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1 CURSO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 2018 PISM III HISTÓRIA MÓDULO I 1) O QUE É HISTÓRIA? 1.1) A narrativa histórica -Narrar significa contar, descrever, relatar algum acontecimento ou aventura vivida por pessoas imaginárias ou reais. -Nesse caso, as histórias narradas aconteceram realmente em vários lugares do mundo, em diferentes épocas, pois possuem evidências ou comprovações históricas. -A História se ocupa daquilo que realmente aconteceu no passado, tanto num tempo muito distante quanto bem mais recente. -Quem era e como viviam as pessoas em certa época e certo lugar? Que fez o quê? O que levou a determinados acontecimentos ou atitudes? O que mudou na vida das sociedades passadas? O que permaneceu como antes? Em que medida essas mudanças e permanências se refletem em nossa vida e na história que estamos construindo hoje? 1.1.1) Para que serve estudar História? -Na língua dos gregos antigos, o significado da palavra história era “testemunho”, isto é, um relato do que havia acontecido, um registro desses eventos para contar aos outros. -Estudar História abre o caminho para saber como viviam as pessoas, como elas enfrentaram suas dificuldades, em que acreditavam o que produziam. -Saber um pouco disso é muito importante para que cada um descubra quem é hoje e compreenda o mundo em que vivemos. -Conhecer o passado também é conhecer a si mesmo, é saber qual é seu lugar no mundo. 1.1.2) História e cidadania -Estudar História é dar um grande passo para compreender as mudanças e permanências da humanidade ao longo do tempo. -A História ajuda a entender, nos dias de hoje, a diferença entre as pessoas, os comportamentos, os gostos e as preferências de cada indivíduo ou de cada grupo. Assim, ela nos ajuda a compreender os outros e a respeitar as diferenças. -A compreensão das diferenças entre grupos, sociedades e indivíduos nos leva a respeitar o direito dos outros. Direito, antes de tudo, à liberdade e a um tratamento igual perante as leis do país. Estudar História, portanto, é essencial para a formação cidadã. 1.2) Tempos da História 1.2.1) Tempo diário -Os momentos de cada dia fazem parte do tempo diário e da rotina de cada um. Entretanto, o tempo diário não registra apenas as etapas de nossa rotina individual. Os minutos e as horas também interessam à História da humanidade. -O tempo do relógio ordena os breves episódios de um dia, informando que acontecimento veio depois de outro.

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1 CURSO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS – 2018 – PISM III – HISTÓRIA – MÓDULO I

1) O QUE É HISTÓRIA?

1.1) A narrativa histórica

-Narrar significa contar, descrever, relatar algum acontecimento ou aventura vivida por pessoas imaginárias ou reais.

-Nesse caso, as histórias narradas aconteceram realmente em vários lugares do mundo, em diferentes épocas, pois possuem evidências ou comprovações históricas.

-A História se ocupa daquilo que realmente aconteceu no passado, tanto num tempo muito distante quanto bem mais recente.

-Quem era e como viviam as pessoas em certa época e certo lugar? Que fez o quê? O que levou a determinados acontecimentos ou atitudes? O que mudou na vida das sociedades passadas? O que permaneceu como antes? Em que medida essas mudanças e permanências se refletem em nossa vida e na história que estamos construindo hoje?

1.1.1) Para que serve estudar História?

-Na língua dos gregos antigos, o significado da palavra história era “testemunho”, isto é, um relato do que havia acontecido, um registro desses eventos para contar aos outros.

-Estudar História abre o caminho para saber como viviam as pessoas, como elas enfrentaram suas dificuldades, em que acreditavam o que produziam.

-Saber um pouco disso é muito importante para que cada um descubra quem é hoje e compreenda o mundo em que vivemos.

-Conhecer o passado também é conhecer a si mesmo, é saber qual é seu lugar no mundo.

1.1.2) História e cidadania

-Estudar História é dar um grande passo para compreender as mudanças e permanências da humanidade ao longo do tempo.

-A História ajuda a entender, nos dias de hoje, a diferença entre as pessoas, os comportamentos, os gostos e as preferências de cada indivíduo ou de cada grupo. Assim, ela nos ajuda a compreender os outros e a respeitar as diferenças.

-A compreensão das diferenças entre grupos, sociedades e indivíduos nos leva a respeitar o direito dos outros. Direito, antes de tudo, à liberdade e a um tratamento igual perante as leis do país. Estudar História, portanto, é essencial para a formação cidadã.

1.2) Tempos da História

1.2.1) Tempo diário

-Os momentos de cada dia fazem parte do tempo diário e da rotina de cada um. Entretanto, o tempo diário não registra apenas as etapas de nossa rotina individual. Os minutos e as horas também interessam à História da humanidade.

-O tempo do relógio ordena os breves episódios de um dia, informando que acontecimento veio depois de outro.

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-Mas há sociedades para as quais os horários não são importantes, como alguns grupos indígenas da América. O que mais importa para essas sociedades é o ciclo anual de plantação, colheita e armazenamento dos alimentos, o que se faz de acordo com as estações do ano.

-Para algumas, o sol dá a medida do tempo: sol nascente, sol do meio-dia, pôr do sol, noite.

-Para outras, como algumas sociedades rurais que vivem da agricultura, o mais importante é o tempo da natureza, as estações do ano: primavera, verão, outono e inverno.

1.2.2) Tempo histórico e fato histórico

-O tempo histórico é importante porque permite organizar compreender os fatos históricos.

-Fato histórico:

* episódio que teve repercussão para alguma sociedade em particular ou até mesmo para o mundo.

* dependendo do assunto que se quer conhecer, qualquer fato do passado pode ser considerado histórico.

-Os fatos históricos de maior repercussão são, em geral, aqueles ligados à política: revoluções, guerras, políticas de governos.

-Há também fatos sociais de grande interesse histórico, como as revoltas populares.

-Há fatos econômicos importantes para a sociedade, como as inflações, isto é, o crescente aumento dos preços, ocorridas em várias épocas.

-Há os fatos históricos ligados à tecnologia, como a invenção do telefone.

Há também os fatos da vida cultural das sociedades, como as comemorações, as festividades, as brincadeiras de roda e as apresentações de música e teatro.

1.2.3) Tempo do calendário

-No caso do tempo do calendário, o dia, o mês e o ano podem parecer detalhes, mas são importantes.

-Por meio dos registros cronológicos, podemos organizar os fatos históricos em uma linha do tempo e observar se há sequência e relação entre eles.

1.2.4) Tempo da cronologia

-A palavra cronologia é originada do nome do antigo deus Cronos. Significa uma sequência de fatos históricos organizados em uma linha do tempo.

-Um dos tipos de cronologia histórica é o que relaciona os fatos históricos de um mesmo assunto com os anos em que eles ocorreram.

-Dependendo do assunto, uma linha do tempo organizada em meses pode ser mais útil para se tiver uma ideia exata do que ocorreu.

-Também é possível organizar uma linha do tempo histórico a partir dos dias de determinado mês. Isso é válido quando examinamos um fato muito particular sobre o qual existem muitas informações.

1.2.5) Década, século, milênio

-A cronologia histórica também pode ser organizada em períodos mais longos: décadas, séculos e até milênios.

-Década: é o período de dez anos.

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-Século: é o período de 100 anos. É costume utilizar números romanos para escrever os séculos. O século I (1), por exemplo, começa no ano 1 e termina no ano 100. O século X (10) começa no ano 901 e termina no ano 1000. O século XXI (21) começou no ano 2001 e vai terminar em 2100.

-Milênio é o período de 1000 anos.

1.2.6) Antes e depois de Jesus Cristo

-Os historiadores adotaram o calendário cristão para definir a cronologia geral da História, usando como referência o ano de nascimento de Jesus de Nazaré. Esse é o ano 1 da chamada “Era Cristã”.

-Assim, os registros dos episódios anteriores ao nascimento de Jesus, seja na Grécia Antiga, seja no Egito Antigo, são sempre seguidos de a.C., abreviatura que significa “antes de Cristo”.

-As datas posteriores ao nascimento de Jesus podem ser acompanhadas por d.C. (depois de Cristo).

-Nas passagens de tempo que se encontram no período chamado “antes de Cristo”, a sequência se faz em ordem decrescente (do maior número para o menor).

-Já no período chamado “depois de Cristo”, a sequência se faz em ordem crescente (do menor número para o maior).

1.2.7) Períodos da História

-Os historiadores dividiram a História em cinco grandes períodos. São eles:

*Pré-História: corresponde aos vários milênios em que viveu a humanidade desde que ela surgiu no planeta. Trata-se do longo processo de formação da humanidade.

*Idade Antiga: corresponde ao período que vai do surgimento da escrita, no IV milênio a.C., até a queda do Império Romano, no ano 476.

*Idade Média: corresponde ao período que vai da queda do Império Romano do Ocidente, em 476, até a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, em 1453.

*Idade Moderna: corresponde ao período que vai da queda de Constantinopla, em 1453, até a Revolução Francesa, em 1789.

*Idade Contemporânea: corresponde ao período que vai da Revolução Francesa, em 1789, aos dias atuais.

-A divisão cronológica da História em cinco grandes períodos foi estabelecida por historiadores europeus do século XIX, que escolheram fatos de grande importância segundo o ponto de vista deles. Mas essa divisão não é satisfatória. Muita coisa mudou de lá para cá.

-A escolha do surgimento da escrita como critério para separar a Pré-História da História sugere que os povos sem escrita não tiveram ou não têm história.

-A expressão Idade Média, que só serve para separar a Idade Antiga da Idade Moderna, não explica nada.

-A expressão Idade Contemporânea, usada para cobrir o período que vai da Revolução Francesa aos dias de hoje, perdeu o sentido, pois foram muitas as mudanças ocorridas na história mundial desde então.

-O problema dessa periodização, entretanto, é o fato de que toda a história é pensada a partir da Europa. É uma periodização eurocêntrica.

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2) A INSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA

A queda do regime monárquico ocorreu em clima de ordem e concordância entre as elites.

A ideia era revolucionar o governo sem revolucionar a sociedade, por isso não houve interesse em convocar as classes populares para o movimento de golpe.

2.1 ) A formação do novo governo e primeiras providências

O novo governo foi organizado por grupos sociais que promoveram o golpe da república na noite de 15 de novembro de 1889: militares, cafeicultores e profissionais liberais.

O movimento foi liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca, que deixou de ser monarquista às vésperas do golpe.

Elaborou-se um documento anunciando as decisões tomadas, e discorrendo sobre suas intenções e objetivos.

Embora o documento classificasse o movimento em “revolta nacional”, os parágrafos seguintes contradiziam a proposição, pois deixava claro que não haveria nenhuma transformação na estrutura social, mantendo a ordem pública,a segurança e os direitos dos proprietários brasileiros estrangeiros.

2.2) Primeira constituição da república

Instituição do federalismo – as províncias foram transformadas em Estados membros da federação, tendo maior autonomia em relação ao governo central, ou seja, o Distrito Federal situado no Rio de Janeiro.

Separação entre Igreja e Estado – extinto o regime do padroado, em que a Igreja Católica controlava no país, deixando o catolicismo de ser a religião oficial do Estado. Foram criados o registro civil de nascimento e a certidão de batismo, além das duas formas de casamento, perante a Igreja e perante o Estado.

Criação de novos símbolos nacionais – para substituir os símbolos da monarquia, foi criada nova bandeira nacional com o lema positivista “Ordem e progresso”, tendo base na filosofia de Augusto Comte (1798-1857) que pregava “o amor por principio, a ordem por base e o progresso por fim”.

Império do Brasil / República do Brasil (recusada) / República do Brasil (bandeira oficial)

Promulgação da lei de naturalização – com a intenção de amenizar o sentimento antilusitano, promulgou-se uma declaração que transformava todos os estrangeiros residentes no Brasil em brasileiros. Quem não quisesse deveria se manifestar ao órgão competente. O sentimento antilusitano vinha o

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principalmente dos mais pobres que se sentiam explorados pelos imigrantes portugueses, que controlavam boa parte do comércio e dos imóveis de aluguel, principalmente os cortiços1.

2.3) A primeira constituição da República

A Assembleia Constituinte se reuniu a partir de 1890 no Rio de Janeiro.

O documento foi promulgado em 24 de fevereiro de 1891

Veja alguns tópicos do mesmo

Governo e Estado – o Brasil adotou o sistema presidencialista, sendo quem ocupasse este cargo o principal o chefe do governo e do Estado, auxiliado por ministros.

O Estado passou a ser federalista, transformando as antigas províncias em estados-membros, ganhando autonomia para eleger seu governador e seus deputados estaduais.

Cada estado teria a sua constituição própria, que, no entanto, não deveria contrariar as normas da Constituição Federal.

O governo republicano, federalista e presidencialista se mantém até os dias de hoje no país.

Divisão dos poderes – divisão dos três poderes independentes: Executivo (presidente e seus ministros de Estado), Legislativo (congresso nacional, composto pela câmara dos deputados e pelo Senado Federal) e Judiciário (o órgão máximo e/é o Supremo Tribunal Federal).

Voto – o direito de voto era garantido aos brasileiros maiores de 21 anos, excetuando-se analfabetos, mendigos, soldados, mulheres e religiosos. O voto era aberto, ou seja, o eleitor deveria revelar publicamente seu candidato, o que permitia o controle dos fazendeiros na hora da votação

ESTUDO DIRIGIDO:

(...) os acontecimentos políticos eram representações em que o povo comum aparecia como expectador ou, no máximo, como figurante. Sem os caminhos da participação política, o povo do Rio de Janeiro concentrou sua atividade social nos bairros, nas associações, nas igrejas, nas festas religiosas, nas rodas de capoeira, etc. foram o futebol, o samba e o carnaval que deram ao Rio de Janeiro uma comunidade de sentimentos, por cima e além das grandes diferenças sociais que sobreviveram e ainda sobrevivem. Negros livres, ex-escravos, imigrantes, proletários e classe média encontraram aos poucos terreno comum de autorreconhecimento que não lhes era propiciado pela política.2

Levando em consideração o fim da escravidão no Brasil, ocorrida em 1888; a instituição da república; o conteúdo acima trabalhado e o fragmento acima apresentado; discorra sobre como se dava a questão da exclusão social no inicio da primeira república no Brasil.

1 Ver revolta da Vacina na página__.

2 CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a república que não foi. São Paulo: Companhia das Letras,

1987. P. 163-164

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2.4) Governos militares

Depois da elaboração da constituição de 1891, a Assembleia Constituinte se transformou em Congresso Nacional, cabendo a este eleger o primeiro presidente e vice-presidente da República.

Os militares apresentaram Marechal Deodoro da Fonseca e Eduardo Wanderlock para vice; a oligarquia cafeicultora paulista apresentou Prudente de Morais, e Floriano Peixoto para vice.

O resultado se deu de forma trocada: Fonseca foi eleito presidente, e Peixoto foi eleito vice.

2.4.1) governo constitucional de Deodoro da Fonseca

Embora vencido, não conseguiu apoio político para governar com tranquilidade, sofrendo oposição da cafeicultura que detinha grande parte do congresso.

Em novembro de 1891 decidiu fechar o congresso e prender vários de seus líderes, desrespeitando a constituição.

Organizou-se uma forte contestação ao governo de Fonseca contra seu autoritarismo.

Diante da situação crítica, o presidente renunciou em 23 de novembro de 1891, sendo seu cargo ocupado pelo seu vice, Floriano Peixoto.

2.4.2) o governo de Floriano Peixoto

Chegou ao poder apoiado pela cafeicultura, por fortes setores das forças armadas.

Dentre as primeiras medidas, podemos apontar o afastamento de governadores estaduais considerados adversários e a reabertura do congresso.

a) “marechal de ferro”

o aspecto mais popular de administração não encobriu seu caráter autoritário, dessa forma grupos opositores passaram a defender a convocação de novas eleições presidenciais.

Alguns militares emitira um manifesto pelas novas eleições, e Floriano ao receber este puniu os envolvidos, os colocando na reserva das forças armadas.

Essa reação fez o movimento recuar por um tempo.

O presidente manteve-se no cargo até o fim de seu mandato, ficando assim conhecido como marechal de ferro pela sua maneira de enfrentar seus adversários.

b) revolução federalista

um conflito violento entre dois grupos:

Partido republicano rio-grandense (PRR) que defendia o republicanismo e o sistema presidencialista, adeptos do positivismo e tinham o apoio político-militar de Floriano Peixoto.

Partido Federalista (PF) que apoiavam o republicanismo, mas defendiam o parlamentarismo. Pretendiam revogar a constituição gaúcha, que permitia a reeleição dos governadores de seu estado.

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O governo federal enviou tropas ao sul para combater os revoltosos, que em cerca de dois anos resultou em aproximadamente 10mil pessoas mortas.

Terminou em 1895 com a vitória do PRR, durante o governo de Prudente de Morais, eleito em 1894.

3) POLÍTICA NA PRIMEIRA REPÚBLICA

3.1) Desconstruir o Velho e Reinventar o Novo

Desqualificar o império e a monarquia para exaltar a república, a fim de construir memória positiva sobre o período.

Construção da bandeira e hino nacional.

Construção de heróis nacionais:

Tiradentes Esquartejado, Pedro Américo (1893). Museu Mariano Procópio – Juiz de Fora – Minas Gerais

Primeira republica conhecida como política do café com leite, mas essa tese foi contestada pela professora Claudia Viscardi do departamento de História da Universidade Federal de Juiz de Fora.

3.2) Presidentes do Brasil na Primeira República

NOMES PERÍODO FORÇA POLÍTICA DE REPRESENTAÇÃO

Deodoro da Fonseca 1889-1891 Militar Floriano Peixoto 1891-1894 Militar

Prudente de Morais 1894-1898 Paulista Campos Sales 1898-1902 Paulista

Rodrigues Alves 1902-1906 Paulista Afonso Pena* 1906-1909 *faleceu Coligação Nilo Peçanha 1909-1910 Coligação

Hermes da Fonseca 1910-1914 Coligação Wenceslau Brás 1914-1918 Coligação Delfim Moreira 1918-1919 *Vice de Rodrigues

Alves, assumiu até novas eleições em 1919

Modernização e desgaste do federalismo

Epitácio Pessoa 1919-1922 Modernização e desgaste do federalismo

Arthur Bernardes 1922-1926 Modernização e desgaste do federalismo

Washington Luís 1926-1930 Modernização e desgaste do federalismo

3.3) Organização Política

4 etapas da primeira república: 1) militares; 2) paulistas; 3) coligação; 4) modernização e desgaste do modelo vigente.

Política dos governadores/estados.

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Estados mais importantes definiam a vida política: MG, SP, RS, RJ, BA, PE.

Estados menos influentes se coligavam para defenderem seus interesses.

Atores políticos desiguais e hierarquizados.

Renovação parcial dos atores no poder através de sucessões presidenciais.

Estados lançavam os nomes para candidatos.

Fim do voto censitário, mas instituição do voto “literário” (alfabetizados).

Constantes fraudes – atuação das oligarquias.

Coronelismo – aplica-se somente à primeira república, pelo fato de se aplicar à sociedade rural.

4) ECONOMIA NA PRIMEIRA REPÚBLICA

4.1) Encilhamento

Medida de impacto tomada pelo governo federal, como reforma financeira, executada por Rui Barbosa, a partir de janeiro de 1890.

O objetivo era estimular o crescimento econômico, e principalmente a expansão da indústria.

Permitiu que bancos instalados em vários estados da federação emitissem grande quantidade de moedas, que serviria para implantar novas indústrias e pagar os salários dos operários.

No entanto, essa medida gerou crises econômico-financeiras na recém-criada república brasileira, ligada principalmente a três fatores:

Inflação – pois os bancos emitiram quantidade de moeda superior à necessária e superior à produção real da economia.

Empresas fantasmas – pela falta de controle governamental, abrindo espaço para a criação dessas empresas-fantasmas, que surgiram apenas para obter crédito fácil dos bancos. Em outras palavras, o dinheiro emitido não se convertia em produção.

Especulação financeira – desviando investimentos da área produtiva. Muitas pessoas compravam ações na bolsa de valores do Rio de Janeiro, por exemplo, a fim de esperar a rápida valorização e com a finalidade de vendê-las a preços mais altos, sem até mesmo preocupar com o que as empresas produziam. O fato é que as empresas não produziam, gerando desorganização econômica no Brasil.

Muitos cafeicultores protestaram contra essa política, pois nada a valorizavam, pois não lhe interessavam medidas em favor da industrialização.

A reforma provocou críticas até mesmo entre os ministros republicanos, provocando pressão em Rui Barbosa, que se demitiu em janeiro de 1891.

4.2) medidas econômicas de Floriano Peixoto

Buscando estimular a industrialização, facilitou a importação de equipamentos industriais, concedeu financiamento a empresários da indústria; provocando antipatia dos fazendeiros tradicionais acreditados na “vocação agrícola” do país.

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Promoveu reforma bancária aprendendo com os erros anteriores, proibindo os bancos particulares de emitirem moeda, sendo essa atividade exclusiva do governo federal, conferindo controle sobre o dinheiro em circulação.

Além de adotar medidas de repercussão popular: baixou o preço da carne e dos alugueis residenciais, além da aprovação de projetos que previam a construção de casas populares.

4.3) Funding Loan (1898)

Série de empréstimos feitos com país estrangeiros, ou melhor, com banqueiros estrangeiros, sobretudo a ingleses com a tentativa de controlar a inflação e a crise acumulada do império e acrescida pelo Encilhamento.

Resultados: houve pouca ou nula redução dos problemas econômicos; falência dos bancos nacionais e fortalecimento dos estrangeiros.

4.4) Convênio de Taubaté (1906)

Tentativa de valorização do café que acumulava queda nos preços entre os estados de MG, SP e RJ, essa política não incluía a participação do governo federal.

Plano de valorização: o governo comprava o excedente e armazenava; resistência de Rodrigues Alves, pois temia assumir uma divida.

Não houve valorização, mas evitou-se a desvalorização.

4.5) Borracha

Compra do Acre em 1904 – construção da Rodovia Madeira Mamoré que foi ser concluída no governo Lula.

60% da população do país era rural.

¾ era analfabeto.

Imigração – sobretudo de italianos e portugueses – embranquecimento da população brasileira.

A borracha representou 20% das exportações na primeira década do século XX no Brasil.

Teatro de Manaus, construído durante o surto da Borracha na primeira década do século XX no Brasil.

Alta exploração para a exportação da matéria prima – Brasil enquanto celeiro do mundo – resultados da Revolução Industrial.

Latifúndio produtor de Seringueira.

Exploração de nordestinos que iam para a região em busca de melhores condições de vida – 16 horas de trabalho, isolados dos meios urbanos, sem contatos com outras pessoas, sobretudo mulheres gerando vários casos de estupro, fugas para as florestas, enlouquecimento, malária, mortes.

Os barões da borracha ganharam mais dinheiro em menor tempo que os produtores de açúcar ou café

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Em 1910 já estava em decadência em decorrência da borracha asiática e do fim das exportações para Inglaterra e França

Carro de Henri Ford atolado em estrada para Fordlândia.

Fordlândia – potentado norte americano de Henry Ford no centro da Amazônia

4.6) Açúcar

Tenteou retornar com a exportação

Cana – em Cuba Beterraba – EUA e Europa

Investimento do governo federal para preservação.

SNA: Sociedade Nacional da Agricultura – cana, fumo e cacau – o café não participou dessa associação – em 1906 foi transformado em ministério da agricultura.

Disputa de monopólios no mercado interno.

5) REVOLTAS NA PRIMEIRA REPÚBLICA

5.1) Canudos (1893-97)

Sofrimento dos sertanejos com o declínio da produção açucareira, as constantes secas, a prepotência dos coronéis e os novos rumos da política que não traziam benefícios para eles.

Antônio conselheiro começou a desenvolver pregações religiosas em meio à situação.

“A terra não tem dono, a terra é de todos”. Antônio Conselheiro

Em 1893 chegou a uma fazenda abandonada chamada Canudos e começou a desenvolver uma comunidade, localizada no interior da Bahia.

Vários que eram perseguidos pelos coronéis, pela polícia ou viviam miseravelmente se mudaram para Canudos, pois buscavam a paz e a justiça.

Chegou a ter entre 20 e 30 mil habitantes.

Vida em comunidade, ausência de impostos e proibida a prostituição e venda de bebidas alcoólicas.

Para a Igreja Católica, Conselheiro e seus seguidores representavam uma ameaça, pois desviavam da “fé verdadeira”.

Monumento em homenagem a Antônio Conselheiro

Tropas de coronéis locais e do governo estadual baiano foram enviadas para acabar com o arraial.

A comunidade de Canudos foi destruída em 05/10/1897, com tropas do governo federal.

Várias casas foram incendiadas e os sertanejos foram mortos lutando por sua comunidade e sua subsistência.

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5.2) Contestado (1912-1916)

Fronteira entre Paraná e Santa Catarina em uma região contestada (disputada) por dois estados

Sertanejos viviam isolados na região extraindo erva-mate, madeira e criand0 gado. Com o inicio da construção de uma ferrovia que ligava SP ao RS, muitos foram desalojados.

Problemas sociais de disputa pela terra quando o governo brasileiro contratou duas empresas americanas: uma para terminar a coinstrução da estrada, e outra para explorar a madeira.

Sem casas, terras ou qualquer coisa do tipo, os contestados se reuniram em torno do um monge João Maria formando uma comunidade aos moldes de Canudos.

Monge João Maria.

Passaram a serem perseguidos a mando dos coronéis e dirigentes de empresas estrangeiras com o apoio de tropas do governo.

Em novembro de 1912, João Maria foi morto e santificado na região, seus seguidores criaram núcleos de combate que depois foram destruídos pelo Exército Brasileiro.

Em 1916 os últimos núcleos foram destruídos, bombardeados, metralhados e até aviões foram usados para bombardear a região. Foi a primeira vez do uso de aviões pelas forças militares brasileiras.3

5.3) Cangaço (fim do séc. XIX e inicio do XX)

Final do séc. XIX início do XX – fome, miséria, seca, concentração de terras nas mãos dos fazendeiros produziam um ambiente de injustiças no nordeste, surgindo grupos de luta armada contra a situação instalada.

Cangaceiros – violência ou reação à situação social da localidade?

Para alguns pesquisadores foi uma forma de banditismo, para outras formas de contestação social.

Tinham uma vida de nômades, sem se fixar em um local único, despertando sentimentos desde o terror até admiração por onde passavam.

O mais conhecido líder foi Virgulino Ferreira ou Lampião (1897-1938) junto com sua mulher, Maria Bonita.

Virgulino desapareceu depois que a polícia, já no governo Vargas, massacrou seu grupo.

5.4) Revolta da Vacina (1904)

Maior cidade do país, capital da república.

Graves problemas sociais, muita pobreza, desemprego, saneamento inadequado.

Milhares de pessoas morriam de epidemias de peste amarela, peste bubônica e varíola.

5.4.1) Reforma da Capital

Rio de Janeiro como a capital do progresso, cartão postal do novo tempo.

3 ESSAS DUAS REVOLTAS SÃO CONHECIDAS COMO O EXPERIÊNCIAS DE MESSIANISMO NA HISTÓRIA DO BRASIL

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O presidente (Rodrigues Alves), decidiu implementar a reforma da cidade, que incluíam alargamento das principais ruas do centro, construção da Avenida central (atual AV. Rio Branco), ampliação da rede de esgoto e remodelação do porto.

Para realizar essas obras, cortiços e casebres foram demolidos, e as pessoas que moravam foram expulsas, migrando para os morros e formando as favelas.

Gerou insatisfação da população de classe baixa.

Revolta da Vacina representada por Leônidas Freitas.

5.4.2) Campanha de Vacinação

Oswaldo Cruz, diretor de saúde pública, convence o presidente a decretar vacinação obrigatória contra a varíola.

Porém a população não tinha informação sobre o processo de vacinação.

Para alguns a injeção em mulheres era imoral.

Para outros a vacinação ia contra a liberdade individual.

Muitos não compreendiam que a doença poderia ser evitada com a implantação de anticorpos

A insatisfação gerou uma grande revolta no Rio de Janeiro. Políticos e a oposição aproveitaram para tentar derrubar Rodrigues Alves do poder, mas não coseguiram.

O governo usou a cavalaria, 50 pessoas morreram, 100 ficaram feridas, e várias outras foram presas e deportadas para o Acre.

5.5) Salvações e a Revolta da Chibata (1910)

Movimento de marinheiros, liderada por João Cândido, contra os castigos físicos que recebiam em serviço

Maioria dos marinheiros era composta por negros, descendentes de escravos, tentando ascensão social, ou presos

Marinha ainda mantinha o código disciplinar dos séculos XVIII e XIX, entre eles a punição para marinheiros com 25 chibatadas, na presença de outros companheiros.

A indignação chegou ao limite quando um marinheiro no navio “Minas Gerais” recebeu a pena de 250 chibatadas, 10 vezes maior ao limite.

Os revoltosos tomaram a direção do navio, na Baía de Guanabara, sendo acompanhados dos navios São Paulo, Bahia e Deodoro. Apontaram os canhões para a cidade do Rio de Janeiro; enviaram um comunicado ao presidente declarando as razões e fazendo as exigências: castigos, alimentação e baixos salários.

O governo respondeu, sob pressão, que atenderia à exigência dos marujos.

A câmara aprovou o projeto que decretava fim das chibatadas e a anistias dos revoltosos, já que motim na lei militar é considerado crime contra a disciplina.

Os marinheiros entregaram os navios, confiando no governo.

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O castigo acabou, mas muitos foram presos ou expulsos da corporação.

Um mês depois se revoltaram novamente, mas a reação foi violenta, matando vários.

João cândido (O Almirante Negro)

João Cândido foi preso em uma masmorra, condenado e anistiado. Entrou pra história com o codinome de Almirante Negro, que acabou com o castigo da chibata na marinha. Faleceu em 1969.

5.6) Movimento Operário, Anarquista, Anarcossindicalista E Comunista

Nenhuma proteção legal amparava os trabalhadores: não havia descanso, remuneração adequada, férias ou aposentadoria; os empregados ficavam a mercê da vontade do patrão, as jornadas eram longas (10-14hrs por dia).

Com salários baixos muitos trabalhadores iam residir em cortiços e porões.

Surgimento das primeiras associações de ajuda mútua por trabalhadores, mais tarde formada por ligas operárias e sindicatos.

Aparecimento de ideais como socialismo, anarquismo ou anarcossindicalismo.

Em 1922, militantes saídos principalmente do anarquismo e sob efeitos da revolução russa, fundaram o PCB (Partido Comunista Brasileiro).

Símbolo do movimento Anarquista

Serie de greves organizadas pelos anarcossindicalistas.

Os governos da república velha respondiam com repressão.

Aumento no número de imigrantes.

Desejo da elite brasileira pelo embranquecimento da população, seguindo doutrinas racistas norte-americanas.

Transformação do perfil da população brasileira.

Símbolo do comunismo constituído pela foice e pelo martelo.

5.7) Tenentismo (1922-26)

Continuam-se os descontentamentos coma ordem social e a dominação de setores oligárquicos na política.

Clima de revolta chegando às forças armadas difundindo-se sobre os jovens oficiais, maioria tenentes.

OBJETIVOS: conquistar o poder através de luta armada e reformar a primeira república.

Apoio da classe média urbana, de setores rurais fora do grupo de dominação e alguns empresários da indústria.

Fazem parte do movimento tententista: Revolta do Forte de Copacabana, Revoltas de 1924 e a Coluna Prestes.

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5.8) Forte de Copacabana

Em 1922, um movimento tentou impedir a posse de Arthur Bernardes.

Não tiveram condições de resistir perante as investidas das tropas do governo.

Dos 300 revoltosos, 17 foram pra luta corpo a corpo e dois sobreviveram (Eduardo Gomes e Siqueira Campos).

5.9) 1924

RS e SP; em SP ocuparam locais estratégicos da cidade travando batalhas com as tropas do governo, o governo de São Paulo recebeu tropas do RJ e preparou uma violenta contraofensiva.

Depois de 20 dias, as tropas formaram a Coluna Paulista e seguiram em direção do sul, ao encontro de outra coluna tententista comandada por Luis Carlos Prestes.

5.10) Coluna Prestes

As duas colunas se uniram e percorreram o país contra o governo. .

Percorrerram mais de 24 mil quilômetros foi perseguida e sempre conseguiu escapar, até que em 1926 decidiram entrar na Bolívia e desfazer as tropas.

Não conseguiu abalar o governo, mas não foi derrotado por ele, sendo Luis Carlos Prestes, posteriormente, um dos principais líderes comunistas do país, através da ANL (aliança Nacional Libertadora).

5.11) Modernisno (1922)

Crescimento das cidades.

O movimento modernista surgiu com a proposta de remodelar a arte brasileira, reagindo contra a dominação da influencia Europeia na arte..

Marco inicial na Semana de Arte Moderna de 1922, realizada entre 11 e 18 de fevereiro de 1922 em São Paulo.

Reação contra os padrões considerados arcaicos pelas lideranças do movimento na nossa arte (pintura, escultura, literatura).

As obras apresentadas provocaram grandes reações dos conservadores, mas coseguiram se impor com o tempo.

Cartaz divulgação Semana de arte moderna de S. Paulo/1922

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Tarsila do Amaral, Operários, 1933.

O mestiço, Cândido Portinari, 1934.

O Lavrador de café, Cândido Portinari, 1939.

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Morro da favela, Tarsila do Amaral, 1924.

Abaporu, Tarsila do Amaral, 1928.

A negra, Tarsila do Amaral, 1923.

Comparando, faça uma análise das obras “O mestiço”, “O lavrador de café”, “Abaporu” e “A negra”. Observe os elementos que as compõem, as particularidades das obras, a forma de representação das pessoas, entre outros elementos que julgar pertinente:

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6) PRIMEIRO GOVERNO VARGAS

6.1) Crise do café e a Revolução/Golpe de 1930

Declínio das produções de café consequência da quebra na bolsa de NY

O enfraquecimento econômico dos cafeicultores gerando problemas econômicos no Brasil

Eleições de 1929 - SP lançou o nome de Júlio Prestes a presidência enquanto o PRM uniu ao Republicano e Libertador e lançou Getúlio

Júlio vence as eleições com apoio das elites oligárquicas

Violência com os resultados do pleito - João Pessoa, que concorria com Vargas é assassinado

Movimento ganhando forma, e irrompendo em outubro de 1930, se expandindo para o resto do Brasil.

Luta armada no RS que se espalhou por MG, PB, e PE – objetivo: impedir a posse de Júlio Prestes como presidente da república

Levante militar que se encaminhou para o RJ e depuseram Washington Luis poucos dias antes de seu mandato terminar

O poder e o palácio do catete foram passado pra Getúlio Vargas que comandou o levante militar

Na foto,Getúlio Vargas e sua comitiva em Itararé (SP), tempos antes do golpe de 1930.

Getúlio aboliu a constituição de 1891, se aproximou da igreja católica e dos grupos de militantes que ajudaram a derrubar a república velha, centralizou e fortaleceu o poder da união, dissolveu o congresso, as assembleias legislativas estaduais e as câmaras municipais e instituiu um regime de emergência.

6.2) Governo Provisório

MEDIDAS DE GETÚLIO:

Suspendeu a constituição de 1891

Fechou órgãos de poder legislativo

Indicação de tenentes ligados ao tententismo para chefiar os governos estaduais (desmontar a estrutura da primeira república)

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6.3) Movimento Constitucionalista de 1932

Governo centralizador, demonstrando preocupação com a questão social e interesse em defender as riquezas nacionais.

Grupos opositores que desejavam a volta ao sistema antigo se assustaram.

Movimento comandado pelos dissidentes do PRP, que formavam agora o Partido Democrático: pedia novas eleições, uma assembleia constituinte.

Os oligarcas acreditavam que com novas eleições poderiam reestabelecer o sistema vigente até então.

Vários protestos contra o governo federal em são Paulo – em maio/1932 quatro estudantes (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo) morreram em um confronto com a polícia; formando a sigla MMDC se tornando símbolo do movimento no Estado .

Em 9/07 teve inicio a revolta ou revolução constitucionalista que mobilizou um grande contingente de pessoas contra o governo federal.

Em 1933 o governo instalou a assembleia constituinte, como uma reivindicação formal do movimento de 1932.

Cartaz “I want YOU for U. S. Army” (Eu preciso de VOCÊ para o exército dos Estados Unidos) com a figura do Tio Sam para a primeira guerra mundial / Cartaz imitando a representação do Tio Sam

convocando pessoas para o Movimento Constitucionalista de 1932, ao lado a foto dos quatro jovens MMDC

6.4) Constituição de 1934

Voto secreto, voto feminino, instituição da Justiça eleitoral, direitos trabalhistas, nacionalismo econômico.

Primeiro presidente após a promulgação seria por meio de eleições indiretas, e Vargas recebeu 175 votos, iniciando então o seu mandato constitucional.

Formação de dois grupos políticos com ideologias opostas: integralistas e os aliancistas.

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7)AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA (AIB) E ALIANÇA NACIONAL LIBERTADORA (ANL)

7.1) Integralistas

Integralismo – organizado por Plínio Salgado através da AIB (Ação Integralista Brasileira) em 1934

Dentre as ações deste grupo se destacavam: o combate ao comunismo e ao liberalismo; o nacionalismo extremado; a existência de um Estado forte dirigido pelo chefe da nação; a disciplina e a hierarquia dentro da sociedade.

Adotaram a letra grega sigma como símbolo de identificação e o lema “Deus, pátria e família”, vestiam camisas verdes, desfilavam com tropas militares e se cumprimentavam com a saudação indígena “Anauê!”

Conquistou espaço entre os empresários, profissionais de classe média e militares.

Foram criados vários núcleos no Brasil, inclusive um deles em Juiz de Fora, onde atualmente se encontra o colégio Granbery e a galeria Pio X, entre a Rua Halfeld e a Rua Marechal Deodoro.

Cartaz com galinha verde pregando o Integralismo por todo o Brasil

Novamente representação de Tio Sam convocando pessoas, agora para se alistarem no Integralismo.

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Mulheres integralistas.

7.2) Aliancistas

Fundada em 1935, reunia militantes de tendência socialista, anarquista e comunista – uma das principais forças era o Partido Comunista que era clandestino desde 1922.

Luís Carlos Prestes (tenentista) foi eleito presidente de honra do grupo que lutava pelo: combate ao capitalismo e o liberalismo; a estatização das empresas estrangeiras, pelo não pagamento da dívida externa, e pela realização da reforma agrária para além do combate ao latifúndio.

Seu lema era “Pão, terra, e liberdade”.

A organização cresceu vertiginosamente, chegando a ter entre 70 e 100 mil membros.

Vargas declarou a ANL ilegal no país e ordenou a prisão de seus lideres alegando que estes organizavam um golpe de Estado no país.

Propaganda Aliancista que circulou no período.

Observe as imagens:

Qual o impacto da propaganda na vida política durante o período aqui debatido? Qual o impacto da utilização da figura do Tio Sam nessas propagandas? A quem Tio Sam representa?

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7.3) Intentona ou Revolução Comunista de 1935

Os comunistas planejaram uma revolta militar contra o governo promovendo uma série de rebeliões em vários batalhões de Natal, Recife e Rio de Janeiro.

Foram rapidamente reprimidas pelas forças governamentais.

Serviu de pretexto para radicalização do regime político, em nome do “perigo comunista”.

Condenações de sindicalistas, operários, militares e intelectuais por serem considerados “subversivas contra o governo”.

“intentona” enquanto um nome de desqualificação – fracasso tentativa que não deu certo.

8) A DITADURA DO ESTADO NOVO

8.1) Plano Cohen

Próximas eleições presidenciais em 1938 - Vargas não queria passar o cargo

O serviço secreto do exército noticiou em setembro de 1937 o Plano Cohen, que seria uma conspiração comunista para acabar com o regime democrático com a ajuda dos integralistas.

Assim o governo decretou “estado de guerra” preparando o terreno para quebra da normalidade institucional.

Em finais de 1937 Vargas fechou o legislativo, outorgou uma constituição autoritária e iniciou o Estado Novo.

8.2) A Ditadura do Estado Novo

Das características, podemos destacar:

estado de emergência, que autorizava qualquer ação do governo perante a população, concentrados na mão do presidente, sem sequer a necessidade de ser submetido à justiça;

fim do federalismo, perdendo os estados sua autonomia política, sendo então entregues à interventores de confiança do governo, as bandeiras estaduais foram queimadas para se considerar o fim do antigo regime;

supressão das instituições democráticas, extinguindo partidos políticos, eleições democráticas, greves, manifestações, promovendo torturas e mortes;

Resumindo: era uma ditadura.

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Recursos de propaganda para conquistar apoio popular.

DIP (departamento de imprensa e propaganda) encarregado de censurar os meios de comunicação.

Programa radiofônico “A hora do Brasil” atual “Voz do Brasil” que vai ao ar às 19hrs em todas as estações oficialmente judiscializadas.

Propagandas que exaltavam Getulio enquanto salvador da pátria.

Propaganda nazista / Propaganda Estadonovista

Obrigação de ensino nacionalista e governista nas escolas públicas: disciplina de moral e civismo, aulas de canto com repertório nacionalista, desfiles e paradas estudantis nas comemorações de datas cívicas, livros didáticos que promoviam o culto a Vargas e a exaltação de seu governo.

8.3) Brasil na 2ª Guerra Mundial

O Brasil tentou manter posição de neutralidade, porem a partir de 1941 começou a fazer acordo com os aliados (Inglaterra, EUA e URSS) para o fornecimento de borracha e minério de ferro a estes países.

A Alemanha reagindo ao acordo afundou dois submarinos brasileiros, matando mais de 600 pessoas provocando indignação nacional e pressionando o governo para tomar posição no conflito.

Vargas declarou guerra ao eixo enviando vários pracinhas da FEB (Força Expedicionária Brasileira), sobretudo para território italiano.

Fim da 2ª guerra, Vargas concedeu anistia política aos exilados, estabeleceu o fim do unipartidarismo.

Tropas militares invadiram o catete e obrigaram Getúlio a renunciar, iniciando o processo eleitoral e apoiando Gaspar Dutra para a presidência.

Pracinhas da FEB segurando cartaz “2º aniversário, Hitler já estamos aqui” / Ex pracinhas da FEB sendo homenageados em 08 de maio de 2017.

8.4) Getúlio:

promoveu cuidados com a agricultura, diversificando a produção;

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promoveu avanços na industrialização com a política de substituir importações, aumentando portanto a industrial nacional e as empresas estatais como a Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional;

promoveu lei trabalhistas, se atentando para grupos inferiorizados na sociedade; Getulio é considerado o “pai dos pobres” pela sua conciliação entre trabalhadores e empresários, fazendo concessões ao empresariado e ao operariado, porém essas concessões teriam a finalidade de controlar a população, de acordo com que a Carta do Trabalho do fascismo italiano previa

O Estado novo seria portanto um Estado Fascista? Discorra:

9) INDUSTRIALIZAÇÃO E TRABALHISMO

Característica da Era Vargas de intervencionismo estatal na economia, como a adoção de medidas que buscavam estabilizar a economia, a diversificação da produção agrícola e o estímulo ao desenvolvimento industrial.

No plano social, acompanhando o aumento populacional urbano e as reivindicações do movimento operário, o período getulista foi marcado pela instituição de uma legislação que garantia direitos básicos aos trabalhadores.

9.1) Agricultura

O governo agiu buscando impedir o plantio de novas mudas de café durante três anos, além da queima dos cafés já colhidos e estocados em depósito diminuindo assim com a superprodução e recuperando o preço do produto no mercado internacional a partir de 1939.

Para diversificar a economia, o governo incentivou o plantio de cana-de-açúcar, óleos vegetais e frutas tropicais

9.2) Avanços na industrialização

Política de substituição das importações dos produtos importados para que fossem produzidos no Brasil, assim como na América Latina como um todo.

Estímulo ao desenvolvimento industrial do país.

Aumentou as taxas de importação, elevando consequentemente os preços dos produtos estrangeiros e diminuindo os impostos sobre a indústria, estimulando a produção interna e o consumo de bens nacionais.

Como resultado, o numero de industrias brasileiras dobrou, especialmente a de alimentos, tecidos, calçados, móveis, etc.

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Somada a elas, instalou-se em território nacional filiais de industrias estrangeiras voltadas para a produção química, farmacêutica, de eletrodomésticos, motores de veículos, pneus, etc.

9.2.1) Empresas Estatais

Criação de indústrias de base4, fazendo com que o governo intervisse na economia, na fundação de empresas estatais para os campos siderúrgico e de mineração.

São exemplos:

Companhia Vale do Rio Doce – fundada em 1942, destinada à exploração de minério em Minas Gerais

Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) instalada a partir da construção da Usina de Volta Redonda, no RJ, em 1941. O aço fornecido por essa usina foi fundamental para a industrialização do país, pois era utilizado como matéria prima em outros setores.

9.3) Trabalhismo5

Atração de pessoas, principalmente do nordeste fugindo da miséria e da exploração, para as cidades com o desenvolvimento urbano como São Paulo e do Rio de Janeiro.

Aumenta a mão de obra disponível no sudeste, sendo utilizada pelos setores industriais, de construção civil e de serviços.

Percebendo a força do operariado nas cidades, o governo Vargas promoveu a legislação social e trabalhista voltada para grande massa de trabalhadores urbanos, especialmente durante o Estado Novo

Surgido portando o trabalhismo no Brasil.

9.3.1) Legislação trabalhista

Destacam-se as que asseguravam ao operariado direitos como: salário mínimo, férias remuneradas, proteção ao trabalho da mulher e do menor, estabilidade no emprego, etc.

É IMPORTANTE DESTACAR QUE AS LEIS FORAM ADQUIRIDAS A PARTIR DA LUTA DO MOVIMENTO OPERÁRIO, SENDO, PORTANTO ATENDIDAS PELO GOVERNO. NÃO OCNVÉM AS LER ENQUANTO APENAS CONCESSÃO.

Algumas leis vinham sendo promulgadas desde 1920, mas a CLT (CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS) as reuniu em decreto-lei assinado em 1º de maio de 1943 por Vargas, constituindo um importante passo na história do direito trabalhista do país.

9.4) Populismo

Podemos classificar o populismo da seguinte forma:

De acordo com a interpretação clássica do termo “populismo”, os principais destaques

para este tipo de política seriam: a concessão de direitos trabalhistas, paternalismo por parte do

Estado perante a população, o autoritarismo presente na cooptação da população para que o

anticomunismo prevalecesse, através de um sistema democrático pelo qual a censura também

andava em conjunto, assim como Mônica Velloso faz uma metáfora quando se refere ao “bonde

do catete”, e a política brasileira.

4 Produção de máquinas e equipamentos pesados, produtos químicos básicos, extração e transformação de minérios, etc.

5 Corrente política centrada nos direitos, no bem-estar dos trabalhadores e na valorização do trabalho.

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A partir do momento que a denominação populista saiu do âmbito intelectual de discussão,

tomou o seio político e começou a ser divulgada de forma negativa pelos defensores do

liberalismo ou neoliberalismo na atualidade, percebemos como que há uma tentativa de

revogação dos direitos conquistados pelos trabalhadores através de lutas, que recebeu atenção

dos lideres populistas para se aproximar das massas.

9.4.1) “pai dos pobres”

Divulgação da imagem de Vargas enquanto “o grande protetor”, “o pai dos pobres”.

A marca dessa denominação pode ser compreendida através de seus discursos, no qual este iniciava com a expressão: “Trabalhadores do Brasil...”.

Segundo algumas análises, a política trabalhista de Vargas tinha inspiração na Carta Del Lavoro (Carta do Trabalho), criada pelo fascismo italiano e tinha dupla função: conquistar a simpatia dos trabalhadores e exercer o domínio sobre eles, controlando seus sindicatos.

Isso se dava da seguinte forma:

Pregando a conciliação nacional o governo Vargas colocava-se em espécie de juiz dos conflitos entre patrões e empregados;

Reconhecia as necessidades e aspirações dos trabalhadores; Impedia reivindicações mais profundas e radicais; Portanto essa política representou para o empresariado, ordem pública e estabilidade social.