Da Aplicacao Da Lei Pena No Espaco1

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Resumo da aplicação da lei penal no espaço

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    DA APLICAO DA LEI PENAL NO ESPAO

    Antes de iniciar o estudo do tpico, temos que ter em mente que iremos estudar a lei penal e

    no a lei processual penal, que segue outra regra especfica.

    Aqui trataremos de como se comporta a lei penal brasileira quando ocorrer crimes no exterior,

    ou seja, extraterritorialidade de lei. Portanto, quando falamos em extraterritorialidade

    estamos tratando somente da lei penal e no da lei processual penal.

    Falamos em Territorialidade quando se faz a aplicao da lei penal dentro do prprio Estado

    que a editou. Dessa forma, quando aplicamos a lei brasileira em nosso solo estamos usando o

    conceito de territorialidade.

    A territorialidade tratada no art. 5, CP: "aplica-se a lei brasileira, sem prejuzo de

    convenes, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no territrio

    nacional".

    1 Territrio por extenso ou assimilao

    1. Embarcao ou aeronave brasileira pblica (em qualquer lugar).

    2. Embarcao ou aeronave brasileira privada a servio do Estado brasileiro (em

    qualquer lugar).

    3. Embarcao ou aeronave brasileira mercante ou privada, desde que no estejam em

    territrio alheio.

    A Extraterritorialidade tratada no art. 7 Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no

    estrangeiro:

    I Os crimes:

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    a) contra a vida ou a liberdade do Presidente de Repblica;

    b) contra o patrimnio ou a f publica da Unio, do Distrito Federal, de Estado, de Territrio,

    de Municpio, de empresa de pblica, sociedade de economia mista, autarquia ou fundao

    instituda pelo Poder Pblico;

    c) contra a administrao pblica, por quem est a seu servio;

    d) de genocdio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

    II Os crimes:

    a) que, por tratado ou conveno, o Brasil se obrigou a reprimir;

    b) praticados por brasileiros;

    c) praticados em aeronaves ou embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,

    quando em territrio estrangeiro e a no venham a ser julgados.

    1 Nos casos do inciso I, o agente punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou

    condenado no estrangeiro.

    2 Nos casos do inciso II, a aplicao da lei brasileira depende do concurso das seguintes

    condies:

    a) entra o agente no territrio nacional;

    b) ser o fato punvel tambm no pas em que foi praticado;

    c) estar o crime includo entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradio;

    d) no ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou a no ter cumprido pena;

    e) no ter sido o agente perdoado no estrangeiro, ou, por outro motivo no estar extinta a

    punibilidade, segundo a lei mais favorvel.

    3 A lei brasileira aplica-se tambm ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora

    do Brasil, se, reunidas as condies previstas no pargrafo anterior:

    a ) no pedida ou negada sua extradio;

    b ) houve requisio do Ministro da Justia.

    O QUE TERRITRIO NACIONAL?

    Podemos conceituar territrio nacional como sendo o espao onde certo Estado possui sua

    soberania.

    Elementos que constituem um determinado Estado soberano:

    Territrio

    Povo

    Organizao jurdica.

    Consideramos como territrio nacional as limitaes que temos no mapa do pais e mais o mar

    territorial, que representa a extenso de 12 milhas do mar a contar da costa e sempre na baixa

    mar. O cdigo considera tambm territrio nacional o espao areo respectivo e o espao

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    areo correspondente ao territrio nacional. Esse devemos considerar como sempre territrio

    prprio.

    Temos que considerar tambm como territrio nacional, o chamado territrio por extenso,

    assimilao ou imprprio descrito no 1 do artigo 5 do Cdigo Penal.

    1 Para os efeitos penais, consideram-se como extenso do territrio nacional as

    embarcaes e aeronaves brasileiras, de natureza pblica ou a servio do governo brasileiro,

    onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcaes brasileiras, mercantes

    ou de natureza privada, que se achem, respectivamente no espao areo correspondente ou

    em alto mar.

    2 tambm aplicvel a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou

    embarcaes estrangeiras, de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no territrio

    nacional ou em vo no espao areo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do

    Brasil.

    DA TERRITORIALIDADE

    Como mencionado a lei penal aplica-se em todo o territrio nacional prprio ou por

    assimilao. Por esse princpio aplica-se aos nacionais ou estrangeiros (mesmo que irregular) a

    lei penal brasileira.

    Contudo, em alguns casos, mesmo o fato sendo praticado no Brasil, no ser aplicada a lei

    penal a esse fato, isso se deve quando ocorrer por meio de convenes, tratados e regras de

    direito internacional, aqui o Brasil abre mo de punir, ou seja, nesses casos no se aplicar a lei

    brasileira.

    Dessa forma, o princpio da territorialidade da lei penal mitigado, ou seja, no adotada de

    forma absoluta e sim temperada, por esse motivo falamos em princpio da territorialidade

    temperada.

    Podemos dar como exemplo as imunidades diplomticas e consulares concedidas por meio de

    adeso do Brasil s convenes de Viena (1961 e 1963), aos diplomatas e aos cnsules que

    exeram suas atividades no Brasil.

    Dica: Quando falamos em territrio nacional, obrigatoriamente temos que ter algumas

    regras na cabea:

    Todas as embarcaes ou aeronaves brasileiras de natureza pblica, onde quer que se

    encontre so consideradas parte do territrio nacional.

    Para as embarcaes e aeronaves de natureza privada, sero estas consideradas extenso do

    territrio nacional quando se acharem, respectivamente, no mar territorial brasileiro ou no

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    espao areo correspondente. (preste bem a ateno, as de natureza privada, sem estar a

    servio do Brasil, somente respondero pela lei brasileira se estiverem dentro do Brasil!

    Exemplo de fixao: Um navio brasileiro privado pelo mar da Argentina dever responder

    pelas leis penais Argentinas, ou seja, caso um brasileiro mate o outro, a lei a ser aplicada a lei

    penal Argentina, pois o navio no estava a servio do Brasil!

    Por outro lado, se o navio estiver em alto mar (terra de ningum aplica-se o princpio do

    pavilho ou da bandeira) e ostentar a bandeira brasileira e l um marujo matar o outro, a

    competncia da lei brasileira.

    A mesma regra utilizamos para aeronaves. Uma questo interessante por exemplo, se uma

    aeronave pousar em um pais distinto e o piloto cometer um crime e essa aeronave estiver a

    servio do Brasil, aplica-se a lei brasileira. Caso a aeronave for particular aplica-se a lei do pais

    em que a aeronave estiver pousada.

    Questo interessante se o piloto sair do aeroporto e l fora cometer um crime. Nesse caso

    temos que perguntar se o piloto estava em servio oficial ou no, se estiver em servio oficial

    aplicamos a lei penal brasileira, do contrrio, aplica-se a lei do pais onde cometeu o crime.

    Resumo dos conceitos:

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    ESQUEMAS DIDTICOS

    Passaremos a tratar agora dos princpios que regulam a aplicao da Lei Penal no espao.

    Princpio da Territorialidade

    Princpio da Nacionalidade

    Princpio da Defesa, Real ou de Proteo.

    Princpio da Justia Penal Universal ou da Universalidade

    Princpio da Representao

    Princpio da Territorialidade: A lei penal de um pas ter aplicao aos crimes cometidos

    dentro de seu territrio. Aqui o Estado soberano tem o dever de exercer jurisdio sobre as

    pessoas que estejam sem seu territrio.

    Princpio da Nacionalidade: Classificado tambm como Princpio da Personalidade. Aqui os

    cidados de um determinado pas devem obedincia s suas leis, onde quer que se encontrem.

    Podemos dividir esse princpio em:

    Princpio da Nacionalidade Ativa: Aplica-se a lei nacional ao cidado que comete

    crime no estrangeiro, independentemente da nacionalidade do sujeito passivo ou do

    bem jurdico lesado.

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    Princpio da Nacionalidade Passiva: O fato praticado pelo nacional deve atingir um

    bem jurdico de seu prprio estado ou de um concidado.

    Princpio da Defesa, Real ou de Proteo: Aqui se leva em considerao a nacionalidade do

    bem jurdico lesado (sujeito passivo), independentemente da nacionalidade do sujeito ativo ou

    do local da pratica do crime.

    Princpio da Justia Penal Universal ou da Universalidade: Aqui, todo Estado tem o direito de

    punir todo e qualquer crime, independentemente da nacionalidade do criminoso ou do bem

    jurdico lesado, ou do local em que o crime foi praticado, bastando que o criminoso se

    encontre dentro do seu territrio. Assim, quem quer que seja que cometa crime dentro do

    territrio nacional ser processado e julgado aqui.

    Princpio da Representao: A lei penal brasileira tambm ser aplicada aos delitos cometidos

    em aeronaves e embarcaes privadas brasileiras quando se encontrarem no estrangeiro e ai

    no venham a ser julgados.

    Ateno: O Cdigo Penal brasileiro adota o princpio da territorialidade como regra e os

    outros como exceo, Assim, os outros princpios visam disciplinar a aplicao

    extraterritorial da lei penal brasileira!

    Questo que tira dvidas:

    (FCC/tcnico administrativo/2007) certo que se aplica a lei brasileira aos crimes praticados

    a bordo de:

    a) Embarcaes brasileiras que estejam em mar territorial estrangeiro

    b) Embarcaes mercantes brasileiras que estejam em porto estrangeiro

    c) Aeronaves mercantes brasileiras que estejam em espao estrangeiro

    d) Aeronaves mercantes brasileiras que estejam em pouso em aeroporto estrangeiro

    e) Embarcaes estrangeiras de propriedade privada que esteja em mar territorial

    brasileiro

    Gabarito E

    Comentrio: A questo pede a aplicao da lei brasileira, assim vamos explicar objetivamente

    cada item e ver os erros e a alternativa correta: A questo a esta errada, pois as

    embarcaes brasileiras (salvo se a servio do Brasil) privadas devem ser julgadas pela lei do

    territrio que estejam de passagem. A questo B segue a mesma linha, repare que a

    embarcao mercante e no est a servio do Brasil. As questes c e d mostram que as

    embarcaes NO estavam a servio do Brasil, assim, aplica-se a lei do pas a que estiverem. O

    gabarito a letra e, pois o princpio da territorialidade esta sendo utilizado, ou seja, dentro

    do territrio nacional aplica-se a lei ptria

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    2 BLOCO

    DA EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL

    A lei penal brasileira aplica-se tambm aos fatos ocorridos fora do territrio nacional, ou seja,

    existe a aplicabilidade da extraterritorialidade da lei penal brasileira.

    Esto previstas no artigo 7 do Cdigo Penal as hipteses de ser a lei incondicionada e

    condicionada.

    Incondicionada: No necessita de qualquer condio para que a lei seja aplicada. Aqui

    basta a prtica do ato delituoso e a lei brasileira ser aplicada fora do territrio

    nacional.

    Condicionada: Quando para sua aplicao fora do territrio nacional a lei exigir uma

    ou mais condies.

    INCONDICIONADA

    Dispe o inciso I do artigo 7 a aplicao da lei INCONDICIONADA, quando os crimes forem

    cometidos:

    a) contra a vida ou a liberdade do Presidente de Repblica;

    Aplica-se aqui o princpio da proteo ou da defesa. Dizemos que a lei penal esta protegendo o

    bem jurdico nacional, que a VIDA ou LIBERDADE do Chefe do Executivo.

    Ateno: No so todos os crimes contra o presidente da repblica que recebem essa regra,

    somente aqueles que versarem contra a VIDA OU LIBERDADE do chefe do executivo federal.

    b) contra o patrimnio ou a f publica da Unio, do Distrito Federal, de Estado, de Territrio,

    de Municpio, de empresa de pblica, sociedade de economia mista, autarquia ou fundao

    instituda pelo Poder Pblico;

    Adota-se tambm aqui o princpio da proteo e defesa.

    c) contra a administrao pblica, por quem est a seu servio;

    Adota-se aqui, o princpio da proteo ou da defesa. Aqui, exige-se que o crime seja funcional,

    ou seja, tem que ser praticado por quem esteja a servio da Administrao pblica.

    Assim, se um funcionrio pblico cometer crime de peculato no exterior, a lei penal brasileira

    ser aplicada de forma incondicionada.

    d) de genocdio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

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    Adota-se aqui o princpio da justia universal ou cosmopolita. Aplica-se ao agente brasileiro ou

    estrangeiro domiciliado no Brasil que praticou o crime de genocdio previsto na Lei 2889/56.

    CONDICIONADA

    Vamos tratar em primeiro plano dos casos ocorridos de forma condicionada e que foram

    cometidos no exterior. As hipteses da aplicao condicionada da lei penal brasileira a fatos

    ocorridos no exterior so os mencionados no artigo 7, inciso II, do CP. Dessa forma, aplica-se

    de forma condicionada a lei penal brasileira aos crimes:

    a) que, por tratado ou conveno, o Brasil se obrigou a reprimir;

    Alguns crimes o Brasil atravs de trados e convenes obrigou-se a reprimir, como o caso do

    crime de trfico ilcito de entorpecentes. Assim, apesar de cometido no exterior ser aplicada a

    lei penal brasileira.

    Porm, fundamental que concorram as condies definidas em lei. Aplica-se aqui a justia

    universal ou cosmopolita. Dessa maneira deve ser respeita os requisitos do 2 do artigo 7,

    ou seja:

    b) praticados por brasileiros;

    Temos aqui o princpio da nacionalidade ativa ou personalidade, em que ser ao nacional

    aplicada a lei penal brasileira, quando o mesmo cometer crimes no exterior.

    Justifica-se pela impossibilidade constitucional de extradio de brasileiro previsto no artigo

    5, LI, da Constituio Federal de 1988.

    c) praticados em aeronaves ou embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedade

    privada, quando em territrio estrangeiro e a no venham a ser julgados.

    Utiliza-se aqui o princpio da representao ou da bandeira, fala-se aqui em fato ocorrido

    dentro de embarcao ou aeronave nacionais, ser aplicada ento a lei brasileira.

    Notem que o fato no constituiu hipteses de territrio por extenso ou assimilao, pois as

    embarcaes no so pblicas tampouco esto a servio do Brasil.

    Ateno: Notem que o texto de lei diz: se l no exterior no sejam julgados. Caso forem

    julgados no exterior, mesmo que tenha sido absolvido ou mesmo condenado ou no tenha

    cumprido a pena NO se aplicar a lei brasileira, que repetimos, somente deve ser aplicada

    nos casos em que a o exterior no julgou mais os requisitos do 2 do artigo 7 do CP.

    1 Nos casos do inciso I, o agente punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou

    condenado no estrangeiro.

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    DAS CONDIES PARA APLICAO DA LEI PENAL BRASILEIRA

    (ARTIGO 7 2)

    2 Nos casos do inciso II, a aplicao da lei brasileira depende do concurso das seguintes

    condies:

    a) entra o agente no territrio nacional;

    b) ser o fato punvel tambm no pas em que foi praticado;

    c) estar o crime includo entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradio;

    d) no ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou a no ter cumprido pena;

    e) no ter sido o agente perdoado no estrangeiro, ou, por outro motivo no estar extinta a

    punibilidade, segundo a lei mais favorvel.

    Antes mesmo de comentarmos as condies devemos ter em mente que todos os requisitos

    devem coexistir. Portanto, so de existncia cumulativa, dessa forma, ausente uma que seja,

    no se permitir a aplicao da lei penal brasileira.

    a) entra o agente no territrio nacional;

    A entrada pode ser permanente ou transitria, ou seja, se o nacional entrar e sair a condio

    para abertura do processo j estar liberada.

    b) ser o fato punvel tambm no pas em que foi praticado;

    A conduta do agente deve ser ilcita tambm no pas em que foi cometido. Assim, se, por

    exemplo, um nacional cometer bigamia, crime no Brasil, mas que em outro estado tido como

    lcita, no estar ele sujeito as leis penais nacionais.

    c) estar o crime includo entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradio;

    A lei penal brasileira deve permitir a extradio. O Estatuto do Estrangeiro trata das condies

    de admissibilidade da extradio no seu artigo 77 e 78 da Lei 6815/80.

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    d) no ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou a no ter cumprido pena;

    Cumprindo a pena imposta ou sendo absolvido no estrangeiro, no se admitir a aplicao da

    lei penal brasileira.

    Ateno: Imagine que um crime tenha sido praticado dentro de uma aeronave ou embarcao

    brasileira, mercante de propriedade privada em territrio estrangeiro. Imagine agora que o

    sujeito ativo tenha sido l julgado e condenado e aps esse fato fugiu para o Brasil. Aqui no

    ser aplicada a lei brasileira, pois o artigo 7 prev que l o crime no tenha sido julgado, como

    segue o artigo:

    Ateno: Vamos determinar uma regra e uma exceo para que o estudo no fique

    prejudicado:

    Regra: Absolvido no exterior no se aplica a lei penal brasileira, bem como se

    condenado e tenha cumprido a pena.

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    Exceo: Somente o fato de ter sido julgado, pouco importando se absolvido ou

    condenado, independentemente do cumprimento da pena, por si s impossibilita a

    aplicao da lei penal brasileira, isso o que consta no artigo 7, II alnea c, do CP.

    e) no ter sido o agente perdoado no estrangeiro, ou, por outro motivo no estar extinta a

    punibilidade, segundo a lei mais favorvel.

    Leva-se em conta aqui a lei mais benfica para o agente e caso ele tenha sido perdoado ou

    mesmo seja decretada a extino de punibilidade, fica a lei brasileira impossibilitada de ser

    aplicada.

    CASO DE EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA PREVISTA NO 3 DO ARTIGO 7

    Estamos falando aqui de uma hiptese especial de extraterritorialidade. Aqui para que haja

    aplicao da lei penal brasileira necessrio que estejam presentes os requisitos do 2 e

    tambm do 3.

    3 A lei brasileira aplica-se tambm ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora

    do Brasil, se, reunidas as condies previstas no pargrafo anterior:

    a ) no pedida ou negada sua extradio;

    b ) houve requisio do Ministro da Justia.

    Falamos aqui do princpio da defesa ou proteo de crime praticado por estrangeiro contra

    brasileiro. Aqui aplica-se a lei penal brasileira por razes de nacionalidade do bem jurdico

    tutelado, contudo, deve estar presente os requisitos dos dois pargrafos mencionados acima.

    a ) no pedida ou negada sua extradio;

    Imagine que um estrangeiro entre no territrio nacional aps cometer crime contra brasileiro

    no exterior. Se aqui estiver e no tenha sido pedido sua extradio pelo pais de origem, ou

    ainda se o pedido negada pelo Brasil, aqui poder ele ser julgado.

    Difcil ser encontrar algum estrangeiro que cometa crime contra brasileiro e fuja para o Brasil!

    b) houve requisio do Ministro da Justia.

    requisito de procedibilidade, ou seja, a requisio do Ministro da Justia condio para que

    a lei penal possa ser aplicada.

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    Resoluo de questes Lei Penal no espao

    1. (DEFENSOR PBLICO/CE CESPE/UNB 2008) Considere a seguinte situao

    hipottica. Peter, de nacionalidade norte-americana, desferiu cinco tiros em direo a

    John, tambm norte-americano, matando-o. O crime aconteceu no interior de uma

    embarcao estrangeira de propriedade privada em mar territorial do Brasil. Nessa

    situao, no se aplica a lei brasileira ao crime praticado por Peter.

    2. (DELEGADO DE POLCIA CIVIL/RN- CESPE/UNB-2007) Caso um cidado alemo, dentro

    de uma embarcao da Marinha Mercante Brasileira, ancorada em porto Holands

    (local onde, em tese, no se pune o aborto), contribua para que sua esposa, francesa

    pratique o abortamento, o territrio brasileiro no ser considerado local da

    ocorrncia da conduta, pois o navio estava ancorado em guas estrangeiras.

    3. (PROCURADOR DO MINISTRIO PBLICO JUNTO AO TCM DO ESTADO DE GOIS 2008

    CESPE/UNB) aplicado o princpio real ou o princpio da proteo aos crimes

    praticados em pas estrangeiros contra a administrao pblica por quem estiver a seu

    servio. A lei brasileira, no entanto, deixar de ser aplicada quando o agente for

    absolvido ou condenado no exterior.

    4. (DEFENSOR PBLICO DE ALAGOAS 2003 CESPE/UNB) Pertinentes eficcia da lei

    penal no espao, destaca-se os princpios da territorialidade, personalidade,

    competncia real, justia universal e representao.

    5. (DELEGADO DA POLCIA FEDERAL 2004 - NACIONAL CESPE/UNB) Laura, funcionria

    pblica a servio do Brasil na Inglaterra, cometeu, naquele pas, crime de peculato.

    Nessa situao, o crime praticado por Laura ficar sujeito lei brasileira, em face do

    princpio da extraterritorialidade.

    6. (DELEGADO DA POLCIA FEDERAL 2004 REGIONA BRANCA- CESPE/UNB) Um

    cidado sueco tentou matar o presidente do Brasil, que se encontrava em visita oficial

    Sucia. Nessa hiptese, o crime praticado no ficar sujeito lei brasileira.

    7. (DELEGADO DA POLCIA FEDERAL 2002 CESPE/UNB) Em alto-mar, a bordo de uma

    embarcao de recreio que ostentava a bandeira do Brasil, Jlio praticou um crime de

    latrocnio contra Lauro. Nessa situao, aplicar-se- a lei penal brasileira.

    8. (JUIZ DE DIREITO SERGIPE 2004 CESPE/UNB) O princpio bsico que norteia a

    aplicao da lei penal brasileira o da territorialidade temperada.

    9. (PROCURADORIA FEDERAL 2004 CESPE/UNB) Ocorrido crime de homicdio no

    interior de navio militar ingls ancorado em porto brasileiro, pelo princpio da

    territorialidade, aplicar-se- ao autor do fato a lei penal brasileira.

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    10. (AGENTE DA POLCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL 2009 CESPE/UNB) Os princpios

    da territorialidade, da nacionalidade, da defesa e da justia penal universal auxiliam a

    determinar a aplicao da lei penal no tempo, face teoria da atividade adotada no

    ordenamento penal material em vigor.

    11. (JUIZ DE DIREITO DO ESTADO DO PIAU 2007 - CESPE/UNB) Para processo e

    julgamento de um crime de homicdio praticado a bordo de uma embarcao

    brasileira que esteja em alto-mar, vindo da Frana para o Brasil, competente o foro

    do local do nascimento do autor do crime.