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Como Afiar Corretamente Suas Facas Os modernos acessórios e as técnicas corretas Informações reproduzidas com AUTORIZAÇÃO ESPECIAL da Revista MAGNUM, artigo originalmente publicado na edição no 47 de abrilmaio/1996, de autoria do Engenheiro CRESO M. ZANOTTA Embora possa ser utilizada tanto em defesa quanto em combate, a faca representa para muitas pessoas caçadores, pescadores, campistas, etc. uminstrumento utilitário; para outras, como aquelas que trabalham com o preparo de qualquer tipo de carne abatedores de animais, açougueiros, cozinheiros, "sushimen" ela é o instrumento profissional por excelência. Seja qual for seu uso ou utilização, existe o consenso geral que, para poder ser adequadamente utilizada, uma faca necessita estar corretamente afiada. Esse conceito é, na realidade, também esposado por toda e qualquer pessoa que utilize um instrumento cortante formão, goiva, machado, foice, etc. pois todos sabem que uma ferramenta cortante é sempre muito mais perigosa quando... ela não corta. Este trabalho visa mostrar aos nossos Leitores e temos certeza que a maioria deles possui e utiliza facas ou canivetes não só como afiar corretamente esses instrumentos, mas como fazêlo com o auxilio dos modernos equipamentos e acessórios disponíveis no mercado internacional, muitos dos quais graças à abertura do mercado de importação emnosso país já podemser adquiridos localmente. FIO OU GUME Podese definir fio ou gume de uma faca ou de qualquer outra ferramenta cortante como a capacidade que esse instrumento possui em realizar, com precisão, facilidade e perfeição uma operação de corte em material préescolhido. Por precisão, definimos o corte efetuado em local determinado e na profundidade e espessura desejadas; por facilidade, que esse corte possa ser efetuado com um mínimo de esforço ou pressão sobre o instrumento e a perfeição caracteriza a operação na qual as fibras do material são efetivamente cortadas e não rasgadas ou esfiapadas.

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Como Afiar CorretamenteSuas Facas Os modernos acessórios e as técnicas corretas

Informações reproduzidas com AUTORIZAÇÃO ESPECIAL da Revista MAGNUM, artigo originalmentepublicado na edição no 47 de abril­maio/1996, de autoria do Engenheiro CRESO M. ZANOTTA

Embora possa ser utilizada tanto em defesa quanto em combate, a faca representa para muitas pessoas ­ caçadores,pescadores, campistas, etc. ­ um instrumento utilitário; para outras, como aquelas que trabalham com o preparo de qualquertipo de carne ­ abatedores de animais, açougueiros, cozinheiros, "sushi­men" ­ ela é o instrumento profissional porexcelência. Seja qual for seu uso ou utilização, existe o consenso geral que, para poder ser adequadamente utilizada, umafaca necessita estar corretamente afiada. Esse conceito é, na realidade, também esposado por toda e qualquer pessoa queutilize um instrumento cortante formão, goiva, machado, foice, etc. ­ pois todos sabem que uma ferramenta cortante ésempre muito mais perigosa quando... ela não corta.

Este trabalho visa mostrar aos nossos Leitores ­ e temos certeza que a maioria deles possui e utiliza facas ou canivetes ­ nãosó como afiar corretamente esses instrumentos, mas como fazê­lo com o auxilio dos modernos equipamentos e acessóriosdisponíveis no mercado internacional, muitos dos quais ­ graças à abertura do mercado de importação em nosso país ­ jápodem ser adquiridos localmente.

FIO OU GUME

Pode­se definir fio ou gume de uma faca ­ ou de qualquer outra ferramenta cortante ­ como a capacidade que esseinstrumento possui em realizar, com precisão, facilidade e perfeição uma operação de corte em material pré­escolhido. Porprecisão, definimos o corte efetuado em local determinado e na profundidade e espessura desejadas; por facilidade, queesse corte possa ser efetuado com um mínimo de esforço ou pressão sobre o instrumento e a perfeição caracteriza aoperação na qual as fibras do material são efetivamente cortadas e não rasgadas ou esfiapadas.

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Olhando a figura 1, podemos identificar em a a secção de uma lâmina de facacompletamente sem fio pois, com este formato rombudo, ela não terá condições deefetuar uma operação de corte tal como descrita anteriormente. Em b, é mostrada umasecção de lâmina corretamente afiada, podendo­se observar seu perfeito fio de corte,pronto para ser utilizado. Em c, pode­se notar uma lâmina corretamente afiada, mas cujofio está "virado", prejudicando sensivelmente sua capacidade de corte. A observaçãodessa figura nos permite definir duas operações diferentes relativas à afiação de umafaca: a primeira, chamada de afiação propriamente dita, é caracterizada pela passagemdo perfil mostrado em a para aquele tipificado em b e a segunda é chamada deassentamento e define a passagem da situação c de volta à b.

Toda operação de afiação, tal como pode ser observado na figura 1, exigirá, para que o fio possa ser corretamenteexecutado, a retirada de material das faces laterais da faca; por outro lado, na operação de assentamento a retirada dematerial da faca, salvo em situação muito específica, a qual será adiante mencionada, pode ser considerada praticamenteinexistente. A operação de afiação é realizada com o auxilio de pedras de afiar e aquela de assentamento com o de chairasou assentadores. Os diferentes tipos disponíveis de cada e como utilizá­los corretamente representam o objetivo básicodeste nosso trabalho e serão mostrados e explicados, com todos os detalhes necessários, ao longo deste. Antes, porém,desejamos mostrar aos nossos Leitores os diferentes tipos de fio existentes e quais são suas utilizações práticas.

O fio de uma faca ou de qualquer outro instrumento cortante é definido pelo seuângulo de afiação (vide figura 2); quanto menor for este ângulo, maior poder cortanteterá o instrumento mas, por outro lado, a durabilidade do fio será comprometida pelapossibilidade deste "virar" ou até mesmo quebrar Assim, não se pode utilizar um fio

com ângulo pequeno em ferramenta que irá produzir corte através de golpes tais como facões, machados e similares, poiseste seria quebrado ao primeiro deles. Ângulos pequenos (15 a 17 graus) devem ter seu uso restrito a instrumentos de cortedo tipo navalha, lâmina de barbear ou aqueles para emprego cirúrgico; entre 17 e 20 graus situam­se os ângulos ideais parafacas destinadas ao trabalho com carne, incluindo aquelas para filetar peixes; de 20 a 23 graus são os recomendados parafacas de Caça, canivetes e outros instrumentos de uso geral; de 23 a 25 graus, os adequados para facas pesadas e entre 25e 30 graus os utilizados em facões, trinchantes, machados e assemelhados. E importante lembrar que outros tipos deferramenta, tais como formões, lâminas de plaina para madeira, serras, etc., possuem ângulos e formas especificas deafiação, mas deixarão de ser comentados por fugirem do escopo deste trabalho.

CARACTERÍSTICASTECNICAS E TIPOS DASPEDRAS DE AFIAR

As pedras de afiar têm por função retirar material da lâmina de forma a obter o ângulo adequado para esta. Essa retirada éefetuada pelo emprego de materiais mais duros do que o aço das lâminas (isto é, materiais que conseguem riscar o aço) eserá tão mais eficiente quanto mais abrasivo (duro) for o material da pedra de afiar O tamanho do grão abrasivo (grana)também está diretamente ligado à eficiência do arrancamento do material da lâmina pois, quanto maior, também maior será apartícula retirada e mais rápido será o processo de afiação. Por outro lado, a retirada de grandes partículas resultará em umasuperfície final áspera e rugosa. Por simplicidade, apresentamos a figura 1 como se a lâmina da faca fosse perfeitamentepolida: na realidade, se examinarmos esta lâmina ­ em especial seu fio ­ com o auxilio de um microscópio, veremos que suasuperfície é bastante irregular Como para uma perfeita operação de corte a lâmina não deve esgarçar as fibras, é fácilconcluir que quanto mais polido for o fio de uma faca melhor será o seu desempenho. Assim, o tamanho da partícularetirada e o nível de polimento final já nos dão a primeira indicação para uma afiação eficiente: iniciar o processo de afiaçãoutilizando pedras de grana grossa de modo a obter um desbaste rápido e continuá­lo com o auxílio de outras, com granascada vez mais finas, até conseguir o fio e o acabamento desejados.

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Em engenharia, dureza significa resistência ao risco (ou à penetração, se estivermosutilizando equipamentos para medi­la). Para que o Leitor possa ter uma noção dadureza de diferentes materiais, citamos a conhecida escala de dureza Mohs queapresenta, em valores crescentes, a dureza de dez (lO) minerais, sendo o talco aquelede mais baixo valor seguido por: gesso, calcita, fluorita, apatita, feldspato, quartzo,topázio, coríndon e diamante. Nessa escala, qualquer dos minerais citados riscaaqueles que lhe são inferiores. A figura 3 mostra um gráfico com as durezas demateriais empregados na fabricação de pedras de afiar e aquelas de dois tipos de aço.A escala utilizada é conhecida como dureza Knoop, a qual é expressa pelo peso (em kg)do indentator utilizado, dividido pela área projetada da indentação, esta em mm2.

Pode­se dividir as pedras de afiar em dois tipos básicos: naturais e artificiais. Entre as primeiras, as mais conhecidas sãoaquelas descobertas há séculos no Estado de Arkansas, EUA, e utilizadas tanto pelos primeiros pioneiros norte­americanosquanto pelos índios que lá habitavam e, posteriormente, comercializadas em todo o mundo com o nome de "Arkansasstones" (pedras de Arkansas). Essas pedras, cujo nome técnico é novaculite, são constituídas de sílica pura transformadaem rocha pelo calor e pressão gerados durante a formação da crosta terrestre e encontradas com granulação para desbastesuave ("soft"), média ("medium"), fina ("fine") e dura ("hard") esta última em geral de cor preta. Uma variedade dessaspedras é encontrada no vale do rio Ouachita (Washita), no mesmo Estado e também bastante popular Essas pedras podemser adquiridas em diversos tamanhos, sendo os mais comuns aqueles de 6" x 2" (152,4 x 50,8 mm) e 8" x 2" (203,2 x 50,8 mm),embora possam ser encontradas outras de maior tamanho destinadas à afiação de facas e outras ferramentas de grandesdimensões ou menores destinadas a serem carregadas no bolso e utilizadas para retoque do fio quando no campo. Emborade custo unitário relativamente alto (acima de US$ 10,00 por unidade em tamanho normal), essas pedras são de excelentequalidade e, quando corretamente utilizadas, permitem obter um fio perfeito.

As pedras artificiais, habitualmente conhecidas como pedras de esmeril, sãofabricadas a partir de grãos de produtos abrasivos tanto naturais quanto artificiais.Entre os primeiros, citamos o esmeril ("emery", da Grécia e Turquia e que deu origemàs chamadas "pedras turcas"), o quartzo ("flint") e a granada ("garnet") e, entre ossegundos, o carboneto de silício (SiC) e o óxido de alumínio (Al2O3). Os de origemnatural apresentam durezas variáveis, enquanto os artificiais, fabricados dentro detécnicas controladas, possuem propriedades físicas uniformes. Esses abrasivos sãotriturados, moídos e classificados segundo seu diâmetro ou grana. Esta é definidapor um sistema de números, no qual quanto maior o número, menor o diâmetro (ou

grana) do abrasivo. Na realidade, a classificação é feita através de peneiras, sendo cada número representado pelo tamanhoda malha (de seção retangular). Assim, uma peneira (malha) que deixe passar grãos com tamanho até 1/8" (3,18 mm) édenominada de grana 8; outra que deixe passar grãos até 1/400" (0,06 mm) de grana 400 e assim por diante.

Após classificados por sua granulometria, os abrasivos são aglutinados comprodutos especiais e moldados em diferentes formas e tamanhos. Em seguida, oaglutinante é endurecido por cozimento, vulcanização ou outro processo compatívelcom seu tipo fixando, assim, as partículas abrasivas. As ligas ou aglutinantes maisutilizados pela indústria são: argilas, vidros, resinas, borracha goma­laca, silicato desódio e oxicloreto. As formas nas quais os abrasivos podem ser aglutinados são dasmais variadas, predominando aquelas sob a forma de discos ou cilindros (rebolospara esmerilhamento ou retificação), pastilhas, peças planas (entre as quais as nossaspedras para afiar), pontas montadas e, quando sobre papel ou pano, as nossas

conhecidas lixas. Sem entrar em mais detalhes da fabricação das pedras de afiar, é importante notar que além da

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granulometria e do tipo de aglutinante, um outro parâmetro é extremamente importante para o perfeito desempenho dapedra: sua porosidade, definida pela relação entre os grãos abrasivos, o aglutinante e os vazios que os separam.

Embora conhecido e utilizado há muitos anos como material abrasivo ou de corte (o autor; ainda aluno de escola deengenharia, utilizou nos anos 50 brocas sinterizadas de diamante e outras com pedras cravadas manualmente, emsondagens de prospecção geológica realizadas em diversas barragens então em construção no País), o diamante industrialnas suas diversas formas, incluindo aquele de cor negra e normalmente de grandes dimensões denominado carbonado,somente em tempos recentes passou a ser oferecido comercialmente em pedras destinadas especificamente à afiação defacas e outras ferramentas. E foi desse novo segmento de utilização do diamante que surgiu a idéia de escrever estetrabalho.

Clique aqui e veja uma dica de ferramentapara afiação, enviada pelo nosso amigo Emerson e

outra dica de teste final enviada pelo amigo Marcos Lima

A TÉCNICA DOASSENTAMENTO EAFIAÇÃO DE FACAS

A técnica a ser empregada na afiação de facas é exatamente a mesma quando são utilizadas pedras naturais ou artificiais,incluindo­se, nessas últimas, aquelas que utilizam o diamante como abrasivo. A grande diferença no emprego do diamantecomo abrasivo está em sua capacidade de corte e, portanto, na rapidez com que se pode efetuar as diversas operações deafiação, em especial aquelas de desbaste quando maiores quantidades de material precisam ser removidas. Dispondo­se depedras com granas adequadas e utilizando­as corretamente o resultado final a ser obtido deve ser o mesmo, quer sejamempregadas somente pedras naturais, artificiais ou ambas.

Antes da escolha das pedras a serem empregadas é necessário avaliar o grau deafiação que teremos que efetuar: se o fio estiver em ordem e somente "virado", umachaira resolverá o problema. Sua técnica deutilização é a seguinte: pessoas destras devemsegurar a chaira com a mão esquerda e a faca com adireita: em seguida "esfrega­se", sem aplicar pressãoexcessiva, o fio da faca contra a chaira, mantendo­seentre elas o mesmo ângulo com que aquela foi

anteriormente afiada e efetuando movimentos contínuos por toda a extensão do seu fio ecom este deslizando à frente e no sentido do movimento da faca. É indiferente se a faca é

movida do cabo da chaira para sua ponta ou vice­versa. Realmente importante é que afaca seja movida contra o fio, isto é, como se estivéssemos "fatiando" a superfície dachaira. A cada movimento, a faca deve ser alternadamente "esfregada" por cima e porbaixo da chaira igualando, assim, a operação de assentamento nos dois lados dalâmina. Na próxima vez que o Leitor for a umaçougue, observe com atenção como e com quefreqüência os profissionais utilizam uma chairae rapidamente estará apto a usá­la.

Clique aqui e veja algumas considerações

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do nosso amigo Wagner Hüber sobre o uso das Chairas

Chaira tipo bastão diamantado. Observe como a lâmina da faca é posicionadaperfeitamente na vertical, fazendo com que o ãngulo de afiação seja determinado poraquele dos bastões.

Dentre as ferramentas hoje fabricadas com abrasivos diamantados, pode­se também encontrar chairas. Todavia, como suacapacidade de corte é muito grande elas se enquadram naquele caso especial que anteriormente menciona­mos e no qual,durante o processo de assentamento do fio, algum material é retirado da lâmina. Esse fato pode ser facilmente constatadopassando­se um pano limpo na chaira após o processo e observando os resíduos retirados. Esse tipo de chaira temexcelente aplicação na recuperação rápida de facas, especialmente em situações onde não se tenha tempo oudisponibilidade de outros equipamentos para efetuar uma afiação completa. O autor possui tais chairas, inclusive uma debolso e pode atestar que são simplesmente fantásticas e, após experiências frustrantes, não mais comparece a churrascossem que uma delas esteja à mão...

Quando ao examinar o fio de uma faca concluirmos que ele está muito gasto ou mesmo inexistente, é chegada a hora deefetuarmos sua afiação. Neste trabalho vamos nos ater à utilização de pedras manuais para afiação, mas é necessáriolembrar que especialmente nas operações iniciais de desbaste podemos utilizar equipamentos motorizados, tais comorebolos de esmeril, lixadeiras de fita ou disco, que aceleram e facilitam sobremaneira nosso trabalho. Todavia, sobre eles nãovamos entrar em maiores detalhes, pois acreditamos que poucos dos nossos Leitores dispõem de tais equipamentos ou datécnica necessária para utilizá­los.

Como já afirmamos anteriormente. deveremos proceder a afiação da faca utilizando pedras em ordem decrescente detamanho de grão. Supondo­se um fio inexistente, devemos começar com uma pedra artificial de grana grossa, em seguidapassar para uma média e, finalmente, para aquela de grão bem fino. No caso das pedras naturais do Arkansas, a inicial será a"soft", seguida da "medium", e terminando com a "fine". Quando desejarmos um fio excepcionalmente perfeito, deveremosterminar o trabalho utilizando a "hard".

Escolhida a primeira pedra a ser utilizada, será necessário fixá­la a uma bancada para que possamos trabalhar sem que estase mova e cause acidentes. Grande parte das pedras norte­americanas já vem acondicionada em caixetas de madeira ouplástico que facilitam tal fixação; outras são suficientemente pesadas e podem ser utilizadas sem fixação ou, ainda, podemosfixá­las a uma morsa de bancada com o cuidado necessário para não apertá­las em excesso e quebrá­las ou lascá­las. Emseguida, devemos aplicar uma pequena camada de lubrificante sobre a superfície da pedra com o objetivo de ajudar odeslizamento da faca e facilitar a remoção tanto de partículas do abrasivo quanto da própria lâmina. O lubrificante a serempregado pode ser água ou óleo fino, este em formulações especiais preparadas pelos próprios fabricantes das pedras deafiar. A solução caseira para um óleo bastante eficiente resulta da mistura de óleo do tipo Singer ou similar e querosene naproporção de 50% em volume. E importante ler o panfleto técnico que acompanha a pedra pois alguns fabricantesrecomendam o uso de óleo, outros o de água, outros são indiferentes e outros afirmam que suas pe­dras podem ou devemser utilizadas sem lubrificante.

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A técnica de afiação é bastante simples e lembra o assentamento do fio com chaira:encostar a lâmina na pedra no ângulo desejado e, mantendo esse ângulo, deslizar a facacontra o fio ao longo de toda a pedra, em um movimento já definido como se fôssemos"fatiá­la". Em seguida, repetir o mesmo movimentovirando a faca de lado e trazendo­a de volta ao pontode partida. Repetir os movimentos de vaivém atéobter o desbaste necessário ou desejado. Essasoperações serão repetidas em todas as outras pedrasde diferentes granas a serem utilizadas. No caso de

faca com lâmina curva é fundamental acompanhar essa curvatura durante o processo dodeslizamento sobre a pedra, de forma a manter o fio sempre contra o sentido domovimento. Em lâminas de pequeno comprimento, a afiação pode ser efetuada utilizando­se somente uma das mãos para segurar o cabo; naquelas de maior comprimento, deve­se utilizar ambas, sendo uma no caboe a outra na ponta da lâmina. Assim procedendo teremos duas vantagens: pressão mais uniforme da lâmina sobre a pedra emais fácil manutenção do ângulo de afiação.

A conhecida empresa norte­americana Buck Knives, fabricante de facas de altaqualidade e também de produtos para afiação destas, propõe, além de umângulo de somente lO graus para suas facas, um sistema de movimentação dapeça em afiação diferente daquele que sugerimos e que pode ser mais bemcompreendido pela observação da figura. No processo, a faca é girada diversasvezes no sentido contrário ao dos ponteiros de um relógio; em seguida, esta évirada de lado e repete­se o movimento de girar pelo mesmo número de vezesdo anterior; porém agora no sentido dos ponteiros de um relógio. Notem queno sistema sugerido pela Buck a faca, em um mesmo movimento giratório e em

qualquer dos seus dois lados, irá deslizar com o fio contra e a favor da pedra.

Quando a afiação deve ser considerada terminada? Embora esse seja um ponto dedifícil definição, diríamos que a melhor maneira de verificação será testar o corte dalâmina, se possível no mesmo material onde pretendemos utilizá­la. Caso isso sejaimpraticável, tratando­se de facas de cozinha, caça, pesca, ou mesmo canivetesconvencionais, basta testá­los cortando em tiras uma folha de papel. Embora esteseja um teste rudimentar; se a faca efetuar os cortes com facilidade e sem efeito de"serra", ela estará corretamente afiada.

Alguns especialistas em afiar facas com fios extremamente aguçados costumamcomplementar a afiação com duas operações adicionais: a) passar o fio da lâminaperpendicularmente sobre um pedaço demadeira de lei, procurando cortar suasfibras e não no sentido delas. Essaoperação colocará o fio em posiçãoabsolutamente coincidente com o eixo dafaca e b) passar a faca na face de uma tira

de couro, em movimentos semelhantes ao da afiação, mas agora com o fiodeslizando no sentido do movimento e não contra ele.

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Após a utilização das pedras de afiar ­ qualquer que seja o seu tipo deve­se limpá­las, visando retirar partículas soltas tantodo aço da lâmina quanto do próprio abrasivo. Essa limpeza pode ser feita com um pano limpo mas que não deixe fiapos nasuperfície das pedras. Todavia, após três ou quatro utilizações, é conveniente efetuar uma limpeza mais completa: com oauxilio de uma escova de cerdas curtas de náilon, lave­as com água e detergente e deixe­as secar naturalmente antes deguardá­las. Corretamente cuidadas, as pedras de afiar devem durar por toda uma vida. Guarde­as em local seguro e nãodeixe que sofram quedas ou pancadas pois, embora extremamente duras, as pedras são frágeis e podem partir­se comrelativa facilidade.

OS MODERNOS MATERIAISE EQUIPAMENTOS

No Brasil somente são fabricadas pedras artificiais: Carborundum, Norton e outrasempresas menores as produzem em diversas granas, formatos e tamanhos. Semdúvida, uma das mais práticas é aquela chamada pedra combinada, composta deduas pedras planas e retangulares ­ uma de grão grosso (100) e outra fino (280)coladas entre si. Existem ainda pedras de tamanho reduzido e diferentes formatosdestinadas à afiação de pequenas lâminas e sempre disponíveis em granas grossa,média e fina.

No Exterior; principalmente nos EUA, a variedade de pedras e "sistemas de afiação" é muito grande e é justamente nossaintenção torná­las conhecidas do público brasileiro, pois algumas já estão disponíveis em nosso país e outras podem serfacilmente adquiridas por correio ou fax e pagas com cartão de crédito internacional.

As Informações acima foram escritas pelo Engenheiro CRESO M.ZANOTTA e publicadas na revista MAGNUM Ano VIII, Numero

47 (abril­maio/1996) ­ Página 48.