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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
¹PROFESSORA. Integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, licenciada em Geografia pela UNIPAR – Universidade Paranaense de Umuarama – PR. Educadora do Ensino Fundamental e Médio da rede Pública do Estado do Paraná, lotada no Colégio Estadual Nestor Victor, município de Pérola. [email protected]; [email protected]
²ORIENTADOR. Professor adjunto do Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Maringá – UEM. [email protected]
MATA CILIAR: diagnóstico geoambiental da bacia do rio Porongos no município de
Pérola-Paraná
Autor: Nadir Fernandes de Faria¹
Orientador: Hélio Silveira²
Resumo
O presente trabalho visa analisar a qualidade ambiental do alto curso da bacia do rio Porongos, que está inserido no município de Pérola, e representa uma pequena porção Noroeste do Paraná. A escolha da temática ambiental e da área de pesquisa, assim como da metodologia adotada, está em consonância com a Proposta Político-Pedagógica do Estado do Paraná para o Ensino Fundamental e Médio, onde a Geografia tem a função de contribuir com a formação do cidadão, mostrando as transformações das paisagens naturais e culturais na dimensão socioambiental. O desenvolvimento desse trabalho se deu através de elaboração de materiais didáticos em forma de Folhas, produção de textos, análise de charges, letras de músicas, documentários e filmes sobre o tema em questão, pesquisas, palestras, produção de vídeos, visitas em áreas reflorestadas e degradadas, viveiros de mudas e confecção de produtos cartográficos que serviram como experiência prática do conhecimento geográfico. Houve grande envolvimento e disposição positivos da comunidade e dos alunos participantes do projeto, demonstrando que a preocupação com o meio ambiente é premente e está começando ser disseminada em todos os estratos sociais. Dessa forma, a proposta pedagógica desenvolvida teve um alcance tanto teórico quanto prático, cumprindo com o objetivo maior de desenvolver valores conservacionistas na comunidade.
Palavras–chave: Mata ciliar; Recuperação; Degradação; Bacia Hidrográfica; Pérola; Paraná.
Abstract
2
This work has the purpose to analyse the environment quality of the upper Rio Porongos region, in Pérola, in the Northwest of Paraná. The choice of this environment subjet, research area and the methodology are in accordance with the Political Pedagogic Project of the State of Paraná to the elementary and secondary schools. In this case, the Geography contributed to the formation of the citizenship, show the changing of the natural and cultural landscape in the socio ambiental dimension. The development of this work happens by the improvement of didatic material named Folhas, text writing, analyzis of charges, musics, documentary and movies, researches, lecture, video production, visit to degraded and reforested areas, visit to a nursery, making of cartografic materials that served like practical experience to the geographical knowledge. The comunity and the students show positive mood to participate in this project. They manifested worry about the environment and this idea is beginning to spread in all social areas. This pedagogical project reached the practical and theorical areas and it had as main objective to improve the conservation value in the social comunity.
Key words: Riparian Vegetation, Recovery, Degradation, Watershed, Pérola, PR.
1 Introdução
O estudo de bacias hidrográficas vem ganhando grande importância nas
últimas décadas por ser uma unidade de estudo fundamental para diagnosticar o
estado ambiental nela contido. Dentre os recursos naturais contidos numa bacia
hidrográfica, a água é um dos que apresenta os mais variados, legítimos e correntes
usos.
A água é essencial à vida e necessária para quase todas as atividades
humanas, sendo fator importante no desenvolvimento econômico e social e
componente fundamental da paisagem e do meio ambiente.
Otimizar os diversos usos num equilíbrio dinâmico entre as instituições
setoriais, a sociedade civil e o meio-ambiente, determinando os potenciais de uso, é
fator fundamental para garantir os aspectos qualitativos e quantitativos dos recursos
hídricos.
Sabendo-se da grande importância que a água representa para a
sustentabilidade da vida no planeta, a ONU (Organização das Nações Unidas) vem
3
alertando há algumas décadas os países para a necessidade de preservação e
conservação dos recursos hídricos, devido a sua atual disponibilidade.
Uma das formas de proteção desse recurso é a preservação da mata ciliar
no entorno das nascentes e ao longo das margens dos corpos hídricos, conforme
estabelece o Código Florestal Brasileiro (Lei federal nº 4.771, de 15 de setembro de
1965).
Nos lugares onde essa vegetação nativa não mais existe, é necessário o
replantio da vegetação original ou de outra espécie adequada àquele ambiente
natural. Segundo esta lei é obrigatória a preservação de:
30 m a 600 m, dependendo da largura do rio;
30 m de mata para cursos d’água com até 10 m de largura;
50 m de mata para os cursos d’água cuja largura varia entre 10 e 50m;
100 m de mata para cursos d’água cuja largura varia entre 50 a 200m;
200 m de mata para cursos d’água cuja largura varia entre 200 a 600m;
500 m de mata para cursos d’água superiores a 600 metros;
um raio mínimo de 50 m de mata para nascentes.
As áreas ripárias e suas matas ciliares possuem importantes funções na
dinâmica dos ecossistemas aquáticos. Dentre eles, destacam-se a formação de
habitat e abrigos, corredores de migração, áreas de reprodução, constância térmica,
regulação da entrada e saída de energia, fornecimento de material orgânico,
contenção de ribanceiras, diminuição da entrada de sedimentos, sombreamento,
regulação da vazão e do fluxo de corrente, além da influência na concentração de
elementos químicos na água.
A mata ciliar é uma das formações vegetais mais importantes para a
preservação da vida e da natureza. O próprio nome já indica isso: assim como os
cílios protegem os olhos, a mata ciliar serve de proteção aos rios, córregos e
nascentes (olhos d’água). Portanto, pode-se dizer que a mata ciliar é a formação
vegetal que cresce às margens dos cursos d’água. Assim, por saber que as matas
ciliares exercem importante papel na proteção dos cursos d'água contra o
assoreamento e a contaminação com defensivos agrícolas, além de, em muitos
casos, constituírem-se nos únicos remanescentes florestais das propriedades rurais,
é que elas são, portanto, essenciais para a preservação da fauna e flora. Estas
peculiaridades conferem às matas ciliares um grande aparato de leis, decretos e
resoluções visando sua preservação (MARTINS, 2001).
4
No entanto, a forma de ocupação e o tipo de colonização adotado na região
Noroeste do Paraná, incentivado pelo governo do estado, favoreceram a rápida
derrubada da floresta nativa (Floresta Estacional Semidecidual), inclusive da mata
ciliar, para a implantação da agropecuária.
Essa ocupação e exploração sem práticas conservacionistas trouxeram
sérios problemas de erosão, assoreamento dos cursos d’água, degradação dos
solos, principalmente aqueles com textura média e arenosa, derivados do arenito
Caiuá, levando ao empobrecimento do solo e do pequeno e médio produtor rural,
além da destruição da fauna e flora regional.
A forma de ocupação no município de Pérola-PR não foi diferente das
demais regiões do Noroeste paranaense, pois os proprietários rurais desmataram as
áreas às margens dos rios, córregos e nascentes, onde construíram suas moradias,
pois ali tinham água com facilidade para sua subsistência e para os animais.
Segundo Rodrigues e Gandolfi (2000), a agricultura sempre foi e continua
sendo o principal fator causador da degradação dos ecossistemas ciliares,
geralmente associado com a expansão da fronteira agrícola ou com práticas
agrícolas inadequadas (descarga de sedimentos e águas superficiais, fragmentação,
fogo, extrativismo, etc...), mas atividades como a exploração florestal, o garimpo, a
construção de reservatórios, a expansão das áreas urbanas e periurbanas e a
poluição industrial são também atividades que tiveram (ou têm) grande contribuição
na destruição histórica dessas formações ciliares.
Neste contexto, o referido trabalho visa analisar a qualidade ambiental do
alto curso da bacia do rio Porongos, inserido no município de Pérola, representando
uma pequena porção noroeste do Paraná. A escolha dessa temática ambiental e da
área de pesquisa está em conformidade com as Diretrizes Curriculares da Educação
Básica do Paraná (DCEs, 2008) que estabelecem: “caberá ao professor, em seus
estudos mais aprofundados sobre esses conteúdos, enriquecer sua abordagem e
considerar inclusive, especificidades locais”.
Nesta perspectiva, o ensino da Geografia deve ir além destes fatos, deve
contribuir para formar alunos com uma visão transformadora, de modo que possam
inserir-se no contexto da preservação ambiental, promovendo a conscientização e a
motivação através da aprendizagem, tornando este tema significativo. Assim, tanto o
professor quanto o aluno poderão desenvolver potenciais de conscientização dos
5
fatores ambientais, da participação, do respeito à natureza e da preservação para a
sustentabilidade, além do valor ético, que asseguram a verdadeira cidadania.
1.1 Material e método
O município de Pérola localiza-se no Terceiro Planalto Paranaense, na
região Noroeste do Estado do Paraná, mais especificamente entre as coordenadas
geográficas de 230 44´35`` a 230 54´14`` de latitude Sul e 53039`48`` a 530 48`02`` de
longitude oeste e ocupa uma área de 240.635 km² (Figura 1).
Criado através da lei Estadual nº 5.395, de 14 de setembro de 1966, e
instalado em 06 de dezembro de 1968, foi desmembrado do município e comarca de
Xambrê. O município recebe esse nome (Pérola) em homenagem a Sra. Pérola
Elliys Byington, matriarca da Companhia Byington, colonizadora do município e
região.
A economia do município é baseada na agropecuária, com destaque para o
cultivo de algodão, milho e feijão. Na fruticultura, é a acerola que possui maior
produção (Prefeitura Municipal de Pérola, 2009).
Serviu como base para a elaboração do presente trabalho, a bacia do
Porongos, Pérola-PR, que é representativa das principais características do meio
físico e socioeconômico, assim como do modelo de ocupação e dos impactos
provocados pelas atividades humanas nos últimos 50 anos.
Para o desenvolvimento do
bibliográfica sobre a importância da mata ciliar, sua recuperação e preservação,
com o cuidado que se deve
Esta temática está em consonância com as Diretrizes Curriculares do Estado
do Paraná para o ensino de Geografia (PARANÁ, 20
ao se trabalhar a dimensão socioambiental
sejam desmembrados pelo professor em conteúdos específicos.
Após a revisão bibliográfica, foram levant
desenvolvido o trabalho e com base nessas informações
cartográficos, tais como o de solo, declividade, hipsometria, uso do solo e
preservação permanente, na
dos programas Google Earth, Global Mapper e Corel Draw.
Figura 1 – Localização da área de estudo
Serviu como base para a elaboração do presente trabalho, a bacia do
PR, que é representativa das principais características do meio
físico e socioeconômico, assim como do modelo de ocupação e dos impactos
provocados pelas atividades humanas nos últimos 50 anos.
Para o desenvolvimento do trabalho proposto, foi realizada
bibliográfica sobre a importância da mata ciliar, sua recuperação e preservação,
com o cuidado que se deve ter com a água, entre outros.
Esta temática está em consonância com as Diretrizes Curriculares do Estado
para o ensino de Geografia (PARANÁ, 2008, p. 39), onde é sugerido que
alhar a dimensão socioambiental alguns recortes temáticos e/ou regionais
sejam desmembrados pelo professor em conteúdos específicos.
Após a revisão bibliográfica, foram levantados dados sobre a área a ser
desenvolvido o trabalho e com base nessas informações foram elaborados produtos
cartográficos, tais como o de solo, declividade, hipsometria, uso do solo e
preservação permanente, na escala 1:1000. Estes mapas foram
dos programas Google Earth, Global Mapper e Corel Draw.
6
Serviu como base para a elaboração do presente trabalho, a bacia do rio
PR, que é representativa das principais características do meio
físico e socioeconômico, assim como do modelo de ocupação e dos impactos
sto, foi realizada uma revisão
bibliográfica sobre a importância da mata ciliar, sua recuperação e preservação, bem
Esta temática está em consonância com as Diretrizes Curriculares do Estado
, p. 39), onde é sugerido que
alguns recortes temáticos e/ou regionais
ados dados sobre a área a ser
foram elaborados produtos
cartográficos, tais como o de solo, declividade, hipsometria, uso do solo e
escala 1:1000. Estes mapas foram elaborados através
7
Para elaboração das cartas temáticas foram utilizadas imagens de satélite
(novembro de 2005) referentes à área da sub-bacia em estudo, que é de
aproximadamente 14 km².
Os mapas de área de preservação permanente e o mapa do uso do solo
foram elaborados na resolução aproximada de 10 metros, tendo como base o
programa ImageGlobe 2009. Os mapas de declividades e hipsométrico foram
baseados no TOPODATA - INPE, 2009, com resolução de 30 metros. Sendo o mapa
hipsométrico de fundamental importância para estudos relacionados ao uso e
ocupação do espaço.
O mapa de solos teve como base a Carta de Solo do Estado do Paraná
(1:250.000), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Folha: MIR 495.
Todos os mapas elaborados utilizaram de coordenadas geográficas, com
Datum SAD-69.
Também foi elaborado um perfil longitudinal, utilizando o Global Mapper e
Corel Draw, e perfis geoecológicos (Gloogle Earth, Global Mapper e Corel Draw)
sendo utilizada a metodologia estabelecida por MONTEIRO (2000).
Foram entrevistados dois moradores da área e a cada um deles foram feitas
algumas perguntas.
1- Há quanto tempo mora na região?
2- Conheceu a vegetação natural da região?
3- Quais as espécies de árvores que predominavam na região?
4- Como foi desmatada a área? Quais ferramentas foram utilizadas para a
derrubada das árvores?
5- Quais os animais e pássaros que viviam na região e que agora não
existem mais?
6- Em qual local do sítio construiu sua casa? Qual o material de que foi
feita a casa e por quê?
7- Quais foram as primeiras culturas plantadas e se hoje elas ainda
existem? Por quais foram substituídas e por quê?
8- Qual a sua opinião sobre ter que fazer hoje o reflorestamento nas
margens dos rios e nascentes?
9- Destacar as mudanças significativas ocorridas na região ao longo do
período em que aqui reside. Você considera que suas atitudes e ações contribuíram
para essas mudanças? De que maneira?
8
10- Você vê algum prejuízo em ter havido desmatamento às margens do rio
Porongos? Quais?
11- Se fosse hoje que você estivesse chegando para morar na região e ela
estivesse como quando você chegou aqui há anos atrás, onde construiria sua casa e
como faria a lida do sítio?
12- Que conselhos daria para as futuras gerações a respeito dos cuidados
com o solo e água da região?
Concluída a revisão bibliográfica e levantados os dados de campo, um texto
preliminar foi escrito, servindo de base para o material didático, construído em forma
de um Folhas, que foi desenvolvido na implementação com os alunos e para o GTR
(Grupo de Trabalho em Rede). Esse texto preliminar serviu também de apoio para a
escrita deste trabalho final, um artigo científico, no qual os resultados obtidos no
decorrer do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE, 2009) são utilizados
como fontes documentais para a concretização do mesmo.
2 Procedimentos pedagógicos e trabalho de campo
A implementação pedagógica foi desenvolvida no segundo semestre letivo
de 2010, com 53 alunos de 8ª série do Colégio Estadual Nestor Victor Ensino
Fundamental, Médio e Normal.
No primeiro momento, o professor responsável pela sala levou os alunos
para assistirem a filmes, documentários e reportagens que abordassem a temática
da mata ciliar, consequências da ação humana no desmatamento, imagens da
degradação ambiental e áreas de preservação. Informações levadas pelos alunos
sobre o aquecimento global, a escassez da água e as catástrofes climáticas foram
valorizadas e estimuladas, bem como a relação com letras de músicas, textos e
poemas que contemplassem a temática abordada.
Posteriormente, os alunos relacionaram os vários aspectos históricos e
socioeconômicos do município, baseando-se em dados que foram obtidos junto aos
órgãos competentes (Secretarias Municipais e Emater) previamente levantados pelo
professor da turma.
9
Em paralelo ao procedimento pedagógico foi realizado o trabalho de
campo, em que o professor responsável pela sala levou os alunos para uma visita
em pontos da bacia do rio Porongos, onde foi observado como estava a situação
atual da área (locais com presença de vegetação degradada ou conservada, pontos
com erosão, falta de cerca de arame para isolamento, bebedouro d´água para
animais no rio e nascentes). Em seguida, o professor elaborou, juntamente com a
turma, um texto reflexivo com dados sobre a área a ser reflorestada. Os alunos
também visitaram uma área neste mesmo rio, onde já vem sendo feito um trabalho
de recuperação da mata ciliar por alunos e pelo proprietário do local.
Os alunos também foram levados para uma visita ao viveiro municipal, onde
um profissional convidado da área ambiental prestou esclarecimentos sobre as
espécies adequadas para a região do rio Porongos, formas e técnicas de plantio,
entre outras instruções e noções básicas, úteis para a posterior etapa de plantio de
mudas em local de reflorestamento.
Foram também solicitadas mudas de árvores nativas junto ao órgão
competente (Viveiro Municipal de Pérola) para a realização do plantio. Essas mudas
foram replantadas em garrafas pet e deixadas na horta da escola por alguns dias,
depois levadas definitivamente para as áreas em estudo. Este trabalho foi realizado
em parceria com os proprietários rurais das localidades e sob a orientação de um
técnico.
Todas as etapas do trabalho foram fotografadas e registradas para serem
utilizadas como material didático em aulas, possibilitando que essas imagens
possam ser projetadas em aparelho do tipo data-show, ou em TV, assim como os
vídeos que foram produzidos pelos alunos, para que haja a retomada das etapas
realizadas e das informações coletadas, das experiências vividas e, principalmente,
para a verificação da aprendizagem.
3 Apresentação e discussão dos resultados
O trabalho de implementação foi realizado de acordo com o material didático
pedagógico produzido pela professora, cumprindo parte do PDE através de um
Folhas, que contou na sua elaboração com a participação dos professores da rede
pública estadual, por mei
Durante a implementação pedagógica houve a par
da 8ª. série do Colégio Estadual Nestor Victor, sendo que
trabalhava com a professora no plantio e replantio de mudas em uma
do rio Porongos, em Pérola
trabalho, intitulado “Adote uma muda”, foi acompanhado ano a ano por esses alunos
e documentado através de fotografias, como mostram as figuras 2, 3, 4 e 5.
Figura 2 – Vista parcial do início do plantio de árvores nativas nas marg
rio Porongos no ano 2007Fonte: Arquivo pessoal
Figura 4 – Árvore nativa três anos após plantio
Fonte: Arquivo pe
Folhas, que contou na sua elaboração com a participação dos professores da rede
pública estadual, por meio do Grupo de Trabalho em Rede (GTR).
Durante a implementação pedagógica houve a participação dos 53 alunos
érie do Colégio Estadual Nestor Victor, sendo que parte destes alunos já
com a professora no plantio e replantio de mudas em uma
do rio Porongos, em Pérola-PR, desde o quinto ano do ensino fundamental. Tal
trabalho, intitulado “Adote uma muda”, foi acompanhado ano a ano por esses alunos
e documentado através de fotografias, como mostram as figuras 2, 3, 4 e 5.
Vista parcial do início do plantio de árvores nativas nas margens do
rio Porongos no ano 2007
Arquivo pessoal
Figura 3 – Alunos participando do plantio de árvores nativas
Porongos no ano 2007Fonte: Arquivo pessoal
e nativa três anos após
pessoal
Figura 5 – Vista parcial da margem do rio Porongos três anos após plantio
Fonte: Ar
10
Folhas, que contou na sua elaboração com a participação dos professores da rede
o do Grupo de Trabalho em Rede (GTR).
ticipação dos 53 alunos
parte destes alunos já
com a professora no plantio e replantio de mudas em uma das nascentes
PR, desde o quinto ano do ensino fundamental. Tal
trabalho, intitulado “Adote uma muda”, foi acompanhado ano a ano por esses alunos
e documentado através de fotografias, como mostram as figuras 2, 3, 4 e 5.
Alunos participando do plantio árvores nativas nas margens do rio
Porongos no ano 2007
Arquivo pessoal
Vista parcial da margem do rio Porongos três anos após plantio
Arquivo pessoal
11
O trabalho teve grande aceitação e participação dos alunos e serviu como
tema para o presente trabalho “Importância da mata ciliar para uma bacia
hidrográfica”, projeto do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE).
Como primeira etapa de implementação, houve a exposição pela professora
do objetivo do trabalho e das ações previstas para a comunidade escolar, direção e
equipe pedagógica. Também foram lançadas para a turma, como forma de
questionamento, uma sondagem: O que é mata ciliar? Para que serve? Quais as
causas e consequências de sua falta?
Para um maior esclarecimento e enriquecimento do conteúdo, foi convidado
para uma palestra o Sr. Cidinei, técnico do IAP (Instituto Ambiental do Paraná),
responsável pelo programa Mata Ciliar da regional de Umuarama. Nesta palestra
houve uma exposição e conscientização não só a respeito da vegetação ciliar, mas
também sobre a possibilidade e consequências da falta generalizada de água
adequada para o consumo humano em nosso planeta. Notou-se uma grande
aceitação e interesse pelo assunto da palestra por parte dos alunos, pois os
mesmos se colocaram como integrantes deste processo, por terem participação
direta em aulas de campo. Alguns alunos relataram experiências de plantios e
reflorestamentos que estão fazendo com seus pais ou parentes em seus sítios,
dando depoimentos para os demais colegas, enquanto outros fizeram vários
questionamentos ao palestrante a respeito do tema discutido.
Em seguida, a professora apresentou um vídeo de sua produção contendo
diversas fotos sobre o plantio e acompanhamento do crescimento das mudas de
árvores nativas, tendo como fundo musical a “Canção da Floresta”, interpretada pelo
cantor Fagner, considerando a letra um verdadeiro hino à natureza.
Foi um momento de descontração (no princípio), uma vez que os alunos, ao
se reconhecerem no vídeo, perceberam que é possível ser agente transformador em
uma situação de danos causados ao Meio Ambiente.
Posteriormente, os alunos assistiram a filmes, documentários e reportagens
que abordaram a temática mata ciliar, como o vídeo produzido pelo IAP, em que é
relatado o conceito de vegetação ciliar, causas e consequências de sua falta, bem
como os programas de Mata Ciliar desenvolvidos no Estado do Paraná, com suas
metas. Os alunos assistiram também ao vídeo “Correntina”, um documentário
produzido pelo programa Globo Rural no oeste da Bahia, local onde nasce boa parte
12
dos afluentes do Rio São Francisco e onde agricultores e carpideiras choram a
morte de riachos ocasionada pelo desmatamento irresponsável.
Com esses vários vídeos, houve maior conscientização sobre a importância
do trabalho desenvolvido em âmbito escolar e a demonstração, através do
documentário “Correntina”, da relação do espaço geográfico vivido, comparando as
nascentes e rios que secaram, na Bahia e no nosso município, bem como as
conseqüências trazidas.
Outro documentário assistido pelos alunos foi “Agonia do Rio Taquari”. Este
vídeo mostra toda possibilidade de destruição e degradação do rio Taquari, um dos
principais rios que atravessa o Pantanal mato-grossense, de Leste a Oeste, desde a
nascente até sua foz. Fazendo comparações com a realidade dos rios da região,
este documentário evidencia as consequências da ação humana no desmatamento,
através das imagens da degradação ambiental e áreas de preservação.
Assim, os alunos puderam perceber que essa degradação não acontece
apenas longe do nosso convívio, mas no meio em que eles estão inseridos.
Nesse momento foi possível apresentar aos alunos alguns problemas
ambientais na bacia do rio Porongos, localizado no município de Pérola, que são
muito semelhantes aos que foram mostrados nos vídeos em sala de aula.
Os alunos também puderam visualizar em mapas (Figura 6) que na bacia do
rio Porongos ocorre a predominância do Argissolo. Esses solos são encontrados na
paisagem na média e baixa vertente, como é possível observar nas Figuras 7, 8 e 9.
A característica marcante desses solos é a diferença de textura entre o
horizonte A, mais arenoso, e o subsuperficial Bt, mais argiloso (B textural). Com a
ocorrência de chuvas intensas (principalmente na primavera e verão), a água
penetra rapidamente no horizonte A e mais lentamente no Bt, ocasionando um
acúmulo de água no topo deste horizonte. Parte dessa água acumulada escorre
lateralmente, facilitada pela declividade do terreno que varia de 8 a 45%, como pode
ser observado na Figura 10. Quando todo A fica saturado de água, o excesso tende
a escoar sobre a superfície. Assim, tanto o escoamento superficial, como o
subsuperficial são causadores de muitas erosões que iniciam através de sulcos e se
transformam rapidamente em voçorocas como é comum observar em partes da
bacia do Porongos (IAPAR,1988).
Portanto, esses solos devem ser usados com muita cautela, seguindo um
critério racional de exploração aliadas às práticas conservacionistas intensivas.
Pode-se visualizar através das Figuras
do solo na bacia do rio Porongos é a pastagem. Embora as gramíneas sejam
consideradas muito eficientes no cont
pisoteio intensivo pelo excessivo número de animais por hectare, facilita
formação dos trilhos do gado que logo em seguida se transformam em sulcos,
ravinas e até voçorocas.
Figura 6 – Mapa dos tipos de solos característicos da área de abrangência de estudo
se visualizar através das Figuras 7, 8 e 9 que o pri
do solo na bacia do rio Porongos é a pastagem. Embora as gramíneas sejam
consideradas muito eficientes no controle dos processos erosivos,
pisoteio intensivo pelo excessivo número de animais por hectare, facilita
rmação dos trilhos do gado que logo em seguida se transformam em sulcos,
Mapa dos tipos de solos característicos da área de abrangência de estudo
13
que o principal uso agrícola
do solo na bacia do rio Porongos é a pastagem. Embora as gramíneas sejam
role dos processos erosivos, quando ocorre o
pisoteio intensivo pelo excessivo número de animais por hectare, facilita-se a
rmação dos trilhos do gado que logo em seguida se transformam em sulcos,
Mapa dos tipos de solos característicos da área de abrangência de estudo
Figura 7 – Perfil geoambiental do alto curso do rio Porongos,
Figura 8 – Perfil geoambiental do médio curso do rio Porongos, Pérola
Perfil geoambiental do alto curso do rio Porongos, Pérola
Perfil geoambiental do médio curso do rio Porongos, Pérola
14
Pérola-PR
Perfil geoambiental do médio curso do rio Porongos, Pérola-PR
Figura 9 – Perfil geoambiental do baixo curso do rio Porongos, Pérola
Figura 10 – Mapa de declividade na bacia do rio Porongos, em Pérola
Perfil geoambiental do baixo curso do rio Porongos, Pérola
Mapa de declividade na bacia do rio Porongos, em Pérola
15
Perfil geoambiental do baixo curso do rio Porongos, Pérola-PR
Mapa de declividade na bacia do rio Porongos, em Pérola-Pr
Em paralelo ao procedimento pedagógico, foi realizado o trabalho de campo,
em que a turma saiu para visitas em pontos estratégicos da bacia do rio Porongos.
Na Figura 11 pode-se observar uma das nascentes
visitados pelos alunos. Essas saída
técnico da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (senhor Edson), que não mediu
esforços para que o projeto se efetivasse da melhor forma possível.
Munidos de câmeras fotográficas, filmadoras e questões norteadora
observação, os alunos documentaram o que presenciaram para poste
e debate em sala de aula.
Ficaram atentos às explicações do técnico, que diagnosticou a degradação
da principal nascente do rio Porongos (falta de cerca de isolamento, p
animais circulando livremente na área e bebendo água na nascente provocando,
com isso, erosão nos caminhos de passagem de um lado para o outro, pouca
vegetação, desobediência ao
nascentes de acordo com o Código Florestal vigente) (
nascente se situa na localidade de Três Vendas, patrimônio do município de Pérola.
Em outras visitas foram observadas como estava a situação atual de outras
áreas (local com presença de vegetação degradada ou conservada, pontos com
erosão, falta de cerca de arame para isolamento, bebedouro d´água para animais no
rio e nascentes) entre outros. Através da
procedimento pedagógico, foi realizado o trabalho de campo,
em que a turma saiu para visitas em pontos estratégicos da bacia do rio Porongos.
se observar uma das nascentes do rio Porongos, um dos pontos
visitados pelos alunos. Essas saídas a campo contaram sempre com a presença do
técnico da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (senhor Edson), que não mediu
esforços para que o projeto se efetivasse da melhor forma possível.
Munidos de câmeras fotográficas, filmadoras e questões norteadora
observação, os alunos documentaram o que presenciaram para poste
e aula.
Ficaram atentos às explicações do técnico, que diagnosticou a degradação
da principal nascente do rio Porongos (falta de cerca de isolamento, p
animais circulando livremente na área e bebendo água na nascente provocando,
com isso, erosão nos caminhos de passagem de um lado para o outro, pouca
vegetação, desobediência ao mínimo exigido por lei, que é de 50 metros ao redor de
acordo com o Código Florestal vigente) (Figuras 11 e 12)
nascente se situa na localidade de Três Vendas, patrimônio do município de Pérola.
Em outras visitas foram observadas como estava a situação atual de outras
áreas (local com presença de vegetação degradada ou conservada, pontos com
erosão, falta de cerca de arame para isolamento, bebedouro d´água para animais no
re outros. Através da Figura 12 é possível verificar as áreas de
Figura 11 - Principal nascente do rio Porongos (degradada) em 2010
Fonte: Arquivo pessoal
16
procedimento pedagógico, foi realizado o trabalho de campo,
em que a turma saiu para visitas em pontos estratégicos da bacia do rio Porongos.
do rio Porongos, um dos pontos
s a campo contaram sempre com a presença do
técnico da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (senhor Edson), que não mediu
esforços para que o projeto se efetivasse da melhor forma possível.
Munidos de câmeras fotográficas, filmadoras e questões norteadoras para a
observação, os alunos documentaram o que presenciaram para posterior retomada
Ficaram atentos às explicações do técnico, que diagnosticou a degradação
da principal nascente do rio Porongos (falta de cerca de isolamento, presença de
animais circulando livremente na área e bebendo água na nascente provocando,
com isso, erosão nos caminhos de passagem de um lado para o outro, pouca
de 50 metros ao redor de
Figuras 11 e 12). Essa
nascente se situa na localidade de Três Vendas, patrimônio do município de Pérola.
Em outras visitas foram observadas como estava a situação atual de outras
áreas (local com presença de vegetação degradada ou conservada, pontos com
erosão, falta de cerca de arame para isolamento, bebedouro d´água para animais no
possível verificar as áreas de
mata ciliar e das margens dos rios conservadas atualmente (em 2005) e as áreas
mínimas que deveriam ser conservadas, de acordo com o Código Florestal
Brasileiro.
Figura 12 - Área de Preservação Permanente preconizada pelo Código Florestal Brasileiro (tracejado vermelho) e área de Preservação Permanente em 2005 (em verde) na bacia do rio Porongos
Os alunos também foram levados para uma visita ao viveiro municipal, onde
um profissional convidado da área ambiental prestou esclarecimentos sobre as
espécies adequadas para o replantio ao longo do rio Porongos, as formas e técnicas
de plantio, entre outras instruções e noções básicas, úteis para a posterior etapa de
desenvolvimento do projet
Na oportunidade, cada aluno recebeu mudas que foram levadas para a
escola e para suas casas, onde fizeram o plantio em garrafas pet, cuidando por 45
dias, até seu enraizamento,
Depois foram plantadas na nascente principal do rio Porongos
mata ciliar e das margens dos rios conservadas atualmente (em 2005) e as áreas
mínimas que deveriam ser conservadas, de acordo com o Código Florestal
Preservação Permanente preconizada pelo Código Florestal Brasileiro (tracejado vermelho) e área de Preservação Permanente em 2005 (em verde) na bacia do rio Porongos
Os alunos também foram levados para uma visita ao viveiro municipal, onde
convidado da área ambiental prestou esclarecimentos sobre as
espécies adequadas para o replantio ao longo do rio Porongos, as formas e técnicas
de plantio, entre outras instruções e noções básicas, úteis para a posterior etapa de
desenvolvimento do projeto pedagógico.
Na oportunidade, cada aluno recebeu mudas que foram levadas para a
escola e para suas casas, onde fizeram o plantio em garrafas pet, cuidando por 45
dias, até seu enraizamento, como pode ser verificado pelas F
plantadas na nascente principal do rio Porongos (Figuras
17
mata ciliar e das margens dos rios conservadas atualmente (em 2005) e as áreas
mínimas que deveriam ser conservadas, de acordo com o Código Florestal
Preservação Permanente preconizada pelo Código Florestal Brasileiro (tracejado vermelho) e área de Preservação Permanente em 2005 (em verde) na bacia do rio Porongos
Os alunos também foram levados para uma visita ao viveiro municipal, onde
convidado da área ambiental prestou esclarecimentos sobre as
espécies adequadas para o replantio ao longo do rio Porongos, as formas e técnicas
de plantio, entre outras instruções e noções básicas, úteis para a posterior etapa de
Na oportunidade, cada aluno recebeu mudas que foram levadas para a
escola e para suas casas, onde fizeram o plantio em garrafas pet, cuidando por 45
como pode ser verificado pelas Figuras 13, 14 e 15.
(Figuras 16 e 17).
Figura 13 – Visita ao viveiro municipalFonte: Arquivo pessoal
Figura 15 – Mudas plantadasgarrafas pet
Fonte: Arquivo pessoal
Visita ao viveiro municipal Arquivo pessoal
Figura 14 – Alunos no viveiro municipalFonte: Arquivo pessoal
Mudas plantadas em
garrafas pet Arquivo pessoal
Figura 16 –Fonte: Arquivo pessoal
18
Alunos no viveiro municipal Arquivo pessoal
– Plantio de mudas Arquivo pessoal
19
Com o interesse, colaboração e participação do proprietário do sítio onde
fica a principal nascente do rio Porongos, fez-se toda a preparação para que o
projeto se efetivasse. Todas as etapas foram acompanhadas e fotografadas,
comparando com áreas do mesmo rio que já vem sendo reflorestadas (Figuras 2 a
5).
O plantio foi feito no início do mês de novembro de 2010 (Figuras 16 e 17).
Este trabalho foi realizado em parceria com os proprietários rurais, sempre com
orientação e acompanhamento de um técnico, conforme mostrou a Figura 13.
No trabalho de campo houve sempre a preocupação para que a participação
dos alunos fosse efetiva e cada um pudesse plantar, em média, cinco mudas de
árvores, ficando a responsabilidade e continuidade do projeto com os proprietários
rurais. O preparo prévio para o plantio, como abertura das covas, retirada de gramas
e outras vegetações, confecção de cercas de arame para isolamento da área e a
retirada dos animais, foram responsabilidade dos proprietários rurais, não ficando a
cargo dos alunos fazer uso de ferramentas que pudessem causar-lhes algum dano
físico (Figura 18).
Figura 17 – Plantio de mudas
Fonte: Arquivo pessoal
20
Sabe-se que para que uma recomposição de mata ciliar tenha êxito, é
importante a utilização de espécies nativas, procurando reconstruir a estrutura e a
composição original da vegetação anteriormente existente, resguardando, além da
biodiversidade, a representatividade genética das populações presentes (Barbosa,
2000).
Algumas espécies que foram escolhidas para o plantio estão no quadro 1.
Nome popular Nome científico Grupo Ecológico
Canafístula Peltoplorumduium SI
Lixeira Aloysia S
Jequitibá Carinianaestrellensis S
Figueira Ficus guaranítica SI
Gabiroba Campomanesiaxanthocarpa C
Pitanga Eugenia Uniflora C
Jabuticaba Myrciariatrunciflora SI
Ingá Ingá vera SI
Ipê-amarelo Tabebuia chrysotricha PI
Ipê-rosa Tabebuia avellanedae SI
Jatobá Hymenaeacourbaril CL
Pau-d’alho Gallesia integrifólia PI
Angico Anadenantheracolubrina PI
Jequitibá-branco Carinianaestrellensis CL
Figura 18 – Coveamento e preparo da terra para plantio das árvores nativas
Fonte: Arquivo pessoal
21
Paineira Chorisiaspeciosa PI
Cedro Cedrelafissilis C
Canela Nectandranitídula SI
P=Pioneira; S= Secundária; SI= Secundária inicial; ST=Secundária tardia C=Clímax.
Quadro 1 – Espécies da flora nativa utilizadas para recomposição da mata ciliar do rio Porongos, Pérola-PR
Fonte: Barbosa, 2000
No decorrer do projeto foram entrevistados dois moradores pioneiros da
região que responderam a questões elencadas na introdução deste artigo. Esses
pioneiros, que ainda hoje vivem da região, tinham conhecimento de como era a
vegetação original, por terem participado da derrubada daquelas florestas. Vários
agricultores e pecuaristas presenciaram os processos de desmatamento, o plantio,
cultivo e declínio do café, a policultura e, agora, as pastagens, tendo também que
fazer o reflorestamento nas margens dos rios, principalmente da mata ciliar, pois
derrubaram toda vegetação. Deram depoimentos, também, sobre as espécies
nativas daquela região, servindo de base para o plantio de mudas dessas espécies.
Em sala de aula, também foram fornecidas para os alunos informações
sobre o aquecimento global e a escassez da água, através do vídeo “Carta escrita
nos anos 2070” e de catástrofes climáticas, que posteriormente foram discutidas em
letras de músicas e vídeos de “Planeta Água”, de Guilherme Arantes e “Planeta
Azul”, de Chitãozinho e Xororó, fazendo a comparação entre as letras que cada uma
apresenta. Poemas que contemplam a temática abordada, como “A Lição do Rio”,
de Henfil, também foram expostos.
Posteriormente, os alunos relacionaram os vários aspectos históricos e
socioeconômicos do município, baseando-se nos dados obtidos junto aos órgãos
competentes (Secretarias Municipais e Emater, em visitas previamente agendadas).
Tiveram informação de como era a vegetação original e sobre a primeira cultura na
região, que foi o cultivo do café. Atualmente a região apresenta pouquíssima cultura
permanente, poucas culturas temporárias e há predominância das pastagens,
conforme demonstrado na Figura 19.
Figura 19
É sabido que em muitos casos há resistências por parte dos proprietários
que se refere a reflorestamento
dos proprietários tem plena consciência da importância dos cuidados com o Meio
Ambiente, sendo hoje o município de Pérola destaque na região no tocante a
recomposição da Mata Ciliar.
Finalizando o trabalho, foi possível, através de todo material levantado em
campo, produzir vídeos pelos alunos, com o intuito de retomar as etapas realizadas,
informações coletadas, experiências vividas e, principalmente, para a verificação da
aprendizagem.
Como forma de avaliação, os alunos colecionaram vários materiais, textos,
fotos, filmagens, durante todas as etapas do projeto e, em grupos de 3 a 6
participantes, elaboraram vídeos e apresentaram para a comunidade escolar.
Também fizeram comentários, deram depoiment
atividades desenvolvidas. Estes vídeos, após apresentação, tiveram suas cópias
anexadas ao acervo da escola para poderem ser usados por outros professores em
suas aulas.
Figura 19 – Uso do Solo na bacia do rio Porongos, em 2005.
É sabido que em muitos casos há resistências por parte dos proprietários
que se refere a reflorestamento, mas o trabalho foi bem recebido, visto qu
m plena consciência da importância dos cuidados com o Meio
Ambiente, sendo hoje o município de Pérola destaque na região no tocante a
recomposição da Mata Ciliar.
trabalho, foi possível, através de todo material levantado em
campo, produzir vídeos pelos alunos, com o intuito de retomar as etapas realizadas,
informações coletadas, experiências vividas e, principalmente, para a verificação da
de avaliação, os alunos colecionaram vários materiais, textos,
fotos, filmagens, durante todas as etapas do projeto e, em grupos de 3 a 6
participantes, elaboraram vídeos e apresentaram para a comunidade escolar.
Também fizeram comentários, deram depoimentos e apresentaram resumos das
atividades desenvolvidas. Estes vídeos, após apresentação, tiveram suas cópias
anexadas ao acervo da escola para poderem ser usados por outros professores em
22
Uso do Solo na bacia do rio Porongos, em 2005.
É sabido que em muitos casos há resistências por parte dos proprietários no
mas o trabalho foi bem recebido, visto que a maioria
m plena consciência da importância dos cuidados com o Meio
Ambiente, sendo hoje o município de Pérola destaque na região no tocante a
trabalho, foi possível, através de todo material levantado em
campo, produzir vídeos pelos alunos, com o intuito de retomar as etapas realizadas,
informações coletadas, experiências vividas e, principalmente, para a verificação da
de avaliação, os alunos colecionaram vários materiais, textos,
fotos, filmagens, durante todas as etapas do projeto e, em grupos de 3 a 6
participantes, elaboraram vídeos e apresentaram para a comunidade escolar.
os e apresentaram resumos das
atividades desenvolvidas. Estes vídeos, após apresentação, tiveram suas cópias
anexadas ao acervo da escola para poderem ser usados por outros professores em
23
4 Considerações finais
Percebe-se que no local onde foram feitos os primeiros trabalhos, como
isolamento da área pelo proprietário e cuidado com as mudas para seu
desenvolvimento, um grande número de outras espécies ali nasceram e estão
crescendo, como sementes que ficaram adormecidas na terra e outras que vieram
transportadas por pássaros. Aos poucos, nota-se a diferença da paisagem local,
onde antes era apenas pastagens agora a mata aos poucos vai se formando. Fica
assim evidente que é possível a regeneração de uma área degradada quando o
processo de reflorestamento é feito de forma adequada.
Assim, diante dos dados levantados sobre a área estudada, foi possível
interagir com órgãos e institutos ambientais, bem como com proprietários de sítios
com nascentes e rios, sobre uma maior relevância a respeito da proteção e
conservação da mata ciliar. Além disso, através de aulas teóricas e práticas, foi
possível proporcionar um estudo mais aprofundado sobre o tema com a participação
efetiva dos alunos.
Notou-se que no decorrer do trabalho muitas “sementes” foram lançadas,
informações foram efetivadas e a prática foi consolidada de forma positiva. Cabe
agora, portanto, buscar posicionamento e postura pedagógica capazes de criar
condições para a prática de atividades contextualizadas que possibilitem a
aprendizagem e incutam valores essenciais à vida e à natureza.
Referências
Barbosa, L.M. Considerações gerais e modelos de recuperação ciliares, In RODRIGUES, Ricardo e LEITÃO FILHO, Hermógenes de Freitas (Ed.). Matas ciliares: conservação e recuperação. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp, 2000, 320p.
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BRASIL. Constituição. Lei n. 4771, 15 de setembro de 1965. Institui o novo Código Florestal. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4771.htm. Acesso em: 2 de abril de 2009.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Recursos Hídricos. Documento de introdução, Plano Nacional de Recursos Hídricos, Iniciando o Processo de Debate Nacional. Brasília: MMA, 2005.
IAPAR – Erosão: inventário de áreas críticas no Noroeste do Paraná. Londrina. Boletim Técnico, 23. IAPAR/SUDESUL/SEAB. 1988, 20p.
MARTINS, Sebastião Venâncio. Recuperação de matas ciliares. Viçosa: Ed. Aprenda Fácil Editora, 2001, 255p.
MONTEIRO, C.A.F. Geossistemas: a história de uma procura. 2 Ed., São Paulo: Contexto, 2001, 127p.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Geografia para os Anos Finais do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio. Curitiba, SEED, 2008.
PÉROLA (PARANÁ). In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2009. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=P%C3%A9rola_(Paran%C3%A1)&oldid=18016667>. Acesso em: 11 fev. 2010.
RODRIGUES, Ricardo Ribeiro; GANDOLFI, Sergius. Conceitos, tendências e ações para a recuperação de florestas ciliares. In RODRIGUES, Ricardo Ribeiro e LEITÃO FILHO, Hermógenes de Freitas (Ed.). Matas ciliares: conservação e recuperação. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp, 2000, 320p.