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www.mackensie.com.br Piracicaba, SP Página 1 de 2 CUSTOS NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA Carlos Araujo, COO, Mackensie Agribusiness Samuel C. S. Santos, Me. Bioenergia, Eng. Produção Vivemos um momento, onde a latência no desenvolvimento e oferta de novas tecnologias para os produtores rurais, objetivam cada vez mais, o aumento da produtividade e redução dos custos agrícolas. Com satélites, podemos identificar o crescimento de nossos cultivares, detectar pragas e doenças. Tratores com piloto automático, conduzem o plantio com maior rendimento e efetividade. Previsões de safras, estão cada vez mais assertivas, seja com a aplicação de modelos matemáticos, com o uso da tecnologia da informação, cito: notebooks, tablets, computadores de bordo, smartphones, etc. Executamos e controlamos dados operacionais no campo, em tempo real. Um software, aponta uma praga em determinado talhão do Brasil, em um canavial entre 20 e 30 milhões de hectares, controlado na cidade de Tel Aviv, Israel. O uso de drones no agro para mapeamento aéreo, já é uma realidade e dá uma visão geral do canavial, apontando falhas de plantio. Mas, e o custo de produção agrícola? Grandes grupos do setor, utilizam o Watson da IBM, plataforma de serviços cognitivos para determinação de negócios por meio de inteligência artificial; mas, plantar cana em um ambiente de produção no qual a produtividade média não passa de 65 t/ha, é prejuízo certo e, nem o Watson resolve! As usinas, quando adquirem tratores com potência de 230 cv, ao custo de meio milhão de reais, a ser utilizado em áreas com produtividade média de 60 t/ha; veem sua conta não fechando, pois, não conhecem seus efetivos custos de produção. A contabilidade societária e fiscal apresenta resultados para o mercado de capitais, acionistas, bancos e o fisco. E aqui, cria-se uma lacuna de informações para os gestores agrícolas: e os custos de produção? Na gerência agrícola onde é definido, entre outros, a quantidade de insumos, questiona-se: Qual a variedade adequada ao ambiente de produção? Qual equipamento apropriado a ser utilizado em determinada operação? Qual o melhor sistema de produção a ser empregado com o menor custo e que vai gerar maior lucro do talhão? O que encontramos na maioria das usinas é o gerente agrícola tendo como meta, colocar cana na esteira independente de seu custo de produção, indo buscar a matéria-prima a 150 km da usina para não parar a produção industrial. Os softwares operacionais atuais de gestão, possuem informações necessárias para a tomada de decisão, contudo, não é utilizado pelos supervisores e gerentes agrícolas para otimizar a utilização dos fatores de produção ou definir o melhor sistema de produção para determinado talhão. O uso não apropriado dessas informações operacionais, integrado com a falta da análise do ambiente de produção, dos diversos sistemas de produção (preparo de solo convencional ou reduzido, plantio convencional ou mecanizado), além causar ineficiências, reduzem a produtividade agrícola. E novamente apresenta-se a questão: e o custo de produção agrícola? Estas respostas, poderão ser respondidas por meio de planejamento operacional efetivo e atualizados, não simplesmente utilizar o planejamento anterior ajustando com valores atualizados.

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CUSTOS NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA Carlos Araujo, COO, Mackensie Agribusiness Samuel C. S. Santos, Me. Bioenergia, Eng. Produção

Vivemos um momento, onde a latência no desenvolvimento e oferta de novas tecnologias para os produtores rurais, objetivam cada vez mais, o aumento da produtividade e redução dos custos agrícolas.

Com satélites, podemos identificar o crescimento de nossos cultivares, detectar pragas e doenças. Tratores com piloto automático, conduzem o plantio com maior rendimento e efetividade. Previsões de safras, estão cada vez mais assertivas, seja com a aplicação de modelos matemáticos, com o uso da tecnologia da informação, cito: notebooks, tablets, computadores de bordo, smartphones, etc. Executamos e controlamos dados operacionais no campo, em tempo real.

Um software, aponta uma praga em determinado talhão do Brasil, em um canavial entre 20 e 30 milhões de hectares, controlado na cidade de Tel Aviv, Israel.

O uso de drones no agro para mapeamento aéreo, já é uma realidade e dá uma visão geral do canavial, apontando falhas de plantio. Mas, e o custo de produção agrícola?

Grandes grupos do setor, utilizam o Watson da IBM, plataforma de serviços cognitivos para determinação de negócios por meio de inteligência artificial; mas, plantar cana em um ambiente de produção no qual a produtividade média não passa de 65 t/ha, é prejuízo certo e, nem o Watson resolve!

As usinas, quando adquirem tratores com potência de 230 cv, ao custo de meio milhão de reais, a ser utilizado em áreas com produtividade média de 60 t/ha; veem sua conta não fechando, pois, não conhecem seus efetivos custos de produção.

A contabilidade societária e fiscal apresenta resultados para o mercado de capitais, acionistas, bancos e o fisco. E aqui, cria-se uma lacuna de informações para os gestores agrícolas: e os custos de produção?

Na gerência agrícola onde é definido, entre outros, a quantidade de insumos, questiona-se: Qual a variedade adequada ao ambiente de produção? Qual equipamento apropriado a ser utilizado em determinada operação? Qual o melhor sistema de produção a ser empregado com o menor custo e que vai gerar maior lucro do talhão?

O que encontramos na maioria das usinas é o gerente agrícola tendo como meta, colocar cana na esteira independente de seu custo de produção, indo buscar a matéria-prima a 150 km da usina para não parar a produção industrial.

Os softwares operacionais atuais de gestão, possuem informações necessárias para a tomada de decisão, contudo, não é utilizado pelos supervisores e gerentes agrícolas para otimizar a utilização dos fatores de produção ou definir o melhor sistema de produção para determinado talhão.

O uso não apropriado dessas informações operacionais, integrado com a falta da análise do ambiente de produção, dos diversos sistemas de produção (preparo de solo convencional ou reduzido, plantio convencional ou mecanizado), além causar ineficiências, reduzem a produtividade agrícola. E novamente apresenta-se a questão: e o custo de produção agrícola?

Estas respostas, poderão ser respondidas por meio de planejamento operacional efetivo e atualizados, não simplesmente utilizar o planejamento anterior ajustando com valores atualizados.

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O planejamento bem elaborado pela equipe técnica das empresas rurais, define-se: padrões para obter-se a eficiência operacional, redução de custos, aumento de produtividade e principalmente a lucratividade.

Para solucionar as questões acima, recomendamos o custo-padrão, definido tecnicamente e, indicando qual o formulado e quantidade adequada a ser aplicada no talhão. Destacamos um caso recente em uma usina A: por anos seguidos, sempre foi aplicado 500 kg de NPK no talhão de 120 ha. Na realidade, a necessidade de adubação é de 500 kg em 72 ha e nos outros 48 ha, a necessidade era de 300 kg, propiciando assim uma redução de custos, somente em insumos uma redução 16%. E o custo de Produção?

Seguindo a premissa acima, para uma usina com moagem de 2 milhões de toneladas/ano, ocorrendo uma ampliação dispensável tecnicamente na aplicação de NPK em 9 mil hectares e a usina irá colher uma perda monetária de três milhões e trezentos mil reais.

Na usina B, ocorreu o seguinte fato: comprou-se uma dezena de tratores J. Deere de 230 cv, com um custo por hora de R$ 150,14, com uma previsão de trabalho operacional de 2.200 horas ano. Contudo, o trator operou efetivamente aproximadamente 1.800 horas ano e, seu custo aumentou para R$ 164,50 por hora, resultado do aumento do custo fixo em 9,5%. E o Custo de Produção?

Conforme estudos do Eng. Ângelo Banchi, especialista na gestão da motomecanização, a colhedora de cana com valor acima de um milhão de reais colhendo 600 t/dia, seu custo de manutenção é de 20% do valor da colhedora nova. Porém, o piloto da colhedora aumentou significamente sua produção e colheu 750 t/dia, mas, o custo de manutenção cresceu exponencialmente para 49% do custo da colhedora nova. E o Custo de Produção?

Exemplos como estes, ocorrem no campo em todas as usinas e diariamente e ouvimos que nosso agro é eficiente. Não, não é!

Nesta safra, os custos operacionais estão em alta, principalmente os insumos agrícolas

decorrentes da valorização cambial. Apesar do preço baixo do açúcar as usinas estão fazendo caixa. Isto está ocorrendo, principalmente por causa de ganhos na alta do dólar em relação ao real. Em relação ao etanol, com a elevação do custo do petróleo, o preço do nosso combustível nacional vai a reboque, propiciando ganhos monetários. O EBITDA será significativo, porém, as usinas não deixaram de operar e necessitam pagar juros, tributos, depreciação e amortização. Muita atenção na análise do EBITDA.

Para obter um custo real, eficiente e avaliar a performance é proposto o custo gerencial padrão, no qual os supervisores e gerentes tem as devidas métricas para a tomada de decisão. Fazer gestão com os números da contabilidade societária e fiscal é indevido!

O custo-padrão é um método seguindo os princípios de gestão científica recomendado por F.W. Taylor, adotado na década de 30 seguindo as operação de produção tecnicamente e solucionando problemas principalmente referente a eficiência operacional da produção, porque para cada ambiente de produção e cada macroprocesso de produção de cana-de-açúcar ou outra cultura, tem um custo e deve ser medido por talhão, para obter entre outros, sua margem de contribuição e ponto de equilíbrio. Com isso, diretores e a equipe de gestores poderão ver e analisar os custos efetivos de produção e efetuar uma análise de performance de seu canavial, sua real produtividade e lucratividade.

Para concluir é relevante enfatizar a composição do planejamento operacional e o custo padrão assegura o gestor agrícola a conduzir a safra com eficiência e eficácia e atingir as metas empresariais.