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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
Desafio pedagógico: tecnologias digitais no contexto escolar
Autora: Carmen Elisabeth Scheibe Ferreira1
Orientadora: Laurete Maria Ruaro2
Resumo
O presente artigo trata das atividades desenvolvidas no Programa de Desenvolvimento Educacional do Governo do Estado do Paraná da turma do ano de 2009. Tem como finalidade refletir e apresentar os resultados da pesquisa-ação sobre as tecnologias digitais e a educomunicação no contexto escolar. O grupo participante da pesquisa foram os professores do Colégio Estadual José de Anchieta de União da Vitória. Parte-se do pressuposto de que as tecnologias digitais e a educomunicação devem ser utilizadas nas escolas com compromisso e responsabilidade relacionadas aos conteúdos curriculares para apropriação do conhecimento historicamente construído pela humanidade e formação de cidadãos plenos. A partir dos estudos teóricos apresenta-se o entendimento atual sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação como metodologia para auxiliar no processo de ensino-aprendizagem. De forma descritiva são apresentados os resultados dos dados coletados pela pesquisa de campo realizada para diagnóstico das necessidades e fragilidades do público-alvo deste estudo em relação ao tema abordado. Relata-se a produção, conteúdos e metodologia abordados no Caderno Pedagógico e a forma de implementação do projeto na escola. Este estudo ratifica a necessidade da continuidade de oferta de cursos de formação continuada aos profissionais da educação para incorporação do uso das novas mídias na prática pedagógica. Destaca-se a relevância da postura e atitudes dos diretores e equipes pedagógicas das escolas para que as tecnologias digitais estejam presentes, em quantidade, qualidade e adequada manutenção para que seu uso seja produtivo no processo de ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: Tecnologias digitais; Educomunicação; Contexto escolar; Prática pedagógica;
1. Introdução
A Secretaria de Estado da Educação do Paraná instituiu o Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE que promove a formação continuada dos
professores da rede pública estadual de ensino através de uma política de
integração entre a Educação Básica e o Ensino Superior com o objetivo de produção
de conhecimento e redimensionamento da prática docente.
O presente artigo tem como objetivo relatar as atividades realizadas por esta
professora pesquisadora da turma PDE 2009 – 3ª edição, de acordo com o plano
1 Pós-Graduação latu-sensu em Educação Especial, Psicopedagogia e Mídias Integradas na Educação. Graduada em Pedagogia. Professora Pedagoga do Colégio Estadual José de Anchieta – Ensino Fundamental e Médio de União da Vitória – Paraná.
2 Pós-graduação istrictu-sensu em Educação. Graduação em Pedagogia. Professora do Departamento de Pedagogia da UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava – Paraná.
integrado de formação continuada que oportuniza o desenvolvimento de três eixos
de atividades articuladas, a saber: atividades de aprofundamento teórico; atividades
didático-pedagógicas com a utilização de suporte tecnológico e atividades de
integração teórico-prática.
Para escolha do tema de estudo considerou-se que as tecnologias
modernas ocupam cada vez mais espaço de informação e consumo na cultura
contemporânea. À medida que as tecnologias digitais avançam, torna-se necessário
que as escolas e os educadores estejam preparados para enriquecer o processo de
ensino-aprendizagem com a utilização das ferramentas digitais propiciadas pelas
novas tecnologias e pelas diferentes linguagens da comunicação constituídas de
instrumentos de linguagens pedagógicas facilitadoras para a construção do
conhecimento desejado.
A problematização norteadora da pesquisa foi verificar em qual profundidade
os professores do Colégio Estadual José de Anchieta – Ensino Fundamental e
Médio de União da Vitória, Paraná, estão conscientes, preparados e comprometidos
para utilizar as ferramentas pedagógicas digitais para além da instrumentalização,
utilizando-se das diferentes linguagens de modo significativo para a aprendizagem
dos educandos.
O objetivo geral proposto no trabalho foi oportunizar formação e preparação
profissional aos professores para aprimoramento da prática docente em relação às
tecnologias digitais de forma que possam atuar no contexto escolar com coerência
frente aos desafios da modernidade e, desta forma, contribuir para a qualidade de
educação no Estado do Paraná.
Para uso das tecnologias da educação exige-se que o professor aprenda
muito além do manuseio dos equipamentos e softwares. É necessário que conheça
as potencialidades, pense no uso e suas implicações no processo de ensino e
aprendizagem.
No eixo didático-pedagógica com a utilização de suporte tecnológico pela
plataforma Moodle da SEED/PR, denominado de Grupo de Trabalho em Rede,
promoveu-se a inclusão virtual dos professores da Rede Pública Estadual em
ambiente virtual de aprendizagem com estudos e atividades propostas pela
professora PDE, em acordo com o tema de estudo.
2
Para desenvolver as atividades do eixo de integração teórico-prática, foi
produzido um Caderno Pedagógico com textos de fundamentação teórica e
indicação de atividades práticas elaboradas a partir dos estudos do referencial
teórico da professora PDE e das necessidades verificadas pela análise dos
resultados da pesquisa de campo realizada com os professores do colégio alvo
deste estudo. O Caderno Pedagógico foi utilizado na capacitação ofertada aos
professores como curso de extensão Universitária no momento de implementação
do projeto na escola.
Com a realização desta pesquisa-ação crítica, constatou-se que muitos
professores estão em busca de conhecimento para aprimorar sua prática
pedagógica diante das novas tecnologias. Portanto, deve-se oportunizar cursos
para suprir esta necessidade possibilitando que as tecnologias sejam utilizadas com
compromisso e responsabilidade como meio para que a aprendizagem seja mais
significativa.
Destaca-se que no contexto escolar deve haver investimento para que os
recursos tecnológicos estejam em quantidade e qualidade adequados para que as
tecnologias possam ser utilizadas como metodologias de ensino.
2. Tecnologias de informação e comunicação como recurso didático
Segundo estudos realizados no campo da educação, o processo de ensino e
aprendizagem se torna mais dinâmico e eficaz com a utilização das chamadas
novas tecnologias. São diversos os meios que podem dinamizar a mediação, pelo
professor, do conhecimento historicamente construído pela humanidade para que os
alunos recebam e busquem informações e a partir delas, construam seu próprio
conhecimento.
Esta mediação pode ocorrer por diversas mídias, desde as mais tradicionais
como textos impressos, livro didático, transparências no retroprojetor, episcópio,
aparelho de som, filmes em DVD, rádio, quadro negro e giz até as atuais da era da
tecnologia digital.
Contudo, diante da realidade na qual a maioria dos alunos já está inserida,
no mundo digital, faz-se necessário que o professor se aproprie das novas
3
tecnologias e incorpore-as na sua prática pedagógica. Assim, selecionar, utilizar e
propor atividades com o uso de mídias como computador, internet, filmadora,
máquina fotográfica, celular, projetor e TV multimídia, propiciará maior envolvimento
e participação dos alunos.
Com o desenvolvimento tecnológico aplicado aos computadores, este
equipamento passou a congregar diversas mídias. Através dele pode-se ouvir
músicas, assistir filmes, utilizar inúmeros softwares e ferramentas desde as mais
básicas como editor de texto, editor de planilha, elaboração de slides em diferentes
formatos e cores até os softwares mais complexos como o editor de áudio Audacity,
os editores de vídeos como Windows Movie Maker e Nero Wave, editores de
imagens como Photoshop, Fireworks e Corel Draw, esses entre tantos que poderiam
ser aqui citados e que fazem parte do dia a dia dos usuários de Informática.
Há pouco tempo, aguardava-se pela chegada de uma carta pelo correio com
notícias dos familiares. Em seguida, com a chegada do telefone, a comunicação
pessoal e profissional foi facilitada. Atualmente, com o uso do computador ou do
celular, conectados a internet, têm-se acesso ao e-mail, redes sociais de
relacionamento, vídeos, imagens e fotos o que possibilita a comunicação em tempo
real.
Para estar informado sobre o que acontece na cidade, país e em todos os
continentes, não há mais necessidade em ir até a banca ou biblioteca. Com a
popularização e organização da internet, através dos buscadores como o Google e o
Yahoo, disponibilizou-se grande volume de informações na rede. Na internet estão
disponíveis jornais de todas as partes do mundo, revistas em diversas línguas e
sobre os mais variados assuntos, estações de rádio e canais de televisão.
Ao navegar pela internet encontram-se os livros digitais, podcasts3 e
videocast4. Enfim, milhares de arquivos à nossa disposição para qualquer finalidade
e necessidade. Tudo rápido, simples e prático.
A tecnologia permitiu acesso seguro às contas bancárias, movimentações
financeiras a qualquer hora e sem sair do lugar. No lado da diversão encontram-se
3 Arquivo de áudio digital geralmente em formato de MP3 ou AAC publicados através de podcasting na internet e atualizado via RSS.
4 Refere-se aos podcast em vídeo, geralmente em formato MP4.
4
redes sociais de relacionamento como Orkut5, Facebook6 e Twiter7 , filmes e jogos
online.
Com a evolução tecnológica, foram ampliadas as possibilidades de
informação e comunicação em todos os setores pessoais e profissionais da
sociedade como forma de entretenimento, estudo, trabalho e facilidades para
compras produzindo resultados significativos no modo de agir e interagir das
pessoas. As pessoas são formados pela polifonia dos discursos do cotidiano e quem
não buscar inserção neste mundo tecnológico será um excluído digital.
As transformações revolucionárias da ciência e das tecnologias da
informação estão surgindo como mecanismos operacionais com disponibilidade
eficiente na busca de informações. Logo, as instituições educacionais não podem
fugir a essa condição absoluta em que se insere: a realidade do homem
contemporâneo.
É importante que os profissionais das instituições educacionais, a partir
desse novo momento tecnológico, tenham consciência de que se faz necessário
“oportunizar um ambiente desafiador, instigador, criativo e dinâmico, com novas
formas de aprender, ensinar, produzir, comunicar e reconstruir o conhecimento”.
(PROFESSOR DIGITAL, 2010).
A escola não pode ficar alheia a este processo sob pena de não estar
cumprindo adequadamente a sua função social que é de formar cidadãos plenos,
capazes de agir e interagir com o mundo em sua vida pessoal e no mundo do
trabalho. Sacristán e Gómez referindo-se a função social da escola, afirmam que
facilitar, por meio da educação, o desenvolvimento de indivíduos com capacidade de pensar e atuar de maneira racional e com relativa autonomia exige das escolas propostas, processos e estratégias, parcialmente diferentes dos desenvolvidos em épocas anteriores. (SACRISTÁN E GÓMEZ, 1998, pág. 11)
Contudo, no cotidiano escolar ainda percebe-se pouco uso das novas
tecnologias pois muitos educadores ainda não têm o conhecimento de como
5 Rede social de relacionamento onde é possível publicar fotos, vídeos, criar comunidades em formato de fórum de discussão, enviar e receber notícias de sua rede de contatos.
6 Idem orkut.7 Rede social de relacionamento ou micro-blog utilizado para postar e receber mensagens de até
140 caracteres.
5
implementar estas tecnologias como metodologia no processo de ensino e
aprendizagem.
Diante desta constatação, de acordo com Sancho (1998, p. 42-44) entre os
profissionais da educação pode-se encontrar duas posturas diferentes. De um lado
os tecnófobos, aqueles que têm medo da tecnologia pois, para eles, representa
perigo para os valores que já têm. Como exemplo deste caso, cita-se Sócrates
diante da utilização da escrita, uma das tecnologias mais refinadas e com
consequências importantes para o desenvolvimento e transmissão de todo tipo de
informação e conhecimento. Sócrates considerava que, se homens aprendessem a
escrita, o esquecimento seria implantado em suas almas.
De outro lado encontram-se os tecnófilos. Estes realizam uma adesão
acrítica às tecnologias considerando que estas sejam a resposta final para os
problemas do ensino e da aprendizagem escolar. Nesta situação encontram-se
professores que utilizam as tecnologias de forma reduzida, apenas para ilustrar sua
aula ou texto de modo isolado sem relação e articulação com o conteúdo a ser
trabalhado.
Frente a estas posturas pode-se citar Schaft que afirma
Nenhum avanço do conhecimento humano é reacionário ou prejudicial em si mesmo, já que tudo depende do uso que o homem fizer dele como ser social: uma mesma descoberta pode ser empregada para alcançar um novo paraíso ou um inferno muito pior que o que conhecemos até agora. (SCHAFT8, 1985, apud SANCHO, 1998, p. 32)
Assim, tanto os tecnófobos como tecnófilos necessitam rever suas posturas.
Diante dos avanços científicos e tecnológicos e com as transformações sociais e
econômicas o mundo ficou globalizado. Mais do que utilizar as novas tecnologias em
sala de aula, introduzindo sons e imagens, os educadores precisam aprender a ter
critérios para selecionar e situar as informações e conhecimentos básicos para dar-
lhes sentido e convertê-los em conhecimento pessoal, social e profissional.
Neste sentido, Sancho afirma que
[…] os profissionais de ensino, qualquer que seja sua função no sistema, necessitam conhecer e avaliar, para poder tomar decisões informadas, as
8 SCHAFF, A. Qué futuro nos aguarda? Nova Iorque: Basic Books, Inc., Publishers, 1985.
6
tecnologias da informação e da comunicação disponíveis, que já fazem parte do ambiente de socialização dos corpos discentes e docente. Necessitam pensar em uma tecnologia que seja educacional, quer dizer, útil para educar. Precisam de um conhecimento que possibilite a organização de ambientes de aprendizagem que situem os alunos e o corpo docente nas melhores condições possíveis para perseguirem metas educacionais consideradas pessoal e socialmente valiosas. (SANCHO, 1998, p. 13)
Torna-se importante que o professor seja usuário das tecnologias,
incorporando-as na sua prática pedagógica em sala de aula como caminhos para a
aprendizagem. Para que isso aconteça, é necessário que o próprio professor tenha
clareza da utilidade, do significado e do valor das tecnologias.
A partir da percepção dos seus próprios processos de aprendizagens e do
conhecimento das tecnologias, o professor poderá construir caminhos para
construção do conhecimento e elaborar estratégias para trabalhar com seus alunos,
criando um clima que convida a pensar, questionar, tornando sua prática mais
significativa e produtiva.
Para que o processo de construção de conhecimento aconteça deve haver o
compromisso de cada educador em aprofundar seu nível de percepção acerca do
referencial teórico implícito e inerente à sua prática pedagógica refletindo e revendo
sua práxis.
Os profissionais da educação devem estar atentos a complexidade dos
fenômenos das tecnologias: avaliar, selecionar e utilizar adotando postura baseada
no conhecimento e na escolha. O uso das tecnologias deve acontecer em uma
perspectiva metodológica com articulação do saber escolar e sua trama de
conteúdos configurando-se numa nova prática de ensino.
A concepção de uso de tecnologias na educação, além de propiciar acesso
aos novos artefatos tecnológicos para emissão e recepção de informações, também
propicia a expressão do pensamento por meio de múltiplas linguagens e mídias
oportunizando a possibilidade de provocar situações positivas para construção do
conhecimento, considerando a cultura mediática e os interesses dos estudantes.
Nessa perspectiva surge a educomunicação que, de acordo com Gaia
(2001, p. 15) “tem como meta educar criticamente para a leitura dos meios de
comunicação”. A educomunicação possibilita a articulação entre o campo
7
educacional e o campo da comunicação, partindo do princípio de que todo ato
comunicativo é educativo não sendo possível separá-los.
De acordo com Gaia
Se entendermos educação como um processo de construção de consciência crítica, a análise de diferentes conteúdos mediáticos poderá oferecer elementos significativos para o enriquecimento do debate em sala de aula. Isso é possível quando o educador percebe que pode participar desse processo como um sistematizador de ideias, mas não como detentor da verdade […] capaz de interagir e também de aprender com seus alunos. (GAIA, 2001, p. 30)
O campo da educomunicação é capaz de fundamentar práticas de sujeitos
conscientes. Exige o reconhecimento dos meios de comunicação como um lugar de
saber, atuando junto com a escola e outras instituições de socialização com
capacidade de pensar criticamente a realidade, de conseguir selecionar informações
e de inter-relacionar conhecimentos.
A educomunicação exige do educador uma postura comprometida e
consciente de reflexão e ação para atender a função social da escola. Paulo Freire
(1996, p. 28), afirma que “o educador democrático não pode negar-se o dever de, na
sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua
insubmissão”.
Utilizar as tecnologias, antigas ou novas, na escola, por elas mesmas, não
garante comunicação e construção do conhecimento. A postura do professor, a
metodologia utilizada e “a prática docente crítica, […] que envolve o movimento
dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer” (FREIRE, 1996, p. 43),
vinculando o conhecimento a sua aplicação e tendo o diálogo como princípio para
que haja uma verdadeira educação.
Professores, com compromisso e ética, percebem que podem aprender e
ensinar utilizando as mídias e tecnologias como aliados e como parte do processo
pedagógico tornando-o mais prazeroso, criativo e inovador. Desta forma estarão
contribuindo para a formação de pessoas com mais conhecimento e condições de
interagir lucidamente na sociedade.
O educador deve perceber-se como sistematizador de ideias e aprendiz
permanente, repensando sua prática pedagógica e planejando muito bem sua
8
prática educomunicativa, tendo clareza dos objetivos a atingir. São muitos os
recursos e instrumentos à disposição para aprender e ensinar. Para que seu uso se
efetive, deve-se criar espaços e oportunidades.
Destaca-se que a compreensão de tecnologias do cotidiano e de novas
tecnologias é relativa. Um equipamento ou tecnologia pode ser do cotidiano de um
individuo ou grupo e ser novo para outros.
Em educação, tecnologias do cotidiano e novas tecnologias, podem conviver
harmoniosamente e potencializar a aprendizagem se forem integradas às práticas
pedagógicas com vistas à democratização da informação, da interação social, da
socialização de experiências, da produção e disseminação de conhecimentos.
Almeida e Prado mencionam que
A integração entre tecnologias, linguagens e representações tem papel preponderante na formação das pessoas melhor qualificadas para o convívio e a atuação na sociedade, conscientes de seus compromissos para com a transformação de seu contexto, a valorização humana e a expressão da criatividade. (ALMEIDA E PRADO, 2005, p. 1)
Com a internet e a evolução tecnológica, pode-se aprender de muitas formas
e em lugares diferentes. A sociedade como um todo é um espaço de aprendizagem.
Moran (2009, p. 2) afirma que “cada tecnologia modifica algumas dimensões da
nossa inter-relação com o mundo, da percepção da realidade, da interação com o
tempo e o espaço”.
Nesse sentido pode-se afirmar que as tecnologias digitais jamais vão
substituir o professor, assim como nenhuma outra mídia ou recursos que já são
usadas nas escolas.
Mas, o que fazer quando propostas didáticas metodológicas utilizando as
novas tecnologias como a internet, vídeos, multimídias, surgem “na cena
educacional, como algo imprescindível e temível ao mesmo tempo?” (LITWIN, 1997,
p. 128).
Libâneo (2009) afirma que propor novas tecnologias expressa a necessidade
da escola estar preparada qualitativamente e quantitativamente para trabalhar com
os novos paradigmas de aprendizagem introduzidos pelo uso das tecnologias de
informação e comunicação.
9
Para tanto, a escola deve organizar-se na elaboração do currículo, nos
materiais didáticos, no espaço físico, mas, principalmente, no que se refere ao corpo
docente e o fazer pedagógico.
Uma vez estabelecidos alguns conceitos e reflexões, precisa-se saber se o
uso das mídias nas atividades didáticas escolares está atendendo todas as
necessidades e expectativas no que se refere a uma educação tecnológica
moderna comprometida com as metas educacionais de ensino-aprendizagem. Este
é o tema abordado a seguir.
3. Percepção dos professores da educação básica frente à utilização das
tecnologias na prática docente
3.1 Pesquisa de campo na escola de implementação do projeto
Por orientação do Programa PDE, o ambiente de pesquisa deve ser o
ambiente escolar onde o professor PDE atua como profissional da Educação.
Portanto, o Colégio Estadual José de Anchieta – Ensino Fundamental e Médio de
União da Vitória, foi escolhido como espaço para esta pesquisa.
A opção pelo grupo de professores justifica-se pela problematização desta
pesquisa que se propôs a investigar como os educadores estão conscientes,
preparados e comprometidos para utilizar as ferramentas pedagógicas digitais para
além da instrumentalização, utilizando-se das diferentes linguagens de modo
significativo para a aprendizagem dos educandos.
Para diagnóstico da profundidade em que os educadores estão conscientes
e preparados para trabalhar com as tecnologias digitais aplicou-se uma pesquisa de
campo proposta a todos os professores que atuam no colégio alvo deste estudo.
O delineamento adotado como procedimento para a coleta de dados foi um
questionário, elaborado pela pesquisadora, constituído por uma série ordenada de
questões de múltipla escolha e abertas, visando identificar as necessidades e
fragilidades em relação ao uso das tecnologias digitais.
10
O convite aos professores para participarem da coleta de dados foi feito
oralmente, durante uma reunião pedagógica no início do ano letivo de 2010. O
convite foi aceito por todos e, então, foram distribuídos os questionários. O período
destinado para resposta e devolução dos questionários foi a primeira quinzena do
mês de março de 2010.
Dos quarenta questionários distribuídos, foram entregues respondidos trinta
e três. Quanto aos sete professores que não fizeram a devolução, quando solicitado
pela pesquisadora, alguns afirmaram que tinham esquecido e outros que não
tiveram tempo para responder.
3.1.1 Análise dos dados coletados na pesquisa de campo
A primeira questão coletou dados sobre o sentimento em relação a
disseminação das tecnologias da modernidade. Após tabulação dos dados verificou-
se que 57% dos respondentes afirmaram sentirem-se empolgados e na expectativa
com as possibilidades que se abririam. Contudo, 43% sentiam-se impotentes por
conhecê-las menos que os alunos e por não saber como utilizá-las.
Constatou-se que a maioria dos professores estão dispostos a aprender a
utilizar pedagogicamente as novas tecnologias. No entanto, muitos ainda não
apresentam o domínio das ferramentas tecnológicas o que resulta em insegurança e
o não uso destas ferramentas no cotidiano escolar.
A questão seguinte oportunizou aos professores escreverem o entendimento
que tem sobre educomunicação. Apenas 1 professor, 3,03% escreveu ser “a inter-
relação entre a educação e comunicação para as novas mídias”. Os demais 96,97%
afirmaram não saber a área deste campo de estudo.
A educomunicação vem preencher um campo da intervenção social para
compreensão da importância da ação comunicativa para o convívio humano, a
produção do conhecimento e para a elaboração e implementação de projetos
colaborativos de mudanças sociais. A compreensão e inclusão deste campo de
estudo na prática pedagógica dos educadores é de suma importância.
Na terceira questão foi solicitado que assinalassem uma ou mais alternativas
quanto a “quando o professor deve utilizar as tecnologias em sala de aula”. A maior
11
parte, 90% afirmou que deve-se levar as tecnologias para a sala de aula
relacionando-as com o conteúdo a ser trabalhado. Contudo, 27% também afirmaram
apresentar vídeos para completar o final da aula e 37% afirmaram usar
apresentação em slides para tornar as aulas mais divertidas.
Percebe-se que a maioria dos respondentes apresentam entendimento
teórico da utilização das tecnologias. No entanto, percebe-se que alguns professores
ainda não têm o conhecimento de como utilizá-las adequadamente na prática em
sala de aula relacionando-as aos conteúdos e fazendo uso dos instrumentos como
metodologia para construir o conhecimento.
A questão seguinte levantou dados de como os professores utilizam o
computador e internet em relação às suas aulas. Nesta questão também foi
oportunizado que assinalassem mais de uma alternativa. Os respondentes
afirmaram que utilizam computador e internet para:
Planejar atividades escritas para os alunos – 78,79%;
Planejar avaliações – 54,55%;
Preparar imagens e apresentações em slides – 44,55%;
Pesquisar e converter vídeos – 39,39%;
Organizar atividades com músicas – 39,39%;
Não utilizam – 9,9%;
Conforme os dados obtidos percebe-se que há uma parte significativa de
professores que utilizam ferramentas do computador como imagens, vídeos e
produção de slides.
Contudo, constatou-se que a utilização das ferramentas disponibilizadas
pelo computador e internet ainda estão sendo utilizadas muito aquém de suas
possibilidades. As primeiras respostas “planejar atividades para os alunos” e
“planejar avaliações” podem ser relacionadas ao uso da máquina de escrever e
anterior a ela, o mimeógrafo, que eram utilizados com a mesma finalidade.
A questão cinco “Quais tecnologias você utiliza em suas aulas?” objetivou
coletar dados sobre quais ferramentas tecnológicas estão sendo utilizadas pelos
professores junto aos alunos. Com a possibilidade de assinalar mais de uma
alternativa, as respostas dadas pelos professores foram:
TV Multimídia – 35%;
12
Laboratório de informática – 26,36%;
Aparelho de som – 54,55%;
Equipamento de DVD – 45%;
Máquina fotográfica – 15,15%;
Não utilizo – 20%.
Percebe-se que os respondentes utilizam com maior frequência as
tecnologias já tradicionais na escola como o aparelho de som e equipamento de
DVD.
Apesar do esforço dos poderes públicos e educacionais em implantar novos
meios tecnológicos para que os professores, na sua prática pedagógica, pudessem
diversificar os instrumentos metodológicos e didáticos de sala de aula, os
equipamentos instalados a partir de 2006 nas escolas estaduais pelo governo
estadual que são as TVs Multimídia e os laboratórios do Paraná Digital ainda são
pouco utilizadas. Contudo, a situação mais preocupante são os 20% dos professores
que afirmaram não utilizar nenhuma tecnologia.
Na sexta questão foi coletado dados sobre o uso da internet como
ferramenta de comunicação. Foi perguntado se utilizam a comunicação via internet
com os alunos e com qual finalidade. Caso fosse utilizado poderiam assinalar mais
de uma alternativa quanto ao uso. Os respondentes afirmaram que:
Não utilizo – 66,67%;
Utilizo – 33,33%
Finalidade da comunicação pela internet:
Conversas informais – 27,27%;
Informar atividades da sala de aula – 12,12%;
Propor atividades relacionadas aos conteúdos escolares da minha
disciplina – 6,06%;
Constatou-se que poucos professores utilizam a comunicação via internet
como recurso pedagógico. De acordo com Sancho (1998), as ferramentas e meios
de comunicação podem e devem ser usados para encaminhar, acompanhar,
apresentar, avaliar e publicar atividades no processo pedagógico.
A sétima questão levantou dados sobre o acesso ao Portal Educacional do
Estado do Paraná e quais os links utilizados. Nesta questão também foi possibilitado
13
que assinalassem mais de uma alternativa. Os links e percentagem de professores
que acessam ao Portal são os seguintes:
Disciplina de atuação do professor – 69,7%;
Diretrizes Curriculares Estaduais – 42,42%;
TV Multimídia – 39,39%;
Cadernos Pedagógicos – 24,24%;
TV Paulo Freire – 18,18%;
Cadernos Temáticos – 18,18%;
Consulta aos Folhas já Publicados – 15,15%;
Pesquisa de OAC – 3,3%;
Eureka – 12,12%;
Informações (contracheque, consulta ao setor de recursos humanos) –
12,12%;
Não acessam o Portal – 9,09%.
Sabe-se que a sociedade está ligada pela comunicação via satélite, na qual
todos têm acesso à informação de qualquer parte do mundo. Por isso, chama-se,
sociedade globalizada. No entanto, essa visão remete uma falsa ideia de que essa
sociedade recebe informações de forma igualitária, sem fronteiras de classe social,
no universo da comunicação.
Esta situação foi comprovado através dos resultados desta questão da
pesquisa de campo. O Estado do Paraná, na perspectiva de apoiar e subsidiar os
professores em sua prática docente, disponibiliza o Portal Educacional do Estado do
Paraná com diversos conteúdos, informações e objetos de aprendizagem que, pelos
dados obtidos, são acessados e consultados de forma muita tímida em relação ao
potencial de inclusão para professores, alunos e comunidade.
Na questão seguinte os professores foram questionados se teriam interesse
em participar do curso de capacitação com o tema tecnologias digitais no contexto
escolar ministrado pela Professora PDE no momento de implementação do projeto
na escola. Constatou-se que a maioria, 96,97% dos pesquisados, têm interesse em
estudar e aprender sobre as tecnologias digitais pois afirmaram o desejo de
participar da capacitação. Apenas um professor, 3,03%, afirmou não ter interesse.
14
Nesta questão havia a solicitação de que, caso não tivesse o interesse, deveria ser
escrito o motivo mas este professor não justificou.
Para finalizar a coleta de dados foi solicitado que escrevessem comentários
e/ou sugestões em relação ao tema PDE deste trabalho. Os respondentes
escreveram que:
“O tema abordado e a capacitação oportunizará conhecimentos sobre as
tecnologias digitais” – Afirmação feita por 10 professores;
“O tema abordado é importante para utilização de diferentes mídias de
forma mais eficaz e uso de diferentes metodologias” – Manifestação
realizada por 7 professores.
“O tema é necessário tendo em vista o contexto atual do desenvolvimento
tecnológico” – Comentário escrito por 6 professores;
“O tema e a capacitação desperta o interesse em aprender para poder
enriquecer e diversificar os meios para ensinar em sala de aula” – Escrito
por 5 professores;
“A capacitação é uma oportunidade para suprir lacuna diante das
dificuldades dos professores” – Declarado por 3 professores;
“Atualização e aprimoramento é pertinente aos profissionais da educação”
– Expresso por 2 professores;
Pela análise das últimas duas questões percebe-se que os professores que
participaram desta etapa da pesquisa estão cientes da necessidade em estudar e
aprender sobre como deve ser o uso das tecnologias da modernidade aplicadas ao
contexto escolar como meio para diversificar os meios de ensinar. Esta postura vem
ao encontro do que diz Paulo Freire em relação ao compromisso e responsabilidade
de um profissional da educação quando afirma que “é necessário juntar ao
compromisso genérico, sem dúvida concreto, que lhe é próprio do homem, ao seu
compromisso profissional” (FREIRE, 1979, p. 20).
15
3.2. O Grupo de Trabalho em Rede
Como atividade didáticos-pedagógicas a professora PDE atuou como Tutora
a distância no GTR – Grupo de Trabalho em Rede, com a utilização de suporte
tecnológico pela plataforma Moodle, ambiente virtual de aprendizagem, da
SEED/PR. O GTR tem como objetivo a inclusão virtual dos professores da Rede
Pública Estadual do Paraná para estudos, reflexões, troca de ideias, experiências e
desenvolvimento de atividades pertinentes ao tema do do grupo do qual fizeram a
inscrição.
O GTR referente a terceira edição PDE foi realizado de março a maio de
2010. Este grupo de trabalho foi estruturado em seis unidades de estudo com
atividades no fórum de discussão, diário de bordo e tarefas. Além do estudo de
textos, foi dado oportunidade aos cursistas para apresentaram análise, sugestões e
contribuições referentes ao projeto PDE, material didático e primeiras ações da
implementação do projeto na escola que foram apresentados pela professora PDE.
Na última unidade do curso foi solicitado aos cursistas GTR que fizessem
uma avaliação do curso. Os cursistas expressaram a importância da formação
continuada, inclusive na modalidade a distância. Também manifestaram a
relevância do tema “Tecnologias Digitais no Contexto Escolar” e a necessidade de
ser trabalhado com os professores pois, através de discussões, leituras e
experiências trocadas é que pode-se crescer como profissional proporcionando
atualização de conhecimentos e inclusão digital tão necessária nos dias atuais.
Descreve-se, a seguir, algumas das postagens:
“[…] acredito que este projeto será viável e totalmente aplicável.
Este projeto também deveria ser apresentado a todos os pedagogos da
rede estadual para que fosse discutido em cada escola pública do Paraná.
Os pedagogos têm como dever, segundo o Regimento Escolar, trazer
discussões pertinentes ao aprimoramento da prática pedagógica no
ambiente escolar”.
“A tutora merece reconhecimento. Demonstrou habilidade significativa no
trabalho com a educação a distância que é uma modalidade nova e muito
complicada de ser trabalhada. Houve desafios instigantes, conversação,
16
reflexão e incentivo. Os conteúdos superaram as expectativas, os textos
escolhidos fizeram a diferença para fundamentação teórica e que deram
respostas para muitas dúvidas e anseios que permeiam a prática
pedagógica com uso de mídias. Há muitos tabus e preconceitos por parte
dos professores, ainda, em aceitar a incorporação crítica das TICs
(Tecnologias de Informação e Comunicação) nas aulas. É possível
implementar o projeto na escola, sim, porém, exigirá muito esforço,
aprofundamento teórico e planejamento”.
Destaca-se a preocupação de que somente três professoras pedagogas se
inscreveram e concluíram este GTR. Ao final do curso, foi solicitado que os
pedagogos cursistas comentassem esta situação. Abaixo, os comentários postados:
“Acredito que alguns pedagogos não têm domínio técnico quanto ao uso
dos recursos tecnológicos e consequentemente não se sentem aptos a
entrar numa discussão como a proposta por este GTR”.
“[…] Acredito que ainda muitos colegas pedagogos não incorporaram
nossa função social no espaço de escolarização que é dinamizar todas as
relações pedagógicas (currículo, planejamento e avaliação) de forma que
alunos, pais, professores e funcionários participem e ajam criticamente
para melhorar as condições da escola pública”.
“Talvez seja utópico pensar que todos acreditem e lutem pela
profissionalização, seriedade e valorização do magistério. Mas é real o
fato da inércia de muitos de nossos colegas em buscar aperfeiçoamento
denso e mover esforços para melhorar a atuação profissional”.
“[…] os pedagogos, usando as tecnologias, estariam incentivando os
professores, mas para tal, precisam de preparo, afinidade, e o item básico:
vontade”.
“No grupo de pedagogos também há muita acomodação e resistem em
mudar. Isto acaba afetando o colégio como um todo. Nos colégios em que
atuo, são bem tímidos o uso das tecnologias pela equipe pedagógica”.
“Sempre que me apresento como pedagoga nos cursos de Introdução a
Educação Digital que ministro não é raro ouvir dos professores
17
espantados: você é pedagoga e gosta de computador? Então me
questiono: Onde deixamos a nossa profissão tão estagnada assim?”.
Pela análise destas postagens, pode-se verificar quão distante está o
relacionamento de muitos pedagogos com as tecnologias digitais. Muitos não
tiveram oportunidade na sua formação acadêmica e na sua profissionalização não
deram prioridade e/ou atenção à formação para o domínio das tecnologias.
Assim, faz-se necessário que os pedagogos, bem como dos professores,
tenham em mente que, segundo Demo (1994, p. 100) “a atualização constante é
desafio diário, para se manter a frente dos tempos e sempre inovar”.
Na seção seguinte, serão apresentados os encaminhamentos realizados no
processo de implementação do projeto na escola.
4. Formação de professores para a sociedade virtualizada: ação e reflexão
frente à sociedade de informação
Para efetivar o eixo de atividades de integração teórico-prática, requisito
obrigatório do programa PDE e cumprir o objetivo geral proposto neste trabalho que
foi de oportunizar formação e preparação profissional aos professores do Colégio
Estadual José de Anchieta desenvolveu-se duas ações. A primeira ação foi a
produção do Material Didático Pedagógico e na sequência, a implementação do
projeto na escola.
4.1. Material Didático-pedagógico
A Produção Didático Pedagógica é caracterizado como material didático à
ser utilizado durante o processo de implementação do Projeto na escola.
Optou-se pela produção de um Caderno Pedagógico que contempla textos e
sugestões de atividades. Foi elaborado individualmente pela professora PDE sob a
orientação da Professora Orientadora Laurete Maria Ruaro da Universidade Estatual
do Centro-Oeste.
18
A seleção dos temas e abordagem dos conteúdos deu-se a partir dos
estudos realizados pela professora PDE e das necessidades verificadas pela análise
dos resultados da pesquisa de campo aplicada aos professores público alvo deste
estudo.
O Caderno Pedagógico é composto por cinco unidades. Tem como propósito
promover estudo de textos para embasamento teórico, possibilitar reflexões e indicar
atividades práticas a serem desenvolvidas. Com este material pretende-se
conscientizar a necessidade do uso de diferentes tecnologias digitais no contexto
escolar e sugerir diferentes formas da utilização destas tecnologias para a
construção do conhecimento no contexto escolar.
Na primeira unidade do Caderno Pedagógico foi enfocado o tema
“Educomunicação no contexto escolar” e descreve a importância da análise crítica
das mídias. A educomunicação possibilita a articulação entre o campo educacional e
o campo comunicação partindo do princípio que todo ato comunicativo é educativo.
No referencial teórico destacou-se a necessidade de criar, viabilizar e
desenvolver ecossistemas comunicativos repensando as formas como são
concebidas as relações dentro da escola a partir de uma relação dialógica com
comunicação viva e plena em que os educadores promovam a oportunidade de fala
a todos os educandos.
A educação, que pretende ser de qualidade, não pode ignorar os efeitos da
comunicação e da mídia em seu contexto. Deve haver participação dos alunos na
verdadeira construção do conhecimento utilizando as mídias como forma de acesso,
organização, produção e difusão de conhecimentos e processos educativos.
A comunicação é um direito do ser humano e essencial para o exercício da
cidadania. Produzir comunicação, independente da mídia utilizada, é um modo de
aprender fazendo, que é uma metodologia eficaz para que os estudantes exerçam
seu direito de expressão de maneira democrática.
O professor deve fazer a mediação entre a informação e a construção do
conhecimento. Esta mediação é fazer com que o aluno pense, reflita, faça conexões
entre o seu mundo cotidiano com o mundo global e, com isso, possa tomar e
assumir posições mais conscientes.
19
Para colocar em prática a fundamentação teórica sobre educomunicação
foram sugeridas atividades de análise e produção de charges, desenhos, imagens,
histórias em quadrinhos, vídeos, comerciais, telejornais, trechos de filmes e novelas.
A unidade II abordou o tema “A internet como instrumento de pesquisa”.
Sabe-se que a internet é um conjunto de redes de comunicação e informação
disponível em quase todo o planeta. O seu uso, ao ser incorporada ao cotidiano
escolar trazem desafios aos professores na medida em que favorecem o
desenvolvimento de novas situações pedagógicas e ampliam as oportunidades para
acesso à informação, à participação no processo de ensino e aprendizagem.
Pela pesquisa na web o professor pode ampliar as formas como prepara as
suas aulas pois terá acesso a artigos e notícias recentes sobre os conteúdos que irá
trabalhar com seus alunos. Poderá ainda fazer o download de imagens, sons,
vídeos, trechos de filmes e conteúdos atualizados.
Nesta unidade também abordou-se como encaminhar, acompanhar e avaliar
pesquisa escolar com os alunos em tempos de internet. A pesquisa realizada como
“principio educativo” (DEMO, 1998, p. 2) e com adequado encaminhamento tornar-
se uma situação didática rica, tanto para o aluno como para o professor.
Pode-se considerar que o ato de pesquisar na internet efetiva-se a partir da
leitura em busca de informações. O texto, vídeos, slides, blogs, sites e demais meios
pelos quais o aluno apresenta a pesquisa torna-se um retrato do percurso realizado
e da aprendizagem construída.
Para colocar em prática esta unidade foram sugeridas atividades de
pesquisa para os professores com indicação de sites de conteúdos educacionais. A
partir das pesquisas realizadas foi solicitado a elaboração e apresentação de um
Plano de Trabalho Docente9 utilizando informações pesquisadas relacionando-as
aos conteúdos curriculares da disciplina de atuação do professor. Para
apresentação dos PTD foi sugerido o uso da TV Multimídia conectando o pendrive e
do datashow conectado ao computador do Paraná Digital ou notebook.
“A internet como ferramenta de comunicação” foi o tema da unidade III do
Caderno Pedagógico. Estar em comunicação é o primeiro grande desafio do
9 Documento elaborado pelo professor, como parte da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino que tem por objetivo organizar o ensino e aprendizagem em sala de aula.
20
processo educacional pois as pessoas aprendem umas com as outras, quando
estão interagindo.
Com a internet foram ampliadas as formas de comunicação e transmissão
de informações e fornecem inúmeros elementos para enriquecer a interação entre
as pessoas. Neste sentido, a escola também é responsável para incorporar a
demanda da inclusão digital favorecendo o acesso e a apropriação de códigos de
linguagens próprios da era digital.
Os educadores devem criar ambientes de aprendizagem com o uso da
comunicação via internet em contextos educativos práticos, provocativos e
inovadores para que os alunos percebam este meio de comunicação como
alternativa para realização de variadas tarefas.
A comunicação via internet pode ser de forma assíncrona com o uso do
correio eletrônico, lista ou grupo de discussão e fórum de discussão. Também pode
ser de forma síncrona utilizando os diferentes tipos de chat.
Por sugestão de cursistas GTR nesta unidade foi incluído o tema “Netiqueta”
que é a etiqueta que se recomenda observar na internet. Trata-se de um conjunto de
recomendações para evitar mal-entendidos em comunicações via internet,
especialmente em correio eletrônico, chats, listas de discussão e redes sociais.
Após estudo das características e das possibilidades do uso pedagógico das
diversas possibilidades da comunicação via internet foram sugeridas atividades
práticas de cunho pedagógico com o uso do correio eletrônico, grupo e fórum de
discussão.
Na unidade IV abordou-se as “Tecnologias digitais nas Escolas Públicas
Estaduais do Paraná”. O Governo do Estado do Paraná, ao perceber a necessidade
de universalização dos serviços de informação e comunicação para inserção das
pessoas como cidadãos, como usuários e autores de conteúdos disponíveis na web,
instalou as TVs multimídias nas salas de aula e laboratórios de informática do
Programa Paraná Digital nas Escolas Públicas Estaduais.
E, na perspectiva de apoiar e subsidiar os educadores em sua prática
docente, o Estado disponibilizou o Portal Educacional do Estado do Paraná que
oferece banco de artigos, teses, dissertações, vídeos, entrevistas, documentários,
obras completas de literatura, imagens, sons, notícias gerais sobre educação e
21
específicas das diversas disciplinas curriculares, catálogo de sítios e museus, além
de ambiente específico para escola, educadores, alunos e comunidade.
Todas estas iniciativas tecnológicas vêm ao encontro das atuais
necessidades dos educadores e oportunizam o enriquecimento do trabalho
pedagógico com adequada utilização dos computadores, internet e recursos
multimídia.
Contudo, a adequada utilização das tecnologias digitais e recursos
multimídia disponibilizadas pelo Governo Estadual estão vinculadas à capacidade de
percepção pelo professor em relacionar a tecnologia à sua proposta educacional.
Cabe a cada professor pesquisar, analisar e avaliar os recursos e tecnologias
disponíveis para planejar a forma de utilizá-los integrando as tecnologias digitais aos
conteúdos curriculares implementando sua prática pedagógica.
Diante desta necessidade, no Caderno Pedagógico, foram sugeridos
critérios de avaliação das características pedagógicas e didáticas de recursos
digitais tendo como foco a usabilidade e acessibilidade destes recursos.
Para colocar em prática o conteúdo desta unidade foram sugeridas
atividades de pesquisa, seleção e avaliação de vários links do Portal Educacional do
Estado do Paraná. Também foram indicadas atividades para elaboração de Plano
de Trabalho Docente com recursos disponíveis no Portal relacionando-os aos
conteúdos curriculares que pudessem ser incorporados na prática docente.
Por sugestão dos cursistas do GTR na unidade V do Caderno pedagógico foi
abordado o tema “Uso da internet com segurança”. Sabe-se que muitas pessoas
que estão “entrando” no mundo virtual ficam receosas com tantos caminhos,
palavras diferentes e inúmeras ferramentas. Para que os educadores possam utilizar
todo o potencial disponibilizado pela internet e utilizar as tecnologias em sala de aula
em benefício da educação há necessidade de adquirir mais segurança através do
conhecimento.
Para atender a esta necessidade abordou-se conteúdos de como evitar as
armadilhas da web, como reduzir os riscos de contaminação por vírus nos
computadores e de como evitar a exposição de dados e imagens pessoais. Na
sequência, foram descritas algumas orientações para uso seguro da internet para o
lazer e trabalho.
22
Como atividade prática sugeriu-se vários sites e vídeos que tratam da
segurança na internet e solicitado que os professores elaborassem um Plano de
Trabalho Docente na perspectiva de gerar espaço, com os alunos, para reflexão e
aprendizagem sobre o uso seguro e responsável da internet.
4.2 Implementação do projeto na escola
Na Semana Pedagógica do mês de julho de 2010, a professora PDE
apresentou para os educadores do Colégio Estadual José de Anchieta, o projeto
proposto, os resultados da pesquisa de campo realizado no início do primeiro
semestre, os conteúdos abordados no Caderno Pedagógico e a capacitação que
será ofertada aos professores deste colégio.
A estruturação da capacitação ofertada é na modalidade presencial com
duração e certificação de 40 horas. A certificação como curso de extensão
universitária foi possibilitada pela apresentação e aprovação de um projeto à
UNICENTRO, Instituição de Ensino Superior em que a professora PDE está
vinculada no Programa PDE.
Os conteúdos para embasamento teórico e atividades práticas realizadas na
capacitação foram de acordo com o previsto no Caderno Pedagógico produzido pela
professora PDE.
Apesar do interesse da maioria dos professores em participar da
capacitação, a maior dificuldade encontrada foi referente ao tempo para estudo
disponível pelos professores devido a maioria possuir horário diferenciado em
diferentes escolas. Por isso, o número de professores que se inscreveram e
concluíram a capacitação foi de 18 educadores. A capacitação foi efetiva entre
agosto e novembro de 2010.
No primeiro encontro da capacitação percebeu-se mais uma dificuldade.
Trata-se do não domínio por alguns professores para acessar e usar o computador e
a internet. Estas dificuldades foram desde o acesso aos computadores do Paraná
Digital com a digitação de usuário e senha, como do não domínio das ferramentas
básicas como editor de texto, editor de planilhas, elaboração de apresentação slides
23
e navegação na internet. Somente dois professores tinham conta pessoal para
acesso aos computadores do Paraná Digital. Então, no primeiro encontro os demais
professores foram orientados a acessar como visitantes.
Visando miniminizar estas dificuldades, antes da continuidade da
capacitação prevista, foi ofertado duas oficinas enfocando conteúdos de informática
básica ministrado pela Professora PDE assessorada pelo CRTE - Coordenação
Regional de Tecnologia na Educação do Núcleo Regional de Educação de União da
Vitória.
Também foi solicitado ao ADM Local10 que providenciasse a conta pessoal
dos professores cursistas para acesso e uso aos computadores do laboratório do
Paraná Digital. A conta pessoal é considerada importante no sentido de possibilitar
salvar arquivos que o proprietário da conta considere necessário.
Após miniminizar estas dificuldades, deu-se continuidade a capacitação
prevista. Ao final do curso foi solicitado aos cursistas uma auto-avaliação frente as
tecnologias digitais após a participação nesta capacitação.
Pelos depoimentos apresentados, constatou-se que houve interesse e
aprendizagem sobre o uso adequado das ferramentas das tecnologias digitais, da
internet e da educomunicação como metodologias de ensino significativas que
podem contribuir no processo de ensino-aprendizagem. Os professores também
puderem perceber as inúmeras possibilidades de uso destas tecnologias.
No entanto, tem-se a clareza de que esta implementação na escola foi
apenas mais um passo para que os educadores se apropriem didática e
conscientemente das novas tecnologias para uso em sua prática pedagógica.
Na perspectiva de avaliar resultados deste trabalho em termos quantitativos
é pertinente apresentar alguns dados estatísticos do uso do laboratório do Paraná
Digital do Colégio Estadual José de Anchieta. Trata-se de uma análise comparativa
do uso dos computadores antes e depois na implementação do Projeto na escola.
Estes dados estão disponíveis no site do Paraná Digital Estatística. Foram
selecionados os meses de fevereiro, março e abril de 2010 comparando com os
mesmos meses no ano de 2011.
10 Funcionário da escola responsável pelo Laboratório de Informática.
24
Análise de Uso de Computadores em 2010
Análise de Uso de Computadores em 2011
Mês de FevereiroGrupo de usuário Horas de uso
Visitante 26,57 horas
Professores 31,47 horas
Funcionários 379,53 horas
Mês de Março Grupo de usuário Horas de uso
Visitante 179,08 horas
Professores 51,52 horas
Funcionários 412,14 horas
Mês de AbrilGrupo de usuário Horas de uso
Visitante 377,41 horas
Professores 47,03 horas
Funcionários 440,46 horas
Mês de FevereiroGrupo de usuário Horas de uso
Visitante 59,25 horas
Professores 177,55 horas
Funcionários 192,28 horas
Mês de MarçoGrupo de usuário Horas de uso
Visitante 539,12 horas
Professores 122,96 horas
Funcionários 553,30 horas
Mês de Abril
Grupo de usuário Horas de uso
Visitante 516,54 horas
Professores 84,17 horas
Funcionários 452,21 horas
Tabela 1 – Análise de uso dos computadoresFonte: Paraná Digital Estatística (PARANÁ, 2011)
Ao comparar os dados do uso dos computadores no Laboratório do Paraná
Digital percebe-se claramente o significativo aumento principalmente nos grupo de
visitantes e de professores. É oportuno esclarecer que o “grupo visitantes” ainda é
usado para acesso pelos alunos pois não foi disponibilizado conta pessoal para este
grupo de usuários no colégio alvo deste estudo.
Além do aumento no uso dos laboratórios do Paraná Digital confirmado pela
análise dos dados acima, neste ano de 2011 observa-se o frequente uso, pelos
professores, das TVs multimídia conectados ao pendrive, cartão de memória ou
notebook para apresentação de conteúdos, imagens, vídeos, slides, músicas e de
atividades elaboradas pelos alunos.
25
5. Considerações finais
Este trabalho teve como problematização verificar em qual profundidade os
professores público-alvo estavam conscientes, preparados e comprometidos para
utilizar as ferramentas pedagógicas digitais de modo significativo incidindo na
aprendizagem dos alunos.
Através do diagnóstico obtido nos resultados da pesquisa constatou-se que
poucos professores estavam preparados e utilizando as tecnologias digitais no seu
fazer pedagógico.
A partir do diagnóstico e estudos para embasamento teórico foi elaborado o
material didático na forma de Caderno Pedagógico com conteúdos relevantes para
que as fragilidades percebidas fossem minimizadas. Neste material abordou-se a
educomunicação, a internet como instrumento de pesquisa e comunicação, as
tecnologias digitais disponibilizadas nas escolas pelo Governo do Estado do Paraná
e o uso da web com segurança.
Na sequência do Programa PDE foi realizada a implementação do projeto na
escola. Neste eixo de atividades foi ofertado capacitação aos professores com os
conteúdos e atividades indicadas no Caderno Pedagógico. Esta capacitação
atendeu ao objetivo geral proposto que foi de oportunizar formação e preparação
profissional aos professores para aprimoramento da prática docente em relação as
tecnologias digitais.
Através do Caderno Pedagógico e implementação do projeto na escola,
deseja-se ter contribuído para que as tecnologias e a educomunicação estejam
presentes nas salas de aula. Que seu uso seja com compromisso e
responsabilidade como meio para que a aprendizagem seja mais significativa. Que
viabilize o interesse dos alunos à apropriarem-se das diversas porções dos saberes
produzidos pela humanidade. Que contribua para que a educação no Estado do
Paraná seja cada vez com mais qualidade.
Muitas das contribuições dos cursistas do Grupo de Trabalho em Rede –
GTR, foram inseridas neste trabalho. No entanto, destaca-se o diálogo sobre a
necessidade de que todos os pedagogos das Escolas Públicas Estaduais se
apropriem das tecnologias digitais, incluindo-se no mundo digital. Esta apropriação
26
faz-se necessária para que possam orientar e acompanhar o processo pedagógico
cumprindo sua função na construção coletiva e efetivação do Projeto Político
Pedagógico, das Propostas Pedagógicas Curriculares e das Políticas Educacionais
da Secretaria de Estado da Educação do Paraná.
Considera-se que vários fatores contribuíram para aumento da utilização das
tecnologias digitais na escola além da implementação deste projeto. Pode-se citar
que, a partir da conscientização da direção da escola e de toda a equipe pedagógica
dos benefícios pedagógicos ao promover um ambiente escolar desafiador,
instigador, criativo e dinâmico, com novas formas de aprender, ensinar, produzir,
comunicar e reconstruir conhecimento oportunizados pelas novas tecnologias foi
criado um ambiente coletivo de incentivo, disponibilização e manutenção dos
materiais e equipamentos necessários para que os professores pudessem utilizar
desses meios na sua prática pedagógica.
Destaca-se também o trabalho desenvolvido pelas equipes pedagógicas da
Coordenação Regional de Tecnologia na Educação do Núcleo Regional de
Educação de União da Vitória que oferece assessoramento e promove oficinas com
conteúdos para domínio técnico e pedagógico das tecnologias.
Sabe-se que os estudos e abordagens sobre as tecnologias digitais no
contexto escolar não finalizam aqui. Ainda há muito a estudar, experimentar e
aprofundar para que todos os educadores se apropriem de forma consciente e
produtiva das novas tecnologias e pelas diferentes linguagens da comunicação.
6. Referências
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