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Curso Técnico Superior Profissional em Produção Animal Nutrição e Alimentação Animal Aulas teórico-práticas 4. Nutrição e Alimentação Azotada/Proteica ESAV 2016/2017 José Manuel Costa Isabel Santos

Curso Técnico Superior Profissional em Produção Animal

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Curso Técnico Superior Profissional

em Produção Animal

Nutrição e Alimentação Animal

Aulas teórico-práticas

4. Nutrição e Alimentação Azotada/Proteica

ESAV 2016/2017

José Manuel Costa

Isabel Santos

Papel biológico e económico das Substâncias Azotadas

•Substâncias azotadas são constituintes

fundamentais de:

Células

Fluidos corporais

Produções

•N corporal = 3% => PB corporal = 19%

Papel biológico e económico das Substâncias Azotadas

•Funções biológicas das proteínas:

Base das membranas celulares animais.

Ácidos nucleicos (DNA e RNA)

Enzimas (activação e controle metabólico).

Hormonas (activação e controle metabólico).

Globulinas (1) (vectores de anticorpos).

Glicina (2) (elim. ác. benz. sob a forma de ác. hipúrico)(1) protecção contra agentes infecciosos.

(2) protecção contra agentes tóxicos.

Papel biológico e económico das Substâncias Azotadas

•Evitar carências ou excessos de proteína:

Suficiente para permitir retenção de N adequada.

Só a necessária para:

–Evitar o catabolismo dos AA em excesso (< VB).

–Evitar catabolismo proteico para produzir energia (se

fornecermos nutr. energéticos suficientes).

–Não desperdiçar $$ (fontes proteicas são mais caras que as

energéticas).

Apreciação do valor proteico dos alimentos

• Em não ruminantes, o input de aminoácidos (AA)

resulta:

Do teor em AA da proteína alimentar.

Da disponibilidade desses AA.

Da digestibilidade da proteína.

• Em ruminantes, devido à elevada degradabilidade das

proteínas alimentares no rúmen e à síntese de proteína

microbiana, o input de AA resulta:

Essencialmente, da composição da proteína microbiana.

• Em ambos os casos (rum. e não rum.), o valor nutritivo da

proteína alimentar ou microbiana está dependente do teor

e proporções dos AA essenciais (aqueles que o animal é

incapaz de sintetizar ou que o faz a uma taxa inferior às

suas necessidades, tendo portanto de estar presentes no

alimento) .

Apreciação do valor proteico dos alimentos

Apreciação do valor proteico dos alimentos

•Os AA não essenciais são sintetizados pelo animal à

medida das suas necessidades e esta síntese é

efectuada a partir de:

Radicais amino resultantes de reacções de desaminação ou

de transaminação de AA' s (do alimento e dos tecidos).

Fragmentos azotados provenientes do metabolismo dos

glúcidos e/ou ácidos gordos, desde que o alimento contenha

algum azoto indiferenciado.

AA essenciais para frango, galinha poedeira e porco em crescimento. Teores em AA de alguns alimentos.

Apreciação do valor proteico dos alimentos• Há 10 ou 11 AA essenciais, variando com a espécie e estado fisiológico,

como se pode ver no exemplo seguinte:

Amino-

ácido

Animais Alimentos

Frango Poedeira Porco Cevada Bag. soja Far.

Luzerna

Far. peixe

Arginina 0,85 0,90 - 0,61 3,53 0,51 4,20

Glicina 0,61 - - 0,55 2,92 0,52 6,31

Histidina 0,40 - 0,20 0,23 1,06 0,22 1,25

Isoleucina 0,61 0,60 0,70 0,54 3,25 1,15 2,43

Leucina 1,34 1,30 0,70 0,84 3.42 0,62 4,27

Lisina 0,85 0,60 1,10 0,39 3,07 0,61 4,53

Met. + Cis. 0,79 0,58 0,70 0,49 1,62 0,44 2,43

Fen. + Tir. 1,27 0,80 0,50 1,07 3,85 0,85 4,28

Treonina 0,53 0,45 0,50 0,43 1,95 0,73 2,53

Triptofano 0,17 0,16 0,15 0,15 0,59 0,22 0,66

Valina 0,79 0,57 0,50 0,55 2,44 0,71 2,83

Valor Biológico (VB) de uma proteína

•Do azoto total absorvido, nem todo é retido perdendo-se

uma parte por via urinária, assim:

VB: Percentagem fixada, do total de azoto absorvido.

100)(

)(.

FI

UFIapVB 100

)(

)()(

FmFI

UmUFmFIrealVB

Em que:

I : N ingerido total

F : N fecal total

U :N urinário total

Fm: N fecal metabólico

Um: N urinário metabólico

Valor Biológico (VB) de uma proteína

•O VB de uma proteína depende:

Da sua composição (natureza e teor) em AA's.

Das suas taxas de absorção, transporte e activação.

Dos bloqueios no seu metabolismo.

Da natureza da proteína a sintetizar, e assim:

Do animal/função fisiológica.

Índice de Mitchell (% de défice)

• Um dos processos para apreciar o VB de uma proteína, consiste em comparar os teores em AA da fracção proteica do alimento, com os teores em AA de uma proteína de referência (proteína do ovo).

• Assim, calcula-se o índice de Mitchell (IM) ou percentagem de défice da seguinte forma:

• Normalmente, os valores do IM são negativos por ser vulgar a % do referido AA ser inferior no alimento que na proteína do ovo.

100ovo do proteína naAA %

ovo do proteína naAA % - alimento do proteína naAA %(%) IM

Índice de Mitchell (% de défice)

• AA limitante: Aquele que apresentar o VB mais baixo (maior em

valor absoluto, uma vez que é negativo) em relação ao mesmo

AA na proteína do ovo.

Assim:

• o AA com o VB "mais negativo" é o AA limitante primário,

• o 2° mais negativo será o AA limitante secundário, e assim

sucessivamente.

Índice de Mitchell (% de défice)

Notas importantes:

• VB das proteínas animais > VB das proteínas vegetais

• Prot. microbiana: 70% < VB < 80%

AA limit. primário = sulfur. (met.+ cis.)

• Proteínas dos cereais: fraca qualidade (baixo VB).

AA limit. primário = lisina.

• Prot. das oleaginosas: > VB que nos cereais.

AA limitante primário:

- Soja e amendoim= met.

- Girassol e algodão = lis.

• Prot. da farinha de peixe: Mais equilibradas e ricas nos

AA's lim. dos cereais e oleaginosas (p. ex. lisina.e metionina).

Classe ou índice químico

• O índice de Mitchell permite agrupar as proteínas em categorias

de qualidade para os animais não ruminantes:

• Os métodos de apreciação da qualidade das proteínas, que têm

mais exatidão são os MICROBIOLÓGICOS e os BIOLOGICOS

• nestes últimos, a proteína a analisar é fornecida aos animais em

condições experimentais pré-estabelecidas e mede-se o crescimento

e/ou a retenção azotada.

limitanteAA do défice % - 100 químico índiceou Classe

Cálculo da proteína bruta digestível

• Com base no pressuposto que a média das proteínas tem 16% de

azoto, se quantificarmos o azoto de uma amostra de alimento,

basta multiplicá-lo por (100/16), ou seja por 6,25 para obtermos o

valor de proteína bruta desse alimento.

• Sabendo a digestibilidade dessa proteína (CUD), para obter o valor

de proteína bruta digestível (PBD), basta fazer:

CUD 6,25 totalN (g) PBD

Cálculo da proteína bruta digestível

• Nos ruminantes, e só no caso dos alimentos ricos em azoto

solúvel (silagem de erva jovem), deve introduzir-se um fator de

correção no cálculo da PBD, fator esse que tem em conta a

perda de amoníaco ao nível do rúmen (elevada no caso destes

alimentos).

Assim:

CUD 6,25 amonical) N - total(N (g) PBD

Outros Métodos de Avaliação da Qualidade daProteína Alimentar para Não Ruminantes

•Razão de eficiência proteica (REP ou PER)

(g) consumida proteína / (g) peso de Aumento REP

100 (A/Ao) VPB

• Valor proteico bruto (VPB)

Em que:

A = ganho de peso "à custa" da proteína teste

Ao = ganho de peso" à custa" da caseína

Outros Métodos de Avaliação da Qualidade da Proteína Alimentar para Não Ruminantes

• Valor Biológico (...)

• "Chemical score" ou índice químico (...)

azoto de Ingestão / B)-(A VSP

• Valor de substituição das proteínas (VSP)

Em que:

A = balanço azotado da proteína padrão

B = balanço azotado da proteína teste.

Outros Métodos de Avaliação da Qualidade da Proteína Alimentar para Não Ruminantes

n e e e e j/j ... c/c b/b a/a IAE

• Índice de aminoácidos essenciais (IAE)

Em que:

a,b,c,...j são as concentrações dos AA essenciais na prot. do alimento

ae, be, ce, ...je são as concentrações dos AA essenciais na proteína do ovo

n é o número de AA que intervêm no cálculo.

Aminoácidos Ovo*

%

Milho* Cevada*

% % défice % % défice

Arginina 6.4 4.80 4.80

Histidina 2.1 2.85 2.10

Lisina 7.2 3.25 3.65

Metionina 4.1 2.20 2.55

Cistina 2.4 2.50 1.90

Isoleucina 8.0 3.95 3.85

Fenilalanina 6.3 5.10 5.30

Tirosina 4.5 4.25 3.35

PB em % MS 9.0 11.0

a) Calcule os índices de Mitchell (% de défice) para cada um dos aminoácidos de cada um dos alimentos.

b) Indique o aminoácido limitante primário e secundário para cada um dos alimentos.

c) Calcule a classe ou índice químico para cada um dos alimentos.

* Valores expressos em % PB do ovo e dos alimentos

Exercício prático Nº 5

Exercício nº6

Num ensaio com ovinos em crescimento, alimentados com 1,85 kg de dieta (com 90% MS), efectuaram-se as seguintes medições:

N (em g. na MS)

Dieta c/ prot. teste Dieta c/ prot. padrão

Ingestão 43 43

Excreção fecal 15 10

Excreção urinária 26 23

Nota: Índice de conversão alimentar = 2

1. Calcular a REP para a dieta teste.

2. Calcular o VSP.

3. Calcular o VB para a dieta teste.