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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

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CADERNO PEDAGÓGICO:

DANÇA, CONHECIMENTO E CULTURA: SUAS REPERCUSSÕES NAS TÉCNICAS CORPORAIS

CURITIBA 2010

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Marisol Ana Bavaresco Branchier

Marlene Carmona de Figueiredo Gomes

CADERNO PEDAGÓGICO

DANÇA, CONHECIMENTO E CULTURA: SUAS REPERCUSSÕES NAS TECNICAS CORPORAIS

Trabalho apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional, PDE. Orientadora Professora Doutora Astrid Baecker Avila – UFPR.

CURITIBA

2010

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SUMÁRIO

1. IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICA.......................03

2. APRESENTAÇÃO....................................................................04

3. DANÇA, CONHECIMENTO E CULTURA: SUAS RERCUSSÕES

NAS TÉCNICAS COPORAIS......................................................06

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IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICA

NOME DO PROFESSOR PDE:

MARISOL ANA BAVARESCO BRANCHIER

MARLENE CARMONA DE FIGUEIREDO GOMES

DISCIPLINA: EDUCAÇÃO FÍSICA

IES: UFPR

ORIENTADOR: ASTRID BAECKER AVILA

CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO: CADERNO PEDAGÓGICO

TEMA: DANÇA E TÉCNICAS CORPORAIS

TÍTULO: DANÇA, CONHECIMENTO E CULTURA: SUAS REPERCUSSÕES

NAS TÉCNICAS CORPORAIS

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APRESENTAÇÃO

O Caderno Pedagógico Dança, Conhecimento e Cultura: suas

repercussões nas técnicas corporais tem como objetivo contribuir para a

disseminação e reflexão da dança como conteúdo curricular da Educação

Física escolar. A dança nos possibilita mostrar o papel da construção do

conhecimento e da cultura, sendo assim apresentamos uma discussão

seguida de sugestões para o encaminhamento didático-pedagógico de

algumas atividades de dança afro-brasileira, carimbó (Pará) e do fandango

(Paraná). Tendo em vista a carência de materiais que socializem

experiências pedagógicas do trabalho escolar em uma perspectiva crítica da

sociedade e da educação, apontamos algumas possibilidades

transformações das noções de técnicas corporais usualmente inseridas na

transmissão dos conteúdos em Educação Física, para indicar outras

possibilidades de entendimento e sua decorrência didático-pedagógica.

A variedade de atividades desse material serve para instigar o debate

sobre o ensino da dança e também sobre o que podemos reconhecer como

conhecimento desse tema, além de orientar outras possibilidades a partir

das que aqui esboçamos. Esperamos que a partir desse material possam

surgir críticas e que os educadores se alertem para o potencial do trabalho

pedagógico com o conteúdo dança e assim busquem conhecer outras

técnicas e refletir sobre suas formas de ensino.

As atividades elaboradas são idéias ou formas diferentes de explorar

o conteúdo dança num aprofundamento teórico-prático sobre estes

conhecimentos e sua implicação nas práticas corporais.

Além do mais, a dança é capaz de quebrar barreiras sociais, pois é uma linguagem popular na qual o corpo que sente, pensa e age significa o mundo pelas vivências e experiências desenvolvidas. Nela ocorre uma ação simultânea de transmissão de valores, normas e sentimentos estando presentes em todas as culturas (Olazaquirre, 1992).

O que sinaliza a necessidade de buscar novos caminhos para a

prática da dança na Educação Física escolar, ressaltando a importância de

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possibilitarmos através da escola o acesso ao conhecimento elaborado e o

seu confronto com as outras formas de conceber o mundo Avila, (2008, p.

3).

Segundo Avila (2008, p.3) podemos abordar a dança através de uma

metodologia crítica do ensino da Educação Física escolar – Crítico-

Emancipatória – utilizando-a na elaboração do planejamento das aulas, bem

como seleção dos conhecimentos/conteúdos e os recursos e estratégias

utilizados para a efetivação dos mesmos. Nesse ensaio balizamos nossas

atividades em uma “perspectiva Crítico-Emancipatória” para a elaboração

das mesmas.

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Dança, conhecimento e cultura: suas repercussões nas técnicas

corporais

A cultura é talvez a única coisa, que podemos chamar de “natural”

nos seres humanos, pois mediante o trabalho (enquanto categoria

ontológica) surge essa nova forma de ser, o ser social. Assim, os seres

humanos se forjam nesses processos de sociabilidade, em que estão

contidos a linguagem e a representação, ou seja, são as relações que

estabelecemos entre nós, conosco mesmo e com o mundo que nos rodeia

que nos tornam humanos. Dentre as manifestações culturais que nos

constituíram historicamente, como gênero humano, temos a dança. Esta é

uma das práticas corporais que estabelece os elementos de mudança social

refletem aspectos relativos a uma determinada sociedade e desenvolve, a

partir da expressão corporal, movimentos e ritmos diversos. A dança é uma

arte aprimorada. Segundo Boyer (1983), a arte é essencial na experiência

humana, não é uma frivolidade, recomenda que a arte seja estudada para

descobrir como seres humanos usam símbolos não verbais e se comunicam

não apenas com palavras, mas através da música, teatros, divulgam e

perpetuam a cultura de um povo, além de estabelecer bom relacionamento

social e laços de solidariedade, como a democracia, a união, entre outros.

(Vargas, 2007:58). A dança teve origem na necessidade do ser humano se

comunicar e se expressar, mantendo essa como uma de suas possíveis

características até os dias atuais.

Considera-se dança uma expressão representativa de diversos aspectos na vida do homem. Pode ser considerada como linguagem social que permite a transmissão de sentimentos, emoções da afetividade vivida nas esferas da religiosidade, do trabalho, dos costumes, hábitos, da saúde, da guerra, entre outros (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

A dança é uma das práticas corporais que pode proporcionar o

desenvolvimento de uma consciência estética que visa reconhecer a

sensibilidade como uma capacidade humana que possibilita ampliar o modo

de se expressar e se reconhecer. As práticas dançantes contribuem nos

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processos educativos na perspectiva de possibilitar uma consciência crítica.

(Saraiva; Fiamoncini et. al. 2005, p.120) Sendo assim, a dança nos oferece

uma ampla possibilidade de conhecimento e de sensações, oportuniza

acessos diferenciados à cultura, permitindo ao educando outras estratégias

para atingir sua formação não apenas racional, mas também sensível. A

dança pode ser entendida como um conjunto de técnicas corporais

elaboradas, partindo da idéia de conhecer seu próprio corpo, de se perceber

(nesse sentido, possibilita romper com preconceitos) para estabelecer uma

melhor relação espaço-tempo-corporal, o que permite um reconhecimento

de si e dos outros.

A dança como conhecimento e cultura

A dança como conhecimento dentro da escola nos remete a algumas

reflexões. A escola é um lugar onde os agentes educacionais entram em

cena, podendo levar uma nova concepção de escola, sendo esta um lugar

para sistematizar, produzir o conhecimento e a cultura, envolvendo

produtores e praticantes dessa cultura (Vago 2008 p.3).

Assim, a Educação Física pode ser uma disciplina que ultrapassa o

conhecimento instrumentalizado, indiferente, intocável e de estudo isolado,

ao contrário, seria uma prática, um procedimento que mobiliza professores e

alunos, para transpor, contestar, transformar e usar sua criticidade, assim

submeter a mudanças este conhecimento que permeia a sociedade.

Neste contexto, segundo Vago (2008, p.7) a escola e seus

agentes têm que exercer seu papel fundamental, de serem produtores do

saber, de promoverem a participação da construção do conhecimento que

não é imposto, que vem de dentro para fora, e neste momento serem

sujeitos de sua própria história - e não objeto dela - que carregam sua

cultura, seus valores, atitudes e carências; outrossim, estes seriam

elementos constituintes da produção do conhecimento diversificado,

racional e científico.

Se quisermos isso, temos que transcender além da escola os

problemas, que vão além do âmbito educacional, que envolvem outros

fatores como a política, o meio econômico, a distribuição desigual de

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rendas, o mundo do capitalismo global, a existência desses fatos devem

nos mobilizar para o enfrentamento e superação, com prioridade para uma

escola com qualidade, transparente, e que conjuntamente com a educação

física se faça presente, na busca da construção de um movimento social

fraterno, solidário, sem domínio de classe, gênero, raça, etnia e idade (Vago

2008 p. 13).

As técnicas corporais

Ao tratar do conhecimento na disciplina de Educação Física as

técnicas corporais surgem como um importante tema a ser problematizado

pelos/as educadores/as. Segundo Mauss, (1974, p.211) podemos entendê-

las como “as maneiras como os homens sociedade por sociedade e de

maneira tradicional, sabem servir-se de seus corpos”. Nesse sentido,

podemos destacar que elas são uma construção social, e assim podem

também ser recriadas.

Mauss (1974, p. 217) nos diz que o corpo é o primeiro e o mais

natural instrumento do homem. Ao mesmo tempo é um meio técnico do

próprio homem. Antes de tudo, é importante lembrar que toda a técnica tem

sua forma, e com a nossa atitude corporal acaba acontecendo o mesmo.

Em cada sociedade, ou até mesmo grupo social, a cultura de um povo

possui marcas que se manifestam nos hábitos, posturas e gestos corporais.

É preciso pedagogizar isso para propiciar que nossos aprendizes

sensibilizem-se para perceber estas diferenças. Mauss (1974, p. 217)

exemplifica essas questões relatando que podemos reconhecer uma moça

que tenha sido educada num convento. Ela anda, geralmente, de punhos

fechados, com postura “truncada” e séria. Assim se manifestam

corporalmente, de acordo com a sociedade em que vivem os traços dessa

cultura. Somos forjados pelos processos de sociabilização que significam o

mundo e nós mesmos, portanto compreender essas relações (contidas

nesses processos) é uma possibilidade de recriá-las e ressignificar com isso

nossas atitudes e entendimentos acerca da realidade.

As técnicas corporais podem ser refletidas se levarmos em conta um

tripé, que para Mauss (1974, p. 219) é formado pela biologia, sociologia e

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psicologia. Para isso é necessário a visão a partir de um ponto de vista do

“homem total”.

Em todos esses fatos, é necessário entender o papel da educação,

uma educação que, normalmente, domina ao invés de emancipar. Aqui se

coloca o fato que em muitas situações a pedagogia em Educação Física se

restringe a mera imitação o que se opõe a uma educação crítica. É preciso

tomar este cuidado dentro do contexto escolar, pois muitas vezes, a criança

e o adulto imitam o que é mais prestigioso, mais saliente e que

presenciaram ter mais sucesso entre os seus. Este ato acaba por

enfraquecer uma postura educativa voltada para as possibilidades de

criação e re-significação das próprias técnicas corporais e de seus

significados, pois o ser humano, dessa forma, toma como referência apenas

uma possibilidade de executar determinado movimento, justamente por

esse possuir maior prestigio em seu convívio social.

É preciso tomar consciência do quanto somos condicionados a

buscar na mídia, na sociedade, na igreja, na educação, entre outros, a

imitação dos atos e atitudes que nos conduzem a aceitação e ratificação

destes, sem discutir os modelos e as técnicas corporais que indiretamente

estão sendo impostas e as incorporamos para sermos e estarmos dentro

dos conceitos e “habitus” (compreendido na França como “hábito”, o

“exigido”, “o adquirido” e a “faculdade”).

Esses hábitos variam de indivíduo para indivíduo, por isso as

técnicas podem ser pautadas na desconstrução de movimentos

estereotipados, ou seja, experimentar a descoberta de novos

caminhos/outros movimentos aos quais damos a oportunidade de nosso

corpo se expressar e dançar. Nessa perspectiva, os movimentos podem

estar relacionados e atrelados as suas imagens e experiências pré-

existentes, bem como a superação das dificuldades na construção de

expectativas que potencializam a criação de algo diferente.

Dessa forma, podemos pensar que expressar e construir uma técnica

propriamente dita é utilizarmos do corpo no seu amplo sentido, podendo

explorá-lo ampliando o conceito de movimento que muitas vezes é restrito,

pois percebemos como técnica, até então, tudo o que já tinha um estilo, que

era reproduzido e institucionalizado em nossa cultura. No entanto, Saraiva

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et. al. (2005, p.120) nos apresenta outra perspectiva de entendimento sobre

as técnicas e os estilos de dança, na qual os movimentos mais simples

exigem uma técnica que foi construída e é utilizada, portanto, isto nos

remete a compreensão de que técnicas corporais são construídas,

transmitidas e podem ser recriadas, de uma forma acessível e relacionada

ao conhecimento proposto.

A construção da técnica corporal é possível a partir do momento em

que nos propomos a fazer a integração dos estudos vinculados ao

conhecimento sistematizado e as experiências oportunizadas pelo/a

professor/a. Conforme Saraiva et.al. (2005 p.125) os “conhecimentos

aparecem nas reflexões do grupo e nas direções que vamos possibilitando

para cada atividade, assim permitindo a cada um criar a sua técnica, sendo

valorizado por aquilo que criou e corroborou para sua integração ao grupo.”

Podemos partir de alguns princípios metodológicos que precisam ser

considerados, identificando os conhecimentos prévios dos discentes sobre o

assunto o qual iremos abordar. Assim, explicar e refletir sobre os seus

significados dessas formas já conhecidas pelos nossos/as alunos/as para

construir formas mais elaboradas do conhecimento. Transportar para o

trabalho em dança este conhecimento pode ser relevante para permitir

alguma possibilidade de transformação da sociedade. Nesta perspectiva,

os/as educadores/as podem socializar o conhecimento com seus alunos e

alunas, instigando a reflexão sobre as técnicas já utilizadas e

estereotipadas. Questionar criticamente com o grupo suas técnicas, não no

sentido de negá-las, mas para que elas possam ser melhor compreendidas

e quem sabe até modificadas.

Com base nestes apontamentos, apresentamos elementos para

compreensão da dança, dos seus limites e possibilidades, como experiência

que podem legitimá-las como prática social emancipatória. Transcender os

aspectos tradicionais da sociedade, transformando o saber da cultura

corporal, vivenciando essas experiências de como podemos usar o corpo,

relacionando-o com os diversos movimentos a serem realizados dançando.

Saraiva et.al. (2005, p.120) aponta que proporcionar à re-significação

da dança como prática autônoma do conhecimento, possibilitar a

compreensão e elaboração das técnicas de movimento e apropriação de

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diversas formas de expressão em dança, nos conduz a uma posição de que

somos seres capazes de agregar movimentos a nossa corporeidade,

ampliando nossas capacidades e experiências corporais.

Até onde podemos perceber na prática da dança, a elaboração dos

movimentos é a parte que deve ser mais próxima da realidade, do

conhecimento pretendido. Quando analisados a partir dos movimentos

existentes no cotidiano, podemos nos conduzir a uma progressão

pedagógica facilmente adaptada ao longo do processo respeitando as

características sócio-culturais e individuais dos alunos e alunas. Neste

processo de elaboração deixa a forma de incorporar esses elementos mais

acentuados com a comunicação durante as ações e expressões das

técnicas corporais.

Baseados nas experiências e tradições podem influenciar este

processo em que o principal aspecto é conciliar, junto às técnicas corporais,

o prazer de dançar e realizar a combinação dos movimentos na prática,

desenvolvendo uma movimentação, onde o ritmo combinado com os

deslocamentos assegura a incorporação de outros elementos: música,

ritmos e gingados do corpo, facilitando a construção do conhecimento.

Nessa construção do conhecimento da dança ritmos e estilos são

elementos que nos provocam a criação de técnicas corporais.

Portanto, acreditamos que é fundamental oferecer alternativas de

práticas que proporcionem a ampliação do conhecimento do ser humano,

entendendo este último como um “ser global”, sensível para a criação e

recriação de movimentos (de forma individual ou em grupo), realizando seus

desejos, idéias, despertando a busca por experiências, bem como

democratizando a escolha do repertório de movimentos, aprofundando sua

percepção corporal e suas possibilidades de expressão frente ao mundo.

A Construção da cultura através conhecimento

A cultura é histórica, pensar em cultura é pensar em conhecimento,

significado e formas de interpretar o mundo e nosso cotidiano. A construção

de uma cultura é baseada no que fomos agregando ao longo da história

para transformar e transmitir nosso pensamento, nossas formas de ser e

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sentir. Conhecer, aprender, ver as diferenças, como somos e como nos

relacionamos é se apropriar do conhecimento.

Para entender o conhecimento, temos que refletir os inúmeros fatores

pelos quais somos influenciados, como: o que assistimos na TV, o que

temos como hábito de leitura, de saberes adquiridos, de técnicas corporais

incorporadas, entre outros.

Avila (2000, p.2) ao tratar da cultura nos indica que não podemos

compreendê-la como algo homogêneo, alertando para o fato de que ela

possui diferentes formas de coexistir na esfera social, refletindo formas

desiguais de apropriação do capital cultural: as culturas populares (segundo

Gramsci), as culturas hegemônicas e a cultura de massa. Para ela há um

entendimento corrente de que a cultura popular é algo primitivo, que

necessita evoluir. Chauí (apud Avila, 2000, p.3) apresenta o seguinte

questionamento a respeito da cultura popular: ”Seria a cultura de um povo

ou a cultura para o povo”? Esse desencadeamento de várias culturas, as

influências recebidas e adicionadas foram sendo incorporadas pelo povo e

refletidas na sociedade o que nos fornece o entendimento de que seja

recíproco nesse processo de composição do percurso histórico. Para o

folclore Gramsciano, como uma subcultura das classes dominadas. A

cultura popular é uma forma pela quais os dominados se organizam,

compreendem, apreendem e resignificam a cultura hegemônica. A cultura

hegemônica pode ser entendida como uma cultura dominante, sendo

imposta e estável, pode dizer que a cultura hegemônica precisa da cultura

popular para existir, para tê-los como subordinados, pois é esta dinâmica

que irá determinar o cenário de cultura que vivenciam.

Para Chauí apud Avila (2000, p.5) a cultura popular é uma

manifestação dos dominados, buscando formas pelas quais a cultura

dominante pode ser aceita, interiorizada, reproduzida e transformada, ou

mesmo recusada e negada pelos dominados. Canclini apud Avila (2000,

p.17) coloca alguns exemplos sobre folclore, utilizando do artesanato e das

festas como formas de ilustrar possibilidades para a construção de outra

hegemonia. As manifestações contestatórias podem auxiliar na libertação

dos setores oprimidos desde que possamos reconhecê-los como símbolos

de uma identidade social.

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Os negros podem servir de exemplo para clarificar esta realidade. Os

negros escravizados inventaram a capoeira como forma de luta - e que é e

pode ser vista também como dança- mas sendo o seu verdadeiro sentido

uma forma de se defender. Para melhor compreender esse aspecto, é

importante observar o ciclo histórico e cultural, os pontos de ruptura e de

transformação dos nossos processos sócio-culturais. E da capoeira

buscamos a construção de vínculos muito propícios devidos a intensa

relação sócio-histórico e cultural.

Precisamos ver que existem diferenças e fica difícil estabelecer

critérios rígidos e ahistóricos sobre o que seria bom ou ruim na construção

cultural, pois trilhamos caminhos diversos que abrangem política, processos

mercadológicos, sistemas de produção, influências midiáticas que impedem

de pensar de forma homogênea a cultura.

A cultura de massa

A cultura popular a qual falamos se diferencia da cultura de massa,

ambas tem relações, mas não são sinônimas. Chauí apud Avila (2000, p.12)

justifica essa posição, primeiro porque na situação brasileira os meios de

comunicação de massa são ou governamentais ou privadas e permanecem

sob “fiscalização” do estado, mantendo sua ideologia política.

Para Chauí Apud Avila (2000, p.12) para definir cultura popular tem é

difícil, pois esta tem vantagem de “assinalar aquilo que a ideologia tem por

finalidade ocultar, isto é a existência, que existe divisões sociais, pois referir-

se a uma prática cultural como popular significa admitir a existência de algo

não popular que permite distinguir formas de manifestação cultural numa

mesma sociedade”. Já a “cultura de massa (...) tende a esconder essas

diferenças sociais, conflitos e contradições”.

Outro problema apontado em relação ao conceito cultura de massas

é a própria noção de massa e de elite, que tende a definir o social em duas

camadas, a “baixa”, formada por indivíduos anônimos e a “alta”, constituída

de indivíduos que tem capacidades extraordinárias – sendo que esses

últimos se consideram melhores e maiores.

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Então compreendemos, que a distinção entre massa e elite, é que a

massa acaba sendo subordinada, “mandada” pela elite, e o que é triste de

perceber é que os dominantes agem assim porque realmente a massa

permite que aconteça dentro da sua cultura.

Como “massa” ficamos vulneráveis a todos estes adjetivos, expostos

a competência dos dominantes, precisando ser vigiada e cuidada. A noção

de cultura de massa homogeniza e aliena o pensamento, tolhe o ser

humano da cultura geral.

Uma última questão apresentada Por Chauí apud Avila (2000, p.14)

trata da ”estrutura” da comunicação de massa. Para ela a comunicação de

massa funda-se no pressuposto de que tudo pode ser mostrado e dito ou de

que tudo é mostrável e dizível, desde que estabelecidos critérios

autorizando quem mostra e diz e quem é que pode ver e ouvir.

Para falar em comunicação de massa no Brasil, é preciso certo

receio, pois segundo Avila (2000, p.14), além de serem grandes monopólios

que se colocam a serviço da construção e perpetuam à hegemonia

capitalista, esses instrumentos criam desejos de consumo e expectativas

inatingíveis nos seres humanos. Não percebemos que a comunicação de

massa, que também chamamos de mídia, nos dá uma falsa sensação de

democracia, e nela está embutida uma verdadeira ditadura cultural.

Assistimos na TV, nos canais abertos, programas como: Faustão,

Ratinho, Brasil Urgente, Super Pop, entre outros é uma forma de cultura,

podemos dizer que são programas apelativos em que mostram o nu para

dar Ibope. Traz também outros programas de sensacionalismo “barato e

emocional” fazendo o ser humano se conformar com a sua situação, pois

por exemplo: certos canais passam histórias de pessoas que vivem na rua

ou em situação deprimente, o programa leva-o de volta para sua família,

mas até acontecer este resgate passam cenas muito dramáticas e

comoventes, sensibilizando então as pessoas atrás da tela que acabam se

conformando, achando o que tem na sua vida “material ou afetiva” é o

suficiente e desiste de ir a luta. Este fato leva a uma postura de

conformismo e imobilidade social.

É importante tornar compreensível a manipulação pelos meios de

comunicação, que impõe uma ditadura cultural, mediante modismos, sem

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precedência, a busca pelo padrão considerado como “corpo perfeito” (certos

programas mostram bailarinas com um corpo invejável), uso de jargões

populares pelos adolescentes como forma de aceitação em seus grupos

sociais. Esses fatores contribuem para uma aceitação da condição social

imposta pela própria sociedade em que vivem. Isso tudo faz com que

aconteça uma apropriação restrita das culturas, propiciando um caminho de

alienação, tornando o homem um ser em busca desenfreada de coisas

materiais, sem condições de enxergar a si próprio e sua história, ficando

refém de seu contexto cultural e social.

Assim, cabe a nós educadores uma parcela de compromisso e

responsabilidade social de despertarmos em nossos alunos e alunas, que a

transmissão de cultura se dá pela construção do conhecimento e das

experiências que formam e que trazem consigo valores e significados. Uma

forma de abordarmos esse contexto em nossas aulas é refletir e discutir

esses temas, lançando sobre eles diferentes enfoques, lançando novos

desafios para que os alunos e as alunas compreendam que a realidade

pode ser significada de diferentes formas. Pois, a cultura é um instrumento

para transformação deste sistema social, através do qual é elaborada e

construída a hegemonia de cada classe (Canclini apud Avila 2000, p.17).

ENCAMINHAMENTO METODOLOGICO

ATIVIDADE 1

Experimentação/Descoberta

Objetivo: Mostrar através do filme as mudanças significativas de

comportamento que a dança proporciona e oportuniza.

A utilização deste vídeo é para mostrar uma situação social na qual a

dança interfere, pois modifica comportamentos, valores e atitudes, no

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entanto, o que nos interessa são as possibilidades de discussão e reflexão

deste contexto.

Sugestão de Filme:

Vem Dançar – Sinopse: Pierre Dulaine (Antonio Banderas) é um

dançarino profissional que resolve trabalhar voluntariamente numa escola de

dança do sistema de ensino público nova-iorquino. Enquanto sua formação bate de

frente com os desejos de seus alunos, juntos eles criam um novo estilo de dança.

Baseado em história real. Referência: Take The Lead, EUA, 2006. Distribuidora:

Play Arte. Drama (108 min).

Roteiro para discussão com o grupo:

- Busque o significado das aulas de dança no filme.

- Em que contexto acontece às aulas, qual a realidade da turma,

tanto no universo escolar como em sua comunidade?

- Qual o objetivo do professor (Pierre) em dar as aulas de dança

nesta escola pública?

- Identifique se existem atitudes como preconceito, exclusão,

discriminação, entre outras.

- Realizar uma análise-reflexiva do comportamento dos alunos, do

antes e depois da aceitação das aulas de dança.

É possível mostrar através do filme, situações de rejeição,

preconceito, exclusão, em que a dança possibilita modificações neste

contexto escolar. Assim, estas situações podem ser discutidas com o grupo.

ATIVIDADE 2:

Experimentação/Descoberta

Objetivo: Ampliar as referências sobre dança mediante a utilização de

textos sobre esta prática corporal. Através da leitura dos textos sobre

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dança, que entendam como uma linguagem social, os alunos serão

motivados a um aprofundamento sobre o tema mediante o acúmulo

histórico do conhecimento teórico, que servirá de embasamento para a

reflexão das futuras práticas. Sugestão de livros que contém textos para

leitura:

- Texto: Quem dança seus males... Cap.12- Livro didático público do

Estado do Paraná – SEED-PR. Educação Física, 2007.

- MAUSS, M. Sociologia e Antropologia. Trad. Mauro W. B. de Almeida.

São Paulo: EPU/EDUSP, 1974.

A partir da leitura reflexiva, propor aos alunos:

- pontuar sobre as vantagens que a dança pode proporcionar.

- situe a dança no contexto social: “a dança e a mídia” e “dança e

preconceito”.

- Reflita sobre os tipos de dança que surgiram nos últimos anos, e as

letras das músicas, que significados, mensagens transmitem e sua

disseminação pela mídia. Por exemplo: Funk, Axé, rap.

- Sugestões de música cantores: Latino, Gaiolas das Popozudas,

Gabriel Pensador.

ATIVIDADE 3:

Transcendência pelo limite da experimentação

Objetivo: Experimentar possibilidades de movimentos de

improvisação e de comandos (técnicas corporais) individuais e em duplas.

Nesta atividade experimentar possibilidades de movimentos, que

são manifestações e formas de expressões articuladas ao prazer e a

descoberta. Estes movimentos realizados pelo corpo a partir de um ritmo

musical ganham formas, gestos e sensibilidade de comunicação não verbal

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e de forma espontânea. Caminhar dentro de um espaço (quadra ou sala)

explorando-o, andando para todas as direções, na ponta dos pés, ponta do

calcanhar, rápido, lento, câmera lenta, etc.

Experimentar possibilidades de movimentos acelerando o ritmo

musical e percebendo novas conexões entre ritmo e movimento.

Deslocando no ritmo da música, utilizar determinadas partes do

corpo (anunciadas pela professora – testa cabeça, ombro, joelho, mãos,

glúteos, etc.) para cumprimentar os outros colegas. Essa atividade irá

provocar o toque corporal entre eles. Para tal, a professora deverá estar

atenta para os processos que envolvem inibição, “malícia” e preconceitos.

Ao final, serão esses os aspectos que destacaremos com os alunos para

reflexão.

Ao término desta atividade formar dupla com o último colega que

executou a atividade.

ATIVIDADE 4:

Experimentação/ invenção

Em duplas, experimentar atividades de complementaridade que

abrem espaço para partilhas espontâneas de movimentos, completando o

seu movimento com o do colega, intensificando a interação. A partir de um

movimento qualquer que o aluno (1) executa (por exemplo: estátua) o outro

aluno (2) complementa ou encaixa nesse movimento sem tocar, após o

movimento elaborado, o aluno (1) sai deste movimento e executa outro, e

assim sucessivamente.

Idem ao anterior, porém com deslocamento e com troca de dupla.

Em duplas, experimentar atividades de alternância. A partir de um

movimento repetitivo (alternado) qualquer que o aluno (1) executa, o outro

aluno (2) aproxima do colega e sem tocá-lo alterna este movimento. Nesta

atividade explorar níveis alto, médio e baixo e também pode ser realizado

em grupos montando uma coreografia.

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Objetivo: Mostrar e apresentar a cultura afro brasileira através da

dança.

TEMA: Cultura Afro brasileira

INTRODUÇÃO

As práticas culturais aqui enfocadas buscam se relacionar ao

conhecimento, o saber ao fazer, com objetivo de ir além , mostrar como se

manifesta a música, dança, o vestuário, a gestualidade, a sonoridade, são

sinais que permitem propagar a diversidade e a complexidade da população

afro brasileira.

Segundo o Caderno Educação Africanidades Brasil (2006), a cultura

e as práticas culturais elaboradas cotidianamente, transformando o

conhecimento em experiência de aprendizagem, do mesmo modo que a

própria experiência vivida se transforma em conhecimento.

A dança afro-brasileira é uma das culturas que se torna muito rica

pela diversidade de movimentos. A arte negra é um canal de comunicação e

o trabalho artístico deve ampliar o universo de informações, pois a cultura

de matrizes africanas não é simplesmente folclore ou subcultura. É um

universo rico e contraditório, dinâmico e criativo, pleno de sentimento e

simbologia. Uma cosmologia que possui infinitas possibilidades de

adaptação e interpretações da realidade, que valoriza a cultura negra,

através do trabalho gestual e corporal.

A dança negra faz reencontrar a essência de uma cultura no

Brasil sem perder a perspectiva contemporânea da dança e abrange a

comunidade desprovida de formação e informações culturais, possibilitando

a todos o desenvolvimento pessoal através da arte-educação.

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Conforme mostra Soares (2008), cada orixá tem seu símbolo,

vestimenta, as suas características temperamentais, elementos da natureza.

Segue abaixo algumas características dos orixás:

Exu

Orixá mensageiro entre os homens e os deuses.

Elemento: fogo

Personalidade: atrevido e agressivo

Roupa: vermelha e preta.

Ogum

Deus da guerra, do fogo e tecnologia. Conhecido no Brasil como

Deus guerreiro.

Elemento: ferro

Personalidade: impaciente e obstinado

Roupa: azul, verde escuro, vermelho ou amarelo.

Oxossi

Deus da caça. É o grande patrono do candomblé brasileiro.

Elemento: florestas

Personalidade: intuitivo e emotivo

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Roupa: azul ou verde claro

Obaluaiê

Deus da peste das doenças da pele e atualmente, da AIDS. É o

médico dos pobres.

Elemento: terra

Personalidade: tímido e vingativo

Roupa: vermelha e preta, ou vermelho, branco e preto.

Ossaim

Deus das folhas e ervas medicinais.

Elementos: matas

Personalidade: instável e emotivo

Roupa: branco e verde claro

Oxumaré

Deus da chuva e arco-íris.

Elemento: água

Personalidade: sensível e tranqüilo.

Roupa: azul claro e verde claro

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Xangô

Deus do fogo e do trovão. É viril, violento e justiceiro. Castiga os

mentirosos e protege advogados e juízes.

Elemento: fogo

Personalidade: atrevido e prepotente.

Oxum

Deusa das águas doces (rios, fontes e lagoas). É também a deusa do

ouro, da fecundidade, do jogo de búzios e do amor.

Elemento: água

Personalidade: Maternal e tranqüila.

Iansã

Deusa dos ventos e das tempestades. É a senhora dos raios e dona

da alma dos mortos.

Elemento: fogo

Personalidade: impulsiva e imprevisível

Roupa: vermelha

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Nanã

Deusa da lama e do fundo dos rios, associada a fertilidade, à doença

e à morte. É a orixá mais velha de todos, e por isso, muito respeitada.

Elemento: terra

Personalidade: vingativa e mascarada

Roupa: branca e azul.

Iemanjá

Considerada deusa dos mares e oceanos. É a mãe de todos os

orixás e representada com seios volumosos, simbolizando a maternidade e

a fecundidade.

Elemento: água

Personalidade: maternal e tranqüila.

Roupa: branco e azul.

Oxalá

Deus da criação. É o orixá que criou os homens. Obstinado e

independente, é representado de duas maneiras: Oxaguiã (jovem) e

Oxalufá (velho).

Elemento: ar

Personalidade: equilibrado e tolerante

Roupa: branco

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ATIVIDADE 1

Experimentação/descoberta

Objetivo: Mostrar, apresentar e difundir a cultura afro-brasileira

através da dança

- Investigar símbolos, colar, dia da semana, sacrifico, oferendas, as

características temperamentais, elementos da natureza de cada orixá.

- Para desenvolvimento do ensino da técnica corporal da dança afro

brasileira, podemos utilizar como suporte o vídeo. Para mostrar os ritmos

diferentes, esse material serve de apoio para capacitar e fazer os alunos

observarem e discutirem os estilos de dança e conhecer outras

manifestações culturais.

-Pesquisar e assistir vídeo no site WWW.youtube.com.br de danças

afro-brasileiras como: dança afro contemporâneo, jongo, macule lê,

maracatu, samba, capoeira e dança dos orixás. Após a pesquisa seguir

roteiro de estudo de vídeo para estimular o aprofundamento em dança na

escola.

Identificar os movimentos presentes nas danças como: as ações e

gestos percebidos?

Como são executados os movimentos: rápido, lento, com que

intensidade? Em quais níveis e direções são explorados?

Descrever características de cada dança, apreciar as

similaridades e identificar diferentes técnicas corporais.

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Descobrir a história e origem do samba, jongo, macule-lê, dança

dos orixás, comentar e discutir as informações.

ATIVIDADE 2

Instrumentalização

Partindo do estudo realizado pela coreografa e professora Andrea

Soares (2008), apresentamos algumas movimentações, ritmos que vem

valorizar a cultura deixada pelos escravos (a cultura negra) de forma alegre,

sensual, descontraída e contagiante (anexo).

ATIVIDADE 3

Experimentação/improvisação

Objetivo: Utilizar os movimentos afro-brasileiros, explicando sua importância

e como forma de apreensão deste conteúdo.

Proposta de atividades para este conteúdo, adaptado da apostila de

Ginástica Geral do Gallardo (2003).

- Essa experimentação servirá para criar uma linguagem comum de

gestos, procurando sentir e compreender a técnica corporal característica

da dança afro. Ao ritmo musical afro brasileiro, os alunos colocam-se no

final da quadra e o professor se coloca à frente de costa para eles,

realizando deslocamentos e movimentos afros contemporâneo

(caminhadas, Pulo-do-saco, espelho, empurrada, oferenda, máscara,

atabaque, saudação, colheita e golpe-baixo e alto) seguidos pelos alunos.

Assim, que se perceber a apreensão destes movimentos, formarem grupos

para próxima atividade.

- Nesta atividade de improvisação podemos re-significar os

movimentos da dança afros, já incorporados pelos alunos. A partir das

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técnicas já utilizadas na dança, propor aos alunos/as a buscarem outras

técnicas a serem construídas como um desafio, aumentando as

possibilidades de criação. Ao ritmo musical afro brasileiro, os alunos

colocam-se no final da quadra divididos em colunas, e o primeiro aluno de

cada coluna, seguido pelos alunos, vai se deslocando e realizando os

movimentos utilizando improvisação.

ATIVIDADE 4

Representação/ criação

Objetivo: Oportunizar ao aluno para que consiga criar e reproduzir os

movimentos.

- Esta atividade é chamada de sombra, pois permite reproduzir os

gestos que são apresentados, colocando neste movimento sua experiência

corporal e extraindo os elementos que possam contribuir para sua criação.

Em duplas, ficando um aluno na frente e o outro atrás, um imitará o outro.

Ao ritmo musical do samba. O aluno (1) criará um movimento e o outro

aluno (2) reproduzirá de forma simultânea, o mais similar possível a serem

vivenciados dentro do ritmo.

- Esta atividade é chamada de espelho, pois os movimentos são

imitados pelo outro, podendo brincar com a percepção visual e desenvolver

a corporalidade. Ao ritmo musical do jongo ou a sua escolha dentro do

contexto afro. Em duplas, um aluno na frente do outro. O aluno (1) criará um

movimento e o aluno (2) reproduzirá como se estivesse em frente a um

espelho, lembrando que nesta atividade devemos observar se estão

efetivamente executando a imagem invertida do espelho. Nesta mesma

atividade podemos criar problemas de percepção como:

Executar com deslocamentos laterais, para frente e para trás;

Com alternância de segmentos, ou seja, um segmento do

membro superior e outro do membro inferior;

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Com simultaneidade de segmentos, ambos do mesmo membro e

também com simultaneidade de membros superiores e inferiores.

- Esta atividade é chamada de irmão siamês, onde, um aluno sempre

deverá estar em contato corporal com o outro, buscando trabalhar valores

como respeito, confiança e responsabilidade. Ao ritmo musical da capoeira,

os alunos em duplas, podem explorar os planos alto, médio e baixo, criando

movimentos livres, permanecendo sempre em contato corporal.

ATIVIDADE 5

Representação/ Criação/ Reelaboração

Tema: Coreografia

Objetivo: Criar e elaborar coreografia para apresentar ao grande

grupo.

A coreografia segundo Fahlbusch (1990) é um processo de seleção e

formação de movimentos dentro da dança. Nesta atividade iremos escrever

a dança, criar uma coreografia que venha coroar nosso trabalho em afro.

Ainda Fahlbusch coloca que, a exploração de movimentos é um importante

passo coreográfico. Nesse processo devem-se considerar as questões,

analisar a relevância dos movimentos intencionais, e deixar fluir a

imaginação. Quanto mais se experimentar ou explorar, mais facilmente se

conseguirá encontrar. Quanto mais decisões tomar sobre os movimentos,

maior sensibilidade se desenvolverá.

Portanto, a partir dos movimentos improvisados, criados e re-

significados, acreditamos ser possível produzir o seu próprio conhecimento

em dança transformando estas experiências em técnicas corporais, pois

foram elaborados e transformados em uma nova técnica a ser apreendida.

- Nesta atividade utilizar ritmo musical afro contemporâneo. Propor

aos alunos individualmente que separem seu nome em sílabas, como por

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exemplo, “Al-fre-do” e para cada sílaba criar um movimento para

representá-la. Após determinados minutos, cada aluno se apresentará de

uma nova forma, através do movimento elaborado.

- Em grupos de 7 ou 8 alunos, cada aluno irá se apropriar do

movimento elaborado pelo colega (sílaba do seu nome). Desta apropriação,

surgirá uma coreografia. A partir desta tarefa podemos problematizar ou

aumentar o grau de complexidade, solicitando exploração:

Dos níveis: alto, médio e baixo;

Direções: para frente, para trás, para o lado esquerdo, para o lado

direito, diagonalmente, etc.;

Formações: círculos, colunas, fileiras, quadrado, triângulo, etc.

ATIVIDADE 6

Catarse

Objetivo: Propor discussão e reflexão sobre as atividades.

- Sentados num grande círculo, refletir sobre o que foi aprendida, sua

importância, o que foi válido, como se sentiram e se tiveram a mesma

oportunidade de construir o conhecimento socialmente. Propor uma auto-

avaliação dos alunos e do professor. Nesta atividade propor a seguinte

reflexão:

- Na proposta de incorporar os níveis, as direções e formações na

construção das coreografias, quais foram às dificuldades enfrentadas pelo

grupo?

- A exploração de movimentos é um importante passo coreográfico.

Nesse processo quanto mais se deixar fluir a imaginação, quanto mais se

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experimentar ou explorar, mais facilmente se conseguirá construir uma

coreografia?

- A partir dos movimentos improvisados, criados e re-significados,

acreditam ser possível produzir o seu próprio conhecimento em dança

transformando estas experiências em técnicas corporais?

TEMA: Danças folclóricas, o Carimbó e o Fandango

Objetivo: Conhecer e experimentar as danças folclóricas Carimbó e

Fandango.

Dança e Cultura

A cultura de várias regiões do país mostra a vivência e a história do

povo e por meio da dança somos capazes de reconhecer a identidade

própria de um lugar e a diversidade que constitui o Brasil. Nosso país é uma

mistura de diversas e variadas manifestações culturais, advindas de

distintos povos que aqui se encontraram e além de difundirem suas culturas

fizeram com que as mesmas se miscigenassem gerando novas formas

culturais. Dentre essas manifestações a dança ganha destaque pela riqueza

e diversidade de ritmos, passos e movimentos. Cada estilo de dança possui

linguagem própria, de tradições afro-brasileiras, indígenas e européias, as

manifestações culturais brasileiras, compõem os conhecimentos das danças

e estabelecem a oportunidade de realizar com a dança um trabalho com as

práticas corporais. Dentro desse universo faz um apanhado histórico da

cada estilo o que segundo estudos sociológicos, são extremamente

importantes, pois traduzem a cultura popular, a linguagem do povo, levando

conhecimentos em seu meio social, manifestações transmitidas pelas

pessoas através dos tempos assumindo os aspectos culturais de todos os

estilos de dança os quais envolvem movimento, energia e ritmos,

combinando dança, música e movimentos expressivos de várias culturas

que podem revelar uma bagagem corporal, na medida em que permite um

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processo educativo de criação e integração, incorporado por sujeitos sociais

praticantes da dança.

Sob o enfoque da cultura brasileira,

ao analisarmos, refletirmos, observarmos e discutirmos sobre os

sentidos e significados, tanto positivos quanto negativos,

estaremos vendo de diferentes ângulos as questões da dança.

Esses são dados importantes que servem de referências, os quais

contribuirão para reelaborarmos o nosso próprio conhecimento e

as nossas crenças, enfim compreendermos por meio da dança a

realidade social da qual fazemos parte.(...)ao percebermos a

dança dessa forma, confrontando as tradições históricas com as

formas atuais de movimentos, vivenciamos uma prática corporal

que nos permite dar um sentido próprio às coreografias.(LDP,2007

p.203).

Nesse contexto a Educação Física que trata do conhecimento da

cultura corporal que envolve a dança, oferece novas experiências, onde

podemos constatar que a prática da dança com suas características e

especificidades agrega efetivas possibilidades que conduzem a reflexão

sobre o processo histórico próprios de cada estilo e região. Todos os

elementos presentes na dança, ao serem incorporados permitem a

socialização de conhecimentos carregados nessa manifestação com

expressões individuais e coletivas. Conhecer a dança, praticar a dança e

produzir movimentos, possibilitam práticas corporais cheias de significados

que retratam aspectos da cultura.

Carimbó e Fandango

A dança do carimbó combina os elementos das danças afro

brasileira, indígena e européia, cujos passos são chamados de

componentes básicos, sendo considerado um expressivo meio de

comunicação, valorizado pela tradição, de significado histórico que explicam

ensinamentos populares e da realidade da qual participa. Ela expressa a

cultura e tradição do povo paraense, criando um ambiente dinâmico e

flexível, onde o

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Carimbó é uma das manifestações culturais presentes no Estado

do Pará. (...) A dança de carimbó, diz respeito à reunião de

pessoas em pares num círculo, que dançam soltos, evidenciando

o cortejo, a conquista, onde o homem dança ao redor da mulher. A

música do carimbó (Salles,1969: 280) entre outras características

é andante, de ritmo binário simples, modo maior. A estrutura do

canto é responsorial, acompanhado pelo instrumental. A poesia do

carimbó contém versos curtos que são repetidos. A maioria dos

versos diz respeito ao cotidiano do povo, descrevem seus amores,

trabalhos, locais onde vivem e suas lendas, expressam sua gente.

Como podemos observar, as características do carimbó são

marcantes, o grupo forma uma roda que possibilita os diversos movimentos

e ritmos individuais em sintonia com a música e a expressão corporal do

povo e da cultura paraense. É uma dança alegre e contagiante que

incorpora a influência indígena e africana.

Em relação ao fandango do Paraná podemos dizer que

Chegou ao nosso litoral com os primeiros casais de colonos açorianos e com muita influência espanhola, por volta de 1750 e passou a ser batido principalmente durante o Intrudo (percussor do Carnaval) (...) três séculos se passaram e nesse correr dos anos, o Fandango tornou-se uma dança típica do caboclo litorâneo, folclórico por excelência. Sua coreografia possui características comuns, com nomes e ritmos fixos para cada marca, ou seja, uma suíte ou reunião de várias danças, que podem ser bailadas (dançadas) ou batidas (sapateadas), variando somente as melodias e textos. Existem vinte e sete marcas diferentes e muitas outras existem ainda, próprias de cada região em que se dança o Fandango. Algumas conhecidas do litoral: Anu, Queromana, Tonta, Andorinha, Cana Verde, Marinheiro, Chamarita de oito, Charazinho, Serrana, Chara e Feliz.

http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=31

Focalizaremos nessa proposta, tendo como referência uma de suas

marcas, o “ANU”, que apresenta em sua coreografia características batidas

com ritmo próprio.

A liberdade de se movimentar exprime uma forma de dança de

múltiplas tradições da região norte e sul do Brasil ligado a seus ambientes

de origem, mas que utilizam novos elementos como suportes para

expressar e registrar essas manifestações, ampliando assim as

possibilidades de conhecimento desses estilos de dança.

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A música e a dança, regionais e folclóricas, são ferramentas

utilizadas para expressão de gestos, movimentos, que revelam valores e

significados. Passos simples de fácil realização é utilizado, assim como

manter um dos pés sempre a frente do corpo fazendo a marcação do ritmo

e da coreografia.

ATIVIDADE 1

Experimentação/Descoberta

Objetivo: Mostrar através dos vídeos indicados, as danças folclóricas

carimbó do Pará e fandango do Paraná.

Assistir os vídeos das danças do carimbó e do fandango para que os

alunos possam visualizar essas diferentes manifestações dançantes.

http://www.youtube.com/watch?v=10cxbdnqk8I http://www.youtube.com/watch?v=3NzMIiMeW8k http://www.youtube.com/watch?v=d23kRAQLRHc http://www.youtube.com/watch?v=BeeoqCurMn8 http://www.youtube.com/watch?v=tNacDNhaAxQ

http://www.youtube.com/watch?v=zMTMlG__oH4

Roteiro para discussão com o grupo

- Estabeleça uma relação entre o carimbó e fandango e forneça os

elementos para criar uma sequência pedagógica, que favoreça o

conhecimento das técnicas corporais destas danças.

Ex:

movimentos dos pés, braços e quadril;

os giros ou rodopios;

gingado;

as evoluções no espaço durante os deslocamentos;

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vestimenta das meninas e dos meninos;

a música.

ATIVIDADE 2

Representação/ Criação/ Reelaboração

Objetivo: Criar e elaborar coreografia para apresentar ao grande

grupo.

- Esta atividade é chamada de oficina coreográfica, pois permite usar

elementos e técnicas corporais do carimbó e fandango. Os alunos colocam

nestes movimentos sua experiência corporal e extraem os elementos que

possam contribuir para sua recriação. Em grupos, um dança o carimbó e

outro dança o fandango; os alunos/as elaboram uma coreografia com

movimentos que foram apreendidos nos vídeos. Nesta apresentação deverá

ter passos básicos de cada ritmo; fazendo a combinação dos movimentos e

dos deslocamentos em todas as direções.

-Todos, num grande círculo apreciam a apresentação de cada grupo,

vivenciam cada ritmo e a coreografia. Nesse momento todos os grupos

apresentam as construções elaboradas e criadas por eles. Na seqüência

da atividade, propor discussão sobre a prática, a exploração dos

movimentos e sobre a construção de uma nova técnica corporal das danças

folclóricas carimbó e fandango.

- Sentados num grande círculo, refletir sobre o que foi aprendido, sua

importância, o que foi válido, relacionar o que a dança do carimbó e a dança

do fandango tem em comum. Lembre-se, a prática depende de cada

detalhe e cada elemento adicionado passo a passo, deve promover a

integração e o aprendizado dos alunos.

ATIVIDADE 3

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Objetivo: Elaborar um roteiro temático sobre dança e cultura.

- Todos os elementos presentes na dança, ao serem incorporados

permitem a socialização de conhecimentos carregados de manifestação de

expressões individuais e coletivas, conhecer e praticar a dança, produzir

movimentos tem a vantagem de possibilitar práticas corporais que retratam

sua cultura. Nesta atividade, a proposta é criar a semana de danças

brasileiras, apresentando diversos ritmos e estilos. Cada dia da semana um

grupo faz sua apresentação. O professor deve expor as possibilidades que

a dança pode oferecer. Utilizar a música e a dança de maneira que todos

possam participar do processo de socialização e oportunizar a vivência de

dançar.

- Na seqüência da atividade, propor discussão sobre a prática, a

exploração dos movimentos e sobre os diversos estilos de danças

apresentados. Relacionar os movimentos do corpo com as danças e as

características peculiares que as identificam e as diferenciam uma da outra

relacionando com seus contextos históricos e sociais.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Organizamos este caderno pedagógico numa metodologia de

ensino, pautada no referencial teórico das Diretrizes Curriculares do Estado

do Paraná e LDP, que nos trouxeram elementos para a compreensão dos

limites e possibilidades da dança no contexto escolar e propor novas formas

de tratar as técnicas corporais.

Mostramos que a cultura afro brasileira possui seus elementos, sua

prática e é uma manifestação cultural de um povo que tem sua identidade e

que nos fornece conhecimento. As danças folclóricas carimbó e o fandango

trazem consigo características peculiares de regiões do nosso país,

enfatizando sua grande riqueza social e cultural. Pretendemos proporcionar

através dessas atividades à re-significação da dança como prática

autônoma do conhecimento sensível e possibilitar a elaboração de técnicas

de movimento para a apropriação de diversas formas de expressar a

dança.

Portanto, apresentamos atividades que podem ser discutidas, re-

significadas e recriadas. Propomos também um desafio para que sejam

adaptadas e flexibilizadas para qualquer ritmo e estilo, sendo a alavanca

para que cada um construa com liberdade a sua dança. E assim, o

conhecimento sistematizado apareça através de reflexões e nas direções

que vamos possibilitando para cada atividade, que se valorize o que surge

na improvisação, instigando para que cada um busque a criação de sua

própria técnica corporal de movimento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FA HLBUSCH. Dança moderna e contemporânea. Rio de Janeiro: Sprint, 1990.

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Filme: Vem Dançar - Referência: Take The Lead, EUA, 2006. Distribuidora: Play

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ANEXOS

Características técnicas da modalidade

1- posição da CADEIRINHA, sentar no quadril e contrair abdômen;

2- pernas afastadas na largura do quadril, joelhos semi flexionados e

realizar movimento de molejo dos joelhos com marcação rítmica para baixo;

3- ampla movimentação pélvica, ou seja, movimentar os quadris para

direita e esquerda, e movimento de circundução;

4-a cabeça participando dos movimentos, para direita e para

esquerda;

5-tronco livre acompanhando o quadril com ondulações, contraindo e

descontraindo o tronco;

6-muitos gestos expressivos pelos membros superiores (inspirados

nas danças dos Orixás), ampla movimentação.

7- MUITO DESLOCAMENTO, para direita, para esquerda, para

frente, para trás e diagonais;

8- imitação de animais, como por exemplo: gato, leão, tigre, etc.;

9- movimentos estilizados representando a capoeira ginga;

10- tensão nas extremidades, sacudindo os membros superiores;

11- energia de dentro para fora com movimentos globais e de

explosão, realizando uma maior amplitude do movimento

Deslocamentos gestos e membros superiores

DESLOCAMENTOS – nomenclatura com base nos estudos de José

ANCHIETA (1994) apud Soares (2008):

1 - Caminhadas - Simples, com molejo dos joelhos, cruzando e

afastando para direita e para esquerda, alternando a cruzada na frente e

atrás.

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2 - Arrasta-pé - Uma das pernas desloca-se para o lado ou para

frente levando o joelho, arrastando a outra perna que permanece em

contato com o solo.

3 - Passo-junta - Deslocamento da perna acompanhado pela outra na

mesma direção (diagonal, lateral ou frontal).

4 - Rosquinha - Deslocamento lateral com as pernas cruzadas e

alternando o apoio dos pés no solo. O impulso é dado pelo quadril.

5 - Pulo-do-saco - Pequeno saltito à frente onde as pontas dos pés

ficam em contato permanente com o solo e deslocamento impulsionado

pela pélvis (pernas unidas ou afastadas)

6 - Máscara - As mãos colocadas à frente do rosto com as palmas

voltadas para a frente e os cotovelos elevados a altura do rosto.

7 - Toque - Ação de encostar as mãos em qualquer parte do corpo,

simultânea ou alternadamente.

8 - Atabaque - Movimento alternado das mãos a frente do corpo com

as palmas voltadas para baixo, como se estivesse golpeando um

instrumento de percussão.

9 - Espelho - Braço semi-flexionado a frente ou ao lado do corpo a

altura do ombro e com a palma da mão voltada para o rosto.

10 - Empurrada - Braços elevados e flexionados a frente do corpo,

com as mãos voltadas para fora.

11 - Cotovelo - Braço flexionado movendo-se sobre o ombro para

trás, ou para o lado.

GESTOS DOS MEMBROS SUPERIORES

1 - Oferenda - Braço(s) colocado(s) a frente do corpo ou ao lado,

levemente flexionados e com a(s) mão(s) espalmada(s) para cima.

2 - Saudação - Braço(s) elevado a frente do corpo e a palma da mão

voltada para a frente.

3 - Colheita - Ação dos antebraços cruzando e descruzando as mãos

na linha da cintura em movimentos semelhante a uma tesoura.

4 - Golpe-alto - Movimento vigoroso de baixar o braço em direção ao

chão, com ação iniciada acima da cabeça.

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5 - Golpe-baixo - Movimento vigoroso do braço partindo da linha da

cintura para frente, ao lado ou para cima.

6 - Passe - Uma ou duas mãos que passam sobre determinada parte

do corpo ou do espaço como se estivesse limpando ou purificando (passe

de cabeça, passe de corpo, passe a distância)