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CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSORES LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO – AULA 03 www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá, amigo(a) concurseiro(a)! Hoje daremos início à Aula 03 de Direito Comercial (Empresarial) para AFRFB e AFT 2013. Hoje veremos o restante do item 5 do edital: 5. (...) Sociedade cooperativa. Operações societárias. Dissolução e liquidação de sociedades. Continuem firme no propósito. A jornada é longa e quando o resultado vem é recompensador. Você já está fazendo a sua parte lendo esse curso. Continue assim que o esforço e a dedicação geralmente fazem a diferença. Vamos a mais uma aula importante. Preparado(a)? Então, venha comigo! 1 – SOCIEDADE COOPERATIVA Introdução As sociedades cooperativas são regidas pela Lei 5.764/1971, observadas as novas regras trazidas pelo Código Civil de 2002 (arts. 1.093 a 1.096). No que a Lei for omissa, aplicam-se às cooperativas as disposições referentes às sociedades simples (art. 1.096 do CC/2002). Os dispositivos legais abaixo citados, em matéria de sociedade cooperativa, quando nada for dito, referem-se à Lei 5.764/1971. As sociedades cooperativas são entidades destinadas ao desenvolvimento de atividades econômicas, em benefício comum dos seus sócios, sem fins lucrativos (art. 3.º da Lei). Seus membros se obrigam reciprocamente a contribuir com bens ou serviços para o exercício dessas atividades, com o intuito de prestação de auxílio e colaboração mútua entre eles. Exemplos de sociedades cooperativas: taxistas, catadores de lixo, habitacional. Então, ao longo da explicação das características legais, tentem imaginar algum desses exemplos acima, pois isso ajuda a entender os conceitos e aprender melhor a matéria. Vamos juntos... AQUI ESTÁ UM PARÁGRAFO QUE DEVE SER VALORIZADO: São sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados (art. 4.º da Lei). São consideradas sociedades simples (art. 982, par. único, in fine, do CC/2002). O capital social será subdividido em quotas (ou quotas-partes), cujo valor unitário não poderá ser superior ao valor do salário mínimo (art. 24).

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Olá, amigo(a) concurseiro(a)! Hoje daremos início à Aula 03 de Direito Comercial (Empresarial) para AFRFB e AFT 2013. Hoje veremos o restante do item 5 do edital:

5. (...) Sociedade cooperativa. Operações societárias. Dissolução e liquidação de sociedades.

Continuem firme no propósito. A jornada é longa e quando o resultado vem é recompensador. Você já está fazendo a sua parte lendo esse curso. Continue assim que o esforço e a dedicação geralmente fazem a diferença. Vamos a mais uma aula importante. Preparado(a)? Então, venha comigo! 1 – SOCIEDADE COOPERATIVA Introdução

As sociedades cooperativas são regidas pela Lei 5.764/1971, observadas as novas regras trazidas pelo Código Civil de 2002 (arts. 1.093 a 1.096). No que a Lei for omissa, aplicam-se às cooperativas as disposições referentes às sociedades simples (art. 1.096 do CC/2002). Os dispositivos legais abaixo citados, em matéria de sociedade cooperativa, quando nada for dito, referem-se à Lei 5.764/1971.

As sociedades cooperativas são entidades destinadas ao

desenvolvimento de atividades econômicas, em benefício comum dos seus sócios, sem fins lucrativos (art. 3.º da Lei). Seus membros se obrigam reciprocamente a contribuir com bens ou serviços para o exercício dessas atividades, com o intuito de prestação de auxílio e colaboração mútua entre eles.

Exemplos de sociedades cooperativas: taxistas, catadores de lixo,

habitacional. Então, ao longo da explicação das características legais, tentem imaginar algum desses exemplos acima, pois isso ajuda a entender os conceitos e aprender melhor a matéria. Vamos juntos...

AQUI ESTÁ UM PARÁGRAFO QUE DEVE SER VALORIZADO: São

sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados (art. 4.º da Lei). São consideradas sociedades simples (art. 982, par. único, in fine, do CC/2002). O capital social será subdividido em quotas (ou quotas-partes), cujo valor unitário não poderá ser superior ao valor do salário mínimo (art. 24).

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Há uma diferença na doutrina entre cooperativismo e mutualidade. As mútuas são associações civis, ou seja, entidades sem fins econômicos, que se destinam ao estabelecimento de um fundo voluntário, formado pelas contribuições de todos os partícipes, a fim de se resguardarem de contingências diversas, como morte, acidente ou doença. Já as cooperativas, como dito acima, são sociedades constituídas por seus sócios para o desenvolvimento de determinada atividade econômica em benefício comum, embora sem fins lucrativos. Na verdade, no cooperativismo existe o elemento lucro, embora de forma secundária. Somente se não houvesse nenhum intuito econômico a cooperativa se transformaria em uma entidade de natureza puramente mutualística. Você não vai encontrar essa diferença citada acima em nenhum artigo da lei. É definida pela doutrina e muito importante que você aprenda essa diferença, pois costuma ser objeto de pergunta de prova. Lembre-se, tente visualizar a situação de maneira prática.

A cooperativa, assim, é uma entidade que exerce atividade econômica

sui generis, já que o objetivo primordial da sociedade não é o lucro, mas o auxílio e a colaboração mútua entre os sócios, que, podem, inclusive, contribuir apenas com serviços (art. 3.º). Não obstante, o lucro está presente, sob a forma de distribuição das chamadas sobras líquidas do exercício (art. 4.º, VII). Assim, a mutualidade é presente tanto nas mútuas como nas cooperativas, mas, nestas, há também o elemento econômico, que, no entanto, não deve prevalecer sobre a mutualidade, sob pena de a cooperativa se transmudar em uma sociedade em sentido estrito.

A Lei 5.764/1971 bem demonstra a proximidade entre a cooperativa e

as associações civis, quando, apesar de chamar a cooperativa de sociedade, nomeia seus membros não de sócios, mas de associados (art. 4.º).

Em função das particularidades acima, é comum dizer que a cooperativa possui natureza mutualística. Veremos, no entanto, que o entendimento da Esaf parece ser o de que as cooperativas não são entidades mutualistas (mútuas) em sentido estrito (digo parece, porque a questão que cobrava tal entendimento acabou sendo anulada, conforme veremos abaixo).

Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser

limitada ou ilimitada. No primeiro caso, o sócio responde somente pelo valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a proporção de sua participação nas mesmas operações. No segundo, o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações

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sociais (art. 1.095 do CC/2002). Em qualquer caso, prevalece o benefício de ordem, isto é, a responsabilidade do sócio perante terceiros somente poderá ser invocada depois de judicialmente exigida da cooperativa (art. 13 da Lei). Disposições Constitucionais

Uma questão que envolva esse assunto pode ser cobrada tanto na

nossa matéria como em direito Constitucional, então, fique atento. A Constituição Federal de 1988 (CF/88) traz algumas disposições

importantes sobre as cooperativas. Diz a Carta Magna que a criação de cooperativas, na forma da lei, independe de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento (art. 5.º, XVIII), dispositivo que acabou por revogar os arts. 17 e 18 da Lei 5.764/1971, que dispunham sobre a autorização governamental prévia para o funcionamento das cooperativas.

Embora independam de autorização para funcionar, as cooperativas

devem efetuar o registro dos seus atos constitutivos no órgão competente, o que nos leva a um problema. É que, segundo o art. 32, II, a, da Lei 8.934/1994 (Lei do Registro Público de Empresas Mercantis), o arquivamento dos atos da cooperativa deve ser feito na Junta Comercial, mas o art. 1.150 do CC/2002 estabelece que esse arquivamento deve ser realizado no Registro Civil das Pessoas Jurídicas (RJPJ), já que se trata de uma sociedade simples. Até hoje não se chegou a um consenso sobre qual regra deve prevalecer, a do CC/2002, por ser mais recente, ou a da Lei 8.934/1994, por ser norma especial. Atualmente, tem sido aceito o registro da cooperativa em qualquer desses órgãos.

Eis uma questão sobre o assunto: 1 - (CESPE/PROCURADOR DO ESTADO/PGE-AM/2004) Determinada sociedade cooperativa, que atue no ramo de prestação de serviços de informática, estará sujeita ao registro civil das pessoas jurídicas. Contudo, não obstante a sociedade ser de natureza simples, a lei determina que seus constitutivos sejam arquivados no registro público de empresas mercantis e atividades afins. O item é correto, já que o art. 1.150 do CC/2002 estabelece que o arquivamento dos atos constitutivos das sociedades simples (entre as quais se insere a cooperativa) deve ser realizado no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, ao passo que a Lei 8.934/1994 determina que o

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registro da cooperativa deve se dar no Registro Público de Empresas Mercantis (Junta Comercial). Gabarito: Certo A CF/88 diz também que cabe à lei complementar estabelecer normas

gerais sobre o adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas (art. 146, III, c). Atos cooperativos são os praticados entre as cooperativas e seus associados ou entre as cooperativas entre si, quando na qualidade de associados (veremos adiante que existem cooperativas de cooperativas), para a consecução dos objetivos sociais. O ato cooperativo não deve ser considerado operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria (art. 79 da Lei).

Ainda segundo a Lei Maior, a lei apoiará e estimulará o

cooperativismo (art. 174, § 2.º) e o Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros (art. 174, § 3.º). Essas cooperativas de garimpeiros terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando e naquelas estabelecidas pela União para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa (arts. 174, § 4.º, e 21, XXV).

Por fim, a Carta Magna reza que a política agrícola levará em conta,

especialmente, entre outros fatores, o cooperativismo (art. 187, VI) e o Sistema Financeiro Nacional abrangerá as cooperativas de crédito (art. 192). Características das Cooperativas

São características da sociedade cooperativa (art. 1.094 do CC/2002): - Variabilidade ou dispensa do capital social. A cooperativa é uma sociedade de capital variável, isto é, seu capital social pode ser aumentado ou diminuído, mediante adesão ou retirada de novos associados. Assim, havendo capital, ele será variável, sem necessidade de deliberação social para seu aumento ou redução. Frise-se, contudo, que os sócios podem contribuir apenas com serviços, situação em que a sociedade não terá capital social (ou fundo social, como parte da doutrina prefere chamar); Tem que saber essa característica, pois ela diferencia a cooperativa dos outros tipos de sociedade.

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- concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da sociedade, sem limitação de número máximo; - limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar; - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por herança, regra que demonstra ser a cooperativa uma sociedade de pessoas, o que, aliás, está expresso no art. 4.º da Lei 5.764/1971; - quórum, para a Assembleia Geral (AG) funcionar e deliberar, fundado no número de sócios presentes à reunião, e não no capital social representado; - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação; - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado; - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade. Segundo o art. 28, I, da Lei 5.764/1971, as cooperativas são obrigadas a constituir fundo de reserva destinado a reparar perdas e atender ao desenvolvimento de suas atividades, constituído com 10%, pelo menos, das sobras líquidas do exercício. As cooperativas possuem ainda as seguintes características (art. 4.º

da Lei 5.764/1971) (perceba que muitas das características abaixo foram repetidas no art. 1.094 do CC/2002, acima descrito):

- adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços, o que pode ocorrer, por exemplo, em caso de excessivo número de sócios; - variabilidade do capital social representado por quotas-partes; - limitação do número de quotas-partes do capital para cada associado, facultado, porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for mais adequado para o cumprimento dos objetivos sociais; - incessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros estranhos à sociedade (sociedade de pessoas); - singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e confederações de cooperativas, com exceção das que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da proporcionalidade (veremos esses tipos especiais de cooperativas à frente);

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- quórum para o funcionamento e deliberação da AG baseado no número de associados e não no capital; - retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da AG; - indivisibilidade dos fundos de reserva e de assistência técnica educacional e social (art. 28); - neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social; - prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos estatutos, aos empregados da cooperativa; - área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, operações e prestação de serviços.

Veja estas questões da Esaf sobre as cooperativas: 2 - (ESAF/JUIZ DO TRABALHO/TRT 7.ª REGIÃO/2005) A cooperativa: a) tem, por força legal, a natureza de sociedade simples, o que a impedirá de ser sócia de qualquer tipo societário e de prestar serviços, voltados ao atendimento de seus sócios, impossibilitando o exercício de uma atividade econômica comum. b) apresenta indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, mesmo que haja dissolução da sociedade, para reforçar o patrimônio cooperativo e assegurar aos credores a integridade de seus créditos. c) impõe responsabilidade ao cooperado, que só poderá ser limitada. d) tem por característica a invariabilidade ou impossibilidade de dispensa do capital social, desde que estipulada no ato constitutivo. e) disciplinar-se-á em caso de omissão de lei especial pelos artigos 986 a 996 do novo Código Civil, alusivos à sociedade em comum. A letra A é errada, pois a cooperativa exerce uma atividade econômica, sem fins lucrativos, em proveito comum dos associados, além de não haver impedimento à sua participação em outras sociedades. A letra B é correta porque a indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, mesmo em caso de dissolução da sociedade, é uma das características da cooperativa, sendo o saldo desse fundo, após a liquidação, destinado ao Poder Público. A letra C é incorreta, já que, na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada. A letra D é falsa, pois é característica da sociedade cooperativa a variabilidade ou dispensa do capital social. E a letra E é errada porque, nas lacunas legislativas, as cooperativas regem-se pelas regras aplicáveis às sociedades simples.

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Gabarito: B 3 - (ESAF/AFT/MTE/2006) As sociedades cooperativas: a) caracterizam-se por serem de natureza mutualística. b) têm capital fixo ou variável. c) não têm capital, pois usam os bens dos seus cooperados. d) são consideradas sociedades empresárias para todos os fins de direito. e) podem operar exclusivamente na atividade agrícola e agropecuária. A Esaf considerou a letra A inicialmente errada. Parece, assim, que, na visão dessa banca, as cooperativas não possuem natureza mutualística, conforme exposto anteriormente. A letra B foi inicialmente considerada correta, mas uma das características da cooperativa é a variabilidade de seu capital. Em função disso, esta opção está errada, o que provavelmente gerou a anulação da questão pela Esaf. Nada impede, contudo, que a letra A também tenha sido considerada defeituosa pela banca. A falta de justificativa pública da anulação da questão deixa-nos com essa incerteza. Diante da situação, caso esse assunto seja cobrado no dia (natureza mutualística das cooperativas), recomendo olhar com atenção as demais opções para poder escolher a melhor resposta. A letra C é falsa, pois as cooperativas podem ter ou não capital. Não o terão se todos os associados contribuírem apenas com serviços para a formação da cooperativa. A letra D é errada, já que a cooperativa é uma sociedade simples. E a letra E é incorreta porque o objeto da cooperativa pode ser das mais diversas naturezas, como de consumo, de crédito, de trabalho, agrícola, etc. Gabarito preliminar: B Gabarito definitivo: anulada 4 - (ESAF/PROCURADOR DF/2007.2) Desde Rochdale, na Inglaterra, as cooperativas singulares difundiram-se como um importante instrumento catalisador das condições econômicas e sociais de seus associados. A respeito dos aspectos societários das cooperativas no atual estágio do ordenamento brasileiro, assinale a opção correta. a) Para a constituição de uma cooperativa, é indispensável a participação de, no mínimo, 30 (trinta) associados. b) Nas cooperativas, cada sócio tem direito a um só voto, qualquer que seja o valor de sua participação. c) Conforme seu objeto, a sociedade cooperativa poderá ser empresária ou simples.

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d) Assim como as sociedades em geral, as cooperativas orientam-se pelo princípio da intangibilidade do capital social. e) O regime das cooperativas admite amplamente a alienação das participações dos associados. Apenas para explicar o enunciado, costuma-se dizer que a primeira cooperativa do mundo foi criada no Século XIX (1844), por tecelões ingleses, no bairro de Rochdale, em Manchester (Inglaterra), a qual forneceu ao mundo os fundamentos do cooperativismo moderno. Chamava-se “Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale”. Na questão acima, a letra A está errada porque o número mínimo de associados de uma cooperativa singular é de vinte pessoas físicas, conforme o art. 6.º, I, da Lei 5.764/1971 (veremos isso adiante). A letra B é o gabarito, já que é característica da cooperativa o direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação. A letra C é incorreta, pois a cooperativa é sempre uma sociedade simples. A letra D é falsa, já que, em função da variabilidade ou mesmo dispensa do capital social da cooperativa, não há como falar em princípio da intangibilidade do capital nesse tipo de entidade. De acordo com esse princípio, os sócios não podem receber dividendos ou outros valores em prejuízo do capital. Em outras palavras, o patrimônio líquido da entidade não pode ser reduzido abaixo do montante do capital social, em razão da distribuição de lucros e outros bens. Como o capital da cooperativa é variável, o citado princípio não é aplicável a essa espécie societária. Finalmente, a letra E está errada porque vigora na cooperativa o princípio da intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade. Gabarito: B Continuando... A sociedade cooperativa funciona sob denominação

integrada pelo vocábulo “cooperativa”, sendo vedado às cooperativas o uso da expressão “Banco”. (art. 1.159 do CC/2002 e art. 5.º da Lei).

Embora o art. 3.º da Lei 5.764/1971 fale em “contrato de sociedade

cooperativa”, o ato constitutivo desse tipo de sociedade é o estatuto social, conforme consta, entre outros dispositivos, do art. 21 da Lei. Assim, trata-se de uma sociedade estatutária ou institucional. A cooperativa constitui-se por deliberação da Assembleia Geral dos fundadores, os quais devem constar da respectiva ata, ou por instrumento público (art. 14). Até aqui, tudo bem? Está acompanhando? Então, prossigamos...

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Classificação das Cooperativas

As cooperativas podem se classificar de acordo com o objeto ou pela natureza das atividades desenvolvidas por elas ou por seus associados (art. 10). Elas poderão adotar por objeto qualquer gênero de serviço, operação ou atividade (art. 5.º). Existem cooperativas de produtores, de consumo, de crédito, educacional, habitacional, de trabalho, etc. Serão consideradas mistas as cooperativas que apresentarem mais de um objeto de atividades (art. 10, § 2.º).

A cooperativa de consumo, por exemplo, é formada por

consumidores que adquirem, por meio da cooperativa, os bens e serviços de que necessitam, reduzindo custos pela eliminação do empresário varejista da cadeia econômica. Já a cooperativa de trabalho é constituída por trabalhadores de determinada área, para a melhoria de ganhos e condições de trabalho, por meio da realização de obras e serviços de forma coletiva, sem a figura de um patrão.

As cooperativas de crédito, por sua vez, destinam-se,

precipuamente, a prover, por meio da mutualidade, a prestação de serviços financeiros a seus associados, sendo-lhes assegurado o acesso aos instrumentos do mercado financeiro (art. 2.º da Lei Complementar 130/2009). Fornecem uma melhor administração dos recursos financeiros de seus sócios, inclusive com a prestação de serviços bancários em condições mais vantajosas. São consideradas instituições financeiras (art. 1.º da LC 130/2009).

As sociedades cooperativas podem ainda ser classificadas da seguinte forma (art. 6.º):

- cooperativas singulares (cooperativas de 1.º grau): constituídas pelo número mínimo de vinte pessoas físicas (levando-se em conta também as necessidades de composição da administração – art. 1.094, II, do CC/2002), sendo excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fins lucrativos; - cooperativas centrais ou federações de cooperativas (cooperativas de 2.º grau): constituídas de, no mínimo, três cooperativas singulares, podendo, excepcionalmente, admitir associados individuais, salvo se se tratar de centrais e federações que exerçam atividades de crédito (art. 6.º, § 2.º);

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- confederações de cooperativas (cooperativas de 3.º grau): constituídas, pelo menos, de três federações de cooperativas ou cooperativas centrais, da mesma ou de diferentes modalidades. As cooperativas singulares se caracterizam pela prestação direta de

serviços aos associados (art. 7.º). As cooperativas centrais e federações de cooperativas objetivam organizar, em comum e em maior escala, os serviços econômicos e assistenciais de interesse das filiadas, integrando e orientando suas atividades, bem como facilitando a utilização recíproca dos serviços (art. 8.°). Já as confederações de cooperativas têm por objetivo orientar e coordenar as atividades das filiadas, nos casos em que o vulto dos empreendimentos transcender o âmbito de capacidade ou conveniência de atuação das centrais e federações (art. 9.º).

Resolva agora esta questão sobre as cooperativas: 5 - (CESPE/EXAME DE ORDEM/OAB-PR/2008) Acerca das sociedades cooperativas, assinale a opção correta. a) As cooperativas constituem sociedades de pessoas que se obrigam reciprocamente para o exercício de uma atividade econômica, sempre com o objetivo de lucro. b) A lei determina que as sociedades cooperativas singulares sejam constituídas com o número mínimo de três pessoas físicas. c) É ilícita a transferência das quotas do capital social das sociedades cooperativas a não-cooperado, ainda que seja por herança. d) Nas sociedades cooperativas em que o cooperado possua mais de 50% do capital social, é a ele conferido o direito de mais de um voto nas deliberações da sociedade.

A letra A é errada porque as cooperativas não têm objetivo de lucro. A letra B é falsa, pois a Lei exige que as cooperativas singulares tenham o número mínimo de vinte associados pessoas físicas. A letra C é o gabarito, já que, nas cooperativas, é vedada a transferência das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por herança. Por fim, a letra D é incorreta porque cada sócio da cooperativa tem direito a apenas um voto nas deliberações, independentemente do valor de sua participação na capital social.

Gabarito: C

Viu como as questões de concurso não são muito difíceis, pelo contrário, quando você estuda com o material certo, com dedicação e com

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atenção, o resultado vem de forma natural. Você está indo bem, continue assim... Sócios ou Associados

A cooperativa deve assegurar aos seus sócios, associados ou, ainda, cooperados igualdade de direitos. Além disso, é defeso (vedado, proibido) à sociedade (art. 37):

- remunerar quem agencie novos associados; - cobrar prêmios ou ágio pela entrada de novos associados, ainda que a título de compensação das reservas; - estabelecer restrições de qualquer espécie ao livre exercício dos direitos sociais.

Frise-se ainda que não há vínculo empregatício (trabalhista,

celetista) entre a cooperativa e seus sócios. O associado que aceitar e estabelecer relação de emprego com a cooperativa perderá o direito de votar e ser votado, até que sejam aprovadas as contas do exercício em que ele deixou o emprego (art. 31). Nada impede, contudo, a sociedade de contratar empregados para o desenvolvimento de suas atividades.

Apesar de serem sociedades de pessoas, já que as quotas de capital

não podem ser cedidas a terceiros estranhos à sociedade, o art. 29 da Lei estabelece que o ingresso nas cooperativas é livre a todos que desejarem utilizar os serviços prestados pela sociedade, desde que adiram aos propósitos sociais e preencham as condições estabelecidas no estatuto, salvo se houver impossibilidade técnica de prestação de serviços. Assim, os associados não podem alienar suas quotas, mas terceiros podem ingressar na cooperativa, cumpridas as exigências do estatuto.

A admissão dos associados poderá ser restrita, a critério do órgão

normativo respectivo, às pessoas que exerçam determinada atividade ou profissão, ou estejam vinculadas a determinada entidade (art. 29, § 1.º). Não poderão ingressar no quadro das cooperativas os agentes de comércio e empresários que operem no mesmo campo econômico da sociedade (art. 29, § 4.º). Esse artigo serve para proteger as características legais e institucionais da cooperativa e evitar que ela torne-se uma sociedade empresária que tem como principal objetivo o lucro e continue sendo uma sociedade em que a ajuda mútua e pessoal de cada associado contribui significativamente para o bem estar e desenvolvimento de cada associado. Que bom né? Gosto muito de ver artigos da lei que protegem os mais fracos e evitam abusos e situações discrepante... Acho que até aqui estamos bem...

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O desligamento do associado da cooperativa pode ocorrer das

seguintes maneiras: - retirada a pedido, que a Lei chama de demissão (art. 32); - eliminação, em virtude de infração legal ou estatutária (art. 33). A diretoria da cooperativa tem o prazo de 30 dias para comunicar ao interessado a sua eliminação (art. 34), do que caberá recurso com efeito suspensivo à primeira Assembleia Geral (art. 34, par. único); e - exclusão, nos casos de dissolução do associado pessoa jurídica, morte ou incapacidade civil não suprida do associado pessoa física, ou por deixar o associado de atender aos requisitos estatutários de ingresso ou permanência na cooperativa (art. 35).

A responsabilidade do associado perante terceiros, por

compromissos da sociedade, perdura para os demitidos, eliminados ou excluídos até quando forem aprovadas as contas do exercício em que se deu o desligamento (art. 36). Caso tenha falecido, a responsabilidade passa aos seus herdeiros (art. 36, par. único).

Eis uma questão de concurso sobre os pontos acima:

6 - (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/CÂMARA DOS DEPUTADOS/2002) Com relação às cooperativas de trabalho, julgue os itens a seguir. 1 As cooperativas de mão-de-obra são criadas mediante contrato de sociedade entre pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, objetivando lucro. 2 Como espécie societária típica, as cooperativas de mão-de-obra são sociedades civis que não se sujeitam à falência, constituídas para a prestação de serviços aos associados e que se particularizam em relação às demais sociedades, entre outras razões, pela adesão voluntária de seus membros e pelo rateio das sobras líquidas de forma proporcional às operações realizadas por seus associados, salvo deliberação em contrário a cargo da assembléia geral. 3 As relações entre a cooperativa de mão-de-obra e seus associados são regidas pela CLT, salvo disposição contrária em seus estatutos. 4 A demissão do trabalhador cooperado apenas pode ocorrer por infração legal ou estatutária, jamais a pedido do próprio trabalhador, observada a respectiva anotação no Livro de Matrícula, com a exposição do fato que a determinou.

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5 A responsabilidade do trabalhador cooperado perante terceiros, por compromissos da sociedade, perdura para os demitidos, eliminados ou excluídos até quando aprovadas as contas do exercício em que se deu o desligamento. Gabarito: E-C-E-E-C

O item 1 é errado, pois o contrato de sociedade cooperativa é celebrado entre pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, porém sem o objetivo de lucro (art. 3.º). O item 2 está certo, já que as cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil (atualmente: sociedades simples), não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados, distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes características, entre outras (art. 4.º): adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços; e retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembleia Geral. O item 3 é falso porque não há vínculo celetista (relação de emprego) entre a cooperativa e seus associados. O item 4 é incorreto, pois a demissão do cooperado é o seu desligamento a pedido, sendo chamada de eliminação o desligamento do sócio da cooperativa por infração legal ou estatutária. Por fim, o item 5 é verdadeiro, já que, nos termos do art. 36 da Lei, a responsabilidade do associado perante terceiros, por compromissos da sociedade, perdura para os demitidos, eliminados ou excluídos até quando forem aprovadas as contas do exercício em que se deu o desligamento (art. 36).

Órgãos da Cooperativa A sociedade cooperativa possui os seguintes órgãos em sua estrutura:

Assembleia Geral, Diretoria, Conselho de Administração e Conselho Fiscal. Semelhante aos órgãos da sociedade anônima... Lembra? Assembleia Geral A Assembléia Geral dos associados (AG) é o órgão supremo da sociedade, dentro dos limites legais e estatutários, tendo poderes para decidir os negócios relativos ao objeto da sociedade e tomar as resoluções convenientes ao desenvolvimento e defesa desta, e suas deliberações

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vinculam a todos, ainda que ausentes ou discordantes (art. 38). A Assembleia Geral pode ser ordinária (AGO) ou extraordinária (AGE).

A convocação da AG será feita pelo presidente, por qualquer dos órgãos de administração, pelo Conselho Fiscal ou por um quinto dos associados em pleno gozo dos seus direitos, se não forem atendidos em solicitação anterior de convocação da AG (art. 38, § 2.º). As deliberações na AG serão tomadas por maioria de votos dos associados presentes com direito de votar (maioria simples) (art. 38, § 3.º).

A AGO se realizará anualmente nos três primeiros meses após o término do exercício social e deliberará sobre os seguintes assuntos (art. 44):

- prestação de contas dos órgãos de administração acompanhada de parecer do Conselho Fiscal: - destinação das sobras apuradas (deduzidas as parcelas para os fundos obrigatórios – art. 28) ou rateio das perdas decorrentes da insuficiência das contribuições para cobertura das despesas da sociedade; - eleição dos componentes dos órgãos de administração, do Conselho Fiscal e de outros, quando for o caso; - fixação de honorários, gratificações e cédula de presença dos membros do Conselho de Administração ou da Diretoria e do Conselho Fiscal; - quaisquer assuntos de interesse social, excluídos os de competência exclusiva da AGE (ver adiante).

Quanto aos assuntos acima, os membros dos órgãos de administração

e fiscalização não poderão participar das votações referentes à prestação de contas e à fixação de honorários, gratificações e cédula de presença (art. 44, § 1.º).

No tocante à destinação das sobras apuradas e ao rateio das

perdas, a Lei estabelece que as despesas da sociedade serão cobertas pelos associados mediante rateio na proporção direta da fruição de serviços (art. 80). No entanto, a cooperativa poderá, para melhor atender à equanimidade (igualdade) de cobertura das despesas da sociedade, estabelecer dois outros tipos de rateio (art. 80, par. único):

- rateio das despesas gerais da sociedade entre todos os associados, em partes iguais, tenham ou não usufruído dos serviços por ela prestados durante o ano, conforme definido no estatuto;

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- rateio das sobras líquidas ou dos prejuízos do exercício, apenas entre os associados que tenham usufruído dos serviços durante o ano, de forma proporcional à respectiva utilização, excluídas as despesas gerais atendidas na forma do item anterior. Os prejuízos do exercício só serão rateados entre os associados depois

de consumido os recursos do fundo de reserva (arts. 28, I, e 89).

A AGE realizar-se-á sempre que necessário e poderá deliberar sobre qualquer assunto de interesse da sociedade, desde que mencionado no edital de convocação (art. 45). É da competência exclusiva da AGE deliberar sobre os seguintes assuntos (art. 46):

- reforma do estatuto; - fusão, incorporação ou desmembramento da sociedade; - mudança do objeto da sociedade; - dissolução voluntária da sociedade e nomeação de liquidantes; - contas do liquidante.

São necessários os votos de dois terços dos associados presentes

para tornar válidas as deliberações acima (art. 46, par. único). Diretoria e Conselho de Administração

A sociedade será administrada por uma Diretoria ou Conselho de

Administração, este composto exclusivamente de associados eleitos pela Assembleia Geral, com mandato nunca superior a quatro anos, sendo obrigatória, ao término da gestão, a renovação de, no mínimo, um terço do Conselho de Administração (art. 47). A Diretoria e o Conselho de Administração, assim, são os órgãos de administração da cooperativa. O estatuto poderá criar outros órgãos necessários à administração (art. 47, § 1.º). Os membros dos órgãos de administração são os administradores.

Os órgãos de administração podem contratar gerentes técnicos ou

comerciais, que não pertençam ao quadro de associados, fixando-lhes as atribuições e salários (art. 48). Conselho Fiscal

A administração da sociedade será fiscalizada por um Conselho Fiscal (CF), constituído de três membros efetivos e três suplentes, todos associados, eleitos anualmente pela AG, sendo permitida a reeleição de apenas um terço dos seus componentes. Não podem fazer parte do CF,

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além dos inelegíveis para administradores (ver abaixo), os parentes dos diretores até o 2° grau, em linha reta ou colateral, bem como os parentes entre si até esse grau. O associado não pode exercer cumulativamente cargos nos órgãos de administração e de fiscalização (art. 56). Administradores

Os administradores não serão pessoalmente responsáveis pelas obrigações que contraírem em nome da sociedade, mas responderão solidariamente pelos prejuízos resultantes de seus atos, se procederem com culpa ou dolo (art. 49). Entretanto, neste último caso, se a sociedade ratificar os atos dos administradores ou deles tirar proveito, ela responderá pelos atos (art. 49, par. único).

Caso o administrador participe de ato ou operação social em que se

oculte a natureza da sociedade, ele poderá ser declarado pessoalmente responsável pelas obrigações contraídas em nome da sociedade, sem prejuízo das sanções penais cabíveis (art. 50).

São inelegíveis para administradores, além das pessoas impedidas

por lei, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos, os condenados por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão ou peculato e, ainda, os condenados por crime contra a economia popular, a fé pública ou a propriedade (art. 51). Também não podem compor uma mesma Diretoria ou Conselho de Administração, os parentes entre si até 2.º grau, em linha reta ou colateral (art. 51, par. único).

Além disso, o diretor ou associado que, em qualquer operação, tenha

interesse oposto ao da sociedade não pode participar das deliberações referentes a essa operação, cumprindo-lhe acusar o seu impedimento (art. 52).

A sociedade terá direito de ação contra os administradores, para

promover sua responsabilidade, sem prejuízo da ação que também couber ao associado prejudicado (art. 54).

Outra de cooperativa: 7 - (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/BA/2010) As sociedades cooperativas são formadas a partir da união de, no mínimo, vinte pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com dinheiro, bens ou

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créditos, com o capital social da sociedade, e o pagamento realizado pelos sócios determina o seu capital social na empresa. Existe uma enorme discussão sobre o número mínimo para se formar uma sociedade cooperativa, pois o artigo do Código Civil prevê que esse tipo de sociedade será composto por um número mínimo que seja necessário para compor a administração da sociedade, enquanto a lei que regula as cooperativas (Lei 5764 de 1971) prevê um mínimo de 20 sócios para iniciar a sociedade. A meu ver, a interpretação sistemática dos dois dispositivos legais deixa claro que a cooperativa só pode iniciar com no mínimo 20. Não obstante essa discussão, vamos analisar os outros itens da questão. Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa: I - variabilidade, ou dispensa do capital social; II - concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da sociedade, sem limitação de número máximo; Lei 5764 de 1994 - Art. 6º As sociedades cooperativas são consideradas: I - singulares, as constituídas pelo número mínimo de 20 (vinte) pessoas físicas, sendo excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fins lucrativos; Os sócios não se obrigam a contribuir com dinheiro, bens ou créditos, pela previsão legal eles devem contribuir com bens ou serviços. Art. 3° Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro. Não há previsão legal que afirme que o pagamento realizado pelos sócios determinará o capital social do sócio da empresa, mesmo porque pode nem haver capital social ou esse pode não ser variável. Gabarito: Errada.

Uma questão bem completa sobre o assunto:

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8 - (TRT 21ª REGIÃO (RN)/JUIZ/TRT/2012) Analise as assertivas: I - na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada; II - as sociedades cooperativas poderão adotar por objeto qualquer gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-se-lhes o direito exclusivo e exigindo- se-lhes a obrigação do uso da expressão "cooperativa" em sua denominação; III - a responsabilidade do associado perante terceiros, por compromissos da sociedade, perdura para os demitidos, eliminados ou excluídos até quando aprovadas as contas do exercício em que se deu o desligamento; IV - as cooperativas igualam-se às demais empresas em relação aos seus empregados para os fins da legislação trabalhista e previdenciária; Vamos aos comentários: I – CORRETO – de acordo com o artigo 1.095 do Código Civil. CC/02: Art. 1.095. Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada. II – CORRETO – em conformidade com o artigo 5º da Lei das Cooperativas. Lei 5764/71: Art. 5° As sociedades cooperativas poderão adotar por objeto qualquer gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-se-lhes o direito exclusivo e exigindo-se-lhes a obrigação do uso da expressão "cooperativa" em sua denominação. III – CORRETO – Conforme artigo 36 da Lei 5764/71: Art. 36. A responsabilidade do associado perante terceiros, por compromissos da sociedade, perdura para os demitidos, eliminados ou excluídos até quando aprovadas as contas do exercício em que se deu o desligamento. IV – CORRETO – Artigo 91. Lei 5764/71: Art. 91. As cooperativas igualam-se às demais empresas em relação aos seus empregados para os fins da legislação trabalhista e previdenciária.

9 - (MPT/PROCURADOR/2012) Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ao valor das suas quotas e pelo prejuízo nas operações sociais guardada a proporção de sua participação nas mesmas operações; ou ilimitada, em que o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. CORRETA – Como vimos, de acordo com o artigo 1.095 e parágrafos 1º e 2º do Código Civil.

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Art. 1.095. Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada. § 1o É limitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde somente pelo valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a proporção de sua participação nas mesmas operações. § 2o É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. Muito bem, caro(a) concurseiro(a), tratemos agora das operações

societárias. Viu? Cooperativa é um assunto bem tranquilo. Vale a pena dar uma

boa lida, pois tem pouco conteúdo e sempre cai pergunta desse assunto nas provas da ESAF. Vamos a mais um assunto interessante... Preparado(a)? 2 – OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS

Introdução

As operações societárias englobam a transformação, a incorporação, a fusão e a cisão de sociedades. O Código Civil traz o regramento aplicável às sociedades contratuais (artigos 1.113 a 1.122), a Lei 6.404/1976 dispõe sobre o assunto para as sociedades por ações e a Lei 5.764/1971 trata das operações societárias envolvendo as cooperativas.

É importante ressaltar que, havendo ao menos uma sociedade por ações envolvida nas operações, as regras a serem seguidas são as da Lei 6.404/1976. Sendo as sociedades empresárias todas contratuais, o Código Civil será o diploma de regência. As cooperativas, como veremos, somente podem realizar essas operações entre si, sem o envolvimento de outras formas societárias, com o que devem sempre seguir a Lei 5.764/1971.

A Lei 6.404/1976 e o Código Civil trazem expressamente as definições

dessas operações. A transformação é a operação pela qual a sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo societário para outro (art. 220 da Lei 6.404/1976) (falaremos sobre dissolução e liquidação à frente). Assim, uma companhia pode se transformar em uma sociedade limitada, uma limitada pode se transformar em uma sociedade em comandita simples, uma sociedade em nome coletivo pode se transformar em uma companhia, e assim por diante. Claro que, em qualquer caso, devem ser atendidos os respectivos requisitos legais referentes à nova espécie societária a ser adotada. A transformação da

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sociedade não afeta sua personalidade jurídica, isto é, não há criação nem extinção de sociedade. É apenas a mesma entidade, que se transforma de um tipo societário em outro. (Saber bem). Exemplo de TRANSFORMAÇÃO.

Eis uma questão sobre o tema: 10 - (CESPE/32.º EXAME DE ORDEM/OAB-RJ/2007) O ato de transformação importa na a) sucessão dos direitos e obrigações de uma sociedade existente por outra sociedade recém-constituída. b) obediência às normas de constituição e inscrição próprias do tipo em que a sociedade vai converter-se. c) dissolução de uma sociedade por ações. d) conversão de uma sociedade em massa falida. A letra A é errada porque, na transformação, não há sucessão de direitos e obrigações de uma sociedade por outra recém-constituída. Trata-se da mesma sociedade, que apenas muda de tipo societário. A Letra B é correta, pois a transformação deve atender aos respectivos requisitos legais referentes à nova espécie societária a ser adotada. A letra C é falas, já que a transformação não implica dissolução da sociedade (desfazimento do contrato ou estatuto social – veremos esse assunto adiante). E a letra D é errada porque a transformação nada tem a ver com a falência da sociedade. Gabarito: B A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são

absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações (art. 227 da Lei 6.404/1976 e art. 1.116 do CC/2002). A sucessão é fenômeno por meio do qual a sociedade sucessora passa a ser a titular dos direitos e obrigações que anteriormente eram da sociedade sucedida. Assim, a sociedade A pode ser incorporada (absorvida) pela sociedade B, que passará a ser titular dos direitos e obrigações de A

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(sucessora de A), enquanto esta restará extinta, embora não tenha havido dissolução nem liquidação.

INCORPORAÇÃO

= A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para

formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações (art. 228 da Lei 6.404/1976 e art. 1.119 do CC/2002). Podem, por exemplo, a sociedade A e a sociedade B se fundirem, dando origem a uma nova sociedade C, que se tornará sucessora das anteriores (titular dos direitos e obrigações de A e B), ficando as sociedades primitivas A e B extintas, também sem dissolução nem liquidação.

FUSÃO + =

SOCIEDADE “A” – deixa de existir SOCIEDADE “B” – deixa de existir

SOCIEDADE “A”

SOCIEDADE “B”

SOCIEDADE “C”

SOCIEDADE “A” (INCORPORADA) –

deixa de existir.

SOCIEDADE “B” (INCORPORADA)–

deixa de existir.

SOCIEDADE “C” (INCORPORADORA) -

continua existindo, sucede a “A” e a

“B” em todos os direitos e obrigações.

SOCIEDADE “A” SOCIEDADE “B” SOCIEDADE “C”

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SOCIEDADE “C” – não existia, com a fusão passa a existir. Portanto é uma nova sociedade que sucede a “A” e a “B” em todos os direitos e obrigações.

Por fim, a cisão é a operação pela qual a sociedade transfere parcelas

do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a sociedade cindida (dividida), se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão (art. 229 da Lei 6.404/1976). Por exemplo, a sociedade A pode ceder parcela de seu patrimônio (cisão parcial) para a sociedade B, já existente ou criada especialmente para esse fim. A cisão parcial ou desmembramento assemelha-se à incorporação, porém sem extinção da sociedade primitiva. A sociedade A pode também decidir transferir completamente seu patrimônio para as sociedades C e D, já existentes ou criadas para absorver o patrimônio de A (cisão total). Pode ainda a sociedade A ceder completamente seu patrimônio a uma sociedade E, constituindo a operação, nesse caso, uma verdadeira incorporação de A por E.

A incorporação, a fusão e a cisão podem ocorrer entre tipos iguais ou

diferentes de sociedades. Nada impede, por exemplo: a incorporação de uma limitada por uma companhia; a fusão de uma sociedade em nome coletivo em duas limitadas ou em uma limitada e uma sociedade em comandita simples; a transferência parcial do patrimônio de uma companhia para uma limitada (cisão parcial); etc. A exceção fica por conta das cooperativas, conforme citado.

Os sócios das sociedades incorporadas, fundidas ou cindidas passam a

ser sócios das sociedades recebedoras do patrimônio das sociedades anteriores, na proporção do patrimônio líquido transferido.

Veja estas questões da Esaf sobre o assunto: 11 - (ESAF/AUDITOR DO TESOURO MUNICIPAL/RECIFE/2003) As operações de reorganização societária como a incorporação, fusão ou a cisão caracterizam-se por: a) alterar as relações entre sociedade e credores. b) alterar a proporção em que os sócios participam do capital social. c) sucessão nas obrigações. d) modificação da estrutura societária. e) modificação tipológica em todas as hipóteses. A letra A é errada porque as operações societárias não alteram as relações entre sociedades envolvidas e seus credores. Estes não

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podem ter seus direitos prejudicados pela operação (art. 1.115 do CC/2002). Por exemplo, os credores anteriores de uma sociedade em nome coletivo que se transforme em limitada poderão requerer que a responsabilidade dos sócios permaneça ilimitada, quanto aos créditos preexistentes à transformação. A letra B é incorreta, pois as operações societárias devem ser feitas com respeito à proporção de cada sócio no capital social. Por exemplo, se duas sociedades A e B, cujos capitais são, respectivamente, de R$ 100.000 e R$ 50.000, se fundem em uma sociedade C, de capital equivalente a R$ 150.000, as participações dos sócios de A devem corresponder a dois terços do capital de C (R$ 100.000), enquanto as dos sócios de B equivalerão a um terço (R$ 50.000), respeitando-se a proporcionalidade na fusão. A letra C está correta, pois na incorporação, na fusão e na cisão ocorre o fenômeno da sucessão dos direitos e obrigações da sociedade incorporada pela incorporadora, das sociedades fundidas pela resultante da fusão e da sociedade cindida pelas que receberam seu patrimônio. No caso da cisão parcial, a sucessão será referente apenas aos direitos e obrigações que fizerem parte da parcela do patrimônio transferido. As letras D e E são falsas porque nas operações societárias pode haver ou não modificação de tipos societários (ex.: pode haver a fusão de duas limitadas em uma companhia, a incorporação de uma sociedade em nome coletivo por outra do mesmo tipo ou por uma comandita simples, etc.) Gabarito: C 12 - (ESAF/PROCURADOR DF/2007.2/ADAPTADA) Julgue os itens abaixo. I - Transformação consiste na situação pela qual uma sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro, como, por exemplo, quando deixa de ser por quotas de responsabilidade limitada para se transformar em sociedade por ações. II - Incorporação caracteriza-se quando uma ou mais empresas são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. III - Fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar uma entidade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. Os itens de I a III são corretos, pois apresentam, respectivamente, as exatas definições de transformação, incorporação e fusão de sociedades.

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Gabarito: C-C-C

Vejamos agora as regras que regem as operações societárias das

sociedades contratuais, constantes do Código Civil, diploma ao qual se referem os artigos citados a seguir. Transformação das Sociedades Contratuais

Vimos os artigos e características das operações societárias previstos

na Lei das Sociedades Anônimas, abaixo veremos os artigos do Código Civil. São bem parecidos, por isso nem dá pra confundir, os estudos se complementam. Vejamos:

O ato de transformação das sociedades contratuais independe de

dissolução ou liquidação da entidade e obedecerá aos preceitos reguladores da constituição e inscrição próprios do tipo em que a sociedade vai se converter (art. 1.113).

A transformação depende do consentimento de todos os sócios, salvo

se prevista contrato, caso em que o dissidente poderá retirar-se da sociedade, aplicando-se, no silêncio do contrato social, o disposto no art. 1.031 do Código, quanto às regras de resolução da sociedade em relação a um sócio (art. 1.114).

Dois casos interessantes de transformação são: a do empresário

individual que venha a admitir sócios, tornando-se uma sociedade empresária (art. 968, § 3.º); e a da sociedade empresária em que passe a inexistir a pluralidade de sócios, quando o sócio remanescente requeira a transformação da sociedade em empresário individual, para evitar sua dissolução (art. 1.033, par. único).

Incorporação, Fusão e Cisão das Sociedades Contratuais

A incorporação de uma ou mais sociedades contratuais por outra

deve ser aprovada por todas as sociedades envolvidas na operação, na forma estabelecida para os respectivos tipos societários, como, por exemplo, os quóruns de aprovação exigidos em cada sociedade (art. 1.116).

A deliberação dos sócios da sociedade incorporada deverá aprovar as

bases da operação e o projeto de reforma do ato constitutivo, aprovar esse ato e autorizar os seus administradores a praticar o que for necessário à incorporação, inclusive, se for o caso, a subscrição em bens pelo valor da

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diferença que se verificar entre o ativo e o passivo. Na sociedade incorporadora, a deliberação dos sócios compreenderá a nomeação de peritos para a avaliação do patrimônio líquido da sociedade a ser incorporada (art. 1.117).

Aprovados os atos da incorporação, a incorporadora declarará extinta a incorporada, e promoverá a respectiva averbação no registro próprio (art. 1.118).

A fusão, como visto, determina a extinção das sociedades que se unem, para formar uma sociedade nova, que a elas sucederá em todos os direitos e obrigações (art. 1.119). A fusão será decidida por todas as sociedades que pretendem se unir, na forma estabelecida para os respectivos tipos societários (art. 1.120).

Em reunião ou assembleia dos sócios de cada sociedade, será deliberada a fusão e a aprovação do projeto do ato constitutivo da nova sociedade, bem como o plano de distribuição do capital social. Após isso, serão nomeados os peritos para a avaliação do patrimônio da sociedade. Apresentados os laudos dos peritos, os administradores convocarão nova reunião ou assembleia dos sócios para tomar conhecimento deles, decidindo sobre a constituição definitiva da nova sociedade. Destaque-se que os sócios não poderão votar o laudo de avaliação do patrimônio da sociedade de que façam parte, apenas os das demais sociedades a serem fundidas (art. 1.120, §§ 1.º a 3.º).

Constituída a nova sociedade, os atos relativos à fusão devem ser inscritos no registro próprio da sede pelos administradores da nova sociedade (art. 1.121).

Quanto à cisão das sociedades contratuais, o Código Civil não traz

regras específicas sobre a matéria, devendo-se aplicar, no que couber, as regras da Lei 6.404/1976 referentes ao tema, que serão estudadas adiante.

13 - (ESAF/FISCAL DE RENDAS/SMF-RJ/2010) Todas as operações abaixo envolvem ao menos dois sujeitos de direito, exceto: a) fusão. b) incorporação. c) cisão. d) compra e venda de ativos. e) transformação.

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Fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que as sucederá em todos os direitos e obrigações. Temos, assim, mais de uma pessoa jurídica envolvida no processo. Incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que a sucede em todos os direitos e obrigações. Temos aqui, também, mais de um sujeito na operação. Cisão é a operação pela qual a sociedade transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades. Novamente, mais de uma empresa envolvida. Na compra e venda de ativos temos, obrigatoriamente, mais de um sujeito (comprador e vendedor), já que não faz sentido vender algo para si mesmo. A única opção cabível é a letra E (gabarito), pois, na transformação, temos uma única sociedade, que passa a operar sob nova forma empresarial (ex.: limitada que se transforma em companhia). Vale lembrar que o artigo 1.113 do CC/2002 dispõe que o ato de transformação independe de dissolução ou liquidação da sociedade. Gabarito: E

E outra questão bem parecida:

14 - (ESAF/CGU/2012) As operações abaixo envolvem duas sociedades, exceto a) a cisão. b) a fusão entre uma sociedade limitada e uma sociedade anônima. c) a incorporação. d) a transformação de sociedade limitada em sociedade anônima. e) a compra de ativos de uma sociedade anônima por uma sociedade limitada.

Letra a) INCORRETA - A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parte do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão . Ou seja, a cisão envolve duas sociedades. Letra b) INCORRETA - A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. Ou seja, a fusão envolve duas sociedades. Letra c) INCORRETA - A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. A sociedade incorporada não existe mais e a

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incorporadora continua existindo. Ou seja, a incorporação envolve duas sociedades. Letra d) CORRETA - Transformação é a operação pela qual a sociedade passa, independentemente de liquidação ou dissolução, de um tipo para outro. Ou seja, a transformação envolve apenas uma sociedade. Letra e) INCORRETA – A compra de ativos em que uma sociedade vende ativos para outra que compra, envolve duas sociedades. Gabarito:D.

Direitos de Credores Anteriores

A transformação da sociedade contratual não modificará nem prejudicará os direitos dos credores da sociedade (art. 1.115). Assim, por exemplo, se alguém for credor de uma sociedade em nome coletivo, cujos sócios têm responsabilidade ilimitada, e esta se transformar em uma sociedade limitada, a responsabilidade dos sócios permanecerá ilimitada em relação aos créditos do citado credor, que já existia antes da transformação, pois, do contrário, ele seria prejudicado quanto à possibilidade de receber seu crédito.

Além disso, caso a sociedade transformada vá à falência, os credores

preexistentes à transformação podem requerer que os efeitos incidentes sobre os sócios sejam os que eles sofreriam antes da transformação, com o fim de verem resguardada (os credores) a garantia do recebimento de seus créditos anteriores à transformação (art. 1.115, par. único).

Por exemplo, se uma sociedade limitada vai à falência, os sócios

respondem solidariamente pela integralização de todas as quotas não realizadas, suas ou não, caso o patrimônio social seja insuficiente para pagar os credores da sociedade (vimos isso na aula de limitadas). Supondo, agora, que essa sociedade, antes de falir, tenha se transformado em uma companhia, não haverá mais a solidariedade pela integralização de todas as quotas, pois, nesta espécie societária, como vimos, o acionista se responsabiliza apenas pela integralização das próprias ações. Isso, por certo, é prejudicial aos direitos dos credores preexistentes, que, portanto, podem solicitar que a citada solidariedade dos sócios seja aplicada aos agora acionistas, para assegurar o pagamento dos seus créditos, mas apenas os anteriores à transformação.

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No caso de incorporação, fusão ou cisão, os credores anteriores a essas operações que se sentirem prejudicados terão noventa dias após a publicação dos atos da operação para promover judicialmente a sua anulação (art. 1.122). Além disso, caso a sociedade incorporadora, a resultante da fusão ou a cindida venham a falir, os credores anteriores poderão pedir a separação dos patrimônios, para o fim de serem os seus créditos pagos pelos bens das respectivas massas falidas (art. 1.122, § 3.º) (estudaremos os procedimentos da falência em aula própria).

Veja estas questões da Esaf abordando os assuntos vistos até agora:

15 - (ESAF/AFTE/RN/2004-2005) As operações de fusão e incorporação de sociedades a) dependem de aprovação por todos os membros de cada uma das sociedades envolvidas. b) constituem formas de reorganizar as relações societárias. c) podem ser deliberadas por maioria desde que haja previsão contratual. d) facilitam a mudança dos tipos societários. e) permitem a redução do capital social de qualquer das envolvidas no processo sem que os credores possam se opor. A letra A está errada porque, embora as operações de fusão e incorporação devam ser aprovadas por todas as sociedades envolvidas, não necessariamente os quóruns de aprovação serão a unanimidade dos membros de cada uma das sociedades. Na limitada, por exemplo, exigem-se três quartos do capital social (art. 1.076, I, do CC/2002). Na companhia, metade do capital votante (art. 136, IV, da Lei 6.404/1976). A letra B é certa, pois a incorporação, a fusão e a cisão de sociedades reorganizam as relações societárias, alterando a composição do capital das sociedades, podendo inclusive alterar a natureza da responsabilidade dos sócios (limitada ou ilimitada), caso haja mudança de tipo societário no processo. A letra C é falsa, pois os quóruns estabelecidos expressamente em lei não podem ser alterados pelo contrato social, por exemplo, a aprovação de três quartos do capital para a incorporação ou a fusão da limitada (art. 1.076, I, do CC/2002). A letra D está errada porque as operações de fusão e incorporação não facilitam nem dificultam a mudança dos tipos societários. Essa modificação pode ocorrer pelas citadas transformações ou por simples transformação da sociedade. Por fim, a letra E é incorreta porque, nas operações societárias, os credores anteriores que se sentirem prejudicados poderão promover judicialmente a anulação da operação.

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Gabarito: B 16 - (ESAF/ANALISTA JURÍDICO/SEFAZ/CE/2006) No tocante à sociedade limitada, a) ela somente pode ser transformada em sociedade anônima. b) somente pode fundir-se com outra sociedade limitada. c) não pode ser cindida, pois se trata de sociedade de pequeno porte econômico. d) uma vez aprovada a sua fusão com outra sociedade, o sócio cotista descontente pode dela se retirar, recebendo seus haveres. e) sua incorporação por uma sociedade anônima não faz desaparecer o modelo de responsabilidade original dos sócios da sociedade incorporada. A letra A é falsa, pois a transformação da limitada pode ser em qualquer tipo de sociedade empresária. A letra B é errada, já que a fusão da limitada pode se dar com qualquer espécie societária. A letra C é incorreta, já que não há vedação à cisão da limitada, ainda que se trate de entidade de pequeno porte econômico. A letra D é o gabarito, pois a fusão deve ser decidida pelas sociedades que pretendem se unir, na forma estabelecida para os respectivos tipos societários (art. 1.120). No caso das limitadas, quando os sócios decidirem realizar a fusão da sociedade, o sócio que dissentiu terá o direito de retirar-se da sociedade (direito de recesso), nos trinta dias subsequentes à reunião, conforme o art. 1.077 do CC/2002. Pro fim, a letra E é falsa, pois a incorporação da limitada pela sociedade anônima altera o modelo de responsabilidade dos agora acionistas para o regramento da Lei 6.404/1976. Gabarito: D

Transformação das Sociedades por Ações Vejamos agora as regras das operações societárias envolvendo as

sociedades por ações. Os artigos citados a seguir são da Lei 6.404/1976. Compete privativamente à Assembleia Geral deliberar sobre

transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia (art. 122, VIII). Essa questão, inclusive, já foi cobrada pela Esaf:

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17 - (ESAF/AFRF/AUDITORIA/2002) A deliberação sobre a transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, compete privativamente a) à Assembléia Geral. b) ao conselho Fiscal. c) à presidência da sociedade. d) ao conselho de Administração. e) à diretoria da empresa.

O gabarito é a letra A, segundo o art. 122, VIII, da Lei 6.404/1976. Gabarito: A Também no caso de transformação envolvendo sociedades por ações,

a operação deverá obedecer aos preceitos que regulam a constituição e o registro do tipo a ser adotado pela sociedade (art. 220, par. único).

A transformação exige o consentimento unânime dos sócios ou

acionistas, salvo se já estiver prevista no estatuto ou no contrato social, caso em que o sócio dissidente terá o direito de retirar-se da sociedade. Os sócios de sociedade contratual podem renunciar previamente ao direito de retirada, no caso de transformação da sociedade em companhia, desde que o façam no próprio contrato social (art. 221).

Assim como ocorre com as sociedades contratuais, também a

transformação envolvendo sociedade por ações não poderá prejudicar os direitos dos credores anteriores, que continuarão, até o pagamento integral dos seus créditos, com as mesmas garantias que o tipo anterior de sociedade lhes oferecia (art. 222).

Também se aplica aqui a regra de que a falência da sociedade

transformada produzirá os efeitos do tipo societário anterior, em relação aos atuais sócios, sempre que o pedirem os titulares de créditos anteriores à transformação, sendo que o referido pedido somente beneficiará esses credores, em relação a esses créditos (art. 222, par. único).

Incorporação, Fusão e Cisão das Sociedades por Ações

As operações de incorporação, fusão e cisão da companhia exigem a

aprovação de acionistas que representem metade, no mínimo, das ações com direito a voto, se maior quórum não for exigido pelo estatuto, no caso de companhia fechada (art. 136, IV e IX).

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A aprovação dessas operações dá ao acionista dissidente o direito de retirada, que será feito mediante o reembolso do valor de suas ações (arts. 137 e 45). Todavia, no caso de incorporação ou fusão, o acionista não terá esse direito se suas ações tiverem liquidez e dispersão no mercado (art. 137, II). Já no caso de cisão, somente haverá direito de retirada se a operação implicar (art. 137, III):

- mudança do objeto social (exceto se a atividade preponderante da nova sociedade coincidir com a atividade decorrente do objeto social da cindida); - redução do dividendo obrigatório; ou - participação em grupo de sociedades. Quanto ao primeiro caso (mudança do objeto social), imagine, por

exemplo, uma sociedade cujo objeto seja o comércio de equipamentos eletrônicos. As atividades decorrentes desse objeto são a compra e venda desses equipamentos, bem como a manutenção e o reparo dos mesmos. Essa sociedade resolve fazer a cisão de seu patrimônio, com a transferência do patrimônio para uma sociedade cujo objeto é a manutenção e reparo de equipamentos eletrônicos. Havendo um acionista que não aprove a operação (dissidente), ele não terá o direito de retirada, pois, apesar de ter havido mudança do objeto social, a atividade preponderante da nova sociedade coincide com a atividade decorrente do objeto social da sociedade cindida.

A incorporação, a fusão ou a cisão envolvendo sociedades por ações

podem ser operadas entre sociedades de tipos iguais ou diferentes e deverão ser deliberadas na forma prevista para a alteração dos respectivos estatutos ou contratos sociais (art. 223). Havendo criação de novas sociedades, devem ser observadas as normas reguladoras da constituição das sociedades do respectivo tipo (art. 223, § 1.º). Os sócios das sociedades incorporadas, fundidas ou cindidas receberão diretamente da sociedade emissora (a que recebe o patrimônio) as ações ou quotas que lhes couberem (art. 223, § 2.º).

Se a sociedade a ser incorporada, fundida ou cindida for uma

companhia aberta e as sociedades que a sucederem não o forem, qualquer acionista terá o direito de retirar-se da companhia, mediante o reembolso do valor das suas ações. Além disso, mesmo sendo aberta, a sociedade sucessora deve obter o respectivo registro e, se for o caso, promover a admissão de negociação das novas ações no mercado secundário em até 120 dias, contados da data da Assembleia Geral que aprovou a operação, observadas, ainda, as pertinentes normas da CVM. Se tudo isso não ocorrer no citado prazo, o acionista também terá direito de

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retirada, a ser exercido em até trinta dias do término do prazo de 120 dias, sob pena de decadência desse direito (art. 223, §§ 3.º e 4.º).

As condições da incorporação, da fusão ou da cisão com incorporação

em sociedade existente deverão constar de protocolo firmado pelos órgãos de administração ou pelos sócios das sociedades interessadas, incluindo todas as condições a que estiver sujeita a operação (art. 224 – dê uma lida nos incisos desse artigo).

Essas operações devem ser sujeitas, ainda, à deliberação da

Assembleia Geral das companhias interessadas, mediante justificação, que exporá (art. 225):

- os motivos ou fins da operação e o interesse da companhia na sua realização; - as ações que os acionistas preferenciais receberão e as razões para a modificação dos seus direitos, se prevista; - a composição, após a operação, do capital das companhias que deverão emitir ações em substituição às que serão extintas; - o valor de reembolso das ações a que terão direito os acionistas dissidentes. Nos casos de incorporação ou fusão, o prazo para exercício do direito

de retirada do acionista dissidente da operação será contado a partir da publicação da ata que aprovar o protocolo ou a justificação, mas o pagamento do preço de reembolso somente será devido se a operação vier a efetivar-se (art. 230).

A efetivação das operações de incorporação, fusão e cisão dependem

da avaliação do patrimônio a ser transferido para o capital social das sociedades sucessoras por peritos devidamente nomeados pela Assembleia Geral. As operações somente poderão ser efetivadas nas condições aprovadas se os peritos determinarem que o valor do patrimônio a ser vertido (transferido) é, ao menos, igual ao montante do capital a realizar nas sociedades sucessoras (art. 226), pois, do contrário, não haveria bens suficientes para a integralização do capital subscrito.

Eis uma questão da Esaf sobre o assunto: 18 - (ESAF/AFRF/AUDITORIA/2003) É fator condicional para a efetivação das condições aprovadas, de operação de fusão se os peritos nomeados determinarem que o valor dos patrimônios líquidos vertidos para a formação do novo capital social seja:

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a) inferior a 20% do capital preferencial das empresas envolvidas. b) pelo menos, igual ao montante do capital a realizar. c) no máximo 50% do capital ordinário anterior de cada uma das empresas. d) inferior ao total do capital preferencial anterior de cada uma das empresas. e) totalmente integralizado e superior a 50% do capital ordinário. A letra B é o gabarito, segundo o art. 226, caput, da Lei 6.404/1976. Gabarito: B As ações ou quotas do capital da sociedade a ser incorporada, fundida

ou cindida que forem de propriedade da sociedade incorporadora, resultante da fusão ou da cisão (no caso de a sucessora ser sócia da sucedida) poderão, conforme dispuser o protocolo de incorporação, ser extintas ou substituídas por ações em tesouraria da incorporadora. O limite de ações em tesouraria, nesse caso, será o montante dos lucros acumulados e das reservas, exceto a reserva legal (art. 226, §§ 1.º e 2.º).

A CVM estabelecerá normas especiais de avaliação e

contabilização aplicáveis às operações de fusão, incorporação e cisão que envolvam companhia aberta (art. 226, § 3.º).

Na incorporação, a Assembleia Geral da sociedade incorporadora

deve aprovar o protocolo da operação e autorizar o aumento de capital a ser subscrito e realizado pela incorporada mediante versão do seu patrimônio líquido, bem como nomear os peritos que avaliarão esse patrimônio (art. 227, § 1.º). A sociedade a ser incorporada também deve aprovar o protocolo da operação e autorizar seus administradores a praticarem os atos necessários à incorporação, inclusive a subscrição do aumento de capital da incorporadora (art. 227, § 2.º).

Após a aprovação do laudo de avaliação e da incorporação pela

Assembleia Geral da incorporadora, a incorporada restará extinta (art. 219, II), competindo à incorporadora promover o arquivamento e a publicação dos atos da incorporação (art. 227, § 3.º).

Na operação de fusão, a Assembleia Geral de cada sociedade deve

aprovar o protocolo de fusão e nomear os peritos que avaliarão os patrimônios líquidos das demais sociedades (art. 228, § 1.º). Em outras palavras, na fusão, uma sociedade não pode nomear os peritos que avaliarão seu próprio patrimônio.

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Após a apresentação dos laudos, os administradores convocarão os

sócios ou acionistas das sociedades para uma Assembleia Geral, em que todos tomarão conhecimento desses documentos e resolverão sobre a constituição definitiva da nova sociedade, sendo vedado aos sócios ou acionistas votar o laudo de avaliação do patrimônio líquido da própria sociedade de que fazem parte (art. 228, § 2.º).

Constituída a nova companhia, seus primeiros administradores

deverão promover o arquivamento e a publicação dos atos da fusão (art. 228, § 3.º). As sociedades que se fundiram restarão extintas (art. 219, II).

Na cisão, a sociedade que absorver parcela do patrimônio da

companhia cindida sucederá a esta nos respectivos direitos e obrigações relacionados no ato da cisão. No entanto, se houver extinção da sociedade cindida (cisão total – art. 219, II), também os direitos e obrigações desta não relacionados na cisão passarão à titularidade das sociedades que absorveram o patrimônio, na proporção dos patrimônios líquidos transferidos, pois, do contrário, restariam direitos e obrigações sem o respectivo sujeito titular, ao término da operação (art. 229, § 1.º).

Na cisão com versão de parcela do patrimônio em sociedade nova, a

operação será deliberada pela Assembleia Geral da entidade à vista da justificação que incluirá as informações do protocolo. A Assembleia, após aprovar a justificação, nomeará os peritos que avaliarão a parcela do patrimônio a ser transferida e funcionará como Assembleia de constituição da nova sociedade (art. 229, § 2.º). Já a cisão com versão de parcela de patrimônio em sociedade já existente obedecerá às disposições sobre incorporação (artigo 229, § 3.º).

Efetivada a cisão com extinção da cindida (cisão total), caberá aos administradores das sociedades que tiverem absorvido parcelas do seu patrimônio promover o arquivamento e publicação dos atos da operação. Por outro lado, se a cisão for parcial, esse dever caberá aos administradores da companhia cindida e da que absorver parcela do seu patrimônio (artigo 229, § 4.º).

Mais uma questão: 19 - (ESAF/AFRFB/2009) Sobre a transformação, assinale a opção incorreta. a) A passagem de uma companhia fechada para uma aberta constitui transformação societária.

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b) O ato de transformação independe da prévia dissolução ou baixa da forma empresarial originária. c) Na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade limitada sob titularidade de um único sócio, este pode requerer ao Registro Público de Empresas a transformação do registro da sociedade para empresário individual. d) Admite-se a transformação de uma sociedade em nome coletivo para uma sociedade limitada. e) Caso venha a admitir sócios, o empresário individual poderá solicitar ao Registro Público de Empresas a transformação de seu registro de empresário para registro de sociedade empresária.

A letra A está errada (gabarito) porque a passagem de uma companhia fechada para uma aberta não constitui transformação da sociedade, já que não há alteração da forma societária da entidade (ela continua a ser uma companhia). A letra B é verdadeira, pois o ato de transformação independe de dissolução ou liquidação da sociedade (art. 1.113 do CC/2002). A letra C é correta, conforme previsão do art. 1.033, par. único, do CC/2002. A letra D está certa, pois o Código Civil não restringe as espécies societárias que podem sofrer transformação, não havendo óbice, portanto, a que uma sociedade em nome coletivo transforme-se em uma sociedade limitada. Finalmente, a letra E é verdadeira, nos termos do art. 968, § 3.º, do CC/2002. Gabarito: A

As ações integralizadas com parcelas de patrimônio da companhia

cindida serão atribuídas a seus titulares, em substituição às extintas, na proporção das que possuíam (o que é a regra geral das operações societárias). No entanto, é possível que essa atribuição ocorra em proporção diferente, desde que haja aprovação de todos os titulares (unanimidade), inclusive das ações sem direito a voto (artigo 229, § 5.º).

Resolva agora mais esta questão da Esaf sobre operações societárias

envolvendo sociedades por ações: 20 - (ESAF/PROCURADOR DF/2007) A Lei Distrital n. 3.863/2006 autoriza a incorporação da Sociedade de Abastecimento de Brasília S.A. – SAB, às Centrais de Abastecimento do Distrito Federal S.A. – CEASA-DF, ambas empresas públicas sob o controle do Distrito Federal. Com a finalização do processo de incorporação:

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a) a SAB irá desaparecer e a CEASA-DF terá um aumento do capital social equivalente ao patrimônio líquido da SAB. b) o Distrito Federal, na condição de acionista controlador, é responsável pessoalmente por todas as obrigações das empresas citadas. c) ocorrerá o vencimento antecipado das obrigações da SAB. d) a CEASA-DF irá ter seu controle alterado. e) tanto a Sociedade de Abastecimento de Brasília S.A. – SAB, quanto as Centrais de Abastecimento do Distrito Federal S.A. – CEASA-DF irão desaparecer dando origem a uma nova sociedade. A letra está certa porque, no processo de incorporação, a sociedade incorporada (SAB) é extinta, mantendo-se apenas a incorporadora (CEASA-DF), cujo capital social é acrescido do valor do patrimônio líquido recebido da incorporada. A letra B é incorreta, pois os acionistas das companhias respondem sempre de forma subsidiária pelas obrigações da sociedade, em função do benefício de ordem. Além disso, como vimos, essa responsabilidade só existe quanto às ações ainda não integralizadas. A letra C é falsa porque a incorporação não acarreta o vencimento antecipado das obrigações da sociedade incorporada. Os prazos continuam correndo normalmente, sob a titularidade da incorporadora, que sucede a antiga sociedade em todos os direitos e obrigações. A letra D é errada, pois o controle acionário da sociedade incorporadora continuará a ser do Distrito Federal, principalmente porque a incorporada também era por ele controlada. Por fim, a letra E é incorreta porque apenas a incorporada, e não a incorporadora, desaparece na operação de incorporação, não havendo o surgimento, tampouco, de nenhuma nova sociedade. Gabarito: A

Direitos de Credores Anteriores Na incorporação e na fusão, publicados os atos relativos à

operação, o credor anterior por ela prejudicado terá 60 dias, a partir da publicação, poderá pleitear judicialmente a anulação da incorporação ou da fusão, sob pena de decadência (art. 232). Todavia, se a sociedade consignar a importância em pagamento, a ação de anulação ficará prejudicada (será extinta) (art. 232, § 1.º). Em se tratando de dívida ilíquida do credor (sujeita a apuração de seu valor), a sociedade poderá

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garantir a execução da dívida (geralmente por meio de caução em dinheiro), o que suspenderá a ação até o final da execução (art. 232, § 2.º).

Ocorrendo, nos 60 dias a partir da publicação, a falência da sociedade

incorporadora ou da sociedade nova (resultante da fusão), qualquer credor anterior terá o direito de pedir a separação dos patrimônios, para o fim de serem os créditos pagos pelos bens das respectivas massas falidas (art. 232, § 3.º).

Na cisão total (com extinção da sociedade cindida), as entidades que

absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da sociedade extinta (art. 233).

Já na cisão parcial, a cindida e as sociedades que absorveram

parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações anteriores à cisão (art. 233, 2.ª parte). Não obstante, o ato de cisão parcial poderá estipular que as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida serão responsáveis apenas pelas obrigações que lhes forem transferidas, sem solidariedade entre si ou com a companhia cindida. Nesse caso, qualquer credor anterior poderá se opor à estipulação, em relação ao seu crédito, desde que notifique a sociedade no prazo de 90 dias, a contar da data da publicação dos atos da cisão (art. 233, par. único).

Havendo solidariedade, o credor da companhia extinta poderá cobrar

seu crédito, pela integralidade, de qualquer das sociedades solidárias, independentemente da magnitude da parcela recebida. Efetuado o pagamento integral ao credor, a sociedade que pagou poderá se voltar regressivamente contra as demais, para haver para si as respectivas quotas-partes que deveriam ter sido honradas por elas.

Finalmente, algumas regras relativas aos debenturistas, que também

são credores da sociedade. A incorporação, a fusão ou a cisão da companhia emissora de debêntures em circulação dependerá da prévia aprovação dos debenturistas, reunidos em assembleia especialmente convocada com esse fim (art. 231). Será dispensada a aprovação pela assembleia se for assegurado aos debenturistas que o desejarem o resgate das debêntures de que forem titulares, durante o prazo mínimo de seis meses, a contar da data da publicação das atas das assembleias relativas à operação de incorporação, fusão ou cisão. No caso de cisão parcial, a sociedade cindida e suas sucessoras responderão solidariamente pelo resgate das debêntures (art. 231, §§ 1.º e 2.º).

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Veja esta questão da Esaf sobre o assunto: 21 - (ESAF/AFTN/AUDITORIA/1998) Com relação às reorganizações societárias mediante os processos de incorporações, fusões ou cisões, podemos afirmar que todas as opções abaixo são corretas, exceto a) uma companhia emissora de debêntures em circulação ficará sempre obrigada à prévia autorização dos debenturistas sob pena de nulidade da incorporação, fusão ou cisão b) incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que a sucede em todos os direitos e obrigações c) cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim, ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, e dividindo-se o seu capital, se parcial a versão d) interesses de natureza societária entre quotistas ou acionistas são fatores importantes a serem contemplados no processo de reorganização e) fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que as sucederá em todos os direitos e obrigações Note que a questão pede que se assinale a alternativa falsa. A letra A é o gabarito, já que a aprovação dos debenturistas da companhia para a realização das operações de incorporação, fusão ou cisão poderá ser dispensada se lhes for assegurado o direito de resgate das suas debêntures, durante o prazo mínimo de seis meses, a contar da data da publicação das atas das assembleias relativas à operação. A letra B está certa, pois apresenta a correta definição de incorporação. A letra C também traz a exata definição de cisão. A Letra D é correta, já que os interesses dos sócios são fatores que devem ser necessariamente considerados nas operações de reorganização societária, principalmente porque são eles mesmos que aprovarão ou não as mudanças. Por fim, a letra E apresenta a definição correta de fusão. Gabarito: A São muitos detalhes né? Mas você reparou que esse é um assunto

recorrente em prova, então, não dê bobeira... Tudo bem até aqui? Não desista, vamos juntos.

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Transformação das Sociedades Cooperativas A Lei 5.764/1971 não admite a transformação da sociedade

cooperativa em outra espécie societária. Se ocorrer alteração de sua forma jurídica, a sociedade é dissolvida de pleno direito, conforme o art. 63, IV, da Lei. Assim, as operações societárias que podem ocorrer com a cooperativa são as de incorporação, fusão e cisão (esta chamada de desmembramento pela Lei), e, mesmo assim, apenas entre cooperativas, conforme veremos a seguir. Os artigos abaixo citados são da Lei 5.764/1971.

Incorporação, Fusão e Cisão das Sociedades Cooperativas

Pela fusão, duas ou mais cooperativas formam uma nova sociedade

cooperativa (art. 57). A fusão determina a extinção das sociedades que se unem para formar a nova sociedade, a qual lhes sucederá nos direitos e obrigações (art. 58).

Deliberada a fusão, cada cooperativa interessada indicará nomes para

comporem uma comissão mista de estudos, que elaborará um relatório contendo os necessários à constituição da nova sociedade, tais como o levantamento patrimonial, o balanço geral, o plano de distribuição das quotas-partes, o destino dos fundos de reserva e outros e o projeto de estatuto (art. 57, § 1.º). Aprovado o relatório da comissão mista e constituída a nova sociedade em Assembleia Geral conjunta, os respectivos documentos serão arquivados, para aquisição de personalidade jurídica, na Junta Comercial competente (ou no RCPJ, como visto) (art. 57, § 2.º).

Pela incorporação, uma sociedade cooperativa absorve o patrimônio,

recebe os associados, assume as obrigações e se investe nos direitos de outra ou outras cooperativas (art. 59). Na incorporação de cooperativas, serão obedecidas as mesmas formalidades estabelecidas para a fusão de cooperativas, limitadas as avaliações ao patrimônio das sociedades incorporandas (que estão sendo incorporadas) (art. 59, par. único).

As sociedades cooperativas poderão desmembrar-se em tantas

quantas forem necessárias para atender aos interesses dos seus associados, podendo uma das novas entidades ser constituída como cooperativa central ou federação de cooperativas (art. 60). Deliberado o desmembramento, a Assembleia designará uma comissão para estudar as providências necessárias à efetivação da medida (art. 61), que apresentará seu relatório, acompanhado dos projetos de estatutos das

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novas cooperativas, sendo tudo apreciado em nova Assembleia especialmente convocada para esse fim (art. 61, § 1.º).

O plano de desmembramento preverá o rateio, entre as novas cooperativas, do ativo e passivo da sociedade desmembrada, atribuindo-se a cada nova cooperativa parte do capital social da sociedade desmembrada em quota correspondente à participação dos associados que passam a integrá-la (art. 61, §§ 1.º e 2.º). Entretanto, se uma das novas cooperativas for constituída como cooperativa central ou federação de cooperativas, deverá ser estabelecido o montante das quotas-partes que as associadas terão no capital social (art. 61, § 4.º).

Constituídas as novas sociedades, serão realizadas as transferências contábeis e patrimoniais necessárias à concretização do desmembramento (art. 62).

22 - (TRT 21ª REGIÃO (RN)/JUIZ/TRT/2012) Pela incorporação, uma sociedade cooperativa absorve o patrimônio, recebe os associados, assume as obrigações e se investe nos direitos de outra ou outras cooperativas. CORRETO – Essa afirmativa está de acordo com o artigo 59 da Lei das Cooperativas que trata da regra da incorporação em uma sociedade cooperativa. Lei 5764/71: Art. 59. Pela incorporação, uma sociedade cooperativa absorve o patrimônio, recebe os associados, assume as obrigações e se investe nos direitos de outra ou outras . 23 - (MPT/PROCURADOR/2012) Analisa os itens; I - O ato de transformação independe de dissolução ou liquidação da sociedade e não modifica nem prejudica os direitos dos credores. II - Tanto na fusão quanto na incorporação, ocorre extinção de sociedades e sucessão nos direitos e obrigações, seja na nova empresa, na fusão, seja na incorporadora, na incorporação. I – CORRETO - conforme Código Civil: Artigo 1.113 e 1.115. Art. 1.113. O ato de transformação independe de dissolução ou liquidação da sociedade, e obedecerá aos preceitos reguladores da constituição e inscrição próprios do tipo em que vai converter-se. Art. 1.115. A transformação não modificará nem prejudicará, em qualquer caso, os direitos dos credores. II – CORRETO - Art. 1.116. Na incorporação, uma ou várias sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os

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direitos e obrigações, devendo todas aprová-la, na forma estabelecida para os respectivos tipos. Art. 1.119. A fusão determina a extinção das sociedades que se unem, para formar sociedade nova, que a elas sucederá nos direitos e obrigações. Muito bem, amigo(a) concurseiro(a), vejamos agora a matéria sobre

dissolução e liquidação de sociedades.

3 – DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE SOCIEDADES Introdução

Para “nascer” uma sociedade, a lei exige uma série de requisitos e procedimentos. Na “morte” da sociedade não é diferente, o Código estabeleceu regras claras para que ocorra a extinção de uma sociedade e dá-se por meio de um processo onde vários procedimentos deverão ser cumpridos... Quando você estiver trabalhando na Receita Federal, vai ver que existe um procedimento de baixa para o “CNPJ” que deverá seguir um trâmite legal de processamento.

Vimos em aula passada a dissolução parcial da sociedade, chamada

pelo Código Civil de resolução da sociedade em relação a um sócio. Agora, estudaremos os casos de dissolução total, que acarreta a extinção da pessoa jurídica.

Com a dissolução total da sociedade, opera-se o desfazimento do vínculo contratual entre todos os sócios que a compõem, com a finalidade de se realizar a liquidação e a extinção da entidade. Frise-se que a sociedade dissolvida mantém sua personalidade jurídica até o final do processo de liquidação.

Após a dissolução, paralisam-se as atividades sociais, salvo as que

forem consideradas inadiáveis, e inicia-se a liquidação da sociedade, isto é, o levantamento do patrimônio social (bens, direitos e obrigações), a realização (venda) do ativo (bens e direitos), o pagamento do passivo (obrigações) e apuração do saldo existente. Este, se positivo, será distribuído entre os sócios; se negativo (isto é, se sobrarem dívidas da sociedade não pagas), ocasionará a cobrança dos valores remanescentes junto aos sócios, caso tenham responsabilidade (limitada ou ilimitada) quanto às dívidas sociais. A liquidação pode ser extrajudicial ou administrativa (feita pelos próprios administradores) ou judicial (feita em juízo). Após todo o procedimento, ocorre a extinção da sociedade, com a

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baixa de sua inscrição no registro competente. Assim, a ordem lógica dos acontecimentos é a seguinte:

DISSOLUÇÃO ��� LIQUIDAÇÃO ��� EXTINÇÃO Veja como o tema já foi cobrado em prova:

24 - (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/TST/2003) A dissolução da pessoa jurídica não implica a extinção de sua personalidade jurídica. Ela subsistirá até o término do procedimento de liquidação e a averbação da dissolução no registro onde estiver inscrita a pessoa jurídica. O item é correto, já que a extinção da personalidade jurídica da sociedade dissolvida só ocorre com o término do processo de liquidação, o qual exige inicialmente a averbação da ata da assembleia que decidir a dissolução da sociedade e se encerra com a averbação da ata da assembleia que considerar encerrada a liquidação.

Gabarito: Certo Quanto à forma como ocorre, a dissolução da sociedade pode ser:

- de pleno direito, em razão da simples ocorrência de determinados fatos previstos em lei; - judicial, quando houver divergência entre os sócios, o que gera a necessidade de uma sentença judicial para dissolver a sociedade; e - consensual (distrato social), quando operada pela vontade dos sócios.

O Código Civil de 2002 trata da dissolução e da liquidação das sociedades contratuais, enquanto a Lei 6.404/1976 regula essa matéria par as sociedades por ações. Em relação às cooperativas, o assunto é tratado na Lei 5.764/1971. Dissolução das Sociedades Contratuais

As sociedades contratuais (simples, em nome coletivo, em comandita simples e limitadas) dissolvem-se nas seguintes hipóteses (arts. 1.033, 1.044 e 1.087 – os artigos são do CC/2002):

- vencimento do prazo de duração, quando for uma sociedade de prazo determinado (dissolução de pleno direito). Vencido o prazo e não havendo oposição de nenhum sócio, a sociedade deve dar

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início ao processo de liquidação extrajudicial. Todavia, caso isso não ocorra, a sociedade será considerada prorrogada por tempo indeterminado (prorrogação tácita). Por outro lado, havendo oposição de algum sócio, ele poderá requerer, desde logo, a liquidação judicial da entidade (art. 1.036, par. único); - consenso unânime dos sócios, na sociedade de prazo determinado (dissolução consensual, segundo a doutrina, mas o CC/2002 classifica como dissolução de pleno direito: art. 1.044. Atenção na prova!); - deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado (dissolução consensual, segundo a doutrina, mas o CC/2002 classifica como dissolução de pleno direito: art. 1.044. Atenção na prova!); - falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de 180 dias (dissolução de pleno direito). Para evitar a dissolução, além de tentar obter novos sócios no citado prazo, o sócio remanescente pode requerer a transformação da sociedade em empresário individual (art. 1.033, par. único), observadas, no que couber, as regras de transformação da sociedade (arts. 1.113 a 1.115); - extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar, quando for o caso (art. 1.123) (dissolução de pleno direito); - falência, se sociedade empresária (arts. 1.044 e 1.087) (dissolução judicial). Veja uma interessante questão de concurso sobre o tema acima: 25 - (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA/MPE-TO/2004) A personalidade jurídica de uma sociedade nasce pelo registro de seus atos constitutivos. A lei prevê, também, as formas pelas quais se promove a dissolução dessa mesma sociedade. Considere, hipoteticamente, duas sociedades – Alfa e Beta –, constituídas, respectivamente, como sociedade por prazo determinado e como sociedade por prazo indeterminado. Com base nessa situação, assinale a opção que contém o exemplo que, ocorrendo, não promove a dissolução da sociedade. a) Venceu o prazo de duração da sociedade Alfa, e a sociedade entrou em liquidação. b) Venceu o prazo de duração da sociedade Alfa, e a sociedade não entrou em liquidação, apesar de um dos sócios opor-se à continuidade. c) Houve reunião dos sócios da sociedade Beta, e esses, em consenso dos representantes de 90% do capital, decidiram pela dissolução. d) Transcorreu o prazo de 90 dias do falecimento de um dos dois únicos sócios da sociedade Beta, sem que fosse reconstituída a pluralidade de sócios.

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e) Ocorreu a extinção da autorização de funcionamento da sociedade Beta, exigida por lei. Note que a questão quer que se assinale a opção que não acarreta a dissolução da sociedade. A letra A é hipótese de dissolução de pleno direito, como visto acima. A letra B dá ensejo à dissolução judicial, requerida pelo sócio que se opôs à continuidade da empresa. A letra C também ocasiona a dissolução, pois a sociedade Beta foi constituída por prazo indeterminado, cuja dissolução pode ser decidida pela maioria absoluta do capital social. A letra D é o gabarito, já que o prazo para que ocorra a dissolução da sociedade contratual por unipessoalidade de seus quadros é de 180 dias. Por fim, a letra E é hipótese de dissolução de pleno direito da sociedade.

Gabarito: D

Além das hipóteses acima, as sociedades contratuais podem ser

dissolvidas judicialmente, a requerimento de qualquer dos sócios, quando ocorrer (arts. 1.034 e 1.035):

- a anulação da sua constituição, sendo de três anos o prazo de decadência do direito do sócio de anular a constituição da sociedade (art. 45, par. único); - o exaurimento do fim social (ex.: exaustão de mina explorada pela sociedade) ou a verificação de sua inexequibilidade (ex.: exploração de petróleo a altas profundidades, verificada impossível posteriormente, com a tecnologia disponível); e - qualquer outra causa prevista no contrato, quando contestada.

Liquidação das Sociedades Contratuais

Como visto, a liquidação da sociedade pode ser feita pelos próprios administradores (liquidação extrajudicial ou administrativa) ou pelo Poder Judiciário, quando provocado (liquidação judicial). A liquidação extrajudicial da sociedade contratual se processa em conformidade com o disposto nos arts. 1.036 a 1.038 e 1.102 a 1.110 do CC/2002. Já a liquidação judicial da sociedade (tanto contratual como por ações) ocorre com base no disposto nos arts. 1.111 e 1.112 do CC/2002 e nos arts. 655 a 674 do Código de Processo Civil (CPC) de 1939 (Decreto-Lei 1.608/1939), o antigo CPC, ainda em vigor nessa parte, em virtude do disposto no art. 1.218, VII, do atual CPC (Lei 5.869/1973). Todavia, no caso de falência, a liquidação judicial segue a Lei 11.101/2005.

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Vejamos primeiro os procedimentos da liquidação extrajudicial da sociedade contratual. Os artigos citados abaixo são do CC/2002.

Ocorrida a dissolução, os administradores devem providenciar

imediatamente a liquidação extrajudicial, promovendo a investidura do liquidante extrajudicial e restringindo a gestão da sociedade aos negócios inadiáveis, sendo vedadas novas operações, as quais, se realizadas, gerarão a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores (art. 1.036). Além disso, como visto, quando a dissolução ocorrer de pleno direito, qualquer sócio pode requerer, desde logo, a liquidação judicial (art. 1.036, parágrafo único).

Quando a dissolução se der por extinção da autorização para

funcionar, os administradores terão trinta dias, a partir da perda da autorização, para promover a liquidação da sociedade. Se isso não ocorrer, nem houver requerimento de nenhum sócio para a liquidação judicial, o Ministério Público, tão logo lhe comunique a autoridade competente, será competente para promover a liquidação judicial da sociedade (art. 1.037). Se, em quinze dias do recebimento da comunicação, o Ministério Público nada fizer, a autoridade competente para conceder a autorização para funcionar nomeará interventor com poderes para requerer a liquidação judicial e administrar a sociedade até que seja nomeado o liquidante.

Veja esta questão de concurso sobre os temas acima: 26 - (CESPE/33.º EXAME DE ORDEM/OAB-RJ/2007) A propósito da dissolução e liquidação de sociedade simples, assinale a opção correta. a) É imprescindível, em qualquer hipótese, que haja o consenso de todos os sócios. b) Os administradores continuam gerindo os negócios normalmente até que seja concluída a liquidação. c) A dissolução e a liquidação da sociedade não podem ocorrer no mesmo ato. d) O Ministério Público está legitimado a, em situações especiais, promover a liquidação judicial da sociedade.

A letra A é errada, uma vez que a decisão de dissolução da sociedade simples pode ser tomada por maioria absoluta de votos, exceto se o contrato determinar a necessidade de deliberação unânime (art. 999 do CC/2002). A letra B é incorreta, pois, dissolvida a sociedade, os administradores devem providenciar imediatamente a investidura do liquidante e restringir a gestão da sociedade aos negócios inadiáveis,

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sendo vedadas novas operações, as quais, se ocorrerem, acarretarão a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores (art. 1.036). A letra C é falsa porque se admite que a dissolução e a liquidação da sociedade sejam formalizadas em um único ato, quando os sócios já tiverem deliberado todos os procedimentos necessários para a extinção da sociedade e apresentarem a ata da respectiva Assembleia para averbação da dissolução/liquidação no registro competente, juntamente com toda a documentação exigida. E a letra D é correta, já que, no caso de dissolução da sociedade por extinção de sua autorização para funcionar (art. 1.033, V), o Ministério Público poderá promover a liquidação judicial da sociedade, se os administradores não a tiverem realizado nos trinta dias seguintes à perda da autorização ou se o se nenhum a sócio tiver requerido essa forma de liquidação, após a dissolução de pleno direito (art. 1.037). Gabarito: D O liquidante pode já estar designado no contato social. Se não

estiver, ele será eleito por deliberação dos sócios. Normalmente, o liquidante é escolhido dentre os administradores, mas a escolha pode recair em pessoa estranha à sociedade (art. 1.038). Se ele não for administrador, será investido em suas funções após a averbação de sua nomeação no registro próprio (art. 1.102, parágrafo único).

A qualquer tempo, o liquidante pode ser destituído, da seguinte forma

(art. 1.038, § 1.º):

- se tiver sido eleito na forma acima, mediante deliberação dos sócios; - em qualquer caso, por via judicial, a requerimento de um ou mais sócios, se ocorrer justa causa para isso (ex.: inobservância dos deveres legais, retardamento injustificado do processo de liquidação, defesa de interesses estranhos à sociedade, etc.). Eis algumas questões de concurso sobre o liquidante: 27 - (ESAF/JUIZ DO TRABALHO/TRT 7.ª REGIÃO/2005) O liquidante de sociedade dissolvida poderá, a qualquer tempo, ser destituído mesmo que não haja deliberação majoritária dos sócios que o elegeram. O item é errado porque a destituição do liquidante exige a maioria

absoluta ou a unanimidade de votos, nas sociedades simples (art. 999 do CC/2002), ou a maioria de votos dos presentes, nas sociedades limitadas (arts. 1.071, VII, e 1.076, III, do CC/2002).

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Gabarito: Errado 28 - (CESPE/ESCRIVÃO/TJBA/2005) Processada a regular dissolução de determinada sociedade empresária, proceder-se-á à liquidação da mesma, com a nomeação de liquidante, o qual deverá fazer parte do quadro de sócios. O item é errado porque o liquidante não precisa ser um dos sócios,

podendo ser pessoa estranha à sociedade. Gabarito: Errado Nomeado o liquidante, a liquidação ocorre conforme os procedimentos

a seguir, salvo se ato constitutivo ou o instrumento da dissolução dispuser de forma diversa (art. 1.102). Enquanto estiver em liquidação, o nome empresarial da sociedade será aditado da expressão “em liquidação” (art. 1.103, par. único).

Constituem deveres do liquidante (art. 1.103): - averbar e publicar a ata, sentença ou instrumento de dissolução da sociedade; - arrecadar os bens, livros e documentos da sociedade, onde quer que estejam; - proceder, nos quinze dias seguintes ao da sua investidura, à elaboração do inventário e do balanço geral do ativo e do passivo. Para esse encargo, o liquidante contará, sempre que possível, com a assistência dos administradores; - ultimar (concluir) os negócios da sociedade, realizar o ativo, pagar o passivo e partilhar o remanescente entre os sócios; - exigir dos quotistas, se o ativo for insuficiente para a solução (pagamento) do passivo, a integralização de suas respectivas quotas, além de quantias extras, necessárias ao pagamento das dívidas sociais, nos limites da responsabilidade (limitada ou ilimitada) de cada um e proporcionalmente à respectiva participação nas perdas. Havendo sócio insolvente (inadimplente), os demais arcarão integralmente com as dívidas, também na proporção de suas respectivas participações nas perdas; - convocar assembleia dos quotistas, a cada seis meses ou sempre que necessário, para apresentar relatório e balanço do estado da liquidação, prestando contas dos atos praticados durante o semestre ou período;

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- confessar a falência da sociedade e pedir concordata (leia-se: recuperação judicial), de acordo com as formalidades prescritas para o tipo de sociedade liquidanda; - finda (terminada) a liquidação, apresentar aos sócios o relatório da liquidação e as suas contas finais; - averbar a ata da reunião ou da assembleia, ou o instrumento firmado pelos sócios, que considerar encerrada a liquidação.

Compete ainda ao liquidante representar a sociedade e praticar todos

os atos necessários à sua liquidação, inclusive alienar bens móveis ou imóveis, transigir (ceder em acordo), receber e dar quitação (art. 1.105). Todavia, o liquidante precisa estar expressamente autorizado pelo contrato social ou pelo voto da maioria dos sócios para: gravar de ônus reais os bens móveis e imóveis da sociedade; contrair empréstimos (salvo quando indispensáveis ao pagamento de obrigações inadiáveis); e prosseguir na atividade social, ainda que seja para facilitar a liquidação (art. 1.105, par. único).

Veja esta questão da Esaf sobre os pontos acima: 29 - (ESAF/AFRF/AUDITORIA/2003) Em casos de liquidação de sociedades não é dado poder ao liquidante, sem a expressa autorização de assembléia, de: a) alienar bens móveis e imóveis da empresa em liquidação. b) receber e dar quitação em recebíveis da empresa em liquidação. c) convocar assembléia geral a cada 6 meses para prestar contas das operações praticadas. d) representar a companhia e praticar todos os atos necessários à liquidação. e) prosseguir na atividade social, ainda que, para facilitar o processo de liquidação, sem a expressa autorização da assembléia geral. A letra A é errada porque o liquidante pode alienar bens móveis ou imóveis da sociedade durante a liquidação. A letra B é incorreta, pois o liquidante também é autorizado a receber e dar quitação em nome da entidade liquidanda. A letra C é falsa, já que é dever do liquidante convocar a assembleia dos sócios a cada seis meses ou sempre que necessário, para apresentar relatório e balanço do estado da liquidação, prestando contas dos atos praticados durante o semestre ou período. A letra D é errada, pois compete ao liquidante representar a sociedade e praticar todos os atos necessários à sua liquidação. Finalmente, a letra E é o gabarito, pois o liquidante só poderá prosseguir na atividade social se estiver autorizado pelo voto da

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maioria dos sócios ou pelo contrato social. Note que, embora a letra E não tenha citado a possibilidade de autorização no próprio contrato, ela é, seguramente, a opção que melhor responde a questão. Gabarito: E O liquidante deverá pagar as dívidas sociais de forma proporcional

aos valores dos créditos dos credores da sociedade, sem distinção entre as dívidas vencidas e as vincendas (a vencer), estas com o devido desconto pela antecipação do pagamento, respeitando os direitos de eventuais credores preferenciais (que devem receber antes de outros) (art. 1.106). Todavia, se o ativo for superior ao passivo, o liquidante pode pagar integralmente as dívidas vencidas, sob sua responsabilidade pessoal (art. 1.105, par. único).

As obrigações e a responsabilidade do liquidante regem-se pelos preceitos peculiares às dos administradores da sociedade liquidanda (art. 1.104).

Uma vez quitadas todas as dívidas, o eventual saldo remanescente

será partilhado entre os sócios. Todavia, se todos os credores já tiverem sido pagos, restando apenas a alienação de outros ativos da sociedade, os sócios podem resolver, por maioria de votos, receber a partilha antecipadamente, por rateios, à medida que os haveres sociais forem sendo realizados (vendidos) (art. 1.107).

Pago o passivo e partilhado o remanescente, o liquidante convocará a assembleia dos sócios para a prestação final de contas (art. 1.108). Sendo estas aprovadas, encerra-se a liquidação e a sociedade se extingue, o que ocorre efetivamente no momento da averbação da ata da assembleia no registro próprio (Junta Comercial ou RCPJ, conforme a sociedade seja empresária ou simples, respectivamente) (art. 1.109). Havendo algum sócio que não concorde com a aprovação das contas (sócio dissidente), ele terá trinta dias, a contar da publicação da ata, devidamente averbada, para promover a ação judicial cabível (art. 1.109, par. único)

Se, após encerrada a liquidação, ainda houver algum credor cujo crédito não tenha sido satisfeito, ele só terá direito de exigir dos sócios, individualmente, o pagamento do seu crédito até o limite da soma por eles recebida na partilha, ficando, por outro lado, com o direito de propor ação de perdas e danos contra o liquidante, para receber a competente indenização (art. 1.110).

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Já a liquidação judicial da sociedade segue o disposto na Lei Processual (art. 1.111 do CC/2002), no caso, os arts. 655 a 674 do antigo CPC de 1939 (Decreto-Lei 1.608/1939). Diz o Código Civil ainda que, se necessário, o juiz convocará, no curso da liquidação judicial, reunião ou assembleia de sócios, para deliberar sobre os interesses da liquidação, as quais serão presididas pelo magistrado, que resolverá sumariamente as questões suscitadas. As atas dessas assembleias serão apensadas ao processo judicial, em cópia autêntica (art. 1.112).

Compete ao juiz a nomeação do liquidante, se já indicado no contrato

social ou estatuto. Caso não haja indicação, a assembleia de sócios, por maioria do capital social, o nomeará. Se, contudo, houver unanimidade entre eles, o nome do liquidante poderá ser indicado em petição no processo. Por outro lado, se houver apenas dois sócios e eles não chegarem a um acordo, a escolha do liquidante será feita pelo juiz, dentre pessoas estranhas à sociedade (art. 657 do CPC de 1939).

As atribuições do liquidante judicial são muito semelhantes às do liquidante extrajudicial, vistas acima. Isso porque ambos devem promover a realização do ativo, o pagamento do passivo e a distribuição aos sócios do saldo remanescente, na proporção da participação de cada um no capital social. Segundo o CPC de 1939, o liquidante judicial deverá (art. 660):

– levantar o inventário dos bens e fazer o balanço da sociedade, nos quinze dias seguintes à nomeação, prazo que o juiz poderá prorrogar por motivo justo; – promover a cobrança das dívidas ativas (direitos da sociedade) e pagar as passivas (obrigações da sociedade) que sejam certas e exigíveis, reclamando dos sócios os fundos necessários a esses procedimentos, na proporção de suas quotas na sociedade, quando forem insuficientes os recursos disponíveis em caixa; – vender, com autorização do juiz, os bens de fácil deterioração ou de guarda dispendiosa, bem como os indispensáveis para satisfazer os encargos da liquidação, quando os sócios se recusarem a suprir os fundos necessários; – praticar os atos necessários para assegurar os direitos da sociedade e representá-la ativa e passivamente nas ações que interessarem à liquidação, podendo, se necessário, contratar advogado e empregados, com autorização do juiz e ouvidos os sócios; – apresentar, mensalmente ou sempre que o juiz determinar, o balancete da liquidação; – propor, quando ultimada a liquidação, a forma de divisão ou partilha (se houver saldo positivo) ou a forma do pagamento dos

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sócios (em caso de saldo negativo), apresentando relatório dos atos e operações que houver praticado; – prestar contas de sua gestão, quando estiverem terminados os trabalhos ou for destituído de suas funções. O liquidante será destituído pelo juiz, de ofício ou a requerimento de

qualquer interessado, se faltar ao cumprimento do dever, retardar injustificadamente o andamento do processo, proceder com dolo ou má-fé, ou, ainda, tiver interesse contrário ao da liquidação (art. 661).

Já a liquidação judicial em processo de falência será estudada em

aula própria futuramente. 30 - (FUNDATEC/AFTE/SEFAZ-RS/2009)Considere as afirmações abaixo, que tratam sobre os deveres do liquidante: I. averbar e publicar a ata, sentença ou instrumento de dissolução da sociedade. II. arrecadar os bens, livros e documentos da sociedade, onde quer que estejam. III. finda a liquidação, apresentar aos sócios o relatório da liquidação e as suas contas finais. IV. proceder, nos quinze dias seguintes ao da sua investidura e com a assistência, sempre que possível, dos administradores, à elaboração do inventário e do balanço geral do ativo e do passivo. V. ultimar os negócios da sociedade, realizar o ativo, pagar o passivo e partilhar o remanescente entre os sócios ou acionistas. A liquidação da sociedade é o instituto que acontece antes da extinção da sociedade, caracteriza-se principalmente por pagar o passivo e dividir o que sobrar do ativo aos sócios. A liquidação é de responsabilidade do liquidante, vejamos o que o artigo 1.103 do código civil estabelece como deveres do liquidante. Art. 1.103. Constituem deveres do liquidante: Item I - CORRETO - inciso I - averbar e publicar a ata, sentença ou instrumento de dissolução da sociedade; Item II - CORRETO - inciso II - arrecadar os bens, livros e documentos da sociedade, onde quer que estejam; Item III - CORRETO - inciso VIII - finda a liquidação, apresentar aos sócios o relatório da liquidação e as suas contas finais; Item IV - CORRETO - inciso III - proceder, nos quinze dias seguintes ao da sua investidura e com a assistência, sempre que possível, dos administradores, à elaboração do inventário e do balanço geral do

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ativo e do passivo; Item V - CORRETO - inciso IV - ultimar os negócios da sociedade, realizar o ativo, pagar o passivo e partilhar o remanescente entre os sócios ou acionistas;

Dissolução das Sociedades por Ações

Vejamos agora as regras da dissolução das sociedades anônimas, as

quais se aplicam, por extensão, no que couber, às sociedades em comandita por ações. Segundo a Lei 6.404/1976, a companhia dissolve-se de pleno direito nos seguintes casos (art. 206, I):

- término do seu prazo de duração; - casos previstos no estatuto; - deliberação da Assembleia Geral, sendo necessária, neste caso, a aprovação de acionistas que representem, no mínimo, metade das ações com direito a voto, se maior quórum não for exigido pelo estatuto da companhia, quando fechada (art. 136, caput e inc. X). Na verdade, esta é uma hipótese de dissolução consensual, mas, na prova, considere ser de pleno direito, pois a Esaf é bastante literal em suas questões (ela segue fielmente a letra da lei); - existência de um único acionista, verificada em Assembleia Geral Ordinária (AGO), se o mínimo de dois não for reconstituído até à AGO do ano seguinte, salvo se se tratar de subsidiária integral (art. 251); - extinção, na forma da lei, da autorização para funcionar.

Além disso, dissolve-se a companhia por decisão judicial nas

seguintes hipóteses (art. 206, II):

- anulação de sua constituição, em ação proposta por qualquer acionista; - prova de que a sociedade não pode preencher o seu fim, em ação proposta por acionistas que representem 5% ou mais do capital social; - falência, na forma prevista na respectiva lei (Lei 11.101/2005, que estudaremos em aula própria);

Finalmente, a companhia pode ser dissolvida também por decisão de

autoridade administrativa competente, nos casos e na forma previstos em lei especial (art. 206, III).

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Vale lembrar que a companhia dissolvida conserva a personalidade jurídica até a sua extinção, com o fim de proceder à liquidação (art. 207).

Liquidação das Sociedades por Ações

Assim como as sociedades contratuais, a companhia pode ser liquidada de forma extrajudicial (administrativa) ou judicial. Em todos os atos e operações no processo de liquidação, o liquidante deverá usar a denominação social da companhia seguida das palavras “em liquidação” (art. 212). Você perceberá que as regras são muito semelhantes às aplicáveis às sociedades contratuais. Vejamos inicialmente a liquidação extrajudicial. Os artigos abaixo são da Lei 6.404/1976.

Ocorrida a dissolução de pleno direito, compete à Assembleia Geral, no

silêncio do estatuto, deliberar a realização da liquidação pelos próprios órgãos da companhia (liquidação extrajudicial), determinando o modo como ela será feita e nomeando o liquidante e o Conselho Fiscal que funcionarão durante o período de liquidação (art. 208).

Caso a companhia tenha Conselho de Administração, ela poderá mantê-lo em funcionamento e, neste caso, competirá a esse órgão nomear o liquidante. Durante a liquidação, o funcionamento do Conselho Fiscal será permanente ou a pedido de acionistas, conforme dispuser o estatuto. O liquidante poderá ser destituído a qualquer tempo, pelo órgão que o tiver nomeado (art. 208, §§ 1.º e 2.º)

Já a liquidação judicial ocorrerá nas seguintes situações (art. 209):

- quando os administradores ou a maioria dos acionistas deixarem de promover a liquidação extrajudicial ou a ela se opuserem, nos casos de dissolução de pleno direito, caso em que a liquidação judicial poderá ser feita a pedido de qualquer acionista; - quando, na hipótese de dissolução de pleno direito pela extinção, na forma da lei, da autorização para funcionar (art. 206, I, e), a companhia não iniciar a liquidação nos 30 dias subsequentes à dissolução, ou quando, após iniciá-la, a interromper por mais de 15 dias, caso em que o Ministério Público requererá a liquidação judicial, após ter recebido a comunicação do fato pela autoridade competente.

Na liquidação judicial será observado o disposto na Lei Processual,

devendo o liquidante ser nomeado pelo juiz (art. 209, par. único). Como vimos, o diploma que rege atualmente a liquidação judicial das sociedades é

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o antigo CPC de 1939, nos arts. 655 a 674, salvo no caso de falência, em que são seguidas as regras da Lei 11.101/2005.

Em qualquer caso, o liquidante terá as mesmas responsabilidades do administrador da sociedade. Além disso, os deveres e responsabilidades dos administradores (diretores e membros do Conselho de Administração), dos fiscais (membros do Conselho Fiscal) e dos acionistas subsistirão até a extinção da companhia (art. 217).

São deveres do liquidante (art. 210):

- arquivar e publicar a ata da Assembleia Geral ou a certidão de sentença que tiver deliberado ou decidido a liquidação; - arrecadar os bens, livros e documentos da companhia, onde quer que estejam; - fazer levantar de imediato o balanço patrimonial da companhia, em prazo não superior ao fixado pela Assembleia Geral ou pelo juiz; - ultimar (concluir) os negócios da companhia, realizar o ativo, pagar o passivo e partilhar o remanescente (se houver) entre os acionistas; - exigir dos acionistas a integralização de suas ações, quando o ativo não bastar para a solução (pagamento) do passivo,; - convocar a Assembleia Geral, nos casos previstos em lei ou quando julgar necessário; - confessar a falência da companhia e pedir concordata (leia-se: recuperação judicial), nos casos previstos em lei; - Ao fim da liquidação, submeter à Assembleia Geral relatório dos atos e operações da liquidação e suas contas finais; - arquivar e publicar a ata da Assembleia Geral que houver encerrado a liquidação.

Para bem desempenhar suas funções, o liquidante tem competência

(poderes) para representar a companhia judicial e extrajudicialmente e praticar todos os atos necessários à liquidação, inclusive alienar bens móveis e imóveis, transigir, receber e dar quitação (art. 211), salvo para gravar bens (ex.: penhor e hipoteca), contrair empréstimos (exceto se indispensáveis ao pagamento de obrigações inadiáveis) e prosseguir, ainda que para facilitar a liquidação, na atividade social, casos em que será exigida expressa autorização da Assembleia Geral (art. 211, par. único).

O liquidante deve ainda convocar a Assembleia Geral a cada seis meses, para prestar-lhe contas dos atos e operações praticados no semestre e apresentar-lhe o relatório e o balanço do estado da liquidação. A

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Assembleia Geral pode fixar, para essas prestações de contas, períodos menores ou maiores que, em qualquer caso, não serão inferiores a três nem superiores a doze meses (art. 213).

Nas Assembleias Gerais da companhia em liquidação todas as ações gozam de igual direito de voto, tornando-se ineficazes as restrições ou limitações porventura existentes em relação às ações ordinárias ou preferenciais. Mas se, porventura, houver cessação do estado de liquidação (art. 136, VII), restaura-se a eficácia das restrições ou limitações relativas ao direito de voto das ações (art. 213, § 1.º).

No curso da liquidação judicial, as Assembleias Gerais necessárias para deliberar sobre os interesses da liquidação serão convocadas por ordem do juiz, a quem compete presidi-las e resolver, sumariamente, as dúvidas e litígios que forem suscitados. As atas dessas Assembleias serão apensadas ao processo judicial, por cópias autênticas (art. 213, § 2.º).

Respeitados os direitos dos credores preferenciais, o liquidante pagará

as dívidas sociais proporcionalmente e sem distinção entre vencidas e vincendas (a vencer), mas, em relação a estas, com o devido desconto pela antecipação do pagamento, de acordo com as taxas bancárias vigentes. Se o ativo for superior ao passivo, o liquidante poderá, sob sua responsabilidade pessoal, pagar integralmente as dívidas vencidas (art. 214).

Além disso, a Assembleia Geral pode deliberar que, antes de ultimada

a liquidação, mas depois de pagos todos os credores, sejam feitos rateios entre os acionistas, à proporção que se forem apurando (realizando) os haveres sociais (art. 215). Como se nota, são as mesmas regras constantes do Código Civil, para as sociedades contratuais.

Pago o passivo e rateado o ativo remanescente, o liquidante convocará

a Assembleia Geral para a prestação final das contas. Com a aprovação das contas, encerra-se a liquidação e a companhia se extingue. Aquele que não concordar com a aprovação (acionista dissidente) terá o prazo de trinta dias, a contar da publicação da ata, para promover a ação judicial que lhe couber (art. 216). A Lei 6.404/1976 traz a seguinte regra, não prevista no Código Civil para as sociedades contratuais: depois de pagos ou garantidos os credores, é facultado à Assembleia Geral aprovar condições especiais para a partilha do ativo remanescente, com a atribuição de bens aos sócios, pelo valor contábil ou outro por ela fixado. Para isso, será exigido um quórum mínimo de 90% das ações da entidade. Todavia, se for provado

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por algum acionista dissidente (art. 216, § 2.º), na ação judicial cabível, que essas condições especiais de partilha visaram a favorecer a maioria, a divisão dos bens será suspensa (se já não tiver sido consumada) ou os acionistas majoritários deverão indenizar os minoritários pelos prejuízos apurados (se já tiver havido a partilha) (art. 215, §§ 1.º e 2.º).

Encerrada a liquidação, o eventual credor da companhia cujo crédito não tenha sido satisfeito só terá direito de exigir dos acionistas, individualmente, o pagamento de seu crédito, até o limite da soma por eles recebida, podendo propor contra o liquidante, se for o caso, ação judicial de perdas e danos. Neste caso, sendo o liquidante executado um dos acionistas, ele terá direito de haver dos demais sócios as parcelas da dívida que a eles couberem (direito de regresso) (art. 218).

Com o encerramento da liquidação, extingue-se a companhia (art.

219, I). Ressalte-se, por fim, que as deliberações sobre dissolução e

cessação do estado de liquidação da companhia exigem a aprovação de acionistas que representem metade, no mínimo, das ações com direito a voto, se maior quórum não for exigido pelo estatuto, no caso de companhia fechada (art. 136, VII e X).

Dissolução das Sociedades Cooperativas

A dissolução e a liquidação das sociedades cooperativas são tratadas na Lei 5.764/1971. Os artigos abaixo referem-se a essa norma.

As cooperativas podem se dissolver de pleno direito ou judicialmente. Sua dissolução ocorrerá de pleno direito nas seguintes hipóteses (art. 63):

- deliberação da Assembleia Geral, desde que os associados, totalizando o número mínimo exigido pela Lei (conforme sejam singulares, cooperativas centrais ou confederações de cooperativas), não se disponham a assegurar a sua continuidade. Veja que se trata de dissolução consensual, valendo, no entanto, a mesma observação já feita anteriormente: para a prova da Esaf, considerar como de pleno direito, em função da letra da Lei; - decurso do seu prazo de duração; - consecução dos objetivos predeterminados; - alteração de sua forma jurídica (lembre que a Lei não admite a transformação da cooperativa em outro tipo de sociedade);

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- pela redução do número mínimo de associados ou do capital social mínimo se, até a Assembléia Geral subsequente, realizada em prazo não inferior a seis meses, eles não forem restabelecidos; - paralisação de suas atividades por mais de 120 dias.

A lei fala ainda que a sociedade se dissolve pelo cancelamento da

autorização para funcionar (art. 63, VI), mas vimos que atualmente não existe mais a possibilidade de exigência de autorização estatal para funcionamento das cooperativas (art. 5.º, XVIII, da CF/88), razão pela qual tal dispositivo deve ser considerado revogado.

Já a dissolução judicial da cooperativa terá lugar quando a dissolução da sociedade não for promovida voluntariamente pelos cooperados, nas hipóteses previstas acima. A medida, neste caso, será tomada a pedido de qualquer associado (art. 64). Destaque-se que não se admite mais o pedido de dissolução judicial por órgão executivo federal, conforme consta do dispositivo legal, já que, segundo a Lei Maior, atualmente é vedada a interferência estatal no funcionamento das cooperativas (art. 5.º, XVIII, da CF/88). Liquidação das Sociedades Cooperativas

Inicialmente destaque-se que, assim como na liquidação das demais

sociedades, os liquidantes deverão usar, em todos os atos e operações da liquidação da cooperativa, a denominação da entidade seguida da expressão “em liquidação” (art. 66). Os liquidantes terão todos os poderes normais de administração, podendo praticar atos e operações necessários à realização do ativo e ao pagamento do passivo (art. 67). As obrigações e as responsabilidades dos liquidantes regem-se pelos preceitos peculiares aos dos administradores da sociedade liquidanda (art. 69).

Quando a dissolução for deliberada pela Assembleia Geral, esta

nomeará um ou mais liquidantes e um Conselho Fiscal de três membros para proceder à sua liquidação (liquidação extrajudicial) (art. 65). A Assembleia poderá, em qualquer época, destituir os liquidantes e os membros do Conselho Fiscal, designando os seus substitutos (art. 65, § 2.º).

São obrigações dos liquidantes (art. 68):

- providenciar o arquivamento da Ata da Assembleia Geral em que foi deliberada a liquidação no registro competente;

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- arrecadar os bens, livros e documentos da sociedade, onde quer que estejam; - convocar os credores e devedores e promover o levantamento dos créditos e débitos da sociedade; - proceder ao levantamento do inventário e do balanço geral do ativo e passivo, nos quinze dias seguintes ao de sua investidura, com a assistência dos administradores, sempre que possível; - realizar o ativo social para saldar o passivo e reembolsar os associados de suas quotas. O eventual saldo remanescente, inclusive o dos fundos indivisíveis, é destinado ao Poder Público; - exigir dos associados a integralização das respectivas quotas do capital social não-realizadas, quando o ativo não bastar para a solução do passivo; - fornecer aos credores a relação dos associados, se a sociedade for de responsabilidade ilimitada e os recursos apurados forem insuficientes para o pagamento das dívidas; - convocar a Assembleia Geral, a cada seis meses ou sempre que necessário, para apresentar relatório e balanço do estado da liquidação e prestar contas dos atos praticados durante o período anterior; - apresentar à Assembleia Geral, finda a liquidação, o respectivo relatório e as contas finais; - averbar a Ata da Assembleia Geral que considerar encerrada a liquidação no órgão competente.

Assim como na liquidação das demais sociedades, o liquidante da

cooperativa não poderá gravar de ônus reais os bens móveis e imóveis, contrair empréstimos (salvo quando indispensáveis para o pagamento de obrigações inadiáveis) ou prosseguir na atividade social, ainda que seja para facilitar a liquidação, sem autorização da Assembleia (art. 70).

Respeitados os direitos dos credores preferenciais, o liquidante deverá pagar as dívidas sociais proporcionalmente e sem distinção entre vencidas ou não (art. 71). Não é prevista na Lei das cooperativas a regra, existente na liquidação das demais sociedades, de que, sendo o ativo superior ao passivo, o liquidante poderá pagar integralmente as dívidas vencidas, sob sua responsabilidade pessoal.

Também como previsto para as demais sociedades, a Assembleia Geral da cooperativa poderá resolver, antes de ultimada a liquidação, mas depois de pagos os credores, que o liquidante faça rateios por antecipação da partilha, à medida que se apurem os haveres sociais (art. 72).

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Solucionado (pago) o passivo, reembolsados os cooperados até o valor de suas quotas-partes e encaminhado o remanescente conforme o estatuído, o liquidante convocará a Assembleia Geral para a prestação final de contas (art. 73), as quais, se aprovadas, acarretarão o encerramento da liquidação e a consequente extinção da sociedade, que se efetiva com o arquivamento da ata da Assembleia no registro competente e sua publicação (art. 74).

Havendo algum associado que discorde da aprovação das contas, ele terá de trinta dias, a contar da publicação da ata, para promover a ação que lhe couber (art. 74, par. único).

Na realização do ativo da cooperativa, o liquidante deverá mandar avaliar, por avaliadores judiciais ou de instituições financeiras públicas, os bens da sociedade e proceder à venda daqueles necessários ao pagamento do passivo social, observadas, no que couber, as normas de realização do ativo aplicáveis às falências (art. 77).

Bem, meu (minha) amigo (a), por hoje é só (risos). Espero que você

tenha gostado. Na aula que vem, falaremos sobre a nota promissória, o cheque e a duplicata, importantes títulos de crédito do nosso Direito Cambial.

Hoje tivemos bastante informações, só tem uma maneira de aprender

bem. Leia, releia e leia novamente, se der tempo, leia de novo... kkk... Não esqueça! Fazer exercícios e ler a Lei “seca” também é importante

nesse aprendizado. Qualquer dúvida estamos aí... Abraço e bom feriado... Luciano e Cadu

4 – RESUMO DESTA AULA

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SOCIEDADES COOPERATIVAS

Sociedades simples Desenvolvem atividade econômica, sem fins lucrativos, em proveito comum dos associados. Sociedade de pessoas e estatutária. Capital dividido em quotas. Responsabilidade dos sócios limitada ou ilimitada. Sua criação independe de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento. Registro feito na Junta Comercial (Lei 8.934/94) ou no Registro Civil das Pessoas Jurídicas (CC/02).

CARACTERÍSTICAS DAS COOPERATIVAS

Variabilidade ou dispensa do capital social. Adesão voluntária, salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços. Concurso de sócios em número mínimo para a administração, sem número máximo (CC/02), sendo pelo menos, 20 pessoas físicas, nas cooperativas singulares (Lei 5.764/1971). Limitação do número de quotas para cada associado. Intransferibilidade das quotas a terceiros estranhos à sociedade. Quórum para a AG fundado no número de sócios e não no capital representado. Direito de cada sócio a um só voto. Distribuição dos resultados (sobras líquidas) proporcionalmente às operações efetuadas com a sociedade. Indivisibilidade dos fundos de reserva e outros entre os sócios. Neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social. Prestação de assistência aos associados e, se previsto, aos empregados. Admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, operações e prestação de serviços.

Quanto ao objeto: - de consumo;

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CLASSIFICAÇÃO DAS COOPERATIVAS

- de crédito; - de trabalho; - agrícola; - habitacional; - mistas; - etc. Quanto ao grau: - Cooperativas singulares (1.º grau):

• mínimo de 20 pessoas físicas, admitidas, excepcionalmente, pessoas jurídicas de objeto igual ou correlato às atividades das pessoas físicas, ou sem fins lucrativos;

- Cooperativas centrais ou federações de cooperativas (2.º grau):

• mínimo de 3 cooperativas singulares, admitidas, excepcionalmente, associados individuais, salvo em centrais e federações de crédito;

- Confederações de cooperativas (3.º grau):

• mínimo de 3 federações de cooperativas ou cooperativas centrais, da mesma ou de diferentes modalidades.

DESLIGAMENTO DE COOPERADO

Demissão: desligamento a pedido Eliminação: em virtude de infração legal ou estatutária. Exclusão: dissolução do cooperado (se pessoa jurídica), sua morte ou incapacidade (se pessoa física) ou não-atendimento dos requisitos estatutários.

ÓRGÃOS DA COOPERATIVA

Assembleia Geral: - Órgão supremo da sociedade; - Suas deliberações vinculam a todos; - Pode ser ordinária (AGO) ou extraordinária (AGE); - A AGO ocorre anualmente nos 3 primeiros meses após o fim do exercício social para deliberar sobre:

• prestação de contas da administração; • destinação das sobras ou rateio das

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ÓRGÃOS DA COOPERATIVA

perdas; • eleição e fixação de honorários de administradores e fiscais; • outros assuntos de interesse geral, salvo os de competência exclusiva da AGE;

- A AGE ocorre quando necessário para deliberar sobre qualquer assunto de interesse mencionado no edital de convocação, sendo de sua competência exclusiva a deliberação sobre:

• reforma do estatuto; • fusão, incorporação ou desmembramento da sociedade; • mudança do objeto da sociedade; • dissolução voluntária da sociedade e nomeação de liquidantes; • contas do liquidante;

- As deliberações da AGE são tomadas por 2/3 dos associados presentes. Diretoria e Conselho de Administração: - Órgãos de administração da sociedade; - CA composto por associados eleitos pela AG, com mandato não superior a 4 anos; - Obrigatória a renovação de 1/3 do CA, ao término da gestão; - O estatuto pode criar outros órgãos de administração. Conselho Fiscal: - 3 membros efetivos e 3 suplentes, todos associados, eleitos anualmente pela AG; - Permitida a reeleição de apenas 1/3 dos componentes.

ADMINISTRADORES DA COOPERATIVA

Não são pessoalmente responsáveis pelas obrigações da sociedade, mas respondem solidariamente pelos prejuízos causados por culpa ou dolo, salvo ratificação ou proveito da sociedade. Administrador que participa de operação ocultando a natureza da sociedade pode ser pessoalmente responsável pelas

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ADMINISTRADORES DA COOPERATIVA

obrigações. É inelegível para administrador quem for impedido por lei, condenado a pena que vede o acesso a cargo público, a crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato, contra a economia popular, a fé pública ou a propriedade. Não podem compor a mesma Diretoria ou CA os parentes entre si até 2.º grau, em linha reta ou colateral. Administrador que tenha interesse oposto ao da sociedade em alguma operação não pode participar da respectiva deliberação.

OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS

Transformação: - Operação pela qual a sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo societário para outro. Incorporação: - operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. Fusão: - Operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. Cisão: - Operação pela qual a sociedade transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a sociedade cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio (cisão total), ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão (cisão parcial).

Obediência aos preceitos de constituição

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TRANSFORMAÇÃO DAS SOCIEDADES CONTRATUAIS

e inscrição do tipo em que a sociedade vai se converter. Necessidade de consentimento de todos os sócios, salvo previsão contratual, podendo o dissidente retirar-se da sociedade, neste caso. Admite-se a transformação de empresário individual em sociedade empresária e vice-versa (neste caso, para evitar a dissolução, quando surgir unipessoalidade acidental).

DIREITOS DOS CREDORES NAS OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS DE SOCIEDADES CONTRATUAIS

Transformação: - A transformação da sociedade contratual não modificará nem prejudicará os direitos dos credores da sociedade; - Se a sociedade transformada falir, os credores anteriores à operação podem requerer a incidência sobre os sócios dos efeitos do tipo societário anterior. Incorporação, fusão ou cisão: - Credores anteriores à operação têm 90 dias para pedir sua anulação judicial; - Se a sociedade resultante da operação falir, os credores anteriores podem pedir a separação dos patrimônios, a fim de serem pagos pelas respectivas massas falidas.

TRANSFORMAÇÃO DAS SOCIEDADES POR AÇÕES

Compete privativamente à AG deliberar sobre transformação da companhia (e também sobre fusão, incorporação e cisão). A operação obedecerá aos preceitos que regulam o tipo societário a ser adotado. Exige-se o consentimento unânime dos sócios ou acionistas, salvo se já prevista em estatuto ou contrato social, podendo o dissidente retirar-se da sociedade, neste caso. A operação não prejudicará credores anteriores, que continuarão, até o pagamento integral de seus créditos, com as mesmas garantias que o tipo societário anterior lhes oferecia.

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A falência da sociedade transformada produzirá nos sócios os efeitos do tipo societário anterior, quando o pedirem os credores anteriores à operação.

INCORPORAÇÃO, FUSÃO E CISÃO DAS SOCIEDADES POR AÇÕES

A operação exige a aprovação de, no mínimo, metade do capital votante, se maior quórum não for exigido pelo estatuto, no caso de companhia fechada. A aprovação da operação dá ao dissidente o direito de retirada, mediante o reembolso de suas ações. As condições da operação devem constar de protocolo firmado pelos órgãos de administração ou pelos sócios das sociedades interessadas. A operação é sujeitas à deliberação da AG das companhias interessadas, mediante justificação. A operação depende de avaliação do patrimônio a ser transferido por peritos nomeados pela AG. O valor do patrimônio a ser vertido deve ser, no mínimo, igual ao capital a realizar nas sociedades sucessoras.

DIREITOS DOS CREDORES NAS OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS DE

SOCIEDADES POR AÇÕES

Incorporação e fusão: - O credor anterior tem 60 dias, a partir da publicação, para pleitear judicialmente a anulação da operação; - Em caso de falência da sociedade sucessora, nos 60 dias a partir da publicação, o credor anterior pode pedir a separação dos patrimônios, para serem pagos pelas respectivas massas falidas. Cisão: - Na cisão total, as entidades sucessoras respondem solidariamente pelas obrigações da sociedade extinta; - Na cisão parcial, a cindida e as sociedades sucessoras respondem solidariamente pelas obrigações anteriores à cisão; - O ato de cisão parcial pode estipular

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DIREITOS DOS CREDORES NAS OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS DE

SOCIEDADES POR AÇÕES

que as sociedades sucessoras responderão apenas pelas obrigações que lhes forem transferidas. Neste caso, qualquer credor anterior pode se opor, em 90 dias a partir da publicação. Direitos dos debenturistas: - A incorporação, a fusão ou a cisão depende da prévia aprovação dos debenturistas, reunidos em assembleia especialmente convocada com esse fim; - Dispensa-se a assembleia se for-lhes assegurado o resgate das debêntures por, no mínimo, 6 meses, contados da publicação das atas da AG; - havendo cisão parcial, a sociedade cindida e suas sucessoras respondem solidariamente pelo resgate das debêntures.

OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS DE SOCIEDADES COOPERATIVAS

Ocorrem apenas entre cooperativas, inadmitida a transformação. - Criação de uma comissão de estudos, que elaborará o relatório contendo os dados necessários à realização da operação.

DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADES

Dissolução parcial: resolução da sociedade em relação a um ou alguns sócios. Dissolução total: desfazimento do vínculo contratual entre todos os sócios. A sociedade dissolvida mantém sua personalidade jurídica até o final da liquidação. Após a dissolução, opera-se a liquidação e, ao final, a extinção da sociedade. Pode ocorrer de pleno direito, judicialmente ou de forma consensual (distrato social).

DISSOLUÇÃO DAS SOCIDADES CONTRATUAIS

De pleno direito: - Vencimento do prazo de duração, exceto se, vencido o prazo e não havendo oposição de sócio, não se inicie a liquidação; - Consenso unânime dos sócios, na

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DISSOLUÇÃO DAS SOCIDADES CONTRATUAIS

sociedade de prazo determinado; - Deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; - Falta de pluralidade de sócios por 180 dias, salvo transformação da sociedade em empresário individual; - Extinção da autorização para funcionar. Judicial: - Anulação da sua constituição; - Exaurimento ou inexequibilidade do fim social; - Falência, se sociedade empresária; - Outras causas previstas no contrato.

DISSOLUÇÃO DAS SOCIEDADES POR AÇÕES

De pleno direito: - Término do seu prazo de duração; - Casos previstos no estatuto; - Deliberação da AG; - Existência de um único acionista até à AGO do ano seguinte, salvo subsidiária integral; - Extinção da autorização para funcionar. Judicial: - Anulação de sua constituição; - prova de que a sociedade não pode preencher o seu fim; - falência. Por decisão de autoridade administrativa competente, nos casos e na forma previstos em lei especial.

DISSOLUÇÃO DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS

DISSOLUÇÃO DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS

De pleno direito: - Deliberação da AG; - Decurso do seu prazo de duração; - Consecução dos objetivos predeterminados; - Alteração de sua forma jurídica; - Redução do número mínimo de associados ou do capital social mínimo até a AG seguinte; - paralisação das atividades por mais de 120 dias. Judicial:

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- A pedido de qualquer associado, quando a dissolução não for promovida voluntariamente pelos cooperados.

LIQUIDAÇÃO DE SOCIEDADES

Ocorre após a dissolução, com a realização do ativo, o pagamento do passivo, a distribuição do remanescente (se houver), a prestação de contas e, após todo o procedimento, a extinção da sociedade. Pode ser extrajudicial (administrativa) ou judicial. Durante o processo, o nome empresarial fica aditado da expressão “em liquidação”.

LIQUIDAÇÃO DAS SOCIEDADES CONTRATUAIS

Extrajudicial: - Ocorrida a dissolução, os administradores devem providenciar imediatamente a liquidação e a investidura do liquidante; - A gestão da sociedade restringe-se aos negócios inadiáveis, sendo vedadas novas operações, sob pena de responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores. Judicial: - Ocorrendo a dissolução de pleno direito, qualquer sócio pode requerer a liquidação judicial; - No caso de extinção da autorização para funcionar, o Ministério Público (MP) pode requerer a liquidação judicial, se o procedimento não se iniciar em 30 dias da dissolução; - Se o MP nada fizer, a autoridade competente para conceder a autorização para funcionar nomeará interventor com poderes para requerer a liquidação judicial; - A liquidação judicial segue as regras do CPC de 1939, salvo em caso de falência, em que se aplica a Lei 11.101/2005. Liquidante: - Pode vir designado no contato social

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LIQUIDAÇÃO DAS SOCIEDADES CONTRATUAIS

ou ser eleito pelos sócios; - Pode ser pessoa estranha à sociedade; - Pode ser destituído a qualquer tempo:

• se eleito, por deliberação dos sócios; • em qualquer caso, por via judicial, se houver justa causa;

- Suas obrigações e responsabilidade regem-se pelos preceitos aplicáveis aos administradores.

LIQUIDAÇÃO DAS SOCIEDADES POR AÇÕES

Extrajudicial: - Ocorrida a dissolução de pleno direito, a AG delibera a realização da liquidação e nomeia o liquidante e o Conselho Fiscal para o período; - O CA, se houver, pode ser mantido em funcionamento, competindo-lhe nomear o liquidante; - O funcionamento do CF será permanente ou a pedido de acionistas; - O liquidante poderá ser destituído a qualquer tempo, pelo órgão que o tiver nomeado. Judicial: - A pedido de qualquer acionista, quando os administradores ou a maioria dos acionistas deixarem de promover a liquidação extrajudicial ou a ela se opuserem, nos casos de dissolução de pleno direito; - Pelo MP, no caso de extinção da autorização para funcionar, se a liquidação não se iniciar em 30 dias após a dissolução ou, após iniciada, for interrompida por mais de 15 dias; - - A liquidação judicial segue as regras do CPC de 1939, salvo em caso de falência, em que se aplica a Lei 11.101/2005.

DEVERES DO LIQUIDANTE

Averbar e publicar o instrumento de dissolução. Arrecadar os bens, livros e documentos da sociedade. Representar a sociedade e praticar todos os atos necessários à liquidação

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DEVERES DO LIQUIDANTE

(para gravar bens, contrair empréstimos e prosseguir na atividade social, exige-se autorização dos sócios). Elaborar o inventário e o balanço. Ultimar os negócios da sociedade, realizar o ativo, pagar o passivo e partilhar o remanescente, se houver. No caso de cooperativas, o remanescente vai para o Poder Público. Respeitados os direitos dos credores preferenciais, pagar as dívidas sociais proporcionalmente e sem distinção entre vencidas e vincendas, com o devido desconto pela antecipação, em relação a estas. Exigir dos sócios, se o passivo for maior que o ativo, a integralização de suas respectivas quotas ou ações. Convocar assembleia de sócios para apresentar relatório e balanço do estado da liquidação ou sempre que necessário. Confessar a falência da sociedade e pedir concordata (recuperação judicial). Apresentar aos sócios o relatório da liquidação e as suas contas finais. Averbar o instrumento que considerar encerrada a liquidação. Suas obrigações e responsabilidade regem-se pelos preceitos aplicáveis aos administradores.

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5 – EXERCÍCIOS COMENTADOS NESTA AULA 1 - (CESPE/PROCURADOR DO ESTADO/PGE-AM/2004) Determinada sociedade cooperativa, que atue no ramo de prestação de serviços de informática, estará sujeita ao registro civil das pessoas jurídicas. Contudo, não obstante a sociedade ser de natureza simples, a lei determina que seus constitutivos sejam arquivados no registro público de empresas mercantis e atividades afins. 2 - (ESAF/JUIZ DO TRABALHO/TRT 7.ª REGIÃO/2005) A cooperativa: a) tem, por força legal, a natureza de sociedade simples, o que a impedirá de ser sócia de qualquer tipo societário e de prestar serviços, voltados ao atendimento de seus sócios, impossibilitando o exercício de uma atividade econômica comum. b) apresenta indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, mesmo que haja dissolução da sociedade, para reforçar o patrimônio cooperativo e assegurar aos credores a integridade de seus créditos. c) impõe responsabilidade ao cooperado, que só poderá ser limitada. d) tem por característica a invariabilidade ou impossibilidade de dispensa do capital social, desde que estipulada no ato constitutivo. e) disciplinar-se-á em caso de omissão de lei especial pelos artigos 986 a 996 do novo Código Civil, alusivos à sociedade em comum. 3 - (ESAF/AFT/MTE/2006) As sociedades cooperativas: a) caracterizam-se por serem de natureza mutualística. b) têm capital fixo ou variável. c) não têm capital, pois usam os bens dos seus cooperados. d) são consideradas sociedades empresárias para todos os fins de direito. e) podem operar exclusivamente na atividade agrícola e agropecuária.

4 - (ESAF/PROCURADOR DF/2007.2) Desde Rochdale, na Inglaterra, as cooperativas singulares difundiram-se como um importante instrumento catalisador das condições econômicas e sociais de seus associados. A respeito dos aspectos societários das cooperativas no atual estágio do ordenamento brasileiro, assinale a opção correta. a) Para a constituição de uma cooperativa, é indispensável a participação de, no mínimo, 30 (trinta) associados. b) Nas cooperativas, cada sócio tem direito a um só voto, qualquer que seja o valor de sua participação. c) Conforme seu objeto, a sociedade cooperativa poderá ser empresária ou simples.

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d) Assim como as sociedades em geral, as cooperativas orientam-se pelo princípio da intangibilidade do capital social. e) O regime das cooperativas admite amplamente a alienação das participações dos associados.

5 - (CESPE/EXAME DE ORDEM/OAB-PR/2008) Acerca das sociedades cooperativas, assinale a opção correta. a) As cooperativas constituem sociedades de pessoas que se obrigam reciprocamente para o exercício de uma atividade econômica, sempre com o objetivo de lucro. b) A lei determina que as sociedades cooperativas singulares sejam constituídas com o número mínimo de três pessoas físicas. c) É ilícita a transferência das quotas do capital social das sociedades cooperativas a não-cooperado, ainda que seja por herança. d) Nas sociedades cooperativas em que o cooperado possua mais de 50% do capital social, é a ele conferido o direito de mais de um voto nas deliberações da sociedade. 6 - (CESPE/ANALISTA LEGISLATIVO/CÂMARA DOS DEPUTADOS/2002) Com relação às cooperativas de trabalho, julgue os itens a seguir. 1 As cooperativas de mão-de-obra são criadas mediante contrato de sociedade entre pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, objetivando lucro. 2 Como espécie societária típica, as cooperativas de mão-de-obra são sociedades civis que não se sujeitam à falência, constituídas para a prestação de serviços aos associados e que se particularizam em relação às demais sociedades, entre outras razões, pela adesão voluntária de seus membros e pelo rateio das sobras líquidas de forma proporcional às operações realizadas por seus associados, salvo deliberação em contrário a cargo da assembléia geral. 3 As relações entre a cooperativa de mão-de-obra e seus associados são regidas pela CLT, salvo disposição contrária em seus estatutos. 4 A demissão do trabalhador cooperado apenas pode ocorrer por infração legal ou estatutária, jamais a pedido do próprio trabalhador, observada a respectiva anotação no Livro de Matrícula, com a exposição do fato que a determinou. 5 A responsabilidade do trabalhador cooperado perante terceiros, por compromissos da sociedade, perdura para os demitidos, eliminados ou excluídos até quando aprovadas as contas do exercício em que se deu o desligamento.

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7 - (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/BA/2010) As sociedades cooperativas são formadas a partir da união de, no mínimo, vinte pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com dinheiro, bens ou créditos, com o capital social da sociedade, e o pagamento realizado pelos sócios determina o seu capital social na empresa.

8 - (TRT 21ª REGIÃO (RN)/JUIZ/TRT/2012) Analise as assertivas: I - na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada; II - as sociedades cooperativas poderão adotar por objeto qualquer gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-se-lhes o direito exclusivo e exigindo- se-lhes a obrigação do uso da expressão "cooperativa" em sua denominação; III - a responsabilidade do associado perante terceiros, por compromissos da sociedade, perdura para os demitidos, eliminados ou excluídos até quando aprovadas as contas do exercício em que se deu o desligamento; IV - as cooperativas igualam-se às demais empresas em relação aos seus empregados para os fins da legislação trabalhista e previdenciária; 9 - (MPT/PROCURADOR/2012) Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ao valor das suas quotas e pelo prejuízo nas operações sociais guardada a proporção de sua participação nas mesmas operações; ou ilimitada, em que o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. 10 - (CESPE/32.º EXAME DE ORDEM/OAB-RJ/2007) O ato de transformação importa na a) sucessão dos direitos e obrigações de uma sociedade existente por outra sociedade recém-constituída. b) obediência às normas de constituição e inscrição próprias do tipo em que a sociedade vai converter-se. c) dissolução de uma sociedade por ações. d) conversão de uma sociedade em massa falida. 11 - (ESAF/AUDITOR DO TESOURO MUNICIPAL/RECIFE/2003) As operações de reorganização societária como a incorporação, fusão ou a cisão caracterizam-se por: a) alterar as relações entre sociedade e credores. b) alterar a proporção em que os sócios participam do capital social. c) sucessão nas obrigações. d) modificação da estrutura societária. e) modificação tipológica em todas as hipóteses.

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12 - (ESAF/PROCURADOR DF/2007.2/ADAPTADA) Julgue os itens abaixo. I - Transformação consiste na situação pela qual uma sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro, como, por exemplo, quando deixa de ser por quotas de responsabilidade limitada para se transformar em sociedade por ações. II - Incorporação caracteriza-se quando uma ou mais empresas são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. III - Fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar uma entidade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. 13 - (ESAF/FISCAL DE RENDAS/SMF-RJ/2010) Todas as operações abaixo envolvem ao menos dois sujeitos de direito, exceto:

a) fusão. b) incorporação. c) cisão. d) compra e venda de ativos. e) transformação.

14 - (ESAF/CGU/2012) As operações abaixo envolvem duas sociedades, exceto a) a cisão. b) a fusão entre uma sociedade limitada e uma sociedade anônima. c) a incorporação. d) a transformação de sociedade limitada em sociedade anônima. e) a compra de ativos de uma sociedade anônima por uma sociedade limitada.

15 - (ESAF/AFTE/RN/2004-2005) As operações de fusão e incorporação de sociedades a) dependem de aprovação por todos os membros de cada uma das sociedades envolvidas. b) constituem formas de reorganizar as relações societárias. c) podem ser deliberadas por maioria desde que haja previsão contratual. d) facilitam a mudança dos tipos societários. e) permitem a redução do capital social de qualquer das envolvidas no processo sem que os credores possam se opor.

16 - (ESAF/ANALISTA JURÍDICO/SEFAZ/CE/2006) No tocante à sociedade limitada, a) ela somente pode ser transformada em sociedade anônima. b) somente pode fundir-se com outra sociedade limitada.

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c) não pode ser cindida, pois se trata de sociedade de pequeno porte econômico. d) uma vez aprovada a sua fusão com outra sociedade, o sócio cotista descontente pode dela se retirar, recebendo seus haveres. e) sua incorporação por uma sociedade anônima não faz desaparecer o modelo de responsabilidade original dos sócios da sociedade incorporada. 17 - (ESAF/AFRF/AUDITORIA/2002) A deliberação sobre a transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, compete privativamente a) à Assembléia Geral. b) ao conselho Fiscal. c) à presidência da sociedade. d) ao conselho de Administração. e) à diretoria da empresa.

18 - (ESAF/AFRF/AUDITORIA/2003) É fator condicional para a efetivação das condições aprovadas, de operação de fusão se os peritos nomeados determinarem que o valor dos patrimônios líquidos vertidos para a formação do novo capital social seja: a) inferior a 20% do capital preferencial das empresas envolvidas. b) pelo menos, igual ao montante do capital a realizar. c) no máximo 50% do capital ordinário anterior de cada uma das empresas. d) inferior ao total do capital preferencial anterior de cada uma das empresas. e) totalmente integralizado e superior a 50% do capital ordinário. 19 - (ESAF/AFRFB/2009) Sobre a transformação, assinale a opção incorreta. a) A passagem de uma companhia fechada para uma aberta constitui transformação societária. b) O ato de transformação independe da prévia dissolução ou baixa da forma empresarial originária. c) Na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade limitada sob titularidade de um único sócio, este pode requerer ao Registro Público de Empresas a transformação do registro da sociedade para empresário individual. d) Admite-se a transformação de uma sociedade em nome coletivo para uma sociedade limitada. e) Caso venha a admitir sócios, o empresário individual poderá solicitar ao Registro Público de Empresas a transformação de seu registro de empresário para registro de sociedade empresária.

20 - (ESAF/PROCURADOR DF/2007) A Lei Distrital n. 3.863/2006 autoriza a incorporação da Sociedade de Abastecimento de Brasília S.A. – SAB, às

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Centrais de Abastecimento do Distrito Federal S.A. – CEASA-DF, ambas empresas públicas sob o controle do Distrito Federal. Com a finalização do processo de incorporação: a) a SAB irá desaparecer e a CEASA-DF terá um aumento do capital social equivalente ao patrimônio líquido da SAB. b) o Distrito Federal, na condição de acionista controlador, é responsável pessoalmente por todas as obrigações das empresas citadas. c) ocorrerá o vencimento antecipado das obrigações da SAB. d) a CEASA-DF irá ter seu controle alterado. e) tanto a Sociedade de Abastecimento de Brasília S.A. – SAB, quanto as Centrais de Abastecimento do Distrito Federal S.A. – CEASA-DF irão desaparecer dando origem a uma nova sociedade.

21 - (ESAF/AFTN/AUDITORIA/1998) Com relação às reorganizações societárias mediante os processos de incorporações, fusões ou cisões, podemos afirmar que todas as opções abaixo são corretas, exceto a) uma companhia emissora de debêntures em circulação ficará sempre obrigada à prévia autorização dos debenturistas sob pena de nulidade da incorporação, fusão ou cisão b) incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que a sucede em todos os direitos e obrigações c) cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim, ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, e dividindo-se o seu capital, se parcial a versão d) interesses de natureza societária entre quotistas ou acionistas são fatores importantes a serem contemplados no processo de reorganização e) fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que as sucederá em todos os direitos e obrigações 22 - (TRT 21ª REGIÃO (RN)/JUIZ/TRT/2012) Pela incorporação, uma sociedade cooperativa absorve o patrimônio, recebe os associados, assume as obrigações e se investe nos direitos de outra ou outras cooperativas.

23 - (MPT/PROCURADOR/2012) Analisa os itens;

I - O ato de transformação independe de dissolução ou liquidação da sociedade e não modifica nem prejudica os direitos dos credores. II - Tanto na fusão quanto na incorporação, ocorre extinção de sociedades e sucessão nos direitos e obrigações, seja na nova empresa, na fusão, seja na incorporadora, na incorporação. 24 - (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/TST/2003) A dissolução da pessoa jurídica não implica a extinção de sua personalidade jurídica. Ela subsistirá

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até o término do procedimento de liquidação e a averbação da dissolução no registro onde estiver inscrita a pessoa jurídica. 25 - (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA/MPE-TO/2004) A personalidade jurídica de uma sociedade nasce pelo registro de seus atos constitutivos. A lei prevê, também, as formas pelas quais se promove a dissolução dessa mesma sociedade. Considere, hipoteticamente, duas sociedades – Alfa e Beta –, constituídas, respectivamente, como sociedade por prazo determinado e como sociedade por prazo indeterminado. Com base nessa situação, assinale a opção que contém o exemplo que, ocorrendo, não promove a dissolução da sociedade. a) Venceu o prazo de duração da sociedade Alfa, e a sociedade entrou em liquidação. b) Venceu o prazo de duração da sociedade Alfa, e a sociedade não entrou em liquidação, apesar de um dos sócios opor-se à continuidade. c) Houve reunião dos sócios da sociedade Beta, e esses, em consenso dos representantes de 90% do capital, decidiram pela dissolução. d) Transcorreu o prazo de 90 dias do falecimento de um dos dois únicos sócios da sociedade Beta, sem que fosse reconstituída a pluralidade de sócios. e) Ocorreu a extinção da autorização de funcionamento da sociedade Beta, exigida por lei. 26 - (CESPE/33.º EXAME DE ORDEM/OAB-RJ/2007) A propósito da dissolução e liquidação de sociedade simples, assinale a opção correta. a) É imprescindível, em qualquer hipótese, que haja o consenso de todos os sócios. b) Os administradores continuam gerindo os negócios normalmente até que seja concluída a liquidação. c) A dissolução e a liquidação da sociedade não podem ocorrer no mesmo ato. d) O Ministério Público está legitimado a, em situações especiais, promover a liquidação judicial da sociedade. 27 - (ESAF/JUIZ DO TRABALHO/TRT 7.ª REGIÃO/2005) O liquidante de sociedade dissolvida poderá, a qualquer tempo, ser destituído mesmo que não haja deliberação majoritária dos sócios que o elegeram. 28 - (CESPE/ESCRIVÃO/TJBA/2005) Processada a regular dissolução de determinada sociedade empresária, proceder-se-á à liquidação da mesma, com a nomeação de liquidante, o qual deverá fazer parte do quadro de sócios.

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29 - (ESAF/AFRF/AUDITORIA/2003) Em casos de liquidação de sociedades não é dado poder ao liquidante, sem a expressa autorização de assembléia, de: a) alienar bens móveis e imóveis da empresa em liquidação. b) receber e dar quitação em recebíveis da empresa em liquidação. c) convocar assembléia geral a cada 6 meses para prestar contas das operações praticadas. d) representar a companhia e praticar todos os atos necessários à liquidação. e) prosseguir na atividade social, ainda que, para facilitar o processo de liquidação, sem a expressa autorização da assembléia geral.

30 - (FUNDATEC/AFTE/SEFAZ-RS/2009)Considere as afirmações abaixo, que tratam sobre os deveres do liquidante: I. averbar e publicar a ata, sentença ou instrumento de dissolução da sociedade. II. arrecadar os bens, livros e documentos da sociedade, onde quer que estejam. III. finda a liquidação, apresentar aos sócios o relatório da liquidação e as suas contas finais. IV. proceder, nos quinze dias seguintes ao da sua investidura e com a assistência, sempre que possível, dos administradores, à elaboração do inventário e do balanço geral do ativo e do passivo. V. ultimar os negócios da sociedade, realizar o ativo, pagar o passivo e partilhar o remanescente entre os sócios ou acionistas. Gabarito: 01 – CORRETO 16 – D 02 – B 17 – A 03 – ANULADA 18 – B 04 – B 19 – A 05 – C 20 – A 06 – ERR/CORR/ERR/ERR/CORR 21 – A 07 – ERRADO 22 – CORRETO 08 – CORR/CORR/CORR/CORR 23 – CORR/CORR 09 – CERTO 24 – CORR 10 – B 25 – D 11 – C 26 – D 12 – CORR/CORR/CORR 27 – ERRADO 13 – E 28 – ERRADO 14 – D 29 – E 15 - B 30 – CORR/CORR/CORR/CORR/CORR

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