Dalton Et Al 2003

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    Russell J. Dalton*Ian McAllister**Martin P. Wattenberg*

    Anlise Social, vol. XXXVIII (167), 2003, 295-320

    Democracia e identificao partidrianas sociedades industriais avanadas***

    Um dos aspectos mais importantes da natureza de uma democracia aligao dos eleitores aos partidos polticos. Num ensaio recente sobre oestado dos partidos polticos na Amrica, John Coleman (1996) defende quea questo-chave da poltica partidria passa pela capacidade dos partidos emmobilizar e integrar as massas no processo democrtico. Os partidos nodevem ser avaliados apenas pelas suas actividades organizacionais se bemque estas sejam medidas importantes da poltica de base partidria , mas

    pelos objectivos dessas actividades.Uma importante medida da poltica partidria a ligao do pblico aospartidos polticos. O conceito de identificao partidria foi pela primeira vezavanado por Angus Campbell e colegas (1960), convertendo-se rapidamente nabase do nosso conhecimento sobre o comportamento poltico dos eleitores ecidados. O partidarismo concede estrutura e significado aos sistemas de crenaindividuais; proporciona um conjunto de percepes que ajudam os indivduosa organizarem as complexidades da poltica. O partidarismo constitui tambm aheurstica fundamental, j que funciona como uma estrutura de referncia para

    a avaliao dos novos estmulos polticos qual a posio que o meu partido

    * Universidade da Califrnia, Irvine, EUA.** Universidade Nacional da Austrlia.*** O presente estudo foi financiado pelo German Marshall Fund dos Estados Unidos

    e pelo Centre for German and European Studies da Universidade da Califrnia, Berkeley.Desejamos agradecer a vrios colegas pela ajuda na recolha das sries de dados nacionais epelas sugestes que nos deram durante a redaco do artigo: Clive Bean, Harold Clarke,Olafur Th. Hardarsson, Sren Holmberg, Michael Lewis-Beck, Helmut Prochart, BradleyRichardson, Risto Snkiaho, Kaare Strm e Peter Ulram. Mark Gray deu-nos uma preciosa

    ajuda no tratamento dos dados empricos que aqui apresentamos. Partes deste estudo surgemtambm em Dalton e Wattenberg (2000).

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    toma nesta questo e para as escolhas polticas nos perodos eleitorais. Asligaes partidrias so ainda um estmulo para o envolvimento do pblico emcampanhas e eleies. A conceptualizao da identificao partidria talvez umdos desenvolvimentos mais significativos na investigao da opinio pblica.Assim, os laos que o pblico estabelece com os partidos polticos medem avitalidade do governo partidrio, alm de proporcionarem um contexto dentrodo qual operam os partidos, os candidatos e os restantes actores polticos. Oscomcios das campanhas, os panfletos de propaganda eleitoral e os contactosentre os funcionrios dos partidos e o pblico constituem um meio paraalcanar um fim. O fim a obteno de apoio pblico para o partido e delegitimidade para um sistema democrtico de base partidria.

    Comeamos por passar em revista o debate sobre a natureza mutvel daidentificao partidria nas democracias industriais avanadas. No obstante osmuitos estudos realizados sobre o partidarismo, os estudiosos permanecem di-

    vididos quanto ao grau do declnio partidrio. Assim, apresentamos no pre-sente artigo os dados empricos mais actualizados e completos sobre estaquesto. Mediante o alargamento da amplitude espacial e temporal dos dadosde anteriores investigaes, procuraremos estabelecer em definitivo as mudanasgerais que se tm operado ao nvel do partidarismo nas democracias da Europaocidental. As nossas anlises demonstram tambm que o declnio do partidaris-mo teve efeitos reais e substanciais sobre o comportamento poltico dos eleitorescontemporneos. Os resultados sugerem as consequncias possveis para as de-mocracias europeias de um eleitorado cada vez mais desalinhado.

    O PARTIDARISMO E O DEBATE DO DESALINHAMENTO

    Dada a importncia do partidarismo na literatura da cincia poltica, osprimeiros sinais de enfraquecimento das ligaes partidrias entre o pblicoamericano surpreenderam muitos dos estudiosos do campo eleitoral (Nie etal., 1979; Converse, 1976). O declnio do partidarismo norte-americano foimuitas vezes associado a crises polticas excepcionais: os conflitos dos direi-tos civis, a guerra do Vietname e a agitao urbana. Contudo, em brevesurgiu uma tendncia similar na Gr-Bretanha e noutros sistemas partidrioseuropeus (Dalton, Flanagan e Beck, 1984; Crewe e Denver, 1985). Um dossinais de mudana era o padro de crescente volatilidade partidria de eleiopara eleio e a forma como a opo eleitoral se tornou mais desligada dashabituais lealdades partidrias. Alm disso, surgiram novos partidos polticosno palco eleitoral, desde os partidos Verdes e da Nova Esquerda nos anos80 aos partidos da Nova Direita nos anos 90 (Mueller, Rommel e Pridham,1991), e as dados demonstrativos provenientes das sries de inquritos opinio pblica de diversas naes comearam a documentar o enfraqueci-mento das ligaes partidrias entre os pblicos contemporneos (por exem-

    plo, Franklin, 1992). Se o partidarismo era de facto a atitude poltica maisimportante, estas ligaes pareciam estar a sofrer uma eroso.

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    O enfraquecimento das ligaes partidrias numa determinada nao (ouem meia dzia de naes) pode ser explicado pelas circunstncias polticasparticulares dessa nao. O declnio do partidarismo britnico, por exemplo,foi muitas vezes associado s lutas econmicas dos anos 70 e ineficcia da

    resposta dos partidos a esses desafios. Contudo, se o mesmo padro se verificanum grupo alargado de naes, somos forados a examinar mudanas sociaismais amplas, capazes de influenciarem diversas democracias contemporneas.As diferentes experincias nacionais de enfraquecimento dos laos partid-rios acabariam por ser alvo de uma generalizao mediante a hiptese dodesalinhamento partidrio das sociedades industriais avanadas (Dalton,Flanagan e Beck, 1984). A tese do desalinhamento sustentava que os laospartidrios sofriam uma eroso geral em consequncia da modernizaosocial e poltica, pelo que a maior parte das sociedades industriais avanadasdeveriam experimentar uma tendncia de desalinhamento.

    A tese do desalinhamento sustenta que esta tendncia se desenvolveu de-vido a uma combinao de factores individuais e sistmicos que esto a trans-formar as democracias industriais avanadas contemporneas (v. Dalton eWattenberg, 2000). Por exemplo, os crescentes nveis educacionais contriburampara o aumento dos recursos cognitivos e polticos mdios dos cidados, quese reflectem em crescentes nveis de interesse pelos assuntos pblicos. Commais informao poltica disponvel a um eleitorado mais instrudo, maispessoas apresentam hoje o nvel necessrio de recursos e capacidades polticaspara se tornarem politicamente auto-suficientes (Shiveley, 1979; Dalton,

    1984). Mas verificam-se outras mudanas sistmicas que tm contribudo parao enfraquecimento do papel poltico dos partidos dentro do processo democr-tico. O desenvolvimento dos meios de comunicao e a proliferao de gruposde interesse pblicos entram em choque com a articulao de interesses e asfunes informativas dos partidos polticos. H indcios de que os meios decomunicao de massas esto a substituir os partidos enquanto fontes de in-formao poltica e, possivelmente, a reduzir o contedo partidrio desta infor-mao1. Os prprios partidos tambm esto a mudar, adoptando novos mtodose novas formas institucionais, concedendo maior nfase aos seus lderes e orga-

    nizando campanhas menos dependentes dos membros partidrios e do seu con-tacto pessoal directo com os cidados. Os prprios lderes, mais do que ospartidos que lideram, so hoje muitas vezes o ponto central das campanhaseleitorais (McAllister, 1996).

    1Assim como os meios de comunicao assumiram um papel informativo, uma mirade degrupos de interesses especiais e de lobbiesde interesses exclusivos assumiu alguns dos papisdos partidos na representao dos interesses pblicos. Por vezes, estes grupos podem trabalharcom os partidos polticos, um padro que se verificou anteriormente no caso dos trabalhadores,da classe empresarial e de outros grupos de interesses econmicos. Contudo, frequente que

    os grupos de interesses pblicos e os grupos de interesses exclusivos exeram presso semrecorrerem aos canais partidrios.

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    Inicialmente, muitos estudiosos contestaram a tese do desalinhamento, apre-sentando crticas a dois nveis. Em primeiro lugar, havia desacordos quanto legitimidade da avaliao das ligaes partidrias com base em sondagens opinio pblica e sua capacidade para documentar um padro de diminuiodo partidarismo ao longo do tempo (Zelle, 1995; Schmitt, 1989). Embora oenfraquecimento do partidarismo fosse aparente em algumas naes, como osEstados Unidos e a Gr-Bretanha, os primeiros estudos comparativos de vriospases no identificaram um padro geral de declnio do partidarismo em todasas democracias europeias (Schmitt e Holmberg, 1995). Assim, numa revisorecente desta literatura, Thomas Poguntke conclui: Os dados que analisei noapoiam generalizaes sobre o declnio geral dos partidos e a emergncia de umsentimento antipartidrio nas democracias ocidentais (Poguntke, 1996, p. 338).

    Em segundo lugar, autores como Bartolini e Mair (1990) puseram emquesto o facto de os padres de comportamento eleitoral como a

    volatilidade e a fragmentao partidrias indiciarem de facto um padro deenfraquecimento dos laos partidrios e de crescente desalinhamento. clara-mente difcil estabelecer com certeza, ao fim de um curto perodo de tempo,que os laos partidrios esto em declnio, quando esta tendncia se misturacom os padres normais de mudana partidria entre os perodos eleitorais.A mudana na escolha partidria um elemento regular do processo eleitoral,e os perodos de elevada volatilidade e fragmentao partidrias caracterizamas histrias eleitorais da maior parte das democracias. Bartolini e Mair foramcom frequncia bastante veementes na expresso das suas dvidas de que os

    laos partidrios estavam sistematicamente em mudana nas democracias avan-adas. Por exemplo, Peter Mair (1993, p. 132) afirmou que os dados demons-trativos de enfraquecimento dos laos partidrios so um mito: O equilbrioeleitoral actual no substancialmente diferente do de h trinta anos e, nogeral, os eleitorados de hoje no so mais volteis do que os do passado.Mesmo nos Estados Unidos, onde a massa de estudos eleitorais forneceu osmais fortes dados empricos de enfraquecimento partidrio, investigadorescomo Bruce Keith et al. (1992) defenderam que a ascenso de independentesrepresenta uma mera mudana no modo como os eleitores se definem a siprprios, sem quaisquer consequncias comportamentais reais.

    Para contribuir para este debate, o presente artigo examina dados demons-trativos actuais do enfraquecimento dos laos partidrios nas democracias desen-volvidas da Europa ocidental. A tese do desalinhamento sustenta que estamos aassistir a um amplo e contnuo declnio no papel dos partidos polticos face aoseleitores contemporneos e no a uma diminuio temporria da satisfaodo pblico com os partidos, como defenderam alguns autores. O desalinhamentosugere tambm que novas formas de poltica democrtica como a expansoda democracia directa, a abertura de processos administrativos participao dopblico e o aumento do recurso aos tribunais por grupos de cidados iro

    desenvolver-se medida que os cidados adoptam formas de aco no parti-drias. A existir de facto, esta tendncia de desalinhamento comportar conse-

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    quncias importantes. Examinar os dados demonstrativos do desalinhamento econsiderar as suas consequncias o principal objectivo da anlise que se segue.

    MEDIR AS MUDANAS NO PARTIDARISMO

    Numerosos estudos nacionais identificaram mudanas nas ligaes aospartidos ao longo do tempo e existe uma extensa literatura especializadasobre o partidarismo na maior parte das democracias europeias. A primeiragrande tentativa de medir as tendncias do partidarismo em diversos pasesdeve-se a Hermann Schmitt e Sren Holmberg (1995). Estes autores estu-daram a evoluo do partidarismo em treze naes europeias e nos EstadosUnidos, e as suas descobertas apoiam a tese do desalinhamento, se bem queapresentem uma concluso algo ambgua: A existir uma tendncia global nopartidarismo da Europa ocidental, de enfraquecimento dos laos partid-rios. Mas os desenvolvimentos especficos em cada pas e em cada partidoso to variados que qualquer perspectiva global geral dissimula, mais doque revela (1995, p. 121).

    Schmitt e Holmberg dispem de uma impressionante quantidade de dados,que so, no obstante, limitados em muitos aspectos. Uma das limitaes anfase que os autores do anlise emprica em detrimento do teste terico.A tese do desalinhamento sustenta que nas democracias industriais avanadas asmudanas sociais de longo prazo minaram pelo menos parcialmente a necessi-dade poltica e cognitiva de identificao partidria. O teste desta hiptese

    deveria centrar-se em dados de partidarismo de longo prazo para um conjuntode democracias industriais avanadas estveis.

    Outro grupo de problemas diz respeito metodologia. Schmitt e Holmbergapoiam-se nas sondagens doEurobarmetro (EB) como fonte de dados exclusivapara oito das naes que analisam. A srie de sondagens do Eurobarmetrocomeou apenas em meados dos anos 70, ou mais tarde, e ao longo do tempo tm--se registado mudanas significativas na forma da pergunta sobre o partidarismo.Alm disso, Schmitt e Holmberg no dedicaram suficiente ateno s condiesnacionais especficas que podem ter interagido com as foras de desalinhamento.

    Nas novas democracias, as ligaes partidrias podem ter comeado por aumen-tar at ao momento em que as foras do desalinhamento vieram contrabalanar omodelo de aprendizagem partidria (Converse, 1976)2. Por exemplo, algumas daspesquisas sobre o partidarismo na Alemanha enfatizaram o desenvolvimento dasligaes partidrias durante as dcadas imediatamente posteriores guerra (Bakeret al.,1981), mas depois o processo de desalinhamento provocaria a eroso desseslaos (Dalton e Rohrschneider, 1990). O mesmo padro pode ser observado emsistemas partidrios recentes, como os da Espanha, Portugal e Grcia. Alm disso,

    2 Schmitt e Holmberg (1995) so sensveis a estas questes, analisando-as no apndice

    metodolgico; contudo, elas so consideradas no texto principal e no parecem influenciaras concluses dos autores.

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    as democracias mais jovens apresentam em menor grau as caractersticas in-dustriais avanadas que podem encorajar o desalinhamento. O campo maisfrtil para o estudo do desalinhamento partidrio so os sistemas partidriosdesenvolvidos ditos imobilizados em torno de clivagens estveis durante osanos 60 e 70.

    Finalmente, Schmitt e Holmberg so excessivamente cautelosos na interpre-tao dos seus prprios dados empricos. Das 21 linhas de tendncia que apre-sentam para a percentagem de eleitores com forte identificao partidria, 19 sonegativas. Das 21 tendncias para a percentagem total de eleitores com identi-ficao partidria, 14 so negativas. certo que muitos destes coeficientesnegativos no so estatisticamente significativos, mas o nmero de pontos tem-porais do inqurito , com frequncia, muito restrito, e os autores no tomamem considerao os factores equvocos que referimos atrs. Assim, umaavaliao de que a tendncia baixa em muitos pases, mas... [itlico nosso]

    (p. 101) parece ficar aqum dos factos. Na realidade, uma teoria geral quefunciona 80% das vezes num conjunto misto de casos parece ser bastante slida.

    O presente artigo desenvolve as anlises de Schmitt e Holmberg sobre ossistemas partidrios da Europa ocidental. Em primeiro lugar, sempre quepossvel, utilizamos sries de dados sobre eleies nacionais, j que estasrepresentam a fonte de dados mais vlida para cada nao3. Os estudos elei-torais nacionais utilizam normalmente uma melhor amostragem, tendem aincluir perguntas standardizadas sobre a identificao partidria e a recolhade dados feita nos perodos eleitorais. Em segundo lugar, nos casos das

    democracias europeias desenvolvidas para as quais existem apenas os dadosdo Eurobarmetro, as anlises cobrem um perodo de tempo mais alargadoao longo dos anos 90. Em terceiro lugar, inclumos diversas naeseuropeias que no integram a lista de Schmitt e Holmberg (ustria, Finln-dia, Islndia e Luxemburgo), mas no as novas democracias que emergiramdurante os anos 70 e 80 (Grcia, Espanha e Portugal), j que, em nossoentender, estes novos sistemas partidrios experimentam diferentes processosde desenvolvimento partidrio medida que ocorre a democratizao.

    O quadro n. 1 emprega a metodologia de Schmitt e Holmberg de fazeruma regresso ao ano da sondagem relativamente a duas medidas de partida-

    rismo: o nmero total de eleitores com identificao partidria,bem como onmero dos militantes partidriospara as catorze naes da Europa ocidentalpara as quais existem sries de dados longas relativamente completas, alm dos

    3 Em termos prticos, isto implica a utilizao de dados individuais sobre as eleiesnacionais, em vez dos Eurobarmetros para as diversas naes europeias. O maior problemana anlise da srie temporal do Eurobarmetro a variao ao longo do tempo da forma dapergunta sobre a identificao partidria (por exemplo, Katz, 1985, e Schmitt, 1989). A utilizaodos estudos eleitorais nacionais minimiza este problema, embora no o resolva inteiramente.A maior parte dos estudos eleitorais nacionais apresentam tambm uma srie temporal mais

    longa do que osEurobarmetros. Para comparao, actualizamos na nota 7 os resultados obtidospor Schmitt e Holmberg com base nos Eurobarmetros para estas naes.

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    Nao IP

    Eleitores com IP Eleitores com forte IP

    b sig. b sig. Perodo

    67 1,120 0,00 0,686 0,00 1969-1999 (10)50 0,039 0,85 0,286 0,05 1975-1996 (21)93 0,189 0,01 0,929 0,00 1964-1997 (9)52 0,001 0,95 0,207 0,36 1971-1998 (9)57 0,293 0,49 0,147 0,61 1975-1991 (4)59 0,670 0,00 0,316 0,04 1975-1996 (21)78 0,572 0,00 0,573 0,00 1972-1998 (8)80 0,750 0,08 0,350 0,06 1983-1995 (4)61 1,700 0,00 0,807 0,00 1978-1996 (18)78 1,300 0,00 0,968 0,00 1978-1996 (18)61 0,580 0,02 0,386 0,00 1975-1996 (21)38 0,329 0,13 0,129 0,36 1971-1998 (9)66 0,220 0,34 0,280 0,18 1965-1993 (8)64 0,733 0,00 0,543 0,00 1968-1998 (11)77 0,370 0,00 0,154 0,06 1952-2000 (12)

    [QUADRO N. 1]

    Tendncias da identificao partidria (IP) ao longo do tempo

    (em percentagem)

    ustria . . . . . . . . . . . .Blgica* . . . . . . . . . . .Gr-Bretanha . . . . . . . .Dinamarca . . . . . . . . . .Finlndia . . . . . . . . . . .Frana* . . . . . . . . . . .Alemanha . . . . . . . . . .Islndia . . . . . . . . . . .Irlanda* . . . . . . . . . . .Itlia* . . . . . . . . . . . .Luxemburgo* . . . . . . . .Holanda . . . . . . . . . . .Noruega . . . . . . . . . . .Sucia . . . . . . . . . . . .Estados Unidos . . . . . . .

    Nota:A primeira coluna, IP, apresenta a percentagem mdia de eleitores que expressamuma identificao partidria nas duas primeiras sondagens de cada srie.

    Fonte: Os valores das naes assinaladas com asterisco so baseados em sondagens doEurobarmetro; os valores das restantes naes so baseados nos respectivos estudos eleitoraisnacionais.

    Estados Unidos4. Embora o presente artigo se centre na experincia europeia,a incluso do caso americano importante, j que constitui um dos principaisexemplos de desalinhamento apresentados na literatura terica especializada, oque nos permite actualizar as anlises de Schmitt e Holmberg, que tambmincluram os Estados Unidos. Tanto quanto sabemos, o quadro apresenta todoo universo de dados longitudinais sobre o partidarismo para estas naes5.

    4 Em Dalton e Wattenberg (2000) esto disponveis dados para um conjunto suplementar

    de democracias industriais avanadas (Austrlia, Canad, Japo e Nova Zelndia). Cada umadestas naes adicionais segue tambm uma tendncia de desalinhamento. As naes includasno quadro n. 1 utilizam diferentes perguntas na sua abordagem das ligaes partidrias, peloque as estatsticas apresentadas no quadro no devem ser utilizadas para uma comparaodirecta entre os nveis e as taxas de mudanas do partidarismo nas diversas naes.

    5 H uma srie de inquritos nacionais suos, mas o formato da pergunta sobre opartidarismo varivel, o que limita as possibilidades comparativas (Nabholz, 1998;Longchamp, 1991). Os dados empricos franceses so talvez os mais controversos. As alteraesno formato da pergunta sobre o partidarismo produziram resultados muito diferentes (v. Pierce,1995, cap. 3, e Haegel, 1993). Se tentarmos a sntese destes dados demonstrativos contraditrios,observamos que o partidarismo parece ter-se desenvolvido durante os anos iniciais da V Rep-blica, sofrendo depois uma eroso ao longo das duas ltimas dcadas. Contudo, devido s

    alteraes no formato da pergunta nos inquritos eleitorais nacionais, utilizamos os dados doEurobarmetro para o caso francs.

    (N pontostemporais)

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    NaoPercentagem

    de IP

    Eleitores

    com forte IP

    0,583 0,1110,094 0,093

    0,666 0,400 0,004 0,358

    A segunda coluna do quadro n. 1 mostra a mudanaper annumda percen-tagem de eleitores com identificao partidria em cada nao. Treze das quinzetendncias so negativas; dez destes coeficientes so significativos ao nvel 0,10,embora o nmero de casos seja bastante reduzido6. Por exemplo, o coeficiente

    0,37 para os Estados Unidos significa que a percentagem de membros parti-drios diminuiu em cerca de 18 pontos ao longo dos 48 anos entre 1952 e 2000(0,37*48=18). A quarta coluna mostra as tendncias temporais para a percen-tagem de eleitores com forte identificao partidria. Todos os coeficientes destacoluna so negativos, no obstante as diferenas de magnitude e de significadoestatstico. A queda do partidarismo americano, britnico e sueco desde hmuito observada na literatura especializada, mas actualmente juntam-se a estasnaes a maioria das outras democracias industriais avanadas7.

    Os indcios de desalinhamento mostrados no quadro n. 1 so mais fortes

    do que os resultados de Schmitt e Holmberg em parte devido incluso dequatro naes que aqueles autores no estudaram e onde o partidarismo estclaramente a enfraquecer (ustria, Finlndia, Luxemburgo e Islndia). Almdisso, com a passagem do tempo, a tendncia para o desalinhamento aumentouem diversas naes. Por exemplo, o partidarismo alemo diminuiu de modomais acentuado nas eleies da dcada de 90, embora se tivessem verificadosinais iniciais de desalinhamento em eleies anteriores (Dalton e Rohrschneider,1990). Na Gr-Bretanha e na ustria, a tendncia de desalinhamento tambmse tornou mais evidente durante os anos 90 (Crewe e Thomsen, 1999; Plasser

    et al.,1996). Em suma, a consistncia dos resultados actualmente muito maisforte do que nas concluses de Schmitt e Holmberg.

    6 Schmitt e Holmberg seguem uma metodologia comum de computao do significadoestatstico baseada apenas no nmero de pontos temporais do inqurito. De modo a reproduzirfielmente as suas anlises, seguimos aqui a metodologia dos autores. Uma abordagem alternativaseria aglomerar os inquritos e utilizar as amostras aglomeradas para averiguar se as mudanasso estatisticamente significativas ao longo do tempo (Dalton e Wattenberg, 2000, pp. 62-63).Obviamente, tais resultados aglomerados produzem mais facilmente tendncias significativas;quando as diferenas entre pontos temporais so, em mdia, 3% ou 5%, isto estatisticamente

    significativo (p < 0,05) com amostras mais amplas.7Para propsitos comparativos, actualizamos os resultados do Eurobarmetro apresentadosem Schmitt e Holmberg (1995) de modo a inclurem pontos temporais de 1993-1996.Apresentamos em baixo os resultados (beta no standardizado) para a identificao partidriae os eleitores com forte identificao partidria em termos globais nas naes do Eurobarmetroincludas no quadro n. 1 cujos valores foram baseados em estudos eleitorais nacionais.

    Gr-Bretanha (1978-1996)Dinamarca (1976-1996) . .

    Alemanha (1975-1996) . .Holanda (1975-1996) . . .

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    declnio geral reflecte caractersticas estveis e de longo prazo das sociedadesindustriais avanadas que encorajam a sua continuidade.

    O IMPACTO DO DESALINHAMENTO SOBRE

    O COMPORTAMENTO ELEITORAL

    O verdadeiro teste do desalinhamento partidrio deve transcender as afir-maes de ligao partidria nas sondagens opinio pblica, incidindosobre o comportamento eleitoral observvel. O partidarismo proporcionauma predisposio permanente que guia as preferncias dos eleitores; rejei-tando outras informaes, os membros partidrios devem votar pelo seupartido na convico de que este e os seus candidatos representam melhoros seus interesses. A pesquisa baseada em inquritos demonstrou repetida-

    mente a existncia de uma relao estreita entre o partidarismo e o com-portamento eleitoral na maioria das eleies democrticas. Nos sistemasparlamentares, a relao tipicamente muito forte (Holmberg, 1994) devidoao nmero limitado de cargos eleitos e aos elevados nveis de coeso par-tidria. Nos sistemas eleitorais com cargos mltiplos e opes eleitoraisdiversas, como os Estados Unidos e a Sua, o partidarismo pode desempe-nhar um papel ainda mais importante na orientao de uma ampla variedadede opes eleitorais (Wattenberg, 1998).

    Ao nvel colectivo, a existncia de fortes laos partidrios pode funcionar

    como uma influncia estabilizadora da poltica eleitoral. Philip Converse eGeorges Dupeux (1962) defenderam que, quando os cidados se identificamcom um dos partidos estabelecidos, o potencial para se sentirem atrados pornovos partidos e lderes demaggicos consideravelmente menor. De facto,as eleies americanas demonstram geralmente que os candidatos presiden-ciais de terceiros partidos vo buscar o seu apoio, de modo desproporcional,s fileiras dos independentes, independentemente da ideologia poltica docandidato. Na Gr-Bretanha, o apoio aos liberais e seus sucessores despro-porcionalmente obtido de eleitores que carecem de ligaes partidrias (Crewe

    e King, 1995). De um modo mais geral, a existncia de laos partidriosgeneralizados amortece o impacto dos acontecimentos polticos de curtoprazo sobre os resultados eleitorais e limita a atraco eleitoral potencial denovos partidos e personalidades polticas. Assim, um vasto partidarismoentre o eleitorado funciona de forma a estabilizar os alinhamentos partidriose a enfraquecer as mudanas eleitorais sbitas.

    PADRES DE VOLATILIDADE COM DADOS AGREGADOS

    Um dos primeiros sinais de desalinhamento dever ser um enfraqueci-mento da consistncia partidria tanto ao nvel micro como macro. Come-

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    Democracia e identificao partidria nas sociedades industriais avanadas

    aremos por examinar as estatsticas eleitorais colectivas para as democraciasocidentais estabelecidas, analisando de seguida um amplo leque de dados deinquritos disponveis.

    A mais simples medida da mudana eleitoral a mudana mdia nas percen-

    tagens de votos que os partidos obtm em eleies adjacentes

    8

    . Pesquisas anterioresrevelaram alguns indcios da crescente volatilidade nas percentagens de votos dospartidos a partir de finais dos anos 70 (Dalton, Flanagan e Beck, 1984; Crewe eDenver, 1985; Pedersen, 1979)9. A figura n. 1 apresenta o padro de volatilidadecolectiva para 18 democracias industriais avanadas ao longo de todo o perododo ps-guerra. De modo a ilustrar melhor a tendncia ao longo do tempo, cadavalor representa a volatilidade mdia para todas as eleies celebradas nestasnaes da OCDE em cada ano. Os valores de volatilidade so standardizadosatravs da medio da mudana relativamente volatilidade mdia nas duasprimeiras eleies legislativas do ps-guerra para cada pas individual.

    Tendncias da volatilidade eleitoral em dezoito democracias

    industriais avanadas, 1950-1997

    [FIGURA N. 1]

    y = 5E-06x3- 0.0316x2+ 62.221x - 40881

    R2= 0.301

    0,20

    0,15

    0,10

    0,05

    0,00

    0, 05

    0, 10

    0, 15

    0, 20

    Mudananavolatilidade

    Nota:Os resultados referem-se a todas as eleies legislativas das nossas 18 principaisdemocracias industriais avanadas desde a segunda eleio do ps-guerra at 1997.A figura representa a mudana de volatilidade relativamente mdia das duas primeiraseleies de cada nao. A figura conjuga os dados nacionais por ano e representa depoisa linha de tendncia mais apta produzida mediante o programa Curve Expert 1.3.Fonte: Mackie e Rose (1991), Estudos Eleitorais (1992-1997).

    1950 19 55 1 960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000

    y = 5E 06x3 0,0316x2 + 62,221x 40 881

    R2 = 0,301

    8 O ndice de volatilidade calculado como os ganhos de pontos percentuais totais paratodos os partidos entre as duas eleies adjacentes, divididos por 2 (v. Pedersen, 1979).

    9 Bartolini e Mair (1990) fizeram notar que a volatilidade era maior no perodo entreas guerras do que durante os anos mais estveis do ps-guerra. Embora no contestemos esta

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    Russell J. Dalton, Ian McAllister, Martin P. Wattenberg

    Os anos imediatamente a seguir guerra foram um perodo de substancialvolatilidade partidria em diversas naes, em grande medida devido s rupturasproduzidas pela segunda guerra mundial e ao restabelecimento de muitos sistemaspartidrios. As mudanas intereleitorais no apoio partidrio a nvel agregado re-

    gistaram um valor mdio de 9.0% para as eleies dos anos 50. Na dcada de60, a maioria dos sistemas partidrios estabilizou e a volatilidade diminuiu emmuitas naes. Depois, a partir de finais dos anos 70, a tendncia comeou aaumentar ligeiramente. Nos anos 90, as mudanas intereleitorais mdias do apoiopartidrio tinham aumentado quase 10% relativamente aos valores iniciais do ps--guerra. A modelao linear desta tendncia mostra uma forte e estatisticamentesignificativa tendncia de crescente volatilidade ao longo do tempo.

    O padro global de crescente volatilidade surge tambm se repetirmos asanlises dentro de cada nao europeia (Dalton e Wattenberg, 2000, p. 41).Todas as naes, com excepo da Frana, exibem uma volatilidade eleitoralcrescente ao longo deste perodo de tempo. Na Frana, a tendncia negativaocorre porque o sistema partidrio da IV Repblica era extremamente frag-mentado e a restruturao do sistema partidrio sob a V Repblica conduziua um decrscimo da volatilidade. Contudo, na maior parte das naes, avolatilidade cresceu ao longo da dcada de 90, ao passo que o partidarismocomeou a decair. Nos anos 90, o valor da volatilidade mdia (12,6%)aumentou em quase metade do valor registado nos anos 50 (8,9%).

    Uma vez que o partidarismo liga os eleitores ao seu partido preferido, atendncia de desalinhamento deveria permitir que um maior nmero de eleitores

    transferisse o seu apoio para outros concorrentes do sistema partidrio. Ospartidos estabelecidos podem sofrer uma fragmentao medida que um elei-torado mais fluido se abre a novos apelos. Por exemplo, o colapso do sistemapartidrio italiano no s reflectiu o anterior enfraquecimento dos laos parti-drios, como tambm intensificou essa mesma tendncia, permitindo a emergn-cia de novos partidos, como o Forza Italia. A renovada atraco do Partido daLiberdade de Haider pode ser igualmente relacionada com um bem sucedidoapelo aos eleitores flutuantes austracos. Ao longo das duas dcadas anteriores,a maioria dos sistemas partidrios democrticos enfrentaram novos desafios

    polticos com a emergncia dos partidos verdes, esquerda, e dos partidosnacionalistas ou neoconservadores, direita. A ascenso de novos partidos quese verifica por toda a Europa uma consequncia do desalinhamento partidrio.

    Os analistas eleitorais centram-se frequentemente nos padres de uma nicanao ou nas tendncias de curto prazo nos destinos dos partidos. As mudanassignificativas nos destinos dos partidos, como o colapso dos democratas-cris-

    concluso, ela no responde questo fundamental que aqui nos ocupa, nomeadamente seos sistemas partidrios mudaram relativamente aos seus padres do ps-guerra. Alm disso,

    estamos convictos de que a estimativa de Bartolini e Mair da volatilidade interbloco subestimade modo significativo o grau de mudana eleitoral histrica e contempornea.

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    Democracia e identificao partidria nas sociedades industriais avanadas

    tos na Itlia ou a ascenso dos partidos da Nova Esquerda ou da Nova Direitana Europa, so normalmente explicadas em termos das foras polticasidiossincrticas de cada nao. Pelo contrrio, temos vindo a descrever umpadro que representa um desenvolvimento geral das democracias industriais

    avanadas, padro esse que se tornou mais forte e mais aparente desde o mo-mento em que foi pela primeira vez detectado. Os sistemas partidrios demo-crticos imobilizados outrora observados por Seymour Lipset e Stein Rokkan(1967) converteram-se em meios polticos mais fluidos, onde se formam novospartidos e a mudana eleitoral aumenta com o tempo.

    COMPORTAMENTO A NVEL INDIVIDUAL

    As estatsticas eleitorais colectivas so-nos particularmente teis para tra-

    ar os contornos amplos da mudana eleitoral, j que esto disponveis emsries temporais para todas as naes aqui analisadas. Subjacentes a estasestatsticas colectivas, contudo, as transferncias ilquidasde eleitores entreos partidos podem ser muito mais elevadas do que a variao lquida daspercentagens de votos dos partidos. As entrevistas aos prprios eleitorespermitem medies mais precisas das mudanas de comportamento eleitoral.As sries de dados de sondagens de longo prazo so menos prevalecentes doque as estatsticas eleitorais e no existem tendncias comparveis para todasas naes; contudo, existem dados mais do que suficientes para nos permi-

    tirem demonstrar as mudanas profundas no comportamento eleitoral denvel individual que se verificaram na maior parte das naes.Os eleitores com identificao partidria chegam a cada eleio com

    predisposies estveis que estruturam as suas percepes dos candidatos edas questes polticas em debate durante a campanha. Os yellow dogs de-mocratas da poltica americana e os Stamwhler das eleies alems soexemplos que ilustram as habituais fidelidades dos eleitores com identifica-o partidria. As investigaes demonstram normalmente que h maioresprobabilidades de os membros partidrios apoiarem o mesmo partido emeleies sucessivas. Assim, o enfraquecimento dos laos partidrios dever

    produzir um declnio concomitante da consistncia partidria dos eleitores deeleio para eleio. O quadro n. 2 apresenta as tendncias de longo prazopara diferentes medidas de consistncia de voto a nvel individual a partirdos respectivos estudos eleitorais nacionais. A consistncia de voto declaradaem eleies adjacentes indicada como mudou entre eleies; outrasperguntas averiguam a disposio dos eleitores de votarem noutros partidos(por exemplo, pensou em votar noutro partido).

    Se bem que o grau de mudana varie de nao para nao, a direco damudana claramente uniforme. Verifica-se uma crescente tendncia para os

    eleitores declararem que mudaram de voto entre eleies, especialmente nasnaes onde o declnio das ligaes partidrias mais significativo. Na Sucia,

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    Russell J. Dalton, Ian McAllister, Martin P. Wattenberg

    por exemplo, apenas 7% do eleitorado afirmaram ter mudado o voto entre aseleies de 1956 e 1960, mas a mudana de voto aumentou para 31% naseleies de 1998 (Holmberg, 2001). Alm disso, as questes ligadas s atitudesmostram que a disposio para mudar de voto entre as eleies aumentou em

    todas as naes para as quais existem sries temporais de dados disponveis.Por exemplo, mesmo depois da agitao de finais dos anos 60 no sistemapartidrio holands, apenas um quinto do eleitorado holands afirmou, em1971, votar por vezes em partidos diferentes; nas eleies de 1998, mais dedois teros do eleitorado declararam tal mudana de preferncias.

    Medidas de volatilidade baseadas em inquritos

    Alguns investigadores fizeram notar as limitaes do tipo de dados utili-zados no quadro n. 2 para medir o voto em eleies adjacentes (Niemi, Katz

    [QUADRO N. 2]

    ustria:Eleitores que mudam . . . . . . . . . . . . . . . .Eleitor flutuante . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Gr-Bretanha:Mudaram entre eleies . . . . . . . . . . . . . .Mudaram entre eleies (abstencionistas) . . . .Pensaram em votar noutro partido . . . . . . . .

    Dinamarca:Mudaram entre eleies . . . . . . . . . . . . . .

    Finlndia:Consideraram um partido diferente . . . . . . .

    Alemanha:Mudaram entre eleies . . . . . . . . . . . . . .Eleitores que mudaram (inquritos do KAS) . .

    Itlia:Mudaram entre eleies . . . . . . . . . . . . . .

    Holanda:Mudaram entre eleies . . . . . . . . . . . . . .Por vezes votaram noutros partidos . . . . . . .

    Noruega:Mudaram entre eleies . . . . . . . . . . . . . .

    Sucia:Mudaram entre eleies . . . . . . . . . . . . . .

    Mudaram durante as eleies . . . . . . . . . . .Sua:

    Mudaram entre eleies . . . . . . . . . . . . . .Estados Unidos:

    Mudaram entre eleies . . . . . . . . . . . . . .Votariam num partido diferente . . . . . . . . .

    Fonte: Estudos eleitorais nacionais respectivos, excepto EUA em 1996 (Roper Poll).A mudana por ano calculada mediante um coeficiente de regresso no standardizado.

    (N pontostemporais)

    Por ano Perodo de

    mudanaNao

    0,615 1,597

    0,114 0,043 0,159

    0,254

    1,250

    0,318 0,764

    1,325

    0,194 1,319

    0,616

    0,519

    0,321

    0,464

    0,229 0,731

    1979-19991979-1999

    1964-19971964-19971964-1992

    1971-1998

    1983-1991

    1961-19981980-1996

    1972-1996

    1971-19981971-1998

    1969-1993

    1956-1998

    1956-1998

    1971-1995

    1952-19961952-1996

    (7 )(4 )

    (8 )(8 )(8 )

    (7 )

    (3 )

    (10)(15)

    (5 )

    (9 )(7 )

    (7 )

    (14)

    (13)

    (4 )

    (11)(8 )

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    Democracia e identificao partidria nas sociedades industriais avanadas

    e Newman, 1980)10. Os entrevistados revelam uma tendncia para uma exces-siva consistncia na descrio dos seus padres de voto passados e futuros tantopor razes conscientes como inconscientes. Assim, as medies de consistnciacom base no voto recordado produzem, provavelmente, uma subestimativa do

    verdadeiro grau de mudana partidria. Contudo, este problema de mediodever ser relativamente constante ao longo do tempo, pelo que no dever criaros efeitos sistemticos observados nas nossas tendncias temporais.

    Os indcios de crescente volatilidade partidria so reforados por umexame dos estudos de painel que traam a verdadeira consistncia do parti-darismo ao longo do tempo. A figura n. 2 resume os resultados destas

    [FIGURA N. 2]

    40

    35

    30

    25

    20

    15

    10

    5

    0

    Percentageminstvel

    EUA Gr-Bretanha Alemanha

    Instabilidade do partidarismo (estudos de painel)

    Perodo 4Perodo 1 Perodo 2 Perodo 3

    Fonte: Estudos eleitorais nacionais respectivos. As entradas da figura representam apercentagem daqueles que mudaram de partido entre as vagas do painel. Estados Unidos:perodo 1 1956-1960; perodo 2 1972-1976; perodo 3 1992-1996 (a utilizao depainis de dois anos produziu resultados similares); Gr-Bretanha: perodo 1 1964-1966;perodo 2 1966-1970; perodo 3 1974-1979; perodo 4 1983-1987; os dados para aAlemanha provm dos painis pr e ps-eleitorais: perodo 1 painel de 1972; perodo2 painel de 1983; perodo 3 painel de 1987; perodo 4 painel de 1990.

    10 A regresso linear simples mostra uma tendncia positiva ao longo do tempo e o R2(0,245) est prximo do valor do modelo curvilinear apresentado na figura n. 2.

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    comparaes de painel para os Estados Unidos, a Gr-Bretanha e a Alema-nha11. A identificao partidria dever ser, por definio, uma orientaopoltica relativamente estvel, o que evidente no nmero relativamentereduzido de indivduos que mudam de identificao partidria entre eleies

    adjacentes. Ao mesmo tempo, o nmero destes eleitores est a aumentarlentamente. Por exemplo, na Gr-Bretanha, entre as eleies de 1964 e 1966,apenas 18% dos entrevistados mudaram a sua ligao partidria, mas entreas eleies de 1992 e 1997 esta percentagem era j de 31%.

    Os indcios de desalinhamento partidrio emergem tambm de outrosaspectos das opes dos eleitores. Nas naes onde pudemos identificar aolongo do tempo a ocorrncia do voto dividido h hoje mais probabilidadesde os eleitores dividirem os seus votos entre diferentes partidos. Nos EstadosUnidos, na dcada de 60, menos de um sexto dos eleitores dividia o seu voto

    entre um candidato presidencial de um partido e um candidato congressionalde outro. Nos anos 90, o nmero desses eleitores oscila para entre um quartoe um tero do eleitorado. Similarmente, at finais dos anos 70, menos de10% dos eleitores alemes dividiam os seus primeiro e segundo votos12. Em1998, 20% dos alemes ocidentais dividiram os seus dois votos entre diferentespartidos. Na Sucia verificam-se padres similares de um crescente voto di-vidido (bem como na Austrlia: v. Dalton e Wattenberg, 2000, p. 47).

    Encontramos geralmente uma medida adicional de comportamento elei-toral relevante nos estudos eleitorais nacionais: o timingda deciso de voto

    de cada eleitor. Os eleitores com identidades partidrias chegam s campa-nhas eleitorais com disposies partidrias estabelecidas; as campanhas fun-cionam de modo a mobilizarem esses laos partidrios. O desalinhamentopartidrio implica que um menor nmero de eleitores inicia o ciclo eleitoralcom tal predisposio, o que os torna mais susceptveis s polmicas e temasde curto prazo da campanha. A estar correcta esta afirmao, um nmeroinferior de eleitores afirmar ter decidido em quem votar antes da campanha

    11 No devem comparar-se nveis absolutos entre naes porque se trata de perodos detempo diferentes em cada caso. Por exemplo, os inquritos americanos cobrem normalmentedois anos; os panis alemes so inquritos ps-eleitorais que duram uns meses. Nsconcentramo-nos em comparaes entre painis de durao relativamente igual em cada pas.Fazemos isto porque existe uma tendncia para a identificao partidria diminuir ao longode largos perodos de tempo, presumivelmente porque mais factores exgenos podem mudaras preferncias partidrias. Assim, um painel que durasse quatro anos mostraria maiormudana partidria do que um que durasse dois anos, ceteris paribus.

    12Uma caracterstica das estatsticas alems que so baseadas numa amostra considervelde boletins de voto reais analisados pela comisso de eleies e no atravs de resultados deinquritos opinio pblica. Infelizmente, esta prtica terminou em 1990 devido a preocu-

    paes em relao confidencialidade do voto. Schoen (2000) alargou esta srie de dadosutilizando outros dados.

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    Democracia e identificao partidria nas sociedades industriais avanadas

    eleitoral e um nmero superior afirmar ter tomado a sua deciso eleitoraldurante a campanha ou mesmo no prprio dia das eleies.

    O quadro n. 3 testa as nossas expectativas quanto s mudanas de timingdas decises eleitorais. O formato especfico da pergunta varia de nao para

    nao, mas o padro global inequvoco. Estes eleitorados apresentam umpadro consistente de adiamento da opo de voto para uma fase avanadada campanha eleitoral. Por exemplo, na Sucia, em 1964, 18% dos eleitoresafirmaram ter tomado a sua deciso de voto durante a campanha eleitoral;em 1998, o nmero de decisores tardios tinha aumentado para 57%. Algu-mas eleies podem ser caracterizadas por circunstncias especficas que con-dicionam a indeciso dos eleitores, como mudanas de lderes partidriosentre eleies ou as questes polticas em debate durante a campanha. Po-rm, mesmo tomando em considerao tais idiossincrasias, a tendncia geral

    clara: h menos probabilidades de os eleitores contemporneos chegaremao perodo eleitoral com predisposies partidrias fixas.

    Deciso eleitoral tardia

    [QUADRO N. 3]

    ustria:Deciso tomada pouco antes das eleies . . . .

    Gr-Bretanha:

    Durante as eleies . . . . . . . . . . . . . . . . .Dinamarca:Durante as eleies . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Finlndia:Nos ltimos dias . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Alemanha:Nas ltimas semanas . . . . . . . . . . . . . . . .

    Holanda:Durante as eleies . . . . . . . . . . . . . . . . .Nos ltimos dias . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Noruega:Durante as eleies . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Sucia:Durante a campanha . . . . . . . . . . . . . . . .

    Sua:Pouco antes das eleies. . . . . . . . . . . . . .

    Estados Unidos:Nas ltimas semanas . . . . . . . . . . . . . . . .

    Fonte:Estudos eleitorais nacionais respectivos. A mudana por ano calculada medianteum coeficiente de regresso no standardizado.

    Em suma, os dados apresentados nesta seco ilustram as manifestaescomportamentais do declnio da identificao partidria. A fora da estabi-

    Nao Por anoPerodo de

    mudana

    0,650 1979-1999 (7)

    0,450 1964-1997 (9)

    0,035 1971-1994 (11)

    1,125 1983-1991 (3)

    0,281 1965-1994 (7)

    0,953 1970-1998 (9) 0,636 1971-1998 (8)

    0,897 1957-1993 (7)

    1,097 1964-1998 (12)

    0,496 1971-1995 (6)

    0,205 1952-2000 (13)

    (N pontostemporais)

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    lizao e conservao das ligaes partidrias tem vindo a diminuir de um modogeral nas democracias industriais avanadas, resultando em consequncias reaise aparentes para a poltica eleitoral e os padres de controlo partidrio.

    TAXAS DE PARTICIPAO ELEITORAL

    Outra consequncia importante do partidarismo a mobilizao dos cida-dos para participarem no processo eleitoral. Quando E. E. Schattschneider(1942, p. 1) escreveu que os partidos polticos criaram a democracia, estavaprincipalmente a referir-se ao papel histrico dos mesmos na expanso da par-ticipao dos cidados. Na era anterior ao desenvolvimento dos partidos, o votoera, tipicamente, uma prerrogativa de uma pequena percentagem da populao.Os partidos polticos lutaram pela expanso do sufrgio e animaram os novosrecenseados a exercerem o seu direito de voto. Em contrapartida, ao longo dahistria, sempre que os partidos se mostraram incapazes de desempenharem assuas funes, verificou-se um declnio da participao eleitoral. Em suma, oestado dos partidos polticos, e do sistema partidrio em geral, desempenhou umpapel crucial na saga da participao eleitoral nos pases industrializados avan-ados do Ocidente.

    O quadro n. 4 compara a participao mdia da populao em idade devoto nas duas primeiras eleies dos anos 60 com a participao eleitoral nas

    duas eleies mais recentes em 16 democracias estabelecidas e membros daOCDE que, presentemente, no tm regime de voto obrigatrio. Com excep-o dos Estados Unidos, as percentagens de participao apresentadas sorelativas s eleies para a cmara baixa do parlamento nacional, j que soestas que decidem normalmente quem formar governo. O eleitorado ame-ricano est certamente convencido de que as eleies presidenciais so maisimportantes, como demonstrado pelas mais elevadas taxas de participaonestas eleies. Assim, faz-se uma excepo regra geral para os EstadosUnidos mediante a incorporao da participao nas eleies presidenciais.

    Seria possvel defender um argumento similar nos casos de sistema semipre-sidencial da Frana e da Finlndia. Contudo, os cidados franceses s pude-ram votar directamente para a presidncia a partir de 1965 e na Finlndiaas eleies presidenciais directas s comearam em 1994.

    Os resultados apoiam solidamente a concluso da diminuio da partici-pao eleitoral nas democracias estabelecidas. Em todos os 16 pases aquianalisados, os valores recentes da participao so inferiores aos do incio dadcada de 60. raro encontrar uma tendncia to amplamente generalizvelno campo da poltica comparada. A partir dos anos 60, a mudana mdia da

    participao eleitoral tem correspondido a um declnio de 13,2%. Parapodermos avaliar adequadamente este declnio h que ter em conta que estas

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    Democracia e identificao partidria nas sociedades industriais avanadas

    democracias apresentam actualmente um eleitorado total de 581 milhes depessoas. Para que as actuais taxas de participao eleitoral fossem idnticass da dcada de 50, mais 52 milhes de pessoas teriam de ter votado umnmero que excede toda a populao em idade de voto do Reino Unido.

    Notas: As taxas de participao so calculadas com base na percentagem da populaoem idade de voto. Com excepo dos Estados Unidos, onde so utilizadas as eleiespresidenciais, todas as eleies so relativas cmara baixa da legislatura.

    A Holanda promulgou o voto obrigatrio nos anos 60, mas aboliu este regime depoisdas eleies de 1967. A Itlia tem h muito vigente uma lei do voto obrigatrio, mas notem sido executada. Para mais informaes sobre o regime do voto obrigatrio em todo omundo, v. http://www.idea.int/voter_turnout/Compulsory_Voting.htm.

    * Relativamente a Junho de 2001.

    Por que razo uma tendncia to generalizada em todo o mundo escapou emgrande medida anlise se o problema da participao eleitoral na Amrica temrecebido tanta ateno acadmica desde h dcadas? A resposta prende-se como facto de que o declnio da participao nas democracias estabelecidas europeiasconstitui um fenmeno relativamente recente. Para podermos demonstr-loadequadamente combinmos os dados standardizados destes 16 pases e regist-mos as mudanas de ano para ano. Para cada pas, a participao mdia nas duasprimeiras eleies dos anos 50 funciona como linha de base a partir da qual se

    standardizam todos os subsequentes valores da participao. Por exemplo, se em1952 e 1956 a participao regista uma mdia de 70%, descendo depois para

    Mudanas de participao nas democracias estabelecidas e membros da OCDE

    sem regime de voto obrigatrio em anos recentes

    [QUADRO N. 4]

    Sua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Canad . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Estados Unidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Holanda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Finlndia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Reino Unido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .ustria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Japo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Alemanha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Frana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Nova Zelndia . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Noruega . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Itlia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Dinamarca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Irlanda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Sucia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Primeiras

    duas eleies

    dos anos 60

    Duas eleies

    mais recentes*

    Percentagem

    de mudana

    53,4 35,3 33,974,2 54,8 26,262,4 50,1 19,7

    90,1 72,7 19,385,3 69,3 18,874,5 62,4 16,290,1 75,7 16,070,0 61,2 12,683,9 73,8 12,066,0 60,6 8,283,3 77,1 7,481,4 75,7 7,094,2 89,1 5,485,4 82,4 3,572,7 70,2 3,4

    81,9 80,7 1,5

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    63% nos anos 60, a participao standardizada para 1960 ser de 0,90. Demodo a arredondar as tendncias, calculmos uma mdia mvel de trs anos;assim, os casos de 1960 representam, na realidade, a mdia de todos osvalores da participao standardizada entre 1959 e 1961.

    A figura n. 3 demonstra que, se alguma tendncia existiu ao nvel daparticipao eleitoral mundial entre 1960 e 1972, foi de sentido ascendente,como seria de esperar, tendo em conta as mudanas demogrficas anterior-mente referidas. S em finais dos anos 80 pode observar-se um declnioclaro da participao eleitoral nestes pases, tomados no seu conjunto. Em1989, a mdia mvel tinha cado apenas uma vez para o valor mnimo de0,95. Depois de 1989, a participao standardizada tem apresentado consisten-temente um nvel inferior a 0,95, caindo em 1996 para um mnimo recordede 0,84. Por outras palavras, nestes pases, a participao eleitoral manteve

    mais ou menos os mesmos valores entre os anos 50 e a dcada de 80; o rpidodeclnio da participao eleitoral , pois, um fenmeno dos anos 90.

    Declnio da participao eleitoral em pases membros da OCDE

    sem voto obrigatrio em anos recentes

    [FIGURA N. 3]

    1,16

    1,12

    1,09

    1,04

    1,00

    0,96

    0,92

    0,88

    0,84

    0,80

    Participaostandardizada

    1960 1965 1970 1975 1980 19901985 1995 2000

    Nota:As entradas representam uma mdia mvel de trs anos dos valores da participaostandardizada, servindo a participao mdia nas duas primeiras eleies dos anos 50 de linhade base para cada pas.

    Tal padro elimina duas possveis explicaes no que diz respeito cons-tituio da populao em idade de voto. Poder pensar-se que a diminuio

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    da idade de voto na maior parte das democracias estabelecidas pode explicargrande parte deste declnio, j que confere o direito de voto a eleitoresjovens, que so, tipicamente, os que apresentam menos probabilidades de oexercerem. Contudo, na maior parte dos pases a ocorrncia de um declniosubstancial da participao eleitoral verifica-se depois desta diminuio daidade de voto. Similarmente, o aumento da imigrao pode ter reduzido aparticipao baseada nos censos ao acrescentar um maior nmero de nocidados (os quais, tipicamente, no tm direito de voto) ao denominador.Contudo, o sbito declnio da participao eleitoral nas democraciasestabelecidas claramente incompatvel com tal explicao.

    Uma vez que o declnio da participao eleitoral nas democracias estabele-cidas um fenmeno relativamente recente, o facto de estarmos perante umatendncia de longo prazo ou uma mera aberrao momentnea continua a sermatria de especulao. possvel que as taxas de participao voltem a aumen-

    tar medida que se institucionalizam novos partidos e novos padres de com-petio. Por outro lado, se o declnio da participao se deve de facto a mudan-as relacionadas com a natureza dos partidos polticos, de esperar que o actualdeclnio das taxas de voto se mantenha ou mesmo se agrave.

    Tratando-se de organizaes individuais que procuram cargos pblicos,h, infelizmente, poucas razes para que os partidos se preocupem com osbaixos nveis de participao. Na verdade, para um partido mais eficazconquistar um cargo com menos votos. Seria equivalente a que a GeneralMotors realizasse o mesmo dinheiro vendendo menos carros.

    Todavia, para o sistema partidrio no seu conjunto, a queda da participao negativa, tal como seria negativa para os fabricantes de automveis umaqueda nas vendas globais de automveis. No mundo poltico, os lderes par-tidrios so o equivalente funcional dos presidentes das grandes empresas, osdeputados funcionam como gestores e os membros partidrios desempenhamum papel essencialmente similar ao dos trabalhadores das linhas de montagem.No outro lado da questo da oferta e da procura, os eleitores com identificaopartidria so uma espcie de clientes fiis e aqueles que exercem o seu direitode voto representam a base de consumo total do produto. Se os presidentes,gestores e operrios das empresas que fabricam automveis trabalhassem demodo mais eficiente, mas, no obstante, vendessem menos carros, os analistasda indstria teriam certamente de concluir que o negcio atravessava umperodo de srias dificuldades. O declnio da participao eleitoral indica queh um menor mercado para o produto dos partidos e que os sistemas parti-drios de todo o mundo industrializado avanado enfrentam tempos difceis.

    CONCLUSO

    Tal como Schattschneider defendeu que os partidos eram essenciais parao processo democrtico, a pesquisa eleitoral defendeu que o partidarismo

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    essencial para o pblico. O partidarismo, ou os sentimentos de identificaopartidria, proporciona um quadro de referncia para a avaliao e interpre-tao da informao poltica; o partidarismo orienta a tomada de decisespolticas e estimula o envolvimento do pblico com as instituies e proces-

    sos da democracia representativa.Os dados demonstrativos cumulativos das nossas anlises sugerem que odesalinhamento est a enfraquecer os laos partidrios dos pblicos contem-porneos, e isto tem efeitos correspondentes sobre os padres de comporta-mento poltico. Reconhecemos que as tendncias partidrias raramente solineares e que campanhas especficas podem acentuar ou atenuar sentimentosde identificao partidria. Similarmente, uma eleio especfica pode esti-mular o interesse poltico ou reduzir a ateno que o pblico dedica campanha eleitoral. Tais foras eleitorais de curto prazo podem tambm

    produzir padres de volatilidade especficos a cada eleio. Tendo em contaestes caprichos da poltica eleitoral, as tendncias eleitorais de longo prazodescritas na anlise anterior so ainda mais notveis. Os efeitos singulares deeleies especficas parecem representar variaes em tendncias de longoprazo que esto a transformar de modo sistemtico o comportamento elei-toral. Alm disso, de uma forma geral, os dados demonstrativos que susten-tam tais tendncias revelam-se ainda mais fortes quando expandimos asanlises de modo a incluirmos outras democracias industriais avanadas daAmrica do Norte e do Pacfico (Dalton e Wattenberg, 2000).

    Actualmente, um maior nmero de eleitores chega s eleies sem pre-disposies partidrias fixas. Mesmo que sejam leais a um partido, taislealdades so menos pronunciadas; nos nossos dias, um maior nmero deeleitores toma as suas decises eleitorais com base nos candidatos e nasquestes polticas em debate durante as campanhas. Consequentemente, avolatilidade eleitoral est a aumentar. Em grande medida, como demonstra-do no caso das clivagens de voto de base grupal (Franklin et al.,1992), tem--se verificado uma passagem de factores de longo prazo da escolha eleitoralpara influncias eleitorais de curto prazo. Alm disso, os cidados revelam

    actualmente uma menor propenso para participarem nas eleies.As implicaes das nossas descobertas para o processo democrtico per-manecem pouco claras. Milhes de eleitores continuam a votar, ainda que jno se apoiem nas mensagens dos partidos ou no partidarismo aprendidodurante a infncia como anteriormente. Por um lado, isto poder encorajaro pblico a julgar os candidatos e os partidos com base nas suas polticas eactuao governativa o que produzir um pblico deliberativo que seaproxima mais do ideal democrtico clssico. Por outro lado, a ausncia delealdades partidrias h muito estabelecidas pode tambm tornar os eleitora-

    dos mais vulnerveis manipulao e aos apelos demaggicos (Holmberg,1994, pp. 113-14). Muitos indivduos podero considerar as campanhas

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    esclarecedoras, mas tambm possvel que acontecimentos de segunda impor-tncia possam obscurecer temporariamente o debate poltico srio. A preocupa-o com a orelha de Jennifer nas eleies britnicas de 1992 ou as maqui-naes de Perot nas eleies presidenciais americanas de 1992 so exemplos

    recentes de temas suprfluos que obscureceram, pelo menos temporariamen-te, o debate srio sobre o futuro da nao. A atraco de lderes carismticos,incluindo polticos demaggicos, como Haider e LePen, poder ser outra dasconsequncias do desalinhamento poltico. O desalinhamento partidrio tempotencial para produzir consequncias, quer positivas, quer negativas, paraa poltica eleitoral, dependendo do modo como os sistemas partidrios e oseleitores reagem neste novo contexto.

    O desalinhamento afasta tambm alguns cidados da actividade partid-ria, como a participao nas eleies. Ao passo que no passado os partidos

    mobilizavam os seus eleitores para participarem nas eleies e exerceremo seu direito de voto, estas ligaes a um partido preferido so hoje maisfracas. Rosenstone e Hansen (1993) defenderam que medida que os par-tidos se afastam de actividades directas de contacto pessoal, como a campa-nha porta a porta e os comcios, e se aproximam de uma campanha centradanos meios de comunicao de massas, diminuem as oportunidades de envol-vimento dos cidados individuais em actividades partidrias e outras iniciati-vas de campanha. Este padro est em expanso na maior parte das demo-cracias industriais avanadas (Farrell e Webb, 2000), pelo que a concluso

    de Rosenstone e Hansen pode aplicar-se, de um modo geral, a outras demo-cracias. medida que o pblico abandona os partidos, estes deixam dedepender do pblico, em geral, para desempenharem algumas das suas fun-es-chave.

    Uma possvel implicao do declnio da participao nas campanhas elei-torais a mudana do envolvimento poltico global, que procura outras formasde aco poltica. Embora as eleies tenham sido no passado o eixo funda-mental da actividade poltica, defende-se actualmente com frequncia que aseleies esto a ser substitudas por formas de participao no convencionais,

    tais como peties, protestos e manifestaes (Jennings e van Deth, 1989).Estas novas formas de participao emergiram em resultado de mudanas devalores entre os jovens, da ascenso de novos movimentos sociais e de novaspreocupaes e questes polticas e da crescente mobilizao cognitiva doseleitorados das sociedades industrializadas avanadas (Dalton, 2001; Inglehart,1990). De facto, h inmeros sinais de que a incidncia de formas no con-vencionais de protesto poltico aumentou entre os eleitorados de muitas demo-cracias estabelecidas (Inglehart, 1997, pp. 312-315).

    Uma das questes mais interessantes da teoria e prtica democrticas

    contemporneas o modo como os partidos polticos estabelecidos e osprocessos da democracia representativa iro responder a estes desenvolvi-

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    mentos. H dados demonstrativos claros de que os lderes e agentes partid-rios esto cientes destes desenvolvimentos; de facto, muitas das suas acescontriburam para estas tendncias, como, por exemplo, o novo estilo dascampanhas eleitorais. Por outro lado, os partidos tm procurado desvincular-

    -se destas tendncias mediante o desenvolvimento de partidos de cartel (Katze Mair, 1995). Contudo, mais do que a resistir, os partidos parecem estar aadaptar-se a estas tendncias.

    As perspectivas futuras destas tendncias para as democracias contempo-rneas so incertas, dependendo em parte da resposta dos partidos polticose dos outros elementos do sistema democrtico (Dalton e Wattenberg, 2000,cap. 12). No entanto, evidente que tais tendncias esto a modificar a polticademocrtica de um modo jamais previsto por Schattschneider e pelos primei-ros investigadores do campo eleitoral.

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    Traduzido por Rui Cabral