35
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PARCERIA ENTRE UNIVERSIDADE-EMPRESA E A COMERCIALIZAÇÃO DAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS Por: Tatiana Siqueira de Lima Orientador: Prof. Francis Rajzman Rio de Janeiro 2011

Cursos de Pós, MBA, Licenciatura e Extensão - PARCERIA ENTRE … · 2011-02-03 · Valoração de Tecnologias 25 4.2. Valoração das Patentes 27 4.3. Aspectos Comerciais preconizados

  • Upload
    others

  • View
    4

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PARCERIA ENTRE UNIVERSIDADE-EMPRESA E A

COMERCIALIZAÇÃO DAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS

Por: Tatiana Siqueira de Lima

Orientador: Prof. Francis Rajzman

Rio de Janeiro

2011

- 2 -

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PARCERIA ENTRE UNIVERSIDADE-EMPRESA E A

COMERCIALIZAÇÃO DAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS

Apresentação de monografia ao Instituto a Vez do Mestre

– Universidade Candido Mendes como requisito parcial

para obtenção do grau de especialista em Direito da

Concorrência e da Propriedade Intelectual.

Por: Tatiana Siqueira de Lima

Orientador: Prof. Francis Rajzman

- 3 -

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os professores e alunos

do curso de pós-graduação “Direito da

Concorrência e da Propriedade Intelectual”

(2010/2011) do Instituto a Vez do Mestre

pela generosidade, dedicação e entusiasmo

nas trocas de experiências, fundamentais

para o excelente aproveitamento do curso.

Agradeço também aos meus familiares, e

colegas de trabalho, especialmente ao meu

marido Luis Felipe, pela paciência e

incentivo, e a amiga Ana Carolina Monteiro,

pela atenção e apoio durante a elaboração

deste trabalho.

- 4 -

RESUMO

O aumento da competitividade global e a crescente demanda por produtos e

serviços inovadores são fatores determinantes para que as empresas busquem nas

universidades o apoio necessário para obter velocidade, maior qualidade e menor

custo no desenvolvimento de suas inovações tecnológicas.

Apesar do relacionamento entre as universidades e o setor produtivo não ser

um processo recente no Brasil, pode-se dizer que ele ainda é imaturo, e em muitos

segmentos há um grande abismo entre as empresas e as universidades. Muitas

instituições de pesquisa possuem mentalidade puramente acadêmica e enfrentam

dificuldade para entender a importância da aplicação real, da disponibilização para a

sociedade e da exploração comercial dos resultados obtidos.

Diante deste contexto o presente trabalho visa estabelecer o cenário atual das

parcerias universidade-empresa, especialmente aquelas que envolvem transferência

de tecnologia e a comercialização das inovações tecnológicas, contribuindo para

identificação das principais motivações, assim como das barreiras que interferem no

avanço desta relação que tem forte impacto econômico.

Além disso, o marco regulatório, que estabelece a estruturação interna das

universidades para gerir e explorar suas tecnologias e as formas de licenciamento e

remuneração através destas, também foi abordado neste estudo.

Palavras-Chave: Cooperação Universidade-Empresa. Transferência de Tecnologia.

Gestão de Tecnologia. Núcleos de Inovação Tecnológica. Lei da Inovação.

Comercialização de Tecnologia. Valoração da Propriedade Intelectual.

- 5 -

METODOLOGIA

A metodologia adotada para o desenvolvimento do presente trabalho consistiu

na realização de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema abordado em livros,

revistas acadêmicas, base de dados, legislações e sites especializados.

- 6 -

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I – A Relação Universidade-Empresa 9

1.1 – Aspectos Gerais 9

1.2. Relação Universidade-Empresa: Divergências

e Resultados 12

Capítulo II – A Transferência de Tecnologia e a Ação dos

Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) 15

2.1. A Transferência de Tecnologia 15

2.2. Amadurecimento da Relação Universidade-Empresa:

Criação dos NITs 16

Capítulo III – Marco Regulatório 19

3.1. Histórico 19

3.2. Constituição do Marco Regulatório do Processo de

Transferência de Tecnologia no Brasil 20

Capítulo VI – Valoração das Tecnologias e

Aspectos Comerciais 25

4.1. Valoração de Tecnologias 25

4.2. Valoração das Patentes 27

4.3. Aspectos Comerciais preconizados pela Legislação Brasileira 28

4.4. Preço e Garantias de Pagamento 29

CONCLUSÃO 31

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 32

- 7 -

INTRODUÇÃO

O crescimento da economia de um país relaciona-se diretamente com seu

desenvolvimento tecnológico, ou seja, sua capacidade de desenvolver e difundir

inovações tecnológicas internamente. Assim, a inovação tem papel fundamental

para a conquista de diferenciais competitivos, seja para os países movimentarem a

economia ou para as empresas obterem vantagens competitivas em relação a seus

concorrentes. (NUNES, 2010)

Para continuarem competitivas as empresas precisam inovar, disponibilizar

para o mercado, a uma velocidade cada vez maior, produtos e serviços inovadores.

Porém, sabe-se que as empresas dificilmente conseguem desenvolver todas as

tecnologias internamente, com a eficácia e a rapidez necessária, e por isso é

crescente a aproximação dos laboratórios universitários e empresariais, gerando

uma relação (transferência de tecnologia) entre aqueles que desenvolvem e/ou

detêm a tecnologia com aqueles que irão utilizá-la. (NUNES, 2010)

O tema transferência de tecnologia é instigante pelo fato de possuir grande

importância na aquisição tecnológica das nações, por meio das novas descobertas e

das rápidas mudanças tecnológicas mundiais. Mas, para que este processo se dê da

melhor maneira possível, e com ganhos tanto para os pesquisadores e

universidades, quanto para as empresas, para o mercado e para a sociedade, deve

haver uma sinergia entre as instituições de pesquisa, o governo e o mercado.

(NUNES, 2010)

No Brasil, o relacionamento entre as universidades e as empresas, embora

não seja novo, ainda é incipiente em muitos segmentos.

A pressão gerada pelo cenário mundial aliada a mudanças internas no país,

como a criação da Lei de Inovação em 2004, foram mediadores para que ocorresse

por parte das universidades uma maior conscientização da necessidade de proteger

o conhecimento, via patentes, para que os resultados da pesquisa chegassem ao

mercado e, sobretudo, para decidir a quem e como licenciar os direitos de

exploração, pois, não sendo produtoras nem fornecedoras de serviços, não lhes

compete explorar, por si só, tais resultados (STAL; FUJINO, 2005).

O trabalho aqui apresentado visa demonstrar o cenário atual das parcerias

universidade-empresa, especialmente aquelas que envolvem transferência de

tecnologia e a comercialização das inovações tecnológicas, contribuindo para

- 8 -

identificação das principais motivações, assim como das barreiras que interferem no

avanço desta relação que tem forte impacto econômico.

Além disso, o marco regulatório, que estabelece a estruturação interna das

universidades para gerir e explorar suas tecnologias e as formas de licenciamento e

remuneração através destas, também foi abordado neste estudo.

- 9 -

CAPÍTULO I – A RELAÇÃO UNIVERSIDADE-EMPRESA

1.1. Aspectos Gerais

As cooperações entre universidades e empresas possuem um papel

importante no desenvolvimento econômico dos países e vêm se tornando cada vez

mais freqüentes e bem sucedidas à medida que ambas as partes conseguem

atravessar as barreiras que dificultam esse relacionamento. (NUNES, 2010)

De acordo com Plonski (1995), temos como definição de cooperação:

Um modelo de arranjo interinstitucional entre organizações de natureza

fundamentalmente distinta, que podem ter finalidades diferentes e adotar

formatos bastante diversos. Incluem-se nesse conceito desde interações

tênues e pouco comprometedoras, como o oferecimento de estágios

profissionalizantes, até vinculações intensas e extensas como os grandes

programas de pesquisa cooperativa em que chega a ocorrer repartição dos

créditos resultantes da comercialização de seus resultados. (PLONSKI,

1995)

Essa relação universidade-empresa é cada vez mais necessária para a

evolução da sociedade contemporânea, e é nesse cenário que se torna importante o

entendimento dos reais interesses, motivações e, principalmente, impedimentos que

ainda complicam essa interação.

Ao longo do tempo, a universidade passou por mudanças de papéis

importantes que foram ampliando os objetivos de uma instituição de ensino. Uma

dessas mudanças foi no final do século XIX, a Primeira Revolução Acadêmica,

quando introduziu a atividade de pesquisa ao lado da docência, dando a ela a

devida importância, pois, até então, a pesquisa científica era realizada nas casas

dos pesquisadores. Atualmente, seguindo este raciocínio, a universidade passa por

uma Segunda Revolução Acadêmica, cuja palavra-chave é "capitalização do

conhecimento", pois assume uma terceira função, na relação estabelecida com o

setor produtivo, que é a atuação no desenvolvimento econômico, incorporada como

uma nova função acadêmica, ao lado do ensino e da pesquisa. Por meio destas

- 10 -

novas atividades é garantida a inserção do corpo docente e discente no mercado de

trabalho, além da criação de novas capacitações para os novos postos de trabalho

(NUNES apud TERRA, 2001, p.2).

Esta nova missão da universidade provocou um debate internacional,

onde alguns defendem o abandono da “terceira missão” (desenvolvimento

tecnológico) pela universidade e o retorno às atividades pedagógicas e de pesquisa.

Este posicionamento tem influenciado alguns críticos que afirmam que a

transferência de tecnologia da academia para o setor produtivo pode criar custos

desnecessários de transferência de conhecimento e, também, podem gerar a

proteção de conhecimentos que deveriam fluir livremente. No entanto, algumas

inovações institucionais que estão ocorrendo apontam para o estreitamento das

relações entre a universidade e a empresa (NUNES apud ETZKOWITZ;

LEYDESDORFF, 2000).

Faz-se necessária, então, a definição do que é entendido como

universidade e, também, como empresa neste processo de cooperação tecnológica,

visto que estes atores podem assumir diferentes formas e papéis. Sob a

denominação de empresa, geralmente pessoa jurídica, podem ser observadas

empresas muito diferentes entre si, desde gigantes transnacionais até

microempresas locais. Além disso, no contexto de cooperação, o que se chama de

empresa pode ser também uma pessoa física, como um empreendedor ou, então,

uma empresa informal, isto é, um negócio que opera sem estar na forma da lei.

Já sob o rótulo de universidade pode ser encontrado, no contexto da

cooperação com a empresa, um amplo leque de entidades de ensino e/ou pesquisa.

Inclui qualquer instituição de ensino superior, universidade, centro universitário ou

faculdade isolada, tanto pública quanto comunitária ou privada e, neste caso, sem

ou com fim lucrativo. Além disso, o termo universidade aplica-se também a

instituições de pesquisa não pertencentes a uma universidade, a fundações de

direito privado conveniadas com uma instituição de ensino superior, a empresas

juniores e, até mesmo, a docentes que se prestam a dar consultoria individual

(NUNES apud PLONSKI, 1999).

Mesmo que tardio, o fenômeno de interação universidade-empresa

também está se tornando uma realidade no Brasil. Segundo Melo (2002), o grande

marco para esse relacionamento no país foi a abertura da economia brasileira para o

mercado externo, a partir do início da década de 90. Essa abertura de mercado

- 11 -

proporcionou o aumento da produtividade e da competitividade comercial entre

empresas e, diante da necessidade de sobrevivência, a demanda de capacitação e

inovação tecnológica passou a ser cada vez maior.

São nas instituições científicas e tecnológicas e principalmente nas

universidades públicas que se produzem os trabalhos científicos que tornam o Brasil

detentor de 1,8% da produção científica indexada mundial, praticamente equivalente

a participação percentual de seu PIB no PIB mundial.

As empresas brasileiras, por outro lado, não tem demonstrado capacidade

em gerar idéias relevantes que possam gerar patentes. O percentual das patentes

depositadas pelo Brasil em relação ao total depositado pelo mundo no escritório

americano de patentes é da ordem de 0,06%. Podemos dizer então que nossa

participação no total mundial de patentes é 30 vezes menor que a nossa

participação cientifica no total mundial da produção cientifica indexada. (MELLO,

2008 apud MELLO; MACULLAN; RENAULT, 2007).

Uma das causas desse baixo desempenho inovador das nossas empresas

resulta de que, do total de cientistas brasileiros, apenas 23% (menos de 20 mil)

desenvolvem pesquisas em laboratórios industriais, enquanto na Coréia do Sul e

nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 54% (94 mil) e 80% (790 mil) dos

cientistas, respectivamente estão empregados nas indústrias para o

desenvolvimento de produtos e processos inovadores. (MELLO, 2008 apud CRUZ,

2007)

Em que pese tal cenário macro desfavorável, encontramos empresas

individualmente ou associadas em redes, buscando nas universidades competências

para ampliar suas capacitações tecnológicas para inovarem, muitas vezes

procurando soluções para pontuais gargalos tecnológicos, outras vezes para o

desenvolvimento de projetos conjuntos de pesquisa em fase pré-competitiva. Por

outro lado, temos também exemplos de universidades, conjugando excelência

acadêmica com a comercialização de tecnologia gerada a partir das atividades de

pesquisa para empresas via patenteamento e licenciamento, ou seja, com a criação

de empresas por parte de seus pesquisadores a partir das tecnologias por eles

desenvolvidas (as assim chamadas spin-offs).

- 12 -

1.2. Relação Universidade-Empresa: Divergências e Resultados

Em todo processo de cooperação as partes envolvidas esbarram em

problemas que dificultam o relacionamento, ao mesmo tempo em que encontram

motivações para realizá-lo.

Os benefícios potenciais derivados da ligação dos recursos de uma

universidade com a necessidade de solução de problemas de uma empresa

parecem óbvios, mas é na tentativa de promover essa integração que os desafios

emergem. Várias discordâncias dificultam a criação e a manutenção da aliança entre

empresa e universidade. As divergências dão origem a conflitos, provocando desvios

inesperados dos objetivos propostos. Nesse sentido, quanto maiores as

discordâncias entre os parceiros menor o sucesso da parceira universidade-

empresa. Dentre as causas das discordâncias, merecem ser analisadas: as

diferenças de cultura, a natureza dos objetivos e ou dos produtos gerados pelo

relacionamento e os choques inesperados no ambiente das relações. (SILVA;

MAZZALI, 2001)

As diferenças de cultura se manifestam, de modo especial, a partir da

consideração do horizonte de planejamento, da linguagem e do ambiente de

trabalho.

Com relação ao horizonte de planejamento, para as universidades, a

medida de tempo tem por referência um período de longo prazo, não muito bem

definido. As universidades estão voltadas para a criação e a disseminação do

conhecimento. Algumas metas existem, porém raramente são feitos projetos de

pesquisas onde se definem claramente prazos finais. Já com respeito às empresas,

há a preocupação com cronogramas, com o cumprimento de metas e outras

atividades a curto prazo, no contexto de um ambiente altamente competitivo.

Universidade e empresa empregam linguagens distintas; enquanto a

primeira se preocupa com a codificação do conhecimento, a segunda está voltada

ao conhecimento direcionado à geração de produtos. Os ambientes de trabalho na

universidade e na empresa são bastante diferentes. Para os pesquisadores da

universidade, a reputação no meio intelectual é a maior força motivacional, ficando

assim o foco de referência situado do lado de fora da organização, em seu grupo de

referência profissional. O parceiro universidade não entende as forças de mercado,

- 13 -

as demandas de tempo, e as estruturas de incentivo da empresa. Já na empresa,

para a maioria dos gerentes envolvidos nas pesquisas e desenvolvimentos, o

superior hierárquico é o referencial crítico. As avaliações de desempenho vêm desta

fonte e levam em conta resultados específicos provenientes de sua atuação no

trabalho. Da mesma forma, a empresa não entende como tal o trabalho realizado

nas Universidades, nem são familiares com os investimentos em recursos humanos

e capital físico que precederam sua relação com a Universidade. (SILVA; MAZZALI,

2001)

Outro ponto crucial, é que os interesses dos pesquisadores da

universidade podem mudar, e a universidade os deixa relativamente livres para

abandonar determinados projetos e ingressarem em outros mais motivadores. Essas

diferenças motivacionais entre a universidade e a empresa são fundamentais e

podem contribuir negativamente para a efetividade das relações. Todas essas

diferenças culturais podem levar a desvios nas metas acordadas. Os objetivos das

duas organizações são bastante diferentes. A maioria das empresas quer aplicações

concretas, entrando na relação porque visam o acesso a: procedimentos inovadores,

soluções de seus problemas, novo conhecimento científico, novas ferramentas,

novas metodologias e novos produtos e serviços. A natureza da pesquisa

tecnológica, porém, é complexa, ambígua, e abstrata. Muito do conhecimento

gerado pode ser tácito, significando que seus princípios subjacentes são difíceis de

identificar e articular. Além disso, provavelmente existirão longos espaços de tempo

entre o início do projeto e a criação de produtos. Todas estas características podem

criar crises, enganos e dificuldades na transferência do conhecimento.

Já as universidades trabalham para a obtenção de um produto muito

diferente, que pode ser caracterizado a partir de contribuições para o conhecimento,

na forma de novos conceitos, modelos, soluções empíricas, técnicas de medidas, e

outras contribuições tecnológicas. Até mesmo quando as parcerias geram produtos

para provar os conceitos formulados, os chamados “protótipos”, os mesmos podem

satisfazer às universidades mas não às empresas. De um lado, estes protótipos

concretizam novas idéias e conceitos e, por outro lado, eles estão longe de um

produto comercial final.

Existem obstáculos para a transformação de um protótipo em um produto

comercial. O caminho para a comercialização é mais difícil na aliança entre

universidade e empresa, porque falta motivação e habilidade aos pesquisadores da

- 14 -

universidade para se moverem além do protótipo e os representantes da empresa

têm dificuldade para o entendimento do conhecimento – explícito e tácito – inerente

ao protótipo.

Apesar das inúmeras barreiras que precisam ser transpostas para que

tenhamos uma relação bem-sucedida, no que se refere aos resultados obtidos deste

relacionamento verifica-se que esta experiência tem trazido resultados positivos para

ambas as partes. Para as universidades observa-se a possibilidade de revisão e

atualização de conteúdos e a oferta de disciplinas, auxilio na preparação de cursos

de reciclagem e atualização, adequando-os à realidade de mercado, além de

dissertações de mestrado, teses de doutorado, produtos e processos licenciados.

Para as empresas os resultados são: o aumento de sua competitividade, devido à

possibilidade de introdução de inovações no mercado, o acesso a recursos humanos

mais capacitados e adequados as necessidades, além do know how em pesquisa

através da co-titularidade em patente e artigos científicos.

- 15 -

CAPÍTULO II - A TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA E A AÇÃO DOS NÚCLEOS

DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA (NITS)

2.1. A Transferência de Tecnologia

A tecnologia, como condição e elemento próprio da inovação, passou a

ser variável endógena dos modelos de crescimento econômico há poucas décadas.

Entretanto, ter a tecnologia e não ter a inovação e a difusão que lhes corresponda

pode limitar o desenvolvimento tecnológico de longo prazo. Disto resulta a

necessidade de transferir tecnologia. Como afirma o relatório do “International

Centre for Trade and Sustainable Development” (ICTSD) de 2008:

“There is no single definition for 'transfer of technology'. In general,

however, 'transfer of technology' can be defined as the transfer of

systematic knowledge for the manufacture of a product, for the application

of a process, or for the rendering of a serviceZ"

Isto significa dizer, que a transferência de tecnologia não é somente a

compra de uma máquina ou novos softwares, mas, sim, um processo complexo que

incorpora tanto o conhecimento operacional da tecnologia a ser disponibilizada

quanto dos mecanismos que sustentam essa nova tecnologia. (SOUZA, 2010).

A transferência de tecnologia pode acontecer de empresa para empresa,

de universidade para universidade, de universidade para empresa ou de empresa

para a universidade. Porém no caso das universidades, o caso mais freqüente é que

os conhecimentos desenvolvidos em laboratórios sejam transferidos para empresas

para que estas, de posse do conhecimento, o desenvolvem até obter um novo

produto ou melhoria de produtos ou processos já existentes. (NUNES, 2010 apud

CUNHA; FISCHMANN, 2003).

Segundo Garnika & Torkomian (2009), a utilização do conhecimento

gerado nas universidades representa rica fonte de informação e capacitação para o

desenvolvimento de novas tecnologias, possibilitando um caminho alternativo

complementar para o alcance de um patamar tecnológico superior para o país. A

- 16 -

transferência de tais tecnologias ao meio externo se dá de muitas formas, sendo a

mais tradicional os profissionais que prepara e forma. Entretanto, pode se dar de

diversas outras formas:

• Spin-offs: a transferência de uma inovação tecnológica para um novo

empreendimento constituído por um indivíduo oriundo de uma organização-mae;

• Licenciamento: garantias de permissão ou uso de direitos de certo produto,

desenho industrial ou processo;

• Publicações: artigos publicados em periódicos acadêmicos

• Encontros: interação face a face, na qual uma informação técnica é trocada;

• Projetos de P&D cooperativos: acordos para compartilhamento de pessoas,

equipamentos, direitos de propriedade intelectual, geralmente, entre institutos

públicos de pesquisa e empresas privadas em uma pesquisa.

Entre as diferentes formas de transferência de tecnologias resultantes da

pesquisa acadêmica citadas, destacam-se o licenciamento de patentes e a criação

de novas empresas – spin offs, sendo que tais mecanismos formais de transferência

de conhecimentos e transformação em bens disponíveis ao mercado têm sido

considerados a mudança mais significativa nas relações universidade-empresa nos

últimos anos. (GARNICA & TORKOMIAN, 2009 apud GUSMÃO, 2002)

2.2. Amadurecimento da Relação Universidade-Empresa: Criação dos NITs

O reconhecimento da importância dessa cooperação entre universidades e

empresas tem proporcionado a diminuição do abismo que sempre existiu entre estas

instituições. Muito embora essa interação tenha se tornado uma exigência da

globalização, o histórico de exemplos bem sucedidos, como os descritos por Mello

(2008) impulsionam ainda mais o aprimoramento dessa relação.

A grande evidência do amadurecimento das universidades é a criação de

estruturas internas que tem como objetivo facilitar esse relacionamento com o setor

produtivo. Além disso, podemos dizer que a maior importância dessas estruturas é

assegurar que os direitos das universidades e de seus pesquisadores sejam

preservados.

- 17 -

No Brasil, as patentes acadêmicas vêm ganhando notoriedade no

estabelecimento de políticas públicas em um ambiente caracterizado por inovações.

(AMADEI; TORKOMIAN, 2009 apud HAASE; ARAÚJO; DIAS, 2005)

A patente é um título de propriedade industrial sobre invenção ou modelo

de utilidade. Um prêmio outorgado pelo estado como recompensa ao inventor. O

registro de patente garante ao inventor certa segurança nas negociações entre ele e

a parte interessada em comprar determinada tecnologia para que possa ser aplicada

em algum setor industrial.

Estudos recentes demonstraram que a proteção intelectual, por meio das

patentes, estimula o desenvolvimento econômico do país e inovações tecnológicas

que geral riqueza e bem-estar geral, desde que as leis de proteção patentária sejam

bem aplicadas. (AMADEI; TORKOMIAN, 2009 apud SABINO, 2007)

A Lei de Inovação (Lei No 10.973, de 02/12/2004) e seu decreto

regulamentador No 5.563, de 11/10/2005 em seu artigo 17 pedem que as instituições

de ciência e tecnologia (ICT) nacionais – universidades ou institutos de pesquisa –

disponham de núcleos de inovação tecnológica (NIT) para gerir suas respectivas

políticas de inovação. Além disso, o artigo 17 do deferido decreto dispõe:

Art. 17 – A ICT deverá dispor de Núcleo de Inovação Tecnológica, próprio

ou em associação com outras ICT, com a finalidade de gerir sua política de

inovação.

Parágrafo único. São competências mínimas do Núcleo de Inovação

Tecnológica:

I - zelar pela manutenção da política institucional de estímulo à proteção

das criações, licenciamento, inovação e outras formas de transferência de

tecnologia;

II - avaliar e classificar os resultados decorrentes de atividades e projetos

de pesquisa para o atendimento das disposições da Lei no 10.973, de

2004;

III - avaliar solicitação de inventor independente para adoção de invenção

na forma do art. 23 deste Decreto;

IV - opinar pela conveniência e promover a proteção das criações

desenvolvidas na instituição;

V - opinar quanto à conveniência de divulgação das criações desenvolvidas

na instituição, passíveis de proteção intelectual; e

VI - acompanhar o processamento dos pedidos e a manutenção dos títulos

de propriedade intelectual da instituição.

- 18 -

Em muitas universidades, estruturas similares já existiam com as mais

diversas denominações, como agências de inovação, escritórios de transferência de

tecnologia e núcleos de propriedade intelectual, dentre outras. O fato de atuarem

nessa interface entre a universidade e as empresas e enfrentarem os mesmos

desafios, levou seus gestores a constituírem em maio de 2006 o FORTEC, Fórum

dos Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia, que possui os seguintes

objetivos, conforme seu estatuto:

1. disseminar a cultura da inovação, da propriedade intelectual e da transferência de

tecnologia;

2. potencializar e difundir o papel das universidades e das instituições de pesquisa

nas atividades de cooperação com os setores público e privado;

3. auxiliar na criação e na institucionalização das Instâncias Gestoras de Inovação

(IGI);

4. estimular a capacitação profissional dos que atuam nas IGI;

5. estabelecer, promover e difundir as melhores práticas nas IGI;

6. apoiar as IGI, em suas gestões junto ao Poder Público e demais organizações da

sociedade civil;

7. mapear e divulgar as atividades e indicadores das IGI;

8. apoiar eventos de interesse de seus integrantes;

9. promover a articulação e o intercâmbio entre seus integrantes;

10. promover a cooperação com instituições do país e do exterior;

11. contribuir para a proposição de políticas públicas relacionadas à inovação

tecnológica. (TORKOMIAN et. al, 2009)

- 19 -

CAPÍTULO III - MARCO REGULATÓRIO

3.1. Histórico

Apesar das discussões a respeito da interação entre universidades e

empresas serem recentes, em 1968, Sábato & Botana já haviam evidenciado a

importância de uma ação múltipla e coordenada de três elementos para o

desenvolvimento da sociedade contemporânea: governo, estrutura produtiva e infra-

estrutura científico-tecnológica. Apesar de terem se passado mais de 40 anos desta

publicação, podemos perceber que o tema continua atual e ainda há um longo

caminho para que tenhamos melhor interação entre esses elementos.

Observamos que as possibilidades de interação entre os vértices da

pirâmide se expandem à medida que se expandem as necessidades específicas da

sociedade contemporânea e que, nesse novo contexto, o papel das universidades e

institutos científico-tecnológicos (ICTs) públicos deixa de ser apenas fornecer mão

de obra qualificada para o mercado de trabalho.

Muito embora, a dinâmica das universidades seja distinta da das

empresas privadas, isto não significa que não seja possível uma interação produtiva

entre elas. Dentre os diversos mecanismos para esse relacionamento como, por

exemplo, a adequação de currículos e de cursos para atender a algumas

especificidades do mercado de trabalho ou até mesmo a realização de eventos e

programas de extensão universitária. Mais recentemente, uma nova forma de

interação tem chamado a atenção de pesquisadores e formuladores de políticas

públicas na área tecnológica: a possibilidade de transferência de tecnologia

produzida na universidade para as empresas privadas (SOUZA, 2010).

- 20 -

3.2. Constituição do Marco Regulatório do Processo de Transferência de

Tecnologia no Brasil

Podemos entender marco regulatório como o conjunto de normas, leis e

diretrizes que regulamentam o funcionamento de determinado setor ou determinada

atividade em um país. Como já foi dito anteriormente, o processo de transferência de

tecnologia não é um fenômeno recente e, portanto, seu marco regulatório vem

sendo constituído ao longo do tempo. Nas últimas décadas, com a globalização e

com o desenvolvimento cada vez mais rápido de tecnologias nos diversos

segmentos produtivos, a legislação sobre o tema é alterada com maior freqüência.

(SOUZA, 2010)

No Brasil, os três documentos legais mais relevantes que constituem o

marco regulatório nesta área:

• Código Civil brasileiro (Lei nº 10.406/02)

• Lei de Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96)

• Lei de Inovação (Lei 10.973/04)

Embora não trate especificamente de contratos de transferência de

tecnologia, o Código Civil Brasileiro estabelece elementos que são comuns a bens

materiais e imateriais. Bens materiais estariam sujeitos a compra, venda e locação

(aluguel) enquanto bens imateriais estariam sujeitos a cessão ou licença (royalties).

(SOUZA, 2010 apud CARVALHO, 2009)

Tanto na previsão de que a forma seja de cessão ou de licença, ainda, há

possibilidade de que estas sejam onerosas ou gratuitas, constituindo tipologias

distintas de contratos normatizados pelo Código Civil Brasileiro.

Portanto, o Código Civil Brasileiro abrange critérios gerais para bens

materiais e imateriais e não trata especificamente de contratos de transferência de

tecnologia. Nesse sentido, a Lei Nº 9.279, de 14 de maio de 1996, que regula

direitos e obrigações relativos à propriedade industrial, é mais específica.

De acordo com esta lei, a Lei de Propriedade Industrial (LPI), temos as

seguintes categorias contratuais de propriedade industrial:

• Licenciamento de direitos: por meio de exploração de patente ou de uso de marca;

- 21 -

• Aquisição de conhecimentos: por fornecimento de tecnologia, por prestação de

serviços de assistência técnica e científica e por franquias.

O pedido de patente ou a patente, ambos de conteúdo indivisível, poderão

ser cedidos, total ou parcialmente. Em se tratando de transferência de tecnologia,

segundo o artigo 59 da citada Lei, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial

(INPI) fará as seguintes anotações:

I - da cessão, fazendo constar a qualificação completa do cessionário;

II - de qualquer limitação ou ônus que recaia sobre o pedido ou a patente; e

III - das alterações de nome, sede ou endereço do depositante ou titular.

Na Lei de Propriedade Industrial as empresas encontram um respaldo

jurídico para suas atividades de P&D e para a posterior transferência de titularidade

dos frutos desse investimento. Os elementos conceituais presentes nas relações

privadas continuam valendo para as instituições científicas e tecnológicas públicas.

No entanto, a aplicabilidade desses conceitos, as relações econômicas e as

implicações institucionais decorrentes da transferência de tecnologia de um ente

público para um privado passaram a ser regulamentados no Brasil a partir de 2004.

(SOUZA, 2010).

A Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, que dispõe sobre incentivos à

inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e que é

conhecida como a Lei da Inovação, assim como o Decreto nº 5.563, de 11 de

outubro de 2005, que a regulamenta, dão um passo importante para o

amadurecimento da relação entre universidades e empresas. Essa lei estabelece

uma nova visão sobre estas relações e está gestada em um contexto de integração

de políticas públicas, a Lei de inovação está intrinsecamente relacionada às políticas

educacionais, industriais e tecnológicas do País.

De acordo com o Ministério de Ciência e Tecnologia, esta normativa está

organizada em torno de 3 vertentes:

• Constituição de ambiente propicio às parcerias estratégicas entre as

universidades, institutos tecnológicos e empresas;

• Estimulo à participação de instituições de ciência e tecnologia no processo de

inovação; e

• Incentivo à inovação na empresa.

O espírito da lei é criar um ambiente dinâmico que incentive a inovação.

Nesse ambiente, as empresas, governo e institutos científicos e tecnológicos

- 22 -

estabelecem uma relação sinérgica para a que o conhecimento produzido nas

universidades e institutos se transforme em inovação (processos e/ou produtos) nas

empresas e desta forma, contribuindo ainda mais para o desenvolvimento industrial

do País.

Para contribuir com essa sinergia, diversos mecanismos estão previstos

nessa lei, entre eles:

I - Possibilidade de a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as

respectivas agências de fomento estimular e apoiar a constituição de alianças

estratégicas e o desenvolvimento de projetos de cooperação envolvendo empresas

nacionais, Instituição Científica e Tecnológica (ICT) e organizações de direito privado

sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa e desenvolvimento, que

objetivem a geração de produtos e processos inovadores.

II - Autorização para que as ICT possam compartilhar seus laboratórios,

equipamentos, instrumentos, materiais e demais instalações com microempresas e

empresas de pequeno porte em atividades voltadas à inovação tecnológica, para a

consecução de atividades de incubação. Permite também a utilização dos

laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais e demais instalações existentes

nas próprias dependências da ICT por empresas nacionais e organizações de direito

privado sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa.

Em relação à transferência de tecnologia propriamente dita, a Lei de

inovação é, das normativas que constituem o marco regulatório, o mais específico.

Ela estabelece várias formas de transferência entre os quais: a comercialização de

criação desenvolvida pela ICT, a prestação de serviços e o estabelecimento de

parcerias para o desenvolvimento de produtos e processos inovadores.

A ICT que é titular de direitos de propriedade intelectual pode celebrar

contratos de transferência de tecnologia e de licenciamento para outorga de direito

de uso ou de exploração de criação por ela desenvolvida. A cessão (equivalente à

venda de bem material) ou licença (equivalente à locação) de direitos poderá ser a

título exclusivo ou não exclusivo.

Considerando que os negócios com instituições públicas requerem um

processo prévio de licitação, a Lei de Incentivo à Inovação previu a sua dispensa. O

requisito é que a contratação seja realizada por ICT ou por agência de fomento para

a transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de

exploração de criação protegida por direitos de propriedade intelectual.

- 23 -

A contratação, quando for realizada com dispensa de licitação e houver

cláusula de exclusividade, será precedida da publicação de edital com o objetivo de

dispor de critérios para qualificação e escolha do contratado.

O referido edital conterá informações sobre: o objeto do contrato de

transferência de tecnologia ou de licenciamento, mediante descrição sucinta e clara;

as condições para a contratação, dentre elas a comprovação da regularidade

jurídica e fiscal do interessado, bem como sua qualificação técnica e econômico-

financeira para a exploração da criação, objeto do contrato; os critérios técnicos

objetivos para qualificação da contratação mais vantajosa, consideradas as

especificidades da criação, objeto do contrato; e os prazos e condições para a

comercialização da criação, objeto do contrato. A lei estabeleceu como critério de

desempate, em igualdades de condições, a preferência pela contratação por

empresas de pequeno porte.

O edital será publicado no Diário Oficial da União e divulgado na Internet

pela página eletrônica da ICT, se houver, tornando públicas as informações

essenciais à contratação. Entre os deveres da empresa contratada, detentora do

direito exclusivo de exploração de criação protegida, está a comercialização da

criação dentro do prazo e condições estabelecidos no contrato, perdendo

automaticamente esse direito caso não a comercialize. No caso de aplicação desta

sanção pode a ICT proceder a novo licenciamento.

No entanto, quando a contratação for realizada sem a cláusula de

exclusividade ao receptor de tecnologia ou ao licenciado, e for dispensada a

licitação, poderá ser firmada diretamente, sem necessidade de publicação de edital.

A exploração comercial da criação protegida por direitos de propriedade intelectual,

mesmo sendo não exclusiva, exige da empresa receptora ou licenciada a

comprovação da regularidade jurídica e fiscal, bem como a sua qualificação técnica

e econômico-financeira. (TORKOMIAN et. al., 2009)

Quanto à prestação de serviços tecnológicos e para a inovação, a Lei

faculta à ICT prestar a instituições públicas ou privadas serviços voltados à inovação

e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo. Neste caso, o servidor,

o militar ou o empregado público envolvido na prestação de serviço poderá receber

retribuição pecuniária, diretamente da ICT ou de instituição de apoio com que esta

tenha firmado acordo, sempre sob a forma de adicional variável e desde que

- 24 -

custeado exclusivamente com recursos arrecadados no âmbito da atividade

contratada.

Quanto ao estabelecimento de parcerias para o desenvolvimento de

produtos e processos inovadores, a Lei afirma que é facultado à ICT celebrar

acordos de parceria para realização de atividades conjuntas de pesquisa científica e

tecnológica e desenvolvimento de tecnologia, produto ou processo, com instituições

públicas e privadas e que as partes deverão prever, em contrato, a titularidade da

propriedade intelectual e a participação nos resultados da exploração das criações

resultantes da parceria.

Por determinação da Lei da Inovação, buscando fortalecer o novo marco

legal para apoio ao desenvolvimento tecnológico e inovação nas empresas

brasileiras, foi promulgada a Lei Nº 11.196, de 21 de novembro de 2005, conhecida

como Lei do Bem, que traz em seu Capítulo III a consolidação dos incentivos fiscais

que as pessoas jurídicas podem usufruir de forma automática desde que realizem

pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica.

Os benefícios da Lei do Bem são baseados em incentivos fiscais, tais

como:

• deduções de Imposto de Renda e da Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL)

de dispêndios efetuados em atividades de P&D;

• redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na compra de máquinas

e equipamentos para P&D;

• depreciação acelerada desses bens;

• amortização acelerada de bens intangíveis;

• redução do Imposto de Renda retido na fonte incidente sobre remessa ao exterior

resultante de contratos de transferência de tecnologia;

• isenção do Imposto de Renda retido na fonte nas remessas efetuadas para o

exterior destinadas ao registro e manutenção de marcas, patentes e cultivares.

- 25 -

CAPÍTULO IV - VALORAÇÃO DE TECNOLOGIAS E ASPECTOS COMERCIAIS

4.1. Valoração de Tecnologias

O aumento da competitividade global e a crescente demanda de produtos

e serviços inovadores são fatores determinantes para que os setores produtivos

busquem nas universidades o apoio necessário para obter velocidade, qualidade e

menor custo no desenvolvimento de suas inovações tecnológicas.

Dentro desta premissa, o processo de transferência de tecnologia entre as

universidades e as empresas cria um caminho alternativo e complementar para o

alcance de um patamar tecnológico superior pelas empresas.

Observando o cenário brasileiro atual, percebe-se que o relacionamento

entre as instituições de ciência e tecnologia e as empresas ainda é imaturo, apesar

de já ser possível perceber que existe nas universidades uma crescente

conscientização da necessidade de proteger o conhecimento via patentes para que

os resultados da pesquisa cheguem ao mercado e para decidir a quem e como

licenciar os direitos de exploração, pois não lhes compete explorar, por si só, tais

resultados. (STAL; FUJINO, 2005)

Um bom resultado de pesquisa não é suficiente para iniciar um processo

de comercialização, é preciso transformá-lo em inovação. O depósito de patente é

fundamental para o processo de licenciamento, mas não é suficiente para o sucesso

da transferência. (STAL; FUJINO, 2005)

A capacidade do licenciador de fazer o licenciado compreender o real

valor da tecnologia é fator determinante para o sucesso da negociação, e quando a

tecnologia é o resultado de uma pesquisa acadêmica, esta valoração fica ainda mais

difícil. Para auxiliar os escritórios de transferência de tecnologia no cálculo dos

valores para licenciamento e taxas de royalties a AUTM – Association of University

Technology Managers tem um manual de orientação do Valuate 2000, onde

constam orientações, tais como a de conscientização da universidade de que o valor

adequado é aquele em ambos concordam. O comprador dificilmente pagará por

despesas anteriores de pesquisa e não há fórmulas adequadas pra obter o valor dos

investimentos na formação dos pesquisadores até o momento da invenção. Os

- 26 -

resultados de pesquisa exigem desenvolvimento adicional até a produção e

distribuição. (STAL; FUJINO, 2005)

De acordo com Dechenaux, Goldfarb, shane e Thursby (2003) a grande

maioria das invenções licenciadas não são mais do que um protótipo no momento da

transferência da universidade para a empresa.

A universidade participa apenas da primeira fase de um longo processo,

até que a tecnologia se torne economicamente viável. Desta forma, o estágio

embrionário das invenções elevando o risco de investimento e obtenção de retorno

financeiro e econômico em curto prazo pode ser destacado como um dos motivos

pelos quais o aproveitamento financeiro não muito efetivo para os inventores e para

a universidade que lhes serviu de base para a invenção na transferência de

tecnologia e conhecimentos para as empresas. (BIRCHAL; ZAMBALDE, 2009)

Entre os principais fatores que afetam a avaliação da invenção pode-se

destacar:

• o potencial de mercado;

• como a tecnologia se ajusta ao licenciador em termos do portfolio de

tecnologias,abrangência de mercado, capacidade de manufatura e canais de

distribuição;

• se o produto abrirá novos mercados para o licenciado ou se vai apenas

acrescentar algo no mercado atual. O tempo necessário para o desenvolvimento da

tecnologia, os custos de manufatura e distribuição em relação às tecnologias

correntes;

• os benefícios da nova tecnologia frente à tecnologia corrente no mercado

pretendido, a existência de tecnologias alternativas em andamento e de outras

patentes relacionadas;

• o potencial de novas oportunidades decorrentes da aplicação em múltiplos

campos.

O INPI, em apresentação sobre o tema, recomendou alguns métodos para

valoração das tecnologias, tais como:

• Valoração através da apropriação de custos, o qual consiste no levantamento de

todas as despesas incluindo o custo de oportunidade;

- 27 -

• Preço de mercado, isto é, preço de venda de tecnologias (produtos) semelhantes.

Comparação entre Fluxo de Caixa estimado da tecnologia atual e o Fluxo de Caixa

estimado da Inovação;

• O Método do Valor Presente (fluxo de caixa descontado)

Existem diversos modelos e métodos de valoração na literatura e optam

por aqueles que são mais compatíveis com seus conceitos e interesses. O objetivo

da valoração não é prever o valor exato da tecnologia no momento de sua

comercialização, mas fornecer, diante de todas as incertezas que caracterizam o

processo de inovação tecnológica, um valor esperado que, de certa forma, capte os

riscos e incertezas inerentes a este processo. Além deste, outro objetivo desta

análise é a definição de valores referência para uma eventual negociação.

(SANTOS; SANTIAGO, 2010)

4.2. Valoração das Patentes

O valor da patente está relacionado ao seu potencial de valorização e de

exploração econômica. A valoração econômica das patentes certamente segue os

mesmos modelos descritos anteriormente para valoração de tecnologias, porém

alguns parâmetros específicos são usados, tais como: o tempo de vida, que

considera retornos marginais decrescentes; a abrangência em relação às

reivindicações; a atividade inventiva embutida; a revelação de informações técnicas;

a dificuldade de invenção no seu entorno; a posição no portfolio ao qual a patente

pertence; a variedade de usos ou funções e o potencial de uso como patente

defensiva e como mercadoria de intercâmbio com concorrentes.

Sherry; Teece (2004) alertam para a possibilidade de mudança, às vezes em

curto espaço de tempo, do valor de uma inovação, distinguindo-o dos direitos de

propriedade intelectual associados a esta. No primeiro caso, o valor muda conforme

o ciclo de vida da inovação, que pode se tornar obsoleta em função de outra. No

segundo, do ponto de vista legal, há vários estágios na evolução de uma patente e a

cada estágio está associado um valor. Embora não haja mudanças técnicas entre as

fases de solicitação de registro, de aceitação da patente e de publicação da carta-

patente; do ponto de vista econômico há grande alteração, pois ela pode ser a

- 28 -

patente que dará origem a uma família de novas patentes. Para esses autores, as

negociações devem considerar o potencial de incerteza quanto à obtenção da

patente, incluindo a possibilidade de pagamento de caros processos de litígio.

(STAL; FUJINO, 2005)

4.3. Aspectos Comerciais preconizados pela Legislação Brasileira

No Brasil, conforme visto anteriormente, não há muitos documentos legais

constituindo o marco regulatório dos processos de transferência de tecnologia. Neste

cenário, a primeira lei que merece destaque, é a Lei de Propriedade Industrial, Lei nº

9.279 de 14 de maio de 1996, pois trata, no seu capítulo VIII, do licenciamento para

exploração de patentes. Além disso, esta lei passou a regular os direitos e

obrigações relativos à propriedade industrial no país, e por meio do Decreto nº 2.553

de 16 de abril de 1998, que a regulamenta, os aspectos relativos ao

compartilhamento de royalties entre as instituições públicas de pesquisa e as

universidades e seus pesquisadores, criando um ambiente favorável à proteção do

conhecimento no sistema brasileiro de inovação. (NUNES, 2010)

Apesar da existência da Lei de Propriedade Industrial, a transferência de

tecnologia somente passou a receber atenção especial após a Lei de Inovação

Brasileira, Lei nº 10.973, de 02 de dezembro de 2004, regulamentada pelo Decreto

5.563, de 11 de outubro de 2005, a qual dispõe, dentre outros temas, sobre o

estímulo à inovação por meio da colaboração entre o sistema público de Ciência e

Tecnologia e o setor empresarial.

A ausência de diretrizes legais específicas por parte do governo brasileiro

quanto às parcerias universidade e indústria no período anterior a Lei de Inovação

resultou em entraves para a transferência de tecnologia direta com foco no

licenciamento de patentes, pois havia dúvidas de caráter jurídico quanto à aplicação

da Lei de Propriedade Industrial no tocante à retenção pelas universidades dos

direitos de patente e também quanto à legalidade de contratos com o setor

empresarial para exploração das tecnologias desenvolvidas em universidades

públicas. (GARNICA & TORKOMIAN, 2009)

- 29 -

No que se refere à remuneração, o destaque é mesmo da Lei de

Inovação, onde no seu artigo 13 diz:

Art. 13. É assegurada ao criador participação mínima de 5% (cinco por

cento) e máxima de 1/3 (um terço) nos ganhos econômicos, auferidos pela

ICT, resultantes de contratos de transferência de tecnologia e de

licenciamento para outorga de direito de uso ou de exploração de criação

protegida da qual tenha sido o inventor, obtentor ou autor, aplicando-se, no

que couber, o disposto no parágrafo único do art. 93 da Lei no 9.279, de

1996.

§ 1o A participação de que trata o caput deste artigo poderá ser partilhada

pela ICT entre os membros da equipe de pesquisa e desenvolvimento

tecnológico que tenham contribuído para a criação.

§ 2o Entende-se por ganhos econômicos toda forma de royalties,

remuneração ou quaisquer benefícios financeiros resultantes da exploração

direta ou por terceiros, deduzidas as despesas, encargos e obrigações

legais decorrentes da proteção da propriedade intelectual.

§ 3o A participação prevista no caput deste artigo obedecerá ao disposto

nos §§ 3o e 4o do art. 8o.

§ 4o A participação referida no caput deste artigo será paga pela ICT em

prazo não superior a 1 (um) ano após a realização da receita que lhe servir

de base.

4.4. Preço e Garantias de Pagamento

Os itens relativos a preço e garantias de pagamento estão entre os que

mais merecem atenção nos contratos de transferência ou licenciamento de

tecnologia.

No caso de licenciamento e cessão de propriedade intelectual o preço

pode ser expresso em royalties, uma porcentagem do resultado, que significa

compartilhar o risco na sua comercialização, requerendo a previsão de auditoria para

permitir o acesso à contabilidade da parte obrigada a essa prestação.

Pode-se ter um pagamento único chamado “lump-sum”, que elimina risco

e evita auditoria, recomendado para instituições de pesquisa e pequenas empresas

que não possuem uma equipe experiente de auditoria contábil.

- 30 -

Pode ser mista, “down payment” (sinal para entrada numa negociação, ou

prestação inicial de um contrato) mais royalty.

Dependendo da negociação, pode-se acrescentar nos contratos uma

clausula de garantias, para o caso de inadimplemento ou de não pagamento.

(TORKOMIAN et. al, 2009)

Em uma análise feita por Garnica e Torkomian (2009) verificou-se que as

faixas de royalties praticadas nos contratos assinados pelas universidades de São

de Paulo são convergentes com as praticadas no mercado. Essas taxas médias são

as seguintes para os respectivos casos estudados: USP, indústria de cosméticos

com média em 4%; Unesp, Unicamp e UFSCar, indústria química, com média em

3%; e Unifesp, indústria farmacêutica, 4,5%. (GARNICA & TORKOMIAN, 2009 apud

RUSSELL, 2007)

Segundo o INPI um percentual de royalty em torno de 5% é adequado,

porém em indústrias de alta produção e grande competição, como a indústria

automobilística, a porcentagem é menor, e em indústrias de baixa produção e alto

custo, como na indústria de aviões e certas áreas químicas ou na indústria

farmacêutica, a porcentagem é mais elevada, chegando a 7-8% ou mais ainda.

(INPI)

- 31 -

CONCLUSÃO

Verificou-se neste trabalho que a gestão das inovações tecnológicas e as

transferências de tecnologia entre as universidades e as empresas tem ganhado

cada vez mais importância no Brasil, porém o relacionamento entre estas duas

instituições ainda pode ser considerado imaturo quando comparado ao cenário

internacional.

As diferenças de cultura, valores e missão das partes representaram durante

muitos anos as principais barreiras para o sucesso das parcerias entre as

universidades e as empresas. Após a Lei de Inovação as transferências de

tecnologia passaram a receber atenção especial, pois até então a ausência de

diretrizes legais específicas por parte do governo brasileiro também representava um

importante entrave. (GARNICA & TORKOMIAN, 2009)

A estruturação interna das universidades, através da criação dos NITs, para a

gestão efetiva das inovações, representou um importante marco no processo de

comercialização das tecnologias. Porém, o exercício de valoração das inovações, as

formas de pagamento e a fixação de percentual dos royalties ainda são os aspectos

mais delicados das tratativas. (GARNICA & TORKOMIAN, 2009)

Por fim, é importante destacar que dada a relevância dos impactos sociais e

econômicos diretamente relacionados às parcerias universidades-empresas, este

tema deve continuar sendo foco da atenção não só das empresas, mas também das

universidades e do governo.

- 32 -

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMADEI, J.R.P; TORKOMIAN, A.L.V. As patentes nas universidades públicas

brasileiras: análise dos depósitos das universidades públicas paulistas. Ciência da

Informação, v. 38, p. 9-18, 2009.

BIRCHAL, F.F.S.; ZAMBALDE, A.L. Da universidade para o mercado: inovação e

transferência de tecnologia. Convibra09, 2009

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Publicada

no Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil de 11 de janeiro de 2002.

BRASIL. Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004. Dispõe sobre incentivos à

inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras

providências. Publicada no Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil de 3

de dezembro de 2004.

BRASIL. Lei nº 9.279 de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos

à propriedade industrial. Publicada no Diário Oficial [da] República Federativa do

Brasil de 15 de maio de 1996.

GARNICA, L.A.; TORKOMIAN, A.L.V. Gestão de tecnologia em universidades: uma

análise do patenteamento e dos fatores de dificuldade e de apoio à transferência de

tecnologia no Estado de São Paulo. Gestão & Produção, São Carlos, v. 16, p. 624-

638. 2009.

INPI. Licenças. Disponível em: < http://www.inpi.gov.br/menu-esquerdo/patente/

pasta_titularidade/licencas_html >. Acesso em: 12/01/2011

MELO, P.A. A Cooperação universidade-empresa no Brasil. 2002. Tese

(Doutorado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Santa Catarina,

Florianópolis. 2002.

- 33 -

MELLO, M.C. Relação universidade-empresa e o resultado em inovações. T&C

Amazônia, Manaus, a. VI, n. 13, p. 6-10, fev./2008.

NUNES, A.L.S. Mudanças promovidas pela Lei da Inovação nas funções e

práticas de gestão dos intermediadores da cooperação universidade-empresa

das universidades federais. 2010. 242 f. Dissertação (Mestrado em Administração)

- Setor de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

2010.

PLONSKI, G.A. Cooperação empresa-universidade na Ibero-América: estágio atual e

perspectivas. Revista de Administração, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 65-74, abr/jun.

1995.

SANTOS, D.T.E.; SANTIAGO, L.P. Avaliar X Valorar Novas Tecnologias:

Desmistificando Conceitos, 2008. Disponível em: < http://www.institutoinovacao.com.

br/downloads/Avaliar_x_Valorar_1.pdf >. Acesso em: 23/01/2011.

SHERRY, E.F.; TEECE, D.J. Royalties, evolving patent rights, and the value of

innovation. Research Policy, v.33. p. 179-191, 2004.

SILVA, L.E.B.; MAZZALI, L. Parceria tecnológica universidade-empresa: um

arcabouço conceitual para a análise da gestão dessa relação. Parcerias

Estratégicas, v. 6, No 11, 2001

SOUZA, A.F. Marco regulatório do processo de transferência de tecnologia, 2010.

Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/53157>. Acesso em 13/01/2011.

STAL, Eva ; FUJINO, A. . As relações universidade-empresa no Brasil sob a ótica da

lei de inovação. RAI - Revista de Administração e Inovação, São Paulo, v. 2, p. 1-

15, 2005.

TORKOMIAN, A.L.V. et. al. Livro Transferência de Tecnologia: estratégias para a

estruturação e gestão de Núcleos de Inovação Tecnológica. Campinas: Komedi,

2009, 353 p.

- 34 -

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

RESUMO 4

METODOLOGIA 5

SUMÁRIO 6

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I – A Relação Universidade-Empresa 9

1.1 – Aspectos Gerais 9

1.2. Relação Universidade-Empresa: Divergências

e Resultados 12

Capítulo II – A Transferência de Tecnologia e a Ação dos

Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) 15

2.1. A Transferência de Tecnologia 15

2.2. Amadurecimento da Relação Universidade-Empresa:

Criação dos NITs 16

Capítulo III – Marco Regulatório 19

3.1. Histórico 19

3.2. Constituição do Marco Regulatório do Processo de

Transferência de Tecnologia no Brasil 20

Capítulo VI – Valoração das Tecnologias e

Aspectos Comerciais 25

4.1. Valoração de Tecnologias 25

4.2. Valoração das Patentes 27

4.3. Aspectos Comerciais preconizados pela Legislação Brasileira 28

4.4. Preço e Garantias de Pagamento 29

CONCLUSÃO 31

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 32

- 35 -

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Pós-graduação “Lato Sensu”

Instituto a Vez do Mestre

Título da Monografia:

Data da Entrega:

Avaliado por:

Conceito: