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CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN GRÁFICO CAROLINA GONÇALVES CALDAS MURILO RAMOS RIBEIRO NADINI MÁDHAVA RIBEIRO GONÇALVES A SERIGRAFIA PARA O DESIGNER Campos dos Goytacazes 2017

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CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN GRÁFICO

CAROLINA GONÇALVES CALDAS

MURILO RAMOS RIBEIRO

NADINI MÁDHAVA RIBEIRO GONÇALVES

A SERIGRAFIA PARA O DESIGNER

Campos dos Goytacazes

2017

CAROLINA GONÇALVES CALDAS

MURILO RAMOS RIBEIRO

NADINI MÁDHAVA RIBEIRO GONÇALVES

A SERIGRAFIA PARA O DESIGNER

Trabalho apresentado ao Instituto Federal deEducação, Ciência e Tecnologia Fluminense comorequisito parcial para a conclusão do CursoSuperior de Tecnologia em Design Gráfico.

Orientador: Alan Rene Neves

CAMPOS DOS GOYTACAZES

2017

Biblioteca Anton DakitschCIP - Catalogação na Publicação

Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Biblioteca Anton Dakitsch do IFF com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

C145sCaldas, Carolina Gonçalves A Serigrafia Como Método De Impressão Para O Designer / CarolinaGonçalves Caldas, Murilo Ramos Ribeiro Fonseca, Nadini MádhavaRibeiro Gonçalves - 2017. 49 f.: il. color.

Orientador: Alan Rene Neves

Trabalho de conclusão de curso (graduação) -- Instituto Federal deEducação, Ciência e Tecnologia Fluminense, Campus Campos Centro,Curso de Superior de Tecnologia em Design Gráfico, Campos dosGoytacazes, RJ, 2017. Referências: f. 48 a 49.

1. Serigrafia. 2. Quadricromia. 3. Impressão. 4. Design. I. Fonseca,Murilo Ramos Ribeiro. II. Gonçalves, Nadini Mádhava Ribeiro. III. Neves,Alan Rene, orient. IV. Título.

CAROLINA GONÇALVES CALDAS

MURILO RAMOS RIBEIRO

NADINI MÁDHAVA RIBEIRO GONÇALVES

A SERIGRAFIA PARA O DESIGNER

Trabalho apresentado ao Instituto Federal deEducação, Ciência e Tecnologia Fluminense comorequisito parcial para a conclusão do CursoSuperior de Tecnologia em Design Gráfico.

Aprovados em 17 de Julho de 2017

Banca Avaliadora:

……………………………………………………………………………………

Prof. Alan Rene Lopes Neves (orientador) Especialista em Gestão, Design e Marketing/IFF

Instituto Federal Fluminense, Câmpus Campos-Centro

……………………………………………………………………………………

Prof. Joelma Alves de Oliveira (examinadora) Especialista em Gestão, Design e Marketing/IFF

Instituto Federal Fluminense, Câmpus Campos-Centro

……………………………………………………………………………………

Prof. Me. Leonardo de Vasconcellos Silva (examinador) Mestre em Planejamento Regional e Gestão de Cidades/UCAM

Instituto Federal Fluminense, Câmpus Campos-Centro

DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado para aqueles que desejam enriquecer seus

conhecimentos no mundo da serigrafia, aumentando a quantidade de material disponível

e filtrando informações importantes. Não só dedicamos ao que deste projeto precisarem,

como também agradecemos por recorrer a nós e desejamos uma boa caminhada neste

processo.

AGRADECIMENTO

Agradecemos ao apoio de todos aqueles que contribuíram de alguma forma para a

melhor formação deste trabalho, direta ou indiretamente.

RESUMO

Este projeto apresenta a serigrafia como técnica de impressão alternativa,

descrevendo-a e demonstrando o seu uso na técnica da quadricromia (impressão que se

utiliza das cores ciano, magenta, amarelo e preto para a formação de outras cores),

mostrando suas possibilidades de uso e resultado final em impressão em papel e tecido.

Palavras-chave: Serigrafia; Quadricromia; Impressão; Design.

ABSTRACT

This project presents the screen printing technique as an alternative printing

method, describing it and demonstrating its use within the CMYK printing methode

(technique that uses the colors cyan, magenta, yellow and black to produce other colors),

showing its possibilities of use and final result.

Keywords: Silk screen; CMYK Method; Printing, Design.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Quadro em Serigrafia de Andy Warhol.……………………………………16

Figura 2 – Quadro em Serigrafia de Danísio del Santo…...………………………….17

Figura 3 – Serigrafia em Acrílicos……………...…………..………………….………..18

Figura 4 – Serigrafia em Cerâmica……...………………………………………..…….18

Figura 5 – Serigrafia em Lona PVC…………………………………………………….18

Figura 6 – Serigrafia em Madeira…………………..…………………………………...19

Figura 7 – Serigrafia em TNT………….………………………………………………...19

Figura 8 – Moldura de Madeira………………………………………………………….20

Figura 9 – Moldura de Alumínio………….……………………………………………...20

Figura 10 – Exemplos de Nylon……………..…………………………………………..22

Figura 11 – Rodos Para Serigrafia…….………………………………………………..22

Figura 12 – Exemplo de Bicromato…..…………………………………………………23

Figura 13 – Exemplo de Diazo……………………………….………………………….24

Figura 14 – Exemplo de Estêncil………………………………………………………..26

Figura 15 – Método da Emulsão Fotográfica...………………………………………..27

Figura 16 – Emulsão e Sensibilizante…………………………………………..………28

Figura 17 – Mesa de Revelação Serigráfica…………………..……………………….28

Figura 18 – Mesa de Revelação Serigráfica 2………………..……………………….29

Figura 19 – Mesa de Revelação UV…………………………..……………………….29

Figura 20 – Ilustração de Matriz Sendo Desengordurada…...……………………….30

Figura 21 – Ilustração de Tela Sendo Emulsificada...………..……………………….30

Figura 22 – Telas na Mesa de Revelação Serigráfica………..……………………….31

Figura 23 – Exemplificação da Impressão Serigráfica com Cores Chapadas.…….32

Figura 24 – Separação de Cores CMYK…..…………………..……………………….33

Figura 25 – Exemplo de Metodologia…...……………..……………………………….35

Figura 26 – Trabalho da LEVINE/LEAVITT..…………………..……………………….36

Figura 27 – Trabalho de Davy Le Chevance...………………..……………………….37

Figura 28 – Trabalho de Konrad Kirpluk…………………..……..…………………….38

Figura 29 – Trabalho de Sangho Bang…………………..……………………………..39

Figura 30 – Separação de cores em CMYK para os fotolitos……….……………….40

Figura 31 – Fotolito CIANO……………………………………..……………………….41

Figura 32 – Mesa de Revelação SerigráficaTela CIANO..…..……………………….41

Figura 33 – Tintas Para Quadricromia……..…………………..……………………….42

Figura 34 – Rodo de Poliuretano…………………..………………………..………….43

Figura 35 – Exemplo de Quadricromia Aplicação Tela por Tela.…………………….43

Figura 36 – Exemplo de Quadricromia Camada por Camada……………………….44

Figura 37 – Primeira Tentativa De Impressão…………………….……………………….45

Figura 38 – Impressão Com Ordem Invertida….……………..……………………….46

Figura 39 – Impressão Com Ordem Invertida Em Outro Tecido…………………….47

Figura 40 – Impressão Feita Em Papel…………..…………………………………….48

Figura 41 – Impressão Somente do Ciano………..…………..……………………….48

Figura 42 – Aplicação do Magenta na Impressão…………....……………………….49

Figura 43 – Finalização da Primeira Tentativa………………..……………………….49

Figura 44 – Primeira Tentativa da Inversão de Cores………..……………………….50

LISTA DE SIGLAS

ADG – Associação dos Designers Gráficos

Sumário

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................132 A SERIGRAFIA.................................................................................................................14

2.1 O Que É?...................................................................................................................142.2 História......................................................................................................................152.3 O Uso Da Serigrafia No Meio Artístico..................................................................162.4 Vantagens Da Serigrafia.........................................................................................172.5 Áreas De Aplicação Da Serigrafia..........................................................................18Figura 3: Serigrafia em Acrílicos..................................................................................182.6 Materiais...................................................................................................................19

2.6.1 Quadros.............................................................................................................192.6.2 Malhas...............................................................................................................202.6.3 Rodo ou puxador..............................................................................................222.6.4 Emulsão.............................................................................................................232.6.5 Tintas.................................................................................................................24

2.7 Processos.................................................................................................................262.7.1 Tipos de processos existentes.......................................................................262.7.2 O método da emulsão fotográfica..................................................................27

2.8 Tipos De Impressão.................................................................................................323. ILUSTRAÇÃO..................................................................................................................334. DESIGNERS ILUSTRADORES......................................................................................35

4.1 LEVINE/LEAVITT......................................................................................................364.2 DAVY LE CHEVANCE...............................................................................................374.3 KONRAD KIRPLUK..................................................................................................384.4 SANGHO BANG.......................................................................................................39

5. PROCESSO.....................................................................................................................406. CONCLUSÃO..................................................................................................................50REFERÊNCIAS...................................................................................................................52

13

1 INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos, os processos de impressão vêm se desenvolvendo cada

vez mais, trazendo novas tecnologias que permitem alta qualidade de impressão,

novas técnicas para acabamentos e substratos cada vez mais variados. Não ficando

para trás, a Serigrafia conta sempre com uma quantidade crescente de tintas,

maquinário e aplicações – ainda assim, sempre mantendo sua essência.

Como profissional do Design Gráfico, é importante sempre manter-se

atualizado sobre os processos de produção gráfica e de suas variadas técnicas a fim

de compreender qual processo trará mais qualidade com melhor custo-benefício

para os clientes e para os projetos. Assim, dentre os variados processos de

impressão estudados ao longo do curso, a serigrafia foi escolhida para este trabalho

visando aprofundar os conhecimentos e despertar o interesse de outros designers

para o uso desta técnica.

Em geral, designers têm o costume de fazer uma pesquisa para a elaboração

de seus trabalhos a fim de sempre criá-los em cima de determinado conceito. Para o

design de estampas não é muito diferente: Há uma grande importância na hora da

criação das ilustrações. Escolhido o tema, deve-se fazer uma pesquisa aprofundada

daquele assunto, entendendo suas origens e características principais para que

cada estampa seja única, mas, ainda assim, representando um único tema.

Segundo a ADG, o design gráfico “[…] é um processo técnico e criativo

utilizando-se de imagens e textos para transmitir ideias, mensagens e conceitos,

com objetivos comerciais ou de fundo social”.

Para a elaboração de estampas, é importante saber equilibrar design, arte e

moda, pois ainda que sejam segmentos diferentes estão firmemente entrelaçados.

Um bom design, ou seja, um design com conceito bem embasado, e que consiga se

unir a arte poderá facilmente agradar ao público. Com isso, basta aplicá-lo na

indústria da moda através de padrões e estampas. Com a junção dos três, haverá

fortalecimento da identidade da marca. A escolha dos elementos e símbolos da

composição deverá ser baseada na temática, representando-a através das cores,

tons, formas, etc.

14

O objetivo do trabalho será expandir os conhecimentos adquiridos na

disciplina optativa ministrada no curso superior em Design Gráfico no Instituto

Federal Fluminense. A técnica de impressão serigráfica foi escolhida por já ter sido

apresentada no curso e por ter uma grande variedade de substratos a ser aplicada,

gerando uma grande gama de possibilidades a serem aproveitadas como designer.

A fim de expandir os conhecimentos adquiridos em sala de aula sobre a técnica de

impressão, aprofundando-se em técnicas diferenciadas do que já havia sido

estudado. Com aulas focadas na estampa de imagens monocromáticas, aqui será

estudado e apresentado o processo da quadricromia, usado para atingir estampas

mais detalhadas e com maior variação de cor, analisando e explicando seu processo

completo, desde a separação de cores para geração de fotolitos até a impressão

final. O processo será estudado com propriedade, de forma que sua apresentação

seja simplificada, dando as instruções para a produção de uma estampa e passando

conhecimentos sobre a serigrafia e suas possibilidades.

Quadricromia é o nome dado a técnica de impressão em quatro cores

utilizando o sistema CMYK (ciano, magenta, amarelo e preto). Isto resulta em quatro

matrizes de impressão (uma para cada cor), que, quando impressas umas sobre as

outras, reproduzem todas as cores da imagem original.

2 A SERIGRAFIA

2.1 O Que É?

A serigrafia é um processo permeográfico dentre os vários processos de

produção gráfica existentes. Como Villas-Boas descreve, é um processo:

[…] que utiliza telas (em geral de poliéster ou de náilon) comomatrizes. Cada cor impressa significa uma tinta e uma tela diferentes – oque significa dizer que cada cor representa uma nova impressão. (VILLAS-BOAS, 2010, p. 85)

De acordo com a Agabê, famosa fabricante de materiais serigráficos, temos

duas formas de reproduzir uma cor: pelas cores chapadas, fazendo uma mistura

física entre as cores para alcançar o tom desejado, ou através da Quadricromia.

Na impressão de cores chapadas, para cada cor é realizada umaimpressão. Se uma certa arte tem 10 cores, serão 10 impressões distintas.

15

As desvantagens são o tempo elevado para a conclusão do trabalho (se onúmero de cores for elevado), assim como a necessidade de uma maiorprecisão de registro. A grande vantagem é que podemos imprimir sobre ummaterial de qualquer cor (até mesmo o preto), pois as tintas usadas sãoopacas (não confundir com fosca), isto é, não são transparentes. (AGABÊ,[20--])

Através da Quadricromia, é possível reproduzir com extrema fidelidade

qualquer cor ou tonalidade através de uma ilusão de ótica conhecida no processo de

impressão CMYK e muito utilizado nas demais vertentes da produção gráfica, onde

são geradas pequenas retículas com as cores ciano, magenta, amarelo e preto que

a certa distância dos olhos se “misturam” e geram determinada combinação de

cores. Essas tintas são transparentes e precisam ser impressas em fundo de base

branca (portanto, para fins da serigrafia onde se quer imprimir em fundo de outra cor,

é necessário criar uma base branca antes da aplicação das tintas). Com base nos

dados fornecidos pelos artigos da Agabê, serão estudados os parâmetros e variáveis

para a preparação dos fotolitos (positivos) e das matrizes (telas) para uma

impressão de quadricromia de qualidade na serigrafia.

2.2 História

Segundo Lopes e Oliveira (2006), os primeiros sinais de expressão gráficas

usadas como reprodução vieram dos Pirineus, ainda nas cavernas. Este foi o

primeiro marco da história da gravura, dentro da qual insere-se a serigrafia. As

gravuras eram de mãos impressas nas cores ocre, vermelho e preto, e o processo

pode ser comparado ao da serigrafia. Na serigrafia, há uma área da tela por onde a

tinta não passa, e podemos considerar que essa área é um bloqueio. Já na época

das cavernas, o “bloqueio” utilizado eram as mãos, onde jatos de terra colorida eram

lançados contra a parede. Ao contrário da serigrafia, o resultado final era um

negativo da mão, que quando retirada, deixava sua marca sem tinta na parede.

Há também relatos dos egípcios, “usaram máscaras vazadas em papiro para

ornamentar seus ambientes, bem como para a comunicação ligada à imagem”.

(LOPES; OLIVEIRA, 2006)

Ainda segundo Lopes e Oliveira (2006), no Japão era utilizado “cabelo

humano ou fios de seda para unir os bordos de dois papéis quando um deles era

16

usado como uma ilha”. A impressão era feita utilizando um pincel, e a cor passava

através dessas “ilhas”.

Foi somente nos Estados Unidos que começaram a utilizar a serigrafia mais

próxima de como ela é conhecida hoje. Na Primeira Guerra Mundial houve aplicação

em larga escala desse processo, criando-se o processo de película fotográfica. A

qualidade era menor que a da tipografia e a da litografia, mas houve grande

emprego da técnica no comércio. Depois foi criada a película por recorte, gerando

grande crescimento da serigrafia e gerando uma indústria que trabalhava na

produção de tintas especiais para ela. Mais tarde, nos anos 30, virou popular no

meio artístico por possuir baixo custo para produção, sendo ainda mais aceita mais

tarde, nos anos 50, sendo amplamente utilizada em diversas vertentes, incluindo o

Pop Art. (LOPES; OLIVEIRA, 2006)

2.3 O Uso Da Serigrafia No Meio Artístico

A Serigrafia foi e ainda é muito utilizada por diversos artistas no meio

artístico. Como já citado, na década de 50 houve grande popularização da

serigrafia com o Pop Art, tendo como um dos artistas mais conhecidos o Andy

Warhol. Sua obra mais famosa é o quadro da atriz Marilyn Monroe (FIG 1), onde

ele aplicou as técnicas da serigrafia.

Figura 1: Quadro em Serigrafia de Andy Warhol

Fonte: Site Pinturas em Tela1

1 Disponível em: <http://www.pinturasemtela.com.br/andy-warhol-pintor-da-pop-art/> Acesso

17

No Brasil, temos Dionísio Del Santo, artista plástico que realizou diversos

trabalhos em Xilogravura e Serigrafia (FIG 2). Costuma criar obras dedicadas à

arte abstrata desde a metade da década de 1960.

Figura 2: Quadro em Serigrafia de Danísio del Santo

Fonte: Site Letra e Fel2

2.4 Vantagens Da Serigrafia

Uchimura (2007, p.3) cita vantagens técnicas da serigrafia, como a

possibilidade de se produzir em diversos materiais, como “algodão, fibras sintéticas,

madeira, metais, plásticos, vidro, cerâmica, placas de circuito impresso, etc”. Além

disso, ela não é impressa somente em superfícies planas, “mas também em

materiais curvados como garrafas, balões, utensílios domésticos, etc”. Além disso,

para produções em média ou grande escala, seu custo é menor do que o de outras

técnicas como a sublimação ou impressão de jato de tinta.

Neste projeto, será dada continuidade aos estudos iniciados em aula e a

estampa final será feita em tecido, pois a tinta produzida para o processo de

quadricromia possui o tecido como finalidade.

em Ago. 20172 Disponível em: <http://www.letraefel.com/2015/05/dionisio-del-santo-artista-plastico-e.html> Acesso Ago. 2017

18

2.5 Áreas De Aplicação Da Serigrafia

Neste tópico, serão apresentados alguns dos diversos tipos de materiais

onde a serigrafia pode ser aplicada. Dentre eles há o acrílico (FIG 3), a cerâmica

(FIG 4), Lona PVC (FIG 5), Madeira (FIG 6), TNT (FIC 7), etc.

Figura 3: Serigrafia em Acrílicos

Fonte: Site JV Acrílicos3

Figura 4: Serigrafia em Cerâmica

Fonte: Site Acácia Azevedo4

Figura 5: Serigrafia em Lona PVC

Fonte: Site Planeta Sign5

3 Disponível em: <http://jvacrilicos.com/portfolio/serigrafia-acrilico/> Acesso em Ago. 20174 Disponível em: <http://acaciaazevedo.blogspot.com.br/2014/07/workshop-de-serigrafia-em- ceramica.html> Acesso em Ago. 20175 Disponível em: <http://www.planetsign.com.br/comunicacao-visual/placa-pvc.asp> Acesso em Ago. 2017

19

Figura 6: Serigrafia em Madeira

Fonte: Site Fremplast Tintas6

Figura 7: Serigrafia em TNT

Fonte: Site Ápice Brindes e Propagandas7

2.6 Materiais

2.6.1 Quadros

Listados por Lopes e Oliveira (2006), há três tipos de quadros que podem ser

utilizados na serigrafia: O de madeira, o de alumínio e o de ferro.

O de madeira (FIG 8) é o mais utilizado devido ao seu baixo custo. Devido às

suas características, a madeira sofre deformações quando em contato com líquidos,

além de ficar mais frágil. Para não prejudicar o trabalho, é recomendado que se

impermeabilize o quadro com uma laca especial, preservando-o por mais tempo.

Já o quadro de alumínio (FIG 9) não apresenta esse problema pois ele possui

alta resistência a produtos químicos. Além de ser leve, tem ótimo resultado nos

trabalhos, compensando seu custo elevado.

Por último, há os quadros de ferro. Por ele ser mais pesado, sua estabilidade

dimensional é maior, porém precisa de pintura para evitar oxidação, além do custo

ser elevado.

6 Disponível em: <http://fremplast.com.br/serigrafia-em-madeira-uma-criativa-opcao-de-decoracao/> Acesso em Ago. 20177 Disponível em: <http://www.apicebrindes.com.br/product.php?id_product=37> Acesso em Ago. 2017

20

Figura 8: Moldura de Madeira

Fonte: Site Mercado Livre8

Figura 9: Moldura de Alumínio

Fonte: Site Framex9

2.6.2 Malhas

Com base em Lopes e Oliveira (2006), devemos ter em mente que a escolha

da malha é importante para o trabalho a ser realizado, pois cada uma tem suas

próprias características. Temos como escolha a seda, o nylon, o poliéster e a malha

metálica.

8 Disponível em: <http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-849915078-6-quadros-de-madeira- 30x40-para-tela-silk-screen-serigrafia-_JM> Acesso em Ago. 20179 Disponível em: <http://www.framex.com.br/site/item.php?id=56> Acesso em Ago. 2017

21

A seda possui baixa resistência a tensões. Em compensação, tem boa

resistência a solventes, com exceção da soda cáustica e a água com temperatura

acima de 60°C.

Além de possuir boa resistência a solventes, o nylon resiste também a

abrasões, tensões e a umidade, e é o tecido mais usado na serigrafia.

O poliéster é semelhante ao nylon, porém com melhor estabilidade

dimensional, mais resistência a tensão e umidade.

Já a malha metálica é utilizada em impressões industriais quentes, onde a

tela tem que ficar aquecida durante a impressão, e na impressão de circuitos

impressos, feitas com fios de aço e inox, ou liga de fósforo e bronze. A limpeza

dessas telas são feitas com soda cáustica.

As malhas podem ter três tipos de fio: Fio S, Fio T ou Fio HD.

O Fio S (ou fio fino) possui maior definição e baixa passagem de tinta. É muito

utilizado em quadricromia e impressões de alta definição, porém apresenta baixa

resistência.

O Fio “T” (ou fio médio) é o que possui o mais uso na serigrafia, pois

apresenta uma boa passagem de tinta e boa definição.

Já o Fio “HD” (ou fio grosso) é o fio de maior resistência e possui a maior

passagem de tinta, porém é o que apresenta menor definição.

O termo Lineatura da Malha significa o número de fios por cm² para nylon ou

poliéster. Abaixo, com base no explicado por Lopes e Oliveira (2006), serão listadas

as lineaturas desses materiais e para que são indicadas:

• 34 a 49T: Tecidos grossos

• 49 a 77 T: Superfícies grossas e absorventes, madeira, bandeiras etc.

• 77 a 100T: Letras grandes, tintas com pigmentos grossos.

• 100 a 120T: Retículas até 20 linhas, letras finas, detalhes.

• 120 a 200T: Retículas finas, impressão detalhada, depósito reduzido de

tinta.

As malhas podem ser nas cores branca, amarela, laranja ou vermelha. (FIG

10) As malhas coloridas permitem maior tempo de exposição sem afetar a definição

22

das matrizes e deixam elas mais resistentes, mas não são muito utilizadas devido ao

alto custo.

Figura 10: Exemplos de Nylon

Fonte: Site Alibaba10

2.6.3 Rodo ou puxador

Lopes e Oliveira (2006) citam que o rodo (FIG 11) é o objeto usado para

deslocar a tinta sobre a tela, e está disponível nos seguintes materiais:

Figura 11: Rodos Para Serigrafia

Fonte: Site Framex11

10 Disponível em: <https://turkish.alibaba.com/product-detail/jiamei-factory-offer-110-mesh-polyester-screen-printing-mesh-fabric-polyester-mesh-fabric-for-sale-60035160262.html> Acesso em Ago. 201711 Disponível em: <http://www.framex.com.br/site/item.php?id=71> Acesso em Ago. 2017

23

• Poliuretano: Possui ótima resistência mecânica e química, Não precisa

ser lixado. Possui custo elevado.

• Borracha Sintética: Resistência boa aos solventes. Assim mesmo,

precisa ser lixado. Apresenta custo médio.

• Borracha Natural: Possui baixa resistência mecânica e aos solventes.

Precisa ser lixado constantemente. Apresenta custo reduzido.

2.6.4 Emulsão

A emulsão fotográfica é classificada como

[…] um produto especial de consistência viscosa, desenvolvidaespecialmente para gravar o desenho do diapositivo (fotolito) na matrizserigráfica. Essa emulsão tem a característica de ficar insolúvel em águaquando exposta à luz e de se manter solúvel em áreas não expostas. É issoque permite a gravação do desenho. Após ser exposta à luz, quandomolhada, a emulsão se desprende da tela nos lugares onde se forma odesenho, possibilitando assim a reprodução da imagem. (LOPES;OLIVEIRA, 2006, p. 4)

Lopes e Oliveira (2006) também citam que dois tipos de emulsão: uma para

trabalhos em que a tinta é solúvel em água e outra para quando a tinta for solúvel

em solvente. Antes de aplicada na tela, a emulsão deve ser preparada com um

produto que lhe dará a sensibilidade à luz, podendo ser o bicromato (FIG 12) ou o

diazo (FIG 13).

Figura 12: Exemplo de Bicromato

Fonte: Site Mercado Livre12

12 Disponível em: <https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-849776456-sensibilizante-bicromato- serigrafia-silk-screen-estamparia-_JM> Acesso em Ago. 2017

24

Figura 13: Exemplo de Diazo

Fonte: Agabê13

O diazo em geral produz melhores resultados em termos de resistência e

armazenamento, já que uma tela emulsionada em diazo pode ser armazenada por

até três semanas em ambientes escuros. Sua desvantagem é a necessidade de

uma mesa com luz UV para a revelação, já que alguns profissionais utilizam mesas

de luz branca. O bicromato é a escolha mais comum, no entanto, pelo seu preço

reduzido e facilidade de revelação em mesas com luzes menos potentes, como a de

luz branca; tendo como contra o fato de não poder ser armazenado e ser mais

sensível a luz natural e ao calor.

2.6.5 Tintas

Há no mercado, diversas tintas para a serigrafia. As tintas com efeito

diferenciado são chamadas de “tintas especiais”. Para este projeto, já que seu foco

está voltado para a estampa em tecido, serão listadas as tintas existentes para este

processo, listadas por Lopes e Oliveira (2006) e resumidas para o trabalho.

• Clear: Tinta à base d’água para tecidos claros com composição 100%

algodão. Não permite cobertura em tecidos escuros nem com repiques. O clear

consiste em uma base incolor para pigmentação de no máximo 4% do pigmento,

pois excesso de pigmentação pode acarretar em desbotamento da estampa ou até

descascar a tinta do tecido.

• Clear Cromia: Tinta usada para quadricromia, que consiste em quatro

cores com uma sequência universal de aplicação pela ordem amarelo, magenta,

13 Disponível em: <http://www.agabe.com/suporte-tecnico/manual-agabe> Acesso em Ago. 2017

25

ciano e preto. Essas quatro cores irão resultar em todas as outras cores. Deve ser

aplicada em tecido branco para obter o resultado. Quando aplicado em tecidos

escuros é necessário estampar o fundo em branco, e depois as tintas de Cromia,

com pigmentação de no máximo 3%.

• Mix: Tinta à base d’água para tecidos 100% algodão e mistos. Sua

composição permite uma cobertura razoável em tecidos escuros, com a

necessidade de repiques. Por sua consistência é necessária uma porcentagem

maior de pigmentação para atingir a cor desejada, de no máximo 8%.

• Branco Super: Tinta pronta com alto poder de cobertura para tecidos

escuros. Pode ser usada para dar fundos em estampas e rebaixar tons de outras

cores através de mistura.

• Puff: Tinta expansiva através de aquecimento, formando impressão em

alto-relevo. Pode ser aplicada em tecidos 100% algodão ou mistos, mas recomenda-

se que nestes seja feito um teste prévio. A pigmentação do puff transparente deve

ser de até 5%.

• Perolado: Tinta que tem como principal característica seu acabamento

metalizado, disponível na cor ouro, prata e também incolor, possibilitando sua

pigmentação para que se obtenham outras cores metalizadas. Pode ser usada em

tecidos claros e escuros. Recomenda-se teste prévio em tecidos mistos ou

sintéticos.

• Plastisol: Tinta derivada de resina PVC e plastificantes, isentos de

solventes, água ou outros produtos que evaporam. Possui aproximadamente 99%

de partes não voláteis. Não seca à temperatura ambiente, por isso não é necessária

a limpeza da matriz em horas paradas. A secagem da tinta deve ser feita

primeiramente com Flash Cure ou outra fonte de calor. Em seguida, deve ser

colocada em estufa à temperatura. Pode ser aplicada em tecidos de algodão,

sintéticos ou mistos.

26

2.7 Processos

2.7.1 Tipos de processos existentes

Uchimura (2007) cita três tipos de processo para revelação da tela: O método

do estêncil de papel, o método da impermeabilização manual da matriz (método do

negativo) e o método da emulsão fotográfica.

O método do estêncil (FIG 14) é dito como o mais fácil, rápido e econômico

para iniciantes fazerem suas próprias matrizes. É feito um estêncil em papel jornal

ou papel manteiga, onde mais tarde a tinta será aplicada.

Figura 14: Exemplo de Estêncil

Fonte: Lojas KD14

Já no método da impermeabilização manual, a imagem a ser impressa é

desenhada em negativo com material impermeável, deixando abertas as áreas que

compõem a arte final.

Por último, temos o método da emulsão fotográfica (FIG 15). Este é o método

utilizado pelo mercado atual de serigrafia e é também o método escolhido a ser

trabalhado neste projeto, pois oferece maior gama de possibilidades. Nele, é

14 Disponível em: <https://www.lojaskd.com.br/blog/como-pintar-usando-estencil/> Acesso em Ago. 2017

27

possível a impressão de ilustrações com linhas muito finas, várias técnicas de

tipografia ou caligrafia manual, além de fotografias positivas em tons de cinza.

Figura 15: Método da Emulsão Fotográfica

Fonte: Site AIC15

2.7.2 O método da emulsão fotográfica

Por ser o método escolhido para o projeto, será o único método apresentado

com a explicação completa de como executá-lo. Para isso, ainda baseando-se em

Uchimura (2007), será necessário uma matriz revestida com emulsão fotossensível,

o positivo de uma fotografia ou imagem (impresso em papel transparente ou vegetal)

e uma fonte de luz que será responsável pela transferência da imagem do positivo

para a matriz. A fonte de luz deverá ser de luz branca ou ultravioleta dependendo do

tipo de sensibilizante usado na emulsão.

Todo o processo é feito através de uma emulsão fotossensível. No mercado,

há diversos produtos para a fabricação de emulsões. Essa emulsão pode ser feita

de maneira caseira ou pode ser comprada, tendo que ser escolhido se será a base

d'água ou de solvente. (FIG 16)

15 Disponível em: <http://aic.org.br/ead/noticias/como-criar-uma-serigrafia-caseira/> Acesso em Ago. 2017

28

Figura 16: Emulsão e Sensibilizante

Fonte: Site Dori Tintas.16

O próximo passo do processo é misturar a emulsão com o sensibilizante. Na

maioria dos casos, mistura-se uma proporção de 90% de emulsão para 10% de

sensibilizante. Quando essa mistura é exposta a uma fonte de luz branca (FIG 17 e

18) ou uv (FIG 19) (a escolher de acordo com o sensibilizante escolhido conforme

descrito no tópico de materiais), ocorre a coagulação e o endurecimento dessa

mistura. Esta fonte de luz vem da mesa de revelação serigráfica.

Figura 17: Mesa de Revelação Serigráfica

Fonte: Site Decoplast17

16 Disponível em: <https://www.doritintas.com/emulsao-> Acesso em Jun. 201717 Disponível em: <http://www.decoplastbelem.com/maq01.html> Acesso em Jun. 2017

29

Figura 18: Mesa de Revelação Serigráfica 2

Fonte: Site Silksmaq18

Figura 19: Mesa de Revelação UV

Fonte: Mercado Livre19

18 Disponível em: <http://silksmaq.com.br/produto/mini-gravadora-de-tela-serigrafica-80x60-sem- vidro> Acesso em Ago. 201719 Disponível em: <http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-749468749-gravadora-de-telas- serigrafia-a-vacuo-sistema-uv-_JM> Acesso em Ago. 2017

30

É importante que ao preparar a tela a mesma seja lavada (FIG 20), pois se o

nylon conter gordura ou sujeira a impressão final será prejudicada pois ele não

absorverá a emulsão em toda a tela.

Figura 20: Ilustração de Matriz Sendo Desengordurada

Fonte: Dossiê Técnico: Serigrafia (UCHIMURA, 2007, p.17)20

A emulsão previamente misturada com o sensibilizante deve ser aplicado na

tela seca (FIG 21). Se possível, o ambiente deve ser escuro ou iluminado nas cores

vermelha ou amarela. A área deve ser coberta de maneira uniforme e a camada de

emulsão não deve ser muito grossa.

Figura 21: Ilustração de Tela Sendo Emulsificada

Fonte: Dossiê Técnico: Serigrafia (UCHIMURA, 2007, p.17)21

20 Disponível em: <http://www.respostatecnica.org.br/dossie-tecnico/downloadsDT/MTY3> Acesso em Jun. 201721 Disponível em: <http://www.respostatecnica.org.br/dossie-tecnico/downloadsDT/MTY3> Acesso em Jun. 2017

31

A matriz deve estar seca para o próximo passo, mas não deve-se utilizar uma

fonte de calor com temperatura muito elevada.

Para a revelação, coloca-se a imagem a ser revelada (fotolito gerado em

papel vegetal ou acetato) sobre a mesa reveladora (FIG 22), e a matriz previamente

emplastrada com a emulsão fotossensível já seca sobre o fotolito. Em cima da

matriz, deve-se tapar com tecido ou papel de cor escura para impedir a saída de luz

e colocar pesos sobre o mesmo.

Quando a mesa for acesa, os pontos com a imagem do fotolito não terão sido

atingidos pela luz, enquanto os pontos ao seu redor serão. A emulsão se endurece e

torna a matriz impermeável onde houve iluminação. O resultado final é que, após a

aplicação de luz sobre a emulsão fotográfica, transfere-se uma imagem negativa do

diapositivo para a matriz.

Figura 22: Telas na Mesa de Revelação Serigráfica

Fonte: Estamparia MZ22

22 Disponível em: <http://www.imgrum.org/media/949263794756793953_1429106932> Acesso em Jun. 2017

32

Cada mesa de revelação possui o seu tempo específico que varia de acordo

com as luzes usadas e a distância da lâmpada em relação a matriz. Após o tempo

da mesa usada, deve-se lavar os dois lados da tela com um jato d'água

relativamente forte, dessa forma, a parte da emulsão que não teve contato com a luz

sairá da tela, que estará com a imagem final em negativo. Após a tela secar

naturalmente ou com o auxílio de um secador, a matriz deve passar por uma

inspeção. Nessa inspeção, deve-se verificar se há falhas na ilustração original, que

serão cobertas com um pincel coberto com a mesma emulsão sensível a luz.

2.8 Tipos De Impressão

Na serigrafia, podemos dividir o processo em diferentes tipos. Um deles é o

processo mais básico da serigrafia, feito com cores chapadas onde cada matriz é

feita para uma cor, enquanto o outro processo é feito utilizando o processo de

impressão CMYK, onde cada matriz produzida representará uma cor do CMYK.

No processo de cores chapadas (FIG 23), o número de telas variará com o

número de cores presentes na estampa. Além disso, ele não poderá reproduzir

qualquer imagem – uma fotografia, por exemplo, não pode ser reproduzida através

de cores chapadas.

Figura 23: Exemplificação da Impressão Serigráfica com Cores Chapadas

Fonte: Design de Camisetas. (2015)23

23 Disponível em: <http://designdecamisetas.blogspot.com.br/2015/05/policromia-x-cor-solida.html>

33

Já no processo CMYK, conhecido como quadricromia (FIG 24), o número de

telas será sempre o mesmo (quatro) e qualquer imagem poderá ser reproduzida,

incluindo fotografias e imagens altamente detalhadas.

Figura 24: Separação de Cores CMYK

Fonte: Cardquali (2012)24

Para este projeto foi escolhido o método de impressão da quadricromia, pois

com ele seria possível demonstrar uma gama maior de possibilidades de impressão

através da serigrafia. As cores chapadas não trariam a inovação desejada para o

projeto e deixaria de cobrir aspectos da serigrafia importantes para despertar o

interesse do público para este método de impressão, trazendo um novo grau de

complexidade dentro da área.

3. ILUSTRAÇÃO

O melhor meio encontrado para reproduzir a técnica da quadricromia foi

através da escolha de uma ilustração, pois assim haveria maior quantidade de cores

e detalhes presentes na imagem que trariam a possibilidade de alcançar os objetivos

Acesso em Abr. 201724 Disponível em: <https://cardquali.com/policromia-imprimindo-mundo-quatro-cores/> Acesso em Abr. 2017

34

quanto à demonstração da técnica. Imagens chapadas ou com poucos detalhes não

seriam o suficiente para comprovar os tópicos ressaltados pelo projeto quanto a

grande gama de possibilidades que a serigrafia apresenta.

A ilustração, apesar de ser um trabalho já antigo, ainda é mal compreendida.

Como o design, ela sofre com um mercado de trabalho que ainda pouco

compreende sua importância e suas necessidades.

A ilustração é um tema ainda controverso. Talvez por falta de

compreensão real da sociedade, de muitos profissionais e também do

mercado, a ilustração muitas vezes sofre consequências ao não ser

adequadamente enquadrada em atividades como a artística, comercial ou

industrial. (SILVA; NAKATA, 2016)

O designer cedeu ao uso de computadores e novas tecnologias bem mais

cedo que o ilustrador, ainda por volta de 1984, quando a Apple lançou o primeiro

Macintosh. Como Bezerra (201-) explica, diferente do designer, o ilustrador não tinha

acesso tão fácil ao computador por motivos financeiros. Enquanto a maioria

trabalhava como freelancer, os designers acessavam as máquinas em suas

empresas de trabalho, não precisando custear o material e tendo maior facilidade

em explorar o novo mercado.

O designer gráfico que trabalhava para uma agência tinha umcomputador à sua frente sem qualquer custo financeiro. Ele também tinhaacesso a cursos de treinamento e aos aplicativos de software necessários.(ZEEGEN apud BEZERRA, 201-)

Apenas 10 anos mais tarde os ilustradores passaram a trabalhar com as

ferramentas digitais, elevando o nível da ilustração e criando um novo

relacionamento entre designers e ilustradores.

Assim como no design, é importante que o profissional da ilustração mostre

as exigências técnicas e intelectuais de sua atividade, além de ter uma metodologia

para a criação de seu projeto, afinal, a ilustração não é apenas um desenho: ela tem

como função passar algum significado. Em seu artigo, Bezerra (201-) faz outra

relação entre o designer e o ilustrador, mostrando os caminhos que cada um teve

até se adaptar a era tecnológica.

Silva e Nakata (2016) apresentam um modelo de metodologia para

desenvolvimento de um projeto (FIG 25), mas explicam que não é um modelo rígido

35

e que pode ser adaptado de acordo com o processo de criação, necessitando

apenas que se mantenha as etapas de definição de problema, pesquisa, geração de

alternativas e desenho final.

Figura 25: Exemplo de Metodologia

Fonte: Reprodução da Imagem Encontrada em Silva e Nakata (2016)25

A técnica da ilustração foi escolhida para este trabalho com propósito

de demonstrar sua eficiência e qualidade, trazendo figuras mais complexas, com

maior quantidade de cores, detalhes diversos que não poderiam ser realizados com

cores chapadas, etc. Com isso, foi decidido que as ilustrações deveriam limitar-se

apenas a trabalhos de ilustradores que também tivessem formação na área do

design e atuassem ativamente na mesma, criando assim uma conexão entre os

assuntos apresentados neste projeto.

4. DESIGNERS ILUSTRADORES

A fim de desenvolver o processo prático da serigrafia com a técnica CMYK, foi

decidido que seriam utilizados neste trabalho ilustrações desenvolvidas não somente

por ilustradores, mas por ilustradores que fossem formados e atuassem ativamente

na área do Design Gráfico, criando assim uma ligação entre as imagens utilizadas

com este trabalho final. Foram separados quatro ilustradores ou empresas de design

para serem usados de exemplo como conexão entre o design e a ilustração,

apresentando profissionais que trabalhassem na área.

25 Disponível em: <https://cardquali.com/policromia-imprimindo-mundo-quatro-cores/> Acesso em Abr. 2017

36

4.1 LEVINE/LEAVITT

LEVINE/LEAVITT (FIG 26) é uma empresa internacional que representa um

seleto grupo de designers, fotógrafos, ilustradores e diretores. Situada em Nova

Iorque e Los Angeles, a empresa fornece gerência, desenvolvimento, suporte e

orientação para profissionais.

Figura 26: Trabalho da LEVINE/LEAVITT

Fonte: Behance26

26 Disponível em: <https://www.behance.net/gallery/30542061/Brosmind-AdidasXPiknic> Acesso em Mai. 2017

37

4.2 DAVY LE CHEVANCE

Davy Le Chevance é um profissional francês especializado em Branding,

Design de Moda e Ilustração (FIG 27). Atualmente situado em Portland, é um

membro da Lincoln Design Co.

Figura 27: Trabalho de Davy Le Chevance

Fonte: Behance27

27 Disponível em: <https://www.behance.net/gallery/31557831/ADIDAS-T-Shirt-Graphics> Acesso em Mai. 2017

38

4.3 KONRAD KIRPLUK

Konrad Kirpluk é um designer gráfico e ilustrador com base no Reino Unido,

especializado em vetores gráficos e atuando ativamente nas áreas de logotipos e

ilustrações. (FIG 28)

Figura 28: Trabalho de Konrad Kirpluk

Fonte: Behance28

28 Disponível em: <https://www.behance.net/gallery/33541889/vector-stuff> Acesso em Mai. 2017

39

4.4 SANGHO BANG

Sangho Bang é um designer gráfico e ilustrador de Seul, na Coreia do Sul.

Este foi o designer cuja ilustração (FIG 29) foi escolhida para impressão através da

quadricromia neste TCC final. Ela faz parte da iniciativa de uma empresa chamada

AXOO Agency, que todo mês seleciona um tópico e designa 30 artistas (fotógrafos,

designers, ilustradores, músicos, etc) para criarem sua visão do tema, tendo como

proposta que a cada dia do mês uma representação seja exibida, de forma que

todos os dias do ano tenham uma imagem exibida na galeria.

Na ilustração escolhida, o tema era ADIDAS ou NIKE, e o ilustrador escolheu

fazer “ADIDAS Japan”, criando diversas referências do país em seu trabalho final.

Figura 29: Trabalho de Sangho Bang

Fonte: Behance29

29 Disponível em: <https://www.behance.net/gallery/49973519/adidas-japan-AXOO-agency-agent89> Acesso em Mai. 2017

40

A escolha desta imagem foi feita com o critério de qual das ilustrações teria

maior grau de dificuldade e qual poderia melhor expressar o que pode-se atingir com

a serigrafia. Nesta imagem, percebe-se a presença de grande quantidade de

detalhes, grande variedade de cores e também a presença de degradê; tudo

contribuindo para um resultado final mais elaborado, cheio de contrastes e com a

necessidade de uma impressão de qualidade.

5. PROCESSO

O processo realizado foi o método da emulsão fotográfica, e para torná-lo

possível, o primeiro passo era separar as cores da imagem original (FIG 30) para a

futura geração de fotolitos.

Figura 30: Separação de cores em CMYK para os fotolitos

Fonte: Elaborada pelo autor

Excepcionalmente neste caso não havia a presença da tela preta. Quando

faz-se a separação de cores, o padrão é que haja uma tela para cada um dos canais

do CMYK, mas há casos onde uma ilustração não tem a necessidade de utilizar

determinadas misturas de cores. Os tons mais escuros desta tela foram feitos

somente através da mistura entre o ciano e o magenta com grande porcentagem de

pontos (retículas) no fotolito, excluindo a necessidade de um canal preto. Com isso,

os fotolitos foram gerados (FIG 31), possibilitando a criação das telas serigráficas.

(FIG 32)

41

Figura 31: Fotolito CIANO

Fonte: Elaborada pelo AutorFigura 32: Tela CIANO

Fonte: Elaborada pelo Autor

42

A moldura escolhida foi a de madeira. Como as telas não seriam utilizadas

para produção em grande quantidade da mesma estampa, não havia necessidade

de uma tela com durabilidade estendida, tornando mais viável investir em um quadro

mais barato. Já a malha escolhida foi o nylon, tanto pela alta resistência quanto pela

facilidade de encontrar no mercado local.

Como a tinta utilizada para quadricromia é solúvel em água, foi escolhida uma

emulsão adequada para o trabalho, e o solvente utilizado foi o bicromato, pois não

havia necessidade de armazenar o trabalho por um período grande de tempo.

A tinta escolhida (FIG 33) foi a linha a base d'água da Gênesis, apropriada

para a quadricromia nas cores ciano, magenta e amarelo (não houve necessidade

do preto pelos motivos explicados anteriormente), e o rodo escolhido (FIG 34) foi o

de poliuretano pela disponibilidade no mercado local.

Figura 33: Tintas Para Quadricromia

Fonte: Elaborada pelo Autor

43

Figura 34: Rodo de Poliuretano

Fonte: Site Curso de Silk Screen30

Abaixo, pode-se conferir um exemplo de impressão em CMYK (FIG 35 e 36) e como

acontece a mistura entre os canais de cor.

Figura 35: Exemplo de Quadricromia Aplicação Tela por Tela

Fonte: Site APE Silk31

30 Disponível em: <http://cursodesilkscreen.com.br/wp-content/uploads/2016/05/rodo-de-poliuretano-20-cm-para-impressao-em-serigrafia.jpg> Acesso em Ago. 201731 Disponível em: <http://www.apesilk.com.br/camisetas-vestuario-em-geral/> Acesso em Jul. 2017

44

Figura 36: Exemplo de Quadricromia Camada por Camada

Fonte: Site Puxando Rodo32

No processo feito para este projeto, houve a necessidade de experimentar

qual a melhor ordem de cores para o trabalho, pois através de pesquisas foi

identificado que cada profissional trabalhava com a ordem de cores de sua

preferência. Alguns faziam a impressão da arte final com a ordem original do CMYK,

começando no ciano e terminando no preto. Outros, começavam pelo amarelo e

somente então faziam o ciano, magenta e preto.

Na tentativa inicial (FIG 37) foi decidido que a ordem a ser seguida seria a

original, porém com o ciano sendo a primeira cor os tons ficaram muito fortes e a

qualidade da imagem era perdida já que os detalhes se apagavam, além das cores

no resultado serem muito mais fortes e não fiéis às originais.

A tentativa seguinte (FIG 38) foi através da ordem amarelo, ciano, magenta

e preto. O resultado foi infinitamente mais satisfatório, com cores mais próximas

das originais e detalhes mais visíveis. Isto deve-se a maneira como a

imagem é separada, que pode necessitar da ordem original ou da substituição do

amarelo como primeira cor. Também houve tentativa de impressão em outra

camisa com a mesma ordem, tendo diferença apenas na malha do fabricante (FIG

39). Observou- se que a malha também influencia nas cores finais pois há maior

32 Disponível em: <http://puxandorodo.com/quadricromia-em-camiseta-preta-space-panda/> Acesso em Jul. 2017

45

ou menor absorção de tinta, alterando a visibilidade dos detalhes e as cores finais,

que ficam com maior qualidade e mais fiéis ao trabalho original. A aplicação final

deste projeto foi feita em papel (FIG 40) e em tecido. A escolha dos dois foi pela

afinidade com as áreas. O papel por ser amplamente utilizado no meio do design,

e o tecido por ser o mais escolhido quando se trata de serigrafia.

Figura 37: Primeira Tentativa De Impressão

Fonte: Elaborada Pelo Autor

46

Figura 38: Impressão Com Ordem Invertida

Fonte: Elaborada Pelo Autor

47

Figura 39: Impressão Com Ordem Invertida

Em Outro Tecido

Fonte: Elaborada Pelo Autor

48

Figura 40: Impressão Feita Em Papel

Fonte: Elaborada Pelo Autor

Abaixo, pode-se observar um pouco do processo de impressão da ilustração escolhida. (FIG 41, 42, 43 e 44)

Figura 41: Impressão Somente do Ciano

Fonte: Elaborada pelo Autor

49

Figura 42: Aplicação do Magenta naImpressão

Fonte: Elaborada Pelo Autor

Figura 43: Finalização da Primeira Tentativa

Fonte: Elaborada Pelo Autor

50

Figura 44: Primeira Tentativa da Inversãode Cores

Fonte: Elaborada Pelo Autor

6. CONCLUSÃO

Em suma, pode-se atribuir à serigrafia diversas qualidades que foram

exploradas durante a realização deste trabalho. O motivo da escolha do tema era

utilizar uma técnica com grande possibilidade e aplicações em diversos tipos de

substratos e poucas limitações para impressão a fim de beneficiar os designers e

trazer aos mesmos uma alternativa de impressão diferenciada, despertando

interesse e gerando conhecimento para os que ainda desconheciam a técnica.

Quanto ao processo, durante a realização do projeto pode-se perceber que mesmo

com as diversas ferramentas de auxílio disponíveis no mercado, ainda trata-se de

um processo extremamente manual e que pode ser feito de maneira simples e de

baixo custo para aqueles que ainda estão experimentando a nova técnica e estão

com medo de investir na mesma. Além disso, mesmo com materiais de baixo custo

ainda é possível alcançar qualidade surpreendente semelhante a de grandes

indústrias.

Outra vantagem é que ao conhecer o processo de impressão mais simples

51

da serigrafia, conseguir aprofundar os conhecimentos na técnica para a realização

de uma impressão mais elaborada como a apresentada neste trabalho (a CMYK) é

uma questão de conhecimento na área de produção gráfica devido a sua

similaridade com outros processos de impressão. O processo de impressão em si

não muda conforme a técnica.

Dito isso, pode-se chegar a conclusão quanto as vantagens da técnica.

Sobre sua viabilidade, é possível atender a grandes e pequenas demandas com

um custo de produção relativamente baixo, além de ter uma infinidade de

substratos disponíveis para aplicação da técnica, não atendendo somente a

demanda de quantidade mas também a de materiais. Além disso, é um processo

sem limitação quanto as imagens e cores a serem impressas e com grande

variedade de tintas com diversos efeitos como foram apresentados (camurça,

pérola, dentre outros), trazendo ainda mais possibilidades para os clientes.

Quanto aos seus custos e sua qualidade, temos uma tinta de alta

durabilidade, ganhando de diversos outros processos de impressão. Sua

impressão pode ser feita com alta qualidade de detalhes na imagem ao escolher

um nylon com uma quantidade maior de fios e o material necessita de baixa

manutenção. É um processo relativamente simples de ser realizado mesmo nas

impressões mais elaboradas como a CMYK e possui ótima relação entre custo e

benefício no mercado.

Assim, podemos concluir que o processo serigráfico é uma ótima alternativa

para os designers que gostam de colocar a mão na massa, pois apresenta uma

grande diversidade de aplicações e experimentações, proporcionando a criação de

projetos bastante ousados.

52

REFERÊNCIAS

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53

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