Curso on-line de Agricultura Orgânica

Prof. Silvio Penteado

Aula 1

SISTEMA ORGÂNICO

Este é o 1º Módulo do curso completo sobre agricultura orgânica. Você vai ficar sabendo tudo sobre os conceitos e fundamentos da agricultura orgânica. Também mostraremos os ramos da agroecologia, como ocorreu a degradação da agricultura e da natureza. ATENÇÃO: ESTE MÓDULO É BASTANTE TEÓRICO, POIS HÁ NECESSIDADE DE CONHECER OS CONCEITOS, FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DO SISTEMA DE PRODUÇÃO ORGÂNICO, ANTES DE ENTRAR NA PARTE PRÁTICA. O primeiro passo é conhecer e observar a natureza e suas relações. Somente depois disso

poderemos trabalhar na terra.

CURSO DE AGRICULTURA ORGÂNICA Prof. Silvio Roberto Penteado

MÓDULO 1- FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA AGRICULTURA ORGÂNICA

QUESTÕES

Quais as diferenças entre a agricultura orgânica

e a agricultura convencional?

O que significa ecologia e agroecologia? Agricultura sustentável é o mesmo do que

agricultura orgânica?

Quais as vantagens do sistema orgânico em

relação ao convencional?

NESTA AULA SERÁ ABORDADO

Diferença entre o sistema orgânico e o

convencional. Conheça os termos utilizados no

sistema orgânico.

Características da agricultura orgânica

Vantagens da agricultura orgânica

LIÇÃO 1: CONHEÇA O SISTEMA ORGÂNICO

O que é a agricultura Orgânica?

Agricultura orgânica é um sistema não-convencional de produção agrícola, ou

seja, de cultivo da terra, baseado em princípios ecológicos. Estes princípios básicos

ecológicos de atuação abrangem preservação e manejo dos recursos naturais e do solo,

a nutrição vegetal e a proteção das plantas, e o trabalho do homem dentro de princípios

eco-sociais.

Então o SISTEMA ORGÂNICO: É uma tecnologia de processo, isto é, utiliza

o conhecimento do solo/planta/ambiente para a exploração agrícola e utiliza os recursos

locais.

O que é o Sistema Convencional de Produção Agrícola?

É o atual sistema de produção agrícola, chamada de Agricultura Moderna,

surgida após as grandes guerras, cujo processo de produção está baseado no emprego

de adubos químicos, agrotóxicos (inseticidas, acaricidas, fungicidas, acaricidas, etc),

uso excessivo da mecanização, etc. sendo conhecido como tecnologia de produtos ou

de insumos.

Então o SISTEMA CONVENCIONAL é uma tecnologia de produtos, isto é,

exige o emprego de produtos (insumos vindos a maior parte de fora da propriedade)

para que seja feita o cultivo.

Agricultura Química = Desequilíbrio e Degradação ambiental

O desequilíbrio ambiental encontrado hoje na agricultura é o resultado de

atividades e práticas inadequadas, muitas vezes apresentadas como tecnologia

moderna, que não levando em conta a preservação dos recursos naturais, como solo,

flora, fauna e mananciais de água, tornaram muitas áreas inapropriadas para a

exploração agrícola e a vida humana.

O que distingue o Sistema Orgânico?

É uma forma de exploração agrícola que dispensa o emprego de insumos

agroquímicos agressivos, sendo uma tecnologia de processo, pois leva em

consideração a relação solo-planta-ambiente, utilizando os recursos disponíveis no

local ou na região (adubação, proteção de plantas, etc).

Agricultura Orgânica = Resposta á Agricultura Química

Em face de degradação ambiental e dos solos, a Agricultura Orgânica emergiu

como alternativa para tentar equilibrar os exageros da agricultura química. Desde a

década de 1970, questionam-se, de maneira mais forte, o pacote tecnológico moderno,

a revolução verde, e as conseqüências do uso de químicos agressivos ao ambiente.

Esse questionamento da agricultura química se deu tanto em níveis técnico, ético

e moral como em nível político, de modo que os grandes conglomerados internacionais

dominaram e dominam hoje a tecnologia nesse setor. A reação contra a agricultura

química veio em diferentes partes do mundo, através dos seguintes movimentos

ecológicos:

Índia= Agricultura Orgânica-

No Japão = Agricultura Natural

Alemanha = Agricultura Biodinâmica –

Na Europa = Agricultura Biológica

Austrália= Permacultura –

No Brasil = Agrofloresta

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LIÇÃO 2: CONHEÇA A ECOLOGIA E A AGROECOLOGIA

Antes de falar em agricultura orgânica com maiores detalhes é importante saber o

que significa os termos Ecologia, Ecossistema, Agricultura Sustentável, Agrossistemas,

Agroecologia e outros.

ECOLOGIA - O termo “Eco” significa casa, sendo que a casa onde vive os seres

vivos é o ambiente, então ecologia significa estudo do ambiente. “Eco” vem da

palavra grega oikos que significa também lugar, o que quer dizer que temos de

trabalhar com os sistemas e ciclos existentes no lugar onde trabalhamos e não transferir

tecnologia de ecossistemas diferentes.

Ecologia descreve o estudo do funcionamento dos ecossistemas, suas

características, habitat (flora e fauna), condição de equilíbrio, recursos, níveis de

contaminação, etc.

ECOSSISTEMA é a reunião ou o conjunto da comunidade biológica (seres vivos =

flora e fauna) com fatores ambientais (terra, água, ar, vento, umidade, etc), de uma

área. Há grandes ecossistemas naturais como a Mata Atlântica, a Serra do Mar, a

Amazônia, etc., assim como há ecossistemas locais, que devemos conhecer e

considerar suas condições ecológicas, para o estabelecimento adequado do sistema

orgânico.

A mata ou floresta que está sendo derrubada para a instalação de uma cultura

agrícola contém todo um ecossistema que está sendo impactado.

AGROECOSSISTEMAS - Se refere aos ecossistemas onde o homem faz sua

intervenção de forma equilibrada e sustentável, com o objetivo de utilizar os recursos

naturais e obter proveito econômico e agrícola. Exemplo: Sistemas agroflorestais, com

introdução de frutíferas comerciais ou no plantio e replantio de palmito em matas.

AGRICULTURA SUSTENTÁVEL - Este conceito muito amplo e repleto de

contradições deve ser considerado mais como um objetivo a ser atingido do que,

simplesmente, um conjunto de práticas agrícolas

Compreende a produção de alimentos, baseada no aproveitamento do potencial de

recursos e condições disponíveis na propriedade rural, sem afetar o homem, nem

degradar o meio ambiente. Explorar comercialmente a terra, sem afetar os processos e

o equilíbrio dos ecossistemas. É um sistema que mantém e melhora as condições

naturais.

AGROECOLOGIA – O termo agroecologia representa o estudo dos sistemas de

produção de alimentos, buscando inserir os ciclos naturais no processo produtivo.

Procura estudar processos de produção que utilizem como fundamento os ciclos da

natureza, como o ciclo da água, do carbono, do nitrogênio.

A agroecologia é uma agricultura que respeita da melhor maneira possível o

ecossistema existente. Utiliza a terra, procurando manter o equilíbrio da ecologia local.

Agroecologia: Holístico (enfoca o inteiro) Sustentável ( trabalha com ciclos e

sistemas )-causal ( trabalha com as causas, sua origem e não com os efeitos) etc.

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LIÇÃO 3: COMO FUNCIONA O SISTEMA ORGÂNICO

É UM SISTEMA AGRÍCOLA COM COMPROMISSOS

A agricultura orgânica é um sistema de produção comprometido com a saúde, a

ética e a cidadania do ser humano, visando contribuir para a preservação

da vida e da natureza.

Tem compromisso em preservar a terra e o meio ambiente. Busca utilizar de

forma racional os recursos naturais, empregando métodos de cultivos

tradicionais e as mais recentes tecnologias ecológicas.

Procuram uma interação entre o agricultor e o consumidor, de forma que

atendam às necessidades das partes envolvidas e fomentem a co-

responsabilidade.

Neste sistema, são respeitados os direitos do consumidor em adquirir um

alimento sadio, com origem conhecida. Ele tem o direito de conhecer os

métodos e insumos utilizados na produção, assim como de entrar em

contato com o produtor e visitar sua propriedade

Na agricultura orgânica busca-se a qualidade de vida, evitando danos á saúde do

homem, degradação do meio ambiente, perdas de resistência das plantas e

os prejuízos a população de inimigos naturais.

É UM SISTEMA DE PRODUÇÃO DIFERENCIADO

É um sistema de produção agrícola com características próprias, bastante

diferentes do sistema atual (moderno) de agricultura.

É um sistema que não utiliza sementes, mudas e animais transgênicos

(organismos geneticamente modificados), assim como aditivos,

coadjuvantes de fabricação e outros produtos geneticamente modificados ou

transgênicos na fabricação de processados.

Adota a rotação e a consorciação de culturas, incluindo princípios alelopáticos.

Trabalha com espécies, variedades e raças adaptadas ao local. Implanta

quebra-ventos, cortinas vegetais e área de refúgio para a fauna.

A biodiversidade é um objetivo a ser alcançado por todas as unidades certificadas.

Em áreas em que esteja plantada uma só espécie vegetal, deverão ser

plantadas outras espécies, de preferência árvores nativas, para evitar a

monocultura e estimular a biodiversidade vegetal e animal.

O solo deve proporcionar os nutrientes para as plantas, através da regeneração

da sua fertilidade, dando preferência aos adubos orgânicos e minerais de

lenta liberação dos nutrientes. As ervas nativas, o princípio é que devem

ser manejadas e não erradicadas.

Quanto ao problema fitossanitário, o seu propósito principal é prevenir pragas,

doenças e parasitas, adotando medidas que venham a aumentar a saúde

do solo e a resistência das plantas, sendo preferíveis à profilaxia.

A unidade de produção orgânica deve promover a diversificação de culturas; a

integração das atividades agrícolas e industriais; o aproveitamento

comercial dos produtos, subprodutos e resíduos das culturas,

processamento mínimo de alimentos e agroindústria.

O Código Florestal, a legislação sanitária e o Código do Consumidor devem ser

especialmente observados e respeitados, além, naturalmente, de toda a

legislação municipal, estadual e federal em vigor.

Estar atento às condições de armazenamento, transporte e comercialização dos

produtos, segundo os critérios da vigilância

Não poderá haver embalagens de agrotóxicos ou adubos solúveis, nas

propriedades totalmente orgânicas, sejam cheias, parcialmente cheias ou

vazias. São exceções: rodenticidas, desde que haja manejo preventivo

contra roedores e proteção da saúde de pessoas e animais, e iscas

formicidas à base de sulfluramida, com os mesmos cuidados quanto à

saúde.

As unidades certificadas devem possibilitar a visita de consumidores interessados em

conhecer o processo e as condições da produção.

É UM SISTEMA BASEADO NUM SOLO VIVO E PRESERVADO

No sistema orgânico, o cultivo dos solos deverá ser feito somente quando

estes se apresentarem equilibrados, com saúde e vida, isto é, dentro de

características mínimas, que possam manter a flora e a fauna.

Para cultivo, eles devem estar necessariamente dentro das classes de

aptidão agrícola do solo, procurando a recuperação de solos que foram

inadequadamente explorados. O sistema orgânico adota obrigatoriamente práticas de

manejo que melhorem as suas condições físicas, químicas e biológicas, como exemplo

deve-se manter o solo coberto durante o maior tempo possível,

Procura integrar a adubação orgânica e adubação verde ao controle da

erosão, fazer o plantio em curvas de nível, construir de terraços, instalar faixas de

retenção, em terrenos muito acidentados fazer cordões de contenção de águas.

Planeja o cultivo mínimo do solo, evitando a mobilização excessiva dos

seus agregados e estrutura, podendo ser utilizado plantas subsoladoras biológicas

(adubos verdes), plantio direto, cultivo intercalar, cultivo em faixa ou bordadura.

Recomenda utilizar equipamentos para preparo do solo que não invertam as suas

camadas.

Busca manter a matéria orgânica, de preferência, na superfície do solo,

ou incorporá-la superficialmente, para melhorar ou manter a estrutura e fertilidade do

solo e favorecer o desenvolvimento das raízes. A matéria orgânica de preferência deve

ser produzida no local. Se for trazida de fora, deve ser isenta de agentes químicos e

biológicos poluidores e contaminantes. Recomenda manejar adequadamente os restos

de culturas, não sendo recomendável a sua queima.

Orienta fazer análise do solo, com bastante antecedência., para verificar

a necessidade da correção com fósforo e calcário. A correção do pH deverá ser feita de

forma gradativa, durante anos, evitando-se elevadas aplicações de calcários em um

único ano agrícola.

É UM SISTEMA QUE RESPEITA O MEIO AMBIENTE

É um sistema de produção agrícola que procura produzir alimentos, dentro

de princípios de preservação do ecossistema local e de segurança alimentar,

visando a qualidade do produto e ao mesmo tempo, evitando a poluição do ar, a

contaminação dos recursos naturais - solo, água, fauna e flora.

Fazer a produção agrícola, porém evitando a poluição e contaminação

das águas, quanto ao uso para irrigação, lavagem dos produtos ou consumo humano ou

animal. Procurar manter a cobertura vegetal nas margens dos cursos e reservatórios

d’água, nas áreas de proteção de mananciais, nas reservas legais, nas áreas de classe

de capacidade de uso VII e VIII, conservar as áreas de vegetação natural e

reflorestamento. Não realizar queimadas.

Todos os resíduos não reaproveitados nas unidades de produção e nas

unidades comerciantes deverão ser dispostos de acordo com a legislação; não poderão

poluir o ar, o solo, o lençol freático nem os cursos d’ água; especial cuidado deve ser

tomado com o lixo, que não deverá ocupar locais não destinados ao mesmo.

O processamento de produtos deverá ter o cuidado de causar o mínimo

impacto ambiental, considerados a poluição (visual, sonora, química, biológica e outras

formas), consumo energético, reciclagem de materiais e sustentabilidade. Deve

obedecer a critérios de higiene, garantir a qualidade dos produtos processados e não

oferecer riscos de saúde e segurança aos operadores e às comunidades vizinhas. O

Código Florestal deve ser especialmente observado e respeitado, além, naturalmente,

de toda a legislação municipal, estadual e federal em vigor.

É UM SISTEMA COM RELAÇÕES SOCIAIS JUSTAS

Todas as unidades produtores envolvidas no sistema orgânico, devem cumprir a

legislação trabalhista, a legislação referente à segurança e à saúde

ocupacional, Não sendo aceito discriminação de raça, gênero, religião,

naturalidade ou posição política na seleção e contratação de trabalhadores.

Deve atender os direitos da gravidez, aleitamento materno e afastamentos médicos.

Não utilizar trabalho de menores de 14 anos nas atividades agroindustriais.

O trabalho da faixa etária de 14 a 18 anos somente será permitido naquelas

atividades consideradas não penosas pelas entidades oficiais.

Deve proporcionar meios de aprendizado educacional para os funcionários e seus

familiares. Adotar programas de formação profissional, principalmente

quanto ao manuseio adequado de insumos agrícolas, equipamentos e

máquinas agroindustriais.

Contratar os trabalhadores com carteira de trabalho ou contrato de safra.

Remuneração dos trabalhadores pelo menos pelo o piso salarial regional.

Estas relações devem ser éticas e idôneas, cumprindo rigorosamente os

contratos estabelecidos.

A unidade produtora deve providenciar o transporte adequado dos trabalhadores,

ficando este serviço sob responsabilidade do produtor. Ela deve implantar e

manter instalações e áreas de importância social, cultural, ambiental ou

religiosa na unidade produtora. Fornecer uma moradia digna e saudável

para os trabalhadores residentes, assim como sanitários, alojamentos,

refeitórios adequados. Deve assumir compromisso com o bem estar socio-

econômico, que afetem diretamente a sua qualidade de vida.

ADOTA UMA CRIAÇÃO ANIMAL DIFERENCIADA

O sistema orgânico procura integrar a produção animal à produção

vegetal, visando a reciclagem dos nutrientes, a maior independência dos insumos

vindos de fora da propriedade e visando também outros benefícios advindos da

integração, como a polinização por abelhas melíferas. Deve seguir os princípios da

ciência do comportamento animal, quanto ao espaço e conforto dos animais, à sanidade

e à produção de alimentos de maior valor nutritivo.

Os animais devem ter direito ao solário e ás pastagens. Deve obedecer as

regras e orientações oficiais quanto ás vacinas e medidas de profilaxia.

EXIGÊNCIAS PARA ENTRAR NO SISTEMA ORGÂNICO: A introdução e

manutenção do produtor e da unidade agrícola no sistema orgânico exige uma

mudança radical de consciência e procedimentos em relação ao processo de produção

agrícola convencional, conforme pode ser verificado abaixo:

Consciência agroecológica por parte do produtor e seus trabalhadores.

Responsabilidade pela qualidade do produto.

Compromissos do produtor orgânico com o ambiente e consumidor.

Maior demanda de recursos orgânicos e naturais, assim como mão de obra.

Necessidade de adaptação do sistema de produção orgânica.

Capacitação técnica em agroecologia, por parte do produtor e seus trabalhadores.

Processo gradual de implantação.

LIÇÃO 4. VANTAGENS DO SISTEMA ORGÂNICO

A produção orgânica tem uma maior vantagem sobre a agricultura convencional,

não somente devido do seu impacto benéfico sobre o ambiente e na saúde humana,

conforme são apresentados abaixo, como pode contribuir para maiores rendas, melhor

segurança alimentar e criação de novos empregos. A produção orgânica tem uma maior

vantagem sobre a agricultura convencional, não somente devido do seu impacto

benéfico sobre o ambiente e na saúde humana, conforme são apresentados abaixo,

como pode contribuir para maiores rendas, melhor segurança alimentar e criação de

novos empregos.

AS PRINCIPAIS VANTAGENS DO SISTEMA ORGÂNICO SÃO:

OBTER PRODUTOS AGRÍCOLAS SAUDÁVEIS - O consumo de alimentos

livres de resíduos e de contaminação por substâncias tóxicas é uma preocupação que

cresce a cada dia, na medida em que vão sendo divulgados trabalhos que mostram os

prejuízos dos agrotóxicos no homem e no meio ambiente. O alimento deve ser

saudável, com seu sabor e características originais.

EVITAR A CONTAMINAÇÃO DO PRODUTOR - O trabalhador rural é o

primeiro elemento afetado na longa cadeia de contaminação e prejuízos causados

pelos pesticidas, uma vez que trabalha diretamente com estes produtos, e raramente

usa equipamentos de proteção. A busca de produtos que sejam inócuos ou de baixo

impacto sobre o homem e o meio ambiente é prioritariamente desejável.

MANTER O EQUILÍBRIO DA NATUREZA, PRESERVANDO A FAUNA, A

FLORA E OS MANANCIAIS DE ÁGUAS - O emprego de agrotóxicos, ainda que da

Classe Toxicológica IV (faixa verde), são considerados como perigosos e

contaminantes para o meio ambiente (citados no próprio rótulo). O seu emprego pode

causar desequilíbrios sérios, como a contaminação química dos mananciais de água,

erradicação dos inimigos naturais, poluição dos solos, etc. Busca-se o emprego de

produtos que não afetem o ecossistema ou que tenham baixo impacto ambiental, sem

efeito residual e que permitam rápida recomposição dos elementos naturais.

REDUZIR O NÚMERO DE APLICAÇÕES DE DEFENSIVOS -Verifica-se na

agricultura convencional ou química o número excessivos de aplicações de defensivos

agrícolas, chegando até 30 pulverizações na cultura do tomate e 60 na cultura da

goiaba. A opção de manter a saúde do colo e o emprego de defensivos alternativos que

aumentem a vitalidade e a resistência das plantas vem demonstrando a possibilidade de

reduzir a necessidade de frequentes aplicações de produtos na lavoura.

AUMENTAR A RESISTÊNCIA DA PLANTA CONTRA A OCORRÊNCIA DE

PRAGAS, PATÓGENOS E SINISTROS NATURAIS- Na agricultura orgânica não

emprega agrotóxicos, porém defensivos naturais e processos que visam fortalecer a

resistência da planta. Quando se emprega um defensivo alternativo o objetivo principal

não é eliminar ou erradicar os insetos ou patógenos, mas fortalecer a planta de forma a

ativar e favorecer seus mecanismos de defesas naturais ou reforçar suas estruturas de

proteção. A ação fito ou ferti-protetora dos alternativos é importante, pois além dos

insetos-pragas e patógenos, a planta está sujeita a distúrbios ou doenças fisiológicas e

fatores climáticos (stress hídrico, calor, umidade, etc).

DIMINUIR OS GASTOS COM A CONDUÇÃO DAS CULTURAS, REDUZIR O

CUSTO DE PRODUÇÃO E AUMENTAR A LUCRATIVIDADE - A agricultura atual,

caracterizada pela elevada de demanda de insumos, tornou-se altamente onerosa, com

baixo retorno ao agricultor. A condução num sistema mais sustentável, com o emprego

das técnicas da agroecologia, vem permitindo em numerosos cultivos (café, citros,

maracujá, pêssego, etc) reduzir os gastos de produção e aumentar a renda líquida do

agricultor.

ATENDER A CRESCENTE PROCURA DE PRODUTOS SADIOS, À NÍVEL

LOCAL, NACIONAL E INTERNACIONAL – Hoje é maior a procura, do que a oferta de

alimentos orgânicos. A utilização das técnicas ecológicas constituem para muitas

culturas fator fundamental, necessárias para obter produtos sadios e de qualidade para

a comercialização, dentro dos princípios exigidos pelo mercado mundial.

GARANTIA DO CONSUMIDOR – Ao adquirir um produto orgânico

certificado, o consumidor tem a certeza que o alimento foi produzido dentro das normas

da produção orgânica e que o ambiente está sendo respeitado e preservado.

LIÇÃO 5. DIFERENÇA ENTRE OS SISTEMAS CONVENCIONAL E

ORGÂNICO

CONVENCIONAL ORGÂNICA

Tecnologia de produtos: Cultivo baseado na aquisição de

insumos para a produção agrícola

Tecnologia de processos: Leva em consideração a relação: planta, solo e

ambiente, aproveitando os recursos locais (sustentabilidade)

PRAGAS E DOENÇAS PRAGAS E DOENÇAS

Uso de pesticidas agressivos, que contaminam o homem e a natureza.

Ativa a defesa natural e com emprego de defensivos alternativos., que favorecem a resistência da planta

Erradicação dos inimigos naturais devido ao emprego de agrotóxicos e

falta de áreas de refúgio.

Presença de inimigos naturais, que favorecem o controle fitossanitário, com a redução da necessidade

de controle.

ADUBAÇÃO E NUTRIÇÃO ADUBAÇÃO E NUTRIÇÃO

Emprego de adubos químicos de alta solubilidade, que desequilibram as

plantas, liberando radicais livres. Desequilíbrio nutricional da planta,

sendo obrigado o emprego de fertilizantes foliares de alto custo.

Uso de adubos orgânicos e de lenta liberação de nutrientes.

Equilíbrio nutricional, plantas rústicas e produtivas, uma vez que há alta disponibilidade de nutrientes

para a planta no solo, pela matéria orgânica.

SOLO SOLO

Falta de cobertura de proteção do solo. Monocultura.

Falta de manejo adequado da água, solo e das ervas nativas no terreno. Uso de grades para erradicação das

ervas nativas

Mantém a cobertura do solo , seja viva com plantas (adubos verdes ou ervas nativas manejadas) ou

cobertura morta, com matéria orgânica. Biodiversidade ou rotação de cultivos. Preservação

dos mananciais de água, sem contaminantes e manejo das ervas nativas.

Erosão do solo mecanização excessiva, causando empobrecimento quanto a humus e vida microbiana. Solo com

baixa capacidade de reservas de água e nutrientes.

Equilíbrio do solo e ambiente. Rico em matéria orgânica vida microbiana. Solos com elevada capacidade de retenção de água e nutrientes.

MEIO AMBIENTE MEIO AMBIENTE

Contaminação e deterioração do ecossistema.

Ecossitema equilibrado, com menor necessidade de intervenção do produtor (adubação e proteção) . Sistema auto-sustentável, com menor custo de

produção.

ALIMENTOS PRODUZIDOS ALIMENTOS PRODUZIDOS

Alimentos contaminados, com sabor e aroma alterados pelos insumos

químicos e baixa conservação. Preços instáveis no mercado. Produto sem

garantia de qualidade. Produtor não tem garantia de

comercialização pelo preço justo. Alto risco de descapitalização na atividade.

Alimentos sadios, com sabor e aroma característicos e maior conservação em pós-colheita. Vantagens na

comercialização, com venda direta e preços estáveis e mais elevados Atividade de menor risco.