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Curso sas intercessor social

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“Mais urgente não me parece tanto defender uma cultura

cuja existência nunca salvou uma pessoa da fome e da

preocupação de viver melhor, quanto extrair, daquilo que

se chama cultura, idéias cuja força viva é idêntica à da

fome. Todas as nossas idéias sobre a vida têm de ser

revistas numa época em que nada mais adere à vida. E

esta penosa cisão é motivo para as coisas se vingarem, e

a poesia que não está mais em nós e que não

conseguimos encontrar mais nas coisas reaparece, de

repente, pelo lado mau das coisas; e nunca se viram

tantos crimes cuja gratuita estranheza só se explica por

nossa impotência em possuir a vida.”

(Artaud, Antonin in “O teatro e seu duplo”)

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PROGRAMA DO CURSO: “INTERCESSÃO SOCIAL ENQUANTO PRÁTICA COTIDIANA” Apresentação:

Curso: “A intercessão social enquanto prática cotidiana” para 210 profissionais da SAS e entidades conveniadas.

Quem somos nós? Apresentação da SAS e entidades participantes. Aquecimento dos grupos:

Sensibilização e integração dos profissionais da Secretaria da Assistência Social e das entidades conveniadas por regiões através do sociopsicodrama.

Módulo I Palestra : A subjetividade capitalística da cidade de São Paulo: a geopolítica e geografia mental.

Prof. Peter Pál Pelbart Psicodrama : A relação de cada um com a cidade

Equipe Marisa Greeb

Módulo II Palestra : O que é Ética?

Profª. Terezinha Rios Psicodrama: A diferença entre fatos e acontecimentos: a Ética como desejo e Moral como

servidão. Equipe Marisa Greeb

Módulo III Palestra: O ponto de vista da população em situação de rua: abordagem junto a Criança e

Adolescente e o Adulto: mitos, medos, preconceitos e surpresas. Fórum de População de Rua

Fundação Criança Psicodrama: Percepção e Concepção de população em situação de rua

Equipe Marisa Greeb

Palestra: A violência Prof. Fernando Siqueira ou Isaura Isoldi

Psicodrama: A violência em cada um: qual é o seu medo? Equipe Marisa Greeb

Módulo IV Palestra: A intercessão social enquanto prática cotidiana.

A clínica do social enquanto produção de outros modos de subjetivação. A função da mediação. O intercessor social como mediador. Profª: Doralina Rodrigues Carvalho

Psicodrama: Intercessor Social na Região: o resgate profissional e suas cenas temidas. Equipe Marisa Greeb

Módulo V Palestra: Como trabalhar em grupo?

Marisa Greeb Psicodrama: Métodos e técnicas de produção em grupo

Equipe Marisa Greeb

Módulo VI “ Role reverse” in loco: Psicodrama Público

A inversão de papéis: a vivência do profissional de SAS como população em situação de rua a partir do psicodrama público.

Módulo VII Compartilhamento da vivência (Manhã)

Fechamento do curso intensivo e a elaboração de uma cartilha produzida pelos grupos a partir do levantamento de modos de Intervenções Sociais. (Tarde)

ENCERRAMENTO DO CRUSO E APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS

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Relatório e Análise do Curso de Sensibil ização:

“INTERCESSÃO SOCIAL ENQUANTO PRÁTICA COTIDIANA”

A PROPOSTA:

De acordo com a proposta aprovada pela Secretár ia, Aldaíza Sposat i ,

desenvolvido pelo SEDEP (Secretaria de Desenvolvimento e Pesquisa) da

Secretar ia de Assistência Socia l da Prefei tura do Municíp io de São Paulo e

pelo Movimento Ét ica é Cidadania: Psicodrama da Cidade apresentamos

aqui as resultantes do t rabalho desenvolvido.

INTRODUÇÃO:

A si tuação mundial nos pede atenção. A global ização nos pede abertura

em grande angular. Porém, as coisas só acontecem num locus , nas

re lações, nas ações e é sempre a part i r das t ramas tecidas nos grupos que

a cul tura vigente vai se desconstru indo, buscando novos possí veis, dado

que as ferramentas atuais parecem caducas f rente a este mi lênio e suas

vert igens.

OBJETIVO:

Formar equipes de intercessores socia is através de um curso que cr ie um

espaço de ref lexão da práxis dos prof issionais, oferecendo um olhar e

métodos que favoreçam cr iar inf lexões singulares e cr iat ivas na real idade

que se lhes apresenta, produzindo novos modos de subjet ivação.

O intercessor socia l vem com a perspect iva de fazer a intersecção da

geopolít ica e da geograf ia mental , nas re lações, forta lec endo a diferença e

a s ingular idade de cada um af i rmando sua cidadania.

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JUSTIFICATIVA:

É a possib i l idade de tornar visíveis ta lentos e habi l idades de intercessores

socia is capazes de intervir de forma espontâneo -cr iat iva nas re lações no e

com o t rabalho do servidor da SAS e técnicos das entidades conveniadas,

tendo como foco a Ét ica e a Cidadania.

Disparando um movimento de um servidor autônomo, assumindo a

responsabi l idade de seus atos e socia l izando seus conhecimentos em rede,

cr iando, portanto uma nova re lação Estado-servidor-c idadão na cidade de

São Paulo.

METODOLOGIA:

Para tanto, os métodos escolhidos foram o Sociopsicodrama e ref lexões

f i losóf icas através de palestras.

O trabalho acontece num constante movimento de ação -ref lexão, visando a

pesquisa, a compreensão e a intervenção espontânea e cr iat iva nessas

dinâmicas, para se des-envolverem das t ramas que podem dif icul tar as

novas ações e, mais especif icamente, faci l i tar a percepção – dos jogos que

não percebemos, das cenas que nos são negadas e dos papéis que nos

atr ibuem .. . – recr iando o real .

JUSTIFICATIVA METODOLÓGICA:

Toda teoria, assim como toda prát ica, tem uma concepção de “ser no

mundo” como sustentação. Essa sustentação pode ou não ser do

conhecimento de quem a vivencia.

Através da desmontagem, da desconstrução da prát ica e do viver, como

também da desmontagem ou desconstrução da teor ia é que se pode

conhecer a concepção que dá suporte e que expl ic i ta à serviço do que está

aquela teor ia, aquele modo de se re lacionar, aquele modo de produzi r .

Portanto, é da desmontagem do discurso que se pode mudar o percurso ou

da desmontagem do percurso que se pode mudar o d iscurso, sempre

buscando o desempenho correspondente à Ét ica que se deseja na produção

da Vida.

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OS FATOS:

O grande foco do t rabalho é que somente a part i r da própria função, no

caso do servidor, é que ele pode ter a lguma ação. Se o seu desejo é em

direção a uma ét ica da alegria, do bem estar e da busca de um atendimento

singular ao cidadão em si tuação de rua, quais as ações que podem te r no

cot id iano do t rabalho, contextual izado histor icamente?

Para se sent i r real izando o que valor iza, em cada re lação, se faz

necessário que reconheça a sua potência, como depositár io da histór ia, e,

portanto, como aquele que conhece o como e onde as cois as e as pessoas

estão paradas e como pode fazer acontecer.

QUAL O JOGO QUE ESTÁ EM JOGO?

Nenhum espectador assiste, num único espetáculo, todas as cenas que

fazem a tota l idade da obra. Uns escolhem um determinado personagem

para segui - lo: é o jogo de espe lhos. Outro acompanha uma interpretação

com a qual está mais referenciado. Outros se perdem pelas vár ias

interpretações que se lhes apresentam e saem perguntando: af inal , o que

está acontecendo? Personagens para não se confundirem, não se colocam

em questão, sol idi f icam-se na defesa para, logo depois, d issolverem -se.

Cenas visíveis e invis íveis entre laçadas, formando a t rama do drama.. .

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OS ACONTECIMENTOS:

Apresentação:

Momento Atual da SAS

Curso: “Intercessão Social Enquanto Prática Cotidiana”

Aquecimento e formação dos grupos:

Conversas, apresentações, cenas, relatos de duras si tuações do

dia-a-dia de t rabalho.

Contrato: Para que viemos?

Aproveitar uma oportunidade de crescimento, porém com receio

de se mostrarem e serem cr i t icados – “a mão que dá é a mesma

que bate”.

Checam as possib i l idades de estabelecer uma relação de

conf iança.

Di f iculdades: de obter respaldo, de reconhecimento, de apoio,

das muitas diferenças entre os diferentes t rabalhos da SAS e

das ent idades.

Mas com todas e por todas as dif iculdades, a maior ia buscou o

curso como uma oportunidade de desenvolver novos recursos

para l idar com o trabalho.

Relação Governo-Servidor-Cidadão:

A re lação com o governo aparece de forma distanciada e cín ica:

descolada da real idade, preocupados com os próprios

interesses, desqual i f icando servidores e c idadãos, autor i tár ios.

Na re lação com os cidadãos aparece indiferenciação e

impotência , reconhecimento da necessidade de melhor

atendimento, porém sem recursos mater ia is e emocionais.

Servidores misturam papéis, a inda não podem se ver

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Módulo I –

Palestra: A subjetividade capitalística da cidade de São Paulo: a geopolítica e

geografia mental.

“ – As c idades também acredi tam ser obra da mente ou do acaso,

mas nem um nem out ro bastam para sustentar as suas muralhas.

De uma c idade, não aprovei tamos as suas sete ou setenta e sete

maravi lhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas. ”

( ì ta lo Calvino – As Cidades Inv is íveis)

Como resgatar e manter a b iopotência? É a pergunta que f icou no ar.

Psicodrama : A relação de cada um com a cidade.

A “dobra do fora” – o caos e a sol idão da cidade, sendo visto e

produzido em cada um.

o A c idade com seus f luxos, seu caos.

o As pessoas sol i tárias, sem condição de perceber a s i mesmo e

ao outro.

o Cidade vive por e les . Ação passiva, a espera de movimentos.

Muitas cenas de atendimento à população de rua;

o A maior ia revelando propostas precárias, f ragmentadas,

burocrát icas.

o Imposição dos próprios valores

o Fascínio pelo c idadão em si tuação de rua que tende levar a

l imites máximos a sua opção pelo prazer imediato, sem se deixar

constranger ou capturar.

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Compart i lhamento:

o As cenas permit i ram a percepção da própria sol idão e abandono

e a necessidade de constru ir a lgo novo para modif icar isso. Criar

novos f luxos e agenciamentos. Redes.

AÇÕES:

Cidade Objetiva e Cidade Subjetiva:

Apresentação e Divulgação das Subprefei turas e levantamento de toda

rede de equipamentos e parceiros.

Apresentação do direcionamento da Secretar ia - SAS em relação a

abordagem de população em si tuação de rua e/ou r isco e sua

impl icação nas outras Secretar ias.

Levantamento de projetos já implantados e/ou ações nas regionais da

SAS e d ivulgados na própria região

Encontros mensais para integração das regionais com foco no

atendimento à população em si tuação de rua e/ou de r isco.

Part ic ipação efet iva dos técnicos e educadores em seminários,

palestras sobre a c idade promovida pela própria Prefei tura, pela SAS

e outros para reciclagem e atual ização.

Mapear possíveis parcerias de comércio, ONGs, movimentos, qu e

possam part i lhar este atendimento melhorando as condições de

cidadania em cada subprefei tura.

Levantamento dos programas e/ou projetos que faci l i tem estas

parcerias. Ex: Fórum Empresaria l , Orçamento Part ic ipat ivo, etc.

O QUE É ÉTICA?

Part i lhar a Ét ica.

Ver c laro, ver largo, ver fundo.

A ét ica nos pequenos gestos de reconhecimento do outro, a cada

momento.

Ét ica, um exercíc io cot id iano.

Moral é implíc i ta.

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Psicodrama:

A DIFERENÇA ENTRE FATOS E ACONTECIMENTOS: A ÉTICA COMO

DESEJO E MORAL COMO SERVIDÃO.

FATOS: SOBREVIVÊNCIA

ACONTECIMENTOS: VIVÊNCIAS

Comparação entre setores públ ico

e pr ivado.

Faci l idades e dif iculdades que

passam nos setores:

Públ ico: processo lento

Pr ivado: agi l idade no

processo

Comparação entre valores de

técnicos da SAS / educadores das

ent idades e da população em

si tuação de rua.

O desejo é o da fa l ta e não

de produção.

A re lação é de culpa, para

com o outro, e este adoece.

Ressent imentos por não

serem reconhecidos.

Percebem diferenças e

valores nas re lações.

Não conseguem a inda reconhecer

o outro, porque o outro

representa o conf l i to.

Há uma dicotomia entre o Bem e

o Mal. As verdades ainda são

absolutas.

Há uma at i tude moral ista no não

reconhecimento do outro, da

população que trabalham.

Esvaziados de ident idade

humana.

A ét ica que permanece é

individual ista e

assistencia l ista, a inda no

“ fe i t iço da ajuda” e não de

ser um faci l i tador para que o

outro consiga resolver e ver

a s i próprio.

Expressam seus conf l i tos,

sem ju lgamento.

O ouvir o que os colegas têm

a dizer também foi muito

valor izado.

T imidez ou a omissão está a

serviço da vaidade de cada

um em ser aceito.

Há um distanciamento na re lação

di f icul tando novos modos de

É possível fazer d iferente,

tendo um outro o lhar.

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produção.

Há uma necessidade de deixar

campos já terr i tor ia l izados.

Trabalho de abordagem com a

população em si tuação de rua é

como se fosse de uma só forma.

É necessário t rabalhar em

rede.

Perceberam o quanto estão

desfocados e olhando

somente para as re lações

internas da prefei tura.

A cena mais f reqüente – surgida

em todos os grupos em diferentes

modal idades: c idadão pedindo

ajuda e todos em volta sem saber

o que fazer, paral isados.

Cena de grande impacto

emocional, emblemát ica,

revelando o despreparo, o

desespero.

Di f iculdade é muito presente para

acontecer mudanças, há um

cansaço.

Entendem as mudanças fora

deles.

Não sabem como produzí - la de

fato no cot id iano.

Várias s i tuações de conf l i to

d iante de uma decisão entre

o seu próprio bem e o bem

comum foram relatadas.

Freqüentemente com a

sensação do estar errado e

da grande responsabi l idade

socia l que percebem.

Rótulos:

Assistencia l ista

Servidor fantasma que some e

deixa o paletó

Prof issional que t rabalha com

pobre

Alguém desvalor izado e

desacreditado.

Embora o grupo ident if ique

alguns colegas com esses

estereót ipos, se reconhece

di ferente e sente a

necessidade de ações

efet ivas para mudar essa

visão general izante.

MORAL COMO SERVIDÃO

TRABALHO:

“ t r ipal ium” – instrumento de tortura

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O trabalho é visto como “enxugar gelo”, um fazer intenso que muitas

vezes acabava em nada, e muitos declararam em vários momentos

desejaram intensamente desist i r do que fazem, por sent i rem suas

at ividades como inúteis.

Necessidade de compart i lhar: acabam se dando conta que eram

muitos os incomodados diante das mesmas si t uações de impotência,

assim como muitos com vontade de reverter a s i tuação.

Ident if icam o quanto tantas vezes, tornam -se insensíveis e apát icos

em relação às pessoas da rede com quem convivem, e por vezes

agressivos entre s i , desl izando sua ra iva para aque les que estão ao

lado, pelo nível de exposição a si tuações objet ivas de impotência.

Concluem que as contradições crônicas em suas posturas têm de ser

reconhecidas para conquistarem uma mudança verdadeira em si e no

t rabalho como um todo.

ÉTICA COMO DESEJO

PRODUÇÃO: produz ações

Valor izam a importância de t rabalhos como o deste curso que estão

part ic ipando, onde podem pensar cr iat ivamente soluções para vencer

obstáculos e também divid ir esse sent imento de impotência que se

sentem submet idos.

Conhecem de fo rma especia l os obstáculos que dif icul tam a real ização

de projetos juntos a população em si tuação de rua.

Desejam contr ibuir na cr iação de novos projetos e estratégias para

que estes projetos se real izem a contento da comunidade alvo.

Alguns reconhecem a necessidade de desenvolverem a biopotência.

Acreditam que o técnico deveria i r ao encontro do morador, não para

ajudar ou i r por obrigação, mas sim para oferecer a lgo novo em que

acreditasse.

AÇÕES:

Trabalhar constantemente em grupo o pr imeiro pr incíp io da Ét ica: o

Reconhecimento do Outro.

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Distr ibuir cart i lhas da Lei Orgânica da Assistência Socia l – LOAS

Grupos de Discussão sobre a LOAS na impl icação efet iva do t rabalho

(Discurso X Percurso)

Pesquisa sobre qual é os pr incíp ios da Ét ica na SAS e divulgar.

PERCEPÇÃO E CONCEPÇÃO DE POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

E/OU DE RISCO:

MITOS, MEDOS, PRECONCEITOS E SURPRESAS.

Relação entre educadores de ent idades e técnicos da SAS.

Jogo

Sobrevivência X Vivência

Percepção X Concepção.

PERCEPÇÃO: OLHAR DE FORA

CONCEPÇÃO: OLHAR DE DENTRO

Técnicos se sentem na l inha

de t rás.

Educadores se sentem na

l inha de f rente.

Técnicos como a população de

rua e/ou de r isco - adultos,

que detém o poder da super -

visão, que é percebida

apenas como delatora de

erros

Educadores detêm a vivência

como se fossem população de

rua e/ou r isco: cr ianças e

adolescentes.

Necessidade de emergencia l :

desconstrução de valores para

sobrevivência.

Necessidade processual:

construção de valores para

vivência.

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PERCEPÇÃO E CONCEPÇÃO: NECESSIDADE DE INTEGRAÇÃO PARA

FORMAÇÃO DA REDE.

MITOS, MEDOS, PRECONCEITOS E SURPRESAS:

Ent idades e SAS têm as mesmas di f iculdades, só que a porta de

entrada é diferente.

Os sent imentos são os mesmos e a re lação entre ent idade e SAS se

mostra complementar e necessária.

Há uma necessidade que um tem do outro, mas por uma certa

“arrogância” não permite pedir a juda. Dizer que não sei.

A di ferença está na abordagem da re lação entre educadores das

ent idades e técnicos de SAS.

Ressaltaram os efei tos do curso já no pr ocesso no ambiente de

t rabalho.

Palavras como dor, desamparo, sof r imento foram as mais

pronunciadas. Contato profundo com a própria dor e desamparo.

Impotência: “Parece que tudo vai bem, mas não, e les vão embora, não

voltam mais, às vezes morrem e nos deixam de mãos vazias”.

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A VIOLÊNCIA

Vio lência potencial iza as pessoas do grupo para ações.

É uma l inha tênue entre potencia l izar a re/ação ou uma nova a ação.

A vio lência: ressent imento ou produção?

A vio lência está mais re lacionada à vida na cidade e ao conf ronto de

classes.

Vio lência branca (subjet iva) que acaba produzindo a vio lência

vermelha (objet iva).

A vio lência faz parte da própria condição humana.

A VIOLÊNCIA EM CADA UM: QUAL É O SEU MEDO?

DIFICULDADES:

L idar com a diversidade da real idade

Dimensão paral isante do medo

Necessidade de se enxergar sem hipocris ia

Fal ta de energia para t ransformar a s i tuação cot id iana.

Aceitam a possib i l idade de t ransformar a dor em vida, a inda que

não seja fáci l .

A questão da impotência: caminho sol i tár i o

L idar com a vio lência quando diretamente com as pessoas

Superar a ra iva que conduz o desejo de reação

Manter as esperanças diante de tanta vio lência, especia lmente da

branca, que parece minar a inda mais as possib i l idades de

t ransformação.

'mudar a vio lência em mim’

Vergonha de se ver no papel do vio lento: contatar os desequi l íbr ios

que têm.

Violência na população em situação de rua /r isco:

o Ent idades conveniadas: contato maior com a vio lência vermelha, é

vis ível e objet iva.

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o SAS: contato maior com a vio lência branca, é invisível e subjet iva.

O que gera a vio lência branca e vio lência vermelha:

o forçá- los a sair da rua para se abrigarem em albergues

o a i rem para às ruas.

AÇÕES:

Suporte e acompanhamento terapêutico de grupo com as ent idades e

os técnicos da SAS uma vez por semana.

Fazer e d ivulgar pesquisa sobre Violência Branca X Violência

Vermelha

Fazer a d i ferença entre ser agressivo e ser vio lento através de

palestras e t rabalhos de grupos.

Necessidade de uma ação integrada, para a revisão dos sistemas de

contro le e apoio às comunidades.

Necessidade de afastamento/distanciamento para ' recuperar ' as

energias e esperanças, de sair da si tuação de culpa e, ao mesmo

tempo, ganhar perspect iva para tornar mais ef icaz as próprias

intervenções.

Necessidade de “escuta”, o ouvir ; conhecer o universo do morador em

si tuação de rua antes de qualquer coisa, a sua histór ia de vida, como

forma de construção de elos para estabelecer re lações. Assim pode -

se equacionar melhor, questões como a agressividade, medo e

vio lência.

Módulo IV

A intercessão social enquanto prática cotidiana:

o A clínica do social enquanto produção de outros modos de

subjetivação.

o A função da mediação.

o O intercessor social como mediador.

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A intercessão socia l como possibi l idade de i r semp re se fazendo de

maneira construt ivista, problemat izando o próprio sent ido das prát icas,

re inventando permanentemente o bem comum e o lugar de cada um nessa

construção.. .

Intercessor Social na Região: o resgate profissional e suas cenas

temidas.

A diferença entre o d iscurso do percurso.

Potencia l izados e acreditando em possib i l idades, o percurso do

discurso.

Cenas temidas no trabalho:

o a questão da vio lência, colocando o prof issional em si tuação de

r isco (“arruaçados”).

o Eles percebem que o t rabalho com cr iat ividade, não será de uma

hora para outra, mas há uma tentat iva de fazer d iferente.

o Percebe que é preciso entrar na re lação entre prof issionais,

reconhecendo a si e o outro.

o as cargas de rótu los e os enri jecimentos.

VIVÊNCIA DO DISCURSO E DO PERCURSO EM GRUPO:

Cr iar uma prát ica que sat isfaça a população e os prof issionais: uma

prát ica que se realimenta e se renova a cada dia.

DISCURSO

Identif ica o Objetivo

PERCURSO

Identif ica o Processo

O termo é novo – in tercessão

socia l - mas conseguem

perceber que confundem um

pouco suas funções no exercíc io

da cidadania, que ainda é um

pouco vazia, vem como fe i t iço

da ajuda ou assistencia l ismo e

não na re lação de

responsabi l idades socia is.

Técnicos e educadores: Cenas do

cot id iano puderam dar vis ib i l idade

aos conf l i tos e faci l i tou para

superação, abr indo caminho para

uma possível rede.

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O termo intercessão socia l fo i

então assimi lado e o grupo pôde

trabalhar a postura do

Intercessor Socia l como o

faci l i tador da vida do morador de

rua, em contraposição à postura

de Intervenção Socia l , que cr ia

regras a serem seguidas e que

objet iva t i rá - las das ruas, contra

as suas vontades.

Na função de intercessor socia l

começam a perceber que algumas

coisas que já fazem têm um nome

di ferente.

Ident if icaram a necessidade de

se apropriarem de sua

importância, de sua função e

t rabalharem nessa mesma l inha

de pensamento com os

moradores de rua.

Perceberam que muitas vezes

experimentam um sent imento de

impotência insuportável em suas

at ividades por não cr iarem uma

relação com a população em

si tuação de rua/r isco

Peso da busca da resolução dos

problemas.

Exigem desse mesmo morador

que ele faça o que ele não tem

condições de fazer, fazendo -os se

sent i r incompetentes e inseguros.

O grupo tem percebido a cada

novo encontro a necess idade de

desconstruír crenças, conceitos

pré estabelecidos.

Exigem desse mesmo morador

que ele faça o que ele não tem

condições de fazer, fazendo -os se

sent i r incompetentes e inseguros.

Mudar, recic lar o je i to de pensar

e de ser.

Estabelecer re lações onde o

desejo de encontrar o outro esteja

presente.

AÇÕES:

Criar um grupo de técnicos da SAS e educadores das ent idades

conveniadas para:

o Def in ir de fato o que é a função do técnico da SAS.

o Def in ir de fato o que é a função dos educadores das ent idades

conveniadas.

Page 19: Curso sas intercessor social

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o Integração dessas funções para o atendimento a população em

si tuação de rua e/ou de r isco já part indo da síntese de cada

grupo: faci l idades, d if iculdades e ações.

o Especif icar na SAS e nas Entidades quais as pessoas

responsáveis para comunicação.

o Divulgar todas as ações no micro e macro.

o Di ferenciar e levantar necessidades para o atendimento

emergencia l e processual.

Levantamento de ta lentos e competências dos técnicos de SAS e dos

educadores das ent idades conveniadas para:

o Pessoas capacitadas para t rabalhar com emergências, de fato

para a sobrevivência, a manutenção necessária.

o Pessoas capacitadas para t rabalhar em processo na busca

construção da vida, com foco no resgate da cidadania.

o Integração destes grupos para levantamento de dados tanto para

um trabalho como o outro.

Mapear todos os projetos implantados pela SAS e Ent idades que já

deram resultado e possam ser apl icados em outras áreas.

Fazer uma árvore de ta lentos e competências dos técnicos da SAS e

dos educadores das ent idades, visual izando o c olet ivo podendo

realocar prof issionais em lugares adequados com competências

necessárias.

SEDEP faça um ato contínuo de motivação semanalmente, mostrando

o desdobramentos do curso a part i r das ações que levantaram e

divulgando via página no si te da SAS e g rupo

[email protected] para que haja um reconhecimento.

Page 20: Curso sas intercessor social

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Módulo V

COMO TRABALHAR EM GRUPO?

O grupo visto pela ót ica cale idocópica.

Qual o jogo que está em jogo?

Métodos e técnicas de produção em grupo

Direcionamento da SAS:

Expectat iva em relação aos caminhos que a SAS vai tomar e se

levarão em conta os técnicos e os t rabalhos já real izados.

Claramente dois subgrupos:

o uns acreditam na possib i l idade efet iva, na intervenção e na ação

de produção colet iva;

o outros cansados das experiências vividas e mais descrentes e

desmot ivados.

METODOLOGIA e TÉCNICAS:

Há uma dif iculdade enorme em identi f icar c laramente nas emergências e no

envolvimento com o t rabalho qual a metodologia e quais técnicas que

ut i l izam para desenvolverem modos de abordagem com a população em

si tuação de rua e/ou de r isco. Não há clareza de uma proposta de

planejamento estratégico para todos. Sendo assim há dif iculdade de

ident if icar qual seu objeto de trabalho, seu campo de ação?

A população em si tuação de rua e/ou r isco ou a situação de rua e/ou de

r isco. Dado que é através da re lação e do contato d ireto com esta

população que, numa relação sujei to -suje i to, podem encontrar formas de

intervenção efet iva e adequada à real idade soci a l .

AÇÕES:

Abordagem junto a Criança, Adolescente e o Adulto:

Di ferenciar prof issionais que atendam cr ianças/adolescentes de

prof issionais que atendam a população adulta.

Page 21: Curso sas intercessor social

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Estabelecer uma abordagem na re lação suje i to -suje i to na construção

de um objeto de estudo.

Levantamento dos conhecimentos da população em si tuação de

rua/r isco através da própria população através de fóruns.

Cr iar fóruns desta população junto a técnicos e educadores e

discut i ram quais objetos de estudos que estão na rua e no r isco.

Di ferenciar s i tuações de rua e de r isco e quais encaminhamentos que

atendam a cada necessidade. Ex: t rabalhador desempregado, famíl ias

desestruturadas; pessoas com força para t rabalho e nenhuma

qual i f icação prof issional; a lcoól icos em estágio avançado da doença;

pessoas que não tem nenhum vínculo famil iar; famíl ias const i tuídas,

na maior parte, por mãe e f i lhos; pessoas com comportamento ant i -

socia l ; cr ianças e jovens com saúde aparentemente preservada fora

da escola; pessoas idosas e/ou com aparente doença

f ís ica/emocional, entre outros.

Levantamento do que já tem sobre Planejamento Estratégico,

Metodologia e Técnicas na Secretar ia e nas Ent idades.

Capacitação do que é Planejamento Estratégico, Metodologia e

Técnicas.

Expl ic i tação/construção de métodos e metas p ara abordagem da

população em si tuação de rua e formas de aval iação contínua do

resultado e adequação do t rabalho com envolvimento dos usuários.

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PSICODRAMA PÚBLICO “IN LOCO”: INVERSÃO DE PAPÉIS

“Um encontro ent re dois : o lho a o lho, cara a cara.

E quando est iveres per to arrancarei teus o lhos

E os colocarei no lugar dos meus

E tu ar rancarás meu olho

E os colocará no lugar dos teus.

Então te o lharei com teus o lhos

E tu me olharás com os meus”

(J .L. Moreno)

Práxis – onde se buscou uma art iculação viva entre a teor ia e a vida.

Momento da ação-ref lexão, experenciar a inf lexão, exerci tar o

reconhecimento do outro na própria a l ter idade: o psicodrama públ ico em 33

locais, nas diferentes regiões da cidade de São Paulo. Est iveram reunidos

diretores psicodramat istas , técnicos da SAS, educadores das ent idades e

população em si tuação de rua e/ou de r isco.

MEDO:

Contradições que se colocam no grupo: de um lado, o desejo de i r ; de

outro, um certo receio, mas disponíveis; a lguns com vontade de i r a

mais de um lugar, para poder ampl iar a experiência em l idar com a

população em si tuação de rua ou de r isco.

Gerou entre os técnicos muitas discussões em relação ao t rabalho: as

questões pol í t icas envolvidas, a fa l ta de crença na inst i tu ição e nos

projetos, o fato de concordar ou não com algumas ações e não ter voz

at iva para modif icar.

Page 23: Curso sas intercessor social

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DESAFIO:

Insta la-se o drama-conf l i to

Resistências, medos, confusão, inquietação, n inguém conseguiu f icar

indiferente à proposta.

Coerentes com a proposta de buscar novos possíveis forta lecendo as

singular idades e di ferenças, cada local desenvolveu o processo de

acordo com a dinâmica presente.

Foi grande a diversidade e heterogeneidade das si tuações, porém dois

grandes “b locos” podem ser d iscr iminados:

o locais abertos: ruas, praças, parques.Este s locais

proporcionaram contato com os chamados”moradores em

si tuação de rua”, pessoas que de fato usam a rua como casa.

o locais fechados: Nas ent idades o contato com pessoas em

si tuação de r isco, ou seja, por condições de vulnerabi l idade

socia l apresentam problemas como droagadição, desagregação

famil iar, fa l ta de moradia, miséria.

CONVITE À PARTICIPAÇÃO:

Literalmente fomos ao encontro deles em suas “casas”. Algumas vezes a

vis i ta era esperada e neste caso - bem recebida, pois já t inham sido

convidados a part ic ipar.

Na maior ia das vezes aconteceu a surpresa e um grande estranhamento,

pois o convi te não t inha sido fe i to.

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A DIFERENÇA ENTRE TÉCNICOS DA SAS E EDUCADORES DAS

ENTIDADES CONVENIADAS:

A maior ia dos técnicos e educadores compareceram ao psicod rama públ ico,

af inal fo i com o t rabalho deles e através de suas informações que o

encontro fo i possível . As di ferentes posturas entre técnicos da SAS e das

ent idades apareceram com bastante clareza

TÉCNICOS DA SAS t iveram mais d if iculdade na aproximação, muitas

vezes prefer indo f icar na posição de expectador – “v im só olhar” e

a lguns (poucos) casos re je i tando f rancamente a proposta: “não sou

pago para isso”. Outros enf rentaram o medo e com o suporte dos

educadores se envolveram e conseguiram inverter os pa péis. Os

técnicos ta lvez estejam tendo mais di f iculdade em aceitar os próprios

l imites e t rabalhar no seu possível , na sua real potência.

EDUCADORES DAS ENTIDADES revelaram maior proximidade com a

população de rua, pois em seu trabalho na maior ia das veze s o

contato d ireto com a população já se faz cot id ianamente, há algum

tempo. Nem por isso est iveram tota lmente a vontade, pois os

conteúdos discut idos durante o curso e a d i ferença na abordagem,

não deixou ninguém seguro.

A SEMELHANÇA ENTRE TÉCNICOS DE S AS E EDUCADORES DAS

ENTIDADES CONVENIADAS:

Alguns técnicos e educadores ta lvez pouco preparados para l idar de

forma efet iva e t ransformadora com as questões que enf rentam.

Di f iculdade de marcar l imites.

A relação com o “pobre e oprimido” parece ref let i r os modelos

assistencia l istas.

Todos carregam algum t ipo de pobreza e de opressão!

O vocabulár io ut i l izado por a lguns técnicos e educadores não faci l i ta a

comunicação com os albergados, não só pela ut i l ização de palavras

mais sof ist icadas, como também pelo d iscurso longo, um pouco na

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l inha da “pregação” ou “oferta de conselhos”, que lembram os

discursos de mães.

Tem que cumprir uma expectat iva socia l do desempenho da função,

sem poder expressar -se verdadeiramente o que sente na re lação.

Perceberam do quanto é d if íc i l esta re lação de conf iança, quando

desempenham o papel de população em si tuação de rua e optam pela

compreensão e sol idar iedade e quem sabe a part i r d isso, contr ibuição

para elaboração de programas sociais mais ef icazes.

OLHAR DA POPULAÇÃO EM S ITUAÇÃO DE RUA E/OU DE RISCO: A

maior ia das cenas de inversão de papéis mostrou que os técnicos e

educadores são vistos com bastante lucidez pelos moradores. Em

nenhum dos locais houve recusa por parte dos moradores em fazer a

inversão, na maior ia o papel fo i representado com prazer com muitos

depoimentos de “é bom sent ir -se út i l , poder a judar a lguém”.

IDENTIDADE HUMANA É POSSÍVEL A PARTIR DA RELAÇÃO:

Surpresas: do desempenho dos presentes na apresentação de suas

qual idades e habi l idades art íst icas e prod ut ivas de forma espontânea,

que podem ser ut i l izadas dos mesmos enquanto at ividade de inserção

socia l .

A necessidade de uma integração maior por parte dos técnicos com a

população, ou seja, quase nenhum deles conhece esses prof issionais

e sabem pouco das at ividades do dia-dia.

Apesar dos técnicos in ic ia lmente terem mais d if iculdade do que a

população para entrarem na representação de papéis, com o decorrer

das dramat izações fo i possível desconstruír seus papéis, para

poderem co-constru ir o novo papel.

Eles perceberam ao sent i rem a real idade dos moradores nos seus

corpos outras possíveis maneiras de re lacionamento.

É só através da fala – da discussão colet iva – que pode emergir uma

inte l igib i l idade dos comportamentos.

É só dessa forma que surgem conhecime ntos da real idade encobertos

pelo sof r imento.

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O medo do contato pareceu ter s ido desfei to.

Perceber que somos muito mais parecidos do que pensamos

LOCAIS ABERTOS: POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA:

FOCO É FAMILIARIDADE – BUSCA DAS TRIBOS

Nesses locais é notável que o t rabalho é emergencia l , na produção da

sobrevivência.

Os moradores em si tuação de rua têm percepção de sua condição de

marginal izado socia l , valor izam a escuta, mas anseiam o

aprofundamento do olhar para que as estratégias de ação resultem em

prát icas compatíveis com suas manifestações.

Por outro lado denotam: desi lusão, ressent imento, resignação, revol ta

e descrença nos que estão do outro lado e tem lar, famíl ia estruturada

e emprego.

Demonstram desconf iança, mas alguns curtem a oportunidade par a

extravasamento de suas fa las sufocadas nos barracos, buracos,

pontes e viadutos.

Também f icou vis ível o desejo de vol tar ao mundo dos “ incluídos

socia lmente”

Di f iculdade, na maior ia das vezes vista como impossib i l idade, por

terem reje ição à idéia de vol t ar para suas ant igas casas e sof rerem,

em muitos casos, maiores vio lências do que sof rem na praça.

O que os moradores mostraram é que são um grupo, ident if icam -se

entre s i , com suas regras, valores.

São produt ivos, t rabalham “catando l ixo” e recic lando m ater ia l .

O futuro é o presente, o momento do aqui e agora.

Em alguns casos os vínculos são muito fortes entre eles e a lguns se

re lacionam como uma grande famíl ia.

Existe a auto-preservação, embora bastante prejudicada, que no

compart i lhar foram revelados : re je ição famil iar e baixa auto -est ima,

muito acentuada.

A fa l ta de apoio da famíl ia fo i encontrada muitas vezes nos grupos.

LOCAIS FECHADOS: POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RISCO

FOCO É A FAMÍLIA – RESGATAR LAÇOS DE SANGUE/AFETO

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A população fo i convidada ou envolvido no processo ao comparecer à

ent idade para as at ividades normais. È notável que o t rabalho nas

ent idades é processual, na produção da vivência, da vida.

OS ALBERGUES/ABRIGOS

Muitos dos albergados sonham com um emprego, para recuperar a

d ignidade e poder vol tar para a famíl ia.

Sentem-se deslocados e improdut ivos na convivência com os

alcoól icos e drogados.

muitas crít icas, queixas e desencontros, uma relação de grande

desânimo com as propostas de at ividades oferecidas pelo Albergue.

As regras, as at iv idades propostas, são vistas como inadequadas e

fatores de afastamento.

Posturas e desejos que não são compatíveis com a possib i l idade de

acolh imento no âmbito da SAS, pois re ivindicam moradia e não

albergues; querem trabalho e não apenas banho, c omida e

documentos.

Querem l iberdade e não regras discip l inadoras r ígidas.

Preferem a rua na impossibilidade de ter um lar.

OS CEDECA

Presença de muitas mães e famil iares.

Vínculos mais fortes, f ruto de t rabalho contínuo.

Muitas del icadezas e grat idão.

As mães especialmente demonstraram um grande reconhecimento

pelo t rabalho dos educadores e técnicos.

AÇÕES:

Def in ir qual o pr incíp io fundante no atendimento à população para dar

condições para inversão de papéis:

A part i r da re lação suje i to -suje i to; técnicos/educadores-população em

si tuação de rua e/ou de r isco; c idadão -cidadão; tornar -se a referência

fundante da construção dos objetos de estudo, que são suas histór ias,

para possib i l i tar a inversão de papéis. Não há condição de inverter

papéis com objeto de atendimento, esvaziando assim ainda mais a

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condição de ident idade humana. É uma condição histór ica dentre as

prof issões de natureza socia l , como é o Serviço Socia l , perdura o

repasse da lógica convencional da ciência moderna, na qual técnicos

t ransformam sujeitos em objetos de estudo, cat iveiro constante das

ciências socia is, o que di f icul ta uma intervenção efet iva e adequada à

real idade socia l .

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FINAL DE CURSO:

Nas apresentações surgiram relatos emocionados de vár ios técnicos e

educadores, ressaltam a importância do curso, do quanto estão podendo

olhar para si mesmos, se dar conta de seus próprios preconceitos e que

hoje são capazes de entender melhor a população em si tuação de rua e/ou

de r isco e que estão aprendendo a olhar o outro lado e se ques t ionar.

Impl icados pelo conteúdo do curso, podemos dizer que este encontro

fo i uma ação:

- Disrruptiva

- porque rompeu com modos conservadores de t ratar a população;

- Revolucionária

- porque nos lugares onde ocorreram novos desejos foram acionados;

- Feliz

- porque gerou vontade de ampl iar a potência de viver;

- Terapêutica

- porque levou à busca de superação das forças Ressent idas da vít ima

e ao resgate das forças at ivas e cr iat ivas;

- Disparadora

- porque novos f luxos e acontecimentos foram gerados.

PROPOSTA DE NOVAS AÇÔES:

Consideramos que alguns aspectos precisam ser ressaltados como a

cr iação de outros disposi t ivos que possam vir a gerar uma ampl iação

vi r tual , tornando possível novas prát icas inst i tucionais e a formação e

sustentação de uma rede de prát icas ét ico -cidadãs, que possa permit ir a

produção de uma outra subjet ividade e, conseqüentemente, de uma ét ica

que inocenta, a legra e gera a af i rmação da Vida como valor maior.

É preciso cr iar espaços de expressão, pois, o conf isco da palavra é um dos

pr incipais mecanismos de enri jecimento e desorganização inst i tucional.

Estes espaços terão como um dos seus objet ivos, primeiramente, faci l i tar

com que os suje i tos possam discut ir seus pontos de vista e experiências e

compreender-se – o que não ocorre naturalmente: pode -se fa lar para não

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dizer nada, ou fa lar sem a intenção de discut i r ou ser d iscut ido, pode -se,

a inda, escutar sem ouvir . Assim, vai -se em busca de constru ir uma

inte l igib i l idade, favorecendo a sol idar iedade e cooperação.

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GRÁFICO QUALITATIVO OBJETIVO E SUBJ ETIVO DO INTERCESSOR

SOCIAL

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PROPOSTA DOS TÉCNICOS DE SAS E EDUCADORES DAS ENTIDADES

CONVENIADAS:

Os grupos produziram uma enorme quant idade de propostas, todas devem

ser consideradas como vál idas, pois foram gestadas durante o processo e

além da qual idade, revelam a percepção prát ica da realidade.