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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ / FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CIÊNCIAS E LETRAS DE PARANAVAÍ
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA:
MUNDO DO TRABALHO: AS NOVAS PERSPECTIVAS DO MUNDO DO TRABALHO
E O ENSINO DA GEOGRAFIA
ITAÚNA DO SUL – PR – 2010
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ / FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CIÊNCIAS E LETRAS DE PARANAVAÍ
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA:
MUNDO DO TRABALHO: AS NOVAS PERSPECTIVAS DO MUNDO DO TRABALHO
E O ENSINO DA GEOGRAFIA
Produção Didático-Pedagógica – Unidade Didática- área de Geografia da Universidade
Estadual de Maringá - UEM / Faculdade de Educação Ciências e Letras de Paranavaí –
FAFIPA – para ser implementado na 3ª série do Colégio Estadual Rui Barbosa - EM, sob a
orientação do Prof. Me. Aníbal Pagamunici
PROFESSOR PDE: VALDETE PEREIRA DOS SANTOS
ITAÚNA DO SUL -2010
NRE: Loanda
MUNICÍPIO: Itaúna do Sul
PROF. PDE: Valdete Pereira dos Santos
IES VINCULADA: UEM – Universidade Estadual de Maringá / FAFIPA- Faculdade de
Educação Ciências e Letras de Paranavaí
ORIENTADOR: Prof. Me. Aníbal Pagamunici
DISCIPLINA: Geografia
FORMATO DA PRODUÇÃO: Unidade Didática
TEMA: MUNDO DO TRABALHO
TÍTULO: As Novas Perspectivas do Mundo do Trabalho e o Ensino da Geografia
ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Rui Barbosa, EM.
DISCIPLINA COMPLEMENTAR: História, Sociologia.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 06
2. PROBLEMATIZAÇÃO ..................................................................................................... 06
3. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 07
3.1. OBJETIVO GERAL.................................................................................................... 07
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................... 08
4. ESTRATÉGIAS ................................................................................................................. 08
4.1. TEXTOS ...................................................................................................................... 09
4.2. FILMES ....................................................................................................................... 15
4.3. SÍTIOS SUGERIDOS ................................................................................................. 18
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 19
PLANO DE UNIDADE DIDÁTICA
DISCIPLINA: GEOGRAFIA
TEMA: MUNDO DO TRABALHO
TÍTULO: AS NOVAS PERSPECTIVAS DO MUNDO DO TRABALHO E
O ENSINO DA GEOGRAFIA
6
1. INTRODUÇÃO
“Pensar é o trabalho mais difícil que existe. Talvez por isso tão poucos se dediquem a ele”.
Henry Ford
Esta unidade destina-se aos alunos de 3ª série do ensino médio, mas com
possibilidades de aplicação em outras séries, podendo estar relacionado às disciplinas de
História e Sociologia. Tem como objetivo subsidiar o educando a compreender as relações
que existem na sociedade atual, destacando aquelas ligadas ao mundo do trabalho.
A complexidade do que é caracterizado como MUNDO DO TRABALHO, sua
evolução e as implicações devem provocar no contexto educacional transformações que
interferem diretamente nas diferentes formas de ensinar. Analisando e compreendendo a
necessidade de mudança e reflexão sobre o avanço tecnológico e procurando uma interação
com os mesmos, procuramos estabelecer meios para que se possam internalizar as mudanças
do chamado mundo de fora, para dentro da escola, visto que raras vezes a problemática da
exploração do trabalho pelo capital e a crescente necessidade de aperfeiçoamento é tratada de
forma clara dentro do ambiente escolar, é comum nos deixarmos levar pelos livros que nos
são “oferecidos” como base pelos órgãos de ensino, que muitas vezes não seguem
determinações didático-pedagógicas, mas sim orientações administrativas capitalistas, o que
leva a situações em que o ensino é tratado de forma geral, não se levando em consideração os
aspectos regionais; ressalvo aqui iniciativas como do governo do Estado do Paraná, que tem
proporcionado na última década a produção de materiais pelos próprios professores da rede
pública de ensino, o que tem caracterizado uma produção didática mais próxima da realidade
dos alunos. As mudanças no mundo do trabalho e pouco percebidas no mundo escolar é o
foco dessa pesquisa, uma vez que a educação deve acompanhar a evolução da sociedade.
2. PROBLEMATIZAÇÃO
No processo educacional, tomando por base a aplicação desse projeto, a formação
do indivíduo deve ter como objetivo a preparação para o entendimento do contexto
7
socioeconômico no qual está inserido, que a sociedade se faz com as diferenças sociais,
políticas e econômicas e, que todo esse processo só pode ser entendido quando analisado em
seu conjunto. Esse processo educacional não deve ser encarado como algo preparatório do
aluno para o mercado de trabalho, não se deve criar a falsa idéia que a escola prepara o aluno
para enfrentar o mercado capitalista e selvagem do trabalho.
Como proposta de trabalho, analisaremos as transformações do mundo do trabalho
e a contextualização do ensino da geografia, não uma nova geografia, mas uma ramificação: a
Geografia do Trabalho, que se faz necessária para a compreensão das mais diversas variantes
bases do trabalho no mundo atual, portanto, através desta ramificação da geografia, perceber o
mundo do trabalho na construção do espaço geográfico, onde se faz presente a paisagem, o
território, a territorialização, o lugar, etc. Espaços estes onde os fenômenos acontecem de
formas constantes e diversificadas.
A educação da classe que vive-do-trabalho está cada vez mais estreitando suas
relações com a ciência que, por sua vez, relaciona-se com as novas perspectivas do mundo do
trabalho, mas sem perder seu foco: valorizar o capital. Acrescentamos a esse fato, a
necessidade mais evidente que é a qualificação do trabalhador, que se torna essencial por
diferentes pontos de vista, seja pela utilização da sua força de trabalho ou pela sua educação
enquanto ser social, que precisa ser capaz de estabelecer novas relações no grupo social ao
qual se relaciona e cada vez mais com o capital e trabalho e se fundamentam na disputa pelo
controle da sociedade. As novas perspectivas do trabalho indicam que a educação não deve
preparar o aluno para o emprego, mas para se inserir no mundo do trabalho com toda sua
complexidade pelas novas tecnologias, produção e parâmetros de pensamentos.
3. OBJETIVOS
3.1. OBJETIVO GERAL
Demonstrar que as transformações ocorridas nas últimas décadas no mundo do
trabalho tiveram papel fundamental para as mudanças, alterações, transformações em todos os
setores da sociedade, que tais mudanças implicam na necessidade de uma educação que
8
realize a formação de consciência crítica e cidadã, capaz de lutar pela construção de uma
sociedade justa e de desenvolvimento sustentável 1.
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Levar o entendimento de que a metodologia do ensino da geografia deve
acompanhar as grandes transformações do novo mundo do trabalho.
- Propiciar o entendimento de que os aspectos econômicos são agentes
construtores em potencial, do espaço geográfico.
- Entender que a tecnologia da informática alterou profundamente as relações
tradicionais entre trabalhadores e seu modo de sobrevivência.
- Criar condições para que os alunos possam ter atitudes de acompanhamento do
novo mundo do trabalho e das novas tecnologias.
- Dominar as novas tecnologias, linguagens e relações trabalho/trabalhador.
4. ESTRATÉGIAS
Como meios de aplicação do projeto, serão desenvolvidas atividades ligadas ao
conhecimento das novas tecnologias e linguagens do mundo do trabalho, suas implicações na
sociedade, as diferentes formas de se observar as diferentes relações que podem existir dentro
desse processo, a participação do aluno como ser envolvido nesse processo, como forma de
propiciar um entendimento de sua própria função na sociedade, dentre as estratégias
destacamos:
- leituras de textos sobre o tema pelos envolvidos no projeto;
1 O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de
desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da
terra e preservando as espécies e os habitats naturais. Essa definição foi defendida por Gro Harlem Brundtland, na 1ª Conferência
Mundial do Meio Ambiente, realizada em Estocolmo (1972).
9
- realização de oficinas de compreensão das novas linguagens da informática,
subsidiando o entendimento das ferramentas de inclusão ao novo mundo do trabalho;
- palestras com especialistas sobre a informática e a construção do espaço
geográfico no mundo do trabalho;
- oficinas de aprendizagem das linguagens da informática, como; conhecer os
recursos e o significado de um teclado de computador, mouse, partes integrantes de um
computador, de programas de computação voltados para a área do trabalho;
- apresentação de imagens e vídeos que retratam a situação do trabalho ao longo
da história da humanidade;
- trabalho de campo buscando a contextualização dos alunos às novas perspectivas
do trabalho, através de visitas a empresas urbanas e rurais;
- apresentar por diferentes meios que as tecnologias básicas aliadas a dons
naturais podem ser tão eficiente quanto tecnologias de ponta para sua inserção no mercado de
trabalho.
Um enfoque dado também será quanto às oportunidades de trabalho que se
apresentam momento atual, onde além do trabalho ofertado pelas empresas, se destaca o
empreendedorismo, onde o trabalhador é seu próprio empregador, esse processo é gerado por
uma parcela da população que não é absorvida nas empresas e acaba criando alternativas de
sustentabilidade pessoal, gerando empreendimentos muitas vezes sem uma grande
complexidade e que podem ser fontes de sustento financeiro e dignidade pessoal, mostrando
assim que trabalho não significa somente estar atrelado a uma empresa, mas que representa
uma ocupação e uma atividade desenvolvida por um indivíduo, através do qual garante sua
sobrevivência.
Para a aplicação destas atividades, necessitamos entender sobre: mundo do
trabalho, trabalho e emprego, noções que serão adquiridas através de leituras de textos sobre
os temas propostos, utilizando bibliografia citada, bem como outras fontes, onde os alunos
buscarão maiores informações sobre o tema.
4.1. TEXTOS
Para uma análise do aspecto trabalho, analisaremos trechos de textos de diferentes
autores sobre o tema.
10
4.1.1. TEXTO 1
"A NOVA CONCEPÇÃO DE TRABALHO", artigo de Holgonsi Soares
Gonçalves Siqueira: publicado no Jornal “A Razão”, em 01/05/2003:
http://www.angelfire.com/sk/holgonsi
“Entre as grandes transformações resultantes do advento da sociedade
informacional, temos a reconceitualização do trabalho humano. Desde a Grécia Antiga,
passando pela Idade Média, na visão dos protestantes, dos economistas clássicos ou no
entendimento crítico de Hegel e Marx, o conceito/entendimento de trabalho tem sofrido
profundas alterações, as quais expressam as mudanças econômicas e as formas de produção
próprias de cada contexto. Tomando-se como base a concepção fordista-taylorista responsável
pela organização científica do trabalho, temos a característica que mais contrasta com a forma
atual de conceber o trabalho, ou seja, a desvalorização do conhecimento e do saber
desenvolvido com a formação e a experiência. De acordo com Gramsci, "a qualificação
(aqui) é medida a partir do desinteresse do trabalhador, da sua "mecanização"; esta
concepção reduzia as operações produtivas apenas ao aspecto físico maquinal, negando a
participação ativa da inteligência, da fantasia e da iniciativa do trabalhador [...]
[...] Porém, a nova organização flexível do trabalho coloca em questão esses
pressupostos tradicionais. Na era das novas tecnologias de comunicação e informação, o
conteúdo qualitativo do trabalho passa a ser privilegiado, transformando-se, assim, sua
concepção. O trabalho passa a ser uma série de aplicações de conhecimentos, onde os
indivíduos voltam suas capacidades para a programação e o controle e, isto traz como
exigência se pensar a formação dos indivíduos para o trabalho com base em pressupostos pós-
fordistas, sob os quais novas habilidades estão sendo demandadas. Temos hoje um aumento
das exigências de aptidões para o trabalho, considerando-se uma base de conhecimentos mais
amplos, exigência de capacidade para resolução de problemas, exigência para tomada de
decisões autônomas, capacidade de abstração e comunicação escrita e verbal. Somando-se a
isto, o trabalhador deve ser polivalente, e com maior nível de escolaridade. Polivalente no
sentido de multiqualificado, isto é, aquele que é capaz de desenvolver e incorporar diferentes
competências e repertórios profissionais [...]
11
[...] Mas o modelo das competências está longe de ser atendido pela maioria dos
trabalhadores, os quais ao não responderem suas exigências tornam-se desempregados ou
inserem-se em novas formas precárias de trabalho. Some-se a isto outra grande parcela
desprovida totalmente das condições mínimas para o trabalho, e para os quais a
impossibilidade de fazerem parte do novo mundo do trabalho é estrutural e permanente. De
acordo com a Organização Internacional do Trabalho, mais de 700 milhões de pessoas estão
desempregadas ou parcialmente empregadas, constituindo-se isto num dos maiores problemas
sociológicos da pós-modernidade. [...]
[...] Devemos reconhecer que o novo padrão tecnológico e produtivo internacional
é contraditório por excelência. De um lado, abre novas possibilidades, valorizando
significativamente a formação e o reconhecimento dos saberes dos trabalhadores. As novas
exigências do modelo de competência, assim como a quebra da rigidez hierárquica com
relações mais horizontalizadas entre os trabalhadores, repercutem positivamente na autonomia
dos indivíduos e possibilitam maiores capacidades cooperativas. [...]
[...] De outro lado, "fatos da desindustrialização e da transferência geográfica de
fábricas, a flexibilidade dos mercados de trabalho, da automação e da inovação de produtos
olham a maioria dos trabalhadores de frente" (D.Harvey). Este "olhar de frente" representa
relações que acentuam a insegurança, ampliam a desigualdade e a exclusão social. Isto gera
uma ansiedade permanente nos indivíduos, quer pela incerteza da permanência no trabalho ou
pela constante procura do mesmo. [...]
[...] Portanto a qualificação profissional constitui-se hoje numa forma
indispensável para transformar o trabalho numa esfera de inclusão, sendo assim um direito de
cidadania. Embora o aumento do grau de qualificação médio da força de trabalho seja a
tendência desta fase do capitalismo global, no Brasil, por exemplo, a estrutura ocupacional
ainda é bastante estratificada e, com uma grande parcela, composta por trabalhadores pouco
qualificados e instruídos, o que dificulta o crescimento dos "ganhadores da reflexividade", e
favorece o aumento dos perdedores.
Isto depende de ações do Estado, de um novo papel dos sindicatos, da atuação
constante dos novos movimentos sociais, e principalmente de um novo tipo de educação, o
qual venho chamando de educação pós-moderna crítica, e que entende que a
instrumentalização dos indivíduos para o exercício da cidadania passa não só pelas formações
12
política e sociocultural, mas também pela formação para o trabalho. Ou dito de outra forma, a
preocupação com a formação para o trabalho num processo educacional pós-moderno crítico,
diz respeito não só ao aspecto técnico, mas também ao político e ao sociocultural, ou seja,
tendo o trabalho como ponto de partida, busca-se aquilo que Gramsci denominou "formação
omnilateral do homem", sendo esta a maior possibilidade para o exercício efetivo da
cidadania na sociedade pós-moderna [...]
[...] Vivemos numa sociedade pós-moderna, que tem como referência valores
como lucro, velocidade, competição, individualismo, generalidade do conhecimento,
polivalência das habilidades, sob os quais são demandadas as competências para o mundo do
trabalho. À luz dessa lógica, ressoam vozes como “tempo é dinheiro, “quem espera não
alcança”, “quem não tem cão caça com gato”, as quais se distanciam daquelas que ecoam em
provérbios como “a união faz a força”, “uma andorinha só não faz verão”. Nesse cenário, sob
o impacto de um fenômeno social extremamente complexo – a revolução tecnológica, a era do
conhecimento, o desemprego estrutural e a flexibilização dos deveres e direitos, que
acentuaram a desigualdade, a diferença, a incerteza –, emergem, de modo ainda tímido,
movimentos que buscam revitalizar princípios fundamentais como igualdade e fraternidade,
na tentativa de problematizar e, portanto, alterar, a concepção de homem à imagem do
mercado. Em suma, valendo-se mais uma vez da sabedoria popular, para explicitar a tomada
de posição desses movimentos, recorre-se ao conhecido provérbio “Devagar com o andor, que
o santo é de barro”.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE:
Analise o texto segundo o conceito de que nessa sociedade que vivemos, o
trabalho do homem em uma visão crítica vem sendo desprezado, em razão da utilização das
máquinas para realizar determinadas tarefas. Estabeleça a relação que pode existir entre o
desemprego e a necessidade de aperfeiçoamento profissional.
4.1.2. TEXTO 2
Trechos do Projeto de Intervenção Pedagógica apresentado pelo Prof. Valdete
Pereira dos Santos, junto ao PDE 2009, MUNDO DO TRABALHO: As Novas Perspectivas
do Mundo do Trabalho e o Ensino da Geografia
13
“As relações que se estabelecem entre ações humanas, trabalho e comunicação se
fundem em uma única ação transformadora no processo complexo que é o trabalho na
sociedade atual. A educação, o conhecimento e a comunicação são elementos fundamentais
para a formação, produção e a reprodução da vida humana, que sofre no dias atuais a
concorrência entre a sobrevivência e a acumulação de riquezas. Estar apto para acompanhar a
nova realidade do mundo do trabalho é buscar sempre a qualificação profissional, o
aperfeiçoamento cultural e o entendimento de novas linguagens. Essa busca pode começar
pela escola, mas está também, na convivência sindical, político-partidária, etc.
O capitalismo tem a necessidade de desenvolver novos conceitos de trabalho e
mecanismos para uma reestruturação produtiva, para que assim vá se redefinindo as relações
de poder na sociedade, configuram-se aí os objetivos empresariais para a sua manutenção
enquanto empresa e, ao trabalhador para a manutenção de seu emprego, é necessário seu
aperfeiçoamento constante. “O processo tecnológico descrito por Leontief não leva ao
desemprego, mas ao aumento da qualificação da força de trabalho” (Bernardo, 2000, p. 72).
Sobre a entrada de pessoas no chamado mundo do trabalho, Soares (2001, p. 116)
afirma:
“os problemas advindos para os ex-empregados e os ex-
assalariados e para todos aqueles que tentam chegar ao
“mercado” de trabalho não são problemas que preocupam o
capital. São problemas pertencentes a cada infeliz criatura que
passa a essa condição”.
Na atualidade, a sociedade necessita de instrumentos que possam desenvolver de
forma integral os novos trabalhadores, esses na escola principalmente possam ter uma
formação que os faça entender que o mundo do trabalho é complexo, que existe uma elite,
uma classe burguesa capitalista, que organiza a sociedade nos seus moldes, para que tenha
sempre preferencialmente seus objetivos atingidos, para que se perpetuem no poder como
classe dominante. Assim, para que o aluno tenha essa consciência da importância da escola,
do professor, de cultura, enfim do conhecimento como principal ferramenta de trabalho, pois
só com um bom nível de conhecimento é possível estar apto para o novo mundo do trabalho e,
principalmente, refletir sobre o que pode ser feito para melhorar sua condição de vida, sua
participação efetiva na sociedade”.
14
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Analisando o texto, qual sua visão sobre a necessidade do conhecimento para
enfrentar o mundo do trabalho que se configura atualmente e que exige cada vez mais
profissionais preparados para exercer diversas funções em seu trabalho.
4.1.3. TEXTO 3
Trechos do texto “SE EU PUDESSE QUEBRARIA TODAS AS MÁQUINAS”
2, de Maria Aparecida Moraes Silva, citado no livro O Avesso do Trabalho, publicado em
2004.
Sobre o aperfeiçoamento tecnológico no trabalho, podemos encontrar neste texto
diversas situações que exemplificam esse processo:
[...] “Sobre a colheita de cana na região de Ribeirão Preto, SP: “Estima-se que
somente na região de Ribeirão Preto, existiam mais de quinhentas colhedeiras de cana, sendo
que cada uma possui capacidade de colher setecentas toneladas por dia, o que corresponde à
substituição de cem homens. Desse modo, o equivalente a cinqüenta mil trabalhadores seria o
saldo total das demissões provocadas por essas máquinas. Segundo cálculos existentes, por
cada cem demissões, são abertas doze vagas para funções especializadas, dentre elas, aquelas
referentes aos condutores dessas máquinas, pois operam durante 24 horas do dia, subvertendo,
portanto, totalmente os limites impostos pela natureza no que tange ao trabalho na agricultura.
O atual estágio, definido pelas máquinas colhedeiras, representam o momento de um processo
cuja história se caracterizado por várias forças antagônicas, a saber: exclusão de boa parte dos
trabalhadores; superexploração da força de trabalho, aliada ao processo despótico de seu
controle; acumulação primitiva, através da tomada de terras para novas plantações de cana,
utilização das diversas áreas da ciência, como química, biologia, física, mecânica e outras
como força produtiva geral, além da informática e das modernas formas de administração e
recursos humanos etc” (Silva, 2004, p. 31 e 32). [...]
[...] “Observa-se, também, a criação das biofábricas de cana, verdadeiros
laboratórios, onde as plantas são produzidas in vitro e onde são controlados os aspectos
fitossanitários” (Silva, 2004, p. 33). [...]
2 Palavras de uma ex-cortadora de cana de Guariba, São Paulo.
15
[...] Ao lado dessas transformações biológicas, há que se registrar a enorme
variedade de produtos químicos empregados no controle de pragas, doenças e ervas daninhas,
sem contar que a carpa manual foi substituída pela carpa química. Tais inovações, sem
sombra de dúvidas, aumentaram a produtividade do trabalho e diminuíram a quantidade de
trabalhadores empregados” (SILVA, 2004, p.33). [...]
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Analisando este trecho de texto, como podemos relacionar a situação apresentada
com realidades que podemos vivenciar em nossa região, seja na área agrícola como a
apresentada, como em áreas urbano-industriais.
Para trabalhar esses contextos além do material aqui apresentado, segue outras
sugestões de textos e sites onde podem ser encontrados vários filmes, textos e músicas sobre o
tema:
A Sociedade Informática – Conseqüências Sociais da Segunda Revolução
Industrial (Parte I do livro) de Adam Schaff. "Produção do Grupo de Estudos Redes,
Cidadania e Cidade Educadora, 2000" - Coordenação Érika Juffernbruch .
O Enigma da Longevidade - Júlio Sérgio Cardozo, A era do fim dos empregos -
21/01/2010. Por Julio Sergio Cardozo (CEO da Julio Sergio Cardozo & Associados),
professor livre docente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
O Fim dos Empregos - Resenha do livro "Fim dos empregos" de Jeremy Rifkin -
Por Daniel Serrano - 26/02/2002
O Emprego no Século XXI - Especialista diz que executivos brasileiros
devem se preparar para mundo em mudanças - Publicado em 18/10/2004 Por Renata
Aquino
4.2. FILMES
16
4.2.1. TEMPOS MODERNOS (Modern Times, EUA 1936)
DIREÇÃO: Charles Chaplin
ELENCO: Charles Chaplin, Paulette Goddard, 87 min. preto e branco,
Continental
COMENTÁRIO
O filme faz uma referência ao processo de alienação ao qual
passa o funcionário mediante ao processo de industrialização, onde o
funcionário é treinado a realizar uma única tarefa durante todo o processo de
produção industrial, não tendo a capacidade de pensar sobre sua participação
no processo de produção.
4.2.2 O DIABO VESTE PRADA (The devil wears Prada)
David Frankel 2006, EUA
COMENTÁRIO
Mesmo nos meios mais elitistas pode-se perceber a repetição da
hierarquia e do modo de produção do sistema capitalista. É o caso da chamada
"indústria da moda". O filme, O Diabo Veste Prada, mostra, por um lado, a cruel
concorrência do mercado de trabalho e os abusos dos patrões com seus funcionários
e, por outro, a preparação de uma funcionária pela sua chefa. A história gira em
torno do dia a dia e uma funcionária recém admitida por uma famosa revista de
moda. Situações como: acirra competição, exigências do "mercado", uso de
tecnologias, e regras como: o que vestir, o que comer, com quem se relacionar,
como e quando dirigir-se à sua superior são colocadas. O trabalho torna-se um
estilo de vida. Com o uso do telefone celular, por exemplo, a editora aciona sua
assistente a qualquer hora e por qualquer motivo. Implicações editadas pela
poderosa Miranda Priestly (Meryl Streep), mas tem sérios problemas com as
exigências do novo emprego, incluindo as tarefas absurdas ordenadas pela chefa.
4.2.3 PEÕES (2004, Brasil – Eduardo Coutinho)
COMENTÁRIO
17
Documentário sobre a história pessoal de trabalhadores da indústria
metalúrgica do ABC paulista que tomaram parte no movimento grevista de 1979 e
1980, mas permaneceram em relativo anonimato. Eles falam da conciliação da
atividade sindical com a vida pessoal, da atual dificuldade de recolocação em
diversos setores da indústria metalúrgica, de sua participação no movimento e dos
caminhos que suas vidas trilharam desde então. Exibem souvenirs das greves,
recordam os sofrimentos e recompensas do trabalho nas fábricas, comentam o efeito
da militância política no âmbito familiar, dão sua visão pessoal de Lula e dos rumos
do país. O filme foi rodado no período final da campanha presidencial de 2002.
4.2.4 SEGUNDA FEIRA AO SOL (2002, Espanha – Fernando Leon
de Aranoa)
COMENTÁRIO
Segunda feira ao sol trata do desemprego de longa duração, de ofícios
que se tornam obsoletos, postos que se tornam extintos etc. Simbolicamente trata-se
de homens e mulheres que não conseguem encontrar um lugar ao sol. O filme está
contextualizado no período subseqüente à década de 1980, quando uma nova
divisão internacional do trabalho causou com impacto significativo em alguns
setores industriais em países de capitalismo avançado como Espanha e Reino
Unido. O agudo processo de desindustrialização e de reconversão produtiva que
atingiu o mundo do trabalho contribuiu para o aumento significativo do desemprego
em massa e do desemprego de longa duração, isso sem falar no processo de
precarização do trabalho que gerou. Isso se traduziu em uma grave desvalorização
da chamada mão de obra. Grande contingente de ex-operários, vítimas da
globalização do capital e das mutações do capitalismo global, viram-se obrigados a
buscar inserções precárias no mercado de trabalho no crescente setor de serviços.
Aranoa representa, em suas personagens, subprodutos desta etapa excludente do
capitalismo.
4.2.5 O GERMINAL, 1993, de Émile Zola, Titulo Original:
Germinal
18
COMENTÁRIO
Baseada no clássico de mesmo nome de Émile Zola, a trama conta a
história das pessoas que trabalham em minas de carvão. A revolta começa quando
os salários são diminuídos, mesmo frente às péssimas condições de trabalho
oferecidas.
4.3 SÍTIOS SUGERIDOS
Complementando os textos e filmes sugeridos, podemos ainda utilizar
diversos sites onde podem ser encontrados vários filmes, textos e músicas sobre o tema:
http://letras.terra.com.br – sítio onde se encontra diversas letras de músicas que falam sobre
diferentes tipos de trabalho, que podem ser levados à realidade na qual se vive. Acessado em
23/04/2010
www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/player.php?id=15283 – sítio do
governo estadual onde encontramos vídeos e trechos de filmes que tratam sobre o tema
trabalho, como Tempos Modernos, Toyotismo, Fordismo, Taylorismo. Acessado em
24/04/2010
http://www.angelfire.com/sk/holgonsi - sítio onde encontramos diversos artigos relacionados
ao tema trabalho, política, economia, sociedade e as novas tecnologias. Acessado em
10/06/2010.
http://www.g1.com.br/jornalhoje - sítio onde é exibido uma série de quadros sobre o mercado
de trabalho, as novas profissões, os novos profissionais, trabalhos domésticos e suas relações
com a modernidade social. Acessado em 10/06/2010.
http://www.vocesa.abril.com.br/desenvolva-sua-carreira/materia/the-hub-escritorio-novo-
lugar-trabalho-504690.shtml - O novo lugar de trabalho: reportagem sobre novos locais onde
se realiza os mais diferentes tipos de trabalho, podendo ser individual ou em equipe. Acessado
em 19/07/2010.
19
http://www.veja.abril.com.br/ - site onde podem ser encontradas reportagens sobre a relação
educação e trabalho. Acessado em 22/07/2010.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, Ricardo e SILVA, Maria Aparecida Moraes (orgs.). O Avesso do Trabalho. 1.
ed. – São Paulo: Expressão Popular, 2004, 416 p.
ANTUNES, Ricardo, 2002. Os sentidos do trabalho, ensaios obre afirmação e a
negação do trabalho; 6ª ed. Boitempo Editorial. 2002
BERNARDO, João. Transnacionalização do Capital e Fragmentação dos Trabalhadores.
Ainda há lugares para os sindicatos? Boitempo Editorial, 2000.
HOBSBAWM, Eric J., 1917. Mundos do Trabalho; novos estudos sobre a história
operária/ Eric J. HOBSBAWM, tradução de Waldea Barcelos e Sandra Beldran. – Rio
de Janeiro: Paz e Terra. 1987
SANTOS, Valdete Pereira dos, As Novas Perspectivas do Mundo do Trabalho e o
Ensino da Geografia, PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional, 2009.
SILVA, Maria Aparecida Moraes. “Se eu pudesse, eu quebraria todas as máquinas”. In: SILVA.
M.A.M. e ANTUNES, R. (orgs.). O Avesso do Trabalho. 1. ed. – São Paulo: Expressão Popular,
2004, 416 p.
SIQUEIRA, Holgonsi Soares Gonçalves – “A nova concepção de trabalho”, Artigo
Publicado no Jornal “A Razão” em 01/05/2003.
SOARES, Luiz Carlos Correa. E se o capitalismo acabasse? : ensaio para um sistema
sociopolítico e econômico que exercita a democracia e recupera a essencialidade humana
/ L. C. Correa Soares – Curitiba: Autor, 2001.