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1 Seja Bem Vindo! Curso Gestão Ambiental Carga horária: 60hs

Curso Gest o Ambiental

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Seja Bem Vindo!

Curso

Gestão Ambiental

Carga horária: 60hs

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Dicas importantes

• Nunca se esqueça de  que o objetivo central é aprender o

conteúdo, e não apenas terminar o curso. Qualquer um termina, só

os determinados aprendem!

• Leia cada trecho do conteúdo com atenção redobrada, não se

deixando dominar pela pressa.

• Explore profundamente as ilustrações explicativas disponíveis,

pois saiba que elas têm uma função bem mais importante que

embelezar o texto, são fundamentais para exemplificar e melhorar

o entendimento sobre o conteúdo.

• Saiba que quanto mais aprofundaste seus conhecimentos mais

se diferenciará dos demais alunos dos cursos.

Todos têm acesso aos mesmos cursos, mas o aproveitamento

que cada aluno faz do seu momento de aprendizagem diferencia os

“alunos certificados” dos “alunos capacitados”.

• Busque complementar sua formação fora do ambiente virtual

onde faz o curso, buscando novas informações e leituras extras,

e quando necessário procurando executar atividades práticas que

não são possíveis de serem feitas durante o curso.

• Entenda que a aprendizagem não se faz apenas no momento

em que está realizando o curso, mas sim durante todo o dia-a-

dia. Ficar atento às coisas que estão à sua volta permite encontrar

elementos para reforçar aquilo que foi aprendido.

• Critique o que está aprendendo, verificando sempre a aplicação

do conteúdo no dia-a-dia. O aprendizado só tem sentido

quando pode efetivamente ser colocado em prática.

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Conteúdo

 Apresentação

Introdução

Objetivos

 A Degradação Ambiental pelo Fator Antrópico

Política Agrícola Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)

Sistema AMBITEC

Recuperação Ambiental

Estudo de caso: A recuperação de áreas degradadas por atividades

mineráriasDesenvolvimento Sustentável

Política Pública

Estudo de caso: A política agrícola atual, a pesquisa e o meio ambiente

Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Sistemas de Gestão Ambiental: oportunidades e riscosImplantação do Sistema de Gestão Ambiental

Fundamentos Básicos da Gestão Ambiental

Necessidade e Importância da Gestão Ambiental

Comprometimento e Política Ambiental

Implementação e Operação do Sistema de Gestão Ambiental

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Roteiro para um Sistema de Gestão Ambiental

Proposta de Modelo de Produção Sustentável

Estudo de caso: A destinação dos resíduos sólidos urbanos:

reciclagem...

Estudo de Caso: Por quê priorizar a gestão e a recuperação dos recursos

hídricos?

Conclusões

Observações Finais

Sugestões

Bibliografia/Links Recomendados 

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compartilhada, detectando e preparando lideranças, da qualresulte seu pacto de desenvolvimento sustentável. Percebe-seque as propriedades rurais e as diversas comunidades não estãoaproveitando efetivamente os seus recursos, bem como o seu

potencial de transformação dos produtos agropecuários, damatéria-prima florestal e agroflorestal, e da administração deseus resíduos gerados durante os processos produtivos, urbanose rurais, em produtos de maior valor agregado: faz-senecessárias mudanças destes modelos de produção, sendonecessário: a) inicialmente, a recuperação ambientalfundamentada na ética e dentro dos princípios dodesenvolvimento sustentável; b) a elaboração de tecnologiasapropriadas que poupem e conservem os recursos naturais; c)

maior rigor na concessão do licenciamento ambiental,condicionando-o à adoção de sistemas de gestão ambiental(SGA); e d) efetividade no monitoramento e na fiscalização pelosórgãos responsáveis, com a participação de toda a sociedade, jápolitizada e ambientalmente educada.

O objetivo básico da gestão ambiental, considerando aconsciência de que os recursos naturais são finitos, é a obtençãodos maiores benefícios por meio da aplicação dos menores

esforços. Dessa forma, o indivíduo, a comunidade e asempresas, buscam otimizar o uso dos recursos disponíveis,sejam eles de ordem financeira, material ou humana. A gestão deum sistema tem por objetivo assegurar seu bom funcionamento eseu melhor rendimento, mas também sua perenidade e seudesenvolvimento.

O SGA busca melhorar o desempenho ambiental e aoperacionalização de uma organização, levando a empresa a

adotar uma postura preventiva ao invés de corretiva. Dessaforma, são evitados os desperdícios, por meio da redução no usode matéria-prima e da prática de reciclagem dos resíduos. Comessa medida, economizam-se recursos e a própria produção deresíduos, reduzindo os impactos negativos ao meio ambiente.

IntroduçãoEm 1992, durante as reuniões preparatórias para a Conferênciadas Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento

(CNUMAD), a ECO 92, realizada no Rio de Janeiro, ocorreramintensas discussões sobre as atividades e mecanismos

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econômicos especialmente impactantes para o meio ambiente ecapazes de depauperar os recursos naturais. O documentodenominado Agenda 21 é resultante dessas discussões,contendo inúmeras recomendações, inclusive aquelas que

enfatizam a importância dos governos e organismos financeirosinternacionais priorizarem políticas econômicas para estimular asustentabilidade por meio da taxação do uso indiscriminado dosrecursos naturais, da poluição e despejo de resíduos, daeliminação de subsídios que favoreçam a degradação ambientale da contabilização de custos ambientais e de saúde(ELDREDGE, 1999; PULITANO, 2003).

Em agosto de 2002, em Johannesburgo, na África do Sul,

ocorreu a reunião da Cúpula Mundial sobre DesenvolvimentoSustentável (Rio + 10), onde 189 países se reuniram para fazerum balanço de uma década de iniciativas para conservar osambientes do planeta e melhorar a qualidade de vida de seushabitantes, como também para traçar novos rumos para alcançaro desenvolvimento sustentável. Porém, constatou-se nessareunião, que não só os indicadores ambientais estão piorando, deflorestas ao clima, mas que o movimento para o desenvolvimentosustentável está enfraquecido por uma crise globalizada,

delineada por “uma relativa distensão das relaçõesinternacionais, permeada pela perplexidade e o novoconhecimento que as transformações geopolíticas impõem”(CAPOBIANCO, 2002; PULITANO, 2003).

Os indicadores mundiais referentes às questões ambientais, taiscomo florestas, biodiversidade, água, efeito estufa, consumo deenergia, terras cultivadas, pobreza e população, são alarmantes.Estima-se, que desde a metade do século passado, o mundo

perdeu uma quinta parte da superfície cultivável e um quinto dasflorestas tropicais (RELATÓRIO..., 1991). Alguns dados,compilados de HARRISON e PEARCE (2000), complementadospor informações de outros autores, confirmam esse fato:

Em 1990, havia 3,960 bilhões de hectares (ha) de florestas nas diversasregiões do planeta; em 2000, a área de florestas havia caído para 3,866bilhões. Estima-se, de acordo com o RELATÓRIO...(1991), que a cadaano são perdidos 20 milhões de ha de florestas e 25 bilhões de toneladasde húmus por efeito da erosão, desertificação, salinização e outros

processos de degradação do solo;

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Em 1992, estimava-se que cerca de 180 espécies de animais haviamsido extintas e outras mil estavam ameaçadas de extinção; desde 1992,24 espécies (considerando apenas os vertebrados) foram extintas e1.780 espécies de animais e 2.297 de plantas estão ameaçadas;Em 1990, a população do planeta usava cerca de 3.500 km3 de águadoce por ano; em 2000 o consumo total anual chegou a 4.000km3 (crescimento de 12,5%). Esse problema torna-se mais preocupanteem face da redução do suprimento global de água com o aumento dapopulação e dos usos múltiplos e com a perda dos mecanismos deretenção de água (remoção de áreas alagadas e das matas de galeria,desmatamento, perda de volume por sedimentação de lagos e represas);Em 1990, a humanidade lançava 5,827 bilhões de toneladas de CO2 naatmosfera, acentuando o aquecimento global; em 1999 as emissõestinham subido para 6,097 bilhões de toneladas (nos países ricos, deacordo com o PNUD (2003), as emissões de dióxido de carbono  percapita  são de 12,4 toneladas (t) - enquanto nos países de rendimentomédio são de 3,2 t e nos países de rendimento baixo, de 1,0 t);Em 1992, o consumo de energia no planeta era equivalente a 8,171trilhões de toneladas de petróleo por ano; em 2000 o consumo subiupara o correspondente a 9,124 trilhões de toneladas de petróleo por ano;Em 1987, a área da Terra usada para a agricultura era de 14,9 milhõesde km2 (297 ha/1.000 pessoas); em 1997, o número subiu para 15,1milhões de km2  (ou seja, cada grupo de mil pessoas passou a contarcom apenas 259 ha). De acordo com o RELATÓRIO...(1991), apenas porconta da salinização, uma quarta parte da superfície irrigada do mundoestá comprometida, aumentando os problemas relacionados à fome;Em 1992, o planeta tinha 5,44 bilhões de habitantes; em 2000 aestimativa é de 6,24 bilhões (um crescimento de 13% sobre 1992); eDe acordo com o PNUD (2003), dos 67 países considerados com baixoíndice de desenvolvimento humano (IDH), aumentaram as taxas depobreza em 37, de fome em 21 e a mortalidade infantil em 14. Também,dos 125 países em desenvolvimento, em 54 o rendimento percapita diminuiu.Diante desse atual quadro de degradação e da consciência de

que os recursos naturais são escassos, evidencia-se a urgênciada busca por uma nova postura ambiental. Por essas questões, atomada de decisão deve ser direcionada com vistas àprodutividade dos recursos: a ecoeficiência. O seu conceito foidesenvolvido principalmente entre as empresas do setor privadopara designar aperfeiçoamento no uso do material e redução doimpacto ambiental causados durante os processos produtivos.Harmonizar as metas ecológicas com as econômicas exige nãosó a ecoeficiência, mas também a observância a três princípios

adicionais, todos interdependentes e a reforçarem-semutuamente, sendo considerados importantes em iguais

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proporções, os aspectos: a) econômicos; b) ambientais; e c)sociais (HAWKEN et al., 1999).

Essas considerações são de extrema importância, posto que a

interação do homem com o meio ambiente, quer seja ela deforma harmônica ou não, provoca sérias mudanças em nívelglobal. A busca do crescimento econômico protegendo o meioambiente - o ecodesenvolvimento - visando assegurar asobrevivência das gerações futuras, na prática, tem sido umobjetivo extremamente difícil de ser alcançado. Essa deve ser abusca constante, podendo ser atingida por meio das propostas dodesenvolvimento sustentável, cuja definição, mais abrangente,explicita conceitos de ecoeficiência e ecodesenvolvimento

(ACIESP, 1987): “modelo de desenvolvimento que leva emconsideração, além de fatores econômicos, aqueles de carátersocial e ecológico, assim como as disponibilidades dos recursosvivos e inanimados e as vantagens e os inconvenientes, a curto eem longo prazos, de outros tipos de ação”. 

Entretanto, na prática, esse modelo é de difícil implementação,diante da complexidade econômica e ecológica atuais, pois tantoas considerações sócio-econômicas como as ecológicas por

parte da sociedade, empresas e governos, são individualizadas.Dessa forma, não há como chegar a um objetivo consensual,considerando haver fatores e objetivos sociais, legais, religiosos edemográficos divergentes, que também interferem na aplicaçãode considerações e diretrizes ecológicas às finalidades eprocessos de desenvolvimento (RESENDE et al., 1996). Apesarde todas essas divergências, já existe um número considerávelde exemplos animadores da experiência empresarial emdesenvolvimento tecnológico, econômico e comercial sustentável;

porém, em um ritmo ainda abaixo do desejável e necessário.Os sistemas de cálculo para avaliação do progresso econômico,via de regra, utilizam dados de desvalorização de máquinas eequipamentos; entretanto, não consideram a desvalorização docapital natural, renováveis ou não, como o petróleo, erosão dosolo e desmatamento (RESENDE et al., 1996). Existe anecessidade de um projeto integrado que contemple ao mesmotempo, em cada nível: a) dos dispositivos técnicos aos sistemas

de produção e às empresas; b) aos setores econômicos, àscidades e às sociedades de todo o mundo (HAWKEN et al.,

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1999). Dessa forma, para que sejam atendidas essas premissas,precisam ser analisados os dois enfoques: o econômico e obiológico, ou seja: a) o do produto nacional bruto e o deindicadores biológicos; e b) o de crescimento econômico e o de

desenvolvimento e sustentabilidade da qualidade de vida(RESENDE et al., 1996).

Portanto, a busca de alternativas para o desenvolvimentosustentável, deve estar direcionada: a) à ecorreestruturação dossistemas produtivos, com ênfase nas necessárias transformaçõessociais, econômicas e tecnológicas, onde a máxima prioridadepolítica deve ser aumentar a eqüidade e não só o crescimentoeconômico; b) ao estudo da capacidade de absorção de impactos

negativos pelos ecossistemas, devido à intervenção humana; c)aos acidentes naturais e suas inter-relações; e d) às questõesrelativas à governabilidade ambiental, no que trata de normas,processos e instituições pelas quais a sociedade civil, o estado eos países possam administrar o desenvolvimento de formasustentável; ou seja, deve-se investir na implantação de Sistemasde Gestão Ambiental nas atividades produtivas (GUNTER, 1999;PNUD, 2003; SOUZA, 2004).

Considerando: a) a quantidade de áreas degradadas ou emprocesso de degradação existentes; e b) o aumento dapopulação e a conseqüente necessidade de maior produção dealimentos para atender a essa demanda crescente, faz-senecessário a recuperação dessas áreas e a sua gestão racional.Evitar-se-á que funcionem como focos de impactosambientais/degradação e, principalmente, para que possam serreincorporadas ao processo produtivo, evitando a abertura denovas fronteiras agropecuárias e a persistente redução dos

ecossistemas naturais. Portanto, os modelos de produção e dedesenvolvimento devem ser revistos, adotando-se um novomodelo de gestão dos recursos naturais, para que odesenvolvimento sustentável torne-se realidade.

Finalmente, é necessário uma última advertência sobre aconceituação e origem do termo “sustentável” que vem segeneralizando desde a década passada, consagrado na ECO -92, sendo em alguns casos mal interpretados. Sustentabilidade

significa conservação do capital ambiental oferecido pelanatureza, definido como os possíveis usos ou funções de nosso

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entorno físico, contudo, com o entendimento que devem existirquestões éticas a serem respeitadas. Nesse contexto, para atingiro desenvolvimento sustentável, há que se considerar o homemcomo parte integrante desse ecossistema, de forma holístico-

sistêmica, onde sejam atendidas as suas necessidades básicas.Deve-se, portanto, garantir a qualidade de vida das geraçõesatuais e, também, das gerações futuras.

ObjetivosObjetivo geral 

Com o intuito de auxiliar nos procedimentos de capacitação em

gestão ambiental, este curso objetiva, principalmente, descrevera questão da degradação, recuperação e gestão ambiental noBrasil. Serão referenciadas as principais práticas e ferramentasutilizadas atualmente nos procedimentos de recuperação egestão, indicando diretrizes básicas para a busca de soluções,baseadas nos atuais problemas ambientais brasileiros, comvistas ao desenvolvimento sustentável.

Objetivos específicos 

 Agrupar informações sobre degradação e recuperação ambiental;Disponibilizar material didático em recuperação e gestão ambiental,auxiliando na formação ético-moral com a introdução de estudostemáticos e os seus fundamentos básicos;Servir de orientação no estudo, na divulgação e na investigação dessaciência, de uma maneira didática e científica;Identificar as inter-relações existentes entre degradação, recuperaçãoambiental e desenvolvimento sustentável; ePropor modelos de desenvolvimento capazes de não causaremdegradação e auxiliarem nos procedimentos de recuperaçãoambiental de maneira sustentável, gerando emprego e renda comeqüidade social, conservando os recursos naturais e acapacidade de regeneração dos ecossistemas, ou seja, promovero desenvolvimento sustentável com o auxílio das ferramentassugeridas pelos sistemas de gestão ambiental.

A Degradação Ambiental pelo Fator Antrópico

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Objet ivo

Descrever a evolução da degradação ambiental promovida pelas

atividades antrópicas ao longo da História. Objetiva também:Identificar a importância do capital natural e a interferência antrópicaimposta ao meio ambiente, particularmente após a Revolução Industrial;Visualizar os principais fatores de desequilíbrio e as suas conseqüênciassócio-ambientais;Mostrar a importância dos modelos de produção para a sustentabilidadedos sistemas;Definir e avaliar impactos ambientais; eIdentificar as principais fontes e atividades antrópicas promotoras dedegradação ambiental e a adoção de medidas preventivas.Dessa forma, conhecer a origem da degradação ambiental,identificar e avaliar os seus impactos ambientais propiciarácondições para evitá-los. Também, permitirá determinar osprocedimentos e passos necessários para a escolha dos meiosmais favoráveis de gestão ambiental, garantindo que durante osprocessos produtivos, urbanos e rurais, haja a efetivapreocupação com a conservação dos recursos naturais.

Introdução 

 A perturbação e a degradação do solo, resultantes das atividadesantrópicas, ocorre desde tempos remotos, sendo que as causasque produziram tais distúrbios foram as mais variadas. Ademanda cada vez mais acentuada por terras férteis, planas eagricultáveis, tem reduzido de forma acentuada as formaçõesvegetais, pressionando drasticamente os recursos naturais. Aexpansão demográfica atingiu grandes proporções nestas últimasdécadas, como pode ser observado no Quadro 1, preocupandoem termos de produção de alimentos que garantam a segurançaalimentar.

QUADRO 1 - Crescimento da população mundial

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Ano  População (milhões de hab.) 

Taxa de crescimento anual

(%) 

1650 500 ão disponível

1800 900 0,16

1850 1200 0,53

1900 1600 0,64

1950 2500 0,89

1990 5250 1,60

1999 5947 1,00

2001 6134 1,00

Fonte: Banco Mundial (2000/2001) e ONU (2001).

Mesmo tendo havido, recentemente, queda na taxa decrescimento, ainda impressiona o tempo necessário, cada vezmais reduzido, para acréscimo da população, como se podeobservar no Quadro 2.

QUADRO 2 - Tempo necessário para acrescentar mais 1 bilhão àpopulação mundial

Ordem (bilhão)  Tempo necessário (anos)  Ano em que atingiu Primeiro 2.000.000 1830

Segundo 100 1930

Terceiro 30 1960

Quarto 15 1975

Quinto 11 1986

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Sexto 9 1995

Fonte: Nações Unidas, apud  BROWN (1990).

Somados a esse desproporcional crescimento, historicamente, odescuido do homem com os recursos naturais, como nasatividades agropecuárias. Primitivamente, e em alguns casos nosdias atuais, baseava-se no extrativismo predatório, com aderrubada de matas nativas e o uso do fogo para a implantaçãode atividades agrícolas. Posteriormente, quando se tornavammenos produtivas, eram direcionadas à pecuária com aintrodução de pastagens sem a devida utilização de práticasconservacionistas e de manejo, que conduziam à suadegradação. O maior problema resultante desse procedimentoera a sua contínua repetição, impactando locais diversos, direta eindiretamente, reduzindo a biodiversidade, afetandodrasticamente a qualidade, a quantidade e a distribuição dosrecursos hídricos, com reflexos nos dias atuais. No Quadro 3pode-se observar a drenagem de águas pluviais e a suadistribuição, influenciadas por interferência humana que alteraramo ciclo da água em diversas regiões e países, identificando

projeções dessas alterações afetando a sua disponibilidade.

QUADRO 3 - Drenagem pluvial anual per capita de 10 países em1983, com projeções para 2000

País  1983 (1.000m3)  2000 (1.000 m3 )  Alterações (%) 

Suécia 23,4 24,3 +4Noruega 91,7 91,7 0

Japão 3,3 3,1 -6

União Soviética 16,0 14,1 -12

Estados Unidos 10,0 8,8 -12

China 2,8 2,3 -18

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Índia 2,1 1,6 -24

Brasil 43,2 30,2 -30

Nigéria 3,1 1,8 -42

Quênia 2,0 1,0 -50

Fonte: Modificado de POSTEL (1997).

Estima-se, atualmente, que 120 mil Km3 de água doce compotencial de utilização pelo homem, encontram-se contaminados;para 2050, espera-se uma contaminação de 180 mil Km3, casopersista a poluição. O problema se agrava quando ocorrecontaminação das águas subterrâneas, composta por váriassubstâncias ou elementos, dificultando seriamente a suarecuperação. Mais de 1 bilhão de pessoas têm problemas deacesso à água potável e 2,4 bilhões não têm acesso aosaneamento básico, aumentando os riscos de contaminação,tanto das águas de superfície, como das subterrâneas. Emfunção dessa realidade, a diversidade global dos ecossistemas

aquáticos vem sendo significativamente reduzida. Mais de 20%de todas as espécies de água doce estão ameaçadas ou emperigo, devido, principalmente, ao desmatamento, com vistas àabertura de novas fronteiras agropecuárias, construção debarragens e urbanização, causando diminuição do volume deágua e danos por poluição e contaminação (UNESCO, 2003).

Com a introdução do modelo agroquímico, na década de 60, aagricultura atingiu um sofisticado nível de mecanização,incorporando tecnologias de manejo de solo e melhoramentogenético, mas com o uso intensivo e abusivo de equipamentospesados. Uma das principais conseqüências nocivas daimplantação desse modelo foi o desflorestamento, resultando naredução da biodiversidade. De acordo com o IBAMA (2003), oBrasil apresenta a maior diversidade do planeta, comaproximadamente 70% das espécies vegetais e animais,distribuídas nos biomas e nas diversas formações florestaisbrasileiras. Entretanto, existem algumas regiões onde

remanescentes da vegetação natural são mínimas ou

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inexistentes, interferindo no controle biológico espontâneo, emface da destruição de habitats naturais.Entre os diversos problemas advindos da retirada da coberturaflorestal, além da redução da biodiversidade, destacam-se

(PERLIN, 1992): a) o esgotamento dos estoques de lenha (fonteprimária de energia para 75% da população dos países emdesenvolvimento); b) as inundações severas; c) a degradaçãoacelerada do solo; d) a erosão e a desertificação gradativa; e e) aredução da produtividade primária da terra. Esses problemastornam-se mais graves nos países subdesenvolvidos. Naseconomias industrializadas, os problemas ambientais geralmenteestão associados à poluição, cujas políticas ambientais sãoorientadas para a reversão desse quadro, evitando o

agravamento da degradação. Com essas medidas, sãorestaurados os padrões de qualidade de água, ar e solo anterior àcrise. Nos países subdesenvolvidos, a crise ambiental estádiretamente associada ao esgotamento de sua base de recursos.Por esse motivo, segundo esse documento, as suas políticasdeveriam dar prioridade à gestão racional dos recursos naturais. Atualmente, sabe-se que fatores naturais, como as alteraçõesclimáticas, também tiveram e têm influência sobre a vegetaçãooriginal. Mostram que a natureza apresenta-se em forma

permanentemente evolutiva, promovendo a diversificaçãobiológica, em que espécies são substituídas e a dominânciaalterada, num processo lento e espontâneo ao longo de centenasde anos. Assim, os organismos se adaptam ao ambiente físico e,por meio da sua ação conjunta nos ecossistemas, tambémadaptam o ambiente geoquímico de acordo com as suasnecessidades biológicas. Dessa forma, fazem com que ascomunidades de organismos e seus ambientes evoluam edesenvolvam-se conjuntamente, tal como nos ecossistemas.Porém, a intervenção antrópica, principalmente com odesenvolvimento tecnológico acelerado das últimas décadas, temquebrado essa dinâmica natural das formações originais,suprimindo-as e criando em seus lugares paisagens altamentemodificadas, numa forma não sincronizada para o homem com oambiente. Geralmente, essas alterações são nocivas, reduzindo aresistência (capacidade de um sistema se manter frente a umdistúrbio ou estresse) e a resiliência (potencial que o sistema temde se regenerar ao sofrer um estresse ou distúrbio) dosecossistemas (ODUM, 1988; RESENDE et al., 1996).

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O capital natural 

Os recursos naturais, de acordo com BELLIA (1996), são...”oselementos naturais bióticos e abióticos de que dispõe o homempara satisfazer suas necessidades econômicas, sociais eculturais”. 

Então, o capital natural compreende todos estes recursos usadospela humanidade, tais como o solo, a água, a flora, a fauna, osminérios e o ar. Abrange também, os ecossistemas, tais como aspastagens, as savanas, os mangues, os estuários, os oceanos,os recifes de coral, as áreas ribeirinhas, as tundras e as florestastropicais. Estes, em todo o mundo e num ritmo sem precedentes,estão se deteriorando e tendo a sua biodiversidade reduzida,conseqüência da poluição ambiental gerada pelo atual modelo deprodução e desenvolvimento agropecuário, florestal e industrial(HAWKEN et al., 1999).

As funções ambientais de ordem econômica e a ruptura doequilíbrio 

HURTUBIA (1980) conceitua ecossistema como um sistemaaberto integrado por todos os organismos vivos, inclusive ohomem, e os elementos não viventes de um setor ambientaldefinido no tempo e no espaço, cujas propriedades globais defuncionamento (fluxo de energia e ciclagem da matéria) e auto-regulação (controle) derivam das relações entre todos os seus

componentes, tanto pertencentes aos sistemas naturais, quantoaos criados ou modificados pelo Homem.O homem interage com o ambiente à sua volta, modificando-o etransformando-o de acordo com suas necessidades. Osresultados dessas ações são facilmente perceptíveis ao longo detoda a biosfera. Esta interferência ocorre nos diversos níveis,agindo diferentemente sobre os componentes ambientais: ar,solo, água e seres vivos. Grandes reflexos podem serobservados, por exemplo, nas atividades agropecuárias eflorestais, particularmente quando praticadas de forma extensiva,

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causando profundas alterações na paisagem, em nível mundial.Nos sistemas urbanos, também, são encontradas marcasprofundas da intervenção humana (BASTOS e FREITAS, 1999).

 A Revolução Industrial criou o modelo de capitalismo atual, cujosprocessos de produção consideravam como pólos excludentes ohomem e a natureza, com a concepção desta como fonteilimitada de recursos à sua disposição. A partir dessa época, acapacidade produtiva humana começou a crescerexponencialmente (o que era feito por 200 operários em 1770,podia ser feito por apenas uma máquina de fiar da indústriabritânica em 1812) e a força de trabalho tornou-se capaz defabricar um volume muito maior de produtos básicos, a custos

reduzidos. Esse fato elevou rapidamente o padrão de vida e ossalários reais, fazendo crescer a demanda dos diversos produtosdas indústrias, lançando os fundamentos do comércio moderno(DAHLMAN, 1993; HAWKEN et al., 1999). Sob o processo daacumulação, o capitalismo precisa expandir-se continuamentepara manter o seu modo de produção, ocorrendo a apropriaçãoda natureza e sua transformação em meios de produção emescala mundial (BERNARDES e FERREIRA, 2003).

O meio ambiente tem diversas funções. No modelo industrialpadrão, a criação de valor é apresentada como uma seqüêncialinear: extração, produção e distribuição. A natureza fornece amatéria-prima ou recursos, o trabalho emprega a tecnologia paratransformar tais recursos em produtos, os quais são vendidos aum consumidor, a fim de se obter lucros. Este sistema mostra aprimeira função do meio ambiente: fornecer insumos para osistema produtivo (HAWKEN et al., 1999).

Os resíduos do processo de produção - como também, em breve,os próprios produtos - são de algum modo descartados, gerandoum volume cada vez maior de resíduos no sistema. É sabido quenão se pode criar ou destruir energia e matéria. A extraçãocrescente de recursos naturais, seu transporte e uso, assim comosua substituição por resíduo erode permanentemente o estoquede capital natural. Considerando a Terra como um sistemafechado, a sua única fonte externa de energia é a solar (hipótesede GAIA). Logo, possui um estoque de recursos, os quais

reduzindo, reduzem também a expectativa de vida dos habitantesda terra, no qual economia e meio ambiente não são

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caracterizadas por interligações lineares, mas sim por umarelação circular (BELLIA, 1996; HAWKEN, 1999).

Com o contínuo aumento da população, alterações dos hábitos

de consumo e com a evolução da ciência, estimulados pelaprópria Revolução Industrial, ficou evidente que o nosso planeta éum sistema econômico fechado em relação aos seus materiaisconstituintes. À medida que a sociedade amadurece, redobra aconsciência de que os seus recursos são finitos e tornam-se cadavez mais escassos. Além disso, para cada ciclo de produção,deve ser fornecida energia durante cada um dos estágios.Considerando que a energia possui suprimento limitado, medidasdevem ser tomadas para que a sua conservação e a sua

utilização sejam feitas de forma mais efetiva nas etapas deprodução, aplicação e descarte de materiais (CALLISTERJUNIOR, 2000). Qualquer produto utilizado terminará no sistemaambiental: não pode ser destruído, pode ser convertido oudissipado. Por esse motivo, existe a necessidade de que osistema linear seja convertido num sistema circular, em que partedos resíduos será reciclada e incorporada ao processo produtivo.

Em todo sistema produtivo, para a manutenção dos sistemas

vitais, ocorre o aumento da produção de energia. Caso o sistematorne-se deturpado ou desordenado como resultado de umestresse, natural ou antrópico, aumenta aentropia do sistema, ouseja, passa a existir uma maior “desordem” (DIAS, 2003a). Dessaforma, cria-se um obstáculo físico ou uma limitação para umsistema fechado e sustentável. O meio ambiente tem acapacidade de converter os resíduos novamente em produtosnão prejudiciais ou ecologicamente úteis. Esta é a segundafunção do meio ambiente: assimilador de resíduos. Parte destes

resíduos pode ser reciclado e convertido em recurso. A partirdessa realidade, surge a terceira função do meio ambiente, comofluxo de consumo (bens e serviços): fornecer utilidadediretamente na forma de prazer estético e conforto espiritual -seja o prazer de uma visão agradável, o patrimônio cultural, aausência de ruídos ou os sentimentos proporcionados pelocontato com a natureza (JACOVINE, 2002).O fluxo circular é chamado também de modelo de equilíbrio dosmateriais. A descarga de resíduo em excesso, com relação à

capacidade de assimilação dos ecossistemas, causa danos àterceira função do ambiente, por exemplo, rios e ar poluídos.

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Dessa forma, ficam identificadas as três funções econômicas domeio ambiente: fornecedor de recursos, assimilador de resíduo ecomo fonte direta de utilidade (BELLIA, 1996; JACOVINE, 2002).Quando se visualiza essas questões sob a ótica econômica, a

sustentabilidade para o caso de recursos naturais renováveis,requer que a sua taxa de uso não exceda sua taxa deregeneração e, também, a disposição de resíduos em determinadocompartimento ambiental não deve ultrapassar sua capacidadeassimiladora. Considerando os recursos não-renováveis, épreciso determinar sua taxa ótima de utilização e buscar medidasalternativas ou compensatórias à redução de seu estoque, comoa substituição pelos recursos renováveis (PEARCE e TURNER,1989). É preciso que sejam adotados e conhecidos estes

princípios, ainda na fase de planejamento das diversas atividadesprodutivas, realizando, concomitantemente, projetos quecontemplem as questões ambientais.De acordo com Godard (1990), apud  VIEIRA e WEBER (1997), aspráticas sistemicamente orientadas de gestão deveriam emprincípio garantir: a) por um lado, sua boa integração ao processode desenvolvimento econômico; e b) por outro, assumir asinterações entre recursos e condições de reprodução do meioambiente, organizando uma articulação satisfatória com a gestão

do espaço e com aquela relativa aos meios naturais. No casoespecífico da gestão de recursos naturais renováveis, esteprincípio fundamental tem sido enriquecido pelos debatesrecentes envolvendo as noções de viabilidade e depatrimonialidade.Entretanto, tem-se observado, que o mau tratamento dosrecursos naturais surge porque não são conhecidos, em termosde preços, os valores para estas funções. São funçõeseconômicas porque todas têm valor econômico positivo, casofossem compradas ou vendidas no mercado. A inabilidade devalorar objetivamente os bens e serviços ambientais é uma dascausas do descaso gerencial (JACOVINE, 2002; GRIFFITH,2003). Deve-se, então, considerar os efeitos dos custos dasexternalidades negativas.

Externalidades 

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Para CONTADOR (1981) externalidades são efeitos, favoráveis(desejáveis) ou desfavoráveis (indesejáveis), no bem-estar deoutras pessoas e empresas. Tais efeitos são positivos, quando ocomportamento de um indivíduo ou empresa beneficia

involuntariamente os outros, caso contrário, as externalidadessão negativas. Segundo esse mesmo autor, uma externalidadeexiste quando as relações de produção ou utilidade de umaempresa (ou indivíduo) incluem algumas variáveis cujos valoressão escolhidos por outros, sem levar em conta o bem-estar doafetado, e além disto, os causadores dos efeitos não pagam nemrecebem nada pela sua atividade. Assim, de acordo comREZENDE (s.d.), a provisão de bens e serviços para um grupotorna possível a outro grupo receber algum benefício sem pagar

por ele, ou incorrer em prejuízos sem a devida compensação.Isso caracteriza os danos causados pelos problemas advindos dautilização inadequada dos recursos em regime de livre acesso, ouseja, na ausência de limitação e de controle de acesso, porexemplo, o ar atmosférico.

Os exemplos de externalidades são os mais variados possíveis,desde a admiração e prazer visual causado pelo jardim bemcuidado de um vizinho, até a perda da produção agrícola causada

por poluição do ar proveniente de uma fábrica de cimento.O caráter involuntário (incidental) é uma característica daexternalidade. A usina citada não tem interesse nenhum empoluir o ar. A poluição é apenas uma conseqüência, umsubproduto desagradável da sua atividade, com efeitosincômodos em outras pessoas e indústrias, ou seja, umaexternalidade negativa. Caso houvesse a inclusão dos custosexternos no processo decisório, levaria a um preço maior e uma

menor quantidade do produto produzido e consumido, ou seja,quando os custos econômicos não são completamentesuportados pelos criadores daqueles custos, o preço é reduzidodemais e a quantidade produzida é extremada (CONTADOR,1981; BELLIA, 1996).

Outra característica importante das externalidades é que estasresultam da definição imprecisa do direito de propriedade. Umafábrica polui a atmosfera, provoca distúrbios respiratórios nas

pessoas e prejudica a vida animal e vegetal, porque não existemdireitos de propriedade sobre o ar puro, ou seja, o ar é um

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recurso de propriedade comum e de livre acesso. Dessa forma,os direitos de propriedade são indefinidos ou inexistentes, esempre que assim for, os custos sociais serão diferentes doscustos privados. A falta de valor de mercado também é

característica das externalidades. Existindo direito depropriedade, envolve uma contratação entre os proprietários e osutilizadores potenciais. Sempre que a contratação e execução dedireitos de propriedade forem relativamente baratas, os custossociais e os custos privados tenderão a ser iguais. Essa é a razãopela qual as externalidades constituem problemas apenas naárea de atividades da nossa sociedade que afetam bens de livreacesso e de propriedade comum, quais sejam, os bensambientais - de espaços e recursos (CONTADOR, 1981; BELLIA,

1996; DIEGUES, 1997).

Do ponto de vista econômico, na presença de externalidades, osmercados não distribuem os recursos de forma eficiente, porquenormalmente não são registrados os custos de negociação ou detransação. Um empreendedor não recebendo pelasexternalidades positivas que produz, não irá atender à quantidadenecessária da qual a sociedade deseja, enquanto que aquele queproduz externalidades negativas, não sendo punido, produzirá

mais do que a sociedade suporta. A principal preocupação com oproblema de externalidade, mesmo considerando um mercado decompetição perfeito, caso não seja tratada, ela impedirá que amáxima eficiência econômica do ponto de vista social sejaalcançada. Assim, na presença de externalidades, sempre haverádivergência entre valores sócio-ambientais e os interessesprivados (REZENDE, s.d.).

 Apesar das análises econômicas tradicionalmente ressaltarem as

variações mensuráveis referentes ao aumento das rendas, nãotêm sido dedicadas avaliações dos custos e dos benefíciosexternos referentes ao meio ambiente, em face da suaconsiderável dificuldade (política, teórica e técnica) que permitama internalização dos custos e benefícios até agora consideradosexternos. Caso houvesse essa internalização, auxiliaria osprocessos de decisão que afetam o meio ambiente e,conseqüentemente, toda a sociedade.

 Atualmente, em virtude dos novos conceitos de vida, os modelosde desenvolvimento têm sido repensados. Deve-se levar em

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conta o desenvolvimento humano e as condições ambientais,além do aspecto econômico. Como e de que forma os recursosnaturais serão utilizados, ou seja, as externalidades dodesenvolvimento, devem ser avaliadas.

Considerações 

Como principais conseqüências da Revolução Industrial,destacam-se: a) a alteração nos padrões de consumo e noshábitos da população; b) a severa interferência nosecossistemas, pelo avanço da agropecuária para suprir a

demanda por alimentos, em face do maior crescimento dapopulação; e c) a visão produtiva que deixou de ser rural, sendodirecionada para o setor urbano, alterando as relações detrabalho e os valores culturais. No meio urbano, provocou uminchaço populacional, transformando-se em fonte de degradaçãohumana e ambiental. Politicamente, provocou profundasalterações. A política agrícola brasileira é conseqüência dessemodelo, conhecido como “Revolução Verde”, que produziu oêxodo rural e a concentração de terras (FRIEDMAN, 1962). As economias nacionais e mundiais, estatais e privadas, podemsobreviver por longos períodos de tempo, em tais estados dedesequilíbrio. Porém, para atingir o desenvolvimento sustentável,torna-se importante estabelecer algumas condições para acompatibilidade dessas economias e seu meio ambiente, postoque essas perdas envolvem custos sociais e não devem serignoradas na avaliação de projetos (JACOVINE, 2002). Issoporque a imprevisibilidade das alterações impostas aos

ecossistemas acima da sua capacidade de suporte, considerandoa interdependência entre economia e meio ambiente, a falta decuidados na apropriação desses recursos naturais podem alterara sua qualidade, gerando impactos negativos e deseconomias.Deve-se reconhecer o meio ambiente como um insumo escasso,portanto com custo alternativo que não seja nulo (BELLIA, 1996).

Fatores de desequilíbrio 

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Para um perfeito equilíbrio no funcionamento de qualquer sistemaou atividade são exigidas certas condições básicas. Entretanto,cabe considerar, que este equilíbrio é relativo, posto seremdinâmicos. Assim, interferências externas podem agir

negativamente nos sistemas, alterando-os e promovendo adegradação ambiental e humana.

ONU: aumento da população traz risco ao planeta 

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) advertiu sobre osriscos para o planeta do crescimento populacional, segundo dados doinforme apresentado em Londres pela diretora desse órgão, Thoraya

 Ahmed Obaid.O aumento da população e o alto consumo dos setores ricos "estáagravando o estresse sobre o meio ambiente mundial, provocando oaumento do aquecimento global, o desmatamento, a crescente escassezde água e a diminuição das terras de cultivo". Todos esses fatoresdificultarão cada vez mais as possibilidades de abordar a pobreza e adesigualdade.

O documento informa que a população mundial, que é hoje de 6,4

bilhões de pessoas, "continua crescendo rapidamente: atualmente, emcerca de 76 milhões de pessoas por ano". Segundo as projeções dasNações Unidas, até 2050 serão agregadas à população mundial cerca de2,5 bilhões de pessoas, quantidades equivalentes ao total da populaçãomundial em 1950.

Continua também a migração a partir de zonas rurais de países emdesenvolvimento para as cidades, as quais crescem aceleradamente."Até 2007, metade da população mundial será urbana. A provisão de

serviços sociais, inclusive a atenção à saúde reprodutiva em zonas ruraispobres, é um problema de grande magnitude", diz o documento.

O informe da UNFPA é resultado de uma década de pesquisas, após aConferência Internacional sobre População e Desenvolvimento celebradano Cairo, em 1994, que aprovou um programa de ação em 20 anos.

O acordo do Cairo, baseado no compromisso a favor dos direitoshumanos e igualdade de gênero, exortou os países a zelarem pela saúde

reprodutiva e os direitos de todos, como contribuição fundamental para o

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desenvolvimento sustentável e a luta contra a pobreza.

O documento da UNFPA indicou, no entanto, que até o momento "oprogresso atingido pelos países para colocar em prática as

recomendações da conferência do Cairo de 1994 lançou as bases paramaiores avanços para garantir a saúde reprodutiva, mas os problemasque restam para resolver continuam sendo de grande magnitude".

"Há mais de 350 milhões de casais que continuam carecendo de acessoa serviços de planejamento da família. Cerca de 137 milhões demulheres querem adiar seu próximo parto, ou adiá-lo, mas não utilizammétodos de planificação da família; outras 64 milhões utilizam métodosde menor eficácia" (ANSA, 2004).

Fonte:http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=16423

Considerando o aumento da população e o modelo de produçãocapitalista, criados e desenvolvidos pela Revolução Industrial,como fatores de desequilíbrio, outros serão agora relacionados,

cuja postura também têm contribuído para estes desarranjos.

Política AgrícolaPolítica Agrícola

No Brasil, a Revolução Industrial teve seus reflexos maisdrásticos no campo, a partir da década de 30. Nas décadas de 50e 60, acentua-se a crise do setor rural, conseqüência do processo

de industrialização do País, dentro da estratégia de substituiçãode importações. O modelo de produção familiar era prejudicado,principalmente, devido (VEIGA, 1995): a) à falta de subsídio ecrédito, contrapondo-se ao excesso de privilégios para o setorindustrial urbano, para o qual os recursos provenientes daagricultura eram canalizados; b) confisco cambial, câmbiosobrevalorizado e outros impostos indiretos; e c) à queda dospreços dos produtos agrícolas, manipulados intencionalmentepara controle das taxas de inflação, refletindo na queda de preços

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dos produtos da cesta básica; inclusive, perpetuando-se até aosdias atuais, como pode ser observado na Figura 1.

Por esses motivos, a partir da década de 60, os grandesproprietários de terra, passaram a investir na indústria, relegando

às atividades agrícolas, um papel secundário. Esse fato pode ser justificado pelo papel imposto ao setor agrícola: fornecer capital edivisas para a expansão do setor industrial. Ao mesmo tempo,ainda predominavam na agricultura brasileira, juntamente com oslatifúndios improdutivos, com terras férteis, na mão de umnúmero reduzido de grandes proprietários, as grandespropriedades agrícolas voltadas para a exportação; entretanto,apresentando baixo nível de aproveitamento do solo e deprodutividade. A política agrícola foi, e ainda é, direcionada por

grupos de interesses, que dominam os processos definanciamento rural desde a pesquisa à concessão do crédito. Assim, verifica-se nesse mesmo período, a exigência deexcessivas funções e contribuições pelo Governo, e também pelasociedade, do setor agropecuário brasileiro, particularmente nasdécadas de 60 a 80, tais como: a) aumentar a produção e aprodutividade; b) ofertar alimentos e matérias-primas a preçosdecrescentes; c) gerar excedentes para exportação ampliando adisponibilidade de divisas; d) transferir mão-de-obra para outros

setores da economia; e) fornecer recursos para esses setores; ef) expandir o mercado interno por meio da compra de produtos e

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bens industrializados (HOMEM DE MELO, 1985; ALVES eCONTINI, 1987).Nota-se nessas funções: a) o privilégio destinado ao setorindustrial; b) a despreocupação com a distribuição demográfica

brasileira - privilegiando a metropolização; e c) a ausência depreocupação com as conseqüências ambientais queacompanhariam tais metas. Resumindo, a meta era odesenvolvimento econômico baseado no aumento do ProdutoNacional Bruto (PIB), per capita, como sinônimo dedesenvolvimento econômico, o qual sob esse ponto de vista,raramente contempla a sustentabilidade (RESENDE et al., 1996).No final da década de 80 passa a dominar como objetivo maiordo modelo de produção e de desenvolvimento, a maximização

econômica, com o aumento da competitividade por meio damodernização das tecnologias adotadas, entretanto, com umnítido apoio às grandes agroindústrias e empresas rurais,mantendo-se a estrutura fundiária extremamente concentrada(GRAZIANO NETO, 1986; ALVES e CONTINI, 1987).

Por esses motivos, o modelo de produção familiar, ficoudesamparado. Como último recurso, a mão-de-obra abandonou ocampo buscando emprego nas áreas urbanas. As conseqüências

foram o aumento do êxodo rural e dos preços dos produtos dacesta básica, sem que tal aumento fosse em benefício doprodutor. O direcionamento da pesquisa pública nesse período,também confirma o privilégio ao modelo convencional ouagroquímico (VEIGA, 1995; WEID, 1996).

O modelo de pesquisa 

 A expansão da agricultura no Brasil no período de 1950 a 1980ocorreu às custas do avanço contínuo da fronteira agrícola e coma introdução de técnicas de produção intensivas em capital,propostas pelo pacote tecnológico da Revolução Verde, braço daRevolução Industrial no campo. Tinha por objetivo a substituiçãode formas locais e tradicionais de agricultura, por um modelodependente de espécies geneticamente melhoradas e bastanteexigentes em agroquímicos, irrigação e mecanização. Esse

processo simplificado de produção e o domínio desse modelorepresentaram a imposição de uma cultura sócio-econômica que

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alterou particularmente as formas de uso e manejo dos recursosnaturais utilizados pelas populações tradicionais do campo(ALMEIDA et al., 2001; PÁDUA, 2003).

 A área dos estabelecimentos agrícolas praticamente dobrounesse período, com um aumento de 1,67 milhão de Km2.Entretanto, persistiram os problemas de concentração dapropriedade, as desigualdades e a ausência de mobilidade socialdo setor rural. Para exemplificar, embora o número de tratoresagrícolas tenha crescido 7.800% no período de 1950 a 1985,apenas 7,20% dos estabelecimentos rurais os dispunham em1985. Essas questões são fenômenos que estão na raiz dosproblemas econômicos, sociais e ambientais do Brasil. Essa

estratégia de modernização significou a afirmação do modelo doscomplexos agroindustriais, cujo avanço da ciência possibilitou aaproximação da agricultura à indústria; porém, apenas 26% daspropriedades rurais brasileiras utilizavam fertilizantes minerais.Nesse período, consolidou-se o sistema de pesquisas específicaspara as condições tropicais, tendo como resultados ganhossignificativos de produtividade. Apesar dessa situação, paraculturas de mercado interno, como arroz, feijão e mandioca,típicas do modelo de produção familiar, constatou-se a

estagnação ou o declínio da produção. Esse processo pode serexplicado, em parte, pelo modelo de pesquisa utilizado no Brasilnaquele período (RELATÓRIO...,1991).

Na verdade, a geração de tecnologia para o setor agropecuário,era direcionada por grupos de interesses, diretamenterelacionados e beneficiado por este, utilizando-se tanto da teoriada inovação induzida (defende que haverá uma demanda latentepor uma tecnologia de produção de um dado bem, sempre que

houver uma expectativa de ganhos positivos, pelos produtores,com a adoção da nova tecnologia), quanto da teoria de grupos deinteresses (considera que a produção de um bem público paraatender a uma demanda latente, dependerá da pressão exercidapelos diferentes grupos sociais).

Dependendo do modelo vigente, a produção de um bem públicopode favorecer, em graus diferenciados, os diversos grupossociais. Em função da organização histórica da agropecuária

brasileira ser dominada por grandes empresas e, ou, grupos, quedetêm o poder político e econômico, tem-se atualmente, como

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principais demandantes das tecnologias produzidas pelo setorpúblico voltado para estas atividades, os grandes proprietáriosagropecuários/florestais e as indústrias produtoras de insumos eprocessadoras de produtos agropecuários. Para beneficiar os

pequenos produtores, como aqueles do modelo de produçãofamiliar, deverão ocorrer mudanças na estrutura política, onde olegislativo tenha maior poder de decisão. Porém, na sociedadecapitalista moderna, essa transformação se dá no contexto dosinteresses dos grupos sociais que dirigem uma forma deprodução fundamentada no progresso técnico. Assim sendo,tanto o sistema produtivo instituído, como a tecnologia e asadaptações ambientais são orientadas para responder aos fins daacumulação de bens e capital.

 A pesquisa pública, representada principalmente pelasUniversidades Federais e por diversas instituições, com destaqueà Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA),precisa e deve auxiliar na reversão desse quadro. As pesquisasdestinadas ao modelo familiar, que agride menos o meioambiente quando bem orientado e conduzido, recebem poucosrecursos e atenção dos órgãos de pesquisa públicos.

O êxodo rural e a urbanização 

 A ausência de definição de uma política agrícola focada no longoprazo, fortalecida pelo direcionamento da pesquisa e pelaausência da extensão na difusão tecnológica, propiciou umaacelerada onda migratória do campo para os meios urbanosdurante as décadas 70 e 80. No Brasil, está ligado a duas

situações preocupantes e carentes de soluções alternativas(RESENDE et al., 1996):

a) A grande transferência de recursos humanos do meio ruralàs zonas urbanas (Quadro 4); e

QUADRO 4 - Distribuição da população brasileira em 1970, 1980

e 1990

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População 

Ano 1970 1980

1990  Milhões de habitantes (%) 

Rural41,0 (44) 38,6 (32)37,6 (25)

Urbana52,1 (56) 80,4 (68)112,8 (75)

Total93,1 (100) 119,0 (100)150,4 (100)

Fonte: Anuários estatísticos do IBGE, em RESENDE et al., 1996.

Do ponto de vista econômico, o principal problema verificado é apéssima distribuição de renda. Apesar do PIB ter-se elevadosignificativamente, de US$ 194 bilhões, em 1964, para US$ 324bilhões em 1988, esse crescimento não veio acompanhado de

desenvolvimento humano (NEDER, 1995).b) A grande concentração de renda verificada nas últimasdécadas (Quadro 5).

QUADRO 5 - Participação da população na renda nacional em1960, 1970 e 1980

Camadas dapopulação 

1960 19701980 (%) 

20% mais pobres 3,9 3,4 2,8

50% mais pobres 17,4 14,9 12,6

10% mais ricos 39,6 46,7 50,9

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5% mais ricos 28,3 34,1 37,9

1% mais rico 11,9 14,7 16,9

Fonte: Anuários estatísticos do IBGE, em RESENDE et al., 1996.

No século passado, cerca de 65% da população rural brasileiratransferiu-se para o setor urbano. O Brasil, tipicamente agrícola,mudou drasticamente num intervalo de tempo relativamentecurto, sem que as cidades tivessem tempo de se estruturarempara absorver esta população. Na verdade, os vários projetos dedesenvolvimento e suas respectivas políticas econômicas foram

implementados no período de 1930 ao final da década de 70,transformando profundamente a estrutura produtiva do país. Aofinal da década de 80, cerca de 50 milhões de habitantes,aproximadamente 35% da população, residiam em aglomeradosurbanos com mais de 250 mil habitantes (NEDER, 1995;LACERDA et al., 2003). A sociedade brasileira levou menos de50 anos para transformar-se de um país agrário, exportador deprodutos primários, em uma sociedade de base urbano-industrial,em que a exportação de produtos industrializados corresponde a

mais da metade das exportações totais (LACERDA et al., 2003).

O efeito indireto foi o aumento do número de consumidores quenão são produtores. A grande maioria dos migrantes eraprodutora de alimentos de subsistência, com um pequenoexcedente destinado ao mercado; a agricultura moderna eravoltada para a exportação ou produtos agroindustriais nãoalimentares, tais como álcool de cana, soja e milho para raçãoanimal. Como conseqüência, houve uma relativa queda na oferta

de alimentos com efeitos imediatos no custo de vida. Devido àsprecárias condições da infra-estrutura básica urbana, proliferaramfavelas em beiras de rio, com riscos de alagamento e, nasencostas, com riscos de desabamento, além das condiçõessanitárias e de habitação subumanas. Outra conseqüência, aexclusão da mão-de-obra, deixando uma camada de 20 a 30% nodesemprego ou subemprego, provocando a redução no consumode alimentos e o aumento da subnutrição dessa populaçãomigrante, aumentando significativamente a criminalidade

(HOMEM DE MELO, 1985; GRAZIANO NETO, 1986; WEID,1996; LACERDA et al., 2003). Outro sério problema criado por

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esse modelo foi o processo de minifundização, como pode serobservado no Quadro 6, que via de regra conduz à pauperizaçãoe à degradação, perpetuando-se o ciclo que acelera o êxodo rurale ampliam-se os problemas urbanos.

QUADRO 6 - Processo de minifundização no Brasil no período de1960 a 1985

Ano 

Número depropriedades 

(milhões) 

Área média 

(hectares) 1960 1,5 4,0

1980 2,6 3,5

1985 3,1 3,1

Fonte: Dados da pesquisa compilados do RELATÓRIO...(1991).

Por esse motivo, entre outros fatores de ordem macroeconômica,associados ao rápido crescimento da agricultura, trouxe ao ladodo agravamento das crises sociais, problemas ecológicos eambientais.

Extensão rural - acesso à informação e ao livre mercado 

 A extensão rural tem suas raízes nos Estados Unidos da América, formalizada pelo governo em 1914 como ServiçoCooperativo de Extensão Rural. Tinha por finalidade permitir àpopulação rural americana, ausente das faculdades agrícolas, oacesso a conhecimentos úteis e práticos relacionados àagricultura, pecuária e economia doméstica para a adoção denovos hábitos e atitudes no desenvolvimento de suas atividadesprodutivas (OLIVEIRA, 1988).

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No Brasil, devido as relação com os Estados Unidos, surgiriam noPaís as Associações de Crédito e Assistência Rural (ACAR), quefaziam extensão rural, ou seja, levavam novas técnicas aocampo, mas não prestavam assistência técnica, que daria

suporte às inovações introduzidas (MAGALDI, 2003).Em Minas Gerais, a ACAR foi fundada em 1948 e, como nosEstados Unidos, apostava na juventude rural para tentar alcançarseus objetivos. Com momentos de favorecimento, a ACAR foi-sedesenvolvendo por todo o Estado e, na década de 70, por leiestadual, era criada a Empresa de Assistência Técnica eExtensão Rural (EMATER), que englobaria todos os trabalhos da ACAR, acrescentados os serviços de comercialização e

conservação dos recursos naturais, além de serviços sociais(EMATER, 2003b; MAGALDI, 2003).

Na recente ênfase dada ao papel crescente dos mercados, emdetrimento aos serviços públicos, alguns países tentaram, semsucesso, colocar a extensão rural numa base de auto-sustentação. Dados os meios modernos de comunicação, é fáciltornar essas informações disponíveis para todos que asconsiderem úteis, posto estas serem essenciais para o

funcionamento eficiente do mercado (OLIVEIRA, 1998; ALVES,2001).

Sabe-se que, nas economias em desenvolvimento, essasinformações têm pouca probabilidade de serem fornecidasadequadamente por instituições de mercado, principalmente pelofato destes serem mais informais e caracterizados como benspúblicos. Nestes casos, como no Brasil, principalmente pelosefeitos da globalização, os governos têm um papel fundamental

no fornecimento dessas informações, sobre as inovaçõestecnológicas e a cotações, em busca da qualidade e deprodutividade. Nesse sentido, o papel do extensionista de ServiçoPúblico, é cada vez mais importante (HOMEM DE MELO, 1985;GRAZIANO NETO, 1986).

Porém, surgem duas questões que afetam diretamente aEMATER, provocando o seu enfraquecimento: a) a primeira foi adesobrigação da assistência técnica nos projetos de crédito rural,ocorrida em 1982 por medida do Banco Central, que era uma dasprincipais fonte de receita da empresa. Com a redução dos

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recursos federais, as prefeituras e os governos estaduaispassaram a tentar suprir essa deficiência. Em Minas Gerais,atualmente, o governo estadual é responsável por 70% dosrecursos destinados à sua sobrevivência; e b) a segunda

acontece com a extinção da Empresa Brasileira de AssistênciaTécnica e Extensão Rural - EMBRATER, durante o GovernoCollor de Melo. Em Minas Gerais, a empresa tinha 3.500empregados, em 1985, atualmente a estatal possui 1.870. Essarealidade é lamentável para o produtor rural e toda a economia,pelo fato da empresa atuar como “vetor tecnológico”, em face àsua enorme capilaridade (MAGALDI, 2003; EMATER, 2003b).

Difusão de tecnologia e a interinstitucionalidade 

Quando as organizações atuam isoladamente, de maneira geral,não alcançam de forma satisfatória seus objetivos institucionais,particularmente no sentido de atender às demandas dascomunidades. Na prática, os técnicos têm promovido aelaboração de iniciativas individuais para suprirem essadificuldade das ações institucionais, priorizando as relaçõesinformais em substituição às relações institucionais, como meiopara elaborarem e executarem projetos. Como reflexo, pode-seobservar sério problema na difusão de tecnologia, muitas vezesnão sendo adotada pelos produtores rurais, tendo como o grandeculpado a burocratização das instituições, dificultando ainterinstitucionalidade. Em muitas situações ocorre odescumprimento dos acordos firmados pelas instituições,prejudicando ou mesmo paralisando determinadas ações,

trazendo frustrações ao corpo técnico, tendo como principalmotivo o interesse maior pelos recursos financeiros (GIL, 1987; AMOROSO, 1994).

 Atualmente, este tipo de relação está sendo alterado com oprocesso de implantação dos programas de qualidade, onde sepreconiza uma gestão participativa. Entretanto, AMOROSO(1994) sugere que a mentalidade burocrática tradicional,prevalecente na maioria das organizações, pode dificultar ogerenciamento de um processo de aliança e parceria. Para(CAPORAL, 1991), pode-se entender que se a organização para

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a qual o indivíduo trabalha, por algum motivo, dificulta que eleatinja essa meta, ele então buscará satisfazê-la por meio dasrelações interpessoais, dentro do ambiente de trabalho. Associando-se a indivíduos com os mesmos interesses e, ou,

necessidades dentro da sua instituição ou entre instituições afins,pode-se, a partir daí, haver formação de grupos para viabilizarprojetos e, ou, idéias.

Segundo BRESSAN (1995), o conceito de difusão para aEMBRAPA, a partir de 1993, passou a ser considerado como umprocesso que se preocupa com geração de tecnologia,desempenho nos sistemas reais de produção, retroalimentaçãoda informação sobre o desempenho da tecnologia já incorporada

ao sistema produtivo, esforço mútuo entre os grupos de interesse(pesquisadores, extensionistas e produtores), visando à produçãoe à incorporação da tecnologia no processo produtivo. ParaMONTEIRO (1980), um dos maiores equívocos das agências queatuam no meio rural é tomar o produtor como um “objeto deplanificação”, em vez de um “sujeito de ação”. Na primeirasituação, tende-se a prejulgar o produtor e a pressupor suasações. Outro problema é a interferência de políticos queprocuram direcionar o trabalho a ser desenvolvido.

Nos campos de demonstração são empregadas várias práticasagropecuárias e florestais originadas da pesquisa, podendotornar-se pontos irradiadores de conhecimentos tecnológicos. Aomesmo tempo em que levam aos produtores a adoção daspráticas recomendadas, orientam os técnicos com referência aoseu desempenho. A utilização de visitas, excursões, dias decampo, acompanhados por palestras, orientações técnicas edemonstrações práticas, possibilita que os produtores vejam,

ouçam e observem, levando-os à adoção das práticasrecomendadas. Um dos problemas que geralmente surge, é quea maioria dos produtores lembra apenas parcialmente dasrecomendações transmitidas pelos técnicos. Logo, é necessária adistribuição de “folders” e material didático (MOREIRA, 1980).  

É preciso reestruturar assistência técnica no Brasil, para evitarque estratégias hegemônicas sejam praticadas por grandescorporações que exploram o setor agrícola, mas não levam novas

opções ao produtor. Isso explica fatos atuais, como diversasculturas que utilizam uma carga excessiva de agrotóxicos, por

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falta de informação dos produtores. Em razão do altíssimovolume de informações produzidas atualmente nas universidadese centros de pesquisa, instituições como a EMATER sãoimprescindíveis aos produtores rurais, especialmente, os que

trabalham em regime de agricultura familiar. A EMATER mineira vem implantando, desde 2003, um programadenominado “Nucleação e Diagnóstico Rural”. Basicamente,consiste num levantamento de informações in loco, comparticipação direta das próprias comunidades rurais. Dessaforma, os dados coletados por meio de debates nas localidadesonde os conselhos serão instalados (já existem cerca de 500conselhos de desenvolvimento rural), irão resultar em planos

municipais de desenvolvimento rural, os quais darão suporte àelaboração da política agrícola do atual governo. Assim, haverá aconstrução junto com as comunidades, onde serão levantados osproblemas e as soluções (EMATER, 2003b).SCHAUN (1984) define a adoção como um processo pelo qual oindivíduo passa de um primeiro contato com uma novidade atédecidir por seu uso completo e contínuo. BRESSAN (1995)observa que difundir não se limita apenas a comunicar oupromover determinado produto, serviço ou tecnologia. O objetivo

maior é promover mudanças nas práticas adotadas pelo públicoatingido, tendo como conseqüência, por exemplo, a alteração dosistema de produção utilizado e o padrão de consumo. São váriasas razões pelas quais os produtores não adotam tecnologia: a) atecnologia resulta de um problema mal definido pela pesquisa; b)a prática dos produtores é igual, ou melhor, que a sugerida pelospesquisadores; c) a tecnologia difundida nem sempre funcionapara as condições dos produtores aos quais ela é dirigida; d) odespreparo e desconhecimento sobre o material a ser divulgado;

e) a difusão é mal feita; f) a tecnologia difundida exige muitosinvestimentos; g) a tecnologia, para ser adotada, depende de“fatores sociais”; e h) aversão a risco. 

De acordo com BRESSAN (1995), um número extremamentereduzido das pesquisas chega efetivamente ao campo. Inclui-senessa estatística, aquelas da área de recuperação ambiental. NaZona da Mata Mineira, onde estão localizadas instituições como oCentro Nacional de Pesquisas de Gado de Leite

(CNPGL/EMBRAPA), em Coronel Pacheco e a Universidade

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Federal de Viçosa, existem pesquisas testadas e comprovadas,que não vêm sendo adotadas.

Os modelos de produção agropecuário e florestal

No complexo contexto histórico das atividades agropecuáriasbrasileiras, com excesso de privilégios a determinados grupos deinteresses, particularmente na segunda metade do século XX, ocrescimento da urbanização e da industrialização superpôs-se auma estrutura agrária essencialmente concentrada e desigual.Dessa forma, foi implantada uma rápida dinâmica de

transformação rural, expressa no desenvolvimento de complexosagroindustriais fundamentados na mecanização, na irrigação e nouso crescente de agroquímicos, na maioria das vezes, todosdependentes de energia não biológica. No Brasil, a manifestaçãodessa dinâmica de transformação, envolveu um conjuntointegrado de políticas, em grande parte executadas durante ogoverno militar, tais como: a) a renovação nos currículos dasprincipais escolas agronômicas; b) a criação do “SistemaNacional de Crédito” em 1966, intenso até os anos 90, inclusivecom subsídios mal administrados; c) o estímulo à transformaçãoda grande propriedade em grande empresa, com o crescimentoda mecanização em detrimento da permanência de famílias debaixa renda no campo; e d) o desinteresse pelo modelo familiar,que ficou praticamente excluído até recentemente, do crédito eda assistência técnica, provocando o abandono de milhares depequenas propriedades pela incapacidade de competir nessenovo modelo sócio-econômico (PÁDUA, 2003).

 Apesar de existirem variações dentro de cada modelo deprodução e de desenvolvimento, com inúmeras formasintermediárias entre eles, dois podem caracterizar e analisar asatividades agropecuárias e florestais, em nível mundial (WEID,1996): a) modelo tradicional ou familiar; e b) modelo convencionalou agroquímico.

Modelo tradicional ou familiar

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 A Agenda 21 Brasileira considera fundamental que se promova asubstituição progressiva dos sistemas agropecuários e florestaismuito simplificados, por sistemas diversificados, que integrem aprodução animal e vegetal. Esses sistemas têm demonstrado

uma série de vantagens agronômicas e econômicas e estão emconformidade com os anseios do desenvolvimento sustentável:garantir a segurança alimentar e a conservação dos recursosnaturais para as futuras gerações. A crescente concentração daprodução em torno de uma única cultura criará problemaseconômicos, sociais e ambientais futuros. Por estas questões, aextensão e a pesquisa têm estado voltadas, cada vez mais, parauma dupla preocupação: a) intensificação do uso do solo nasterras já ocupadas, sobretudo nas de pecuária; e b)

desenvolvimento de fontes de geração de renda em sistemasbaseados na conservação de recursos naturais, que resumemuma estratégia de desenvolvimento sustentável (ENA, 2003).

Nesse sentido, os modelos de produção agropecuários eflorestais alternativos, tais como a agroecologia, biodinâmica,orgânica, natural e a agrossilvicultura diversificada, como nossistemas agroflorestais (SAF’s), podem ser considerados umatendência. É necessário o desenvolvimento de um modelo capaz

de ser produtivo com respeito aos recursos naturais, capaz degerar emprego e renda, com eqüidade social. Na visão de ALTIERI (1989), esse modelo deve ser capaz de otimizar: a) adisponibilidade e o equilíbrio do fluxo de nutrientes; b) a proteçãoe conservação da superfície do solo; c) a utilização eficiente dosrecursos água, luz e solo; d) a manutenção de um nível alto defitomassa total e residual; e) a exploração de adaptabilidade,diversidade e complementaridade no uso de recursos genéticosanimais e vegetais; e f) a preservação e integração da

biodiversidade.

Os problemas gerados pela adoção de pacotes tecnológicos,nem sempre apropriados às características do ambiente, têmchamado a atenção para o modelo familiar. Este modelo, por nãodispor desses pacotes, posto que as pesquisas e as tecnologiasutilizadas devem estar baseadas na disponibilidade dos recursoslocais, a implantação dos modelos alternativos fica facilitada pelomodelo familiar: este é o motivo principal da sua revalorização e

reconhecimento por muitos especialistas. Por envolver um caráterartesanal, associa-se mais facilmente à escala da gestão familiar

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(WEID, 1997). Essa transformação deverá ser realizada emescala apropriada, descentralizada, com a gestão da terra e dosrecursos naturais direcionada por indivíduos inseridos nocontexto desse sistema, ou seja, que se sinta parte integrante

dele e não apenas como uma empresa que objetiva lucro.

Modelo convencional ou agroquímico

Conhecido também como modelo moderno, responsável pela“Revolução Verde”, responde ao anseio milenar do homem depoder controlar a natureza, exercendo sobre ela o máximodomínio e a artificialização do meio ambiente (WEID, 1996). Omodelo agroquímico desenvolveu-se na Europa e nos EstadosUnidos ao longo do século XX, ganhando importância significativaapós a Segunda Guerra Mundial. O seu objetivo seria aassimilação da agricultura à indústria, onde se pretendia exercero controle sobre todas as variáveis produtivas ambientais.

O grande problema e restrição desse modelo referem-se àredução da biodiversidade, tornando a produção totalmente

dependente de fatores externos ao sistema propriamente dito,tais como: a) as sementes são produzidas em laboratórios; b) osfertilizantes têm origem mineral e são processadosindustrialmente; c) os defensivos agrícolas também provêem deindústrias químicas; d) a energia utilizada tem origem fóssil; d)alta dependência de equipamentos com elevado consumoenergético, necessitando de altos investimentos e tributário desistemas financeiros (ibidem).Uma outra característica desse modelo é a concentração depropriedades e a eliminação de postos de trabalho no campo. Oprincipal sucesso desse modelo foi o significativo aumento naprodutividade, tendo como conseqüência direta a segurançaalimentar e a queda dos preços dos produtos agrícolas, emborasem proporcionar sua boa distribuição e eqüidade social, além deproblemas ambientais (ALVES, 2001; SANTO, 2004).

A importância dos modelos no mundo atual e os desafios para ofuturo 

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O modelo agroquímico é dominante nos países desenvolvidos eemergentes, enquanto o modelo familiar domina os paísesperiféricos, nos quais 1,4 bilhão de pessoas depende desse

sistema para a sua sobrevivência. Em outra estimativa, 80% dasterras cultivadas em todo o mundo utilizam o sistema tradicionale, dentro dessa realidade, existe alimento suficiente paraalimentar a população mundial. De fato, o desequilíbrio existentedeve-se ao consumo desproporcional entre os paísesdesenvolvidos e os países subdesenvolvidos. Por esse motivo, asolução deve vir por meio de uma melhor distribuição de renda,principalmente quando a expectativa da população em 2025 é de3 bilhões de pessoas superior a atual, necessitando de uma

produção em dobro daquela hoje existente. Pode-se concluir quea questão de segurança alimentar está mais relacionada aproblemas macroeconômicos e sociais do que aos modelos deprodução praticados pelos sistemas agropecuários, pelo menosatualmente (WEID, 1996).

O interesse do modelo convencional concentra-se nas áreas demaior fertilidade, as quais praticamente já se encontramocupadas. Pode ser verificada uma forte desaceleração da

velocidade de expansão das áreas plantadas dentro do modeloagroquímico, sem ganhos significativos em produtividade. Váriosfatores inibem a otimização da produtividade: a) as condiçõesreais são bastante diferenciadas entre si e em relação àscondições controladas em situações de pesquisa; b) os limitanteseconômicos têm colocado freios significativos no uso das opçõestecnológicas disponíveis; e c) as reações do meio ambiente têmlevantado questionamentos quanto à eficiência destas opções(ibidem).

 A defesa do modelo familiar como caminho à sustentabilidade,não se resume simplesmente à questões conceituais, mastambém em indicadores concretos: esse modelo temdemonstrado forte capacidade de resistência, produtividade eeficácia, com potencial de gerar emprego e renda promovendo aeqüidade social, apesar da falta de apoio à pesquisas e docrédito limitado. Recentemente, foi comprovado que, entre 1989 e1999, as propriedades rurais com área inferior a 100 ha,apresentaram taxa de crescimento anual médio do rendimento

físico da produção, de 5,80% contra 3,29% nas grandes

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propriedades. Deve-se considerar, ainda, a importância domodelo familiar na produção de produtos básicos de consumointerno, particularmente aqueles de menor possibilidade deagregação de valores, porém indispensáveis aos nossos hábitos

alimentares, principalmente das populações de baixa renda.Considerando o universo de 11,6 milhões de pequenosproprietários que possuem em média 30 ha de terra, se apoiadospor meio de concessão de crédito e amparados pela assistênciatécnica, e com uma política agrícola séria e consistente de médioe longo prazo, para que haja segurança na condução da cultura eno processo de comercialização, esse grupo pode constituir oeixo da agropecuária e silvicultura sustentáveis no Brasil(PÁDUA, 2003). Inclusive a reforma agrária, que historicamente

tem sido vista como política social compensatória, pode serpensada como um instrumento estratégico de desenvolvimentoregional sustentável (WEID, 1997; HOMEM DE MELO, 2001;PÁDUA, 2003).

A sustentabilidade do modelo familiar  

Embora também existam impactos ambientais no modelo familiar,devido ao pequeno tamanho das propriedades, os impactosambientais negativos são bem menores que aqueles do modeloagroquímico. Devido aos baixos custos de produção pelapequena utilização de insumos e baixa remuneração da mão-de-obra, o preço final dos produtos pode ser inferior, além de estarmenos vulnerável a bruscas alterações sofridas pelos insumosimportados (WEID, 1996).

Uma das principais limitações desse modelo é a baixaprodutividade. Porém, caso houvessem pesquisas voltadas parao modelo familiar, na mesma proporção direcionada ao modeloagroquímico, provavelmente soluções já teriam surgido. Apesardestas limitações, baixa produtividade e propensão àpauperização, o modelo familiar obedece a um processo que oaproxima da dinâmica do meio ambiente. A diversificação deculturas promove o aumento da biodiversidade, que éfundamental para a sustentabilidade dos recursos naturais e do

ecossistema como um todo (WEID, 1996; ZAMBERLAM eFRONCHETE, 2001).

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De acordo com Alves et al. (2001), apud  SANTO (2004), a rendaobtida por produtores deste modelo, tem sido o principal motivoque os obrigam a migrar para os centros urbanos. Estes autoresestudaram a situação dos produtores com menos de 100 ha, que

representam de 86% a 90% do número total de estabelecimentos(possuindo apenas, aproximadamente, 20% da superfície totaldeclarada), de acordo com os últimos 7 Censos do IBGE, desde1950. Considerando o critério de Renda Bruta Familiar, apenas36% dos estabelecimentos garantem uma remuneração igual ousuperior a dois salários mínimos. Quando o critério é RendaLíquida Familiar, apenas 16% atendem essa exigência. Nasregiões mais pobres, como nos estados do Nordeste, esteproblema se agrava ainda de forma mais intensa.

Mediante a situação atual de degradação ambiental, que estacondição de renda pode incrementar, um novo modelo precisaser desenvolvido e implementado. Não só para garantir asustentabilidade, mas também para propiciar condições derecuperação de áreas degradadas, de tal forma a reincorporá-lasao processo produtivo, evitando a abertura de novas fronteiras deexploração, que inevitavelmente, reduzem e agridem os recursosnaturais.

 A estratégia deverá ser sustentada por um tripé (SILVA, 2001;PÁDUA, 2003): a) geração e difusão de tecnologias apropriadas;b) capacitação de todos os membros das famílias rurais; e c)organização dos produtores. Uma ação sinérgica desses trêscomponentes mínimos poderá alterar a situação atual, na direçãoda sustentabilidade do modelo familiar. Há que se considerar,também, a necessidade na definição de uma política agrícolaconsistente e de longo prazo, tais como a liberação definanciamentos, seguro, garantia de preço mínimo que cubra o

custo de produção e uso de tecnologias.

Para OLIVEIRA JÚNIOR (2004), a incorporação de tecnologia aoperfil dos produtores do modelo familiar poderá ser realizada deacordo com as características diferenciadas por região, culturas enicho de mercado onde estes estão inseridos. Isto porque, osprincipais problemas que atualmente afetam os sistemasprodutivos neste segmento, referem-se a falta de recursosfinanceiros, volume e tempo para produção agrícola, apoio

técnico para as atividades dentro da propriedade e a titulação dasterras.

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A sustentabilidade do modelo agroquímico 

 A sustentabilidade do modelo agroquímico, além das questões jáexpostas, pode ser questionada por três principais motivos(WEID, 1996): a) a tendência de esgotamento da matrizenergética; b) o horizonte reduzido de durabilidade de mineraiscomo o fósforo e o potássio; e c) os altos custos unitários dosinsumos de produção. Além desses fatores, há também osimpactos ambientais provocados pelo modelo agroquímico, taiscomo: a) erosão; b) poluição e assoreamento dos corpos d’água;c) desequilíbrio nas cadeias naturais; d) eclosão de novas pragase doenças; e) chuvas ácidas; f) destruição da camada de ozônioe aumento dos gases de efeito estufa; e f) destruição dasflorestas e da biodiversidade de espécies da fauna e da flora.Essa perda de diversidade torna o modelo agroquímico cada vezmais vulnerável, logo insustentável no médio e longo prazo(WEID, 1996; AMADOR, 1999).

 Além dos já citados, os principais aspectos que garantem ainsustentabilidade desse modelo, são (SILVA, 2001; PÁDUA,2003):

Degradação ecológica de grandes áreas, com a perda e a conversão debiomas nativos para a sua incorporação como áreas de exploraçãoagropecuária e florestal;Desgaste ecológico das áreas em exploração, particularmente à perdasde solo por processos erosivos, ao desperdício de água e àcontaminação por agroquímicos (no Brasil, entre 1964 e 1991, oconsumo de agrotóxicos aumentou 276,2%, contra 76% do aumento deárea plantada; eRiscos de salinização dos solos pelo manejo incorreto da irrigação edepleção dos mananciais.

O direcionamento da pesquisa

Várias correntes de modelos inovadores de pesquisa sãopotencialmente promissores, conhecidos genericamente por

modelos alternativos. O ponto comum é a tentativa de harmonizartodos os processos de atividades agropecuárias e florestais com

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as funções essenciais do meio ambiente (WEID, 1996;ZAMBERLAM e FRONCHETI, 2001).

Entretanto, as atuais linhas de pesquisa apresentam insuficiente

e inadequado fluxo de recursos financeiros que suportem asdemandas necessárias para o estudo mais aprofundado e oaperfeiçoamento destes modelos alternativos. A maioria dastécnicas é desenvolvida informalmente, pelos própriosagricultores, faltando pesquisas científicas necessárias à suacertificação, dentro de suas propriedades e dirigidas para oestudo das interações bióticas e abióticas existentes dentro dossistemas (ibidem).No Quadro 7, estão resumidas as principais características que

diferem o modelo familiar do agroquímico, justificando asatenções da necessidade e da importância da pesquisa aomodelo familiar.

QUADRO 7 - Principais diferenças entre os modelos familiar eagroquímico

Aspectos  Modelo familiar   Modelo agroquímico 

Tecnológico

 Adapta-se às diferentescondições regionais,aproveitando ao máximo osrecursos locais.

Práticas de convivência comlimitações:

 Atua considerando oagrossistema como um todo,procurando antever aspossíveis conseqüências daadoção das técnicas; eO manejo do solo visamovimentação física mínima,conservando a fauna e a

Desconsideram-se ascondições locais, impondopacotes tecnológicos.

Práticas de redução delimitações:

 Atua intensivamente sobre osfatores produtivos, visandosomente o aumento daprodução e da produtividade.O manejo do solo com intensamovimentação desconsiderasua atividade orgânica e

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flora. biológica.

Ecológicos

Grande diversificação.Policultura e, ou, culturas emrotação.Integra, sustenta e intensificaas interações biológicas. Associação da produçãoanimal à vegetal.

 Agrossistemas formados porespécies de potencial produtivo

alto ou médio e com relativaresistência às variações dascondições ambientais.Pouca diversificação.Predominância demonoculturas.Reduz e simplifica asinterações biológicas.Sistemas pouco estáveis, comgrandes possibilidades de

desequilíbrios.Formado por indivíduos comalto potencial produtivo, quenecessitam de condiçõesespeciais para produzir e sãoaltamente suscetíveis àsvariações ambientais.

Sócio-

econômicos

Retorno econômico a médioe longo prazo, com elevadoobjetivo social.

Baixa relação capital/homem Alta eficiência energética.Grande parte da energiaintroduzida e produzida éreciclada.

 Alimento de alto valor

biológico e sem resíduosquímicos.

Rápido retorno econômico, com

pouca consideração pararedistribuição de renda.Maior relação capital/homem. A maior parte da energia gastano processo produtivo éproveniente de fora do sistema,sendo em grande parte,dissipada em seu interior,aumentando a sua entropia. Alimentos de menor valor

biológico e com resíduosquímicos.

Fonte: SCHAEFER et al., 2000.

Estas questões são preocupantes, posto que, de acordo comBORLAUG (2004), 85% do crescimento futuro da produção terãode vir de terras já em produção. O potencial de terras disponíveisé limitado. Deve-se, portanto, investir maciçamente em

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pesquisas, visando o aumento de produtividade, comsustentabilidade.

 As questões relativas a qual modelo adotar são bastante

polêmicas, por interesses diversos. Porém, nos paísesdesenvolvidos, o combate à degradação do meio ambiente vemsendo praticado há algum tempo. No Brasil, recentemente, aidéia conservacionista tem crescido significativamente, amparadanas Constituições Federal e Estaduais, no Código FlorestalBrasileiro e nas Leis Estaduais. Tais medidas, respaldadas na justiça, mostram a preocupação legislativa e popular emdisciplinar o uso dos recursos naturais, visando assegurar aconservação da qualidade do meio ambiente, para todos os

modelos de produção.

Impactos Ambientais

 A perpetuação dos casos de degradação persiste,principalmente, em face da priorização que o homem destina aosbenefícios imediatos de suas ações, privilegiando os lucros e o

crescimento econômico a custos elevados e relegando, comofosse uma questão secundária, a capacidade de recuperação dosecossistemas (Godoi Filho, 1992apud  SILVA, 1998). Assim, para COELHO (2001), os impactos ambientais sãotemporais e espaciais, incidindo de forma diferenciada em cadaecossistema, alterando as estruturas das classes sociais ereestruturando o espaço. Para a melhor compreensão deimpactos ambientais como processo, é necessário que sejacompreendida a história sistêmica de sua produção, o modelo de

desenvolvimento adotado e os padrões internos de diferenciaçãosocial.

 Ao que tudo indica, existe uma correlação negativa entre a taxade crescimento de uma população humana e a sua qualidade devida. Dessa forma, as questões macroeconômicas de distribuiçãode riqueza, recursos e tecnologia, devem caminhar comoprioridade no plano das preocupações mundiais. Cabeconsiderar, entretanto, que as questões religiosas e éticas, bem

como as disputas territoriais, devem ser valorizadas. Dessaforma, a relação ser humano-meio ambiente, deve ser

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considerada uma questão preocupante e central (LIMA-E-SILVAet al., 1999; PNUD, 2003).

Dentro desse contexto, em praticamente todas as partes do

mundo, surgiu a preocupação de promover mudança decomportamento do homem em relação à natureza, a fim deharmonizar interesses econômicos e conservacionistas, comreflexos positivos junto à qualidade de vida de todos (Milano,1990, apud  SILVA, 1998). Inicia-se, na década de 60, ummovimento internacional que se contrapunha a essa situação,evidenciando um início de preocupação com as questõesambientais. Por força de movimentos ambientalistas, em 1969,nos Estados Unidos, o Congr esso americano editou a “National

Environmental Policy Act” - NEPA, uma Lei de Política Ambientalaprovada em janeiro de 1970, donde surgiu a avaliação deimpactos ambientais (AIA). Esta lei foi criada em face ànecessidade de se adequar novos métodos de avaliação deprojetos que considerassem, além dos custos e benefíciossociais, a proteção ao meio ambiente e o uso racional dosrecursos naturais (ANDREAZZI e MILWARD-DE-ANDRADE,1990; SILVA, 1998).Segundo LIMA (1997), a década de 1970 figura como um marco

de emergência de questionamentos e manifestações ecológicas,em nível mundial. Nesse período, a sociedade, as instituições eos governos, passam a defender a inclusão dos problemasambientais na agenda do desenvolvimento das nações e dasrelações internacionais como um todo. Tais preocupações“refletem a percepção de um conflito crescente entre a expansãodo modelo de crescimento econômico, de base industrial, e ovolume de efeitos desagregadores sobre os ecossistemasnaturais”. O conjunto de impactos ambientais, até então

percebidos como resíduos inofensivos do progresso e daexpansão capitalista, passa a assumir uma nova dimensão, e adespertar atenção, interesse e novas leituras.

Dessa forma, a avaliação de impactos ambientais, dada arelevância do fator antrópico como causador de degradação,deve considerar e avaliar os aspectos sócio-econômicos eculturais, além dos aspectos biológicos, envolvidos e afetados poresses processos, em face à sua indivisibilidade.

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 As atividades antrópicas criam gradientes de interferência nosmacrocompartimentos da biosfera, provocando alterações: a) nossistemas climáticos (provocando mudanças micro, meso emacroclimáticas); b) nos sistemas aquáticos (alterando o ciclo

hidrológico e as coleções hídricas, ambientes dulcícolas emarinhos); c) nos sistemas terrestres (provocando movimentosde massa, subsidiência da terra, ciclagem de nutrientes minerais,erosão do solo, salinização e dessalinização); e d) nos sistemasbiológicos (BASTOS e FREITAS, 1999).

Como reflexo direto dessas interferências, o principal danobiológico é a perda da biodiversidade decorrente da degradaçãoambiental, tendo como conseqüência a redução do potencial de

sustentabilidade dos sistemas, comprometendo a existência deespécies vegetais e animais, que não conseguem se adaptar ànova condição ambiental. São três os principais fatores quereduzem a biodiversidade: a) Impactos climáticos dodesmatamento; b) Alteração de habitats e extinção de espécies; ec) Perda de reserva de genes.

Por estas questões, é imprescindível que sejam realizadosestudos coordenados e concomitantes relacionados aos aspectos

ambientais, econômicos e técnicos, para que as soluções ealternativas adotadas efetivamente tenham em si incorporadasmedidas de redução dos impactos negativos sobre o meioambiente (SILVA, 1986; 2002).

Ação da poluição nos sistemas ambientais 

Com as transformações ocorridas pela intensa interferência

antrópica, os sistemas ambientais vêm sofrendo transformações,originado por causa e natureza diversas. Esse fenômeno édenominado poluição, atribuindo um caráter nocivo a qualquerutilização que se faça do mesmo. A Lei Federal n. 6.938/81define poluição como “toda alteração das propriedades físicas,químicas e biológicas que possa constituir prejuízo à saúde, àsegurança e ao bem-estar das populações e, ainda, possacomprometer a biota e a utilização dos recursos para finscomerciais, industriais e recreativos” (BASTOS e FREITAS,

1999). De acordo com a Figura 2, pode-se observar várias fontesde poluição do solo e da água.

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 Apesar de ser dada maior ênfase sobre a poluição antrópica,sabe-se que existem ligações causais entre adegradação/poluição ambiental e a vulnerabilidade aosdesastres.

a) Poluição natural - os principais fatores de ordem naturalcausadores de poluição natural, são (BASTOS e FREITAS,1999):

Cinzas provenientes de materiais vulcânicos e emissão de gases;Combustão natural relacionada às queimadas;Poeiras extraterrestres que se originam de partículas de meteoritos;Brumas e nevoeiros provenientes dos oceanos contendo cristais de sais;

 Alergênicos inalantes provenientes se substâncias de origem vegetal; eToxinas produzidas por algas e outros microorganismos, em especial osfungos, com participação ativa na contaminação ambiental.

b) Poluição antrópica - em função da grande atividadeindustrial, agropecuária e florestal, entre outros, um grandenúmero de substâncias químicas têm sido usadas e expostasatualmente, definidas como tóxicos ambientais, provocando

doenças, morte e extinção de espécies. A sua concentração estácondicionada pelas características sócio-econômicas e

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biogeoquímicas de cada região terrestre onde estejamdisseminadas, sendo hoje conhecidos cerca de 100.000 tiposdesses tóxicos ambientais. Dos mais estudadosinternacionalmente, por sua importância sanitária, serão descritos

a seguir (ibidem): Contaminantes atmosféricos; Materialparticulado em meio aquático (lodos); Metais pesados;Fertilizantes; Agrotóxicos; Substâncias tensoativas;Hidrocarbonetos; Resíduos sólidos; e Poluição térmica.Por estas questões, pode-se afirmar que a qualidade do meioambiente está diretamente relacionada aos fenômenos eprocessos naturais e pelas ações antrópicas na paisagem.Quando alterados ou mal manejados, podem causarpoluição/degradação. Com relação às fontes naturais, como as

lavas, gases e cinzas de um vulcão, pouco ou nada pode serfeito. BOCKRIS (1977) diz que o homem é o poluente básico eoriginal, pois durante o longo período de existência do planeta edos animais, sempre houve um desenvolvimento ecológicoharmonioso, disturbado no curto período de existência humana.Como na utilização de agrotóxicos, no mínimo, deve ser exigidoum correto manejo em sua aplicação, para que sejamminimizados os seus efeitos indesejáveis, reduzindo ao mínimo ea níveis aceitáveis, os riscos de poluição e toxidez, reduzindo os

efeitos adversos a um determinado organismo, inclusive aohomem e ao meio ambiente.

Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, no uso dasatribuições que lhe confere o artigo 48 do Decreto n. 88.351, de01 de junho de 1983, para efetivo exercício dasresponsabilidades que lhe são atribuídas pelo artigo 18 domesmo decreto, em seu Artigo 1° - para efeito de Resolução,

considera como impacto ambiental: “qualquer alteração daspropriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,causada por qualquer forma de energia resultante das atividadeshumanas que, direta ou indiretamente, afetam: a) a saúde, asegurança e o bem-estar da população; b) as atividades sociais eeconômicas; c) a biota; d) as condições estéticas e sanitárias domeio ambiente; e e) a qualidade dos recursos ambientais”. Para o Glossário de Ecologia da ACIESP (1987), impactoambiental “é toda ação ou atividade, natural ou antrópica, queproduz alterações bruscas em todo meio ambiente ou apenas em

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alguns de seus componentes. Conforme o tipo de interferência,poderia ser classificada de ecológica, social ou econômica”. 

 A avaliação ambiental objetiva, essencialmente, fundamentar e

otimizar processos decisórios envolvendo atividadestransformadoras, antrópicas ou não (TAUK et al., 1995). Nestesentido é fundamental que saiba avaliar se é mais importanteimplantar esta atividade que promoverá alteração ambiental, ounão realizá-la e optar pela permanência do ambiente saudável,evitando soluções onerosas para esses problemas que surgiriam.Segundo MOREIRA (1985), a avaliação de impactos ambientais(AIA) é um instrumento de política ambiental formado por umconjunto de procedimentos capaz de assegurar, desde o início do

processo, que se faça um exame sistemático dos impactosambientais de uma ação proposta (projeto, programa, plano oupolítica) e de suas alternativas, e que os resultados sejamapresentados de forma adequada ao público e aos responsáveispela tomada de decisão, e por eles devidamente considerados.

Isto significa conhecer os componentes ambientais e suasinterações, caracterizando, assim, a situação ambiental dessasáreas antes da implantação do projeto. O mais importante, é que

estes resultados servirão de base à execução das demaisatividades (CUNHA e GUERRA, 1999). Convém ressaltar, quenas definições de AIA, algumas dão ênfase aos componentespolíticos e de gestão ambiental.

Para BISWAS e GEPENG (1987), dentre os objetivos da AIA,podem ser destacados:

Identificar os problemas ambientais adversos que podem ser esperados;Incorporar, nas ações de desenvolvimento, medidas mitigadoras

apropriadas;Identificar os benefícios e prejuízos do projeto, bem como suaaceitabilidade pela comunidade;Identificar problemas críticos que requerem estudos ou monitoramentoposteriores (auxiliando, dessa forma, nos procedimentos demonitoramento da recuperação ambiental);Examinar e selecionar alternativas ótimas para várias opções viáveis(evita o surgimento de novas áreas degradadas);Envolver o público no processo de tomada de decisões relativas àsquestões ambientais, para entender seu papel, suas responsabilidades e

as relações existentes entre estas.

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 A execução de uma AIA segue, de acordo com CUNHA eGUERRA (1999), de maneira geral, as seguintes etapas:Desenvolvimento de um completo entendimento da ação proposta; Aquisição do conhecimento técnico do ambiente a ser afetado;

Determinação dos possíveis impactos sobre as característicasambientais, quantificando, quando possível, as mudanças; e Apresentação dos resultados da análise de maneira tal que a açãoproposta possa ser utilizada em um processo de decisão.

Estudo de Impacto Ambiental (EIA) 

No Brasil, por exigências do Banco Mundial para a concessão de

financiamentos, os estudos de impactos ambientais passaram aser elaborados a partir da década de 70; porém, restritos a algunsgrandes projetos de construções de usinas hidrelétricas(ANDREAZZI e MILWARD-DE-ANDRADE, 1990). Em nívelfederal, o primeiro Diploma legal que fez referência ao Estudo deImpacto Ambiental foi a Lei 6.803, de 03 de julho de 1980. Emseguida, o primeiro dispositivo legal relevante relacionado à áreade Avaliação de Impactos Ambientais, foi a Lei n. 6.938/81, tratoudo EIA no seu art. 9º, inciso III, que estabeleceu a Política

Nacional do Meio Ambiente e definiu a AIA como um de seusinstrumentos, criando para a sua execução, o SISNAMA -Sistema Nacional do Meio Ambiente, regulamentado pelo DecretoLei Federal n. 88.351, de 01 de junho de 1983. O principalaspecto ligado a esse Decreto foi a instituição dos três tipos delicenciamento  ambiental, ou seja, do Licenciamento Prévio (LP),cuja licença é expedida durante a fase de planejamento daatividade ou projeto; Licenciamento de Instalação (LI), cujalicença é expedida previamente à implantação; e Licenciamento

de Operação (LO), cuja licença é expedida previamente àoperação do projeto (SILVA, 1998). Apesar da referida regulamentação, foi somente com a edição daResolução n.1 do CONAMA, de 23 de janeiro de 1986, queficaram estabelecidas as definições, as responsabilidades, oscritérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementaçãoda Avaliação de Impactos Ambientais como um dos instrumentosda Política Nacional do Meio Ambiente. Para a elaboração deEstudos de Impactos Ambientais (EIA), que é um instrumento decaráter técnico-científico que subsidia uma das etapas da AIA,

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além da necessidade da observância dos aspectos legais, existe,também, a necessidade de uma visão ecológica, econômica eética (SILVA, 1998).

Normalmente, em estudos de impactos ambientais, é usada umaabordagem segmentada tendo como base três diferentes meios,subdivididos em sete compartimentos: meio físico (solo, água ear); meio biótico (flora, fauna e microorganismos) e meioantrópico (o homem) (ibidem).O Estudo de Impacto Ambiental tem as seguintes características: a)é prévio à licença ambiental; b) seu resultado vincula o órgãoambiental; c) é participativo, na medida em que está aberto aoenvolvimento da comunidade; d) é formal, sem ser rígido; e) é

técnico (CONAMA 01/86). A Resolução n. 001/86 do CONAMA definiu os tipos deempreendimentos sujeitos à AIA e o conteúdo mínimo do EIA edo RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) necessário aolicenciamento das atividades consideradas impactantes. Dessaforma, estabeleceu quatro atividades técnicas a serem abordadasnos EIAs (MOREIRA, 1985; MACHADO, 1987):

Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto (meios físico,biótico e antrópico); Análise dos impactos ambientais do projeto, contemplando asalternativas tecnológicas e de localização do projeto, confrontando-ascom a hipótese da não-execução do projeto;Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos oupotencializadoras dos impactos positivos, avaliando a eficiência de cadauma delas; e A elaboração de programas de acompanhamento e de monitoramento deimpactos positivos e negativos, incluindo os parâmetros a seremconsiderados.

Durante o processo de elaboração dos Estudos de Impactos Ambientais, alguns passos devem ser observados (MACHADO,1987; SILVA, 1998):Informações gerais - nome do empreendimento; identificação daempresa responsável; histórico do empreendimento; tipo de atividade eporte do empreendimento; síntese dos objetivos do empreendimento, sua justificativa e a análise de custo-benefício; levantamento da legislaçãofederal, estadual e municipal incidente sobre o empreendimento emqualquer de suas fases; entre outros;Descrição do empreendimento - apresentar a descrição do

empreendimento nas fases de planejamento, de implantação, deoperação e, se for o caso, de desativação;

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 Área de influência - apresentar os limites da área geográfica a serafetada direta ou indiretamente pelos impactos, denominada área deinfluência do projeto;Diagnóstico ambiental da área de influência - descrição e análise dosfatores ambientais e suas interações, caracterizando a situaçãoambiental da área de influência, antes da implantação doempreendimento. No caso de degradação, com necessidade derecuperação ambiental, este cenário pré-degradação será de extremaimportância;Fatores ambientais - deve ser feita a caracterização dos meios físico,biótico e sócio-econômico;Qualidade ambiental - em um quadro sintético, expor as interações dosfatores ambientais físicos, biológicos e sócio-econômicos; Análise dos impactos ambientais - apresentação da análise(identificação, valoração e interpretação) dos prováveis impactosambientais nas fases de planejamento, de implantação, de operação e,se for o caso, de desativação do empreendimento;Proposição de medidas mitigadoras - explicitar as medidas que visamminimizar os impactos adversos identificados e quantificados no itemanterior;Programa de acompanhamento e monitoramento dos impactosambientais - deverão ser apresentados os programas deacompanhamento da evolução dos impactos ambientais positivos enegativos causados pelo empreendimento, considerando-se as fases deplanejamento, de implantação, de operação e de desativação, se for ocaso, e de acidentes;Detalhamento dos fatores ambientais - o grau de detalhamento em cadaEIA, dependerá da natureza do empreendimento, da relevância dosfatores em face de sua localização e dos critérios adotados pela equiperesponsável pela elaboração do Estudo: Meio físico; Meio biótico; e Meiosócio-econômico.O EIA pode ser considerado como uma ferramenta deplanejamento que auxilia o executor, inclusive os responsáveispor projetos de recuperação ambiental, na antecipação dos

impactos das atividades das alternativas de desenvolvimento,ambas benéficas ou adversas. Fornece uma visão paraselecionar a alternativa ótima na qual potencialize os efeitosbenéficos e mitigue os impactos adversos ao ambiente (BISWASe GEPING, 1987). Porém, para que se torne efetivamente uminstrumento de auxílio à tomada de decisão, precisa estarinserido de forma articulada ao processo de planejamento, emtodos os sentidos: a) horizontalmente, articulada às esferaspolítica, tecnológica e econômica; e b) verticalmente, associada

às diferentes etapas do processo de planejamento, devendo ser

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efetuada antes do início de um empreendimento, paralelamente àavaliação técnico-econômica (MAGRINI, 1989).

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) 

Refletirá as conclusões do EIA. As informações técnicas devemser nele expressas em linguagem acessível ao público geral,ilustrada por mapas em escalas adequadas, quadros, gráficos, ououtras técnicas de comunicação visual, de modo que se possamentender claramente as possíveis conseqüências ambientais doprojeto e de suas alternativas, comparando as vantagens edesvantagens de cada uma delas (SILVA, 1998).

O RIMA deverá conter , basicamente: a) os objetivos e justificativasdo projeto; b) a descrição do projeto e de suas alternativastecnológicas e locacionais; c) a síntese dos resultados dosestudos sobre o diagnóstico ambiental da área de influência doprojeto; d) a descrição dos impactos ambientais analisados; e) acaracterização da qualidade ambiental futura da área deinfluência; f) a descrição do efeito esperado das medidasmitigadoras previstas em relação aos impactos negativos,mencionando aqueles que não puderem ser evitados e o grau dealteração esperado; g) o programa de acompanhamento emonitoramento dos impactos; e h) recomendação quanto àalternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordemgeral) (ibidem).O RIMA deverá indicar a composição da equipe técnica autorados trabalhos, devendo conter, além do nome de cadaprofissional, seu título, número de registro na respectiva entidade

de classe e indicação dos itens de sua responsabilidade técnica(ibidem).

Necessidade de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) 

 A Constituição de 1988 (BRASIL, 1988), em seu artigo 225,parágrafo 1º, inciso IV, dispõe que todos têm direito ao meioambiente ecologicamente equilibrado e que, para assegurar a

efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público exigir estudoprévio de impacto ambiental para instalação de obra ou atividade

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potencialmente causadora de significativa degradação do meioambiente.

O estudo de impacto ambiental está destinado a assegurar a

efetividade desse direito, podendo-se entender o vocábuloefetividade, como indicação de praticidade e afastamento dequestões teóricas ou distanciadas da realidade nacional.

Decorre do mesmo texto que o estudo de impacto ambiental seráobrigatório para as obras ou atividades potencialmentecausadoras de significativo impacto ambiental. O estudo deimpacto ambiental deve ser prévio. As exceções são aquelasatividades iniciadas anteriormente à Resolução CONAMA 01/86,que dependem do licenciamento corretivo.

 Artigo 2° (CONAMA) - Dependerá de elaboração de estudo deimpacto ambiental (EIA) e respectivo relatório de impactoambiental (RIMA), a serem submetidos à aprovação do órgãoestadual competente, e da Secretaria de Meio Ambiente (SEMA)em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadorasdo meio ambiente, tais como: estradas de rodagem com duas oumais faixas de rolamento; ferrovias; portos e terminais de minério,petróleo e produtos químicos; aeroportos; oleodutos, gasodutos,minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotossanitários; linhas de transmissão de energia elétrica, acima de230 Kv; obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos,tais como: barragens para fins hidrelétricos, acima de 10 MW, desaneamento ou de irrigação, abertura de barras e embocaduras,transposição de bacias, diques; extração de combustível fóssil(petróleo, xisto, carvão); extração de minérios; aterros sanitários,processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos;

usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte deenergia primária, acima de 10 MW; complexo e unidadesindustriais e agroindustriais (petroquímicos, siderúrgicos,cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo derecursos hídricos; distritos industriais e zonas estritamenteindustriais; exploração econômica de madeira ou lenha, em áreasacima de 100 ha ou menores, quando atingir áreas significativasem termos percentuais ou de importância do ponto de vistaambiental; projetos urbanísticos, acima de 100 ha ou em áreas

consideradas de relevante interesse ambiental, a critério daSEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes;

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qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ouprodutos similares, em quantidade superior a dez toneladas pordia; projetos agropecuários que contemplem áreas acima de1.000 ha ou menores, nesse caso, quando se tratar de áreas

significativas em termos percentuais ou de importância do pontode vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental.

Avaliação Ambiental Estratégica, Segundo Maria do Rosário Partidário

(2004). Associação Portuguesa de Avaliação de Impactos (APAI).

Disponível em: http://www.apai.org.pt/encontro2.html. 

O CRA - Centro de Recursos Ambientais, por intermédio NEAMA- Núcleo de Estudos Avançados em Meio Ambiente, tem sepreocupado em promover cursos para apresentar novosinstrumentos de planejamento para a gestão de recursosambientais. Pretendem mostrar a importância de adoção noBrasil da AAE - Avaliação Ambiental Estratégica, uma práticacom experiência de sucesso em outros países.

O êxito da aplicação da AAE contempla expressivos instrumentosde planejamento ambiental, tais como a avaliação de impactos, ozoneamento ecológico econômico e o licenciamento ambiental,indispensável na formulação das políticas pública. A idéia éoferecer aos participantes desses cursos, conhecimento básicosobre os principais elementos teóricos, o conteúdo e osprocedimentos técnicos que envolvem a condução da AAE.

Governos e Organismos de Avaliação Ambiental estãoatualmente mostrando um grande interesse nas potenciaisconseqüências ambientais da tomada de decisão nos níveis depolítica, planos e programas. A avaliação ambiental estratégica

está desenvolvendo-se como um mecanismo que propõe aavaliar sistematicamente os impactos ambientais das decisõestomadas nestes níveis.

Torna-se, portanto, premente aos profissionais que atuam emavaliação de impactos ambientais, que conheçam e adotempráticas que assegurem a integração dos princípios e dosconceitos de avaliação de impactos ambientais com os de Avaliação Ambiental Estratégica.

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Para isso, é necessário que se conheça os princípios, osconceitos e as técnicas de avaliação de impactos de estratégiasde decisão, que permitam a integração da componente ambientale de sustentabilidade nos processos decisórios, com a

abordagem de conceitos e instrumentos de Gestão AmbientalIntegrada.

 As principais linhas de força retiradas de um recente encontro emPortugal indicam que a avaliação de impacto ambiental de planose programas, ou seja, AAE deve:Considerar as dimensões da sustentabilidade  –  ambiental, social eeconômica – de modo integrado como referencial de avaliação;Seguir uma cultura de planejamento, de natureza estratégica, e não umacultura de projeto;

 Assegurar a participação pública, devendo ser exploradas formas departicipação pública ajustadas a níveis estratégicos de decisão;

 Assegurar a independência da avaliação, devendo ser preferencialmenterealizada por entidade independente, que reúna as especialidadesadequadas, e usar uma formulação ajustada aos processos decisionaisde nível estratégico;Resultar do esforço interativo dos sectores fundamentais na definição domodus faciendi e dos conteúdos adequados a cada temática e nível dedecisão, de modo a assegurar a operacionalização da avaliaçãoestratégica e evitar conflitos de legitimidades;Ser acompanhada por uma capacitação das instituições setoriais naapropriação destes instrumentos para aplicação aos seus própriosprocessos decisionais, o que exige em particular uma mudança deparadigmas institucionais;Clarificar a relação com a AIA, designadamente em relação às mais-valias que a introdução de um novo instrumento trará sobre a celeridade,focagem e melhoria dos processos de AIA;Fazer o balanço da implementação da AIA de modo a evitar repetir erros,tirar partido dos benefícios e procurar ultrapassar dificuldades existentes;Ser  liderada por uma autoridade nacional  que assegure a necessáriaindependência e interdisciplinaridade à sua implementação eficaz, e queseja reconhecida por todos os sectores envolvidos no âmbito daaplicação da Diretiva.

Referencial / Pressupostos da AAE 

Sustentabilidade - A avaliação de impactos de planos e programasdeve estar orientada por princípios de sustentabilidade, deve ser

um instrumento que direciona ações no sentido dasustentabilidade. A sustentabilidade, como conceito integrador

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das dimensões econômica, ambiental e social, deve constituir umreferencial à avaliação dos impactos dos planos e programas. Enão apenas a sustentabilidade ambiental, que é apenas um dospilares da sustentabilidade.

 A avaliação estratégica precisa de referenciais, e estes devemser montados num quadro de sustentabilidade. É preciso acordare estabelecer o que é que faz um plano ou um programa mais oumenos sustentável, o que é que constituirá um impacto de umplano ou de um programa. Na mesma base que quando secomenta que um prédio é grande, deve-se questionar porquê queé grande? Quem decide que é grande? Quais são osreferenciais?

Participação - Os princípios de participação são inerentes àavaliação de impactos, ao julgamento de valores. A avaliação deimpacto ambiental sempre foi um instrumento de política pública,que assegura transparência por intermédio da participação. Seessa transparência não for assegurada na avaliação estratégica,não estaremos falando de avaliação de impactos. É precisoconfrontar as situações existentes e mudar a forma como osprocessos de decisão acabam por acontecer. Por exemplo, o fatodos planos serem muitas vezes aquilo que os “donos” dos planos

querem que eles sejam e não aquilo que os planos devem sernuma ótica de interesse público. A participação é essencial, nãoapenas para validação, mas para exposição e justificação públicade opções tomadas. Mas é preciso aprender a fazer participaçãoem avaliação estratégica.Independência - Uma avaliação requer o envolvimento deentidades independentes de quem promove ações e de quemtem valores a defender. Ninguém pode ser juiz em causa própria.É necessário encontrar a formulação adequada que assegure a

independência da avaliação, seja esta, ou não, coadjuvada porprocessos de credenciação que assegurem qualidade.

Envolvimento das instituições 

Interatividade - Ponto absolutamente consensual na discussão, aurgência de se trabalhar as necessidades e os requisitos daavaliação estratégica de modo intersetorial, com o envolvimento

de todos os setores. Deve-se saber qual o papel de cada um naarquitetura institucional e no quadro legal que se venha a

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desenhar para implementar a Diretiva. Para isso é necessárioque os agentes institucionais, setoriais, façam reflexões internase cruzadas  –  a interatividade  –  com os outros setores com osquais estabelecem sinergias e conflitos, reais ou potenciais, e

que identifiquem entre os seus planos e programas, aqueles quecarecem dessa integração e dessa avaliação estratégica. E deque modo se deve fazer essa identificação  –  por lista? Ou poroutros critérios mais sólidos, mais flexíveis e mais ajustados ànatureza estratégica dos processos de produção destesinstrumentos estratégicos? Esse contributo deve resultar dainiciativa dos setores e ser adaptado à especificidade de cadaum.Operacionalização - É imprescindível garantir que o modo de

produção de planos e programas seja integrador da dimensão dasustentabilidade, nas suas dimensões econômica, ambiental esocial, e que cada setor requerirá mecanismos necessários àadoção eficaz do instrumento de avaliação de impactos de modoestratégico. Há evidências de utilização de mecanismos deavaliação estratégica no quadro das propostas ao QCA queindiciam ummodus faciendi  adequado, mas que carecem ainda deconteúdos que satisfaçam objetivos de sustentabilidade. Trata-sede modus faciendi  de avaliação estratégica, e que podem dar

desde logo uma base metodológica de partida.Conflitos de legitimidades - Na definição do papel de cada setor éimprescindível evitar o conflito de legitimidades, tendo-senomeado em particular as legitimidades política e técnico-administrativa, mas não só. Existem também legitimidades aobservar ao nível das competências setoriais, nas relações entreos diferentes setores, no equilíbrio das suas áreas decompetência, tal como existem legitimidades políticas e técnico-administrativas entre diferentes níveis de decisão. As áreas deatuação dos setores são cada vez menos estanques e cada vezmais interpenetrantes. Tal como ninguém pode ser juiz em causaprópria, também ninguém pode decidir avançar em determinadasdireções sem ponderar, e até discutir e acordar, sobre ospossíveis impactos sobre setores correlacionados, congêneres,subsidiários ou apenas inevitavelmente

Relação entre a avaliação estratégica e a avaliação de projetos 

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Qual a relação? Ficou claro que é fundamental esclarecer qual vaiser o efeito da implementação da Diretiva 2001/42/CE sobre ofuncionamento da AIA. Vai haver mais-valias para os atuaisprocessos de decisão, poupanças ou investimentos a prazo,

substituições de objetos de avaliação? Vai haver uma novaarquitetura institucional onde funcione o princípio da co-decisão,ou da co-avaliação, onde se reflita sobre a escala apropriada deavaliação de determinadas iniciativas e sobre a necessidade degeração de consensos? Este é um ponto sobre o qual ficarammuitas perguntas sem resposta.Balanço retrospectivo  –  Para essas respostas foi referido pordiversas vezes a necessidade de se fazer um balanço sobre aprática existente com a AIA, por parte de todos os agentes

institucionais envolvidos, fundamentalmente com dois objetivos:1- identificar os problemas existentes que devem ser resolvidoscom vista à melhoria do próprio processo de AIA mas tambémporque não podem reproduzir-se em novos instrumentos aadotar; 2- identificar os benefícios conseguidos com a adopçãoda AIA, e que devem ser continuados e assegurados no futuro, emesmo continuamente melhorados.Massa crítica e capacidade de implementar a avaliação estratégica Capacitação - Sinais claros de que tem que haver uma apropriação

setorial deste processo, cada setor deve pensar como vai fazer ecomo se vai adequar, capacitar.Mudança de paradigmas institucionais - Sinais claros também daurgência de mudança de paradigmas nas instituições, de comopromover as mais-valias da estratégica e não de a receber comomais uma barreira burocrática a ultrapassar, das vantagens sobreos processos de AIA existentes, não porque se vai fazer omesmo a um nível anterior, mas porque se vão fazer algo que vaimudar o contexto de prioritização de processos dedesenvolvimento, de concepção e desenho de projetos futuros.Mudança também de outros paradigmas como o paradigmaambiental, de como olhar para o ambiente como recurso e nãocomo reserva, o paradigma dos objetivos dos planos, o planocomo indutor de desenvolvimento com qualidade e não comoviabilizador de lobbies  e interesses individuais, a legitimação daatividade de planeamento contrariando o crescente descréditosobre os méritos do planeamento, a responsabilização dasequipes de planejamento e dos “donos”  dos planos sobre a

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qualidade desses mesmos planos e a sua robustez enquantoinstrumentos de estratégia sustentável.O que é e quem deverá ser a autoridade nacional para avaliaçãoestratégica 

O que vai acontecer? Ficou também a pergunta do que se vaipassar a partir deste Encontro. Quem toma a liderança desteprocesso. Caberá à APAI, como organização não governamental,ou a uma colaboração entre atores da sociedade civilrepresentantes das diferentes áreas profissionais técnicas?Caberá apenas ao Instituto do Ambiente ao nível governamental,ou a todos os setores que se reconheceu como devendo estarenvolvidos neste processo? Quem será o maestro destaorquestra? Não bastará que cada um dos instrumentos esteja

afinado, é preciso que a orquestra esteja em harmonia. E omaestro tem que estar em um nível acima dos instrumentos, oque significa que o modelo que existe para a AIA é possivelmentenão adequado neste caso e terá que se encontrar o quadroinstitucional adequado para uma discussão estratégica onde asperspectivas estejam presentas, abertas, e onde os interessespúblicos de sustentabilidade se sobreponham aos interessessetoriais de natureza ambiental, social ou econômica. Quemdeverá ser então a Autoridade Nacional, ou seja, quem deverá

definir a política e responsabilizar-se pela sua eficaz aplicaçãoneste domínio de impatos?Mecanismos existentes e necessários - É urgente entendermos-nossobre as formas como vai acontecer a avaliação estratégica doponto de vista procedimental. Quem vai ter a capacidade deverificação e validação e quando é que essa validação acontece?É consensual que não pode ser igual à AIA de projetos. Foibastante consensual que uma avaliação estratégica é diferentede uma avaliação de impatos de projetos e que, portanto, osprocedimentos têm que ser não apenas diferentes, mas obedecera lógicas diferentes. A cultura de projeto assiste a AIA, a culturaestratégica e de planeamento tem que assistir a avaliaçãoestratégica de impatos.Poderão existir já mecanismos adequados, que precisam serajustados e melhorados. Quais são e onde estão? Mas háquestões que ainda não encontram resposta. Se seguirmos ummodelo centrado na decisão, em que a avaliação estratégica vaisendo realizada como parte integrante da atividade deplanejamento, isso é feito pela mesma equipe, por equipes

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separadas, ou por equipes mistas? E quem vai verificando esteato contínuo? Seguramente ficou claro que não se pode esperarpelo final do plano ou programa para então se discutir da suabondade ou impatos severos e inaceitáveis que levarão a

pareceres desfavoráveis ao fim de vários anos de trabalho deplanejamento. Essa solução ficou claramente rejeitada. Masentão como? Por intermédio de co-decisões ou co-avaliações,sistemas mistos que envolvam responsabilização de diferentesinstituições?

Independência - O relator independente, por pessoa, equipe ouinstituição, parece uma solução inevitável, em qualquer formatode avaliação que se venha a adotar. Mas terá que ser feito

realmente por quem é qualificado, esteja ou não formalmentecredenciado para o efeito, e por quem não tenha qualquer tipo deinteresses envolvidos, de natureza ambiental, social, econômicaou política.

Sistema AMBITECSistema de Avaliação de Impactos Ambientais deInovações Tecnológicas nos Segmentos Agropecuários,Produção Animal e Agroindústria (Sistema AMBITEC)

Trata-se da apresentação do Sistema de Avaliação de Impacto Ambiental de Inovações Tecnológicas (Sistema Ambitec) para ossegmentos: agropecuário (Ambitec-Agr o), produçãoanimal (Ambitec-Produção Animal) e agroindústria (Ambitec-

 Agroindústri a). Metodologia de avaliação de impactos ambientais,anteriormente direcionada somente ao segmento agropecuário

(lavouras, reflorestamentos e pastagens) é complementada pormódulos aplicáveis aos segmentos do agronegócio relativos aprodução animal e agroindústrias. O Sistema Ambitec compõe-sede planilhas de aplicação simples e de baixo custo, utilizandoindicadores de impacto da inovação tecnológica ponderadossegundo a escala de ocorrência e a importância. Os impactos sãomensurados para cada componente da estrutura por coeficientesde alteração que variam entre  –3 e +3 dependendo daintensidade da alteração.

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Todas as informações são obtidas (entrevista/vistoria) junto aosprodutores /responsáveis pela atividade à qual se aplica ainovação tecnológica em avaliação.

Objetiva-se com esta metodologia oferecer alternativa “ex-post”de avaliação de impactos ambientais (AIA) no contextoinstitucional de P&D 3 . No “segmento agropecuário” sãoavaliadas as tecnologias cuja expressão de impactos é realizadapor unidade de área (por exemplo, inovação numa cultura ounuma pastagem); no“segmento produção animal” avaliam-se osimpactos por unidade animal sujeita à utilização da tecnologia(por exemplo, o desenvolvimento de uma vacina); e no“segmento agroindústria” as tecnologias cujos impactos podem

ser expressos por estabelecimento agroindustrial (comodesenvolvimento de um corante, por exemplo).

Considerações 

Todos os procedimentos envolvidos na AIA constituem umimportante componente das decisões referentes aos programas

dos mais diversos setores que envolvem as atividadespotencialmente capazes de provocar impactos ambientais.Considerando a urgência de controlar os processos já instaladosde degradação e, principalmente, prevenir novos riscos dedepauperamento de todos os compartimentos e componentesenvolvidos, a AIA constitui uma importante ferramenta.

 Assim, problemas que surgiriam ao longo do processo produtivopodem ser evitados ou mitigados. Entretanto, para que os

resultados sejam efetivos, as análises de impactos ambientaisnão devem se restringir apenas à listagem dos problemasambientais devendo avaliar profundamente as transformaçõesespaciais, sociais, política e cultural, dada a sua importância nasalterações físicas, biológicas e químicas do ambiente. Uma dasopções é a utilização do método comparativo, utilizando-se demapas e relatórios de diferentes épocas, possibilitando identificara evolução, a distribuição e a interpretação dos processosambientais.

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 A ordenação do território por meio de estratégias como o ZEE e oZGUA podem ser um forte aliado. Realizada dessa forma, maisinvestigadora, a AIA pode ser considerada um importanteinstrumento de execução da política e de gestão ambiental,

portanto, de recuperação ambiental. Para isso, entretanto, deveráser procedida com o adequado licenciamento ambiental.

Classificação quanto à atividade 

 A degradação de áreas agrícolas e pecuárias, em todo o mundo,tem causado significativos casos de impactos ambientais, com

sérias conseqüências aos ecossistemas. A princípio, qualqueratividade que não se preocupe com um manejo eficiente eresponsável, onde durante a fase de planejamento sejamrespeitados os requisitos mínimos relacionados à prevenção oumitigação de impactos ambientais, é potencialmentedegradadora. Porém, algumas são mais facilmente perceptíveis,como as atividades abaixo relacionadas:

 Agricultura - em diversas regiões do Brasil, em tempos anteriores ao da

era industrial, a agricultura caracterizava-se por ser nômade. As pessoasutilizavam uma determinada área por dois a três anos e posteriormente osolo era abandonado. Dessa forma, a natureza sozinha era capaz deregenerá-lo. Atualmente, ocupa grandes extensões e sua utilização demaneira intensiva e sem a observação da capacidade de uso do solo,vêm provocando o surgimento de inúmeras áreas degradadas;Construção Civil - a forte pressão da expansão urbana pode combinar-secom a escassez de terrenos adequados, para criar uma demandaelevada de novos locais para construção de edificações, quase sempreem locais susceptíveis ao favorecimento do surgimento de áreas

degradadas, como nas encostas;Construção de barragens - em função do modelo de produção de energiaelétrica do País, tem sido proporcionado problemas a milhares depessoas expulsas de suas propriedades e atividades, perda de terrasférteis e produtivas, florestas destruídas, tradições e monumentosculturais desrespeitados;Construção de rodovias e ferrovias - principalmente devido à ausência dorestabelecimento da drenagem natural e sua posterior manutenção e,também, por falhas nos procedimentos de revegetação dos taludes;Exploração Florestal - as primeiras tentativas de formação de

povoamentos florestais foram feitas em áreas restritas e com a utilizaçãode espécies locais, o que gerou um quadro insignificante de impactos

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 junto ao meio ambiente. Com a crescente demanda de madeira e seussubprodutos por toda a sociedade, essa prática passou a se dar emescala comercial, com a agravante dos plantios serem monocultivos eapresentarem tendência a uma grande uniformidade genética.Contribuem, assim, para a redução da biodiversidade e, em algunscasos, conflitos de posse e uso da terra;Industrialização - como todas as atividades humanas de produção, desdea Revolução Industrial, passou por sucessivas transformações e forammarcadas por um vertiginoso desenvolvimento tecnológico e comaceleração contínua. Paralelamente, as economias modernas impuseramum enorme aumento no ritmo de consumo de bens e serviços,aumentando ainda mais essa expansão. Com o processo deglobalização, há emergência de novos setores industriais e declíniorelativo de outros, dando origem a “cinturões de ferrugem” e fonte depoluição, além de produzirem um enorme passivo ambiental;Mineração - a mineração é, por si só, uma atividade impactante, uma vezque promove a alteração das propriedades físicas, químicas e biológicasdo meio onde está inserida. Seu reflexo pode expandir-se além da áreadiretamente afetada, apresentando um grau de impacto ambiental de altamagnitude, como nos casos onde há contaminação por metais pesadosou a ocorrência de drenagem ácida, atingindo os corpos d’água,causando danos à fauna e à flora;Pecuária - particularmente a extensiva, por não utilizar princípios básicosde conservação. Como prática de manejo, utilizam o fogo para arenovação de pastagens, afetando o solo e a biodiversidade;Urbanização - associada à construção civil e situados muitas vezes emáreas de encostas e sem infra-estrutura básica como redes de esgoto ecanais de drenagem, constituem um dos principais impactos produzidosno ciclo hidrológico, com inúmeros efeitos diretos e indiretos: 1)assoreamento (devido à alterações da drenagem) e a poluição (peloacúmulo de resíduos) dos corpos d’água, tendo como conseqüência oaumento dos casos de enchentes, deslizamentos e desastresprovocados pelo desequilíbrio no escoamento das águas; 2) destruiçãode ecossistemas fundamentais à vida marinha (manguezais e restingas);3) destruição de áreas naturais, entre outros. De acordo comRELATÓRIO...(1991), a ótica populacional implica em duas dimensõesanalíticas, relacionadas ao espaço: 1) concentração progressiva dapopulação brasileira em cidades, produzindo problemas ambientais; e 2)reflete a distribuição espacial desigual, tanto dos recursos naturaisquanto das atividades econômicas empreendidas pelo ser humano.

Ø Principais atividades agropecuárias e florestais com potencialdegradador  

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 Algumas atividades agropecuárias e florestais geram focos depoluição e degradação. Podem ser relacionados suascaracterísticas, seus principais impactos ambientais e as medidasmitigadoras e, ou, recuperadoras, representadas no Quadro 9.

QUADRO 9 - Principais atividades agrícolas, pecuárias eflorestais com potencial de degradação (1- Culturas intensivas eprojetos agroindustriais; 2- Horticultura e fruticultura; 3-Reflorestamento; 4- Bovinocultura; 5- Avicultura; e 6-Suinocultura (nessa atividade, é necessário obter licenciamentotécnico-ambiental de acordo com a norma deliberativa doConselho Estadual de Política Ambiental (COPAM)).

Atividades  1  2  3  4  5  6 Problema comum

Grandes áreas de cultivoUso indiscriminado de medicamentos e, ou,agroquímicosImplantação de grandes maciços florestaisSistemas exploratórios concentrados e, ou intensivos

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X Característica

Uso intensivo de agroquímicos e, ou, insumosflorestaisUso intensivo de medicamentos e, ou, insumosGrande produção de dejetos e, ou, resíduosagroindustriaisDemanda por água de irrigação

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Principais Impactos

Contaminação ambiental da água e do soloContaminação de alimentosFator de risco à saúde animal e humana Aumento do consumo de água, causando conflitoscom usos antrópicos e com o ambienteCarreamento sazonal de agrotóxicos, contaminando osolo, água e lençolRebaixamento do nível do lençol freático, dos rios edos reservatórios

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Medidas Mitigadoras e, ou, recuperadoras

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Tratar dos resíduos por meio de tanques dedecantaçãoRacionalizar o uso de medicamentos e, ou, insumosRacionalizar o consumo de água, visando diminuir aprodução de volume de resíduos e, ou, dejetos Associar o uso de dejetos à palhadas de culturas paraa produção de composto orgânico.Usar dejetos associados ou não a palhadas emsubstituição a fertilizantes mineraisUsar técnicas de manejo integrado de pragas edoençasDar destino adequado aos resíduos agroindustriaisManter a vegetação nativa nas áreas de recarga doslençóis e respeitar as matas ciliares. Adotar tecnologias de baixo consumo de águaUsar técnicas de conservação de água e soloRacionalizar o uso de agrotóxicos por meio dereceituário agronômico

X X X 

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Fonte: compilados de SCHAEFER et al., 2000.

 A importância em identificar os principais problemas ecaracterísticas dessas atividades e as possíveis medidas

mitigadoras, amparadas atualmente pela legislação ambiental epela obrigatoriedade da avaliação de impactos ambientais, épermitir que sejam reduzidos os impactos ambientais negativos.Por meio da utilização de ferramentas, tais como o licenciamentoambiental e a implantação de sistemas de gestão ambiental, têmfavorecido tais procedimentos. Cabe ainda considerar, que autilização de medidas preventivas visam a utilização dos recursosnaturais de forma racional, com vistas aos princípios e anseios dodesenvolvimento sustentável.

Considerações 

 Atualmente, sabe-se que o meio ambiente possui capacidadelimitada em absorver os impactos negativos gerados pelasatividades antrópicas. Por este motivo, existe a possibilidade deesgotamento dos seus recursos naturais, pela exaustão ou pelapoluição, caso persistam os atuais modelos de desenvolvimento

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e produção que privilegiem a concentração e o crescimentoeconômico, ligados a uma expansão desordenada e aceleradados meios urbano e rural, em detrimento à conservação danatureza.

Identificaram-se os principais fatores que têm contribuído para oagravamento dessa situação de desequilíbrio. Considera-se quea mitigação ou mesmo a solução definitiva de tais problemas,possibilitando que a recuperação ambiental seja efetiva eduradoura, promovendo o desenvolvimento sustentável, é precisoque sejam trabalhadas essas condições que a originaram.Dependerá da adoção de políticas públicas responsáveis comesse direcionamento. Deve-se promover modificações profundas

de cunho político, organizacional e social. Dessa forma, énecessário que haja alterações da atual escala de valores dosdiversos setores produtivos e da sociedade envolvidos, ondedevem ser repensados os modelos de desenvolvimento, deprodução, de consumo e de gestão ambiental.

 A grande concentração populacional e as atividades humanasnos meios urbanos, quase sempre afetam a qualidade do ar, dosolo, da água e dos alimentos. No campo, nas pequenas

propriedades rurais da agricultura de subsistência, além dosdiversos problemas discutidos referente ao modelo de produçãofamiliar, como o seu baixo nível tecnológico, soma-se o reduzidotamanho de suas áreas. Dessa forma, tem havido a utilizaçãoacima da sua capacidade de suporte, tendo como conseqüênciaa erosão e o risco de abandono da atividade ou degradação dascondições de vida e do meio ambiente. Deve-se, portanto,introduzir modificações no uso e manejo do solo, além dautilização de práticas conservacionistas, como medidas de

caráter vegetativo que incentivem o consórcio e a rotação deculturas para a redução da perda do solo.

È necessário legitimar as demandas da sociedade relativas àobtenção de informações completas sobre a tecnologia a serutilizada num processo produtivo ou de serviços, bem como osriscos associados à saúde, à segurança e ao meio ambiente queelas acarretam. Há que se fortalecer a base legal necessária aomanejo e aproveitamento dos recursos naturais, em especial ao

uso do solo e das águas e a conservação dos mananciais. Paraisso é preciso que sejam estabelecidos horizontes de tempo: a)

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no curto prazo, são necessárias ações que busquem umamelhoria do processo de vigilância, em especial no que se refereaos métodos utilizados e aos procedimentos técnicos de controlee monitoramento; b) no médio prazo, é necessário estabelecer

uma melhoria sensível na capacitação dos Recursos Humanospara que se tenha competência técnica capaz de minimizar osriscos da tecnologia, possibilitando o autocontrole e a certificaçãodos processos, com a construção de bancos de dados capazesde garantir a confiabilidade das operações; e c) no longo prazo, énecessário que sejam estruturadas medidas que dêem suporte àcondição de sustentabilidade. Estas, apesar de seus efeitossurgirem no longo prazo, deverão ser tomadas o mais brevepossível, como o fortalecimento da educação ambiental nas

escolas e universidades, públicas e privadas, tendo por objetivo aformação política dos agentes indutores e realizadores do futuro,fundamentada na ética e na justiça social. Tal medida deverá sermantida por prazo indeterminado, cabendo considerar que deveráser constantemente revista e atualizada.

Para isso, as políticas públicas e organizacionais devemestimular a criação de alternativas educacionais, bem como adisponibilidade de acesso a sistemas de banco de dados e

informações, como a relação das empresas que possuemcertificação de qualidade e sistemas de gestão ambientalimplantados, tornando mais seguras as tecnologias utilizadas.Dessa forma, existirá maior harmonia entre os ciclos produtivos eos ciclos naturais. As questões sociais devem ser revistas,considerando a relação existente entrepauperização/degradação, exigindo uma distribuição maiseqüitativa na alocação dos recursos e dos investimentos, paraque sejam reduzidos os níveis de pobreza. Encontrar soluções

tecnológicas e metodologias capazes de produzir desta forma,sem a geração de degradação, é o grande desafio das empresase da sociedade como um todo. Para isso, é necessário que sejadesenvolvido um novo modelo de gestão dos recursos,compartilhado por toda a sociedade.

Uma abordagem inovadora e criativa às principais questõesambientais e de desenvolvimento que o mundo vematravessando, pode perfeitamente ser compatível com estratégias

de promoção de investimentos. O certo é que se as indústrias, aagropecuária e as empresas florestais de todo o mundo

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continuarem a praticar as suas atividades nos moldes atuais, asociedade não atingirá seu objetivo: o desenvolvimentoeconômico, social e ambientalmente justo e sustentável paratodos. Contudo, se a informação gerada pela pesquisa se tornar

amplamente disponível e integrada em um modelo sistêmico,precisando nesse ponto da atitude firme e precisa: a) dapesquisa, no direcionamento; b) da extensão, na difusãotecnológica; e c) da fiscalização e da certificação, nomonitoramento, será possível converter novas idéias e conceitosem ação. Trata-se de gestão.

Recuperação AmbientalObjetivo 

O objetivo desse capítulo é analisar o início dos procedimentosde recuperação ambiental no Brasil e a sua evolução até aos diasatuais. Dessa forma, pretende-se justificar a sua necessidade eos principais passos que deverão ser observados para o seusucesso. Objetiva também:

Conhecer metodologias para a identificação dos estádios de degradaçãoe ferramentas para o seu diagnóstico e monitoramento;Verificar a interligação e a interdependência entre os recursos naturais eos aspectos sócio-econômicos nos procedimentos de recuperação;Visualizar a importância da interdisciplinaridade nas pesquisasrelacionadas à recuperação ambiental; ePrever e antecipar a elaboração da implantação de sistemas de gestãoambiental que permitam a sua efetividade e durabilidade ao longo dotempo.

Introdução

Os conhecimentos atuais ainda são tênues em relação ànecessidade de se desenvolver uma nova ordem, para sobrevivere prosperar no século XXI. As notícias ruins são que osproblemas com os ecossistemas da Terra, tanto hoje como nofuturo, são enormes. O espírito empreendedor humano realmentedesenvolveu um risco considerável para o planeta. As boasnotícias são que as oportunidades atuais são imensamente

maiores. Para desenvolvê-las e colhê-las, precisa-se propor

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mudanças importantes nos modelos de educação, de produção ede gestão.

De acordo com CASTELLS (1999), as grandes empresas

passaram a incluir as questões ambientais como um componenterotineiro do seu negócio. Porém, adverte: a maioria dosproblemas ambientais persiste, posto que seu tratamento requeruma transformação nos meios de produção e de consumo, bemcomo de nossa organização social e de nossas vidas pessoais.

Para BERNARDES e FERREIRA (2003), vale ressaltar algunseventos internacionais que envolvem a política ambiental e atomada de consciência sobre a importância deste assunto emnível global. O desastre ocorrido na Baía de Minamata, no Japão,detonou a solicitação sueca para uma reunião mundial com vistasao modelo de desenvolvimento e às questões ambientais. Foirealizada em Estocolmo, em 1972, a Conferência das NaçõesUnidas sobre o Meio Ambiente, que teve como ponto marcante acontestação às propostas do Clube de Roma sobre o crescimentozero para os países em desenvolvimento. Porém, ficoureconhecido por toda a comunidade internacional, em função decomprovações científicas, a vinculação entre desenvolvimento e

meio ambiente, sendo aceita a consideração que éresponsabilidade majoritária dos países desenvolvidos acontaminação do planeta. Foram criados programas e comissõesimportantes tais como o Programa das Nações Unidas para oMeio Ambiente (PNUMA) e a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD), estabelecendo oassunto definitivamente na agenda e nas discussões da ONU. Amais importante reunião, depois de Estocolmo, foi a Conferênciade Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92), que promoveu

definitivamente a internacionalização da proteção ambiental e dasquestões ligadas ao desenvolvimento, como também anecessidade de recuperação de áreas degradadas.

Dessa forma, em vista de novos níveis de prosperidade - quepodem ser sustentados econômica, ecológica e socialmente -conquista-se crescentemente maior número de pessoas em seuserviço. Entretanto, para atingir tais objetivos, faz-se necessárioa) assumir novas estratégias; b) estabelecer compromissos mais

fortes; e c) investir em trabalhos que evidentemente são difíceis,

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como intensificar as pesquisas para aprender mais sobrerecuperação e gestão ambiental.

Percebe-se, ao longo dos últimos 30 anos, nos países

desenvolvidos e no Brasil, que a qualidade e quantidade de áreasdegradadas recuperadas têm sido significativamenteaperfeiçoadas. A sociedade expressa sua determinação exigindoe fiscalizando o fim de práticas industriais e de uso do solo e daágua que causem degradação ambiental em longo prazo, pormeio de numerosos regulamentos federais, estaduais e locais. Aindústria, aos poucos, vem aceitando a responsabilidade para amitigação dos impactos negativos e a recuperar danos causadosaos sistemas ambientais. Resultados bem sucedidos de

recuperação estão sendo divulgados mensalmente em jornais,revistas, TV e pela “internet”. Infelizmente, algumas concepçõeserradas ainda persistem, relativas a abusos ambientaispraticados por alguns setores das atividades produtivas,baseadas em hábitos do passado (TOY e DANIELS, 1998; TOYet al., 2002; GRIFFITH, 2002).

 Além das exigências legais, da cobrança da sociedade civilorganizada e do acúmulo de pesquisas e resultados de

experiências, a melhoria dos procedimentos de recuperação podeser responsabilizada por avanços em: 1) métodos de avaliaçãode impactos ambientais; 2) planejamento da recuperação; 3)projeto de equipamentos; e 4) materiais disponíveis, incluindoprodutos de controle de erosão, variedade de sementes etécnicas de revegetação; e 5) os sistemas de gestão ambiental. Aavaliação de impactos ambientais e o planejamento darecuperação têm beneficiado a expansão de bancos de dados erefinamentos de modelos hidrológicos, geomórficos e de

engenharia. A evolução da computação facilitou a eficiênciadestes modelos e a acessibilidade a banco de dados. Emergiuum mercado para equipamento especializado, com o fato dotema recuperação ter-se tornado operação padrão nos negóciosrotineiros de várias indústrias (MEYER e RENARD, 1991; TOY eDANIELS, 1998).

 A partir da crescente mobilização mundial por um novo modelode desenvolvimento, fez com que as novas políticas ambientais

trouxessem um significativo apoio às pesquisas na área derecuperação ambiental. Atualmente, vários grupos têm

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contribuído nesse sentido, em nível internacional, tais como: a) asseguradoras, b) organismos internacionais, como a Organizaçãodas Nações Unidas (ONU), o Banco Mundial (BIRD) e o BancoInteramericano de Desenvolvimento (BID); e c) as Organizações

Não-Governamentais (ONGs).Porém, para que ocorra o sucesso da recuperação ambiental deforma eficiente e duradoura, esta não pode ser assumida comoum fato isolado, valendo-se de soluções bem-intencionadas, masque na verdade visem auferir lucro ou apenas resposta imediatapara atender o desejo do empreendedor e satisfazerem àsexigências do órgão ambiental fiscalizador. O pensamentosistêmico, teoria que mostra um novo tipo de pensar e de

relações que se interagem e integram-se, mostra que a adoçãode soluções sintomáticas gera outros efeitos adversos nãoconsiderados anteriormente. Dessa forma, observa-se que oprocesso de recuperação ambiental é complexo, exigindo tempo,recursos e conhecimento dos diversos fatores que compõem oupodem interferir na área a ser recuperada. Devem ser incluídosos diversos atores sociais afetados ou envolvidos na área direta eindiretamente afetada, considerando seus valores e interesses. Assim, a etapa inicial do planejamento do projeto de recuperação

ambiental, permitirá que seja conhecida a amplitude do problemaambiental para o qual este projeto será destinado. Neste ponto,deverá ser traçado o plano de recuperação com os objetivos demédio e longo prazo, bem definido e coerente com a realidade.Deve-se considerar as externalidades e a totalidade das relaçõesfísicas, biológicas, políticas, sócio-econômicas, tecnológicas eculturais da área na qual o projeto está inserido (NARDELLI eNASCIMENTO, 2000).

Contudo, observa-se, e há que se considerar, que leis podem serinócuas caso não seja trabalhada a educação ambiental nascomunidades com respeito às suas diversidades culturais; alémda efetiva conscientização dos dirigentes, na tomada de decisãopara novas políticas públicas, que devem exigir, entre outros: a) olicenciamento ambiental para a implantação de qualqueratividade passível de produzir poluição/degradação; b) maior rigorna fiscalização; c) ampliação no monitoramento das atividadesprodutivas; d) a educação ambiental; e e) a implantação de

sistemas de gestão ambiental integrada com a comunidade.

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Definições e objetivos da recuperação ambiental 

Defini-se área degradada ou ecossistema degradado, como aqueleque, após distúrbio, teve: a) eliminados juntamente com avegetação nativa, os seus meios de regeneração biótica comobanco de sementes, banco de plântulas, chuva de sementes eórgãos ou partes que possibilitem a rebrota, inclusive com aperda da camada fértil do solo; b) a fauna destruída, removida ouexpulsa; e c) a qualidade e regime de vazão do sistema hídricoalterados. Nessas condições, por apresentar baixa resiliência,ocorre a degradação ambiental devido a perda de adaptação às

características físicas, químicas e biológicas. Nesse caso, o seuretorno ao estado anterior pode não ocorrer ou ser extremamentelento, tornando necessária a ação antrópica para a recuperaçãodesses ecossistemas e possibilitar o restabelecimento dodesenvolvimento sócio-econômico. Ecossistema perturbado éaquele que sofreu distúrbio, mas manteve meios de regeneraçãobiótica. A ação humana não é obrigatória, sendo necessáriosomente auxiliar na recuperação do ecossistema perturbado, poisa natureza pode se encarregar da tarefa. Em ecossistemas

degradados, a ação antrópica para a recuperação quase sempreé necessária (CARPANEZZI et al., 1990; IBAMA, 1990). A definição proposta pelo IBAMA (1990) para recuperação deárea degradada, resume: recuperação significa que o localdegradado será retornado a uma forma de utilização de acordocom o plano preestabelecido para o uso do solo. Implica que umacondição estável será obtida em conformidade com os valoresambientais, econômicos, estéticos e sociais da circunvizinhança.Significa, também, que o sítio degradado terá condições mínimas

de estabelecer um novo equilíbrio dinâmico, desenvolvendo umnovo solo e uma nova paisagem.De acordo com GRIFFITH et al. (2000), “a recuperação de áreasdegradadas (RAD), ou recuperação ambiental (RA), é umconjunto de ações planejadas e executadas por especialistas dediferentes áreas do conhecimento humano, que visamproporcionar o restabelecimento da auto-sustentabilidade e doequilíbrio paisagístico semelhantes aos anteriormente existentes,em um sistema natural que perdeu essas características. As

pesquisas em recuperação ambiental têm enfocado tanto os

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problemas decorrentes das atividades agropecuárias, florestais,minerárias, construção civil, urbanização e industrialização, comoaqueles decorrentes de processos naturais, tais como enchentes,incêndios, secas, dilúvios e atividades sísmicas”. 

Mediante a atual situação de degradação, com sérias implicaçõessócio-econômicas e em face de uma emergente consciênciaambiental, além das exigências legais, existe a pressão dasociedade para que sejam recuperadas áreas degradadas comvistas à sua reabilitação ao processo produtivo. Entretanto, arecuperação de um ecossistema não deve ser confundida comações superficialmente similares que visem outros fins. Devemser trabalhados tanto seus componentes (plantas, animais,

fatores bióticos) como seus serviços ou funções (papéishidrológico, estético, etc.) (GRIFFITH, 2002).

Portanto, para que esses procedimentos sejam duradouros, osobjetivos de um projeto de recuperação ambiental, a partir de umamplo levantamento, devem considerar além dos aspectostécnicos e legais, também, os aspectos ambientais, sociais,culturais, econômicos e éticos. A partir dessa análise, o ambientepassa a ser avaliado de tal forma que possam ser geradas

informações a respeito de suas características anteriores aoprocesso de degradação - cenário pré-degradação, as quaispoderão fornecer importantes informações sobre o potencial derecuperação do ambiente, no cenário pós-degradação(NASCIMENTO, 2001).

Também, deve-se considerar a avaliação temporal, posta tratar-se de uma das premissas básicas para a elaboração deprogramas de recuperação e manejo de ecossistemas. Nela,

busca-se identificar os principais fatores impactantes, asconseqüências e a magnitude, onde seja possível diagnosticar etraçar um modelo preditivo.

Devido à ausência de banco de dados e às diferençasmetodológicas que permitissem uma comparação temporal eespacial, entre outras limitações, GRIFFITH (2001) cita que noinício das atividades de recuperação o custo era alto e o sucessoaparentemente difícil de ser alcançado, além de que muitos aconsideravam desnecessária. Talvez pelo fato, na maioria dessasáreas, restasse condições ecológicas tão adversas que muitos

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produtores achavam que não havia a mínima condição de seremrecuperadas. Houve muita experimentação e criatividademultidisciplinar, existindo atualmente técnicas bemdesenvolvidas.

 A estabilidade de um sistema depende de uma interaçãocomplexa entre produção, consumo e ciclagem de gases, solutose líquidos. Em um sistema natural, duas características sãoparticularmente importantes para a avaliação de um processo dedegradação - a capacidade de suporte e a biodiversidade (DIAS,2003a):a) Capacidade de suporte - pode ser definida como adensidade máxima teórica que um determinado sistema é capaz

de sustentar, considerando tanto o número de espécies como ovolume de biomassa; e

b) Biodiversidade - pode ser definida como o número e aabundância relativa de espécies existentes. Em um conceito maisamplo, pode-se dizer que é o conjunto das variações de basegenética que ocorre em todos os níveis de vida, desde asvariações dentro de uma única população, até as variaçõesexistentes em todas as comunidades de todos os ecossistemas

do mundo. Segundo ODUM (1988), a capacidade de resiliênciaestá relacionada à diversidade biológica.

Quanto maior for o tamanho e a complexidade estrutural doecossistema, a tendência é que maior seja a sua biodiversidade. Após a ocorrência de estresse em um determinado ecossistema,quanto maior for a sua base de informações genéticas, maiorserá a sua chance da manutenção da estrutura anterior e dofuncionamento do sistema de maneira igual ou semelhante à pré-

degradação, principalmente devido à sua capacidade deprodução de biomassa (ODUM, 1988).

Quando o nível de nutrientes ou de energia de um sistema sofreuma alteração excessiva, a estabilidade do sistema é afetada,não retornando até que um novo equilíbrio seja atingido,naturalmente ou pela ação do homem (KOBIYAMA et al., 2001).

Procedimentos para o sucesso da recuperação 

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O sucesso da recuperação depende de uma série de fatoresespecíficos para cada uma das atividades impactantes e dosproblemas locais existentes, respeitadas as suas características já definidas. Áreas de mineração, principalmente, por provocarem

impactos de significativa importância e magnitude, talvez sejamas mais complexas para procedimentos de recuperação.

 Assim, serão demonstrados por meio de um Estudo de Caso, ospassos que deverão ser observados para a recuperação de umaárea degradada pela mineração.

Estudo de caso: A recuperação de áreasdegradadas por atividades minerárias

Introdução 

 A atividade de mineração no Brasil, e em todo o mundo, éresponsável atualmente pelo acúmulo ao longo dos anos, deinúmeras paisagens alteradas em virtude da extração mineral.Isso se deve, principalmente, ao grande volume de minériosexplorados, que além de modificar a paisagem, produz efluentes,estéreis e rejeitos que podem comprometer a estética e a

qualidade do ambiente local, principalmente quando a lavra é acéu aberto. Esses locais, quando abandonados, dão origem aextensas áreas degradadas, com a possibilidade de originarsérios problemas ambientais e à saúde humana (BARTH, 1989).

Para a realização da prática de mineração, ocorre inicialmente aretirada da cobertura vegetal com o revolvimento do solo e dosubsolo, causando distúrbios na camada superficial (“topsoil”)responsável pela maior atividade biológica devido à presença da

matéria orgânica e, também, onde estão localizados o maiornúmero de sementes e propágulos. Dessa forma, a revegetaçãoespontânea fica extremamente prejudicada, como também arecolonização da micro e mesofauna do solo (RUIVO, 1998).

Mediante essa situação com sérias implicações sócio-econômicas e em face de uma emergente consciência ambiental,além das exigências legais impostas pela Constituição daRepública Federativa do Brasil de 1988, existe a pressão dasociedade para que sejam recuperadas áreas degradadas pelaexploração de recursos minerais, visando a sua reabilitação ao

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processo produtivo. Dessa forma, impõe-se medida de proteçãoambiental nas fases de concepção, implantação e operação dosempreendimentos, tais como: a) recomposição da área mineradaconsiderando os seus aspectos físicos e bióticos; b) a eliminação

de poluição atmosférica pelo carreamento de poeiras notransporte de minérios; c) as barragens de decantação paraarmazenamento dos rejeitos de beneficiamento; d) a substituiçãode ustulação por processos mais modernos e limpos; e e) ocontrole da qualidade das águas superficiais e subterrâneas quedeverão ter, no mínimo, a qualidade anterior ao processo demineração (IBAMA, 1990).

É necessário que durante a elaboração do Plano de Fechamento

da mina, que contempla o PRAD, seja feita a previsão do usofuturo da área. Os procedimentos de recuperação irão variar deacordo com a finalidade pretendida (NASCIMENTO, 2001). Háque se considerar, entretanto, as exigências legais.

A regulamentação do setor minerário

 Até recentemente, a estrutura regulamentar básica pararecuperação de áreas mineradas, era estabelecida por dois atoslegislativos: a) o Código de Mineração, de 1967; e b) a Lei deControle Nacional do Meio Ambiente, de 1975. A partir de 1981,os fundamentos legais da obrigação de reabilitar áreasdegradadas encontram-se no inciso VIII do artigo 2° da Lei n.6.938/81, nos parágrafos 2° e 3° do artigo 225 da ConstituiçãoFederal e no Decreto n. 97.632, de 10 de abril de 1989 (IBAMA,1990).

Ø Os dis po sit ivos l egais (BRASIL, Con st itu ição Federal)

“Art. 225  –  todos têm direito ao meio ambienteecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo eessencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao PoderPúblico e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para

a presente e futuras gerações”. 

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§ 2° - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigadoa recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com asolução técnica exigida pelo órgão público competente, na formada lei.

§ 3° - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meioambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, asanções penais e administrativas, independentemente daobrigação de reparar os danos causados”. 

Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981 - Dispõe sobre a PolíticaNacional do Meio Ambiente. 

“Art. 2· - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo apreservação, melhoria e recuperação da qualidade ambientalpropícia à vida, visando assegurar, no País, condições aodesenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurançanacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos osseguintes princípios”: 

VIII - Recuperação de áreas degradadas

Decreto n. 97.632, de 10 de abril de 1989 - Dispõe sobre aregulamentação do Artigo 2°, Inciso VIII, da Lei n. 6.938, de 31 deagosto de 1981.

 Art. 1° - Os empreendimentos que se destinam à exploração derecursos minerais deverão, quando da apresentação do Estudode Impacto Ambiental - EIA e do Relatório de Impacto Ambiental -RIMA, submeter à aprovação do órgão ambiental competente oplano de recuperação de área degradada.

Parágrafo único - Para os empreendimentos já existentes, deveráser apresentado ao órgão ambiental competente, no prazomáximo de 180 (cento e oitenta) dias, a partir da data depublicação deste Decreto, um plano de recuperação de áreasdegradadas”. 

 Art. 2° - Para efeito deste Decreto são considerados comodegradação processos resultantes dos danos ao meio ambiente,pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas

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propriedades, tais como a qualidade ou capacidade produtiva dosrecursos ambientais.

 Art. 3°. - A recuperação deverá ter por objetivo o retorno do sítio

degradado a uma forma de utilização, de acordo com um planopreestabelecido para o uso do solo, visando a obtenção de umaestabilidade do meio ambiente”. 

Existem várias críticas com relação à legislação. Uma delas, éaquela de que deveria ser introduzida no formato daapresentação do PRAD - Plano de Recuperação de ÁreasDegradadas, a exigência dos aspectos sócio-econômicos para o“fechamento da mina” e a demonstração dos recursos com que areabilitação será realizada (MEYER e RENARD, 1991). ParaDIAS (2003b), o PRAD ou Plano de Fechamento deveriamfuncionar como documentos norteadores, com a exigência pelosórgãos fiscalizadores de sua atualização periódica, posto avelocidade do desenvolvimento de novas metodologias e,também, visando atender os recentes apelos sociais.

O fato é que as leis existem e, apesar de serem abrangentes,pouco sistematizadas e dispersas entre os vários órgãosambientais, caso houvesse um maior rigor da fiscalização para oseu efetivo cumprimento, os impactos decorrentes destaatividade poderiam ser minimizados. É necessário aumento docorpo técnico desse setor para que os resultados sejam maisefetivos, particularmente aumentando as exigências durante afase de licenciamento ambiental do projeto, posto se tratar deuma exigência da legislação.

A recuperação de áreas mineradas 

O sucesso do processo de recuperação, para que além deatender aos aspectos ambientais e legais, também proporcionemvantagens sócio-econômicas, dependerá da realização dediversos procedimentos. Inicialmente, deve ser feita uma

avaliação do RIMA e do Plano de Fechamento da mina, quecontempla o PRAD, para que possam ser revistos os objetivos

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iniciais. Verifica-se a necessidade de alterações resultantes dasatividades de explotação e da própria evolução da pesquisadurante o período de exploração. Devem ser respeitados asexigências legais e orientar-se pelas mudanças propostas

necessárias identificadas por esses dois documentos, nessa faseque pode ser considerada de pré-planejamento, posto ser nelaque serão preparados os planos de recuperação. Nele, deveconter uma orientação, passo a passo, para os procedimentosque serão empregados para recuperar as áreas degradadas pelamineração e atividades correlatas, devendo obedeceras seguintes e principais etapas, que deverão ser realizadas deforma cronológica (IBAMA, 1990; HARRIS et al., 1996; TOY eDANIELS, 1998):

a) Caracterização do local - as propriedades físicas e químicasda área do distúrbio, dentro de um particular cenário ambiental,influencia significativamente o planejamento e a prática derecuperação. Inclui análises das condições climáticas, dascondições geológicas, da topografia, dos solos, da vegetação eda hidrologia. É necessária uma abordagem segmentada de cadaum dos principais fatores envolvidos, analisando as áreas deinfluência direta e indiretamente afetadas;

b) Planejamento da recuperação - para que os objetivos sejamatingidos com sucesso, a condição ideal exige que as estratégiasde recuperação sejam finalizadas antes da perturbação do solo,considerando-se, principalmente: 1) as prováveis e possíveisconseqüências da perturbação; 2) o projeto de gerenciamento deregras que facilitem a recuperação; e 3) a avaliação dealternativas de práticas de recuperação, para suprireventualidades; ou seja, devem ser traçadas as conseqüências,as metas de recuperação (inclusive a definição do uso futuro) e

conhecidos os requisitos legais;

c) Administração do material - todos os custos de exploração,escavação, transporte e colocação de estéreis em áreas deempréstimo e a sua futura recolocação nas áreas já mineradas,devem ser analisados com a devida antecedência, visando aeconomia de recursos e riscos ambientais provenientes dainterrupção dos procedimentos de recuperação;

d) Retirada do “topsoil” ou provisão de um apropriado que osubstitua - quanto melhor for a qualidade do “topsoil”, mais rápido

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será o crescimento da vegetação utilizada no processo derevegetação, evitando inclusive, a origem de processos erosivose diminuindo os impactos ambientais. Durante esseprocedimento, deve-se minimizar a área decapeada, removendo

apenas o necessário;e) Recomposição topográfica e paisagística - refere-se aopreparo do relevo para receber a vegetação, objetivando umaforma estável e adequada para o futuro uso do solo;

f) Manipulação do solo de superfície - é realizada após areconstrução topográfica e a recolocação do “topsoil”, processodenominado preenchimento, que resulta na inversão dehorizontes;

g) Correção do solo - podem ser usadas várias combinações decalcário, gesso, fertilizantes inorgânicos e materiais orgânicos;

h) Revegetação - é a meta principal da recuperação, resultandoem benefícios secundários desejáveis, estéticos e na qualidadeda água. As metas de revegetação variam do simples controle deerosão, até a complexa restauração de comunidades nativas;

i) Irrigação (caso necessário) - em locais que apresentamcondições climáticas irregulares, deve ser incluído oprocedimento de irrigação durante o estabelecimento das mudas;

 j) Monitoramento e manutenção - o gerenciamento do solodepois da recuperação, inclui monitoramento local e manutenção,quando serão avaliados os recém construídos sistemasambientais e sua integração com a circunvizinhança.

Embora a maior parte das pesquisas e resultados seja baseadaem experiências com solos de mineração de superfície, osprincípios são aplicados para outros tipos de perturbações desolos, tais como pedreiras, lavra de rochas ornamentais,mineração de metal, estrada, industrial e construçãourbana/residencial. Áreas agropecuárias e florestais degradadaspelo uso intensivo de agroquímicos, também podem adotarprocedimentos semelhantes.

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Observações complementares 

 As exigências atuais do estudo de impactos ambientais (EIA) e o

respectivo relatório de impacto ambiental (RIMA), bem como oplano de recuperação de áreas degradadas (PRAD) ou Plano deControle Ambiental (PCA), necessários para a obtenção dalicença de exploração, não são garantias exclusivas para osucesso da recuperação, não significando necessariamente, quetodos os problemas ambientais da área estarão solucionados. Osprocedimentos de recuperação, para que sejam efetivos, poderãoser medidos por concepções e metas de longo prazo, inclusiveconsiderando: a) a cobertura e diversidade vegetativa (deve-se

optar por um grande número de espécies, evitando um grandenúmero de indivíduos da mesma espécie); b) o tempo deresposta hidrológica; c) e o retorno do local para uso produtivo.Então, os especialistas em recuperação, devem ser versáteis eadotar novas e mais efetivas abordagens, para atingir suas metasde recuperação em longo prazo, como a adoção de sistemas degestão ambiental (TOY e DANIELS, 1998; TOY e GRIFFITH,2003).

Possibilidades de uso resultante do processo de recuperação 

Na verdade, as possibilidades de uso são as mais diversas. Asua escolha dependerá (TOY e DANIELS, 1998; DIAS eGRIFFITH, 1998; DIAS, 2003a): a) Desejo do empreendedor; b)Desejo do proprietário da terra; c) Desejo da sociedade; d)Exigências da legislação local, estadual e federal; e) Riscos e

necessidades ambientais; f) Custos; e g) Questõescircunstanciais, respeitadas as exigências legais. Porém, aquestão da sustentabilidade do novo empreendimento e a suainserção na paisagem local, deve ser observada. Investimentosdevem ser coerentes com as necessidades e gostos dascomunidades locais. A não observância desses aspectos podecomprometer o futuro do empreendimento. A Figura 3 identificaalgumas possibilidades de uso, no caso de minas desativadas.

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Considerações 

Recentemente, em todo o mundo, surgiram planos, idéias,

recursos e técnicas inovadoras e consistentes acerca dapossibilidade da geração de alternativas para a recuperaçãoambiental. Garantem a possibilidade de superação dessa crise,evitando o surgimento de novas áreas degradadas e recuperandoaquelas que se encontram nessa condição, promovendo odesenvolvimento sustentável. As transformações dessasalternativas que se encontram à nossa disposição em realidade,deixou de ser um problema conceitual ou técnico, sendo maisuma questão de iniciativa política. É preciso que sejamimplementados modelos de desenvolvimento baseados nessasnovas idéias.

Os procedimentos de recuperação ambiental devem ter porobjetivo auxiliar o desenvolvimento sustentável. Para atingi-lo, abusca deve ser no sentido de propostas alternativas sistêmicas esinergéticas, tendo como modelo os próprios ecossistemasnaturais e com o envolvimento de toda a sociedade. Infelizmente,existem gargalos que têm dificultado os procedimentos de

recuperação ambiental, tais como: a) a indefinição de políticas

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públicas; e b) a falta de ações concretas por parte 1) dasorganizações de pesquisa e ensino, exigindo novas diretrizescom profundas transformações estruturais; e 2) dos órgãoslegisladores, regulamentadores, certificadores e fiscalizadores,

exigindo do setor produtivo o cumprimento da legislação. Esteúltimo, demonstrando excessiva cautela em situações onde apunição deveria ser mais imediata e rigorosa.

 A pesquisa evoluiu significativamente em todo o mundo. Porém,no Brasil, faltam recursos, parcerias com a indústria e um maiorintercâmbio entre as diversas instituições de pesquisa. Essatomada de decisão reduziria os custos e aceleraria os resultadosdos procedimentos de recuperação ambiental, criando situações

de maior dinamismo e cooperação, posto o carátermultidisciplinar que essa ciência possui e exige. No Brasil, aqualidade do ensino básico, fundamental e superior, bem comoos cursos de especialização não são satisfatórios,particularmente por não adotarem uma abordagem sistêmicanecessária à realidade atual e, principalmente por: a) nãovisualizarem a História holisticamente ; b) não conduzirem osalunos à uma educação política baseada na ética; e c) nãopossuírem em sua grade de disciplinas, particularmente nos

cursos da área ambiental, disciplinas como Sociologia e Antropologia.

Nos procedimentos de recuperação propriamente ditos,observados todos os requisitos ambientais, sociais, legais etécnicos, o planejamento cuidadoso, a manipulação dosmateriais, a reconstrução topográfica e a seleção das espéciespara a revegetação, representam a chave para o sucesso. Asestratégias de recuperação devem ser financeiramente viáveis e

claramente comunicadas aos proprietários da área e ao órgãoresponsável pelo controle e fiscalização.

Finalmente, o local recuperado deverá fundir-se amplamente coma paisagem da qual será uma parte funcional. A paisagemcircundante provê áreas de referência para pesquisacomparativa. Freqüentemente, é possível utilizar o processo derecuperação para produzir pedopaisagens mais produtivasàquelas originalmente ocupadas no local. Isto é nitidamente

possível, quando o pré-distúrbio da paisagem foi previamente

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degradada por erosão de solo, movimentos de massa ou antigolocal de mineração.

Posteriormente, para que o sucesso e o equilíbrio da área

recuperada seja alcançado e conservado, dependerá, em grandeparte, da maneira como o solo será utilizado e manejado.Práticas conservacionistas e manejo terão grande influênciasobre processos erosivos que influenciarão na produtividadedessas áreas. Por esse motivo, para uma exploração racional, aárea recuperada deverá ser utilizada de acordo com a suacapacidade de uso. Na ocorrência de excessos, que ultrapassemo limite de sua capacidade de suporte, haverá riscos dedeterioração.

Observando-se a História, particularmente a mais recente,aprende-se que apesar de ter havido crescimento econômico eum considerável avanço da ciência, em função das diversascondições de desequilíbrio que interferiram significativamentesobre as condições ambientais, na maioria das vezes situaçõescriadas pelo próprio progresso, não houve uma melhoriaeqüitativa na qualidade de vida que o justifique. Ao mesmotempo, diante do contínuo crescimento populacional, exigindo um

aumento proporcional na demanda por alimentos e na geração deempregos e renda, é necessário que sejam tomadas medidasimediatas para alteração dos modelos de produção e dedesenvolvimento.

É sabido que a pobreza e a miséria impostas a milhões dehabitantes de nosso planeta, que os conduzem a um nível devida incompatível com a dignidade humana, gera degradação.Mesmo tendo havido significativos avanços em recuperação

ambiental, é necessário poupar os recursos naturaisimprescindíveis ao desenvolvimento sócio-econômico, visandouma concreta melhoria na qualidade de vida atual e que criecondições de sustentabilidade para as futuras gerações. Esse é ogrande desafio para que ocorra uma nova ordem ambiental, emtodo o mundo: mais justa, saudável e equilibrada.

São fundamentais a adoção de sistemas de gestão ambientalpelas empresas e a educação ambiental da população. Deverãoocorrer com a incorporação de novos valores onde a ética e amoral sejam componentes integrantes desse novo modelo. Dessa

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forma, poder-se-ão evitar novos casos de degradação e mantidasas áreas recuperadas. Para isso, faz-se necessário o acesso àinformação e a criação de uma visão compartilhada com asociedade. Somente dessa forma, dentro de uma nova

consciência ambiental e sustentado por condições que permitamuma maior eqüidade social, os procedimentos de recuperaçãoambiental serão efetivamente duradouros, tornando-se possível odesenvolvimento sustentável.

Desenvolvimento SustentávelObjetivos 

O objetivo principal deste capítulo é identificar a importância da

recuperação e gestão ambiental no contexto de desenvolvimentosustentável. Para isso, é necessário que sejam conhecidas asquestões ambientais atuais, para que possam ser traçadas asdiretrizes necessárias que possibilitem o fim dos processos quegeram degradação, com vistas à sustentabilidade. Objetivatambém:

Identificar as relações sistêmicas existentes nos sistemas físico e social;Caracterizar as políticas públicas do passado e as atuais;Conhecer procedimentos para a geração de tecnologias apropriadas;Identificar a postura das empresas nesse processo e o seu potencial departicipação;Demonstrar a importância da implantação do Sistema de Gestão Ambiental e do Licenciamento Ambiental como aliados à promoção dodesenvolvimento sustentável.

Introdução 

 A evolução natural das condições ambientais por um períodoprolongado de tempo, proporcionou a evolução natural dasespécies, permitindo o surgimento dos seres humanos. Nessemesmo período, houve um grande número de espécies extintaspelo fato do ambiente ter-se modificado para condições adversasa estas. Por esse motivo, ao recriar-se um novo ambiente, podeser gerado, paralelamente, uma série de efeitos colaterais, quepoderão facilitar, dificultar ou mesmo impedir o desenvolvimento

e a qualidade de vida da humanidade, à medida que alteram osecossistemas (BELLIA, 1996).

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 Afirmar que a idéia de objetivar o desenvolvimento sustentávelrevela, inicialmente, a crescente insatisfação com a situaçãocriada e imposta pelos modelos vigentes de desenvolvimento ede produção das atividades antrópicas. Resulta de emergentes

pressões sociais pelo estabelecimento de uma maior eqüidadesocial. Na elaboração da Agenda 21 Brasileira, foi consideradafundamental que se promova à substituição progressiva dossistemas agropecuários e florestais simplificados, como asmonoculturas, por sistemas diversificados que integrem aprodução animal e vegetal. Exigem a combinação dosconhecimentos agronômicos e florestais clássicos com oconhecimento “sistêmico”, ou seja, que permitam integrar osdiversos componentes de um agroecossistema.

Dessa forma, a proposta da Agenda 21 é bem mais complexa doponto de vista metodológico, demandando disponibilidade,aptidão e cooperação dos ensinamentos específicos, assumindoperspectivas interdisciplinares. Esse tipo de conhecimentodepende, em grande parte, da adoção de políticas públicas quepromovam avanços nessa direção, atentando para o fato de quetão importante quanto gerar novos conhecimentos e tecnologiasapropriadas, é fazê-los chegar ao seu destino.

Ultimamente, organismos internacionais, como o BIRD e o BID,têm advertido que ações de desenvolvimento que utilizammétodos participativos têm resultados superiores às que sebaseiam em estruturas hierárquicas. Nessas circunstâncias, oEstado deve ser o coordenador da formação de uma abordagemsistêmica que integre organismos públicos envolvidos nessessistemas produtivos, de ensino e de pesquisa, ONGs, empresasprivadas e sociedades civil organizadas, por meio da formação de

uma visão compartilhada, detectando e preparando lideranças daqual resulte seu pacto de desenvolvimento sustentável. A suaformação deve começar pela união dos diversos atoresenvolvidos, incluindo pesquisadores e extensionistas, que devemconhecer bem essas comunidades e, preferencialmente, tendocomo coordenador uma “organização social” criada exatamentepara transformar essa estratégia em projetos e definir os meiospara sua implementação. A extensão e a pesquisa têm estadovoltadas para esta dupla preocupação: intensificação do uso do

solo nas terras já ocupadas e o desenvolvimento de fontes de

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geração de renda em sistemas baseados na conservação dosrecursos naturais (ENA, 2003).

Percebe-se, que as propriedades rurais e as diversas

comunidades, não estão aproveitando efetivamente os seusrecursos. Estes incluem seu potencial de transformação dosprodutos agropecuários, da matéria-prima florestal e agroflorestal,e da administração de seus resíduos gerados durante osprocessos produtivos, urbanos e rurais, em produtos de maiorvalor agregado. Por esse motivo, faz-se necessário as seguintesmudanças nos modelos vigentes de produção: a) inicialmente, arecuperação ambiental fundamentada em princípios éticos, ouseja, onde exista a real preocupação com o meio ambiente,

dentro das propostas do desenvolvimento sustentável; b) aelaboração de tecnologias apropriadas que poupem e conservemos recursos naturais; c) maior rigor na concessão dolicenciamento ambiental, condicionando-o à adoção de sistemasde gestão ambiental; d) efetividade no monitoramento e nafiscalização pelos órgãos responsáveis, com a participação detoda a sociedade, politizada e ambientalmente educada; e e)políticas públicas voltadas nessa direção e com a necessáriadeterminação exigida nesse momento. Dessa forma, poderá

haver uma melhor distribuição dos benefícios dodesenvolvimento, reduzindo os casos de pobreza extrema e deiniqüidade sócio-econômica, característicos da sociedadebrasileira.

Conceitos 

Ø Visão econômica/antropocêntrica 

Define-se o desenvolvimento “como as modificações da biosferae a aplicação dos recursos humanos, financeiros, vivos einanimados, que visam a satisfação das necessidades humanase a melhoria da qualidade de vida do homem” (MACEDO et al.,2000).

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Ø Visão ecológica/ecocêntrica 

Em 1987, a Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento, criada pela ONU em 1983, onze anos depoisda Conferência de Estocolmo, publicaram um relatório intitulado“Nosso Futuro Comum”, sendo iniciado um processo de debatesobre as questões ambientais e o desenvolvimento, aonde,apesar do homem ser o centro das preocupações, começou apreocupação com as gerações futuras e da consciência que asua qualidade de vida é dependente da qualidade do meioambiente (BRUNTLAND, 1987). Esse relatório contém a definiçãoa respeito de desenvolvimento sustentável mais divulgada e

reconhecida mundialmente: “é o conjunto de ações que geramprocessos de transformações na exploração dos recursosnaturais, na direção dos investimentos e na orientação dodesenvolvimento tecnológico com vistas a garantir a expectativae o potencial de vida presente e das gerações futuras”.  

Análise conceitual: divergências e propostas alternativas 

Na visão econômica/antropocêntrica, desenvolvimento significa amanutenção ou a melhoria dos padrões de vida humana. Sob aótica ecológica/ecocêntrica, significa a manutenção das funçõesdos sistemas ecológicos. Por esse motivo, TOMAN (1992)comenta que tal discordância prejudica a definição de respostasadequadas para conduzir ações concretas e atingir odesenvolvimento sustentável. Realmente, alcançar uma relaçãode harmonização entre objetivos considerados, a princípio tão

opostos, como aqueles relacionados à conservação ambiental e àpromoção do desenvolvimento sócio-econômico, não é tarefafácil. Para GODARD (1997), a gestão dos recursos deve estarimbuída de uma visão estratégica do desenvolvimento em longoprazo, que lhe confere um sentido para além dos usos cotidianos.

Com a introdução da visão ecológica/ecocêntrica ao conceito dedesenvolvimento, deverá ocorrer a inclusão de princípios éticos, apartir do momento em que passa a existir preocupação para comas futuras gerações; contudo, sem despreocupar-se com asexigências de satisfação da atual. Foi reconhecida a

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necessidade: a) fundamental de prioridade aos pobres; b) deimpor limites à tecnologia evitando riscos aos sistemas naturais eao esgotamento de seus recursos; c) recuperar as áreasdegradadas; e d) de estimular a reciclagem, entre outros,

demonstrando a preocupação com o excessivo crescimento dapopulação e as suas conseqüências imprevisíveis.Principalmente, nos países em desenvolvimento, aonde aconsciência da necessidade de conservação dos recursos émenor, em face da obrigatoriedade de seu uso, posto que, emalgumas regiões, são estes recursos que garantem a sua própriasobrevivência. A partir dessa nova visão ambiental percebe-se:para atingir a sustentabilidade existe a necessidade da melhoriada qualidade de vida de toda a humanidade.

Entre as diversas definições existentes sobre o desenvolvimentosustentável, que podem ser enfocadas sob diferentesabordagens, envolvendo desde a manutenção da produtividadebiológica até o desenvolvimento do bem-estar humano e acontinuidade da vida do Planeta:

“Produção Sustentável” - nessa abordagem, o conceito do “bom cultivo”,que tem implicações nos conceitos de “bom manejo”, mantém-se como abase para a utilização dos recursos naturais. Dessa forma, produçãosustentável refere-se ao uso do solo e à sustentabilidade da produçãonele desenvolvida, considerando a capacidade de cada geração demanter e repassar às futuras gerações um estoque de recursos naturaisnão menos produtivo ou utilizável do que aquele que herdou. Nesseestoque estariam englobados: florestas, terras para produção agrícola epara desenvolvimento urbano, áreas protegidas para abastecimento deágua, entre outros;“Sustentabilidade do bem-estar humano” e “vida sustentável” - nessasduas abordagens, o foco está sobre a manutenção e melhoria do bem-estar humano num sentido mais amplo, do que apenas garantir aconservação da base de recursos naturais, da qual o bem-estar é, emparte, dependente. Nesse contexto, “a sustentabilidade é umapreocupação global e tem-se tornado familiar para a maioria daspessoas, principalmente nos países desenvolvidos. É discutida nosentido de redução da degradação ambiental, considerada comoconseqüência imediata do crescimento econômico”. Para GODARD (1997), o futuro do meio ambiente deve serquestionado, sobretudo no domínio das modalidades de gestãodos seus recursos, tanto no caso dos mesmos estarem sendo

superexplorados, quanto no caso de sua exploração estaracarretando a degradação do meio ambiente, ou, enfim,

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“levando-se em conta o fato de os recursos estarem sendodescuidados, implicando assim o abandono das práticas deconservação do meio que resultavam de sua valorizaçãoeconômica; seja no contexto da economia doméstica, seja

naquele ligado à economia de mercado”. Para que essaharmonização tenha êxito, torna-se necessário, contudo, “que omeio ambiente não seja visto somente como uma fonte decoações e de custos suplementares imateriais e como umpotencial de recursos naturais a serem mobilizados visando odesenvolvimento econômico e social”. 

 Assim, a gestão dos recursos visando o desenvolvimentosustentável, implica na consideração de pelo menos dois níveis

(ibidem): 1) aquele onde comparece uma multiplicidade de atoresintervindo diretamente no processo de gestão (deve ser buscada junto àqueles que se encontram cotidianamente próximos dosmesmos); e 2) aquele relacionado aos mecanismos institucionaisque têm por objetivo/função integrar, coordenar, estimular econtrolar a gestão dos recursos sem se constituírem em atoresdiretos ou, pelo menos, em atores exclusivos do processo (nãodevem ser confundidos com as instituições habituais queenquadram a orientação e o planejamento do desenvolvimento, a

ação administrativa, ou o funcionamento econômico). Para aobtenção de tal resultado, é preciso que se reafirme a implicaçãoe a responsabilidade da sociedade civil relativamente aosrecursos e ao espaço.Para DIEGUES (1997), as estratégias alternativas dedesenvolvimento sustentável devem incluir como seuscomponentes essenciais: a) “o respeito pela dinâmica dossistemas naturais; b) o uso de tecnologias científicas capazes deincorporar a riqueza embutida nas formas tradicionais de

conhecimento dos ecossistemas; e c) a preocupação pelaeqüidade social e pela viabilidade econômica das ações dedesenvolvimento”. 

Questões ambientais atuais 

 Apesar de toda a polêmica gerada, recentemente, as questões

ambientais têm conquistado adeptos em todo o mundo. Osmovimentos ecológicos, por exemplo, apesar de algumas

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contradições e diversidade de opiniões, chamam atenção àquestão do desenvolvimento sustentável.

PEARCE e TURNER (1989), considerando a importância dos

aspectos ecológicos e, também, do econômico, advertem:benefícios imediatos, geralmente, não são consistentes com obem-estar de longo prazo, ou mesmo, com a própriasobrevivência humana. Dessa forma, afirmam que algunsobjetivos sociais, tal como os ganhos de bem-estar, cujaspolíticas de suporte exigem pré-condições ecológicas nãoconsistentes para a manutenção da qualidade de vida, devem serquestionadas para que não haja prejuízo para as geraçõesfuturas.

Na verdade, a desarticulação entre as ações e estratégias degestão ambiental e territorial, pode ser explicada em grandeparte, pela incapacidade do Estado brasileiro implementarpolíticas de transformação dos comportamentos individual ecoletivo. O novo modelo de gestão dos recursos hídricos noBrasil, por exemplo, tenta romper essa antiga regra (CUNHA eCOELHO, 2003).

Diretrizes necessárias 

Na prática, é preciso que ocorra uma mudança em todo o campoorganizacional (meio em que ocorre a evolução das práticasambientais dentro do contexto social, político e econômico, taiscomo ONGs, grupos de base e comunitários com mínimaorganização formal) e nas práticas educacionais que visem

transformações sólidas e duradouras. Para isso, entre outros, faz-se necessário: a) uma melhor distribuição de renda, visando asuperação da pobreza e das desigualdades que dela emerge; eb) a participação e controle social do desenvolvimento, que exigeo surgimento de lideranças locais, nacionais e mundiais,determinadas e confiáveis. Devem ter a iniciativa de proporposicionamentos mais coerentes com esse apelo por mudanças,necessitando, portanto, de uma visão estratégica dodesenvolvimento em longo prazo, que implicam no projeto de

uma gestão mais integrada dos recursos naturais e do meioambiente (GODARD, 1997; HOFFMAN, 1997).

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 A tomada de consciência para a participação humana naevolução sustentável do Planeta, deve estar baseada naevolução moral da sociedade. Deve-se levar em consideração ascaracterísticas dessa sociedade e a sua cultura, que é o produto

de seu modo dominante de pensamento.PURSER (1997) afirma que o desenvolvimento sustentávelrequererá mudanças fundamentais na percepção cultural, como aconsciência de que o meio ambiente não está limitado aosecossistemas biofísicos, mas inclui uma rede de interações entrea consciência humana, os sistemas sociais e o meio natural,formando um centro integrado. Ou seja, fica caracterizada aimportância dessa visão holística do meio ambiente.

Para BUTTEL (1998), é necessário que haja uma práticasociorregulatória decorrentes de uma regulação ambiental dentrode uma nova visão de sustentabilidade.

Para CUNHA e COELHO (2003), é difícil visualizar todas asidéias que contribuíram para moldar a política ambiental brasileiradas últimas décadas. A opção foi priorizar alguns campos dedebate: a) considerando a relação com as políticas públicas queserão agora discutidas; e b) a relevância dessas idéias “naconstrução de uma percepção crítica da atuação do Estado naregulação do uso dos recursos naturais no Brasil”. O que podeser questionado é o papel do Estado na regulação docomportamento de indivíduos e grupos sociais com relação aouso da base de recursos naturais. As divergências entre essasabordagens, de acordo com essas mesmas autoras, podem serresumidas em dois aspectos principais:

a) A definição dos arranjos institucionais mais adequados à

regulação ambiental, com posições marcadas pela forteintervenção do Estado, pela auto-regulação dos usuários dosrecursos e pelas leis do mercado; e

b) O caráter das relações entre sociedade e meio ambiente, emque as divergências estão colocadas principalmente em termosde crença ou não na possibilidade de que sejam harmonizados ouso humano de recursos naturais e a conservação da natureza,agindo, portanto, de forma seletivamente intervencionista

(CUNHA e COELHO, 2003).

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Política Pública As leis ambientais e políticas públicas no Brasil, em função dapercepção surgida a partir da década de 70, quando adegradação aumentava de forma dramática, devido à maior

mobilizações sociais em torno das questões ambientais,passaram a ser tratadas pelo governo com o enfoque de assuntoestratégico. As manifestações e críticas nacionais einternacionais que exigiam uma definição na política ambiental,receberam especial atenção, particularmente durante aelaboração da Constituição de 1988, resultando em um capítulointeiramente dedicado à questões ambientais. Efetivamente,houve a elaboração e implementação de políticas públicas comcaráter marcadamente ambiental e com forte tendência

descentralizadora. Para GODARD (1997), as políticas públicas eas suas instituições, devem procurar organizar a cooperaçãoentre as diversas atividades produtivas de um determinado local,a fim de desenvolver sinergias possíveis na utilização dosrecursos e alcançar uma gestão global dos meios e dosequilíbrios naturais.

De acordo com CUNHA e COELHO (2003), é possível identificar,nitidamente, pelo menos três tipos de políticas ambientais: as

regulatórias, as estruturadoras e as indutoras de comportamento.Regulatórias - referem-se à “elaboração de legislação específica para estabelecer ou regulamentar normas e regras de uso e acesso aoambiente natural e a seus recursos, bem como à criação de aparatosinstitucionais que garantam o cumprimento da lei”. Como algunsexemplos mais recentes: criação, em 1973, da Secretaria Especial doMeio Ambiente (SEMA); Resolução sobre a obrigatoriedade do EIA/RIMA(1986); promulgação de leis dos crimes relativos aos agrotóxicos e àpoluição (1989); criação da Secretaria do Meio Ambiente (1990) e doMinistério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal (MMA) (1993);

Promulgação da Lei dos Crimes Ambientais (1998); criação da Agênciada Água (ANA) (2000) e do Sistema Nacional de Unidades deConservação (SNUC) (2000);Estruturadoras - tais políticas “implicam intervenção direta do poderpúblico ou de organismos não-governamentais na proteção ao meioambiente”. Como exemplos: formulação da Política Nacional do Meio Ambiente (1981); elaboração da Política Nacional do Meio Ambiente e doSistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras (1981); formulaçãoda Política Nacional do Meio Ambiente (1989); definição e criação de Áreas de Proteção Ambiental (APA) (criadas em 1981 e regulamentadas

em 1990); formulação da Política Nacional do Meio Ambiente e dosRecursos Hídricos (1999); e

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Indutoras - refere-se “a ações que objetivam influenciar o comportamentode indivíduos ou grupos sociais, normalmente identificadas com a noçãode desenvolvimento sustentável e são implementadas por meio de linhasespeciais de financiamento ou de políticas fiscais e tributárias”. Dessaforma, representam iniciativas destinadas a otimizar a alocação derecursos, inviabilizando práticas capazes de resultar em degradaçãoambiental. Como exemplos: implantação de certificação ambiental (seloverde) e das ISOs (International Organization for Standardization), ISO9000 e ISO 14000; construção da Agenda 21 Local/Regional (a partir de1992); promoção de ações de educação ambiental, incentivos aosprocessos de gestão ambiental para a reversão de práticasagropecuárias (década de 1990).Recentemente, essas políticas têm promovido transformaçõesem todos os segmentos da sociedade. Esta tem adotado uma

postura diferenciada, exigindo das empresas maiores cuidadoscom o meio ambiente durante os processos de produção ecomercialização, além de cobrar, do poder público, maior atuaçãonas suas fiscalização e monitoramento. Porém, deve-se estarconsciente, que o modelo estatal ou tecnocrata de regulação,quando não é acompanhado de políticas estruturadoras eindutoras, frente à carência de pessoal, fundos e equipamentosnecessários para a execução dessas atividades, de fiscalização emonitoramento das regras de uso e acesso aos recursos

naturais, estabelecidos por leis e decretos, particularmente nospaíses em desenvolvimento, por não possuírem bancos de dadoscom informações disponíveis às instituições públicas, além doseu elevado custo, impossibilitam o Estado de atuar de formaeficiente. Como alternativa, têm sido estimuladas estratégias demanejo participativo com a incorporação de iniciativas locais deregulação à estrutura formal do manejo dos recursos naturais,sendo reconhecidas pelo Estado como legítimas dando-lhesapoio e tendo como resultado dos esforços locais uma parceria

no monitoramento (McGRATH, 2003).

CUNHA e COELHO (2003), explicitam que até meados dadécada de 1980, cabia ao Estado ditar, de forma centralizada, apolítica ambiental a ser seguida no Brasil. Somente a partir dessaépoca, o processo de formulação e implementação da políticaambiental no país “passou a ser, cada vez mais, produ to dainteração entre idéias, valores e estratégias de ação de atoressociais diversos, num campo marcado por contradições, alianças

e conflitos que emergem da multiplicidade de interessesenvolvidos com o problema da proteção do meio ambiente”. Ou

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seja, está havendo, nessa fase de transição, transformações dasestruturas sociais, de seus símbolos e de seus paradigmas. Afirmam, entretanto, que “a esfera estatal continua sendo ainstância em que se negociam decisões em que conceitos são

instrumentalizados em políticas públicas para o setor”. Comentamainda, que apesar dos avanços verificados “nas decisões e açõesambientais participativas, encabeçadas e patrocinadas pelo poderpúblico, o Estado continua a formular e implementar políticasantagônicas. Dita tanto normas e regras de proteção ambientalquanto estabelece leis contraditórias de incentivos fiscais ecreditícios ou de criação de reservas legais no interior daspropriedades (rurais), que acabam por contribuir para acelerar osprocessos de exploração florestal e de devastação dos demais

recursos naturais”. 

Esse fato é evidenciado na prática, posto que as políticaspúblicas brasileiras voltadas para a proteção e conservaçãoambiental, ainda são insuficientes e ineficientes, por exemplo,com relação à biodiversidade: foi o caso da Mata Atlântica nopassado e tem sido a história atual da Floresta Amazônica. Deacordo com DIEGUES (1997), a ocupação da região amazônicademonstra essa realidade, onde o próprio Estado criou políticas e

mecanismos de incentivos fiscais que acabaram contribuindopara o agravamento dos processos de degradação ambiental.

TERBORGH (1999) avaliando questões relativas à conservaçãoda natureza identificou como os maiores desafios os problemasrelacionados aos aspectos sociais, tais como: a) superpopulação;b) desigualdades de poder e riqueza; c) exaustão dos recursosnaturais; d) corrupção e falta de leis; e) pobreza; e f)intranqüilidade social. Assim, as pressões exercidas pela busca

de desenvolvimento econômico e pelo crescimento populacional,nos trópicos, seriam a principal causa da destruição da natureza.Quando analisa as áreas preservadas e parques sob a ótica daspopulações locais, na maioria dos casos, são vistos comoimposições do governo infringindo as formas tradicionais de usoda terra. Apesar desse pensamento, esse mesmo autorrecomenda delimitações destas áreas com a manutenção de umforte aparato policial para resguardá-las, enquanto não forpromovida uma efetiva educação ambiental nas comunidades.

De acordo com o RELATÓRIO...(1991), a educação ambiental éfundamental nesse processo de transformação no qual a

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sociedade está vivenciando: inclusive, consta na Constituiçãocomo “incumbência do setor público, juntamente com a promoçãoda conscientização social para a defesa do meio ambiente”.Existem Leis federais, decretos, constituições estaduais, leis

municipais, normas e portarias que abrigam dispositivos quedeterminam, em escalas variadas, a obrigatoriedade de educaçãoambiental. Porém, de acordo com esse relatório, a efetividade detais dispositivos esbarra nos problemas estruturais e carência daeducação formal do país e, a sua lentidão inicial, pode seratribuída à falta de qualificação do corpo docente. Em 1985,houve a determinação do Conselho Federal de Educação, que otema ecologia não deveria se organizar como disciplinaespecífica, justificado pela sobrecarga de disciplinas nos

currículos escolares e o caráter multidisciplinar da matéria.Mesmo tendo havido a capacitação de docentes na maioria dosestados brasileiros, esse relatório afirma que os resultadosobtidos na área de educação ambiental pela iniciativa pública,deve-se mais às ações do Sistema Nacional de Meio Ambientedo que ao engajamento do aparato oficial do setor educacional.

O conceito de bacia hidrográfica aplicada ao gerenciamento derecursos hídricos, “estende as barreiras políticas tradicionais

(municípios, estados, países) para uma unidade física degerenciamento e planejamento e desenvolvimento econômico esocial” (SCHIAVETTI e CAMARGO, 2002). “A f alta de visãosistêmica na gestão de recursos hídricos e a incapacidade deincorporar/adaptar o projeto a processos econômicos e sociaisatrasam o planejamento e interferem em políticas públicascompetentes e saudáveis” (BISWAS, 1983). Para TUNDISI(2002), o gerenciamento adequado da bacia hidrográfica éfundamental, exigindo que ocorra a integração entre o setor

privado e usuários, universidade e setor público.

 Atualmente, o setor ambiental é um dos mais influenciados pelaatuação das ONGs: a) por ações de financiamento de projetos; b)do exercício de pressão sobre o Estado; ou c) em realização depesquisas que influenciam a elaboração de políticas. Para HALL(1997), a gestão dos recursos naturais tem sido diretamenteinfluenciada durante as negociações com representantes dasONGs e, inclusive, estas têm assumido funções que eram

exclusividade dos órgãos públicos: a) por meio de oferta deserviços públicos; ou b) na fiscalização do cumprimento de

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acordos e regulações ambientais. Dessa forma, de acordo comGOHN (1997), pode-se afirmar que a ação das ONGs promoveua criação de uma nova esfera de atuação: a pública não-estatal.

Estudo de caso: A política agrícola atual, a pesquisae o meio ambienteO conceito legal de meio ambiente, introduzido no ordenamento jurídico brasileiro pala Lei federal n. 6.938/81, que dispõe sobre aPolítica Nacional do Meio Ambiente, conferindo-lhe a devidaamplitude em seu art. 3º, inciso I:

 Art. 3º Para fins previstos nesta lei, entende-se por:

I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências einterações de ordem física, química e biológica que permite,abriga e rege a vida em todas as suas formas.

Nos termos do artigo 174 da Constituição Federal, o Estado,como regulador da atividade econômica, deverá estabelecer porlei as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimentonacional equilibrado, incorporando planos nacionais e regionais.

Nessa obrigação constitucional está a instituição da política

agrícola, a qual deverá ser planejada e executada na forma dalei, com participação efetiva do setor de produção, envolvendotrabalhadores rurais, setores de comercialização,armazenamento e de transportes (artigo 187 da Carta Magna).

 A política agrícola foi instituída pela Lei 8.171, de 17 de janeiro de1991, que fixou os seus fundamentos, definiu objetivos ecompetências institucionais, previu recursos e estabeleceu suasações e instrumentos, relativamente às atividades agropecuárias,

agroindustriais e de planejamento das atividades pesqueiras eflorestais (artigo 1º). Em vários de seus dispositivos, encontra-sealusão à proteção do meio ambiente, começando pelo artigo 2º, oqual dispõe que a política agrícola se fundamenta em váriospressupostos, entre eles, o da observância da função social dapropriedade. Ou seja, nos termos do artigo 186 da ConstituiçãoFederal, esta é cumprida quando a propriedade rural atende àutilização adequada dos recursos disponíveis e à conservação doambiente.

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Dentre os objetivos da política agrícola, a Lei 8.171/91 estipula aproteção do ambiente para garantir seu uso racional e estimular arecuperação dos recursos naturais (artigo 3º, IV). Determina quesuas ações e instrumentos devem se referir à proteção do meio

ambiente, conservação e recuperação dos recursos naturais(artigo 4º, IV). Também, a pesquisa agrícola deve respeitar apreservação da saúde e do ambiente (artigo 12º, IV).

É interessante observar que a citada lei tem um capítulo inteirodedicado à proteção do meio ambiente e à conservação dosrecursos naturais (Capítulo VI), onde determina ao Poder Público:"Integrar o governo em todos os seus níveis com as comunidadesna preservação do meio ambiente e conservação dos recursos

naturais; realizar os zoneamentos agroecológicos; recuperaráreas em processo de desertificação; desenvolver a educaçãoambiental; fomentar a produção de sementes e mudas deespécies nativas e conservar as nascentes por meio deprogramas (artigo 19º)". Deverá, ainda, o Poder Público protegeras bacias hidrográficas (artigo 20º), bem como prestar serviços eaplicar recursos em atividades agrícolas por meio de manejoracional dos recursos naturais (artigo 22º).

Determina, também, a proteção do meio ambiente e dos recursosnaturais com programas plurianuais e planos operativos anuaisorganizados e mantidos pelo Poder Público (artigo 26º). Obrigaao proprietário rural recompor a reserva florestal legal, prevista naLei 4.771/65, isentando-o do pagamento do Imposto TerritorialRural (artigo 99º e artigo 104º); assunto polêmico que está sendodiscutido e revisto atualmente. Também os artigos 27º a 29º daLei 8.171/91, acrescentados pela Lei 9.712, de 20 de novembrode 1998, referentes à defesa agropecuária mostram a

preocupação com o meio ambiente, o mesmo ocorrendo com aPortaria n. 505, de 16 de outubro de 1998, do Ministério da Agricultura, que disciplina o sistema de produção agropecuária eindustrial.

Considerando o teor da legislação específica citada, a políticaagrícola em termos gerais, com seus programas, projetos,reformas e agendas, deve atender às exigências e necessidadesdo desenvolvimento econômico do setor agropecuário e florestal,

ao mesmo tempo em que deve pautar sua atuação pelapreservação dos recursos naturais e do ambiente como um todo,

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sob pena de se tornar inviável em pouco tempo à sobrevivênciahumana. Dentro dessa nova visão, amparada pela Constituiçãobrasileira, o compromisso e as responsabilidades dos produtorese pesquisadores com a degradação ambiental aumentam,

tornando-se efetivamente uma obrigação; ou seja, contempla afilosofia de desenvolvimento sustentável. Porém, na prática,esses preceitos não vêm funcionando na intensidade necessáriae na velocidade prevista, perpetuandose os casos dedegradação, produzindo êxodo rural e caos urbano.

Visão e postura do setor produtivo 

De acordo com o RELATÓRIO...(1991), a relação do setorprivado com a proteção ambiental, fundamental para odesenvolvimento sustentável, deve ser entendida “como parte doprocesso político-institucional histórico do país, em especial dopapel que o Estado desempenhou na mediação entre as forçassociais e na garantia dos direitos democráticos”. Segundo este“documento”, tais características, aliadas ao perfil da distribuiçãode renda, explicam como, em geral, “o eixo de decisões nasociedade pende excessivamente para o mesmo lado daconcentração de renda, penalizando o exercício de direitosbásicos de cidadania, entre os quais o da qualidade de vida”.Posto assim, o poder econômico, em nome do desenvolvimento,sucessivamente, promoveu agressões ao meio ambiente,desconsiderando a existência das leis. Atualmente, em face daspressões exercidas pela sociedade aliadas ao aperfeiçoamentodos mecanismos jurídicos e institucionais de defesa dos direitos

sociais, que não mais admite tal postura de desenvolvimento semcondicionamentos ambientais, inclusive com a participação dosetor ambiental nos órgãos de planejamento e fiscalização, existeuma nova visão - em formação, fornecendo indicadores de que “arelação setor produtivo/proteção ambiental passa por umatransição de perspectivas”. 

Porém, é necessário que a gestão ambiental seja inserida noplanejamento e na operação industrial, da mesma maneira queas relações com a comunidade, ou seja, é preciso que ocorrammudanças no campo organizacional. HOFFMAN (1997)

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define campo organizacional “como um sistema aberto deinteração entre os atores sociais interessados nas atividadesempresariais realizadas dentro de uma determinadacomunidade”. Dessa forma, dada uma cultura, as empresas

agem dentro de variados campos, comportando-se sob diferentesníveis de atenção, cuidados e postura. Para BELLIA (1996), sãoas diferentes formas de relacionar-se economicamente com oambiente, que caracterizam a transformação dos elementos danatureza em recursos naturais. Na sua visão, é o somatório dasmodificações (solos agrícolas levados pela erosão, contaminaçãode águas, de solos, do ar, etc.), que podem levar comunidadesou mesmo países ao rápido empobrecimento e, ou, à eliminaçãode oportunidades de enriquecimento. Por outro lado, o somatório

de ações conservacionistas locais e regionais podem ter efeitoplanetário.Na visão de SANCHES (1997), as empresas respondem àsquestões ambientais de forma diferenciada, que dependerá dotipo de negócio envolvidos e dos possíveis problemas ambientaispotenciais decorrentes da atividade, das pressões sociais, dotamanho da organização e da complexidade da estruturacorporativa. Embora tenha havido uma significativa mudança decomportamento por parte das empresas, para essa mesma

autora existem diferentesposturas adotas  pelas empresas, comrelação às questões ambientais:Postura de não-conformidade - a empresa não atenderia nem mesmo asexigências determinadas pelas leis ambientais;Postura reativa - a empresa procura se adaptar à regulamentação ouexigência de mercado, porém o meio ambiente é ainda consideradocomo um fator externo ao sistema produtivo;Postura em transição - a empresa busca proporcionar a integração dadimensão ambiental na estrutura organizacional sem, contudo, atendertodas as pressões econômicas e sociais; ePostura pró-ativa - a empresa tem por meta alcançar a excelênciaambiental em todos os processos administrativos, considerando aresponsabilidade ambiental e o desenvolvimento sustentável.Segundo CONTADINI (1997), a conquista dessa excelênciaambiental pretendida por uma determinada empresa percorre,principalmente, três caminhos: a) a melhoria da imageminstitucional; b) a melhoria do desempenho ambiental; e c) oaproveitamento das oportunidades de negócios.

Para HOFFMAN (1997) e NARDELLI (2001), entender omomento atual do ambientalismo empresarial, ainda contraditório,

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é necessário uma abordagem sistêmica do contextoorganizacional, vislumbrando outros aspectos além daquelesmecanismos políticos e legais relacionados aos problemasambientais. Afirmam, que em alguns casos, a atenção

empresarial ao meio ambiente segue mais a oscilação da opiniãopública relativas às questões ambientais, que as restrições legaise os custos. Dessa forma, fica caracterizado o ambientalismocorporativo, ou seja, mudanças nos sistemas de valoresalternadas ou duplamente vivenciadas por condições objetivas,como degradação e riscos ambientais. Visto dessa maneira, ogerenciamento assim definido e praticado pelas empresas comrelação às questões ambientais, refletem exatamente opensamento da sociedade e as suas cobranças com relação às

empresas para resolvê-las. Porém, para HOFFMAN (1997),visões opostas de sustentabilidade refletindo diferentessuposições culturais, estão sendo desenvolvidas em diferentesesferas. Para ele, a abordagem empresarial é central no campoorganizacional, dominando atualmente a formação de conceitos.Com as novas visões alternativas que estão sendo formadas,podem resultar conflitos institucionais a partir desses conceitosdivergentes de desenvolvimento sustentável. Dependendo dapressão desses grupos de interesse, haverá a imposição de uma

nova visão, reestruturando o campo organizacional e permitindo osurgimento de novas instituições, a partir daquelas já existentes.Dessa forma, com a mudança institucional decorrente doestabelecimento dessa nova visão de sustentabilidade, elapassará a ser evolucionária, desde que os novos arranjos dentrodo campo organizacional forem obtidos a partir de compromissosnegociados e do consenso entre as diversas partes interessadas,respeitando os conflitos culturais entre os grupos querepresentam os interesses sociais, econômicos e ambientais. Osconflitos deverão ser negociados para que a convergência socialseja alcançada.

 Assim, com a atitude consciente da necessidade de conservaçãodo meio ambiente, que seria a base para a auto-regulação, nãovendo a obrigação de cumprimento às leis ambientais apenascomo um custo adicional para a empresa, provavelmente, osbenefícios ambientais tornar-se-ão benefícios econômicos, emmuitos casos, bastante atraentes. Inclusive, por meio dessa

postura, seriam capazes de criar instituições estáveis destinadas

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a evitar a degradação ambiental dos recursos de base comum,alterando as previsões da tragédia dos comuns, evitando anecessidade de intervenção tão marcante do Estado (OSTROM,1990). Entretanto, para Kapp (1976) apud GODARD (1997), “não

se deve subestimar o conjunto das determinações que pesamsobre o comportamento dos atores públicos e privados, e a lógicaprópria a uma economia de mercado, que implica o exercício deuma pressão permanente no sentido da externalização de custose da internalização de lucros”. 

Os aspectos sociais - liderança, visão compartilhada e ética 

Para MASER (1999), formar lideranças é fundamental para aobtenção do desenvolvimento sustentável. A tarefa do líderdeverá ser desenvolver a sua capacidade de melhoria etransformações, ajudando os membros componentes de umadeterminada comunidade a expandir a noção dos própriosinteresses individuais direcionando-os para a comunidade, dandoorigem a uma visão compartilhada. Esta, sob a sua ótica, deve terorigem local e não imposta por visões exteriores àquelacomunidade, posto que as peculiaridades das situações, somentesão encontradas nesse nível. Os efeitos da visão individual dasatividades locais, quando tomados coletivamente, produzirãoefeitos em nível global. Porém, adverte: os seus benefícios sópoderão ser concretizados quando as lideranças mundiais e assuas respectivas nações fizerem as suas partes em manteremlimpos ar, água e solo. Para isso, é necessária a adoção de

políticas públicas que promovam o desenvolvimento econômicoassociado à proteção ambiental. Essa postura também édefendida por OSTROM (1990), afirmando que quando osindivíduos tendem a agir racionalmente na busca de garantir seusmelhores interesses, a sua ação individual pode prejudicar osinteresses da coletividade. Adverte, que devem ser criadasinstituições locais, que possuam representatividade, com afinalidade de regular o comportamento dos indivíduos e reduzir asincertezas, por exemplo, com relação aos bens de livre acesso ou

de propriedade comum.

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De acordo com REIGOTA (1997), o caráter social que representaessa liderança transparece na função específica que elasdesempenham na comunidade, como a de contribuir para osprocessos de formação de condutas e de orientação das

comunicações sociais. Dessa forma, as representações sociaisequivalem a um conjunto de princípios construídosinterativamente e compartilhados por diferentes grupos, que, pormeio delas, compreendem e transformam a realidade.

Porém, fica evidente, atualmente, que além dessasconsiderações, impõe-se a necessidade de uma melhordistribuição de rendas, em face do reconhecimento da relaçãoentre degradação ambiental e pauperização, posto que vivendo

no limite da subsistência não é possível preocupar-se com amanutenção e conservação racional dos recursos. De acordocom CERNEA (1993), os aspectos sociais exercem importânciacrucial para a sustentabilidade, sendo necessário oreconhecimento dos atores sociais e de suas instituições para odesenvolvimento sustentável. Para esse mesmo autor, maioresníveis de organização social conduzem ao maior bem-estar epodem assegurar uma melhor gestão ambiental.

Condições éticas 

 Atualmente, em face às preocupações quanto à sobrevivência dohomem no planeta e, inclusive, do próprio planeta, as atençõesvoltam-se para as relações homem-natureza e ciência-tecnologia-técnica. Sugere-se seguir caminhos harmoniosos que sãoeconomicamente eficazes, socialmente equilibradas e

ecologicamente prudentes, ou seja, condições básicas relativas aprincípios éticos (BRÜSEKE, 1998).

Para o PNUMA, apud  RELATÓRIO... (1991), as duas causasbásicas da crise ambiental são a pobreza e o mau uso da riqueza:os pobres são compelidos a destruir, no curto prazo,precisamente os recursos nos quais se baseiam as suasperspectivas de subsistência em longo prazo, enquanto a minoriarica provoca demandas à base de recursos que em última

instância são insustentáveis, transferindo os custos uma vez maisaos pobres.

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Perspectivas para o desenvolvimento sustentável 

De acordo com o RELATÓRIO... (1991), a tão discutida retomadado crescimento não é suficiente para a solução dos diversosproblemas e a solução para o desenvolvimento sustentável. Énecessário que haja, paralelamente à transformação da estruturaprodutiva que garanta a recuperação do dinamismo econômico epolíticas que promovam uma maior eqüidade social. Os critériosde eficiência econômica orientada apenas pelas forças demercado não são suficientes para reduzirem as desigualdadessociais e regionais, típicas no Brasil, e ao uso racional dos

recursos naturais, ou seja, de acordo com a sua aptidão. Dessaforma, o uso intensivo dos fatores de produção induziria areprodução do modelo inicial que lhe proporcionou sustentação.Então, é necessário que as políticas sociais trouxessempropostas além da redução da pobreza, como a reforma dasorganizações e dos programas da área social voltado no longoprazo. Assim, afirma o RELATÓRIO...(1991), o maior desafiopermanece sendo no setor político-institucional, aonde devem serconstruídas novas alianças entre todos os grupos sociais e

reformas das instituições públicas que visem obter a base desustentação e consenso para as mudanças propostas.

Entretanto, para NARDELLI (2001), a fase atual difere de outraspelo fim do antagonismo entre desenvolvimento e meio ambiente.O setor empresarial, por exigências de mercado e por essaemergente consciência ambiental, passou a considerar a variávelambiental como uma variável de mercado, atuando, então, comoum diferencial que favorecesse o aumento da sua

competitividade e, não simplesmente, como um custo adicionalou uma exigência legal. Para esta mesma autora, foi essa novarealidade que impulsionou todos os esforços para queefetivamente ocorresse uma mudança no campo organizacionale, a adesão aos sistemas voluntários de certificação, que o setorflorestal adotou recentemente, como forma de que funcione comoum instrumento para conferir credibilidade e garantia aosdiferentes membros do campo organizacional, é uma dessasconfirmações. Porém, afirma que ainda existem conflitos culturais

entre os grupos que representam os interesses sócio-econômicose ambientais.

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Dentro desse contexto, para GRIFFITH (1992), particularmente apartir de 1990, as organizações atuam sob novas demandasinstitucionais, incluindo em seus negócios princípios éticos e umamaior responsabilidade social. Pode ser observado no cenário

mundial processo de democratização, descentralização eliberalização econômica que permite à sociedade questionar ecriticar projetos e modelos de desenvolvimento econômico quenão contenham na sua essência medidas de proteção ambiental.

Dessa forma, as organizações preocupadas com o seu sucesso,que dentro dessa nova visão, depende da avaliação de suasatitudes tanto internas quanto externas, vêm buscando seadaptarem ao meio na qual estão inseridas, visando moldar os

seus processos produtivos àquela realidade que seja favorável ascomunidades e ao meio ambiente. Provavelmente, talprocedimento garantirá o mercado e a perpetuidade dessasorganizações. Porém, como a transformação ambiental não éexclusivamente estrutural, envolvendo a necessidade profundade comportamentos, será então a cultura organizacional que irádeterminar os fundamentos, a profundidade e a permanênciadesses novos comportamentos (NARDELLI, 2001).

Para HOFFMAN (1997), o comportamento interno da organizaçãocom relação as questões ambientais refletem diretamente, emgrande parte, as exigências exteriores, que são particulares paracada cultura e estrutura social. Comenta ainda, que a verdadeiramedida do grau no qual o ambientalismo está integrado em umaempresa, está mais nas mudanças em suas estrutura e estratégiaorganizacionais do que no seu desenvolvimento tecnológico.Portanto, “isso representa os fundamentos de como a empresaatua e revela a profundidade e a permanência de qualquer

mudança para guiar futuras estratégias”. 

Procedimentos necessários para atingir o desenvolvimentosustentável 

Na visão do RELATÓRIO...(1991) são os seguintes principaisprocedimentos necessários para atingir o desenvolvimentosustentável:

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Formação de recursos humanos - desta, deverão resultar auniversalização do acesso à educação básica e à conscientização dapopulação com respeito aos problemas ambientais;Política pública - deverá ter como prioridade a área social voltada para osrecursos humanos, sendo necessário ampliar e intensificar a formaçãode educadores e profissionais dos mais diversos ramos da ciência;Organização e administração dos processos de trabalho nos diversossetores - deverá contar com a participação dos produtores em decisõesque afetem seus destinos;Descentralização sistemática do aparelho decisório;Desenvolver políticas específicas em função das peculiaridades regionaise a promoção prioritária de atividades geradoras de empregos, capazesde assimilar e incorporar tecnologias que maximizem o aproveitamentode recursos energéticos locais e desenvolvam novos produtos orientadospara os mercados interno e externo;Formação interna e intercâmbio com pesquisadores do exterior, seguidosde sua fixação em instituições brasileiras de ensino e pesquisa, quepermitam a geração de uma competência científica emergente àsquestões ambientais;Estimular cursos de formação, reciclagem e pós-graduação dirigidos àárea ambiental;Promover treinamentos intensivos em gestão de recursos e impactosambientais, nas empresas privadas e nas instituições públicas;Criar uma base organizacional compatível com novos modelos degestão;Colocar em prática uma nova gestão ambiental, na qual o Estado deverepartir responsabilidades com o setor privado, ONGs e com a sociedadeem geral, tanto por questões financeiras, como democráticas. Deverá serdescentralizada, com maior eqüidade na distribuição de custos, ter visãoabrangente, considerando as questões ambientais e as dedesenvolvimento sócio-econômico; eCriar sistemas tecnológicos fechados, ou seja, com o mínimo dedependência dos recursos naturais.Porém, segundo esse relatório, apesar de ter ocorrido no Brasil,

alterações significativas no tratamento das questões ambientais,do ponto de vista político, legal e institucional, o mesmo não podeser dito do ponto de vista econômico, financeiro, científico etecnológico, cujas questões estruturais impedem a plenaconcretização de soluções de curto prazo. Isso porque arecuperação ambiental exige também, que sejam revistos osconceitos sócio-econômicos, necessitando, portanto, alteraçõesdas políticas públicas.

Dessa forma, fica evidente a necessidade de formulação denovas estratégias, entre as nações e instituições, sobretudo em

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matéria tecnológica e financeira, envolvendo o setor privado, pelopapel que este desempenha na geração de tecnologias e nosistema financeiro internacional. É fundamental que haja éticanesses relacionamentos para que sejam criadas bases

sustentáveis, inclusive com a transferência de tecnologias aospaíses em desenvolvimento. Há que se considerar, que esterelatório foi produzido há 13 anos. Atualmente, transformaçõesocorreram em todos os campos citados, tendo ocorrido umavanço significativo.

Tecnologias apropriadas e o desenvolvimento sustentável 

De acordo com SACHS (1997), as biotecnologias aplicadas àprodução e ao processamento vegetal e animal são as maisnovas perspectivas de opções tecnológicas. Elas podemconverter-se num instrumento útil de desenvolvimentosustentável, por meio do desenvolvimento da agriculturabiológica, da agrossilvicultura e da aqüicultura. Substituiriaestratégias que buscam alcançar a sustentabilidade mediante umconsumo intenso de energia comercial e de nutrientes, com umvolume maior de biomassa podendo ser processado, visandouma grande produtividade final. Todavia, “o contexto no qual asbiotecnologias vêm se desenvolvendo até o momento não dámargem a muito otimismo”. 

Principalmente, nos países em desenvolvimento, asbiotecnologias têm sido percebidas, na visão deste mesmo autor,como uma ameaça, principalmente por serem totalmentecontroladas por empresas privadas, algumas multinacionais, cujo

acesso vem sendo limitado por meio de patentes e de umconjunto de práticas restritivas, em contraste com o que ocorreupor ocasião da primeira Revolução Verde. Assim, “novamentepoderia ser drenado para os países industrializados a produçãode certos produtos primários, ou substituí-los, deprimindo aindamais os mercados de produtos básicos”. 

De acordo com BELLIA (1996), analisando o comportamento dahumanidade ao longo de sua história, observa-se um enorme

fascínio pelo uso de novas tecnologias, associadas aodesenvolvimento de novos produtos e, ou, processos de

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produção. Porém, apesar de significativas vantagensproporcionadas com essas inovações, servindo de auxílio para asolução de grandes problemas, questiona-se a sua efetividade,com inúmeras dúvidas, tais como: a) Tem havido melhoria na

qualidade de vida?; b) Até onde ir com a modernização dospadrões tecnológicos?; c) Algumas tecnologias contribuemefetiva e decisivamente para o aumento do bem-estar dosindivíduos e o aprimoramento dos sistemas sociais?; d) Estariamas inovações levando apenas à degradação progressiva daqualidade da vida humana?; e) Qual tem sido a participação e ograu de envolvimento dos centros de pesquisa e universidadespúblicas nessas questões? Estas perguntas devem serprofundamente analisadas quando o objetivo é o

desenvolvimento sustentável, e as suas respostas devem estarapoiadas no campo ético-moral.

Caso desconsidere-se a história do pensamento ético e dasformas de moralidade nas sociedades, para ficar apenas com oque foi proposto pelo pensamento ocidental moderno, pode-sedizer que o campo ético-moral consciente: a) é dotado devontade para controlar seus instintos, impulsos e paixões; e b)capaz de deliberar e perceber as situações como

simultaneamente determinadas e abertas, necessárias epossíveis. Dessa forma, o homem ético-moral é igualmentecapaz: a) de definir os fins da ação ético-moral como recusa daviolência contra si e contra os outros; e b) de estabelecer umarelação justa e legítima entre os meios e os fins da ação,considerando que meios violentos são incompatíveis com finsético-morais. O campo ético-moral é formado ainda por valores enormas, construídos pelos próprios homens ético-morais, naqualidade de deveres, virtudes ou bens realizáveis por todos e

cada um (CHAUI, 1994).

 A ciência moderna modificou a natureza dos objetos técnicosporque os transformou em objetos tecnológicos, isto é, emciência materializada, de tal maneira que a teoria cria objetostécnicos e estes agem sobre os conhecimentos teóricos. Aciência contemporânea foi além ao transformar os objetos emautômatos, capazes de intervir não só sobre teorias e práticas,mas sobre a organização social e política. Dessa forma, a ciência

e a técnica contemporâneas tornaram-se forças produtivas etrouxeram um crescimento brutal do poderio humano sobre a

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realidade total, a qual é construída pelos próprios homens. Astecnologias desenvolvidas revelam a capacidade humana paraum controle total sobre a natureza, a sociedade e a cultura.Controle que, não sendo puramente intelectual, mas determinado

pelos poderes econômicos e políticos, pode ameaçar todo oplaneta (ibidem).Na busca para o desenvolvimento sustentável, não podem serconsiderados apenas fatores como a eficiência para afirmar queuma determinada tecnologia é apropriada para a manutenção,elevação ou degradação da qualidade de um determinadosistema social, sendo necessário a definição do grupo de critériosa serem utilizados para a determinação se uma tecnologia éapropriada ou não. Questões como o consumo de energia na

produção, geração de resíduos e o tempo para a degradaçãonatural de um produto, devem ser considerados nodesenvolvimento das novas tecnologias, que deverão possuir osatributos e critérios das tecnologias apropriadas.

Atributos e critérios das tecnologias apropriadas 

O conceito de desenvolvimento sustentável, que é condicionadoa posturas ética-morais e sustentado por uma efetiva eqüidadesocial, tem criado uma série de tecnologias alternativas ouintermediárias, onde recentemente várias linhas de pesquisa têmsido desenvolvidas. Para BELLIA (1996), “três ênfases básicaspodem ser identificadas no desenvolvimento do conceito detecnologia apropriada: a) a preocupação com o significado sócio-político das tecnologias; b) com o seu tamanho, nível de

modernidade e sofisticação; e c) com o impacto ambientalcausado por elas”. 

 As desigualdades econômicas e sociais alcançaram patamaresextremos, com a forma contemporânea do capitalismo e dapolítica liberal operando com o encolhimento do espaço público eo alargamento do espaço privado, com o desemprego estrutural ea exclusão sociopolítica, polarizando a sociedade brasileira entrea carência e o privilégio: na medida em que prevalecemcarências e privilégios, e os direitos não conseguem instituir-se,

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inexistem condições para a cidadania e para a democracia, quese tornam inseparáveis da ética (CHAUI, 1994).

Na medida em que não vigoram os princípios da igualdade, da

liberdade, da responsabilidade, da representação e daparticipação, nem o da justiça e dos direitos, a lei não funcionacomo lei, isto é, não institui um pólo de generalidade euniversalidade social e política, no qual a sociedade sereconheça. A lei funciona como repressão, do lado dos carentes,e como conservação de privilégios, do lado dos dominantes. Pornão ser reconhecida como expressão de uma vontade social, alei é percebida como inútil, inócua, incompreensível, podendo oudevendo ser transgredida, em vez de ser transformada ( ibidem).

Para VEIGA (1994), os atributos e critérios das tecnologias quegarantem o desenvolvimento sustentável são aqueles quegarantem: a) a manutenção em longo prazo dos recursos naturaise da produtividade agropecuária e florestal; b) mínimo deimpactos adversos aos produtores; c) retorno adequado aosprodutores; d) otimização da produção com o mínimo de insumosexternos, reduzindo os riscos de poluição e aumento da entropiano sistema; e) satisfação das necessidades sociais das famílias edas comunidades rurais; e f) satisfação das necessidades

humanas de alimentos e renda.Baseado nesses princípios e condições, considerando a cultura edesejo pessoal dos produtores e das comunidades, devem sairas linhas de pesquisa que definirão as tecnologias apropriadas.CASTOR (1983), propôs um grupo de critérios para analisar  demaneira multidimensional as tecnologias:Eficiência econômica - a sustentabilidade de qualquer atividade dependede seu sucesso econômico. Portanto, devem ser consideradas as regrasde mercado e a competição para que sobrevivam no longo prazo, posto

que a pauperização conduz à degradação. Assim, a tecnologiaapropriada será aquela que possibilite o seu efetivo uso, com anecessidade mínima de energia externa ao sistema;Escala de funcionamento - quanto maior for a compatibilidade entreescala de funcionamento de uma tecnologia e as finalidades de seu uso,mais apropriadas ela será;Grau de simplicidade - a facilidade de uso propicia a adoção datecnologia. Portanto, a simplicidade torna-se um atributo das tecnologiasapropriadas;Densidade de capital e trabalho - considerando a realidade dos países

em desenvolvimento, onde a disponibilidade de mão-de-obra é grande,as tecnologias que favoreçam a sua utilização serão a mais apropriada;

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Nível de agressividade ambiental - obviamente, quanto menor agressãoao meio ambiente, mais apropriada será;Demanda de recursos finitos - para ser apropriada, a tecnologia deveráconsumir o mínimo de materiais finitos, sendo ideal aquelas que sebaseiam em fluxos renováveis de energia, apresentem alta durabilidadee possam ser reciclados; eGrau de autoctonia e auto-sustentação - quanto maior for a dependênciade uma tecnologia de recursos disponíveis no próprio sistema social noqual será empregada, mais apropriada será.De acordo com BELLIA (1996), a autoctonia é um elementoimportante para a preservação da cultura local e, comenta: deve-se ser trabalhada de tal forma a não se transformar emimobilismo social.

Para TUNDISI (2003), todos os conceitos - educacionais,liberdades individuais e coletivas, etc. - devem estar articuladoscom os conceitos de sustentabilidade dos recursos naturais,porém embasados sob uma nova ética, a qual, a par de novastecnologias, produzirão avanços consistentes e consolidados nagestão dos recursos naturais e no enfrentamento da escassezatual e futura.

Gestão da tecnologia 

De acordo com o RELATÓRIO...(1991), os avanços científicos etecnológicos voltados para o setor produtivo, deverão permitir aimplantação de indústrias limpas, “que estão na base de umcrescimento econômico mais equilibrado e integrado como omeio ambiente”. Para isso deve haver uma visão equilibrada eintegrada do meio ambiente, sistêmica, que favoreçam a própria

gestão da tecnologia. Dessa forma, os usos de tecnologiasapropriados oferecerão oportunidades de otimizações regionais,absorvendo a tradição cultural do meio onde estão inseridas,oferecendo uma base empírica para a compreensão dosproblemas locais e favorecendo o surgimento deempreendimentos. De acordo com esse mesmo autor, abiotecnologia é uma opção natural para o desenvolvimentobrasileiro, com o auxílio da informática e da pesquisa sobre novosmateriais.

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5.9.3. Medidas preventivas e ações estratégicas cabíveis paraevitar impactos ambientais, segundo ALMEIDA e GUERRA(2001)

Em determinadas situações, as instituições públicas federais,estaduais e municipais, são responsáveis por processos dedegradação ambiental. São verificadas, nos meios urbanas erurais, obras que produzirão impactos ambientais realizados porprefeituras, pelo Departamento Nacional de Estradas deRodagem (DNER), entre outros. A não-observância dasusceptibilidade à erosão dos solos, tem gerado sérios problemasnas encostas, podendo-se observar que não são feitos estudossobre a dinâmica ambiental para a ocupação destas áreas. Paraestes mesmos autores, as análises ambientais geraminformações que devem seguir de base para as políticas públicas(programas, projetos e planos), “existentes nas diversasinstituições e agências governamentais, nos centros de ensino epesquisa, no setor privado e nas organizações da sociedadecivil”. 

Para estes mesmos autores, um mapa com detalhamento dossolos da área em que será implantado um sítio urbano, deve serconsiderado um instrumento mínimo para que sejam evitadosfuturos impactos ambientais. Também, é ideal que se tenhamapas da declividade, geomorfológico, geológico, quepossibilitarão o cruzamento de informações por meio de umSistema de Informações Geográficas (SIG), obtendo-se uma idéiaprecisa da susceptibilidade do meio físico à erosão e, ou,movimentos de massa. Relacionados aos aspectos jurídicos e

políticos, em 13 de janeiro de 1988 “tramitou em plenário daCâmara dos Deputados uma emenda que teve por objetivointroduzir, entre as competências da União, a de elaborar eexecutar planos de ordenação do território”, revelandopreocupação com a distribuição da população e de suasatividades, “com a observância de uma criteriosa e racionalutilização dos recursos naturais decorrente de uma política deEstado que objetiva harmonizar o desenvolvimento econômicocom a ocupação do território, abrangendo uma gama de fatores

urbanos, rurais, de localização industrial, reforma agrária,conservação e proteção do meio ambiente”, entre outros. 

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Duas estratégias têm sido desenvolvidas: a) ZoneamentoEcológico-Econômico (ZEE); e b) o Zoneamento Geográfico dasUnidades Ambientais (ZGUA).

Ø Zoneamento Ecológico-Econômico 

O disposto no Decreto Federal 99.540, de 21 de setembro de1990, entre outros, diz “que o ZEE deve ser concebido como oresultado de uma ação de identificação, no qual se determinamzonas caracterizadas pelos componentes físicos e bióticos epelas formas de ocupação resultantes da ação antrópica”,considerando-o indispensável à ordenação do território. Nessesentido, a comunidade técnica e científica ligada a Geografia, têmconcentrado esforços para desenvolver métodos de fazer o ZEE,em diferentes locais e com diversificado grau de profundidade eabrangência, promovendo debates e discussões nos variadossegmentos da sociedade, na busca de entendimento único sobrea metodologia de zoneamento. A crítica a esse modelo, apesarde considerar úteis os levantamentos e inventários de recursosnaturais, sociais e econômicos, como processo de elaboração de

diagnósticos, para esses mesmos autores, refere-se nos termosecológico/econômico, pois já demonstram uma “certa apropriaçãodo território pela via econômica”, posto que o interesse socialcom a devida proteção do meio ambiente é o que deve justificar ouso racional dos recursos.

Ø Zoneamento Geográfico das Unidades Ambientais 

Tem sido bastante defendido ultimamente, em substituição àsZEE, para fins de uso e conservação da natureza. Estaconcepção metodológica visa um zoneamento que ressalte osprocessos geográficos, porém, como eles, seja dinâmico emutável. Espera-se, dessa forma, que o monitoramento sejafacilitado, devendo inserir o mais recente conhecimento técnico-científico disponível, com condições de mitigar ou evitarproblemas de degradação ambiental pelas cidades. Por esse

motivo, defini-se ZGUA “como delimitação de um espaçogeográfico, tendo por base as características dos fatores físicos e

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bióticos dos geossistemas e suas interações entre si e com omeio sócio-econômico, evidenciando e antevendo os impactossobre o sistema antrópico”. 

Dessa forma, o ZGUA pode apresentar recomendações de usofuturo (prognósticos) para os geossistemas, de acordo com a“alocação natural e o grau de sustentabilidade ambientalclaramente definidos e avaliados”. Para esses mesmos autores,também é possível no ZGUA a definição de espaçosgeoeconômicos, considerando os elementos relacionados com:sistema de manejo florestal e agroflorestal compatíveis com osambientes naturais, a exploração mineral (incluindo agarimpagem) e a proteção ambiental. Assim, para esses mesmos

autores, o ZGUA pode ser definido “mediante a agregação deconhecimentos interdisciplinares, relacionados com as ciênciasbiofísicas e sócio-econômicas sob o enfoque holístico-sistêmico”. 

Por esse motivo, recomenda-se um ZGUA como condição básicapara um desenvolvimento auto-sustentável. Para isso, “asanálises das tendências espaciais e temporais constituirão osimpulsos para a montagem do cenário sócio-econômico, o qual,agregado aos dados das análises de potencialidade e

sustentabilidade ambientais, conformará o cenáriosocioambiental”. 

Com as políticas públicas voltadas para o meio rural, de acordocom WEID (1997), para que atendam as reais necessidadesrequeridas para o desenvolvimento sustentável, devem serdirecionadas no sentido de promoverem: a) o acesso à terra, commodelos de associativismo e cooperativismo, incluindo educação

ambiental como estratégia de difusão de tecnologia, visando tirara reforma agrária da crítica do desastre ambiental; b) questões nocampo técnico e do manejo e conservação dos recursos, visandoa mudança do modelo convencional de agricultura para outro quevalorize os conhecimentos e a cultura local, com baixo uso deinsumos energéticos e de alta diversidade ecológica; c) questõesde pesquisa e do conhecimento - exige nova organização em suaexecução, posto não poder ser feita em laboratório e nemuniversalizada, tendo como elaboradores os produtores, ospesquisadores e os técnicos; d) questões econômicas - deve

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atender os quesitos da sustentabilidade e possibilitar a ascensãodo produtor; e) alterações no plano ideológico - apesar do meiocientífico estar culturalmente ligado ao modelo convencional, aagricultura familiar deve aproveitar o momento de busca pela

naturalidade e passar a receber o suporte e o direcionamento depolíticas públicas como o Programa Nacional de Fortalecimentoda Agricultura Familiar (PRONAF); e f) perspectiva político-organizativa - a política ideológica deve ser no sentido daincorporação de práticas agrícolas alternativas, como aagroecologia, pelas organizações representativas.

Gestão Ambiental e Desenvolvimento SustentávelIntrodução 

O conceito de gestão ambiental ganha um maior número deadeptos no início da década de 90, fruto da crescenteconscientização da sociedade pela necessidade da conservaçãodos recursos naturais e da consolidação das políticas ambientaisdo tipo indutoras de programas e projetos com caráter ambiental.Ocorre a mobilização dos diversos setores da sociedade civil

organizada, tais como o setor produtivo, as ONGs e as entidadesde classe. Nesse período, aconteceu a Conferência Mundial doMeio Ambiente (ECO-92), realizada no Rio de Janeiro e a ediçãoda série ISO 14000 que certifica o Sistema de Gestão Ambiental(SGA) da empresa. A implantação dos SGAs nas empresas tornapossível a redução e o controle dos impactos causados ao meioambiente por suas atividades produtivas, compatibilizando odesenvolvimento econômico e a conservação ambiental, ou seja,visa a promoção do desenvolvimento sustentável.

O desenvolvimento sustentável tornou-se a meta da sociedade,com o apoio incondicional de toda a comunidade mundial,cabendo considerar, entretanto, ainda estar sendo manifestadoem escalas diferenciadas pelos diversos países. Ao mesmotempo, no Brasil, a sociedade demanda, em unanimidade, aretomada de uma política de crescimento. Por esse motivo, aquestão não é mais “crescer ou não crescer”, mas “como crescer”(BORGER, 1998). Observa-se, dessa forma, que o crescimento

econômico, não mais pode ser pensado separadamente dosacontecimentos ambientais e de políticas claras de inclusão

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social, em virtude de que preterindo o meio ambiente evalorizando o desenvolvimento econômico, pode-se estarcaminhando para uma possível exaustão dos recursos naturais.

 A degradação ambiental, conseqüência do modelo dedesenvolvimento vigente baseado na produção excessiva deresíduos (agentes de poluição) e, ou, no uso intensivo de energia(como os agroquímicos, que aumentam a entropia dos sistemas),ambos causando sérios impactos e degradação ambiental,tornou-se uma preocupação de caráter mundial. Um ambienteque favoreça a manutenção da biodiversidade, só poderá persistirse a humanidade - indivíduos, comunidades e empresas - reversuas práticas cotidianas por meio de uma revisão nos seus

procedimentos diários e processos de produção, construindonovos valores referentes à natureza. Nesse aspecto, a educaçãoambiental é uma importante ferramenta para resgatar essesvalores, evidenciando a cada indivíduo como sendo umcomponente ativo do meio ambiente. Este, por meio de suasações, sofreu agressões que produziram impactos ambientais,eliminando espécies e reduzindo a própria perspectiva de vida ea das gerações futuras.

O surgimento de uma nova regulação ambiental tem promovidoalterações significativas na legislação. Paralelamente, observa-seuma nova consciência por parte da população, preferências doconsumidor aos produtos mais “limpos”, pressão das ONGs,entre outros. Com o auxílio da ciência e da tecnologia, apesar dealgumas vezes equivocadas, idéias concretas nesse sentidoestão sendo desenvolvidas, por comunidades e empresas, emvárias partes do mundo. Existe, inclusive, casos que atingirambastante sucesso, sugerindo a possibilidade de uma verdadeira

“revolução ambiental”. A adoção do SGA propicia ambiente paraessas alterações. Inicialmente, é necessário identificar todos osatores sociais diretamente interessados no uso e no manejo dosrecursos naturais, de tal forma a envolvê-los nos processos detomada de decisão, especialmente os grupos maismarginalizados.

Definição 

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 A ISO (International Organization for Standardization)desenvolveu uma série de normas para gestão ambiental.Define oSGA como “a parte do sistema de gestão global, que incluiestrutura organizacional, atividades de planejamento,

responsabilidade, práticas, procedimentos, processos e recursospara desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente emanter a política ambiental de uma organização” (NBR ISO14001, 1996). A ISO 14.000 é uma série de normas editadas pela ISO, com afinalidade de padronizar a implementação voluntária de sistemasde gestão ambiental. “O Sistema de Gestão Ambiental (SGA),como parte da administração geral, é a estrutura que orienta,segundo a visão institucional, o empenho ambiental da

organização que incentiva respostas sinérgicas para asoportunidades e os riscos apresentados pela globalização”.Nesse conceito, o SGA exige que a organização tenha uma visãodo futuro, um desenvolvimento duradouro e sustentável,requerendo uma compreensão sistêmica dos seus processos.Dessa forma, o respeito às normas contidas na série ISO 14000,“fornecem à administração os instrumentos necessários para ogerenciamento dos principais impactos ambientais da operaçãode um empreendimento, no que se refere às atividades, produtos

e serviços” (NARDELLI e GRIFFITH, 2000). 

 Apenas no ano de 1999, o número de empresas brasileiras comSGA, certificado pela série ISO 14000, aumentou em 87,5%. Aempresa que obtém o certificado ISO 14001, que é a norma deespecificação do modelo SGA, deverá apresentar uma melhoriacontínua de suas metas e objetivos ambientais, condiçãoobservada durante as auditorias realizadas periodicamente (acada seis meses), para a verificação do seu cumprimento

(GESTÃO e NEGÓCIO, 2003).

Toda empresa que vise a exportação deve possuir essecertificado. Funciona como um atestado de que o seu sistema degestão está adequado com as normas e com as exigênciasambientais nacionais e internacionais.

Objetivos 

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Para BELLIA (1996), o objetivo básico da gestão, considerando aconsciência de que os recursos naturais são finitos, é a obtençãodos maiores benefícios por meio da aplicação dos menoresesforços. Dessa forma, o indivíduo, a comunidade e as

empresas, buscam otimizar o uso dos recursos disponíveis,sejam eles de ordem financeira, material ou humana. ParaGODARD (1997), a gestão de um sistema tem por objetivoassegurar seu bom funcionamento e seu melhor rendimento, mastambém sua perenidade e seu desenvolvimento.O SGA busca melhorar o desempenho ambiental e aoperacionalização de uma organização, levando a empresa aadotar uma postura preventiva ao invés de corretiva. Dessaforma, são evitados os desperdícios, por meio da redução no uso

de matéria-prima e da prática de reciclagem dos resíduos. Comessa medida, economizam-se recursos e a própria produção deresíduos, reduzindo os impactos ao meio ambiente (GESTÃO eNEGOCIO, 2003).

Para BRUNTLAND (1988), a humanidade que vem sepreocupando com os impactos do crescimento econômico sobreo meio ambiente, deve agora se preocupar com os impactos dodesgaste ecológico sobre nossas perspectivas econômicas.

 Assim, o objetivo final da gestão ambiental é favorecer odesenvolvimento sustentável, garantindo que ele atenda àsnecessidades humanas atuais, sem o comprometimento dasgerações futuras atenderem às suas.

Postura das empresas com relação aos recursos 

De acordo com BELLIA (1996), os principais entravesenfrentados para o estabelecimento definitivo de propostassustentáveis de desenvolvimento têm origem na Ética e naprópria História da humanidade, a qual mostra com exceção decasos pontuais, não ter conseguido efetivamente encontrarsoluções definitivas para tais problemas. Uma das evidências foio descaso com a gestão dos recursos naturais, marcada pelaausência de ética patrimonial. Para MONTGOLFIER e NATALI(1997), do ponto de vista dos instrumentos a serem consideradosno processo de gestão patrimonial dos recursos naturais, três

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aspectos decisivos devem ser retidos: a) uma posição ética,referenciada à preocupação pelo longo prazo e à vontade depreservar as liberdades de escolha das gerações futuras; b) umconjunto de instrumentos de análise científica, tomados de

empréstimo à economia, à ecologia, e à sociologia, permitindoanalisar uma dada situação e avaliar estratégias alternativas; e c)uma pesquisa que visa concretizar novos procedimentosconcretos de gestão dos recursos e dos meios naturais, por meiode mecanismos de negociação entre os diferentes atores sociaisenvolvidos.

Isso porque, a gestão da qualidade ambiental depende doconjunto de questões relativas à apreensão da especificidade dos

sistemas vivos nos processos de conhecimento e ação.Inicialmente, deve ser promovido o conhecimento do capitalnatural, com enfoque patrimonial, no qual o ponto de partidareside no reconhecimento da complexidade, da globalidade, datotalidade e da interatividade que caracterizam os sistemas vivose a esfera humana. De acordo com OLLAGNON (1997), essarealidade faz com que sejam consideradas três orientaçõesgerais: a) um enfoque sistêmico; b) o acolhimento a todas asformas de conhecimento; e c) um procedimento centrado num

objetivo de ação.Existe uma relação direta entre gestão ambiental edesenvolvimento sustentável, para qualquer atividade. Devemgerar riquezas, contudo, sem se opor à responsabilidadeambiental e o valor social. Isso significa centrar forças num novoprojeto de sociedade, no qual a proteção e a filantropia deramlugar à participação cidadã das empresas rumo à transformaçãosocial. A ética, a transparência e a responsabilidade social devem

ser a prioridade das organizações mais avançadas: essesconceitos, antes restritos ao universo do terceiro setor, são hoje,debatidos no mais alto nível das corporações. As organizaçõessó serão capazes de sobreviver no mundo globalizado, casotenham a capacidade de aliar à eficácia técnica e operacional desuas estruturas, um senso profundo de responsabilidade social.Dessa forma, haverá o processo de transformação social e defortalecimento da cidadania, para que as empresas não sejamrejeitadas pela sociedade  –  consumidores, clientes, funcionários

e opinião pública. Portanto, a implantação de um SGA deveestar fundamentada e apoiada em três pilares, que garantirão que

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esta seja viável em seus aspectos econômicos, sociais eambientais: Aspecto econômico - não existe nenhum tipo de questionamento com aimportância de sua relação, posto ser o princípio básico à sobrevivência

de qualquer atividade do setor produtivo; Aspecto social - passou a ser incorporado recentemente, já dentro dosprincípios de desenvolvimento sustentável, no sentido de que asociedade aceite a forma de trabalho e a sua remuneração, onde hajaética e transparência. Por exemplo, é inadmissível o trabalho escravo ouinfantil; e Aspecto ambiental - seu mais novo componente, que associado aogrande déficit social, é fundamental a sua observância para a imagem ea sobrevivência da empresa, no longo prazo.Considerando a importância no fortalecimento desses três

aspectos, a gestão ambiental tende a evoluir do controlecentralizado e rígido e do planejamento ineficiente atual, parauma linha de ação que induza a cooperação de um grandenúmero de atores com um comportamento coerente eparticipativo, contudo, sem a necessidade de constituir umaorganização formal. Assim, um dos entraves que devem sersuperados para que ocorra a gestão ambiental de uma formaeficiente, deve ser a descentralização de poder, visto que amaioria da população fica vulnerável aos grupos de interesses

econômicos dominantes, não conseguindo impor suas reaisnecessidades. Para MONTGOLFIER e NATALI (1997), adescentralização oferece importantes espaços de manobra paraa implantação de procedimentos de gestão patrimonial, namediada em que ela amplia a responsabilidade direta dosagentes do setor público sobre aquilo que configura a qualidadecotidiana da vida em suas comunidades, seus estados ou suasregiões.

Por meio deste viés relacionado à qualidade de vida, pode-seesperar que sejam efetivados procedimentos de gestão próximosdos procedimentos de gestão patrimonial em regime depropriedade comum, do que os procedimentos clássicos degestão em regime de propriedade estatal, colocadas sob aresponsabilidade de administrações centralizadas, e onde cadauma delas acaba atuando como um mono-ator em seu domínioespecífico de competência. Para isso, a participação deve serpensada em todos os seus níveis: a) nos processos de

formulação das políticas e nas estratégias de gestão ambiental

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descentralizada das instituições públicas; e b) nas etapas deimplementação dos projetos (CUNHA e COELHO, 2003).

Dessa forma, as empresas, de grande e pequeno porte, devem

investir em SGA não só preocupadas com a relação benefício-custo. Existe, pelo menos, duas questões a serem consideradas: A questão legal - desde 1981, fortalecidas com a constituição de 1988, oBrasil é um dos países do mundo onde as leis ambientais estão entre asmais completas e exigentes. Por esse motivo, o argumento do nãoconhecimento das leis não serve de subsídio a crimes ambientais; e A questão social - a imagem perante a sociedade, inclusive para amanutenção do próprio negócio, posto que a sociedade já não aceitacompactuar com empresas constantemente envolvidas em escândalosambientais. O que tem sido observado nas empresas que valorizam as

questões sociais, é o retorno em forma de lucro. A Agenda 21 brasileira incentiva o planejamento e a gestãoparticipativa para o desenvolvimento local, com a participação detodos os atores sociais, dando autenticidade e autonomia àscomunidades no caminho do desenvolvimento de suaseconomias, na geração de renda e emprego, na proteçãoambiental e justiça social (SEABRA, 2003).

 A participação da comunidade poderá ser a pedra angular para

que ocorra efetivamente a sua implantação, propiciando umamaior longevidade dos ecossistemas e bem-estar àscomunidades locais. As questões ambientais devem ser vistaspelas comunidades como uma questão de vizinhança, em face àinterligação existente entre ela e o meio ambiente. Não écondizente com a atual situação, a população esperar que ogoverno e as organizações tomem iniciativas para a solução dosproblemas, sem a sua efetiva participação.

Compete a cada comunidade se organizar e sair da teoria paraações concretas, promovendo discussões em torno doplanejamento e da gestão participativa em escala local, cujosefeitos poderão interferir nas políticas públicas e, posteriormente,serem notados globalmente. Por esse motivo, a questãoambiental deve significar perspectiva para a obtenção demelhoria da qualidade de vida, por meio de relações decooperação e conflito entre Estado e atores não-governamentais,marcadas pelas mediações de diferentes conjuntos de crenças,

idéias e valores (CUNHA e COELHO, 2003). Para GODARD(1997), “a combinação de um grande número de ações

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determinadas, cada uma em função de racionalidadesfragmentadas e locais, pode gerar efeitos globais detransformação do meio ambiente que não são levados em contapelos mecanismos de regulação pela troca”, fenômeno bastante

conhecido nos casos da poluição do ar ou da água.Nos últimos dez anos, no Brasil, o modelo de gestão das baciashidrográficas, adotados na legislação brasileira com a criação doSistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, pelaLei 9.433/97 (Lei das Águas) e regulado pelo Decreto 2.612/98, ébaseado nos pressupostos do co-manejo e da descentralizaçãodas tomadas de decisão. A abordagem tradicional sempre foirealizada de forma compartimentada e não integrada. Com o

conceito de bacia hidrográfica como unidade de planejamento egerenciamento de recursos hídricos, representou um avançoconceitual importante e integrado de ação. Nesse sentido, oscomitês de bacia e as agências de água representam (re)arranjos institucionais com o objetivo de conciliar interessediversos e muitas vezes antagônicos, assim como controlarconflitos e repartir responsabilidades (SILVA, 2002; CUNHA eCOELHO, 2003; TUNDISI, 2003).

Desta perspectiva, “a promoção de uma gestão integrada derecursos naturais e do meio ambiente pode nos levar não só aoquestionamento de certas modalidades técnicas de exploração,mas também estimular a busca de transformações das condiçõessociais que cercam seu exercício. A simples gestão de recursosnaturais pressupõe certamente que se possa apreender aomesmo tempo os aspectos técnicos e sócio-institucionais doprocesso de desenvolvimento” (GODARD, 1997). 

Sistemas de Gestão Ambiental: oportunidades eriscosCom a implantação do SGA, espera-se que a empresa obtenhaos seguintes resultados diante das questões ambientais: a)prevenir-se de riscos e prejuízos; b) observar os requisitos legaispertinentes; c) melhorar o desempenho ambiental com a reduçãode desperdícios por meio da otimização dos recursos eaproveitamento de resíduos; d) melhorar o relacionamento com acomunidade de seu entorno, promovendo o conhecimento mútuo,

o que reduz as resistências de ambas as partes; e) cativarclientes, aumentando as chances de novos negócios,

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particularmente os voltados para o exterior, associando aempresa ao espírito de cidadania; f) atrair a atenção positiva damídia, beneficiando-se do “marketing  verde”; g) reforçar a imageminstitucional, ligando a empresa a causas de interesse público; e

h) melhorar a vida da comunidade, que do ponto de vista dosnegócios, também significa fazer dela um lugar melhor para seucrescimento sustentável. Essas observações são pertinentes,posto que, na visão de SACHS (1997), o conceito dedesenvolvimento sustentável apresenta cinco dimensõesprincipais de sustentabilidade: a) social; b) econômica; c)ecológica; d) geográfica; e e) cultural.Os procedimentos de fabricação, relações externas com osclientes e relações internas de trabalho constituem os elementos

essenciais do patrimônio de uma empresa. A criação de círculosde qualidade, constituído de um grupo composto de cinco a dezvoluntários pertencentes a uma mesma unidade, têm por metaenriquecer constantemente este patrimônio, em benefício detodos os atores implicados (diretores, funcionários, clientes), pormeio de procedimentos que integram o diagnóstico dosproblemas e a negociação de soluções. Tais procedimentosrespeitam a arbitragem final da parte da direção, mas sem excluiro recurso à intervenção dos facilitadores (ou mediadores, ou

auditores) (MONTGOLFIER e NATALI, 1997).

Busca-se, diante dessas questões de gestão dos recursosnaturais, a excelência ambiental. Esta poderá ser atingida portrês caminhos, de acordo com CONTADINI (1997): a) melhoria daimagem institucional; b) melhor desempenho ambiental; e c)maior aproveitamento das oportunidades de negócios.

Melhoria da imagem institucional 

De acordo com NARDELLI e GRIFFITH (2000), a melhoria daimagem institucional refere-se à preocupação das empresas emdemonstrar a terceiros a sua efetiva preocupação com o meioambiente. Inclusive, permite que sistemas de diferentesorganizações possam ser comparados, significando benefíciospara o consumidor e para o governo em face da possibilidade decontrole sobre os seus fornecedores. Para isso, é preciso que

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sejam traçadas estratégias - entre o setor público, privado e asociedade civil - cujas alianças são fundamentais para que asações voluntárias sejam eficientes e atinjam, monotonicamente,um maior número de pessoas, capazes de potencializar toda uma

gama de programas e projetos nas mais diversas frentes deatuação.

Para isso, NARDELLI (2001) afirma que as empresas não devemter apenas a preocupação com o cumprimento dos requisitoslegais ou com sua imagem, quando no fundo o objetivo principalé aferir lucros, provenientes do possível retorno proporcionadopelo “marketing  verde”; portanto, sendo conflitantes com osinteresses de conservação ambiental e da geração de benefícios

sociais. Essa mesma autora comenta, citando Coelho (2000), quepara muitas empresas, o meio ambiente é a principalpreocupação e a última prioridade. Ou seja, a inserção do setorempresarial no ambientalismo não é resultado de suaconscientização ambiental, mas sim de uma motivaçãoeconômica. A formação, o fortalecimento e o uso de uma imagem ambientalpositiva, para que sejam legítimos, deverão ser sustentados poratitudes e compromissos reais por parte da organização, tais

como: a) a adoção de tecnologias limpas que minimizem osimpactos ambientais negativos; b) a economia de matérias-primas e outros insumos; c) o aproveitamento de subprodutos; d)a otimização de processos; e e) menores custos com otratamento e a disposição de resíduos. Isto exige que a gestãodos sistemas produtivos permaneça sempre sensível àslimitações e oportunidades de cada ecossistema natural.Portanto, devem ser bem visualizadas pelas organizações, qual amaneira como planejam e implementam suas estratégias e

táticas para percorrer esses caminhos que irão influenciar osucesso ou o fracasso de sua gestão ambiental, em vez debuscar falsas vantagens competitivas mediante asuperexploração dos recursos e, ou, uma política salarialdesfavorável à força de trabalho local (Galopin,1988 apud SACHS, 1997; NARDELLI, 2001).Observa-se, entretanto, que para atingir esse objetivo, énecessário que as organizações dediquem os seus esforçosadministrativos e gerenciais para fora de seu espaço físico de

atuação e do seu quadro de funcionários. Deve trabalhar com a

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comunidade local por meio da criação e formação de liderançasconscientes, de tal forma que possibilite o desenvolvimento derelações físicas, biológicas, políticas, sócio-econômicas,tecnológicas e culturais inseridas no contexto dessa comunidade,

gerando um maior envolvimento empresa/comunidade, quegarantirão a estabilidade ambiental e social da região abrangente.Dessa forma, haverá o surgimento de uma noção de gestão derecursos humanos. Essa postura favorecerá a própriasobrevivência desta organização, posto se tratar de umaestratégia fundamentada em uma visão sistêmica de todo oprocesso. Assim, as organizações operando em permanentemudança, com as pessoas que as compõe gerando novas formasde organização e alterando o próprio meio institucional no qual

estão atuando, faria com que a empresa passasse a interagircom todo o sistema e não apenas a reagir à pressões de formapontual.

Entretanto, para GODARD (1997), “considerando os laçosestreitos que unem certos recursos às diversas funçõesecológicas do meio exigem, para os primeiros, um tipo de gestãopermanente, orientada com base na consideração dos ritmosassumidos pelos processos ecológicos de reconstituição dos

meios naturais”. Para este mesmo autor, poderia ser introduzidanesse caso, a noção de “gestão durável” como perspectivaorganizadora, onde não houvesse a tendência de otimizar a taxade exploração dos recursos sem considerar a sua capacidade dereprodução e de regeneração.

Para PORTER e BROWN (1996), caberia ao Estado definir aslinhas de atuação dos atores não-estatais (organizaçõesinternacionais, ONGs e grandes corporações), decidindo sobre

linhas de financiamento, legitimando ações e criando condiçõesfavoráveis para a implementação de projetos.

Melhoria do desempenho ambiental 

De acordo com NARDELLI e GRIFFITH (2000) refere-seobjetivamente à economia de recursos e a redução da produção

de resíduos, sendo necessário a otimização de processos eesperando como resultado menores custos com o tratamento e

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disposição de resíduos. Para PORTER e BROWN (1996), asgrandes corporações, que também formulam e executampolíticas ambientais, devem criar áreas de proteção ambiental ouinvestir em projetos estatais ou ONGs, de acordo com seus

interesses empresariais e de “marketing”. Para SACHS (1997), abusca deve ser por “um padrão de industrialização caracterizadopor uma transformação simultânea da estrutura da oferta deprodutos, das modalidades de uso dos recursos naturais, e daforma pela qual eles são produzidos”. Para esse mesmo autor,isso pode ser conseguido mediante uma “combinação judiciosade vários aspectos - seleção de matérias-primas, de fontes deenergia, de técnicas e de espaços para a instalação de sistemasprodutivos. Dessa forma, seriam conciliados o desenvolvimento

com a gestão racional da natureza, fazendo uso,concomitantemente, da industrialização como uma alavanca detransformação estrutural de suas economias, visando melhorarsua produtividade, reduzir sua heterogeneidade, aumentar suaresistência às tendências desfavoráveis da economia mundial egerar os recursos necessários à redução da dívida socialacumulada”. 

Ø A gestão dos resíduos 

De acordo com NARDELLI e GRIFFITH (2000) a gestão atualdeve consistir no planejamento, na organização e na alocação derecursos (físicos, financeiros e tecnológicos) e na formação delideranças que criem uma visão compartilhada nas comunidadesonde a empresa está inserida, possibilitando atingir os objetivosdesta organização ou empreendimento. Deverá, também, geraremprego e renda possibilitando uma maior eqüidade social, tendo

como resultado final a redução da pobreza e dos impactosambientais.

Uma empresa que produz um excessivo volume de resíduos,poluindo excessivamente, pode-se concluir que, no mínimo, estásendo ineficiente do ponto de vista produtivo e econômico. Asempresas eficientes não devem produzir resíduos: devem reduzira utilização de matéria-prima, reutilizar os recursos disponíveis ereciclar os resíduos gerados durante o processo produtivo.

 Apenas quando não mais houver possibilidade dereaproveitamento, os resíduos deverão ser encaminhados para

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compostagem, no caso dos orgânicos, ou transformar-se eminsumo para outra empresa. Como último recurso, deverá serencaminhado para aterro sanitário.

 A reciclagem, em muitas empresas, além dos benefíciosambientais e o auxílio à criação de inúmeros empregos, reduz oseu custo de produção. Isso melhora a visão institucional daempresa frente à sociedade, revertendo em lucro e garantindo asustentabilidade. Para isso, é necessário que haja esforço emtoda a cadeia produtiva, para que reduzam os impactosambientais e sociais.

Com esses procedimentos, o investimento em SGA produzretorno significativo, tais como:

Gestão dos resíduos, que poderão, inclusive, ser comercializados;Melhoria nos índices dos indicadores ambientais, eficiência energética ede insumos;Redução direta de consumo de energia e água; eMelhoria da visão institucional, principalmente quando o objetivo é aexportação. Algumas empresas conseguem reciclar até 90% de seusresíduos gerados nos processos produtivos. Significa que além

de estar poupando recursos naturais, também está cumprindo alegislação ambiental. Porém, para que as mudanças sejamefetivas, deverão envolver todos os seus quadros defuncionários, a comunidade onde está inserida, entre outros, pormeio de educação e práticas ambientais, que forneçam subsídiosà formação de um elevado grau de conscientização. Dessaforma, a possibilidade de sucesso será maior e possibilitará quesejam duradouras.

Nesse processo educativo, onde deve ser trabalhadas a empresae a comunidade para o desenvolvimento de uma visãocompartilhada, deve ser evidenciado como fundamental acontribuição individual para a integração de todo o processo.Porém, no Brasil ainda é incipiente a adesão das empresas àimplantação do SGA, com exceção daquelas de maior porte.

BERDAGUE et al. (2002) elaboraram uma proposta deimplementação de um sistema de gestão ambiental (SGA) para aUsina de Reciclagem e Compostagem de Lixo do Município deViçosa, MG, com o objetivo de fornecer ferramentas que

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pudessem dirimir eventuais falhas operacionais e gerenciais,possibilitando que o empreendimento obtivesse as licençasambientais pertinentes e operasse de forma plena. Odesenvolvimento e implantação do SGA, apesar de útil para o

processo de licenciamento ambiental pelo qual a Usina terá depassar, entre outros, não despertaram o interesse de todos osmembros da alta administração, composta pelas SecretariasMunicipais de Agricultura e de Ação Social.

Melhoria e maior aproveitamento das oportunidades de negócios 

 A busca por produtos e serviços produzidos por processoslimpos, que não causem impactos e degradação ao meioambiente é cada vez maior. O consumidor, ao fazer uma compraou utilizar um serviço, inclui na sua decisão a análise de quantosocialmente responsável ele julga que uma empresa é. Portanto,os modelos de produção agropecuários, florestais e industriais,que por natureza são agressivos ao meio ambiente, necessitamde alternativas tecnológicas mais saudáveis, por meio de açõesefetivas, para atender à essa demanda. Fica claro que, paraatingir a sustentabilidade, deverá haver uma integração entre ospontos de vista econômico, ecológico e social, necessitando depolíticas públicas efetivas direcionadas nesse sentido, dedicadosà promoção de um novo modelo de desenvolvimento, quefavoreçam uma melhor distribuição dos recursos disponíveisevitando os processos de acumulação.

Dessa forma, com a atitude consciente da necessidade deconservação do meio ambiente, não vendo a obrigação de

cumprimento às leis ambientais apenas como um custo adicionalpara a empresa, provavelmente, os benefícios ambientais tornar-se-ão benefícios econômicos. Para isso, de acordo comNARDELLI e GRIFFITH (2000), é necessário e imprescindívelque promovam um planejamento adequado das ações e dosinvestimentos a serem realizados, que podem ser obtidos a partirde um eficiente sistema de gestão ambiental.

O planejamento do SGA pode ser definido como o processo no

qual um conjunto de informações é trabalhado no sentido deorientar as atividades, produtos e serviços da organização de

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forma a satisfazer as principais necessidades e exigências, quegerem ao mesmo tempo, um valor econômico e um valor social eambiental, para as partes interessadas. Dessa forma, asempresas devem incluir a criação de valores sociais e

ambientais, além do lucro propriamente dito.

Implantação do Sistema de Gestão Ambiental A formação e o surgimento da noção de gestão de recursoshumanos é fundamental. Utilizar essa noção de gestão para osrecursos naturais implica na necessidade de que sejamidentificados os titulares de direitos sobre estes recursos e quesejam examinados os objetivos atribuídos à sua gestão. Naescala da sociedade, a gestão ambiental aparece como um dos

principais componentes da gestão das interações entresociedade/natureza e de suas transformações reciprocamenteimpostas ou possíveis numa perspectiva de co-evolução no longoprazo. Portanto, o SGA deve garantir a princípio: a) assegurarsua boa integração ao processo de desenvolvimento econômico;e b) assumir as interações entre recursos e condições dereprodução do meio ambiente, organizando uma articulaçãosatisfatória com a gestão do espaço e aquela relativa aos meiosnaturais. O sucesso dependerá da orientação inicial do SGA que

deverá estar de acordo: a) com os interesses sociaisrepresentados; b) com os objetivos que estimulam odesenvolvimento sócio-econômico; e c) com os meios einstrumentos que se encontram à disposição dos gestores.Portanto, a gestão ambiental constitui atualmente o centro ondese confrontam e se reencontram os objetivos associados aodesenvolvimento e ao ordenamento, com aqueles direcionados àconservação da natureza ou da qualidade ambiental.

Para o desenvolvimento do Sistema de Gestão Ambiental, devemser seguidos os passos constantes na NBR ISO 14.001, que são:o estabelecimento da política ambiental e o planejamento de suaimplantação.Constitui o primeiro passo: a) o comprometimento da altaadministração; b) a revisão dos aspectos ambientais envolvidos;e c) a elaboração da política ambiental propriamente dita.Posteriormente, passa-se a fase de planejamento: deve-seorientar pela política ambiental preestabelecida, identificando e

avaliando os aspectos ambientais, analisando os requisitoslegais, os critérios internos de desempenho e definindo os

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objetivos e metas ambientais a serem alcançados (NARDELLI eGRIFFITH, 2000; BERDAGUE et al., 2002).

Licenciamento ambiental 

 Atualmente, num contexto mundial, fica evidente a crescentepreocupação com as questões de âmbito ambiental. No setorempresarial essa conscientização se evidencia essencialmentepela crescente adoção, de caráter voluntário, de sistemas degestão que contemplam metodologias cujo enfoque é odesenvolvimento sustentável.

 A adoção dos chamados “Sistemas de Gestão Ambiental” pelasempresas, cada vez mais de caráter efetivo, reflete claramente amudança da consciência ambiental, onde já se considera comoparte integrante do negócio se preocupar com o meio ambiente eatingir níveis elevados de sustentabilidade. Essa postura tem umefeito direto e muito significativo no que diz respeito aocumprimento dos dispositivos legais que regem sobre oscuidados devidos ao meio ambiente.

 A avaliação de impactos ambientais é uma ferramenta da Política Ambiental usada no âmbito do licenciamento ambiental, instituídoem nível nacional pela Lei 6.938/81e modificada, em parte, pelaLei 7.804/89. O licenciamento ambiental é o procedimentoadministrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia alocalização, instalação, ampliação, modificação e operação deatividades e empreendimentos utilizadores de recursosambientais considerados efetiva ou potencialmente poluidores oudaqueles que, sob qualquer forma, possam causar degradação

ambiental, desde que verificado em cada caso concreto, queforam preenchidos pelo empreendedor os requisitos legaisexigidos. O licenciamento ambiental pode ser considerado umsistema de gestão ambiental, pois, ele auxilia na detecção defalhas na cadeia produtiva (SILVA, 1998; FEAM, 2002).

Os benefícios gerados pelo licenciamento são diversos, pelocaráter democrático que inclui a participação da sociedade emtodos os processos de concessão de licença, podendo ser

observados ao nível de governo, consumidores e empreendedor(SANTOS et al., 2002):

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Para o governo, o licenciamento ambiental é extremamente importante,gerando benefícios tais como: a) facilidade no controle emonitoramento; b) na fiscalização ambiental; c) auxiliar a traçar diretrizesde normatizações ambientais; e c) padronização nas ações corretivasaos impactos para uma determinada atividade;Para os consumidores, destacando-se a) a padronização dos produtosfinais; b) uma maior qualidade e sanidade dos produtos; c) apossibilidade de redução no custo final; e d) a aquisição de produtosambientalmente corretos; ePara o empreendedor proporciona a) a otimização no uso de energia; b)um ambiente de trabalho mais seguro; c) a redução de desperdícios ecustos de produção; d) a qualidade final do produto é garantida; e) afacilidade de comercialização dos seus produtos; f) o maior valor derevenda; e g) a maior facilidade de exportação.

Sistemática de licenciamento ambiental 

Em Minas Gerais, o licenciamento ambiental é exercido peloCOPAM - Conselho Estadual de Política Ambiental, porintermédio das Câmaras Especializadas; da FEAM - FundaçãoEstadual do Meio Ambiente, no tocante às atividades industriais,minerárias e de infra-estrutura; e do IEF - Instituto Estadual deFlorestas, no tocante às atividades agrícolas, pecuárias eflorestais (FEAM, 2002).

 As bases legais para o licenciamento e o controle das atividadesefetiva ou potencialmente poluidoras em Minas Gerais estãoestabelecidas na Lei n. 7.772, de 8 de setembro de 1980 e noDecreto n. 39.424, de 05 de fevereiro de 1998, que aregulamenta, compatibilizados com a legislação federal (FEAM,2002).

Complementar ao Decreto, as deliberações normativas eresoluções do COPAM: a) normatizam as condições para osistema de licenciamento ambiental; b) classificam osempreendimentos e atividades segundo o porte e potencialpoluidor; c) estabelecem limites para o lançamento desubstâncias poluidoras no ar, na água e no solo, de forma agarantir a qualidade do meio ambiente; e d) definem osprocedimentos a serem adotados pelo empreendedor para aobtenção das licenças ambientais: Licença Prévia (LP); Licença

de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO), as quais poderãoser expedidas isoladas ou sucessivamente, de acordo com a

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natureza, características e fase do empreendimento ou atividade(ibidem). Há que se considerar, que na primeira fase, olicenciamento prévio, discute-se a viabilidade ambiental doempreendimento, por meio dos EIA/RIMA para os projetos mais

complexos, ou do PCA/RCA para projetos mais simples. Durantea análise dessa licença poderá ocorrer a audiência pública, ondeserão discutidos com a comunidade interessada, o projeto e seusestudos ambientais. Dessa forma, a LP não concede nenhumdireito de intervenção ambiental, posto referir-se a uma faseainda conceitual (RIBEIRO, 2002).Para os empreendimentos já existentes em Minas Gerais antesde março de 1981, quando foi regulamentada a Lei Ambiental doEstado, é adotado o chamado licenciamento corretivo, por meio

de convocação a registro. Nesse caso, a regularização é obtidamediante a obtenção da Licença de Operação corretiva,condicionada ao cumprimento de Plano de Controle Ambiental -PCA, aprovado pela competente Câmara Especializada doCOPAM. O licenciamento corretivo é aplicado também aosempreendimentos instalados depois de março de 1981, à reveliada Legislação Ambiental, com o objetivo de permitir aregularização de suas atividades (ibidem).Os órgãos e entidades da administração estadual, direta e

indireta, somente aprovam projeto de implantação ou ampliaçãode atividades efetiva ou potencialmente degradadoras do meioambiente, após o licenciamento ambiental, sob pena deresponsabilização administrativa e nulidade de seus atos. Dessaforma, para a liberação de recursos referentes a concessão deincentivos fiscais ou financeiros, a empresa beneficiária deveapresentar a licença do COPAM (SANTOS et al., 2002; FEAM,2002).

Perspectivas para o licenciamento ambiental em Minas Gerais 

Pretende-se unir e transformar os diversos órgãos ambientais deMinas Gerais, nos moldes de agências de meio ambiente edesenvolvimento sustentável do Primeiro Mundo, com aintegração e simplificação informatizada dos órgãos oficiais que

cuidam da questão ambiental. Essa proposta, de acordo comCARVALHO (2003), Secretário de Meio Ambiente e

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Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (SEMAD), visadesburocratizá-los para que não mais funcionem como “cartórios”verdes. A mudança proposta visa introduzir o auto e declaratóriolicenciamento ambiental por parte das empresas, as quais

responderão penalmente, caso descoberto, como danosas aomeio ambiente. Tal proposta será sugerida ao CONAMA, como“um meio de extirpar o preconceito de que a questão ambientalentrava o desenvolvimento econômico quando, na verdade, é aúnica maneira dele acontecer de maneira sustentável, nãopredatória e sem exclusão social”. 

Tal proposta, que pretende ser revista até junho deste ano(2004), quando todo o sistema estará informatizado (por meio do

Sistema Integrado de Informação Ambiental - SIAM), tem sidoconduzida de maneira democrática, com ampla discussão eparticipação dos segmentos produtivos, dos ambientalistas e dasociedade civil organizada, o que implica diretamente noenvolvimento e crivo do COPAM, antes de virar sugestão doCONAMA. Esse trabalho tem sido realizado em parceria comnove Estados da Federação, tentando fazer as necessárias eindispensáveis alterações na base de sustentação do sistema.Para CARVALHO (2003), as iniciativas previstas não só

procuram atualizar a política ambiental oficial, como também“incorporar novas dimensões conceituais que foram surgindo aolongo dos anos, principalmente nessa última década, e que aindanão fazem parte das políticas públicas de meio ambiente”. Paraesse mesmo autor, o momento eletrônico e político atualfavorecem, sendo que o objetivo maior é desburocratizar esimplificar o sistema de licenciamento ambiental e omonitoramento vigente em Minas Gerais e no Brasil, onde haveráa incorporação da nova visão da gestão territorial, na qual o meio

ambiente deve ser visto de uma forma holística e sinergética.

Considerando que todo o sistema esteja informatizado, o cidadãocomum terá acesso ao Sistema Estadual de Meio Ambiente e atodos os seus órgãos vinculados, podendo receber orientaçõesquanto ao licenciamento e à fiscalização. Dessa forma, pretende-se simplificar, sensivelmente, o modo como se aceita eacompanha a proposta de desempenho de toda atividadeindustrial. A partir do momento que existe uma base de dados

unificada e geo-referenciada, contendo todas as informaçõesnecessárias (rede hidrológica, cobertura vegetal, relevo, etc.),

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cuja ausência tornavam lento o procedimento de licenciamentode atividades potencialmente poluidoras, serão agilizadas asdecisões sobre os aspectos locacionais do empreendimento. Issofará com que o licenciamento ambiental e o monitoramento se

transformem em instrumentos vinculados à meta de qualidade,tendo como referência espacial a bacia hidrográfica. ParaCARVALHO (2003) e JUNQUEIRA (2003), da Fundação Estadualde Meio Ambiente (FEAM), esse fato poderá tornar-se realidade,caso sejam adotados para os empreendimentos classes I e II(empreendimentos de pequeno porte com potencial poluidorpequeno e médio - classe I; e empreendimentos de médio porteque tenham potencial poluidor pequeno - classe II), oautolicenciamento perante a legislação ambiental, sob o nome de

responsabilidade civil (já acontece em países como a França eEspanha).

Tal procedimento visa a redução dos custos de licenciamentopara os pequenos e médios empresários, extremamenteonerosos, corrigindo uma antiga injustiça. Isso será possívelporque grande parte das informações exigidas à elaboração doEIA/RIMA, necessárias para a aprovação do projeto, cujos custosde consultoria são elevados, estarão disponíveis “on line” no

sistema ambiental do Estado. Ao mesmo tempo, as atividadescom maior risco de produzirem impactos de elevadas magnitudee importância, serão analisadas e, posteriormente, fiscalizadas,com maior rigor. Nos empreendimentos de classe III e IV(empreendimentos de pequeno porte, mas com grande potencialpoluidor ou de grande porte - classe III; e os empreendimentosgrandes, mas de pequeno potencial poluidor - serão classe IV).Os pequenos empreendimentos ficariam sujeitos à auditorias poramostragem, feitas pelo órgão ambiental (CARVALHO, 2003;

JUNQUEIRA, 2003).

Para RICAS (2003), superintendente-executiva da AssociaçãoMineira de Defesa do Meio Ambiente (AMDA), “a proposta épertinente, na medida que pretende corrigir os problemasrelativos aos licenciamentos, afirmando ser impossível querer queo Estado esteja presente em todos os empreendimentos”. Porémadverte: só funcionará exemplarmente, quando na amostragem,na malha fina de fiscalização pretendida pelo governo, a

descoberta do poluidor for acrescida de multas rigorosas.Iniciativas como a regionalização do COPAM e a unificação da

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entrada dos processos para análise, podem contribuir nessesentido.

Uma das vantagens desse novo procedimento, é que evita o

aumento do tamanho do Estado pela contratação de um maiornúmero de pessoal para administrar o setor ambiental, postoexistir atualmente grande ineficiência nessa área. Tal situação,típica do Brasil, é insustentável, posto que o custo recairá sobre ocontribuinte. A expectativa é que com o autolicenciamentoambiental, sejam desocupados 60% do tempo dos técnicos,orientando-os para o que é realmente mais importante efundamental em termos de fiscalização e aplicação da lei, nasatividades que têm, efetivamente, efeito poluidor, com alto grau

de risco para o meio ambiente e a saúde da população. Osubsídio para essa tomada de decisão vem do recente cadastrode 1.305 indústrias com potencial poluidor, cujos dados apontamque apenas 35 destas, respondem por 91% do total de resíduossólidos gerados no meio ambiente (CARVALHO, 2003;JUNQUEIRA, 2003). De acordo com JUNQUEIRA (2003), noBrasil existem atualmente, aproximadamente, cinco mil indústriaslicenciadas, mas sem nenhuma condição de acompanhamento.

Para CARVALHO (2003), o EIA/RIMA atual, apresenta umdiagnóstico setorial com um grande número de compêndios,muito bem elaborados, porém com um volume reduzido deprognósticos. Considerando que esses diagnósticos já seencontram disponíveis no sistema, o importante deve ser osprognósticos, onde estão as sugestões de solução, com as açõespara mitigar ou evitar a poluição de uma atividade efetiva oupotencialmente poluidora, que não vinha recebendo o merecidodestaque. Dessa forma, o sistema tornar-se-á pró-ativo, com uma

gestão moderna e eficaz.Também, visando a agilização dos procedimentos delicenciamento para os empreendimentos das classes III e IV, asimplificação proposta é facultar as fases de licenças prévias e deinstalação, e concomitantes. De acordo com JUNQUEIRA (2003),“o Brasil é o único país do mundo que ainda trabalha comlicenciamento em três estágios”. Entretanto, para RICAS (2003),“as mudanças não podem substituir, de maneira única e

indistinta, as ações tradicionais de comando e controle por partedos seus órgãos ambientais”. Isso porque, para essa mesma

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autora, “mesmo não sendo uma política efetiva, a normatização ea fiscalização por parte do Estado brasileiro, ainda é fundamentalpara aqueles que não querem cumprir a lei”. Adverte ainda, comrelação a excessiva preocupação com a agenda marrom (cuida

da poluição industrial), enquanto que pouca atenção recebem asagendas verde (relativa às florestas, fauna e flora) e azul (gestãoe uso dos recursos hídricos), posto que setores tradicionalmenteretrógrados com a questão ambiental, como a pecuária e aagricultura, continuam degradando o meio ambiente.

Operacionalização para a implantação de um SGA, segundo Jornaldo Meio Ambiente

O termo gestão ambiental, como pode ser visto, é bastanteabrangente. Ele é freqüentemente usado para designar açõesambientais em determinados espaços geográficos, como porexemplo: gestão ambiental de bacias hidrográficas, gestãoambiental de parques e reservas florestais, gestão de áreas deproteção ambiental, gestão ambiental de reservas de biosfera eoutras tantas modalidades de gestão que incluam aspectos

ambientais. A gestão ambiental empresarial está essencialmente voltada paraorganizações, ou seja, companhias, corporações, firmas,empresas ou instituições e pode ser definida como sendo umconjunto de políticas, programas e práticas administrativas eoperacionais que levam em conta a saúde e a segurança daspessoas e a proteção do meio ambiente por meio da eliminaçãoou minimização de impactos e danos ambientais decorrentes do

planejamento, implantação, operação, ampliação, realocação oudesativação de empreendimentos ou atividades, incluindo-setodas as fases do ciclo de vida de um produto.

Objetivos e Finalidades

O objetivo maior da gestão ambiental deve ser a buscapermanente de melhoria da qualidade ambiental dos serviços,

produtos e ambiente de trabalho de qualquer organização públicaou privada.

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 A busca permanente da qualidade ambiental é, portanto, umprocesso de aprimoramento constante do sistema de gestãoambiental global de acordo com a política ambiental estabelecidapela organização.

Há também objetivos específicos da gestão ambiental,claramente definidos segundo a própria norma NBR-ISO 14.001que destaca cinco pontos básicos.

 Além dos objetivos oriundos da norma ISO, em complemento, naprática, observam-se outros objetivos que também podemser alcançados por intermédio da gestão ambiental:Gerir as tarefas da empresa no que diz respeito a políticas, diretrizes eprogramas relacionados ao meio ambiente e externo da companhia;

Manter, em geral, em conjunto com a área de segurança do trabalho, asaúde dos trabalhadores;Produzir, com a colaboração de toda a cúpula dirigente e ostrabalhadores, produtos ou serviços ambientalmente compatíveis;Colaborar com setores econômicos, a comunidade e com os órgãosambientais para que sejam desenvolvidos e adotados processosprodutivos que evitem ou minimizem agressões ao meio ambiente.

Norma NBR-ISO 14.001Segundo a norma ISO 14.001, os objetivos da gestãoambiental devem ser:Implementar, manter e aprimorar um sistema de gestão ambiental; Assegurar-se de sua conformidade com sua política ambiental definida;Demonstrar tal conformidade a terceiros;Buscar certificação/registro do seu sistema de gestão ambiental por umaorganização externa;Realizar uma auto-avaliação e emitir autodeclaração de conformidade

com esta Norma.

Fundamentos Básicos da Gestão AmbientalOs fundamentos, ou seja, a base de razões que levam asempresas a adotar e praticar a gestão ambiental são vários.Podem representar desde procedimentos obrigatórios deatendimento da legislação ambiental até a fixação de políticasambientais que visem a conscientização de todo o pessoal daorganização.

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 A busca de procedimentos gerenciais ambientalmente corretos,incluindo-se aí a adoção de um Sistema Ambiental (SGA), naverdade, encontra inúmeras razões que justificam a sua adoção.Os fundamentos predominantes podem variar de uma

organização para outra. No entanto, eles podem ser resumidosnos seguintes princípios básicos:Os recursos naturais (matérias-primas) são limitados e estão sendofortemente afetados pelos processos de utilização, exaustão edegradação decorrentes de atividades públicas ou privadas, portantoestão cada vez mais escassos, relativamente mais caros ou seencontram legalmente mais protegidos;Os bens naturais, tais como a água e o ar, já não são mais benslivres/grátis, ou seja, de livre acesso. Por exemplo, a água possui valoreconômico, ou seja, paga-se, e cada vez se pagará mais por esse

recurso natural. Determinadas indústrias, principalmente com tecnologiasavançadas, necessitam de áreas com relativa pureza atmosférica. Aomesmo tempo, uma residência num bairro com ar puro tem um customais elevado do que uma casa em região poluída;O crescimento da população humana, principalmente em grandesregiões metropolitanas e nos países menos desenvolvidos, exerce forteconseqüência sobre o meio ambiente em geral e os recursos naturais emparticular; A legislação ambiental exige cada vez mais respeito e cuidado com omeio ambiente, exigência essa que conduz efetivamente a uma maior

preocupação ambiental;Pressões públicas de cunho local, nacional e mesmo internacionalexigem cada vez mais responsabilidades ambientais das empresas;Bancos, financiadores e seguradoras dão privilégios a empresasambientalmente sadias ou exigem taxas financeiras e valores de apólicesmais elevadas de firmas poluidoras; A sociedade em geral e a vizinhança em particular está cada vez maisexigente e crítica no que diz respeito a danos ambientais e à poluiçãoprovenientes de empresas e atividades. Organizações não-governamentais estão sempre mais vigilantes, exigindo o cumprimento

da legislação ambiental, a minimização de impactos, a reparação dedanos ambientais ou impedem a implantação de novosempreendimentos ou atividades;Compradores de produtos intermediários estão exigindo cada vez maisprodutos que sejam produzidos em condições ambientais favoráveis; A imagem de empresas ambientalmente saudáveis é mais bem aceitapor acionistas, consumidores, fornecedores e autoridades públicas; Acionistas conscientes da responsabilidade ambiental preferem investirem empresas lucrativas sim, mas ambientalmente responsáveis; A gestão ambiental empresarial está na ordem do dia, ou seja, évanguarda, principalmente nos países ditos industrializados e também jános países considerados em vias de desenvolvimento;

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 A demanda por produtos cultivados ou fabricados de formaambientalmente compatível cresce mundialmente, em especial nospaíses industrializados. Os consumidores tendem a dispensar produtose serviços que agridem o meio ambiente;Cada vez mais compradores, principalmente importadores, estãoexigindo a certificação ambiental, nos moldes da ISO 14.000, oumesmo certificados ambientais específicos como, por exemplo,para produtos têxteis, madeiras, cereais, frutas, etc. Taisexigências são voltadas para a concessão do “Selo Verde”,mediante a rotulagem ambiental. Acordos internacionais, tratadosde comércio e mesmo tarifas alfandegárias incluem questõesambientais na pauta de negociações culminando com exigênciasnão tarifárias que em geral afetam produtores de países

exportadores. Esse conjunto de fundamentos não é conclusivo,pois os quesitos apontados continuam em discussão e tendem ase ampliar. Essa é uma tendência indiscutível, até pelo fato deque apenas as normas ambientais da família ISO 14.000 quetratam do Sistema de Gestão Ambiental e de Auditoria Ambientalencontram-se em vigor.

Necessidade e Importância da Gestão AmbientalPor danos e efeitos ambientais possíveis de ocorrerem durante o

ciclo de vida do produto compreendem-se todos os impactossobre o meio ambiente, inclusive a saúde humana, decorrentes:a) da obtenção e transporte de matérias-primas; b) datransformação, ou seja, a produção propriamente dita; c) dadistribuição e comercialização; d) do uso dos produtos; e) daassistência técnica; e f) destinação final dos bens.Deve-se salientar que a empresa é a única responsável pelaadoção de um SGA e, por conseguinte de uma política ambiental.Só após sua adoção, o cumprimento e a conformidade devem ser

seguidos integralmente, pois eles adquirem configuração de“sagrados”. Portanto, ninguém é obrigado a adotar um SGA e, ou,Política Ambiental. Depois de adotados, deve-se cumprir oestabelecido sob pena da organização cair num enormedescrédito no que se refere às questões ambientais.

Finalidades Básicas da Gestão Ambiental e Empresarial 

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Servir de instrumentos de gestão com vistas a obter ou assegurara economia e o uso racional de matérias-primas e insumos,destacando-se a responsabilidade ambiental da empresa:Orientar consumidores quanto à compatibilidade ambiental dos

processos produtivos e dos seus produtos ou serviços;Subsidiar campanhas institucionais da empresa com destaque para aconservação e a preservação da natureza;Servir de material informativo a acionistas, fornecedores e consumidorespara demonstrar o desempenho empresarial na área ambiental;Orientar novos investimentos privilegiando setores com oportunidadesem áreas correlatas;Subsidiar procedimentos para a obtenção da certificação ambiental nosmoldes da série de normas ISO 14.000; eSubsidiar a obtenção da rotulagem ambiental de produtos.

Os objetivos e as finalidades inerentes a um gerenciamentoambiental nas empresas evidentemente devem estar emconsonância com o conjunto das atividades empresariais.Portanto, eles não podem e nem devem ser vistos comoelementos isolados, por mais importantes que possam parecernum primeiro momento. Vale aqui relembrar o trinômiodas responsabilidades  empresariais: a) ambiental; b) econômica;

e c) social.

Princípios e Elementos Básicos 

 Ao considerar a gestão ambiental no contexto empresarial,percebe-se de imediato que ela pode ter e geralmente tem umaimportância muito grande, inclusive estratégica. Isso ocorreporque, dependendo do grau de sensibilidade para com o meioambiente demonstrado e adotado pela alta administração, já

pode perceber e antever o potencial que existe para que umagestão ambiental efetivamente possa ser implantada.

De qualquer modo, estando muito ou pouco vinculadas aquestões ambientais, as empresas que já estão praticando agestão ambiental ou aquelas que estão em fase de definição dediretrizes e políticas para iniciarem o seu gerenciamentoambiental devem ter consciência dos princípios e dos elementosde um SGA e as principais tarefas e atribuições que normalmente

são exigidas para que seja possível levar a bom termo a gestãoambiental.

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A norma NBR - ISO 14.004 

Princípios e elementos de um SGA 

Comprometimento e política - é recomendado que umaorganização defina sua política ambiental e assegure ocomprometimento com o seu SGA.

Planejamento - é recomendado que uma organização formule um planopara cumprir sua política ambiental.Implementação - para uma efetiva implementação, é recomendado que

uma organização desenvolva a capacitação e os mecanismos de apoionecessários para atender sua política, seus objetivos e metasambientais;Medição e avaliação - é recomendado que uma organização mensure,monitore e avalie seu desempenho ambiental; eAnálise crítica e melhoria - é recomendado que uma organizaçãoanalise criticamente e aperfeiçoe continuamente seu sistema degestão ambiental, com o objetivo de aprimorar seu desempenhoambiental global.

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Figura 4 – Modelo de Sistema de Gestão Ambiental. Fonte: Adaptado da NBR-ISO 14001.

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Figura 5 – Fluxo do Sistema de Gestão Ambiental. Fonte: WRUK,Hans-Peter. Kapitel 4.3: Normative Vorgaben In: PraxishandbuchUmweltmanagement – System. Tradução livre.

O que diz a NBR-ISO 14.004 

Avaliação Ambiental Inicial

O processo de implementação de um sistema de gestãoambiental começa pela avaliação ambiental inicial. Na prática,esse procedimento pode ser realizado com recursos humanos

internos ou externos, pois, quando a empresa já dispõe depessoal habilitado ou relacionado com questões ambientais (porexemplo, técnicos da área de saúde e segurança do trabalho oucontrole de riscos), essa tarefa poderá ser feita internamente. Poroutro lado, não existindo tal possibilidade, a organização poderárecorrer aos serviços de terceiros, quer seja ao de consultoresautônomos ou ao de firmas de consultoria ambiental.

Empresas em geral e as mais poluentes em particular possuem

uma série de problemas ambientais que vão desde suas fontespoluidoras, destino de resíduo e despejos perigosos, até ocumprimento da legislação ambiental. Na verdade, na maioriadas vezes, as empresas mal conseguem perceber suasdeficiências em termos de meio ambiente, pois vários aspectoscontribuem para isso, tais como:

Falta de percepção ou conscientização ecológicas de dirigentes ecolaboradores;

Forma tradicional de produção, tratamento de efeitos poluidores no fimdo processo industrial;Redução de despesas, a qualquer custo, em detrimento do meioambiente;Manutenção da competitividade em setores que em geral não cuidamdas questões ambientais; eFalta de monitoramento ou fiscalização dos órgãos ambientaiscompetentes.

 A avaliação ambiental inicial permite às organizações:Conhecer seu perfil e desempenho ambiental;

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 Adquirir experiência na identificação e análise de problemas ambientais;Identificar pontos fracos que possibilitem obter benefícios ambientais eeconômicos, muitas vezes óbvios;Tornar mais eficientes a utilização de matérias-primas e insumos; eServir de subsídios para fixar a política ambiental da organização.

 A avaliação ambiental inicial pode ser executada com recursoshumanos internos ou mediante a contratação de serviços deterceiros, quer seja com um especialista autônomo ou firma deconsultoria.

Para a execução da avaliação ambiental, podem ser usadasvárias técnicas isoladamente ou de forma combinada - sempre

dependerá da atividade ou organização a ser avaliada. Asprincipais técnicas comuns para fazer a avaliação podem incluir:

 Aplicação de questionários previamente desenvolvidos para finsespecíficos;Realização de entrevistas dirigidas, com o devido registro dos resultadosobtidos;Utilização de listas de verificação pertinentes às características daorganização. Estas se mostram muito apropriadas para analisaratividades, linhas de produção ou unidades fabris semelhantes,

permitindo comparações;Inspeções e medições diretas em casos específicos, como por exemplo:emissões atmosféricas, quantidades e qualidade de despejos; Avaliação de registros de ocorrências ambientais, tais como infrações emultas; eBenchmarking, ou seja, técnica de estudo das melhores práticas, sejamelas de setores da própria organização ou de terceiros, permitindo adotá-las ou aprimorá-las.

Þ Abrangência da avaliação ambiental inicial 

Identificação dos requisitos legais e regulamentares;Identificação dos aspectos ambientais de suas atividades, produtos ouserviços, de modo a determinar aqueles que têm ou possam ter impactosambientais significativos e impliquem em responsabilidade civil; Avaliação do desempenho em relação a critérios internos pertinentes,padrões externos, regulamentos, código de prática, princípios ediretrizes;

Práticas e procedimentos de gestão ambie ntal existentes;

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Identificação de políticas e procedimentos existentes relativos àsatividades de aquisição e contratação;Informações resultantes da investigação de incidentes anteriores,envolvendo não conformidades;Oportunidades de vantagens competitivas;Os pontos de vista das partes interessadas; eFunções ou atividades de outros sistemas organizacionais que possamfacilitar ou prejudicar o desempenho ambiental.

Comprometimento e Política Ambiental A política ambiental deve estabelecer um senso geral deorientação para as organizações e simultaneamente fixar osprincípios de ação pertinentes aos assuntos e à posturaempresarial relacionados ao meio ambiente. Tendo como base aavaliação ambiental inicial ou mesmo uma revisão que permitasaber onde e em que estado a organização se encontra emrelação às questões ambientais, chegou a hora da empresadefinir claramente aonde ela quer chegar. Nesse sentido, aorganização discute, define e fixa o seu comprometimento e arespectiva política ambiental.

O objetivo maior  é obter um comprometimento e uma políticaambiental definida para a organização. Ela não deve

simplesmente conter declarações vagas; ela precisa ter umposicionamento definido e forte. Além da política ambiental,empresas também adotam a missão de que em poucas palavras,expõe seus propósitos. A política ambiental da organização devenecessariamente estar disseminada nos quatro pontos cardeaisda empresa, ou seja, em todas as áreas administrativas eoperativas e também deve estar incorporada em todas ashierarquias existentes, ou seja, de baixo para cima e de cimapara baixo - da alta administração até a produção. Ao adotar a política ambiental, a organização deve escolher asáreas mais óbvias a serem focalizadas com relação aocumprimento da legislação e das normas ambientais vigentesespecíficas no que se refere a problemas e riscos ambientaispotenciais da empresa. A organização deve ter o cuidado de nãoser demasiadamente genérica afirmando, porexemplo: comprometemos-nos a cumprir a legislação ambiental . Éóbvio que qualquer empresa, com ou sem política ambiental

declarada, deve obedecer à legislação vigente.

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O compromisso com o cumprimento e a conformidade é de vitalimportância para a organização, pois, em termos de gestãoambiental, inclusive nos moldes das normas da série ISO 14000,a adoção de um SGA é voluntária, portanto nenhuma empresa é

obrigada a adotar uma política ambiental ou procedimentosambientais espontâneos, salvo em casos de requisitos exigidospor lei, tais como: licenciamento ambiental, controle de emissões,e tratamento de resíduos.

O que diz a NBR-ISO 14.001 

Política Ambiental 

 A alta administração deve definir a política ambiental daorganização e assegurar que ela:

Seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de suasatividades;Inclua o comprometimento com a melhoria contínua e com a prevençãoda poluição;

Inclua o comprometimento com o atendimento à legislação e normasambientais aplicáveis e demais requisitos subscritos pela organização;Forneça a estrutura para o estabelecimento e revisão dos objetivos emetas ambientais;Seja documentada, implementada, mantida e comunicada a todos osempregados;Esteja disponível para o público.

Planejamento do Processo 

O planejamento da implementação de um SGA, como qualqueratividade de planejar, exige alguns cuidados básicos para que asintenções possam ser transformadas em ações reais. Portanto,as organizações devem formular um plano para cumprir suapolítica ambiental. Para iniciar o planejamento propriamente dito,a organização deve estabelecer e manter procedimentos quepermitam avaliar, controlar e melhorar os aspectos ambientais da

empresa, especialmente no que diz respeito ao cumprimento dalegislação, normas, uso racional de matérias-primas e insumos,

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saúde e segurança dos trabalhadores e minimização de danosambientais, dentre outros aspectos.

Segundo o entendimento expresso na própria norma NBR-ISO

14.004, o relacionamento entre os aspectos ambientais e osimpactos ambientais é o de causa-efeito.

Quadro 10 - Identificação de aspectos ambientais e comerciais 

Aspectos Ambientais  Aspectos Comerciais 

Escala dos impactos Potencial de exposição legal e regulamentar

Gravidade (importância) doimpacto

Dificuldade para redução ou eliminação dosimpactos

Probabilidade de ocorrência Custo para a redução ou eliminação dos impactos

Duração do impacto

Efeitos de uma alteração sobre outras atividades e

 processos

Localização dos impactos Preocupação das partes interessadas

Momento de ocorrência dosimpactos Efeitos na imagem pública da organização

Þ Áreas e, ou, serviços envolvidos na elaboração 

Projetos prioritáriosModificação de processosGerenciamento de materiais perigososGerenciamento de resíduosGerenciamento de água (por exemplo: águas servidas, pluviais esubterrâneas)Gerenciamento da qualidade do arGerenciamento da energiaTransporte

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Quadro 11  –  Exemplos de Objetivos e Metas Ambientais comReflexos Econômicos 

Objetivos  Metas  Reflexos econômicos 

Reduzir o consumo de

água industrial.

Obter uma redução de 10% em

relação ao ano anterior. Reduzir as despesas

Prolongar a vida útil

do aterro sanitário.

Aumentar em 100% a capacidade de

deposição.

ão fazer novos

investimentos.

Substituir o uso de

solventes químicosimportados.

Utilizar solventes biodegradáveisnacionais.

Favorecer a economialocal.

Revegetar áreas

degradadas.

Revegetar todas as áreas nos

 próximos cinco anos e não permitir

o surgimento de novas multas

ambientais e suspensão da licença

de operação.

Evitar a suspensão da

licença de operação e

não pagar multas.

O que diz a NBR-ISO 14.004 

Elementos do sistema de gestão ambiental relativo ao planejamento 

Identificação dos aspectos ambientais e avaliação dos impactosambientais associadosRequisitos legaisPolítica ambientalCritérios internos de desempenhoObjetivos e metas ambientaisPlanos ambientais e programas de gestão

Tarefa e Atribuições da Gestão Ambiental Empresarial 

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São as seguintes tarefas e atribuições da Gestão AmbientalEmpresarial:

Definir política/diretriz ambiental para a empresa holding/matriz e demaisunidades.Elaborar objetivos, metas e programas ambientais globais e específicospara ação local.Definir a estrutura funcional e alocar pessoas qualificadas.Organizar um banco de dados ambientais.Montar um sistema de coleta de dados ambientais definidos por unidade.Medir e registrar dados ambientais, por exemplo:Consumo de água, energia e combustível;Geração de resíduos, lixo e despejos;Emissões e imissões de poluentes;Consumo de diversos (papel, impressos, plásticos, produtos de limpeza,etc).Elaborar relatórios ambientais específicos de áreas críticas (podeenvolver análise de risco).Fazer um inventário de leis, normas e regulamentações ambientais.Fazer inspeções ambientais isoladas em unidades críticas.Implantar e fazer monitoramento ambiental.Elaborar e implantar programas de gestão ambiental.Implantar e executar treinamento e conscientização ambiental emdiferentes setores e níveis organizacionais.Divulgar informações e resultados ambientais para mídia e propaganda.Definir e implantar prêmios e concursos ambientais internos e externos.Elaborar e divulgar orientações ambientais para fornecedores,consumidores, funcionários e acionistas.Fazer a avaliação de impactos ambientais nos termos legais paraimplantação, operação, ampliação ou desativação de empreendimentos.Emitir relatórios de desempenho ambiental.Propor e executar ações corretivas.Fazer auditoria ambiental espontaneamente e/ou por exigência legal.

É recomendável que a organização defina suas prioridadesambientais, os objetivos e as responsabilidades para que osistema de gestão ambiental e as atividades diárias a elarelacionadas realmente possam ser viabilizadas.

Implementação e Operação do Sistema de GestãoAmbiental Após terem sido executadas as fases anteriores, chega-se ao

momento da implementação e da operação do sistema de gestãoambiental. Esse procedimento compreende essencialmente a

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capacitação e os mecanismos de apoio. Em síntese, isso significadisponibilizar recursos humanos, físicos e financeiros para que apolítica, os objetivos e as metas ambientais da organizaçãopossam ser viabilizados.

Deve-se ressaltar que no contexto da melhoria contínua daqualidade ambiental, as exigências de capacitação e osmecanismos de apoio evoluem constantemente, ou seja, devemser aperfeiçoadas ou adequadas sempre que se fizer necessário.

Segundo a NBR-ISO 14.001, a implementação e a operação doSGA engloba os seguintes aspectos:

Estrutura e responsabilidade;Treinamento, conscientização e competência;Comunicação;Documentação do SGA;Controle de documentos;Controle operacional; ePreparação e atendimento a emergências.

No que se refere à estrutura e a responsabilidade para asquestões ambientais deve-se ressaltar que dependerão dotamanho e do ramo de atividades da empresa. Portanto, aestrutura não necessariamente exige um departamento de meioambiente se for uma pequena ou média empresa. Bastarádesignar uma pessoa ou uma equipe para tratar do SGA. Empequenas empresas a responsabilidade maior caberá ao

proprietário, que desempenhará as funções de “altaadministração”. Já as empresas de maior porte vão exigir umaestrutura maior. Cada caso deverá ser analisado e adaptadoindividualmente.

Quanto à responsabilidade técnica e pessoal, a NBR-ISO 14.004apresenta um exemplo que pode servir de orientação, conformemostra o quadro apresentado a seguir.

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Quadro 12 - Exemplos de Responsabilidades Ambientais 

Exemplos de responsabilidades ambientais 

Pessoas(s) responsável(eis)

típica(s) 

Estabelecer a orientação geral

Presidente, Executivo Principal,

Diretoria

Desenvolver a política ambiental

Presidente, Executivo Principal,

Gerente de Meio Ambiente

Desenvolver objetivos, metas e programas

ambientais Gerentes envolvidos

Monitorar desempenho global do SGA Gerente do meio ambiente

Assegurar o cumprimento dos regulamentos Gerente Operacional

Assegurar melhoria contínua Todos os gerentes

Identificar as expectativas dos clientes Pessoal de Venda e de Marketing

Identificar as expectativas dos fornecedores

Pessoal de Compras e de

Contratação

Desenvolver e manter procedimentos contábeis Gerentes financeiros e contábeis

Cumprir os procedimentos definidos Todo o pessoal

Observação: No caso de pequenas e médias empresas, a pessoaresponsável pode ser o proprietário. Fonte: NBR-ISO 14004  – 

1996.

O treinamento envolve aspectos de conscientização ambiental,motivação e comunicação extensivas a toda a organização. Umprocesso de treinamento eficaz envolve várias etapas eelementos essenciais, a saber:

Identificação das necessidades de treinamento da organizaçãoDesenvolvimento de planos dirigidos de treinamento

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Verificação e avaliação da conformidade do programa de treinamentoprevisto com os requisitos legais ou organizacionaisTreinamento de grupos específicos de dirigentes ou empregadosDocumentação do treinamento realizado Avaliação dos resultados do treinamento recebido

O treinamento deve ser realizado ao longo dos procedimentos deimplantação do SGA e permanentemente atualizado e reaplicadosegundo um programa previamente estabelecido.

Quadro 13 - Exemplos de tipos de treinamento ambiental paraempresas 

Tipo de Treinamento  Público  Propósito 

Conscientização sobre a

importância estratégica da

gestão ambiental Gerência executiva

Obter o comprometimento e

harmonização com a política

ambiental da organização.

Conscientização sobre as

questões ambientais em

geral Todos os empregados

Obter o cumprimento com a

 política ambiental, seus objetivos

e metas e fomentar um senso de

responsabilidade individual.

Aperfeiçoamento dehabilidades

Empregados com

responsabilidadesambientais

Melhorar o desempenho em áreas

específicas da organização, por

exemplo, operações, pesquisa edesenvolvimento e engenharia.

Cumprimento dos

requisitos

Empregados cujas

ações podem afetar o

cumprimento dos

requisitos

Assegurar que os requisitos legais

e internos para treinamento sejam

cumpridos.

Fonte: NBR-ISO 14004 – 1996

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Medição e Avaliação

Toda e qualquer atividade empresarial envolve as fases deplanejamento, execução, operação e avaliação dos resultadosalcançados. Isso também ocorre com a implementação dosistema de gestão ambiental, que deve ser verificado emonitorado com vistas a investigar problemas e corrigi-los.

Em síntese, segundo a NBR-ISO 14.001, a verificação e a açãocorretiva orienta-se por quatro características básicas doprocesso de gestão ambiental:

Medição e monitoramento Ações corretivas e preventivasRegistros e gestão da informação Auditorias do sistema de gestão ambiental precisam ser feitasperiodicamente para avaliar a conformidade do SGA que foirealizado e planejado, para verificar se vem sendoadequadamente implementado e mantido na devidaconformidade. Dada a importância que a auditoria ambiental vem

ganhando no contexto geral da gestão ambiental, optou-se pordedicar o próximo capítulo para tratar especificamente desseassunto.

Roteiro para um Sistema de Gestão AmbientalO roteiro apresentado a seguir mostra as principais etapas aserem seguidas na implantação de um sistema de gestãoambiental. As ações recomendadas podem sofrer pequenasvariações de uma empresa para outra.

QUADRO 14 - Roteiro para implantar um Sistema de GestãoAmbiental

Etapas  Ações recomendadas Designar equipe e · Designar um representante da alta administração para liderar os

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coordenador para

gerenciar a

implantação

trabalhos.

· Iniciar treinamento interno de pessoal para gestão ambiental.

· Estabelecer meios para a documentação do SGA.

Fazer auto-

avaliação da

organização

· Fazer uma avaliação ambiental inicial.· Examinar a existência de um SGA, ou procedimentos correlatos

como p. ex.: segurança e saúde dos trabalhadores, prevenção de

riscos.

· Fazer uma avaliação de conformidade de toda a legislação

ambiental pertinente.

· Levantar exigências ambientais de clientes.

Definir a política

ambiental · Redigir a política ambiental da organização

· Redigir a documentação básica do SGA

Elaborar o plano de

ação

· Fazer um plano de implementação, por escrito, considerando: o

que, onde, quando, como, responsável, recursos humanos e

financeiros necessários.

Elaborar um manual

de gestão ambiental

· Revisar e incorporar procedimentos (manuais) isolados

existentes, p. ex.: saúde e segurança dos trabalhadores.

· Definir o fluxo de encaminhamento do Manual.

· Testar a eficiência do fluxo, inclusive o acesso.

· Estabelecer prazos e formas de revisão.· Submeter à aprovação da comissão coordenadora.

Elaborar instruções

operativas · Estabelecer plano emergencial para áreas de risco.

· Elaborar instruções para processos operativos.

Revisão e análise

· Auditoria interna.

· Auditoria externa.

Plano de ação de

melhoria

· Fazer avaliação de pontos fortes e fracos.

· Fazer avaliação ou reavaliação de desempenho ambiental.· Preparar plano e, ou, procedimentos específicos para a melhoria

contínua.

Norma BS 7750 

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 A Norma BS 7750 foi emitida pelo Instituto Britânico deNormatização - BSI, tendo sua primeira versão publicada em1992.

 A Norma BS 7750 especifica os requisitos para odesenvolvimento, implantação e manutenção de sistemas degestão ambiental que visem garantir o cumprimento de políticas eobjetivos ambientais definidos e declarados. A norma nãoestabelece critérios de desempenho ambiental específicos, masexige que as organizações formulem políticas e estabeleçamobjetivos, levando em consideração a disponibilização dasinformações sobre efeitos ambientais significativos.

 A BS 7750 aplica-se a qualquer organização que deseje:

Garantir o cumprimento a uma política ambiental estabelecida; eDemonstrar este cumprimento a terceiros. A elaboração da norma britânica BS 7750 foi confiada peloComitê Normativo de Gerenciamento Ambiental a um ComitêTécnico Especial (ESS/1), no qual inúmeras organizaçõesempresariais, técnicas, acadêmicas e governamentais estavamrepresentadas.

 A BS 7750 foi formulada de forma a permitir que qualquerorganização, independente do seu porte, atividade oulocalização, estabeleça um sistema de gerenciamento efetivo,como alicerce para um desempenho ambiental seguro e para osprocedimentos de auditoria ambiental.

 A BS 7750 declara que os aspectos da gestão de saúdeocupacional e segurança não foram abordados. Entretanto, nãovisa impedir que uma organização os inclua ou integre em seu

Sistema de Gestão Ambiental.Vale observar que a norma foi formulada com o propósito de queo Sistema de Gestão Ambiental (SGA) não precise serimplementado de forma independente, mas sim por meio daadaptação dos componentes do gerenciamento de umaorganização.

Considerações 

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Impõe-se, como questão prioritária a ser resolvida para atingir odesenvolvimento sustentável, a extinção ou redução da pobreza,para que haja uma maior eqüidade social, possibilitando aparticipação da sociedade no controle do desenvolvimento. Esta

deve ser reavaliada: a) entre as nações, podendo ser amenizadaem termos de mudanças nos modelos de produção edesenvolvimento; e b) dentro de cada país, que pode serconseguida por meio de uma melhor distribuição de renda emudanças de hábitos de consumo; ou seja, exige-se mudançasestruturais na sociedade. Esse aspecto é fundamental, posto queo indivíduo marginalizado da sociedade, sem emprego ou acessoà educação e à saúde, seu compromisso maior destina-se àprópria sobrevivência. Dessa forma, considerando a sua condição

de degradação humana, não haverá como exigir deste indivíduoa sua preocupação com a degradação ambiental.

 A política ambiental, após a elaboração da Constituição de 1988,garantiu direito a todo brasileiro ao meio ambiente equilibrado,posto ser um bem de uso comum e fundamental para que setenha qualidade de vida e desenvolvimento sustentável.Também, a Constituição: a) estimula a ação popular ambiental,enfatizando o papel do cidadão; b) cria dispositivos concedendo

autonomia a estados e municípios; c) inclui como função depromover a proteção do meio ambiente entre as incumbênciasinstitucionais do Ministério Público; d) impõe a defesa do meioambiente como um dos princípios gerais da ordem econômica; e)condiciona o direito de propriedade à preservação ambiental; e f)evidencia a necessidade de recuperação de áreas degradadas,entre outros.

 Após a promulgação da Constituição, houve mudanças

substanciais nas propostas originais do governo, entenda-secomo planejamento, que propiciaram inovações legais e a criaçãode diversos programas que, na verdade, garantem odesenvolvimento sustentável, tais como: a) criação do IBAMA,agência governamental com amplas responsabilidades nacondução da política ambiental; b) ampliação das restriçõescontidas no Código Florestal, com ênfase para proibições dedesmatamento; c) suspensão de financiamentos a atividades queimpliquem desmatamento e afetem ecossistemas primários; d)

vinculação da outorga de concessão de lavra garimpeira aolicenciamento ambiental; e e) criação de lei dispondo sobre o

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controle de todas as etapas do uso de agrotóxicos no país. Coma Lei 8.028/90, foi criada a Secretaria do Meio Ambiente(SEMAM), com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionare controlar as atividades relativas à Política Nacional de Meio

 Ambiente e à preservação, conservação e uso racional dosrecursos naturais renováveis.

Considerando que as comunidades de todo o mundo têm porobjetivo atual, exigir do sistema produtivo a conservação dosrecursos naturais e a manutenção do meio ambiente saudável, oSGA e o licenciamento ambiental podem funcionar comoimportantes ferramentas para este fim. Na verdade, um novo tipode gestão da natureza carece da participação de novos tipos de

gestores e da criação de novas maneiras de gestão. Faz-senecessário a alteração dos modelos de produção, com aeducação ambiental das empresas e das próprias comunidades,visando a redução da poluição, o descarte excessivo de resíduose a substituição do modelo energético: a reciclagem é umaalternativa concreta do ponto de vista técnico, econômico esocial, que contribui diretamente nesses três aspectos. Dessaforma, em diferentes graus, os diversos atores da sociedadedeverão se constituir em gestores de qualidade da natureza,

posto que direta ou indiretamente, todos influenciam na suaqualidade.

 As leis ambientais, que exigem a avaliação de impactosambientais e o licenciamento, com as suas imposições, tais comocontrole, monitoramento e multas, bem como os procedimentosde certificação vêm funcionando como instrumentos efetivos àscausas ambientais. Entretanto, os processos de certificação, queé um processo voluntário, só terão resultados efetivos se

visualizarem e aprenderem a origem social dos problemasambientais. Serão mais eficientes quando ocomprador/consumidor o exigirem. É fundamental trabalhar ascomunidades visando o aumento do seu nível de consciênciaambiental, paralelamente à redução das desigualdades de podere riquezas, para que possam exigir uma postura mais definida naelaboração das políticas públicas, cobrando das empresas aimplantação do SGA.

O Estado deve ser o principal mediador nesse processo deregulação e uso dos recursos naturais e de proteção ao meio

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ambiente. Impõe-se construir modelos de gestão que integre osinteresses diversos, solucionando as contradições surgidas nocaminho para o desenvolvimento econômico e a conservação danatureza, mesmo que seja por meio de política regulatória, como

é a política nacional de recursos hídricos. Para esse fim, devemser estimulados os conceitos de desenvolvimento sustentável,manejo de recursos naturais e democratização edescentralização das decisões, como as políticas ambientaisestruturadoras e indutoras sendo estimuladas, de forma adesonerar o Estado, no seu sentido mais amplo, com aparticipação dos organismos internacionais, ONGs e corporaçõesintegradas na elaboração e na implementação de políticasambientais.

 A degradação, ambiental e humana, está diretamente relacionadacom a condição de perpetuação de modelos de produção queagridem o meio ambiente e conduzem à pauperização. Arecuperação ambiental, além dos recursos técnicos, depende demudanças de condutas e de valores; e o desenvolvimentosustentável será conseqüência dessas transformações, quedeverão ser propostas, evidenciando preocupação mais efetivacom o meio ambiente.

Consciente desta realidade, o desenvolvimento sustentávelrequererá mudanças fundamentais na percepção cultural, ondeexista a consciência de que o meio ambiente não está limitadoaos ecossistemas biofísicos, mas inclui uma rede de interaçõesentre a consciência humana, os sistemas sociais e o meionatural, formando um centro integrado, sendo necessário,portanto, uma visão sistêmica. É sabido, que o comportamentointerno da organização com relação às questões ambientais

refletem diretamente, em grande parte, as exigências exteriores,que são particulares para cada cultura e estrutura social. Então,para que a ética passe a ser incorporada e integrada de formaverdadeira, faz-se necessário mudanças na estrutura e estratégiaorganizacionais, preocupações que deverão ser anteriores ao seupróprio desenvolvimento tecnológico.

Dessa forma, a pesquisa e a ética com vistas a sustentabilidade,seriam desenvolvidas ao longo do tempo, onde os elementos a

serem incluídos nesse processo estariam abertos ao debateético. O horizonte de tempo a ser considerado para a tomada de

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decisões, deverá ser similarmente determinado. Um debate destanatureza pode ser iluminado pela discussão de visõesalternativas em ambas as questões - desenvolvimento ehorizonte de tempo - mas que não poderá ser resolvido de outra

forma que não por um consenso, ele próprio essencialmenteético. Portanto, é preciso que sejam definidos critérios objetivosde políticas públicas, para gerenciarem essas questões, inclusiveas novas tecnologias, que deverão possuir os atributos e critériosdas tecnologias apropriadas. Inclusive, com propostas demodelos de produção que auxiliem na recuperação ambiental eque sejam sustentáveis.

Proposta de Modelo de Produção Sustentável

Ø Objetivos 

O objetivo deste capítulo é identificar proposta inovadora demodelo de produção capaz de gerar emprego e renda com maioreqüidade e justiça social, respeitando os princípios dodesenvolvimento sustentável, a partir de estratégias gerenciaisdiferenciadas. Objetiva também:

Evidenciar que a adoção desta proposta evita a degradação ambiental,como também permite a recuperação de áreas degradadas;Demonstrar, por meio de Estudo de Caso, problemas ambientais atuaisde grande monta e perspectivas para as suas soluções por meio daadoção desta proposta; eSugerir pesquisas para os assuntos discutidos nestes Estudos de Casos,visando a sua difusão.

Ø Introdução 

Deve-se esclarecer que, nos dias atuais, os conceitos dedesenvolvimento sustentável ampliam-se, abraçando diferentesdimensões, que buscam se combinar e complementarem-se. Háque se considerar, entretanto, como foi exposto no capítuloanterior, haver divergências consideráveis para a obtenção dessaconfluência. Isso porque, segundo HOFFMAN (1997) eNARDELLI (2001), os interesses definem as suas dimensões

temporais, de acordo com a sua conveniência. Desta forma, deacordo com estes autores, a princípio, esses conceitos ainda são

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antagonistas, e não combinados e complementares, como seria odesejável. Assim, o que realmente existe, são propostas de ummodelo de desenvolvimento, que ainda encontra-se no estágio decompromisso em formação, posto que para existir este efetivo

desenvolvimento sustentável, deve-se pensar em todas asseguintes formas de sustentabilidade: a) ecológica; b) ambiental;c) sociocultural; d) econômica; e e) política (SEABRA, 2003).Sustentabilidade ecológica - constitui a base física do processo decrescimento e tem como objetivos a conservação e o uso racional doestoque de recursos naturais incorporados às atividades produtivas;Sustentabilidade do ambiente - assegura a compatibilidade dodesenvolvimento com a manutenção dos processos ecológicosessenciais, bem como com a diversidade e recursos hídricos;Sustentabilidade social e cultural - assegura que o desenvolvimento

aumenta o controle das pessoas sobre suas vidas, é compatível com acultura e os valores morais do povo por ele afetado, mantendo efortalecendo a identidade da comunidade;Sustentabilidade econômica - assegura que o desenvolvimento éeconomicamente eficaz e que os recursos são geridos de modo a podersuportar as gerações futuras;Sustentabilidade política - está relacionada à construção da cidadaniaplena dos indivíduos por meio do fortalecimento dos mecanismosdemocráticos de formulação e de implementação das políticas públicasem escala global e, também, diz respeito ao governo e à governabilidadenas escalas local, nacional e global.

Ciência generativa: “upsizing” e emissões zero 

Ø Introdução: princípios, filosofia e objetivos 

Entre os programas estabelecidos e apoiados pela ONU, está oPrograma de Iniciativa de Pesquisas para Emissões Zero - ZERI,proposto em 1994 pela Universidade das Nações Unidas (UNU),com sede em Tóquio. É apoiado financeiramente pelo Programadas Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), desde seuinício, em parceria com a Fundação ZERI. Esse programapreconiza uma abordagem ambientalmente sustentável para asatisfação das necessidades humanas por água, alimentação,energia, empregos, habitação, entre outros, utilizando-se a

aplicação da ciência e da tecnologia, envolvendo o governo, osempresários e a academia (GUNTER, 1999).

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Sob a sua ótica, o maior desafio atual consiste em criar e mantercomunidades duradouras, ou seja, ambientes sociais, culturais efísicos, nos quais nossas necessidades e empenhos possam sersatisfeitos sem restringir as oportunidades das gerações futuras.

Uma comunidade duradoura é constituída de tal forma que seumodo de vida, seus empreendimentos, sua economia, suastécnicas e estruturas físicas não perturbem o potencial daconservação da vida inerente à natureza. Na tentativa deorganizar e ampliar comunidades duradouras, é necessário que,primeiramente, entenda-se completamente esse potencial decrescimento com harmonia, priorizando a conservação danatureza e reativem-se as comunidades como um todo, ou seja,as comunidades de ensino, as econômicas e as políticas, de tal

forma que nelas se manifestem os princípios fundamentais daecologia, como princípios de educação, gerenciamento e política(ibidem).

Ø Pensamento sistêmico 

O contexto teórico subseqüente ao da ecologia, é a teoria dos

sistemas vivos, que só atualmente está sendo completamentedesenvolvida. No entanto, está arraigada em vários ramos daciência, compondo um complexo integrado, cujas característicasnão podem ser reduzidas à das partes menores. A teoria dosistema apresenta um novo modo de pensar, o chamado“pensamento de sistema” ou “pensamento sistêmico”,significando pensamento em termos de relações, união econtexto. O modelo ideal desses sistemas é encontradoprincipalmente na natureza, por exemplo, o equilíbrio em uma

floresta natural. Compreendendo-se ecossistemas, compreende-se também relação, que é o aspecto central do pensamentosistêmico. Conseqüentemente, a atenção é deslocada de objetospara relações, ou seja, uma comunidade viva tem consciênciadas relações estratificadas entre seus integrantes (GUNTER,1999).

Em parte, a ciência moderna criou um instrumental teórico-metodológico de produção de conhecimento que fragmenta a

realidade decompondo-a em campos de estudo representandopartes de uma totalidade. Há uma tendência ao isolacionismo

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dessas partes, até mesmo pelo aprofundamento extremo doconhecimento produzido, afastando-se da interligação entre aspartes e a visão do todo; um todo organizado produz qualidadese propriedades que não existem nas partes tomadas

isoladamente (MORIN, 1997). Ainda, o isolacionismo, também manifestado pelo aspectocientífico de “neutralizar” as influências externas, para que hajaum “controle” preciso das medições e dos experimentosrealizados na produção de conhecimentos, foi responsável poresse efeito positivista que sustentou a Ciência moderna. O quepodemos observar, é que esses “aspectos importam acompreensão da visão de mundo hegemônica da presente

sociedade, refletindo na separação sociedade versus natureza,na postura antropocêntrica e individualista de dominação dohomem sobre a natureza” (CAPRA, 1996; MORIN, 1997).  

Para CAPRA (1996), quanto mais são pesquisadas as questõesambientais, maior a consciência que se passa a ter de que elasnão podem ser compreendidas isoladamente, posto seremsistêmicas, interconectadas e interdependentes. De acordo comSENGE (1990), grande parte dos problemas hoje existentes, está

associado ao descaso e desconhecimento humano de entender econtrolar sistemas cada vez mais complexos.

Quando se observam ecossistemas, constata-se que todos seusorganismos têm sua função. Eles produzem detritos, exatamentecomo o homem, porém são passados adiante. O detrito para umaespécie serve de fonte de alimento para uma outra, de modo quenum ecossistema, praticamente todos os detritos são recicladoscontinuamente. Baseados nesse modelo pode-se fazer nas

organizações humanas, o espelho de organização da natureza,que não pode ser concebida como uma soma mecânica departes. Pode-se remodelar os modelos produtivos, de tal formaque os detritos de uma indústria, transformem-se em recursospara a próxima (GUNTER, 1999).

Para GRIFFITH (2002), o uso da modelagem conceitual podefacilitar esse entendimento do funcionamento dos ecossistemas,o que facilita procedimentos de gestão ambiental, mesmo emsituações extremamente complexas. A partir da modelagem deuma determinada área degradada, e com a possibilidade da

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realização de simulações, o seu funcionamento fica mais bemvisualizado e as soluções para as intervenções necessárias, sãoconcentradas nos pontos mais vulneráveis, irradiando-se por todaa estrutura do sistema.

 Assim, HARRISON e SHIROM (1999), asseguram que nopensamento sistêmico, o princípio da interdependência demandaque mudanças em qualquer um dos componentes de umdeterminado sistema, direta ou indiretamente, estão associadosou afetarão os demais componentes. Por este motivo, asinformações existentes dentro desse sistema, provocam a suaretroalimentação interna e nas suas relações com o meio no qualestá inserida, podendo alcançar as mudanças desejáveis

propostas, ou mostrar o direcionamento necessário para quelacunas diagnosticadas dentro do atual modelo sejam alteradas,atingindo, assim, os resultados esperados. Devem serconsiderados os contextos político e sócio-econômico, bem comoas suas principais inter-relações, no qual o setor em estudo estáinserido. Dessa forma, na maior parte do tempo, “tais esquemasintervêm na parte introdutória dos relatórios de pesquisa ecorresponde à fase de diagnóstico da situação do objeto depesquisa, aquela onde se torna precisa a definição concertada

das principais questões a serem estudadas”, como pode serobservado na Figura 6.

Ø Círculo de causalidade 

O círculo de causalidade é uma das ferramentas do pensamentosistêmico, por meio do qual é possível expressar graficamente o

comportamento, ao longo do tempo, das diversas variáveisenvolvidas em uma dada questão. É composto por variáveis -palavras ou frases curtas que resumem os fatos envolvidos noproblema estudado - conectadas por meio de setas que indicam osentido da alimentação do ciclo ou da influência das variáveis. Ossinais “+” e “-”, indicam respectivamente se o movimento dealimentação está no mesmo sentido da influência original ou seestá em sentido oposto. A letra “B” indica se está ocorrendo umprocesso de balanceamento (ou contrapeso), a letra “R” indica se

está ocorrendo reforço (NARDELLI e GRIFFITH, 2000).

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O círculo de causalidade elaborado para um sistema ouempreendimento permite a visualização do conjunto de inter-relações existente entre todos os aspectos ambientais eantrópicos a eles relacionados, anteriormente, de forma isolada,

permitindo definir com precisão o contexto de análisecorrespondente. Isso porque todo fenômeno “é resultadonecessário de uma causa conservada no efeito: tudo é previsível,pelo menos em teoria. Então, o passado desencadeiaperfeitamente o presente” (BENSAID, 1999). 

GRIFFITH e TOY (2002) modelaram conceitualmente as inter-relações entre degradação e recuperação ambiental que abrangeos sistemas físico e social, como pode ser observado na Figura 6.

Sabe-se que quanto maior for o tamanho e a complexidadeestrutural do ecossistema, maior será a sua biodiversidade e asua capacidade de auto-regulação. Ocorridas situações deestresse em um determinado local, quanto maior for a basegenética da comunidade remanescente, maior será a chance de

manutenção da estrutura anterior e de funcionamento dessesistema, de maneira igual ou semelhante à pré-degradação. Isso

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é verdade, principalmente, devido à sua maior capacidade deprodução de biomassa, o que lhe proporciona maior resistência edinâmica, em face de favorecer o restabelecimento do ciclobiogeoquímico. Este volume de opções que a biodiversidade

carrega, representa um componente importante da resiliência dosistema. Num sistema natural, existe um equilíbrio entre aprodução e o consumo de energia. Quando ocorremperturbações (produzidas por erosão eólica ou hídrica, reaçõesquímicas, etc.), caso elas não cessem, haverá desequilíbrio,podendo chegar a um colapso catastrófico, resultante do maiorcusto necessário para se livrar da desordem. Ou seja, quando oslimites são ultrapassados e a entropia excede a capacidade doecossistema de o dissipar (as forças físicas excedem a

resistência do sistema - resistência geológica, erodibilidade dosolo, cobertura vegetal, etc.), haverá a perda de biodiversidade,ocasionando em sua redução. Com o fim do estresse, aresiliência do sistema permitirá o restabelecimento da capacidadede suporte aos níveis iniciais (caso a relação força/resistênciaseja menor que 1), ou próximos àqueles, o mesmo acontecendoà entropia. O tempo necessário para que isto ocorra, estádiretamente relacionado com características de cada sistema e afreqüência e intensidade de novos estresses. Nesse aspecto, o

sistema social exerce grande influência sobre a sustentabilidadedo ecossistema. Considerando a ocorrência de um evento, casoas soluções de recuperação propostas sejam sintomáticas decurto prazo, produzirão resultados que simplesmente aliviam osintoma (Bs1), produzindo distúrbios acelerados de curto prazosobre o sistema físico (Rf1), agravando ainda mais o problema. Aomesmo tempo, caso os procedimentos de recuperação adotempráticas de manejo eficientes, seguindo um planejamentopreviamente proposto e adequado, as soluções serão efetivas eduradouras (Bs2). Entretanto, cabe considerar, que as açõesdeverão ser prontamente tomadas, diagnosticando as rupturas decausas diversas que desencadeiam tais processos: casocontrário, o que ocorrerá será uma nova condição debalanceamento (Bfs2), que também produzirão distúrbiosacelerados de curto prazo, é necessário que se conheçam osprocessos físico-químicos, político-econômicos e socioculturais,posto que a intercessão desses processos dá origem à estruturasocioespacial que expressa “a maneira como as classes sociais ea economia se estruturam e desestruturam no espaço em face de

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uma intervenção externa”). Do ponto de vista físico-químico, amanutenção da biomassa vegetal, a utilização de práticasconservacionistas e um eficiente manejo, têm papel fundamentalna manutenção do sistema, permitindo a fixação de carbono e ao

mesmo tempo transformando-se num agente de ciclagem denutrientes, mantendo no sistema um determinado “status” denutrientes que resulta na estabilidade ou sustentabilidade dosistema (ODUM, 1988; BARROS e NOVAIS, 1990; GRIFFITH eTOY, 2003, n.p.).Entretanto, para ODUM (1988), a medida que um ecossistematorna-se maior e mais complexo, uma maior parte da suaprodução será utilizada para a sua sustentação, diminuindo,proporcionalmente, a parcela da produção bruta que poderia ser

destinada ao crescimento. Quando o equilíbrio entre as entradase saídas é atingido, o tamanho desse ecossistema não poderámais aumentar, ou seja, será atingida a sua “capacidade máximade suporte”. Nesse ponto, a relação física e social deforça/resistência, deve ser igual ou próxima a um. No modeloproposto por GRIFFITH e TOY (2003, n.p.), analisado pelométodo baseado na análise do ecossociossistema, proposto porMONTGOLFIER e NATALI (1997), verifica-se que os sistemassão formados pelo conjunto dos elementos de um dado meio

natural e pelo conjunto dos atores sociais, que utilizam este meiovisando retirar dele os recursos de que necessitam. Os modelosnos permitem visualizar estas questões.

Para ODUM (1988), uma constatação ainda mais fundamentalassegura que a complexidade está governada por mecanismossimples, capazes de esclarecer sua estrutura e sua variabilidade.Entretanto, para esse mesmo autor, esse fato nos leva a pelomenos duas reflexões: a) qual será o efeito do crescimento

demográfico sobre os ecossistemas e a sua capacidade de auto-regulação, inclusive sobre a humanidade, possibilitando, porexemplo, o retorno de grandes endemias; e b) “se admitirmos quenossas sociedades, em sua forma atual, estão condenadas aocrescimento, este, por seu turno, arrisca-se a condenar abiosfera”, desde que nada seja feito para alterar essedirecionamento.

Ø A metodologia do “upsizing” 

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O objetivo do conceito de Emissões Zero foi definido da seguinteforma (GUNTER, 1999): a reutilização de todos os componentes

na forma de valor agregado, de maneira que nenhum resíduo édescartado, seja líquido, sólido ou gasoso. Todos os insumos sãoutilizados na produção. Quando ocorre resíduo este é utilizado,por outras indústrias, na criação de valor agregado.

O destaque dessa definição deve ser dado à expressão “valoragregado”, pois é esse que move a economia, garantindo umfluxo de recursos sustentáveis. Valor agregado é uma condiçãoprévia para independência e o crescimento, ou seja, para ocrescimento autocatalítico. Caso a recuperação do subproduto oumatéria residual seja uma mera eliminação ou reutilização sem seoferecer valor adicional, não é parte da Emissão Zero. Nesseponto, surge o conceito de “upsizing”. Muitos produtos sãomeramente degradados, incinerados ou deixados comocondicionadores de solo. Dessa forma, não é possível a geraçãode negócios e postos de trabalho a partir da preservação eprevenção da poluição sem que ocorra a produção de valoragregado. Atualmente, afirma-se que cuidar do meio ambiente é

sinônimo de bons negócios. Faz-se necessário, conhecer essesnegócios: a) o primeiro, é a redução de custos, que terá êxito atécerto ponto; e b) o segundo, é a geração de receita adicional. Assim, define-se “upsizing” como sendo (GUNTER, 1999): oconglomerado de atividades industriais por meio do qualsubprodutos sem valor para um negócio são convertidos eminsumos de valor agregado para outro, possibilitando destaforma, o aumento da produtividade, a transformação global decapital, de mão-de-obra e matérias-primas em produtos

adicionais e na venda de serviço, a preços competitivos,resultando na geração de postos de trabalho e na redução - eeventual eliminação - de efeitos adversos às pessoas e ao meioambiente.

O “upsizing” acontece quando uma determinada atividade optapor buscar a Emissão Zero, ou seja, a Emissão Zero é o objetivofinal, o “Upsizing” é seu resultado direto. Com o crescimento daeconomia, a poluição tenderá a zero, uma vez que todos os

resíduos de um processo industrial serão utilizados como insumopara outro processo industrial (GUNTER, 1999).

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Os objetivos da metodologia de Emissões Zero são: a) encontrarmodos de minimizar a necessidade de insumo no processoprincipal; e b) alcançar um nível máximo de saídas ao se buscarum aproveitamento total. Enquanto uma determinada atividade,

representada por uma indústria, não alcança um aproveitamentototal e continuar a descarregar componentes de insumo na formade resíduo, estará fracassando em operar em seu nível depotencial máximo. Sugere-se, a formação de conglomerados deindústrias complementares, de tal forma adaptada àsnecessidades umas das outras, facilitando novas oportunidades. As indústrias de processamento de alimentos, de materiais deconstrução, de produtos florestais e mesmo aquelas desubstâncias químicas, podem alcançar este objetivo em um curto

espaço de tempo (ibidem). A metodologia ZERI consiste de cinco passos distintos,realizados seqüencialmente:

a) Modelos de aproveitamento total ao se utilizar a tabela de“input-output”; 

b) Busca criativa de valor agregado utilizando-se modelos de“output-input” (permitem uma identificação criativa de um

conglomerado de indústrias baseado nos recursos disponíveisque permanecem não-utilizados em um processo de produçãoespecífico);

c) Modelos de conglomerados industriais;

d) Identificação de avanços tecnológicos; e

e) Planejamento de políticas industriais.

 A viabilidade do desenvolvimento industrial por meio daconglomeração já foi comprovada, além de ser necessária. Nessemomento a indústria deve tomar consciência de que o ciclo derecursos não pode continuar sendo desperdiçado da maneiracomo tem sido feito até agora. Com o acréscimo deaproximadamente 80 milhões de pessoas na Terra a cada ano, ahumanidade não pode esperar que a Terra produza mais.Depende das atividades agropecuárias, florestais, industriais ecomerciais despertarem idéias criativas e locais, posto que essa

nova visão de sistema de gestão para o futuro dependerá de umaestrutura descentralizada.

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Estudo de caso: A destinação dos resíduos sólidosurbanos: reciclagem...Estudo de caso: A destinação dos resíduos sólidos urbanos:reciclagem, aterro sanitário e recuperação ambiental de áreas

degradadas por lixões - o caso de Viçosa, MG

Objetivos 

Destacar a importância da educação ambiental nas questõesrelacionadas aos problemas do lixo, tais como a coleta seletiva e areciclagem, apontando as suas vantagens;Visualizar, a partir de uma nova perspectiva industrial e visão ecológica,

a proposição de soluções potenciais existentes e viáveis para questõesambientais;Descrever medidas recentemente estabelecidas referentes aoestabelecimento de normas e padrões por meio das agênciasgovernamentais de regulamentação;Demonstrar a viabilidade de procedimentos de reciclagem e osbenefícios em seus aspectos sócio-econômicos e ambientais, gerandobem-estar social, emprego e renda, e melhoria da qualidade de vida paratoda a comunidade, no contexto de desenvolvimento sustentável.

Introdução 

É visível, nos meios urbanos, a constatação de alterações eagressões ao meio ambiente, mudando significativamente aspaisagens naturais, gerando reflexos que assumem proporçõesmaléficas à saúde pública e ao ambiente. O lixo produzido pelohomem interfere no equilíbrio da natureza, poluindo emodificando o meio ambiente. A produção, o transporte, o

processamento e a destinação final dos resíduos sólidos urbanos(R.S.U.), são considerados atualmente, como as formas dedegradação ambiental que mais afetam a qualidade de vida nascidades.

Considerando o contínuo aumento da população e as alteraçõesdos hábitos de consumo, conscientes de que o nosso planeta éum sistema fechado em relação aos seus materiais constituintes,impõe-se maior atenção na sua efetiva utilização, exigindo

análises profundas sobre o ciclo de materiais. Para cada ciclo,deve ser fornecida energia durante cada um dos seus estágios de

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produção: estima-se, nos Estados Unidos, metade da energiaconsumida pelas indústrias de manufatura é gasta para aprodução e a fabricação de materiais. Como conseqüência,existem interações e impactos sobre o meio ambiente natural,

durante todos os estágios desse ciclo. São gerados poluentes,que terão como depósito final o solo e a água, durante osestágios de síntese e processamento (CALLISTER JÚNIOR,2000).

 A prática da reciclagem, além da economia de recursos, significao aproveitamento de materiais para determinada funçãoeconomicamente útil. Neste sentido, tais procedimentos devemser priorizados, em face à agressão contínua resultante da

produção diária de R.S.U., gerando impactos negativos em seusaspectos sanitário, social, ambiental e econômico.

Estima-se, em escala mundial, que aproximadamente 15 bilhõesde toneladas de matéria-prima sejam extraídas da Terra todos osanos, sendo apenas uma parte renovável. A reciclagem destesprodutos em substituição ao seu descarte, torna-se uma opçãoecologicamente correta e socialmente justa, por diversas razões:a) o uso de materiais reciclados reduz a necessidade da extração

de matéria-prima (MP), conservando os recursos naturais eeliminando os possíveis impactos ambientais associados a essafase; b) as exigências de energia para o refino e oprocessamento de materiais reciclados, geralmente, são menoresdo que seus equivalentes naturais: por exemplo, a energiaexigida para refinar minerais naturais de alumínio é 28 vezesmaior do que para reciclar resíduos de latas de bebidas dealumínio; c) o composto produzido com a fração orgânica, alémde reduzir o volume de material destinado ao aterro sanitário,

aumentando a sua vida útil, tem como vantagens uma vastaaplicabilidade agrícola, inclusive na recuperação ambiental; e d)por questões sócio-econômicas, visando a geração de emprego erenda (CALLISTER JÚNIOR, 2000). Além desses exemplos, que já justificariam os esforços nesse sentido, podem ser observadosoutros benefícios no Quadro 15.

QUADRO 15 - Benefícios do uso de materiais recicláveis

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Tipo debenefícios  Alumínio  Aço  Papel  Vidro Redução de:

Energia 90% - 97% 47% - 74% 23% - 74% 4% - 32%

Poluição do ar 95% 85% 74% 20%

Poluição da água 97% 76% 35% -

Resíduos demineração - 97% - 80%

Uso da água - 40% 58% 50%

Fonte: ADEODATO, 1992.

No Brasil, com um crescimento populacional em torno de 2%a.a.(ao ano), estima-se que a quantidade de R.S.U. produzidos tenhaum acréscimo anual em torno de 4% (GLENBOTZKI, 1993).

Dessa forma, são geradas aproximadamente 125 mil toneladasdiárias. Desse montante, aproximadamente, a) 15 mil toneladassão coletadas; b) 22 mil toneladas são encaminhadas para algumtipo de aterro; e c) o restante alimenta os lixões, responsáveispela poluição e degradação sócio-ambiental (IBGE, 1996).

Visando a redução de impactos ao meio ambiente, seja pelaacumulação de R.S.U. ou pelo esgotamento das fontes derecursos naturais, o “modelo moderno de gestão tem como

pilares de sustentação a minimização de resíduo, oreaproveitamento e a reciclagem” (PEREIRA NETO, 2002).Porém, paralelamente, deve-se promover a recuperaçãoambiental dos “lixões” (locais a céu aberto, onde os resíduos sãoapenas descarregados, não recebendo qualquer tratamento),identificando alternativas por meio de um eficiente planejamentoambiental.

Um aterro sanitário bem instalado e operado, precedido porusinas de reciclagem destinadas a reduzir o volume de resíduosa ser enterrado, ainda é a melhor solução para a grande maioria

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dos municípios brasileiros. Assim, para amenizar a questão dosR.S.U. produzidos pela população, são necessárias providênciasvisando mudanças de comportamentos, diretamentedependentes e relacionadas aos fatores educacionais,

socioculturais e institucionais. Para esse fim, a educaçãoambiental deve ser bem trabalhada nas comunidades, de talforma a promover uma revisão dos hábitos de consumo edescarte.

Diante desta realidade, em diversos países e também no Brasil,os problemas relativos às questões ambientais estão sendoabordados pelo estabelecimento de normas e padrões por meiodas agências governamentais de regulamentação. Deve-se

considerar, ainda, que a partir de uma nova perspectiva industriale visão ecológica, a proposição de soluções viáveis paraquestões ambientais existentes e potenciais, tornam-se umaincumbência dos engenheiros e profissionais ligados àrecuperação. Assim, existindo a possibilidade dentro dessarealidade, deve-se considerar os aspectos sócio-econômicos e osambientais: trata-se de conservação e recuperação ambiental. Nomunicípio de Viçosa, MG, emerge essa consciência.

O lixo no Brasil 

Em diversas cidades, os lixões vêm sendo substituídos poraterros sanitários, implantados de acordo com técnicas quereduzam seus impactos ambientais. Além dos aterros, existemoutras alternativas para a destinação final dos R.S.U., tais como aincineração e o reprocessamento (compostagem, seleção ereciclagem). O Quadro 16 mostra a destinação do R.S.U.

coletado e tratado no Brasil, na cidade de São Paulo (SP), nosEstados Unidos (EUA) e no Japão.

QUADRO 16 - Destinação dos R.S.U. coletado e tratado noBrasil, na cidade de São Paulo (SP), nos Estados Unidos (EUA) eno Japão

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DestinaçãoBrasil 

Cidade deSP  EUA  Japão 

 Aterros sanitários96% 87% 73% 16%

Incineração 0,5% 1,5% 14% 34%Reciclagem 0,5% 0,1% 12% 50%

Compostagem 3% 11,4% 1% -

Fonte: IBGE, censo de 1996.

Os dados incluem apenas os resíduos submetidos a algum tipode tratamento: ou seja, apenas 11,8% das 115 mil toneladasproduzidas diariamente no Brasil (atualmente são 125 mil). Orestante, ou seja, 88,2 %, são destinados aos lixões, encostas,terrenos baldios, cursos de água, entre outros. Das dezoito miltoneladas produzidas diariamente na cidade de São Paulo,aproximadamente 31% não recebem destino satisfatório (IKEDA,2002).

 Apesar da situação atual ainda não ser a desejável, de acordo

com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB 2000,realizada pelo IBGE, revelou uma melhoria na destinação das125.281 toneladas de R.S.U., nesse ano: a) 47,1% eramdestinados a aterros sanitários; b) 22,3% a aterros controlados; ec) apenas 30,5% em lixões. Dessa forma, aproximadamente 69%de todo o R.S.U. coletado no Brasil, estaria recebendo umadestinação adequada, em aterros sanitários e, ou, controlados.Há que se que considerar, entretanto, que o mesmo nãoacontece nos municípios: 63,6% destinavam os R.S.U. paralixões e apenas 32,2% para aterros adequados (13,8% sanitáriose 18,4% aterros controlados). Considerando que, em 1989, aPNSB apontava um percentual de apenas 10,7% dos municípiosque destinavam seus resíduos de forma adequada, houve umsignificativo avanço (IBGE/PNSB, 2003a).

O lixo no município de Viçosa, MG 

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 Apesar da cidade de Viçosa ser uma referência nacional na áreade ensino, com importantes áreas de pesquisa recebendodestaque nacional, a questão do gerenciamento dos resíduossólidos da cidade é incipiente. Algumas soluções para o

equacionamento deste problema são feitas de maneira pontualpor alguns setores da sociedade organizada, prefeitura euniversidade.

Segundo estimativas da Prefeitura Municipal de Viçosa, omunicípio gera, por dia, uma média de 32 toneladas de lixourbano, sendo que 92% dos domicílios da cidade contam comcoleta diária dos R.S.U., que eram encaminhados, atérecentemente, para o lixão da cidade. Com base em um

levantamento da composição gravimétrica destes resíduos,realizada pelo Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambientaldo Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal deViçosa (LESA/DEC/UFV), aproximadamente 25% é composto pormaterial seco que poderia ser aproveitado para reciclagem.

Do ponto de vista metodológico, a cidade de Viçosa apresentauma característica ímpar em relação à disposição e tratamentodos R.S.U.. A Prefeitura, por meio de financiamento da Secretaria

de Desenvolvimento Urbano (SEDU) do Governo Federal, emsetembro de 2002 implantou um aterro sanitário na cidade, comtodas as características ambientais exigidas pela FEAM -Fundação Estadual de Meio Ambiente. A Universidade Federalde Viçosa dispõe de uma Usina de Reciclagem dos resíduosinertes de valor econômico, que se encontrava desativada. Pormeio de convênio entre a Universidade e a Prefeitura Municipalde Viçosa, esta usina foi cedida em sistema de comodato àPrefeitura para a sua administração e operacionalização, no início

de 2001. A Prefeitura conta com o apoio do LESA, para o treinamento ecapacitação dos servidores públicos e dos catadores de materiaisrecicláveis de rua e do lixão, atualmente trabalhando na Usina,organizados por meio da Associação dos Catadores de MateriaisRecicláveis de Viçosa (ACAMAR). Conta ainda com o apoio doDepartamento de Economia Doméstica (DED/UFV) no suportepara a implantação e execução de políticas públicas relacionadas

à educação ambiental.

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 Apesar da situação especial acima descrita - parceria firmadaentre UFV, PMV e ACAMAR - ainda observam-se falhas nosistema de triagem e compostagem dos resíduos, como o fato dosistema de compostagem ainda não está implementado em

decorrência da ausência de impermeabilização do pátio e falta detratamento de líquidos percolados (chorume - resultante danatural degradação anaeróbia da matéria orgânica, que reúnelíquidos altamente poluentes).

 A transformação de substâncias biodegradáveis (como a fraçãoorgânica do lixo urbano) em composto constitui um processo dereciclagem. A compostagem por aeração forçada apresenta umaflexibilidade sem horizontes, e quando desenvolvida com

competência, torna-se um mecanismo que salvaguarda a saúdepública, devido ao tratamento de resíduos contaminados. Alémdisso, possui a propriedade de ser um processo de tratamentobiológico de destinação final, preservando a qualidade ambiental,e sendo, sem dúvida, o processo mais econômico. O tratamentodo lixo urbano pela compostagem é o sistema que mais seadequou aos anseios ecológicos, ambientais, sanitários,econômicos e sociais, uma vez que recicla, trata e devolve aosecossistemas os produtos naturais que lhe foram extraídos. Além

desses aspectos, gera divisas e progresso para a região,proporcionando ainda o desenvolvimento de uma política agrícolae de recuperação de baixo custo.

A Usina de reciclagem de Viçosa: aspectos econômicos, sociais elegais 

Serão feitas considerações sobre o caso de Viçosa, cabendoconsiderar que estas análises, em seus aspectos econômicos,sociais e legais, enquadram-se para qualquer municípiobrasileiro.

Aspectos Econômicos 

 A reciclagem de material usado é uma atividade econômica emfranca expansão em todo o mundo. No Brasil, contam-se

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experiências inovadoras, tais como as bolsas de resíduos emSão Paulo (FIESP), Rio de Janeiro (FEEMA), Rio Grande do Sule Bahia.

Segundo dados do Conselho de Desenvolvimento Industrial(CDI), órgão subordinado ao Ministério da Indústria e doComércio, o mercado de reciclagem movimenta 2,5 bilhões dedólares anualmente - aproximadamente o valor da produçãocafeeira do Brasil em 1994. A reciclagem do material orgânico dolixo urbano (que constitui, em média, 60% do volume total), alémdos benefícios sanitários e ambientais, tem forte conotaçãoeconômica, uma vez que absorve mão-de-obra, gera recursospela venda do produto e propicia o desenvolvimento de uma

agricultura de baixo custo (BERDAGUE et al., 2002). A Prefeitura Municipal de Viçosa recolhe todos os dias cerca de32 toneladas de lixo na zona urbana. Deste total, um terço élevado para a Usina, correspondendo a aproximadamente 11toneladas. O total separado e o valor obtido com sua venda estãoem crescente evolução, como pode ser observado no Quadro 17,demonstrando o potencial positivo do empreendimento. Doisfatores são determinantes para o sucesso das vendas: a) o

aperfeiçoamento do processo de triagem (familiarização dosoperários com o processo); e b) e a implantação gradativa dacoleta seletiva. Ambos aumentam não apenas a quantidade dematerial aproveitado, mas também a sua qualidade, tornando-omais atrativo aos compradores.

QUADRO 17 - Total global das vendas de material reciclável daUsina de reciclagem de Viçosa, MG

Mês  Quantidade (Kg)  Valor arrecadado (R$) Janeiro/2002 23.427,06 2.057,00

Março/2002 31.716,00 3.886,10

 Abril/2002 36.310,16 5.743,20

Junho/2002 53.902,00 7.865,25

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Outubro/2003 68.345,00 9.988,48

Fonte: dados da pesquisa e BERDAGUE et al., 2002.

Aspectos Sociais 

Com a desativação do antigo lixão, teve origem um graveproblema social: o desemprego dos antigos “catadores”. Asolução encontrada foi sua recolocação no mercado de trabalho,por meio da absorção no quadro de funcionários da Usina deReciclagem, que em contrapartida auxiliou a Prefeitura na sua

ativação. Estes, não foram admitidos como funcionários daPrefeitura, mas sim, com o apoio da Secretaria de Ação Social,formaram a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis(ACAMAR), e por meio de um convênio, tornaram-seresponsáveis pelo processo produtivo da Usina. Com a conquistado espaço, veio, também, a formação da sua identidade,favorecida pela realização de cursos permanentes decapacitação e formação profissional, que desenvolveram nosassociados noções básicas de administração, contabilidade,

prestação de contas, meio ambiente, saúde e segurança notrabalho.

 Além da valorização profissional, a história da ACAMAR émarcada pelo resgate do sonho de qualidade de vida e pelareintegração social. Hoje, os catadores têm renda mensal emtorno de R$ 300,00, enquanto no lixão era apenas R$90,00; comuma vantagem adicional: houve redução da carga horáriatrabalhada. Além das vantagens conquistadas pelos catadores, a

população do município também está sendo beneficiada devido:a) à agregação de valor aos resíduos, possibilitando maiorentrada de capital no município; b) à redução de resíduos emlocais inadequados, evitando riscos de poluição e acidentes; e c)ao aumento da vida útil do aterro sanitário.

 A reciclagem tem propiciado uma maior conscientização dacomunidade, em face do trabalho de educação ambiental quevem sendo realizado procurando evidenciar os problemas

advindos da disposição inadequada dos resíduos, principalmentereferente à limpeza das residências e locais públicos, e ao

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desperdício dos recursos naturais. Em longo prazo, contribui paraa alteração na escala de valores produzidos pela sociedade deconsumo, na medida em que fica evidenciado o desequilíbrioecológico. Incentiva a cidadania, a exemplo da coleta seletiva,

onde o cidadão, independentemente de faixa etária e classesocial, conscientiza-se da sua importante contribuição noprocesso de conservação ambiental.

Dentre os futuros benefícios sociais, destacam-se os advindos daprática do uso do composto orgânico na agricultura. Seu usopoderá gerar maior flexibilidade para a aplicação de uma políticaagrícola mais natural, como incentivos ao plantio de hortascomunitárias, que propiciarão a produção de alimentos de baixo

custo e saudável.Na Figura 7 é apresentado o sociograma com os principais atoressociais envolvidos com a Usina de Reciclagem de Viçosa. Utiliza-se a ferramenta “sociograma” para explorar as conexões entre osdiversos atores sociais e outros componentes da questão,permitindo a visualização de sua amplitude e complexidade(NARDELLI e GRIFFITH, 2000).

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Aspectos Legais 

 A legislação, em nível federal, sobre resíduos sólidos urbanos,tanto nas considerações gerais e, em particular, sobre suareciclagem, é bastante escassa. O tratamento e a disposiçãoadequados dos R.S.U., entretanto, é condição para amanutenção do meio ambiente ecologicamente equilibrado, aqualidade de vida e a saúde da população: razão pela qual, nalegislação ambiental, encontram-se as linhas mestras que devem

nortear o administrador público nessa questão (BERDAGUE etal., 2002).

 A Constituição Federal, por exemplo, determina a competênciacomum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dosMunicípios para proteger o meio ambiente e combater a poluiçãoem qualquer de suas formas (art. 23, inciso VI, da ConstituiçãoFederal). É relevante, ainda, destacar o art. 225 da Carta Magna,segundo o qual “todos têm direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo eessencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder públicoe à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para aspresentes e futuras gerações”. No mesmo artigo, insere-se o § 3º,segundo o qual “as condutas e atividades consideradas lesivasao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentementeda obrigação de reparar os danos causados” (ibidem).Referente à legislação infraconstitucional, pode-se mencionar a

Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre aPolítica Nacional do Meio Ambiente, a qual determina aobrigatoriedade de licenciamento ambiental junto a órgãoestadual (FEAM) para a construção, instalação, ampliação efuncionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras derecursos ambientais, bem como os capazes, sob qualquer forma,de causar degradação ambiental. Da Lei n. 9.605/98, que “dispõesobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutase atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências”. 

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Recuperação de áreas degradadas por “lixões” 

Segundo IKEDA (2002), atualmente a busca de solução aos

problemas causados pelos resíduos sólidos, fizeram com que ospesquisadores traçassem linhas para a sua gestão. A opção deveser a redução da quantidade de resíduos gerados, a reciclagem,o tratamento e, finalmente, a disposição em aterros sanitários.Entretanto, para PEREIRA NETO (2002), os fatores quevêm dificultando o equacionamento deste problema no Brasil,constitui-se basicamente pela falta de: “a) uma política específicapara o saneamento de lixo; b) recursos financeiros; e c)tecnologia apropriada e mão-de-obra qualificada”. 

Das formas de disposição dos resíduos sólidos, os aterroscomuns são os que mais impactos geram ao meio ambiente. Poresse motivo, os locais onde o resíduo domiciliar tem sido dispostosem cuidados sanitários e ambientais, devem ser, quandopossível, transformados em aterros sanitários. Estes, atualmente,são considerados uma prática que atende a maioria dasexigências técnicas e ambientais, para o tratamento dos resíduossólidos urbanos (R.S.U.). Por outro lado, não sendo possível essaopção, os aterros comuns devem ser fechados e não mais

receber resíduos. Além disso, deverão ser tratados de maneira aminimizar os impactos sanitários e ambientais.

Optando-se pelo fechamento dos aterros comuns, deverão serdefinidas as ações necessárias para o término da operação e arecuperação do local. Torna-se necessário estabelecer uma listade prioridades, definindo-se ações eficientes (menores impactos,custos e prazos; e maiores benefícios), sem, contudo inviabilizara disposição do lixo no município, no curto prazo. Dentre as

diversas possibilidades, duas prioridades devem serconsideradas:

Estudo de alternativas de novos locais de disposição - deve serconsiderada a localização do empreendimento. A inexistência dehabitações nas suas imediações reduz as chances de que as atividadesdesenvolvidas na usina de reciclagem/aterro sanitário causemtranstornos; eEstudo sobre o remanejamento dos catadores que moram e trabalhamna periferia do lixão, com a finalidade de equacionar o problema social

criado com a desativação do lixão (BERDAGUE et al., 2002).

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O objetivo da recuperação de uma área de lixão a ser desativada,é transformar a massa de lixo em um corpo projetado, sanitária eambientalmente seguro, cessando dessa forma os riscos à saúdee ao meio ambiente. Dessa forma, a proposta é a inertização da

massa de lixo, por meio do processo de mineralização. Algumasações mitigadoras são necessárias para o fechamento de umlixão, tais como (FEAM, 1995): a) movimentação e conformaçãoda massa de lixo; b) eliminação de fogo e fumaça; c) delimitaçãoda área; d) limpeza da área diretamente afetada; e) drenagemdas águas superficiais; f) drenagem de gases e chorume damassa de lixo; g) coleta e tratamento de gases e chorume; h)cuidados para evitar contaminação do lençol freático ou minimizá-la; e i) arborização no entorno da área.

No projeto de fechamento e recuperação deve ser prevista adestinação da área, pois dela dependerá a correta escolha dacobertura definitiva. Deve ser projetada e executada de maneira aatender os seguintes requisitos: a) isolar o lixo do meio ambiente;b) impedir infiltração da água de chuva (reduzir o volume dechorume); e c) impedir a saída não-controlada dos gases (FEAM,1995).

 A escolha entre as diversas concepções de recuperação consiste nadefinição: a) do tempo necessário para o término da geração de gases elíquidos percolados poluentes; b) do término da movimentação damassa; e c) do início da utilização destinada ao local remediado.De acordo com Von SPERLING (1996), os tratamentos biológicosmais utilizados para o tratamento de percolados em aterrossanitários são: a) lagoas de estabilização anaeróbias,(facultativas e de maturação); b) lodos ativados; e c) filtrobiológico.

Para MELO e SCHNEIDER (2000), a recuperação ambiental delixões e aterros sanitários, consiste em um conjunto de ações aserem tomadas, planejadas e executadas de forma a conferir aolocal condição satisfatória de segurança, sanitária e de controleambiental. Também, de acordo com esses mesmos autores, visao restabelecimento paisagístico, semelhante ao anteriormenteexistente, em um sistema que perdeu as características originais.No município de Passo Fundo, RS, existia um aterro controlado(não dispõe de sistema de impermeabilização de base e laterais,

permitindo, dessa forma, a translocação de substâncias líquidas

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produzidas para o ambiente) que posteriormente foi substituídopor um aterro sanitário. Em sua avaliação da condição atualdessa área, coletaram amostras de solo abaixo da camada deresíduos por meio de furos de sondagem e fizeram avaliação da

vegetação existente de forma qualitativa, por um período de umano. Verificaram a presença de vegetação herbácea,predominantemente da família Compositae. Com relação àspropriedades químicas do solo, verificaram alterações nosvalores de potássio, manganês, zinco e cobre. Observaram aausência de odores, a redução da geração de gases, bem comoo desenvolvimento da vegetação, podendo ser consideradoscomo indicativos de que a área pode ser recuperada,transformando-se em futuro parque a ser integrado à paisagem

local.

Utilização de composto de reciclagem de resíduos orgânicos 

O problema do lixo nas grandes cidades é sério. Emdeterminadas situações, é gerador de áreas degradadas,conseqüência do seu acúmulo em terrenos baldios e encostas(provocando sua instabilidade), contribuindo para a contaminação

de aqüíferos. Considerando esse material ser constituído em suagrande parte de resíduos orgânicos, adquire propriedades que otornam um excelente condicionador da estrutura do solo (TIBAU,1978; KIEHL, 1985).

Porém, existe um problema: o lixo urbano pode serpotencialmente poluente. Entretanto, o produto resultante de suacompostagem, realizada sob eficiente manejo na fase deprocessamento, o permite ser usado como fertilizante, podendo

funcionar como forte aliado em procedimentos de recuperaçãoambiental. Como regra geral, um dos maiores objetivos dacompostagem, é fornecer um composto com características, taiscomo a reduzida granulometria e isenção de metais pesados, quepermitam seu uso na agricultura ou para a recuperação de áreasdegradadas. Alguns trabalhos de pesquisa demonstram que ocomposto orgânico proveniente do lixo urbano, tem no solo, omesmo efeito que qualquer outro fertilizante orgânico,apresentando vantagens não encontradas nos fertilizantes

minerais, tais como a melhoria da estrutura do solo e suacapacidade de aeração e retenção de água. Isso permite maior

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liberação dos nutrientes da fração química, dando ao solomelhores qualidades químicas. Dessa forma, o composto temprovado ser excelente condicionador de solos, pela altaconcentração de húmus e por ser fonte de macronutrientes (N, P,

K, Ca, Mg e S) e micronutrientes (Fe, Zn, Cu, Mn e B). Alémdesses aspectos, os compostos orgânicos não constituemelemento estranho à ecologia dos solos (CAVALET et al., 2000;BERDAGUE et al., 2002; LELIS, 2002).

Efeito corretivo 

O seu efeito corretivo é devido à ação de seus componentesorgânicos, subprodutos e intermediários da atividade microbiana,que se combinam principalmente com alumínio, ferro emanganês, impedindo sua ação tóxica sobre as plantas. Comocondicionador do solo, sua ação é devida aos ácidos urônicos eaos polissacarídeos resultantes da atividade microbiana, queatuam como agentes cimentantes, sendo responsáveis pelaformação de agregados e pela estruturação do solo (KIEHL,1985).

No composto de lixo urbano, os metais encontram-seprincipalmente nas formas adsorvida, complexada ou ocluídapelos colóides orgânicos de natureza húmica ou não. Uma vezque o composto é incorporado ao solo, são estabelecidos novosequilíbrios que causam mudanças nas formas químicas dosmetais (CHANG et al., 1984). Estudos realizados por SANTANAFILHO et al. (2000) mostraram a viabilidade técnica de serecuperar áreas degradadas com o uso do composto orgânico de

lixo urbano juntamente com uma mistura de gramíneas eleguminosas. A técnica consiste na mistura homogênea decomposto de lixo urbano, sementes e água e na aplicaçãomanual desta mistura diretamente no talude.Um dos cuidados e observações prestadas, refere-se a relaçãoC/N. Ela indica a proporção de compostos nitrogenadosexistentes para a utilização pela população microbiana,necessária à sua alimentação. Quanto mais elevado for o teor denitrogênio, mais estreita é a relação C/N e maiores serão a

disponibilidade dos nitrogenados para a flora microbiana; logo,maior será a sua multiplicação e a sua atividade. Com o seu

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prosseguimento, há enriquecimento do meio com o próprionitrogênio resultante da decomposição das bactérias mortas e deorigem fotossintética. Para as plantas, a relação C/N que passa alhes favorecer, ocorre depois que atinge a proporção 20:1

(TIBAU, 1978).Para que ocorra a colonização vegetal, sabe-se que éfundamental uma disponibilidade de nutrientes e umidade nosolo, fatores que normalmente se acham em níveis insuficientesem áreas degradadas. SANTANA FILHO et al. (2000), utilizandocomposto de lixo urbano, em diferentes doses num rejeito demineração de ferro, incorporado e em superfície, colonizadopor Melinis minutiflora e Brachiaria decumbens consorciados

com Calopogonium muconoides, dois meses após a montagem doexperimento foram realizadas análises químicas e físicas deamostras do substrato e determinado o teor de metais pesadosnas plantas dos diferentes tratamentos. Como resultados, aaplicação de composto orgânico demonstrou-se capaz demelhorar as características físicas e químicas do substrato. Foiobservado que a soma de bases, a CTC efetiva e total, aporosidade e a densidade do substrato melhoraramsignificativamente, permitindo ao rejeito de mineração de ferro, a

capacidade de sustentar a vegetação. Observaram, que com oaumento da adição do composto, houve uma diminuição no teorde metais pesados nas plantas.Nesse mesmo contexto, CAVALET et al. (2000) montaram umexperimento a campo para avaliarem o valor fertilizante docomposto produzido a partir da usina de reciclagem da cidade deMarechal Cândido Rondon (PR), em um Latossolo Roxo muitoargiloso e de média a alta fertilidade. Foram incorporadasdosagens de 0, 20, 40, 80 e 160 t/ha do composto e mais um

tratamento com NPK + calcário. Após seis meses foi feita aavaliação, não tendo sido detectado no composto a presença doselementos metais pesados mercúrio, cromo, níquel, chumbo,cádmio, zinco e cobre em valores excessivos, que devido à maiordosagem, pudessem no solo exceder valores normalmenteencontrados na natureza. Concluíram, ter havido uma melhoriada fertilidade do solo considerando que os teores de potássio efósforo aumentaram; entretanto, não foram observadas melhoriasna densidade aparente e agregação do solo por conseqüência da

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aplicação dos tratamentos, justificada talvez, pelo pouco tempoda análise após a aplicação.

Considerações 

Em face do aumento da produção industrial, dos hábitos deconsumo e da geração de resíduos, afloram importantesquestões referentes à sua destinação final. São várias asrespostas e dependem das características de cada situação. Umadas formas de se tentar reduzir a quantidade de lixo gerada écombatendo o desperdício. Desta forma, a reutilização de certosprodutos após o seu uso original contribuirá para a sua redução.Neste contexto, as usinas de reciclagem surgem como umasolução para a destinação dos resíduos sólidos urbanos, gerandonão só o bem-estar social, mas também, empregos, receitas emelhoria da qualidade de vida para toda a comunidade.

 A administração da usina de reciclagem do município de Viçosa,desempenhada pela Prefeitura Municipal nas figuras daSecretaria de Agricultura e de Ação Social, tem fundamentalimportância em sua gestão, necessitando convergir seusobjetivos de forma a gerir a Usina de maneira mais profissional.Para que possam atingir um profissionalismo desejável, énecessária uma divisão de funções de forma a evitarsobrecargas. Deve-se alertar para o aumento da receita que omunicípio terá com o ICMs ecológico (23 UFIR/habitante/ano),revertido com o licenciamento da Usina. Esta receita poderá serrevertida para outros setores, como o de saúde, levando a umamelhoria de vida da população mais carente e que vive ainda em

situação precária. Em longo prazo, os custos ora pagos pelaPrefeitura para operação da Usina terão um retorno maior, umavez que os custos relativos aos gastos com a saúde serãoreduzidos pelos investimentos feitos nessa área, passando aatuar de forma preventiva. Cabe considerar que resolveradequadamente a disposição final dos resíduos sólidos de umacidade é fundamental para a questão do meio ambiente, dosaneamento e da saúde pública, além de passo importante paraa modernização das formas de gerenciamento dos serviços de

limpeza urbana.

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Recomendações Para minimizar eventuais falhas operacionais e gerenciais, pode-

se utilizar as normas da ISO, em especial as da série ISO 14001voltadas para a gestão ambiental, incorporando a variávelambiental em seu planejamento estratégico.

 A elaboração de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) para asempresas que atuam no setor de reciclagem e compostagem delixo, bem como para os aterros sanitários, consiste em importanteferramenta para dirimir eventuais falhas operacionais egerenciais, possibilitando que o empreendimento consiga aslicenças ambientais pertinentes, operando de forma plena ereduzindo os riscos de impactos ambientais. O fato do municípiopossuir uma usina de reciclagem, não o desobriga em dar umadestinação final aos resíduos sólidos - já que estes não sãointegralmente reciclados - sendo necessário que esforços sejamconcentrados no sentido da construção de aterro sanitário, paradar fim a todos os resíduos produzidos no município (em outubrode 2003 a prefeitura recebeu o Certificado LP número 113,concedendo Licença Ambiental ao aterro sanitário de Viçosa,

aprovada em reunião do Conselho Estadual de Política Ambientalem 26 de setembro de 2003).

O fechamento de um aterro comum e sua remediação deve estarbaseado em estudos prévios, no qual se estabelecem asprioridades e defini-se ações eficientes. Ao mesmo tempo, não sedeve inviabilizar a disposição do lixo, em curto prazo, nomunicípio. A utilização futura prevista para a área remediada,deve estar vinculada ao monitoramento e a garantia da

segurança sanitária, ambiental e de estabilidade do solo,adequados ao seu uso. O tempo de remediação depende dascaracterísticas em que se encontra o aterro comum, bem comona escolha adequada do tipo de concepção a ser adotada. Porsua vez, a escolha da metodologia deve levar em consideraçãoquestões econômicas, sociais, sanitárias e ambientais.

Finalmente, é importante reiterar que um projeto deaproveitamento de área degradada por “lixão”, não deve ser vistacomo um processo que proporcionará resposta imediata. Éimprescindível encontrar nessas propostas, preocupações

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voltadas paro o médio e longo prazo, construída com objetividadesobre os condicionantes culturais, históricos e sócio-econômicosde uma determinada comunidade.

 A recuperação ambiental pela disposição inadequada de resíduossólidos urbanos merece atenção especial, em face às suaspeculiaridades, sendo uma intervenção que ainda carece demaior conhecimento técnico. Mesmo após a recuperação, emalguns casos, considerando o grau de contaminação causadopela disposição dos resíduos, essas áreas deverão apresentarusos restritos, de forma a não comprometer o meio ambiente eapresentar riscos à saúde da população.

 A proposta de reciclagem deve ser priorizada visando a geraçãode emprego e renda; o reaproveitamento dos materiais paraoutras indústrias; a utilização do material orgânico para aprodução de composto; a economia de energia na produção denovos produtos; entre outros. Dessa forma, esses materiais seconstituem em insumos para outras indústrias, caracterizando eseguindo os princípios exigidos pela “Ciência Generativa”, do“upsizing” e de “Emissões Zero”. 

Estudo de Caso: Por quê priorizar a gestão e arecuperação dos recursos hídricos?Os ecossistemas aquáticos e a história da água sobre o planetaTerra são multifacetados. Estão diretamente relacionados aocrescimento da população humana e ao grau de urbanização. Emface à complexidade dos usos múltiplos da água pelo homem,que aumentou e produziu enorme conjunto de degradação, sãoestes que mais sofrem com a poluição ambiental. Por essasquestões, têm-se verificado a perda de qualidade e

disponibilidade de água, inclusive, inúmeros problemas deescassez em muitas regiões e países. Dada a sua importânciapara a manutenção e desenvolvimento de todas as formas devida, os recursos hídricos não podem se desassociar daconservação ambiental, já que na essência, envolve asustentabilidade do homem ao meio natural, proporcionando osmais variados serviços, tais como: a) recreação; b) turismo; c)transporte e navegação; d) reserva de água doce (em baciashidrográficas e em geleiras); e) controle de enchentes; f)

deposição de nutrientes nas várzeas; g) purificação natural dedetritos; h) habitat para diversidade biológica; i) moderação e

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estabilização de microclimas urbanos e rurais; j) moderação doclima; k) balanço de nutrientes e efeitos tampão em rios; l) saúdemental e estética; m) geração de energia elétrica; n) irrigação; o)aqüicultura e piscicultura; p) abastecimento doméstico e industrial

(SILVA, 2002; TUNDISI, 2003).Portanto, a recuperação desses ecossistemas estaráinfluenciando diretamente, na melhoria da qualidade de vida,humana e animal, favorecendo o aumento da diversidade e aredução de problemas relacionados à saúde. Para oRELATÓRIO...(1991), embora a poluição pontual das águas,como aquelas resultantes da falta de saneamento básico sejamrelevantes, ela atua em conjunto com a poluição difusa, que

remete ao problema da contaminação hídrica por agroquímicos emetais pesados, particularmente nas áreas mais exploradas,como os estados da região Sul e Sudeste.

 As principais causas que conduziram à sua degradação, são: 1)crescimento populacional desordenado associados a rápidaurbanização; 2) diversificação dos usos múltiplos; 3)gerenciamento não coordenado dos recursos hídricosdisponíveis; 4) degradação do solo por pressão da população,

aumentando a erosão e a sedimentação de rios, lagos erepresas; e 5) peso excessivo de políticas governamentais nos“serviços de água” - fornecimento de água e tratamento deesgotos - permitindo que tais serviços sejam utilizados para finsde interesses políticos pessoais, tendo como conseqüênciaproblemas sociais, econômicos e ambientais referentes aosrecursos hídricos, posto serem tratados separadamente e deforma pouco eficiente (L’VOVICH e WHITE, 1990). 

Caso medidas eficientes não sejam tomadas, em 2025, doisterços da população estará vivendo em regiões com estresse deágua e a poluição da água continuará afetando os recursoshídricos continentais e as águas costeiras, com a degradaçãomais rápida de águas superficiais e subterrâneas, afetando asreservas. Como conseqüências 1) os riscos de epidemias eefeitos crescentes na saúde humana; 2) conflitos locais, regionaise institucionais sobre os usos múltiplos; e 3) o aumento dosimpactos econômicos resultantes da degradação dos recursos

hídricos. Dessa forma, as iniciativas têm de ser imediatas, nodesenvolvimento de tecnologias, políticas públicas e outras

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medidas mitigadoras e de impactos no gerenciamento, tais como:1) gerenciamento integrado, adaptativo, preditivo e atenção parausos múltiplos; 2) consideração da qualidade/quantidade de águapor meio de monitoramento permanente e em tempo real;

reconhecimento da água como fator econômico; 3) melhoria dacapacidade de gerenciamento, treinando recursos humanos(gerentes ambientais, agentes ou gerentes de baciashidrográficas); 4) implementação de coleta seletiva, redução delixo e implementação de aterros sanitários nos municípios; 5)tratamento de esgotos dos municípios; 6) reflorestamento ciliarcom espécies nativas às margens das represas e dos principaistributários; 7) práticas agrícolas que reduzem a erosão: plantiodireto e uso de curvas de nível; 8) controle do uso de

agroquímicos; 9) controle dos resíduos industriais nos municípios;10) implementação de controle e avaliação dos recursospesqueiros; 11) suporte à medidas e tecnologias inovadoras emnível local, nacional e internacional (TUNDISI, 2003). Atualmente, os principais problemas resultantes do uso dosrecursos hídricos estão relacionados: a) à eutrofização; b) aoaumento da toxicidade das águas superficiais e subterrâneas; ec) às alterações no ciclo hidrológico e na disponibilidade de água,agravando os problemas dos pontos de vista qualitativo e

quantitativo (ibidem). Para BRIGANTE e ESPÍNDOLA (2003a), “amaioria dos sistemas aquáticos do Brasil necessita de medidasde recuperação e manejo”. Entretanto, para estes mesmosautores, embora haja atualmente uma maior conscientização comrelação à essa necessidade, os problemas persistem,“decorrentes da urbanização crescente, da falta de recursosfinanceiros das administrações públicas locais ou, ainda, pelaforma de aplicação dos recursos”. Em projetos de manejo e recuperação de ambientes aquáticos,estabilizando o desenvolvimento de habitats e colonização a umataxa mais rápida que a dos processos naturais físicos ebiológicos, além de levar em conta a presença e ascaracterísticas dos contaminantes, deve-se considerar: a) osaspectos hidrológico, morfológico e ecológico; b) a qualidade daágua propriamente dita; c) o sedimento, o material em suspensãoe a comunidade biológica; d) a estética; e e) “além danecessidade de uma visão integradora do projeto sustentável derecuperação” (CUNHA, 2003). 

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Uso da água: a visão holística da paisagem 

Relacionados ao uso das águas, para TUNDISI (2003), aspesquisas devem estar direcionadas: a) no caso de utilização deaqüíferos, determinar o seu rendimento ótimo; b) implementaçãode programas de reuso de água, particularmente em grandesmetrópoles com grandes déficits hídricos e, principalmente parafins industriais; c) tratamento de esgotos com ampliação dosvolumes de águas tratadas e prioridades para estudosepidemiológicos relacionando qualidade da água com a saúdehumana, necessitando para isso, da coleta dos esgotos em largaescala; d) detalhamento e ampliação do banco de dados sobre osrecursos hídricos, promoção de sistemas de informação esistemas de suporte à decisão; e) reavaliar os custos deabastecimento, os despejos de águas em zonas metropolitanas,o tratamento de águas residuárias, em face ao grande incrementono consumo de água potável; f) priorizar programas educativos,de conservação e de regulamentação; g) integração deprogramas sociais no planejamento e distribuição de água, com o

fortalecimento do sistema de manutenção e proteção de áreasvulneráveis; h) proteção dos mananciais de águas superficiais econtrole do crescimento urbano desordenado que afeta osmananciais; i) treinamento e atualização permanente de técnicose gerentes; j) diminuição do desperdício na distribuição; k)resolução de conflitos sobre os usos múltiplos; l) avaliação doimpacto em águas subterrâneas; m) ampliação da capacidade degestão preditiva e de antecipação de eventos de alto risco; e n)ampliação e aprofundamento da educação sanitária e ambiental

da população (TUNDISI, 2003).Para SILVA (2002), a solução para conflitos de uso da águadeverá ocorrer a partir de uma gestão integrada e compartilhadado uso, controle e conservação dos recursos hídricos. Ainstalação de Comitês de Bacias Hidrográficas com aparticipação de usuários, representantes da sociedade civil e dospoderes públicos municipal, estadual e federal, com acontribuição de organizações não-governamentais (ONGs),

poderão ser uma importante ferramenta para evitar futuras

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carência, poluição e fator de conflitos. Deverá ser realizadaholisticamente, de forma multidisciplinar e interdisciplinar.

Recursos hídricos e a legislação 

Com relação à legislação estadual do Estado de São Paulo efederal sobre a proteção dos corpos d’água, ESPÍNDOLA et al.(2003a) advertem para a necessidade de mudanças. O DecretoEstadual n. 8.468/76, artigo 11, estabelece limites físicos equímicos para corpos d’água de classe 2. No entanto, os limitespropostos pela Resolução n. 20 do CONAMA, de 18 de junho de1986, para a mesma classe, são mais restritivos e abrangentesdo que aqueles impostos pelo Decreto Estadual citado. Assim, sepor um lado, o Decreto e a Resolução protegem corpos de águanaturais não afetados ou parcialmente afetados pelas atividadesantrópicas (classe especial, classe 1 e classe 2), por outro,provoca uma acomodação das ações relativas à melhoria daqualidade dos corpos d’água mais poluídos e, por esse motivo,com usos menos nobres (classes 3 e 4). Afirmam, “quedeterminado corpo d’água deixa de ter usos menos nobres

exatamente em função da degradação contínua de suaqualidade”. Por estas questões, existe a necessidade dealterações ou adequações na legislação das águas.

Tais problemas ocorrem principalmente devido a existência deum grande número de leis para os recursos hídricos,centralizadas e impostas para todas as regiões do país, nãoconsiderando diferenças regionais. Segundo esse mesmo autor,tais leis têm adotado um processo preconcebido excessivamenterígido para incorporar a participação pública, engessando osistema, dificultando sensivelmente os Comitês de BaciasHidrográficas. Portanto, para que ocorra agilização e eficiência dosistema de monitoramento e recuperação dos recursos hídricos esuas bacias, deverão ocorrer a descentralização das tomadas dedecisões, para que possam ser consideradas as necessidades eas particularidades regionais; portanto, sendo preferível umaabordagem de avaliação flexível e espírito de aprendizagem.

De acordo com SILVA (2002), o manejo integrado de baciashidrográficas deve constituir a base de gestão dos recursos

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hídricos, envolvendo a elaboração de uma série de diagnósticos,destacando-se aqueles: a) físico-conservacionista; b) sócioeconômico; c) ambiental; d) da água; e) da vegetação; f) do solo;e g) da fauna. A partir destes diagnósticos levantar-se-ão os

problemas da bacia, onde serão identificados os conflitos eindicadas as soluções nos diversos níveis, os prognósticos,integrando conclusões e recomendações para a recuperaçãototal do meio ambiente.

Gestão dos recursos hídricos 

 As alterações da distribuição dos recursos hídricos, considerandoa quantidade e a qualidade das águas, representam uma ameaçaestratégica à sobrevivência da humanidade e das demaisespécies que habitam o Planeta. Por esse motivo, impõe-se anecessidade de esforço conjunto para: a) aumentar a capacidadede predição e prognóstico, por meio da integração contínua daciência interdisciplinar; e b) praticar o planejamento egerenciamento na área de recursos hídricos. Nesse caso, aLimnologia, a Hidrologia e o gerenciamento de recursos hídricos

ocupam posições essenciais. A gestão estratégica deve sersistêmica, preditiva e adaptativa, com igual ênfase em medidasestruturais e não estruturais. A nova gestão das águas deverá seraperfeiçoada com os instrumentos legais disponíveis e o conjuntode ações para proteção, recuperação e conservação de águassuperficiais e subterrâneas, que incluem instrumentos legislativose sistemas de taxação e incentivos adequados (TUNDISI, 2003).

A qualidade da água e o manejo da irrigação 

 A irrigação pode se constituir em uma das principais fontes depoluição e contaminação por metais pesados do solo,principalmente quando a água utilizada é proveniente de rios querecebem grande carga poluidora.

Para BERNARDO (1997), a irrigação tem criado impactosambientais adversos às condições físicas, químicas e biológicas

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do solo, à disponibilidade e qualidade da água, à saúde pública, àfauna e flora, repercutindo, em alguns casos, de forma negativanas condições sócio-econômicas do irrigante ou mesmo dacomunidade local. De acordo com Von SPERLING (1997), deve-

se estar consciente que o meio líquido apresenta duascaracterísticas marcantes, que definitivamente caracterizam aqualidade da água: a) capacidade de dissolução - além de serformados pelos elementos hidrogênio (H) e oxigênio (O), a águatambém pode dissolver uma enorme variedade de substânciasque lhe conferem características peculiares; e b) capacidade detransporte - tais substâncias dissolvidas e as partículas quecompõe essa massa líquida, são transportadas pelos cursosd’água mudando continuamente de posição, estabelecendo-se

assim, um caráter fortemente dinâmico para a qualidade da água.Para este mesmo autor, a conjunção das capacidades dedissolução e transporte “conduzem ao fato da qualidade de umaágua resultar dos processos que ocorrem na bacia de drenagemdo corpo hídrico”. 

De acordo com AMARAL SOBRINHO (1996), o rio Paraíba doSul, o mesmo que recentemente (2003) foi contaminado pelaindústria de papel localizada em Cataguases, MG, recebe

elevada carga poluidora proveniente de indústrias, esgotosdomésticos, fertilizantes, agrotóxicos, mercúrio de garimpos,entre outros. Apresenta, portanto, alto potencial poluidor do soloquando utilizado para irrigação, principalmente devido aossedimentos em suspensão. Um estudo realizado por Ramalho(1994), apud  AMARAL SOBRINHO (1996), foram obtidos osseguintes teores de alguns metais pesados como resultado desua pesquisa, podendo ser observado no Quadro 18.

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No Brasil, esse problema é agravado principalmente quandoassociado ao aproveitamento de várzeas inundadas. ParaBERNARDO (1997), o uso de sistemas de irrigação porsuperfície, particularmente por inundação ou sulco, e a drenagemde extensas áreas seguidas de seu intensivo cultivo, causamdistúrbios às suas condições naturais. Inicia-se pela eliminaçãoda vegetação nativa, que produzirão alterações na microflora e

fauna local e regional, na produção de peixes, na população deinsetos e nas condições de erosão e sedimentação na baciahidrográfica. Além disso, ocorre a indução à monocultura,aumentando o número de pragas devido à eliminação de inimigosnaturais, exigindo cada vez mais o uso intensivo de agrotóxicospara o seu controle.

Por estas questões, para a implantação de um sistema deirrigação em uma determinada região, torna-se necessário um

conjunto de informações de maneira a ser identificado o seupotencial de produção e as condições físicas e operacionais maisadequadas que podem selecionar alternativas a serem tomadas.Nele, as condições a serem consideradas incluem acompatibilidade do tipo de solo, a qualidade e a quantidade deágua, o clima e algumas influências externas e agronômicas. Osistema de irrigação deve ser compatível com o preparo do soloutilizado ou a utilizar na área, bem como com o cultivo e acolheita das culturas selecionadas (VIEIRA et al., 1988).

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De acordo com BERNARDO (1997), são cinco os principais tiposde impactos ambientais inerentes à irrigação: a) modificações domeio ambiente; b) salinização do solo; c) contaminação dosrecursos hídricos (rios, lagos e águas subterrâneas); d) consumo

exagerado para usos múltiplos da disponibilidade hídrica daregião; e e) problemas de saúde pública. Segundo estimativas daFAO, citadas por esse autor, aproximadamente 50% dos 250milhões de ha irrigados no mundo apresentam problemas desalinização e saturação do solo. Também, 10 milhões de ha sãoabandonados anualmente em virtude de tal problema. NoNordeste brasileiro, aproximadamente 30% das áreas irrigadasdos projetos públicos estão com problemas de salinização,apresentando áreas que já não produzem. Isso ocorre porque a

salinização do solo afeta a germinação, densidade edesenvolvimento vegetativo da cultura, reduzindo suaprodutividade. Inclusive, nos casos mais graves, conduz à mortegeneralizada das plantas. Para este mesmo autor, “as principaiscausas da salinização nas áreas irrigadas são os saisprovenientes da água de irrigação e, ou, do lençol freático,quando esse se eleva até próximo à superfície do solo. Pode-seafirmar que a salinização é subproduto da irrigação; por exemplo,cada lâmina de 100mm de água de irrigação, com concentração

de sais de 0,5 g/l, conduz 500 kg/ha de sal à área a ser irrigada”Daí a importância da eficiência de aplicação da irrigação: quantomenor a lâmina de água aplicada, menor será a quantidade desal conduzida para a área irrigada, como também menor será ovolume de água percolado e drenado.

Uma medida a ser tomada de tal forma a evitar esses problemase outros pelo uso da água, seria a utilização de prognósticosambientais, elaborados de acordo com a metodologia de

avaliação ambiental estabelecida. Algumas delas permitem umadescrição detalhada dos processos geradores de impacto e deseus cenários. Para isso, é necessário um conhecimentoprofundo e detalhado, inclusive com a caracterização da área.Podem ser usados modelos matemáticos de previsão daqualidade da água, apesar de sujeitos à inúmeras limitações,para avaliar a qualidade da água de rios, lagos e reservatórios,enfocando situações específicas, que devem ser escolhidosanteriormente à fase de implantação do projeto (DE FILIPPO,

2000).

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Considerando a agricultura irrigada ser o maior usuário de águadoce no Brasil, com 72,5% do volume captado, e querecentemente vem apresentando um crescimento acelerado, asua evolução deverá ser acompanhada de um rigoroso

monitoramento. Este pode ser alcançado mediante aimplementação de um sistema eficiente de gerenciamento dosrecursos hídricos, evitando novos conflitos de uso da água. Essefato é relevante quando se considera o total de solos aptos àirrigação no Brasil, estimados em aproximadamente 29,6 milhõesde ha. Desse total, em 1999, apenas 2,87 milhões estavamsendo explorados, demonstrando o grande potencial paraexpansão dessa prática. O manejo racional dessa atividadedemanda estudos que considerem os aspectos sociais,

econômicos, técnicos e ecológicos da região. Este último, a suatotal desconsideração ou a supervalorização do impactoambiental, não são benéficos ao desenvolvimento sustentado dairrigação. Nesse sentido, deve-se aglomerar esforços para aobtenção de dados confiáveis que permitam quantificar com amáxima precisão, a magnitude do impacto ambiental ocasionadopela irrigação, para considerá-lo na implementação e manejo dosprojetos. Com esses procedimentos, poder-se-ão evitar osprincipais impactos ambientais advindos dessa atividade, como

está ocorrendo no Norte de Minas, na bacia do rio Verde Grandee afluentes, tais como: a) modificação do meio ambiente; b)consumo exagerado da disponibilidade hídrica da região; c)contaminação dos recursos hídricos; d) salinização do solo nasregiões áridas e semi-áridas; e e) problema de saúde pública(SILVA, 2002).Para MANTOVANI et al. (2003), apesar da significativa evoluçãodos equipamentos modernos, tem havido negligência com omanejo da irrigação. Portanto, para que não ocorra aplicação emexcesso (mais comum) ou em falta, a maior eficiência nadistribuição da água necessita um eficiente programa de manejo.Para estes mesmos autores, parte da solução deste problemapode ser resolvido com o auxílio de programas de simulação,como o IRRIGA. Este é um sistema de apoio à decisão na áreada agricultura irrigada, composto de vários “softwares” voltadospara o manejo da água (Simula, Manejo e Decisão), do sistemade irrigação (Avalia), da fertirrigação (NPK) e da rentabilidade daárea irrigada (Lucro), estando estes dois últimos em fase deelaboração. Foi desenvolvido pelo Grupo de Estudos e Soluções

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para Agricultura Irrigada - GESAI, do Departamento deEngenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa. Osistema incorpora uma visão técnica sem perder aoperacionalidade necessária ao seu funcionamento. Uma vez

implantado, é uma ferramenta de fácil utilização e controle domomento adequado para irrigar, definir a lâmina e o tempo deirrigação necessária (Manejo e Decisão) e, também, relacionar aavaliação e definição das condições de distribuição de água eperdas do sistema de irrigação (Avalia).

Na verdade, a ausência de um plano de manejo adequado,poderá provocar sérios impactos ambientais e sócio-econômicos.Também, é imprescindível que sejam realizados estudos

coordenados e concomitantes relacionados aos aspectosambientais, econômicos e técnicos, para que as soluções ealternativas adotadas efetivamente tenham em si incorporadasmedidas de redução dos impactos negativos sobre o meioambiente (SILVA, 1986; 2002). Novamente, trata-se de gestãoambiental.

Considerações 

Os sistemas de produção utilizados atualmente de maneiraaltamente intensificados, ao mesmo tempo em que consomemmenos recursos naturais em um determinado local, introduzemno ambiente novos elementos causadores de desequilíbrios,como os agroquímicos. Quando o objetivo é a maximização deprodução, todos os fatores envolvidos têm de ser considerados.O que tem sido observado, apesar do grande volume de

pesquisas nessa área, com um significativo acúmulo deconhecimentos, estes não são devidamente adotados pelosprodutores rurais, principalmente os pequenos. Por este motivo, éinevitável o surgimento de impactos ambientais negativos e aredução de biodiversidade com a conseqüente insustentabilidadedos sistemas.

O desconhecimento das normas ambientais confere àagropecuária como sendo esta a atividade poluidora com maiorpotencial de provocar impacto ambiental. Medidas simples, comoa obrigatoriedade do uso do receituário agronômico, deveriam ser

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respeitadas. Este fornece informações que podem subsidiar omanejo dos principais componentes envolvidos no sucesso dautilização dos agrotóxicos, garantindo aumentos de produtividadee minimizando os impactos sobre o meio ambiente. A utilização

de práticas conservacionistas e um eficiente manejo, podemauxiliar. Particularmente, no uso dos agroquímicos, os principaisaspectos a serem observados, na tentativa de minimizar osimpactos, são mudanças de comportamento, tais como: a)verificação da capacidade de uso da terra; b) cultivo mínimo eplantio direto; c) diminuição no uso de agrotóxicos; d) utilizaçãode adubação orgânica; e) adubações na quantidade necessária eno momento preciso, evitando perdas por lixiviação ou pelaerosão; f) proteção dos corpos d’água; g) inundação antes do

plantio, quando pertinente; h) uso de plantas de cobertura; i)quebra-ventos e cordões em contorno; j) vegetação ciliar deescoadouros de água; l) ajuste de épocas de plantios; m)mudança de monocultura para cultivos mistos; n) controlebiológico - uso de plantas repelentes ou com característicasalelopáticas e hormônios para armadilhas; e o) manejo integradode pragas e doenças.

Enfim, a utilização de medidas inovadoras e de baixo custo,

devem ser mais pesquisadas para a recuperação ambientaldessas áreas. A reciclagem de substâncias biodegradáveis, comoa fração orgânica do lixo urbano para a produção de composto,quando desenvolvida com competência, torna-se um mecanismoque salvaguarda a saúde pública, devido ao tratamento deresíduos contaminados. Além disso, possui a propriedade de serum processo biológico de tratamento, não só de destinação final,preservando a qualidade ambiental, sendo sem dúvida, um dosprocessos mais econômico, inserido nesse contexto de uma

política agrícola mais natural.

 As agências financiadoras e órgãos de pesquisa devem dedicarrecursos e esforços aos estudos dos metais pesados nascondições brasileiras, principalmente sobre a utilização deplantas metalóficas para recuperação de áreas contaminadas.Essa carência é observada pelo reduzido volume de estudos esoluções para esse problema, podendo ser confirmado pelopequeno número de publicações em congressos, revistas e livros.

Os serviços de extensão necessitam difundir ao agricultor asinformações já existentes, evitando riscos danosos à saúde e ao

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 As inovações tecnológicas que ocorreram nas últimas décadasampliaram significativamente o rendimento e melhoraram ascondições de trabalho no campo. O aumento de produtividade foinotável a partir da introdução de bens de capital, insumos e

novas tecnologias que a indústria tem disponibilizado aomercado. Entretanto, trouxe efeitos colaterais negativos emfunção de erros e exageros, os quais eventualmente, causamprejuízos a consumidores, aos agricultores, enfim, a todasociedade e ao meio ambiente.

Dessa forma, o atual “progresso” tem sido caracterizado por umacrescente acumulação e concentração de capitais, os quaistambém têm gerado uma crescente desigualdade social, no Brasil

e em todo o mundo. Assim, esse modelo de desenvolvimento temsido produtor de subdesenvolvimento. Vale lembrar que a misériaé incompatível com o equilíbrio e a sustentabilidade ambiental:não cessando esse processo, a degradação persistirá e, todos osesforços para a recuperação ambiental, terão sido em vão. Poresse motivo, é preciso criar uma nova consciência na sociedade,onde sejam desenvolvidos princípios éticos, para que realmentese empenhe em superar a crise planetária atual. Tem havido,recentemente, uma reação da sociedade contra esses excessos

e equívocos, evidenciando a possibilidade das necessáriascorreções de rumo.

 As estratégias que conduzirão ao desenvolvimento sustentável,para que sejam viáveis, deverão induzir os agentes sociais maisdinâmicos a uma articulação, em âmbito local, da qual resultemsinergias. Deve-se desenvolver competências e estimularhabilidades visando à transformação do indivíduo para que ocorrauma mudança estrutural da sociedade, permitindo, dessa forma,

que os objetivos, as linhas de ação, as propostas de políticapública e as formas de gestão, tornem-se factíveis. Apossibilidade de acreditar que a superação das dificuldades rumoà sustentabilidade pudesse ser elaborada em locais externos auma determinada comunidade, deve ser totalmente descartada,mesmo considerando satisfatórias as políticas decorrentes dasestratégias propostas pela Agenda 21 Brasileira.

Experiências indicam que tais inovações costumam ter sucesso

somente quando impulsionadas pela elaboração de diagnósticosregionais por organizações de pesquisa, de extensão e de

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educação popular, capazes de mobilizar e articular cooperativas,associações, enfim, os agentes sociais locais mais dinâmicos. Épreciso que haja participação das instituições políticas nesseprocesso, para que os resultados econômicos e sociais sejam

sustentáveis, com a promoção efetiva do desenvolvimentohumano.

Portanto, o modelo de crescimento que origina degradaçãoambiental e humana precisa ser alterado, posto que os recursos,como também, o tempo, são escassos. A obtenção de soluçõesdeve ser ágil, porém baseadas em gerenciamento responsável ecom pensamento na segurança e no bem-estar das geraçõesfuturas. A partir do momento em que os problemas ambientais

sejam reconhecidos como fruto de processos produtivos quevisam exclusivamente a maximização econômica e lucros, ficaráevidente que os processos de exploração e acumulação precisamser alterados, posto existir uma forte contradição entre osprincípios básicos de funcionamento desse tipo de capitalismo ea conservação do equilíbrio ambiental. A redução sustentável dapobreza exige um crescimento eqüitativo, precisando, portanto,do fortalecimento da base política para que possa atender àscarências sociais dos cidadãos. Nesse processo, a preocupação

com a educação formal, ambiental e política de toda a sociedadeé fundamental.

Deve-se entender que a disponibilidade de matéria-prima élimitada, como também a velocidade de reprodução dos recursosrenováveis. A capacidade de absorção de resíduos dos sistemasprodutivos, industriais e agroindustriais, urbanos e rurais, éinsuficiente para acompanhar de forma duradoura e sustentável,o ritmo de crescimento acelerado, sem a ocorrência de um

colapso ecológico.Procedimentos de avaliação de impactos ambientais,licenciamento, certificação e implantação de um Sistema deGestão Ambiental, quando bem conduzidos, podem se tornarfortes aliados para o desenvolvimento do diálogo e dacooperação entre os representantes das empresas, dascomunidades, do governo e dos ambientalistas. Devem serrespeitadas as diversidades culturais, adaptando-as à nova

realidade e necessidades atuais, para que possam atender aosrecentes desafios ambientais. Nesse contexto, a educação

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ambiental é fundamental. Por meio da sua adoção o indivíduopassa a exercer o seu direito de cidadão, produzindotransformações que contribuirão para a coletividade.Considerando a urgência para a solução da crise ambiental, as

propostas devem surgir rapidamente e a sua implementaçãoimediata, com manutenção e aperfeiçoamentos constantes.

 A pesquisa científica deverá ser ampliada para que sejamconhecidos os principais processos e mecanismos, com a devidafundamentação, necessária para a recuperação dosecossistemas e a proteção àqueles ainda não ameaçados peladeterioração de suas quantidade e qualidade. As questõesrelacionadas ao desenvolvimento científico e tecnológico surgidos

recentemente evidenciam que se deve evitar acompartimentação. A interdisciplinaridade dos diferentesenfoques é essencial, pois permite entender os processosambientais e conhecer as ferramentas disponíveis para manejá-los, facilitando o seu monitoramento. Dessa forma, fica facilitadoo desenvolvimento de novos modelos de produção e de consumoque poupem matéria-prima e gere um menor volume de resíduos,conservando os recursos naturais.

Essa situação, caso estabelecida, permitirá no futuro que hajamudanças nas relações sociedade/natureza, reduzindo a suaimportância econômica. Para isso é necessário que ocorramtransformações entre os homens, de forma consciente, resultantede uma inteligência crítica que descubra as reais formas deorganização política da vida, formulada em termos de finalidades.Nesse sentido, não podem conter senão opções éticas. Essanova sociedade deverá adotar um novo modelo de produção edesenvolvimento, baseados na eqüidade e justiça social, na

organização do trabalho e na geração de renda, ficandodefinitivamente estabelecidas as bases de cooperação. Devehaver, acima de tudo, liberdade de decisões: mas éimprescindível que haja solidariedade entre todos os seusmembros, originando uma realidade de existência,fundamentando, dessa forma, uma sociedade complexa.

O objetivo deve ser a recuperação sócio-ambiental, permitindomelhor condição de vida a toda população, com maior eqüidade

social. Considerando a enorme base produtiva rural brasileira e anecessidade de geração de emprego e renda, nos meios rural e

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urbano, deve haver uma parceria com os segmentos destessetores. Essa conciliação apontaria um progresso com ordempara a utilização dessa enorme base de produção, com o apoioda ciência, tendo o ser humano e o meio ambiente como

referências básicas.Em questões de desenvolvimento sustentável, a educação, aformação de novos valores e uma ética social voltada para aproteção e recuperação dos recursos naturais são fundamentais.Essa ética pode contribuir muito ao promover uma revolução nocomportamento de pessoas, como a alteração dos atuais padrõesde consumo, e instituições, diante da escassez dos recursos esua degradação. Quando a compreensão do problema for mais

profunda (soluções científicas e de engenharia) e estiverdisseminada por toda a sociedade (nos avanços políticos,gerenciais e de organização institucional), a segurança coletiva ea segurança individual relacionada aos recursos estarãogarantidas, proporcionando alternativas de melhor qualidade devida e maior capacidade produtiva a toda a humanidade.

Entretanto, há que se considerar, da impossibilidade dedissociação das relações homem/natureza e da importância do

capital na promoção do desenvolvimento sustentável. Sãorelações que permanecerão intimamente interligadas, devendo,portanto, todas as soluções propostas estarem assentadas nessarealidade: na evidência da interdependência entre economia emeio ambiente. Por esse motivo, as questões ambientais devemser repensadas, com um maior nível de consciência, onde seperceba que elas não podem ser compreendidas isoladamente,posto serem sistêmicas, interconectadas e interdependentes.Portanto, é necessário que se conheçam os processos físico-

químicos, político-econômicos e socioculturais, posto que aintercessão desses processos dá origem à estruturasocioespacial que expressa a maneira como as classes sociais ea economia se estruturam.

 A História mostra que os processos de degradação sãosistêmicos e cíclicos. Logo, é necessária vigilância contínua emuita pesquisa, para que os processos que geram degradaçãosejam contidos em sua fase inicial. A educação, a ética, a

política, a cultura, devem sempre caminhar juntas, transcendendoaos apelos capitalistas atuais, lembrando sempre que a qualidade

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do meio ambiente é fundamental para um bom nível da qualidadede vida, da atual e das futuras gerações. Portanto, é necessárioque o novo modelo de desenvolvimento considere uma visãodiferenciada do trabalho, que implica em profundas

transformações nos processos dos diversos setores produtivos,na alteração dos hábitos de consumo dos países desenvolvidos euma maior solidariedade entre as nações. Devem agir não comoempresas de assistência técnica, mas sim permitindo eviabilizando o acesso dos países menos desenvolvidos aosavanços científicos e tecnológicos. Atualmente, a recuperaçãoambiental associada a todos esses conceitos, deve ser prioridadepara que seja possível o desenvolvimento sustentável.

Observações FinaisÉ necessária a alteração dos modelos de produção e dedesenvolvimento atualmente praticados no Brasil. A escassezdos recursos, associada aos danos causados pela poluição e amiséria crescente nos meios urbano e rural, evidenciam que essemodelo gera degradação. Porém, para que sejam alcançadas astransformações necessárias, é preciso a definição de políticaspúblicas voltadas para o desenvolvimento sustentável, exigindoum grande esforço do conjunto de atores sociais, econômicos e

políticos. Isso envolve as esferas governamentais, o setorprodutivo, as organizações da sociedade e, inclusive, cadamembro da comunidade: ou seja, são necessárias mudançasindividuais.

Considerando o setor rural, sem uma reorientação do ensino e dapesquisa em ciências agrárias, será impossível obter oconhecimento exigido para o desenvolvimento de sistemassustentáveis nos diferentes espaços ecológicos do nosso país. O

desafio ainda é maior para a ciência do solo, que deve buscarmaior interação com outros campos científicos e enfatizar ascorrelações entre a física, química e a biologia dos solos.Quaisquer programas de ocupação ou de uso do solo com seusrespectivos sistemas de manejo, necessariamente deverão incluiro homem como componente do ecossistema, evidenciando que oseu uso inadequado resultará em perdas econômicas. Deverãointegrar o gerenciamento do solo e das atividades agropecuáriase florestais com o gerenciamento dos recursos hídricos.

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Nas regiões de pecuária que utilizam o sistema extensivo decriação, responsável pela maior quantidade de áreas degradadasno Brasil, deve-se adotar o sistema de integração agricultura-pecuária para recuperá-las. Tal sistema prioriza a produção de

grãos e carne com qualidade, baseado em princípios desustentabilidade, aplicação de recursos naturais e regulação demecanismos para a substituição de agroquímicos. Deve-seutilizar instrumentos adequados de monitoramento dosprocedimentos de todo o processo, para que ocorra a viabilidadeeconômica e conservação ambiental, com maior eqüidade social.Portanto, é necessário buscar alternativas que visem o aumentode produtividade, reduzindo a necessidade de expansão daprodução por meio da abertura de novas fronteiras agrícolas.

Tais modelos de produção e desenvolvimento devem priorizar aspequenas e médias propriedades do modelo familiar, por trêsmotivos básicos: 1) pelo grande número de mão-de-obradisponível e carente de emprego, com baixo investimento emcapital; 2) pelo menor impacto ambiental negativo que produzemno meio ambiente; inclusive, até mesmo com ajustes nalegislação referente às áreas de preservação, particularmentedevido ao pequeno tamanho de suas propriedades, muitas vezes

situada em áreas marginais para a produção; e 3) pelo fato domodelo predominante em curso, baseado no assistencialismo ouna compensação por perdas, não estar beneficiando da mesmaforma o modelo familiar e o agroquímico empresarial, comotambém não tem garantido a segurança alimentar eqüitativa.

 A política agrícola governamental deverá seguir uma trajetóriaque corrija distorções de mercado e do próprio crédito rural,reduzindo o financiamento ao capital de giro para o plantio e a

comercialização. Deverá ser estimulado e ampliado o crédito deinvestimento, com prazos de pagamentos dilatados e com jurosreduzidos e fixos. Com essa reorientação, poderá ser alcançadoo objetivo de incentivar o aperfeiçoamento e a modernização dosistema produtivo para ganhar produtividade, de tal forma que a)possibilite uma maior geração de renda ao produtor rural; b)garanta a sustentabilidade do negócio; e c) favoreça a fixação dohomem ao meio rural, particularmente aqueles do modelo deprodução familiar.

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 As grandes empresas rurais, mesmo sujeitas a proibições e amultas impostas pela legislação, têm-se mostrado insuficientespara a resolução dos problemas ambientais, também por trêsmotivos básicos: a) pela grande extensão territorial brasileira, que

dificulta a fiscalização e o monitoramento; b) pelo númeroreduzido do seu quadro funcional, que não garante a agilidadenecessária para a execução dessa função; e c) pela escassez derecursos financeiros associada a baixa capacitação técnica eoperacional dos órgãos ambientais; além do comprometimentopróprio em algumas situações.

Há necessidade de ressaltar para cada comunidade, por meiodas ONGs e dos movimentos sociais, via treinamento dos

professores do ensino fundamental, a importância histórica ecultural da região, enfatizando as particularidades locais, dandoinício à formação de uma visão compartilhada, criando campopara uma gestão descentralizada dos recursos.

 A partir dessas medidas, no médio e longo prazo, a inclusãosocial dar-se-á espontaneamente, favorecida por ações deeducação ambiental. Dentro dessa nova condição, as políticaspúblicas voltadas para o crédito rural, precisam ser

reestruturadas para os pequenos produtores, posto que a) éinadequado e de difícil acesso; e b) a rede de assistência técnicae extensão, atende apenas em parte às necessidades deprodutores rurais e empreendedores, pelo fato de estar malaparelhada e não possuir uma estratégia unificada dedesenvolvimento rural. Para isso, impõe-se a participação efetivados centros de pesquisa e ensino, buscando soluçõesalternativas, viáveis e de baixo custo, para a solução destesproblemas.

SugestõesUm dos grandes problemas enfrentados na área rural se refere abaixa disponibilidade de recursos financeiros para custeio einvestimento. Somado à sua pequena área e, com as limitaçõestécnicas existentes, faz-se necessário buscar alternativasinovadoras e conjuntas, para que seja evitada a perpetuação doscasos de pauperização que conduzem à degradação. Para isto,deve-se propiciar às associações, cooperativas e demais

categorias de classe, bem como toda a classe política,estabelecerem e implementarem uma política agrícola

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compactuada e definitiva, inclusive preocupados a) com acomercialização, buscando novos nichos de mercado, comoaquele dos produtos orgânicos; b) com a garantia de preçosmínimos justos, inclusive com a possibilidade de serem

subsidiados, cabendo considerar que sejam estipulados de talforma que estimulem a competitividade e o aumento deprodutividade; e c) a concessão de crédito associada ao segurorural, reduzindo riscos de perdas e a futura inadimplência, paraque possam, assim, ser estabelecidas as metas desustentabilidade com maior eqüidade social.

O crédito rural se tornará viável com o uso de uma das maioresnovidades dos últimos anos em termos de instrumento da Política

 Agrícola, que foi a elaboração e a implantação do zoneamentoagrícola do Ministério da Agricultura. Tal zoneamento permite aoagricultor aumentar a produtividade por meio do uso detecnologias, com a chance de reduzir os riscos diante dosfenômenos climáticos previsíveis com certa margem deprobabilidade. Os agentes financeiros e de seguros ficaramestimulados com esta ferramenta que valoriza as recomendaçõestécnicas, que induz à racionalização do sistema produtivo e àutilização de tecnologias recomendáveis. A alternativa deve ser

vincular o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária -PROAGRO, ao zoneamento agrícola, cuja adoção plena é capazde induzir à redução de riscos para o produtor e o financiador.

Ficam também como sugestões diversas:

Priorizar políticas públicas para o setor agropecuário e florestal queestimulem a implementação de um novo modelo de produção e dedesenvolvimento, cujas características: a) contemplem a melhordistribuição da população rural no país, favorecendo a reforma agrária de

uma forma mais abrangente; b) priorizem a produção de alimentosbásicos voltados para as populações mais carentes; c) estimulem omanejo adequado dos solos, necessitando para isso de investimento emassistência técnica para a capacitação dos produtores; d) fiscalizem aalocação correta dos recursos hídricos, respeitando a legislaçãoambiental e incluindo o licenciamento ou o autolicenciamento comonecessidade básica; e) pressuponham o uso de tecnologias adequadaspara cada região, estimulando a implantação de sistemas agroflorestaisque favoreçam o uso múltiplo das florestas, associados às agroindústriase baseados no princípio de Emissões Zero;

Direcionar as pesquisas científicas e tecnológicas com vistas a avançosque sejam incorporados pelo setor produtivo devendo proporcionar

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culturais causados por essa atividade, devendo ser acompanhado de umplanejamento e gestão que possam contribuir para a sustentabilidadedos ambientes visitados;Fortalecer regionalmente as organizações ambientalistas com vistas aomonitoramento das atividades impactantes, por meio de formação etreinamento do corpo técnico responsável, de tal forma a tornar esseprocedimento mais efetivo e eficiente;Exigir a implantação de Sistemas de Gestão Ambiental nas empresasurbanas, indústrias, agroindústrias e propriedades rurais, evitando osurgimento de áreas degradadas que produzirão impactos ambientaisnegativos.

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