. FÁBIO KALIL VILELA LEITE - Rev.

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Dr. CLÁUDIO FELIPPE ZALAF - Presidente Dr. ROBISON BARONI).

Por fim, no caso de ofensa proferida contra Conselheiro Federal ou Presidente de Conselho Seccional, quando ofendidos no exercício das atribuições de seus cargos e também quando a ofensa a advogado se revestir de relevância e grave violação às prerrogativas profissionais, com repercussão nacional, o desagravo público compete ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, a teor do que determina o caput do artigo 19 do Regulamento Geral da OAB. 3. INSCRIÇÃO Conforme prevê o artigo 8º do Estatuto da Advocacia e da OAB, para inscrição como advogado é necessário:

a) capacidade civil;

b) diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino oficialmente autorizada e credenciada;

c) título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;

d) aprovação em Exame de Ordem;

e) não exercer atividade incompatível com a advocacia;

f) idoneidade moral;

g) prestar compromisso perante o conselho.

Questão interessante atine a perda temporária da capacidade. Sobre o assunto, veja-se o conteúdo da esclarecedora decisão proferida pelo Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

491ª sessão de 17 de agosto de 2006 ADVOCACIA – ADVOGADO INTERDITADO TEMPORARIAMENTE POR SENTENÇA QUE O DECLARA ABSOLUTAMENTE INCAPAZ POR DOIS ANOS – REFLEXO PROFISSIONAL – LICENCIADO – INAPLICABILIDADE DO CANCELAMENTO – EFEITOS DOS ATOS. A capacidade civil, predicado da pessoa natural, pode colocar-se para efeitos de análise em duas perspectivas: a que decorre exclusivamente do decurso do tempo do inciso I dos arts. 3º e 4º do C.C. e a que decorre - absoluta ou relativa - dos demais incisos daquelas mesmas normas. Se a incapacidade resultante de idade opera pelo simples fato temporal, as demais situações que podem induzir a vedação da prática dos atos de vida civil – seja absoluta seja relativamente – assumem natureza de medida judicial a remeter para a área dos interditos (C.C. 1.767) na área

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da tutela ou curatela. Se, ao ingressar na OAB, o candidato comprova estar no exercício pleno da capacidade jurídica e, cumprindo os mais requisitos, vem a ser inscrito como advogado, mas, posteriormente, se vê interditado, temporariamente, não decorrerá disso, por certo, extinção ou término de seus status profissional, com cancelamento da inscrição, atento a tratar-se de uma situação transitória, a termo certo, reversível, retornável à plena capacidade. O advogado interdito fica impedido de exercer o mandato e, portanto, no plano profissional, numa situação de proibição, suspensivamente, do exercício, enquanto não advenha o termo da interdição. Não advindo a interdição, por outro lado, por causas ou motivos de ordem profissional, entende-se que apenas deva o seu nomeado curador pedir o licenciamento do interdito na OAB, pelo tempo da interdição (EAOAB, 12, I). Anote-se que eventuais atos praticados pelo interdito, durante a interdição, estão feridos pela nulidade absoluta do art. 166, I, do C.C. induzindo, ademais, responsabilidade disciplinar pela infração capitulada no EAOAB (art. 34, I). (Proc. E-3.339/2006 – v.u., em 17/08/2006, do parecer e ementa do Rel. Dr. ERNESTO LOPES RAMOS – Rev. Dr. LUIZ ANTONIO GAMBELLI – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE).

Já sobre a graduação no curso de Direito, é inadmissível que um advogado preste serviços de elaboração de monografias (ou trabalhos de conclusão de curso) aos estudantes. O assunto já foi objeto de manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo, conforme se vê abaixo:

515ª sessão de 16 de outubro de 2008 EXERCÍCIO PROFISSIONAL – ADVOCACIA E MAGISTÉRIO PRIVADO – REDAÇÃO DE MONOGRAFIA PARA ACADÊMICOS DE DIREITO – VEDAÇÃO ABSOLUTA – INSUPERÁVEIS ÓBICES ÉTICOS E ESTATUTÁRIOS – OFENSA AO DIREITO POSITIVO. Ainda que possível o exercício de múltiplas atividades profissionais concomitantemente, entre estas a Advocacia, remetendo-se à observância do exposto no Parecer e Ementa de nº 3.587/2008, de 27/03/08, deste mesmo Relator, Fabio Kalil Vilela Leite, é absolutamente vedada à professora/advogada redigir trabalhos acadêmicos para estudantes de direito, sem que os mesmos tenham tido efetiva participação, quaisquer que sejam as razões apresentadas. Além de afrontar os preceitos éticos constantes dos artigos 1º e 2º, § único, VIII, “c” do CED e caracterizar as infrações

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expressas no artigo 34, incisos XVII, XXV e XXVII do Estatuto, estaria cometendo ilícito penal. Afinal, o que se esperar de um estudante ou bacharel que nem ao menos se deu ao trabalho de cumprir as etapas imprescindíveis à sua formação?! Mesmo que venha a ser aprovado no Exame de Ordem e vier a ser habilitado como advogado, ele será o que sempre foi, qual seja, uma fraude. Sua carreira profissional estará fadada ao insucesso, pois, em pouco tempo perceberão ele e os seus clientes que “pode-se enganar alguns por algum tempo, mas não todos por todo o tempo”. Proc. E-3.675/2008 – v.u., em 16/10/2008, do parecer e ementa do Rel. Dr. FABIO KALIL VILELA LEITE – Rev.ª Dr.ª BEATRIZ MESQUITA DE ARRUDA CAMARGO KESTENER – Presidente em exercício Dr. FÁBIO DE SOUZA RAMACCIOTTI.

A regulamentação do Exame da Ordem é feita mediante provimento do Conselho Federal da OAB, conforme salienta o parágrafo primeiro do artigo 8º do Estatuto da Advocacia e da OAB. A conduta incompatível com a advocacia, desde que comprovadamente imputável ao requerente, impede a inscrição no quadro de advogados. É incompatível, por exemplo, acumular as funções de advogado e de despachante policial. Sobre o assunto, veja-se a manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

Sessão de 18 de agosto de 1994 ADVOGADO E DESPACHANTE POLICIAL - EXERCÍCIO SIMULTÂNEO DE AMBAS AS PROFISSÕES - VEDAÇÃO POR INCOMPATIBILIDADE LEGAL Não bastasse o impedimento ético "Stricto Sensu", em conformidade com reiterada e iterativa jurisprudência deste Sodalício, o Inciso V do Artigo 28 do Novo Estatuto da OAB, define como incompatível com a Advocacia o exercício de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a atividade Policial de qualquer natureza. Caso do Despachante Policial. Em havendo opção pelo exercício da profissão de Despachante Policial, o Consulente deverá providenciar o cancelamento de sua inscrição junto à Seccional sob pena de incorrer em infração disciplinar elencada no Artigo 34 da Lei no. 8.906/94. (Sem grifos no original). (Proc. E-1161 V.U. Relator Dr. Robison Baroni - Revisor Dr. Milton Basaglia - Presidente Dr. Modesto Carvalhosa).

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O efetivo exercício de atividade incompatível com a advocacia gera ao infrator sanções de natureza disciplinar, sem prejuízo das sanções penal, cível e administrativa que a conduta possa ter dado causa. O estrangeiro ou brasileiro, quando não graduado em direito no Brasil, deve fazer prova do título de graduação, obtido em instituição estrangeira, devidamente revalidado, além de atender aos demais requisitos previstos no artigo 8º do Estatuto da Advocacia e da OAB. O requerente à inscrição no quadro de advogados, na falta de diploma regularmente registrado, deve apresentar certidão de graduação em direito, acompanhada de cópia autenticada do respectivo histórico escolar (art. 23 do Regulamento Geral da OAB). A inidoneidade moral, que pode ser suscitada por qualquer pessoa, deve ser declarada mediante decisão que obtenha ao menos 2/3 (dois terços) dos votos de todos os membros do conselho competente, em procedimento que observe os termos do processo disciplinar (art. 8º, §3º, da Lei n.º 8.906/94). E conforme expressa disposição legal, não atenta ao requisito de idoneidade moral a condenação por crime infamante, desde que já obtida a reabilitação judicial. A inscrição do advogado deve ser feita no Conselho Seccional em cujo território pretende estabelecer o seu domicílio profissional, na forma do regulamento geral (art. 10, caput, da Lei n.º 8.906/94). Considera-se domicílio profissional a sede principal da atividade de advocacia, prevalecendo, na dúvida, o domicílio da pessoa física do advogado. Consoante previsão do artigo 20 do Regulamento Geral da OAB, o requerente à inscrição principal no quadro de advogados presta o seguinte compromisso perante o Conselho Seccional, a Diretoria ou o Conselho ad Subseção:

“Prometo exercer a advocacia com dignidade e independência, observar a ética, os deveres e prerrogativas profissionais e defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático, os direitos humanos, a justiça social, a boa aplicação das leis, a rápida administração da justiça e o aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas.”

O compromisso que deve ser prestado pelo requerente à inscrição principal é indelegável, uma vez que sua natureza é solene e personalíssima (art. 20, §1º do Regulamento Geral da OAB). Além da inscrição principal, o advogado tem o dever de promover a inscrição suplementar nos Conselhos Seccionais em cujos territórios passar a exercer habitualmente a profissão. Considera-se habitual a intervenção judicial que exceda a 5 (cinco) causas por ano, nos termos do parágrafo segundo do artigo 10 do Estatuto da Advocacia e da OAB. Nesse contexto, veja-se decisão proferida pelo Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

Sessão de 15 de agosto de 1996

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ADVOCACIA - EXERCÍCIO - INSCRIÇÃO SUPLEMENTAR NA OAB - ARTIGO 10, § 2º, DO ESTATUTO - EXEGESE A intervenção em seis ou mais ações judiciais, qualquer que seja sua espécie ou ramo do direito, dentro do mesmo ano civil, abrangidas as novas e as remanescentes de exercícios anteriores e na mesma circunscrição territorial do Conselho Seccional diverso daquele de sua inscrição principal, caracteriza a habitualidade esculpida no § 2º, do artigo 10, do Estatuto da Ordem, ensejando ao advogado a promover sua inscrição suplementar. Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, art. 26. (Sem grifo no original) (Proc. E - 1.354 - Rel. Dr. PAULO AFONSO LUCAS - Rev. Dr. MILTON BASAGLIA - Presidente. Dr. ROBISON BARONI).

No caso de mudança efetiva do domicílio profissional para outra unidade federativa, é dever do advogado requerer a transferência de sua inscrição para o Conselho Seccional correspondente. A liberdade de exercer a advocacia em qualquer comarca só é admitida no âmbito de uma mesma seccional. Nesse sentido, veja-se a seguinte manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

433ª Sessão de 17 de maio de 2001 EXERCÍCIO DA ADVOCACIA – INSCRIÇÃO SUPLEMENTAR OU TRANSFERÊNCIA DE SECCIONAL Caracteriza habitualidade no exercício da advocacia a intervenção judicial do advogado que exceder de cinco causas por ano, caso em que deve promover a inscrição suplementar no respectivo Conselho Seccional (art. 10, § 2º, do EAOAB). Se fixar seu domicílio em outra unidade federativa, deve o advogado requerer a transferência de sua inscrição para a Seccional correspondente (§ 3º). A liberdade de advogar em qualquer comarca só é permitida no âmbito de uma mesma Seccional. (Proc. E-2.362/01 – v.u. em 17/05/01 do parecer e ementa do Rel. Dr. CARLOS AURÉLIO MOTA DE SOUZA – Rev.ª Dr.ª ROSELI PRÍNCIPE THOMÉ – Presidente Dr. ROBISON BARONI).

É dever do Conselho Seccional suspender o pedido de transferência ou de inscrição suplementar sempre que verificar a existência de vício ou ilegalidade na inscrição principal, contra ela representando ao Conselho Federal (art. 10, §4º, da Lei n.º 8.906/94). Já no caso do estagiário, são requisitos para sua inscrição perante a Ordem dos Advogados do Brasil:

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a) capacidade civil;

b) título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;

c) não exercer atividade incompatível com a advocacia;

d) idoneidade moral;

e) prestar compromisso perante o conselho.

f) ter sido admitido em estágio profissional de advocacia.

A duração do estágio profissional de advocacia é de 2 (dois) anos, e pode ser realizado nos últimos anos do curso jurídico, devendo ser mantido pelas respectivas instituições de ensino superior, pelos Conselhos da OAB, ou por setores, órgãos jurídicos e escritórios de advocacia credenciados pela OAB, sendo obrigatório o estudo do Estatuto da Advocacia e da OAB e do Código de Ética e Disciplina. O estagiário somente pode praticar atos em conjunto e sob responsabilidade de um advogado. Nesse sentido, veja-se interessante julgado do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

487ª sessão de 27 de abril de 2006 ESTAGIÁRIO – ATOS PRATICADOS EM CONJUNTO E SOB RESPONSABILIDADE DE ADVOGADO – BACHAREL EM DIREITO – RECEBIMENTO DE PODERES “AD JUDICIA”. O estagiário de direito, regularmente inscrito, pode praticar os atos privativos de advogado, na forma do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia, em conjunto com o advogado e sob a responsabilidade desse. Exegese do parágrafo 2º do artigo 3º do EOAB. O estagiário só pratica atos quando está a mando, sob orientação e sob a responsabilidade do advogado vinculado à causa. O bacharel em direito não é estagiário e não é advogado. Não pode receber outorga de poderes “ad judicia” em conjunto com advogado regularmente inscrito e nem praticar atos privativos da profissão. Comete ilícito penal o bacharel em direito que figura em mandato com poderes “ad judicia” usando número de inscrição de estagiário que não mais possui. Comete infração ética o advogado que permite figurar em sua procuração bacharel em direito usando número de inscrição de estagiário que não mais possui e que pratique isoladamente o ato para o qual foi contratado. (Sem grifo no original). (Proc. E-3.307/2006 – v.u., em 27/04/2006, do parecer e ementa do Rel. Dr. LUIZ ANTONIO GAMBELLI – Rev. Dr. JAIRO HABER – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE).

Art. 9º, inc. I, Lei n.º

8.906/94

Art. 9º, inc. II, Lei n.º 8.906/94

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E o estagiário inscrito na OAB pode praticar isoladamente os seguintes atos, sob a responsabilidade do advogado (art. 29, §1º do Regulamento Geral da OAB):

a) retirar e devolver autos em cartório, assinando a respectiva carga;

b) obter junto aos escrivães e chefes de secretarias certidões de peças ou autos de processos em curso ou findos; e

c) assinar petições de juntada de documentos a processos judiciais ou administrativos.

E para prática de atos extrajudiciais, admite-se que o estagiário compareça sozinho, desde que mediante autorização ou substabelecimento do advogado. Há que se expor, ainda, que o bacharel em Direito que queira se inscrever na Ordem pode cumprir o estágio profissional. No entanto, ele deve estar regularmente inscrito como estagiário, lhe sendo vedado cancelar sua inscrição e manter a utilização do seu número identificador de estagiário na posterior condição de bacharel. Dispõe o parágrafo segundo do artigo 9º do Estatuto da Advocacia e da OAB que a inscrição do estagiário deve ser feita no Conselho Seccional em cujo território se localize seu curso jurídico. Se o aluno de curso jurídico exercer atividade incompatível com a advocacia, ele pode freqüentar o estágio ministrado pela respectiva instituição de ensino superior, para fins de aprendizagem. Nesse caso, no entanto, é vedada a inscrição na OAB (art. 9º, §3º, da Lei n.º 8.906/94). Conforme prevê o artigo 13 do Estatuto da Advocacia e da OAB, o documento de identidade profissional, na forma prevista no regulamento geral, é de uso obrigatório no exercício da atividade de advogado ou de estagiário e constitui prova de identidade civil para todos os fins legais. Todos os documentos assinados pelo advogado, no exercício de sua atividade, devem, obrigatoriamente, conter a indicação do nome e o número de inscrição respectivo. Por derradeiro, a teor da disposição do parágrafo único do artigo 14 do Estatuto da Advocacia e da OAB, é vedado anunciar ou divulgar qualquer atividade relacionado com o exercício da advocacia ou o uso da expressão escritório de advocacia, sem indicação expressa do nome e do número de inscrição dos advogados que o integrem ou o número de registro da sociedade de advogados na OAB. Nesse contexto, veja-se pertinente manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

479ª sessão de 21 de julho de 2005 PUBLICIDADE – VEICULAÇÃO EM JORNAL DE CIRCULAÇÃO E ATRAVÉS DA INTERNET – IMPOSSIBILIDADE, NA HIPÓTESE DOS AUTOS. O advogado ou a sociedade de advogados pode anunciar seus serviços profissionais individual ou coletivamente, com discrição e moderação, para finalidade exclusivamente informativa, vedada a divulgação em conjunto com outra atividade. Obrigatória a menção, nos anúncios de publicidade de

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serviços jurídicos, do nome do advogado ou da sociedade de advogados e respectivo número de inscrição ou de registro. Sugestão de remessa de ofício ao advogado responsável pela publicidade, nos termos do artigo 48 do CED, para que suspensa imediatamente a veiculação irregular. Entendimento dos artigos 28, 30, 31 do CED e da Resolução nº. 02/2.000 do TED-I e do Provimento nº. 94/2.000 do CFOAB. (Sem grifos no original). (Proc. E-3.170/05 – v.u., em 21/07/2005, do parecer e ementa do Rel. Dr. RICARDO GARRIDO JÚNIOR – Rev. Dr. LUIZ FRANCISCO TORQUATO AVÓLIO – Presidente “ad hoc” Dr. FÁBIO KALIL VILELA LEITE).

3.1 Cancelamento da inscrição Conforme prevê o artigo 11 do Estatuto da Advocacia e da OAB, cancela-se a inscrição do profissional que:

a) assim o requerer;

b) sofrer penalidade de exclusão;

c) falecer;

d) passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com a advocacia; ou

e) perder qualquer um dos requisitos necessários para inscrição.

No caso de penalidade de exclusão, falecimento ou exercício, em caráter definitivo, de atividade incompatível com a advocacia, o cancelamento deve ser promovido de ofício, pelo conselho competente ou em virtude de comunicação por qualquer pessoa. Quando houver novo pedido de inscrição do profissional que a teve cancelada, deve-se restaurar o número de inscrição anterior, hipótese em que o interessado deve fazer prova dos seguintes requisitos necessários à inscrição:

a) capacidade civil;

b) não exercer atividade incompatível com a advocacia;

c) idoneidade moral;

d) prestar compromisso perante o conselho;

e) provas de reabilitação (requisito necessário exclusivamente para o caso de cancelamento da inscrição em razão da aplicação da penalidade de exclusão). Por derradeiro, veja-se interessante julgado do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo sobre o cancelamento de uma inscrição decorrente do exercício de atividade incompatível com a advocacia:

494ª sessão de 16 de novembro de 2006

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INCOMPATIBILIDADE – INSCRIÇÃO CANCELADA – AUDITOR FISCAL DE TRIBUTOS – NOMEAÇÃO E POSSE – PEDIDO DE LICENÇA, SEM REMUNERAÇÃO, DEFERIDO – IMPOSSIBILIDADE DE INCREVER-SE NA OAB – EXEGESE DOS ARTIGOS 11, INCISO IV, 28, VII, E 33 E SEU PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº 8.906/94. Para inscrever-se na Ordem dos Advogados do Brasil, o bacharel, entre outros requisitos, não poderá estar a exercer atividade incompatível com a advocacia (inciso V do art. 8º da Lei nº 8.906/94). Inscrito, se vier a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com a advocacia, haverá o seu cancelamento (art. 11, IV, da Lei nº 8.906/94). Para os ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições fiscais, há expressa vedação de advogar (inciso VII do art. 28 da Lei nº 8.906/94). A incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante do cargo ou função deixe de exercê-lo temporariamente. A incompatibilidade projeta-se no tempo, porque não é o cargo ou a função exercida que definirá a incidência da norma, mas a natureza da atividade. O desligamento definitivo é o ato que desfaz o impedimento. Para interpretar-se a norma deve-se sentir, conjuntamente, a normatividade subjetiva (moral), a intersubjetividade (ética em sentido estrito) e a objetiva (direito). (Sem grifos no original). (Proc. E-3.401/2006 – v.u., em 16/11/06, do parecer e ementa do Rel. Dr. JOSÉ ROBERTO BOTTINO – Rev. Dr. LUIZ ANTÔNIO GAMBELLI – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE).

3.2 Licenciamento É importante diferenciar as hipóteses de suspensão, cancelamento e licenciamento da inscrição perante a Ordem dos Advogados do Brasil. Conforme prevê o artigo 12 do Estatuto da Advocacia e da OAB, licencia-se o profissional que:

a) assim o requerer, por motivo justificado;

b) passar a exercer, em caráter temporário, atividade incompatível com o exercício da advocacia;

c) sofrer doença mental considerada curável.

No caso do profissional licenciado, assim como no caso de cancelamento da inscrição perante a OAB, o profissional deixa de ter o dever de pagar a anuidade referente ao exercício profissional, diferentemente do profissional que teve sua inscrição apenas suspensa.

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Sobre o assunto, veja-se pertinente manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

455ª sessão de 22 de maio de 2003 SUSPENSÃO DISCIPLINAR – ANUIDADE – PRETENSÃO DE NÃO- PAGAMENTO ENQUANTO PERDURAR A INTERDIÇÃO AO EXERCÍCIO PROFISSIONAL – IMPOSSIBILIDADE O advogado suspenso, mesmo proibido de exercer seu mister em todo o território nacional, em face do caráter temporário da mesma e da possibilidade de reversibilidade, continua vinculado à Ordem, sujeitando-se ao regramento ético/estatutário vigente, tanto aos deveres, quanto aos direitos, estes últimos com as restrições decorrentes da pena. Uma de suas obrigações é o pagamento da anuidade. Hipótese diversa situa-se no caso do cancelamento de inscrição, quando desvincula-se da Ordem, e do licenciamento, quando é desobrigado do pagamento, enquanto aquele perdurar. Ao Conselho Seccional é vedado a anistia, sendo possível entretanto autorizar parcelamento de débitos, conforme orientação jurisprudencial do Conselho Federal da OAB. Inteligência dos arts. 2º, 47 e 49 do CED, 11,12, 34, XXIII, 35, II, 37, 42, 58, I e 74 do EAOAB, 134 do R.I. da Seccional e 55 do RGCFOAB. (Proc. E-2.753/03 – v.u. em 22/05/03 do parecer e ementa do Rel. Dr. FÁBIO KALIL VILELA LEITE – Rev. Dr. CLÁUDIO FELIPPE ZALAF – Presidente Dr. ROBISON BARONI).

Por derradeiro, deve-se frisar que o profissional, uma vez licenciado, deve se abster de praticar quaisquer atos relacionados a advocacia, uma vez que o licenciamento é indicativo do exercício de alguma atividade que com ela é incompatível. Dessa forma, veja-se esclarecedora manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

518ª sessão de 12 de fevereiro de 2009 EXERCÍCIO PROVISÓRIO DE ATIVIDADES INCOMPATÍVEIS COM A ADVOCACIA – PROIBIÇÃO TOTAL DE ADVOGAR – LICENCIAMENTO DA INSCRIÇÃO PERANTE A OAB – LICENCIADO INTEGRANTE DE SOCIEDADE OU ESCRITÓRIO DE ADVOGADOS – PROIBIÇÃO DE DIVULGAÇÃO OU PUBLICIDADE – CAPTAÇÃO DE CLIENTES OU CAUSAS VEDADA – INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 8º, V, 12, II, 16, §2º, 27 E 28 DO ESTATUTO DA ADVOCACIA E OAB. Para que possa exercer em caráter provisório qualquer das atividades de que trata o artigo 28 do Estatuto, o

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advogado deve requerer o licenciamento de sua inscrição perante a Ordem dos Advogados do Brasil (artigo 12, inciso II, do Estatuto), eis que se trata de atividades incompatíveis com a advocacia (artigo 28 do Estatuto), levando, portanto, à proibição total do exercício desta (artigo 27 do Estatuto). Profissional nessas condições não pode se tornar integrante, como sócio, advogado-empregado ou advogado sem vínculo empregatício, de sociedade ou escritório de advocacia, exatamente por lhe faltar o requisito indispensável de inscrição válida perante a Ordem dos Advogados do Brasil (artigo 8º, inciso V, do Estatuto). Não há mandamento legal ou regulamentar, contudo, que obrigue o profissional, que já é integrante de sociedade ou escritório de advocacia e que venha a se licenciar perante a Ordem dos Advogados por conta do exercício provisório de qualquer das atividades previstas no artigo 28 do Estatuto, a desvincular-se societária, laboral ou contratualmente da sociedade ou escritório, conforme o caso, desde que o profissional cesse por completo de advogar, permaneça totalmente alheio às relações costumeiras com os clientes da sociedade ou escritório, e ausente-se de toda e qualquer forma de publicidade ou divulgação da sociedade ou escritório, o que inclui placas e cartões de visita. É vedada a utilização indevida do nome do profissional licenciado para captação de clientes ou causas, por passar a errônea idéia de que esse profissional continuaria exercendo a advocacia. No caso específico do sócio licenciado, sua condição de sócio permanece inalterada, conforme disposto no artigo 16, §2º, do Estatuto, de modo que é de se admitir que o nome do sócio licenciado seja mantido apenas em material da sociedade que não configure publicidade na forma definida no Provimento nº 94/2000 do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Precedente (por analogia): Proc. E-3.395/2006 – v.m., em 19/10/06, do parecer e ementa do Rel. Dr. FÁBIO DE SOUZA RAMACCIOTTI – Rev. Dr. LUIZ ANTONIO GAMBELLI – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE. (Sem grifo no original). (Proc. E-3.721/2009 – v.u., em 12/02/2009, do parecer e ementa do Rel. Dr. GILBERTO GIUSTI – Rev. Dr. DIÓGENES MADEU – Presidente em exercício Dr. GUILHERME FLORINDO FIGUEIREDO).

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4. SOCIEDADE DE ADVOGADOS É lícito aos advogados reunirem-se em sociedade civil de prestação de serviço de advocacia, na forma disciplinada pelo Estatuto da Advocacia e da OAB e pelo Regulamento Geral. A sociedade de advogados adquire personalidade jurídica mediante o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede (art. 15, §1º da Lei n.º 8.906/94). No caso de constituição de filial, o respectivo ato de constituição deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado junto ao Conselho Seccional onde se instalar, ficando os sócios obrigados à inscrição suplementar. No que pertinente, aplica-se à sociedade de advogados o Código de Ética e Disciplina. Quanto as procurações, elas devem ser outorgadas individualmente aos advogados, bem como indicar a sociedade de que façam parte (art. 15, §3º da Lei n.º 8.906/94). Conforme prevê o parágrafo quarto do artigo 15 do Estatuto da Advocacia e da OAB, nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo Conselho Seccional. A sociedade de advogados pode associar-se com advogados, sem vínculo de emprego, apenas para participação nos resultados (art. 39, caput, do Regulamento Geral da OAB). Nesse caso, os contratos celebrados devem ser averbados no registro da sociedade de advogados. É importante frisar que os advogados sócios de uma mesma sociedade profissional não podem representar em juízo clientes de interesses opostos. O caput do artigo 16 do Estatuto da Advocacia e da OAB dispõe que não são admitidas a registro, nem podem funcionar, as sociedades de advogados:

a) que apresentem forma ou características mercantis;

b) que adotem denominação de fantasia;

c) que realizem atividades estranhas à advocacia; ou

d) que incluam sócio não inscrito como advogado ou totalmente proibido de advogar.

A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome (completo ou abreviado) de, pelo menos, um advogado responsável pela sociedade, podendo permanecer o de sócio falecido, desde que prevista tal possibilidade no ato constitutivo ou na alteração contratual (art. 16, §1º da Lei n.º 8.906/94 e art. 38 do Regulamento Geral da OAB). No caso de licenciamento de algum sócio para exercício, em caráter temporário, de atividade incompatível com a advocacia, deve se proceder à respectiva averbação no registro da sociedade, o que não altera sua constituição. Conforme lição do parágrafo terceiro do artigo 16 do Estatuto da Advocacia e da OAB, é proibido o registro, nos cartórios de registro civil de

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pessoas jurídicas e nas juntas comerciais, de sociedade que inclua, entre outras finalidades, a atividade de advocacia. Além da sociedade, o sócio responde subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados aos clientes por ação ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar em que possa incorrer (art. 17 da Lei n.º 8.906/94). Admite-se que a sociedade de advogados adotem qualquer forma de administração social, permitida a existência de sócios gerentes, com indicação dos poderes atribuídos (art. 41 do Regulamento Geral da OAB). 5. ADVOGADO EMPREGADO A relação de emprego, na qualidade de advogado, não retira a isenção técnica nem reduz a independência profissional inerentes à advocacia. Prevê o parágrafo único do artigo 18 do Estatuto da Advocacia e da OAB que o advogado empregado não está obrigado à prestação de serviços profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora da relação de emprego. Via de regra, o salário mínimo profissional do advogado deve ser fixado em sentença normativa, exceto se ajustado em acordo ou convenção coletiva de trabalho. Compete ao sindicato de advogados e, na sua falta, a federação ou confederação de advogados, a representação destes nas convenções coletivas celebradas com as entidades sindicais representativas dos empregadores, nos acordos coletivos celebrados com a empresa empregadora e nos dissídios coletivos perante a Justiça do Trabalho, aplicáveis às relações de trabalho (art. 11 do Regulamento Geral da OAB). Prevê o artigo 20 do Estatuto da Advocacia e da OAB que a jornada de trabalho do advogado empregado, no exercício da profissão, não poderá exceder a duração diária de quatro horas contínuas e a de vinte horas semanais, salvo acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva. Considera-se dedicação exclusiva o regime de trabalho que for expressamente previsto em contrato individual de trabalho, e, nesse caso, devem ser remuneradas como extraordinárias as horas trabalhadas que excederem a jornada normal de 8 (oito) horas diárias. Considera-se como período de trabalho o tempo em que o advogado estiver à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, no seu escritório ou em atividades externas, devendo-lhe ser reembolsadas as despesas feitas com transporte, hospedagem e alimentação (art. 20, §1º da Lei n.º 8.906/94). Quando o advogado exceder a jornada normal de trabalho, as horas trabalhadas excedentes devem ser remuneradas por um adicional não inferior a 100% (cem por cento) sobre o valor da hora normal, mesmo havendo contrato escrito.

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As horas trabalhadas no período das 20 (vinte) horas de um dia até as 5 (cinco) horas do dia seguinte devem ser remuneradas como noturnas, acrescidas do adicional de 25% (vinte e cinco por cento). Conforme expressa previsão do caput do artigo 21 do Estatuto da Advocacia e da OAB, nas causas em que for parte o empregador, ou pessoa por este representada, os honorários de sucumbência são devidos aos advogados empregados. No caso dos honorários de sucumbência, percebidos por advogado empregado de sociedade de advogados, estes devem ser partilhados entre ele e a empregadora, na forma estabelecida em acordo. Sobre os honorários de sucumbência nos casos da advocacia pública, veja-se interessante manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

512ª sessão de 17 de julho de 2008 HONORÁRIOS – SUCUMBÊNCIA – PARTILHA – PROCURADORIA MUNICIPAL. Inteligência do artigo 21 do EOAB. Os honorários de sucumbência devem ser pagos aos advogados. Se por acaso, a Municipalidade tiver em seu quadro mais de um advogado, deverá ser constituído, através de ato próprio do Executivo, um fundo comum, que pertença a todos os advogados da Municipalidade, cabendo-lhes decidir sua destinação. Do ponto de vista ético-estatutário, a distribuição, partilha ou rateio de honorários sucumbenciais devem dar-se por todos os ocupantes da carreira jurídica pública, isonomicamente, posto que atuam de forma cooperativa e colaborativa entre si, na defesa de interesse e de direito público; neste âmbito, não se pode falar na existência de um trabalho individual do advogado público, mas sim de atuação do órgão ao qual eles representam, com vínculo estatutário, sob risco de estabelecimento de indesejado privilégio a determinadas e específicas atribuições e desestímulo ao desenvolvimento de atividades não contenciosas, de consultoria e prevenção, inerentes e indispensáveis à atividade pública. Com atribuições diversas e destinadas ora à atuação contenciosa, ora à atuação consultiva, os ocupantes da advocacia pública compõem um mesmo órgão de assessoramento e de defesa de interesse e de direito de uma mesma natureza, de mesma índole, de mesma qualidade, vale dizer, público. A diversidade do veículo de defesa – judicial, extrajudicial ou consultiva – não resulta em diversidade interna e de categoria do ocupante de cargo de advogado público a justificar privilegiada partilha de honorários de sucumbência a apenas alguns. (Sem grifos no original). (Proc. E-3.629/2008 – v.u., em 17/07/2008, do parecer e ementa do Rel. Dr. JAIRO HABER, com declaração

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de voto convergente do julgador Dr. BENEDITO ÉDISON TRAMA – Revª. Drª. BEATRIZ M. A. CAMARGO KESTENER – Presidente em exercício Dr. FABIO KALIL VILELA LEITE).

Os honorários de sucumbência, por decorrerem precipuamente da advocacia e só acidentalmente da relação de emprego, não integram o salário ou a remuneração, não podendo, dessa forma, ser considerados para efeitos trabalhistas ou previdenciários, conforme estipula o caput do artigo 14 do Regulamento Geral da OAB. 6. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência. Para esclarecer:

a) honorários convencionados são aqueles pactuados entre o advogado e o cliente por meio de um contrato de prestação de serviços advocatícios;

b) honorários fixados por arbitramento judicial são aqueles determinados pelo juiz da causa, diante da inexistência de um contrato entre o advogado e o cliente. Também ocorre o arbitramento dos honorários quando, embora existente um contrato verbal, este seja controverso. Prevê o parágrafo segundo do artigo 22 do Estatuto da Advocacia e da OAB que, na falta de estipulação ou de acordo, os honorários devem ser fixados por arbitramento judicial, em remuneração compatível com o trabalho e o valor econômico da questão, não podendo ser inferiores aos estabelecidos na tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB;

c) honorários de sucumbência são aqueles devidos pelo vencido ao vencedor da relação jurídico-processual.

Sobre os honorários de sucumbência, é importante conhecer a redação do artigo 20 do Código de Processo Civil:

Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Esta verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria.

§1º O juiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso, condenará nas despesas o vencido.

§2º As despesas abrangem não só as custas dos atos do processo, como também a indenização de viagem, diária de testemunha e remuneração do assistente técnico.

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§3º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por cento (20%) sobre o valor da condenação, atendidos:

a) o grau de zelo do profissional;

b) o lugar de prestação do serviço;

c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

§4º Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação equitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior.

§5º Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, o valor da condenação será a soma das prestações vencidas com o capital necessário a produzir a renda correspondente às prestações vincendas (art. 602), podendo estas ser pagas, também mensalmente, na forma do § 2o do referido art. 602, inclusive em consignação na folha de pagamentos do devedor.

Quando se tratar de decisão julgada parcialmente procedente, em que ambas as partes suportarem parcela da sucumbência, os honorários e as despesas devem ser recíproca e proporcionalmente distribuídos entre elas, consoante prevê o caput do artigo 21 do Código de Processo Civil. Contudo, se um litigante decair de parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e honorários (art. 21, parágrafo único do CPC). O advogado, uma vez indicado para patrocinar causa de juridicamente necessitado, no caso de impossibilidade da Defensoria Pública no local da prestação de serviço, tem direito aos honorários fixados pelo juiz, segundo tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB, caso em que serão pagos pelo Estado (art. 22, §1º do Estatuto da Advocacia e da OAB). Via de regra, 1/3 (um terço) dos honorários é devido no início da prestação do serviço, outro terço até a decisão de primeira instância e o restante no final. Entretanto, nada impede que advogado e cliente pactuem de modo diverso. Consoante previsão do parágrafo quarto do artigo 22 do Estatuto da Advocacia e da OAB, se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários antes de expedir-se o mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que lhe sejam pagos diretamente, por dedução da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo no caso deste provar que já os pagou. As disposições sobre honorários, do artigo 22 do Estatuto da Advocacia e da OAB, não se aplicam quando se tratar de mandato outorgado por advogado para defesa em processo oriundo de ato ou omissão praticada no exercício da profissão.

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Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor (art. 23 do Estatuto da Advocacia e da OAB). É importante memorizar o conteúdo do artigo 24 do Estatuto da Advocacia e da OAB, segundo o qual, a decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito que os estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na falência, concordata, concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial. A execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos autos da ação em que tenha atuado o advogado, se assim lhe convier (art. 24, §1º do Estatuto da Advocacia e da OAB). Caso ocorra o falecimento ou sobrevenha a incapacidade civil do advogado, os honorários de sucumbência, proporcionais ao trabalho realizado, poderão ser recebidos por seus sucessores ou representantes legais. O Supremo Tribunal Federal, por meio da ação declaratória de inconstitucionalidade n.º 1.194-4, julgou inconstitucional o parágrafo terceiro do artigo 24 do Estatuto da Advocacia e da OAB, que dispunha:

Art. 24 - […]

§3º - É nula qualquer disposição, cláusula, regulamento ou convenção individual ou coletiva que retire do advogado o direito ao recebimento dos honorários de sucumbência.

Por decorrerem essencialmente do exercício da advocacia e apenas acidentalmente da relação de emprego, os honorário de sucumbência não integram o salário ou a remuneração, e, portanto, não podem ser considerados para efeitos trabalhistas ou previdenciários. Segundo o parágrafo único do artigo 14 do Regulamento Geral da OAB, os honorários de sucumbência dos advogados empregados constituem fundo comum, cuja destinação deve ser decidida pelos profissionais integrantes do serviço jurídico da empresa ou por seus representantes. E consoante explicita o parágrafo quarto do artigo 24 do Estatuto da Advocacia e da OAB, o acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo aquiescência do profissional, não lhe prejudica os honorários, quer os convencionados, quer os concedidos por sentença. A ação de cobrança dos honorários de advogado prescreve em 5 (cinco) anos, contado o prazo:

a) do vencimento do contrato, se houver;

b) do trânsito em julgado da decisão que os fixar;

c) da ultimação do serviço extrajudicial;

d) da desistência ou transação; ou

e) da renúncia ou revogação do mandato.

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Prescreve também em 5 (cinco) anos a ação de prestação de contas pelas quantias recebidas pelo advogado de seu cliente, ou de terceiros por conta dele (art. 34, XXI, do Estatuto da Advocacia e da OAB). Por fim, há que se mencionar que o advogado substabelecido, com reserva de poderes, não pode cobrar honorários sem a intervenção daquele que lhe conferiu o substabelecimento (art. 26 do Estatuto da Advocacia e da OAB). 7. INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS 7.1 Incompatibilidades A incompatibilidade determina a proibição total do exercício da advocacia, consoante dispõe o artigo 27 do Estatuto da Advocacia e da OAB. As hipóteses de incompatibilidade do exercício da advocacia são dadas pelo artigo 28 do Estatuto em estudo. Segundo aludido dispositivo, a advocacia é incompatível, mesmo em causa própria, com as seguintes atividades:

a) chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus substitutos legais. Nesse sentido, veja-se a manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

532ª sessão de 17 de junho de 2010 INCOMPATIBILIDADE – VICE-PREFEITO NOMEADO SECRETÁRIO DE ASSUNTOS JURIDICOS DE MUNICÍPIO – EXERCÍCIO DA ADVOCACIA –CUMULAÇÃO DE CARGOS – PROIBIÇÃO TOTAL PARA O EXERCÍCIO DA ADVOCACIA – POSSIBILIDADE DESDE QUE HAJA RENÚNCIA AO CARGO DE VICE-PREFEITO. A incompatibilidade do vice-prefeito nos expressos termos do art. 28, I, do EAOAB, é para o exercício da advocacia enquanto estiver ocupando o cargo, na medida em que é o substituto legal do chefe do Poder Executivo Municipal. Referida incompatibilidade se traduz na proibição total de advogar. Inteligência dos arts. 27 e 28, I, do EAOAB. O Secretário de Assuntos Jurídicos, nos termos do art. 1º. II, do EAOAB, tem cargo de direção jurídica e como tal exerce a advocacia; nessa condição está impedido de receber instrumento de procuração, de atuar em processos judiciais ou extrajudiciais, bem como de assinar peças ou arrazoados jurídicos. No caso de pretender ser secretário de assuntos jurídicos, deverá renunciar ao cargo de vice-prefeito - PRECEDENTES –

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PROCESSOS E-2085/2000 – 3.120/2005 e 3.195/2005. (Sem grifos no original). (Proc. E-3.894/2010 – v.u., em 17/06/2010, do parecer e ementa do Rel. Dr. JOÃO LUIZ LOPES – Rev. Dr. ZANON DE PAULA BARROS – Presidente Dr. CARLOS JOSÉ SANTOS DA SILVA).

b) membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas, bem como de todos os que exerçam função de julgamento em órgãos de deliberação coletiva da administração pública direta e indireta (em relação a este dispositivo, o Supremo Tribunal Federal, por meio da ação declaratória de inconstitucionalidade n.º 1127-8, excluiu da sua incidência os juízes eleitorais e seus suplentes). Ademais, essa incompatibilidade não se aplica aos advogados que participam dos órgãos nele referidos, na qualidade de titulares ou suplentes, como representantes dos advogados. No entanto, eles ficam impedidos quanto ao exercício da advocacia perante os órgãos em que atuam, enquanto durar a investidura. Para ilustrar, vejam-se as seguintes manifestações do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

Sessão de 16 de abril de 1998 EXERCÍCIO DA ADVOCACIA EM CONCOMITÂNCIA COM A ATIVIDADE DE JUIZ DE CASAMENTO – INEXISTÊNCIA DE INCOMPATIBILIDADE ENQUANTO FALTAR REGULAMENTAÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO O exercício simultâneo da advocacia com a função de juiz de casamento, ao menos no Estado de São Paulo, enquanto não for regulamentada a atividade de Juiz de Paz, preconizada na CF /88 pelo art. 98, II (Da Organização dos Poderes) e art. 30 (A.D.C.T.), prevalecendo as disposições do Decreto-Lei Estadual n. 17.375/47, que introduziu os cargos específicos daquele juizado, com função única de realização de matrimônio e sem remuneração, não se enquadra na incompatibilidade do art. 28, II, do EAOAB. É exigência ético-profissional, contudo, que o exercício da outra profissão, considerada concomitante, não constitua, por qualquer forma, cerceamento à intocável liberdade e dignidade da advocacia; não sejam exercidas dentro do mesmo espaço físico do escritório ou do local de trabalho advocatício, no resguardo e respeito de sua liberdade de defesa e do sigilo profissional, assim como da inviolabilidade de seu escritório; não constitua direta ou indiretamente, meio de tráfico de influência ou captação de causas e clientes e que a promoção publicitária das atividades profissionais observe, no espaço e no tempo, completa autonomia entre a

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advocacia e a outra atividade profissional. (Sem grifo no original). (Proc. E - 1.652/98 – v.u. em 16/04/98 do parecer e ementa do Rel. Dr. BENEDITO ÉDISON TRAMA – Rev. Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE – Presidente Dr. ROBISON BARONI).

441ª sessão de 21 de fevereiro de 2002 EXERCÍCIO DA ADVOCACIA POR OFICIAIS DE PROMOTORIA - SITUAÇÃO ÉTICA - COMPETÊNCIA DA OAB - INTERPRETAÇÃO DA REGRA ESTATUTÁRIA DA PROFISSÃO O sentido e o alcance do II do art. 28 do EAOAB atingem no Ministério Público somente os membros aí incluídos, os Promotores e Procuradores de Justiça. Oficiais de Promotoria, meros servidores da Instituição, estão, antes, sujeitos à disciplina do impedimento do artigo 30 do mesmo Estatuto. Nas situações em que lhes é deferido atuar como advogados devem abster-se de tirar qualquer espécie de vantagem e/ou beneficio decorrente da sua outra função, sob pena de infração disciplinar ou ética, da alçada exclusiva da OAB. Refoge à competência do Ministério Público manifestar-se, menos ainda, definir ou julgar situações de eventual incompatibilidade e/ou impedimento dos seus servidores-advogados, sem prejuízo de que lhe caiba competência exclusiva de punir disciplinarmente tais funcionários, enquanto servidores do órgão, por faltas disciplinares ou falhas éticas, se alheias à função de advogado que exerçam. Uma possível e legítima cumulação de atividades não desloca de algum modo competência fiscalizadora e disciplinar de nenhuma das entidades envolvidas (MP/OAB), sobre os seus servidores e/ou advogados filiados. (Precedentes: 4.640/95/PC-005.001/96/PCA- 005.136/97/PCA- 005.041/97/PCA-PR). (Sem grifos no original). (Proc. E-2.506/01 - v.m. em 21/02/02 do parecer e ementa do Rel. Dr. ERNESTO LOPES RAMOS - Rev. Dr. JOSÉ ROBERTO BOTTINO - Presidente Dr. ROBISON BARONI)

505ª sessão de 22 de novembro de 2007 ESTÁGIO – ESTUDANTE DE DIREITO APROVADO PARA ESTÁGIO JUNTO A ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO – EFETIVAÇÃO DE ESTÁGIO CONCOMITANTE EM ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA – IMPOSSIBILIDADE – EXISTÊNCIA DE IMPEDIMENTO. O estágio profissional é requisito para inscrição nos quadros de estagiário da OAB, viabilizando a

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aprendizagem prática, nos termos do art. 27 do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia. O §2º do mesmo dispositivo possibilita a efetivação do estágio em núcleo de prática jurídica da própria instituição de ensino, bem como em Defensoria Pública, escritórios de advocacia ou setores jurídicos privados e públicos, como o caso do Ministério Público, desde que credenciados e fiscalizados pela OAB. O exercício de forma concomitante ou alternada, de estágio profissional em órgão do Ministério Público e escritório de advocacia, não se mostra possível, pois a supervisão exigida deverá se dar por um deles. Inteligência do disposto no §2º, do art. 27, do Regulamento Geral da Advocacia. Ademais, tratando-se de atividade de caráter complementar ao ensino jurídico, torna-se excessivamente onerosa a carga horária do estágio, em detrimento do próprio estudo teórico. Além disso, a prática de estágio perante órgão do Ministério Público, sob a responsabilidade de um de seus membros, torna o estagiário incompatibilizado para o exercício dos atos próprios da advocacia, porque o próprio responsável pelo estágio também o está, a teor do disposto pelo inciso II, do art. 28, do EOAB. O instituto da incompatibilidade não está afastado para a figura do estagiário, eis que o próprio EOAB exige, para sua inscrição nos quadros da OAB, o não exercício de função incompatível da advocacia. Inteligência do disposto nos arts. 8º, inciso V, e art. 9º, inciso I e §3º, ambos do Estatuto da OAB. (Proc. E-3.536/2007 - v.m., em 22/11/2007, do parecer e ementa do Rel. Dr. JOSÉ EDUARDO HADDAD, com voto divergente do Rev. Dr. LUIZ ANTONIO GAMBELLI – Presidente Dr. CARLOS ROBERTO F. MATEUCCI)

c) ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da Administração Pública direta ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de serviço público (nessas hipóteses não se incluem os que não detenham poder de decisão relevante sobre interesses de terceiro, a juízo do conselho competente da OAB, bem como a administração acadêmica diretamente relacionada ao magistério jurídico). Vejam-se as manifestações do Tribunal de Ética de São Paulo sobre o dispositivo:

431ª sessão de 15 de março de 2001 PRESIDENTE DE SUBSEÇÃO - DÚVIDA PESSOAL SOBRE ASSUNÇÃO DE CARGO - SECRETÁRIO DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO - INCOMPATIBILIDADE Existe incompatibilidade para o exercício da advocacia quando o profissional assume o cargo de secretário

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municipal de planejamento e desenvolvimento de município, seja ele presidente de subseção ou não. Inteligência do art. 28, III, do EAOAB e regramento ético. (Proc. E-2.310/01 - v.u. em 15/03/01 do parecer e ementa da Rel.ª Dr.ª ROSELI PRÍNCIPE THOMÉ - Rev. Dr. ERNESTO LOPES RAMOS - Presidente Dr. ROBISON BARONI)

525ª sessão de 16 de setembro de 2009 INCOMPATIBILIDADE – PROCON – DIRETOR EXECUTIVO – ADVOGADO – EFETIVO PODER DE DECISÃO E DELIBERAÇÃO SOBRE INTERESSE DE TERCEIROS, IMPOSSIBILITANDO O EXERCÍCIO CONCOMITANTE COM A ADVOCACIA JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL, ENQUANTO PERMANECER NO CARGO. Determinados expedientes limitadores existem em razão da necessidade de impedir eventual tráfico de influência por ocupantes de cargos que podem ensejar tal prática, bem como evitar captação de causas e advogados. A função de consultor jurídico do PROCON, se for estritamente burocrática, assessorando ou auxiliando, mas não decidindo, terá como consequência o impedimento para exercer a advocacia contra o PROCON, prefeitura e demais órgãos da administração municipal (artigo 30, I, do Estatuto); já a função de Coordenador do PROCON caracteriza incompatibilidade (artigo 28, III) para exercer a advocacia. É altamente recomendável que o assessor jurídico não angarie clientes para o exercício da advocacia, nem tampouco o faça no seu horário de trabalho. (Proc. E-3.799/2009 – v.u., em 16/09/2009, do parecer e ementa do Rel. Dr. ARMANDO LUIZ ROVAI – Rev. Dr. BENEDITO ÉDISON TRAMA – Presidente Dr. CARLOS ROBERTO FORNES MATEUCCI)

d) ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer órgão do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais e de registro. Nesse sentido, veja-se a manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

Sessão de 21 de setembro de 1995 EXERCÍCIO ADVOCATÍCIO - INCOMPATIBILIDADE RELATIVA Advogado eleito membro de "Conselho Tutelar", criado pelo "Estatuto da Criança e do Adolescente". Órgão não jurisdicional, mas com atribuições de amplo envolvimento, direto e indireto, com a "Justiça da

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Infância e da Juventude" e Ministério Público. Serviço considerado relevante e de interesse público, cujo exercício implica rigorosa eqüidistância em relação às partes. Aplicação, por analogia, do artigo 28, inciso IV, do Estatuto da Advocacia, que considera incompatível o exercício advocatício dos ocupantes de cargos ou funções vinculadas, direta ou indiretamente, a qualquer órgão do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais e de registro. Restrições de natureza ética e estatutária, visando a impedir que a assunção de cargos ou funções de interesse público e social seja utilizado como instrumento de tráfico de influência ou captação de causas e clientes, e em prejuízo da confiabilidade, liberdade e independência da atuação profissional. Incompatibilidade, entretanto, restrita, exclusivamente ao exercício profissional perante a "Justiça da Criança e do Adolescente", ou, na inexistência dela, perante o órgão judiciário que lhe assumir a competência. (Proc. E - 1.289 - V.U. - Rel. Dr. ELIAS FARAH - Rev. Dr. Dr. ROBERTO FRANCISCO DE CARVALHO - Presidente Dr. ROBISON BARONI)

e) ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a atividade policial de qualquer natureza. Para ilustrar, veja-se a manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

490ª Sessão de 20 de julho de 2006 INCOMPATIBILIDADE – EXERCÍCIO CONCOMITANTE DA ADVOCACIA COM CARGO OU FUNÇÃO DE “DIRETOR GERAL DE AUTO-ESCOLA”. IMPOSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 28, V, DO EAOAB. Há incompatibilidade estatutária para o exercício concomitante da advocacia por ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente à atividade policial de qualquer natureza, como é o caso de diretor geral de auto-escola, a qual pratica atividade auxiliar das diretorias e secretarias de trânsito, que exercem poder de polícia. (Proc. E-3.344/2006 – v.u., em 20/07/2006, do parecer e ementa do Rel. Dr. RICARDO GARRIDO JUNIOR – Rev. Dr. OSVALDO ARISTODEMO NEGRINI JUNIOR – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE)

f) militares de qualquer natureza, na ativa;

g) ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições para fiscais. Vejam-se as manifestações do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo nesse sentido:

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470ª sessão de 16 de setembro de 2004 INCOMPATIBILIDADE E IMPEDIMENTO PARA O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO - ADVOGADA QUE EXERCE A FUNÇÃO DE FISCAL TRIBUTÁRIA EM PREFEITURA MUNICIPAL E COORDENADORA DO PROCON. 1 - O exercício da função de fiscal tributária é incompatível com a advocacia, nos estritos termos do artigo 28, VII, do EAOAB. 2 - A função de coordenadora do Procon, se detiver poder de decisão sobre interesses de terceiro, é incompatível (artigo 28, III), porém, se for estritamente burocrática, assessorando ou auxiliando, mas não decidindo, ocorrerá somente o impedimento para exercer a advocacia contra o Procon, prefeitura e demais órgãos da administração municipal (artigo 30, I, do Estatuto). 3 – Como, no caso, as funções de fiscal tributária e coordenadora do Procon são exercidas cumulativamente, prevalece, enquanto perdurar a situação, a mais abrangente, ou seja, a incompatibilidade para o exercício da advocacia em concomitância com as funções exercidas. Precedente: E-2982/2004. (Proc. E-3.033/2004 – v.u., em 16/09/2004, do parecer e ementa do Rel. Dr. GUILHERME FLORINDO FIGUEIREDO – Rev. Dr. FÁBIO KALIL VILELA LEITE – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE)

470ª sessão de 16 de setembro de 2004 CONVÊNIO. Pode o funcionário público municipal, desde que não faça parte de órgão arrecadador (incompatibilidade do art. 28, VII, do EOAB), fazer parte do Convênio OAB e PGE, para assistência jurídica. (Proc. E-3.001/2004 – v.u., em 16/09/2004, do parecer e ementa do Rel. Dr. OSMAR DE PAULA CONCEIÇÃO JÚNIOR – Rev. Dr. JOSÉ ROBERTO BOTTINO – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE)

h) ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras, inclusive privadas. Veja-se pertinente manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo sobre este dispositivo:

536ª sessão de 21 de outubro de 2010 ADVOCACIA – DIRIGENTES E GERENTES DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS – PRESIDENTE DE COOPERATIVA DE CRÉDITO – DIFERENÇAS FUNDAMENTAIS EM RELAÇÃO ÀS DEMAIS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS – AUSÊNCIA DE INCOMPATIBILIDADE – IMPEDIMENTO ÉTICO DE

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ADVOGAR EM CAUSAS DE INTERESSE DOS ASSOCIADOS – CAPTAÇÃO DE CLIENTELA – INTERPRETAÇÃO DO ART. 28, VIII, DO EAOAB. O art. 28, VIII, do EAOAB estatui que os dirigentes e gerentes de instituições financeiras, inclusive privadas, exercem cargo incompatível com a advocacia. No entanto, as cooperativas de crédito, embora integrem o sistema financeiro nacional, apresentam, segundo a jurisprudência consolidada do TST, diferenças fundamentais em relação às demais instituições financeiras. Estas são organizadas na forma de sociedades anônimas, possuem finalidade lucrativa e realizam operações financeiras para o público em geral, de acordo com seus critérios próprios, ensejando aos dirigentes e gerentes enorme potencial de captação de clientela, mercê do poder decisório atinente à economia de um número incontável de pessoas. As cooperativas de crédito, por sua vez, constituem-se na forma de sociedades simples limitadas, não visam ao lucro, mas à cooperação mútua, não se dirigem ao público indistinto, mas apenas aos respectivos associados, e realizam operações creditícias de natureza diversa, apresentando potencialidade de captação restrita a um público determinado. Em razão destas distinções, a incompatibilidade prevista no art. 28, VIII, do EAOAB, cuja interpretação deve ser estrita, se refere aos dirigentes das instituições financeiras propriamente ditas e não aos membros das cooperativas de crédito. Há, todavia, impedimento ético do dirigente de cooperativa de crédito para advogar em causas em que figurem como partes os respectivos associados, restando, assim, atendido o elemento teleológico do EAOAB, que é evitar a captação de clientela. Inteligência e interpretação do art. 28, VIII, do EAOAB, do art. 18, § 1º. da Lei 4.595/64, do art. 192 da CF de 1988 em sua redação original e com a redação dada pela Emenda Constitucional 40/2003. Precedentes e OJ 379 do TST citados no parecer. (Proc. E-3.903/2010 – v.m., em 21/10/2010, do parecer e ementa do Rel. Dr. FÁBIO DE SOUZA RAMACCIOTTI, Rev. Dr. GUILHERME FLORINDO FIGUEIREDO – Presidente Dr. CARLOS JOSÉ SANTOS DA SILVA)

É importante asseverar que ainda que o ocupante do cargo ou função deixe de exercê-lo temporariamente, permanece a incompatibilidade. No caso dos Procuradores Gerais, Advogados Gerais, Defensores Gerais e dirigentes de órgãos jurídicos da Administração Pública direta, indireta e fundacional, eles são exclusivamente legitimados para o exercício

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da advocacia vinculada à função que exerçam, durante o período da investidura, conforme salienta o artigo 29 do Estatuto da Advocacia e da OAB. 7.2 Impedimentos O impedimento determina a proibição parcial do exercício da advocacia, diferentemente da incompatibilidade, que determina a proibição total. Consoante previsão do artigo 30 do Estatuto da Advocacia e da OAB são impedidos de exercer a advocacia:

a) os servidores da administração direta, indireta e fundacional, contra a Fazenda Pública que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade empregadora. É importante frisar que não se incluem nessas hipóteses de impedimento os docentes de cursos jurídicos. Em análise deste dispositivo, vejam-se as seguintes manifestações do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

Sessão de 23 de novembro de 1996 PATROCÍNIO - PROCURADOR DE PREFEITURA - SUSPENSÃO DAS FUNÇÕES DURANTE PROCESSO JUDICIAL - POSTULAÇÃO CONTRA O MUNICÍPIO E CÂMARA MUNICIPAL O Procurador Municipal, como funcionário público, está legalmente impedido de exercer a advocacia contra a Fazenda Pública que o remunera, por força do art. 30, inc. I, do Estatuto da Advocacia e da OAB, mesmo suspenso sem vencimentos durante o processo judicial, e enquanto não afastado definitivamente, se ocorrer. O mesmo impedimento decorre quanto à postulação contra Câmara de Vereadores do mesmo município, por serem o Executivo e o Legislativos, poderes harmônicos entre si, na forma do art. 2º da Constituição Federal. (Proc. E - 1.310 - V.U. - Rel. Dr. CARLOS AURÉLIO MOTA DE SOUZA - Rev. Dr. ANTÔNIO LOPES MUNIZ - Presidente Dr. ROBISON BARONI)

432ª sessão de 19 de abril de 2001 EXERCÍCIO PROFISSIONAL – GERENTE JURÍDICO DE EMPRESA CONTROLADA PELA MUNICIPALIDADE O advogado ocupante do cargo de gerente jurídico de empresa controlada pelo Poder Público não está impedido de atuar como defensor da sua empregadora nas causas que contra a mesma forem movidas pelo Poder Público que a controla. O impedimento do art. 30, inciso I, do EAOAB alude à advocacia a favor de

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terceiros contra a Fazenda Pública que os remunera, ou à qual seja vinculada a entidade empregadora. (Proc. E-2.335/01 – v.m. em 19/04/01 do parecer e ementa do Rel. Dr. LUIZ ANTÔNIO GAMBELLI – Rev. Dr. CLODOALDO RIBEIRO MACHADO – Presidente Dr. ROBISON BARONI)

458ª sessão de 21 de agosto de 2003 IMPEDIMENTO – TÉCNICO ADMINISTRATIVO DA PROCURADORIA DA REPÚBLICA Servidores do Ministério Público Federal estão sujeitos à disciplina do impedimento previsto no artigo 30, inc. I, da Lei 8.906/94, observando sempre no exercício da advocacia que lhe é deferido o dever de abster-se de uso ou beneficiar-se de sua outra função, sob pena de infração ético-disciplinar. Parecer da Comissão de Seleção neste mesmo sentido, ressalvando a existência de posicionamento divergente neste Tribunal de Ética e Disciplina, que, para a função de “oficial de promotoria”, entendeu ocorrer à incompatibilidade. Precedentes: Procs. E- 2.506/01 e E-2.542/02. (Proc. E-2.785/03 – v.u. em 21/08/03 do parecer e ementa do Rel. Dr. JAIRO HABER – Rev. Dr. LUIZ ANTÔNIO GAMBELLI – Presidente Dr. ROBISON BARONI)

b) os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público. Em análise deste dispositivo, vejam-se algumas manifestações do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo debruçadas sobre o assunto:

445ª sessão de 20 de junho de 2002 EXERCÍCIO DA ADVOCACIA - IMPEDIMENTO E INCOMPATIBILIDADE - I) - VEREADOR E DEPUTADO Todos os parlamentares advogados, no âmbito federal, estadual e municipal, sofrem impedimento parcial, impossibilitando-os de advogar, a favor ou contra pessoas de direito público, quer da administração direta, quer da indireta (art. 30, II, EAOAB). Se ocuparem cargos de titulares ou suplentes nas mesas diretoras, ocorrerá a incompatibilidade. Inteligência do art. 28, I do EAOAB. II) - FISCAIS DO ISS/ICMS – O exercício do cargo ou função de fiscal do ISS/ICMS é incompatível com o exercício da advocacia, nos expressos termos do art. 28, VII, do EAOAB. III) - AGENTE VISTORIADOR– Se somente for encarregado de executar vistorias, que nada tenham a ver com lançamento ou arrecadação de tributos, que gera

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incompatibilidade, só estarão impedidos de exercer a advocacia contra o poder público que os remunera, nos termos do e art. 30, I, do EAOAB. (Sem grifo no original). (Proc. E-2.599/02 – v.u. em 20/06/02 do parecer e ementa do Rel. Dr. GUILHERME FLORINDO FIGUEIREDO – Rev. Dr. JOSÉ ROBERTO BOTTINO – Presidente Dr. ROBISON BARONI)

450ª sessão de 21 de novembro de 2002 CONSELHO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – ART. 224 DA CF/88 E LEI 8.839/91 – ÓRGÃO AUXILIAR DO CONGRESSO NACIONAL - PARTICIPAÇÃO DE ADVOGADO Não ocorre o impedimento previsto no artigo 30, II, do Estatuto, pois a função de Conselheiro, de que trata a Lei n. 8.839/91, não se equipara à de membro do Poder Legislativo. Observância, entretanto, dos artigos 2º, VIII, “a”, e 7º do Código de Ética para evitar a captação de clientela e uso de influência indevida em benefício próprio ou de cliente, aconselhando-se o consulente a abster-se de atuar em todas as solicitações do Conselho que, direta ou indiretamente, venham a beneficiá-lo ou aos seus clientes. (Proc. E-2.682/02 – v.u. em 21/11/02 do parecer e ementa da Rel.ª Dr.ª MÔNICA DE MELO – Rev. Dr. LUIZ ANTÔNIO GAMBELLI – Presidente Dr. ROBISON BARONI)

477ª sessão de 19 de maio de 2005 IMPEDIMENTO – VEREADOR – POSSIBILIDADE - IMPEDIMENTO PARCIAL DE ADVOGAR CONTRA OU A FAVOR DO PODER PÚBLICO NO QUE SE REFERE À ADVOCACIA CONTENCIOSA E CONSULTIVA – IMPEDIMENTO QUE ALCANÇA O CARGO DE PROCURADOR JURÍDICO MUNICIPAL – IMPOSSIBILIDADE DA CONCOMITÂNCIA DO CARGO DE VEREADOR COM O DE PROCURADOR JURÍDICO MUNICIPAL. Advogado eleito vereador está impedido de advogar, nas áreas contenciosa e consultiva, incluída a lavratura de pareceres, contra ou a favor de “pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades para estatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público”. Inteligência do art. 30, II, do EAOAB. Como procurador jurídico municipal, que foi eleito vereador, tem por dever a defesa do Poder Público. O impedimento o alcança, ainda que exerça atividade meramente consultiva.

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Impossibilidade, assim, da concomitância dos cargos de vereador e procurador jurídico municipal. (Sem grifos no original). (Proc. E-3.156/2005 – v.u., em 19/05/2005, do parecer e ementa do Rel. Dr. FÁBIO DE SOUZA RAMACCIOTTI – Rev. Dr. RICARDO GARRIDO JÚNIOR – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE)

É, ainda, importante recordar o impedimento mencionado pelo parágrafo único do artigo 2º do Regulamento Geral da OAB. Segundo o caput do mencionado dispositivo, o visto do advogado em atos constitutivos de pessoas jurídicas é indispensável ao registro e arquivamento nos órgãos competentes. No entanto, estão impedidos de exercer este ato de advocacia, os advogados que prestem serviços a órgãos ou entidades da Administração Pública direta ou indireta, da unidade federativa a que se vincule a Junta Comercial, ou a quaisquer repartições administrativas competentes para o mencionado registro. 8. ÉTICA DO ADVOGADO É dever do advogado proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que contribua para o prestígio da classe e da advocacia (art. 31, caput, do Estatuto da Advocacia e da OAB). Prevê o parágrafo primeiro do artigo 31 do Estatuto da Advocacia e da OAB, que o advogado, no exercício da profissão, deve manter independência em qualquer circunstância, sendo que nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade, nem de incorrer em impopularidade, deve deter o advogado no exercício da profissão. Nesse contexto, veja-se a seguinte manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

427ª sessão de 19 de outubro de 2000 EXERCÍCIO PROFISSIONAL - DETERMINAÇÃO DE SUPERIOR HIERÁRQUICO - INDEPENDÊNCIA TÉCNICA DO ADVOGADO - ORDEM OU AUTORIZAÇÃO Todo o advogado tem, estatutariamente, isenção técnica para a condução da causa, não estando obrigado à imposição do cliente ou do empregador. A relação de mandato procuratório estabelece independência profissional e não admite hierarquia, enquanto a relação administrativa atribui ao órgão superior definir funções. Consultado, poderá o chefe de departamento jurídico autorizar posicionamento técnico, sem impô-lo, sob pena de incorrer em infração ética e disciplinar (art. 2º da Resolução 03/92 deste Sodalício). O mandato judicial é sempre outorgado ao advogado, individualmente, a quem cabe a

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responsabilidade técnica na condução da causa. (Sem grifo no original). (Proc. E-2.233/00 - v.u. em 19/10/00 do parecer e ementa do Rel. Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE - Rev.ª Dr.ª MARIA CRISTINA ZUCCHI - Presidente Dr. ROBISON BARONI)

O advogado é responsável por todos os atos que, no exercício profissional, praticar com dolo ou culpa, tendo responsabilidade ilimitada pelos danos causados aos clientes em decorrência da sua ação ou omissão. A Ordem dos Advogados do Brasil proclama o princípio de que “o advogado é o primeiro juiz de sua conduta”, logo, ele deve se abster de atuar perante uma lide temerária, isto é, uma lide fora dos padrões éticos, perante a qual se vislumbre nítida imagem do injusto. No caso de lide de temerária, o advogado será solidariamente responsável com seu cliente, desde que coligado com este para lesar a parte contrária, o que deve ser apurado em ação própria (art. 32 do Estatuto da Advocacia e da OAB). Assim, tão logo o advogado constate estar atuando em uma lide temerária, tem o dever de renunciar ao mandato, consoante já teve oportunidade de se manifestar o Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

430ª sessão de 15 de fevereiro de 2001 MANDATO - RENÚNCIA - COMUNICAÇÃO AO CLIENTE Advogado que, no curso de atendimento jurídico ao cliente, concluir estar patrocinando causa entendida como de lide temerária, pela qual será responsabilizado, deverá renunciar ao mandato, não podendo revelar segredo a ele confiado pelo cliente. Dever de comunicar a ilegalidade ou irregularidade ao cliente, renunciando ao mandato, eximindo-se, assim, da responsabilidade solidária em lide temerária. Proc. E-2.263/00 - v.u. em 14/12/00 do parecer e ementa do Rel. Dr. FRANCISCO MARCELO ORTIZ FILHO - Rev.ª Dr.ª MARIA CRISTINA ZUCCHI - Presidente Dr. ROBISON BARONI.

É dever do advogado, conforme proclama o artigo 33 do Estatuto da Advocacia e da OAB, cumprir rigorosamente todos os deveres consignados no Código de Ética e Disciplina. O Código de Ética e Disciplina regula os deveres do advogado para com a comunidade, o cliente, o outro profissional e, ainda, a publicidade, a recusa do patrocínio, o dever de assistência jurídica, o dever geral de urbanidade e os respectivos procedimentos disciplinares (art. 33, parágrafo único do Estatuto da Advocacia e da OAB). Por ordem didática, ao Código de Ética e Disciplina da OAB foi destinado capítulo específico, apresentado ao final do presente curso.

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9. INFRAÇÕES E SANÇÕES DISCIPLINARES O capítulo IX da Lei n.º 8.906/94 é dedicado às infrações e sanções disciplinares. Segundo seu artigo 34, constitui infração disciplinar:

I) exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não inscritos, proibidos ou impedidos. Acerca do tema, vejam-se as seguintes manifestações do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

Sessão de 18 de abril de 1996 ADVOCACIA - ADMISSÃO POR CONCURSO EM ÓRGÃO PÚBLICO - OMISSÃO VOLUNTÁRIA DE IMPEDIMENTO. Impedimento para advogar contra a Fazenda do Estado. Dever de comunicar o impedimento à OAB/SP. Existência de nulidade dos atos praticados pelo advogado quando impedido, constituindo-se o exercício da profissão quando houver impedimento, em infração disciplinar. Havendo dedicação exclusiva, deixará de existir o impedimento e haverá ocorrência de incompatibilidade. Parágrafo único do art. 4º, arts. 27, inciso I do art. 30 e 34, inciso I, do EA e da OAB. Precedentes. (Proc. E - 1.345 - V.M. - Rel. Dra. APARECIDA RINALDI GUASTELLI - Rev. Dr. JOSÉ CARLOS MAGALHÃES TEIXEIRA - Presidente Dr. ROBISON BARONI)

Sessão de 16 de setembro de 1999 ADVOCACIA - ASSOCIAÇÃO BENEMÉRITA - CONSULTA GRATUITA PARA ASSOCIADOS - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – DESCONTO - CONSULTAS JURÍDICAS EM LOCAIS PÚBLICOS A PESSOAS CARENTES Infração do art. 34, I, do EAOAB, do art. 4º do Provimento 66, art. 2º do Provimento 69, ambos do Conselho Federal da OAB, do art. 4º do Regulamento Geral do EAOAB e do artigo 7° do Código de Ética e Disciplina. Nenhuma associação benemérita, por mais altruística e bem intencionada que seja, pode oferecer serviços de advocacia, gratuitos ou pagos, se não estiver credenciada pela Ordem dos Advogados do Brasil, seja por convênio, ou por outra forma legalmente regulamentada. (Proc. E-1.958/99 – v.u. em 16/09/99 do parecer e voto do Rel. Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE – Rev. Dr. RICARDO GARRIDO JÚNIOR – Presidente Dr. ROBISON BARONI)

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II) manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos nesta lei. Sobre o assunto, vejam-se pertinentes manifestações do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

452ª sessão de 20 de fevereiro de 2003 INCOMPATIBILIDADE E IMPEDIMENTO – MEMBROS INTEGRANTES DA JARI – REUNIÃO DE ADVOGADOS EM “CONDOMÍNIO” (sic) PARA DIVISÃO DE ESPAÇO FÍSICO E DESPESAS Desde que não se trate de atividade remunerada, e sendo temporário, o advogado poderá simultaneamente advogar e exercer as funções de julgador da Junta Administrativa de Recursos e Infrações – JARI, ficando, entretanto, impedido de exercer a profissão contra e perante o órgão da administração publica, ou seja, a JARI, enquanto desempenhar esta função e nos dois anos seguintes ao fim do mandato, para impedir que o advogado venha a se valer de informações privilegiadas, enquanto parte de um órgão com poder de julgar comportamento alheio. (Art. 28o , II, do EAOAB e art. 8o, parágrafo único, do RGOAB. Precedentes E-1873/99 e E-2490/01). Advogados que se reúnem somente para divisão de despesas estão eticamente impedidos de colocar em placas, papéis timbrados, cartões de visitas, entre outros instrumentos de identificação do exercício da profissão, qualquer elemento que induza a existência de sociedade entre eles. A sociedade de fato caracteriza infração prevista no art. 34, inciso II, do EAOAB, desrespeito ao § único do art. 14, arts. 15, 16 e 17 do mesmo diploma legal. Existindo entre os “condôminos” (sic) membros integrantes da JARI, seria recomendável que não só eles fossem impedidos de advogar e impetrar recursos junto à JARI, mas todos os demais integrantes do “condomínio”, também, se sentissem impedidos de advogar e impetrar recursos junto à JARI, de modo a evitar possível captação de causas e clientela ou tráfico de influência junto aos colegas julgadores, membros integrantes da JARI. (Sem grifos no original). (Proc. E-2.687/02 – v.u. em 20/02/03 do parecer e ementa do Dr. LUIZ ANTÔNIO GAMBELLI, com a concordância da Rel.ª Dr.ª MARIA DO CARMO WHITAKER e do Rev. Dr. FÁBIO KALIL VILELA LEITE – Presidente Dr. ROBISON BARONI)

Sessão de 16 de outubro de 1997 SOCIEDADE DE ADVOGADOS – SITUAÇÃO DE FATO – POSSIBILIDADE – IMPOSSIBILIDADE,

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CONTUDO, DE DIVULGAÇÃO COM NOME FANTASIA Não existindo formalmente a sociedade de advogados, não podem seus componentes utilizar, nem sugerir sua existência, através de expressões tais, como "sociedade de advogados" ou "advogados associados". Mesmo às sociedades registradas na OAB é vedado o uso de logotipos e o símbolo "&", identificativo de uso comercial. Recomenda-se aos consulentes o registro da sociedade na OAB. Inteligência dos arts. 14, par. Único, II e 15 e 34, II do EAOAB. (Proc. E - 1.573/97 – v.u. em 16/10/97 do parecer do Rel. Dr. BENEDITO ÉDISON TRAMA – Rev. Dr. JOSÉ URBANO PRATES – Presidente Dr. ROBISON BARONI)

479ª sessão de 21 de julho de 2005 PUBLICIDADE - DIVULGAÇÃO DE SERVIÇOS PELA INTERNET - LIMITES E REGRAS ÉTICAS A SEREM OBSERVADOS - ATIVIDADE JURÍDICA DE SOCIEDADE DE ADVOGADOS NÃO INSCRITA NA OAB - IRREGULARIDADE – IMPOSSIBILIDADE DE USO DO NOME – FANTASIA – INFRAÇÕES ÉTICAS COMETIDAS. A oferta de serviços jurídicos por sociedade de advogados não inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil viola expressas disposições contidas no art. 15 e seguintes da Lei Federal nº 8.906/94. Impossibilidade do uso do nome fantasia: violação do art. 34, II, da citada lei federal. A publicidade do advogado ou da sociedade de advogados na internet pode ser admitida como novo veículo de comunicação eletrônica, mas, por isso, deve respeitar as regras e limites éticos; portanto, está sujeita ao regramento devidamente estabelecido no Código de Ética e Disciplina e no Provimento nº 94/2000 do Conselho Federal da OAB. Por ter o site em análise oferta de serviços com divulgação profissional, expressões persuasivas de auto-engrandecimento, veiculação de publicidade incompatível com a sobriedade da advocacia, utilizando meios promocionais típicos de atividade mercantil, utilizando nome fantasia e ofertando serviços, com evidente implicação em inculca e captação de clientela, infringiu os artigos 34, II, do EAOAB, 5º, 7º, 28, 29 e 31 “caput” do CED e o art. 4º, letras b, c e l, do Provimento 94/2000. Nos termos do artigo 48 do Código de Ética, deverão os advogados mencionados na publicidade ser comunicados que seu site está em desacordo com as normas éticas e deverão, portanto, cessar

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imediatamente a sua veiculação. Remetam-se os autos a Turma Disciplinar para as providências cabíveis. (Proc. E-3.205/05 – v.m., em 21/07/2005, do parecer e ementa do Rel. Dr. JOÃO LUIZ LOPES – Rev. Dr. FÁBIO KALIL VILELA LEITE – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE)

III) valer-se de agenciador de causas, mediante participação nos honorários a receber. Acerca deste dispositivo, vejam-se interessantes julgados do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

438ª sessão de 18 de outubro de 2001 HONORÁRIOS - REDUÇÃO DE VALORES - CAPTAÇÃO DE CLIENTELA POR AGENCIADOR DE CAUSAS. O advogado que encaminha correspondência a pretenso cliente abrindo a possibilidade de redução de honorários se terceiros demonstrarem interesse na proposição de ações, em evidente captação de clientela através de agenciador, que poderá ou não participar dos honorários recebidos, fere a ética e infringe o artigo 34, III e IV, do EAOAB (Lei 8.906/94). Tal procedimento deve ser objeto de apuração, através de um dos Tribunais de Disciplina. (Proc. E-2.454/01 – v.u. em 18/10/01 do parecer e ementa do Rel. Dr. GUILHERME FLORINDO FIGUEIREDO – Rev. Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE – Presidente Dr. ROBISON BARONI)

483ª sessão de 17 de novembro de 2005 EXERCÍCIO DA ADVOCACIA - SERVIÇOS JURÍDICOS POR PESSOA INTERPOSTA - CAPTAÇÃO DE CLIENTELA - IRRELEVANTE A PARTICIPAÇÃO COMUM NA VERBA HONORÁRIA – AGRAVANTE EM CASO DE PARTICIPAÇÃO. Comete infração ética tanto o advogado que indica quanto o indicado para angariar causas e serviços jurídicos, sendo irrelevante que o agenciador tenha participação de verba honorária, valendo essa hipótese como agravante, a teor do que determina o art. 34, III e IV, do Estatuto da Advocacia. Precedente: E. 2.343/01. (Processo E-3.255/2005 – v.u., em 17/11/2005, do parecer e ementa do Relator Dr. CLÁUDIO FELIPPE ZALAF – Revisor Dr. OSVALDO ARISTODEMO NEGRINI JÚNIOR – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE)

IV) angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros. Sobre este dispositivo, vejam-se os seguintes julgados do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

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Sessão de 18 de agosto de 1994 ASSESSORIA A IMOBILIÁRIA - IMPOSSIBILIDADE DE POSTULAÇÃO PARA INQUILINO I) Advogado que presta serviço, como autônomo, a empresa Imobiliária, que administra locação de imóveis, não pode, concomitantemente, advogar para os pretendentes a locatários indicados pela empresa. Tal prática importa em captação e angariação de clientela, tipificando a infração disciplinar capitulada no artigo 34, inc. IV do Estatuto da Ordem (Lei 8.906, de 04/07/94) e infringindo o disposto na seção I, no. II, letra "a" do Código de Ética Profissional. Além disso, poderá configurar, também, a infração prevista na letra "k" do inc. I, da seção II do sobredito Código, segundo a qual deve o advogado não assumir o patrocínio de interesses que possam entrar em conflito. II) No caso da consulta, pode, ainda, constituir reprovável expediente, por meio do qual o advogado estaria contribuindo para que a Imobiliária, para a qual presta serviços, venha burlar o disposto no artigo 22, inc. VII, da Lei 8.245/91, o que tipifica a contravenção prevista no artigo 43, inc. I da sobretida lei e viola o artigo 34, inc. VI do Estatuto e a seção III, inc. VIII, letra "a" do Código de Ética Profissional. III) Refoge à competência do Tribunal de Ética Profissional fixar, em casos concretos, o "quantum" dos honorários a serem cobrados por advogados, pelos serviços que presta, já que os parâmetros, para a respectiva fixação, se encontram expressamente estabelecidos na seção VIII, inc. III do Código de Ética Profissional e no artigo 20, § 3o. do Código de Processo Civil. (Proc. E-1140 - V.U. Relator Dr. Bruno Sammarco - Revisor Dr.Elias Farah - Presidente Dr.Modesto Carvalhosa)

Sessão de 20 de novembro de 1997 PROGRAMA DE RÁDIO – ORIENTAÇÃO JURÍDICA AOS OUVINTES Constitui conduta infratora ao art. 34, IV, do EAOAB e art. 33, I, do CED, a participação habitual do advogado em programas radiofônicos destinados a dar consultas e orientação jurídica aos ouvintes, uma vez que tal fato é maneira indireta de angariar ou captar causas e de promoção profissional. Da mesma forma, as consultas indiscriminadas sobre casos concretos podem constituir, também, infração ao art. 33, II do CED, quando envolverem ou debaterem causa sob o patrocínio de colega. INCOMPATIBILIDADES – ADVOCACIA E JUSTIÇA DE PAZ – ADVOCACIA E DIREÇÃO DE GUARDA MUNICIPAL – É incompatível

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a atividade da advocacia com a de Juiz de Paz (art. 28, II do EAOAB), bem como com a atividade de direção de guarda municipal, seja da administração pública direta ou indiretamente, já que vinculada à atividade policial de qualquer natureza (art. 28, III e V, do EAOAB. ATIVIDADES JORNALÍSTICAS – Não existe incompatibilidade entre o exercício da advocacia com atividades jornalísticas, desde que respeitadas as recomendações da Resolução n. 02/92, art. 5º. (Proc. E - 1.593/97 – v.u. em 20/11/97 do parecer do Rel. Dr. JÚLIO CARDELLA – Rev. Dr. DANIEL SCHWENCK – Presidente Dr. ROBISON BARONI)

487ª sessão de 27 de abril de 2006 PUBLICIDADE - PLACA ANUNCIANDO SERVIÇOS JURÍDICOS – VEDADO ANÚNCIO QUE DENOMINA O ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA DE “ESPAÇO JURÍDICO TRABALHISTA”. A expressão é ambígua. É preciso que fique claro que se trata do local de prestação de serviços profissionais do advogado e não um local para o desenvolvimento de outras atividades distintas daquela, mesmo porque a advocacia não pode ser anunciada em conjunto com outras atividades. De fato, o Estatuto da Advocacia, no § 3º do artigo 1º, veda a divulgação do escritório de advocacia em conjunto com outra atividade. O exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de mercantilização (CED, art. 5º). Nenhum tipo de publicidade de caráter mercantilista, que busca o lucro e oferece serviços como propaganda comercial, com intuito de captar causas e clientes, pode ser admitido pelo advogado. Tal prática enseja a infração disciplinar prevista no art. 34, IV, do EAOAB, além de ferir os arts. 5º, 7º, 28 a 34 do CED e as disposições do Provimento nº 94/2000 do CFOAB. (Proc. E-3.311/2006 – v.m., em 27/04/2006, do parecer e ementa da Relª. Drª. MARIA DO CARMO WHITAKER – Rev. Dr. GUILHERME FLORINDO FIGUEIREDO – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE)

V) assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim extrajudicial que não tenha feito, ou em que não tenha colaborado. Acerca deste dispositivo, veja-se interessante julgado do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

535ª sessão de 16 de setembro de 2010 EXERCÍCIO PROFISSIONAL – PROCURADORIA DE ASSEMBLEIA LEGISLATIVA - SUBSCRIÇÃO DE PEÇAS POR PROCURADOR-CHEFE E PROCURADOR-COORDENADOR CONJUNTAMENTE

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COM O PROCURADOR REDATOR DA MINUTA INICIAL E, EM CASO DE INFORMAÇÕES EM MANDADO DE SEGURANÇA, COM A AUTORIDADE COATORA – INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO ÉTICA, DESDE QUE SE VERIFIQUE QUE TODOS OS CO-SUBSCRITORES TENHAM EFETIVAMENTE COLABORADO PARA A ELABORAÇÃO DO DOCUMENTO – INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 34, V, DO ESTATUTO – VEDADAS AS CHAMADAS “PEÇAS PRONTAS” E “MODELOS-PADRÃO” - CASO DE PATENTE TRANSGRESSÃO AOS DEVERES DO ADVOGADO – ARTIGO 2º DO CED - IMPOSSIBILIDADE DE SE COMPELIR O ADVOGADO A SUBSCREVER O DOCUMENTO - SUBORDINAÇÃO HIERÁRQUICA QUE NÃO IMPLICA SUBORDINAÇÃO TÉCNICA - ARTIGO 31, § 1º DO ESTATUTO E ARTIGO 2º DA RESOLUÇÃO 03/92 DESTE TRIBUNAL. Inexiste vedação à subscrição de peça por Procurador-Chefe e Procurador-Coordenador da Área de Contencioso Geral da Procuradoria da Assembléia Legislativa em conjunto com o Procurador que elaborou a minuta inicial, desde que tenham todos os subscritores efetivamente colaborado para a preparação do documento, em atenção ao artigo 34, V, do Estatuto da Advocacia. Da mesma forma, não se vislumbra violação ética a assinatura dos Procuradores em conjunto com a autoridade coatora a título de informações em mandado de segurança, caso se verifique ter ocorrido contribuição - ainda que mínima ou de mera concordância -- por parte de cada um dos signatários. Pune-se, por outro lado, o advogado que subscreve as chamadas “peças prontas” ou baseadas em “modelos-padrão”, indubitavelmente de autoria de outrem, por configurar violação aos deveres do advogado, elencados no artigo 2º do CED. Nada obstante, a subscrição da peça deve ser voluntária, cometendo infração ético-disciplinar o superior que exige de seu subalterno que subscreva documento com o qual este não concorda. Inteligência da Resolução nº 03/92 deste Tribunal. Precedente: E-2.669/2002. (Sem grifos no original). (Proc. E-3.916/2010 – v.u., em 16/09/2010, do parecer e ementa do Rel. Dr. GILBERTO GIUSTI, revisor Dr. LUIZ ANTONIO GAMBELLI – Presidente Dr. CARLOS JOSÉ SANTOS DA SILVA)

VI) advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando fundamentado na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em pronunciamento judicial anterior;

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VII) violar, sem justa causa, sigilo profissional. Acerca deste dispositivo, vejam-se as seguintes decisões do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

434ª sessão de 21 de junho de 2001 SIGILO PROFISSIONAL – PROTEÇÃO E INVIOLABILIDADE DE PRINCÍPIO DE ORDEM PÚBLICA Advogado que atuou na defesa de interesses de vários clientes, ante o rompimento da relação com alguns deles, deve abster-se de atuar contra estes, sob pena de caracterizar infração disciplinar, prevista no art. 34, VII, do EAOAB e na Resolução n. 17/2000 deste Sodalício. A abstenção se impõe, em princípio, pelo prazo de 2 (dois) anos, nos parâmetros trazidos por decisões unânimes desta Corte. O fundamento da abstenção está na confiança em que se embasa o ministério da advocacia, sem o que o direito de defesa estaria aniquilado, porquanto o segredo é sua pedra angular. (Proc. E-2.361/01 – v.u. em 21/06/01 do parecer e ementa do Rel.ª Dr.ª MARIA CRISTINA ZUCCHI – Rev. Dr. CLODOALDO RIBEIRO MACHADO – Presidente Dr. ROBISON BARONI)

480ª sessão de 18 de agosto de 2005 SIGILO PROFISSIONAL – DELAÇÃO – ADVOGADO QUE PRETENDE VOLUNTARIAMENTE DENUNCIAR ÀS AUTORIDADES ATOS SUPOSTAMENTE ILÍCITOS QUE TERIAM SIDO PRATICADOS PELO EX-CLIENTE E EMPREGADOR, DOS QUAIS TOMOU CONHECIMENTO NO EXERCÍCIO DE SEU LABOR PROFISSIONAL – IMPOSSIBILIDADE FACE A INSUPERÁVEIS ÓBICES ÉTICOS E ESTATUTÁRIOS. Em tempos em que a advocacia está mobilizada por seus pares e representantes na defesa do direito-dever do sigilo, face a violações das prerrogativas profissionais, com invasão indiscriminada de escritórios, por parte de autoridades policiais, soa no mínimo estranho o desejo de delação por advogado. O advogado delator, com seu agir reprovável, macula não apenas a si mesmo, mas a advocacia como um todo, semeando uma idéia de desconfiança generalizada na profissão. O advogado tem o direito ao silêncio e o dever de silenciar-se. Independentemente da pena estatutária posta, a ser aplicada, o advogado acusador terá de seus pares e da própria Ordem não apenas o desprezo, mas carregará o estigma de delator. Exegese dos artigos 7º, II e XIX, 34, VII, e 36 do Estatuto, artigos 25, 26 e 27 do C.E.D., Resolução nº

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17/2000 deste Tribunal Deontológico e inúmeros precedentes desta Casa. (Processo E-3.200/2005 – v.u., em 18/08/2005, do parecer e ementa do Rel. Dr. FÁBIO KALIL VILELA LEITE – Revª. Dra. MARIA DO CARMO WHITAKER – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE)

536ª sessão de 21 de outubro de 2010 SIGILO PROFISSIONAL – QUEBRA POR ADVOGADO, EM CAUSA PRÓPRIA, PARA PROPOSITURA DE AÇÃO JUDICIAL CONTRA EX-CLIENTES – LIMITES. A quebra de sigilo é possível, de forma excepcional, por justa causa (art. 34, VII, do Estatuto da Ordem) e em defesa própria, porém sempre restrito ao interesse da causa. O advogado não pode transmitir informações que recebeu, em sigilo profissional, para o benefício de terceiros ou para fazer denúncias, sob pena de quebra do sigilo profissional, que consiste em dever profissional. Desaconselhável, no caso, a advocacia em causa própria. Inteligência do artigo 25 do Código de Ética e Disciplina. Precedentes: E-3.738/2009; E-2.899/04; E-2.810/03; E-2.992/04. (Proc. E-3.941/2010 – v.m., em 21/10/2010, do parecer e ementa do Rel. Dr. EDUARDO TEIXEIRA DA SILVEIRA, com declaração de voto complementar do julgador Dr. LUIZ ANTONIO GAMBELLI, Rev. Dra. CÉLIA MARIA NICOLAU RODRIGUES – Presidente em exercício Dr. CLÁUDIO FELIPPE ZALAF)

VIII) estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou ciência do advogado contrário. Nesse sentido, veja-se a pertinente manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

514ª SESSÃO DE 18 DE SETEMBRO DE 2008 EXERCÍCIO PROFISSIONAL – ENTENDIMENTO COM A PARTE ADVERSA – VEDAÇÃO SOB PENA DE INFRAÇÃO DISCIPLINAR. Constitui infração disciplinar o advogado estabelecer entendimentos com a parte adversa sem a ciência do seu advogado (art. 34, inciso VIII, do Estatuto da OAB). Ademais, trata-se de um dever do advogado o de não se entender diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído sem o consentimento deste {art. 2º, § único, inciso VIII, letra (e)}. É uma das regras deontológicas fundamentais que exige do profissional do Direito absoluto respeito, sob pena de infração disciplinar. (Proc. E-3.665/2008 – v.u., em 18/09/2008, do parecer e ementa da Rel.ª Dr.ª MARCIA DUTRA LOPES

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MATRONE – Rev. Dr. FABIO GUEDES GARCIA DA SILVEIRA – Presidente Dr. CARLOS ROBERTO F. MATEUCCI)

IX) prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio. Acerca do dispositivo em análise, veja-se a seguinte manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

441ª sessão de 21 de fevereiro de 2002 EXERCÍCIO PROFISSIONAL - PERDA DE PRAZO JUDICIAL SEM JUSTIFICATIVA RELEVANTE – NÃO PRESTAÇÃO DE CONTAS AO CLIENTE A perda de prazo judicial em causa sob o patrocínio de advogado regularmente constituído, sem qualquer justificativa relevante, tal como foi apresentado, pode caracterizar a infração disciplinar descrita (art. 34, IX do EAOAB). A falta de prestação de contas por mais de um ano após a perda do prazo judicial pode caracterizar a conduta descrita no inciso XI do artigo 34 do EAOAB e arts. 9º e 12 do CED. (Sem grifo no original) (Proc. E-2.550/02 – v.u. em 21/02/02 do parecer e ementa da Rel.ª Dr.ª MÔNICA DE MELO – Rev. Dr. JOSÉ GARCIA PINTO – Presidente Dr. ROBISON BARONI)

X) acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do processo em que funcione. Sobre o dispositivo, é pertinente a análise da seguinte manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

Sessão de 17 de junho de 1999 PATROCÍNIO – PROCURADOR DE MUNICÍPIO QUE ACEITA ADVOGAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – VÍNCULO E REMUNERAÇÃO Advogado público que aceita mandato de particular, sabendo que não poderia aceitá-lo no âmbito do impedimento, comete infração ética e legal, previstas pelos arts. 2º, parágrafo único, II, 18 e 20 do CED, e 34, X, do EAOAB. Procurador do Município não pode postular contra o poder público que o emprega e remunera, não podendo também manifestar-se pelas duas partes que demandam em pólos opostos, provocando, destarte e conscientemente, nulidade de processo judicial (Proc. E-1.909/99 – v.u. em 17/06/99 do parecer e voto do Rel. Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE – Rev. Dr. BRUNO SAMMARCO – Presidente Dr. ROBISON BARONI)

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XI) abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos 10 (dez) dias da comunicação da renúncia. O Tribunal de Ética da OAB de São Paulo já teve oportunidade de se manifestar sobre este dispositivo da seguinte maneira:

515ª sessão de 16 de outubro de 2008 PROCESSO PENAL – ABANDONO DA CAUSA – ESCUSA FUNDADA EM MOTIVO IMPERIOSO OU JUSTO MOTIVO – DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE PAGAR HONORÁRIOS – INADMISSIBILIDADE – POSSIBILIDADE DE RENÚNCIA. O abandono da causa, salvo por justo motivo, previsto no art. 34, XI, do EAOAB, ou por motivo imperioso, tal qual previsto no art. 265 do Código de Processo Penal, constitui infração ética punível com censura e sujeita o advogado a uma multa a ser aplicada pelo juiz da causa. Constituem, dentre outros, justo motivo ou motivo imperioso, o estado precário de saúde do advogado, a doença grave de pessoa da família, as hipóteses de caso fortuito ou de força maior. Não caracteriza justo motivo ou motivo imperioso o inadimplemento pelo cliente da obrigação de pagar os honorários advocatícios contratados. Enquanto a procuração ad judicia estiver em vigor, tem o advogado o dever legal, profissional e ético de atuar nos autos com a máxima diligência, sob pena de censura decorrente da infração ética prevista no art. 34, XI, do EAOAB. Em caso de inadimplemento pelo cliente cabe ao advogado, em vez de deixar o processo sem acompanhamento, renunciar aos poderes que lhe foram conferidos, omitindo os respectivos motivos e continuando no patrocínio da causa por 10 (dez) dias da notificação da renúncia ao cliente. O art. 265 do Código de Processo Penal, alterado pela Lei 11.719 de 2008, que prevê pena de multa nas hipóteses de abandono da causa, salvo por motivo imperioso, não exclui a possibilidade de renúncia. Inteligência dos arts. 5º, § 3º, 34, XI, 35, I e 36, I do EAOAB e do art. 265 do Código de Processo Penal. (Sem grifos no original). (Proc. E-3.667/2008 – v.u., em 16/10/2008, do parecer e ementa do Rel. Dr. FÁBIO DE SOUZA RAMACCIOTTI – Rev. Dr. JAIRO HABER – Presidente Dr. CARLOS ROBERTO F. MATEUCCI)

XII) recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando nomeado em virtude de impossibilidade da Defensoria Pública;

XIII) fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, alegações forenses ou relativas a causas pendentes;

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XIV) deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária ou de julgado, bem como de depoimentos, documentos e alegações da parte contrária, para confundir o adversário ou iludir o juiz da causa;

XV) fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste, imputação a terceiro de fato definido como crime;

XVI) deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada do órgão ou de autoridade da Ordem, em matéria da competência desta, depois de regularmente notificado;

XVII) prestar concurso a clientes ou a terceiros para realização de ato contrário à lei ou destinado a fraudá-la. Acerca deste dispositivo, veja-se a manifestação proferida pelo Tribunal de Ética da OAB de São Paulo, constante da seção de “melhores pareceres” do site da OAB de São Paulo:

E-3.182/05 - MONOGRAFIA - ADVOGADO REMUNERADO PARA FAZÊ-LA PARA CURSOS DE GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO - PRETENSÃO DE PRESTAR ESSE TIPO DE ATIVIDADE EM FACULDADES - INTENÇÃO DE AFIXAR A OFERTA NOS QUADROS DE AVISO - INFRAÇÕES ÉTICAS, CIVIS , CRIMINAIS E DISCIPLINARES. "Advogada que , remunerada ou não, pretende ser contratada por alunos de cursos de graduação ou pós graduação para elaborar Monografia, eiva toda a sua classe. Afasta-se do eixo insculpido nos princípios da moral individual, social e profissional traçados pelo art. 1º , do Código de Ética. Contamina o dever de preservar a honra, a dignidade e a nobreza da profissão ( Inciso I, do par. ún. , do art. 2 º do C. E.). Enodoa a sociedade porque empresta concurso aos que atentam contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa e, portanto, infringe a letra "d" do inciso VIII, do par. único, do art. 2 º do Código de Ética. Torna-se indigno e desprestigia toda a classe ( art. 31, da Lei 8.906/94). Pratica ato contrário à lei , fraudando-a, motivo por que o inciso XVII, do art. 34, da mesma lei o alcança. Torna-se moralmente inidôneo e mantém conduta incompatível com a advocacia (art.34, incisos XXV e XXVII da Lei 8.906/94). Conduz-se ao ato ilícito ( art. 927, do C. Civil). Abraça o art. 171, do Código Penal . Enfim, faz soar as palavras de Francis Bacon de que "Não há devassidão mais vergonhosa para o homem do que a falsidade e a perfídia". V.U., em 16/06/2005, do parecer e ementa do Rel. Dr. JOSÉ ROBERTO BOTTINO - Rev. Dra. MARIA DO CARMO WHITAKER - Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE.

XVIII) solicitar ou receber de constituinte qualquer importância para aplicação ilícita ou desonesta;

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XIX) receber valores, da parte contrária ou de terceiro, relacionados com o objeto do mandato, sem expressa autorização do constituinte. Sobre este dispositivo, veja-se a seguinte manifestação do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB da Bahia (exercício 2007/2009):

Processo Disciplinar n° 7504/02 – Ementa: “PRESTAÇÃO DE CONTAS – CONFISSÃO”. Advogado que confirma a celebração de acordo e o recebimento de numerário e, sob argumento inconsistente, nega-se a prestar contas ao cliente, infringe, de uma só vez, os incisos XIX e XXI, do art. 34, da Lei 8.906/94. Sala das Sessões, 27/11/2007. Relator: Dr. Jose Cláudio Cruz Vieira – Presidente: Dr. João da Costa Pinto Dantas Neto.

XX) locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou da parte adversa, por si ou interposta pessoa. Para esclarecer, locupletar é o mesmo que enriquecer, por métodos desonestos, às custas de outrem. Pertinente, pois, é a análise da seguinte manifestação, exarada pelo Tribunal de Ética e Disciplina da OAB da Bahia (exercício 2007/2009):

Processo Disciplinar n° 263/01 – Ementa: “LOCUPLETAMENTO”. Constitui infração disciplinar, ao teor da disposição ínsita no inciso XX, do art. 34, da Lei 8.906/94, locupletar-se o advogado do mandato outorgado para apropriar-se de valores pecuniários do cliente, sem a sua ciência, usando-os em proveito próprio. Infringe o advogado as disposições do inciso XXI, do art. 34, da Lei 8.906/94, ao recusar-se injustificadamente, de prestar contas ao cliente de quantias recebidas em seu favor. Sala das Sessões, 04/12/2007. Relator: Dr. Sylvio Quadro Mercês– Presidente: Dr. João da Costa Pinto Dantas Neto.

XXI) recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias recebidas dele ou de terceiros por conta dele. Sobre o dispositivo, vejam-se pertinentes manifestações do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

Sessão de 11 de dezembro de 1997 MANDATO – CLÁUSULA DE DISPENSA DE PRESTAÇÃO DE CONTAS AO CLIENTE – INADMISSIBILIDADE POR INCONVENIÊNCIA ÉTICA A outorga de mandato judicial não pode ser ilimitada, de modo a subtrair do outorgante o direito de ter prestadas as contas dela decorrentes. Trata-se de direito positivo do mandante, disciplinado no ordenamento civil vigente (CC, art. 1.031, CPC, arts. 914 e seguintes), dele decorrente, o dever de apresentar as contas respectivas (EAOAB, art. 34, XXI e Código de Ética e Disciplina, art. 9º), sob pena de

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caracterização de infração disciplinar passível de suspensão por tempo indeterminado, inobstante a indenização devida por danos sofridos. (Sem grifo no original) (Proc. E - 1.621/97 – v.u. em 20/11/97 do parecer e ementa da Relª. Drª. MARIA CRISTINA ZUCCHI – Rev. Dr. ELIAS FARAH – Presidente Dr. ROBISON BARONI)

474ª sessão de 17 de fevereiro de 2005 EXERCÍCIO PROFISSIONAL - PRESTAÇÃO DE CONTAS - PAGAMENTO DE CONDUÇÃO E DE GRATIFICAÇÃO A OFICIAL DE JUSTIÇA - DEVER DE DECLARAR COM EXATIDÃO OS PAGAMENTOS REALIZADOS - DISTINÇÃO NECESSÁRIA. Em regra, deve o advogado, em nome da parte, antecipadamente recolher por guia própria as despesas que as normas judiciárias fixam e delas prestar contas ao cliente (CPC, art. 19, Prov. CG 8/85 e CED, art. 9º). O pagamento ocasional de modesta gratificação ao meirinho, fruto de liberalidade do homem probo, não pode ser assimilado à propina entre aspas, instrumento de corrupção do "improbus litigator", que demanda em juízo sem direito, mas apenas por malícia ou emulação. Se o advogado, eventualmente, pagou gratificação por diligência cumprida, sem nada haver prometido ou combinado com o serventuário, muito menos para que praticasse, omitisse ou retardasse ato de ofício, cumpre-lhe, igualmente, declarar esse pagamento na prestação de contas ao cliente, no montante exato ao dispêndio. A recusa injustificada ao dever de prestar contas constitui infração ética grave, punida com suspensão, da competência das Turmas Disciplinares (EAOAB, 34, XXI). (Proc. E-3.097/2004 – v.u., em 17/02/2005, do parecer e ementa do Rel. Dr. LUIZ FRANCISCO TORQUATO AVÓLIO – Rev. Dr. JAIRO HABER – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE)

XXII) reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou em confiança. Sobre este dispositivo, veja-se a seguinte manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

427ª sessão de 19 de outubro de 2000 EXERCÍCIO PROFISSIONAL - RETENÇÃO DE AUTOS - INFORMAÇÃO DO JUÍZO À SUBSECÇÃO - INFRAÇÃO DISCIPLINAR A retenção de autos por advogado é matéria disciplinada pelo art. 196 e seu parágrafo único do CPC, constituindo crime, conforme previsão pelo art.

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356 do CP, remetendo, ainda, o infrator para a infração prevista pelo art. 34, XXII, do EAOAB. Dano ao conceito da advocacia e às prerrogativas do advogado, com violação dos deveres do profissional (art. 2º, parágrafo único, I e III, do CED). (Proc. E-2.240/00 - v.u. em 19/10/00 do parecer e ementa do Rel. Dr. LICÍNIO DOS SANTOS SILVA FILHO - Rev. Dr. BENEDITO ÉDISON TRAMA - Presidente Dr. ROBISON BARONI)

XXIII) deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à OAB, depois de regularmente notificado a fazê-lo;

XXIV) incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional;

XXV) manter conduta incompatível com a advocacia. E segundo o parágrafo único do artigo 34 do Estatuto da Advocacia e da OAB, inclui-se na conduta incompatível:

a) a prática reiterada de jogo de azar, não autorizado por lei;

b) a incontinência pública e escandalosa; e

c) a embriaguez ou toxicomania habituais. Sobre este dispositivo, veja-se interessante manifestação do Tribunal de Ética da OAB da Bahia:

Processo Disciplinar n° 22250/03 – Ementa: “RETENÇAÕ DE VALORES”. Advogado que usa da fragilidade intelectual da cliente para induzi-la a assinar recibo, sem lhe repassar o valor do crédito, infringe frontalmente as normas disciplinares inseridas nos incisos XX, XXI e XXV, do art. 34, c/c com o caput do art. 31, da Lei 8.906/94. Representação acolhida. Suspensão pelo prazo de 30 (trinta) dias, por ser primário, segundo informa a secretaria às fls. 60, devendo perdurar até quando devolva à representante, a diferença da quantia comprovadamente recebida, devidamente corrigida, e aplicados juros de 1% ao mês Sala das Sessões, 15/08/2007. Relator: Dr. Sylvio Quadro Mercês – Presidente: Dr. João da Costa Pinto Dantas Neto.

XXVI) fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição na OAB;

XXVII) tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia. Sobre este dispositivo, veja-se interessante manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo, oportunamente inserido na análise do inciso XVII do presente artigo.

XXVIII) praticar crime infamante;

XXIX) praticar, o estagiário, ato excedente de sua habilitação.

Enquanto o artigo 34 do Estatuto da Advocacia e da OAB disciplina as infrações, o artigo 35 estipula quais são as sanções disciplinares, a saber:

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a) censura;

b) suspensão;

c) exclusão;

d) multa.

Após o trânsito em julgado da decisão que aplicar uma sanção ao inscrito, a mesma deve constar em seus assentamentos, não podendo ser objeto de publicidade a de censura (art. 35, parágrafo único da Lei n.º 8.906/94). Aplica-se a censura nos casos de:

a) infrações definidas nos incisos I a XVI e XXIX do art. 34;

b) violação a preceito do Código de Ética e Disciplina; e

c) violação a preceito desta lei, quando para a infração não se tenha estabelecido sanção mais grave.

Admite-se a conversão da censura em advertência, em ofício reservado, sem registro nos assentamentos do inscrito, quando presente circunstância atenuante. A suspensão é sanção aplicável nos casos de:

a) infrações definidas nos incisos XVII a XXV do art. 34;

b) reincidência em infração disciplinar.

A suspensão acarreta ao infrator a interdição do exercício profissional, em todo o território nacional, pelo prazo de 30 (trinta) dias a 12 (doze) meses, de acordo com os critérios de individualização previstos no capítulo IX (das infrações e sanções disciplinares) do Estatuto da Advocacia e da OAB. Consoante previsão do parágrafo segundo do artigo 37 da Lei n.º 8.906/94, nas hipóteses dos incisos XXI e XXIII do art. 34, a suspensão deve perdurar até que seja satisfeita integralmente a dívida, inclusive com correção monetária. Já na hipótese do inciso XXIV do art. 34, conforme dispõe o parágrafo terceiro do artigo 37 da Lei n.º 8.906/94, a suspensão deve perdurar até que sejam prestadas novas provas de habilitação. A exclusão, por sua vez, é sanção aplicável nos casos de:

a) aplicação, por três vezes, de suspensão;

b) infrações definidas nos incisos XXVI a XXVIII do art. 34.

Para a aplicação da sanção disciplinar de exclusão, é necessária a manifestação favorável de 2/3 (dois terços) dos membros do Conselho Seccional competente (art. 37, parágrafo único da Lei n.º 8.906/94). Já a sanção de multa, que é variável, deve ser aplicável entre o mínimo correspondente ao valor de uma anuidade e o máximo de seu décuplo, é passível de ser aplicada cumulativamente com a censura ou suspensão, em havendo circunstâncias agravantes.

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Conforme salienta o artigo 40 do Estatuto da Advocacia e da OAB, na aplicação das sanções disciplinares, são consideradas, para fins de atenuação, as seguintes circunstâncias, entre outras:

a) falta cometida na defesa de prerrogativa profissional;

b) ausência de punição disciplinar anterior;

c) exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em qualquer órgão da OAB;

d) prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública.

E o parágrafo único do mesmo dispositivo dispõe que os antecedentes profissionais do inscrito, as atenuantes, o grau de culpa por ele revelada, as circunstâncias e as consequências da infração são consideradas para o fim de decidir:

a) sobre a conveniência da aplicação cumulativa da multa e de outra sanção disciplinar; e

b) sobre o tempo de suspensão e o valor da multa aplicáveis.

Um ano após o cumprimento da sanção disciplinar, admite-se que aquele que a tenha sofrido requeira a reabilitação, mediante provas efetivas de bom comportamento, consoante regra esculpida no artigo 41 do Estatuto da Advocacia e da OAB. Entretanto, quando a sanção disciplinar resultar da prática de crime, o pedido de reabilitação depende também da correspondente reabilitação criminal. Aplicadas as sanções disciplinares de suspensão ou exclusão, o profissional fica impedido de exercer o mandato (art. 42 da Lei n.º 8.906/94). O prazo prescricional da pretensão à punibilidade, no caso das infrações disciplinares, é de 5 (cinco) anos, contados da data da constatação oficial do fato; Relevante é a disposição do parágrafo primeiro do artigo 43 do Estatuto da Advocacia e da OAB, que estipula: aplica-se a prescrição a todo processo disciplinar paralisado por mais de 3 (três) anos, pendente de despacho ou julgamento, devendo ser arquivado de ofício, ou a requerimento da parte interessada, sem prejuízo de serem apuradas as responsabilidades pela paralisação. Por derradeiro, há que se mencionar que são causas interruptivas da prescrição:

a) a instauração de processo disciplinar ou a notificação válida feita diretamente ao representado; e

b) a decisão condenatória recorrível de qualquer órgão julgador da OAB.

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10. ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL 10.1 A organização e suas finalidades A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é serviço público, dotada de personalidade jurídica e forma federativa, e tem por finalidade:

a) defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas;

b) promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil.

No entanto, a exclusividade da representação dos advogados pela OAB não afasta a competência própria dos sindicatos e associações sindicais de advogados, quanto à defesa dos direitos peculiares da relação de trabalho do profissional empregado (art. 45 do Regulamento Geral da OAB). Conforme prevê o parágrafo primeiro do artigo 44 da Lei n.º 8.906/94, a OAB não mantém qualquer vínculo funcional ou hierárquico com órgãos da Administração Pública. O uso da sigla OAB é privativo da Ordem dos Advogados do Brasil (art. 44, §2º da Lei n.º 8.906/94). São órgãos da OAB:

a) o Conselho Federal;

b) os Conselhos Seccionais;

c) as Subseções; e

d) as Caixas de Assistência dos Advogados.

O Conselho Federal possui personalidade jurídica própria, tem sede na capital da República e é o órgão supremo da OAB. Os Conselhos Seccionais também possuem personalidade jurídica própria e tem jurisdição sobre os respectivos territórios dos Estados-membros, do Distrito Federal e dos Territórios. Já as Subseções são partes autônomas do Conselho Seccional, na forma do Estatuto da Advocacia e da OAB e de seu ato constitutivo. Por fim, as Caixas de Assistência dos Advogados, dotadas de personalidade jurídica própria, podem ser criadas pelos Conselhos Seccionais, quando estes contarem com mais de 1.500 (mil e quinhentos) inscritos. Consoante prevê o parágrafo quinto do artigo 45 da Lei n.º 8.906/94, a OAB, por constituir serviço público, goza de imunidade tributária total em relação a seus bens, rendas e serviços. É competência da OAB fixar e cobrar, de seus inscritos, contribuições, preços de serviços e multas, consoante autorização do caput do artigo 46 do Estatuto da Advocacia e da OAB. E constitui título executivo extrajudicial a certidão passada pela diretoria do Conselho competente, relativa a crédito de contribuições, preços de serviços e multas.

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É importante a disposição contida no artigo 47 do Estatuto em estudo, segundo o qual, o pagamento da contribuição anual à OAB isenta os inscritos nos seus quadros do pagamento obrigatório da contribuição sindical. O cargo de conselheiro ou de membro de diretoria de órgão da OAB é de exercício gratuito e obrigatório, considerado serviço público relevante, inclusive para fins de disponibilidade e aposentadoria (art. 48 da Lei n.º 8.906/94). Aos Presidentes dos Conselhos e das Subseções da OAB é dada legitimidade para agir, judicial e extrajudicialmente, contra qualquer pessoa que infringir as disposições ou os finalidades do Estatuto da Advocacia e da OAB. E a essas autoridades é dada, ainda, legitimidade para intervir, inclusive como assistentes, nos inquéritos e processos em que sejam indiciados, acusados ou ofendidos os inscritos na OAB. Para os fins previstos no Estatuto da Advocacia e da OAB, os Presidentes dos Conselhos da OAB e das Subseções podem requisitar cópias de peças de autos e documentos a qualquer tribunal, magistrado, cartório e órgão da Administração Pública direta, indireta e fundacional (art. 50 da Lei n.º 8.906/94). O mencionado artigo 50 do Estatuto em estudo teve sua constitucionalidade questionada perante o Supremo Tribunal Federal, que se manifestou por meio da ação declaratória de inconstitucionalidade n.º 1.127-4. Ao analisar o dispositivo, o STF manteve-lhe a redação original, mas deu-lhe interpretação conforme a Constituição Federal, “de modo a fazer compreender a palavra 'requisitar' como dependente de motivação, compatibilização com as finalidades da lei e atendimento de custos desta requisição”. 10.1.1 Conselho Federal O Conselho Federal é composto:

a) dos conselheiros federais, integrantes das delegações de cada unidade federativa; e

b) dos seus ex-presidentes, na qualidade de membros honorários vitalícios.

Perante o Conselho Federal, cada delegação é formada por 3 (três) conselheiros federais, segundo regra esculpida no parágrafo primeiro do artigo 51 do Estatuto da Advocacia e da OAB. No caso dos ex-presidentes, eles têm direito apenas a voz nas sessões. Os presidentes dos Conselhos Seccionais, nas sessões do Conselho Federal, tem lugar reservado junto à delegação respectiva e direito somente a voz (art. 52 da Lei n.º 8.906/94). A estrutura e o funcionamento do Conselho Federal são definidos no Regulamento Geral da OAB (art. 53, caput, da Lei n.º 8.906/94). Nas deliberações do Conselho, o Presidente tem apenas o voto de qualidade. O voto é tomado por delegação, e não pode ser exercido nas matérias de interesse da unidade que represente.

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Na eleição para a escolha da Diretoria do Conselho Federal, cada membro da delegação terá direito a 1 (um) voto, vedado aos membros honorários vitalícios (art. 53, §3º da Lei n.º 8.906/94). Segundo prevê o artigo 54 do Estatuto da Advocacia e da OAB, compete ao Conselho Federal:

I - dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB;

II - representar, em juízo ou fora dele, os interesses coletivos ou individuais dos advogados;

III - velar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização da advocacia;

IV - representar, com exclusividade, os advogados brasileiros nos órgãos e eventos internacionais da advocacia;

V - editar e alterar o Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina, e os Provimentos que julgar necessários;

VI - adotar medidas para assegurar o regular funcionamento dos Conselhos Seccionais;

VII - intervir nos Conselhos Seccionais, onde e quando constatar grave violação do Estatuto da Advocacia e da OAB ou do regulamento geral. Neste caso, essa intervenção depende de prévia aprovação por 2/3 (dois terços) das delegações, garantido o amplo direito de defesa do Conselho Seccional respectivo, nomeando-se diretoria provisória para o prazo que se fixar;

VIII - cassar ou modificar, de ofício ou mediante representação, qualquer ato, de órgão ou autoridade da OAB, contrário a esta lei, ao regulamento geral, ao Código de Ética e Disciplina, e aos Provimentos, ouvida a autoridade ou o órgão em causa;

IX - julgar, em grau de recurso, as questões decididas pelos Conselhos Seccionais, nos casos previstos neste estatuto e no regulamento geral;

X - dispor sobre a identificação dos inscritos na OAB e sobre os respectivos símbolos privativos;

XI - apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as contas de sua diretoria;

XII - homologar ou mandar suprir relatório anual, o balanço e as contas dos Conselhos Seccionais;

XIII - elaborar as listas constitucionalmente previstas, para o preenchimento dos cargos nos tribunais judiciários de âmbito nacional ou interestadual, com advogados que estejam em pleno exercício da profissão, vedada a inclusão de nome de membro do próprio Conselho ou de outro órgão da OAB;

XIV - ajuizar ação direta de inconstitucionalidade de normas legais e atos normativos, ação civil pública, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e demais ações cuja legitimação lhe seja outorgada por lei;

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XV - colaborar com o aperfeiçoamento dos cursos jurídicos, e opinar, previamente, nos pedidos apresentados aos órgãos competentes para criação, reconhecimento ou credenciamento desses cursos;

XVI - autorizar, pela maioria absoluta das delegações, a oneração ou alienação de seus bens imóveis;

XVII - participar de concursos públicos, nos casos previstos na Constituição e na lei, em todas as suas fases, quando tiverem abrangência nacional ou interestadual;

XVIII - resolver os casos omissos neste estatuto.

A diretoria do Conselho Federal é composta por:

a) um Presidente;

b) um Vice-Presidente;

c) um Secretário-Geral;

d) um Secretário-Geral Adjunto; e

e) um Tesoureiro.

O Presidente exerce a representação nacional e internacional da OAB, competindo-lhe convocar o Conselho Federal, presidi-lo, representá-lo ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, promover-lhe a administração patrimonial e dar execução às suas decisões (art. 55, §1º da Lei n.º 8.906/94). Nas deliberações do Conselho Federal, os membros da diretoria votam como membros de suas delegações, cabendo ao Presidente, apenas, o voto de qualidade e o direito de embargar a decisão, se esta não for unânime (art. 55, §3º da Lei n.º 8.906/94). O Conselho Federal atua mediante os seguintes órgãos:

a) Conselho Pleno;

b) Órgão Especial do Conselho Pleno;

c) Primeira, Segunda e Terceira Câmaras;

d) Diretoria;

e) Presidente.

Par ao desempenho de suas atividades, o Conselho também conta com comissões permanentes, definidas em Provimento, e com comissões temporárias, todas designadas pelo Presidente, integradas ou não por Conselheiros Federais, submetidas a um regimento interno único, aprovado pela Diretoria do Conselho Federal e levado ao conhecimento do Conselho Pleno (art. 64, parágrafo único do Regulamento Geral da OAB). 10.1.2 Do Conselho Seccional Prevê o caput do artigo 55 do Estatuto da Advocacia e da OAB, que o Conselho Seccional é composto por conselheiros em número proporcional ao de seus inscritos, segundo critérios estabelecidos no regulamento geral.

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São membros honorários vitalícios os seus ex-presidentes, somente com direito a voz em suas sessões. O Presidente do Instituto dos Advogados local é membro honorário, somente com direito a voz nas sessões do Conselho. Sempre que presentes às sessões do Conselho Seccional, o Presidente do Conselho Federal, os Conselheiros Federais integrantes da respectiva delegação, o Presidente da Caixa de Assistência dos Advogados e os Presidentes das Subseções, eles tem direito a voz (art. 56, §3º da Lei n.º 8.906/94). O Conselho Seccional tem o dever de exercer e observar, no respectivo território, as competências, vedações e funções atribuídas ao Conselho Federal, no que couber e no âmbito de sua competência material e territorial, bem como as normas gerais estabelecidas no Estatuto da Advocacia e da OAB, no Regulamento Geral, no Código de Ética e Disciplina, e nos Provimentos (art. 57 da Lei n.º 8.906/94). Consoante prevê o artigo 58 do Estatuto da Advocacia e da OAB, é competência privativa do Conselho Seccional:

I - editar seu regimento interno e resoluções;

II - criar as Subseções e a Caixa de Assistência dos Advogados;

III - julgar, em grau de recurso, as questões decididas por seu Presidente, por sua diretoria, pelo Tribunal de Ética e Disciplina, pelas diretorias das Subseções e da Caixa de Assistência dos Advogados;

IV - fiscalizar a aplicação da receita, apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as contas de sua diretoria, das diretorias das Subseções e da Caixa de Assistência dos Advogados;

V - fixar a tabela de honorários, válida para todo o território estadual;

VI - realizar o Exame de Ordem;

VII - decidir os pedidos de inscrição nos quadros de advogados e estagiários;

VIII - manter cadastro de seus inscritos;

IX - fixar, alterar e receber contribuições obrigatórias, preços de serviços e multas;

X - participar da elaboração dos concursos públicos, em todas as suas fases, nos casos previstos na Constituição e nas leis, no âmbito do seu território;

XI - determinar, com exclusividade, critérios para o traje dos advogados, no exercício profissional;

XII - aprovar e modificar seu orçamento anual;

XIII - definir a composição e o funcionamento do Tribunal de Ética e Disciplina, e escolher seus membros;

XIV - eleger as listas, constitucionalmente previstas, para preenchimento dos cargos nos tribunais judiciários, no âmbito de sua competência e na forma do Provimento do Conselho Federal, vedada a inclusão de membros do próprio Conselho e de qualquer órgão da OAB;

XV - intervir nas Subseções e na Caixa de Assistência dos Advogados;

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XVI - desempenhar outras atribuições previstas no regulamento geral.

A composição da diretoria do Conselho Seccional é idêntica a do Conselho Federal, ao passo que as atribuições do primeiro são equivalentes às do segundo, na forma do regimento interno do respectivo Conselho Seccional. 10.1.3 Subseção A criação da Subseção é de competência Conselho Seccional, que deve também fixar sua área territorial e seus limites de competência e autonomia (art. 60, caput, da Lei n.º 8.906/94). A área territorial da Subseção pode abranger um ou mais municípios, ou parte de município, inclusive da capital do Estado, contando com um mínimo de 15 (quinze) advogados, nela profissionalmente domiciliados (art. 60, §1º da Lei n.º 8.906/94). A Subseção deve ser administrada por uma diretoria, com atribuições e composição equivalentes às da diretoria do Conselho Seccional (art. 60, §2º da Lei n.º 8.906/94). Caso haja mais de 100 (cem) advogados, a Subseção pode ser integrada, também, por um conselho em número de membros fixado pelo Conselho Seccional. Tanto o quantitativo mínimo relativo ao número de advogados para instalação de uma Subseção (15 advogados), como o número de advogados para instalação de um conselho integrante da Subseção (100 advogados), pode ser ampliado, na forma do regimento interno do Conselho Seccional, conforme possibilidade esculpida no parágrafo quarto do artigo 60 do Estatuto da Advocacia e da OAB. É competência do Conselho Seccional fixar, em seu orçamento, dotações específicas destinadas à manutenção das Subseções. O Conselho Seccional, mediante o voto de 2/3 (dois terços) de seus membros, pode intervir nas Subseções, onde constatar grave violação desta lei ou do regimento interno daquele (art. 60, §6º da Lei n.º 8.906/94). É competência da Subseção, no âmbito de seu território (art. 61 da Lei n.º 8.906/94):

I - dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB;

II - velar pela dignidade, independência e valorização da advocacia, e fazer valer as prerrogativas do advogado;

III - representar a OAB perante os poderes constituídos;

IV - desempenhar as atribuições previstas no regulamento geral ou por delegação de competência do Conselho Seccional.

Ao Conselho da Subseção, quando houver, compete exercer as funções e atribuições do Conselho Seccional, na forma do regimento interno deste, e ainda:

a) editar seu regimento interno, a ser referendado pelo Conselho Seccional;

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b) editar resoluções, no âmbito de sua competência;

c) instaurar e instruir processos disciplinares, para julgamento pelo Tribunal de Ética e Disciplina;

d) receber pedido de inscrição nos quadros de advogado e estagiário, instruindo e emitindo parecer prévio, para decisão do Conselho Seccional. 10.1.4 Caixa de Assistência dos Advogados Como já se teve oportunidade de mencionar, a Caixa de Assistência dos Advogados possui personalidade jurídica própria, e destina-se a prestar assistência aos inscritos no Conselho Seccional a que se vincule. Prevê o parágrafo primeiro do artigo 62 do Estatuto da Advocacia e da OAB, que a Caixa é criada e adquire personalidade jurídica com a aprovação e registro de seu estatuto pelo respectivo Conselho Seccional da OAB, na forma do regulamento geral. A coordenação nacional das caixas de assistência é feita por meio do órgão de assessoramento do Conselho Federal da OAB para a política nacional de assistência e seguridade dos advogados. A Caixa pode, em benefício dos advogados, promover a seguridade complementar (art. 62, §2º da Lei n.º 8.906/94). A competência para fixação da contribuição obrigatória devida pelos inscritos é do Conselho Seccional. Essa contribuição destina-se à manutenção da seguridade complementar, incidente sobre atos decorrentes do efetivo exercício da advocacia. A diretoria da Caixa é composta de 5 (cinco) membros, com atribuições definidas pelo seu regimento interno (art. 62, §4º da Lei n.º 8.906/94). Cabe à Caixa a metade da receita das anuidades recebidas pelo Conselho Seccional, considerado o valor resultante após as deduções regulamentares obrigatórias art. 62, §5º da Lei n.º 8.906/94). No caso de extinção ou desativação da Caixa, seu patrimônio se incorpora ao do Conselho Seccional respectivo (art. 62, §6º da Lei n.º 8.906/94). O Conselho Seccional, mediante voto de 2/3 (dois terços) de seus membros, pode intervir na Caixa de Assistência dos Advogados, no caso de descumprimento de suas finalidades, designando diretoria provisória, enquanto durar a intervenção (art. 62, §7º da Lei n.º 8.906/94). 10.2 Eleições e mandatos A eleição dos membros de todos os órgãos da OAB deve ser realizada na segunda quinzena do mês de novembro, do último ano do mandato, mediante cédula única e votação direta dos advogados regularmente inscritos. É determinação do parágrafo primeiro do artigo 63 do Estatuto da Advocacia e da OAB que a eleição, na forma e segundo os critérios e

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procedimentos estabelecidos no regulamento geral, é de comparecimento obrigatório para todos os advogados inscritos na OAB. Para se candidatar, o inscrito deve comprovar situação regular junto à OAB, não ocupar cargo exonerável ad nutum, não ter sido condenado por infração disciplinar, salvo reabilitação, e exercer efetivamente a profissão há mais de 5 (cinco) anos. Dispõe o caput do artigo 64 do Estatuto da Advocacia e da OAB, que consideram-se eleitos os candidatos integrantes da chapa que obtiver a maioria dos votos válidos. A chapa para o Conselho Seccional deve ser composta dos candidatos ao conselho e à sua diretoria e, ainda, à delegação ao Conselho Federal e à Diretoria da Caixa de Assistência dos Advogados para eleição conjunta (art. 64, §1º, da Lei n.º 8.906/94). Já a chapa para a Subseção deve ser composta com os candidatos à diretoria, e de seu conselho quando houver (art. 64, §2º, da Lei n.º 8.906/94). O prazo de duração do mandato, em qualquer órgão da OAB, é de 3 (três) anos, iniciando-se em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da eleição, salvo o Conselho Federal. No caso dos conselheiros federais, uma vez eleitos seus mandatos tem início em primeiro de fevereiro do ano seguinte ao da eleição. Conforme previsão do artigo 66 do Estatuto da Advocacia e da OAB, extingue-se o mandato automaticamente, antes do seu término, quando:

a) ocorrer qualquer hipótese de cancelamento de inscrição ou de licenciamento do profissional;

b) o titular sofrer condenação disciplinar;

c) o titular faltar, sem motivo justificado, a 3 (três) reuniões ordinárias consecutivas de cada órgão deliberativo do conselho ou da diretoria da Subseção ou da Caixa de Assistência dos Advogados, não podendo ser reconduzido no mesmo período de mandato.

Nos casos supra mencionados, extinto qualquer mandato, cabe ao Conselho Seccional escolher o substituto, caso não haja suplente. Já a eleição da Diretoria do Conselho Federal, que deve tomar posse no dia 1º de fevereiro, deve obedecer às seguintes regras:

a) deve ser admitido registro, junto ao Conselho Federal, de candidatura à presidência, desde seis meses até um mês antes da eleição;

b) o requerimento de registro deve vir acompanhado do apoiamento de, no mínimo, 6 (seis) Conselhos Seccionais;

c) até 1 (um) mês antes das eleições, deverá ser requerido o registro da chapa completa, sob pena de cancelamento da candidatura respectiva;

d) no dia 31 de janeiro do ano seguinte ao da eleição, o Conselho Federal elegerá, em reunião presidida pelo conselheiro mais antigo, por voto secreto e para mandato de 3 (três) anos, sua diretoria, que tomará posse no dia seguinte;

e) deve ser considerada eleita a chapa que obtiver maioria simples dos votos dos Conselheiros Federais, presente a metade mais 1 (um) de seus membros.

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Com exceção do candidato a Presidente, os demais integrantes da chapa deverão ser conselheiros federais eleitos (art. 67, parágrafo único do Estatuto da Advocacia e da OAB). 11. PROCESSO NA OAB 11.1 Disposições Gerais Salvo disposição em contrário, aplicam-se subsidiariamente ao processo disciplinar as regras da legislação processual penal comum e, aos demais processos, as regras gerais do procedimento administrativo comum e da legislação processual civil, nessa ordem (art. 68 da Lei n.º 8.906/94). Conforme previsão geral do artigo 69 do Estatuto da Advocacia e da OAB, todos os prazos necessários à manifestação de advogados, estagiários e terceiros, nos processos em geral da OAB, são de 15 (quinze) dias, inclusive para interposição de recursos. Nos casos de comunicação por ofício reservado, ou de notificação pessoal, o prazo se conta a partir do dia útil imediato ao da notificação do recebimento (art. 68, §1º da Lei n.º 8.906/94). Por fim, nos casos de publicação na imprensa oficial do ato ou da decisão, o prazo inicia-se no primeiro dia útil seguinte (art. 68, §2º da Lei n.º 8.906/94). 11.2 Processo Disciplinar O poder de punir disciplinarmente os inscritos na OAB compete exclusivamente ao Conselho Seccional em cuja base territorial tenha ocorrido a infração, salvo se a falta for cometida perante o Conselho Federal (art. 70, caput, da Lei n.º 8.906/94). Cabe ao Tribunal de Ética e Disciplina, do Conselho Seccional competente, julgar os processos disciplinares, instruídos pelas Subseções ou por relatores do próprio conselho (art. 70, §1º, da Lei n.º 8.906/94). Caso seja proferida decisão condenatória irrecorrível, ela deve ser imediatamente comunicada ao Conselho Seccional onde o representado tenha inscrição principal, para constar dos respectivos assentamentos. O Tribunal de Ética e Disciplina do Conselho onde o acusado tenha inscrição principal pode suspendê-lo preventivamente, em caso de repercussão prejudicial à dignidade da advocacia, depois de ouvi-lo em sessão especial para a qual deve ser notificado a comparecer, salvo se não atender à notificação. Neste caso, o processo disciplinar deve ser concluído no prazo máximo de 90 (noventa) dias, conforme previsão contida no parágrafo terceiro do artigo 70 do Estatuto da Advocacia e da OAB. A jurisdição disciplinar (administrativa) não exclui a comum e, quando o fato constituir crime ou contravenção, deve ser comunicado às autoridades competentes.

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O processo disciplinar pode ser instaurado de ofício ou mediante representação de qualquer autoridade ou pessoa interessadas (art. 72, caput, do Estatuto da Advocacia e da OAB). Constam do Código de Ética e Disciplina os critérios de admissibilidade da representação e os procedimentos disciplinares. O processo disciplinar tramita em sigilo, até o seu término, só tendo acesso às suas informações as partes, seus defensores e a autoridade judiciária competente (art. 72, §2º, da Lei n.º 8.906/94). Por conveniência didática, o procedimento regente do processo disciplinar será oportunamente tratado no capítulo seguinte, destinado exclusivamente ao Código de Ética e Disciplina da OAB. 12. CÓDIGO DE ÉTICA E DISCIPLINA DA OAB O Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil é dividido em 2 (dois) títulos: a) ética do advogado; e b) processo disciplinar. Ambos serão analisados na sequência, mas antes é importante conhecer o teor do preâmbulo do Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil:

O CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, ao instituir o Código de Ética e Disciplina, norteou-se por princípios que formam a consciência profissional do advogado e representam imperativos de sua conduta, tais como: os de lutar sem receio pelo primado da Justiça; pugnar pelo cumprimento da Constituição e pelo respeito à Lei, fazendo com que esta seja interpretada com retidão, em perfeita sintonia com os fins sociais a que se dirige e as exigências do bem comum; ser fiel à verdade para poder servir à Justiça como um de seus elementos essenciais; proceder com lealdade e boa-fé em suas relações profissionais e em todos os atos do seu ofício; empenhar-se na defesa das causas confiadas ao seu patrocínio, dando ao constituinte o amparo do Direito, e proporcionando-lhe a realização prática de seus legítimos interesses; comportar-se, nesse mister, com independência e altivez, defendendo com o mesmo denodo humildes e poderosos; exercer a advocacia com o indispensável senso profissional, mas também com desprendimento, jamais permitindo que o anseio de ganho material sobreleve à finalidade social do seu trabalho; aprimorar-se no culto dos princípios éticos e no domínio da ciência jurídica, de modo a tornar-se merecedor da confiança do cliente e da sociedade como um todo, pelos atributos intelectuais e pela probidade pessoal; agir, em suma, com a dignidade

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das pessoas de bem e a correção dos profissionais que honram e engrandecem a sua classe. Inspirado nesses postulados é que o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelos arts. 33 e 54, V, da Lei nº 8.906, de 04 de julho de 1994, aprova e edita este Código, exortando os advogados brasileiros à sua fiel observância.

12.1 Ética do Advogado 12.1.1 Regras deontológicas fundamentais A deontologia compreende teorias normativas destinadas a pautar determinadas condutas. No caso do Código de Ética e Disciplina da OAB, as regras deontológicas nele contidas são preceitos normativos destinados a limitar e conduzir a atividade dos advogados no Brasil. Todo advogado tem o dever de cumprir as regras deontológicas apresentadas pelo Código de Ética e Disciplina da OAB, sob pena de praticar uma infração disciplinar. Nesse sentido, o artigo 1º do Código de Ética e Disciplina da OAB dispõe:

Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta compatível com os preceitos deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e com os demais princípios da moral individual, social e profissional.

O advogado é indispensável à administração da Justiça, é defensor do Estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da paz social, subordinando a atividade do seu Ministério Privado à elevada função pública que exerce (art. 2º, caput, do Código de Ética e Disciplina da OAB). Segundo dispõe o parágrafo único do artigo 2º do Código de Ética e Disciplina da OAB, são deveres dos advogados:

I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo seu caráter de essencialidade e indispensabilidade;

II – atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé;

III – velar por sua reputação pessoal e profissional;

IV – empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento pessoal e profissional;

V – contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis;

VI – estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a

instauração de litígios;

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VII – aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial;

VIII – abster-se de:

a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente;

b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à advocacia, em que também atue;

c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho manifestamente duvidoso;

d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa humana;

e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o assentimento deste.

IX – pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos seus direitos individuais, coletivos e difusos, no âmbito da comunidade.

A consciência do advogado deve ser pautada pelo fato de que o Direito é um meio de redução das desigualdades para o encontro de soluções justas e que a lei é um instrumento para garantir a igualdade de todos, conforme orienta o artigo 3º do Código de Ética e Disciplina da OAB. O advogado vinculado ao cliente ou constituinte, seja mediante relação de emprego ou contrato de prestação permanente de serviços, seja por integrar departamento jurídico ou órgão de assessoria jurídica, público ou privado, deve zelar pela sua liberdade e independência. Nesse contexto, é legítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de pretensão concernente a lei ou direito que também lhe seja aplicável, ou que contrarie expressa orientação sua, manifestada anteriormente, conforme dispõe o caput e parágrafo único do artigo 4º do Código de Ética e Disciplina da OAB. Importante disposição disciplinar consta do artigo 5º do Código de Ética e Disciplina, segundo o qual o exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de mercantilização. Nesse contexto, vejam-se alguns pertinentes julgados do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

Sessão de 27 de julho de 1995 PUBLICIDADE - MALA DIRETA - IMODERAÇÃO - MERECIMENTOS - CAPTAÇÃO DESLEAL DE CLIENTELA "O Código de Ética e Disciplina da OAB veda a mercantilização do exercício da advocacia e o oferecimento de serviços profissionais para inculcação ou captação de clientela (arts. 5º e 7º). A publicidade de advogado ou escritório de advocacia deve ser discreta e moderada (arts. 28 e 29), sem menção a cargo, função pública ou relação de emprego e patrocínio exercidos (§ 4º), defesa a veiculação de informações de serviços jurídicos suscetíveis de captar causas ou clientes (art. 31, § 1º). Considera-se imoderado o anúncio profissional mediante remessa de correspondência a uma coletividade (§ 2º), evitando

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insinuações a promoção pessoal ou profissional (art. 32). Assim, advogado que convida executivos para "café da manhã", através de mala direta com exaltação do escritório e de seus merecimentos, mencionando a colaboração de "catedráticos", "pós graduados", "juizes federais" e "desembargadores", transgride regras básicas de discrição e moderação e pratica inculcação ou captação desleal de clientela, vedadas expressamente pelo Código de Ética e Disciplina da OAB. Remessa para as Seções Disciplinares, com cópia ao Egrégio Conselho Seccional, para que, dentro da sua competência, defina sobre a conveniência de apuração da participação de terceiros, não advogados, eventualmente envolvidos". (Sem grifos no original). (Proc. E - 1.266 - V.U. - Rel. Dr. CARLOS AURÉLIO MOTA DE SOUZA - Rev. Dr. JOSÉ URBANO PRATES - Presidente Dr. ROBISON BARONI)

489ª sessão de 29 de junho de 2006 MERCANTILIZAÇÃO – INCOMPATIBILIDADE – COMPROMISSO ÉTICO PROFISSIONAL. O exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de mercantilização (art. 5º do Código de Ética e Disciplina). No seu ministério privado, o advogado exerce um múnus público. Sua atuação incide sobre o contexto social, veste-o e reveste-o da indispensabilidade de que cuidam os arts. 133 da C. Federal e 2º da Lei nº 8.906/94. O advogado é o oxigênio e o hidrogênio dos pulmões da Nação. O seu compromisso ético-profissional é, a um só tempo, um compromisso com a sua classe, para com a profissão, para com o cliente e para com a sociedade. Desse modo, e por essas razões, é que o Código de Ética, no art. 5º, traçou a absoluta incompatibilidade entre o exercício da advocacia e o mercantilismo. (Sem grifos no original). (Proc. E-3.340/2006 – v.u., em 29/06/2006, do parecer e ementa do Rel. Dr. JOSÉ ROBERTO BOTTINO – Revª. Drª. MARIA DO CARMO WHITAKER – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE)

532ª sessão de 17 de junho de 2010 PUBLICIDADE – PUBLICIDADE IMPRESSA – DISCRIÇÃO, MODERAÇÃO E ESPECIALIADADES. O advogado pode anunciar a sua atividade devendo observar rigorosamente os dispositivos contidos no Estatuto da OAB, arts. 33, § único e 34, IV, no Código de Ética, art. 5º, 28 a 34, a Resolução n. 02/92 do Tribunal de Ética e Disciplina–I, Turma Deontológica, da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de São

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Paulo, e o Provimento n. 94/2000, do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. O Código de Ética e o Provimento 94/2000, do CFOAB fazem restrições quanto ao uso de fotografias, ilustrações, cores, figuras, desenhos, logotipos, marcas e símbolos nos anúncios dos advogados quando incompatíveis com a sobriedade, lembrando que a advocacia é incompatível com qualquer procedimento de mercantilização. Na publicidade impressa, apenas anunciativa, a sobriedade está nos limites das tonalidades e cores, na posição, no tamanho, nos símbolos permitidos, na composição do logotipo, observadas todas as demais exigências contidas na legislação. As especialidades devem ser relativas aos ramos do direito não podendo induzir o leigo a entender que o advogado é também especialista em outras profissões. (Sem grifos no original). (Proc. E-3.884/2010 – v.u., em 17/06/2010, do parecer e ementa do Rel. Dr. LUIZ ANTONIO GAMBELLI – Rev. Dr. JOSÉ EDUARDO HADDAD – Presidente Dr. CARLOS JOSÉ SANTOS DA SILVA)

Também por meio do Código de Ética e Disciplina (art. 6º) proíbe-se que o advogado faça exposição em Juízo de modo a falsear deliberadamente a verdade ou estribado na má-fé. Por fim, conforme orientação do artigo 7º do Código em estudo, é vedado o oferecimento de serviços profissionais que impliquem, direta ou indiretamente, inculcação ou captação de clientela. Para esclarecer, inculcação é a insinuação, a indução ou até mesmo a imposição de determinados profissionais em relação a determinados clientes. Já a captação é atração por métodos ardilosos (enganosos). Sobre o assunto, vejam-se algumas manifestações do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

Sessão de 14 de abril de 1994 CARTÃO DE VISITAS - FORMA VELADA DE ANÚNCIO - CONTEÚDO Consulta formulada por subsecção que pelo seu teor ensejaria o não conhecimento, pela impossibilidade do estabelecimento do contraditório. Acolhimento como procedimento ex-ofício, com fundamento na Resolução n. 01/92, em face da relevância da matéria. O advogado não pode inserir em seus anúncios, ainda que sob a forma de simples cartão de visitas, o Brasão da República, o nome da nossa entidade (OAB), a menção de ser professor universitário e a condição de ter sido ex-presidente de subseccional. Também não pode omitir o número de inscrição na OAB. Caracterização de inculcação e captação de clientela. O conhecimento ex-ofício desta situação deverá ser

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noticiada diretamente ao colega que se encontra à margem dos preceitos éticos, aconselhando-o para que deixe de utilizar o cartão de visita, tal como apresentado. Vedação contida no Código de Ética Profissional e Resolução n. 02/92, deste Tribunal de Ética Profissional. (Sem grifos no original). (Proc. E-1.110 - V.U. - Relator Dr. Robison Baroni - Revisor Dr. Daniel Schwenck - Presidente Dr. Modesto Carvalhosa)

Sessão de 18 de julho de 1996 ANGARIAÇÃO DE CAUSAS - "PAQUEIROS" - "EX OFÍCIO" O advogado que se utiliza de agenciadores de causas e clientes, afronta à moral e à ética profissional. Comete, outrossim, graves infrações disciplinares. Inculcação ou Captação de clientela. Código de Ética e Disciplina, arts. 1º, 2º, Pár. Único, incisos I, II, VIII letra "d"; 5º; 6º, 7º. Estatuto, art. 34, incisos III, IV e XXV. Remessa a uma das Turmas de Disciplina, para conhecimento, apuração e penalização do (s) advogado (s). (Proc. E - 1.360 - V.U. - Rel. Dr. JOSÉ URBANO PRATES - Presidente Dr. ROBISON BARONI)

Para o exame da OAB, é importante memorizar o significado da expressão “paqueiros”, isto é, aqueles que captam clientes para outrem. Os paqueiros são, pois, agenciadores de causas e de clientes para os advogados. 12.1.2 Relações com o cliente É dever do advogado informar ao cliente, de forma clara e inequívoca, os eventuais riscos da sua pretensão, assim como das consequências que podem advir da demanda (art. 8º do Código de Ética e Disciplina da OAB). A conclusão ou desistência da causa, com ou sem a extinção do mandato, obriga o advogado à devolução de bens, valores e documentos recebidos no exercício do mandato, assim como à pormenorizada prestação de contas, não excluindo outras prestações que eventualmente possam ser solicitadas pelo cliente, a qualquer momento (art. 9º do Código de Ética e Disciplina da OAB). Ademais, não pode o advogado condicionar a devolução dos documentos do cliente ao pagamento dos honorários devidos. Com a conclusão da causa ou o arquivamento do processo presumem-se o cumprimento e a cassação do mandato, respectivamente. O advogado tem o dever de não aceitar procuração de quem já tenha patrono constituído, sem prévio conhecimento deste, exceto por motivo justo ou para a adoção de medidas judiciais que tenham o caráter de urgência e inadiabilidade, a teor da disposição contida no artigo 11 do Código de Ética e Disciplina da OAB.

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Também é dever do advogado acompanhar todos os feitos em que possua atuação, lhe sendo vedado deixar de fazê-lo ou desempará-los, sem motivo justo e comprovada ciência do constituinte. Consoante prevê o artigo 13 do Código de Ética e Disciplina da OAB, a renúncia ao patrocínio implica omissão do motivo e a continuidade da responsabilidade profissional do advogado ou escritório de advocacia, durante o prazo estabelecido em lei, entretanto, não exclui a responsabilidade pelos danos causados dolosa ou culposamente aos clientes ou a terceiros. Operada a revogação do mandato judicial por vontade do cliente, este não está desobrigado do pagamento das verbas honorárias contratadas, bem como não retira o direito do advogado de receber o quanto lhe seja devido em eventual verba honorária de sucumbência, calculada proporcionalmente, em face do serviço efetivamente prestado (art. 14 do Código de Ética e Disciplina da OAB). É determinação do artigo 15 do Código de Ética e Disciplina da OAB que a outorga dos mandatos judicial e extrajudicial seja feita individualmente aos advogados que integrem sociedade de que façam parte, devendo ser exercido no interesse do cliente, respeitada a liberdade de defesa. O mandato judicial ou extrajudicial não se extingue pelo decurso do tempo, desde que permaneça a confiança recíproca entre o outorgante e o seu patrono, no interesse da causa (art. 16 do Código de Ética e Disciplina da OAB). Por determinação ética e disciplinar, advogados integrantes de uma mesma sociedade profissional, ou reunidos em caráter permanente para cooperação recíproca, não podem representar em juízo clientes em interesses opostos. Caso sobrevenham conflitos de interesses entre seus constituintes, e não estando acordes os interessados, com a devida prudência e discernimento, deve o advogado optar por um dos mandatos, renunciando aos demais e resguardando o sigilo profissional. Nada impede que um advogado represente clientes ocupantes de um mesmo pólo processual, desde que não haja conflito entre eles. Uma vez instaurado algum conflito, deve então o advogado renunciar ao mandato que julgar pertinente. Nesse contexto, veja-se interessante manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

427ª sessão de 19 de outubro de 2000 PATROCÍNIO - CLIENTES COM INTERESSES CONVERGENTES - INEXISTÊNCIA DE CONFLITO ENTRE CONSTITUINTES O advogado pode representar mais de um cliente no mesmo pólo do feito, desde que não haja conflito de interesses entre os constituintes. Surgindo controvérsias, o profissional deverá renunciar a um dos mandatos, preservando o sigilo profissional. Havendo obrigação de renúncia, deverá ser rescindido eventual contrato de prestação de serviços com a outorgante do mandato renunciado, evitando-se o patrocínio de

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clientes com interesses opostos. Situações processuais devem ser resolvidas no próprio campo do processo. (Proc. E-2.237/00 - v.u. em 19/10/00 do parecer e ementa do Rel. Dr. RICARDO GARRIDO JÚNIOR - Rev. Dr. JOSÉ ROBERTO BOTTINO - Presidente Dr. ROBISON BARONI)

O advogado, quando tiver de postular em nome de terceiros, em face de ex-cliente ou ex-empregador, seja judicial ou extrajudicialmente, tem o dever de resguardar o segredo profissional e as informações reservadas ou privilegiadas que lhe tenham sido confiadas (art. 19 do Código de Ética e Disciplina da OAB). Também é dever do advogado se abster de patrocinar causas contrária à ética, à moral ou à validade de ato jurídico em que tenha colaborado, orientado ou conhecido em consulta. Da mesma forma, conforme orienta o artigo 20 do Código de Ética e Disciplina da OAB, deve o advogado declinar seu impedimento ético sempre que convidado pela outra parte, esta lhe houver revelado segredos ou obtido seu parecer. Importante disposição para o exame da Ordem dos Advogados do Brasil consta do artigo 21 do Código e Disciplina da OAB, segundo o qual é direito e também dever do advogado assumir a defesa criminal, sem considerar sua própria opinião sobre a culpa do acusado. Uma vez contratado, o advogado não é obrigado a aceitar a imposição de seu cliente que pretenda ver com ele atuando outros advogados, tão pouco aceitar a indicação de outro profissional para com ele trabalhar no processo (art. 22 do Código de Ética e Disciplina da OAB). O artigo 23 do Código de Ética e Disciplina apresenta a mesma disposição proibitiva do artigo 3º do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, qual seja, o advogado não pode funcionar no mesmo processo, simultaneamente, como patrono e preposto do empregador ou cliente. Já o artigo 24 do Código de Ética e Disciplina dispõe que o substabelecimento do mandato, com reserva de poderes, é ato pessoal do advogado da causa. Para que se fale em substabelecimento do mandato sem reservas de poderes, exige-se o prévio e inequívoco conhecimento do cliente. E, no caso do substabelecimento com reserva de poderes, deve-se ajustar, antecipadamente, os honorários com o substabelecente, a teor do que determina o parágrafo segundo do artigo 24 do Código de Ética e Disciplina da OAB. 12.1.3 Sigilo profissional O sigilo profissional é inerente à profissão, impondo-se o seu respeito, ressalvadas situações de grave ameaça ao direito à vida, à honra, ou quando o advogado se veja afrontado pelo próprio cliente e, em defesa própria, tenha que revelar segredo, porém sempre restrito ao interesse da causa (art. 25 do Código de Ética e Disciplina da OAB).

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Portanto, a inviolabilidade do sigilo profissional é relativa, já que ela pode ser desconsiderada perante situações:

a) de ameaça aos direitos à vida ou à honra;

b) de afrontamento do advogado pelo próprio cliente, em prol do existia o dever de guardar o sigilo profissional;

c) de defesa própria, em que seja imprescindível a revelação do segredo, mas observados os limites da causa.

O advogado tem o dever de guardar sigilo, mesmo em depoimento judicial, sobre o que saiba em razão de seu ofício, cabendo-lhe recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou tenha sido advogado, mesmo que autorizado ou solicitado pelo constituinte, conforme orientação do artigo 26 do Código de Ética e Disciplina da OAB. Por derradeiro, prevê o artigo 27 do Código de Ética e Disciplina, que as confidências feitas ao advogado pelo cliente podem ser utilizadas nos limites da necessidade da defesa, desde que autorizado aquele pelo constituinte. E completa o parágrafo único do mencionado dispositivo, dispondo que presumem-se confidenciais as comunicações epistolares (por cartas) entre advogado e cliente, as quais não podem ser reveladas a terceiros. 12.1.4 Publicidade As regras de publicidade para os advogados apresentam restrições específicas em razão do caráter da atividade que eles exercem. O anúncio dos serviços profissionais do advogado pode ser feita de maneira individual ou coletiva, sempre com discrição e moderação, desde que a finalidade seja exclusivamente informativa, vedada a divulgação em conjunto com outra atividade (art. 28 do Código de Ética e Disciplina da OAB). O anúncio dos serviços profissionais advocatícios devem mencionar o nome completo do advogado e seu número da inscrição na OAB, admitindo-se a referência a títulos ou qualificações profissionais, especialização técnico-científica e associações culturais e científicas, endereços, horário do expediente e meios de comunicação, vedadas a sua circulação pelo rádio e televisão e a denominação de fantasia (art. 29, caput, do Código de Ética e Disciplina da OAB). Para esclarecer: a) títulos ou qualificações profissionais são os relativos à profissão de advogado, conferidos por universidades ou instituições de ensino superior, reconhecidas; e b) especialidades são os ramos do Direito, assim entendidos pelos doutrinadores ou legalmente reconhecidos. Admite-se que os advogados forneçam a colegas, clientes ou pessoas que os solicitem ou os autorizem previamente:

a) boletins informativos;

b) comentários sobre legislação; e

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c) correspondências, comunicados e publicações, versando sobre constituição, colaboração, composição e qualificação de componentes do escritório e especificação de especialidades profissionais.

No entanto, o anúncio de advogado não deve mencionar, direta ou indiretamente, qualquer cargo, função pública ou relação de emprego e patrocínio que tenha exercido, passível de captar clientela (art. 29, §4º do Código de Ética e Disciplina da OAB). Sempre que houver o uso das expressões “escritório de advocacia” ou “sociedade de advogados”, elas devem se fazer acompanhar, respectivamente, pela indicação de número de registro na OAB ou do nome e do número de inscrição dos advogados que o integrem, consoante já se teve oportunidade de expor. Sempre que o anúncio dos serviços prestados por advogado for feito no Brasil, ele deve adotar o idioma português, e, quando em idioma estrangeiro, deve estar acompanhado da respectiva tradução (art. 29, §6º do Código de Ética e Disciplina da OAB). Os artigos 31 e 32 do Código de Ética e Disciplina da OAB trazem importantes regras acerca da forma de veiculação do anúncio dos serviços prestados por advogado. Quando o anúncio for feito por meio de placas, seja na sede profissional ou na residência do advogado, ele deve observar discrição quanto ao conteúdo, forma e dimensões, não podendo apresentar qualquer aspecto mercantilista, vedada a utilização de outdoor ou equivalente. Os anúncios também não devem conter fotografias, ilustrações, cores, figuras, desenhos, logotipos, marcas ou símbolos incompatíveis com a sobriedade da advocacia, sendo proibido o uso de símbolos oficiais e dos que sejam utilizados pela Ordem dos Advogados do Brasil. Nos anúncios, também são vedadas referências a valores dos serviços, tabelas, gratuidade ou forma de pagamento, termos ou expressões que possam iludir ou confundir o público, informações de serviços jurídicos suscetíveis de implicar, direta ou indiretamente, captação de causa ou clientes, bem como menção ao tamanho, qualidade e estrutura da sede profissional (art. 31, §1º do Código de Ética e Disciplina da OAB). Segundo prevê o parágrafo segundo do artigo 31 do Código de Ética e Disciplina da OAB, considera-se imoderado o anúncio profissional do advogado mediante remessa de correspondência a uma coletividade, exceto para comunicar a clientes e colegas a instalação ou mudança de endereço, a indicação expressa do seu nome e escritório em partes externas de veículo, ou a inserção de seu nome em anúncio relativo a outras atividades não advocatícias, faça delas parte ou não. Quando o advogado participar de programa de televisão ou de rádio, de entrevista na imprensa, de reportagem televisionada ou de qualquer outro meio, para manifestação profissional, ele deve visar objetivos exclusivamente ilustrativos, educacionais e instrutivos, sem propósito de promoção pessoal ou profissional, vedados pronunciamentos sobre métodos de trabalho usados por seus colegas de profissão (art. 32, caput, do Código de Ética e Disciplina da OAB). Se convidado para manifestação pública, por qualquer modo e forma, visando ao esclarecimento de tema jurídico de interesse geral, o advogado

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tem o dever de evitar insinuações que o promovam pessoal ou profissionalmente, assim como o debate de caráter sensacionalista. Prevê o artigo 33 do Código de Ética e Disciplina que o advogado tem o dever de abster-se de:

a) responder com habitualidade consulta sobre matéria jurídica, nos meios de comunicação social, com intuito de promover-se profissionalmente;

b) debater, em qualquer veículo de divulgação, causa sob seu patrocínio ou patrocínio de colega;

c) abordar tema de modo a comprometer a dignidade da profissão e da instituição que o congrega;

d) divulgar ou deixar que seja divulgada a lista de clientes e demandas;

e) insinuar-se para reportagens e declarações públicas.

Por derradeiro, consoante artigo 34 do Código de Ética e Disciplina da OAB, a divulgação pública, pelo advogado, de assuntos técnicos ou jurídicos de que tenha ciência em razão do exercício profissional como advogado constituído, assessor jurídico ou parecerista, deve limitar-se a aspectos que não quebrem o segredo ou o sigilo profissional. 12.1.5 Honorários profissionais Os honorários advocatícios, assim como sua eventual correção ou majoração decorrente do aumento dos atos judiciais que advierem como necessários, devem ser previstos no contrato escrito, qualquer que seja o objeto e o meio da prestação do serviço profissional, contendo todas as especificações e forma de pagamento, inclusive no caso de acordo (art. 35, caput do Código de Ética e Disciplina da OAB). Consoante expressa previsão do parágrafo primeiro do artigo 35 do Código em estudo, os honorários decorrentes da sucumbência não excluem os contratados, porém devem ser levados em conta no acerto final com o cliente ou constituinte, tendo sempre presente o que foi ajustado na aceitação da causa. A compensação ou o desconto dos honorários contratados e de valores que devam ser entregues ao constituinte ou cliente só podem ocorrer se houver prévia autorização ou previsão contratual (art. 35, parágrafo segundo do Código de Ética e Disciplina da OAB). A forma e as condições de resgate dos encargos gerais, judiciais e extrajudiciais, inclusive eventual remuneração de outro profissional, advogado ou não, para desempenho de serviço auxiliar ou complementar técnico e especializado, ou com incumbência pertinente fora da Comarca, também devem integrar as condições gerais do contrato (art. 35, parágrafo terceiro do Código de Ética e Disciplina da OAB). Os honorários profissionais devem ser fixados com moderação e devem atender aos seguintes elementos:

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a) a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade das questões versadas;

b) o trabalho e o tempo necessários;

c) a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir em outros casos, ou de se desavir com outros clientes ou terceiros;

d) o valor da causa, a condição econômica do cliente e o proveito para ele resultante do serviço profissional;

e) o caráter da intervenção, conforme se trate de serviço a cliente avulso, habitual ou permanente;

f) o lugar da prestação dos serviços, fora ou não do domicílio do advogado;

g) a competência e o renome do profissional;

h) a praxe do foro sobre trabalhos análogos.

Diante da imprevisibilidade do prazo de tramitação da demanda, devem ser delimitados os serviços profissionais a se prestarem nos procedimentos preliminares, judiciais ou conciliatórios, a fim de que outras medidas, solicitadas ou necessárias, incidentais ou não, diretas ou indiretas, decorrentes da causa, possam ter novos honorários estimados, e da mesma forma receber do constituinte ou cliente a concordância hábil (art. 37 do Código de Ética e Disciplina da OAB). Caso seja contratualmente adota a cláusula quota litis, os honorários devem ser necessariamente representados por pecúnia e, quando acrescidos dos honorários da sucumbência, não podem ser superiores às vantagens advindas em favor do constituinte ou do cliente. A participação do advogado em bens particulares de cliente, comprovadamente sem condições pecuniárias, só é tolerada em caráter excepcional, e desde que contratada por escrito (art. 38, parágrafo único do Código de Ética e Disciplina da OAB). A corroborar o entendimento pela excepcionalidade, veja-se a manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

427ª sessão de 19 de outubro de 2000 EXERCÍCIO PROFISSIONAL - DESPESAS PROCESSUAIS - PAGAMENTO SUPORTADO POR ADVOGADO - SITUAÇÃO ANTIÉTICA Deve o advogado abster-se de arcar com as despesas processuais, salvo no caso de contratação de honorários advocatícios com a cláusula quota litis. A habitualidade de pagamento de despesas a expensas do advogado pode caracterizar captação de clientela ou aviltamento dos honorários profissionais. (Proc. E-2.242/00 - v.u. em 19/10/00 do parecer e ementa do Rel.ª Dr.ª ROSELI PRÍNCIPE THOMÉ - Rev. Dr. CLÁUDIO FELIPE ZALAF - Presidente Dr. ROBISON BARONI)

Por meio da cláusula quota litis, autoriza-se o pagamento dos honorários apenas ao final do processo e condicionado ao seu êxito, ainda que parcial. Assim, durante todo o seu trâmite, o advogado tem que suportar

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todos os custos processuais e riscos do resultado, sendo remunerado apenas ao final, em caso de procedência. Em atual manifestação, o Órgão Especial do Conselho Federal da OAB, mediante decisão unânime firmada nos autos da Consulta n.º 2010.29.03728-01, reafirmou que o contrato firmado com cláusula quota litis é uma hipótese excepcional e não uma regra. Em mencionada decisão, destacou-se que a cláusula quota litis deve ser respaldada mediante documentação hábil e irremediável impossibilidade financeira do cliente para suportar os honorários processuais antes de ver a ação eventualmente julgada procedente. É importante mencionar, ainda, que o contrato de prestação de serviços com cláusula quota litis também pode ser chamado de contrato cotalício. Sobre o assunto, vejam-se recentes manifestações do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo a ele relacionadas:

536ª sessão de 21 de outubro de 2010 HONORÁRIOS DE ADVOGADO – QUOTA LITIS – FIXAÇÃO. Os honorários contratados com o pacto quota litis, que é a forma pela qual o advogado assume o custeio integral da demanda, ficando este com o direito de ter uma parte ou participar dos proventos que resultem do processo, não poderá estabelecer honorários acima de 30%, que é o maior percentual estabelecido na Tabela de Honorários da OAB. Devem-se evitar exageros e abusos, levando-se em conta os princípios da moderação, da moral individual, social e profissional da obrigação de defender a moralidade pública. Precedentes E -3.490/2007, E-3.910/2010 e E-3.919/2010 (Proc. E-3.936/2010 – em 21/10/2010 por v.m., rejeitada a preliminar de não conhecimento; quanto ao mérito – v.u., do parecer e ementa da Rel. Dra. MARCIA DUTRA LOPES MATRONE, Rev. Dr. FÁBIO PLANTULLI – Presidente Dr. CARLOS JOSÉ SANTOS DA SILVA) 538ª sessão de 9 de dezembro de 2010 HONORÁRIOS ADVOCATICIOS - RECLAMAÇÕES TRABALHISTAS – RECEBIMENTO DE UM VALOR MÍNIMO – POSSIBILIDADE – LIMITES ÉTICOS. O advogado pode contratar o valor mínimo constante na tabela de honorários, nas reclamações trabalhistas, como advogado do reclamante, quando o contrato for por um valor fixo ou misto. Não pode contratar um valor mínimo quando o contrato for “quota litis” ou “ad exitum”. Nos casos em que a contratação dos honorários for “ad exitum” ou “quota litis”, e em percentual fixado por índices constantes da tabela de honorários, aceitos em até 30% e acima dos 20% previstos no CPC, a contratação do valor mínimo, fere

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os princípios da moderação e da proporcionalidade, constantes no artigo 36 do CED, uma vez que haverá casos em que o advogado poderá receber valores acima dos 30%, ou até mais que o crédito do cliente. Nos casos em que a contratação dos honorários for “ad exitum” ou “quota litis”, o advogado assume o risco do recebimento de honorários se houver vantagem; perdendo tudo, inclusive o trabalho, se infrutífera a demanda. O profissional deve ter atenção para que as suas vantagens, inclusive os honorários de sucumbência fixados em sentença, no caso da causa, jamais sejam superiores ao que venha a receber seu constituinte ou cliente. Precedente E-3.596/2008. (Proc. E-3.931/2010 - v.u., em 09/12/2010, do parecer e ementa do Rel. Dr. LUIZ ANTONIO GAMBELLI, Rev. Dr. JOÃO LUIZ LOPES - Presidente Dr. CARLOS JOSÉ SANTOS DA SILVA)

Prevê o artigo 39 do Código de Ética e Disciplina da OAB que a celebração de convênios para prestação de serviços jurídicos, com redução dos valores estabelecidos na Tabela de Honorários, implica captação de clientes ou causa, exceto se as condições peculiares da necessidade e dos carentes puderem ser demonstradas com a devida antecedência ao respectivo Tribunal de Ética e Disciplina, que deve analisar a sua oportunidade. Nesse contexto, veja-se manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

Sessão de 15 de outubro de 1998 PUBLICIDADE - HONORÁRIOS - ANÚNCIO DE DESCONTO Anunciar desconto, sobre valor mínimo estipulado pela Tabela de Honorários da OAB, importa em conduta antiética, incorrendo o infrator em inculca, angariação de clientela e captação de causas. Tratando-se de caso concreto, a competência passa a ser das Turmas Disciplinadoras, para onde deve ser remetido o expediente que passa à condição de denúncia. (Proc. E-1.748/98 - v.u. em 15/10/98 do parecer e ementa do Rel. Dr. BIASI ANTÔNIO RUGGIERO - Revª. Drª. ROSELI PRÍNCIPE THOMÉ - Presidente Dr. ROBISON BARONI)

Ademais, não podem ser alterados no quantum estabelecido, os honorários advocatícios devidos ou fixados em tabelas no regime da assistência judiciária. Contudo, a verba honorária decorrente da sucumbência pertence ao advogado. É dever do advogado evitar o aviltamento (redução) de valores dos serviços profissionais, conforme prevê o artigo 41 do Código de Ética e Disciplina da OAB, não os fixando de forma irrisória ou inferior ao mínimo

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fixado pela Tabela de Honorários, exceto mediante motivo plenamente justificável. A Tabela de Honorários da Ordem dos Advogados do Brasil indica valores mínimos a serem cobrados, valores estes condizentes com a dignidade da profissão. Sobre o assunto, veja-se manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

Sessão de 17 de outubro de 1996 TABELA DE HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA - REMUNERAÇÃO CONDIZENTE À DIGNIDADE DA PROFISSÃO 1. A Tabela de Honorários, adotada pela Ordem dos Advogados, estabelece parâmetros para a fixação objetiva da remuneração dos serviços advocatícios, indicando o mínimo que pode ser cobrado, devendo o advogado estipulá-los com moderação, tendo em vista os critérios estabelecidos pelo Código de Ética e Disciplina (art. 36). 2. O advogado integrante da Assistência Judiciária, nos patrocínios por esta abrangidos, está eticamente impedido de alterar o quantum estabelecido nas tabelas da Assistência Judiciária que aceitou, podendo receber, todavia, a verba honorária de sucumbência que lhe pertence (art. 40 do Código de Ética). 3. Não deve o advogado, quando empregado, submeter-se ao recebimento de salários aviltantes, devendo defender a dignidade da profissão, que também se expressa por remuneração condizente com seu status social, enquanto representante de uma classe profissional. (Proc. E - 1.387 - V.U. - Rel. Dr. CARLOS AURÉLIO MOTA DE SOUZA - Revª. Drª. APARECIDA RINALDI GUASTELLI - Presidente Dr. ROBISON BARONI)

O crédito por honorários advocatícios, seja do advogado autônomo, seja de sociedade de advogados, não autoriza o saque de duplicatas ou qualquer outro título de crédito de natureza mercantil, exceto a emissão de fatura, desde que constitua exigência do constituinte ou assistido, decorrente de contrato escrito, vedada a tiragem de protesto (art. 42 do Código de Ética e Disciplina da OAB). Nesse sentido, vejam-se interessantes manifestações do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

Sessão de 18 de julho de 1996 HONORÁRIOS - EMISSÃO DE TÍTULO - PROTESTO INADMISSÍVEL A emissão de título a caracterizar contrato de prestação de serviços é título executivo, desde que ato jurídico perfeito, mas é vedada a emissão de duplicata de prestação de serviço ou outro título de crédito pelo advogado e inadmissível o seu protesto e circulação em cobrança bancária, por ferir o sigilo profissional.

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Admite-se, apenas a fatura, se exigida pelo cliente. A prévia contratação escrita de honorários é sempre aconselhável. Quanto à sua cobrança, rito e eventuais medidas cabíveis, decidirá o próprio advogado para o caso concreto, não cabendo ao Tribunal de Ética opinar. Precedente Ementa E - 837. (Proc. E - 1.379 - V.U. - Rel. Dr. GERALDO JOSÉ GUIMARÃES DA SILVA - Rev. Dr. BENEDITO ÉDISON TRAMA - Presidente Dr. ROBISON BARONI)

Sessão de 20 de março de 1997 HONORÁRIOS - EMISSÃO DE TÍTULO - BLOQUETO BANCÁRIO - PROTESTO E CIRCULAÇÃO INADMISSÍVEIS O Contrato de Honorários é o instrumento mais indicado para a fixação e possível cobrança de serviços advocatícios, sem prejuízo da aceitação de promissórias e cheques de emissão de clientes, para pagamento dos de duplicatas e letras de câmbio ou boleto, como meio de cobrança bancária ou extrajudicial, pois não se admite a circulação, nem o protesto de título de crédito de qualquer natureza, sob pena de quebra de sigilo profissional e afastamento da natureza jurídica de exercício profissional. Admite-se apenas a emissão de fatura, se exigida pelo cliente. (Proc. E - 1.400 - V.M. em 20/03/97 com ementa do Dr. GERALDO JOSÉ GUIMARÃES DA SILVA - Relª. Dra. APARECIDA RINALDI GUASTELLI - Rev. Dr. JOSÉ URBANO PRATES - Presidente Dr. ROBISON BARONI)

477ª Sessão de 19 de maio de 2005 HONORÁRIOS – NOTA PROMISSÓRIA – BOLETO BANCÁRIO - CONTRATO DE HONORÁRIOS COM EMISSÃO DE NOTAS PROMISSÓRIAS “PRO SOLUTUM ” OU “PRO SOLVENDO” - EXPEDIÇÃO DE BOLETOS - REGRAS DEONTOLÓGICAS E DICEOLÓGICAS QUE DEVERÃO SER SEGUIDAS. É vedado o saque de duplicatas ou outro título de crédito de natureza mercantil , exceto a emissão de fatura, desde que constitua exigência do constituinte ou assistido, decorrente de contrato escrito, vedada a tiragem de protesto (art. 42 , do Código de Ética). A emissão de notas promissórias “pro solutum” ou “pro solvendo” operam a transferência do crédito. Na primeira, “pro solutum”, ocorre a liberação do cedente ao cessionário no instante da cessão. Na segunda, “pro solvendo”, a liberação só se efetivará se o cessionário conseguir embolsar, no vencimento, a importância do crédito cedido. De qualquer forma, a simples hipótese

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de vir a ocorrer a circulação das notas promissórias sem que o cessionário haja cumprido com as suas obrigações contratuais, conduz ao entendimento de desnecessidade da emissão das notas promissórias. Como o contrato de honorários deve ser feito por escrito (art. 35, do Código de Ética, combinado com o 22 da Lei 8.906/94); como é considerado título executivo extrajudicial (art. 585, VI, do CPC); como constitui crédito privilegiado na falência, na concordata , no concurso de credores, na insolvência civil e na liquidação extrajudicial (art. 24, “in fine”, da lei 8.906/94); como os honorários constituem crédito de natureza alimentícia para efeitos do art. 100, da Constituição Federal (S.T. J. – RMS 1392-0 SP - Rel. Min. Antonio de Pádua Ribeiro, v.u. D.O.J. de 8.5.1995 e RT 675/138), conclui-se que o contrato escrito de honorários é o melhor instrumento posto à disposição do advogado. O “boleto bancário”, face não ser um título de crédito e colocar-se numa posição indefinida, em verdade envolve uma relação comercial. Por isso, como o exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de mercantilização (art. 5º do CED), é vedado o seu uso pelo advogado. (Proc. E-3.142/05 – v.u., em 19/05/05, do parecer e ementa do Rel. Dr. JOSÉ ROBERTO BOTTINO – Rev. Dr. ERNESTO LOPES RAMOS – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE)

Por derradeiro, conforme previsão do artigo 43 do Código em análise, caso haja necessidade de arbitramento e cobrança judicial dos honorários advocatícios, o advogado deve renunciar ao patrocínio da causa, fazendo-se representar por um colega. Para ilustrar, veja-se a seguinte manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

508ª sessão de 27 de março de 2008 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – JUSTIÇA DO TRABALHO – ACORDO FEITO PELO CLIENTE NA AUDIÊNCIA SEM A PRESENÇA DO ADVOGADO – PAGAMENTO DE HONORÁRIOS. A atuação do advogado não consiste unicamente na elaboração da peça inicial. A sua presença nas audiências faz parte da totalidade do serviço contratado. É dever do advogado comparecer nas audiências, tanto para mediar e auxiliar o cliente na conciliação, como para tomar a frente do processo e fazer a instrução do feito. O acordo feito pelo cliente na audiência, sem a presença do advogado, tem como base o trabalho desenvolvido pelo advogado na elaboração técnica da inicial. Deixando o advogado de comparecer na audiência onde foi entabulado e feito o

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acordo, não lhe será devida a totalidade dos honorários contratados, mas a remuneração compatível com o trabalho até então realizado e o valor econômico da questão. Na falta de acordo com o cliente, se assim o desejar, pode o advogado usar o caminho do arbitramento judicial, que poderá ser promovido na própria justiça obreira, com amparo no inciso I, do artigo 114 da CF/88, com a redação que lhe deu a EC n. 45/2004. Optando por este caminho, deve o advogado renunciar ao patrocínio da causa, e fazer-se representar por um colega. (Sem grifo no original). (Proc. E-3.588/2008 – v.u., em 27/03/2008, do parecer e ementa do Rel. Dr. LUIZ ANTONIO GAMBELLI - Rev. Dr. CARLOS JOSÉ SANTOS DA SILVA – Presidente Dr. CARLOS ROBERTO F. MATEUCCI)

12.1.6 Dever de urbanidade É dever do advogado tratar o público, os colegas, as autoridades e os funcionários do Juízo com respeito, discrição e independência, exigindo igual tratamento e zelando pela prerrogativas a que tem direito. Ao advogado impõe-se lhaneza, emprego de linguagem escorreita e polida, esmero e disciplina na execução dos serviços (art. 45 do Código de Ética e Disciplina da OAB). Para esclarecer:

a) lhaneza é o mesmo que franqueza, sinceridade ou lisura;

b) linguagem escorreita é aquela sem defeitos;

c) linguagem polida é a aquela cortês e educada; e

d) esmero é o cuidado acima do usual.

Portanto, ao advogado impõe-se lisura e franqueza, emprego de linguagem correta e cortês, além de um cuidado excepcional e disciplina na execução dos serviços. Vejam-se alguns julgados do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo sobre o assunto em estudo:

Sessão de 21 de novembro de 1996 CHEFIA JURÍDICA - HIERARQUIA - RELAÇÃO COM ADVOGADO EMPREGADO O advogado que ocupa cargo de gerente jurídico de empresas, ou relação de trabalho similares, como advogado, pode exigir dos colegas que lhe são subordinados ou contratados para prestação de serviços, desempenho, correção e eficácia, porém, está impedido de atender providências que possam atingir normas e deveres éticos de urbanidade, relacionamento e respeito mútuo. (Proc. E - 1.441 - V.U. - Rel. Dr. JOSÉ CARLOS MAGALHÃES TEIXEIRA - Rev. Dr. CARLOS AURÉLIO

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MOTA DE SOUZA - Presidente Dr. ROBISON BARONI)

423ª sessão de 15 de junho de 2000 PATROCÍNIO - URBANIDADE NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL Dever de urbanidade, lhaneza, respeito ao trabalho do ex-adverso são postulados guindados como valores a serem observados pelos advogados. A confiança, a lealdade, a benevolência, devem constituir a disposição habitual para com o colega. Deve o advogado tratar os colegas com respeito e discrição empregando o uso de linguagem escorreita e polida na execução dos serviços (arts. 44 e 45 do CED). A interposição de recurso sobre a fixação sucumbencial do valor da verba honorária não constitui infração ética, desde que respeitados os valores éticos contidos nos artigos apontados. Proc. E-2.140/00 - v.u. em 15/06/00 do parecer e ementa do Rel. Dr. LUIZ ANTÔNIO GAMBELLI - Rev.ª Dr.ª MARIA CRISTINA ZUCCHI - Presidente Dr. ROBISON BARONI. 446ª sessão de 18 de julho de 2002 NOTIFICAÇÃO – EXPRESSÕES INCOMPATÍVEIS COM A SOBRIEDADE DA ADVOCACIA No envio de correspondência, em nome do constituinte, deve-se empregar linguagem escorreita e polida, sem o uso de expressões intimidatórias, que possam constranger e ameaçar o destinatário. A afirmação de conduta penalmente tipificada, sem a prévia apuração judicial, extrapola os limites da advertência e significa conteúdo que viola o dever de urbanidade, caracterizando a falta ética. (Proc. E-2.585/02 – v.u. em 18/07/02 do parecer e ementa do Rel. Dr. JAIRO HABER – Rev. Dr. BENEDITO ÉDISON TRAMA – Presidente Dr. ROBISON BARONI)

481ª sessão de 15 de setembro de 2005 DEVER DE URBANIDADE – RECIPROCIDADE – RELAÇÃO COM OS AGENTES PÚBLICOS OU COM AS PESSOAS O advogado deve “tratar o público, os colegas, as autoridades e os funcionários do juízo com respeito, discrição e independência, exigindo igual tratamento e zelando pelas prerrogativas a que tem direito” (art. 44 do Código de Ética). Aceita-se que - após a obtenção de liminar em mandado de segurança impetrado contra ato de autoridade, sem que, após 100 dias de sua concessão, a autoridade impetrada cumpra a

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determinação judicial - o advogado seja veemente, apaixonado, causticante. Da defesa apaixonada e causticante para a crítica acerba, contundente e descortês, a passagem é muitas vezes imperceptível e inevitável, como afirmou Sobral Pinto. A ética qualifica as pessoas e as instituições, razão pela qual, quando se fala em urbanidade, não se pode entendê-la sem a correspondente reciprocidade. (Processo E-3.222/2005 – v.u., em 15/09/2005, do parecer e ementa do Rel. Dr. JOSÉ ROBERTO BOTTINO – Rev. Dr. CLÁUDIO FELIPPE ZALAF – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE)

481ª sessão de 15 de setembro de 2005 URBANIDADE NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL – IDOSO – PREFERÊNCIA DE TRATAMENTO. Dever de urbanidade, lhaneza, respeito ao trabalho do ex-adverso são postulados guindados como valores a serem observados pelos advogados, sem qualquer distinção. A confiança, a lealdade, a benevolência devem constituir a disposição habitual para com o colega. Deve o advogado tratar os colegas com respeito e discrição (arts. 44 e 45 do Código de Ética e Disciplina). Devem os advogados, como qualquer cidadão, tratar os idosos com o respeito e deferência que as cãs lhes conferem e com a preferência que a lei lhes garante, fazendo efetivos os preceitos do Estatuto do Idoso. Nem por isso se admite do advogado idoso que abuse de sua condição, mormente porque deve, para com todos, a mesma cortesia de tratamento que possa entender ser direito seu, na melhor interpretação do artigo 3º do Código de Ética e Disciplina. (Processo E-3.224/2005 – v.u., em 15/09/2005, do parecer e ementa da Rel.ª Dra. BEATRIZ MESQUITA DE ARRUDA CAMARGO KESTENER – Rev. Dr. CARLOS ROBERTO FORNES MATEUCCI – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE)

495ª sessão de 14 de dezembro de 2006 TRAJE DE ADVOGADO – CRITÉRIOS PARA SEU USO – COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO CONSELHO SECCIONAL (ARTIGO 58, INCISO XI, DA LEI Nº 8.906/94) – PRERROGATIVA DO ADVOGADO (ARTIGOS 6º, PARÁGRAFO ÚNICO E 7º, INCISO I DO EAOAB) – EXIGÊNCIA DO USO DE PALETÓ E GRAVATA EM AUDIÊNCIA, POR CRITÉRIO DO JUIZ – ILEGALIDADE – AFRONTA ÀS DISPOSIÇÕES LEGAIS MENCIONADAS – INDISPENSÁVEL DEVER DE URBANIDADE PARA EVITAR EXCESSOS (DESRESPEITO OU DESLEIXO).

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Os critérios para o uso de traje do advogado são de exclusiva competência do Egrégio Conselho Seccional, por comando estatutário. Indiscutível que dentro dos direitos e prerrogativas do advogado estão a igualdade e a liberdade (artigos 6º, parágrafo único e 7º, inciso I, do EAOAB). Cabe a ele, advogado, na conformidade das regras determinadas pelo Conselho Seccional ou, na sua ausência, pelos usos e costumes, optar por sua indumentária e tê-la respeitada por juizes, promotores e demais integrantes do Poder Judiciário. O uso adequado do traje é direito do advogado, derivado de outras prerrogativas a ele asseguradas, com o indispensável dever de urbanidade para que não cometa excessos, como por exemplo a afronta ou o desleixo. Vale dizer: (a) a Seccional da Ordem é competente para determinar, com exclusividade, critérios para o traje dos advogados, no exercício profissional (artigo 58, inciso XI, do EAOAB); (b) interna corporis essa questão é pertinente à Douta Comissão de Direitos e Prerrogativas, à qual o advogado deve recorrer se lhe for negado direito legítimo. Por outro lado, não se tem notícia, no momento, nem de regulamentação da OABSP, nem de que os demais operadores do direito estejam dispostos a dispensar o uso do paletó e da gravata. Se somente o advogado o fizer, estará minimizando sua imagem, ainda que em razão de costume ou preconceito. Por fim, devemos refletir sobre as palavras de Rafael bielsa: “! El habito no hace el monje, y es cierto, mas el monje sin el habito no es tan monje!”. Com envio ao Egrégio Conselho Seccional em razão de sua competência exclusiva sobre o assunto (artigo 58, inciso XI, da Lei nº 8.906/94). (Proc. E-3.406/2006 – v.u., em 14/12/06, do parecer e ementa do Rel. Dr. BENEDITO ÉDISON TRAMA – Rev. Dr. GUILHERME FLORINDO FIGUEIREDO – Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE)

Ao advogado também impõe-se o dever de se comportar com zelo, esteja ele na condição de defensor nomeado, conveniado ou dativo, devendo empenhar-se de modo que o cliente se sinta amparado e tenha expectativa de regular desenvolvimento da demanda. Nesse sentido, veja-se a manifestação do Tribunal de Ética da OAB de São Paulo:

Sessão de 15 de dezembro de 1994 HONORÁRIOS PROFISSIONAIS - CONSTITUINTES POBRES NA ACEPÇÃO JURÍDICA A atuação em favor de clientes beneficiários do art. 4º da Lei n. 1.050/60 (pessoa pobre na acepção jurídica) deve ser feita, prioritariamente, pela Defensoria Pública

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do local da prestação dos serviços (art. 22, § 1º do Estatuto da OAB-SP). Se o advogado indicado pelo litigante pobre aceitar o encargo, se submeterá às regras legais da assistência aos necessitados, particularmente as do art. 22 e § 2º, ou seja, receberá o causídico os honorários fixados pelo juiz da causa, incluindo-se os de sucumbência, esta representada por percentual a ser aplicado sobre o valor líquido da execução (art. 11 da Lei n. 1.050). Não deve o causídico contratar novos e distintos honorários com a cliente pobre, diante do risco da imoderação (inciso III da Seção VIII do Código de Ética Profissional) e porque a letra "b" do mesmo inciso e Seção comanda que o advogado respeito e observe "a condição econômica do cliente...". Ademais, cabe ao advogado agir, sempre em perfeita consonância com a declaração de pobreza produzida nos autos judiciais, em nome do seu constituinte (Aplicação da Seção I, inciso I do Código de Ética), resguardo do zelo e o prestígio da classe, bem como a letra "b", inciso III da Seção do mesmo Código, que lhe ordena prestar serviços, desinteressadamente aos miseráveis. A assistência aos necessitados pertence ao campo da cidadania que a todos cumpre dar efeito, fazendo preponderar o interesse coletivo ao interesse individual. Excepcionados os casos estritos da lei e, ainda, a situação da letra "b", inciso III da seção I do CEP, o causídico não tem obrigação de trabalhar para os pobres. Se o fizer, tem que respeitar as regras pertinentes. (Proc. E - 1.138 - V.U. - Rel. Dr. ANTONIO LOPES MUNIZ - Rev. Dr. JOSÉ EDUARDO DIAS COLLAÇO - Presidente Prof. MODESTO CARVALHOSA)

12.1.7 Disposições gerais A falta ou inexistência, no Código de Ética e Disciplina da OAB, de definição ou orientação sobre questão de ética profissional, que seja relevante para o exercício da advocacia ou dele advenha, enseja consulta e manifestação do Tribunal de Ética e Disciplina ou do Conselho Federal (art. 47). Por fim, a teor da disposição contida no artigo 48 do Código de Ética e Disciplina da OAB, sempre que tenha conhecimento de transgressão das normas do Código em estudo, do Estatuto, do Regulamento Geral e dos Provimentos, o Presidente do Conselho Seccional, da Subseção, ou do Tribunal de Ética e Disciplina deve chamar a atenção do responsável para o dispositivo violado, sem prejuízo da instauração do competente

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procedimento para apuração das infrações e aplicação das penalidades cominadas. 12.2 Processo disciplinar 12.2.1 Competência do Tribunal de Ética e Disciplina O Tribunal de Ética e Disciplina possui competência para orientar e aconselhar sobre ética profissional, respondendo às consultas em tese, e para julgar os processos disciplinares. As reuniões do Tribunal de Ética são mensais, mas também podem se realizar em menor período, caso necessário, e todas as sessões devem ser plenárias. Consoante prevê o artigo 50 do Código de Ética e Disciplina da OAB, também é competência do Tribunal de Ética e Disciplina:

I) instaurar, de ofício, processo competente sobre ato ou matéria que considere passível de configurar, em tese, infração a princípio ou norma de ética profissional;

II) organizar, promover e desenvolver cursos, palestras, seminários e discussões a respeito de ética profissional, inclusive junto aos Cursos Jurídicos, visando à formação da consciência dos futuros profissionais para os problemas fundamentais da ética;

III) expedir provisões ou resoluções sobre o modo de proceder em casos previstos nos regulamentos e costumes do foro;

IV) mediar e conciliar nas questões que envolvam:

a) dúvidas e pendências entre advogados;

b) partilha de honorários contratados em conjunto ou mediante substabelecimento, ou decorrente de sucumbência;

c) controvérsias surgidas quando da dissolução de sociedade de advogados.

12.2.2 Procedimentos O processo disciplinar pode ser instaurado:

a) de ofício; ou

b) mediante representação dos interessados, que não pode ser anônima.

Recebida a representação, o Presidente do Conselho Seccional ou da Subseção, quando esta dispuser de Conselho, deve designar um relator dentre seus integrantes, para presidir a instrução processual (art. 51, parágrafo primeiro do Código de Ética e Disciplina da OAB). Ao relator compete a instrução do processo e o oferecimento de parecer preliminar a ser submetido ao Tribunal de Ética e Disciplina. O relator pode propor ao Presidente do Conselho Seccional ou da Subseção o arquivamento da representação, quando estiver desconstituída

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dos pressupostos de admissibilidade (art. 51, parágrafo segundo do Código de Ética e Disciplina da OAB). Quando for apresentada representação contra membros do Conselho Federal e Presidentes dos Conselhos Seccionais, ela será processada e julgada pelo Conselho Federal. Também compete ao relator do processo disciplinar determinar a notificação dos interessados para esclarecimentos, ou do representado para a defesa prévia, em qualquer caso no prazo de 15 (quinze) dias (art. 52, caput, do Código de Ética e Disciplina da OAB), prazo este que pode ser prorrogado mediante motivo relevante, a juízo do relator (art. 73, §3º, da Lei n.º 8.906/94). Ao representado deve ser assegurado amplo direito de defesa, podendo acompanhar o processo em todos os termos, pessoalmente ou por intermédio de procurador. Quando o representado não for encontrado ou for revel, o Presidente do Conselho ou da Subseção deve designar-lhe defensor dativo. A defesa prévia deve se fazer acompanhar de todos os documentos necessários à instrução, bem assim indicar o rol de testemunhas, até o máximo de 5 (cinco). Oferecida a defesa prévia, deve ser proferido o despacho saneador e, ressalvada a hipótese do parágrafo segundo do artigo 73 do Estatuto da Advocacia e da OAB, designada, se reputada necessária, a audiência para oitiva do interessado, do representado e das testemunhas. Apenas para esclarecer, a hipótese do parágrafo segundo do artigo 73 do Estatuto da Advocacia e da OAB, dispõe acerca de eventual manifestação do relator, após a defesa prévia, pelo o indeferimento liminar da representação, hipótese em que caberá ao Presidente do Conselho Seccional decidir sobre o arquivamento. O interessado e o representado devem se incumbir acerca do comparecimento de suas testemunhas, salvo se preferirem suas intimações pessoais, o que deve ser requerido na representação e na defesa prévia, respectivamente. Conforme prevê o artigo 52, parágrafo segundo do Código de Ética e Disciplina da OAB, as intimações pessoais não serão renovadas em caso de não comparecimento, facultada, no entanto, a substituição de testemunhas, desde que presente a substituta na audiência. Sempre que julgar conveniente, o relator pode determinar a realização de diligências. Concluída a instrução, deve ser aberto prazo sucessivo de 15 (quinze) dias para a apresentação de razões finais pelo interessado e pelo representado, após a juntada da última intimação. Findo o prazo das razões finais, o relator deve proferir parecer preliminar, que deve ser submetido ao Tribunal (art. 52, §5º do Código de Ética e Disciplina da OAB). Após receber o processo devidamente instruído, o Presidente do Tribunal deve designar relator para que profira o voto (art. 53, caput, do Código de Ética e Disciplina da OAB). Assim, o processo é inserido automaticamente na pauta da primeira sessão de julgamento, após o prazo de 20 (vinte) dias de seu recebimento pelo Tribunal, salvo se o relator determinar a realização de diligências.

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O representado deve ser intimado pela Secretaria do Tribunal para que apresente defesa oral na sessão, com 15 (quinze) dias de antecedência. A defesa oral é produzida na sessão de julgamento perante o Tribunal, após o voto do relator, no prazo de 15 (quinze) minutos, pelo representado ou por seu advogado (art. 53, §3º do Código de Ética e Disciplina da OAB). Segundo o parágrafo terceiro do artigo 70 do Estatuto da Advocacia e da OAB, o Tribunal de Ética e Disciplina do Conselho onde o acusado tenha inscrição principal pode suspendê-lo preventivamente, caso fique demonstrada a repercussão prejudicial à dignidade da advocacia, depois de ouvi-lo em sessão especial para a qual deve ser notificado a comparecer, exceto se não atender à notificação. Neste caso, o processo disciplinar deve ser concluído no prazo máximo de 90 (noventa) dias. Ocorrendo essa hipótese, na sessão especial designada pelo Presidente do Tribunal, são facultadas ao representado ou ao seu defensor a apresentação de defesa, a produção de prova e a sustentação oral, restritas, entretanto, à questão do cabimento, ou não, da suspensão preventiva. O expediente submetido à apreciação do Tribunal deve ser autuado pela Secretaria, registrado em livro próprio e distribuído às Seções ou Turmas julgadoras, quando houver (art. 55 do Código de Ética e Disciplina da OAB). Segundo dispõe o artigo 56 do Código de Ética e Disciplina da OAB, as consultas formuladas devem ser autuadas em apartado, e a esse processo devem ser designados relator e revisor, pelo Presidente. O relator e o revisor têm o prazo de dez (10) dias, cada um, para elaboração de seus pareceres, apresentando-os na primeira sessão seguinte, para julgamento. É dado a qualquer dos membros o direito de pedir vista do processo pelo prazo de uma sessão e desde que a matéria não seja urgente, caso em que o exame deve ser procedido durante a mesma sessão. Sendo vários os pedidos, a Secretaria deve providenciar a distribuição do prazo, proporcionalmente, entre os interessados. Durante o julgamento e para dirimir dúvidas, o relator e o revisor, nessa ordem, tem preferência na manifestação. O relator deve permitir aos interessados a produção de provas, alegações e arrazoados, respeitado o rito sumário atribuído pelo Código de Ética e Disciplina. Após o julgamento, os autos devem seguir ao relator designado ou ao membro que tiver parecer vencedor para lavratura de acórdão, contendo ementa a ser publicada no órgão oficial do Conselho Seccional. Ao funcionamento das sessões do Tribunal aplica-se o procedimento adotado no Regimento Interno do Conselho Seccional, conforme orienta o artigo 57 do Código de Ética e Disciplina da OAB. Caracteriza falta ética passível de punição a intervenção temerária de qualquer interessado que demonstre sentido de emulação ou procrastinação, a teor do disposto no artigo 58 do Código de Ética e Disciplina da OAB. Considerada a natureza da infração ética cometida, o Tribunal pode suspender temporariamente a aplicação das penas de advertência e censura impostas, desde que o infrator primário, dentro do prazo de 120 (cento e

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vinte) dias, passe a frequentar e conclua, comprovadamente, curso, simpósio, seminário ou atividade equivalente, sobre Ética Profissional do Advogado, realizado por entidade de notória idoneidade (art. 59 do Código de Ética e Disciplina da OAB). Os recursos contra decisões do Tribunal de Ética e Disciplina, dirigidos ao Conselho Seccional, regem-se pelas disposições do Estatuto da Advocacia e da OAB, do Regulamento Geral e do Regimento Interno do Conselho Seccional (art. 59, caput, do Código de Ética e Disciplina da OAB). Cabe recurso ao Conselho Federal de todas as decisões definitivas proferidas pelo Conselho Seccional, quando não tenham sido unânimes ou, sendo unânimes, contrariem a Lei n.º 8.960/94 (Estatuto da Advocacia e da OAB), decisão do Conselho Federal ou de outro Conselho Seccional e, ainda, o Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina e os Provimentos (art. 75, caput, da Lei n.º 8.906/94). Além dos legitimados, o Presidente do Conselho Seccional é também legitimado a interpor esse recurso. Também cabe recurso, mas direcionado ao Conselho Seccional, de todas as decisões proferidas por seu Presidente, pelo Tribunal de Ética e Disciplina, ou pela diretoria da Subseção ou da Caixa de Assistência dos Advogados (art. 76 da Lei n.º 8.906/94). Conforme prevê o artigo 77 do Estatuto da Advocacia e da OAB, todos os recursos tem efeito suspensivo, exceto quando tratarem de eleições, de suspensão preventiva decidida pelo Tribunal de Ética e Disciplina, e de cancelamento da inscrição obtida com falsa prova. É dever do Tribunal dar conhecimento de todas as suas decisões ao Conselho Seccional, para que seja determinada periodicamente a publicação de seus julgados. Por derradeiro, conforme disposição do artigo 61 do Código de Ética e Disciplina da OAB, é cabível a revisão de processo disciplinar nos casos de erro de julgamento ou condenação baseada em falsa prova. 12.2.3 Disposições gerais e transitórias É dever do Conselho Seccional oferecer os meios e suporte imprescindíveis para o desenvolvimento das atividades do Tribunal, conforme determinação do artigo 62 do Código de Ética e Disciplina da OAB. A pauta de julgamentos do Tribunal deve publicada em órgão oficial e no quadro de avisos gerais, na sede do Conselho Seccional, com antecedência de 07 (sete) dias, devendo ser dada prioridade nos julgamentos para os interessados que estiverem presentes (art. 64 do Código de Ética e Disciplina da OAB). Por fim, dispõe o artigo 65, que as regras do Código de Ética e Disciplina da OAB obrigam igualmente as sociedades de advogados e os estagiários, no que lhes forem aplicáveis.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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direito constitucional: de acordo com a emenda constitucional n. 45/2004. São Paulo: Saraiva, 2005. CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. COELHO, Fábio Alexandre. Teoria geral do processo. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004. GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: teoria geral e processo de conhecimento (1ª parte). 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. ______. Novo curso de direito processual civil: processo de conhecimento (2ª parte) e procedimentos especiais. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. LOBO, Paulo. Comentários ao estatuto da advocacia e da OAB. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Conteúdo jurídico do princípio da

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