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QUANTO VALE O SHOW? IMPACTOS ECONÔMICOS REGIONAIS DA COPA DO MUNDO 2014 NO BRASIL Admir Antonio Betarelli Junior Edson Paulo Domingues Aline Souza Magalhães 1. INTRODUÇÃO A promoção de grandes eventos esportivos tem sido uma estratégia de diversos países para a atração de investimentos e de atenção internacional. Os benefícios econômicos destes eventos retratam um argumento utilizado para justificar o esforço e o gasto público para sediar tais eventos. Em 2009 o Brasil, especificamente a cidade do Rio de Janeiro, foi escolhido como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Um amplo estudo do impacto econômico desse evento foi divulgado pelo Comitê Organizador da candidatura brasileira, e os números divulgados ressaltaram os impactos econômicos da realização dos jogos na cidade e no país. Nesse estudo estima-se, por exemplo, que o impacto econômico dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos sobre o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil será de R$ 22 bilhões até 2016, enquanto que, no período de 2017 a 2027, atingirá R$ 27 bilhões (Secretaria da Comunicação Social da Presidência da República, 2009). A Copa do Mundo de 2014 (Copa-2014) representa outro grande evento esportivo programado para o Brasil. Na sua preparação, uma série de obras de infraestrutura, reformas e construção de estádios estão sendo programadas. Em meados de 2009 as 12 cidades-sede da Copa, que abrigarão jogos da competição, foram escolhidas: Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Recife (PE) e Salvador (BA). Além das 12 cidades escolhidas, participaram da disputa Rio Branco (AC), Belém (PA), Maceió (AL), Goiânia (GO), Florianópolis (SC) e Campo Grande (MS). É provável que o Brasil terá grande visibilidade com a promoção dos mega-eventos esportivos agendados, contudo os benefícios econômicos que tais eventos trarão para o país são difíceis de estimar, pois envolvem obras de infraestrutura urbana, reformas/construção de estádios, fluxos turísticos, 1

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COPA DO MUNDO 2014: IMPACTOS ECONMICOS NO BRASIL E NORDESTE

QUANTO VALE O SHOW? IMPACTOS ECONMICOS REGIONAIS DA COPA DO MUNDO 2014 NO BRASILAdmir Antonio Betarelli Junior

Edson Paulo DominguesAline Souza Magalhes1. INTRODUO

A promoo de grandes eventos esportivos tem sido uma estratgia de diversos pases para a atrao de investimentos e de ateno internacional. Os benefcios econmicos destes eventos retratam um argumento utilizado para justificar o esforo e o gasto pblico para sediar tais eventos. Em 2009 o Brasil, especificamente a cidade do Rio de Janeiro, foi escolhido como sede dos Jogos Olmpicos de 2016. Um amplo estudo do impacto econmico desse evento foi divulgado pelo Comit Organizador da candidatura brasileira, e os nmeros divulgados ressaltaram os impactos econmicos da realizao dos jogos na cidade e no pas. Nesse estudo estima-se, por exemplo, que o impacto econmico dos Jogos Olmpicos e Paraolmpicos sobre o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil ser de R$ 22 bilhes at 2016, enquanto que, no perodo de 2017 a 2027, atingir R$ 27 bilhes (Secretaria da Comunicao Social da Presidncia da Repblica, 2009).

A Copa do Mundo de 2014 (Copa-2014) representa outro grande evento esportivo programado para o Brasil. Na sua preparao, uma srie de obras de infraestrutura, reformas e construo de estdios esto sendo programadas. Em meados de 2009 as 12 cidades-sede da Copa, que abrigaro jogos da competio, foram escolhidas: Rio de Janeiro (RJ), So Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Braslia (DF), Cuiab (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Recife (PE) e Salvador (BA). Alm das 12 cidades escolhidas, participaram da disputa Rio Branco (AC), Belm (PA), Macei (AL), Goinia (GO), Florianpolis (SC) e Campo Grande (MS).

provvel que o Brasil ter grande visibilidade com a promoo dos mega-eventos esportivos agendados, contudo os benefcios econmicos que tais eventos traro para o pas so difceis de estimar, pois envolvem obras de infraestrutura urbana, reformas/construo de estdios, fluxos tursticos, investimentos privados (rede hoteleira, por exemplo) e divulgao internacional do pas. Os organizadores geralmente alegam que eventos, como a Copa do Mundo, geram estmulos para os negcios domsticos (e.g. restaurantes, hotis e outros negcios) e, portanto, benefcios econmicos maiores que os custos (Noll e Zimbalist, 1997). O comit organizador da Olimpada de Atlanta estimou um impulso de $ 5,1 bilhes na economia e um aumento de 77.000 empregos (Barclay, 2009).

A metodologia mais freqentemente utilizada nos estudos de impactos de eventos esportivos a anlise de Insumo-Produto, que pode estimar os efeitos diretos e indiretos desses eventos na economia. Alguns autores consideram, entretanto, que os efeitos multiplicadores obtidos superestimam os efeitos reais, pois a metodologia utiliza hipteses de oferta ilimitada de fatores de produo, no lida com os efeitos de substituio nem custos de oportunidade. Alm disso, haja vista que os multiplicadores esto baseados numa estrutura de produo vigente da economia, no capta as mudanas que a realizao do evento esportivo pode provocar nas relaes produtivas. Existem tambm casos em que o mtodo de insumo-produto no capaz de captar certos vazamentos durante o evento esportivo (e.g. lucros ganhos pelo evento pode no fluir para a economia local, mas para os acionistas estrangeiros) (Barclay, 2009; Madden, 2006; Porter, 1999).

Matheson (2002) aponta que diversos estudos geralmente superestimam o impacto econmico sobre a economia local; Porter (1999) enfatiza que os benefcios previstos pelos gastos pblicos nunca se materializam. Trabalhos como de Coates e Humphreys (1999) e Noll e Zimbalist (1997) no encontraram correlao entre a construo de estdios esportivos e desenvolvimento econmico regional. Brenke e Wagner (2006), ao analisarem os efeitos da Copa do Mundo em 2006 na Alemanha, constataram que as expectativas estavam sobrevalorizadas, de forma que os empregos adicionais eram somente temporrios e os custos de infraestrutura e promoo da Copa-2006 foram significativos. Eles concluram que os principais beneficirios dos eventos foram a FIFA e a German Foootball Association (DFB). Pillay e Bass (2008) apontam que, ao contrrio que se espera na Copa da frica do Sul, os empregos gerados pela construo de estdios so temporrios e aps o evento esportivo o desemprego urbano poder subir.

Swinnen e Vandemoortele (2008) destacam algumas diferenas entre a Alemanha e a frica do Sul como sedes da Copa do Mundo. A primeira diferena repousa no custo de investimentos em infraestrutura. Enquanto que na frica do Sul os investimentos requeridos so altos para construir novos estdios, na Alemanha que j detinha a maior parte dos estdios, os investimentos se limitaram a adequaes dos estdios em conformidade com as normas da FIFA. Os investimentos em infraestrutura urbana sero maiores na frica do Sul. Uma segunda diferena recai sobre o custo do capital e custo do trabalho. O custo do capital maior em pases em desenvolvimento, ou seja, dinheiro gasto no evento representa dinheiro no gasto em outras reas, tal como o sistema de sade. No entanto, nesses pases os salrios so relativamente baixos, possibilitando certa reduo nos custos operacionais e de infraestrutura.

Outro aspecto diz respeito ao financiamento dos investimentos requeridos pelos eventos com recursos pblicos, o que pode gerar reduo de outras despesas ou elevao da dvida pblica. Somente em 2006, aps 30 anos da realizao dos Jogos Olmpicos, a cidade de Montreal conseguiu sanar uma dvida de R$ 2,8 bilhes (Golden Goal, 2010). Nesses termos, a principal questo posta se o financiamento dos mega-eventos com recursos pblicos promove um retorno mais eficiente quando comparado com os retornos de outras formas de investimentos, como por exemplo, no sistema de sade e de educao (Swinnen e Vandemoortele, 2008). Conforme Barclay (2009), a construo de novos estdios pode aumentar atividade econmica, mas tambm pode elevar os custos de oportunidade para o setor pblico e, geralmente, tem por conseqncia a reduo de outros servios pblicos, um maior emprstimo do governo ou impostos mais altos.

Aliado ao aspecto do endividamento pblico, a falta de planejamento aps o mega-evento esportivo pode provocar a subutilizao das infraestruturas construdas e, com isso, produzir alto custo de manuteno. Para os pases em desenvolvimento existem grande riscos na promoo de um mega-evento, haja vista que os estdios construdos podem se tornar elefantes brancos (Barclay, 2009). Quatro anos aps os Jogos Olmpicos de Sidney, o Estado precisou assumir os custos de manuteno das arenas e estdios em virtude da quebra da empresa responsvel pela administrao dessas infraestruturas (Golden Goal, 2010). Aps a Copa do Mundo de 2002, a Coria do Sul e o Japo se preocupam com o baixo uso e altos custos de manuteno dos estdios (Watts, 2002). Por ano, o Governo da Grcia despende aproximadamente R$ 202 milhes em custo de manuteno da infraestrutura construda para os jogos.

Por outro lado, os mega-eventos esportivos podem representar um catalisador de acelerao do processo de investimento em reas cruciais que j deveriam ter ocorrido. Nesse aspecto se concentram, particularmente, os investimentos em infraestrutura urbana. Em adio aos investimentos na construo de arenas, Barcelona (1992) e Seul (1988) usaram os jogos para regenerar inteiramente suas infraestruturas urbanas (Barclay, 2009). Uma infraestrutura deficiente, que frequentemente restringe o crescimento econmico de uma regio, quando revitalizada em virtude de Copa do Mundo, pode produzir uma reduo de custo e fornecer um impulso de produtividade prpria economia (Swinnen e Vandemoortele, 2008).

O objetivo deste artigo estimar alguns dos impactos da Copa 2014 no Brasil, com detalhamento de suas repercusses estaduais e municipais. Para isso, simulaes com um modelo de equilbrio geral computvel (EGC) so efetuadas a partir dos dados oficiais de investimentos para a Copa. Alm dessa seo introdutria, esse trabalho se organiza em mais quatro sees. A prxima seo apresenta os investimentos previstos para a Copa 2014 em cada cidade-sede. A seo 3 aborda as hipteses na operacionalizao do modelo; os resultados das simulaes so apresentados e discutidos na seo 4. A quinta seo tece as consideraes finais.

2. OS INVESTIMENTOS PARA A COPA 2014

O Ministrio do Esporte divulgou no incio de fevereiro de 2010 os investimentos em infraestrutura para a Copa-2014, no que diz respeito mobilidade urbana (avenidas, corredores metropolitanos, acessos a aeroportos, urbanizao no entorno dos estdios) e reformas e construo de estdios. Segundo esses dados, quase a totalidade dos investimentos (R$ 10,1 bilhes) ser financiada por rgos e esferas pblicas (Tabela 1). Tal fato aponta para a inexistncia de recursos provindos da iniciativa privada ou de Parcerias Pblico-Privada (PPP). O governo federal argumenta que o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econmico e Social) buscar parte dos recursos em emprstimos feitos junto s condies e operaes de mercado, o que pode ser considerado um financiamento privado (Bastos e Cobos, 2010).

TABELA 1: Investimentos previstos em obras para a Copa-2014 (R$ milhes).

A reforma ou construo dos estdios para a Copa-2014 parece ser a primeira iniciativa no cronograma de preparao das cidades para as Competies. Dos doze estdios-sede da Copa de 2014, trs so de propriedade privada (Complexo Esportivo Curitiba, Morumbi e Beira Rio) e juntos correspondem a 6,2% do total de investimentos previsto em estdios (R$ 5,2 bilhes). Conforme a tabela 1, o BNDES ser o principal financiador das obras em estdios, cerca de R$ 3,1 bilhes (64,8% do total). Alis, desse total, R$ 25 milhes sero concedidos sob forma de crdito ao Clube Atltico Paranaense e R$ 150 milhes ao So Paulo Futebol Clube. Dessa maneira, enquanto as esferas do Governo se destacam no financiamento de infraestrutura urbana, o BNDES fomentar, sobretudo, os investimentos em estdios. Em ambos os casos, os investimentos dependem de condies regionais especficas, como a articulao das esferas municipais e estaduais de governo, assim como de financiamento ou mecanismos de incentivo/subsdio.

O total dos investimentos previsto em obras de infraestrutura urbana e estdios correspondem a 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados-sede (Tabela 2). Em relao ao total do PIB municipal, o investimento de R$ 15,4 bilhes representa 1,9% do PIB do conjunto das cidades-sede. Embora o montante de investimentos destinados para as obras na cidade de So Paulo seja proeminente (20,1% dos investimentos), tal montante representa somente 0,9% do PIB da cidade. Por outro lado, os investimentos destinados para a adequao da Copa-2014 em Cuiab (MT) correspondem 11,3% do seu PIB.

TABELA 2: Investimentos previstos por Cidades-Sede para a Copa-2014.

Os investimentos previstos na cidade de Fortaleza se concentram para a reforma do estdio Castelo (59,8%), enquanto que em Belo Horizonte as obras com infraestrutura urbana representam juntas 71,5% do total previsto de investimento em Minas Gerais, com destaque para as Avenidas Antonio Carlos e Pedro I. Em So Paulo, por seu turno, para a Construo do Monotrilho (Linha Ouro) sero despendidos aproximadamente R$ 2,5 bilhes, sendo maior montante em todo o Brasil (16,6%). Com menos destaque, nota-se que a construo do Monotrilho Norte em Manaus tambm representativo, cerca de 62,2% do total amazonense e 7,4% do total brasileiro.

De modo geral, nota-se que na grande maioria das cidades-sede, os investimentos previstos se concentram nas obras de infraestrutura urbana. A grande exceo Braslia, de forma que os recursos esto projetados, principalmente, para a reforma do estdio Man Garrincha (67,2%). Por outro lado, quando se analisa os prazos das obras, tambm se constata que em grande parte delas a previso para o trmino est agendada para o final de 2012, ano antecedente da Copa das Confederaes FIFA 2013.

Os investimentos previstos permitem projetar alguns dos impactos da Copa-2014 sobre a economia brasileira e para os Estados-sede. As informaes possibilitam tambm simular os impactos distinguindo as diferentes fontes de financiamento dos recursos. nesse ponto que este artigo ir focar sua ateno, pois as hipteses de financiamento dos recursos tm papel importante no impacto econmico que se projeta para os investimentos da Copa-2014.

TABELA 3: Investimentos previstos nas cidades-sede da regio nordestina para Copa-2014.

Este trabalho utiliza o modelo de equilbrio geral computvel (EGC) IMAGEM-B (Integrated Multi-regional Applied General Equilibrium Model - Brazil), desenvolvido no Cedeplar-UFMG. Pode-se destacar algumas vantagens dos modelos EGC sobre os modelos de Insumo-Produto para as finalidades deste estudo. Um modelo EGC trabalha com uma estrutura de interdependncia entre os setores da economia (as atividades setoriais esto interligadas), como no modelo tradicional de insumo-produto (I-P). Contudo, enquanto que o modelo I-P exibe uma srie de limitaes [e.g. coeficiente tecnolgico constante (funo produo de Leontief), retornos constantes de escala, demanda final definida exogenamente, preos rgidos e oferta perfeitamente elstica], o modelo EGC tem a vantagem de projetar impactos de mudana nos preos relativos. Alm disso, o modelo EGC, baseado no paradigma walrasiano (neoclssico), especifica elasticidades de substituio imperfeitas, e o equilbrio entre demanda e oferta atingido por preos flexveis. Nesse sentido, a resposta de todo movimento de realocao de recursos pode ser examinada a partir de choques exgenos que se refletem nos preos relativos (Domingues, 2002; Almeida, 2003; Haddad, 2004; Perobelli, 2004). Alm disso, as condies especficas de financiamento dos investimentos da Copa-2014 podem ser levadas em considerao.

3. MODELO ESIMULAES

A anlise dos impactos nacionais e regionais dos investimentos da Copa-2014 feita por meio de simulaes com um modelo de equilbrio geral computvel (EGC). O modelo EGC utilizado neste trabalho o IMAGEM-B. O modelo apresenta uma especificao regional integrada: trabalha explicitamente com os 27 estados da federao e tambm produz resultados para os 5507 municpios. O comportamento dos agentes modelado a nvel estadual (regies endgenas), e os resultados nacionais so agregaes dos resultados estaduais. A especificao top-down para municpios permite uma decomposio consistente dos resultados estaduais nesse nvel de regionalizao. O modelo permite simular polticas geradoras de impactos regionais (carteiras de investimento), polticas tributrias regionais, estudos estruturais e decomposio de cenrios macroeconmicos.

O IMAGEM-B est especificado para 36 setores de atividade, 4 usurios finais (famlias, investimento, governo e exportaes) e importaes, para cada um dos 27 estados. A base de dados representa a estrutura produtiva da economia brasileira em 2003, inclusive com os fluxos de comrcio de bens e servios entre os estados. No total, a base de dados do modelo apresenta um conjunto de 541.678 elementos numricos, entre fluxos e parmetros. Na sua verso completa o modelo possui 1.237.647 variveis e 1.076.612 equaes; para utilizao neste trabalho o modelo foi condensado de acordo com os objetivos das simulaes, o que reduz sua dimenso para cerca de 300.000 variveis e equaes. As simulaes com o modelo foram operacionalizadas no software GEMPACK (Harrison e Pearson, 2002), por meio da construo de rotinas computacionais especficas. Uma descrio detalhada do modelo encontra-se em Domingues et alii (2009). O Anexo 1 apresenta um resumo da especificao e calibragem do modelo.

Neste artigo foram feitas sete simulaes para estimar os impactos econmicos da Copa. As simulaes esto dividas de acordo com as fontes de recursos destinadas para a construo da infraestrutura urbana e para os estdios, em cada unidade da federao. Seis simulaes correspondem fase de construo dos investimentos previstos pelo Ministrio do Esporte (2010). A stima simulao procura avaliar os ganhos de produtividade das infraestruturas urbanas em operao. O prazo oficial de concluso dos investimentos 2013/2014 para duas competies: Copa das Confederaes FIFA (2013) e Copa do Mundo FIFA (2014).

As simulaes foram divididas em duas fases: construo e operao. As hipteses utilizadas nessas duas simulaes seguem o padro da literatura de equilbrio geral computvel, denominados curto prazo e longo prazo, respectivamente.

3.1 Fase de construo (curto prazo)

Na fase de construo, a oferta de capital e terra constante, tanto a nvel nacional, regional ou setorial, com exceo apenas para construo civil (i.e. os investimentos podem provocar o deslocamento do estoque de capital interregionalmente desse setor). Alm disso, o fator trabalho endgeno. Nesse tipo de simulao, geralmente o gasto real do governo fixo. Contudo, para o caso de estdios com financiamento pblico, tal varivel endgena, uma vez que deve acomodar as necessidades desse investimento. Dessa maneira, por hiptese admite-se que, para o governo financiar as obras em estdios, necessrio reduzir o seu consumo, visto que sua restrio oramentria original no previa tais despesas.

Nas simulaes usuais da fase de construo, comum assumir que o consumo real das famlias seja fixo. Entretanto, para o caso das simulaes de obras de estdios e de infraestrutura urbana financiados pelo BNDES (com recursos captados no mercado) e dos Clubes de Futebol, tal varivel tomada como endgena para observar o financiamento desse investimento. Assim, assume-se que as fontes de recursos para esse investimento se originam das famlias, que para isso diminuem seu consumo corrente. importante notar que o ajuste endgeno do consumo ocorre em todo o pas, no apenas naqueles que recebem os investimentos (Estados-sede). Por fim, enquanto que o salrio real regional fixo, o saldo comercial como proporo do PIB endgeno. O Quadro 1 descreve as simulaes de construo (Im1 a Im6) e operao (OP). Nessa ltima simulao (OP) utiliza um fechamento de longo prazo ou operao e suas hipteses sero apresentadas na seo seguinte.

QUADRO 1: Sumrio das simulaes com o modelo IMAGEM-B.

Nas obras de estdios e infraestrutura urbana com financiamento de captaes internacionais e recursos prprios do BNDES no h necessidade de compensao macro (ajuste de consumo das famlias ou do governo). Nas obras de estdios e infraestrutura urbana com financiamento do BNDES (recursos internos) e Clubes, h compensao macro pelo ajuste do consumo das famlias. O consumo do governo se ajusta para os investimentos em estdios financiados pelos governos (Im6).

Nas seis primeiras simulaes (Im1 a Im6) os choques exgenos se originam da variao do investimento na fase de construo das obras para a Copa-2014 em cada Estado-sede. Essa variao percentual calculada tendo como base a matriz de investimentos do modelo e os investimentos da Copa (tabela 4). Os valores dos investimentos foram os divulgados pelo Ministrio do Esporte, classificados de acordo com a fonte de financiamento, e deflacionados para o ano base do banco de dados (2003). A tabela 4 retrata as seis simulaes para cada tipo de investimento e Estado, de acordo com a classificao da Tabela 3.

Nas duas primeiras simulaes (Im1 e Im2), os valores so oriundos de recursos prprios e captaes internacionais (externo) do BNDES. Para segmentar os valores divulgados de financiamento pelo BNDES, utilizou uma participao mdia a partir da composio do funding do BNDES, baseado no seu relatrio da Administrao no primeiro semestre de 2009 (vide Anexo 2). Essas participaes esto divididas entre recursos de origens externas, pblicas e privadas. Os recursos externos, que representa 57,2% do funding do BNDES, englobam os fundos PIS-PASEP, FAT e fontes internacionais. Os recursos pblicos compreendem os emprstimos locais, principalmente, do Tesouro Nacional feitos pelo BNDES (32,4% do total). Por fim, os recursos privados correspondem s diversas operaes do BNDES, particularmente as operaes de mercado (10,3% do total).

TABELA 4: Investimentos da Copa-2014 em cada simulao (R$ milhes de 2003)

Nas simulaes Im3 e Im4, o financiamento dos estdios e infraestrutura urbana so decorrentes dos recursos dos Clubes de Futebol que detm direitos de propriedade de trs Estdios (Complexo Esportivo Curitiba, Morumbi e Beira Rio) e operaes de mercado do BNDES que auxiliaro a instituio para o financiamento em ambas as obras. Operacionalmente nesses casos que os choques de investimentos sero proporcionalmente compensados por uma variao no consumo das famlias. Na quinta simulao (Im5), o financiamento de carter pblico para os investimentos nos estdios de futebol corresponde agregao dos Governos (Distrital, Estadual e Municipal) e da Caixa Federal. Assim, nessa simulao definido que o consumo do governo reduz-se mesma proporo do choque positivo de investimento. Por fim, a ltima simulao na fase de operao (Im6) compreende investimentos de infraestrutura urbana, que, por hiptese, j estavam previstos pelo governo e no afetam o seu consumo corrente.

3.2 Fase de operao (longo prazo)

A simulao da fase de operao (ps-construo), em que as obras de infraestrutura urbana estaro operando, tem o propsito capturar impactos de produtividade e reduo de custo de produo gerado para a economia. Assim, como em Swinnen e Vandemoortele (2008), admite-se que apenas esse tipo de investimento representa um impulso de produtividade para as economias locais. Isso se justifica pelo fato de que a melhor mobilidade urbana produzir redues de custos, direta e indiretamente, para os setores e famlias e, em conseqncia, produzir um ganho potencial de produtividade. Ganhos de produtividade tambm estimulam o aumento do estoque de capital setorial. Portanto, nessa simulao procura-se captar as caractersticas e efeitos dos investimentos sobre a elevao no estoque de capital setorial e na produtividade dos fatores. Destarte, Estados mais beneficiados com os investimentos passam a ter uma vantagem relativa no sistema inter-regional, seja via produtividade de fatores ou aumento da participao na produo. Vale ressaltar que, segundo as hipteses deste trabalho, os investimentos previstos nos estdios de futebol possuem impactos apenas na fase da sua construo, e no representam efeitos de longo prazo (ou seja, estdios no influem em mudanas de produtividade para setores ou de bem-estar para famlias).

O clculo dos choques da simulao de operao implica a adoo de uma taxa de retorno para a infraestrutura urbana, de forma a se obter o retorno esperado para o novo capital investido. Este retorno repercute sobre a produtividade dos fatores e reflete condies tpicas de projetos de investimento de longo prazo da economia brasileira, definida em 12,9%, conforme utilizada em Domingues et alii (2009). esperado que os Estados mais beneficiados sejam aqueles que sediaro a competio. Em termos setoriais, em virtude das infraestruturas urbanas, foi calibrado um peso relativamente maior para o transporte rodovirio e areo, servios prestados as famlias e alimentos e bebidas (tabela 5).

TABELA 5: Choque de produtividade da operao das infraestruturas urbanas (var. %).

importante destacar que, diante da estrutura do modelo (equaes linearizadas), o resultado total para qualquer varivel pode ser obtido a partir das somas dos resultados das sete simulaes. Os resultados so apresentados na forma de taxas de variao percentual. Os nmeros obtidos refletem a variao em relao a uma trajetria tendencial da economia, representando apenas o efeito adicional do referido investimento. Isto equivale dizer que os resultados das simulaes representam os impactos potenciais se todos os investimentos acima forem feitos. Os impactos da Copa-2014 devem ser interpretados de forma relativa, ou seja, representam variaes em relao ao estado futuro da economia sem estes investimentos.

4. RESULTADOS DAS SIMULAES

4.1 Impactos nacionais

Feitas estas consideraes e descritas s principais hipteses envolvidas nas fases de construo e operao dos investimentos previstos para a Copa-2014, os impactos na economia brasileira variam de acordo com as suas fontes de recursos nas simulaes de construo. De modo geral, conforme a tabela 6, o consumo das famlias tem variao negativa quando o financiamento considerado privado (Im3 e Im4 BNDES e Clubes de Futebol). O consumo do governo, por sua vez, financia os investimentos em Im5 (estdios). Nas demais simulaes da fase de construo o consumo do governo e das famlias no so impactados. O PIB e o emprego crescem com os investimentos na fase de construo, a no ser na simulao com financiamento pblico (Im5), devido ao efeito negativo da queda do consumo do governo. Observa-se que a queda do consumo do governo acompanhada por uma variao negativa do emprego (Im5), visto que a administrao pblica um setor intensivo em trabalho e que remunera parcela significativa da fora de trabalho da economia.

O impacto estimado dos investimentos da Copa-2014 no Brasil de elevao de 0,7% no PIB e 0,5% no emprego, relativamente a um cenrio em que o evento no ocorresse. O efeito multiplicador dos investimentos ligeiramente inferior a 1 (0,92), uma vez que estes representam uma injeo de recursos de 0,75% do PIB (ano base 2003). A queda nas exportaes e a elevao das importaes refletem as necessidades dos novos investimentos e a elevao dos custos de produo (crescimento do deflator do PIB e do ndice de preos do consumo, IPC). Destarte, constata-se que a Copa gera um dficit marginal na balana comercial do pas. Na simulao de operao (OP), por sua vez, o efeito positivo sobre o PIB reflete os ganhos de produtividade associados s melhorias da infraestrutura urbana. TABELA 6: Impactos da Copa-2014 no Brasil: fases de construo e operao (var. %).

4.2 Impactos nos Estados e cidades -sede

Nesta seo so discutidos os impactos estaduais dos investimentos da Copa-2014. A Tabela 7 apresenta os resultados agregados das 7 simulaes (implementao e operao) em cada estado. Assim, esto agregados na tabela os efeitos de construo e operao dos investimentos. Em todos os estados o impacto sobre o nvel de atividade positivo. Amazonas (AM), Rio Grande do Norte (RN), Cear (CE) e Pernambuco (PE) so os Estados com maior impacto da Copa-2014, crescimento acima de 1,8% do PIB, relativo a um cenrio em que os investimentos da Copa-2014 no ocorressem.

Os resultados estaduais esto relacionados com o tamanho do investimento em cada estado e tambm com relaes de interdependncia regional e estrutura produtiva de cada estado. Um exemplo o impacto nos estados do Amazonas e Rio Grande do Norte, que devido ao tamanho relativo dos investimentos nesses estados (Tabela 2), mostram crescimento do PIB e do emprego mais significativos. O aumento de 4,6% do PIB amazonense corresponde a uma injeo de R$ 1,3 bilho na sua economia, ao passo que em Rio Grande do Norte o estmulo econmico atinge aproximadamente R$ 606 milhes (4,5% do PIB). Entretanto, levando-se em conta o tamanho relativo das economias dos 12 estados (PIB Regional em R$), 26% do efeito da Copa recai sobre So Paulo, 13,7% sobre Minas Gerais, 13,5% sobre o Amazonas, 9,6% sobre o Rio de Janeiro, 8,7% sobre a Bahia e 7,9% sobre Pernambuco. Assim, os impactos dos investimentos da Copa-2014 se concentram nos estados com estrutura produtiva mais complexa e integrada ao restante da economia brasileira.

TABELA 7: Impactos da Copa-2014 nos Estados-sede: resultados agregados das simulaes

O grfico 1 ilustra a relao entre o investimento da Copa-2014 e o impacto sobre o PIB, em cada estado. Esta relao pode ser tomada como um efeito multiplicador regional dos investimentos da Copa-2014, levando em conta todas as simulaes efetuadas. Estes multiplicadores so influenciados tanto pelo tamanho dos investimentos em cada estado como pela estrutura produtiva de cada regio e sua insero na economia brasileira. Assim, Minas Gerais e So Paulo, com investimentos relativamente pequenos, produzem um efeito maior sobre sua economia, tanto em decorrncia da sua estrutura produtiva como do fato de captarem efeitos de vazamentos dos investimentos em outras cidades-sede. Comparativamente, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Mato Grosso parecem ter menor capacidade de internalizao dos efeitos dos investimentos. Em termos gerais, o efeito multiplicador dos investimentos da Copa-2014 prximo de 1.

GRFICO 1: Efeito multiplicador dos investimentos da Copa 2014 (relao Impacto/Investimento).

Fonte: Elaborao prpria a partir dos resultados das simulaes com o modelo IMAGEM-B

Os resultados da tabela 7 mostram que os impactos nos estados-sede da Copa-2014 so relativamente homogneos na direo: elevao do PIB, investimentos, queda das exportaes, aumento da arrecadao de impostos. A queda das exportaes e elevao das importaes (que no modelo incluem os fluxos regionais e externos) reflete a elevao da atividade econmica nos estados-sede, que, em decorrncia dos investimentos da Copa-2014 (fase de implementao especialmente), passam a demandar mais bens e servios. Essa maior demanda se reflete em elevao dos preos relativos dos estados e, conseqentemente, em queda relativa das exportaes. A Copa-2014 possui tambm impacto positivo sobre a arrecadao de impostos indiretos em cada estado, seguindo a elevao da atividade econmica.

Os resultados que diferem entre os estados-sede so as variaes do consumo das famlias no Amazonas, Cear, Mato Grosso e Distrito Federal (negativos) e as variaes de emprego nestes dois ltimos estados (negativos). O impacto negativo do consumo das famlias decorre das simulaes de implementao em que os investimentos so financiados pelo consumo das famlias (Im3 e Im4). Nos estados acima, devido ao tamanho relativo deste componente no PIB dos estados, esse efeito negativo prevalece sobre o efeito positivo dos demais investimentos. Alm disso, a queda do consumo do governo, decorrente dos investimentos financiados pelo governo (simulao Im5) repercute negativamente nas economias estaduais.

A simulao de operao trabalha com aumentos de produtividade nas economias estaduais decorrentes dos investimentos, o que implica inicialmente menor necessidade de fatores primrios (capital e trabalho) por unidade de produo. Em princpio, o efeito produtividade implica uma queda de emprego ou de utilizao de fator trabalho, que tende a ser compensado pela elevao da atividade econmica. Como a Tabela 7 agrega tambm as simulaes de implementao, em que o nvel de atividade econmica impulsiona o emprego, o resultado lquido em geral de elevao do emprego nos estados. A exceo so os estados do Amazonas, Mato Grosso e Distrito Federal. As razes para este comportamento so distintas. No Distrito Federal e no Mato Grosso, pela elevada participao do consumo do governo no PIB, a simulao de financiamento pblico e de produtividade se sobrepe aos demais impactos positivos. No Amazonas, a estrutura produtiva industrial significativa na economia do estado, o que implica menor necessidade de emprego com a elevao de produtividade, resultado este superior ao impacto positivo da fase de construo.

Em termos intra-estaduais, os resultados do mdulo de decomposio do modelo (vide Anexo 1) podem ser explorados. O clculo da gerao de emprego considera a variao percentual do emprego em cada cidade-sede ponderada pelo nvel de emprego formal registrado em 2007 (RAIS). Nota-se que os municpios registram um crescimento mdio de 1,2% do PIB e do emprego, representando um acrscimo mdio de R$ 14,7 bilhes nas economias municipais com o equivalente a 158 mil empregos gerados (tabela 8).

TABELA 8: Impacto da Copa 2014 de emprego e crescimento econmico nas cidades-sede

Embora Natal apresente o maior impacto econmico (5,8% do PIB), So Paulo a cidade com o maior recurso injetado na sua economia (cerca de R$ 3,3 bilhes), gerando o equivalente a 41 mil empregos. Com menos destaque, projeta-se um impacto de 36 mil empregos na economia de Belo Horizonte, acompanhado por um aumento de 1,8% do PIB. Haja vista que foi simulada a queda do consumo do governo para financiar a construo de estdios, municpios com grande participao da administrao pblica so os mais afetados por isso. Esse caso de Braslia, onde a administrao publica o principal setor que remunera a fora de trabalho na sua economia. Dessa forma, a queda do consumo do Governo retrai a atividade pblica nessa cidade e, posteriormente, impacta negativamente o emprego.

FIGURA 1: Impactos municipais da Copa-2014

(a) Var % PIB municipal (b) Var PIB municipal em R$ milhes

Fonte: Elaborao prpria a partir dos resultados das simulaes com o modelo IMAGEM-B

5. CONSIDERAES FINAIS

Os resultados analisados neste trabalho dizem respeito aos impactos dos investimentos em infraestrutura urbana e estdios programados para a Copa-2014 anunciados pelo Ministrio do Esporte no incio de 2010. A literatura de economia dos esportes costuma elencar outros impactos advindos dos eventos esportivos, como por exemplo: ampliao dos setores de servios e hotelaria; fluxo adicional de turistas no evento e ps-evento; e exposio internacional do pas, com atrao de investimento externo. Entretanto, tais impactos, se existem, so de difcil mensurao e projeo. Por exemplo, diversos especialistas em economia do turismo (e.g. Matheson, 2002) consideram que um mega-evento como a Copa do Mundo apenas substitui turistas usuais no pas-sede por turistas-copa, e mesmo estes podem efetuar um dispndio no pas significativamente menor, tendo em vista os gastos com ingressos e deslocamentos para o evento.

O principal resultado da Copa-2014 parece ser a melhoria da infraestrutura urbana nas cidades-sede, o que representa efetivamente impacto de longo prazo na eficincia econmica de diversas cidades. Alm disso, este trabalho destacou as opes de financiamento dos investimentos da Copa-2014, e sinalizou que o impacto econmico tende a diminuir com o financiamento pblico para as obras de estdios de futebol, uma vez que implicam ou no crescimento da dvida pblica ou na reduo do gasto das diferentes esferas de governo envolvidas. Embora no Brasil o futebol seja a paixo nacional, no se vislumbra uma forma de avaliar o ganho de bem-estar das famlias com a reforma e construo de estdios de futebol, de uso essencialmente dos clubes de futebol ou eventos comerciais. Provavelmente, um ganho mais importante de bem-estar ocorrer com a vitria brasileira na Copa-2014.

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ANEXO 1: Modelo de equilbrio geral computvel multi-regional

Neste trabalho utilizou-se o modelo denominado IMAGEM-B (Integrated Multi-regional Applied General Equilibrium Model - Brazil), devido especificao multi-regional integrada: um modelo bottom-up para os 27 estados e top-down para as 558 microrregies ou para os 5507 municpios do Brasil. Na especificao bottom-up o comportamento dos agentes modelado a nvel estadual (regies endgenas), e neste sentido, os resultados nacionais so agregaes dos resultados estaduais. A especificao top-down para municipais permite uma decomposio consistente dos resultados estaduais nesse nvel de regionalizao. Alm disso, o modelo IMAGEM-B a capacidade de lidar com margens de transporte e comercializao diferenciadas regionalmente.

O IMAGEM-B um modelo do tipo Johansen, no qual a estrutura matemtica representada por um conjunto de equaes linearizadas e as solues so obtidas na forma de taxas de crescimento. Seu mdulo botton-up segue a estrutura terica do modelo TERM (Horridge et alii, 2005). Destacam-se na sua estrutura, a presena de firmas (inclusive investidores) minimizadoras de custos e de famlias maximizadoras de utilidade; a determinao, de forma residual, do consumo privado e o ajustamento da poupana ao investimento, sendo este ltimo fixado exogenamente.

No Brasil existem vrios modelos, como por exemplo, o modelo B-MARIA (Haddad, 1999) que foi o primeiro modelo EGC multi-regional para o pas, desenvolvido a partir do modelo Monash-MRF (Adams et alii 2000). A partir do modelo B-MARIA derivam os modelos SPARTA (Domingues, 2002) e B-MARIA-27 (Perobelli, 2004).

O modelo tambm assume que todos os usurios numa regio em particular, de bens industriais, por exemplo, utilizam-se como origem s demais regies em propores fixas. Assim, a necessidade de dados de origem por usos especficos no destino eliminada. No caso brasileiro, por exemplo, existem matrizes de comrcio interestadual por setores (Vasconcelos e Oliveira, 2006), mas no a informao sobre a destinao por uso nas regies compradoras. Esta informao foi utilizada para calibrar as matrizes de comrcio do IMAGEM-B, o que o distingue das verses do TERM calibradas para outros pases.

No modelo IMAGEM-B, num ambiente de esttica comparativa, as famlias, setores e investidores escolhem entre produtos ou insumos domsticos e importados (de outro pas) por uma especificao CES (hiptese de Armington), baseada no preo de compra. Os setores produzem em retornos constantes de escala e utilizam, alm dos insumos, fatores primrios de produo: trabalho, capital e terra. Por outro lado, as equaes de demanda das famlias esto especificadas por preferncias CES/Klein-Rubin, de forma que primeiramente elas escolhem entre produtos domsticos e importados por uma CES e, em seguida, sua utilidade maximizada por uma agregao Klein-Rubin dos bens compostos. Por fim, os investidores, para produzir capital, escolhem entre insumos domsticos e importados por uma especificao CES e o seu conjunto dos insumos intermedirios compostos formado pela combinao em propores fixas (Leontief).

H equilbrio de mercado para todos os bens, tanto domsticos como importados, assim como no mercado de fatores (capital e trabalho) em cada regio. As demandas por margens (transporte e de comrcio) so proporcionais aos fluxos de bens aos quais as margens esto conectadas. Os preos de compra para cada um dos grupos de uso em cada regio (produtores, investidores, famlias, exportadores, e governo) so a soma dos valores bsicos, impostos (diretos e indiretos) sobre vendas e margens (de comrcio e transporte).

Os dados utilizados na calibragem da extenso top-down municipal foram as participaes de cada municpio nos setores do modelo, obtidas a partir das informaes do PIB municipal e de emprego. Portanto, o mdulo requer uma matriz de dimenso 5507 x 36, representando a participao de cada municpio nos 36 setores do modelo. Uma matriz de mapeamento 5507 X 27, dos municpios para os estados, tambm foi necessria para relacionar o municpio ao respectivo estado.

O mdulo municipal uma extenso ao conjunto de equaes do modelo botton-up, que decompe os resultados estaduais para municipais que constituem cada unidade da federao. A especificao terica do mdulo municipal segue a extenso ORES do modelo ORANI (Dixon et alii, 1982). Esse sistema de equaes parte da classificao dos setores em duas categorias: municipal e estadual. Um setor municipal aquele cuja dinmica (crescimento) no municpio segue as variaes da demanda local (municipal). Um setor estadual cresce na mesma taxa em todos os municpios do respectivo Estado, de forma que sua dinmica est conectada ao nvel de atividade do setor estadual. Neste caso, no h alterao da participao do setor municipal na economia do estado. Formalmente, para setores estaduais, a decomposio top-down se processa assumindo que a variao percentual da produo (e tambm no emprego) do setor no municpio , , igual mudana percentual do setor estadual, , isto :

(1)

Sujeita restrio:

(2)

Na qual representa a parcela da regio na produo nacional do setor . Assim garante-se que a soma ponderada das variaes setoriais municipais seja igual variao do setor estadual.

Para os setores denominados municipais, a decomposio baseia-se na variao da demanda no municpio, calculada via participao dos municpios no consumo das famlias. Assim, apenas o comportamento do consumo das famlias distinto entre os municpios de um Estado. Logo, o efeito diferencial na demanda local, que gera a alterao na demanda dos setores municipais, no influenciado por outros componentes da demanda final (investimento, gastos do governo e exportaes).

Formalmente, tem-se:

(3)

em que representa a mudana percentual da demanda do municpio .

Desta forma, no caso dos setores definidos como municipais, h alterao da participao do setor na economia do estado, gerando um efeito multiplicador diferenciado no territrio. Sete setores foram definidos como municipais: gua e saneamento, construo civil, comrcio, servios prestados s famlias, servios prestados s empresas, aluguel de imveis e servios privados no-mercantis. Os demais 29 setores so definidos como estaduais.

ANEXO 2: Principais fontes na composio do funding do BNDES (1 semestre 2009)

De acordo com Barclay (2009), a Coria do Sul despendeu US$ 2 bilhes em dez novos estdios e o Japo US$4 bilhes na construo de sete novos estdios.

Dentre as fontes de recursos na composio do funding do BNDES, esto, por exemplo, as captaes no Mercado, atravs de operaes compromissadas com o Banco do Brasil utilizando parte dos ttulos pblicos adquiridos junto ao TN; e captao atravs de Depsitos Interfinanceiros, junto a instituies financeiras privadas nacionais. Em 30 de junho de 2009, essas fontes atingiram um montante de R$ 27,2 bilhes, equivalente a 8,8% das fontes de recursos totais, ou R$ 309,018 bilhes (BNDES (2009), vide Anexo 1).

Formalmente, o choque de produtividade (aprim) no setor i da regio d determinado por:

EMBED Equation.3

Deve-se lembrar que o financiamento pelas famlias dos investimentos nas simulaes Im3 e Im4 feito na mesma taxa em todos os estados e no proporcionalmente aos investimentos em cada estado.

O modelo obtm as variaes de utilizao do fator trabalho, e no de emprego (pessoal ocupado). possvel que uma elevao na utilizao de trabalho seja obtida pelo mesmo nmero de pessoal ocupado (via horas-extras), ou pelo aumento do pessoal ocupado (sem horas-extras). Assim, no primeiro caso o emprego no seria afetado, e no segundo a taxa de desemprego cairia. Neste trabalho, as variaes de emprego devem ser entendidas como um equivalente homen-hora de trabalho e no associado diretamente a variaes de pessoal ocupado (Haddad e Domingues, 2003).

O modelo gera resultados para todos os 5507 municpios brasileiros, mas apenas as sedes da Copa so tratadas neste trabalho.

A especificao dessa decomposio top-down segue o modelo delineado em ADDIN EN.CITE Leontief19659090909Leontief, WassilyMorgan, AlisonPolenske, KarenSimpson, DavidTower, Edward1965The Economic Impact--Industrial and Regional--Of An Arms CutThe Review of Economic Statistics473217-241Leontief et alii (1965) e implementado em ADDIN EN.CITE Dixon19826781678Dixon, Peter B.Parmenter, B. R.Sutton, JohnVincent, D. P.1982Orani, a multisectoral model of the Australian economyAmsterdamNorth-Holland Pub. Co.xvi, 3720444862943 (Elsevier Science Pub. Co.)Hc605 .o7 1982330.994/00724Australia Economic conditions 1945- Mathematical models.Dixon et alii (1982) no modelo Orani.

Como por exemplo, Haddad e Hewings (2005), Haddad e Domingues (2003) e Domingues e Haddad (2003).

O modelo j foi utilizado em alguns trabalhos, como na anlise dos impactos de investimentos em infra-estrutura (Domingues et alii, 2009), transportes (Faria e Magalhes, 2008), e na anlise de comrcio inter-regional brasileiro (Magalhes e Domingues, 2009).

O PIB municipal para quatro grandes setores (Agropecuria, Indstria, Servios e Administrao pblica) foi obtido diretamente das informaes disponibilizadas pelo IBGE. Os dados da RAIS para massa salarial, por municpio, permitiram desagregar Indstria e Servios nos demais 34 setores do modelo.

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