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O escritor George Orwel, já em 1949, escre- via o livro “1984” anteci- pando a realidade, onde a sociedade é vigiada e con- trolada pelo poder instituí- do, cerceando a liberdade das pessoas. Nosso micro- cosmo, o ambiente de tra- balho, parece confirmar as palavras de Orwell. Muito controle, mas ideias pouco claras sobre para onde ir. Interessante é que um pro- cesso se liga intimamente ao outro: a falta de rumo inibe a participação criati- va das pessoas e, com o foco no controle, acredita- se resolver o problema. Mal se percebem os idealizadores desses pro- cessos que mais controle só gera maiores dificulda- des de expressão da capa- cidade criativa. Resultado: pessoas insatisfeitas. Nor- mas para tudo, manuais de conduta, regimentos em profusão – fórmulas per- feitas para aprofundar o problema. Menos liberda- de, menos criatividade, onde se espera que isto seja o mais fundamental – o ambiente de pesquisa, o laboratório das inovações que podem mudar o mun- do para melhor. Gerar co- nhecimentos não é possí- vel quando, ao conceber- mos uma ideia, vamos logo enquadrando-a e re- duzindo sua potência às regras estabelecidas, ao ponto de matá-la ou res- tringi-la ao insignificante. Gestões capazes de enten- der esta simples ideia têm sido muito exitosas, mes- mo dentro de seus estrei- tos objetivos econômicos. Qual a dificuldade para colocar isso em práti- ca, então? Não falta mais informação, nem recursos para gerar novas habilida- des. O que pode estar fal- tando é um pouco de de- sapego dos pequenos po- deres incorporados nas gestões, a capacidade de dialogar e entender as ca- pacidades, objetivos e mo- tivações das pessoas. Falta reunir isso tudo e estabele- cer um programa de deba- tes profundos sobre para o “para onde ir”. È tempo de pensar qual o papel da pesquisa para responder às necessi- dades reais da sociedade. Um debate reprimido, que cria mais falta de foco e menos oportunidade de exercer nossa criatividade. Qualidade nem sempre é sofisticação científica, mas relevância social do traba- lho de pesquisa. Qualidade se mede muito menos por esquemas de certificação do que por reflexão sobre o papel transcendental do nosso trabalho. Como os problemas reais são complexos, só a criatividade pode resolvê- los. Embora algum con- trole seja desejável no sen- tido de organizar o traba- lho, o foco no controle dá a ideia de falta de capaci- dade de diálogo, pois as relações tem que ser medi- adas por regras institucio- nais. Em um cenário de “regras para tudo”, das duas, uma: ou nos especia- lizamos em criar mecanis- mos de transgressão com- portada às regras, buscan- do pequenos espaços para não sacrificar totalmente nossos princípios e neces- sidade criativas; ou nos adequamos e reduzimos nossa liberdade, atenua- mos nossa capacidade de criação e acabamos por nem saber ao certo a que vem nosso trabalho. Mas resta uma terceira opção, a construção de espaços de liberdade e diálogo, de significação e respeito, de realização e alegria. Talvez não seja fácil. Mas ambientes cin- zentos e de pouca troca de saberes, esquemas de ava- liação que promovem o individualismo e o distan- ciamento entre as pessoas, hierarquias que se cons- troem a “ação entre ami- gos” com certeza, já ante- cipam o caminho do co- lapso. O fácil está feito. Controle excessivo, qualidade em questão Edição nº6 - dezembro de 2014

Curupira edicao 6

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O Cupira é uma publicação mensal da Seção Sindical Campinas - Jaguariúna do SINPAF.

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Page 1: Curupira edicao 6

O escritor George

Orwel, já em 1949, escre-

via o livro “1984” anteci-

pando a realidade, onde a

sociedade é vigiada e con-

trolada pelo poder instituí-

do, cerceando a liberdade

das pessoas. Nosso micro-

cosmo, o ambiente de tra-

balho, parece confirmar as

palavras de Orwell. Muito

controle, mas ideias pouco

claras sobre para onde ir.

Interessante é que um pro-

cesso se liga intimamente

ao outro: a falta de rumo

inibe a participação criati-

va das pessoas e, com o

foco no controle, acredita-

se resolver o problema.

Mal se percebem os

idealizadores desses pro-

cessos que mais controle

só gera maiores dificulda-

des de expressão da capa-

cidade criativa. Resultado:

pessoas insatisfeitas. Nor-

mas para tudo, manuais de

conduta, regimentos em

profusão – fórmulas per-

feitas para aprofundar o

problema. Menos liberda-

de, menos criatividade,

onde se espera que isto

seja o mais fundamental –

o ambiente de pesquisa, o

laboratório das inovações

que podem mudar o mun-

do para melhor. Gerar co-

nhecimentos não é possí-

vel quando, ao conceber-

mos uma ideia, vamos

logo enquadrando-a e re-

duzindo sua potência às

regras estabelecidas, ao

ponto de matá-la ou res-

tringi-la ao insignificante.

Gestões capazes de enten-

der esta simples ideia têm

sido muito exitosas, mes-

mo dentro de seus estrei-

tos objetivos econômicos.

Qual a dificuldade

para colocar isso em práti-

ca, então? Não falta mais

informação, nem recursos

para gerar novas habilida-

des.

O que pode estar fal-

tando é um pouco de de-

sapego dos pequenos po-

deres incorporados nas

gestões, a capacidade de

dialogar e entender as ca-

pacidades, objetivos e mo-

tivações das pessoas. Falta

reunir isso tudo e estabele-

cer um programa de deba-

tes profundos sobre para o

“para onde ir”.

È tempo de pensar

qual o papel da pesquisa

para responder às necessi-

dades reais da sociedade.

Um debate reprimido, que

cria mais falta de foco e

menos oportunidade de

exercer nossa criatividade.

Qualidade nem sempre é

sofisticação científica, mas

relevância social do traba-

lho de pesquisa. Qualidade

se mede muito menos por

esquemas de certificação

do que por reflexão sobre

o papel transcendental do

nosso trabalho.

Como os problemas

reais são complexos, só a

criatividade pode resolvê-

los. Embora algum con-

trole seja desejável no sen-

tido de organizar o traba-

lho, o foco no controle dá

a ideia de falta de capaci-

dade de diálogo, pois as

relações tem que ser medi-

adas por regras institucio-

nais. Em um cenário de

“regras para tudo”, das

duas, uma: ou nos especia-

lizamos em criar mecanis-

mos de transgressão com-

portada às regras, buscan-

do pequenos espaços para

não sacrificar totalmente

nossos princípios e neces-

sidade criativas; ou nos

adequamos e reduzimos

nossa liberdade, atenua-

mos nossa capacidade de

criação e acabamos por

nem saber ao certo a que

vem nosso trabalho.

Mas resta uma terceira

opção, a construção de

espaços de liberdade e

diálogo, de significação e

respeito, de realização e

alegria. Talvez não seja

fácil. Mas ambientes cin-

zentos e de pouca troca de

saberes, esquemas de ava-

liação que promovem o

individualismo e o distan-

ciamento entre as pessoas,

hierarquias que se cons-

troem a “ação entre ami-

gos” com certeza, já ante-

cipam o caminho do co-

lapso. O fácil está feito.

Con t ro le excess ivo, qua l idade em ques tão

E d i ç ã o n º 6 - d e z e m b r o d e 2 0 1 4

Page 2: Curupira edicao 6

Es te p lano es tá acabando

com a nossa saúde

P á g i n a 2

Antes do fechamento

do nosso Acordo Coletivo

de Trabalho 2014-2015 já

alertávamos para a situa-

ção do nosso Plano de

Saúde, inclusive para o

fato de que o aumento de

50% na nossa participa-

ção, que passou de 2%

para 3% sobre o valor do

salário-base, não seria sufi-

ciente para salvar a Ca-

sembrapa.

Naquela época já esta-

va claro que novas medi-

das seriam tomadas, como

as que agora estão sendo

largamente divulgadas, tais

como a coparticipação por

faixa etária e por número

de dependentes.

Quando fomos cha-

mados a Brasília para dis-

cutirmos com os demais

representantes das Seções

Sindicais de todo o Brasil,

falava-se em uma ampla

auditoria a ser realizada na

Casembrapa como forma

de apurar a real situação

da mesma e fazer a devida

correção no que fosse ne-

cessário, inclusive cortes

de despesas e apuração de

responsabilidades, se fosse

o caso.

Através de solicitação

da diretoria da Casembra-

pa às Chefias das Unida-

des foram constituídos os

comitês consultivos locais,

de acordo com o Estatuto

com representantes da

chefia da UD, da AEE e

do sindicato, com a finali-

dade de levantarem alter-

nativas à maneira amadora

e caótica com que o nosso

plano de saúde tem sido

gerido. Ainda indignados

com a verdadeira tunga

sofrida na ocasião do fe-

chamento do ACT não

nos furtamos em organi-

zar reuniões gerais com os

trabalhadores na esperan-

ça de que ainda pudésse-

mos contribuir de maneira

mais crítica.

Mesmo reconhecendo

as limitações impostas a

esses comitês procuramos

coletar dados para conta-

tar empresas do segmento

de gestão de saúde e le-

vantar custos que subsidi-

assem formas alternativas

de se gerir um plano de

saúde, e para isso conta-

mos com a colaboração de

diversas pessoas que não

integravam os comitês,

mas que se dispuseram a

dar a sua cota de participa-

ção.

Em determinado mo-

mento dos nossos traba-

lhos, como era de se espe-

rar diante de assunto de tal

complexidade, nos vimos

perante muitas dúvidas

que estavam além dos

nossos conhecimentos

técnicos; necessitávamos

de acesso a dados que ex-

trapolavam a competência

do Setor de Gestão de

Pessoas local e precisáva-

mos interagir com os co-

mitês das outras unidades

do país.

Foram infrutíferas

todas as solicitações que

fizemos à diretoria da Ca-

sembrapa, junto à sua pre-

sidente, Sonisley Macha-

do, para que tivéssemos

acesso aos endereços ele-

trônicos dos integrantes

dos outros comitês visan-

do a interação e a constru-

ção de uma proposta mais

abrangente, e que respei-

tasse as peculiaridades da

região na qual cada UD

está inserida.

Temos tentado fazer

nossa parte agindo local-

mente, mas sentimos falta

de uma ação coordenada

em nível nacional para

tratar do assunto, ação

essa que nem a DN toma

como bandeira e tampou-

co a Casembrapa tem a

competência ou interesse

para encampar, limitando

a sua participação em

“passar o chapéu” para

cobrir um rombo até ago-

ra não explicado pela su-

posta auditoria contratada.

Repetimos à exaustão

que alternativas existem e

que a Casembrapa quer

simplesmente que valide-

mos seu “modelo” de ges-

tão mas não podemos

deixar que isso aconteça.

Devemos exigir trans-

parência e um modelo de

plano de saúde que atenda

a todos indistintamente –

aposentados, pessoal da

ativa e dependentes - sem

comprometer ainda mais o

nosso corroído salário.

Devemos exigir transparência

e um modelo de plano de

saúde que atenda a todos

indistintamente.

“ “

Temos tentado fazer nossa par-

te agindo localmente, mas senti-

mos falta de uma ação coorde-

nada em nível nacional.

“ “

Page 3: Curupira edicao 6

P á g i n a 3

“Há dentro de nós uma chama sagrada coberta pelas

cinzas do consumismo, da busca de bens materiais, de uma

vida distraída das coisas essenciais. É preciso remover tais

cinzas e despertar a chama sagrada. E então irradiaremos.

Seremos como um sol. Talvez seja este o significado maior

da festa que vamos celebrar:: a espiritualidade na carne

quente e mortal, assumida pelo Verbo da Vida. O espírito

do Natal, sua espiritualidade específica, é exatamente opos-

to do espírito dominante na cultura atual, que é um espírito

marcado pelo consumo, pelo mercado, pela concorrência,

pela compra, pelo negócio, pelo interesse. Um espírito que

transforma tudo em mercadoria, do sexo a Deus.

O Natal vive da gratuidade, da doação, da singeleza, da

convivialidade, do dom de se fazer presente ao outro.

Vive da alegria de ver uma vida nascendo, porque não pode

haver tristeza quando nasce a vida. E de saber que essa

criança que está aí, o divino Infante, somos nós, fundamen-

talmente. Porque há em nós uma dimensão de criança dou-

rada que nunca se perdeu e que permanece para além da

idade adulta, reclamando seu direito de entender a vida

também como algo lúdico, algo leve, algo que vale por si.

Pouco importam os interesses em que investimos na nossa

vida. Ela vale por si mesma, porque é um valor supremo.

O Natal quer ressuscitar essa dimensão espiritual no

ser humano, quer anunciar que é nessa atmosfera que Deus

também se acercou de nós. Não veio como um césar pode-

roso nem como um sumo-sacerdote, menos ainda como

empresário ou filósofo. (Lembremos a frase de Fernando

Pessoa: "Jesus não entendia nada de finanças nem consta

que tivesse biblioteca"). Ele se aproximou na forma de uma

criança pobre que nasce no subúrbio, no meio de animais.

Para que ninguém se sentisse distante Dele, para que todos

pudessem experimentar o sentimento de ternura que des-

perta uma criança que queremos carregar no colo e sobre a

qual nos vergamos, maravilhados.

Este é o caminho que Deus escolheu para acercar-se

de nós, para poder andar conosco por nossos estreitos ca-

minhos. Talvez seja um Deus que não nos explique a razão

do mal do mundo, mas que sofre junto conosco.

Talvez não nos explique por que tanto trabalho para tão

pouca felicidade, mas trabalha junto, e se faz carpinteiro.

Assume tudo o que é radicalmente humano.

Chora expressando a tristeza com a morte do amigo Láza-

ro. Enche-se de ira sagrada e toma do chicote quando vê o

espaço sagrado sendo transformado num mercado. Mas

também se enche de indizível ternura abraçando as crianças

e dizendo, resolutamente, que ninguém as afaste. Tudo isso

é Jesus, tudo isso é Deus na nossa carne quente e mortal.

Um Deus que encontramos dentro de nós e de nosso coti-

diano, sem precisar buscá-lo aqui e ali, mas buscá-lo na

nossa interioridade, onde Ele, um dia, penetrou e de onde

nunca mais saiu, nos fazendo filhos e filhas, semelhantes ao

seu Filho Jesus. E quando chegar a nossa hora de partir,

Ele vem, toma o que é Dele e leva para o Seu Reino, isto é,

nos leva cada um para Sua casa, porque nós, Seus familia-

res, pertencemos à casa Dele.

Este é para mim o significado maior da encarnação, do

mistério do Natal que celebramos, um dos pontos altos da

espiritualidade cristã. Em um mundo altamente conflituoso,

ameaçado de todas as partes, podemos fazer um parêntese

e dizer: Agora não. Agora vamos festejar, vamos comer,

vamos ser todos irmãos e irmãs, vamos acender a luz na

convicção de que a luz tem mais direito do que todas as

trevas. Fazemos isso tudo por causa Dele, Jesus, o Filho

bem-amado, porque somos irmãos e irmãs Dele, também

filhos e filhas bem-amados.

Se reservarmos em nossa vida um pouco de espaço

para essa espiritualidade, ela vai nos transformando, pois

este é o condão da espiritualidade: produzir uma transfor-

mação interior. Essa transformação acenderá nossa chama

interior que produz luz e calor e nos dá mil razões para

vivermos como humanos. Assim, caminharemos serenos

neste mundo, junto com outros e na mesma direção que

aponta para a Fonte de abundância permanente de vida e

de eternidade. E mergulharemos nessa Fonte de espirituali-

dade, que é Fonte de espírito, de vida, de amorização, de

realização e de paz.”

Mensa gem de Na ta l

Neste natal, nós, a diretoria do SINPAF, gostaríamos de desejar um natal abençoado a todos os

nossos filiados. Lembramos também que este Natal é celebrado, onde o filho de Deus nascido em ter-

ra dos atuais palestinos, em Belém. Desde o início Jesus em sua história, está do lado dos sem terra,

dos sem teto, dos sem lugar social, por isso deixamos a todos uma linda mensagem de Natal escrita

por Leonardo Boff:

Feliz Natal a todos!

Page 4: Curupira edicao 6

Re g iona l Camp inas r ea l i za even to de

consc ien t i zação po l í t i ca e ap r esen ta d i r e t r i zes

P á g i n a 4

No último dia 05, a

diretoria do SINPAF - Re-

gional Campinas realizou,

na sede da Embrapa Moni-

toramento por Satélite, uma

dinâmica liderada pelo con-

sultor de gestão Helder

Molina, e contou com a

participação de cerca de 40

funcionários, entre sindica-

lizados e não sindicalizados.

O evento faz parte das

novas diretrizes estabeleci-

das pela diretoria atual, que

pretende priorizar a comu-

nicação com a base sindical.

Através de dinâmicas lúdi-

cas, Helder Molina estimu-

lou os funcionários a pen-

sarem sobre suas ações

individuais e sobre manei-

ras de como garantir seus

direitos trabalhistas e boas

condições no ambiente de

trabalho de forma coletiva.

“O primeiro passo é

recobrar a confiança da

categoria. Para isso, o sindi-

cato precisa investir nessa

comunicação direta com a

base, só assim terá condi-

ções de identificar quais as

reais necessidades dos tra-

balhadores. É preciso esti-

mular a formação dos senti-

dos, a sensibilidade, o afeto,

a solidariedade. Sem afeto,

sem sensibilidade, ninguém

faz política, ninguém traba-

lha ou luta pelos direitos do

outro”, afirmou Molina.

Para o presidente da

regional Campinas, Wilson

Paiva, mais novidades estão

a caminho para que estas

ações não fiquem apenas

no papel. “Desde o início

da nossa gestão estabelece-

mos como meta melhor a

comunicação entre o sindi-

cato e a base. Algumas

ações já foram implantadas,

mas a expectativa é que a

comunicação se faça de

maneira mais ágil e efetiva.

Porém, isso não se faz da

noite para o dia. É preciso

organização, planejamento

e, claro, uma boa equipe”.

A adesão neste primei-

ro evento foi acima da ex-

pectativa da diretoria e,

quem participou, aprovou a

iniciativa. “Acho que des-

pertou coisas que remetem

ao nosso dia a dia, como a

falta de união e a desvalori-

zação de ações coletivas. A

dinâmica foi muito boa.

Acho que sempre uma se-

mente é plantada, e isso é o

início para as mudanças”,

comentou o pesquisador

Ivan André Alvarez.

A assessora de impren-

sa, Eliana Lima, também

esteve presente e se surpre-

endeu com o resultado da

dinâmica. “Estou na Em-

brapa há 30 anos e nunca

havia participado de um

evento como este. Foi mui-

to importante. Antes os

funcionários eram pouco

ouvidos e hoje, além de

conhecer alguns colegas de

trabalho durante o período

da dinâmica, pudemos falar

também, o que foi muito

interessante”.

R e l a t o s d a

d i r e t o r i a

“O evento permite a nossa aproximação. O primeiro exemplo dessa aproximação é consigo mesmo, a disposição

de resgatar os ideais enquanto seres humanos nas nossas vidas em todas as dimensões. Há ainda a aproximação

entre os colegas. As pessoas que estão aqui saíram das suas rotinas, tiveram a disposição de encontrar algo novo,

de poder ver e rever o que é realmente essencial. Coisas que às vezes não conseguimos fazer no cotidiano. Acho

importante promover isso. É na expe-riência de uma manhã como essa que podemos compartilhar as nossas dúvi-

das e certezas, para firmar um renovado compromisso com a coletividade no ambiente de trabalho”.

Francisco Corrales – Diretor de Ciência e Tecnologia “ “

Page 5: Curupira edicao 6

F o t o s d o e v e n t o

P á g i n a 5

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P á g i n a 6

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“Na nossa seção sindical, a maior parte dos diretores são da Embrapa Meio Ambiente, então nós temos uma certa dificul-dade de buscar a participação das pessoas, principalmente aqui na região de Campinas. Então uma das ações que nos esta-mos procurando, no sentido de buscar que as pessoas se mobilizem , que as pessoas participem mais de ações do Sindica-to. É essa aproximação, como hoje, um evento social e político, no sentido de motivar as pessoas para que elas vejam a importância da participação coletiva, dinâmicas como essas, que mexem com as emoções das pessoas, com uma profun-didade interessante, faz com elas vejam a importância da ação coletiva, que é essência do movimento sindical, um movi-mento de reivindicação e participação dos trabalhadores no sentido de melhorar suas condições de trabalho. Não só sala-rial, mas qualidade de trabalho e vida, lutar não só por uma determinada categoria mas por categorias que não tem muito acesso como categorias mais organizadas. O principio da categoria sindical é a solidariedade. O Sindicato não resolve pro-blemas individuais, mas sim questões individuais que afetam a coletividade”.

“A importância da união, esta relacionada a quando um ser humano esta fragilizado, ou vivendo uma injustiça, ou vivendo um assedio moral, ou esteja fragilizado na sua especificidade de formação, ou não esteja sendo valorizado e reconhecido, ou até mesmo doente. Ele deve saber que ele não esta sozinho. Que nós estamos todos unidos, e que tudo que nós temos hoje, não foi ganho, foi uma conquista e não podemos deixar que as antigas gerações que lutaram por esses direitos sejam perdidos. Do ponto de vista da sociedade nos temos que exercer a solidariedade, acabar com esse individualismo, com esse egoísmo,com essa maneira de me dar bem e só pensar no seu umbigo. Esta falta-do solidariedade entre as pessoas na Embrapa”.

Waldemore Moriconi – Diretor Administrativo e Financeiro

Myrian Ramos – Diretora de Comunicação

“Essa ação faz parte de um planejamento da última reunião que nós fizemos com o Helder Molina, e a intenção era aproximar cada vez mais, os filiados e os não filiados, provendo agora, um encontro como esse, de final de ano, que quer mostrar como nós devemos refletir sim! Enquanto sindicalizados e não sindicalizados. Mas, acima de tudo como membros de uma sociedade que tem problemas, e enfrentamos situações em que se necessita da participação de todos. A intenção é que essa ações continuem em 2015, pois é uma saída para nos formar sindi-calmente, formar socialmente, formar cidadãos que compreendam o que a gente precisa dentro da empresa, e entender a partir do que esta acontecendo lá fora também”.

Katy Anne Guimarães – Diretora de Políticas Sociais e Cidadania

“A medida que um pequeno grupo participa, atua e modifica as coisas, esse grupo tende a aumentar. A luta começa a ganhar força e esse é o propósito do sindicato: unir todos os trabalhadores no seu objetivo em comum. É um trabalho de formiguinha, que tem que ser feito com muita organização, planejamento e com carinho também, para que atividades, como a que foi realizada hoje, surtam efeito nos pessoas. A medida que a gente conseguir esse efeito positivo nas pessoas, a tendência é que essas oficinas, essas reuniões sejam coletivizadas ou pelo menos discutidas e compartilhadas. E isso faz com que se crie o interesse de outros participantes”.

Joel Leandro de Queiroga – Diretor de Formação Política e Sindical

“Esses eventos são importantes para que possa aproximar a diretoria da sessão com a base dos trabalhadores, para

que possa também sensibilizar os trabalhadores, envolver, aproximar e , com isso, a gente possa planejar melhor as

ações. O que pode ser feito já no próximo ano e, justamente, poder contar com ele, no sentido deles passarem para

a diretoria suas demandas, quais as questões, quais são os problemas. São cinco unidades que estamos dirigindo e

que têm características muito próprias, são diferentes. Então este é um primeiro momento, um momento de sensi-

bilização e isso é fundamental para o resto do trabalho”.

Kátia Sampaio Braga – Suplente da Secretaria Geral

José Renato Barbosa – Diretor de Saúde do Trabalhador

“Acredito somente na participação coletiva, passamos para os filiados que somente os diretores, sozinhos, não

vão conseguir nada, se eles não estiverem próximos e expondo o que eles pensam do Sindicato, o que eles bus-

cam no sindicato. Com esse engajamento fica mais fácil garantir o seus direitos”.

P á g i n a 7

Page 8: Curupira edicao 6

Expediente: O CURUPIRA é uma publicação mensal da Seção Sindical Campinas-Jaguariúna do SINPAF. Presidente: João Carlos Canuto. Vice

-Presidente: Wilson Fernando Paiva. Secretário Geral: Mário Artemio Urchei. Suplente de Secretário Geral: Kátia Sampaio Malagoli Braga. Dir.

Administrativo e Financeiro: Waldemore Moriconi. Suplente de Dir. Administrativo e Financeiro: Antônio Alves de Souza. Dir. Divulgação e

Imprensa: Myrian Suely T. A. S. Ramos. Dir. Formação Sindical: Joel Leandro de Queiroga. Dir. Ciência e Tecnologia: Francisco Miguel Corrales.

Dir. Relações Institucionais: Ricardo Camargo. Dir. Políticas Públicas e Cidadania: Maria Katy Anne V. de O. Guimarãres. Dir. Saúde do Traba-

lhador e Meio Ambiente: José Renato Barbosa. Editor e diagramador: Lucas Mayer

Do mundo v i r t ua l ao esp i r i tua l

F r e i Be t to

P á g i n a 8

Ao viajar pelo Oriente,

mantive contatos com mon-

ges do Tibete, da Mongólia,

do Japão e da China. Eram

homens serenos, comedidos,

recolhidos e em paz nos

seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava

o movimento do aeroporto

de São Paulo: a sala de espe-

ra cheia de executivos com

telefones celulares, preocu-

pados, ansiosos, geralmente

comendo mais do que devi-

am. Com certeza, já haviam

tomado café da manhã em

casa, mas como a compa-

nhia aérea oferecia um outro

café, todos comiam voraz-

mente. Aquilo me fez refle-

tir: “Qual dos dois modelos

produz felicidade”?

Encontrei Daniela, 10

anos, no elevador, às nove

da manhã, e perguntei: “Não

foi à aula?” Ela respondeu:

“Não, tenho aula à tarde”.

Comemorei: “Que bom,

então de manhã você pode

brincar, dormir até mais

tarde”. “Não”, retrucou ela,

“tenho tanta coisa de ma-

nhã...” “Que tanta coisa?”,

perguntei. “Aulas de inglês,

de balé, de pintura, piscina”,

e começou a elencar seu

programa de garota roboti-

zada. Fiquei pensando: “Que

pena, a Daniela não disse:

Tenho aula de meditação!”

Estamos construindo

super-homens e super mu-

lheres, totalmente equipa-

dos, mas emocionalmente

infantilizados.

Uma progressista cidade

do interior de São Paulo

tinha, em 1960, seis livrarias

e uma academia de ginástica;

hoje, tem sessenta academias

de ginástica e três livrarias!

Não tenho nada contra ma-

lhar o corpo, mas me preo-

cupo com a desproporção

em relação à malhação do

espírito. Acho ótimo, vamos

todos morrer esbeltos:

“Como estava o defunto?”.

“Olha, uma maravilha, não

tinha uma celulite!” Mas

como fica a questão da sub-

jetividade? Da espiritualida-

de? Da ociosidade amorosa?

Hoje, a palavra é virtua-

lidade. Tudo é virtual. Tran-

cado em seu quarto, em

Brasília, um homem pode

ter uma amiga íntima em

Tóquio, sem nenhuma preo-

cupação de conhecer o seu

vizinho de prédio ou de

quadra! Tudo é virtual. So-

mos místicos virtuais, religi-

osos virtuais, cidadãos virtu-

ais. E somos também etica-

mente virtuais.

A palavra hoje é

'entretenimento'; domingo,

então, é o dia nacional da

imbecilização coletiva. Im-

becil o apresentador, imbecil

quem vai lá e se apresenta

no palco, imbecil quem per-

de a tarde diante da tela.

Como a publicidade não

consegue vender felicidade,

passa a ilusão de que felici-

dade é o resultado da soma

de prazeres: “Se tomar este

refrigerante, vestir este tênis,

usar esta camisa, comprar

este carro, você chega lá!” O

problema é que, em geral,

não se chega! Quem cede

desenvolve de tal maneira o

desejo, que acaba precisando

de um analista. Ou de remé-

dios. Quem resiste, aumenta

a neurose. O grande desafio

é começar a ver o quanto é

bom ser livre de todo esse

condicionamento globali-

zante, neoliberal, consumis-

ta. Assim, pode-se viver

melhor. Aliás, para uma boa

saúde mental três requisitos

são indispensáveis: amiza-

des, autoestima, ausência de

estresse. Há uma lógica reli-

giosa no consumismo pós-

moderno.

Costumo advertir os

balconistas que me cercam à

porta das lojas: “Estou ape-

nas fazendo um passeio so-

crático.” Diante de seus

olhares espantados, explico:

“Sócrates, filósofo grego,

também gostava de descan-

sar a cabeça percorrendo o

centro comercial de Atenas.

Quando vendedores como

vocês o assediavam, ele res-

pondia: Estou apenas obser-

vando quanta coisa existe de

que não preciso para ser

feliz !"

Canção

aus t r a l

volto ao sul ao sul do sul ao vento flagelante do sul e ao movimento lento das geleiras num oblívio óbvio, quase alívio feito de colírio e esqueci-mento. se a canção revelasse o que murmuram as águas e o que se esconde sob as ondas... sandice, areia crendice, sereia ou simples sonhos insepultos. inquieta-me a ausência a que me entrego e o medo da distância intransponível entre o que fui e o que hoje sou; falta-me essência, sou o que de mim restou. Wilson Paiva