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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GEOLOGIA
GLEIDE MENDES SEABRA
A PRESENÇA DO FLÚOR NAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
DA FORMAÇÃO SERGI (JURÁSSICO SUPERIOR) DA
BACIA DO RECÔNCAVO NO ESTADO DA BAHIA, BRASIL.
Salvador - BA 2011
ii
GLEIDE MENDES SEABRA
A PRESENÇA DO FLÚOR NAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
DA FORMAÇÃO SERGI (JURÁSSICO SUPERIOR) DA
BACIA DO RECÔNCAVO NO ESTADO DA BAHIA, BRASIL.
Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto de
Geociências, Universidade Federal da Bahia, como
requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em
Geologia.
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Augusto de Morais Nascimento
Co-orientador: Prof. Dr. Augusto José Pedreira
Salvador - BA 2011
iii
TERMO DE APROVAÇÃO
GLEIDE MENDES SEABRA
A PRESENÇA DO FLÚOR NAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
DA FORMAÇÃO SERGI (JURÁSSICO SUPERIOR) DA
BACIA DO RECÔNCAVO NO ESTADO DA BAHIA, BRASIL.
Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel
em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:
________________________________________________________________
1° Examinador - Prof. Dr. Sérgio Augusto de Morais Nascimento Instituto de Geociências, UFBA/NEHMA _________________________________________________________________
2° Examinador – Prof. Dr. Cristovaldo Bispo dos San tos Professor do Instituto de Geociências, UFBA
_________________________________________________________________
3° Examinador – Dr. Zoltan Romero Cavalcante Rodrig ues DEAMA/INGÁ - BA
Salvador, 18 de Novembro de 2011.
iv
Aos meus pais (Sérgio e Nailda) e irmãos Aos meus pais (Sérgio e Nailda) e irmãos Aos meus pais (Sérgio e Nailda) e irmãos Aos meus pais (Sérgio e Nailda) e irmãos
(Iracema e Sérgio) dedico este resultado(Iracema e Sérgio) dedico este resultado(Iracema e Sérgio) dedico este resultado(Iracema e Sérgio) dedico este resultado
do meu esforçodo meu esforçodo meu esforçodo meu esforço.... Muito obrigada pelo Muito obrigada pelo Muito obrigada pelo Muito obrigada pelo
apoio e incentivo apoio e incentivo apoio e incentivo apoio e incentivo durante todos estes anos.durante todos estes anos.durante todos estes anos.durante todos estes anos.
v
AGRADECIMENTOS
FINALMENTE, chegou o tão esperado momento da formatura, este é um grande
marco em minha vida. E também é o momento de agradecer, pois se aqui cheguei foi por
conta de muitos outros que sempre estiveram ao meu lado. Então, este é o momento de
agradecer a todos que atravessaram o meu caminho e que de alguma forma contribuíram para
a realização deste sonho. Se aqui consegui chegar, com certeza foi devido a muita
determinação, comprometimento, persistência, perseverança, e, acima de tudo, por sonhar
que um dia esse momento chegaria.
Em primeiro lugar, agradeço a DEUS que sempre iluminou e manteve firmes os meus
passos pelo caminho do bem.
Em segundo lugar, gostaria de agradecer à FAMÍLIA, aos meus pais (Nailda e Sérgio)
que sempre batalharam para me dar uma boa educação. Obrigada por tudo que vocês foram e
são para mim. Aos meus irmãos queridos, Iracema e Serginho, que sempre estiveram ao meu
lado em todos os momentos. Agradeço a minha avó, meu tio, minhas tias, meus avós paternos
(in memoriam) por fazerem parte desta família.
Também agradeço a uma pessoa muito ESPECIAL que está na minha vida há quase 4
anos: Rodolfo, meu bebê (risos), você é mais que um namorado, você é meu companheiro, é
quem me incentiva, compreende. Muito obrigada por estar ao meu lado. E agradeço-o
principalmente por ter-me feito conhecer pessoas maravilhosas como a minha sogrinha
querida (Nilza) que é como uma segunda mãe para mim, minha cunhadinha (Luena) que eu
amo muito, meus cunhados Rainan, Luciano, Rodrigo e Cristiano e toda a família que não é
pequena.
Agradeço aos meus AMIGOS da faculdade, André Lyrio (Deco), Bianca Leone
(Bibiageo), Eula Andrade (Boi 1), Mariana Cayres (Boi 2), Fabiane Natividade (Fabi),
Gildegleice Bacelar (Gleice), Nelize Lima (Neli), Ítala, Luciano (Seu Boneco), Thiene,
Luciano Augusto (Boca) e a todos os demais que considero, obrigada por me aturarem
durante estes 6 anos. Durante este tempo de graduação tive a grande honra de estar ao lado de
vi
verdadeiros amigos e quero dizer-lhes que para onde quer que a geologia me leve, seremos
sempre amigos.
Agradeço também aos meus amigos não-geológicos que sempre pude contar: Luíza
(Lú), Lorena (Lory), Rafaela’s, Welber... vocês me alegram em qualquer momento e apesar
da “distância” sempre serão os meus amigos.
Agradeço a UFBA, aos professores dedicados ao ensino que tentam fazer as coisas
acontecerem dentro da Universidade, entre eles: Osmário, Haroldo Sá, Simone Cruz, Flávio
Sampaio, Vilton, Johildo Barbosa. Ao meu orientador, Sérgio Nascimento, por me orientar,
acreditar em mim, me ajudar com sua dedicação à realização deste trabalho. Quero dizer-te
que o senhor é um verdadeiro ORIENTADOR, muito obrigada por tudo! Sem esquecer o meu
co-orientador, Pedreira, obrigada por dedicar o seu tempo. Agradeço aos dois pelo
conhecimento científico. Aos funcionários do Instituto de Geociências pela constante
disposição e auxílio, principalmente Mércia, Caetano e Gil, aos motoristas Dera, Formiga e
Samuka.
vii
“Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena “Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena “Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena “Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
acreditar no sonho que se tem, ou que seus planos acreditar no sonho que se tem, ou que seus planos acreditar no sonho que se tem, ou que seus planos acreditar no sonho que se tem, ou que seus planos
nunca vão dar certo, ou que você nunca vai ser alguém. nunca vão dar certo, ou que você nunca vai ser alguém. nunca vão dar certo, ou que você nunca vai ser alguém. nunca vão dar certo, ou que você nunca vai ser alguém.
Confie em si mesmo, quem acredita sempre alcança.” Confie em si mesmo, quem acredita sempre alcança.” Confie em si mesmo, quem acredita sempre alcança.” Confie em si mesmo, quem acredita sempre alcança.”
(Renato Russo)(Renato Russo)(Renato Russo)(Renato Russo)
viii
RESUMO
Neste trabalho foi desenvolvida a caracterização sedimentológica e petrológica da Formação
Sergi, que compreende uma seqüência siliciclástica depositada durante a fase pré-rifte da
Bacia Sedimentar do Recôncavo, situando-se na sua borda oeste. A Formação Sergi é
composta essencialmente por arenitos muito grossos (conglomeráticos) a muito finos, por
eventuais níveis de conglomerados granulosos, excepcionalmente seixos, e raras camadas
delgadas de lamitos arenosos. Do ponto de vista hidrogeológico o aqüífero é constituído
basicamente pelos arenitos dessa Formação. O objetivo principal deste trabalho foi avaliar a
presença de Flúor na água subterrânea e determinar a sua origem e distribuição.
Palavras-chave: Formação Sergi; Aquífero Sergi; Petrografia; Distribuição do Flúor.
ix
ABSTRACT
This work was developed petrological and sedimentological characterization of the Sergi
Formation, which comprises a siliciclastic sequence deposited during the pre-rift sedimentary
basin of the Recôncavo, standing on its western edge. The Sergi Formation consists mainly of
very coarse sandstones (conglomeratic) to very fine, possible levels of granular conglomerates
exceptionally pebbles, and rare thin layers of sandy mudstones. From the hydrogeological
point of view the aquifer consists mainly of sandstones by formation. The main objective of
this study was to evaluate the presence of fluoride in ground water and determine its origin
and distribution.
Keywords: Sergi Formation; Sergi aquifer; Petrography; Distribution of fluoride.
x
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS...........................................................................................................XII
LISTA DE FOTOGRAFIAS..............................................................................................XIII
LISTA DE TABELAS.........................................................................................................XIII
1.0 - APRESENTAÇÃO.........................................................................................................14
1.1 - INTRODUÇÃO...................................................................................................14
1.2 - OBJETIVO..........................................................................................................15
1.3 - LOCALIZAÇÃO DA ÁREA.............................................................................15
2.0 - METODOLOGIA ..........................................................................................................18
2.1 - ETAPA PRÉ-CAMPO........................................................................................18
2.1.1 - LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO..... ..............................................18
2.1.2 - AULAS TEÓRICAS....................................................................................18
2.2 - ETAPA DE CAMPO..........................................................................................19
2.2.1 - RECONHECIMENTO GEOLÓGICO.....................................................19
2.2.2 - SISTEMÁTICA DO TRABALHO E PERFIS DE AFLORAMENTO..21
2.3 - ETAPA PÓS-CAMPO .......................................................................................23
3.0 - O FLÚOR NO AMBIENTE..........................................................................................25
3.1 - CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA................ .....................................25
3.2 - FLÚOR NOS AMBIENTES NATURAIS........................................................25
3.2.1 - ROCHAS E MINERAIS.............................................................................26
3.2.2 - ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS.......................................28
3.2.3 - ORGANISMOS............................................................................................29
3.2.4 - SOLOS..........................................................................................................30
3.3 - TOXICOLOGIA DO FLÚOR...........................................................................31
3.4 - EFEITO DO FLÚOR NA SAÚDE HUMANA.................................................32
3.5 - FONTES NATURAIS E ANTRÓPICAS DE POLUIÇÃO POR FLÚOR....34
4.0 - GEOLOGIA REGIONAL - BACIA DO RECÔNCAVO NORTE. ...........................36
4.1 - ESTRATIGRAFIA.............................................................................................38
4.1.1 - EMBASAMENTO CRISTALINO.............................................................41
4.1.2 - SUPERSEQUÊNCIA PALEOZÓICA.......................................................41
4.1.2.1 - FORMAÇÃO AFLIGIDOS.............................................................42
4.1.3 - SUPERSEQUÊNCIA PRÉ-RIFTE...........................................................42
xi
4.1.3.1 - GRUPO BROTAS.............................................................................43
4.1.3.2 - GRUPO SANTO AMARO...............................................................44
4.1.4 - SUPERSEQUÊNCIA RIFTE ....................................................................45
4.1.4.1 - GRUPO ILHAS.................................................................................45
4.1.4.2 - GRUPO MASSACARÁ....................................................................46
4.1.4.3 - FORMAÇÃO SALVADOR.............................................................47
4.1.5 - SUPERSEQUÊNCIA PÓS-RIFTE............................................................47
4.1.5.1 - FORMAÇÃO MARIZAL................................................................48
4.1.5.2 - FORMAÇÃO SABIÁ........................................................................48
4.1.5.3 - FORMAÇÃO BARREIRAS............................................................48
4.2 - EVOLUÇÃO TECTONO-SEDIMENTAR......................................................49
4.2.1 - FASE DE SINÉCLISE................................................................................50
4.2.2 - FASE PRÉ-RIFTE.......................................................................................51
4.2.3 - FASE RIFTE................................................................................................52
4.2.4 - FASE PÓS-RIFTE.......................................................................................53
4.3 - ARCABOUÇO ESTRUTURAL........................................................................54
5.0 - FORMAÇÃO SERGI.....................................................................................................56
5.1 - COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA E TEXTURAL.... .................................56
5.2 - ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES E ESTRATIGRAFIA DE SEQÜÊNCIAS DOS
ARENITOS SERGI ............................................................................................58
5.3 - SISTEMA AQÜÍFERO SERGI ........................................................................58
5.4 - CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA E HIDROGE OQUÍMICA
DO SISTEMA AQUÍFERO SERGI..................................................................58
6.0 - RESULTADOS OBTIDOS............................................................................................64
7.0 - CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES.........................................................70
8.0 - REFERÊNCIAS..............................................................................................................71
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 - Mapa de localização da bacia do Recôncavo (modificado de Figueiredo et al., 1994).........................................................................................................................................14
Figura 1.4 - Localização dos Poços tubulares utilizados na pesquisa. Fonte: Companhia de Engenharia Rural da Bahia – CERB e SIAGAS/ CPRM. Modificado....................................17
Figura 2.1 - Perfil construtivo do poço CERB.1-239/74. Fonte: modificado do SIAGAS/CPRM........................................................................................................................22
Figura 3.1 - Flúor em ambientes superficiais, inclusive em produtos agrícolas......................35
Figura 4.1 - Mapa de localização da Bacia do Recôncavo (modificado de Figueiredo et. al., 1994).........................................................................................................................................36
Figura 4.2 - Seção geológica esquemática da Bacia do Recôncavo com a borda falhada a leste e a flexural a oeste, retirada e modificada do site www.brasil-rounds.gov.br/geral/secoes/sg_reconcavo.pdf acessado em Agosto de 2011...........................37
Figura 4.3 - Coluna Estratigráfica da Bacia do Recôncavo, modificada Silva et al. (2007)...40
Figura 4.4 - Mapa geológico esquemático da Bacia Recôncavo-Tucano-Jatobá com as seqüências pré, sin e pós rifte. Retirado de Magnavita et al.(2005)..........................................50
Figura 4.5 - Bloco diagrama esquemático da deposição da Formação Sergi na fase pré-rifte da Bacia do Recôncavo. Fonte: Magnavita et al., 1998............................................................51
Figura 4.6 - Paleogeografia sin-rifte da Bacia do Recôncavo. Modificado de Medeiros e Ponte, 1981................................................................................................................................52
Figura 4.7 - Limites e arcabouço estrutural da Bacia do Recôncavo, ao nível da seção pré-rift (Santos, 1998, editado por Milhomem et al., 2003)..................................................................55
Figura 5.1 - Classificação das águas subterrâneas – Formação Sergi......................................63
Figura 6.1 - Histograma do pH das águas subterrâneas...........................................................67
Figura 6.2 - Distribuição da CE (µS/cm) em todos os poços estudados..................................68
Figura 6.3 - Distribuição estatística do STD de todos os poços estudados..............................69
Figura 6.4 - Gráfico da concentração de Flúor (F) nos poços de água subterrânea.................69
xiii
LISTA DE FOTOGRAFIAS
Foto 2.1 - Perfil da Formação Sergi, onde: a) arenito bege maciço sub-horizontal com muita bioturbação, granulometria fina a média e grãos de quartzo bem arredondados b) arenito muito argiloso, coloração roxo escuro c) arenito cinza com granulometria fina e grãos angulosos...................................................................................................................................20
Foto 2.2 - Afloramento visitado da Formação Sergi................................................................20
Foto 2.3 - Bioturbação construída por icnofósseis, presentes no fácie a)................................20
Foto 2.4 – Estratificação cruzada presente na Formação Sergi, comprovando sua origem flúvio-eólica..............................................................................................................................21
Foto 3.1 - Fluorose dentária......................................................................................................34
Foto 3.2 - Fluorose dentária, onde as manchas brancas indicam esmalte frágil e poroso........34
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - a) Registros dos poços da Formação Sergi com seus nomes cadastrais no banco de dados da Cerb. b) Tabela com localização dos poços, parâmetros físico-químicos e químicos....................................................................................................................................23
Tabela 3.1 - Principais minerais portadores de flúor. Fonte: Modificado de Allmann; Koritnig (1972)........................................................................................................................................27Tabela 3.2 - Intervalos de concentração de flúor em rochas ígneas. Fonte: Modificado de Allmann; Koritnig (1972).........................................................................................................27
Tabela 3.3 - Concentrações de fluoreto nas águas naturais. Fonte: Modificado de Hem (1985)........................................................................................................................................28
Tabela 3.4 - Efeitos do íon flúor, dissolvido em água, sob a saúde humana...........................32
Tabela 5.1 - Sumário estatístico - Formação Sergi..................................................................62
Tabela 6.1 - Tabela que mostra a variação máxima e mínima, e também, média dos dados...64
Tabela 6.2 - Padrão de aceitação de água para consumo humano (Portaria 518/2004)...........65
Tabela 6.3 - Correlações entre os parâmetros analisados.........................................................66
14
CAPÍTULO 1 APRESENTAÇÃO
1.1 INTRODUÇÃO
A Bacia Sedimentar do Recôncavo, localizada no Estado da Bahia (Figura 1.1), é
classificada como um aulacógeno cuja origem está associada à abertura do oceano Atlântico
Sul. Nela, a Formação Sergi foi depositada na fase Pré-rifte, durante o final do Jurássico,
recentemente datada através de palinomorfos (Regali et al., 2002). Trata-se de um pacote
sedimentar composto predominantemente por arenitos (subarcósio) depositados em
paleoambientes fluviais e eólicos sob condições áridas/semi-áridas (De Ros, 1986).
Figura 1.1 - Mapa de localização da bacia do Recôncavo (modificado de Figueiredo et al., 1994).
15
Na área onde afloram sedimentos da Formação Sergi distribuem-se diversos
Municípios que utilizam as águas subterrâneas desse aqüífero de extensão regional, em geral
homogêneo e isotrópico, de boa permeabilidade e porosidade primária, para seu
abastecimento público urbano e rural. O presente estudo detalhará as ocorrências de flúor em
águas subterrâneas, obtidas em poços tubulares, em Municípios como Saubara, Arací e Vera
Cruz, entre outros localizados na borda oeste da bacia sedimentar do Recôncavo. A sua
origem está provavelmente associada ao produto do intemperismo dos minerais nos quais ele
é elemento principal ou secundário: fluorita, apatita, flúor-apatita, turmalina, topázio e mica.
Determinados níveis da Formação Sergi apresentam-se mineralogicamente imaturos podendo
conter um ou mais desses minerais que ao se intemperizarem liberam o flúor contido na sua
estrutura cristalina para a água subterrânea
1.2 OBJETIVO
O presente projeto tem como objetivo o estudo sobre a origem do elemento Flúor, que
está presente nas águas subterrâneas da Formação Sergi. Admite-se como hipótese de trabalho
que os teores de Flúor na água podem refletir determinados níveis por onde ela percola
guardando uma estreita relação com a composição mineralógica do nível estratigráfico
armazenador da água.
1.3 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA
Os poços utilizados para este presente trabalho, estão localizados em 3 (três)
municípios do estado da Bahia, entre eles, temos: Arací, Saubara e Vera Cruz.
O Município de Arací está localizado na região de planejamento Nordeste do Estado
da Bahia, limitando-se a leste com o Município de Tucano, a sul com Biritinga, Teofilândia e
Serrinha, a oeste com Conceição do Coité e Santaluz e a norte com Cansanção e Quijingue. A
área municipal é de 1.576,3 km e os limites do município podem ser observados no Mapa do
Sistema de Transporte do Estado da Bahia na escala 1:1.500.000. “A sede municipal tem
altitude de 212 metros e coordenadas geográficas 11°20’00” de latitude sul e 38°57’00” de
longitude oeste. O acesso, a partir de Salvador, é efetuado pelas rodovias pavimentadas BR-
324 e BR-116, num percurso total de 211 km.
16
O Município de Saubara localiza-se no interior do Recôncavo Baiano, entre os
municípios de Salinas da Margarida, Maragogipe, Santo Amaro da Purificação e Cachoeira. A
área municipal é de aproximadamente 158.933 km² e está próxima à foz do Rio Paraguaçu,
apresentando características paisagísticas diversificadas. Está situada à 94 km de Salvador e
seu acesso pode ser feito partindo-se de Salvador pela BR-324, seguindo por 59 km até o
entroncamento da BA-026, deste ponto até Santo Amaro, são mais 11km. De Santo Amaro
seguir 5 km, ao sul, pela mesma BA-026, até o entroncamento com a BA-420, seguindo por
mais 19 km, em direção a Saubara.
Já o Município de Vera Cruz é um município brasileiro do estado da Bahia, que se
localiza a uma latitude 12º 57' 32" Sul e a uma longitude 38º 36' 16” Oeste, na região
metropolitana de Salvador. Possui uma área de 211 km² e está limitada à Norte por Itaparica,
à Sul por Jaguaripe, à Leste por Salvador e Oceano Atlântico, e à Oeste por Jaguaripe e
Salinas da Margarida. O acesso a este município pode ser feito de duas maneiras, através das
vias Terrestres e Marítima, a ilha tem seu acesso facilitado por sua integração ao sistema
ferry-boat e Catamarã, que liga os Terminais de São Joaquim, em Salvador, a Bom Despacho,
em Itaparica, totalizando 15 km de distância da capital; e há, também, a opção terrestre que
totaliza 278 km da capital.
A Figura 1.4 mostra o mapa de situação e localização dos 9 poços estudados, estes
estão plotados na Formação Sergi, conforme é demonstrado na legenda.
17
Figura 1.4 – Localização dos Poços tubulares utilizados na pesquisa. Fonte: Companhia de Engenharia Rural da Bahia – CERB e SIAGAS/ CPRM. Modificado.
18
CAPÍTULO 2 METODOLOGIA
A metodologia desenvolvida neste presente Trabalho Final de Graduação é dividida
em etapas, entre estas temos a pré-campo, de campo e pós-campo.
2.1 ETAPA PRÉ-CAMPO
2.1.1 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
Este Trabalho Final de Graduação foi elaborado e desenvolvido a partir de um
processo sistematizado de pesquisa bibliográfica e documental. A pesquisa bibliográfica foi
realizada no intuito de se buscar o domínio do estado da arte presente na literatura do tema
abordado, através do levantamento de publicações impressas e/ou eletrônicas, a partir de
pesquisa de livros, documentos (artigos e publicações), arquivos fotográficos e os principais
trabalhos já realizados na área de estudo. Todo esse material, foi catalogado de acordo com a
estruturação a qual esta monografia foi elaborada, de forma a facilitar a sua utilização tanto na
forma de consulta como também na forma de referência.
O estudo da literatura pertinente pôde ajudar a planificação do trabalho, evitar
duplicações e certos erros, e representa uma fonte indispensável de informações sobre a
Formação Sergi e a origem do elemento Flúor que é detectado nas análises químicas das
águas subterrâneas.
2.1.2 AULAS TEÓRICAS
Etapa embasada em aulas no decorrer do curso e discussões importantes com os
orientadores sobre o tema do projeto, bem como as suas características estruturais,
litofaciológicas, deposicionais, entre outras.
19
O Trabalho Final de Graduação (TFG) é resultado do esforço de síntese, realizado pelo
autor deste com auxílio dos orientadores para articular os conhecimentos teóricos adquiridos
ao longo do curso com o processo de investigação e reflexão acerca do tema escolhido.
2.2 ETAPA DE CAMPO
Inicialmente foram utilizados os dados físico-químicos de nove poços tubulares
disponíveis nos arquivos da Companhia de Engenharia Rural da Bahia – CERB e do Sistema
de Informações de Águas Subterrâneas - SIAGAS/ CPRM. Com relação ao reconhecimento
geológico da Formação Sergi, se fez necessária a realização de uma visita de campo aos
afloramentos que melhor caracterizam a Formação Sergi, principalmente na região de
Saubara.
As análises químicas foram feitas pela EMBASA e pela CERB com objetivo de
abastecimento urbano de propriedades rurais. Deste modo foi possível a utilização do método
de pesquisa hidrogeoquímica que relaciona os teores destas substâncias a possíveis danos ou
benefícios à saúde de animais e vegetais, assim como sua repercussão na qualidade do solo e
dos processos industriais que utilizam água.
2.2.1 RECONHECIMENTO GEOLÓGICO
Nesta etapa foram utilizados equipamentos como: Bússola geológica Brunton (modelo
Eclipse), Global Positioning System (GPS), máquina fotográfica, caderneta de campo, lupa
(10x), martelo geológico e trena.
As informações petrográficas foram obtidas através da bibliografia, além da visita de
campo (02/11/2011) ao município de Saubara e Santo Amaro, onde ocorrem exposições
ilustrativas com os diversos fácies (Foto 2.1 e 2.2) do arenito Sergi. Com base na descrição
petrográfica das rochas foram enfatizadas as relações texturais presentes, e em campo, a
análise macrotextural embasou a individualização dos fácies, além de macroestruturas como
bioturbações (Foto 2.3) e estratificação cruzada (Foto 2.4).
20
Foto 2.1 – Perfil da Formação Sergi, onde: a) arenito bege maciço sub-horizontal com muita bioturbação, granulometria fina a média e grãos de quartzo bem arredondados b) arenito muito argiloso, coloração roxo escuro c) arenito cinza com granulometria fina e grãos angulosos.
Foto 2.2 – Afloramento visitado da Formação Sergi. Foto 2.3 – Bioturbação construída por icnofósseis, presentes no fácie a).
21
2.2.2 SISTEMÁTICA DO TRABALHO E PERFIS DE AFLORAMEN TO
As análises químicas foram feitas pela EMBASA e pela CERB (Companhia de
Engenharia Rural da Bahia) com objetivo de abastecimento humano de propriedades rurais.
Deste modo foi possível a utilização do método de pesquisa hidrogeoquímica que relaciona os
teores destas substâncias a possíveis danos ou benefícios à saúde de animais e vegetais, assim
como sua repercussão na qualidade do solo e dos processos industriais que utilizam água.
O perfil construtivo (Figura 2.1) tem como base o poço tubular CERB.1-239/74,
construído na localidade de Saubara, município de Santo Amaro – BA, nas coordenadas
geográficas (UTM): X= 524.350 e Y= 8.592.000. Este poço é bastante representativo, pois a
litologia predominante nele é a Formação Sergi e expressa bem os diversos tipos de arenitos
que compõem a Formação, sendo os primeiros 3 metros compostos de coberturas
quaternários.
Foto 2.4 – Estratificação cruzada presente na Formação Sergi, comprovando sua origem flúvio-eólica.
22
Figura 2.1 – Perfil construtivo do poço CERB.1-239/74. Fonte: modificado do SIAGAS/CPRM.
23
2.3 ETAPA PÓS-CAMPO
Nesta etapa onde ocorreu o processamento dos dados físico-químicos das águas
subterrâneas de nove poços tubulares obtidos na bibliografia. Esses dados físicos e químicos
foram retirados de arquivos da Companhia de Engenharia Rural da Bahia – CERB e do
Sistema de Informações de Águas Subterrâneas SIAGAS/ CPRM. Nos poços pesquisados
foram realizadas análises para determinação dos parâmetros físico-químicos como pH, CE, Fe
total, STD, turbidez e cor, além de parâmetros químicos tais como, os cátions maiores (Ca,
Mg, Na e K), ânions maiores (Cl, HCO3, SO4 e NO3) e elementos menores (F, N-nitrato, N-
nitrito) (Tabela 2.1 – a e b).
Poço Formação N.Cerb
1° Sergi CERB 1-1210/81
2° Sergi CERB 1-1214/81
3° Sergi CERB 1
4° Sergi CERB 1-1247
5° Sergi CERB JFRA059
6° Sergi CERB 1
7° Sergi EMBASA 1
8° Sergi PG - 70
9° Sergi CERB 1-2026/84
Tabela 2.1 – a) Registros dos poços da Formação Sergi com seus nomes cadastrais no banco de dados da Cerb.
24
Poço X Y Na K Ca Mg Cl CO 3 HCO3 SO4 CE Fluoreto N Nitrato
N Nitrito Dureza pH STD Turbidez Fe
total Cor
1° - 18 525271,3 8560009,9 130 7,80 16,70 6,80 160,00 0,0 183,00 5,00 848,00 0,20 0,20 0,04 70,00 7,60 300,0 0,60 0,20 5,00
2° - 20 524397,1 8559181,3 99 8,90 10,26 6,30 120,00 10 136,00 5,00 715,00 0,20 0,20 0,04 52,00 8,10 394,0 0,70 0,20 5,00
3° - 39 523939,2 8587166,5 20 6,00 19,90 3,40 15,90 0,0 61,90 2,51 183,00 1,48 - 0,27 33,90 7,67 91,0 1,61 - 5,00
4° - 46 523906,4 8584002,5 15 8,31 36,00 12,64 53,00 0,0 74,00 11,50 252,00 0,02 - - 88,00 7,90 - 9,70 3,24 45,00
5° - 57 524124,0 8591639,0 26 4,00 10,10 3,18 10,90 0,0 65,20 3,79 174,00 0,02 0,02 0,26 23,20 6,82 82,5 1,40 0,11 5,00
6° - 58 523212,4 8583265,9 14 6,60 43,70 12,00 19,80 - 64,50 10,30 246,90 0,14 0,14 0,02 93,10 6,44 133,0 8,93 1,80 0,50
7° - 91 523211,6 8583277,4 14 6,60 43,70 12,00 19,80 - 64,50 10,30 419,73 - - - - - - - - -
8° - 92 524240,4 8587761,4 210 4,20 44,00 1,21 130,00 0,0 370,80 115,00 1445,00 - - - 11,50 7,90 - - - -
9° - 87 505035,2 8768771,9 380 7,80 206,85 155,58 465,26 0,0 394,12 174,65 5310,00 0,78 - 0,55 1614,01 7,87 - 12,01 1,22 0,00
Tabela 2.1 – b) Tabela com localização dos poços, parâmetros físico-químicos e químicos.
25
CAPÍTULO 3 O FLÚOR NO AMBIENTE
3.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO FLÚOR
O Flúor é o elemento químico mais eletronegativo da tabela periódica e o mais leve do
grupo dos halogênios. Dentre as suas características pode-se citar a mobilidade química
moderada entre os pH 5,0 e 8,5, é o único isótopo com número de massa 18, 998 e, quando
em solução, forma íons fluoreto (F-). Segundo Lucas (1988) outros estados de oxidação não
são conhecidos, no entanto, espécies distintas são detectadas em águas de baixo pH, como
HFº e complexos com ácido silícico. Roberson & Barnes (1978) indicam a formação de
estruturas de coordenação quatro ou seis, como SiF6-2 ou SiF4º, a primeira predominando em
ambientes vulcânicos. Pitter (1985) afirma que, sob condições ambientais superficiais, o flúor
é encontrado mais frequentemente formando complexos com alumínio, ferro e boro.
O Flúor tem uma concentração média na crosta terrestre situada na faixa de 0,05 ppm,
de acordo com Vinogradov (1959), e quando possui valores maiores a este são considerados
anomalias geoquímicas, podendo indicar jazidas minerais e possuírem valor econômico. O
Flúor é um elemento tipicamente litófilo, sendo encontrado em maiores concentrações nas
rochas ígneas alcalinas, ácidas e intermediárias (850 – 1200 ppm), sendo este elemento
encontrado naturalmente em fase sólida, combinado e formando ligações iônicas.
O elemento Flúor tem característica altamente corrosiva, reagindo com quase todas as
substâncias orgânicas e inorgânicas tendo na natureza uma coloração amarela clara. Seu ponto
de ebulição é -188,13°C e o de fusão é -219,61°C, a densidade (estado líquido) é de 1,512 e a
entalpia de dissociação é de 37,7 Kcal.
3.2 FLÚOR NOS AMBIENTES NATURAIS
O Flúor normalmente aparece na natureza através do intemperismo das rochas que o
libera para a água através dos processos de solubilidade e hidrólise dos minerais.
A maior quantidade de fluoretos está disponibilizada nos minerais de maior
solubilidade que os retira através de soluções percolantes. Normalmente os fluoretos ficam
26
retidos nos argilominerais e, nesses casos, eles migram mais lentamente. Isto justifica o fato
das águas superficiais apresentarem baixas concentrações de fluoreto, sendo justificado pelo
transporte dos continentes para os oceanos ser mais eficiente através de partículas em
suspensão nos rios do que em solução.
Já nos oceanos, o flúor é retirado do ambiente através da incorporação nos organismos
carbonáticos ou fixado pelos argilominerais. Neste ambiente, ocorre também a formação de
fosforitos, um depósito sedimentar de grande importância, pois é composto de flúor-apatita
e/ou hidroxi-apatita.
3.2.1 ROCHAS E MINERAIS
Durante a evolução magmática o flúor geralmente ocorre como um componente
característico da fase volátil, concentrando-se nas fases finais da evolução em rochas
alcalinas, carbonatitos, depósitos hidrotermais, zonas de alteração e pegmatitos, geralmente
como fluorita.
Na natureza, o Flúor é encontrado nos constituintes das rochas silicáticas, onde a
apatita (Ca10(PO4)F2), é um dos minerais mais ricos em flúor. Em alguns minerais formadores
de rochas ele aparece como componente essencial, ou seja, aparece como ânion maior, isto
ocorre nos seguintes exemplos: fluorita (CaF2), criolita (Na3AlF6) e topázio
(Al 2SiO4(OH,F)2). Nas rochas ígneas, o flúor está representado pelos minerais de apatita,
micas e anfibólios, conforme registrado em análises químicas (Tabela 3.1).
O Flúor também pode ser fixado em alguns hidroxi-silicatos e hidroxi-alumino-
silicatos complexos, nos quais os íons hidroxilas (OH)- podem ser substituídos por F- como
ocorrem nos anfibólios, minerais do grupo das micas (especialmente biotita) e minerais de
argila (argilominerais) como illita, clorita e esmectita.
27
Em complexos graníticos, temos correlações positivas do flúor com Be, Li, B, Mn e
Mg, segundo Allmann; Koritnig (1972). Em rochas ígneas, as fontes naturais de
enriquecimento em flúor são relacionadas às ocorrências de fumarolas e gases magmáticos,
vidro vulcânico, e como já citado anteriormente, depósitos hidrotermais e minerais acessórios,
como apatita, micas e anfibólios, e outros minerais pegmatíticos como topázio, turmalina,
fluorita, etc. A tabela 3.2 mostra os intervalos onde temos as concentrações de flúor nos
principais tipos de rochas ígneas.
Tabela 3.1 - Principais minerais portadores de flúor. Fonte: Modificado de Allmann; Koritnig (1972).
Tabela 3.2 - Intervalos de concentração de flúor em rochas ígneas. Fonte: Modificado de Allmann; Koritnig (1972).
28
A fluorita é um mineral instável sob diversas condições de intemperismo, oxidantes ou
redutoras, ácidas ou alcalinas, promovendo a liberação do flúor para um ambiente secundário.
Ocorrem como produto de cristalização tardia associada à calcita, pirita, apatita, barita,
esfarelita, galena, calcedônia e quartzo em granitos, sienitos e graisens. Nos pegmatitos
graníticos, foi determinada a temperatura de cristalização da fluorita entre 450-550°C (Deer et
al., 1997). Fluoritas epigenéticas possuem temperaturas de formação entre 83 e 115°C. Em
rochas ígneas alcalinas a fluorita constitui freqüentes veios em nefelina-sienitos. Em granitos
alcalinos ocorre intersticial ou associada em veios pegmatíticos à apatita, cassiterita, topázio,
lepidolita.
Em rochas sedimentares encontramos raros minerais que contém flúor como, por
exemplo, a apatita, aragonita, argilominerais, opala e fluorita. De acordo com Hem (1985),
são registradas concentrações médias de flúor em arenitos (220 ppm), folhelhos (560 ppm),
rochas carbonáticas (112 ppm), carvões (40 a 480 ppm) e fosforitos (24000 a 41000 ppm). A
fluorita pode ser encontrada no cimento de arenitos e em sedimentos calcáreos ricos em óleo.
Em rochas metamórficas o registro de minerais que contenham flúor é raro, havendo
ocasionais registros de fluorita e apatita em xistos e gnaisses.
3.2.2 ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS
Nas águas superficiais e subterrâneas o fluoreto, em geral, ocorre em baixas
concentrações, porém o intemperismo das rochas e o aporte a partir de fontes antropogênicas
podem aumentar substancialmente as concentrações, enquanto que nas águas de fontes
hidrotermais as concentrações são frequentemente mais elevadas. A Tabela 3.3 mostra as
concentrações de fluoreto nas águas naturais.
Diversas são as substâncias químicas inorgânicas incorporadas às águas subterrâneas
pela dissolução/alteração das rochas. Muitas destas substâncias minerais são fundamentais
Tabela 3.3 - Concentrações de fluoreto nas águas naturais. Fonte: Modificado de Hem (1985).
29
para a saúde humana, mas o tipo de efeito provocado no organismo depende, entre outros
fatores, dos teores ingeridos pelo indivíduo. Nas águas subterrâneas comuns o Flúor encontra-
se normalmente em concentrações inferiores a 1 mg/L (Davis & Wiest, 1971). Valores
superiores a 3 mg/L são pouco freqüentes e acima de 10 mg/L são raros (Hem, 1985).
A concentração de Flúor nas águas naturais depende de fatores como: temperatura,
PCO2, pH, presença ou não de complexos minerais, íons precipitados e colóides, dinâmica do
fluxo, solubilidade de minerais, capacidade de troca iônica e sorção-adsorção de minerais, a
granulometria e o tipo da litologia e o tempo de residência das águas (Apambire et al., 1997).
As características químicas das águas subterrâneas refletem os meios por onde
percolam, e revelam a relação verdadeira entre os tipos de rocha e os produtos das atividades
humanas adquiridos ao longo do seu trajeto. Esta relação é predominante nos locais onde os
aqüíferos são do tipo fissural, pois estes são facilmente influenciados pelas atividades
humanas. Quando próximos a grandes centros urbanos podem sofrer influência de efluentes
líquidos industriais e domésticos, vazamentos de depósitos de combustíveis, chorumes
provenientes de depósitos de lixo doméstico, descargas gasosas e de material particulado
lançado na atmosfera pelas indústrias e veículos. E quando localizados em áreas onde são
desenvolvidas atividades agrícolas, estão sujeitos a produtos químicos advindos da agricultura
como inseticidas, herbicidas, adubos químicos, calcário, entre outros.
3.2.3 ORGANISMOS
As plantas normalmente apresentam baixas concentrações (menos de 10 mg/kg-1,
segundo Davison (1983)) de Flúor, com exceção do chá preto que pode conter até 400 ppm.
Raízes e folhas apresentam valores maiores que os frutos, sementes, talos e troncos e
geralmente mostram conteúdos menores que 20 a 30 ppm.
Em áreas poluídas, o Flúor das plantas é retirado do ar através dos estômatos das
folhas. Já as raízes reagem de forma passiva à retirada de fluoreto da água do solo, onde
praticamente todo o fluoreto absorvido pelas raízes é dissolvido na água, justificando o fato
das raízes conterem mais concentração de fluoreto do que as folhas.
Nos animais, o fluoreto concentra-se nos ossos, e os organismos são muito sensíveis a
este tipo de poluição. Existem casos de fluorose bovina adquiridos através da ingestão,
30
principalmente no inverno de forragem que contém partículas de solo com elevados teores de
flúor.
3.2.4 SOLOS
Os solos são constituídos de fragmentos minerais produtos do intemperismo, dos
minerais neo-formados, da matéria orgânica em diversos estágios de decomposição, de
microorganismos, além de solutos e gases que preenchem os poros.
As mudanças que ocorrem no meio ambiente e as cargas poluentes fazem com que o
solo sofra diferentes reações, para isso alguns parâmetros devem ser analisados como: o
conteúdo de argilominerais, matéria orgânica, carbonato de cálcio e capacidade de troca
catiônica (CTC) (Batjes, 2000).
Alguns autores definem os principais processos controladores da mobilidade iônica
nos solos e nas águas, entre estes, Sposito (1989), revela que a adsorção é como uma remoção
de espécies dissolvidas da solução pelo acoplamento à superfície de um sólido e desorção é
como a liberação de espécies para a solução. Afirma que a troca iônica é um fenômeno de
adsorção/desorção no qual sua aplicação está diretamente ligada a materiais que possuem
estruturas porosas que contém cargas fixas, os argilominerais são um comum exemplo de
tocador iônico em ambientes de solo, rocha e água subterrânea e também governam a
disponibilidade de nutrientes para as plantas.
De acordo com Who (2002) todos os solos possuem, ainda que pequenas quantidades
de Flúor, que variam a concentração de 20 a 1000 µg g-1 em áreas naturais; em solos ácidos,
com pH menor de 6, o flúor forma complexos com alumínio e/ou ferro; em solos alcalinos,
com pH igual ou maior que 6,5, é fixado como fluoreto de cálcio, quando suficiente carbonato
de cálcio está disponível. Já Pickering (1985) afirma que a mobilidade do flúor é controlada
pelo pH e pela formação de complexos de alumínio e cálcio.
Quando estão em solos mais profundos as concentrações aumentam quando este é
mais ácido. Isto ocorre, segundo Davison (1983), porque o Flúor possui pouca afinidade com
a matéria orgânica, o que faz com que haja a lixiviação do elemento dos horizontes mais
superficiais e ácidos. Já a liberação do Flúor para o solo depende da forma química, da
velocidade de deposição, da química do solo e do clima.
31
Em solos arenosos e ácidos o Flúor tende a estar na sua forma solúvel, já em solos
com pH corrigido com calcário (pH entre 5,5 a 7,0), a fluorita é a fase sólida que controla a
atividade do flúor nos solos (Street & Elwali, 1983). Já em solos com pH inferior a 5,0, a
atividade do íon fluoreto indica supersaturação em relação a fluorita. Todos estes dados
indicam que quando se faz a correção dos solos ácidos com o uso de calcário
consequentemente temos a precipitação da fluorita, e posterior redução da concentração de
fluoreto na solução.
3.3 TOXICOLOGIA DO FLÚOR
A intoxicação por Flúor depende de fatores como a quantidade consumida, a duração
da ingestão (pois seu efeito é acumulativo), a solubilidade da fonte de flúor, espécie e idade
do animal ou ser humano, estado geral de nutrição e presença de antagonistas (como
alumínio).
O Flúor é necessário no metabolismo humano em concentrações até 0,5 mg/L, quando
ausente causa prejuízos à formação dentária, facilitando a formação de cáries, porém o
excesso desta substância leva a enfermidades como fluorose e fluorosteoporose.
TOXICIDADE AGUDA
Existem casos de intoxicação por Flúor através da ingestão de produtos dentais.
Quando ingerido em quantidades de 1 a 3 mg/dia, o Flúor é perfeitamente seguro. Entretanto,
uma dose de 5 a 10g de fluoreto de sódio (aproximadamente 2,5 a 5g de fluoreto) é uma dose
fatal para um adulto, e para as crianças, quantidades menores são letais. Já Whitford (1992)
afirma que a dose fatal para os seres humanos estaria entre 32 e 64 mgF/kg.
Dentre os sinais e sintomas de uma intoxicação aguda por flúor, encontram-se efeitos
gastrintestinais, como náuseas, vômitos, diarréia, dores abdominais e cólicas; efeitos
neurológicos, como parestesia, tetania e depressão do SNC; efeitos cardiovasculares, como
pulso fraco, hipotensão, palidez, choque e irregularidade de batimentos cardíacos; e efeitos na
bioquímica sanguínea, como acidose, hipocalcemia e hipomagnesemia.
32
TOXICIDADE CRÔNICA
Quando ocorre uma ingestão do Flúor em baixa dosagem, porém por um longo
período, ocorrem alterações nas estruturas dentais e ósseas. Isto acontece porque o íon Flúor
atua de maneira tóxica precipitando o cálcio, que é o elemento essencial a várias funções
fisiológicas, principalmente aos tecidos musculares e nervosos. Por possuir uma afinidade
com os fosfatos, forma fluorapatita; e com o cálcio forma fluoreto de cálcio, pouco solúvel.
Sendo assim, os tecidos ósseos e dentários, portadores de uma elevada quantidade de cálcio e
fosfato, provocam alterações dentárias, como fluorose; e óssea, como a hipercalcificação.
Este tipo de toxicidade crônica pode também causar alterações esqueléticas
incapacitantes com calcificação dos ligamentos, cifose e limitação da mobilidade da coluna
vertebral e tórax.
3.4 EFEITO DO FLÚOR NA SAÚDE HUMANA
O íon Flúor é essencial para a saúde humana, principalmente para finalidades como
uma boa preservação de ossos e dentes. Porém, quando ingerido em excesso, causa uma série
de sistomatologias classificadas como fluorose dental e fluorose do esqueleto. Por outro lado,
quando há uma deficiência no organismo da substância, consequentemente aumenta-se a
vulnerabilidade dos dentes à cárie. Na tabela 3.4, a seguir, têm-se os efeitos do íon Flúor sob a
saúde humana, quando dissolvido em água.
CONCENTRAÇÃO (mg/L) EFEITOS SOBRE A SAÚDE 0,0 Limitações no crescimento
0,0 – 0,5 Não evita cárie dental 0,5 – 1,5 Evita enfraquecimento dos dentes, com efeitos benéficos
sobre a saúde 1,5 – 4,0 Fluorose dental 4,0 – 10,0 Fluorose dental e esquelética
> 10,0 Fluorose deformante
Tabela 3.4 – Efeitos do íon flúor, dissolvido em água, sob a saúde humana.
33
Quando é ingerida uma determinada quantidade de Flúor, somente cerca de 80% é
absorvido no estômago e intestino delgado, enquanto que os 20% restantes são eliminados
através de excreções. A parte que foi absorvida passa ao plasma sanguíneo e é distribuído aos
diferentes tecidos. Por possuir uma afinidade com os tecidos calcificados, o Flúor fica retido
nos ossos, de forma a permanecer sempre acumulado, sendo maior o efeito em organismos em
crescimento.
Cerca de 1mg/L F- contido em águas potáveis é necessário para que seja promovida
uma redução significativa das cavidades dentárias causadas pelas cáries em crianças. Isso
ocorre porque o Flúor funciona como um remineralizador através de reações químicas na
região superficial do esmalte.
No entanto, uma ingestão em excesso de Flúor, durante o processo de formação dos
dentes, pode causar uma intoxicação crônica e originar a fluorose dentária (Foto 3.0 e 3.1),
uma patologia que se manifesta através de manchas esbranquiçadas à amarronzada na
superfície do esmalte dentário ou, até mesmo, por perdas em sua estrutura. Já a fluorose
esqueletal desenvolve o endurecimento ou aumento anormal da densidade óssea em pessoas
que ingerem teores maiores que 3 mg/L F-, de forma continuada. As conseqüências são
detectadas nas articulações do pescoço, costas, joelho, pélvis e ombros, afetando também as
articulações presentes nas mãos e nos pés. Acontece que o tecido ósseo normal origina um
tecido ósseo neoformado, que é mais denso e menos elástico, tornando-o mais susceptível de
ser fraturado.
Além destes efeitos, o Flúor também causa diferentes sintomas gastrointestinais
decorrentes do uso crônico, pois se combina com o HCl do estômago e converte-se em ácido
hidrofluorídrico, que é altamente corrosivo. Tudo isso causa náuseas, vômitos, dor abdominal
e diarréia.
34
A Organização Mundial de Saúde - OMS (Who, 2002) recomenda com a finalidade de
se prevenir as cáries, o consumo de 1,0 a 3,0 mg/dia de flúor para o ser humano, ou seja, de
0,5 a 1,5 mg L-1 de fluoreto na água que é consumida pelos humanos, tanto na sedentação
quanto no preparo de alimentos, estimando-se em 2L água/adulto/dia. Considerando-se que os
valores de concentração são alterados de acordo com condições climáticas e hábitos da
população local, o que pode determinar um consumo diário de água acima ou abaixo do valor
estimado pela OMS. O teor de flúor estabelecido como ótimo na água potável varia entre 0,7
a 1,2mg L-1, segundo as médias de temperaturas anuais (18°C= 1,2 mg L-1, 19-26°C= 0,9 mg
L-1, 27°C= 0,7 mg L-1).
3.5 FONTES NATURAIS E ANTRÓPICAS DE POLUIÇÃO POR FL ÚOR
Substâncias contaminantes e poluentes podem apresentar-se no estado sólido, gasoso
ou líquido e, quanto a sua origem, elas podem advir de fontes pontuais e difusas. As fontes
difusas atingem amplas áreas e relacionam-se às práticas agrícolas (Figura 3.1) pela utilização
de fertilizantes fosfatados e agrotóxicos, ou à queima de carvão em estufas e fornos
domiciliares, entre outros. As fontes pontuais relacionam-se a práticas humanas industriais,
que respondem pelos principais focos de poluição atmosférica associados à queda de
particulados. O fluoreto é lançado no meio ambiente por emissões gasosas industriais via
chaminés de exaustão, águas e rejeitos industriais, e, ainda, através do gás freon e fluoretos
orgânicos.
Foto 3.1 – Fluorose dentária. Foto 3.2 – Fluorose dentária, onde as manchas brancas indicam esmalte frágil e poroso.
35
Quando originado pela ação humana, o Flúor pode ter origem em atividades
industriais como: siderurgia, fundições, fabricação do alumínio, de louças e esmaltados, vidro,
teflon, entre outras. Na forma de clorofluorcarbono (CFC), o Flúor foi amplamente utilizado
como propelente de aerossóis, hoje se encontra em declínio devido às restrições legais, pois
agride e destrói a camada de ozônio.
Figura 3.1 – Flúor em ambientes superficiais, inclusive em produtos agrícolas.
36
CAPÍTULO 4 GEOLOGIA REGIONAL - BACIA DO RECÔNCAVO NORTE
A Bacia do Recôncavo está situada no estado da Bahia, inserida na Região Nordeste
do Brasil, ocupando uma área de aproximadamente 11.500 km² (Figura 4.1). A configuração
estrutural da bacia relaciona-se aos esforços distensionais que resultaram na fragmentação do
Supercontinente Gondwana durante o Eocretáceo, promovendo a abertura do Oceano
Atlântico. Seu arcabouço estrutural exibe a configuração de meio-graben com a borda falhada
a leste e a flexural a oeste (Figura 4.2) e orientação geral NE-SW. A Bacia do Recôncavo está
separada da Bacia de Tucano, a noroeste e norte, pelo Alto de Aporá, e da Bacia de Camamu,
a sul, por uma zona de transferência E-W (Falha da Barra). Está limitada a oeste pelo sistema
de falhas de Maragogipe, separando-a das rochas granulíticas paleoproterozóicas do Cinturão
Itabuna-Salvador-Curaçá (Barbosa & Sabaté, 2002). A leste, o sistema de falhas de Salvador
define seus limites com os granulitos paleoproterozóicos do Cinturão Salvador-Esplanada
(Barbosa, 1996).
Figura 4.1 - Mapa de localização da Bacia do Recôncavo (modificado de Figueiredo et. al., 1994).
37
A Bacia do Recôncavo compõe o setor sul do Rifte Intracontinental Recôncavo-Tucano-Jatobá, que se desenvolveu sobre um complexo
de terrenos de idade predominantemente Pré-Cambriana, evoluindo de uma ampla sinéclise no Jurássico superior para uma bacia tipo
Figura 4.2 - Seção geológica esquemática da Bacia do Recôncavo com a borda falhada a leste e a flexural a oeste, retirada e modificada do site www.brasil-rounds.gov.br/geral/secoes/sg_reconcavo.pdf acessado em Agosto de 2011.
38
rift no Eocretáceo, em decorrência dos processos de estiramento crustal que geraram a
fragmentação do Supercontinente Gondwana.
4.1 ESTRATIGRAFIA
Os primeiros estudos utilizados como referência sobre a seção sedimentar na Bacia do
Recôncavo datam da primeira metade do século XIX, quando Johann Baptist von Spix e Carl
Friedrich Phillip von Martius (Silva et. al., 2007) descreveram unidades aflorantes localizadas
na orla da Baía de Todos os Santos e por este motivo seus nomes estão diretamente ligados
aos trabalhos desenvolvidos.
Sedimentos de idade Neojurássica a Eocretácea preencheram a Bacia do Recôncavo e
englobam as sequências pré-rifte e rifte (Figueiredo et al., 1994). Estas são as maiores
sequências do registro geológico da bacia.
A Carta Estratigráfica do Recôncavo-Tucano foi mantida até o início da década de
1990 quando Caixeta et al. (1994) apresentaram uma nova proposta diferenciada,
incorporando as principais descontinuidades do registro sedimentar que subsidiaram a
definição de seqüências deposicionais de terceira ordem para a Bacia do Recôncavo,
modificando a coluna litoestratigráfica e tendo como embasamento os trabalhos de diversos
autores.
Segundo Caixeta et al. (1994), a sucessão estratigráfica da bacia repousa sobre o
embasamento cristalino, separando-se deste por uma descontinuidade erosiva e temporal.
Compreende estratos com idades desde o Paleozóico até o Cenozóico. Ainda segundo estes
autores, a estratigrafia do Paleozóico na Bacia do Recôncavo é constituída pela Formação
Afligidos, de idade permiana, que compreende os membros Pedrão (base) e Cazumba (topo).
O Membro Pedrão é constituído por arenitos, siltitos e evaporitos que foram depositados em
ambientes de planície de maré e plataforma rasa, e marinho restrito. Esses sedimentos
representam um ciclo marinho regressivo. O Membro Cazumba, por sua vez, é composto por
folhelhos vermelhos que ocorrem intercalados com arenitos finos que foram depositados em
ambiente lacustre raso.
O Supergrupo Bahia de idade juro-cretácea, é subdividido em quatro grupos, dispostos
da base para o topo: Grupo Brotas (composto pelas Formações Aliança e Sergi); Grupo Santo
Amaro (Formações Itaparica, Água Grande, Candeias e Maracangalha); Grupo Ilhas
39
(Formações Marfim, Pojuca e Taquípe) e o Grupo Massacará (Formação São Sebastião). As
Formações Salvador e Marizal completam o Supergrupo Bahia (Viana et al., 1971). Segundo
Magnavita (2005), na Bacia do Recôncavo não há unidades estratigráficas preservadas
correspondentes ao intervalo temporal Mesoalbiano ao Eoceno. Somente no Eomioceno
ocorreu a deposição da Formação Sabiá (Petri, 1972 apud Magnavita, 2005) e sobreposto, no
Plioceno, a deposição da Formação Barreiras.
A análise bioestratigrafica identificou a presença de ostracodes não-marinhos nos
pacotes sedimentares pelíticos, a partir dos quais foram individualizadas biozonas ou andares
que serviram de base para o desenvolvimento de 6 unidades cronoestratigráficas, organizadas
da base para o topo: Dom João, Rio da Serra, Aratu, Buracica, Jiquiá e Alagoas (Viana et al.,
1971).
Os sedimentos dos andares Dom João e Rio da Serra Inferior são estabelecidos,
através da cronoestratigrafia, como pertencentes à fase Pré-rifte. Já os limites da sequência
Rifte possuem muitos conflitos entre os diversos autores, sendo marcante nesta fase a
dinâmica do processo de ruptura da crosta, dando origem a lagos profundos e estreitos.
Segundo Magnavita (1992), a sequência Rifte somente é interpretada para a fase de bacia
faminta. Já para Silva (1993) nesta sequência são incluídos os sedimentos depositados no
início do Andar Rio da Serra Inferior. De modo que o consenso entre estes é que a sequência
Rifte evoluiu durante os andares Rio da Serra Médio, Rio da Serra Superior, Aratu, Buracica e
Jiquiá. O Andar Alagoas representa a fase Pós-rifte da bacia.
A coluna estratigráfica proposta por Viana et al. (2007) (Figura 4.3), foi adotada por
ser a mais recente atualização da nomenclatura litoestratigráfica da Bacia do Recôncavo.
40
Figura 4.3 - Coluna Estratigráfica da Bacia do Recôncavo, modificada de Silva et al. (2007).
41
4.1.1 EMBASAMENTO CRISTALINO
O embasamento pré-Cambriano da Bacia do Recôncavo é composto na porção oeste e
norte por gnaisses, granulitos e migmatitos de idades arqueana a paleoproterozóica do
Cinturão Granulítico Atlântico pertencente ao Bloco Serrinha; aos cinturões Itabuna-
Salvador-Curaçá, a oeste-sudoeste; e Salvador-Esplanada, a leste-nordeste; e ainda por
metassedimentos de idade neoproterozóica da Formação Estância (Inda & Barbosa, 1978).
Sendo, porteriomente, preenchido por um pacote sedimentar repousado discordantemente
sobre o embasamento Pré-Cambriano da Bacia do Recôncavo.
4.1.2 SUPERSEQUÊNCIA PALEOZÓICA
De acordo com Caixeta et al. (1994), a Bacia do Recôncavo tem na sua composição
estratigráfica do Paleozóico a Formação Afligido, que possui idade permiana e compreende os
Membros Pedrão e Cazumba. O Membro Pedrão compõe a base da Formação sendo
composto por arenitos, siltitos e evaporitos depositados em planície de maré, plataforma rasa
e marinho restrito, onde estes sedimentos representam um ciclo marinho regressivo. O
Membro Cazumba que compõe o topo da Formação, é composto por folhelhos vermelhos
intercalados com arenitos finos que representam uma deposição em ambiente lacustre raso.
A supersequência Paleozóica foi depositada sob paleoclima árido e em contexto de
bacia intracratônica, as unidades que a caracterizam mostram uma tendência geral regressiva,
com transição de uma sedimentação marinha rasa, marginal, a bacias evaporíticas isoladas,
ambientes de sabkha continental e sistemas lacustres (Aguiar e Mato, 1990). Indícios do
ocorrido são encontrados nas feições de retrabalhamento por onda que ocorrem nos arenitos,
laminitos algais e evaporitos, estes caracterizam o Membro Pedrão. Já o Membro Cazumba,
predomina a ocorrência de pelitos e lamitos vermelhos lacustres.
42
4.1.2.1 FORMAÇÃO AFLIGIDOS
Uma subdivisão da Formação Aliança, assim foi definida por Viana et al. (1971),
porém Aguiar & Mato (1990) a elevaram a categoria de formação, dividindo-a nos membros
Pedrão e Cazumba.
O Membro Pedrão está na base da formação sendo composto por arenitos com
granulometria variando entre muito fina a média, de coloração cinza a bege, apresentando
feições de retrabalhamento por onda, siltitos ricos em nódulos de sílex e evaporitos
depositados em planície de maré, plataforma rasa e marinho restrito, onde estes sedimentos
representam um ciclo marinho regressivo. O Membro Cazumba, que compõe o topo da
formação, consiste em lamitos e pelitos vermelhos lacustres intercalados com arenitos finos
que representam deposição em ambiente lacustre raso; também podem se encontrar gretas de
contração e feições de colapso. Seus contatos com a Formação Aliança na parte superior e o
com o embasamento na parte inferior são discordantes.
As rochas do Membro Pedrão foram depositadas em um ambiente litorâneo restrito,
possuindo idade permiana atribuída por dados palinológicos. Já o Membro Cazumba foi
depositado em um ambiente lacustre raso; os poucos registros fossilíferos encontrados
dificultaram a determinação da sua idade.
4.1.3 SUPERSEQUÊNCIA PRÉ-RIFTE
Esta fase pré-rifte da Bacia do Recôncavo é considerada por Lanzarini & Terra (1989)
como uma bacia intracratônica, desenvolvida no início da extensão que completa a ruptura do
paleocontinente Gondwana, formando o Oceano Atlântico Sul (Asmus, 1975; Milani, 1985).
Essa bacia denominada de Depressão Afro-Brasileira (Figueiredo et al., 1994), era alongada
na direção Norte-Sul e incluía uma área além da atual Bacia do Recôncavo. Estendia-se até os
limites atuais de outras bacias do Nordeste do Brasil (Tucano, Jatobá, Almada, Sergipe e
Alagoas) e da África (Gabão e Cabinda) (Netto, 1978).
A Supersequência reúne depósitos relacionados ao estágio inicial de flexura da crosta,
em resposta aos esforços distensionais que originaram o sistema de riftes do Eocretáceo. Esta
sedimentação pré-rifte engloba grandes ciclos flúvio-eólicos, subdivididos em três e
representados, da base para o topo, pelo Membro Boipeba da Formação Aliança e pelas
43
Formações Sergi e Água Grande. Transgressões lacustres de caráter regional separam estes
ciclos e são representadas pelo processo de sedimentação predominantemente pelítico que dá
as características do Membro Capianga (Formação Aliança) e da Formação Itaparica. Uma
parte do registro, correspondente às formações Aliança e Sergi que correspondem ao Andar
Dom João, e tem sido relacionada ao Neojurássico. As formações Itaparica e Água Grande
que correspondem ao Andar Rio da Serra inferior são de idade eocretácea (Eoberriasiano),
como o indicam as análises micropaleontológicas.
4.1.3.1 GRUPO BROTAS
Estratigraficamente, o Grupo Brotas foi subdividido por Viana et al. (1971) em duas
formações: Aliança e Sergi. As formações Aliança e Sergi testemunham um amplo sistema
aluvial, desenvolvido provavelmente durante o Neojurássico (Andar Dom João), sob clima
árido e em fase inicial de flexuramento crustal.
A Formação Aliança compõe a base do Grupo e congrega os membros: Boipeba e
Capianga. Sendo o Membro Afligidos excluído deste Grupo após uma reformulação. No
Membro Boipeba comumente ocorrem arenitos cinza-esbranquiçado, vermelhos, marrons e
vermelho-amarelados, finos a médios e micáceos, arcóseos de feldspatos branco de matriz
argilosa e quartzo-arenitos grosseiros, o que representa-os como depósitos de um sistema
fluvial entrelaçado com retrabalhamento eólico. O Membro Capianga possui na sua
composição folhelhos avermelhados, cinza-esbranquiçado e localmente manchados de verde,
quebradiços e muito micáceos, com ocasionais intercalações de calcário microcristalino,
caracterizando-os como depósitos de ambiente lacustre. A Formação Aliança encontra-se
sobreposta discordantemente com a Formação Afligidos e sotoposta concordantemente com a
Formação Sergi (Viana et al. 1971). Admite-se que esta Formação tenha sido depositada em
clima árido, com uma idade Neojurássica.
A Formação Sergi é composta por arenitos regularmente mal selecionados cuja
granulometria varia de finos a conglomeráticos, com coloração pardo-amarelada, cinza-
esverdeado e avermelhada, além de interdigitações e interestratificações de camadas de
folhelhos, siltitos vermelhos e verdes e conglomerados, argilosos, pouco feldspáticos,
raramente micáceos e caulínicos e com freqüentes marcas de onda e estratificações cruzadas.
Esta Formação foi depositada por sistemas fluviais entrelaçados com posterior
retrabalhamento eólico (Caixeta et al., 1994). Na porção superior, são comumente
44
encontrados conglomerados e arenitos grosseiros com seixos esparsos, onde se destacam os
fenoclastos de sílex. A idade da formação provavelmente é Neojurássica.
4.1.3.2 GRUPO SANTO AMARO
O Grupo Santo Amaro, de acordo com Viana et al. (1971), engloba as Formações
Itaparica e Candeias (Andar Rio da Serra inferior) que possuem uma idade eocretácea
(Eoberriasiano), indicadas através de análises micropaleontológicas. Porém, os membros
Água Grande e Maracangalha foram elevados à categoria de formação, que fez com que o
Grupo Santo Amaro (idade Berriasiana a Eobarremiana) passasse a congregar todas quatro
formações, da base para o topo: Formação Itaparica, seguida, sucessivamente, pela Água
Grande, Candeias e Maracangalha.
A Formação Itaparica é composta por folhelhos e siltitos cinza arroxeados e cinza
esverdeados com raras intercalações de arenito fino, tendo o registro de depósitos lacustres de
águas rasas com pequenas incursões fluviais. Nesta formação também são registrados
depósitos eólicos. O contato com a Formação Sergi que está sotoposta é concordante, e com a
Formação Água Grande que encontra-se sobreposta é discordante.
A Formação Água Grande é caracterizada por arenitos finos a médios de coloração
cinza-esverdeada, reconhecida apenas nas bacias do Recôncavo e Tucano Sul. É
interpretada como resultado da atuação de um sistema fluvial entrelaçado e meandrante,
com retrabalhamento eólico. O contato inferior com a Formação Itaparica e superior com a
Formação Candeias é discordante.
A Formação Candeias é composta por folhelhos, calcilutitos e arenitos turbidíticos,
resultante da interpretação de um clima mais úmido à intensificação da atividade tectônica e
estruturação da bacia em áreas plataformais pouco subsidentes, e abrange os membros Tauá e
Gomo. O membro Tauá que compõe a parte basal, caracteriza-se por folhelhos cinza-
escuros. O membro Gomo é constituído por folhelhos cinza-esverdeados, intercalados a
biocalcarenitos, calcilutitos e arenitos turbidíticos inseridos nesse sistema lacustre de
lago profundo. Esta formação marca o início da fase rifte.
A Formação Maracangalha é caracterizada por folhelhos cinza-esverdeados e cinza
escuros que se distribuem entre os membros Caruaçu e Pitanga. O membro Pitanga é
composto por espessas camadas de arenitos muito finos a finos, maciços, sílticos e
45
argilosos, com feições de escape de fluidos, ricos em fragmentos de matéria orgânica
originados por fluxos gravitacionais. Enquanto que o membro Caruaçu é representado por
camadas lenticulares de arenito fino a médio, os quais foram gerados por correntes de
turbidez. O grande volume dos depósitos vinculados a fluxos gravitacionais que caracterizam
os membros da Formação Maracangalha indicam que a batimetria ainda se mantida elevada
enquanto ocorria a deposição.
4.1.4 SUPERSEQUÊNCIA RIFTE
Existem divergências em relação ao limite entre os estágios pré-rifte e rifte da Bacia
do Recôncavo (Magnavita, 1996; Da Silva, 1996). Em 1979, Ghignone sugeriu que a
configuração atual da Bacia do Recôncavo já se esboçava ao tempo de deposição da
Formação Itaparica e mais notadamente da Formação Água Grande, sugerindo um incipiente
controle tectônico. Em 1996, Da Silva atribui esta última unidade à fase rifte. Em sua
concepção, a discordância erosiva que a separa da Formação Itaparica, na porção setentrional
da bacia e na Sub-bacia do Tucano Sul, estaria relacionada a um rejuvenescimento de relevo,
com basculamento para sul, testemunhando uma mudança de regime tectônico.
A interpretação adotada neste trabalho segue a proposta de Caixeta et al. (1994) e
Magnavita (1996), que relacionam o início do rifteamento à transgressão regional que
sobrepõe os pelitos lacustres do Membro Tauá à fácies eólicas presentes no topo da Formação
Água Grande, posicionando o limite entre as fases pré-rifte e rifte na base do Membro Tauá
da Formação Candeias, já descrita. Portanto, neste capítulo serão descritas apenas as demais
formações que compõem o preenchimento do rifte.
4.1.4.1 GRUPO ILHAS
Interpretado por Viana et al. (1971) como depositado em ambiente deltaico, o Grupo
Ilhas (idade que abrange do Valangiano ao Aptiano) é caracterizado pela seção areno-argilosa
situada entre os folhelhos Candeias e os arenitos do Grupo Massacará. E é constituído, da
base para o topo, pelas formações Marfim, Taquipe e Pojuca.
A Formação Marfim, unidade inferior deste grupo, constitui-se, predominantemente,
de arenitos finos a sílticos, raramente grosseiros e bem selecionados, com coloração cinza-
46
claro a esverdeados, localmente bastante argilosos, com freqüentes intercalações de siltitos e
folhelhos cinza-esverdeados correspondendo a depósitos de origem fluvio-deltáica. O
Membro Catu da Formação Marfim depositou-se em onlap sobre as áreas plataformais antes
sujeitas à erosão. Somente ao final do Neo-Rio da Serra (Eohauteriviano), os arenitos
deltaicos dessa unidade recobriram tais áreas plataformais, sobrepondo-se discordantemente a
sedimentos lacustres da porção basal do Andar Rio da Serra superior (Valanginiano).
A Formação Pojuca caracteriza-se, de uma maneira geral, por arenitos, folhelhos,
siltitos e calcários intercalados. Os arenitos são cinza-esbranquiçados, esverdeados e amarelo-
avermelhados, finos a médios, às vezes sílticos, bem selecionados, pouco argilosos,
regularmente a bem estratificados. Os folhelhos são cinza-esverdeados a verde-claros,
localmente castanhos e negros, calcíferos, micáceos, carbonosos, fossilíferos e bem
estratificados. Os siltitos são cinza-claro a esverdeados, areno-argilosos, estratificados plano-
paralelamente ou, localmente, com estratificações cruzadas. Os calcários são castanhos,
criptocristalinos, arenosos e, por vezes, argilosos. A bacia assumiu uma fisiografia de rampa
durante a deposição do Andar Aratu (Da Silva, 1996), e os ciclos deltaico-lacustres sucessivos
(Formação Pojuca) evidenciam um contexto de reduzido gradiente deposicional e baixas taxas
de subsidência.
A Formação Taquipe caracteriza-se por folhelhos cinza, arenitos muito fino a fino,
siltitos e marga. Esta unidade posiciona-se numa feição erosiva em forma de cânion, alongada
na direção Norte-Sul e constatada na porção centro-oeste do Recôncavo. Este cânion foi
originado no início do Mesoaratu (Neo-Hauteriviano) através da reativação da Falha de
Paranaguá (Bueno, 1987), associada a um provável rebaixamento do nível de base, sob
controle climático (Caixeta et al. 1994). São depósitos de fluxos gravitacionais. Esta
formação sobrepõe-se de forma discordantemente erosiva à Formação Pojuca e é recoberta
concordantemente pela mesma formação.
4.1.4.2 GRUPO MASSACARÁ
O Grupo Massacará corresponde à Formação São Sebastião, e, estratigraficamente,
sobrepõe-se de forma concordante ao Grupo Ilhas, sendo recoberta pelas Formações Marizal e
Barreiras, em contatos discordantes.
47
A sua litologia é composta, da base para o topo, por arenitos finos a grosseiros
intercalados com siltitos e folhelhos, sotopostos a arenitos rosados, mal selecionados e
grosseiros, com interestratificações de folhelhos, siltitos e calcários nodulares impuros,
depositados por sistemas fluviais do Berresiano ao Eoaptiano. A porção superior caracteriza-
se por um amplo domínio de arenitos amarelados e vermelhos, quartzosos, mal selecionados e
texturalmente impuros, ou seja, predomínio de fácies fluviais mostrando a fase inicial do
assoreamento do rifte que durante o Jiquiá esteve submetido a um novo ciclo tectônico, com a
criação e a reativação de falhamentos (Aragão, 1994). O Membro Paciência é composto por
arenitos finos a grossos e folhelhos pretos, o Membro Passagem dos Teixeiras por arenitos
finos a médios e folhelhos cinza e o Membro Joanes por arenitos finos e argilas avermelhadas.
4.1.4.3 FORMAÇÃO SALVADOR
Conglomerados polimíticos e arenitos estão relacionados a leques aluviais
sintectônicos (Formação Salvador) localizados na borda leste da Bacia do Recôncavo. A
deposição destes conglomerados tem início apenas nos andares Rio da Serra inicial
(Berriasiano), estendendo-se até o Jiquiá (Neobarremiano/Eoaptiano). Esta defasagem entre o
primeiro registro dos conglomerados de borda e o início do estágio rifte é considerada
compatível com o tempo necessário para o soerguimento das ombreiras do rifte e sua
posterior erosão para constituição de leques aluviais e fandeltas (Magnavita, 1996). O
Membro Sesmaria compõe os arenitos que são encontrados nas fácies distais da Formação
Salvador.
4.1.5 SUPERSEQUÊNCIA PÓS-RIFTE
A supersequência pós-rifte foi depositada durante o Aptiano e ocorreu até o Albiano
inferior, representada pela Formação Marizal. A Formação Marizal está separada da tectono-
sequência do Cretáceo Inferior através de uma discordância angular, segundo Silva (1993).
Na estratigrafia desta sequência pós-rifte, destacam-se, no Cenozóico, a deposição das
Formações Sabiá, Barreiras e os sedimentos quaternários. Segundo Magnavita (2005), na
Bacia do Recôncavo não há unidades estratigráficas preservadas correspondentes ao intervalo
temporal Mesoalbiano ao Eoceno. Somente no Eomioceno ocorreu a deposição da Formação
48
Sabiá (Petri, 1972 apud Magnavita, 2005) e sobreposto, no Plioceno, a deposição da
Formação Barreiras.
4.1.5.1 FORMAÇÃO MARIZAL
Esta formação é constituída basicamente por arenitos grosseiros com estratificação
cruzada de médio e grande porte, intercalados com conglomerados de matriz arenosa média a
grossa e bem arredondados, com gradação inversa e normal, preenchendo feições em forma
de canais e ocasionalmente por folhelhos, siltitos e calcários de idade Alagoas (Caixeta et al.,
1994). Os folhelhos são cinza, róseos e esverdeados, sílticos ou pouco calcíferos, dispostos
em bancos que se sucedem irregularmente. Os siltitos são róseos e amarelados, micáceos,
argilosos e calcíferos. Os calcários são cinza a cinza-amarelado, algo argilosos e finamente
cristalinos.
Com uma idade Neo-alagoas (Neo-aptiano), a Formação tem a sua deposição
relacionada a sistemas aluviais desenvolvidos já no contexto de uma subsidência termal, pós-
rifte (Da Silva, 1993); e a leques aluviais originados da erosão dos altos tectônicos, ao final
das atividades tafrogênicas.
4.1.5.2 FORMAÇÃO SABIÁ
É composta por folhelhos cinza esverdeados, com intercalações de arenitos finos e
lentes de calcário impuros, correspondendo a deposição em ambiente marinho relacionada a
uma transgressão marinha (Caixeta et al., 1994). Sua deposição possui idade miocênica
(Petri, 1972 apud Magnavita, 2005).
4.1.5.3 FORMAÇÃO BARREIRAS
Constituída por arenitos grossos de coloração vermelha, violeta, branca e amarelada, e
conglomerados com intercalações de lamitos, argilas e lentes conglomeráticas
correspondendo a depósitos de sistemas de leques aluviais pliocênicos. São friáveis,
regularmente a mal selecionados, sendo comum a presença de concreções ferruginosas.
Estes sedimentos foram depositados discordantemente, na Bacia do Recôncavo, com
as Formações Marizal e Sabiá.
49
4.2 EVOLUÇÃO TECTONO-SEDIMENTAR
A origem e a evolução da bacia sedimentar do Recôncavo estão relacionadas com os
estágios iniciais da formação do Atlântico Sul e da margem continental brasileira, iniciando
no final do Jurássico e se prolongando até o início do Cretáceo (Magnavita, 1992).
Muitos autores já admitem que a ruptura do paleo-continente do Gondwana, que daria
origem à crosta oriental da América do Sul e à crosta ocidental da África, tenha sido
precedida por um estágio muito longo de arqueamento crustal, que teria se prolongado do
final do Permiano até o final do Jurássico. Seguindo-se esta hipótese, nos dias atuais, a Bacia
do Recôncavo estaria na porção axial do arqueamento, pois segundo estes se formou um
extenso anticlinal com duas áreas dômicas mais proeminentes. O continuado soerguimento
crustal teria propiciado, ao longo do anticlinal, o arrasamento da cobertura sedimentar
paleozóica, deixando uma vasta área do embasamento pré-cambriano desnudo com pequenas
relíquias da antiga cobertura sedimentar, preservada no fundo de pequenos grábens
deprimidos por falhamentos contemporâneos com os processos de arqueamento.
Diversos foram os modelos propostos para tentar explicar a evolução tectono-
sedimentar da bacia em questão, entre eles temos o modelo da microplaca com
desenvolvimento de zonas de transferências (Szatmari et al., 1985, Milani & Davison, 1988),
o modelo do megacisalhamento (Cohen, 1985), o modelo do descolamento, onde a extensão
da crosta é acomodada através de uma zona de descolamento intracrustal (Ussami et al.,
1986), o modelo do descolamento duplo (Castro Jr., 1987), e o modelo do rifteamento duplo
(Magnavita, 1992) que baseia-se no reconhecimento de dois eventos tectônicos na região,
ambos durante a fase sin-rifte.
A evolução da Bacia do Recôncavo pode ser compartimentada em quatro fases, entre
elas a fase sinéclise, pré-rifte, sin-rifte e pós-rifte. Desde a idade Thitoniana (Jurássico) até a
idade Cretácea (Aptiana) ocorreram as fases pré-rifte, sin-rifte e pós-rifte (Figura 4.4).
50
4.2.1 FASE DE SINÉCLISE
Esta fase está restrita ao período Permiano, onde ocorreu o preenchimento de áreas
intracratônicas com sedimentos provenientes de áreas mais proeminentes. Esta fase de
evolução da Bacia do Recôncavo é registrada através dos sedimentos da Formação Afligidos,
sob a ação de ondas e marés num ambiente parálico, que corresponde aos sedimentos do
Membro Pedrão. Já o Membro Cazumba que compõe o intervalo superior da Formação
Afligidos foi depositado num contexto lacustre.
Figura 4.4 - Mapa geológico esquemático da Bacia Recôncavo-Tucano-Jatobá com as seqüências pré, sin e pós rifte. Retirado de Magnavita et al.(2005).
51
4.2.2 FASE PRÉ-RIFTE
Nesta fase ocorreu o estiramento crustal que antecedeu o rompimento do
paleocontinente Gondwana. A fase pré-rifte limitou-se do Tithoniano ao Valangianiano (150 a
131 Ma) sendo representado por um grande pacote sedimentar depositado numa ampla bacia
platiforme interior do nordeste brasileiro. Esta vasta depressão rasa e alongada no sentido
norte-sul, batizada de Depressão Afro-Brasileira, compreendia a região das bacias brasileiras
do Recôncavo, Tucano, Jatobá, Almada, Sergipe e Alagoas, além das bacias de Gabão e
Cabinda, na África Ocidental (Netto, 1978; De Cesero e Ponte, 1997; Garcia et al., 1998).
A seqüência pré-rifte (Figura 4.5) engloba o Grupo Brotas, constituído pelos red beds
da Formação Aliança e pelos arenitos flúvio-eólicos da Formação Sergi, além dos litotipos
basais do Grupo Santo Amaro, representados pelos sedimentos flúvio-lacustres da Formação
Itaparica e pelos arenitos flúvio-eólicos da Formação Água Grande. Toda essa seqüência
repousa discordantemente sobre o embasamento cristalino pré-cambriano e sobre rochas
sedimentares do Permiano (Formação Afligidos).
Figura 4.5 – Bloco diagrama esquemático da deposição da Formação Sergi na fase pré-rifte da Bacia do Recôncavo. Fonte: Magnavita et al., 1998.
52
4.2.3 FASE RIFTE
Deu-se início a fase rifte, na Bacia do Recôncavo, a partir do processo de rompimento
da placa litosférica e consequente falhamento normal de sua borda leste, com o
desenvolvimento do sistema de falhas de Salvador. Como consequência deste falhamento
foi gerado um lago profundo e estreito com grandes proporções condicionado pela elevada
taxa de subsidência, relevante tectonismo e clima úmido. Nesta fase foram depositados os
folhelhos e turbiditos da porção intermediária e superior da Formação Candeias e os turbiditos
da Formação Maracangalha.
Após uma redução da atividade tectônica e da subsidência, a bacia obteve uma
configuração em rampa, que favoreceu a formação dos três sistemas deltáicos, registrados
nas Formações Pojuca, Taquipe e Marfim pertencentes ao Grupo Ilhas.
Após o preenchimento da fossa da Bacia, foram instalados os sistemas fluviais axiais
ao rifte, registrados na deposição dos arenitos fluviais da Formação São Sebastião pertencente
ao Grupo Massacará; e, posteriormente, a Formação Salvador que é caracterizada por
espessos depósitos de leques deltáicos compostos por fanglomerados de borda de bacia
(Figura 4.6).
Figura 4.6 - Paleogeografia sin-rifte da Bacia do Recôncavo. Modificado de Medeiros e Ponte, 1981.
53
4.2.4 FASE PÓS-RIFTE
Durante o Aptiano, a subsidência mecânica é substituída pela subsidência termal
gerada pela separação dos continentes e afastamento da Bacia das fontes de calor, marcando o
início da fase pós-rifte. Esta fase é composta pelos depósitos de leques aluviais, que
progradam em função da subsidência da bacia, da Formação Marizal, pelos depósitos de
folhelhos da Formação Sabiá, pelos depósitos fluviais favorecidos pelo basculamento
regional da Formação Barreiras, depositados no Terciário, e por sedimentos quaternários
praiais e aluviais.
Apesar do sistema de riftes do Recôncavo-Tucano-Jatobá não ter evoluído para
uma bacia de margem passiva, ao cessar sua evolução tectônica, durante o Aptiano, há
registros esparsados de incursões marinhas pós-aptianas comprovadas através de gêneros
comuns à época.
54
4.3 ARCABOUÇO ESTRUTURAL
O arcabouço estrutural (Figura 4.7) da Bacia do Recôncavo exibe a configuração de
meio-graben alongado segundo a direção NE-SW com a borda falhada a leste e a flexural a
oeste, está separada da Bacia de Tucano, a noroeste, pelo Alto de Aporá, e da Bacia do
Camamu, ao sul, por uma zona de transferência E-W (Falha da Barra). A oeste, o sistema de
falhas de Maragogipe, a separa das rochas granulíticas paleoproterozóicas do Cinturão
Itabuna-Salvador-Curaçá (Barbosa & Sabaté, 2002). A leste, o sistema de falhas de Salvador,
que possui rejeito de até 6 quilômetros e se estrutura segundo um conjunto de falhas
sintéticas e antitéticas (Magnavita, 1992), define seus limites com os granulitos
paleoproterozóicos do Cinturão Salvador-Esplanada (Barbosa, 1996).
O arcabouço estrutural da bacia também é marcado por falhas longitudinais sintéticas
e antitéticas associadas com estruturas transversais (Magnavita, 1992; Destro et al., 2003).
Nesse contexto, destacam-se as Falha de Mata-Catu e a Falha de Itanagra-Araças que,
recentemente, foram classificadas como Falhas de Alívio (Release Faults) por Destro et al.
(2003).
O sistema de riftes Recôncavo-Tucano-Jatobá está implantado segundo uma
direção geral N-S, possuindo 450 Km de comprimento e 100 Km de largura máxima, em seu
extremo norte, apresenta forte deflexão para ENE. Esta direção geral N-S relaciona-se à
principal linha estrutural do Cráton do São Francisco na área, segundo a qual alinha-se
greenstone belts em terrenos granítico-gnáissicos-migmatíticos (Milani, 1985).
A Bacia do Recôncavo compõe a porção sul do Rifte Intracontinental Recôncavo-
Tucano-Jatobá, que se desenvolveu sobre um complexo de terrenos de idade
predominantemente Pré-Cambriana, evoluindo de uma ampla sinéclise no Jurássico superior
para uma bacia tipo rift no Eocretáceo, em decorrência dos processos de estiramento crustal
que geraram a fragmentação do Supercontinente Gondwana (Szatmari et al. 1985; Milani e
Davidson, 1988; Fiqueiredo et al. 1994).
55
Figura 4.7 - Limites e arcabouço estrutural da Bacia do Recôncavo, ao nível da seção pré-rift (Santos, 1998, editado por Milhomem et al., 2003).
56
CAPÍTULO 5 FORMAÇÃO SERGI
A Formação Sergi, unidade litostratigráfica do Grupo Brotas, compreende uma
seqüência siliciclástica que foi depositada durante a fase pré-rifte da Bacia do Recôncavo. Os
arenitos que compõem a Formação ocorrerem em toda a extensão da Bacia e afloram apenas
nas bordas oeste e noroeste, variando numa espessura máxima de 400 a 450 m (Figueiredo et
al., 1994; Caixeta et al., 1994), com extratos regionalmente inclinados para Leste (Milani,
1987).
Em estudos integrados desenvolvidos tanto em escala regional (Netto et alii, 1982;
Bruhn & De Ros, 1987) quanto em escala de campo de petróleo com estudos mais específicos
(De Ros, 1987 e Pinho, 1987), a Formação Sergi foi caracterizada como sendo composta de
arenitos e conglomerados, com intercalações de siltitos e folhelhos.
A Formação Sergi ainda não possui datações radiométricas até o presente momento,
pois sua idade ainda é questionável, estando posicionada entre dois intervalos com biozonas
datadas: Thitoniano Médio, presente nos pelitos da Formação Aliança sotoposta, e
Eocretáceo, inclusa nos folhelhos a Formação Itaparica, sobreposta (Viana et al. 1971).
5.1 COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA E TEXTURAL
A Formação Sergi é composta essencialmente por arenitos (mais de 90%), cuja
granulometria varia de muito grosso (conglomeráticos) a muito fino, e por eventuais níveis de
conglomerados granulosos, excepcionalmente seixos, e raras camadas delgadas de lamitos
arenosos.
As estruturas, texturas e seqüências deposicionais presentes sugerem que a
sedimentação da Formação Sergi ocorreu em um sistema aluvial de canais anastomosados
com recorrente retrabalhamento eólico, sob condições climáticas áridas/semi-áridas. No
sistema aluvial de canais entrelaçados, a sedimentação concentra-se nos canais de baixa
sinuosidade e rápida migração lateral. Sedimentos finos são encontrados em canais
57
abandonados, sob a forma de lentes descontínuas. A planície aluvial arenosa forma-se pela
ação de barras longitudinais com canais entrelaçados.
As unidades deposicionais individuais são de natureza lenticular e a sedimentação do
sistema é episódica, ocorrendo em regime de enxurradas episódicas. Por esse motivo, os
ciclos mostram granodecrescência ascendente e aumento da seleção no mesmo sentido. Um
ciclo individual inicia-se por sedimentos grossos depositados sobre os sedimentos finos do
topo dos ciclos anteriores, ao longo de contatos irregulares marcados por estruturas de corte e
preenchimento.
Os sedimentos finos do topo de cada ciclo são, via de regra, erodidos e retrabalhados
pela ação das enxurradas. Os sedimentos grossos são recobertos por areia média a grossa com
estratificações cruzadas de médio porte. Esses sedimentos são depositados pela migração de
formas de leito (bedforms) de médio porte (megaripples), processo principal de migração das
barras de canal. O contínuo retrabalhamento dos sedimentos recentes pela migração lateral
dos canais faz com que a distribuição do material intraclástico seja uma constante ao longo de
todos os ciclos.
Na exposição subaérea, a destruição das estruturas originais normalmente ocorre pelo
ressecamento e pela implantação de paleossolos arenosos sobre o topo de barras. Nos ciclos
do Sergi, a aridez do clima fez com que estruturas de raízes e bioturbação fossem escassas,
devido à vegetação restrita. Na exposição subaérea mais continuada, há retrabalhamento dos
sedimentos das barras pela ação dos ventos. Os depósitos mais finos são essencialmente
lamitos vermelhos, arenosos, que preenchem os canais abandonados. Esses depósitos também
podem sofrer perturbações por processos conectados à exposição periódica, como
ressecamento, bioturbação por raízes e invertebrados, etc.
A dinâmica de contínuo retrabalhamento do sistema faz com que as unidades
deposicionais lenticulares, representando cada uma um ciclo, sejam amalgamadas num único
corpo tabular, essencialmente arenoso, com grande continuidade horizontal e poucas e
delgadas interrupções verticais, representadas por lamitos e paleossolos, que constituem
depósitos de continuidade local. Essas condições sedimentares produziram poucas
interrupções deposicionais de expressão suficiente para compartimentar efetivamente os
potenciais reservatórios.
58
5.2 ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES E ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS DOS
ARENITOS SERGI
De acordo com Scherer et al. (2007), a Formação Sergi está dividida em três
seqüências deposicionais limitadas por discordâncias regionais.
A Seqüência 1 é basal e possui uma associação de fácies flúvio-deltáica na base
evoluindo para flúvio-eólica no topo, marcadas pela composição que varia de lençóis de areia
com laminações horizontais, depósitos de dunas com estratificação cruzada a canais fluviais
efêmeros. Estas fácies quando associadas indicam que a acumulação ocorreu num contexto
climático dominantemente semi-árido, onde as condições favoráveis para o desenvolvimento
de dunas eólicas e lençóis de areia foram constantemente interrompidas pela reativação da
sedimentação fluvial. Uma superfície erosiva marca o seu limite superior e foi originada
através da entrada dos canais fluviais da Seqüência 2.
A Seqüência 2 é representada por uma associação fluvial de fácies arenosas com
cruzadas acanaladas e planares, interpretados como depósitos de canais fluviais entrelaçados.
Quando há uma comparação entre as duas sequências, a 1 e a 2, entende-se que houve um
incremento na descarga, capacidade e competência do sistema fluvial causados por um clima
mais úmido, pois a granulometria é mais grossa nos arenitos da Sequência 2. No topo da
Seqüência 2 ocasionalmente ocorrem níveis de paleoalteração, e o limite superior dessa
seqüência é marcado pelo recobrimento desses depósitos fluviais pelos depósitos eólicos da
Seqüência 3.
A Seqüência 3 é representada pelos arenitos eólicos no topo da Formação Sergi,
interpretados como depósitos eólicos de areia. Ocasionalmente, lençóis de areia são truncados
por depósitos de correntes fluviais efêmeras, sendo interpretado como um retorno de
condições deposicionais similares à Seqüência 1, com condições climáticas mais áridas.
5.3 SISTEMA AQUÍFERO SERGI
Do ponto de vista hidrogeológico, no que se refere à explotação de água subterrânea, a
Bacia Sedimentar do Recôncavo e Tucano, no Estado da Bahia, pode ser resumida à
Formação São Sebastião, Grupo Ilhas e Formação Sergi. O São Sebastião é considerado um
59
dos melhores aqüíferos do estado, com uma espessura variando de 100 a 3.000 m e excelente
qualidade química das suas águas até cerca de 900 m.
O Grupo Ilhas possui espessura de 600 a 1.500 m, produzindo, em sua porção média-
superior, água com artesianismo sendo extensivamente presente em subsuperfície.
A Formação Sergi aflora, no interior da bacia, como faixas alongadas na direção
Norte-Sul. Possui uma espessura variável entre 100 e 400 m e é formado basicamente por
arenitos consolidados. É um aqüífero de extensão regional, composto por arenito fino a
médio, em geral homogêneo e isotrópico, de boa permeabilidade e de porosidade primária.
A Formação Sergi possui extensa distribuição areal, com maiores espessuras no sul da
Bacia do Recôncavo e ganha destaque graças à paisagem com relevo de cuestas que
comumente apresenta. A formação é constituída de arenitos finos a conglomeráticos, de
coloração pardo-amarelada, cinza-esverdeado e avermelhada, regularmente mal selecionados,
argilosos, pouco feldspáticos, raramente micáceos e caulínicos e com freqüentes marcas de
onda e estratificações cruzadas.
A alimentação deste aqüífero ocorre através de rios e chuvas.
5.4 CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA E HIDROGEOQUÍMICA
DO SISTEMA AQUÍFERO SERGI
Sob o ponto de vista hidrogeológico, a Formação Sergi comporta-se como um sistema
aqüífero livre de permoporosidade razoável a boa. A presença de níveis arenosos interpostos
entre si condicionam a ocorrência de zonas confinadas e semi-confinadas com água sob
pressão hidrostática.
A Formação Sergi apresenta, tradicionalmente, condições aquíferas superiores à
Formação Aliança, ainda que maiores possibilidades estejam restritas à área de afloramento,
situada principalmente na borda ocidental da Bacia do Recôncavo, em especial, ao pacote
mais superior, constituído essencialmente por arenitos grosseiros e médios.
A alimentação dos aquíferos provém quase integralmente das precipitações
pluviométricas que caem diretamente sobre a área aflorante notadamente na parte oeste da
Bacia Sedimentar. Uma boa intensidade das precipitações atmosféricas garante uma boa
60
retribuição. Outra importante forma de recarga é processada, principalmente em períodos
mais chuvosos, através da rede hidrográfica.
A salinização e/ou a alimentação advinda a partir de águas mineralizadas do
embasamento cristalino nas regiões falhadas da borda oeste da Bacia Sedimentar do
Recôncavo limita as boas possibilidades aquíferas do Grupo em função da presença de
evaporitos, que constituem o Membro Afligidos.
Os conhecimentos sobre o limite entre as águas potável e salgada dentro do aqüífero
referido são escassos e, por enquanto, sabe-se apenas que este parece verificar-se em toda a
faixa sul-ocidental da área ocupada por esses sedimentos.
De acordo com Feitosa (2008), os processos e fatores que influenciam na qualidade
das águas subterrâneas podem ser intrínsecos e extrínsecos ao aquífero, isto devido ao
escoamento lento em diferentes aquíferos, a água subterrânea tende a aumentar concentrações
de substâncias dissolvidas presentes no meio, onde além deste interferente temos alguns
outros fatores que podem influenciar na qualidade das águas subterrâneas como: clima,
composição da água de recarga, tempo de contato água/meio físico, litologias relacionadas,
além da contaminação do homem.
Neste trabalho foram pesquisados e estudados 9 (nove) poços tubulares nos arquivos
da Companhia de Engenharia Rural da Bahia – CERB e do SIAGAS/ CPRM. Quanto a
qualidade das suas águas subterrâneas, os valores médios (mediana) apresentam-se de um
modo geral com teores normais para todos os parâmetros analisados, inclusive o flúor,
segundo a Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde. Entretanto, em dois poços tubulares
situados no município de São Gonçalo dos Campos verificou-se valores acima do Limite
Máximo Permitido (LMP) para sódio (210,0 mg/L), bicarbonato (371,0 mg/L), condutividade
elétrica (1445,0 uS/cm). Foram também encontrados valores altos de sódio (380,0 mg/L),
cálcio (207,0 mg/L), magnésio (153,0 mg/L), cloreto (465,0 mg/L), condutividade elétrica
(5310,0 uS/cm), dureza total (1614,0 mg/L) e ferro total (1,22 mg/L) no município de Arací.
Valores altos de ferro total foram encontrados também no município de Saubara com 3,24 e
1,80 mg/L respectivamente (Tabela 5.1).
Do ponto de vista estatístico pode-se considerar como valores anômalos na água
subterrânea da Formação Sergi, todos aqueles superiores ao percentil de 90%, com destaque
para o limiar de CE com 5310,0 µЅ/cm, sódio 380,0 mg/L, cálcio 207,0 mg/L, magnésio
156,0 mg/L, cloreto 465,0 mg/L, dureza total 1614,0 mg/L, ferro total 3,2 mg/L e flúor 1,5
61
mg/L respectivamente, sendo que este último está situado no município de São Gonçalo dos
Campos (Tabela 5.1). Dos 9 poços tubulares investigados, um deles apresentou água salgada
e está localizado no município de Arací com água do tipo cloretada-cálcica-magnesiana, dois
apresentaram água salobra estando situados nos municípios de Vera Cruz com água do tipo
Cloretada-sódica e São Gonçalo dos Campos com água do tipo bicarbonatada-sódica.
Em seis poços verificou-se a presença de água doce, estando situado nos municípios
de Vera Cruz, Saubara e Araci, apresentando respectivamente água do tipo cloretada-sódica,
cloretada-calcica-magnesiana, bicarbonatada sódica e bicarbonatada-cálcica-magnesiana
(Figura 5.1). Se considerarmos que as águas subterrâneas evoluem geoquimicamente de
cloretada para bicarbonatada, podemos afirmar que elas estão pouco evoluídas em quatro dos
poços estudados que apresentam águas cloretadas.
62
Tabela 5.1 - Sumário estatístico - Formação Sergi.
CE = Condutividade elétrica; STD = Sólidos Totais Dissolvidos
n Media
Aritmética I.C.
-95% I.C.
+95% Mediana Valor
Mínimo Valor
Máximo Quartil
25% Quartil
75% Percentil
10% Percentil
90% Assimetria
Na 9 100,9 4,7 197,1 26,0 14,0 380,0 15,0 130,0 14,0 380,0 1,7 K 9 6,7 5,4 8,0 6,6 4,0 8,9 6,0 7,8 4,0 8,9 -0,5
Ca 9 47,9 0,8 95,0 36,0 10,1 206,8 16,7 43,7 10,1 206,8 2,7 Mg 9 23,7 -14,5 61,8 6,8 1,2 155,6 3,4 12,0 1,2 155,6 3,0 Cl 9 110,5 -0,7 221,7 53,0 10,9 465,3 19,8 130,0 10,9 465,3 2,2
CO3 7 1,4 -2,1 4,9 0,0 0,0 10,0 0,0 0,0 0,0 10,0 2,6 HCO3 9 157,1 53,8 260,4 74,0 61,9 394,1 64,5 183,0 61,9 394,1 1,3 SO4 9 37,6 -10,6 85,8 10,3 2,5 174,7 5,0 11,5 2,5 174,7 1,8 CE 9 1066,0 -198,6 2330,5 419,7 174,0 5310,0 246,9 848,0 174,0 5310,0 2,7 F 7 0,4 -0,1 0,9 0,2 0,0 1,5 0,0 0,8 0,0 1,5 1,7
NO3 4 0,1 0,0 0,3 0,2 0,0 0,2 0,1 0,2 0,0 0,2 -1,4 NO2 6 0,2 -0,0 0,4 0,1 0,0 0,5 0,0 0,3 0,0 0,5 1,1
Dureza 8 248,2 -213,8 710,2 61,0 11,5 1614,0 28,5 90,6 11,5 1614,0 2,8 pH 8 7,5 7,0 8,0 7,8 6,4 8,1 7,2 7,9 6,4 8,1 -1,3 STD 5 200,1 26,9 373,3 133,0 82,5 394,0 91,0 300,0 82,5 394,0 0,8
Turbidez 7 5,0 0,4 9,6 1,6 0,6 12,0 0,7 9,7 0,6 12,0 0,5 Fe 6 1,1 -0,2 2,4 0,7 0,1 3,2 0,2 1,8 0,1 3,2 1,1
Cor 7 9,4 -5,3 24,0 5,0 0,0 45,0 0,5 5,0 0,0 45,0 2,5
63
.
Figura 5.1 - Classificação das águas subterrâneas – Formação Sergi.
As análises de correlação linear (Pearson) executadas com o programa Qualigraf
(Funceme, 2003) mostraram que os responsáveis maiores pelos valores de condutividade
elétrica e, portanto, da salinidade das águas subterrâneas na Formação Sergi é o cloreto que
apresentou um coeficiente de correlação linear (r = 0,94), vindo em seguida o sulfato (r =
0,83) e o bicarbonato (r = 0,67) entre os anions. Entre os cátions temos o Magnésio (r = 0,91),
cálcio (r = 0,90) e o sódio (r = 0,89). Para um intervalo de confiança de 95% e n = 9 poços, o
valor crítico do coeficiente de correlação ( r ) está acima de 0,602.
64
CAPÍTULO 6 RESULTADOS OBTIDOS
Os 9 (nove) poços tubulares apresentaram análises físico-químicas presentes nos
arquivos do SIAGAS/CPRM e da CERB. A partir da Tabela 2.1, citada anteriormente no
capítulo 2, pôde-se estabelecer uma média dos valores dos parâmetros analisados (Tabela
6.1). Considerando esses valores médios, pode-se considerar que todos os parâmetros
analisados estão abaixo do limite máximo recomendado pela Portaria 518/2004 do Ministério
da Saúde, inclusive o flúor objeto principal desse trabalho (Tabela 6.2). Entretanto,
considerando os valores máximos encontrados em alguns poços tubulares estudados, verifica-
se que em alguns locais estão acima dos limites estabelecidos pela Portaria supracitada, como
é o caso do sódio, cloreto, condutividade elétrica (CE), dureza, turbidez, ferro total e a cor da
água (Tabela 6.1).
Média Máximo Mínimo
Na 100,89 380,00 14,00
K 6,69 8,90 4,00
Ca 47,91 206,85 10,10
Mg 23,68 155,58 1,21
Cl 110,52 465,26 10,90
CO3 1,43 10,00 0
HCO3 157,11 394,12 61,90
SO4 37,56 174,65 2,51
CE 1.065,96 5.310,00 174,00
Fluoreto 0,41 1,48 0,02
N Nitrato 0,14 0,20 0,02
N Nitrito 0,20 0,55 0,02
Dureza 248,21 1.614,01 11,50
pH 7,54 8,10 6,44
STD 200,10 394,00 82,50
Turbidez 4,99 12,01 0,60
Fe total 1,13 3,24 0,11
Cor 9,36 45,00
Obs: os valores em vermelho estão acima do limite máximo permitido pela Portaria 518/2004.
Tabela 6.1 – Tabela que mostra a variação máxima e mínima, e também, a média dos dados.
65
Parâmetro Efeito Prejudicial Valor Máximo Permitido (VMP)
Alumínio Acumulativo. Doenças: Alzeimer 0,2 mg/L
Amônia (NH3) Falta de oxigenação dos ambientes
1,5 mg/L
Cloreto Corrosão. Produz gosto. Hipertensão
250 mg/L
Condutividade elétrica Indica aumento de salinidade
Dureza Incrustação, se muito duras 500 mg/L
Ferro Extermina vida aquática. Depósito em tubulações
0,3 mg/L
Fluoreto Fluorose dentária e óssea (alto). Cáries (baixo)
1,5 mg/L
Manganês Produz gosto e mancha roupas 0,1 mg/L
Nitrato Câncer do aparelho digestivo 10 mg/L
pH Dissolução de elementos tóxicos 6,0 – 9,5
Sódio Produz gosto. Excesso causa hipertensão
200 mg/L
Sulfato Propriedades purgativas, odores e corrosão de tubulações
250 mg/L
STD – Sólidos Totais Dissolvidos
Inconveniente para consumo humano e industrial
1.000 mg/L
Com os dados obtidos na Tabela 2.1 (b) estabeleceu-se uma matriz de correlação
(Tabela 6.3) onde se pode verificar que o Flúor não apresenta qualquer correlação com os
outros parâmetros analisados, com exceção dos nitratos, cuja origem pode estar ligada à
contaminação por esgotos domésticos ou urbanos.
Tabela 6.2 - Padrão de aceitação de água para consumo humano (Portaria 518/2004).
66
Na K Ca Mg Cl CO3 HCO3 SO4 CE Fluoreto N Nitrato N Nitrito Dureza pH STD Turbidez Fe total Cor
Na 1,00
K 0,12 1,00
Ca 0,81 0,20 1,00
Mg 0,81 0,29 0,98 1,00
Cl 0,96 0,34 0,88 0,91 1,00
CO3 -0,09 0,48 -0,24 -0,16 -0,05 1,00
HCO3 0,95 -0,05 0,68 0,62 0,83 -0,15 1,00
SO4 0,93 -0,08 0,86 0,79 0,85 -0,25 0,93 1,00
CE 0,94 0,20 0,95 0,95 0,97 -0,13 0,82 0,91 1,00
Fluoreto 0,23 -0,11 0,28 0,27 0,20 -0,21 0,20 0,28 0,27 1,00
N Nitrato 0,75 0,98 0,08 0,42 0,83 0,50 0,78 0,18 0,86 1,00 1,00
N Nitrito 0,68 -0,19 0,79 0,81 0,66 -0,51 0,65 0,82 0,77 0,51 -0,90 1,00
Dureza 0,82 0,28 0,98 1,00 0,92 -0,16 0,64 0,80 0,96 0,29 0,59 0,82 1,00
pH 0,45 0,43 0,19 0,21 0,44 0,43 0,47 0,34 0,34 0,29 0,66 0,27 0,22 1,00
STD 0,88 0,90 -0,34 0,18 0,90 0,76 0,84 0,04 0,92 -0,34 0,87 -0,70 0,28 0,69 1,00
Turbidez 0,41 0,25 0,74 0,67 0,47 -0,35 0,42 0,66 0,56 -0,04 -0,11 0,52 0,65 -0,05 -0,38 1,00
Fe total -0,19 0,29 0,19 0,09 -0,10 -0,33 -0,16 0,08 -0,04 -0,11 0,03 0,16 0,07 0,05 -0,39 0,77 1,00
Cor -0,34 0,30 -0,19 -0,22 -0,26 -0,17 -0,31 -0,23 -0,29 -0,31 0,02 -0,38 -0,24 0,33 0,27 0,29 0,76 1,00
STD = sólidos totais dissolvidos; CE = condutividade elétrica
Tabela 6.3 – Correlações entre os parâmetros analisados.
67
As correlações são como a covariância, mede até que ponto duas variáveis de medida
variam juntas, dimensionando de modo que seu valor seja independente das unidades de
expressão das duas variáveis de medida, isto é, é usada para examinar cada par de variáveis de
medida a fim de determinar se as duas variáveis de medida tendem a se mover juntas, se os
valores altos de uma variável tendem a ser associados aos valores altos da outra (correlação
positiva), se os valores baixos de uma variável tendem a ser associados aos valores altos da
outra (correlação negativa) ou se os valores das duas variáveis tendem a não estar
relacionados (correlação próxima de zero).
• Potencial Hidrogenionico (pH) – o pH das águas subterrâneas apresentou variação
entre 6,44 no poço CERB 1 (6° poço) até 8,10 no poço CERB 1-1214/81 (2° poço),
sendo que não foi possível este estudo no poço EMBASA 1 (7° poço) pois o mesmo
não apresentou este parâmetro em sua análise. De modo geral, observa-se um intervalo
pequeno entre os valores, que são característicos de aqüíferos do tipo porosos
confinados ou livres. A média do pH do aqüífero Sergi foi de 7,54. O histograma
(Figura 6.1) abaixo apresenta a distribuição dos valores de pH de todos os poços
analisados.
Figura 6.1 – Histograma do pH das águas subterrâneas.
68
• Condutividade elétrica (CE – µS/cm) – a condutividade elétrica apresentou valores
entre 174,00 no poço CERB JFRA059 (5° poço) e 5.310,00 no poço CERB 1-2026/84
(9° poço), sendo esse último o mais salinizado entre todos pesquisados. O histograma
(Figura 6.2) a seguir mostra a variação de CE das águas do aqüífero poroso, onde os
valores que apresentam uma maior quantidade de íons dissolvidos resultam de uma
circulação mais profunda e com maiores tempos de residência, e os baixos valores
resultantes sugerem que as águas circularam em rochas pouco reativas.
• Sólidos dissolvidos totais (STD – mg/L) – o total de sólidos dissolvidos foi
determinado em laboratório somente em 5 poços, mostrando uma variação de 82,5 no
poço CERB JFRA059 (5° poço) a 394,0 no poço CERB 1-1214/81 (2° poço). O
histograma (Figura 6.3) abaixo ilustra que todas as análises efetuadas mostram valores
abaixo de 400 mg/L. Com isso, podemos concluir que esses poços apresentam-se com
salinidade normal, isto porque o valor máximo recomendado pela portaria 518/2004 é
de 1000 mg/L.
Figura 6.2 – Distribuição da CE (µS/cm) em todos os poços estudados.
69
• Flúor (mg/L) – todas as análises das águas dos poços estudados apresentaram
concentrações inferiores ao limite de potabilidade estabelecido pela Portaria 518/2004
que é de 1,5 mg/L. Os poços que apresentaram maiores concentrações de flúor na água
foram 1,48 mg/L do poço 1 e 0,78 no poço 9, conforme mostra o histograma (Figura
6.4).
Figura 6.3 – Distribuição estatística do STD de todos os poços estudados.
Figura 6.4 – Gráfico da concentração de Flúor (F) nos poços de água subterrânea.
70
CAPÍTULO 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES
A Formação Sergi é composta por arenitos mal selecionados cuja granulometria varia
de finos a conglomeráticos, além de interdigitações e interestratificações de camadas de
folhelhos, siltitos vermelhos e verdes e conglomerados, argilosos, pouco feldspáticos,
raramente micáceos e caulínicos.
O flúor encontra-se dissolvido ionicamente na água subterrânea, podendo-se encontrar
também adsorvido ou absorvido na estrutura das micas (especialmente biotita), dos
carbonatos e nos argilominerais como illita, clorita e esmectita, encontrados na matriz e no
cimento dos arenitos.
Dos 9 poços tubulares investigados, um apresentou água salgada do tipo cloretada-
cálcica-magnesiana, dois apresentaram água salobra do tipo cloretada-sódica e do tipo
bicarbonatada-sódica, e, em seis poços verificou-se água doce e são do tipo cloretada-sódica,
cloretada-calcica-magnesiana, bicarbonatada sódica e bicarbonatada-cálcica-magnesiana.
Todos os poços estudados apresentaram concentrações inferiores ao limite de
potabilidade de 1,5 mg/L estabelecido pela Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde,
somente um dos poços apresentou uma concentração de 1,48 mg/L, porém não ultrapassando
o limite estabelecido. Portanto, a idéia inicial de que a Formação Sergi seria portadora de água
subterrânea com teores altos de flúor não se verificou nesse trabalho. Este fato tem sido
comprovado em um trabalho na Formação Sergi, desenvolvido pelo Núcleo de Estudos
Hidrogeológicos e do Meio Ambiente (NEHMA) com 40 poços tubulares, onde o teor de
flúor encontrado tem sido sistematicamente baixo, ou seja, inferior a 1,5 mg/L.
Parece que não existem lentes com imaturidade mineralógica com fluorita, apatita e
flúor-apatita diretamente ligada a ocorrência do Flúor na Formação Sergi. O flúor pode estar
adsorvido nos argilominerais e/ou carbonáticos que compõe a matriz e o cimento dessa
Formação.
Os dados obtidos na tabela 6.3 mostram que o Flúor não apresenta uma correlação
forte com os elementos analisados na água, com exceção dos nitratos. Essa associação está
sempre associada à contaminação por esgotos domésticos e urbanos, estando, então este Flúor
ligado a poluição.
71
CAPÍTULO 8 REFERÊNCIAS
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