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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7 Cadernos PDE VOLUME II

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 - Operação de ... · 251 da Rodovia BR 369, sobre a chapada da Serra, ... (divisão do trabalho) ou Marx ... 3 Formado por cerca de 160 empresas,

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2008

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7Cadernos PDE

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I

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PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

1. IDENTIFICAÇÃO

1.1. INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: Universidade Estadual de

Londrina

1.2. PROFESSOR ORIENTADOR IES: Profº Dr. Gilmar Arruda

1.3. PROFESSOR PDE: Zilda Aparecida de Oliveira Lima

1.4. NRE: Apucarana

1.5. ÁREA/DISCIPLINA: História

1.6. TÍTULO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA: O Trabalho e

a Técnica na História do Parque Moveleiro de Arapongas

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APRESENTAÇÃO

Esta Unidade Temática é resultado do Programa de

Desenvolvimento Educacional do Paraná, uma iniciativa inédita da Seed

que prevê o retorno dos profissionais da educação aos estudos

acadêmicos, do qual estou tendo a oportunidade de participar como

professora de História da Rede Pública do Estado do Paraná. O retorno

aos estudos acadêmicos proporcionou o aperfeiçoamento dos

fundamentos teórico-práticos necessários à organização do trabalho

pedagógico, como passo inicial de aprofundamento do tema proposto.

Neste percurso dialético, apresento como um dos

resultados, um trabalho que deve ser interpretado como um passo inicial

de aprofundamento do tema proposto, com sugestões de práticas, para

enriquecer o trabalho pedagógico.

Sua organização, pautada em pressupostos teórico-

metodológicos, busca revelar os interesses econômicos e sociais que

fundamentaram a construção deste material, direcionando a prática e

práxis docente.

Assim, este texto está dividido em duas partes: A primeira

representa uma Unidade Temática sobre história local, trazendo as

leituras desenvolvidas sobre o tema: O trabalho e a técnica na história

do parque moveleiro de Arapongas, que foram feitas ao longo do

primeiro ano deste programa. Esta parte contém as reflexões teórico -

historiográficas sobre o tema acima apresentado.

A segunda parte apresenta uma proposta de atividade

didática, que será desenvolvida com os alunos do Ensino Médio do

Colégio Estadual Emílio de Menezes como parte da implementação do

plano de trabalho.

No final do Programa, será desenvolvido um artigo

contendo as avaliações tanto dos estudos realizados quanto da

intervenção em sala de aula.

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O TRABALHO E A TÉCNICA NA HISTÓRIA DO PARQUE

MOVELEIRO DE ARAPONGAS

PROBLEMATIZAÇÃO INICIAL

Fonte:Registro fotográfico realizado em 19/11/08 Fonte: Registro fotográfico realizado em 02/12/08. Por: Marina Alves de Oliveira Por: Aparecida F. de Oliveira Marcenaria Sancovich Parque Moveleiro - MOVAL

Analise as imagens apresentadas, através do roteiro sugerido:

1) O que você vê nestas imagens?

2) Qual a diferença entre elas?

3) O que mais lhe chama a atenção nestas imagens?

4) Que título você daria a imagem?

5) Que mudanças ocorreram?

6) Qual a relação dessa imagem com a nossa realidade?

Estas imagens foram feitas em Arapongas e mostra uma

marcenaria e um trecho do Parque Industrial moveleiro. Ao analisá-las

percebe-se que existem ainda pequenas marcenarias convivendo com

indústrias que utilizam as mais avançadas tecnologias, como é o caso da

MOVAL. Assim vivemos em um mundo tecnológico que foi sempre

marcado pelas transformações. Parafraseando Karl Marx, por meio do

trabalho os seres humanos relacionam entre si e com a natureza e

produzem os bens necessários a sua sobrevivência, transformando a

natureza e a si próprios.

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As transformações tecnológicas tem sido intensas nos

últimos tempos. Cidades pequenas têm vivido o impacto dessas

transformações em suas economias e sociedades. A princípio essas

transformações foram lentas. Porém a partir da Revolução Industrial1,

esse processo acelerou-se de tal forma que hoje temos dificuldade de

acompanhar esta evolução. Arapongas vivencia essa situação e por isto

vamos conhecer um pouco da sua história.

1 Conjunto de transformações ocorridas na Europa, inicialmente na Inglaterra, a partir da evolução do processo de transformação de matérias – primas em produtos.

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ORIGEM DE ARAPONGAS E DO PARQUE

MOVELEIRO

A cidade de Arapongas, criada no início da década de 1940,

passou ao longo desses anos por intenso e acelerado processo de

urbanização revelando-se, na atualidade, como importante cidade de

porte médio, e ainda, como um importante pólo industrial do Estado do

Paraná.

Localizada no Terceiro Planalto Paranaense com altitude de

816,36m. , na latitude: 23º25’ Sul e Longitude: 51º 26’oeste. Teve sua

emancipação política em 10/10/1947. Possui uma área de 355 km. Está

localizada a 376 km. da Capital do Estado, Curitiba. Limita-se com os

municípios de Rolândia, Apucarana, Londrina e Sabáudia. Sua população

pelo censo IBGE de 2007 (estimativa), é de 103.186 hab.

Quanto à origem, Arapongas fez parte de um plano

colonizador empreendido pela Companhia Melhoramentos, atualmente

Companhia de Terras Norte do Paraná, que foi responsável pela

colonização de grande área do norte do Estado, fundando inúmeras

cidades, entre as quais, Arapongas.

A cidade de Arapongas surgiu onde hoje se localiza o km.

251 da Rodovia BR 369, sobre a chapada da Serra, em cujas vertentes

nascem os rios Pirapó, Bandeirantes do Norte e Três Bocas.

Segundo a escritora e poeta araponguense Naici

Vasconcelos (SOUZA, 1998, p. 13) esse local que antes era o paraíso dos

pássaros, e em que se perpetuou a memória dos cantores silvestres,

relembra o nome do pássaro ferreiro, cujo canto de som metálico

representa aos nossos ouvidos a força do progresso”.

Assim o nome de Arapongas teria se originado pela

presença na região de muitas arapongas, ave com seu canto de timbre

metálico, que lembra o som produzido por um martelo batendo em uma

bigorna, também denominado de pássaro ferreiro. Em tudo quis lembrar

seu projetista da fauna ornitológica, ao nomear suas ruas relembrando os

pássaros: Canários, Urus, Macucos, Jacutingas, Beija-Flores, Tucanos,

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Rolinhas, Garças, Pombas, Condores, Perdizes, etc. (SOUZA, 1998, P. 13).

O território onde se situa o município de Arapongas foi

colonizado por imigrantes descendentes de franceses, japoneses,

poloneses, entre outros que vieram de vários Estados brasileiros: Minas

Gerais, São Paulo, por volta de 1934, atraídos pelas perspectivas de

futuro que a região oferecia. Na década de 1940, a mata densa abastecia

as serrarias que usavam madeira nobre que interessava as grandes

cidades do Brasil e outros países. Entretanto, a produção de café teve um

papel decisivo na ocupação do município de Arapongas e da região Norte

do Paraná, conforme as palavras de Nadir Cancian:

Assim aos altos preços do café vigorantes na década de 1950 a resposta dos empresários agrícolas, quer na pequena média ou grande propriedade foi o seu plantio em alta escala, levando a níveis próximos de monocultura total, que só não chegou a isto, porque não era compensador planta-lo nos vales, onde as temperaturas de inverno atingiam quase que anualmente a níveis de geada. Sob essas condições o Norte Novo de Londrina se constituiu praticamente em uma floresta de cafezais que foi se estendendo, ampliando rumo ao noroeste [...] (CANCIAN, 1981,

O café gerou riqueza e atraiu colonizadores. Entretanto, em

virtude das oscilações climáticas na região, depender exclusivamente de

um único produto tornou-se preocupante, surgindo assim a necessidade

de diversificar a economia, levando produtores locais a investir também

no setor industrial.

O Município de Arapongas é hoje a sede do principal pólo

moveleiro estadual e o segundo maior parque moveleiro em nível

nacional. O parque industrial teve sua origem na década de 1960, a partir

da iniciativa de empresários locais e apoiados pelo governo, tendo

também o poder público municipal grande contribuição no seu

desenvolvimento, cujo objetivo inicial era promover atividades industriais

e diversificar a economia do município, na época dependente da renda

gerada pela cultura do café.

O Parque Moveleiro produz móveis prontos, planejados e

exclusivos, como estofados, racks, estantes, roupeiros, móveis para

decoração, cadeiras, armários de cozinha, escritório e outros. De acordo

com o SIMA Sindicato de Móveis de Arapongas, do total da produção

moveleira local, 92% são comercializados no mercado brasileiro,

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principalmente nas regiões Sudeste (37%) Sul (24%) e Norte e Nordeste

(27%). 2

A participação no mercado internacional vem crescendo

anualmente: a exportação passou de 9%, no ano de 2005, para 12%, em

2007. A meta para 2008 é que o volume chegue a 15%, destacando a

região internacionalmente, atraindo novos clientes e gerando

crescimento econômico regional.

A cidade de Arapongas parece estar inserida num contexto

mais amplo da chamada Globalização da economia. O processo de design,

produção e comercialização de móveis é globalizado, possuindo indústrias

que exportam suas mercadorias para diversos países do globo. Assim a

nossa abordagem vai do local ao global.

Ao analisar sua história percebe-se que a realidade em

Arapongas evoluiu rapidamente, fugindo a nossa capacidade de

sistematizar a sua compreensão. Assim observa-se que a tecnologia teve

um papel preponderante, como escreve Ladislaw Dowbor:

No centro está a tecnologia. Com todo respeito por Weber e pela força de certas ideologias, é preciso reconhecer que quando Adam Smith (divisão do trabalho) ou Marx (forças produtivas) colocaram a evolução das técnicas como motor das transformações, estavam rigorosamente certos. Hoje vivemos uma profunda revolução tecnológica. Nos últimos vinte anos, acumularam-se mais conhecimentos tecnológicos do que em toda história da humanidade. (DOWBOR, 1997, p. 9).

Estas novas tecnologias redefinem o espaço e o tempo.

Temos a impressão que o mundo ficou menor, que o planeta encolheu de

forma impressionante, a telemática nos permite acessar bancos de dados

de qualquer parte do mundo a baixíssimo custo, criando um espaço

científico integrado. É a Globalização da economia que se expande

rapidamente.

Como conseqüência do crescimento e expansão das

indústrias ligadas ao setor moveleiro e também para viabilizar o

crescimento econômico das diversas indústrias do ramo, empresários

2 http://www.redeapl.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=89. Acesso

em 01/07/2008.

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locais criaram a APL (Arranjo Produtivo Local) 3, com o apoio do Governo

Federal, reunindo um conjunto de empresas do setor moveleiro da região

norte do Paraná.

O Arranjo Produtivo Local (APL) se caracteriza pela

concentração de um expressivo número de empresas do mesmo setor, que

cooperam entre si. O APL de Arapongas, objetiva envolverem todos os

segmentos da cadeia produtiva, fortalecendo o setor e otimizando

resultados, gerando mais empregos e produção. Outras metas

perseguidas são os investimentos em profissionalização de mão-de-obra e

design, com foco final no aumento das exportações. O quadro a seguir

apresenta os municípios que fazem parte desta organização e os

principais dados relacionados à Indústria Moveleira.

M

MUNICÍPIOS

T

TERRITÓRIO

P

POPULAÇÃO

P

PIB

(

)

N

INDÚSTRIAS

DE MÓVEIS

EMPREGADOS

A

Apucarana

5

558.338

1

107.827

7

787.398

3

4 274a

Arapongas

3

381.091

8

84.428

1

1.023.563

1

51 7991c

Cambé

4

494.692

8

88.186

8

822.180

3

4 280R

Rolândia

4

460.153

4

49.410

5

74.819

3

8 793S

Sabáudia

1

190.324

5

5.413

6

8.481

1

2 66T

TOTAL

2

2.084.648

3

335.991

3

3.276.441

2

69 9404

Fonte: 1: Área territorial, população e PIB: IBGE - 2003. 2: Nº. de Indústrias e empregados: RAIS/MTE – 2003

Apesar das grandes indústrias predominarem ainda

sobrevivem, no município, marcenarias que atuam nos moldes da antiga

produção artesanal, com número reduzido de funcionários, produzindo

móveis sob encomenda e se utilizando de instrumentos tradicionais, com

poucas tecnologias como nos mostra as imagens e entrevista (Documento

1) abaixo.

3 Formado por cerca de 160 empresas, o APL de Móveis de Arapongas gera 8.000 empregos diretos e indiretos e um faturamento de 800 milhões de reais anuais.

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FOTO 3

Fonte:Registro fotográfico realizado em 19/11/08 Por: Marina Alves de Oliveira . Marcenaria Sancovich Instrumentos usados na fabricação de móveis

Registro fotográfico realizado em 19/11/2008 Fonte:Registro fotográfico realizado em 19/11/08 Por Marina Alves de Oliveira Por: Marina Alves de Oliveira Marcenaria Sancovich. Marcenaria Sancovich Matéria-Prima Resíduos reciclávei

Entrevista a marcenarias

Marcenaria Sancovitch

Endereço: Rua Batuquira nº. 309

Proprietário: Gersino Sancovith marceneiro, há vinte anos, aos treze anos

de idade aprendeu a profissão trabalhando em marcenarias.

Número de Funcionários: 02, um marceneiro e um auxiliar.

O que produz: Móveis sob medida: cozinhas planejadas, armário

embutido, gabinete para banheiro e instalações comerciais em geral.

Matéria Prima: MDF – chapa de madeira e aglomerado (serragem) – cola

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parafuso, fita de PVC, fórmica, compra tudo na Belquímica.

Média de produção mensal: Mais ou menos 03 cozinhas.

Média dos salários: R$1200,00 a 1600,00.

Funcionários são registrados: Sim

Funcionários são sindicalizados: Sim

Instrumentos / maquinaria: Esquadrejadeira, desempenadeira, tupia,

lixadeira, furadeira, coladeira de porta, tico tico (máquina para modelar).

Comentário do funcionário Antonio Peixoto, que trabalha a 25 anos de

marceneiro:

“Sei fazer o móvel do começo ao fim, executo todas as etapas, e o único

instrumento novo que uso no meu trabalho é a coladeira de porta.”

Quanto aos resíduos: ensaca e vende

CETEC retira e recicla pedaços de madeira e pó de serra.

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A Revolução Industrial marcou a evolução tecnológica da

humanidade em suas diversas etapas. No contexto da sociedade

capitalista a indústria é um dos setores da economia fundamental para a

geração de empregos. A Revolução Industrial é um marco importante na

história do desenvolvimento fabril e ocorreu inicialmente na Inglaterra,

em meados do século XVIII, espalhando-se depois para os demais países

europeus, hoje, considerados países de industrialização clássica. Nesta

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fase destacou-se a indústria têxtil e o combustível utilizado era o carvão

mineral.

A Revolução Industrial explodiu a certa altura da década de 1780, e pela primeira vez na história da humanidade, foram retirados os grilhões do poder produtivo das sociedades humanas, que daí em diante se tornaram capazes da multiplicação rápida, constante e até, e até o presente ilimitado, de homens, mercadorias e serviços. (HOBSBAWM 2005, p. 50)

A partir do último quartel do século XIX e início do século

XX, o mundo vivenciou a segunda fase Revolução Industrial, despontando

os Estados Unidos como potência hegemônica, surgindo novos tipos de

indústrias como: automobilísticas, siderúrgicas, metalúrgicas, etc. E

também novas fontes de energia, como o petróleo e a hidroeletricidade.

Neste momento a industrialização chegou a diversos outros países,

inclusive o Brasil, sendo considerados países de industrialização tardia.

A partir da década de 1970, o mundo passou a viver a

terceira fase da Revolução Industrial, também conhecida como Revolução

técnico-informacional. Destacam-se novos tipos de indústrias, como

biotecnologia, química fina, e principalmente ligada ao ramo da

informática e telecomunicações. Nesta etapa, aparece o uso de várias

fontes de energias modernas, como o petróleo e a hidroeletricidade.

Ocorreu nos países desenvolvidos. Uma das atividades mais importantes

desta revolução, apesar de outras tecnologias de ponta, é sem dúvida, a

informática que apresenta uma evolução técnica muito rápida, levando

em conta também a questão do barateamento do aparelho, cumprindo o

que pretendia Bill Gates: “um computador em cada casa”, talvez a maior

evolução que já ocorreu em toda a História.

DO ARTESANATO A INDÚSTRIA MODERNA

A indústria moderna, com uso de tecnologias altamente

sofisticadas, teve sua origem no artesanato, no qual o artesão sozinho era

o responsável por todas as etapas da produção e consequentemente era o

dono do produto pronto, do lucro advindo da venda. Com o passar do

tempo e o desenvolvimento do comércio aumentou a demanda e o

artesanato evoluiu para a manufatura que se caracterizava, segundo

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Marx (2001, p. 23) pelo trabalhador coletivo, ou seja, a composição de

vários trabalhadores parciais, surgindo diferentes operações para se

fabricar uma mesma mercadoria, este fato ficou conhecido com Divisão

Social do Trabalho, que marca o surgimento das fábricas. Ao longo dos

tempos, diferentes opiniões foram elaboradas para explicar essa nova

situação. No texto a seguir, Adam Smith (ver Box 1) propõem uma

análise positiva da divisão do trabalho. Para ele a especialização de

funções geraria aumento da produtividade e consequentemente

aumentaria o lucro.

Documento 2

Tomemos, pois, um exemplo, tirado de uma manufatura muito pequena,

mas na qual a divisão do trabalho tem sido muito notada: a fabricação de

alfinetes. Um operário não treinado para essa atividade (que a divisão do

trabalho) transformou numa indústria específica nem familiarizada com a

utilização das máquinas ali empregadas (sua invenção também se deveu à

mesma divisão do trabalho), dificilmente poderia talvez fabricar um único

alfinete em um dia, empenhando o máximo trabalho; de qualquer forma,

certamente não conseguirá fabricar vinte. Entretanto, da forma como

essa atividade é hoje executada, não somente o trabalho todo constitui

uma indústria específica, mas ele está dividido em uma série de setores,

dos quais, por sua vez, a maior parte também constitui provavelmente um

ofício especial. Um operário desenrola o arame, um outro o endireita, um

terceiro o corta, um quarto faz as pontas, um quinto o afia nas pontas

para a colocação da cabeça do alfinete; para fazerem à cabeça de um

alfinete requerem três ou quatro operações diferentes; montar a cabeça

já é uma atividade diferente, e alvejar os alfinetes é outra; a própria

embalagem dos alfinetes, também constitui uma atividade independente.

Assim a importante atividade de fabricar um alfinete está dividida em

aproximadamente 18 operações distintas, as quais, em algumas

manufaturas, são executadas por pessoas diferentes, ao passo que em

outras, o mesmo operário executa duas ou três delas, uma pequena

manufatura deste tipo, com apenas dez empregados e na qual alguns

desses executavam 2 ou 3 operações diferentes. Mas, embora não fossem

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muito hábeis, e, portanto não estivessem particularmente treinados para

o uso das máquinas, conseguiam, quando se esforçavam fabricar em torno

de 12 libras de alfinetes por dia. Ora, uma libra contém mais de 4 mil

alfinetes de tamanho médio. Por conseguinte, essas dez pessoas

conseguiam produzir entre elas mais de 48mil alfinetes por dia. Assim, já

que cada pessoa conseguia fazer 1/10 de 48 mil alfinetes por dia pode se

considerar que cada um produzia 4800 alfinetes diariamente. SE, porém,

tivessem trabalhado independentemente um do outro, e sem que nenhum

deles tivesse sido treinado para esse ramo de atividade, certamente cada

um deles não teria conseguido fabricar 20 alfinetes por dia e talvez nem

mesmo 1, ou seja: com certeza não conseguiria produzir a 240ª. Parte e

talvez nem mesmo a 4800ª daquilo que hoje são capazes de produzir, em

virtude de uma adequada divisão do trabalho e combinação de suas

diferentes operações. (SMITH, 1985 [1776], p. 41-42)

Adam Smith nasceu em 05 de Julho de 1723, no Reino Unido. Publicou

sua obra mais importante, A riqueza das nações em 1776. Foi um

importante pensador do século XVIII. Esperançoso, porém realista,

especulativo e, ao mesmo tempo, prático. Sempre respeitador do passado

clássico, mas dedicado com afinco à grande descoberta de sua época, o

progresso. Faleceu em 17 de Julho de 1790. Escreveu sobre as relações

de trabalho e a divisão de funções. Para ele o trabalho era a única fonte

de riqueza.

Já de outra forma, existem opiniões diferentes sobre a

divisão e especialização do trabalho, por exemplo: para Marglin, (2001, p.

47), a divisão do trabalho, na medida em que as qualificações pedidas são

difíceis de aprender, pode-se admitir que haja vantagens em dividir a

produção em especialidades separadas, mas a julgar pelo salário dos

diversos especialistas empregados na fabricação no caso dos alfinetes,

nenhum tinha qualificação especial que merecesse um salário superior.

Assim sendo estes eram muito baixos, se comparados aos lucros que os

antigos artesãos obtinham quando produziam sozinho uma mercadoria.

Porém hoje esta discussão encontra-se um pouco ultrapassada, uma vez

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que esse processo de divisão já se consolidou no dia a dia das fábricas.

Entretanto, outras reflexões se fazem necessárias em relação a este tema.

Contrapondo-se a Smith, Marglin escreve:

Do mesmo modo, a origem e o sucesso da fábrica não se explicam por uma superioridade tecnológica, mas pelo fato dela despojar o operário de qualquer controle e de dar ao capitalista o poder de prescrever a natureza do trabalho e a quantidade a produzir. A partir disso, o operário não é livre para decidir como e quanto quer trabalhar para produzir o que lhe é necessário; mas é preciso que ele escolha trabalhar nas condições do patrão ou não trabalhar, o que não lhe deixa nenhuma escolha. [...] Adam Smith afirmava que a divisão do trabalho apareceu por causa da sua superioridade tecnológica; segundo ele, a vantagem que havia em dividir o trabalho em tarefas sempre mais especializadas e parceladas era limitada somente pela dimensão do mercado. Para compreender os limites dessa explicação, devemos precisar o sentido de superioridade técnica e de termos que lhes são próximos como eficácia e ineficácia, idéias que estão no centro desse estudo. [...] Em seu livro: A riqueza das Nações ele apresenta três argumentos a favor da superioridade tecnológica de uma divisão do trabalho tão avançada quanto o permite a dimensão do mercado. Primeiro, há um crescimento da habilidade individual de cada operário; Segundo, a economia de tempo que se perde quando se passa de um tipo de trabalho para o outro; e o terceiro é a invenção de um grande número de máquinas, que facilitam e abreviam o trabalho e que permitem que um homem realize a tarefa de vários. [...] No progresso que a divisão do trabalho trás, a ocupação da maior parte daqueles que vivem do trabalho, ou seja, a massa do povo limita-se a um número mínimo de operações simples, quase sempre a uma ou duas. Ora, a inteligência da maioria dos homens forma-se necessariamente através de suas ocupações cotidianas.

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INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

Em plena era da informação não se pode negar o papel das

novas tecnologias de produção na indústria. Essas são cada vez mais

sofisticadas, substituindo o trabalho humano com grande velocidade,

alterando profundamente as forças produtivas e provocando diversos

impactos, seja nas relações empregatícias, de produção e com a natureza.

Assim o avanço tecnológico funciona como motor da economia mundial.

(LOYOLA, 1999, P. 7).

Nesta Unidade Temática refletiremos sobre a automação no

parque moveleiro de Arapongas e suas implicações no processo de

trabalho, levando em consideração a percepção do trabalhador, sujeito do

trabalho e dono do saber tácito e conhecedor do seu espaço, que é o chão

da fábrica.

Ao analisar o trabalho em uma marcenaria, (Documento 1 )

verificou-se que a produção ainda ocorre de forma artesanal, com número

reduzido de funcionários, pouca ou nenhuma divisão de trabalho e

automação. Ao passo que na indústria moveleira, as instalações são

amplamente automatizadas. Assim, o processo de inovação tecnológica

propiciou a transformação da marcenaria na indústria moveleira.

Este estudo tem como base os seguintes elementos de

análise: as novas tecnologias de produção, qualificação do trabalhador;

emprego e reorganização dos postos de trabalho; produtividade e

qualidade do trabalho.

Dessa forma, as transformações tecnológicas e suas

conseqüências no processo produtivo, nas organizações do trabalho, na

gestão e nas relações de competitividade das indústrias caracterizam o

chamado processo de globalização econômica, na qual o município de

Arapongas parece estar plenamente inserido. Estas questões são objetos

de estudo desde a origem das fábricas, tornando também para nós

fundamental conhecer este processo.

Reportamos a Adam Smith que com entusiasmo e de forma

minuciosa descreveu os impactos dessa nova forma de produção de

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alfinetes, conforme o documento 2 nos apresentou. Com esse texto

ressaltou-se a importância da divisão do trabalho para o aumento da

produtividade e consequentemente do lucro.

Também Taylor citou as vantagens de incorporar os estudos

de Smith sobre tempos e movimentos – taylorismo4. Mais adiante o

toyotismo5 adota a produção flexível como paradigma da indústria

moderna. Assim, entre Adam Smith e o toyotismo novas tecnologias de

gestão do trabalho e automação revolucionaram os meios de produção:

tear mecânico, máquina a vapor, eletricidade, motor a explosão, e outro

equipamento mecânicos foram incorporados.

Porém, nos últimos anos, as inovações tecnológicas

ocorreram num ritmo tão veloz e intenso que essas técnicas citadas

parecem fazer parte de um passado remoto. Entretanto, não resta dúvida

que estas novas tecnologias: a microeletrônica, os computadores, as

redes de informação e as telecomunicações revolucionaram a vida de uma

grande parcela da população mundial, apesar de uma outra parte

permanecer ainda excluída dessas novas condições. Vivemos uma

situação ambígua, onde de um lado temos o grande avanço tecnológico e

do outro o desemprego, a miséria, a exclusão. E apesar de não se poder

interromper o desenvolvimento tecnológico é preciso considerar os seus

efeitos. (LOYOLA, 1999, P. 11).

De acordo com o Plano das Nações Unidas para o

Desenvolvimento (PNUD), a partir de uma análise de diversos

indicadores, constata-se que apesar de todo avanço, a situação de

pobreza no mundo é alarmante. As estatísticas mostram que dez por

cento dos mais ricos detém mais de cinqüenta por cento da riqueza,

enquanto os dez por cento mais pobres ficam com menos de dez por

cento dessa riqueza. Esses últimos somam 1,9 bilhões de pessoas

vivendo, sobretudo, nos países subdesenvolvidos do hemisfério sul.

4 Organização científica do trabalho que tem sua essência na separação entre a concepção e a execução, ou seja, a separação entre o cérebro que pensa e a mão que executa.5 Organização científica do trabalho vigente no século XXI, em que ocorre a flexibilização das relações trabalhistas, utiliza-se mão de obra terceirizada, exige-se um trabalhador mais versátil e mais qualificado capaz de operar maquinários mais automatizados.

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Pesquisas sobre o impacto da incorporação de novas

tecnologias de base microeletrônica no processo produtivo apresentam

esses contrastes. Segundo Loyola, (1991, p. 1) o grande desafio dos

países do Terceiro Mundo, (ver Box 2), neste final de século é saber

incorporar tecnologias concomitante à superação dos problemas sociais

que afligem essas sociedades, tais como: extrema miséria de grandes

contingentes da população, os elevados índices de mortalidade infantil, a

subnutrição, o analfabetismo e o desemprego.

No Brasil, verifica-se a busca de alternativas que visem

proporcionar as mudanças necessárias para alterar essa situação. A

superação desses inúmeros problemas passa pela definição do projeto de

país que se quer construir.

Assim a necessidade de conciliar o crescimento econômico

com a justiça social impõem-se o conhecimento dos impactos sociais das

novas tecnologias para o trabalho e para os trabalhadores no contexto da

realidade social brasileira e araponguense, tendo por objetivo identificar

qual o modelo de desenvolvimento tecnológico mais adequado a uma

modernização que não traga prejuízos aos trabalhadores e nem contribua

para a intensificação dos problemas vivenciados pela população

brasileira. (LOYOLA, 1999, p. 1).

BOX 2

Expressão usada para designar os países pobres e subdesenvolvidos do

Mundo. Sua origem data dos tempos da Guerra Fria, onde alguns países

pobres reuniram-se em Bandung e decidiram por uma política de não

alinhamento nem ao bloco capitalista, nem ao bloco socialista, formando

assim uma terceira força.

Interessante também destacar aqui a entrevista com a Sra.

Henriqueta Petereit, esposa do Sr. Henrique Petereit – proprietário da

primeira fábrica de móveis de Arapongas.

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DOCUMENTO 3

ENTREVISTA COM A Sra. HENRIQUETA PETEREIT

Com 92 anos, residente na Rua Abelheiro, desde 1953, em casa

ainda construída pelo esposo, Dona Henriqueta contou um pouco da sua

História.

Em 1937, o Sr. Henrique adquiriu da Companhia de Terras Norte do

Paraná um terreno em lugar privilegiado, na Avenida Arapongas esquina

com a Rua Condor (ainda hoje propriedade da família) Hoje: Karisma

(Condor) confecções, Farmácia Imaculada Conceição (esquina), Tim, Di

Mazo e Charmy perfumaria (Av.). Neste local construiu uma boa casa de

madeira e ao lado um puxado onde funcionava a sua marcenaria, que

seria a primeira fábrica de móveis de Arapongas, que chegou a ter 26

funcionários. O Sr. Henrique a princípio trabalhava na serraria ao lado do

Sr. Otto Backman e aos domingos e feriado produzia com a ajuda da

esposa, filhos e alguns (3 a 4) funcionários mala para enxoval de noiva,

guarda comidas, mesa, cadeira, escrivaninha, guarda roupa, carroça e até

caixão para defunto (que era feito sob encomenda), que ela ajudava

forrando com pano preto. A madeira utilizada era imbuia, extraída na

região. Ainda não existia energia elétrica e a força motriz era a diesel que

movia 8 rodas para tocar a correia – segundo Ives, seu filho caçula que

ajudava o pai na fábrica. Ele conta também que aos 8 anos de idade

vendia os vestidos costurados pela mãe na zona de meretrício que se

localizava hoje a duas quadras da av. principal. D. Henriqueta costurava

também vestidos de noiva. Chegou a vestir 7 noivas por final de semana,

só não gostava de arrumar o cabelo das noivas. Nunca perdeu dinheiro

todos pagavam direitinho, até mesmo as prostitutas que compravam os

vestidos vermelhos que ela costurava. No caso dos vestidos de noiva,

recebia a metade e o restante o pai pagava quando ia pegar o vestido.

O Sr. Henrique ficou neste ramo até meados de 1954, onde passou a

investir na construção de imóveis para alugar, do qual sobreviveu até seu

falecimento em 1992, com 94 anos de vida e 57 anos residindo em

Arapongas.

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Após a leitura deste texto conhecemos um pouco da história de

Arapongas. Nossa próxima atividade será visitar uma indústria moveleira

para conhecer as mudanças tecnológicas que proporcionaram a formação

do parque moveleiro.

ATIVIDADES

1. Como os trabalhadores passaram a se relacionar com a introdução

das máquinas e novas formas de trabalho? Quais as conseqüências

desse processo?

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2. Você já parou para pensar quantas famílias vivem hoje em Arapongas

do trabalho nas indústrias? Qual o significado da indústria moveleira

para a população araponguense?

3. Sobre a Revolução Industrial pesquise e complete o quadro a seguir:

FASES PERÍODO

APROXIMADO

POTÊNCIA

HEGEMÔNICA

TIPO DE

INDÚSTRIA

FONTE DE

ENERGIA

FASE

FASE

FASE

Considere o texto a seguir para responder as questões 4 e 5:

“A etapa final foi a maquinofatura. Surgiram as fábricas. Desapareceu

o trabalho em casa contratado por um fabricante. Os trabalhadores

foram concentrados em grandes prédios e passaram a trabalhar com

máquinas. Já nada lhes pertencia, nem mesmo as ferramentas de

trabalho.” (ARRUDA e PILLETI, p 239).

4. Retire do texto três elementos que são características da

maquinofatura ou da indústria moderna.

5. O que diferencia a indústria moderna do artesanato?

6. Adam Smith apresenta uma visão positiva da divisão do Trabalho e

Stephem Marglin faz uma crítica. Escreva uma síntese das idéias

apresentadas mostrando também a sua opinião em relação a esta

questão.

PROCEDIMENTOS PRÁTICOS (Roteiro com os

alunos)

1º Passo: Estudo do texto com os alunos

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2º Passo: Desenvolvimento das atividades propostas.

3º Passo: Pesquisa – Estudo de técnicas para produção de

documentários.

4º Passo: Visita a uma indústria moveleira.

5º Passo: Produção do documentário sobre a história do parque

moveleiro de Arapongas

6º Passo: Apresentação do documentário para a comunidade escolar.

7º Passo: Avaliação: questionário de auto-avaliação – qualidade e

conteúdo do documentário.

8º Passo: Possíveis conclusões e resultados. Relatório da participação

e envolvimento na produção do documentário.

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CRONOGRAMA

3º Período - 1º Semestre de 2009

ATIVIDADE FEVEREIR

O

MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO

Implementação do

Projeto na EscolaX

Apresentaçã

o do Projeto

na Escola

XApresentaç

ão do

Projeto

para os

alunos

XEstudos de

textos de

aprofunda

mento

teórico

XPesquisa

de campo e

produção

de

documentá

rios

XFinalização

do Projeto

com

aprest. dos

result. Para

com.

escolar

XAvaliação e

possíveis

conclusões

e

resultados

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando as atuais Diretrizes Curriculares do Estado

do Paraná temos uma metodologia de História que parte da visão local

para a compreensão do global. É a Micro História, baseada nas idéias do

italiano Carlo Gisanburg, que, em síntese propõe o estudo de uma cultura

a partir da outra.

Uma frase atribuída a Marc Bloch pode ilustrar bem esta

questão. “Se você quiser fazer história universal, faça a história do lugar

onde vive”. Para os franceses, qualquer assunto da história deles é

universal. O historiador é uma pessoa do seu tempo e os seus interesses

de pesquisa são aqueles do momento vivido. (CARVALHO, 2007, p. 98).

A Micro História tem sido, objeto de debates constantes

entre historiadores, e apresenta-se como um desafio do ponto de vista

teórico, pois envolve concepções de história regional, local e do cotidiano.

Segundo Giovani Levi: a Micro História como uma prática é

essencialmente baseada na redução da escala da observação, em uma

análise microscópica e em um estudo intensivo do material documental.

(LEVI, 1992, p.136).

Este tipo de proposta histórica passou a ser valorizada em

virtude da possibilidade de fornecimento de explicações na configuração,

transformação e representação social do espaço, uma vez que a

historiografia ressalta as semelhanças, diferenças e multiplicidade com a

chamada História Universal ou global.

Partindo da dimensão do estudo do singular, permite um

aprofundamento do conhecimento ao estabelecer relações entre as

situações históricas diversas. Outra questão comum em propostas

curriculares é introduzir a micro-história, associando cotidiano e história

dos alunos possibilitando contextualizar essa vivência à vida em

sociedade e articular a história individual a história coletiva.

Assim, tornou-se objetivo desta produção didática fornecer

reflexões que possam contribuir para a compreensão do processo

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histórico chamado de globalização, a partir do estudo das transformações

tecnológicas da atividade de marcenaria em Arapongas.

Segundo (PAIM & PICOLLI, 1995, P.111), a escola deixou de

ser apenas “um aparelho ideológico do Estado” e assumiu o papel de

produtora dos saberes. Professores e alunos assumiram o trabalho

pedagógico como reflexão. Isso gerou a necessidade de revisão dos

currículos escolares para que seu significado político e social atendesse

as necessidades do cidadão.

Partindo dessas discussões conclui-se que o trabalho

voltado para a produção do conhecimento histórico, para a crítica e o

debate, tornou-se um desafio para professores e alunos, colocando-os

como sujeitos do processo de ensino e aprendizagem.

Nos estudos de aprofundamento teórico foi também de

fundamental importância das idéias do pensador alemão Jörn Rüsen, cuja

proposta para o ensino de História é a partir da perspectiva da

consciência histórica.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais (DCE,

2008, p. 16), entende-se que a consciência histórica seja uma condição da

existência dos seres humanos e as experiências históricas dos sujeitos se

expressam em suas consciências.

Para Rüsen, (DCE, 2008, p. 16) A aprendizagem histórica é

uma das dimensões e manifestações da consciência histórica. Está

articulada ao modo como as experiências do passado é vivenciada e

interpretada de modo a fornecer uma compreensão do presente e a

construir projetos de futuro.

Concluindo, espera-se que esse instrumento pedagógico

possa servir de suporte a professores e alunos para que possam

empreender reflexões na busca da consciência histórica, condição

essencial da existência humana.

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PAIM, Edson A. & PICOLLI, Vanessa, Ensinar História Regional e Local

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PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares

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RÜSEN, Jörn. História Viva: teoria da História III: formas e funções

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SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro:

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SOUZA, Naice Vasconcelos de. Plantando Chaminés: Projeto

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Arapongas: Aleluia, 1998.

_______. Exortação a Arapongas: projeto de resgate da memória

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Volume 1. Arapongas: Aleluia, 2002.

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http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?i

d01=818&lay=pde. Acesso em 03/12/2008, as 08h28minh.