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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · PROBLEMAS AMBIENTAIS IDENTIFICADOS NAS NASCENTES DO ... demonstrando interesse e maior participação nas aulas de Geografia, tornando

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

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DIFERENTES ATIVIDADES EDUCACIONAIS MOTIVADORAS NA SOLUÇÃO DE

PROBLEMAS AMBIENTAIS IDENTIFICADOS NAS NASCENTES DO

MANANCIAL DE ABASTECIMENTO PÚBLICO DO RIBEIRÃO ARARAS, NO

MUNICIPIO DE PARANAVAI-PARANÁ.

Luzinete Bezerra da Costa1

Vanda Maria Silva Kramer2

Resumo

O presente artigo é uma síntese dos resultados vivenciados pelos alunos da 8ª série do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Flauzina Dias Viégas – E.F.M., durante a implementação do projeto pedagógico na escola, do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. O trabalho aborda as experiências pedagógicas práticas e educativas como as aulas de campo e a fundamentação teórica trabalhada em sala de aula. A área geográfica é do município de Paranavaí, noroeste do Paraná, região de ocorrência do arenito Caiuá, solo frágil e com alta susceptibilidade à erosão no formato de voçorocas. Diante desse quadro natural, realizou-se o trabalho de estudo e pesquisa para amenizar os problemas ambientais, causados desde a ocupação do solo nos anos 60. Dentre os objetivos propostos destacamos: conhecer, observar, analisar e vivenciar a degradação das nascentes, o uso inadequado da água, os impactos do uso indevido do solo, o assoreamento dos mananciais e o desmatamento, tendo como proposta a recuperação e conservação de nascentes, procedendo uma intervenção de limpeza no local, o plantio de árvores nativas e demais atividades de suporte pedagógico. Os resultados mostraram avanços importantes com mudanças de práticas e atitudes, demonstrando interesse e maior participação nas aulas de Geografia, tornando os educandos mais sensíveis às causas ambientais, com senso crítico e comprometidos frente aos desafios naturais ou aos impactos ambientais. A realização desse trabalho de pesquisa veio suprir a necessidade de se realizar aulas de campo em laboratórios diversificados. A produção desse artigo servirá de subsídios ao ensino da Geoecologia para professores da rede pública do Paraná

PALAVRAS-CHAVE: Conservação Ambiental; Educação Ambiental; Conservação de Nascentes; Práticas Pedagógicas. 1 Professora Pós Graduada, especialista em Geografia, Pedagoga, atua na rede estadual de ensino. E-mail: [email protected] 2 Professora Doutora do departamento de Geociências da UNESPAR-Campus de Paranavaí. E-mail: [email protected]

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1 Introdução

O século XXI teve início com alguns novos desafios para a conservação do

meio ambiente, pois o modelo de ocupação tem como contrapartida a poluição das

águas, do solo e do ar.

Priorizar a máxima eficácia no uso dos recursos naturais nas sociedades

exige uma prática inovadora de gestão que deve começar nos meios acadêmicos,

tornando as práticas ambientais um exercício do cotidiano.

Historicamente foi a partir da Revolução Industrial, que o ambiente natural

preservado, vai pouco a pouco deixando de existir para dar lugar a um meio

ambiente transformado, produzido pela sociedade moderna.

Segundo Vesentini:

O homem deixa de viver em harmonia com a natureza e passa a dominá-la. Contudo, esse domínio implica no uso de moderna tecnologia sobre o meio natural, que traz conseqüências negativas para a qualidade de vida humana em seu ambiente (VESENTINI, 2007, p.386).

Inclusive a expansão da agricultura demonstra o caminho para a

implantação da imensa maioria dos cultivos abertos por um desmatamento

descontrolado. A modernização da agricultura também está causando profunda

deterioração dos recursos hídricos, devido à utilização de agrotóxicos. É cada vez

mais comum a utilização de insumos como adubos químicos, pesticidas, inseticidas

e herbicidas, que depois de aplicados, são levados pelas águas das chuvas aos rios,

além de penetrarem no solo e atingirem o lençol freático. (TAMDJIAM, 2005, P.197).

Para este autor, o Brasil enfrenta ainda muitos outros problemas ambientais

oriundos da agricultura. É o caso das queimadas, que destroem os nutrientes do

solo, o que exige uso ainda maior de produtos químicos em forma de adubos e

corretivos, criando um risco maior para a poluição dos mananciais.

Foi nos anos 70 que as questões ecológicas e a preocupação com a

elevação do aquecimento global, a destruição da camada de ozônio, a poluição da

águas e dos solos, despertaram a preocupação mundial para a necessidade de

preservar o ambiente.

Desde então a Organização das Nações Unidas (ONU), realiza conferências

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para debater questões como desenvolvimento e meio ambiente, em busca da

sustentabilidade do planeta (COELHO,1996).

O Ministério do Meio ambiente (MMA), através da Lei nº 9.985/2000, institui

o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC).

O SNUC define Unidade de Conservação (UC), como sendo um espaço

territorial e seus recursos ambientais, áreas com objetivos de conservação e limites

definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias de

proteção.

As unidades de conservação estão organizadas em dois grupos: 1)

Unidades de Proteção Integral com a finalidade de preservar a natureza, sendo

admitido apenas o uso indireto dos recursos naturais e, 2) Unidades de Uso

Sustentável que concilia a conservação da natureza com o uso sustentável de parte

dos recursos naturais.

Uma forma da sociedade promover a proteção das unidades de conservação

é a Agenda 21 Brasileira, um processo e instrumento de planejamento participativo

para o desenvolvimento sustentável, que tem como eixo centra,l a sustentabilidade,

compatibilizando a conservação ambiental, a justiça social e o crescimento

econômico (MMA, acesso em 12/03/2010).

A partir da Agenda 21 Brasileira, cada estado e cada cidade teriam o

compromisso de construir a sua Agenda 21, adequando à sua realidade e às suas

situações e condições culturais, sociais, econômicas.

Na educação, o tema meio ambiente é apresentado nos Parâmetros

Curriculares Nacionais como Temas Transversais, permeando toda prática

educacional.

Portanto, a educação nos leva ao reconhecimento, colocando-nos como

desafio a quebra de parâmetros comuns com os quais orientávamos nossas ações

na interpretação do mundo.

Para Medina:

A educação passa a adquirir novos significados no processo de construção de uma sociedade sustentável, democrática, participativa e socialmente justa, capaz de exercer efetivamente a solidariedade com as gerações presentes e futuras. Esta é uma exigência indispensável para a compreensão do binômio, “local-global e para a preservação e conservação dos recursos naturais e socioculturais, patrimoniais da humanidade” (MEDINA, 1996, p.17).

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Já as Diretrizes Curriculares da Educação Básica, constituído pela

SEED/PR, em seus diversos departamentos e com a colaboração dos professores

da rede pública estadual e municipal, através dos Núcleos Regionais de Educação

(NRE), se apresentam como documento norteador para um repensar da prática

pedagógica dos professores de Geografia. Essa reflexão deverá ser ancorada num

suporte teórico crítico que vincule o objeto da Geografia, seus conceitos referenciais,

conteúdos de ensino e abordagem metodológicas aos determinantes sociais,

econômicos, políticos e culturais do atual contexto histórico (DCE, 2008).

De acordo com a concepção teórica assumida, os Conteúdos Estruturantes

da Geografia para a Educação Básica, permite que a questão sócioambiental não se

restrinja ao estudo da flora e da fauna, mas às interdependentes relações entre

sociedade, elementos naturais, aspectos econômicos, sociais e culturais.

Considerando as questões ambientais e partindo para as áreas degradadas,

faz-se necessário um olhar diferenciado para o panorama atual das áreas de

nascentes, haja visto que esse embasamento teórico é importante para a construção

do conhecimento geográfico em questão.

Segundo Castro:

Em geral, quando analisado o panorama atual das nascentes, chega-se a algumas conclusões como: 1) o número de nascentes de uma mesma bacia está diminuindo; 2) a vazão que brota de cada nascente está diminuindo ao longo do tempo; 3) as nascentes estão sendo soterradas e contaminadas por defensivos agrícolas; 4) as nascentes estão mudando de lugar, aproximando-se cada vez mais das partes baixas. Isto acontece, principalmente por causa das diversas formas de degradação que vem ocorrendo no meio ambiente (CASTRO, 2007, p. 151).

Neste contexto vale a pena contar a história da colonização do município de

Paranavaí, para se chegar ao processo de análise da proposta de degradação e

recuperação ambiental, deste trabalho de pesquisa.

O primeiro núcleo de colonização de Paranavaí surgiu em 1930, com a

antiga Fazenda Montoya. Naquela época, grandes negociações de terras foram

feitas no Paraná, fazendo com que a economia do estado crescesse. Na época da

Revolução liderada por Getúlio Vargas, na década de 30, o governo começou a

retomar as concessões de terras feitas a proprietários contrários ao novo regime.

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A Fazenda Brasileira, hoje Paranavaí, pertencia a ilustres personalidades

públicas. Nessa grande propriedade foram plantadas mais de 1 milhão de pés de

café, absorvendo a mão-de-obra da Fazenda Montoya, que se esvaziou. Em 1931, o

governo se apropriou das terras da Fazenda Brasileira para a colonização.

O estado loteou a imensa área, e em 1944, o povoado foi rebatizado como

Colônia Paranavaí. Em 14 de dezembro de 1951, foi criado o município de

Paranavaí e no ano seguinte foi instalado oficialmente a sede do município, em 14

de dezembro de 1952. (www.melhordobairro.com.br, PR Paranavaí acesso em

17/02/2011)

Até então a região era totalmente coberta pela mata atlântica que hoje está

reduzida a apenas 2% (IAP/PR, 2008).

Para mudar esse quadro vários programas incentivaram uma política de

reflorestamento, com a participação de estudantes de todos os níveis de

escolaridade, através das faculdades, escolas particulares e estaduais, Secretaria

Municipal do Meio Ambiente, Instituto Ambiental do Paraná, SANEPAR, Instituto das

Águas e outros, buscando a recuperação e a conservação do meio ambiente natural.

Portanto a educação do futuro deve ser a educação para a sustentabilidade.

Não se pode mudar o mundo sem mudar as pessoas: mudar o mundo e mudar as

pessoas são processos interligados. No século XXI, numa sociedade que utiliza

cada vez mais as tecnologias da informação, a educação, tem um papel decisivo na

criação de outros mundos possíveis, mais justos, produtivos e sustentáveis para

todos.

Educar para um mundo possível é fazer da educação, tanto formal quanto

informal, um espaço de formação crítica.

É educar para viver em rede, ser capaz de comunicar e de agir em comum,

educar para a autodeterminação, educar para mudar radicalmente a maneira de

produzir e reproduzir a existência no planeta. Educar para a sustentabilidade.

(GADOTTI,2007,p.106).

2 Desenvolvimento

Este trabalho objetiva relatar a aplicação de diferentes práticas para

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promover a recuperação de nascentes do manancial de abastecimento público do

Ribeirão Araras, no município de Paranavaí, como forma de melhorar a

sustentabilidade do manancial, possibilitando aos educandos maior conhecimento e

interesse quanto à preservação dos recursos hídricos existentes.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para cumprir as diferentes etapas do programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE e atender todos os objetivos foram necessárias a aplicação de

diferentes metodologias e uso de diferentes materiais.

a) escolha da clientela e área de estudo;

b) materiais de simples manuseio e fácil aquisição como: textos, tv-pendrive, rádio,

data-show, câmeras fotográficas e outros materiais descritos;

c) divulgação e sensibilização dos trabalhos a serem realizados para a comunidade

escolar através de edital, cartazes e exposição de fotos;

d) aulas teóricas e práticas com o uso de textos, slides, filmes, para fundamentar a

proposta de conhecer os impactos ambientais, gerados pela apropriação indevida do

solo, na degradação dos mananciais.

e) Questionário básico entrevistando os moradores;

f) Construção de maquete piloto sobre a recuperação de nascentes e folder para

serem expostos e distribuídos durante a realização da vitrine rural da feira

agropecuária de 2010;

g) Participação na feira do desperdício zero;

h) Visitas ao campo para o reconhecimento das minas a serem recuperadas e

plantios de mudas para promover o reflorestamento;

i) Coletas de amostras de solos para serem processadas em laboratório na

UNESPAR;

j) Visita ao centro de captação e tratamento de água da SANEPAR- Cia de

Saneamento do Paraná, para sensibilizar os alunos para a conservação de

nascentes e mananciais;

l) Palestras educativas e mini cursos sobre uso e conservação das áreas de

abastecimento público

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A escolha da clientela envolvida foram os alunos da 8ª série do Ensino

Fundamental do Colégio Estadual Flauzina Dias Viégas, por se tratarem de alunos

com potencial de multiplicadores das práticas adotadas. A área de estudo está na

periferia de Paranavaí, situada a 2 km do Colégio, numa região de propriedades

rurais que abrigam as nascentes do ribeirão Araras no trecho Ararinha 1, manancial

de abastecimento público do município de Paranavaí (Figura1).

Esse método de recuperação de nascentes vem sendo praticado com

sucesso em várias regiões do Brasil, pois quando reconstituímos a flora que cerca a

nascente, ela toma novo vigor e passa a produzir mais água. Mas isso não acontece

de uma hora para outra, mas os primeiros efeitos já foram notados.

Figura 1. Mapa que ilustra a estrutura fundiária da APA do Ribeirão Arara e a localização das minas

que necessitam de recuperação.

A divulgação e sensibilização dos alunos para participarem das atividades

ocorreram por meio de cartazes e folders educativos e as aulas teóricas e práticas

com o uso de textos, slides, filmes, para fundamentar a proposta de conhecer os

impactos ambientais, gerados pela apropriação indevida do solo, na degradação dos

mananciais. Os textos trabalhados foram: 1) Recuperação e Conservação de

Nascentes (Paulo Sant’Anna e Castro); Sustentabilidade Ambiental (Agenda 21 vai à

Escola - Malhada, Z.Z. Curitiba (2001); 3) Lembretes Florestais da EMATER PR; 4)

Água, Tesouro Escasso Com Futuro Incerto (suplemento Jornal Diário do Noroeste,

do dia 21/03/2010) e os filmes a História das Coisas, filme específico sobre

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recuperação e conservação de nascentes e música Planeta Água (acesso em

09/03/2010).

A aplicação do questionário entrevistando 35 pessoas com idade superior a

50 anos, divididos em três grupos por faixa etária: 1) de 50 a 60 anos; 2) de 61 a 70

anos; 3) pessoas acima de 70 anos. Foram elaboradas cinco questões. e dado um

prazo de três dias para realização da tarefa.

Nessa entrevista foram coletados 35 questionários, 71% dos indivíduos

viviam no meio rural, e conseqüentemente o estilo de vida, as brincadeira de

infância, os cuidados com o solo, com as plantas, com a água e com os animais

eram bem diferentes, quando comparados ao modo de vida da cidade. Todos os

cuidados com a natureza: solo, água vegetação eram feitos com naturalidade, sem

degradação.

Não se usava agrotóxicos, plantava-se para o sustento, a água consumida

era da mina, que era protegida pela mata ciliar. Alguns até relataram que a terra

para eles era como se “fosse sua vida e os bichos de estimação”. A discussão feita

em sala de aula foi proveitosa, pois os alunos conheceram um pouco da história de

50, 60 anos atrás. A leitura que se faz sobre essa entrevista em relação ao uso da

água no dia-a-dia, as respostas foram que reaproveitam a água da lavagem de

roupas para lavarem calçadas. 29% dos entrevistados viviam no meio urbano.

Quando perguntado como poderia melhorar a qualidade de vida em nossa

cidade, a resposta foi: “cuidar do meio ambiente”. Alguns até responderam que os

governantes é que precisam melhorar a cidade, para melhorar a vida da população.

Figura 2: Demonstrativo gráfico com resultados do questionário

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A construção de uma maquete piloto sobre a recuperação de nascentes e

folder para serem expostos e distribuídos durante a realização da vitrine rural da

feira agropecuária de 2010- EXPOFAPA, foi realizada em convênio com o

departamento de Geociências da UNESPAR- UNIVERSIDADE ESTADUAL DO

PARANÁ (Figura 3 e 4).

Figura 3: Instruções técnicas para confecção de uma mina recuperada, passo a passo (Kramer,2009)

Figura 4: Maquete educativa para recuperar minas e nascentes durante a EXPOFAPA 2010 em

Paranavaí.

Os alunos participaram na feira do Desperdício Zero na Praça dos Pioneiros,

no dia 20/10/10, onde aconteceu um evento voltado para as questões ambientais.

Participaram desta atividade 28 alunos cadastrados no projeto. Os alunos

participaram das atividades, fizeram anotações em seus cadernos. Ganharam

camisetas e bonés e trouxeram muitos folders que oportunamente foram trabalhados

em sala de aula, socializando o conhecimento adquirido.

Foram feitas visitas ao campo para o reconhecimento das minas a serem

recuperadas e plantios de mudas, para promover o reflorestamento. Estas visitas

ocorreram dias 3 de agosto, 22 de outubro de 3 de novembro.

As nascentes a serem recuperadas foram na localidade conhecida como

sítio Pedro Jorge (Figura 5).

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Figura 5: Área de aplicação do projeto de recuperação de nascentes.

Figura 6: Ilustração da técnica usada para recuperação de nascentes. (Kramer, 2009)

Nesta atividade participaram 28 alunos, o percurso da escola até a área de

trabalho foi feito à pé. Quatro alunos levaram câmeras fotográficas, cadernos para

anotações, lanche, e água.

Essa atividade contou com dois senhores voluntários que, os

acompanharam para maior segurança dos mesmos, já que se tratava de uma área

com mata, gado, insetos e outros animais. Após cada aula de campo se fazia uma

mesa redonda para discussão.

As mudas plantadas em número de 200, foram cedidas pelo Instituto

Ambiental do Paraná. O plantio foi feito próximo às nascentes, atendendo as

medidas de distância e profundidade determinadas por orientação técnica.

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NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA POSIÇÃO

Alecrim Holocalyx balansae Leguminosae

Caesalpinioideae Secundária

inicial Amendoim – do –

campo Pterogine nitens

Leguminosae Caesalpinioideae

Secundária inicial

Amora – branca; taiúva

Maclura tinctoria Moraceae Pioneira

Angico Anadenanthera macrocarpa

Leguminosae Mimosoideae

Secundária inicial

Ariticum – cagão Annona cacans Annonaceae Clímax

Arruda – brava Zanthoxylum hiemale

Rutaceae Pioneira

Bálsamo Myroxylum peruiferum

Leguminosae Faboideae

Pioneira

Café de bugre Cordia ecalyculata Boraginaceae Secundária

inicial Camboatá Guarea guidonia Meliaceae Clímax

Canafístula Peltophorum dubium Leguminosae

Caesalpinioideae Secundária

inicial Capixingui Cróton floribundus Euphorbiaceae Pioneira

Carrapateira Metrodorea nigra Rutaceae Pioneira Catiguá Trichilia pallida Meliaceae Pioneira

Cedro Cedrela fissilis Meliaceae Secundária

clímax Chal – chal Allophylus edulis Sapindaceae Pioneira

Coco – de – cutia, jerivá

Syagrus rhomanzoffiana

Arecaceae (Palmae)

Clímax

Copaíba Copaifera langsdorffi Leguminosae

Caesalpinioideae Clímax

Coração de nego Chamaecrista ensiformes

Leguminosae Caesalpinioideae

Secundária clímax

Coração de negro Poecilanthe parviflora

Leguminosae Faboideae

Secundária clímax

Farinha seca Albizia hasslerii Leguminosae Mimosoideae

Secundária inicial

Feijão cru Lonchocarpus

cultratus Leguminosae

Faboideae Secundária

inicial Formigueiro Triplaris americana Polygonaceae Pioneira

Gabiroba Campomanesia xanthocarpa

Myrtaceae Clímax

Grandiúva Trema micrantha Ulmaceae Pioneira Guaçatonga Casearia sylvestris Flacourtiaceae Pioneira

Guajuvira Patagonula americana

Boraginaceae Clímax

Gurucaia Parapiptadenia

rígida Leguminosae Mimosoideae

Secundária clímax

Ingá – dedo Inga marginata Leguminosae

Faboideae Secundária

inicial Ipê – roxo Tabebuia Bignoniaceae Clímax

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heptaphylla

Jabuticabeira Plinia trunciflora Myrtaceae Clímax Jacarandá – bico

– de – pato Machaerium aculeatum

Leguminosae Faboideae

Secundária inicial

Jacaratiá Jacaratia spinosa Caricaceae Secundária

clímax

Jatobá Hymenaea courbaril Leguminosae

Caesalpinioideae Clímax

Jequitibá Cariniana estrellensis

Lecythidaceae Clímax

Leiteiro Tabernaemontana

catharinensis Apocynaceae Pioneira

Louro Cordia trichotoma Boraginaceae Secundária

inicial

Mamiqueira Zanthoxylum chiloperone

Rutaceae Pioneira

Maria – preta, coentrilho

Diatenopterix sorbifolia

Sapindaceae Pioneira

Marmeleiro – do – mato

Ruprechtia laxiflora Polygonaceae Pioneira

Mutamba Guazuma ulmifolia Sterculiaceae Pioneira

Pau – d’alho Gallesia integrifolia Phytolacaceae Secundária

clímax

Pau – marfim Balfourodendron

riedelianum Rutaceae Clímax

Pau – sangue Pterocarpus rohrii Leguminosae

Faboideae Secundária

Peroba – rosa Aspidosperma polyneuron

Apocynaceae Clímax

Pitanga Eugenia uniflora Myrtaceae Clímax Primavera –

arbórea Bougainvillea glabra Nyctaginaceae

Secundária inicial

Sapopema Sloanea guianensis Elaeocarpaceae Pioneira

Sapuva Machaerium stipitatum

Leguminosae Faboideae

Pioneira

Tapiá Alchornea glandulosa

Euphorbiaceae Secundária

inicial

Lista das espécies recomendadas para reflorestamento na região de Paranavaí – PR Fonte: IAP-Paranavaí-PR

Figura 7: Ilustração do plantio de árvores no Ribeirão Araras.

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No dia 04/11, realizou-se aula prática no laboratório de Geociências da

UNESPAR. Houve a participação de 20 alunos. O trabalho foi realizado observando

a seguinte metodologia: foram projetados slides didáticos sobre a importância dos

solos, foi identificada a área de estudo e os pontos de coletas por meio de cartas

topográficas.

Em campo, as coletas de amostras de solos, realizadas por meio de

tradagem, em 16 pontos, em duas nascentes e nas margens do ribeirão Arara, área

de manancial de abastecimento da cidade. O material foi identificado no campo e

levado ao laboratório para registros de dados. Cada aluno recebeu uma ficha de

registros das práticas realizadas durante a oficina. Esses registros serviram de base

para informações de composição e textura dos solos, fração granulométrica, cor,

consistência e porosidade, retenção de água e capacidade erosibilidade eólica e

hídrica.

No final da atividade os alunos dissertaram sobre três questões: A atividade

colabora para a aprendizagem sobre os estudos dos solos? A atividade

proporcionou a interdisciplinaridade? De que forma a atividade erosiva e o

assoreamento do ribeirão Arara poderá ser controlada?

Esta prática ressaltou, além da importância dos solos, mostrar que a escola

vem direcionando a prática pedagógica para uma ação emancipatória visando à

educação consciente, tornando um caminho para a formação de uma consciência

individual e coletiva em favor da melhoria na qualidade de vida e do meio ambiente.

Análise granulométrica por peneiramento permitiram aferir os seguintes

resultados:

grânulos, cascalho, matéria orgânica = 2,98% ;

areia muito grossa =3,17% ;

areia grossa = 8,79% ;

areia média = 40,67% ,

areia fina = 31,52% ;

areia muito fina = 11,55% ;

silte e argila = 1,32%

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Figura 8: Demonstrativo da análise granulométrica.

A última visita à área das nascentes realizou-se no dia 11/11, com 28 alunos

participantes que levaram câmera fotográfica e caderno. Procederam a limpeza no

entorno das árvores plantadas, usaram enxadas e arrancaram matinhos com as

mãos. Observaram, conheceram e analisaram as nascentes recuperadas, através

do método de recuperação de nascentes, de solo-cimento.

Visita à captação de água da Sanepar no Ribeirão Araras. Com a

participação de 25 alunos, uso de transporte coletivo, levaram caderno para

anotações e câmeras fotográficas. Permaneceram no local cerca de duas horas.

Foram recebidos por dois funcionários da Sanepar, que fizeram uma pequena

palestra e mostraram as dependências e como é feito o tratamento da água. As

demais atividades como textos e pesquisas foram realizadas em sala de aula ou no

laboratório de informática. As atividades foram de fundamental importância, dada a

possibilidade de estreitamento entre teoria e prática, melhor compreensão e leitura

do espaço geográfico em estudo, no caso as áreas de nascentes.

Todas as aulas de campo foram articuladas com um só foco, que foi a

questão ambiental. As aulas se complementavam, de modo que em todas as saídas

do colégio, o aproveitamento foi bom. É comum entre um grupo de alunos, alguns se

envolverem mais, produzirem mais e consequentemente terem um maior

desempenho e aproveitamento. As saídas em geral eram esperadas pelos alunos

com muita alegria. Sabe-se que um grande anseio dos alunos é sair das quatro

paredes de uma sala de aula, quebrando a rotina do cotidiano escolar. Todas as

visitas foram preparadas e agendadas para sua execução.

Para se chegar à área das nascentes, os alunos foram observando,

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reconhecendo a presença e localização de áreas de erosão; a ocupação de fundo

de vale; a cor e o odor da água do córrego; a presença da pecuária; dos resíduos

sólidos na área de nascentes; a presença do assoreamento nos rios e a falta da

mata ciliar em alguns trechos dos rios e da represa visitada.

Após os registros nos cadernos e as fotografias, foram abertas discussões e

questionamentos. Nesse momento então se constroem novos conceitos. Importante

ressaltar nessa pesquisa o conhecimento trazido pelo aluno, principalmente aqueles

que moram no meio rural, foi uma troca de conhecimentos, muito do que se discutia

, fazia parte da sua vivência, como plantar árvores e manejar o solo.

Há um ano, quando das primeiras visitas e intenção de se fazer algum

trabalho nesse local, nessa área os animais andavam livremente e vinham até as

nascentes para beber água, pisoteando e soterrando as mina. Hoje essa área está

cercada. A UNESPAR desenvolve um projeto de pesquisa com seus alunos da área

de Geociências sobre recuperação e conservação de nascentes, por conta disso os

alunos do Colégio Flauzina também puderam conhecer a recuperação de algumas

minas “engessadas” pela técnica de solo/cimento.

3 Considerações Finais

Esse trabalho permitiu que os alunos se colocassem como agentes no

processo de aprendizagem ao se criar condições de várias formas de participações,

buscando, discutindo e expondo suas idéias através de expressões orais, escritas e

práticas.

Um fator importante foram as aulas de campo, onde os alunos tiveram várias

oportunidades de observar problemas relacionados às diversas situações de

degradação ambiental, provocadas pelo uso indevido do solo, e pensar medidas que

possam amenizar tais problemas.

Puderam lançar um olhar critico sobre a degradação das nascentes e cursos

de águas que formam o manancial de abastecimento público do município, e a partir

daí, criou-se a possibilidade de se tornarem agentes transformadores dentro de sua

comunidade. A recuperação e a conservação das áreas de nascentes, assim como a

mata ciliar, precisam de uma continuação de trabalhos.

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O manejo e a recuperação do solo nessa área também exigem uma atenção

urgente, dada as condições de declínio, tipo de solo e o estado avançado de

degradação.

Para que alcance êxito numa intervenção nesse local, é preciso o

envolvimento de vários segmentos da sociedade, contando com o poder público.

4 Referências Bibliográficas

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Sites

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