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Curso de noções de instalação e calculo de carga sobre energia fotovoltaicas para arquitetos e engenheiros. Uma ótima opção para quem quer trabalhar.
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Permitida a reproduo para uso privado, sem fim comercial ou de lucro, desde que citada
a fonte.
Apesar deste documento ter sido preparado com os devidos cuidados, as instituies
participantes no se responsabilizam pelas informaes e anlises apresentadas que devem
ser creditadas diretamente aos autores do estudo.
Este material foi preparado para o minicurso homnimo oferecido no 4 InovaFV nos dias 11 e
12 de maro de 2014, evento organizado pelo Prof. Dr. Gilberto de Martino Jannuzzi
(FEM/UNICAMP) e pelo International Energy Initiative, e no V CBENS no dia 31 de maro de
2014. O texto foi revisado e editado por Rodolfo Dourado Maia Gomes (International Energy
Initiative).
Edio grfica: Rodolfo Dourado Maia Gomes (International Energy Initiative)
Capa:
Casa verde. Cortesia de Solar Energy Tampa Florida / Flickr.com.
Solar Decathlon 2007, Santa Clara University house. Cortesia de Jeff Kubina / Flickr.com.
Building-Integrated Photovoltaics (BIPV) para Arquitetos e
Engenheiros Civis
Maro/2014
sis Portolan dos Santos formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de
Santa Maria, mestre e doutora em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) na rea de Conforto Ambiental e Energia. Durante a ps-graduao trabalhou com a
utilizao da energia solar fotovoltaica junto arquitetura, explorando os aspectos tcnicos dos
sistemas fotovoltaicos e as necessidades da arquitetura.Atua desde 2007 no Grupo de Pesquisa
Estratgica em Energia Solar da UFSC sob coordenao do Prof. Ricardo Rther. Neste grupo
trabalha com as questes arquitetnicas do dimensionamentos e projetos de sistemas
fotovoltaicos, tendo atuado em projetos como: Estacionamento Eletrosul; Projeto Tractebel
centros de convivncia para Hospital e Escola da UFSC; Grupo FINEP Habitare voltado habitao
de interesse social; INCT Energias Renovveis e Eficincia Energtica da Amaznia; Estdios solares;
e P&D Estratgico Tractebel Energia. Atualmente professora da Universidade Federal de Santa
Maria-RS, onde atua em Cursos Tcnicos e na Especializao em Eficincia Energtica aplicada aos
processos produtivos.
SUMRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................................................................... i
LISTA DE TABELAS ................................................................................................................................................................. v
LISTA DE SMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS ........................................................................................... vi
1 INTRODUO .................................................................................................................................................................. 1
2 FONTES RENOVVEIS E O CONTEXTO ENERGTICO BRASILEIRO .................................... 4
3 GERAO FOTOVOLTAICA PARA O URBANISMO E A ARQUITETURA ................................ 8
3.1 Integrao fotovoltaica na arquitetura ..................................................................................................... 10
3.2. Edifcios solares no Brasil .............................................................................................................................. 33
4. TECNOLOGIA SOLAR FOTOVOLTAICA ..................................................................................................... 37
4.1. Mdulos fotovoltaicos ....................................................................................................................................... 44
4.2. Mercado fotovoltaico ......................................................................................................................................... 49
5. RADIAO SOLAR .................................................................................................................................................... 56
6. DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ................................................................ 81
6.1. Exerccio de dimensionamento ................................................................................................................... 83
3.1.1 Exerccio 1 .................................................................................................................................................... 83
3.1.2 Exerccio 2 .................................................................................................................................................... 86
6.2. Estimativa de sombreamento ....................................................................................................................... 87
6.3. Tutorial BIPV design .......................................................................................................................................... 94
7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................................................................... 107
4 ANEXO 1 ........................................................................................................................................................................ 112
5 Apndice 1 Conexo de sistemas fotovoltaicos .................................................................................. 113
6 Apndice 2 Gerao solar fotovoltaica e a gerao distribuda ................................................. 115
i
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Estrutura da oferta interna de energia eltrica no Brasil. .................................................................................... 5
Figura 2 Consumo setorial de eletricidade no Brasil (Total: 42.862 mil tep................................................................. 6
Figura 3 Exemplo de detalhe em planta baixa da fixao dos mdulos sobre a estrutura em uma parede
ventilada. .............................................................................................................................................................................................................. 18
Figura 4 Paolo VI Hall ............................................................................................................................................................................... 21
Figura 5 Estao central de Berlin. Percebem-se os mdulos translcidos no canto superior direito na
imagem em contraste com o restante dos vidros transparentes ......................................................................................... 22
Figura 6- Universidade Trondheim com mdulos nas fachadas. ........................................................................................ 22
Figura 7 Instituto Ferdinand-Braun. .................................................................................................................................................. 22
Figura 8 Clculo de radiao solar incidente atravs de softwares de simulao. .............................................. 23
Figura 9 Integrao fotovoltaica na fachada de um edifcio em Zurich, considerada como integrao de
sucesso. ................................................................................................................................................................................................................ 24
Figura 10 Conjunto BedZED com instalao de sistema fotovoltaico na cobertura. ........................................... 29
Figura 11 - Estratgias ambientais do SIEEB. ............................................................................................................................... 30
Figura 12 Edifcio SIEEB com insero dos mdulos fotovoltaicos nos brises. ..................................................... 30
Figura 13 Estratgias bioclimticas do ARPT. ........................................................................................................................... 31
Figura 14 Perspectiva do ARPT mostrando os mdulos fotovoltaicos na face plana. ....................................... 31
Figura 15 Estdio Nacional de Kaohsiung. .................................................................................................................................. 32
Figura 16 Diagrama de funcionamento de um sistema fotovoltaico conectado rede eltrica
convencional. ..................................................................................................................................................................................................... 38
Figura 17 Mdulos com clulas de silcio monocristalino afastadas permitindo a passagem da luz. ....... 39
Figura 18 Clulas translcidas que permitem a passagem da luz. ............................................................................ 39
Figura 19 Silcio monocristalino direita. ..................................................................................................................................... 40
Figura 20 Mdulo flexvel de silcio amorfo. ................................................................................................................................ 41
Figura 21 Mdulos flexveis aplicados sobre telhas shingle. ............................................................................................. 41
Figura 22 Clulas de corantes sensibilizados de diferentes cores em srie. .......................................................... 43
Figura 23 Eficincias de cada tecnologia. .................................................................................................................................... 44
Figura 24 Mdulos com forma de telhas que utilizam mdulos dummies que no tem funo eltrica,
apenas esttica para completar a forma dos painis. ............................................................................................................... 47
Figura 25 Mdulos integrados em telhas cermicas onduladas. .................................................................................... 47
Figura 26 Mdulos integrados nas fachadas em substituio aos vidros ou outras vedaes planas
opacas. .................................................................................................................................................................................................................. 48
Figura 27 Mdulos em substituio a vidros e materiais translcidos que permitem a passagem de
parte da luz. ........................................................................................................................................................................................................ 48
Figura 28 Clulas coloridas de silcio policristalino nas cores esmeralda, bronze, outro e prata. ............... 49
Figura 29 Exemplo de mdulo com clulas em afastamento diverso criando uma nova hachura de
composio. ....................................................................................................................................................................................................... 49
Figura 30 Participao da energia solar fotovoltaica na demanda de eletricidade da Alemanha. .............. 52
Figura 31 Produo de plantas ornamentais em estufas com integrao fotovoltaica...................................... 54
ii
Figura 32 Projeto do sistema fotovoltaico integrado ao paisagismo............................................................................. 55
Figura 33 Modelo de disposio dos componentes da radiao solar que atinge um mdulo fotovoltaico
.................................................................................................................................................................................................................................... 57
Figura 34 Mapa de Radiao solar no plano horizontal em mdia anual. ................................................................. 58
Figura 35 Mapa de Radiao solar em plano inclinado igual latitude e orientado Linha do Equador,
em mdia anual................................................................................................................................................................................................ 59
Figura 36 Apresentao das posies de dois mdulos. Mdulo 1 instalado no azimute 0 (norte) e
inclinado a 20 (ideal para a cidade de Belo Horizonte que tem latitude de 20). Mdulo 2 instalado em
azimute 100 e inclinado a 45................................................................................................................................................................ 60
Figura 37 Percentual anual de gerao energtica de acordo com diferentes orientaes e inclinaes,
determinadas pelo programa PVSYST para Estocolmo, Sucia. Os nmeros 1, 2 e 3, demonstram a
posio de instalao dos sistemas analisados, onde se observa que o sistema 1 possui maior potencial
de gerao. ......................................................................................................................................................................................................... 60
Figura 38 Gerao de energia total anual por kWp instalado de silcio monocristalino, em a) Freiburg e
em b) Florianpolis. ........................................................................................................................................................................................ 61
Figura 39 - Mapa de distribuio dos modelos de estimativa da irradiao difusa com resultados mais
prximos s medies do Projeto SWERA ...................................................................................................................................... 62
Figura 40 - baco de Aracaju SE. As superfcies com inclinaes at 20 possuem o mesmo potencial
independentemente de sua orientao. Se mantida a orientao ao Norte, so possveis inclinaes de
at 30. Fachadas solares possuem maior aproveitamento se orientadas a Leste e Oeste do que ao
Norte, a fachada. Neste local 100% radiao = 5,5 kWh/ m/ dia; 2.016 kWh/m/ano), localizado a 10,9S,
37,1O.................................................................................................................................................................................................................... 64
Figura 41 - baco de Belm PA. As superfcies inclinadas at 25 podem ser orientada a qualquer
azimute sem perdas significativas de orientao. Fachadas solares so mais favorveis se orientadas a
Leste ou Oeste. Neste local 100% de radiao = 5,4 kWh/m/dia; 1.995 kWh/m/ano, situado em 1,4S,
48,5O.................................................................................................................................................................................................................... 64
Figura 42 - baco de Belo Horizonte MG. Para atingir os maiores nveis de irradiao necessrio que
a superfcie mantenha uma inclinao at 30 e com variao de azimute entre +60 e -60. Fachadas
Norte ou com azimutes de +60 ou -60 possuem o mesmo aproveitamento da irradiao. Neste local
100% de radiao = 5,7 kWh/m/dia; 2.091 kWh/m/ano, situado em 19,9S, 43,9O. ......................................... 65
Figura 43 - baco de Boa Vista RR. As superfcies com inclinaes de 20 mantm os maiores ganhos
de irradiao independente da orientao. Fachadas solares tem maior gerao a Leste ou Oeste do que
ao Norte. Neste local 100% de radiao = 5,5 kWh/m/dia; 1.949 kWh/m/ano, situado em 2,8N, 60,6O.
.................................................................................................................................................................................................................................... 65
Figura 44 - baco de Braslia DF. As superfcies inclinadas tm mxima gerao quando orientadas ao
Norte e inclinadas at 40 ou ento quando inclinadas a 10 possuem orientao variando de Leste a
Oeste (entre +90 e -90 de azimute). Neste local 100% de radiao = 5,7 kWh/m/dia; 2.079
kWh/m/ano, situado em 15,8S, 47,9O. ......................................................................................................................................... 66
Figura 45 - baco de Campo Grande MS. Para obter a mxima irradiao necessrio que as
superfcies tenham inclinao at 30 e orientao entre +60 e -60. As fachadas possuem o mesmo
aproveitamento de irradiao se orientadas entre azimute +60 e -60. Neste local 100% de radiao =
5,8 kWh/m/dia; 2.126 kWh/m/ano, situado em 20,4S, 54,6O. ....................................................................................... 66
Figura 46 - baco de Cuiab MT. As superfcies de gerao tem maior aproveitamento solar quando
orientadas entre Leste e Oeste (azimute entre +90 e -90) com inclinao at 20, ou quando orientadas
ao Norte com inclinao at 40. As fachadas possuem aproveitamento similar com orientaes que
variam de Leste a Oeste, passando pelo Norte. Neste local 100% de radiao = 5,6 kWh/m/dia; 2.054
kWh/m/ano, situado em 15,6S, 56,1O. ......................................................................................................................................... 67
Figura 47 - baco de Curitiba PR. Os melhores aproveitamentos da irradiao ocorrem quando as
superfcies esto orientadas entre os azimutes +60 e -60 e inclinadas entre 5 e 30. As fachadas
iii solares possuem melhor aproveitamento quando orientadas entre +60 e -60. Neste local 100% de
radiao = 4,9 kWh/m/dia; 1.798 kWh/m/ano, situado em 25,4S, 49,2O. .............................................................. 67
Figura 48 - baco de Florianpolis SC. Os maiores ganhos de irradiao ocorrem em superfcies
orientadas entre os azimutes +60 e -60 e com inclinao entre 5 e 30. As fachadas solares tm
melhores desempenhos quando orientadas entre +60 e -60. Neste local 100% de radiao = 4,8
kWh/m/dia; 1.741 kWh/m/ano, situado em 27,5S, 48,5O. ............................................................................................... 68
Figura 49 - baco de Fortaleza CE. Os maiores ganhos de irradiao ocorrem em superfcies
inclinadas at 25, independente de seu azimute. Dentre as fachadas solares, as orientadas a Leste ou
Oeste tero melhor desempenho do que aquelas orientadas ao Norte ou Sul. Neste local 100% de
radiao = 5,7 kWh/m/dia; 2.072 kWh/m/ano, situado em 3,7S, 38,5O. ................................................................. 68
Figura 50 - baco de Goinia GO. Os maiores nveis de irradiao so obtidos na orientao entre
Leste e Oeste (passando pelo Norte) e inclinadas at 15. Tambm possvel ganhos similares com
orientaes mais prximas ao Norte e inclinao at 30. As fachadas orientadas entre o Leste, Norte e
Oeste tm desempenho equivalente. Neste local 100% de radiao = 5,9 kWh/m/dia; 2.166 kWh/m/ano,
situado em 16,6S, 49,2O. ....................................................................................................................................................................... 69
Figura 51 - baco de Joo Pessoa PB. Para esta cidade qualquer orientao de superfcie (desde que
inclinada at 20) apresenta os maiores ganhos de irradiao. No caso das fachadas, aquelas orientadas
a Leste ou Oeste tero melhor desempenho que aquelas orientadas ao Norte ou ao Sul. Neste local
100% de radiao = 5,4 kWh/m/dia; 1.979 kWh/m/ano, situado em 7,1S, 34,8O............................................. 69
Figura 52 - baco de Macap AP. As maiores geraes so encontradas em superfcies inclinadas at
25, independentemente da orientao a que se encontrem. Nas fachadas solares, as fachadas Leste e
Oeste possuem maior gerao que a fachada Norte ou Sul. Neste local 100% de radiao = 5,4
kWh/m/dia; 1.979 kWh/m/ano, situado em 0,03N, 51,1O. ............................................................................................... 70
Figura 53 - baco de Macei AL. At 20 de inclinao possvel que as superfcies recebam o
mximo de gerao para o local, independentemente da orientao. Se a inclinao for de 30 a
orientao deve estar entre +60 e -60 para atingir os maiores nveis. As fachadas solares so mais
vantajosas a Leste e Oeste do que ao Norte ou Sul. Neste local 100% de radiao = 5,3 kWh/m/dia;
1.949 kWh/m/ano, situado em 9,6S, 35,7O. .............................................................................................................................. 70
Figura 54 - baco de Manaus - AM. Neste caso as superfcies com inclinao at 25 tem mxima
irradiao independentemente de sua orientao. As fachadas solares recebem mais irradiao se
estiverem a Leste ou Oeste em detrimento do Norte e Sul. Neste local 100% de radiao = 5,1
kWh/m/dia; 1.885 kWh/m/ano, situado em 3,1S, 60O. ...................................................................................................... 71
Figura 55 - baco de Natal RN. As superfcies com inclinao at 25 tem mxima irradiao
independentemente de sua orientao. As fachadas solares so recebem mais irradiao se estiverem a
Leste ou Oeste em detrimento do Norte e Sul. Neste local 100% de radiao = 5,5 kWh/m/dia; 2,006
kWh/m/ano, situado em 5,7S, 35,2O. ............................................................................................................................................ 71
Figura 56 - baco de Palmas TO. Para receber a mxima irradiao indicado que as superfcies
estejam inclinadas at 10 para qualquer orientao, ou que orientadas entre Leste e Oeste (-90 e +90)
possuam inclinao de at 25. As fachadas solares possuem o mesmo desempenho a Leste, Oeste e
Norte. Neste local 100% de radiao = 5,6 kWh/m/dia; 2.043 kWh/m/ano, situado em 10,1S, 48,3O. 72
Figura 57 - baco de Porto Alegre RS. Nesta cidade necessria a orientao entre +60 e -60 de
azimute e uma inclinao entre 10 e 30 para a obteno dos maiores nveis de irradiao. Para
fachadas, os maiores nveis de irradiao so encontrados na fachada Norte, com variao de +60 ou -
60. Neste local 100% de radiao = 5,1 kWh/m/dia; 1.870 kWh/m/ano, situado em 30S, 51,2O.......... 72
Figura 58 - baco de Porto Velho RO. possvel receber os maiores nveis de irradiao com
inclinaes at 15, independente da orientao. Nas fachadas solares os nveis de irradiao so
similares para fachadas orientadas de Leste a Oeste, passando pelo Norte. Neste local 100% de
radiao = 5,2 kWh/m/dia; 1.920 kWh/m/ano, situado em 8,7S, 63,9O. ................................................................. 73
Figura 59 - baco de Recife PE. As mximas radiaes so recebidas por superfcies em qualquer
orientao desde que inclinadas at 20. As fachadas solares recebem maior irradiao quando
orientadas a Leste ou Oeste, em detrimento do Norte. Neste local 100% de radiao = 5,2 kWh/m/dia;
1.915 kWh/m/ano, situado em 8S, 34,8O. .................................................................................................................................. 73
iv
Figura 60 - baco de Rio Branco AC. Para obter os maiores nveis de irradiao necessrio manter a
inclinao at 15 com qualquer orientao, ou ento inclinaes at 30 a orientao deve se manter
entre Leste e Oeste. As fachadas solares tem desempenho similar em qualquer orientao entre Leste e
Oeste, passando pelo Norte. Neste local 100% de radiao = 5,3 kWh/m/dia; 1.925 kWh/m/ano, situado
em 9,9S, 67,8O. ........................................................................................................................................................................................... 74
Figura 61 - baco do Rio de Janeiro RJ. Nesta cidade os maiores nveis de irradiao se mantm
prximos orientao Norte (desvio entre +60 e -60) e inclinao at 30. As fachadas solares so
mais vantajosas a Norte ou com desvio azimutal entre +60 e -60. Neste local 100% de radiao = 5,1
kWh/m/dia; 1.878 kWh/m/ano, situado em 22,9S, 43,2O. ............................................................................................... 74
Figura 62 - baco de Salvador. Os maiores nveis de irradiao so encontrados para qualquer
orientao desde que mantida a inclinao de at 15. As fachadas solares possuem maior recebimento
de irradiao a Leste ou Oeste, em detrimento do Norte. Neste local 100% de radiao = 5,5 kWh/m/dia;
2.002 kWh/m/ano, situado em 12,9S, 38,5O. ........................................................................................................................... 75
Figura 63 - baco de So Luis MA. As mximas radiaes so obtidas em qualquer azimute com
inclinao de at 25. As fachadas solares possuem melhor desempenho a Leste ou Oeste do que a
Norte. Neste local 100% de radiao = 5,6 kWh/m/dia; 2.035 kWh/m/ano, situado em 2,5S, 44,3O. .. 75
Figura 64 - baco de So Paulo SP. Neste local as mximas de irradiao so obtidas em azimute
entre -60 e +60 e com inclinao entre 5 e 30. As fachadas solares possuem melhor desempenho ao
Norte ou com desvios azimutais entre +60 e -60. Neste local 100% de radiao = 5,1 kWh/m/dia; 1.849
kWh/m/ano, situado em 23,5S, 46,6O. ......................................................................................................................................... 76
Figura 65 - baco de Teresina PI. As mximas de irradiao ocorrem com superfcies inclinadas at
20, independente de seu azimute. Nas fachadas, aquelas orientadas a Leste e Oeste tem maior gerao
que aquelas orientadas a Norte ou Sul. Neste local 100% de radiao = 5,8 kWh/m/dia; 2.106
kWh/m/ano, situado em 5S, 42,5O. ................................................................................................................................................ 76
Figura 66 - baco de Vitria ES. A mxima irradiao encontrada pelos mdulos inclinados at 20 e
com orientao de Leste a Oeste. As fachadas possuem desempenho semelhante orientadas de Leste a
Oeste passando pelo Norte. Neste local 100% de radiao = 5,0 kWh/m/dia; 1.841 kWh/m/ano, situado
em 5,5S, 42,5O. ........................................................................................................................................................................................... 77
Figura 67 Mapa apresentando as capitais e suas caractersticas de posicionamento dos mdulos para
os maiores ganhos de radiao. ............................................................................................................................................................ 79
Figura 68 Exemplos de disposio dos mdulos de um sistema de 1,05 kWp ...................................................... 85
Figura 69 Sistema fotovoltaico em cobertura sombreado por elemento construdo. .......................................... 88
Figura 70 Sistema fotovoltaico sombreado por rvores....................................................................................................... 88
Figura 71 Reduo da gerao de mdulos sombreados, acima a foto antes e depois do
sombreamento e abaixo o grfico mostrando o nvel de gerao com sombra e sem sombra. ...................... 89
Figura 72 Curva de gerao de dias limpos para um sistema de 1kWp de silcio amorfo em
Florianpolis. No eixo vertical os valores em W e na horizontal as horas do dia...................................................... 89
Figura 73 esquerda o sombreamento s 7 horas da manh da platibanda sobre a cobertura
(aproximadamente 6,3m a sul e 12,5m a oeste). direita a imagem com a sombra s 17 horas
(aproximadamente 2,05m ao sul e 4,4m a leste). ........................................................................................................................ 91
Figura 74 esquerda, sombreamento s 8 horas da manh (aproximadamente 2,8m a oeste e 1,8m a
sul), e direita, sombreamento s 16 horas (aproximadamente 2m a leste e 1,4m a oeste). .......................... 91
Figura 75 Proposta de posicionamento dos mdulos para a edificao em Braslia, com 1m de
platibanda para evitar o sombreamento dos mdulos entre 8 e 16 horas. ................................................................... 92
Figura 76 Acima o sombreamento horizontal dos mdulos s 8 horas da manh do solstcio de inverno
e abaixo o sombreamento horizontal dos mdulos s 16 horas do mesmo dia. ....................................................... 93
Figura 77- Proposta de disposio dos mdulos para um edifcio em Braslia para que os mdulos no
recebessem sombra deles prprios os do edifcio entre 8 horas da manh e 16 horas da tarde no solstcio
de inverno (e consequentemente em nenhum outro dia do ano). ...................................................................................... 93
v
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Tipos de integrao arquitetnica FV. Adaptado de THOMAS (1999) com imagens de ISAAC
(2010). .................................................................................................................................................................................................................... 14
Tabela 2 Critrios estticos da integrao arquitetnica. Adaptao (SCHOEN et al., 2001). ..................... 19
Tabela 3 Integraes BIPV consideradas de sucesso na Austrlia, por Prasad e Snow (2004). ............... 24
Tabela 4 Exemplos de integraes consideradas de sucesso na Alemanha por Hagemann (2004). ...... 26
Tabela 5 Edificaes tipo BAPV no Brasil, desenvolvidas em parceria com o grupo Fotovoltaica UFSC.
Fonte: FV-UFSC (2014) .............................................................................................................................................................................. 33
Tabela 6 Edificaes brasileiras do tipo BIPV apoiadas com participao do grupo FV-UFSC. Fonte:
FV-UFSC (2014) .............................................................................................................................................................................................. 34
Tabela 7 Eficincias medidas em STP de clulas solares. Adaptada de (GREEN et al., 2013). ................ 43
Tabela 8 Definio da inclinao com mxima mdia diria de irradiao utilizando o software Radiasol.
.................................................................................................................................................................................................................................... 62
Tabela 9 Recomendaes de incidncia de irradiao ........................................................................................................ 78
Tabela 10 Caractersticas de performance eltrica de um mdulo de 210W sob condies STC
(Standard Test Conditions). ...................................................................................................................................................................... 84
Tabela 11 Caractersticas de um inversor que comporta um sistema de 1 kWp de potncia ....................... 84
Tabela 12 Caracterstica da ligao em paralelo dos mdulos e do inversor ......................................................... 85
Tabela 13 Contribuio da gerao de energia fotovoltaica de um sistema de 1,05 kWp no consumo
mensal de uma edificao ......................................................................................................................................................................... 85
vi
LISTA DE SMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS
ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica
AQUA - Alta Qualidade Ambiental
ARPT - Autorit de Rgulation de la Poste et des Tlcommunications
a-Si Silcio amorfo
BAPV - Building Applied Photovoltaic
BIPV - Building Integrated Photovoltaic
CA Corrente alternada
CC Corrente contnua
CdTe Telureto de cdmio
CIGS Disseleneto de cobre, glio e ndio
c-Si Silcio monocristalino
DSSC - Dye sensitized solar cell
ELETROSUL Eletrosul Centrais Eltricas S.A.
EPB - Energy Positive Buildings
EPE Empresa de Pesquisa Energtica
FV fotovoltaica
FV-UFSC Grupo de Pesquisa Estratgica em Energia Solar da Universidade Federal de Santa
Catarina
GWh gigawatt-hora
HIT Heterojunction with intrinsic thin film
IEA International Energy Agency
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
kWh quilowatt-hora
LEED - Leadership in Energy and Environmental Design
m-Si Silcio multicristalino
MW megawatt
vii
MWh megawatt-hora
MWp megawatt pico
PCH Pequena Central Hidreltrica
PROCEL Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica
PROINFA - Programa de Incentivo s Fontes Alternativas de Energia Eltrica
RS Rio Grande do Sul
S silcio
SDA Solar Design Associates
SIEEB - Sino-Italian Ecological and Energy Efficient Building
STC Standard Test Condition
TEP Tonelada Equivalente de Petrleo
TiO2 Dixido de titnio
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
V Volts
ZEB - Zero Energy Buildings
1
1 INTRODUO
Esta apostila tem como objetivo apresentar as possibilidades da tecnologia solar
fotovoltaica para utilizao integrada arquitetura, que resulta em edificaes com
integrao fotovoltaica, os chamados BIPV (building integrated photovoltaic). Busca-se com
isso a divulgao da tecnologia fotovoltaica e a formao de arquitetos e demais profissionais
da construo civil para que atuem neste setor dado o importante papel que podem exercer.
Pois diferentemente do que normalmente se pensa e pratica, no somente instalar os
painis sobre as edificaes pensando-se somente na funo de gerar eletricidade. Eles
possuem tambm valores importantes, porm ainda subestimados, como de elemento
construtivo e esttico.
O contedo abordado nesta apostila inicia com a sustentabilidade na construo civil
e sua relao com as fontes renovveis de energia. Como elemento principal apresenta-se a
tecnologia solar fotovoltaica, o seu funcionamento e as suas caractersticas construtivas que
permitem a integrao s edificaes dentro da realidade do clima e da construo civil do
Brasil. Ao final da apostila apresentado um exerccio de dimensionamento de um sistema
fotovoltaico integrado edificao e tambm exemplares de mdulos fotovoltaicos e BIPVs.
Busca-se com este material inspirar arquitetos brasileiros para a utilizao da tecnologia
fotovoltaica junto s edificaes, utilizando um dos recursos mais abundantes no pas, o sol.
A sustentabilidade um dos temas mais debatidos na atualidade, abrangendo
diversas reas das atividades humanas. A sustentabilidade ambiental prima pela utilizao
racional dos recursos naturais para satisfazer as necessidades humanas atuais, sem
comprometer os recursos para as geraes futuras. Esta temtica surgiu a partir da ocorrncia
de desastres naturais, relacionando-os degradao ambiental causada pelas atividades
humanas. O aquecimento do planeta, os buracos na camada de oznio, as inundaes e as
secas, tm sido creditadas explorao de ecossistemas e a poluio ambiental. A
sustentabilidade aponta um caminho com solues a esses problemas, com a utilizao
racional dos recursos e garantia de abastecimento s atividades humanas.
A construo civil uma das atividades que tem se modificado para respeitar os
princpios da sustentabilidade, isto porque so nas edificaes que ocorrem grande parte das
aes humanas que demandam recursos naturais. Deste modo, tanto na construo da
edificao como na utilizao da mesma devem ser buscadas tecnologias para diminuir os
impactos ao meio ambiente. Pela sua ampla vida til (de algumas dcadas), as edificaes mal
planejadas ou mal gerenciadas tem, alm do impacto construtivo, toda sua vida til
provocando prejuzos sustentabilidade e ao meio ambiente. Neste contexto as energias
renovveis surgem como uma opo para o abastecimento sustentado das edificaes e
atividades humanas, pois este tipo de energia possibilita a gerao de energia (trmica e
eltrica) a partir de fontes pouco poluentes e com maior renovao.
As energias renovveis permitem a manuteno das atividades humanas com menor
utilizao de combustveis fsseis consumidos nas matrizes energticas convencionais. Estes
combustveis, como o carvo, petrleo e gs natural, apresentam estoques finitos, liberam
gases poluentes na sua combusto e ainda ocasionam degradao ambiental na sua extrao.
2
J as energias renovveis permitem a gerao de energia a partir de fontes com alta taxa de
renovao, com menor emisso de gases poluentes e tambm mnimo impacto ambiental na
sua gerao. Deste modo, a gerao eltrica a partir de fontes renovveis permite a utilizao
de uma energia menos poluente para o funcionamento das edificaes e contribui para
diminuir o impacto ambiental da sociedade.
Com os avanos tecnolgicos possvel que as edificaes possuam geradores de
energia instalados em sua prpria construo, como os BIPV que produzem toda ou parte da
energia que consomem. Alm dos BIPVs tambm existem os BAPV (building applied
photovoltaic), que so as edificaes onde os mdulos fotovoltaicos foram sobrepostos
edificao aps o projeto ou construo da mesma, enquanto que os BIPVs abrangem apenas
as edificaes onde a determinao de uso da tecnologia foi parte integrante do processo
projetual da mesma. Os BIPV e BAPV podem ser caracterizados como edifcios de energia
positiva, que geram mais energia do que consomem e exportam o excedente a outras
necessidades. Os conceitos ZEB (Zero Energy Buildings) e EPB (Energy Positive Buildings)
trabalham com este enfoque, buscando o equilbrio entre consumo e gerao no mesmo
edifcio. Isto permite que as edificaes diminuam seu impacto ambiental, gerando a sua
prpria energia ou contribuindo para a energia consumida nas cidades.
A opo de gerao energtica na prpria edificao tem sido altamente incentivada
por programas de certificao ambiental de edifcios. Programas como o AQUA (Alta
Qualidade Ambiental), o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) e o Programa
Brasileiro de Etiquetagem (Eletrobras - PROCEL e INMETRO) avaliam com melhores
pontuaes as edificaes que possuem em sua construo um sistema de gerao de energia
eltrica ou trmica de fonte renovvel. Alm dos programas de certificao, ainda ocorrem
em diversos pases programas especficos de incentivo gerao particular, onde a energia
eltrica gerada pela edificao vendida rede pblica por uma tarifa mais alta que o valor
da tarifa convencional.
Links teis: Aqua (http://www.vanzolini.org.br) LEED Brasil (http://gbcbrasil.org.br/?p=certificacao) PROCEL (http://www.eletrobras.com/pci/main.asp?View={89E211C6-61C2-499A-A791-DACD33A348F3})
Dentre as tecnologias que permitem a gerao de energia eltrica na edificao, a
tecnologia fotovoltaica (FV) uma das que apresentam as maiores possibilidades de
integrao arquitetura, principalmente em relao a materiais, modularidade, formas e
cores. Esta tecnologia permite a gerao de energia eltrica atravs da irradiao solar,
atravs de lminas de determinados materiais semicondutores instaladas em qualquer local
ensolarado da edificao. A gerao fotovoltaica no ocasiona rudo ou emisses de gases em
seu funcionamento, alm de necessitar de pouca manuteno. Os geradores fotovoltaicos
podem ser instalados nas coberturas das edificaes, local que comumente recebe maior
insolao, ou em qualquer outra face da fachada ou mesmo nos elementos de
sombreamentos. Alm dos mdulos fotovoltaicos, o funcionamento do sistema exige que os
3
mdulos sejam ligados por condutores at um equipamento (inversor) que converte a energia
gerada na frequncia e tenso da rede e conecta o gerador solar fotovoltaico ao sistema
pblico de distribuio de energia eltrica.
No entanto, a tecnologia fotovoltaica vai muito alm do aspecto funcional de gerao
de energia. Principalmente em relao arquitetura, os fabricantes de mdulos parecem ter
um compromisso atual voltado especificamente aos usos arquitetnicos, visto como um dos
campos mais promissores da tecnologia. Como uma tecnologia associada sustentabilidade,
os mdulos possuem atributos de forma (enquanto objetos e materiais de composio
arquitetnica e apelo visual), alm de caractersticas de elementos construtivos de vedao
que unem a esttica funcionalidade. Assim os BIPVs so um conceito de edificao que gera
energia eltrica, mas vai muito alm e busca um resultado de qualidade enquanto composio
arquitetnica.
Assim os mdulos fotovoltaicos apresentam hoje caractersticas diversas que
justificam a sua utilizao muito alm da gerao de energia eltrica. Mdulos curvos,
transparentes ou coloridos so realidades que qualificam as integraes com fachadas curvas,
coberturas transparentes e brises mveis.
4
2 FONTES RENOVVEIS E O CONTEXTO ENERGTICO
BRASILEIRO
O desenvolvimento das civilizaes trouxe a sociedade at o mundo tecnolgico atual,
sendo que para isto foram necessrios milhes de MWh gerados e consumidos para os mais
diversos usos. Grande parte da energia utilizada foi oriunda de base fssil, ou seja,
combustveis altamente densos energeticamente, mas que levaram milhes de anos para
serem produzidos pelas condies do meio ambiente da Terra. Com a perspectiva do
esgotamento desses recursos, alm da degradao ambiental que produzem, as matrizes
renovveis tm sido foco de pesquisas e incentivos. Essas matrizes so aquelas que utilizam
recursos com renovao natural dentro da escala de tempo humana.
As fontes de energia renovveis permitem a continuada evoluo da humanidade e
principalmente a manuteno de suas necessidades bsicas e atividades cotidianas sem (ou
com o menor) comprometimento do meio ambiente e das geraes futuras.
Na busca pela sustentabilidade, as energias renovveis tm como grande aliada a
eficincia energtica, que busca diminuir o consumo de energia, mantendo o mesmo
desempenho das atividades, ou aumentar este desempenho com o mesmo consumo
energtico. A eficincia energtica ocorre pela mudana de hbito dos usurios (diminuindo o
consumo) ou mesmo pela substituio de equipamentos por outros mais eficientes (GELLER,
2003). Isto pode levar a uma diminuio significativa do consumo de energia, o que
consequentemente requer menor uso das fontes alternativas, barateando o projeto e fazendo
um uso mais racional da fonte de energia. As geladeiras so um grande exemplo, j que entre
a dcada de 70 e 90 reduziram seu consumo a 37% ao mesmo tempo em que dobraram de
tamanho. Aliando a eficincia energtica a uma gerao energtica com base renovvel, o
mundo traa um caminho para atingir o desenvolvimento sustentvel.
As fontes renovveis utilizam recursos naturais, com ampla disponibilidade e
renovao, como o sol, recursos hdricos, ventos, oceanos, energia geotrmica, biomassa,
entre outros. As energias renovveis tambm podem ser consideradas como aquelas para as
quais o homem pode dar um manejo adequado sua disponibilidade e utilizao. A energia
hidrulica est presente nos cursos dgua, sendo obtida atravs de turbinas movidas pela
diferena de nvel entre dois pontos. A energia mecnica da turbina convertida em energia
eltrica por um gerador e, ento, transmitida at os pontos de consumo. A energia elica se
utiliza das diferenas de presso existentes na atmosfera que deslocam as massas de ar; o
movimento dessas massas pode ser captado pelas ps das turbinas elicas, que tambm gera
energia mecnica que posteriormente transformada em energia eltrica. A energia ocenica
o aproveitamento de efeitos martimos para gerao de energia mecnica e posterior
transformao em energia eltrica. A energia das mars (que usa o fluxo das mars para
mover ps submersas), das ondas (com equipamentos que se movimentam conforme a
amplitude e a frequncia das ondas), e do gradiente trmico (utiliza a diferena de
temperatura entre a superfcie da gua e as guas profundas) so meios de aproveitamento
da energia ocenica. A energia geotrmica utiliza o calor do interior da Terra, oriundo das
rochas incandescentes, para gerar vapor e movimentar turbinas. A gerao por biomassa a
5
utilizao para fins energticos dos recursos naturais vegetais (ou animais) e de seus resduos,
podendo utilizar resduos slidos de plantas e leos obtidos a partir das mesmas, ou ainda
resduos urbanos de materiais orgnicos j processados.
Dentre as energias renovveis apresentadas, a energia solar fotovoltaica a nica que
permite a converso direta do recurso natural, a irradiao solar, em energia eltrica, a
energia mais utilizada nas cidades e nas edificaes.
No Brasil, a participao das fontes renovveis vem aumentando gradativamente. Na
energia eltrica, a energia hidrulica continua como matriz principal e em 2012 correspondeu
a 76,9% do total, e a biomassa e elica somam 7,7%. Em relao energia primria1, 46% de
toda energia consumida no pas, foi originada de fontes renovveis (EPE, 2013).
A matriz energtica brasileira umas das poucas do mundo com grande percentual de
fonte renovvel, a hidroeletricidade. A energia eltrica do pas provm 77% das hidreltricas
brasileiras, completada com extrao de biomassa, importao e derivados fsseis, como
mostra a Figura 1. Contudo, a diversificao da matriz energtica brasileira baixa, dando
pouco espao para as energias alternativas como a energia elica, ou a fotovoltaica.
Figura 1 Estrutura da oferta interna de energia eltrica no Brasil.
Fonte: EPE (2013).
Links teis: Balano energtico nacional (https://ben.epe.gov.br/default.aspx)
Um auxlio ao desenvolvimento das energias alternativas no pas foi a criao do
Programa de Incentivo s Fontes Alternativas de Energia Eltrica (PROINFA) em 2002. Pela Lei
10.438 de abril de 2002 o governo buscou apoiar o desenvolvimento das fontes alternativas,
garantindo a compra desta energia por 20 anos. O foco deste programa foi a implantao de
1 Energia primria a forma de energia base encontrada na natureza (sem processamento para transform-la em eletricidade, por exemplo). Petrleo, gs natural, energia hdrica so formas de energia primria e so quantificadas em tep (tonelada equivalente de petrleo) para fins de comparao entre diversas fontes, como ocorre no caso do Balano Energtico Nacional.
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3.300 MW na rede nacional, sendo 1.100 MW de elica, outra quantidade igual de usinas de
biomassa e outra de pequenas centrais hidreltricas (PCHs) (BRASIL, 2002). Atravs dos
incentivos deste programa foi instalada a maior usina elica da Amrica Latina em Osrio-RS,
com 150 MW. Este incentivo foi um dos motivadores para que a produo da energia elica
passasse de 61 a 5.050 GWh por ano entre 2003 e 2012.
O consumo de energia varia por setor de utilizao. A energia eltrica no Brasil tem
consumo majoritariamente do setor industrial (42%), seguido pelas residncias com cerca de
24% do total (Figura 2). Se considerado o consumo das edificaes residenciais, comerciais e
pblicas, este percentual chega a 48% (EPE, 2013), suplantando o industrial. Isso ilustra o
importante papel que os projetos de edificaes podem desempenhar em permitir usufruir o
mesmo servio energtico (iluminao, gua quente, condicionamento ambiental etc.) com
menor uso de energia, em outras palavras, utilizando a eficincia energtica nas edificaes.
Figura 2 Consumo setorial de eletricidade no Brasil (Total: 42.862 mil tep Fonte: EPE (2013).
Alm do percentual que os setores abrangem, tambm interessante perceber o
horrio em que esta solicitao energtica ocorre, pois as diferentes necessidades energticas
durante o dia so fundamentais para o planejamento energtico do pas. As residncias
possuem um alto consumo ao final do dia, causado pelo uso massivo de chuveiros eltricos,
alm da iluminao. Outra diferenciao ocorre no uso dos aparelhos de condicionamento de
ar por escritrios e atividades comerciais durante o dia, que tm pico de demanda prximo ao
meio-dia. Por mais que estas solicitaes de demanda ocorram somente em pequenos
perodos do dia, necessrio que o sistema energtico esteja permanentemente preparado
para supri-las.
Como a energia solar fotovoltaica s possui gerao durante o dia, interessante aliar
o seu funcionamento com uma demanda de mesmo horrio. Como o consumo pelo uso de
7
condicionadores de ar, geralmente para resfriamento, ocorre conforme o aumento da
incidncia solar, o setor de comrcio e servios oferece demanda concomitantemente
gerao fotovoltaica (JARDIM et al., 2008; RTHER et al., 2008). Em Florianpolis o consumo
de ar-condicionado pode chegar a 50% do consumo total da edificao no vero, e at 70%
em edifcios envidraados (LAMBERTS et al., 1997). Sendo assim, percebe-se que a utilizao
da energia solar fotovoltaica tem muito a contribuir com a demanda energtica brasileira,
principalmente nas edificaes dos centros urbanos.
Links teis: Livro Lamberts (1997) e outras publicaes sobre eficincia energtica na arquitetura (http://www.labeee.ufsc.br/publicacoes/livros)
8
3 GERAO FOTOVOLTAICA PARA O URBANISMO E A
ARQUITETURA
O planejamento urbanstico costuma dividir as cidades em vrias zonas, ou setores,
determinados pelo tipo de uso do solo. As caractersticas destas zonas tambm podem
influenciar a instalao de sistemas fotovoltaicos. comum que o zoneamento urbano
classifique as zonas das cidades em reas residenciais, de comrcios e servios, industriais e
mistas. Estas zonas apresentam consumos energticos com demandas bastante diferentes,
principalmente quanto quantidade de energia consumida. Mas alm do consumo em si, o
setor energtico necessita saber os horrios que ocorrero as demandas, o que
fundamental para a organizao da disponibilidade de energia, e que costumeiramente reflete
nos valores das diferentes tarifas.
Atualmente os setores residenciais apresentam pico de consumo no incio da manh e
no incio da noite (ocasionados pelos chuveiros eltricos); os setores de servios e comerciais
tem comumente pico de consumo prximo ao meio dia, caracterizados pela demanda dos
condicionadores de ar, e as zonas industriais tem consumo praticamente constante, sofrendo
alteraes pelo valor da tarifa, normalmente mais alto nos horrios de pico dos outros setores
(PROCEL, 2014).
Links teis: Site Procel info: http://www.procelinfo.com.br/
Os setores de reas residenciais predominantemente unifamiliares possuem grande
rea disponvel (rea de cobertura/rea total) para instalao de painis fotovoltaicos, sendo
capaz de gerar energia alm do seu consumo. Por no possuir curva de demanda com pico
central ao meio dia, e por no haver gerao fotovoltaica nos perodos de pico, os sistemas
nestas reas podem no contribuir diretamente para o alvio de sobrecarga da sua prpria
rede. Mas pela quantidade de rea disponvel, este setor pode ser aproveitado como uma
mini usina, aliviando a sobrecarga em setores adjacentes, como os comerciais (SALAMONI,
2004).
A arquitetura residencial unifamiliar possui geralmente as melhores aplicaes para
sistemas fotovoltaicos integrados s edificaes. Isto por que apresentam grande rea de
telhado e por situarem-se prximas umas s outras, todas com mesmo porte, com menor
sombreamento de sua cobertura (JONES et al., 2000). As coberturas residenciais so boas
candidatas a se tornarem BAPVs, com insero da tecnologia posterior ao projeto e execuo
da edificao, j que tem um nico proprietrio que responde pelas alteraes. Residncias
situadas em zonas mistas ou com edificaes em altura devem fazer simulaes de projeto
para identificar os sombreamentos a que esto sujeitas para posicionar os mdulos de modo
que no haja sombreamento dos mesmos.
Edifcios multifamiliares tambm so opes para a gerao fotovoltaica, mas pelo
maior nmero de proprietrios a insero da tecnologia depende do consenso do condomnio.
Estes edifcios tambm esto sujeitos a maiores sombreamentos de outras edificaes em
altura nas suas proximidades, o que deve ser considerado no projeto. Alguns tipos de
9
condomnios horizontais ou empreendimentos que tenham como lema a sustentabilidade so
bons candidatos utilizao dos sistemas fotovoltaicos.
As zonas comerciais e de servios normalmente tambm apresentam grande
concentrao de edificaes em altura, nestes casos preferencial a insero nas coberturas
alm da anlise de sombreamento. Tambm possvel a insero nas fachadas, desde que as
mesmas recebam pouco sombreamento dos edifcios prximos. Os percentuais de gerao em
fachadas podem ser visto no captulo 5. Edifcios de uma nica empresa, de um rgo pblico
ou nico proprietrio tambm tem maior independncia para a instalao fotovoltaica. Nestas
zonas tambm podem ocorrer edificaes esportivas, hospitalares, educacionais ou ainda de
hospedagem que apresentam maior rea disponvel para colocao dos mdulos
fotovoltaicos, principalmente nas coberturas. Estas ltimas tipologias citadas (hotis, hospitais
e edifcios esportivos) tambm possuem comumente a necessidade de gua quente, o que
pode indicar tambm a utilizao de coletores solares trmicos, visando aumentar a eficincia
energtica da edificao.
O trabalho de Salamoni (2004) tambm expe que os setores centrais da cidade, com
edificaes em altura e uso de comrcio e servios, apresentam um pico de demanda diurno.
Mas estas possuem pouca rea de cobertura disponvel, alm do maior sombreamento das
mesmas devido grande altura das edificaes. Como essa zona apresenta uma sobrecarga
diurna rede, seria interessante a aplicao dos sistemas fotovoltaicos, mesmo que com
pequena abrangncia, ou que recebesse energia gerada por outra zona adjacente com maior
rea de cobertura disponvel.
As zonas industriais so um vasto campo para a aplicao da tecnologia fotovoltaica,
principalmente pelas grandes reas disponveis e pelos menores nveis de sombreamento (no
caso de zonas afastadas de edificaes em altura). As indstrias possuem uma alta demanda
energtica e por serem mais afastadas podem estar em pontas de rede da distribuio da
energia. Assim, geraes nestes locais podem melhorar a qualidade de energia da rede. Os
aeroportos e outras grandes instalaes afastadas tambm podem ser inseridos neste
contexto (GRABOLLE, 2010). Os grandes telhados das indstrias so locais interessantes para a
instalao dos mdulos e criao de BAPVs, principalmente quando so usados sheds que
tm janelas orientadas ao sul, fazendo com que a declividade do telhado seja orientada a
norte, favorecendo a gerao fotovoltaica. Coberturas metlicas com baixas inclinaes (at
10) tambm tem alto potencial de gerao, mesmo quando em orientaes diversas da
norte.
Embora os BIPV e BAPVs sejam comumente inseridos nas cidades e meios urbanos, o
meio rural e suas edificaes tambm apresentam potenciais para a aplicao da tecnologia
fotovoltaica. Quando conectados rede seus potenciais so similares s edificaes
residenciais ou industriais pela menor incidncia de sombreamento, e diferem apenas no
tamanho das instalaes. Para localidades remotas, os BIPVs e BAPVs possibilitam o
fornecimento de energia eltrica, necessitando de baterias ou sistemas de apoio para que
sejam autossuficientes. Sistemas de irrigao ou deslocamento de gua que utilizam
bombeamento tambm tm grande benefcio na tecnologia, j que podem funcionar apenas
nas horas de sol, armazenando gua nos reservatrios elevados.
10
Lnks teis: Site com exemplos de BIPVs e BAPVs em diversos usos da arquitetura: http://www.bipv.ch/index.php/en/examples-top-en
3.1 Integrao fotovoltaica na arquitetura
As preocupaes com a sustentabilidade do planeta e os desafios das mudanas
climticas tm refletido em mudanas nas edificaes. Os edifcios (residncias, comrcios e
servios) so responsveis por cerca de 48% da energia eltrica consumida no Brasil (EPE,
2013), que comumente utilizam combustveis fsseis para gerao de energia. Deste modo, a
conscincia ambiental est sendo pouco a pouco incorporada ao projeto e ao uso das
edificaes. Algumas estratgias de projeto e incluso de tecnologias possibilitam a reduo
do consumo energtico. Esta diminuio dos gastos energticos essencial, mas no
suficiente, sendo ento necessrias alternativas que atuem na gerao de energia para a
edificao e ainda que seja uma energia limpa, com base em fonte renovvel. Neste
contexto, os BIPV surgiram como uma opo de tornar as edificaes menos impactantes ao
meio ambiente, mais autnomas e, ao mesmo tempo, mas no contraditoriamente, mais
integradas ao sistema eltrico e ao seu entorno.
Os BIPV so instalaes da tecnologia FV nas edificaes, de forma que componham
parte do envelope da mesma. A integrao arquitetnica, estrutural e formal dos mdulos s
edificaes permite a incorporao da gerao de energia em estruturas usuais, como escolas,
escritrios, hospitais e outros (PAGLIARO et al., 2010). A integrao em edificaes tem a
grande vantagem de evitar que reas livres sejam utilizadas para a gerao de energia. Assim,
usa reas j ocupadas pelo homem, o que interessante para regies demogrficas densas e
tambm para preservao de ambientes naturais.
Pela juno dos mdulos geradores de energia com a edificao consumidora de
energia, a integrao arquitetnica dos mdulos tambm possibilita a eficincia energtica
(RTHER, 2004). De acordo com o perfil de consumo da edificao, a gerao e a demanda
podem ser concomitantes, o que ocorre nos casos de edificaes com consumo
expressivamente diurno (j que s h gerao fotovoltaica nas horas de sol). Em locais com
alto consumo energtico para condicionamento de ar para climatizao, os BIPVs possibilitam
coincidncia entre o pico de gerao e o pico de consumo nos horrios prximos ao meio dia
(IEA, 1995).
Os BIPVs podem auxiliar na difuso da tecnologia tambm em locais onde no haja
incentivos financeiros especficos, j que podem diminuir o custo da construo e tambm
reduzir os gastos com energia durante o uso da edificao. Assim, os mdulos podem ser
utilizados com dois fins, de gerao energtica e de vedao, e tm seu perodo de retorno
(pay-back) diminudo (IEA, 1995). Os mdulos, quando instalados nas fachadas, podem
substituir outros materiais mais caros, alm de proporcionar uma percepo visual de
modernidade (MARSH, 2008).
Para o Brasil, a integrao fotovoltaica em edificaes nas reas urbanas pode
contribuir para a viabilidade da tecnologia no pas. Isso porque as reas urbanas so pontos de
grande consumo energtico, principalmente em horrio prximo ao meio dia, ocasionado
11
pelo grande consumo dos condicionadores de ar. A insero fotovoltaica nos centros urbanos
possibilita uma gerao junto aos pontos de consumo e diminui o pico de carga dos
alimentadores da rede eltrica no horrio com maior irradiao solar (JARDIM et al., 2008;
RTHER et al., 2008).
Embora os centros urbanos possam ser os locais com melhor sincronia para a energia
solar (demanda do ar condicionado concomitante com a gerao fotovoltaica), eles
apresentam como limitao as edificaes com alta densidade, ocupando pouca rea
horizontal para uma maior ocupao vertical (JARDIM, 2007). Deste modo, h pouca rea
disponvel para integrao FV em cada prdio, que forneceria uma gerao muito aqum do
consumo da edificao, mas mesmo assim so vlidos para inserir estratgias de
sustentabilidade nas edificaes.
O projeto de integrao fotovoltaica arquitetura requer preferencialmente a
participao de engenheiros eletricistas, arquitetos e projetistas de sistemas FV, j que os
BIPV tm condicionantes especficos para seu posicionamento e instalao. A vantagem dos
BIPVs que utilizam os mdulos como parte do envelope est na diminuio do custo da
instalao FV, j que substituem outros materiais de acabamento que podem ter custos
elevados.
A capacidade de transformao da energia luminosa do sol em energia eltrica
determinada pela eficincia dos mdulos fotovoltaicos, sendo o fator limitante da sua
produo energtica e representada pela sua potncia nominal. Outros elementos tambm
podem afetar o rendimento, como sombreamento dos mdulos, o posicionamento dos
mesmos em relao ao Norte e latitude local, e a temperatura de operao dos mdulos2,
questes importantes que devem ser consideradas na sua integrao arquitetnica (THOMAS,
1999).
Para o funcionamento correto de um mdulo fotovoltaico ele deve ser iluminado
uniformemente em sua superfcie, j que um sombreamento parcial, por uma antena ou uma
rvore, afetar sua gerao. Isto ocorre porque a clula com menor iluminao que ir
determinar a corrente de operao de todas as clulas que estiverem na mesma srie que ela.
Para evitar este efeito, so utilizados os diodos de bypass, que fornecem um caminho
alternativo corrente, permitindo que a mesma mantenha os nveis das outras clulas
corretamente iluminadas (IEA, 1995). Em um arranjo fotovoltaico, um efeito semelhante pode
ocorrer quando h um mdulo sombreado na instalao; assim, este mdulo com menor
gerao tambm ir condicionar a corrente dos outros mdulos ligados a ele em srie. Deste
modo, fundamental que a integrao arquitetnica projete a localizao dos mdulos em
local idealmente livre de qualquer tipo de sombreamento, principalmente nas horas em que
h maior irradiao solar disponvel, como apresentado no item 6.2.
A atuao dos arquitetos nas instalaes fotovoltaicas tem fundamental importncia
nas integraes s edificaes, principalmente quanto composio arquitetnica e aspectos
visuais da integrao. Outro papel que os arquitetos tm muito a contribuir na diagramao
2 Quanto maior a temperatura de operao em relao temperatura padro, menor a eficincia de converso da radiao solar em eletricidade.
12
dos mdulos e cuidados em relao aos sombreamentos. Como o sombreamento afeta
substancialmente a gerao, necessrio determinar os horrios de sombra provocados pelas
edificaes e outros elementos nos mdulos, o que essencial em instalaes no meio
urbano.
Alm da atuao dos arquitetos no BIPV, esses profissionais tambm possuem um
campo de trabalho importante nas centrais geradoras da tecnologia fotovoltaica. Nestas
fazendas solares tambm necessrio que seja determinado o sombreamento entre
mdulos nos vrios perodos do ano, j que afastamento muito grande entre mdulos ir
ocupar ainda maiores reas, e afastamento muito prximo ir comprometer a gerao dos
mdulos subsequentes. Os arquitetos, como profissionais capacitados a trabalhar com cartas
solares e estimativas de sombreamento, so fundamentais nestas etapas das instalaes
fotovoltaicas.
O posicionamento dos mdulos fotovoltaicos em relao orientao em relao ao
norte geogrfico (azimute) e inclinao vertical so elementos fundamentais para permitir a
captao da maior irradiao solar possvel (detalhamento para o caso brasileiro
apresentado no item 5). Cada parte do globo terrestre recebe um valor de irradiao
diferente; ento, o desafio das instalaes fotovoltaicas conseguir a melhor insolao
possvel para o local especfico da instalao. Os maiores nveis de irradiao so absorvidos
por uma superfcie que esteja em um azimute orientado ao norte (para o hemisfrio sul) ou
ao sul (no caso do hemisfrio Norte), e que esteja inclinado em ngulo igual latitude local
(BROGREN; GREEN, 2003). Em relao latitude, baixas latitudes so menos sensveis a
desvios de azimutes, ou seja, em locais de baixa latitude possvel projetar integraes com
desvio azimutal do Norte sem grandes perdas de gerao (BURGER; RTHER, 2006). Em
relao inclinao dos mdulos, a altas latitudes as instalaes verticais (ngulo de 90 em
relao ao solo) tambm no apresentam tantas perdas, sendo mais favorecidas do que nos
locais de baixa latitude. Assim, as fachadas fotovoltaicas apresentam melhor desempenho
relativo nos locais de alta latitude do que nas regies tropicais do globo.
A temperatura do mdulo tambm um fator que determina a eficincia de gerao
do mesmo. Quanto maior a temperatura, menor o seu desempenho (PRASAD; SNOW, 2004;
BURGER; RTHER, 2006). Os mdulos de silcio cristalino podem perder cerca de 0,4% de
eficincia a cada 1 C de aumento de temperatura (IEA, 1995). Como no h como proteger os
mdulos do calor, ocasionado pela prpria exposio ao sol, eles devem ser instalados de
forma a serem naturalmente ventilados. A ventilao natural para os mdulos ocorre
deixando os mesmos afastados a uma distncia de cerca de 10 cm (IEA, 1995) de qualquer
elemento construtivo como paredes ou coberturas. O afastamento dos mdulos em relao
s superfcies permite que seja formada uma corrente de ar ascendente na parte inferior dos
mdulos. O ar mais quente em contato com os mdulos tende a subir, criando uma corrente
de ar que dissipa o calor. Assim, a integrao dos mdulos na edificao deve ser considerada
durante a fase de projeto arquitetnico da edificao para posicionar corretamente os
mdulos e minimizar as perdas de gerao por temperatura elevada dos mdulos.
As revitalizaes de fachadas tambm so um campo de insero da tecnologia. As
revitalizaes buscam dar uma aparncia mais atual s edificaes e os mdulos com cores
13
metlicas podem acrescentar este conceito de atualidade e modernidade edificao. As
revitalizaes tambm podem acrescer protees solares, como brises e fachadas duplas para
amenizar a insolao excessiva da edificao, onde os mdulos fotovoltaicos podem cumprir
satisfatoriamente essa funo de proteo solar, diminuindo o consumo da edificao com
climatizao artificial, e ao mesmo tempo gerar eletricidade (KAAN; REIJENGA, 2004). Alm do
que os brises fornecem o afastamento necessrio da edificao para o resfriamento do
mdulo.
Para clientes particulares, que acompanham o projeto arquitetnico de suas
edificaes, h a dificuldade de trabalhar com os desejos pessoais, mas tambm h a
facilidade de convencer e especificar melhor o projeto, agregando valor edificao.
Normalmente os clientes que desejam sistemas FV veem o mesmo como uma possibilidade de
autonomia de gerao eltrica, o que deve ser trabalhado pelo arquiteto de acordo com as
possibilidades legais do pas, aliando a tecnologia com outras estratgias arquitetnicas de
diminuio do consumo eltrico e vantagens econmicas da legislao.
A integrao fotovoltaica em uma edificao acarreta em novas demandas para o
programa de necessidades, partindo do zoneamento da edificao, e devem ser consideradas
preferencialmente no anteprojeto para que sejam consideradas e ento resultem em um
verdadeiro BIPV. A instalao FV ir influenciar na orientao do edifcio, nas fachadas e
formas da edificao, na composio com outros elementos e tambm na execuo da obra.
As principais consideraes que devem ser respeitadas so de os mdulos necessitam receber
irradiao solar satisfatria; a instalao FV necessita de um projeto eltrico especfico e deve
contar com outros equipamentos como inversores e controladores (THOMAS, 1999) alm de
estar adequada forma e composio arquitetnica desejada pelo arquiteto.
A partir do funcionamento adequado dos mdulos, quanto s suas caractersticas
construtivas e eltricas, passa-se segunda etapa que a integrao arquitetnica na
localizao com melhor desempenho tcnico, nas coberturas, fachadas ou nos elementos de
proteo. Os sistemas fotovoltaicos podem ser integrados em qualquer lugar na parte externa
da edificao, sendo mais comuns as trs posies a seguir: fachada, cobertura e elementos
de proteo como exemplifica a Tabela 1.
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Tabela 1 Tipos de integrao arquitetnica FV. Adaptado de THOMAS (1999) com imagens de ISAAC (2010).
Local de integrao
Tipo de integrao Imagem
Coberturas
Telhado inclinado
Telhas inclinadas
Cobertura com shed
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Local de integrao
Tipo de integrao Imagem
Coberturas
Clarabias
Coberturas curvas
Fachadas
Paredes verticais cegas
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Local de integrao
Tipo de integrao Imagem
Fachadas
Paredes verticais com
janelas
Paredes inclinadas
Elementos de proteo
Brises horizontal fixo
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Local de integrao
Tipo de integrao Imagem
Elementos de proteo
Brises horizontal mvel
Nas coberturas os mdulos podem ser usados em substituio a telhados ou telhas
inclinadas, nos sheds, claraboias e coberturas curvas. Os sheds apresentam vantagem, pois
estes elementos j conceitualmente projetados para que a face inclinada e opaca esteja
orientada ao Norte (para o hemisfrio Sul), e a face vertical e transparente esteja orientada ao
Sul aonde h melhor iluminao difusa no hemisfrio Sul. Assim os mdulos teriam a posio
de integrao justamente na face inclinada e orientada ao Norte. Para coberturas curvas
tambm possvel a instalao com mdulos de filmes finos aplicados em substratos flexveis.
Nas claraboias podem ser utilizados mdulos translcidos e semitransparentes, que permitem
a passagem da luz por espaos entre uma clula e outra, ou ento por novas clulas que so
to finas que deixam parte da luz atravess-las (THOMAS, 1999).
Nas fachadas os mdulos podem ser instalados em paredes cegas, paredes com
janelas ou paredes inclinadas. Nas fachadas cegas os mdulos podem ser utilizados como
material de vedao integrante da construo, ou ento podem ser utilizados afastados da
edificao criando uma segunda pele. Neste caso h a vantagem da ventilao na parte
posterior dos mdulos que melhora o seu desempenho. Dependendo da orientao da
edificao, as fachadas inclinadas favorecem a instalao dos mdulos j que a inclinao
pode ser determinada em ngulo prximo latitude local (THOMAS, 1999).
No uso em brises, fixos ou mveis, os mdulos tambm apresentam a vantagem de
poderem ser utilizados de forma inclinada, adequando-se latitude local. Em fachadas e
brises os mdulos podem ficar mais visveis e, portanto, as definies do projeto devem ser
feitas de forma mais cuidadosa, observando a composio do arquiteto.
Alm da anlise do local tambm necessrio que seja considerado o modo de
instalao dos mdulos fotovoltaicos, observando alguns detalhes de fixao. Chivelet e Solla
(2010) apresentam algumas informaes de como pode ser feita a fixao dos mdulos
edificao. Normalmente os mdulos so fixados sobre as estruturas como qualquer outro
tipo de painel ou placa que seja usada na edificao, com fixao em guias espaadas de
acordo com seu tamanho (Figura 3).
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Figura 3 Exemplo de detalhe em planta baixa da fixao dos mdulos sobre a estrutura em uma parede ventilada. Fonte: CHIVELET; SOLLA (2010)
Alguns arquitetos tambm consideram que no basta a instalao de tecnologias
renovveis nos edifcios, mas necessrio um pensamento integrado de ecodesign. Ken e
Peter (2008) ressaltam que os edifcios devem ter uma arquitetura ecolgica considerando
toda relao que possuem com o meio e no serem avaliados somente por regras e pontos
que atingem em certificaes padronizadas. Neste caso, os painis fotovoltaicos devem estar
integrados a um conceito da edificao, que engloba orientao, solues passivas, questes
culturais, construtivas etc. As decises para um design ecolgico devem considerar o local de
implantao, a orientao, configurao e materiais da edificao, e adaptar-se a eles. Este
tipo de design tem seu conceito baseado nas relaes dos indivduos de um ecossistema
natural e v na gerao fotovoltaica o melhor meio de gerao energtica, j que a energia
inicia sua circulao na natureza a partir da transformao da luz do sol pela fotossntese. E
assim como as plantas se adaptam para receber mais luz, os edifcios tambm deveriam ter
sua forma configurada para aproveitar ao mximo a irradiao solar.
No Brasil algumas certificaes de edificaes sustentveis e eficientes j preveem
pontos para instalao de sistemas fotovoltaicos nas edificaes. A Certificao Internacional
LEED (GBC, 2013) j atua no Brasil e prev na tipologia New Construction, no Critrio Energia e
Atmosfera Crdito 2, uma pontuao de 1 a 7 pontos de acordo com o percentual de
energia gerada no local da edificao (de 1 a 13%) e mais dois pontos para gerao verde. No
Critrio qualidade ambiental interna- crdito 7.1, tambm so pontuadas as instalaes de
mdulos fotovoltaicos que faam sombra estrutura ou equipamentos. Na certificao para
Edifcios Existentes, Envoltria e Estrutura Principal, Lojas de Varejo e outras modalidades
tambm pontuam a incluso de sistemas fotovoltaicos no corpo da edificao. O Programa
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Brasileiro de Etiquetagem do PROCEL para edifcios comerciais, de servio e pblicos, prev
bonificao para edificaes que contenham geradores fotovoltaicos em seu envelope e que
supram no mnimo 10% da energia consumida anualmente pela edificao (INMETRO, 2010).
A integrao arquitetnica uma questo bastante expressiva para o
desenvolvimento da tecnologia, tanto que a IEA (International Energy Agency) tem em seus
programas de pesquisa em gerao de energia um grupo especfico (Task 7 e Task 41) sobre a
qualidade da integrao arquitetnica. Desde 1997 um grupo composto por pesquisadores de
vrios pases tem trabalhado para remover barreiras no tcnicas que dificultam a
disseminao da tecnologia fotovoltaica.
Para uma integrao fotovoltaica de qualidade necessria uma anlise detalhada,
porque embora o projeto possa ser bem elaborado, os mdulos comumente resultam em um
elemento alheio edificao. A compreenso do porque os mdulos resultam em elementos
estranhos o caminho para uma integrao completa da tecnologia edificao, e permite
uma melhor configurao formal, contribuindo para a divulgao e aceitao da tecnologia,
alm da contribuio sustentabilidade do planeta (KAAN e REIJENGA, 2004).
Segundo a IEA (SCHOEN et al., 2001) e outros pesquisadores (REIJENGA, 2000; KAAN;
REIJENGA, 2004), os critrios estticos mais comentados pelos arquitetos em relao
integrao arquitetnica dos mdulos FV aparecem na Tabela 2. Esta tabela apresenta
caractersticas de composio arquitetnica que os arquitetos consideram fundamentais para
estar presente nos BIPVs.
Tabela 2 Critrios estticos da integrao arquitetnica. Adaptao (SCHOEN et al., 2001).
Critrios Definies
Integrao natural Os mdulos realmente aparentam fazer parte da estrutura e
completam a mesma, no tendo a aparncia de algo acessrio;
Integrao agradvel
Os mdulos fazem parte da concepo do edifcio e apresentam dupla funo. Como o uso de brises de sombreamentos, onde alm de gerar energia, os mdulos tambm contribuem para economia energtica da
edificao;
Composio de cores e materiais
Os mdulos integram-se aos demais materiais de construo, com cores e materiais similares os outros utilizados;
Modulao Aproveitando a caracterstica modular da tecnologia, os mdulos so
integrados em uma grelha de desenho de toda a fachada, ou modulao da edificao.
Respeito s caractersticas e tipologias arquitetnicas
Os mdulos so selecionados com base nas suas diversas aparncias para integrao em edificaes futuristas ou tradicionais;
Detalhes estticos de instalao
Instalao sem cabeamentos ou ajustes que comprometam a percepo visual;
Projetos inovadores A tecnologia utilizada para contribuir com a concepo de projeto
inovador da edificao.
O grupo de pesquisa da IEA (Task 7) foi finalizado em 2003 gerando um grande
nmero de publicaes sobre os sistemas fotovoltaicos integrados em edificaes.
Posteriormente, outro grupo trabalhou com a integrao fotovoltaica, mas em aplicao em
escala urbana (Task 10), j finalizado. Recentemente houve a finalizao de um novo grupo
(task 41) com o tema de energia solar e arquitetura, com vrias publicaes na rea (FARKAS
20
et al., 2012, 2013). O grupo da task 41 avaliou as condies especficas da integrao solar
fotovoltaica na arquitetura e concluiu que para que possam existir edifcios eficientes e com
balano energtico zero a integrao deve ser proposta com uma anlise que possibilite
adequar as altas necessidades energticas (e necessidade de maiores reas para gerao
fotovoltaica) com as reas dos envelopes dos edifcios. Outra concluso de que h trs
frentes de trabalho para ampliar e qualificar as ocorrncias dos edifcios solares: convencer os
clientes a exigir e valorizar edifcios solares; usar estratgias de divulgao para comunicar e
informar os participantes do mercado da construo civil, e; desenvolver e divulgar
ferramentas e referncias do tema. O grupo atual mantm um site (www.pvdatabase.org)
com vrios exemplares de integraes arquitetnicas e informaes detalhadas sobre o
projeto. As buscas neste site podem ser feitas selecionando o pas, ou o elemento construtivo
de integrao, o tamanho, entre outros. O site tambm apresenta 25 instalaes consideradas
como bons exemplos de integrao arquitetnica e um guia com mdulos FV especficos para
integrao arquitetnica (IEA, 2011).
Links teis Site da IEA: http://www.iea.org/ IEA- exemplos sistemas fotovoltaicos: www.pvdatabase.org Task 10: http://iea-pvps-task10.org/ Task 41 com as publicaes de Farkas et.al (2012) e outras: http://task41.iea-shc.org/
No mercado atual j h uma considervel variedade de mdulos fotovoltaicos, com
placas rgidas e flexveis, opacas ou transparentes, e ainda com diversas formas e cores, o que
permite maior liberdade de criao para os projetistas. Pagliaro et al. (2010) ainda acrescenta
que a escolha do mdulo para cada projeto depende da disponibilidade financeira, da
necessidade construtiva e da caracterstica da edificao (sua idade, seus materiais e sua
orientao solar). Normalmente o principal elemento considerado para seleo de um mdulo
a eficincia do mesmo, o que se reflete principalmente na rea ocupada (mdulos mais
eficientes ocupam menor rea). Para satisfazer os construtores e os proprietrios das
edificaes, a tecnologia fotovoltaica integrada edificao deve permitir um aumento do
valor econmico do imvel atravs da utilizao dos mdulos como elemento eficiente de
vedao e gerao de energia, alm de valorizar a composio arquitetnica da edificao.
Antigos conflitos entre esttica e gerao de energia dos mdulos tambm j foram resolvidos
pelos novos produtos FV existentes (possibilidades de novas cores e materiais). Atualmente os
mdulos apresentam diversas opes para os arquitetos, que podem optar por exemplares
que interagem de diversas formas na edificao, alm de gerar energia. O desafio ainda reside
no convencimento aos arquitetos de optar pela tecnologia FV como substituta de outros
materiais de vedao. J que assim h diminuio de custo pela dupla funo dos mdulos, e
a opo pela tecnologia durante a fase de projeto, facilitando a integrao do mesmo com o
restante da edificao.
Para outros pesquisadores, um BIPV de sucesso seria aquela que proporcionasse a
adequada inter-relao entre as questes estticas, eltricas e construtivas (HAGEMANN,
2004). O que demonstra a importncia da colaborao entre os diversos profissionais
atuantes na construo civil, engenheiros eletricistas para avaliar a instalao eltrica, e
arquitetos e engenheiros civis para avaliar a fixao estrutura e adequao composio.
21
Pagliaro et al. (2010) apresentam alguns casos de BIPV de sucesso integrados em
coberturas opacas, claraboias, fachadas semitransparentes e fachadas opacas. Como exemplo
de uma boa integrao em cobertura, citado o Salo Paolo VI (Figura 4) no Vaticano, onde
telhas de concreto foram substitudas por mdulos no edifcio projetado por Pier Luigi Nervi.
A integrao resultou em uma cobertura sobreposta dos mdulos fotovoltaicos
acompanhando a curvatura e o permetro da cobertura. Alm de gerar energia, a nova
cobertura promove sombreamento laje e diminuiu o consumo dos condicionadores de ar. A
utilizao dos mdulos em claraboias citada com vrios exemplos de sucesso j que estas
integraes permitem maior liberdade de projeto na locao dos mdulos e das superfcies
transparentes criando efeitos interessantes de luz e sombra. A estao de trem de Lehrter em
Berlin (Figura 5) apresentada como um destes exemplos. Como a cobertura da edificao
curva, os mdulos foram fabricados exclusivamente para este projeto. Na anlise de janelas e
fachadas semitransparentes, foram identificadas as qualidades do uso de mdulos FV
semitransparentes, que permitem a passagem da luminosidade. A integrao de sucesso
citada o edifcio da Trondheim University of Science and Technology (Noruega) que utiliza
mdulos de vidro duplo que contribuem para o isolamento trmico e acstico (Figura 6). O
edifcio do Ferdinand-Braun Institute em Berlin (Figura 7) citado como exemplo de
integrao em fachada opaca, na qual os mdulos foram integrados em um plano
diferenciado na fachada.
Figura 4 Paolo VI Hall Fonte: Bahnmoeller - Wikipedia.
22
Figura 5 Estao central de Berlin. Percebem-se os mdulos translcidos no canto superior direito na imagem em contraste com o restante dos vidros transparentes
Fonte: Siemens.
Figura 6- Universidade Trondheim com mdulos nas fachadas.
Fonte: http://www.ecw.org.
Figura 7 Instituto Ferdinand-Braun. Fonte: http://www.solarfassade.info.
23
Algumas pesquisas tambm tm focado na utilizao dos mdulos fotovoltaicos como
parte da pele do edifcio, analisando o potencial de gerao dos mdulos ao seguir
estritamente as formas arquitetnicas das fachadas (VANNINI, 2011). Este estudo demonstra
atravs de software de anlise, a irradiao recebida por cada uma das faces da edificao e
determina as perdas de irradiao que ocorrero por os mdulos estar acompanhando a
forma arquitetnica. A anlise feita principalmente para formas complexas, ou
desconstrutivistas, que possuem muitas faces em orientao e inclinao diferentes. Mesmo
neste estilo arquitetnico possvel a integrao fotovoltaica com clculos estimados para
quantificao da gerao eltrica, possibilitando que o arquiteto perceba como a adaptao
da forma pode propiciar maior recebimento de irradiao solar (Figura 8).
Figura 8 Clculo de radiao solar incidente atravs de softwares de simulao. Fonte Vannini (2011)
Na preocupao com a composio formal dos BIPV, vrias pesquisas tm sido
desenvolvidas para indicar o caminho e salientar as caractersticas vlidas das integraes
arquitetnicas de sucesso (HAGEMANN, 2004; KAAN; REIJENGA, 2004; PRASAD; SNOW, 2004).
Essas pesquisas so apresentadas a seguir, mostrando as edificaes que so qualificadas
pelos referidos pesquisadores como bons exemplares de integraes.
A prpria IEA apresenta em seus relatrios algumas edificaes consideradas como de
sucesso, como o edifcio de escritrio da Cooperativa Migros, em Zurich (Figura 9) (IEA, 2010).
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Figura 9 Integrao fotovoltaica na fachada de um edifcio em Zurich, considerada como integrao de sucesso. Fonte IEA (2010).
A integrao arquitetnica de qualidade deve considerar o ambiente no qual a
edificao est sendo projetada, principalmente em locais com calor extremo, onde os
mdulos sofrem reduo de eficincia pela alta temperatura. Na Austrlia ocorrem estas
situaes de altas temperaturas e estudos (PRASAD e SNOW, 2004) analisam a qualidade
arquitetnica dos BIPV no pas, tambm apresentando exemplares de algumas integraes de
sucesso, indicando as caractersticas da mesma (Tabela 3).
Tabela 3 Integraes BIPV consideradas de sucesso na Austrlia, por Prasad e Snow (2004).
Casos apresentados Imagem do BIPV
Vila Olmpica de Sydney:
As residncias possuem integrao FV nas
coberturas, que somadas seriam suficientes para
abastecer 2000 casas. A cor da camada base foi trocada de branco para preto, por uma questo esttica, mas
resultou em perdas de eficincia de 2% ocasionado
pelo aumento da temperatura do mdulo. Observa-se esquerda a
instalao de coletors solares trmicos para aquecimento
de gua.
(Fonte: www.pvdatabase.org)
25
Solar Kogarah
O projeto previu a instalao de mdulos de silcio amorfo
em bases flexveis para a instalao. A instalao feita
em um bairro do subrbio utilizou edificaes j existentes, e teve de
trabalhar com anlises de sombreamentos.
(Fonte: http://www.re-systems.ee.unsw.edu.au)
Universidade de Melbourne
O sistema foi integrado na fachada de um prdio com arquitetura inovadora. Os
mdulos so de silcio multicristalino sobre vidro.
(Fonte: www.intelisolar.com)
CSIRO Centro de Energia
O sistema de corantes sensibilizados encapsulado em um sanduche de vidro
foi instalado em uma parede inclinada.
(Fonte: www.junmasoft.com)
Edifcio FKP em Brisbane
O edifcio conta com a instalao de 28 kWp3 de
mdulos de silcio amorfo no telhado e tambm em
elementos de sombreamento.
Fonte: Gert Stobbe (infinity.club)
3 Wp a potncia nominal dos mdulos fotovoltaicos, que indica a po