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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · problematizadoras e pode-se dizer que suas contribuições estão presentes nos pressupostos filosóficos da Metodologia da Problematização

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

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APRENDENDO GEOGRAFIA COM A PROBLEMATIZAÇÃO, A INTERNET E A WEBQUEST: Estudo de caso com metodologias de ensino e pesquisa na internet.

Autor: Éverson Joslin 1

Orientador: Mario Cezar Lopes2

Resumo

O presente artigo apresenta a experiência e os resultados obtidos com o desenvolvimento da pesquisa e do projeto de intervenção na escola - Aprendendo Geografia com a problematização e a Internet, dentro do Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE, promovido pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED/PR. Tal estudo e projeto foram motivados pela percepção de que as Metodologias de ensino utilizadas nas escolas de Educação Básica, assim como as pesquisas realizadas pelos alunos, nem sempre atendem às expectativas esperadas. Percebe-se a necessidade de novas metodologias de ensino-aprendizagem, face o momento em que nos deparamos, permeado de recursos tecnológicos que se superam todos os dias. A Metodologia da Problematização e a Webquest apresentam-se como recursos didático-pedagógicos que, aliados a internet, são possibilidades fortes aliados de superação deste desafio.

Palavras-chave: Educação; tecnologia; Geografia; Problematização; Webquest.

Abstract: This article present the experience and results acquire with school intervention project and research development - Learning Geography with problematization and internet, inside of Education Development Program (PDE), promoted by Education State Secretaryship of Parana – SEED/PR. The application and project was motivated by perception of that Teaching Methodologies used in Basic Education Schools, as well as research made by students, not always attain the expectations expected. Notice the need for new learning-teaching methodologies, in moment that we are, riddled with technological features that surpass all day. The Problematization Methodology and Webquest present like didactic and pedagogical resources that, with internet, are high allies of overcoming this challenge.

Key words: Education; Technology; Geography; Problematization; Webquest

1 Professor de Geografia da Rede Estadual de Educação concluinte do Programa deDesenvolvimento Educacional (PDE) Biênio 2009/2010.

2 Professor orientador PDE (2009/2010) – Professor do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino da UEPG - (Universidade Estadual de Ponta Grossa)

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1. Introdução

Nesta primeira década do século XXI nos deparamos com um mundo cada

vez mais competitivo e permeado de constantes mudanças. Podemos até afirmar

que a única coisa permanente é a mudança e, devemos estar preparados para ela.

A mudança impõe um novo ritmo na vida das pessoas, e novos desafios estão

diante de nós todos os dias. Vinculado e, de certa forma, uma das causas deste

dinamismo está a tecnologia que simplesmente em 40 (quarenta) anos mudou o

rumo da história humana. Percebe-se, entretanto, que nem todos os segmentos da

sociedade encontram-se inseridos neste mundo de mudanças e, a escola pública

está entre eles, muito embora, ela seja a responsável pela formação da grande

maioria da população, com índices qualitativos crescentes. O atual modelo de

ensino já não consegue mais manter atualizado nem mesmo os conteúdos

disciplinares, sobretudo das ciências, que têm nos fenômenos naturais e sociais seu

objeto de estudo, como a geografia, devido a sua dinamicidade. Conforme

preconizam as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Geografia - DCEs

(Paraná, 2008), a geografia tem um papel importante na formação de alunos:

Entende-se que, para a formação de um aluno consciente das relações sócio-espaciais de seu tempo, o ensino de Geografia deve assumir o quadro conceitual das abordagens críticas dessa disciplina, que propõem a análise dos conflitos e contradições sociais, econômicas, culturais e políticas, constitutivas de um determinado espaço. (DCEs, 2008, p.53).

Para a análise dos conflitos e contradições sociais, conforme as DCEs, há a

necessidade de que o aluno tenha o conhecimento da realidade e, tome posse de

uma metodologia capaz de possibilitar a comparação com as crenças anteriores e

reforçar ou reformular as posições anteriores. O conhecimento da realidade se

constitui em uma construção do conhecimento de forma gradual e continuada, a qual

se dá, apoiada na prática do professor, porém, não podemos esquecer que o aluno

está em contato permanente com a realidade que o cerca, razão pela qual deve

haver uma relação entre o que ele aprende na escola e a sua realidade vivida. A

aprendizagem, então, é uma atividade operatória do sujeito, o qual constrói o

conhecimento quando está em interação com o meio, um meio permeado de

mudanças e avanços tecnológicos que se superam todos os dias.

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Segundo o historiador Eric Hobsbawnn, (declaração em entrevista no Brasil

para a Revista VEJA em 2000), “as Tecnologias da Informação e Comunicação

(TICs) vem modificando o cotidiano das pessoas”, e tem possibilitado que quase

todo o conhecimento esteja ao alcance de qualquer cidadão, bastando para isto, ter

acesso a Internet (Rede Mundial de Computadores). Diante disto, O Ministério a

Educação e Cultura (MEC), está desenvolvendo o projeto UCA (Um Computador por

Aluno), já em testes em algumas escolas púbicas, com o intuito de dinamizar o

processo de ensino aprendizagem através da utilização de computadores e da

internet. É um plano audacioso e, obviamente, nos remete a uma nova postura

enquanto educadores. No Estado do Paraná, as 2128 (duas mil cento e vinte e oito)

escolas estaduais possuem laboratórios de informática conectados à internet através

do Programa Paraná Digital. O cenário atual aponta para a necessidade de práticas

adequadas à nova realidade, onde a informação está ao alcance de todos e onde, o

professor assume um novo papel para transformá-la em conhecimento, o de

mediador no processo de ensino aprendizagem.

Segundo Freinet (1975, p. 45), “O educador deve ter a sensibilidade de

atualizar a sua prática e isso, aliás, é o que faz com que ainda seja moderno.”

Resulta disso, que o professor, neste contexto, deve apropriar-se das TICs,

possibilitando assim um trabalho colaborativo com os alunos os quais, em sua

maioria, possuem uma facilidade para fazer uso do computador e da internet como

fonte de pesquisa, devidamente orientado pelo professor através de uma

metodologia adequada.

As propostas de implementação deste Projeto de Intervenção visaram

analisar a prática de duas metodologias: uma voltada para a construção do

conhecimento tendo como ponto de partida à realidade vivida pelo aluno e, outra,

uma metodologia de pesquisa para a Internet on line. As propostas apresentam

alternativas pedagógicas para a superação das dificuldades do momento atual, face

à realidade com a qual, nós educadores, nos deparamos.

2. Considerações teórico-metodológicas

O projeto de intervenção previu a aplicabilidade de duas propostas

metodológicas. Segue, portanto, algumas considerações sobre as mesmas, no

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contexto da prática aplicada com professores de geografia da Rede Estadual de

Ensino do Paraná.

2.1 Teoria da Problematização

Para tornar o aluno sujeito da história, é preciso possibilitar oportunidades

de interação entre o saber formal e saber vivenciado por ele no cotidiano.

(FRANCISCHETT 1975, p.32)

Vivemos em mundo de grandes e rápidas transformações, de tal modo que

não sabemos o que vamos encontrar na manhã do dia seguinte. Devemos ter a

consciência que nós, professores, educadores e pais, nascemos em um tempo em

que as mudanças ocorriam mais lentamente, entretanto, a geração que está na

escola hoje é de um tempo diferente, com as mudanças acontecendo rapidamente

e, obviamente, o atual modelo de ensino não está acompanhando no mesmo ritmo.

A interatividade do aluno com o meio, se faz não só no simples observar o que está

a sua volta, mas também, face à facilidade de acesso à informação, por meio dos

recursos mediáticos (TV, internet), ao realizar constantes comparações, o que se

traduz em uma dicotomia, entre o que estudam na escola e o meio em que vivem.

Essa dicotomia tem preocupado educadores e pais, pois é comum o aluno

questionar o porquê de ir à escola e de que vai servir o que ele estuda para a vida.

Então, podemos imaginar que se partíssemos deste contexto, deste questionamento

comparativo estabelecido pelo aluno, ou seja, considerando que ele não é uma

tábua rasa quanto ao conhecimento adquirido e, ajudá-lo na elaboração e

equacionamento de questões que o preocupa, ele não se sentiria motivado a buscar

resultados e, por conseguinte, aprender. Neste sentido, a teoria da problematização

nos auxilia nesta compreensão. Segundo BERBEL, (1999, p. 41):

A educação problematizadora, existe na verdade, desde a antiguidade grega. A maiêutica de Sócrates (469-399 a.C.) já possuía características problematizadoras e pode-se dizer que suas contribuições estão presentes nos pressupostos filosóficos da Metodologia da Problematização. A maiêutica continua BERBEL, é a arte de fazer nascerem idéias através da problematização, do diálogo com o interlocutor, de perguntas e respostas. (BERBEL, 1999, p.41).

Os ensinamentos de Sócrates, afirma BERBEL, (1999,p.41), “tinham o propósito de

demonstrar que o conhecimento acontecia por meio do método dialético, isto era à

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base de toda a ação virtuosa, indicando que o conhecimento devia ser desenvolvido

pelo próprio indivíduo através de sua própria existência.” O objetivo do método

dialético, era gerar o poder de pensar, pois tanto para Sócrates como para Platão,

pouco progresso mental se obtinha do simples fato de ministrar ensinamentos.

Entretanto, os métodos respaldados na memorização e repetição

descontextualizada, ainda hoje praticados na escola, é fortemente balizados por um

currículo generalista, como se todos os alunos tivessem o mesmo nível de

conhecimento e, o que é mais grave, considerando que todos tivessem o mesmo

nível sócio-econômico.

A metodologia da aprendizagem através da problematização propõe a

construção do conhecimento a partir de algumas etapas, as quais têm muita

semelhança com o chamado Método do Arco, também conhecido como Arco de

Manguerez, e adaptá-lo para nossas necessidades. De qualquer forma, o trabalho

tem início a partir de um tema relacionado à realidade concreta e vivido pelo

aluno/autor. A partir daí para sistematizar a pesquisa, propõe-se seguir alguns

passos. Segundo BERBEL (1998, p. 141), “Neste esquema constam cinco etapas:

Observação da realidade, Pontos-chave, Teorização, Hipóteses de Solução e

Aplicação à Realidade”. Esta metodologia possibilita como afirma Berbel (1999,

p.11), “... a transformação do sujeito pelas inúmeras elaborações intelectuais que

realiza, de forma associada à percepção social, política, ética, etc. da realidade,

dependendo do objeto de estudo”.

Em resumo, é a partir da realidade vivida, observada no cotidiano, que

podemos instigar o aluno a elaborar questões de investigação. A investigação desta

questão será mediada pelo professor, o qual auxiliará o aluno a elaborar um

inventário sobre aquilo que ele sabe sobre ela denominada de certeza(s)

provisória(s) e, aquilo que ele quer saber, denominada de dúvida(s) temporária(s). A

investigação vai levar o aluno a comprovar se a(s) certeza(s) e a(s) dúvida(s) se

confirmam ou não, podendo, em certos casos, levar a outra(s) certeza(s) ou, a

outra(s) dúvida(s). É importante que a questão a ser investigada parta da

curiosidade, da dúvida, da angustia do aluno, isto porque, ele estará de fato

comprometido com o resultado da investigação e sua aplicação à realidade, se for o

caso.

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2.2 Geo – Webquest: Repensando a Pesquisa em Geografia na Escola

As pesquisas realizadas pelos alunos nem sempre atendem às expectativas

esperadas. Em muitos casos, são solicitadas como complemento de um conteúdo,

ou ainda, para suprir a falta deste. Como se diz: dá-se um trabalho para que façam

e, este servirá como recuperação. Desse modo, banaliza-se o verdadeiro sentido da

pesquisa, a qual deve ir muito além de mais uma atividade indicada pelo professor.

Com o advento da internet, pesquisar na World Wide Web (que em português

significa "Rede de alcance mundial;” também conhecida como Web e www), se

tornou modismo e símbolo de “Ctrl C e Ctrl V”, ou copiar da web e colar no editor de

texto. Deste modo, fica a dúvida do entendimento efetivo por parte do aluno, sobre

conteúdo da pesquisa.

ALEXANDRE SCHENEIDER, Secretário de Educação de São Paulo em

discurso no evento EDUCADOR NOTA 10 (Revista Nova Escola – novembro 2009,

p.96), afirma “... Professor bom é o que sabe ensinar, mas para ensinar hoje, em

meio a tanta tecnologia, o educador tem de ser diferente dos do passado”.

Uma pesquisa deve ser prazerosa, estimulante e com o objetivo de

desenvolver o pensamento crítico e que possibilite uma dialética, ingredientes

presentes na Webquest. O conceito de Webquest foi criado em 1995, por Bernie

Dodge, professor da Universidade Estadual da Califórnia, EUA, como proposta

metodológica para usar a Internet de forma criativa. Dodge a define assim:

"Webquest é uma atividade investigativa, em que alguma ou toda a informação com

que os alunos interagem provém da Internet” (Barros, 2005, p4). Esta metodologia

de pesquisa na Internet é voltada para o processo educacional e, vem ao encontro

da realidade com a qual nos deparamos. Sua utilização é extremamente simples e

rica para dimensionar usos educacionais da web. Fortemente fundamentada em

aprendizagem cooperativa através de processos investigativos na construção do

conhecimento, propicia um trabalho colaborativo entre alunos e professores quando

utilizado como instrumento pedagógico, algo necessário nestes tempos em que o

jovem vê na web uma fonte de diversão. E mais, estimula o professor a fazer uso da

web como fonte de informações.

No site do Projeto Webquest – Escola do Futuro - USP, ela é definida como:

[...] modelo extremamente simples e rico para dimensionar usos educacionais da web, com fundamento em aprendizagem cooperativa e

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processos investigativos na construção do saber. Foi proposto por Bernie Dodge em 1995 e hoje já conta com mais de dez mil páginas na Web, com propostas de educadores de diversas partes do mundo (EUA, Canadá, Islândia, Austrália, Portugal, Brasil, Holanda, entre outros).

Na atividade com Webquest, o professor deve priorizar o trabalho em grupo,

bem como fazer a orientação presencial, em especial no Ensino Fundamental.

Entretanto, estando o professor preparado, nada impede que esta metodologia

possa ser utilizada como ferramenta de produção à distância, pois, “[...] o modo

como o meio eletrônico é utilizado depende em grande parte das necessidades

humanas, isto é, tanto dos professores quanto dos alunos, e que essas

necessidades são a razão primeira por que se formam comunidades eletrônicas”

(PALLOFF & PRATT, 2002. Apud Barros, 2005, p. 6). Em geral, uma Webquest é

elaborada pelo professor para ser solucionada pelos alunos, preferencialmente

reunidos em grupos. Em geral, a Webquest possui cinco etapas, a saber:

Introdução, Tarefa, Processo, Avaliação e Conclusão.

Diferentemente da Metodologia da Problematização, a Webquest Inicia-se

com um tema gerador definido pelo professor, o qual propõe uma tarefa (atividades),

que deverá ser realizada através de consultas em fontes de informação

especialmente selecionadas pelo professor na web. É comum que a tarefa exija dos

alunos a representação e encenação de papéis, abrindo espaço para uma

integração com as artes através de uma peça teatral, por exemplo. Seguindo a

orientação do próprio Dodge, as fontes devem ser páginas da web. Em não sendo

possível realizar consultas na web, também poderá ser utilizado outras fontes

(recursos) ou, então, todas elas simultaneamente. Enfim, a utilização de Webquest

tem caráter eclético.

3. Resultados

A implementação da proposta teve 02 (duas etapas) distintas. A primeira foi

uma investigação juntos aos professores que participaram do GTR (Grupo de

Trabalho em Rede) sobre a utilização das TICs na educação. Na segunda etapa,

realizamos um Curso de Extensão Universitária, através de um convênio com a

PROEX (Pró Reitoria de Pesquisa e Extensão) da UEPG (Universidade Estadual de

Ponta Grossa), com o título: Aprendendo Geografia com a Problematização e a

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Internet tendo com público alvo, professores da rede pública de Educação da

SEED/PR.

3.1 Primeira Etapa

O GTR foi realizado no período de fevereiro a maio de 2010, sendo uma

formação continuada estabelecida no projeto PDE e, realizado totalmente à

distância, utilizando a ferramenta Moodle, disponibilizada no site www.e-

escola.pr.gov.br. A formação foi gerenciada pela equipe da educação à distância

(EAD) da DITEC (Diretoria de Tecnologias Educacionais da SEED). Participaram do

GTR 22 (vinte e dois) professores da rede púbica de educação, distribuídos em 14

municípios do Estado do Paraná (figura 1). A formação foi gerenciada pela equipe

da educação à distância (EAD) da DITEC (Diretoria de Tecnologias Educacionais da

SEED).

Figura 1: Distribuição geográfica dos cursistas GTR

Fonte: Mapa: ITCG – Dados: Autor

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O GTR teve a finalidade de aprofundar as discussões com os professores da

rede estadual de educação acerca do projeto de intervenção na escola que o

professor PDE estava propondo. Portanto, a inscrição no GTR partiu essencialmente

do interesse do professor da rede pública com o tema apresentado pelo professor

PDE, conforme afirma a professora “A” no diário da unidade 3.

Em primeiro momento quero parabenizá-lo pela escolha do assunto que é muito importante para todos nós educadores. O significado da construção do conhecimento ultrapassou a sala de aula e o professor precisa estar conectado ao contexto atual. Nós educadores sabemos que nossos alunos precisam ter acesso ao conhecimento, não o conhecimento bitolado, mas num sentido mais amplo, e que tenham acesso também às novas tecnologias, e o computador é uma delas, que não é mais novidade, mas que infelizmente a maioria dos nossos alunos ainda não tem acesso. A escola deve propiciar o acesso aos benefícios da informática aos seus alunos.

A professora “B“, no diário da unidade 3, afirma que: “No entanto, de nada

adianta equipar nossas escolas com tecnologias avançadas, se nós professores,

não estamos habilitados para manuseá-las e orientar nossos alunos a usá-las

adequadamente.” Esta afirmação nos leva a repensar as práticas na formação

continuada dos professores, as quais precisam urgentemente trabalhar a questão da

utilização das tecnologias, em especial o computador e a internet como recurso

pedagógico. Entretanto, o que temos visto é a utilização dos laboratórios por poucos

professores para pesquisas e, raros casos de utilização dos mesmos com alunos.

Uma das inquietações que me levaram a elaborar este projeto, é o constante

comentário que os professores fazem quando o assunto é a falta de interesse do

aluno. Neste contexto, a professora “C” assim descreve suas angústias:

Quando li o projeto de intervenção, tive a impressão de que todas as minhas angústias estavam sendo discutidas no projeto; como não saber mais o que fazer diante da falta de interesse dos alunos, a preocupação em buscar novos métodos de ensino e mesmo assim perceber que os alunos não se envolvem muito. Quando li no seu projeto da bronca que levou da diretora em querer fazer uma aula mais dinâmica, percebi que isso representa na maioria das vezes a nossa realidade. Este ano, na semana pedagógica, sugeri ao diretor da escola e equipe pedagógica que fosse criado um mural, pois dessa forma colocaríamos ali os melhores trabalhos, curiosidades e informações etc. Também sugeri que queria trabalhar com maquetes, pois, no meu curso de especialização, tive uma disciplina sobre construção de maquetes, mas para minha surpresa, ouvi que um mural poluiria o ambiente visual, e a maquete provocaria transtornos à escola, como onde colocá-las? E também seria motivo para bagunça. Com isso entendi que, o meu papel é manter os alunos em sala, que não existe espaço para inovações.

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Há de se imaginar que, por conta disso, os resultados das discussões

tenderiam a ser bons e, o foram.

Ao mesmo tempo em que era do interesse do professor cursista do GTR

discutir o tema apresentado, me interessou saber como estava o processo de

utilização das tecnologias em suas escolas e, como eles viam este processo, uma

vez que estão geograficamente distribuídos pelo Estado do Paraná. Desta forma,

com uma das atividades do módulo IV - tarefa 4.1, instiguei-os a levantar questões

sobre o tema em discussão, e a partir de suas angústias, relatadas em forma de

questionamentos, elaborei um questionário investigativo o qual fez parte da atividade

tarefa do módulo IV – tarefa 4.2, a qual consista em uma entrevista com alguns

professores da escola em que o cursista GTR trabalhava, incluindo o próprio

cursista. No total, foram 46 entrevistas.

Da análise das respostas recebidas, temos os seguintes resultados:

1. Quanto à utilização do laboratório de informática da escola pelo professor.

A figura 2, (gráfico 1) aponta para

resultados importantes quanto a

utilização dos laboratórios pelos

professores (60%), demonstrando que

há uma apropriação do professor pelas

tecnologias na escola e, ao mesmo

tempo, demonstra que ainda há um

caminho a ser percorrido. Segundo A.

V. cursista do GTR, “Muitos professores ainda não se apropriaram da

tecnologia disponível na escola e sentem um verdadeiro arrepio de pensar

nisso, muitos afirmam não gostar, não saber e não ter nenhum interesse

nisso. Os que utilizam, o fazem por sua conta e risco, na base do acerto e do

erro. Isso, porém, acredito que seja temporário, pois o novo sempre nos

assusta”.

2. Quanto à utilização do laboratório de informático com alunos.

60%

40%

Não

Sim

Utilização dos laboratórios de informática por profesores

Figura 2

Gráfico 1

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A figura 3 (gráfico 2) é mais

preocupante, pois revela que 60%

dos professores não utilizam o

laboratório com alunos. Entre as

causas relatadas, estão: o sistema

operacional, a falta de noções

básicas de informática dos alunos, a

falta de um laboratorista e, o número

elevado de alunos por turma, como relata uma professora cursista do GTR:Hoje realizei um trabalho com os alunos no laboratório de informática que eu considerei um desastre. A turma não sabia as noções básicas de informática. Fui um por um explicando o processo, sozinha ficou complicado. Tive problemas com máquinas em que o mouse de uma estava acessando a tela de outra, algumas máquinas ficaram no AGUARDE. Quando bateu o sinal fiquei frustrada, pensando o como fazer, o que fazer. Creio que se a turma fosse menor seria bem mais fácil.

3. Quanto à importância da utilização das tecnologias no processo de ensino

aprendizagem.

Na opinião de 78% dos professores

entrevistados, a tecnologia assume

um papel importante na educação,

conforme demonstra a figura 4

(gráfico 3). Segundo I. F.T. cursista

do GTR:

“A Internet é uma invenção do mundo moderno que veio para ficar. Positiva ou negativa? Esta reposta depende do modo como é apropriada, para que fins seus usuários a utilizam. É de suma importância despertar o interesse de professores e alunos para a Internet, investindo para isso na capacitação dos docentes, de modo que tenham consciência de que usar a internet não é apenas abrir páginas, copiá-las de forma automática, e sim que ela sirva de meio para despertar a criatividade, o interesse pela leitura, escrita e que contribua para a melhoria de todo o processo ensino-aprendizagem.”

4. Quanto ao conhecimento e utilização de software para o ensino da

geografia.

Utiliza o laboratório com alunos?

60%

40%

Não

Sim

Voce considera im portante a utilização das tecnologias no

processo de ensino aprendizagem ?22%

78%

Não

Sim

Gráfico 3

Figura 4

Gráfico 2

Figura 3

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Poucos professores se utilizam de

aplicativos operacionais/educativos para

o ensino da geografia, mesmo sendo

uma disciplina dinâmica, em que a

visualização é fundamental para a

aprendizagem. Apenas 15% dos

professores entrevistados utilizam deste

recurso, conforme demonstra a figura 5

(gráfico 4). A maioria limita-se à utilização do Google Maps, um software

disponível on line no Google. A justificativa prende-se ao sistema operacional

disponível na escola, o qual não permite a instalação de software pelo

usuário.

5. Quanto à utilização da metodologia de

ensino por problemas em geografia.

O ensino em geografia nas escolas

públicas, com raras exceções, segue o

modelo tradicional. Apenas 15% dos

professores entrevistados já utilizaram

a metodologia de ensino por

problemas em sua prática pedagógica,

conforme demonstra a figura 6 (gráfico 5).

6. Quanto à utilização da como uma metodologia de pesquisa para a web?

Um dos temas discutidos por

educadores(as), é a pesquisa na

escola. Sabemos que ela tem sido

banalizada e, muitas vezes utilizada

como forma de preencher lacunas em

conteúdos ou mesmo, de facilitar a

aprovação do aluno. Com o recente

advento das Internet, tornou-se símbolo

Conhece ou utiliza softw are para o ensino da geografia?

85%

15%

NãoSim

Gráfico 4

Figura 6

Já utilizou a m etodologia de ensino por problem as?

85%

15%

Não

Sim

Conhece a Webquest com o m etodologia de pesquina ne

Internet?

83%

17%

Não

Sim

Gráfico 6

Figura 5

Gráfico 5

Figura 7

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de copiar e colar. Daí, a necessidade de uma metodologia para transformar

uma, no mínimo ilegal, em outra ação: uma ferramenta que possibilite o

aprendizado interessante e criativo. A figura 7 (gráfico 6), nos mostra que

apenas 17% dos professores participantes da pesquisa já teve algum contato

com a Webquest. Esse resultado, entretanto, não se configura como negativo,

se considerarmos que 78% dos professores entrevistados acham importante

a tecnologia aplicada à educação, o que aponta uma disposição para

conhecer potenciais, como a webquest.

3.1.1 Análise dos resultados da primeira etapa

Os resultados das entrevistas com os cursistas do GTR, realizados com

professores das escolas publicas estaduais, reflete uma realidade muitas vezes

discutidas em reuniões pedagógicas e encontros, mas que ficam sem uma ação

efetiva. Há uma série de situações que impedem os avanços necessários. Vivemos

um momento importante, em que as tecnologias chegam à escola, mas que

devemos tomar o cuidado para não banalizarmos sua utilização. É urgente a tomada

de medidas que impulsionem o desenvolvimento e aplicação de novas metodologias

de ensino-aprendizagem utilizando as TICs como: a ampliação dos laboratórios de

informática; presença de um assessor em tecnologias educacionais na escola;

melhoria no sinal de Internet, liberação da utilização da banda larga do MEC/Proinfo;

capacitação de professores e a utilização das TICs como recurso pedagógico.

Pode-se observar, pela localização geográfica dos cursistas do GTR (figura

1), uma representatividade quanto à temática no Estado, ou seja, as questões e as

expectativas dos professores não são pontuais, são sim, preocupações comuns nas

diferentes realidades educacionais.

3.2 Segunda Etapa

Na segunda etapa, ocorreu à implementação do projeto de intervenção na

escola, conforme previsto no cronograma do PDE. O projeto previa uma formação

presencial com professores de geografia para a aplicação de duas metodologias: A

metodologia da problematização e a webquest. A primeira voltada para a

aprendizagem através de problemas e a segunda, uma metodologia para a pesquisa

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na web. Para poder certificar os participantes, foi estabelecido uma parceria com a

PROEX da UEPG, elaborando um curso de Extensão Universitária com o título:

Aprendendo Geografia com a Problematização e a Internet tendo com público

alvo, professores da rede pública de Educação da SEED/PR e, utilizando a

informática e, em especial a Internet como recurso pedagógico. A formação tinha

como pressuposto a materialização da proposta pedagógica do Projeto PDE.

3.2.1 Cronograma das atividades

A divulgação do curso de extensão foi realizada de 16 a 30 de agosto de

2010, sendo previsto 8 encontros de 4 horas, totalizando 32 horas, sendo que todas

as atividades foram previstas para acontecer no laboratório de informática do

Colégio Estadual Júlio Teodorico, no Município de Ponta Grossa – PR. A UEPG fará

a certificação do curso de extensão, conforme projeto aprovado pela PROEX e,

poderá ser utilizado pelos cursistas para comprovação de carga horária para fins de

avanço profissional.

O curso foi realizado no período de 17/09 a 05/11/2009 com a participação de

12 cursistas, sendo, todos os professores da rede estadual de educação da

SEED/PR, seguido do seguinte cronograma de atividades conforme figura 9:Data Atividade

17.09.2010Apresentação da proposta de trabalho, nivelamento tecnológico e criação de um

espaço virtual colaborativo no site http://pbworks.com

24.09.2010Metodologia da Problematização – Conceitos, aprendizagem através da solução

de problemas reais, a partir da realidade vivida.

01.10.2010

Metodologia da Problematização – Como o aluno aprende. Etapas utilizadas na

Metodologia da Problematização O papel do professor como mediador do

processo de ensino-aprendizagem.08.10.2010 Elaboração de atividade utilizando a Medotologia da Problematização

15.10.2010

GEO-Webquest – Repensando a pesquisa em geografia na Escola. Acesso ao

site http://webquestbrasil.org/criador. Cadastro no site e criação da conta de

usuário. Navegação pelas atividades já cadastradas.22.10.2010 Webquest – O que é? Tipos de Webquest. Estrutura de uma Webquest.

29.10.2010Definição de um tema de pesquisa e elaboração de uma GEO-Webquest pelo

cursista no espaço por ele criado em http://webquestbrasil.org/criador05.11.2010 Socialização com a apresentação das atividades realizadas 05.12.2010 Apresentação de relatório final

Figura 8

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O cronograma foi seguido na íntegra, havendo participação integral de todos

os cursistas, o que propiciou momentos de discussão de temas relevantes à

educação, como a questão da avaliação tradicional e utilização de provas para aferir

conhecimentos do aluno.

3.2.2 Metodologia

O inicio das atividades da implementação do projeto e curso de extensão

universitária, foi marcado por um nivelamento tecnológico quanto à utilização do

computador e da internet, principalmente porque todas as atividades previstas

seriam desenvolvidas com estes recursos. Desta forma, fez-se uma revisão sobre a

utilização do editor de texto, planilha e apresentação de slides utilizando o BrOffice

(Software Livre que possui os mesmos aplicativos do Office do Windows), uma vez

que, o sistema operacional instalado nas máquinas do laboratório do Colégio Júlio

Teodorico, é uma versão otimizada do Debian (distribuição Linux). Este nivelamento

mostrou que ainda há uma restrição quanto ao uso da informática e, mesmo do

laboratório PRD, o que vem legitimar a pesquisa realizada com os cursistas do GTR.

Conforme o cursista L. R. “sinto certo receio na utilização das TICs em sala de aula.”

Na seqüência, os cursistas criaram seus espaços virtuais, que seriam

identificados com seus respectivos nomes e, que viriam a ser o portifólio de suas

produções na página do curso na Internet no ambiente colaborativo pbwork, criada

para esse fim em http://julioteodorico.pbworks.com (figura 9). Neste espaço virtual,

alem das produções, os cursistas publicariam seu diário de bordo, ou seja, um relato

diário das atividades desenvolvidas a cada encontro, como forma de disciplinar a

postagem das atividades e, também, de propiciar uma auto-avaliação. Segundo a

identificação do ambiente virtual:

O PBworks (antes conhecido por PBwiki) é uma ferramenta eletrônica comercial para construção de páginas web de fácil manejo e uso por usuários leigos. Ela permite que múltiplos usuários editem e alterem seu conteúdo através de um sistema de múltiplas autenticações simultâneas. A empresa opera em uma base freemium, em que os recursos básicos são oferecidos livremente e, os recursos avançados requerem o pagamento de mensalidade ou anualidade. Os "workspaces" criados podem ser públicos ou privados, podendo remeter a outros sites; e seu funcionamento é em grande parte semelhante ao de hospedagem de um blog.

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Os "workspaces" criados podem ser públicos ou privados, podendo Destinam-se a construção e edição de páginas da web, além da elaboração, edição e armazenamento de arquivos; tudo pode ser feito de forma colaborativa. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/PBworks

Na página do curso (figura 9), criamos também um espaço destinado aos

grupos de trabalho, formado por no máximo 3 (três) cursistas, tendo em vista que

uma das atividades previa o desenvolvimento de um projeto de ensino-

aprendizagem colaborativo, a partir de um tema de pesquisa por eles definido,

utilizando a Metodologia da Problematização. Ainda neste espaço virtual, foi

disponibilizado todo o material de apoio bibliográfico e webgráfico, para apoio às

atividades dos cursistas.

Para facilitar a comunicação entre o professor coordenador do curso e os

cursistas, foi criado um e-mail ([email protected]). O Gmail, além do serviço

de e-mail, oferece um espaço de armazenamento chamado DOCS, onde é possível

armazenar, através de upload (transferência de dados de um computador local para

outro computador ou para um servidor) a partir do computador pessoal, diversos

tipos de arquivos, como textos, planilhas, apresentações, documentos em pdf,

figuras, entre outros. A grande vantagem deste aplicativo é, o acesso aos arquivos

em qualquer lugar que o usuário esteja, desde que conectado á Internet. Desta

Figura 9

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forma, todo arquivo poderá, a qualquer momento, ser acessado e alterado pelo

usuário, utilizando o aplicativo no próprio site.

Portable Document Format (PDF) é um formato de arquivo desenvolvido pela Adobe Systems em1993, para representar documentos de maneira independente do aplicativo, do hardware e do sistema operacional usados para criá-los. Um arquivo PDF pode descrever documentos que contenham texto, gráficos e imagens num formato independente de dispositivo e resolução. PDF pode ser traduzido para português como Formato de Documento Portátil. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/PDF

Um documento em PDF garante ao autor, a segurança de que não poderá sofrer

alteração e, desde que o autor especifique nas configurações, nem mesmo copiado,

preservando assim, a autoria. Nesses tempos, em que a Internet possibilita o acesso

as informações disponíveis na rede mundial de computadores, o PDF é uma valiosa

ferramenta contra a pirataria e o plágio.

Em outro momento, os cursistas foram instigados a desenvolverem uma

atividade orientada para a pesquisa na web, utilizando como recurso a Webquest.

Como os temas eram voltados para a geografia, denominamos de GEO-Webquest.

Para isto, foi disponibilizado um espaço virtual no site http://www.webquestbrasil.org/

criador/. Aqui, os curistas criaram suas propostas de pesquisas direcionadas aos

alunos, com o diferencial de indicarem aos alunos a tarefa, os sites de pesquisa e,

forma de avaliação, o que confere seriedade á pesquisa na web. Cabe ressaltar

que, é o professor quem define o tema da pesquisa ao aluno, publicando-a na web

para que os alunos façam à pesquisa a partir dela. Os alunos são então, orientados

como e quando devem entregar a pesquisa. Caso haja possibilidade de acesso à

internet, o professor poderá solicitar que eles publiquem os resultados na web

através de um blog, que pode ser individual ou coletivo, ou, em outro espaço virtual,

contribuindo assim para a inclusão digital dos seus alunos.

3.2.3.1 Metodologia da problematização

As produções utilizando a Metodologia da Problematização tiveram seu início

com uma questão investigativa, formulada pelo próprio cursista. Percebeu-se que ao

serem estimulados a elaborar uma questão investigativa sobre algo que lhes era de

seu interesse, passaram a elaborar estratégias de ação no sentido de elucidar suas

dúvidas e, ao mesmo tempo, a pesquisa foi conduzindo-os a outros conhecimentos

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na tentativa de responder seus porquês. Neste momento, é imperativa a presença

do professor mediador, para que o jovem pesquisador não perca seu foco, muito

embora, é extremamente salutar que ele navegue por outros conhecimentos, desde

que relacionados com o tema de pesquisa. Os grupos criaram as seguintes

questões investigativas:

a. Grupo 1 – A centopéia tem cem patas?

b. Grupo 2 - Porque a água doce é chamada de doce se ela não tem açúcar?

c. Grupo 3 - Como são transmitidas as imagens e os sons?

d. Grupo 4 - Por que existe Borboleta com asas azul?

Para cada questão investigativa, o grupo relacionou o que sabiam a respeito

dela e, também, as suas dúvidas. A este conjunto de informações, chamou-se de

certezas provisórias e de dúvidas temporárias. Ao desenvolver a pesquisa,

observou-se que muitas certezas foram confirmadas, outras não, o mesmo

acontecendo com as dúvidas. Esta situação gerou, entre os cursistas, muita

discussão e, como conseqüência, um aprofundamento da pesquisa, resultando uma

construção coletiva e colaborativa do conhecimento. No caso, por exemplo, da

questão do grupo1, descobriu-se que o termo centopéia, que sugere 100 (cem)

patas, não passa de um mito, isto porque, conforme relata o grupo 1: “Com a

pesquisa observamos que o número máximo de pares de patas das centopéias varia

de acordo com a espécie. No entanto, todas as fontes consultadas afirmam que o

número mínimo é 15 pares de patas, podendo chegar a 177”. Esta situação se

repetiu na pesquisa de todos os demais grupos, prevalecendo sempre a construção

coletiva.

Observamos também, que os cursistas vivenciaram experiências extra-curso.

Este foi o caso de uma professora, que fez parte do grupo 2. Ela levou a questão

para a sala de aula, uma vez que é professora da mesma escola onde realizamos o

curso e, naquele momento, estava trabalhando com uma 5ª série. Relata a

professora:

Aproveitei a proposta do curso de fazer uma pesquisa investigativa, e lancei para os meus alunos a seguinte questão: "Porque a água doce é chamada de doce se ela não tem açúcar?" Após lançar a questão já observei a curiosidade e a vontade deles responder. Então deixei livre a questão para os alunos pesquisarem, e dois alunos do 5º A, trouxeram as seguintes respostas: Um deles comentou que pesquisou, mais encontrou somente respostas sem sentidos. O outro encontrou a seguinte resposta: Que é um modo usual de falar água doce, é para diferenciar da água salgada. Também pesquisei e encontrei a seguinte resposta: "A água de

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rios e lagos é conhecida como água doce, porque não possui a enorme quantidade de sal que tem a água do mar. Devemos tomar cuidado com esta definição, porque água doce não quer dizer água com açúcar, mas sim com menos sal em relação à água do mar." (T.S)

Desse modo, pudemos comprovar a justificativa do projeto de intervenção PDE na

escola, demonstrando que a possibilidade de utilização de novas metodologias pode

fazer a diferença na qualidade do ensino em nossas escolas. A proposta de se

trabalhar com questões de investigação levou os alunos(as) a sugerirem outras

questões invetigativas, conforme depoimento da professora: “Assim gostaria de

concluir, que essa proposta de trabalho de pesquisa investigativa me incentivou a

trabalhar de uma outra forma, sendo que pretendo criar grupos de pesquisa com

esses alunos que despertaram para essa forma de aprendizado.”

Outros depoimentos dos grupos sobre a prática da metodologia da problematização:

A aprendizagem por projetos é uma prática diferenciada, que busca solucionar problemas levantados da curiosidade do próprio aluno. Grupo 1

Após uma atividade de leitura, e discussão do tema "projetos", a turma foi dividida em grupos. Cada grupo pensou em uma pergunta e várias certezas e dúvidas a respeito dela. A partir dessas certezas e dúvidas iniciou-se a pesquisa na internet em torno do assunto. Descobrimos que nossas certezas não eram absolutas, e sanamos nossas dúvidas. Elaboramos um texto, apresentamos para o grupo e postamos na pbworks. Grupo 4

As produções dos cursistas estão publicadas no endereço

http://julioteodorico.pbworks.com, com previsto no projeto.

3.2.3.2 GEO-Webquest

A Webquest é uma metodologia voltada para a pesquisa na Internet, como já

apontado neste texto, a proposta, é que os cursistas, após o aporte teórico-

metodológico, desenvolvessem uma proposta de pesquisa para seus alunos

utilizando a ferramenta disponível em http://www.webquestbrasil.org/criador/, com dois

objetivos: vivenciar a utilização da metodologia e, ao mesmo tempo, se apropriar da

tecnologia de construção de uma página na web.

Diferentemente da Metodologia da Problematização, no presente caso a

construção é individual, onde o professor propõe um tema de pesquisa aos alunos.

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A figura 10 mostra como exemplo, a aparência em tela de uma das webquest

produzidas pelos cursistas:

O Brasil na Antártida;

Figura 10 – Webquest pubicada na web

http://www.webquestbrasil.org/criador/webquest/soporte_horizontal_w.php?

id_actividad=22543&id_pagina=1

Outras Webquest produzidas estão nos seguintes endereços:

1. As unidades do relevo paranaense;

http://www.webquestbrasil.org/criador/webquest/soporte_tablon_w.php?

id_actividad=23066&id_pagina=1

2. Os Rios do Mundo

http://www.webquestbrasil.org/criador/webquest/soporte_derecha_w.php?

id_actividad=22451&id_pagina=1

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3. Navios e cruzeiros;

http://www.webquestbrasil.org/criador/webquest/soporte_derecha_w.php?

id_actividad=22516&id_pagina=1

4. Maus tratos aos animais;

http://www.webquestbrasil.org/criador/webquest/soporte_tablon_w.php?

id_actividad=22551&id_pagina=1

Observou-se que os cursistas não tiveram dificuldades em criar suas páginas

de pesquisa. A dúvida era saber onde o aluno poderia acessar a página e se, ele

poderia responder na própria página da webquest. Recomendamos que o aluno faça

sua atividade em outro local ou, em outro arquivo, isto porque, para o aluno realizar

a atividade na própria página, teria que utilizar a senha de acesso do professor, o

que não julgamos oportuno. A partir do endereço fornecido pelo professor, que

poderá ser por e-mail, o aluno pode acessar a web em qualquer computador e

poderá fazer a sua atividade em um blog, ou mesmo em uma página pbworks, que a

critério do professor poderá ser coletiva.

Foi uma experiência interessante, a saber, pelos depoimentos de alguns

cursistas:

“Foi positivo em todos os aspectos, metodológico, prático e principalmente na prática do uso da ferramenta tecnológica. De inicio não sabia nem o significado de WEBQUEST. Hoje já estou aplicando a metodologia em sala de aula. Os Alunos estão desenvolvendo as atividades motivadas pela metodologia de pesquisa diferente da tradicional. E, observando-os, a aprendizagem fica visível na motivação em aprender os conteúdos propostos e pela busca de mais informações sobre o tema. Os objetivos do conteúdo proposto foram além do esperado.” (E.F.)

“...acompanhei relatos dos professores e presenciei a aplicação do curso em duas turmas no laboratório de informática, o que achei bem interessante.”(S.I.)

“A webquest foi algo novo para mim e que com certeza contribuirá para melhoria das minhas as aulas.” (D.G.)

“A Webquest nos mostrou que possível aliar novas tecnologias, interesse dos alunos e cotidiano, numa perspectiva nova e intrigante.” (M.C.)

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3.2.4 Análise dos resultados da Segunda Etapa

A implementação do projeto na escola seguiu o cronograma previsto, tendo

sido realizado integralmente no laboratório de informática do Colégio Júlio

Teodorico, no Município de Ponta Grossa. A proposta foi muito bem aceita pelos

professores cursistas, os quais cumpriram com as atividades a eles propostas e, não

tiveram maiores dificuldades em cumpri-las. Ressalta-se que uma das cursistas, ao

mesmo tempo em tomava conhecimentos das metodologias apresentadas, as

aplicava em suas turmas de alunos, fazendo o feedback nos encontros no próprio

curso, conforme consta do diário de bordo na página do curso.

Um dos pontos fortes foi a construção da página do curso no pbworks, o que

possibilitou o registro diário das ações, evitando desse modo, que pequenos

detalhes pudessem ser perdidos, no caso de anotações a posteriori. Por outro lado,

registros anteriores possibilitaram a retomada do tema no encontro seguinte,

segundo alguns cursistas.

Na metodologia da Problematização, os professores puderam observar que o

estudo a partir de uma dúvida do aluno, pode conduzir a possibilidades múltiplas de

ensino aprendizagem, propiciando uma interdisciplinaridade, bem como uma

transdisciplinaridade, o que possibilita um ganho na qualidade de ensino em

geografia.

No caso da pesquisa na escola, os cursistas são unânimes em afirmar que é

uma das questões frágeis no processo de ensino aprendizagem, e ao trabalhar com

a Webquest, perceberam que a metodologia pode ajudar na superação desta

fragilidade, e apontaram que a Webquest, sendo um software que não depende de

instalação física no computador do usuário, por ser um aplicativo on line, pode ser

uma ferramenta de grande utilidade no processo de ensino aprendizagem da

Geografia na escola, uma vez que a instalação de programas não é permitida nos

computadores do Paraná Digital.

4. Considerações finais

Não há dúvidas quanto a importância que as TICs assumem no cotidiano das

pessoas, conforme afirma o historiador Eric Hobsbawnn, (declaração em entrevista

no Brasil para a Revista VEJA em 2000), “as Tecnologias da Informação e

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Comunicação (TICs) vem modificando o cotidiano das pessoas”. E este era o ponto

central desta pesquisa, saber como estes recursos poderiam auxiliar também, o

cotidiano da escola pública e, se já vinham sendo utilizados, quais os caminhos

percorridos.

Percebemos então, que de acordo com os cursistas do GTR, ainda há

questões importantes a serem resolvidas, não só de ordem técnica, mas também de

ordem pedagógica, e que não são pontuais, são sim, preocupações comuns nas

diferentes regiões e realidades educacionais do Estado, o que serve de alerta para

as políticas públicas de educação.

Observamos, por outro lado, que embora haja uma apropriação por parte do

professor quanto ao uso das TICS e dos laboratórios de informática das escolas, o

mesmo não ocorre na utilização dos mesmos no processo de ensino aprendizagem

com alunos, motivados, entre outras razões, por um certo receio por parte do

professor.

Observamos também que, quando os professores são orientados para uma

prática pedagógica com utilização das TICs e dos laboratórios de informática das

escolas, utilizando metodologias adequadas para esse fim, os resultados são

satisfatórios, o que nos leva a concluir que é preciso repensar as políticas de

formação continuada voltada para os professores das escolas públicas estaduais e

incentivar a pesquisa e disponibilidade de softwares educacionais compatíveis com

a realidade das escolas públicas, em especial no campo da geografia, onde o

dinamismo esta presente no cotidiano, não só no que se refere aos aspectos físicos,

mas também, nos aspectos da vida em sociedade.

5 Referências

BERBEL, Neusi Aparecida Navas. Metodologia da problematização: fundamentos e aplicações. Londrina: Eduel,1999

PACHECO, José. Escola da ponte. Petrópolis: Vozes, 2ª ed, 2008

BURKE, Thomas Joseph. Por uma revolução de qualidade no ensino: invertendo o paradigma. São Paulo: Vozes, 2009

PARANÀ, Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica Geografia. Curitiba, 2008

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SANTOS, Milton. Por uma geografia nova. São Paulo: Hucitec, 1980

FAGUNDES, Lea. Projeto? O que é? Como se faz? A cultura do projeto. Disponível em: http://mathematikos.psico.ufrgs.br/im/mat01038051/projetos.htm. Acesso em 16/09/2009.

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JONASSEN, David. O uso das novas tecnologias na educação à distância e a aprendizagem construtivista. Disponível em: http://tcc.oreu.com.br/docs/ArtigosUtilizados/Jonassen1996.pdf. Acesso em

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BARROS, Gilian C., Webquest: Metodologia que ultrapassa os limites do Ciberspaço, PR, 2005 – Disponível em http://www.gilian.escolabr.com/textos/webquest_giliancris.pdf, acesso em 05.09.2009

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DODGE, Bernie. Alguns Pensamentos sobre Webquests, San Diego State University. Disponível em http://webquest.sdsu.edu/about_webquests.html, acesso em 11.11.2009

VERAS, Ursula M., LEÃO, Marcelo B. O Modelo Webquest modificado, UFPE, BR. Disponível em http://www.rieoei.org/deloslectores/1782v2Caves.pdf, acesso em 23.10.2009 Webquest: O que é? Disponível em http://webquest.sp.senac.br/textos/oque, acesso em 10.10.2010