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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2008
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEED
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
O PEDAGOGO COMO ARTICULADOR DO TRABALHO DOCENTE
CURITIBA
2008
ZILDA DE FÁTIMA MULIKI DOS SANTOS
SIMONE ISABEL SARDI VIEIRA
GLÁUCIA C. BELASQUE VRIESMANN
MARIA HELENA DOSKA ALBERTI
MARLI T. JOUCOSKI GONÇALVES
SANDRA MARA ZIMERMAN ROCHA
O PEDAGOGO COMO ARTICULADOR DO TRABALHO DOCENTE
Unidade Pedagógica apresentada como requisito para obtenção de créditos do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Orientadoras: Sandra Guimarães Sagatio Daniele Saheb
CURITIBA
2008
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO ...................................................................................................4
2 UNIDADE 1 - O PLANEJAMENTO E A ATIVIDADE DOCENTE............................6
2.1 ESTUDO E REFLEXÃO: CAMINHOS DA TRANSFORMAÇÃO. ..........................8
2.2 DIAGNOSTICAR...................................................................................................9
2.3 APRENDER ........................................................................................................10
2.4 ENSINAR ............................................................................................................10
2.5 AVALIAR A APRENDIZAGEM ............................................................................11
2.6 PLANO DE TRABALHO DOCENTE ...................................................................13
2.7 PROPOSTA DE ATIVIDADE...............................................................................15
3 UNIDADE 2 – ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL: LIMITES E
POSSIBILIDADES PARA UMA PRÁTICA POSSÍVEL NA ESCOLA. .....................17
3.1 A FAMÍLIA NO MOMENTO DE ESCOLHA.........................................................20
3.2 ESCOLHA PROFISSIONAL: O QUE A ESCOLA TEM A VER COM ISSO? ......22
3.3 ENEM E PROUNI: SIM OU NÃO? ......................................................................25
3.3.1 Sobre o Enem ..................................................................................................25
3.3.2 Objetivos do Enem ...........................................................................................26
3.3.3 ProUni ..............................................................................................................26
3.4 VESTIBULAR: EIS A QUESTÃO! .......................................................................27
3.5 OUTROS CAMINHOS POSSÍVEIS.....................................................................29
3.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................30
3.7 SUGESTÕES DE ATIVIDADES..........................................................................32
3.7.1 Dinâmicas.........................................................................................................32
3.7.2 Linha da Vida ...................................................................................................33
3.7.3 Recortes de Filmes ..........................................................................................34
3.7.4 Visitas...............................................................................................................35
3.7.5 Cartazes ...........................................................................................................36
3.7.6 Oficinas ............................................................................................................36
4 UNIDADE 3 - AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO E AS ARTICULAÇÕES DENTRO DA ESCOLA..........................37
4.1 SUGESTÕES DE ATIVIDADES..........................................................................44
4.1.1 Atividade 1........................................................................................................44
4.1.2 Atividade 2........................................................................................................44
4.1.3 Atividade 3........................................................................................................45
5 UNIDADE 4 - PLANEJAR: BUROCRACIA (SÓ PARA REGISTRAR) OU
COMPROMETIMENTO (AÇÃO DOCENTE RESPONSÁVEL) ................................46
5.1 CONFLITOS DO PLANEJAMENTO....................................................................46
5.2 O QUE É PLANEJAMENTO................................................................................48
5.3 TEORIA E PLANEJAMENTO..............................................................................51
5.4 O PLANEJAMENTO E AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS ...............................52
5.5 PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO ...................................................................57
5.6 PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO.......................................................................60
5.7 ATIVIDADES.......................................................................................................61
5.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................65
6 UNIDADE 5 - AVALIAR PARA QUÊ?...................................................................67
6.1 ANALISANDO E REFLETINDO ..........................................................................71
7 UNIDADE 6 - CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO
DOCENTE À PRÁTICA EM SALA DE AULA ..........................................................74
7.1 ROTEIRO DE ATIVIDADES PARA DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ........78
7.1.1 Exemplo 1 ........................................................................................................79
7.1.2 Exemplo 2 ........................................................................................................80
7.1.3 Exemplo 3 ........................................................................................................82
7.1.4 Exemplo 4 ........................................................................................................83
REFERÊNCIAS.........................................................................................................85
4
1 APRESENTAÇÃO
Este Caderno Pedagógico intitulado “O Pedagogo como Articulador do
Trabalho Docente”, sistematiza o resultado de pesquisas e reflexões de pedagogas
atuantes em escolas da rede estadual de Curitiba, Paraná, integrantes do Programa
de Desenvolvimento Educacional – Formação Continuada em Rede, da Secretaria
Estadual de Educação do Paraná, sob a orientação das docentes do Departamento
de Teoria e Prática de Ensino da Universidade Federal do Paraná.
Ambas compartilham a preocupação sobre aspectos da educação,
observados pelas pedagogas por meio da sua prática no cotidiano da escola pública.
Ao longo de cada unidade é possível perceber a inquietação das autoras em
relação às necessidades e fragilidades constatadas e o desejo de contribuir para a
superação destas a partir da pesquisa e então da elaboração de um projeto de
intervenção no espaço onde atuam.
Sendo assim, a unidade temática está dividida da seguinte forma:
As discussões sobre a importância de que professor compreenda os
aspectos relativos ao planejamento que são amplos e refletem suas concepções de
mundo, de sociedade, de cidadão, não se limitando somente e exclusivamente ao
espaço escolar, será abordado por Zilda de Fátima Muliki dos Santos no texto “O
Planejamento e a Atividade Docente.”
A necessidade de que o professor e o pedagogo entendam o planejamento
de forma consciente, como um meio de reflexão sobre a prática pedagógica a ser
executada de forma responsável e comprometida, superando a visão burocrática do
ato de planejar, será contemplada no texto da pedagoga Maria Helena Doska Alberti
intitulado: “PLANEJAR: burocracia (só para registrar) ou comprometimento (ação
docente responsável)“.
Outro aspecto significativo para o trabalho do professor no espaço escolar
se trata da avaliação e das suas implicações na prática pedagógica, o qual será
tema de reflexão da pedagoga Marli Terezinha Joucoski Gonçalves, sob o título
“Avaliar: para quê?”.
Além disso, serão aprofundados os Critérios de Avaliação do Plano de Ação
Docente-a prática em sala de aula no texto elaborado por Sandra Mara Zimerman
Rocha.
5
Atualmente a tecnologia tem sido o foco de atenção de alguns professores e
pesquisadores, com o objetivo de compreender as questões que a envolvem e
buscar alternativas para o seu melhor aproveitamento em sala de aula, o tema é
explorado pela pedagoga Gláucia Cristina Belasque Vriesmann.
Esperamos com este trabalho que além de serem aprofundadas as
reflexões, ampliem-se também a compreensão que o próprio pedagogo tem de seu
trabalho no contexto escolar.
6
2 UNIDADE 1 - O PLANEJAMENTO E A ATIVIDADE DOCENTE
De acordo com o dicionário Michaelis da Língua Portuguesa (2000)
planejamento significa: “o ato de projetar um trabalho, serviço ou mais complexo
empreendimento. Determinação dos objetivos ou metas de um empreendimento,
como também coordenação de meios e recursos pata atingi-los”.
Na educação institucionalizada enquanto escola, o ato de planejar toma
proporções mais importantes do que apenas traçar um caminho. Tem a prerrogativa
de determinar a formação dos sujeitos (alunos) através das concepções de
educação que permeiam o trabalho do professor. No momento da elaboração do
planejamento o professor deixa transparecer sua concepção de mundo, de
educação, do Homem e de sociedade: sendo, portanto um ato político. 1
A educação formal é um processo e sendo assim deverá se desenvolver
dentro de um contexto nacional, regional e comunitário da escola. Requerendo desta
maneira um planejamento específico para cada uma dessas esferas, chegando ao
planejamento da instituição de ensino e às diferentes disciplinas e até conteúdos.
Isto se justifica uma vez que o planejamento “é instrumento direcional de todo o
processo educacional, pois ele tem condições de estabelecer e determinar as
grandes urgências, de indicar as prioridades básicas e de ordenar e determinar
todos os recursos e meios necessários para a consecução das metas”.
(MENEGOLLA, 1997, p. 31).
Abrange desde o nível macro, representado pelos planos nacionais,
seguindo para os regionais onde são estabelecidas as políticas e diretrizes
emanadas pelas mantenedoras. Em termos nacionais os PCN’s, e especificamente
no Estado do Paraná as DCE’s.2
Como as políticas exigem dos professores o cumprimento de determinações
vindas verticalmente, sem que eles participem das decisões, o que se verifica é um
“abismo entre o que se pretende e o que se faz”. (GANDIN, 2000). Tornando o
planejamento um amontoado de papéis que se transformam em burocracia
desvinculada da prática.
1 Político no sentido de cidadania.
2 PCN- Parâmetros Curriculares Nacionais/DCE- Diretrizes Curriculares para a Educação.
7
Planejar é a ordem é o dever, planejar é a cantiga diária dos comandos pedagógicos. Planejar são a angústia e o delírio mórbido da escola, é a enfadonha novela, que os professores diariamente, escutam com insistência e tenacidade dos seus coordenadores. (MENEGOLLA; SANT’ANA, 2008, p. 39).
O que se verifica é que a escola tornou-se muito hábil em elaborar modelos
de fichas de planejamento, onde o importante passa a ser o planejar e nem tanto o
executar. Não raro se houve que os professores não gostam ou não querem
planejar, pouco ou quase nunca pedagogos/coordenadores e dirigentes das escolas
perguntam ou fazem uma reflexão sobre quais motivos levam muitos à desenvolver
verdadeira fobia pelo planejamento. Algumas hipóteses podem ser levantadas:
− Em primeiro lugar o professor normalmente não elabora um
planejamento, e sim preenche formulários;
− Não raras às vezes são obrigados a seguirem sistemas rígidos que não
lhes permitem inovar no planejamento e nas suas aulas;
− Gestores que não proporcionam espaços para a reflexão troca de
experiências entre os professores das práticas desenvolvidas em sala de
aula.
Esse contexto só vem contribuir para que os professores defendam a “idéia
de que o planejamento é desnecessário e inútil por ser ineficaz e inviável na prática”.
(MENEGOLLA; SANT’ANNA, 1997, p. 43)
Por outro lado, de que maneira se defenderá a necessidade da presença de
algo que não se conhece. O que se observa é que os professores não sabem
planejar, pois lhes faltam conhecimento teórico e suas possibilidades de aplicação.
Não porque não querem, mas sim porque não foram orientados de forma segura e
prática a planejar. São cobrados por vezes por segmentos da escola que também
não sabem planejar. Notando a insegurança destes, somado a pouca e fraca
orientação, levam-nos a desacreditar do planejamento.
8
2.1 ESTUDO E REFLEXÃO: CAMINHOS DA TRANSFORMAÇÃO.
Alguns conhecimentos científicos e pressupostos teóricos são necessários
serem absorvidos pelos educadores, para que o planejamento se transforme em
meio capaz de criar as melhores condições possíveis para que os alunos construam
seus conhecimentos. Tomando como referência os saberes social e historicamente
elaborados pela humanidade, fazendo uso da mediação do professor.
Primeiramente, um estudo mais detalhado dos modelos pedagógicos e
epistemológicos do processo de ensino e aprendizagem. A partir da definição no
coletivo da escola de quais são esses modelos, é que serão pautadas as decisões
de que conteúdos, metodologias e critérios de avaliação serão adotados.
Os modelos que serão apresentados a seguir são os resultados dos estudos
e pesquisas do Professor Fernando Becker, segundo ele há três modelos
pedagógicos e seus respectivos pressupostos epistemológicos. 3
− Pedagogia Diretiva: O conhecimento é transmitido ao aluno. Este
assimila informações e dados, os quais são reproduzidos em exercícios e
testes. A epistemologia que rege esse modelo pedagógico é o
empirismo, o que significa que o conhecimento vem do meio físico do
social. O aluno é encarado pelo professor como uma “tabula rasa”, ou
seja, que não possuí nenhum conhecimento até que receba do professor
detentor do saber, o conteúdo escolar.
− Pedagogia Não Diretiva: Muito mais presente na teoria do que nas
práticas diárias de sala de aula. O professor é o facilitador da
aprendizagem, um auxiliar do aluno. Este já traz consigo o saber, deve o
professor trazê-lo a consciência. É um “laissez faire” deixa fazer. O
apriorismo é o modelo epistemológico desta pedagogia, na qual o fator
hereditariedade é que ditará a capacidade de aprendizagem ou não dos
alunos. Comuns frases do tipo: “Ele não aprende matemática pois não
tem dom para os números”, “ É pobre, passa fome, os pais são
analfabetos, logo, não conseguirá aprender”. Com este pensamento o
professor “renuncia àquilo que seria a característica fundamental da ação
3 Explicação da gênese e do desenvolvimento do conhecimento.
9
docente: a intervenção no processo de aprendizagem do aluno”
(BECKER, 1994, p. 91).
− Pedagogia Relacional: Professor acredita que o aluno aprenderá
somente á partir do momento que construir conhecimentos
problematizando e agindo sobre os conteúdos. As aprendizagens devem
ser significativas, ou seja, resultado das relações que o aluno estabelece
entre o conhecimento prévio e os novos construídos à partir da interação
com o professor e colegas. O modelo epistemológico é o relacional. O
professor não é o detentor do saber, aluno não é “tabula rasa”. Este
modelo permite que a escola e professores coloquem como projeto de
escola, a formação de um aluno que é um cidadão crítico, que a cada
nova situação reflete e pensa no significado das ações dos outros e de si
mesmo. O ensino não está centrado nem no conteúdo nem da figura
autoritária do professor, como diz Fernando Becker (2000) “trata-se numa
palavra, de construir o mundo que se quer, e não de reproduzir/repetir o
mundo que os antepassados construíram para eles ou herdaram de seus
antepassados”.
O conjunto de escolhas teóricas vai orientar a prática docente em salde aula.
Caberá ao coletivo da escola aprofundar os conhecimentos sobre as pedagogias e
modelos epistemológicos. O que se colocou nesta produção são pensamentos e um
determinado autor, permitindo aos pedagogos um ponto de partida para a reflexão
com seu corpo decente.
Além dessa reflexão, quatro conceitos são importantes para o professor
tanto no momento de planejar, como no dia-a-dia de sala: o diagnosticar, o
aprender, o ensinar e o avaliar.
2.2 DIAGNOSTICAR
O diagnóstico permite estabelecer uma comparação entre o que se pensa
em fazer e o que se quer fazer com o que se faz na prática. Todo diagnóstico
procura através da observação, da mensuração, da coleta de dados, bem como, da
análise destes, prever o que pode ocorrer durante uma ação. No caso da educação,
10
trata-se de instrumento que permitirá organizar seu trabalho pedagógico com vistas
a alcançar os objetivos propostos no seu planejamento. Quando o professor elabora
seu planejamento articulado com o Projeto da escola, terá como princípios verificar
através do diagnóstico: até que ponto a disciplina que leciona e o trabalho que
desenvolve com os alunos nas aulas, contribui para a construção da sociedade
concebida no PPP? Quais fatos se apresentam que demonstram se o conteúdo está
atendendo a proposta da escola? O que ocorre e quais as variáveis determinantes
para a aprendizagem ou não dos alunos?
Deve-se pensar a escola através de um planejamento que proponha uma
sociedade diferente e contribuindo de maneira efetiva para a construção da mesma,
e não como mera transmissora de conteúdos, não se dando conta que este tipo de
educação traz resultados sociais terríveis assim como conseqüências na vida dos
alunos que perdurarão por toda uma geração.
2.3 APRENDER
Ao elaborar o planejamento o professor terá em mente meios para
proporcionar aos seus alunos a construção de conhecimentos. Partindo do princípio
de que aprender é construir significados, o planejamento deverá estar voltado para
promover aprendizagens significativas, e não meramente mecânicas ainda tão
freqüentes nas escolas, as quais classificadas de tradicionais, onde alunos
respondem questionários, decoram as respostas e no dia da prova respondem o que
foi decorado.
2.4 ENSINAR
Se aprender é construir significados, ensinar é mediar essa construção. Para
tanto, deve-se esquecer que ensinar é apenas transmitir informação. Ao planejar um
ensino enquanto mediação da construção por parte do aluno, o professor deverá ter
em mente que será o responsável pela organização dos conhecimentos de maneira
11
que o mesmo tome para si os conteúdos relevantes para construir aprendizagens
significativas.
Ter conhecimento das características dos alunos tanto cognitivas como
psicossociais é de extrema relevância, pois permitirá planejar suas estratégias
pedagógicas respeitando tais características. Importante neste momento verificar a
importância do que está sendo proposto para a aprendizagem, diante o contexto de
seus alunos.
Ao mesmo tempo em que o professor organiza a escolha dos conteúdos, ele planeja estratégias pedagógicas que favoreçam uma aprendizagem significativa por parte dos alunos. (MORETTO, 2007, p. 52).
2.5 AVALIAR A APRENDIZAGEM
A avaliação da aprendizagem é algo muito complexo, por tratar-se de
aspectos subjetivos em se tratando da apropriação cognitiva de elementos
apresentados. Se o ensino e a aprendizagem se derem de forma mecânica, a
avaliação assim o será: sabe ou não sabe, marque X, responda as perguntas, etc.
É preciso pensar que a avaliação está presente em todo o curso do
processo de ensino e aprendizagem. Quando o professor explica um determinado
conteúdo percebe muitas reações, as quais podem ser um indicativo de
aprendizagem ou não.
No momento do planejamento quando se estabelecem claramente os
objetivos a serem alcançados pelos alunos, se cria a possibilidade de avaliar de
forma mais justa e com a verificação da aprendizagem. Afinal é sobre os objetivos
que serão elaborados os critérios para a avaliação, assim como os instrumentos
mais adequados.
A avaliação é instrumento para o redirecionamento das aulas do professor.
Podendo ser assistemática e contínua sendo aquela que faz parte do processo, a
medida que a aula vai se desenvolvendo o professor vai percebendo sinais de
compreensão ou não em seus alunos. Assim, o professor deverá organizar-se para
num curto espaço de tempo, muitas vezes de um dia para o outro buscar caminhos
alternativos e estratégias mais adequadas para ensinar. Outra avaliação, que pode
12
ser um outro momento, é a avaliação sistemática, que consiste em planejar, marcar
com antecedência pelo professor ou pela escola, dia e hora pré-agendadas. Uma
boa alternativa se segundo o que diz Moretto (2007, P. 57) “um instrumento para o
professor recolher sinais indicadores da possível aprendizagem significativa e, em
conseqüência, replanejar suas ações pedagógicas que possibilitarão novas e
fecundas aprendizagens”, desde que vinculadas aos objetivos.
Avaliar, portanto para não perder o curso dos processos de ensino e
aprendizagem, deve ser a tônica desta árdua tarefa.
Não se pode negar a necessidade dos planejamentos nacionais e estaduais,
pois é a partir deles que se estruturam os planos curriculares das escolas, que por
sua vez, embasam a elaboração dos planos de ensino/disciplina chegando ao Plano
de Trabalho Docente. 4
No interior das escolas é que as políticas educacionais agem diretamente
sobre os indivíduos. E ocorrem pela via destes planos mais específicos. Portanto, a
escola deve preocupar-se em interpretar as diretrizes emanadas pelo sistema,
tomando-as por base verificando suas possibilidades de colocá-las em prática e de
adaptá-las às realidades sócio-culturais da população atendida.
Quando se fala em planejamento educacional o termo toma amplitude, muito
vasta, difícil de situá-lo na escola. E mais precisamente quando se fala em Plano de
Trabalho Docente, necessita-se situá-lo em que nível se encontra.
Primeiramente, o planejamento em educação abrange três níveis distintos,
porém interligados:
− Planejamento educacional: estabelece as políticas de educação
(podendo se nacional ou regional);
− Planejamento Curricular: formula objetivos educacionais a partir das
políticas das mantenedoras; 5
− Planejamento Escolar: determina/estabelece um projeto de escola
programando ações, de acordo com a política e os objetivos
educacionais representado pelo Projeto Político Pedagógico.
O que interessa no presente documento é a prática escolar. Sendo assim, se
procederá ao detalhamento do planejamento escolar compreendendo três níveis:
4 Nomenclatura apresentada pela SEED com relação aos Planos de Aula.
5 No Estado do Paraná representado pelas Diretrizes Curriculares Estaduais –DCE’s.
13
1) Plano da escola – congrega todos os segmentos da escola
compreendendo os setores de administração, pedagógico e comunitário.
É o plano de ação da escola.
2) Plano de ensino/proposta da disciplina – representado pelo planejamento
da disciplina abrangendo sua importância como contribuição na
construção social e pessoal, a opção de linha de trabalho (metodologia) e
os objetivos (conhecimentos) á serem alcançados pelos alunos e quais os
conteúdos necessários para dar conta destes pressupostos.
3) Plano de aula/plano de trabalho docente – parte do plano de ensino
(disciplina) é o desenvolvimento do conteúdo para uma aula ou conjunto
de aulas.
2.6 PLANO DE TRABALHO DOCENTE
A concretização dos pressupostos educacionais presentes na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN’s), das Diretrizes Curriculares Estaduais (DCE’s) e do Projeto
Político Pedagógico da Escola (PPP), se dará no momento da aula do professor.
Portanto, o plano de trabalho docente é o instrumento por excelência da efetivação
do planejamento.6
Quando da elaboração do PPP, toda a escola congrega esforços no sentido
de colocar todos os desejos e idéias de cidadania, de justiça social, de participação,
de ensino e de aprendizagem. Portanto, o que se realiza em sala de aula é parte
deste esforço, e guiará o trabalho de cada professor e de cada turma de alunos.
É preciso lembrar também, que o professor ao elaborar o seu plano de
trabalho docente terá como referencial todas as políticas em educação desde o nível
macro até o micro representado pelo PPP da escola. Pois caso contrário pode
ocorrer que cada escola siga um caminho, e até que cada professor e cada grupo
de alunos, mesmo tentando fazer o máximo, trabalhem segundo seu senso comum
pessoal e, até, segundo o humor de cada momento. A escola não terá, neste caso, 6 Tais pressupostos educacionais, no caso da presente produção didática, estão relacionados com o
trabalho desenvolvido nas escolas públicas.
14
uma identidade clara que é uma condição básica para que se estabeleça um
processo de ajuda eficaz ao educar-se das pessoas que dela participam, e para que
se estabeleça uma presença social construtora. (GANDIN, 2000, p. 26).
Para finalizar, é necessário que todos os educadores tenham claro que o
planejamento não será o redentor de todas as mazelas da educação, desde os
níveis nacionais até chegar à escola. No entanto, a atividade de planejar no âmbito
da escola se revela em um movimento de grande importância, afinal como já foi dito
anteriormente, é na escola que as políticas educacionais se efetivam. E a partir de
sua elaboração é que são definidos conteúdos, métodos, avaliação, enfim, tudo o
trabalho educativo.
Por outro lado, é preciso ter consciência que se trata de um trabalho árduo e
que muitos são os obstáculos. Pois, não é simplesmente distribuir o conteúdo ao
longo do ano letivo. Superar a idéia de que planejar é preencher formulários para
serem arquivados. É antes abrir os horizontes do trabalho do professor, permitindo
que se vá além da mera transmissão de informação, “ensinar não é transferir a
inteligência do objeto ao educando mas instigá-lo no sentido de que, como sujeito
cognoscente, se torne capaz de inteligir e comunicar o inteligido”. (FREIRE, 1996, p.
119).
O planejamento é o resultado concreto de um projeto de escola e de
educação sonhado e idealizado pelo coletivo escolar. Há que se buscar “uma
proposta de planejamento das ações pedagógicas visando criar as melhores
condições para que os alunos construam seus conhecimentos a partir dos saberes
socialmente elaborados, com a mediação do professor”. (MORETTO, 1997, p. 9)
É preciso propor uma educação transformadora onde a aquisição dos
conhecimentos se dê através de um processo de construção baseada em
conhecimentos prévios que o aluno traz para a escola. Assim como o processo de
ensino seja uma constante ação – reflexão – ação, onde o professor pesquise,
experimente, discuta com outros professores, conclua, e retome o curso do processo
tendo como objetivo maior a transformação do seu aluno.
15
2.7 PROPOSTA DE ATIVIDADE
O tema abordado na presente produção pedagógica, suscita inúmeras
indagações e reflexões sobre o planejamento enquanto plano de trabalho docente.
Assim, a proposta de atividade será encaminhada no sentido de promover a
discussão e reflexão sobre o tema, buscando desta forma através da teoria modificar
a prática de sala de aula, onde a escola cumpra sua função primeira que é a de
ensinar proporcionando aos educandos a aquisição dos conhecimentos, atingindo a
efetiva aprendizagem.
Todos os sujeitos da escola são responsáveis pela melhoria da educação,
no entanto, cabe ao pedagogo enquanto intelectual orgânico promover o debate
junto à comunidade escolar sobre questões de ensino e aprendizagem. Assim
sendo, a proposta de trabalho será a de organização de um seminário, onde seriam
convocados todos os professores, funcionários e representantes dos órgãos
colegiados (APMF, Conselho Escolar Grêmio Estudantil).
O cronograma para este evento será distribuído da seguinte forma:
a) 1º MOMENTO: Exibição do filme: “Pro Dia Nascer Feliz”. (João Jardim).
b) 2º MOMENTO: Organizar grupos de estudos, com número máximo de
até oito(8) pessoas cada um para realizarem a seguinte reflexão e
discussão:
OBS.: Este momento poderá ser dividido em mais dias, podendo ocorrer na
reunião de início de cada semestre. Sendo que com os professores poderá ser
aproveitada a hora atividade, com os pais em reuniões de entrega de boletins, com
os funcionários em momentos específicos, com alunos na primeira semana de aula.
Após assistir ao filme, faça uma análise do mesmo os seguintes aspectos?
− Qual o papel da sociedade?
− Como se encontra a sociedade?
− Qual a função social da escola?
− Como a escola exerce a sua função na realidade?
− Qual a relação existente entre escola e sociedade?
− A escola atende as necessidades sociais da atualidade?
− Quais são as expectativas com relação à escola?
16
− No que a sua escola se assemelha com a apresentada no filme?
− No que a sua escola já avançou m relação a escola apresentada no
filme?
− Se as escolas fazem parte de uma Rede (a Rede Estadual, por exemplo),
o que faz com que uma escola apresente melhores condições de ensino,
melhor estrutura física, fazendo com que a população procure uma
escola muitas vezes mais distante de sua residência?
− Que concepções de educação estão presentes no documentário feito por
João Jardim?
Para subsidiar as discussões com relação ao planejamento, será proposto o
grupo a leitura do presente documento, e encaminhadas seguintes discussões:
− Qual a relação do planejamento com a qualidade da escola?
− Em que medida o Plano de Trabalho Docente auxilia o professor no
processo de ensino e aprendizagem?
− Qual a concepção de educação está posta do Projeto Político
Pedagógico da sua Escola e qual sua referência sobre planejamento?
c) 3º MOMENTO: Apresentação das conclusões da maneira que o grupo
optar. Estas conclusões deverão ser registradas em documento próprio
(no caso Ata de Reuniões).
Como sugestão de apresentação, após o momento com o grande grupo,
colocar as proposições e conclusões em cartazes e fixá-los pela escola.
Há que se salientar que o pedagogo é o articulador e mediador deste
trabalho, e deverá durante o desenvolvimento do mesmo subsidiar o grupo com
materiais, além de assessorar sanando dúvidas e encaminhando a sistematização ,
a apresentação e o registro das propostas apresentadas após o término dos
trabalhos.
Esta é apenas uma sugestão de atividade, a qual poderá ser utilizada na
íntegra, bem como, parcialmente. Podendo ainda ser adaptada às características de
cada unidade escolar.
17
3 UNIDADE 2 – ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL: LIMITES E POSSIBILIDADES
PARA UMA PRÁTICA POSSÍVEL NA ESCOLA.
A orientação profissional faculta uma escolha profissional que esteja, em
sintonia com o conhecimento de si mesmo e da realidade do mercado de trabalho
em que se insere, uma escolha refletida e discutida que envolve angústias,
dificuldades, concessões e também alegrias, no sentido de a pessoa se assumir
como responsável por si.
Ela atua em todos os níveis e, seu objetivo inclui um projeto para a vida.
Nesse sentido, Jenschke (2002) defende uma orientação profissional que "prepare
as pessoas para enfrentarem as permanentes transformações sociais e as situações
da vida do indivíduo".
Segundo Saviani (1986), diante da necessidade da inclusão social no que se
refere à educação como prioridade para permitir o crescimento do país e também
suprir a necessidade do mercado de trabalho houve uma separação de educação e
cidadania, a fim de que a educação ajustasse os indivíduos ao mercado de trabalho
e a acessibilidade da educação a todos.
Ao considerarmos a orientação profissional como possibilidade de escolha, a
oferecemos, muitas vezes, aos indivíduos das classes média e alta (LISBOA, 2002).
Isto pode levar ao esquecimento de que a proposta da orientação profissional
“reside na preocupação do significado do trabalho para a sociedade, na sua
construção, na sua transformação, na formação de valores, no compromisso com a
constituição de uma sociedade pautada em determinados princípios” (LISBOA,
2002, p.44)
Muitas vezes o jovem pensa não ter dúvidas sobre qual profissão deve
buscar, por não ter averiguado todas as possibilidades e por ter uma relação
fantasiosa com a profissão almejada. A orientação profissional é uma medida
preventiva que objetiva auxiliar o jovem no processo de maturação em relação à
escolha, orientando-o para qual caminho deve seguir, levando-se em consideração
seus aspectos pessoais, familiares e sociais configurando a vontade de querer todas
as possibilidades, porém, escolher significa dar preferência a uma delas perdendo-
se todas as outras, as demais alternativas que a princípio são igualmente atraentes,
mas escolher uma delas significa não ter acesso as outras não é somente quem tem
18
dúvidas sobre a profissão que deve buscar auxílio mas toda pessoa em situação de
escolha (LUCCHIARI, 1993).
Conforme Cória-Sabini (2004), a escolha vocacional é um dos problemas
mais preocupantes para o adolescente. Ela provém da interação entre as
aspirações e os conhecimentos que o jovem tem e suas condições atuais para a
realização. Este processo é bem demorado, ele ocupa várias etapas da vida.
Segundo a autora ele inicia-se com a “fase da fantasia” onde o então pré-
adolescente já reflete detalhadamente os fatores que facilitarão ou dificultarão a
realização de sua ambição profissional. Na adolescência inicia-se o “período
realista”, nele o adolescente consolida seu interesse por uma atividade e começa a
verificar as probabilidades ocupacionais que poderá ampliar dentro da área
escolhida. Isso é possível de acordo com os conhecimentos que tem de cada
profissão. Sua primeira escolha pode não “ser para sempre”.
Para a realização profissional há várias etapas, elas iniciam-se com
freqüentar um curso superior ou o primeiro emprego, onde ele pode reformular ou
manter sua opção, pois há uma tendência em idealizar a profissão escolhida.
Com a evolução da sociedade, o surgimento de novas oportunidades
profissionais e o avanço tecnológico, novas opções despontam no mercado e a
escolha profissional feita na adolescência poderá ser reformulada ou reforçada. O
indivíduo pode adiar por vários anos sua verdadeira realização profissional e só
concretizá-la após a aposentadoria.
De acordo com Levenfus (2002):
o autoconceito influi na escolha da profissão; sua formação se inicia com o desenvolvimento da identidade e coincide com o momento dessa escolha, vai evoluindo conforme o adolescente psicossocialmente explora, se identifica, sofre influências e desempenha papéis.
Segundo Bohoslavsky (1977, p. 32) “a escolha não é um momento estático
no desenvolvimento de uma pessoa. Ao contrário, é um comportamento que se
inclui num processo contínuo de mudança da personalidade”.
Escolher faz parte de nossas vidas, sempre estamos em situação de
escolha, ela não ocorre em determinada época e depois nunca mais, por isso a
importância de se compreender o que é e como fazer escolhas, pois, conforme
Bohoslavsky (1977) “a possibilidade do decidir está estritamente ligada à
19
possibilidade de suportar a ambigüidade, de resolver conflitos, de postergar ou
graduar a ação, de tolerar a frustração”.
Muitas das escolhas profissionais são feitas sob uma visão linear sempre
ligada a uma motivação pessoal, um gosto, um interesse em realizar alguma
atividade, isso não leva a uma satisfação profissional, pois, para ser bem sucedido
em uma profissão é preciso muito mais (LUCCHIARI, 2002).
O jovem nesta fase da adolescência passa por um momento muito delicado
de reconhecimento de sua identidade. Ele ainda não definiu bem o “eu sou” e,
talvez nem o venha definir completamente. E, é o futuro que determinará quem “eu
serei” com o referencial do passado “eu fui”.
Referente ao autoconhecimento Lucchiari(2002, p. 29) escreveu:
O fato de decidirem-se com mais conhecimento de si mesmo e do mundo do trabalho traz uma motivação e um interesse muito maior pela atividade a ser desenvolvida. Em geral esse tempo gasto para pensar e refletir proporciona um amadurecimento maior no jovem em relação a si mesmo e à escolha realizada.
É fundamental que o jovem venha sendo preparado, no decorrer de sua vida
acadêmica, para o momento de escolha, assim quando chegar a hora ele sentir-se-á
com mais estrutura emocional para as conseqüências que derivarão desta escolha,
prosseguindo ou retomando novos caminhos.
A adolescência é uma das etapas da vida do indivíduo em que a
necessidade de educação mais se faz presente. E, a escola é o espaço de maior
privilégio de vivência da adolescência, pois, é um espaço físico social, humano,
ideológico, o lugar das idéias por excelência, de debates, de transmissão, de
assimilação ou rejeição em que a adolescência floresce todos os dias. Assim
sendo, este ambiente educativo terá que olhar para o adolescente em suas
necessidades de desenvolvimento entre a capacidade de inter relação e a
consolidação de sua identidade, possibilitar o contato com figuras significativas,
confronto com valores, atitudes e ideais que poderão dar sentido à sua vida no seu
processo de descoberta de si mesmo, possibilitando assim, num contexto protegido
e aberto o encontro consolidar-se como pessoa sem ter que converter as suas
fragilidades em agressividade.
De-Farias e Ribeiro(2007, p. 98) abordam a influência familiar da seguinte
forma:
20
A criança, ao longo do seu desenvolvimento, precisa aprender com o apoio de seus familiares e educadores a assumir suas responsabilidades e escolhas. Ao ser incentivada e apoiada em suas decisões a criança aprende a emitir comportamentos adequados em seu meio social e de forma segura, sendo então reconhecida(conseqüências positivas). Se a criança não aprende a enfrentar situações de estresse ou de qualquer outro tipo de dificuldade com o apoio e carinho de seus familiares, haverá uma grande probabilidade dela aprender a emitir comportamentos de fuga e esquiva ou agressivos, conforme a sua história de reforçamento.
Um adolescente que tenha passado por uma infância com a participação
efetiva de seus familiares e educadores tende a realizar suas escolhas com maior
facilidade e a superar as frustrações com mais naturalidade, por isso a atuação da
família e da escola é um ponto fundamental na formação de um indivíduo.
Segundo Lucchiari (2002) são as relações estabelecidas entre as pessoas
que desempenham papéis importantes na vida de cada um, como os pais, amigos,
professores,etc é que formam a identidade. Ela diz: ”Desde criança já nos
identificamos, consciente ou inconscientemente, assumindo e experimentando
papéis que vão servir de base para o estabelecimento da identidade futura.”
Sobre a formação da identidade familiar Lucchiari(2002, p. 31) relata:
As profissões dos pais influem de forma decisiva na maneira como o jovem representa o mundo do trabalho. A formação da identidade profissional está relacionada com a sua percepção da satisfação ou insatisfação de seu pai em seu trabalho.
Os pais e/ou responsáveis pelo jovem devem tomar muito cuidado ao expor
suas experiências profissionais pois elas poderão fazer a diferença na escolha deste
jovem, tanto para a realização quanto para a desilusão.
3.1 A FAMÍLIA NO MOMENTO DE ESCOLHA
A família como primeira instituição que faz da criança um sujeito que tem
uma história mas que também constrói uma nova história precisa irmanar-se na
tarefa de ajudar as crianças a se tornarem cidadãos. Os pais são os primeiros
21
educadores, e é deles que a escola recebe o encargo por delegação. Escola esta
escolhida por eles.
É na família que a criança forma os conceitos de si própria, do mundo e do
lugar que ocupa no mundo. O relacionamento familiar permitirá ou não, um
autoconceito favorável, além de um julgamento pessoal que o indivíduo assume
perante si próprio. Este autoconceito influirá diretamente em suas escolhas.
A participação da família no processo de escolhas do jovem é de suma
importância. Porém, especificamente na escolha profissional, esta deve ter cuidado
para que a busca pela realização de suas expectativas em detrimento de interesses
pessoais não influencie na decisão e na fabricação dos diferentes papéis
profissionais.
De acordo com Lucchiari (2002, p. 53):
A família é a célula social responsável pela transmissão da ideologia dominante, dos valores morais, dos pensamentos e da cultura, o elo intermediário entre o social e o indivíduo e, o jovem é o resultado dessa relação da família com a sociedade.
As perdas dos adolescentes são de grandes influências em suas escolhas,
vejamos o que Pigozzi(2005, p. 92-93) escreveu a este respeito.
Em seu processo de crescimento, a cada nova descoberta que o adolescente faz, há uma perda envolvida. Ele perde o Papai Noel, o coelhinho da Páscoa, o nascimento pela cegonha, o sexo das abelhinhas, as brincadeiras de roda, os lápis de cera, os balões. Mas ganha uma ampliação do entendimento do mundo real. Ganha o engajamento político, direitos e deveres cíveis, descobre o prazer em seu corpo e no corpo do outro. Surpreende-se diante da descoberta do sexo, da culpa, do poder das palavras. A bolha da infância que o continha estourou. A estrada reta tornou-se uma encruzilhada. Agora ele terá de escolher seu caminho.
Escolher é um processo doloroso que exige muito de qualquer um que se
encontre nesta situação, especialmente um jovem que está em formação. E, para
que ele tenha uma maior, segurança, tranqüilidade neste momento é necessário um
apoio familiar, o que não garantirá o acerto na escolha mas amenizará a frustração
caso não seja feita a correta.
Muitas famílias querem contribuir para o acerto na escolha profissional,
porém, na ânsia de que o jovem acerte, não sofra, acaba por realizá-la, ou até
22
mesmo determiná-la por ele, desconsiderando seu real interesse, o que por vezes
acarreta em profissionais amargos, mal humorados, descompromissados.
Almejando evitar tal situação é que a família, antes de emitir qualquer
opinião referente à escolha profissional do jovem, precisa também se informar do
como fazê-lo e saber aceitar e apoiar quando a decisão deste não condizer com o
esperado, sonhado por todos.
Os familiares precisam ter ciência de que são transmissores de valores,
atitudes e informações profissionais e que exercem influência contínua durante a
adolescência.
É fundamental analisar os determinantes familiares na escolha profissional
pois são reflexos de toda uma sociedade que organiza a vida dos seus indivíduos.
Sendo a família a responsável pelo estabelecimento da ponte com a sociedade, não
pode ser vista fora desta dimensão.
3.2 ESCOLHA PROFISSIONAL: O QUE A ESCOLA TEM A VER COM ISSO?
A escola é a maior responsável pela mudança social. Esta só ocorrerá com
cidadãos, conscientes da realidade, com alternativas de mudanças reais, que tomem
decisões responsáveis e transformadoras em prol de um bem comum. Vejamos o
que Lucchiari relata a respeito disto:
A escolha consciente por parte dos jovens de sua futura profissão pode ser um dos caminhos para se alcançar uma maior relação da escola com a realidade. À medida que um maior número de pessoas ingressar na universidade, conscientes do seu compromisso social, poderá reivindicar mudanças, alterações curriculares e estruturais da universidade, tentando aproximá-la mais da realidade (LUCCHIARI, 2002, p. 58-59).
Para que o jovem não se sinta impotente quanto ao seu futuro, imaginando-
se incapaz de realizar algum trabalho profissional quando conclui seu Ensino Médio,
Profissionalizante ou mesmo a Universidade é necessário que haja uma integração
entre a sociedade e os setores de produção. Mas isso não é nada fácil, pois os
professores que atuam nestes níveis são frutos deste mesmo sistema de ensino
desatualizado e ultrapassado.
23
Geralmente a escola não responde às necessidades de participação no
mundo social, político e econômico, deixando nos jovens uma sensação de
desamparo. Não há eficiência na orientação para o trabalho, não há integração da
escola com a vida, dificultando ainda mais a escolha por uma profissão.
Para que o jovem realize sua escolha com tranqüilidade é necessário que
esteja preparado psicologicamente e que os fatores externos (família, escola,
sociedade) o auxiliem, oferecendo-lhe as condições de que precisa para este
momento de expectativas e de tensão emocional.
A escola propõe-se a oferecer conhecimentos técnicos e formação moral,
mas, mesmo assim o jovem se sente só, sem rumo, frente ao desafio da escolha
indelegável, do desafio à ação. A Orientação Profissional auxiliará no
desenvolvimento de meios que busquem a clareza racional e o equilíbrio emocional,
para que suas escolhas sejam compatíveis com a realidade,
Sabemos que a adolescência encerra importantes questões com as quais a
pessoa é desafiada e que dizem respeito à passagem de um mundo infantil para o
mundo das responsabilidades e da identidade adulta. Ninguém “pára de crescer”
com o fim da adolescência, mesmo sendo um período difícil de precisar quanto a
seus limites exatos. Todos aprendemos e nos modificamos até o fim da vida. Em
nossa cultura, nem sempre, para nós, é clara a passagem para o mundo adulto.
Nossa sociedade contemporânea, ocidental, exige mais do individuo no que se
refere a colocar-se enquanto sujeito adulto. Neste outro sentido é que se torna
relevante o processo de Orientação Profissional.
Por isso, um processo de Orientação Profissional que facilite uma escolha
consciente e bem formulada consiste em um primeiro passo à realização
profissional. É, portanto, um instrumento que atua no sentido de programação da
saúde humana, agindo profilaticamente. Uma pessoa satisfeita com seu trabalho,
em uma ocupação associada a sua personalidade e a seus anseios, é alguém que
tende à realização e a uma capacidade produtiva maior.
Com a globalização da economia, há exigências crescentes no mundo
profissional, frente às quais são necessárias posturas flexíveis que respondam às
demandas do mercado de trabalho. O ritmo das mudanças pede ao indivíduo uma
postura ativa, de participante da realidade, capaz de se posicionar e de exercer
escolhas constantemente.
24
A escola deve preocupar-se em conscientizar os jovens de que o momento
de escolha é um processo de aprendizado a ser levado para outros momentos e que
tem muito a contribuir na formação pessoal, no reconhecimento de si enquanto
sujeito de escolha capaz de visualizar as possibilidades que a sociedade lhe oferece
quanto a escolha profissional, além de ser um espaço para auto-conhecimento,
apoio e busca de posicionamento crítico do sujeito frente ao processo de ingresso
no mundo profissional, facilitando ainda a troca de experiências entre os envolvidos.
Nenhuma escolha é definitiva, pois situações novas sempre se
apresentarão, exigindo posicionamento, escolha e ação. A escola pode “facilitar
esta escolha”,ou seja, participar auxiliando a pensar, coordenando o processo para
que as dificuldades de cada um possam ser formuladas e trabalhadas levando o
jovem a descobrir quais caminhos pode seguir e que cada escolha feita faz parte de
um projeto de vida que vai se realizando. “Nossa vida se define pelo futuro que
queremos alcançar”.(LUCCHIARI, 1993)
Espera-se que a escola continue com a educação iniciada na família, pois
esta realiza melhor função quando pode ampliar e aprofundar a educação já iniciada
na família. E, mais tarde, pela sua produção individual, sua escolha e atuação
profissional, já adulto, dará sua devolutiva à vida, com sua integração e participação
na comunidade ampla.
Para se orientar o jovem a uma escolha profissional faz-se necessário que
seja trabalhado questões como: O que é escolher? Quais aspectos estão
envolvidos em uma escolha? Quais são os elementos sociais, econômicos,
subjetivos que interferem na escolha? O que significa escolher uma profissão?
Quem sou eu? Como eu escolho? Quais são meus talentos? Quais são minhas
dificuldades? Como me localizo em relação às minhas escolhas? Como posso
escolher melhor? Como minha postura diante das alternativas pode definir uma
escolha consciente? Como me responsabilizo por minhas escolhas? Sou
responsável por minhas escolhas e por meu futuro! O processo de escolha é
contínuo!
25
3.3 ENEM E PROUNI: SIM OU NÃO?
3.3.1 Sobre o Enem
O Enem é um exame individual, voluntário, oferecido anualmente aos
estudantes que estão concluindo ou que já concluíram o ensino médio em anos
anteriores. Seu objetivo principal é possibilitar uma referência para auto-avaliação, a
partir das competências e habilidades que estruturam o Exame.
O modelo de avaliação adotado pelo Enem foi desenvolvido com ênfase na
aferição das estruturas mentais com as quais construímos continuamente o
conhecimento. Sua prova é interdisciplinar e contextualizada colocando o estudante
diante de situações-problema e pede que mais do que saber conceitos, ele saiba
aplicá-los.
Ele incentiva a aprender a pensar, a refletir e a “saber como fazer”.
Valoriza, portanto, a autonomia do jovem na hora de fazer escolhas e tomar
decisões.
Mas o principal incentivo para que os concluintes e egressos do ensino
médio façam o Exame é a possibilidade concreta de ingresso no ensino superior.
Afinal, a nota obtida no Enem pode significar tanto uma bolsa integral ou parcial do
ProUni, que utiliza os resultados do Exame como pré-requisito para a distribuição de
bolsas de ensino em instituições privadas, quanto a conquista de uma vaga em
algumas das mais prestigiadas instituições de ensino superior do País, entre elas as
universidades públicas mais concorridas.
O Enem foi estruturado a partir dos conceitos presentes na atual Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, que reformulou o ensino médio no
Brasil, tornando-o, etapa conclusiva da educação básica e porta de entrada para a
educação superior no Brasil. Outra vantagem do Exame é que mais de 600
Instituições de Ensino Superior (IES) pelo Brasil utilizam seus resultados como
complementação de seus processos seletivos (algumas até estudam substituir o
vestibular pelo Enem como processo seletivo), o que acaba sendo um atrativo a
mais para os estudantes participarem do Enem.
26
3.3.2 Objetivos do Enem
O principal objetivo do Enem é avaliar o desempenho do aluno ao término da
escolaridade básica, para aferir desenvolvimento de competências fundamentais ao
exercício pleno da cidadania. Desde a sua concepção, porém, o Exame foi pensado
também como modalidade alternativa ou complementar aos exames de acesso aos
cursos profissionalizantes pós-médio e ao ensino superior.
Ele tem como meta possibilitar a participação em programas governamentais
de acesso ao ensino superior.
Busca, ainda, oferecer uma referência para auto-avaliação com vistas a
auxiliar nas escolhas futuras dos cidadãos, tanto com relação à continuidade dos
estudos quanto à sua inclusão no mundo do trabalho. A avaliação pode servir como
complemento do currículo para a seleção de emprego.
3.3.3 ProUni
Um grande incentivo é o ProUni - Programa Universidade para Todos – que
ajudou a popularizar o Enem desde que foi implantado em 2005.
O ProUni é um sistema de benefício aos estudantes de baixa renda que não
têm condição de pagar uma faculdade particular.
O Programa distribui três tipos de bolsa. A bolsa integral, para estudantes
que possuam renda familiar, por pessoa, de até um salário mínimo e meio, a bolsa
parcial, 50%, para estudantes que possuam renda familiar, por pessoa, de até três
salários mínimos e a bolsa de 25%, para estudantes que possuam renda familiar,
por pessoa, de até três salários mínimos, concedida somente para cursos com
mensalidade de até R$ 200,00.
A escola deve esclarecer aos estudantes o real significado do Enem e
ProUni, bem como seus benefícios, sem expressar opinião própria, evitando
influências, para que cada um, conscientemente, possa escolher se quer ou não
fazê-lo.
27
É importante que também os familiares sejam informados sobre o Enem e
ProUni para que possam auxiliar, corretamente, o jovem, sem reprimi-lo ou obrigá-lo
a uma escolha tendiosa.
O conhecimento dará a segurança que eles precisam para tomar sua decisão,
não só nesta situação como em todas as que se apresentarem em sua vida. Grande
parte deste conhecimento advém da instituição escolar tornando, assim, cada
componente desta instituição co-responsável pelas escolhas realizadas pelos
jovens.
E esta é uma responsabilidade muito séria. O compromisso que é
estabelecido com este jovem, durante sua permanência na escola, poderá definir
seu futuro tanto profissional como pessoal. A contribuição escolar é fundamental na
sua formação.
3.4 VESTIBULAR: EIS A QUESTÃO!
No Ensino Médio, muitos professores enfatizam a questão do vestibular e,
não são raras as vezes que se utilizam deste fato para atraírem a atenção de seus
alunos, alguns até suprimem conteúdos importantes por não fazerem parte do que
será “cobrado no vestibular”.
Muitos adolescentes já têm bem claro se querem ou não dar seguimento aos
estudos após a conclusão do Ensino Médio, mas outros ainda encontram-se na
dúvida.
Parte da responsabilidade em relação à instabilidade de decisão sobre o
vestibular para o jovem está na expectativa de seus familiares, que é um reflexo da
expectativa da sociedade, do ingresso de seus filhos na universidade, embora
saibam das limitações dos números de vagas em relação ao número de inscritos.
Santos (1988, p. 79) explica o surgimento do vestibular:
O vestibular nasceu da necessidade de verificar se o candidato possuía suficiente conhecimento para realizar determinado curso superior. Isso porque o nosso sistema de ensino só tinha o ensino primário e o superior. D.João VI, chegando ao Brasil em 1807, tratou de criar as primeiras escolas superiores sem que tivéssemos um ensino médio. A intenção era evitar que os jovens brasileiros da aristocracia rural de então continuassem
28
peregrinando para Portugal para diplomar-se em um curso superior. O exame, de vestíbulo, entrada, era uma forma de realizar um diagnóstico sobre as potencialidades do candidato para seguir determinado curso. Era um exame-diagnóstico, realizado da melhor maneira da época.
Para ingressar em qualquer instituição de ensino superior, seja ela pública
ou privada, o jovem precisa passar por um vestibular onde seus conhecimentos
serão medidos. Esta questão do vestibular está diretamente relacionada ao
momento de decisão dos jovens.
Existe uma desproporção muito grande entre o número de candidatos e o
número de vagas ofertadas, especialmente nas universidades públicas. Com isso,
o ensino superior público que é um direito fundamental passa a ser privilégio de uma
pequena parcela da população.
E este é apenas o primeiro obstáculo, pois mesmo conseguindo entrar na
universidade fica complicado, ao jovem que precisa trabalhar, manter-se em curso e
concluí-lo. Este fator, dentre outros interfere diretamente no processo de escolha do
jovem quanto ao acesso ou não ao ensino superior.
O impacto do vestibular sobre os jovens é assim comentado por Lucchiari
(2002, p. 67):
Estudar para o vestibular muitas vezes é aproximar-se de uma neurose. Há jovens que, no decorrer do ano do exame, deixam de passear, divertir-se, fazer outras coisas de que gostam somente para estudar. Resultado: acabam ficando mais ansiosos, sentindo-se divididos entre a vontade de estar aproveitando a vida e a urgência de estudar; tal sentimento de culpa os impede de verdadeiramente estudar e aprender o que estudam, gerando assim todo um processo de autopunição.
Este comportamento abordado por Lucchiari (2002), na maioria das vezes, é
exigido pela família que acredita ser o melhor para o jovem naquele momento, e
reforçado pela sociedade que por intermédio dos ditos aulões, “tortura” os
candidatos com aulas nos três turnos e finais de semana, transformando-os em
verdadeiros “zumbis”, fazendo-os crer que só assim conseguirão a aprovação no
vestibular.
Com esta situação alienante, desvia-se o foco, pois os jovens que não são
aprovados pensam não terem, apesar de tudo, se dedicado o suficiente ou então
consideram o curso muito concorrido e mascara-se a falha que, na verdade, está na
estrutura social que não está organizada de maneira a receber todos os que estão
aptos ao ensino superior. Há uma dubialidade na situação, pois de um lado o jovem
29
é estimulado pela família, escola, sociedade a freqüentar um ensino superior mas,
por outro, estas mesmas instituições sociais não lhe fornecem condições para tal.
Alves (1984, p. 74) tem uma abordagem forte a respeito dos exames
vestibulares: “Os exames vestibulares se encontram entre os maiores vilões da
educação brasileira. Seu poder de aterrorizar e intimidar é maior que todas as
nossas filosofias e portarias empacotadas.”
O vestibular faz parte da vida do jovem desde que ele nasce, por intermédio
dos sonhos de seus familiares, que perdem o sono pensando se seus filhos
passarão no vestibular e, se for numa universidade privada, conseguirão pagá-la.
Isso os atormenta por uma vida até a constatação do fato.
Para Alves (1984), os pais só pensam no tipo de conhecimento que ajudará o
estudante a marcar as cruzinhas nos quadradinhos certos e, só aqueles que sabem
que nunca terão condições de chegar até a universidade estão livres deste
terrorismo.
A escola precisa ofertar as condições básicas de ensino e aprendizagem à
seus educandos, considerando sua alegria, sua sensibilidade, seu prazer, para que
possa buscar alternativas profissionais, não necessariamente o vestibular, que os
satisfaçam enquanto pessoas, afim de não sobrecarregarem de expectativas sobre o
mesmo, pois quando não alcançadas são o desencadear de frustração pessoal e de
esperanças da realização de seus sonhos em seus filhos e, com isso a história se
repete.
3.5 OUTROS CAMINHOS POSSÍVEIS
E, aqueles que são reprovados no vestibular uma, duas, três ou até mais
vezes, o que restará como projeto de futuro? E, aquele que não deseja cursar uma
universidade, que futuro terá? Estas são questões que perpassam as mentes de
muitos de nós, então como respondê-las?
Embora neste momento de escolha o jovem se encontre em conflito, em
processo de definição de sua identidade é possível conscientizá-lo sobre os fatores
que interferem na escolha de sua profissão oportunizando-lhes reflexão, debate,
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discussão entre si para que consigam detectar que fatores, em detrimento de outros,
estão dificultando e/ou impossibilitando sua escolha.
É imprescindível levar o jovem a conhecer-se a si mesmo (a integração de
suas vivências passadas, seu presente e suas expectativas quanto ao futuro), a
compreender-se a identificar seus reais interesses, suas aptidões, seus anseios e a
construir um projeto de vida, estabelecendo metas a serem cumpridas com objetivos
bem distintos e com as dificuldades que terá que enfrentar. Todo esse processo
contribuirá para que ele possa realizar sua escolha profissional baseado em suas
construções.
O trabalho é algo que se faz presente desde a infância, a criança pequena
refere-se às suas atividades escolares como “seu trabalho” isso pela identificação
que estabelecem com seus pais e esta relação acompanha o indivíduo até sua
escolha profissional.
Entendemos trabalho como parte integrante da vida de qualquer pessoa,
sendo qualquer atividade desenvolvida pelo homem ao produzir algo útil para a
comunidade. Ele deve gerar condições mínimas de sobrevivência e que em troca
receberá saúde, alimentação e moradia para si e sua família. Em nossa sociedade a
participação de cada um dá-se efetivamente pelo trabalho.
Muitas vezes o trabalho representa a manutenção ou a busca de status,
realização pessoal, familiar ou independência. Portanto a escolha de uma profissão
está intimamente ligada ao significado do trabalho para aquela pessoa.
É importante escolher aquilo que trará maior gratificação, realizando-a por
um longo período de tempo, por isso deve ser coerente e consciente com os
interesses e com as necessidades pessoais, para que seja realizado eficientemente.
A escolha é de responsabilidade de cada um, porém, as conseqüências da
decisão têm inúmeras implicações sociais.
3.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Orientação Profissional não é algo que se faz em um determinado
momento ou somente em uma série e pronto, ela é bem mais do que isso. É
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necessário que se faça um preparo para chegar a ela e, este pode ocorrer desde as
séries iniciais.
Quando a criança entra na escola ela já tem maturidade para começar a
autoconhecer-se, quanto mais for trabalhado o autoconhecimento, mais chances ela
terá de ser uma pessoa realizada, pois saberá distinguir seus desejos, seus
interesses, suas habilidades e terá firmeza quando precisar decidir-se frente a uma
situação qualquer, porque conhecerá suas reações, seus limites.
No decorrer do tempo escolar poderá elaborar projetos, a curto prazo, e aos
poucos ir aumentando estes, até conseguir traçar, com responsabilidade, seu projeto
de vida.
O mesmo acontecerá no campo profissional. Se a criança for conhecendo
as profissões, suas facilidades, dificuldades, vantagens e desvantagens, quando
chegar o momento em que terá que optar por uma profissão ou outra o fará com
naturalidade, sem estresse, sem culpas e principalmente sem influências.
A escola tem grande responsabilidade com toda essa formação. E, o
pedagogo é a pessoa mais indicada para coordenar esse processo contínuo, junto
aos demais integrantes da comunidade escolar. Quando houver a consciência de
que uma pessoa bem resolvida, segura daquilo que quer, só tem a contribuir com a
sociedade então se começará a pensar na prevenção através de investimentos na
orientação profissional desde muito cedo..
Assim sendo teremos pessoas realizadas, felizes, com potencial inovador,
com fundamentos para intervir na sociedade e, gradativamente ir transformando-a. É
só por intermédio do conhecimento que conseguimos compreender nossa
responsabilidade social e podemos sugerir mudanças.
Não nos esqueçamos que todo o processo de ensino aprendizagem deve
estar vinculado, também, à família, que continua sendo o centro gerador do ser
humano e, que unida a ela, a escola adquire a força necessária às conquistas.
No campo educacional. Reforcemos sempre que família e escola devem
estar do mesmo lado, uma co-responsável pela outra. Este entrelaçar de relações
fortalecerá a importância de ambas na formação do cidadão.
Orientar um jovem para a escolha de sua profissão é mais do que um dever.
É uma obrigação nossa, educadores, formadores, de contribuir com a felicidade e
realização das gerações do futuro.
32
Temos que educar para a vida. E ao fazê-lo, é preciso que se considere,
como um de seus fins primordiais, o aperfeiçoamento de tudo quanto esteja
compreendido na existência do ser humano.
3.7 SUGESTÕES DE ATIVIDADES
3.7.1 Dinâmicas
3.7.1.1 Caixinha de Surpresas
a) Objetivo: autoconhecimento; Falar sobre si.
b) Materiais:caixinha com tampa e espelho.
c) Procedimento:
− Em uma caixinha com tampa deve ser fixado um espelho na tampa pelo
lado de dentro;
− As pessoas do grupo devem se sentar em círculo;
− O animador deve explicar que dentro da caixa tem a foto de uma pessoa
muito importante (enfatizar), depois deve passar para uma pessoa e
pedir que fale sobre a pessoa da foto, e não devem deixar claro que a
pessoa importante é ela própria;
− Ao final, o animador deve provocar para que as pessoas digam como se
sentiram falando da pessoa importante que estava na foto.
3.7.1.2 Bexigas Distantes
a) Objetivo: Mostrar que nem sempre os caminhos mais fáceis são os
melhores, aliás quase nunca. Se precisarem da ajuda (frente as
dificuldades) de outro diga, quando não conseguimos vencer algo
33
sozinhos (vícios, frustrações etc.) podemos pedir ajuda a outra pessoa,
mais velhas (no caso de adolescentes).
b) Material: bexigas coloridas; fitilho (fita de presente); mini balas; tirinhas de
papel com palavras boas e ruins do tipo: sucesso, amor, paz, vida eterna,
mentira, drogas.
c) Procedimento:
− Chegue antes para preparar a sala;
− Coloque balas junto com a palavra chave;
− Coloque uma tirinha de papel com um dizer 'ruim' encha a bexiga e
coloque uma fita longa, cole no teto essa bexiga, de forma que fique
fácil de pegar;
− Vá dificultando as bexigas e “melhorando” as palavras até a última
bexiga, se ninguém alcançar diga que pode pedir ajuda um ao outro.
d) Público: pode ser feito com pré-adolescentes, adolescentes, jovens e
adultos, mudando as palavras para cada faixa etária.
3.7.2 Linha da Vida
a) Objetivo: Conduzir o grupo a uma reflexão sobre si mesmo.
b) Material: Papel e caneta
c) Procedimento:
− Pode-se trabalhar com toda a turma;
− Fornecer papel para que tracem a linha de sua vida, de dois em dois
anos, destacando em cada um algum acontecimento marcante.
Ex: 1967______1969______1971______1973______
Nascimento - Nascimento do irmão - Cirurgia - Ingresso na escola
− A atividade poderá ser concluída em casa com o auxílio da família;
− Solicitar que, espontaneamente apresentem sua linha da vida.
Questionar o por quê aquele fato foi importante, se houve reflexos
futuros. Deixar que falem.
34
3.7.3 Recortes de Filmes
3.7.3.1 Projeto de vida
a) Passar trechos do filme: Ratatouille:
− o sonho do Remy quando estava no campo (Remy conversando com
seu irmão; Remy assistindo ao programa de culinária; Remy
procurando alimentos para criar algo diferente);
− as tentativas para realizá-lo (pondo o queijo no telhado , dando
alimento na boca de seu irmão Emile e fazendo-o imaginar algo
magnífico);
− as renúncias necessárias (quando Remy se perde da família, no rio, e
não vai procurá-los mas sim ao seu sonho);
− as dificuldades enfrentadas (quando Remy ensina o cozinheiro
Linguini a seguir suas dicas através de puxões em seu cabelo;
quando o cozinheiro Skinner tenta encontrar Remy para desmoralizar
Linguini);
− a concretização de seu projeto de vida (quando seu pratos são
elogiados, e quando finalmente é aceito como chef ).
b) Comentar sobre as cenas do filme, ouvir a opinião de cada um;
c) Solicitar que cada um faça um quadro com seu projeto de vida.
Meu sonho é: _____________________________________
Penso em
concretizá-lo
em
Atitudes que
preciso tomar
Possíveis
dificuldades que
encontrarei
poderei contar
com...
Começarei
por....
d) Oportunizar a apresentação dos quadros e expô-los na sala;
e) Orientar para que o deixe bem visível em casa;
35
f) Trabalhar a importância de se estabelecer metas a cumprir, de se traçar
um projeto de vida, de ser persistente naquilo que acredita, que quer para
si.
g) Outros filmes que podem ser utilizados para este trabalho:
− Patch Adans: O amor é contagioso;
− Vida de insetos.
3.7.3.2 Autoconhecimento
a) Passar trechos do filme;” Irmão Urso” enfatizando:
− a desvalorização do outro (Kenai fica triste com seu amuleto porque é
um “simples” urso e não um animal guerreiro);
− necessidade de aparecer / ação sem reflexão (Kenai vai atrás do urso
sozinho);
− percepção da outra versão dos fatos (quando Kenai fica na forma de
urso, conhece o Koda e toma ciência do perigo que o homem
representa para o urso, conhecendo a outra versão dos fatos );
− o assumir as decisões tomadas (Kenai resolve ficar na forma de urso
para cuidar de Koda).
b) Outros filmes que possibilitam o mesmo enfoque: autoconhecimento
− O patinho feio;
− Clic;
− Dumbo;
− Rei Leão II.
3.7.4 Visitas
a) Levar os alunos a:
− visitarem universidades para conhecerem o espaço, os cursos,
professores;
36
− participarem de feiras de profissões, para que esclareçam dúvidas.
3.7.5 Cartazes
a) Fazer, junto aos alunos, cartazes informativos (Enem, ProUni, Vestibular,
Profissões Formais e Informais) e deixar em exposição;
b) Cada aluno poderá pesquisar uma profissão e apresentá-la em forma de
cartaz, teatro, power point...
3.7.6 Oficinas
Organizar oficinas com abordagens referentes a profissões, podendo nestas
serem convidados alunos egressos e familiares de alunos para que participem de
uma entrevista, pré-definida junto a turma, esclarecendo tudo o que for possível
sobre sua profissão( média salarial, campo de atuação, tempo para formação, o que
o levou a escolher esta profissão, se está satisfeito ou não e por quê...). Poderão
também serem entrevistados os profissionais da escola.
37
4 UNIDADE 3 - AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
E AS ARTICULAÇÕES DENTRO DA ESCOLA
O atual cenário mundial e principalmente brasileiro vem sofrendo
transformações em todas as vertentes da sociedade: política, econômica,
educacional e outras. Suas mudanças se fazem a partir de meados do século XX
com a permanência e amplitude das tecnologias, advindo como uma ferramenta com
o poder de manipulação de informações, como o uso do computador na II Guerra
Mundial. Hoje já se justifica a importância das tecnologias como transmissão e
construção de conhecimentos e caracterizada como um avanço no processo de
desenvolvimento mundial.
Nesta unidade serão abordadas as tecnologias sobre o prisma da educação
e suas implicações diretas na sala de aula, reforçada pelas autoras Brito e
Purificação (2006, p. 18) que dizem:
A presença da tecnologia em todos os setores da sociedade constitui um dos argumentos que comprovam a necessidade de sua presença na escola e, principalmente, na força de um cidadão competente quanto ao seu instrumental técnico, mas, principalmente, no que se refere à interação humana e aos valores.
Deste modo o efeito se faz notório no atual cenário paranaense devido a
política pública de Governo ser favorável à democratização do acesso ao
conhecimento através da inclusão digital. Moran, Massetto e Behrens (2000, p. 104)
compartilham com essa idéia dizendo:
Os recursos da informática não são o fim da aprendizagem, mas são meios que pode instigar novas metodologias que levem o aluno a “aprender a aprender” com interesse, com criatividade, com autonomia. O professor não pode se furtar de articular projetos de aprendizagem que envolvam tecnologia, principalmente quando ele já está disponível nas instituições de ensino.
Hoje já estão presentes no âmbito da Secretaria de Estado da Educação do
Paraná as NTIC’s (Novas Tecnologias de Informação e Comunicação) e suas
derivações, concretizadas de várias formas:
38
− Portal Dia-a-Dia Educação criado em 2003, uma página de livre acesso,
domínio público e que valorizam os saberes acumulados pelos
professores da rede,
− Instalação do Sistema de Georreferenciamento para as matrículas de 5ª
do E.F. e 1º do E.M. garantindo que o aluno estude próximo a sua casa,
− Criação do SERE WEB, um sistema de acompanhamento das matrículas
dos alunos e a sua evolução no decorrer da vida letiva,
− Laboratório Paraná Digital com computadores que utilizam o software
livre (LINUX) e a internet através da fibra óptica da Copel.
− Projeto TV Pendrive que se efetiva com televisores de 29 polegadas
com entradas para VHS, DVD, cartão de memória e pendrive e saídas
para caixas de som e projetor multimídia nas 22 mil salas de aula da rede
estadual de educação.
Sabe-se que a inclusão das tecnologias nas escolas e principalmente nas
salas de aula é positiva e abre caminhos para novas reflexões sobre a sua função
atual e especificamente sobre a metodologia utilizada pelos professores durante as
aulas, pensamento sobre o qual as autoras Brito e Purificação (2006, p. 25)
descrevem:
Assim tornam-se primordiais a formação e a transformação do professor, que deve estar aberto às mudanças, aos novos paradigmas, os quais o obrigarão a aceitar as diversidades, as exigências impostas por uma sociedade que se comunica através de um universo cultural cada vez mais amplo e tecnológico.
Assim sendo, há necessidade de que os profissionais da educação estejam
desprovidos de qualquer receio ferramental para toda essa mudança que já se sente
no interior da escola e ir em busca de informações e conhecimentos que dê suporte
para a utilização qualitativa dos recursos tecnológicos que aí/aqui estão, e neste
sentido Moran, Massetto e Behrens (2000, p. 62) pontuam:
É importante sermos professores/educadores com um amadurecimento intelectual, emocional e comunicacional que facilite todo o processo de organização da aprendizagem. Pessoas abertas, sensíveis, humanas, que valorizem mais a busca que o resultado pronto, o estímulo que a repreensão, o apoio que a crítica, capazes de estabelecer formas democráticas de pesquisa e de comunicação, que desenvolvam formas de comunicação autênticas, abertas, confiantes.
39
Para tanto, precisa-se utilizar da estratégia de planejamento pedagógico e
fazer bom uso dos espaços já conquistados pela escola pontuados em três
momento distintos, porém interligados:
− Os dias de capacitação, ou seja, formação continuada, que ocorrem no
início e meio do ano letivo, oferecem momentos de estudo e reflexão e
por sua característica flexível às necessidades reais da escola podem ser
utilizados para palestra com especialistas na área, textos para leituras e
práticas no laboratório de informática.
− Os dias de (re) planejamento pontuados no calendário escolar devem ser
utilizados para trabalhar com professores de todas as disciplinas sobre
as inter-relações que existem entre si e juntos construírem um plano de
ação que se efetive com o apoio dos recursos tecnológicos para ilustrar,
conceituar, aprofundar e construir conhecimentos.
− E as horas atividades, uma conquista de longa luta do corpo docente,
devem ser utilizadas de modo que se justifique sua permanência e
ampliação, pois são espaços de tempo menores, porém semanalmente
que se utilizado de forma planejada, poderão servir não só para
correções de atividades e preenchimento do livro registro de classe (livro
de chamada) como também para pesquisa dos objetos de aprendizagem
expostos no Portal Dia-a-Dia Educação.7
Neste contexto o pedagogo é de fundamental importância, pois sua função
é de articulador todos os avanços tecnológicos dentro da escola, cabendo a
percepção e sensibilidade em diagnosticar quais as maiores dificuldades
enfrentadas pelo professor na rotina escolar e fornecer subsídios teóricos –
metodológicos para que a ação do professor seja revigorada na sua função de
transmissão do conhecimento. Assim, quando fizermos uso das tecnologias na
escola estaremos fortalecidos pelo vínculo estabelecido entre professor – pedagogo
– tecnologias, o que Moran, Massetto e Behrens (2000, p. 144) identificam da
seguinte forma:
7 O Portal Dia-a-Dia Educação é uma ferramenta on-line que disponibiliza conteúdos específicos para
educadores, alunos, escola e comunidade, uma iniciativa inovadora do Governo do Estado do Paraná.
40
Por mediação pedagógica entendemos a atitude, o comportamento do professor que se coloca como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que se apresenta com a disposição de ser uma ponte entre o aprendiz e sua aprendizagem – não uma ponte estática, mas uma ponte “rolante”, que ativamente colabora para que o aprendiz chegue aos seus objetivos.
Toda essa gama de recursos tecnológicos estão a serviço da educação, não
como o único e último recurso pedagógico, ainda há de se apoiar em livros didáticos,
literários, rádios, filmes, etc. porém há que se fazer uso otimizado desses recursos,
especialmente a TV Pendrive, pois entra agora no cenário educacional do estado do
Paraná como a maior e mais inovadora ação tecnológica educacional cumprindo o
princípio de acesso universal ao saber, reforçado pelo pensamento de Moran,
Massetto e Behrens (2000, p.56):
Haverá uma integração maior das tecnologias e das metodologias de trabalhar com o oral, a escrita e o audiovisual. Não precisaremos abandonar as formas já conhecidas pelas tecnologias telemáticas, só porque estão na moda. Integraremos as tecnologias novas e as já conhecidas. Iremos utilizá-las como mediação facilitadora do processo de ensinar e aprender participativamente.
A TV Pendrive é um projeto que prevê televisores para todas as salas de
aulas das escolas paranaenses as quais podem transmitir conteúdos historicamente
construídos de forma ilustrada através de filmes, sons e vídeos. Fotos podem ser
expostas em forma de slides e as animações em movimento, sendo que todos estes
recursos podem ser utilizados como dinâmica para a conquista dos alunos que até
então estavam desmotivados com os antigos (e não ultrapassados) recursos como
giz branco e quadro negro. Assim sendo, tem-se uma nova tarefa perante aos
alunos, a qual Belloni (2005, p. 7) descreve com convicção:
O que se dizia da televisão e dos vídeo games nos anos de 1980, pode ser estendido e aprofundado, agora, com relação às tecnologias de informação e comunicação (TIC). O desenvolvimento de uma maior autonomia no contato com essas mídias favorece o surgimento de outras competências tais como organizar e planejar seu tempo, suas tarefas, fazer teste, responder a formulários etc. Sem contar as insuspeitadas competências técnicas e teatrais indispensáveis para viver papéis ou personagens nos muitos domínios virtuais em atividade no ciberespaço.
Aproveitar as potencialidades “daqueles” alunos que colocam sua inspiração
no verso das provas através de desenhos criativos, paródias com professores
pontuando suas principais características, habilidades manuais demonstrados na
41
prática do origami com os costumeiros aviõezinhos feitos das folhas de provas e
trabalhos e ainda as artes cênicas com as performances de mímicas identificando o
professor... e envolvê-los na construção de novos objetos de aprendizagem, os
quais poderão ser expostos no Portal Dia–a–Dia Educação, direcionando seu
potencial para o compromisso com a escola. Moran, Massetto e Behrens (2000, p.
44) reforçam esse pensamento dizendo:
É fundamental procurar estabelecer, desde o início, uma relação empática com os alunos, procurando conhecê-los fazendo um mapeamento dos seus interesses, formação e perspectivas futuras. Vale a pena descobrir as competências dos alunos que temos em cada classe, que contribuições podem dar ao nosso curso. Não vamos impor um projeto fechado de curso, mas um programa com as grandes diretrizes delineadas por onde vamos construir caminhos de aprendizagem em cada etapa, estando atentos – professor e alunos – para avançar da forma mais rica possível em cada momento.
Acredita-se que este seja o marco referencial onde situa as novas
tecnologias a serviço da educação, contextualizado através de suas inúmeras
formas de utilização dentro da sala de aula, e também aliado ao redimensionamento
da função do professor.Temos, portanto, a nossa frente o compromisso em utilizá-
las como instrumentos de transformação da atual condição de vida dos nossos
alunos, proporcionando melhoria significativa nas perspectivas futuras.
Com base nas reflexões conclui-se que a inserção das Novas Tecnologias
de Informação e Comunicação NTIC’s, especialmente a TV Pendrive, no contexto
escolar acontece de modo irreversível e imediato e para que não seja considerado
apenas um “modismo” faz-se necessário a sua utilização instrumental e
metodológica para uma ação inovadora. Portanto sugere-se que os profissionais da
educação acolham-na de forma justificável como recursos necessários às mudanças
quantitativas e qualitativas da educação. Nesta perspectiva, indica-se alguns
caminhos para a utilização das NTIC’s em sala de aula.
42
QUADRO 1 - UTILIZAÇÃO DAS NTIC´s EM SALA DE AULA I
M
P
O
R
T
Â
N
C
I
A
Compreensão da tecnologia utilizada a favor da educação como recurso
facilitador e não como centro da aprendizagem, primando pelo vínculo afetivo
professor - aluno o qual se faz concomitantemente ao processo ensino e
aprendizagem.
O
B
J
E
T
I
V
O
S
Estabelecer prioridades de ação que utilizem os atuais recursos tecnológicos,
especialmente a TV Pendrive, como instrumento a serviço da construção do
conhecimento de forma que desenvolvam nos alunos as capacidades de
interagir e interiorizar os conteúdos.
C
O
N
T
E
Ú
D
O
Seleção do conteúdo estruturante da disciplina e as conexões significativas
com os conteúdos específicos os quais possam ser vivenciados através da
interação com a imagem, o som e o movimento, elementos possíveis através
do recurso hipertextual, permitindo também abordagem interdisciplinar.
T
E
M
P
O
Cálculo da utilização necessária do recurso cronológico, de modo que não
ocupe todo o espaço temporal da aula, porém que seja articulada com as
fases previstas no plano de ação docente, através da motivação, explicação e
avaliação do conteúdo trabalhado.
43
M
A
N
U
S
E
I
O
Manuseio correto das funções da TV Pendrive, previamente ao uso na sala de
aula, bem como manipular o controle remoto e o pendrive. E também a
testagem do material salvo no pendrive antes da sua real utilização.
F
O
R
M
A
T
O
S
• Arquivos de vídeo: MPEG (MPEG1, MPG2), DIVX e XVID;
• Arquivos de áudio: MP3 e WMA;
• Arquivos de imagem: JPEG.
A
T
U
A
L
I
Z
E
_
S
E
Pescópia = pesquisa realizada apenas com a cópia fiel do texto exposto na
internet.
Zapear = pesquisar, olhar em várias fontes ou sites concomitantemente.
44
4.1 SUGESTÕES DE ATIVIDADES
4.1.1 Atividade 1
a) Objetivo: Orientar o professor a criar um PowerPoint, bem como sua
aplicabilidade dentro da escola.
b) Procedimento: Ao preparar um encontro ou reunião o pedagogo poderá
incluir alguns professores para que participem de todo o processo de
organização do mesmo, desde a elaboração da pauta até a avaliação,
passando pelos seguintes caminhos:
− reunir professores (por área, disciplina, interesse...);
− criar um PowerPoint, passo-a-passo (tipo de letra, quantidade de texto,
cor de fundo, tipo e modo de apresentação, animação...);
− no encontro pedir para que um dos professores que participou da
montagem faça a apresentação do PowerPoint e, ao final, proponha
um relato da experiência dos professores que participaram da
organização do encontro.
− comentar que há conteúdos em PowerPoint no Portal Dia-a-Dia
Educação, mas que também cada um poderá criar o seu,
personalizado.
4.1.2 Atividade 2
a) Objetivo: Levar o professor a perceber como é fácil transformar a
Internet em aliada ao invés de tê-la como inimiga.
b) Procedimento: No laboratório de informática, realizar com os professores
atividades simples do cotidiano escolar (jogos envolvendo conteúdos,
pesquisa na Internet de textos para os alunos ou mesmo para os
professores, construção de gráficos com o resultado do bimestre, tabelas
para algum projeto...), as quais poderão serem realizadas com os alunos;
45
Nesta atividade, poderão organizar-se em duplas, onde um professor que
tenha conhecimento básico em informática junte-se a outro de menor entendimento,
para que haja a troca.
4.1.3 Atividade 3
a) Objetivos: Conduzir o professor à constatação, por intermédio da
vivência, de que a valorização e, conseqüentemente a participação do
aluno poderão ocorrer de várias formas. E, que visualizando a situação
torna-se mais fácil à compreensão.
b) Procedimento: Filmar e/ou fotografar alguns acontecimentos da escola
(reunião pedagógica, festa de Páscoa, início das aulas, dia das mães...)
e utilizar estas filmagens/fotos para ilustrar falas, não especificamente
referentes à escola, pode ser, a abordagem de um determinado assunto.
Ex: Relacionamento Inter-pessoal (durante a explanação do assunto
apresentam-se as fotos ou filmagens, inserindo-as no tema).
46
5 UNIDADE 4 - PLANEJAR: BUROCRACIA (SÓ PARA REGISTRAR) OU
COMPROMETIMENTO (AÇÃO DOCENTE RESPONSÁVEL)
5.1 CONFLITOS DO PLANEJAMENTO
Enquanto realidade no cotidiano escolar é possível encontrar situações e
questionamentos que traduzem angústias e desafios. Entre estes, está presente a
descrença do professor diante o processo educacional, o qual muitas vezes não
aspira mudanças e nem acredita nas mesmas.
Parece ser uma evidência que muitos professores não gostem e pouco
simpatizem em planejar suas atividades.
Entre os professores existe uma idéia de que o planejamento é
desnecessário e inútil por ser ineficaz e inviável à prática, isto é, na ação nada
acontece do que é planejado. É encarado como algo que existe burocraticamente,
porque é exigido, só serve como registro para ser arquivado e não por sentir a
necessidade de se planejar para desenvolver uma ação mais organizada, dinâmica
e de transmissão de conhecimentos científicos.
Outro grande empecilho é a falta de instrumentos (técnicas, processos,
métodos, estratégias, dinâmicas, conteúdo) para levar à prática aquilo que se pensa.
Eis aí uma questão preocupante, pois há algum tempo o professor vem sendo
formado com certa teoria a qual às vezes é fragilizada pela falta de consistência e
referencial e na maioria das vezes é percebido a ausência de questões práticas em
sua formação, o que dificulta e muito seus primeiros anos enquanto profissional,
senão muito, sua carreira toda. A falta de elementos práticos do cotidiano
pedagógico, acabam fragilizando o trabalho docente, entre estes elementos,
encontra-se a falta de domínio técnico dos elementos que compõe o planejamento:
conteúdo, objetivo, metodologia, estratégias, recursos, critérios e instrumentos de
avaliação.
Parece claro que, mesmo o agricultor que conheça tudo sobre agricultura
não terá boas colheitas se não dispuser de instrumentos para trabalhar sua terra. O
educador que se propõe a trabalhar as concepções do Projeto Político Pedagógico,
47
muitas vezes não tem resultados satisfatórios porque encontra uma proposta de
planejamento ineficaz, ou seja, é pura burocracia.
As práticas usadas em sala são contrárias ao que se propõe buscar, desfaz-
se com as ações, criando-se um abismo entre o que se pretende e o que se faz e
isto frustra os professores, deixando-os cada vez mais longe da mudança desejada.
Não é possível buscar respostas e soluções para os problemas,
questionamentos, descrenças, mudanças de forma isolada.
É de fundamental importância a percepção de que um problema possui
muitos focos, necessitando de estudos inter-relacionados para solucioná-lo. Esta
maneira de compreender e enfrentar problemas oportuniza a reflexão sobre a função
da escola, como uma das instituições de transmissão e difusão da cultura, capaz de
oferecer à sua comunidade acadêmica, suporte para o desenvolvimento do seu
próprio processo educativo.
A análise deve ser global, abrangendo todos os aspectos para que se tenha
a visão do todo. É necessário que sejam analisadas as partes simultaneamente com
o todo.
Dessa forma, um projeto educacional deve garantir a construção do
conhecimento global, científico, historicamente acumulado pela sociedade, pois
sendo um processo dinâmico, permite ao aluno a ação e transformação da
realidade, bem como seu próprio desenvolvimento.
A escola como segmento da sociedade, precisa ter presente a realidade, o
que acontece no mundo da produção. Se o campo do trabalho deixa de ser
fragmentado (divisão do trabalho intelectual e manual) a escola tem que buscar a
globalidade do ensino, não sobrecarregando o aluno com dados e conceitos sem
significado.
O conhecimento se concretizará através da prática e só será eficiente,
quando se pensa esta prática, se coloca em ação e se avalia a mesma, o que
acontece no momento do planejamento.
Antes de 1950, mal se conhecia a expressão planejamento. Sua
popularidade vem crescendo desde então, educadores e governantes passaram a
dar a absoluta prioridade, pesquisa e produzir uma nova e vasta literatura sobre o
assunto.
Apesar de toda atenção que começava a se dar ao planejamento, ainda ele
era um mistério para as pessoas que o questionavam:
48
− O que é um planejamento educacional?
− Como funciona?
− Até onde abrange?
− Como empregá-lo?
− Quem planeja?
− Como se tornar um planejador?
− Quais os perigos de executá-lo?
− Por que se tornou necessário?
− Como uma instituição ou um professor o põe em execução?
− Quais são os conhecimentos dos especialistas?
O planejamento era desconhecido para que lhe fosse dado uma definição
como nova ciência, matéria ou disciplina. A melhor maneira de compreendê-lo é
observando sua evolução no decorrer do tempo e como assumiu muitas formas e
muitos lugares, a fim de atender as necessidades específicas.
O planejamento não é um remédio milagroso para curar o sistema
educacional precário, tem como objetivo, tornar a educação mais efetiva e eficiente
no atendimento das expectativas do estudante e da sociedade, sendo sua
metodologia flexível e adaptável para atender as diversas situações.
Na década de 60, passou a ser obrigatório a fazer planos para trabalhar em
escola, isso ocorreu porque o centro do trabalho do docente é a aprendizagem, que
não se restringia apenas a sala de aula, mas estaria ligado diretamente às
exigências sociais e na experiência de vida dos alunos.
Para viabilizar esta ação, o professor usa como instrumento o planejamento,
articulando atividade escolar e o contexto social.
5.2 O QUE É PLANEJAMENTO
O planejamento é uma atividade de reflexão acerca das ações, devendo
sempre retomar e repensar sobre o trabalho pedagógico, não se reduzindo ao
simples preenchimento de formulários para controle pedagógico, ou do supervisor, é
antes, uma atividade consciente de previsão das ações, tendo como referência as
49
situações didáticas, concretas, problemáticas sociais, econômicas, política e cultural
que envolve a escola, os professores, os alunos, pais e a comunidade que
interagem no processo de ensino.
O objetivo do planejamento em sala de aula deve ser o de resgatar o sentido
social da escola, de ser instrumento metodológico da realização de idéias que
superam o mero domínio cognitivo da informação.
Segundo Gandin (1996, p. 17) “só há sentido em falar de plano de sala de
aula se os professores têm aspirações maiores do que transmitir conteúdos
preestabelecidos deve envolver idéias mais amplas e mais profundas.”
As funções do planejamento escolar devem ir além do transmitir conteúdos, deve
sim:
− Explicitar diretrizes, procedimentos e princípios dos docentes a fim de
assegurar a articulação das tarefas da escola e as exigências do
contexto social.
− Expressar o posicionamento filosófico, político, pedagógico e profissional
e as ações que o professor irá realizar na sala de aula.
− Assegurar a racionalização, organização e coordenação do trabalho do
docente, propiciando um ensino de qualidade, evitando a improvisação e
a rotina.
− Prever objetivos, conteúdos e métodos a partir da consideração das
exigências posta pela realidade social, das condições sócio culturais e
individuais dos alunos.
− Coerência do trabalho que compõem o processo de ensino
aprendizagem: os objetivos (para que ensinar), os conteúdos (o que
ensinar), os alunos (a quem ensinar), métodos e técnicas (como ensinar)
e a avaliação que está relacionada aos demais.
O planejamento para que realmente efetive-se como instrumento de ação do
docente deve apresentar-se como guia de orientação; não pode ser documento
rígido e fechado, sofrendo modificação frente a realidade, como também alguns
conteúdos exigirão mais tempo do que previsto.
Além se servir como guia deve haver uma ordem, uma seqüência
progressiva; objetividade com a realidade à que se vai aplicar; coerência entre as
idéias e a prática, flexibilidade, pois a ação pedagógica está sujeita à condição
50
concreta; a realidade está em movimento, de forma que o planejamento está sempre
sujeito a alteração.
O planejamento não assegura por si só, o andamento do processo de
ensino. Mesmo porque a sua elaboração está em função da direção, organização e
coordenação de ensino, é preciso que esteja ligado à prática, sendo sempre revisto
e refeito.
O homem vive planejando de uma forma ou de outra, de uma maneira
empírica ou científica, por ele o homem organiza e disciplina sua ação, tornando-a
responsável a fim de compreender e transformar a realidade, segundo Gandin
(1995), planejar é por em ação um conjunto de técnicas para racionalizar a ação; é
realizar um conjunto de ação, propostas para aproximar uma realidade a um ideal.
Não há dúvida de que planejar significa transformar, revolucionar, que os objetivos
serão mais rapidamente e eficazmente atingidos por quem realmente assume um
processo de planejamento.
Ao se trabalhar a história e a importância do planejamento educacional,
observa-se que desde o seu surgimento, planejamento era concebido como
transformação, grupo, troca, conjunto, construção de uma nova realidade, não
devendo ser um processo fragmentado.
O planejamento trata do futuro, buscando esclarecimentos do passado e se
concretiza no presente. É um processo contínuo e interessado não só no ponto de
chegada mas no caminho para alcançá-lo. Não se deve fazer planos para serem
arquivados e sim para serem alterados e adaptados quando necessário.
Através da reflexão o homem elabora níveis cada vez mais aperfeiçoados de
análise e discernimento, compreensão e de juízo de valor da realidade, propiciando
a conduta inteligente em novas situações. Com o planejamento, o homem organiza
e disciplina suas ações, para poder tomar decisões e dessa forma construir a
autonomia no ser, no pensar e no agir, de forma coletiva e / ou individual.
Gandin (1994a) costuma dar um exemplo muito interessante: fazendo uma
imagem, necessitamos de um grão para ser moído e um moinho para moê-lo.
A educação é este grão e o moinho é o planejamento que precisa ser
aperfeiçoado para se constituir num instrumento capaz para transformação e para
que produza cada vez mais, a necessária coerência entre o que se diz e o que se
faz.
51
5.3 TEORIA E PLANEJAMENTO
Não há neutralidade na ação pedagógica. A forma como se trabalha, revela
a concepção de homem, mundo, sociedade, educação, ou seja, todo trabalho
apresenta uma escolha que pode ser consciente ou inconsciente, de forma isolada
ou coletiva.
Mesmo quando um professor diz não trabalhar sob a luz de alguma teoria,
ele trabalha, pois quando não se trabalha por opção, por determinação, trabalha-se
pelo impulso, ou seja, da mesma forma que aprendeu. Sendo assim, é muito
importante para um professor, saber em qual tendência está trabalhando, tanto para
que a escola caminhe na mesma direção, quanto para compreender o processo de
ensino e de aprendizagem que esta postula.
Toda ação educativa é intencional, fundamentando-se em pressupostos e
finalidades. Ao determinar as concepções da educação, quem o faz tem por base
uma visão social de mundo que orienta a reflexão, bem como as decisões tomadas
a cerca desse processo. Ou seja, deve-se considerar a possibilidade de uma
formação que leve em conta a capacidade do indivíduo tornar-se autônomo
intelectual e moralmente, que seja capaz de interpretar as condições histórico-
culturais da sociedade em que vive, de forma crítica e reflexiva, impondo autonomia
às suas próprias ações e pensamentos.
Dessa forma, alguns pressupostos devem ser relevantes para um
planejamento de ensino que busca a dinamicidade do conhecimento social e escolar
e sua articulação com a realidade histórica. Entre eles, a produção de conhecimento
como processo de reflexão sobre os conteúdos aprendidos, relacionando-os sob
outros pontos de vistas e também desenvolvendo a curiosidade científica, de
investigação da realidade.
O planejamento é compreendido como elemento que viabiliza as relações
que se produzem entre a escola e o contexto histórico-cultural em que se realiza a
educação. Ele deve estar articulado com o planejamento global da escola, ou seja,
com o Projeto Político Pedagógico (PPP).
52
5.4 O PLANEJAMENTO E AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
As concepções e tendências históricas são analisadas como expressão das
concepções de homem, de cultura e de educação que, decorrentes do
desenvolvimento social, surgem como concepções pedagógicas que se traduzem
em políticas educacionais. Estas se adaptam a uma forma específica de ser da
organização escolar e da escola, com métodos próprios, conteúdos, avaliação e
relação professor-aluno.
É importante na formação do professor e ao professor atuante o
conhecimento de tais tendências, para construir com consciência a sua trajetória
político-pedagógica individual e da escola em que atua.
Como forma de estabelecer uma demonstração das diferentes tendências
pedagógicas, emprega-se, a teoria de José Carlos Libâneo, que as classifica em
dois grupos: “liberais” e “progressistas”. No primeiro grupo, estão incluídas a
tendência “tradicional”, a “renovada progressista”, a “renovada não-diretiva” e a
“tecnicista”. No segundo, a tendência “libertadora”, a “libertária” e a “crítico-social dos
conteúdos”, enfocando-se também as linhas tradicional e construtivista .
Como a educação não é feita só de momentos ou de formas invariáveis não
se pode explicar a educação simplesmente por fórmulas. Os contextos educacionais
em alguns aspectos são possíveis com a aproximação e mediação das diferentes
formas. Por isso, as mesmas devem ser examinadas, contextualizadas e debatidas
criticamente.
Tudo o que acontece na educação - os objetivos e conteúdos que são
selecionados, as formas de ensinar e aprender que são escolhidas, as relações que
se estabelecem entre professores, alunos, direção e comunidade, entre outros, está
relacionado à determinada maneira de pensar. A educação está inserida em um
conjunto social amplo, ligando uma rede de relações complexas e nem sempre
expressas. As concepções pedagógicas que interpõem o trabalho educacional estão
sempre ligadas há um tempo, a uma sociedade, e estas determinam as suas
práticas. Influências no modo de ensinar, no modo de repassar conteúdo e até
mesmo no modo de avaliar.
Quando se faz a exposição das tendências pedagógicas, também busca-se
o auxílio de Celso Vasconcellos, para situar como o planejamento foi sendo
53
concebido e organizado no contexto da história da educação e respectivas
tendências.
A atividade de planejar é tão antiga quanto o homem, a sistematização do planejamento se dá fora do campo educacional, estando ligada ao mundo da produção. (Revoluções Industriais) e à emergência da ciência da Administração, no final do século XIX. Este novo campo de saber terá como emblemáticos os nomes do americano Taylor (1856-1915) e do francês Fayol (1841-1925). A própria Administração vai se utilizar, para configurar o planejamento, de termos (como objetivos, estratégia) de um campo ainda mais distante e ancestral: a guerra, considerada como um empreendimento que desde muito cedo buscou a eficiência... Mas talvez o elemento genealógico mais complicador em termos de alienação do trabalho – em geral e escolar – tenha sido a preconização por Taylor da necessidade de separar a tarefa de planejamento da execução, ou seja, para ele, organizar cientificamente o trabalho implicava a distinção radical entre concepção e realização. Desta forma, esta nova ciência acaba por respaldar e justificar a prática tão antiga (desde os gregos, por exemplo) de uns conceberem (homens livres) e outros executarem (escravos). Abre também o campo para o planejamento tecnocrático, onde o poder de decisão e controle está nas mãos de outros (técnicos, políticos, especialistas), e não no próprio agente (VASCONCELLOS, 1999, p. 27-34).
Ao se analisar a história da educação, percebe-se diferentes concepções do
processo de planejamento, de acordo com cada contexto sócio-político-econômico-
cultural. Vasconcellos (1999) aponta três grandes concepções que vão se
manifestando em diferentes momentos da história do planejamento: o planejamento
como princípio prático, o planejamento instrumental / normativo e o planejamento
participativo.
O planejamento apresenta e direciona a metodologia de trabalho do
professor. Esta metodologia é uma síntese, uma concretização, um reflexo de uma
concepção de educação e de um conjunto de objetivos, os quais podem ser mais ou
menos conscientes. Portanto, conhecer as tendências de educação, permite com
que o professor se localize enquanto concepção teórica. A teoria não vai resolver
todos os problemas da prática, porque a prática se efetiva na própria prática, ou
seja, através de novas práticas. Porém, o referencial teórico é importante para a
compreensão da realidade que se trabalha. A teoria precisa estar articulada à
realidade, que busca explicá-la, encontrar a sua essência para melhor intervir. O
referencial teórico é necessário no momento de elaboração de um planejamento e
para a transformação da prática metodológica em sala de aula.
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Sendo assim, para que o trabalho pedagógico seja real, intencional e com
resultado significativo, ele precisa ser pensado e organizado, ao que se pode definir
como trabalho planejado.
Planejar é uma ação necessária na vida humana, conforme Celso dos
Santos Vasconcellos aponta:
Planejar é uma atividade que faz parte do ser humano, muito mais do que imaginamos. Nas coisas mínimas do dia-a-dia, como tomar um banho ou dar um telefonema, estão presentes atos de planejamento. Existem, evidentemente, diferentes níveis de complexidade de ações e, portanto, de planejamento (VASCONCELLOS, 1995, p.11).
Nas escolas, o que se percebe é que muitas práticas presentes,
principalmente no início e no fim do ano letivo, são realizadas de forma mecânica e
sem significado pedagógico para o professor, entre elas: escolha de livros, seleção
dos alunos para formação das turmas, elaboração de objetivos, estratégias,
preenchimento do livro de registro de classe, entrega de notas na secretaria,
avaliação, conselho de classe. Tais práticas se tornam burocráticas, no momento em
que são feitas somente para constar como registro do ano letivo.
O planejamento nesta dimensão, também consta como documento a ser
arquivado pela equipe pedagógica, a qual cobra insistentemente do professor. Não
sendo analisado, executado e muito menos avaliado ao final do bimestre ou período
para o qual foi programado.
Ao se resgatar o histórico do planejamento, pode-se compreender porque
este muitas vezes é negado enquanto ação propriamente dita:
Na Tendência Tradicional, predomina o ensino da gramática pela gramática,
com ênfase em exercícios repetitivos e de revisão da matéria, deixando o aluno em
uma atitude mecânica de mero receptor. Os conteúdos são organizados pelo
professor, numa seqüência lógica, sem que haja a supervisão de nenhum setor e a
avaliação é realizada através de provas escritas e exercícios de casa, que não
passam de uma simples “decoreba” de conteúdos.
O planejamento era feito sem grande preocupação de formalização,
basicamente pelo professor, e tendo como horizonte a tarefa de ser desenvolvida
em sala de aula.
55
Os planos eram apontamentos feitos em folhas, fichas, cadernos, a partir
das leituras preparatórias para as aulas. Uma vez elaborados, eram retomados cada
vez que ia dar aquela aula de novo, servindo por anos e anos.
Alguns manuais didáticos chegavam a sugerir duas categorias de
organização: os objetivos e as tarefas; todavia, a preocupação estava centrada na
tarefa, entendendo-se que os objetivos estavam nela inseridos. O planejamento
pedagógico do professor no sentido tradicional, a rigor, não era bem planejamento, e
sim um roteiro que seria aplicado para qualquer realidade. O plano era uma
referência para o professor e servia de guia para sua ação. Assim o planejamento é
concebido como princípio prático do trabalho docente.
A Tendência Liberal Renovada Não-Diretiva, volta-se para o
desenvolvimento pessoal e das relações interpessoais. O papel da escola é
fundamental na formação de atitudes, na preocupação com os problemas
psicológicos, no incentivo à auto-realização, ou seja, é de fundamental importância
no desenvolvimento do caráter do indivíduo. O professor atua apenas como um
facilitador, trata-se de um ensino centrado no aluno.
Nesta tendência o planejamento era feito em torno de temas amplos; ao
professor cabia ter uma idéia geral do que seria a aula, sendo que os passos seriam
determinados de acordo com os interesses emergentes. Pode-se dizer que havia até
uma cooperação dos alunos no planejar. Ainda o planejamento serve como princípio
prático do trabalho docente.
Na Tendência Tecnicista, o planejamento aparece como a grande solução
para os problemas de falta de produtividade da educação escolar, sem, no entanto,
questionar os fatores sócio-político-econômicos, até em função de sua pretensão de
neutralidade, normatividade e universalidade. Dava-se muita ênfase ao aspecto
formal, à especificação de todos os comportamentos verificáveis (relações de verbos
que usava-se para expressar os objetivos afim do plano ficar correto); chegava-se a
afirmar, por exemplo, que só se pode estabelecer um objetivo que seja passível de
ser medido; havia uma verdadeira obsessão planificadora. Os professores eram
obrigados a ocupar parte significativa de seu escasso tempo livre para preencher
planilhas e mais planilhas. O aluno deveria aprender exatamente aquilo que o
professor planejara, reforçando a prática do ensino como mera transmissão, ou, no
pólo oposto, como instrução programada.
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Essa exigência técnica para elaborar o planejamento justificou,
ideologicamente, sua centralização nas mãos dos especialistas (do Estado ou das
escolas), fazendo parte de uma ampla estratégia de expropriação do fazer do
educador e do esvaziamento da educação como força de conscientização, levando a
um crescente processo de alienação e controle exterior da educação.
O ato de planejar é considerado garantia automática de uma boa prática
pedagógica. Alguns professores ou técnicos se dedicavam exclusivamente a
elaborar bons planos e, se sentiam realizados com isto, desvinculando-se da prática
efetiva do planejado.
Planejar passou a significar preencher formulários com objetivos
educacionais gerais, objetivos instrucionais operacionalizados, conteúdos
programáticos, estratégias de ensino, avaliação de acordo com os objetivos, etc. O
planejamento é um instrumento normativo.
O planejamento na concepção progressista é fruto da resistência e da percepção de grupos de educadores que se recusaram a fazer reprodução do sistema, e foram buscar formas alternativas de fazer educação e, portanto, de planejá-la. O saber deixa de ser considerado como propriedade de especialistas, passando-se a valorizar a construção, participação, o diálogo, o poder coletivo local, a formação da consciência crítica a partir da reflexão sobre a prática da mudança. Tem como objetivo a transformação das relações de poder, autoritárias e verticais, em relações igualitárias e horizontais, de caráter dialógico e democrático (VASCONCELLOS, 1999, p. 27-34).
Esta perspectiva rompe com o planejamento funcional ou normativo das
concepções anteriores, onde a prática do professor e da escola são vistas como
isoladas em relação ao contexto social. Aqui o planejamento é entendido como um
instrumento de intervenção coletiva e participativa no real, para transformá-lo na
direção de uma sociedade mais justa e solidária.
Segundo Vasconcellos (1999, p. 27-34), a maior preocupação do professor
em sala de aula tem estado em torno do “passar”, “desenvolver”, “dar” certos
conteúdos, “cumprir o programa”. Acontece que, por um lado, os alunos não
aprendem e, por outro, cada vez vai ficando mais fácil obter-se “conteúdos” em livros
didáticos, bibliotecas, vídeos, banco de dados, etc. O professor deveria se colocar
seriamente o questionamento: Afinal qual sua tarefa? Dar o conteúdo previsto ou
propiciar a construção do conhecimento? Enquanto o professor não perceber que
57
sua real tarefa não é simplesmente cumprir um programa, mas pôr em prática um
projeto educativo, uma proposta de educação ficará limitada em sua ação.
Assim, faz-se uma reflexão quanto a superação do papel do docente em ter
que cumprir programas. Enquanto o professor planejar no sentido de cumprir
programas, sua tendência é de acomodação. Porém, quando tiver uma proposta de
trabalho a desenvolver, se a sua preocupação não visar somente o ensino, mas sim
o processo de ensino e aprendizagem, seu trabalho estará centrado na assimilação
crítica e participativa por parte dos educandos, com vistas à transformação da
realidade. Sendo assim, é fundamental que o professor se recuse a fazer um
trabalho sem sentido, porque quando se deseja realmente transformar a prática,
deve-se haver disposição para se enfrentar certos conflitos, coragem, capacitação
teórica e metodológica.
5.5 PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO
O planejamento participativo, constitui-se numa expressão que indica um
modo de pensar, agir e ver, em busca da participação de todos.
Participação significa ter parte na ação. E para ter parte na ação é necessário ter
acesso no agir e nas decisões que orientam o agir.
Segundo Gandin (1994b), pode-se pensar a participação em duas grandes
concepções:
A primeira que participar significa trabalhar, apoiar, não reclamar, dar
sugestão, vestir a camisa, ter paciência, ter presente a ordem, enfim estar presente
a tudo que estiver programado.
Num outro extremo, há os que pensam que esta sociedade é organizada de
forma injusta, de tal maneira que impedem as condições de uma boa existência.
Toda essa injustiça está baseada na falta da participação das pessoas, nos bens
culturais, materiais, políticos, espirituais que a sociedade produz. Participar nesta
perspectiva, é partilhar do poder, isto é, dispor de recursos, dentre os quais os
básicos são os econômicos.
A primeira visão é fundamental, conservadora, busca consolidar a injustiça e
o status. Concentra poder e riquezas, excluindo a maioria da população.
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Ao contrário da segunda visão, fundamenta-se na emancipação do homem e
da sociedade. Busca a transformação, rompendo com as injustiças, objetiva um
modelo social justo; defende a igualdade, respeita as diferenças individuais, as
relações estabelecidas são dialéticas, passando de um momento ao outro
permanentemente, encarando o conflito como instrumento que possibilita ricas
experiências de mudanças da sociedade onde a maioria da população compartilha
do poder e dos bens nela produzida.
Vianna (1986) insiste ainda na perspectiva do homem como ser social que
partilha vivências e que busca realização pessoal na participação comunitária.
Uma nova forma de ação, cuja força reside na participação de muitas pessoas, politicamente agindo em função de necessidades, interesses e objetivos comuns. Um planejamento flexível, adaptado a cada situação específica que envolva decisões comunitárias e que constitua um processo político vinculado à decisão da maioria. Um planejamento que tenha por objetivo final a formação do brasileiro, individual e socialmente considerado, a partir do engajamento da maioria para mudanças estruturais. (VIANNA, 1986, p. 18)
Um planejamento participativo centrado na pessoa, livre e crítica, sujeito de
seu desenvolvimento, mas com decisões comunitárias.
Este modelo de planejamento obriga um posicionamento crítico e de
participação dos envolvidos, uma consciência crítica da realidade, a fim de promover
as mudanças e as transformações desejadas com vistas a uma aproximação do
ideal projetado. É assumir a práxis, que no entender de Freire(1988, p. 40) “é a
reflexão dos homens sobre o mundo para transformá-lo” .
Cabe a escola, buscar permanentemente a transformação de suas
estruturas dominadoras, aproximando-se do modelo de participação, desde que
existia uma vontade coletiva, uma vontade de transformar a si e a sociedade.
A escola tem um espaço de autonomia que lhe pertence, e as pessoas que a
fazem podem manipulá-la, aproximando-a, em boa medida, de seus sonhos, suas
esperanças e utopias. Ela é um segmento da sociedade e está comprometida com a
manutenção dos esquemas relacionais com o mundo atual. É através da escola que
buscamos lentamente a concretização de uma nova ordem social. As pessoas
precisam vivenciar uma nova dimensão da vida social, na qual não participe só na
execução, mas também dos rumos da instituição escolar, presença ativa e criativa
na decisão e no fazer planejamento.
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O planejamento participativo na escola não pode reduzir-se a integrar escola
– família e comunidade, mas visar a realização das pessoas e a transformação da
comunidade na qual a escola está inserida. A ação é o diálogo, debate em que se
discutem, decidem e assumem as realidades comuns, provocando crescimento
pessoal e comunitário, tornando a educação escolar mais humana e participativa.
A escola é o lugar possível de educação consciente, criativa, crítica e
participativa, desde que seus integrantes acreditem em um processo político de
educação e que possam produzir mudanças nas relações interpessoais e sociais.
[...] ser o planejamento participativo um desafio para os verdadeiros educadores, exigindo daqueles que pretendem realizá-lo muita disponibilidade, coragem persistência, tenacidade, garra, espírito de luta. Não é trabalho impossível, mas plenamente viável, apesar de todos os empecilhos colocados pelo sistema e por educadores descompromissados com a tarefa que abraçaram como profissão: educar as novas gerações de brasileiros conscientes e livres. (DALMÁS, 1995, p. 30)
O planejamento participativo, assumido pela escola como processo de
crescimento pessoal e de transformação social talvez seja o único caminho viável
para se conseguir a renovação das estruturas educacionais e sociais.
Ao se pensar na implantação do planejamento participativo em uma escola,
precisa se constatar quais as relações existentes no grupo.
O clima favorável de uma escola surge basicamente dos educadores, que
nela atuam determinando as relações internas, da aceitação, da empatia, da real
comunicação, do diálogo, do ouvir e do escutar, do partilhar interesses, preocupação
e esperanças.
A função do educador vem sofrendo transformações, passando a ser mais
transmissor de conhecimentos e cultura, orientador da aprendizagem efetiva e ativa
pelo aluno que passou a aprender através da pesquisa e da descoberta.
Segundo Dalmás (1995, p. 41) “ao educar no diálogo corresponde o
estimular e organizar o processo de tal modo que educador e educando se
coloquem como sujeitos da educação.”
Para que a boa relação e a troca entre educadores ocorra é necessário que
os envolvidos sejam incentivados para a participação.
Trata-se de incentivar e de estimular a decisão dos professores e demais
participantes da escola a optarem por um processo participativo, a fim de
promoverem a eficiência de uma educação de qualidade.
60
O processo participativo visa envolver todas as pessoas da instituição
escolar na busca comum e na responsabilidade pelo todo da instituição, no entanto
seu início poderá dar-se através do grupo de professores.
Para Gandin (1990) todos os membros da instituição escolar são chamados
a construir, isto é, elaborar, executar e avaliar a ação participativa na escola.
Não pode haver ilusão na crença de que todos se envolverão. Acreditamos
ser de fundamental importância a existência de um grupo razoável de pessoas
dispostas a se envolver, a assumirem os riscos e as conseqüências da prática do
planejamento participativo na escola.
Essa perspectiva de planejamento de ensino considera que a ação de
planejar implica na necessidade de se priorizar a busca da unidade entre teoria e
prática; que o planejamento deve partir da realidade concreta e estar voltado para
atingir as finalidades da educação básica definidas no projeto coletivo da escola, no
reconhecimento da dimensão social e histórica do trabalho docente.
Nessa perspectiva, o planejamento ultrapassa o caráter instrumental meramente
técnico, e adquire a condição de conferir materialidade às ações politicamente
definidas pelos sujeitos da escola. É uma ação comprometida, pensada, escolhida.
Gandin (1990) ressalta a importância em se oferecer aos educadores
instrumentos para que cresçam as possibilidades de se realizar na prática, aquela
educação prevista num projeto político pedagógico e que se pretende contribuir para
a construção de uma nova sociedade.
Sabemos que, paralelamente à revolução social, é necessário uma revolução educacional. Os que queremos esta mudança na educação escolar necessitamos de instrumentos para contribuir com sua concretização. (GANDIN, 1995)
5.6 PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO
A avaliação da aprendizagem tem papel fundamental no planejamento e
adquire especial relevância, uma vez que não pode constituir-se unicamente em
forma de verificação do que o aluno aprendeu. Antes de mais nada, deve servir
como parâmetro de avaliação do trabalho do próprio professor.
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Estabelecer critérios mais, ou menos, rigorosos de avaliação não é tarefa
difícil. Difícil é saber trabalhar com os resultados obtidos, de modo a construir
instrumentos de análise que permitam intervir no processo de ensino e
aprendizagem no mesmo momento em que ele está ocorrendo.
A avaliação da aprendizagem, dessa forma, não pode ocorrer somente após
ter-se concluído um período letivo mas sim no processo, sem o qual se compromete,
irremediavelmente, a qualidade do ensino.
Avaliar o desempenho do educando não pode se tornar, ainda, mecanismo
de coerção, por parte do professor, num exercício arbitrário de poder. A avaliação
enquanto mecanismo disciplinar traumatiza a anula individualidades, mediante a
imposição da visão de mundo daquele que pretensamente “detém” o saber. Desse
modo, a avaliação da aprendizagem constitui-se em instrumento por meio do qual o
professor possa ter condições de saber se houve, e em que medida houve a
apropriação do conhecimento de forma significativa por parte do aluno. Deve
permitir, ainda, ao professor, reconhecer se houve adequação em termos de suas
opções metodológicas, bem como evidenciar em que medida as relações
pedagógicas estabelecidas contribuíram para o processo de ensino e aprendizagem.
Torna-se, assim, elemento ímpar para o planejamento das ações docentes.
5.7 ATIVIDADES
O coordenador pedagógico tem a responsabilidade de favorecer a formação
dos professores, propiciando o contato com experiências, dinâmicas, teorias e
autores diversos para que construam suas próprias críticas e concepções de
educação, respeitando as diretrizes da rede e da escola em que atuam. Assim torna-
se agente articulador da construção coletiva e participativa do planejamento no
âmbito escolar.
Tendo por objetivo a reflexão da realidade escolar e a importância da
elaboração e da função do planejamento para a ação docente, sugere-se a
organização de um estudo temático, preferencialmente na 1.ª semana pedagógica
do ano letivo, onde o pedagogo deverá preparar uma reunião convocando todos os
professores da escola.
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O Pedagogo deverá sensibilizar os professores para que estes observem a
postura e a ação da professora durante a exibição do filme, sendo mediador durante
os trabalhos em grupo. No momento das apresentações, deverá ser interlocutor
entre os grupos e solicitará que alguém o auxilie na sistematização das idéias
propostas, as quais deverão ser registradas em documento próprio (Ata), além de
reproduzidas para todos os professores e setores da escola.
O cronograma para a reunião será o seguinte:
a) 1º momento: Exibição do filme: “Escritores da Liberdade” (Freedom
Writers) - País / Ano de produção: EUA / Alemanha, 2.007 ; Duração: 123 minutos ;
Gênero: drama ; Direção: Richard LaGravenese; Elenco: Hillary Swank , Patrick
Dempsey, Scott Glenn, Imelda Staunton e outros.
Sinopse do filme: História de uma professora que envolve-se com
adolescentes rebeldes e agressivos de uma escola, oferecendo-lhes auto-estima e
respeito. A professora precisa trabalhar num sistema deficiente, autoritário e
excludente, onde necessita lutar para que suas aulas façam a diferença na vida
destes alunos. Ela busca novas alternativas de trabalho, reflete sobre suas ações,
questiona o sistema, propõe um replanejamento de suas ações e busca atingir seus
objetivos. Assim, seus alunos recuperam sua auto-estima, aprendem a tolerância,
descobrem através da leitura novos conhecimentos e desafiam o sistema que os
excluía.
b) 2.º momento: Dividir os professores em grupos, para a realização do
estudo, com número máximo de até 8 professores cada para realizarem a seguinte
reflexão e discussão:
OBS: Este momento deve ocorrer após a exibição do filme, para o
enriquecimento da reflexão nos seguintes aspectos:
− Qual o papel da escola?
− Como se encontra a escola hoje?
− Que concepções de educação estão presentes no filme?
− Qual era a realidade da sala de aula que a professora enfrentou enquanto
escola?
− Quais foram os problemas enfrentados pela professora com relação aos
alunos?
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− Como o sistema se apresentou enquanto responsável pela formação
escolar dos alunos?
− E com relação à professora, que tipo de apoio esta teve?
− Que alternativas a professora encontrou para resolver seus conflitos em
sala de aula?
− A professora precisou planejar suas aulas? Por quê?
− Que importância tem o planejamento para a ação docente?
− Um professor consegue trabalhar sem planejamento dos conteúdos e
estratégias de sua aula? De que forma?
SUGESTÃO: Cada equipe deverá elaborar um cartaz com a síntese da
discussão do grupo, para posterior exposição na sala. Incentivar o uso da
criatividade e comunicação através deste recurso.
c) 3.º momento: Estudo do texto.
Solicitar a leitura do texto : “PLANEJAR: burocracia (só para registrar) ou
comprometimento (ação docente responsável)”, para posterior discussão dos
seguintes aspectos:
OBS: Este momento pode ser feito cada grupo lendo o texto todo, ou dividir
os temas descritos no documento por grupos, onde cada equipe pode discutir uma
questão, problematizá-la para posterior apresentação das idéias. Pedir aos
professores que novamente busquem a criatividade na hora das apresentações,
para que estas sejam interessantes, claras e que realmente sintetizem o conteúdo
trabalhado.
− O que é planejar a ação docente?
− Que concepção de educação, está descrita no Projeto Político
Pedagógico da escola em que você atua?
− Que teoria deve subsidiar a ação docente na sua escola?
− Como deve ser elaborado o planejamento de suas aulas, conforme a
concepção de educação que sua escola postula?
− O planejamento é uma burocracia? Porque?
− O que significa planejamento responsável ou com comprometimento?
Após análise e discussão, registrar as conclusões e entregar para o
Pedagogo. Apresentar ao grupo maior de professores, o estudo realizado,
64
exemplificando o tema, tendo o tempo de 15 minutos no máximo para a
apresentação.
d) 4.º momento: Elaboração do planejamento.
Para este momento, sugere-se que o Pedagogo realize também um
planejamento de suas ações, as quais direcionarão o trabalho docente para o ano
letivo.
Assim, como primeira organização, sugere-se o estudo do calendário escolar
do ano letivo, de forma que se faça a divisão bimestral, onde deve-se contar quantas
semanas e quantos dias letivos cada bimestre apresenta. Considerar, feriados,
recessos, atividades da escola, reuniões, conselhos de classe, recuperação... Este
estudo de forma detalhada, permite uma melhor organização do professor para o
ano.
Após o estudo do calendário, o pedagogo deve oferecer aos professores o
PPP, a Proposta Pedagógica , as Diretrizes Curriculares Estaduais e o Regimento
Escolar como documentos que direcionarão o suporte teórico do professor,
possibilitando escolhas e ações de sua prática.
Apresentar a distribuição de turmas e dados do último conselho de classe do
ano anterior, para que se faça o levantamento das necessidades a nível de
retomada de conteúdo e ações coletivas dos professores para o ano em questão.
− O planejamento deverá ser elaborado com sua equipe de trabalho, onde
o professor precisa trocar idéias com seus colegas de série e de área;
− Preparar o diagnóstico para trabalhar nos primeiros dias de aula, tendo
por objetivo a verificação do nível da turma enquanto conteúdo e pré-
requisitos para posterior elaboração do planejamento;
− Selecionar os conteúdos para o ano em cada série e por disciplina
(estruturante, básico e específico);
− Dividi-los por bimestre/ trimestre e se possível, colocá-los em uma tabela,
o que facilitará muito o trabalho para o ano. Cuidar da ordem enquanto
lógica de construção do conhecimento, para que faça sentido para o
aluno;
− Estudar o livro didático e também dividi-lo entre os bimestres/ trimestres;
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− O planejamento deverá ser feito por bimestre ou trimestre, conforme a
organização da escola e deverá respeitar a seguinte ordem para sua
elaboração:
• Identificar o documento com: nome da escola / série/ ano / bimestre
ou trimestre / disciplina / professor/ n.º de aulas no período;
• Conteúdo;
• Objetivo geral ( ação que os alunos devem alcançar ao final do
trabalho com o conteúdo);
• Objetivos específicos (pequenas ações que os alunos devem
aprender com relação ao conteúdo, para se alcançar o objetivo geral)
• Metodologia (detalhar as estratégias escolhidas para trabalhar com o
conteúdo);
• Avaliação (especificar os critérios de avaliação e quais serão os
instrumentos selecionados);
• Recursos;
• Referências.
− O Pedagogo pode tanto apresentar uma formatação de planejamento
previamente escolhida pelos professores, como deixá-los livre para
apresentação do documento, desde que este siga a ordem e apresente os
elementos que o compõe.
− Se faz necessário solicitar aos professores que o planejamento seja
elaborado por conteúdo, e que este seja devidamente descrito.
− É importante que o Pedagogo faça a análise junto com o professor do
plano elaborado, realizando as devidas intervenções quando se fizer
necessário.
5.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Só há sentido em falar de planejamento quando os professores possuem
aspirações maiores do que transmitir conteúdos pré-estabelecidos, ele deve
envolver idéias mais amplas e profundas, resgatando o sentido social do trabalho
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escolar, sendo instrumento metodológico da realização de idéias que superam o
simples domínio cognitivo da informação. Precisa-se de um planejamento que tenha
como perspectiva a construção de uma nova realidade, através da realidade
existente.
Considerando-se relevante o envolvimento de pessoas como sujeitos e com
presença constante na execução, avaliação e na elaboração do planejamento como
um processo coletivo, Dalmás (1995) percebe o homem como ser social que partilha
vivências e que busca realização pessoal na participação do grupo.
“A pessoa faz história tomando parte na definição dos rumos e na
construção de uma nova sociedade. Assumir-se sujeito é participar e comprometer-
se com decisões e ações no processo histórico”, segundo Dalmás (1995).
A transformação da sociedade se dá através da vivência participativa na
qual ocorrem as relações solidárias de convivência provocando lentamente a
concretização de uma nova ordem social iniciada pela parcela menor que é a escola.
É preciso propiciar à pessoa a possibilidade de poder vivenciar uma nova dimensão
da vida social, na qual não participe só na execução, mas também nos rumos da
educação escolar, sendo presença ativa e criativa na elaboração, execução e
avaliação, ou seja, na decisão e no fazer do planejamento.
Planejar a mudança, onde o processo de aprendizagem necessita ser vivido
de forma permanente na construção de uma práxis entre teoria e prática, intenção,
desejo, consciência e interação em cada uma de nós e no encontro com o outro é o
ideal a ser alcançado.
Vive-se como grupo e nos grupos as contradições do próprio processo
democrático no âmbito social mais amplo. Convive-se com a diferença, com a
pluralidade. Questiona-se a igualdade, a homogeneidade, a indiscriminação, a
dialética - mudança. Esse é o contexto em que a prática se faz.
Sendo assim, é fundamental que o professor e o pedagogo entendam o
planejamento de forma consciente, que realmente se faça a reflexão sobre a prática
pedagógica a ser executada, para que esta seja responsável e comprometida,
superando a visão burocrática do ato de planejar.
67
6 UNIDADE 5 - AVALIAR PARA QUÊ?
A constante preocupação com as dificuldades crescentes encontradas no
processo educativo coloca, atualmente, no discurso dos professores, o desinteresse
como uma das principais causas da não aprendizagem.
Mas alguém poderá estar se perguntando: O que tem a ver desinteresse
com avaliação? Teria algum vínculo?
Numa pesquisa realizada por Vasconcellos (2005) a falta de interesse do
aluno e da família aparece em primeiríssimo lugar com 73% das respostas relativas
às causas da reprovação. Os docentes apontam ainda uma série de dificuldades na
tentativa de mobilização dos alunos: “Como incentivar o aluno e despertar o desejo
pelo conhecimento, quando há forças tão fortes que fazem o movimento contrário?”;
“Como despertar no aluno o desejo de aprender, de conhecer, se lá fora, tem muito
mais atrativos?” “Há total ausência de motivação por parte do aluno e, por mais boa
vontade que tenha, o professor não consegue sensibilizar...” “As medidas tomadas
pelos dirigentes no sentido de ‘favorecer a aprovação’ são também elementos que
levam os alunos a se desinteressar pelo estudo”.
Para Luckesi (2005), avaliar é, antes de tudo, diagnosticar e solucionar
impasses. A partir deste ponto de vista a avaliação, numa perspectiva democrática,
é capaz de oferecer as condições para efetiva aprendizagem a todos os alunos.
Portanto, como a avaliação pode ser relacionada a este quadro de desinteresse?
Que caminhos estamos trilhando, mesmo que inconscientemente? Qual é o
verdadeiro sentido da escola? Estudar para quê?
Segundo Vasconcellos (2005), apenas 20% do que se ensina na escola são
conhecimentos para a vida, próximos da realidade de quem aprende.
A avaliação é utilizada como instrumento de pressão, onde a aula tem a
constante preocupação com a nota, ou seja, todas as atividades e tarefas são
direcionadas a valores somados, divididos e multiplicados, não sendo valorizada a
essência do conhecimento e a formação do ser humano.
Buscando localizar o problema pedagógico, ao nível de macro sistema, o
professor e a escola possuem o poder de julgar o aluno, ou seja, de reprovar.
Localizando o problema ao nível de micro sistema, verifica-se uma certa
inadequação da proposta de trabalho em sala de aula, em termos de conteúdo e
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metodologia. Inicialmente, segundo Vasconcellos (2005), os alunos apresentam uma
certa rejeição, traduzida por desinteresse ou indisciplina. Na tentativa de solucionar
este impasse aparece a “figura” da nota, resultando numa certa aceitação, interesse
e disciplina apenas aparentes. Há uma inversão de valores, pois a possibilidade de
reprovação leva o aluno à dependência relativa à nota. A avaliação, portanto, não é
utilizada em sua visão formativa, reorientando o processo de ensino e
aprendizagem, mas como um instrumento de controle e de poder.
Numa visão diagnóstica, a avaliação é direcionada a busca constante da
competência técnica e do compromisso com a qualidade do processo educativo,
especialmente em escolas públicas, com as camadas populares, de modo a
instrumentalizá-las a partir do domínio do saber historicamente acumulado. Para
Hoffmann (2005), a avaliação deve encaminhar-se a um processo dialógico e
cooperativo, através do qual, a partir da mediação, educandos e educadores
aprendem no próprio ato da avaliação.
No momento em que se começa a observar com relativa freqüência o
desinteresse do aluno pelo aprendizado, sob a forma de apatia ou problemas
disciplinares, caracteriza-se certa urgência de mudança no contexto escolar,
analisando o processo de ensino e aprendizagem a partir de uma visão histórico-
crítica da realidade. Para Vasconcellos (2005), a avaliação deve fazer parte do
projeto educativo, construído coletivamente pela escola, partindo do mesmo tipo de
postura por parte de cada professor, coordenação e direção. Enfatiza-se ainda a
necessidade de se deixar claros os critérios utilizados na avaliação aos pais e
alunos, numa perspectiva democrática de organização da escola.
Entender a importância da avaliação processual, contínua e cumulativa
numa perspectiva diagnóstica no decorrer do ciclo evolutivo do ser humano,
constituem a essência para obtermos sucesso em nossos propósitos educacionais
não classificatórios, em busca de um ensino de qualidade.
Não adianta desejar que o educando esteja neste ou naquele estágio, deste ou daquele jeito, seja deste ou daquele jeito. Ele é como é e, deste modo, necessita de ser acolhido. É necessário ir até o educando, para que, após sentir-se acolhido, ele possa nos acompanhar por um novo caminho, ou até mesmo por um novo pedaço do caminho que já vem trilhando em sua existência. Acolher é receber amorosamente o outro, sem julgá-lo. (LUCKESI, 2005, p.79)
69
A reflexão coletiva impulsiona a transformação da própria prática, pois a
partir de um diagnóstico significativo da realidade educativa enquanto escola, busca-
se a superação dos próprios limites, tendo a avaliação diagnóstica como ponto de
partida em busca do conhecimento significativo no processo de ensino e
aprendizagem.
Numa função diagnóstica, a avaliação é um instrumento que permite a
autocompreensão do aluno e professor acerca dos avanços ou desvios obtidos no
decorrer do processo, possibilitando ao sistema de ensino verificar como está
atingindo os seus objetivos.
A participação do aluno em sua escalada educativa é crucial para que possa
ocorrer a busca por conhecimentos significativos. Durante todo o processo de ensino
e aprendizagem, é necessário que ele tenha consciência de seus progressos, a
partir de comentários acerca dos instrumentos de avaliação utilizados com seus
respectivos resultados, possibilitando a compreensão da situação de aprendizagem
por ele atingida.
Usualmente, na prática escolar, o padrão de medida utilizado é o ‘acerto’ de
questão, os quais são transformados em ‘pontos’ que traduzem a ‘nota’ do aluno. A
nota expressa a qualidade que se atribui à aprendizagem do educando, medida sob
a forma de acertos ou pontos. De acordo com Luckesi (2005, p. 90), há diversas
possibilidades de utilizá-la:
a) registrá-la, simplesmente, no Diário de classe ou caderneta de alunos; b) oferecer ao educando, caso ele tenha obtido uma nota ou conceito inferior, uma “oportunidade” de melhorar a nota ou conceito, permitindo que ele faça uma nova aferição; c) atentar para as dificuldades e desvios da aprendizagem dos educandos e decidir trabalhar com eles para que, de fato, aprendam aquilo que deveriam aprender, construam efetivamente os resultados necessários da aprendizagem.
Normalmente, em nossos estabelecimentos de ensino a prática avaliativa
utiliza a primeira ou, no máximo, a segunda opção, a qual também não se constitui
num processo educativo, pois o aluno tem como objetivo final a ‘nota’ e não a
melhoria de sua aprendizagem propriamente dita. Opera-se, portanto, com a
verificação de aprendizagem. O termo ‘verificar’ provém etimologicamente do latim –
verum facere – e significa fazer verdadeiro, porém o processo de verificar encerra-se
70
no momento que se conclui que tal objeto ou situação possui ou não determinada
configuração, porém não exige qualquer tomada de decisão.
Em contrapartida, utiliza-se de forma equivocada o termo avaliar, que quer
dizer dar valor a, provindo etimologicamente do latim. Avaliar requer
posicionamento, reencaminhando ações, num processo de compreensão dos
avanços, limites e dificuldades, buscando reorientar os caminhos para atingir a
qualidade no processo de ensino e aprendizagem. Neste sentido, Luckesi (2005,
p.91) coloca: “ Ensinamos, mas os alunos não aprenderam; o que é que vamos
fazer...? De fato, se ensinamos e os alunos não aprenderam, há que se ensinar até
que aprendam; deve-se investir na construção dos resultados desejados.”
O processo avaliativo real, significativo, busca uma educação inclusiva,
redirecionando a aprendizagem do educando sempre que necessário, numa
perspectiva de investigação, garantindo uma construção permanente.
Numa visão progressista de educação é fundamental considerar os
conhecimentos que o aluno já possui, a partir de seu meio social, como ponto de
partida para a aprendizagem de novos conceitos que serão incorporados em função
de novas experiências confrontadas com o saber sistematizado. Para Hoffmann
(2005) avaliação é movimento, é ação e reflexão, tendo como base a compreensão
exata do que se quer que o aluno aprenda e em que qualidade. É pensar
coletivamente o projeto educacional, ou seja, que tipo de escola estamos
implementando, para quem e a serviço de quem, prevalecendo acima de tudo a
reflexão pedagógica em busca da mediação entre o aluno e o conhecimento
propriamente dito.
Saviani (1984), alerta-nos que ao trabalharmos com as classes populares há
uma desigualdade no ponto de partida, mas a igualdade no ponto de chegada deve
ser garantida pela mediação da escola. O autor destaca que só é possível
considerar o processo educativo em seu conjunto, sob a condição de se distinguir a
democracia como possibilidade no ponto de partida e democracia como realidade no
ponto de chegada.
O uso de notas e médias é, a esse respeito, um contra-senso, à medida que
cria um clima de competição e repressão, indo de encontro à legitimidade da
exclusão. A nota no contexto escolar não resiste à análise, pois os números que
dela resultam dependem muito da concepção do avaliador acerca de educação,
homem, mundo, sendo ‘fabricada’ com ingredientes humanos. Cada professor
71
possui sua própria interpretação, informando minimamente sobre os conhecimentos
e competências adquiridas ao longo do período, indicando uma classificação de
seus alunos.
Os instrumentos de avaliação diagnóstica são de suma importância, à
medida que informam sobre os conhecimentos adquiridos pelos alunos e sobre os
efeitos das situações de aprendizagem que lhes foram propostas. Com essa
informação, o educador pode planejar sua ação com conhecimento de causa,
construindo novos momentos de aprendizado, adaptados às dificuldades e aos
obstáculos encontrados por toda a turma ou por um aluno em particular.
A avaliação processual, contínua e cumulativa orienta experiências
pedagógicas interativas e significativas, desenvolvendo conhecimentos e saberes
que fundamentam a prática pedagógica a partir de um compromisso político:
instaurar uma escola não excludente e seletiva, ou seja, uma escola para
todos, uma escola democrática. Este é o desafio!
6.1 ANALISANDO E REFLETINDO
As reflexões a seguir poderão ser realizadas em pequenos grupos junto aos
professores, devendo posteriormente ser socializadas ao grande grupo a título de
troca de idéias e experiências, vislumbrando novos caminhos a serem trilhados pela
escola.
− Em quais momentos a avaliação é discutida em sua Escola?
− Considerando os seguintes conceitos (VASCONCELLOS, 2005):
� Avaliação do ensino: corresponde à reflexão que o professor faz
sobre sua prática, visando confirmação ou alteração de rumos; é
também a reflexão que o aluno faz sobre a prática do professor.
� Avaliação da aprendizagem: no uso mais corrente que se tem,
entende-se a avaliação que o professor faz a fim de saber “a quantas
anda o aluno”; no sentido mais lembrado, é a análise que o aluno faz
para saber como está.
� Como está ocorrendo o processo de ensino e aprendizagem na sua
Escola?
72
− Qual a relação existente entre:
� ensino / aprendizagem / interesse;
� conteúdos escolares / conteúdos básicos / “vencer” o programa;
� avaliação / medida / punição;
� aprovação / reprovação / burocracia.
− Analisando o Conselho de Classe: Ele se constitui num momento
produtivo? Quando e como ele acontece? Em que ele ajuda? Poderia
ocorrer de forma diferente?
− Reflita sobre as seguintes expressões:
� “A avaliação é para melhorar o Ensino. Será? (VASCONCELLOS,
2005)
� Somos a favor de uma Escola para todos ou não? Se somos, como
buscar experiências diferenciadas relativas a uma outra prática
pedagógica não associada à classificação e exclusão? Qual a tarefa da
escola? E do professor?
� O aluno brasileiro das escolas públicas, via de regra, tem demonstrado
imensa dificuldade relativa à leitura, escrita, produção de texto e
operações matemáticas básicas. É comum ouvirmos a expressão: “Os
alunos não tem base...” Como fazer para que a escola realmente
cumpra sua função social com as classes populares: Ensinar e ensinar
bem, não os privando culturalmente de conhecimentos necessários
para sua sobrevivência?
Curiosidade: Você sabia que um dos requisitos necessários para receber
transplante de medula óssea é ser alfabetizado, neste caso fazendo a
diferença entre a vida e a morte de um ser humano.
− A escola tem ciência em relação aos conhecimentos considerados
essenciais incorporados pelos seus alunos, ou seja, exemplificando:
Quais deles têm domínio das operações básicas – adição/ subtração/
multiplicação / divisão – relacionando-as com situações significativas em
seu cotidiano? Quais alunos possuem dificuldades para escrever e
interpretar textos? Quais são estas dificuldades para posterior
73
encaminhamento pedagógico no dia a dia, na escola? Como o aluno
aprende? Por que até aquele momento ou série não houve este
aprendizado considerado básico?
Sugestão de encaminhamento objetivando realizar um diagnóstico em
relação ao processo de ensino e aprendizagem na sua Escola:
1. Organizar coletivamente uma seleção de conteúdos considerados
essenciais para efetivar a aprendizagem dos alunos e desenvolver novos
conceitos;
2. Aplicar um Teste Diagnóstico Interno em seu Estabelecimento de
Ensino, preferencialmente no início do ano letivo;
3. Tabular e construir gráficos mediante todos os dados possíveis em
termos de aluno, turma, série e conteúdos atingidos e não atingidos, para
posterior análise;
4. Refletir coletivamente acerca dos dados obtidos e suas conseqüências,
comunicando-os a cada aluno e seus familiares;
5. Replanejar ações efetivas de acordo com a análise dos dados
constatados;
6. Tornar público os critérios de avaliação que serão estabelecidos a cada
período – bimestre / trimestre ou semestre – em cada disciplina, de modo
que os pais e alunos estejam cientes do trabalho planejado pelo
Estabelecimento de Ensino, indicando os rumos a que se pretende
chegar.
74
7 UNIDADE 6 - CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO DOCENTE À
PRÁTICA EM SALA DE AULA
A avaliação acontece à todo momento e nas mais variadas atividades de
nossas vidas, não sendo diferente na escola, sua trajetória aponta para uma
concepção de que o processo avaliativo não segue padrões rígidos, pois é
determinado por outras dimensões, históricas, sociais, econômicas, políticas e
pedagógicas cada qual relacionada ao período em que estão inseridos,
influenciando nos aspectos quantitativos. Por isso o tema de estudo Avaliação
Escolar no Contexto Pedagógico reporta para a reflexão cotidiana indispensável,
que é repensar os critérios da avaliação escolar para que este seja a favor da
aprendizagem e da emancipação dos educandos, pois “o exercício pedagógico
escolar é atravessado mais por uma pedagogia do exame do que por uma
pedagogia do ensino – aprendizagem” (LUCKESI, 1998).
Ao analisar-se a educação e avaliação que são praticadas hoje, percebe-se
que persiste a avaliação classificatória, mecânica, parcial, que aumenta o número de
evasão escolar e repetência e agrava ainda mais a questão da marginalização nas
massas empobrecidas, pode-se dizer que é de competência do professor
desenvolver no aluno a construção do saber. Está no cotidiano desses elementos o
futuro da educação, a integração professor-aluno, poderá transformar números
negativos em positivos.
A educação é um processo que visa modificar a conduta dos estudantes,
essas mudanças constituem os objetivos da educação. É também o processo para
determinar em que consistem essas mudanças e estimá-las com relação aos valores
representados nos objetivos da educação, para descobrir se tais objetivos foram
atingidos.
A importância de se avaliar, tanto para o aluno, como para o professor, se
baseia no fato de que: para o aluno, é importante saber os resultados de seu
desempenho e esforço, não somente, mas o conhecimento de suas capacidades,
para seu desenvolvimento intelectual futuramente, já para o professor, é
fundamental conhecer o retorno do seu trabalho como mero informante dos
conhecimentos transmitidos, contribuindo assim, para a compreensão das formas de
aprendizagem e também no sentido de sua própria auto-avaliação como professor.
75
O descuido em relação à formação dos professores com relação à avaliação
pode ser o fator que leva à vários casos, índices alarmantes, de repetência nas
escolas. Sabe-se que há vários conceitos sobre avaliação, mas o que permanece é
o sentimento de insegurança no sentido de tomar uma atitude em relacionar a teoria
à prática e transformar a situação vigente em que se encontram os alunos e
professores.
Tendo em vista a necessidade de se fazer uma avaliação coerente com as
exigências da educação atual e sua evolução, considera-se que a educação escolar
não se restringe apenas à transmissão de conhecimentos. Julga-se necessário,
então, rever o papel e o reflexo do educador quando se dá o momento da avaliação
e citá-los de tal forma que haja entendimento da questão, quando se apresentar a
situação de reprovar alunos, ou perante a desistência de muitos deles.
Algumas vezes ocorre a educadores apontar aos alunos as falhas do
processo, criticá-las, exercendo em sua sala de aula uma prática avaliativa
improvisada e arbitrária. O fato é que cada vez mais a avaliação é considerada
como um fim, fim de conteúdo, de programa, de currículo, de bimestre e não como
processo de aprendizagem. “É preciso encarar a avaliação com a sensibilidade de
profissionais que verificam suas dificuldades, as planejam e superam junto aos seus
alunos.” (HOFFMANN, 2005, p.11).
A escolaridade visa dar ao aluno uma Educação Básica a que todo o
cidadão tem direito. A escola então, deve organizar-se de maneira que permita aos
alunos, caminhar dentro do seu tempo de aprendizagem, sem retrocessos,
construindo o conhecimento dentro de suas características pessoais; a avaliação
tem a função fundamental de informar e dar consciência ao professor de como os
alunos estão caminhando nesse processo.
Para poder efetivar as transformações que mostram-se necessárias na
avaliação temos os Critérios avaliativos que são a via para se acompanhar o
processo de aprendizagem, devendo servir de base para o julgamento do nível de
aprendizagem dos alunos e, por conseqüência, do ensino do professor, então é
preciso estabelecer critérios de avaliação como planejamento na busca de se medir
uma qualidade de aprendizagem em constante evolução e transformação do sujeito.
Os critérios decorrem dos conteúdos, ou seja, após selecionados os
conteúdos essenciais serão sistematizados, os critérios utilizados para avaliar o
conhecimento dos alunos serão estabelecidos pelo professor.
76
Desta forma, a falta de definição e clareza nos critérios de avaliação do
professor para com os alunos compromete a qualidade do ensino, dificulta obter
dados reais, de aprendizagem e pode induzir o professor, a uma seqüência de
desvalores pelos resultados apresentados. Pois, conforme a concepção adotada e a
forma em que é realizada, a avaliação poderá exercer um papel de promoção e
mudanças na prática docente, uma transformação crítica na escola, no currículo e
na elaboração do plano de ação docente.
Em meio a tais reflexões é possível dizer que a avaliação deve ser encarada
como uma atitude para redimensionar e direcionar a ação educadora, pois os
docentes, perderam a noção da prática intelectual para dar notas pelo que o aluno
não aprendeu, talvez inconscientemente, podendo, assim, justificar tamanha
reprovação e desistência, pois os alunos em geral já se habituaram a fazer só aquilo
que lhes rende nota ou abandonaram o interesse por estudar.
Neste contexto, o sistema educacional, tem-se que atribuir nota ao
conhecimento, é possível ver como fazê-lo através dos critérios estabelecidos, pela
relação professor-aluno, pela interação dos profissionais da educação, como
facilitadores e alavancadores de aprendizagens, desta forma, esta pesquisa
questiona de que forma é possível proporcionar aos professores instrumentos de
reflexão e ação capazes de fazê-los repensar sobre os critérios de avaliação
utilizados, a fim de tornar o ato avaliativo uma atividade comum ao professor e
aluno.
Busca-se que o aluno tenha responsabilidade sobre seu aprendizado, sendo
a avaliação planejada com critérios e instrumentos estabelecidos pelo professor,
desde o plano de ação docente até sua aplicação em sala de aula.
Pretendendo ter clareza no desenvolvimento deste trabalho, deseja-se
estabelecer as concepções de avaliação de modo breve para adensar o trabalho nos
critérios de avaliação, sua intenção no trabalho avaliativo, considerando, o currículo,
o projeto político pedagógico, professores, condições físicas da escola, disposição
dos alunos entre demais fatores que são determinantes da prática da avaliação, de
forma que o aluno se reconheça como parte integrante do seu processo de
avaliação, e não como o lado receptivo da avaliação, construindo-a, entendendo-a,
transformando-a em mais um recurso aliado para medir a sua aprendizagem.
Sendo que esta produção pedagógica tem por objetivo geral proporcionar
condições de reflexão e ação aos professores, a fim de que, junto aos seus alunos,
77
repensem o processo avaliativo e os estimulem a acompanhá-lo cotidianamente,
tendo por finalidade desenvolvê-lo em classe de forma cooperativa, visando criar no
aluno responsabilidade por seu aprendizado. E aplicar a avaliação com critérios
estabelecidos e instrumentos avaliativos elaborados pelo professor, desde o plano
de ação docente até o conhecimento e aplicação ao aluno em sala de aula.
Para isto pretende-se traçar um caminho onde o professor possa repensar a
prática de avaliação nas 5ª séries a partir da reflexão, do conhecimento teórico, da
problematização elencada e considerada de evasão e repetência.
Através da apropriação do conhecimento teórico da proposta, é que se
pretende, estimular e envolver a equipe pedagógica, direção escolar, os professores
de classe (os alunos e os pais) a participarem e se envolverem com o
desenvolvimento da mesma, tendo parte na obtenção de seus resultados.
Envolver os sujeitos na prática de avaliação se faz necessário para
implementação do projeto. A comunidade escolar deverá sentir-se amparada pela
teoria no processo, envolvida e esclarecida para produzir resultados pedagógicos
com a verdadeira necessidade e desprendimento para que todos tenham sucesso
na proposta, pois professores com mais consciência de sua prática e melhoramento
à maneira de avaliar poderão ser grandes contribuidores para diminuir o aspecto
negativo da educação, pois segundo Sacristán (1998) a avaliação é explicada pelas
funções da instituição escolar.
[...] A avaliação é explicada pela forma como são realizadas as funções que a instituição escolar desempenha e, por isso, sua realização vem condicionada por numerosos aspectos e elementos pessoais, sociais e institucionais; ao mesmo tempo, ela incide sobre todos os demais elementos envolvidos na escolarização: transmissão do conhecimento, relações entre professores/as e alunos/as, interações no grupo, métodos que se praticam, disciplina, expectativas de alunos/as, professores/as e pais, valorização do indivíduo na sociedade, etc. portanto, auxilia definitivamente a configurar o ambiente educativo. Estudar a avaliação é entrar na análise de toda a pedagogia que se pratica. (SACRISTÁN, 1998, p. 295).
Através da pesquisa ação caracterizada como processo pelo qual os
professores objetivam estudar cientificamente seus problemas de modo a orientar,
corrigir e avaliar suas ações e decisões, pretendendo se estabelecer uma reflexão
sobre o tema com a equipe pedagógica para repensar a prática docente no ato de
avaliar, buscando a conscientização de que é preciso maior aprofundamento teórico
para que de maneira contínua e prática aconteça uma avaliação criteriosa,
78
consciente e significativa a fim de diagnosticar e provocar desenvolvimento e
ampliação da aprendizagem.
A família é muito importante para que a aprendizagem se efetive, por isso
através de reuniões para motivar, esclarecer e orientar a família pretende-se
envolvê-la de modo participativo na proposta, sendo que os professores da classe
serão imprescindíveis para estabelecer este diálogo.
A sala de aula é o lugar onde o conhecimento pode estar estanque e
centralizado em um aluno, ou pode ser interagido entre todos, de maneira que se
torne mais apreendido, pois quando o conhecimento é democratizado pelo diálogo
constante há muito mais chances de que efetivamente ocorra. Através da interação
aluno-aluno, professor-aluno-alunos, equipe pedagógica-alunos-professores e pais,
haverá mais oportunidades de desenvolvimento pessoal e de grupo.
Entende-se que centrando os esforços na proposta do projeto, focando o
aprendizado pelo diagnóstico da avaliação até seu fechamento acumulativo pelas
notas e pela ação do conselho de classe, moldando, revendo, repensando valores,
pode-se estabelecer a necessidade dos critérios de avaliação para que a ação
pedagógica se fundamente na emancipação educativa de cada criança.
Desta forma, espera-se que o desenvolvimento desta pesquisa possa
contribuir para o efetivo desenvolvimento de uma avaliação escolar emancipadora,
que possa a vir contribuir para o desenvolvimento do aluno como cidadão consciente
de seu papel dentro da aprendizagem.
7.1 ROTEIRO DE ATIVIDADES PARA DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
a) Na Semana Pedagógica abordar o tema com a leitura e discussão do
Projeto.
b) Apresentação de parte do filme “O Triunfo” para representar a avaliação
e seu encaminhamento.
c) Relacionar a importância de se estabelecer Critérios de Avaliação no
Plano de Ação Docente com os conteúdos elencados.
79
d) Estabelecer a avaliação e a relação dos Critérios de Avaliação nos
instrumentos pertinentes aos conteúdos de avaliação escolhidos pelos
professores.
e) Proporcionar tempo hábil para determinação dos conteúdos e dos
critérios estabelecidos nas disciplinas, através do Plano de Ação
Docente.
f) Acompanhar o desempenho dos alunos em cada avaliação aplicada.
g) Subsidiar com fundamentação teórica as dúvidas e o trabalho do
professor na elaboração da avaliação com critérios.
h) Estabelecer contratos com alunos, pais e professores na aplicação do
Projeto por meio de ata.
i) Tabular os resultados obtidos através de gráficos.
j) Avaliar ao final do semestre os resultados obtidos com todas as pessoas
envolvidas, questionando:
− Estabelecer critérios na avaliação, ajuda ao aluno melhorar seu
desempenho?
− Quais as maiores dificuldades encontradas no momento de elaborar o
planejamento e a avaliação da classe de forma criteriosa?
− Mesmo estabelecendo critérios na elaboração da avaliação e
explicitando isso aos alunos houve dificuldades que devam ser
consideradas?
k) Tabular as respostas e junto aos gráficos, estabelecer os resultados no
Conselho de Classe e retomar a discussão junto à Equipe Pedagógica
sempre que for necessário.
7.1.1 Exemplo 1
QUADRO 2 - CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO – 1º BIMESTRE 2008 - 5ª SÉRIE Língua Portuguesa
AVALIAÇÃO 1 Data: Valor: 3,0
• Conhecer e utilizar corretamente a pontuação: ponto final, ponto de interrogação, ponto de exclamação, virgula, travessão e dois pontos;
80
Língua Portuguesa
• Conhecer e utilizar corretamente as letras Maiúsculas e Minúsculas; • Conhecer e utilizar adequadamente o parágrafo; • Escrever com legibilidade; • Produzir com clareza de idéias;
AVALIAÇÃO 2 Data: Valor: 4,0
• Produzir textos com coerência entre a idéia central e as diversas partes;
• Conhecer os elementos coesivos: pronomes, conjunções, sinônimos; • Ampliar a utilização dos elementos coesivos: pronomes, conjunções,
sinônimos, muitas vezes restritos a utilização de: e, daí, aí, então, né; • Planejar a produção de texto levando em conta: para que e para quem
escrever; • Utilizar corretamente a concordância verbal e nominal; • Escolher o título do texto de acordo com seu conteúdo; • Finalizar de forma satisfatória o texto;
AVALIAÇÃO 3 (Leitura) Data: Valor: 3,0
• Ler pausadamente e com clareza; • Relacionar texto e contexto; • Buscar elementos para relacionar o sentido atribuído no texto; • Relacionar começo, meio e fim da leitura; • Relacionar o conteúdo lido com ilustrações, gestos, expressões faciais
e sons.
7.1.2 Exemplo 2
- Avaliação de Língua Portuguesa
Nome:.........................................................................................nº:....................
Série:......................................................................Data:....................................
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO Valor: 3,0 Nota:_______
81
• Conhecer e utilizar corretamente a pontuação: ponto final, ponto de
interrogação, ponto de exclamação, virgula, travessão e dois pontos;
• Conhecer e utilizar corretamente as letras Maiúsculas e Minúsculas;
• Conhecer e utilizar adequadamente o parágrafo;
• Escrever com legibilidade;
• Produzir com clareza de idéias.
1) Pontue corretamente as frases:
a) Mamãe, onde está meu tênis
b) João disse para a professora
Qual será o valor da prova?
c) A turma exclamou:
- Viva, hoje tem cachorro quente de lanche
d) Fui no mercado e comprei feijão arroz macarrão carne banana e
tomate.
2) Repita as frases utilizando MAIÚSCULA quando necessário:
a) João foi à Curitiba comprar roupas novas.
b) A professora pediu aos alunos que permanecessem quietos.
c) Em minha casa tem uma televisão à cores que pertence à meu irmão
Pedro.
d) O nome de meu cachorro é bolinha.
e) Minha irmã Isabel foi para mandirituba comprar um par de botas
3) Reescreva o texto a seguir utilizando parágrafo quando necessário e
colocando a pontuação necessária:
FOBIA
Não sei como se chamaria o medo de não ler. Existem as conhecidas
claustrofobia (medo de lugares fechados) agorafobia (medo de espaços
abertos) acrofobia (medo de altura) collorfobia (medo do que ele vai nos
aprontar agora) e as menos conhecidas aolurofobia (medo de gatos)
iatrofobia (medo de médicos) mas o pânico de estar por exemplo num
quarto de hotel com insônia sem nada para ler não sei que nome tem É uma
das minhas neuroses O vício que lhe dá origem é a gutembergomania uma
dependência patológica na palavra impressa Na falta dela qualquer palavra
serve Já saí de cama de hotel no meio da noite e entrei no banheiro para
82
ver se as torneiras tinham “Frio” e “Quente” escritos por extenso para saciar
minha sede de letras Já ajeitei o travesseiro ajustei a luz e abri a lista
telefônica tentando me convencer que pelo menos no numero de
personagens seria um razoável substituto para um romance russo Já revirei
cobertores e lençóis à procura de uma etiqueta qualquer coisa Alguns
hotéis brasileiros imitam os americanos e deixam uma Bíblia no quarto e ela
tem sido minha salvação embora não no modo pretendido Nada como um
best-seller numa hora dessas A Bíblia tem tudo para acompanhar uma
insônia enredo fantástico grandes personagens romance [...] – e uma
mensagem positiva Recomendo “Gênesis” pelo ímpeto narrativo “O Cântico
dos Cânticos” pela poesia e “Isaías” e “João” pela força dramática mesmo
que seja difícil dormir depois do Apocalipse Mas e quando não tem nem a
Bíblia Uma vez liguei para a telefonista de madrugada e pedi uma Amiga
Desculpe cavalheiro mas o hotel não fornece companhia feminina... Você
não entendeu Eu quero uma revista Amiga Capricho Vida Rotariana
qualquer coisa Infelizmente não tenho nenhuma revista Não é possível O
que você faz durante a noite Tricô Uma esperança Com manual Não
Danação Você não tem nada para ler Na bolsa sei lá Bem... Tenho uma
carta da mamãe Manda.
Fonte: Luis Fernando Veríssimo. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro, Objetiva,
2001.
7.1.3 Exemplo 3
QUADRO 3 - CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO – 1º BIMESTRE 2008 - 5ª SÉRIE Matemática
AVALIAÇÃO 1 Data: Valor: 4,0
• Conhecer os números naturais; • Identificar os sistemas de numeração; • Ordenar os números naturais tendo como critérios as ordens crescente
e decrescente; • Ampliar idéias e procedimentos relativos à contagem, comparação,
ordenação, estimativa e operações; • Interpretar e resolver questões que envolvam as idéias das operações
83
Matemática
fundamentais com os números naturais. AVALIAÇÃO 2 (Trabalho em grupo) Data: Valor: 3,0
• Efetuar operações de adição, subtração, multiplicação e divisão com números naturais em situações problema do dia-a-dia do educando;
• Reconhecer que metades, terços e quartos sempre se referem às partes iguais;
• Identificar a raiz quadrada; • Identificar as potências; • Diferenciar a raiz quadrada da potência
AVALIAÇÃO 3 Data: Valor: 3,0
• Identificar as expressões numéricas; • Identificar situações do dia-a-dia onde as expressões numéricas estão
inseridas; • Identificar estatísticas; • Identificar e produzir gráficos; • Produzir textos escritos, com base na interpretação de tabelas
estatísticas e gráficos.
7.1.4 Exemplo 4
- Avaliação de Língua Matemática
Nome:.........................................................................................nº:....................
Série:......................................................................Data:....................................
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO Valor: 4,0 Nota:______
• Conhecer os números naturais;
• Ordenar os números naturais tendo como critérios as ordens crescente e
decrescente;
• Ampliar idéias e procedimentos relativos à contagem, comparação,
ordenação, estimativa e operações;
• Interpretar e resolver questões que envolvam as idéias das operações
fundamentais com os números naturais.
1) Assinale as opções onde estão relacionados somente números naturais:
( ) { 2,5,-4,1,0}
84
( ) {1,8,10,45,6,7}
( ) {-6,2,23,5,0,9}
( ) {25,12,4,7,8,6}
( ) {8,4,9,10,36,9}
2) Coloque os números naturais em ordem crescente:
a) 22,39,1,44,16,73,12,37,83,18,25,5,10,13,11
b) 27,44,89,56,77,81,46,28,37,49,58,65,11,8,15
c) 12,17,45,89,93,26,64,58,35,26,24,65,78,81,5
3) Agora, ordene os números citados no exercício anterior de forma
decrescente:
4) João tinha 7 figurinhas, comprou 3 pacotes com 5 firas cada, trocou 3
figurinhas repetidas por 2 que ele não tinha, ao chegar em casa, sua mãe
pediu que desse metade de suas figurinhas para seu irmão menor, com
quantas figuras João ficou?
5) Em, uma classe com 36 alunos, a professora pediu que se formassem 6
grupos iguais, quantos alunos ficaram em cada grupo?
6) Minha mãe possui R$ 275,00 para gastá-los igualmente entre eu, meus 2
irmãos e meus 2 primos, qual a parte que cabe para cada um de nós?
7) Meu pai recebe R$ 255,00 por semana trabalhada, quanto ele recebe em
3 meses de trabalho?
8) Comprei 2 calças que custaram R$ 45,00 cada, 3 camisetas que custaram
R$ 16,00 cada, 5 meias que custaram R$ 4,50 cada e 1 boné que custou R$
15,00, a vendedora da loja me deu um desconte de R$ 8,00. Quanto gastei?
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