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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · Habilidades sociais assertivas de enfrentamento: afirmar seus próprios direitos e expressão de sentimentos e crenças de maneira direta, honesta

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

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Família e escola:

Refletindo e buscando novos caminhos

para a educação

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

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PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO – PDEUNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

FAMÍLIA E ESCOLA:REFLETINDO E BUSCANDO NOVOS CAMINHOS PARA A EDUCAÇÃO

Jussara Chubak PiccoliMarilene Siqueira Pryzbeuka

Rosana Bontorin

Orientadora: Profa. Dra. Helga Loos

CURITIBA2010

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Sumário

APRESENTAÇÃO ................................................................................................ 4 HABILIDADES SOCIAIS PARA UMA NOVA SOCIEDADE ............................... 7

PROPOSTA DE ATIVIDADE PARA PAIS ......................................... 10

Reflexão sobre o texto e Oficina .................................................... 10

PROPOSTA DE ATIVIDADE PARA PROFESSORES ...................... 11

Dinâmica: Vivendo o papel do outro ............................................... 11

PROPOSTA DE ATIVIDADE PARA PROFESSORES ...................... 15

Dinâmica de Integração e Comunicação ....................................... 15

PROPOSTA DE ATIVIDADE PARA PROFESSORES ...................... 18

Dinâmica: Desenho cooperativo ..................................................... 18

PROPOSTA DE ATIVIDADE PARA PAIS ......................................... 23

Dinâmica: Trabalhando com expectativas .................................... 23

PROPOSTA DE ATIVIDADE PARA PROFESSORES ...................... 23

Estudo do texto e Oficina ............................................................... 23

PROPOSTA DE ATIVIDADE PARA PAIS ......................................... 29

Dinâmica: A instrução de uma tarefa ............................................ 29

PROPOSTA DE ATIVIDADE PARA PAIS ......................................... 34

Dinâmica: Viagem ao tempo, um momento de reflexão. ............... 34

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APRESENTAÇÃO

Conte-me e eu esqueço. Mostre-me e eu apenas lembro.

Envolva-me e eu compreendo. (Confúcio)

Entre a quantidade e a qualidade, o que decidir? É certo que nos vemos

envolvidos em muitos jargões quantitativos na sociedade moderna, cheia de ciência

e tecnologia: dinheiro, salário, índices, fórmulas, competitividade, preços, inflação,

PIB, IDH, entre tantos outros. E, assim, a nossa questão já parece decidida. Mas ao

pendermos para o lado da quantidade garantimos, por extensão, a qualidade? Ou

será que isso não importa, como tantas vezes parece destacar-se?

No caso da educação, atualizou-se agora, já no início do mês de julho de

2010, que as metas governamentais para a Educação Básica foram superadas: os

índices mostram (estão disponíveis no site do MEC). E desse modo, somente a

partir do ponto de vista estatístico, difunde-se que o ensino no Brasil vai bem, que

tudo caminha para um final feliz. Mas quem verdadeiramente trabalha com a

educação, ou seja, quem “qualitativamente” observa o cotidiano institucional e os

processos de desenvolvimento que integram a formação de nossos futuros

cidadãos, concorda com isso?

Mostra-se, ainda, que o desempenho dos alunos melhorou, mas as notas

médias do estado brasileiro que parece ter atingido os melhores índices – o Paraná

– para o Ensino Médio sequer atingiu a meta de 6,0; aliás, apenas chegou a 3,9! No

mínimo, algo parece soar estranho: podemos verdadeiramente “qualificar” dessa

maneira os dados?

Talvez não devêssemos escolher entre a quantidade e a qualidade,

especificamente entre uma e outra. Quem sabe seja melhor redimensionar o sistema

de compreensão de nossa realidade, envolvendo em um sistema intimamente

dependente e interligado, o que temos como hábito, em alguns momentos, chamar

de “quantidade” e “qualidade”. Mas que em outras ocasiões derivamos para a

denominação “razão” (racionalidade) e “sensibilidade” (afetos).

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Em outras palavras, é tempo de se revisar a dicotomia entre o que se

encontra, de um lado, no nível da quantificação e da racionalidade, e o que se pode

verificar, por outro lado, na esfera qualitativa ou da sensibilidade. Afinal, porque

somos humanos e, portanto, inquestionavelmente detentores de sentimentos e

pensamentos, uma escolha que priorize um lado ou outro (razão ou sensibilidade)

deixará qualquer contexto observado e/ou analisado desequilibrado quanto à sua

compreensão real, integral.

E é nesse espírito de busca de sentido e coerência das experiências

vivenciadas pela comunidade escolar que se desenvolvem as pesquisas que estão

sendo empreendidas pelas professoras/pedagogas que elaboraram o presente

Caderno Pedagógico, no contexto de participação do PDE (Plano de

Desenvolvimento Educacional) da Secretaria Estadual da Educação do Estado do

Paraná.

Com a certeza de que a busca dessa coerência passa por uma concepção

amplificada de “educação” – ou seja, que a educação está intimamente ligada às

possibilidades de “desenvolvimento humano integral”, e não apenas de pequenas

partes desse ser humano, fragmentadas e desconectadas – as professoras Jussara

Chubak Piccoli, Marilene Siqueira Pryzbeuka e Rosana Bontorin buscam fazer

dialogar, em seus projetos de trabalho, dimensões frequentemente “esquartejadas”

dentro do sistema educacional: por um lado, a familiar e a escolar; e por outro, a

dimensão racional (ou cognitiva, ou da aprendizagem) e a dimensão emocional (ou

da sensibilidade).

Das reflexões e estudos realizados nasceu a presente proposta de material

didático: um Caderno Pedagógico que se compõe de variados textos, adaptados de

autores renomados na área da Psicologia Educacional e do Desenvolvimento,

acompanhados de sugestões de atividades práticas que podem ser aplicadas a

grupos de professores e/ou de pais, no intuito de conduzir a reflexões e

aprendizados sobre diversas temáticas envolvidas nessa complexa empreitada que

é a educação.

No sentido da busca de equilíbrio, que tem sido o eixo norteador desse

trabalho conjunto, intentando (re)conectar no âmbito educacional as dimensões

cognitivas e afetivo-emocionais inerentes aos processos de ensino-aprendizagem, é

onde consiste a força deste material que, acreditamos, seja útil para a reflexão sobre

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os problemas da educação atual, logo da própria sociedade contemporânea e seus

paradigmas.

Destaca-se aqui a temática das relações interpessoais – envolvendo as

habilidades sociais e as atividades em grupo –, que é a forma como vivemos, em

sociedade, o que nos remonta ao estabelecimento e à compreensão das regras e

limites nas relações – não somente aquelas que as crianças precisam aprender para

conviver em um grupo, nem mesmo somente as humanas, mas do humano com o

todo, com o mundo, em uma perspectiva ecológica, isto é, sistêmica.

E, nessa perspectiva, inclui-se a necessidade de autoconhecimento de todos

os envolvidos nessas relações. Educadores – tanto pais como professores – ao

refletir sobre suas práticas, devem buscar identificar suas próprias características,

bem como aquelas das situações que vivenciam. Assim aprendem a se autorregular,

a modular suas emoções, bem como as de seus filhos e alunos, facilitando as

interações.

Do mesmo modo, a afetividade também se enfatiza nos processos de

expressão e criatividade de adolescentes envolvidos em situações de ensino-

aprendizagem. A interação entre os jovens e as suas inserções com os professores

e com a escola propiciam desenvolverem suas habilidades sociais e criativas, o que

está intimamente ligado à compreensão de seus papéis no mundo, tema que o

presente trabalho também busca explorar.

Enfim, os sentidos de afetividade explorados pelas professoras são de grande

relevância na formação de cidadãos conscientes, que se desenvolvem e se

relacionam adequadamente, e, como tal, incrementam a possibilidade de sucesso

da sociedade humana. E, por isso, aqueles que estão envolvidos com a educação

não podem deixar de apreciar o esforço por elas despendido: o do mestre que quer

ver o seu pupilo crescer e se desenvolver altivamente.

Profa. Dra. Helga Loos

Universidade Federal do Paraná

Orientadora das professoras/pedagogas

Jussara Chubak Piccoli

Marilene Siqueira Pryzbeuka

Rosana Bontorin

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HABILIDADES SOCIAIS PARA UMA NOVA SOCIEDADE

Texto de Almir Del Prette e Zilda A. P. Del Prette

Adaptado por Marilene Siqueira Pryzbeuka

Pedagoga - PDE

INTRODUÇÃO

O mundo está repleto de tecnologias avançadas que, na maioria dos casos,

facilitam a vida das pessoas. No entanto não se pode deixar de lembrar que é

através das interações entre as pessoas que ocorrem os aprendizados. Atualmente

a família e a escola têm deixado de ouvir as crianças e os adolescentes. A família,

devido às consequências da vida moderna, quase não tem tempo para dar atenção,

ouvir, participar, repassar valores e limites. A escola, com a preocupação de

trabalhar os conteúdos, muitas vezes não leva em consideração o que o aluno está

sentindo, a qualidade da interação com os professores e com os colegas. Toda esta

situação necessita ser analisada, considerando que afeta o aprendizado e o

desenvolvimento dos alunos.

OBJETIVO

Propiciar aos pais e professores a reflexão e o reconhecimento da

importância das habilidades sociais, reconhecendo-as como um caminho para o

relacionamento assertivo com filhos e alunos e, também, como condição essencial

para haver aprendizagem e desenvolvimento.

HABILIDADES SOCIAIS PARA UMA NOVA SOCIEDADE

As interações entre as pessoas ocorrem em todos os lugares. Estas

interações são chamadas de relações interpessoais. As relações interpessoais são

de suma importância, porque na medida em que fazem aflorar bons sentimentos

entre as pessoas, fortalecem os processos educacionais.

É necessário ter consciência de que todas as relações do aluno com a

família, com a escola e com o meio social interferem na sua aprendizagem. Estas

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interferências podem ser positivas ou negativas, dependendo do que é vivenciado e

percebido nos relacionamentos.

Atualmente percebe-se que grande parte dos alunos manifesta

comportamentos com grandes doses de agressividade, intolerância e desrespeito a

colegas e professores. A necessidade de conhecer e refletir sobre as causas, bem

como de apontar caminhos, torna-se valiosa, na medida em que torna o processo

educacional mais saudável. Del Prette e Del Prette (2006) contribuem para essa

visão, defendendo o uso das habilidades sociais. Desenvolver estas habilidades é

um caminho para que pais e professores compreendam melhor os filhos e alunos,

buscando novas formas de interação com os mesmos.

Segundo os autores, é importante considerar a complementaridade de

algumas habilidades para garantir os efeitos que caracterizam a qualidade das

relações interpessoais, ou seja, necessita-se interligar as habilidades para que se

alcancem melhoras nos relacionamentos. As habilidades sociais se classificam em:

Aprendendo a aprender, desenvolver a automonitoria: reconhecer as

próprias emoções e as dos outros, analisar e compreender os relacionamentos,

ajudar os outros na resolução de problemas interpessoais. Esta habilidade auxilia as

pessoas (pais e professores) a se conhecerem melhor, a manifestarem atitudes

coerentes em seus relacionamentos ajudando também outras pessoas (filhos e

alunos) na solução de problemas interpessoais.

Habilidades sociais de comunicação: iniciar e encerrar uma conversação,

fazer e responder perguntas, gratificar e elogiar, dar e receber feedback. A

importância de seu uso desperta e mantém o gosto pelo conhecimento, o qual é

fator primordial na educação. Esta habilidade facilita o diálogo entre as pessoas

(diálogo entre pais e filhos, professores e alunos).

Habilidades sociais de civilidade: apresentar-se, cumprimentar, despedir-

se e agradecer, utilizando formas delicadas de conversação (por favor, obrigado,

desculpe). A utilização de ações de respeito e cordialidade com o outro é importante

para o convívio social. Esta habilidade auxilia os pais a repassar normas sociais a

seus filhos e os professores em reforçá-las.

Habilidades sociais assertivas de enfrentamento: afirmar seus próprios

direitos e expressão de sentimentos e crenças de maneira direta, honesta e

apropriada, ou seja, que não viole o direito de outras pessoas. O respeito e a justiça

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se fazem presentes nesta habilidade. Os pais e professores, ao manifestar esta

habilidade, estarão educando através de exemplos seus filhos e alunos.

Habilidades sociais empáticas: capacidade de compreender e sentir o que

o outro sente, colocar-se no lugar do outro e comunicar tal compreensão e

sentimentos. O uso da empatia se faz importante em todos os momentos da vida

humana, pois através dela torna-se possível compreender melhor as outras

pessoas. Esta habilidade contribui para que pais e professores compreendam

melhor as atitudes dos alunos e adotem posturas coerentes para auxiliá-los em seu

desenvolvimento.

Habilidades sociais de trabalho: atendem a diferentes demandas

interpessoais do ambiente de trabalho, objetivando o cumprimento de metas, a

preservação do bem-estar da equipe e o respeito aos direitos de cada um. É muito

importante compreender que cada pessoa, em seu lugar, cargo ou posição,

necessita ser respeitada para que atinja as metas e, em conjunto ou não, busque o

sucesso naquilo que faz. Esta habilidade ocupa um lugar de destaque na prática

docente, na qual se faz necessária a análise das ações para que permaneçam, ou

sejam readequadas. Também se faz importante nas relações entre a família e a

escola, na medida em que propicia o entendimento de suas especificidades.

Habilidades sociais de expressão de sentimento positivo: relacionadas a

valores e atitudes das pessoas. Requerem coerência entre sentimento, pensamento

e ação. Aproximam as pessoas, propiciam vínculos, colaborando no processo de

interação e, consequentemente, na aprendizagem e desenvolvimento das pessoas.

Colaboram diretamente na relação entre pais e filhos, professores e alunos, ao

possibilitar a manifestação e fortalecimento de afetos positivos.

Percebe-se que todas estas habilidades são fundamentais nas relações

humanas. Na família e na escola as habilidades sociais contribuem para ações

íntegras, resolvendo impasses, fortalecendo laços, enfim, abrindo caminhos para o

sucesso e progresso amplo de filhos, alunos, pais e educadores. Sabe-se que o uso

de tais habilidades não é fácil e requer o reconhecimento da necessidade de

melhorar algo que não está bem, no intuito de resgatar e melhorar os

relacionamentos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

As habilidades sociais são importantes em todos os relacionamentos e nas

instituições familiar e escolar. Elas têm papéis ainda mais relevantes, ao colaborar

positivamente para a educação e desenvolvimento de crianças e adolescentes.

Portanto, a família e a escola necessitam desenvolver gradualmente estas

habilidades em suas práticas cotidianas.

PROPOSTA DE ATIVIDADE PARA PAIS

Reflexão sobre o texto e Oficina

Objetivos:

• Refletir sobre as relações entre pais e filhos.

• Propiciar aos pais a reflexão e a possível adoção das habilidades

sociais no relacionamento com os filhos.

Material:

• Caneta, papel e folhas com o texto impresso.

Desenvolvimento:

Formam-se grupos.

Distribui a cada grupo o texto estudado, para que seja analisado.

Cada grupo responderá à seguinte questão:

Escolham três habilidades sociais que consideram mais importantes na

educação de seus filhos e justifiquem a importância de cada uma.

No grande grupo serão discutidas as habilidades que foram mais citadas,

bem como a possibilidade dos pais de adotá-las gradualmente.

Para finalizar o encontro, analisa-se a seguinte citação:

“Os filhos não precisam de pais gigantes, mas de seres humanos que falem a sua linguagem e sejam capazes de penetrar-lhes o coração.” (CURY, 2003, p. 19)

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PROPOSTA DE ATIVIDADE PARA PROFESSORES

Dinâmica: Vivendo o papel do outro

Objetivos:

• Elaborar e vivenciar novos papéis.

• Colocar-se no papel da outra pessoa.

• Desenvolver componentes ou pré-requisitos para a empatia.

• Observar e descrever comportamentos.

• Exercitar a flexibilidade de papéis.

• Perceber e compreender as situações de dificuldade(s) das pessoas.

Materiais:

• Caneta e papel

Desenvolvimento:

O facilitador, ao se reunir com o grupo, fala sobre a experiência de vivenciar

outros papéis (diferentes daqueles que nos são próprios) e de sua importância para

a compreensão do outro, para a expressão da empatia e solidariedade e para a

elaboração e desenvolvimento de novas formas de relacionamento.

Após a explicação, o facilitador solicita que se formem dois grupos (um

maior e outro menor). O grupo maior participará da vivência (GV), e o menor da

tarefa de observação (GO).

Pede então que os participantes do GV interajam entre si de acordo com o

papel que estão assumindo.

Instruções a serem apresentadas oralmente:

Agora imaginem que vocês têm 12 anos de idade. Vocês chegam à escola. Nas costas, a mochila pesada de material escolar. O sinal está tocando... Outros colegas estão chegando. Cumprimentem-se. Agora vocês têm que se apressar. Olham para frente e visualizam o diretor com uma fisionomia de reprovação... Vocês passam por ele cumprimentando-o... Quando pensam que se safaram de qualquer situação desagradável, dão de cara com a orientadora. Como vocês reagem? Mostrem isso na maneira de se comportar... Estão adentrando a sala de aula... Lembram-se que tinha que trazer a tarefa... Ficam em dúvida se a deixaram em casa ou a colocaram na mochila. Façam cara de dúvida... Olham na mochila e nada... Esqueceram a tarefa em casa...

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Ao final, o GO avalia o GV, relatando oralmente o que perceberam, e o GV

relata individualmente o próprio desempenho e as conclusões a respeito de vivenciar

o papel solicitado.(Dinâmica de grupo retirada do livro: Psicologia das relações interpessoais vivências para o trabalho em grupo, de Del Prette, A, Del Prette, Z. A. 4ª ed. Petrópolis: Vozes, 2006). Adaptada.

Após a dinâmica, responder às seguintes questões:

Quais as habilidades sociais que você costuma utilizar no relacionamento com seus

alunos? E quais ainda não utilizou, porém considera importante?

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RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO COTIDIANO ESCOLAR

Texto de Rosana Bontorin

Pedagoga - PDE

INTRODUÇÃO

Toda pessoa tem uma história de vida, uma maneira de pensar e agir. Assim

também ocorre no ambiente de trabalho, onde as pessoas têm objetivos pessoais

diferenciados e muitas vezes acabam priorizando esses objetivos, dificultando a

interação com o grupo. As ações individuais, se não forem articuladas e bem

direcionadas, se constituirão em obstáculos para o alcance dos objetivos comuns.

Essa multiplicidade de culturas expressas no ambiente de trabalho exige um

trabalho de articulação e integração para que as ações individuais contribuam para

alcançar os objetivos comuns propostos.

OBJETIVOS

Aprimorar a convivência do grupo no ambiente de trabalho, para juntos

buscar ideias e debater propostas. Estipular alguns requisitos básicos, tais como:

consideração, diálogo, respeito e afeto, de forma que a relação pedagógica seja

consistente e produtiva.

RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO COTIDIANO ESCOLAR

É sabido que o ser humano é fruto do meio em que vive, tem os modos de

agir e pensar de acordo com o espaço físico e social que o cercam. Em um

ambiente de trabalho se estabelece uma cultura construída no dia a dia e que é

denominada como cultura organizacional. Assim também ocorre na escola. A rotina

atrelada ao fazer escolar movimenta as pessoas que fazem parte deste contexto

físico (instalações) e social (pessoas). Todos os membros agregam-se em torno de

uma identidade partilhada que fortalece as relações internas e podem influenciar

positivamente no desenvolvimento e facilitar a adesão aos objetivos comuns. Para

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tanto, exige-se um trabalho contínuo de articulação e integração que envolva todas

as pessoas da instituição, a fim de propiciar condições favoráveis para enfrentar os

desafios, reconhecer a diversidade e ter a possibilidade de uma convivência

harmônica e enriquecedora entre os envolvidos.

Segundo Marcelos (2009), um grupo de pessoas se transforma em uma

equipe quando consegue criar um espírito de trabalho coletivo no qual as

diversidades pessoais não se constituem em entraves, mas em uma unidade que se

completa na busca de objetivos comuns. Ao propor situações de trabalho coletivo é

imprescindível compreender e respeitar o modo de viver das pessoas e os seus

valores, sem perder de vista os objetivos que precisam ser alcançados.

Definir os objetivos comuns e persegui-los em conjunto é uma tarefa que

necessita da constituição de um grupo coeso, sabendo-se que a coesão é um

processo a longo prazo. Assim, urge a necessidade de fazer uma reflexão contínua

das habilidades de relacionamento interpessoal e rever as concepções de escola,

professor, aluno e comunidade. Desta forma, abre-se espaço para renovar as ações

cotidianamente e, em conseqüência, ampliar as relações entre as pessoas,

promovendo um clima satisfatório, que favoreça o desenvolvimento individual e

coletivo.

Mailhiot (1976) afirma que a produtividade de um grupo e sua eficiência

estão estreitamente relacionadas, não somente com a competência de seus

membros, mas sobretudo com a solidariedade de suas relações interpessoais (p.66).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sociedade focou o desenvolvimento em ciência e tecnologia e ficou

defasada em sua humanização. Muito se tem escrito sobre a arte de se relacionar e

de criar vínculos, porém no dia a dia observa-se um crescente isolamento e

individualismo entre as pessoas. Em meio à competitividade do mundo

contemporâneo e às novas tecnologias, há necessidade de repensar as relações

interpessoais no ambiente de trabalho, para melhor conviver e partilhar as

experiências, as angústias, as alegrias e os conhecimentos.

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PROPOSTA DE ATIVIDADE PARA PROFESSORES

Dinâmica de Integração e Comunicação

Objetivos:

• Avaliar e fortalecer os laços afetivos entre o grupo.

• Perceber a si e ao outro no processo grupal.

Material necessário:

• Folhas de papel, pincel atômico, tesoura, fita adesiva e canetas

Descrição da dinâmica:Após leitura do texto, entregar a cada participante quatro folhas de papel.

Solicitar que em uma das folhas façam o contorno de uma de suas mãos e em outra

folha o contorno do pé. Desenhar nas demais folhas um coração e uma cabeça,

respectivamente.

Escrever no pé desenhado o que o grupo proporciona para o seu caminhar.

Escrever dentro da mão desenhada o que possui para oferecer ao grupo.

No coração, escrever o sentimento que possui em relação ao grupo.

Na cabeça, escrever sugestões para melhorar o relacionamento do grupo.

Em seguida, recolher as folhas e organizá-las em um painel ordenando os

desenhos das partes do corpo. Na sequência, debater as ideias expostas,

levantando os pontos comuns.(Dinâmica de grupo retirada do livro: Aprendendo a ser e a conviver. Margarida Serrão e Maria C. Baleeiro. FTD, 1999). Adaptada.

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TRABALHANDO A SOCIABILIZAÇÃO E A EMOÇÃO

Texto de Suzane Schmidlin Löhr, Taísa Borges Grün e Thaise Löhr

Adaptado por Jussara Chubak Piccoli

Pedagoga – PDE

INTRODUÇÃO

Antigamente poucas pessoas tinham acesso às escolas e, portanto, ao

conhecimento sistemático. Aprendiam com seu pai ou com outra pessoa hábil um

ofício que desempenharia durante toda a sua vida. Para os nobres o atendimento

era individualizado, pois recebiam educação formal por preceptores em suas casas.

A partir do século XV, no entanto, os colégios se expandiram, tornando-se institutos

de ensino. Eram comunidades democráticas que se constituíam como um marco na

educação formal destinada a uma parcela maior na sociedade, cujo maior interesse

era o econômico. Foi nessa época que surgiu a escola como espaço para o

desenvolvimento de habilidades específicas como a leitura, a escrita e outras

voltadas ao saber.

OBJETIVO

Sensibilizar os professores sobre a importância de trabalhos em grupo,

estimulando a cooperação entre os alunos.

TRABALHANDO A SOCIABILIZAÇÃO E A EMOÇÃO

A educação criteriosa aplicada na escola necessita dos fundamentos da

educação familiar, e para que ambas tornem possível a formação do indivíduo

integral se faz necessária a realização de trabalhos coletivos, oportunizando e

aprimorando as capacidades individuais de cada um, e também gerando, com isso,

benefícios para a comunidade a qual faz parte.

Na proposta da teoria sócio-histórica, o professor é o mediador de um

processo social; portanto, sua função é assessorar o educando para que ele consiga

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adquirir novos conceitos, aproximando-os da realidade do aprendiz e trazendo-o

para apropriação de um novo conhecimento.

Só aprendemos por intermédio do outro no grupo social em que vivemos,

estabelecendo interações contínuas colaborativas, resultante de um processo de

reprodução do uso que a sociedade faz dos objetos.

Existem teorias que enfatizam a importância dos diversos grupos em que o

indivíduo está inserido. Desde o início, a criança não está somente no

relacionamento com sua mãe, mas depende em grande parte da participação de

uma terceira pessoa, como o cônjuge, ou parentes, amigos, vizinhos, levando-nos a

reconhecer a interação que também ocorre entre ambientes como o lar, a escola ou

o local de trabalho.

Se as intervenções forem grupais o aprendizado mediado pelo grupo cria

maiores oportunidades de experiências para o indivíduo, como também a

reabilitação na área de dificuldades de aprendizagem pode ser enriquecida.

A maioria dos problemas comportamentais pode ser trabalhada em grupo, já

que várias técnicas utilizadas em grupos de interação social favorecem a prática de

novas interações, de forma protegida.

O grupo possibilita o aparecimento de estímulos antecedentes,

comportamentos e conseqüências semelhantes ao cotidiano dos alunos, simulando

um mundo real e oportunizando a prática de habilidades sociais, o que favorece a

generalização do aprendizado para outros contextos.

Através do trabalho em grupo o aluno pode desenvolver habilidades

específicas para que obtenha sucesso no desempenho escolar, tanto quanto para as

interações e habilidades sociais.

A construção do conhecimento em sala de aula está também relacionada

com a competência do professor, pois ele, como mediador de situações imediatas

que se apresentam no cotidiano, pode perceber habilidades, produzir desafios e

valorizar o interesse dos alunos.

O professor, para tanto, necessita desenvolver a sensibilidade na

observação dos seus alunos, buscando os progressos reais e potenciais dos

mesmos. Deve aprender a se colocar no lugar do outro com criatividade, bem como

a implementar condições baseadas em interações sociais educativas.

Considerar elementos de semelhança entre os membros do grupo faz-se

primordial. As normas devem ser impostas previamente no grupo como um contrato,

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estabelecendo informações sobre o trabalho, aumentando o engajamento no

processo e, finalmente, verificando se o que foi aprendido no grupo é praticado no

dia-a-dia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se o fato de agrupar crianças em situações de ensino foi inicialmente

econômico, hoje sabemos que trouxe benefícios ao processo diferenciado que

causou.

No entanto, devemos restringir o tamanho das turmas, pois grupos muito

grandes impedem que o professor utilize técnicas e métodos variados, restringindo

as ações em sala de aula às tradicionais aulas expositivas que, por vezes, não

propiciam o aprendizado ao educando.

O atendimento extra-acadêmico, como no contraturno ou em programas

comunitários grupais, complementam o aprendizado. Deve-se identificar os alunos

que necessitam de atendimento psicopedagógico e propor sua realização também

em grupos, auxiliando-os no desenvolvimento de novas habilidades.

PROPOSTA DE ATIVIDADE PARA PROFESSORES

Dinâmica: Desenho cooperativo

Objetivo:

• Trabalhar a integração do grupo.

Material:

• Cartolina e canetinhas hidrográficas.

Desenvolvimento:Inicia-se ao som de uma música suave, e os participantes não podem se

comunicar. Cada um fará um traço em uma cartolina e o outro dará continuidade ao

traço do colega, compondo um desenho cooperativo. A cada vez que a música for

interrompida os participantes trocarão de lugar, até que todos tenham participado, ou

até que tenham formado um desenho aos olhos do grupo.

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Ao finalizarem será discutido como o grupo pode construir coisas boas ou

não, desde que se possa contar com a colaboração de todos e da sensibilidade para

perceber a composição de cada colega, chegando-se à conclusão de que quando

podemos nos expressar torna-se mais fácil a realização das atividades.(Dinâmica de grupo retirada do livro: Educação e aprendizagem: contribuições da

psicologia. MIRANDA, V.R.; ZEVIR, C.; LONGO, T. P.; FONSECA, G. C. B. Curitiba: Juruá,

2008).

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A ADOLESCÊNCIA, A CRIATIVIDADE, OS LIMITES E A ESCOLA

Texto de José Outeiral

Adaptado por Marilene Siqueira Pryzbeuka

Pedagoga - PDE

INTRODUÇÃO

Os alunos de 5ª série apresentam comportamentos que nem sempre são

compreendidos pela escola. Torna-se necessário considerar que estes alunos, além

de estarem passando de uma realidade escolar para outra mais complexa, estão na

fase inicial da adolescência e muitas de suas atitudes são inerentes a esta fase.

Portanto a família e a escola precisam conhecer algumas peculiaridades da

adolescência para, então, poder refletir sobre as suas ações, considerando que

estas influenciam diretamente nos processos de ensino-aprendizagem e no

desenvolvimento pleno dos alunos.

OBJETIVO

Esclarecer e sensibilizar os pais e os professores sobre alguns sintomas da

adolescência, propiciando a percepção de que a família e a escola, através de suas

posturas e ações, interferem na educação de crianças e adolescentes

A ADOLESCÊNCIA, A CRIATIVIDADE, OS LIMITES E A ESCOLA

A adolescência é o período de transformações corporais e psíquicas. A fase

inicial refere-se ao período dos 10 aos 14 anos de idade e dependendo do contexto

social em que o indivíduo se encontra, a adolescência pode iniciar antes dos 10

anos. Considerando a adolescência, também, um fenômeno psicológico e social,

necessita-se levar em conta que nesta fase haverá alterações no modo de perceber

e se relacionar com o processo de ensino e aprendizagem.

Na adolescência conquista-se o pensamento formal, que permite raciocinar

sobre hipóteses e chegar a conclusões abstratas. O adolescente encontra facilmente

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soluções para os problemas que muitas vezes não são tão simples na prática,

desenvolvendo então a criatividade. No início a criatividade se manifesta por uma

atividade impulsiva e aos poucos vai assumindo um perfil mais definido, integrado e

produtivo. Este período necessita de um ambiente saudável tanto na família como

na escola, portanto a compreensão dos sintomas contribui positivamente neste

processo.

A criatividade na adolescência articula-se com a noção de limites. Limite

significa a criação de um espaço protegido dentro do qual o adolescente poderá

exercer sua espontaneidade e criatividade sem receios e riscos. A falta de limites,

além de oferecer riscos, impede o adolescente de exercitar sua capacidade de

pensar e de ser criativo, ou seja, de apontar novas possibilidades de ação. Os

limites ajudam a organizar as mentes de crianças e adolescentes.

A noção de limite se desenvolve no processo de identificação da criança e

do adolescente com seus pais e depois com os adultos que fazem parte do meio

social em que vivem. Portanto cabe à família e à escola, estabelecer limites aos

filhos e alunos. Colocar limites significa envolver-se, suportar reclamações, enfim,

enfrentar dificuldades.

A escola é muito importante para o adolescente, portanto necessita ser um

ambiente prazeroso e saudável, caso contrário ocorrerão distúrbios de conduta e/ou

aprendizagem. A função da escola é “educar”, desenvolvendo o potencial dos alunos

em um ambiente propício.

A escola também tem funções de socialização. O adolescente encontra na

escola uma “microssociedade” que atua sobre ele. Na escola ele se relaciona com

muitas pessoas, manifesta diferentes emoções e sentimentos. Lá estão grande parte

de seus relacionamentos e de sua convivência em grupo.

Os alunos trazem para a escola todas as suas vivências que irão interferir na

aprendizagem e no desenvolvimento. Quando um aluno manifesta comportamentos

um tanto agressivos, pode estar transferindo para colegas ou professores aquilo que

sente em relação a alguém de sua família. Pode acontecer também que o

adolescente não demonstre através de atitudes, mas através do baixo rendimento

escolar. Os sentimentos amorosos também serão transferidos em suas relações e

aprendizados.

Trabalhar com adolescentes desperta o adolescente que existe nos adultos.

Assim pais e professores, ao se relacionarem com filhos e alunos adolescentes,

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poderão desenvolver distintos sentimentos, evocando as situações de vida de sua

própria adolescência. Portanto devem tomar cuidado para não agir de forma

incoerente. Outeiral (2005, p.6) enfatiza que “o adulto que esteja em contato com o

adolescente (pais, professores etc.) tenha uma ‘visão binocular’, de dentro e de fora,

do adolescente real e das ‘memórias adolescentes’, carregadas de impulsos,

fantasias, desejos, emoções etc., não como algo indesejável, mas como

demonstração da vida”. De acordo com a exposição do autor, conclui-se que pais e

professores devem usar a empatia, ou seja, colocar-se no lugar do adolescente,

considerando que já passaram por esta fase.

A relação do aluno com a escola é afetada pela significação que os pais dão

à escola, aos professores, aos estudos e às relações do filho com os colegas. O

acompanhamento da família nas atividades que o aluno desempenha favorece a

aprendizagem, como também faz com que o aluno sinta-se valorizado pela família.

Desta forma, este se sentirá estimulado a atingir melhores resultados e,

consequentemente, se tornará mais confiante, melhorando a sua autoestima. O

desejo de aprender também é reflexo do que crianças e adolescentes percebem de

seus pais e professores, considerando que são modelos e exemplos para filhos e

alunos.

Considerando algumas peculiaridades da adolescência e as interferências

da família e da escola na educação, torna-se necessário compreender que os

comportamentos dos adolescentes serão organizados ao longo do tempo,

permitindo que suas atitudes tornem-se mais coerentes. Uma relação de confiança

se faz necessária entre a família e a escola, para que juntas busquem caminhos que

contribuam no desenvolvimento integral dos adolescentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Compreender a adolescência como uma fase de transformações é

imprescindível para que pais e professores atuem de maneira assertiva na educação

de seus filhos e alunos. Compreender não significa aceitar as situações, e sim

buscar caminhos para amenizá-las, oportunizando que esta fase seja positiva na

construção de conhecimentos e das identidades dos adolescentes. Assim sendo, os

adolescentes se tornarão cidadãos saudáveis, com potencial para agir na sociedade,

tornando-a mais justa e igualitária.

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PROPOSTA DE ATIVIDADE PARA PAIS

Dinâmica: Trabalhando com expectativas

Objetivos:

• Perceber a atuação dos pais na educação do(a) filho(a) adolescente.

• Analisar as expectativas do grupo de pais em relação a seus (suas)

filhos(as).

Material:

• Caneta e papel.

Desenvolvimento:Os pais ou responsáveis devem representar através de desenhos:

Como eles se vêem como pais?

Como eles vêem seus filhos?

O que almejam para seus filhos?

Comentários e explicações sobre as representações e como se sentiram

durante a dinâmica.(Dinâmica de grupo retirada do livro: Adolescência: afetividade, sexualidade e drogas.

v.1. p. 31. PIRES, C. V. G.; GANDRA, F. R.; LIMA. R. C.V, 2002). Adaptada.

Após a dinâmica, responder por escrito à seguinte questão:

Em sua opinião, como a família e a escola podem contribuir na educação dos

adolescentes?

* A questão será recolhida e analisada, subsidiando as ações a serem

implementadas visando a construção da parceria entre a família e a escola.

PROPOSTA DE ATIVIDADE PARA PROFESSORES

Estudo do texto e Oficina

Objetivos:

• Refletir sobre a postura do adolescente, da família e do professor na

educação.

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• Analisar cada situação, considerando a realidade vivenciada nas 5ª

séries.

• Propor ações coerentes para amenizar as situações.

Material:

• Papel e caneta.

Desenvolvimento:Formam-se três grupos. O primeiro irá defender a posição do adolescente, o

segundo, dos professores e o terceiro, a posição da família (pais).

Todos os grupos tomarão como base a análise do texto estudado.

Ao primeiro grupo, representando os adolescentes, será dado o poema “Ser

adolescente”.

SER ADOLESCENTESer adolescente é...Acordar todos os dias tardeE ainda achar que dormiu pouco;Ficar horas com amigos ao telefoneE ainda chatear-se quando a mãe reclama;Deixar seu quarto todo bagunçadoE dizer que não o arrumou por falta de tempo;Achar que o mundo gira em torno de siE não o contrário...Mas ser adolescente também é...Querer resolver os problemas do mundo,Lutar contra as injustiças sociais,Fazer loucuras pelo seu ídolo,Amar da forma mais intensa possível,Estar rodeado de amigos,Ser espontâneo e explosivo...Ser adolescente é tudo isso e muito mais...

Edmar Guedes Corrêa

Através da análise do texto estudado e da poesia, o grupo defenderá a

posição do adolescente.

Ao segundo grupo será pedido que aborde as situações enfrentadas pelos

professores em sala de aula, nas 5ª séries. Neste grupo será analisada a realidade

das 5ª séries.

Ao terceiro grupo, que representará a posição da família, será dada a

seguinte citação para ser analisada:

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“O ideal seria que a família tivesse uma maior flexibilidade para aceitar e adaptar-se às transformações sociais, sem perder de vista, valores firmes e coesos”. (WEBER, 2008, p. 34)

A família deve assumir o compromisso de acompanhar a vida social e escolar de seus filhos.

Cada grupo irá defender e apresentar a sua posição ao grande grupo.

No grande grupo serão analisadas as três posturas (adolescentes,

professores e família), propondo ações para amenizar ou resolver as situações da

realidade educacional.

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REGRAS E LIMITES NA EDUCAÇÃO

Texto escrito por Lídia Weber

Adaptado por Jussara Chubak Piccoli

Pedagoga – PDE

INTRODUÇÃO

Educar crianças e adolescentes não é uma tarefa fácil. Não o é na escola,

mas também não o é em casa. Vários tipos de práticas educativas têm sido usados

ao longo dos tempos, e estas vêm sofrendo constantes alterações. Além disso, os

estilos educativos adotados precisam ser adaptados a cada família, em função das

características dos membros que a compõem, sejam os filhos, sejam os pais, como

também do tipo de interação que se estabelece entre elas.

Adicionalmente, tem sido feito um esforço, nos dias atuais, de se aprender

mais sobre a educação; ou seja, psicólogos, educadores e outros profissionais têm

buscado refletir sobre as causas e as conseqüências de determinadas práticas

educativas, e seus efeitos sobre as crianças e os adolescentes. Assim, algumas

práticas comuns há algumas gerações têm sido revistas, buscando-se um equilíbrio,

e tentando evitar os efeitos nefastos tanto das práticas extremamente autoritárias

como daquelas que dão liberdade em excesso.

Tem sido destacado nesse sentido, que disciplinar não é simplesmente fazer

obedecer. Devemos disciplinar nossos filhos, sim, mas não para que aprendam a ser

subservientes. É preciso fazer com que eles saibam pensar, mostrando as fronteiras

entre o que é certo e o que é errado. Para tanto, faz-se necessário mostrar que

limites são as fronteiras que demarcam o que é permitido ou possível fazer e do que

não o é.

OBJETIVO

Através da leitura e das reflexões propiciadas pelo texto apresentado,

conduzir pais e educadores em geral a perceberem a necessidade de desenvolver

regras e limites na educação de filhos/alunos.

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REGRAS E LIMITES NA EDUCAÇÃO

Existem limites de ordem natural, impostos pela sociedade e também alguns

limites são colocados pela família. Para Weber, os limites são fronteiras que

demarcam o que é permitido ou possível fazer e o que não é. Os limites são

essenciais na educação de uma criança, para garantir melhor equilíbrio no seu

desenvolvimento afetivo, cognitivo e também organizar suas relações sociais.

Ao colocar regras para as crianças as preparamos para a vida real, onde

nem tudo acontece do jeito e na hora que se quer.

Existem regras biológicas, pois se comermos em excesso, por exemplo,

causaremos prejuízos para nós mesmos. Já as regras legais são apresentadas

oficialmente pelo governo, como a regra de que não podemos ultrapassar uma

velocidade tal, pois acabaremos recebendo uma multa. Há ainda as regras sociais

que facilitam nossa convivência, que a tornam mais agradável; faz-se interessante

dizer “muito obrigado” ou “desculpe-me”, pois é um sinal de respeito e de

amabilidade para com os outros.

Estas regras são, no entanto, mutáveis. Antigamente se pedia benção para os

pais; já hoje em dia este costume não é mais seguido. Elas vão sendo

transformadas e adaptadas às necessidades e anseios que fazem parte de cada

momento histórico de nossa sociedade. Temos também as regras pessoais e

familiares, que normalmente se transformam em hábitos, como, por exemplo, o

hábito de tomar banho uma vez por dia ou o costume de não mentir. Cada família,

ao adotar suas regras de funcionamento, irá decidir o que é importante e negociável

ou o que não é negociável, utilizando um pouco de lógica e de bom senso.

De acordo com Weber, os limites são os fundamentos e a estrutura de uma

casa. Temos de ter uma boa base, porque, do contrário, a casa pode cair. Isso

porque certos limites e restrições transmitem segurança e confiança, já que é muito

bom ter onde se apoiar, ter alguns pontos de referência que nos ajudem a nos

orientar. Dessa maneira os pais que ensinam aos filhos o que eles podem ou não

fazer, ensinam também a vida social, civilizando-os.

A ausência de regras leva a criança a se sentir insegura na falta dos pais, ou

pode levá-la a testar cada vez mais os seus limites, tornando-se um adolescente que

pode adotar comportamentos perigosos. Ensinar regras claras de maneira

consistente irá fazer com que a criança aprenda a se organizar, a ter estrutura e

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direção, para que mais tarde seja capaz de dar orientações a si mesmas,

controlando seu próprio comportamento.

Observa-se, então, que é muito importante que sejam apresentados limites às

crianças, e estes limites devem ser claros. Ser claro não significa, necessariamente,

ser inflexível. Significa deixar claro o que esperamos da criança e se ela tem a

noção da razão pela qual esperamos tais coisas dela. Existe assim sempre a

oportunidade de que também nós, enquanto pais, possamos revisitar nossos valores

e o nível de respeitabilidade que eles merecem.

Cada família deve estabelecer claramente alguns limites, sendo coerentes

com as suas expectativas, com o que se espera dos filhos e isto irá reforçar os

valores que ficam incorporados no seu dia a dia, servindo como referência para

futuras ações. As regras em família servirão como uma espécie de contrato, porque

não haverá necessidade de repetir muitas vezes o que os pais desejam dos filhos.

Assim podem ser evitados possíveis comportamentos indesejáveis, como ataques

de raiva, por exemplo.

Além de dizer claramente o que se espera de uma criança ou adolescente, é

preciso monitorar o cumprimento das regras. Deve-se planejar para prevenir um

dado comportamento e verificar se ele está sendo realizado como foi estipulado.

Mas é claro que devemos ser coerentes ao aplicar as regras, incorporando

certo grau de tolerância. Se, por exemplo, os pais são rigorosos demais e limitam

tudo, não tolerando qualquer falha, tendem a fazer com que seu filho passe a não

respeitar mais as regras e aprenda a fugir, mentir e esconder o que está fazendo.

Também as regras necessitam ser, por vezes, revistas, observando se a regra não

está sendo rígida demais, ou se há muita expectativa, ou ainda se a regra não é

injusta; as regras podem sofrer alterações caso não atendam ao esperado.

E ainda, um fator muito importante a ser considerado, é o nível de

consistência. Isto é, o descumprimento das regras deve ter conseqüências, e isso

não deve depender do estado de espírito ou do humor dos pais. Se um “não” vira

frequentemente “sim” com a insistência da criança, ela aprende a manipular o humor

dos pais, e as regras perdem, assim, a sua eficácia.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante que sejam estabelecidas regras lógicas, explicando porque elas

devem ser cumpridas. A decisão de cumpri-las deve ficar com a criança ou o

adolescente, desde que ele saiba quais são as conseqüências, caso as regras não

se efetivarem.

Segundo Weber, os estudos são claros: crianças não se comportam

adequadamente quando as regras não são claras; quando há inconsistência no

comportamento educativo dos pais; quando há punição abusiva; quando não há

supervisão e monitoria adequada; ou quando o vínculo emocional entre pais e filhos

está prejudicado. Nesse sentido, não devemos associar um bom comportamento

com o amor destinado ao filho, isto é, passar a mensagem de que ela somente será

amada se for uma criança “boazinha”. Observa-se que os pais acabam, muitas

vezes, errando com o intuito de proteger seus filhos, pois utilizam estratégias

inadequadas para mostrar como o mundo funciona.

PROPOSTA DE ATIVIDADE PARA PAIS

Dinâmica: A instrução de uma tarefa

Objetivo da atividade:

• Exemplificar os processos envolvidos na aprendizagem de um novo

comportamento. Para se efetivar uma aprendizagem é necessário que

pais não apenas falem sobre ou exijam a realização de uma

determinada tarefa. É preciso que mostrem a tarefa solicitada, como

esta deve ser feita e, nas primeiras vezes, acompanhem os filhos a

cada momento, de forma que juntos realizem a tarefa. Posteriormente

os filhos se sentirão mais confiantes para realizarem suas tarefas de

forma independente.

Desenvolvimento:O instrutor pede a colaboração de um voluntário, pedindo que este se

coloque à frente do grupo para receber algumas instruções de maneira rápida: “Ao

mesmo tempo, você deve bater uma mão na cabeça, girar a outra na barriga, pular

num pé só e dar voltinhas”, por exemplo. O coordenador não pode repetir a

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instrução nem explicar novamente. O voluntário em questão, após ter feito a

atividade, irá se sentar. Então o coordenador pede mais um voluntário e para este, o

coordenador dá mesma instrução, de maneira clara e mostrando lentamente cada

movimento. Depois o coordenador faz o movimento completo junto com a pessoa.

Reflexões sobre a atividadeNo primeiro comando as pessoas apresentam dificuldades na execução da

tarefa; já no segundo momento desempenham conforme o pedido das instruções

com uma demonstração clara. Conduzir a reflexão no sentido de como as regras

devem ser estabelecidas, de maneira a atingirem seus propósitos. (Dinâmica de grupo retirada do livro: Eduque com carinho: equilíbrio entre amor e limites.

WEBER, L. Curitiba: Juruá, 2007).

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AUTOCONHECIMENTO: REFLETIR E INTERPRETAR A SI MESMO

Texto de Lidia Weber

Adaptado por Rosana Bontorin

Pedagoga – PDE

INTRODUÇÃO

Há muito tempo sabe-se que autoconhecimento é essencial para todos.

Segundo a psicologia, autoconhecimento significa o conhecimento de um indivíduo

sobre si mesmo. Quando conhecemos a nós mesmos, podemos identificar situações

que nos deixam felizes ou tristes, também podemos perceber por que temos certas

atitudes em lugar de outras, ou por que fazemos coisas que a princípio não

concordamos. A prática de se conhecer melhor faz com que uma pessoa tenha

controle sobre suas emoções, sejam elas positivas ou negativas.

OBJETIVO

Proporcionar aos pais a oportunidade de refletir sobre o autoconhecimento,

de identificar qual(is) estilo(s) parental(is) utilizam para disciplinar ou educar os filhos

e levá-los a se perceber como modelo de comportamento para o filho.

Você já fez uma reflexão acerca do quanto você se conhece?

Para conhecer o próprio comportamento, não basta ficar em um canto

pensando sobre a vida. A ciência mostra que a consciência e o autoconhecimento

são produtos sociais, ou seja, nós precisamos dos outros para conhecer a nós

mesmos. Grande parte do que acreditamos serem nossas qualidades e aptidões é

fruto do que as pessoas reconhecem em nós. E, de forma semelhante, grande parte

do sofrimento humano também provém daquilo que não é reconhecido pelos

demais.

AUTOCONHECIMENTO: REFLETIR E INTERPRETAR A SI MESMO

Muitas vezes nos defrontamos com uma situação que não nos satisfaz,

percebemos que é preciso mudar, pois a situação de sofrimento é clara, mas o que

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mudar e como mudar, não o é. Desenvolver o autoconhecimento é um dos passos

para poder administrar o próprio comportamento, aprendendo a observar a si

mesmo e como as condições em que está vivendo a afeta.

Segundo Weber (2007), quanto mais nos conhecemos, mais podemos

controlar nossa vida e nosso destino, e fica mais fácil de perceber nossos acertos e

erros. Para a autora, conhecer a si mesmo permite que a pessoa tome consciência

de suas características individuais e as expectativas sobre sua família, em especial,

seus filhos. No dia-a-dia é necessário ter atitudes harmônicas, pois não basta ter

autoconhecimento e partir para uma ação incoerente. Ou seja, às vezes os pais

chamam a atenção e disciplinam o filho e outras vezes não.

Pesquisadores têm estudado como os pais influenciam o desenvolvimento

das competências sociais e instrumentais. Uma das áreas de pesquisa explora os

estilos e práticas parentais, que são as estratégias que os pais utilizam para

disciplinar, dialogar, elogiar, ou seja, um conjunto de comportamentos e atitudes que

envolvem a relação entre pais e filhos. Os principais estilos são:

Estilo autoritário (muito limite e pouco afeto): são pais que exigem muito,

tomam as decisões, colocam muitas regras e limites inflexíveis, que têm como

objetivo a obediência e o controle. Sempre fazem valer a sua própria opinião, não

permitindo que seu filho participe de decisões e escolhas, e considerando muito

pouco as opiniões e sentimentos dos filhos.

Pesquisas revelam que uma educação voltada às práticas parentais do

estilo autoritário faz com que as crianças apresentem habilidades sociais pobres, ou

seja, não conseguem se relacionar adequadamente e revelar os sentimentos,

frequentemente apresentam baixa autoestima e altos índices de depressão,

ansiedade e estresse.

Estilo permissivo (pouco limite e muito afeto): são pais que impõem poucas

regras e limites, permitindo quase tudo ao filho, e é o filho que acaba estabelecendo

as regras em casa. Os pais têm receio de dizer “não” e não serem mais amados

pelos filhos. Os pais valorizam e consideram os sentimentos, as opiniões e

necessidades do filho, mas deixam suas próprias opiniões e sua autoridade de lado.

As crianças educadas por pais permissivos tendem a apresentar baixo

desempenho escolar, apegam-se em excesso a coisas materiais, não têm tolerância

à frustração e se acham incapazes de realizar as coisas por si mesmas.

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Estilo negligente (pouco limite e pouco afeto): são pais que estabelecem

poucos limites, bem como pouco afeto e participação. Os pais permitem quase tudo,

mas não se comprometem com seu papel de educador, passam pouco tempo com o

filho e não demonstram afeto. Acreditam que os filhos devem ser responsáveis por

si. Ou são pais muito ocupados, ou não têm interesse necessário para a educação

do filho, ou ainda, são pais que estão confusos e não sabem como agir.

As pesquisas têm mostrado que este estilo parental traz os piores resultados

para as crianças, que comumente apresentam baixa autoestima, fraco desempenho

escolar, pessimismo e estresse. Essas crianças podem desenvolver alternativas

antissociais para conseguir algo ou para terem atenção.

Estilo participativo (muito limite e muito afeto): é o melhor estilo parental,

são pais que exigem a obediência de regras com objetividade e mantêm a

autoridade, são mais participativos e abertos para as trocas com seus filhos.

Consideram os sentimentos e opiniões do filho, apontam os problemas sem precisar

punir fisicamente e estão disponíveis para brincar, auxiliar nas tarefas, elogiar e

valorizar.

Os filhos de pais com estilo parental participativo entendem o respeito

mútuo, sentem-se valorizados, amados. As pesquisas revelam os melhores

resultados quanto à autoestima elevada, menor nível de estresse e de depressão e

melhor desempenho das habilidades sociais.

Pesquisas sobre estilos parentais, realizadas por Weber (2007), demonstram

resultados com um maior percentual de pais negligentes. A autora aponta que, para

uma boa educação, os pais devem apresentar, de maneira equilibrada, exigência

(limites e regras) e responsividade (afeto e envolvimento). Sugere também que não

está faltando apenas limites, mas faltam também afeto, real participação e

envolvimento na vida dos filhos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O exercício do autoconhecimento deve ser uma constante, visto que requer

muito diálogo interno. Ao elevarmos o conhecimento sobre quem somos, ficamos

mais conscientes do que pretendemos alcançar, e quanto mais descobrimos sobre

nós mesmos, percebemos o quanto ainda temos a descobrir!

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PROPOSTA DE ATIVIDADE PARA PAIS

Dinâmica: Viagem ao tempo, um momento de reflexão.

Fazer “uma viagem ao tempo” e pensar na sua infância, refletindo sobre as

seguintes questões:

Quem era mais carinhoso com você, seu pai ou sua a mãe?

Qual era a sua brincadeira favorita?

Como seus pais reagiam quando você desobedecia?

Como seus pais reagiam quando você fazia algo legal?

Qual o fato mais feliz que você lembra sobre a sua infância?

Qual a situação mais triste que você lembra sobre a sua infância?

Seus pais tiravam um tempo para brincar e acompanhar suas atividades

escolares?

Como o seu pai e a sua mãe descreveriam você quando era criança?(Dinâmica de grupo retirada do livro: Eduque com carinho: equilíbrio entre amor e limites.

WEBER, L. Curitiba: Juruá, 2007) Adaptada.

Objetivos:

• Refletir sobre a educação que recebeu dos seus pais, verificando os

aspectos positivos e negativos.

• Fazer uma análise sobre a educação que está proporcionando ao seu

filho.

Material:

• Folhas de papel e canetas.

Desenvolvimento:Cada participante deverá relatar por escrito, e se desejar, relatar oralmente o

que sentiu ao lembrar sua infância, quais foram os aspectos positivos e negativos

mais relevantes e se a educação que proporciona ao filho está relacionada à

educação que recebeu dos seus pais.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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