8
29/04/2020 Zênite Fácil https://www.zenitefacil.com.br/pesquisaDocumento?task=GET_DOCUMENTO&idDocumento=D8B5DB28-23B7-4C4A-BF6D-F4E7CF5283C2 1/8 ESTATAIS – PROCEDIMENTOS ADOTADOS NAS LICITAÇÕES PRESENCIAIS DURANTE A PANDEMIA Título ESTATAIS – PROCEDIMENTOS ADOTADOS NAS LICITAÇÕES PRESENCIAIS DURANTE A PANDEMIA ORIENTAÇÃO PRÁTICA – ABR/2020 ESTATAIS – PROCEDIMENTOS ADOTADOS NAS LICITAÇÕES PRESENCIAIS DURANTE A PANDEMIA Esta Orientação foi elaborada e revisada pela Equipe Técnica e de Supervisão do Serviço de Orientação da Zênite. Questão apresentada à Equipe de Consultores Zênite: “Estamos com dúvidas sobre o envio de documentos originais ou de cópia autenticada no pregão eletrônico, bem como em relação a procedimentos de licitação presencial em melhor combinação de técnica e preço. Somos uma instituição nanceira, sociedade de economia mista, regida pela Lei 13.303/16 e diante da pandemia da Covid-19 enfrentamos diculdades na execução das licitações principalmente em relação à entrega de documentos originais/cópias autenticadas em pregão eletrônico ou procedimento já publicado de licitação presencial, tendo em vista que estamos em quarentena por Decreto Estadual e trabalhando em casa de forma remota. Publicamos um procedimento ordinário de licitação, presencial, do tipo melhor combinação de técnica e preço para contratação de fábrica de software com analistas de negócio e consultoria de metodologias ágeis. Ocorre que na data agendada para abertura da sessão em 18.03.2020, as empresas que já haviam feito a visita técnica, enviaram e-mails receosas de participar da licitação em razão da Covid-19. Inclusive, uma das empresas impetrou mandado de segurança solicitando o cancelamento da sessão de licitação até no mínimo dia 12.04.2020, a qual foi concedida pelo juiz por questões de saúde pública a m de evitar reunião de pessoas e manuseio de centenas de documentos. Diante disso, suspendemos a licitação sem ter data prevista para realizá-la. Diante dessa situação, e do vencimento do contrato atual que deve ocorrer em junho surgiram algumas dúvidas, quais sejam: 1. Seria possível, em tempos de quarentena e de trabalho remoto, receber a documentação dos licitantes (envelopes de habilitação, de técnica e de preço) escaneada por e-mail, caso o período de quarentena seja estendido? Existe alguma plataforma que se possa fazer licitação técnica e preço de forma eletrônica? 2. Caso seja negativa a resposta da questão acima, e não haja tempo hábil para a realização da licitação devemos prorrogar excepcionalmente o serviço com a empresa atual (que ingressou com o Mandado de Segurança)? 3. Caso seja autorizada a realização da sessão pública nos próximos dias, poderia ocorrer a sessão sem a participação dos licitantes, apenas da comissão de licitação solicitando que os licitantes apenas entregassem os envelopes fechados, os quais seriam abertos pela comissão? Haveria a necessidade de a comissão rubricar todas as folhas, ou poderia ser dispensada essa situação em razão da covid-19? Outra dúvida: Nos editais de pregão eletrônico solicitamos que os licitantes enviem, no prazo de 3 dias úteis, todos os documentos originais (para a comissão conferir) ou cópias autenticadas dos documentos de habilitação que são enviados eletronicamente na sessão do pregão. Fazemos isso porque nem todos os documentos apresentados têm chave eletrônica para autenticação, e se não pedirmos cópia autenticada ou para conferir com o original, haveria risco de o pregoeiro ser responsabilizado em caso de apresentação de documento falso. Diante disso, questiona-se: 4. Tendo em vista o trabalho remoto, seria possível exigir no edital que todos os documentos de habilitação enviados eletronicamente na sessão tenham autenticação eletrônica, independentemente de ser contratação que envolva aquisição ou serviço de emergência de Covid-19, ou seria restritivo? 5. A nossa instituição ainda não adotou o regramento do Decreto federal 10.024/2019 que trouxe mudanças no pregão eletrônico. Este decreto menciona no artigo 19, inciso II e artigo 26, caput, e §§ 4º, 5º e 9º que os documentos de habilitação devem ser enviados exclusivamente por meio do sistema eletrônico. 6. Diante disso, caso o adotássemos os novos procedimentos do Decreto federal 10.024/2019, todos os documentos, mesmo os complementares, serão enviados eletronicamente, e nesse caso pode ser exigido que todos os documentos tenham autenticação eletrônica?” A Estatal Consulente nos indaga sobre o procedimento a ser adotado em suas licitações presenciais, do tipo “técnica e preço” durante o período da pandemia Covid-19, inclusive se seria admitido o envio de documentação e proposta de forma digitalizada. Indaga ainda sobre o envio da documentação no pregão eletrônico. De início, cumpre informar que a Administração não depende de provocação dos licitantes e/ou decisão do Poder Judiciário para suspender suas licitações durante esse período, ou até mesmo revogá-las, caso a situação de calamidade impeça o prosseguimento da contratação anteriormente planejada. O art. 62 da Lei nº 13.303/2016, tal como o art. 49 da Lei de Licitações, possibilita a revogação da licitação “por razões de interesse público decorrente de fato superveniente que constitua óbice manifestado e incontornável”. É incontestável que a situação de calamidade pública instaurada no país se trata de fato superveniente e que pode, não raras vezes, obstar o interesse

 · da sessão em 1 8 . 0 3 . 2 0 2 0 , as em presas que j á hav i am fei to a v i si ta técni ca, env i aram e- m ai l s receosas de parti ci par da l i ci tação em razão da

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1:  · da sessão em 1 8 . 0 3 . 2 0 2 0 , as em presas que j á hav i am fei to a v i si ta técni ca, env i aram e- m ai l s receosas de parti ci par da l i ci tação em razão da

29/04/2020 Zênite Fácil

https://www.zenitefacil.com.br/pesquisaDocumento?task=GET_DOCUMENTO&idDocumento=D8B5DB28-23B7-4C4A-BF6D-F4E7CF5283C2 1/8

ESTATAIS – PROCEDIMENTOS ADOTADOS NAS LICITAÇÕES PRESENCIAIS DURANTE A PANDEMIA

Título ESTATAIS – PROCEDIMENTOS ADOTADOS NAS LICITAÇÕES PRESENCIAIS DURANTE A PANDEMIA

ORIENTAÇÃO PRÁTICA – ABR/2020

ESTATAIS – PROCEDIMENTOS ADOTADOS NAS LICITAÇÕES PRESENCIAIS DURANTE A PANDEMIA

Esta Orientação foi elaborada e revisada pela Equipe Técnica e de Supervisão do Serviço de Orientação da Zênite.

Questão apresentada à Equipe de Consultores Zênite:

“Estamos com dúvidas sobre o envio de documentos originais ou de cópia autenticada no pregão eletrônico, bem como emrelação a procedimentos de licitação presencial em melhor combinação de técnica e preço.

Somos uma instituição �nanceira, sociedade de economia mista, regida pela Lei 13.303/16 e diante da pandemia da Covid-19enfrentamos di�culdades na execução das licitações principalmente em relação à entrega de documentos originais/cópiasautenticadas em pregão eletrônico ou procedimento já publicado de licitação presencial, tendo em vista que estamos emquarentena por Decreto Estadual e trabalhando em casa de forma remota.

Publicamos um procedimento ordinário de licitação, presencial, do tipo melhor combinação de técnica e preço para contrataçãode fábrica de software com analistas de negócio e consultoria de metodologias ágeis. Ocorre que na data agendada para aberturada sessão em 18.03.2020, as empresas que já haviam feito a visita técnica, enviaram e-mails receosas de participar da licitaçãoem razão da Covid-19. Inclusive, uma das empresas impetrou mandado de segurança solicitando o cancelamento da sessão delicitação até no mínimo dia 12.04.2020, a qual foi concedida pelo juiz por questões de saúde pública a �m de evitar reunião depessoas e manuseio de centenas de documentos. Diante disso, suspendemos a licitação sem ter data prevista para realizá-la.Diante dessa situação, e do vencimento do contrato atual que deve ocorrer em junho surgiram algumas dúvidas, quais sejam:

1. Seria possível, em tempos de quarentena e de trabalho remoto, receber a documentação dos licitantes (envelopes dehabilitação, de técnica e de preço) escaneada por e-mail, caso o período de quarentena seja estendido? Existe alguma plataformaque se possa fazer licitação técnica e preço de forma eletrônica?

2. Caso seja negativa a resposta da questão acima, e não haja tempo hábil para a realização da licitação devemos prorrogarexcepcionalmente o serviço com a empresa atual (que ingressou com o Mandado de Segurança)?

3. Caso seja autorizada a realização da sessão pública nos próximos dias, poderia ocorrer a sessão sem a participação doslicitantes, apenas da comissão de licitação solicitando que os licitantes apenas entregassem os envelopes fechados, os quaisseriam abertos pela comissão? Haveria a necessidade de a comissão rubricar todas as folhas, ou poderia ser dispensada essasituação em razão da covid-19?

Outra dúvida: Nos editais de pregão eletrônico solicitamos que os licitantes enviem, no prazo de 3 dias úteis, todos osdocumentos originais (para a comissão conferir) ou cópias autenticadas dos documentos de habilitação que são enviadoseletronicamente na sessão do pregão. Fazemos isso porque nem todos os documentos apresentados têm chave eletrônica paraautenticação, e se não pedirmos cópia autenticada ou para conferir com o original, haveria risco de o pregoeiro serresponsabilizado em caso de apresentação de documento falso. Diante disso, questiona-se:

4. Tendo em vista o trabalho remoto, seria possível exigir no edital que todos os documentos de habilitação enviadoseletronicamente na sessão tenham autenticação eletrônica, independentemente de ser contratação que envolva aquisição ouserviço de emergência de Covid-19, ou seria restritivo?

5. A nossa instituição ainda não adotou o regramento do Decreto federal 10.024/2019 que trouxe mudanças no pregãoeletrônico. Este decreto menciona no artigo 19, inciso II e artigo 26, caput, e §§ 4º, 5º e 9º que os documentos de habilitaçãodevem ser enviados exclusivamente por meio do sistema eletrônico.

6. Diante disso, caso o adotássemos os novos procedimentos do Decreto federal 10.024/2019, todos os documentos, mesmo oscomplementares, serão enviados eletronicamente, e nesse caso pode ser exigido que todos os documentos tenham autenticaçãoeletrônica?”

A Estatal Consulente nos indaga sobre o procedimento a ser adotado em suas licitações presenciais, do tipo “técnica e preço”durante o período da pandemia Covid-19, inclusive se seria admitido o envio de documentação e proposta de forma digitalizada.Indaga ainda sobre o envio da documentação no pregão eletrônico.

 De início, cumpre informar que a Administração não depende de provocação dos licitantes e/ou decisão do Poder Judiciário parasuspender suas licitações durante esse período, ou até mesmo revogá-las, caso a situação de calamidade impeça oprosseguimento da contratação anteriormente planejada.

  O art. 62 da Lei nº 13.303/2016, tal como o art. 49 da Lei de Licitações, possibilita a revogação da licitação “por razões deinteresse público decorrente de fato superveniente que constitua óbice manifestado e incontornável”. É incontestável que asituação de calamidade pública instaurada no país se trata de fato superveniente e que pode, não raras vezes, obstar o interesse

Page 2:  · da sessão em 1 8 . 0 3 . 2 0 2 0 , as em presas que j á hav i am fei to a v i si ta técni ca, env i aram e- m ai l s receosas de parti ci par da l i ci tação em razão da

29/04/2020 Zênite Fácil

https://www.zenitefacil.com.br/pesquisaDocumento?task=GET_DOCUMENTO&idDocumento=D8B5DB28-23B7-4C4A-BF6D-F4E7CF5283C2 2/8

público da contratação, seja em razão da escassez de recursos, seja em razão da desnecessidade do objeto frente à pandemia,posto que, a depender do objeto, envolvido este sequer poderá ser executado no momento.

Considerando que não foram encontradas diretrizes normativas relacionadas às licitações que não envolvam a aquisição de bens,serviços, inclusive de engenharia, e insumos destinados ao enfrentamento da emergência de saúde pública de importânciainternacional decorrente do coronavírus , tal como se revela a situação em concreto, entende-se que a questão deve ser avaliadaem consideração ao regime jurídico de contratação das estatais.

Parece-nos não existir grandes implicações quando a licitação for instaurada na forma eletrônica, seja no procedimento delicitação da Lei nº 13.303/2016, seja na modalidade pregão, uma vez que, nessas hipóteses, o processamento da licitação é todorealizado por meio da plataforma eletrônica adotada, e, portanto, sem contato físico entre licitantes e entre esses e os pregoeiros,membros da equipe de apoio ou membros da comissão de licitação.

Sobre o envio da documentação em licitações eletrônicas, interessante  registrar o posicionamento da Zênite no que tange àdispensabilidade de apresentação de cópias autenticadas ou documentos originais em sede de pregões eletrônicos, constante dePergunta e Resposta, veiculada na Revista Zênite - Informativo de Licitações e Contratos (ILC) nº 288, fev. 2018, p. 208:

“Em pregão eletrônico, é possível dispensar o envio dos documentos de habilitação originais ou cópiasautenticadas?

O art. 32 da Lei nº 8.666/1993 assim disciplina:

Art. 32. Os documentos necessários à habilitação poderão ser apresentados em original, por qualquerprocesso de cópia autenticada por cartório competente ou por servidor da administração ou publicaçãoem órgão da imprensa o�cial. (Grifamos.)

Por sua vez, o Decreto nº 5.450/2005, que regulamenta o pregão eletrônico na esfera federal, prevê,em seu art. 25, § 3º, que os “documentos  e anexos exigidos, quando remetidos via fax,  deverão serapresentados em original ou por cópia autenticada, nos prazos estabelecidos no edital”. (Grifamos.)

Seguindo a literalidade das normas, é necessário apresentar os  documentos  nas licitações em viaoriginal ou fotocópia autenticada (por cartório ou servidor da Administração ou, se for o caso,publicação em órgão da imprensa o�cial). No  pregão  eletrônico, na medida em queencaminhados  documentos  por fax, é necessário validá-los por meio da remessa da via original oufotocópia autenticada no prazo assinalado no edital.

Trata-se de leitura que privilegia a denominada legalidade estrita, que, conforme clássica lição de HelyLopes Meirelles, signi�ca:

Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particularé lícito fazer tudo o que a  lei  não proíbe,  na Administração Pública só é permitido fazer o quea lei autoriza. A lei para o particular signi�ca ‘pode fazer assim’; para o administrador público signi�ca‘deve fazer assim’. (MEIRELLES, 1995, p. 83.)

Contudo, na atualidade, o princípio da legalidade assume outra dimensão, devendo ser entendido deforma mais ampla e abrangente, de modo a admitir a prática não só de atos previstos em lei em sentidoformal, mas também de todos aqueles condizentes com o ordenamento jurídico e os princípios queinformam o agir da Administração Pública.

Celso Antônio Bandeira de Mello assinala:

Em suma, a lei, ou, mais precisamente o sistema legal, é o fundamento jurídico de toda e qualquer açãoadministrativa. A expressão ‘legalidade’ deve, pois, ser entendida como ‘conformidade ao Direito’,adquirindo então um signi�cado mais extenso. (BANDEIRA DE MELLO, 1999, p. 36.) (Grifamos.)

Como a�rma Odete Medauar,

buscou-se assentar o princípio da legalidade em bases valorativas, sujeitando as atividades daAdministração não somente à lei votada pelo Legislativo, mas também aos preceitos fundamentais quenorteiam todo o ordenamento. (MEDAUAR, 1999, p. 138.) (Grifamos.)

De acordo com esse alinhamento e a concepção de juridicidade, entende-se possível �exibilizar aexigência relativa ao envio da documentação original.

No que se refere aos documentos que constam do registro cadastral adotado, a exemplo do SICAF, nãohá qualquer discussão quanto ao ponto. Eventual discussão sobre a necessidade deapresentar  documentação  original ou autenticada existiria para os  documentos  que não constam doregistro cadastral.

1

Page 3:  · da sessão em 1 8 . 0 3 . 2 0 2 0 , as em presas que j á hav i am fei to a v i si ta técni ca, env i aram e- m ai l s receosas de parti ci par da l i ci tação em razão da

29/04/2020 Zênite Fácil

https://www.zenitefacil.com.br/pesquisaDocumento?task=GET_DOCUMENTO&idDocumento=D8B5DB28-23B7-4C4A-BF6D-F4E7CF5283C2 3/8

Relativamente a esses outros documentos, primeiramente vislumbra-se a possibilidade de as licitantesapresentarem  documentos  digitalizados por meio de  certi�cação  digital emitida conforme regras eprocedimentos detalhados pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil). Na hipótese deo documento apresentar essa certi�cação, estará apto para gerar todos os efeitos que dele se esperam,inclusive para �ns de instrução do processo licitatório.

Para os demais  documentos  encaminhados por e-mail ou fax, a presunção éde veracidade da documentação, de forma que, com base nos princípios da �nalidade e da e�ciência,para a Consultoria Zênite, é viável �exibilizar a leitura dos comandos legais inicialmente citados, paradeles extrair conclusão de que seria possível dispensar a apresentação dos  originais  ou de cópiasautenticadas em todos os casos,  remanescendo essa obrigação apenas nos casos em quehouvesse dúvida por parte do pregoeiro com relação à autenticidade de algum documento.

A título referencial, veja-se que esse direcionamento já foi objeto de regulamentação no âmbito doEstado de Minas Gerais por meio do Decreto Estadual nº 44.786/08, cujo art. 13, incs. XXXI a XXXIV,disciplinou a comprovação dos requisitos de habilitação no pregão eletrônico:

Art. 13. [...]

XXXI - encerrada a etapa de lances e examinada a proposta classi�cada em primeiro lugar quanto àcompatibilidade do preço ofertado, o pregoeiro consultará por meio eletrônico, quando for o caso, asituação de regularidade do licitante detentor do melhor lance, perante o Cadastro de Fornecedores doórgão ou da entidade promotora do pregão;

[...]

XXXIII - os  documentos  exigidos para  habilitação  que não estejam contemplados no Cadastro deFornecedores, ou que estiverem vencidos, deverão ser apresentados via fax, no prazo de�nido noedital, após solicitação do pregoeiro no sistema eletrônico, fazendo prova plena destes se não lhes forimpugnada a exatidão;

XXXIV - em caso de dúvida quanto à autenticidade do documento, o pregoeiro abrirá prazo de dois diaspara apresentação do documento original; (Grifamos.)

Por �m, sob o prisma da teoria da aparência, tanto a doutrina quanto a jurisprudência já entenderampossível �exibilizar a apresentação de determinados documentos, o que fortalece o racional trabalhado.Veja-se:

Mas há alguns requisitos de habilitação cuja exigência é necessária em todos os casos. Assim se passacom a  habilitação  jurídica, com a comprovação da ausência de falência e com a regularidade para aseguridade social. Esses requisitos devem ser exigidos ainda nas hipóteses referidas no art. 32, § 1º. Noentanto, as circunstâncias podem conduzir a uma presunção relativa, cuja adoção pela Administração éautorizada pelo dispositivo em questão. Em determinadas hipóteses, basta a “aparência” deregularidade para a Administração. Se o agente administrativo comparece à padaria mais próxima,encontra-a em pleno funcionamento, a aquisição de valor reduzido não exige a apresentaçãode  documentação  em virtude de uma presunção.  A situação fática induz a presunção de que ocomerciante se encontra em situação regular.  Se não existisse tal regularidade, alguma autoridadeestatal teria promovido a interdição do funcionamento.

Mas essa presunção  somente é autorizada em face de contratações de pequeno porte, que nãoenvolvam riscos para a Administração ou que se traduzam em riscos de pequena dimensão. Tambémnão poderá ser adotada quanto o valor da contratação for mais signi�cativo. (JUSTEN FILHO, 2014, p.649.) (Grifamos.)

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ART. 267, IV, DO CPC. ART. 535, II DO CPC. 1. Não há violaçãoao art. 267, IV, c/c o art. 12, VI, do CPC, quando o acordão, aplicando a teoria da aparência naelaboração dos atos processuais,  aceita como perfeita representação de pessoa jurídica sem quetenham sido apresentados os estatutos.  O fato do outorgante da procuração vir praticando atoscontínuos em nome da empresa, defendendo-a até em procedimento administrativo, caracteriza umapresunção que a representa de modo legítimo e tem, portanto, poderes para constituir advogado.  2.Não há violação ao art. 535, II, do CPC, quando o acordão repele a tese dos embargos, não obstante, ao�nal, registre que os rejeita. Alegação de fato superveniente que, na verdade, se acolhida, implicaria emdesconstituir a decisão, dando-lhe efeito rescisório. 3. Recurso especial improvido. (STJ, RecursoEspecial nº 147030/AM, DJ de 15.12.1997.) (Grifamos.)

CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA EFETUADA POR MANDATÁRIA. TEORIA DAAPARÊNCIA. AUSÊNCIA DE DANOS MORAL E MATERIAL A SEREM REPARADOS.

Page 4:  · da sessão em 1 8 . 0 3 . 2 0 2 0 , as em presas que j á hav i am fei to a v i si ta técni ca, env i aram e- m ai l s receosas de parti ci par da l i ci tação em razão da

29/04/2020 Zênite Fácil

https://www.zenitefacil.com.br/pesquisaDocumento?task=GET_DOCUMENTO&idDocumento=D8B5DB28-23B7-4C4A-BF6D-F4E7CF5283C2 4/8

1. Apelação na qual se objetiva o ressarcimento dos valores sacados da conta corrente do Apelante, porsua companheira, sob a alegação de que não detinha poderes especí�cos para tanto. 2. Demonstraçãonos autos de que a companheira do Apelante, independente das procurações a si outorgadas, exercia,publicamente, a administração de todos os seus negócios junto aos estabelecimentos comerciais e�nanceiros de sua cidade.  3. Levando-se em conta que a mandatária agiu perante a instituição�nanceira como titular de um direito, qual seja, o de deter poderes para movimentação bancária emnome do mandante, mesmo diante da dúvida de não os possuir expressamente, pode levar a efeito umato jurídico com terceiro de boa-fé.  Aplicação da Teoria da Aparência, tão comum e importante naprática dos atos negociais, segundo a qual a praxe precedente e o costume de longa data fazempresumir a realidade do negócio realizado.  4. Indenização dos danos materiais e morais que se fazindevida. Manutenção da sentença. Apelação improvida. (TRF 5ª Região, Apelação Cível nº 505519, Rel.Des. Federal Leonardo Resende Martins, DJE de 11.10.2010.) (Grifamos.)

Portanto, ainda que sob uma perspectiva mais conservadora, amparada no princípio da legalidadeestrita, não fosse possível dispensar o  envio  de  originais  ou fotocópias autenticadasem pregão eletrônico, à luz do princípio da juridicidade parece-nos possível assim proceder. Logo, paraa Consultoria Zênite, remanesceria tal obrigação apenas nos casos de dúvida por parte do pregoeiro emrelação à autenticidade de algum documento, nos termos fundamentados.”[2]-[3] (Grifamos)

O racional proposto por esta Consultoria no material acima é corroborado pelo Decreto nº 10.024/2019, que regulamenta opregão eletrônico no âmbito da Administração Pública federal. Isso porque, o novo Decreto federal não incorporou a mesmaregra referente ao encaminhamento dos documentos originais ou autenticados.

Vejamos.

De acordo com o Decreto nº 10.024/2019, a documentação habilitatória deve ser encaminhada exclusivamente via sistema:

Art. 19. Caberá ao licitante interessado em participar do pregão, na forma eletrônica:

(...)

II - remeter, no prazo estabelecido, exclusivamente via sistema, os documentos de habilitação e aproposta e, quando necessário, os documentos complementares;

(...)

Art. 26. Após a divulgação do edital no sítio eletrônico, os licitantes encaminharão, exclusivamente pormeio do sistema, concomitantemente com os documentos de habilitação exigidos no edital, propostacom a descrição do objeto ofertado e o preço, até a data e o horário estabelecidos para abertura dasessão pública.

(...)

Art. 43. A habilitação dos licitantes será veri�cada por meio do Sicaf, nos documentos por eleabrangidos, quando os procedimentos licitatórios forem realizados por órgãos ou entidades integrantesdo Sisg ou por aqueles que aderirem ao Sicaf.

§ 1º Os documentos exigidos para habilitação que não estejam contemplados no Sicaf serão enviadosnos termos do disposto no art. 26.

§ 2º Na hipótese de necessidade de envio de documentos complementares após o julgamento daproposta, os documentos deverão ser apresentados em formato digital, via sistema, no prazo de�nidono edital, após solicitação do pregoeiro no sistema eletrônico, observado o prazo disposto no § 2º doart. 38. (Grifamos.)

A disciplina adotada pelo Decreto nº 10.024/2019 se coaduna com a diretriz pertinente à desburocratização dos processos decontratação pública, alinhada aos princípios da e�ciência e da celeridade, sendo, inclusive, desnecessária a apresentação dosdocumentos autenticados digitalmente.

Veja que o art. 8º do Decreto elenca os documentos que devem instruir o processo relativo ao pregão eletrônico, entre os quaisaqueles apresentados a título de habilitação (inciso X), e, em seu § 1º, prevê que essa instrução poderá

“ser realizada por meio de sistema eletrônico, de modo que os atos e os documentos de que trata esteartigo, constantes dos arquivos e registros digitais, serão válidos para todos os efeitos legais, inclusivepara comprovação e prestação de contas”. (Grifamos.)

Como se vê, pela nova regulamentação federal do pregão eletrônico, não há mais obrigatoriedade de envio da documentaçãooriginal ou em cópia autenticada, o que conduz à conclusão de que os documentos digitais, tidos como cópias simples, serãoaceitos para todos os �ns, cabendo à Administração diligenciar em caso de dúvida.

Page 5:  · da sessão em 1 8 . 0 3 . 2 0 2 0 , as em presas que j á hav i am fei to a v i si ta técni ca, env i aram e- m ai l s receosas de parti ci par da l i ci tação em razão da

29/04/2020 Zênite Fácil

https://www.zenitefacil.com.br/pesquisaDocumento?task=GET_DOCUMENTO&idDocumento=D8B5DB28-23B7-4C4A-BF6D-F4E7CF5283C2 5/8

Aliás, é pertinente registrar que a diretriz indicada por esta Consultoria acaba por ser fortalecida pelo novo cenário normativo que,na mesma linha do Decreto nº 10.024/2019, já vem sendo instituído no âmbito das relações estabelecidas pela AdministraçãoPública:

- Na esfera das relações travadas entre o usuário e a Administração Pública que presta, direta ou indiretamente, os serviçospúblicos, a Lei nº 13.460/2017 (art. 5º, II e IX) e o Decreto nº 9.094/2017 (art. 1º, I e art. 9º) preveem que o desenvolvimentodessas relações será pautada, entre outros, pela presunção de boa-fé, razão pela qual os agentes públicos e prestadores devemautenticar os documentos à vista dos originais apresentados, sem exigir reconhecimento de �rma, exceto se houver dúvidaquanto à autenticidade;

- Para �ns de cadastramento dos fornecedores no SICAF, a Instrução Normativa nº 03/2018, citada como exemplo, prevê que osdocumentos apresentados digitalmente têm valor de cópia simples e somente serão acompanhados de originais não-digitais sehouver dúvida em relação à integridade do documento digital, atribuindo ao fornecedor a responsabilidade pelo conteúdo dosdocumentos (art. 4º, § 1º, e art. 6º, §§ 2º e 3º);

- Nas relações entre Administração Pública e cidadãos, a Lei nº 13.726/2018 dispensa a exigência de autenticação de cópia dedocumento quando acompanhado do seu original (art. 3º, II);

- Desde 2007 e fazendo ressalva às hipóteses tratadas em legislação federal e que envolvam motivos de segurança pública, delicenciamento de veículos e de identi�cação civil e criminal, a Lei nº 5.069 prevê que a Administração Pública Estadual, no âmbitodas suas relações administrativas, dispensará a exigência de  autenticação  de cópias de documentos, podendo o servidor, emconfronto com o documento original, autenticar a cópia (arts. 1º e 2º).

Tratando-se de licitação processada pela Lei nº 13.303/2016, veja que o § 2º do art. 51 da referida lei prevê que os atos eprocedimentos decorrentes das fases enumeradas no art. 51 sejam efetivados preferencialmente por meio eletrônico. Isso seaplica, inclusive, ao critério de julgamento “técnica e preço”.

Do conteúdo contido no site do “LICITAÇÕES-E” do Banco do Brasil, citado como exemplo, parece ser possível a adoção dessecritério de julgamento no processamento eletrônico das licitações pelo programa . No entanto, recomenda-se a con�rmaçãodeste expediente pela Estatal Consulente perante o referido sistema.

Caso se veri�que a impossibilidade deste ou demais programas existentes realizar, de forma eletrônica, procedimento de licitaçãonesse critério de julgamento, só restará à Administração a opção de realizá-la de forma presencial.

E, nesse sentido, cumpriria à estatal seguir o rito determinado em seu Regulamento Interno de Licitações e Contratos, que,estabelece, entre outras regras, que a abertura dos envelopes em licitações presenciais “será realizada sempre em sessão pública”,da qual se “lavrará ata circunstanciada, assinada pelos membros da comissão de licitação ou pelo pregoeiro, facultada aassinatura dos licitantes presentes”.

Nessa ótica, como conciliar a atual situação vivenciada em razão da pandemia do Coronavírus com os ritos e procedimentoscontemplados nas legislações em vigor para as licitações presenciais? 

Tal questão surge na medida em que, conforme se depreende do rito de�nido pelo Regulamento, a regra indica a necessidade dea Administração realizar as tarefas de recebimento e abertura dos envelopes em sessão pública franqueando aos interessadosamplo e irrestrito conhecimento acerca dos documentos apresentados, podendo, todavia, interromper sua realização para melhoravaliar a documentação, retomando-a após a conclusão dessa tarefa.

Com isso, em princípio, não poderia a Administração, em sede de licitação presencial, realizar a tarefa de julgamento sem antesfornecer aos interessados conhecimento e acesso aos documentos respectivos.

Veja-se que, mesmo quando as sessões são suspensas para permitir a análise mais detida da documentação, esta é levada aoconhecimento de todos os interessados que se façam presentes ao ato.

Diz-se que este procedimento é imperativo “em princípio” porque não se pode desconsiderar o cenário extraordinário enfrentadopela Administração - e pela sociedade como um todo - no enfrentamento dos efeitos provocados pela pandemia do COVID-19.

Não se pode ignorar a emergência provocada por tal situação. Pelo contrário. Possivelmente, a pandemia ligada ao coronavírusrepresenta o maior desa�o a ser enfrentado pela humanidade nos tempos presentes, impondo, para sua superação, umaverdadeira modi�cação de regras, procedimentos e práticas até então usualmente aplicadas.

Por isso, é preciso avaliar, com cautela, se os fatos justi�cam a adoção de soluções que, em tese, não se amoldemespeci�camente aos procedimentos normativos impostos ao exercício da função administrativa, especialmente se oprocedimento envolvido não diz respeito a adoção de medidas relacionadas à pandemia do COVID-19.

Nesta esteira, diversos setores da sociedade foram afetados por medidas preventivas que devem ser aplicadas para o �m deconter, tanto quanto possível, a escalada da epidemia, que avança em proporções geométricas.

Essas medidas, por sua vez, decorreram tanto do uso do poder de polícia inerentes à Administração Pública como, também, deleis e decretos expedidos nos mais variados ambientes da federação que declararam verdadeira emergência, restringindo, emalguns casos, a livre iniciativa e a liberdade individual . 

4

5

Page 6:  · da sessão em 1 8 . 0 3 . 2 0 2 0 , as em presas que j á hav i am fei to a v i si ta técni ca, env i aram e- m ai l s receosas de parti ci par da l i ci tação em razão da

29/04/2020 Zênite Fácil

https://www.zenitefacil.com.br/pesquisaDocumento?task=GET_DOCUMENTO&idDocumento=D8B5DB28-23B7-4C4A-BF6D-F4E7CF5283C2 6/8

Uma das preocupações mais relevantes refere-se à realização de reuniões presenciais, as quais devem, tanto quanto possível, serevitadas. Tanto foi assim, que diversos tribunais judiciários suspenderam a realização de sessões de julgamento, audiências eoutros eventos de similar natureza. Do mesmo modo, os prazos processuais foram suspensos por decisão do CNJ, a qual,inclusive, suspendeu o atendimento presencial a advogados, partes e interessados nas repartições judiciarias do país .

Por essas razões, sugere-se cautela na análise de cada caso concreto. 

Não sendo possível aguardar o transcurso de prazos mais longos para a realização da licitação, tem-se que a interpretaçãorestritiva das normas nesse momento não atenderá a necessidade administrativa, o que exige do gestor público a busca porsoluções alternativas, capazes de enfrentar, de forma e�caz, o período.

Diante da decretação de isolamento, quarentena, que todos estamos vivenciando em decorrência da Covid-19, deve-se buscarsoluções que atendam a peculiaridade do momento. Cogita-se, para tanto, estabelecer o recebimento dos envelopes de propostaspela via física (correios ou protocolo) e a realização de sessão pública virtual para a sua abertura (utilizando-se de ferramentascomo Skype, dentre outros assemelhados), enquanto perdurar a situação de emergência acarretada pela pandemia do NovoCoronavírus – COVID-19.

A título exempli�cativo, essa é a orientação dada pelo Estado do Bahia por meio da Instrução Normativa nº 16/2020 , cujoregramento dispôs sobre a realização das sessões presenciais de licitação por meio de videoconferência.

No referido normativo, a documentação e a proposta devem ser encaminhadas pelos licitantes à Administração dentro dosrespectivos envelopes .

Embora não se descarte a possibilidade de envio de documentos por meios eletrônicos, tal como e-mail, vê-se que as propostasdevem, a rigor, ser enviadas pelo meio físico, em envelopes lacrados.

Isso porque, em tese, o envio por outros meios, a exemplo do e-mail ou fax, pode inviabilizar o controle acerca do sigilo daspropostas até a data da abertura determinada no edital.

Então, salvo se houver mecanismos que resguardem o sigilo das propostas enviadas por meios eletrônicos, tem-se que a medidamais cautelosa envolve admitir o envio das propostas pela via física, em envelopes lacrados.

Feito isso, cumprirá realizar sessão pública, valendo-se de meios de transmissão virtual, e disponibilizar o acesso aos licitantespor meio da videoconferência para conhecimento de todos, de modo a assegurar a veracidade e a lisura do procedimento.

Então, considerando o panorama excepcional que se veri�ca, há a possibilidade de adotar procedimento diverso daquele descritono Regulamento da Administração, pelo qual se admita receber os  envelopes, abri-los e julgá-los em  sessão  reservada,transmitida pela via virtual.

É preciso, apenas, indicar que a situação envolve o caso em que a suspensão da licitação provoca prejuízos substanciais para aAdministração, a ponto de tornar razoável a adoção de um procedimento que, embora �exibilize a letra da lei, mostra-sesu�ciente para impedir a ocorrência do dano.

Mas mesmo a �exibilização do procedimento legal necessita ser vista com reserva. Não se tratará de meramente deixar de aplicá-lo, mas sim de adotar mecanismos alternativos que conciliem a situação excepcional vivida na atualidade com as �nalidadespretendidas pelo regime instituído pela lei.

Então, ainda que a situação altamente excepcional não possa se subordinar à solução ordinária - suspensão da sessão pública -caberá à Administração adotar procedimentos que permitam que a abertura e o julgamento da documentação de habilitaçãoocorra da maneira mais transparente possível, o que abrange a divulgação dos documentos apresentados em versão eletrônica(e-mail, por exemplo), sem prejuízo de outros mecanismos equivalentes, a exemplo da transmissão da  sessão  pela internet egravação de outros procedimentos para posterior disponibilização.

Sendo esse o caso, cumprirá à Administração motivar adequadamente a decisão, demonstrando a impossibilidade de postergar acontratação do objeto sem que disso resulte em prejuízo de elevada monta, bem como permitir aos licitantes que tenham o maisamplo acesso aos documentos apresentados, valendo-se de ferramentas da tecnologia da informação para cumprir tal �m. 

Por �m, a Administração deverá adotar todas as providências cabíveis para assegurar a observância à essência do procedimentolegal, notadamente no que se refere à transparência em torno das suas decisões.

CONCLUSÕES

O cenário instaurado pelo Coronavírus ainda é novidade e não há subsídio doutrinário/jurisprudencial acerca do tema. Por isso,todas as decisões adotadas pela Administração devem apresentar ampla motivação em torno da sua adequação, razoabilidade epertinência em face dos interesses públicos envolvidos, sopesados em vista do cenário de necessidade de isolamento social.

Dito isso, responde-se:

1 e 3 - Em pesquisa, não se veri�cou, com assertividade, um sistema eletrônico que processe licitações eletrônicas sob critério dejulgamento de melhor combinação de técnica e preço. Ainda que as informações do Licitações-E, do Banco do Brasil, citado comoexemplo, indiquem essa possibilidade, não foram identi�cados dados capazes de concluir nesse sentido. Assim, sugere-se arealização de diligências junto a provedores de sistemas eletrônicos usualmente adotados pela Administração.

6

7

8

Page 7:  · da sessão em 1 8 . 0 3 . 2 0 2 0 , as em presas que j á hav i am fei to a v i si ta técni ca, env i aram e- m ai l s receosas de parti ci par da l i ci tação em razão da

29/04/2020 Zênite Fácil

https://www.zenitefacil.com.br/pesquisaDocumento?task=GET_DOCUMENTO&idDocumento=D8B5DB28-23B7-4C4A-BF6D-F4E7CF5283C2 7/8

Inexistente um sistema que permita a licitação eletrônica do tipo técnica e preço, cumprirá à Administração sopesar asalternativas viáveis.

Embora não haja previsão normativa sobre o assunto, é possível, em tempos de quarentena e de trabalho remoto, recebera  documentação dos licitantes escaneada por e-mail, exceto no que tange à proposta de preços, que deverá ser enviada emenvelope lacrado, pela via física (correios ou protocolo), uma vez que, em princípio, não se veri�cam alternativas de se resguardaro sigilo da proposta, até a data da abertura da sessão, quando enviada por meio eletrônico. E, aqui, parece pertinente de�nir adata da sessão de abertura em consideração aos prazos de envio por correio (cujo serviço está afetado em vista da crise atual),caso o mercado fornecedor não seja “local”.

Para tanto, deve-se demonstrar a imprescindibilidade do objeto e por conseguinte do prosseguimento de licitação presencial - oque deve ser sopesado, inclusive, em face da possibilidade/vantajosidade de prorrogar eventual contrato existente.

Ainda, deve-se avaliar o cabimento de medidas alternativas, como a realização da sessão virtual de licitação por meio devideoconferência, a exemplo do implementado pelo Estado da Bahia por meio da Instrução Normativa nº 16/2020, gravação dassessões, entre outras providências que assegurem a transparência no curso das decisões que serão tomadas.

Nesse sentido, parece possível dispensar que a comissão proceda à rubrica de todos os documentos, adotando medidas queassegurem a identi�cação e a comprovação de juntada dos documentos enviados pelos licitantes.

Inclusive, a Administração deve avaliar se é possível reunir os membros da comissão de licitação ou se a sessão será conduzidapor um membro, sendo que os demais acompanharão a sessão de forma virtual, tal como ocorrerá com os licitantes.

2 - Caso a Estatal opte por não realizar a licitação nos moldes descritos acima, será preciso avaliar com cautela as opçõesexistentes: prorrogar o contrato atual, celebrar um contrato emergencial, suspender a execução dos serviços temporariamente,etc. A decisão a ser adotada dependerá dos contornos da sua demanda, especialmente no que tange à essencialidade dasatividades, à viabilidade de contratar terceiros no presente momento, o custo operacional envolto em novos processos decontratação, a atuação do atual contratado, etc.

3, 4, 5 e 6 -  O processamento das licitações na forma eletrônica não sofrerão, em tese, alteração diante dessa situação depandemia. Inclusive, seguindo o entendimento proposto por esta Consultoria e corroborado pelo Decreto nº 10.024/2019, aEstatal, nos pregões eletrônicos, poderá aceitar a documentação e a proposta encaminhadas eletronicamente, sem que precisemestar autenticadas digitalmente.

A exigência de documentos originais ou autenticados digitalmente se dará em caso de dúvida acerca da veracidade daquelesinicialmente enviados.

Não parece pertinente exigir, desde logo, toda a documentação autenticada digitalmente.

Salvo melhor juízo, essa é a orientação da Zênite, de caráter opinativo e orientativo, elaborada de acordo com os subsídiosfornecidos pela Consulente. Em caso de dúvida, estamos à disposição para esclarecimentos.

REFERÊNCIAS

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. 11. ed. São Paulo: Malheiros, 1999.

JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. 16. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.

MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 20. ed. São Paulo: Malheiros, 1995.

  Estas contratações serão, em regra, realizadas de forma direta, nos termos do art. 4º da Lei nº 13.979/2020. Quando foremprecedidas da modalidade pregão, deverá ser observado o disposto no art. 4º-G da mesma Lei.

 Referências: BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. 11. ed. São Paulo: Malheiros, 1999; JUSTENFILHO, Marçal.  Comentários à  lei  de licitações e contratos administrativos. 16. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014;MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999; MEIRELLES, Hely Lopes. Direitoadministrativo brasileiro. 20. ed. São Paulo: Malheiros, 1995.

 Habilitação – Pregão eletrônico – Documentos – Envio dos originais ou cópia autenticada – Dispensabilidade – EntendimentoZênite. Revista Zênite ILC – Informativo de Licitações e Contratos, Curitiba: Zênite, n. 288, p. 208, fev. 2018, seção Perguntas eRespostas.

1

2

3

Page 8:  · da sessão em 1 8 . 0 3 . 2 0 2 0 , as em presas que j á hav i am fei to a v i si ta técni ca, env i aram e- m ai l s receosas de parti ci par da l i ci tação em razão da

29/04/2020 Zênite Fácil

https://www.zenitefacil.com.br/pesquisaDocumento?task=GET_DOCUMENTO&idDocumento=D8B5DB28-23B7-4C4A-BF6D-F4E7CF5283C2 8/8

 

 Especial destaque deve ser conferido à Lei Federal 13.979/2020, que disciplinou medidas urgentes no âmbito nacional.

 Resolução CNJ 313, de 19 de março de 2020.

 Disponível em: <https://comprasnet.ba.gov.br/sites/default/�les/instrucao_normativa_016-2020.pdf>.

 “7. Os licitantes interessados em participar do certame deverão encaminhar os envelopes de proposta e habilitação, na formadescrita no instrumento convocatório, via Correios ou outro meio similar de entrega, atentando para as datas e horários �naispara recebimento dos mesmos, constantes no Edital.  7.1. A correspondência deverá ser endereçada com aviso de recebimentopara a Comissão de Licitação. 7.2. Os envelopes contendo propostas de preço, propostas técnicas e documentos de habilitaçãoserão enviados pelos licitantes, devidamente lacrados, em suporte físico e só poderão ser inseridos no SEI BAHIA, após a suapublicização através da videoconferência, pelo servidor responsável pela licitação. 7.3. Será realizada a transmissão de todos osprocedimentos de abertura dos envelopes contendo a documentação relativa à habilitação dos concorrentes, de veri�cação daconformidade de cada proposta com os requisitos do edital, e de julgamento e classi�cação das propostas, de acordo com oscritérios de avaliação constantes do edital. 7.4. Ao �nal, será lavrada a ata da sessão, por membro da Comissão de Licitação, daqual constarão, pelo menos, os nomes dos participantes e os locais em que se encontram e a tempestividade da remessa dadocumentação. 7.5. Os arquivos referentes a sessão pública, deverão ser salvos e possibilitada o total acesso e manifestação dosinteressados, em prazo razoável e proporcional”.

Como citar este texto:ESTATAIS – Procedimentos adotados nas licitações presenciais durante a pandemia. Zênite Fácil,categoria Orientação Prática, abr. 2020. Disponível em: http://www.zenitefacil.com.br. Acesso em:dd/mm/aaaa.

 

Fonte:

4

5

6

7

8