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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · exemplo; por meio da manipulação de genes, qualquer organismo vivo pode ser alterado e transformado em uma arma de grande poder destrutivo

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

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TRANSGÊNICOS: problema ou solução?

Autor: Antônio Néia1

Orientador: Bruno Ambrozio Galindo2

Resumo

Os Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), popularmente conhecidos como transgênicos, têm recebido muita divulgação da mídia escrita, falada e televisiva; isto, no entanto, não funciona como fator elucidativo, pois ainda há muitas dúvidas por parte do leitor/receptor – afinal cada facção (pró ou contra transgênicos) só exalta o que lhe interessa: ou suas qualidades ou seus defeitos. Através deste projeto, procurou-se esclarecer, com aulas expositivas e atividades realizadas com os alunos matriculados no curso coletivo de Biologia do Ensino Médio, alguns pontos relativos à Engenharia Genética, novo ramo da Biologia constituído pelas novas ferramentas biotecnológicas utilizadas atualmente, ramo este que permite a manipulação de genes, a alteração da constituição genética de qualquer organismo. Para aguçamento e melhor entendimento deste tema, foi produzido um Folhas sob o título Os transgênicos serão ferramentas fundamentais para a evolução científica neste novo milênio? Com este Folhas, procurou-se evidenciar os novos métodos de transgenia, seus benefícios e os possíveis prejuízos que podem causar à saúde humana e ao meio ambiente – além do poder de se transformarem em armas biológicas com a utilização de bactérias e vírus no caso de uma guerra, por exemplo; por meio da manipulação de genes, qualquer organismo vivo pode ser alterado e transformado em uma arma de grande poder destrutivo para pessoas comuns como nós. Para a dissolução das dúvidas restantes, foram feitos trabalhos em grupo, debates sobre manipulação genética e apresentações de vídeos que se mostravam a favor ou contra essa nova forma de ser vivo; estas atividades motivaram muito as aulas e a curiosidade dos alunos. Ao final, pôde-se concluir que tudo o que foi feito e produzido auxiliou os alunos em um melhor aprendizado a respeito do tema, não havendo mais tantas visões distorcidas sobre o assunto.

Palavras-chave: biotecnologias; genes; OGMs; transgênicos.

1 Pós-graduação em Instrumentalização para o Ensino de Ciências, licenciatura em Ciências Biológicas; professor do CEEBJA – Professora Geni Sampaio Lemos / Jacarezinho (PR). 2 Mestre em Genética e Biologia Molecular (Conceito CAPES 5), graduação em Ciências Biológicas; UENP, professor do Colegiado de Biologia.

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1 Introdução

A escola na qual foi desenvolvido este projeto é uma escola de modalidade

EJA (Ensino de Jovens e Adultos), sendo de trabalhadores a maioria dos alunos;

apesar de muitos pertencerem ao meio rural, grande parte dos discentes não

possuía muito conhecimento sobre esse tema, existindo muitas dúvidas e

questionamentos a respeito. Por esse motivo foi escolhido este assunto. Nova

ciência da Biologia, a Engenharia Genética avança mais a cada dia, tendo a

capacidade de transformar a biodiversidade devido à atual e moderna biotecnologia,

que facilita a manipulação dos genes em laboratório, produzindo, assim, seres

geneticamente modificados.

Como o tema da transgenia é relativamente novo, poucas coisas existem nos

livros didáticos – apesar de praticamente todos os dias a mídia divulgar algo sobre

os novos seres geneticamente modificados, sejam eles animal ou vegetal. No Brasil,

atualmente, apenas está liberado o plantio de soja, milho e algodão transgênicos.

Os alunos, de um modo geral, se interessaram muito pelo tema, afinal, por

vários já trabalharem na agricultura, isto, de certa forma, já fazia parte do cotidiano

deles; este, inclusive, foi um fator motivador das aulas, causadoras de discussões e

questionamentos sobre como são produzidos esses seres e também sobre suas

vantagens e desvantagens para nós, seres humanos, e para o meio ambiente em

geral. Finalmente os discentes puderam ter uma opinião própria mais qualificada

sobre os OGMs; muitos dos que eram contra, por exemplo, mudaram de posição e

apoiaram a causa.

2 Metodologia

Público-alvo e local de estudo: alunos matriculados no curso de Biologia do

ensino médio do CEEBJA (Centro de Educação Estadual Básica de Jovens e

Adultos) – Professora Geni Sampaio Lemos de Jacarezinho. Turma de coletivo

noturno, com um total de 20 alunos.

O trabalho foi desenvolvido em 4 partes:

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• Pesquisa pré-intervenção sobre os conceitos dos transgênicos; foi

diagnosticado o nível dos alunos a respeito deste tema através de um

questionário de múltipla escolha;

• Projeto Folhas elaborado especialmente para que estes compreendessem

os conceitos básicos e pudessem ter uma noção e julgarem por si só se

deveriam ou não aceitar os OGMs; este texto funcionou como apoio de

material didático para os alunos;

• Projeto Vídeos , no qual foi apresentado material multimídia; este serviu como

um reforço audiovisual que pôde esclarecer algumas dúvidas que ainda

restavam;

• Pesquisa de pós-intervenção elaborada através de um questionário com

perguntas dissertativas sobre o tema; visava à verificação de conceitos,

opiniões e posicionamentos.

3 Histórico

3.1 Melhoramento genético

Como presente em Fátima Cardoso (2007, p. 13), a agricultura se iniciou há

11 mil anos; a partir do momento em que se começou a cultivar plantas selvagens,

começou também o melhoramento genético. Para a obtenção de melhores

resultados, foi se selecionando as sementes de maior produtividade, as de melhor

sabor, as que mais se adaptavam a determinados locais em que se desejava plantá-

las e também as que possuíam menos características indesejáveis. Na

agropecuária, o inicio do melhoramento genético se deu quando o homem começou

a domesticar os animais selvagens, selecionando-os através de cruzamentos entre

raças diferentes para suas necessidades do momento, podendo, assim, obter

animais de maior porte, mais fortes e que produzissem mais leite ou gordura.

Também os microrganismos são usados há milhares de anos, tais como as

leveduras, responsáveis pela fermentação, preservação e formação de sabor de

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bebidas e alimentos do cotidiano, tendo iogurtes, queijos, embutidos, picles, pães,

massas, cervejas, vinhos, sucos e aspartames como exemplo.

Ainda segundo Cardoso (2007), apesar de Gregor Mendel ter ido um pouco

além ao descobrir, em 1865, as leis da hereditariedade através do cruzamento de

ervilhas e ao ter dado, assim, início à ciência da Genética, o grande avanço nos

melhoramentos genéticos se deu no início do século XX, com a revolução industrial.

A tendência foi o aumento da produtividade e da qualidade das plantas, isto obtido

através da seleção e mistura de genes de organismos vivos na busca por melhores

resultados; surgiram assim novas variedades, resistentes à seca e às pragas, e

novas técnicas, o que permitiu o cultivo em laboratório das plantas híbridas. O

mesmo aconteceu com os animais, havendo, então, uma maior produção de leite e

carne por parte de vacas e cabras e uma diminuição no teor de gordura da carne

suína devido à mudança de hábito dos porcos; estes também passaram a produzir

mais carne.

3.2 Os transgênicos

[...] em 1953 [...] dois cientistas, o britânico Francis Crick (1916-2004) e o americano James Watson (1928-), descobriram a estrutura de dupla hélice do DNA. Dez anos mais tarde, Crick e o também britânico Sidney Brenner (1927-) desvendaram a estrutura de transmissão de informações pelo código genético, ou seja, o processo pelo qual um gene ordena a produção de determinadas proteínas, a chave para o funcionamento de qualquer organismo. (CARDOSO, 2007, p. 15)

Em 1973, Cohen e Boyer conseguiram inserir o gene de um sapo em uma

bactéria, formando um OGM – o DNA de todos os seres vivos é composto das

mesmas substâncias, sendo possível, então, alguém conseguir cortar um pedaço de

um e encaixar este em outro. Segundo Cardoso (2007, p. 15-6), este foi o inicio da

Engenharia Genética, a ciência que manipula os genes.

Foi a partir da década de 1990 que os alimentos transgênicos foram

introduzidos no mercado; a explosão biotecnológica agrícola ocorreu em 1994, com

a soja transgênica resistente ao glifosato – um herbicida amplamente utilizado para

o controle de ervas daninha e outras plantas que se localizam no meio das

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plantações, não poupando qualquer que seja o vegetal atingido. Alexandre Greco

(2009, p. 55) ressalta que, no Brasil, a Comissão Técnica Nacional de

Biossegurança (CNTBio) só foi conceder licença à Monsanto para a comercialização

da soja geneticamente modificada Roundup Ready® – tipo de soja resistente ao

Roundup®, uma marca de glifosato da própria Monsanto – em 1998.

Na natureza, a transferência de material genético só acontece de pai para filho, o que é chamado de transferência vertical. A horizontal, de um organismo para outro, é raríssima, e costuma acontecer apenas entre microrganismos. (CARDOSO, 2007, p. 16)

Segundo Tutida e Fogaça (2007), atualmente existem quatro métodos de

como introduzir o transgene ao núcleo da célula, local onde se encontra o material

genético, sem lesioná-lo; essas plantas se desenvolverão e suas novas células

possuirão o transgene implantado, podendo transmitir à sua descendência.

Cardoso (2007, p. 16) cita que um destes métodos utiliza um organismo que

consegue fazer a transferência horizontal de genes: a Agrobacterium tumefaciens,

utilizadas pelos cientistas para a criação de OGMs. É inserido um gene da

característica desejada no genoma da agrobactéria; esta, por sua vez, é colocada

junto à célula da planta para a qual quer se transferir o novo gene, injetando no

vegetal seu genoma modificado.

Tutida e Fogaça (2007) também destacam os outros métodos para a

produção de seres transgênicos: há o bombardeamento com micropartículas

revestidas de DNA, no qual este é revestido com microesferas de tungstênio ou ouro

e transferido para dentro do tecido da planta; a transferência por eletroporação, que

consiste na introdução de DNA em células expostas a um campo elétrico; e a

microinjeção de DNA, realizada através de uma micropipeta (pipeta microcapilar).

Gilcean Alves (s/d, p. 6) afirma que os vegetais transgênicos podem ser

classificados em três gerações: na 1ª geração, estão reunidas plantas

geneticamente modificadas com características agronômicas resistentes a

herbicidas, pestes e vírus; na 2ª geração, estão incluídas plantas cujas

características nutricionais foram melhoradas tanto quantitativamente como

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qualitativamente; já 3ª geração é representada por um grupo de plantas destinadas à

síntese de produtos especiais, tais como vacinas, hormônios, anticorpos e plásticos.

4 E a polêmica continua...

A explosão da Biotecnologia agrícola na década de 1990 teve, como

conseqüência, o lançamento de alimentos transgênicos no mercado e o fomento da

discussão em torno destes produtos, discussão essa que envolve questões muito

complexas, como saúde, economia, segurança alimentar e biodiversidade, entre

outras.

Houve muitas campanhas contra essa nova modalidade de alimentos,

lideradas principalmente por organizações não-governamentais (ONGs), como o

Greenpeace e, no caso brasileiro, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do

Consumidor) e o Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), além

de parte da sociedade civil – por meio de institutos de defesa do consumidor, grupos

ecológicos, conselhos de medicina e outras instituições, como, por exemplo, a

Igreja. Estes grupos vêem nestes produtos vários tipos de ameaças, opondo-se

obstinadamente à sua veiculação no mercado.

O Greenpeace Brasil (2009) destacou em seu site muitas razões pelas quais

se deve vetar a produção dos transgênicos, tais como:

• A contaminação genética pode ter um efeito de destruição na biodiversidade

do planeta. Esse fator pode ser causado através do fluxo de genes de plantas

OGMs por meio da polinização. Liberando OGMs na natureza, corre-se o

risco de se modificar sementes nativas;

• Os agricultores que cultivam plantas convencionais ou orgânicas afirmam

que, caso haja plantação transgênicas nas imediações, estas serão

contaminadas. Com esse contágio, os produtores ficarão no prejuízo, afinal

não poderão vender sua safra como convencional ou orgânica;

• O produtor também fica dependente das empresas de biotecnologia, não

podendo guardar suas sementes de um ano para o outro; e, caso haja algum

problema de contaminação genética em outra plantação e ele não tiver como

provar, poderá ser processado;

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• As empresas de biotecnologia admitem que os OGMs não foram criados para

serem mais produtivos, mas sim para serem mais resistentes aos agrotóxicos

fabricados por elas mesmas. Assim, com essa venda casada – semente

transgênica mais herbicida ao qual a planta é resistente –, os agricultores

ficam totalmente dependente dessas empresas e de política de preços

adotada por elas;

• Com o passar do tempo, o uso excessivo de herbicida causa problema ao

solo, nos lençóis freáticos e até nos trabalhadores, além de haver o

aparecimento de pragas resistentes ao herbicida, o que exige mais aplicações

deste;

• Num primeiro momento, os transgênicos podem até ser mais produtivos do

que os cultivos tradicionais ou orgânicos, porém, a médio e longo prazo, há

uma tendência de redução na produção e de aumento dos preços de

insumos, como o glifosato;

• A lei de rotulagem em vigor desde 2004, que obriga os fabricantes de

alimentos a rotular as embalagens de todo o produto que contenham 1% ou

mais de matéria prima transgênica, não está sendo obedecida pelas

indústrias, tanto que há milhares desses nas prateleiras dos supermercados

que chegam à mesa dos consumidores sem a devida informação. Podem ser

citados como exemplos produtos como leite em pó Nestogeno, sopa Knorr,

salsicha Swift, batatas fritas Pringles, sopa de tomate, milho, sorvetes,

chocolates, molhos, cobertura para bolos e sobremesas, pipocas, alimentos

para bebês, biscoitos, ketchup, massas, entre outros;

• A ameaça à saúde humana também é um problema; com o aumento do

potencial de alergia e de toxidade e a transferência de genes de antibióticos

para o sistema digestório do homem, cria-se uma resistência das bactérias

contra estes medicamentos.

O caderno 2 de Biologia do Ensino Médio do CEEBJA (2003) também

destaca que, com a técnica do DNA recombinante, a Engenharia Genética cria

armas biológicas poderosas, em especial na utilização de bactérias, o que aumenta

assustadoramente a capacidade de produzir catástrofes. Podem ser usadas armas

biológicas para a destruição de vegetais cultivados e gado criado quando se trata,

por exemplo, da destruição da economia de um país. Também se pode criar armas

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visando a sua utilização para fins militares. Dengue, butolismo, antraz e peste são

transformadas em armas contra populações inteiras nas mãos do terrorismo,

utilizando-se vírus e bactérias resistentes a qualquer tipo de antibiótico.

Um bom exemplo de que nem todos os transgênicos são inócuos à saúde foi a produção, na década de 1980, de alimentos e suplementos para o mercado norte-americano com derivados de uma bactéria geneticamente modificada que produzia um aminoácido diferente, o L-triptofano, responsável pela morte de 37 pessoas e pela invalidez de outras 1500 com a chamada síndrome de Eosinofilia-Mialgia. O problema é que os efeitos nocivos dessa transgenia foram detectados somente após o consumo do suplemento, quando o dano já havia ocorrido. Muito provavelmente, a população consumiu tais produtos sem nenhum conhecimento do perigo que poderiam representar. (VANZELA e SOUZA, 2009, p. 102)

Em contrapartida, as empresas que produzem OGMs argumentam em cima

das vantagens da utilização aos produtos por elas desenvolvidos. Parte da

comunidade científica alega que os transgênicos podem mudar radicalmente para a

melhor o cenário da agricultura mundial. Professores e pesquisadores de diversas

entidades destacam a necessidade de maior apoio governamental às pesquisas

biotecnológicas para que o Brasil não fique à margem dos avanços tecnológicos.

Essas entidades citam a importância destes seres OGMs para a biodiversidade, a

Medicina, entre outros.

• Com o avanço da manipulação do DNA recombinante, a Engenharia

Genética, com suas pesquisas na área médica sobre drogas, poderá, num

futuro bem próximo, melhorar a tendência de rejeição de órgãos

transplantados; ainda especula-se sobre transplantes entre espécie

diferentes; (AZEVEDO, s/d)

• Possível obtenção de órgãos de animais transgênicos para transplantes em

seres humanos, tendo como exemplo o coração de suínos; (AZEVEDO, s/d)

• Animais mais resistentes a doenças, reduzindo os custos com drogas e a

intoxicação delas decorrente; (AZEVEDO, s/d)

• Obtenção de animais com crescimento mais rápido – aqui, há, como exemplo,

os peixes dourado e tilápia transgênicos, que crescem quatro vezes mais que

a espécie convencional – e com menor teor de gordura no leite e nos ovos;

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• A insulina que o diabético necessita tomar diariamente para controlar seu

nível de açúcar no sangue, tempos atrás, era extraída do pâncreas de bois e

porcos, no qual se obtinha um hormônio semelhante, mas não igual, ao

produzido pelo pâncreas humano. Atualmente, a insulina é fabricada por

bactérias transgênicas que receberam gene humano, produzindo um

hormônio igual ao humano e que não provoca rejeição. Com esse processo,

além da fabricação em escala comercial, não é necessário que se abata um

grande número de bois e porcos. Outro fator de benefício é a redução do

preço do remédio. O mesmo ocorre com a produção do hormônio do

crescimento, antigamente extraído da hipófise dos cadáveres e hoje obtido

através da técnica do DNA recombinante, tal qual a insulina; (CARDOSO,

2007, p. 22)

• As bactérias também produzem outros medicamentos, tais como: fator de

coagulação para hemofílicos, interferon humano e vacinas e proteínas usadas

em suplemento alimentares, como o triptofano e a lisina. Já são mais de

quatrocentos produtos médicos obtidos a partir de microrganismos

transgênicos; (CARDOSO, 2007, p. 22-3)

• As plantas geneticamente modificadas recebem características que seus

ancestrais não tinham, o que as torna mais resistentes ao ataque de insetos e

doenças, reduzindo-se a utilização de agrotóxicos e defensivos. Esta redução

traz ganho, pois os agrotóxicos representam grande parcela dos danos

causados ao meio ambiente; (VANZELA e SOUZA, 2009, p. 104)

• As plantas transgênicas inseticidas e OGMs sintetizados em laboratórios são

criados para produzir proteínas tóxicas em suas estruturas, como folhas,

troncos e raízes; (CARDOSO, 2007, p. 26)

• As plantas OGMs se adaptam às mais variadas característica de solo e

variação de temperatura (ALVES, s/d, p. 7);

• A transgenia torna possível a produção de alimentos que demorem mais para

amadurecer, como frutas e hortaliças, reduzindo perdas; (CARDOSO, 2007,

p. 27)

• Plantas transgênicas funcionam como biorreatores para a produção de

fármacos protéicos – anticorpos, antígenos, vacinas, hormônios, soros,

albumina humana, anticoagulantes e enzimas. (CARDOSO, 2007, p. 27)

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A primeira geração de plantas transgênicas é justamente essa que está no mercado mundial há cerca de dez anos. As principais características dessas pioneiras são a tolerância a herbicida (ou seja,com o uso do produto químico, a erva daninha que se espalha pelo campo morre, mas a cultura principal continua lá, firme) e a resistência a insetos. (CARDOSO, 2007, p. 26)

Recentemente, entrou-se na era da comercialização de animais transgênicos.

Como cita o blog Produtos Transgénicos (2009), o salmão, a truta, a carpa e outros

peixes transgênicos são alguns produtos derivados da aqüicultura. Nestes, tal como

o gado da pecuária, são introduzidos novos genes para que possam ficar mais

resistentes a doenças e aumentar a produção de hormonas; deste modo, os peixes

têm um melhor desenvolvimento: são maiores, com elevada massa corporal, tendo

vantagens para os produtores na sua comercialização. Um salmão transgênico pode

ser colocado no mercado em 14 meses ao invés de 3 anos; Por outro lado, tal como

na pecuária, ele pode ter conseqüência direta no nosso organismo, uma vez que

provoca uma desregulação hormonal.

Sobre este “setor” da transgenia – os animais transgênicos –, ainda são

necessárias várias pesquisas sobre seu desenvolvimento, potenciais riscos para a

natureza, para seus consumidores e principalmente para os próprios animais, pois,

uma vez submetidos a níveis hormonais acima da média, podemos esperar reações

diferentes de seu organismo.

5 Ácidos nucléicos

Como presente em Favaretto e Mercadante (2005, p. 91-2), há dois tipos de

ácidos nucléicos: o DNA (ácido desoxirribonucléico) e o RNA (ácido ribonucléico);

são substâncias que armazenam informações genéticas em todos os seres vivos.

Os ácidos nucléicos são constituídos por pequenas unidades chamadas

nucleotídeos, que formam uma longa camada de polinucleotídeos. Cada nucleotídeo

é formado pela união de três moléculas: ácido fosfórico (P), pentose (açúcar com 5

carbonos) e uma base nitrogenada (adenina, citosina, guanina, timina e uracila).

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O DNA é formado por unidades básicas chamadas de nucleotídeos; estes,

por sua vez, são formados por uma molécula de açúcar, uma pentose, uma base

nitrogenada e um radical fosfato. Os nucleotídeos ligam-se através de ligações

covalentes – chamadas fosfodiéster – através dos carbonos 3 e 5 de dois

nucleotídeos adjacentes.

Figura 1 – O modelo de replicação do DNA proposto por Watson e Crick, baseado na especificidade das pontes de hidrogênio dos pares de bases

Fonte: GRIFFITHS, MILLER, SUZUKI, LEWONTIN e GELBART, 1998, p. 302

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Cada molécula de DNA é formada por dois filamentos complementares, ou

seja, que possuem uma seqüência de bases nitrogenadas que se pareiam através

de pontes de hidrogênio obedecendo às leis de pareamento de bases, onde uma

adenina pareia com timina e uma citosina pareia com guanina. Os filamentos que

compõe a molécula de DNA são antiparalelos, possuindo orientações opostas ou,

ainda, polaridades opostas; assim, em uma extremidade da molécula, encontram-se

uma ponta 5’ de um dos filamentos e uma ponta 3’ do outro.

Figura 2 – A estrutura helicoidal do DNA Fonte: GRIFFITHS, MILLER, SUZUKI, LEWONTIN e GELBART, 1998, p. 298

A molécula de DNA, tridimensionalmente, possui um “esqueleto” de açúcar e

fosfato em seu lado externo como se fossem os corrimãos de uma escada em

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espiral; na parte interna, como se fossem os degraus desta escada, estão as bases

nitrogenadas de ambos os filamentos, pareadas através das pontes de hidrogênio.

Figura 3 – A dupla hélice do DNA em forma plana para mostrar os filamentos com a seqüência ose-fosfato e os degraus de pares de bases; as medidas são dadas em ângstrons (1 Ǻ = 0,1 nm)

Fonte: GRIFFITHS, MILLER, SUZUKI, LEWONTIN e GELBART, 1998, p. 298

A replicação da molécula do DNA é semiconservativa – cada molécula-filha

conserva uma metade vinda da molécula-mãe.

O DNA forma longas moléculas chamadas cromossomos dentro do núcleo

das células. Como exemplifica Menossi (s/d), o DNA é chamado de “livro da vida”,

pois contém todas as informações utilizadas pelas células para funcionamento

próprio. A primeira impressão ao ler o “livro da vida” é de absoluta desinformação,

pois o que existe é apenas uma sopa das letras A, T, C e G. No entanto, cada letra

contém uma informação. Se o código genético é como o livro da vida, cada gene

seria uma página, tal qual um livro de receitas: a primeira parte da página do gene

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contém a informação de quando, onde e quando usar a receita; a segunda parte é a

receita em si; o último módulo é um aviso, informando que a receita acaba ali.

Os genes são regulados: apesar de todas as células possuírem os mesmos

genes, nem todos são expressos em cada célula – os genes expressos em uma

célula muscular não são necessariamente expressos em uma célula óssea ou em

um neurônio.

A seqüência de pares de bases que formam o DNA, denominada genoma, é

como se fosse a impressão digital do ser vivo, sendo responsável pela transmissão

das características hereditárias.

Como o DNA é recombinante, a Engenharia Genética tem uma arma muito

poderosa, pois, através do DNA, pode-se clonar animais, fazer testes de

paternidade, obter alimentos transgênicos, desenvolver novos medicamentos,

identificar células cancerígenas. É por isso que ele é denominado de “código da

vida”.

DNA RNA Pentose Desoxirribose Ribose

Bases pirimídicas Citosina e timina Citosina e uracila Bases purínicas Adenina e guanina Adenina e guanina

Molécula Duas (dupla hélice) Uma (simples) Localização Principalmente no núcleo Núcleo e citoplasma

Função Hereditariedade e controle da

atividade celular De um modo geral envolvidos

com a síntese de proteínas

Tabela 1 – Diferenças entre o DNA e o RNA Fonte: FAVARETTO e MERCADANTE, 2005, p. 93

Já o RNA, como citam Favaretto e Mercadante (2005, p. 93) apesar de ser

um ácido nucléico, é muito diferente do DNA. Existem três tipos de RNA: o RNA

mensageiro (RNAm), fabricado pelo DNA e responsável por levar os códons (três

bases do RNAm – ACC, GAG, CGU) aos ribossomos; o RNA transportador (RNAt),

que carrega os aminoácidos para os ribossomos fazerem a síntese de proteínas; e o

RNA ribossômico (RNAr), componente primário dos ribossomos, onde ocorre a

tradução.

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6 Alguns organismos transgênicos que estão ou já fo ram lançados no mercado

Arroz dourado: arroz transgênico com betacaroteno no endoplasma da

semente a partir de genes da planta narciso e da bactéria Erwinia. Ao contrário da

soja Roundup Ready®, que beneficia somente o produtor, o arroz dourado beneficia

o consumidor. O pesquisador Ingo Potrykus, do Instituto Federal de Tecnologia da

Suíça, foi o primeiro a produzir este tipo de arroz. (LEITE, 2000, p. 62-3)

Mamão papaia: em 1992, uma praga de vírus ameaçou destruir toda a

produção de mamão papaia no Havaí; em 1995, então, foram produzidas variedades

transgênicas de papaias resistentes ao vírus, recuperando-se as plantações.

(UNIVERSO DA BIOLOGIA, s/d)

Batata: a partir de genes da mariposa, foi produzida uma batata transgênica

resistente ao fungo causador da peste que dizimou as plantações de batatas da

Irlanda em 1840. Testes preliminares em ratos mostraram que são inofensivas, mas

permanece a preocupação com os efeitos ambientais. Outra variedade de batata

geneticamente modificada por pesquisadores da Universidade de Cornell (EUA)

pode ajudar no desenvolvimento de uma vacina comestível contra o HPV, ou vírus

papiloma humano, principal causador do câncer do colo do útero. (GRECO, 2009, p.

39)

Soja transgênica (soja RR®): é a soja Roundup Ready®, resistente ao

herbicida Roundup®. Produzido pela multinacional Monsanto, o herbicida afeta

apenas as ervas daninhas que prejudicam as plantações de soja, provocando a

redução de gastos com herbicidas e o aumento da produção. A desvantagem pode

estar nos efeitos danosos ao ambiente e à saúde humana. Os efeitos alterados da

soja podem atingir outras plantas, também alterando seu genoma, com efeitos

nocivos sobre a diversidade biológica. Já os riscos à saúde humana estão

relacionados a efeitos alergizantes gerados pela variedade transgênica.

(CARDOSO, 2007, p. 60)

Milho Bt: o milho transgênico Bt foi modificado a partir da inserção de gene

da bactéria Bacillus thuringiensis, produtora de uma substância inseticida. O milho

produz, em sua seiva, uma toxina que mata as lagartas que o atacam – essa mesma

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técnica é usada no algodão; é como se a planta se tornasse um agrotóxico para a

praga, matando-a assim que ela a come. (CARDOSO, 2007, p. 26)

Peixe fosforescente: é, segundo Paulin (2005), uma nova espécie

transgênica obtida através da mistura de genes de água-viva fosforescente com um

peixe paulistinha que brilha no escuro do aquário. Outros peixes transgênicos, tais

como trutas, são modificados com a intenção de o animal produzir dose maior de

hormônio de crescimento. Se, no Brasil, os hormônios na pecuária de corte estão

proibidos há vários anos e ainda causam muita discussão, seria conveniente utilizá-

los na criação de peixes? Estes hormônios que possibilitam o crescimento rápido

não causariam sofrimento ao animal devido a essa deformidade de tamanho? Não

devemos visar o nosso interesse comercial e desprezar o nosso lado humanitário ao

provocar mal a um animal.

7 Biotecnologia, ética e biossegurança

Como descrito em Vanzela e Souza (2009, p. 105-6), a biotecnologia,

expressada especialmente pela Engenharia Genética, vem causando enorme uma

confusão na sociedade em razão das notícias sensacionalistas que ora exibem o

potencial e as vantagens da nova tecnologia, ora os perigos e dúvidas sobre a

manipulação genética. Dos organismos geneticamente modificados, as plantas

transgênicas vêm causando mais polêmicas. Quando se trata do assunto

transgênico, o que mais chama a atenção é a soja transgênica e as guerras

comerciais e ambientais atualmente instauradas, esquecendo-se de toda a

população de diabéticos, os insulino-dependentes, que cresce ano após anos e que

acabaria penalizada caso não tivesse acesso a esse hormônio.

Os produtos geneticamente modificados já fazem parte da vida e, sem dúvida

alguma, trouxeram muitos benefícios à sociedade. É importante que haja mais

discussões entre o governo, as empresas produtoras de OGMs e os consumidores.

O Princípio da Precaução no Direito Ambiental, ainda segundo Vanzela e

Souza (2009, p. 110-3) determina que não haja intervenções sem certeza prévia dos

efeitos nocivos das diferentes atividades que envolvem o meio ambiente, a saúde

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humana e a segurança da população. Desse modo, tende a evitar danos

irreversíveis ao meio ambiente.

A área da biossegurança busca criar alternativas e tomar medidas para

prevenir os efeitos danosos dessa prática. No entanto, é óbvio que as pessoas têm o

direito de escolher o que plantar em suas propriedades, o que comer e o que

fornecer à criação. Para isso, é imprescindível esclarecer não apenas os aspectos

técnico-científicos dos produtos, mas também os riscos e benefícios que estes

podem trazer à população.

São notáveis os benefícios e avanços que os transgênicos possibilitam; um

exemplo formidável é a produção de insulina por bactérias E. coli, que proporcionou

um ganho significativo à saúde e à qualidade de vida de pessoas que dependem

deste hormônio. Por outro lado, é inaceitável que empresas visem o lucro obtido

através da transgenia e, para tanto, estimulem o consumo e a utilização de herbicida

em doses cada vez maiores, possibilitadas pela resistência aos herbicidas obtida

através da transgenia. Antes mesmo de se entrar em uma discussão sobre a

biossegurança, primeiramente é necessário debater quais as intenções ao se

produzir um OGM. Recentemente, alguns países liberaram a comercialização de

animais transgênicos, justificando o aumento da produção, porém ainda se carece

de pesquisas: tais procedimentos poderiam causar sofrimentos aos animais a eles

submetidos, e é igualmente inaceitável que estes procedimentos sejam utilizado

para produzir peixes “fluorescentes” com a única justificativa de instigar

aquariofilistas e aumentar com isso os ganhos comerciais.

8 A Lei de Biossegurança

A Lei de Biossegurança no Brasil (lei nº 11.105/05) é regulamentada pela

Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio), que estabelece o controle

em relação ao plantio e à comercialização de OGMs em território nacional. A lei

estipula que cada caso seja examinado por dois órgãos: o próprio CNTBio e o

Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS). O primeiro regulariza e fiscaliza as

normas de pesquisas e implementação experimental de lavouras de transgênicos. O

segundo, hierarquicamente, é incumbido de avaliações socioeconômicas – tais

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como para fins comerciais – e tem poder de renovação de decisões comerciais

anteriores.

Um novo século e Karl Marx viria para dizer, numa das frases mais famosas de A Ideologia Alemã, que os educadores também precisam ser educados. Aplicá-la à passagem do século 20 para o 21 e à querela da biotecnologia equivale a afirmar que o círculo viciado de pseudoargumentos e falácias fundamentalistas pró e contra os alimentos transgênicos só pode ser rompido por um esforço generalizado de informação, que permite a um número maior de pessoas e grupos ganhar voz nesse debate complexo, minado por toda sorte de armadilhas retórico-científicas. Para constituir-se como público, o público tem de educar-se a si mesmo. (LEITE, 2000, p. 82)

9 Atividades

Como primeira atividade, foi aplicado um teste de pré-intervenção contendo

14 perguntas referentes aos conceitos dos transgênicos para avaliar qual era o grau

de conhecimento sobre o tema. O resultado está esquematizado nos gráficos

abaixo:

9.1 Você sabe o que é um organismo transgênico?

9.2 Você já ouviu falar em Engenharia Genética?

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9.3 Em sua opinião, os transgênicos são seguros?

9.4 Você sabe qual órgão no Brasil fiscaliza ou reg ulamenta as questões relacionadas com alimentos transgênicos?

9.5 Você sabe quais são as vantagens de se produzir alimentos transgênicos?

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9.6 Em sua opinião, os transgênicos deveriam trazer informações no rótulo?

9.7 Você sabe o que significa biotecnologia?

9.8 Você sabe quais os benefícios dos organismos tr ansgênicos?

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9.9 Você sabe quais as conseqüências que os transgê nicos podem causar sobre o meio ambiente?

9.10 Os transgênicos são seguros à saúde.

9.11 Os transgênicos podem acabar com a fome no mun do.

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9.12 Os transgênicos podem alterar a biodiversidade do nosso planeta.

9.13 Há muitas vantagens no consumo de alimentos tr ansgênicos.

9.14 Escreva um pouco sobre seus conhecimentos acer ca dos transgênicos.

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Após a aplicação do teste pré-intervenção, já sabendo do quão baixo era o

nível de conhecimento dos alunos, foi exposto aos 20 discentes do coletivo de

Biologia o Projeto Folhas, cujo principal objetivo era mostrar a eles “o que é”, “como

são produzidos” e “para que servem” os transgênicos, destacando suas vantagens e

desvantagens. Em seguida, houve discussões em grupo sobre o tema, debates

sobre manipulação genética, e, para melhor fixação, exposição de vídeos. Isto tudo

foi feito para que os alunos pudessem ter uma opinião própria sobre o tema.

Depois da realização de todas essas atividades, foi feita uma avaliação pós-

intervenção em forma de questionário; este continha 10 perguntas, e seu resultado

está explanado a seguir:

9.15 O que significa biotecnologia?

9.16 O que é Engenharia Genética?

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9.17 Os transgênicos deveriam trazer informações no rótulo? Por quê?

9.18 Quais as vantagens da produção de alimentos tr ansgênicos?

9.19 O que os transgênicos podem causar ao meio amb iente?

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9.20 Qual órgão regulamenta a Lei de Biosseguraça n o Brasil?

9.21 Você acha que os transgênicos são seguros à sa úde?

9.22 Os transgênicos podem alterar a biodiversidade do nosso planeta?

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9.23 Os transgênicos podem acabar com a fome no mun do?

9.24 Afinal, você é a favor ou contra os transgênic os?

Através deste questionário, nota-se que os alunos obtiveram um grande

aproveitamento devido aos seus interesses em conhecer mais produtos e outras

formas para aproveitar melhor os alimentos transgênicos.

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A própria ciência ainda se cerca de dúvidas sobre os OGMs; apesar disso, a

maioria dos alunos se mostrou a favor do consumo dos seres transgênicos e seus

derivados. Há, no entanto, restrições: eles entendem como necessária a rotulagem

nas embalagens de produtos geneticamente modificados, por exemplo, para que

possam consumir com segurança esses produtos, também havendo, assim, uma

opção para quem for contra e quer evitá-los. Os discentes ainda acham que

deveriam ser criados programas de esclarecimento e divulgação, como ocorre com

outros tipos de produto.

Outros alunos também ficaram preocupados com o meio ambiente devido à

poluição do solo e dos mananciais hídricos através do uso indiscriminado de

inseticidas e herbicidas, além de restos de embalagens não degradáveis lançadas

no solo – a contaminação do solo é direta, enquanto a dos mananciais hídricos é

indireta e acontece devido às chuvas. Dessa forma, a população, principalmente os

menos favorecidos, acaba sofrendo as conseqüências.

9 Sugestão

Seria interessante que os principais veículos de comunicação abordassem

temas polêmicos – tais como células-tronco, clonagem, transgenia e novas

descobertas científicas – através de séries e programas com especialistas em cada

área que pudessem informar a população de um modo geral para que esta, bem

informada, pudesse tomar partido e opinião, fomentando-se assim uma discussão de

alto nível entre as entidades científicas e a sociedade.

Escolas e instituições também poderiam adotar a prática de promover

palestras, debates e exibições de vídeos que possam ajudar na elucidação de

alguns pontos sobre o tema dentro de suas comunidades.

10 Conclusão

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Observando os resultados acima, fica evidente a importância e necessidade

de se informar corretamente a população para que a mesma possa formar uma

opinião acerca do tema pautada em conhecimento científico, não em “mitos”

gerados por este ou aquele grupo.

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