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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
PDE
NEUSA ELISÉTE KEMMRICH BALLOTTIN
UM NOVO OLHAR SOBRE O ENSINO DAS CONJUNÇÕES PARA 8ª
SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL
Ibema 2010
NEUSA ELISÉTE KEMMRICH BALLOTTIN
UM NOVO OLHAR SOBRE O ENSINO DAS CONJUNÇÕES PARA 8ª SÉRIE
DO ENSINO FUNDAMENTAL
Produção Didático-Pedagógica constituída na forma de Unidade Didática, apresentada como um dos requisitos do PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional 2009/2011, área de Língua Portuguesa, ofertado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná, em parceria com a Secretaria de Tecnologia e Desenvolvimento.
Orientadora: Profa. Ms. Rosana Becker Fernandes (UNIOESTE – Cascavel/PR)
Ibema2010
SUMÁRIO
1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO 42 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE DIDÁTICA 43 CONTEXTUALIZANDO O TEXTO A SER LIDO 64 COMPREENSÃO GLOBAL DO TEXTO 95 CONTINUANDO A INTERPRETAÇÃO 106 RETOMANDO O TEXTO 117 REFLETINDO SOBRE AS CONJUNÇÕES 128 EMPREGANDO CONECTIVOS 149 PRODUÇÃO E REESCRITA DE TEXTO 1610 PALAVRAS FINAIS 16
REFERÊNCIAS 17
UM NOVO OLHAR SOBRE O ENSINO DAS CONJUNÇÕES PARA 8ª SÉRIE
DO ENSINO FUNDAMENTAL
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1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Professora PDE: Neusa Eliséte Kemmrich Ballottin
Área PDE: Língua Portuguesa
Professora Orientadora IES: Rosana Becker Fernandes
IES vinculada: Unioeste – Cascavel
Escola de Implementação: Colégio Estadual José De Anchieta – Ibema Pr
Público objeto da intervenção: Alunos da 8ª Série do Ensino Fundamental
Tema de estudo: Ensino da gramática - uso e aprendizado da língua.
Produção material didático: Unidade didática
2 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE DIDÁTICA
Professor (a):
Esta unidade didática está fundamentada numa concepção que compreende que o
ensino das conjunções ocorra de maneira contextualizada, ou seja, que esta se fundamente
numa relação de uso e aprendizado da língua. Como afirma Geraldi (2004, p. 74), “o objetivo
não é o aluno dominar a terminologia (embora possa usá-la), mas compreender o fenômeno
lingüístico em estudo”. Nesta perspectiva, o trabalho com a gramática – conjunções – deixa
de ser visto a partir de exercícios estanques e volta-se para compreensão da relação entre
gramática e texto.
Desta forma o trabalho aqui realizado pauta-se na distinção entre gramática e prática
de análise lingüística proposta e defendida nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná.
Nas atividades gramaticais, há a preferência pelos exercícios estruturais, de identificação e
classificação. Já nas atividades de analise lingüística, busca-se um trabalho com questões
reflexivas e abertas, que permitam ao aluno comparar e analisar os diferentes sentidos
presentes no texto. (PARANÁ, 2008; ANTUNES, 2007.).
Ensinar a função das conjunções no texto é uma necessidade para se avançar na
construção de sentido, portanto se faz necessário o encaminhamento de atividades que
busquem a compreensão do emprego e do funcionamento da conjunção na produção de
significados no/pelo texto.
Ao optar-se em trabalhar com conjunções que contribuem para organização
argumentativa de um texto e que estas servem para sustentação do ponto de vista defendido
pelo autor e convencimento do leitor, pretende-se que o aluno compreenda a função da
conjunção em um texto escrito, percebendo que o emprego adequado ou inadequado da
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conjunção interfere na realização da intencionalidade, na concretização da aceitabilidade, e na
organização das informações. Em outras palavras, a construção de sentido de um texto pode
ser prejudicada pelo emprego inadequado das conjunções.
Sendo assim, converse com seus alunos sobre a importância de saber discutir, opinar e
argumentar sobre determinado assunto. Explique também que quando se quer apresentar e
defender um ponto de vista por escrito, muitos cidadãos o fazem por meio do gênero
discursivo “artigo de opinião”. O artigo de opinião é elaborado a partir de uma questão
polêmica de relevância social, criada através de um fato que foi notícia ou que está sendo
discutido na sociedade. Por isto, neste gênero, há necessidade de argumentação e defesa de
um ponto de vista. É importante os alunos compreenderem que o emprego da conjunção, tanto
facilita o entendimento do texto, recuperando, associando ideias e argumentos apresentados
pelo autor, quanto poderá prejudicar os sentidos pretendidos se houverem “falhas” no
emprego dos conectivos.
Os encaminhamentos apresentados nesta unidade didática buscam refletir sobre as
estratégias de escrita empregadas pelo autor em seu texto argumentativo. São propostas
atividades de modo a levar os alunos a observarem que o emprego das conjunções produz
diferentes relações semântico-discursivas, que, por sua vez, apontam para o processo de
interação verbal que originou o texto foco de análise/estudo. (KOCH, 1997). Nesta
perspectiva, o texto passa a ser percebido como pertencente a um gênero discursivo e o aluno
passa a entender que, para produção de textos argumentativos, faz-se necessário o uso de
recursos específicos, dentre eles, a conjunção.
Este trabalho poderá ser iniciado com os alunos fazendo-se uma análise dos temas
polêmicos sociais de nosso país. Peça aos alunos que assistam aos telejornais ou façam
leituras de jornais durante dois ou três dias consecutivos e que registrem em seus cadernos as
notícias e / ou reportagens para serem discutidas em sala de aula.
Comente com seus alunos que durante os próximos dias farão leituras de textos,
debates em sala de aula para, em seguida, realizarem a produção de um artigo de opinião,
quando também eles irão se posicionar sobre determinado tema.
Os artigos de opinião produzidos pelos alunos poderão ser lidos em sala, apresentados
para os colegas de outras salas, expostos nos murais da escola ou publicados em jornais
acessíveis conforme a região.
3 CONTEXTUALIZANDO O TEXTO A SER LIDO
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Dentre tantos fatos e polêmicas que marcaram o cenário nacional de 2010, você
poderá lembrar a seus alunos da tragédia que chocou o país em abril deste ano, quando houve
o desabamento de várias casas construídas no morro do Bumba, na periferia da cidade de
Niterói, estado do Rio de Janeiro. Você poderá relembrá-los através de alguns
questionamentos:
a) Vocês lembram da tragédia que ocorreu em Niterói neste ano?
b) Qual foi a causa do desabamento?
c) Quantas famílias ficaram sem suas casas?
d) Onde as casas eram construídas?
e) Todos os soterrados foram encontrados?
f) As famílias tinham conhecimento do perigo em que se encontravam?
g) Quem foi (foram) responsabilizado (s)?
h) Na opinião de vocês, existem “culpados” pela tragédia?
Questionamentos como os sugeridos são importantes para que o aluno reative o seu
conhecimento de mundo sobre o fato que será tematizado no texto a ser lido. A partir das
discussões prévias, o aluno começa a criar expectativas, levantar possíveis hipóteses de
tratamento a ser dado a polêmica. Assim, antes mesmo de começar a “decodificar” ou
processar as informações visuais presentes no texto, o aluno já está inserido num processo de
compreensão ativa de leitura (KOCH; ELIAS, 2006).
Apresentamos abaixo algumas imagens que podem contribuir para a contextualização
do fato junto aos alunos.
6
http://www.google.com.br/images?q=desabamento niterói imagens
Outro aspecto importante a ser explorado com os alunos é a de que o texto a ser lido é
um artigo de opinião publicado no jornal Gazeta do Paraná, na data de 16 de abril de 2010.
Seria interessante apresentar ou retomar brevemente com os alunos a organização geral do
suporte textual jornal: função da primeira página, divisão por cadernos, seções geralmente
fixas em cada edição. Comentar, também, que em um jornal aparecem diferentes gêneros
textuais: notícias, reportagens, classificados, anúncios, notas, editorial, artigos de opinião.
Estes textos têm objetivos distintos. Alguns relatam fatos, como as notícias; outros, como as
reportagens, além de relatar, trazem informações mais detalhadas sobre determinado assunto
ou tema, à época, considerado importante. E há textos como o editorial e o artigo de opinião
que apresentam e defendem determinado ponto de vista sobre um tema.
Um trabalho interessante é, após uma exposição geral sobre a organização do jornal,
distribuir vários exemplares para os alunos e pedir que eles identifiquem os diferentes gêneros
comentados.
SUGESTÃO DE LEITURA PARA VOCÊ,
PROFESSOR.
Um dilúvio sem arca e sem Noé
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José Kuiava
O dia em que o rio virou rio, o mundo viu tragédias naturais e humanas tristes, cruéis, espetaculares e espetacularizadas. Avenidas e ruas por onde antes fluíam milhares de veículos e caminhavam milhões de pessoas diariamente foram tomadas pelas águas, caídas copiosamente dos céus e vindas dos morros. Praças, parques, jardins, calçadas, canteiros de flores foram submersos pelas águas turvas e imundas. Flutuando sobre as águas, o lixo humano dava o seu ar da desgraça. As águas trouxeram ao público a sujeira guardada e escondida nas casas, nos porões, nos armários, nos quintais, nas sarjetas, nos bueiros, nos fundos dos vales, nas margens dos córregos e rios, nas encostas dos morros, nos morros. Até parecia que o céu, indignado com os seres humanos aqui na terra com tanto relaxo, resolveu fazer uma limpeza geral. Lavou os morros habitados. Lá de cima arrastou casas, móveis, lixo, cachorros, crianças, mulheres, mães. Filhos, netos... Ah, botou morro abaixo também alguns homens. Tudo de uma vez só. Só não lavou os palácios, as mansões, os edifícios luxentos. Será que lá não há sujeira? Até o céu é contra as pobres?
As águas das chuvas trouxeram à superfície da terra o lixo, a sujeira e a imundície dos pobres. Pena que não lavaram e levaram a imundície política e com ela a corrupção, as mentiras e promessas políticas que inundam nossas vidas diariamente. Estes, os políticos, que governam nossas vidas, culpabilizaram os céus e as próprias vítimas pela tragédia. Disseram que choveu demais em poucos dias e que os atingidos pelas águas estavam habitando em lugares errados. Ou melhor, “inadequados”. Uns até estufaram os peitos e se revestiram de plena responsabilidade diante das câmeras televisivas e proclamaram: “vocês ai em cima dos morros, que insistem em permanecer nos barracos de vocês são uns irresponsáveis, que não amam e não gostam da vida de vocês”. Um deles, o de mais poder e autoridade, chegou a proclamar uma verdade científica: “está na hora do povo brasileiro construir suas casas em lugar adequado se não quiser morrer soterrado junto com o lixo”. É verdade, quem viveu e vive de lixo e habita em cima do lixo, só pode virar lixo com lixo. Quem manda construir barracos mal projetados, sem alicerces, sem estrutura, sem engenharia técnica, de materiais inadequados, em lugares inadequados? Da próxima vez, os milhões de homens, de mulheres, de pais e mães, de filhos, filhas, crianças aprendam a construir casas mais sólidas e seguras, em lugares adequados. Assim, não sofrerão novas tragédias. E não venham nos culpar, nem chorar as pitangas diante das câmeras de televisão, exigindo providências, porque nós, os políticos e governantes, não somos culpados pela desgraça de vocês. Nós temos muito o que fazer com o dinheiro público e nem tempo temos para dar explicações a vocês, pois temos que aparecer na televisão para mostrar ao Brasil e ao mundo que estamos ajudando as vítimas dos terremotos do Haiti, do Chile e patati, patati e patatá. Entenderam?
Quase nem seria necessário lembrar que às vezes o silêncio é mais eloquente que as palavras. Ficar calado, às vezes, é sinal de inteligência e de bom senso. Aliás, de respeito, principalmente em momentos de tragédias, como estas que o mundo sofre.
Bem, com a volta do sol brilhante e escaldante sobre a cidade maravilhosa, enquanto homens e máquinas vão removendo os entulhos, a terra, a lama, o chorume, e junto com os escombros e entulhos os corpos humanos soterrados, mortos e ainda não encontrados, o poder público resolveu agir. Começou a destruição das construções de áreas de risco no Rio de Janeiro (já sem rios) e em Niterói. Com muito orgulho, os administradores do plano de ação inédito anunciaram que serão derrubadas 4 mil casas em Niterói. E não adianta homens, mulheres, pais e mães dizer que construíram as casas com suor e sangue durante 20, 30 ou 40
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anos. As casas serão demolidas igual. E nem adianta colocar crianças meigas e horrorizadas pela tragédia, chorando diante das câmeras, pedindo misericórdia. Tudo será demolido.É isso. Quais lições iremos aprender com as tragédias nossas de cada dia? Estamos dispostos a aprender as lições? Teremos que recriar um Noé dos nossos tempos e construir uma Arca, capazes de salvar a humanidade e o Planeta Terra? É oportuno relembrar e repetir: às vezes o silêncio é mais eloquente que as palavras. Inclusive eu tinha me proposto a seguir este princípio, mas não resisti. Escrevi.
José Kuiava é mestre em Educação é professor da UNIOESTE-
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus Cascavel
4 COMPREENSÃO GLOBAL DO TEXTO
a) Quem é o autor do texto?
b) Em qual veículo de comunicação o artigo foi publicado?
c) Quando este artigo foi publicado?
d) Quem é o público leitor?
e) Qual o assunto? O que tem a ver com a realidade?
f) Por que o autor resolveu escrever sobre o assunto?
g) É objetivo principal do texto: “Um dilúvio sem arca e sem Noé”:
( ) Responsabilizar os moradores pelas tragédias.
( ) Valorizar o esforço das pessoas que estão trabalhando para remover os entulhos,
terra....
( ) Defender o “silêncio”.
( ) Denunciar a falta de responsabilidade política.
( ) Discutir as lições que aprendemos com as tragédias.
PROFESSOR (A):
A partir destas perguntas, poderá ser aproveitado o momento para explorar as características discursivas do gênero textual lido, enfocando principalmente as condições de produção e circulação. Sugerimos os seguintes questionamentos:
a) O gênero é conhecido por vocês? b) Já leram textos parecidos? c) Quem em geral escreve este gênero? Com que propósito? Com base em que informações?d) Quem lê este gênero? Por que lê? e) Por que esse gênero é produzido?
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Leia o quadro para saber um pouco mais sobre o gênero discursivo “Artigo de Opinião”.
ARTIGO DE OPINIÃO: É um texto escrito com objetivo de defender um ponto de vista ou opinião sobre algum assunto. É um texto argumentativo, polêmico e atual, em que se inicia com uma informação ao leitor, situando-o no tema, para então, iniciar a argumentação sobre a opinião defendida com a finalidade de convencer o leitor a seguir sua interpretação.Este gênero objetiva que o leitor concorde com o ponto de vista do autor. Os Artigos de Opinião são publicados em revistas impressas ou revistas eletrônicas e jornais.
Os temas são geralmente relacionados à política, educação, saúde e provocam discussão, pois se refletem na vida da maioria dos leitores.
Retirado e adaptado deCOSTA-HUBES, Teresinha; BAUMGARTNER, CarmenSequência Didática: uma proposta para o ensino de língua portuguesa no ensino fundamental: anos iniciais. In: AMOP – Associação dos Municípios do Oeste do Paraná. Departamento de Educação.
5 CONTINUANDO A INTERPRETAÇÃO:
a) Qual é o título do artigo? Através do título é possível saber o assunto do artigo? Por
quê?
b) É possível saber o posicionamento do autor através do título? Que elementos indicam
isso?
c) Qual das afirmações abaixo consiste na tomada de posição do autor:
( ) “As águas trouxeram ao público a sujeira guardada e escondida nos porões, nos armários, nos quintais, nas lixeiras, nas sarjetas, nos bueiros, nos fundos dos vales, nas margens do córregos e rios, nas encostas dos morros, nos morros”.
( ) “...nem seria necessário lembrar que às vezes o silêncio é mais eloquente que as palavras. Ficar calado às vezes, é sinal de inteligência e bom senso. Aliás, de respeito, principalmente em momentos de tragédia, como estes que o mundo sofre”.
( ) “Pena que não lavaram e levaram a imundice política e com ela a corrupção, as mentiras e promessas políticas que inundam nossas vidas diariamente”.
( ) “E não adianta homens , mulheres, pais e mães dizer que construíram as casas com suor e sangue durante 20, 30 ou 40 anos. As casas serão demolidas igual”
d) Qual o significado de: “o silêncio é mais eloquente que as palavras”.
e) O autor emprega ironias no texto. Você identifica-as?
f) No texto, por que o autor nos pergunta: “entenderam”?
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h) Qual/quais argumentos o autor utiliza para justificar que o desastre seria “culpa” dos
próprios moradores dos morros?
i) Por que o autor faz os questionamentos do último parágrafo?
j) Qual o sentido do autor usar a palavra “pena” no segundo parágrafo?
PROFESSOR (a):
Realizada a compreensão global do texto, vamos observar o emprego de alguns elementos muito importantes para organização das ideias e pontos de vista defendidos pelo autor. E, para isso, serão retirados alguns trechos do texto para nossa reflexão!
6 RETOMANDO O TEXTO
a) No primeiro parágrafo o autor situa os leitores no cenário da tragédia de forma gradativa. Em que momento se pode observar a indignação do autor diante da tragédia?
b) É possível através do segundo parágrafo dizer que o autor está “procurando os responsáveis” pela tragédia? Retirem do parágrafo frases que comprovem sua resposta.
c) No terceiro parágrafo o autor faz menção ao “ficar parado” e ao “trabalho”. Como você analisa o emprego de palavras que expressam sentidos opostos?
d) Explique motivos possíveis que levaram o autor a empregar a comparação à Arca de Noé no último parágrafo.
e) No último parágrafo, o autor comenta que “não resistiu ao silêncio”. Em sua opinião, por que isso ocorreu?
f) Situe no texto o momento em que se observa a tomada de posição do autor.
g) Retire do texto trechos em que é possível identificar pontos de vista do autor. Em seguida, observe quais são os argumentos que o autor utiliza para defendê-los.
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PARA ALÉM do TEXTO LIDO
PROFESSOR (a):As questões abaixo poderão ser feitas sob forma de pesquisa, com objetivo de ampliar o conhecimento dos alunos através de outras leituras.a) O que você conhece sobre Planejamento Urbano?b) Você conhece as exigências jurídicas para que uma construção seja iniciada?c) O que significa dinheiro público?
7 REFLETINDO SOBRE AS CONJUNÇÕES
Leia os fragmentos a seguir e assinale a relação de sentido apresentada pelos termos em destaque:
a) “...o mundo viu tragédias naturais e humanas tristes, cruéis, espetaculares e espetacularizadas. Avenidas e ruas por onde antes fluíam milhares de veículos e caminhavam milhões de pessoas...caídas copiosamente dos céus e vindas dos morros”.
Que função essa palavra cumpre dentro das orações:( ) acrescenta uma informação( ) introduz um esclarecimento( ) indica uma finalidade( ) introduz uma conseqüência.
b) Observe que o autor usa várias vezes a conjunção e neste trecho. Qual a função desta repetição no trecho analisado?
c) “Nós temos muito o que fazer com o dinheiro público e nem temos tempo para dar explicações a vocês,pois temos que aparecer na televisão para mostrar ao Brasil...”
A conjunção destacada:( ) acrescenta uma informação( ) explica a idéia anterior( ) estabelece uma comparação( ) introduz uma condição
d) “Da próxima vez, os milhões de homens, de mulheres, de pais e mães, de filhos e filhas, crianças aprendam a construir casas mais sólidas e seguras, em lugares adequados. Assim, não sofrerão novas tragédias”.
Nesta passagem, o emprego da palavra assim:( ) exemplifica e complementa a idéia anterior( ) marca uma relação de conclusão( ) estabelece uma comparação( ) retifica uma idéia.
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e) “E não venham nos culpar, nem chorar as pitangas...”
Com o emprego de nem, o autor( ) explica a idéia anterior( ) indica uma finalidade( ) acrescenta uma idéia( ) introduz uma explicação.
f) “Bem com a volta do sol brilhante e escaldante sobre a cidade maravilhosa, enquanto homens e máquinas vão removendo os entulhos...”.
A conjunção enquanto neste trecho( ) marca uma conseqüência( ) acrescenta uma idéia( ) estabelece uma contradição( ) marca um tempo.
g) “...às vezes o silêncio é mais eloquente que as palavras”.
Os recursos destacados( ) estabelecem idéia de comparação( ) marcam uma gradação( ) marcam uma relação de finalidade( ) introduzem uma explicação.
Observe que no exercício acima existem palavras que foram empregadas para auxiliar nas relações de sentido.E: indica o desenvolvimento do discurso, adiciona informações ou acrescenta algum dado novo.Pois: introduz uma explicação ou esclarecimento ao que foi afirmado anteriormente. Pode também indicar conclusão, quando não for a palavra que introduz a oração.Assim: tem valor exemplificativo e complementar. Geralmente introduz uma confirmação ou ilustração do que foi dito antes.Nem: tem valor de adição ao que foi afirmado anteriormente.Enquanto: indica um tempo concomitante no discurso em que o(s) fato(s) acontece(m).Mais... que: estabelece uma comparação entre idéias ou informações.
As conjunções ou conectivos são elementos coesivos que auxiliam na “costura” das idéias que produzem o texto, ou seja, sua função é pôr em evidência as várias relações de sentido que existem entre os enunciados:A principal preocupação de quem escreve é ver se os conectivos/ conectores estão empregados com precisão, pois sempre estamos fazendo uso deles. A seguir uma lista sucinta desses conectivos e suas funções:
a) Adição: e, nem, também, não só... mas também.b) Alternância: ou... ou, quer...quer, seja...seja.c) Causa: porque, já que, visto que, graças a, em virtude de, por (mais infinitivo).
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d) Conclusão: logo, portanto, pois.e) Condição: se, caso, desde que, a não ser que, a menos que.f) Comparação: como, assim como.
g) Conformidade: conforme, segundo.h) Conseqüência: tão... que, tanto...que, de modo que, de sorte que, de forma que, de maneira que.i) Explicação: pois, porque, porquanto.j) Finalidade: para que, a fim de que, para ( mais infinitivo ).k) Oposição: mas, porém, entretanto, embora, mesmo que, apesar (mais infinitivo ).l) Proporção: à medida que, à proporção que, quanto mais, quanto menos.m) Tempo: quando, logo que, assim que, toda vez que.
Observação: As palavras assim, desse modo, dessa maneira têm valor exemplificativo e complementar. A seqüência introduzida por elas serve, normalmente, para explicitar, confirmar ou ilustrar o que se disse antes: As pessoas estavam na expectativa que parasse de chover. Assim poderiam retornar a suas casas.
Retirado e adaptado de VIANNA, Antônio Carlos (org.). Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo: Scipione, 2005
8 EMPREGANDO CONECTIVOS
Os textos abaixo necessitam de conectores para sua coesão. Empregue corretamente as partículas que estão entre parênteses no lugar adequado:
a) Brasileiro sabe que a palavra “crise” não pode ser excluída do vocabulário, sem mais nem menos. Alguns anos da estabilidade já estávamos pensando em aboli-la por completo. Que nada, olha ela aí de novo. Serviram para alguma coisa, as grandes crises econômicas dos últimos anos ensinaram a classe média a lidar com os problemas que desencadeiam. Pelo menos é o que mostram os entrevistados desta reportagem. Solteiros, casados com sem filhos, eles contam conseguem administrar as pequenas grandes crises.
Criativa, n.122, junho 1999.p.46.(e, mas, como, e, se, ou)
b) E... a Amazônia for destruída? De acordo com o chamado “efeito borboleta”, um evento pequeno o bater de asas do pequeno inseto pode levar a um desastre natural no outro lado do mundo, imagine a destruição dos 7 584 421 km da Amazônia. De cara, teríamos uma diminuição de 30% da biodiversidade mundial. Morreriam 40 mil espécies de plantas, das quais 30 mil são endêmicas, não existem em outro lugar do mundo. Pelo menos 1000 espécies de aves e outras espécies estariam ameaçadas de desaparecer da face da Terra.
Super Interessante, n 215, julho 2005. p. 32.(se, ou seja, se, tão... quanto, além disso)
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c) Quem investe em saúde sabe importante fazer exercícios é ter uma dieta alimentar saudável e equilibrada. Sem dúvida, nesta dieta, as amêndoas, ricas em proteínas, fibra alimentar e gordura insaturada, são extremamente importantes. Está comprovado cientificamente que o consumo delas diminui o risco de doenças no coração. Isto já é uma ótima notícia. Como nada é bom não possa ficar melhor ainda a Iracema desenvolveu uma linha completa de produtos que, além do teor energético e nutritivo, tem o sabor inigualável da marca que hoje é qualidade em amêndoas.
Nova, n 325, outubro 2000. p.87.(tão... quanto, mas, e, tão que)
d) Energia do pedalUma aglomeração se forma para ouvir a manifestação. Na praça, o orador faz seu inflamado discurso, quatro pessoas pedalam em uma engenhoca que lembra bikes ergométricas de academia. Estranho? Nada disso. É tecnologia. O esforço dos ciclistas voluntários que faz funcionar o microfone e as caixas de som do evento. Alguém se cansa, logo surge outra pessoa disposta a pedalar por uma boa causa. O bike Bar foi criado por um grupo de tarados por bicicletas como uma alternativa de divulgar a cultura da bike, em que gera energia para shows de ruas e eventos nos Estados Unidos. O bike Bar pode ser alugado ou comprado e, Paul Freedman, um dos criadores, “é melhor do que painéis solares e geradores movidos a biodisel, ele coloca pessoas pedalando juntas, assistem uma aula de culinária, um show o que mais precisar de energia”. É completa: “A bicicleta é um meio de transporte ecológico ou uma atividade física.” Ela traz um elemento mágico de senso de comunidade para as ruas.
Vida simples, n 88, janeiro 2010. p. 14.(enquanto, se, ao mesmo tempo, segundo, pois, enquanto, ou, mais do que).
PROFESSOR (a):
A sugestão para atividades acima é explorar ao máximo o efeito de sentidos causados nos textos se as conjunções forem empregadas “em lugares” diferentes.
EXPLORANDO A ARGUMENTAÇÃO EM OUTROS TEXTOS
Você poderá selecionar outros textos do gênero artigo de opinião para que os alunos procurem os argumentos utilizados pelo autor para defender sua tese. Ou então você poderá seguir os encaminhamentos apresentados nos itens 3, 4, 5, 6.
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9 PRODUÇÃO E REESCRITA DE TEXTOS
Após o trabalho com o texto “Um dilúvio sem Arca e sem Noé” e com outros textos
por você selecionados, proponha aos alunos a elaboração do seu próprio artigo de opinião
sobre o tema, a partir da apresentação de uma tese e de argumentos que o sustentem. Você
pode orientá-los quanto à elaboração e a critérios a serem considerados durante a escrita.
A primeira produção será apenas um esboço, um rascunho do texto que pretendem
produzir. Nesta fase, é importante apresentar as ideias, os argumentos e não se preocupar
tanto com a ortografia ou outros componentes. Cumprida esta etapa, deverão retomar o texto.
A sugestão é de se fazer isto um dia depois em grupos para ler e discutir se os textos estão
claros ou se falta alguma coisa para que o leitor entenda. Marcar os erros gramaticais e
ortográficos para que possam rever e arrumar. A partir daí, o autor sozinho deve reescrever
seu texto, observando os apontamentos feitos na correção anterior. Enfim, a revisão final
neste momento deverá, de preferência, ser feita de modo individual com cada aluno para as
últimas correções necessárias.
Se houver necessidade, ainda, pode-se sugerir uma outra reescrita, caso algum aluno
não tenha adequado sua escrita à função do artigo de opinião.
Neste momento, incentivar os alunos a lerem seus artigos para seleção. Os textos
escolhidos poderão ser divulgados no Jornal da Escola ou em um jornal local. Os demais
podem ser expostos no mural da escola ou, conforme possibilidade, poderão ser lidos para as
outras turmas. O importante é que o texto produzido pelos alunos tornem-se públicos e lidos
por diferentes destinatários, cumprindo, assim, uma das características do gênero “artigo de
opinião”.
10 PALAVRAS FINAIS
Este trabalho foi elaborado com a finalidade de contribuir para que os alunos
compreendam como o emprego de determinadas conjunções interfere na produção de sentidos
de um texto. Nas atividades sugeridas, o objetivo foi trabalhar a conjunção e o texto em que
ela aparece sem desconsiderar a linguagem como função social. O material aqui apresentado
parte do pressuposto que a aprendizagem não se encontra compartimentada e pronta. O
conhecimento linguístico é (re)construído no processo permanente de discussão e reflexão
entre leitor-autor; professor-aluno; aluno-aluno. Assim, as atividades permitem que professor
e aluno compartilhem suas reflexões sobre o uso das conjunções. Sempre é bom lembrar que
16
este material é uma proposta. Assim, você poderá sugerir, intervir, adaptar de acordo com sua
realidade ou fazer as considerações que achar necessárias. Bom trabalho!
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Irandé. Muito além da gramática. São Paulo: Parábola, 2007.
COSTA-HUBES, Teresinha; BAUMGARTNER, Carmen. Sequência didática: uma proposta para o ensino de língua portuguesa no ensino fundamental: anos iniciais. In: AMOP – Associação dos Municípios do Oeste do Paraná. Departamento de Educação. Cascavel: Assoeste, 2006.
FARIA, Maria Alice. O jornal na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1991.
GERALDI, João Wanderley. O texto na sala de aula. 3 ed. São Paulo: Ática, 2004.
KOCH, Ingedore. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Editora Contexto, 1997.
KOCH, Ingedore V.; ELIAS, Vanda. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006.
PARANÁ – SEED. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Língua Portuguesa. Curitiba: Imprensa Oficial do Estado, 2008.
VIANNA, Antônio Carlos (org.). Roteiro de redação: lendo e argumentando. 3. ed. São Paulo: Scipione, 2005.
17