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FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 128 • Nº 2.170 • Janeiro 2010 D EUS , C RISTO E C ARIDADE R$ 5,00 ISSN 1413 - 1749 Era Nova “Soam, na Espiritualidade Superior, os clarins que anunciam a grande transição.”

D , C RISTO E CARIDADE Nova Era - Sou Leitor Espírita · Presença de Chico Xavier Com Jesus e por Jesus ... merece uma análise. ... contra elas. Em outro ensino popular a

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F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 128 • Nº 2.170 • Janeiro 2010D EUS , CR I S TO E CAR I D AD E

R$ 5,00

ISSN 1

413

- 1

749

Era

Nova“Soam, na Espiritualidade

Superior, os clarins queanunciam a grande

transição.”

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo CristãoAno 127 / Dezembro, 2009 / N o 2.169

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO E EVANDRO NOLETO

BEZERRA

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES PEREIRA E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual R$ 339,00Número avulso R$ 55,00

PARA O EXTERIORAssinatura anual US$ 335,00

Assinatura dde RReformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

E-mmail: [email protected]

Editorial

Jesus

Entrevista: Gerson Simões Monteiro

Reflexos da difusão do Espiritismo por jornais e rádio

Presença de Chico Xavier

Com Jesus e por Jesus – Emmanuel

Esflorando o Evangelho

Jesus e os amigos – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Zamenhof – Sesquicentenário de nascimento –

Affonso Soares

Reformador de ontem

Unificação paulatina, união imediata, trabalho incessante... –

Bezerra de Menezes

Seara Espírita

O Cristo e sua Doutrina (Capa) – Juvanir Borges de Souza

Inversão de valores – Vianna de Carvalho

Súplica de Natal – Cármen Cinira

Profilaxia da alienação – Richard Simonetti

Obsessão – Allan Kardec

Superstições: feitiços, pactos e amuletos –

Christiano Torchi

A bênção da amizade – Clara Lila Gonzalez de Araújo

Em dia com o Espiritismo – Uma história não espírita

de Natal – Marta Antunes Moura

1º Congresso Espírita do Distrito Federal

Borja, um brasileiro que conheceu Kardec –

Luciano Klein Filho

Retificando...

Aplicação moral e frutos do Espiritismo –

Adilton Pugliese

A você que está chegando – Joana Abranches

Arai! – Mário Frigéri

Extremismos – Cezar Braga Said

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4 Reformador • Dezembro 2009444422

Editorial

Jesus

1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Ed. Comemorativa do Sesquicentenário. Tradução de EvandroNoleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2007.2João, 13:17.

a questão 625 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta: Qual o tipomais perfeito que Deus tem oferecido ao homem para lhe servir de guia emodelo? E recebe uma resposta simples e direta: “Jesus”.1

Comentando o assunto, o Codificador observa: “Para o homem, Jesus represen-ta o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-looferece como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a mais pura ex-pressão de sua lei, porque, sendo Jesus o ser mais puro que já apareceu na Terra, oEspírito Divino o animava”.

Essa questão, inúmeras vezes lembrada, merece uma análise. Apesar das detur-pações realizadas pelos homens por meio das instituições por eles criadas, uma ob-servação feita, com total isenção, sobre a presença de Jesus na Terra, mostra que Eledeixou uma Doutrina que ampliou e aprofundou, no sentido da valorização doamor e do conhecimento, os mandamentos recebidos por Moisés. Observa-se issonos ensinos do Sermão da Montanha, nas parábolas, para a compreensão do Reinode Deus, e nas inúmeras oportunidades de conversação que teve, não só com os seusdiscípulos, mas também com as demais pessoas com quem conviveu.

Além disso, deixou os exemplos de profundo amor para com tudo que a Nature-za apresenta, em especial para com os seres humanos: curou os enfermos, deu decomer aos famintos, acolheu e orientou os aflitos e perturbados de toda ordem, edeu testemunho de coragem, paciência, tolerância e perdão, especialmente no epi-sódio da crucificação.

Dando prova, finalmente, da imortalidade, com a sua ressurreição, abriu paraa Humanidade uma nova visão de vida que ultrapassa os limites da morte física.Com seus ensinos e exemplos espalhou a verdade, que agora se destaca ainda mais como advento do Consolador Prometido.

Aqueles que estão convictos dessa realidade assumem, naturalmente, o dever,consigo mesmos, de trabalhar, nesta e nas próximas reencarnações, no propósi-to de substituir os seus velhos e viciados hábitos por novos, decorrentes da vivên-cia do Evangelho e formados à luz da Doutrina de Jesus, que é a expressão das Leisde Deus.

“Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.”2 – JESUS.

N

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s princípios essenciaistransmitidos por Jesus àHumanidade estão clara-

mente expostos nos Evangelhos,escritos e reescritos por dois deseus discípulos diretos (Mateus eJoão) e por outros dois, que co-lheram o que expuseram dos após-tolos diretos e da Mãe Santíssima(Lucas e Marcos).

Além dessas quatro obras es-senciais, aprovadas desde os pri-meiros séculos do Cristianismopela Igreja primitiva, vários ou-tros Evangelhos foram escritos pordiversos autores, entretanto, nãotiveram a aceitação e a aprovaçãoda generalidade dos cristãos.

Jesus não deixou qualquer escri-to sobre os seus ensinos, transmiti-dos oralmente aos seus discípulos eao povo em geral.

Mas os Evangelhos enunciam,com toda clareza, os princípiosbásicos de sua Doutrina, trans-mitidos aos que procuraram se-gui-lo, desde os dias de sua pre-sença entre os homens, até a épo-ca atual.

Eis o que se entende claramen-te de suas lições, reafirmadas pos-teriormente pelo Consolador queEle pediu ao Pai fosse enviado aoshomens, o qual já se acha presen-te junto à Humanidade, desde osmeados do século XIX:

a) a paternidade universal deDeus, o Criador de tudo oque existe;

b) todas as consequências mo-rais daí resultantes, inclusivea improcedência do politeís-mo, até então dominante nomundo ocidental;

c)a eternidade da vida, que per-mite a cada Espírito a busca daperfeição (“o Reino de Deus”);

d) toda a Religião e toda a Filo-sofia resumidas numa só pa-lavra: amor.

É do Mestre o ensino profun-do, mas de tal simplicidade, quequalquer pessoa o guarda parasempre: “Amar a Deus sobre todasas coisas: e amar o próximo comoa si mesmo”. (Mateus, 22:37-39.)

No Evangelho de Mateus (5:44--48),1 encontramos os seguintesensinamentos do Mestre sobre oamor ao próximo, que se apresen-ta tão difícil para a imensa maio-ria dos habitantes deste mundo deexpiações e provas:

Amai os vossos inimigos; fazei

o bem aos que vos odeiam e orai

pelos que vos perseguem e calu-

niam; para serdes filhos de vosso

Pai que está nos céus, o qual faz

erguer-se o seu sol sobre bons e

maus, e faz chover sobre justos

e injustos. Porque, se não amais

senão os que vos amam, que re-

compensa deveis ter por isso?

É o exemplo do amor que nosdá o próprio Criador, com sua to-lerância e compreensão para comtodas as suas criaturas, por maisrebeldes que sejam perante suasleis justas e eternas, que têm, emsi, os próprios meios para a corre-

O Cristo esua Doutrina

OJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

1DENIS, Léon. Cristianismo e espiritismo.Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 4, p. 51.

Capa

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ção de todos os erros cometidoscontra elas.

Em outro ensino popular auma multidão de ouvintes, Jesussubiu a um monte, acompanhadopor seus discípulos, e aí proferiu océlebre e incomparável Sermão daMontanha.

Nele estão expressos, em traçosinesquecíveis, os ensinos do Mes-tre sobre as virtudes humildes,próprias dos Espíritos retos e in-clinados ao bem:

Bem-aventurados os pobres de

espírito (isto é, os Espíritos sim-

ples e retos), porque deles é o

Reino dos Céus. – Bem-aventu-

rados os que choram, porque se-

rão consolados. – Bem-aventu-

rados os que têm fome e sede de

justiça, porque serão saciados. –

Bem-aventurados os que são mi-

sericordiosos, porque alcança-

rão misericórdia. – Bem-aventu-

rados os limpos de coração, por-

que esses verão a Deus. (Mateus,

5:1 a 12, Lucas, 6:20 a 25.)2

Percebe-se claramente, na pre-gação do Mestre, sua preocupaçãocom a simplicidade e pureza doculto e dos sentimentos dirigidosdiretamente a Deus.

Deus é Espírito e em espírito everdade é que deve ser amado,cultuado e adorado, sem o cultoexterior comum a quase todas asreligiões.

E no que se refere aos nossossemelhantes, as palavras de Jesussão concisas e precisas: “Amai ovosso próximo como a vós mes-mos”. (Mateus, 22:39.)

O amor é o sentimento que de-vemos cultivar por todas as cria-turas, independentemente de se-rem elas boas ou más, ricas ou po-bres. A medida para esse amorque devemos estender à generali-dade dos nossos semelhantes éaquele sentimento especial quecultivamos em nós mesmos, umavez que fomos criados por Deus.

Alguns argumentam que nãopodem amar a quem não conhe-cem e a quem jamais conhecerão,dentre os bilhões de criaturas quevivem neste mundo e nas múltiplasEsferas Espirituais.

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2 DENIS, Léon. Cristianismo e espiritismo.Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 4, p. 52.

Capa

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Torna-se necessário esclarecerque o amor ao nosso próximo é umprincípio abrangente, uma lei di-vina aplicável em qualquer tem-po, e assim, mesmo que desconhe-çamos hoje a imensa maioria denossos semelhantes, o amanhã nosproporcionará novos relaciona-mentos e conhecimentos com cria-turas das mais diferentes condições.

Como a vida é eterna, o princí-pio é válido para a atualidade, parao passado e para o futuro, em to-das as circunstâncias que ela pro-porciona a cada individualidade.

A doutrina evangélica, resultan-te dos ensinos e dos exemplos deJesus, registrados pelos diversosevangelistas, permaneceu atravésdos séculos como expressão incon-fundível do espiritualismo, tão ne-cessário à sustentação do Bemcontra os males do mundo atrasa-do em que vivemos.

A grandeza do Cristianismo e oseu poder moral resultam direta-mente dos Evangelhos, da sua fideli-dade aos ensinos de Jesus e dos es-clarecimentos posteriores do Con-solador, o Espiritismo, prometido eenviado pelo Mestre incomparável.

Essa doutrina, que os Evange-lhos registram, contém uma partesecreta que vai mais longe que oassinalado na letra.

As parábolas e as ficções utili-zadas por Jesus ocultavam concep-ções e realidades profundas queEle preferiu deixar para revelaçõesfuturas, tendo em vista a dificul-dade de entendimento de seus ou-vintes e contemporâneos.

A ligação íntima entre os doismundos – o dos encarnados e odos desencarnados –, é uma dasrealidades, com a solidariedade ea comunicação possível entre oshomens e os Espíritos, que o Mes-tre deixou para ser discutida emoutra época.

A lei da reencarnação, referidaem diversas passagens evangélicase também no Velho Testamento,foi claramente mencionada naconversa com Nicodemos, quan-do Jesus afirma:

“Em verdade te digo que, se al-guém não renascer de novo,não poderá ver o Reino de Deus.[...]” (João, 3:3-8.)3

Ao que Nicodemos revidou, pornão entender a possibilidade deuma nova vida em um novo corpo.

Jesus não entrou em detalheselucidativos, por compreender adificuldade de entendimento dointerlocutor.

Aliás, a incompreensão de hádois mil anos continua na atuali-dade, já que as próprias religiõesditas cristãs, com milhões de adep-tos, negam a divina lei das vidassucessivas, reafirmada pelos Espí-ritos superiores, à frente o Espíri-to de Verdade, trazendo a TerceiraRevelação, o Espiritismo, que elu-cida essa e inúmeras outras ques-tões de caráter religioso e científi-co, proporcionando à Humanida-de uma melhor compreensão daverdade e da vida.

O grande erro das religiões pre-dominantes no mundo resulta de

uma falsa interpretação das leis uni-versais, levando a maioria dos ho-mens à acanhada ideia que fazemda Natureza e das formas da vida.

Exemplos desses erros milena-res, que subsistem apesar das re-velações trazidas pela Espirituali-dade superior:

1. A criação da alma no mo-mento do nascimento do serhumano com vida, confor-me os ensinos das igrejascristãs e de outras religiõestradicionais;

2. a existência do inferno eter-no para os que praticam omal, numa evidente negaçãodo amor e da bondade deDeus.

Poderíamos citar diversos ou-tros ensinos religiosos contraditó-rios, mas bastam esses dois parademonstrar a necessidade daatualização das religiões quanto àverdade e à vida.

O Cristianismo primitivo – aDoutrina que Jesus trouxe à Hu-manidade –, está exposto nosEvangelhos de seus discípulos.

Mas foi o próprio Cristo queprometeu pedir ao Pai o envio deoutro Consolador, para reafirmaros seus ensinos e trazer aos ho-mens o conhecimento de coisasnovas.

Já estando no mundo o Conso-lador, cabe aos homens reconhe-cê-lo e estudá-lo, pois nele estão omeio e a forma de seguir o Mestree retificar os transvios e as másinterpretações praticados no de-curso de dois mil anos.

7Dezembro 2009 • Reformador 444455

3DENIS, Léon. Cristianismo e espiritismo.Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 4, p. 55.

Capa

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8 Reformador • Dezembro 2009 444466

urante o solstício de in-verno na Roma pagã, pe-ríodo que abrange os dias

17 a 23 de dezembro, celebra-vam-se as Saturnais, tambémdenominadas como as “festasdos escravos”, em razão de ser--lhes concedidas oportunidadesde prazeres, aumento da quota dealimentos, diminuição dos tra-balhos a que se encontravamsubmetidos especialmente noscampos.

Homenageando-se o deus Sa-turno, os participantes entrega-vam-se aos mais diversos abu-sos, especialmente na área dasensualidade, da falta de com-promissos morais, assemelhan-do-se às bacanais...

Quando o Cristianismo pri-mitivo passou a dominar asmentes e os corações do Impé-rio, aqueles afeiçoados a Jesus,desejando apagar a nódoa moralque vinha do paganismo e per-manecia atormentando a culturavigente, transferiram a data doSeu nascimento para aquele pe-

ríodo, aproximadamente, desta-cando-se o dia 25 para as cele-brações festivas.

Havendo nascido o Mestre deNazaré entre 6 e 8 de abril, se-gundo os mais precisos cálculosdos estudiosos do Cristianismocontemporâneo, o alto significa-do da ocorrência, pensavam en-tão, teria força suficiente paraapagar as lembranças dos abusospraticados até aquela ocasião.

O ser humano, nada obstante,mais facilmente vinculado às pai-xões primitivas, lentamente foitransformando a data evocativada estrebaria de palha que setransformou numa constelação deestrelas, a fim de dar expansão aossentimentos desequilibrados, as-sim atendendo às necessidadesdas fugas psicológicas, em cultoexterno de fantasia e de prazer.

Posteriormente, São Franciscode Assis, símile de Jesus pelo seuinefável amor e entrega total davida, desejou recompor a ocor-rência natalina, e realizou o seuprimeiro presépio, a fim de que o

mundanismo não destruísse asimpleza da ocorrência, apresen-tando o evento sublime na formaingênua das suas emoções.

Durante alguns séculos preser-vou-se a evocação do berço den-tro das modestas concepções doCantor de Deus.

À medida que a cultura es-praiou-se e as modernas técnicasde comunicação ampliaram os ho-rizontes das informações, as dou-trinas de mercado, assinaladas pe-las ambições de compras e ven-das, de extravagâncias e de pre-sentes, de sedução pelo exteriorem detrimento do significado in-terno dos valores, propôs novosparadigmas para as comemora-ções do Natal.

Na atualidade aturdida dossentimentos, a figura de Jesuslentamente desaparece da paisa-gem do Seu nascimento, substi-tuída pelo simpático e gorduchovelhinho do norte europeu, Pa-pai Noel, e o seu trenó entulha-do de brinquedos para as crian-ças e os adultos que se entregam

Inversãode valores

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totalmente à alucinação festiva,distante da mensagem real doNascimento.

Atualizando-se no Ocidente e,praticamente no mundo todo, asdoces lendas sobre São Nicolau,eis que também a árvore colori-da vem substituindo o presépiohumilde nascido na Úmbria, eoutro tipo de saturnália tomaconta da sociedade, agora deno-minada cristã...

Matança de animais, excessode bebidas alcóolicas, festas exa-geradas, extravagâncias de to-do porte, troca de presen-tes, abuso de promessase ânsia de prazeres to-mam lugar nas evo-cações anuais, comum quase total es-quecimento do Ani-versariante.

A preocupaçãocom a aparência, osjogos dominantesdos relacionamentossociais e o exibicionis-mo em torno dos va-lores externos aturdemos indivíduos que se atiramà luxúria e ao desperdício,tendo como pretexto Jesus, demaneira idêntica ao culto ofere-cido a Saturno.

Propositalmente, os adversá-rios da ética-moral proposta pe-lo Mestre procuram apagar aSua lembrança nas mentes e noscorações, em tentativas covardese contínuas de O transformar emmais um mito que se perde naescura noite do inconsciente co-letivo da Humanidade.

Distraídos em torno da ocor-rência perversa, pastores e guiasdo rebanho confundido deixam--se, também, arrastar pela corren-te da banalidade, engrossando asfileiras dos celebradores do pra-zer e da anarquia.

É certo que Jesus não necessi-ta de que se Lhe celebrem as da-tas de nascimento nem de mor-te, mas deseja que se vivam aslições de que se fez o Mensa-

geiro por excelência, propondonovos conceitos e comporta-mentos em torno da felicidade eda responsabilidade existencial,tendo em vista a imortalidadena qual todos nos encontramosmergulhados.

Nada obstante, é de causarpreocupação o desvio, a inversãode valores que se observam nas

evocações festivas e na condutados celebradores, muito mais preo-cupados com o gozo e o despauté-rio do que com os conteúdos me-moráveis dos ensinamentos porEle preconizados e vividos.

Por compreender as fraquezasmorais do ser humano, Jesus en-tendia, desde então, tais ocorrên-cias que hoje acontecem, as adul-terações que se produziram nosSeus ensinamentos, e diante daindiferença que tomaria contadaqueles que O deveriam teste-

munhar, foi peremptório aoafirmar: – Quando eles [os

seus discípulos] se cala-rem as pedras falarão...

[Lucas, 19:40.]Concretizou-se o

Seu enunciado pro-fético, porque, nes-tes dias tumultuo-sos, nos quais nãose dispõe de tempo,senão para alguns

deveres de trabalhoque proporcione com-

pensações imediatas, osilêncio das sepulturas

quebrou-se e as vozes daimortalidade em grande con-

certo vêm proclamar e restaurara mensagem de vida imperecí-vel, despertando os adormecidospara a lucidez e a atualização daconduta nos padrões elevadosdo Bem.

Não mais os intérpretes queadaptam os ensinamentos às suaspróprias necessidades, distantesdo compromisso com a Verdade;que se deixam dominar por ex-cessos de zelos desnecessários,

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transferindo os seus conflitos pa-ra os comportamentos que os de-mais devem vivenciar; que se refu-giam nos arraiais da fé, não porsentimentos elevados, mas pro-curando ocultar os conflitos nosquais estertoram...

As vozes dos Céus, destituídasdos ornamentos materiais e dasfalsas necessidades do convíviosocial, instauram a Nova Era, tra-balhando pelo ressurgimento daslições inconfundíveis do Amor,conforme Ele as enunciou e as vi-veu até o holocausto final...

O Seu Natal é um momento dereflexão, convidando as criaturashumanas a considerarem a Suarenúncia, deixando, por momen-tos, o sólio do Altíssimo para per-correr os caminhos ásperos dasociedade daquele tempo, aman-do infatigavelmente e ensinandocom paciência incomum, de mo-do a instalar na rocha dos coraçõesos alicerces do Reino de Deus quenunca serão demolidos.

Assim sendo, embora a inver-são de valores em torno de Jesuse de Sua doutrina, que se obser-va nas leiras do Cristianismo nas

suas mais variadas denominações,nenhuma força provinda da in-sensatez conseguirá diminuir aintensidade de que se revestem,por serem os caminhos únicos ede segurança para que a criatura,individualmente, e a sociedade,em conjunto; alcancem a pleni-

tude a que aspiram mesmo semo saber.

Vianna de Carvalho

(Página psicografada pelo médium Divaldo Pe-

reira Franco, na manhã do dia 17 de novem-

bro de 2008, na cidade do Porto, Portugal.)

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Senhor, tu que deixaste a rutilante esferaEm que reina a beleza e em que fulgura a glória,Acolhendo-te, humilde, à palha merencóriaDo mundo estranho e hostil em que a sombra ainda impera!

Tu que por santo amor deixaste a primaveraDa luz que te consagra o poder e a vitória,Enlaçando na Terra o inverno, a lama e a escóriaDos que gemem na dor implacável e austera...

Sustenta-me na volta à escura estrebariaDa carne que me espera em noite rude e fria,Para ensinar-me agora a senda do amor puro!...

E que eu possa em teu nome abraçar, renovada,A redentora cruz de minha nova estrada,Alcançando contigo a ascensão do futuro.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Antologia mediúnica do Natal. Espíritos diversos. 5. ed.

1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 10.

Cármen Cinira

Súplica de Natal

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Reformador: Como foi a transiçãoda antiga Liga Espírita do Brasilpara Entidade Federativa Estadual?Gerson: A Liga Espírita do Bra-sil, criada em 31 de março de1926, com o propósito de atuarem âmbito nacional, passou adenominar-se, por força do Acor-do de União dos Espíritas Bra-sileiros, denominado Pacto Áu-reo, de 5 de outubro de 1949,Liga Espírita do Distrito Federal,restringindo sua esfera de atua-ção ao âmbito estadual, em 12 demarço de 1950. Posteriormente,com a transferência da capital doPaís, para Brasília, mudou suadenominação para Liga Espíritado Estado da Guanabara, em 20de dezembro de 1960 e, em 30 dejaneiro de 1972, para FederaçãoEspírita do Estado da Guanaba-ra. Diante da fusão do então Es-tado da Guanabara com o anti-go Estado do Rio de Janeiro, pas-sou a denominar-se Federação

Espírita do Estado do Rio de Ja-neiro (FEERJ) – Seção Capital,em 15 de novembro de 1975, naépoca sob a presidência do sau-doso Antônio Paiva Melo.

Feita a fusão das duas federati-vas, a FEERJ – Seção Capital coma Federação Espírita do Estado doRio de Janeiro, com sede em Nite-rói, a nova entidade passou a de-nominar-se Federação Espírita doEstado do Rio de Janeiro. Devidoa questionamentos da antigaFEERJ, sediada em Niterói, e tam-bém para evitar novos conflitos,a FEERJ – Seção Capital passou adenominar-se União das So-ciedades Espíritas do Es-tado do Rio de Janeiro(USEERJ) a partir de14 de junho de 1981.Reformador: E opapel de PaivaMelo?Gerson: A sualiderança apa-

ziguadora foi fator decisivo paraque a então USEERJ continuas-se exercendo o seu papel como

11Dezembro 2009 • Reformador 444499

Gerson Simões Monteiro, dirigente da Rádio Rio de Janeiro, relata sua participação em ações federativas e de difusão da Doutrina Espírita

GE R S O N SI M Õ E S MO N T E I ROEntrevista

Reflexos da difusãodo Espiritismo por

jornais e rádio

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órgão de unificação de 80% doMovimento Espírita do novo Es-tado do Rio de Janeiro, confor-me delegação do Conselho Fe-derativo Nacional da Federação Espírita Brasileira.

Reformador: Como avalia a evo-lução do CFN durante o períodoem que representou a USEERJ?Gerson: Mesmo antes de assumira presidência da USEERJ, em de-zembro de 1984, com a desencar-nação de Antônio Paiva Melo e naqualidade de vice-presidente, jáparticipava das reuniões do Con-selho Federativo Nacional daFEB, ocasião em que se discutia odocumento “Orientação ao Cen-tro Espírita” nas reuniões Zonais,e posteriormente na reunião ple-nária do CFN, quando de sua dis-cussão final e aprovação, em ju-lho de 1980, já realizada na sededa FEB, em Brasília. Esse instru-mento foi de vital importânciapara a organização das atividades“fins” das casas espíritas, com ba-se no documento aprovado peloConselho, em novembro de 1977:“Adequação do Centro Espíritapara o melhor atendimento desuas finalidades”. Aliado a essasconsistentes iniciativas seguiu-seo lançamento, em novembro de1983, da Campanha do EstudoSistematizado da Doutrina Espí-rita pelo Conselho, o que veio di-namizar, sem dúvida alguma, oestudo das obras da Codificação,fincando as bases de uma novaera para o nosso Movimento.

Em 1984, tivemos outro docu-mento de grande alcance aprova-

do pelo CFN, o “Manual de Ad-ministração das Instituições Es-píritas”, de fundamental relevân-cia para a estruturação das ativi-dades “meio” dos centros espíritas.Esse documento, vale ressaltar,foi aprovado após exaustivas dis-cussões nas reuniões dos entãoConselhos Zonais.

A meu ver, todas essas iniciati-vas do CFN foram decisivas paraa organização doutrinária e ad-ministrativa do Centro Espírita– Unidade Fundamental do Mo-vimento Espírita –, as quais per-mitiram que fossem lançadas eimplementadas, com muito êxi-to, as Campanhas: Evangelizaçãoda Infância e da Juventude; EmDefesa da Vida (contra o aborto,pena de morte, eutanásia e suicí-dio); Viver em Família; Divulga-ção do Espiritismo; e outras mais.

Reformador: Qual o retorno querecebe de suas páginas publicadasem jornais leigos?Gerson: Fui responsável, de 1978a 1982, pela publicação da colu-na “Espiritismo”, de responsabi-lidade da USEERJ, no jornal Úl-tima Hora, de grande circulaçãono Rio de Janeiro. Em 27 de abrilde 1979, publiquei o artigo inti-tulado “Suicidar-se Nunca!”. Me-ses depois, Julio Cesar de Sá Ro-riz, escrevendo um artigo no jor-nal Mundo Espírita, revelou queum cidadão que pretendia fir-memente suicidar-se buscou oCentro Espírita Seara Fraterna,no qual colaborava no Atendi-mento Fraterno, tendo em suasmãos o recorte da referida maté-

ria. Segundo Julio, embora o ca-so fosse muito difícil, o compa-nheiro desesperado desistiu, fe-lizmente, da ideia de dar cabo àsua vida física.

Tomando conhecimento darepercussão dessa mensagem,passei, então, a desenvolver, atra-vés dos artigos da Coluna, umtrabalho de Prevenção ao Suicí-dio, culminando com a publica-ção do livro Suicídio e suas Con-sequências, cujos direitos autoraiscedi para a USEERJ. Desde abrilde 1998, até os dias de hoje, assi-no dominicalmente a Coluna “EmNome de Deus”, do Jornal Extra,também de grande circulação(400 mil exemplares). De fato, oretorno dos leitores ao longodesses anos tem sido muito gra-tificante e compensador, por-que, embora desenvolvendo emmeus artigos temas sob a visãoespírita, sempre procuro seguir

12 Reformador • Dezembro 2009445500

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a orientação do editor do jornalpara levar, através das matériasda coluna, o conforto espirituale a esperança aos corações sofre-dores. Em virtude dessas mensa-gens consoladoras e de esclareci-mento, recebo muitas cartas, te-lefonemas e e-mails, solicitandoajuda e orientação espiritual,principalmente de pessoas comideias de desertar da vida.

Reformador: A Rádio Rio de Ja-neiro tem crescido de audiência?Gerson: Com as providênciastomadas pela diretoria, desde2004, promovendo a moderniza-ção do Parque de Transmissão(inclusive com a aquisição doTransmissor XR-12), e dos estú-dios localizados na sede daEmissora, fizemos uma sonda-gem junto aos ouvintes, no iní-cio de 2009, a respeito da quali-dade de nossas transmissões. Es-sa pesquisa constatou que 92%dos ouvintes responderam que,de fato, o som da Rádio haviamelhorado muito. Essa melhoriase refletiu logicamente no índicedo IBOPE, pois ele revela que aRádio ocupa, na média, o 4o lu-gar dentre as 23 emissoras AMdo Grande Rio, destacando ain-da que, em mais da metade dosnossos horários, a Rádio ocupa o3o lugar (Globo, Tupi e RádioRio de Janeiro).

Também constatamos sur-preendente aumento da audiên-cia da Rádio pela Internet, queteve início em maio de 2003,apurado através das informaçõesprestadas pelo provedor do site.

Os números registram que, emmaio de 2005, a audiência era de1.000 internautas/mês, passan-do, em 2009, para cerca de 30 milinternautas/mês. Esse incremen-to verificou-se pelo crescimentode internautas/ouvintes no Bra-sil e nos Estados Unidos.

Reformador: Os programas sãotodos espíritas?Gerson: Não, pois temos muitosprogramas culturais, como porexemplo: “Novos Rumos” (entre-vistas com especialistas de diver-sas áreas do conhecimento sobretemas relevantes da condiçãohumana, e prestação de serviço);“O Planeta em Transformação”(programa dedicado à divulga-ção e análise de questões ligadasao meio ambiente); programasde cunho jornalístico: “Manhãna Rio” e “Mulher Brasileira”;“Rio Notícias” (informativo aolongo do dia com matériasnoticiosas do Brasil e do Mundo,inclusive de esportes)”; “Músicade Todos os Tempos” (música eru-dita e popular), além de progra-mas de músicas do folclore por-tuguês; “Pelos Caminhos da Edu-cação” (quadro diário com orien-tação pedagógica). Além disso,realizamos entrevistas sobre saú-de de um modo geral, com mé-dicos, nutricionistas, fisiotera-peutas, como também orientaçãopsicológica com profissionais daárea da saúde mental. Temos atéum programa que transmite oculto da Igreja Batista, há maisde 35 anos, que sempre respei-ta os preceitos espíritas, dando a

diretoria o exemplo de tolerân-cia religiosa.

Reformador: Qual sua visão so-bre as comemorações do Centená-rio de Chico Xavier?Gerson: Gostaria de justificaressa expressiva iniciativa no cen-tenário de nascimento de ChicoXavier, com o fim de lembrarsua vida e seu exemplo, atravésda opinião do jornalista Artur daTávola, em sua crônica de 26 demaio de 1980, no jornal O Globo,transcrita em Reformador, de no-vembro de 2002, p. 33(361).

Além da aura de paz e pacifica-

ção que parte dele, há um outro

elemento poderoso a explicar o

fascínio e a durabilidade da im-

pressionante figura de comuni-

cação de Francisco Cândido

Xavier: a grande seriedade pes-

soal do médium, a dedicação

integral de sua vida aos que so-

frem e o desinteresse material

absoluto. A canalização de todo

o dinheiro levantado em direi-

tos autorais para as variadís-

simas atividades assistenciais

espíritas dão a Chico Xavier

uma autoridade moral [...] que

o coloca entre os grandes líde-

res religiosos do nosso tempo.

Acredito que com essas pala-vras de Artur da Távola não épreciso acrescentar mais nadapara dizer o quanto é válida essajusta homenagem e gratidão aum Homem de Bem, que na Ter-ra foi conhecido, simplesmente,por Chico Xavier.

13Dezembro 2009 • Reformador 445511

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14 Reformador • Dezembro 2009 445522

ois pacientes conversam nomanicômio:

– Sou Francisco de Assis!– Como soube?– Uma revelação!– De quem?– De Deus.– Mentira! Nunca lhe falei nada

disso!Este é o clássico exemplo de

doentes mentais afastados da rea-lidade, em estágio num mundo defantasia.

Distúrbios graves dessa natu-reza, originários de acidente cir-culatório, senilidade, Mal de Alzhei-mer e outros, situam-se por co-branças cármicas que o destinofaz ao paciente e à família. É odecantado resgate de débitos pre-téritos, conforme ensina a Dou-trina Espírita.

Em O Evangelho segundo o Espi-ritismo, capítulo V, item 14, Kardecfaz oportuna observação, que me-rece nossa reflexão:

[…] é certo que a maioria doscasos de loucura se deve à comoçãoproduzida pelas vicissitudes que o

homem não tem a coragem desuportar. [...]

Interessante, leitor amigo. O Co-dificador considera que a loucura,na maioria dos casos, é produzidapela inconformação diante de si-tuações difíceis, como a morte deum ente querido, o desastre finan-ceiro, a decepção amorosa, a doen-ça grave, a solidão…

Se a tensão é muito grande, pe-la recusa em enfrentar os desafiosexistenciais, fervem os miolos, der-rete a razão.

O mesmo ocorre com muitosrecém-desencarnados.

Nas reuniões mediúnicas depa-ramos com entidades nessa lamen-tável condição. Pouco afeitos à ora-ção e à reflexão, mente presa a si-tuações que dizem respeito à exis-tência física, perturbam-se e caemna alienação.

Como a dimensão espiritual éuma projeção da dimensão física,começando exatamente onde esta-mos, tendem a gravitar em torno

de seus familiares, negócios, vícios,paixões, ambições…

Confusos e aflitos, perturbamos que lhes sofrem a influência,com sua perplexidade e indigna-ção diante de acontecimentos pa-ra eles incompreensíveis.

– Meus filhos estão roubandominha fortuna – reclama o usurá-rio, sem perceber que se trata deuma partilha envolvendo o inven-tário de seus bens.

– Minha mulher está me train-do – reclama o esposo, sem perce-ber que ela está refazendo sua vidaafetiva.

– Meu marido recusa-se a con-versar comigo – reclama a esposa,sem perceber que o marido sim-plesmente não a vê.

Mente prisioneira das ilusõesda Terra, têm dificuldade para en-carar as realidades do Além.

Mais lamentável que a aliena-ção mental, que atinge Espíritosencarnados e desencarnados, é aalienação existencial que lhe dáorigem.

Profilaxiada alienação

DRI C H A R D SI M O N E T T I

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É o viver sem noção dos por-quês da existência.

De onde viemos, o que estamosfazendo na Terra, para onde vamos?

Fiz certa feita uma pesquisajunto a colegas de trabalho, comdestaque para a seguinte pergun-ta: qual o objetivo da Vida?

Pasme, leitor amigo! A maioria,mesmo dentre os que se diziamreligiosos, não soube responder!

Agora, pergunto-lhe: como po-de alguém viver de forma disci-plinada, corajosa, espiritualizada,se não sabe o que veio fazer naTerra?

Por isso as pessoas desajustam--se diante das vicissitudes, ficamdoentes, atribuladas, infelizes, ner-vosas, desembocando, não raro, nostranstornos mentais que podemculminar na alienação.

Princípios religiosos tradicionaisnos dizem que nossa alma foi cria-da por Deus no momento da con-cepção e que a felicidade futuravai depender de cumprirmos oque Deus espera de nós. Num es-paço de alguns decênios, decidire-mos o nosso futuro para sempre.

É complicado, porque não so-mos todos iguais.

Não temos o mesmo caráter.Não temos as mesmas dispo-

sições.Não temos a mesma inteligência.Não temos as mesmas virtudes.Não temos a mesma com-

preensão.Há gente boa e gente ruim.Há gente inteligente e gente

obtusa.

Há gente religiosa e gente ma-terialista.

Há gente virtuosa e gente viciosa.Há gente altruísta e gente egoísta.Será que Deus nos fez assim,

com tão gritantes diferenças, comose tivesse criado uns para a salva-ção e outros para a perdição?

Tais dúvidas induzem ao amor-namento da crença e, não raro, àdescrença.

Por isso, habituam-se as pes-soas a viver sem questionamen-tos, preferindo o imediatismo ter-restre às cogitações celestes.

O Espiritismo nos ajuda a su-perar a alienação existencial, apartir da fé racional, como pro-põe Kardec, compromissada coma lógica e o bom senso.

Somos Espíritos imortais.Já vivemos múltiplas existên-

cias no passado e continuaremosa viver no futuro, desdobrando ex-periências de aprendizado e apri-moramento.

Cada um de nós tem umaidade espiritual, e nossapersonalidade, comnossas facilidadese limitações, comnossas tendên-cias boas oumás, é o soma-tório de nossase x p e r i ê n c i a sdo passado, doque fizemos.

As vicissitu-des da Terra, osproblemas edissabores que

enfrentamos guardam relaçãotambém com o nosso passado.Tanto melhor os enfrentaremosquanto maior a nossa confiançaem Deus e a disposição de lutar-mos contra nossas imperfeições,buscando fazer o melhor.

É o que destaca Kardec, na se-quência do citado item 14, ao repor-tar-se ao indivíduo que enfrentaas atribulações da Terra:

[...] se encarando as coisas destemundo da maneira por que o Espiri-tismo faz que ele as considere, o ho-mem recebe com indiferença, mesmocom alegria, os reveses e as decepçõesque o houveram desesperado nou-tras circunstâncias, evidente se tornaque essa força, que o coloca acimados acontecimentos, lhe preserva deabalos a razão, os quais, se não foraisso, a conturbariam.

Perfeito! Encarar os desafios docaminho, na jornada da vida, com

15Dezembro 2009 • Reformador 445533

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as lentes do Espiritismo, é a me-lhor maneira de não tropeçarmosna alienação.

Pode parecer um exagero o re-ceber mesmo com alegria, os reve-ses e as decepções...

Difícil rir na dor ou festejar nafrustração.

Mas não seria essa a postura ló-gica de alguém que resgata umadívida? Se chorar diante do cre-dor, não haverá de ser pela euforiade liquidar o débito?

E se difícil nos parece chegar atanto, diante da adversidade, quepelo menos preservemos a sani-dade física e espiritual, cultivandobom ânimo.

Assim como são necessários ossuplementos vitamínicos diáriospara suprir determinadas deficiên-cias orgânicas, é importante, indis-pensável mesmo, que alimentemosnossa alma com a leitura e a refle-xão em torno das ideias que Kardec,sabiamente, desenvolve em O Evan-gelho segundo o Espiritismo, sob ins-piração dos mentores espirituais.

Somente assim teremos condi-ções para, em todas as situações,conservarmos a saúde espiritual,indispensável ao perfeito aprovei-tamento da jornada humana, man-

tendo um dos dons mais precio-sos da Vida: a segurança no viver.

Por falar nisso, leitor amigo, játomou sua vitamina evangélicahoje?

16 Reformador • Dezembro 2009 445544

ntre as dificuldades que a prática do Espiritismo pode apre-

sentar, devemos colocar em primeira linha a obsessão, isto é, o

domínio que alguns Espíritos exercem sobre certas pessoas. É pra-

ticada unicamente pelos Espíritos inferiores, que procuram domi-

nar, pois os Espíritos bons não impõem nenhum constrangimen-

to. Aconselham, combatem a influência dos maus e, se não são ou-

vidos, retiram-se. Os maus, ao contrário, agarram-se àqueles a

quem podem aprisionar. Se chegam a dominar alguém, identifi-

cam-se com o Espírito deste e o conduzem como se fora verda-

deira criança.

A obsessão apresenta características diversas, que é preciso dis-

tinguir e que resultam do grau do constrangimento e da natureza

dos efeitos que produz. A palavra obsessão é, de certo modo, um

termo genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno,

cujas principais variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a

subjugação.Allan Kardec

Fonte: O livro dos médiuns. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2009. Cap. 23, item 237.

EObsessão

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17Dezembro 2009 • Reformador 445555

Presença de Chico Xavier

a introdução de O Livro dos Espíritos,1 reco-lhemos de Allan Kardec esta afirmação expressiva:

“As comunicações entre o mundo espirituale o mundo corpóreo estão na ordem natural das coi-sas e não constituem fato sobrenatural, tanto que detais comunicações se acham vestígios entre todos ospovos e em todas as épocas. Hoje se generalizaram etornaram patentes a todos”.

No item VIII2 das páginas de conclusão do mesmolivro, o Codificador assevera com segurança:

“Jesus veio mostrar aos homens o caminho do ver-dadeiro bem. Por que, tendo-o enviado para fazer lem-brar sua lei que estava esquecida, não havia Deus deenviar hoje os Espíritos, a fim de a lembrarem nova-mente aos homens, e com maior precisão, quando elesa olvidam para tudo sacrificar ao orgulho e à cobiça?”

E sabemos que, de permeio, o grande livro que lan-çou os fundamentos do Espiritismo trata, dentre valiososassuntos, das leis de adoração, trabalho, sociedade,progresso, igualdade, liberdade, justiça, amor, carida-de e perfeição moral, bem como das esperanças e dasconsolações.

Reportamo-nos a tais referências para recordar queo fenômeno espírita sempre esteve presente no mun-do, em todos os lances evolutivos da Humanidade, eque Allan Kardec, desde o início do ministério a que seconsagrou, imprimiu à sua obra o cariz religioso deque não podia ela ausentar-se, tendo até acentuadoque o Espiritismo é forte porque assenta sobre os fun-damentos mesmos da Religião: Deus, a alma, as penase as recompensas futuras.

Aceitamos, perfeitamente, as bases científicas e filo-sóficas em que repousa a Doutrina Espírita, as quaisnos ensejam adquirir a “fé raciocinada capaz de enca-rar a razão face a face”, contudo, sobre semelhantes ali-cerces, vemo-la, ainda e sempre, em sua condição de

Cristianismo restaurado, aperfeiçoando almas e reno-vando a vida na Terra, para a vitória do Infinito Bem,sob a égide do Cristo, nosso Divino Mestre e Senhor.

O apóstolo da Codificação não desconhecia o ele-vado mandato relativamente aos princípios que com-pilava, e, por isso mesmo, desde a primeira hora, preo-cupou-se com os impositivos morais de que a NovaRevelação se reveste, tendo salientado que as conse-quências do Espiritismo se resumem em melhorar ohomem e, por conseguinte, torná-lo menos infeliz, pe-la prática da mais pura moral evangélica.

Sabemos que a retorta não sublima o caráter e quea discussão filosófica nada tem que ver com caridade ejustiça. Com todo o nosso respeito, pois, pela filosofiaque indaga e pela ciência que esclarece, reconheceremossempre no Espiritismo o Evangelho do Senhor, redivi-vo e atuante, para instalar com Jesus a Religião Cósmicado Amor Universal e da Divina Sabedoria sobre a Terra.

Espíritos desencarnados aos milhões e em todos osgraus de inteligência enxameiam o mundo, requisitando,tanto quanto os encarnados, o concurso da educação.

Não podemos, por isso, acompanhar os que fazemde nossa Redentora Doutrina mera tribuna discuti-dora ou simples caçada a demonstrações de sobrevi-vência, apenas para a realização de torneios literáriosou para longos cavacos de gabinete e anedotas desalão, sem qualquer consequência espiritual para ocaminho que lhes é próprio.

Estudemos, assim, as lições do Divino Mestre eaprendamo-las na prática de cada dia.

A morte a todos nos reunirá para a compreensãoda verdadeira vida... E, sabendo que a justiça definir--nos-á segundo as nossas obras, abracemos a Codifi-cação Kardequiana, prosseguindo para a frente, comJesus e por Jesus.

Pedro Leopoldo, 11 de fevereiro de 1956

Fonte: XAVIER, Francisco C. Fonte viva. 36. ed. 2. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2009. p. 13-16.

Com Jesus e por JesusN

1Prolegômenos. Página 45, 23a edição da Federação Espírita Brasileira.2O Livro dos Espíritos, página 475, 23a edição da FederaçãoEspírita Brasileira.

Pelo Espírito Emmanuel

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m parte, o preconceito e omau juízo que se tem dosfenômenos mediúnicos re-

pousam na ignorância das leis queregem o mundo espiritual. Por ou-tro lado, há pessoas que, por des-conhecerem essas leis, adotam umcomportamento supersticioso an-te as coisas espirituais. De acordocom os dicionaristas, a supersti-ção é o “sentimento religioso quese funda no temor ou na igno-rância e que leva ao conhecimen-to de falsos deveres, ao receio decoisas fantásticas e à confiança emcoisas ineficazes”.1

Geralmente, teme-se o desconhe-cido. Quando, porém, se estuda oEspiritismo, com seriedade, deixa--se de agir supersticiosamente, poistais fenômenos estão na ordem dosfatos naturais. Não raro, médiuns,mesmo quando agem de boa-fé, al-gumas vezes produzindo curas, sãochamados de “feiticeiros” pelos que

desconhecem tais faculdades, atri-buindo-as a um poder sobre-huma-no que absolutamente não existe:

[...] A Enciclopédia Britânica

esclarece que a palavra inglesa

feiticeiro (witch) tem a mesma

raiz semântica de wit, que, por

sua vez, quer dizer: saber, co-

nhecer. O feiticeiro é, portanto,

uma pessoa que possui certo

conhecimento usualmente tido

por “oculto”, por não ser revela-

do a todos. Já em português, a

palavra feiticeiro vem de feitiço,

que os dicionaristas decompõem

em feito mais iço. O feiticeiro

seria então aquele que, na lin-

guagem popular, arranja “uma

coisa feita”. É preciso lembrar

que feitiço também se associa à

palavra “fetiche”, que serve para

nomear objeto de adoração en-

tre os selvagens.2

Usualmente, entende-se pactocomo trato, combinação, quan-do dois ou mais indivíduos as-sumem compromissos recípro-cos, verbalmente ou por escrito,como num contrato bilateral. Osignificado de “pacto”, retratadoem O Livro dos Espíritos,3 embo-ra semelhante, guarda caracterís-ticas próprias, visto que a palavra,neste caso, tem sentido moral, poisenfoca a conduta das pessoas que,consciente ou inconscientemente,se valem do intercâmbio espiritualpara tirar vantagens de caráter ma-terial ou pessoal. Os que se en-tregam a esse tipo de “comércio”estão sujeitos a atrair Espíritos infe-riores, podendo vir a ter sériosaborrecimentos e até a ser vítimasde mistificações e obsessões.

Há, também, aqueles que fa-zem promessas de cunho religio-so, com o objetivo de alcançar be-nesses, como curar uma doença,

Superstições:

ECH R I S T I A N O TO RC H I

1BORGES, A. Merci Spada. Doutrina espí-rita no tempo e no espaço. 800 verbetes es-pecializados. 2. ed. São Paulo: Panorama,2001. p. 346.

2MARCUS, João (pseudônimo de Hermí-nio C. Miranda). Candeias na noite escura. 4.ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. ApudO Espiritismo de A a Z. 4. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2008. Vocábulo “Feiticeiro”, p. 367.

3KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Evandro Noleto Bezerra. Ed. Come-morativa do Sesquicentenário. Rio de Ja-neiro: FEB, 2006. Q. 549-550.

feitiços, pactos e amuletos

18 Reformador • Dezembro 2009445566

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superar uma dificuldade familiarou financeira etc.

Quando os Espíritos, responden-do a Kardec, disseram que não exis-tem os pactos, estavam se referindoà inutilidade da crença supersticiosade alguns que esperam usufruir desupostos poderes mágicos e infalí-veis, a partir do contato com Espíri-tos, dos quais possam se utilizar pa-ra auxiliar ou prejudicar pessoas.

Pela simples intenção de prati-car uma ação má, o sujeito atrai emseu auxílio Espíritos infelizes, aosquais então se submete, sujeitan-do-se a servi-los, eis que estes tam-bém precisam daquele para a prá-tica do mal. Bem disse Kardec:

A dependência em que o homem

se acha, algumas vezes, em rela-

ção aos Espíritos inferiores, pro-

vém de sua entrega aos maus

pensamentos que estes lhe suge-

rem, e não de quaisquer acordos

feitos entre eles. O pacto, no sen-

tido vulgar do termo, é uma ale-

goria que simboliza uma natu-

reza má simpatizando com Espí-

ritos malfazejos.4

Por isso, quando se diz que oindivíduo “vendeu a alma a sata-nás”, esta frase não deve ser toma-da em sua literalidade, porquantoninguém é proprietário de nin-guém. O que há, neste caso, é umaafinidade mental de um encarna-do com um Espírito malfazejo, em

que aquele se coloca, por amoraos gozos materiais, na dependên-cia de um Espírito impuro, estabe-lecendo-se entre eles, tacitamente,um pacto que afasta o infrator docaminho do bem, mas de cuja si-tuação poderá se livrar, com a as-sistência dos bons Espíritos, desdeque o deseje firmemente.

Os que cedem a essas inferiori-dades desertam dos deveres queassumiram e renunciam às provasque lhes cumpria suportar nestemundo, mas isto não quer dizerque fiquem eternamente presos aesses compromissos, uma vez quetal vinculação tende a desaparecer,com o tempo, até que paguem opreço, nesta ou nas existências fu-turas, com as consequências dessaleviandade, e resgatem a falta co-metida, com o auxílio dos bons Es-píritos, por meio de novas provas,talvez maiores e mais difíceis.

As fórmulas, talismãs, amu-letos e cultos materiais nãotêm nenhum poder mágico.Os indivíduos que os utili-zam como recursos de au-xílio, no propósito de preju-dicar os semelhantes, adivi-nhar o futuro, ou qualquer ou-tro objetivo, ou são charlatãesou são vítimas da superstição eda ignorância. Em verdade, osEspíritos são atraídos pelos pen-samentos e não pelas coisas ma-teriais, que são utilizadas como“bengalas” psicológicas para al-cançar seu objetivo.5

Os benfeitores deixam bemclaro que Deus não permite queum homem faça mal ao seu pró-ximo, com o auxílio de um mauEspírito. Algumas pessoas dis-põem de grande força magnéti-ca, da qual podem fazer mau uso,se forem más, hipótese em queatraem outros Espíritos igual-mente perversos, mas só atin-gem aqueles a quem Deus per-mite, em virtude de alguma pro-va que tenham de sofrer ou emvirtude de expiação que tenhamde resgatar por erros cometidosno pretérito.

Muitas vezes, a pessoa é, antesde tudo, vítima de si mesma, pois“Deus não escuta uma maldiçãoinjusta, e aquele que a pronuncia

4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Evandro Noleto Bezerra. Ed. Comemo-rativa do Sesquicentenário. Rio de Janeiro:FEB, 2006. Comentário de Kardec à q. 549.

5XAVIER, Francisco C. O consolador. PeloEspírito Emmanuel. 28. ed. 2. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2009. Q. 214.

19Dezembro 2009 • Reformador 445577

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é culpado aos seus olhos”.6 O Espí-rito André Luiz traz um exemplointeressante, que ilustra esta assertiva:

Nesse momento, renteou conos-

co uma entidade em deplorável

aspecto.

Era um homem esguio e triste,

exibindo o braço direito paralí-

tico e ressecado. [...]

Acerquei-me do amigo sofredor.

Toquei-lhe a fronte, de leve, e

registrei-lhe a angústia.

Nas recordações que se lhe ha-

viam cristalizado no mundo men-

tal, senti-lhe o drama interior.

Fora musculoso estivador no cais,

alcoólatra inveterado que,certa fei-

ta, de volta a casa, esbofeteou a fa-

ce paterna, porque o velho genitor

lhe exprobrara o procedimento.

Incapaz de revidar, o ancião, cus-

pinhando sangue, praguejou,

desapiedado:

– Infame! o teu braço cruel será

transformado em galho seco...

Maldito sejas!

Ouvindo tais palavras que se fi-

zeram seguidas por terrível jacto

de força hipnotizante, o mísero

tornou à via pública, sugestiona-

do pela maldição recebida, be-

bericando para esquecer.

Cambaleante, foi vitimado num

desastre de bonde, no qual veio

a perder o braço.

Sobreviveu por alguns anos,

coagulando, contudo, no pró-

prio pensamento a ideia de que

a expressão paternal tivera a

força de uma ordem vingativa

a se lhe implantar no fundo dal-

ma e, por isso, ao desencarnar,

recuperara o membro dantes mu-

tilado a pender-lhe, ressecado e

inerte, no corpo perispirítico.7

Deus governa o Universo, cominfinita sabedoria, agindo por meiode suas leis imperecíveis e de seusprepostos. Tudo acontece com apermissão divina e tem sua razãode ser, com vistas ao progresso e àfelicidade das criaturas:

– As chamadas atuações do pla-

no invisível, de qualquer nature-

za, não se verificam à revelia de

Jesus e de seus prepostos, mento-

res do homem na sua jornada de

experiências para o conheci-

mento e para a luz.

As perseguições de um inimigo

invisível têm um limite e não

afetam o seu objeto senão na

pauta de sua necessidade pró-

pria, porquanto, sob os olhos

amoráveis dos vossos Guias do

plano superior, todos esses mo-

vimentos têm uma finalidade

sagrada, como a de ensinar-vos

a fortaleza moral, a tolerância, a

paciência, a conformação, nos

mais sagrados imperativos da

fraternidade e do bem.8

Finalizando, a superstição nãoconsiste na crença em um fato,quando comprovado, mas na cau-sa ilógica a ele atribuída. Quantomais aprofundamos nos estudosespíritas, mais vamos descobrin-do a razão e o porquê dos fenô-menos espirituais que ocorrem,todos subordinados a leis natu-rais, os quais, mal compreendi-dos pela ignorância humana, sãoigualmente mal interpretados emal explicados pelo vulgo:

O Espiritismo e o magnetismo

nos dão a chave de uma porção

de fenômenos sobre os quais a

ignorância teceu uma infinidade

de fábulas, em que os fatos são

exagerados pela imaginação. O

conhecimento esclarecido des-

sas duas ciências que, a bem di-

zer, formam uma só, é o melhor

preservativo contra as ideias su-

persticiosas, porque, ao mostrar

a realidade das coisas e suas

verdadeiras causas, revela o

que é possível e o que é impos-

sível, o que está nas leis da Na-

tureza e o que não passa de

uma crença ridícula.9

Se há algo que devemos temer éa nós mesmos, quando nos entre-gamos à invigilância e à prática domal, com o que estaremos nos des-viando das leis divinas que nosconduzem à perfeição e à felicida-de em plenitude.

7XAVIER, Francisco C. Nos domínios damediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 34.ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009.Cap. 4, p. 47-48.

8Idem. O consolador. Pelo Espírito Emma-nuel. 28. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB,2009. Q. 159.

9KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.Evandro Noleto Bezerra. Ed. Comemorativado Sesquicentenário. Rio de Janeiro: FEB,2006. Comentário de Kardec à q. 555.

6KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Evandro Noleto Bezerra. Ed. Comemo-rativa do Sesquicentenário. Rio de Janeiro:FEB, 2006. Q. 557.

20 Reformador • Dezembro 2009445588

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21Dezembro 2009 • Reformador 445599

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a vida pelos seus amigos.”

– JESUS. (JOÃO, 15:13.)

Jesus eos amigos

Fonte: XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. 28. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 86.

a localização histórica do Cristo, impressiona-nos a realidade de sua imensa

afeição pela Humanidade.

Pelos homens, fez tudo o que era possível em renúncia e dedicação.

Seus atos foram celebrados em assembleias de confraternização e de amor.

A primeira manifestação de seu apostolado verificou-se na festa jubilosa de um lar.

Fez companhia aos publicanos, sentiu sede da perfeita compreensão de seus

discípulos. Era amigo fiel dos necessitados que se socorriam de suas virtudes

imortais. Através das lições evangélicas, nota-se-lhe o esforço para ser entendido

em sua infinita capacidade de amar. A última ceia representa uma paisagem completa

de afetividade integral. Lava os pés aos discípulos, ora pela felicidade de cada um...

Entretanto, ao primeiro embate com as forças destruidoras, experimenta o Mestre

o supremo abandono. Em vão, seus olhos procuram a multidão dos afeiçoados,

beneficiados e seguidores.

Os leprosos e cegos, curados por suas mãos, haviam desaparecido.

Judas entregou-o com um beijo.

Simão, que lhe gozara a convivência doméstica, negou-o três vezes.

João e Tiago dormiram no Horto.

Os demais preferiram estacionar em acordos apressados com as acusações injustas.

Mesmo depois da Ressurreição, Tomé exigiu-lhe sinais.

Quando estiveres na “porta estreita”, dilatando as conquistas da vida eterna, irás

também só. Não aguardes teus amigos. Não te compreenderiam; no entanto, não

deixes de amá-los. São crianças. E toda criança teme e exige muito.

N

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22 Reformador • Dezembro 2009 446600

esus nos confere o título deamigos seus, conforme a pas-sagem evangélica de João,

destacada acima, e ensina-nosque a alegria de amar um ami-go é uma das formas infinita-mente misericordiosas que Deusnos concede para que tenha-mos bom ânimo e consigamosenfrentar as tortuosas traves-sias dos caminhos do mundomaterial.

Os que são agraciados peladádiva de receberem o carinhofraterno de almas irmãs não sesentem desafortunados, pois es-tas constituem o alento indis-pensável e necessário para o en-frentamento das experiênciasterrenas a cada oportunidade dereencarnação. Assegura o Espí-rito Emmanuel:

[...] Nos trâmites da Terra, a

amizade leal é a mais formosa

modalidade do amor fraterno,

que santifica os impulsos do co-

ração nas lutas mais dolorosas e

inquietantes da existência.1

Os amigos são, geralmente,afáveis, amistosos, benignos, cor-diais, conciliadores e francos, emanifestam suas preocupaçõese cuidados, sobretudo nos dias es-pinhosos que enfrentamos e quese transformam em experiênciasdifíceis de suportar. Os amigosleais consideram nossa amizadealgo especial e indispensável emsuas vidas.

O tema permite reflexionar,essencialmente, sobre o concursoda amizade para alcançarmosêxito em nossas tarefas espíritas.

De que forma o verdadeiro sen-timento da amizade nos encora-ja no cumprimento dos deverescristãos nas instituições espíritasonde labutamos?

Trabalhadores reencarnados,dedicados e fraternos, ajudam--nos no desempenho do serviçoa executar. Nesses momentos,ao lado deles, singular alegriainvade o nosso coração e moti-va-nos a atender, de boa vonta-de, aos compromissos que assu-mimos em favor do próximo. Éimportante salientar a bênçãoda franca amizade, mormentedaqueles que se aproximam denós, apoiando-nos na realizaçãodas responsabilidades que gran-jeamos, como tarefeiros de Je-sus, cujo salário é igual para to-dos os servidores.

A bênçãoda amizade

J

O mandamento que vos dou é que vos ameis uns aos outros, como eu vos tenho amado. Ninguém pode ter maior amor do que o de dar a vida pelos seus amigos.

Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando. [...] Chamei-vos meus amigos, porque vos tenho feito saber tudo o que aprendi

de meu Pai (João, 15:12-15.)

CL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

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Por esse motivo, alertam osbenfeitores espirituais: é urgentenos tornarmos companheirosuns dos outros, para que não ve-nhamos a “[...] prescindir dacooperação de amigos sincerosque nos conheçam e nos amem”.2

O Ministro Clarêncio – abnega-do servidor da colônia espiritualNosso Lar –, em resposta sobreo assunto, aos Espíritos Hilário eAndré Luiz, esclarece:

[...] a plantação de simpatia é

fator decisivo na obtenção dos

recursos de que necessitamos...

Quem cultiva a amizade somen-

te na família consanguínea, di-

ficilmente encontra meios pa-

ra desempenhar certas missões

fora dela. Quanto mais exten-

so o nosso raio de trabalho e

de amor, mais ampla se faz

a colaboração alheia em nos-

so benefício.3

Devemos, pois, apreciar a afei-ção dos companheiros de tarefa,amando-os fraternalmente naCasa Espírita. Cada um “[...] nolugar que lhe é próprio, perseve-ra no aproveitamento das possi-bilidades que recebeu da Provi-dência Divina, atencioso paracom as lições da verdade e apli-cado às boas obras de que sesente encarregado pelos PoderesSuperiores da Terra”.4

Todavia, nem sempre sabemosretribuir o amor sincero que essasalmas nos ofertam. Pelas razõesmais simples, colocamo-nos con-tra elas, alimentando a discórdiacom censuras, rixas, melindres,

ciúmes e ressentimentos, e nosinfluenciamos por sentimentosmenos nobres, não conseguindoaceitar divergências no terrenoda exigência individual. Esquece-mo-nos das atenções e gentilezasdemonstradas por esses coope-radores, desistindo de estimulá--los no cultivo da boa amizaderecíproca, que torna mais praze-rosa a tarefa, não lhes possibili-tando enriquecer suas qualidadesde colaboração.

Conhecedor dos inúmeros obs-táculos e vicissitudes a enfrentar,por aqueles que se devotam aossemelhantes, Allan Kardec inse-riu, no capítulo XX de O Evange-lho segundo o Espiritismo, a men-sagem de autoria do Espírito deVerdade, “Os obreiros do Se-nhor”, que chama a atençãode todos os espíritas paraque não olvidem as opor-tunidades do serviço decada dia, trabalhando“com desinteressee sem outro mó-vel, senão a carida-de!”. 5 Ressalta, apro-priadamente, em um deseus trechos:

[...] Ditosos os que ha-

jam dito a seus irmãos:

“Trabalhemos juntos e

unamos os nossos es-

forços, a fim de que o

Senhor, ao chegar, encon-

tre acabada a obra”, por-

quanto o Senhor lhes dirá:

“Vinde a mim, vós que sois

bons servidores, vós que sou-

bestes impor silêncio aos vos-

sos ciúmes e às vossas discór-

dias, a fim de que daí não vies-

se dano para a obra!”. Mas, ai

daqueles que, por efeito das

suas dissensões, houverem re-

tardado a hora da colheita, pois

a tempestade virá e eles serão

levados no turbilhão! [...]6

O Espírito André Luiz eviden-cia, em um de seus livros, a con-

23Dezembro 2009 • Reformador 446611

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versa mantida com o assistenteTobias sobre a fragilidade dosaprendizes que não valorizam asoportunidades do serviço maiorao estagiarem no corpo de carne:

[...] Saem [da Espiritualidade]

milhares de mensageiros aptos

para o serviço, mas são muito

raros os que triunfam. Alguns

conseguem execução parcial

da tarefa, outros muitos fracas-

sam de todo. [...] São muito es-

cassos os servidores que tole-

ram as dificuldades e reveses das

linhas de frente. Esmagadora

percentagem permanece a dis-

tância do fogo forte. Trabalha-

dores sem conta recuam quan-

do a tarefa abre oportunidades

mais valiosas.7

Sobre o problema, é possívelconsiderar, por parte desses traba-lhadores, a ausência da noção deresponsabilidade do dever a cum-

prir. Contudo, por não sabermosser benevolentes, indulgentes econdescendentes para com aque-les que conhecemos no meio espí-rita, certamente contribuímos pa-ra o fracasso de alguns confradesque abandonam as equipes deações espíritas.

A caridade e a fraternidadeagregam todas as condições e to-dos os deveres sociais, mas sãoincompatíveis com o orgulho e oegoísmo, que serão sempre osaniquiladores de nossas melho-res intenções.

O amor deve ser a base de nossadisposição para agir em benefícioda Doutrina Espírita, conformepreconiza a mensagem do Espíri-to de Verdade, no capítulo VI deO Evangelho segundo o Espiritismo –“Espíritas! amai-vos, este o primei-ro ensinamento; instruí-vos, esteo segundo”,8 sem esquecer que éamigo de Jesus todo aquele quepratica seus ensinamentos, pois a

Doutrina do Mestre é a expressãomais completa da caridade e resu-me todos os deveres do homempara com Deus, para com o próxi-mo e para consigo mesmo.

Referências:1XAVIER, Francisco C. O consolador. Pelo

Espírito Emmanuel. 28. ed. 2. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2003. Q. 174.2______. Entre a terra e o céu. Pelo Espí-

rito André Luiz. 2. ed. espec. Rio de Janei-

ro: FEB, 2008. Cap. 27, p. 187.3______. ______. p. 189.4______. Fonte viva. Pelo Espírito

Emmanuel. 36. ed. 2. reimp. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2009. Cap. 8, p. 31.5KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. 129. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2007. Cap. 20, item 5, p. 356.6______. ______. p. 356.7XAVIER, Francisco C. Os mensageiros. Pe-

lo Espírito André Luiz. 45. ed. 1. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 3, p. 24-25.8KARDEC, Allan. Op. cit., cap. 6, item 5,

p. 142.

24 Reformador • Dezembro 2009446622

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livro O pastor1 conta umasimples e tocante históriade um piloto inglês que

foi salvo por outro, na vésperado Natal, e seu autor é o repórterinvestigativo e escritor inglêsFrederick Forsyth (1938-), co-nhecido pelas publicações O Diado Chacal e Dossiê Odessa.

O pastor relata que um jovemoficial da Royal Air Force (RAF),identificado no livro por CharlieDelta, decola sozinho da base aé-rea inglesa na Alemanha, no finalda tarde de 24 de dezembro de1957, pilotando um pequenoavião de caça, para encontrar-secom a família, em Blighty, ReinoUnido, durante o feriado de Na-tal. Já era noite quando passoupela costa da Holanda e, depois

de sobrevoar por dez minutos oMar do Norte, detectou, assusta-do, grave pane no avião, caracte-rizada por problemas na bússolae no rádio. A situação fica maiscomplicada porque depara comum pesado nevoeiro, não conse-gue estabelecer a mínima comu-nicação com o pessoal em terra,o avião começa a perder altitudee o nível de combustível dimi-nuir. Está totalmente sem rumo,vagando no espaço. “Chegou omomento da minha morte”, ad-mite desesperado, tomado porsentimentos conflitantes de raivaao saber que iria morrer tão jo-vem, e de pavor pelo acidenteiminente. Passados os primeirosmomentos de desespero, procuraacalmar-se um pouco e, sob o

impacto de copiosas lágrimas,faz ardorosa prece a Deus, supli-cando-lhe proteção.

Passado algum tempo, surge àsua esquerda, dez metros à fren-te, um avião antigo, da época daSegunda Guerra (1939-1945),voando com absoluta segurança,mesmo estando com as luzesapagadas, que trazia a sigla JK(erroneamente interpretada co-mo o código de chamada “JulietKilo”, relacionado aos aviões deserviço metereológico) gravadana frente do veículo aéreo. O pilo-to do avião “pastor” – jargão ae-ronáutico que designa o aviãoque auxilia outro em dificuldade– apontava com gestos o que fazere a direção a ser seguida. Com aesperança renovada, Charlie Delta

25Dezembro 2009 • Reformador 446633

OMA RTA AN T U N E S MO U R A

Em dia com o Espiritismo

Uma história nãoespírita de Natal

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segue rigorosamente as instru-ções vindas do “pastor”, atentoaos seus mínimos gestos. Dessaforma, foi possível atravessar anévoa cerrada do inverno e reali-zar a descida com cuidado, até opouso final numa pequena base,praticamente desativada, em pe-quena cidade no interior da In-glaterra. Concluída a operação, o“pastor” não aterrissa, o pilotoemite um sorriso e faz um gestode despedida, alçando voo para,em seguida, desaparecer na es-curidão da noite.

Depois da aterrissagem, e par-cialmente refeito das emoçõesvividas, Charlie é acolhido poralguns companheiros que parti-cipavam de uma festa no cassinodos oficiais. Explica-lhes o ocor-rido e pede-lhes indicarem umtelefone, pois precisava localizaro seu salvador e agradecer. Tele-fonou a algumas bases aéreasmais próximas, sem obter suces-

so, pois os plantonistas afirma-vam que não foram notificados arespeito de qualquer operação deresgate. Da mesma forma, nãosouberam identificar o pilotoque o auxiliou. Como se encon-trava exausto e com muito frio, ojovem oficial resolve adiar suaprocura para depois do Natal,certo de que localizaria o seubenfeitor por intermédio do RealAeroclube. Com tais ideias emmente, Charlie se dirige ao aloja-mento militar para dormir e, aoentrar no quarto que lhe forareservado, depara, atônito, comuma fotografia do seu “pastor”, si-tuada acima da lareira do dormi-tório. Neste momento, entra Joe,o idoso ordenança que momen-tos antes lhe preparara o aposento,trazendo-lhe um jantar. A partirdeste ponto, estabelece-se entreambos o seguinte diálogo:2

“– Quem é o piloto, Joe?– Que piloto?

Apontei a fotografia em cimada lareira.

– Ah, sim. É uma fotografia dosr. Kavanagh. Esteve aqui duran-te a guerra.

– Kavanagh? [...].– Sim, Kavanagh, irlandês. Ex-

celente homem, posso dizer. Eraeste justamente o quarto dele”.

Charlie ficou sabendo que onome completo do seu salvadorera Johnny Kavanagh, conside-rado o melhor piloto da esqua-drilha “Desbravadores” da RAF,que salvou inúmeros colegas emsituações de perigo durante aguerra, pois ele tinha um sextosentido, que lhe permitia enxer-gar além do nevoeiro. Joe afir-mou que o avião do irlandês erafacilmente reconhecido porquetrazia a abreviatura JK, iniciaisdo nome, pintadas no rosto daaeronave, e que por várias vezesouviu Kavanagh afirmar: “Sem-pre que houver alguém perdido

26 Reformador • Dezembro 2009446644

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lá fora, no meio da noite, ten-tando voltar, hei de sair ao en-contro dele a fim de trazê-lo devolta à terra”.3

A surpresa maior, no entanto,aconteceu no final do diálogo,deixando Charlie em estado degrande perplexidade:4

“– Sem dúvida, ele era excep-cional – disse Joe [...].

– Bem, ao que parece, ele ain-da está fazendo a mesma coisa,sabia?

O velho Joe sorriu.– Infelizmente, isso não é pos-

sível. Johnny saiu em seu últimovoo de patrulhamento na noitede Natal de 1943, faz exatamente14 anos esta noite. Caiu o aviãoem algum ponto do Mar doNorte. Boa noite, tenente. FelizNatal!”

Ainda que a história seja rela-tada por autor não espírita, osensinos do Espiritismo estãopresentes, de forma muito clara.

O piloto irlandês desencarnadofoi facilmente reconhecido pelasimples observação de sua foto-grafia. O tipo de avião que pilota-va, as iniciais do nome impressasna parte frontal da aeronave e aexperiência em fazer resgate aéreo

foram outros dados iden-tificatórios, as-sim resumidospor Kardec:

A identidade é muito mais fácil

de ser comprovada quando se

trata de Espíritos contemporâ-

neos, cujos hábitos e caracte-

rísticas são conhecidos, porque

são justamente esses hábitos,

de que ainda não tiveram

tempo de abandonar, que nos

permitem reconhecê-los, cons-

tituindo isso um dos sinais

mais seguros de identidade.5

A prece, tão incessantementerecomendada pelos bons Espíri-tos, revela não só o seu poder eimportância, mas a imediata res-posta do Alto à súplica que lhefora enviada pelo jovem piloto.Daí a necessidade de estarmosatentos à orientação de Jesus:“Por isso, vos digo que tudo oque pedirdes, orando, crede queo recebereis e tê-lo-eis”. (Marcos,11:24.)

A manifestação mediúnica dopiloto irlandês poderia sugerir,no primeiro momento, o fenô-meno de materialização, mas es-ta seria percebida por Charlie epelo pessoal da base. Na verdade,o “pastor” foi captado pela visãomediúnica de Charlie, que re-produz ocorrência comum emsituações semelhantes (momen-to da morte, estado de enfermi-dade, perigo iminente etc.)

O socorro espiritual e o traba-lho no bem são outra grande li-ção que o livro retrata. JohnnyKavanagh foi o instrumento deauxílio que o Alto utilizou, exe-cutando o que sabia fazer de me-lhor: salvar alguém de um desas-tre aéreo, ainda que, ele próprio,

tenha morrido num acidenteaéreo, durante uma missão deresgate, havia 14 anos. Todavia,o Espírito agiu com o mesmodesprendimento demonstradoantes, durante a encarnação, ca-racterística percebida nos bonsEspíritos, que colocam o próxi-mo em primeiro lugar e que, de-pois de concedido o amparo, seafastam com breve sinal de des-pedida, sem requerer para si re-conhecimentos nem tributos degratidão.

Desejamos que essa singela his-tória de bondade e amor sirva dereflexão aos leitores e que o espí-rito do Natal esteja presente nocoração de todos, assim assinala-do no convite de Maria Dolores:6

Natal!... Recorda o Mestre da [Bondade!...

Ele, o Cristo e Senhor,Acendeu sobre a Terra o sol do

[Novo ReinoCom migalhas de amor!...

Referências:1FORSYTH, Frederick. O pastor. Trad. de

A. B. Pinheiro de Lemos. Rio de Janeiro:

BestBolso, 2008.2______. ______. p. 99-1073______. ______. p. 107.4______. ______. p. 107-108.5KARDEC, Allan. O livro dos médiuns.

Trad. de Evandro Noleto Bezerra. 1.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap.

24, item 257, p. 414-415.6XAVIER, Francisco C. Antologia da espi-

ritualidade. Pelo Espírito Maria Dolores.

5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Cap.

37, p. 113.

27Dezembro 2009 • Reformador 446655

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ázaro Luís Zamenhof, que se celebrizou mun-dialmente pela criação do esperanto, a LínguaInternacional Neutra, nasceu há 150 anos, em

15 de dezembro de 1859, na pequena cidade deBialystok, Polônia, então anexada ao Império Russo.

De origem judaica, desde os 6 anos alimentava oideal de pacificar, unir a Humanidade, certamente

influenciado pelos conflitosde natureza racial, re-

ligiosa e linguística,que dividiam oshabitantes de suacidade natal – ju-deus, poloneses,alemães e russos–, habilmente ex-plorados pelosdominadores, se-

gundo o princípio,enunciado por Ma-quiavel, divide ut

regnes...1 De ordiná-

rio, esses conflitos se manifestavam na forma de pi-lhagens, discriminações, perseguições, indo por ve-zes ao extremo dos temíveis, sangrentos pogrons.2

A forma com que esse ideal se desenhou na menteda criança foi uma língua comum, neutra, pela qualtodos pudessem se entender, se conhecer melhor e,assim, viver em paz.

A criação do esperanto – que os espíritas sabemosremontar às regiões espirituais – foi fruto de longa epaciente elaboração do jovem Zamenhof, em que elejá revelava, tanto os seus talentos linguísticos, comoprincipalmente os traços de caráter próprios de umEspírito superior.

Sua criação genial, verdadeira síntese de toda umaevolução linguística operada na Humanidade aolongo de milênios, foi a única que, de projeto, setransformou em língua viva de uma coletividadeverdadeiramente transnacional, evocando em seusmembros, como um dos benéficos efeitos do seu uso,o sentimento de pertinência à família humana, a pai-rar por sobre todas as acessórias e provisórias dife-renças, com o que ela muito tem contribuído para abusca da justiça, da fraternidade, da tolerância.

Por sua extrema facilidade, o esperanto, que sur-giu em 26 de julho de 1887, logo encontrou adeptosem todo o mundo, de início na Rússia, França, Ale-

ZamenhofSesquicentenário de

nascimento

L

28 Reformador • Dezembro 2009446666

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

2Chacina de judeus.

1Divide para que reines.

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manha e Suécia, para em seguida disseminar-se portodo o planeta.

Zamenhof ofereceu toda a sua vida à divulgaçãoda língua e de seus ideais, realizando um incansável,jamais arrefecido trabalho de condução do movi-mento nascente, por dotá-lo de sábias orientaçõese de um rico tesouro literário, expresso brilhante-mente em suas obras originais e nas primorosastraduções de obras da literatura universal, tais co-mo O Inspetor Geral, de Gogol; Georges Dandin, deMolière; Ifigênia em Táurida, de Goethe; Os Saltea-dores, de Schiller; Marta, de Orzeszko; Hamlet, deShakespeare; Fábulas, de Andersen; e a monumen-tal tradução de o Velho Testamento, feita diretamen-te do hebraico.

Seguiram-se-lhe outros tradutores e escritores,igualmente brilhan-tes, bem como seconcretizou umaestrutura organiza-da do movimento,com a fundação, em1908, da UniversalaEsperanto-Asocio,em torno da qualsurgiram dezenasde associações lo-cais, regionais, na-cionais e especiali-zadas, dando ori-gem a um atual, ri-quíssimo mosaico, cujas peças reunidas oferecemao mundo uma expressão concreta do ideal da uni-dade na diversidade.

Finalizamos, evidenciando as causas principais dosucesso, lento mas crescente, do esperanto, resultanteda genialidade de seu autor. Para tanto, servimo--nos do texto do eminente esperantista Ivo Lapenna(1909-1987), em seu artigo “A Grandeza do Dr. Za-menhof”, inserto em sua obra Elektitaj Paroladoj kajPrelegoj (Palestras e Discursos Escolhidos), publica-da em Rotterdam, 1966, edição do próprio autor.

A primeira causa é a internacionalidade e universa-lidade de objetivo. O esperanto é uma língua comple-

ta, pronta para ser usada por todos os povos, paraqualquer forma de comunicação internacional.

A segunda se mostra no fato de que, por sua estru-tura e vocabulário o esperanto é internacional ao máxi-mo, o que faz com que seus falantes o sintam comosua língua, não importando a nação a que pertençam.

Uma terceira causa está na efetiva internacionali-dade da coletividade que o usa, cujas necessidades decomunicação e de expressão cultural só podem serplenamente expressas por uma língua com as carac-terísticas do esperanto.

Outras causas do seu crescente êxito se mostramna ideologia que dá corpo à sua alma, toda impreg-nada dos sentimentos de justiça e igualdade entre to-dos os povos, de fraternidade universal, de tolerânciaentre as culturas, raças e religiões, bem como na in-

ternacionalidadede sua literatura ori-ginal, veículo a ex-pressar as ideias easpirações comunsdessa coletividadetransnacional.

Zamenhof dei-xou o mundo físicoem 14 de abril de1917, mas em Espí-rito continua a ins-pirar a legião queEmmanuel, na men-sagem A Missão do

Esperanto, ditada a Chico Xavier, em 19 de janeiro de1940, identifica como integrantes “do exército de ope-rários das edificações do futuro, como se fossem cons-trutores de um mundo novo, dispersos nas estradasterrestres, mas procurando ajustar suas diretrizes”.3

A Casa de Ismael, que desde 1909 apoia o espe-ranto como veículo de difusão do Espiritismo, se as-socia às justas homenagens com que o MovimentoEsperantista, em todo o mundo, reverencia a memó-ria desse grande vulto da Humanidade.

29Dezembro 2009 • Reformador 446677

3HOMARANO, (Org.). A língua que veio do céu. Rio de Janeiro:CELD, 2004. A missão do esperanto, p. 22.

Zamenhof em seu escritório

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Reformador de ontem

Espíritas, meus irmãos!

uando as clarinadas de um novo dia em luznos anunciam os chegados tempos do Senhor;quando uma era de paz prepara a nova hu-

manidade, neste momento dominada pela angústia ebatida pela desesperação, façamos a viagem de voltapara dentro de nós.

No instante em que os valores externos perdem asua significação, impulsionando-nos a buscar Deusno coração, somos, através de nossos irmãos, convi-dados à responsabilidade maior de amar, de servir ede passar...

Jesus, meus amigos, é mais do que um símbolo. Éuma realidade em nossa existência. Não é apenas umser que transitou da manjedoura à Cruz, mas o exem-plo, cuja vida se transformou num Evangelho de fei-tos, chamando por nós.

Necessário, em razão disso, aprofundar o pensa-mento na Obra de Allan Kardec para poder viverJesus em toda a plenitude.

Estamos convidados ao banquete da era melhor,do Evangelho imortal, e ninguém se pode escusar, apretexto algum.

Dias houve em que poderíamos dizer que não es-távamos informados a respeito da verdade. Hoje, po-rém, sabemos... Agora que a conhecemos por expe-riência pessoal, vivamos o Cristo de Deus em nossasatitudes, a fim de que o sol espírita não apresente a

mensagem de luz dificultada pelas nuvens densasque caracterizam o egoísmo humano, o ressentimen-to, a vaidade...

Unificação, sim. União, também.Imprescindível que nos unifiquemos no ideal Espí-

rita, mas que, acima de tudo, nos unamos como irmãos.Os nossos postulados devem ser desdobrados e vivi-

dos dentro de uma linha austera de dignidade e nobre-za. Sem embargo, que os nossos sentimentos vibremem uníssono, refletindo as emoções de amigos que sedesejam ajudar e de irmãos que se não permitem avan-çar – deixando a retaguarda juncada de cadáveres ouassinalada pelos que não tiveram força para prosseguir...

A tarefa da unificação é paulatina; a tarefa daunião é imediata, enquanto a tarefa do trabalho é in-cessante, porque jamais terminaremos o serviço, des-de que somos servos imperfeitos, e fazemos apenas aparte que nos está confiada.

Amar, no entanto, é o impositivo que o Senhornos concedeu e que a Doutrina nos restaura.

Unamo-nos, amemo-nos, realmente, e dirimamosas nossas dúvidas, retificando as nossas opiniões, asnossas dificuldades e os nossos pontos de vista, dianteda mensagem clara e sublime da Doutrina com queAllan Kardec enriquece a nova era, compreendendoque lhe somos simples discípulos. Como discípulosnão podemos ultrapassar o mestre.

Demo-nos as mãos e ajudemo-nos; esqueçamosas opiniões contraditórias para nos recordarmos dos

Q

Unificação paulatina,união imediata,

trabalho incessante...

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conceitos de identificação, confiando no tempo, ogrande enxugador de lágrimas, que a tudo corrige.

Não vos conclamamos à inércia, ao parasitismo, àaceitação tácita, sem a discussão ou o exame dasinformações.

Convidamo-vos à verdadeira dinâmica do amor.Recordemos, na palavra de Jesus, que “a casa

dividida rui”, todavia ninguém pode arrebentarum feixe de varas que se agregam numa união deforças.

É por isto, Espíritas, meus irmãos, que a Unifica-ção deve prosseguir, mas a União deve vigir [sic] emnossos corações.

Somos semeadores do tempo melhor. Somos ospomicultores da era nova. A colheita que faremos emnome de Jesus caracterizar-nos-á o trabalho.

Adiante, meus irmãos, na busca da aurora dos no-vos tempos.

Jesus é o Mestre por excelência e Allan Kardec é odiscípulo fiel.

Sejamos nós os continuadores honrados e nobresda Sua obra de amor e da Sua lição de sabedoria...

E quando as sombras da desencarnação desceremsobre vós, e nós outros, os já desencarnados, nosacercarmos a receber-vos, podereis dizer:

– Aqui estamos, Senhor, servos deficientes que re-conhecemos ser, porque apenas fizemos o que nosfoi determinado.

Ele, porém, magnânimo, justo e bom, dir-vos-á:“Vinde a mim, filhos de meu Pai, entrai no gozo

da paz”.Muita paz, meus amigos!Que o Senhor vos abençoe.

Bezerra

(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo P. Franco,

na noite de 20/4/75, na sessão pública da Federação Espírita

Brasileira, Seção-Brasília, DF.)

Transcrição de Reformador de fevereiro de 1976, p. 19(43).

1o Congresso Espíritado Distrito Federal

Com cerca de mil inscritos,realizou-se o 1o Congresso Espí-rita do Distrito Federal, nos dias9, 10 e 11 de outubro, no ColégioMilitar, em Brasília (DF). O even-to foi promovido pela FederaçãoEspírita do Distrito Federal e tevecomo tema central “O Espiritis-mo e os Desafios na Construçãodo Homem de Bem”, que foi de-senvolvido com palestras e semi-

nários sobre os assuntos: “O Es-piritismo e os Desafios na Cons-trução do Homem de Bem”, “Ati-tude do Homem de Bem diantedo apelo do Mundo Moderno”,“A Evangelização na construçãodo Homem de Bem”, “Chico Xa-vier, Vida e Obras”, “Esperanto”,“Pacto Áureo”. Houve atuação dopresidente da FEB, Nestor JoãoMasotti, e dos diretores da FEB

Affonso Soares e Antonio CesarPerri de Carvalho; de Alberto deAlmeida (Pará) e Wagner GomesPaixão (Minas Gerais). O eventofoi aberto com a apresentação doCoral “União”, reunindo oitoCorais Espíritas do Distrito Fe-deral. A TVCEI transmitiu ao vi-vo todas as atividades do Con-gresso. Informações: <www.fedf.org.br>.

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m seu excelente resgate his-tórico, publicado sob o títu-lo Os Intelectuais e o Espiri-

tismo,1 o pesquisador UbiratanMachado revela aspectos impor-tantes sobre os primórdios do Es-piritismo no Brasil. Ao discorrersobre as experiências mediúnicasrealizadas por Manoel de AraújoPorto Alegre (1806-1879), futuroBarão de Santo Ângelo, mencionaque, em 1863, Allan Kardec teriaenviado a Araújo Porto Alegre umnúmero da Revista Espírita. Afir-ma que Porto Alegre, diplomata,exercendo o cargo de cônsul doBrasil na Prússia e Saxônia, podeter sido apresentado a Allan Kar-dec, através de um brasileiro cha-mado Borja, então residente emParis, resultando daí o seu interes-se pelo Espiritismo.

Ubiratan não atinara com in-formação alguma sobre esse miste-rioso personagem. Divulga, entre-tanto, trecho de uma carta de Borja,datada de 31 de janeiro de 1863,

dirigida a Gonçalves Dias, o gran-de poeta maranhense, na qual co-menta sobre uma remessa de li-vros que havia mandado ao diplo-mata brasileiro.

Diante desta inusitada infor-mação, tentamos descobrir algo so-bre esse enigmático personagem,conhecido apenas como Borja,que tivera o ensejo de conhecer oCodificador e privar, quem sabe,de sua amizade. As dificuldadeseram grandes em face da insufi-ciência de dados. Porém, há algunsmeses, desvendamos esse quase in-solúvel mistério. Pesquisávamossobre a Comissão Científica deExploração do Império que este-ve no Ceará entre 1859 e o inícioda década seguinte. Quando fo-lheávamos um velho livro, cole-tânea da correspondência dirigi-da ao senador Tomaz Pompeu deSouza Brasil (1818-1877),2 fun-dador do Liceu do Ceará e pro-fessor do jovem Adolfo Bezerra deMenezes Cavalcanti, entre 1847

e 1850, encontramos cinco car-tas remetidas a ele por alguémchamado Borja. Esse homem es-teve no Ceará estudando-lhe oclima e a geografia, como mem-bro da aludida Comissão Cientí-fica, quando se fez amigo do Se-nador, também cientista. Numade suas missivas, enviada de Paris,esse Borja fala, para nossa estu-pefação, da amizade que nutriapor Manoel de Araújo Porto Ale-gre e Gonçalves Dias. Descreve,ainda, os encantos de uma dasfilhas do diplomata, então resi-dente em Dresden, na atual Ale-manha, e da ousadia que teve empedir-lhe a mão em casamento.O matrimônio, todavia, não acon-teceu, mas os detalhes das de-mais correspondências eram ca-tegóricos e suficientes para diri-mir qualquer dúvida de que setratava do brasileiro que conhe-ceu Kardec. A partir desta novi-dade, saímos a campo a fim decolher subsídios para comporsua biografia.

Seu nome completo era Agos-tinho Victor de Borja Castro. Fi-lho do desembargador João Fran-

Borja, um brasileiroque conheceu Kardec

ELU C I A N O KL E I N FI L H O

1MACHADO, Ubiratan. Os intelectuais e oespiritismo. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. Pu-blicações Lachâtre, 1996.

2CÂMARA, José Aurélio. Correspondênciado senador Pompeu. Ed. Fortaleza, CE: Ti-pografia Minerva, 1960.

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cisco de Borja Pereira, assinavasuas cartas usando o nome Victorde Borja ou simplesmente Borja.Cursou, em 1850, o primeiro anoda Academia de Marinha, transfe-rindo-se, posteriormente, para aEscola Central, onde fez o cursode Matemáticas. Para a obtençãodo grau de doutor em CiênciasMatemáticas, defendeu, em 1861,a tese intitulada “O Princípio dasvelocidades virtuais no Equilíbriodos Sistemas”. Serviu, por algunsanos, no Corpo de Engenheiros,assentando praça em 1852. Pro-fessor do curso de Engenharia Ci-vil da Escola Politécnica do Rio deJaneiro, a partir de 1872, lecionoua cadeira de Hidráulica. Foi Co-mendador da Ordem da Rosa,membro do Imperial InstitutoFluminense de Agricultura e sócioda Seção Zoológica da AssociaçãoBrasileira de Aclimatação. Deixouvários trabalhos impressos, entreos quais: o “Anuário Industrial”,de 1871; o “Expositor Técnico”,em 1892; “Relatório sobre asobras da Alfândega do Rio de Ja-neiro”, em 1878, e “Tabela para fa-cilitar o cálculo das relações entrediversas circunstâncias do movi-mento da água nos tubos condu-tores cilíndricos”. Desempenhouimportantíssimas comissões par-ticulares e oficiais, em vários mi-nistérios e na célebre Exposiçãode Londres.

A ideia da criação da ComissãoCientífica de Exploração teveimediato apoio de D. Pedro II. Pa-ra tanto, foi escolhida uma seletaequipe de engenheiros e natura-listas. O Ceará foi indicado para

abrigar os trabalhos iniciais daComissão, presidida por Fran-cisco Freire Alemão (1797-1874),que fora professor de Bezerra deMenezes na Faculdade de Medici-na. A Comissão desembarcou emFortaleza, no mês de fevereiro de1859, e deixou o Ceará em julhode 1861.

Na ocasião, integrou a Comis-são Científica, como chefe da Se-ção Etnográfica e Narrativa deViagem, o poeta Antônio Gonçal-ves Dias (1823-1864), que acaba-ra de regressar do Velho Mundo,onde fora estudar, a mando dogoverno brasileiro, o desenvol-vimento da instrução pública.Agostinho Victor de Borja Castro,no posto de primeiro tenente,participou como adjunto de Gia-como Raja Gabaglia (1826-1872),

chefe da Seção Astronômica eGeográfica.

Na longa e penosa travessia pe-lo sertão cearense, privados daselementares comodidades da vi-da, quase todos os integrantes daComissão adoeceram. AgostinhoVictor de Borja Castro deixou oCeará em abril de 1860. Recupe-rou a saúde e deu continuidadeaos seus estudos. Passou durantealgum tempo a viajar, com certafrequência, à Europa, onde viria adesencarnar.

Segundo o jornal O Paiz,3 “[...]em virtude de cruel enfermidade,de que veio a falecer, foi jubiladona cadeira do terceiro ano de En-genharia Civil (Hidráulica), [...]retirando-se para a Europa, a fim

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3O Paiz, 10 de novembro de 1893.

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de se tratar [...]”. Sua desencarna-ção aconteceu em Paris, no dia 20de outubro de 1893. Sob o título“Conselheiro Borja Castro”, omesmo periódico4 apresenta a re-lação de alguns parentes.

Por se tratar de um documentode grande valor histórico, trans-crevemos, na íntegra, a Carta deBorja a Gonçalves Dias,5 gentil-mente cedida por Ubiratan Ma-chado. Nesta reprodução a orto-grafia foi atualizada, mas forammantidas as regras gramaticais vi-gentes à época:

Paris, 31 de janeiro de 1863

Amigo Gonçalves Dias

Tenho passado estes últimos

dias bastante inquieto, porque

não tenho recebido cartas de

Dresden, quando sei que todos

estão mais ou menos doentes.

O que aconteceu-lhe que faz

não escrever-me?

Na segunda-feira da semana

passada remeti ao Porto Alegre

os livros que encomendou-me;

não sei se já chegaram, bem co-

mo um número da Revista, que

o Allan Kardec informou-me ter

enviado no princípio deste mês.

(Grifo nosso.)

Não sei aonde tinha a cabeça

quando li o papel, que V. deu-

-me ao sair de Dresden, pois

estava firmemente persuadido

que me recomendava de entre-

gar ao conselheiro Drummond

o seu retrato e o livro do

Ferdinand Denis.

Escrevo esta só para pedir-te

que me dê notícias de Dresden.

Saúde aos doentes e saudades a

D. Carlota; não sei se ela esque-

ceu-se de escrever-me.

Um abraço do

seu do coração

Borja.

O teor precioso desta corres-pondência nos enseja fazer algu-mas ilações. Ao utilizar o artigodefinido “o” antes do pseudôni-mo do Codificador, presume-seque o missivista privava de certaintimidade com Kardec. Por ou-tro lado, podemos, de igual mo-do, ponderar a respeito da possí-vel familiaridade que o grandevate maranhense tinha, senãocom as ideias espíritas, talvez como próprio Allan Kardec. Ademais,não seria de estranhar o interes-se de Gonçalves Dias pelo assun-to, tendo em vista ser ele profun-do estudioso de Etnografia e porter estado na França, mais deuma vez, inclusive com o pró-prio Borja, na fase preparativados trabalhos da Comissão Cien-tífica de Exploração, entre 1857 e1858, com o intuito de comprar,em Paris, instrumentos para equi-par a Expedição. E ainda, poste-

riormente, em Dresden, divi-dindo com Borja o mesmo hotelno qual se estabeleceram por al-gum tempo.

Quanto ao Barão de Santo Ân-gelo, não nos resta qualquer dúvi-da sobre suas convicções espíritas.Durante o ano de 1865, Porto Ale-gre, sua mulher e filhas realizaramem Dresden várias reuniões comum médium psicógrafo brasileirochamado Calazans. Em muitasdessas reuniões, o Espírito Gon-çalves Dias, que havia desencar-nado no ano anterior, teria se ma-nifestado trazendo mensagens dereconforto e gratidão ao amigo.

Teria conhecido GonçalvesDias a Allan Kardec, pessoalmen-te? Manoel Araújo Porto Alegre,residindo na Europa, com as faci-lidades da posição que ocupava eas ideias que esposava poderia ter,por mais de uma vez, estado econversado com o Codificador? EBorja, que remetia livros sob en-comenda a amigos brasileiros,não teria ele próprio sido o res-ponsável pela introdução das pri-meiras obras espíritas no Brasil?Ou, pelo menos, da segunda e de-finitiva edição de O Livro dos Es-píritos, publicada em 1860?

Por enquanto são simples con-jecturas que fazemos, mas – quemsabe – com o tempo, possamosobter as respostas.

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Retificando...Na notícia “A FEB na XIV Bienal do Livro do Rio de Janeiro”

(Reformador de novembro de 2009), na p. 41, 2a coluna, 2a linha,onde se lê Ecologia e Espiritismo, leia-se Espiritismo e Ecologia.

4O Paiz, 18 de novembro de 1893.

5Anais da Biblioteca Nacional, v. 91, 1971.Rio de Janeiro, 1972, p. 281.

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comunicação ostensiva dosEspíritos começou a partirda noite de 31 de março de

1848, em um dos episódios conside-rados ponto de partida da DoutrinaEspírita, na casa da família Fox, en-volvendo, destacadamente, alémdos seus pais, as meninas Kate,de 11 anos, e Margareth, de 14anos, os quais eram meto-distas residentes em Hydes-ville, no condado de Way-ne, nos Estados Unidos daAmérica do Norte, quandoum Espírito, que se identi-ficou como Charles Rosma, eque havia sido assassinado naresidência, passa a comuni-car-se através de pancadas, pormeio do fenômeno que ficou co-nhecido como raps ou tiptologia,sendo intensos os ruídos no local.

Muitos curiosos, estudiosos, re-ligiosos e pesquisadores se aproxi-maram para examinar os aconteci-mentos. Dentre eles o governadoramericano chamado Tallmadge,que um dia indagou sobre a razãodaqueles ruídos e a que eles vi-nham. E os Espíritos responderam,

através da chamada telegrafia espi-ritual ou mediúnica: “Nosso desejoé que a Humanidade viva em har-

monia e que os céticos se conven-çam da imortalidade da alma!”.1

Cito esse exemplo para caracte-rizar que tanto os fenômenos cha-mados espíritas, psíquicos ou para-normais, sobretudo aqueles provo-cados pelos Espíritos, quanto, tam-bém, os princípios básicos da Dou-

trina Espírita, a exemplo da reen-carnação, têm um objetivo su-

perior, que envolve a renova-ção do homem.

Allan Kardec, após apublicação de O Livro dosEspíritos, em 1857, fez di-versas viagens chamadasde propaganda doutriná-

ria, bem como de esclare-cimento aos núcleos espíri-

tas nascentes. Realizou essasviagens em 1860, 1861, 1862,

1864 e 1867.Na jornada de 1862, durante seis

semanas do outono e do inverno,ele visitou os centros espíritas exis-tentes em mais de 20 cidades fran-cesas e assistiu a cerca de 50 reu-niões. Ele faria o relato da viagemna Revista Espírita, de novembrode 1862, e em opúsculo especial,Voyage Spirite en 1862, publicadono mesmo ano.

Aplicação moral e

Um estudo de Léon Denis

frutos do Espiritismo

AAD I LTO N PU G L I E S E

1IMBASSAHY, Carlos. A missão de AllanKardec. Federação Espírita do Paraná, 1957.p. 30.

Irmãs Fox

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Em seu relatório, Allan Kardecdestaca que os grupos aumenta-vam, e que na reunião geral realiza-da em Lyon participaram mais de600 delegados representantes dessesdiferentes grupos. Enfatiza aindaque os médiuns também se multi-plicavam, em toda parte, predomi-nando os psicógrafos de diferentesgêneros, mas, especialmente, aque-les que denomina de médiuns mo-ralistas, ou de influências morais.2

Em seus pronunciamentos nosmeses de setembro e outubro daque-le ano de 1862, ele informava queo Espiritismo estava praticamenteencerrando o período da curiosidade(caracterizado pelas mesas girantes),quando se sobressaíram os chama-dos fenômenos de efeitos físicos,de materialização de Espíritos, e quenaquele momento era evidente adiminuição dos médiuns portado-res desse tipo de mediunidade.

Afirmava que à medida queproliferavam os médiuns de co-municações inteligentes, o Espiri-tismo passava a viver uma novafase, um segundo período, o da filo-sofia, marcado pelo aparecimentode O Livro dos Espíritos, e um ter-ceiro momento futuro que seriaaquele da aplicação à reforma daHumanidade, portanto, de conse-quências morais, finalidade prin-cipal do Espiritismo.3

Em 1863, Allan Kardec con-cluiria e publicaria, na RevistaEspírita de dezembro daqueleano, seus estudos acerca das fa-ses da história do Espiritismo,que ele divide em seis períodos:(1) da curiosidade; (2) filosófi-co; (3) da luta; (4) religioso; (5)intermediário e (6) da regenera-ção social.4

No dia em que fez, em 1862, odiscurso aos espíritas de Lyon e deBordeaux, Allan Kardec declara:

Por toda parte onde minhas

obras penetraram e servem de

guia, o Espiritismo é considerado

sob o seu verdadeiro ponto de

vista, isto é, sob o ponto de vista

exclusivamente moral [...].5

É nesse discurso histórico queo mestre menciona a existência detrês categorias de espíritas:

1o) – Os que creem pura e sim-

plesmente nos fenômenos das

manifestações, mas que não

lhes deduzem nenhuma conse-

quência moral;

2o) – Os que veem o lado mo-

ral, mas o aplicam aos outros e

não a si próprios;

3o) – Os que aceitam para si

mesmos todas as consequências

da Doutrina, e que praticam ou

se esforçam por praticar a sua

moral.6

Estes últimos, segundo o Codi-ficador, seriam “os verdadeiros es-píritas, os espíritas cristãos”.6

A que moral Allan Kardec serefere? Uma nova moral criadapelo Espiritismo?

Lendo a parte final de O Livrodos Espíritos, na Conclusão, itemVIII, vemos Allan Kardec desta-car que muitas pessoas, na suaépoca (e possivelmente aindahoje), perguntavam se os Espíri-tos ensinavam “qualquer moralnova, qualquer coisa superiorao que disse o Cristo”. E o pró-prio Codificador responde quenão, que “o Espiritismo não trazmoral diferente da de Jesus”, que“os Espíritos vêm não só confir-má-la, mas também mostrar-nosa sua utilidade prática” e que “coma moral, trazem-nos a definiçãodos mais abstratos problemasda psicologia”.7

Em 1864, ao publicar a ter-ceira obra da Codificação Espí-rita, ele confirmaria a essênciadessa moral cristã, ao enfatizarque a parte moral exige a refor-ma de cada um; é uma regra deconduta, que abrange todas ascircunstâncias da vida, o cami-nho infalível da felicidade futu-ra; é o princípio de todas as re-lações sociais fundadas na mais

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4Idem. Período de luta. In: Revista espíri-ta: jornal de estudos psicológicos, ano 6,p. 504-506, dez. 1863. Trad. de EvandroNoleto Bezerra. 3. ed. 1. reimp. Rio de Ja-neiro: FEB, 2007.

5Idem. Viagem espírita em 1862 e outrasviagens de Kardec. Trad. de Evandro Nole-to Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB,2007. p. 55.

6Idem, ibidem. p. 53.

7Idem. O livro dos espíritos. 91. ed. 1.reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. p. 549--550.

2KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862e outras viagens de Kardec. Trad. de Evan-dro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2007. p. 29-30 e ss. (Vide também aedição de O Clarim, com prefácio deWallace L. V. Rodrigues.)

3Idem, ibidem. p. 31.

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rigorosa justiça.8 O que reza estamoral?

Ressalta Allan Kardec em seufamoso discurso:

[...] Amai-vos uns aos outros;

perdoai aos vossos inimigos;

retribuí o mal com o bem; não

tenhais ódio, nem rancor, nem

animosidade, nem inveja, nem

ciúme; sede severos para con-

vosco mesmos e indulgentes

para com os outros. [...]9

Quarenta e umanos depois da viagemrealizada em 1862, e34 da desencarnaçãode Allan Kardec, umdos seus mais fiéis se-guidores e contem-porâneo, Léon Denis,também francês, nas-cido na cidade de Toulem 1o de janeiro de1846, tendo vivido 81anos, até 12 de abril de1927, considerado peloEspírito Humberto deCampos aquele que fa-ria “o desdobramento filosófico”10

do Espiritismo, publicaria em 1903a sua quinta obra, intitulada No

Invisível, onde descreve a vida nomundo espiritual, fala a respeitoda comunicação dos Espíritos e dis-corre sobre a mediunidade, comclareza e experiência pessoal.

Na citada obra,11 Denis comen-ta a respeito das “consequências dofenômeno espírita sobre o [nosso]estado de espírito”. E declara quediversos temas obscuros e enigmá-ticos, que envolvem a vida do ho-mem, foram elucidados pelo Espi-ritismo, a exemplo do “sentimento

de imortalidade” e “a crença nasobrevivência” após a morte. Tam-bém a questão do destino recebeuda Doutrina “meios de análise e deverificação”, elucidando que o des-tino feliz ou de infortúnios “é aconsequência de nossos atos” pre-sentes e pretéritos e que “a alma edi-fica por si mesma o seu futuro”.

O autor de O Problema do Ser,do Destino e da Dor destaca al-gumas influências do Espiritismosobre o nosso estado de Espírito:“O Espiritismo amplia a noção defraternidade”; “todas as almas sãoirmãs”; o Espiritismo amplia adimensão dos afetos,“porque aque-les que em vida nos amavam,nos amam ainda mais além dotúmulo”; o Espiritismo revelaque homens e Espíritos “cami-nham [...] lado a lado” e que oEspiritismo tem duas característi-

cas: “fonte deensinamentos” e“meio de prepa-ração moral”.12

Denis faz pre-ciosas observa-ções: o Espiritis-mo satisfaz à razão(através dos fenô-menos) e satisfazaos sentimentos(através da ética es-pírita). O Espiritis-mo é a religião cien-tífica do futuro!

A estrutura daética espírita está

consubstanciada em O Evangelhosegundo o Espiritismo, publicadopor Allan Kardec em abril de1864, obra que tem duas finali-dades, conforme exarou no fron-tispício: “A explicação das máxi-mas morais do Cristo em con-cordância com o Espiritismo esuas aplicações às diversas cir-cunstâncias da vida”.

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8KARDEC, Allan. O evangelho segundo oespiritismo. 129. ed. Rio de Janeiro: FEB,2009. Introdução, item I, p. 23.

9Idem. Viagem espírita em 1862 e outrasviagens de Kardec. Trad. de Evandro Nole-to Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB,2007. p. 53.

10XAVIER, Francisco C. Brasil, coração domundo, pátria do evangelho. Pelo EspíritoHumberto de Campos. 33. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2008. Cap. 22, p. 156.

11DENIS, Léon. No invisível. ed. espec. 1.reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. P. 1,cap. 11. 12 Idem,ibidem.

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oje a palavra é para você,companheiro de muitasprocuras, que chega à Casa

Espírita em busca do bálsamo quealivie uma grande dor, da palavraque ajude a superar um momentode crise ou que preencha algum“não sei quê?” esquisito que lhe dei-xa enorme vazio cá dentro do peito.

Talvez esta seja a derradeiraporta, após tantas tentativas de

encontrar o equilíbrio, a paz, en-fim, o sentido da vida. E o seucoração se divide agora entre es-peranças e temores. Afinal, fo-ram tantas as frustrações... Mas,como diz a canção da Zizi Pos-si... “Vá, e entre por aquela portaali, não tem caminho fácil não, ésó dar um tempo que o amorchega até você”...

Pois é, amigo, grupos espíri-tas não são igrejas. São espaçosfraternos de vivência do Evan-

gelho de Jesus, à luz da Doutri-na Espírita, uma espécie de ofi-cinas do bem, onde se busca, emconjunto, aprender e exercitar es-se tão decantado amor ao próxi-mo. Então, por favor, não nosidealize. Não espere uma bon-dade e elevação que ainda nãopossuímos.

O espírita professa uma fé ra-cional que, facilitando a com-preensão dos porquês da exis-tência, aumenta também a res-ponsabilidade de uma mudançade atitude para melhor diantedos desafios cotidianos da vida.Porém, não nos enganamos, nemqueremos lhe enganar a respeitode quem somos. Somos exata-mente como você. Sentimos asmesmas dificuldades afetivas,emocionais, sexuais, espirituaise tantas outras, inerentes à nossacondição humana de seres emevolução. Estamos todos nomesmo barco, amigo, mas remarjuntos para chegarmos em segu-rança à outra margem da vida –que é o nosso destino e lugar deorigem – certamente fará toda a

A você queestá chegando

HJOA NA AB R A N C H E S

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diferença. E isto nós queremos epodemos fazer.

Não temos rituais ou chefesreligiosos. Trabalhamos em regi-me de cooperação fraterna e vo-luntária, conforme as aptidões edisponibilidades de cada um, embenefício de todos os que aquichegam. Por isto, querido amigo,ao entrar por aquela porta, nãoespere encontrar sacerdotes in-vestidos de superioridade ou po-der. Não espere encontrar umgrupo seleto de iniciados em“mistérios do Além” ou indiví-duos infalíveis que lhe digam, atodo tempo, o que fazer, pois en-contrará apenas pessoas comuns,com muitas certezas e convicçõessim, mas também com crises einseguranças, tais como as suas.

Aqui você vai encontrar apren-dizes na arte de servir. Genteque se sente feliz em contribuirpara a felicidade alheia, pessoassempre prontas a acolher, ouvire amparar. Não suponha, porém,que estejamos isentos de provase problemas. Assim como você,lutamos e sofremos. Apenas op-tamos pela ação no bem comoforma de trabalhar em nós mes-mos o próprio aperfeiçoamento,contribuindo para a construçãode uma sociedade melhor, aomesmo tempo em que busca-mos, no estudo e no trabalho, asrespostas e a coragem necessá-rias para enfrentar as nossaspróprias batalhas na arena davida.

Entre nós, encontrará tambémcompanheiros esforçados na ta-refa de consolar e esclarecer.

Não nos tenha, porém, como sá-bios inquestionáveis ou seres san-tificados. Assim como você, nãovivemos alheios às dificuldadesdo mundo. Creia, amigo, o nossomaior desafio é exemplificar, naprática, as verdades espirituais queconhecemos e pregamos. No diaa dia, sobretudo lá fora, esforça-mo-nos por ser pessoas mais pa-cificadoras, generosas, fraternais,e, sinceramente, nem sempre oconseguimos...

Mas, se é grande ainda a nos-sa imperfeição, maior é a alegriade vê-lo chegar. E assim comoPedro, o apóstolo rude e sincerode Jesus, apesar do reconheci-mento da nossa pequenez hu-mana e espiritual, é muito bompoder aconchegá-lo com cari-nho e lhe dizer do fundo do co-ração: “Não tenho prata nemouro, mas o que tenho vos dou”.(Atos, 3:6.)

Caminhemos juntos!

39Dezembro 2009 • Reformador 447777

Fonte de consulta: KARDEC, Allan. Muitos os chamados, poucos os escolhidosIn: Revista espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 4, p. 278-280, junho de1861. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2007.Epígrafe: XAVIER, Francisco C. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. 2.reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Q. 354.

“Muitos são chamados mas poucos escolhidos.” – JESUS.

Mário Frigéri

Ó seareiros de bom coração!Sacrificai à sagrada DoutrinaAs vossas horas que o ócio malsina:Ide e vivei a mais santa missão!

Ide e pregai a palavra divinaAos poderosos, que a desprezarão;Aos eruditos, que não a crerão;Aos pequeninos, a quem se destina!

Nada temais! pois flamejam em vósLínguas de fogo que vêm do Pastor,Ao qual amais e de quem sois a voz.

Em armadilhas de lobo só caiO próprio lobo – e vós sois do Senhor!Tomai, portanto, do arado e ARAI!

Arai!

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firma o Dicionário Aurélioque psicologismo é a “ten-dência a fazer prevalecer o

ponto de vista psicológico sobreo de outra ciência”.1

Tal atitude importa igualmenteem definir a qual linha nos referi-mos, considerando que não temosuma única corrente em Psicolo-gia, mas algumas que se definemcomo Behaviorismo, Psicanálise,Gestalt, Transpessoal etc.

Neste sentido, o biologismo,o sociologismo e o pedagogismosão também expressões que pro-curam fazer prevalecer o pontode vista da Biologia, da Sociologiae da Pedagogia, respectivamen-te, na análise de qualquer fenô-meno humano.

Esta postura é até certo pontocomum quando um profissionalou estudante de uma destas áreasinterpreta determinados assuntosfixando seu olhar, única e exclusi-vamente, pelo prisma da sua áreade formação e conhecimento.

Este modo de analisar pode sedar em função de uma certa inge-nuidade ou mesmo de uma orto-doxia por parte de quem estuda,trabalha e se afiniza com os pos-tulados de determinada ciência.Ocorre também o fato de se pen-

sar assim sem necessariamentetornar a ciência que se adotou, co-mo paradigma, nem se julgar seuporta-voz. Seria, portanto, umapostura pessoal, particular e nãooficial daquela área.

É possível que isto se dê pelaausência de uma consciência crí-tica que, estando presente na pes-soa, se manifestaria no reconheci-mento dos limites que assinalam aciência que abraçou.

A palavra crítica origina-se dogrego kritiké e quer dizer arte dejulgar, juízo apreciativo.2

A consciência crítica reconheceque a realidade é mutável e quenão é possível apreendê-la nos es-treitos limites de uma teoria cien-tífica, que faz apenas aproxima-ções, tentando compreender acomplexidade do mundo em quevivemos. Entende que todo juízo éprovisório, que o conhecimentode qualquer área é sempre proces-sual e nunca está “acabado”, pron-to. Defende a necessidade de cons-tantes revisões e esforça-se para selivrar de preconceitos, ideias pre-concebidas, compreendendo queo que cada ciência oferece é sem-pre um fragmento da verdade.3

Mesmo porque, como disseLéon Denis, “[...] a verdade, em

sua plenitude, é mais vasta do queo espírito humano”.4

Por isso, todo cuidado é poucoquando divulgamos e defende-mos certas ideias em nosso movi-mento doutrinário, sejam elasoriundas de encarnados ou de-sencarnados. Precisamos verificarse as mesmas apresentam uma co-nexão natural com os postuladosespíritas, se são o desdobramentode alguns fundamentos ou se es-tamos promovendo um enxerto,consagrando conceitos que emnada se articulam com o pensa-mento espírita.

Quando não fazemos esta ve-rificação e agimos de formaapressada, empolgados por umdeterminado autor, livro, teseou mesmo por revelação feitapor algum médium, podemosestar validando o que ainda ca-rece de confirmação e até privi-legiando o acessório em detri-mento do essencial, o comple-mento e não o fundamento.

Promover o diálogo do Espiri-tismo com as demais ciências serásempre algo saudável, desde queprocuremos destacar as conver-gências e divergências, consensose dissensos, deixando claro que oque pretendemos não é apresen-

ExtremismosA

CE Z A R BR AG A SA I D

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tar a ciência espírita como algohegemônico, isto é, absoluta, úni-ca, capaz de controlar e apreciaras demais de forma autoritária epresunçosa. E também não sub-meter a revelação espírita às novi-dades e modismos trazidos pelasmodernas ciências ou seus repre-sentantes, sem que estas tenhamsido suficientemente comprova-das, apenas para dizer que a Dou-trina Espírita acompanha a evolu-ção científica.

Allan Kardec observou que oEspiritismo caminharia com o pro-gresso e que se novas descobertasdemonstrassem estar errado emalgum ponto, ele se modificaria eaceitaria o novo postulado.5

Reconhecer o quanto a ciênciapsicológica ou qualquer outravem avançando, procurando aolongo do tempo rever seus fun-damentos e ir ao encontro da di-mensão espiritual, é algo louvá-vel, mas condicionar o pensa-mento de Allan Kardec e dos Es-píritos superiores aos estreitoslimites em que ainda se organi-zam as ciências do mundo, sejamelas exatas ou humanas, será des-conhecer o caráter da revelaçãoespírita, que é progressiva e nãoestabelece que o Espiritismo de-va absorver aquelas nem ser porelas absorvido.

Tudo analisar pelo prisma deuma única ciência ou dar exclusi-vidade ao que postulam autoresespirituais, desprezando as con-quistas e lições que a experiênciados encarnados já pode reunir, se-rá caminhar por extremos, igno-rando a necessidade do incessante

diálogo entre as mais diferentesáreas do saber e entre os doismundos, o espiritual e o material,a fim de que possamos melhorentender a vida e, dentro dela, nosentender uns aos outros.

Busquemos analisar e interpre-tar os fenômenos naturais, sociais,culturais etc., através dos ângulosdesvelados pelas diferentes ciên-cias, sem perder de vista o posi-cionamento espírita, lembrando--nos de que acima de todas as ver-dades provisórias e conquistasterrenas reina a verdade impere-cível trazida por Jesus: a de queprecisamos nos amar uns aos ou-tros. E as ciências do mundo, ape-sar de imperfeitas, quando pro-curam minimizar a dor e melho-

rar a qualidade de vida dos quevivemos na Terra, também cola-boram para que o reino de Deusaqui se estabeleça.

Referências:1FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.

Novo Aurélio século XXI: o dicionário da

língua portuguesa. Rio de Janeiro, 1999.2JAPIASSU, Hilton; MARCONDES, Danilo. Di-

cionário básico de filosofia. Rio de Janei-

ro: Jorge Zahar, 1993.3FREIRE, Paulo. Educação e mudança. São

Paulo: Paz e Terra, 1985.4DENIS, Léon. O problema do ser, do des-

tino e da dor. 2. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2009. Primeira Parte, “O critério da

Doutrina dos Espíritos”, p. 67.5KARDEC, Allan. A gênese. 52. ed. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 1.

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Espiritismo na TVDesde o início de outubro a TV Globo e o CanalFutura desenvolvem a série Sagrado com progra-mas diários sobre sete religiões. O diretor da FEBAntonio Cesar Perri de Carvalho faz abordagensacerca do pensamento espírita e de temas da atua-lidade, a cada oito dias. Aos domingos tem sidofeita uma síntese sobre as apresentações da sema-na e, como desdobramento, os apresentadoresforam entrevistados no programa Mais Você daTV Globo. Informações: <www.sagrado.org.br>;<www.febnet.org.br>.

R. G. do Sul: Congresso de JovensNos dias 24 e 25 de outubro ocorreu a XXIII Con-fraternização de Juventudes Espíritas do Rio Grandedo Sul, com base no tema “O Jovem e a DoutrinaEspírita”. O evento foi realizado na Colônia de FériasGeraldo Santana, em Porto Alegre, sendo promovidopela Federação Espírita do Rio Grande do Sul. Infor-mações: <www.fergs.org.br>.

Pernambuco: Capacitação paraEvangelizadores

A Federação Espírita Pernambucana promoveuo evento “Capacitação para Evangelizadores de In-fância e Juventude”, nos dias 24 e 25 de outubro,com a participação da diretora da FEB Rute Ri-beiro. A capacitação teve como objetivo atender tan-to os evangelizadores inciantes quanto para atuali-zação. Foram abordados os seguintes temas: “A Fa-mília e Evangelização” e “O processo da avalia-ção fortacelendo a Evangelização”. Informações:<www.federacaoespiritape.org>.

Sergipe: Simpósio sobre MediunidadeOcorreu no dia 25 de outubro o Simpósio sobre Me-diunidade, com o tema “Compromisso mediúnico”,em Aracaju, na sede da Federação Espírita do Estadode Sergipe. A condução do estudo ficou sob a res-ponsabilidade de João Neves da Rocha, integrante do

Projeto Manoel Philomeno de Miranda, da Bahia.Informações: <www.fees.org.br>.

FEB em Seminário InterreligiosoA Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiroe a TV Globo, através do Globo Universidade, emparceria com a Arquidiocese de São Sebastião do Riode Janeiro e a Conferência Nacional dos Bispos doBrasil, promoveram, no dia 29 de outubro, o “Semi-nário Cinema e Tolerância Religiosa: Uma ReflexãoContemporânea”. O presidente da FEB, Nestor JoãoMasotti, participou de uma das mesas-redondas.Informações: <www.fergs.org.br>.

Mato Grosso: Encontro Estadual sobre oSAPSE

Realizado em Cuiabá a cada dois anos, para qualificare melhorar as ações na Casa Espírita, o Encontro Es-tadual do Serviço de Assistência e Promoção SocialEspírita foi realizado nos dias 31 de outubro a 1o denovembro. O tema central foi “O exercício da cari-dade na promoção social espírita”, desenvolvido pe-los expositores Edivaldo Roberto de Oliveira e Alíriode Cerqueira Filho. O evento ocorreu na sede daFederação Espírita do Estado de Mato Grosso. Infor-mações: <www.feemt.org.br>.

Rio de Janeiro: Congresso EstadualO Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiropromoveu o II Congresso Espírita do Estado do Riode Janeiro, em Macaé, de 31 de outubro a 2 denovembro, com o tema central “Espiritismo – Rumopara ser feliz”. Vários expositores atuaram compalestras, mesas-redondas e Divaldo Pereira Francodesenvolveu um Encontro com Dirigentes. A FEB foirepresentada por seu diretor Antonio Cesar Perri deCarvalho, que discorreu sobre os 60 anos do PactoÁureo. Houve apresentação da peça teatral “CândidoAmor”, sobre Chico Xavier, e a realização de Encon-tro dos Núcleos Espíritas Universitários. Informações:<www.congressoespirita.ceerj.org>.

Seara Espírita

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