54
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

Page 2: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

ANA MARIA LIMA ZEM

CADERNO PEDAGÓGICO

CURITIBA 2010

Page 3: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

ANA MARIA LIMA ZEM

MODELAGEM COM ARGILA: CONTRIBUIÇÕES PARA O ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

Material didático apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, conveniada com a Universidade Federal do Paraná. Orientadora: Profª Ms. Marília Garcia Diaz

CURITIBA 2010

Page 4: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

SUMÁRIO

1 UNIDADE I .......................................................................................... 1 1.1 APRESENTAÇÃO ................................................................................ 1 1.2 MODELAGEM ...................................................................................... 2 2 UNIDADE II .......................................................................................... 11 2.1 ORIGEM E PROPRIEDADES DA ARGILA ............................................ 11 2.2 INFORMAÇÕES SOBRE A ARGILA ...................................................... 16 2.2.1 Verificação de sua plasticidade .............................................................. 16 2.2.2 Conservação ......................................................................................... 17 2.2.3 Depuração ............................................................................................. 17 2.2.4 Antes de modelar ................................................................................... 18 2.2.5 Modelagem ............................................................................................ 19 2.3 TÉCNICAS BÁSICAS DE CONSTRUÇÃO MANUAL COM ARGILA ........ 19 2.3.1 Placas ................................................................................................... 19 2.3.2 Colagem ................................................................................................ 20 2.3.3 Acordelado ............................................................................................. 20 2.3.4 Ocagem ................................................................................................ 21 2.3.5 Propostas alternativas com argila ........................................................... 21 2.4 TÉCNICAS DE DECORAÇÃO ................................................................. 24 2.5 SECAGEM .............................................................................................. 25 2.5.1 Orientações importantes sobre secagem ................................................. 25 2.5.2 Como identificar o processo de secagem da argila ................................... 25 2.5 ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE ............................................................. 26 3 UNIDADE III – PLANO DE AULA ......................................................... 28 3.1 ORIGEM E PREPARO DA ARGILA ........................................................ 28 3.1.1 Conteúdos ............................................................................................... 28 3.1.2 Justificativa ............................................................................................ 28 3.1.3 Objetivos ................................................................................................... 29 3.1.4 Encaminhamentos metodológicos ............................................................. 29 3.1.5 Recursos didáticos ................................................................................... 30 3.1.5.1 Físicos ................................................................................................... 30 3.1.5.2 Humanos .................................................................................................. 30 3.1.6 Recursos materiais ................................................................................ 30 3.1.7 Equipamentos ........................................................................................... 30 3.1.8 Critérios de avaliação ............................................................................ 31 4 UNIDADE IV – PLANO DE AULA ......................................................... 32 4.1 TÉCNICAS BÁSICAS DE CONSTRUÇÃO: PLACAS E COLAGEM ......... 32 4.1.1 Conteúdos ............................................................................................. 32 4.1.2 Justificativa ........................................................................................... 32 4.1.3 Objetivos ................................................................................................... 33 4.1.4 Encaminhamentos metodológicos ........................................................... 33 4.1.5 Recursos didáticos ............................................................................... 33 4.1.5.1 Físicos .................................................................................................. 33 4.1.5.2 Humanos ................................................................................................ 33 4.1.6 Materiais .................................................................................................. 34 4.1.7 Critérios de avaliação ............................................................................ 34 5 UNIDADE V - PLANO DE AULA ............................................................ 35 5.1 TÉCNICAS BÁSICAS DE CONSTRUÇÃO: ACORDELADO E OCAGEM. 35 5.1.1 Conteúdos ............................................................................................... 35 5.1.2 Justificativa ............................................................................................ 35 5.1.3 Objetivos ................................................................................................. 35

Page 5: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

5.1.4 Encaminhamentos metodológicos ........................................................... 36 5.1.5 Recursos didáticos .................................................................................. 36 5.1.5.1 Físicos .................................................................................................... 36 5.1.5.2 Humanos ................................................................................................ 36 5.1.6 Materiais .................................................................................................. 36 5.1.7 Critérios de avaliação ............................................................................. 37 6 UNIDADE VI - PLANO DE AULA ........................................................... 38 6.1 ACABAMENTO DAS PEÇAS, SECAGEM E TÉCNICAS DE

DECORAÇÃO ......................................................................................... 38

6.1.1 Conteúdos ............................................................................................... 38 6.1.2 Justificativa .............................................................................................. 38 6.1.3 Objetivos .................................................................................................. 39 6.1.4 Encaminhamentos metodológicos ........................................................... 39 6.1.5 Recursos didáticos ................................................................................... 39 6.1.5.1 Físicos ...................................................................................................... 39 6.1.5.2 Humanos .................................................................................................. 40 6.1.6 Materiais ................................................................................................... 40 6.1.7 Critérios de avaliação ............................................................................... 40 7 UNIDADE VII - PLANO DE AULA .......................................................... 42 7.1 SUGESTÕES DE PRÁTICAS EXPLORATÓRIAS .................................. 42 7.1.1 Conteúdos ................................................................................................ 42 7.1.2 Justificativa .............................................................................................. 42 7.1.3 Objetivos .................................................................................................. 42 7.1.4 Encaminhamentos metodológicos ........................................................... 43 7.1.5 Recursos didáticos ................................................................................... 43 7.1.5.1 Físicos ...................................................................................................... 43 7.1.5.2 Humanos .................................................................................................. 43 7.1.6 Materiais ................................................................................................... 43 7.1.7 Critérios de avaliação ............................................................................... 44 8 UNIDADE VIII - PLANO DE AULA .......................................................... 45 8.1 EXPOSIÇÃO E AVALIAÇÃO .................................................................. 45 8.1.1 Conteúdos ............................................................................................... 45 8.1.2 Justificativa .............................................................................................. 45 8.1.3 Objetivos .................................................................................................. 45 8.1.4 Encaminhamentos metodológicos ........................................................... 45 8.1.5 Recursos didáticos ................................................................................... 46 8.1.5.1 Físicos ..................................................................................................... 46 8.1.5.2 Humanos ................................................................................................. 46 8.1.6 Materiais .................................................................................................. 46 8.1.7 Critérios de avaliação .............................................................................. 46 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 47 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 48

Page 6: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

1

1 UNIDADE I

1.1 APRESENTAÇÃO

Este trabalho não pretende propor receitas com a finalidade de exercer o

poder de “normalizar” o sujeito, mas, uma proposta de trabalho que venha a

reconhecer o potencial desse sujeito para a aprendizagem, promovendo etapas que

detêm diferentes possibilidades de evolução. Desta forma, pretende encontrar

respostas educativas para aqueles alunos que, por terem um comprometimento

intelectual, estão com dificuldades para avançar.

A autora, talvez, impulsionada pela própria história de vida, quando desde a

infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra

molhada para construir elementos ilustradores do “faz de conta”; ou, na escola, ao

aprender procedimentos e técnicas necessárias para a modelagem de uma peça em

argila, a arte e seus elementos tenham contribuído para a construção do

conhecimento e do direcionamento de seu olhar. Assim, acredita dispor de

ferramentas que permitam visualizar condições para contribuir com o processo de

desenvolvimento desse aluno.

Mais tarde, já como professora de arte realizou muitas provocações e

experiências utilizando a modelagem com argila em atelier de arte na escola comum

e na escola especial. Essa atividade tátil mostrou a enorme possibilidade de

aplicação, ora lúdica, ora conduzida, ou simplesmente realizada propiciando um

crescente desenvolvimento perceptivo nos alunos. Essas informações eram depois

trazidas, pelos alunos, para situações reais, referenciando nas atitudes experiências

já vivenciadas, favorecendo suas atuações, respeitando as dimensões do corpo e

dos objetos no espaço, bem como impulsionando-os a interagir com o grupo.

A experiência e a realidade educacional vivenciadas levaram-na a pensar

em propostas que pudessem atender ao aluno deficiente intelectual, sensibilizando

uma determinada comunidade escolar para a prática pedagógica da modelagem

com argila. Este projeto intenta, pois, apresentar processos metodológicos e

técnicas de manipulação com a argila, que contribuam para com desenvolvimento

do aluno deficiente intelectual, ou seja, viabilizar fazeres pedagógicos, por meio da

arte, e disponibilizar recursos para aprimorar o conhecimento.

Page 7: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

2

A educação através da arte deve ser vista como uma forma de promover a

apropriação de conhecimentos e saberes não só na produção da arte, mas, também,

na sua apreciação. Ela vem oportunizar aos alunos experimentar e vivenciar etapas

do perceber, do sentir, do construir conhecimento e do conviver em grupo.

Desenvolve a força criadora das crianças e também aspectos intelectuais, atitudes,

hábitos, tendências, intuição e outros. Como bem expressa Paulo Freire, “é

necessário aprender a reler nossa realidade. A aprendizagem de releitura implica o

aprendizado de uma nova linguagem. Não posso reler se não melhoro os velhos

instrumentos, se não os reinvento.” (1995, p. 60).

Se o mediador pode oferecer este contexto aos alunos “normais”, também

deve estender esse acolhimento aos alunos especiais, encarando como um desafio,

identificando e valorizando as diferenças dos alunos, transformando estas, em

peculiaridades para alavancar a aprendizagem.

Nessa perspectiva, este trabalho foi pensado com vistas a disponibilizar, aos

professores de alunos com deficiência intelectual, informações teóricas importantes

a respeito das propriedades e do comportamento do material argila, bem como

orientações técnicas sobre o uso do mesmo. Organizado sob a forma de um

caderno pedagógico, onde estão inclusas informações sobre a argila, propostas de

atividades, ele pretende contribuir com o profissional da educação a uma reflexão

sobre a experiência da modelagem com argila para a aprendizagem do aluno com

deficiência intelectual. Traz também possibilidades viáveis e algumas sugestões de

como preparar o espaço para o trabalho, de escolha pela matéria prima adequada,

das principais técnicas para a confecção de peças e seus desdobramentos,

acabamento, decoração e exposição, envolvendo toda a comunidade escolar como

co-responsáveis no processo educacional.

1.2 MODELAGEM

A modelagem com argila é uma entre as modalidades das artes visuais que,

ainda hoje, é pouco usada como recurso pedagógico nas escolas. Penaliza-se, pois,

não bastassem suas ricas características de ser elemento natural, de fácil acesso

pelo baixo custo e abundante no solo brasileiro, o material possibilita diferentes

Page 8: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

3

formas de aplicação pedagógica a serem exploradas, provoca experiências

prazerosas, em diferentes fases da vida.

Presentes no ser humano desde a mais tenra idade, os processos criadores

fazem parte de brincadeiras, de jogos e também das artes. A criança, ao desenhar,

não reproduz a imagem do que vê, de forma reflexa. Ela cria figurações para

representar os objetos que lhe transmitem sentido. Fantasiando a realidade a

criança cria com aquilo que tem sentido para ela, e faz combinações surgindo novas

realidades. Propor essas experiências estéticas é um meio de contribuir para o

entendimento das interações que as crianças têm com o mundo e suas próprias

significações.

De acordo com estudos realizados por Lowenfeld (1977) independentemente

da faixa etária em que a criança se encontre, percebe-se que existe uma sequência

padrão nesse desenvolvimento. Ao observar a produção plástica infantil, notam-se

várias etapas no desenvolvimento do trabalho, desde sua ambientação, quando

explora aleatoriamente o material, até quando a criança começa seu percurso por

meio dos rabiscos. A seguir, ela passa a projetar marcas da exterioridade e depois a

ideação, quando já intencionalmente elabora formas, controlando seus movimentos

sobre a argila ou o papel. Depois mais habilidosa começa a desafiar com ousados

projetos de equilíbrio e sobreposição de formas.

Será que esse envolvimento crescente, o transcorrer do processo, podem

contribuir para o desenvolvimento intelectual e a aprendizagem do sujeito?

Consideram-se as contribuições de grandes mestres da educação neste

estudo, entre eles Vygotsky e Piaget, que demonstram aspectos distintos, porém

coerentes nesta apreciação. Portanto, cabe extrair de ambos, as substâncias que

vão preencher, oportunamente, lacunas para o pleno entendimento do trabalho.

Piaget (1980, p. 8), defende que a origem do desenvolvimento cognitivo dá-

se de dentro para fora, ocorrendo em função da maturidade do sujeito, e acredita

que o ambiente poderá influenciar no desenvolvimento cognitivo, mas sua ênfase

está no aspecto biológico. Vygotsky (1991, p. 27; 63) se contrapõe a Piaget, uma

vez que enfatiza ser o meio ambiente o grande responsável para o desenvolvimento

da criança. Para este autor, o desenvolvimento intelectual é realizado de fora para

dentro, através da internalização. O conhecimento dar-se-ia dentro de um contexto,

afirmando serem as influências sociais mais importantes que os aspectos biológicos.

Em suas pesquisas, verifica que as crianças observam o que os outros dizem,

Page 9: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

4

porque dizem, o que fazem, porque fazem, internalizando tudo o que é observado e

se apropriando do que viu, ouviu, recriando e conservando o que passa ao seu

redor. Assim, Vygotsky afirma que a aprendizagem da criança se dá pelas

interações com outras crianças de seu ambiente, que determina o que por ela é

internalizado. Na internalização, todos os seus processos intrapsíquicos - as formas

de funcionamento cognitivo dentro do sujeito - se constroem a partir dos processos

interpsíquicos, ocorridos pela vivência entre os sujeitos do mesmo grupo cultural. O

que faz com que, aos poucos, haja um processo de construção de estruturas

linguísticas e cognitivas pelo sujeito e que é mediado pelo grupo, dando um peso

nas influências sócio-culturais.

Pesquisas são desenvolvidas e avançam as descobertas sobre o nível de

inteligência de uma pessoa como resultado da interação entre genes e fatores

ambientais. Nos estudos de Piaget (1980, p. 8), a função dos genes seria a de

estabelecer a infra-estrutura necessária para o desenvolvimento da inteligência,

como as conexões entre os neurônios, que poderiam ser representadas como

estradas para as informações. A função dos estímulos ambientais, tais como acesso

a boa educação, alimentação adequada e cuidados médicos, seria a de determinar

quais dessas estradas continuarão ativas ou desaparecerão e se outras serão

formadas. Os genes determinam, por exemplo, o limite de nossa capacidade

cognitiva e o alcance desta capacidade vai variar de acordo com os estímulos que o

ambiente oferecer.

É nas afirmações sobre as influências do meio ambiente que foca-se esse

estudo, especificamente o ato de modelar com argila, pois se trata de uma realidade

na qual podemos interferir, alterar para, e quem sabe, contribuir.

Neste sentido, faz-se referência aos estudos realizados por Piaget (1976, p.

104), o qual defende que a inteligência procede da ação e que o desenvolvimento

das funções sensoriomotoras, constituído pela livre manipulação bem como pela

estruturação perceptiva que esta manipulação promove, constitui-se indispensável à

formação intelectual.

Portanto, é essencial que se insira no dia-a-dia de nossos alunos com

deficiência intelectual experiências diversas, lúdicas, que oportunizem atividades

espontâneas, com material adequado, que levam a aquisição de noções espaciais,

numéricas e de formas.

Page 10: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

5

Neste estudo sugere-se a argila como uma atividade que pode levar a

criança a brincar enquanto modela, ser e fazer qualquer coisa que sua fértil

imaginação queira. Na análise de Vygotsky (1991, p. 12), “o brinquedo predomina de

forma tão absoluta no pensamento infantil, que se torna muito difícil separar a

invenção deliberada da fantasia que a criança acredita ser verdadeira”.

Brincar, seja com o barro ou com um brinquedo, é necessário para o

desenvolvimento infantil, é uma forma de linguagem para a criança expressar sua

visão do mundo que a cerca. Para isso, ela tem que se apropriar de elementos da

realidade e atribuir-lhes novos significados, dessa forma, brincar constitui-se um eixo

de representação de conceitos.

Falar em prazer, em momentos lúdicos, leva à atividade criadora que se

origina já nos primeiros anos da infância, se desenvolvendo lenta e gradativamente.

Quando Vygotsky (1998, p. 107) aborda a brincadeira e a imaginação como uma das

principais características do brincar, refere-se ao fato de a criança criar uma situação

imaginária. Ela desliga-se do real, criando novas formas e combinações, construindo

novas opções a partir de experiências anteriormente acumuladas.

Os significados atribuídos pelo indivíduo que desenha e modela, nem

sempre são imagens figurativas, indicadoras de valor simbólico e cultural. Pode ser

qualquer coisa, pois se trata de um momento lúdico, uma prática que tem a

possibilidade de estimular, além das potencialidades cognitivas e linguísticas do

educando, as afetivas, motoras e sociais, constituindo uma ampla possibilidade de

promover a formação integral do sujeito. (RAU, 2007, p. 96). Ao brincar, a criança

interage com o meio e com o grupo e é função do educador promover um ambiente

que facilite a expressão e comunicação entre os alunos que, comumente, colocam

suas ideias e sentimentos durante o trabalho.

Percebe-se, pois, a grande responsabilidade do educador. Este deve estar

atento para lidar com os sentimentos de amor, ódio, medos, alegrias, inseguranças,

enfim, para apoiar o educando em seu desenvolvimento, sem a intenção de tratar,

até porque não tem formação e não está apto para tal, mas, para conhecer e

acompanhar seu aluno, e, se necessário, encaminhar para atendimento terapêutico

especializado.

Ainda na perspectiva do ambiente propício, há necessidade de o educador,

os pais, ou até os irmãos desenvolverem a noção, nos alunos com deficiência

intelectual, de que cada ação tem relação direta com o ambiente espacial onde ela

Page 11: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

6

ocorre. Como exemplo, pode-se traçar um paralelo com o espaço da moradia e a

diferenciação interna dos ambientes, atendendo a funções determinadas - escovam-

se os dentes no banheiro, dorme-se no quarto, preparam-se alimentos na cozinha -

sendo que, na escola, também existem espaços específicos para cada atividade,

bem como equipamentos e materiais característicos para que seja efetuada

determinada atividade.

O fato do indivíduo se localizar dentro do ambiente escolar e saber se dirigir

para os espaços determinados já é uma promoção para o alcance de sua

autonomia, que é reforçada quando o sujeito adota adequadamente os materiais e

instrumentos para o trabalho que fora estabelecido. Em seguida, dar-se-á a

condução pedagógica para que haja um envolvimento do aluno através da

contextualização, fundamentando e promovendo a apropriação de símbolos,

conceitos e significados que respaldam o processo de aprendizagem do aluno.

Ainda com relação à adequação do espaço, não se pode esquecer que,

sendo nosso foco um ambiente para a atividade de modelagem, sugere-se um

ambiente com boa iluminação, arejado, dotado de poucos móveis e,

necessariamente, provido de um tanque ou pia próximo, pois isso irá interferir no

tempo de que se dispõe para seu uso e configurar o modo de desenvolvimento dos

processos. Nessa perspectiva, fundamentamo-nos em Pillotto (2007, p. 118) que

aponta para a estrutura espacial escolar e seus espaços ordenados de forma a

orientar o aluno e organizar seu comportamento:

O contexto arquitetônico e funcional do espaço está integrado com o plano de organização das ações educativas. Objetivos, materiais e distribuição de mobiliário não são elementos passivos, mas interferem na estrutura cognitiva e afetiva dos alunos, assim como refletem valores, idéias e culturas na e da escola.

A autora nos leva a pensar na importância de se criar um ambiente propício,

que parece ser simples, mas fundamental para a fruição do trabalho. Faz-se

necessário que os alunos encontrem esse ambiente acolhedor, limpo e “organizado”

e que sempre colaborem para que assim ele se mantenha. O ambiente facilita o

desenvolvimento do trabalho de habilidades manuais, orienta e disciplina o sujeito a

desenvolver seus sentidos, especialmente visão e tato, a exercitar o intelecto,

fortalecer o discernimento, valorizando e compreendendo as coisas em torno de si.

Page 12: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

7

O ambiente ordenado ou o espaço específico para uma atividade orienta e disciplina

o sujeito, facilitando o desenvolvimento do trabalho e dos seres humanos que dele

compartilham.

A atividade não deve necessariamente se desenvolver somente no espaço

da sala de aula, pois a variação de local, como trabalhar ao ar livre com a argila, é

sem dúvida uma experiência que não se pode dispensar, pois além do bem estar, a

situação oportuniza uma proximidade com elementos disponíveis na natureza, que

poderão ser mais bem observados, trazendo outras possibilidades para efeitos e

acabamento nos trabalhos. Além do espaço, é interessante que se varie também a

postura de trabalho. A prática de modelar sentados em cadeiras estará

proporcionando o trabalho com os músculos e a força muscular, uma forma bem

diferente da que se estivessem sentados no chão, modelando de pé, ou até mesmo

de costas para o trabalho. Todas estas possibilidades estarão propiciando

sensações diferentes e a percepção da necessidade de adequações a serem

realizadas em cada nova situação o que aos poucos promove o desenvolvimento

cognitivo e motor do aluno.

A modelagem é uma atividade em três dimensões. Esta característica

permite dar volume ao material, tornando-se muito mais rico que trabalhar no plano,

porque pode ser apreendido pelas duas mãos, trabalhando a coordenação bi-

manual, automatizando os reflexos de lateralidade, explorando vários sentidos,

especialmente o tato. As atividades tridimensionais, segundo Pillotto (2007, p. 132),

“permitem à criança a descoberta da forma, do tamanho, do peso, do volume e da

textura; possibilitam-lhe resolver problemas de peso e equilíbrio, de quantidade,

força e gravidade, assim como vivenciar situações de organização espacial”. Deve-

se ainda considerar como uma conquista importante a percepção do espaço que o

desenvolvimento do exercício em três dimensões promove. Antes de qualquer coisa,

as relações espaciais são determinadas por nosso próprio corpo, e é a partir dele

que se determina o horizontal e o vertical, a direita e a esquerda, o que está adiante

e o que está atrás e assim por diante.

Acredita-se ser prova de um bom nível de maturidade quando o aluno toma

seu próprio corpo como referência nas relações espaciais. Experimentar texturas,

sensações de pressão, de prensar, amassar promove diferentes reações e ajuda o

aluno a formular conceitos nelas contidos que serão importantes para e

desenvolvimento mental e perceptivo da criança. “Essas experiências ampliam a sua

Page 13: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

8

compreensão de ser/estar no espaço físico e cultural, complementando as suas

vivências bidimensionais, que desenvolvem a abstração, a ilusão e a teoria.”

(PILLOTTO, 2007, p. 132).

Com esse posicionamento reafirma-se aqui a necessidade de propiciar

atividade tridimensional, como a modelagem com argila, para desenvolver conceitos

concretos com a realidade prática, possibilitando à criança utilizar como referência

seu corpo e os objetos no espaço, para atuar com a realidade do mundo numa outra

dimensão - o que está longe de si, o que está abaixo ou ao lado de determinado

objeto. Sabe-se que o desenvolvimento intelectual aparece, em geral, com a

conscientização progressiva que a criança tem de si e de seu ambiente,

concretizada através da interação com o meio e com o outro.

Com as atividades tridimensionais a criança vai percebendo sua realidade

física de uma forma lúdica e construtiva, transformando o mundo e se transformando

por meio da imaginação, da fantasia e da criatividade, integrando conteúdos internos

e individuais aos externos e sociais. (PILLOTTO, 2007, p. 133).

Nessas atividades, a percepção táctil vai sendo desenvolvida e ocorrem

transformações importantes, pois quando a criança apalpa, separa, agrega, puxa,

sobrepõe e transforma volumes, trabalhando sua coordenação motora, ela estimula

ao mesmo tempo o sentido do tato e a relação corpo e espaço.

Outra questão a ser explorada em volumes é a de luzes e sombras, pois o

volume pode ser visualmente modificado pela luz que incide sobre a peça,

destacando planos e cavidades o que estará contribuindo para trabalhar a acuidade

visual de uma forma natural.

O desenvolvimento perceptivo revela-se na crescente exploração das

sensações táteis, desde o simples amassar a argila até a pesquisa tátil de texturas.

As reações sensoriais que a modelagem com argila oferece, desde a execução de

peças até a apreciação de diferentes superfícies que pode alcançar, oportunizam

condições para que o aluno com deficiência intelectual possa identificar elementos e

formular conceitos que referenciará com outras situações de sua vida. Entre os

resultados positivos desta exploração, pode-se inferir o incremento da auto-estima,

pois a modelagem é um jogo intuitivo que produz um gesto absolutamente primitivo.

Amassar inspira-se na necessidade de coordenar movimentos e de dominar a

matéria. Satisfazer a essa necessidade é um meio de desenvolver a confiança em

si. (SCHMIDT, 1969, p. 129).

Page 14: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

9

Portanto, não se podem negar os benefícios do trabalho das funções

motoras, desenvolvido desde os movimentos mais elementares, o bater, apertar,

alisar esburacar, beliscar, que poderão ser enriquecidos com o oferecimento de

simples materiais como: marreta de borracha, garfo, amassador de batatas, ralador,

espátula, roda de um brinquedo e tantos outros objetos disponíveis em nossas

casas.

Como já afirmado anteriormente, a construção do conhecimento acontece a

partir de experiências do indivíduo. “A criança aprende mais pela ação do que pelo

pensamento; um material conveniente, que sirva para alimentar esta ação, conduz

mais rapidamente ao conhecimento do que os melhores livros e do que a própria

linguagem.” (PIAGET, 1976, p. 151). Estas vivências acontecem no agir sobre os

objetos e retirar deles, por abstração simples ou empírica, qualidades que lhe sejam

próprias, e, no caso da argila, é ao manipulá-la que se criam condições para

perceber sua plasticidade, por exemplo.

Neste sentido, Oaklander (1980, p. 85) enfatiza que a argila promove “a

manifestação ativa de um dos processos internos mais primários. Proporciona a

oportunidade de fluidez entre material e manipulador como nenhum outro. É fácil

tornar-se uno com a argila. Ela oferece experiência tanto táctil quanto sinestésica.” O

autor ainda lembra que o que a criança faz provém da realidade do que conhece e,

caso suas formas pareçam abstratas, será somente no aspecto visual, mas

certamente não o será na sua intenção de realizar suas formas.

Neste processo de construção, que implica em expressar as vivências, a

partir da percepção, compreensão e atribuição de significados e de conceitos, a uma

variedade de texturas, volumes, formas, seria imprescindível oferecer ao educando

uma gama considerável de materiais para seu trabalho. A oferta de experiências

diversificadas, para os educandos, colabora para com o enriquecimento de suas

imagens mentais que, na medida em que estão sendo aprimoradas, são capazes de

produzir outros resultados, ou seja, promovem o seu amadurecimento visomotor.

Como demonstra Bueno (1998), oferecer diversidade de materiais aos

alunos permite estruturar situações de vivências manuais e corporais inéditas,

possibilitando explorar a argila pelo manuseio e pela observação do outro com o

mesmo material, o que propicia naturalmente a aquisição de conceitos psicomotores

e sociais em relação ao seu próprio corpo e ao meio. Para o autor, seria interessante

associar, em alguns momentos, outros materiais na aplicação das atividades, pois o

Page 15: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

10

deficiente intelectual apresenta dificuldade de adaptação a novas situações, o que é

uma das grandes limitações para sua inclusão no meio social.

A arte, enquanto linguagem, interpretação e representação do mundo, é um

meio para o desenvolvimento da consciência, pois propicia a criança um momento

consigo mesma e com o universo. Por isso, a arte de modelar é uma modalidade

que pode ser usada pelo sujeito para entender e expressar o que vê, é uma forma

de relacionar-se com o meio. Conhecer o meio é elementar para a sobrevivência de

qualquer ser, e representá-lo faz parte do próprio processo pelo qual o sujeito amplia

seu saber. Esse processo de conhecimento pressupõe o desenvolvimento de

capacidades de abstração da mente, tais como identificar, classificar, analisar,

sintetizar e generalizar. Tais habilidades são ativadas por uma necessidade

intelectual existente na própria organização humana. A abstração aparece no sujeito

como necessidade elementar e vital.

O ensino inclusivo vem buscando cada vez mais a real participação do aluno

especial, nas atividades do ensino especial, do ensino comum ou em ambientes

sociais. É essencial propor atividades que possibilitem a elevação da auto-estima e

da segurança, em função do oferecimento de “atividade-desafio”, possíveis de

serem realizadas com liberdade e prazer, proporcionando uma execução bem

sucedida.

Page 16: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

11

2 UNIDADE II

2.1ORIGEM E PROPRIEDADES DA ARGILA

Oferecer um material adequado para as crianças é oferecer o que vem

atender às suas necessidades e, entre elas, é essencial estar livre para movimentar-

se e controlar seus próprios movimentos. (LOWENFELD, 1977, p. 104). Para esses

momentos, cabe oferecer os creions com grandes cartazes, a pintura a dedo em

painéis na parede, e a argila, que por si já garante todas essas experiências, pela

possibilidade de trabalhar nas diversas consistências. Variar esses materiais, sair do

papel e lápis constituem-se em meios capazes de garantir amplitude e

enriquecimento da sensibilidade tátil do sujeito, condição para desenvolver o

autodomínio do aluno, que, com o tempo, mostrar-se-á capaz de controlar suas

habilidades manuais.

Em relação ao desenvolvimento desta aprendizagem, foram buscados, nos

estudos de Silver, elementos para a discussão. Apoiado em Piaget e Inhelder, Silver

nos dá a perceber que as crianças são capazes de reconhecer um círculo bem antes

de conseguirem desenhá-lo, pois, para esta função, é necessário que elas sejam

“capazes de evocar a imagem mental de um círculo enquanto ele está ausente da

visão. No princípio, a habilidade da criança de representar é imitativa e passiva,

depois é intelectualmente ativa.” (SILVER, 1996, p. 33). Esse processo se inicia de

forma rudimentar, pois reconhecer uma imagem aciona apenas sua memória visual,

já conseguir representar graficamente é uma solicitação mais completa.

Da mesma forma que, no início de sua vida escolar, o aluno necessita viver

experiências diferentes que possibilitem uma compreensão gradativa de si e do meio

em que vive, a criança, por volta dos sete anos, é capaz de realizar operações

mentais de seleção, a nível perceptível, como agrupar objetos por cor ou formas. A

seguir ela passará ao nível funcional, quando ela seleciona para agrupá-los por

função - aquilo que os objetos fazem ou o que pode ser feito com eles. Mais tarde,

na adolescência, chega a operações mentais de nível mais complexo, ou seja, o

nível abstrato, onde há a real habilidade de agrupamento conceitual baseado em

atributos invisíveis. Ainda conforme Silver (1996), passa a selecionar objetos que

sugerem mais do que é visível, indica seus objetos como membros de uma classe.

Page 17: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

12

Uma série de atividades podem então ser selecionadas e implementadas

para a avaliação e o exercício destas operações mentais nos alunos, e, nesse

sentido, argumenta-se ser a argila um material rico e adequado ao trabalho

educacional.

No que tange a este material, seria interessante pontuar-se o que se

entende por argila. Ela é definida como um material natural, terroso, de granulação

fina, que geralmente adquire, quando umedecido com água, certa plasticidade;

quimicamente, são as argilas formadas essencialmente por silicatos hidratados de

alumínio, ferro e magnésio. (SANTOS, 1989, p.1)

Neste projeto a argila a ser empregada será a residual, que se encontra em

morros, por acreditar ser esta a melhor argila para se modelar com crianças, uma

vez que sua localização lhe confere um mínimo de impurezas. A matéria prima para

modelagem promove a aproximação da criança com a natureza, local onde está

disponível, além de, em princípio, amoldar-se à vontade de quem a manipula, de

maneira a ir ao encontro das suas necessidades e do seu desejo.

A importância que a argila assume para a criança está relacionada à

influência contida nas suas condições físico-químicas. Pesquisas comprovam que

os princípios vitais da argila são agentes de regeneração física do homem. A

descoberta da radioatividade das lamas, areias e argilas veio acordar o homem para

o seu emprego na medicina, Oaklander (1980, p. 86) reforça as propriedades

curativas da argila. É comum observar argilas especiais, analisadas e

criteriosamente preparadas, serem aplicadas em diversas opções de tratamentos de

saúde por meio de aplicações das máscaras de argila, pomadas, sabonetes,

xampus e emplastros.

A argila, também chamada de barro, é um recurso natural que permite sua

reutilização e por isso atende aos princípios e conceitos de preservação do meio

ambiente. Em consonância com estes, no âmbito educacional existe uma

preocupação grande em desenvolver nos alunos uma crítica com relação aos

problemas ambientais, nas diferentes áreas do conhecimento, procurando assegurar

cada vez mais qualidade de vida às pessoas, por meio da valorização de processos

sustentáveis. Nessa linha de pensamento, talvez seja interessante lembrar que o

material, por ser encontrado em abundância no solo brasileiro, o que vem

representar baixo custo, fator que contribui para intensificar seu uso na educação.

Page 18: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

13

Entre os aspectos positivos para oferecermos um elemento natural para a

modelagem com nossos alunos estão aqueles relacionados à saúde. A argila não

tampa os poros do manipulador, como as massas sintéticas o fazem, impedindo que

haja a plena percepção do material e, a manipulação deste material ainda

proporciona a liberação de emoções. Como lembra Oaklander (1980, p. 85),

“quando a criança está agressiva pode usar a argila para bater e socar, assim

descarregar sua raiva e tensões de diferentes maneiras.” Desta forma, a argila pode

absorver o excesso de temperatura da pessoa que a manipula, provocando ainda

calma e bem estar.

Pode-se considerar que a capacidade de aprendizagem do aluno é

consequência do cultivo e desenvolvimento dos sentidos, do uso progressivo de

experiências perceptuais.

O desenvolvimento perceptual revela-se na crescente sensibilidade às sensações do tato e da pressão, desde o simples amassar do barro de modelagem e a exploração tátil de contexturas até às reações sensitivas ao barro, na modelação de uma escultura, e na fruição das diferentes qualidades da superfície e do contexto (LOWENFELD, 1977, p. 42).

O aluno pode ser provocado a outros desafios em sua percepção se

estimulado de forma diferente e interessante. Pode-se, por exemplo, empregar a

argila em temperaturas variadas. A manipulação de argila em temperatura fria

poderá ativar os centros nervosos, ao passo que, a mesma manipulação, utilizando

a argila tépida, poderá proporcionar calma e bem estar. Quando o intuito é relaxar,

ou em um dia de temperatura muito baixa, deve-se oferecer a argila morna, para que

o aluno sinta-se bem e atraído pelo material. Já, quando se quer estimular, provocar

reações ativas, pode-se oferecer argila em temperatura bem fria e iniciar a atividade

com música de fundo e exercícios de coordenação, com muitos pulos, palmas,

batidas e beliscões no barro. Para alterar a temperatura da argila é só colocar as

porções individuais em sacos plásticos e estes em banho-maria, numa bacia com

água morna (ou gelada), quinze minutos antes da atividade.

A plasticidade da argila varia de acordo com a qualidade dos elementos que

a compõe. Essa maleabilidade tem a ver, entre outras coisas, com a presença de

materiais orgânicos, isto é, matérias que não cristalizam e têm um efeito aglutinador,

Page 19: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

14

bem como a de matérias não plásticas, de grãos de tamanhos diferentes, também

constituem fator condicionante da plasticidade da argila. (FRICKE, 1986 p. 8).

Parece evidente que o manuseio de uma argila bem “gorda”, como é

comumente chamada pelos oleiros quando se referem a uma argila bastante

maleável, cause mais prazer e facilidade na execução das peças modeladas. Por

outro lado quando se fala que a argila é magra, está subentendido que esta argila

tem pouca matéria plástica, diminuindo a coesão da massa, abrindo facilmente

fendas nas peças, por vezes desestruturando-as.

A flexibilidade e maleabilidade da argila adaptam-na às necessidades mais

variadas, considerando como qualidades as características mole, macia, sendo

atraente para qualquer idade. Também promove a manifestação ativa e proporciona

a oportunidade de experiência tátil quanto sinestésica. Muitas crianças com

problemas motores e perceptuais necessitam desse tipo de experiência. Oaklander

(1980, p. 85) ainda completa dizendo que a argila aproxima as pessoas de seus

sentimentos e que, desta forma, há um desbloqueio da sua expressão.

A sujeira que a atividade com a argila promove, às vezes, se sobrepõe aos

valores da própria atividade, o profissional acaba evitando e a criança também pode

apresentar atitudes de rejeição, portanto devemos trabalhar no sentido inverso,

mostrando a transformação daquele momento em uma aula descontraída e

encorajadora. Com essa permissão, a aula torna-se uma “façanha”, tão condenada

em momentos comuns do dia-a-dia do aluno. A “desordem” pode ser aproveitada

também para se trabalhar a “ordem” ou a limpeza do local, de maneira a atender a

critérios higiênicos ou estéticos pré-estabelecidos. Na verdade trata-se de um

material de arte que não é sujo como parece. A argila quando seca transforma-se

numa camada de poeira fina e podem-se limpar facilmente mãos, roupas, tapetes,

pisos, mesas, passando um pano úmido. Dependendo do contexto, pode-se ainda

lavar ou aspirar, com instrumento próprio.

A maioria das crianças aceita prontamente a argila, quando elas não

demonstram simpatia ou até mesmo rejeitam o material, isso pode ser devido às

experiências anteriores nas quais não foi bem sucedida, ou lembranças

desagradáveis de massas úmidas e pegajosas. Lowenfeld (1977, p. 158) afirma que

se for apenas uma lembrança desagradável, não será difícil ajudar a criança a livrar-

se da sua aversão. Pode-se apresentar a argila numa consistência que não fique

pegajosa, em outra coloração, como a argila branca ou amarela ou também pode

Page 20: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

15

ser interessante modelarmos junto com a criança. Aos poucos, vamos repetindo

essa atividade e é provável que a criança comece a se interessar por essa

diversidade, se envolvendo e, cautelosamente, vencendo essa resistência ao

material. Entretanto, sugere-se que esta e outras situações semelhantes sejam

abordadas e amplamente discutidas entre os profissionais que atuam com a criança.

(OAKLANDER, 1980, p. 86).

A argila, além da plasticidade, que fascina o sujeito, de suas diferentes cores

e consistências para se trabalhar, de ser um elemento natural e sustentável,

permitindo o reuso e promovendo processo que pode gerar um produto vendável,

apresenta outras características, todas passíveis de contribuir para com o processo

de ensino/aprendizagem.

No que tange à lateralidade, por exemplo, seja esta considerada uma

equipagem inata ou uma dominância espacial adquirida, seus diferentes níveis de

percepção podem ser assimilados pelo manuseio com a argila.

O predomínio manual está relacionado com uma dissimetria funcional dos

hemisférios cerebrais. No destro, o hemisfério dominante é o esquerdo e é neste

que está situado o centro da linguagem. Assim é que parece que as correlações

grafomotoras e de linguagem se estabelecem mais facilmente nas crianças destras.

(ALVES, 1981, p. 50). Segundo a autora, ser capaz de perceber a lateralidade, sentir

que os dois lados do corpo são os mesmos e que um dos lados é mais usado do

que o outro, principalmente no que se refere à mão, é o início da discriminação entre

direita e esquerda e ocorre na maior parte das crianças por volta dos seis ou sete

anos. As crianças que apresentam uma aprendizagem mais lenta ou com deficiência

intelectual apresentam dificuldades neste momento, ficando confusas, por exemplo,

quando têm que iniciar a escrita no canto esquerdo do papel, exigindo mais apoio e

compreensão por parte dos educadores.

É com relação à dominância adquirida ou socializada, na família e na escola,

que se entra com as propostas de modelagem, pois se sabe que a lateralização só

se instalará definitivamente e eficazmente depois que tiver passado por etapas do

seu próprio desenvolvimento, como o ajustamento entre a motricidade e a

percepção visual, pois isso constitui a organização de percepções de diferentes

ordens (táteis e visuais), e a ação de modelar está em permanente uso da

coordenação viso motora. Pode-se ainda levar o aluno a descobrir, com o manuseio

da argila, o que mais pode fazer com a mão direita e com a mão esquerda, usando

Page 21: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

16

assim, todos os segmentos de seus membros, em movimentos variados e também

criados pelos alunos. (ALVES, 1981, p. 52).

Considera-se que a arte de modelar pode desenvolver as capacidades de

percepção da lateralidade de forma contínua e crescente, que o professor deve

estimular não só as atividades bidimensionais, mas, também, aquelas que

promovem a percepção global das formas, com experiências de tocar, sentir e de

fazer contato com as coisas do seu ambiente, para não limitar a evolução do

desenvolvimento cognitivo e dos sentidos da criança.

Nesse contexto de valorizar e reconhecer os materiais julga-se importante

buscar informações sobre a origem da argila. Como ela se apresenta na natureza?

Ela já está pronta para ser trabalhada? Por qual processo ela passa para que

tenhamos um material que nos garanta segurança e condições de desenvolvermos

um bom trabalho?

2.2 INFORMAÇÕES SOBRE A ARGILA

Conceito de Plasticidade:

A professora Marília Diaz no decorrer da orientação conceituou plasticidade

como: “propriedade que os corpos têm de se amoldar a uma ação de força e manter

esta deformidade”.

Entende-se de modo amplo a propriedade de o material úmido ficar

deformado (sem romper) pela aplicação de uma tensão, sendo que a deformação

permanece quando a tensão aplicada é retirada. (Santos,1989, p.1).

2.2.1 Verificação de sua plasticidade

A argila é considerada plástica quando possui uma maleabilidade que pode

ser testada de uma forma bem simples e própria para sala de aula: pega-se um

pouco de argila e faz-se um rolo com mais ou menos 10 cm de comprimento e

espessura próxima de um dedo mínimo. A seguir unem-se as extremidades e, se

quando a argila curvar não abrir fendas, é sinal de que sua plasticidade está

adequada para o trabalho.

Page 22: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

17

Outra maneira de testar sua plasticidade é fazer uma bola de barro com

mais ou menos 4 cm de diâmetro e colocá-la em um copo com água. Se logo após a

bola de argila se desmanchar é sinal de que é uma argila magra, sem plasticidade,

caso contrário a bola pode ficar dias no copo até perder sua forma, então é sinal de

termos uma argila de boa qualidade para modelagem.

2.2.2 Conservação

Se acondicionada em sacos plásticos a argila pode se conservar maleável

por meses. A argila pode ser reaproveitada, basta que após o uso seja envolvida em

um pano umedecido com água e depois em um saco plástico para que absorva a

água. Depois de umas horas bate-se o material e repete-se o procedimento se julgar

necessário para que obtenha a plasticidade original. É importante frisar que o tecido

deve ser trocado de tempos em tempos, pois apodrece e ocasiona cheiro

desagradável.

2.2.3 Depuração

Dependendo do fornecedor, a argila já vem depurada e processada para ser

modelada, porém, é necessário que se verifique se está em condições de

manipulação, pois muitas vezes o material contém raízes, pedras, pedacinhos de

madeira, ou outros que além de prejudicarem o resultado do trabalho podem

oferecer risco durante a manipulação. Portanto, a forma mais simples é cada criança

pegar, da sua pelota de barro, pequenos pedaços e com as duas mãos, utilizando os

dedos indicadores e polegar, apertá-los e formar lâminas. Desta maneira haverá

condições de perceber se há algum obstáculo para ser retirado. Em pouco tempo o

aluno terá sua porção depurada, para o trabalho do dia, sem impurezas como

pedras, folhas e raízes que devem ser descartadas.

Além desse processo manual existe um procedimento também artesanal que

apesar de um pouco mais demorado, permite o preparo de quantias maiores de

argila, de forma segura e didática, que compreende as seguintes etapas:

Page 23: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

18

desidratação, moagem, peneiramento, preparo para lavagem, mistura,

amassamento para dar ponto.

Desidratação – os pedaços de barro bruto devem ser espalhados em “bandejões”

de madeira velha, ou em pedaços de lona para perder totalmente a umidade, ação

que deve ser realizada uns dois dias antes da aula se o tempo estiver seco.

Moagem – no dia da aula retirar esse barro e colocar em gamelas ou pilões e com

um soquete, que pode ser de madeira ou um martelo de borracha, iniciar os

batimentos sobre a argila seca para moer.

Peneiramento – com a utilização de máscaras descartáveis, o material moído deve

ser peneirado em peneiras de mais ou menos 30 cm a 40 cm. Separar o pó limpo

em bacias grandes com tampa ou sacos plásticos fechados.

Preparo do material – o resíduo que ficou na peneira, a quirera, deve ser colocada

em baldes com água mais ou menos quatro dedos acima do nível do material.

Posteriormente, é indicado mexer para que dissolva, formando um caldo e depois

peneirar novamente. Deixar o caldo descansar para o barro decantar, retirar a água

que se forma na parte superior, com a utilização de um pedaço de mangueira

plástica, e assim teremos uma argila cremosa e limpa para começar a mistura.

Mistura – em uma bacia colocar umas canecas da argila cremosa e aos poucos

acrescentar argila em pó e misturar até que se tenham pelotas, ainda não

homogêneas, na quantidade desejada.

Dar ponto – em um pedaço de madeira polvilhar a argila em pó e colocar um pouco

da mistura para dar ponto amassando até que se desprenda da madeira e obtenha

uma aparência bem homogênea, similar a massa de pão. Colocar essa massa

pronta em um saco plástico e fechar. Cuidar para retirar todo o ar da embalagem,

que assim pode manter a umidade por meses. Identificar argila bruta, argila plástica,

argila em pó, e outros materiais comuns ao trabalho.

2.2.4 Antes de modelar

Antes de iniciar qualquer trabalho a argila deve estar limpa, sem impurezas,

e ser compactada, jogando-a sobre a mesa repetidamente ou batendo com um

pedaço de madeira por todos os lados, durante mais ou menos uns cinco minutos.

Essa é uma atividade importante, esse procedimento eliminará as bolhas de ar que

Page 24: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

19

podem rebentar durante o processo de secagem ou queima das peças, abrindo

rachaduras ou estourando-as.

2.2.5 Modelagem

Atividade com foco artístico, pedagógico ou terapêutico, realizada

normalmente com as mãos, utilizando a argila como matéria prima em suas diversas

cores e consistências. Possível de se desenvolver individual ou coletivamente

utilizando instrumentos específicos ou sucatas disponíveis.

2.3 TÉCNICAS BÁSICAS DE CONSTRUÇÃO MANUAL COM ARGILA

2.3.1 Placas

Entrega do material. Processo de preparação através de batidas na argila

para tirar todas as bolhas de ar do seu interior.

Sobre um pedaço de pano, o aluno deve iniciar a confecção da placa de

argila, esticando pedaços pequenos de argila com a palma da mão, deslizando uma

lâmina sobre a outra e assim, sucessivamente, até que se atinja o tamanho

desejado. Para distribuir a argila por igual, colocam-se duas madeiras do mesmo

tamanho e espessura, uma de cada lado da placa, como guias. Em seguida deve-se

passar o rolo de madeira nos dois sentidos, vertical e horizontal, garantindo que toda

superfície esteja com a mesma espessura. Posteriormente, coloca-se outro tecido

em cima, outro suporte de madeira sobre o tecido e vira-se a placa com cuidado,

ficando virado para cima o tecido que estava em baixo. Repete-se o processo com o

rolo de madeira. A placa está quase pronta para ser utilizada. Basta recortar com a

ajuda de esteque apropriado ou facas plásticas descartáveis o tamanho desejado.

Pode-se utilizar a placa para modelar superfícies planas ou tridimensionais.

Page 25: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

20

2.3.2 Colagem

Utiliza-se esta técnica quando se deseja unir dois pedaços de argila. Para

este processo é necessário preparar a “barbotina adesiva” com argila seguindo a

seguinte receita:

Separa-se um pouco de argila seca, totalmente desidratada, e coloca-se em

uma gamela para socar, até que vire pó. Coloca-se em um recipiente, acrescenta-se

água e mexe-se até ficar um creme.

Pega-se a peça e passa-se um garfo ou uma serrinha, na área que será

unida a outra superfície, deixando-as com ranhuras ou sulcos, estes auxiliarão na

aderência das partes. Em seguida, espalha-se a barbotina adesiva sobre os locais,

sem desmanchar as ranhuras. Unem-se as áreas apertando cuidadosamente para

não ficar ar e, ao mesmo tempo, não deformar a peça. Desta forma pode-se ter

certeza de que não haverá descolamento das partes.

2.3.3 Acordelado

Após a preparação da argila, inicia-se o trabalho construindo o fundo da

peça que é feito com uma placa de argila do tamanho desejado, como já descrito

anteriormente. A seguir, com um pouco de argila confeccionam-se rolos com mais

ou menos 1 cm de diâmetro. Orienta-se que o aluno coloque as mãos suavemente

sobre a argila, com os dedos abertos, e vá rolando para frente e para trás, com

movimentos sucessivos, deslizando as mãos do centro para as extremidades, para

que o rolo vá aumentando no comprimento e fique com a espessura igual em toda a

sua extensão. Esse exercício é muito importante, pois, proporciona o trabalho de

coordenação bi-manual e o controle da força manual. A criança terá que treinar um

pouco até que consiga construir seus rolos. Deixa-se que os alunos façam uns sete

ou oito rolos para começar a uni-los.

Pega-se primeiro um pedaço de madeira cobre-se com pano para a peça

não grudar e coloca-se a placa de base da peça. Com o dedo indicador, afunda-se,

formando uma suave canaleta na margem interna da placa e nessa escarifica-se o

fundo e passa-se a barbotina adesiva.

Page 26: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

21

Acomoda-se o primeiro rolo unindo-o bem com a ponta dos dedos. Ele será

a base que irá sustentar toda a peça. Assim prossegue-se sucessivamente, fazendo

ranhuras com o garfo e acrescentando a barbotina adesiva entre cada cordel.

Sempre apertando com firmeza para que não se desgrudem, espalhando a argila

com o dedo, por fora e/ou por dentro. Apenas por dentro, caso os alunos queiram

deixar os rolos aparentes. O processo deve continuar até que o aluno esteja

satisfeito com a altura da sua peça. A seguir o aluno poderá retirar com um pincel os

excessos de barbotina para ajudar no acabamento da peça.

2.3.4 Ocagem

Utiliza-se esta técnica quando o aluno deseja realizar uma escultura ou um

objeto pesado e que não possa construí-lo com os cordéis ou rolos. Para este

processo é necessário sovar bem o bloco de argila.

Depois de o aluno elaborar e modelar sua forma, é interessante que se

espere um pouco para iniciar o processo, o suficiente para firmar um pouco a

massa. Deve-se então analisar se, por baixo da peça, existe acesso a toda ela, para

a retirada da argila com uma colher ou um esteque com arame curvado. É

importante respeitar uma margem de mais ou menos dois centímetros, iguais em

toda a peça. Caso a peça não permita acesso por baixo, deve-se cortar com fio de

nylon a peça ao meio e, cuidadosamente, proceder a retirada da massa.

Após a retirada da argila de ambos os lados da peça, deve-se fazer as

ranhuras com garfo, nas margens que serão coladas, e passar a barbotina. Unem-se

as partes, pressionando sem forçar, para não deformar a peça. Depois que secar um

pouco, inicia-se o acabamento da peça.

2.3.5 Propostas alternativas com argila

1 - Utilizar a argila colorida em pó misturada com água, até ficar em ponto de um

caldo grosso. Para cada litro deste caldo chamado de “barbotina” misturar 200 ml de

cola branca, formando uma tinta para pintura a dedo natural. Com esse material

pode-se desenhar individualmente ou em painéis, como atividade de grupo. Em dias

Page 27: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

22

quentes aplicar a atividade na área externa da escola, propondo para o desenho a

utilização dos pés. Certamente é uma atividade que provoca euforia e prazer e pode

ser contextualizada com a origem do homem das cavernas que pintavam nas

paredes com pigmentos também extraídos da terra.

2 – Entregar para cada aluno um bloco de argila (2 kg) e um pedaço de madeira.

Solicitar que batam livremente por um tempo, lembrando que é uma forma de

preparar o material para o trabalho. Após uns minutos, sugerir que os alunos

observem e descubram com o que se parece aquela forma. E, a partir daquele

momento, as batidas com a madeira no barro não serão mais aleatórias, e sim

intencionais para aprimorar a forma anteriormente identificada, até que o aluno sinta-

se satisfeito com o resultado sem tocar com as mãos na peça. Após considerar

pronta essa etapa, coloca-se para secar e firmar um pouco. No dia seguinte, inicia-

se o processo de ocagem da peça, sendo indispensável o uso de instrumental.

3 - Solicitar que os alunos estiquem uma grande placa de argila, com forma irregular

e mais ou menos 30 cm por 30 cm. Quando a placa estiver uniforme na espessura,

solicita-se que o aluno cuidadosamente lance a placa para o alto deixando-a cair na

mesa naturalmente. Os alunos deverão observar a forma que surgiu como resultado

do movimento que realizaram ao jogar a argila: seu volume, suas entranhas, suas

sombras e locais mais iluminados, a beleza das curvas ou dos ângulos formados,

enfim, será um momento de descobertas, inclusive poderão ver se identificam com

algo que conhecem. Caso o aluno deseje, poderá jogar a forma novamente até que

fique satisfeito com o resultado.

4 - Brincar é bom em qualquer idade, para essa atividade sugere-se dividir a turma

em duas equipes. Cada uma irá retirar na sorte um papel de potes diferentes. Em

um pote terão nomes de bichos (cachorro, leão, gato,...) e, em outro pote, nomes de

objetos diversos (avião, telefone, cadeira,...). Pedir que um membro de cada equipe

se reúna em duplas para trabalhar. Cada dupla receberá dois pedaços de argila

sobre uma madeira e os instrumentos padrão para modelagem. Cada aluno deverá

modelar seu bicho ou seu objeto como quiser. Depois, lança-se a proposta de que a

dupla deverá criar uma forma de unir, utilizando a já conhecida técnica de colagem,

e nomear o resultado daquela união de formas, por exemplo: gato com telefone,

como chamar? Gatofone ou telegato? Esta é uma atividade divertida e possibilita

usar de muita criatividade para proceder a união das peças, sem alterar as formas.

Page 28: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

23

5 - Formar duas equipes com a turma e entregar, para cada uma, um papel tamanho

A2 e giz de cera colorido. Pedir que as equipes escolham um bicho da floresta para,

em conjunto, desenharem ocupando todo o espaço. Quando pronto, cola-se na

parede externa da escola e distribui-se argila de cores diferentes para cada equipe.

Cada membro da equipe deverá modelar, com as duas mãos, umas dez bolas de

argila, enrolando com movimentos circulares uma mão sobre a outra. Trata-se de um

excelente exercício para coordenação bi manual. Em seguida dá-se início a

brincadeira de tiro ao alvo. Pede-se para que, em fila um a um, atirem as pelotas,

por exemplo, na orelha do bicho, e assim contam-se quantos pontos cada equipe

fez. É uma excelente atividade para se trabalhar a coordenação visomotora e

também para estabelecer regras, tais como ter que respeitar o limite de uma linha

riscada no chão para atirar a bola.

6 - Sugestão retirada do SDT – Teste do Desenvolvimento de Silver – (SILVER,

1996, p. 165):

Distribuir um pedaço com a mesma quantidade de argila para cada aluno e

para si mesmo. Demonstre, enrolando um pequeno pedaço de argila com a palma

das mãos na superfície da mesa até que ela se transforme em uma “bola” ou em

uma “cobra”, depois solicite que as crianças façam bolas por si mesmas.

Para desenvolver a habilidade de sequenciar, solicite a eles para fazerem

bolas grandes e pequenas, cobras longas e curtas, adicionando e tirando argila.

Para desenvolverem habilidade espacial, demonstre a técnica “pedaços em fatias”,

enrolando a argila como uma massa, cortando em retângulos, e depois comprima os

retângulos fazendo caixas, casas, ou outras formas tridimensionais.

Para desenvolver a habilidade de selecionar, associar e representar

demonstre a técnica “tijolo”, formando pequenos blocos de argila e prensando-os

juntos para construir formas humanas e de animais. Pegando um pedacinho de

argila daqui e adicionando lá, isso desenvolverá idéias de conservação. Ou ainda,

solicite para fazer duas bolas idênticas colocando pequenos pedaços de argila de

uma bola e adicionando em outra. Quando as crianças estiverem satisfeitas,

achando que elas são idênticas, peça-lhes que enrolem uma bola transformando-a

em uma cobra, e pergunte-lhes se elas continuam a ter a mesma quantidade ou se

há maior quantidade de argila na bola do que na cobra. Solicite, para aqueles que

continuam a dar respostas de não conservação, para transformarem a cobra de

novo em uma bola, e, com os olhos fechados, coloquem uma bola em cada mão,

Page 29: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

24

comparando-as novamente. Após cada alteração, peça-lhes que avaliem as

quantidades de argila e que expliquem suas respostas. A combinação de classificar,

manipular e reverter auxilia na descoberta de que a quantidade de argila não muda

com a mudança de sua forma.

2.4 TÉCNICAS DE DECORAÇÃO

Pintura a frio (peças sem queima):

1- Passar uma camada de guache sobre a peça e, depois de secar, aplicar uma

camada de impermeabilizante feito com cola branca (para cada 150 ml de cola diluir

em 50 ml de água e acrescentar 02 colheres de sopa de álcool). Mexer bem e

aplicar em toda a superfície.

2- Aplicar tinta acrílica para artesanato branca em toda a peça, depois de seca. Em

uma bacia com água pela metade, desenhar sobre a superfície da água com palito

embebido em tinta para vitral. Em seguida, mergulhar a peça na bacia e retirá-la

rapidamente, obtendo um efeito marmorizado.

3- Aplicar apenas o preparado de cola branca para conseguir um leve brilho na

peça.

Pintura para peças queimadas:

1 - Aplicar o guache e, depois de seco e se necessário, colocar verniz para telha

sobre toda a peça, com a finalidade de impermeabilizar e não permitir que o guache

saia quando a peça for umedecida.

2 - Aplicar apenas o preparado de cola branca sobre a peça para se ter um brilho de

acabamento.

A aplicação de verniz ou de outras tintas tóxicas deve ser feita quando é

imprescindível a impermeabilização e, quando necessária, a aplicação deve ser bem

acompanhada pela professora. O ideal é evitar o uso de tintas tóxicas com crianças.

Page 30: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

25

2.5 SECAGEM

Durante a secagem, o barro sofre uma leve contração pela perda de água e

deve secar naturalmente em temperatura ambiente. Não é indicado expor as

modelagens ao sol, para acelerar o processo de secagem, pois isso pode provocar

rachaduras nas peças. Isso não acontece em certas regiões do país, onde o tipo de

argila utilizada permite que as peças sejam expostas ao sol para secagem.

2.5.1 Orientações importantes sobre secagem

Após a modelagem de uma peça de argila é aconselhável colocá-la em local

arejado para que seque lentamente, evitando assim rachaduras na peça. Como dito

acima, não podemos, após modelar uma peça, forçar a sua secagem, colocando-a

diretamente no sol ou no forno de cerâmica, pois ela estouraria.

Em caso de a peça que ainda queiramos trabalhar pedir mais algum detalhe

de acabamento, deve-se cobri-la com um saco plástico para proteger da secagem

acelerada.

2.5.2 Como identificar o processo de secagem da argila

Aos poucos, com a prática, observa-se que a tonalidade da argila vai

clareando, na medida em que essa vai secando, e que o material vai adquirindo

resistência. É interessante ter ao menos uma peça de argila dos alunos em cada

ponto de secagem para demonstrar os diferentes estágios desse processo.

Peça com umidade - recém modelada, pode-se facilmente alisar com as

mãos, com esteques, aplicar outros elementos de argila em relevo, como decoração.

Para decorar o trabalho com texturas, podem-se usar diferentes materiais: pente,

garfo, materiais em relevo para carimbar: folhas, moedas, sabugo de milho,

correntes, tecidos texturizados e outros. O ideal para esse procedimento é esperar

um dia para que a peça esteja mais firme e não danifique a forma.

Peça com pouca umidade - a argila está mais clara e firme, conhecida como

uma peça que está em ponto de couro. Ideal para o processo de brunimento que

Page 31: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

26

deixa a peça brilhante. Faz-se esse polimento esfregando, cuidadosamente, com as

costas de uma colher, com pedra ágata ou com uma espátula de madeira bem lisa,

tornando a peça mais impermeável.

Peça seca sem umidade – argila ainda mais clara e mais firme, também

conhecida como ponto de osso. Bom para se trabalhar o acabamento com o

processo de esponjamento, passando cuidadosamente uma esponja umedecida que

eliminará as imperfeições deixadas, homogeneizando a superfície.

Depois de pronta, a peça poderá ser levada para queima em local fora da

escola, pois a instituição onde este projeto será implementado não possui forno

próprio para cerâmica. Essas peças, ao menos uma de cada aluno, devem ser

queimadas para que possam observar a aquisição da resistência que a queima

oferece para o trabalho. As demais peças poderão ser decoradas com técnicas

diversificadas de pintura a frio.

2.6 ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE

Para o trabalho de modelagem com argila deve-se organizar um espaço

funcional, com poucos móveis; uma mesa grande e firme, com superfície de fácil

limpeza, que comporte todos os alunos ao redor, com suas cadeiras; um armário

com portas para guardar os instrumentos de trabalho; dois armários somente com

prateleiras, sem portas, para colocação e secagem dos trabalhos; além de uma pia

ou um tanque próximo da sala.

Materiais Importantes:

Equipamentos

Local para armazenar a argila: um tanque, caixas de água ou bacias plásticas que

receberão a argila previamente embalada em sacos plásticos.

Instrumental

Um pedaço de fio de nylon com mais ou menos 35 cm de comprimento para cortar a

argila, é interessante amarrar um pedaço de madeira nas extremidades para apoio

na hora de cortar o material, bem como, para não ferir as mãos.

Quadrados de tecidos de mais ou menos 40 cm por 40 cm para serem usados como

suporte das peças, para que não colem nas mesas.

Page 32: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

27

Chapas de madeira de mais ou menos 40 cm por 40 cm para apoiarem no

manuseio das peças.

Pedaços de esponjas para umedecer os trabalhos.

Colheres e garfos velhos para acabamentos e recursos de texturas.

Utensílios plásticos, como bacias, baldes, potes com tampas de diferentes

tamanhos.

Sucatas que ajudem a imprimir texturas, cortar ou desenhar na argila: palitos de

sorvete, pedra de rio, pedaço de brinquedo quebrado, tampas de garrafa, facas

plásticas descartáveis, retalhos de renda e outros.

Rolos feitos com cabo de vassoura com aproximadamente 40 cm de comprimento

ou rolo de macarrão velho.

Esteques comprados em lojas de materiais para desenho, pintura e modelagem ou

confeccionados com os alunos com tubos de caneta e arames curvos.

Page 33: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

28

3 UNIDADE III – PLANO DE AULA

3.1 ORIGEM E PREPARO DA ARGILA

3.1.1 Conteúdos

- Informações sobre a origem da argila;

- Demonstração da argila bruta;

- Processo de depuração da argila;

- Preparação da argila para modelagem.

3.1.2 Justificativa

Considerando-se que a modelagem é uma modalidade de arte e que o seu

domínio pressupõe conhecimento e propriedades técnicas, passíveis de serem

construídas a partir do exercício prático contínuo, o plano de curso para um grupo

deve ser formatado a partir de unidades teórico/práticas. Quando se pensa em um

ano de atividades, uma boa alternativa pode ser a subdivisão dos conteúdos em

quatro unidades de trabalho. Após a apresentação do plano de curso aos alunos, a

professora deve levantar a situação das turmas, bem como informar teoricamente

sobre as propriedades do material e o que é modelagem. Pode-se pensar em iniciar

a aula prática nesta mesma unidade. Neste encontro é necessário que os alunos

conheçam e identifiquem elementos que caracterizam a argila para a modelagem,

conseguindo inclusive, identificar o ponto da argila e realizar ações necessárias para

modelar. A intenção é contextualizar informações a respeito da origem e do preparo

da argila para conseguir o desenvolvimento de um trabalho onde o aluno “valorize” o

elemento, reconhecendo o processo pelo qual o material passa.

Page 34: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

29

3.1.3 Objetivos

- Apresentar um panorama da matéria prima - argila

- Desenvolver a conscientização e a valorização da argila, identificando, conhecendo

sua origem, processo de depuração, ponto da massa para modelagem e

sensibilização tátil.

3.1.4 Encaminhamentos metodológicos

Apresentar a origem, como o barro se encontra na natureza e caracterizá-lo

mostrando o material bruto para manipulação do mesmo - “in natura” . Ações

possíveis:

- projetar imagens de jazidas com o recurso PowerPoint;

- promover uma visita a uma jazida com os alunos.

Preparar a sequência de atividades que compõem o processo de depuração

da argila, justificando a necessidade de se trabalhar com um material depurado, o

qual garantirá a nossa segurança no manuseio e o sucesso na construção da

modelagem: desidratação, moagem, peneiramento, preparo para lavagem, mistura,

amassamento para dar ponto.

Identificar argila bruta, argila plástica, argila em pó, e outros materiais

comuns ao trabalho.

Realizar uma atividade para promover um momento de sensibilização com o

material que foi preparado, procurando levar o aluno a perceber os benefícios de um

material limpo e seguro. É um momento de recompensa pelo trabalho e cuidado que

tiveram no preparo e agora vão poder se beneficiar utilizando a argila para

realizarem seu trabalho.

No caso da Instituição não ter a argila bruta para realizar todo o preparo do

material, deve-se entregar a argila marombada, que é a forma como as escolas

comumente recebem. Distribui-se blocos individuais para cada aluno, que

cuidadosamente, com as pontas dos dedos, médio, indicador e polegar, irá depurar

manualmente sentindo e retirando as possíveis impurezas (pedras, raízes, pedaços

de madeira...) do material. Essa é uma forma simples de se garantir a segurança do

manuseio.

Page 35: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

30

3.1.5 Recursos didáticos

3.1.5.1 Físicos

Sala com mesas e cadeiras para todos os alunos

Água corrente nas proximidades

3.1.5.2 Humanos

Professor e alunos

3.1.6 Recursos materiais

- 500 g de argila por aluno

- 2 bacias por cor de argila

- 2 peneiras de 30 cm de diâmetro, em plástico ou metal, para cada cor de argila

- 4 martelos de madeira ou borracha (pedaços de cabo de vassoura)

- 2 gamelas ou 2 pilões

- 1 pedaço de lona ou brim com aproximadamente 2mx2m ou bandejões de madeira

- máscaras de proteção – tnt

- 2 baldes por cor de argila

- 40 cm de mangueira plástica

- 20 sacolas plásticas

- 1 pedaço de papelão de mais ou menos 30cmx30cm para cada aluno

3.1.7 Equipamentos

- Computador

Page 36: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

31

- Multimídia

- Extensão

3.1.8 Critérios de avaliação

- Avaliação processual por meio da participação nas propostas, atendendo aos

comandos solicitados, a identificação do material bruto e preparado, a percepção da

sequência lógica de depuração do material e compreensão quanto ao que seja um

processo com início, meio e fim.

- Levantamento verbal dos conteúdos trabalhados para verificar o entendimento e as

possíveis dúvidas.

REFERÊNCIAS

FUCK, A. T.; ZEM, A. M. L. Cerâmica: arte da terra: o ensino da cerâmica para crianças. São Paulo: Callis, 1987. LOWENFELD, V. A criança e sua arte: um guia para os pais. 2. ed. São Paulo: Mestre Jou; 1977.

Page 37: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

32

4 UNIDADE IV – PLANO DE AULA

4.1 TÉCNICAS BÁSICAS DE CONSTRUÇÃO: PLACAS E COLAGEM

4.1.1 Conteúdos

Compactação da argila

Confecção e utilização de placas de argila

Colagem das partes da argila

4.1.2 Justificativa

Em muitas situações os professores aplicam atividade de modelagem livre e

com ela o aluno vai desenvolvendo seu jeito de modelar com recursos próprios,

como a palma das mãos, o canto dos dedos, as unhas e assim, vai adequando sua

expressão ao contexto apresentado pelo professor. O resultado do trabalho vai

depender da habilidade do aluno, o quanto ele já trabalhou com a argila e

familiarizou-se com o material. Entende-se, porém, que uma criança, após ter

dedicado empenho para traduzir suas idéias em formas com as quais quer transmitir

algo, seria frustrante para ela ter seu processo de criação e de comunicação

interrompido por falta de conhecimento de como proceder corretamente durante a

construção de seu trabalho. Procura-se oferecer nesta aula conhecimentos básicos

para a construção de uma placa de argila, base para muitas construções no

processo de modelar, e de como agregar um pedaço de argila a outro que também é

um processo muito utilizado na modelagem com argila.

Page 38: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

33

4.1.3 Objetivos

Identificar e realizar procedimentos básicos necessários para o trabalho com argila

na construção de placas e na colagem do material.

4.1.4 Encaminhamentos metodológicos

1 - Aplicação da técnica de placas

Entrega do material.

Processo de preparação através de batidas na argila para tirar todas as bolhas de ar

do seu interior.

Iniciar as etapas da técnica de placas.

2 - Aplicação da técnica de colagem

Utilizar esta técnica quando desejar unir dois pedaços de argila.

Entregar o material. Processo de preparação através de batidas na argila para tirar

todas as bolhas de ar do seu interior.

Após a modelagem de cada uma das partes iniciar as etapas para realizar a

colagem das mesmas.

4.1.5 Recursos Didáticos

4.1.5.1 Físicos

Sala com mesas e cadeiras para todos os alunos

Água corrente nas proximidades

4.1.5.2 Humanos

Professor e alunos

Page 39: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

34

4.1.6 Materiais

1 Kg de argila por aluno

02 retalhos de tecido de 40 cm por 40 cm, aproximadamente, para cada aluno

Um rolo de madeira, ou de PVC ou de macarrão, para cada dois alunos

02 placas de madeira com mais ou menos 3 cm de espessura

Esteque ou facas plásticas para corte

Garfos ou serrinhas de plásticos para texturas

Barbotina adesiva

Um recipiente com tampa

4.1.7 Critérios de avaliação

- Avaliação processual através da identificação do material a ser utilizado e

preparado, da percepção da sequência lógica das técnicas apresentadas e do

respeito às etapas dos processos.

- Levantamento verbal dos conteúdos trabalhados para verificar o entendimento e as

possíveis dúvidas.

REFERÊNCIAS

FUCK, A. T.; ZEM, A. M. L. Cerâmica: arte da terra: o ensino da cerâmica para crianças. São Paulo: Callis, 1987 JEAN, P. J.; VIDAL, J. Ceramicando. São Paulo: Callis, 1997. NARCISO, G. P. Trabalhador em turismo rural: artesanato em argila. Curitiba: SENAR-PR, 2006.

Page 40: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

35

5 UNIDADE V – PLANO DE AULA

5.1 TÉCNICAS BÁSICAS DE CONSTRUÇÃO: ACORDELADO E OCAGEM

5.1.1 Conteúdos

Construção de peças com a técnica de acordelado.

Ocagem de peças e sua necessidade.

5.1.2 Justificativa

Em muitas situações os professores aplicam atividade de modelagem livre,

na qual o aluno vai desenvolvendo seu jeito de modelar com recursos próprios,

como a palma das mãos, o canto dos dedos, as unhas e assim, vai adequando seu

estilo ao contexto apresentado pelo professor. O resultado do trabalho vai depender

da habilidade do aluno, o quanto ele já trabalhou com a argila e conhece seu

comportamento. Mas entende-se que uma criança após ter dedicado empenho para

traduzir suas idéias em formas com as quais quer transmitir algo, seria frustrante

para ela ter seu processo de criação e de comunicação interrompido por falta de

conhecimento de como proceder corretamente durante a construção de seu

trabalho. Procura-se então, oferecer nesta aula conhecimentos sobre uma antiga

maneira de construir potes, vasos, panelas utilizando a técnica de acordelado.

Também, será oportunizada a construção de recipientes ou de outras formas

tridimensionais, a partir da técnica de ocagem.

5.1.3 Objetivos

Realizar procedimentos básicos necessários para o trabalho com argila na

construção de potes e outras formas tridimensionais utilizando a técnica de

acordelados ou a técnica de ocagem.

Page 41: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

36

5.1.4 Encaminhamentos metodológicos

1 - Aplicação da técnica do acordelado

Entregar o material, orientando ser necessário iniciar o processo de preparação por

meio de batidas no barro, com as mãos ou com uma madeira, e também jogá-lo na

mesa por diversas vezes a fim de tirar todas as bolhas de ar do seu interior. Inicia-se

o trabalho de construção tridimensional aplicando a técnica do acordelado.

2 - Aplicação da técnica de ocagem

Para este processo é necessário preparar, sovando bem, o bloco de argila e aplicar

na sequência as etapas já conhecidas de ocagem.

5.1.5 Recursos Didáticos

5.1.5.1 Físicos

Sala com mesas e cadeiras para todos os alunos

Água corrente nas proximidades

5.1.5.2 Humanos

Professor e alunos

5.1.6 Materiais

1 Kg de argila por aluno

01 pedaço de madeira de 40 cm por 40cm, aproximadamente, um para cada técnica

Um rolo de madeira, de PVC ou de macarrão, para cada dois alunos

Esteque, ou colher para ocagem

Page 42: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

37

Fio de nylon

Garfos ou serrinhas de plásticos para texturas

Barbotina adesiva

5.1.7 Critérios de avaliação

- Avaliação processual através da observação quanto a identificação e a realização

da técnica a ser utilizada, o respeito a ordem seqüencial nas execuções das

técnicas.

- Levantamento verbal dos conteúdos trabalhados para verificar o entendimento e as

possíveis dúvidas.

Obs. O conteúdo apresentado nessa Unidade demanda o tempo de duas aulas para

a apreensão das duas técnicas.

REFERÊNCIAS

FUCK, A. T.; ZEM, A. M. L. Cerâmica: arte da terra: o ensino da cerâmica para crianças. São Paulo: Callis, 1987. JEAN, P. J.; VIDAL, J. Ceramicando. São Paulo: Callis, 1997. NARCISO, G. P. Trabalhador em turismo rural: artesanato em argila. Curitiba: SENAR-PR, 2006.

Page 43: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

38

6 UNIDADE VI – PLANO DE AULA

6.1 ACABAMENTO DAS PEÇAS, SECAGEM E TÉCNICAS DE DECORAÇÃO

6.1.1 Conteúdos

Processo de secagem

Tipos de acabamento

Técnicas de decoração

6.1.2 Justificativa

A durabilidade da argila é indiscutível, portanto, justifica-se uma

preocupação com a qualidade das peças, que estão relacionadas à origem e ao

preparo da matéria prima, bem como com o aproveitamento de técnicas de

acabamento possíveis de serem aplicadas, respeitando cada etapa de secagem das

peças. Para que haja essa aprendizagem é necessário conhecimento de

procedimentos técnicos adequados para utilizar os recursos disponíveis pela própria

especificidade do material, pelos elementos da natureza e também recursos

realizados com materiais encontrados com facilidade no meio escolar.

Para Ross (2004, p. 207), a aprendizagem ocorre em função das interações,

das promoções de estratégias de cooperação e de experiências sociais, dos

desafios oferecidos para o alcance da autonomia e independência e de mediações

organizadas, “o aprender tem uma dimensão individual que se processa

coletivamente. A aprendizagem é sempre mediada por instrumentos, signos e

procedimentos que possibilitam relações entre os sujeitos e objetos e entre os

sujeitos.”

Com essa ideia, firma-se uma importante relação com o objeto de estudo

proposto nesse trabalho que apresenta a modelagem com argila a ser utilizada

como instrumento mediador na aprendizagem dos alunos com deficiência intelectual.

Page 44: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

39

A rotina vivida na prática das atividades de modelagem com argila -, como o

ato de sovar o material, os procedimentos técnicos para garantir uma construção

resistente que não danifique durante a secagem - também contempla o processo de

acabamento e secagem das peças. Na medida em que os alunos absorvem essas

informações, pela repetição e variação de estratégias, estão processando,

internalizando e se apropriando deste conhecimento.

6.1.3 Objetivos

Identificar o que é uma argila plástica, com um pouco de umidade e uma argila seca.

Identificar e realizar processos de acabamento como, texturas, brunimento

esponjamento, carimbo.

6.1.4 Encaminhamentos metodológicos

Observar as orientações importantes com relação a secagem das peças.

Identificar o estágio de secagem em que a peça se encontra para proceder ao

acabamento de forma adequada.

Iniciar os processos de decoração aplicando a técnica de pintura desejada.

6.1.5 Recursos didáticos

6.1.5.1 Físicos

Sala com mesas e cadeiras para todos os alunos;

Água corrente nas proximidades;

Page 45: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

40

6.1.5.2 Humanos

Professor e alunos

6.1.6 Materiais

03 peças modeladas preferencialmente pelos alunos, em pontos diferentes de

secagem

01 retalho de tecido de 40cmx40cm, aproximadamente, para cada aluno

02 pedaços de madeira com espessuras de mais ou menos 3 cm

Esteque, facas plásticas, garfos ou serrinhas, retalhos de tecidos com texturas,

sabugo de milho seco, esponja, pedaço de corrente e outros materiais para textura

Materiais em relevo para carimbar (moedas, folhas naturais) na argila

Colher, pedra lisa tipo ágata, espátula de madeira

Potes de guache com cores diferentes

Cola branca

Recipiente com tampa

Álcool

Pincéis

Verniz para telha

Tinta acrílica para artesanato branca

02 cores diferentes de tinta para vitral

01 bacia velha

Potes para água

6.1.7 Critérios de avaliação

- Avaliação processual por meio da observação quanto identificação das fases de

secagem das peças em argila e aplicação de material a ser utilizado em texturas,

brunimento, lixamento e demais processos de acabamento e decoração.

- Levantamento verbal dos conteúdos trabalhados para verificar o entendimento e as

possíveis dúvidas.

Page 46: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

41

REFERÊNCIAS

FUCK, A. T.; ZEM, A. M. L. Cerâmica: arte da terra: o ensino da cerâmica para crianças. São Paulo: Callis, 1987. JEAN, P. J.; VIDAL,J. Ceramicando. São Paulo: Callis, 1997. NARCISO, G. P. Trabalhador em turismo rural: artesanato em argila. Curitiba: SENAR-PR, 2006. ROSS, P. R. Conhecimento e aprendizado cooperativo na inclusão. Educar em Revista. Curitiba, UFPR, n. 23, 2004, p. 203-224.

Page 47: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

42

7 UNIDADE VII – PLANO DE AULA

7.1 SUGESTÕES DE PRÁTICAS EXPLORATÓRIAS

7.1.1 Conteúdos

Práticas a partir de procedimentos técnicos já conhecidos

Práticas lúdicas com argila

7.1.2 Justificativa

Quem já não brincou com argila, amassou-a, deu-lhe formas variadas, fez de

conta que era isso ou aquilo? Somente o homem foi capaz de transformar a

natureza, criando coisas que lhe serviam para alguma idéia que tinha na mente e

aprimorando essa habilidade. Da mesma forma, pretende-se aproveitar o

conhecimento previamente adquirido, através do manuseio da matéria prima e do

seu preparo, do domínio técnico para construções em argila, do conhecimento dos

processos de acabamento e decoração, transformando-o em meios que facilitem,

para o professor, a sistematização do trabalho com argila. A aplicação de novas

estratégias e, aliando-as àquelas já conhecidas pelo professor, poderá resultar em

processos ainda mais eficazes para envolver o aluno com deficiência intelectual,

num processo contínuo de aprendizagem.

7.1.3 Objetivos

Aproveitar experiências já adquiridas para construção de novas vivências na

modelagem com argila.

Utilizar estratégias lúdicas com a argila como um meio para a introdução de novos

conceitos.

Combinar procedimentos técnicos conhecidos para gerar outros resultados.

Page 48: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

43

7.1.4 Encaminhamentos metodológicos

Apresentar as propostas alternativas com argila e promover análise e discussão com

os alunos a respeito da importância da ludicidade e suas contribuições.

Propor a escolha de duas ou mais propostas para vivência.

Iniciar a prática das propostas alternativas com o grupo.

7.1.5 Recursos Didáticos

7.1.5.1 Físicos

Área externa no pátio

Sala com mesas e cadeiras para todos os alunos

Água corrente nas proximidades

7.1.5.2 Humanos

Professor e alunos

7.1.6 Materiais

02 Kg de argila por aluno

02 Kg de argila colorida em pó

Cola branca

Papel kraft em rolo

Bacias de acordo com o número de cores de argila

02 retalhos de tecido de 40 cm por 40 cm, aproximadamente, para cada aluno

Um rolo de madeira ou de macarrão para cada dois alunos

Page 49: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

44

01 pedaço de madeira (30 cm) para cada aluno

Esteque ou colheres para ocar e facas plásticas para corte

Barbotina adesiva: argila em pó e água.

7.1.7 Critérios de avaliação

- Avaliação processual por meio da identificação do material a ser utilizado e

preparado, a percepção da seqüência lógica das técnicas apresentadas, da

disponibilidade apresentada nas vivências lúdicas.

- Levantamento verbal dos conteúdos trabalhados para verificar o entendimento e as

possíveis dúvidas.

REFERÊNCIAS

SCHMIDT, M. J. Educar pela recreação. 4 ed. Rio de Janeiro: Agir, 1969. MASSOLA, D. Cerâmica: uma história feita à mão. São Paulo: Ática, 1994 SILVER, R. Teste do desenvolvimento de Silver: cognição e emoção. São Paulo: Casa do Psicólogo Livraria e Editora LTDA, 1996.

Page 50: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

45

8 UNIDADE VIII – PLANO DE AULA

8.1 EXPOSIÇÃO E AVALIAÇÃO

8.1.1 Conteúdos

Organização e montagem da exposição dos trabalhos

Avaliação dos resultados

8.1.2 Justificativa

Promover um momento de valorização e reconhecimento dos avanços

dentro dos processos de modelagem com argila, através das formas encontradas,

dos exercícios desenvolvidos, das descobertas, da apropriação de conceitos,

demonstrando a efetivação de conquistas construídas pela ação do aluno sobre o

meio, a argila e a aprendizagem que ela promove.

8.1.3 Objetivos

Expor e avaliar o trabalho desenvolvido.

8.1.4 Encaminhamentos metodológicos

Escolha do local para exposição.

Elaboração do formato e da ambientação da exposição.

Execução da exposição dos trabalhos e nominação dos autores das modelagens.

Visitação de toda a comunidade e auto-avaliação dos alunos.

Levantamento dos comentários dos envolvidos e da comunidade visitante.

Encerramento da exposição e entrega dos trabalhos.

Page 51: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

46

8.1.5 Recursos Didáticos

8.1.5.1 Físicos

Sala para a exposição, mesas, suportes e prateleiras

Água corrente nas proximidades

8.1.5.2 Humanos

Professor, alunos e comunidade escolar

8.1.6 Materiais

A ser definido com os alunos em função da ambientação

8.1.7 Critérios de avaliação

- Avaliação processual através da elaboração da apresentação dos trabalhos e da

execução e da construção da exposição, na observação dos comentários dos

envolvidos e da comunidade visitante e na auto-avaliação dos alunos.

Page 52: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

47

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acredita-se que este projeto possa vir a somar aspectos positivos ao dia-a-

dia do professor e dos alunos com deficiência intelectual, pois, tendo em conta as

considerações expostas sobre a inteligência, o deficiente intelectual, a

psicomortricidade e a modelagem com argila, percebe-se quão adequada é a

atividade para aplicação nas escolas especiais. Entende-se que esse material

instrumentaliza o professor que usará das suas habilidades, criatividade e bom

senso para contextualizar o momento do aprendizado e os interesses de seus

alunos a sistematização deste trabalho. Portanto, a abrangência deste estudo tende

a nos fazer entender que o resultado obtido com a utilização da modelagem pode

chegar além do pensamento inicial proposto, o que envolve o atendimento às

diversas deficiências, oferecendo atividades que, pelo manuseio da argila e

associado a diferentes materiais, possam facilitar o desenvolvimento da

sensibilidade, dos saberes, da inteligência. Desta maneira poderemos promover a

aprendizagem, favorecendo tanto a inclusão da criança especial como a das outras

crianças.

Page 53: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

48

REFERÊNCIAS

ALVES, T. B. Manual prático de psicomotricidade. Porto União, SC: Uniporto, 1981. ARGILA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Argila>. Acesso em: 02/05/2010. BUENO, J. M. Psicomotricidade: teoria & prática. São Paulo: Lovise LTDA, 1998. FRICKE, J. A cerâmica. 3 ed. Lisboa: Presença,1986. JEAN, P. J.; VIDAL,J. Ceramicando. São Paulo: Callis, 1997. LOWENFELD, V. A criança e sua arte: um guia para os pais. 2 ed. São Paulo: Mestre Jou, 1977. MASSOLA, D. Cerâmica: uma história feita à mão. São Paulo: Ática, 1994. NARCISO, G. P. Trabalhador em turismo rural: artesanato em argila. Curitiba: SENAR-PR, 2006. OAKLANDER, V. Descobrindo crianças. São Paulo: Summus, 1980. PIAGET, J. Psicologia e pedagogia. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária Ltda, 1976. PILLOTTO, S. S. D. Linguagem da arte na infância. Joinville, SC: Univille, 2007. RAU, M. C. T. D. A ludicidade na educação: uma atitude pedagógica, Curitiba: Ibpex, 2007. ROSS, P. R. Conhecimento e aprendizado cooperativo na inclusão. Educar em Revista. Curitiba, UFPR, n. 23, 2004, p. 203-224.

Page 54: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · infância, a preferência girava em torno de brincadeiras que utilizassem a terra molhada para construir elementos ilustradores do “faz de

49

SCHMIDT, M. J. Educar pela recreação. 4 ed. Rio de Janeiro: Agir, 1969. SILVER, R. Teste do desenvolvimento de Silver: cognição e emoção. São Paulo: Casa do Psicólogo Livraria e Editora LTDA, 1996. SANTOS, P. S. Ciência e tecnologia de argilas. 2 ed. São Paulo: E. Blücher LTDA, 1989. v.1. VYGOTSKY, L. S. O desenvolvimento psicológico na infância. São Paulo: Martins Fontes, 1998.