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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO HAROLDO COUTINHO VARELLA FILHO MEDIÇÃO DE DESEMPENHO NA CADEIA DE SUPRIMENTOS DA ENERGIA EÓLICA: PROPOSTA DE UM CONJUNTO DE INDICADORES DE DESEMPENHO Natal RN 2013

d - Medição de Desempenho Na Cadeia de Suprimentos Da Energia Eólica Proposta de Um Conjunto de Indicadores de Desempenho

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Desenvolvimento de indicadores de desempenho para a indústria eólica brasileira

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

    CENTRO DE TECNOLOGIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUO

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO

    HAROLDO COUTINHO VARELLA FILHO

    MEDIO DE DESEMPENHO NA CADEIA DE SUPRIMENTOS DA ENERGIA

    ELICA: PROPOSTA DE UM CONJUNTO DE INDICADORES DE

    DESEMPENHO

    Natal RN

    2013

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

    CENTRO DE TECNOLOGIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUO

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO

    HAROLDO COUTINHO VARELLA FILHO

    MEDIO DE DESEMPENHO NA CADEIA DE SUPRIMENTOS DA ENERGIA

    ELICA: PROPOSTA DE UM CONJUNTO DE INDICADORES DE

    DESEMPENHO

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-

    Graduao em Engenharia de Produo da

    Universidade Federal do Rio Grande do Norte

    (UFRN), como requisito parcial obteno do

    ttulo de Mestre em Engenharia de Produo.

    Orientador: Prof. Dr. Mario Orestes Aguirre

    Gonzlez

    Co-orientadora: Profa. Dra. Ciliana Regina

    Colombo

    Natal RN

    2013

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo a minha me, ao meu pai, a minha irm, aos meus avs e aos demais familiares,

    por toda a inspirao e transpirao para que esse momento ocorresse.

    Ao meu orientador o Professor Mario Orestes Aguirre Gonzlez e a minha co-orientadora

    Ciliana Regina Colombo, pelos valiosos ensinamentos, o permanente incentivo e toda a

    experincia partilhada durante o perodo do mestrado.

    Fundao Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES),

    pelo apoio financeiro concedido ao longo do mestrado.

    Aos profissionais da Case Consultoria, CTGAS ER, Secretaria de Desenvolvimento do

    Estado do Rio Grande do Norte e da ABEELICA pelas informaes partilhadas.

    Aos membros do grupo de pesquisa de Energia Elica do DEP, Joeberson Gonalves,

    Rafael Monteiro, Samira Yusef, Lorena Sena, Pedro Baesse e Marcus Dantas, pelo

    conhecimento partilhado.

    Ao amigo Diderot Pitanga, por toda a fora e incentivo que me deu para que esse

    momento ocorresse.

    Aos amigos Tlio Brasileiro, Pedro Feitosa, Renata Oliveira, Pablo Leurquin, Andr

    Fontes, Pollyana Tavares, Rodolpho Neri e todos os amigos no citados explicitamente,

    por fazerem parte da minha vida e de mim.

    minha namorada Joseli Brazorotto, pela tranquilidade do seu amor e pela pacincia e

    dedicao na atividade informal de co-orientao.

    A todos os demais que me apoiaram de forma explcita ou velada o meu muito obrigado.

  • Caminante, no hay camino, se hace camino al andar. (Antnio Machado)

    Caminhante, no h caminho, faz-se o caminho ao andar. (Antnio Machado)

  • RESUMO

    A medio de desempenho em mercados competitivos uma ao necessria para as

    organizaes que almejam posies de destaque. A abordagem de medio interna s

    empresas j obtm resultados relevantes na literatura, entretanto, surge recentemente uma

    abordagem que ampliou a percepo de competio, onde empresas no visam apenas a

    competio entre si, mas entre cadeias de suprimentos. No Brasil, a cadeia de suprimentos

    da energia elica atravessa um momento de estruturao e crescimento, com a instalao

    dos principais fabricantes de classe mundial no pas. Este trabalho busca responder quais

    indicadores de desempenho-chave devem ser utilizados pelas empresas do setor elico

    brasileiro, inseridos em uma perspectiva holstica de competio entre cadeias de

    suprimentos. A pesquisa foi realizada em duas etapas: exploratria (reviso bibliogrfica

    e pesquisa de campo) e posteriormente foi aplicado uma pesquisa survey com

    representantes das empresas que compem o setor elico objetivando validar os

    indicadores encontrados na etapa exploratria. Foram avaliados 40 indicadores

    distribudos ao longo das atividades de prospeco, execuo/construo, operao e

    manuteno, logstica e os indicadores transversais, os quais sintetizam a performance de

    toda a cadeia em conjunto, apontando a sinergia e o nvel de competitividade da cadeia

    de suprimentos. Os indicadores de desempenho selecionados refletem a alta relevncia

    da dimenso custos no desempenho das organizaes do setor, sendo atualmente o

    elemento-chave do desempenho, bem como a integrao limitada da gesto de

    desempenho ao longo da cadeia.

    Palavras-Chaves: Energia elica, Cadeia de suprimentos, Indicadores de desempenho.

  • ABSTRACT

    Performance measurement in highly competitive markets is a necessary measure for those

    who aim the top positions. The business performance measurement approach have

    reached relevant results in the literature, however, a different approach has recently

    appeared that broadened the perception of competition, where companies do not seek the

    competition among companies only, but also among supply chains. Brazilian Wind

    energy supply chain is living a structuring and expanding moment, with the major global

    players in the industry making investments in the country. This research aims to answer

    which are the key performance indicators that must be considered by the Brazilian wind

    energy sector companies, which are part in a broad perspective of supply chain

    competition. The research was executed in two steps: exploratory (literature review and

    a field research in the companies) and later a survey was conducted with the Brazilian

    Wind energy companies workers with the purpose to validate the performance indicators

    found in the exploratory step. The survey evaluated 40 performance indicators distributed

    among five major activities: Project prospection, building/execution, operation and

    maintenance, logistics and transverse processes, which summarize the performance of the

    entire supply chain, pointing the sinergy and the competitive level of the supply chain.

    The selected performance indicators reflect the high relevance of the costs dimension in

    the Brazilian energy companies performance, acting as a key performance indicator, is

    also indicates the limited performance management integration throughout the Brazilian

    wind energy supply chain.

    Keywords: Wind Energy, Supply Chain, Performance Indicators.

  • LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 2.1: REPRESENTAO DE UMA CADEIA DE SUPRIMENTOS 7

    FIGURA 2.2: REPRESENTAO AMPLIADA DE UMA CADEIA DE SUPRIMENTOS 8

    FIGURA 2.3: GESTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS COM NFASE EM GESTO POR

    PROCESSOS 11

    FIGURA 2.4: FORAS QUE ATUAM NA MUDANA E EVOLUO DOS SISTEMAS DE MEDIO

    DE DESEMPENHO 15

    FIGURA 2.5: ELEMENTOS DA MEDIO DE DESEMPENHO 16

    FIGURA 2.6: O MODELO PERFORMANCE PRISM 21

    FIGURA 2.7: FUNCIONAMENTO DO PERFORMANCE PRISM 23

    FIGURA 2.8: PERSPECTIVAS DO BSC 24

    FIGURA 2.9: ESTRUTURA DO MODELO SCOR 27

    FIGURA 2.10: DETALHAMENTO DO MODELO SCOR 28

    FIGURA 2.11 MODELO BEAMON DE SMD EM CADEIAS DE SUPRIMENTOS 30

    FIGURA 2.12: INDICADORES DE DESEMPENHO PROPOSTOS POR GUNASEKARAN ET AL. 34

    FIGURA 2.13: APLICAO DO BSC EM CADEIAS DE SUPRIMENTOS 36

    FIGURA 2.14: COMPORTAMENTO DOS CRITRIOS GANHADORES/QUALIFICADORES DE

    PEDIDO 39

    FIGURA 3.1 MOINHO DE VENTO ENCONTRADO NA COSTA DO MEDITERRNEO 43

    FIGURA.3.2: AEROGERADOR DESENVOLVIDO POR CHARLES BRUSH (1888) 44

    FIGURA 3.3: COMPONENTES DE UMA TURBINA ELICA MODERNA (COM CAIXA

    MULTIPLICADORA) 46

    FIGURA 3.4: EVOLUO DA CAPACIDADE INSTALADA NO BRASIL 47

    FIGURA 3.5: MODELOS DE CONTRATAO DE ENERGIA ELTRICA NO BRASIL 48

    FIGURA 3.6: POTNCIA ACUMULADA POR FABRICANTE AT DEZEMBRO DE 2010. 50

    FIGURA 3.7: PANORAMA DA CADEIA PRODUTIVA DO SETOR ELICO BRASILEIRO 51

    FIGURA 3.8: ORGANIZAO DA CADEIA PRODUTIVA E SUAS ATIVIDADES 52

    FIGURA 3.9: INTERAO ENTRE OS PRINCIPAIS STAKEHOLDERS ENVOLVIDOS NA CADEIA

    ELICA 54

    FIGURA 3.10: ETAPAS DA CADEIA PRODUTIVA EXPLORADAS NA PESQUISA 55

    FIGURA 4.1: CLASSIFICAO DA PESQUISA 60

    FIGURA:4.2 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA 61

    FIGURA 4.3: ESTRUTURAO DA PROPOSTA PRELIMINAR 64

    FIGURA 4.4: DISTRIBUIO ESPERADA DE RESPOSTAS EM AVALIAES DE QUALIDADE E

    SATISFAO DE CLIENTES 70

    FIGURA 5.1: PERCENTUAL DE QUESTIONRIOS RESPONDIDOS 71

    FIGURA 5.2: CATEGORIZAO DAS EMPRESAS RESPONDENTES 72

    FIGURA 5.3: PERFIL HIERRQUICO DOS PESQUISADOS 73

  • FIGURA 5.4: GRFICO (BOXPLOT) DE DISTRIBUIO DAS RESPOSTAS DOS INDICADORES

    TRANSVERSAIS 76

    FIGURA 5.5: GRFICO (BOXPLOT) DE DISTRIBUIO DAS RESPOSTAS DOS INDICADORES DA

    ETAPA DE PROSPECO 79

    FIGURA 5.6: GRFICO (BOXPLOT) DE DISTRIBUIO DAS RESPOSTAS DOS INDICADORES DA

    ETAPA DE CONSTRUO 82

    FIGURA 5.7: GRFICO (BOXPLOT) DE DISTRIBUIO DAS RESPOSTAS DOS INDICADORES DA

    ETAPA DE OPERAO E MANUTENO 85

    FIGURA 5.8: GRFICO (BOXPLOT) DE DISTRIBUIO DAS RESPOSTAS DOS INDICADORES

    LOGSTICOS 88

    FIGURA 6.1: MAPA ESTRATGICO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO 91

    FIGURA 6.2: CURVA DE POTNCIA DE UM AEROGERADOR. 96

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 2.1: REQUISITOS DOS SISTEMAS DE MEDIO DE DESEMPENHO 17

    TABELA 2.2: EXEMPLO DE INDICADORES PROPOSTO PELO SCOR 29

    TABELA 2.3: ESTRUTURA DOS INDICADORES DE DESEMPENHO 33

    TABELA 2.4: SNTESE DOS MODELOS DE MEDIO DE DESEMPENHO EM CADEIAS DE

    SUPRIMENTOS 41

    TABELA 4.1: INDICADORES DE DESEMPENHO PRELIMINARES 67

    TABELA 5.1: CRITRIOS COMPETITIVOS UTILIZADOS NA CONTRATAO DE ENERGIA

    ELTRICA DE FONTE ELICA 74

    TABELA 5.2: INDICADORES DE DESEMPENHO TRANSVERSAIS NAS EMPRESAS PESQUISADAS

    76

    TABELA 5.3: CRITRIOS COMPETITIVOS DA ETAPA DE PROSPECO 77

    TABELA 5.4: INDICADORES DE DESEMPENHO DA PROSPECO NAS EMPRESAS

    PESQUISADAS 78

    TABELA 5.5: CRITRIOS COMPETITIVOS DA ETAPA DE CONSTRUO CIVIL 80

    TABELA 5.6: INDICADORES DE DESEMPENHO DA CONSTRUO NAS EMPRESAS

    PESQUISADAS 81

    TABELA 5.7: CRITRIOS COMPETITIVOS DA ETAPA DE OPERAO E MANUTENO 83

    TABELA 5.8: INDICADORES DE DESEMPENHO DA O&M NAS EMPRESAS PESQUISADAS 84

    TABELA 5.9: CRITRIOS COMPETITIVOS NAS OPERAES LOGSTICAS 86

    TABELA 5.10: INDICADORES DE DESEMPENHO LOGSTICO NAS EMPRESAS 87

  • LISTA DE EQUAES

    EQUAO 6.1: POTNCIA ELICA DISPONVEL 94

    EQUAO 6.2: CLCULO DO VALOR PRESENTE LQUIDO 97

    EQUAO 6.3: CLCULO DA TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) 97

    EQUAO 6.4: DISPONIBILIDADE DAS TURBINAS 103

  • SUMRIO

    1. INTRODUO 1

    1.1 CONTEXTUALIZAO DO TEMA 1

    1.2 OBJETIVOS 3

    1.2.1 OBJETIVO GERAL 3

    1.2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS 3

    1.3 JUSTIFICATIVA 3

    1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAO 4

    2. SISTEMA DE MEDIO DE DESEMPENHO E GESTO DA CADEIA DE

    SUPRIMENTOS 6

    2.1 CADEIAS DE SUPRIMENTOS (SUPPLY CHAIN) 6

    2.1.1 CONCEITUAO 6

    2.1.2 TERMINOLOGIAS ENCONTRADAS NA LITERATURA SOBRE CADEIA DE SUPRIMENTOS 9

    2.1.3 GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS 10

    2.2 SISTEMAS DE MEDIO DE DESEMPENHO 13

    2.2.1 HISTRICO 13

    2.2.2 IMPORTNCIA DOS SISTEMAS DE MEDIO DE DESEMPENHO 14

    2.2.3 REQUISITOS PARA OS SISTEMAS DE MEDIO DE DESEMPENHO 16

    2.2.4 INDICADORES DE DESEMPENHO 18

    2.2.4.1 CLASSIFICAO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO 19

    2.2.5 MODELOS DE SISTEMAS DE MEDIO DE DESEMPENHO 21

    2.2.5.1 PERFORMANCE PRISM 21

    2.2.5.2. BALANCED SCORECARD (BSC) 23

    2.3 MEDIO DE DESEMPENHO NA CADEIA DE SUPRIMENTOS 25

    2.3.1 MODELO SCOR 26

    2.3.1.1 NVEL DE DETALHAMENTO DO MODELO SCOR 28

    2.3.2 MTODO BENITA BEAMON 29

    2.3.3 MTODO GUNASEKARAN, PATEL E TIRTIROGLU 31

    2.3.4 BSC NA CADEIA DE SUPRIMENTOS 35

    2.4 PERSPECTIVA DA ESTRATGIA DE OPERAES 37

    2.5 SNTESE DOS MODELOS DE MEDIO DE DESEMPENHO NA CADEIA DE

    SUPRIMENTOS 39

  • 3. CADEIA PRODUTIVA DA INDSTRIA ELICA NO BRASIL 42

    3.1 ENERGIA ELICA 42

    3.2 ENERGIA ELICA NO BRASIL 47

    3.2.1 MODELOS DE CONTRATAO DE ENERGIA ELTRICA 47

    3.3 CADEIA DE SUPRIMENTOS NO BRASIL 49

    3.3.1 ESTRUTURA DA CADEIA PRODUTIVA 52

    4. MTODO DE PESQUISA 57

    4.1 CARACTERIZAO DA PESQUISA 57

    4.2. PROCEDIMENTO DA PESQUISA 61

    4.2.1 1 ETAPA ANLISE BIBLIOGRFICA 62

    4.2.2 2 ETAPA VISITAS TCNICAS E ENTREVISTAS 62

    4.2.3 3 ETAPA PROPOSTA PRELIMINAR 63

    4.2.4 4 ETAPA VALIDAO E PROPOSTA FINAL 67

    5. ANLISE DESCRITIVA DOS DADOS 70

    5.1 POPULAO ALVO DA PESQUISA 70

    5.1.1 CARACTERIZAO DAS EMPRESAS 71

    5.1.2 CARACTERIZAO DOS PROFISSIONAIS PESQUISADOS 72

    5.2 VALIDAO DE INDICADORES E CRITRIOS COMPETITIVOS DA CADEIA

    DE SUPRIMENTOS DA ENERGIA ELICA NO BRASIL 73

    5.2.1 ELEMENTOS TRANSVERSAIS CADEIA DE SUPRIMENTOS DA ENERGIA ELICA NO BRASIL

    74

    A. CRITRIOS COMPETITIVOS 74

    B. INDICADORES DE DESEMPENHO TRANSVERSAIS 75

    5.2.2 RESULTADOS NA ETAPA DE PROSPECO 77

    A. CRITRIOS COMPETITIVOS 77

    B. INDICADORES DE DESEMPENHO 78

    5.2.3 RESULTADOS NA ETAPA DE CONSTRUO 80

    A. CRITRIOS COMPETITIVOS 80

    B. INDICADORES DE DESEMPENHO 80

    5.2.4 RESULTADOS NA ETAPA DE OPERAO E MANUTENO 83

    A. CRITRIOS COMPETITIVOS 83

    B. INDICADORES DE DESEMPENHO 84

    5.2.5 RESULTADOS NA OPERAO LOGSTICA 86

    A. CRITRIOS COMPETITIVOS 86

    B. INDICADORES DE DESEMPENHO 87

  • 6. INDICADORES DE DESEMPENHO PARA A GESTO DA CADEIA DE

    SUPRIMENTOS DA ENERGIA ELICA NO BRASIL 90

    6.1 INDICADORES TRANSVERSAIS 92

    6.1.1 CUSTO FINAL DO MWh 92

    6.1.2 TEMPO TOTAL DE RESPOSTA DA CADEIA 92

    6.2 INDICADORES NA ETAPA DE PROSPECO 93

    6.2.1 OUTPUT DE ENERGIA ESPERADO 93

    6.2.2 FATOR DE CAPACIDADE ESTIMADO 93

    6.2.3 VELOCIDADE MDIA DO VENTO 94

    6.2.4 REGIME DOS VENTOS 95

    6.2.5 TAXA INTERNA DE RETORNO TIR 96

    6.2.6 PAYBACK DESCONTADO 98

    6.2.7 QUALIDADE DOS ESTUDOS AMBIENTAIS 98

    6.3 INDICADORES NA ETAPA DE CONSTRUO 99

    6.3.1 VALOR DO INVESTIMENTO POR MW INSTALADO 99

    6.3.2 VARIAO ENTRE O GASTO E O ORADO 99

    6.3.4 NVEL DE PARCERIA ENTRE AS EMPRESAS CONTRATANTES-CONTRATADAS 100

    6.3.5 CUSTO DE AQUISIO DA TURBINA ELICA 101

    6.3.6 CUSTO DA CONEXO REDE 101

    6.3.7 CUSTO DAS FUNDAES 101

    6.3.8 CUSTO DA OBRA CIVIL 102

    6.3.9 CUSTO DE COMPENSAO102

    6.3.10 CUSTO DA MO-DE-OBRA 102

    6.4 INDICADORES NA ETAPA DE OPERAO E MANUTENO (O&M) 103

    6.4.1 DISPONIBILIDADE DAS TURBINAS 103

    6.4.2 FATOR DE CAPACIDADE REAL 104

    6.4.3 COMPARAO ENTRE O OUTPUT PLANEJADO E REALIZADO 104

    6.4.4 LUCRATIVIDADE/MW 104

    6.4.5 CAPACIDADE DO FORNECEDOR EM RESPONDER PROBLEMAS DE QUALIDADE 105

    6.4.6 CUSTO DA MANUTENO PREVENTIVA 105

    6.4.7 CUSTO DA MANUTENO CORRETIVA 105

    6.5 INDICADORES DOS PROCESSOS LOGSTICOS 106

    6.5.1 PORCENTAGEM DE PRODUTOS ENTREGUES FORA DO PRAZO 106

    6.5.2 TEMPO DE TRANSPORTE 106

    6.5.3 ACURCIA NA TROCA DE INFORMAES ENTRE O OPERADOR LOGSTICO E CLIENTE 107

    6.5.4 FLEXIBILIDADE DO OPERADOR LOGSTICO 107

    6.5.5 CUSTOS DE MOVIMENTAO INTERNA E ARMAZENAGEM 107

    6.5.6 CUSTOS DE TRANSPORTE 108

    6.5.7 CUSTO LOGSTICO TOTAL 108

    6.5.8 LEAD TIME DE SUPRIMENTO 108

    6.6 CONSIDERAES DO CAPTULO 108

  • 7. CONSIDERAES FINAIS E RECOMENDAES 110

    BIBLIOGRAFIA 114

    APNDICES 122

    APNDICE A: ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADO 122

    APNDICE B: QUESTIONRIOS APLICADOS NO SURVEY 124

    APNDICE B1: QUESTIONRIO 1 124

    APNDICE B2: QUESTIONRIO 2 125

    APNDICE B3: QUESTIONRIO 3 126

    APNDICE B4: QUESTIONRIO 4 128

    APNDICE B5: QUESTIONRIO 5 129

    APNDICE B6: QUESTIONRIO 6 130

  • 1

    1. INTRODUO

    O objetivo deste captulo apresentar a contextualizao do tema, fundamentada

    no questionamento da pesquisa, definindo em seguida os objetivos da presente pesquisa,

    apresentando a justificativa, e, finalmente, descrever de forma sucinta a organizao do

    trabalho.

    1.1 CONTEXTUALIZAO DO TEMA

    A medio de desempenho em mercados competitivos uma ao necessria para

    todos os envolvidos que almejam posies de destaque. O desempenho quantifica os

    resultados das aes tomadas, definindo a liderana e permanncia no mercado

    globalizado. Os indicadores de desempenho so desenvolvidos e utilizados visando

    definir metas operacionais das empresas, direcionando as melhorias necessrias

    consecuo dos objetivos financeiros e organizacionais (KARDEC et al., 2002; NEELY,

    1998).

    Ampliando a abordagem para uma perspectiva de cadeia de suprimentos, os

    sistemas de medio de desempenho no visam apenas otimizao intra-organizacional,

    mas inter-organizacional, compreendendo que a otimizao plena de todos os

    participantes da cadeia leva melhoria das aes individuais das empresas, sendo a

    competitividade entre cadeias, e no entre empresas individuais (GUNTER;

    SHEPHERD, 2006; UPTON et al., 2008).

    O setor de gerao de energia eltrica por fonte elica apresentou um crescimento

    significativo nas ltimas dcadas em todo o mundo. Segundo o Global Wind Energy

    Council - GWEC (2013) o setor aumentou a sua capacidade de gerao instalada no

    mundo em 44,8GW ao longo do ano de 2012, representando um aumento de 18,7% da

    capacidade total em relao ao ano anterior.

    No Brasil, a cadeia produtiva da energia elica est atualmente na fase de

    estruturao e crescimento, com alguns dos principais fabricantes de classe mundial se

    instalando no pas, impulsionados especialmente pelo notvel potencial de gerao em

    energia eltrica de origem elica, estimado em 143 GW, bem como sua infraestrutura e

  • 2

    posio geogrfica de destaque no continente sul-americano, o que faz do Brasil a escolha

    natural para acolher as empresas que iro fomentar o desenvolvimento da atividade no

    continente (BENNETT, 2010).

    De acordo com o GWEC (2013) a capacidade de gerao por fonte elica no Brasil

    cresceu no ano de 2012 a uma taxa de 45% frente ao ano anterior, se consolidando como

    o principal mercado no continente sul-americano e um dos mais importantes mercados

    mundiais. Entretanto, poucos estudos so encontrados na academia, desenvolvidos no

    setor elico, sobretudo estudos que abordem a medio de desempenho na cadeia

    produtiva do setor elico.

    Alm do grande potencial de gerao e a alta qualidade do regime dos ventos, o

    forte crescimento do setor elico no pas positivamente influenciado pela estabilidade

    regulatria do setor eltrico que o pas alcanou, proporcionando menor incerteza para o

    investimento em gerao de energia. Segundo a EPE (2012), o valor mdio de contratao

    caiu de R$148,39/MWh em 2009, para o valor histrico de R$87,94/MWh em 2012, se

    tornando a segunda fonte mais competitiva do pas, atrs apenas da tradicional gerao

    hidroeltrica de grande porte. Para manter em ascenso o nvel de competitividade do

    setor, fundamental que os gestores mensurem, controlem e otimizem todas as variveis

    importantes da atividade. Desta forma, a medio de desempenho na cadeia de

    suprimentos se apresenta como elemento eficaz para o aumento da competitividade do

    setor.

    De acordo com Beamon e Ware (1998) o processo de implementao de um sistema

    de medio de desempenho deve responder trs questes: quais aspectos devem ser

    medidos; como podem ser medidos tais aspectos; como utilizar essas medidas para

    otimizar e controlar o desempenho da organizao ou cadeia de suprimentos.

    Nesse sentido, o questionamento central que deu origem a pesquisa , quais

    indicadores so relevantes e devem ser utilizados para uma medio de desempenho

    efetiva da cadeia de energia elica do Brasil. A partir desse questionamento foram

    definidos, no seguinte pargrafo, os objetivos do trabalho.

  • 3

    1.2 OBJETIVOS

    1.2.1 OBJETIVO GERAL

    Propor um conjunto de indicadores de desempenho distribudos ao longo da cadeia

    de suprimento do setor de energia elica, objetivando otimizar o gerenciamento de

    parques elicos em todas as suas etapas de desenvolvimento.

    1.2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Identificar o estado da arte sobre os temas: sistemas de medio de desempenho;

    indicadores de desempenho; estruturao da cadeia produtiva da energia elica;

    gerenciamento da cadeia de suprimentos;

    Compreender a dinmica dos relacionamentos existentes entre os elos da cadeia

    elica por meio de visitas tcnicas aos principais parques elicos e indstrias dos

    estados do RN, PE e CE;

    Conhecer os mtodos utilizados pelas empresas da cadeia de energia elica para

    medio do seu desempenho;

    Identificar os principais fatores e variveis que influenciam no desempenho do

    setor e elaborar um conjunto de indicadores de desempenho para a gesto

    integrada da cadeia de suprimentos do setor;

    Validar os indicadores propostos mediante um survey direcionado aos principais

    gestores das empresas pertencentes cadeia.

    1.3 JUSTIFICATIVA

    A energia elica no mundo passa por um momento de expanso, e nesta fase, a

    ateno do setor converge para os projetos de implementao de novos parques elicos.

    Desta forma, a sua eficcia econmica fator determinante na definio do ritmo de

    crescimento, impulsionando a transio para modelos de gerao de energia sustentveis,

  • 4

    promovendo assim, pragmatismo a polticas pblicas de desenvolvimento sustentvel,

    satisfazendo os trs pilares interdependentes deste modelo de desenvolvimento, a

    responsabilidade ambiental, a responsabilidade social e a performance econmica.

    No Brasil, o setor da energia elica atravessa um momento de estruturao, onde a

    sua cadeia de suprimentos se desenvolve de forma acelerada. Entretanto, na literatura

    mundial h uma carncia em trabalhos que relacionem os temas gesto da cadeia de

    suprimentos e indicadores de desempenho aplicados no setor elico, desta forma, a

    presente dissertao busca abordar os temas, apresentando como resultado final uma

    proposta de indicadores de desempenho aplicada a cadeia de suprimentos da energia

    elica brasileira.

    Os sistemas de medio de desempenho se apresentam como elemento condutor no

    alinhamento dos interesses (dispersos ou conflitantes) existentes nos diversos elos que

    compe a cadeia de suprimentos. Desta forma, a interao entre as duas bases conceituais

    (medio de desempenho e cadeia de suprimentos) pesquisadas/utilizadas na presente

    dissertao convergem para um objetivo comum, o aumento da competitividade da cadeia

    de suprimentos, neste caso, aplicado ao setor da energia elica do Brasil.

    Nesse sentido, a presente pesquisa ir contribuir na academia para o avano no

    conhecimento de medio de desempenho aplicado ao setor de energia elica. J para a

    sociedade, a proposta de indicadores de desempenho ir proporcionar elementos para

    aumentar a competitividade da cadeia produtiva da fonte elica, colaborando

    consequentemente com algumas das polticas do Ministrio de Minas e Energia (MME),

    dentre as quais destacam-se: a modicidade tarifria (menor preo para o consumidor), e a

    acelerao do processo de diversificao da matriz eltrica brasileira, que objetiva

    aumentar a segurana de abastecimento eltrico do pas.

    1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAO

    O trabalho est estruturado em 7 captulos. No captulo 2 realizada uma reviso

    bibliogrfica sobre os temas gesto da cadeia de suprimentos, sistemas de medio de

    desempenho e a relao existente entre os temas, o foco deste trabalho, a medio de

    desempenho na cadeia de suprimentos. Alm das principais metodologias abordadas na

    interseo dos temas, foi includa a abordagem estratgica proposta por Hill (1993).

  • 5

    O captulo 3 aborda a cadeia produtiva da energia elica no Brasil. Inicialmente

    apresentado um breve histrico e princpios bsicos sobre a temtica, para em seguida

    serem descritos a formao, estruturao e dinmica da cadeia produtiva do setor elico

    brasileiro. No fim do captulo apresentada a abrangncia de atuao do estudo dentro

    da cadeia de suprimentos estudada.

    O captulo 4 apresenta o mtodo da pesquisa. Inicialmente descrita a classificao

    da pesquisa, apresentando as ferramentas utilizadas deste a primeira etapa da pesquisa.

    Em seguida, so descritas as etapas de desenvolvimento da pesquisa, incluindo as

    atividades de pesquisa de campo, e, finalmente, so apresentados os indicadores

    selecionados nas fases de reviso bibliogrfica e pesquisa de campo que sero avaliados

    por meio de uma pesquisa tipo survey.

    No captulo 5 os resultados da pesquisa survey so apresentados e analisados, sendo

    descritos as caractersticas que compe a populao alvo da pesquisa: distribuio

    geogrfica, classificao do tipo de empresa, perfil hierrquico e gnero dos participantes

    da pesquisa. Em seguida so discutidos os resultados encontrados por etapa pesquisada

    (prospeco, execuo/construo, operao e manuteno, processos logsticos e

    indicadores transversais) nas duas diferentes esferas pesquisadas: critrios competitivos

    (anlise estratgica) e os indicadores de desempenho especficos da etapa.

    O captulo 6 apresenta a proposta final de indicadores de desempenho selecionados

    para o gerenciamento da cadeia de suprimentos da energia elica brasileira. O captulo

    dividido em cinco subtpicos, cada um agrupando os indicadores especficos das etapas

    do desenvolvimento de empreendimentos elicos pesquisadas; em seguida so

    apresentadas as funes individuais de todos os indicadores selecionados que compem

    a proposta final.

    O captulo 7 da presente dissertao tece as considerao finais, apontando os

    limites (temporal e de abrangncia) do questionamento central da pesquisa e indicando

    possveis caminhos futuros a serem desenvolvidos na temtica de gerenciamento da

    cadeia de suprimentos da energia elica brasileira. Em seguida so apresentados o

    referencial bibliogrfico utilizado para o desenvolvimento da pesquisa e os apndices

    utilizados como apoio pesquisa.

  • 6

    2. SISTEMA DE MEDIO DE DESEMPENHO E GESTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS

    Esse captulo apresenta o arcabouo bibliogrfico em que o presente trabalho se

    baseia. Inicia-se descrevendo a gesto da cadeia de suprimentos, aps apresenta-se os

    sistemas de medio de desempenho, posteriormente se analisa a interseo destes temas,

    a medio de desempenho na cadeia de suprimentos. Ao final do captulo apresentada

    uma sntese das principais abordagens de medio de desempenho utilizadas em cadeias

    de suprimentos.

    2.1 CADEIAS DE SUPRIMENTOS (SUPPLY CHAIN)

    2.1.1 CONCEITUAO

    A utilizao do termo cadeia de suprimento (CS) um fato relativamente recente,

    foi introduzido no incio dos anos de 1980 por consultores, e posteriormente, j nos anos

    de 1990, a academia direcionou estudos rea a fim de fundamentar o seu conceito e

    compreender sua estrutura e implicaes para o futuro do gerenciamento empresarial

    (LAMBERT et al., 1998).

    De acordo com Christopher (1998), uma cadeia de suprimentos uma rede de

    organizaes que esto envolvidas atravs das ligaes jusante (downstream) e

    montante (upstream) nas diferentes atividades e processos que geram valor na forma de

    produtos e servios direcionados ao consumidor final.

    Para Beamon (1999) a cadeia de suprimentos se estrutura como um processo

    integrado, onde a matria prima transformada em produto final, sendo em seguida

    entregue ao cliente final, atravs do distribuidor, do varejista, ou ambos.

    Mentzer et al. (2001) conceitua a CS como o conjunto de trs ou mais entidades,

    sendo estas organizaes ou indivduos, que esto envolvidas diretamente nos fluxos

    montante ou jusante de produtos, servios, tanto financeiros como de informaes,

    contemplando atividades desde a fonte primria at o cliente final.

  • 7

    De acordo com o Council of Logistics Management (CLM, 1995), uma CS

    definida como a integrao de todos os processos-chave a partir do consumidor final at

    os fornecedores primrios, objetivando prover produtos, servios e informaes que

    acrescentem valor para os clientes e stakeholders relacionados empresa.

    Os autores, de forma geral, convergem para um consenso quanto estrutura da CS,

    sendo esta uma rede de organizaes autnomas, que esto conectadas e so responsveis

    pela obteno, produo e entrega de um produto ou servio especfico ao consumidor

    final. A figura 2.1 apresenta o modelo simplificado da definio de CS.

    Figura 2.1: Representao de uma cadeia de suprimentos

    Fonte: Adaptado de Pires (2009)

    No centro da figura acima descrita se encontra a empresa focal, ponto inicial no

    mapeamento da CS, sendo toda a cadeia visualizada a partir da perspectiva da empresa

    focal. possvel tambm distinguir as empresas que colaboram com a empresa focal a

    partir da proximidade de suas ligaes, os fornecedores/clientes diretos, classificados

    como de primeira camada; em sequncia temos os fornecedores/clientes das empresas da

    primeira camada, sendo classificados como de segunda camada, e assim por diante.

    possvel visualizar tambm os sentidos que direcionam o relacionamento entre as

    empresas que compe a CS, sendo jusante (downstream), quando segue no sentido do

    cliente final, e montante (upstream), quando segue no sentido de seus fornecedores.

    Lambert et al. (1998) consideram que na estrutura de uma CS, os relacionamentos

    no ocorrem apenas atravs ligaes simples entre duas empresas, mas entre uma grande

    rede de mltiplos negcios e relacionamentos.

  • 8

    Esta perspectiva amplia a percepo do funcionamento da CS, onde autores

    identificam trs dimenses estruturais distintas: a estrutura horizontal, definida pelo

    nmero de camadas existentes na CS; a estrutura vertical, definida pelo nmero de

    empresas que compe uma determinada camada; e por fim, a posio da empresa foco,

    definida pela posio horizontal da empresa foco ao longo da CS. A figura 2.2 apresenta

    a perspectiva ampliada da CS.

    Lambert et al. (1998) apresentam uma abordagem adicional para a classificao dos

    elementos que compe a cadeia de suprimentos, dividindo-os em membros primrios e

    membros de apoio. Os membros primrios correspondem s unidades de negcios que

    realizam atividades (gerenciais ou operacionais), as quais geram/agregam valor ao

    produto ou servio especfico ao longo da CS da empresa focal. J os membros de apoio,

    trabalham fornecendo recursos, conhecimento, etc., elementos que do suporte aos

    membros primrios, mas no colaboram nos processos especficos de gerao/agregao

    de valor ao produto/servio.

    Figura 2.2: Representao ampliada de uma cadeia de suprimentos

    Fonte: Lambert et al. (1998)

  • 9

    2.1.2 TERMINOLOGIAS ENCONTRADAS NA LITERATURA SOBRE CADEIA DE

    SUPRIMENTOS

    Kotler (2001), expoente da rea de marketing, utiliza em suas publicaes a

    terminologia cadeia de demanda, substituindo o termo cadeia de suprimentos, j que

    a cadeia projetada da demanda para trs, tendo como incio a identificao de um

    grupo de clientes e a busca da melhor forma de gerar uma cadeia que proporcione valor

    a este segmento.

    Outra terminologia bastante difundida o de rede de suprimentos (supply network),

    utilizado como sinnimo de CS (CORRA, 2010). De acordo com Lambert et al. (1998),

    os autores que trabalham com o termo CS concordam com a premissa de que na cadeia

    de negcios os relacionamentos no ocorrem apenas entre duas empresas isoladas, mas

    dentro de uma rede (network) com mltiplos negcios e relacionamentos.

    Para Lamming et al. (2000) o termo cadeia (chain) uma metfora mal empregada

    para descrever a estrutura de relacionamento inter-organizacional, pois remete a um

    relacionamento linear (um a um) entre os elementos, caracterstica raramente encontrada

    nas organizaes modernas. Os autores reconhecem que o termo cadeia de suprimento

    muito mais difundido e utilizado, porm consideram que uma rede de suprimentos (supply

    network) formada por um conjunto de cadeias de suprimentos lineares.

    O conceito de cadeia de suprimentos tambm costuma ser confundido ou

    empregado como um conceito correlato ao termo cadeia produtiva ou cadeia de

    produo. Na literatura no h um padro definido na lngua portuguesa para os dois

    termos citados, embora seja considerado para alguns contextos uma prtica consolidada.

    Comumente os dois termos so utilizados para referir-se ao conjunto de atividades

    desenvolvidas por um determinado setor industrial/econmico, sendo sua identificao

    bastante direta para o leitor (PIRES, 2009).

    Pelo exposto, os termos cadeia de suprimentos, rede de suprimento e cadeia

    produtiva sero considerados no presente trabalho como sinnimos, tendo em vista que

    esta considerao no comprometer a compreenso do leitor sobre o tema abordado.

  • 10

    2.1.3 GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS

    De acordo com Lambert et al. (1998) a competitividade de um setor produtivo

    fortemente determinada pela estruturao de sua cadeia de suprimentos, a distncia

    geogrfica entre os atores, o relacionamento e a cooperao entre os elos da cadeia, tais

    fatores apontam a solidez e cada vez mais determina a capacidade de sobrevivncia de

    um modelo de negcio.

    Segundo Corra (2010), no plano de fundo da gesto da cadeia de suprimentos

    (GCS) se encontra a gesto por processos de negcios. O autor argumenta que

    tradicionalmente as organizaes estruturavam-se internamente de forma funcional,

    separando claramente em compartimentos suas funes, gerando os tradicionais

    organogramas funcionais e hierarquizados.

    Ainda para o autor, essa formatao apresenta algumas falhas, entre elas o modelo

    contribui para a burocratizao do fluxo de informao (lentido), e acaba isolando as

    funes internas, que muitas vezes acabam empregando esforos na conquista de

    objetivos individuais e locais, em detrimento de objetivos de toda a organizao (e cadeia

    de suprimentos).

    Para superar esses problemas e assimilar a realidade organizacional de cadeia de

    suprimentos Corra (2010) argumenta que as empresas devem empregar estruturas

    organizacionais com maior apelo na gesto por processo, onde as linhas de informao

    e deciso so desenhadas para encadear as sequencias de relao fornecedor-cliente

    existentes nos processos de negcios, desta forma se apresenta uma viso sistmica das

    atividades que atravessam a empresa de forma individual e a cadeia em que a mesma est

    inserida.

  • 11

    A figura 2.3 resume esta abordagem, sendo possvel visualizar os processos

    cruzando transversalmente os limites das funes organizacionais (logstica, produo, e

    etc.), bem como as fronteiras da organizao, ampliando para a perspectiva de cadeia de

    suprimentos.

    Figura 2.3: Gesto da Cadeia de Suprimentos com nfase em gesto por processos

    Fonte: Adaptado de Lambert et al. (2001)

    De acordo com Bond (2002) a implementao da gesto da cadeia de suprimentos

    uma atividade complexa, geralmente seu ponto de partida a organizao de maior

    poder econmico na cadeia, o que lhe projeta a uma posio de liderana natural. A

    empresa que inicialmente prope a coordenao da CS, tambm designada como elo

    forte, deve realizar os investimentos, inspirar e desenvolver a confiana das outras

    empresas envolvidas.

  • 12

    Segundo Bond (2002) com o desenvolvimento da integrao entre os elos da cadeia,

    o poder de influncia da empresa-lder tende a ser reduzido ao longo do tempo, e

    paralelamente, o gerenciamento da cadeia de suprimentos alcana nveis cada vez maiores

    de complexidade. Em diversas atividades econmicas, conglomerados econmicos

    realizam integraes montante e a jusante na cadeia de suprimentos, controlando todas

    (ou quase todas) as etapas produtivas do setor. Nestes cenrios, a coordenao e a deciso

    de incio da gesto da cadeia de suprimentos simplificada, entretanto, mesmo

    pertencente a um mesmo grupo, o gerenciamento da CS permanece com alto nvel de

    complexidade.

    Um dos paradigmas que mais influencia negativamente a gesto de cadeias de

    suprimentos o comportamento na perspectiva do interesse individual, amplamente

    difundido na cultura empresarial. Desta forma, os esforos empregados para se obter uma

    reduo ou desconto com um determinado fornecedor se sobrepe aos interesses comuns

    que ambos almejam, como o aumento da eficincia operacional da cadeia. Assim, a

    relao de conflito gera um cenrio de ganha-perde, muitas vezes incentivada por

    indicadores de desempenho, prevalecendo sobre a perspectiva ampliada de cadeia, sendo

    desconsiderados os efeitos positivos que a sinergia traz aos processos de negcios.

    Corra (2010) aponta que a extino dos interesses individuais das empresas uma

    tarefa impossvel, haja vista que este parte dos princpios mais elementares do modelo

    capitalista, entretanto, o autor argumenta que para superar essa incongruncia deve-se

    buscar o alinhamento dos interesses individuais com os interesses da cadeia de

    suprimentos.

    Neste processo necessria a criao de mecanismos que estimulem as empresas a

    buscarem objetivos comuns, desta forma, a utilizao de medidas de desempenho para a

    cadeia se apresenta como uma alternativa adequada, tendo em vista que os indivduos e

    organizaes tem seu comportamento moldados de acordo com seus incentivos e

    recompensas (reconhecimento, promoes, e etc.).

  • 13

    2.2 SISTEMAS DE MEDIO DE DESEMPENHO

    2.2.1 HISTRICO

    A utilizao de medidas de desempenho remonta perodos anteriores revoluo

    industrial, pois, antes da vigncia do paradigma Fordista-Taylorista, artesos j se

    utilizavam de medidas contbeis para monitorar a sua atividade econmica. Desde ento,

    o desenvolvimento e disseminao de novas abordagens e modelos ganhou impulso,

    especialmente motivada pela revoluo industrial e a crescente competitividade

    empresarial.

    Percebe-se uma mudana na perspectiva da utilizao dos indicadores de

    desempenho no decorrer do tempo, passando por um enfoque inicial com base no

    desempenho operacional para uma abordagem com base em indicadores financeiros e,

    aps o advento do movimento da qualidade a partir de 1960, passa-se a dedicar uma maior

    ateno a indicadores no financeiros, tais como: qualidade, velocidade, flexibilidade,

    etc. Na dcada de 1980, os estudos se aprofundam nos mais diversos tipos de abordagens:

    tericos, prticos, financeiros, no-financeiros, estratgicos, tticos, operacionais,

    focados em processos, pessoas, etc. (TEZZA, BORNIA, VEY; 2010).

    Em meados dos anos 1980 percebe-se a necessidade de sistemas integrados de

    medio (JOHNSON e KAPLAN, 1987; MCNAIR e MASCONI, 1987; KAPLAN, 1990

    e RUSSELL, 1992). Na dcada de 1990 o Balanced Scorecard (KAPLAN; NORTON,

    1996) teve um impacto significativo, criando uma estrutura simples, mas eficaz, para a

    medio de desempenho integrado.

    Durante a mesma dcada, o modelo de excelncia em gesto da European

    Foundation for Quality Management (EFQM, 1998) tambm teve um impacto

    significativo sobre quais indicadores as empresas utilizavam e o uso feito destes

    indicadores. A pesquisa do EPSRC (Engineering and physical sciences research council)

    testou a viabilidade de desenvolver um modelo de sistemas de medio de desempenho

    integrado e auditado a partir de trs diferentes pontos de vista Estrutura (BITITCI;

    CARRIE, 1998), Informao (KEHOE; LITTLE, 1998), e Comportamento das pessoas

    (BURNS; BACKHOUSE, 1998). Este trabalho construdo sobre o Balanced Scorecard e

    o modelo EFQM, usando a estrutura de sistemas viveis (BEER, 1985), resultou no

    desenvolvimento do Performance Measurement Systems Reference Model.

  • 14

    Atualmente, este assunto tem ganhado notoriedade no que tange a publicaes na

    literatura ligadas a medio da cadeia de suprimentos. Chibba (2007) lista os exemplos

    recentes de publicaes sobre o assunto: Koh e Demirbag et al. (2007); Saad e Patel

    (2006); Vereecke e Muylle (2006); Shepard e Gnter (2005); Gunasekaran et al. (2004);

    Chan e Qi et al. (2003); Aitken e Childerhouse et al. (2003); Morgan (2004); Petroni e

    Panciroli (2002); Lai e Ngai et al. (2001); Lambert e Pohlen (2001); Tracey e Tan (2001);

    Basu (2001), Christopher e Towill (2001); Gunasekaran e Patel et al. (2001); Hoek van

    (2001); Landeghem van e Persoons 2001; Lambert e Pohlen (2001); Otto e Kotzab

    (2001); Holmberg (2000); Beamon (1999) e Hoek van (1998). Estes estudos sublinham a

    necessidade de medir a eficincia integrada da cadeia de suprimentos.

    2.2.2 IMPORTNCIA DOS SISTEMAS DE MEDIO DE DESEMPENHO

    Os sistemas de medio de desempenho representam a atividade sistemtica e

    contnua de quantificar e avaliar a eficincia, a eficcia e a efetividade de uma empresa,

    dos processos internos de negcio, de um grupo de indivduos ou de um indivduo isolado,

    atravs da utilizao de indicadores de desempenho previamente formulados (LEBAS,

    1995; NEELY et al., 1996).

    Os sistemas de mediao de desempenho no so entidades estticas dentro da

    organizao, desta forma, se faz necessrio a reavaliao de seus parmetros para que a

    ferramenta acompanhe as mudanas ocorridas nas configuraes e estratgias da

    organizao, a capacidade e velocidade de adaptao as novas demandas so

    caractersticas fundamentais para a utilizao efetiva desta ferramenta (NEELY, 1998).

    Waggoner et al. (1999) apontam quatro foras distintas que atuam na mudana e

    evoluo dos sistemas de medio de desempenho: influncias internas (as relaes de

    poder dentro da empresa e etc.); influncias externas empresa (mudanas na legislao,

    natureza do trabalho e etc.); assuntos relacionados aos processos (formas de

    implementao, gesto dos processos polticos e etc.); e assuntos relacionados

  • 15

    transformao organizacional (risco de ganha ou perda da mudana, impactos da cultura

    organizacional e etc.). A figura 2.4 apresenta a atuao das foras.

    Martins et al. (1998) ressalta que o sistema de mediao de desempenho necessita

    ser consistente cultura organizacional vigente. O desalinhamento de sistemas de gesto

    em relao cultura vigente compromete a sua eficcia, muitas vezes no justificando

    sua implementao.

    A capacidade de medir o desempenho das operaes pode ser visto como um pr-

    requisito importante para a melhoria, consequentemente, as empresas aprimoraram seus

    sistemas de medio de desempenho nos ltimos anos. A medio do desempenho no

    contexto de uma cadeia de fornecimento torna-se ainda mais importante. A razo bvia:

    as empresas comeam a procurar formas de melhorar o seu desempenho operacional

    atravs de uma melhoria integrada das operaes em escales posteriores e funes

    distintas na cadeia de valor (LOHMAN et al., 2002).

    Lambert e Pohlen (2001) argumentam que um sistema bem elaborado de medio

    de desempenho pode levar vantagem competitiva atravs de servios diferenciados e

    Figura 2.4: Foras que atuam na mudana e evoluo dos sistemas de medio de desempenho

    Fonte: Waggoner et al. (1999)

  • 16

    servios com custo mais baixo. Eles tambm sustentam que a implementao de uma

    estratgia de cadeia de suprimentos exige medidas que alinhem o desempenho com os

    objetivos dos outros membros da cadeia.

    Segundo Neely et al. (1995) o modelo terico de medio de desempenho pode ser

    visualizado em trs diferentes nveis. O primeiro nvel contempla as medidas individuais,

    onde a unidade representativa o indicador de desempenho, formulado e direcionado ao

    acompanhamento de um elemento especfico. Expandindo a anlise encontramos como o

    agrupamento de medidas individuais, representando o sistema de medio de

    desempenho, contemplando integralmente o que est medido e como est sendo realizado

    este processo. O terceiro nvel se encontra o ambiente e a sua permanente interao com

    o sistema de medio de desempenho, o modelo descrito est ilustrado na figura 2.5.

    2.2.3 REQUISITOS PARA OS SISTEMAS DE MEDIO DE DESEMPENHO

    Uma das tarefas mais difceis da seleo de indicadores de desempenho a adoo

    e o desenvolvimento de um sistema de medio de desempenho. Isto envolve os mtodos

    pelos quais uma organizao cria seu sistema. Questes importantes devem ser

    abordadas: o que medir? Como so integradas as medidas individuais em um sistema de

    Figura 2.5: Elementos da medio de desempenho

    Fonte: Neely et al (1995)

  • 17

    medio? Quantas vezes fazem-se necessrio medir? Como os indicadores so

    reavaliados? Apesar de todas as ideias importantes para analisar sistemas de medio em

    vigor j terem sido aplicadas, o entrave torna-se notrio quando o objetivo conceber o

    melhor sistema possvel de indicadores de desempenho para a cadeia de interesse.

    Percebe-se uma deficincia no desenvolvimento de uma abordagem geral de

    sistemas de indicadores de desempenho. Diferentes tipos de cadeia requerem

    caractersticas especficas dos sistemas de medio, e neste ponto que torna-se difcil a

    formulao de uma abordagem geral.

    Mesmo assim, observa-se um consenso sobre o papel e escopo dos indicadores de

    desempenho dentro de uma cadeia de suprimentos. Bititci et al., (2005), por meio de um

    levantamento bibliogrfico, listam na tabela 2.1 as caractersticas as quais os sistemas de

    indicadores devem conter:

    Caracterstica Descrio

    Ser equilibrados Os requisitos de vrias partes interessadas (acionistas, clientes, funcionrios,

    sociedade e meio ambiente) devem ser includos.

    Ser integrados A relao entre os vrios indicadores precisa ser compreendida

    Informar a estratgia Estar aliada s estratgias das empresas que compreendem a cadeia,

    contribuindo para o alcance das metas traadas

    Estratgia de implantao Propagar e traduzir os objetivos estratgicos por toda a organizao para as

    reas crticas da organizao

    Processos de Negcios Se concentrar em processos de negcio que agregam valor

    Abrangncia Ser especficos para a unidade de negcio

    Incluir competncias Capacidades e competncias que determinam como o valor criado e

    sustentado

    Incluir a contribuio das

    partes interessadas

    O papel das partes interessadas e da contribuio que podem outorgar para o

    sucesso e o fracasso de um negcio

    Tabela 2.1: Requisitos dos sistemas de medio de desempenho

    Fonte: BITITCI et al. (2005)

  • 18

    2.2.4 INDICADORES DE DESEMPENHO

    Os indicadores de desempenho, que representam a essncia do sistema de medio

    de desempenho, so descrito por diversos autores de diferentes reas e variam

    essencialmente com a abordagem ou tica utilizada pelos mesmos:

    De acordo com Kaplan e Norton (1997) o que no medido no gerenciado,

    assim os autores condicionam o gerenciamento utilizao de indicadores de

    desempenho.

    Assim como Kaplan e Norton (1997), para Juran (1992) gerir controlar e agir

    corretamente, desta forma, sem controle no h gesto, sem medio no h

    controle.

    Os indicadores de desempenho so instrumentos utilizados na medio de

    resultados e dos esforos empregados na busca de atingir os objetivos definidos

    (MARTINS, 1998).

    Para Gil (1992) um indicador de qualidade mede tanto a qualidade do produto

    final, quanto qualidade dos processos empresariais, apoiando assim a

    operacionalizao e o processo de tomada de deciso do consumidor, do

    profissional da qualidade, dos funcionrios e dos executivos.

    Segundo De Rolt (1998) os indicadores so os elementos que medem os nveis de

    eficincia e eficcia das organizaes, medindo a performance dos processos

    produtivos associados com a satisfao dos clientes.

    A conceituao dos diversos autores converge para a considerao que os

    indicadores atuam na busca de uma representao objetiva da realidade, so utilizados

    para reduzir a subjetividade dos sistemas e organizaes. Eles atuam essencialmente na

    medio da eficincia e eficcia de processos, pessoas ou organizaes, e so elementos

    fundamentais nos processos de tomada de deciso.

  • 19

    2.2.4.1 CLASSIFICAO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO

    Existem diversas formas de classificar os indicadores de desempenho que so

    utilizados na medio e quantificao do desempenho de uma determinada atividade. E

    assim como verificado na definio, as classificaes dos tipos de indicadores variam de

    acordo com a tica ou abordagem utilizada pelos diferentes autores.

    Kaplan e Norton (1997) definem os indicadores atravs de duas classificaes

    distintas:

    Indicadores de resultado: so os indicadores que apontam se os objetivos

    principais da estratgia e as iniciativas de curto prazo esto se transformando

    nos resultados desejados.

    Vetores de desempenho: traduzem a singularidade da estratgia empregada,

    fornecendo informaes para as empresas sobre as previses e tendncias.

    Para Oliveira et al. (1995) h duas formas diferentes de classificao:

    Indicadores operacionais: marcadores estabelecidos em funo dos objetivos

    e atividades desenvolvidas dentro de cada processo, os quais devem traduzir

    os objetivos estratgicos da empresa.

    Indicadores estratgicos: so mtricas utilizadas para acompanhar e estimular

    o processo de implementao das estratgias da empresa.

    Segundo Parmenter (2007), a classificao se subdivide em trs abordagens

    diferentes:

    Key result indicator (KRIs) ou indicador-chave de resultados: so medidas

    utilizadas no acompanhamento das atividades, mensurando o sucesso atingido.

  • 20

    Performance indicators (PI) ou indicadores de desempenho: responsveis

    pelas informaes necessrias para o aprimoramento do desempenho

    operacional.

    Key performance indicators (KPI) ou indicadores-chave de desempenho:

    estrategicamente so os indicadores mais importantes, fornecendo informaes

    sobre que intervenes devem ser realizadas para se alcanar um desempenho

    superior.

    White (1996) classifica as medidas individuais em quatro perspectivas distintas:

    Fonte dos dados: diferenciando a origem dos dados, sendo classificados de

    fonte interna ou externa empresa.

    Tipo de dado: referente a natureza do dado, sendo classificado como subjetivo

    ou objetivo.

    Referncia: classifica a referncia utilizada na construo do indicador, sendo

    esta benchmark ou auto referenciado.

    Orientao do processo: classifica a orientao do indicador ao longo do

    processo, sendo este orientado s entradas ou sadas dos processos.

    Lantelme (1994), por outro lado, classifica os indicadores em duas diferentes

    modalidades:

    Indicadores de desempenho especficos: responsveis por fornecer informaes

    sobre as atividades dos processos individuais. Estes indicadores tem funo

    estratgica e operacional, sendo utilizados no planejamento, controle e melhoria

    da estratgia vigente, bem como dos processos operacionais.

    Indicadores de desempenho global: possuem uma abrangncia ampliada,

    buscando demonstrar o desempenho geral de uma empresa ou setor, em relao

    ao ambiente em que est inserido.

  • 21

    2.2.5 MODELOS DE SISTEMAS DE MEDIO DE DESEMPENHO

    2.2.5.1 PERFORMANCE PRISM

    O Performance Prism um modelo de medio de desempenho proposto por Neely

    e Adams (2000), na percepo dos autores os modelos de medio se apresentam sempre

    a partir de um contexto prprio, entretanto, todos visualizam um objetivo comum, a

    medio de desempenho organizacional. Os autores entendem que a medio de

    desempenho no um assunto esttico e simplista, propondo desta forma uma abordagem

    multidimensional dos aspectos que envolvem a temtica, divididos em cinco faces de um

    prisma.

    A figura 2.6 apresenta as cinco diferentes categorias do modelo, a face superior e

    inferior representam respectivamente a satisfao e as contribuies dos stakeholders, as

    trs faces laterais que completam o modelo so: estratgias, processo e capacidades.

    Figura 2.6: O Modelo Performance Prism

    Fonte: Adaptado de Neely e Adams (2000)

    De acordo com Neely e Adams (2000) o ponto de sustentao do modelo se

    encontra na face Satisfao dos stakeholders, este aspecto direciona as atividades das

    outras trs facetas do prisma (processos, estratgias e capacidades). Os autores

    argumentam que esta forma de organizao derivada da funo bsica das empresas,

    que se sustenta na sua capacidade de satisfazer os stakeholders envolvidos no ambiente

  • 22

    de negcios, os quais incluem: investidores, clientes, intermedirios, funcionrios,

    fornecedores, rgos reguladores e comunidade.

    Segundo Neely e Adams (2000) para a estruturao do modelo necessrio

    compreender quais os pontos prioritrios a serem abordados e quais as questes-chave

    para entender esses pontos. Os autores sugerem as seguintes questes:

    Quem so os nossos stakeholders-chave, o que eles querem e o eles necessitam?

    (Satisfao dos stakeholders)

    Quais estratgias a organizao deve ter a fim de satisfazer os desejos e as

    necessidades dos stakeholders-chave? (Estratgias)

    Quais processos crticos so necessrios para a execuo das estratgias

    selecionadas? (Processos)

    Quais contribuies a organizao necessita de seus stakeholders para manter e

    aprimorar essas capacidades? (Contribuies dos stakeholders)

    A figura 2.7 apresenta a dinmica de funcionamento do modelo:

  • 23

    Figura 2.7: Funcionamento do Performance Prism

    Fonte: Neely e Adams (2000)

    Os questionamentos que fundamentam a utilizao do modelo reforam a premissa

    de que no centro dos processos de negcios esto os stakeholders, eles justificam e

    fomentam o desenvolvimento da atividade, desta forma o Performance Prism aponta a

    relevncia e explicita que o sistema de medio de desempenho deve refletir essa

    caracterstica.

    2.2.5.2. BALANCED SCORECARD (BSC)

    No incio da dcada de 1990, Robert S. Kaplan e David P. Norton, desenvolveram

    atravs de estudos realizados com diversas empresas norte-americanas o Balanced

    Scorecard, partindo da falha evidenciada nos modelos de medio de desempenho que

    utilizavam apenas indicadores financeiros no processo de criao de valor econmico

    futuro.

    O resultado do estudo buscava superar as limitaes dos modelos utilizados,

    ampliando o alcance dos modelos de medio, desta forma o BSC busca traduzir a misso

  • 24

    e a estratgia de negcios em objetivos e medidas tangveis. Segundo Kaplan e Norton

    (1997) estas medidas representam o equilbrio entre os indicadores externos, voltados

    para acionistas e clientes, e as medidas internas de processos crticos de negcios,

    inovao, aprendizado e crescimento. O BSC estruturado a partir de quatro perspectivas

    que direcionam o modelo: financeira, clientes, processos internos e aprendizado e

    crescimento, representados na figura 2.8.

    A perspectiva financeira, absorvida a partir dos modelos de SMD tradicionais, foi

    mantida por sua natureza de sintetizar as consequncias econmicas imediatas de aes

    realizadas, desta forma, possvel monitorar os desdobramentos do desenvolvimento e

    execuo da estratgia da organizao em resultados financeiros. Nesta perspectiva a

    questo chave para sermos bem sucedidos financeiramente, como deveramos ser

    vistos pelos nossos acionistas?

    A perspectiva dos clientes possibilita aos gestores a identificao dos seguimentos

    de clientes e mercados nos quais a organizao competir, bem como os indicadores de

    Figura 2.8: Perspectivas do BSC

    Fonte: Kaplan e Norton (2000)

  • 25

    desempenho correspondentes nos segmentos-alvo. A questo chave nesta perspectiva

    para alcanarmos nossa viso, como deveramos ser vistos pelos nossos clientes?

    A perspectiva de processos internos os gestores identificam quais os processos

    internos crticos que devem ser monitorados e desenvolvidos para que atinjam a

    excelncia. A questo chave desta perspectiva para satisfazer nossos acionistas e

    clientes, em quais processos internos do negcio devemos atingir a excelncia?.

    A perspectiva de aprendizado e crescimento identifica a infraestrutura que a

    empresa deve construir para gerar crescimento e melhoria no longo prazo. O

    desenvolvimento desta perspectiva provm essencialmente de trs fontes distintas:

    pessoas, sistemas e procedimentos organizacionais; A questo central desta etapa para

    alcanarmos a nossa viso, como sustentaremos nossa capacidade de mudar e melhorar?.

    De acordo com Kaplan e Norton (1997) as quatro perspectivas do BSC equilibram

    os objetivos de curto, mdio e longo prazo, os resultados desejados e os vetores de

    desempenho destes resultados, as medidas objetivas concretas e as medidas subjetivas

    mais imprecisas. importante destacar a forte relao que as perspectivas apresentam

    entre si para o desenvolvimento de valor econmico futuro, sobretudo com o seu elo

    anterior, essa sinergia um dos fatores responsveis pelo sucesso do mtodo na sua

    utilizao e ampla disseminao em organizaes de setores diversos da economia.

    2.3 MEDIO DE DESEMPENHO NA CADEIA DE SUPRIMENTOS

    De acordo com Corra (2010) os sistemas de medio de desempenho tem papel

    crucial em pelo menos dois aspectos da gesto de operaes em geral:

    O SMD parte integrante do ciclo de planejamento-execuo-avaliao-

    controle (as vezes identificado como o ciclo PDCA- plandocheckact ou

    DMAIC- Define, Measure, Analyze, Improve and Control)

    Os indicadores de desempenho tem papel fundamental na induo do

    comportamento das pessoas e das organizaes.

  • 26

    Corra (2010) argumenta que na cadeia de suprimentos a forma de gerenciamento

    do desempenho torna-se ainda mais relevante, tendo em vista que as cadeias so formadas

    em grande parte por elementos independentes, comportando-se de acordo com os

    estmulos de incentivo e recompensa. Desta forma, se os incentivos de cada empresa

    individual no estiverem alinhados com os incentivos das empresas que compe a cadeia

    de suprimentos, no ser possvel a existncia de coordenao e integrao nas aes e

    decises.

    Nesta dissertao so apresentadas quatro diferentes abordagens sobre o tema de

    indicadores de desempenho na cadeia de suprimentos, o modelo SCOR (Supply Chain

    Operations Reference Model), o Balanced Scorecard (BSC) na perspectiva de cadeia, o

    modelo proposto por Beamon (1999) e Gunasekaran et al. (2001).

    2.3.1 MODELO SCOR

    O Supply Chain Operations Reference Model (SCOR) foi desenvolvido no final da

    dcada de 1990 pelo Supply-Chain Council (SCC) e considerado o primeiro modelo de

    referncia construdo para descrever, comunicar, avaliar e melhorar a performance na

    cadeia de suprimentos.

    O modelo se apresenta como um sistema de gesto de cadeia de suprimentos,

    possuindo um sistema de medio de desempenho, e composto por cinco processos

    bsicos distintos, sendo eles: planejamento, fornecimento, produo, entrega e retorno;

    conforme apresentado na figura 2.9.

  • 27

    A funo planejamento realiza o balanceamento entre a demanda e o fornecimento, buscando

    desenvolver uma estratgia que consiga otimizar o fornecimento, produo, entrega e retorno. O

    processo de fornecimento/aquisio busca os melhores produtos e servios disponveis para atender

    a demanda planejada.

    A etapa de produo responsvel pela transformao dos recursos nos produtos

    demandados pelos clientes no mbito interno da empresa focal. O processo de entrega

    o mais abrangente e estende-se desde a empresa focal at o consumidor final,

    contemplando todas as questes que envolvam os canais de distribuio da empresa.

    Finalmente, a funo retorno se ocupa do gerenciamento dos retornos dos produtos,

    contemplando a logstica reversa de produtos finais, bem como dos materiais da etapa de

    aquisio.

    Figura 2.9: Estrutura do modelo SCOR

    Fonte: Traduzido de Supply Chain Council (2008)

  • 28

    2.3.1.1 NVEL DE DETALHAMENTO DO MODELO SCOR

    O modelo dividido em quatro nveis de detalhamento, trs referentes aos

    processos do projeto e o quarto focado no processo de implementao, como apresentado

    na figura 2.10. O Supply-Chain Council aponta que o SCOR deve ser utilizado como

    ponto de partida para melhorias na cadeia de suprimentos, tendo em vista o seu enfoque

    em processos chaves e na utilizao de indicadores de desempenho.

    Figura 2.10: Detalhamento do modelo SCOR

    Fonte: Traduzido de Supply Chain Council (2008)

  • 29

    O modelo prope que todos os processos sejam mapeados e detalhados at o nvel

    de atividades, sendo ento definidos os indicadores de desempenho especficos, os quais

    esto presentes em todos os nveis de detalhamento. No nvel 1 as mtricas tm forte apelo

    estratgico, nos nveis subsequentes o apelo operacional mais presente. A tabela 2.2

    apresenta um conjunto de indicadores correspondente ao nvel 1, relativo aos clientes e

    perspectiva interna da empresa.

    Mtricas do nvel 1

    Atributos do desempenho

    Relativos aos clientes Relativos

    empresa

    Confiabilidade Responsividade Flexibilidade Custos Ativos

    Atendimento de Pedidos

    Perfeitos x

    Tempo de Ciclo

    Atendimento de Pedidos x

    Flexibilidade da Cadeia

    montante x

    Adaptabilidade da

    Cadeia montante x

    Adaptabilidade da

    Cadeia jusante x

    Custo do gerenciamento

    da Cadeia x

    Custo do produtos

    vendidos x

    Retorno sobre os ativos

    da cadeia de

    suprimentos

    x

    Retorno sobre o capital

    empregado x

    Tempo de ciclo cash-to-

    cash x

    Tabela 2.2: Exemplo de Indicadores Proposto Pelo Scor

    Fonte: Traduzido de Supply Chain Council (2008)

    2.3.2 MTODO BENITA BEAMON

    De acordo com Beamon (1999) a utilizao de apenas uma nica medida de

    desempenho se apresenta como um mtodo atrativo, entretanto, por ser uma abordagem

    extremamente simplista no consegue captar todas as interaes existentes na dinmica

    da cadeia de suprimentos. Desta forma, o modelo proposto por Beamon (1999) apresenta

    trs diferentes vertentes de medio:

  • 30

    Recurso (com nfase em custos);

    Resultado (com nfase na receptividade do cliente);

    Flexibilidade (com nfase na capacidade de mudana).

    Todos os componentes esto ligados entre si, desta forma, uma alterao em algum

    dos elementos representa uma mudana em todo o sistema de medio, como apresentado

    na figura 2.11.

    Figura 2.11 Modelo Beamon de SMD em cadeias de suprimentos

    Fonte: Beamon (1999)

    Os indicadores de recursos geralmente so aqueles que possuem o objetivo de

    serem minimizados ao longo dos processos, logo, a medio busca compreender/otimizar

    a eficincia da utilizao destes recursos. Dentre os exemplos de indicadores podemos

    destacar: custo total (recursos utilizados), custo de distribuio, custos de manufatura,

    nveis de estoque, uso de energia, etc.

    Os indicadores de resultado buscam apresentar a satisfao do cliente final,

    mapeando o nvel de servio. Grande parte dos indicadores so de fcil compreenso por

    serem representados de maneira quantitativa, destacando-se: o tempo de produo de um

    determinado item e o nmero de entregas no prazo. Entretanto, algumas medidas de

    desempenho so abordadas por mtodos qualitativos, tais como: a satisfao dos

    stakeholders e qualidade do produto.

    Legenda

    R: Resources (Recursos)

    O: Output (Resultados)

    F: Flexibility

    (Flexibilidade)

  • 31

    A flexibilidade no contexto de cadeias de suprimentos ainda pouco abordada na

    prtica, apesar de sua notria importncia. neste componente que se pode mensurar a

    habilidade de se trabalhar com volumes e flutuaes de programao dos elo, sendo

    elemento central no gerenciamento das incertezas existentes neste ambiente. Entre os

    exemplos apresentados por Beamon (1999) podemos destacar: nmero de vendas

    perdidas; capacidade de responder a flutuaes na demanda e capacidade de responder a

    variaes no fornecimento.

    A autora destaca que o sistema de medio de desempenho proposto, quando

    implementado, deve conter no mnimo um indicador de desempenho para cada categoria,

    sendo necessrio o alinhamento entre a finalidade do indicador de desempenho individual

    e os objetivos estratgicos da organizao.

    2.3.3 MTODO GUNASEKARAN, PATEL E TIRTIROGLU

    De acordo com Gunasekaran et al. (2001) o potencial existente na implementao

    da gesto da cadeia de suprimentos reconhecido pelas organizaes, entretanto, h uma

    considervel carncia frente aos modelos de medio de desempenho voltados para a

    cadeia de suprimentos. Os autores argumentam que necessrio um aprofundamento

    terico na rea, citando como principais problemas o desequilbrio entre indicadores

    financeiros e no-financeiros e a falta de clareza entre indicadores estratgicos, tticos e

    operacionais.

    Os autores propem um modelo que busca a correo destes desvios, selecionando

    os indicadores, realizando em seguida sua devida classificao em financeiros e no-

    financeiros, e associando-o posteriormente aos nveis estratgico, ttico ou operacional,

    apresentado na tabela 2.3. A avaliao da cadeia de suprimentos ocorre atravs de quatro

    processos principais:

    Planejamento: mensurando o tempo de ciclo do pedido, buscando reduzir o tempo

    na recepo e processamento do pedido, a fim de otimizar o tempo de resposta de

    toda a cadeia;

  • 32

    Fornecimento: objetivando compreender/aprimorar os relacionamentos existentes

    entre os parceiros, no qual podemos destacar como elemento importante a sinergia

    no planejamento e resoluo de problemas;

    Produo: esta etapa a de maior influncia sobre a flexibilidade, confiabilidade,

    custos, rapidez e qualidade do produto/servio; portanto, as mtricas devem ser

    bem delineadas com os objetivos da cadeia e sempre atualizadas. Como exemplos

    podemos citar: capacidade de utilizao e eficcia da programao;

    Entrega: a entrega a atividade que tem contato com o cliente final, portanto, a

    busca da excelncia um fator muito relevante para toda a cadeia. Entretanto, a

    avaliao e melhoria nesta etapa assume maior complexidade, tornando mais

    difcil sua realizao.

    Os autores tambm destacam a importncia da proximidade entre as empresas da

    cadeia, apontando que a competitividade da cadeia est diretamente relacionada com a

    conectividade existente entre os elos. Os autores argumentam que a rapidez de resposta e

    a satisfao do cliente esto diretamente ligadas a esta caracterstica da cadeia. Desta

    forma, a medio de desempenho deve ir alm da avaliao individual de fornecedores e

    clientes, captando a sinergia existente entre as empresas, objetivando aperfeioar os

    resultados conjuntos derivados desta associao.

  • 33

    Nvel Indicadores Financeiro No-financeiro

    Estratgico Ciclo total do pedido na cadeia de suprimentos X

    Tempo total do fluxo de caixa X X

    Tempo de resposta ao cliente X X

    Nvel do valor percebido pelo cliente X

    Lucro Lquido Vs Produtividade X

    Retorno sobre o investimento X

    Variedade dos produtos ou servios X

    Variaes no oramento X

    Tempo do ciclo do pedido X

    Flexibilidade no servio X

    Nvel de parceria fornecedor-cliente X X

    Lead time do fornecedor vs Norma da empresa X

    Nvel de entregas sem defeito feitas pelo fornecedor X

    Lead time de entrega X

    Desempenho da entrega X X

    Ttico Acurcia nas tcnicas de previso X

    Tempo de ciclo no desenvolvimento do produto X

    Mtodos de entrada do pedido X

    Eficcia nos mtodos de entrega X

    Tempo de ciclo de compra do pedido X

    Tempo planejado do ciclo do processo X

    Eficcia do MRP X

    Assistncia do fornecedor na soluo de problemas X

    Habilidade do fornecedor em problemas de qualidade X

    Iniciativa de reduo de custos pelo fornecedor X

    Confiabilidade de entrega X X

    Taxa de resposta a entregas urgentes X

    Eficcia na distribuio X

    Operacional Custo operacional por hora X

    Custo na transmisso da informao X X

    Capacidade de utilizao X

    Estoque total X

    Taxa de rejeio do fornecedor X X

    Qualidade da documentao de entrega X

    Eficcia do ciclo de compra do pedido X

    Frequncia de entrega X

    Desempenho do motorista X

    Qualidade dos produtos entregues X

    Taxa de entregas sem defeito X

    Tabela 2.3: Estrutura dos Indicadores de desempenho

    Fonte: Gunasekaran et al. (2001)

  • 34

    Os autores tambm reforam a premissa de que o cliente a razo maior de todas

    as atividades e definem como fundamental a avaliao de sua satisfao, argumentando

    que a excluso deste elemento na avaliao pode tornar toda aplicao da gesto da cadeia

    de suprimentos onerosa e intil.

    Os autores propem a estruturao dos indicadores de desempenho, abordando os

    quatro processos principais (e a satisfao dos clientes), representados na figura 2.12.

    Figura 2.12: Indicadores de desempenho propostos por Gunasekaran et al.

    Fonte: Gunasekaran et al. (2001)

  • 35

    2.3.4 BSC NA CADEIA DE SUPRIMENTOS

    A aplicao do BSC na cadeia de suprimentos exige do modelo adaptaes na sua

    implementao, tendo em vista o escopo e a complexidade da estrutura de cada cadeia de

    suprimento em particular. De forma objetiva, as quatro perspectivas (financeira, clientes,

    processos internos, e aprendizado e crescimento) precisam ser consideradas no mbito da

    cadeia e no apenas na empresa focal de forma isolada (HANDFIELD e NICHOLS JR.,

    1999; PIRES, 2009).

    O grande desafio associado implementao do BSC na perspectiva de cadeia a

    necessidade do alinhamento individual de cada empresa com a estratgia e viso da cadeia

    de suprimento como um todo. Alm desta ao, a empresa ter tambm que conciliar este

    alinhamento com as outras cadeias de suprimento das quais ela participa, aumentando

    ainda mais a complexidade associada na utilizao deste modelo.

    Desta forma, a adoo de uma estratgia comum, exigindo uma forte colaborao

    e coordenao, o pressuposto bsico para a utilizao da ferramenta. A figura 2.13

    resume os desdobramentos da aplicao do BSC em cadeias de suprimentos.

  • 36

    Figura 2.13: Aplicao do BSC em cadeias de suprimentos

    Fonte: Adaptado de Handfield e Nichols Jr. (1999)

    De acordo com Brewer e Speh (2001) trs mudanas so fundamentais para a

    implementao do mtodo:

    As empresas necessitam trabalhar de forma colaborativa e o sistema de medio

    de desempenho deve refletir claramente esta caracterstica;

    O sistema de medio de desempenho deve atuar como elemento de estmulo

    colaborao, nunca como um entrave;

    As empresas que participam da cadeia de suprimentos devem voltar seu foco

    para o atendimento e satisfao do cliente final da cadeia.

    Ainda segundo Brewer e Speh (2001) o processo de implementao ocorre em

    quatro etapas sequenciais: formulao da estratgia e construo do consenso, seleo de

    medidas de desempenho que sejam consistentes com a estratgia, vinculao e

    comunicao das medidas e orientao para obteno de resultados esperados. Os autores

    sugerem iniciar a utilizao do modelo com poucos elos da cadeia, evitando situaes de

    Scorecard

    da

    supply chain

    Scorecard

    da Empresa

    Scorecard

    Funcional

    Scorecard

    da Equipe ou Individual

  • 37

    grande complexidade e, preferencialmente com parceiros de histrico de colaborao

    mtua.

    Outra abordagem da utilizao do conceito do BSC na cadeia de suprimentos

    apresentado por Bhagwat et al. (2007). Os autores utilizam os indicadores apresentados

    por Gunasekaran et al. (2001) e os classificam dentro das quatro perspectivas do BSC,

    buscando desta forma integrar um conjunto de indicadores equilibrados (entre financeiros

    e no financeiros; estratgico, ttico e operacional) ao modelo do BSC.

    2.4 PERSPECTIVA DA ESTRATGIA DE OPERAES

    A utilizao de indicadores de desempenho em cadeias, como j citado, necessita

    estar alinhada aos interesses estratgicos de toda a cadeia. Desta forma, para fundamentar

    o desenvolvimento da presente dissertao, direcionando o trabalho para uma abordagem

    prtica, foi realizada uma reviso bibliogrfica sobre o tema estratgia de operaes, em

    especial a abordagem de critrios ganhadores e qualificadores de pedidos do professor

    Terry Hill (1993).

    De acordo com Kaplan e Norton (1997) estratgia um conjunto de hipteses sobre

    causas e efeitos, sobre as quais os gestores criam e projetam os possveis cenrios

    competitivos. Mintzberg (1993) ressalta que a formulao de uma estratgia formal no

    pr-requisito para a estratgia exista de fato; o autor argumenta que a estratgia se

    manifesta na forma de conduzir os processos de negcios.

    Para Porter (1986) a essncia de uma estratgia competitiva est diretamente

    relacionada com o meio em que as empresas esto inseridas, abrangendo as foras sociais

    e econmicas que influenciam na atividade, tendo como seu aspecto principal, as

    caractersticas (e critrios) que moldam a competio no setor industrial em que a

    organizao est inserida.

    Segundo Hill (1993); Hill e Hill (2011) o ponto principal do desenvolvimento de

    uma estratgia organizacional reside na identificao dos fatores de competio, sendo

    estes fatores qualificadores e fatores ganhadores de pedidos. Estes fatores representam na

  • 38

    ptica do cliente quais os critrios que decidem os produtos que iro consumir, e

    paralelamente, definem quais os objetivos de desempenho que as empresas devem buscar.

    Hill (1993) define os critrios qualificadores de pedidos como o nvel de

    desempenho mnimo (em um determinado aspecto competitivo) para que os clientes

    possam considerar a empresa como uma possvel fornecedora. Abaixo deste marcador a

    empresa considerada pelos clientes como desqualificada e somente quando ultrapassa

    esta marca, a empresa percebida como adequada pelos consumidores. Objetivamente

    no h acrscimo relevante competitividade da empresa se os elementos qualificadores

    estiverem muito acima do desempenho mnimo.

    Os critrios ganhadores de pedidos so, segundo Hill (1993), os elementos que

    influenciam diretamente na deciso de escolha dos clientes. A partir do desempenho

    destes elementos os consumidores definem qual empresa ir suprir a sua demanda. Desta

    forma, os critrios ganhadores de pedidos so os aspectos mais importantes na forma

    como uma empresa define sua posio competitiva. Elevar o desempenho dos elementos

    ganhadores de pedidos aumentar significativamente a probabilidade de sucesso

    competitivo e o volume de negcios da organizao.

    H tambm os critrios menos importantes, os quais no influenciam

    significativamente o processo de deciso do cliente. Entretanto, as caractersticas

    classificadas como menos importantes podem atuar como elemento diferenciador,

    embora ainda com carter de complemento, quando os nveis de desempenho alcanados

    nos critrios qualificadores e ganhadores de pedidos no so suficientes na deciso de

    compra de um determinado produto ou servio.

  • 39

    A figura 2.14 resume o comportamento dos dois principais critrios de deciso:

    2.5 SNTESE DOS MODELOS DE MEDIO DE DESEMPENHO NA CADEIA DE

    SUPRIMENTOS

    Aps a anlise bibliogrfica e descrio das principais abordagens sobre o tema

    indicadores de desempenho na cadeia de suprimentos, apresenta-se na tabela 2.4 um

    comparativo dos modelos apresentados. A tabela sntese leva em considerao a

    abordagem utilizada em Frederico (2012), bem como as caractersticas apresentadas por

    Beamon (1996) como necessrias para um sistema de medio de desempenho eficaz,

    sendo estas: abrangncia (medio de todos os aspectos pertinentes), universalidade

    (possibilitar a comparao sob vrias condies), mensurabilidade (assegurar que os

    dados necessrios so mensurveis) e consistncia (mtricas consistentes com os

    objetivos da organizao).

    Quanto estrutura, os modelos discutem a dinmica das cadeias de suprimentos por

    diferentes pticas (diferentes processos bsicos, perspectivas ou elementos-chave),

    abordando todos os processos principais do tema. Quanto abrangncia importante

    destacar que todos os modelos discutem, com maior ou menor intensidade, a importncia

    do desempenho no ltimo elo (com o cliente final) e sua importncia estratgica no

    desenvolvimento de mtricas para a cadeia de suprimentos. Ademais, h em alguns

    Figura 2.14: Comportamento dos critrios ganhadores/qualificadores de Pedido

    Fonte: Adaptado de Hill (1993) e Hill; Hill (2011)

  • 40

    modelos (individualmente) a omisso de alguns aspectos como a viso dos fornecedores

    e a avaliao do desempenho dos concorrentes.

    Quanto universalidade os modelos apresentados so, em geral, adaptveis s

    diferentes configuraes das cadeias de suprimentos, sendo fator fundamental a profunda

    compreenso da dinmica existente na cadeia em que se pretende implementar mtricas

    de cadeia de suprimentos. Quanto mensurabilidade h em todos os modelos

    apresentados uma predominncia de mtricas quantitativas, sendo indicadas as medidas

    de desempenho para cada perspectiva abordada.

    Quanto consistncia, todos os modelos apresentados discutem, em maior ou

    menor intensidade, a perspectiva estratgica dos indicadores de desempenho, buscando

    manter o alinhamento entre performance e os objetivos estratgicos da cadeia de

    suprimentos.

    Abordagens SCOR BSC Beamon Gunasekaran et al

    Estrutura

    Mtricas para

    cinco

    processos

    distintos:

    planejamento,

    aquisio,

    produo,

    entrega e

    retorno

    Mantm a

    estrutura padro

    das quatro

    perspectivas:

    financeira,

    clientes,

    processos

    internos e

    aprendizado e

    crescimento

    Baseia-se em trs

    elementos-chave:

    recursos,

    resultados e

    flexibilidade

    Modelo classifica

    as medidas em trs

    perspectivas:

    estratgico, ttico e

    operacional

    Abrangncia

    Alm dos

    processos

    bsicos,

    aborda a

    percepo do

    cliente

    Alm dos

    processos

    bsicos,

    considera como

    uma prioridade

    o atendimento e

    satisfao do

    cliente final da

    cadeia

    Busca relacionar

    os trs elementos-

    chave. Considera

    a satisfao dos

    clientes e no

    aborda a viso dos

    fornecedores

    Considera a

    satisfao dos

    clientes e busca

    alinh-la com a

    performance dos

    indicadores dos trs

    nveis (estratgico,

    ttico e

    operacional). No

    avalia diretamente

    os concorrentes

    Universalidade

    Modelo de

    referncia

    utilizado em

    qualquer

    cadeia de

    suprimentos

    Modelo

    genrico que

    pode ser

    adaptado

    diferentes

    configuraes

    de cadeias de suprimentos

    Modelo genrico

    que pode ser

    adaptado

    diferentes

    configuraes de

    cadeias de

    suprimentos

    Modelo

    desenvolvido para

    empresas

    preferencialmente

    manufatureiras

  • 41

    Mensurabilidade

    Predominncia

    de indicadores

    quantitativos.

    H um

    conjunto de

    indicadores

    para cada

    perspectiva

    Necessita de

    desdobramentos

    das funes

    especficas para

    toda a cadeia de

    suprimentos

    Predominncia de

    indicadores

    quantitativos. H

    um conjunto de

    indicadores para

    cada perspectiva

    Predominncia de

    indicadores

    quantitativos. H

    um conjunto de

    indicadores para

    cada perspectiva

    Consistncia

    Perspectiva

    estratgica

    destacada no

    processo de

    planejamento

    Forte apelo

    estratgico,

    ressaltando a

    importncia da

    colaborao

    entre os elos

    Os indicadores

    selecionados

    devem estar

    alinhados aos

    objetivos

    estratgicos da

    cadeia de

    suprimentos/

    organizao

    Uma das

    perspectivas bsicas

    do modelo a

    estratgica

    Tabela 2.4: Sntese dos modelos de medio de desempenho em cadeias de suprimentos

    Fonte: Elaborao Prpria

  • 42

    3. CADEIA PRODUTIVA DA INDSTRIA ELICA NO

    BRASIL

    O objetivo deste captulo apresentar os princpios bsicos da energia elica e a

    cadeia de suprimentos do setor no Brasil. No item 3.1 descrito o histrico e princpios

    bsicos sobre a energia elica, em seguida, no item 3.2 discutida a formao da cadeia

    produtiva do setor no Brasil. O item 3.3 apresenta a estrutura e dinmica do setor, e no

    fim do captulo, apresentada a abrangncia de atuao do estudo dentro da cadeia de

    suprimentos estudada.

    3.1 ENERGIA ELICA

    A converso da energia cintica contida nos ventos em outra forma de energia

    uma prtica milenar da humanidade. Relatos apontam que os egpcios foram os primeiros

    a utilizar essa fonte de energia para movimentar as suas embarcaes vela contra a

    correnteza do Nilo. Os primeiros relatos sobre moinhos de vento de eixo horizontal

    remontam os anos 200 A.C., utilizados em atividades agrcolas para a moagem de gros,

    os quais foram encontrados na fronteira entre o Ir e o Afeganisto, e alguns sculos

    depois, popularizados na Holanda (utilizados para drenagem da terra) e reas do

    mediterrneo (figura 3.1), destacadamente entre os anos de 1300 1875 D.C.

    (KALDELLIS e ZAFIRAKIS, 2011; CTGAS-ER, 2011; SALLES, 2004).

  • 43

    No sculo XIX a utilizao das foras dos ventos foi ampliada para o bombeamento

    de gua e apenas nos EUA foram instalados cerca de 6 milhes de torres com esta

    finalidade entre os anos de 1850 e 1970 (KALDELLIS e ZAFIRAKIS, 2011; CTGAS-

    ER, 2011; SALLES, 2004).

    O primeiro prottipo de uma turbina elica para a gerao de energia eltrica foi

    desenvolvido no final do sculo XIX, atravs do trabalho do engenheiro americano

    Charles Brush. A mquina tinha capacidade nominal de 12 kW (figura 3.2) e foi instalada

    em 1888 na cidade de Cleveland, no estado de Ohio. Em 1891, o cientista dinamarqus

    Paul La Cour desenvolveu um aerogerador com capacidade nominal de 10kW com um

    rotor de 20 metros; o acadmico idealizou e criou o primeiro curso especfico de

    engenharia elica na Dinamarca, formando em 1904, a turma inaugural. (KALDELLIS e

    ZAFIRAKIS, 2011; CTGAS-ER, 2011).

    Figura 3.1 Moinho de Vento encontrado na costa do mediterrneo

    Fonte: Dodge (2006)

  • 44

    O desenvolvimento tecnolgico seguiu em um ritmo progressivo e lento at meados

    dos anos 1970 e durante este perodo diversos prottipos foram criados na Rssia, Frana,

    Alemanha, Dinamarca e EUA. A crise do petrleo, ocorrida no ano 1973, foi um elemento

    determinante no desenvolvimento e utilizao em larga escala da energia elica no mundo

    e os esforos iniciais para desenvolvimento da tecnologia so resultado da busca dos

    pases de primeiro mundo pela reduo da dependncia de carvo e petrleo. Desta forma,

    para garantir a segurana de abastecimento energtico, as matrizes de energia eltrica dos

    pases desenvolvidos passaram por um processo de diversificao, onde diferentes fontes

    de gerao foram agregadas, incluindo a gerao de energia por fonte elica.

    (KALDELLIS e ZAFIRAKIS, 2011; CTGAS-ER, 2011; SALLES, 2004).

    Alm da crise do petrleo outro fator que impulsionou o desevolvimento do setor,

    foi o seu carter sustentvel. A gerao de energia eltrica por fonte elica tem,

    comparativamente com outras fontes, baixo impacto socioambiental, com baixo nvel de

    ocupao de terras e de emisso de CO2 para a atmosfera. Dessa forma, a alternativa elica

    tem forte alinhamento com os desafios de sustentabilidade que o sculo XXI apresenta s

    sociedades modernas.

    Figura.3.2: Aerogerador desenvolvido por Charles Brush (1888)

    Fonte: Dodge (2006)

  • 45

    A gerao de energia eltrica por fonte elica no produz gases txicos, no

    contribui diretamente para o aumento do efeito estufa, no agride a camada de oznio,

    no produz chuva cida e no origina produtos secundrios nem resduos contaminantes.

    Embora as turbinas elicas no tragam consigo benefcios diretos na criao de valor ao

    ecossistema, a energia elica uma proposta de gerao eltrica ambientalmente

    sustentvel e renovvel por no haver extino do combustvel aps a sua utilizao.

    (MANWELL et al, 2002; CEIWEP, 2007).

    Os macios investimentos em pesquisa e desenvolvimento iniciados ps-crise do

    petrleo fomentaram o nascimento da indstria elica moderna. Os aerogeradores

    modernos utilizados em larga escala apresentam em sua estrutura trs ps ligadas a um

    hub (cubo), que as conecta atravs de um eixo caixa multiplicadora, transportando a

    energia cintica capturada no vento ao gerador (com a excesso das mquinas que

    utilizam geradores multiplos, que no possuem caixa multiplicadora). O princpio fsico

    bsico utiliza