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CURSO DE INICIAÇÃO LOGOSÓFICA ESTUDO E PRÁTICA DOS CONHECIMENTOS QUE O INTEGRAM Carlos Bernardo González Pecotche RAUMSOL

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“O conhecimento desperta a consciência individual

para a realidade que o substancia, fluindo daquela

como aptidões adquiridas toda vez que as circunstâncias

o demandem. O exercício habitual das aptidões cons-

cientemente adquiridas as vai aperfeiçoando. Assim é

como o uso diário concorre para gravar no ser, com

caracteres indeléveis, o emblema arquetípico da espiral,

representado pelo método psicodinâmico que a

Logosofia instituiu para os processos vivos e ultracien-

tíficos, destinados ao desenvolvimento das qualidades

superiores da espécie.”

A Logosofia é uma ciência

criadora e depositária de conhe-

cimentos concretos para a vida,

passíveis todos de realização in-

dividual, ao serem aplicados cons-

cientemente à própria psicologia.

Abrimos, em síntese, as portas de

uma nova e fecunda investigação e

oferecemos, ao mesmo tempo, os

resultados que se obtêm mediante

o estudo e prática dos conheci-

mentos que integram esta nova e

muito esperada ciência do aper-

feiçoamento imediato, positivo,

integral e consciente do homem.

Por tudo o que ficou exposto,

ver-se-á a importância capital

de que se reveste a concepção

logosófica no reordenamento das

condições humanas e no conhe-

cimento cabal de si mesmo.

www.editoralogosofica.com.br

Carlos

Bernardo

González

Pecotche RAUMSOL

CU

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O D

E I

NIC

IAÇ

ÃO

LO

GO

FIC

A

Estamos em condições de asse-

gurar, com a autoridade que nos é

conferida pela própria obra que

vamos desenvolvendo, bem como

pelos testemunhos vivos surgidos

de inumeráveis experiências leva-

das a bom termo, que os gozos

estéticos que se experimentam –

ao sentir-se cada um dono de

recursos internos que superam

tudo o que foi imaginado sobre

uma vida melhor – são infinita-

mente mais densos que aqueles que

os gozos materiais podem oferecer,

inclusive os afagos e satisfações pes-

soais, que só duram um instante.

Subentender-se-á que é à ju-

ventude, em primeiro lugar, que

estes conhecimentos devem inte-

ressar, por achar-se ela em plena

etapa de formação mental, psi-

cológica e espiritual. Entretanto,

pais, responsáveis e professores

deverão contribuir com suas luzes

para mostrar-lhe as vantagens desta

autêntica investigação interna,

destinada a aperfeiçoar o homem e

fazer que renasça nele a confiança

em si mesmo.

Logoso

fia

ISBN 8570970671

9 7 8 8 5 7 0 9 7 0 6 7 1

C U R S O D E

I N I C I A Ç Ã O

L O G O S Ó F I C AESTUDO E PRÁTICA DOS

CONHECIMENTOS QUE O INTEGRAM

Carlos Bernardo González Pecotche

RAUMSOL

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Estamos em condições de asse-

gurar, com a autoridade que nos é

conferida pela própria obra que

vamos desenvolvendo, bem como

pelos testemunhos vivos surgidos

de inumeráveis experiências leva-

das a bom termo, que os gozos

estéticos que se experimentam –

ao sentir-se cada um dono de

recursos internos que superam

tudo o que foi imaginado sobre

uma vida melhor – são infinita-

mente mais densos que aqueles que

os gozos materiais podem oferecer,

inclusive os afagos e satisfações pes-

soais, que só duram um instante.

Subentender-se-á que é à ju-

ventude, em primeiro lugar, que

estes conhecimentos devem inte-

ressar, por achar-se ela em plena

etapa de formação mental, psi-

cológica e espiritual. Entretanto,

pais, responsáveis e professores

deverão contribuir com suas luzes

para mostrar-lhe as vantagens desta

autêntica investigação interna,

destinada a aperfeiçoar o homem e

fazer que renasça nele a confiança

em si mesmo.

A Logosofia é uma ciência

criadora e depositária de conhe-

cimentos concretos para a vida,

passíveis todos de realização in-

dividual, ao serem aplicados cons-

cientemente à própria psicologia.

Abrimos, em síntese, as portas de

uma nova e fecunda investigação e

oferecemos, ao mesmo tempo, os

resultados que se obtêm mediante

o estudo e prática dos conheci-

mentos que integram esta nova e

muito esperada ciência do aper-

feiçoamento imediato, positivo,

integral e consciente do homem.

Por tudo o que ficou exposto,

ver-se-á a importância capital

de que se reveste a concepção

logosófica no reordenamento das

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cimento cabal de si mesmo.

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“O conhecimento desperta a consciência individual

para a realidade que o substancia, fluindo daquela

como aptidões adquiridas toda vez que as circunstâncias

o demandem. O exercício habitual das aptidões cons-

cientemente adquiridas as vai aperfeiçoando. Assim é

como o uso diário concorre para gravar no ser, com

caracteres indeléveis, o emblema arquetípico da espiral,

representado pelo método psicodinâmico que a

Logosofia instituiu para os processos vivos e ultracien-

tíficos, destinados ao desenvolvimento das qualidades

superiores da espécie.”

A Logosofia é uma ciência

criadora e depositária de conhe-

cimentos concretos para a vida,

passíveis todos de realização in-

dividual, ao serem aplicados cons-

cientemente à própria psicologia.

Abrimos, em síntese, as portas de

uma nova e fecunda investigação e

oferecemos, ao mesmo tempo, os

resultados que se obtêm mediante

o estudo e prática dos conheci-

mentos que integram esta nova e

muito esperada ciência do aper-

feiçoamento imediato, positivo,

integral e consciente do homem.

Por tudo o que ficou exposto,

ver-se-á a importância capital

de que se reveste a concepção

logosófica no reordenamento das

condições humanas e no conhe-

cimento cabal de si mesmo.

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Estamos em condições de asse-

gurar, com a autoridade que nos é

conferida pela própria obra que

vamos desenvolvendo, bem como

pelos testemunhos vivos surgidos

de inumeráveis experiências leva-

das a bom termo, que os gozos

estéticos que se experimentam –

ao sentir-se cada um dono de

recursos internos que superam

tudo o que foi imaginado sobre

uma vida melhor – são infinita-

mente mais densos que aqueles que

os gozos materiais podem oferecer,

inclusive os afagos e satisfações pes-

soais, que só duram um instante.

Subentender-se-á que é à ju-

ventude, em primeiro lugar, que

estes conhecimentos devem inte-

ressar, por achar-se ela em plena

etapa de formação mental, psi-

cológica e espiritual. Entretanto,

pais, responsáveis e professores

deverão contribuir com suas luzes

para mostrar-lhe as vantagens desta

autêntica investigação interna,

destinada a aperfeiçoar o homem e

fazer que renasça nele a confiança

em si mesmo.

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ISBN 8570970671

9 7 8 8 5 7 0 9 7 0 6 7 1

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CONHECIMENTOS QUE O INTEGRAM

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Intermedio Logosófico, 216 págs., 1950. (1)

Introducción al Conocimiento Logosófico, 494 págs., 1951. (1) (2)

Diálogos, 212 págs., 1952. (1)

Exégesis Logosófica, 110 págs., 1956. (1) (2) (4)

El Mecanismo de la Vida Consciente, 125 págs., 1956. (1) (2) (4) (6)

La Herencia de Sí Mismo, 32 págs., 1957. (1) (2) (4)

Logosofía. Ciencia y Método, 150 págs., 1957. (1) (2) (4)

El Señor de Sándara, 509 págs., 1959. (1)

Deficiencias y Propensiones del Ser Humano, 213 págs., 1962. (1) (2) (4)

Curso de Iniciación Logosófica, 102 págs., 1963. (1) (2) (4) (6)

Bases para Tu Conducta, 55 págs., 1965. (1) (2) (3) (4) (5) (6)

El Espíritu, 196 págs., 1968. (1) (2) (4) (7)

Colección de la Revista Logosofía (tomos I (1), II (1), III), 715 págs., 1980.

Colección de la Revista Logosofía (tomos IV, V), 649 págs., 1982.

(1) Em português.

(2) Em inglês.

(3) Em esperanto.

(4) Em francês.

(5) Em catalão.

(6) Em italiano.

(7) Em hebraico.

ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES DO AUTOR

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Carlos Bernardo González Pecotche RAUMSOL

C U R S O D E

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1ª reimpressão da 18ª Edição

Editora Logosófica2008

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Título do original: Curso de Iniciación LogosóficaCarlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)

Revisão da tradução: José Dalmy Silva Gama

Capa e projeto gráfico: Silvia Ribeiro

Produção gráfica: Adesign

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:

1. Logosofia : Doutrinas filosóficas 149.9

Copyright da Editora Logosóficawww.editoralogosofica.com.brwww.logosofia.org.brFone/fax: (11) 5584 6648Rua General Chagas Santos, 590-A - SaúdeCEP 04146-051 - São Paulo - SP - Brasil,da Fundação Logosófica Em Prol da Superação Humana

Sede central: SHCG/NORTEQuadra 704 - Área de Escolas CEP 70730-730 - Brasília - DF - Brasil

Vide representantes regionais na última páginaEDITORA AFILIADA

González Pecotche, Carlos Bernardo, 1901-1963.

Curso de iniciação logosófica / Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol) ;

[tradução de filiados da Fundação Logosófica]. — São Paulo : Logosófica, 2008.

Título original: Curso de iniciación logosófica

1ª reimpr. da 18. ed. de 2007.

ISBN 978-85-7097-067-1

1. Logosofia I. Título

08-01932 CDD 149.9.

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O HOMEM JAMAIS SE ARREPENDERÁ

DE HAVER PROPORCIONADO A

SEU ESPÍRITO TODO ELEMENTO

DE JUÍZO REQUERIDO PELO

DESENVOLVIMENTO PLENO DE

SUAS APTIDÕES E PELO EXERCÍCIO

SEM LIMITAÇÕES DE SUA INTELIGÊNCIA.

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ANTE A SITUAÇÃO CRÍTICA DO MOMENTO

Iniciaremos a exposição deste Curso perguntandopor que razão a cultura vigente – ocidental ou

oriental – apresenta, em todas as partes, sintomas incon-fundíveis que prenunciam sua inevitável decadência. Aresposta é clara, simples e unívoca: porque falha pelabase. E a que se deve o fato de ela falhar pela base? Àsseguintes causas:

a) Não foi nem é capaz de ensinar ao homem aconhecer a si mesmo.

b) Não lhe ensinou a conhecer o mundo mentalque o rodeia, interpenetra* e influi poderosamente emsua vida.

c) Não lhe ensinou a compreender, amar erespeitar o Autor da Criação, nem a descobrir suaVontade através de suas Leis e das múltiplas manifes-tações de seu Espírito Universal.

O fato de não se ter ensinado ao homem aconhecer sua vida interna, plena de recursos e

energias para quem sabe aproveitar tão imponderávelriqueza, tem sido a causa que o faz ceder, sem maiorresistência,à tentação de fundir-se na multidão anônima,consumando-se assim a perda de sua individualidade.

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R E A L I D A D E S

E S S E N C I A I S

*N.T.: O autor adotou, no texto original em espanhol, o neologismo “interpenetrar”,ao conferir-lhe o sentido de “estar penetrado em, existir dentro de, constituir-se no espaço interior de”.O mesmo valor neológico está presente no texto traduzido ao português.

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Desde os alvores da atual civilização, foram sesomando, dia após dia, os que nenhum esforço

fazem para superar sua inércia mental e volitiva. Dasfaculdades de sua inteligência1, só funcionam com pre-ponderância a imaginação e a memória. As demaistrabalharam e trabalham só por necessidade ou poralguma premência,observando-se sempre uma acentua-da insuficiência, devido à sua habitual inércia. Estamosnos referindo à maioria dos seres, ao homem que nãoorganizou seu sistema mental de modo que todas asfaculdades de seu mecanismo inteligente funcionem,alternada e ativamente, no ofício construtivo quedevem desempenhar.

A ciência logosófica foi criada para remediar esselamentável descuido, esse vazio incomensurável

que já transtornou não poucos juízos, levando a huma-nidade à desorientação e ao mais agudo pessimismo.

A Logosofia é uma nova mensagem àhumanidade, com palavras plenas de alento, de

verdade e de clara orientação.Encerra uma nova formade vida, forma que move o homem a pensar e a sentirde outra maneira, graças ao descobrimento logosóficode agentes causais, que, ignorados antes por ele, se mani-festam agora à vista de seu entendimento, de suareflexão e de seu juízo, da mesma forma que à suasensibilidade. Com efeito, embora singelamente enun-ciado e sem ostentação alguma, como é próprio detodas as grandes verdades, somos plenamente cons-cientes da incalculável transcendência que oconhecimento desses fatores – até agora incógnitosgeradores de todas as formas humanas de vida – haverá

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1 Ver Logosofia. Ciência e Método, do autor.

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de assumir para o esclarecimento do mistério dohomem,no dia em que ele despertar para essa realidadee comprovar a verdade de sua existência, através decada uma de suas manifestações psicobiológicas. Sóentão o homem poderá fazer uso consciente de seulivre-arbítrio, resgatar sua vida – aprisionada por seuspróprios erros e pelos erros dos demais – e reconstruí-la, graças às leis que regem os processos inteligentes daCriação, com um critério novo, espiritual e humano,testamenteiro imaterial de sua felicidade.

Ciência e cultura ao mesmo tempo, a Logosofiatranscende a esfera comum, configurando uma

doutrina de ordem transcendente.Como doutrina, estádestinada a nutrir o espírito das gerações presentes efuturas com uma nova força energética, essencialmentemental, necessária e imprescindível para o desenvolvi-mento das aptidões humanas.

São atributos desta fecunda doutrina: a elevaçãode miras, a amplitude na concepção das possibi-

lidades do homem,sua autêntica veracidade e a vigênciapermanente de suas razões medulares.

A cultura logosófica é inconfundivelmente sin-gular: não contém um só elemento estranho à

originalidade de sua fonte,por ser original a concepçãoque a sustenta.

DEVEM SER SALVAS AS RESERVAS MORAISE ESPIRITUAIS DA HUMANIDADE

Em vão se atribuirá ao fatalismo a decadência daatual civilização. Quando tudo tiver passado pelo

crisol das mudanças que se devem operar no acontecer

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evolutivo da humanidade, ver-se-á, com inequívocalucidez, quais foram e são os responsáveis, e por quê. Oque agora importa é salvar as reservas morais e espiri-tuais do gênero humano; mais claramente, as que aindanão foram lesadas pelos extremismos ideológicos ousectários, incompatíveis com a evolução ativa e cons-ciente a que o homem tem direito, e que é prerrogativade toda a humanidade. Ao dizer “reservas morais eespirituais”, estamos nos referindo às zonas virgens denossa estrutura mental e psicológica, que registramnossa própria herança1, como, por exemplo, as aptidõesque, sem florescerem ainda, esperam o momento desua manifestação.

TUDO DEVE SER RENOVADO, ATÉ ALCANÇARO APERFEIÇOAMENTO MAIS SATISFATÓRIO

Quanto tempo ainda vai durar a decadência daatual civilização? Isso depende, naturalmente, de

múltiplos fatores, principalmente porque se trata nadamenos que de mudar muitos conceitos antiquados enocivos para a alma, bem como uma infinidade dehábitos negativos e crenças estéreis. É imprescindi-velmente necessário renovar também os centrosenergéticos desgastados pelo tempo e reorganizar aestruturação psíquica, mental e espiritual do homem,estendendo seus benefícios a toda a humanidade.

A ciência logosófica abriu uma nova rota para odesenvolvimento humano. Seu trajeto implica

uma direção definida e imodificável, em cujos trechosse cumpre, gradual e ininterruptamente, a realizaçãosimultânea dos conhecimentos que possibilitam seu

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1 Ver A Herança de Si Mesmo, do autor.

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extenso percurso. A dita realização abarca o conheci-mento de si mesmo e dos semelhantes; o do mundomental, metafísico ou transcendente; e o das leis uni-versais, unindo-se a ela o avanço gradual e supremo dohomem até as alturas metafísicas que custodiam oGrande Mistério da Criação e do Criador.

Os avanços nesse caminho ascendente configu-ram um processo de aproximação, de assimilação

progressiva dos desígnios cósmicos, que o espíritoabsorve à medida que é capaz de compreender a altíssi-ma finalidade desse processo de aproximação ao Deusúnico, dono e senhor de tudo quanto existe. Interpretarcom precisão sua Vontade,plasmada em suas Leis,é haveralcançado a sensatez necessária para não infringi-las.

Para a Logosofia, Deus é o Supremo Criador daCiência Universal, porque todos os processos da

Criação se cumprem seguindo os ditados de suaSabedoria.A ciência do homem é só um débil reflexodaquela, fonte permanente de todas as suas inspirações.Esta é a causa pela qual a Logosofia menciona comfreqüência o nome de Deus. Um Deus despojado deartifícios, que mostra ao súdito terrestre a plenitude deseu esplendor natural em sua Magna Ciência e em suaVerdade Absoluta.

Ao traçar a rota e assinalar sua meta, a Logosofiase constitui em guia de todos os que empreen-

dem seu percurso. Conta ela com o respaldo dosresultados obtidos e com o concurso de seus cultores,aqueles que já podem apresentar seu testemunho e seusaber e, por conseguinte, se acham em condições deassessorar a outros, não só nos trechos preparatórios deseu percurso, mas também naqueles que dão acesso à

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sabedoria logosófica, para que o círculo das possibili-dades humanas se amplie até o infinito e possam,homem e mulher, encontrar em nossos ensinamentos afonte geradora da vida superior. Com tal segurança,cada um poderá cumprir plenamente o grande objeti-vo de sua vida, isto é, a realização de seu processo deevolução consciente. Entenda-se bem que, quandodizemos “processo de evolução consciente”, estamosindicando o caminho que leva a penetrar nos segredosda vida psicológica, mental e espiritual próprias. Essapenetração alcança os planos de outro enigma, queconduz os seres a conhecer, sem a menor sombra dedúvida, os desígnios deparados à sua existência, tantoao transcender os âmbitos do mal e elevar-se às alturasdo bem, como permanecendo no erro.

Estamos seguros de que não escapará ao juízo deninguém a transcendência da concepção

logosófica, que obriga a rever, com critério justo, todacrença, idéia ou pensamento, velho ou novo, com quese tenha pretendido favorecer o encaminhamentoevolutivo do homem.

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COMO SE ESTUDA E COMO SE PRATICAA LOGOSOFIA

Muitos leitores de obras logosóficas, inclusive osque receberam alguma informação eventual

sobre a nova ciência, formulam a seguinte pergunta:Como se estuda e como se pratica a Logosofia?

Sabemos muito bem que essa pergunta surgecomo conseqüência de haver tropeçado, quem

toma em suas mãos algum de nossos livros, com difi-culdades para compreender a fundo o conteúdo dosensinamentos. Essas dificuldades se produzem pelageneralizada tendência a realizar estudos de um pontode vista meramente teórico. Os tópicos são memo-rizados e tratados como um aporte a mais para ailustração e cultura, mas sem que esse estudo constituauma contribuição real ao conhecimento da pessoahumana própria.

Os conhecimentos logosóficos – temos dito istocom freqüência e o repetiremos quantas vezes

ainda for preciso – não devem ser lidos ou escutadossem a necessária atenção.Tampouco devem ser absorvi-dos de forma ligeira e superficial pelo entendimento,pois estão destinados a formar uma nova individuali-dade. Hão de ser, forçosamente, assimilados pelaconsciência. Por outra parte, os conhecimentos logosó-

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ficos conformam um todo indivisível na concepção quelhes deu origem, razão esta que deve levar o estudantea uma investigação mais profunda, a fim de abarcá-losem sua totalidade, não em fragmentos isolados.

Seus grandes objetivos são:

1) A evolução consciente do homem, mediante a organi-zação de seus sistemas mental, sensível e instintivo.

2) O conhecimento de si mesmo, que implica o domíniopleno dos elementos que constituem o segredo da existência decada um.

3) A integração do espírito1, para que o ser possa aproveitar osvalores que lhe pertencem, originados em sua própria herança.

4) O conhecimento das leis universais, indispensável paraajustar a vida a seus sábios princípios.

5) O conhecimento do mundo mental, transcendente oumetafísico, onde têm origem todas as idéias e pensamentosque fecundam a vida humana.

6) A edificação de uma nova vida e de um destino melhor,superando ao máximo as prerrogativas comuns.

7) O desenvolvimento e o domínio profundo das funçõesde estudar, de aprender, de ensinar, de pensar e de realizar,com o que o método logosófico se transubstancia em aptidõesindividuais de incalculável significado para o porvir pedagógi-co na educação da humanidade.

Como se pode ver, não se trata de um estudo amais entre os tantos conhecidos, mas sim do mais

valioso de todos os estudos. Por isso, não deve ficar nasuperfície mental do indivíduo, pois nada de útil daí

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1 Ver O Espírito, do autor.

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resultaria. Quem inicia estudos de Logosofia deve fazê-lo com profundidade, incorporando à sua vida o saberque surge deles. Procedendo assim, assimilando interna-mente cada tópico aprendido, verificará a eficácia dopoder criador e dinâmico destes conhecimentos. Entãoverá, com os olhos do entendimento, como ficamimpressos indelevelmente em sua consciência.

Entrando já na matéria, diremos que se estuda e se pratica a Logosofia seguindo o método que ela

mesma estabelece. Esse método, essencialmente psico-dinâmico, prescreve o estudo e prática no individual,complementado com o intercâmbio e prática no coletivo.

A. ESTUDO E PRÁTICA NO INDIVIDUAL

O estudo e prática no individual compreendetrês etapas que se estendem ao longo da vida,

reiterando-se em progressão ascendente. Nos trechosiniciais, sua especificação é a seguinte:

a) Primeira etapa: Compreende o estudo inter-pretativo dos temas que configuram o programa deestudo, sem exclusão de outros que interessem parti-cularmente ao estudante. Inicia-se com um repassegeral dos livros logosóficos1, a fim de se ter uma idéia,geral também, da concepção que os inspira. Em se-guida vem o estudo minucioso dos tópicoscompreendidos no programa, com indicações precisasa respeito da realização logosófica. À medida que seavança na leitura e no aprofundamento dos temas, cadaum se perguntará o que compreendeu, e o anotará.Talprática é muito recomendável, porquanto permite ir

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Curso de Iniciação Logosófica

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1 Indicamos: Exegese Logosófica; O Mecanismo da Vida Consciente; Logosofia.Ciência e Método; O Senhor de Sándara; Deficiências e Propensões do Ser Humano.

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somando os passos progressivos na captação dos valoresque cada conhecimento encerra. Este aspecto doprocesso que se documenta para guia de si mesmotambém contribui, com grande eficácia, para oesclarecimento de idéias e conceitos.

b) Segunda etapa: Caracteriza-se por uma maioraplicação ao estudo, com vistas à formação consciente,vigiando as oscilações temperamentais, os fatores quenelas incidem, etc. O ensinamento é tratado mais afundo, somando-se desta vez, ao adestramento, sua apli-cação à vida nos diferentes e variados setores onde cadaum desenvolve suas atividades cotidianas.

c) Terceira etapa: Completa o ciclo, configuran-do o domínio de conhecimentos e a criação de novasaptidões, para serem usadas em favor do processo indi-vidual de evolução consciente.Compreender-se-á, semdificuldades, que se alcança maturidade logosóficaquando, depois do aprendizado técnico, se elaboramcompreensões básicas sobre os ensinamentos que emseguida são levados ao campo experimental da própriavida. O acerto na aplicação converte o ensinamentoem conhecimento. O conhecimento desperta a cons-ciência individual para a realidade que o substancia,fluindo daquela como aptidões adquiridas toda vez queas circunstâncias o demandem.O exercício habitual dasaptidões conscientemente adquiridas as vai aper-feiçoando. Assim é como o uso diário concorre paragravar no ser, com caracteres indeléveis, o emblemaarquetípico da espiral, representado pelo método psi-codinâmico que a Logosofia instituiu para os processosvivos e ultracientíficos, destinados ao desenvolvimentodas qualidades superiores da espécie.

O estudo e a prática da Logosofia demandamum pequeno esforço individual, esforço que se

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torna mais firme e continuado à medida que os resul-tados compensam, com amplitude, esses estimulantes econstrutivos empenhos. Quanto ao tempo que o estu-do logosófico demanda em sua primeira etapa,aconselhamos dedicar-lhe no mínimo uma hora diária,se possível sem alterações.

Apraz-nos afirmar que o tempo dispensado aoestudo e prática da Logosofia é, na verdade,

tempo inteiramente consagrado a si mesmo, aoaumento das energias internas e ao aproveitamento davida em suas máximas possibilidades. O esquecimentode si mesmo equivale a uma escura masmorra psi-cológica, onde involuntariamente cada um encarceraseu próprio espírito.

QUE ESTUDOS DEVEM SER REALIZADOSANTES E QUAIS DEPOIS

Após uma leitura atenta de nossa bibliografia,cujo objetivo consiste, como dizíamos, em for-

mar uma idéia precisa da concepção logosófica, devevir em seguida o estudo sério e detalhado do sistemamental, detendo-se o cultor da Logosofia, por umaparte,na conformação da inteligência com todas as suasfaculdades e, por outra, no que diz respeito aos pensa-mentos. Recomendamos muito especialmente, nessaaltura dos estudos, ter em conta a parte que trata sobreas deficiências1, o que permitirá uma rápida identifi-cação daquelas que exercem maior predomínio sobre o

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1 A Logosofia designa com este nome as falhas caracterológicas pessoais, que sãohabituais no ser comum normal, originadas no enquistamento psicológico de pen-samentos negativos que diariamente influem, em maior ou menor grau, sobre asfaculdades inteligentes e sensíveis de cada pessoa, entorpecendo seu funciona-mento normal e afetando, insensivelmente, o quadro de suas perspectivas morais.Ver Deficiências e Propensões do Ser Humano, do autor.

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próprio ser. O programa ordena seguir com o estudodo sistema sensível e suas faculdades, de sumaimportância, porquanto contempla o cultivo dos senti-mentos, destacando-os como fatores equilibrantes daconduta. Quanto aos conhecimentos que ilustramsobre o processo de evolução consciente, cuja realiza-ção há de ser o imperativo central da vida do logósofo,deverão ser alternados com os anteriores e aprofun-dados em conjunto com outros, intimamenterelacionados com o dito processo, como o das leis uni-versais, por exemplo. A recomendação metodológicaque assinalamos não contra-indica, de modo algum, aleitura e o estudo de qualquer outro tema exposto naconcepção logosófica, pois freqüentemente um maiorêxito na captação de um tópico favorece a compreen-são de outro.

A prática diária do conhecimento aumenta ailustração logosófica na consciência de quem o

associa à vida. Isto tem por finalidade pôr em jogo asfaculdades da inteligência, que o estudante exercitarácom cabal consciência do objetivo que motiva seuemprego, enquanto aprende a utilizar-se delas con-forme seu fim específico.Trata-se, também,de praticarum rigoroso exame dos pensamentos que tenhammaior influência sobre nós, com suas conseqüênciasbem determinadas, extensivo aos pensamentos queestiveram governando nossa mente – e, portanto, nossavida – até o momento. Por último, uma vez con-seguida sua identificação, trata-se de proceder àclassificação1 de todos aqueles que, voluntária ou

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1 A Logosofia estabeleceu uma quádrupla e interdependente classificação depensamentos, a saber:a) por sua origem, em próprios e alheios;b) por seu valor, em positivos e negativos;

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involuntariamente, tenhamos estado sustentando emnós mesmos e, sabendo agora que uns podem ser úteise outros não, eliminar com urgência estes últimos,como também todos os que engendram hábitosnocivos ou possuem uma composição mental incom-patível com a evolução consciente.

Tudo isso é possível de ser levado a cabo comêxito seguro, se se dá ao objetivo perseguido a

hierarquia que lhe corresponde. Nada mais adequado,pois, que transformar esse objetivo em pensamento-autoridade2. Este pensamento nos fará recordar a cadainstante o que nos propusemos e, ao mesmo tempo,regerá os demais pensamentos. Sem esse ato de nossavontade, isto é, sem instituir o pensamento-reitor daevolução consciente, não convém empregar as energiasinternas nos estudos profundos, nem na sua aplicação àvida, porque malgastaríamos nossos melhores esforços.

Compreendida a questão em toda a sua ampli-tude, concluir-se-á que o exposto implica a

realização de sucessivos passos evolutivos, cumpridosatravés do esforço para aplicar, com o maior acertopossível, as indicações do método logosófico.

B. ESTUDO E PRÁTICA NO COLETIVO

Já dissemos que nosso método recomenda, comocomplemento do estudo e prática do ensina-

mento logosófico a se cumprir no individual, seuestudo e prática no coletivo.A confrontação das inter-

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c) por sua natureza, em autônomos e em dependentes da inteligência e da vontade;d) pela área mental de influência ou gravitação sobre a vida do ser, em intermitentese dominantes ou obsessivos. (Conf. Logosofia. Ciência e Método, Lição IV, do autor.)2 Ver em Logosofia. Ciência e Método matéria referente a pensamento-autoridade.

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pretações ou compreensões que cada um tenha con-seguido fazer dos ensinamentos – levada a cabo entreaqueles que também estudam Logosofia e se achammais ou menos na mesma altura na investigação – per-mite verificar se do tópico estudado foram vistos pelainteligência todos os seus aspectos ou, pelo menos, osmais acessíveis. Disso resulta que o estudo individual é,até certo ponto, inseparável do coletivo.

Nas sedes culturais da Fundação Logosófica, osestudantes se distribuem em setores (masculino e

feminino). Os setores constam de núcleos diferen-ciados, que se formam de acordo com a idade dosintegrantes, suas aptidões e o grau de capacitaçãoalcançado. Cada um desses núcleos funciona sob adireção pedagógica de um diretor ou diretora, comseus respectivos ajudantes, e neles se realiza o inter-câmbio de pontos de vista e se somam os esforçostendentes a descobrir o elemento que é mister acharpara se chegar à compreensão que se busca. É ali, nesseâmbito favorável ao cultivo do afeto e do respeito,onde cada um recolhe a parte de ilustração necessáriapara completar seus estudos e aplainar dificuldades nacaptação do pensamento que anima este ou aqueleensinamento, e onde aprende a analisar o pensamentoque intervém num ou noutro comportamento alheio,e que a seu juízo não esteja ajustado ao tom sempreequilibrado da palavra ou do conceito logosófico.Compreender-se-á que o concurso de outros cultoresdesta ciência também permite a observação dos adian-tamentos que os demais acusam, fato este que, além defacilitar a avaliação cabal dos merecimentos próprios,age como estímulo no estudante.

Quando um núcleo de estudo se reúne, forma-

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se no mesmo instante um ambiente amável e cordial,que predispõe à colaboração. Cada participante expõeali os resultados de seu labor, suas observações, suaseventuais dificuldades, ou as conclusões a que chegouem determinada ocasião, e todos se beneficiam com assoluções que um ou outro tenha encontrado pararesolver seus problemas de entendimento, evitar arepetição de experiências ingratas, apaziguar as reaçõesnegativas do temperamento, etc.

Essa parte do método logosófico permite apre-ciar que o estudo coletivo, complemento

indispensável, como dissemos, do individual, induz ocultor da Logosofia a ser amplo e generoso com seussemelhantes, cada um deles contribuindo com seusaportes à compreensão alheia, numa mútua e ines-timável ajuda. Desta maneira, ao se prevenir contra osriscos do estudo individual com prescindência ouexclusão do coletivo, o egoísmo não se enraíza na almadaquele que estuda.

A prática do ensinamento em forma coletiva é,também, valiosíssima e imprescindível para com-

provar sua eficácia na aplicação. É precisamente naFundação Logosófica, ou seja, em suas sedes culturais,que o logósofo encontra não só o cálido ambiente quepropicia a melhor captação da concepção logosóficapelo entendimento, mas também o campo preparatóriode suas experiências e a ajuda inestimável que, em talsentido, os mais adiantados oferecem aos de formaçãologosófica incipiente. Do mesmo modo que o estudodo ensinamento se faz mais efetivo e as compreensõesse afirmam e ampliam mediante o intercâmbio e acolaboração, também a conduta se supera como resul-tado prático do aprendizado, tornando-se mais segura

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graças ao auxílio que, de forma espontânea, é oferecidomutuamente por aqueles que estão igualmente empe-nhados em valorizar o próprio comportamento.

Ao nos referirmos ao ambiente logosóficocomo meio para a aplicação do ensinamento no

âmbito coletivo, só quisemos destacá-lo por ser o maisauspicioso para quem dá seus primeiros passos nocaminho da evolução consciente, já que nele prevale-cem a tolerância, o respeito e o anelo sincero de servira um objetivo comum de superação e entendimento,com base numa ação metódica, capaz de tornar efeti-vo o esforço por obter o nível de realização que sequer alcançar. Mas a Logosofia não impõe, a respeitodesse ponto, limitação alguma; ao contrário, insistepara que a prática de seu ensinamento se estenda atodos os ambientes comuns que o logósofo freqüente:o lar, o escritório e demais locais de trabalho, o círcu-lo social, etc., porque os conhecimentos logosóficosdevem ser, justamente, utilizados em todas as circuns-tâncias que propiciem seu manejo. Eis aqui as razõespor que se aconselha não estudar nem praticar aLogosofia isoladamente.

NECESSIDADE DE UMA FAMILIARIZAÇÃOEFETIVA COM O ENSINAMENTO

Familiarizar-se com o ensinamento é acolhê-locomo hóspede grato ao sentir; é oferecer-lhe o

calor de um afeto que se vai acentuando à medida queele corresponde com seus valiosos conhecimentos.

O cumprimento das fases do processo deevolução consciente leva aquele que se empenha

em realizá-lo a recordar, diariamente, o problema de

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seu destino, e o move, conseqüentemente, a passar emrevista os ensinamentos que mais o cativaram no cursode seus estudos. Isso o incita a falar com freqüência deLogosofia e, ao difundi-la, amplia gradualmente seupróprio campo experimental.

ATIVIDADE INDIVIDUAL QUECOMPLETA O ESTUDO

Devemos apontar, como uma das práticas maisadequadas à formação consciente do ser, a de

constituir-se em difusor do ensinamento logosófico.Esse labor aguça a penetração psicológica do estu-dante, permitindo-lhe selecionar, entre as pessoas comquem trata, aquelas que têm alguma afinidade comsuas inquietudes espirituais. Primeiro a curiosidade,depois o sadio interesse despertado, farão com queessas pessoas indaguem com avidez e apresentem suasdúvidas, suas objeções, ou evidenciem sua desorien-tação. Abre-se, assim, uma nova e fecunda perspectivadentro do campo experimental da Logosofia. As per-guntas formuladas pelos que recebem as primeirasinformações sobre estes conhecimentos acionam omundo interno do estudante-logósofo, promovendouma reativação dos ensinamentos já interpretados ecompreendidos. É então que, ante a necessidade deexpor seus pensamentos, ele mesmo pode observarcomo se iluminam em sua mente conceitos que atéesse momento talvez não houvesse assimilado bem.Está agora praticando a Logosofia sobre duas reali-dades vivas: a sua e a do próximo.

Com esse treinamento, de indiscutível valor parasua evolução, o logósofo presta um importantís-

simo serviço ao semelhante, encaminhando-o para

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uma corrente de bem cujos fecundos benefícios elemesmo está experimentando. Um desses benefícios seconcretiza precisamente no impulso que suas energiasinternas tomam, ao pronunciar-se diante de terceirossobre seus conhecimentos de Logosofia. O menciona-do treinamento, que proporciona íntima satisfação ealegria, chega a constituir uma necessidade inevitável,que cada um atende com crescente amplitude deconsciência. Nunca faltarão parentes, amigos ouconhecidos a quem possa favorecer com sua palavra,enquanto faz prática oral do conhecimento logosófico,ao expor as vivências que teve desde que passou a cul-tivar esta nova ciência integral. Reiteramos: a nobre ealtruística função de falar e informar às pessoas a quemse busca interessar no cultivo desta ciência criadoraativa, naquele que leva a cabo essa tarefa, as energiasassimiladas através dos conhecimentos em que taisenergias têm sua origem.

É INOPERANTE MEMORIZARO ENSINAMENTO

Quem inicia estudos sobre evolução conscientedeverá abster-se do inveterado hábito de me-

morizar. Uma vez compreendido a fundo oensinamento, cumpre assimilá-lo e fazê-lo servir aosfins do auto-aperfeiçoamento. Disso se depreende queo ensinamento deve ser encarado de forma positiva,isto é, com o concurso da consciência. Descarta-seassim todo intento de receptividade mnemônica, atítulo de ilustração, porque é inoperante. O ensina-mento, como já dissemos, deve ser retido na mente, ese deve trabalhar com ele interpretando-o, caso sequeira extrair com proveito seu conteúdo energéticoe funcional.

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É NECESSÁRIO EXPERIMENTAR O QUE SEESTUDA E ESTUDAR O QUE SE EXPERIMENTA

A Logosofia não aconselha crer naquilo que seestuda, nem aceitá-lo de olhos fechados, por

mais que suas afirmações pareçam certas e inob-jetáveis; daí que imponha a experimentação comobase segura do processo rumo ao saber. Quer que cadaum de seus cultores comprove por si as verdades queela encerra, e isso só pode ser feito se levado ao campoda própria experiência. É essa uma garantia que nuncapuderam dar aqueles que manipulam hipótesesbaseadas em teorias abstratas.Aconselhamos apreciar aenorme diferença entre uma e outra posição.

De tudo isso se conclui que, para se levar oestudo com todo o êxito à experimentação, é

necessário que o ensinamento tomado como basevivencial tenha sido perfeitamente compreendido,quer dizer, que não exista a menor dúvida sobre seuconteúdo. Assim, por exemplo, ante a afirmação: “ALogosofia ensina o homem a evoluir consciente-mente”, primeiro é preciso determinar o que se deveentender por “evolução consciente”. De prontopoderemos ver que tal expressão não havia sido co-nhecida nem mencionada por ninguém; emconseqüência, o homem tem permanecido alheio aessa realidade.A segunda reflexão que costuma aflorarao entendimento é a seguinte:“Por acaso não evoluí-mos conscientemente? Nossa evolução está detida?”Sobre isso, cabe que cada um se pergunte:

“Desde que comecei a viver até este momento,dei-me conta em algum instante de que se está realizando emmim esse processo de evolução?” É evidente que não,porque a evolução consciente requer uma vigilância

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constante das alternativas desse processo. Devo concluir,pois, que não me dou conta do que ocorre dentro demeu ser, à medida que vou cumprindo as etapas deminha vida. “Mas, então, minha evolução está detida?”Aqui será oportuno pensar se muitas vezes a lentidão nãodá a sensação de imobilidade,e ter em conta que,nas pes-soas que não procedem com consciência, a evolução,logicamente, se realiza de forma não consciente, querdizer, à margem do próprio controle; portanto, é pesada-mente lenta. Prossigamos: “Que benefícios eu obteriarealizando-a conscientemente?” Nada menos que o deacelerá-la, até conseguir superar o tempo perdido atravésde todas as etapas do existir individual, seja neste ounoutros mundos onde o espírito nos perpetua. “Comopoderia, então, acelerá-la?” Começando primeiro e con-tinuando depois, sem interrupção, o processo deevolução consciente. Isso significa que, ao conhecermosas leis universais que nos regem, cuidaremos de nãoinfringi-las, para não aumentar com isso a carga de nos-sas dívidas; significa, também, que aliviaremos o peso denossas culpas ao fazer o bem com inteligência, conformeprescreve a lei universal de caridade, cujo verdadeirofundo a Logosofia revelou.Começa assim,paralelamente,o processo da própria redenção ou auto-resgate, levadoa cabo individualmente, com auxílio constante dosconhecimentos desta ciência.

Em seguida se poderá experimentar a verdadedo exposto, ao se levá-lo ao terreno da compro-

vação que indispensavelmente deve ser feita. Assim écomo se passa ao campo da experiência aquilo quese estuda, labor que, complementado com o estudodaquilo que se experimenta, oferece a segurança dobem que se alcança ou, caso contrário, permite encon-trar a falha e corrigi-la.

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O certo é que os conhecimentos logosóficos, àmedida que vão sendo assimilados, induzem a

que sejam praticados como necessidade indeclinável.Mas isso não é tudo; o surpreendente, o grandioso, éque cada um se acostuma gradualmente a ser cons-ciente em todo momento do que pensa, sente oudeixa de pensar ou sentir, isto é: com o tempo, formao hábito consciente de todas as atividades que desen-volve durante o dia.

CONTROLE CONSCIENTE DASEXPERIÊNCIAS PESSOAIS

Em geral, na maior parte do dia o homem nãoé consciente do que pensa e faz ou deixa de

fazer, ou seja, não está atento a tudo quanto vaiacontecendo dentro dele. Distrai-se com suma faci-lidade, ou busca desnecessariamente motivos dedistração. Por outra parte, descuida-se de muitas coisasque deveriam merecer sua atenção, essa atenção cons-ciente que inclui o estudo de cada situação, a análisedetalhada das circunstâncias que a criaram, a responsa-bilidade que lhe incumbe em cada caso, etc. Há quemage com pressa, como se fugisse de si mesmo, e quemo faz com despreocupada lentidão.Teme-se o esforçoque o ato de pensar demanda, e a miúdo se confia aoacaso a solução dos problemas.Afora os momentos deócio ou de descanso, breves ou prolongados, a maioriaprocura amenizar ao máximo seu tempo comentretenimentos e diversões. Que consciência podepôr de manifesto um ser que vive da forma descrita?Essa pergunta leva a definir o caráter ambíguo de seucomportamento, que reflete não somente ausência dedomínio, mas também falta de senso a respeito dadireção que deve imprimir à vida.

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Ao se levar o estudo logosófico à prática, ou seja, àexperiência pessoal, será necessário adestrar-se no

exercício da atenção constante, a fim de que não passeinadvertido nenhum dos pequenos ou grandes aconte-cimentos de nossa atividade diária, externa e interna.Dessa maneira irá sendo alcançado o estado conscienteem todas as atuações, e tal conduta facilitará a correçãoquase instantânea de qualquer erro, antes mesmo de sercometido, já que o erro tem origem na mente.

Estamos falando sempre do ponto de vista denossa concepção, ao afirmar que o homem que

cultiva nossos conhecimentos os aplica aos fins de suaevolução consciente, com o objetivo de alcançar osgrandes propósitos que a sabedoria logosófica põe adescoberto para seu destino.

Compreender-se-á, por conseguinte, que todo oesforço há de concentrar-se na necessidade de

assimilar plenamente o conhecimento que emana decada ensinamento. Não se trata, como se vê, de ler aliteratura logosófica e dar-se por inteirado com umasimples leitura do que está exposto nela. Por tal razão,deixamos estabelecido que seu estudo é todo um tra-balho logosófico, trabalho que supera tudo quanto sepossa imaginar a respeito, pois nada há que atraia eincremente o interesse pessoal de quem estuda e pra-tica a Logosofia como a índole penetrante e individualdestes conhecimentos; e tanto é assim, que poderiameles ser considerados o entretenimento mais compen-sador e valioso de todos os conhecidos, sem contar osfecundos resultados que deles se obtêm mediante seucultivo. Deveremos insistir ainda muitas vezes sobreesse ponto, porque consideramos necessário gravá-loindelevelmente na consciência individual.

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O ensinamento logosófico deverá ser tratado deuma maneira especial pela pessoa que queira

obter dele o benefício equivalente à aquisição de umconhecimento medular e ao domínio do mesmo, parautilizá-lo com eficácia e proveito na vida. Repetimoso que já dissemos em outra parte: quem se dedica aocultivo da Logosofia deve afastar todo pensamento deespeculação, pois isso só já bastaria para malograr afinalidade do ensinamento, qual seja a de impulsionar,com sua ajuda,o processo de evolução consciente pro-posto ao homem para seu benefício em seus afãs dealcançar a conquista da felicidade.

Lógico é pensar que não se pode praticar atenta-mente um ensinamento e extrair de seus

resultados a necessária valorização do sistema, se a cons-ciência não intervém diretamente. E para que elaintervenha,não basta saber que se está aplicando o ensi-namento por mero interesse em saber como se faz, oupara experimentar a alegria do êxito, se ocorre o acer-to. É necessário manter viva a conexão voluntária efirme com a consciência, para evitar precisamente quecada um defraude a si mesmo. Isto se realiza mediante aadoção do método logosófico, que recomenda deixarclaramente registradas essas experiências,por serem elas,a um só tempo, base de estudo e parte do plano deevolução, já que cada comportamento deve exceder ou,pelo menos, igualar em qualidade o anterior.

Com o que foi dito, torna-se perfeitamenteclaro que a evolução consciente não pode ficar

confiada ao acaso da memória nem da sorte, por ser ointeressado mesmo quem deve converter-se em suaprópria providência. Será preciso, então, fixar esse pen-samento na mente, mantendo-o inalterável e em toda

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a sua vigência, para que seja ele quem reja a condutaque deverá ser adotada no futuro, caso se queira, comsinceridade e firmeza, vencer toda dificuldade quepossa se apresentar e alcançar, um após outro, os triun-fos que enobrecem a conduta e dão maior hierarquiaà vida.

O essencial, o indispensável, é que o estudantede Logosofia se dê perfeita conta de que, desde

o momento de aplicar-se a este estudo, começa umavida nova que, em todos os aspectos, deve ser dife-rente da anteriormente vivida. Essa diferença há deconcretizar-se – gradualmente, entenda-se – no com-portamento individual; na nova forma de pensar; naforma de atuar, em concordância com esse novo pen-sar; na segurança de estar agindo satisfatoriamentenum campo dimensional da vida que abre horizontesde amplas perspectivas para o desenvolvimento cons-ciente das faculdades mentais e sensíveis, bem comopara o despertar das possibilidades que, no terrenotranscendente, assistem ao homem como ser racionale consciente.

EM QUE O ESTUDO LOGOSÓFICODIFERE DO COMUM

O estudo logosófico difere do comum porquetem de ser levado a efeito conscientemente, isto

é, com a participação ativa da consciência e com opropósito definido de fazê-lo servir ao aperfeiçoa-mento das qualidades e excelências psicológicas doser. Encaminha o homem para uma realização supe-rior que abarca toda a vida, e da qual ninguém jamaishaverá de se arrepender. Partindo do estado deevolução em que se encontra, e sempre através da

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experimentação, ele o conduz a retomar o fio daprópria herança1 e a satisfazer plenamente os justosreclamos de seu espírito. Difere dos estudos comunsporque vai dirigido ao mundo interno do ser, enquan-to aqueles são de uso externo, de aplicaçãoextra-individual.

O saber logosófico não tem pontos de referênciacom nenhum ramo do saber comum, seja ciên-

cia, filosofia, psicologia, etc. Haveremos de repetirsempre essa afirmação,para que não se perca tempo emconfrontações incompatíveis, nem se tente relacionar aLogosofia com aquilo que algum autor antigo oumoderno pudesse ter exposto, porque as vastas pro-jeções da ciência logosófica jamais coincidiriam com asindicações formuladas em qualquer época a título deenunciados ou meras referências.A ciência logosófica,única em seu gênero e em suas projeções, fundamentaseus conhecimentos em verdades incontrovertíveis eem fatos irrefutáveis. Essa é a razão pela qual descartatoda hipótese.Tampouco teoriza,por não necessitar emabsoluto de tais recursos para os fins de sua exposição.Por outra parte, nossas afirmações são verificadas diaria-mente por todos aqueles que, desde muitos anos,cultivam a Logosofia com proveito para suas vidas.

INDICAÇÕES PARA PRATICARA VIDA CONSCIENTE

A vida consciente requer uma prática diária eininterrupta, segundo aconselha a diretiva logosó-

fica.Sua norma principal – já o dissemos – assinala comocomportamento eficaz o treinamento da atenção, de

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1 Ver A Herança de Si Mesmo, do autor.

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modo que a atitude consciente não decaia em nenhuminstante.A desatenção, bem como a distração, são sinaisinconfundíveis do estado não consciente que o seracusa. Nesse estado, a faculdade de observar atua defi-cientemente. O tempo passa sem que dele se obtenha oalto benefício que é dado alcançar quando é aproveita-do de forma lúcida e consciente. É necessário recordar,repetidamente durante o dia, que se está empenhadonum extraordinário e formoso labor,que não só recons-trói a vida com os mais sólidos elementos do saber, mastambém está forjando um novo e luminoso destino. Oincentivo para que se manifeste essa recordação surgirádo entusiasmo com que sejam celebradas as vivênciassempre felizes da atividade logosófica. Se para um“hobby” qualquer muitos dedicam todo o seu tempolivre e nele pensam com paixão, quão maior será o in-teresse suscitado pelo estudo e pela prática deconhecimentos que dizem respeito à própria felicidade.

Logosoficamente, o viver consciente se configuranuma série de fatos que durante o dia se

encadeiam entre si, condicionados ao propósito deaperfeiçoamento. Desse modo, tudo se aproveita embenefício de tal esforço. Daí que, ao anelo individual-mente concebido de abarcar a ciência logosófica emseus aspectos fundamentais, deva associar-se a idéia deuma metódica realização consciente. Seu estudo não selimita, como já dissemos, ao mero fato de inteirar-se doque a Logosofia ensina, porquanto isso não passa desimples informação, destinada a ficar na superfície men-tal. Em Logosofia, não cabe a especulação intelectual,própria dos estudos comuns. Nosso ensinamento abar-ca o todo do indivíduo, não um determinado setor desua atividade intelectual.Abarca a vida inteira; portanto,impõe-se uma ação consciente, dentro do possível inin-

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terrupta, quanto ao que fazemos em proveito de nossacausa. Educar-se nesse adestramento é entrar de cheioem outra vida,passível de ser ampliada indefinidamente.

Em princípio, sendo que um dos objetivos prin-cipais da Logosofia é a formação consciente do ser

mediante o método de enriquecimento da consciência– e, conseqüentemente, de seu exercício racional e per-manente em todos os momentos da vida –,os benefíciosproduzidos por essa nova conduta constituem um deseus mais apreciáveis resultados. O conceito logosóficode consciência – ressaltamos mais uma vez – diferenotavelmente do comum. Para a Logosofia, consciênciaé algo mais que uma mera expressão filosófica ouliterária. É uma realidade da qual está alheia a imensamaioria dos seres humanos. E está alheia porque aninguém ocorre que, para ser verdadeiramente cons-ciente em todos os instantes da vida – isto é, quando sepensa, quando não se pensa, quando se trabalha ou nãose faz nada, quando se estuda ou não –, bem como emtodos os movimentos que executamos durante o dia –quando andamos, nos sentamos, comemos, bebemos,lemos, rimos ou estamos de mau humor –,é necessárioque nossa consciência esteja atenta e nos recorde que,para nos constituirmos em autênticos donos de nossavida, devemos fazer dela uma sucessão de fatos felizes,que aumentem o valor de seu conteúdo. Para isso, é detodo importante que nada escape ao controle imediatoda mesma. Esse controle é acionado quando nossa fa-culdade de pensar e nossos pensamentos, atuando sob adireção inteligente de um grande propósito, como é ode evoluir conscientemente, não omitem esforço algumpara alcançar as alturas do saber transcendente, que éaperfeiçoamento e, ao mesmo tempo, invulnerabilidademental, moral e espiritual.

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Aprecie-se, agora, a diferença fundamental entre aacepção comum do termo “consciência” e a que lhe éatribuída na concepção logosófica.

DIRETRIZES PARA ASSIMILARO CONHECIMENTO LOGOSÓFICO

O ensinamento logosófico – permita-nos ainsistência – prescreve que não se deve especular

nem teorizar com ele, porque deixaria de cumprir seugrande objetivo, isto é, penetrar nas camadas profundasdo indivíduo e reconstruir sua vida com elementos deconsistência permanente. Essa clara definição do trata-mento que se deve dar ao nosso ensinamento implicaa necessidade de ele ser assimilado pela inteligência eincorporado à vida, como elemento imponderável paramobilizar as energias internas em direção ao alto fimque a Logosofia propõe e orienta, qual seja o de umaevolução consciente e efetiva para alcançar os maisapreciáveis objetivos, através de cada um dos estágiosdo saber transcendente.

O que ficou dito deixa claro ao mesmo tempoque, à medida que o estudante avança em seu

processo de evolução e se familiariza com os novosconceitos, os quais ele decididamente aceita por con-siderá-los lógicos e de alto poder construtivo, deverá –sem maiores demoras, para não entorpecer esseprocesso – abandonar velhos conceitos, muitos delesconvertidos em preconceitos. Esse saneamento mentalé indispensável, caso se queira evitar perturbaçõesinúteis no processo, ocasionadas por ressaibos nocivosde idéias completamente alheias à própria realidadeinterna. O expediente que aconselhamos adotar é deuma eficácia sem precedentes e de extrema importân-

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cia, porque permite a confrontação entre as perspecti-vas atuais, que o conhecimento logosófico oferece, e apassividade psicológica e mental anterior.

Um fato evidente fará ressaltar ainda mais aimportância destas diretrizes. Acaso os velhos

conceitos satisfizeram as inquietudes espirituais quecada um leva consigo? De modo algum, pois do con-trário não se buscaria por todas as partes a verdade queas satisfaça. Pois bem, o senso prático da vida diz que,se um conceito, ou o que for, não nos serve, devemosdescartá-lo. A presunção de conviver com precon-ceitos ou idéias mumificadas e, ao mesmo tempo, comos claros conceitos logosóficos é um contra-sensoinadmissível e um atentado à lei de afinidade, quetornará infrutífero todo esforço tendente à capacitaçãoplena do espírito.

Ao contrário, aquele que se prepara com a me-lhor disposição de ânimo para encarar seu futuro

sob a égide e direção da ciência logosófica, começa,desde os primeiros encontros com a nova realidade, aexperimentar uma gradual e positiva transformação psi-cológica, mental e espiritual. Cada conhecimento éaquilatado dentro dele, em virtude da constante preo-cupação que, para assimilar seu conteúdo, lhe édispensada. Sente internamente que esses conhecimen-tos transcendentes constituem forças que impulsionamsua inteligência e suas reservas energéticas para maioresdesenvolvimentos, e tudo isso move os dínamos de suavontade para ampliar, em esforços sucessivos, suas possi-bilidades e perspectivas de dotar a vida de defesas contrao mal e de sabedoria para forjar um destino melhor.

Tudo há de ser feito com o cuidado especial de

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não se desviar das normas traçadas pelo método logosó-fico, que aconselha, como condição indispensável, estarsempre atento: quando se pensa e quando não se pensa.Desse modo, conseguiremos automatizar a vigilânciaconsciente de nossa conduta diária. Prestar atenção atudo quanto pensemos e façamos significa que é a nossaconsciência que atua. Isto deverá ser muito praticado,porque o esquecimento costuma postergar a realizaçãode nossos melhores propósitos, quando variamos cons-tantemente o que nos propusemos. Para viver emplenitude consciente, é necessário que a consciênciase manifeste com permanente atenção; que vigie eintervenha em tudo o que pensemos e façamos. Poroutro lado, o exercício contínuo desta prática vigo-riza a memória, que é a faculdade de recordar, e já nãohaverá o temor de que se debilite, se perca ou degenere.

PROCESSO DE ASSIMILAÇÃODO ENSINAMENTO

Já dissemos que o ensinamento logosófico nãopode ser tratado como qualquer ensinamento ou

conhecimento comum, porque se malograria suaenorme força construtiva, e sua assimilação se tornariameramente superficial. Para quem estuda Logosofia, éconveniente manter um vivo anelo de consubstanciar-se com ela e alcançar uma clara compreensão de suatranscendência, não só para o homem que a cultiva,mas também para toda a humanidade. Chega-se a essaclara compreensão quando o ensinamento logosóficocomeça a ser sentido como uma realidade impres-cindível para a vida.

É nesse instante que se unificam dentro de nós asaspirações de bem que sustentávamos, os propósi-

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tos de aperfeiçoamento, os anelos de saber para queviemos à vida, para onde vamos, que faremos depois...Enquanto não despertarem essas nobres e humanasinquietudes do espírito, permanecer-se-á na superfíciedo ensinamento.A falta de assimilação por parte do seré conseqüência inevitável de tê-lo tratado friamente,como simples fator de ilustração. Nunca será suficienteprevenir contra essa forma errônea de encarar nossosestudos,porquanto não cumpriria nenhum fim constru-tivo, e o esforço, por isso mesmo, seria estéril.

O conhecimento logosófico se aprecia e se des-fruta ao ser assimilado internamente e vivido

com intensidade em toda circunstância oportuna. Avida se transforma, certamente, com a simples trocados pensamentos que a sustentam moral, psicológica eespiritualmente. Se alguém crê desnecessário mudar avida que leva e está de acordo em suportá-la, que façao que lhe agrade ao entendimento e à sensibilidade;mas devemos fazê-lo notar, isso sim, que perde umainestimável oportunidade: a de tomar contato comuma nova realidade,que corresponde a outro modo deviver e apreciar a vida, de dimensões muito superioresao que se conhece.

Na nova vida que se cultiva no mundo logosófi-co, os pensamentos e as idéias assumem diferente

magnitude.Deixam de ser meras expressões verbais parase converterem em imponderáveis forças psicológicas.

Também a penetração e a agudeza das faculdadesda inteligência aumentam, ao se aplicarem à rea-

lização do processo de evolução consciente. Oconhecimento logosófico as reativa, permitindo a cadauma delas exercer amplas funções no curso da vida.Essa

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é uma realidade que todo ser experimenta ao cultivarnossa ciência. Pela primeira vez começa a desfrutar seudestino enquanto o forja, porque ele vai formandoparte inseparável de sua vida. À medida que vivemosantecipadamente os desígnios que o configuram comometa ideal de nossas aspirações, as presunções míticasdeixam seu lugar para as realidades efetivas.

Ao assimilar-se o ensinamento logosófico,enquan-to se aprende a técnica revolucionária que impele

o ser a remover os velhos conceitos em que apoiava suavida anterior, produz-se algo assim como um despertarconsciente, concretizado num amplo e preciso domíniodesse novo campo dimensional que se abre a suas possi-bilidades, ignoradas até agora. Eis aqui a necessidade, porcerto bem clara, de escolher entre as seguintes alternati-vas: ou permanecer alheio ao mundo transcendente, queoferece tanta riqueza mental e espiritual, ou viver nele,atendendo todas as inquietudes do sentir humano e satis-fazendo todas as exigências do espírito.

Aconselhamos uma vez mais, até que isto consti-tua uma necessidade profundamente sentida, que

o cultor da Logosofia se familiarize intimamente com oensinamento, não esquecendo que ele tem, entre outrosobjetivos fundamentais, o de modificar radicalmente ascausas que atentam contra o foro humano da própriaredenção. De fato, o processo de evolução consciente,ao depurar o indivíduo do mal que havia acumuladoem seus períodos de ignorância, propicia sua recupe-ração moral e espiritual ante si mesmo, ante seussemelhantes e ante Deus. Essa é uma das razões pelasquais tudo se torna virtualmente novo no dilatadocampo experimental que a Logosofia apresenta. Tudonele é atraente e pleno de sugestões úteis que facilitam

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o trabalho da inteligência.Do mesmo modo, cada passoque se dá, cada dia que se vive no auge inefável da cons-ciência, permitem recolher fecundos estímulos, quealentam as ânsias de um eterno existir.

Deixamos assim traçada uma linha de conduta arespeito do comportamento que se deve ter para

com o nosso ensinamento, da qual ninguém certa-mente haverá de se afastar sem que antes malogre osresultados positivos que, com essa linha de conduta,poderia obter da Logosofia.

ENSINAMENTO PRELIMINAR SOBREAPROVEITAMENTO DO TEMPO

Quando se fala a algumas pessoas da singular con-cepção logosófica, de seu extraordinário método

para o conhecimento de si mesmo,das leis universais,deDeus e da Criação, inclusive da necessidade de encararo processo de evolução consciente, elas declaram, ape-sar de seu manifesto interesse, que não dispõem detempo.Além dos que se justificam alegando excesso detrabalho, não faltam aqueles que dão a sensação de seacharem amarrados por toda classe de compromissos. Éo drama de muitos que deixaram de pertencer a si mes-mos, obrigando-se ao cumprimento forçado de taiscompromissos, sejam ou não de seu agrado. Ver-se-áque o ser, por mais elevada que seja sua posição na vida,não pode em tais condições se sentir feliz.

A verdade é que nem sempre o homem se dáconta dessa submissão incondicional da vida à

tirania do tempo, que se apodera de sua vontade, pelofato de ele ignorar como usá-lo com ampla e vanta-josa margem de rendimento.Um dos ensinamentos de

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Logosofia mais proveitosos para quem realiza seu cul-tivo é, precisamente, o que se refere ao tempo, já quepor seu intermédio se aprende a administrá-lo comsurpreendentes resultados.

Em princípio, a Logosofia só pede, a quem sededica a seu estudo, o tempo que ele perde

durante o dia, isto é, aquele que gasta em vão.Está comisso lhe indicando que jamais vai requerer o que cadaum emprega no atendimento a suas tarefas habituais.

A expansão do tempo próprio é um dos tantosbenefícios que são obtidos com o aprendizado

logosófico.Aquele que,mercê de nossos conhecimentos,se liberta dos ponteiros do relógio e a eles se adianta,torna-se dono do tempo, amplia-o à vontade e experi-menta algo assim como se a vida se estendesse de prontoem direção a horizontes mais dilatados. Naturalmente, adimensão e o valor deste ensinamento são devidamenteapreciados ao se compreenderem os alcances e o signifi-cado de nossos conhecimentos.A esse respeito,podemosassegurar, por ser algo reiterado na vida de centenas decultores* da Logosofia, que daquela “hora” – que aprincípio se aconselhou fosse dedicada a nossos estudos– só resta uma risonha recordação, pois acontece que,depois de pouco caminhar logosoficamente, esse tempose vai ampliando por vontade própria para duas, três eaté mais horas. Isso prova que tudo se pode quando sequer firmemente, e que se vive mais onde mais agradaviver, principalmente quando se encontra, como emnosso caso, uma felicidade muito difícil de achar e des-frutar em outra parte, porque a própria premência dotempo se encarrega de impedi-lo.

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* N.T.: Dado de 1963. Hoje, os estudiosos da Logosofia contam-se aos milhares no mundo.

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Por sua importância, é preciso saber que otempo pressiona quando é desaproveitado, e

que esse desaproveitamento ocorre quando não sepensa. Conclui-se daí que o aproveitamento do tempocaminha paralelamente à função de pensar. Pensar emquê? Em tudo quanto direta ou indiretamente cons-pire contra o auspicioso propósito de aperfeiçoamentointegral. São, pois, os inconvenientes e problemascotidianos – tanto os do âmbito familiar como os dotrabalho ou da profissão, ou os do próprio mundointerno – os insaciáveis devoradores de tempo. Eseguirão sendo tais, enquanto a vida continuar apri-sionada nos estreitos limites impostos por eles. Nessecaso, a função de pensar se concretiza na oportunidadede resgatar dali a vida individual, criando soluçõescapazes de abrir com êxito as portas de sua libertaçãopsíquica.Assim é como o tempo e as energias passamagora para as mãos de seu dono, para o uso que seubom critério e seus afãs de saber determinem.

Em síntese, o tempo é malgasto e perdido quan-do não se pensa. É ganho e até recuperado

quando se aprende a pensar e se exercita essa funçãotoda vez que a adversidade, seja qual for a feição queostente, se contraponha ao avanço consciente do ser.

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CRER E SABER

Vamos examinar o conceito relativo aovocábulo “crença”, por ser um dos que mais

entorpeceram o curso evolutivo do homem. Comefeito, ao lhe ser inculcado que basta crer para deixarsatisfeita qualquer pergunta ou inquietude interna,foi ele levado a admitir, sem uma prévia análise, semreflexão alguma, até as coisas mais inverossímeis. Essaatitude passiva da inteligência foi a que submergiu oindivíduo numa desorientação extremamentelamentável. O caos moral e espiritual em que a hu-manidade se encontra é por si mesmo muitoeloqüente, e não é necessário argumento probatórioalgum para compreender a magnitude do desacertono manejo de sua evolução.

A Logosofia instituiu, como princípio, que apalavra“crer” deve ser substituída pela palavra

“saber”, porque é sabendo – e não crendo – que ohomem consegue ser verdadeiramente consciente dogoverno de sua vida, quer dizer, daquilo que pensa efaz. Por outra parte, o fato de crer – bem o sabemos –produz certo grau de inibição mental que entorpece eaté anula a função de raciocinar. É assim que o homemfica exposto ao engano e à má-fé daqueles que tirampartido dessa situação.

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REFLEXÕES QUE CONVIDAM À

REVISÃO DE CERTOS CONCEITOS

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A crença pode assenhorear-se da ignorância,porém é inadmissível em toda pessoa inteligente

que anele sinceramente o conhecimento da verdade.Aspessoas de curtos alcances mentais são propensas àcredulidade, porque ninguém as ilustrou devidamentesobre os benefícios que o fato de pensar – e sobretudode saber – representa para suas vidas.Lamentavelmente,é forçoso reconhecer que uma grande parte dahumanidade se acha nessas condições e padece amesma propensão. Daí que, desde tempos remotos, suacandidez tenha sido explorada, mantendo-se ela nomais lamentável obscurantismo.

Ninguém poderia sustentar jamais, sob pena deser tido como um desequilibrado, que seja pre-

ciso privar o homem de conhecimentos para que eleseja feliz. Sem saber exatamente o que a vida e seudestino lhe exigem saber, como poderá cumprir suamissão de ser racional e livre? Como poderá satisfazeros anseios angustiosos de seu espírito, se é privado daúnica possibilidade de atendê-los, ou seja, das fontesdo saber?

A única concessão possível ao ato de crer, semque se invalide em nada o exposto, é a que surge

espontaneamente como antecipação do saber; noutraspalavras, só se deverá admitir aquilo de que ainda nãose tem conhecimento, mas durante o tempo mínimorequerido por sua verificação através da própria razãoe sensibilidade.

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PRECONCEITOS

É de suma importância prevenir a quem resolvainternar-se em nossos estudos, levado por suas

inquietudes e espontâneo impulso, que uma das maisobstinadas dificuldades que retardam a plena compreen-são dos ensinamentos de Logosofia é ocasionada pelospreconceitos.De fato,que faculdade da inteligência podecumprir sua função nitidamente seletiva e analítica, seestá travada por um ou mais preconceitos? Ninguémpoderia dar uma resposta afirmativa,porquanto há provasem abundância que prontamente a invalidariam. O pre-conceituoso sofre uma espécie de feitiço, que costumadurar por toda a sua vida.Aterroriza-o o simples fato depensar que se poderia contradizer o que lhe foi inculca-do, ou o que ele em sua ingenuidade admitiu.

O certo é que, com essas pessoas, a Logosofiadeve realizar um dinâmico e profundo trabalho

depurativo, para extirpar os preconceitos enquistadosem suas mentes.É,pode-se assim dizer, algo como umaoperação cirúrgica de natureza psicológica, que precisaser praticada para livrar o paciente normal desse gênerode perturbações que tanto costumam afetar o curso desua vida.

Se não tivéssemos em mãos o testemunho de cen-tenas de casos*, não falaríamos com a convicção e

a segurança com que o fazemos. Temos visto muitosseres, livres já de seus preconceitos, desfrutar as delíciasde um bem-estar que jamais haviam tido, e temos escu-tado suas confissões sobre o muito que os angustiava aopressão de uma deficiência tão paralisante. Quanto luta

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o homem por sua liberdade! E pensar que por dentro étão escravo...

O curioso é que muitos preconceitos provêm defontes duvidosas, na maioria das vezes por ter o

homem “acreditado” em meras suposições. Acreditoude boa-fé, sem pensar que, em certos casos, sua própriaimaginação o enganava, e em outros, a imaginação dosdemais. Daí a origem de muitos preconceitos.Entretanto – eis aqui algo paradoxal –, quem suporta oengano é também o mais desconfiado, quando aosolhos de seu entendimento e de sua razão se faz apro-ximar a verdade mesma, para que a examine, a estudee exercite sobre ela seu critério. Felizmente para ele,nossa ciência constitui a panacéia ideal do desconfiado,já que num de seus princípios ela declara que ninguémdeve aceitar cegamente o novo, a não ser depois dehaver comprovado que é melhor do que aquilo que setem.A comprovação prévia de uma verdade é, pois, leino processo de evolução consciente.

Sem nos estendermos sobre o particular,mencionaremos de passagem os preconceitos

religiosos e os de caráter intelectual, que são os quemais endurecem a mente e o coração das pessoas poreles dominadas. A Logosofia, não obstante, tem con-seguido desarraigar por completo, em muitos casos,esse mal psicológico que tanto prejudica o indivíduo,sem que disso ele se aperceba.

Pode-se ver, através do exposto,que é imperiosa-mente necessário despojar-se de preconceitos,

porque eles perturbam o bom funcionamento das fa-culdades da inteligência e dificultam, como jáespecificamos, o desenvolvimento normal das aptidões

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superiores. Um saneamento de preconceitos é, pois,indispensável para todo ser humano que queiraencarar com êxito o processo de evolução consciente;disso depende, em muito, poder ele desfrutar, desde o começo, as prerrogativas que o saber logosóficolhe oferece.

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Para aqueles que não estão familiarizados coma concepção logosófica, pode parecer um tanto

incompreensível a expressão que intitula este capítu-lo. É lógico que seja assim, porquanto nem a filosofia,nem a psicologia, nem o atual ramo da ciênciachamado psicossomático, voltaram até agora suaatenção para nenhum dos conhecimentos fundamentaisenquadrados na realidade formativa da consciênciahumana. Em conseqüência, ao carecer a investigaçãocientífica desse saber básico, teve de manter-se àmargem de questão tão importante como a que dizrespeito à formação consciente da individualidade.Daí nossas palavras do princípio, quando nos referi-mos à possível atitude do leitor diante do tema a sertratado no presente capítulo.

A formação consciente da individualidaderesponde inexoravelmente aos altos fins da

evolução do homem.Ninguém deixará de reconhecer,como prova irrefutável, o fato de que este sempre seocupou exclusivamente de sua personalidade, querdizer,de seu ser físico,de sua figura estética,de sua edu-cação e cultura condicionadas com refinamento aoexterno, buscando sempre a exaltação de seu conceitopessoal ante seus semelhantes. Ambição, vaidade, pre-sunção, luzimento, renome, superficialidade, são algunsdos heterogêneos ingredientes constitutivos do entepessoal. Muitos confundem o termo “personalidade”

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com dignidade senhoril, autoridade moral, prodígionas letras, nas artes ou no próprio saber, sem se adver-tirem de que a grandeza de alma jamais podeabrigar-se na pequenez insuportável da mesquinhapersonalidade humana.

A individualidade, ao contrário, é fruto daevolução, do cultivo constante das qualidades

morais e psicológicas latentes no ser. Mas é, antes detudo, quando se forma conscientemente, o espíritomesmo emergindo do interior da própria existência1.Essa é a razão pela qual a Logosofia conduz o homemao conhecimento de si mesmo mediante a formaçãoconsciente de sua individualidade, pois não existeoutro caminho nem outra maneira de encará-lo seria-mente para alcançar tão nobre objetivo.

Sem dúvida nos perguntarão como se formaconscientemente a individualidade. Se a

sagacidade daqueles que nos lêem ainda não desco-briu o procedimento, veja-se o que a seguir deixamosestabelecido:

O processo de evolução consciente, instituídopela Logosofia para o desenvolvimento das ener-

gias potenciais do ser, determina como imperiosa aformação de seu ente individual, a fim de que substi-tua vitorioso a personalidade, que é a que impede, porsua impermeabilidade psicológica, toda tentativa decâmbios positivos e transcendentes que tendam, poruma parte, à sua anulação e, por outra, ao robusteci-mento da individualidade, que é, em definitivo, overdadeiro ente humano e espiritual da espécie.

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1 Ver O Mecanismo da Vida Consciente, cap. X, do autor

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Não é possível levar a bom termo a formaçãoconsciente da individualidade, se antes não se

coloca, ante a própria razão, a necessidadeimpostergável de promover uma franca revisão de con-ceitos.Desta maneira se poderá fazer um detido examedos mesmos e de seus fundamentos, se existirem,vendoem que se baseiam e por que foram admitidos.Tomemos, para tanto, uma imagem concreta, com afinalidade de perceber melhor a diferença e considerara opção entre uma e outra postura. Uma pessoa, porexemplo, vive numa casa humilde (conceito admitido),onde aparentemente nada lhe falta e à qual se habi-tuou, a ponto de tomar-lhe carinho. Mas chega omomento em que lhe é oferecida a oportunidade detrocá-la por uma casa ampla e confortável (conceitonovo), que lhe permitirá viver melhor e desfrutar, aomesmo tempo, um ambiente feliz e acolhedor.Tudo oque se exige dela é adaptar-se a essa mudança e, por-tanto, comportar-se de acordo com a nova perspectiva.

Há muitos que preferem continuar em suas anti-gas moradias, isto é, sustentando seus velhos e

surrados conceitos, porque lhes parece que fazem partede suas vidas. Entretanto, quando eles mesmos vêemseus parentes ou conhecidos – aqueles que antes com-partilhavam a mesma opinião – mostrarem agora umnovo gênero de vida e condições internas muito acimadas que antes possuíam, começam a pensar na con-veniência de mudarem também eles. Diante dessescasos, a Logosofia tem sempre optado por deixar-lhestodo o tempo que quiserem, até que resolvam por simesmos sobre a conduta a seguir.

A formação consciente da individualidadecomeça desde o instante em que o homem

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percebe que sua vida teve para ele um caráter mera-mente externo, e resolve vivê-la dentro de si mesmo,namedida que lhe permita cada conhecimento logosóficoque, por tal motivo, ele faz seu. É a única maneira dechegarmos até a própria consciência e sabermos o quehá nela, ou seja, o que fomos capazes de acumular emsaber, em experiência e em valores morais.

Compreender-se-á que o que se busca é quecada alma humana seja consciente de sua reali-

dade interna e saiba com que recursos pode contar.Se alguém descobre que seus recursos internos sãoinsuficientes para enfrentar a empresa de seu aper-feiçoamento, nada lhe resultará tão grato e auspiciosoquanto saber que a Logosofia lhe permitirá suprir essafalta de previsão, oferecendo-lhe generosamente todosos elementos que sua inteligência necessite paraalcançar, no momento devido, o pleno desenvolvi-mento de aptidões superiores.

Temos de prevenir, contudo, mais uma vez, con-tra as possíveis reações da “personalidade”, a

qual, ao pressentir sua gradual anulação, atacará commil objeções, tendentes a manter o império de suafigura artificiosa, tão cuidadosamente adornada parauso externo.

Como se pode ver, “personalidade” é o opostode individualidade. Portanto, a antropogênese

psicológica começa com o indivíduo que pensa, age ese move por impulso de suas energias internas. É pre-ciso saber que a personalidade ganhou império aoavançarem as civilizações em seus refinamentos cultu-rais, provocando o eclipse da individualidade, que foisuplantada pela figuração, isto é, pelo conceito exalta-

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do da própria pessoa. Desde então, não se tem podidodar com nenhuma fórmula capaz de permitir oressurgimento do ser interno, do indivíduo conscien-temente ressuscitado para a realidade de um existirque alcance expressão máxima na esfera transcendentede seu imponderável destino. A Logosofia é, justa-mente, a especialidade científica e metodológica quese ocupa da reativação consciente do indivíduo.

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Nunca, como nos tempos atuais, foi tãonecessário, útil e instrutivo o conhecimento das

defesas mentais que cada indivíduo pode instituir àvontade, para preservar-se dos males que constante-mente ameaçam sua integridade física, moral eespiritual. Males que, na maioria dos casos, terminampor submetê-lo a vontades alheias, a influências deambientes, sejam políticos, religiosos, ideológicos ou dequalquer outra índole. Mais ainda, esse desconheci-mento, que o impede de estabelecer suas própriasdefesas mentais, torna-o inseguro, temeroso e vacilanteante cada situação das tantas que se promovem nocurso da vida.

O quadro que estamos apresentando mostra,com clara e acentuada freqüência, que um ser

nessas condições carece de recursos mentais paraenfrentar com decisão, segurança e valentia cada ato,problema ou situação que lhe exija soluções ou reso-luções imediatas. Como pode desenvolver-se a vida deum homem em semelhantes condições? Que autori-dade possui sua opinião ou sua palavra, se ele a temalienada ou subordinada a outras opiniões? Acaso nãoé esse o fator decisivo, a causa real de uma enormequantidade de seres se entregarem indefesos e ficaremabsorvidos pela “massa”, essa massa que os aglutina emideologias exóticas ou na dialética fascinante da dema-gogia? Duvidar disso seria cair numa temerária

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SOBRE AS DEFESAS MENTAIS

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ingenuidade, ou dar as costas a um fato repetido, quehaverá de golpear duramente o destino do indiferente.

Antes de dar a conhecer o pronunciamentologosófico sobre defesas mentais, queremos esta-

belecer, para que não haja dúvidas, as causasdeterminantes dessa falta de estabilidade psicológica, ouseja, como já dissemos,desse estado de desamparo men-tal em que muitíssimos seres humanos se encontram.

O desamparo mental começa a ser experimenta-do na infância, segue na juventude e continua na

fase adulta. Nunca houve na educação primária, nociclo médio nem nas universidades ensinamento algumque instruísse o homem, desde tenra idade, sobre aforma de resguardar sua integridade psicológica, men-tal e moral. Não lhe foi ensinado a buscar e encontraros recursos imponderáveis que sua mente contém e, demodo especial, a conhecer o uso de suas defesas men-tais. Caso essa preparação tivesse sido instituída noensino comum, a humanidade não teria chegado àencruzilhada lamentável e perigosa em que hoje seencontra. Existiu sempre, não resta dúvida, uma injus-tificável indiferença por parte dos responsáveis pelacondução docente, ou então um desconhecimentoabsoluto das possibilidades humanas a respeito de suaspróprias defesas mentais.

Além do que acabamos de assinalar, há algo quenecessariamente deve ser examinado à luz de

reflexões e observações feitas com amplo critériohumanístico e racional. Estamos nos referindo ao trata-mento que se costuma dar à infância em certos setoresda comunidade humana, especialmente os religiosos.Com efeito, há séculos se vem inculcando nas crianças

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crenças contrárias à razão,com vistas a submeter a menteinfantil a um molde, a uma espécie de marca de fábricaimpressa na alma, que dificilmente elas podem apagardepois, ao crescerem em idade. Uns lhes inculcam otemor a Deus, mas fazendo-as crer, naturalmente, queprofessar seu culto assegura a salvação.Outros lhes dizemque, se elas se afastarem das tradições, ritos e práticas,serão perseguidas eternamente e sofrerão um cruel des-tino. Em termos mais ou menos parecidos, sempre sepronunciaram e continuam se pronunciando outrasseitas e correntes pseudo-espiritualistas.

Coincidem no método – ainda que pareça umparadoxo – as comunidades que obedecem ao

rigor de ideologias extremistas, porque, como asreligiões, elas transgridem a Lei Suprema, que concedeao homem a mais ampla liberdade de pensar, de sen-tir, de mover-se e atuar, conforme determina opronunciamento universal que o criou livre e sobe-rano de sua vida.

O certo é que nunca se examinou essa questãocom a devida seriedade e consciência de sua vital

importância. De nossa parte, julgamos um dever justi-ficar, de certo modo, esse descuido por parte deeducadores e pais de família, porquanto eles mesmos,em número considerável, foram submetidos em suaépoca a procedimentos similares. Portanto, comodescobrir nos filhos ou alunos essa particularidadeincrustada previamente em suas próprias vidas? É lógi-co que, para poder observar com liberdade de juízo aanomalia que assinalamos, se deva eliminar antes a travaque o impede, coisa bastante difícil naqueles que nemsequer suspeitam da existência, em si mesmos, desemelhante impedimento.

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A Logosofia, que penetra com singular profundi-dade nas causas, até mesmo nas mais ocultas, e que,

extraindo-as das negruras do abismo,as revela à inteligên-cia humana, declara que é precisamente na mente dascrianças onde se produz a psiqueálise1, ou seja, a para-lisação de uma zona mental que altera a faculdade deentender, que é, justamente, a que o homem deve usarpara discernir a respeito do delicadíssimo problema de suainibição espiritual. Nossa longa experiência nesse gênerode investigações já nos permitiu comprovar o seguinte:

1) Sem o auxílio dos conhecimentos logosóficos,as mentes com psiqueálise, por efeito da pressão moralexercida durante a infância, são incapazes de reagir e delibertar-se dessa prostração espiritual.

2) Os que se auxiliam com o conhecimentologosófico conseguem emancipar-se dessa escravidãomental, após valente e empenhada luta contra o vírusdogmático que lhes foi inoculado na infância.

3) Tal é a alegria e a felicidade daqueles que se li-bertam da psiqueálise, que não encontram palavras paraexpressá-las. Ninguém pode, com efeito, imaginar asensação de alívio que experimenta a criança, o jovemou o adulto quando recuperam a livre determinação desuas faculdades mentais e de seus pensamentos.

Queremos deixar perfeitamente estabelecido ohumanitário propósito que nos guia: modificar

um estado de coisas que afeta profundamente a almahumana, por ser essa a origem de muitos dos males queela padece.Sempre foi inculcado no homem,desde a suainfância, uma fé abstrata, à custa da fé em si mesmo. ALogosofia, com insuperável método, restitui ao homem

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1 Neologismo logosófico; aplica-se à paralisação de uma zona mental, afetada porpreconceitos dogmáticos. (N.T.: A forma que consta do texto original em espanholé “psiqueálisis”).

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sua fé, a verdadeira, a que surge de sua própria consciên-cia, livre de toda pressão moral,psicológica ou espiritual.Este simples fato adquire um valor sem precedentes nahistória da psicologia humana.

A Logosofia restitui essa fé através de uma realizaçãona qual se baseia a confiança em si mesmo, ou seja,

leva o homem ao domínio consciente de suas possibili-dades, de seus recursos internos e de seus pensamentos, àorganização de seus sistemas mental, sensível e instintivo,etc. Instituiu, para isso, como única forma de alcançar tãoimponderável desiderato, o processo de evolução cons-ciente, concretizado num cultivo racional, amadurecido esistemático de condições que definem a vida superior.

Vamos destacar, como um de seus resultados, oque distinguimos muito especialmente com o

nome de “defesas mentais”.

Vimos, através do exposto,que o indivíduo carecede defesas mentais porque não tem uma noção

exata de sua capacidade defensiva (estamos nos referindosempre à mental). Carece de tais defesas porque ignoracomo criá-las e como servir-se delas com eficácia.

Assinalamos, também, como uma das causasprincipalíssimas que atentam contra as defesas

mentais dos seres humanos, as crenças – qualquer queseja sua origem e natureza –, porque invalidam as fa-culdades de raciocinar, de pensar e de entender.Quando essas faculdades atuam sem travas, suas funçõesmobilizam a vontade e permitem ao homem julgar eresolver por conta própria.

O erro de muitos é crer que sabem defender-se

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de agentes externos à sua pessoa, de ameaças, intrigas,tentações e tantas outras tramas intencionais a que sevêem expostos pela malícia alheia.A Logosofia ensina oindivíduo a organizar suas defesas mentais, e o faz prin-cipiando por estabelecê-las no mundo interno de cadaum.É necessário conhecer, antes de tudo,uma realidadeque haverá de servir para modificar substancialmentetoda apreciação que antes se tenha feito a respeito.Estamos nos referindo aos pensamentos1, deficiências,etc. Quem permaneça alheio a essa realidade, não sevinculando a ela por meio do conhecimento logosófi-co, deixará de aproveitar a oportunidade de criar suasdefesas mentais a curto prazo e, portanto, continuaráexposto às contingências da adversidade, dessa adversi-dade que sua própria ignorância continuamente atrai.Não negamos que existam pessoas capazes de criar essasdefesas sem a assistência da Logosofia, porém à custa dequantas experiências, às vezes dolorosas, e quando suavida já entrou quase que em declínio. O que interessa,o que deve interessar firmemente, é que não sejampoucos, e sim muitos, os que se beneficiem com estesconhecimentos.

Quando o homem aprende a conhecer seuspróprios pensamentos, os localiza em sua mente

e os seleciona para servir-se dos melhores; e quandosabe que pode criar pensamentos próprios em vez deusar os alheios, e exercita sua faculdade de pensar, jáestá de posse de uma chave para dominar seu campomental e estabelecer suas defesas mentais. Mas aindadeverá conhecer a fundo suas deficiências psicológicase lutar contra elas, a fim de vencê-las e eliminá-las, para

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1 Ver O Mecanismo da Vida Consciente, cap. IX, e Logosofia. Ciência e Método,lição IV, do autor.

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não oferecer pontos vulneráveis em sua pessoa física,moral e espiritual.

Pode-se pensar que o domínio de uma ciência,profissão ou arte seja suficiente para resguardar-

se de todas as contingências adversas da vida, porquehaverá sempre um recurso à mão para a própria de-fesa. Contudo, não se pode dizer que isso baste.Provam-no com farta eloqüência os reiterados fracas-sos daqueles que, apesar de sua capacitação, não sabemenfrentar devidamente as situações difíceis que lhes sãocriadas. É que, além dos conhecimentos comuns, faz-senecessário equipar a mente com certos recursos deefeitos positivos e instantâneos, e adestrar-se nomanejo dos mesmos. Essas são, precisamente, as defesasmentais que a Logosofia ensina a criar. É uma espéciede esgrima mental, que requer um treinamento diáriopara manter a mente ágil.A experiência constitui, pois,o meio natural onde cada um haverá de comprovar aeficácia de nosso método neste importante aspecto desua aplicação.

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Está plenamente comprovado o difícil que éconvencer, a quem se acha identificado com

o erro, de que vive fora da realidade.Achar-se iden-tificado com o erro é viver sob uma permanentesugestão que a tudo deturpa ou tergiversa. Exemploeloqüente temos no campo político. Quantos nãose deixaram enganar pelas afirmações dos líderestotalitários, que se proclamam paladinos da demo-cracia, da liberdade e do direito? Nem mesmovendo todo o contrário as pessoas saem de seu erro,tal é a obstinação e a invalidez mental que as domi-nam. No campo religioso, os erros se fundamentamnuma pregação de fatos absurdos, que os adeptosadmitem sem reflexão nem julgamento. Grave é acegueira do crente, cuja inteligência não pode dis-cernir entre o verdadeiro e o falso. Conforma-se emcrer que está no certo e rechaça toda idéia emanci-padora de sua incondicional submissão ao dogma,porque o aterroriza o simples fato de pensar quepoderia estar equivocado. No social, à semelhançado político e do religioso, abraça-se com fanatismouma ideologia e, embora esta se estruture sobre falsi-dades e ponha de manifesto embustes inqualificáveis,acredita-se docilmente que ali está a verdade, caindosob o feitiço sedutor de suas promessas, como o pás-saro na armadilha.

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A L G O S O B R E A V E R D A D E

E O E R R O

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A evolução consciente permite ao homemdefender-se do engano onde quer que este o

espreite, porque fundamenta sua defesa no conheci-mento das causas que o engendram. Assim, porexemplo, sabe que é impostura o que não concordacom a realidade e o que se esquiva à verificação indi-vidual, à qual todo ser tem direito.As verdades, quandoo são, não se ocultam nem se impõem; revelam-se à luzda razão, com o objetivo de que o homem tome cons-ciência delas e as use para emancipar-se da ignorância.O que se pretende impor como verdade só tem umfim: escravizar o ente humano, para convertê-lo eminstrumento passivo daqueles que exploram suacredulidade.

A sabedoria logosófica permite optar entre viverno erro, que escraviza, ou na verdade, que faz o

homem livre e forte, como seu destino requer.

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INOPERÂNCIA DOS MÉTODOS ADOTADOSPELA PSICOLOGIA NO MEIO UNIVERSITÁRIO

Antes de determinar as vantagens que o univer-sitário obtém ao dedicar-se ao estudo e prática

dos conhecimentos logosóficos, é de todo impres-cindível assinalar algumas observações importantes emtorno do ensino comum da Psicologia.

Deixando de lado os equívocos e contradiçõesque se percebem nos textos, ressaltaremos as

obrigações que o estudante assume para satisfazer asexigências da cátedra.Vê-se obrigado a sobrecarregarsua mente com a menção exata de todas as hipótesese teorias neles estabelecidas. Apesar das visíveis falhasconceituais vertidas nos mesmos, observam-se emmais de um desses livros, não obstante, sedimentos deerudição psicológica; mas essa erudição – convémdeixar claro – é incompatível com o conhecimentoreal e positivo que cada ser humano deve ter de suaprópria psique. Já pudemos ver muitos estudantesacreditarem que dominam a psicologia por saberemcitar corretamente o que disseram célebres autoressobre o tema, e embaralharem termos ostentosos,como se tudo isso não fosse mais que elucidar assun-tos concernentes ao semelhante, com exclusãoabsoluta da própria sorte.

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A L O G O S O F I A I L U M I N A O

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RESULTADOS PRÁTICOS E CONVINCENTESQUE O UNIVERSITÁRIO OBTÉM DA

LOGOSOFIA

Passemos agora a considerar quanto muda aposição do estudante universitário, tão logo ele se

dispõe a adotar nosso método. Nem bem começa apenetrar nos arcanos da ciência logosófica, percebe adiferença que existe entre a psicologia corrente, semconteúdos concretos, e a concepção logosófica, queleva o ser à compreensão cabal dos intrincados temaspsicológicos, sobretudo quando o indivíduo deveresponder às exigências de suas próprias necessidadesinternas.

A Logosofia o conduz a investigar e analisar den-tro de si a estruturação psicológica de seu

próprio ser. É como se lhe fossem abertas as portas deseu mundo interno, até esse momento desconhecido,apesar de tudo quanto acreditou saber a respeito. Averdade que vai sabendo sobre si mesmo agora o atraimais do que a que acreditou saber sobre os demais.Compreende e, por conseguinte, admite o erro em queincorreram os psicólogos, ao conduzirem a investi-gação fora de si mesmos, sem o menor ponto de apoioem suas próprias vivências internas e conscientes. Aesse primeiro resultado se vão somando outros, emséries progressivas. Com a iniciação do processo deevolução consciente, o universitário percebe o influxode uma nova corrente energética, proveniente dessarealidade que internamente se pôs em movimento.

Dissemos, com toda a propriedade, que se pôs emmovimento dentro dele uma realidade que havia

permanecido estática, e com isso a vida adquire outro

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sentido, porque outros são seus incentivos. Com efeito,quando o universitário se dá conta de que possui um sis-tema mental, um sistema sensível e outro instintivo, seuinteresse desperta, aumentando de grau tão logo com-prova que os pensamentos são entidades autônomas queatuam, em geral, independentemente da vontade doindivíduo e gravitam sobre ele de forma muitas vezesdespótica. Mas esse interesse se converte em emoção eassombro ao tomar conhecimento da realidade de suaconsciência e compreender a importância capital doprocesso de evolução consciente que nossa ciência pre-coniza e ensina.Aqui se verifica uma segunda mudança,ou seja, outro resultado positivo através do ensinamentologosófico. O jovem comprova, com absoluta certeza,que tudo o que lhe foi e é ensinado nas esferas educa-cionais constitui mera ilustração intelectual sobre teoriase opiniões expostas através de diversas épocas, que nadatêm a ver com o verdadeiro conhecimento da psicolo-gia que cada um pode descobrir dentro de si, tão logo seproponha esse imponderável objetivo.

Chegando a essa conclusão,o estudante respeitaráa palavra de seus professores quando lhe falarem

de psicologia, e não discutirá com eles, porque sabe quesão duas concepções totalmente diferentes, que nãoguardam entre si relação alguma. Sua atitude, daí emdiante, será de prudência. Já sabe a que se ater a respeitodo conhecido, tendo em conta o vital pronunciamentoda Logosofia. Desnecessário é dizer que todos aquelesque experimentam estas verdades jamais lhes voltam ascostas; ao contrário, continuam sua evolução conscientecom renovado entusiasmo. Sabem que, quando falamde psicologia, o fazem munidos do conhecimento cabalda psicologia própria, que é por onde deveriamcomeçar aqueles que professam a matéria.

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CÂMBIOS NO PENSAR E NO SENTIR

Ao dizermos que o estudo da Logosofia diferede todos os demais, fundamentamos nossa afir-

mação no fato de que o logosófico é um estudoeminentemente formativo e base de uma nova cultura:ativa, construtiva, reformadora; eis aí suas grandes vir-tudes pedagógicas. Quem aprende Logosofia sabe quenão deve especular nem fazer uso externo da mesma,como ocorre com a ilustração e cultura correntes. E osabe porque, desde o primeiro até o último dos seusensinamentos, ela está impregnada desse conhecimen-to básico. Tendo isso presente, logo se verá ecomprovará que, na configuração psicológica e mentalde quem cultiva a Logosofia, se vão operando câmbiosde extraordinária importância. Em primeiro lugar,aprende a usar conscientemente sua faculdade de pen-sar.Quando dizemos “conscientemente”, referimo-nosao instante em que o indivíduo se dispõe a usar essafaculdade, a de pensar, para um fim determinado, o queele faz com pleno domínio de sua vontade. Exemplo:Proponho-me criar um pensamento ou uma idéia.Este propósito constitui o “leitmotiv” de minha von-tade até alcançar sua culminação. Quero que suacomposição mental seja de índole construtiva. Emfunção do objetivo que me incitou a criá-lo – melho-rar minha situação econômica, por exemplo –, passoentão em revista os recursos que possuo para elaborar

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A LOGOSOFIA TRANSFORMA

E ENRIQUECE A VIDA

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a imagem mental do mesmo, cujos atributos haverãode ser os de realizável, proveitoso e lícito.Alguns doselementos que haverão de integrar sua composiçãomental podem já estar em mim, outros terei de buscare mesmo criar. Para isso, e sempre atento ao propósitoque me moveu a dar vida a esse pensamento, cuja raiznesse caso foi uma necessidade material, recorro àminha vontade, a fim de que ela me dispense, com adevida solicitude, estes três fatores volitivos que devem,sem falta, reger e promover todas as criações dainteligência: esforço, empenho e constância. Posto jáem marcha o pensamento dentro do recipiente mentaldo propósito onde ele haverá de se desenvolver, voureunindo os elementos afins com o mesmo,que extraiode outros pensamentos ou idéias existentes em minhamente, os quais vão se fazendo presentes ante minhapercepção interna, atraídos pela função de pensar. Setudo isso ainda não for suficiente, quer dizer, se minharazão ainda não achar realizável o cultivo que daráforma à minha célula mental, buscarei novos elemen-tos constitutivos, seja na experiência ou no conselhoalheios, seja no estudo, na observação, na própriareflexão, etc., até que a composição do pensamentofinalmente me satisfaça. Resta-me agora pô-lo emmarcha, isto é, fazê-lo cumprir na vida real o objetivoque me impulsionou a criá-lo.

Apresentamos essa imagem por ser, talvez, a maisacessível ao entendimento.Traslademo-la, agora,

ao campo da realização logosófica, se é que nos propo-mos orientar nossa vida em tal sentido, e vejamoscomo ali corresponde conduzir-se:

Para tal fim, começo a busca e seleção dos elemen-tos destinados a integrar a célula mental que quero criar.Suponhamos que esta tenha ficado assim constituída:

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a) estudo e compreensão dos ensinamentos logosó-ficos e sua aplicação ao conhecimento de mim mesmo.

b) análise e estudo da obra logosófica e sua reper-cussão em mim, como partícula viva e integrante da mesma.Munido desses elementos, mobilizo todos os meusrecursos internos, como no caso anterior, mas eis que,aqui, a Logosofia me indica exercer uma severa vigilân-cia e controle sobre minha mente, se aspiro a cumprira finalidade que persigo. Seguindo, pois, seus preceitos,devo estabelecer nela outro pensamento: um pensa-mento capaz de resguardar a realização de meuobjetivo,que é,numa palavra, evoluir conscientemente.Trata-se do pensamento-autoridade, considerado pelaLogosofia representante direto da consciência. Essepensamento será o encarregado de proteger meus pas-sos daí em diante, chamando-me à realidade toda vezque me desvie ou corra esse perigo. Dessa maneira,evitarei qualquer interrupção promovida pelo desalen-to ou pelo fastio, ou por alguma outra intromissãoalheia ao motivo que me guia, porque me asseguro daexcelência dos resultados que busco, já que, enriqueci-do constantemente com os elementos vivos que minhainteligência e sensibilidade extraem da realização a quesou levado por meu propósito, percebo como isso geravínculos constantes,que a cada dia me unem mais gratae firmemente com o ensinamento que nutre meuespírito e minha vida, com a obra de reforma humanada qual sou parte e testemunho, e com o autor que adirige, alenta e esclarece.

Cabe-nos ainda adicionar que os câmbios que severificam no sentir, através do processo de

evolução consciente, ampliam a dimensões superlativasa extensão dos campos mental e sensível, ao se incor-

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porarem a eles sentimentos de maior hierarquia. Afaculdade de sentir1 desempenha nisso um papel fun-damental, porque, ao experimentar o ser as sensaçõesque nele se produzem em virtude dos câmbios que vaiconseguindo, seus sentimentos se enobrecem.

Finalmente, os câmbios no pensar e no sentirelevam as miras e introduzem na vida uma va-

riante de ação enaltecedora sobre a conduta e o caráter.Uma prova disso nos é dada pelo novo conceito queo ser inspira em seus semelhantes, nos quais gradual-mente desperta – ao mostrar-lhes seu saber comsimplicidade e segurança – o afã de se superarem.

Mais notável ainda é a comprovação que cadaum faz dessa mesma realidade. Deixou-se para

trás uma vida escravizadora, limitada e externa,aparentemente impossível de substituir, para renascerem outra, plena de conteúdos essenciais e de dimen-sões infinitamente superiores. Já não se pensaegoisticamente em satisfazer gostos, desejos e paixõespessoais, que nunca se saciam. Elevada a vida a outronível, a própria evolução faz o homem experimentar asmais sublimes sensações de prazer, quando une a seulabor de aperfeiçoamento interno a nobre tarefa decompartilhar com seus semelhantes idênticas preocu-pações. Se em tais circunstâncias oferece e torna efetivasua ajuda psicológica e espiritual ao amigo com quemconvive, em boa hora o faz; e se é o próprio ser quemrecebe essa ajuda do semelhante, bem-vinda seja.

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1 Ver Logosofia. Ciência e Método, lição V, do autor.

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NO INDIVIDUAL

Passaremos a precisar os resultados do estudologosófico nos aspectos mais importantes da

configuração humana. No individual, queremosdestacar a eficácia do método pela soma de vantagensque cada qual vai anotando em seu haver pessoal.Passemos, pois, à especificação cabal dos benefícios queo indivíduo vai recebendo, quando, transformado emlogósofo, realiza seu processo de evolução consciente.Entender-se-á que tais benefícios são, evidentemente,os resultados positivos que ele obtém enquantocumpre com empenho e constância as diretrizes que aLogosofia estabelece em seu auxílio, resultados estesque resumiremos assim:

1) Aprende a conduzir sua vida conscientemente.Isso lhe outorga vantagens de toda ordem, porque sabea que se ater em cada circunstância ou diante de qual-quer situação.Age em todos os casos sem precipitações,tendo em conta o que sua vida representa e o que deladeve fazer para sua felicidade futura.

2) Aprende a ser dono dos pensamentos queatuam em sua mente e controla todo pensamentoexterno que tente influenciá-la. Sabe como aumentar,mediante a função seletiva de sua inteligência, o

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RESULTADOS DA REALIZAÇÃO

LOGOSÓFICA NOS ASPECTOS

MAIS PROEMINENTES DA

VIDA HUMANA

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número e qualidade dos pensamentos que favorecemsua evolução, e como eliminar os que a entorpecem.

3) Muda sua conduta, seu modo de ser e de agir,com o que enaltece, em tempo relativamente breve, oconceito que dele se tinha, tanto entre seus familiarescomo no círculo de suas amizades ou vinculações for-tuitas.

4) Satisfaz plenamente suas inquietudes de ordemespiritual, tranqüiliza as psicológicas e encaminha comfavorável auspício as econômicas.

5) Adquire segurança no pensar e no agir.6) Seu caráter, antes agressivo, irascível, amargura-

do ou triste, torna-se sereno, alegre e otimista.7) Enriquece sua consciência com o concurso de

conhecimentos transcendentes. Esses conhecimentoslhe permitem introduzir-se em seu mundo interno eexplorá-lo.Ao fazer isso, toma contato com o mundometafísico ou transcendente, fonte das concepçõeseternas, por ser mental sua poderosa e fecunda forçacriadora.

8) Consolida a fé em si mesmo, fato este que oemancipa de toda fé baseada no abstrato, incapaz deresistir à analise sensata da razão. A fé em si mesmo ésinal evidente de integridade moral e espiritual, eadquire força categórica na livre decisão da vontade doindivíduo.

9) Alcança, finalmente, a redenção de si mesmo,prerrogativa que a lei de evolução lhe concede1. É pre-cisamente no processo de evolução consciente,paralelo ao conhecimento de si mesmo, que o serencontra, como esculpidos em relevo, os erros cometi-dos e as dívidas que contraiu ao longo de suaexistência.Tais erros, ele os pode reparar até culminar

1 Ver O Mecanismo da Vida Consciente, cap IV e XIV, do autor.

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na liberação de tão pesada carga, graças à capacitaçãologosófica alcançada; quanto às dívidas contraídas,podem elas ser definitivamente canceladas, ao se fazero bem conforme a Logosofia prescreve, consciente-mente, e com tal qualidade e volume que exceda comfolga a totalidade dos erros, desacertos e tudo quantode mau possa ele ter feito até o momento de iniciarseu processo de evolução.

NO PSICOLÓGICO

O desconhecimento da realidade interna assume,em cada indivíduo, proporções de desesperança à

medida que avança em idade, e – a menos que con-forme sua vida à resignada inabilitação de suas aptidõessuperiores, por carecer dos conhecimentos que asdesenvolvam – buscará por todas as partes, com cres-cente inquietude, a palavra luminosa que clareie seuentendimento e resolva a indagação que se plasma namente do homem diante da incógnita de seu destino.

Na parte psicológica, que é a intermediáriaentre a física e a espiritual, é onde se fazem

mais evidentes os resultados obtidos pela ação do co-nhecimento logosófico.

Ao tomar contato com sua realidade interna efocalizar a observação em zonas ignoradas de sua

estrutura psicológica e mental,o indivíduo experimen-ta uma sucessão de câmbios em sua maneira de ser,principalmente no pensar e sentir, o que lhe amplia avida. Essa ampliação da vida dilata, naturalmente, ocampo das projeções dos sistemas mental e sensível1, e

1 Ver Logosofia. Ciência e Método, cap III e V, do autor.

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estimula notavelmente o esforço para maioresaquisições no campo do saber transcendente.

O estudo dos pensamentos, que, complementadocom o das deficiências, dá capacidade executiva

ao esforço por erradicar da vida toda influência nociva,traz paralelamente um positivo avanço na evolução doser. Aumentam as forças psíquicas que sustentam opotencial dinâmico das energias mentais, e o ser, assimfortalecido, alcança os estados mais lúcidos de suainteligência. Mas a isto logicamente será preciso acres-centar outras realizações ensejadas pelo métodologosófico, para que surja, em sua plenitude, o entepsíquico, antes entorpecido pela ausência de estí-mulos para seu desenvolvimento.

Cabe, além disso, registrar a sensação de equilíbriopsicológico e mental que o ser experimenta, assim

como as de alegria e bem-estar que o acompanham emtodos os momentos de sua vida.

Como vimos, a influência construtiva daLogosofia sobre a parte psicológica do ser é

poderosa e decisiva, já que cumpre os altos fins daevolução em seu aspecto consciente.

Voltando aos pensamentos, são eles precisamenteos que sofrem o primeiro impacto da ação orde-

nadora, seletiva e fertilizante de nossos conhecimentos,desde o momento em que é na direção deles que ométodo logosófico dirige sua corrente depuradora eedificante.

Aos pensamentos de velha data não fica senão aalternativa de se ausentarem do recinto mental

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de quem começa seu processo de evolução consciente,ou acabarem desintegrados, porque o dedo acusador darealidade os aniquila. Se tais pensamentos não foramcapazes, antes, de alentar dentro da mente humananenhuma idéia feliz, nem oferecer a menor colabo-ração para resolver os problemas da vida rotineira,muito menos poderiam ajudar no desenvolvimentodas possibilidades transcendentes do ser. Daí a impe-riosa necessidade de desalojá-los, a fim de que outrospensamentos de índole superior ocupem seu lugar. Éesta uma experiência de singulares projeções para oreequipamento mental, moral e espiritual do ser;experiência que nunca falhou,e que prova a eficácia dométodo nessa parte tão importante de sua aplicação.

Tenha-se muito em conta que, no geral, ohomem não atribui nenhuma importância aos

pensamentos, tanto que jamais se ocupa deles, con-fundindo as funções dos mesmos com as de suafaculdade de pensar.Tampouco poderia assegurar se opensamento que expressa em determinado momentoé seu ou é alheio. Possuir, pois, o domínio do própriocampo mental e ser dono e senhor dos pensamentos,próprios ou alheios, que serão postos a serviço dacausa do aperfeiçoamento, é alcançar uma conquistade imponderável valor para a vida. Desnecessárioseria, aqui, estender-nos mais sobre o que significapara o destino da criatura humana o conhecimento eo domínio dessa extraordinária e fecunda realidade,que haverá de iluminar os melhores dias de suaexistência no mundo.

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NO MORAL

No moral, com justa razão, é de deprimir a linhadescendente que se observa no seio das grandes

comunidades humanas, especialmente entre os jovens,sobre os quais mais repercute a falta de atenção porparte dos adultos. Essa desatenção tem sua origem emcausas que já assinalamos e das quais voltaremos a nosocupar mais adiante, ao falar do espiritual. Pais e pro-fessores mal podem orientar a juventude, quando nelesmesmos estão radicadas essas causas que vêm de longe,e que tantos prejuízos sempre ocasionaram à moral dohomem. É um fato inegável que a orientação dada àinfância e à juventude carece de verdadeiro incentivomoral. Nem a criança nem o jovem são levados a for-mar um conceito claro de sua responsabilidade comoseres inteligentes e donos de uma vida que devem dig-nificar com o exemplo de sua vontade posta a serviçode suas aptidões. Em outros termos, não lhes é ensina-do a ser conscientes do que pensam, fazem e sentem.O frio método pedagógico dos estabelecimentoseducativos – oficiais e particulares – carece de eficáciano fundo da psicologia de cada educando; ao con-trário, mantém-se na superfície da mesma, dando lugara uma defeituosa formação da personalidade. Todoensinamento moral não avalizado pelo exemplo dequem o dita, atua em sentido contrário na alma dequem o recebe. É esse um fato tão evidente queninguém ousará pô-lo em dúvida.A Logosofia declaraque a moral surge, no indivíduo, das excelências de seusentir interno. É preciso cultivar essas excelências e serconsciente de que elas constituem uma força impon-derável, quando postas a serviço dos desígniossuperiores do espírito.

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Depois de se ter deixado o mal avançar tanto,não basta apontar uma ou outra vez o desvio,

com posturas sentenciosas desta ou daquela cátedra; oque a humanidade necessita é que se lhe ensine e trans-mita o verdadeiro conhecimento de sua evolução. Énecessário dar ao homem os elementos que lhe faltampara orientar sua vida com segurança pelos caminhosdo mundo. É precisamente isso o que a Logosofia ofe-rece a favor do grande problema pedagógico-moralcuja solução a consciência humana reclama.

A juventude, por exemplo, sofre a falta de umapreparação básica para a vida.Não recebe diretrizes

precisas que lhe determinem a conveniência de seguiruma conduta reta, conduta que deve ser ilustrada comimagens claras a respeito das responsabilidades que cadaindivíduo assume, tanto na família como na sociedade. Énecessário que o jovem chegue a compreender a fundoque toda infração aos princípios morais e sociais de con-vivência humana introduz uma perturbação em sua vida,em prejuízo do conceito que merece.Além de atender atodos esses aspectos, o ensinamento logosófico vai maisalém:ensina o jovem a ser consciente de seus pensamen-tos e atos.Desse modo,adverte-lhe que suas aspirações deêxito na vida deverão condicionar-se a um comporta-mento que não desvirtue a legitimidade das mesmas.

O incremento da delinqüência juvenil obedece,em grande parte, ao fracasso dos sistemas

pedagógicos empregados até o presente.As mentes dosjovens são assaltadas por pensamentos que os levam acometer toda classe de deslizes.A pedagogia logosóficainclui, para estes casos, um elemento de grande valor:as defesas mentais, que agem sobre os pensamentosnegativos como os repelentes usados para eliminar

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insetos.O conhecimento do sistema mental e dos pen-samentos que se hospedam na própria mente, aeliminação dos maus ou inúteis e o aumento dos bonsou úteis são fatores importantíssimos de defesa mental.

Mas a moral – insistimos – se edifica com o bomexemplo, não com palavras. Nutre-se e afirma-se

numa atitude que surge do ser interno como imperativoda consciência. Essa atitude é o respeito; o respeito quecada qual deve ter para consigo mesmo,a fim de não pre-judicar seu conceito com pensamentos, palavras ou atosque o denigrem; o respeito ao semelhante, que outorgaa mesma consideração por parte dos demais; o respeitoa Deus, afastando da mente todo pensamento ou idéiaque não favoreça a aproximação a Ele pelo caminho dosaber e da perfeição; finalmente, o respeito que se deve atudo o que, por sentimento natural, inspira respeito.

Nos ambientes onde se cultiva o ensinamentologosófico, ambientes nos quais o respeito e o

afeto se somam ao afã comum de evolução, a moral éuma norma congênita, tornada hábito em todos. Daíque a infância e a juventude não sofram ali o desam-paro espiritual que os que vivem e se educam emoutros ambientes acusam.

Quando os jovens não são instruídos, durantesua fase incipiente como seres racionais, acerca

dos perigos que ameaçam suas vidas, caem facilmentenas redes que as ideologias extremistas lhes estendem,com o fim de enganá-los e fazê-los servir a seusobscuros desígnios.

Ao proteger a infância e a juventude contra qual-quer tipo de intenções que pretenda desviá-las do

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bom caminho, a Logosofia oferece a todos a possibi-lidade de conservar sua liberdade. E a conservam nãose entregando ao domínio de ninguém, senão ao de simesmos, para serem donos absolutos de sua pessoa eresponsáveis diretos pela condução de sua vida.

Quem experimentou a tortura do desconceitopor ter sua pessoa em má conta verifica, me-

diante o saber logosófico, que seu pensar e sua condutalhe vão granjeando simpatia e respeito, o que lhe per-mite sentir-se cômodo e a gosto onde quer que seencontre, seja entre amigos, seja entre simples conheci-dos. Em outros termos, aprende a ser grato e a inspiraruma boa recordação em todas as partes. É um créditomoral nada desprezível.

O enunciado destes resultados e benefícios nospermite destacar o enorme valor do processo de

evolução consciente, o qual, ao mesmo tempo quedepura o indivíduo de tudo de mau e inservível queatormenta sua existência, concede-lhe a vantagem desupri-la com o que lhe seja útil e realmente bom, e essasérie de câmbios constitui o princípio básico no qual vaisustentando sua própria redenção. Isso é o que todospodem fazer por si mesmos, sem necessidade de recor-rer a nenhum intermediário oficioso; ninguém podearrogar-se esse poder a expensas de outrem, porqueDeus dotou cada criatura humana para que a liberdade,o dever,o direito e a responsabilidade se consubstanciemnela como essência viva e inalienável de sua existência.

NO ESPIRITUAL

É este um dos setores da atividade humana maiscastigados pelo desvio que, através das épocas,

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veio incubando a desorientação e o ceticismo emgrande parte da humanidade.

A julgar pelo estado de inquietude, insatisfação,dúvida e desolação manifestado pela maioria dos

que recorreram e recorrem aos nossos ensinamentos,podemos inferir, com boas razões, que a civilizaçãoocidental – ou seja, sua cultura, que é seu conteúdo –se acha em vias de uma derrocada inevitável. Há sécu-los não supera seus conceitos,que mantém aferrados aoque se chamou de “tradição”, sem que se tenha pensa-do, certamente, que não se devem truncar as grandespossibilidades humanas de evolução, porque isso inabi-litaria o homem para dar cumprimento cabal aoobjetivo máximo de sua existência. Foram-lhe incul-cadas, graças a uma milenar submissão, idéias e crençasque só serviram para endurecer seus sentimentos eimobilizar certas zonas de sua mente, precisamenteaquelas que respondem aos ditados internos de aproxi-mação a seu Criador, a seu Deus. Não tem sido outracoisa o que vemos aparecer na superfície desse mundoindividual, tão logo levamos o homem a examinar,com lucidez de juízo, em que realidade se baseia sua fécega, bem como a examinar se já se deteve, em algummomento, para refletir acerca da necessidade de estarcerto sobre uma questão de tanta transcendência. Emquase todos temos encontrado a mesma obstinadaresistência a realizar tal exame de consciência. E emtodos, sem exceção, temos visto refletido o temor deque lhes seja demonstrado o erro em que vivem.Como se esse erro, ao qual inconscientemente se afer-raram, por força de acreditarem nele pudesseconverter-se milagrosamente em verdade, como com-pensação à sua cegueira.

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Entretanto, apesar do inconveniente anotado,temos podido comprovar a eficácia de nosso

método ao atuar com êxito sobre os sistemas mental esensível daqueles que, em tal estado, recorrem à fontelogosófica para se inteirarem de seus conteúdos essen-ciais. Em honra à verdade, devemos destacar que, emrelação às pessoas em quem foram inculcadas comforça idéias ou crenças do tipo religioso, custou muitotrabalho fazê-las retornar à realidade. Fica fácil para ologósofo experiente descobrir a característica predomi-nante dessa classe de seres, que em sua maioria, comodissemos, foram submetidos desde tenra idade aoprocesso de fixação inconsciente de certas imagensrígidas – e, portanto, estáticas –, relacionadas com suaeducação espiritual.Temos também presenciado o des-pertar dos mesmos e suas manifestações de alegria, aoexperimentarem, pela primeira vez, a sensação sublimede pensar e sentir com inteira liberdade, o que, nofundo de suas almas, já transbordava de necessidade.

Isso prova que as proibições estabelecidas porcertas comunidades com respeito à infância, e

que perduram durante a vida do crente, se tornamtotalmente nocivas para o desenvolvimento espiritual eevolutivo do ser humano.

São tão lógicas e claras as questões suscitadas pelaLogosofia, e tão fundamental sua orientação para

resolvê-las,que só as mentes obcecadas pelos preconceitosrecusam suas verdades, que beneficiam e libertam a cadaum, individualmente. Isso nos recorda aqueles escravossulinos,na Guerra da Secessão,que imploravam continuarsob o jugo de seus requintados senhores, porque se sen-tiam incapazes de ser livres e bastar a si mesmos na lutapela vida.Apesar disso, tão logo se foram habituando ao

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exercício da liberdade, aprenderam a comportar-se comoos demais e, surpresos,viram desaparecer,uma após outra,as dificuldades que a princípio acreditavam insuperáveis,ao mesmo tempo que essa nova luta pela existência semostrava para eles cada dia mais interessante, à medidaque se sobrepunham à inibição que os havia impedido,até então, de sentir a vida como própria e de fazer delaum motivo permanente de alegrias e de estímulos. Poisbem, a mesma coisa experimentam, sem maiores varia-ções, aqueles que, liberados da escravidão religiosa ouideológica, em lugar de servir cegamente a um amoservem aos propósitos de seu destino e à causa dahumanidade em sua evolução consciente, rumo aos ele-vados desígnios para os quais foi destinada.

É este, sem dúvida, um dos resultados mais apre-ciáveis que se obtêm da ciência logosófica com a

aplicação de seus preceitos. Na maioria dos casos, agecomo gerador das energias mentais que os seresperderam durante a estéril passividade a que foram leva-dos pela inculcada fé no abstrato, em prejuízo da fé emsi mesmos. A Logosofia – já o dissemos em algumaoutra parte – restitui ao homem essa fé perdida, fazen-do com que saiba por conta própria quais são osfundamentos reais que assistem a cada idéia ou ato,bem como evitando-lhe aceitá-los sem raciocínioalgum, pelo simples fato de confiar na palavra alheia.

Fica assim resolvido um problema que aflige ahumanidade desde tempos imemoriais. O

homem deve emancipar-se – já é tempo – de todasuperstição ou embuste que ensombreça sua razão, eencarar decidida e valentemente a realidade que sóatravés do conhecimento lúcido de sua inteligência elepode assimilar, para bem de seu espírito e de sua vida.

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NA FAMÍLIA

No seio da família, a prática do conhecimentologosófico e o adestramento consciente das

aptidões mentais e psicológicas produzem resultadosfecundos. Lares onde reina a discórdia – por causa dedesavenças, antagonismos de modalidades, predileções,diferenças de gostos ou opiniões, bem como porausência de toda vontade de conciliação – vão mudan-do gradualmente pela ação harmonizadora e criadorado ensinamento logosófico, até alcançar aquela doura-da concórdia que só se manifesta quando os lares* dacompreensão, do respeito e do afeto foram benevola-mente acolhidos no páramo doméstico, convertendo-oem oásis. É que o cultor da Logosofia, ao consagrar seutempo disponível à realização do processo de evoluçãoconsciente, que implica um constante melhoramentode suas aptidões e condições, propicia e faz efetiva agrata convivência no lar. Geralmente, os apreciáveiscâmbios observados em quem começa a viver logosofi-camente levam os demais membros da família à decisãode seguir idêntico caminho, com o que o lar se torna,finalmente, um baluarte de paz e de felicidade.Todosfalam e comentam, com viva alegria, sobre as ocorrên-cias do processo que estão realizando, e revivem comprazer os momentos de elevadas vivências psicológicase espirituais que se promovem no imenso campo deestudo e experimentação da Logosofia.

O conceito logosófico sobre a conduta humana,que cada logósofo torna próprio por considerá-

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1 N.T.: Metáfora em que o autor situa a compreensão, o respeito e o afeto como oslares da mitologia (deuses domésticos entre os romanos e etruscos, protetores dolar ou da família).

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lo imprescindível como respaldo de sua vida de relação,leva a compreender, sem lugar a dúvidas que a for-mação ética de uma pessoa depende de certos fatorese, muito especialmente, do cultivo que faça de suasqualidades morais e sensíveis. A ética não teria finali-dade ou, melhor ainda, não cumpriria seu verdadeiroobjetivo social, se não contivesse os elementos básicosque a tornam possível, a saber: elevação de propósitos,tolerância, paciência, obsequiosidade sincera, naturali-dade no trato, afabilidade, prudência e tato nos juízosque se emitem sobre terceiros.Arrematando esse enun-ciado ético, diremos também que, acima de tudo,haverá de reinar a cortesia como expressão de afeto ede respeito e, do mesmo modo, o pensamento conci-liador, que consolida a mútua consideração eentendimento.

Pode-se ver agora por que a Logosofia realizaobra tão benéfica no seio dos lares, ao transfor-

mar fundamentalmente o ambiente mental epsicológico em que antes a família se debatia, pelo fatode pais, mães e filhos carecerem dessas diretrizes pre-cisas, as quais levantam o ânimo, aquietam as excitaçõesdo temperamento e obrigam a ser cada dia mais cons-ciente da própria responsabilidade moral.

NO SOCIAL

A Logosofia sempre sustentou e sustenta quetodo processo de melhoramento social haverá de

fracassar, inevitavelmente, se antes não se encara oproblema do indivíduo, isto é, se este não é formadosobre a base de uma disciplina interna que o eduquepsicologicamente no sentido de prestar serviços àsociedade sem ser absorvido por ela, evitando assim o

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truncamento de sua independência de juízo, con-cretizada em sua liberdade moral e espiritual. Ohomem-massa – bem o sabemos – é um ser anulado,que deve obedecer cegamente às diretrizes de suaagremiação ou sindicato, que por sua vez obedecem,como se vê em todas as partes, a diretrizes políticas.Emtais condições, como pode melhorar a situação dessamassa de homens apegados a rígidos comandos, seindividualmente eles não têm perspectiva alguma demelhoramento? Sua única esperança está voltada parao que a massa conquiste, mais por força de violênciasdo que pelo esforço regulador da produção. É que omelhoramento indiscriminado de todos os que inte-gram a massa desalenta os capazes, os empenhados queanseiam lavrar para si um porvir. E é natural que onivelamento dos salários produza, instantaneamente,uma quebra no trabalho consciente dos melhores,incidindo esse fato no maior custo da mão-de-obra,que aumenta em conseqüência das reivindicações tra-balhistas, através das quais se pensa, com ilusão, escapardo inferno da inflação.

Confrontem-se, agora, os resultados obtidos comesta nova cultura.A Logosofia começa por levar

o homem à conquista de sua própria liberdade e inde-pendência. Como? Fortalecendo os pontos débeis desua psicologia, fazendo-o compreender que dentrodele existem recursos mais que suficientes para aumen-tar seus ganhos e diminuir seus gastos. É certo que oindivíduo pode confiar em suas forças e em sua capaci-dade quando se propõe valorizar a moeda depreciada,buscando em atividades extras, ou em aperfeiçoamen-tos técnicos, o incremento de seus salários, mas éinteressante saber que tudo isso pode ser em alto graufacilitado mediante a realização do processo de

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evolução – de cujos resultados estamos nos ocupandoextensamente –, pois, por esse meio, serão encontradasas soluções apropriadas para dar à vida a amplitudenecessária, o que jamais seria alcançado com osaumentos coletivos que os homens-massa conseguemapós árduas lutas, enquanto continuam como presas donúmero, que lhes absorve a individualidade.

Quando o ser humano desfruta as prerrogativasde sua liberdade e é consciente disso, sente-se

firmemente inclinado a estender esse benefício a seussemelhantes.A Logosofia, entre tantas outras coisas, lheensina isto, razão pela qual os bens morais, espirituais eeconômicos que representam essa conquista são esten-didos e oferecidos a cada um dos integrantes da massaanônima, para serem compartilhados, com o objetivode que, por sua vez, eles recuperem a independência ea liberdade perdidas. Poder-se-á objetar que os resulta-dos dependem de um lento processo. Estamos deacordo; mas ninguém ousará desconhecer que, por essemeio, se avança para a conquista efetiva e real de umfuturo promissor para o homem, enquanto que, pelooutro, se anda em sentido contrário.As conquistas so-ciais são tão efêmeras que os trabalhadores se vêemobrigados a lutar sem tréguas, sempre pelas mesmasrazões, sem alcançar com seus triunfos um equilíbrioestável em seus orçamentos. Ao contrário, o homemque se instrui com nossos conhecimentos e com-preende que nele reside o meio de obter as melhoriasque antes esperou da ação coletiva de suas agremiações,não perde mais tempo nisso, e logo supera sua situação,sentindo-se, de repente, como se vivesse em outromundo. Em realidade é assim, porquanto já não vivenaquele mundo de angústias, de nervosismo e deesperanças frustradas. Agora, só confia em suas forças,

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adestradas na capacitação consciente de seus recursosinternos. De operário, converte-se em patrão de simesmo. É ele quem aumenta seu próprio salário,através do esforço particular, com vistas à sua eman-cipação integral.

No dia em que se propague esta compreensãobásica do que cada homem pode fazer em seu

benefício, veremos como o exemplo ganhará a adesãode todos, e como os problemas sociais, hoje insolúveis,desaparecerão como tais. Haver-se-á conquistado,então, algo mais que soluções passageiras; haver-se-áconquistado a verdadeira paz social, aquela que todohomem deve primeiro alcançar individualmente, paradepois estendê-la ao conjunto. Pretender o contrário épermitir um engano que impedirá toda solução estável.

A ciência logosófica difere de forma absoluta dosdiversos sistemas filosóficos, reservados para aque-

les que se aventuram a adicioná-los a seus acervospessoais, como meio de se manterem em dia com osproblemas neles suscitados. A Logosofia não suscitaproblemas, mas sim os resolve individualmente,porque cada homem é uma entidade individual quenecessita resolver seus próprios problemas, pondo-seassim em condições de ajudar outros a resolver, por simesmos, os problemas que enfrentam. Isso significa queas fontes da Logosofia estão ao alcance de todos, já quesua poderosa influência benéfica se estende através dagenerosidade que desenvolve naqueles que cultivam seuensinamento. Isso porque os conhecimentos logosóficosagem – como já dissemos – no ser interno, saneando asdeficiências humanas; assim, o altruísmo logo ocupa umlugar proeminente no cultor desta ciência, desterrandopara sempre o egoísmo, falha psicológica que, por si só,

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basta para malograr toda perspectiva de melhoramentoindividual e coletivo.

A ciência logosófica também difere fundamental-mente de todas as ideologias e concepções

políticas, por se acharem estas, sem exceção, baseadas nodomínio oculto ou declarado das massas humanas.Nenhuma delas se preocupou em facilitar ao cidadão odesenvolvimento de sua integridade individual, nem lheensinou a bastar a si mesmo nos atos de sua vida e a serverdadeiramente consciente de sua responsabilidadecomo membro da sociedade ou grupo social de que fazparte, sem perder, contudo, sua fisionomia própria, sualiberdade e independência. Em síntese, a Logosofia estádemonstrando que só se poderão alcançar resultadospositivos partindo do melhoramento do indivíduo parair à sociedade, em lugar de proceder em sentido inverso.

NO ECONÔMICO

É bom deixar bem ressaltado que muitas pessoas,quando começam o processo logosófico de evo-

lução consciente, apresentam em seu aspecto econômicoum quadro mental totalmente indefinido. Na realidade,além de não estarem satisfeitas com o que possuem, emmuitos casos constitui uma obsessão para elas o aumen-to de suas rendas. O que não se pensa é que antes sedeve aumentar a capacidade mental, para dispor comacerto do que se tem e de tudo quanto se acrescenteao patrimônio individual. Não sendo assim, logo o di-nheiro se converte em tirano, e quem o possui, emescravo do seu poder alucinante,que o faz viver em per-manente intranqüilidade e constante desassossego.

O logósofo, logo que passa a encontrar o maior

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incentivo de sua vida na atenção a seu processo deevolução consciente, que lhe oferece a magnífica opor-tunidade de abastecer seu ser interno com os valiososconhecimentos da sabedoria logosófica, ajusta sua con-duta e seus afazeres a uma finalidade superior, quesubstitui os objetivos mesquinhos de sua ambição ante-rior. Como resultado, o campo de suas atividadescorrentes, antes restrito, se renova e amplia, conseguin-do com muito menos trabalho rendimentos que nãohavia suspeitado. É que entra em jogo um fator muitoimportante: as mudanças verificadas em sua psicologiae a superação de sua conduta, que influem decidida-mente em seu favor. Ao inspirar maior confiança,abre-se, de fato, um crédito moral que lhe é outorgadoimplicitamente pelos seres com os quais mantém vin-culações de ordem econômica, seja no comércio, naindústria, nos bancos, seja na profissão que exerce. Poroutro lado, tem-se podido comprovar que, antes detomarem contato com a Logosofia, as pessoas em geralgastam muito dinheiro em coisas supérfluas, incitadas aisso por irrefletidas razões de ordem pessoal. Comfreqüência, esbanja-se dinheiro na satisfação de neces-sidades pueris, em obrigações de caráter socialintempestivamente criadas, ultrapassando-se os limitesda prudência quando se trata de satisfazer caprichos ouproporcionar diversões a si mesmo.

Quando o homem se organiza de outro modo,quando avalia devidamente os novos valores que

faz ingressar em suas arcas mentais e encontra, na tare-fa de sua evolução, um gratíssimo prazer que supera oscomuns, de fato se produz uma contenção nos gastossupérfluos.A poupança é, pois, automática. E esse nãose constitui no único resultado no aspecto da econo-mia individual; a ampliação gradual do campo das

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atividades permite, sem muito esforço, como já disse-mos, aumentar o rendimento em tudo quanto se faz.Naturalmente, os que se beneficiam com a assistênciado saber logosófico jamais esquecem essa circunstância;é então quando, estimulados pela própria consciência,oferecem sua colaboração à obra que a FundaçãoLogosófica realiza, favorecendo seu desenvolvimento.Atua-se, assim, em cumprimento da lei universal decorrespondência, que a Logosofia deu a conhecer entreoutras não menos fundamentais, e concretiza-se tam-bém outro dos resultados obtidos por aqueles queconsagram uma parte de seu tempo ao cultivo dosconhecimentos logosóficos.

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NOS INDIVÍDUOSDE TEMPERAMENTO NERVOSO

A superexcitação dos nervos obedece, na maio-ria dos casos, ao descontrole mental, mas

também se manifesta pelo arraigamento de certasdeficiências psicológicas, as quais deverão ser objetode constante e enérgica repressão por parte de quemexperimenta seus nocivos efeitos. O controle mentalprescrito por nosso ensinamento, bem como o fato deser cada vez menos influente a força das deficiências,para cuja erradicação tão eficazmente ele contribui,produzem um apaziguamento gradual nos nervos. Poroutra parte, temos podido comprovar que aLogosofia, ao encher de estímulos a quem cultivanossa ciência, age como bálsamo sobre o sistema ner-voso, que deixa de constituir um fator de perturbaçãoe se converte em fonte de energias que levantam oânimo e enchem de felicidade.

NOS LIMITADOS PELA TIMIDEZ

O adestramento mental promovido pelo estudoe prática do ensinamento logosófico desconges-

tiona essa zona mental em crise. Desaparecegradualmente a inibição no ser, ao constatar que é tãocapaz como os demais de expor o que pensa e de sus-tentá-lo com inteligente prudência, sem experimentar

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EFEITOS DA LOGOSOFIA SOBRE

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o temor que antes o coibia. Recuperada a confiançaem si mesmo, e já livre dessa incômoda opressão, notaque vai conquistando, pouco a pouco, um lugarrespeitável nos ambientes onde atua. Sua palavra, longede ser ignorada, suscita interesse e é levada em conta.Desse modo, o complexo de inferioridade fica ven-cido, o que permite ao ser desempenhar comdesembaraço todas as suas atividades.

NOS AMARGURADOS E CÉTICOS

Desde o começo da obra de superação que o servai realizando dentro de si, seu otimismo

reverdece ao vislumbrar uma saída feliz para o cerco deseu abatimento. Nem bem sua consciência despertapara as realidades que o saber logosófico lhe revela,aflora nele um sadio entusiasmo, que o faz desfrutar avida de outro modo, ao projetar-se para um futuroluminoso que paciente e inteligentemente vaialcançando. O conhecimento progressivo das possibili-dades de sua inteligência, antes ignoradas por ele,incita-o a realizar a proeza de sua emancipação morale espiritual, com a alegria de um verdadeiro despertar.Da apatia consentida passa a um interesse crescente emaprender tudo quanto se relaciona com a psicologiaprópria. Cada pequeno descobrimento o firma nanecessidade de avançar nessa extraordinária inves-tigação. Aumenta assim sua dedicação e, emconseqüência, a alegria que caracteriza a obtenção deum benefício. Logo se familiariza com a linguagemlogosófica, como passo indispensável para aplicar comeficácia a técnica de aperfeiçoar, mediante um cons-tante adestramento, o mecanismo dos sistemas mental,sensível e instintivo, por serem os que preponderam noquadro psicológico das perspectivas humanas.

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A amargura é então substituída pelo doce prazerque acompanha toda ação construtiva, especial-

mente se essa ação vai dirigida para o ser interno, comvistas a estabelecer um ritmo de atividade que satis-faça plenamente as aspirações do próprio espírito. Éuma sensação muito similar à que experimenta quemrecupera sua saúde, após ter padecido uma doençaque acreditava incurável. Agora, é o otimismo queimpera nele, fazendo com que experimente um bem-estar inestimável, que fortalece suas energias e lhepermite iniciar com êxito novas atividades, ou aper-feiçoar as habituais.

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Como se terá podido apreciar, a finalidade desteCURSO DE INICIAÇÃO LOGOSÓFICA foi a depermitir ao leitor uma compenetração mais ampla emetódica do saber logosófico. Por outra parte, sua cria-ção responde ao propósito de oferecê-lo aos que seiniciam no cultivo destes conhecimentos, para orien-tar seus passos no grande caminho que estamosconstruindo em prol do aperfeiçoamento humano;caminho pelo qual hão de marchar, sem dúvida, asgerações de hoje e de amanhã, livres de todos aquelespreconceitos e temores que travam os pés do cami-nhante, entorpecendo-lhe os passos e condenando-o aum obscuro anonimato.Este CURSO DE INICIAÇÃO LOGOSÓFICA nãosó favorece a assimilação dos novos conceitos, comotambém ilumina as primeiras etapas do processo deevolução consciente, dando acesso ao conhecimentode si mesmo, do mundo transcendente, das leis univer-sais, da Criação e de Deus.Ao lê-lo, ter-se-á idéia da importância que assume aprática do que se aprende nas diferentes fases de seusestudos. Isso permite verificar a verdade que cadaensinamento logosófico encerra; e já é um fatocomprovado o grande estímulo que essa verificaçãorepresenta. Quanto mais é repetida, tanto mais serobustece a vontade para efetuar ensaios de maiorcomplexidade e obter resultados que ultrapassem osanteriores.

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FINALIDADE DESTE CURSO

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O emprego adequado de nosso ensinamento permiterealizar oportunas observações sobre a originalidadedo método logosófico, a fecundidade de sua sementee a qualidade de seus frutos. Por conseguinte, os va-lores e vantagens desta nova e promissora ciênciaintegral do espírito formam parte do haver conscientedo logósofo, razão pela qual assumem nele a hierarquiade convicções.Com isso queremos dizer que quem emprega os co-nhecimentos logosóficos para o fim superior de seuaperfeiçoamento, começa por desterrar toda fé que nãoseja a que deve a si mesmo, restituindo à sua alma suaprópria confiança ou fé, da qual jamais deveria desfa-zer-se para entregá-la, ingênua e docilmente, aestranhos absolutismos.

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REALIDADES ESSENCIAIS ...............................................

Ante a situação crítica do momento .......................

Devem ser salvas as reservas morais

e espirituais da humanidade . .....................................

Tudo deve ser renovado, até alcançar

o aperfeiçoamento mais satisfatório ........................

DIDÁTICA DO MÉTODO LOGOSÓFICO . .........................

Como se estuda e como

se pratica a Logosofia . ...............................................

A. Estudo e prática no individual . ...........................

Que estudos devem ser realizados

antes e quais depois . ....................................................

B. Estudo e prática no coletivo . ..............................

Necessidade de uma familiarização

efetiva com o ensinamento . ........................................

Atividade individual

que completa o estudo . ...............................................

É inoperante memorizar

o ensinamento . .............................................................

É necessário experimentar o que se

estuda e estudar o que se experimenta . ....................

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S U M Á R I O

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Controle consciente

das experiências pessoais .............................................

Em que o estudo logosófico

difere do comum ...........................................................

Indicações para praticar

a vida consciente . ........................................................

Diretrizes para assimilar o

conhecimento logosófico . .........................................

Processo de assimilação

do ensinamento . ...........................................................

Ensinamento preliminar

sobre aproveitamento do tempo .................................

REFLEXÕES QUE CONVIDAM À REVISÃO DE CERTOS CONCEITOS . ................................

Crer e saber ..................................................................

Preconceitos . ...............................................................

FORMAÇÃO CONSCIENTE DA INDIVIDUALIDADE . ...................................................

PRONUNCIAMENTO LOGOSÓFICOSOBRE AS DEFESAS MENTAIS DO HOMEM . ...................................................................

ALGO SOBRE A VERDADE E O ERRO . .......................................................................

A LOGOSOFIA ILUMINA O CAMPO DA PSICOLOGIA . ................................................

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Inoperância dos métodos

adotados pela Psicologia

no meio universitário . ................................................

Resultados práticos e convincentes

que o universitário obtém da Logosofia . ................

A LOGOSOFIA TRANSFORMA E ENRIQUECE A VIDA . ....................................................

Câmbios no pensar e no sentir ...................................

RESULTADOS DA REALIZAÇÃO LOGOSÓFICA NOS ASPECTOS MAIS PROEMINENTES DA VIDA HUMANA . .........................................................

No individual . ..............................................................

No psicológico . ...........................................................

No moral .......................................................................

No espiritual . ...............................................................

Na família . ....................................................................

No social . .....................................................................

No econômico . .............................................................

EFEITOS DA LOGOSOFIA SOBRE O TEMPERAMENTO HUMANO .......................................

Nos indivíduos de

temperamento nervoso . ...............................................

Nos limitados pela timidez .........................................

Nos amargurados e céticos ........................................

FINALIDADE DESTE CURSO ............................................

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representantes regionais

Belo HorizonteRua Piauí, 742 - Funcionários30150-320 - Belo Horizonte - MGFone (31) 3273 1717

BrasíliaSHCG/NORTE - Quadra 704 - Área de Escolas70730 730 - Brasília - DFFone (61) 3326 4205

ChapecóRua Clevelândia, 1389 D - Saic89802-411 - Chapecó - SCFone (49) 3322 5514

CuritibaRua Almirante Gonçalves, 2081 - Rebouças80250-150 - Curitiba - PRFone (41) 3332 2814

FlorianópolisRua Deputado Antonio Edu Vieira, 150 - B. Pantanal88040-000 - Florianópolis - SCFone (48) 3333 6897

GoiâniaAv. São João, 311 - Q 13 Lote 23 E - B. Alto da Glória74815-280 - Goiânia - GOFone (62) 3281 9413

Rio de JaneiroRua General Polidoro, 36 - B. Botafogo22280-001 - Rio de Janeiro - RJFone (21) 2543 1138

São PauloRua Gal. Chagas Santos, 590 - Saúde04146-051 - São Paulo - SPFone (11) 5584 6648

UberlândiaRua Alexandre de Oliveira Marquez, 113 - B. Vigilato Pereira38400-256 - Uberlândia - MGFone (34) 3237 1130