25
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · 2013-06-14 · A vida no Planeta Terra encontra-se nos mais ... São várias as hipóteses do surgimento de vida em nosso planeta, sendo que

Embed Size (px)

Citation preview

O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

CONHECER PARA PRESERVAR AS PRINCIPAIS ESPÉCIES VEGETAIS DA

FLORESTA COM ARAUCÁRIA EM RISCO DE EXTINÇÃO NO PARANÁ

Autor: Paulo César Nedochetko1

Orientadora: Profª Drª Ana Lúcia Crisóstimo2

RESUMO

Este artigo faz referência à socialização de uma proposta de ensino em educação ambiental relacionada à biodiversidade da Floresta com Araucária, a partir do Programa de Desenvolvimento Educacional PDE/UNICENTRO/2009 da Secretaria de Educação do Estado do Paraná. O trabalho desenvolvido objetivou desenvolver a conscientização e a preservação sobre as questões ambientais dessa floresta no que diz a respeito às principais espécies vegetais em risco de extinção, junto aos educandos das 6ª séries do Colégio Estadual Barão do Cerro Azul, do município de Cruz Machado – PR. Como encaminhamento metodológico foi realizado o pré e o pós teste, onde foi possível diagnosticar o conhecimento prévio e o adquirido sobre a temática no processo ensino-aprendizagem. Como resultado, os educandos produziram painéis, textos, história em quadrinhos e confeccionaram uma cartilha com as características das principais espécies vegetais em risco de extinção dessa floresta. Buscou-se com estas atividades propor novos caminhos para o ensino de Ciências, especialmente nos conteúdos relacionados à Biodiversidade. Com a realização da implementação da pesquisa em sala de aula, constatou-se que houve um grande interesse nas atividades, o que levou a ganhos significativos em relação à aprendizagem na área da Botânica e no tocante à necessidade de formar futuros educadores ambientais conscientes da problemática que envolve a temática proposta.

Palavras-chave: Preservação, Floresta com Araucária, Biodiversidade, Educação

Ambiental.

1 Pós-graduado em Educação Matemática. Graduado em Ciências / Matemática, pela

Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória – PR. Professor da Rede Pública do Estado do Paraná. 2 Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná – UNICENTRO/Departamento de

Biologia/ Professora Doutora Tutora e Orientadora do PDE.

ABSTRACT

This article refers to the socialization of a proposal for teaching environmental education related to the biodiversity of Araucaria Forest, from the Educational Development Program PDE/UNICENTRO/2009 of Education Department of the State of Parana. The work aimed to develop awareness and preservation of environmental issues in this forest as far as to the main plant species at risk of extinction, with learners of sixth graders, to elementar school, from Colégio Estadual Barão do Cerro Azul, the municipality of Cruz Machado - PR . As routing methodology was conducted pre and post test, where it was possible to diagnose prior knowledge and acquired on the subject in the teaching-learning. As a result, the students produced panels, texts, comics and crafted a primer with the characteristics of the main plant species at risk of extinction of the forest. Sought, with these activities offer new ways for teaching science, especially in the contents related to biodiversity. With the realization of the research in the classroom found that there was great interest in activities, which led to significant gains in relation to learning in the Botanic area and on the need to train future environmental educators aware of the problems involves the topic. Keywords: Conservation, Araucaria Forest, Biodiversity, Environmental Education.

1 INTRODUÇÃO

Os seres vivos interagem de forma organizada em seus espaços naturais,

juntamente com os componentes físicos ar, água, minerais, solo, rochas, entre

outros, trazendo benefícios para cada espécie, onde a interação de um repercute

nos outros e no equilíbrio da biodiversidade de um ecossistema. Vemos assim, que

há uma complexa interação entre o biótico e o abiótico, que constituem a biosfera. O

conjunto de todos esses seres vivos forma os mais diversos ecossistemas do

planeta, formando a biodiversidade.

A biodiversidade é uma propriedade muito importante para a natureza,

quanto maior a diversidade biológica, maior será o fluxo de energia que circula

dentro de um ecossistema, onde cada indivíduo desempenha uma determinada

função, abrangendo todas as formas de vida neste ecossistema, desde uma bactéria

até seres vivos de grande porte animal ou vegetal.

Quando uma dessas espécies é explorada de forma inadequada pode

provocar sua extinção, causando um desequilíbrio ecológico. Já, se existir a

preservação natural das espécies, isso irá garantir a sua proliferação.

As florestas brasileiras estão divididas em vários biomas, um desses é a

Floresta com Araucária (Ombrófila Mista), formada por uma grande variedade de

espécies vegetais, sendo que muitas correm sério risco de extinção, pois são

exploradas de forma desordenada por madeireiros, principalmente a Araucária

angustifolia. Além desta, outras espécies como a imbuia, o cedro, o angico, canelas

e outras, também foram muito exploradas, sem que houvesse a preocupação em

reflorestar estas áreas com estas espécies, pois este tipo de vegetação leva muito

tempo para crescer e poder ser utilizada. Outros fatores como a urbanização, a

agropecuária, a construção de rodovias, as hidrelétricas, a demanda por energia

através da produção de carvão, colaboram com a quase extinção dessa floresta.

Muitas dessas áreas, que tinham uma grande diversidade biológica, hoje se

encontram com pouca diversidade ou quase nada. É o caso das áreas que são

tomadas pela monocultura na agricultura (soja, cana, café) e a introdução de

vegetais exóticos (pinos, eucaliptos), causando assim, além da extinção de espécies

vegetais, a contaminação e a poluição do solo e a destruição de nascentes,

ocasionando problemas ambientais.

Para contribuir com essas discussões no contexto educacional, este artigo

socializa uma pesquisa elaborada com o propósito de propor novos caminhos

metodológicos para o Ensino de Ciências, contemplando o tema Biodiversidade. O

objetivo principal da referida pesquisa foi desenvolver um trabalho pedagógico de

educação ambiental, em 2010, junto aos educandos da rede de ensino estadual do

Paraná, em relação à importância da preservação das principais espécies vegetais

em risco de extinção da Floresta com Araucária, na região sul do Paraná.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A vida na terra

Qual é o conceito mais aceito para um ser vivo? Poderíamos dizer que não

existe um conceito que vai definir um ser vivo (vida). A Ciência define um ser vivo

como algo que atenda a um conjunto de definições como fisiológico, metabólico,

bioquímico, genético e termodinâmico.

A vida no Planeta Terra encontra-se nos mais variados ambiente e das mais

variadas formas, mas como essa variedade de espécies surgiu? São várias as

hipóteses do surgimento de vida em nosso planeta, sendo que podemos citar em

especial quatro:

1) A origem da vida com explicações bíblicas, a vida surgindo de eventos

sobrenaturais;

2) A vida teria surgido junto com a formação do Planeta, ou logo em seguida,

com a matéria já existente;

3) A vida surge espontaneamente não através da reprodução de seres vivos

preexistentes, mas a partir da matéria sem vida.

4) A vida teria surgido através de reações químicas ocorridas na Terra

primitiva.

Após a formação da Terra e com o aparecimento dos primeiros seres vivos,

surgindo através da evolução, podemos dizer que começou a diversidade biológica

no planeta. Como afirmam Ferreira; Andreoli; Ihlenfeld; Pegorini (2007) a vida gastou

cerca de dois bilhões para dar um passo de especial importância para o processo

evolutivo: concentrar o material genético em um núcleo, ampliando as possibilidades

da ocorrência das trocas genéticas.

A partir do desenvolvimento desse mecanismo biológico, as mutações

aumentaram exponencialmente e, selecionadas pelo meio, produziram avanços

biológicos que geram toda a fantástica diversidade, com seus complexos e

maravilhosos mecanismos, cada qual perfeitamente encaixada na complexa rede de

relações que interligam todos os organismos do planeta em um “organismo único”.

Mas, atualmente o que caracteriza um ser vivo? Até o século XVIII os seres

vivos eram divididos em três grandes grupos animais, vegetais e minerais. Com o

passar do tempo, cientistas perceberam que os animais e os vegetais tinham muito

em comum sendo bastante diferentes dos minerais, então os seres vivos foram

divididos em dois grandes grupos os animais e os vegetais, já os minerais como

matéria bruta. Entretanto, os seres vivos são constituídos de células e apresentam o

ciclo de vida, além de reagirem a estímulos diversos.

A diversidade de vida em nosso planeta

Sabemos hoje que toda essa diversidade de espécies é resultado de

milhões de anos de evolução. Temos informações que os primeiros sinais de vida na

Terra surgiram há pelo menos 3,6 bilhões de anos. No entanto, no decorrer dos

anos, muitas espécies foram extintas, devido a fenômenos ambientais, assim como

outras espécies foram surgindo.

Hoje, a diversidade de espécies vegetais e animais é muito vasta, sendo que

o conhecimento do homem em relação a essas espécies existente é muito pouco,

havendo muito a estudar e a descobrir, principalmente na região amazônica.

Atualmente, cerca de 1,4 milhões de espécies de seres vivos estão identificados pela ciência. Desse total, mais de 750 mil são espécies de insetos, 250 mil de plantas vasculares e briófitas, 74 mil de fungos e algas, 37 mil de microrganismos, 41 mil de vertebrados. Entre esses últimos, há 19 mil de espécies de peixes, 10 mil de anfíbios e répteis, 9 mil de aves e 4 mil de mamíferos. Tais números, no entanto, estão longe de cobrir todas as espécies que realmente existem no planeta. Na verdade, estima-se que vivam na Terra cerca de 10 milhões de espécies de seres vivos. (HELENE; MARCONDES, 2005, p.8)

Podemos perceber que a biodiversidade em nosso planeta é muito rica e

complexa, isso faz com que espécies diferentes interajam entre si dentro do

ecossistema e com os componentes físicos, como a água, a atmosfera, o solo e as

rochas, proporcionando benefícios para cada espécie, onde a interação de um

repercute nos outros e o equilíbrio da biodiversidade está relacionada à preservação

do ecossistema, vemos então que há uma complexa interação entre o biótico e o

abiótico.

Mas, afinal, como podemos definir o termo biodiversidade? O termo

diversidade biológica foi criado por Thomas Lovejoy em 1980, mas o termo científico

biodiversidade surge na década de 80 citado por Wilson (1994), no ano de 1992, na

Conferência sobre o meio Ambiente de Desenvolvimento, no Rio de Janeiro. O

termo biodiversidade é definido da seguinte forma na Convenção Sobre Diversidade

Biológica (CDB):

Variedade de organismos vivos de todas as origens compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestre, marinhos, e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistema.(BRASIL, CDB, 1992).

A palavra biodiversidade é derivada do latim, onde bio é vida e diversidade

significa diferente, assim podemos definir que biodiversidade está ligada a todas as

formas de vida diferentes existentes no planeta, que formam um ecossistema.

A biodiversidade é uma propriedade muito importante para a natureza,

quanto maior a diversidade biológica, maior será o fluxo de energia que circula

dentro de um ecossistema, onde cada indivíduo desempenha uma determinada

função, abrangendo todas as formas de vida neste ecossistema, desde uma bactéria

até seres vivos de grande porte animal ou vegetal.

Toda essa variedade de espécies é extremamente importante para a

manutenção dos ecossistemas. A destruição de uma espécie-chave de um

ecossistema pode comprometer todas as outras espécies.

É dessa complexa biodiversidade que o ser humano retira os princípios

ativos que servem para fabricação de medicamentos e produtos para seu consumo,

assim como compõe a cadeia alimentar para os seres vivos do ecossistema. Porém,

o ser humano vem causando danos irreparáveis à biodiversidade, utilizando-se de

atividades feitas de maneira inadequada, onde podemos citar a agricultura, a

pecuária, o extrativismo, a monocultura, a expansão demográfica, entre outros,

levado à extinção de muitas espécies, bem como trazendo problemas para a cadeia

alimentar e a diminuição de biodiversidade. Wilson (2008 p. 371), afirma que: “um

quinto ou mais das espécies de plantas e animais podem desaparecer ou estar

fadadas a uma extinção até 2020 se não empreendermos maiores esforços para

salvá-las”.

Brasil e a sua Biodiversidade

O Brasil é um país com uma imensa extensão territorial, possuindo quase

todos os tipos climáticos devido a sua extensão norte-sul, possuindo terras desde

clima equatorial até temperado (subtropical), o que garante uma grande variedade

de ecossistemas.

Com extensões territoriais tão amplas, o Brasil possui um imenso litoral que

se estende desde áreas com clima temperado (subtropical), até áreas de clima

equatorial, apresentando uma rica e bem variada fauna e flora marinha. Nesta vasta

faixa litorânea encontramos ecossistemas bem específicos com as restingas, praias

e mangues, cada um com sua própria flora e fauna.

Já em áreas continentais, encontramos ecossistemas que se caracterizam

de acordo com o clima que se localizam como os campos sulinos, mata atlântica,

Floresta com Araucária, cerrado, complexo do pantanal, caatinga, mata de cocais,

floresta equatorial, campos sujos e a floresta amazônica, além de uma rede

hidrográfica muito abrangente que possui uma fauna e flora muito rica em variedade

de espécies.

Devido a toda esta extensão territorial e litorânea, com todos seus

ecossistemas, o Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade do mundo. Por

toda essa biodiversidade, outros países demonstram muito interesse, pois muitos

dos países desenvolvidos têm sua diversidade de espécies bastante reduzida.

O Brasil é o principal país dentre os países de megadiversidade, com 15 a 20% do número de espécies do planeta. O país conta com a mais diversa flora do mundo, número superior a 55 mil espécies descritas. Alguns dos ecossistemas mais ricos do planeta em número de espécies vegetais – a Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado – estão localizados no Brasil. A Floresta Amazônica brasileira, com mais de 30 mil espécies vegetais, compreende cerca de 26% das florestas tropicais remanescentes no planeta. (TERRA AZUL, internet).

Embora o Brasil apresente uma das maiores diversidade biológica do

planeta, vem por muito tempo sofrendo com a devastação das florestas, que

proporcionavam lucro fácil para muitos no decorrer dos anos, causando impactos

nos ecossistemas. Entre as florestas brasileiras, uma que atualmente vem sendo

destruída é a Floresta Amazônica, por meio de ações predatórias feitas pelo ser

humano, como o desmatamento para agricultura e pecuária, extrativismo ilegal,

entre outros.

Destacamos que o território brasileiro possui uma imensa área com

aproximadamente 8,5 milhões de quilômetros quadrados, com várias zonas

climáticas, que conta com ecossistemas providos de vários biomas, entre os

principais podemos citar: biomas litorâneos, o pantanal, a caatinga, os campos, o

cerrado, a floresta amazônica, a mata atlântica, mata de cocais e a Floresta com

Araucária.

A Floresta com Araucária – Localização e características

O estado do Paraná é privilegiado por várias regiões fitogeográficas, devido

a seu relevo. De acordo com (Secretaria do Estado do Meio Ambiente), “uma das

principais florestas presentes no estado é a Floresta com Araucária, chamada

Floresta Ombrófila Mista composta de 352 espécies, das quais 13,3% são

exclusivas desta região”.

A Floresta com Araucária abrangia de forma contínua parte da Argentina, do

Paraguai e do Brasil, principalmente os três estados do sul (Rio Grande do Sul,

Santa Catarina e Paraná), além de trechos mais altos da Serra do Mar (SP) e Serra

da Mantiqueira (entre MG e RJ), hoje nestes locais encontramos apenas pequenas

manchas isoladas deste bioma.

No Estado do Paraná, a Floresta com Araucária está situada no primeiro

planalto estendendo-se pelo segundo e terceiro planalto e Laranjeiras do Sul. Em

lugares montanhosos com altitudes médias de 600 a 800 metros podendo atingir

lugares acima de 1200 metros.

O que caracteriza e dá o nome a Floresta com Araucária é a presença

predominante da Araucária angustifolia ou Pinheiro do Paraná. Apresentam-se

associados com a araucária nesta floresta outras espécies como: a canela, a imbuia,

erva-mate, o angico entre outras, algumas endêmicas deste bioma.

O bioma Floresta com Araucária está situado dentro do ecossistema da

mata atlântica, este tipo de vegetação adapta-se ao clima pluvial subtropical, que é

típico desse bioma. No Paraná, o clima é temperado, no verão a temperatura

apresenta-se elevada, podendo atingir 30ºC e o inverno com temperaturas rigorosas

podendo chegar até a alguns graus negativos. A variedade entre a temperatura

máxima e mínima são fatores determinantes para a limitação desse bioma, por esse

motivo a biodiversidade desse bioma é bastante reduzida se comparado com as

florestas tropicais e equatoriais. Outro fator determinante desse bioma são as

chuvas que são distribuídas de maneira uniforme podendo atingir 1000 mm anuais.

Esse tipo de vegetação desenvolve-se em regiões com 500 metros acima do nível

do mar e com o solo geralmente muito fértil.

Em sua formação vegetal, a Floresta com Araucária tem como característica

o pinheiro, árvore de porte alto, imponente e de formato peculiar, pertencente ao

gênero Araucária, porém não abriga apenas espécies típicas como o pinheiro, mas

muitas outras espécies com diferentes florísticas, estrutura e formação ecológica.

Sendo do pinheiro sua principal vegetação, abaixo de suas copas aparecem

associadas a essa floresta outras espécies vegetais, na maioria endêmicas como a

imbuia, a erva-mate, o cedro, o angico, a canela sassafrás, o ipê, entre outras

espécies. Segundo Reitz; Klein citado por Castella; Britez (2004; p.10):

Temos como característica da fisionomia nas matas pretas o fato de o pinheiro formar o andar (sinúsia) superior como elemento exclusivo determinado, muitas vezes, uma cobertura tão densa que, observada de cima, parece constituir uma associação pura. Porém, penetrando no interior dos bosques e analisando a composição das matas dos pinhais, de pronto deparamos não serem as mesmas tão uniformes como parece à primeira vista. As matas com pinheiros são formadas por diversos estratos (sinúsias) de vegetação, que varia sensivelmente de acordo com as diferentes condições edáficas e microclimáticas locais. Igualmente, a composição é

muito heterogênea nas diferentes áreas do planalto.

A destruição da Floresta com Araucária

A Floresta com Araucária que no passado ocupou aproximadamente 200 mil

quilômetros quadrado, nos planaltos do sul do Brasil, hoje estando bastante restrita

em pequenas áreas, continua sofrendo com as atividades humanas. Atualmente dos

49% da Floresta com Araucária que cobria o estado do Paraná restam apenas 0,8%,

que se encontram em sério risco de extinção. Como está citado pela Secretaria

Estadual do Meio Ambiente (PARANÁ, 2007, p.15):

Originalmente, a Floresta com Araucária ocupou 49,8% de todo o Paraná sendo a maior área de abrangência de Floresta com Araucária na região Sul do Brasil, composta de 352 espécies das quais 13,3% são exclusivas desta região. Localiza-se em regiões serranas e planaltos entre as altitudes de 500 a 1500 metros, podendo chegar até 2300 metros, acima do nível do mar.

A Floresta com Araucária, no Paraná, começa a sofrer suas primeiras

derrubadas mais expressivas com a chegada dos primeiros imigrantes no século

XIX. A floresta impressionava os colonizadores, pois encontraram aqui a floresta

com a mata virgem, apenas habitada por índios e caboclos, com a chegada dos

imigrantes começou a derrubada da mata para preparar a terra para lavoura

(agricultura extrativista) construção de suas casas, móveis e utensílios domésticos

ou ainda a mata era para chegar a um lugar solo fosse mais fértil para ser utilizada

para o plantio. Nesta época, a biodiversidade na Floresta com Araucária era muito

rica.

A Floresta com Araucária, apesar de ter sido uma floresta com uma grande

variedade de espécies, vem a algum tempo sofrendo agressões, reduzindo assim

sua valiosa biodiversidade e levando algumas espécies à extinção.

Na década de 40, muitas indústrias madeireiras (serrarias), atiçadas pelo

valor econômico das espécies que compunham essa floresta, instalaram-se no

Paraná, concentrando-se principalmente no centro sul do estado, expandindo-se

para o oeste e sudeste, devido aberturas de estradas, deixando de explorar somente

a floresta nas proximidades das estradas de ferro, trazendo muito progresso para

estas regiões, porém devastaram grandes extensões territoriais retirando uma

grande parte da floresta original. Nas localidades próximas a estas serrarias surgiam

povoados e posteriormente cidades e também contribuíram para a derrubada de

grandes áreas dessa floresta causando perdas irreparáveis à natureza.

Outro problema que causou danos muito grandes à Floresta com Araucária

foi e está sendo o crescimento demográfico nas últimas décadas. No entanto, com o

aumento populacional, houve uma maior demanda por alimento o que impulsiona o

aumento de produção agrícola, tendo assim a necessidade de expansão de áreas

agricultáveis e áreas para a pecuária, atividades que transformam a fisionomia

vegetal dessa floresta, provocando a perda da biodiversidade. Para Helene;

Marcondes (2005 p.30), a prática da monocultura utilizando de métodos modernos

que garantem a alta e imediata produtividade faz romper não só a organização

natural e autorregulada do ecossistema, mas põe também fim a agricultura

autossustentada das comunidades tradicionais que se desenvolveram, e favorecem

a biodiversidade. Outro aspecto impressionante da devastação da Floresta com

Araucária, percebe-se na fisionomia original da mesma que é substituída pela

introdução de espécies exóticas (pinus, eucalipto e outras) tornando os

remanescentes florestais nativos em dimensões reduzidas.

Com as áreas originais da Floresta com Araucária ou Floresta Ombrófila

Mista reduzidas em menos de 1%, devido ações indiscriminadas do ser humano, a

lista de árvores vulneráveis à extinção dessa Floresta não para de aumentar. Entre

as quais podemos citar: a imbúia (Ocatea porosa), o sassafrás (Ocatea odorífera), a

canela lageana (Ocatea pulchela), além de muitas outras como canelas, a

sapopema (Sloanea monosperma), além de diversas leguminosas como o angico

(Parapiptadenia rígida), o jacarandá-branco (Machaerium paraguariense), ainda

árvores como açoita-cavalo (Luehea divaricata), araçá-do-mato (Myrcianthes

gigantea), branquilho (Sebastiana commersoniana), cabriúva (Myrocarpos

frondosos), cedro (Cedrela fissilis), pessegeiro-brabo (Prumus sellowii), pindauva

(Xylopia brasiliensis), Tarumã (Vitex megapotamica), vassourão (Piptocarpha

angustifólia), entre outras. Como se observa, a extinção não é só do pinheiro do

Paraná (Araucaria angustifolia), mas de muitas outras que dela dependem para

manter suas espécies e a biodiversidade da floresta.

De acordo com os dados da Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Paraná, em 1890, as áreas de Floresta com Araucária cobriam cerca de 7,38 milhões de hectares no Paraná. O desmatamento fez com que este número chegasse a 269 mil hectares em 1984 e atualmente o Estado possui 0,8% de araucária em estágio de regeneração, ou seja, árvores mais antigas e originais. AGÊNCIA ESTADUAL DE NOTÍCIAS, (2005)

Hoje a devastação das florestas, provocada pelo ser humano ao fazer uso

de forma inadequada dos recursos naturais, está contribuindo de forma agressiva

para extinção de muitas espécies e o empobrecimento da biodiversidade do nosso

planeta, que se encontra poluído, contaminado e com falta de recursos naturais para

o consumo humano.

Diante de todos estes problemas que o meio ambiente vem enfrentando, a

escola tem feito vários trabalhos de conscientização, preocupando-se diariamente

com a educação ambiental desenvolvida junto aos educandos, enfatizando

principalmente as atitudes que estes têm em relação ao meio ambiente,

desenvolvendo ações que estimulem a reciclagem do lixo, a economia de material,

energia, o uso racional dos recursos naturais, problemas relacionados à poluição,

dentre tantas outras ações desenvolvidas no ambiente escolar.

Dentro deste contexto, é evidente a necessidade de conscientização do

homem em relação à natureza, sendo este um ser racional e consciente de suas

ações, possa assim desenvolver um modelo sustentável junto ao meio ambiente,

garantindo a sua preservação.

3 MATERIAL E MÉTODO

Baseando-se nestes pressupostos teóricos que fundamentaram o projeto,

ocorreu a implementação de uma proposta pedagógica junto aos educandos das 6ª

séries do ensino fundamental, onde foi dado ênfase ao estudo da Floresta com

Araucária e às principais espécies vegetais em risco de extinção e a conscientização

ambiental acerca das questões ambientais que envolvem o tema proposto. Esta

implementação ocorreu junto há 45 educandos das 6ª séries A e B, do Colégio

Estadual Barão do Cerro Azul, no município de Cruz Machado-PR, no período de

agosto a dezembro de 2010, utilizando-se de uma carga horária semanal em

período regular, ocorrendo de forma paralela com os demais conteúdos propostos

nas DCE’s do estado do Paraná, para as séries mencionadas.

A implementação das atividades metodológicas objetivaram proporcionar aos

educandos, a partir de seus conhecimentos prévios apresentados no pré-teste,

reconhecer a importância da biodiversidade para a conservação da Floresta com

Araucária, bem como, identificar e estudar as espécies arbóreas vulneráveis ou em

risco de extinção que ocorrem nesta floresta, localizar geograficamente a mesma em

relação aos biomas brasileiros, proporcionando aos educandos executar medidas

preventivas, através de educação ambiental e assim proporcionar a proteção do

meio ambiente.

Para realização desse projeto, a implementação foi dividida em quatro etapas

consecutivas: primeiramente foi apresentado o projeto à comunidade escolar,

aplicação do pré-teste, junto aos educandos das 6ª séries A e B, esta ocorreu no

mês de setembro de 2010, quando estes já haviam estudado sobre os conceitos de

seres vivos, biodiversidade e sua importância para o equilíbrio de um ecossistema,

implementação das atividades metodológicas previstas no material didático no

formato de Unidade Didática e pós-teste.

Como resultado, os educandos produziram textos diversos, painéis, mapas

localizando a Floresta com Araucária, pesquisas bibliográficas, produção de história

em quadrinhos, bem como uma visita ao Parque Municipal das Araucárias no

município de Guarapuava - PR.. Para caracterizar e conceituar as principais

espécies vegetais em risco de extinção da Floresta com Araucária foi construída

uma cartilha.

A seguir apresentamos detalhadamente as atividades pedagógicas

implementadas junto aos alunos do ensino fundamental com o objetivo de subsidiar

metodologicamente professores que desejem trabalhar esta temática em sala de

aula no cotidiano escolar.

3.1 Descrição resumida de cada etapa

a) Apresentação do projeto e da Unidade Didática “Conhecer Para Preservar

as Principais Espécies Vegetais da Floresta com Araucária em Risco de Extinção no

Paraná”, para a comunidade escolar: durante a semana pedagógica em agosto de

2010, no Colégio Estadual Barão do Cerro Azul Ensino Fundamental, Médio e

Normal, tendo como intuito dar esclarecimento em relação às atividades

metodológicas que serão desenvolvidas com a implementação do material didático

junto aos alunos das 6ª séries A e B do ensino fundamental.

Nesta apresentação, foi feita uma explanação sobre o que é biodiversidade e

sobre a localização da Floresta com Araucária no Brasil, dando ênfase à Floresta

com Araucária no Paraná. Foram utilizadas imagens com o mapa do Paraná onde

mostra como estavam distribuídas as florestas paranaenses entre os anos de 1890 e

1990, onde a Floresta com Araucária cobria cerca de 49% das terras deste Estado,

e hoje restam apenas 0,8%. Além disso, foram destacadas as principais causas

desta destruição, sendo que as primeiras destruições ocorreram com as chegadas

dos colonizadores (imigrantes), com construção de ferrovias e rodovias, exploração

pela indústria madeireira, urbanização, agropecuária, crescimento demográfico,

monocultura e introdução de vegetais exóticos. Na etapa seguinte, foi argumentado

sobre a necessidade em se trabalhar a conscientização para preservação da

Floresta com Araucária e a importância da biodiversidade para a manutenção de um

ecossistema. Finalmente, foram apresentados alguns itens referentes ao projeto:

justificativa, objetivos e principalmente as estratégias de ação que buscam

conscientizar os alunos envolvidos neste projeto em relação a esta problemática

ambiental da Floresta com Araucária, para que, desta forma, possam ter consciência

da importância da preservação da biodiversidade.

b) O uso de textos e a aprendizagem de conceitos: o tema biodiversidade é

muito amplo e, por apresentar uma variedade grande de conceitos, para uma melhor

compreensão, faz-se necessário o uso de diferentes linguagens, onde a leitura de

textos diversificados é uma boa alternativa para assimilar esses conceitos.

Para o desenvolvimento da implementação foram selecionados alguns textos

com os temas: ser vivo, biodiversidade, meio ambiente, ecossistema, bioma e

monocultura, com os quais os educandos primeiramente fizeram a leitura individual

e logo a seguir foram feitos debates e análises dos mesmos.

Para saber se os educandos adquiriram conhecimento em relação aos

assuntos estudados, os mesmos foram questionados com perguntas como: O que é

meio ambiente? O homem faz parte do meio ambiente? O que é biodiversidade? Ela

é composta somente de vegetais? Ou de Animais? Como o homem pode interferir

na biodiversidade? Qual é relação entre o homem e a biodiversidade? O que é

monocultura? Enfim, muitas outras questões foram levantadas, as quais vieram a

aguçar a percepção e a curiosidade do educando em relação aos temas estudados.

O que se pode perceber é que muitos educandos se omitem de responder, pois, as

respostas sempre vinham dos mesmos.

A leitura de textos possibilitou aos educandos uma análise crítica sobre o

tema biodiversidade, possibilitando aos mesmos que elaborassem um novo conceito

sobre os temas estudados e relacionados com seu cotidiano.

Vivemos num mundo onde as imagens estão sempre presentes em nosso

cotidiano, onde somos bombardeados de imagens. Sabemos que a aprendizagem

acontece das mais variadas formas, sendo através da expressão oral e visual.

Dessa forma, o painel é um instrumento de comunicação visual, onde podem ser

apresentados de forma objetiva e eficiente os conceitos de uma temática,

geralmente é completada através de expressão oral.

c) Produção de painéis: Após os educandos terem adquirido conhecimento

através de leitura, análise e debate sobre os temas: ser vivo, biodiversidade, meio

ambiente, ecossistema, bioma e monocultura e assimilados conceitos sobre esses

temas, os educandos em grupos produziram painéis e fizeram a exposição dos

mesmos. Foi um dos recursos metodológicos que possibilitaram aos educandos o

desenvolvimento de várias habilidades entre elas: artística, exposição de ideias,

expressão oral, qualidade de argumentação, organização e principalmente aquisição

de conhecimento, contribuindo de forma significativa para ampliar o conhecimento

dos educandos, reunindo o conhecimento desses conceitos e fazendo o uso desses

em seu cotidiano junto a sua comunidade.

O que se pode perceber com esta atividade foi a grande dificuldade que os

educados tiveram em conseguir o material para montar os painéis, pois a maioria

mora distante do colégio e depende de condução, dessa forma, não podiam vir em

contraturno para elaborarem o material, bem como a grande dificuldade de

comunicação oral, pois a apresentação resumiu-se apenas em leituras de textos.

d) O uso de mapas como recursos de ensino: atualmente, muitos fenômenos

ocorrem em nosso planeta, sempre buscamos localizá-lo utilizando de um mapa,

para que se possa ter noção de onde ocorreu e o espaço de abrangência. Neste

sentido, ao se trabalhar com a Floresta com Araucária com nossos educandos, foi

oportunizado aos mesmos localizar esta vegetação no mapa do Paraná.

Os educandos para desenvolverem esta atividade fizeram uso do mapa

político do Brasil bem como um mapa do Paraná com suas formações

vegetacionais. Para esta atividade foi utilizado um vídeo3, tendo como tema principal

a Floresta com Araucária, ressaltando que as florestas paranaenses são formadas

por três tipos vegetacionais: a Floresta com Araucária, a floresta estacional

semidecidual e a floresta da mata atlântica, porém, sabe-se que vídeos fazem parte

das novas tecnologias educacionais e são capazes de associar elementos

indispensáveis no processo ensino – aprendizagem, despertando a aprendizagem

visual, auditiva, sensorial, formando conceitos e valores.

Com esta atividade, os educandos puderam adquirir conhecimentos

específicos sobre a Floresta com Araucária no que diz a respeito sobre ao clima,

temperatura, chuvas e altitudes a respeito dessa floresta, além de perceber que o

município onde os educandos moram está inserido no bioma da Floresta com

Araucária.

A Floresta com Araucária, apesar de ter sido uma floresta com uma grande

variedade de espécies, vem há algum tempo sofrendo agressões, reduzindo assim

3 Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=UqcoH9UCFMU&feature=relatedAcesso

em: 23/03/2011.

sua valiosa biodiversidade e levando algumas espécies à extinção. Neste sentido,

cabe à escola desenvolver um trabalho educativo em educação ambiental,

conscientizando o educando a preservar as espécies em extinção, conservando

assim a biodiversidade de um ecossistema.

Como preocupações sociais e políticas, lembram Loureiro (2004), não

importa só entender, mas sim agir e modificar. Propõe como possível solução uma

Educação Ambiental transformadora onde:

A defesa de uma racionalidade dialética que afirma, não romanticamente ou idealmente, mas com base na compreensão histórica e seu movimento contraditório, a possibilidade de mudança global das relações sociais que definem diferentes tipos de sociedade, é indispensável para que se possa vislumbrar a realização do projeto ambientalista emancipatório. Somente podemos pretender um mundo novo se temos a convicção de que este pode ser construído pela ação consciente dos sujeitos, que são multidimensionais e que se realizam em determinados contextos (LOUREIRO, 2004, p. 117).

e) Levantamento bibliográfico e memória fotográfica da temática proposta:

esta atividade foi desenvolvida após um levantamento de informações sobre as

principais espécies vegetais em risco de extinção da Floresta com Araucária,

levantamento feito pelos educandos que buscaram essas informações com seus

pais, avós ou pessoas que tivessem conhecimento sobre o assunto, além de ter sido

feita uma pesquisa na internet. Após o levantamento, os educandos em grupos

fizeram uma pesquisa bibliográfica onde cada um dos grupos pesquisou sobre uma

das espécies vegetais em risco de extinção da Floresta com Araucária onde

informaram sobre as características, a ocorrência, utilidade, importância, nome

científico, nome popular, floração e frutificação e outras informações que julgaram

importantes, além de fotografarem a espécie vegetal pesquisada.

Esta atividade oportunizou aos educandos conhecimento das principais

espécies vegetais em risco de extinção da Floresta com Araucária de sua região,

assim despertando os educandos para reconhecerem a importância da conservação

da biodiversidade para um ecossistema, bem como aprimorar seu conhecimento

sobre as espécies em risco de extinção da Floresta com Araucária em relação as

suas utilidades pelo ser humano.

f) Uso de histórias em quadrinhos como recurso de ensino: Para o

desenvolvimento da atividade história em quadrinhos, os educandos foram divididos

em grupos e escreveram uma história utilizando os conceitos que adquiriram em

relação à Floresta com Araucária, onde usaram sua criatividade, originalidade e

criaram personagens relacionados com a Floresta com Araucária.

Esta atividade fez com que os educandos assimilassem os principais

conceitos relacionados à Floresta com Araucária. Ao criarem os personagens da

história com componentes desta floresta, os educandos passaram a compreender a

relação de interdependência entre os seres vivos que fazem parte desse bioma.

Fixando, desta forma, os principais conceitos referentes à Floresta com Araucária e

seus componentes.

Esta atividade proporcionou ao educando expor sua criatividade de forma

artística, além de expor através da escrita os conhecimentos que adquiriu a respeito

da preservação e conservação da Floresta com Araucária.

As florestas são recursos naturais que devem ser conservadas, sendo assim,

com esta atividade de campo foi propiciado ao educando o senso de observação.

g) Visita orientada sobre a temática proposta: a reserva ambiental escolhida

para esta atividade foi o Parque das Araucárias no município de Guarapuava – PR.,

onde os educandos tiveram a oportunidade de observar diversas espécies vegetais

que compõem a Mata com Araucária. Inicialmente, os alunos foram instruídos por

uma bióloga do Parque, que primeiramente fez uma explanação sobre o Parque, em

seguida falou sobre a espécie vegetal Araucária angustifolia, explicando sobre as

características, a importância econômico-biológica, a reprodução da araucária e as

consequências provocadas pelo desmatamento das espécies nativas, mostrando a

seguir na árvore de araucária os estróbilos femininos em diferentes estágios, sua

importância para a manutenção das demais espécies vegetais e sobre as espécies

animais que compõem a Floresta com Araucária, a importância das florestas para a

manutenção do solo e da mata ciliar, além da importância da manutenção da

biodiversidade, principalmente das espécies vegetais que compõem esta mata.

Após as explanações, durante a caminhada na trilha, a bióloga parou várias

vezes para explicar sobre algumas espécies vegetais.

Durante a visitação, os educandos foram orientados para fazer a observação

e registros fotográficos. Em suas observações, os educandos levaram em

consideração os aspectos que mais lhes chamassem atenção em relação a esse

ecossistema, bem como a interferência do ser humano neste local. Para anotarem

as suas observações, foi entregue aos educandos um roteiro para analisar as

características do local, relevo e solo, clima, hidrografia e fauna. Com esta atividade

foi possível contextualizar as teorias desenvolvidas em sala de aula, dessa forma,

reforçando a necessidade de conservação das principais espécies vegetais da

Floresta com Araucária em risco de extinção, bem como possibilitando integração

dos educandos junto à natureza, conscientizando sobre a necessidade de

conservação desse ecossistema.

h) Produção de cartilha sobre as principais espécies encontradas na Floresta

com Araucária: na metodologia da produção de uma cartilha os educandos

caracterizaram os principais conceitos das espécies vegetais em risco de extinção

da Floresta com Araucária da região sul do Paraná, que utilizando-se de

informações que produziram em grupos sobre estas espécies vegetais, agrupando a

outras pesquisas dos demais grupos, podendo assim montar uma cartilha. Com a

produção desta cartilha os educandos perceberam a riqueza que esta floresta

representa para a região Sul do Paraná e a importância da sua manutenção para a

biodiversidade.

3.2 Análises do pré e pós-teste

O uso do pré-teste e pós-teste segundo De Vitta (1999), além de permitir a

caracterização do nível prévio de informação dos educandos sobre a temática

Biodiversidade, possibilitou que os próprios educandos identificassem os pontos a

serem abordados durante a implementação do projeto e prestassem atenção,

podendo assim debater a respeito do conteúdo nas aulas. O resultado da primeira

parte do pré-teste e pós-teste constituída de quatro questões subjetivas mostra que

37% dos educandos já tinham conhecimento sobre o conceito de biodiversidade,

mas com a aplicação do pós-teste pode–se observar que o número de educandos

que passaram a compreender este conceito passou para 77%.

Por sua vez, onde se referia às espécies nativas e exóticas da Floresta com

Araucária, pode-se perceber que muitos dos educandos tiveram dificuldade de

selecionar estas espécies, pois muitos selecionaram como espécies nativas o

eucalipto e o pinus, bem como selecionaram espécies exóticas as espécies vegetais

que são características desta floresta como a Araucaria angustifolia (pinheiro),

Ocatea porosa (imbuia), Mimosa scabrella (bracatinga), entre outras. Quando

analisado o pós-teste, foi possível observar que os educandos tiveram um melhor

entendimento a respeito das espécies nativas e exóticas. Essa melhoria notória se

deu pelo fato dos educandos terem assimilado os conteúdos referentes à Floresta

com Araucária durante a implementação.

Na questão subjetiva em que foi solicitado aos educandos, durante o pré-

teste anotar as espécies vegetais da Floresta com Araucária que já tivessem visto,

pode-se perceber que os mesmos conhecem uma grande variedade de espécies,

anotadas por eles, pois a maioria dos educandos mora no interior do município e

trabalham na lavoura com seus pais. Já no espaço que deveriam anotar as espécies

que somente ouviram falar, foram poucas as espécies anotadas e quando anotadas

eram espécies que não se referia à Floresta com Araucária. Com o pós-teste pode-

se observar que os educandos tiveram uma facilidade maior em responder a

questão, pois já haviam estudado as principais espécies vegetais desta floresta,

mesmo que talvez não tenham visto certas espécies, pelo menos ouviram falar

sobre as mesmas, através de pesquisa e leitura de textos diversos.

Com respeito ao grau de consciência que os educandos têm referente às

ameaças ou causas de destruição da biodiversidade da Floresta com Araucária, os

mesmos foram questionados sobre pontos positivos e negativos da monocultura,

onde após a análise dos resultados do pré e pós-teste deixa evidente que os

educandos têm consciência de que a monocultura é uma das ameaças para a perda

da biodiversidade desta floresta, além de tantos outros problemas que podem trazer

para o meio ambiente. Por outro lado, observou-se como ponto positivo, que um

grande número de educandos tem a visão que a monocultura é uma das grandes

fontes de alimentos, bem como financeira. Verifica-se que a porcentagem de

compreensão do tema não foi um dos melhores, pois percebe-se que nossos

educandos ainda apresentam dificuldade na leitura e interpretação de textos.

Quanto à segunda parte composta de sete questões objetivas, percebe-se

que a grande maioria dos educandos passaram a ter uma maior percepção sobre a

importância do meio ambiente para preservação das espécies vegetais nativas, que

formam as florestas brasileiras e principalmente as espécies que dizem respeito da

Floresta com Araucária, pois, é nesta que os mesmos estão inseridos. É possível

observar também que a maioria deles tem conhecimento de que ações humanas

contribuem para a destruição da biodiversidade, assinalando as principais ações

humanas que levam espécies vegetais à extinção, além de reconhecer espécies

vegetais e animais típicos dessa floresta. Finalmente, percebe-se que quase todos

os educandos tiveram um bom rendimento na maioria das questões objetivas,

demonstrando conhecimento sobre biodiversidade.

No período da implementação foram analisados os conhecimento prévios

dos educandos, no pré-teste, sobre o tema biodiversidade relacionado à Floresta

com Araucária onde foi possível observar que o conhecimento dos mesmos

referente ao tema era limitado. Nas questões subjetivas muitos educandos deixaram

de responder ou responderam de forma parcial, já nas questões objetivos número de

acertos foi mais coerente como podemos ver na tabela e no gráfico a seguir:

QUADRO 01: TABULAÇÃO DAS QUESTÕES OBJETIVAS, PRÉ-TESTE E PÓS-

TESTE CONCEITOS Nº DE ALUNOS ACERTOS PRÉ-

TESTE ACERTOS PÓS-TESTE

(%) DE ACERTOS PRÉ-TESTE

(%) DE ACERTOS PÓS-TESTE

Conceito de meio ambiente

45

31

39

68%

86%

Atividade e ações humanas que contribuem p/ destruição da Floresta com Araucária

45

26

28

57%

62%

Clima da Floresta com Araucária

45

35

39

77%

86%

Localização da Floresta com araucária (região)

45

28

34

62%

75%

Identificação de animais e vegetais típicos da Floresta com Araucária

45

36

40

80%

88%

Espécies vegetais em extinção da Floresta com Araucária, na região sul do Paraná

45

18

13

40%

28%

Fonte: O autor (2011)

FIGURA 1: GRÁFICO REFERENTE AO PRÉ E PÓS-TESTE REALIZADO

Fonte: O autor (2011)

Observou-se pelos resultados do pós-teste na tabela e no gráfico que houve

interesse e participação nas atividades de implementação, favorecendo assim a

aprendizagem dos educandos.

No geral, os resultados do pós-teste tiveram um melhor aproveitamento que

os resultados do pré-teste. Analisando a tabela e o gráfico, observa-se que os

educandos tiveram uma maior facilidade em responder as questões do pós-teste.

Com estes dados, fica claro que houve troca de informações, ocorrendo assim uma

aprendizagem significativa do tema abordado, bem como sanando as defasagens

apresentadas pelos educandos durante o pré-teste.

O conhecimento adquirido pelos educandos durante a implementação se dá

pelos fatos observados no decorrer da implementação, tais como: motivação,

interesse, participação, além da metodologia aplicada.

4 CONCLUSÃO

Com a aplicação do projeto e as análises dos resultados das atividades foi

possível perceber que uma boa parte dos educandos aprendeu a valorizar as

espécies vegetais da Floresta com Araucária, principalmente as que estão em risco

de extinção, pois a maioria dos educandos são filhos de agricultores e estão em

constante contato com este tipo de vegetação, onde vem presenciando as ações

predatórias causadas pelo ser humano. Revelam ainda preocupações em relação à

preservação e conservação dessa floresta para as futuras gerações por meio de

redações de textos sobre a importância da manutenção da biodiversidade para os

ecossistemas.

É possível perceber o nível de aprofundamento e o grau de conhecimento

que o projeto levou aos educandos em relação ao tema biodiversidade, como o que

diz a respeito à conservação e preservação do mundo que os cerca, buscando

soluções de forma conjunta, trocando ideias e adquirindo conhecimento, podendo

assim participar de forma mais efetiva na sociedade, dando sua opinião nas

tomadas de decisões, bem como tornando-se um cidadão mais crítico.

Desta forma, é possível afirmar que os conhecimentos adquiridos pelos

educandos foram significativos no que diz respeito dos conceitos abordados neste

projeto quanto à biodiversidade e à preservação e conservação da Floresta com

Araucária, contribuindo assim desta forma para uma melhor postura dos educandos

junto às questões ambientais dentro de um ambiente escolar e na sociedade.

REFERÊNCIAS

AMBIENTE BRASIL. Floresta com Araucária (Mata de Pinhais). Disponível em:

http://ambientes.ambientebrasil.com.br/natural/biomas/floresta_com_araucaria_(mata_de_pinhais).html, acesso em: 19/09/2009.

BACKES, P; IRGANG, B. Árvores do sul. Guia de Identificação & Interesse Ecológico. As principais espécies nativas sul-brasileiras. Instituto Cruz e Souza. Clube da Árvore. [s/d].

BORGES, C. SVPS. Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental. Empresa paranaense adota mata de araucária. Disponível em:

http://www.spvs.org.br/principal/index.php, acesso em 20/09/2009.

BRASIL. Constituição Federal da República Federativa do Brasil. Brasília, 05 de

outubro de 1988. Presidência da República. Casa Civil. Brasília: DF, 1988. Disponível em:

http://www.senado.gov.br/sf/legislacao/const/con1988/CON1988_19.12.2006/CON1988.htm, acesso em: 19/09/2009.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Convenção sobre diversidade biológica.

Rio de Janeiro, 1992. Ministério do Meio Ambiente. Brasília: DF, 1992. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/chm/arquivos/cdbport.pdf, acesso em: 14/09/2009.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. O que é Biodiversidade? Ministério do Meio Ambiente. Brasília: DF. Disponível em: http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=72&idConteudo=3754, acesso em: 14/09/2009.

CASTELLA, P.R; BRITEZ, R.M. A floresta com araucária no Paraná: conservação e diagnóstico dos remanescentes florestais. Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná. Projeto de Conservação e utilização e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira – PROBIO. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2004.

DASHEFSKY, H.S. Dicionário de ciência ambiental. 3.ed. São Paulo: Gaia, 2003.

FERREIRA, A.C; ANDREOLI, C.V; IHLENFELD, R.G.K; PEGORINI, E.S. Biodiversidade. In: TORRES, P.L. Alguns fios para entretecer o pensar e o agir.

Curitiba: SENAR – PR, 2007.

HELENE, M. E.M; MARCONDES, B. Evolução e Biodiversidade: o que nós temos

com isso? Scipione: São Paulo, 2005. p. 08, 30.

LOUREIRO, C. F. B. Trajetória e Fundamento da Educação Ambiental. São

Paulo: Cortez, 2004.

MAACK, R. Geografia Física do Estado do Paraná. 2.ed. Rio de Janeiro: J. Olympio; Curitiba: Secretaria da Cultura e do Esporte do Governo do Estado do Paraná, 1981.

PARANÁ. Diretrizes Curriculares de Ciências para o Ensino Fundamental. Secretaria de Estado da Educação. Governo do Estado do Paraná. Curitiba – PR: SEED, 2008, p.46.

PARANÁ. Projeto Paraná Biodiversidade, conceitos e práticas para a conservação. Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Governo do Estado do Paraná. Curitiba – PR: SEMA, 2007. Disponível em: http://www.sema.pr.gov.br, acesso em: 10/09/2009

RIZZINI, C.T. Tratado de fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos, sociológicos

e florísticos. 2.ed. Editora Âmbito Cultural: Rio de Janeiro, 1997.

ROCKEMBACH, I.F. Dados Históricos e Memórias de Cruz Machado. Acervo da Biblioteca Helena Kolody, do Colégio Estadual Barão do Cerro Azul, Ensino Fundamental, Médio e Normal. Impressão Independente: Cruz Machado, 1996.

TERRA AZUL. O Brasil e a diversidade biológica, 2007. Disponível em:

http://www.terraazul.m2014.net/spip.php?article277, acesso em 14/09/2009.

WILSON, E.O. Diversidade da Vida. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.