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Pode-se dizer que num sistema econômico existem dois fluxos: o primeiro é o fluxo de produto , formado pelos bens e serviços produzidos no sistema econômico, que também recebe o nome de fluxo real ; o segundo é o fluxo de renda, ou fluxo monetário , formado pelo pagamento que os fatores de produção recebem durante o processo produtivo, também chamado de fluxo nominal . Esses dois fluxos têm um significado muito importante para a teoria econômica. O fluxo de produto, formado por bens e serviços produzidos, constitui a oferta da economia, ou seja, tudo aquilo que tiver sido produzido e estiver à disposição dos consumidores. O fluxo de renda, formado pelo total da remuneração dos fatores produtivos, constitui o montante de que as pessoas dispõem para satisfazer às suas necessidades e desejos. Esse fluxo confunde-se, em geral, com a despesa que os agentes realizam, representando a demanda , ou a procura , da economia. Portanto, temos a seguinte igualdade: Produto = renda = despesa . A oferta e a procura são as duas funções mais importantes de um sistema econômico. Essas duas funções formam o mercado em que as pessoas que querem vender se encontram com as pessoas que querem comprar. Conceito de PIB O PIB - Produto Interno Bruto corresponde ao valor do output final total de todos os bens (produtos e serviços) produzidos internamente numa economia ao longo de um determinado período de tempo (geralmente um ano). O termo "Interno" descreve a medida como uma que contabiliza o output produzido por residentes e não residentes na economia quando não se contabiliza a afetação de claims domésticas e estrangeiras. O termo "Bruto" significa que o valor da depreciação (ou "desgaste") do capital (instalações, equipamentos, etc.) utilizado na produção não foi deduzido do valor do output final. PIBpm vs. PIBcf: Pode-se distinguir o PIB a preços de mercado (PIBpm) e o PIB a custos de fatores (PIBcf). A distinção entre estes é que o PIBpm inclui o valor dos impostos indirectos e subsídios enquanto que o PIBcf não os inclui. PIB potencial e PIB real: Outra distinção que pode ser efetuada é entre o PIB potencial e o PIB real. No caso do PIB potencial, este representa o valor que uma economia conseguiria produzir num determinado período de tempo (geralmente um ano) se todos os recursos disponíveis nessa mesma economia fossem utilizados de forma plena e eficiente. Quanto ao PIB real, este representa o valor do output que efectivamente é produzido. A diferença entre os dois ocorre sempre que existe ineficiência na utilização dos recursos e/ou quando estes não são utilizados na sua totalidade (i.e, quado existe desemprego de fatores produtivos). Produto interno bruto O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer seja, países , estados , cidades ), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região. Na contagem do PIB, considera-se apenas bens e serviços finais, excluindo da conta todos os bens de consumo de intermediário (insumos ). Isso é feito com o intuito de evitar o problema da dupla contagem, quando valores gerados na MACROECONOMIA AUDITOR GDF PROF. KLEBER 1

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Pode-se dizer que num sistema econômico existem dois fluxos: o primeiro é o fluxo de produto, formado pelos bens e serviços produzidos no sistema econômico, que também recebe o nome de fluxo real; o segundo é o fluxo de renda, ou fluxo monetário, formado pelo pagamento que os fatores de produção recebem durante o processo produtivo, também chamado de fluxo nominal.

Esses dois fluxos têm um significado muito importante para a teoria econômica. O fluxo de produto, formado por bens e serviços produzidos, constitui a oferta da economia, ou seja, tudo aquilo que tiver sido produzido e estiver à disposição dos consumidores. O fluxo de renda, formado pelo total da remuneração dos fatores produtivos, constitui o montante de que as pessoas dispõem para satisfazer às suas necessidades e desejos. Esse fluxo confunde-se, em geral, com a despesa que os agentes realizam, representando a demanda, ou a procura, da economia. Portanto, temos a seguinte igualdade: Produto = renda = despesa.

A oferta e a procura são as duas funções mais importantes de um sistema econômico. Essas duas funções formam o mercado em que as pessoas que querem vender se encontram com as pessoas que querem comprar.

Conceito de PIB

O PIB - Produto Interno Bruto corresponde ao valor do output final total de todos os bens (produtos e serviços) produzidos internamente numa economia ao longo de um determinado período de tempo (geralmente um ano). O termo "Interno" descreve a medida como uma que contabiliza o output produzido por residentes e não residentes na economia quando não se contabiliza a afetação de claims domésticas e estrangeiras. O termo "Bruto" significa que o valor da depreciação (ou "desgaste") do capital (instalações, equipamentos, etc.) utilizado na produção não foi deduzido do valor do output final.

 PIBpm vs. PIBcf:

Pode-se distinguir o PIB a preços de mercado (PIBpm) e o PIB a custos de fatores (PIBcf). A distinção entre estes é que o PIBpm inclui o valor dos impostos indirectos e subsídios enquanto que o PIBcf não os inclui.

 PIB potencial e PIB real:

Outra distinção que pode ser efetuada é entre o PIB potencial e o PIB real. No caso do PIB potencial, este representa o valor que uma economia conseguiria produzir num determinado período de tempo (geralmente um ano) se todos os recursos disponíveis nessa mesma economia fossem utilizados de forma plena e eficiente. Quanto ao PIB real, este

representa o valor do output que efectivamente é produzido. A diferença entre os dois ocorre sempre que existe ineficiência na utilização dos recursos e/ou quando estes não são utilizados na sua totalidade (i.e, quado existe desemprego de fatores produtivos).

Produto interno bruto

O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer seja, países, estados, cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região. Na contagem do PIB, considera-se apenas bens e serviços finais, excluindo da conta todos os bens de consumo de intermediário (insumos). Isso é feito com o intuito de evitar o problema da dupla contagem, quando valores gerados na cadeia de produção aparecem contados duas vezes na soma do PIB.

PIB nominal e PIB real

Quando se procura comparar ou analisar o comportamento do PIB de um país ao longo do tempo, é preciso diferenciar o PIB nominal do PIB real. O primeiro diz respeito ao valor do PIB calculado a preços correntes, já o segundo é calculado a preços constantes. Para avaliações mais consistentes, o mais indicado é o uso de seu valor real, que leva em conta apenas as variações nas quantidades produzidas dos bens, e não nas alterações de seus preços de mercado. Para isso, faz-se uso de um deflator (normalmente um índice de preços) que isola o crescimento real do produto daquele que se deu artificialmente devido ao aumento dos preços da economia.

PIB e PILA diferença entre o produto interno bruto (PIB) e o produto interno líquido (PIL) traduz-se no valor das depreciações. Ao contrário do PIB, o PIL tem em conta o valor da depreciação do capital.

PIL = PIB - depreciações

Fórmula para cálculos do PIB

A fórmula clássica para expressar o PIB de uma região é a seguinte:

MACROECONOMIA

AUDITOR GDF

PROF. KLEBER

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Onde, C é o consumo privado I é o total de investimentos

realizados G representa gastos governamentais X é o volume de exportações M é o volume de importações

Tendo I igual à formação bruta de capital fixo (FBCF) mais a variação nos estoques (∆EST), temos:

PIB e PNB (produto nacional bruto)

O PIB difere do produto nacional bruto (PNB) basicamente pela renda líquida enviada ao exterior (RLEE): ela é desconsiderada no cálculo do PIB, e considerada no cálculo do PNB, inclusive porque o PNB é gerado a partir da soma do PIB mais entradas e saídas de capital. Esta renda representa a diferença entre recursos enviados ao exterior (pagamento de fatores de produção internacionais alocados no país) e os recursos recebidos do exterior a partir de fatores de produção que, sendo do país considerado, encontram-se em atividade em outros países. Assim (e simplificadamente), caso um país possua empresas atuando em outros países, mas proíba a instalação de transnacionais no seu território, terá uma renda líquida enviada ao exterior negativa. Pela fórmula:

PNB = PIB - RLEE

O país exemplificado terá um PNB maior que o PIB. No caso brasileiro, o PNB é menor que o PIB, uma vez que a RLEE é negativa (ou seja, envia-se mais recursos ao exterior do que se recebe).

PIB per capita

Os indicadores econômicos agregados (produto, renda, despesa) indicam os mesmos valores para a economia de forma absoluta. Dividindo-se esse valor pela população de um país, obtém-se um valor médio per capita:

O valor per capita foi o primeiro indicador utilizado para analisar a qualidade de vida em um país. Países podem ter um PIB elevado por serem grandes e terem muitos habitantes, mas seu PIB per capita pode resultar baixo, já que a renda total é dividida por muitas pessoas, como é o caso da Índia ou da China.

Países como a Noruega e a Dinamarca exibem um PIB moderado, mas que é suficiente para assegurar uma excelente qualidade de vida a seus poucos milhões de habitantes.

Atualmente usam-se outros índices - que revelam o perfil da distribuição de renda de um país (tais como o coeficiente de Gini ou mesmo índices desenvolvidos pela sociologia, como o Índice de Desenvolvimento Humano) - para se obter uma avaliação mais precisa do bem-estar econômico desfrutado por uma população.

FUNDAMENTOS DA ANÁLISE MACROECONÔMICA

CONTABILIDADE NACIONAL

RENDA E PRODUTO

A contabilidade social ou nacional que nos dá, em termos quantitativos, o desempenho global de uma economia. A contabilidade nacional se insere na moderna macroeconomia, que nos fornece os meios para a análise do conjunto da economia de uma sociedade.

A maneira encontrada para que se pudesse somar, ou agregar, a totalidade de bens e de serviços produzidos foi medi-los em termos monetários, ou seja, pelo preço. Isto porque todos os bens e serviços podem ser expressos em dinheiro, que é o preço que alcançam no mercado multiplicado pela quantidade produzida.

O produto de uma economia é a soma dos valores monetários dos bens e serviços voltados para o consumo final e produzidos em um determinado período.

A renda de uma economia é a soma da remuneração paga aos fatores da produção durante o processo produtivo.

A despesa consiste na análise do uso que os agentes fazem de sua renda. Os agentes podem gastar sua renda na aquisição de bens de consumo duráveis e não-duráveis, bens de capital, títulos do governo e moeda.

CONTABILIDADE NACIONAL é um método de mensuração e interpretação da atividade econômica realizada durante um determinado período.

OS PRINCIPAIS AGREGADOS MACROECONÔMICOS

O sistema econômico de que trataremos mantém relações com outros sistemas, isto é, com o resto do mundo, por meio da exportação e da importação de bens e serviços. Além disso, nesse sistema, a presença do setor público, o governo, é bastante importante. Com relação às empresas e aos proprietários dos fatores de produção, não é mais necessário que eles gastem toda sua renda em bens e serviços de consumo (essa parte da renda que não é consumida recebe o nome de poupança). Conseqüentemente, se toda a renda não é consumida, uma parte da produção das empresas não será vendida, o que possibilitará a formação de estoques nessa economia.

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)

O primeiro agregado é o Produto Interno Bruto (PIB), que corresponde ao conceito de produto da economia, ou seja, à soma dos valores monetários dos bens e dos serviços finais, produzidos a partir dos fatores de produção que estão dentro das fronteiras geográficas do país. O Estado participa de um sistema econômico por meio dos governos

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federal, estadual e municipal, desempenhando o papel de dois agentes econômicos: o de consumidor e o de produtor.

Alguns impostos, apesar de incidirem sobre a produção, são pagos pelos consumidores, pois são adicionados ao preço final do produto pelos fabricantes. Esse tipo de imposto, que é transferido do produtor para o consumidor, denomina-se imposto indireto. Por outro lado, o setor público muitas vezes tem interesse em que determinados produtos tenham um preço mais baixo para o consumidor final e concede às empresas que os produzem os chamados subsídios, que são estímulos que visam diminuir o custo de produção de um bem ou de um serviço.

Considerando a presença do Estado nas atividades econômicas, há duas maneiras de medir o Produto Interno Bruto de uma economia:* Produto Interno Bruto a preços de mercado: é a soma dos valores monetários dos bens e serviços produzidos, computando-se os impostos indiretos e subtraindo-se os subsídios.* Produto Interno Bruto a custo de fatores: é a soma dos valores monetários dos bens e serviços produzidos, subtraindo-se os impostos indiretos e somando-se os subsídios.

Como exemplo, imaginemos um país onde haja as quatro entidades: os consumidores, as empresas, o governo e o resto do mundo. Consideremos que no período de 1 ano esse país tenha apresentado um Produto Interno Bruto a preços de mercado (PIBpm) de 250 bilhões. Os impostos indiretos, no mesmo período, somam 50 bilhões e os subsídios, 40 bilhões. A partir desses dados, podemos obter o Produto Interno Bruto a custo de fatores (PIBcf), que é igual a 240 bilhões. Em resumo: 250 bilhões (Produto Interno Bruto a preços de mercado) - 50 bilhões (Impostos indiretos) + 40 bilhões (Subsídios) ------------------------------------------------------------------------------------------- 240 bilhões (Produto Interno Bruto a custo de fatores)

* Produto Interno Líquido (PIL)Se subtrairmos do Produto Interno Bruto a

custo de fatores a parcela correspondente à depreciação, obteremos o Produto Interno Líquido (PIL) a custo de fatores, ou Renda Líquida. 240 bilhões (Produto Interno Bruto a custo de fatores) - 50 bilhões (Depreciação) ------------------------------------------------------------------------------------------ 190 bilhões (Produto Interno Líquido a custo de fatores ou Renda Líquida)

* Produto Nacional Líquido (PNL)Quando uma grande empresa abre uma filial

em outro país, ela desloca parte de seu capital para esse país, pois está adquirindo instalações, equipamentos etc. No entanto, a renda gerada por esse investimento em outro país acaba retornando, pelo menos em parte, ao país de origem, onde estão os proprietários do capital de produção. O saldo líquido dessa entrada e saída de recursos é chamada de renda líquida recebida do exterior (RLRE).

Produto Nacional Líquido a custo de fatores (PNLcf) ou Renda Nacional Líquida a custo de fatores

(RNLcf), também denominada Renda Nacional (RN), ou seja, PNLcf = PILcf – RLRE.

* Renda Pessoal (RP) Se subtrairmos da Renda Nacional os

lucros retidos pelas empresas, os impostos diretos das empresas (Imposto de renda) e as contribuições feitas à previdência social e somarmos as transferências do governo, ou seja, as despesas do governo com inativos, pensionistas, salário-família e outros benefícios pagos pela previdência social mais os juros pagos, teremos a Renda Pessoal (RP).

* Renda Pessoal Disponível (RPD)Se subtrairmos da renda pessoal os

impostos pagos pelas pessoas, ou seja, o imposto de renda, chegaremos ao conceito de Renda Pessoal Disponível (RPD), que é a quantia que permanece em poder das pessoas para ser consumida ou poupada. 170 bilhões (Renda Pessoal) - 30 bilhões (IR pago pelas pessoas) ------------------------------------------------------------------------------------------------ 140 bilhões (Renda Pessoal Disponível (RPD))

Contabilidade Nacional

Produto = bens finais + serviços finais

Renda = fatores de produção = terra, capital (juros e lucros), e trabalho.

Produto = Renda

Terminologia

Produto Líquido = Produto Bruto - Depreciação

Produto Interno = Produto Nacional - Renda Bruta Recebida do Exterior + Renda Bruta Enviada ao Exterior

ou

Produto Interno = Produto Nacional - Renda Líquida Enviada ao Exterior, onde:

Renda Líquida Enviada ao Exterior = Renda Bruta Enviada ao Exterior - Renda Bruta Recebida do Exterior

Produto a Custo de Fatores = Produto a Preços de Mercado - Impostos Indiretos + Subsídios

Em suma, o produto é classificado como (Líquido | Bruto), (Interno, Nacional) e (Custo de Fatores | Preços de Mercado).

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CONSUMO E POUPANÇA

COMPONENTES DO CONSUMO

Como foi visto anteriormente, o último agregado macroeconômico e a renda pessoal disponível, ou seja, aquele montante que as pessoas têm a seu dispor para consumir ou poupar. Uma parte será utilizada na aquisição de bens e serviços de consumo, montante que denominaremos consumo.

O primeiro componente é formado pelos bens não-duráveis de consumo, como alimentos e roupas, cuja vida útil é curta. O segundo componente é denominado serviços de consumo, e compreende as despesas feitas com aluguel, médicos, barbeiro, cinemas, transporte etc. O terceiro e último componente do consumo corresponde aos bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos em geral, automóveis etc. , cuja característica é ter vida útil muito maior do que os bens não-duráveis de consumo.

A outra parte corresponde à poupança realizada pelos agentes. Esse montante de recursos pode ser repassado ao sistema financeiro, que deverá repassá-lo para as empresas financiarem seus projetos de investimentos, ou para outros agentes deficitários.

POUPANÇA E INVESTIMENTO

Poupança é a diferença entre a renda e o consumo das pessoas, podendo ser representada pela equação:S = Y + C Y = renda ( em inglês, yield) C = consumo

Essa equação pode ser reescrita da seguinte forma:Y = C + S

Significando que a renda é composta pelo consumo e pela poupança.

Entretanto, o que acontece se as pessoas poupam uma parte de sua renda e não a gastam integralmente em consumo ? Naturalmente, uma parte do produto, isto é, dos bens e serviços produzidos, não será vendida, havendo uma variação, num determinado período, nos estoques do sistema econômico. Como o estoque de uma economia é formado pelos bens que não tiverem sido vendidos no período em que foram produzidos, mais o estoque no início do período, menos a depreciação do estoque existente em operação, somos levados a considerar que a variação de estoques por período é igual à poupança no mesmo período. Do ponto de vista do lado do sistema econômico, a formação de estoque significa investimento. Portanto, podemos dizer que a poupança é igual ao investimento, no mesmo período. Isso nos leva à igualdade fundamental da macroeconomia, dada por: S = I em que: S = Poupança I = Investimento

* O consumo do sistema econômico é a soma das despesas de consumo realizadas por todas as pessoas, por período de tempo;* A soma das poupanças das pessoas é igual à poupança do sistema econômico;* A poupança da economia é igual ao investimento, que é formado pela variação nos estoques e pelos gastos dos empresários para aumentar a capacidade produtiva da economia.

Modelo Keynesiano Simples

Escola keynesiana Há ainda os regimes que chamamos de mistos, como o crowling peg (câmbio deslizante), e o mais usado por todas as autoridades monetárias mundiais (inclusive Brasil) o dirty float (flutuação suja) que o governo interfere (através de seu respectivo Banco Central) toda a vez que a taxa de câmbio está em um patamar não desejável para a política macro-ecônomica do país.

Modelo Keynesiano Generalizado ou Modelo IS-LM

A análise IS-LM procura sintetizar, em um só esquema gráfico, muitas situações da política econômica, por meio de duas curvas: As curvas IS e LM. O esquema IS-LM resume os pontos de equilíbrio conjunto do lado monetário e do lado real da economia, entre a taxa de juros e o nível de renda nacional.

Curva IS:

A curva IS é o conjunto de combinações de i (taxa de juros) e y (renda) que equilibram o mercado de bens e serviços.

Curva LM:

A curva LM é o conjunto de combinações de i (taxa de juros) e y (renda) que equilibram o mercado monetário (oferta por moeda igual a demanda por moeda) e o mercado de títulos, ou seja, as combinações de taxas de juros e níveis de renda que tornam iguais a demanda por moeda e a oferta de moeda.

que qualquer superávit em transações correntes deve corresponder a um déficit em alguma das outras contas.

As transações internacionais de ativos controladas pelos bancos centrais são incluídas na conta financeira.SETOR PÚBLICODívida líquida - somatório do endividamento dos governos federal (inclusive Banco Central), estadual e municipal e por suas empresas junto ao sistema financeiro (público e privado), ao setor privado não financeiro e o resto do mundo, descontados os valores correspondentes aos créditos do governo.

Dívida PúblicaA dívida pública é composta pela dívida interna e externa. A dívida interna consiste no total de pessoas físicas e jurídicas residentes no próprio país. Sempre que as despesas do governo superam as receitas, há necessidade de cobrir o déficit. Para isso, as autoridades econômicas podem optar por três soluções: emissão de papel-moeda, aumento da carga tributária e lançamento de títulos. Já a dívida externa consiste no somatório dos débitos de um país, garantidos por seu governo, resultantes de empréstimos e financiamentos contraídos com

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residentes no exterior. Os débitos podem ter origem no próprio governo, em empresas estatais e em empresas privadas. No caso da dívida privada, ela ocorre com aval do governo para o fornecimento das divisas que servirão às amortizações e ao pagamento dos juros.

Déficit público

Os déficits orçamentários tendem a diminuir com o crescimento econômico. Os principais fatores que contribuem para que isso ocorra são:

a) Aumento da arrecadação: com o crescimento da produção e do emprego, ocorre um aumento da base tributável.

b) Melhoria na distribuição da renda: supondo que com o aumento do emprego haja melhorias no salário e na distribuição da renda, a pressão para aposentadorias e gastos sociais diminui.

Déficit externo

Os déficits na balança comercial tendem a aumentar com o crescimento econômico. Isto ocorre, principalmente devido aos seguintes fatores:

a) Aumento das importações: com o crescimento da economia, ocorre um aumento das importações de produtos complementares (bens intermediários e de capital) e, também, um aumento das importações de produtos concorrentes devido ao aumento dos preços domésticos.

b) Redução das exportações: por causa da perda de competitividade dos produtos domésticos com o aumento dos preços internos.

c) Modelo de substituição de importações: o Brasil saiu recentemente de um modelo que protegia a produção nacional e com forte intervenção do Estado. O modelo de desenvolvimento por substituição de importações possibilitou o aparecimento de setores ineficientes e impediu que a economia acompanhasse os padrões de produção e tecnológicos internacionais. Com a abertura da economia (no Brasil isto passou a ocorrer a partir do início da década de 90), um país anteriormente protegido, estaria mais propenso a ter déficits comerciais.

Distribuição da renda

Não há uma correlação nítida entre crescimento econômico e distribuição da renda. A sensação imediata é de que um maior crescimento econômico traz melhorias na distribuição da renda. Isto, no entanto, não é tão claro, havendo algumas forças que atuam nesta direção e outras em sentido contrário.

a) Aumento do emprego e do salário: possibilita melhorias na distribuição da renda porque mais pessoas participam do processo produtivo e o “bolo” a ser distribuído é maior.

b) Aumento da arrecadação de tributos: abre maiores possibilidades para que o governo faça gastos sociais.

c) Aumento da inflação: atinge mais fortemente as pessoas que não podem proteger seus recursos no sistema financeiro e que gastam boa parte da renda em consumo. É sabido que em um processo inflacionário, primeiro sobem os preços e depois os salários, reduzindo o poder de compra dos trabalhadores.

d) Aumento das importações e redução das exportações: ambos provocam uma redução do emprego dentro do país. No caso brasileiro, a redução das exportações tem um alto impacto sobre o emprego porque o país exporta, principalmente, produtos intensivos em trabalho.

e) Aumento da participação do lucro na renda: muitos estudos comprovam que a participação dos lucros na renda aumenta com o crescimento econômico. Este aspecto afeta direta e indiretamente a distribuição da renda. O efeito direto é uma piora na distribuição, já que o lucro é a fonte de renda das pessoas que tem mais dinheiro. O efeito indireto é favorável pois o lucro tende a estimular novos investimentos.

Modelo Keynesiano Básico

Os economistas dos séculos XVIII e XIX acreditavam que o nível de produtos não sofreria grandes alterações, e todos os fatores de produção estariam ocupados na produção de bens e serviços que formam a renda. Isto formaria o chamado estado de "pleno emprego" dos fatores de produção. Assim, acreditavam que toda renda distribuída no ato da produção se dirigiria ao mercado para adquirir bens e serviços. Apoiando-se na Lei de Say: "toda oferta cria sua própria demanda".

Keynes desenvolve sua teoria baseado no pressuposto de que é necessária a intervenção do estado na economia, pois o mercado, devido a vazamentos como a formação de estoques e redução de produção, não seria capaz de coordená-la.

Sua primeira suposição foi a existência de desemprego. Os antigos economistas acreditavam apenas no desemprego voluntário. Keynes, ao contrário, acreditava que a economia estaria funcionando abaixo de seu potencial, deixando assim uma capacidade ociosa.

Assim, considera a Oferta Agregada ( OA ) como o somatório da renda disponível na economia, enquanto chama de Oferta Potencial a máxima produção da economia com pleno-emprego dos fatores de produção. A Oferta Agregada Efetiva é aquela efetivamente colocada no mercado, o que pode ocorrer sem a plena utilização dos fatores de produção.

A Demanda Agregada seria o somatório do consumo total da economia com os investimentos, os gastos governamentais e as exportações, subtraindo-se as importações.

O que se vê é que o produto ou renda de equilíbrio

As Contas Nacionais do Brasilsistema este que se baseia em quatro contas, a saber:i. Conta 1 – Produto Interno Bruto (ou Conta da

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Produção);ii. Conta 2 – Renda Nacional Disponível Bruta (ou Contada Apropriação);iii.Conta 3 – Conta de Capital;iv. Conta 4 – Conta Transações Correntes com o Resto do Mundo.Existe, ainda, uma Conta 5 – que corresponde à Conta do Governo – mas que é apresentada à parte, denominada Conta Corrente das Administrações Públicas – e cujos lançamentos não têm contrapartida com as demais contas do Sistema de Contas Nacionais.Os lançamentos dos valores dessas contas seguem os preceitos contábeis das partidas dobradas que obedecem a dois princípios:i) em cada conta, o total de débitos deve ser igual ao total de créditos;ii) a todo crédito lançado em um conta corresponde um débito lançado em outra conta e vice-versa.Com essas considerações, apresentamos, a seguir, um modelo das Contas Nacionais utilizado no Brasil, tendo como referência as quatro Contas mencionadas acima, além da Conta do Governo, seguido de um comentário sucinto sobre cada Conta.Na Conta de Capital, são lançados do lado do débito as aplicações da economia na formação bruta de capital fixo (investimentos brutos) e nas variações de estoques (contabilmente considerados comoinvestimentos para as empresas); já do lado do crédito, são lançadas as fontes de financiamento daquelas aplicações, constituídas da poupançabruta da economia (valendo notar que esta é composta pela poupança bruta do setor privado - que é igual à poupança líquida do setor privadomais a depreciação - mais a poupança do Governo em conta corrente), mais a poupança externa – representada esta última pelo saldo emconta corrente do balanço de pagamentos.A conta corrente das Administrações PúblicasComentário: A Conta Corrente das Administrações Públicas é apresentada em separado, complementando as quatro contas anteriores, e nela são mostradas as transações correntes do governo.Do lado do débito, são lançados os itens de despesa do governo – traduzidas no consumo final (que é composto dos gastos correntes com pessoal e na compra de bens e serviços), além do subsídios concedidos pelo governo ao setor produtivo e aos consumidores, mais as transferências (sendo essas constituídas das pensões e aposentadorias pagas pelo INSS) e o pagamento de juros da dívida interna pública que, tecnicamente são também considerados como transferências do governoao setor privado. Note-se que nesta conta não aparecem as despesas de capital do governo que, na realidade são incluídas no item “formação bruta de capital fixo”, na Conta Produto Interno Bruto.Do lado do crédito, aparecem as receitas correntes do governo, aí incluídos os impostos indiretos e diretos e outras receitas correntes – valendo lembrar que as contribuições previdenciárias estão incluídas nessas últimas.O investimento bruto total e a poupança da economiaUm tópico que, recorrentemente, tem aparecido nas provas de Macroeconomia é a questão do investimento bruto2 versus a formação da poupança necessária para ao seu financiamento.O investimento total bruto da economia – que corresponde aos gastos totais da economia com bens de capital (máquinas, equipamentos, edificações,

construções de infraestrutura) assim se de compõe:i) Investimento bruto – que é constituído pelos investimentos do governo e do setor privado; e,ii) Variação de estoques.Investimento bruto X investimento líquidoO termo investimento bruto corresponde, em Economia, às compras de bens de capital novos pelas empresas e pelo governo, com o objetivo de ampliar ou melhorar a sua capacidade produtiva.Na Contabilidade nacional, o investimento bruto é chamado de “formação bruta de capital fixo”. Ocorre, no entanto, que uma parte dos bens de capital em uso na economia sofre desgaste físico no processo produtivo – o que representa uma perda ou decréscimo no valor do estoque de capital. A esse fenômeno se dá o nome de depreciação. Se retirarmos do investimento bruto o valor da depreciação, encontraremos o chamado investimento líquido – que representa o acréscimo líquido ocorrido no estoque de capital da economia no período considerado.Ou seja, Investimento bruto menos depreciação = investimento líquido Um exemplo: Suponha que a economia disponha de 20 máquinas no início do ano, sendo este, portanto, o seu estoque decapital naquele momento. Se, ao longo do ano, são produzidas e compradas cinco máquinas novas, mas duas das máquinas existentes no início do ano, de tanto serem usadas, se tornam imprestáveis para a produção e têm de ser substituídas por duas das máquinas novas, teremos a seguinte situação:O investimento bruto da economia foi de 5 máquinas novas, mas o investimento líquido foi de apenas 3 novas máquinas – que corresponde ao acréscimo de fato ocorrido no estoque de capital.A variação de estoques X o investimentoQuando a produção não é totalmente vendida no ano, ocorrem as chamadas variações positivas de estoques na economia. Esses bens que não foram vendidos, estarão certamente disponíveis para vendas no futuro mais ou menos breve. Mas, até que isso aconteça, essas variações de estoquesconstituem um aumento no patrimônio das empresas e, como tal, são consideradas como investimento da economia.Somando-se esta variação de estoques aos investimentos brutos, tem-se o chamado investimento total.A poupança da economiaE de onde vêem os recursos para financiar o investimento da economia? A resposta é muito simples: da poupança.Numa economia aberta e com governo, a poupança daeconomia vem de quatro fontes principais:i) poupança líquida do setor privado – que se compõe da poupança das famílias – que corresponde à parte da sua renda que elas não gastam e que geralmente é aplicada no mercado financeiro – e da poupança das empresas – que resulta dos lucros não-distribuídos;ii) depreciação3;

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iii) poupança do governo em conta corrente (Sg);iv) poupança externa (Se) – que corresponde àdiferença entre os recebimentos e os pagamentosefetuados pelo Resto do Mundo relativos às transações correntes.A soma da poupança líquida do setor privado com adepreciação é denominada de poupança bruta do setor privado(Sp).Por outro lado, a soma da poupança bruta do setor privado com a poupança do governo em conta corrente é denominada de poupança interna bruta ou simplesmente poupança interna.A identidade entre a poupança e o investimentoAs definições contidas no item anterior podem,contabilmente, ser resumidas no seguinte quadro – que poderíamos chamar de Conta Consolidada de Capital:Logo,Ip + Ig + Δest. = Sp + Sg + Se (1)Para simplificar, podemos incluir a variação de estoques no item“investimento privado” (Ip), assim:Ip + Ig = Sp + Sg + Se (2)Déficit públicoUma observação importante que deve ser feita é que a poupança do governo em conta corrente, registrada nas contas nacionais, é o resultado apenas da receita corrente do governo menos os seus gastos correntes (gastos de custeio, subsídios, transferências e pagamento de juros), não se computando os gastos com bens de capital, isto é, os gastos de investimento do governo.Para se apurar o déficit do governo – ou melhor, o déficit público (DP) - é necessário acrescentar as despesas de investimento do governo àqueles gastos correntes, deduzindo o total encontrado da receita corrente do governo. Ou, dito de outraforma:DP = Ig – Sg (3)E substituindo a equação (3) na equação (2) e mudando as variáveis de lado, pode-se ter:Ig – Sg = Sp + Se – IpOu,DP = (Sp – Ip) + Se (4).Pela equação (4), pode-se perceber que, pela ótica da Contabilidade Nacional, o déficit público é financiado pelo excesso da poupança bruta sobre o investimento privado e pela poupança externa, isto é, pela poupança do Resto do Mundo – que, como já foi dito, corresponde ao déficit do país no balanço de transações correntes.Carga TributáriaUm tema que tem sido objeto de discussões permanentes na sociedade é a questão do alto nível de impostos cobrados pelo governo, isto é, a carga tributária. Alguns afirmam que a carga tributária no Brasil é por demais elevada; outros afirmam exatamente o contrário.Obviamente, quando se diz que a carga tributária é elevada ou é baixa, deve-se ter em mente algum padrão de comparação. No caso, a comparação é com outros países. Mas, para que esta comparação seja feita, é necessário que todos os países usem o mesmo critério de cálculo, do contrário estaremos comparando laranjas com abacaxis. Assim, o que se tem feito é seguir os modelos aceitos pelas Nações Unidas no tocante aos critérios de medição das contas nacionais.Com relação à carga tributária, há dois conceitos: o de carga tributária bruta (CTB) e o de carga tributária

líquida (CTL). Para o cálculo desses dois conceitos, usam-se as seguintes fórmulas:CTB = Total de impostos PIBpmCTL = Total de impostos – transferências – subsídios PIBpmVale lembrar que no total dos impostos devem ser incluídos os impostos diretos e indiretos bem como as contribuições previdenciárias.No Brasil, de acordo com as estatísticas oficiais, a carga tributária (bruta e líquida) cresceu sistematicamente nas últimas três décadas, acentuando-se este crescimento mais ainda a partir do governo Fernando Henrique. As estatísticas indicam que, ao final de 2004, a carga tributária bruta atingiu algo como 38% do PIB – a mais alta entre todos os países em desenvolvimento e uma das maiores do mundo, equiparando-se à de países altamente desenvolvidos, como a Suécia e Noruega – países onde o retorno que a sociedade recebe do setor público – sob a forma de educação, saúde, lazer, transporte coletivo – é reconhecidamente elevado, nada comparado com o que ocorre em países como o Brasil onde serviço prestado pelo Governo à população está longe de ser satisfatório.______________________EXERCÍCIOS DE REVISÃO:I)Exercícios resolvidos:- Com base nos seguintes dados hipotéticos das contas nacionais, responda às questões de 1a 10:salários pagos pelas empresas privadas: 300salários pagos pelo governo: 110depreciação dos equipamentos 40juros: 100lucros totais: 400aluguéis: 150renda líquida enviada ao exterior: 50impostos diretos: 90impostos indiretos: 200subsídios: 50contribuições previdenciárias: 70lucros retidos: 150compras de bens e serviços pelo governo: 90formação bruta de capital fixo (FBKF): 120exportações: 180importações: 130gastos de consumo privado: 800transferências governamentais: 110transferências empresariais: 301. Os gastos de consumo do governo e sua poupança são, respectivamente:a) 90 e 10; b) 110 e 90; c) 200 e 10; d) 200 e 0; e) 10 e 5.Solução: (A solução dos exercícios de 1 a 5 pode ser encontrada no Quadro I, do texto):-Os gastos de consumo do governo são constituídos das despesas com pessoal mais ascompras de bens ou serviços, ou seja:110 + 90 = 200-Já a poupança do governo é obtida, deduzindo-se da arrecadação total (que é igual à soma dos impostos diretos + indiretos + contribuições previdenciárias + outras receitas correntes, se houver) menos as despesas correntes ( = gastos de consumo + transferências + subsídios), ou seja:Total de impostos: 90 + 200 + 70 = 360Despesas correntes: 200 + 110 + 50 = 360

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Logo, 360 – 360 = 0 >> ou seja, a poupança é zero.A resposta, portanto, é a letra d.2. O produto nacional bruto a preços de mercado é igual a:a) 1.200; b) 1.300; c) 1.100; d) 1.400; e) 1.500.Solução: No cálculo do PNBpm entram os impostos indiretos menos os subsídios (porque é a preços de mercado), + depreciação (porque é produto bruto) e menos a renda líquida enviada ao exterior (porque é nacional). Logo:PNBpm = PILcf + depreciação + impostos indiretos – subsídios + renda recebida do exterior – renda enviada ao exterior.O PILcf = S + A + J + L = 410 + 150 + 400 + 100 = 1.060PNBpm = 1060 + 40 + 200 – 50 – 50 = 1.200.A resposta, portanto, é a letra a.3. A renda nacional líquida:a) 1.000; b) 1.010; c) 1.020; d) 1.030; e) 1.040.Solução: A resposta correta é a letra b. Deixamos para você a solução desta questão.Para tanto, consulte o Quadro I, do texto.4. A renda pessoal disponível (RPD) é:a) 810; b) 850; c) 910; d) 950; e) 840.Solução: Pelo Quadro I, a RPD é assim encontrada:Partindo da renda nacional líquida (encontrada na questão 3, anterior), devem serdeduzidos: - os lucros retidos (LR);- contribuições previdenciárias (CP);- os impostos indiretos(imp.ind.);e somadas: as transferências governamentais (TG) e as transferências empresariais(TE), se houver. Assim:RPD = RNL – LR – CP – Imp. Dir. + TG + TERPD = 1.010 – 150 - 70 – 90 + 110 + 30RPD = 840 e, portanto, a resposta correta é a letra e.5. A despesa nacional, exclusive variação de estoques, é:a) 940; b) 860; c) 1.100; d) 1.040; e) 1.250.Solução: A resposta correta é a letra c. Deixamos para você a solução desta questão,lembrando que se trata de despesa nacional, e, portanto, você deve incluir no cálculo arenda líquida enviada ao exterior.Observação: as respostas das questões de 6 a 11 encontram-se ao final desta série. Antesde resolver estas questões, releia a parte do texto sobre Produto Nominal e Produto Real.6. O conceito de PIB real per capita consiste:a) no volume total de mercadorias e serviços finais por habitante, avaliado a partir doproduto a preços constantes;b) na medida do desenvolvimento econômico e social de uma sociedade;c) no indicador da evolução de preços da economia;d) os itens b e c estão corretos;e) nenhuma das alternativas anteriores.7. Assinale a única afirmativa incorreta.a) Os preços se alteram e, por isso, as alterações no valor do PIB não indicam de modo preciso as modificações da produção física ou do produto real.b) Produto real é o produto medido com os preços mantidos constantes, como se estesnão tivessem se alterado de um ano para outro.c) As alterações do produto real dão uma boa indicação da variação da produção físicaentre dois períodos.d) As variações do produto real são o resultado da variação física e dos preços do produto.e) O produto nominal incorpora as variações físicas e de preços do produto.

8. No ano-base que tipo de relacionamento existe entre o PIB a preços correntes e o PIB apreços constantes:a) o PIB a preços constantes > o PIB a preços correntes;b) o PIB a preços constantes = o PIB a preços correntes;c) o PIB a preços constantes < o PIB a preços correntes;d) os dois PIBs não são relacionados;e) os dois PIBs sempre terão valores distintos.9. A diferença entre o PIB e o PNB é expressa:a) pela diferença entre as exportações e importações de mercadorias;b) pela renda líquida enviada (ou recebida) do exterior;c) pela diferença entre as exportações e importações de mercadorias e serviços;d) pelo valor da depreciação;e) pela diferença entre impostos indiretos e subsídios.10. Assinale a opção correta.a) As transferências líquidas de renda ao exterior equivalem à diferença entre rendasde fatores produtivos pagos ao exterior e rendas de fatores recebidas do exterior.b) Em uma economia aberta, as exportações representam uma proporção constante doPIB.c) Em geral, nas economias desenvolvidas, o PNB é menor que o PIB.d) A renda líquida enviada ou recebida do exterior corresponde, em valor, à diferençaentre o total das exportações e o total das importações.e) Todas as afirmativas estão erradas.11. Se uma empresa compra uma mercadoria por CR$ 2.000,00 e apenas a revende, semqualquer transformação física, por CR$ 2.500,00, então o valor agregado ou adicionadopela empresa é igual a:a) zero; b) 2.500; c) 500; d) 4.500; e) 2.000.Gabarito das questões de 6 a 11:6. a; 7. d; 8. b; 9. b; 10. b; 11. a

O que chamamos de demanda agregada (DA) é o resultado da soma das compras de diferentes agentes econômicos, a saber:a) gastos de consumo privado (C ) - que são os dispêndios dos indivíduos em bens e serviços, como alimentação, vestuário,automóveis, viagens, lazer, etc.b) investimentos (I) - que são as compras de máquinas e equipamentos e edificações pelas empresas, mais as adições desejadas ou voluntárias de estoques (não incluindo, portanto,o aumento não-planejado de estoques, isto é, os produtos não vendidos devido a uma insuficiente demanda);c) gastos do governo (G) - aí incluídos os dispêndiosgovernamentais com compras de bens e serviços e com o pagamento de funcionários, para o bom funcionamento da administração pública;d) exportações (X) - traduzidas nas vendas de bens e serviços ao exterior.Ou seja,DA = C + I + G + X (1)

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De outro lado, temos a oferta agregada (OA) – também chamada de “oferta global” (OG) - compreende todos os produtos disponíveis para venda no mercado interno, seja oriundos da produção interna, seja oriundos das importações. Em outras palavras, a oferta agregada (OA) se compõe da soma do produto interno bruto, a preços de mercado (Y), mais as importações de bens e serviços (M). Ou:OA = Y + M (2)Lembrando que, em equilíbrio, a oferta agregada deve ser igual à demanda agregada, temos:Y + M = C + I + G + X (3) e,Y = C + I + G + X - M (4)sendo (X-M) as chamadas “exportações líquidas”.Recordando que, pelas identidades das contas nacionais, o valor do produto corresponde ao valor da renda gerada, podemos concluir, a partir da equação (4) que, sabendo-se os valores dos diversos componentes da demanda agregada, encontraremos o valor da renda ou produto nacional1 de equilíbrio (Y).Assim, nosso objetivo passa a ser o de estudar um modelo que nos permita encontrar este nível de equilíbrio da renda. Para facilitar nosso entendimento, dividiremos a análise em três etapas:i) primeiro, excluiremos de nosso modelo o governo e o setor externo;ii) depois, incluiremos o governo; e,iii) finalmente, completaremos o modelo com a inclusão do setor externo.Modelo simples de dois setores: economiafechada e sem governoNuma economia muito simples, sem governo e sem setor externo, isto é, sem transações com o exterior, a renda nacional (Y) será destinada apenas ao consumo das famílias (C) e à poupança (S), já que,não havendo governo, não há impostos. Temos, então:Y = C + S (5)Da mesma forma, o produto nacional (Y) se destinará ao consumo das famílias (C) e aos investimentos das empresas (I), ou seja:Y = C + I (6)Pela equação (5), a poupança (S) será dada pela diferença entre a renda nacional (Y) e o consumo (C). Sendo a poupança um não-gasto, poder-se-ia imaginar, a princípio, que a poupança seria contraproducente para a economia, uma vez que, se a renda não for gasta por quem a recebeu, haverá formação indesejada de estoques de produtos numa ou noutra empresa. Esta sobra de produtos fará com que estas empresas cortem produção no momento seguinte, reduzindo o emprego e a renda nacional. Se assim é, por que, então, a poupança é bem vista por todos e até estimulada pelo governo? A resposta é muitosimples: a poupança financia os investimentos produtivos das empresas.Sem poupança não há investimentos. Mas, é importante entender que, para que o nível da renda nacional esteja em equilíbrio, é necessário que a poupança “planejada” pelas famílias seja igual ao investimento “planejado” pelas empresas. Isto significa que, em equilíbrio,S = I (7)De acordo com a equação (6), se soubermos os valores de C e de I, ou de C e S, na equação (5), encontraremos o nível da renda nacional de equilíbrio. Vejamos como calculá-la, começando pelo consumo (C):3.1. A função consumo

Seguindo o raciocínio de Keynes, parece razoável afirmar que o principal determinante do consumo é a renda disponível (Yd), isto é, o montante que as pessoas dispõem para gastar após retirados os impostos e acrescidas as transferências governamentais. No caso presente, como estamos supondo, por enquanto, que não existe governo nessa economia, não há impostos nem transferências governamentais e, portanto, a renda disponível (Yd) é igual, por definição, à renda nacional (Y). Assim, se a renda cresce ou se reduz, o mesmo ocorrerá com o consumo, mas não necessariamente no mesmo montante.A função consumo mostra a relação existente entre o nível das despesas de consumo e o nível da renda disponível.Empiricamente, descobriu-se que o consumo corresponde a uma proporção e da renda e que esta proporção entre consumo e renda disponível é altamente estável.Mas, será que o valor do consumo total é determinado exclusivamente pela renda disponível corrente? Como se explica, então,que pessoas que não dispõem de renda no momento presente, como é o caso daquelas que se encontram desempregadas, consomem um mínimo que seja? Na realidade, quando se olha no agregado, percebesse que uma parte do consumo total independe do nível de renda – ou pelo menos do nível da renda corrente ou presente. Se assim é, podemos definir a função consumo do seguinte modo:C = a + bYd (8)onde, a = parte autônoma do consumo,2 isto é, a parcela que não depende da renda;b = fração da renda que é gasta.Esta fração b é chamada de propensão marginal a consumir (PMC)- que, na verdade, se constitui num dos mais importantes conceitos introduzidos por Keynes na análise da determinação do nível da renda.O termo “marginal” sempre significa, em economia, um “extra” ou“adicional” qualquer decorrente de um acréscimo qualquer ocorrido emum variável. No caso presente, significa o adicional de consumo decorrente de um aumento na renda. Tecnicamente, a propensão marginal a consumir é definida pela razão entre a variação no consumo (ΔC) decorrente de uma variação na renda disponível (ΔYd) e esta variação na renda. Ou seja,Ou seja, O traço horizontal sobre a letra significa que é um valor dado, autônomo, isto é, que não depende de outra variável.O valor de b situa-se no intervalo entre 0 e 1, valendo notar que este valor, como já se disse, é bastante estável ao longo do tempo, significando dizer que se a PMC de uma sociedade é, digamos, 0,8 ( o que equivale dizer que corresponde a 80% da renda disponível), este valor tende a permanecer em torno desse valor por vários anos.A função poupançaNem toda a renda pessoal disponível se destina ao consumo. Uma pequena parcela se destina à poupança (S). Podemos dizer que a poupança corresponde à parcela da renda disponível que não é gasta.Ou:Renda disponível = consumo + poupança

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Poupança = renda disponível - consumoEm notação abreviada, temos:Yd = C + S (10)S = Yd - C (11)Para acharmos a função poupança basta substituirmos na equação o valor do consumo dado pela equação (8), ou:S = Yd - (a + bYd)S = -a +Yd - bYde,S = -a + Yd (1-b) (12)Tal como no consumo, um conceito importante com relação à poupança é a chamada propensão marginal a poupar (PMP) ou (s) e que pode ser definida como sendo a razão entre a variação na poupança,O estudante não deve confundir o conceito de PMC com um outro conceito semelhante que é a “propensão média a consumir” (PMeC). Esta última é dada pela razão entre o consumo total e a renda disponível, isto é,PMeC = C/Yd ou ainda, PMeC = a+bYd/Yddecorrente de uma variação na renda disponível, e esta variação na renda disponível, ou:PMP = s =ΔS/ΔYd (13)Note-se que, pela equação (10), a renda pessoal disponível se destina ao consumo e à poupança. Donde se conclui que qualquer variação na renda disponível (ΔYd) será distribuída entre consumo e poupança, ou:ΔYd = ΔC + ΔS (14)Dividindo-se todos os termos da equação (14) por ΔYd, tem-se:ou,1 = PMC + PMS (15a)ou ainda,1 = b + s (15b)e,s = 1 – b (15c)Renda, consumo e poupançaRenda disponível Consumo PMC (=b) Poupança PMP(=s)Deve ser enfatizado que os dados de consumo que aparecem na foram calculados sob a hipótese de que a propensão marginal a consumir, b, é constante ao longo do tempo - uma hipótese que é feitapara tornar o cálculo mais fácil. Empiricamente, sabe-se que b apresenta-se relativamente estávelmas não necessariamente constante. Registre-se que o próprio Keynes tinha sérias dúvidas comrelação à constância de b, chegando mesmo a sugerir que a propensão marginal a consumir pode declinar à medida que a renda atinge níveis mais elevados.Tanto a função consumo como a função poupança podem ser melhor visualizadas através de gráficos. Assim, por exemplo, a mostra a função consumo, C = a + bYd, e a função poupança - supondo que não há governo e, portanto, T = 0.C = a + bYdS = -a + Yd (1-b).

Cálculo da renda de equilíbrioTemos, agora, todos os ingredientes para achar o valor da renda de equilíbrio (Ye) neste modelo simples onde, por hipótese, a demanda agregada tem apenas dois componentes - o consumo e o investimento.Substituindo, então, os valores de C e de I na equação (6), temos:

Y = a + bYd + I (17)A renda disponível (Yd) é, por definição, igual à renda nacional (Y) menos os impostos (T) mais as transferências governamentais (R), ou:Yd = Y - T + R (18)Na hipótese de uma economia sem governo, não há impostos nem transferências governamentais e, portanto, a renda disponível é igual à renda nacional. Assim, podemos substituir Yd por Y na equação (17), ficando:Y = a + bY + I (19)Agora, para achar o valor de Y, basta operar a equação (19), assim:Y - bY = a + IY(1-b) = a + IY = (a + I)/ (1-b)ou,Y = 1/1-b . (a + I) (20)Ou seja, pela equação (20), o valor da renda ou produto de equilíbrio (Y) é dado pela soma dos gastos autônomos - no caso, (a + I)- multiplicado por um valor k definido por:k = 1/1-b (21) valendo lembrar que (1-b) equivale à propensão marginal a poupar (s).Vejamos um exemplo numérico:Suponha que a função consumo seja dada por: C = 100 + 0,8Y e que o investimento seja: I = 500. Qual será, então, o valor de Y de equilíbrio?Substituindo esses valores na equação (6), obtém-se:Y = 100 + 0,8Y + 500Y - 08Y = 600Y(1-0,8) = 600Y = 1/0,2 . 600Y = 5 x 600 = 3.000Assim, o nível da renda de equilíbrio será 3.000. E por que sabemos que este é o nível de equilíbrio? Para entender o porquê, vamos supor que, por alguma razão, a produção total corrente esteja situada em 3.500, ao invés de em 3.000. Neste caso, os produtores estarão oferecendo no mercado bens e serviços no valor de 3.500, enquanto a demanda total é de somente 3.400 - consistindo esta de 2.900 de consumo (= 100 + 0,8x3.500) mais um investimento igual a 500. Como resultado, os estoques de bens não-vendidos vão se acumular, ocorrendo o que os economistas denominam de investimento em estoques não-desejado. Em conseqüência, os comerciantes vão reduzir o volume de seus pedidos às fábricas e estas, por seu turno, vão cortar produção. Neste processo, a economia regredirá até o nível de 3.000, que é o nível de produção equivalente à soma de C e I.Mas, devemos atentar para o fato de que durante o período anterior ao ajustamento, a economia estava em desequilíbrio, produzindo 3.500.Ocorre que toda produção – isto é, os 3.500 do exemplo - deve se destinar ao consumo ou ao investimento (uma vez que, por hora, ogoverno e o setor externo estão excluídos do modelo). Mas, como pode haver 3.500 de consumo e investimento quando já vimos que a demanda total de consumo e investimento situa-se abaixo disso?Para responder esta questão, nós devemos fazer uma distinção entre investimento desejado e investimento efetivo. O investimento efetivo representa os expansão

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da fábrica, aquisições de máquinas e equipamentos e aumentos de estoques - independentemente da acumulação de estoques ser desejada ou não. Assim, com uma produção corrente de 3.500, a demanda de consumo seria 2.900 e o investimento efetivo seria 600. Mas, o investimento desejado - isto é, a demanda de investimento - alcançaria somente 500. Ou seja, haveria um investimento não-desejado em estoques no montante de 100. É esta acumulação indesejada de estoques que levará à redução na produção em direção ao nível de equilíbrio de 3.000T = T + tY (30)Para começar, vamos supor, por enquanto, que os impostos independem do nível da renda, isto é, T = T. Mais adiante, usaremos o imposto relacionado à renda e veremos como isto afeta o valor do multiplicador dos gastos (k). Agora, suponhamos, mais, que o governogaste um valor qualquer, G, e os empresários decidam investir um dado valor, I.Para acharmos o valor da renda de equilíbrio, vamos substituir estes valores na equação (24), encontrando:Y = a + b(Y - T) + I + G (31)5 Observe-se que estamos desconsiderando as transferências governamentais ( R). Caso fôssemos incluir estas transferências, a Yd seria igual à renda nacional (Y) menos os impostos (T) líquidos das transferências (R), ou: Yd = Y - (T-R) ou, ainda, Yd = Y – T + T + RPara se achar o valor da renda de equilíbrio, é só operar a equação(31), assim:Y = a + bY - bT + I + GY - bY = a - bT + I + GY(1-b) = a - bT + I + Ge,Y = (1/1-b) (a - bT + I + G) (32)Ou seja, o valor da renda de equilíbrio, mais uma vez, será dado pela soma dos gastos autônomos (GA) vezes o multiplicador, k.Pela equação (32), podemos observar que, quando os impostos não estão relacionados à renda, isto é, quando não são uma fração darenda, o valor do multiplicador (k = 1/1-b) é igual ao do multiplicador simples de uma economia sem governo, visto anteriormente. Na verdade, a introdução do governo no modelo altera somente o lado dos gastos autônomos que, agora, incluem o valor do imposto, com sinal negativo (-bT), e o valor dos gastos do governo (G).Vejamos um exemplo numérico:Suponha que uma economia apresentou os seguintes dados:C = 100 + 0,9Yd; T = 500; I = 400 e G = 600.Com base nesses dados, calcule o valor da renda corrente de equilíbrio (Y).Para acharmos o valor de Y, poderíamos substituir esses dados tanto na equação (31) como na equação (32). No entanto, julgamosmais conveniente fazê-lo na equação (31) - que é a equação básica do modelo - enquanto a equação (32) é derivada daquela e depende dos itens que naquela aparecerem.Substituindo os dados do problema na equação (31), temos:Y = 100 + 0,9(Y - 500) + 400 + 600Y = 100 + 0,9Y - 450 + 400 + 600Y - 0,9Y = 6500,1Y = 650Y = 1/0,1 x 650Y = 10 x 650 = 6.500

Conclui-se, assim, que o valor do multiplicador dos gastos (k) é 10 e o nível da renda de equilíbrio (Y) é 6.500.Os diversos multiplicadores das variações dos gastos autônomosPela equação (32), podemos deduzir que qualquer variação num dos componentes dos gastos autônomos provocará uma mudança no valor de equilíbrio da renda que será igual à variação do gasto vezes o multiplicador, k.Ocorre que, ainda pela equação (32), enquanto as variações em G e em I são ampliadas diretamente pelo multiplicador, as variações nos impostos (ΔT) serão multiplicadas por -b e, depois, por k. Assim, os impactos de um aumento ou redução de G ou de I sobre o nível da renda de equilíbrio serão de intensidade diferente dos impactos de um aumento ou corte dos impostos (T). A partir desta constatação, podemos derivar os diversos multiplicadores das variações dos gastos autônomos, a saber:i) Multiplicador das variações em G ou em I:k = 1/1-b e ΔY = k . ΔG ou, ΔY = k . ΔI (33)ii) Multiplicador das variações em T (quando nãorelacionadoà renda):kt= (1/1-b) . (-b) ou, kt = -b/1-b e ΔY = kt . ΔT (34)Note-se que o sinal do multiplicador dos impostos é negativo. Isso ocorre porque um aumento dos impostos reduz a renda disponível, o que, por sua vez, reduz o consumo e, daí, a demanda agregada, com impacto negativo sobre o nível da renda de equilíbrio.Antes de prosseguirmos, é interessante observarmos a relação existente entre esses dois multiplicadores. Para tanto, vamos calcular os valores dos multiplicadores das variações em G (ou em I) e dasvariações em T, supondo que a propensão marginal a consumir (b) seja:i) 0,9; ii) 0,8; iii) 0,75.Usando as fórmulas dadas pelas equações (33) e (34), temos:i) k = 1/1-0,9 = 10; e kt = -0,9/1-0,9 = -9ii) k = 1/1-0,8 = 5 e kt = -0,8/1-0,8 = -4iii) k = 1/1-0,75 = 4 e kt = -0,75/1-0,75 = -3Pelos exemplos acima, conclui-se que o valor do multiplicador dos impostos (não-relacionados à menor que o multiplicador dos gastos (G e I), e tem o sinal negativo.iii) O multiplicador do “orçamento equilibrado”:Orçamento equilibrado ocorre quando o governo gasta exatamente o que arrecada de impostos. Caso o governo persiga este objetivo,qualquer aumento de suas despesas deverá ser financiado por um igual aumento de impostos.A questão que, agora, se coloca é a seguinte: - qual deve ser o efeito líquido sobre o nível da renda de equilíbrio se o governo aumentar seus gastos em ΔG e, para tanto, aumentar os impostos no mesmomontante do aumento em G, isto é, ΔG = ΔT?

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Lembre-se que um aumento em G provoca um aumento em Y igual a k . ΔG, enquanto um aumento em T provoca uma queda em Y igual a kt . ΔT. Então, o efeito final sobre Y será a soma desses dois efeitos, ou:ΔY = k . ΔG + kt . ΔTΔY = (1/1-b) ΔG + (-b/1-b) ΔTComo ΔG = ΔT, podemos substituir ΔT por ΔG:ΔY = (ΔG/1-b) + (-b. ΔG/1-b)ΔY = ΔG(1-b/1-b)e,ΔY = ΔGOu seja, a variação no nível de renda (ΔY) será igual à variação do gasto do governo (ΔG). Donde se conclui que, se o governo aumentarseus gastos e os impostos no mesmo montante (ΔG=ΔT), provocará um aumento na renda de equilíbrio num valor igual à variação orçamentária (ΔY=ΔG=ΔT). Este fato é conhecido na teoria macroeconômica como oTeorema do Orçamento Equilibrado.Mas, resta a pergunta: qual a magnitude do multiplicador do “orçamento equilibrado”? Para responder esta pergunta devemos recordar que ΔY = k . ΔG. Como ΔY=ΔG, então, neste caso, k = 1!Vale lembrar que esta conclusão de que o multiplicador (k) do orçamento equilibrado é igual a 1 só é válida na hipótese de os impostos (T) não serem relacionados à renda. Como se verá mais adiante, casoos impostos sejam relacionados à renda, o multiplicador do orçamento equilibrado é, ainda, positivo, sendo, porém, menor que 1! Hiato deflacionário e hiato inflacionárioUm importante conceito macroeconômico é o de “renda de pleno emprego” (Yf) - que corresponde àquele nível ao qual todos os fatores de produção, particularmente a mão-de-obra, estão empregados. Atingir e permanecer ao nível da renda de pleno emprego é o objetivo maior de todos os governos e, geralmente, as políticas e medidas governamentais estão voltadas para este fim.Ocorre, no entanto, que, por várias razões, o nível corrente da renda de equilíbrio pode estar, em determinado momento ou período,abaixo ou mesmo acima do nível da renda de pleno emprego, decorrendo dessa constatação dois conceitos importantes:i) Hiato deflacionário - corresponde à diferença entre o nível da renda de pleno emprego (Yf) e o nível da renda corrente deequilíbrio, estando esta abaixo daquela. Tal situação implica que parte dos recursos produtivos da economia estão desempregados, e geralmente é decorrente de uma demandaagregada deficiente. Para se atingir o pleno emprego, faz-se necessário, então, que se estimule a demanda agregada, o que, na teoria keynesiana, se traduz na adoção de medidasfiscais, como:a) aumento dos gastos do governo (ΔG); e/oub) redução de impostos (ΔT)6.E qual deverá ser a magnitude dessas medidas? Isto vai depender do valor do multiplicador dos gastos (ou dos impostos) e da magnitude do hiato deflacionário. Lembre-se que neste caso, o hiato inflacionáriocorresponderá à variação na renda corrente - isto é, ΔY – necessária para que se atinja o nível da renda de pleno emprego.ii) Hiato inflacionário - corresponde tal hiato à diferença entre o nível da renda de pleno emprego e

o nível corrente da renda de equilíbrio, estando esta acima daquela. Isto decorre do fato de que a demanda agregada está exacerbada, situando-se acima da oferta agregada máxima possível da economia. Ao contrário do que alguns poderiam imaginar, tal situação acarreta muitos inconvenientes como, por exemplo, o surgimento de pressões inflacionárias e junto com estas vêm as incertezas e instabilidades macroeconômicas. Também aqui faz-se necessária a adoção de medidas fiscais - segundo o modelo keynesiano - voltadas para redução da demanda agregada, citando-se:a) corte ou redução dos gastos do governo; e/oub) aumento dos impostos.Mais uma vez, a magnitude dessas medidas dependerá do valor do multiplicador e de quanto será necessário reduzir o nível da renda corrente para que esta retorne ao nível da renda de pleno emprego.A hipótese dos impostos relacionados à rendaAté agora, vimos tratando os impostos como se fossem autônomos, isto é, independentes do nível da renda. Tal hipótese foi adotada para uma melhor e mais fácil compreensão do processo de determinação do nível da renda de equilíbrio e da atuação dosmultiplicadores das variações dos gastos e dos impostos.No entanto, devemos admitir que, no mundo real, raramente nos defrontamos com impostos específicos ou autônomos. Mais realisticamente devemos supor que os impostos sejam relacionados6 Eventualmente, até mesmo um aumento nas transferências governamentais (ΔR) poderia provocar um aumento no consumo e, daí, um aumento na demanda agregada, elevando, via multiplicador, o nível da renda de equilíbrio.com ou dependentes do nível de renda. Mais realista ainda seria supor que os impostos têm dois componentes: um componente autônomo (T)e um componente que é uma função t da renda, ou seja:T = T + tY (35)Com essa hipótese, a equação (31) ficaria assim:Y = a + b(Y -T -tY) + I + G (36)Para se achar o valor da renda de equilíbrio, basta operar a equação (36), assim:Y = a + bY - bT - btY + I + GY - bY + btY = a + bT + I + GY (1 - b + bt) = a - bT + I + GVerifica-se, pela equação (37) que, com a introdução do imposto como função da renda, o multiplicador se altera. Antes, o multiplicador era dado por:k = 1/1-bAgora, o multiplicador teve seu denominador ampliado e, em conseqüência, o valor da fração se reduziu, sendo dado por:k = 1/1-b+bt (38)Os estabilizadores automáticosFoi visto que, quando o governo aumenta seus gastos ou mesmo quando os empresários aumentam seus investimentos, um processo de multiplicação desses gastos entra em funcionamento, ampliando seus efeitos finais

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sobre o nível da renda ou produto de equilíbrio. Caso, no entanto, os impostos sejam relacionados à renda, o efeito do multiplicador é enfraquecido pois todo aumento que se verificar na renda provocará um aumento nas receitas tributárias, reduzindo a renda disponível e, daí, o consumo induzido. relacionado à renda, o impacto na renda de equilíbrio decorrente de um aumento nos gastos do governo acaba sendo menor do que seria, caso os impostos fossem autônomos.O mesmo ocorre na hipótese oposta, isto é, de uma redução dos gastos do governo ou dos gastos de investimento – o que reduzirá arenda de equilíbrio. Mas, sendo os impostos relacionados à renda, a arrecadação tributária automaticamente cairá, reduzindo o impacto da redução dos gastos sobre o nível da renda de equilíbrio. Por reduzir o impacto sobre a renda decorrente dessas variações nos gastos do governo ou nos gastos de investimentos, costuma-se chamar o imposto associado à renda de estabilizador automático.Há vários outros estabilizadores automáticos, como, por exemplo,a contribuição previdenciária – que aumenta quando a renda aumenta e se reduz quando a renda se reduz. Um outro exemplo é o auxíliodesemprego. Num recessão, com desemprego, a renda cai bastante, reduzindo, daí, o consumo agregado. No entanto, a queda na renda é compensada, parcialmente, pelos pagamentos do auxílio desemprego. O inverso ocorre quando o emprego cresce e a renda cresce.O modelo com governo e a economia abertaQuando abrimos a economia, devemos introduzir no modelo as exportações líquidas de bens e serviços (X-M) e, assim, teremos omodelo completo, tal como definido na equação: Y = C + I + G + X - M (4)As funções consumo, investimento e gastos do governo permanecem como na equação (31). Os impostos podem ou não ser função da renda. No caso presente, permaneceremos com a hipótese de que os impostos são função da renda (tY) e ainda têm um componenteautônomo (T)Assim, resta apenas definir as variáveis X e M. Em princípio, podemos supor que as exportações dependem exclusivamente dademanda externa e, como tal, seu valor é determinado exogenamente, isto é, fora do modelo7. Neste caso, podemos definir o valor das exportações como sendo um dado autônomo, ou:X = X (39)Quanto às importações, os registros históricos mostram que elas são altamente dependentes do ritmo da atividade econômica, ou seja,são uma função do nível da renda (mY), mas, também, apresentam um componente autônomo (M), não relacionado à renda. Assim, M = M + mY (40)A exemplo da função consumo, o coeficiente m é denominado de propensão marginal a importar. Já temos, agora, as definições de todas as variáveis e podemos, então, achar o valor da renda de equilíbrio. Para tanto, basta substituir os valores de C, I, G, X e M na equação (4), obtendo, então:Y = a + b(Y - T - bY) + I + G + X - M – mY Y = a + bY - bT - btY + I + G + X - M - mYY - bY + btY + mY = a - bT + I + G + X - MY(1 - b + bt + m) = a - bT + I + G + X - MY = (1/1-b+bt+m) (a - bT + I + G + X - M)

Pela equação (42), podemos verificar que, com a introdução das importações como função da renda, o denominador foi acrescido do coeficiente m e, com isso, o valor do multiplicador se reduziu, tornandose,portanto, menor do que o encontrado para uma economia fechada.Desta última afirmativa podemos tirar outra conclusão importante: a magnitude do multiplicador k depende, em última análise,das variáveis da demanda agregada que forem função do nível da renda. Assim, por exemplo, ao introduzirmos a hipótese de que os impostos eram função de Y, o multiplicador se reduziu pelo acréscimo, no denominador do multiplicador, do coeficiente dos impostos, t. Da mesma forma, fazendo as importações uma função m da renda, o7 Atente-se para o fato de que em modelos macroeconômicos mais complexos, além da demanda externa, as exportações são também influenciadas pela relação de preços domésticos vis a vis os preços externos e pela taxa de câmbio vigente. multiplicador tornou-se menor ainda, com a adição deste coeficiente àquele denominador. Neste raciocínio, podemos imaginar a hipótese de serem os investimentos também uma função da renda, assumindo, por exemplo, um formato do tipoI = I + iY (43) onde, I = componente autônomo dos investimentos, ei = coeficiente que poderia ser chamado de “propensãomarginal a investir”, que define o volume de investimentos em função da renda.________________________T = T + tY (30)Para começar, vamos supor, por enquanto, que os impostos independem do nível da renda, isto é, T = T. Mais adiante, usaremos o imposto relacionado à renda e veremos como isto afeta o valor domultiplicador dos gastos (k). Agora, suponhamos, mais, que o governo gaste um valor qualquer, G, e os empresários decidam investir um dado valor, I.Para acharmos o valor da renda de equilíbrio, vamos substituir estes valores na equação (24), encontrando:Y = a + b(Y - T) + I + G (31)5 Observe-se que estamos desconsiderando as transferências governamentais ( R). Caso fôssemos incluir estas transferências, a Yd seria igual à renda nacional (Y) menos os impostos (T) líquidos das transferências ( R), ou: Yd = Y - (T-R) ou, ainda, Yd = Y – T + T + RPara se achar o valor da renda de equilíbrio, é só operar a equação(31), assim:Y = a + bY - bT + I + GY - bY = a - bT + I + GY(1-b) = a - bT + I + Ge,Y = (1/1-b) (a - bT + I + G) (32)Ou seja, o valor da renda de equilíbrio, mais uma vez, será dado pela soma dos gastos autônomos (GA) vezes o multiplicador, k.Pela equação (32), podemos observar que, quando os impostos não estão relacionados à renda, isto é, quando não são uma fração da renda, o valor do multiplicador (k = 1/1-b) é igual ao do multiplicador simples de uma

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economia sem governo, visto anteriormente. Na verdade, a introdução do governo no modelo altera somente o lado dos gastos autônomos que, agora, incluem o valor do imposto, com sinal negativo (-bT), e o valor dos gastos do governo (G).Vejamos um exemplo numérico:Suponha que uma economia apresentou os seguintes dados:C = 100 + 0,9Yd; T = 500; I = 400 e G = 600.Com base nesses dados, calcule o valor da renda corrente de equilíbrio (Y).Para acharmos o valor de Y, poderíamos substituir esses dados tanto na equação (31) como na equação (32). No entanto, julgamosmais conveniente fazê-lo na equação (31) - que é a equação básica do modelo - enquanto a equação (32) é derivada daquela e depende dos itens que naquela aparecerem.Substituindo os dados do problema na equação (31), temos:Y = 100 + 0,9(Y - 500) + 400 + 600Y = 100 + 0,9Y - 450 + 400 + 600Y - 0,9Y = 6500,1Y = 650Y = 1/0,1 x 650Y = 10 x 650 = 6.500Conclui-se, assim, que o valor do multiplicador dos gastos (k) é 10 e o nível da renda de equilíbrio (Y) é 6.500.

O SISTEMA IS - LM E AS POLÍTICASFISCAL E MONETÁRIANa aula anterior, nós estudamos o modelokeynesiano onde a política fiscal se constitui noprincipal instrumento para dinamizar a economia. Nós agora vamos mostrar que nem só de política fiscal vive a economia. Uma outra escola - a dos chamados “monetaristas” – defende a tese de que a política monetária é o principal, se não o único, instrumento que deve ser acionado para a ativação da economia. De fato, há situações em que a política monetária é um instrumento mais poderoso do que a política fiscal. Em outras, a situação se inverte.detalhe a atuação dessas duas políticas – a fiscal e a monetária – verificando como e quando cada uma deve ser usada. Isso é feito, em Economia, através do chamado “Sistema IS-LM”, conforme se vê a seguir.ocorrem exclusivamente por efeito da política fiscal. Tais alterações podem ser provocadas, também, por medidas de política monetária. Neste caso, em vez de atuar com medidas de aumentos ou reduções de gastos governamentais e de impostos, o governo poderia, através do Banco Central, reduzir ou aumentar a monetária, via emissão de moeda e de operações de mercado aberto, alterando, em conseqüência, a taxa de juros – o que poderá afetar o volume dos investimentos privados, que se constitui em importante componente da demanda agregada.A análise conjunta da atuação das políticas fiscal e monetária permite, em princípio, duas conclusões: primeiro, dependendo das condições apresentadas por uma economia em recessão, as duas políticas são eficazes para levar a economia até o pleno emprego; e, segundo, há circunstâncias em que apenas a política fiscal se torna eficaz, enquanto, em outras situações, somente é eficaz a política monetária.O Sistema IS-LMO estudo da atuação, simultânea ou não, e dos efeitos das políticas fiscal e monetária sobre o nível

da renda ou produto de equilíbrio, é feito, em macroeconomia, através do chamado sistema IS-LM – materializado em duas curvas que representamsituações de equilíbrio no mercado de produtos e no mercado monetário. A curva ISPara você entender a análise que faremos mais adiante sobre o papel e a atuação das políticas fiscal e monetária, é essencial que você conheça as especificidades das duas curvas – a IS e a LM –bem como elas funcionam e se comportam quando são alteradas algumas variáveis de política econômica. Comecemos pela curva IS.A IS é uma curva que mostra combinações de níveis de renda (Y) e de taxa de juros (r) que equilibram o chamado “mercado de produtos”, no sentido de que a poupança social – dada esta pela soma da poupança propriamente dita (S) e dos impostos (T) – é igual à soma dos gastos de investimentos (I) e dos gastos do governo (G).Ou seja, S + T = I + G.Por essa definição, constata-se que, para cada nível de renda (Y) existe uma e somente uma taxa de juros (r) que equilibra ou torna iguais a chamada poupança social (S+T) e os gastos de investimentos (I) mais as despesas governamentais (I+G).Derivação da curva ISNo modelo IS-LM, a poupança (S), por hipótese, é função da renda (Y) – tal como no modelo keynesiano. Isso significa que, se Y crescer, S também crescerá e vice-versa. Já o investimento (I), por hipótese, é uma função inversa da taxa de juros (r) – tal como no modelo da escola clássica. Ou seja, se r cair, o investimento aumentará e vice-versa.Com essas duas hipóteses, e partindo do pressuposto de que G = I, é necessário que se encontrem os valores de Y e de r quefazem S = I.Graficamente, a derivação da curva IS pode ser assim explicada: suponha que o nível de renda se situe em Y1 – gerando uma poupança S1 – o que exige uma taxa de juros r1 que determinaum nível de investimentos igual à S1 (Figura 8.1). Caso o nível de renda aumente para Y2, a poupança crescerá para S2 – o que exigirá uma queda na taxa de juros para r2 para que o investimento aumente até se igualar com S2. Agora, a combinação de Y2com r2 gera um novo ponto de equilíbrio entre S e I.O mesmo raciocínio se aplica, caso o nível de renda cresça até Y3, gerando uma poupança maior (S3) – o que exigirá uma novaredução na taxa de juros para, digamos, r3, de forma a estimular o investimento até se igualar à nova poupança. A combinação deY3 com r3 gera um novo ponto de equilíbrio entre S e I. Assim, ligando os diversos pontos de combinação de diferentes níveis de Ycom diferentes níveis de r, derivamos a curva IS.A inclinação da curva ISComo se pode ver pela Figura 8.1, a curva IS é negativamente inclinada refletindo o fato de que um aumento na taxa de juros reduz os gastos de investimentos, reduzindo a demanda agregada e, conseqüentemente, reduzindo o

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nível da renda de equilíbrio. De que, então, depende a inclinação da curva IS? Ou seja, o que faz acurva IS ser mais ou menos inclinada?Em primeiro lugar, a inclinação da IS depende da elasticidade do investimento em relação à taxa de juros, isto é, depende dasensibilidade ou resposta do investimento em relação às variações na taxa de juros. Quanto mais elástico ou mais sensível for o investimento em relação às variações na taxa de juros, menos inclinada (mais deitada) é a curva IS, e vice-versa.Em segundo lugar, a inclinação da IS depende, também, da magnitude do multiplicador dos gastos (k). Quanto maior k, maior será o efeito de uma variação dos investimentos sobre o nível da renda de equilíbrio e, portanto, m nos inclinada é a curva IS – e vice-versa. é bom lembrar que a magnitude de k depende, essencialmente, da propensão marginal a consumir (b) e da do imposto (t) – relembrando, também, que quanto maiorb e menor t, maior será o k.A posição da curva ISA posição da curva IS depende do volume dos gastos totais, isto é, de C + I + G, onde C é função da renda disponível (Yd), o investimento (I) tem um componente autônomo (I) e ainda é função inversa da taxa de juros (ou seja, I = I – ir), e G é umvalor autônomo, dado (G=G).Se, por acaso, a taxa de juros cair para r2, a economia se desloca para o ponto C por efeito do aumento nos gastos de investimentos. Observe que em C, o nível dos gastos do governo é o mesmo que em A, tendo crescido apenas os investimentos como conseqüência da queda na taxa de juros. Vale registrar, ainda, que, se o governo reduzir a alíquota do imposto (t), a renda pessoal disponível se elevará e, daí, haverá um aumento do consumo (C) para toda e qualquer taxa de juros. Em conseqüência, a curva IS se desloca, da mesma forma, para a direita.De tudo o que foi dito até aqui, deve ficar claro que a curva IS se deslocará para a esquerda sempre que houver uma redução nos gastos do governo e/ou um aumento no nível dos impostos. Pelo mesmo raciocínio, a curva IS se deslocará para a direita sempre que o governo aumentar seus gastos e/ou reduzir os impostos.Temos, assim, um razoável grau de informação sobre a curva IS e seu funcionamento. Passemos, agora, à curva LM.A curva LMA curva LM mostra combinações de níveis de renda (Y) e de taxas de juros (r) que fazem o mercado monetário ficar equilibrado, no sentido de que a demanda por moeda é igual à oferta de moeda.Para você entender o funcionamento da curva LM, comecemos por definir “moeda” (M). No sistema LM, moeda são os “meios de pagamento” de uma economia, ou seja, a soma do papel-moeda em poder do público mais os depósitos à vista do público nos bancos comerciais.Essas duas formas de moeda apresentam duas características principais: primeiro, ambas servem como meio de troca ou de pagamento; e, segundo, nenhuma delas proporciona retorno, isto é, não rende juros. De outra parte, a maioria dos outros ativos financeiros – que chamaremos, por conveniência, de títulos – propiciam um retorno ao seu possuidor e não podem ser usados como pagamento nas transações.Assim conceituado, pode-se dizer que a riqueza de um indivíduo consistirá de dois tipos de ativos – moeda e títulos – e cabe a ele escolher como será a

distribuição de sua riqueza entre esses dois ativos. Caso ele opte por mais moeda, diremos que ele está demandando moeda; se sua opção for por mais títulos, sua demanda por moeda será, então, reduzida. De qualquer forma, é preciso lembrar que, como qualquer mercado, o mercado monetário tem uma demanda e uma oferta. Primeiramente, vamos examinar o lado da demanda por moeda; depois, examinaremos a oferta.A demanda por moedaInicialmente, a questão que se coloca é: – o que leva um indivíduo a demandar ou a reter mais moeda e, portanto, menos títulos, e vice-versa? Quais as razões ou motivos que poderiam influir na sua quantidade demandada de moeda e na sua preferência por títulos? Aqui, valem duas observações importantes: primeira, quando dissermos que o indivíduo “demandará moeda”, não podemos esquecer que isso significa que ele estará optando por deixar sua riqueza sob uma das formas de meios de pagamento (geralmente, depósitos à vista); segunda, sua demanda por moeda (Md) deve ser, sempre, formulada em termos reais, isto é, Md/P. Deve ficar claro, assim, que “demanda por moeda” significa o mesmo que demanda por saldos ou encaixes reais, como aparece geralmente nos Assim dito, e considerando a abordagem keynesiana da demanda por moeda, podemos dizer que há três razões ou motivos que levam um indivíduo a manter maior ou menor quantidade de moeda, a saber:i) Demanda para a transação (Mt)O primeiro motivo para se demandar moeda seria a necessidade de se manter moeda para efetuar os pagamentos de luz, gasolina, colégios e demais compras, ao longo do mês. A esse motivo chamaremos de demanda por moeda para transação.Podemos supor que, à medida que a renda do indivíduo se eleva, maior será o seu nível de gastos e, portanto, maior será a sua demanda por moeda para atender esses gastos. Ou seja, a demanda por moeda para transação aumenta com o aumento do nível da renda. Matematicamente,Mt = kY (1) onde, k corresponde à fração da renda que é mantida sob a forma de moeda para transação, sendo k’ positiva2.ii) Demanda por precaução (Mp)Uma segunda razão – pouco mencionada na literatura econômica – que leva um indivíduo a reter ou demandar moeda é o chamado motivo precaucional – que se traduz na necessidadesentida pelo indivíduo de reter moeda “extra” para cobrir alguma eventualidade, ou um fato inesperado, como no caso de uma doença ou do surgimento de um negócio de ocasião. Um exemplo muito comum ocorre quando o indivíduo, ao planejar uma viagem, opta por deixar no banco um certo montante de dinheiro, além do necessário para pagar as despesas normais da viagem, com o objetivo de cobrir despesas inesperadas que podemeventualmente surgir ao longo da viagem.A exemplo do caso anterior, esta demanda por moeda por precaução também está diretamente ligada em nível de renda do

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indivíduo e, como tal, pode perfeitamente ser incluída ou somada à Mt, sem prejuízo da análise.iii) Demanda especulativa de moeda (Me)Um terceiro e importante motivo que leva o indivíduo a optar por mais ou por menos moeda é, sem dúvida, a taxa de juros (r).De uma forma geral, podemos esperar que um aumento na taxa 2 k' positiva significa, em matemática, que a derivada primeira é positiva; ou seja, um aumento do nível de renda – Y – provoca também um aumento na demanda por moeda para transações. A relação é entre demandapor moeda e nível de renda é, portanto, direta.de juros – isto é, na taxa de retorno dos títulos – fará com que o indivíduo demande mais títulos e menos moeda, e vice-versa. Poresse raciocínio, podemos também afirmar que, se a taxa de juros estiver muito alta, a maioria das pessoas optará por ter apenas títulos, mas se a taxa de juros estiver muito baixa, a maioria das pessoas preferirá manter seus ativos sob a forma de moeda, na expectativa de que a taxa de juros irá aumentar quando, então, aplicarão em títulos. Esse comportamento do indivíduo diante de variações da taxa de juros denomina-se demanda especulativa de moeda que, pelo que foi visto, guarda uma relação inversa ou negativa com a taxa de juros. Ou seja, se r se elevar, cai a demanda por moeda (ou aumenta a demanda por títulos); se r cair, aumenta a demanda por moeda (ou cai a demanda portítulos). Matematicamente,Me = hr (2) sendo h’ negativa.A demanda total por moedaA função demanda por moeda ou por saldos reais (Md/P) é expressa pela soma dos dois componentes acima, ou seja:Md/P = kY + hr (3)Já que nesse modelo existem apenas dois ativos – moeda e títulos – e considerando uma dada riqueza, sempre que ademanda por moeda aumentar – seja por aumento na renda, seja por queda na taxa de juros – a demanda por títulos cairá, já que a demanda por títulos é simplesmente o inverso da demanda pormoeda. equações (1), (2) e (3). A Figura 8.3a apresenta a demanda por moeda para transações (kY), para três diferentes níveis de renda.Como no eixo vertical aparece a taxa de juros (r), a curva de demanda por moeda para transações se torna vertical, indicando que este componente da demanda por moeda não é afetado por r.Já a Figura 8.3b representa a demanda por moeda para especulação. A curva se apresenta negativamente inclinada, mostrando a relação inversa entre taxa de juros e a demanda especulativa por moeda. Pelo que se observa, quando a taxa de juros se situa em níveis elevados, a demanda por moeda é praticamente nula, mas à medida em que r cai, a demanda especulativa por moeda vai aumentando. Quando r atinge um nível considerado mínimo, a demanda por moeda se tornahorizontal, indicando que, a esse nível de taxa de juros, todos os indivíduos preferirão moeda em vez de títulos (tecnicamente, diz-se, então, que nesse ponto a demanda por moeda é infinitamente elástica à taxa de juros).Somando-se os dois componentes da demanda por moeda (kY + hr), obtemos o gráfico da Figura 8.3c, onde as três curvas mostram a demanda total de moeda, para diferentes níveis de renda (Y1, Y2, Y3). Por ali se vê que a posição da curva de demanda total de moeda depende do nível de renda, isto é,

quanto maior a renda, maior a demanda por moeda para transação e, portanto, mais distante do eixo vertical se situa a curva. Já o formato da curva depende do componente de demanda especulativa por moeda. A oferta e demanda por moeda e a taxa de jurosVamos, agora, introduzir a oferta de moeda em nosso modelo.Em princípio, podemos fazer a hipótese, bastante provável, de que a quantidade real de oferta monetária (Ms/P) é determinada peloBanco Central. A este órgão se atribui o poder de controlar o nível de liquidez do sistema econômico, colocando ou retirando moeda da economia de acordo com seus próprios critérios. Nesse caso,diz-se que a oferta de moeda é exógena ao modelo, independendo do nível de renda ou da taxa de juros e, como tal, aparece como uma linha vertical.Partindo da oferta monetária real, Ms0/P inicial, caso o Banco Central resolva aumentar a quantidadede moeda em circulação, a curva de oferta monetária se desloca para a direita (para Ms1/P ou até para Ms2/P).Dado o nível de preços (P), teremos uma demanda por moeda Md1, definida para o nível de renda (Y1). Considerando que o estoque real de moeda seja Ms1/P, teremos a taxa de juros r1, estabelecida pela igualdade entre a Ms1/P e a Md1/P. Caso o BancoCentral aumente a oferta real de moeda, a Ms se desloca para a direita até Ms2/P, forçando uma redução na taxa de juros.Isto ocorre porque, quando a renda diminui, cai também a demanda por moeda para transações, aumentando, em conseqüência, a demandada por títulos – o que, por sua vez, força uma queda no retorno propiciado pelos mesmos, isto é, na taxa dejuros. De tudo o que foi dito até aqui, verifica-se que a condição de equilíbrio no mercado monetário é encontrada ao se igualar a função demanda de moeda à oferta exogenamente dada, ou:Ms/P = Md/P = kY + hr (4)A partir dessas considerações, temos, agora, condições de derivar a curva LM. Derivação da curva LMNa Figura 8.7a estão mostradas combinações de taxas de juros e níveis de renda que tornam a demanda por moeda (ou por encaixes reais) igual à oferta monetária. Ao nível da renda Y1, a curva de demanda por moeda corresponde a L1. Com a oferta monetária dada por Ms/P, a oferta e a demanda por moeda se igualam. A inclinação da curva LMEm princípio, podemos afirmar que quanto maior for a demanda por moeda para transações, isto é, quanto maior for a elasticidade da demanda por moeda em relação à renda, medida por k, e quanto menos sensível ou menos elástica à taxa de juros for a demanda por moeda, mais inclinada será a curva LM. Em outras palavras, se a demanda por moeda for muito insensível à taxa de juros, então h (na equação 4) estará próxima de zero, e a curva LM é quase vertical. Se, por outro lado, a demanda por moeda é muito

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sensível à taxa de juros, então h é muito grande e, portanto, a curva LM é quase horizontal.A posição da curva LMNa Figura 8.8a, está desenhada a curva de demanda real por moeda, para um dado nível de renda Y1. Com uma oferta monetária real inicial (Ms1/P), o equilíbrio monetário é dado no ponto E1, ao nível da taxa de juros, r1O equilíbrio nos mercados de produtos emonetárioTendo derivado a curva IS – que nos fornece os pares r-Y que equilibram o mercado de produtos – e a curva LM – que nos dá os pares r-Y que equilibram o mercado monetário, colocaremos, agora, as duas curvas num mesmo gráfico. Vale lembrar que as equações que definem o equilíbrio desses mercados são dadas por:S + T = I – ir + G ou ainda, Y = C + I – ir + G (mercado de produtos) e Ms/P = kY + hr (mercado monetário)Resolvendo simultaneamente essas duas equações, encontramos um único par r-Y, na intersecção das curvas IS e LM, que define oequilíbrio em ambos os mercados. À taxa de juros r1, há um excesso de oferta de moeda. Em outros termos, os indivíduos estão tentando comprar títulos, aumentando, assim, seus preços e elevando a taxa de juros.O mesmo raciocínio se aplica ao ponto B, definido por r2, Y2. Nesse ponto, o mercado monetário está em equilíbrio, mas, comoestá fora da IS, o mercado de produtos está fora do equilíbrio.Nesse mercado, dado Y2, a taxa de juros está muito alta e há, portanto, um excesso de oferta de produtos. Para se atingir o equilíbrio, a taxa de juros deveria cair para estimular oinvestimento, aumentando a demanda agregada até igualá-la com a oferta.A Atuação das Políticas Fiscal e MonetáriaComo vimos, então, o equilíbrio macroeconômico se dá na intersecção das curvas IS-LM, que define uma combinação r-Y que equilibra os dois mercados – o de produto e o monetário.Ocorre, porém, que este equilíbrio pode ocorrer em um nível de renda abaixo do nível de pleno emprego (Yf) – o que significa que a demanda agregada está abaixo da oferta potencial da economia.Ou seja, há desemprego em nível de renda corrente de equilíbrio e ao governo adotar medidas que estimulem a demanda agregada, aumentando, daí, o produto corrente de equilíbrio e reduzindo ou mesmo eliminando o desemprego.Para atingir tal objetivo, o governo poderia acionar tanto a política fiscal, como a política monetária. Vejamos os efeitos de cada uma dessas políticas:Efeitos da política fiscalJá sabemos que as medidas de política fiscal se materializam através de variações nos gastos do governo (ΔG) e de variações em nível de impostos (ΔT). Para analisarmos a atuação da políticafiscal, suponha que a economia esteja em equilíbrio em nível de r0, Y0, na Figura 8.10 – um nível abaixo, portanto, do nível de renda de pleno emprego (Yf). Caso o governo pretenda que a economiacaminhe para o pleno emprego, ele poderia, por exemplo, aumentar seus gastos em ΔG. Este aumento em G causa um deslocamento da curva IS para a direita, até I1S1. A magnitude desse deslocamento é dado por k x ΔG. Caso a taxa de juros permanecesse em r0, a economia cresceria até Y1. No entanto, o aumento na renda eleva a

demanda por moeda para transações, o que, com uma oferta monetária fixa, faz com que a taxa de juros se eleve ao longo da curva LM até r2. Este aumento na taxa de juros provoca uma redução no investimento, anulando, em parte, os efeitos do aumento nos gastos do governo. Em conseqüência, onovo nível de equilíbrio do produto demandado se situará em Y2.Em resumo, os resultados da política fiscal de aumento nos gastos do governo foram: um aumento na renda de equilíbrio e, conseqüentemente, nas despesas de consumo; um aumento na taxa de juros e, conseqüentemente, uma queda no nível dosinvestimentos, compensando parcialmente o aumento nos gastos do governo. Esta compensação é apenas parcial porque foi constatado que, ao final do processo, o produto demandado de equilíbrio aumentou. Portanto, o aumento em G termina poralterar a composição do produto, com o governo desfrutando de uma maior parcela deste, em detrimento do setor privado.Efeitos semelhantes sobre o nível de Y e r (e, portanto, sobre o investimento) seriam obtidos caso o governo, ao invés de aumentar seus gastos, reduzisse o nível dos impostos – o que elevaria a renda disponível e, daí, aumentariam as despesas deconsumo. Se, por hipótese, os impostos forem uma fração t da renda, um corte nos impostos significaria uma redução no percentual de impostos (digamos, de 25% para 15%). O aumento nas despesas de consumo, induzido pela política fiscal, produz os mesmos resultados do aumento nos gastos do governo. A diferença maior reside no fato de que esta redução no percentual dos impostos aumenta o multiplicador dos gastos (k), o que,graficamente, implica numa curva IS menos inclinada.Os efeitos da política monetáriaSe o valor inicial do produto de equilíbrio situa-se abaixo do nível de pleno emprego, o governo poderia estimular a atividade econômica usando a política monetária, em vez da política fiscal.Como já foi visto, um aumento na oferta monetária real desloca a curva LM para a direita, até L1M1. Em conseqüência, o novo ponto de equilíbrio se dará no ponto E’, com uma taxa de juros mais baixa e um nível mais alto de renda, próximo ao nível da renda depleno emprego. O nível de renda de equilíbrio aumenta porque a compra de títulos, pelo Banco Central, no mercado aberto, reduz ataxa de juros – o que estimula o investimento e faz a renda crescer.É importante observar que, no processo da economia à nova situação de uma oferta monetária maior, a taxa de juros cairia,inicialmente, até o ponto E1 – dado o nível de renda inicial (Yo).Nesse ponto, entretanto, há um excesso de demanda por bens, devido ao aumento nos investimentos e, em conseqüência, a economia começa a crescer. O aumento do nível de renda provoca um novo aumento na demanda por moeda para transações – o que faz com a taxa de juros comece a subir até atingir um novo equilíbrio no ponto E’. Nesse ponto,

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atinge o nível da renda de pleno emprego (Yf), com a taxa de juros situando-se em r1,estando tanto o mercado de produto como o monetário em equilíbrio.Um primeiro trecho – definido por sua porção horizontal – corresponderia a uma economia em recessão aguda, estando a taxa de juros bastante baixa, em níveis próximos de zero; um segundo trecho seria aquele em que a curva LM se apresenta vertical e corresponderia a uma economia próxima de pleno emprego; já que o terceiro trecho corresponderia à porção intermediária da curva LM e que se apresenta positivamente inclinada. Para analisar a eficácia das políticas fiscal e monetária, é importante verificar em qual desses trechos a economia se encontra – ou seja, em que ponto a curva IS corta a curva LM.A armadilha da liquidezSuponha que a economia esteja em recessão aguda, distante do nível da renda de pleno emprego, nessa situação, a taxa de juros está tão baixa que todos os indivíduos optam por reter toda a moeda que for ofertada, esperando um aumento na taxa de juros para, então, aplicar em títulos. Nesse caso, a demanda por moeda é infinitamente elástica à taxa de juros e qualquer tentativa do Banco Central de expandir a oferta de moeda com o intuito de baixar a taxa de juros será inócua. Esta é a conhecida situação denominada como armadilha da liquidez – uma hipótese levantada por Keynes para mostrarque, em situações de recessão econômica, a política monetária é totalmente ineficaz. Por isso mesmo, esta porção da LM é conhecida como “trecho Keynesiano da LM”.O caso clássicoO caso oposto da curva LM é a sua porção vertical – conhecido como “trecho clássico”. Nesse trecho, a demanda por moeda é totalmente insensível – ou inteiramente inelástica – à taxa de juros, dependendo somente do nível de renda. Supondo que a curva IS corte a curva LM nesse trecho, a política fiscal se torna totalmente ineficaz para alterar o nível da renda de equilíbrio. De forma oposta, a única política capaz de elevar o nível da renda ou do produto de equilíbrio será uma expansão da oferta monetária que possibilitaria uma redução da taxa de juros e, daí, estimularia o investimento.Graficamente, um aumento da oferta monetária deslocaria a curva LM para a direita, cortando a curva IS expandindo até Y1..A visão de uma curva LM vertical – que determina a eficiênciacomparativa da política monetária sobre a política fiscal – está geralmente associada com o ponto de vista de alguns economistas– conhecidos como “monetaristas” – que defendem a tese de que o que importa para influir na atividade econômica são os instrumentos monetários. Já aqueles que defendem o uso da política fiscal são geralmente associados à chamada “escolhakeynesiana”.Outras considerações sobre a eficácia daspolíticas fiscal e monetáriaDeve ficar claro que, no trecho intermediário da curva LM, isto é, na parte em que a LM se apresenta positivamente inclinada, ambas as políticas são eficazes para levar a economia até próximo ao pleno emprego.Esta constatação, aliada aos dois casos extremos vistos anteriormente – a armadilha da liquidez e o caso clássico – indicam que a inclinação da curva LM é o principal determinante da eficácia e eficiência das políticas fiscal e monetária como mecanismos de

influenciar o nível da atividade econômica. Mas, narealidade, também a inclinação da IS pode determinar que tipo de política é recomendada para estimular a atividade econômica e reduzir ou eliminar o desemprego.No que tange à curva LM, vimos que sua inclinação depende essencialmente da sensibilidade da demanda por moeda em relação à taxa de juros. Quanto mais sensível (ou elástica) à taxa de juros for a quantidade demandada de moeda, menos inclinada é a curva LM e, portanto, menos eficaz tende a ser a política monetária, e vice-versa.No tocante à curva IS, pode-se afirmar que, quanto mais sensível ou elástico à taxa de juros for o investimento, menos inclinada é a IS e, portanto, menos eficaz é a política fiscal – ou, em outras palavras, mais eficaz tende a ser a política monetária.

Inflação Inflação é o aumento persistente dos preços e envolve toda a economia de um país. Isso, consequentemente, resulta numa contínua perda do poder aquisitivo da moeda local. Em sua forma mais extrema (chamada hiperinflação), os preços aumentam tanto que as pessoas procuram não reter dinheiro consigo, nem mesmo por poucos dias, dada a rapidez com que o dinheiro diminui o seu poder de compra. O caso mais grave, de hiperinflação, ocorreu na Alemanha logo após a primeira guerra mundial. (Um trilhão por cento, entre agosto de 1922 e novembro de 1923). São quatro as principais teorias sobre a origem da inflação: a quantitativa, a keynesiana, a de custos e a estrutural. Teoria quantitativa: Segundo a mais antiga das teorias sobre a inflação, a quantitativa, é a quantidade de dinheiro circulante no sistema econômico -- base monetária -- que determina o nível dos preços. A razão entre a quantidade de dinheiro e as transações anuais do sistema (cuja inversa é a velocidade de circulação da moeda) depende da freqüência com que se pagam salários, da estrutura da economia e dos hábitos de poupança e consumo da população. Na medida em que esses fatores permaneçam constantes, o nível de preços será diretamente proporcional ao fluxo de dinheiro e inversamente proporcional ao volume físico da produção. Essa teoria, formulada por David Hume no século XVIII, supõe que toda a capacidade produtiva de um sistema se encontre aproveitada. No intervalo entre as duas guerras mundiais, a teoria quantitativa caiu em descrédito, ao se comprovar que a utilização da capacidade produtiva do sistema econômico variava mais e com maior freqüência do que o nível de preços. Teoria keynesiana: A teoria econômica de Keynes afirma que a inflação deriva das tentativas de consumir mais bens e serviços do que o sistema econômico pode produzir. Se os gastos do governo são maiores do que a diferença entre a produção e o consumo, diz-se que há uma lacuna inflacionária. O mercado preenche essa lacuna aumentando os preços até um patamar em que a diferença entre a

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renda e o consumo, em valor monetário, seja suficiente para acomodar os gastos públicos. Essa teoria foi invalidada pela prática, nas décadas posteriores à segunda guerra mundial, quando o processo inflacionário se instalou em vários países, sem prévia existência de lacunas inflacionárias. Inflação de custos: O terceiro enfoque do problema inflacionário supõe que os preços das mercadorias são determinados por seus custos, ao passo que a provisão de dinheiro é responsável pela demanda. Nessas circunstâncias, o aumento dos custos pode gerar uma pressão inflacionária que se perpetua por meio da "espiral preço-salário". Admite-se que os assalariados e os capitalistas aspiram a parcelas do produto nacional que, somadas, ultrapassam o total anualmente produzido, em situação de pleno emprego. Da impossibilidade de satisfazer os dois grupos ao mesmo tempo surge o embate entre eles, que é a origem da espiral preço-salário. Os assalariados, quando insatisfeitos, demandam aumentos salariais. Os capitalistas atendem a essas exigências, pelo menos em parte (geralmente após longa negociação), e diminuem seus lucros, num primeiro momento. Em seguida, porém, aumentam os preços, para neles embutir o aumento de custos da produção. Com isso, diminui o poder de compra dos assalariados, que irão, novamente, reivindicar aumento de remuneração.

Um recurso para reduzir a inflação, segundo essa teoria, seria a manutenção de uma porcentagem constante de desemprego. O recurso é, porém, invalidado na prática pelo fenômeno da estagflação (conjuntura econômica em que a estagnação ou declínio do nível de produção e emprego se combinam com uma inflação acelerada), fenômeno típico do período que se seguiu à segunda guerra mundial, que se tem acentuado em quase todas as economias capitalistas desenvolvidas depois da crise do petróleo de 1973-1979. INFLAÇÃO DE DEMANDA

Considera-se a inflação de demanda como sendo o tipo de inflação causada pelo excesso de demanda agregada em relação à produção disponível de bens e serviços. Ou seja, ocorre uma certa defasagementre a quantidade ofertada e a quantidade demandada, sendo esta última consideravelmente maior que a primeira._ Os instrumentos para controle desse tipo de inflação estão centrados na redução da demanda agregada por bens e serviços, pois se sabe ser esta mais sensível aos choques que a ofertaagregada cujos ajustes se dão a prazosrelativamente longos._ DA = C + I + G + X – M_ Neste contexto, o governo pode agir deduas maneiras distintas: de forma direta por meio da redução de seus próprios gastos, ou de forma indireta recorrendo a políticas que reduzam o consumo e o investimento privado

Teoria estrutural: O enfoque estrutural não é totalmente independente das três teorias anteriores. Sua característica principal é a ênfase no desajuste da economia como causa do processo inflacionário. Esse desajuste é ocasionado, por exemplo, pela resistência em reduzir os salários, mesmo nas épocas de baixa produtividade, ou pelo desequilíbrio da balança comercial do país. Inflação e pobreza: Segundo o economista John Kenneth Galbraith, tanto a inflação quanto os

recursos que geralmente se utilizam para combatê-la prejudicam os mais fracos. A política monetária, de controle inflacionário, age provocando desemprego e deprimindo os preços dos que exercem menos controle sob seus rendimentos. A política tributária é um pouco mais eqüitativa do que a monetária, mas também restringe a produção e o nível de empregos. Assim, o fardo do controle da inflação sempre fica nas costas dos mais fracos e nas costas dos que perdem o emprego. Há diversos índices que se utilizam para medir a inflação. Para aferir a variação dos preços dos produtos finais consumidos pela população usa-se o índice de custo de vida (ICV) ou o índice de preços ao consumidor (IPC), tomando por base os produtos de consumo de uma família-padrão para toda a sociedade ou certa classe. Para medir a variação nos preços dos insumos e fatores de produção e demais produtos intermediários, usam-se índices de preços ao produtor ou o índice de preços no atacado (IPA). A inflação no Brasil levou à criação de mais de trinta índices diferentes para medir a inflação e corrigir a desvalorização da moeda. _ A inflação é um problema mundial e atinge o Brasil desde longa data._ Não existe uma relação definida entre nível de desenvolvimento e taxa de inflação (ou seja, encontram-se países mais desenvolvidos com altas e com baixas taxas de inflação).InflaçãoInflação é a situação de aumentos contínuos e generalizados dos preços dos bens e serviços em uma economia._ É o aumento persistente dos preços, queenvolve o conjunto da economia, e do qual resulta uma contínua perda do poder aquisitivo da moeda._ Hiperinflação, deflação, ...

Teoria monetarista da inflaçãoDéficits orçamentários financiados pela expansão de moeda causarão taxa de inflação igual à taxa de crescimento da quantidade de moeda._ Assim, para os monetaristas mais recentes, um déficit público financiado pela expansão de moeda manual (via ampliação da base monetária), ou por títulos públicos de alta liquidez, gera expansão dos meios de pagamento, causando inflação.

Teoria keynesiana da inflação• O déficit público é um dos mecanismos quegeram excesso de demanda agregada.• Esta só causa inflação se ocorrer aumentos de salários (que causam aumentos de custo deprodução).• Portanto, para a teria keynesiana, o déficitpúblico poderá ser uma das causas da inflação,mas não a sua única causa, como afirmam osmonetaristas.• Além disso, o déficit público, segundo os autores keynesianos, causa inflação ao elevar os custos de produção e não porque o déficit público vem acompanhado de uma expansão monetária.

Teoria monetarista da inflação

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_ Alguns autores argumentam que se o déficit público financiado pela expansão monetária gerar inflação, esta levará à corrosão dos valores reais de impostos arrecadados, gerando aumento do déficit público._Devido a defasagem no tempo entre o fato gerador do imposto e o efetivo recolhimento do imposto aos cofres públicos EFEITO TANZI..

Conceito de Curva de Philips

A curva de Philips consiste num gráfico que procura refletir as conclusões dos estudos levados a cabo por A. W. Philips e nos quais se demonstra que existe uma relação inversa entre a inflação e o desemprego. As razões para esta relação negativa prendem-se com o fato dos salários tenderem a aumentar quando o desemprego é reduzido e vice-versa; como os salários constituem um dos mais importantes componentes dos custos de produção, um aumento dos salários levará a um aumento dos preços. Desta forma, quanto mais elevada é a taxa de desemprego, menor será a taxa de inflação.

Em macroeconomia, a curva de Phillips é um trade-off entre inflação e desemprego, que permite analisar a relação entre ambos, no curto prazo. Segundo esta teoria, desenvolvida pelo economista neozelandês Willian Phillips, quanto mais alta a taxa de desemprego, menor a de inflação, ou seja, menos desemprego pode ser alcançado obtendo-se mais inflação, e vice-versa. Essa relação, entretanto, não é válida no longo prazo, porque não há nenhuma troca significante entre inflação e desemprego, uma vez que a taxa de desemprego é basicamente independente da taxa de inflação conforme outras variáveis vão se alterando.

A versão Friedman-Phelps da curva de Phillips, conhecida também por curva de Phillips aceleracionista, acrescenta à equação original a análise das expectativas. Utilizando o método das expectativas adaptativas ela indica que, para que se mantenha a taxa de desemprego a níveis inferiores ao da taxa de desemprego natural, o que importa não é a taxa de inflação, mas sim sua variação, necessitando-se assim de taxas de inflação cada vez maiores para manter as taxas de desemprego abaixo da taxa natural.

Assim, pode-se comprovar mais consistentemente, que a relação inversa entre a inflação e o desemprego se dá quando a inflação observada está acima das expectativas, e que, de fato, isso se dará

somente no curto prazo, já que no longo prazo a inflação observada tornar-se-á igual à esperada, quando então não será verificada nenhuma relação entre a inflação e o desemprego.

A NAIRU (sigla em inglês para Non-Accelerating Inflation Rate of Unemployment, Taxa de Desemprego Não-Acelerando a Inflação) é uma teoria proposta pelo economista Edmund Phelps. Apesar de nunca ter sido quantificada, a noção tornou-se popular por explicar a estagflação, verificada por economistas nos anos 70.

A Curva de Phillips, teoria até então aceita na sua forma original, assegurava que há uma relação inversa entre inflação e desemprego - quando um índice aumenta, o outro deve cair. No período de estagflação, entretanto, as economias desenvolvidas tiveram elevação simultânea dos dois indicadores.

A NAIRU é a taxa de desemprego à qual é associada inflação estável. Se U* é a NAIRU e U a taxa de desemprego corrente, a teoria, baseada na noção de expectativas racionais, afirma que:

se U < U* por algum tempo, as expectativas inflacionárias aumentam, e a inflação tende a se acelerar;se U > U* por algum tempo, as expectativas inflacionárias caem, e a inflação tende a se desacelerar; ese U = U*, a taxa de inflação tende a permanecer a mesma, a não ser que

ocorra um choque exógeno.

Para Phelps e Friedman a NAIRU é a taxa de desemprego natural, para a qual a economia converge. A NAIRU é associada a um produto potencial máximo, o nível mais alto de produção que pode ser sustentado no longo prazo. Desta forma, a Curva de Phillips assume a forma de uma reta vertical. A Curva de Phillips, sob o prima da NAIRU, tem um viés

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chamado de aceleracionista, pois a inflação se acelera quanto mais distante da NAIRU for o desemprego.

De acordo com a NAIRU, mesmo durante a ocorrência de produção máxima a economia pode apresentar desemprego involuntário, noção rechaçada por economistas novos clássicos. Essa ocorrência é explicada pela natureza do mercado de trabalho, no qual o equilíbrio efetivo pode se dar a uma taxa salarial mais elevada que o equilíbrio natural do mercado, graças ao poder de barganha dos sindicatos.

Lei de Okun é, em Macroeconomia, uma teoria que propõe uma relação inversa entre desemprego e Produto Nacional. A teoria foi desenvolvida pelo economista Arthur Okun, em 1962, quando este trabalhava no Comitê de Conselheiros Econômicos do presidente estadunidense John Kennedy. Ela mostra que o hiato do produto (diferença entre o produto de pleno emprego e o produto efetivo)é proporcional à diferença entre a taxa efetiva de desemprego e a taxa natural de desemprego.

A pesquisa na qual se concentrou era quanto deveria crescer a economia para que a taxa de desemprego caísse em um ponto percentual. Descreve uma relação linear entre as mudanças na taxa de desemprego e o crescimento do produto nacional bruto: por cada ponto percentual de diminuição do desemprego, o PIB real cresce em três por cento. A lei está baseada em dados da década de 1950 e é válida somente para taxas de desemprego entre o 3 e 7,5%.

Como muitas outras leis econômicas, a Lei de Okun é só a observação de uma regularidade (do mundo real) empírica que não se baseia em nenhum raciocínio econômico forte. Contudo, tem sobrevivido ao longo do tempo. James Tobin, que foi companheiro de Okun em Yale e no Conselho de Assessores econômicos do presidente Kennedy, qualificou a Lei como "uma das regularidades empíricas mais confiáveis da macroeconomia".

A Lei de Okun é incrivelmente robusta não somente em países desenvolvidos, mas aparentemente nos periféricos. Os dados do mercado de trabalho brasileiro são menos confiáveis (as séries são mais curtas, e restritas aos principais centros metropolitanos), mas os resultados são basicamente iguais. O que eles indicam é que o PIB deveria crescer aproximadamente 1,9% para poder reduzir em 1% a taxa de desemprego. Ou seja, para reduzir o desemprego para um patamar de 4 ou 5% a economia deveria crescer entre 7,6 e 9,5% a mais do que a taxa média dos últimos anos (pouco acima dos 2,5%). Portanto, taxas de crescimento chinesas seriam necessárias.

Okun acreditava que as transferências de riqueza através da política fiscal, dos relativamente ricos aos relativamente pobres, constituem-se em políticas apropriadas para qualquer governo, mas também reconhecia a perda de eficácia inerente no processo da redistribuirão. Para explicar o trade-off entre igualdade e eficácia, Okun introduziu a metáfora sobre o cubo esburacado: "O dinheiro deve ser levado dos ricos aos pobres num cubo esburacado.

Algo simplesmente desaparecerá pelo caminho, de forma que os pobres não receberão todo o dinheiro que se toma dos ricos". Okun atribuiu as perdas aos custos administrativos de impor e transferir os impostos e aos efeitos sobre os incentivos.

Origem da Lei de Okun: Resulta da interação entre a taxa de desemprego no mercado do trabalho e a taxa de capacidade ociosa no mercado do produto.

Definição Keynesiana

A deflação é a redução do nível geral de preços, de forma persistente (vários meses consecutivos) e aplicada à generalidade dos produtos. A deflação conduz à criação de expectativas de uma inflação negativa a médio prazo.

A deflação pode ser gerada pela baixa procura de determinados produtos ou serviços, ou pela maior oferta, menor demanda (procura) e pelo volume de moeda em circulação. Não se deve confundir deflação com desinflação, que é a redução do ritmo de alta de preços num processo inflacionário. Quando a inflação cai do patamar de 10% ao mês para o de 5%, por exemplo, pode-se dizer que houve desinflação. Deflação é quando os preços médios recuam, ou seja, a taxa torna-se negativa. As empresas reduzem preços como única alternativa de venda e podem ir à falência devido às perdas decorrentes da venda abaixo do custo. Em suma, a deflação é um crescimento negativo dos preços médios.

Os preços acabam caindo sempre que sobram mercadorias por falta de consumidores. Como as empresas não conseguem vender como antes, mesmo a preços menores, o faturamento e o lucro também acabam reduzidos. Para não ficar no prejuízo, elas são obrigadas a diminuir o ritmo da produção e a demitir funcionários. Com o desemprego alto, ninguém costuma gastar além da conta. Por isso, a oferta de serviços e os estoques crescem. Resultado: excesso de bens e preços menores que os de períodos anteriores.

O processo de deflação ainda pode ser iniciado, ou agravado, pela baixa oferta de moeda. Quer dizer, falta dinheiro em circulação, seja por causa dos juros altos, que tornam o crédito proibitivo, seja pela falta de investimentos. Essa bola de neve costuma afetar todos os setores da economia, do agricultor aos fabricantes de eletrodomésticos, além de abalar a própria estrutura social.

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