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DANIEL NO PASSADO E NO PORVIR LUIZ DE MATTOS PARTE I CAPÍTULOS DE 1 a 6

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DANIEL

NO PASSADO E NO PORVIR

LUIZ DE MATTOS

PARTE I

CAPÍTULOS DE 1 a 6

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PREFÁCIO DO LIVRO DANIEL NO PASSADO E NO PORVIR

Apresentação

É extremamente honroso apresentar aos estudiosos da

Palavra de Deus este precioso trabalho do Dr. e

Evangelista Luiz de Mattos, que além de médico, é também

um servo de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O Livro de Daniel possui uma relevância indiscutível

para toda a humanidade, as expressões ―o tempo do fim‖ e

―últimos tempos‖, recebem um enfoque profundo e bem

fundamentado no contexto da Bíblia Sagrada por parte do

autor.

Recomendo a todos os Pastores, Obreiros e irmãos

adquirirem um exemplar desta obra, certo que este livro de

Daniel é o Apocalipse do Velho Testamento.

Trata-se de uma obra didática, de cunho simples e

objetivo, à altura do conhecimento de todo aquele que se

dispuser a compreender os mistérios de Deus.

Tenho certeza que a obra é de consulta obrigatória por

todos aqueles que militam na fé que uma vez foi dada aos

santos.

Enfim, vem a lume um trabalho que preenche uma notória

lacuna na bibliografia que trata sobre as profecias

bíblicas.

A leitura do livro é palpitante e satisfaz o desejo da

alma, a interpretação das profecias neste livro é clara e

objetiva, algumas profecias já foram cumpridas e outras

cumprindo atualmente, na seqüência da complementação de

tudo que Deus mostrou a Daniel.

Cuiabá, 11de Março de l998.

SEBASTIÃO RODRIGUES DE SOUZA-

PASTOR PRESIDENTE DA CONVENÇÃO DOS MINISTROS DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS

NO ESTADO DE MATO GROSSO - CUIABÁ-MT.

PASTOR PRESIDENTE DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS EM CUIABÁ - MT.

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PREFÁCIO DO AUTOR

Esta obra é fruto de muito trabalho e de muito

sofrimento. Este livro foi fruto de mais ou menos três

anos de dedicação, tendo sido terminada a sua escrita no

ano de 1997 quando foi entregue para o pastor Sebastião

ler e prefaciar. Em seguida ele foi guardado ate agora,

quando estamos a editá-lo , pois sinto ser agora o tempo

de Deus.

O Livro de Daniel é um dos mais profundos livros da

Bíblia Sagrada.

Daniel é um profeta do Velho Testamento que profetizou

sobre a ressurreição, sobre os governos mundiais de todos

os tempos.

Daniel é também quem nos legou a profecia das Setenta

Semanas de Daniel, Esta profecia envolve o povo de Israel

e também envolve toda a humanidade envolvendo o tempo do

fim.

Daniel foi o maior homem no aspecto político, tendo

tido mais glória que José, pois este foi o primeiro homem

depois do rei, em todo um reinado universal, sendo este o

mais brilhante e próspero entre todos os demais.

Nabucodonosor foi o rei de maior glória, fora do povo de

Deus.

Daniel é um livro atual, um livro que deve ser estudado

com muito carinho e atenção.

Esta obra vem atender os interesses de todos aqueles

que querem aprender um pouco mais sobre as profecias,

passadas e por virem.

Estou à disposição para eventuais esclarecimentos ou

dar esse livro na forma de seminário para todos quantos o

desejarem, independentemente da denominação.

O Autor

O Autor é:

Dr. Luiz de Mattos

Médico formado pela UNESP, Botucatu, SP.

Professor de Matemática e Física

Formado pela USP

Ministro do Evangelho - CGADB e CONFRADESP

Contatos (019) 34066031.

Email: [email protected]

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a DEUS, pelo privilégio de

escrever essa obra, pois foi Deus quem me iluminou através

do Espírito Santo.

Em seguida, minha esposa, que participou em todo

instante do meu trabalho e do meu sofrimento, na

realização dessa obra.

Minha esposa, novamente, porque foi ela quem fez o

trabalho de datilografia dos originais, com a colaboração

de minha filha no início do trabalho.

Ao professor Sebastião Ferri, conceituado professor

de Língua Portuguesa que tão carinhosamente leu, revisou,

corrigiu e muito contribuiu para a clareza do conteúdo do

livro.

Em seguida, ao meu Pastor Antônio Munhoz, que entre

tantas coisas e bênçãos, me levou a consagração

Ministerial, e muito me incentivou.

Ao Pastor Abraão de Almeida, que carinhosamente me serviu como exemplo de um escritor de respeitável e

merecido sucesso.

A meus filhos, que tiveram paciência comigo, enquanto me dediquei quase que exclusivamente a esse trabalho.

MUITO OBRIGADO

Dr. Luiz de Mattos

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DEDICAÇÃO

Esse livro é dedicado a minha família:

Iray Barbosa de Mattos - minha esposa

Luiz de Mattos Júnior

Ricardo Barbosa de Mattos

Clery Barbosa de Mattos

Peterson Barbosa de Mattos - filhos

Davi Weslley de Mattos

Jônatas William de Mattos

Josué Wendel de Mattos

Ian Souza Mendonça

Gabriel Lesina de Mattos

Giovana Barbosa Caíres da Silva

Natalia Barbosa Caíres da Silva

Letícia de Mattos - Netos

Americana 2008

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ÍNDICE Apresentação ......................................... 1

Prefácio do Autor .................................... 2

Agradecimentos ....................................... 3

Dedicação ............................................ 4

Introdução ........................................... 6

Invasão e Ataques a Jerusalém ........................ 12

O Porquê do Cativeiro ................................ 14

Daniel na Corte Babilônica .......... Cap.1.1-7 .... 19

O Propósito de Daniel ............... Cap.1.8-21 ... 22

Daniel e o Sonho de Nabucodonosor ... Cap.2.1-13 ... 29

Daniel recorre a Deus ............... Cap.2.14-18 .. 34

O Deus da Revelação ................. Cap.2.19-30 .. 36

A Revelação ......................... Cap.2.31-35 .. 39

A Interpretação ..................... Cap.2.36-45 .. 41

A Recompensa ........................ Cap.2.46-49 .. 46

A Estátua de Nabucodonosor .......... Cap.3 ........ 48

A Imagem de Ouro .................... Cap.3.1-7 .... 48

A Grande recusa ..................... Cap.3.8-18 ... 51

A Fornalha de Fogo .................. Cap.3.19-25 .. 56

A Exaltação ......................... Cap.3.26-30 .. 60

A Árvore Gigante .................... Cap.4.1-3 .... 64

A Visão da Árvore ................... Cap.4.4-18 ... 65

A Interpretação ..................... Cap.4.19-27 .. 71

Deus Cumpre a Profecia .............. Cap.4.27-37 .. 75

A Queda da Babilônia ................ Cap. 5 ....... 81

A Escritura da Parede ............... Cap.5.1-12 ... 82

A Interpretação ..................... Cap.5.13-29 .. 85

Daniel na Cova dos Leões ............ Cap. 6 ....... 92

A Inveja ............................ Cap. 6. 1-15 . 92

Daniel na Cova dos leões ............ Cap.6.16-28 .. 99

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DANIEL - INTRODUÇÃO

O Livro de Daniel tem como autor o próprio Daniel,

embora existam correntes que defendam a negação desse fato,

isto é: alegam que o Livro de Daniel foi escrito em data

posterior, por um outro autor.

Foi escrito por volta do século VI antes de Cristo. O

Livro de Daniel é considerado o Livro do Apocalipse do

Velho Testamento.

Foi escrito por Daniel, durante o exílio, durante o

período em que o povo judeu esteve cativo em Babilônia e

abrange um período que vai de 606 a.C. até por volta de 530

a.C. Foi escrito em Babilônia.

O Livro de Daniel foi escrito em parte na língua dos

judeus, o Hebraico, e em parte na língua dos Caldeus, o

Aramaico. O trecho em Aramaico é do capítulo dois, verso

quatro, até o capítulo sete, verso vinte e oito.

Daniel foi um instrumento usado por Deus a fim de

estabelecer de forma profética toda a história de Israel e,

como conseqüência, a história do mundo gentílico,

especialmente as nações gentílicas que possuíam relações

com Israel.

Daniel também foi usado para mostrar a extensão do poder

e da onisciência de Deus em relação ao mundo gentio e que

Deus é o excelso governador do universo; e que os

governantes assim como os governados estão submissos ao seu

ilimitado domínio. Daniel 4.25.

Podemos estabelecer como objetivos contidos no Livro de

Daniel:

1- Revelar o futuro de seu povo.

2- Revelar o futuro deste mundo e de toda a humanidade.

Vide Daniel 2.22

3- Revelar a soberania de Deus sobre todos os reinos e

governos terrestres. Vide Daniel 4.25

4- Revelar que Deus estabelecerá, no final desse

período, um reinado eterno, sem auxílio e sem interferência

de mãos humanas.

5- Lançar, desde então, as bases do Apocalipse, o qual

seria mais detalhado após a ressurreição de Jesus.

6- Estabelecer de forma definitiva a extensão do período

de governo humano, fixando na história porvir, quatro

grandes impérios universais e, como conseqüência,

estabelecer quando e como será o final desse período.

7- Mostrar que Deus castiga o seu povo, mas não o

desampara à mercê de si próprio.

8- Mostrar que Deus é zeloso no cumprimento de suas leis

e profecias.

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Estudando-se o LIVRO DE DANIEL pode-se estabelecer de

maneira exata e inequívoca:

a) A época em que nasceria Jesus.

b) A época de sua morte.

c) O final dessa dispensação.

d) O estabelecimento do reino Milenar e quando isso

ocorrerá.

Na seqüência histórica dos acontecimentos narrados aqui,

temos os relatos de Esdras e Neemias, lembrando que os

acontecimentos relacionados com Ester se localizam

(cronologicamente no tempo) entre os capítulos seis e sete

de Esdras.

O Livro de Daniel é um livro do Velho Testamento, mais

ou menos 600 a.C., mas está ligado ao final dos tempos,

sendo que já se passaram 2.600 anos e ainda não se cumpriu

todo o seu roteiro profético. Daniel foi citado por Jesus,

em seu ministério, e se constitui na base do Livro do

Apocalipse, escrito por João na ilha de Patmos. É também

como o Apocalipse, um livro escrito à base de símbolos. O

livro de Daniel é um livro tão atual quanto o livro do

apocalipse.

Os acontecimentos históricos registrados na história

universal ilustram e demonstram os acontecimentos

proféticos apresentados e esmiuçados aqui nesse livro, no

tocante às profecias já realizadas ou já cumpridas.

Certamente deduzimos que as profecias ainda não

cumpridas, ligadas ao final dos tempos, (por exemplo, a 70ª

semana de Daniel), cumprir-se-ão com a mesma fidelidade e

precisão com que aconteceram as já cumpridas. O Livro do

Apocalipse é, quase na totalidade, a 70ª semana de Daniel,

apresentada com detalhes que Daniel não apresentou. No

final desse período, quando estiver cumprida toda a

profecia de Daniel, não existirá mais governo humano,

encerrar-se-á o governo dos gentios e será estabelecido o

reinado eterno, cujo rei será JESUS.

O Livro de Daniel tem citações no Novo Testamento

referidas por Jesus: Mateus 24.15.

MATEUS 24.15 - Quando, pois, virdes o abominável da

desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo.

(quem lê entenda).

Com essa citação de Jesus concluímos:

1- Jesus reconhece Daniel como profeta.

2- Jesus conclama a fim de que acreditemos em suas

profecias.

O livro pode ser dividido em duas partes nítidas e

distintas, a saber:

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a) Histórica.

Abrange principalmente o povo judeu.

Podemos observá-la dos capítulos iniciais até o sexto,

com exceção do capítulo dois.

b) Profética.

Estabelece o roteiro do futuro de Israel e paralelamente

mostra também o futuro de toda a humanidade.

O conteúdo profético desse livro sobre os impérios

mundiais permanece atual e ainda se estenderá até o final

dos tempos. (Os dedos da estátua de Nabucodonosor, como

veremos mais adiante).

Para entendermos melhor o Livro de Daniel, vamos nos

dedicar um pouco ao contexto histórico pouco anterior ao

início do cativeiro de Babilônia.

Bem sabemos que Nabucodonosor invadiu Israel e dominou o

reinado de Judá, levando esse povo para o cativeiro de

Babilônia, entre eles Daniel, autor do livro que nos

propomos a estudar.

A história que nos interessa, tem origem na

desobediência do povo de Israel ao Senhor, tendo o povo se

contaminado com a idolatria cujo pico foi no governo do

reinado de Manassés e de Amon, seu filho. Esses reis

fizeram o que foi mal aos olhos do Senhor, introduzindo

pesada idolatria em todo o Israel. Ver 2 Reis 24 versos 1

ao 4, onde fala desses governos. Ver também 2 Crônicas 34.

21 onde o rei Josias declara que seus pais se desviaram dos

caminhos do Senhor.

Ver ainda 2 Crônicas capitulo 33.

Regredindo ainda um pouco mais, em 2 Crônicas capítulo

34, temos o rei Josias iniciando o seu reinado, com oito

anos, reinado que durou trinta e um anos. Antes do rei

Josias a nação de Israel estava totalmente desviada dos

caminhos do Senhor, principalmente sob o reinado de

Manassés e Amon, filhos de lhos de Ezequias, porque fizeram

o que era mal aos olhos do Senhor, e introduziram uma fase

de idolatria e profanação, levando o povo a se distanciarem

mais e mais de Deus.

2 REIS 21.9 - Eles, porém não ouviram; e Manassés de

tal modo os fez errar, que fizeram pior do que as nações,

que o Senhor tinha destruído de diante dos filhos de

Israel.

Devido à obstinação desse povo, Deus determinou que

também Judá seria tirado de sua presença. 2 Reis 21.13-15.

Nesta altura o reino do norte já era cativo dos Assírios.

Quando da morte de Amon, Josias, seu filho, tinha apenas

oito anos, mas não obstante tão tenra idade começou a

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reinar, e o fez de 639 a 609 a.C., 2 Crônicas 34.1 e 2 Reis

22.1

Josias conduziu um governo de reconciliação levando o

povo de volta à presença do Senhor.

Josias fez o que era reto aos olhos do Senhor, purificou

a Judá e livrou-a da idolatria de seus pais (especialmente

Manassés e Amon).

Em 2 Crônicas capítulo 34 versos 1-7 temos a descrição

do seu trabalho. Assim, dessa forma, Josias aplacou a ira

de Deus, que já havia determinado a extradição de Judá, mas

Josias achou graça diante de Deus, a ponto de receber,

através da profetisa Hulda, a promessa de que seus olhos

não veriam o mal que viria sobre Judá. Veja 2 Crônicas

34.27,28. Assim Josias desenvolveu um reinado de paz.

No panorama das demais nações, nessa mesma ocasião,

temos o Egito conquistando extensas áreas de modo a se

constituir num grande império mundial incipiente. A

Assíria já passava por seu apogeu e já se achava em

decadência. O Egito havia conquistado há pouco a capital

dos assírios e havia constituído CARQUEMIS como base

avançada do Egito.

Em Babilônia, nessa época, era rei Nabopolassar, pai de

Nabucodonosor, que era chefe dos exércitos da Babilônia;

jovem valente e audacioso guerreiro.

Nabucodonosor havia conquistado a Carquemis, às margens

do Eufrates, e o rei do Egito, cujo nome era Faraó-Neco,

subia do Egito para livrar Carquemis da mão dos inimigos.

Mas para ir do Egito a Carquemis, é necessário passar pela

Palestina. Ao passar por Megido, que é um local estratégico

na terra dos judeus, eis que o rei Josias, apesar de seu

brilhante comportamento diante do governo em Judá, sai-lhe

ao encontro; no fundo mesmo, para provocá-lo!

Faraó-Neco se achava ali de passagem e seu destino era

Carquemis. Não tinha nenhum interesse contra Judá ou seu

rei. Ver 2 Crônicas 35.20-24. Dessa forma, Josias, fora

da direção de Deus, acabou morrendo ali em Megido, e toda a

Jerusalém chorou e lamentou a sua morte. Josias morreu em

609aC. e Judá teve o seu trono vago e subiu para reinar

Jeoacaz, filho de Josias, quando tinha vinte e três anos e

começou a reinar em Jerusalém. Mas o reinado de Jeoacaz

durou apenas três meses. Veio Faraó-Neco e depôs a Jeoacaz,

tomou o trono e colocou como rei a Eliaquim, cujo nome foi

mudado para Jeoaquim, subjugando agora o povo de Judá ao

Egito. Faraó-Neco obrigou Judá a pagar tributos ao Egito,

e os judeus passaram então a pertencer ao império Egípcio.

Quanto a Jeoacaz, foi levado para o Egito onde morreu.

Veja 2 Reis 23.31-37.

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Esse rei Jeoaquim, que estava submisso ao Egito, foi o

rei em cujo terceiro ano de reinado se deu a invasão de

Nabucodonosor sobre Jerusalém, dando início ao cativeiro de

Babilônia em 606 a.C.

Jeoaquim tinha vinte e cinco anos quando começou a

reinar e seu reinado durou onze anos, tendo feito um mal

governo aos olhos do Senhor.

Devido ao mau procedimento de Jeoaquim, Deus

providenciou a Babilônia para promover o castigo sobre

Judá. Ver 2 Reis 23.37.

No terceiro ano do reinado de Jeoaquim, subiu

Nabucodonosor, rei de Babilônia, e conquistou a Jerusalém

das mãos de Faraó-Neco e subjugou a nação e a Jeoaquim,

deixando-o no trono. (Jeoaquim continuou rei; mas agora

submisso a Babilônia). Ver 2 Reis 24.1 e Daniel 1.1.

Judá ficou três anos sob o domínio do Egito e passou em

seguida para o domínio da Babilônia, sendo essa data o

marco inicial do cativeiro de Judá.

Jeoaquim era inimigo de Jeremias e Jeremias foi o

profeta do cativeiro, tendo permanecido em Judá após a

invasão de Nabucodonosor. Ver Jeremias 26.21; 36.26.

A razão dessa inimizade era o mal governo de Jeoaquim e

as profecias de reprovação de Jeremias contra o seu

procedimento.

O rei Jeoaquim inicialmente aceitou bem a submissão à

Babilônia, mas após certo tempo, se rebelou contra

Babilônia. Nabucodonosor foi o instrumento que Deus usou

para reprimir e reeducar o seu povo. Se lermos 2 Reis 24.2

nós podemos observar:

2 REIS 24.2- Enviou o Senhor contra Jeoaquim bandos de

caldeus, e bandos de síros, e de moabitas e dos filhos de

Amom; enviou-os contra Judá para o destruir, segundo a

palavra que o Senhor falara pelos profetas, seus servos.

Nabucodonosor veio contra Jeoaquim, e encerrou o seu

reinado, colocando rei em seu lugar a Joaquim, que era

filho de Jeoaquim. 2 Reis 24.6.

Assim Joaquim foi rei de Judá sob o domínio de

Nabucodonosor, cujo império já era desde o Eufrates até o

rio do Egito. Joaquim também reinou mal, também não agradou

a Deus, e no oitavo ano de seu reinado, Nabucodonosor e

seus súditos militares cercaram a cidade e levaram o seu

rei preso, assim como sua família e os tesouros do Templo

do Senhor. Ver 2 Reis 24.13.

Foi nessa data que tivemos a segunda leva dos cativos de

Judá para a Babilônia. A primeira leva de cativos se deu em

606 a.C., quando Nabucodonosor conquistou a Jeoaquim no

terceiro ano de seu reinado. Na primeira leva de cativos,

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11

Daniel e seus companheiros foram levados para a Babilônia.

Falaremos ainda sobre isso.

Nessa segunda leva de cativos de Jerusalém para a

Caldéia, Nabucodonosor levou por volta de dez mil cativos

principalmente os artesãos e os artífices, e aquelas

pessoas que tinham alguma habilitação profissional, como

carpinteiros e ferreiros, e não deixou nenhum, a não ser o

povo da terra, o lavrador. Foi nessa leva de cativos que

foi levado Ezequiel para a Babilônia. Enquanto Jeremias

permaneceu em Jerusalém. Pode-se ler sobre isso em 2 Reis

25.1-22. Ainda voltaremos a falar sobre esse assunto.

Destituído Joaquim do trono de Judá, o rei de Babilônia

colocou em seu lugar a Matanias, cujo nome foi trocado para

Zedequias que se constituiu no último rei de Judá.

Zedequias reinou durante onze anos e também se rebelou

contra Babilônia e mais uma vez, já no undécimo ano de seu

reinado, novamente Nabucodonosor investe contra o rei de

Judá e contra Jerusalém. Desta vez Nabucodonosor cercou a

cidade de Jerusalém por mais ou menos um ano, até que se

esgotaram todos os seus recursos dentro dos seus muros,

obrigando os judeus a se renderem e destruiu totalmente a

cidade de Jerusalém, seus muros, seus palácios e o Templo

Sagrado.

Foi nessa última invasão que se alguém escapou da espada

então foi levado cativo para Babilônia.

Quanto à família do rei Zedequias, foram degolados os

seus filhos, na presença do próprio rei e, quanto ao

próprio, vazaram-lhe os olhos e o levaram vivo para

Babilônia.

Em Jerusalém não ficou nada que não estivesse queimado

ou derrubado. Pode-se ler sobre isso em 2 Reis no capítulo

25 e 2 Crônicas capítulo 36.

Essa última invasão ocorreu no ano de 586 a.C.,

portanto vinte anos depois do início do cativeiro em 606

a.C.. Essa invasão determina o marco inicial dos TEMPOS

DOS GENTIOS de Lucas 21.24. Hoje, já são passados mais de

dois mil e quinhentos anos e Jerusalém ainda continua

pisada pelos gentios.

O local do Templo sagrado, atualmente, está sob o

domínio dos árabes e em seu lugar está construída a

Mesquita de OMAR. Jerusalém constitui hoje a cidade santa

também para os muçulmanos, além dos judeus e dos cristãos.

Não confundir:

a) Tempos dos gentios

b) Plenitude dos gentios.

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a) Tempos dos gentios:

A Bíblia usa essa expressão em:

LUCAS 21.24 -... até que os tempos dos gentios se

completem, Jerusalém será pisada por eles.

Essa expressão foi do próprio Jesus relatada por Lucas,

onde vemos que o tempo dos gentios está relacionado com

Jerusalém e o povo não judeu. É uma expressão que se

refere ao período que iniciou com a invasão de

Nabucodonosor a Jerusalém, quando a destruiu totalmente na

terceira invasão, por volta de 586 a.C. e terminará na

segunda vinda de Jesus, quando Jerusalém retornará ao povo

Judeu.

Tempo dos Gentios corresponde então ao período no qual

os gentios têm domínio sobre Jerusalém; daí a expressão:

será pisada por eles.

O período dos gentios iniciou com uma profanação do

templo e sua destruição e terminará também com uma

profanação, que será desenvolvida pelas bestas do

Apocalipse. Esse período, portanto, não faz nenhuma alusão

à Igreja, nem tem nenhuma relação com ela.

b) Plenitude dos gentios.

Esse período se refere ao espaço de tempo no qual Israel

se acha desviado dos caminhos do Senhor, período no qual

não reconhecem a Jesus como o Messias e corresponde ao

período da existência da Igreja aqui nesta terra. Teve

início no dia do Pentecostes e terminará no dia do

Arrebatamento da Igreja.

Nesse período, Israel não deixou de ser o povo escolhido

e tão pouco deixou de ser a videira plantada pelo Senhor,

usando a melhor semente. Israel continua sendo a nação

santa e escolhida. Mas a Igreja se constitui no povo de

Deus nesse período, tendo sido comprada pelo sangue de

Jesus, no sacrifício vicário da cruz, no Calvário.

Assim sendo terminará no Arrebatamento da Igreja e

corresponde ao período da graça, onde para ser salvo é

necessário aceitar a Jesus como Salvador, inclusive o povo

judeu.

O período chamado plenitude dos gentios coincide com o

intervalo entre a 69ª e 70ª semanas de Daniel, cujo tempo

está parado no relógio de Deus com relação a Israel.

INVASÕES E ATAQUES A JERUSALÉM

Vamos enfocar de forma mais minuciosa os ataques de

Nabucodonosor a Jerusalém. Foram três esses ataques e

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correspondem às três levas de cativos levados de Judá para

a Babilônia.

606 a.C.: INVASÃO INICIAL

Foi nessa data que teve início o cativeiro de Judá,

conseqüência da primeira invasão de Nabucodonosor em

Jerusalém. Nessa época, Jerusalém estava ainda sob o

domínio do Faraó-Neco, e era o terceiro ano de Jeoaquim.

Essa invasão:

Termina com o jugo Egípcio iniciado com a morte de Josias.

Inicia o jugo da Babilônia dando também início ao

cativeiro de Judá que durará por volta de 70 anos.

Nabucodonosor ordena a Aspenás, chefe de seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, tanto da

linhagem real como dos nobres, jovens sem nenhum defeito,

de boa aparência, instruídos em toda a sabedoria, doutos em

ciência, versados no conhecimento e que fossem competentes

para assistirem no palácio do rei e lhes ensinasse a

cultura e a língua dos caldeus; escolhendo assim o que há

de melhor em Judá, levando cativo a Daniel e seus

companheiros para a Babilônia, entre outros.

Ver Daniel 1.1-4

597 a.C.: SEGUNDA INVASÃO

A segunda invasão ocorreu em 597 a.C. estando já

Jerusalém sob domínio Babilônico

Foi nessa invasão que Nabucodonosor derrotou a Joaquim e

o levou cativeiro para Babilônia.

Foi nessa invasão que Nabucodonosor levou para a

Babilônia a segunda leva dos cativos. Foi nessa invasão

que:

* Levaram Ezequiel para Babilônia e deixaram Jeremias em

Judá.

2 Crônicas 36.9,10 e 2 Reis 24.10-17.

Levaram por volta de dez mil judeus para o cativeiro, especialmente os profissionais.

Levaram os tesouros do Templo.

586 a.C.: TERCEIRO E ÚLTIMO ATAQUE

Esse foi o último ataque de Nabucodonosor a Jerusalém e

nesse também ocorreu a última leva de judeus para o

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cativeiro. Essa invasão foi contra Zedequias, o último rei

de Judá, e nela:

O cerco de Jerusalém durou mais de um ano.

Ninguém escapou ileso: quem não morreu a espada foi levado cativo.

Ocorreu a destruição total de Jerusalém e do Templo.

Atearam fogo em tudo aquilo que foi possível. Podemos observar então que:

1) Houve três levas de cativos e três invasões da

Babilônia em Jerusalém: 606, 597 e 586 a.C.

2) A terceira invasão foi a mais demorada e a mais

cruel, quando Jerusalém foi sitiada por mais de um ano e

houve a destruição total da cidade e do Templo.

3) Passaram-se vinte anos entre o início do cativeiro e

a destruição do Templo e de Jerusalém.

4) Jeremias foi profeta em Jerusalém durante o

cativeiro.

5) Daniel e seus companheiros foram levados cativos já

na primeira leva.

6) Ezequiel foi levado cativo na segunda invasão.

7) Foi na segunda invasão que foram levados mais de dez

mil judeus para o cativeiro da Babilônia.

8) Ezequias foi levado cativo para Babilônia.

O PORQUÊ DO CATIVEIRO

O povo de Judá iniciou o cativeiro na Babilônia no ano

de 606 a.C.,quando da invasão de Nabucodonosor sobre

Jerusalém, no ano terceiro de Jeoaquim, rei de Judá e

terminou em 536 a.C. no reinado de Ciro, o Persa.

A duração do cativeiro foi de setenta anos, profetizado

por Jeremias em seu Livro, no capítulo 25 verso 11.

Na verdade, Nabucodonosor não venceu o povo de Deus, mas

Deus entregou-o em suas mãos, de modo que a Babilônia foi

um instrumento nas mãos do Senhor, um executor dos planos

corretivos de Deus.

O cativeiro dos setenta anos está muito relacionado:

1º - Aos quatrocentos e noventa anos de uso da terra sem

se respeitar o ano sabático, que seria o ano de descanso da

terra. Para cada sete anos deveria existir um ano de

repouso da terra, mas Israel já tinha vivido quatrocentos e

noventa anos sem cumprir esta determinação de Deus. Nesse

ano sabático, Israel não deveria plantar e nem fazer uso da

terra, pois seria ano de descanso da terra. Eles deveriam

guardar o produto da de modo que no sétimo ano a terra

pudesse descansar. Essa era a orientação de Deus e dos

profetas. 2 Crônicas 36.21.

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Como houve desobediência do povo, então Deus levou o

povo para o cativeiro, de modo a cumprir sua orientação e a

terra ficou os setenta anos descansando, de modo a

descansar um ano para cada sete de desobediência.

Isso é uma demonstração de que Deus vela e zela pela sua

Palavra e suas profecias. Com isso devemos estar atentos a

fim de ouvirmos e atendermos as diretrizes de Deus. No

Livro de Jeremias 25.9-11, Deus revela ao povo, através do

profeta Jeremias que Ele mesmo trará Nabucodonosor, ao qual

o Senhor chama de seu servo, contra o seu povo a fim de

destruí-los como castigo pele desobediência. Deus fala ali,

que fará cessar a alegria e a luz de candeeiro de seu povo.

No verso 11 Deus fala que Israel será escravizado por

setenta anos na Babilônia. Ver Jeremias 25.9 a 11.

O livro de 2 Crônicas, capitulo 36 e versos do 14 ao 21,

fala da terceira invasão da Babilônia e da matança que

houve em Jerusalém. Fala também da destruição dos muros, e

dos objetos preciosos, e ainda do terror sofrido pelo povo.

Ver 2 Crônicas 36.14-21.

2º - Prostituição religiosa e rebeldia contra Deus.

A Bíblia fala em II Crônicas 36.16 e 17 que o povo de

Deus zombava dos seus mensageiros, desprezavam a Palavra de

Deus e desprezavam também aos seus profetas, até que subiu

a ira de Deus contra eles. Leia 2 Crônicas 36.16,17.

CONSEQÜÊNCIAS DO CATIVEIRO

AS conseqüências do cativeiro são aquelas coisas que

aconteceram por terem passado pelo castigo da escravidão na

Babilônia. Algumas dessas conseqüências são:

Foi abolida de uma vez por todas a idolatria entre os judeus.

Os judeus passaram a respeitar a Lei de Moisés com difusão e estudo dessa lei nas reuniões que começaram a

ser periódicas nas Sinagogas.

Surgiram as Sinagogas a partir do cativeiro porque o povo não tinha aonde ir, onde se reunir nem onde adorar ao

seu Deus.

Ocorreu o avivamento da promessa Messiânica, porque o povo se voltou para Deus e se voltou para o estudo de sua

Palavra.

Ocorreu o aperfeiçoamento do sentimento de

patriotismo.

Ver Salmo 137.

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UM POUCO SOBRE DANIEL

Daniel é um nome Hebraico que quer dizer ―Deus é meu

Juiz‖. Ele foi considerado (e ainda o é) um dos gigantes na

fé.

Daniel procedia de uma família que, segundo Flávio

Josefo, era de nobreza real. Foi o maior intérprete de

sonhos e visões entre os homens de Deus. O seu livro foi

escrito na Babilônia e provavelmente foi concluído em 534

a.C., constituindo-se em integrante do cânon hebraico.

Sua profecia sobre as setenta semanas, conhecida como

―as Setenta Semanas de Daniel‖, ainda é muito atual e

moderna, apesar dos dois mil e quinhentos anos que já se

passaram. Dessas setenta semanas, sessenta e nove já são

passadas, como veremos oportunamente, mas a última delas

ainda não se cumpriu. A respeito do cumprimento das

sessenta e nove semanas, a profecia se cumpriu detalhe por

detalhe na data profetizada, exatamente, de forma precisa,

e na data profetizada. O cumprimento das sessenta e nove

semanas foi tão fiel que existem incrédulos colocando em

dúvida a autoria do livro, dizendo que foi escrito depois

dos acontecimentos dos fatos.

A refinada Teologia do Livro, no Velho Testamento,

representa um grande avanço profético e doutrinário, onde

temos desde a hierarquia angelical, onde os anjos são

chamados pelos seus nomes, até o ensino sobre a

ressurreição dos mortos. Daniel foi o primeiro a mencionar

a ressurreição dos mortos. Ver Daniel 12.2

Daniel foi levado cativo para Babilônia já na primeira

leva dos cativos em 606 a.C. Nessa época tinha entre quinze

e dezesseis anos; um verdadeiro adolescente. Era um moço

sábio, perfeito, saudável, douto em ciência e no saber; de

refinada competência, a ponto de ser escolhido junto com

outros três, também pertencentes à nobreza, para

permanecerem na corte Babilônica, junto ao rei.

Daniel desenvolveu sua vida no exílio e permaneceu em

Babilônia até por volta de 530 a.C., quando já tinha por

volta de noventa anos.

Na corte, suas primeiras atividades proféticas foram

interpretar sonhos e visões dos outros.

Daniel passou a ter suas próprias visões num estágio

posterior, sendo a profecia das setenta semanas uma das

mais importantes, atual até o dia de hoje. Também ainda é

de relevante importância as profecias dos capítulos dez,

onze, e doze do seu livro, onde apresenta em detalhes

profecias que se referiam ao futuro próximo e distante dos

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seus dias. No Livro de Daniel achamos as bases do Livro de

Apocalipse, escrito por João, mas cujo autor é Jesus.

Daniel ao chegar à corte Babilônica, junto com os seus

três companheiros, foi fazer uma espécie de curso, estágio

ou faculdade, com duração de aproximadamente três anos,

onde deveriam estudar a língua, os hábitos, a cultura e as

tradições do povo caldeu, na companhia de jovens

selecionados em todo o império, oriundos de toda parte do

mundo conhecido.

Foi durante esse estágio que Daniel e seus companheiros

recusaram o manjar e iguarias da mesa do rei, cuja atitude

achou graça e aprovação da parte de Deus. Daniel 1.8-12.

Daniel se manteve sempre numa conduta impecável, reto

diante de Deus e dos homens, de modo a não se achar nele,

nunca, nenhuma falta. Daniel 6.5.

A Bíblia não fala da vida particular de Daniel e por

isso nada se sabe sobre a sua família.

Ezequiel dá testemunho da vida irrepreensível de Daniel.

Vide Ezequiel 14.14-20; 28.3.

Podemos esboçar seu livro em duas partes:

I - Histórica. Daniel capítulos 1 ao 6.

II - Profética. Daniel capítulos 7 ao 12.

I – Histórica

Daniel na corte babilônica: Daniel capítulo 1.

Visão de Nabucodonosor: Daniel capítulo 2.

A fornalha de fogo ardente: Daniel capítulo 3.

A humilhação do grande rei: Daniel capítulo 4.

A queda do império babilônico: Daniel capítulo 5.

Daniel e o império Medo-Persa: Daniel capítulo 6.

II – Profética

A visão dos quatro animais: Daniel capítulo 7.

A visão do carneiro e o bode: Daniel capítulo 8.

As Setenta Semanas de Daniel: Daniel capítulo 9.

A profecia final: Daniel capítulo 11.

Os reis vindouros: Daniel capítulo 12.

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DANIEL

NO PASSADO E NO PORVIR

I PARTE

DANIEL CAPÍTULOS DE 1-6

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CAPÍTULO 1

DANIEL NA CORTE BABILÔNICA

Daniel Capítulo 1.1-7

1 - No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá,

veio Nabucodonosor, rei de Babilônia a Jerusalém, e a

sitiou.

2 - O Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoaquim, rei de

Judá, e alguns dos utensílios da casa de Deus; a estes os

levou para a terra de Sinear, para a casa do seu deus e os

pôs na casa do tesouro do seu deus.

3 - Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que

trouxesse alguns dos filhos de Israel, assim da linhagem

real como dos nobres,

4 - jovens sem nenhum defeito, de boa aparência,

instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, e

versados no conhecimento, e que fossem competentes para

assistirem no palácio do rei; e lhes ensinasse a cultura e

a língua dos caldeus.

5 - Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas

iguarias da mesa real, e do vinho que ele bebia, e que

assim fossem mantidos por três anos, ao cabo dos quais

assistiriam diante do rei.

6 - Entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel,

Hananias, Misael e Azarias.

7 - O chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber:

a Daniel o de Beltessazar; a Hananias o de Sadraque, a

Misael o de Mesaque, e a Azarias o de Abede-Nego.

Daniel aprendera muito, embora fosse tão jovem, a cerca

do Deus de Israel, com o rei Josias e com o profeta

Jeremias, além de outros. Daniel tinha entendimento sobre

a importância da fidelidade a Deus.

O verso um estabelece a época da invasão de

Nabucodonosor em Jerusalém. Isso ocorreu no ano terceiro

do reinado de Jeoaquim, que fizera um mau governo aos olhos

do Senhor.

O Verso dois diz: Deus entregou nas mãos de

Nabucodonosor a Jeoaquim, rei de Judá, e alguns dos

utensílios da casa de Deus. Esses utensílios sagrados

foram levados para a terra dos Caldeus, mais exatamente

para Sinear, onde se achava a casa do deus de Babilônia. O

deus de Babilônia não era outro senão o Baal dos Hebreus em

Israel.

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Essa expressão ―entregou em suas mãos‖ é uma referência

à perseverança de Deus em se opor a tal atitude. Na

verdade, Deus não queria, mas o povo era muito obstinado.

Israel se achava corrompido, desviado e fazia pouco da

palavra do Senhor e por esse motivo foi condenado, devido à

idolatria, prostituição e soberba. Veja 2 Reis 21.1-15 e 2

Crônicas 36.14,15.

Deus havia resistido a tal idéia, e deu uma pausa

durante o reinado de Josias, mas sua tolerância se

esgotara. Apenas poupou a Josias e ainda deu-lhe a sua

palavra de que não veria esse mal, pois obrara o que era

reto diante do Senhor, e reconduzira o povo à presença de

Deus. Pode-se ler sobre isso em 2 Reis 22.16-20.

Mas no período de Jeoaquim, que fez o que era mal diante

dos olhos do Senhor, e ainda perseguiu o profeta Jeremias.

Jeoaquim não deu ouvido à voz de Deus ou aos seus profetas

e suas exortações. O povo estava distante de Deus e por

essa razão, Deus os entregou a Nabucodonosor, instrumento

de sua disciplina.

Deus não entregou somente o povo, mas a cidade santa e

também o templo sagrado e tudo o que nele havia. Não tinha

sentido preservar a santificação dos vasos, dos utensílios

e do Templo Sagrado, com o povo desviado ou no cativeiro.

A santificação é primordial no relacionamento com Deus.

Veja Hebreus 12.14, onde temos que sem a santificação

ninguém verá ao Senhor.

Não havia santificação no Templo, nem poderia haver se o

povo estava desviado. Importante para Deus é o povo, não os

utensílios materiais. Tanto que, hoje, Deus não habita mais

em ―construções‖ humanas, mas em nós. Hoje somos o ―templo‖

do Espírito Santo. Romanos 8.9,11; 1 Coríntios 3.16;6.19

Essa foi a razão de Deus permitir a destruição do Templo

em Jerusalém, como também da cidade.

Nos versos três e quatro temos as orientações de

Nabucodonosor aos chefes dos Eunucos: Escolher jovens sem

nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda a

ciência, versados no conhecimento. Corresponde à ―nata‖ da

sociedade. Sobretudo jovens competentes a fim de servirem

na corte Babilônica. Seriam encaminhados inicialmente para

um ―estágio‖ ou curso, com duração de três anos, junto ao

palácio do rei, onde aprenderiam a língua e a cultura dos

caldeus.

Daniel e seus companheiros foram achados satisfazendo

integralmente essas exigências e, portanto, foram

escolhidos para a corte Babilônica.

Como fator de justiça, diante de uma seleção tão

exigente, o rei determinou que esses jovens tivessem o

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privilégio de receberem a porção diária das finas iguarias

da mesa real, incluindo-se o vinho que era servido ao rei.

Isso por todo o período dos três anos, na formação da nova

cultura.

Entendemos que isso seria mesmo um privilégio! Mas

Daniel, em seu estado de santificação, apesar de sua tenra

idade, reconheceu nessa atitude uma artimanha de Satanás,

um ardil astuto, onde se contaminaria com comida

sacrificada aos ídolos.

Daniel entendeu que isso seria um primeiro passo, em

terra estranha, para se distanciar de seus princípios de

fidelidade a Deus e preferiu se abster desse privilégio,

trocando-o por frutas e legumes.

Satanás é muito astuto e quando tenta derrubar os

crentes ele não vem mostrando suas garras, mas vem

disfarçado dentro daquilo que parece natural, mas é

armadilha onde o crente cai se não estiver ligado com Deus.

Precisamos pedir a Deus que nos conceda do Espírito de

discernimento, a fim de percebermos quando se trata dos

ardis de Satanás. Ver Atos 16 a partir do verso 16 e veja o

Espírito de discernimento de Paulo, Espírito esse que

devemos ter também em nós.

Ao chegarem à corte Babilônica havia interesse em que os

expatriados se esquecessem de sua pátria, dos seus hábitos

e costumes. Por esse motivo foram trocados os nomes de

Daniel e de seus companheiros: Hananias, Misael e Azarias.

Essa troca de nomes era estratégica e visava contribuir

para que perdessem a identidade JUDAICA e renunciassem sua

fé; se esquecessem de seu povo, da sua Pátria e de seu Deus

e, com novo nome, iniciassem nova identidade, uma nova

vida, uma nova fé.

Naquela época os nomes implicavam significados

importantes, e às vezes o próprio nome fazia referência ao

caráter da pessoa. Vejamos os significados dos nomes de

Daniel e de seus companheiros.

A mudança do nome de Daniel e seus companheiros foram do

hebraico para o caldeu:

HEBRAICO CALDEU

Daniel Beltessazar

Misael Mesaque

Azarias Abede-Nego

Ananias Sadraque

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O significado dos nomes em hebraico:

Daniel Deus é meu Juiz.

Misael Quem é igual a Deus.

Azarias Deus é meu ajudador.

Ananias Jeová é gracioso.

O significado dos nomes em Caldeu:

Beltessazar (Daniel) Bel te proteja.

Mesaque (Misael) Não se sabe o significado.

Abede-Nego (Azarias) Servo de Nebo.

Sadraque (Ananias) Ordem de AKU.

NOTA: AKU era uma deusa dos Babilônios. Bel e Nebo

também eram deuses Babilônicos.

Mas Daniel, embora tão jovem, e embora tão arriscado

fosse tal comportamento, propôs no seu coração não se

contaminar com as finas iguarias da mesa real.

Isso é um verdadeiro exemplo para nossa mocidade. É uma

lição que nos diz: é possível ser fiel a Deus em todas as

provas da juventude, em casa e fora dela, junto aos pais,

ou distante deles! A fidelidade a Deus não tem faixa

etária. Deus ama a todos os que lhe são fiéis. A Bíblia

recomenda que devemos nos lembrar de nosso Criador nos

dias de nossa mocidade, pois é um período no qual temos

muita energia e muita disposição e podemos servir a Deus no

auge da nossa força. Veja Eclesiastes 12.1. Muitas pessoas

se voltam para Deus em sua velhice por ter medo da morte,

mas Deus se agrada daqueles que dele se aproximam porque o

ama e têm desejo de adorá-lo.

O PROPÓSITO DE DANIEL

Capítulo 1.8-21

8 - Resolveu Daniel firmemente não se contaminar com as

finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então

pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se

contaminar.

9 - Ora Deus concedeu a Daniel misericórdia e

compreensão da parte do chefe dos eunucos.

10 - Disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do

meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa

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23

bebida; por que, pois, veria ele os vossos rostos mais

abatido que o dos outros jovens da vossa idade? Assim

poríeis em perigo a minha cabeça para com o rei.

11 - Então disse Daniel ao cozinheiro – chefe, a quem o

chefe dos eunucos havia encarregado de cuidar de Daniel,

Hananias, Misael e Azarias:

12 - Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e

que se nos dêem legumes a comer e água a beber.

13 - Então se veja diante de ti a nossa aparência e a

dos jovens que comem das finas iguarias do rei, e, segundo

vires, age com os teus servos.

14 - Ele atendeu, e os experimentou dez dias.

15 - No fim dos dez dias, as suas aparências eram

melhores; estavam eles mais robustos do que todos os jovens

que comiam das finas iguarias do rei.

16 - Com isto o cozinheiro - chefe tirou deles as finas

iguarias e o vinho que deviam beber e lhes dava legumes.

17 - Ora, a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento

e a inteligência em toda cultura e sabedoria; mas a Daniel

deu inteligência de todas as visões e sonhos.

18 - Vencido o tempo determinado pelo rei para que os

trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe à presença de

Nabucodonosor.

19 - Então o rei falou com eles; e entre todos, não

foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e

Azarias; por isso passaram a assistir diante do rei.

20 - Em toda matéria de sabedoria e de inteligência,

sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais

doutos do que todos os magos e encantadores que havia em

todo o seu reino.

21 - Daniel continuou até ao primeiro ano do rei Ciro.

Aqui nós temos Daniel na corte, juntamente com seus

companheiros Hananias, Misael, e Azarias, e ainda outros

jovens escolhidos de outras nações. A situação desses

jovens era realmente privilegiada, embora estivessem em

cativeiro, vejamos:

1- Estavam na corte do rei, sendo esse rei o mais nobre

dos existentes até então em termos de poderio e autoridade.

2- Haviam passado em um ―vestibular muito difícil‖, cuja

seleção não foi só do conhecimento, mas também físico e

econômico.

3- Estavam cursando uma ―faculdade‖ com duração de três

anos para depois serem aproveitados em destaque no reino.

4- Foram privilegiados com a porção das finas iguarias

da mesa do rei, e até mesmo do vinho que ele bebia.

Ora, sem dúvida alguma, isso era muito honroso e a

posição era privilegiada entre os exilados.

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24

Admitir um comportamento diferente das propostas

padronizadas ou gerais aqui, era muito perigoso. O rei era

absolutista. Matava a quem queria, sem julgamento nenhum e

promovia a quem desejasse sem dar satisfação a ninguém.

Concentrava em suas mãos todo o poder de forma autoritária

e absoluta.

Daniel e seus companheiros sabiam disso. Tinham plena

consciência de onde estavam e com quem estavam lidando.

Mas em seu coração sábio, e cheio do Espírito Santo,

Daniel entendeu que seria contaminação participar de tal

mesa. Daniel entendeu ser o primeiro passo para quebrar a

fidelidade para com seu Deus, embora fosse atitude

aparentemente inócua, essa de comer da comida da mesa do

rei.

Por entender dessa forma, teve um comportamento humilde

e inteligente, e ―pediu‖ ao chefe dos eunucos que lhe

concedesse não se contaminar. Verso oito.

No verso nove, observamos a mão de Deus trabalhando a

seu favor, quando diz que Daniel encontrou misericórdia e

compreensão por parte do chefe dos eunucos. Essa pretensão

era muito arriscada para todos e no verso 10 vemos a

preocupação e o temor desses homens diante de possíveis

conseqüências desastrosas: poderia até mesmo rolar alguma

cabeça como castigo maior.

Mas Deus estava nesse negócio, e Deus coroou a

fidelidade de Daniel e de seus companheiros. Era

aparentemente mais fácil e muito mais natural comerem da

mesa do rei. Comida boa, altamente selecionada, de bom

tempero; apetite para comer tinha-se de sobra, o natural

seria participar dessa mesa! Eram jovens, em pleno

desenvolvimento, a comida era muito bem-vinda.

Especialmente essa que vinha da mesa do rei. Mas existe uma

diferença entre aqueles que servem a Deus e os que não o

servem (Malaquias 3.8), e os crentes são separados devido

ao seu estado de santificação. Os crentes necessitam ser

diferentes dos demais habitantes do mundo, pois esses:

a) São lavados no sangue de Jesus.

b) Possuem o nome escrito no Livro da Vida.

c) Estão esperando a volta de Jesus.

d) São o templo do Espírito Santo de Deus.

e) Experimentaram o Novo Nascimento.

E aqueles:

a) Não conhecem a Jesus como Salvador.

b) Não possuem o nome no Livro da Vida

c) São escravos de Satanás e vivem presos em seus laços.

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25

d) São sinagogas de Satanás.

e) Nunca nasceram de novo para entrarem no reino dos

céus.

Ora, então, tem que haver uma diferença!

...―Tenho medo de meu Senhor, o rei, que determinou a

vossa comida e a vossa bebida... Disse o eunuco (Daniel

1.10). Tratava-se de ordens do próprio rei. Não cumpri-las

poderia resultar no abatimento daqueles jovens que,

comparados com outros, poderia denunciar alguma diferença e

acusá-los da mudança no cardápio.

Podemos deduzir daqui que o nosso comportamento pode

atingir a vida das outras pessoas. Podemos entender também

que muitas vezes a segurança e a tranqüilidade dos outros

dependem de nós e de como nos comportamos. Por esse motivo

devemos estar sempre na direção e na orientação de Deus, a

fim de sermos uma bênção onde nos encontrarmos, a fim de

sermos um verdadeiro canal de luz e de bênçãos.

No verso 12 vemos uma demonstração da fé de Daniel, onde

ele faz uma proposta de fé: ...“experimenta, peço-te, os

teus servos durante dez dias, e nos dêem de comer legumes e

a beber água”.

Uma demonstração de fé: se Deus quer que prossigamos

nesse propósito, ele vai atuar e nós teremos sucesso nessa

direção. Quando estamos na direção de Deus, devemos nos

preocupar somente com a nossa parte, porque a parte de

Deus, Ele a proverá. Deus nunca desampara os seus fiéis.

Deus requer que tenhamos o firme propósito da fé. Deus

muitas vezes espera o nosso primeiro passo.

No verso 13 temos a pauta contratual: ―Então se veja a

nossa aparência e a aparência dos demais e então poderás

agir conforme os resultados‖.

Assim foi estabelecido um acordo que foi desenvolvido

durante certo período conforme verso 14: ―Ele atendeu e os

experimentou dez dias‖.

E no fim desse período os resultados: Deus operou

maravilhosamente dando aos seus servos conforto, consolo e

desenvolvimento; diz o verso 15: ―no fim dos dez dias, suas

aparências eram melhores, estavam mais robustos do que

todos os jovens que comiam das finas iguarias da mesa do

rei‖!! É assim mesmo, Deus não desampara aqueles que nEle

confiam, aqueles que nEle esperam. Veja 64.4 do Livro de

Isaías.

A experiência havia dado certo, e o espírito da

tranqüilidade atingiu a todos, e no verso 16 encontramos

registrado o sucesso: ―com isso o cozinheiro chefe tirou

deles as finas iguarias e o vinho a eles destinado, e lhes

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26

servia legumes com água‖, consolidando um novo cardápio com

duas dietas diferentes.

Assim prosseguiu Daniel e seus companheiros, ao longo

daquele estágio cuja duração foi de três anos. Deus em tudo

os abençoava. Especialmente a Daniel. O verso 17 refere que

Deus incrementou-lhes o conhecimento, a inteligência em

toda cultura e sabedoria. Mas a Daniel Deus o presenteou

com um dom especial: O dom de interpretar sonhos e visões.

Podemos deduzir daqui e com muita clareza, que é Deus quem

dá a sabedoria, quem dá o conhecimento e a inteligência. A

nós nos cabem ―buscar‖ e ―manter‖ essas dádivas oriundas em

Deus.

A Bíblia não fala em detalhes desse período se não o que

já foi exposto, e assim chegamos ao final desse ―estágio‖.

Vencido o tempo determinado para que esses jovens fossem

formados em toda ciência e cultura dos caldeus, os jovens

foram submetidos à prova final, e essa não foi na escola!

Não foi aplicada pelos professores do convívio diário, mas

foi aplicada pelo próprio rei. A prova final foi do tipo

oral. As provas orais são as mais difíceis no âmbito da

avaliação de aprendizado.

Quando, em épocas passadas, na época em que eu cursei os

cursos fundamentais, me lembro muito bem, quando eu era

submetido a esta técnica de avaliação. O exame oral era o

pavor dos alunos, e tínhamos que estudar a fim de conhecer

a matéria e sermos desinibidos ao sermos examinados.

Tínhamos que nos expressar bem, não era somente saber a

matéria. Ali, diante do rei, a situação não era diferente,

pelo contrário, era mais complicada, pois se tratava do

próprio rei.

Agora estamos na presença do rei (verso 18).

O verso dezenove nos apresenta os resultados finais:

entre todos os estudantes da mesma época, não foram achados

outros como Daniel e seus companheiros. Eles tinham se

destacado como os melhores de todos. Deus é fiel! A

fidelidade de Deus não é medida pela extensão da nossa,

graças a sua misericórdia e seu infinito amor. Aqui temos a

operação de Deus naquelas vidas.

Esse ―todos‖ inclui não somente os companheiros dos

jovens judeus, oriundos de outras nações, mas também os

sábios, mágicos, astrólogos e toda sorte de ―doutor‖

naquela época. É só ver o verso vinte onde temos: “Em toda

matéria de sabedoria e de inteligência, sobre que o rei

lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que

todos os magos e encantadores que havia em todo o seu

reino”.

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27

Como consequência disso, esses jovens judeus foram

escolhidos, entre todos, para permanecerem na presença do

rei.

Aqui temos outro ensinamento muito importante: Não é

nenhuma humilhação para um ―líder‖ (de qualquer natureza)

agrupar um conjunto de assessores formados por pessoas

inteligentes e sábias, pois elas em muito poderão

contribuir para o seu sucesso. Ninguém é tão sábio que

dispensa o conselho, ninguém é tão sábio de modo a não ter

o que aprender com alguém.

No verso 21 temos que Daniel permaneceu na corte até o

rei Dario. Daniel resistiu durante três grandes reis:

Nabucodonosor, Dario e Ciro. Todos entenderam o quanto

Daniel podia ser útil. Assim Daniel ocupou posição de

grande destaque, posição privilegiada, tendo atingido em

sua vida maior honra do que José, pois este foi governador

apenas do Egito, e Daniel o foi no maior império mundial

existente até os seus dias.

Daquilo que já estudamos até aqui, já podemos deduzir

que:

1- Deus é como um pai, se necessário for, corrige os

seus filhos, embora isso possa lhe causar maior dor. Deus

corrigiu o povo de Israel utilizando-se da Babilônia como

instrumento da correção. Veja o que está escrito em

Apocalipse 3 verso 19.

2- Deus também chama jovens sábios e fortes para o seu

trabalho e espera deles fidelidade e santificação. Os

jovens fazem parte ativa dos exércitos de Deus. Sabemos que

ser fiel a Deus no período da mocidade é muito mais

difícil, mas veja o que diz em Lamentações 3 verso 27:

“Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade”.

3- O período da mocidade se caracteriza pela força e

pelas falta de experiência; devendo se juntar a isso a

longa expectativa de vida nesse período. Por essa razão

servir a Deus acaba sendo mais difícil nesse período. Mas a

Bíblia tem um estimulo ou uma advertência para os jovens,

em Eclesiastes capitulo 12 e verso 21, onde diz ―Lembra-te

do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham

os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho

neles prazer”.

4- Deus honra a fé de seus servos e é fiel em todos os

momentos de nossa vida.

5- Deus está atento ao desejo dos nossos corações quando

nosso desejo é para glória do nome do Senhor. Veja Salmo

37.4.

6- Satanás é muito astuto, inteligente e sutil, sempre

ataca de modo imperceptível e sempre pelo lado mais fraco

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das pessoas. Tudo parece ser natural, não tem nenhuma

aparência de maldade, mas é uma armadilha.

7- Até esse ponto entendemos também que a sabedoria, a

inteligência e o conhecimento são atributos de Deus.

Na verdade, a sabedoria é um dos atributos eterno de

Deus. Veja Provérbios 8.23 em diante e leia sobre a

sabedoria e o verso 26 diz assim: “Ainda ele não tinha

feito a terra, nem os campos, nem sequer o princípio do pó

do mundo”.

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CAPÍTULO 2

DANIEL E O SONHO DE NABUCODONOSOR

O capítulo dois é o único capítulo profético contido

nesta parte histórica do Livro de Daniel. Trata-se da

primeira profecia sobre os quatro reinados mundiais. Esses

reinos mundiais abrangem desde os dias de Daniel e se

estendem até a volta de Jesus. Veremos que após o final

desses reinados, Jesus estabelecerá o seu reino, o qual

além de mundial será eterno e cheio de paz. Esse capítulo 2

é o capítulo mais extenso do livro, tanto no sentido

literal, como no sentido espiritual quando consideramos a

extensão da profecia:

a) Sentido literal - é o maior capítulo do Livro de

Daniel.

b) No sentido espiritual - fala dos quatro reinados

mundiais, desde os dias de Daniel, até a segunda volta de

Jesus em poder e grande glória.

Vamos dividir o capítulo dois em seis partes, a saber:

Tema versículos

a) O sonho do rei 1 a 13

b) Daniel recorre a Deus 14 a 18

c) O Deus da revelação 19 a 30

d) A revelação do sonho 31 a 35

e) A interpretação do sonho 36 a 45

f) A recompensa 46 a 49

a) O SONHO DO REI

Capítulo 2.1 - 13

1 - No segundo ano do reinado de Nabucodonosor teve

este sonho; o seu espírito se perturbou e passou-se-lhe o

sono.

2 - Então o rei mandou chamar os magos, os

encantadores, os feiticeiros, e os caldeus, para que

declarassem ao rei quais lhe foram os sonhos; eles vieram e

se apresentaram diante do rei.

3 - Disse-lhes o rei: Tive um sonho; e para sabê-lo está

perturbado o meu espírito.

4 - Os caldeus disseram ao rei em aramaico: Ó rei, vive

eternamente! Dize o sonho a teus servos, e daremos a

interpretação.

5 - Respondeu o rei, e disse aos caldeus: Uma coisa é

certa: se não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação,

sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas monturo;

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6 - mas se me declarardes o sonho e a sua interpretação,

recebereis de mim dádivas, prêmios e grandes honras; portanto

declarai-me o sonho e a sua interpretação.

7 - Responderam segunda vez, e disseram: Diga o rei o sonho

a seus servos, e lhe daremos a interpretação.

8 - Tornou o rei, e disse: Bem percebo que quereis ganhar

tempo, porque vedes que o que eu disse está resolvido,

9 - isto é: Se não me fazeis saber o sonho, uma só sentença

será vossa; pois combinastes palavras mentirosas e perversas

para as proferirdes na minha presença, até que se mude a

situação; portanto dizei-me o sonho, e saberei que me podeis

dar-lhe a interpretação.

10 - Responderam os caldeus na presença do rei, e disseram:

Não há mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei

exige; pois jamais houve rei, por grande e poderoso que tivesse

sido, que exigiu semelhante cousa dalgum mago, encantador ou

caldeu.

11 - A cousa, que o rei exige, é difícil, e ninguém há que

a possa revelar diante do rei, senão os deuses, e estes não

moram com os homens.

12 - Então o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que

matassem a todos os sábios de Babilônia.

13 - Saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os

sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que

fossem mortos.

Esse capítulo introduz as atividades proféticas de Daniel e

o inicia no exercício de interpretar sonhos e visões. Já

vimos, no verso 17 do capítulo 1, que Deus dotou a Daniel desse

dom especial.

Os quatros judeus não se achavam na sociedade, eles ainda

se encontravam fazendo aquele aperfeiçoamento inicial e não

eram, portanto, reconhecidos como magos ou sábios ou adivinhos,

mas já eram conhecidos pela sabedoria que possuíam a qual era

fora do normal.

A profecia desse capítulo se estende por todo o período do

governo humano, isto é, até o final dos tempos. É, portanto uma

profecia atual. Parte dela já se cumpriu. Ela fala de quatro

impérios mundiais que serão estudados no decorrer do Livro de

Daniel, sendo aqui apenas uma visão panorâmica e global desses

quatro impérios. Desses impérios três já são passados e se

cumpriram com fidelidade absoluta. Trata-se de uma antevisão

panorâmica da história humana.

Inicia com um sonho que foi esquecido, envolvendo o rei de

Babilônia, Nabucodonosor. O grande problema desse monarca era

conhecer o significado do sonho; mas ele tinha se esquecido

sobre o que sonhara e qual era o sonho. (Versos 1,2,3).

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Verso um nos dá a informação da data do sonho: No segundo ano do reinado de Nabucodonosor teve este sonho; a parte final

desse versículo fala da preocupação do rei a seguir do sonho: o seu espírito se perturbou e passou-se-lhe o sono.

Reuniu então, o rei, os mais importantes magos, adivinhos,

feiticeiros, caldeus e ainda os sábios e propôs-lhes que lhe

dissessem qual foi o sonho e qual a sua interpretação. Ver

verso dois.

No verso três temos a exposição do rei: Tive um sonho; e

para sabê-lo está perturbado o meu espírito.

No verso quatro, naturalmente, os magos e seus companheiros

pedem ao rei a descrição do sonho se comprometendo em

interpretá-lo logo a seguir: ―... Ó rei, vive eternamente! dize

o sonho a teus servos, e daremos a interpretação.

Mas o grande problema é que o rei se esqueceu do sonho! E o

pior é que o rei quer a descrição do sonho e também a sua

interpretação, sendo que nem mesmo ele se lembra daquilo que

sonhou!!!

Ora, interpretar um sonho conhecendo o seu conteúdo, já não

é tarefa muito fácil, imagine isso sem conhecer o sonho.

Assim, o rei na sua ansiedade de se lembrar o sonho e

conhecer a sua interpretação; propõe no verso cinco, uma

verdadeira recompensa, seguida de uma terrível ameaça. Leia

Diante da solicitação dos magos, para que o rei lhes

descrevesse o sonho, o rei lhes diz a respeito do seu

esquecimento, mas não obstante, ele queria o sonho e a

interpretação. Ë nesse momento que o rei lhes apresenta a

promessa da recompensa ou sobre a ameaça do castigo. Ver Daniel

versos cinco e seis.

“Respondeu o rei, e disse aos caldeus: Uma coisa é certa:

se não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis

despedaçados, e as vossas casas serão feitas monturo;

Mas, se me declarardes o sonho e a sua interpretação,

recebereis de mim dádivas, prêmios e grandes honras; portanto

declarai-me o sonho e a sua interpretação”.

Nabucodonosor exigia muito, Na verdade, exigia o

impossível!

Lá estava Nabucodonosor sem dormir, agitado e inquieto.

Ele tinha noção de sua exigência e da limitação humana de seus

sábios. A base de tanta preocupação era o receio que o rei

tinha, a respeito de perder o seu trono.

Nabucodonosor associou o sonho com o futuro do seu reinado.

Seu maior desespero era: nem sequer conseguia se lembrar do

próprio sonho, daí a gravidade maior do problema. Esta missão

exigida por Nabucodonosor era extra-humana. Resolver um

problema dessa natureza somente nosso Deus, pois ninguém sabia

siquer qual era o sonho.

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No verso quatro, podemos observar o comportamento natural

daqueles homens, que foram chamados para esclarecer ao rei

sobre tal sonho, mas não tinham a descrição do sonho.

Magos ou sábios aqui é uma referência aos homens que se

dedicavam e entendiam as escritas mais antigas, tendo, portanto

uma capacidade maior de se esclarecer dentro da história e de

entender melhor as vicissitudes da vida. Entre eles alguns

usavam de feitiçarias e mágicas ou truques e eram conhecidos

também como feiticeiros. Tudo era decorrente do contato que

tinham com literaturas especialmente religiosas. Mas Daniel

tinha um dom divino, recebido de Deus, e por isso era capaz de

interpretar sonhos e visões e distingui-los dos sonhos

decorrentes ―do bucho cheio‖; ou seja, dos sonhos naturais,

decorrentes das ações cerebrais psicológicas, ou até mesmo

pesadelos.

As adivinhações e o poder das feitiçarias, a capacidade

evolutiva deste mundo e até mesmo a sabedoria e poder de

Satanás, é tudo muito limitado. Aqui, nesse caso, se tratava do

futuro da humanidade e por esse motivo somente Deus, o Deus

Onisciente, é que pode discernir e interpretar, sendo essa a

razão de ninguém poder ajudar o rei nessa situação tão

desesperadora.

No verso 6 temos uma promessa de recompensa, até mesmo

gratificante. Mas como alcançar o objetivo do rei sem a

descrição do sonho?

Nabucodonosor propõe: se me declarardes o sonho (verso

seis) e a sua interpretação, recebereis de mim dádivas e

prêmios, grandes honras, mas é necessário que me dêem o sonho

e sua interpretação.

Isso se constituía num problema humanamente impossível,

pois o rei não se lembrava do sonho!

Conhecendo exatamente onde estava a chave da dificuldade,

os magos, feiticeiros e adivinhos disseram ao rei pela segunda

vez:

―Diga o rei, o sonho a seus servos, e lhe daremos a

interpretação!‖ (verso sete)

Embaraçosa e complicada era a situação daqueles indivíduos,

pois não dispunham do sonho!

Mas o rei não estava para perder tempo. Sua preocupação era

profunda e temia pelo seu trono. Por isso foi colocando um

ponto final, interrompendo o diálogo, dizendo:

―Bem percebo que quereis ganhar tempo,‖ é como se dissesse:

―bem percebo que estais tentando me enrolar‖, por estarem

convencidos a respeito da sentença de morte! (Verso 8).

Todos os magos tinham plena convicção do poder do rei, e

que suas cabeças rolariam com certeza, mas não podiam resolver

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o problema, porque este era extra-humano. Como interpretar um

sonho sem tê-lo?!

Satanás não pôde ajudar os seus servos ali presentes,

porque Satanás não tem onisciência das coisas; não sabe nada

sobre o futuro; porque o futuro está somente em Deus. O

problema era sobre-humano, e sobre-satânico também! Nenhum

demônio poderia ajudar; nenhum mago ou feiticeiro poderia

resolver aquele desafio.

No verso nove há um reforço da ameaça:‖se não me fazeis

saber o sonho, uma só sentença será vossa; pois combinastes

palavras mentirosas e perversas para as proferirdes na minha

presença, até que se mude a situação; portanto dizei-me o

sonho, e saberei que me podeis dar-lhe a interpretação.

É como se Nabucodonosor trocasse em miúdos a sentença e o

faz em alta voz e bom tom:

―Se não me fazeis saber o sonho, uma só será a vossa

sentença: a morte.‖ Nabucodonosor foi taxativo: ―Dizei-me o

sonho já, e só assim saberei que são capazes de fazê-lo, e até

posso esperar um pouco pela interpretação‖ (verso nove).

Mas a situação não dependia dos homens, já que

Nabucodonosor não se lembrava do sonho a fim de facilitar o

problema.

No verso dez, os caldeus expõem a situação ao rei:

“Responderam os caldeus na presença do rei, e disseram: Não há

mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei exige; pois

jamais houve rei, por grande e poderoso que tivesse sido, que

exigiu semelhante cousa dalgum mago, encantador ou caldeu.

A cousa que o rei exige é difícil, e ninguém há que a possa

revelar diante do rei, senão os deuses, e estes não moram com

os homens”.

Mas o rei não se sensibilizou, pelo contrário, ficou

enfurecido. Pois exigia não só o sonho, mas também a

interpretação.

O rei se achava no direito de exigir, ainda que fosse o

impossível, porque ele era o maior de todos os reis não havendo

rei que fosse superior a ele, até então na história. Por esse

motivo, ele exigia: quero o sonho e a interpretação, caso

contrário, morrem todos! E logo!!! Veja verso 12:

Então o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que

matassem a todos os sábios de Babilônia.

Mas efetivamente os magos, sábios e caldeus ou feiticeiros

não foram capazes de resolver o problema, e o rei se irou muito

mandando matar a todos. Ver verso 12:

Saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os

sábios;...

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Como o rei não estava para perder tempo, já emitiu o

decreto, segundo o qual deviam ser mortos todos os sábios de

Babilônia.

Nabucodonosor pensava assim: ter os magos, sábios e

encantadores para não resolverem nada é melhor não tê-los,

assim já se sabe que não podemos contar com eles. E condenou à

morte todos os sábios da Babilônia. Todos deveriam ser mortos.

Nessa hora se lembraram de Daniel e de seus companheiros.

Veja ainda no verso 13 em sua parte final:...e buscaram a

Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos.

Daniel e seus companheiros não foram lembrados na hora da

solução daquele problema insolúvel, mas não foram esquecidos na

hora de pagar a conta.

Na verdade aquela foi uma tentativa de Satanás para

destruir a Daniel e seus companheiros.

Vamos ver a atitude de Daniel e de seus companheiros quando

foram procurados para serem mortos, devido ao decreto do rei.

B) DANIEL RECORRE A DEUS

Daniel 2.14-18

14 - Então Daniel falou avisada e prudentemente a Arioque,

chefe da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios de

Babilônia.

15 - E disse a Arioque, encarregado do rei: Por que é tão

severo o mandado do rei? Então Arioque explicou o caso a

Daniel.

16 - Foi Daniel ter com o rei e lhe pediu designasse o

tempo, e ele revelaria ao rei a interpretação.

17 - Então Daniel foi para casa, e fez saber o caso a

Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros,

18 - para que pedissem misericórdia ao Deus do céu, sobre

esse mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não

perecessem, com o resto dos sábios de Babilônia.

Tendo então saído o decreto do rei para que fossem mortos

todos os sábios, Arioque, o chefe da guarda do rei, responsável

pela execução do decreto, foi buscar a Daniel e seus

companheiros. (verso quatorze)

Daniel não sabia nada sobre o acontecido. Como já disse,

dele não se lembraram a fim de resolver o problema, mas não se

esqueceram na hora de pagar a conta.

De forma muito prudente, procurou saber o porquê de tanta

agressividade do rei, e pergunta ao chefe dos soldados: “Porque

é tão severo esse decreto do rei?”. Arioque deve ter explicado

a Daniel todo o fato acontecido de forma bem detalhada e

precisa. (verso quinze).

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Daniel, o rei teve um sonho que o deixou muito perturbado,

tendo chegado a ponto de perder a paz e o sono. Ele quer saber

qual a relação entre esse sonho e o trono.

Para se esclarecer e para que tivesse de volta a paz e

tranqüilidade, mandaram chamar a todos os sábios, os magos, os

encantadores, os feiticeiros e os caldeus a fim de que

interpretassem o sonho.

Mas o grande problema é que o rei não se lembra do sonho e,

além da interpretação, ele quer também a revelação do sonho e

isso não foi possível. O rei ficou furioso, muito furioso pela

incompetência total de tantos sábios e mandou matar a todos.

Você não foi convidado para participar, mas você é

considerado um gênio, você e seus companheiros.

Conheço a sua fama e a fama de seus companheiros quando se

tratam de inteligência, conhecimento e sabedoria, portanto

estão acima da média, e quem está acima da média é sábio, logo

tem que morrer também!

Após escutar toda a explicação de Arioque, diz o verso

dezesseis que Daniel foi ter com o rei.

Sem dúvida alguma, aqui nesse ponto, já há a intervenção

das mãos de Deus, pois Daniel não tinha nem sequer o direito de

saber, porque estava condenado à morte. O rei decretou e

pronto! Quem é Daniel, escravo estrangeiro, para fazer

perguntas, pois nem foi convidado para tentar a solução do

problema?

Mas não foi só isso, Daniel foi até a presença do rei, e

isso aconteceu quando os sábios já estavam condenados à morte.

Entretanto o rei estava tão ansioso em saber sobre o sonho,

que não perdeu a última e possível chance de saber sobre o seu

futuro, se estava ou não relacionado com o trono, e assim

Daniel pediu ao rei que lhe desse tempo para resolver o

problema.

Daniel expressou ali um ato de fé: ―Dá-me tempo, ó rei, e

te darei a solução. Eu te revelarei o sonho e te darei a

interpretação”. Ver verso 16.

Uma demonstração de fé, um compromisso extraordinariamente

sério, pois não havia mortal que resolvesse tal problema; mas

Daniel tinha o Espírito do Senhor. Certamente conhecia a

expressão de Davi. “Entrega o teu caminho ao Senhor e confia

nele, e ele tudo fará”. Salmo 37.5.

O rei também já não tinha alternativa: saber mesmo sobre o

sonho até esse momento, nada!! Quem sabe esse moço me dá alguma

luz! Se com os sábios vivos, Nabucodonosor não tinha esperança,

com todos mortos a situação seria mais difícil ainda! Assim,

Nabucodonosor não tinha escolha, era pegar ou largar. Afinal,

havia um restinho de esperança. Nabucodonosor permitiu a Daniel

um certo tempo, suspendendo temporariamente sua sentença. Na

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verdade o rei queria era saber sobre o sonho e não matar os

sábios de Babilônia. Assim Daniel foi para casa conforme

esclarece o verso dezessete e saiu da presença do rei confiante

em Deus; confiante que Deus o poderia salvar, não somente a

ele, mas também a todos os sábios da Babilônia. Chegando em

casa, convocou os companheiros a fim de que entrassem em

oração. (Verso dezoito).

Daniel entrou pela porta certa, e recorreu ao endereço

certo: A ORAÇÃO a fim de recorrer à misericórdia do Deus do

céu.

Esse é o caminho pelo qual devemos trilhar, na hora da

angústia, na hora do problema insolúvel, na hora da tribulação.

Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza e socorro bem

presente na angústia. Salmo 46.2.

Para Deus não há o impossível. Ver Lucas 1.37.

Para Deus não há limitação, suas mãos não estão encolhidas

para que não possa salvar e seus ouvidos agravados para que não

possa ouvir. Isaías 59.1

Nós não sabemos qual foi o tempo dado a Daniel. Sabemos

apenas que antes que se esgotasse esse prazo, o Deus dos seus

antepassados lhe revelou o mistério. Seguramente nesta noite

Daniel e seus companheiros passaram a noite em vigília e

oração.

Podemos deduzir aqui, que existe uma parte que é nossa na

aquisição de uma bênção da parte de Deus para nós. Deus atua em

nossas vidas, mas precisamos tomar parte na bênção de Deus para

nós.

c) O DEUS DA REVELAÇÃO

Daniel 2.19-30

19 - Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de

noite; Daniel bendisse o Deus do céu.

20 - Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus de

eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder;

21 - é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e

estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos

entendidos.

22 - Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que

está em trevas, e com ele mora a luz.

23 - A ti, ó Deus de meus pais, eu te rendo graças e te

louvo, porque me deste sabedoria e poder; e agora me fizeste

saber o que te pedimos, porque nos fizeste saber este caso do

rei.

24 - Por isso Daniel foi ter com Arioque, ao qual o rei

tinha constituído para exterminar os sábios de Babilônia;

entrou, e lhe disse: Não mates os sábios de Babilônia;

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introduze-me na presença do rei, e revelarei ao rei a

interpretação.

25 - Então Arioque depressa introduziu Daniel na presença

do rei, e lhe disse: Achei um dentre os filhos dos cativos de

Judá, o qual revelará ao rei a interpretação.

26 - Respondeu o rei, e disse a Daniel cujo nome era

Beltessazar: Podes tu fazer-me saber o que vi no sonho e a sua

interpretação?

27 - Respondeu Daniel na presença do rei, e disse: O

mistério que o rei exige, nem encantadores, nem magos, nem

astrólogos o podem revelar ao rei;

28 - mas há um Deus nos céus, o qual revela os mistérios;

pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser nos últimos

dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça quando estavas no

teu leito são estas:

29 - Estando tu, ó rei, no teu leito, surgiram-te

pensamentos a respeito do que há de ser depois disto. Aquele,

pois, que revela mistérios te revelou o que há de ser.

30 - E a mim me foi revelado este mistério, não porque haja

em mim mais sabedoria do que em todos os viventes, mas para que

a interpretação se fizesse saber ao rei, e para que entendesses

as cogitações da tua mente.

Daniel e seus companheiros tinham pela frente uma difícil e

delicada missão. Entraram pelo caminho da oração e diz o verso

dezenove que o mistério foi revelado numa visão, à noite.

Seguramente Daniel e seus companheiros não estavam dormindo. A

situação era muito grave para conseguirem dormir. Quero crer

que estavam em oração e Deus visitou a Daniel numa visão à

noite. Ao receber a dádiva da revelação do sonho, Daniel

louvou ao Senhor que honrou a sua fé, e com cânticos, louvou a

Deus (Versos 20-23).

Esse Deus entre outros atributos é o Deus da revelação:

“Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em

trevas, e com ele mora a luz” (Daniel 2.22).

Agora, mais aliviado, e com um coração tranqüilo, de posse

da solução de um problema insolúvel, dentro das condições

humanas, onde se incluía também o próprio Daniel, cuja

revelação (solução do problema) teve origem divina.

De posse da bênção, Daniel enaltece o nome do Senhor e lhe

rende glórias.

Veja os versos dezenove ao vinte e três onde Daniel bendiz

ao Deus do céu e prossegue nos versos seguintes. No verso vinte

dois, Daniel diz que é Deus quem revela o profundo e o

escondido. No verso vinte e três, Daniel agradece a Deus pele

revelação do sonho do rei. Isto se constitui numa verdadeira

lição para nós. Muitas vezes nós só nos preocupamos em receber

a bênção e, uma vez recebida, nos alegramos tanto que

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esquecemos de agradecer, nós esquecemos de louvar ao Senhor e

bendizer seu santo nome.Devemos, antes de tudo, agradecer a

Deus pelas dádivas, porque não as merecemos da parte de Deus,

mas Deus é fiel e misericordioso para conosco.

Daniel, agora de posse da bênção, procura o chefe da

polícia palaciana, Arioque, o chefe da guarda do rei para

trazer-lhe a boa noticia.

Arioque aguardava apenas esgotar o tempo dado pelo rei a

Daniel. Ele não acreditava que Daniel tivesse condições de

resolver tal problema. Era simplesmente um jovem inexperiente,

apesar de muito letrado e cheio de sabedoria. Arioque já se

achava como que executando as ordens do rei. Mas de repente,

eis que surge Daniel na sua presença, e lhe diz:

...Não mates os sábios de Babilônia; introduze-me na

presença do rei, e revelarei ao rei a interpretação. Daniel

2.24.

Arioque não queria acreditar em Daniel, mas o momento não

era para brincadeiras, o assunto era muito sério e o rei era

muito autoritário. Arioque achou por bem introduzir Daniel na

presença do rei.

Arioque não perdeu a oportunidade de autopromoção, não

perdeu a oportunidade de dizer ao rei que muito fizera por

encontrar alguém capaz de resolver tamanho problema. Mas na

realidade ele nada tinha feito pelos sábios e nem tão pouco por

Daniel ou pelo rei, mas se apresentou dizendo:

DANIEL 2.25 - ...“Achei um dentre os filhos dos cativos de

Judá, o qual revelará ao rei a interpretação.

Comportou-se como se tivesse ―procurado muito‖. (verso

vinte e cinco).

De qualquer forma temos Daniel, e agora está na presença de

um rei que:

a) Se acha extremamente ansioso, verdadeiramente perturbado

a fim de saber o que sonhou e seu significado.

b) Estava descrente quanto a alguém conseguir alcançar tal

objetivo, pois já se convencera de que era humanamente

impossível e eles não tinham acesso aos deuses.

c) Estava agoniado em saber sobre o futuro de seu trono, de

seu reinado, se estava ou não comprometido.

Por isso sua primeira atitude foi perguntar a Daniel:

“Podes tu fazer-me saber o que vi no sonho e sua

interpretação?”(Verso vinte e seis).

Mas Daniel, ciente do papel de seu Deus, antes de atender a

ansiedade do rei, faz-lhe uma breve apresentação do Senhor,

Deus de seus ancestrais, o Deus revelador de mistérios e disse-

lhe:

“O mistério que o rei exige, nem encantadores, nem magos,

nem antropólogos o podem revelar ao rei; mas há um Deus nos

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39

céus que revela os mistérios, pois fez saber ao rei, o que há

de ser nos últimos dias”. (Versos 27,28).

E assim Daniel tranqüilizou a Nabucodonosor, e não

aproveitou a oportunidade para autopromoção e nem roubou a

glória de Deus. No verso 30, temos:

DANIEL 2.30 - E a mim me foi revelado este mistério, não

porque haja em mim mais sabedoria do que em todos os

viventes, mas para que a interpretação se fizesse saber ao rei,

...

O crente temente a Deus, não é oportunista, com relação a

benefícios próprios, mas o é para exaltar a Deus, enaltecer o

seu santo nome e render-lhe glórias.

Agora, Daniel se posiciona para:

Primeiro: passar o sonho ao rei.

Segundo: interpretá-lo ali na presença do rei.

d) A REVELAÇÃO DO SONHO

Daniel 2.31-35

31 - Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande

estátua; esta, que era imensa e de extraordinário esplendor,

estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível.

32 - A cabeça era de fino ouro, o peito e os braços de

prata, o ventre e os quadris de bronze;

33 - as pernas de ferro, os pés em parte de ferro, em parte

de barro.

34 - Quando estavas olhando, uma pedra foi cortada sem

auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e

os esmiuçou.

35 - Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o

bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das

eiras no estio, e o vento os levou, e deles não se viram mais

vestígios. Mas a pedra, que feriu a estátua, se tornou em

grande montanha que encheu toda a terra.

A visão aqui descrita corresponde ao sonho de

Nabucodonosor, do qual tinha se esquecido. Trata-se de uma

visão dada a um gentio, envolvendo o mundo todo, desde

Nabucodonosor, até a segunda volta de Jesus, ali representados

por Nabucodonosor com seu sonho e Daniel.

Trata-se de uma visão que se estende até o tempo do fim.

Essa expressão ―tempo do fim”, se refere ao final da

dispensação da graça. Coincide com os tempos dos gentios,

relatado em Lucas 21.24 pelo próprio Jesus. É uma visão que

resume os quatro grandes impérios mundiais, que abrangeriam

todo o período, até a segunda volta de Jesus.

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40

Aqui os quatro metais representam os governos nos quatro

impérios universais. Vamos esmiuçar um pouco melhor a estátua

ou a visão de Nabucodonosor.

No verso trinta e um, Daniel informa ao rei que ele se

achava ―vendo‖. Podemos entender que Nabucodonosor olhava como

quem observa o horizonte, quem sabe admirando a beleza natural

em seu reino, ou imaginando quão extenso era seu domínio;

quando, absolvido pelas suas idéias, vê uma grande imagem de

extraordinário esplendor que estava diante dele.

Essa visão foi decorrente de dois fatos, a saber:

1º - Nabucodonosor estava sem sono em seu leito e refletia

sobre sua soberania e a soberania de seu reino. (ver verso

vinte e nove). Quando teve aquela visão, perturbou-se muito em

seu espírito e sentiu um temor profundo quanto ao futuro do seu

reinado. Essa era a raiz da sua preocupação em relação ao

sonho

2º - Deus tinha uma revelação profética para todo o mundo,

através de Daniel.

Daniel ao revelar o sonho de Nabucodonosor, descreveu uma

visão onde Nabucodonosor via uma estátua com aparência

terrível. Na descrição da estátua, provavelmente Daniel quis

enfatizar a intensidade de seu esplendor, portanto a capacidade

da imagem em impressionar quem a via. A visão era de uma emoção

impressionante. Era difícil descrevê-la. Essa estátua era, como

veremos, um símbolo do poder gentio.

Os versos 32 e 33 descrevem essa imagem:

A cabeça era de ouro fino. O peito e os braços eram de prata. O ventre e os quadris eram de bronze. E as pernas eram de ferro e os pés de ferro e barro. O rei contemplava, como que estupefato, aquele esplendor,

que significa e representa o esplendor, a imponência, a

grandeza dos governos humanos, especialmente os impérios

mundiais.

Mas de repente, não mais que de repente, surgiu como que do

nada, uma pedra, sem auxílio de mãos, que veio e feriu a

estátua nos pés. Atentar para o detalhe; nos pés! Não foi na

cabeça; não foi no coração, não foi no peito, mas nos pés. E

com o choque dessa pedra, que esmiuçou inicialmente os pés,

esmiuçou a seguir toda a estátua: pernas, quadril, ventre, etc.

até a cabeça.

Esmiuçou-a. Isso quer dizer: quebrou-a em pedaços tão

pequeninos de modo que o vento levou. Então a extraordinária

estátua ―virou pó‖.

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41

A pedra não apresentava violência, mas o impacto do choque

foi de efeito extraordinário. Note que a pedra atingiu a

estátua nos pés, mas esmiuçou toda a estátua, sem sobrar nada,

nem vestígio. Não sobrou nada; não se viu mais nada dela.

Mas a pedra que feriu a estátua começou a crescer, crescer

e ficou muito grande, ao ponto de encher a terra.

Esse é o sonho que Nabucodonosor esquecera e tanto o deixou

perturbado. Essa é a visão que Daniel relatou ao rei, sem que o

rei lhe tivesse dito coisa alguma, mesmo porque houvera se

esquecido do sonho. Nabucodonosor concordou com Daniel. Sem

dúvida era realmente esse o sonho que Nabucodonosor teve

naquela noite e de que havia se esquecido.

Vamos à interpretação porque a revelação do sonho já foi

feita por nosso Deus.

e) A INTERPRETAÇÃO DO SONHO

Daniel 2.36-45

36 - Este é o sonho; e também a sua interpretação diremos

ao rei.

37 - Tu, ó rei, rei de reis, a quem o Deus do céu conferiu

o reino, o poder, a força e a glória;

38 - a cujas mãos foram entregues os filhos dos homens,

onde quer que eles habitem, e os animais do campo e as aves dos

céus, para que dominasses sobre todos eles, tu és a cabeça de

ouro.

39 - Depois de ti se levantará outro reino, inferior ao

teu; e um terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre

toda a terra.

40 - O quarto reino será forte como ferro; pois, o ferro a

tudo quebra e esmiuça; como o ferro quebra todas as cousas,

assim ele fará em pedaços e esmiuçará.

41 - Quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de

barro de oleiro e em parte de ferro, será isso um reino

dividido; contudo haverá nele alguma cousa da firmeza do ferro,

pois que viste o ferro misturado com barro de lodo.

42 - Como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em

parte de barro, assim por uma parte o reino será forte, e por

outra será frágil.

43 - Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de

lodo, misturar-se-ão mediante casamento, mas não se ligarão um

ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro.

44 - Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um

reino que não será jamais destruído; este reino não passará a

outro povo: esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele

mesmo subsistirá para sempre,

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42

45 - como viste que do monte foi cortada uma pedra, sem

auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a

prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que há de ser

futuramente. Certo é o sonho, e fiel a sua interpretação.

Vemos aqui que aquela estátua (imagem) do sonho de

Nabucodonosor traz a representação de todos os diferentes

governos mundiais, desde Nabucodonosor (no presente) até o

final dos tempos. (futuro num futuro distante).

Por governos mundiais podemos entender um governante cujo

domínio se estenda sobre todos os países que de alguma forma

eram independentes.

Ser submisso a outro país implica em pagar-lhe algum

tributo ou imposto ou algum recolhimento na forma de bem ou

serviço. Então reinado mundial ou império mundial seria um

governo que domina outras grandes potências ou outras nações.

O sonho de Nabucodonosor nos informa, através da

interpretação de Daniel, que haverá quatro desses reinos

incluindo o de Nabucodonosor. Esses quatro reinos seriam

representados:

1- Pela cabeça de ouro fino.

2- Pelo peito e braços de prata.

3- Pelo ventre e quadris de bronze.

4- Pelas pernas de ferro, os pés em parte de ferro,

em parte de barro.

A nobreza decrescente dos metais tem significado em cada

reino. Vamos enfocar cada um desses reinos, os quais também

serão estudados nos capítulos posteriores deste livro.

1- A CABEÇA DE OURO

Cada um desses elementos que compõe esta estátua vai

representar um período da história humana.

No verso 37 nós temos a interpretação de Daniel, que a

cabeça de ouro fino representa o governo de Babilônia. Ali

Daniel diz ao rei Nabucodonosor que ele é o rei de reis, a quem

o Deus do céu conferiu o reino, o poder, a força e a glória; em

cujas mãos foram entregues os filhos dos homens, onde quer que

eles habitassem, e os animais do campo e as aves dos céus, para

que dominasse sobre todos eles, sendo ele mesmo a cabeça de

ouro.

Esse ouro representa a nobreza do rei de Babilônia e a

glória de seu reinado, representado aqui por Nabucodonosor, em

cujas mãos o Deus dos céus entregou o poder, a força e a

glória. Foi esse império que iniciou a contagem do tempo dos

gentios. Nabucodonosor foi o governador mundial de maior poder

e glória em todos os tempos. O fato da decrescente nobreza dos

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43

metais está relacionado com a diminuição da nobreza e do poder

dos governos sucessivos.

Nabucodonosor era absolutista e tinha em suas mãos:

a) A vida dos filhos dos homens

b) A vida dos animais do campo

c) As aves do céu.

O poder de Nabucodonosor não tinha limites: ele era o rei,

o chefe de estado, o juiz de direito, o delegado, o papa, o

primeiro ministro; Nabucodonosor era dono da família toda desde

os pais até os filhos; ele fazia e desfazia e não pedia nada a

ninguém. Foi por essa razão que ele determinou a morte dos

sábios da Babilônia, o que seria executado se não fosse Daniel

e seu Deus. Foi Deus quem lhe outorgou tanto poder sobre a

humanidade, sobre os animais e sobre as aves do céu. Veja os

versos trinta e sete e trinta e oito. Já os impérios

posteriores: Persa e Grécia, já não teriam tanta glória e

esplendor.

No verso trinta e nove Daniel revela que depois de

Nabucodonosor se levantará outro reino já inferior ao seu.

Esse reino ―depois de ti‖ referido no verso trinta e nove

se refere ao governo persa que teve a duração de mais ou menos

200 anos, que vai ter início com Dario e Ciro.

2- O IMPÉRIO PERSA

O império persa iniciou com a conquista de Babilônia por

Ciro, o persa, quando dominou a Beltessazar naquela noite no

banquete em Babilônia.

Estudaremos esse reinado com mais detalhes nos capítulos

posteriores. É representado pela prata do peito e dos braços na

estátua. Durou na faixa de duzentos anos e deu lugar ao

terceiro reinado.

O verso 39 fala do segundo e do terceiro reinado, associado

à prata e ao bronze. Esse segundo reinado representado pela

prata do peito e dos braços teve inicio com Ciro, o Persa e o

terceiro, representado pelo bronze dos quadris e do ventre teve

inicio com Alexandre, o Grande. Esse terceiro reinado foi o

reinado dos gregos, iniciado com Alexandre. Aqui ainda temos um

metal de pouca nobreza, mas ainda nobre: o bronze. Ver verso

trinta e nove.

Mas a nobreza do bronze é inferior ao ouro, e também é

inferior à prata; isso aponta para uma demonstração de nobreza

decadente ou que vai diminuindo de um reinado para outro. O

terceiro reinado durou por volta de 250 anos e deu lugar ao

quarto e último reinado mundial, que nesta imagem ou nessa

estátua, é representado pelas pernas de ferro e pés de ferro e

barro.

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44

Trata-se do reinado romano, dentro do qual nasceu Jesus.

Verso 40 - Esse quarto reino será forte como o ferro e a

tudo quebra e esmiúça. Esse reinado teve início em 63 a.C. e

foi o reinado que recebeu o Messias e o crucificou.

A estátua de Nabucodonosor tinha duas pernas de ferro, o

que significa que esse reinado teria dois ramos, o que

realmente ocorreu. Por volta do ano de 476 d.C., ocorreu a

cisão do império romano que se dividiu em dois ramos, um com

sede em Constantinopla e outra com sede em Roma.

Descendo mais para os pés nós temos aí uma mistura de ferro

com barro, e temos dez dedos. Posteriormente estudaremos com

detalhes esse fato, mas no momento vou dizer apenas que esse

―pé com dez dedos‖ se refere a uma época que ainda não chegou,

ainda é futuro para nós, mas que acontecerá no desenvolver da

Septuagésima Semana de Daniel. Isso implica na existência de um

intervalo na vigência desse império. Após a queda de

Constantinopla em 1453 os romanos perderam a hegemonia e

deixaram de ter autoridade sobre outros países, mas sem dúvida

esse reinado terá de se restabelecer e voltar a atuar como

reino universal, onde teremos os dez reinos que representam os

dedos dos pés da estátua. Esses dez reinos terão uma relação

direta com o Anticristo. Esse assunto é mais bem detalhado no

Livro de Apocalipse, que apresenta mais pormenores dessa época.

Daniel, em nenhum momento, apresentou ou se referiu à

Igreja em suas profecias. Também não houve nenhum profeta que

profetizasse sobre a Igreja. Na verdade a Igreja vive um

período especial, chamado período da graça. Esse período não é

contado, nem considerado nas profecias que falam do futuro,

porque não tem relação com Israel. Nesse período Israel está

desligado da figueira verdadeira e se comporta como desviado do

caminho do Senhor. Os Judeus ainda não aceitaram a Jesus como

Messias, e nem O admitiram como Filho de Deus.

Os versos quarenta e um e quarenta e dois falam sobre esse

reinado, no final, se refere aos dez dedos da estátua do sonho

de Nabucodonosor. Aqui nós temos esclarecimento sobre a mistura

ferro, barro e lodo, que aliás não se misturam de forma real,

apenas permanecem juntos. Lodo é uma mistura insalubre e úmida.

Isso fala da fragilidade desse reino ao mesmo tempo em que será

um reinado forte.

No verso quarenta e três temos uma referência que fala de

mistura e casamento, mas que não resultará em mistura. Aqui nós

temos uma referência profética que será estudada lá no capítulo

onze, quando estudarmos o versículo seis. Este reinado será um

reinado forte, pois tem também o ferro além do barro, mas como

o ferro não se une ao barro, e ainda se tem lodo nessa mistura,

também a união desse governo será frágil e efêmera, devendo

predominar o ferro, que é o governo romano ressurgido.

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45

DANIEL 2.45 - como viste que do monte foi cortada uma

pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o

barro, a prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que

há de ser futuramente. Certo é o sonho, e fiel a sua

interpretação.

No verso quarenta e quatro temos o final desse período; o

final desse reinado, que será o último. Daniel diz que ―nos

dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será

jamais destruído; este reino não passará a outro povo:

esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo

subsistirá para sempre”. Aqui nós temos uma referência nítida a

respeito da volta de Jesus com poder e grande glória. Aqui

entendemos que o Reino Milenar de Cristo será implantado por

Deus e será Ele quem esmiuçará e consumirá todos os reinos.

Também observamos aqui no verso quarenta e quatro que uma vez

iniciado o reinado de Jesus, que aqui na terra será o Rei dos

reis e Senhor dos senhores, Jesus nunca mais deixará de ser

Rei. O reinado eterno de Jesus iniciará no Milênio e se

estenderá para a eternidade sem fim.

Ao final do Milênio Jesus entregará o reinado ao Pai e

Deus será o gerenciador Eterno, já no Estado Eterno. Ver 1

Coríntios 15.24

Jesus não receberá o reino de mãos humanas, pois é Ele quem

dá os reinos e quem os estabelece, mas o seu reinado Ele o

tomará pela força de seu poder. Jesus receberá do Pai a

autoridade de Rei (ver Daniel 7.13,14). Jesus será Rei, e nós,

a Igreja, reinaremos com Ele. Mas ao final do Milênio, após

ser exterminada a existência humana natural, Jesus devolverá o

reino ao Pai.

Aquela pedra, que sem auxílio de mãos humanas fere o pé da

estátua e a destrói toda, é Jesus, manifesto em sua segunda

vinda, que será cheia de poder e grande glória.

Nessa vinda, aniquilará a besta que saiu do mar, a besta

que saiu da terra e o dragão. A Bíblia faz referência a Jesus

como pedra em outras referências: Atos 4.11; 1 Coríntios 10.4;

Mateus 25.31,32; 2 Pedro 2.4-7; Lucas 19.14; Lamentações 4.6

DANIEL 2.45 - como viste que do monte foi cortada uma

pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o

barro, a prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que

há de ser futuramente. Certo é o sonho, e fiel a sua

interpretação.

No verso quarenta e cinco fica claro que a estátua foi

destruída TODA (desde a cabeça até os pés) num só instante pela

pedra, sem auxilio de mãos, que esmiuçou o ferro, o bronze, o

barro, a prata e o ouro. Essa estátua representa o governo

humano neste mundo, desde Nabucodonosor até o final e a pedra

tipifica a Jesus em sua segunda vinda.

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46

Na verdade, Nabucodonosor não entendeu bem a respeito da

interpretação, porque esta é de grande abrangência, mas

entendeu o suficiente para lhe trazer a paz. Aquela visão e a

sua interpretação diz respeito ao futuro próximo de

Nabucodonosor, mas também a um futuro distante, envolvendo a

judeus e gentios, e de tal profundidade que não foi possível

entendê-la em toda sua extensão. Nabucodonosor ficou contente

com a parte que lhe coube. Estava ansioso para saber sobre seu

reino e seu futuro, e agora sabia. Assim Daniel salvou-se a si

mesmo e a seus companheiros e também a todos os sábios,

caldeus, magos e astrólogos, contemporâneos seus, pois, sem o

sonho e sua interpretação,estavam todos condenados.

Assim cumpriu Nabucodonosor suas promessas e reconheceu a

soberania de Deus, chamando-o por ―Deus dos deuses‖ e o ―Senhor

dos reis‖ e ainda revelador dos mistérios, como se lê no verso

quarenta e sete.

Vamos ver, agora, sobre a recompensa nos versos 46-49.

f) A RECOMPENSA

Daniel 2.46-49

46 - Então o rei Nabucodonosor se inclinou e se prostrou

rosto em terra perante Daniel, e ordenou que lhe fizessem

oferta de manjares e suaves perfumes.

47 - Disse o rei a Daniel: Certamente, o vosso Deus é Deus

dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador de mistérios,

pois pudeste revelar este mistério.

48 - Então o rei engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitos e

grandes presentes, e o pôs por governador de toda a província

de Babilônia, como também o fez chefe supremo de todos os

sábios de Babilônia.

49 - A pedido de Daniel, constituiu o rei a Sadraque,

Mesaque e Abede-Nego sobre os negócios da província de

Babilônia; Daniel, porém, permaneceu na corte do rei.

Nabucodonosor, agora de posse da interpretação do seu

sonho, reconhece a participação de Deus nesse processo. No

verso quarenta e seis e quarenta e sete nós vemos, pela

primeira vez, O grande Nabucodonosor se inclinando e prostrando

seu rosto em terra, perante um homem, seu súdito. Nabucodonosor

desce de seu mais alto pedestal e se inclina num gesto de

humildade diante de um novo Deus que ele não conhecia,

reconhecendo que esse Deus é o Deus dos deuses. Essa cena nos

dá a idéia da extensão de sua admiração pela consumação do

fato, mesmo porque sua fatia no bolo não era a pior. Deus lhe

houvera sido longânimo e ele fez honrar a Daniel com oferta de

manjares e suaves perfumes.

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No verso quarenta e sete, Nabucodonosor reconhece o Deus

dos judeus, o Deus para ele desconhecido até então, como

revelador de mistérios, dizendo para Daniel: ―Certamente, o

vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o

revelador de mistérios, pois pudeste revelar este mistério”.

Verso 48:- Nabucodonosor, numa forma de agradecimento, e

muito mais para tê-lo a seu lado, fez Daniel chefe supremo de

todos os sábios na Babilônia e ainda o colocou como governador

de todas as províncias de seu reino.

Aqui inicia a glória de Daniel, que foi maior que a de

José.

José foi governador do Egito, mas Daniel o foi de todas as

províncias de Babilônia e chefe supremo de toda sabedoria.

Convém salientar também, nesta altura, que Daniel não se

esqueceu de seus companheiros. Na hora da aflição Daniel

lembrou de procurá-los (versos 17,18) a fim de que

intercedessem a Deus em oração. Quando Daniel os procurou foi

prontamente atendido e juntos passaram noites em oração; agora

de posse das bênçãos, Daniel não poderia esquecê-los. Agora

Daniel é glorificado e poderia ter se esquecido de Misael,

Azarias e Ananias, mas não foi assim. Isso é mais que uma lição

para nós.

O verso 48:- diz que: A pedido de Daniel constituiu o rei,

a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego sobre os negócios de

Babilônia.

Poucos homens, nesse mundo, tiveram a glória de Daniel,

cuja glória se estendeu até o reinado de Dario e de Ciro.

Assim chegamos ao final do capítulo dois do Livro de

Daniel, como pudemos ver. Um capítulo profético cuja profecia

abrange toda a história humana.

Agora vamos prosseguir na parte histórica desse livro,

estudando o capítulo três.

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48

CAPÍTULO 3

A ESTÁTUA DE NABUCODONOSOR

Esse é o capítulo da colossal estátua de Nabucodonosor,

que não se deve confundir com a estátua do sonho do capítulo

dois. É o capítulo da fornalha de fogo. Podemos dividi-lo em

quatro partes:

A imagem de ouro de Nabucodonosor: Versos 1-7 A grande recusa. Versos 8-18 A fornalha de fogo. Versos 19-25 A exaltação ao Deus de Daniel. Versos 26-29

a) A IMAGEM DE OURO DE NABUCODONOSOR

Daniel 3.1-7

1 - O rei Nabucodonosor fez uma imagem de ouro que tinha

sessenta côvados de alto e seis de largo; levantou-a no campo

de Dura, na província de Babilônia.

2 - Então o rei Nabucodonosor mandou ajuntar os sátrapas,

os prefeitos e governadores, os juizes, os tesoureiros, os

magistrados, os conselheiros e todos os oficiais das

províncias, para que viessem à consagração da imagem que o rei

Nabucodonosor tinha levantado.

3 - Então se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos e

governadores, os juízes, os tesoureiros, os magistrados, os

conselheiros e todos os oficiais das províncias, para a

consagração da imagem que o rei Nabucodonosor tinha levantado;

e estavam em pé diante da imagem que Nabucodonosor tinha

levantado.

4 - Nisto, o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós

outros, ó povos, nações e homens de todas as línguas:

5 - No momento em que ouvirdes o som de trombeta, do

pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles, e

de toda sorte de música, vos prostrareis, e adorareis a imagem

de ouro que o rei Nabucodonosor levantou.

6 - Qualquer que se não prostrar e não a adorar, será no

mesmo instante lançado na fornalha de fogo ardente.

7 - Portanto, quando todos os povos ouviram o som da

trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, e de

toda sorte de música, se prostraram e os povos, nações e homens

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49

de todas as línguas, e adoraram a imagem de ouro que o rei

Nabucodonosor tinha levantado.

Nabucodonosor já se esquecera do Deus revelador dos

mistérios, o Deus que ele havia reconhecido como Deus dos

deuses. Movido em seu egoísmo, embriagado em seu poder, e na

glória de sua majestade, construiu uma imagem que tencionava

instituir como Deus. Era uma colossal imagem, cuja altura era

de sessenta côvados e cuja largura era de seis côvados, e

escolheu a província de Dura como sede de sua mais recente

inovação.

Para se ter uma idéia melhor sobre essas dimensões, elas

equivalem às dimensões da estátua da Liberdade em Nova York e

corresponde a um prédio de dez andares, próximo de trinta

metros de altura e três metros de largura, e tudo de ouro.

Assim podemos avaliar de forma grosseira, de quanto ouro

dispunha o rei. Não se sabe sobre quem a imagem representava:

se Bel, se Nebo ou se o próprio Nabucodonosor, sendo os dois

primeiros, deuses babilônicos. Há quem diga que a imagem era a

figura do rei, mas não há bases para tal afirmação.

Porque será que Nabucodonosor fizera tal proeza? Seria

apenas por vaidade? Seria por que tinha muito ouro e não sabia

o que fazer com ele?

Não, não creio. Embora isso tenha sido fator relevante;

Nabucodonosor tinha um interesse político na coisa.

Nabucodonosor sabia a importância da religião na vida do ser

humano e procurou uma forma de achar um único Deus para todo o

seu reino.

Procurava um Deus que lhe fosse confortável e que pudesse

unir todos os povos ao seu redor. Seria uma religião universal

em seu reino. Criou então uma estátua e apresentou-a como Deus

e determinou pela força de seu poder que seria a divindade

oficial a ser adorada.

Aqui vamos estabelecer um paralelo entre esse primeiro

reinado e o último:

Notemos que o reinado universal humano inicia com uma

grande imagem e também termina com uma grande imagem. Ver

capítulo treze de Apocalipse.

No início foi imposta uma religião universal e quem não adorasse a imagem seria morto; no final temos também a

obrigatoriedade de adoração à imagem e também a condenação aos

que não a adorarem.

Neste início um rei de grande soberba e grande poderio; no final também um governador mundial de grande poder e grande

soberba, ao ponto de ocupar o lugar de Deus.

Mas voltando à imagem de Nabucodonosor, temos no verso dois

todo um dispositivo, toda uma ação desenvolvida a fim da

universalização da nova divindade. Para que esse ato fosse de

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repercussão total e para que tivesse extensão universal,

Nabucodonosor convocou e reuniu a todos os grandes em seu

governo: sátrapas, prefeitos, tesoureiros, governadores,

juízes, magistrados, enfim, todas as autoridades em seu

governo, a fim de que ali estivessem. A finalidade era dupla:

1- Para que tomassem ciência das novas idéias do rei e

adorassem a estátua.

2- Para que exercessem sua autoridade e ajudassem o rei a

conseguir o seu intento.

Verso três, uma vez reunidos, todos na praça pública,

especialmente preparada para o evento, e estando a estátua já

em posição de ser adorada, o culto deveria ter início com ordem

e decência.

O local estava tomado por gente muito importante além do

rei, e através de música convencionou-se organizar o evento.

Haveria um arauto, um anunciador, como se fosse um locutor de

um serviço de auto falantes em nossos dias. Esse seria o

anunciador e organizador das ações ritmadas e ordenadas durante

o processo da consagração da estátua.

O verso quatro apresenta o arauto anunciando as regras e a

quem essas regras são dirigidas: a todos os povos, nações e

homens de todas as línguas. Todos deveriam adorar a estátua ao

som da música dos diversos instrumentos.

No verso seis temos a advertência aos insubordinados à

ordem do rei: Quem não se prostrar, quem não adorar a estátua

do rei; quem recusar a nova divindade, será lançado na fornalha

de fogo ardente.

A fornalha de fogo ardente aqui era o veículo de execução

da pena capital em Babilônia. Quando um indivíduo era condenado

à morte era lançado na fornalha. A Pérsia adotou em sua época

a cova dos leões, que também era usado como veículo da pena

capital. Existiram países que adotaram a cruz, outros a

guilhotina, outros a cadeira elétrica, outros a forca, e assim

a história humana tem variado o instrumento de pena capital, ou

seja, quando da condenação à morte.

Vamos novamente estabelecer um paralelo entre:

Daniel e Apocalipse.

Em Daniel, temos:

a) O primeiro imperador foi absolutista, despótico,

totalitário, e de muito poder.

b) A imposição de uma religião universal pela força

centralizada no imperador.

c) Quem não estiver de acordo é condenado à morte.

Em Apocalipse: 20.4

19.20

24.9-11

13.14,15

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a) O último imperador universal será absolutista,

despótico, totalitário e de muito poder em suas mãos.

b) A imposição de uma religião universal que será imposta

pelo Falso Profeta. Aqui temos a imagem do Anticristo que será

apresentada como Deus, e, portanto deverá ser adorada.

c) Quem recusar a nova filosofia também é condenado.

Assim o período dos gentios iniciou com imposição de deuses

estranhos e terminará da mesma forma, exceto que neste final a

vitória será do Verdadeiro Deus, cujo reinado será universal e

eterno.

Nesse culto, aqui organizado em praça pública e convocado

pelo rei, provavelmente não havia judeus e também Daniel não

estava ali, mas consta que os três companheiros de Daniel

estavam presentes. Não se sabe por que Daniel não se achava

ali, uma vez que era a maior autoridade após a do rei.

Certamente não se encontrava ali no momento, pois não

adoraria a estátua, o que seria registrado para a história.

É pouco provável que estivesse viajando, porque o decreto

do rei exigindo sua presença seria mais forte que qualquer

motivo de viagem. Talvez estivesse doente e impossibilitado de

comparecer, tendo justificado sua falta ao rei. Esta é a

hipótese mais aceitável, uma vez que se encontravam ali todos

os representantes do governo de Babilônia. Quanto aos demais

judeus, embora desviados e afastados do caminho do Senhor, em

pleno exílio, em terra alheia, mantinham viva na memória a

doutrina do monoteísmo e da grandeza de seu Deus. Em se

tratando de adorar aquela imagem, nunca o fariam, por mais

infiéis que fossem. De qualquer forma, a Bíblia só fala dos

companheiros de Daniel.

O texto sagrado fala dos companheiros de Daniel que se

encontravam ali, pois participavam do escalão governamental.

Estes, Ananias, Misael e Azarias, não adoraram a imagem do rei,

se comportaram como verdadeiros crentes e ainda desafiaram a

Nabucodonosor em relação à fidelidade que tinham para com Deus.

Vamos ver essa parte nos versos 8-18.

b) A GRANDE RECUSA

Daniel 3.8-18

8 - Ora, no mesmo instante, se chegaram alguns homens

caldeus, e acusaram os judeus;

9 - disseram ao rei Nabucodonosor: Ó rei, vive eternamente!

10 - Tu, ó rei, baixaste um decreto, pelo qual todo homem

que ouvisse o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara,

do saltério, da gaita de foles, e de toda sorte de música, se

prostraria e adoraria a imagem de ouro;

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11 - e, qualquer que não se prostrasse e não adorasse,

seria lançado na fornalha de fogo ardente.

12 - Há, uns homens judeus, que tu constituíste sobre os

negócios da província de Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abede-

Nego; estes homens, ó rei, não fizeram caso de ti, a teus

deuses não servem, nem adoram a imagem de ouro que levantaste.

13 - Então Nabucodonosor, irado e furioso, mandou chamar

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. E trouxeram a estes homens,

perante o rei.

14 - Falou Nabucodonosor, e lhes disse: É verdade, ó

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que vós não servis a meus

deuses nem adorais a imagem de ouro que levantei?

15 - Agora, pois, estai dispostos e, quando ouvirdes o som

da trombeta, do pífaro, da cítara, da harpa, do saltério, da

gaita de foles, prostrai-vos e adorai a imagem que fiz; porém,

se não a adorardes sereis no mesmo instante lançados na

fornalha de fogo ardente. E quem é o deus lhe vos poderá livrar

das minhas mãos?

16 - Responderam Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao rei: Ó

Nabucodonosor, quanto a isto não necessitamos de te responder.

17 - Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele

nos livrará da fornalha de fogo ardente, e das tuas mãos, ó

rei.

18 - Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus

deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste.

Aqui temos, por parte destes jovens judeus, não somente uma

demonstração de coragem:

Enfrentar Nabucodonosor e até mesmo afrontá-lo. Enfrentar a fornalha de fogo ardente, conseqüência

natural da rebeldia; mas também um ato de muita fé, uma

demonstração de fidelidade absoluta a esse Deus.

Judas ao escrever sua carta fala dessa fé no verso três da

referida Epístola: “A fé que uma vez foi dada aos santos”.

No verso oito, podemos observar como o inimigo é ágil,

esperto e astuto: no mesmo instante já acusaram os judeus.

Nessa acusação, do verso dez até o doze, que é uma acusação

verdadeira, que além de acusar já condena, pois cobra ao mesmo

tempo a aplicação da pena. Ver Daniel 10.9 ao 12.

Aqueles acusadores se comportam como se dissessem ao rei:

Oh! Rei, aqueles três jovens que não querem adorar a imagem, é

gente da corte, e daí, oh! rei? Vai ficar por isso mesmo? É

gente que possui obrigação de adorar a imagem, pois exerce

cargo de confiança do rei. Eles não servem a teus deuses e

ainda fizeram pouco de ti! Eles não vão receber o castigo que

prometeram a todos aqueles que não adorassem a sua estátua?

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Veja que não é apenas uma acusação, mas também uma

condenação sumária. Na realidade, queriam ver aqueles judeus

castigados, mortos sem direito à defesa.

Mas nos versos treze e quatorze vemos Nabucodonosor dando

aos judeus uma oportunidade, estava a fim de esclarecer algum

mal entendido, afinal tinham obrigação de agradarem ao rei:

primeiro, para não serem mortos; segundo, exerciam cargo de

confiança do rei.

O verso 13 diz que trouxeram os jovens para bem perto do

rei. Era olho no olho. E Nabucodonosor lhes pergunta:

“É verdade, ó Sadraque, Mesaque e Abede-Nego que vós não

servis a meus deuses nem adorais a imagem de ouro que

levantei”?

O rei entendia que tivesse ocorrido algum mal entendido e

pergunta a seguir, no verso 15: "Agora, pois, estais dispostos

e, quando ouvirdes o som da trombeta, do pífaro, da cítara, da

harpa, do saltério, da gaita de foles, prostrai-vos e adorai a

imagem que fiz”? Ainda no mesmo versículo, o rei complementa

com uma ameaça: se não a adorardes sereis no mesmo instante

lançados na fornalha de fogo ardente.

Após chamar a atenção dos jovens judeus, e fazer a ameaça

que fez; isto é: joga-los dentro da fornalha de fogo ardente,

Nabucodonosor extrapola o uso de sua autoridade dizendo: (ainda

no mesmo verso 15).

―Eu quero ver qual é o deus lhe vos poderá livrar das

minhas mãos”?

Essa expressão foi um verdadeiro desafio ao Deus de

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego!

Aqui na seqüência, no verso quinze, nós vemos que

Nabucodonosor já havia se esquecido dos fatos acontecidos no

capítulo dois, no segundo ano de seu reinado, quando reconheceu

o Deus de Daniel como sendo:

Deus dos deuses Senhor dos reis Revelador de mistérios

A partir dessa expressão de Nabucodonosor: E quem é o deus

que vos poderá livrar das minhas mãos? A coisa extrapolou o

âmbito humano e o desafio passou para o Deus dos deuses, o

Senhor Jeová que seria o Deus daqueles jovens.

Nabucodonosor desafiou o Deus dos judeus na presença de

tanta gente, querendo ocupar o lugar de Deus, como quem dizia:

“Eu sou o ser superior aqui, e minhas ordens não há quem possa

revogar.” É como se dissesse: “Eu quero ver se existe um Deus

que seja capaz de livrá-los da minha mão, pois não há maior que

eu nem mesmo entre os deuses”.

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Esse foi o motivo pelo qual Deus permitiu que os três

fossem jogados na fornalha. Mostrar não só a Nabucodonosor, mas

a todos e ao mundo que existe DEUS que tudo pode, e é superior

a todos os seres existentes, pois tudo é obra de suas mãos.

Deus assumiu o comando a partir dali, porque o desafio não é

para aqueles jovens, mas para Deus.

Deus poderia tê-los poupado disso tudo, como poupou a

Daniel. Deus poderia aplacar a ira de Nabucodonosor e através

dele mesmo não permitir que fossem jogados na fornalha, mas não

o fez. Deus poderia intervir na mente de Nabucodonosor de modo

a ficar o dito pele não dito, mas Deus aceitou o desafio e

decidiu mostrar para ele ―qual é o Deus que pode livrar aqueles

moços de suas mãos‖.

É uma situação semelhante a de Moisés, Arão e os reis do

Egito. Deus poderia tirar de lá o seu povo sem a realização das

dez pragas, mas Deus queria mostrar ao povo quem é esse Deus.

Aqui ele vai mostrar para Nabucodonosor ―quem é esse Deus que

poderá livrá-los de sua mão‖.

Mas numa demonstração de fé e de muita coragem, aqueles

três homens mostraram que o seu Deus é superior a TUDO e a

TODOS e que, portanto, permanecerão fiéis. Por essa razão,

respondem ao rei: ―Ó Nabucodonosor, quanto a isto não

necessitamos de te responder...” (Daniel 3.16).

Aqui eles se referiam à pergunta do rei sobre adorarem a

estátua e servirem a seus deuses no verso 15. É como se a

resposta deles fosse assim:

- Ó rei, tu nos conhece o suficiente para saber sobre

nossas convicções, e tu sabes muito bem que não servimos aos

teus deuses e que jamais adoraremos “algo qualquer” que se nos

imponham a não ser o Deus de nossos pais. Tão pouco adoraremos

essa estátua de ouro que fizestes, verdadeiro desperdício com

tanto ouro. Trata-se de uma imagem que levantaste como deus

para ser adorado. Portanto, quanto a isto não necessitamos de

te responder.

No verso 17 e 18, nós temos uma verdadeira demonstração por

parte dos jovens, a respeito de sua convicção sobre o Deus de

seus pais, quando dizem para o rei: “Se o nosso Deus, a quem

servimos, quiser livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de

fogo ardente, e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó

rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem

de ouro que levantaste”.

Aqueles jovens tinham uma intima comunhão com Deus ao ponto

de acharem que Deus os poderia salvar da fornalha, mas se o não

fizesse, eles aceitariam da parte de Deus como sua melhor

escolha. Ë como se pensassem assim:

1- Nosso Deus pode nos livrar da fornalha sem nenhum

problema.

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2- Agora, nos livrar da fornalha, ou nos livrar das mãos do

rei, é da inteira competência dEle mesmo, e é de sua exclusiva

vontade, o que nós respeitamos piamente.

3- Se Ele não nos livrar é porque simplesmente lho aprouve.

4- De qualquer forma, ó rei!, Deus nos livre da fornalha ou

não, fica tu sabendo:

a) Não serviremos a teus deuses.

b) Não adoraremos a tua imagem.

Veja que isso não é só uma prova de fé, mas também uma

demonstração de muita coragem. Devemos nos lembrar que isso

ocorria na presença de todas as autoridades do reino e eles

estavam enfrentando a Nabucodonosor pela frente!

Avaliando as atitudes desses homens, os acharíamos

imprudentes e rebeldes ao seu rei. Entenderíamos como um

comportamento bestial; seria a autocondenação. Mas aqueles

homens tinham um coração fiel a Deus e como Daniel, tinham em

seus corações, não se contaminarem com as prostituições dos

caldeus. E Deus honrou aquela fé, e Deus teve o seu nome

glorificado. E assim temos, então, que esses três homens

atendiam ao rei em tudo, e em tudo lhe eram submissos, fazendo

de tudo para o seu sucesso como servos fiéis, desde que não

afrontassem o seu Deus.

Notemos que aparentemente, não haveria problema algum, se

aqueles homens se ajoelhassem naquele momento, mas com o

coração voltado para Deus. Imagine que eles dedicassem a Deus

tal reverência e apenas se ajoelhassem para não comprar

problema com o rei e seu decreto; pois não há nenhum poder

nesses ídolos e para nós não significam nada. Ajoelhar-se

diante de um tronco natural de árvore ou ajoelhar-se diante

dele depois de ser esculpido como obra de escultura não há

diferença alguma.

Mas aqueles homens entendiam que se procedessem assim,

estariam traindo a fidelidade com seu Deus.

Grandes pecados iniciam com pequenos desvios. O efeito

letal de doses mortíferas de veneno é neutralizado quando

iniciadas por pequenas quantidades. Na verdade é o famoso ―um

pouquinho não faz mal que vem disfarçado de inofensivo‖.

Os grandes alcoólatras iniciaram com pequenas doses. Os

grandes fumantes iniciaram sem dependência alguma da nicotina.

Paulo nos ensina que devemos fugir da aparência do mal.

Ver 1 TESSALONICENSES 5.22 - “Abstende-vos de toda a

aparência do mal.

Aqueles homens eram fiéis ao seu rei, mas eram mais fiéis

ao seu Deus. Eles dariam a vida para agrado e defesa do rei,

pois eram fiéis súditos da Babilônia, mas acima de tudo Deus.

Jesus trouxe ensinamento semelhante, veja Mateus 22.36.

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Aqueles homens entenderam que o desafio era para Deus e não

para eles e ficaram em seus lugares na dispensação do Senhor.

Com esse cenário, Nabucodonosor se enfureceu muito, e no

seu orgulho ferido desenvolve a condenação. Vamos à fornalha de

fogo.

c) A FORNALHA DE FOGO Daniel 3.19-25

19 - Então Nabucodonosor se encheu de fúria, e,

transtornado o aspecto do seu rosto contra Sadraque, Mesaque e

Abede-Nego, ordenou que se acendesse a fornalha sete vezes mais

do que se costumava.

20 - Ordenou aos homens mais poderosos que estavam no seu

exército, que atassem a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, e os

lançassem na fornalha de fogo ardente.

21 - Então estes homens foram atados com os seus mantos,

suas túnicas e chapéus, e suas outras roupas, e foram lançados

na fornalha sobremaneira acesa.

22 - Porque a palavra do rei era urgente e a fornalha

estava sobremaneira acesa, as chamas do fogo mataram os homens

que lançaram de cima para dentro a Sadraque, Mesaque e Abede-

Nego.

23 - Estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego,

caíram atados dentro da fornalha sobremaneira acesa.

24 - Então o rei Nabucodonosor, se espantou, e se levantou

depressa e disse aos seus conselheiros: Não lançamos nós três

homens atados dentro do fogo? Responderam ao rei: É verdade, ó

rei.

25 - Tornou ele e disse: Eu, porém, vejo quatro homens

soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem nenhum dano; e

o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses.

Temos vários aspectos a serem considerados nos versículos

19 ao 25:

1- Um homem enfurecido perde a razão, perde a visão, perde

a capacidade de raciocínio e age pela intuição animalesca. Por

causa disso pode não alcançar seu objetivo e muitas vezes

complicar mais uma situação que poderia ser evitada se houvesse

calma.

2- O livramento dos companheiros de Daniel não foi somente

das chamas do fogo, pois precisamos lembrar e entender que eles

CAÍRAM dentro da fornalha, provavelmente com as mãos amarradas

ao corpo e por isso poderiam ter se machucado muito na queda.

3- Após o evento da fornalha, a glória de Deus se

manifestou em todo o reino.

4- A visão do quarto homem foi dirigida exclusivamente a

Nabucodonosor por ter sido ele quem desafiou a Deus.

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5- Deus fez uso da fidelidade e da fé daqueles homens para

glorificar seu nome e para manifestação de seu poder.

Analisemos o primeiro tópico, onde vemos um homem

enfurecido. Diz o verso 19 que Nabucodonosor:

a) Encheu-se de fúria

b) Ficou com o rosto transformado

Isto quer dizer que o ódio de Nabucodonosor era tanto que

transpareceu no seu semblante. Tinha as características de um

furor incontrolável. Ora, um homem quando quer alcançar algum

objetivo, deve manter a calma, pois carreira não é pressa e

quem tem pressa pode se dar mal.

Vejamos quais foram as atitudes de Nabucodonosor,

decorrentes de seu ódio e que sem dúvida surtiram o efeito

contrário àquele que desejava ao dar as ordens, decorrentes de

seu estado de ira:

I - Mandou que se aquecesse a fornalha sete vezes mais.

Isso nem sempre é possível, e a ordem dele pode não ter sido

cumprida, pois existe um limite para a temperatura natural,

limite esse adequado a cada estrutura, cada forma e cada

ambiente.

Não sabemos a morfologia daquela fornalha, mas tenho

certeza que aquecê-la sete vezes mais não foi possível, sendo

possível fornecer sete vezes mais combustível e comburente, o

que não implica em aquecê-la sete vezes.

II - Quando o rei mandou aquecê-la sete vezes, o que ele

pensou foi em aumentar o sofrimento daqueles jovens sete vezes

mais. Isso na verdade não ocorre, pois as queimaduras seriam

mais intensas e isto proporcionaria uma morte mais rápida e o

sofrimento não aumentaria proporcional ao aquecimento.

Queimaduras superficiais doem mais do que aquelas mais

profundas porque essas destroem os terminais nervosos

periféricos e diminui a transmissão da dor.

III - Em sua ira, Nabucodonosor desafiou a autoridade e o

poder de Deus, quando seu problema era apenas com os jovens, e

não com o Deus deles. Não passou por sua mente em nenhum

instante que algum Deus os pudesse salvar e por isso a aqueceu

sete vezes.

IV - Arregimentou os homens mais fortes de seu exército,

sem nenhuma necessidade, apenas fruto de seu furor. Era uma

garantia para si mesmo, a fim de satisfazer a ira de seu furor.

Com isso, aqueles homens morreram e o rei perdeu os melhores

homens do seu exército. Se não fosse a sua ira, esses homens

teriam sido poupados para bem de seu exército.

Certamente Sadraque, Mesaque e Abede-Nego não opuseram e

nem oporiam resistência aos seus algozes, uma vez que a ordem

veio do rei,portanto não havendo necessidade nenhuma de uma

ordem como essa.

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58

V - Analisando esse comportamento na visão do ângulo que

enfoca a glória de Deus, isso só serviu para glorificar ainda

mais o nome do Senhor e envergonhar ainda mais ao homem furioso

e irado, sedento de vingança e pleno ódio. Toda a sua força,

todo o seu poderio, toda a sua glória, foram por terra, porque

só o nosso Deus é Rei e Senhor, e não há Deus fora dEle.

VI - Nabucodonosor não necessitava de aquecer a fornalha

sete vezes, pois em condições habituais servia para matar sem

piedade e sem misericórdia, e não havia quem pudesse se livrar

dela, mesmo em condições normais de aquecimento. A vida humana

é incompatível com temperaturas superiores a 70ºC; nem tão

pouco necessitava de homens fortes, bastava a sua ordem e

qualquer homem, até mesmo o mais fraquinho, o mais franzino de

todos, desenvolveria o cumprimento de sua ordem, uma vez que

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego já haviam aceitado ir para a

fornalha, quer Deus os livrasse ou não.

VII - Como sétima conseqüência de tanta ira, mandou que

lançassem na fornalha não só os homens, mas também todos os

seus pertences: os mantos, os chapéus, as roupas, as túnicas,

etc.

Ora nós vamos observar que nada do que era Hebreu sofreu

danos e tudo o que era Babilônico foi destruído. Com isso

aumentou ainda mais a glória de Deus. Queimou-se apenas as

ataduras, a única coisa que dizia respeito aos babilônicos.

VIII - A urgência da execução, porque a palavra do rei era

urgente (verso 22) só contribuiu para o pior resultado, levando

os homens a não terem o cuidado e a vigilância necessários para

se aproximar da boca da fornalha. O vácuo causado pelo calor,

levou-os à perda do controle e do equilíbrio, derrubando-os

dentro da fornalha com os condenados. A pressa é inimiga da

perfeição! A calma, o raciocínio e a reflexão antes de nossas

atitudes podem preservar nossas vidas e nossa condição

financeira também.

Falemos agora sobre o livramento de Deus na fornalha de

fogo ardente.

Foram lançados na fornalha:

a) Os três condenados foram lançados com as mãos atadas.

Isso, certamente, fez com que eles não pudessem utilizar as

mãos e os braços para protegerem-se da queda dentro da

fornalha. Não sabemos as condições nem as dimensões da

fornalha, mas o verso 22 deixa bem claro que existia uma

altura: ―... que lançaram de cima para dentro”. Assim sendo,

aqueles homens amarrados ao caírem no fundo poderiam sofrer o

trauma da queda, podendo quebrar um braço, uma perna, a cabeça,

etc. O verso 23 diz: “Esses homens caíram atados dentro da

fornalha” o que reforça a idéia de uma altura da qual “caíram”

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e reforça o fato de não poderem amenizar o impacto da queda,

pois estavam ―atados‖. Mas a Bíblia diz que eles não tiveram

problema nenhum com a queda!

b) Foram lançados diversos utensílios, especialmente de uso

pessoal, que pudessem trazer ao rei, recordações dessa

desventura, tais como chapéu, túnica, roupas, etc. Mas ao que

parece nada se queimou!

c) Os homens do exército caldeu, quando caíram dentro da

fornalha, também o fizeram com diversos aparatos usados, tais

como, fardamento ou equipamento bélico, pois eram homens de seu

exército!

Mas nosso Deus cuida do essencial e não se descuida dos

detalhes.

Dos hebreus, o fogo queimou apenas as ataduras e nada mais! Nem se chamuscaram os seus cabelos e não se queimaram

seus pertences.

Dos caldeus, o fogo foi tão voraz, que os matou só de entrarem na área de sua ação, e os consumiu com tudo que lhes

pertencia, como roupas e armas, exatamente o oposto dos

hebreus.

Aos hebreus, Deus não poupou somente do fogo, mas de um possível traumatismo no fundo da fornalha, pois eles andavam,

como que passeando, dentro da fornalha como se não tivessem

nenhum ferimento. Verso 25: “Eu, porém, vejo quatro homens

soltos que andam passeando dentro do fogo.” Eles começaram a

andar dentro da fornalha para mostrarem que Deus não os livrara

somente do fogo, mas também de qualquer traumatismo devido à

queda, dentro daquela fornalha.

Assim, o aquecimento da fornalha em sete vezes glorificou o

nome do Senhor ainda mais, pois Deus mostrou a Nabucodonosor

que Ele não livrou a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego do fogo,

ainda que aquecido sete vezes, mas também os livrou da sua mão

sanguinária e despótica. Lembrar que ele perguntou: (Verso 15).

―E quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos‖? Está

aí, seu Nabucodonosor: O Deus daqueles jovens pôde livrá-los

das suas mãos!

Deus não só os livrou de suas mãos, como também do fogo e

ainda os colocou a passear dentro da fornalha!!! (isso é que é

Deus!)

Foi uma lição para Nabucodonosor que se viu obrigado, de

forma incontestável, a reconhecer mais uma vez o Deus de

Israel.

Finalmente falemos da manifestação da glória de Deus.

“Então Nabucodonosor se espantou e se levantou depressa e

disse aos seus conselheiros: Não lançamos nós três homens

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atados dentro da fornalha? Sim, responderam eles. Mas o rei

voltou a dizer: pois eu vejo quatro homens soltos, passeando

dentro do fogo e o quarto deles tem aparência dos deuses”.

Era a grande lição de Deus para Nabucodonosor que se achava

o maior do mundo inteiro. Na verdade quero crer, aquela

multidão que se encontrava ali, viu apenas os três soltos na

fornalha, mas Nabucodonosor tinha que ter uma revelação mais

profunda, mais chocante,mais contundente e Deus lhe permitiu

ver a Jesus, pré-figurado, como o quarto homem da fornalha.

Nabucodonosor ASSUSTOU-SE, não tanto pelo milagre, que em

si só era motivo para tanto, mas assustou-se por ver DEUS na

exibição de sua majestade: o quarto homem que tinha aparência

de filho dos deuses. Era a revelação não só do poder de Deus,

mas a representação física de sua própria pessoa, junto com

seus servos fiéis, ali na fornalha de fogo. Nabucodonosor ao

ver tanta glória levantou-se depressa e estupefato; mas era a

verdade incontestável: “Deus não só os livrou, mas estava lá

com eles.”

Assim Deus glorificou o seu nome na manifestação de seu

poder. Deus não salvou a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego do fogo

e das mãos de Nabucodonosor, apenas para repreender a

Nabucodonosor no seu orgulho e majestade, mas para mostrar ao

mundo inteiro, e a todas as gerações posteriores, inclusive a

nossa, que Ele é Deus que não desampara, opera maravilhas e faz

tudo o que lhe aprouver. Assim seu nome é glorificado até hoje.

Deus não livrou a Sadraque, a Mesaque e a Abede-Nego da

fornalha, mas salvou-os na fornalha onde esteve presente com

eles.

Deus às vezes não nos livra do vale da sombra da morte, mas

não devemos temer mal algum porque a sua vara e seu cajado nos

protegem e nos consolam.

Vamos agora para a grande exaltação do nome do Senhor:

d) A EXALTAÇÃO DO NOME DO SENHOR

Daniel 3.26-30

26 - Então se chegou Nabucodonosor à porta da fornalha

sobremaneira acesa, falou, e disse: Sadraque, Mesaque e Abede-

Nego, servos do Deus Altíssimo, sai e vinde! Então Sadraque,

Mesaque e Abede-Nego saíram do meio do fogo.

27 - Ajuntaram-se os sátrapas, os prefeitos, os

governadores e conselheiros do rei, e viram que o fogo não teve

poder algum sobre os corpos destes homens; nem foram

chamuscados os cabelos da sua cabeça, nem os seus mantos se

mudaram, nem cheiro de fogo passara sobre eles.

28 - Falou Nabucodonosor, e disse: Bendito seja o Deus de

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu anjo, e livrou

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os seus servos, que confiaram nele, pois não quiseram cumprir a

palavra do rei, preferindo entregar os seus corpos, a servirem

e adorarem a qualquer outro deus, senão ao seu Deus.

29 - Portanto faço um decreto, pelo qual todo o povo, nação

e língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque,

Mesaque e Abede-Nego, seja despedaçado, e as suas casas sejam

feitas em monturo; porque não há outro Deus que possa livrar

como este.

30 - Então o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Abede-

Nego, na província de Babilônia.

Vemos aqui Nabucodonosor (verso vinte e seis) ainda

estupefato, sem acreditar no cenário que presenciava.

Aproximou-se da fornalha ardente e vê os jovens lá dentro da

fornalha andando, num cenário inacreditável. Nabucodonosor

relutou em acreditar naquilo que via, mas era a realidade:

havia quatro pessoas dentro da fornalha, que andavam com muita

tranqüilidade. Mantida a visão daquele cenário, ele chama a

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, agora já os classificando como

servos do Deus Altíssimo. Um Deus do qual ele tinha se

esquecido, pois já era conhecedor de uma amostra da extensão de

suas maravilhas.

Um Deus que ele desafiara há pouco, quando falara com

aqueles jovens. A sua ira foi substituída pelo espanto e

atônito aguardava aqueles jovens saírem de dentro daquela

fornalha. Nabucodonosor reconhece a sua derrota, pois com nosso

Deus ninguém sai vencedor. Ele só conhece a vitória e para Ele

não há adversário.

Nabucodonosor reconhece a soberania de Deus: Está aí, ó rei

Nabucodonosor, o Deus capaz de livrar esses rapazes das tuas

mãos!!

No verso vinte e sete, vemos todos os governantes se

aproximarem dos rapazes, agora já fora da fornalha, pois

Nabucodonosor os chamara para fora. (Saí e vinde! Verso vinte e

seis).

Quero crer que essa lição não foi só para Nabucodonosor,

mas a todos os babilônicos, todos os povos cativos, e também

para ser escrita no Cânon sagrado para nosso ensino e

edificação. Isso foi escrito para edificação de nossa fé, para

nos despertarmos para crer de fato nesse Deus Todo-Poderoso, o

qual jamais abandona quem nEle confia. Ver Salmo 40.1.

A respeito do quarto homem, que tinha um aspecto diferente:

Esse quarto homem apareceu de forma física, a ser vista por

Nabucodonosor, deixando muito claro para ele, Nabucodonosor,

que se tratava de um ser sobredivino. Isto certamente ocorreu

para que não houvesse nenhuma possibilidade de dúvidas a

respeito do quarto homem. Quero crer, embora a Bíblia não

esclareça esse item, que somente Nabucodonosor viu o quarto

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homem. Da expressão: “Eu, porém, vejo um quarto homem com

aparência do filho dos deuses”, deixa margens sólidas para essa

interpretação; caso contrário ele teria dito: Mas “nós” estamos

vendo um quarto homem, ou “existe” um quarto homem dentro da

fornalha.

Essa visão, acrescida do ―pormenor‖ que somente ele viu o

quarto homem, contribuiu, e muito, para o seu espanto e para

sua conversão a respeito de Deus. Aquele quarto homem

simplesmente desapareceu quando os rapazes saíram da fornalha,

e também não foi visto pelos três rapazes. Daniel certamente

não estava ali e, portanto também não O viu.

Esse episódio maravilhoso seria suficiente para converter

todo o reinado babilônico, e para o povo de Israel solidificar

em muito a sua fé. Mas os corações não se transformam pelo medo

nem pelas leis e decretos e sim por um novo nascimento que

brota de dentro para fora.

No verso vinte e sete temos a equipe técnica analisando os

jovens que saíram da fornalha e constataram, de forma

inequívoca e incontestável QUE: ―o fogo não teve poder algum

sobre os corpos destes homens; nem foram chamuscados os cabelos

da sua cabeça, nem os seus mantos se mudaram, nem cheiro de

fogo passara sobre eles”.

No verso vinte e oito, Nabucodonosor glorifica ao Deus que

ele desafiou; exatamente o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-

Nego, que enviou o seu anjo, e livrou os seus servos das sua

mãos. Deus não envergonha aqueles que nele confia.

Assim Nabucodonosor reconheceu a soberania de Deus e nos

versos vinte e nove e trinta o vemos fazendo, determinando e

publicando decretos com respeito à sociedade de seu reino e o

Deus dos judeus.

- ―Todo povo, nação, e língua que dissesse blasfêmia contra

o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seja despedaçado e

suas casas feita em monturo porque não há outro deus que possa

livrar como aquele‖.

Nabucodonosor sempre no uso de seu poder autoritário e

despótico, querendo legislar em toda área e em todos os setores

da vida. Daí ele ser a cabeça de ouro na estátua do capítulo

dois. Veja bem: além de ser ―cabeça‖ ainda é de ouro.

Acredito que fora de ISRAEL, cuja maior glória existiu em

Salomão, o reinado de maior glória foi esse de Nabucodonosor,

tendo sido sem dúvida maior que a de Salomão.

E os jovens não poderiam deixar de ser recompensados por

esse ato de fé, de coragem, de heroísmo e de fidelidade aos

seus princípios básicos: prosperaram ainda mais na província de

Babilônia.

Deus não precisava fazê-los prosperar na vida material, já

era de grande monta suas ocupações anteriores, mesmo se fossem

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mantidas sem progresso nenhum. Mas Deus não só os livrou, de

forma miraculosa na fornalha, como também lhe trouxe mais

prosperidade ainda! Porque Deus sempre recompensa o

comportamento de quem é fiel.

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CAPÍTULO 4

A ÁRVORE GIGANTE

Aqui no capítulo quatro prosseguem as profecias, onde temos

novamente Nabucodonosor tendo outra visão, desta vez não

esquecida por ele, e novamente se vê às voltas com a

interpretação da mesma. Trata-se de uma profecia dada

diretamente a Nabucodonosor, interpretada por Daniel.

Os versos um, dois e três são mais relacionados com os

capítulos anteriores e até deveriam fazer parte do capítulo

três, onde Nabucodonosor ainda reconhece a soberania de Deus e

dá testemunho de sua grandeza e de seu poder. Veja os versos de

1-3.

DANIEL 4.1 - O rei Nabucodonosor a todos os povos, nações e

homens de todas as línguas, que habitam em toda a terra: Paz

vos seja multiplicada!

2 - Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas

que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo.

3 - Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas as

suas maravilhas! O seu reino é reino sempiterno, e o seu

domínio de geração em geração.

Nesses versículos podemos ver, pelo menos de forma

aparente, que Nabucodonosor estava verdadeiramente convertido!

Presenciara com seus próprios olhos um cenário capaz de

converter o mais incrédulo dos ateus. Não se esquecer que

Nabucodonosor não só presenciou a cena da fornalha de fogo,

como teve o privilégio de ver a Jesus, pré-encarnado, ali na

fornalha como sendo o quarto homem. Ver Daniel 3.25.

Uma experiência como aquela, a visão da fornalha e dos

homens andando em seu interior, num cenário como o do contexto

um apreço, seria o suficiente para converter todos os

presentes, sem exceção. Nabucodonosor estava maravilhado

conforme se expressa nos versos dois e três, da introdução

deste capítulo.

DANIEL 42.3 - ―Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e

maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo. Quão

grandes são os seus sinais, e quão poderosas as suas

maravilhas.

Vamos dividir este capítulo quatro, a partir do verso

quatro, em três partes:

A visão da árvore gigante. Versos 4-18 A interpretação da visão. Versos 19-27 Deus cumpre suas profecias. Versos 28-37

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a) A VISÃO DA ÁRVORE GIGANTE

Daniel 4.4-18

4 - Eu, Nabucodonosor, estava tranqüilo em minha casa, e

feliz no meu palácio.

5 - Tive um sonho, que me espantou; e, quando estava no meu

leito, os pensamentos e as visões da minha cabeça me turbaram.

6 - Por isso expedi um decreto, pelo qual fossem

introduzidos à minha presença todos os sábios de Babilônia,

para que me fizessem saber a interpretação do sonho.

7 - Então entraram os magos, os encantadores, os caldeus e

os feiticeiros, e lhes contei o sonho; mas não me fizeram saber

a sua interpretação.

8 - Por fim se me apresentou Daniel, cujo nome é

Beltessazar, segundo o nome do meu deus, e no qual há o

espírito dos deuses santos; e eu lhe contei o sonho, dizendo:

9 - Beltessazar, chefe dos magos, eu sei que há em ti o

espírito dos deuses santos, e nenhum mistério te é difícil; eis

as visões do sonho que eu tive, dize-me a sua interpretação.

10 - Eram assim as visões da minha cabeça quando eu estava

no meu leito: eu estava olhando, e vi uma árvore no meio da

terra, cuja altura era grande;

11 - crescia a árvore, e se tornava forte, de maneira que a

sua altura chegava até ao céu; e era vista até aos confins da

terra.

12 - A sua folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e

havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do

campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus

ramos, e todos os seres viventes se mantinham dela.

13 - No meu sonho quando eu estava no meu leito, vi um

vigilante, um santo, que descia do céu,

14 - clamando, fortemente, e dizendo: Derrubai a árvore,

cortai-lhe os ramos, derriçai-lhe as folhas, espalhai o seu

fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela, e as aves dos

seus ramos.

15 - Mas a cepa com as raízes deixai na terra, atada com

cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo. Seja ele

molhado do orvalho do céu, e a sua porção seja, com os animais,

a erva da terra.

16 - Mude-se-lhe o coração, para que não seja mais coração

de homem, e lhe seja dado coração de animal; e passem sobre ele

sete tempos.

17 - Esta sentença é por decreto dos vigilantes, e esta

ordem por mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes

que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens; e o dá a

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quem quer, e até ao mais humilde dos homens constitui sobre

eles.

18 - Isto vi eu, rei Nabucodonosor, em sonhos. Tu, pois, ó

Beltessazar, dize a interpretação, porquanto todos os sábios do

meu reino não me puderam fazer saber a interpretação, mas tu

podes; pois há em ti o espírito dos deuses santos.

O capítulo quatro inicia com Nabucodonosor tranqüilo e

feliz. Ao que parece, já devia ter se esquecido novamente de

sua experiência com Deus. Algum tempo se passara e ele tem um

novo sonho, como é referido no versículo 5.

Lendo-se esse conjunto de versos sem uma análise mais

pormenorizada, pode-se ficar confuso sobre o caso; afinal, foi

sonho ou visão que teve Nabucodonosor? Essa dúvida pode surgir

da leitura dos versos quatro e cinco, que dizem:

Verso quatro:- “Eu estava tranqüilo na minha casa e feliz

no meu palácio.”

Isso nos dá a idéia de que estava acordado!

Verso cinco:- “Tive um sonho, que me espantou e quando

estava no meu leito, os pensamentos e as visões da minha cabeça

me perturbaram”.

Aqui ele inicia dizendo que teve um ―sonho‖, mas adiante

fala nas ―visões‖ que o perturbaram.

Verso dez:- “Eram assim as visões da minha cabeça quando

estava no meu leito” Aqui fala que foi uma visão. E aí eu

pergunto: foi sonho ou visão?!

Na realidade não há confusão, pois Nabucodonosor teve um

sonho. Isso fica claro nos versos: seis, sete, oito e treze.

Na hora do sonho, Nabucodonosor estava dormindo, sem dúvida.

Sonho é um estado de ativação da consciência do indivíduo

no ―centro dos sonhos”, região que fica localizada no cérebro e

que estando o indivíduo dormindo, ele tem a nítida sensação de

estar acordado e no pleno desempenho das atividades

desenvolvidas no sonho. Por ser sonho, é tudo irreal, mas no

sonho é tudo como se fosse realidade!

Nabucodonosor quis dizer no verso quatro que a rotina da

vida na casa e no palácio estava bem e feliz. Ele,

Nabucodonosor, não tinha nenhuma preocupação ou problema. No

verso cinco ele se refere a uma ocasião na qual o sonho já era

ocorrido. Agora, deitado em seu leito, acordado, os pensamentos

sobre o sonho o perturbavam intensamente, de modo a ―ver‖ as

visões do sonho em sua mente. É como se visse as imagens do

sonho passando pela sua mente, enquanto estava deitado e

pensativo. É como se o verso quatro e cinco fossem assim:

“Estava tudo bem comigo, em casa e no palácio, quando numa

noite,deitado em meu leito, tive um sonho que me deixou

espantado, e comecei a ficar preocupado, imaginando sobre o

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sonho em minha cama, e parecia ver em minha mente, o sonho

novamente!”.

Nabucodonosor não conseguia mais a tranqüilidade e as

atividades reais se achavam comprometidas, devido a uma

alteração em seu estado de humor, resultante do sonho.

Nabucodonosor foi tomado pelo pânico, pela insegurança, e esta

preocupação o afligia, perturbando-lhe a paz.

Os seus pensamentos lhe tiravam a tranqüilidade. A causa

desse transtorno era fundamentalmente a preocupação com sua

coroa, a preocupação com o futuro de seu reinado. Queria saber

se sua mordomia, sua glória, sua realeza estava ou não

ameaçada, comprometida!

Nabucodonosor faz um decreto (verso seis) pelo qual fossem

introduzidos em sua presença todos os sábios de Babilônia, para

que o fizessem saber a interpretação do sonho. (Verso7) Então

entraram os magos, os encantadores, os caldeus e os

feiticeiros, e lhes foi contado o sonho.

Mas, novamente a dificuldade da interpretação, pois as

coisas de Deus não é para qualquer um.

Nabucodonosor já tinha alguma experiência a respeito de

Deus, entretanto novamente chamou os sábios, magos, astrólogos

e feiticeiros, caldeus e adivinhos a fim de que esses lhe

dessem a interpretação do sonho.

Tudo indica que novamente recorre a seus súditos e se

esquece de Daniel. Nessa época, Daniel já era o chefe dos

sábios e dos magos, mas não sei por que, se estava tão ansioso,

não procurou Daniel já de imediato. Veja o que está escrito no

verso 8 ―Por fim se me apresentou Daniel, cujo nome é

Beltessazar”. Isso me dá a nítida impressão que Daniel foi

novamente o último, quando deveria ser o primeiro.

Esse fato está muito relacionado com os grandes talentos

que são esquecidos em sua própria sociedade. O mesmo fato

ocorre na Igreja, que às vezes possui homens verdadeiramente

valorosos, mas que dão frutos em seara alheia. Cantores que

possuem valor em outros campos, porque ―o santo em sua casa não

faz milagres‖.

Às vezes a ―prata da casa‖ é rica, brilhante, mas não tem

valor.

O SONHO DO CAPÍTULO DOIS E O SONHO DO CAPÍTULO

QUATRO

Existem semelhanças e diferenças entre o sonho do capítulo

dois e do quatro:

Ambos envolveram o rei.

Ambos foram interpretados por Daniel.

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Ambos deixaram Nabucodonosor sem a paz. Em ambos os magos nada puderam fazer por se tratar de

profecia de Deus.

Mas:

O primeiro extrapola o reinado de Nabucodonosor, e

abrange até o Estado Eterno.

O segundo se refere somente a Nabucodonosor

O primeiro foi esquecido, sumiu da mente do sonhador.

O segundo, o sonhador o relatou com detalhes.

O primeiro os magos não puderam interpretar porque não tinham o sonho.

O segundo, não puderam interpretar mesmo tendo o sonho,

porque a revelação estava em Deus e não nos homens ou com

Satanás.

O sonho do capítulo dois se encerra com a derrota do

governo humano.

O sonho do capítulo quatro se encerra com o governo de Nabucodonosor.

Daquilo que está escrito nos versos 4.8 e 4.18 podemos

deduzir que Nabucodonosor tinha certeza, a respeito de Daniel,

que ele desvendaria o sonho. Então, por que será que não o

chamou já em primeiro lugar? Por que passou primeiro por todos

os magos e sábios de seu reino antes de recorrer a Daniel?

Talvez Nabucodonosor quisesse reforçar, diante de si e de

todos, a habilidade de Daniel em comparação com seus magos,

sábios, astrólogos, feiticeiros, etc. Nabucodonosor confiava em

Daniel plenamente!Leia o verso 18: ―Tu, pois, ó Beltessazar,

diz a interpretação, porquanto todos os sábios do meu reino não

me puderam fazer saber a interpretação, MAS TU PODES; pois há

em ti o Espírito dos deuses santos”. Dá-nos a entender que

Nabucodonosor queria firmar a superioridade de Daniel em

relação aos demais.

Aqui podemos tirar uma lição para nós: Nossos problemas e

nossas aflições têm que ser levadas para a pessoa certa, sem o

que apenas tornaremos público os nossos problemas e não teremos

deles a solução. Não adianta ficar lastimando, nem tão pouco

murmurando, nem ainda discutindo com a pessoa inadequada.

Corroboram esse pensamento as atitudes da viúva de Zarefat que,

tendo o filho morto, foi procurar o homem de Deus, Elias, em

Samaria. Quando outros a interpelaram pelo caminho, respondia

“tudo vai bem”, e apenas ao homem de Deus foi apresentar o seu

problema e o seu lamento. 2 Reis 4.25.

Enfim, Nabucodonosor tem agora diante de si o homem de

Deus, o único capaz de revelar a interpretação.

Aqui no verso oito vemos que Nabucodonosor tem plena

consciência sobre a inoperância de seus deuses, e quando ele

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diz: “Mas por fim, entrou na minha presença Daniel, cujo nome e

Beltessazar, segundo o nome do meu deus e no qual há o espírito

dos deuses santos”; podemos deduzir que reconhecia que seus

deuses não tinham santidade, seus deuses não tinham vida, seus

deuses não passavam de mitos e folclore, não possuíam espírito

nem vida, e que Daniel tinha um Deus que sobre tudo é santo. O

deus de Daniel tinha vida, operava maravilhas e ainda revelava

o escondido.

No verso nove, Nabucodonosor diz: “Beltessazar, príncipe

dos magos, eu sei que há em ti o espírito dos deuses santos e

nenhum segredo te é difícil”, como se dissesse: “Tens um Deus

operante, vivo, sábio, cuja sabedoria não há limites!” e assim

Daniel ouve da parte do rei, o seu sonho.

Daniel ouviu atentamente a narração do grande monarca, cuja

descrição está nos versos dez a dezessete. Trata-se de:

a) Uma grande árvore, localizada no centro da terra, cuja

altura era muito imensa. Verso dez.

b) A árvore tinha um crescimento ilimitado, no TAMANHO, no

ASPECTO e na força. Verso onze. Podia ser vista até os confins

da Terra.

c) A árvore cresceu tanto, sua folhagem era vistosa,

exuberante, de raro esplendor, de modo que servia de abrigo

para as aves do campo e sua sombra, de abrigo para os animais.

Verso doze.

d) Seus frutos eram viçosos, além de abundantes, de modo a

sustentar toda a carne. Verso doze. Sua fonte alimentar era

inesgotável, sustinha: os animais do campo, as aves do céu e

todos os homens da Terra; (toda a carne diz o verso doze).

Nabucodonosor observava com admiração aquele cenário e,

como que absorvido por ele, pois era uma visão indescritível,

quando se rompe a harmonia da visão e Nabucodonosor vê um

mensageiro vindo do céu, referido por ele como ―um santo que

descia do céu‖ Verso 13, que gritava em alta voz: “Derrubai a

árvore e cortai-lhe os ramos, sacudi as suas folhas e espalhai

o seu fruto; e afugentem-se os animais de debaixo dela e as

aves dos seus ramos.” Verso 14.

Nos versos 15,16 e 17 prossegue o discurso do ser

celestial, do mensageiro do céu, que não se contenta em somente

cortar-lhe os ramos e afugentar os animais, como destruir seus

galhos e suas folhas, eliminando a sombra e os frutos, o abrigo

das aves e o alimento dos animais que dela dependiam.

No verso 15 há uma ordem para se deixar o tronco com suas

raízes sem serem alterados, mas temos também a determinação do

mensageiro: (V.15,16).

a) Seja ele preso à erva do campo com prisão de alta

segurança.

b) Seja regado pelo orvalho do campo.

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c) Sua alimentação seja a erva da terra.

d) Sua companhia sejam os animais.

e) Mude-se-lhe o coração de modo a ser animal.

f) Esta determinação terá a duração de sete estações.

Era a sentença dos ―vigiadores‖ para aquela árvore tão

frondosa: destruição apenas do seu esplendor, da sua aparência,

da utilidade, mas não da sua essência, pois o tronco devia ser

mantido com suas raízes intactas. Com isso se manteria sua

essência, podendo brotar novamente e vir a ser uma árvore tão

frondosa e bela como antes.

Nós sabemos que o tronco e as raízes representam toda a

essência da árvore, pois são as raízes que extraem os

nutrientes de toda a árvore, e o tronco é o intermediário

através do qual há sustentação de todas as estruturas que

compõem toda a árvore.

Neste caso observamos Deus mantendo, desta árvore, o que

lhe é de essencial: o tronco vivo, ligado à fonte de

alimentação de modo a permanecer vivo.

As determinações que lemos nos versos quinze e dezesseis,

apresentadas nos itens a, b, c, d, e, f são relativas a esse

tronco que foi deixado; este deveria ser regado pelo orvalho,

alimentar-se da erva do campo, ter como companhia os animais,

ter o coração mudado, numa sentença com sete anos de duração.

Vemos aqui que essa árvore tem como tronco ―algo‖ que não

pode ser vegetal, pois:

a) Um vegetal se nutre dos elementos retirados da terra

através de suas raízes; mas este aqui vai se nutrir da erva da

terra.

b) Habitualmente um tronco de árvore não tem companhia, mas

esse tem como companhia os animais.

c) Um vegetal não tem coração, mas esse aqui O TEM, pois

diz o verso 16 que ele SERÁ MUDADO para coração de animal, o

que quer dizer que ele tinha um coração que não era de animal.

Veremos adiante que esse tronco de árvore é o próprio

Nabucodonosor, conforme a interpretação de Daniel.

O verso dezessete nos mostra o fundamento deste sonho

profético, que não é outro se não mostrar:

Primeiro: que Deus é soberano sobre todos os soberanos.

Segundo: que é Deus quem dá ou permite o reinado dos

homens.

Terceiro: Deus dá o governo humano a quem quer e tira

daquele que o tem para o dar a quem de sua escolha, até mesmo

ao mais baixo ou mais simples, ou ainda o mais humilde entre os

homens.

Quarto: O verdadeiro domínio de todas as coisas pertence ao

Deus do povo de Judá.

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O verso dezoito deixa patente que se trata de um sonho,

podendo ser redigido assim: ―Isso em sonho, eu, rei

Nabucodonosor vi” ou “isso eu vi em meu sonho enquanto dormia”.

Assim temos a narração do sonho por Nabucodonosor a Daniel,

e diante de Daniel, Nabucodonosor anseia pela interpretação e

diz: “este é o sonho que ninguém pôde interpretar, mas que tu o

podes, pois em ti há o Espírito dos deuses santos.”

b) A INTERPRETAÇÃO DO SONHO

Daniel 4.19-27

19 - Então Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve

atônito por algum tempo, e os seus pensamentos o turbavam.

Então lhe falou o rei, e disse: Beltessazar , não te perturbe

o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu Beltessazar, e

disse. Senhor meu, o sonho seja contra os que te têm ódio, e

a sua interpretação para os teus inimigos.

20 - A árvore que viste, que cresceu, e se tornou forte,

cuja altura chegou até ao céu, e que foi vista por toda a

terra;

21 - cuja folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e

em que para todos havia sustento, debaixo da qual os animais do

campo achavam sombra, e em cujos ramos as aves dos céus faziam

morada,

22 - és tu, ó rei, que cresceste, e vieste a ser forte; a

tua grandeza cresceu, e chega até ao céu, e o teu domínio até à

extremidade da terra.

23 - Quanto ao que viu o rei, um vigilante, um santo, que

descia do céu, e que dizia: Cortai a árvore, destruí-a, mas a

cepa com as raízes deixai na terra, atada com cadeias de ferro

e de bronze, na erva do campo; seja ele molhado do orvalho do

céu e a sua porção seja com os animais do campo, até que

passem sobre ele sete tempos.

24 - Esta é a interpretação, ó rei; e este é o decreto do

Altíssimo, que virá contra o rei, meu senhor:

25 - serás expulso de entre os homens, e a tua morada será

com os animais do campo, e dar-te-ão a comer ervas como aos

bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete

tempos por cima de ti, até que conheças que o Altíssimo tem

domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer.

26 - Quanto ao que foi dito, que se deixasse a cepa da

árvore com as suas raízes, o teu reino tornará a ser teu,

depois que tiveres conhecido que o céu domina.

27 - Portanto, ó rei, aceita o meu conselho, e põe termo em

teus pecados pela justiça, e às tuas iniqüidades usando de

misericórdia para com os pobres; e talvez se prolongue a tua

tranqüilidade.

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72

No verso dezenove vemos Daniel ―ATÔNITO‖ por algum tempo.

Existem versões bíblicas que neste verso traduzem esse ―algum

tempo‖ por ―quase uma hora‖, (Ver Young’s Literal Translation

1998, Almeida Revista e corrigida 1995, por exemplo) e nesse

espaço de tempo, seus pensamentos perturbavam o seu semblante,

de modo que o rei percebeu a mudança exterior de seu aspecto.

Daniel se apresentava ―espantado‖, estava mudo, não falava

nada, estava pálida, vítima de uma vaso-constrição periférica

percutânea, de origem neurogênica, que foi causada pelo

entendimento da narração que acabara de ouvir. Daniel já sabia

que a interpretação era totalmente desfavorável ao rei.

Daniel, súdito fiel, tinha por seu rei, verdadeiro apreço, e o

bem-estar do seu rei fazia parte de seus propósitos. Ele nunca

desejaria mal ao rei e vendo o mal rodeando o seu senhor,

estava envolvido numa terrível emoção desagradável.

Vendo o rei o estado de Daniel, disse-lhe: Beltessazar, não

te perturbe o sonho, nem a sua interpretação. Daniel 4.19. Mas

Daniel estava assustado e como maior prova de consideração e

apreço para com o rei, responde: Senhor meu, o sonho seja

contra os que te têm ódio, e a sua interpretação para os teus

inimigos.

Nabucodonosor deixou Daniel à vontade para interpretar o

sonho, tranqüilizando-o qualquer que fosse o sentido da

interpretação.

Profetizar contra o rei poderia significar a morte;

profetizar contra o rei poderia significar as conseqüências

mais desastrosas, mas a preocupação de Daniel não foi dessa

natureza. Ele se preocupava realmente com o rei, com o seu

bem-estar.

Assim Daniel se põe a interpretar o sonho do rei, chamando-

o de ―Senhor meu‖. (Verso dezenove)

Para os que te tem ódio, pois boa coisa não é, e não se trata de boas notícias.

A interpretação seja para os teus inimigos, para que esse mal se volte conta eles.

Mas a Nabucodonosor cabia apenas ouvir a interpretação

profética e a Daniel, a interpretação fiel.

Assim ao longo dos versos seguintes temos a explicação do

sonho para Nabucodonosor.

A árvore:

* aquela árvore tão frondosa, tão grande, tão útil não só

para as aves, mas para todo animal, cuja folhagem era formosa e

cujos frutos abundantes;

* aquela árvore que crescera tanto a ponto de atingir o céu

e a extremidade da terra;

* aquela árvore que fornecia o conforto para os animais e

para as aves do céu;

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Era Nabucodonosor no gozo de sua glória e no domínio de seu

poder que se estendeu até aos extremos da terra conhecida até

então. Verso 20 e 21. Ver verso 22: ‖aquela árvore és tu, ó

rei, que cresceste, e vieste a ser forte; a tua grandeza

cresceu, e chega até ao céu, e o teu domínio até à extremidade

da terra”.

Aquela árvore representava a pessoa do rei, pois dele saíam

os recursos para todos e o abrigo às aves e animais. Seu

reinado e poderio se estenderam de tal forma que sua influência

foi representada no sonho por aquela árvore, cujo crescimento

atingiu o céu, e cuja visão atingia o extremo da terra. (Verso

22). Mas no verso vinte e três temos uma quebra nesse cenário

paisagístico tão agradável, de esplêndida admiração, através de

um mensageiro; um santo que desceu do céu e dizia, emitindo uma

ordem sem definição do endereço, sem definir a quem era aquela

ordem:

Cortai a árvore e destruí-a, mas deixai o tronco e não danifiquem em nada suas raízes. E aquele ser prossegue em seu

imperativo discurso:

Mas o tronco, que não deve sofrer danos, seja fixado à terra com prisões seguras, em meio à erva do campo;

Esse tronco deverá ser molhado pelo orvalho do céu que atinge tudo o aquilo que não tem abrigo.

Sua porção alimentar seja junto com os animais do campo, à sua semelhança.

Isso deverá ser mantido até que passe sete tempos. Verso 23.

No verso vinte e quatro, Daniel suspira, inspira um pouco

mais profundo que o habitual e diz ao rei: Esta é a

interpretação, ó rei; e este é o decreto do Altíssimo que virá

sobre o rei, meu senhor.

Nesta altura dos acontecimentos Nabucodonosor não havia

entendido a extensão e o propósito da profecia e olhava para

Daniel como quem queria entendê-lo melhor!

Então Daniel prossegue, esmiuçando a mensagem profética,

numa linguagem mais trivial e ilustrativa:

(Ó rei Nabucodonosor) serás tirado de entre os homens,

perderás o teu trono e também o teu leito, perderás também a

tua família e o teu lar; a tua morada será junto aos animais do

campo, e tu sofrerás uma mudança no modo de comer e passarás a

comer como os bois; passarás a dormir no campo e não mais no

teu leito real, onde gozas a proteção contra as intempéries

naturais; por essa razão o teu corpo será molhado pelo orvalho

do céu, pois dormirás a céu aberto como os bois e os outros

animais. Isso acontecerá sobre ti, até que se passe sete anos a

fim de que reconheças que Deus é muito superior a ti, e que foi

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ele que te deu esse reinado, que tu não tens nada, que és pobre

e estás nu. Tudo o que tens veio desse Deus a quem não

reconheces como teu Senhor, embora, já tenha visto suas

maravilhas, e já tenhas conhecido do seu poder!

Esse Deus é um Deus que dá e que também tira, e quando dá,

o faz a quem quer, imperando apenas a sua vontade que é

absoluta e suprema. Uma vez reconhecido que a Deus pertence a

verdadeira glória, então voltarás a ter o teu trono, eis o

porquê do tronco ser mantido, inalterado, junto com as suas

raízes, o qual voltará a brotar e formará uma nova árvore.

Deus tirará o teu reino, o dará para outros e depois o

devolverá a ti, e isso acontecerá durante sete anos.

Na verdade, com respeito aos ―sete tempos‖ referidos por

Daniel, não sabemos exatamente o que ele quis dizer; pois os

Babilônios tinham duas estações que correspondem ao verão e ao

inverno e não sabemos se as sete estações seriam diretas, o que

daria três anos e meio, ou se sete verões, ou sete invernos de

modo que seriam sete anos.

Aquele rei necessitava se converter em sua grandeza. Ele se

comportava como um deus absoluto e necessitava reconhecer que

Deus é o Senhor, o Deus de Judá, o Deus de Daniel. Mas Deus lhe

deu uma oportunidade, embora na Sua presciência já sabia que

ele não ouviria o conselho de Daniel, apresentado no verso 27:

- Portanto, ó rei, aceita o meu conselho e desfaça-te dos

teus pecados e das tuas iniqüidades e passe a usar de

misericórdia para com os pobres e talvez se prolongue a tua

tranqüilidade.

É como se dissesse ao rei: Ó rei, você comete muita

injustiça. Por exemplo: mandou aquecer a fornalha de fogo sete

vezes para nela jogar meus companheiros que sempre lhe foram

fiéis; e isso só para satisfazer o seu ego. Você ocupa um lugar

mais alto do que aquele que Deus o colocou. Você não tem

misericórdia com os pobres e não respeita a ninguém. Arrependa-

te, pois, aceite esse meu conselho e terá sua tranqüilidade

prolongada, caso contrário está aí a profecia a teu respeito.

Agora ó rei, já tens a interpretação e a orientação que

desejavas. A profecia desta vez é contra ti e a vítima serás

tu, ó rei.

Deus ainda deu para Nabucodonosor, tempo para que se

arrependesse e ouvisse os conselhos de Daniel. Foi somente após

ter passado um período próximo de um ano, quando o rei já tinha

se esquecido totalmente da profecia e da visão, além dos

conselhos de Daniel, é que veio a se cumprir essa visão

profética.

Veremos a seguir que Deus cumpre a sua palavra, e todas

essas coisas sobrevieram sobre Nabucodonosor.

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c) DEUS CUMPRE A PROFECIA

Daniel 4.28-37

28 - Todas estas cousas sobrevieram ao rei Nabucodonosor.

29 - Ao cabo de doze meses, passeando sobre o palácio real

de Babilônia,

30 - falou o rei, e disse: Não é esta a grande Babilônia

que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder, e

para glória da minha majestade?

31 - Falava ainda o rei quando desceu uma voz do céu: A ti

se diz, ó rei Nabucodonosor: Já passou de ti o reino.

32 - Serás expulso de entre os homens, e a tua morada será

com os animais do campo; e far-te-ão comer ervas como os bois,

e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que aprendas que

o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem

quer.

33 - No mesmo instante se cumpriu a palavra sobre

Nabucodonosor, e foi expulso de entre os homens, e passou a

comer erva como os bois, o seu corpo foi molhado do orvalho do

céu, até que lhe cresceram os cabelos como as penas da águia, e

as suas unhas como as das aves.

34 - Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei

os olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse

o Altíssimo, e louvei e glorificarei ao que vive para sempre,

cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em

geração.

O verso de número vinte e oito fala sobre o cumprimento

dessa profecia, quando diz que todas estas coisas sobrevieram

sobre o rei.

Conforme o verso vinte e nove nós vemos que Deus esperou

por um período razoável e um ano depois, sobrevieram sobre ele

todas essas coisas.

Após a profecia, Nabucodonosor não ouviu o conselho de

Daniel e se manteve na rotina anterior, talvez um pouco pior,

pois o período do auge das conquistas já se havia passado.

Nabucodonosor agora é rei de todo o mundo civilizado de então.

Já havia construído o palácio de Babilônia, já havia feito da

cidade de Babilônia um marco iluminado neste mundo, cidade

luxuosa e extravagante para a sua época. A cidade de Babilônia

era sem rival na história universal. Jeremias fala de Babilônia

em Jeremias 51. 41 e Isaías 13.19 e a elevam à categoria de

cidade, jóia dos reinos, glória de toda a terra. Isto quer

dizer que Babilônia extrapola a glória dos caldeus.

Babilônia era uma cidade fechada com muros, na faixa de cem

quilômetros, com noventa metros de altura e aproximadamente

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vinte e cinco metros de largura (espessura); uma verdadeira

fortaleza e que possuía cem portas de cobre.

Convém lembrar aqui que se fôssemos construir hoje, apesar

de todo o avanço da tecnologia, um muro como esse, qual não

seria o seu custo, qual não seria o trabalho, qual não seria o

tempo empregado?

Não sabemos como foi feito naquela época. De qualquer forma

uma verdadeira proeza, pois não dispunham da tecnologia que

conhecemos.

O rio Eufrates passava no seu interior. Era realmente uma

cidade espantosa. A cidade tinha os chamados jardins suspensos,

que por sua beleza e raridade se constituiu numa das sete

maravilhas do mundo antigo.

Ao final de um ano, (verso 29) já esquecido da profecia e

também já esquecido de Deus e já esquecido também de Daniel e

do sonho, lá está Nabucodonosor alimentando sua vaidade, dando

asas à imaginação de seu ego, passeando pelo palácio, quando

começa a regurgitar seu super ego e começa a falar de sua

própria glória: (O verso trinta narra que o rei falou e disse

seguramente em voz alta, provavelmente para si mesmo).

a) Sobre a sua divindade pessoal.

b) Sobre seu poderio religioso, judiciário, concentrado em

suas mãos.

c) Sobre a glória de ser o maior rei e o maior reino até

então.

“Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa

real, com o meu grandioso poder, e para glória da minha

majestade”? Daniel 4.30.

É como se dissesse: “Não é essa a magnífica obra de minhas

mãos sem a ajuda de Deus, sem a interferência de ninguém, mesmo

porque eu sou o maior, e na minha frente não há ninguém”?

Mas diz o verso trinta e um que ainda estavam na boca do

rei as últimas palavras quando ele ouviu uma voz do céu:“A ti

se diz, ó rei Nabucodonosor: Já passou de ti o reino. Serás

expulso de entre os homens, e a tua morada será com os animais

do campo; e far-te-ão comer ervas como os bois, e passar-se-ão

sete tempos por cima de ti, até que aprendas que o Altíssimo

tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem

quer”.Daniel 4.31 e 32.

No verso trinta e três temos a informação de que na mesma

hora se cumpriu a determinação do céu sobre Nabucodonosor.

“No mesmo instante se cumpriu a palavra sobre

Nabucodonosor, e foi expulso de entre os homens, e passou a

comer erva como os bois, o seu corpo foi molhado do orvalho do

céu, até que lhe cresceram os cabelos como as penas da águia, e

as suas unhas como as das aves”.Daniel 4.33.

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Nabucodonosor sem dúvida ouviu aquela voz e tomou ciência

daquela sentença. Ele já houvera sido prevenido, mas não dera

ouvido, até mesmo se esqueceu, mas agora se esgotou o tempo e

na mesma hora ele foi tirado de entre os homens.

Nabucodonosor foi acometido de uma loucura, que é uma

doença mental chamada de ZOANTROPIA. Trata-se de uma doença na

qual a pessoa se acha um animal e se comporta como tal.

Acredito que a doença de Nabucodonosor foi a mais grave

manifestação dessa doença, sendo registrada na Bíblia para

ensino nosso.

Assim o rei Nabucodonosor:

1 - Foi deposto de seu trono numa prova inefável de que:

Deus é realmente soberano, e se há alguém realmente cheio de soberania esse alguém é Deus.

Deus exalta os humildes e reprime os soberbos. Deus entrona e destrona os monarcas da terra conforme

seus beneplácitos, e conduz os governantes por sua (de Deus)

soberania.

2 - Foi humilhado ao extremo, chegando a conviver com os

animais do campo e a viver com eles.

3 - Retornou ao seu trono, não por seus próprios méritos,

mas numa verdadeira prova da misericórdia de Deus. Isso se fez

como prova de que:

Deus vela e cumpre sua palavra. Sua misericórdia é infinita. Deus efetivamente é o Senhor dos Senhores, é o Rei dos

reis e é quem efetivamente reina. É nEle que se concentra todo

o poder.

E assim o sonho profético de Nabucodonosor se cumpriu e o

rei passou sete tempos com os animais, vivendo, comendo e

dormindo como eles, resultado da doença mental que o acometeu.

Nabucodonosor teve a sua mente transformada e acometida de uma

doença que o transformou em um animal. Isto quer dizer que

através da doença Deus lhe tirou a razão, o coração de

sentimentos humanos, os pensamentos associados à linguagem

humana. Em sua mente tratava-se realmente de um animal e se

comportava como tal.

Assim:

Nabucodonosor comeu da erva do campo. Seu corpo foi molhado pelo orvalho, isto é, passou a

dormir exposto às intempéries naturais.

Cresceram-lhes as unhas como a das aves, onde não se

podem desenvolver mais os hábitos da higiene compatíveis com a

sua realeza.

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Cresceu-lhe também o pêlo (isto é, os cabelos de todo o corpo) tornando a sua aparência monstruosa e horripilante,

associada à falta da higiene, pois vivia no campo, como se vê e

se observa ao lermos o verso trinta e três.

Cumprido o tempo determinado por Deus, vemos no verso

trinta e quatro que Nabucodonosor ―levantou os olhos para

cima”.

Não há outra saída! A Igreja em Laodicéia foi convidada a

usar colírio comprado do Senhor, porque não se pode usar

colírio sem voltar os olhos para cima.

Moisés levantou a serpente no deserto a fim de que o povo

voltasse o seu olhar para cima.

Com Nabucodonosor não foi diferente. Foi necessário olhar

para cima, numa prova irrefutável e indiscutível de que a sua

posição é lá embaixo!

Diz o verso trinta e quatro que, ao olhar para cima,

voltou-lhe o entendimento. Isso é narrado pelo próprio

Nabucodonosor. Veja Daniel 4.34

“Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os

olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o

Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo

domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração”.

Nem todas as doenças são decorrentes de castigo de Deus em

nossa vida. Em virtude de estarmos sujeitos às leis naturais

desta vida, temos todos os problemas decorrentes do simples

fato de vivê-la. Assim não estamos livres dos acidentes

naturais, nem das catástrofes naturais, nem dos problemas

decorrentes das intempéries naturais e podemos adoecer

simplesmente por sermos humanos e que um dia haveremos de

morrer; (exceção apenas aos que forem arrebatados na volta de

Jesus). Mas sem dúvida existem doenças que são castigos de Deus

em nossa vida, como esse caso aqui em apreço.

Nabucodonosor precisava se converter de seus pecados e

ouvir os conselhos de Daniel (verso 27).

Quero crer que, sem dúvida alguma, se Nabucodonosor se

convertesse de seus pecados, praticasse a justiça e usasse de

misericórdia, Deus o teria poupado dessa humilhação.

Muitas vezes sofremos muito devido nosso próprio

comportamento e depois ficamos a pensar que Deus está nos

provando! Ora nós temos que pagar pelos nossos erros; temos

que pagar pela nossa língua quando ela for grande de modo a não

caber em nossa boca. Temos que pagar por não sermos humildes,

pois a arrogância é fator anti-social, e o sofrimento

decorrente disso não é prova de Deus em nossa vida coisa

nenhuma! Trata-se realmente de uma correção de Deus.

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Jó, sim, foi provado por Deus, tanto que ele invocou a Deus

e o convidou a ―pesá-lo em balança fiel‖ (Jó 31.6) a fim de que

Deus visse a sua sinceridade e retidão.

Verso 34, Ao levantar os seus olhos para cima, voltou-lhe

(a Nabucodonosor) o entendimento e Deus o curou daquela doença

tão grave, felizmente rara entre nós.

Na minha experiência pessoal já vi manifestação de doença

psiquiátrica dessa natureza: um jovem achava que era ―Jesus‖ e

um outro achava que era o ―Roberto Carlos‖ e não havia quem os

convencesse do contrário. Essa doença tem pouco resultado

quando em tratamento médico, mas há casos de boa evolução com a

terapêutica adequada.

Nabucodonosor foi então acometido de um mal, fim de uma

lição. Não havia ninguém que pudesse discipliná-lo a não ser

Deus. No verso 34, ao fim daqueles dias, Deus permite a cura

daquele mal e Nabucodonosor levanta seus olhos para cima, única

direção que lhe poderia proporcionar a solução de seu problema;

pois o verdadeiro socorro vem de Cima. Salmo 121.1,2. Assim,

Nabucodonosor:

Nabucodonosor imediatamente reconheceu a soberania de

Deus bendizeu ao Senhor e exaltou o seu glorioso nome.

Glorificou ao Altíssimo que vive para sempre. Reconheceu que seu domínio é ilimitado e seu reino é

eterno.

Nos versos trinta e cinco ao trinta e sete Nabucodonosor,

após reconhecer a soberania de Deus, enaltece o Deus de Daniel:

DANIEL 4.35 - Todos os moradores da terra são por ele

reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera com o

exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa

deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?

36 - Tão logo me tornou a vir o entendimento, também para a

dignidade do meu reino tornou-me a vir a minha majestade e o

meu resplendor; buscaram-me os meus conselheiros e os meus

grandes; fui restabelecido no meu reino, e a mim se me ajuntou

extraordinária grandeza.

37 - Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalto e

glorifico ao Rei do céu; porque todas as suas obras são

verdadeiras, e os seus caminhos justos, e pode humilhar aos que

andam na soberba.

Aqui no verso trinta e cinco vemos Nabucodonosor

reconhecendo a grandeza de Deus.

Assim Nabucodonosor voltou a reinar, (verso 36) acredito

eu, convertido pela força e pela violência. Nabucodonosor viveu

depois disso uma vida diferente como se pode deduzir do verso

37, onde passa a exaltar e a glorificar ao Rei de céu, e passa

a reconhecer que todas as suas obras são verdadeiras, e os seus

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80

caminhos justos, e pode humilhar aos que andam na soberba. Dn

4.37.

Nabucodonosor reinou por volta de quarenta e cinco anos,

aproximadamente entre 609 a 562 a.C. Nós não sabemos exatamente

como morreu, mas ao que parece morreu com a dignidade de rei e

foi a cabeça de ouro da estátua gigantesca do capítulo dois e

se constituiu no primeiro dos reis, nos quatro reinados

universais da história humana posterior.

Daniel não tinha o intuito de ser historiador e por esse

motivo a sua história é cheia de lacunas e assim temos um

grande espaço de tempo entre o capítulo quatro e o capítulo

cinco, talvez perto de trinta anos, onde nada sabemos sobre a

Babilônia ou sobre Nabucodonosor.

Seguramente não houve nenhum fato importante que merecesse

ser narrado por Daniel em todo esse período.

Em todo esse período Daniel permaneceu como homem de

confiança do rei, não somente Daniel, como também seus

companheiros. Veremos que Daniel ultrapassou todo o reinado de

Babilônia, sempre se destacando como homem de Deus fiel em seus

princípios, de caráter moral irrepreensível.

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CAPÍTULO 5

A QUEDA DE BABILÔNIA

Aqui no capítulo cinco temos a narração do final do império

babilônico, tendo a Belsazar em exercício do trono A Babilônia

foi conquistada por Ciro, o persa, e por Dario, o medo, dando

início ao segundo império mundial chamado Medo-Persa.

Nessa época Daniel já era um ancião com idade próxima aos

oitenta anos e lendo o capítulo cinco dá para entender que

Daniel se achava como que aposentado ou estava exercendo alguma

atividade fora da corte. Podemos deduzir isso no verso onze

onde diz: “Há no teu reino um homem” que reforça esse

pensamento.

Daniel era um homem muito conhecido naquele reinado, assim

como suas histórias também eram conhecidas em todo o reino.

Tendo morrido Nabucodonosor, a Babilônia entrou em ritmo de

decadência e subiu ao trono um sujeito de nome EVIL MERODAQUE

que reinou por volta de dois anos, e foi assassinado. 2 Reis

25.27-30.

Em seu lugar subiu, para reinar, seu cunhado, NERY GLASSAR,

por um reinado também muito curto (reinou por volta de quatro

anos), foi substituído por LABOCHI MARDUCK, filho de Nery

Glassar, que também foi deposto pelo partido sacerdotal e foi

substituído por NABONIDO, que foi o último rei de Babilônia,

tendo reinado até a queda de Babilônia em 539 a.C.(reinou por

volta de dezessete anos).

Daniel não faz menção de Nabonido, mas refere que Belsazar

lhe ofereceu o terceiro lugar no reino. Ver verso 16: “E serás

o terceiro em meu reino”.

Se Belsazar fosse ―rei‖ efetivo da Babilônia ele teria

oferecido o segundo lugar a Daniel; o que não poderia fazer

porque ele ocupava esse lugar e reinava em Babilônia em

substituição a Nabonido, que era rei efetivo.

Nabonido passou a última parte de seu reinado provavelmente

na Arábia e Belsazar reinava em seu lugar, quando ausente.

Nessa época a população de Babilônia, dentro dos muros, atingia

por volta de um milhão de pessoas. Na noite da derrota,

Belsazar se achava em festa dentro dos muros da cidade, e

confiava na invencibilidade daquela fortaleza e, reunido com

mais de mil pessoas, bebiam e folgavam, quando o inesperado

incrível aconteceu. Vamos ver isso aqui nesse capítulo.

O capítulo cinco pode ser dividido em:

A escritura na parede. Versos 1-12

A interpretação da escritura Versos 13 - 28

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O cumprimento da escritura.

a) A ESCRITURA NA PAREDE

Daniel 5.1-12

1 - O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus

grandes, e bebeu vinho na presença dos mil.

2 - Enquanto Belsazar bebia, e apreciava o vinho, mandou

trazer os utensílios de ouro e de prata, que Nabucodonosor, seu

pai, tirara do templo que estava em Jerusalém, para que neles

bebessem o rei, e os seus grandes, as suas mulheres e

concubinas.

3 - Então trouxeram os utensílios de ouro, que foram

tirados do templo da casa de Deus, que estava em Jerusalém, e

beberam neles o rei, os seus grandes, as suas mulheres e

concubinas.

4 - Beberam o vinho, e deram louvores, aos deuses de ouro,

de prata, de bronze, de ferro, de madeira, e de pedra.

5 - No mesmo instante apareceram uns dedos de mão de homem,

e escreviam, defronte do candeeiro, na caiadura da parede do

palácio real; e o rei via os dedos que estavam escrevendo.

6 - Então se mudou o semblante do rei, e os seus

pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram,

e os seus joelhos batiam um no outro.

7 - O rei ordenou em voz alta que se introduzissem os

encantadores, os caldeus e os feiticeiros; falou o rei, e disse

aos sábios de Babilônia: Qualquer que ler esta escritura, e me

declarar a sua interpretação, será vestido de púrpura, trará

uma cadeia de ouro ao pescoço, e será o terceiro no meu reino.

8 - Então entraram todos os sábios do rei; mas não puderam

ler a escritura, nem fazer saber ao rei a sua interpretação.

9 - Com isto se perturbou muito o rei Belsazar, mudou-se-

lhe o semblante; e os seus grandes estavam sobressaltados.

10 - A rainha-mãe, por causa do que havia acontecido ao rei

e aos seus grandes, entrou na casa do banquete, e disse: Ó rei,

vive para sempre! Não te turbem os teus pensamentos, nem se

mude o teu semblante.

11 - Há no teu reino um homem, que tem o espírito dos

deuses santos; nos dias de teu pai se achou nele luz e

inteligência, e sabedoria como a sabedoria dos deuses; teu pai,

o rei Nabucodonosor, sim, teu pai ó rei, o constituiu chefe dos

magos, dos encantadores, dos caldeus e dos feiticeiros,

12 - porquanto espírito excelente, conhecimento e

inteligência, interpretação de sonhos, declaração de enigmas e

solução de casos difíceis, se acharam neste Daniel, a quem o

rei pusera o nome de Beltessazar; chame-se, pois, a Daniel, e

ele dará a interpretação.

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O cenário é de uma grande festa. Essa festa era para

importantes convidados, e não poucos; na presença dos quais

Belsazar bebia vinho. Estimulado pela ação da bebida e na

presença dos maiorais lembrou-se dos vasos sagrados que vieram

de Jerusalém.

No verso dois vemos Belsazar mandando trazer os utensílios

sagrados para que eles todos bebessem neles.

No mundo há um ditado:

“Não se mexe com aquilo que está quieto”. Enquanto Belsazar e seu bando não se envolveram com as

coisas sagradas de Deus, houve tolerância da parte de Deus para

com eles, embora cultuassem seus ídolos e se prostituíssem

naquela grande festa.

Os utensílios sagrados foram trazidos na presença do rei,

como se pode deduzir do verso três, e começaram a beber neles;

o rei, seus maiorais, suas mulheres e concubinas e, como se não

bastasse, com os utensílios sagrados em suas mãos, passaram a

entoar hinos de louvores aos seus ídolos. Verso quatro.

Deus não se deixa escarnecer. Sua paciência tem limites.

Entendeu Deus que aquele povo já ultrapassava seus limites,

pois agora afrontavam ao verdadeiro Deus e provocaram sobre si

a sua ira.

Nessa altura do cenário festivo, quando tudo era festa,

orgia, alegria e bebedeiras, diz-nos o verso cinco:

- ―NA MESMA HORA‖ apareceram uns dedos de mão de homem que

escreviam, defronte do castiçal, (onde havia luz) na parte

estucada da parede (em local propício para a escrita) e o rei

via a parte da mão que ia escrevendo. Verso 5.

Ao ver essa cena, Belsazar perdeu a cor, ficou assustado,

não dava para acreditar, mas era a realidade. Verso 6.

Diante de seus olhos havia, de forma suspensa, uns dedos de

mão de homem escrevendo na parede. Belsazar estava apavorado.

Leia Daniel 5.6.

“Então se mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o

turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus

joelhos batiam um no outro”.

Belsazar estava tremendo, estava assustado, pálido, porque

não dizer atônito! O rei estava tremendo. Mas não era apenas o

rei. Veja o que diz o verso nove:

“... e os seus grandes estavam sobressaltados”.

Também os seus grandes. Todos afrontaram ao Deus dos judeus

e profanaram os utensílios sagrados do templo do Senhor em

Jerusalém.

O escrito da parede era na língua dos caldeus, mas não

entendiam a mensagem, e isto piorou ainda mais a situação de

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angústia, de desespero, de medo e veio a necessidade de se

saber de que se tratava, qual o significado daquela mensagem.

Tratava-se de palavras conhecidas, sem dúvida, mas eram

palavras que se achavam soltas, isoladas e não faziam sentido.

Mas tinham que ter algum sentido, pois sem dúvida não foram

mãos humanas que as escreveram e se tratava de uma mensagem

para o rei.

Por ordem expressa do rei, foram chamados os magos, os

entendidos, a fim de que ajudassem o rei, a fim de que

interpretassem aquele escrito na parede. Mas se tratava de uma

mensagem de Deus, e mensagem de Deus é necessário se ter do seu

Espírito para entendimento. Mas em vão chamaram os sábios, os

encantadores, os feiticeiros, os caldeus e todos os que

poderiam supostamente ajudar.

Lá está o escrito, os dedos que escreveram a mensagem já se

foram, o que resta agora é desespero. Acabou-se a festa, um ou

outro ainda encontra ânimo para beber o vinho. Na verdade,

tanto o rei quanto seus grandes estão preocupados.

O problema extrapolou a sala do banquete e já estava por

toda a corte. Quero acreditar que era noite quando foi feito o

escrito, pois este foi feito ―defronte ao castiçal‖ a fim de

aproveitar a sua luz.

Mas ao final, tudo em vão. No verso oito temos que não

puderam, apesar da sabedoria, da experiência, dos esforços,

fazer saber ao rei a sua interpretação e como conseqüência

aumentou ainda mais a perturbação do rei. Ver versos 8 e 9.

Dá a entender do verso dez que a rainha mãe não participava

da festa. A rainha mãe, certamente informada sobre os

acontecimentos na casa do banquete e sabendo que o rei se

achava perturbado, e que o clima festivo acabara, dando lugar

ao temor e apreensão; veio entrou na sala do banquete.

Ao entrar na sala, procurou o rei e lhe disse: Há no teu

reino um homem, que tem o espírito dos deuses santos; nos dias

de teu pai se achou nele luz e inteligência, e sabedoria como a

sabedoria dos deuses; teu pai ó rei, Nabucodonosor, sim teu pai

ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos

caldeus e dos feiticeiros. Porquanto espírito excelente,

conhecimento e inteligência, interpretação de sonhos,

declaração de enigmas e solução de casos difíceis, se acharam

neste Daniel, a quem o rei pusera o nome de Beltessazar; chame-

se, pois, a Daniel, e ele dará a interpretação. Verso 11 e 12.

Podemos deduzir, da forma de expressão da rainha, que

Daniel não estava freqüentando a corte, de modo assíduo, pois

me parece que Belsazar não o conhecia pessoalmente. Certamente

Daniel se achava na região da Babilônia, pois foi chamado e, ao

que tudo indica, não demorou muito a chegar. Lembrar que os

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muros da Babilônia tinham mais ou menos cem quilômetros de

extensão, o que delimita uma grande área.

Aqui temos novamente uma grande lição. Quando houve um

grave e grande problema na corte, lembraram-se do homem de

Deus, sem dúvida pelo seu bom testemunho crente que gerou

confiança ao ponto da rainha afirmar:

... chame-se, pois, a Daniel, e ele dará a interpretação.

Daniel 5.12

Nós precisamos inspirar, na sociedade onde vivemos, o mesmo

espírito de luz. Precisamos exalar o perfume da Rosa de Saron e

inspirar nas pessoas que nos rodeiam, a confiança nas atitudes

de nossa fé. Tem crentes que se forem lembrados em alguma

circunstância, logo são desabonados: “Esquece esse crente,

porque é muito problemático, é tribuloso e a situação é ruim

sem ele, ficará mais difícil ainda com ele”.

Fruto de mal testemunho, fruto de comportamento leviano,

adeptos do não faz mal. Mas Daniel não era assim, ainda

veremos sobre a integridade de seu caráter, mas sobre a sua fé,

não deixava nenhuma dúvida:

- Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses

santos.

Oxalá possamos ter uma vida no altar e possamos ser uma

verdadeira luz, úteis na sociedade onde vivemos e nunca,

jamais, servirmos de tropeço para alguém.

Devemos nos lembrar que a nossa recompensa vem de Deus.

Mas voltando ao cenário da festa interrompida, agora surge

uma nova esperança e com ela a certeza da solução. O rei

determinou que Daniel fosse introduzido em sua presença.

Não foi difícil achar o representante do Senhor. Lá estava

ele, talvez como que aposentado em suas funções políticas, mas

no pleno exercício de sua fé. Assim veremos, a seguir, Daniel

na presença do rei.

b)A INTERPRETAÇÃO DA ESCRITURA

Daniel 5.13-29.

13 - Então Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou

o rei, e disse a Daniel: És tu aquele Daniel, dos cativos de

Judá, que o rei, meu pai, trouxe de Judá?

14 - Tenho ouvido dizer a teu respeito que o espírito dos

deuses está em ti, e que em ti se acham luz, inteligência e

excelente sabedoria.

15 - Acabam de ser introduzidos à minha presença os sábios

e os encantadores, para lerem esta escritura e me fazerem saber

a sua interpretação; mas não puderam dar a interpretação destas

palavras.

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16 - Eu, porém, tenho ouvido dizer de ti que podes dar

interpretações e solucionar casos difíceis; agora, se puderes

ler esta escritura, e fazer-me saber a sua interpretação, serás

vestido de púrpura, terás cadeia de ouro ao pescoço, e serás o

terceiro no meu reino.

17 - Então respondeu Daniel, e disse na presença do rei: Os

teus presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outrem;

todavia lerei ao rei a escritura, e lhe farei saber a

interpretação.

18 - Ó rei! Deus, o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu

pai, o reino, e grandeza, glória e majestade.

19 - Por causa da grandeza, que lhe deu, povos, nações e

homens de todas as línguas tremiam e temiam diante dele; matava

a quem queria, e a quem queria deixava com vida; a quem queria

exaltava, e a quem queria abatia.

20 - Quando, porém, o seu coração se elevou, e o seu

espírito se tornou soberbo e arrogante, foi derribado do seu

trono real, e passou dele a sua glória.

21 - Foi expulso dentre os filhos dos homens, o seu coração

foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi com os

jumentos monteses; deram-lhe a comer erva como aos bois, e do

orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu que

Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens, e a

quem quer constituí sobre ele.

22 - Tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu

coração, ainda que sabias tudo isto.

23 - E te levantaste contra o Senhor do céu, pois foram

trazidos os utensílios da casa dele perante ti, e tu, os teus

grandes, as tuas mulheres e as tuas concubinas, bebestes vinho

neles; além disto, deste louvores aos deuses de prata, de ouro,

de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não vêem, não

ouvem, nem sabem; mas a Deus em cuja mão está a tua vida, e

todos os teus caminhos, a ele não glorificaste.

24 - Então da parte dele foi enviada aquela mão que traçou

esta escritura.

25 - Esta, pois, é a escritura que se traçou: MENE, MENE,

TEQUEL, e PARSIM.

26 - Esta é a interpretação daquilo: MENE; Contou Deus o

teu reino, e deu cabo dele.

27 - TEQUEL: Pesado foste na balança, e achado em falta.

28 - PERES: Dividido foi o teu reino, e dado aos medos e

aos persas.

29 - Então mandou Belsazar que vestissem Daniel de púrpura,

e lhe pusessem cadeia de ouro ao pescoço, e proclamassem que

passaria a ser o terceiro no governo do seu reino.

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Foram então em busca de Daniel, agora a única esperança, e

o encontraram.

Então Daniel foi introduzido à presença do rei. Daniel

seguramente não se encontrava muito longe, pois não nos parece

ter esperado o rei por uma longa viagem de buscar a Daniel. O

rei ao ver a Daniel, pessoa que seguramente não conhecia,

perguntou:

“És tu aquele Daniel, dos cativos de Judá, que o rei meu

pai, trouxe de Judá?”

Belsazar conhecia bem a história de Daniel, pois este era

conhecido em todo o reino. Isso reforça aquela idéia de que

Daniel não estava freqüentando o palácio do rei nesse período

final. Talvez com a morte de Nabucodonosor, devido seu reino

entrar em declínio, na presença de uma instabilidade que

debilitou o reino com uma onda de revoluções e homicídios,

Daniel tenha se afastado de suas funções na corte e fosse viver

alguns anos como se fosse aposentado.

Mas agora, Daniel se vê, novamente, solicitado no palácio e

o rei Belsazar dá testemunho de Daniel através da história de

sua vida:

Tenho ouvido dizer a teu respeito, que o espírito dos

deuses está em ti e que a luz e o entendimento, e a excelente

sabedoria se acham em ti. Verso quatorze.

Belsazar tinha a ficha completa de Daniel, embora pareça

não tê-lo mais na chefia dos sábios e dos entendidos.

Belsazar apresenta para Daniel o motivo de ser trazido à

presença do rei:

―- Acabam de ser introduzidos à minha presença os sábios e

astrólogos, para lerem esta escritura e me fazerem saber a

interpretação, mas não puderam dar à interpretação destas

palavras. (Verso dezesseis).

Eu, porém tenho ouvido sobre ti, agora se puderes ler essa

escritura e fazer-me saber a interpretação, então:

a) Serás vestido de púrpura

b) Terás cadeia de ouro ao pescoço

c) Serás o terceiro no meu reino. (Verso dezesseis).

Mas Daniel era homem de Deus, e o homem de Deus não se

vende, não se deixa levar por elogios, não se embala em canções

de ninar. Daniel o exortou com toda a naturalidade de um homem

cheio do Espírito Santo:

- Teus presentes fiquem contigo e dá os teus prêmios a

outrem, mas quanto ao teu problema eu vou resolver, e a

interpretação da escritura eu ta darei de graça e não tenho

nenhum interesse em suas recompensas. (Verso dezessete).

Mas Daniel não foi direto ao assunto que deveras afetava o

espírito do rei, mas foi mexer no ponto central da coisa,

realmente a causa de tudo aquilo.

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Daniel fez lembrar ao rei um pouco da história de sua

própria família e lembrou-o de Nabucodonosor, seu avô, e seu

relacionamento com Deus. Foram experiências de um grande

monarca que ele bem conhecia, mas não deu valor algum, nem

extraiu para si aprendizado.

Então Daniel recorda a Belsazar que Deus, o Altíssimo, o

Deus dos judeus, ele sim é que tem domínio sobre os reinos da

terra. Daniel lembrou a Belsazar a humilhante situação de seu

avô, que trocou o reino pelo campo, o palácio real pelo céu

aberto, o conforto do lar pela companhia dos animais, as fartas

iguarias de sua mesa pela erva do campo e como animal viveu no

meio deles, até reconhecer que Deus é Senhor. (Versos 18 ao 21)

Mas Belsazar não havia parado um minuto sequer para avaliar

a experiência de seu avô com relação ao Deus dos judeus, e

Daniel se volta para Belsazar e lhe diz:

E, tu, Belsazar, membro íntimo dessa mesma família, não te

humilhaste mesmo sabendo de tudo isto. (Verso vinte e dois) E

pior ainda, prossegue Daniel: Levantaste-te contra o Senhor do

céu, pois ordenaste trazer os utensílios sagrados que eram da

casa dEle lá em Jerusalém, a fim de profaná-los, tu, teus

grandes, tuas mulheres e concubinas, numa verdadeira afronta ao

nosso Deus. Não só profanaste os utensílios sagrados, mas os

desonraste na presença de teus deuses inertes e pagãos,

entoaste hinos de louvores aos deuses mortos e não glorificaste

ao Deus vivo, por isso ó rei, prossegue Daniel, da parte dEle

te foi enviada aquela mão para escrever um recado para ti.

(Verso 23 e 24)

24 - Então da parte dele foi enviada aquela mão que traçou

esta escritura.

25 - Esta, pois, é a escritura que se traçou: MENE, MENE,

TEQUEL, e PARSIM.

26 - Esta é a interpretação daquilo: MENE; Contou Deus o

teu reino, e deu cabo dele.

27 - TEQUEL: Pesado foste na balança, e achado em falta.

28 - PERES: Dividido foi o teu reino, e dado aos medos e

aos persas.

29 - Então mandou Belsazar que vestissem Daniel de púrpura,

e lhe pusessem cadeia de ouro ao pescoço, e proclamassem que

passaria a ser o terceiro no governo do seu reino.

A mensagem de Deus para ti, o’rei, a qual permanece

escrita na parede, eu a interpretarei:

MENE MENE TEQUEL PARSIM (ARA ou ARC 1995)

MENE MENE TEQUEL UFARSIM (ARC 1969)

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NOTA: Temos expressões diferentes a respeito daquilo que

foi escrito na parede na dependência da fonte que traduziu o

texto e da edição considerada. Na edição de Almeida Revista e

Corrigida de 1969, temos a tradução UFARSIN, e na mesma

tradução editada em 1995, já temos a tradução PARSIM

A tradução literal seria:

CONTADO - CONTADO - PESADO - DIVIDIDO

Tratava-se de palavras conhecidas, mas que isoladas não

formava nenhuma mensagem; não formavam sentido em si mesmas.

Vamos ver a interpretação de Daniel:

Verso 26: MENE: contou Deus o teu reino e o acabou

Verso 27: TEQUEL: Pesado fostes na balança e achado em

falta.

Verso 28: PARSIM: dividido foi o teu reino e se o deu aos

medos e persas.

Vamos dividir o comentário aqui em duas partes, a saber:

1- A respeito das palavras

2- A interpretação de Daniel

1 - A respeito das palavras

Nas diferentes versões da Bíblia temos três apresentações

diferentes com uma mesma tradução.

UFARSIM PERES PARSIM

PARSIM é uma palavra plural de PERES, sendo que FARSIM é

uma variante de PARSIM e a letra U antecedendo a palavra

corresponde ao nosso e, conjunção aditiva. Assim teremos que

UFARSIM também é plural de PERES que significa dividido.

É por esse motivo que no verso 25 aparece Parsim e no verso

28 temos a sua substituição por Peres.

PARSIM (plural)

PERES singular

UFARSIM (plural)

(Ufarsim é uma variação de Parsim)

PERES é uma palavra que significa: Dividido

MENE é uma palavra de sentido duplo que significa: NUMERADO

ou PROVADO.

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TEQUEL é uma palavra que traz a idéia de DEFEITUOSO ou de

má qualidade.

2-Sobre a interpretação de Daniel:

Daniel, então, interpreta a escritura: MENE MENE TEQUEL E

PARSIM dessa forma:

Deus provou o teu reino, avaliou-o e achou-o em falta e

por esse motivo, Belsazar, foste pesado na balança de Deus e

foste achado com defeito grave segundo os padrões dos

parâmetros de Deus. Por essa razão, Deus passou de ti o teu

reino e o deu aos medos e persas.

Acredito que Belsazar não entendeu a extensão da gravidade

envolvida na interpretação da escritura, pois se tivesse

entendido, seria aumentado em muito o seu pavor, a sua

preocupação, pois estava ali a palavra profética do seu fim.

Daniel foi claro: O TEU REINO ACABOU! Daniel não lhe disse:

está acabando! Ou acabará num futuro próximo! Mas disse: O TEU

REINO ACABOU!

A maior prova de que Belsazar nada entendeu bem aquela

exposição de Daniel, foi a atitude subseqüente que vemos no

verso 29: “Então mandou Belsazar que vestissem Daniel de

púrpura, e lhe pusessem cadeia de ouro ao pescoço, e

proclamassem que passaria a ser o terceiro no governo do seu

reino”.

Qual reino? O reino dos medos e persas? E quem era ele para

interferir no reino de seus sucessores? Na verdade não

entendera a extensão da interpretação da escritura, cujo

cumprimento seria imediato.

O CUMPRIMENTO DA ESCRITURA

Daniel terminara a interpretação que era totalmente

desfavorável ao rei, e o rei, cumpridor de sua palavra, se pôs

a cumprir sua promessa: Vestir a Daniel com roupas de púrpura.

Acredito que Daniel se retirara da presença do rei e este

ficou perdido nos seus pensamentos.

Logo a seguir, naquela mesma noite, ocorreu a invasão da

Babilônia por Ciro, o Persa o qual se apoderou do reino e o rei

Belsazar foi morto, como podemos ver no verso trinta e trinta e

um do capitulo cinco de Daniel; cumprindo-se assim a

interpretação dada por Daniel que disse ao rei: O TEU REINO

ACABOU!

Era noite, como podemos deduzir do verso trinta. O palácio

do rei é invadido pelas tropas inimigas e naquela mesma noite

Belsazar recebeu o castigo de Deus. Seu trono foi entregue a

Dario, que foi nomeado por Ciro como governador de Babilônia.

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A queda de Babilônia se deu em 539 a.C. sob o comando de

Ciro, o Persa.

Temos bases em escritos tanto Babilônicos como Persas para

deduzir que não houve nenhuma batalha nesta conquista. Parece

que os últimos reis (Nabonido e Belsazar) eram sim tiranos, e

quando o exército inimigo se dispôs a entrar em Babilônia

tiveram o apoio do povo que lhes permitiu a entrada, aclamando-

os como libertadores daqueles tiranos, abrindo-lhes os portões

e facilitando a conquista.

O governo de Dario foi curto. Não se sabe exatamente a sua

extensão, mas sabe-se que era subordinado a Ciro, quem na

realidade o constituiu rei em Babilônia, enquanto prosseguia

nas batalhas em suas conquistas.

Veremos oportunamente, quando estudarmos o capítulo 8, que

Dario é o chifre pequeno do carneiro, enquanto Ciro é o chifre

maior.

Este Ciro é o que foi citado em profecia por Isaías em

Isaías 44.28 e 45.4, há mais de um século antes de seu

nascimento. É também esse Ciro que vai permitir o retorno dos

judeus.

Nessa época Daniel tinha por volta de oitenta e dois anos

de idade e o cativeiro sessenta e oito anos.

Assim terminou o primeiro império mundial, representado

pela cabeça de ouro na estátua profética do capítulo dois e se

instalou a seguir o segundo, que é o representado pela prata.

Os medos e os persas formaram uma coalizão para unirem as

suas forças durante as conquistas onde Dario é representante

dos Medos e Ciro o representante dos Persas.

Cerca de dois anos antes desse evento, Ciro havia atacado a

Belsazar que o enfrentou com seus exércitos de Babilônia. Foi

travada uma batalha na qual os Persas fizeram os Babilônios

recuarem e foram rechaçados para o interior dos muros.

A partir daí Ciro sitiou a cidade, e não mais permitiu aos

Babilônios, liberdade fora dos muros. Mas havia ali estrutura

para resistirem e se manterem ainda por alguns anos. Ciro nesse

tempo desviou o curso do rio Eufrates e entrou na cidade pelo

leito seco do rio, encontrando apoio na população da Babilônia

e talvez até dos seus generais de exército.

Uma vez dada a sentença de Deus, não há fortaleza, e não há

Babilônia que possa resistir. A Palavra de Deus é fiel e

verdadeira de modo a passar o céu e a terra, mas sua Palavra

persiste para todo o sempre.

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CAPÍTULO 6

DANIEL NA COVA DOS LEÕES

Este é o último capítulo do Livro de Daniel que fala do

aspecto histórico de sua vida e de seu livro. Os demais

capítulos estão voltados para a profecia e narram fatos que

ocorreram no período de desenvolvimento dos seis capítulos

anteriores e narram fatos vindouros que se estendem até o

arrebatamento da igreja e o período da tribulação’.

Nesta época, Daniel já está por volta de oitenta e cinco

anos, e nessa idade mantinha-se fiel a Deus e ao trono. Servia

seu rei da melhor forma que podia e não media esforços para a

tranqüilidade do reino.

O reinado de Babilônia já se fora. É lembrança de um

passado não muito distante. Reinava o império Persa, o peito de

prata da estátua de Nabucodonosor, no capítulo dois. Já estamos

no segundo reinado universal, o Medo-Persa. Daniel ainda gozava

de muito prestígio e era amigo íntimo do rei Dario, que reinava

em Babilônia, pois fora Dario constituído rei sobre a Babilônia

por Ciro, o Persa.

A corte estava serena e reinava uma aparente paz. Daniel

invocava o seu Deus todos os dias e se mantinha fiel também ao

rei, a quem tinha verdadeira consideração. O rei tinha Daniel

por grande dentro de seu reino, até que Satanás arma um plano

diabólico para destruir Daniel, o braço direito do rei Dario.

Mas Daniel, agora um ―jovem idoso‖, era ainda o mesmo jovem

de outrora e se mantinha no mesmo propósito, agora enriquecido

nas experiências da vida.

Esse capítulo pode ser dividido em:

A inveja condena Daniel versos 1 a 15

Daniel na cova dos leões versos 16 a 28

a) A INVEJA

Daniel 6.1 a 15

1 - Pareceu bem a Dario constituir sobre o reino a cento e

vinte sátrapas, que estivessem por todo o reino;

2 - e sobre eles três presidentes, dos quais Daniel era um,

aos quais estes sátrapas dessem conta, para que o rei não

sofresse dano.

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3 - Então o mesmo Daniel se distinguiu destes presidentes e

sátrapas, porque nele havia um espírito excelente; e o rei

pensava em estabelecê-lo sobre todo o reino.

4 - Então os presidentes e os sátrapas procuravam ocasião

para acusar a Daniel a respeito do reino; mas não puderam achá-

la, nem culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele

nenhum erro nem culpa.

5 - Disseram, pois, estes homens: Nunca acharemos ocasião

alguma para acusar a este Daniel, se não a procurarmos contra

ele na lei do seu Deus.

6 - Então estes presidentes e sátrapas foram juntos ao rei,

e lhe disseram: Ó rei Dario, vive para sempre!

7 - Todos os presidentes do reino, os prefeitos e sátrapas,

conselheiros e governadores, concordaram em que o rei

estabeleça um decreto e faça firme o interdito que todo homem

que, por espaço de trinta dias, fizer petição a qualquer deus,

ou a qualquer homem, e não a ti, ó rei, seja lançado na cova

dos leões.

8 - Agora, pois, ó rei, sanciona o interdito, e assina a

escritura, para que não seja mudada, segundo a lei dos medos e

dos persas, que se não pode revogar.

9 - Por esta causa o rei Dario assinou a escritura e o

interdito.

10 - Daniel, pois, quando soube que a escritura estava

assinada, entrou em sua casa, e, em cima, no seu quarto, onde

havia janelas abertas da banda de Jerusalém, três vezes no dia

se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu

Deus, como costumava fazer.

11 - Então aqueles homens foram juntos, e, tendo achado a

Daniel a orar e a suplicar, diante do seu Deus,

12 - se apresentaram ao rei e, a respeito do interdito

real, lhe disseram: Não assinaste um interdito, que por espaço

de trinta dias, todo homem que fizesse petição a qualquer deus,

ou a qualquer homem, e não a ti, ó rei, fosse lançado na cova

dos leões? Respondeu o rei, e disse: Esta palavra é certa,

segundo a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar.

13 - Então responderam, e disseram ao rei: Esse Daniel, que

é dos exilados de Judá, não faz caso de ti, ó rei, nem do

interdito que assinaste, antes três vezes por dia faz a sua

oração.

14 - Tendo o rei ouvido estas cousas, ficou muito

penalizado, e determinou consigo mesmo livrar a Daniel; e até

ao por do sol se empenhou por salvá-lo.

15 - Então aqueles homens foram juntos ao rei, e lhe

disseram: Sabe, ó rei, que é lei dos medos e dos persas que

nenhum interdito ou decreto, que o rei sancione, se pode mudar.

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O Governo do rei Dario se caracterizou por uma organização

na qual o governo foi dividido em faixas ou zonas de atuação as

quais foram chamadas de:

A COROA

PRESIDENTES

SÁTRAPAS

GOVERNADORES

PREFEITOS

CONSELHEIROS

Governadores, prefeitos e conselheiros eram as autoridades

locais que participavam ativamente do governo.

Os sátrapas: eram do terceiro escalão. Constituíam-se

daqueles que representavam a coroa e tinham o contato direto

com o povo. O governo foi dividido entre 120 Sátrapas colocados

sobre 120 províncias. Sua função era garantir a estabilidade do

reino.

Os presidentes: eram homens colocados entre os sátrapas e o

rei. Eram apenas três. Eram eles quem recebia os problemas

trazidos pelos sátrapas e os expunham ao rei. Era uma espécie

de primeiro ministro, a quem todo o reino prestava contas. Sua

função era zelar pela segurança, de modo que o rei não sofresse

dano. Daniel foi nomeado como um deles. (verso 1,2)

A coroa: era representada na pessoa do rei que, do trono,

no palácio real, governava a todos.

Daniel já era pessoa de fama muito conhecida e Dario,

apesar de tão pouco tempo de governo, aprendeu a confiar em

Daniel e por ele tinha especial apreço.

Diz-nos o verso três que Daniel se distinguiu, e muito, em

relação aos outros, pois o rei o constituíra um dos

presidentes.

Diante de um desempenho brilhante e de refinada eficiência,

o rei Dario pensava em fazer mais uma modificação na estrutura

de seu governo e colocar a Daniel em um nível superior, de modo

que os presidentes não tivessem mais acesso ao rei, mas sim a

Daniel, que passaria a ser a primeira pessoa após a autoridade

do rei como se fosse chefe de gabinete ou primeiro ministro.

Daniel foi muito honrado por Dario devido a sua fidelidade

e devido a sua eficiência. Era homem sábio e diz-nos a Sagrada

Escritura que ele tinha ―um espírito excelente‖.

Dario o conhecia, através dos comentários constantes a

respeito de seus feitos, e como político tinha o nome em

evidência em todo lugar. Tendo constatado o valor desse homem

para seu governo, pretendia colocá-lo sobre todo o seu reino.

(verso três). Dario pretendia fazê-lo governador em todo o

reino.

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Essa situação privilegiada de Daniel trouxe sobre si muitos

problemas. Imediatamente os sátrapas e seus comandados

desenvolveram uma inveja mortal sobre Daniel. (verso 4)

Sem dúvida foi convocada uma reunião entre as lideranças,

sem uma comunicação ao rei, para a qual seguramente Daniel não

fora convocado.

O objetivo daquela reunião era encontrar uma estratégia que

pudesse condenar a Daniel. Mas Daniel era integro em seu

caráter. Daniel era de uma fidelidade incontestável. Sua vida

era tão impecável que a Bíblia declara: não se achava nele

culpa ou erro algum. Leia o verso 4.

Um plano para ofuscar a luz de Daniel, um plano para tirar

a Daniel do seu caminho; um plano diabólico a fim de impedir

que o rei pusesse a Daniel sobre todos eles. O prestígio de

Daniel, sua capacidade de trabalho e o seu perfeito desempenho,

foram reconhecidos por todos e sem dúvida ofuscava a visão do

rei em relação aos demais governantes.

A INVEJA

A inveja:

É um mal que não tem cura, se não pelo sangue de Jesus. 1

João 1.7.

É a podridão dos ossos. (Provérbios 14. 30) É um mal de grande força e violência (Provérbios 27.4) Já causou tantos males e continua causando. Mateus 27.18.

Levou José a ser escravo no Egito. Gênesis 37.36 Levou Hamã para a forca. Ester 7.9,10. Levou Daniel para a cova dos leões. Daniel capitulo 6.

Levou Jesus para a cruz. Marcos 15.10, Mateus 27.18.

Onde há inveja há toda espécie de coisa ruim. Mateus

27.18.

A Bíblia aconselha a todos que não tenham inveja. Salmo 37.1. Provérbios 23.17.

Mas... Não puderam achar em Daniel uma mácula sequer!

Nenhuma culpa! Nenhum erro!

O homem era perfeito, honesto e fiel. Pessoa cuidadosa, de

extremo zelo no desempenho da função que lhe foi confiada.

Sobretudo Daniel se mantinha também na presença de Deus em

constante consagração.

Aqueles homens invejosos reconheciam a sua inteligência, a

sua capacidade, a sua fidelidade ao rei e confessaram entre si

que reconheciam não encontrarem em Daniel uma falha sequer! Não

havia possibilidade de acusá-lo devido sua integridade

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indelével. Veja o verso 5: “...Nunca acharemos ocasião

alguma para acusar a este Daniel...”.

Isso é um verdadeiro testemunho. Tomemos para nós esse

exemplo de modo que possam reconhecer em nós a fidelidade para

com nosso Deus.

Até hoje a história ainda não mudou. O trabalho produtivo

do crente incomoda a programação do inimigo e ofusca o percurso

de suas ações de modo a ser tornar alvo de suas investidas.

Quando produzimos, em outrem, sentimento de inveja, é porque

estamos dando frutos. Árvore que não tem fruto, não recebe

pedradas e não se chuta cachorro morto. Mas Deus zela por

nossas almas e por nossas vidas e nos livra da perseguição e do

mal.

Jesus ensinou em Mateus 5.11, que somos bem-aventurados

quando, injustamente, nos injuriarem. Quando não devemos, não

temos com o que nos preocupar. Nosso acerto é com Deus e Ele

sabe de todas as coisas.

Assim crentes com as qualidades de Daniel incomodam, e

podem ser acusados na presença do rei. (ou do pastor, do chefe

no nosso trabalho, do nosso pai ou mãe, etc.). Leiamos Mateus

5.11, 12.

Mas aqueles governantes eram astutos e inteligentes, tanto

que foram escolhidos para participarem do governo, e

arquitetaram um plano envolvendo a vaidade pessoal do rei.

Do verso seis até o verso oito podemos observar os dardos

inflamados:

Da inveja, por parte daqueles governantes. Do rei, por conta da sua vaidade. Aqueles homens arquitetaram um plano diabólico cujo

objetivo era matar a Daniel. Foram até ao rei e lhe disseram:

”Ó rei Dario, vive para sempre! Todos os presidentes do reino,

os prefeitos e sátrapas, conselheiros e governadores,

concordaram em que o rei estabeleça um decreto e faça firme o

interdito que todo homem que, por espaço de trinta dias, fizer

petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, e não a ti, ó

rei, seja lançado na cova dos leões. Agora, pois, ó rei,

sanciona o interdito, e assina a escritura, para que não seja

mudada, segundo a lei dos medos e dos persas, que se não pode

revogar”. Versos 6 ao 8.

Usaram de mentira e de má fé quando disseram que todos

estavam de acordo quando a conspiração foi particularmente

deles e muitos dos Sátrapas, governadores e prefeitos e mesmo

Daniel não sabiam dessa tramóia.

Eles chegaram ao rei jogando elogios falsos. É como se

dissessem: Nós temos participação na responsabilidade pela

glória de seu governo e sucesso de seu reinado. Nós, seus

assessores mais diretos, decidimos promover um período de

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glória e de honra especial ao rei e elevá-lo à categoria dos

deuses! No espaço de trinta dias, ó rei, tu serás o mais

importante dos deuses e não se poderá fazer nenhuma petição em

teu reino que não seja a ti. Tu serás maior até mesmo que o

Deus dos exilados de Judá, a quem também não se pedirá nada,

exceto a ti‖.

O rei embriagado por seu orgulho, pela vaidade, não se

apercebeu do transtorno que isso poderia causar, pois não se

poderia fazer nenhuma petição nem a homens nem a os deuses

senão ao rei; isso num período de 30 dias. Mesmo não sendo em

todo o reino, e até mesmo sendo apenas onde se achava Daniel, o

transtorno na vida do rei seria um inferno. Quantos milhares de

pedidos não receberiam o rei, nesse caso, e como atender a

todos?! Na verdade, o objetivo daqueles invejosos era tão

somente pegar a Daniel, mas o rei não percebeu a tramóia.

Essa idéia traria um transtorno insuportável para o rei,

pois perderia o sossego em todo esse período; pois várias e

muitas seriam tais petições, e o rei não daria conta de tal

atendimento, mas ele não se apercebeu dessas coisas porque

estava embriagado em sua vaidade.

Assim, se utilizaram da vaidade do rei e, mascarados de

anjos bons, apresentaram um plano absurdo e até mesmo

diabólico.

Mas Dario estava cego, não refletiu e como lhe trouxeram já

pronto o interdito, provavelmente nem o leu e de forma

inconseqüente o assinou. Verso 9.

Mas esse decreto, esse plano, tinha endereço certo. Tinha a

pessoa muito bem definida como alvo. Tratava-se de uma

armadilha para pegar Daniel, e acusá-lo de alguma coisa.

Era um plano voltado contra Daniel que tinha um hábito

maravilhoso, muito raro nos nossos dias: Orar três vezes ao

dia, em seu quarto, cuja janela era voltada para Jerusalém.

Daniel costumava orar com a janela aberta, e era muito

comum e natural vê-lo em oração e isso ele fazia 3 vezes no

dia. Leia o verso 10.

Daniel tomou ciência do decreto do rei, mas achou que o rei

não tinha o direito de mudar o seu relacionamento com Deus.

Assim como ele costumava fazer, não mudou o seu hábito e

continuou na presença de seu Deus, e dava graças, como

observamos no verso 10.

Convém salientar aqui que era hábito dos judeus orarem três

vezes no dia. Geralmente às nove horas, às doze horas, e às

quinze horas do nosso horário.

Isso pode ser deduzido da leitura do Salmo 55.17 onde Davi

se expressa assim: ―À tarde, pela manhã e ao meio dia, farei as

minhas queixas e lamentarei; e ele ouvirá a minha voz”. Ou de

Atos 3.1.

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Mas, no caso de Daniel, a oração era:

a) Habitual = Daniel costumava fazê-las todos os dias.

(final do verso dez)

b) Pessoal = Era uma oração individual, sozinho em seu

quarto. (Verso dez).

c) De Humildade= era uma oração de joelhos. Não se esqueça

que ele era o homem mais importante do reino. Mas, estava ali

de joelhos na presença de Deus.

d) De gratidão = Daniel dava graças a Deus. (verso dez)

e) Endereçada ao destinatário certo: a Deus, o Deus de seus

ancestrais, e não ao rei.

Todos conheciam a Daniel, todos conheciam o seu hábito e

sabiam de suas qualidades morais, intelectuais e religiosas.

Aqueles homens, certamente, munidos de testemunhas, foram no

horário certo à casa de Daniel e constataram: Daniel está

orando ao seu Deus. Verso onze.

Não sabemos nada sobre as súplicas de Daniel e nem tão

pouco se aqueles homens ouviram alguma coisa. Afinal não é

claro, no verso onze, se Daniel orava em voz alta ou não. De

qualquer forma encontraram Daniel orando, e isso era contra o

interdito do rei. Na verdade no verso treze eles acusam Daniel

de estar orando e não de fazer alguma petição, mas o objetivo

era exatamente este: acusar a Daniel. Acontece que Daniel tinha

muita consideração com o rei, e tinha perfeita noção do perigo

envolvido em sua atitude. Daniel sabia das intenções

traiçoeiras daqueles homens; mas Daniel tinha acima de todas as

coisas o Deus de seus pais. Ele já vivia os ensinamentos de

Jesus, em Lucas 10.27.

Aqueles acusadores viram e ouviram e documentaram a ―falha‖

de Daniel que desafiava o decreto do rei (que era deles e não

do rei). Na verdade a fidelidade de Daniel para com Deus e para

com seus princípios religiosos é um grande exemplo para os

crentes de hoje.

Devemos ser fiéis mesmo em tempos tempestuosos. Nossas

convicções doutrinárias devem nortear a nossa vida em todas as

nossas decisões.

No verso doze nos vemos aqueles acusadores, munidos das

provas, se apresentando ao rei, a respeito do interdito e lhe

disseram: Não assinaste um interdito, que por espaço de trinta

dias, todo homem que fizesse petição a qualquer deus, ou a

qualquer homem, e não a ti, ó rei, fosse lançado na cova dos

leões? Sim, respondeu o rei; e permanece em vigor o que foi

dito, pois pela lei dos medos e dos persas não se pode revogar.

Assim usaram não só da má fé, como foram astutos no preparo

de uma armadilha, tanto para o rei como para Daniel.

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Em seguida, logo após aquela afirmativa do rei, acusaram a

Daniel de forma criminosa: Pois então ó rei, esse Daniel, dos

exilados de Judá, não fez caso de ti, e nem de teu decreto!

Aí, nessa altura dos acontecimentos, Dario caiu em si e

entendeu a trama daqueles homens. O rei foi tomado como que de

surpresa, mas esses homens estavam alicerçados na lei e tinham

a confirmação da palavra do rei.

O rei Dario perturbou-se de forma profunda e alimentou um

firme propósito de salvar a Daniel. Dario muito desejou salvar

a Daniel da cova dos leões. Ele sabia que seu primeiro ministro

era vítima de um complô de invejosos, que usaram a sua vaidade

e o envolveram na trama contra um de seus súditos mais fiéis.

Verso quatorze.

Mas veremos que Dario não conseguiu. Isso se traduz numa

limitação do poderio, que nesse reinado não foi tão absolutista

como foi o de Nabucodonosor. Afinal Nabucodonosor foi a cabeça

de ouro e Dario já era o peito de prata, na estatua de

Nabucodonosor.

Aqui temos uma nítida limitação onde o rei não poderia

voltar atrás.

Nabucodonosor tinha tudo e todos em suas mãos, tirava a

vida de quem quisesse e deixaria viver quem desejasse. (Veja

capítulo 5.19). A quem queria exaltava e a quem queria

humilhava. Todos os povos, línguas e nações temiam e tremiam

diante dele. É por isso que ele foi a cabeça de ouro e esse

reinado aqui já é representado pela prata, elemento de menor

nobreza.

No verso quinze, vemos uma pressão maciça daqueles homens

invejosos sobre o rei, pois não podiam permitir que o rei

deixasse vivo a Daniel. Na verdade não houve outro caminho,

apesar de todos os esforços do rei. Aquele homem, Daniel, o

exilado da tribo de Judá, ele mesmo, o preferido do rei, estava

condenado à morte. Ele seria jogado na cova dos leões e nada se

poderia fazer para salvá-lo!

DANIEL NA COVA DOS LEÕES

Daniel 6.16-28

16 - Então o rei ordenou que trouxessem a Daniel, e o

lançassem na cova dos leões. Disse o rei a Daniel: O teu Deus,

a quem tu continuamente serves, que ele te livre.

17 - Foi trazida uma pedra e posta sobre a boca da cova;

selou-a o rei com o seu próprio anel, e com o dos seus grandes,

para que nada se mudasse a respeito de Daniel.

18 - Então o rei se dirigiu para o seu palácio, passou a

noite em jejum, e não deixou trazer à sua presença instrumentos

de música; e fugiu dele o sono.

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19 - Pela manhã, ao romper do dia, levantou-se o rei e foi

com pressa à cova dos leões.

20 - Chegando-se ele à cova, chamou por Daniel com voz

triste; disse o rei a Daniel: Daniel, servo do Deus vivo, dar-

se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves,

tenha podido livrar-te dos leões?

21 - Então Daniel falou ao rei: Ó rei, vive para sempre!

22 - O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca aos

leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim

inocência diante dele; também contra ti, ó rei, não cometi

delito algum.

23 - Então o rei se alegrou sobremaneira e mandou tirar a

Daniel da cova; assim foi tirado Daniel da cova, e nenhum dano

se achou nele, porque crera no seu Deus.

24 - Ordenou o rei, e foram trazidos aqueles homens que

tinham acusado a Daniel, e foram lançados na cova dos leões,

eles, seus filhos e suas mulheres; e ainda não tinham chegado

ao fundo da cova e já os leões se apoderaram deles, e lhes

esmigalharam todos os ossos.

25 - Então o rei Dario escreveu aos povos, nações e homens

de todas as línguas, que habitam em toda a terra: Paz vos seja

multiplicada!

26 - Faço um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu

reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque

ele é o Deus vivo e que permanece para sempre; o seu reino não

será destruído, e o seu domínio não terá fim.

27 - Ele livra e salva, e faz sinais e maravilhas no céu e

na terra; foi ele quem livrou Daniel do poder dos leões.

28 - Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario, e no

reinado de Ciro, o persa.

Não sabemos em qual das orações do dia, aqueles homens

flagraram a Daniel e foram acusá-lo junto ao rei; mas quero

crer que foi a primeira. Vimos no verso quatorze que Dario

tudo fez para livrá-lo e isto foi até o pôr-do-sol, isto é: o

entardecer. O dia estava terminando, e o rei não conseguira

livrar a Daniel.

Não tinha alternativa. Ao anoitecer o rei manda chamar a

Daniel, como vemos no verso dezesseis a fim de ser lançado na

cova dos leões. Verso 16.

Mas antes de ser jogado na cova dos leões, o rei se

aproximou de Daniel, no meio de todo aquele povo que certamente

ali estava a fim de se certificar da execução do réu, e disse

para Daniel:

- Daniel, eu tudo fiz para livrar-te da boca dos leões, mas

apesar dos meus esforços, e apesar de eu ser o rei, não pude

fazê-lo. Mas confie no teu Deus, pois eu creio que Ele te

livrará.

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Não sabemos se Daniel estava ou não de mãos amarradas,

provavelmente não. Certamente, ele estava totalmente livre mas

não ofereceu nenhuma resistência. Aceitou de bom grado aquela

injustiça, pois o mal que fizera era ter orado ao seu Deus e a

ele dado graças.

Assim se cumpriu o interdito do rei e Daniel foi lançado na

cova dos leões. Agora Daniel já está na companhia dos leões. A

porta é fechada, e para se garantir o cumprimento da execução,

foi trazida uma pedra e colocada junto à boca da cova, de modo

que nada podia entrar ou sair sem remover a pedra. Para

garantir a imobilidade da pedra, esta foi selada em seu lugar

com o selo do anel do rei e também o selo do anel de seus

algozes. Verso 17

Daniel não poderá sair de lá e ninguém externamente pode

remover a pedra, nem o rei!

Dario ficou angustiado. Ele cria que o Deus de Daniel o

poderia livra da fúria dos leões, mas a sua fé era muito

mesquinha. Ele cria, mas não exerceu a fé e por isso passou a

noite toda em vigília, e fugiu-lhe o sono. (verso 18). O rei

perdera o apetite e estava em jejum, nada lhe apetecia, nem a

música, seu ―hobby‖ preferido. Não! Nem música! Estava entregue

à ansiedade. Não era para menos, pois:

a) Tinha se comportado como um idiota tinha sido levado por

sua vaidade; agora sua consciência o acusava.

b) Tinha sido enganado por sua cúpula administrativa,

teoricamente homens de sua confiança.

c) Lá estava na cova dos leões um homem, não só inocente,

mas sobre tudo admirável e de extraordinário valor e, acima de

tudo, amigo do rei.

Os pensamentos o atormentavam: Será que Daniel ainda está

vivo?

Foi o preço a pagar por sua imprudência.

Às vezes nós nos enroscamos nas armadilhas criadas por nós

mesmos. Se não vigiarmos todo o tempo, podemos nos enlaçar e

nos envolver em problemas sérios, criados por nós mesmos.

Vigiemos, pois nossas atitudes e nossa língua ao falarmos.

Jesus ensina a esse respeito quando diz: VIGIAI E ORAI. Vigiar

é até mesmo mais importante do que orar, pois Jesus o colocou

em primeiro lugar. Se vigiarmos, estaremos atentos para

percebermos as artimanhas dos nossos inimigos contra nós. No

mínimo não cairemos em buracos ao longo do caminho e vamos nos

desviando dos obstáculos dessa vida. Às vezes nos enroscamos em

nossas próprias linhas. Muita gente está sofrendo e fica

achando que é provação de Deus, mas não é não! É conseqüência

de seu comportamento imprudente. Semeou mal, comportou-se mal,

só poderá colher resultados ruins. Vigie! Cuidado! E assim não

culpará a Deus daquilo que Ele não fez.

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102

E assim passou Daniel a noite na cova dos leões e o rei

acordado e ansioso nos aposentos reais de seu palácio.

(V.19) No dia seguinte o rei, que confiava em Deus, o Deus

de Daniel, o qual poderia tê-lo salvo naquela noite, foi com

muito nervosismo e apreensão até à cova dos leões. Seguramente

foi o primeiro a fazê-lo logo ao amanhecer. Seu coração queria

acreditar que Deus o houvera salvado, mas a sua fé não era

tanto assim, e no fundo ele achava que Deus poderia falhar e

neste caso não teria salvado a Daniel. Passava-lhe pela mente:

será que sobrou pelo menos a roupa de Daniel? Será que sobrou

algum osso inteiro do meu querido amigo?

E nessa ansiedade angustiada e triste, Dario chegou à cova

dos leões. Lá estava a pedra selada. Não havia saído do lugar.

Os selos estavam intactos. No verso vinte, vemos Dario com uma

voz sofrida e triste, um tanto esperançosa e trêmula, baixa,

como se quisesse esconder-se em caso de insucesso (afinal Deus

poderia não tê-lo salvo e Daniel nesse caso estaria morto):

“... Daniel, servo do Deus vivo, dar-se-ia o caso que o teu

Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te

dos leões”?

Será que esse Deus é um Deus leal mesmo e se dispôs a

salvá-lo?

O rei era um sujeito que cria, mas na verdade não

acreditava; sabia que Deus tinha poder para salvá-lo, mas será

que chegava a tanto?

Era um sujeito em que o coração esperava, mas a razão

rejeitava essa esperança. Afinal ninguém escapa da cova dos

leões.

Era a mesma situação de um crente que até crê, mas não tem

experiência suficiente para solidificar essa crença.

“Dar-se-ia que seu Deus tenha podido salvá-lo?” Pensamento

que revela a dúvida! Essa desconfiança é que gerava a tristeza,

aquela preocupação toda, pois no fundo ele não esperava nenhuma

resposta. Em seus pensamentos, na realidade, os leões haviam

comido a Daniel.

Após emitir a pergunta do verso vinte, seus ouvidos nunca

estiveram tão atentos para ouvir uma resposta.

Mas, lá no fundo da cova, Daniel escutou aquela voz apagada

e reconheceu-a como sendo do seu rei, e com uma voz oposta a do

rei, como quem tem muita vida, gritou lá de dentro: Ó rei, vive

eternamente! (Vs. Vinte e um) e prosseguiu: Rei Dario, o meu

Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca aos leões, para que não

me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante

dele; também contra ti, ó rei, não cometi delito algum. (Daniel

6.22)

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103

O Deus de Daniel tem tanto poder que não precisou nem de

vir até aqui, mandou apenas um representante, O ANJO! Isso é

que é Deus, Aleluia!

Assim Daniel foi salvo na cova dos leões, tendo passado

toda a noite com eles. Certamente Daniel estava com Isaías

41.10, onde está escrito: não temas, porque eu sou contigo; não

te assombres, porque eu sou o teu Deus...

Agora o rei não podia conter a alegria que na realidade era

dupla.

1- Daniel estava vivo e agora é livre da cova dos leões

2- Deus realmente opera maravilhas

Assim, tudo o que o rei não pôde fazer para Daniel, Deus

fez para os dois, sendo também o rei recompensado na sua

fidelidade para com Daniel.

Ordenou-se que Daniel saísse e o rei, cheio de

contentamento, pôde contemplar as provas de sua vitória e do

verdadeiro milagre, ali presenciado por todos.

Verso 23 - O rei se alegrou sobre maneira e mandou tirar a

Daniel da cova dos leões.

Porque os leões não comeram a Daniel? (Veremos a resposta

oportunamente).

Segundo Flávio Josefo, Dario chamou os acusadores de Daniel

sem a intenção de matá-los. Dario queria externar a sua

alegria e mostrar a todos que Daniel fora salvo da boca dos

leões. Dario queria que esses homens verificassem a

concretização do seu insucesso, da vitória de Daniel e da

alegria de seu rei.O rei Dario queria apenas que aqueles

acusadores traiçoeiros vissem o livramento de Deus para com

Daniel.

Mas aqueles homens não se deram por vencidos. Não

reconheceram a mão de Deus nesse negócio, e de maneira ousada e

irônica, disseram ao rei: ―Também, ó rei, tu deste excesso de

comida para os leões, com o intuito de que estivessem fartos e

não comessem a Daniel‖.

Isso foi dito por que o rei realmente tinha dado aos leões

a ração diária. Mas o rei entendia que foi Deus o autor do

milagre e não a alimentação que foi dada aos leões.

Revoltado e ofendido com tal insinuação, o rei mandou que

se desse comida farta aos leões e disse aos acusadores de

Daniel: Se vocês estão certos, então eu vou dar excesso de

comida aos leões, exatamente como vocês me acusam de eu ter

feito ontem, e depois vou jogar vocês lá dentro; e não só a

vocês mas também seus filhos e suas mulheres, e já que os leões

por estarem fartos, não comeram a Daniel, então muito menos

comerão a vocês todos, suas mulheres e seus filhos. E assim

teremos confirmado essa vossa teoria, e se vocês estiverem

certos, não precisam se preocupar!

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104

E aí vemos a atividade do verso 24 quando Ordenou o rei, e

foram trazidos aqueles homens que tinham acusado a Daniel, e

foram lançados na cova dos leões, eles, seus filhos e suas

mulheres...

Deus não se deixa escarnecer.

Dessa vez, aqueles leões estavam fartos, mas o verso 24

termina dizendo: ... ―e ainda não tinham chegado ao fundo da

cova e já os leões se apoderaram deles, e lhes esmigalharam

todos os ossos‖.

Aqueles leões se comportaram como os leões mais esfomeados

do mundo, embora estivessem fartos de alimentação!

Isso aconteceu porque esses leões foram instrumentos de

Deus para aplicação de sua justiça, a fim de castigar aqueles

caluniadores na presença de todo povo.

Deus não os perdoara porque mesmo sabendo e vendo tão

maravilhoso livramento, e observando a alegria do rei por esse

acontecimento, se puseram a desafiar a Deus e ao rei, dizendo

que o rei errara em dar excesso de comida aos leões quando isso

não havia ocorrido.

A ira do rei passou para os leões que se tornaram

instrumentos do juízo de Deus. Nisso Deus praticou justiça e

glorificou o seu nome em toda a província da Média e da Pérsia

e também da Babilônia.

Vejamos aqui uma grande lição: Nossos filhos e nosso

cônjuge sem dúvida participam de nossas bênçãos. Eles desfrutam

conosco da prosperidade resultante da nossa santificação e fé.

Haja vista que os filhos inocentes serão arrebatados com seus

pais no Arrebatamento da Igreja, pois são santificados em seus

pais e constituem a sua herança.

Mas o inverso também é verdadeiro. Eles também pagam pelos

nossos erros e também choram devido nossas dores.

Precisamos ter em mente, nós que somos chefes em nossos

lares, e que todos gozam ou pagam pelos resultados de nossa

atitude.

Agora temos Daniel livre dos leões e Dario livre dos

invejosos e acusadores, podendo colocar a Daniel como maior de

seus presidentes.

Depois disso Dario glorificou a Deus, exaltou ao Senhor

Deus de Daniel, reconhecendo-o como Deus vivo, cujo reino não

será destruído, cujo domínio não terá fim, cuja existência é de

eternidade em eternidade.

―Temam e tremam perante o Deus de Daniel‖ era o decreto do

rei.

Dario foi então um pregador dessa nova e um defensor desse

Deus Todo-poderoso e elevou a Daniel a tão grande honra que

ninguém pôde duvidar que Daniel era em seu reino a pessoa que o

rei mais estimava.

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105

Assim Daniel prosseguiu o seu trajeto, nas mãos de Deus,

sendo um instrumento que Deus ainda usaria para revelar o

futuro da história de Israel e do mundo. Mesmo após Dario,

Daniel continuou durante todo o reinado de Ciro, entre os

maiores no palácio do rei.

Aqui termina a parte histórica desse livro. Os demais

capítulos são essencialmente proféticos e, cronologicamente,

estão dispersos ao longo dessa história narrada até aqui.

As profecias do Capítulo sete ocorreram no primeiro ano de

Belsazar, portanto antes da ocorrência estudada no capítulo

seis, a cova dos leões.

O capitulo sete é um aprimoramento da visão do capítulo

dois, confirmando e alertando sobre as profecias do capítulo

dois, que foram dadas por Deus usando-se a pessoa de

Nabucodonosor.

O capítulo oito também ocorreu antes dos fatos ocorridos no

capítulo seis, pois essa visão foi no terceiro ano de Belsazar.

O capítulo nove trata das Setenta Semanas de Daniel, que se

constitui na mais importante, completa e extensa profecia

contida no Velho Testamento. Essa revelação já ocorreu no ano

primeiro de Dario, quando Daniel entendera, lendo os livros,

que findara o período do cativeiro que, segundo Jeremias, era

de setenta anos.

A profecia das Setenta Semanas de Daniel do capitulo 9

ocorreu após o evento da cova dos leões, embora na Bíblia não

tenhamos dados muito claros a esse respeito.

Se estiver certo nessa afirmação, podemos entender melhor a

respeito do livramento de Daniel na cova dos leões.

Sem dúvida alguma, Deus livrou a Daniel da boca dos leões:

1) Porque Daniel era fiel e não cometera delito algum

contra Deus e nem tão pouco contra o rei.

2) Porque Daniel confiava em Deus, e este não decepcionou a

sua fé.

3) Para glorificar o seu nome em todo o reino e ganhar para

si almas que se converteram através desse milagre.

Mas não quero aceitar isso como uma causa básica.

Muitos dos fiéis no princípio da Igreja tinham a fé de

Daniel; tinham a fidelidade de Daniel; não fizeram mal algum,

como Daniel e, entretanto, Deus não fechou a boca dos leões.

Então tem que existir um motivo mais íntimo para Deus ter

livrado a Daniel, e este não foi a fé do rei Dario.

Acontece que Daniel era ―homem mui amado‖ conforme vemos em

Daniel capítulo dez e versículo onze, e Deus tinha um

propósito. Deus tinha para Daniel uma missão que ele não havia

totalmente cumprido. Daniel ainda tinha que receber a profecia

que revelaria os fatos da História Universal, que revelaria

todo o futuro de Israel, até a consumação dos séculos; como

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106

observamos nos capítulos nove, dez, onze e doze. Nessa segunda

parte do livro, a parte das profecias de Daniel, é onde se

inclui a profecia das Setenta Semanas de Daniel.

Assim quero crer que os leões não comeram a Daniel porque

se o fizessem Deus teria que levantar outro Daniel. Como os

propósitos humanos não mudam os desígnios de Deus, ele enviou o

seu anjo e não permitiu mudança na trajetória da vida de

Daniel, que ainda foi guardado por um bom tempo. Daniel foi o

instrumento de Deus para revelar a profecia das Setenta

Semanas, profecia essa ainda não cumprida em toda a sua

totalidade.

Aqui terminamos essa primeira parte dessa obra, a qual se

refere mais ao período histórico desse Livro. Vamos iniciar

nessa segunda parte desse compêndio, a parte profética desse

Livro, a qual se encontra nos capítulos seguintes, do sete ao

doze.

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107

DaniEL

nO PASSADO E NO PORVIR

II PARTE

DANIEL CAPÍTULOS DE 7- 12

ÍNDICE - VOLUME II

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108

Os quatro Animais ........................... Cap.7 ................................. 109

A Visão dos Animais ............ Cap. 7.1-8 .......................... 109

A Visão do Trono ................. Cap. 7.9-14 ........................ 114

A Interpretação ..................... Cap. 7.15-29 ...................... 117

O Carneiro e o Bode ....................... Cap. 8 ................................. 127

A Visão de Daniel ................ Cap. 8.1-14 ......................... 127

O Interprete da Visão .......... Cap. 8.15-19 ....................... 134

A Interpretação ................... Cap. 8.20-27 ....................... 136

As Setenta Semanas de Daniel - Introdução ................................. 140

O Cativeiro de Babilônia ..................................................... 141

Os Frutos do Cativeiro ........................................................ 144

A Oração de Daniel .............. Cap.9.1-19 ........................ 145

As Setenta Semanas de Daniel .Cap.9.24-27 ...................... 151

Setenta Semanas de Ano ..................................................... 158

Igreja de Jesus no Intervalo ................................................. 168

Resumo das Setenta Semanas .............................................. 178

A Última Visão de Daniel .................. Cap.10................................ 178

A Visão do capítulo Dez ........ Cap. 10.1-21 ...................... 178

Antíoco Epifânio ............................... Cap.11.1-20 ....................... 187

Período de Antíoco Epifânio .. Cap.11.21-35 ..................... 199

Daniel e o Porvir ............................................................................. 207

Final ............................................................................................... 211

O Final da Tribulação .......................................................... 212

As Últimas Mensagens ........................................................ 214

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109

CAPÍTULO 7

OS QUATRO ANIMAIS

As profecias de Daniel efetivamente iniciam aqui no

capítulo sete. Até aqui Daniel fala mais de sua vida e da parte

histórica, embora existam visões proféticas nos capítulos dois,

quatro ou cinco.

Aqui no capítulo sete temos uma visão de quatro animais.

Trata-se de uma visão do próprio Daniel, não de outros.

É uma visão que ocorre no reinado de Belsazar, no ano

primeiro de seu reinado, seguida de outra, por volta de dois

anos, que será discutida no capítulo oito.

No capítulo sete temos o aprimoramento da visão do capítulo

dois; trata-se, portanto, da mesma profecia. Evidentemente é

uma visão que ocorre antes dos fatos do capítulo cinco.

O capítulo trata de uma visão na qual aparecem quatro

animais - leão, urso, leopardo e um animal de aparência

horrível, sendo este último sem correspondente em nossa fauna.

Esses animais, nesta visão, representam os mesmos reinos

universais do capítulo dois, apresentados na estátua da visão

de Nabucodonosor.

Neste momento, já nos achamos no ano primeiro de Belsazar.

Portanto já se passara o reinado de Nabucodonosor, e o período

intermediário entre Nabucodonosor e Belsazar no qual tivemos a

atuação de Evil Merodaque e Neriglassar e o reinado de

Nabonido. Isso corresponde a um período de mais ou menos

cinqüenta anos entre o capítulo sete e o capítulo dois.

Agora Daniel é já um homem maduro, já vivido e cheio de

experiência. Tinha por volta de setenta anos, quando

efetivamente foi usado nas mãos de Deus nas profecias que dizem

respeito à história de Israel e à história Universal,

envolvendo toda a terra.

Podemos dividir o capítulo sete em três partes:

a) A visão dos animais

b) A visão dos tronos

c) A interpretação.

a) A VISÃO DOS ANIMAIS

DANIEL 7.1-8

1 - No primeiro ano de Belsazar, rei de Babilônia, teve

Daniel um sonho, e visões ante seus olhos, quando estava no seu

leito; escreveu logo o sonho e relatou a suma de todas as

cousas.

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110

2 - Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando, durante a

minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu

agitavam o Grande Mar.

3 - Quatro animais, grandes, diferentes uns dos outros,

subiam do mar.

4 - O primeiro era como leão, e tinha asas de águia;

enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, foi levantado

da terra, e posto em dois pés como homem; e lhe foi dada mente

de homem.

5 - Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal,

semelhante a um urso, o qual se levantou sobre um dos seus

lados; na boca, entre os dentes, trazia três costelas; e lhe

diziam: Levanta-te, devora muita carne.

6 - Depois disto, continuei olhando, e eis aqui outro,

semelhante a um leopardo, e tinha nas costas quatro asas de

ave; tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado

domínio.

7 - Depois disto, eu continuava olhando nas visões da

noite, e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso e

sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele

devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava;

era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e

tinha dez chifres.

8 - Estando eu a observar os chifres, eis que entre eles

subiu outro pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres,

foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os

de homem, e uma boca que falava com insolência.

Daniel vê quatro animais, dos quais três tem

correspondentes na nossa fauna, e um quarto do qual se limitou

a chamar de Animal Horrível, portanto sem nenhum similar.

Veremos oportunamente o porquê, disso.

Esses quatro animais estão profeticamente relacionados com

a estátua do capítulo dois e vão representar os mesmos

governos, mas com uma grande diferença:

1- No capítulo dois temos um enfoque panorâmico, um

enfoque introdutório, um enfoque esquemático em relação à

história; onde temos uma visão cronológica e esquelética dos

quatro reinos mundiais; onde temos a apresentação do esplendor

externo desses reinados, especialmente o de Nabucodonosor.

Mas no capítulo sete a visão é voltada para um enfoque espiritual, onde se ressaltam os governos gentílicos, vaidosos,

belicosos, estabelecidos e mantidos pela força.

2- A interpretação do sonho do capítulo dois foi

revelação de Deus a Daniel, mas estabelecida por Daniel.

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111

Mas a revelação da visão do capítulo sete foi feita e estabelecida pelo próprio Deus.

Mas o reinado eterno terá características diferentes e já

são citadas aqui, onde já se apresenta o ancião de Deus, que é

o efetivo rei, que nunca deixou o seu trono.

Trata-se, portanto de um aprimoramento da profecia do

capítulo dois, mesmo porque aquela, fora dada a um gentio e sua

interpretação fora de Deus, mas através de homem; e nesta, a

visão é dada a um judeu e a sua interpretação vem do céu sem

interferência humana.

Estamos diante de um sonho de Daniel, enquanto repousava em

seu leito, talvez meditando nas coisas passadas e já tão

distantes do capítulo dois. Na verdade trata-se daquelas

situações confusas nas quais não sabemos se sonho ou se visão.

De qualquer forma, Daniel reteve de modo muito nítido e nos

relata com seus pormenores de modo preciso e com perfeição rica

em detalhes.

Trata-se de uma revelação profética:

Verso 1 – Daniel se achava em seu leito, descansando após a

rotina de mais um dia; quando teve um sonho e visões ante seus

olhos e logo se dispôs a escrevê-las por entender que eram

revelações de Deus.

Sua narração inicia no verso dois:

“Eu estava olhando, durante a minha visão da noite, e eis

que os quatro ventos do céu agitavam o Grande Mar”. (Daniel

7.2)

A expressão MAR na Bíblia é um figurativo que representa a

massa desorganizada e descentralizada dos povos, línguas e

nações.

Inicia com a visão do Grande Mar cujas águas estavam

agitadas por quatro ventos vindos do céu, tornando o mar

revolto através da agitação de suas águas.

Nesse ambiente agitado, hostil, em meio às ondas convulsas,

diante de um mar agitado, Daniel vê emergir quatro animais que

saíram do mar, na seguinte ordem:

1- LEÃO: foi assim descrito porque era um animal que

lembrava a configuração anatômica de um leão.

2- Urso: o segundo animal tinha o aspecto como se fosse um

urso.

3- Leopardo: o terceiro animal tinha semelhança com um

leopardo.

4- Animal Horrível: esse quarto animal não tinha uma

correspondência na nossa fauna. Daniel não encontrou algo que

pudesse nos dar a idéia daquilo que via. Não era semelhante a

nada que Daniel conhecesse e pudesse compará-lo. Ver verso três

e quatro:

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112

Quatro animais grandes, diferentes entre si, todos subiam

do mar. Verso três.

No verso quatro temos:

O primeiro animal era:

Como um leão. Tinha asas de águia. Levantou-se e se colocou em pé como homem. Foram-lhe arrancadas as asas. Foi-lhe dado mente (coração) de homem.

O segundo animal - Daniel continua atento e observa um

segundo animal:

Semelhante a um urso. Um de seus lados levantou-se originando uma assimetria.

Tinha três costelas em sua boca. Recebeu uma ordem de devorar muita carne. (verso cinco)

O terceiro animal - Depois disso, isto é, depois de ver

esses dois animais já descritos com suas peculiaridades, Daniel

continua olhando e vê um terceiro animal:

Semelhante ao leopardo. Tinha quatro asas de ave. Tinha quatro cabeças. Esse animal recebeu domínio. (verso seis)

O quarto animal, temos o surgimento do quarto animal, onde

as cenas se sucediam como se fosse filme de cinema visto em

uma tela na nossa frente.

Esse animal era:

Terrível e espantoso.

Era muito forte. Tinha dentes grandes de ferro. Era altamente destruidor. Não só devorava, mas fazia em pedaços. O que sobejava pisoteava com os seus pés.

Tinha também dez pontas. (chifres) Os quatro animais emergiram do mar, um após outro. Isso

pode ser deduzido do verso cinco que diz: ―continuei olhando e

eis que...‖.

Esse mar referido como GRANDE MAR não é outro senão o mar

Mediterrâneo, mas aqui ele é figurado e representa as nações da

Terra. Ver Apocalipse 7.15; 13.1.

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113

Daniel permanece como espectador, mas não está entendendo

nada. Para sua total confusão temos que no quarto animal, verso

oito, Daniel vê emergir dentre os dez chifres OUTRO PEQUENO

CHIFRE. Seria o décimo primeiro chifre na cabeça do animal que

já tinha dez. Esse chifre parece-lhe agressivo e autoritário.

Diz o verso oito: ―Diante do qual, três dos primeiros chifres

foram arrancados‖, mas não é só isso, esse décimo primeiro

chifre, para completar as dificuldades, tem olhos e uma boca

que falava com insolência!

Assim terminamos o cenário da visão ou do sonho sobre os

quatro animais do capítulo sete. Daniel está como que

maravilhado, mas entender mesmo, nada! Daniel não entendeu

nada. Sabia ser revelação profética de Deus, pois era homem que

tinha o espírito dos ―Deuses Santos‖. (Daniel 5.11).

Os eruditos no entendimento profético entendem e é de

consenso, que estes quatro animais estejam em perfeita

correspondência harmônica com a estátua do capítulo dois,

vejamos:

Capítulo dois capítulo sete

Uma estátua quatro animais

Cabeça de ouro leão com asas de águia

Peito e braços de prata urso com costelas na boca

Ventre e coxas de cobre leopardo com quatro asas

de cobre e quatro cabeças

Pernas de ferro e pés de ferro animal espantoso com dez

e barro, com dez dedos pontas e dentes de ferro

Há, portanto, um paralelo entre a estátua do capítulo dois

e os quatro animais do capítulo sete. Assim sendo:

A cabeça de ouro, que representava Nabucodonosor em toda a

sua glória, aqui é representada pelo leão, que por sua

imposição e respeito se considera o rei da selva.

O peito de prata e os braços de prata que lá no capítulo

dois representavam ao reinado mundial medo - persa, sucessor da

cabeça de ouro, aqui é representado pelo urso com as costelas

em sua boca. Urso representa a força.

O ventre e as coxas de bronze que lá no capítulo dois

representavam a Grécia, com Alexandre o Grande, na rapidez de

suas conquistas, aqui é representado pelo leopardo, ágil,

astuto, com quatro cabeças e quatro asas.

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114

Finalmente na estátua do capítulo dois nós temos as pernas

e pés, sendo os pés com dez dedos, representando Roma. Aqui

esta é representada pelo animal espantoso.

Temos então uma perfeita harmonia e correspondência entre

as visões, com algumas diferenças:

** A visão de Nabucodonosor, foi para um gentio; mostra o

enfoque político, global, panorâmico.

** A visão de Daniel foi para um judeu, pertencente à nação

escolhida, a quem se dirigem as profecias. Neste caso com

enfoque político e religioso com riqueza de detalhes ampliando

em muito as informações proféticas da visão anterior.

No verso oito fala dos chifres ou das pontas do animal

espantoso. Diz o verso sete que esse animal tinha dez chifres

(ou pontas) e que Daniel observava essas pontas e aqui no verso

oito ele diz:

Estando eu considerando as pontas, eis que entre elas

subiu uma ponta pequena, diante da qual três das pontas

primeiras foram arrancadas. Apenas essa ponta, ao que podemos

entender, tinha ―olhos‖ e ―boca‖.

Aqui temos coisas de extraordinária importância. Esse

animal espantoso representa o último dos reinos mundiais, em

cujo final teremos a atuação do Anticristo. Essa ponta ou

chifre pequeno que surgiu no meio dos dez anteriores, é o

Anticristo, que surgirá no final. É a mesma besta que abate os

três reis, entre os dez reis, em Apocalipse capítulo treze,

verso sete; e capítulo dezenove, versos dezenove e vinte. É ele

quem guerreará contra os santos de Deus e é com essa boca que

possui que proferirá as blasfêmias contra Deus. Entenderemos

melhor isso estudando o Apocalipse onde se trata disso com

detalhes.

A seguir há um interlúdio entre a visão dos animais para

desviar a visão de Daniel para outra área totalmente adversa.

Aqui não é mais o cenário do mar convulso ou tempestuoso.

Segue-se uma visão onde temos um trono onde Daniel observa um

Ancião de dias,assentado sobre ele. Vamos ver isso agora.

b) A VISÃO DO TRONO

DANIEL 7.9-14

9 - Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o

Ancião de dias se assentou; sua veste era branca como a neve, e

os cabelos da cabeça como a pura lã; o seu trono era chamas de

fogo, cujas rodas eram fogo ardente.

10 - Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares

de milhares o serviam, e miríade de miríade estavam diante

dele; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros.

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115

11 - Então estive olhando, por causa da voz das insolentes

palavras que o chifre proferia; estive olhando e vi que o

animal foi morto, e o seu corpo desfeito e entregue para ser

queimado pelo fogo.

12 - Quanto aos outros animais, foi-lhes tirado o domínio;

todavia, foi-lhes dada prolongação de vida por um prazo e um

tempo.

13 - Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis

que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do homem, e

dirigiu-se ao Ancião de dias, e o fizeram chegar até ele.

14 - Foi-lhe dado domínio e glória, e o reino, para que os

povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu

domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais

será destruído.

O verso nove inicia com a instalação de tronos, no plural:

isso quer dizer que foi mais que um trono. Nesse caso temos a

instalação de alguns tronos e não nos aprece ser somente

dois!!! Certamente há um trono destacado entre os tronos,

destinado ao Ancião de Dias. E os demais tronos para quem

seria???

Temos também, no verso nove, a presença de um Ancião de

dias que se assentou no trono; sua veste era branca como a

neve, e os cabelos da cabeça como a pura lã; o seu trono era

chamas de fogo, cujas rodas eram fogo ardente.

Quem poderia ser esse Ancião se não Deus? Veja verso 10:

―Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de

milhares o serviam, e miríade de miríade estavam diante dele‖ A

presença das suas vestes brancas fala de sua santidade,

experiência e pureza; o cabelo de sua cabeça fala de sua

majestade. Um rio de fogo manava e saía de diante dele fala de

sua justiça e da retidão do seu julgamento. O fogo é símbolo de

poder, majestade, justiça e força.

Parece que temos a montagem de um tribunal para fins de

julgamento. Ver o final do versículo 10:... Assentou-se o

tribunal, e se abriram os livros. Que julgamento será esse???

No verso onze temos que Daniel tem sua atenção tomada pela

voz que partia daquele pequeno chifre o qual proferia palavras

insolentes.

O que são palavras insolentes?

INSOLÊNCIA é o mesmo que Desrespeito (Salmo 75.5).

1. Ato ou palavra de atrevimento, desaforo, ousadia.

2. Maneira insólita de proceder; inconveniência.

3. Coisa fora do comum, insólita:

Enquanto olhava, Daniel viu que o animal horrível foi morto

e o seu corpo desfeito e entregue para ser queimado pelo fogo.

Verso onze.

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116

Esse animal representa o último governo universal humano,

portanto, se trata do fim; a partir daí não haverá mais reinos

humanos. Nesse mesmo tempo, isto é, quando morre esse animal

espantoso é que morrem também os três animais que o

antecederam. Note que esses animais perderam apenas o domínio

e não a vida. Ver verso 12. “Quanto aos outros animais, foi-

lhes tirado o domínio; todavia, foi-lhes dada prolongação de

vida por um prazo e um tempo”.

Isto quer dizer que o reinado universal humano foi passando

de um para outro desde Babilônia com Nabucodonosor, passando

pelo Medo-Persa, pela Grécia e chegando em Roma.

Daniel, nesse cenário, vê vir do céu um como o Filho do

homem, em grande glória e dirigir-se ao Ancião de dias.

DANIEL 7.13 - “e eis que vinha com as nuvens do céu um como

o Filho do homem e dirigiu-se ao Ancião de dias, e o fizeram

chegar até ele”.

Ora, aqui temos com nítida clareza que esse Ancião de dias

é Deus e não Jesus. Certamente Jesus não pode ser o Ancião de

dias e dirigir-se para si mesmo. Essa é a primeira vez na

Bíblia que encontramos a expressão Filho do homem, referindo-se

a Jesus. Antes dessa referência temos mais de cem vezes a

expressão filho do homem, especialmente no Livro de Ezequiel,

mas elas se referem ao seres humanos e não a Jesus.

Nesse caso: o Filho do homem é Jesus e o Ancião de Dias e o

próprio Senhor. Verso treze.

Quando Jesus se aproxima de Deus, verso quatorze, Deus (o

Ancião de Dias) lhe entrega o domínio sobre todos os povos.

Esse reino é o único que não será destruído.

Aqui vemos que Jesus recebe o reino das mãos do Pai e não

das mãos de homem, por essa razão seu DOMÍNIO É ETERNO.

É muito importante entender aqui que a ordem cronológica

não foi respeitada nesta apresentação, pois as cenas dos versos

treze e quatorze acontecem antes das cenas dos versos nove e

dez.

Vamos organizar a cronologia aqui:

1º - Jesus, o Filho do homem, virá nas nuvens. Verso treze.

2º - Jesus vence o Anticristo, o Falso Profeta e o Dragão.

Verso onze.

3º - Nisso é destruído totalmente o reinado dos homens e

também por certo tempo o reinado de Satanás. Verso doze.

4º - Ocorre a instalação dos tronos onde ocorrerá o

julgamento das nações. Verso nove.

5º - Foi-lhe dado todo o poder e domínio. Verso quatorze.

6º - Jesus reina eternamente. Verso dez.

Portanto a seqüência é:

Verso treze, verso onze, verso doze, verso nove, verso

quatorze e verso dez.

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117

Após essa maravilhosa visão onde temos a escatologia do

final da Tribulação, quando Jesus descerá do céu em sua grande

glória; voltamos ao problema da visão dos quatro animais, pois

dela Daniel nada entendera. Daniel estava perplexo, imóvel,

maravilhado, espantado! Nesse êxtase, Daniel se chega a ―um dos

que estavam perto‖ e pede-lhe as devidas explicações. Vamos ver

agora a interpretação da visão dos quatro animais.

c) A INTERPRETAÇÃO DA VISÃO DOS QUATRO ANIMAIS

DANIEL 7.15-28

15 - Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi alarmado

dentro em mim, e as visões da minha cabeça me perturbaram.

16 - Cheguei-me a um dos que estavam perto, e lhe pedi a

verdade acerca de tudo isto. Assim ele me disse, e me fez

saber a interpretação das cousas.

17 - Estes grandes animais, que são quatro, são quatro

reis, que se levantarão da terra.

18 - Mas os santos do Altíssimo receberão o reino, e o

possuirão para todo o sempre, de eternidade em eternidade.

19 - Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito do

quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito

terrível, cujos dentes eram de ferro, e cujas unhas eram de

bronze; que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que

sobejava;

20 - e também dos dez chifres que tinha na cabeça, e do

outro que subiu, de diante do qual caíram três, daquele chifre

que tinha olhos, e uma boca que falava com insolência, e

parecia mais robusto do que os seus companheiros.

21 - Eu olhava e eis que este chifre fazia guerra contra os

santos, e prevalecia contra eles,

22 - até que veio o Ancião de dias, e fez justiça aos

santos do Altíssimo; e veio o tempo em que os santos possuíram

o reino.

23 - Então ele disse: O quarto animal será um quarto reino

na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará

toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços.

24 - Os dez chifres correspondem a dez reis que se

levantarão daquele mesmo reino; e depois deles se levantará

outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três

reis.

25 - Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os

santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os

santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos

e metade dum tempo.

26 - Mas depois se assentará o tribunal para lhe tirar o

domínio, para o destruir e o consumir até ao fim.

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118

27 - O reino e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo

de todo o céu, serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o

seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e

lhe obedecerão.

28 - Aqui terminou o assunto. Quanto a mim, Daniel, os meus

pensamentos muito me perturbaram, e o meu rosto se empalideceu;

mas guardei estas cousas no coração.

Podemos observar nitidamente, no verso quinze, que Daniel

estava perplexo, com a cabeça perturbada; e não entendia nada.

Especialmente sobre o quarto animal! Não havia como entender.

“Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi alarmado dentro

em mim, e as visões da minha cabeça me perturbaram”. Verso 15

Então Daniel, perplexo e pouco confuso, se aproximou de um

dos que estavam perto e sem se conter, pede explicações, sobre

tudo a verdade.

“Cheguei-me a um dos que estavam perto e lhe pedi a verdade

acerca de tudo isto”. Verso 16.

Ainda no verso dezesseis, vemos que Daniel declara que a

interpretação da sua visão veio daquele ser, muito

provavelmente um ser celestial que fazia parte daquela multidão

que servia ao Ancião de dias. „Assim ele me disse, e me fez

saber a interpretação das cousas´. Verso dezesseis, parte

final.

A partir de Daniel 7.10 nós encontramos aquele ser que ao

ser interrogado pelo Profeta Daniel, dando explicações sobre

aquela visão:

Verso dezessete – Aquele elemento inicia sua explicação com

a interpretação sobre os quatro animais: “Estes grandes

animais, que são quatro, são quatro reis, que se levantarão da

terra”.

Já no inicio de sua explicação, aquele intérprete da visão

já esclarece que o governo desses quatro reinos não será para

sempre; mas chegará o momento em que eles terão fim. Aqui nós

temos a explicação de que esses quatro reis, que representam

quatro reinados, não durarão para sempre, mas um dia terá fim e

o governo será passado para os Santos do Altíssimo. Leia o

verso dezoito.

“Mas os santos do Altíssimo receberão o reino, e o

possuirão para todo o sempre, de eternidade em eternidade”.

Isso é uma revelação profética, já no tempo de Daniel, de

que nós, a Igreja do Senhor, reinaremos com ele. Isso ocorrerá

após o arrebatamento da igreja quando será instalado o Milênio.

Será o cumprimento da Escritura no Livro do Apocalipse 5.10 ou

20.6.

Daniel não se contenta com a explicação, pois seu

entendimento não está preparado para revelações proféticas tão

abrangentes. Na verdade o Livro de Daniel é o Livro do

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119

Apocalipse no Velho Testamento. Falaremos mais tarde sobre

isso.

Daniel procura entender a exposição: quatro reinos

universais, seguidos do reinado eterno...?! Não, Daniel não

entendeu nada! Daniel não está satisfeito,... Ele precisa de

mais explicações: ...e aquele último animal?! Porque ele é

tão esquisito, horrível e espantoso? Porque ele é tão diferente

dos outros? Daniel fica perdido em seus pensamentos e insiste

em mais explicações. Daniel queria entender a respeito dos

chifres que aquele animal tinha na cabeça e queria saber a

respeito daquele chifre que subiu caindo três dos anteriores

diante dele. Estava muito difícil para Daniel. Leia o verso 19

e 20.

“Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito do

quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito

terrível, cujos dentes eram de ferro, e cujas unhas eram de

bronze; que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que

sobejava; e também dos dez chifres que tinha na cabeça, e do

outro que subiu, de diante do qual caíram três, daquele chifre

que tinha olhos, e uma boca que falava com insolência, e

parecia mais robusto do que os seus companheiros”.

Esse último animal era tão espantoso que não tinha similar

na Terra e parecia ser tão muito mau!

... E aqueles dentes de ferro? E as unhas de bronze? Por

que os dez chifres?... e o que significa tudo isso? A cabeça

de Daniel tinha dado um verdadeiro nó...

Daniel não se conformava, pois aquele animal ―a tudo

devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobrava‖.

Daniel desejava muito entender tudo aquilo e por isso queria

mais explicações.

Daniel se perde em sua indignação; não tinha noção alguma

porque dos dez chifres??? E pior ainda: Tem um novo chifre, o

décimo primeiro, que sobe no meio dos dez e que fala com

insolência!!! (Chifre que Fala?!) E diante desse chifre que

fala caem três dos dez; o que será tudo isto!!!??? Porque dos

dez chifres caíram esses três? E porque este quarto animal é

mais robusto do que os outros três? Ver verso vinte.

“E também a respeito dos dez chifres que tinha na cabeça e

do outro que subiu, diante do qual caíram três, daquele chifre

que tinha olhos e uma boca que falava com insolência e parecia

mais robusto do que os seus companheiros”.

Tem mais ainda, para completar a confusão na cabeça de

Daniel: O tal décimo primeiro chifre fazia guerra contra os

santos e ainda mais, prevalecia contra eles! Quem serão esses

santos? E porque prevalecia contra os santos do Altíssimo?

Quem é esse Ancião de Dias? Quando haverá de se manifestar

para fazer justiça aos santos? Leia os versos 21 e 22.

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120

Daniel 7.21 e 22.

“Eu olhava e eis que este chifre fazia guerra contra os

santos e prevalecia contra eles, até que veio o Ancião de Dias

e fez justiça aos santos do Altíssimo; e veio o tempo em que

os santos possuíram o reino”.

Daniel convocou um dos seres angelicais, que fazia parte da

comitiva celestial, a fim de que lhe explicasse melhor e com

mais detalhes, sobre esse quarto animal e sobre os mistérios

envolvidos nessa visão. Daniel se esforçava muito, mas não

entendia nada, se achava confuso.

No verso vinte e três, aquele ser celestial, se põe a

explicar para Daniel a respeito de todas estas coisas: (leia os

versos vinte e três e vinte e quatro).

Daniel, aquele quarto animal, representa o quarto e último

reino da Terra, e este reino será diferente de todos os reinos

anteriores:

Ele devorará a Terra Ele pisará a Terra Ele fará a Terra em pedaços. Daniel, aqueles dez chifres na cabeça do animal espantoso,

correspondem a dez reis que se levantarão dentro desse quarto

reinado. Depois que esses dez reinos estiverem instalados,

surgirá um outro reino, o qual será diferente de todos os dez

anteriores. Quando surgir esse décimo primeiro chifre,

certamente três daqueles entre os dez, hão de se opor ao seu

domínio, e de imediato ele abaterá esses três que se rebelaram

entre os dez.

Certamente, Daniel continuou como estava antes, isto é: sem

entender nada.

Mas nós hoje entendemos bem: esse império, aqui

representado pelo animal espantoso é o Império Romano, em cujo

período nos nasceu o Salvador. Esse evento em si mesmo, já faz

desse império um Império diferente dos outros anteriores. Foi

também esse reinado que teve a audácia de matar o nosso

Salvador com morte humilhante precedida de muita tortura e

vitupério.

Este foi o Império que não só crucificou ao Salvador, mas

também perseguiu a Igreja emergente do Senhor, martirizando os

pais da Igreja, pois a maioria deles morreram martirizados.

Como se tudo isso fosse pouco, destruiu a Cidade Santa de

Deus (Jerusalém no ano 70 DC).

Esse reino sofreu uma divisa por volta de 400 a.C. com uma

ruptura entre o ocidente latino e o oriente grego, após a morte

de Teodósio I, quando seus filhos Arcádio e Honório dividiram o

império entre si. Daí as duas pernas da estatua do sonho de

nabucodonosor com seus dois pés representando esse império.

Após esse episódio passaram a existir dois impérios:

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121

* Império ocidental com capital em Roma

* Império oriental com a capital em Constantinopla, também

conhecido como Império Bizantino.

O Império Romano do ocidente desmoronou-se sob a ação das

invasões bárbaras que invadiram a Itália sucessivamente. Em

1455 o rei Genserico, dos vândalos, incendiou Roma e fragmentou

o império do ocidente em vários impérios bárbaros de modo que o

império romano do Ocidente cai definitivamente em 476 quando

desapareceu o ultimo imperador do império do ocidente, Rômulo

Augustulo que foi destronado por Odoacro, um bárbaro.

O império romano do oriente resistiu às invasões bárbaras

até 1453 quando perdeu para os turcos otomanos.

Hoje vivemos uma espécie de intervalo no tocante a esse

império romano, pois o mundo hoje se divide em muitas nações

todas independentes embora exista hoje o fenômeno da

globalização.

Bíblia fala que no final dessa dispensação, esse reino há

de ressurgir, e terá uma evolução de modo que em seu final ele

terá dez reinos.

Nós já temos o mundo se organizando em blocos, onde já

podemos distinguir nitidamente alguns:

Bloco da Comunidade Européia

Bloco ligado aos Estados Unidos da América do Norte

Bloco ligado à China. (Mais recente potência que vem

despontando)

Bloco ligado à Rússia. (ex Bloco das republicas Soviéticas

socialistas unidas)

Bloco dos países Sul Americano. (Paises do Mercosul)

Bloco ligado ao Japão

Bloco ligado aos Árabes

Os Judeus

O do Continente Africano

Que poderiam ser citados como exemplo dos precursores

desses dez reinos.

Quando o Anticristo se manifestar, já haverá um império

romano restaurado e dentro dele uma organização de dez reinados

e conseqüentemente dez reis. Depois disso, surgirá o Anticristo

que é o décimo primeiro rei diante do qual cairão três daqueles

reis. Esses dez reis correspondem aos dez dedos da estátua do

capítulo dois. Portanto essa profecia ainda é futura.

Vejamos novamente os versos 24 e os versos 25 e 26:

24 - Os dez chifres correspondem a dez reis que se

levantarão daquele mesmo reino; e depois deles se levantará

outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três

reis.

25 - Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os

santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os

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122

santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos

e metade dum tempo.

26 - Mas depois se assentará o tribunal para lhe tirar o

domínio, para destruí-lo e o consumir até ao fim.

No verso vinte e quatro temos uma referência ao Anticristo,

o qual será o décimo primeiro reino a sair dos dez existentes

até então, e ele será diferente dos anteriores, será ele quem

abaterá três dentre aqueles reinos logo de imediato. Certamente

isso só ocorrerá somente no período da Tribulação, quando nós

já não estaremos aqui.

Temos no versículo vinte e cinco que ele proferirá palavras

contra o nosso Deus e desenvolverá ações que magoará os santos

do Altíssimo. Isso ocorrerá também no período da Grande

Tribulação, quando ele perseguirá os judeus numa perseguição

tão ferrenha, tão refinada que será de fazer inveja a Hitler,

no período da Segunda Guerra Mundial. Nesse período os Santos

lhe serão entregues em suas mãos. Na verdade o Anticristo terá

como propósito o extermínio da nação de Israel para sempre da

face da Terra. Sugiro ao leitor ler meu livro sobre o

Apocalipse onde cuidamos com detalhes sobre esse período da

Tribulação. O Anticristo terá tanto poder que cuidará em mudar

os tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos,

por um tempo, dois tempos e metade dum tempo.

Sobre a expressão ―e os santos lhe serão entregues nas

mãos, por um tempo, dois tempos e metade dum tempo‖ estudaremos

com detalhes no capitulo 9 deste compêndio.

Verso vinte e seis - Mas o juízo será estabelecido e o seu

domínio será tirado e ele será destruído integralmente.

Esse juízo será estabelecido no final do período de

Tribulação, quando os exércitos confederados estiverem reunidos

no Armagedon com a finalidade de destruir Israel. Nesse momento

Israel fará um clamor como nunca feito ao Senhor e Jesus

voltará do céu para defender Israel. Nessa vinda a Igreja

arrebatada voltará com Jesus, fazendo parte desse exército que

desce do céu. Esse cenário que será visto nos céus, corresponde

à pedra cortada sem mãos do capítulo dois, do sonho de

Nabucodonosor. Aquela pedra no sonho, de Nabucodonosor, que

destruiu toda a estátua, desde a cabeça de ouro até os dedos de

ferro e barro, tipifica Jesus que nesta vinda destruirá,

definitivamente, todo o governo humano. Depois disso o governo

passará para Jesus e para Deus o Pai. Jesus derrotará o inimigo

com um simples sopro de sua boca. Nesse momento ocorrerá o

cumprimento de 2 Tessalonicense 2.8 e ainda Apocalipse 20.4.

Aqui nós entendemos porque a pedra atinge somente o pé da

estátua e a destrói toda; é porque Jesus atingirá o governo de

Roma tipificado lá, pelas pernas de ferro e pelos pés de barro

misturado com ferro.

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123

Em Daniel, no capítulo sete e Verso vinte e sete, temos uma

passagem que fala: todos os reinos e toda majestade debaixo dos

céus será entregue aos santos. Esse novo reino será eterno e

todos lhe obedecerão. Essa profecia se cumprirá após a volta de

Jesus.

Sobre o Anticristo, já dissemos, será destruído por Jesus

em sua segunda vinda com poder e grande glória. Com a

destruição do Anticristo será destruído todo o governo humano,

dando inicio ao governo eterno.

Do verso doze entendemos porque os animais não morreram

antes: Foi-lhe apenas tirado o poder, tirado o domínio,

entretanto a vida lhes foi poupada de modo a morrerem todos

juntos. É o caso da estátua do sonho de Nabucodonosor, que

estava intacta quando se cortou a pedra sem auxilio de mãos

humanas. Toda a estátua ruiu no momento que foi atingida nos

pés. Leia de novo o verso 12.

“Quanto aos outros animais, foi-lhes tirado o domínio;

todavia, foi-lhes dada prolongação de vida por um prazo e um

tempo”.

O verso vinte e oito encerra esse capitulo com Daniel sem

entender nada. Daniel estava muito preocupado de modo que seus

pensamentos o perturbavam ao ponto de empalidecer o seu rosto.

Daniel estava atônito, assustado; mas de qualquer modo guardou

para si não só a visão, seu conteúdo, mas o pouco que entendeu

dela.

COMENTÁRIOS ADICIONAIS

As profecias do capítulo dois, assim como as profecias do

capítulo sete, se estendem desde Nabucodonosor até o final, o

qual será marcado com a vinda de Jesus em poder e grande

glória. No capítulo sete fala da instalação do seu reino e da

participação dos santos.

No capítulo dois a vinda de Jesus é preconizada na pedra

que sem auxílio de mãos humanas destrói a estátua atingindo-a

nos pés, exatamente onde estão os dez reinos. É por esse motivo

que a pedra não atinge a cabeça, ou o peito da estátua e sim os

seus pés, pois são eles que representam o último rei,o

Anticristo e o império romano ressurgido. É também por esse

motivo que se esmiúça toda a estátua, pois esta representa os

governos humanos que deixarão de existir após a vinda de Jesus,

pois este estabelecerá o seu reino eterno.

Aqui no capítulo sete, os versos treze e quatorze falam

dessa vinda de Jesus e da instalação do reino numa

correspondência harmônica com o capítulo dois. Ver os versos

nove e dez.

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124

Os reinos universais da profecia têm como primeiro rei,

Nabucodonosor e como último o Anticristo, auxiliado pelo Falso

Profeta, cujo poder e autoridade são recebidos diretamente de

Satanás.

O animal espantoso, horrível, que representa Roma, não tem

similar porque esse reinado romano também não terá similar.

Nele ocorreu a morte de Jesus, determinada por ele, e após

ressurgir mais no final dos tempos, por ele passará a grande

Tribulação, período semelhante nunca existente, nem antes e nem

depois. Sua maldade é expressa na profecia porque não terá

misericórdia dos que rejeitarem seus propósitos.

Foi também esse reinado romano o responsável pela

perseguição da Igreja, pois esta só terá existência no período

desse quarto reinado.

Voltaremos a falar mais sobre esse império em momento

oportuno.

Quanto ao primeiro reinado, na profecia, Nabucodonosor era

seu expoente máximo. Representado pelo LEÃO que representa o

rei das selvas. Leão representa a força, domínio, poder. Assim

tipifica a magnitude do poder e do domínio absolutista desse

reinado. Nabucodonosor tinha poderes irrestritos, em suas mãos

estava a vida de todos, não dependia de nada, e não dependia de

ninguém e nada restringia o seu poder.

É a nobreza do ouro, a cabeça da estátua e a presença

imponente do LEÃO. As asas de águia, associadas ao leão é uma

referência específica a Nabucodonosor e o arrancamento dessas

asas, trata-se do que aconteceu a aquele grande monarca. Daniel

7.4

Já o segundo reinado, o Medo-Persa, foi representado pela

prata no capítulo dois e pelo urso aqui no capítulo sete. Com o

Império Medo-Persa já não havia tanto poder e tanta glória como

no governo anterior.

Analisando-se o urso do capítulo sete, vemos que um dos

seus lados se levantou. Vejamos: Daniel 7.5 - Continuei

olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o

qual se levantou sobre um dos seus lados; na boca, entre os

dentes, trazia três costelas; e lhe diziam: Levanta-te, devora

muita carne.

Essa assimetria causada pelo levantamento de um dos seus

lados, representa a supremacia de Ciro sobre Dario no Império

Medo-Persa. Ciro, o persa, tinha maiores poderes que Dario, o

medo, mas os dois foram reis universais. Dario, apesar de rei,

também absolutista, não conseguiu salvar a Daniel da cova dos

leões. Tal coisa nunca teria ocorrido com Nabucodonosor e

talvez não tivesse ocorrido se fosse com Ciro.

Quanto àquelas três costelas na boca do urso, estas

representam:

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125

A Média A Lídia A Babilônia Estes lugares representam as três sedes do governo Medo-

Persa, inicialmente sob o comando geral de Ciro, o persa. Ciro

Conquistou a Babilônia em 539 e morreu em 530 durante um

conflito contra um povo Cita, os massagetas. Ciro reinou apenas

nove anos sobre Babilônia, a partir do que Dario se firmou no

poder. Foi Ciro quem liberou os filhos de Israel para

retornarem para sua pátria em 538, com a finalidade de

reconstruírem o templo.

A nobreza do urso em relação ao leão é representada no

capítulo dois entre a cabeça de ouro e o peito de prata.

O terceiro reinado, aqui representado pelo leopardo,

sucessor do urso, ainda estudaremos de forma mais completa no

capítulo oito.

DANIEL 7.6 - Depois disto, continuei olhando, e eis aqui

outro, semelhante a um leopardo, e tinha nas costas quatro asas

de ave; tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado

domínio.

O leopardo já é ágil, mas aqui ele tem quatro asas nas

costas, o que reforça a idéia de muita agilidade, muita

rapidez. Tinha também quatro cabeças, isso fala também de

inteligência. Esse leopardo tipifica as conquistas e o governo

de Alexandre que em apenas doze anos se tornou rei do mundo

todo, dominando todas as civilizações de então. Alexandre teve

um dos mais desenvolvidos exércitos de homens de toda a

história. Seus homens eram de extraordinário preparo e

extraordinária valentia, lembrando muito bem as astúcias e

agilidades da onça ou do leopardo.

As quatro cabeças do leopardo é uma referência à divisão do

seu reino após a sua morte, em quatro reinos menores, a saber:

EGITO - SÍRIA - MACEDÔNIA - ÁSIA MENOR

Esse império, por volta de 63 a.C. dá lugar ao Império

Romano, o último dos reinos universais.

Parece-me que temos uma espécie de intervalo na vigência

desse império, como a Igreja vive um intervalo entre a 69ª e a

70ª Semanas de Daniel. Nesse período, o relógio de Deus está

parado para Israel, portanto, não está contando o tempo. Nesse

período Israel continua sendo o povo da promessa, mas estão

desviados dos caminhos do Senhor.

Esse império terá que ressurgir, pois dele sairá a besta

que saiu do mar referida no Apocalipse capítulo treze.

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126

Desde que ruiu o império do oriente em 1453, iniciamos um

intervalo nesse quarto reinado universal onde temos uma

relativa autonomia de muitos países até agora.

Certamente, a estátua de Nabucodonosor ainda está de pé,

pois Jesus ainda não veio para destruí-la; mas o governo desse

quarto reinado, nos dias de hoje, está totalmente apagado. Ao

ressurgir esse império, certamente o fará pelos pés, pois é

onde estão os dez reinos, representado pelos dez dedos daquela

estátua.

Os artelhos dos pés da estátua que são em número de dez,

corresponde aos dez chifres do animal espantoso e se trata do

império romano ressurgido, só não sabemos precisar quando

ressurgirá.

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127

CAPÍTULO 8

O CARNEIRO E O BODE

O capítulo oito, do Livro de Daniel nos relata outra visão

ocorrida por volta de dois anos após a visão do capítulo sete.

Não foi uma visão que trouxesse alguma coisa nova, mas foi uma

visão que acrescentou acrescentar mais detalhes àquela do

capítulo dois e do capítulo sete. Essa visão foi voltada para o

império medo-persa e para o império da Grécia, os dois próximos

impérios subseqüentes ao de Babilônia. Essa visão ocorreu no

reinado de Belsazar antes da queda de Babilônia, portanto

anterior ao capítulo cinco do livro.

Daniel se achava em Suzã, na província de Elão, distante

cerca de duzentas milhas ao leste de Babilônia, e estava às

margens do Rio Ulai.

Vamos dividir o capítulo oito em três partes:

a) A visão.

b) O intérprete.

c) A interpretação da visão.

a) A VISÃO DE DANIEL

Daniel 8.1-14

1 - No ano terceiro do reinado do rei Belsazar eu, Daniel,

tive uma visão depois daquela que eu tivera a princípio.

2 - Quando a visão me veio, pareceu-me estar eu na cidadela

de Susã, que é província de Elão, e vi que estava junto ao rio

Ulai.

3 - Então levantei os olhos, e vi, e eis que um carneiro

estava diante do rio, o qual tinha dois chifres, e os dois

chifres eram altos, mas um mais alto do que o outro; e o mais

alto subiu por último.

4 - Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para

o norte e para o sul; e nenhum dos animais lhe podia resistir,

nem havia quem pudesse livrar-se do seu poder; ele, porém,

fazia segundo a sua vontade, e assim se engrandecia.

5 - Estando eu observando, eis que um bode vinha do

ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; este bode

tinha um chifre notável entre os olhos;

6 - dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, ao

qual eu tinha visto diante do rio; e correu contra ele com todo

o seu furioso poder.

7 - Vi-o chegar perto do carneiro, e, enfurecido contra

ele, o feriu e lhe quebrou os dois chifres, pois não havia

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128

força no carneiro para lhe resistir; mas o bode o lançou por

terra e o pisou aos pés, e não houve quem pudesse livrar o

carneiro do poder dele.

8 - O bode se engrandeceu sobremaneira; e na sua força

quebrou-se-lhe o grande chifre, e em seu lugar saíram quatro

chifres notáveis, para os quatro ventos do céu.

9 - De um dos chifres saiu um chifre pequeno, e se tornou

muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa.

10 - Cresceu até atingir o exército dos céus; a alguns do

exército e das estrelas lançou por terra e os pisou.

11 - Sim, engrandeceu-se até ao príncipe do exército; dele

tirou o sacrifício costumado e o lugar do seu santuário foi

deitado abaixo.

12 - O exército lhe foi entregue, com o sacrifício

costumado, por causa das transgressões; e deitou por terra a

verdade; e o que fez prosperou.

13 - Depois ouvi um santo que falava; e disse outro santo

àquele que falava: Até quando durará a visão do costumado

sacrifício, e da transgressão assoladora, visão na qual era

entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados?

14 - Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e

manhãs; e o santuário será purificado.

A visão do capítulo oito, do Livro de Daniel ocorreu no

terceiro ano do reinado de Belsazar, por volta de dois anos

após a visão do capitulo sete, a qual é referida aqui como

visão que tivera a principio. Verso um.

No verso dois, podemos observar Daniel envolvido em seus

pensamentos, e refere ter tido uma visão em Susã, na província

de Elão.

Susã é a terra onde viveu Neemias e onde se desenvolveu a

história de Ester. Neemias 11.1; Ester 1.2. Susã foi a capital

do Elão, sendo em seguida a capital do império Persa.

Quando Daniel se expressa: “... pareceu-me estar na

cidadela de Susã... (Daniel 8.2)”, quero crer que estava

meditando em seus próprios pensamentos, quando levantou os

olhos e viu um carneiro que estava diante do rio. Com certeza

Daniel se achava em Suzã mesmo, local onde passa um rio que é

identificado no verso dois como sendo ―Rio Ulai‖.

O carneiro que viu tinha duas pontas ou chifres, sendo que

os dois chifres eram altos, mas uma das pontas era mais alta

que a outra, com o detalhe que a mais alta subiu por último.

Verso três.

Daniel descreve, no verso quatro, que o carneiro dava

marradas para o norte e para o sul e para o ocidente. O

carneiro era forte, ágil, rápido, violento e nenhum animal o

podiam resistir, enquanto dominava e crescia. Também não havia

quem pudesse escapar de seu domínio. As versões mais antigas

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falam que o carneiro dava marradas para o ocidente, para o

norte e para o sul.

Dar marradas significa investir em certa direção ou avançar

com ímpeto ou com violência. Versões mais atualizadas como a

NVI traduz essa expressão com ―avançava para o oeste, para o

norte e para o sul‖...

Verso cinco - Daniel estava absorvido na visão, vendo

aquele carneiro, que fazia tudo conforme sua vontade, dominando

de forma absoluta todo o cenário; quando surge do ocidente um

bode que tinha uma ponta (chifre) notável entre os olhos. Mas o

que há de interessante aqui é que esse animal não tocava na

terra. Certamente, Veio como que voando. A expressão ocidente

aqui se refere à Grécia.

Verso seis - Esse bode investiu contra o carneiro que tinha

os dois chifres, mas o fez com todo ímpeto de sua força e não

foi muito difícil vencer ao carneiro. No verso sete podemos

observar que o bode chegou perto do carneiro e se achava

enfurecido contra ele. Atacou ao carneiro, quebrou-lhe os

chifres (ou pontas), lançou-o por terra e o pisou sob seus pés,

e diz o final do verso sete: ...não houve quem pudesse livrar o

carneiro do poder dele. (Daniel 8.7)

Verso oito - depois que o bode derrotou o carneiro, o qual

se comportou como inofensivo diante dele, o bode começou a

crescer e a se engrandecer sobremaneira. No auge de sua maior

força, aquela ponta, que se destacava entre os olhos, foi

quebrada e quatro outras tomaram o seu lugar, e diz o texto:

Também notáveis; isto é, essas quatro pontas tiveram também

relevada importância se comparada com aquela que se quebrara.

Esse carneiro aqui do capítulo oito é representante do

império medo - persa, da mesma maneira que o é, o peito de

prata da estátua do capítulo dois e o urso do capítulo sete.

Esse é o império que subjugou a Babilônia e que nessa época da

visão ainda era futuro. (Era o terceiro ano de Belsazar, que

ainda não havia sido derrotado!)

Esses dois chifres do carneiro representam a Dario e a

Ciro, sendo que aquela que era maior e subira por último se

referia a Ciro, como já comentamos na queda de Babilônia. Ciro

conquistou a Babilônia naquela noite do banquete de Belsazar,

quando surgiu uma mão escrevendo na parede. Naquela mesma

noite, morreu Belsazar. Ao Conquistá-la, Ciro colocou Dario

como rei de Babilônia, e prosseguiu em suas conquistas tendo

morrido numa dessas batalhas, no ano de 1539, apenas nove anos

após conquistar a Babilônia.

O bode representa o império Grego, e a referência

―ocidente‖ aqui é à Grécia, que através de Alexandre invade a

Babilônia e conquista o império medo-persa.

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A referência do bode sem tocar no chão, como que voando, se

refere a rapidez incrível com a qual Alexandre se tornou rei em

todo o mundo. É a mesma representação do bronze na estátua do

capítulo dois e o leopardo do capítulo sete.

Para se ter uma idéia, em apenas três anos, Alexandre

conquistou:

a) Síria

b) Fenícia

c) Egito

E em apenas doze anos se tornou senhor em todo mundo,

tornando-se o terceiro império universal.

Esse Alexandre é aquela ponta notável entre os olhos do

bode. Alexandre teve a vida ceifada no auge de sua força,

morreu aos trinta e três anos, sem desfrutar de suas

conquistas. Após a sua morte o império mundial foi dividido em

quatro entre seus generais. Correspondem àqueles quatro chifres

(ou pontas) que surgiram após o chifre quebrado (a quebra

daquele chifre seria a morte de Alexandre). (Verso 8)

Após a morte de Alexandre, o reino foi dividido entre seus

quatro generais, a saber:

Seleuco Nicator: ficou com: Síria, Babilônia e Média - ao

leste.

Pitolomeu: ficou com: Egito e Chipre, ao sul Palestina e

Arábia.

Cassandro: ficou com - Macedônia - Tessália e Grécia ao

oeste

Lizimaco:ficou com-Trácia, Capadócia, e ao norte Bitinia.

Cada visão profética que Daniel recebe, vai acrescentando

alguma coisa complementar ou vai acrescentando detalhes na

visão anterior. Já vimos que os quatro animais do capítulo sete

se referem à mesma profecia do capítulo dois, onde já

estabelecemos uma comparação entre eles (logo após verso sete,

capítulo sete).

Aqui no capítulo oito, novamente temos de volta a visão da

mesma profecia, ou seja; segundo e terceiro reinados das visões

do capítulo dois e do capítulo sete, mas aqui vamos observar

agora a partir do verso nove, que Deus vai descortinar e

mostrar detalhes da história universal, dentro desse reinado,

especialmente o terceiro, aqui representado pelo bode.

Lembremo-nos que no bode havia um grande e único chifre o

qual se quebrou e surgiram quatro outros em seu lugar. Aqui, a

partir do verso nove, vamos falar daquele chifre pequeno que

saiu de um dos quatro substitutos do primeiro.

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Verso nove - E de uma das pontas (ou chifres), saiu uma

ponta pequena a qual cresceu muito para o meio dia, para o

oriente e para a terra gloriosa.

Verso dez - Essa ponta se engrandeceu, e cresceu até ao de

atingir o exército dos céus, e até mesmo conseguiu lançar por

terra alguns elementos importantes aqui representados pelo

exército dos céus tendo até mesmo lançado por terra algumas

estrelas tendo-as massacrado com os pés.

Isto fala da conquista de Jerusalém por Antíoco Epifânio

quando este aniquilou o sacerdócio e profanou o Templo,

subjugando também o rei de Judá.

Verso onze - Seu crescimento não parou aí e foi se

estendendo até atingir ao príncipe do exército (Sumo

Sacerdote), encerrando assim os sacrifícios diários habituais

dos judeus. Como se não bastasse destruiu o Santuário. Leia o

versos 10, 11 e 12: “Cresceu até atingir o exército dos céus; a

alguns do exército e das estrelas lançou por terra e os pisou.

Sim, engrandeceu-se até ao príncipe do exército; dele tirou o

sacrifício costumado e o lugar do seu santuário foi deitado

abaixo. O exército lhe foi entregue, com o sacrifício diário,

por causa das transgressões; e deitou por terra a verdade; e o

que fez prosperou”.

O verso doze é um reforço do verso anterior, esclarecendo

que a ponta pequena,(verso nove) aquela que saiu de um dos

quatro chifres do bode e se tornou muito forte e se voltou

para a terra gloriosa; dominou o exército (Sumo Sacerdotes) e

conseqüentemente cessou os sacrifícios diários. Aqui também

explica o porquê: Por causa das suas transgressões. Deitou por

terra a verdade, significa: prevaleceu sua filosofia religiosa

sobre a verdade dos judeus. E tudo que fez prosperou fala do

sucesso aparente daquele individuo anti-Deus.

Essa ponta se refere a um rei, pertencente ao terceiro

império, que veio surgir de uma das pontas, na cabeça do bode.

Ele não é outro senão Antíoco Epifânio, com sua atuação por

volta de 170 a.C., cerca de quatrocentos anos depois dessa

visão dada a Daniel. O interessante é que Deus revela com

detalhes o que vai acontecer, neste caso, quatrocentos anos

depois.

Antíoco Epifânio é originário da divisão leste, mais

especificamente da Síria. Esse rei veio a oprimir Israel e a

profanar o povo de Israel e seu Templo sagrado, na cidade de

Jerusalém, a Cidade Santa não só dos judeus, mas de toda a

Terra.

Pertencia à dinastia de Seleuco Nicator, reinando sobre a

Síria. Foi um protótipo do Anticristo, e serviu de amostra

daquilo que será essa besta que surgiu do mar no Livro do

Apocalipse capítulo treze.

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Sua ação ocorreu por volta de 175 a 165 a.C., portanto no

chamado período interbíblico.

Há quem diga que nesse período não houve profecia, mas na

verdade, estava profetizado sobre ele, e também, como hoje,

temos as profecias de Deus até o final da humanidade, quando

adentraremos no Estado Eterno. Deus profetizou com detalhes

sobre esse período a respeito de Antíoco Epifânio e tudo foi

cumprido em todos os seus detalhes.

Antíoco Epifânio tem um comportamento com os judeus,

semelhante ao qual, nunca alguém o teve antes e ainda não houve

que o tivesse depois, apesar de Hitler. Mesmo comparado com

Hitler, em nosso século, quando tentou exterminar os judeus,

Antiíoco Epifânio foi insuperável.

Antíoco Epifânio, sob a inspiração do mal, tudo fez para

exterminar os judeus, sua crença e seu Deus. Recorreu a todo

tipo de tortura, matava os filhos na frente da mãe, matava a

mãe na frente dos filhos, profanou o Templo, cessou o

sacrifício, atacou aos levitas e aos sacerdotes até que houve

uma revolta dos judeus, conhecida como REVOLTA DOS MACABEUS.

Antíoco era o seu nome, mas Epifânio quer dizer MAGNÍFICO,

sendo, portanto um atributo de Antíoco, um qualificativo da sua

pessoa e não seu nome como se poderia inferir.

Aqui no verso treze, Daniel refere ouvir a conversa entre

dois ―santos―, provavelmente dois anjos da parte de Deus: “Até

quando durará a visão do sacrifício diário e da transgressão

assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército,

a fim de serem pisados”“?

Daniel ouve a voz de um anjo celestial que falava próximo

dele quando, este anjo é interpelado por uma a pergunta

emanada de outro ser celestial mais distante; perguntando por

quanto tempo durará o cessar do sacrifício? Por quanto tempo

durará aquela ação assoladora? Será exatamente o período no

qual o santuário permanecerá profanado e os sacerdotes sem o

exercício de suas funções?

Aquele anjo ao dar-lhe a resposta informa também a Daniel

qual é essa duração: duas mil e trezentas tardes e manhãs como

observamos no verso quatorze.

Essa expressão TARDES E MANHÃS está muito relacionada com

os sacrifícios diários que levavam os judeus a dividirem o dia

em duas partes: tarde e manhã. Veja o verso quatorze.

Se considerarmos duas mil e trezentas tardes e manhãs

teremos um mil cento e cinqüenta dias o que corresponde a um

mil cento e cinqüenta de cada.

Os eruditos se dividem nessa questão. Alguns acham que o

templo foi profanado durante dois mil e trezentos dias e outros

pensam como eu; isto é: um mil cento e cinqüenta dias

equivalente a três anos e dois meses onde contamos

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133

separadamente cada tarde e cada manhã. Nesse período de

sofrimento e tortura terrível para o povo de Israel, surgiu um

homem cujo nome era Judá Macabeu, que liderou o povo em uma

revolta contra Antioco Epifânio.

Judas Macabeu, o líder da revolta dos Macabeus, recuperou o

templo, colocou um fim na profanação e reconsagrou o templo do

Senhor.

Quando Antioco Epifânio profanou o Templo ele chegou ao

grau máximo da profanação; pois chegou a sacrificar um porco no

Local Sagrado.

A expressão ―Terra Formosa‖ da Bíblia ARC do verso nove ou

Terra Gloriosa da Bíblia ARA se refere às terras de Israel.

Exército dos céus e as estrelas devem se referir aos sacerdotes

e levitas que serviam junto ao Templo.

Vamos aqui estabelecer uma comparação entre:

1- O décimo primeiro chifre surgido entre os dez, no animal

espantoso nos versos vinte e quatro e vinte e cinco do capítulo

sete.

2- Essa ponta pequena que surgiu dos quatro, aqui no bode

do capítulo oito, verso nove ao doze.

Semelhanças:

Ambos perseguem aos judeus e profanam o Templo. Ambos farão cessar o sacrifício. Ambos alimentam profundo ódio contra Deus e seus santos e

por isso fazem guerra contra eles.

Diferenças:

1 - O do capítulo sete - aparecerá no tempo do fim.

2 - O do capítulo oito - já apareceu entre 175 e 165 a.C.

3 - O do capítulo sete - tem origem nos chifres do animal

espantoso. (quarto reinado).

O do capítulo oito - tem origem no chifre do bode que veio

do ocidente (terceiro reinado).

Aqui dá para entender perfeitamente que o décimo primeiro

chifre surgido entre os dez, no capitulo sete versos 24 e 25 se

trata do Anticristo. Este regerá o período da Grande

Tribulação. Está inserido no Reinado Romano. Este só terá

manifestação após o Arrebatamento da Igreja.

Quanto àquele que surgiu de um dos quatro, no caso do bode

do capitulo oito, se trata de Antíoco Epifânio, o qual em nossa

época já é profecia cumprida entre 175 e 165 a.C. Neste caso

nos temos que Antíoco Epifânio é um tipo do Anticristo, (um

precursor) sendo que o Anticristo será muito mais poderoso e

perseguirá o povo de Israel com muito mais afinco e muito mais

violência. Antíoco só perseguiu os judeus da terra gloriosa,

mas o Anticristo o fará em todo o mundo.

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Antíoco Epifânio é considerado o Anticristo do Velho

Testamento e é um tipo do Anticristo vindouro: a besta que saiu

do mar no capítulo treze do Livro do Apocalipse.

Antíoco Epifânio está inserido no reinado da Grécia.

Como essa visão é muito rica em detalhes, e sua profecia é

minuciosa na sua descrição, Daniel se viu com dificuldades para

interpretá-la. Sua interpretação tinha que vir de Deus e temos,

neste caso, um intérprete que merece um espaço aqui. Vamos

então ao intérprete da visão.

b) O INTÉRPRETE DA VISÃO

Daniel 8.15-19

15 - Havendo eu, Daniel, tido a visão, procurei entendê-la,

e eis que se me apresentou diante uma como aparência de homem.

16 - E ouvi uma voz de homem de entre, as margens do Ulai,

a qual gritou e disse: Gabriel dá a entender a este a visão.

17 - Veio, pois, para perto donde eu estava; ao chegar ele,

fiquei amedrontado, e prostrei-me com o rosto em terra; mas ele

me disse: Entende, filho do homem, pois esta visão se refere ao

tempo do fim.

18 - Falava ele comigo quando cai sem sentido, rosto em

terra; ele, porém, me tocou e me pôs em pé no lugar onde eu me

achava;

19 - e disse: Eis que te farei saber o que há de acontecer

no último tempo da ira; porque esta visão se refere ao tempo

determinado do fim.

Verso quinze - Na busca do entendimento da visão, Daniel

não conseguia entender nada. Mas de repente surge um belo

cenário em sua frente. Um ser angelical, certamente não humano,

mas como se fosse. Dá a entender pelo escrito que esse ser se

achava no meio do rio, entre as margens, certamente sobre as

águas.

Esse ser deve ser alguém de alta escala celestial, pois

observamos no verso dezesseis que ele dá ordens a Gabriel, e

Gabriel é um dos anjos que servem na presença de Deus.

Verso dezesseis -... Gabriel dá a entender a este a visão.

É como se dissesse: Gabriel, explica para ele a respeito da

visão, porque ele está ansioso para entender, mesmo que essa

visão não seja para ele, nem para o povo de sua geração, pois

se trata de coisas futuras, e de um futuro distante.

Quero entender que apesar do esforço do anjo, Daniel

continuou sem entender aquela profecia.

Gabriel, recebendo a ordem daquele ser angelical, o qual

tinha semelhança com um homem, vem e se aproxima de Daniel. Ao

chegar bem pertinho de Daniel, este não resiste a sua glória;

se ajoelha, lança o seu rosto em terra diante de Gabriel.

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135

Ora, se o homem mortal não suporta a glória do anjo

Gabriel, que poderíamos dizer se víssemos a glória de Deus?

Gabriel é um anjo cheio de glória porque assiste diante do

altar onde está o trono de Deus. É dos poucos anjos que possuem

acesso livre ali no palácio celestial, onde está aquele que fez

todas as coisas e sem O qual nada do que foi feito se fez. (Ver

João 1.3...)

Daniel estava atônito. Primeiro: devido a visão, da qual

não entendia nada; segundo: os seres celestiais que compunham a

visão; terceiro: a presença, bem pertinho, de Gabriel, cujo

nome significa ―Poderoso de Deus‖ e cuja função é mensageiro da

Majestade Celestial.

Ocorreu uma alteração na fisiologia corporal de Daniel e

ele se desestruturou todo. Seu corpo, agora, totalmente

desestruturado, se acha muito fraco e sem forças, prostrado em

terra, aos pés do anjo Gabriel.

Estando com o rosto em terra, ele escuta a voz do anjo que

lhe diz: (Verso 17): Daniel entende, filho do homem, pois esta

visão é para o tempo do fim. Veja o verso 16 e 17: E ouvi uma

voz de homem de entre, as margens do Ulai, a qual gritou e

disse: Gabriel dá a entender a este a visão. Veio, pois, para

perto donde eu estava; ao chegar ele, fiquei amedrontado, e

prostrei-me com o rosto em terra; mas ele me disse: Entende,

filho do homem, pois esta visão se refere ao tempo do fim.

O ressoar da voz do anjo Gabriel acabou de desconjuntar a

Daniel que ao som de tão harmônica e melodiosa energia sonora,

decorrente da voz do anjo, ―caiu com o rosto em terra‖.

No verso dezoito Daniel narra aquele momento tão glorioso

junto à presença do anjo Gabriel: Estando ele ainda falando

comigo, não resisti e caí com meu rosto em terra, como que

adormecido, mas ele, pois, me tocou e restaurando as minhas

exauridas energias, me colocou novamente em pé. Após encontrar

Daniel em pé e firme, o Anjo Gabriel esclarece a Daniel que

aquela visão é para o tempo da ira, tempo esse reservado mais

para o final dos tempos. O anjo Gabriel tenta esclarecer a

Daniel que aquela visão cinematográfica que se desenrolara

diante dele, se tratava de uma revelação profética para os

tempos do fim, mas Daniel embora muito inteligente não tinha

condições de entender tão extensa e tão profunda revelação

profética.

Agora podemos observar Daniel em pé, firme, graças à ação

do anjo Gabriel que o colocou de pé. A seguir o anjo passa a

explicar-lhe a respeito da visão.

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136

c) A INTERPRETAÇÃO DA VISÃO

Daniel 8.20-27

20 - Aquele carneiro que viste com dois chifres são os reis

da Média e da Pérsia;

21 - mas o bode peludo é o rei da Grécia; o chifre grande

entre os olhos é o primeiro rei;

22 - o ter sido quebrado, levantando-se quatro em lugar

dele, significa que quatro reinos se levantarão deste povo, mas

não com força igual à que ele tinha.

23 - Mas, no fim do seu reinado, quando os prevaricadores

acabarem, levantar-se-á um rei de feroz catadura e entendido de

intrigas.

24 - Grande é o seu poder, mas não por sua própria força;

causará estupendas destruições, prosperará e fará o que lhe

aprouver; destruirá os poderosos e o povo santo.

25 - Por sua astúcia nos seus empreendimentos fará

prosperar o engano, no seu coração se engrandecerá, e destruirá

a muitos que vivem despreocupadamente; levantar-se-á contra o

Príncipe dos príncipes, mas será quebrado sem esforço de mãos

humanas.

26 - A visão da tarde e da manhã, que foi dita, é

verdadeira; tu, porém, preserva a visão, porque se refere a

dias ainda mui distantes.

27 - Eu, Daniel, enfraqueci, e estive enfermo alguns dias;

então me levantei e tratei dos negócios do rei. Espantava-me

com a visão, e não havia quem a entendesse.

A interpretação do anjo corrobora a que temos, a respeito

do capítulo dois e do capítulo sete, onde o carneiro, assim

como o urso, representa o império medo-persa. Isso está muito

claro no verso vinte. É importante relembrar aqui que Daniel

ainda vive a época de Belsazar, ou seja: A Babilônia ainda não

caiu nas mãos de Ciro ou de Dario; de modo que no momento dessa

revelação tudo isso ainda é futuro para Daniel.

O anjo revela também, verso vinte e um, que o bode

representa a Grécia e o chifre que traz entre os olhos é o seu

primeiro rei, no caso: Alexandre. Como já dissemos, esse rei

será morto em um tempo muito curto e em seu lugar aparecerão

quatro reinos que já foram apresentados em páginas anteriores,

quando comentamos o verso oito.

O anjo continua explicando para Daniel e no verso vinte e

três ele diz:

- Mas no final do seu reinado levantar-se-á um rei de feroz

catadura, entendido em intrigas. E aqui inicia um belo

problema: quem é esse rei? Veja o verso vinte e três: Mas, no

fim do seu reinado, quando os prevaricadores acabarem,

levantar-se-á um rei de feroz catadura e entendido de intrigas.

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137

―No fim de seu reinado‖ significa no final de algum

reinado.

―Quando os prevaricadores acabarem‖ é uma referência a um

grupo de governantes cuja característica será a prevaricação. O

que é prevaricar?

Prevaricar é o mesmo que:

Torcer a justiça;

É agir ou proceder à maldade;

É agir com violência cometendo injustiça.

Corromper ou perverter a moral.

Essa referencia ―quando os prevaricadores acabarem‖ é o

dado que nos fornece a época em que surgirá esse rei. Portanto

precisamos identificar que tempo será esse no qual se levantará

tal rei! Certamente Não é o final do reinado da Grécia porque

até hoje ainda existe prevaricadores.

A primeira vista, esse rei nos parece ser Antíoco Epifânio,

porque é sobre ele que se vem falando desde o verso oito. No

verso vinte e dois fala-se do reinado grego e a seqüência do

vinte e três fala em ―seu reinado” o que leva a entender que

esse reinado seria o grego! MAS, esse rei, de feroz catadura,

se fizermos uma análise mais profunda, será mais coerente com o

Anticristo que com Antíoco, pois vejamos:

Os diferentes reinos foram:

Babilônico 606 a.C. ________ 536 a.C.

Medo Persa 536 a.C. ________ 330 a.C.

Grego 330 a.C. __________ 63 a.C.

Romano 63 a.C. _____ 395 a.C. 476 d.C. 1453 d.C.

1-Antíoco reinou por volta de 170 a.C., mais exatamente no

meio e não no final do período do reinado da Grécia. O verso

vinte e três fala que será no fim do reinado e não na metade

dele.

2- Fala também que será depois que acabarem os

prevaricadores, ou seja, depois dele não haverá mais

prevaricação, o que existe até hoje. (Verso vinte e Três).

Portanto fala contra Antioco.

3- Grande é a sua força, mas não pelo seu poder e

prosperará. Verso vinte e quatro.

Esse verso dá a impressão de que esse rei não o é por si

só. Parece que a força de seu poder depende de outrem.

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138

Antíoco não pareceu ser tão próspero e não consta que tenha

recebido força ou poder de outrem. A força do poderio de

Antíoco foi proveniente de sua linhagem real e de sua própria

ocupação no cargo de rei.

4- ―Pelo seu entendimento fará prosperar o engano na sua

mão.‖ Verso vinte e cinco.

Também não consta na história universal tal prosperidade

para Antíoco Epifânio.

5- ―... e se levantará contra o príncipe dos príncipes‖.

Ainda verso vinte e cinco.

Também não há, até Jesus, uma pessoa histórica que receba

esse título: príncipe dos príncipes; logo Antíoco não se

levantou contra ninguém que possa se classificar assim. Ainda

no verso vinte e cinco: ―Mas, sem auxílio de mão será

quebrado‖.

Essa expressão, agora, não deixa mais dúvidas, realmente

não pode ser Antíoco.

Ora se não pode ser Antíoco, então o anjo Gabriel se refere

aqui realmente ao Anticristo. E assim temos Antíoco Epifânio

apenas como seu protótipo.

Um rei de feroz catadura quer dizer:

Um rei duro. (de grande dureza) Um rei arrogante. (muito orgulhoso e autoritário) Um rei insolente. (muito insolente)

O Anticristo tem essas características todas:

É um rei de feroz catadura. Verso vinte e três É entendido em intrigas. Verso vinte e três Grande é o seu poder, mas é proveniente do Dragão a sua

força. Verso vinte e quatro

É próspero, destruidor, fará o que lhe aprouver,

destruirá os poderosos e fará guerra aos santos. Verso vinte e

quatro.

Fará prosperar o engano. Verso vinte e cinco Engrandecer-se-á em seu coração. Verso vinte e cinco Levantar-se-á contra o príncipe dos príncipes. Verso

vinte e cinco

Mas será quebrado sem a intervenção da mão humana. Verso vinte e cinco

Vemos aqui profetizado o surgimento do Anticristo e já

determinada a sua derrota. Isso mais ou menos há dois mil e

quinhentos anos atrás.

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Há vários eruditos da Bíblia que defende ser Antíoco esse

rei, o que eu não consigo aceitar conforme o exposto acima.

Outra coisa que fala a favor desse rei ser o Anticristo são

as afirmações do anjo nos versos dezessete e dezenove que

repetidamente fala que essa profecia é para o tempo do fim.

Se esse rei fosse Antíoco, a época em que viveu teria sido

o tempo do fim, o tempo da IRA, como se fala no verso dezenove:

Eis que te farei saber o que há de acontecer no último

tempo da ira; porque essa visão se refere ao tempo determinado

do fim. Mas isso não aconteceu, isto é, o tempo do fim não

foi o de Antíoco, logo só pode se tratar do Anticristo.

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140

CAPÍTULO 9

O FINAL DO CATIVEIRO

Introdução

DANIEL 9.1 - No primeiro ano de Dario, filho de Assuero,

da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino

dos caldeus,

2 - no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi,

pelos livros, que o número de anos, de que falara o Senhor ao

profeta Jeremias, em que haviam de durar as assolações de

Jerusalém, era de setenta anos.

Já era findo o reinado de Nabucodonosor, portanto já se

passara também o primeiro império que foi representado pela

cabeça de ouro.

Daniel continua na corte e se mantém como homem mui querido

do rei, ocupando ainda lugar de destaque no então império medo-

persa. O povo de Israel continua cativo, a exemplo de muitas

nações contemporâneas, agora já adaptados à uma nova vida. O

povo judeu continuava crente em Deus Jeová, mas não tinha mais

o fervor nacionalista, e maioria não conhecia o templo em

Jerusalém e tão pouco a cidade e seus pais. Grande parte da

nação judia era nascida no cativeiro e conheciam o Deus de seus

pais apenas por tradição e por alguns poucos milagres ocorridos

em Babilônia.

Já haviam se passado setenta anos que estavam ali no

cativeiro e nesse período não havia ali em Babilônia nenhum

profeta para exortá-los a ouvir a palavra do Senhor. Ezequiel

já havia morrido, Jeremias era componente da história do

passado. Na verdade Israel já tinha se esquecido de sua Pátria

e também de Jerusalém.

Os sacrifícios diários não existiam há muito; sobre a Arca,

se conhecia apenas ―a sua história‖! O Templo não existia mais

e o Tabernáculo de Moisés era muito pouco conhecido do povo e

certamente já estava no esquecimento. Os sacerdotes não

desenvolviam o seu sacerdócio, pois se achavam todos no exílio

e a muito não havia mais sacrifício.

Muitos dos judeus já estavam adaptados à terra, já possuíam

os hábitos da maioria das nações e eram participantes ativos

da vida social e econômica do império. A maioria já não sentia

falta de Jerusalém e boa parte do povo judeu já havia nascido

na Babilônia. Já se achavam estabilizados, não se interessavam

pelo sacrifício do retorno, não se interessavam pela

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141

reconstrução de Jerusalém e do Templo. Não tinham mais

interesse no sacrifício diário da época de seus antepassados.

Mas Daniel, já na faixa de seus oitenta e cinco anos,

embora na situação mais privilegiada que qualquer outro judeu

mantinha acesa aquela chama ardente, aquela viva fé que tinha

no início do cativeiro, quando ainda era jovem.

Daniel tinha o coração palpitante em voltar para Jerusalém,

a Cidade Santa de seu Deus. Mantinha o hábito de orar três

vezes, ajoelhado em seu quarto, com as janelas abertas,

voltadas para Jerusalém. Daniel tinha no peito a chama viva de

um patriota desprovido de sua pátria.

Daniel era homem de rara inteligência, era cheio do

Espírito Santo de Deus e começou a entender pelos livros que o

cativeiro se aproximara do fim. Começou a alimentar uma viva

esperança de retornar à Cidade Santa e ao seu Santuário.

Começou a orar nesse sentido e Deus ouviu a sua oração. Mas

antes de prosseguirmos nessa linha de pensamento, vamos falar

um pouco mais sobre o cativeiro dos judeus em Babilônia.

O CATIVEIRO DE BABILÔNIA

O cativeiro de Babilônia teve início em 606 a.C. Teve a

duração de setenta anos, profetizados por Jeremias. Esse

cativeiro não se deu de uma só vez, mas foi dividido em três

etapas:

- Primeira leva de cativos -

A primeira leva de cativos ocorreu em 606 a.C., quando

ocorreu a tomada de Jerusalém das mãos do Egito sob Faraó Neco,

o qual tinha posto a Jeoaquim como rei de Judá. Nabucodonosor,

autor dessa conquista, levou consigo os membros da nobreza e os

membros da família real.

Foi nessa primeira leva de cativos que Daniel e seus

companheiros foram levados para a Babilônia. Não consta nessa

primeira etapa que o Templo sagrado haja sido saqueado ou

profanado.

- Segunda leva de cativos -

Essa segunda leva de cativos ocorreu por volta de 597 a.C.,

já no final do reinado de Joaquim, quando foram levados cativos

todos os artífices, todos os líderes, os oficiais e os

aristocratas em número próximo a dez mil pessoas. Incluem-se

nessa leva o rei Joaquim e o profeta Ezequiel. Nessa data

ocorreu o saqueamento do Templo. Isso pode ser lido em: 2 Reis

24.1 e 2 Reis 24.10-17 e ainda em 2 Crônicas 36.9,10.

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- Terceira leva de cativos -

A terceira leva de cativos ocorreu por volta de 587 a.C.,

quando um exército sitiou a Jerusalém durante um ano e meio e

em 586 a.C., e acabou por vencer o povo pela fome e pela falta

de víveres, agora sob a regência de Zedequias.

Foi essa a etapa mais terrível vivida e observada pelo povo

judeu remanescente na Judéia. Foi a mais cruel investida de

Nabucodonosor sobre os judeus, quando ocorreu o episódio de 2

Crônicas 36.17-21. Foi nessa etapa que aos soldados de

Nabucodonosor matou seus jovens à espada, na casa do seu

santuário; e não teve piedade nem dos jovens nem das donzelas,

nem dos velhos nem dos mais avançados em idades. 2 Crônicas

36.17

Também foram nessa invasão que foram levados para a

Babilônia todos os utensílios da casa de Deus, grandes e

pequenos, todos os tesouros da casa do Senhor, e todos os

tesouros do rei e dos seus príncipes. 2 Crônicas 36.18. Foi

também nessa invasão que queimaram a casa de Deus, e derrubaram

os muros de Jerusalém; todos os seus palácios queimaram a fogo,

destruindo também todos os seus preciosos objetos. 2 Crônicas

36.19.

Nessa invasão os que escaparam da morte foram levados

cativos. A morte foi sem piedade e foi nesse período que abriam

a barriga dos judeus vivos inclusive de mulheres grávidas.

Nessa invasão, os que escaparam da espada, a esses levou

ele para Babilônia, onde se tornaram seus servos e de seus

filhos, até ao tempo do reino da Pérsia; 2 Crônicas 36.20; para

que se cumprisse a palavra do Senhor, por boca de Jeremias: até

que a terra se agradasse dos seus sábados. Todos os dias da

desolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram. 2

Crônicas 36.21.

Aqui fica muito claro que esse cativeiro foi uma disciplina

da parte de Deus para o povo e que o prazo de setenta anos foi

previamente definido em função do descanso da terra.

TEMPO DOS GENTIOS

O tempo dos gentios teve início com essa invasão da

Babilônia, quando ocorreu a profanação e destruição do templo.

O tempo dos gentios se refere ao período no quais os

gentios possuem o domínio sobre Jerusalém.

Nessa invasão quem não morreu foi levado cativo, tendo

ficado um grupo insignificante de pessoas ligadas a terra sob o

domínio de Gedálias. Alguns desses pobres fugiram para o Egito

assim que os exércitos Babilônicos lhes deram as costas. Por

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143

essa razão a Judéia ficou quase que totalmente vazia. Toda a

Terra Santa ficou desolada. Leia sobre isso em 2 Reis 25.1-22 e

todo o capítulo trinta e nove e o cinqüenta e dois de Jeremias.

Os profetas que profetizaram o cativeiro foram:Isaías 39.6;

Miquéias 4.10; Jeremias 25.11,12

Jeremias profetizou a duração do cativeiro em Jeremias

25.11,12.

DURANTE O CATIVEIRO

Durante o cativeiro foram escritos:

Jeremias, a partir do capítulo trinta e nove. As Lamentações de Jeremias. O Livro de Ezequiel. Certamente o Livro de Daniel.

APÓS O CATIVEIRO

Após o cativeiro tivemos:

Esdras.

Neemias. Ester. Ageu. Zacarias. Malaquias.

Ester foi uma judia que se tornou rainha da Pérsia, mais ou

menos cinqüenta e oito anos após o cativeiro. Sua história se

situa entre os capítulos sete e oito de Esdras, quando do

reinado de Xerxes, conhecido na Bíblia por Assuero, isso por

volta de 478 a.C.

Assuero governou de 486 a 465 a.C.

A VOLTA DOS CATIVOS

A volta do cativeiro também não se deu de uma só vez, mas

também ocorreu em três fases.

- Primeira leva de repatriados

A primeira leva de repatriados ocorreu por volta de 536

a.C. sob Zorobabel e Jesua, sendo Zorobabel governador (líder

político) e Jesua, sacerdote,(líder religioso) em 541 a.C.

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144

Esse grupo foi aquele que reiniciou a construção do Templo

por volta de 535 a.C. Nessa etapa, o retorno foi de

aproximadamente cinqüenta mil judeus.

Na época havia mais ou menos um milhão de judeus exilados.

Esdras 2.64,65.

O Templo foi concluído por volta de 516 a.C.

- Segunda leva de repatriados

A segunda leva de repatriados ocorreu sob o comando de

Esdras, vieram cerca de dezessete mil judeus. Isso lá pelo ano

de 450 a.C.

Seu objetivo principal era a reconstrução do Templo, pois

Esdras era sacerdote.

- Terceira leva de repatriados.

A terceira leva de repatriados ocorreu por volta de 445

a.C. sob o comando de Neemias. Este foi copeiro do rei persa e

com esta tivemos a última repatriação em massa, sendo que essa

terceira leva tinha por objetivo a reconstrução dos muros. O

Templo já estava construído, sob o comando de Zorobabel, um

descendente de Davi.

Esses cativos trouxeram o aramaico para a Judéia, sendo ela

a língua oficial no cativeiro. Neemias foi governador.

Com isso podemos observar que a repatriação dos judeus

demorou mais que todo o cativeiro, se estendendo por cem anos.

Nisso podemos observar o desinteresse dos judeus na

repatriação.

OS FRUTOS DO CATIVEIRO

O cativeiro foi um instrumento de castigo que Deus usou

para com o povo de Judá, que cada vez mais se afundavam em seus

pecados, em suas transgressões, mas seus frutos foram

duradouros. Entre os frutos do cativeiro podemos citar:

a) Abolição da idolatria. Após esse episódio do cativeiro

foi abolida a idolatria entre os judeus.

b) Valorização às leis de Moisés. Após o cativeiro o povo judeu passou a ter mais respeito à

lei de Moisés; passaram a estudá-la com mais dedicação, com

avaliação dessa lei nas sinagogas, que passaram a ter reuniões

periódicas.

c) Surgimento das sinagogas.

Com o final do cativeiro e o retorno dos judeus começaram

acontecer reuniões periódicas nas sinagogas com a finalidade de

congregar o povo.

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145

d) Avivamento da promessa Messiânica.

Com o cativeiro levando os judeus a discutirem melhor a

lei de Moisés, ocorre um avivamento da promessa messiânica,

decorrente das reuniões periódicas nas sinagogas.

e) Purificação do sentimento patriótico. O cativeiro serviu

para despertar o sentimento patriótico, como se pode ver no

Salmo 137, onde vemos a lamentação do povo. Vou transcrever

apenas os versos um e quatro.

SALMO 137.1 - Às margens dos rios de Babilônia nós nos

assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião.

SALMO 137.4 - Como, porém, haveríamos de entoar o canto do

Senhor em terra estranha?

Assim Deus atingiu o seu objetivo, deixando a Terra

descansar os setenta anos correspondentes aos setenta anos

sabáticos que os judeus não observaram e ainda disciplinou o

seu povo com frutos permanentes.

Voltemos à linha Apocalíptica que vínhamos percorrendo e

enfoquemos o primeiro ano de Dario, que havia sido constituído

rei de Babilônia (dos caldeus), quando Daniel entende pelos

livros, provavelmente o de Jeremias, que é vencido o tempo do

cativeiro. Daniel entra pelo caminho da oração e começa a orar

e a se consagrar a fim de que Deus tome uma conduta a respeito

de seu povo.

Vamos dividir o capítulo nove em duas partes:

a) A oração de Daniel.

b) Sobre as Setenta Semanas.

c) Introdução: As Setenta Semanas de Daniel.

d) As Setenta Semanas de Daniel.

a) A ORAÇÃO DE DANIEL

Daniel 9.3-19

3 - Voltei o meu rosto ao Senhor Deus, para buscá-lo com

oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza.

4 - Orei ao Senhor meu Deus, confessei, e disse: Ah!

Senhor! Deus grande e temível, que guardas a aliança e a

misericórdia para com os que te amam e guardam os teus

mandamentos;

5 - temos pecado e cometido iniqüidades, procedemos

perversamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus

mandamentos e dos teus juízos;

6 - e não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que

em teu nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes, e nossos

pais como também a todo o povo da terra.

7 - A ti, ó Senhor, pertence a justiça mas a nós o corar de

vergonha, como hoje se vê; a nós, os homens de Judá, os

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146

moradores de Jerusalém, todo o Israel, quer os de perto, quer

os de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por

causa das suas transgressões que cometeram contra ti.

8 - Ó Senhor, a nós pertence o corar de vergonha, aos

nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, porque

temos pecado contra ti.

9 - Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia, e o

perdão; pois nos temos rebelado contra ele,

10 - e não obedecemos à voz do Senhor, nosso Deus, para

andarmos nas suas leis, que nos deu por intermédio de seus

servos, os profetas.

11 - Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-

se, para não obedecer à tua voz; por isso a maldição e

imprecações que estão escritas na lei de Moisés, servo de Deus,

se derramaram sobre nós; porque temos pecado contra ele.

12 - Ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós, e

contra os nossos juízes que nos julgavam, e fez vir sobre nós

grande mal; porquanto nunca debaixo de todo o céu aconteceu o

que se deu em Jerusalém.

13 - Como está escrito na lei de Moisés, todo este mal nos

sobreveio; apesar disso, não temos implorado o favor do Senhor

nosso Deus, para nos convertemos das nossas iniqüidades, e nos

aplicarmos à tua verdade.

14 - Por isso, o Senhor cuidou em trazer sobre nós o mal, e

o fez vir sobre nós; pois justo é o Senhor, nosso Deus, em

todas as suas obras, que fez, pois não obedecemos à sua voz.

15 - Na verdade, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o teu

povo da terra do Egito com mão poderosa, e a ti mesmo

adquiriste renome, como hoje se vê; temos pecado e procedido

perversamente.

16 - Ó Senhor, segundo todas as tuas justiças, aparte-se a

tua ira e o teu furor da tua cidade de Jerusalém, do teu santo

monte; porquanto por causa dos nossos pecados, e por causa das

iniquidades de nossos pais, se tornaram Jerusalém e o teu povo

opróbrio para todos os que estão em redor de nós.

17 - Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo,

e as suas súplicas, e sobre o teu santuário assolado faze

resplandecer o teu rosto, por amor do Senhor.

18 - Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve; abre os

teus olhos, e olha para a nossa desolação, e para a cidade que

é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas

perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas

muitas misericórdias.

19 - Ó Senhor ouve; ó Senhor perdoa; ó Senhor atende-nos e

age; não te retardes, por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque

a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome.

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147

O verso primeiro nos localiza no tempo, indicando-nos o ano

primeiro no reinado de Dario, (Dario I ou Dario o grande) filho

de Assuero, rei da Pérsia entre 522 até 486 a.C. Esse Dario foi

sucessor de Ciro II que governou de 530 a 521 a.C.; sendo esse

sucessor do Ciro conquistador da Babilônia, que foi morto em

530 a.C. Esse Dario foi o Rei Assuero, marido de Ester, a qual

sendo judia, tornou-se rainha da Pérsia. Não confundí-lo com o

Dario da Babilônia, do capitulo seis de Daniel; que era da

linhagem dos medos. Esse foi colocado como imperador da

Babilônia por Ciro, o Persa na época da conquista de Babilônia

em 538 a.C.

O Dario referido aqui no capitulo nove, ficou conhecido

como Dario, o Grande; reinou sobre a Pérsia de 522 até 486 a.C.

Foi esse rei que permitiu aos judeus a reconstrução do Templo.

Ele aparece em Esdras 4 a 6; Ageu 1.1,15-2.10 e ainda em

Sofonias 1.1,7 e ainda 7.1.

Certamente o episódio da cova dos leões já havia se passado

aqui nessa época, mas certamente em passado recente, de modo a

estar, ainda, na mente de todos.

Dario foi constituído rei dos caldeus em 538 a.C.,

enquanto Ciro permanecia nas conquistas bélicas, expandindo o

seu domínio.

Ciro foi filho de Cambises I, rei dos Persas e foi neto de

Astiages que era rei dos Medos.

Cambises I casou-se com uma filha de Astiages e desse

casamento é que nasceu Ciro, que nesse caso era príncipe dos

dois reinos e por esse motivo se constituiu no elo de união dos

dois, Ciro foi um grande guerreiro, assim como o foi Cambises,

seu pai. Ciro teve um filho que foi conhecido como Cambises II.

Daniel, nesse contexto todo, estudioso dos livros,

especialmente os proféticos, entendeu que o cativeiro se

aproximara do fim. Entretanto não via nada que pudesse

descortinar algo favorável a esse respeito. O povo não tinha

mais esperança em retornar para a Jerusalém do Senhor. Em Sião

tudo era monturo e os gentios faziam uso da Terra Santa.

Dario, sólido no poder, e o povo adaptado ao exílio. Boa parte

dos exilados já era nativa do cativeiro, ou seja, já nasceram

em Babilônia e de Jerusalém e de Judá conheciam apenas a

história.

Mas Daniel estava atento aos livros que falavam a respeito

de Deus e entende que é hora de retornar.

Daniel entendia que Deus cumpre a sua Palavra e não falha

em suas promessas e tendo Deus falado, principalmente pela boca

de Jeremias, acreditava ter chegado o momento da volta para a

sua terra. Veja Jeremias 25.11,12; 29.10.

11 - Toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto;

estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos.

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148

JEREMIAS 25.12 - Acontecerá, porém, que, quando se

cumprirem os setenta anos, castigarei a iniqüidade do rei de

Babilônia e a desta nação, diz o Senhor, como também a da terra

dos caldeus; farei eles ruínas perpétuas.

JEREMIAS 29.10 - Assim diz o Senhor: Logo que se cumprirem

para Babilônia setenta anos atentarei para vós outros e

cumprirei para convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-

vos para este lugar.

Daniel, que acreditava em Deus, sentiu de invocar a Deus

quanto ao cumprimento de sua Palavra, pois ansiava retornar

para Jerusalém e reconstruir a Cidade Santa e o Templo de seu

Deus, restabelecendo a adoração e o sacrifício.

Para Daniel, de que servia a prosperidade? De que servia a

sua glória? (Daniel era integrante da corte desde o início), se

o santuário do seu Deus e sua Cidade Santa estava um monturo,

estava destruído!

Verso três - Voltei o meu rosto ao Senhor, para buscá-lo de

todo coração, com rogos e jejum, pano de saco e cinza.

Rogos: - humildade, reconhecer as próprias fraquezas,

falhas e limitações.

Jejum: - consagração, santificação, reverência.

Pano de saco e cinza: - Humilhação diante do Senhor,

insignificância, pobreza espiritual.

E assim Daniel inicia sua oração, que se constitui na

maior oração registrada no Cânon Sagrado, evidentemente para

ensino nosso.

A oração de Daniel pode ser dividida em:

a) Adoração e ação de graças. Verso quatro.

b) Confissão, onde Daniel se inclui entre outros todos.

Versos 5-15.

Convém observar que a oração de Daniel:

1- Não foi a favor de si mesmo, mas intercessora, a favor

de seu povo.

2- Foi a favor da cidade de Jerusalém que ele classificou

como cidade de Deus, além de ser sua e de seu povo. Verso 16.

3 - Confessa a Deus o pecado do seu povo, onde se inclui

como pecador igual aos outros, não obstante sua fidelidade a

Deus; sem nele se achar mácula alguma, ou culpa que o pudesse

incriminar. Ver verso 4,5 Capítulo 6.

4 - Inclui a si próprio no nível de todos embora ele ocupe,

e sempre tenha ocupado, posição privilegiada entre os homens.

Ver Versos 8,9 e 10.

5 - Aceita o castigo de Deus sem se justificar na sua

presença. Versos 13,14.

6 - Roga a Deus, com súplicas; com santificação, e com

humilhação, não somente por si, mas por todo o seu povo. Versos

17-19 e 3.

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149

Vemos nos verso vinte e a seguir quão pronto está Deus para

ouvir nossas súplicas. Deus não resistiu às lágrimas de Daniel

e orava ainda Daniel quando o Anjo Gabriel chegou, diz o verso

21: voando rapidamente.

Daniel reconhecera aquele ser celestial com quem já

dialogara no capítulo oito, quando da interpretação da visão do

carneiro e do bode.

Trata-se do Anjo Gabriel, o mensageiro que assiste na

presença de Deus. Gabriel é mencionado nominalmente por quatro

vezes na Bíblia ARC ou ARA. São duas vezes em Lucas: Lucas 1.19

e 26, e duas vezes em Daniel: Daniel 8.16; 9.21.

Notemos que o anjo veio:

a) Rapidamente

b) Voando; não só rapidamente, mas voando! Verso 21.

Quais as razões dessa oração ser tão prontamente atendida?

Observar que embora Deus tivesse respondido a sua oração

tão prontamente, o retorno de modo mais significativo à pátria

demorou mais de cem anos e a reconstrução do templo mais de

cinqüenta anos!

As razões do sucesso aqui são:

1 - Daniel não orava a Deus somente quando em apuros, ou

não se lembrava de Deus somente em tribulação, mas orava

diariamente.

Nós não oramos o suficiente, mas nos lembramos de Deus nas

horas difíceis. Quando está tudo bem, fazemos de tudo, mas

oramos pouco. A oração é o telefone do céu; é o instrumento que

nos coloca em contato com o Pai.

2 - Daniel iniciou sua oração dando graças.

Nós, infelizmente, não temos o hábito de orar nos momentos

de bonança ou de prosperidade. Não temos o hábito de orar nos

períodos em que a paz reina em nossa vida. Nós oramos mais é

nos momentos de aflição ou de dificuldade, nos momentos das

provas; nesse caso oramos para pedir socorro e poucas vezes

para dar Graças.

Nós só oramos em dificuldade e, portanto oramos somente

para pedir. Nós nos comportamos na presença de Deus como filhos

―pidonhos‖, aqueles filhos que só sabem pedir. Mas não era

assim com Daniel.

Daniel iniciou sua oração, primeiro dando graças!

Nas suas orações sempre deu graças ao seu Deus, veja Daniel

6.10:

... “Três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava

graças, diante do seu Deus, como costumava fazer”.

3 - Daniel confessou o seu pecado, o pecado de seu povo,

antes de pedir.

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150

Daniel se incluiu entre os pecadores e confessou suas

transgressões, reconheceu suas falhas e pediu a Deus. Veja os

versos 5,6.

Exaltou ao Senhor e assumiu a vergonha para si, assumindo a

culpa do juízo de Deus. Versos 7,10 e 14.

4 - Daniel pede a bênção tão somente após dar graças por

tudo, a partir do verso 16 até o 19.

Deus às vezes nos ouve, responde para nós, mas a bênção vem

no tempo de Deus e não no nosso, como queremos. O maior exemplo

disso é Abraão que esperou Isaque, por volta de vinte e cinco

anos. Sara já se desesperara, já perdera o costume das

mulheres, Abraão já era velho e Deus ainda não tinha cumprido a

sua promessa. O nosso tempo não é o tempo de Deus. O nosso

relógio não é o relógio de Deus. Deus não é nosso servo e tão

pouco o mago da lâmpada maravilhosa que vive sob nossas ordens.

Na doutrina do Velho Testamento temos:

SALMOS 37.5 - Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele,

e o mais ele fará.

SALMOS 37.7 - Descansa no Senhor e espera nele, não te

irrites por causa do homem que prospera em seu caminho, por

causa do que leva a cabo os seus maus desígnios.

No Novo Testamento temos:

Mateus 6.33 e:

LUCAS 12.31 - Buscai, antes de tudo, o seu reino, e estas

cousas vos serão acrescentadas.

Mas nós não nos conduzimos dessa forma. Nosso ângulo de

visão é egoísta. Só vemos os nossos interesses e em vez de

suplicarmos, vivemos dando ―ordens‖ para Deus.

Às vezes oramos ao Senhor e estabelecemos ―regras‖,

estabelecemos ―prazos‖, impomos as condições, e quando Deus não

nos ouve (Ele não está obrigado a fazê-lo) ficamos aborrecidos.

Achamos que Deus não nos ama, e por isso não escuta as nossas

orações. Mas Isaías diz: Suas mãos não estão encolhidas, e Deus

não ficou surdo. A falha está em nós. Isaías 59.1.

No verso vinte e dois temos a declaração do Anjo em sua

missão mui importante:

DANIEL 9.22 - Ele (Gabriel) queria instruir-me, falou

comigo, e disse: Daniel, agora saí para fazer-te entender o

sentido.

E no verso vinte e três o complemento onde temos a

preocupação de Deus com Daniel:

DANIEL 9.23 - No princípio das tuas súplicas, saiu a

ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado;

considera, pois, a cousa, e entende a visão.

Aqui vemos quanta consideração Deus, o Pai, tinha com

Daniel, pois essa declaração: ÉS MUI AMADO foi feito pelo anjo

Gabriel que assiste na presença de Deus.

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151

Isto quer dizer que Deus está atento aos seus fiéis e nunca

os decepcionará. É como o nosso filho amado, temos para ele

toda a nossa atenção e cuidado.

Temos agora um cenário bonito e sui gêneris: Daniel e o

anjo!

Daniel atento para ouvi-lo, tinha o coração palpitante, mas

dessa vez não caiu por terra diante da glória do anjo, pelo

contrário, o reconheceu imediatamente e deve ter controlado as

suas emoções; não tem mais aquela disfunção neuro-vegetativa

que teve na visão anterior; pelo contrário, ficou firme, a fim

de entender a mensagem do anjo. Daniel 9.23.

A partir desse instante o anjo entrega a Daniel a mais

importante de todas as profecias para o povo judeu e,

conseqüentemente, para toda a humanidade: AS SETENTA SEMANAS

DETERMINADAS SOBRE O POVO JUDEU.

B) SOBRE AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL

INTRODUÇÃO

O capítulo nove de Daniel é um capítulo de extraordinária

importância, porque ele trata da profecia chamada Setenta

Semanas de Daniel.

Nessa profecia temos definida toda a história da

humanidade, desde Daniel até o final. É uma profecia ligada a

Israel, mas o seu cenário envolve, como conseqüência, o mundo

todo até o seu final.

Hoje temos condições de ocupar um lugar privilegiado no

tempo da existência humana porque já se cumpriram muitas

profecias e de forma tão fiel, exatamente como profetizada.

Isso enriquece em muito a nossa fé e nos estimula a crer

naquelas que ainda não se cumpriram.

Veremos no decorrer desse estudo que das setenta semanas,

sessenta e nove já são passadas, cujo cumprimento foi fiel,

item por item, no momento exato para o qual foi profetizado.

Toda essa experiência é privilégio nosso e nos desperta para

realmente estudar as profecias, e nelas depositarmos a nossa

fé, crendo no cumprimento do restante que ainda não se cumpriu.

Daniel nunca entendeu essa profecia, como também não

entendeu as anteriores (capítulo 2,7 e 8). Mas vemos que o anjo

Gabriel lhe diz em Daniel 8.26:

―... tu porém, preserva a visão, porque se refere a dias

mui distantes‖...

A versão linguagem de hoje diz assim:

Você já ouviu a verdadeira explicação dos sacrifícios

da tarde e da manhã. Mas não diga a ninguém o que quer

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152

dizer a visão que você teve, pois ainda vai demorar muito

tempo até que ela se cumpra.

É como se o anjo lhe dissesse: Daniel, essa profecia não é

mesmo para entendimento seu, e sim do futuro.

No verso vinte e sete temos:

“...Espantava-me com a visão, e não havia quem a

entendesse”... (DANIEL 8.27)

Durante alguns séculos essas profecias ficaram sem

entendimento, inclusive para o povo judeu, e permaneceram sem

entendimento até pouco tempo atrás. Esse é mais um dado de que

vivemos o tempo do fim.

O entendimento dessas coisas nos apontam para a vinda de

Jesus!

A Septuagésima Semana de Daniel ainda é futura para nós e

ela na verdade corresponde ao período da Tribulação, também

chamado dia da ira de Deus.

Mas nós, integrantes da Igreja que Jesus comprou, não

esperamos a vinda da Tribulação ou a vinda da septuagésima

semana, mas sim, esperamos com uma fé inabalável, a vinda de

Jesus para buscar a sua Igreja. Temos a promessa de Jesus que

sua Igreja não verá a Tribulação = Apocalipse 3.10

Primeiro Jesus virá para arrebatar a sua Igreja e somente

quando estivermos no céu com Jesus, quando participaremos do

Tribunal do Cristo e da festa da Bodas do Cordeiro, é que aqui

na Terra se desenrolará a 70º Semana de Daniel, que coincidirá

com o período da Tribulação, também chamado Tempos da Angústia

de Jacó.

Já vimos que a profecia do capítulo dois nos dá um perfil

da história, dividido em quatro reinos universais, que se

constitui no esqueleto histórico da humanidade. Uma espécie de

visão panorâmica do futuro envolvendo a história universal.

Já no capítulo sete, onde temos a visão dos quatro animais,

temos um aperfeiçoamento mais detalhado da mesma profecia, só

que nesse caso dando-lhe um enfoque mais espiritual. No

capítulo oito temos ainda um refinamento ainda mais detalhado,

especialmente do terceiro reinado, o império grego, onde já nos

apresenta um protótipo do Anticristo que é Antíoco Epifânio,

falando na parte final nos últimos versos sobre o Anticristo

sem entrar nos detalhes proféticos. Como podemos observar, as

profecias de Daniel, até aqui, não é uma profecia específica de

seu povo, ou de sua nação, mas são de aspecto generalizado,

envolvendo desde Nabucodonosor, portanto mais voltada aos

gentios.

Mas aqui no capítulo nove nós teremos uma profecia voltada

exclusivamente para Israel e sua Cidade Santa.

A profecia das setenta semanas é específica para Israel,

sendo a última semana ainda por vir. Ela está bem detalhada no

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153

Apocalipse a partir do capítulo seis até o dezenove, os quais

falam do período da Grande Tribulação que, como já vimos,

trata-se da 70º Semana de Daniel.

Deus mostrou a Daniel a linha mestra dos acontecimentos

históricos que ocorreriam com seu povo e sua Cidade Santa, e

depois mostrou a João na ilha de Patmos, mais detalhes de como

será o final. Na verdade os capítulos 6 a 18 do Livro do

Apocalipse, não são outra coisa senão mais detalhes sobre as

profecias de Daniel.

Deus tem feito isso e tem alertado o povo através de

profecia porque elas funcionam como aviso das coisas futuras, e

ninguém poderá alegar ignorância.

Essa 70º semana inicia a qualquer momento, pois nós vivemos

a parte final dessa dispensação. A respeito desse tempo do fim,

Daniel apresenta alguma coisa em 8.17 a 19; 10.14; 12.4

Antes de entrarmos na profecia das Setenta Semanas

precisamos fazer algumas considerações.

O termo SETENTA SEMANAS usado aqui, tem um significado que

para nós não é muito familiar. Aqui significa ―setenta semanas

de anos‖ (agora ficou mais difícil?...).

É que cada semana aqui representa sete anos, como se a cada

dia da semana correspondesse a um ano.

Assim temos:

Uma semana de dias - sete dias

Uma semana de anos - sete anos

Agora, essa nomenclatura foi quotidiana entre os hebreus.

Eles conhecem a semana de dias e a semana de anos. Na verdade

conhecem ainda outras semanas, por exemplo, a semana sabática

que é a semana de sete anos sabáticos.

Para cada sete anos, entre os judeus, teríamos o ano

sabático, que seria um ano de descanso para a terra. Nesse ano

não plantariam nada para que a terra descansasse. Cada conjunto

de sete anos sabáticos daria o ano do jubileu, que Deus

apresenta em LEVÍTICOS 25.8,10,11.

8- Contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos: de

maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta

e nove anos.

10 - Santificareis o ano qüinquagésimo, e proclamareis

liberdade na terra a todos os seus moradores; ano de jubileu

vos será, e tornareis, cada um à sua possessão, e cada um à sua

família.

11 - O ano qüinquagésimo vos será jubileu; não semeareis

nem segareis o que nele nascer de si mesmo, nem nele colhereis

as uvas das vinhas não podadas.

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154

No caso das setenta semanas teremos então quatrocentos e

noventa anos, que seriam 70x7.

Esses quatrocentos e noventa anos são proféticos em

relação a Israel, como veremos a seguir.

O TEXTO BÍBLICO DAS SETENTA SEMANAS DE DANIEL

O texto bíblico que contém as Setenta Semanas de Daniel se

encontra em Daniel 9.24-27

24 - Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e

sobre a tua santa cidade para fazer cessar a transgressão, para

dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para trazer a

justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o

Santo dos Santos.

25 - Sabe, e entende: desde a saída da ordem para restaurar

e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete

semanas e sessenta e duas semanas: as praças e as

circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos.

26 - Depois das sessenta e duas semanas será morto o

Ungido, e já não estará; e o povo de um príncipe, que há de

vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num

dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são

determinadas.

27 - Ele fará firme aliança com muitos por uma semana; na

metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de

manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que

a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele.

A profecia das Setenta semanas de Daniel é a mais extensa e

abrangente profecia do Livro de Daniel e se ainda se constitui

numa profecia atual para nossos dias.

A quem se destina a profecia das Setenta Semanas de Daniel?

A profecia das Setenta Semanas de Daniel se destina ao povo

de Israel e a sua Cidade Santa e veio em resposta à oração de

Daniel que queria ver o retorno de seu povo, a reconstrução da

Cidade Santa e a reedificação do santuário no Monte Santo.

Isso fica claro em Daniel 9.27.

“Setenta Semanas estão determinadas sobre o teu povo e tua

Cidade Santa.”

Inequivocamente, não é uma profecia para os gentios, e tão

pouco para a Igreja; sendo exclusiva para ISRAEL e a CIDADE DE

JERUSALÉM. Veremos que ela contém as respostas para as

angústias de Daniel que foram apresentadas na oração dos versos

cinco a quinze.

É uma profecia que estabelece objetivos muitos bem

definidos, a saber: PARA (verso vinte e quatro).

Para...

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155

a) Extinguir a transgressão.

b) Dar fim aos pecados.

c) Expiar a iniqüidade

d) Trazer a justiça eterna.

e) Selar a visão e a profecia.

f) Ungir o Santo dos santos.

É uma profecia que estabelece como ficará Israel após a

ocorrência das Setenta Semanas:

Não haverá mais transgressão nem pecados em Israel...

Os dois itens primeiros do versículo vinte e quatro fala de

um estado de santificação resultante da extinção da

transgressão e também do fim aos pecados.

Se fizermos uma análise bem feita sobre a vida dos judeus,

veremos que este estado de santificação ainda não existiu,

mesmo porque observamos hoje, em pleno 2008, que Israel ainda

se encontra desviado dos caminhos do Senhor. Ainda estão

esperando o Messias, e longe estão de um estado de bem-

aventurança como esse profetizado aqui.

Isto posto, é mister concluir que as Setenta Semanas não

se completaram ainda embora parte dela possa ter se cumprido!

É de fato um consenso entre os entendidos no assunto que a

profecia em discussão realmente não está cumprida ainda em sua

totalidade.

A profecia das Setenta Semanas está dividida em três

etapas.

Uma primeira etapa de sete semanas, verso vinte e cinco.

Uma segunda etapa de 62 semanas, verso vinte e cinco.

Uma terceira etapa de 1 semana só, verso vinte e sete.

Esta divisão esta um pouco camuflada no verso vinte e

cinco, onde lemos:

... desde a saída da ordem para restaurar e para edificar

Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta

e duas semanas... (Daniel 9.25)

Aqui não fica claro qual é o marco que indica o final da

sétima semana e o início das sessenta e duas, do segundo

período. Não há dados, na Bíblia que nos permita identificar

onde termina a sétima e começa a oitava, mas isso não importa

em nosso estudo, pois não tem vital importância. Podemos

inferir de um estudo mais calmo que esse primeiro período

termine quando se restaurou e se edificou Jerusalém. Neemias

capitulo dois e Esdras capitulo três.

O terceiro período, que ocorrerá após a 69ª semana, é

referido como sendo uma semana, no verso vinte e sete, onde

fala:

Ele fará firme aliança com muitos por uma semana...

(Daniel 9.27)

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156

Assim temos a seguinte divisão:

1º período - sete semanas

2º período - sessenta e duas semanas

3º período - uma semana

Após o final da sessenta e nove semanas dá a entender que

haverá um intervalo. Leiamos o verso vinte e seis com muita

atenção:

Depois das sessenta e duas semanas será morto o Ungido, e

já não estará; e o povo de um príncipe, que há de vir,

destruirá a cidade e o santuário,... (Daniel 9.26)

Vemos aqui que duas coisas deverão acontecer quando

terminar o período das sessenta e nove semanas antes de ocorrer

a última:

Primeira: será morto o Ungido

Segunda: povo de um príncipe, que há de vir, destruirá a

cidade e o santuário,...

Quem seria esse Ungido???

Que povo seria esse??

Destruirá qual cidade e qual Santuário?

Vamos agora analisar a história universal. Os fatos

bíblicos que são verdadeiros não podem ter a História Universal

contra eles, pois a história é o relato de fatos acontecidos, e

se ocorreu o cumprimento de alguma profecia, devemos achar

dados na história. Assim procedendo acharemos que o Ungido

morto foi Jesus e a cidade a ser destruída foi Jerusalém; e o

Santuário foi o Templo dos judeus.

A história registra a morte de Jesus por volta de 33,34 de

nossa era e registra a destruição de Jerusalém ocorrida após a

guerra da Judéia entre 67 e 70 d.C., quando o general Tito

arrasou Jerusalém e o Templo; não deixando pedra sobre pedra,

como foi profetizado em Lucas 19.44:

...e te arrasarão e aos teus filhos dentro de ti; não

deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a

oportunidade da tua visitação.

Isto posto:

I - Somos levados a entender que a 69ª semana terminou

pouco antes da morte de Jesus, pois está escrito: Depois das

sessenta e duas semanas...

II - A 70ª semana ainda não ocorreu, pois não há na

história registro de fatos que possam inferir tais

acontecimentos. Afinal Israel ainda vive em pecado, não se

selou a profecia nem se extinguiu a iniqüidade.

Isso faz com que se tenha de admitir um intervalo entre a

69ª e a 70ª semana, o que se acha perfeitamente coerente com a

expressão: ―após as sessenta e duas semanas...‖.

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―Pode acontecer que Daniel tenha tido alguma consciência

desse intervalo e dele não tenha falado nada, mas não creio

nisso porque Daniel não entendeu bem a profecia‖.

O período desse intervalo corresponde ao período da

existência da Igreja de Jesus, que constitui o povo de Deus

aqui na Terra, nesse período, embora Israel continue sendo a

nação escolhida, a Videira plantada pelo Senhor com semente

selecionada. Jeremias 2.21.

Uma vez entendida essa introdução, que considera os

aspectos gerais da profecia, vamos estudá-la minuciosamente.

Comecemos a esclarecer sobre os príncipes.

A profecia fala de dois príncipes:

25 - Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar

e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete

semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as

circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos.

26 - Depois das sessenta e duas semanas, será morto o

Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir

destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio,

e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas.

O primeiro: ...até ao Ungido, o Príncipe... verso vinte e cinco 25

O segundo: ...e o povo de um príncipe que há de vir... verso vinte e seis.

Temos aqui, portanto, dois príncipes, onde o primeiro está

com letra P maiúscula e o segundo com letra p minúscula.

Esse primeiro príncipe é Jesus, o Ungido de Deus; o Messias

que foi morto logo após o encerramento da 69ª semana profética.

O segundo príncipe será o Anticristo, que terá origem no

povo que destruiu Jerusalém e o santuário no ano setenta: os

romanos. Lembrar que o povo que destruiu a cidade de Jerusalém

foi o povo romano. Esse príncipe não é outro senão a besta do

capítulo treze do Apocalipse, aquela que saiu do mar.

Podemos confirmar essas idéias analisando o verso vinte e

sete que fala de uma Aliança com muitos por uma semana e que na

metade da semana fará cessar o sacrifício. Isso diz respeito à

besta do Apocalipse, aquela que saiu do mar, e se revelará como

o Anticristo, no tempo do fim. Recomendo a leitura do meu livro

―O Livro do Apocalipse e as Coisas que Hão de Vir‖ para melhor

entendimento a esse respeito.

Com isso entendemos também que a Septuagésima Semana

coincide com o período do Anticristo, pois é no início dessa

semana que ocorrerá o concerto dele com muitos. Leia Daniel

Daniel 9.27:

Ele fará firme aliança com muitos por uma semana; na metade

da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares;...

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158

Lendo o Apocalipse entendemos que se trata do Anticristo e

lendo aqui o verso vinte e sete, se trata da Septuagésima e

última Semana de Daniel.

Vamos agora estudar as Setenta Semanas de Daniel. Essa

profecia é de extraordinária importância não somente para o

povo judeu, mas para todos. Trata-se de uma profecia atual de

difícil interpretação. Pretendo estudá-la em seus mínimos

detalhes.

c) INTRODUÇAO: AS SETENTA SEMANAS DE ANOS

Vamos iniciar nosso estudo, estabelecendo inicialmente a

qual tipo de ano se refere essa profecia. Afinal, existem anos

com diferentes durações, ou seja, com número de dias

diferentes; por exemplo: ano solar, ano lunar, ano comercial,

ano civil, ano astronômico, etc. Precisamos saber qual é o

número de dias que contem esses anos, referidos nessa profecia

de Daniel.

Não podemos, esclareço já de início, misturar os dois

calendários:

O calendário Judeu

O calendário Romano O nosso calendário é baseado no calendário Romano e os seus

anos são definidos pelo movimento da Terra ao redor do sol e se

constitui num calendário do tipo solar. Grosseiramente podemos

dizer que o ano solar tem trezentos e sessenta e cinco dias. Um

ano solar é definido pelo tempo em que a Terra demora em dar

uma volta completa ao redor do sol.

Na verdade, o tempo para esse movimento não é exatamente

trezentos e sessenta e cinco dias, mas trezentos e sessenta e

cinco dias, cinco horas, quarenta e oito minutos e quarenta e

cinco segundos e meio.

O calendário Judeu, usado na Bíblia, portanto nesta

profecia, é um calendário LUNAR e está relacionado com o

movimento da lua.

Um ano lunar é o período em que a lua dá doze voltas ao

redor da Terra. Ele tem exatamente trezentos e sessenta dias.

A Bíblia confirma essa idéia para nós. Vamos ver:

1- No Livro de Gênesis temos uma referência bem precisa a

esse respeito:

Início do dilúvio - décimo sétimo dia do mês segundo

(Gênesis 7.11.)

Final do dilúvio - décimo sétimo dia do mês sétimo (Gênesis

8.4).

Logo isso corresponde a cinco meses, mas Gênesis 8.3; 7.24

diz que o dilúvio foi de cento e cinqüenta dias, ora, cento e

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159

cinqüenta dias = cinco meses, então cada mês tem trinta dias e

doze meses, terão trezentos e sessenta dias.

2- a) Em Daniel 7.25 temos:

... e os santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo,

dois tempos e metade dum tempo.

b) Em Apocalipse 12.6 temos

A mulher, porém, fugiu para o deserto, onde lhe havia

Deus preparado lugar para que nele a sustentem durante mil

duzentos e sessenta dias.

c) Em Apocalipse 11.2 temos:

Mas deixa de parte o átrio exterior do santuário, e

não o meças, porque foi ele dado aos gentios; estes por

quarenta e dois meses calcarão aos pés a cidade santa.

a) Um tempo = 1 ano

Dois tempos = 2 anos

Metade de um tempo = ½ ano

Isso totaliza três anos e meio

b) 1260 dias = 3 anos e meio

(3x360 dias + 180 dias)

c) 42 meses = 3 anos e meio

(3x 12 meses + 6 meses)

Disso, podemos concluir que quarenta e dois meses são mil

duzentos e sessenta dias, o que dá um mês de trinta dias e um

ano de trezentos e sessenta dias.

Considerando-se que o ano bíblico tem trezentos e sessenta

dias, voltemos à profecia das Setenta Semanas de Daniel e vamos

determinar:

I- a duração da profecia

II- quando ela se iniciou

III- quando ela terminará

I - QUANTO A DURAÇÃO

São setenta semanas de anos, então fica 70x7 anos cujo

total de anos será 490 anos.

Determinado o número de anos de duração da profecia, vamos

calcular o número total de seus dias.

70 x 7 anos = 70 x 7 x 360 dias = 176 400

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160

Então a duração total das Setenta Semanas de Daniel será de

cento e setenta e seis mil e quatrocentos dias equivalentes a

quatrocentos e noventa anos.

Mas sabemos que a última semana, sete anos, totalizando

sete vezes trezentos e sessenta dias; num total de dois mil

quinhentos e vinte dias, ainda não ocorreram.

Sabemos que já se passaram apenas sessenta e nove semanas,

das setenta do total, caracterizando uma interrupção no cenário

profético dessa profecia. Na verdade vivemos em um intervalo

entre a 69ª e a 70ª Semana de Daniel. Estudaremos melhor esse

intervalo oportunamente.

Ora se ocorreram apenas sessenta e nove semanas, então se

passaram apenas 69x7 anos; o que equivale a 483 anos; restando

exatamente sete anos vindouros, os quais ainda é futuro em

nossos dias.

69x7anos= 69x7 x 360 dias = 173880 dias já cumpridos.

1x7anos= 1x7 x 360 dias = 2520 dias ainda a serem

cumpridos, em virtude de se acharem ainda no futuro.

Total das 70 semanas em dias é de 176400.

Total já cumprido: 69 semanas, ou seja: 173880 dias

Total a se cumprir ainda: 1 semana 2520 dias.

II) QUANTO AO INICÍO

A profecia em si não nos fornece a data de seu inicio, de

forma explícita; então nós precisamos descobrir em qual data

ela teve seu início.

Para localizarmos o dia do início da profecia, vamos usar a

própria profecia em seu enunciado e vamos recorrer à História,

a fim de determinarmos esse dia.

Vamos determinar qual foi o primeiro desses 173880 dias. Se

conseguirmos fazer isso, isto é, localizar o primeiro dia no

qual iniciou a profecia, então determinará com precisão o final

dela.

Vamos por partes:

IIa - Primeiro vamos determinar o início desses 173880 dias

no nosso calendário.

IIb – Vamos fazer uma adaptação do calendário judeu para o

nosso calendário Romano para termos uma idéia real dessas

datas.

Apenas por curiosidade, o primeiro dia do ano 5766 dos

judeus foi comemorado no dia 04 de outubro de 2005. Os judeus

têm seu próprio Calendário, baseado em ano lunar e contam os

anos desde o fundamento da sua nação.

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161

IIc - Como o ano civil é considerado 365 dias, teremos que

corrigir esse tempo, porque o ano astrológico não tem duração

de 365 dias e sim 365 dias, 48minutos e 44,5 segundos, daí a

finalidade do ano bissexto a fim dessa correção de 4 em 4 anos.

A Bíblia nos informa direitinho qual é o primeiro dia dessa

profecia, vejamos:

Verso 25 “Sabe, e entende: desde a saída da ordem para

restaurar e para edificar Jerusalém...” (Daniel 9.25).

“Desde a saída da ordem para restaurar e para edificar

Jerusalém‖ este é o dia do marco inicial, é a data do início:

“desde a saída da ordem para restaurar e para edificar

Jerusalém” este é o dia de partida no qual se inicia a contagem

do período DAS Setenta Semanas.

Assim sendo o dia da saída da ordem para restaurar e para

edificar Jerusalém é o primeiro dia dos 173880 da profecia em

apreço.

Estudando a Bíblia com atenção, devemos observar que houve

vários decretos relacionados ao Templo e Jerusalém, como é o

acaso de Esdras no capitulo 1 onde Ciro autoriza a reconstrução

do templo; (Esdras 1.3) mas a respeito da restauração e da

edificação da cidade de Jerusalém, só temos um, que foi o de

Neemias capítulo dois.

NEEMIAS 2.1 – “No mês de nisã, no ano vigésimo do rei

Artaxerxes...”.

Neemias 2.5 - e disse ao rei: se é do agrado do rei, e

se o teu servo acha mercê em tua presença, peço-te que me

envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para

que eu a reedifique.

Em Esdras, capitulo quatro, verso um ao vinte e quatro

temos uma referência onde o Templo se envolveu com problemas

devido a rumores da reconstrução da cidade sem autorização do

rei. Isso reforça, e muito, a autorização de Neemias para

reconstruir a cidade e a edificação dos muros como está

explícito em Neemias dois verso cinco.

** QUANTO AO MÊS do decreto:

―No mês de Nisã‖... Então o primeiro mês é mês de Nisã.

** QUANTO AO DIA

Como não está explícito o dia, devemos entender pelo hábito

dos judeus que se tratava do primeiro dia.

Sempre que fosse o primeiro dia do mês não havia

necessidade indicá-lo, fazendo-se a indicação de qualquer outro

que não fosse o primeiro.

Nesse caso o mês é Nisã e o dia é o primeiro.

** QUANTO AO ANO

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162

Quanto ao ano é o vigésimo de Artaxerxes.

Então: a ordem saiu em primeiro de Nisã do vigésimo ano de

Artaxerxes, no calendário Judeu,

Ainda há o problema de localizar esse dia, mês e ano no

nosso calendário.

Consultando-se a Historia temos que:

Esse dia foi o primeiro dia de Nisã o qual corresponde ao

quatorze de março, do ano Vigésimo de Artaxerxes, que é o ano

de 445 a.C. do nosso calendário.

Essa data nos é fornecida pela história universal.

Pesquisando a história universal, que pode ser encontrada

na Enciclopédia Larousse Cultural ou em livros de Historias,

nós encontramos a data da ascensão de Artaxerxes como sendo

Julho de quatrocentos e sessenta e cinco.

Isso nos conduz a quatrocentos e quarenta e cinco como

sendo o vigésimo ano de seu governo.

Então concluímos que as Sessenta Semanas de Daniel

iniciaram em 14 de Março de 445 a.C., no nosso calendário.

Uma vez determinado o primeiro dia, então fica mais fácil

achar o último.

III - QUANDO ELA TERMINARÁ

Vamos achar o dia em que terminou a 69ª semana, claro, no

nosso calendário.

Precisamos nos lembrar que nosso ano não tem exatamente

trezentos e sessenta e cinco dias, pois passa disso perto de

seis horas. Esta é a razão do ano bissexto a cada quatro anos.

Vão-se juntando estes restinhos próximos de seis horas e temos

mais um dia a cada quatro anos, que é o vinte e nove de

fevereiro acrescido a cada quatro anos. Trata-se do ano

bissexto.

Mas rigorosamente, esse dia acrescentado a cada quatro

anos, não é capaz de ajustar o calendário de uma forma exata,

pois a diferença não são seis horas exatas e sim 5 horas, 48

minutos e 45,5 segundos.

Quando a cada 4 anos acrescentamos um dia, na verdade

estamos acrescentando 24 horas inteiras. Mas, quando

acrescentamos às 24 horas de quatro em quatro anos, não foram

exatamente 24 horas que dispúnhamos, mas quatro vezes 5h mais

48 minutos mais 45,5 SEGUNDOS O QUE NÃO PERFAZ 24 HORAS

EXATAMENTE, ou seja:

SERÁ 4 X ( 5H + 48 MIN + 45,5 SEGUNDOS) equivalente a

20H + 192MIM + 182 SEGUNDOS.

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163

Mas 192 min é o mesmo que 3 horas + 12 minutos; e 182

segundos é o mesmo que 3 minutos + 2 segundos.

Fazendo se a soma minutos com minutos e segundos com

segundos teremos:

20 Horas + (3 horas + 12 minutos) + (3 minutos + 2

segundos)

Num total de 23 horas + 15 minutos +2 segundos. Este é o

tempo que dispomos para acrescentar e não as 24 horas como

acrescentamos!!!

Nesse caso estamos colocando a mais, (acima do permitido) a

cada ano bissexto exatamente (24h =0 min + 0seg) – (23h + 15min

+ 2seg).

Para se fazer a subtração, a fim de sabermos o quanto

estamos pondo a mais, precisamos decompor 24 horas em:

24h = 23horas + 59minutos + 60 Segundos

Onde, das 24 horas, tiramos uma hora para fazer minutos e

tiramos um minuto para fazermos segundos a fim de ter de onde

subtrair, pois hora se subtrai de hora, minuto se subtrai de

minuto e segundos se subtrai de segundos; então fica assim:

(23 horas + 59 minutos +60 Segundos)-(23 horas + 15 minutos

+ 2 segundos).

Isso tem com resultado:

0 horas + 44 minutos + 58 segundos

RESUMINDO

♪♪ - Acrescentamos 24 horas inteiras a cada ano bissexto

♪♪ - Mas dispomos somente de 23 horas, 15 minutos e 2

segundos

♪♪ - Colocamos a mais 44 minutos + 58 segundos.

Ou seja, a cada ano bissexto enxertamos muito próximo de 45

minutos a mais a cada dia 29 de fevereiro que utilizamos!!!

Se formos ajuntando esses 45 minutos a mais em todos os

bissextos, ao final de 24 bissextos teremos, muito próximo de

um dia a mais que terá que ser tirado; pois foi colocada a

mais, ou seja,

24 bissextos x 45 minutos equivalem a 1080 minutos que são

18 horas.

Acontece que 24 bissextos ocupa um espaço de 96 anos, ou

seja, faltando apenas 4 anos para fechar um século. Se

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164

considerarmos que temos mais 5h +48 min +45,5 segundos do 96º

ano, que somados com as 18 horas acumuladas no passado, nós

teremos:

18 horas + 5 horas + 48minutos + 45,5 segundos totalizando

23horas 48 minutos + 45,5 segundos equivalente a um dia.

Isso totaliza um dia a mais no calendário que necessita ser

tirado!!!

Por essa razão os anos que fecham o século não recebem o

29º dia de fevereiro, portanto deixará de ser bissexto. e

teremos que sobrará de novo aproximadamente 6horas a cada

século.

Como corrigir essa diferençazinha???

Simples:

...A cada quatro séculos, devolvemos o dia bissexto,

reutilizando aqueles restinhos próximo de 6 horas que sobraram

de cada século.

No ano 100 não acrescentamos o bissexto e sobram seis

horas,

No ano 200 não acrescentamos o bissexto e sobram seis

horas,

No ano 300 não acrescentamos o bissexto e sobram seis horas

No ano 400 se não acrescentarmos o bissexto também sobram

seis horas, mas juntando esses quatro séculos temos de novo

outro dia que devemos acrescentá-lo nos séculos múltiplos de

quatro.

RESUMINDO

De quatro em quatro anos temos um dia a mais que é o 29 de

Fevereiro no ano bissexto.

Nos anos que fecham o século, mas não são séculos múltiplos

de 4, não acrescentamos o 29 de fevereiro e este ano deixará de

ser bissexto. Por exemplo:

Ano 100 (século um) não é bissexto (não colocamos o dia 29

de fevereiro).

Ano 200 (século dois) não é bissexto (não colocamos o dia

29 de fevereiro).

Ano 300 (século três) não é bissexto (não colocamos o dia

29 de fevereiro).

Ano 400 (século quatro, múltiplo de quatro} esse permanece

bissexto e recebe o dia 29 de fevereiro.

Neste caso, prosseguindo: os anos 500, 600 e 700 não se

acrescenta o dia, mas no ano 800, sim! Pois são séculos

múltiplos de quatro;

Nos anos 900,1000,1100, não se acrescenta, mas n 1200 sim;

e assim por diante.

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165

Tendo-se tudo isso em mente, vamos distribuir e adaptar os

173880, desde 14 de Março de 445 a.C. e ver qual é o dia final,

ou seja, qual é o dia em que terminou a sexagésima nona semana

de Daniel.

173880 ÷ 365= 476,383561 ou seja 476 anos + 140 dias.

Os 173880 dias ÷ 365 dá 476 anos inteiros e sobram 140 dias

pois 0,383561 de um ano dá 140 dias

Desses 140 dias que restaram precisamos tirar os dias

acrescidos para os reajustes anuais. (os dias considerados nos

bissextos).

Para se achar os bissextos se divide por 4, pois a cada 4

anos temos 1 ano bissexto, então

476 anos ÷ 4 = 119

Dá exatamente 119 dias bissextos, que são os dias que foram

acrescentados. Mas lembremo-nos que os anos 100, 200 e 300 não

recebem o dia bissexto e devemos subtraí-los dos 119 dias; e

assim teremos 116 dias BISSEXTOS E NÃO OS 119, como poderia ser

a primeira vista. Vamos subtrair os 116 bissextos dos 140 dias

que estavam sobrando naquela divisão dos 173880 dias ÷ 365.

Então restaram, na verdade apenas 24 dias. (Deu 476 anos e 24

dias).

Assim nós teremos um tempo igual a 476 anos e 24 dias no

nosso calendário como sendo o período dos 173880 dias da

profecia já cumpridos.

476 anos + 24 dias = 173880 da profecia.

476 anos iniciados no ano 445 a.C. ficam distribuídos

assim:

Esses 476 anos tiveram início no ano de 445 a.C.

Antes de Cristo - Depois de Cristo

445,444,443,...........3,2,1 < 0 > 1,2,3,..............32

total 444 anos < 0 > 32

Não se conta ano Zero, assim do último ano antes de Cristo

já se passa para o ano 1 depois de Cristo e teremos:

476 anos após o dia 14 de março de 445 a.C. cai exatamente

no dia 14 de março do ano 32 depois de Cristo.

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166

Mas faltam ainda mais 24 dias que sobraram dos 476 anos.

De 14 de março de 32 ao final desse mesmo mês de março vão

mais 18 dias e chegamos em 31 de março de 32. (de 14 a 31 temos

18 dias); mas ainda sobraram 6 dias que passam para o mês de

abril caindo no dia 06 de abril de 32 d.C.

E assim, amados, a 69ª semana de Daniel, encerrou-se no dia

06 de Abril do ano 32 da era cristã.

O interessante é saber que esse dia, é exatamente o décimo dia de Nisã, do calendário judeu, quando consideramos o 06 de abril de 32 d.C., do calendário romano.

Sabem que dia foi esse???

Pois foi o dia que coincidiu com o dia da entrada triunfal

de Jesus em Jerusalém, no domingo anterior à sua morte.

Essa minha afirmação pode ser confirmada através da

internete, utilizando-se de um calendário permanente, o qual

confirmará ser esse dia um dia de domingo, exatamente o domingo

da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Ver calendário do

ano de 32 d.C., impresso extraído da internete, no site

Calendários Permanentes.

Sendo a 69ª semana de Daniel encerrada no dia da entrada

triunfal de Jesus em Jerusalém, podemos entender melhor porque

foi que Jesus chorou sobre ela exatamente nesse dia...!!!

Quando nesse dia, Jesus contemplou a cidade de Jerusalém,

de cima do Monte das Oliveiras, Jesus, consciente de ser esse o

dia do encerramento da 69ª Semana de Daniel, chorou o destino

da cidade, que seria destruída após a sua morte.

Jesus chorou por saber o destino da sua amada cidade e do

Templo do Senhor, mas somente Ele sabia que dia era aquele:

Aquele dia ERA O 173880º DIA DA PROFECIA de Daniel,

PORTANTO O Último DIA DA SEXAGÉSIMA NONA SEMANA DE DANIEL!!!

Findava-se naquele dia, o segundo período da profecia de

Daniel a qual foi determinada sobre o seu povo. Por isso, Jesus

sabendo do destino de seu povo, de sua Cidade Santa e do Templo

nesse intervalo, chorou. Ninguém entendeu o motivo de seu choro

naquele momento, naquela hora; era o último dia desta tão

importante profecia!

Vamos ver LUCAS 19.41 - 44

41 - Quando ia chegando, vendo a cidade, chorou,

42 - e dizia: Ah! Se conheceras por ti mesma ainda hoje o

que é devido à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos.

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167

43 - Pois sobre ti virão dias em que os teus inimigos te

cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te apertarão o

cerco;

44 - e te arrasarão e aos teus filhos dentro de ti; não

deixarão em ti pedra sobre pedra porque não reconheceste a

oportunidade da tua visitação.

Porque Jesus chorou nesse dia, ao contemplar a cidade? Era

por ventura essa a primeira vez que Ele fazia tal contemplação?

Seguramente Jesus já tivera vivido situação semelhante e não

chorou sobre Jerusalém, mas nesse dia Ele não conseguiu conter

as suas lágrimas, porque somente Ele entendia que nesse dia

encerrava a 69ª semana de Daniel e que a seguir:

a) Seria morto o Ungido

b) Seria destruída a cidade e o Santuário

(Releia os versos de Lucas 19.41-44)

Somente Jesus sabia as conseqüências desse fato e por isso

chorou sobre Jerusalém. No seu último dia Jesus dizia:

- Ah! Se conheceras por ti mesma ainda hoje o que é devido

à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos. Lucas 19.42.

O que é ―isto‖ que Jesus diz que está oculto aos olhos de

Jerusalém? (Na verdade estava oculto aos olhos da humanidade

toda!)

Está oculto aos olhos de Jerusalém:

1- Que Ele é o Ungido, o Messias que tanto esperavam.

2- Que terminou a 69ª semana determinada sobre Jerusalém e

seu povo, e que essa seria destruída pelo povo do príncipe que

há de vir.

Este oculto é apenas por agora, o que significa que em

algum momento isto seria revelado, o que está acontecendo nesse

momento. Releia o verso Lucas 19.42.

―Arrasarão a ti e teus filhos dentro de ti, não deixarão

pedra sobre pedra‖...

Jesus se referia à destruição de Jerusalém no ano 70, pelo

general Tito, que cercou a cidade por cinco meses e a destruiu

totalmente. ―Porque não reconheceste a oportunidade da tua

visitação‖... não entendestes ...Jerusalém estava distante de

entender e reconhecer ―o dia da visitação‖ não reconheceu que

nesse dia se encerrava a 69ª Semana de Daniel.Na verdade a

interpretação correta desta profecia só ocorreu nesses momentos

mais finais, tendo sido oculta todo o grande período desde o

passado até agora. Isso já havia sido dito a Daniel, em Daniel

8.17.

Jerusalém estava cega, não reconheceu o Príncipe, que veio

para os seus, por isso os seus não O receberam.

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168

Era o final dos 173880 dias que acabaram de se esgotar. Era

o dia exato da manifestação do Ungido como o Príncipe nesse

exato dia. Agora será morto o Messias e logo Jerusalém será

destruída e todo o povo de ISRAEL disperso pelo mundo todo; até

o retorno, no reflorescer da figueira ou o reavivamento dos

ossos do vale de Ossos secos de Ezequiel trinta e sete.

E assim se cumpre até a 69ª semana de Daniel na data certa

como profetizada há mais de quinhentos anos e entramos no

intervalo da profecia, que é o período em que vivemos, período

da Igreja.

Falemos agora um pouco sobre essa Igreja, durante o

intervalo da 69ª e a 70ª semana, para encerrarmos sobre as

Setenta Semanas de Daniel.

A IGREJA DE JESUS

A Igreja é o povo de Jesus na Terra, que Ele comprou e

pagou muito caro. Ela se Constitui de um povo especial,

escolhido, zeloso de boas obras. Tito 2.14.

A Igreja, ao contrário do que se pode pensar, não é uma

organização social, nem tão pouco recreativa, (como os clubes

que são destinados a esse fim) ou tão pouco uma sociedade

esportiva. A Igreja não é apenas uma entidade social que

congrega pessoas com pensamentos afins. A Igreja é fruto da

obra redentora do Calvário, e foi para cuidar dela que Jesus

enviou o Espírito Santo. Trata-se de um povo que não está

sujeito às leis do Velho Testamento nem faz parte dele em ponto

algum, porque ela (a Igreja) nasceu com Jesus e antes dele não

se falou sobre ela. A Igreja foi edificada por Jesus e é

mantida pelo Espírito Santo a quem Jesus a confiou. Mateus

16.18.

Antes de Jesus o povo de Deus eram os judeus, a nação

escolhida; depois de Jesus, os judeus foram dispersos pelo

mundo e perderam a sua pátria, se desviaram dos caminhos do

Senhor, não reconheceram o Messias. Eles esperavam um salvador,

um rei, alguém portador de alguma glória, mas ao invés disso,

nasce um menino numa estrebaria e se cria como Galileu, o que

implica em não ser o Messias que eles esperavam. O messias

esperado é um libertador do povo de Israel, seria um novo líder

e, portanto seria invencível. Certamente esse messias deveria

nascer, no mínimo, em uma família de destaque social e

político, podendo ser de família real, com certo poder

aquisitivo; nunca de uma família plebéia, pertencente a um povo

atrasado e ignorante como o povo da Galiléia. O povo judeu, até

hoje esperam pelo Messias. (Ser Galileu naquela época era ser

um povo indouto, sem desenvolvimento, analfabeto, sem cultura).

Mas na Verdade: (Veja João 1.11,12).

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169

Ele veio para o que era seu, e os seus não o receberam.

Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de

serem feitos filhos de Deus; aos que crêem no seu nome;

Assim Deus levantou um povo na Terra, com origem em todos

os povos, tribos e nações, que foram redimidos, cujas

vestiduras foram lavadas no sangue do Cordeiro e possuem a

marca da redenção. Esse povo constitui a Igreja.

Igreja então não é o templo que costumamos chamar de

igreja. Tão pouco o templo é o local da habitação de Deus.

Deus habita em cada ser que constitui a Igreja, conforme I

CORÍNTIOS 3.16:

―Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito de

Deus habita em vós?”

Então a Igreja não é uma sociedade, e sim um povo que se

reúne para louvar, bendizer seu santo nome e adorá-lo em sua

Santidade.

O período da Igreja também é um período chamado de

PLENITUDE DOS GENTIOS, porque os gentios ocupam o lugar de

Israel como povo de Deus na Terra.

Nesse intervalo, a Igreja é o Israel espiritual de Deus e

se constitui nos filhos de Abraão pela fé. A Igreja faz parte

daquela s estrelas da visão de Abraão em Gênesis 15.5. A

circuncisão da igreja é representada pelo sacramento do batismo

nas águas. Recomendo ler meu livro Os Mistérios do Batismo para

melhor entendimento dessa parte.

A IGREJA E AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL

Temos a promessa de Jesus, de que sua Igreja não verá a

Septuagésima Semana de Daniel. Ela existirá somente no

intervalo entre a 69ª e a 70ª semana. Jesus vem para arrebatar

a sua Igreja e levá-la para o céu antes de iniciar a

Septuagésima Semana de Daniel.

No período do desenvolvimento da Septuagésima Semana de

Daniel aqui na Terra, a Igreja já estará arrebatada e passará

pelo Tribunal de Cristo seguido da participação na grande festa

das Bodas do Cordeiro lá no céu.

Quando Jesus voltar do céu com poder e grande glória, como

a pedra sem auxílio de mãos do capítulo dois, ou como o Filho

do homem que se dirigirá ao Ancião de dias no capítulo oito,

nós (Igreja) estaremos com Ele nas nuvens, e voltaremos com Ele

nessa Terra, quando todo olho o verá.

No final da Septuagésima Semana de Daniel Jesus voltará

para instalar o Reino Milenar e nos reinaremos com Ele.

Apocalipse 5.10, Apocalipse 20.6.

A Igreja, portanto, não espera a 70ª Semana de Daniel, mas

espera a volta de Jesus que ocorrerá antes dela.

Page 171: DANIEL -   · PDF filedesolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo. ... Ver ainda 2 Crônicas capitulo 33. Regredindo ainda um pouco mais, em 2 Crônicas capítulo

170

Vamos, finalmente, estudar as Setenta Semanas de Daniel.

d) AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL

Vamos agora, depois de toda essa introdução, estudar as

Setenta Semanas de Daniel.

As Setenta Semanas de Daniel é o tempo que Deus reservou

ainda para seu povo. Fazia por volta de quinhentos anos que

Josué conquistara da Terra Prometida. Durante todo esse tempo

os judeus desrespeitaram o ano sabático e não deixaram a terra

descansar como a ordenança de Deus; por essa razão Deus os

entregara ao cativeiro de Babilônia pelos setenta anos nos

quais deixaram de cumprir a exigência de Deus. Setenta anos de

castigo por não terem sido obedientes em respeito à observância

da Palavra de Deus. Jeremias 25.11, Jeremias 25.12, Jeremias

29.10.

Agora Deus determina ainda mais outros quatrocentos e

noventa anos a fim de atender finalmente as angústias de

Daniel. O problema daquele povo era o pecado, a transgressão, a

desobediência, mas passados esses quatrocentos e noventa anos

que eram, ali, determinados sobre seu povo, então:

a) Extinguir-se-ia a transgressão.

b) Dar-se-ia fim aos pecados.

c) Expiar-se-ia a iniqüidade.

d) Haveria justiça e paz para sempre.

e) Seria extinta a visão e a profecia.

f) Seria ungido o Santo dos santos.

Cumpridas esta Setenta Semanas, determinadas sobre o seu

povo, esses seriam os objetivos a serem alcançados após as

Setenta Semanas. Ver Daniel 9.24.

“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e

sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a

transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a

iniqüidade, para trazer a justiça eterna, para selar a

visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos”.

Isto quer dizer que uma vez cumprida toda a profecia:

1- Não haverá mais transgressão em Israel. Após essa data

Israel entrará num estado de santificação absoluta.

2 - Não existirão mais pecados em Israel. Será uma época

ultra-humana para o povo judeu porque não estarão mais

sujeitos ao pecado. Não pecarão mais.

3 - Será expiada a iniqüidade, ou seja, ela será totalmente

paga, quitada e deixará de existir. É uma conseqüência das duas

Page 172: DANIEL -   · PDF filedesolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo. ... Ver ainda 2 Crônicas capitulo 33. Regredindo ainda um pouco mais, em 2 Crônicas capítulo

171

primeiras, pois em não havendo mais transgressões e nem mais

pecado, não haverá iniqüidade.

Transgressão pode ser entendida por um ato de ultrapassar

limites proibidos, um ato de transgredir, é o mesmo que cometer

infração.

Pecado pode ser entendido por um fato ligado a

desobediência, ligado ao fracasso, ligado ao erro.

É o mesmo que faltar ao cumprimento de uma lei. Em 1 João

3.4 está escrito que pecar é transgredir a lei de Deus.

Iniqüidade pode ser entendida por um ato de perversão.

Iníquo é a qualidade daquele que não pratica a eqüidade, ou não

pratica a justiça.

Assim sendo não haverá mais nem pecado, nem transgressão,

nem iniqüidade.

4 - Findo essa profecia, que é determinada sobre Judá e

Jerusalém, então haverá uma nova maneira de viver, onde reinará

a justiça eterna e num reinado de justiça, há paz e harmonia.

5 - Após o período das setenta semanas não haverá mais

necessidade nenhuma de visão ou profecia por essa razão elas

não existirão mais. O motivo é fácil de entender. Findo essa

profecia, (as Setenta Semanas), Jesus virá no final da

Septuagésima Semana e vencerá seus inimigos sem auxílio de mão

humana. Dirigir-se-á ao Ancião de dias de quem receberá o

reino eterno e para sempre permanecerá junto a nós. Se Jesus

está junto a nós, não há necessidade de visão ou profecia, pois

Ele mesmo nos dirá diretamente.

6 - E finalmente será ungido O Santo dos Santos.

Essa expressão é sem nenhuma dúvida relativa ao Templo dos

judeus que será restaurado logo no início da Septuagésima

Semana ou até mesmo pouco antes de ela se iniciar.

Após a restauração desse Templo ocorrerá a reinstalação do

sacrifício diário, como ainda veremos aqui. No decorrer da 70ª

semana, ocorrerá a profanação desse templo, na metade da

semana, quando houver o rompimento do concerto que a Besta fará

com muitos; mas após o final das Setenta Semanas de Daniel,

este santuário será ungido e consagrado, como local de

adoração, onde não haverá mais sacrifícios (já foi expiada a

iniqüidade, e não há mais transgressão) e Jesus em pessoa, Ele

mesmo, como Ele é, estará ali no Santuário por um período de

mil anos. Daí a unção do Santo dos santos.

A presença do trono de Jesus, que nessa época ocupará o

trono de Davi, será permanente. Nessa época Jesus será o rei

não somente dos Judeus, mas de toda a Terra.

Após o final da Setenta Semanas, não haverá mais governo

humano, mas somente o eterno (Daniel 7.27); pois estará

cumprida a profecia de Daniel capitulo dois e Daniel capitulo

8. Jesus é aquela pedra cortada sem uso de mãos do capitulo 2 e

Page 173: DANIEL -   · PDF filedesolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo. ... Ver ainda 2 Crônicas capitulo 33. Regredindo ainda um pouco mais, em 2 Crônicas capítulo

172

o Filho do Homem do capitulo 8 que recebeu o reino da mão do

Ancião de dias. Jesus será o único rei, quando ocupará a

posição de rei dos reis e Senhor dos Senhores.

Nessa época a Igreja já estará vivendo no Milênio, e terá

intima comunhão com Jesus. Todos os participantes da Igreja

arrebatada serão livres para irem à Jerusalém, a fim de

adorarem a Jesus, porque Ele permanecerá lá com o seu Trono,

onde será a capital mundial de seu governo.

O acesso a Jesus no reino Milenar será exclusivo aos seus

santos, exclusivo para aqueles que participaram da primeira

ressurreição. Os naturais não terão acesso a Jesus, mas apenas

aos seus ministros.

Assim o verso vinte e quatro nos fornece os objetivos a

serem conquistados após o cumprimento da profecia.

Daniel 9.25 - Sabe e entende: desde a saída da ordem

para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido,

ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as

praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos

angustiosos.

O verso vinte e cinco nos fornece a data do início da

profecia e divide as primeiras 69ª semanas em dois períodos. O

primeiro se inicia na data da saída da ordem para restaurar e

para edificar Jerusalém, com duração de sete semanas, já

seguido do segundo, com duração de sessenta e duas semanas,

terminando na manifestação do Ungido, o Príncipe.

“As praças e as circunvalações se reedificarão...” o que e’

circunvalações?

Circunvalar é o mesmo que cercar de fossos, valados ou

barreiras procurando se defender.

Circunvalações, portanto pode ser um obstáculo em volta de

uma povoação com o objetivo de protegê-la e pode ser um

parapeito que interrompe a comunicação de certa área com o seu

exterior.

“As praças e as circunvalações se reedificarão... mas

em tempos angustiosos”.

”então é uma referência ao escudo invisível de origem

satânica que envolverá e protegerá ao Anticristo. Mas isso será

em tempos angustiosos é uma referência ao sofrimento dos judeus

no período da Tribulação

DANIEL 9.26: Depois das sessenta e duas semanas, será

morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe

que há de vir destruirá a cidade e o Santuário, e o seu

fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra;

desolações são determinadas.

Daniel já naquela época, profetiza a morte do Messias a

qual, de fato ocorreu exatamente conforme a profecia.

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173

... e o povo de um príncipe, que há de vir, destruirá a

cidade e o santuário... (Daniel 9.26).

Aqui temos a apresentação de um príncipe, cujo povo

destruiu o Santuário. Ora o povo que destruiu o Santuário foram

os romanos. Na verdade esse Príncipe será o Anticristo. Como

esse príncipe será o Anticristo, então temos aqui com muita

clareza que o Anticristo terá raízes no povo romano.

―E o povo (de um príncipe que há de vir) destruirá a

cidade‖. ―Esse povo que destruiu a cidade‖ é uma referência ao

povo romano que sob o comando de Tito sitiou Jerusalém e

destruiu no ano 70 desta nossa era. Logo o Anticristo sairá do

Império Romano ressurgido. Como no momento não há um império

romano em atividade, esse império terá que ressurgir e

apresentar ao mundo esse príncipe.

Isto está compatível com a profecia do capítulo nove, verso

vinte seis, onde o pequeno chifre (o Anticristo) saiu dos dez

chifres do animal espantoso que representa Roma, e que tinha

olhos e boca e falava com insolência. E leia essa parte agora.

... e o seu fim será num dilúvio (com uma inundação).

E o seu fim será num dilúvio, é uma referência à

turbulência, à precipitação de grande angustia e sofrimento que

envolverá o final do Anticristo.

... e até ao fim haverá guerra; desolações são

determinadas.

―E até fim haverá guerra‖ é uma referência ao fato de que

Israel nunca teve paz.

―Desolações estão determinadas‖ e uma referência a alguns

episódios especiais de sofrimento pelo qual Israel deveria

passar, tais como:

** Destruição total de Jerusalém e do Templo.

** A dispersão total dos judeus que ficaram expatriados

perto de dois mil anos.

** A proibição durante muitos séculos de, sequer, visitarem

a terra de seus pais.

** Os diferentes episódios em que o mundo quis exterminar

os judeus, especialmente Hitler.

** O movimento sionista.

DANIEL 9.27 - Ele fará firme aliança com muitos por uma

semana;...

Esse ―ele‖ aqui é o príncipe do povo que destruiu a cidade,

que haveria de vir. Trata-se do Anticristo cuja manifestação só

ocorrerá após o Arrebatamento da Igreja, pois enquanto a Igreja

estiver aqui, o Espírito Santo de Deus impedirá a sua

manifestação. O Anticristo iniciará sua atuação como tal

somente durante os sete anos de Tribulação. Nesse período ele

agirá como imperador ou líder mundial. Após o Arrebatamento da

Igreja, ocorrerá a restauração do império romano.

Page 175: DANIEL -   · PDF filedesolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo. ... Ver ainda 2 Crônicas capitulo 33. Regredindo ainda um pouco mais, em 2 Crônicas capítulo

174

―Ele fará firme aliança com muitos por uma semana”;

Que aliança será essa?

Com quem foi essa aliança?

O que significa por uma semana?

Qual o por quê dessa aliança?

Essa aliança será um acordo que será realizado entre o

Anticristo e o povo de Israel a fim de um aparente beneficio

mútuo. Israel receberia proteção do Anticristo e o Anticristo

receberia o apoio dos judeus. Esta aliança, portanto será feito

com o povo de Israel, o que será possível devido a atuação do

Falso Profeta que será o grande parceiro do Anticristo nesse

final. Nesse período teremos a atuação do trio satânico: o

Dragão, o Anticristo e o Falso Profeta.

“Por uma semana‖ é uma referência ao tempo de duração da

aliança que seria de uma semana, isto é durante os sete anos da

Tribulação.

O porquê dessa aliança vamos analisar agora.

a1) O Anticristo tem muito pouco tempo para alcançar o auge

do domínio mundial, e para atingi-lo necessita de:

Poderio bélico Prestígio político Grande porte financeiro A2) Do outro lado temos os judeus necessitados de

proteção e força e, se necessário for, eles possuem

muito dinheiro para pagar essa força, essa

proteção.

B1) O Anticristo almeja conquistar o mundo e se tornar

seu Deus.

B2) Os judeus almejam e muito a restauração do sacrifício

diário.

C1) O Anticristo se constitui num ser de alta

concentração de poder (sua autoridade vem do

Dragão).

C2) Os judeus se constituem num povo abençoado, protegido

por Deus e pode ser a chave do prestígio político

internacional da Besta.

Sabemos que um apoio das potências, tais como: Vaticano,

EEUU, Inglaterra, Rússia, Japão, é muito é importante nessa

hora, afim do sucesso da Besta.

Então pode ser vantajoso para os dois: Israel e Anticristo

a realização de tal concerto.

―Firmará um concerto com muitos”, isso quer dizer que não é

a totalidade de Israel que aceitará o concerto, ou que

concordará com ele. Haverá um remanescente que será fiel aos

princípios do judaísmo e não participarão do concerto, dentro

de cujo grupo estarão os 144.000 de Apocalipse capítulo sete.

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175

“Na metade da semana fará cessar o sacrifício”

O que significa na metade da semana fará cessar o

sacrifício fará cessar o sacrifício?

Nesta Septuagésima Semana o Anticristo terá domínio

universal e será um broto do império romano ressurgido. No meio

dessa semana, isto é, depois de passados três anos e meio,

acontecerá um fato de suma importância que marcará essa metade

da semana e dividirá a Tribulação em duas partes:

A primeira parte é de uma aparente paz, aquela na qual existe uma esperança de que o Anticristo seja o homem da

solução. Coincide com o período da aliança

Nesta época, grande parte de Israel estará a favor da Besta

e do Falso Profeta. Faz parte do concerto firmado no início da

semana. Os judeus chegarão a aceitar o Anticristo como Messias.

Na segunda parte, logo após o rompimento da aliança, o povo de Israel sofrerá a maior perseguição já sofrida, desde

Faraó até então.

O rompimento dessa aliança ocorrerá:

1 ** Por parte do Anticristo por que:

O Anticristo já está no auge, não necessita mais do

prestígio dos judeus e nem de seu financiamento econômico.

Agora quem se levantar contra seu braço é destruído. O Anticristo necessita de solidificar ainda mais seu

poder, autoridade e autoritarismo. Por esse motivo, o

Anticristo profanará o Templo e se assentará no Trono de Deus

(profanará o local sagrado) e ainda matará as Duas Testemunhas.

O Falso Profeta dará apoio total a esse governador, que se

achará embriagado pelo poder, e levará o povo a adorá-lo como

Deus.

2 ** Por parte dos judeus:

O Anticristo profanará o templo, se assentando no

lugar sagrado e assumindo a posição de Deus.

O Anticristo ordena o cessar do sacrifício.

O Anticristo mata as duas testemunhas.

Nessa hora Israel como um todo, perceberá o barco furado em

que embarcaram e não mais aceitarão, sob hipótese alguma, que a

Besta ocupe o lugar do Altíssimo e o Anticristo se voltará

contra Israel.

Mas a derrota do Anticristo também já esta profetizada aqui

em Daniel 9.27.

... Até que a destruição, que está determinada, se derrame

sobre ele.

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176

O Anticristo será vencido pelo próprio Jesus em sua segunda

vinda, sem auxílio de mãos humanas e juntamente com o Falso

Profeta irá inaugurar o fogo eterno, onde será lançado vivo

pelo poder de Jesus. Jesus não usará arma alguma para destruí-

lo. Apenas o poder de sua real e excelsa majestade pode num

simples olhar destruir a todos.

Após esse episódio final, instalar-se-á o Julgamento das

Nações e o estabelecimento do Reinado Eterno, no qual nós, a

Igreja e os Santos de todos os tempos reinaremos com Ele!

Na metade da semana fará cessar o sacrifício... Daniel

9.27.

Isso ocorrerá a seguir do rompimento da aliança que

fora feita no inicio da Tribulação, exatamente na metade

do período dos sete anos. Será nesse momento que o

Anticristo matará as Duas Testemunhas do capitulo 11. 7 a

12, do Livro do Apocalipse e contaminará o Templo dos

judeus conforme podemos ler em 2 Tessalonicenses 2.4: ―o

qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus

ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no

Templo de Deus, querendo parecer Deus‖. Em seguida terá

inicio as perseguições dos judeus. Nesse período será

considerado crime o apoio ou a ajuda a qualquer judeu por

parte de qualquer nação. Fará cessar o sacrifício é uma

referência ao cessar dos sacrifícios que será reativado no

início da aliança. Esta atitude é de iniciativa exclusiva

do Anticristo.

RESUMINDO

SOBRE AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL

1- É uma profecia que diz respeito aos judeus e a cidade de

Jerusalém.

2- Fornece o perfil histórico da nação Israelita.

3- É dada a Daniel em resposta à sua angústia, petição e

sua fidelidade a Deus.

4- Não diz respeito à Igreja (não envolve a Igreja) em

nenhum momento.

5- Prevê com precisão a morte de Jesus e a dispersão dos

judeus, que ocorreu no intervalo entre a 69ª e a 70ª semanas.

6- Ainda não ocorreu o cumprimento total da profecia. Falta

a última semana.

7- Há um intervalo muito grande entre a 69ª e a 70ª

semanas, já se passaram por volta de dois mil anos.

8- Teve início em 14/03/445 a.C.

9- A 69ª semana terminou em 06-04-32 d.C.

SOBRE A 70ª E ÚLTIMA SEMANA

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- Iniciará após o Arrebatamento da Igreja.

- Haverá o estabelecimento de um pacto entre os judeus e

o Anticristo, logo no início da semana.

- Na metade da semana será rompido esse pacto.

- O Anticristo profanará o Templo na metade da semana.

- Haverá a assolação sobre Israel.

- Haverá o domínio total do Anticristo.

- O Falso Profeta estará a serviço do Anticristo.

- Ocorrerá a restauração do sacrifício e da oferta de

manjares.

AO FINAL DA PROFECIA

1 - Todo o Israel será salvo.

2 - Cessará a transgressão e o pecado.

3 - Expiar-se-á a iniqüidade.

4 - Será selada a visão e a profecia.

5 - Será ungido o Santo dos santos.

6 - Encerrará o período dos gentios.

7 - Jesus virá em sua segunda vinda.

8 - O Anticristo será derrotado com o Falso Profeta.

9 - Ocorrerá o Julgamento das Nações.

10 - Jesus será entronizado Rei dos reis e Senhor dos

senhores.

11 - Jesus instalará o Milênio.

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178

CAPÍTULO 10

A ÚLTIMA VISÃO DE DANIEL

Os capítulos 10,11 e 12 do Livro de Daniel fazem parte da

última visão de Daniel. Os três capítulos tratam de um mesmo

assunto. O capítulo 10 a visão, o capítulo 11 os eventos do

período interbíblico e o capítulo 12 trata do período da Grande

Tribulação que se seguirá ao Arrebatamento da Igreja.

Daniel agora já é avançado em dias e já se passaram dois

anos desde a primeira leva de repatriados a Jerusalém. Era o

terceiro ano do reinado de Ciro.

Daniel havia crescido muito em experiência, não só com

Deus, como também na vida social e política. Era um homem de

muita sabedoria e gozava de muito prestígio junto ao rei junto

ao povo.

Achava-se em perfeita comunhão com Deus e cheio do Espírito

Santo.

O capítulo 10 nos apresenta uma visão, sensu lato, isto é,

não é sonho. Isto fica muito claro porque “seus companheiros

fugiram” (ver verso sete).

Era a presença real de seres celestes, num cenário

profético de extraordinária repercussão para todo o mundo

vindouro.

Estudaremos os capítulos 10,11 e 12, num só bloco, pois

tratam de um só assunto e vamos dividir o bloco assim:

A visão - capitulo 10

O período interbíblico - capítulo 11. 2 - 25

Profecia para os dias finais - capítulos 11.36 em diante.

A VISÃO

Daniel 10. 1-21

1 - No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada

uma palavra a Daniel, cujo nome se chama Beltessazar; a palavra

era verdadeira, e envolvia grande conflito; ele entendeu a

palavra, e teve a inteligência da visão.

2 - Naqueles dias eu, Daniel, pranteei durante três

semanas.

3 - Manjar desejável não comi, nem carne nem vinho entraram

na minha boca, nem me untei com óleo algum, até que passaram as

três semanas inteiras.

4 - No dia vinte e quatro do primeiro mês, estando eu à

borda do grande rio Tigre,

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179

5 - levantei os olhos, e olhei, e eis um homem vestido de

linho, cujos ombros estavam cingidos de ouro puro de Ufaz;

6 - e o seu corpo era como berilo, o seu rosto como

relâmpago, os seus olhos como tochas de fogo, os seus braços e

os seus pés brilhavam como bronze polido, e a voz das suas

palavras como o estrondo de muita gente.

7 - Só eu, Daniel tive aquela visão; os homens que estavam

comigo nada viram, não obstante, caiu sobre eles grande temor,

e fugiram e se esconderam.

8 - Fiquei, pois, eu só, e contemplei esta grande visão, e

não restou força em mim; o meu rosto mudou de cor e se

desfigurou, e não retive força alguma.

9 - Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo-a,

caí sem sentido, rosto em terra.

10 - Eis que certa mão me tocou, sacudiu-me e me pôs sobre

os meus joelhos e as palmas das minhas mãos.

11 - Ele me disse: Daniel, homem mui amado, esteja atento

às palavras que te vou dizer, e levanta-te sobre os pés; porque

eis que te sou enviado. Ao falar ele comigo esta palavra, eu

me pus em pé tremendo.

12 - Então me disse: não temas, Daniel, porque desde o

primeiro dia, em que aplicaste o coração a compreender e a

humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras;

e por causa das tuas palavras é que eu vim.

13 - Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por

vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio

para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia.

14 - Agora vim para fazer-te entender o que há de suceder

ao teu povo nos últimos dias; porque a visão se refere a dias

ainda distantes.

15 - Ao falar ele comigo estas palavras, dirigi o olhar

para a terra, e calei,

16 - e eis que uma como semelhança dos filhos dos homens me

tocou os lábios; então passei a falar, e disse àquele que

estava diante de mim: Meu senhor, por causa da visão me

sobrevieram dores, e não me ficou força alguma.

17 - Como, pois, pode o servo do meu senhor falar com o meu

senhor? Porque, quanto a mim, não me resta já força alguma, nem

fôlego ficou em mim.

18 - Então me tornou a tocar aquele semelhante a um homem,

e me fortaleceu;

19 - e disse: Não temas, homem muito amado, paz seja

contigo; sê forte, sê forte. Ao falar ele comigo, fiquei

fortalecido, e disse: Fala meu senhor, pois me fortaleceste.

20 - E ele disse: Sabes por que eu vim a ti? Eu tornarei a

pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que

virá o príncipe da Grécia.

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21 - Mas eu te declararei o que está expresso na escritura

da verdade; e ninguém há que esteja ao meu lado contra aqueles,

a não ser Miguel, vosso príncipe.

Essa visão ocorreu no terceiro ano do rei Ciro. Nesta época

o Templo já havia sido reiniciado, conforme Esdras 1.1-3;

4.4,5.

Houvera um problema de continuidade na obra, pois os

Samaritanos haviam conseguido embargá-la. Por isso Daniel

estava triste e muito preocupado com o futuro de seu povo e da

sua cidade.

Aqui no capítulo 10 encontramos Daniel profundamente

envolvido em uma angústia, numa verdadeira preocupação, e o

problema era seu povo e sua Cidade Santa. Como já dissemos,

Daniel estava avançado em dias, já havia ocorrido a primeira

leva de retorno à Judéia sob o comando de Zorobabel e Jesua,

por volta de 540 a.C.. Daniel se põe em consagração e começa a

orar a Deus.

Daniel já tinha recebido a profecia das setenta semanas,

mas não tinha dela entendimento. Mas ele queria saber sobre seu

povo e sua Cidade Santa. Se observarmos o verso vinte, onde

temos a pergunta do anjo:

“Sabe por que eu vim a ti? (Daniel 10.20)

Cuja resposta está no verso doze

...por causa das tuas palavras é que eu vim, (Daniel

10.12), veremos que da parte de Deus a profecia ficaria

restrita às Setenta Semanas já apresentadas. Mas Daniel não se

dava por satisfeito e orou, jejuou, rogou, implorou, consagrou

a vida no altar de Deus e este o ouviu, enviando-lhe o anjo

mensageiro a fim de atender a sua oração.

No verso dois temos Daniel em prantos durante três

semanas. Aqui se trata certamente de três semanas de dias, e

não de anos como no caso do capítulo nove. Não só pranteava,

mas em jejum e oração.

Na verdade analisando-se o verso um sabemos que Daniel

recebera uma visão, e diz a Sagrada Escritura ―que ele a

entendeu e teve inteligência da visão.‖

Isso faz com que essa visão não seja a visão das Setenta

Semanas do capítulo nove. Pode ter ocorrido que Daniel tivesse

tido alguma visão que não foi relatada a nós, nem a ninguém, e

pelo que entendesse dela tivesse gerado toda essa situação de

verdadeiro desespero.

Daniel queria de Deus, na verdade, um entendimento global

sobre si, sobre seu povo e sobre sua cidade santa.

Daniel já era experiente em contatar-se com seres

angelicais, tanto que já conhecia a Gabriel, conforme lemos no

capítulo nove e verso vinte e um.

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181

No verso quatro, dá a entender que Daniel estava à margem

do Tigre, sem perder o contato com o céu, ainda em santificação

e jejum, junto com alguns companheiros. Não sabemos sobre a

atividade deles ali naquela hora, talvez estivessem pescando.

Pairava sobre o ambiente, provável silêncio, quando de repente

Daniel ergue os olhos e vê um ser vestido de linho.

... estando eu à borda do grande rio Tigre, levantei os

olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho... (Daniel

10.4,5)

Este homem, neste instante, referido no verso quatro e

cinco, não estava no chão, mas pairava na atmosfera, como que

de pé sobre o nada.

Era de raro esplendor e sua presença irradiava uma excelsa

glória.

Os companheiros de Daniel nada puderam ver porque tudo

aquilo era uma atenção de Deus para com Daniel, pois duas vezes

só nesse capítulo é chamado de homem mui amado (verso 11 e 19).

Deus estava respondendo à oração de Daniel e a resposta era,

para ele, uma espécie de coisa íntima entre Daniel e o Senhor.

Na verdade os companheiros não puderam ver, mas puderam

sentir a santificação do lugar, a presença do ser celestial e

por esse motivo fugiram. Isso faz com que essa visão seja real,

e não se trata de sonho ou arrebatamento de espírito.

Daniel havia orado já por vinte e um dias, consagrando—se

ao Senhor, em jejum, oração e pranto. Ver verso 2 e 3. No

terceiro dia após esse período ininterrupto de consagração,

Daniel ainda se acha enfraquecido pelo jejum prolongado Daniel

se acha às margens do Rio Tigre, junto com outros companheiros;

quem sabe pescando ou num culto adorando a Deus quando é

surpreendido por uma visão. Ver versos sete e oito.

Vinte e quatro dias se passaram e Daniel não perdera a

esperança. Agora eis aí um ser celestial em sua presença.

Certamente Daniel não o reconheceu como Gabriel, mas descreveu-

o com minúcias, dando-lhe uma glória próxima à glória de Jesus.

Era um homem, como se deduz do verso cinco, vestido de

linho e somente ele o via.

(Daniel 10.8) Fiquei, pois, eu só, e contemplei esta grande

visão,...

Todos fugiram, mas Daniel não podia fugir. Como aconteceu

no capítulo oito nos versos 17, 18 e 27.

Quando aquele ser angelical estrondou a sua voz, Daniel não

resistiu. Pois a voz de suas palavras era como o estrondo de

muita gente. Era uma voz de alta energia, e ao ouví-la, Daniel

desmaiou.

Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo-a, caí

sem sentido, rosto em terra. (Daniel 10.9)

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182

O homem carnal não tem estrutura para resistir à glória

celeste. É por esse motivo que antes de irmos para o céu

seremos transformados, porque essa carne e sangue não poderão

ver a glória de Deus.

A glória descrita de este ser angelical é compatível com a

do Filho do homem do Apocalipse, que é Jesus.

a) Vestido de linho fino

b) Ombros cingidos de ouro

c) O seu rosto como relâmpago

d) Os olhos como chama de fogo

e) Braços e pés reluzentes como bronze polido

f) Sua voz - estrondosa

São atributos que podem prefigurar a Jesus, mas certamente

esse ser aqui, em apreço, não é Jesus, nem tão pouco a pré-

figuração de Cristo.

Certamente se trata de anjo de alta categoria e esplendor,

mas não pode ser Jesus.

Quando esse ser angelical, mensageiro de Deus, vinha

trazendo a resposta a Daniel, já no início de sua oração, ele

foi barrado pelo príncipe da Pérsia, e não conseguiu passar por

ele. Ora qual príncipe, e muito menos o da Pérsia, pode segurar

Jesus? Qual é o ser, angelical ou não, espiritual ou não, de

espécie qualquer que seja, é capaz de barrar Jesus?!

Jesus só pode ser barrado por Deus, o Pai, e esse anjo foi

barrado e foi necessária a ajuda de outro anjo, no caso Miguel,

príncipe de Israel.

Miguel é anjo de elevada categoria, chefe dos exércitos

celestiais e guardião de Israel. Daniel 10.21 e 12.1

Há eruditos e profundos conhecedores da teologia e da

Teofania, que afirmam ser Jesus esse ser aqui em apreço, com o

que eu não posso concordar. Pois:

Primeiro: esse ser foi barrado por um anjo. Segundo: Daniel onze, verso 1; diz que esse anjo é o

mesmo ―do Dario, no primeiro ano de seu reinado‖ sendo que

esse anjo é Gabriel (Daniel 9.1, 21, 22 e 11.1)

Terceiro: no verso onze temos que esse ser é enviado: eis que te sou enviado... e a Jesus ninguém envia, senão o Pai.

Quarto: no verso doze o anjo se expressa: ... humilhar-te perante o teu Deus... Se tratasse de Jesus ele teria dito:

humilhar-te perante Mim, como ocorre em outras passagens da

Bíblia, onde Jesus é nitidamente identificado como O ANJO DO

SENHOR. Ver Gênesis 22.12 no caso do sacrifício de Abraão com

seu filho Isaque.

Não se discute sobre a glória desse anjo, pois assiste

direto diante do trono de Deus e deve, portanto, ser anjo de

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alta glória; mas seguramente não se trata de Jesus, como

afirmam algumas literaturas desse gênero.

Aqui temos alguns ensinamentos sobre o mundo oculto dos

anjos.

No verso treze vemos a declaração do anjo:

Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e

um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para

ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia.

(Daniel 10.13)

Observemos aqui, que o anjo já vinha com a resposta da

oração de Daniel, mas alguém, que ele chamou príncipe da

Pérsia, o resistiu; não deixou que ele passasse e viesse até

Daniel trazer-lhe a resposta. Esse príncipe da Pérsia

certamente é um anjo mal. Não pode se tratar de nenhum ser

humano, pois seres humanos não possuem condições de vencer um

anjo, e este o venceu, sendo necessária a intervenção de

Miguel.

Os anjos maus ocupam dois lugares que são citados na

Bíblia:

1) - As prisões, ou abismo, onde estão presos os piores

espíritos que não podem ficar em liberdade porque a sua maldade

é intensa e extensa. Por esse motivo permanecem em prisões a

fim de que a vida espiritual e material se desenvolva em certa

harmonia. Trata-se de seres de extrema revolta e profunda

maldade de modo a não conviverem com outros seres em liberdade.

2) - O espaço sideral e atmosférico que envolve a Terra.

Os judeus costumam considerar o espaço aéreo dos aviões,

das chuvas e dos ventos, como sendo o primeiro céu.

O espaço ocupado pelo sol e pelas estrelas, como sendo o

segundo céu. E consideram o terceiro céu um espaço onde se

localizam as cortes celestiais que servem ao Altíssimo e onde

também está o seu Trono.

Os anjos bons vivem a serviço de Deus e dos homens.

Os anjos maus vivem a serviço de Satanás, contra Deus e os

homens.

Entendemos dos versos treze e vinte que cada nação tem um

anjo MAU destinado a protegê-la a favor do mal. Entendemos

ainda que cada nação tem um anjo do bem que é o seu guardião

(anjo da guarda), e temos aqui como exemplo, a indicação de que

Miguel é o anjo guardião de Israel.

Podemos deduzir também daqui que os anjos maus lutam com os

anjos bons tendo os seres humanos como pivô da contenda.

Acredito que cada crente ao receber o bilhete da salvação,

lavando suas vestiduras no sangue do Cordeiro, recebe também,

da parte de Deus, um anjo da guarda, que deve protegê-lo dos

anjos maus. Quando aceitamos a Jesus passamos a ser alvos de

Satanás, que passa a rodear-nos, rugindo como leão buscando a

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quem possa tragar. 1 Pedro 5.8. Mas Deus nos dá um anjo capaz

de rebater esse rugir e ele não nos pode fazer mal algum. Ver:

Salmos 37.7; 91.11; Hebreus 1.4; Mateus 18.10; Atos 12.15.

Jesus, em Mateus 25.41, nos dá a entender que o diabo tem

anjos a seu serviço e em Apocalipse 12.7, temos:

...Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também

pelejaram o dragão e seus anjos.

Onde observamos que realmente existe luta entre os anjos

bons e os anjos maus. Aqueles defendendo os interesses de Deus

e dos homens e estes defendendo os interesses de Satanás. Forma

dois grupos opostos em constante peleja.

(Na defesa dos interesses de Satanás, os quais (desejos)

são destruir, roubar e matar).

A Bíblia cita Miguel como Arcanjo e o apresenta como chefe

dos exércitos celestiais e a Gabriel como Mensageiro que

assiste na presença do Altíssimo. Judas 9; Lucas 1.19; Daniel

8.16; 9.21.

Mas vamos voltar onde temos Daniel caído, no verso nove,

onde se acha sem sentido com o rosto em terra, diante da glória

daquele ser celeste.

Eis que certa mão me tocou, sacudiu-me e me pôs sobre os

meus joelhos e as palmas das minhas mãos. (Daniel 10.10)

Daniel fora pego pelo anjo, provavelmente pelo tronco, e

colocado de ―quatro pés‖. Daniel não tinha condições de

permanecer de pé, achava-se apoiado sobre os joelhos e a palma

das mãos, quando o anjo lhe dá uma declaração que o coloca como

privilegiado de Deus:

Ele me disse: Daniel, homem muito amado, está atento às

palavras que te vou dizer, e levante-te sobre os pés;...

(Daniel 10.11).

Deus não fala com homem caído, Deus não fala com homem que

anda ou permanece de quatro pés, Deus não aceita homem caído e

tão pouco seus mensageiros angelicais aceitam, pois falam em

nome do Altíssimo.

Deus para falar com Ezequiel, ordenou-lhe:

Põe-te em pé e falarei contigo! Ezequiel: 2.1

Aquelas palavras, seguidas de algumas sacudidelas (Verso

10), fez com que Daniel se levantasse e continuasse a ouvir o

anjo que disse:

...Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia, em que

aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu

Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e por causa das tuas

palavras é que eu vim. (Daniel 10.12)

Vejamos que todo esse cenário ocorreu porque Daniel se

preocupou em compreender e saber sobre o seu povo e sua cidade

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santa. No verso quatorze temos o anjo esclarecendo exatamente

esse ponto de vista:

DANIEL 10.14 - Agora vim para fazer-te entender o que há de

suceder ao teu povo nos últimos dias;...

Daniel era muito amado e Deus não resistiu o seu jejum. O

anjo veio para detalhar a Daniel todo o futuro de seu povo, no

período interbíblico, como veremos, e no final dessa

dispensação em que vivemos, pois no verso quatorze temos:

... Porque a visão se refere a dias ainda distantes.

Referindo-se à Septuagésima Semana da profecia anterior.

Vamos aqui fazer uma distinção entre: últimos dias e

derradeiros dias.

Últimos dias é uma expressão que foi usada por Jesus para

indicar os dias que antecedem ao Arrebatamento da Igreja. São

indicativos da volta de Jesus e indicam o final do período da

Graça.

Derradeiros dias é uma expressão que se refere aos dias

finais coincidentes com a Septuagésima Semana, o período da

Tribulação.

Daniel se achava como que bêbado, com suas forças

exauridas. Era um misto de medo de fraqueza e de dor. Era

difícil permanecer em pé, mas o anjo renova as suas forças, num

novo toque.

Verso dezesseis - E eis que uma como semelhança dos filhos

dos homens me tocou os lábios; então passei a falar e disse

àquele que estava diante de mim: ... (Daniel 10.16)

Daniel recobra a energia da fala e conversa com aquele ser

celestial.

Verso dezesseis e dezessete - Meu Senhor, por causa da

visão me sobrevieram dores, e não me ficou força alguma. Como,

pois, pode o servo do meu senhor falar com o meu senhor?

(Daniel 10.16,17)

Daniel estava com falta de ar, cansado e fraco, seu estado

débil necessitava de apoio e renovação, então o anjo o toca

novamente. Aqui nesse verso dezesseis temos o esclarecimento do

verso quinze onde diz:

DANIEL 10.16 -...uma como semelhança dos filhos dos homens

me tocou os lábios;...

Aqui no verso dezoito temos: Então me tornou a tocar aquele

semelhante ao homem, e me fortaleceu. (Daniel 10.18)

Isso quer dizer que aquele ser celestial tinha a forma

absolutamente compatível com um homem.

E assim Daniel recebe as forças necessárias para permanecer

de pé e receber do anjo a resposta aos seus anseios.

No verso vinte o anjo expõe a Daniel que ainda voltará a

pelejar com o príncipe da Pérsia, não somente com ele, mas

também com o príncipe da Grécia. Fica bem claro aqui a

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persistência dos anjos do mau em lutarem contra as forças do

bem.

Mas o anjo irá revelar a Daniel o futuro de seu povo, mesmo

estando sozinho contra as hostes espirituais da maldade, pois

pode contar com Miguel, o único que está a seu lado.

Verso vinte e um - Mas eu te declararei o que está expresso

na escritura da verdade; e ninguém há que esteja ao meu lado

contra aqueles, a não ser Miguel, vosso príncipe. (Daniel

10.21)

No capítulo onze, onde tem seqüência o cenário do capítulo

dez, o anjo vai falar sobre dois futuros:

a) Um futuro mais próximo, a seguir dos dias de Daniel,

envolvendo a história das nações vizinhas e Israel. Essa

descrição vai até o verso trinta e cinco.

b) Um futuro distante, ligado ao tempo do fim, que pula o

grande intervalo da 69ª semana e a 70ª Semana de Daniel,

evidentemente sem nenhuma menção desse intervalo.

Os primeiros versículos apresentam a Daniel a história de

seu povo por todo o período que se segue, através do período

interbíblico, até por volta dos 60 a.C.

Vale dizer que essas profecias foram literalmente

cumpridas. Isso nos conclama e nos exorta a acreditar no

restante da profecia que ainda não se cumpriu; essa parte se

estende do verso trinta e seis em diante, incluindo o capítulo

doze.

Vejamos agora, primeiro sobre o futuro próximo, dividindo

essa fase em duas partes:

Capítulo 11 - versos 1 ao 20 – Até Antíoco Epifânio

Capítulo 11 - versos 21 ao 35 - Período de Antíoco Epifânio

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CAPÍTULO 11

ANTÍOCO EPIFÂNIO

Daniel capítulo 11.1-20

1 - Mas eu, no primeiro ano de Dario, o medo, me levantei

para o fortalecer e animar.

2 - Agora eu te declararei a verdade: Eis que ainda três

reis se levantarão na Pérsia, e o quarto será cumulado de

grandes riquezas mais do que todos; e, tornado forte, por suas

riquezas, empregará tudo contra o reino da Grécia.

3 - Depois se levantará um rei, poderoso, que reinará com

grande domínio, e fará o que lhe aprouver.

4 - Mas, no auge, o seu reino será quebrado, e repartido

para os quatro ventos do céu; mas não para a sua posteridade,

nem tão pouco segundo o poder com que reinou, porque o seu

reino será arrancado e passará a outros fora de seus

descendentes.

5 - O rei do Sul será forte, como também um de seus

príncipes; este será mais forte do que ele, e reinará e será

grande o seu domínio.

6 - Mas, ao cabo de anos, eles se aliarão um com o outro; a

filha do rei do Sul casará com o rei do Norte, para estabelecer

a concórdia; ela, porém, não conservará a força do seu braço,

ele não permanecerá, nem o seu braço, porque ela será entregue,

e bem assim os que a trouxeram, e seu pai, e o que a tomou por

sua naqueles tempos.

7 - Mas de um renovo da linhagem dela um se levantará em

seu lugar, e avançará contra o exército do rei do Norte e

entrará na sua fortaleza, agirá contra eles, e prevalecerá.

8 - Também aos seus deuses com a multidão das suas imagens

fundidas, com os seus objetos preciosos de prata e ouro, levará

como despojo para o Egito; por alguns anos ele deixará em paz o

rei do Norte.

9 - Mas depois este avançará contra o reino do rei do Sul,

e tornará para a sua terra.

10 - Os seus filhos farão guerra, e reunirão numerosas

forças; um deles virá apressadamente, arrasará tudo e passará

adiante; e, voltando à guerra, a levará até à fortaleza do rei

do Sul.

11 - Então este se exasperará, sairá, e pelejará contra

ele, contra o rei do Norte; este porá em campo grande multidão,

mas a sua multidão será entregue nas mãos daquele.

12 - A multidão será levada, e o coração dele se exaltará;

ele derrubará miríades, porém não prevalecerá.

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13 - Porque o rei do Norte tornará, e porá em campo

multidão maior do que a primeira, e ao cabo de tempos, isto é,

de anos, virá à pressa com grande exército e abundantes

provisões.

14 - Naqueles tempos se levantarão muitos contra o rei do

Sul; também os dados à violência dentre o teu povo se

levantarão para cumprirem a profecia, mas cairão.

15 - O rei do Norte virá, levantará baluartes, e tomará

cidades fortificadas; os braços do Sul não poderão resistir,

nem o seu povo escolhido, pois não haverá força para resistir.

16 - O que, pois, vier contra ele, fará o que bem quiser, e

ninguém poderá resistir a ele; estará na terra gloriosa, e tudo

estará em suas mãos.

17 - Resolverá vir com a força de todo o seu reino, e

entrará em acordo com ele, e lhe dará uma jovem em casamento,

para destruir o seu reino; isto, porém, não vingará, nem será

para a sua vantagem.

18 - Depois se voltará para as terras do mar, e tomará

muitas; mas um príncipe fará recair este opróbrio e ainda fará

recair este opróbrio sobre aquele.

19 - Então voltará para as fortalezas da sua própria terra;

mas tropeçará e cairá, e não será achado.

20 - Levantar-se-á, depois em lugar dele, um que fará

passar um exator pela terra mais gloriosa do seu reino; mas em

poucos dias será destruído, e isto sem ira nem batalha.

Aqui nós temos apresentada a história relativa ao povo de

Israel desde Daniel até Antíoco Epifânio, já por de 170 a.C.

Como podemos ver, no período interbíblico, quando se costuma

dizer que não houve profecia, na verdade este período está

totalmente profetizado aqui no capítulo onze de Daniel, e isto

com minúcias que somente um Deus como o nosso poderia fazê-lo.

Vale salientar que toda essa profecia do capítulo onze, desde o

verso dois até o vinte, se cumpriu verso a verso, como veremos

agora.

As profecias do Capítulo onze, versos de um a vinte

até Antíoco Epifânio

O capítulo onze inicia no verso um, onde o anjo se

identifica como aquele do ―primeiro ano de Dario‖, uma

referência à profecia das Setenta Semanas do capítulo nove e

que nos leva a identificar esse anjo como sendo Gabriel.

Daniel 9.1,21. Trata-se também do mesmo anjo da visão do

capítulo 8.16, exatamente onde se tem a identificação do ser

como sendo Gabriel.

Esse Dario referido aqui no verso um, Dario, o medo, é o

mesmo do capítulo cinco, verso trinta e um, que foi constituído

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189

rei sobre a Babilônia por Ciro, o persa. Foi um rei que teve

alta estima e consideração para com Daniel, diante de quem

Daniel era homem de muito apreço. Dario colocou a Daniel como

presidente de seus presidentes e confiou em suas mãos as rédeas

de seu governo.

Esse Dario é filho de Assuero, citado em Daniel, capítulo

nove verso um. Mas esse não é o Assuero de Ester capítulo um e

verso um.

Os nomes dos reis são muito confusos e é muito complicado

identificá-los com precisão. Falaremos ainda sobre esses reis.

Então no verso um, temos a perfeita identificação desse

anjo.

DANIEL 11.1 - “Mas eu, no primeiro ano de Dario, o medo,

que levantei para o fortalecer e animar.”

Isto é dito pelo anjo que continua no verso dois: “Agora eu

te declararei a verdade”... (Daniel 11.2)

Dá a entender que o anjo não deu a Daniel uma visão

completa no capítulo nove e veio agora completá-la.

Essa expressão não quer dizer que o anjo não lhe tenha

declarado a verdade no capítulo nove, mas sim uma verdade mais

global, mais simplificada, de modo que Daniel teve dificuldade

em entendê-la.

Vale salientar aqui que o anjo só veio trazer mais profecia

por insistência de Daniel, como se vê no início do capítulo

dez.

O anjo então inicia a história antes de ela acontecer, a

fim de que Daniel tenha a resposta aos seus anseios:

DANIEL 11.2 -... Eis que ainda três reis se levantarão na

Pérsia, e o quarto será acumulado de grande riquezas mais do

que todos; e, tornado forte, por suas riquezas, empregará tudo

contra o reino da Grécia.

Aqui temos uma referência a três reis e um quarto rei que

seria muito rico, que se seguiriam após o atual Ciro, então rei

no instante da visão.

Vamos vasculhar um pouco a história a fim de vermos que

reis são esses.

O rei vigente no momento dessa visão era Ciro, o persa, no

ano terceiro de seu reinado. Ciro reinou até 529 a.C.

Depois de Ciro temos:

1- Cambises II que era filho de Ciro. É citado em Esdras

capítulo quatro e verso seis como sendo Assuero. Este rei é

aquele que bloqueou a restauração do Templo, tendo embargado a

obra por nove anos, conforme se pode ler em Esdras capítulo

quatro e verso vinte e quatro.

Esse rei também foi conhecido por Xerxes I, sendo que a

Bíblia se refere a ele como Artaxerxes I. Segundo a história

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190

dos hebreus por Flávio Josefo, morreu em Damasco, quando

voltava do Egito. Reinou por volta de 529 a 522 a.C.

2- Artaxerxes II, que foi o substituto efetivo de Cambises

II, mas o foi após um período conturbado, no qual alguns magos

reinaram por período muito curto, sendo deposto pelos

principais chefes das mais destacadas famílias Persas.

Artaxerxes reinou muito pouco: de 522 a 521 a.C., após o que

subiu o terceiro rei.

3- Dario II, filho de Histape. Esse rei reinou de 521 a 485

a.C. e foi este rei o pai de Assuero, o marido de Ester (Ester

1.1). Este rei permitiu que se concluísse o Templo, a partir

do segundo ano de seu reinado, sob Zorobabel, época do retorno

a Jerusalém de Zorobabel com Jesua. O templo foi concluído em

516 a.C.

4- Esse quarto rei, filho de Dario III, chamado de Xerxes

por Flávio Josefo e chamado de Assuero em Ester 1.1, reinou de

485 a 465 a.C. E entrou na história universal com o nome de

Xerxes. Este foi o quarto rei de que fala o verso dois, sendo

ele o rei mais rico de todo o reinado persa. Foi ele quem

lutou contra a Grécia e se tornou marido de Ester, a judia,

cuja história está no Livro de ESTER. Foi o rei que teve o

grande relacionamento de Esdras.

5- Artaxerxes II, que é citado em Esdras capítulo sete e

verso um, e Neemias capítulo treze e verso um, é filho do rei

Assuero, marido de Ester. Portanto tendo a Ester como madrasta

(é enteado de Ester). Ficou conhecido na história como

LONGÂNIMO. Foi no vigésimo ano de seu reinado que se decretou

o Edito da ordem para edificar Jerusalém, data do início das

Setenta Semanas. É por isso que o anjo diz a Daniel:

Daniel 11.2 - Eis que ainda três reis se levantarão na

Pérsia, e o quarto será cumulado de grandes riquezas mais do

que todos;... Depois desse quarto rei, terá início as Setenta

Semanas do Capítulo Nove.

Na verdade esse rei não foi o quinto, e sim o quarto,

porque se formos rigorosos, o segundo rei apresentado aqui como

Artaxerxes I, não reinou, mas teve um reinado de transição

entre o primeiro e o terceiro, aqui apresentado como Dario,

Persa, filho de Histape.

Após esse rei, ainda tivemos na Pérsia:

6- Dario III - 424 a 404 a.C.

7- Artaxerxes III - 404 a 359 a.C.

8- Artaxerxes IV - 359 a 338 a.C.

9- Dario IV - 335 a 331 a.C.

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191

Sendo esse último vencido por Alexandre o Grande e os

persas passaram a ser subjugados pelos gregos.

Esse Alexandre é o rei valente do verso três.

Depois se levantará um rei, poderoso, que reinará com

grande domínio, e fará o que lhe aprouver... (Daniel 11.3)

Quando estamos lendo o capítulo onze, e lemos o verso um,

seguido do verso dois e em seguida o verso três, dá uma

impressão de que após o quarto rei já vem ―o rei poderoso‖ do

verso três; mas isso não é verdade, pois ocorre um intervalo

entre o quarto rei do verso dois e o rei poderoso do verso

três, de aproximadamente cento e trinta e quatro anos, quando

temos ainda mais quatro reis (que são o sexto, sétimo, oitavo e

nono).

Quando o anjo se expressa:

“Ainda se levantarão três reis na Pérsia, cujo quarto o

mais rico”, ele se referia à novidade, ou data marcante para o

povo de Daniel, que seria o início das Setenta Semanas, na

vigência do quinto rei. É como se ele tivesse dito assim:

―Daniel haverá ainda quatro reis na Pérsia, quando então

iniciará a profecia referente às setenta semanas que estão

determinadas sobre o teu povo e tua cidade de Jerusalém.”

Veja que o verso três inicia: ―DEPOIS”...

Depois do início das Setenta Semanas, então, virá um rei

poderoso que reinará com grande domínio... (Daniel 11.3)

É necessário ter em mente que a preocupação de Daniel era o

SEU povo, e não o universo! Por isso o anjo só enfoca aquilo

que tiver relação com ISRAEL e o que realmente é importante

para Israel. A prova disso é que os quatro reis que se seguirão

a Artaxerxes III não tem nenhuma menção do anjo, porque em nada

foram importantes para Israel.

O verso três, após um hiato de aproximadamente cento e

trinta anos, nos apresenta um rei que:

a) Será poderoso

b) Reinará com grande domínio

c) Fará o que lhe aprouver.

Trata-se de Alexandre, o grande, que conquistou o mundo

todo. Teve um reinado muito curto, de apenas doze anos, e

instituiu o terceiro império mundial, o grego. Este é o império

que corresponde:

Ao ventre e quadril de bronze da estátua do capítulo dois de Daniel 2.39.

Ao leopardo do capítulo sete que tinha nas costas as

quatro asas, e também tinha quatro cabeças, a quem foi dado

domínio. Daniel 7.6

Ao bode do capítulo oito verso cinco, que tinha um chifre notável entre os olhos.

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192

Alexandre foi um grande general de guerra e tinha um

exército cujos homens eram de extraordinário valor, coragem e

habilidade bélica.

Segundo Flávio Josefo, Alexandre foi muito benevolente com

o povo judeu, e lhe permitiu manter as tradições de seus

antepassados. Uma das grandes glórias de Israel foi ter homens

Hebreus participando de seu exército.

A história diz que o exército de Alexandre era de tal

eficácia e seus guerreiros de tal força e habilidade que ele

não trocava UM só de seus soldados por MIL homens de outros

exércitos.

Alexandre conquistou Babilônia por volta de 330 a.C. E em

pouco tempo, em apenas seis anos, era senhor do mundo todo.

Mas o verso quatro diz:

Mas, estando ele em pé, o seu reino será quebrado, e será

repartido para os quatro ventos do céu; mas não para a sua

posteridade, nem tão pouco segundo o poder com que reinou;

porque o seu reino será arrancado, e passará a outros. ARC.

(Daniel 11.4).

Isso corresponde ao bode que investiu sobre maneira sobre o

carneiro e ―na sua força quebrou-lhe o grande chifre”. Esse

grande chifre é Alexandre, que morreu no auge de sua força.

Depois da morte prematura deste grande homem, o império recém-

nascido foi dividido entre quatro de seus generais.

Esses generais que receberam o reino não eram da família de

Alexandre, pois este não deixou posteridade, o que cumpriu a

mensagem profética: mas não para sua posteridade ARC. Ou

passará a outros fora de seus descendentes. ARA.

Alexandre na realidade teve um filho que foi assassinado

ainda pequeno e tinha um irmão insano. Assim não teve herdeiros

para o trono.

Os generais que dividiram o império foram:

1- Pitolomeu: Egito ao Sul.

2- Seleuco: Síria e Babilônia

3- Lisimaco: Macedônia

4- Cassandro: Ásia Menor e Trácia

E assim se cumpriu a profecia de que seu reinado passaria

para quatro outros, não de sua família. Estes reinaram, mas não

com a autoridade de Alexandre, como afirma a profecia, nem tão

pouco com o poder com que reinou. (verso quatro).

Esses quatro reis correspondem aos quatro chifres notáveis

do capítulo oito verso oito, que surgiram no lugar do grande

chifre que representa Alexandre.

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193

Verso cinco: O rei do Sul será forte, como também um de

seus príncipes; este será mais forte do que ele, e reinará e

será grande o seu domínio. (Daniel 11.5)

Esse versículo fala do rei do Sul. Ora o rei do sul foi

Pitolomeu que ficou com o Egito. Fala-se aqui de ―um de seus

príncipes‖ e sobre esse se diz que será mais forte ainda que

Pitolomeu, e aquele terá grande domínio.

A partir daqui a bússola profética se volta para o sul do

Egito e enfocará também o reino do norte, a Síria.

Pitolomeu, rei do Egito, introduziu uma dinastia egípcia

que teve quatorze reis, que reinaram desde 330 até o final do

reinado, por volta de 30 a.C., quando foram dominados pelos

romanos.

Seleuco, governador do Norte, também introduziu uma

dinastia forte, estável, que reinou também até o final, por

volta de 63 a.C. Quando foram dominados pelos romanos.

Esse rei do Sul que será forte, citado no verso cinco,

trata-se de Pitolomeu Soter I, que reinou de 323 a 285 a.C.

(Egito). O príncipe que fala no mesmo versículo é Seleuco I

Nicator, que veio a se tornar rei da Síria e se transformou no

mais poderoso rei, cujo domínio foi o maior e que iniciou a

Dinastia dos Selêucidas (Síria). (311 a 280 a.C.)

A seguir de Pitolomeu Soter I no Egito, tivemos Pitolomeu

II Filadelfo que reinou de 285 a.C.a 246 a.C., e foi

substituído por Pitolomeu III. (Energetes I) de 2546 a 221

a.C.).

Pitolomeu IV, Filopatro de 221 a 205 a.C. Referência:

Macabeus 1.1-5.

A Palestina ficou inicialmente sob o domínio do Egito até

por volta de 200 a.C. quando através de Antíoco III, da Síria,

expulsou os egípcios da Palestina e os Selêucidas passaram a

dominar a Palestina.

Pitolomeu V reinou de 205 a 180 a.C. (Esse foi expulso da

Palestina por volta de 200 a.C.)

Pitolomeu VI reinou de 180 a 145 a.C.

Pitolomeu VII reinou de 145 a 116 a.C.

Assim tivemos uma visão panorâmica da Dinastia dos

Pitolomeus do Egito.

Os nomes dos reis são muito confusos, e é muito complicado

identificá-los com precisão. Falaremos ainda sobre esses reis.

Os nomes dos reis se complicam ainda mais quando sabemos,

por exemplo, que:

ASSUERO: - não é nome, mas é uma expressão Hebraica que

quer dizer PODEROSO.

XERXES: - não é nome, mas é uma expressão grega que quer

dizer PODEROSO.

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194

Nessa: Assuero = Xerxes!!! Onde um é Hebraico e o outro é

grego.

DARIO: - não é nome, mas é um expressão que quer dizer

MANTENEDOR em linguagem dos Persas.

No verso seis lemos: Mas, ao cabo de anos, eles se aliarão,

e a filha do rei do sul virá ao rei do norte para fazer um

tratado; mas não conservará a força de seu braço; nem ele

persistirá, nem o seu braço, porque ela será entregue, e os que

a tiverem trazido, e seu pai, e o que a fortalecia naqueles

tempos. ARC. (Daniel 11.6)

Aqui temos uma profecia que vê a união dos reinos do Norte

(Síria) e do Sul (Egito).

Essa aliança veio ocorrer por volta de 250 a.C.,

apresentando um espaço de aproximadamente setenta anos entre os

versos cinco e o verso seis.

O verso cinco fala do início dos reinados, por volta de 320

a.C., mas a união profetizada veio ocorrer em 250 a.C. Quando

Pitolomeu II, Filadelfo arma todo um plano utilizando-se de sua

filha Berenice.

O rei do Norte envolvido nessa união (que é uma verdadeira

trama) é Antíoco Theos, que nessa época estava casado com

Laodice.

“A filha do rei do Sul (Berenice) se casará com o rei do

Norte (Antíoco Theos) para estabelecer a concórdia (união dos

dois reinos).‖

Como vemos, a união dos dois reinos foi resultado de um

acordo das lideranças, onde Antíoco Theos deveria se divorciar

de Laodice, casar-se com Berenice e ter um filho com ela, de

modo que esse filho seria herdeiro do trono.

Mas esse plano não deu nada certo porque morreu Pitolomeu

II e Antíoco Theos voltou com Laodice e dispensou a Berenice.

Mas nessa altura Laodice não confiava mais em Antíoco Theos e

matou os dois envenenados, temendo nova separação ou divórcio.

Isso vem cumprir a profecia do verso seis que diz:

...”porém não conservará a força do seu braço, ele não

permanecerá, nem o seu braço (morte de Pitolomeu II) porque ela

será entregue, (se casará) e bem assim os que a trouxeram, e

seu pai, (os egípcios ficaram sem o herdeiro filho de Berenice

e Antíoco Theos) e o que a tomou por sua naqueles tempos.

(Antíoco que também morreu).

Assim Deus vê e mostra profeticamente a Daniel um futuro

onde se desenvolve todo cenário quase um século depois e morrem

os três maiorais envolvidos na trama dessa união interesseira,

sem conseguirem nada do seu intento.

Verso sete: - Mas do renovo das suas raízes um se levantará

em seu lugar, e virá com o exército, e entrará nas fortalezas

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195

do rei do norte, e operará contra elas, e prevalecerá. (ARC)

(Daniel 11.7)

Trata-se de uma profecia que é favorável ao rei do Sul, que

veio a se cumprir com Pitolomeu III, Energetes ( 246-221aC.)

que era irmão de Berenice, portanto filho de Pitolomeu II.

Ele investiu contra a Síria e a conquistou. Conquistou

também Babilônia e as terras de Suzã, na Pérsia, e matou a

Laodice, que assassinara sua irmã com Antíoco Theos, rei da

Síria.

Assim Daniel foi recebendo do anjo o descortinar da

história no período interbíblico que ficou profetizado aqui com

detalhes impressionantes.

Pitolomeu III levou para o Egito como despojo muitas

riquezas da Síria e levou também seus deuses e suas imagens

fundidas. (Verso oito)

Após esse episódio ocorreu um período de relativa paz entre

o sul e o norte, como se vê no verso oito.

Verso oito: - Também aos seus deuses com a multidão das

suas imagens fundidas, com os seus objetos preciosos de prata e

ouro, levará como despojo para o Egito; por alguns anos ele

deixará em paz o rei do Norte. (Daniel 11.8)

Mas essa paz não é muito duradoura, pois o verso nove diz:

Mas depois este avançará contra o reino do rei do Sul, e

tornará para a sua terra. (Daniel 11.9)

Aqui vemos uma retomada do rei do Norte, refeito e

recuperado daquela derrota vista nos versos sete e oito.

Foi Seleuco Calínico que invadiu o Egito com um poderoso

exército por volta de 240 a.C., contra Pitolomeu III (aquele

que era o irmão de Berenice). Mas Seleuco Calínico teve a

infelicidade de enfrentar uma terrível tempestade. Foi

derrotado pela força selvagem da natureza, voltando mesmo sem

enfrentar o Egito. Morreu em seguida a esse episódio: ... e

tornará a voltar a sua terra.

O verso dez fala dos filhos de Seleuco Calínico que

reuniram força numerosa, a fim de vencer o Sul.

Verso dez: - Os seus filhos farão guerra, e reunirão

numerosas forças; um deles virá apressadamente, arrasará tudo e

passará adiante; e, voltando à guerra, a levará até à fortaleza

do rei do Sul. (Daniel 11.10)

Esse ―um deles‖, que fala o verso dez, é Seleuco III (226-

223 a.C.), que se tornou forte e consolidou o seu reino e,

através de uma sucessão de vitórias, se impôs sobre as

províncias do Egito que estavam na Ásia menor.

O outro filho de que trata o versículo é Antíoco III,

também conhecido por Antíoco, o Grande. Este era um sujeito

muito ambicioso e se interessou em subjugar a Palestina.

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196

Antíoco III invadiu a Palestina e estando já de posse da

cidade de Jerusalém recebeu um contra ataque de Pitolomeu

Epifânio, sendo vencedor o rei da Síria, Antíoco III, o grande.

Verso dez:- ... e voltando à guerra, a levará até à

fortaleza do rei do Sul. É a parte da profecia referente a

essa batalha, pois a Palestina sempre foi objeto de cobiça dos

dois reinos. Antíoco III reinou de 223 a 187 a.C.

O verso onze novamente trará um hiato com o verso dez, e

trata de uma nova luta entre o Norte e o Sul.

Verso onze: - Então este se exasperará, sairá, e pelejará

contra ele, contra o rei do Norte; este (rei do Norte) porá em

campo grande multidão, mas a sua multidão será entregue nas

mãos daquele. (do rei do Sul) (Daniel 11.11)

Esse verso se refere ao rei Pitolomeu Filopater, algum

tempo depois, mais precisamente em 217 a.C., no quinto ano de

seu governo.

- Então se exasperará e sairá. É a referência de quando

Filopater saiu do Egito e invadiu repentinamente a Síria,

quando Antíoco, o Grande; saiu em seu encontro com grande

multidão, mas Pitolomeu Filopater foi mais astuto e mais

poderoso e aquela multidão foi dominada por Pitolomeu., onde

vemos o cumprimento da profecia; mas a sua multidão será

entregue nas mãos daquele. (o rei do Sul)

O motivo dessa invasão foi retomar a Palestina, de onde

havia sido expulso pelo próprio Antíoco III, conseguindo assim

dominar novamente a terra gloriosa.

Filopater morreu em 205. Foi um rei que odiava o povo

judeu, devido sua fé e sua religião monoteísta.

Verso doze: - A multidão será levada, e o coração dele se

exaltará; ele derrubará miríades, porém não prevalecerá.

(Daniel.11.12)

Aqui é uma referência ao rei do Sul que anexou ao seu

exército os remanescentes do exército sírio, ficando com um

gigantesco exército, o maior daqueles dias.

Em 205 morreu Pitolomeu Filopater e Antíoco III continuou

rei da Síria. Antíoco nunca aceitou a derrota para o Egito e

reorganizou um novo exército, sendo esse ainda mais numeroso

que o primeiro, e assim que morreu Pitolomeu Filopater, invadiu

o Egito, quando o trono era ocupado pelo Infante Pitolomeu

Epifânio, por volta de 203 a.C.

Verso treze:- Porque o rei do Norte tornará, e porá em

campo multidão maior do que a primeira, e ao cabo de tempos,

isto é, de anos, virá à pressa com grande exército e abundantes

provisões. (Daniel 11.13)

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197

Aqui nessa invasão se cumpre a profecia do verso doze, onde

diz: não prevalecerá, e o Egito foi derrotado, sendo a duração

de sua vitória muito efêmera.

E assim a Síria volta novamente ao Egito e conseqüentemente

retomou a Palestina libertando-a do jugo Egípcio, que muito a

hostilizava, pois como já foi dito, Pitolomeu Filopater odiava

os judeus.

Antíoco foi recebido como libertador do povo judeu, e

apoiou o povo judeu no exercício da sua fé e no sacrifício

diário no templo do Senhor.

...virá à pressa com grande exército e abundantes

provisões. (Daniel.11.13)

Se refere ao povo judeu, pois Antíoco III deu muito recurso

aos judeus para o exercício de sua fé.

E a história prossegue na boca daquele anjo, ali junto às

margens do rio Hidequel, onde Daniel ouve atentamente o relato

profético, histórico, que ainda haveria de ocorrer muitos anos

depois.

Verso quatorze:- Naqueles tempos se levantarão muitos

contra o rei do Sul; também os dados à violência dentre o teu

povo se levantarão para cumprirem a profecia, mas cairão.

(Daniel.11.14)

Esse rei do Sul ainda é Antíoco III e esses ―muitos‖ se

refere aos egípcios que se rebelarão contra Antíoco, e...

também os dados à violência dentre o teu povo... se refere ao

grupo de judeus que habitavam no Egito e decidiram apoiar o rei

do norte em sua rebelião, e se puseram a lutar contra o rei do

Sul. Mas: ...se levantarão, para cumprirem a profecia, mas

cairão!.

Esse grupo de judeus e o grupo dos egípcios rebeldes foram

derrotados diante dos Selêucidas que conquistaram não somente o

Egito, mas também consolidaram o domínio sobre a Palestina.

No verso quinze, prossegue ainda sobre Antíoco III.

DANIEL 11.15- O rei do Norte virá, levantará baluartes, e

tomará cidades fortificadas; os braços do Sul não poderão

resistir, nem o seu povo escolhido, pois não haverá força para

resistir.

Vemos aqui que Antíoco III consolida o seu poder, inclusive

sobre o povo judeu, onde tudo ficará em suas mãos, não havendo

força capaz de resisti-lo. Daí ser conhecido por Antíoco, o

grande.

DANIEL 11.16 - O que, pois, vier contra ele, fará o que bem

quiser, e ninguém poderá resistir a ele; estará na terra

gloriosa, e tudo estará em suas mãos.

O verso dezesseis ratifica a glória desse rei que reinou

durante trinta e seis anos. No verso dezessete encontramos

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198

Antíoco III fazendo um acordo com o reino do Norte, onde

Antíoco oferece a sua filha Cleópatra em casamento a Pitolomeu.

DANIEL 11.17 - Resolverá vir com a força de todo o seu

reino, e entrará em acordo com ele, e lhe dará uma jovem em

casamento, para destruir o seu reino; isto, porém, não vingará,

nem será para a sua vantagem.

Antíoco oferece a Cleópatra em casamento para Pitolomeu,

mas é com a finalidade de tê-la como espiã na terra do Sul e

lhe servisse como olhos e ouvidos na terra do Egito. Mas a

moça passou para o lado dos Egípcios e deu o seu apoio a

Pitolomeu. Traiu a confiança de seu pai e todo o plano de

Antíoco foi pela água abaixo. Isto foi previsto na profecia:

...“isto , porém ,não vingará, nem será para a sua vantagem”.

(Daniel 11.17)

A Bíblia ARC, usa a expressão ―filha das mulheres‖ quando

se refere a essa moça (Cleópatra).

Isso acontece porque Cleópatra, muito jovem, vivia sob os

cuidados da mãe e da avó, sendo Antíoco grande, seu pai.

Com isso Antíoco se volta para as terras que margeavam a

Ásia menor, junto ao mar Mediterrâneo! Verso dezoito

DANIEL 11.18 - Depois se voltará para as terras do mar, e

tomará muitas; mas um príncipe fará cessar-lhe o opróbrio sobre

aquele.

Esse se voltará para as terras do mar e tomará muitas

terras. São as últimas conquistas desse rei, pois ele vai se

cruzar com um capitão asiático de nome Ciprião, que marchou

contra a Síria em 190aC., e derrotou Antíoco III que morreu

após conquistar algumas terras do mar Egeu e do mar

Mediterrâneo.

Antíoco III, o grande, foi substituído por Seleuco

Filopater em 187, que reinou até 175aC. Este ficou conhecido

na história como Seleuco IV, que morreu envenenado por um de

seus vassalos.

O verso dezenove fala do final de Antíoco III e o verso

vinte fala de um substituto do Antíoco III, refere-se portanto

ao Seleuco IV. Esse Seleuco IV cumpriu a profecia de passar um

exator pela terra gloriosa conforme a profecia e morreu

destruído sem ira e sem contenda, pois foi assassinado por seu

ministro da economia que o envenenou no ano 175 a.C.

Como podemos observar até aqui, o anjo, na interpretação da

visão de Daniel, profetiza sobre todo o período interbíblico, e

o faz de forma pormenorizada.

Observamos que a explicação profética é ligada às setenta

semanas, que é um resumo da história do povo de Israel.

Para Daniel tudo é futuro, pois ainda estamos em 536 a.C.

com Ciro ainda governador geral, mas o anjo está descrevendo a

história de Israel trezentos e cinqüenta anos após essa reunião

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199

celestial às margens do Rio Tigre. (Hidequel em outras

traduções). Daniel não entendia nada, com certeza.

Após o verso vinte e um, nós ainda permanecemos no período

interbíblico e vamos estudar o período de Antíoco Epifânio.

PERÍODO DE ANTÍOCO EPIFÂNIO

Daniel Capítulo 11. 21- 35

21 - Depois se levantará em seu lugar um homem vil, ao qual

não tinham dado a dignidade real; mas ele virá caladamente, e

tomará o reino com intrigas.

22 - As forças inundantes serão arrasadas de diante dele;

serão quebrantadas, como também o príncipe da aliança.

23 - Apesar da aliança com ele, usará de engano; subirá e

se tornará forte com pouca gente.

24 - Virá também caladamente aos lugares mais férteis da

província, e fará o que nunca fizeram seus pais, nem os pais de

seus pais; repartirá entre eles a presa, os despojos e os bens;

e maquinará os seus projetos contra as fortalezas, mas por

certo tempo.

25 - Suscitará a sua força e o seu ânimo contra o rei do

Sul à frente de grande exército; o rei do Sul sairá à batalha

com grande e mui poderoso exército, mas não prevalecerá, porque

maquinarão projetos contra ele.

26 - Os que comerem os seus manjares o destruirão, e o

exército dele será arrasado, e muitos cairão traspassados.

27 - Também estes dois reis se empenham em fazer o mal, e a

uma só mesa falarão mentiras; porém isso não prosperará, porque

o fim virá no tempo determinado.

28 - Então tornará para a sua terra com grande riqueza; o

seu coração será contra a santa aliança, fará o que lhe

aprouver, e tornará para a sua terra.

29 - No tempo determinado tornará a avançar contra o Sul;

mas não será nesta última vez como foi na primeira,

30 - porque virão contra ele navios de Quitim, que lhe

causarão tristeza; voltará, e se indignará contra a santa

aliança, e fará o que lhe aprouver; e, tendo voltado, atenderá

aos que tiverem desamparado a santa aliança.

31 - Dele sairão forças que profanarão o santuário, a

fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício costumado,

estabelecendo a abominação desoladora.

32 - Aos violadores da aliança ele com lisonjas perverterá,

mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e ativo.

33 - Os entendidos entre o povo ensinarão a muitos; todavia

cairão pela espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo roubo,

por algum tempo.

Dn.11.

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34 - Ao caírem eles, serão ajudados com pequeno socorro;

mas muitos se ajuntarão a eles com lisonjas.

35 - Alguns dos entendidos cairão para serem provados,

purificados e embranquecidos, até ao tempo do fim, porque se

dará ainda no tempo determinado.

Aqui, a partir do verso vinte e um, temos uma profecia

sobre um homem vil. Veremos que esse é tipo do Anticristo, pois

o Anticristo será muito pior que ele.

Verso vinte e um:- Depois se levantará em seu lugar um

homem vil,... (Daniel 11.21)

Essa referência ―seu lugar‖ se refere ao rei do qual se

fala no verso vinte, e se refere a Seleuco IV ou Seleuco

Filopater ( reinou de 187 a 175aC.) o qual foi morto envenenado

por seu ministro das finanças. Esse homem que ―se levantará em

seu lugar‖ é Antíoco Epifânio, irmão de Seleuco IV que subiu ao

poder em 175 e reinou até 164 a.C.

Verso vinte e um:- ...ao qual não tinham dado a dignidade

real;...

Antíoco Epifânio, ajudado e auxiliado pelo rei de Pérgamo,

apossou-se do trono de forma elegítima, enganosa e astuta; pois

não era ele o herdeiro da coroa e sim o filho de Seleuco IV, um

jovem chamado Demétrio.

Verso vinte e um:- ...mas ele virá caladamente, e tomará o

reino com intrigas...

Assim vemos que Antíoco usurpou o trono e se fez rei da

Síria com intrigas, enganos e contendas, o que vem a cumprir a

profecia ―...Ao qual não tinham dado dignidade real‖...

Epifânio não é seu nome, mas quer dizer ―ilustre‖. Isso

eqüivale dizer: Antíoco, o ilustre.

Esse homem se constituiu um grande perseguidor do povo

judeu e foi no seu governo que se deu a revolta dos Macabeus,

que se acha lavrada em livro apócrifo, incluso na Bíblia

Sagrada das Edições Paulinas.

Os versos que se seguem ao verso vinte e um vão tratar

profeticamente desse rei, que Deus chamou de homem vil.

Esse homem vil, Antíoco Epifânio, que corresponderia a

Antíoco IV, é o chifre pequeno de Daniel Capítulo oito, nos

versos nove em diante, até o quatorze.

NOTA: Vamos deixar bem claro aqui: o chifre pequeno do

capítulo oito, verso nove, não é o mesmo chifre pequeno de

Daniel capítulo sete verso oito.

Daniel sete verso oito:- Estando eu a observar os chifres,

(do animal espantoso e terrível, que tinha dez chifres) eis que

entre eles subiu outro pequeno, diante do qual três dos

primeiros chifres, foram arrancados; e eis que neste chifre

havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava com

insolência.

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201

Aqui se trata: Daniel 7.8

1- Animal espantoso Império Romano

2- Dez chifres Império Romano ressurgido

3- Entre elas (as dez pontas) surgiu uma décima primeira

ponta.

4- Essa décima primeira ponta tinha olhos e boca que falava

blasfêmia.

Isso é uma referência ao Anticristo, no tempo do fim.

Daniel 8.9,10

E de uma delas, saiu uma ponta mui pequena (um chifre

pequeno) que: (das pontas do bode)

1- Cresceu muito para o meio dia

2- Cresceu muito para o oriente

3- Cresceu muito para a terra formosa

4- Se engrandeceu até ao exército dos céus

5- Deitou por algumas estrelas por terra e as pisou

Essas referências aqui são relativas a Antíoco Epifânio,

como veremos a seguir, pois aqui se refere ao bode, que

representa o Império Grego de Alexandre, e não o animal

espantoso do capítulo sete.

Nos versos vinte e dois e o vinte e três observamos que

após ―usurpar‖ o trono e ter sido coroado como rei, Antíoco

mantém com o Sul atritos constantes, não sendo nisso diferente

de seus antecessores.

Reinava no Egito, nessa ocasião, o rei Pitolomeu VI, que

reinou de 180 a.C. até 145 a.C.

Antíoco, muito astuto e cheio de mentiras, cheio de

fingimento, armou o cenário de um concerto fingido com o rei

Pitolomeu. Mas esse rei também era fingido e ambicioso e tinha

desejos vaidosos de engrandecimento.

Antíoco, após granjear a confiança de Pitolomeu, veio em

silêncio e sem nenhum alarde, com pouca gente, de forma sutil,

traiu a Pitolomeu e teve êxito no seu intento, despojando o

Egito de suas riquezas, repartindo-as com seus comparsas de

traição e astúcia.

Verso vinte e três:- ―Apesar da aliança com ele, usará de

engano, subirá e se tornará forte com pouca gente.‖

Assim Antíoco tira de sua frente a única possível e efetiva

resistência. Cumprem-se os versos vinte e dois e vinte e três.

Verso vinte e quatro:- Virá também caladamente aos lugares

mais férteis da província, e fará o que nunca fizeram seus

pais, nem os pais de seus pais; repartirá entre eles a presa,

os despojos e os bens; e maquinará os seus projetos contra as

fortalezas, mas por certo tempo.

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Após a traição, Antíoco se apoderou das fontes de riquezas

do Egito, invadiu as terras mais férteis das províncias,

especialmente Alexandria, e fez o que nunca fizeram os seus

antecessores: dividiu os despojos entre si e seus comparsas.

Quero chamar a atenção dos leitores, nesta altura, para

observarem a riqueza dos detalhes na profecia do anjo a Daniel.

Isso profetizado há mais de trezentos e cinqüenta anos atrás se

cumprindo nos seus mínimos detalhes. Isso deve nos despertar,

e nos despertar de forma efetiva, a fim de crermos nas

profecias e atentarmos para aquelas que ainda não ocorreram.

Ainda está por vir o ARREBATAMENTO DA IGREJA, o que realmente,

sem dúvida, acontecerá no tempo previsto por Deus. A

Tribulação é tão certa quanto o ar que eu respiro!

Um dos conceitos de história, é que a história é uma

ciência que estuda o passado para entender o presente e

projetar o futuro.

Estamos nos utilizando da história, estudando o passado

(Daniel, o povo judeu, o Velho Testamento) para entendermos bem

esse PRESENTE e dessas conclusões projetarmos o futuro. É

isso que temos que fazer. Entender as profecias de Daniel,

analisá-las com relação ao que já se cumpriu, procurar entender

o que ainda virá, e nos convertermos ao Senhor. Nosso Deus é

de presciência absoluta e somente Ele é capaz de nos dizer como

será o porvir.

Verso vinte e cinco:- Suscitará a sua força e o seu ânimo

contra o rei do Sul à frente de grande exército; o rei do Sul

sairá à batalha com grande e mui poderoso exército, mas não

prevalecerá, porque maquinarão projetos contra ele.

Aqui temos novas investidas do rei do Norte contra o rei do

Sul. Agora ambos tinham grande exército e dá a entender que o

exército do Sul era mais poderoso. Ambos os líderes se achavam

embriagados pelo poder.

Mas dessa vez, novamente o reino do Sul não prevaleceu. A

profecia diz:

...Porque formarão projetos (ARC), (maquinarão projetos

ARA) contra ele.

Aconteceu uma traição, em seu próprio arraial, desenvolvida

por seus próprios generais, como se observa no verso vinte e

seis.

Verso vinte e seis:- Os que comerem os seus manjares o

destruirão, e o exército dele será arrasado, e muitos cairão

traspassados.

Da sua própria mesa, da roda de seus próprios amigos,

nascera a sua derrota.

Mas esses reis se rivalizavam na arte de enganar; se

rivalizavam na astúcia e na falsidade, mas ―o feitiço virou

contra o feiticeiro‖ e o engano e a traição mais uma vez

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traziam os seus frutos. O rei do Sul foi mais uma vez rendido

na presença de Antíoco Epifânio.

O verso vinte e sete retrata bem a atuação dos dois reis.

Verso vinte e sete:- Também estes dois reis se empenham em

fazer o mal, e a uma só mesa falarão mentiras; porém isso não

prosperará,...

Antíoco e Pitolomeu fizeram vários tratados, vários

acordos, mas sempre tendo como base a mentira e a astúcia.

Era fingimento dos dois lados, pois estavam continuamente

voltados para o mal.

Não podemos semear uma coisa e colher outra. Há quem diga

que se semeamos ventos colhemos tempestades; o que é muito

certo.

Se vivermos na ilusão e na mentira, no engano e falsidade,

nos enlaçaremos nas nossas próprias armadilhas e não teremos

sucesso algum.

Temos que semear o bem. A Bíblia diz: Lança o teu pão nas

águas e depois de muitos dias, o acharás. Eclesiastes 11.1.

A partir do verso vinte e oito, nós temos a profecia

voltada para Israel e Jerusalém.

A história que descreve bem a relação de Antíoco com judeus

está nos livros I e II de Macabeus, da Bíblia Edições Paulinas,

traduzida pelo Padre Mattos Soares.

Vou transcrever aqui algum trecho de I Macabeus, capítulo

um:

1.17 - Quando lhe pareceu bem consolidado o seu reino (da

Síria), Antíoco começou a querer reinar no país do Egito, para

ser soberano dos dois reinos.

1.21 - Depois de ter vencido o Egito, no ano cento e

quarenta e três, Antíoco voltou e marchou contra Israel.

1.22 - Chegado a Jerusalém com um formidável exército,

entrou cheio de soberba no santuário e tomou o altar de ouro, o

candelabro dos lumes com todos os seus utensílios, a mesa da

proposição, as bacias, os copos, as grais de ouro, o véu, as

coroas, e arrancou todo o ornamento de ouro que cobria o

templo.

1.24 - Tomou a prata e o ouro, os vasos preciosos e os

tesouros escondidos que encontrou. Tendo saqueado tudo, foi-

se para o seu país,

1.25 - depois de haver feito grande matança de homens e

proferido palavras insolentes.

1.26 - Então houve um grande pranto em Israel e em todo o

país.

1.27 - Os príncipes e os anciãos gemeram, as virgens e os

jovens ficaram sem forças e a formosura das mulheres desbotou.

1.28 - O desposado entregava-se ao pranto, e a desposada,

assentada sobre o seu leito nupcial, derramava lágrimas;

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204

1.29 - o país comoveu-se com a desolação dos seus

habitantes, e toda a casa de Jacó se cobriu de confusão.

1.30 - Depois, ao cabo de dois anos, o rei enviou por todas

as cidades de Judá um superintendente dos tributos, o qual

chegou a Jerusalém com muitas tropas.

1.31 - Dirigiu-lhes astuciosamente palavras de paz, e eles

acreditaram.

1.32 - Então deu de repente sobre a cidade, fez nela grande

estrago e matou grande número de israelitas.

1.33 - Tomou os despojos da cidade, e pôs-lhe fogo e

destruiu as suas casas e os muros que a cercavam.

1.34 - Levaram cativas as mulheres e as crianças e

apoderaram-se dos seus gados.

1.38 - uma armadilha para o santuário, inimigos mortais

para Israel; derramaram o sangue inocente ao redor do santuário

e profanaram-no.

1.40 - Os habitantes de Jerusalém fugiram por causa deles,

a cidade tornou-se morada dos estrangeiros, tornou-se estranha

aos seus naturais: seus próprios filhos a abandonaram.

1.41 - O seu santuário ficou desolado como um ermo; os seus

dias de festa transformaram-se em pranto, os seus sábados em

opróbrio, a sua glória em desprezo.

1.43 - Então o rei Antíoco decretou a todo o seu reino que

todos os povos não fossem mais que um, que cada qual

abandonasse a sua lei particular.

1.44 - Todas as nações se conformaram com esta ordem do rei

Antíoco;

1.45 - muitos de Israel submeteram-se a este culto,

sacrificaram aos ídolos e violaram o sábado.

1.46 - O rei enviou cartas, por meio de mensageiros, a

Jerusalém e a todas as cidades de Judá, ordenando que seguissem

as leis das outras nações da terra;

1.47 - que no templo de Deus se não fizessem holocaustos,

sacrifícios e ofertas em expiação dos pecados;

1.48 - que se profanassem os sábados e as solenidades.

1.49 - Mandou (além disso) que se profanassem os lugares

santos e o santo povo de Israel.

1.52 - Todos aqueles que não procedessem conforme a ordem

do rei seriam mortos.

1.59 - Rasgavam e queimavam todos os livros da lei de Deus,

que podiam encontrar.

1.60 - A todo aquele, em poder de quem se achavam os livros

do testamento do Senhor, e a qualquer que observava a lei do

Senhor, davam a morte conforme o edito do rei.

1.63 - As mulheres que circuncidavam seus filhos eram

mortas, segundo a ordem do rei Antíoco,

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205

1.64 - com os meninos pendurados no pescoço; também matavam

os seus parentes e os que tinham realizado circuncisão.

1.65 - Entretanto muitos do povo de Israel resolveram não

comer nada impuro e preferiram morrer a manchar-se com

alimentos impuros.

1.66 - Não quiseram violar a santa lei do Senhor, e foram

trucidados.

1.67 - Caiu sobre Israel uma grande cólera.

Nessa altura da descrição dos Macabeus é que surge a

família de Matatias, cujos filhos conhecidos por Macabeus,

promoveram a revolta dos Macabeus e que culminou na libertação

do povo de Israel.

Esse pequeno trecho aqui transcrito dá uma pálida idéia do

sofrimento do povo de Israel.

Ao final da revolta dos Macabeus, ocorre a purificação do

Templo por Judas Macabeu.

No ano 168 a.C. Antíoco voltava de uma expedição com grande

riqueza e se dirigiu para a Judéia onde saqueou o templo de

Jerusalém e deixou ali uma guarnição síria. Em seguida foi

embora para sua terra, como temos escrito no verso vinte e oito

de Daniel.

Então tornará para a sua terra com grande riqueza; o seu

coração será contra a santa aliança, fará o que lhe aprouver, e

tornará para a sua terra.

Antíoco nutriu grande ódio pelo povo judeu, pois é um ser

que prefigura o Anticristo. Tem as mesmas virtudes, as mesmas

qualidades, só que o Anticristo as terá multiplicadas.

Antíoco acreditava que sua raça e sua língua era superior a

qualquer outra e ainda odiava os judeus por causa de sua

religião.

Verso vinte e nove:- No tempo determinado tornará a avançar

contra o Sul; mas não será nesta última vez como foi na

primeira,

Verso trinta:- porque virão contra ele navios de Quitim,

que lhe causarão tristeza; voltará, e se indignará contra a

santa aliança, e fará que lhe aprouver; e, tendo voltado,

atenderá aos que tiverem desamparado a santa aliança.

Nessa sucessão de conflitos entre o Norte e o Sul, menos

que num tempo determinado, (verso vinte e nove) Antíoco volta a

atacar o Egito, mas antes de chegar ao Egito viu-se de cara

com os navios romanos cheios de soldados, nas ilhas de Chipre,

mais precisamente em Quetim. Os soldados romanos obrigaram a

Antíoco a confinar-se em Alexandria e lá foi encantoado ao

ponto de desistir de seus intentos.

Mas aí, derrotado, revolta contra o povo de Israel.

Nessa ocasião uma parte de Israel se apostatou e passou a

apoiar Antíoco e foram cumprir a profecia. Verso trinta.

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206

...e, tendo voltado, atenderá aos que tiverem desamparado

a santa aliança. (os apóstatas)

No verso trinta e um:- Dele sairão forças que profanarão o

santuário, a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício costumado,

estabelecendo a abominação desoladora.

Antíoco fez um decreto que todo povo deveria adorar e

aceitar a idolatria grega e, como conseqüência, se fez

necessário parar o sacrifício. O templo sagrado foi profanado

e nele foi sacrificado um porco.

O templo foi dedicado a Júpiter. A ―FORTALEZA‖, que é a

cidade de Jerusalém, também foi profanada, assim como seu povo,

jovens e mulheres, adultos e crianças.

Veja no trecho transcrito (anteriormente) 1.48 a seguir até

o verso 67.

Essa referência ―abominação desoladora‖ é à prostituição do

templo, e da cidade, pois aquele foi contaminado e dedicado a

Júpiter e essa foi destruída e seus muros derrubados.

Apolônio, tendo sob seu comando mais de vinte mil soldados,

marchou contra Jerusalém e matou grande multidão.

Antíoco contou com o apoio dos violadores do concerto

(verso trinta e dois) judeus apóstatas que facilitaram a sua

ação. Mas o povo que conhece a Deus, se esforçou e fizeram

proezas. Foram os fiéis seguidores dos Macabeus que não

aceitaram a humilhante situação do povo de Deus, e lutaram com

todas as suas forças e com muita astúcia e coragem. Tiveram a

vitória e puderam, no final, ver a purificação do templo.

No tempo do fim, também haverá esses dois grupos como

também haverá a abominação desoladoras.

Entendemos então que haverá duas abominações desoladoras.

- Essa que já ocorreu com Antíoco Epifânio e aquela da qual

fala Jesus em Mateus 24.15, sobre a abominação desoladora de

que falou Daniel.

Jesus seguramente não se referiu a essa aqui, mas

certamente a uma vindoura.

Voltaremos a discutir sobre a abominação desoladora, em

Daniel doze verso onze.

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207

CAPÍTULO 11.36-45

DANIEL E O PORVIR

A partir de Daniel capítulo onze e o verso trinta e seis,

nós mudamos nitidamente o rumo da profecia, estabelecendo um

intervalo muito extenso entre o verso trinta e cinco e o verso

trinta e seis do capítulo onze.

O verso trinta e cinco se cumpre por volta do ano 168 a.C e

o verso trinta e seis trata de um rei que ainda não apareceu na

terra. Nessa intervalo ocorre o nascimento do Salvador, após a

queda do reinado grego. É morto o Messias, conforme profecia

do capítulo nove e nasce o estabelecimento da Igreja.

Vivemos hoje, ainda, esse intervalo. A manifestação desse

rei de que fala o verso trinta e seis não se dará enquanto a

Igreja estiver aqui na terra. Pois trata-se do Anticristo que

se manifestará no início da Tribulação, a Septuagésima Semana

de Daniel.

Quando houver o cumprimento dessas profecias desde o verso

trinta e seis até o final do capítulo doze, a Igreja estará no

céu.

A partir daqui vamos ter um aperfeiçoamento profético das

Setenta Semanas de Daniel.

Daniel capítulo 11.36 - 45

36 - Este rei fará segundo a sua vontade, e se levantará e

se engrandecerá sobre todo deus; contra o Deus dos deuses,

falará cousas incríveis, e será próspero, até que se cumpra a

indignação; porque aquilo que está determinado será feito.

37 - Não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao

desejo de mulheres, nem a qualquer deus, porque sobre tudo se

engrandecerá.

38 - Mas em lugar dos deuses honrará o deus das fortalezas;

a um deus que seus pais não conheceram honrará com ouro, com

prata, com pedras preciosas e cousas agradáveis.

39 - Com o auxílio de um deus estranho agirá contra as

poderosas fortalezas, e aos que o reconhecerem multiplicar-

lhes-á a honra, fá-los-á reinar sobre muitos, e lhes repartirá

a terra por prêmio.

40 - No tempo do fim, o rei do Sul lutará com ele, e o rei

do Norte arremeterá contra ele com carros, cavaleiros, e com

muitos navios, e entrará nas suas terras, e as inundará, e

passará.

41 - Entrará também na terra gloriosa e muitos sucumbirão,

mas do seu poder escaparão estes: Edom e Moabe, e as primícias

dos filhos de Amom.

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42 - Estenderá a sua mão também contra as terras, e a terra

do Egito não escapará.

43 - Apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata, e de

todas as cousas preciosas do Egito; os líbios e os etíopes o

seguirão.

44 - Mas pelos rumores do oriente e do norte será

perturbado, e sairá com grande furor, para destruir e

exterminar a muitos.

45 - Armará as suas tendas palacianas entre os mares contra

o glorioso monte santo; mas chegará ao seu fim, e não haverá

quem o socorra.

Não se conhece na história, até hoje, fatos que possam

corresponder à profecia desses versos.

Porque será que Daniel é tão completo e extenso em sua

profecia, mas não fala e nem aponta para a Igreja?

É porque a Igreja nada tem a ver com Israel e as profecias

de Daniel são voltadas para o povo Judeu. Na verdade a Bíblia

divide a humanidade em três grupos:

a) Judeus

b) Gentios

c) Igreja

Os judeus e os gentios são referidos no Velho Testamento,

mas a Igreja só o é no Novo Testamento.

Aqui no verso trinta e seis fala-se de um rei soberano cuja

vontade não será limitada e que se engrandecerá sobre todo

deus.

Isso quer dizer que esse rei será superior aos deuses.

Esse rei também se levantará contra o Deus dos deuses e

contra ele falará coisas incríveis.

O verso trinta e seis garante que será um rei próspero,

mas a sua prosperidade será de curta duração, rigorosamente...

até que se cumpra a indignação, que está determinada sobre ele.

A profecia afirma: aquilo que está determinado sobre ele será

feito.

Será feito apesar de sua força Será feito apesar de seu progresso Será feito apesar do seu poder Será feito apesar do apoio do Dragão

Será feito tudo o que estiver determinado sobre ele,

porque esta é a palavra de Deus.

É a palavra profética de Deus, através daquele anjo, ali

junto de Daniel.

Verso trinta e sete continua retratando, aquele rei de

feroz catadura, ou feroz de cara.

Não terá respeito aos deuses de seus pais. Não terá respeito ao desejo das mulheres

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209

Crescerá acima dos deuses. A expressão ―não terá respeito aos deuses de seus pais‖ é

uma referência de que ele não respeitará os deuses pagãos de

seus antecessores, que estarão espalhados pelo mundo.

Ele anulará as filosofias religiosas e as unirá em torno de

uma só religião, em torno de um só pensamento religioso, para o

que contará com o auxílio do Falso Profeta.

A expressão ―não terá respeito ao desejo das mulheres‖ é

uma referência ao desprezo da esperança messiânica. Desprezará

a família, a instituição familiar, porque essa foi instituída

por Deus.

A expressão ―não terá respeito a qualquer deus‖ é uma

referência do seu engrandecimento, pois crescerá ao ponto de

ser SOBRE os DEUSES.

Verso trinta e oito:- Mas em lugar dos deuses honrará o

deus das fortalezas;...

Trata-se de uma referência a si próprio, pois a ninguém

reconhece como deus. Ele só dará glórias a si próprio e a mais

ninguém. O Falso Profeta o introduzirá como deus e promoverá a

sua adoração.

Aos poucos irá se impondo até ao ponto de se sentar no

lugar de Deus, no templo sagrado em Jerusalém. Seu domínio

político irá se estendendo até que seja rei universal, com

domínio em toda a terra.

A expressão ―a um deus que seus pais não conheceram honrará

com ouro, com prata, com pedras preciosas e coisas

agradáveis.‖, só pode se tratar do deus desse século, pois esse

rei será um agente de Satanás, e todo o seu poder tem origem

nesse deus da maldade. Formará com o Falso Profeta e o Dragão

o chamado TRIO SATÂNICO.

Verso trinta e nove:- Este verso fala das suas conquistas

políticas junto aos governantes de sua época, seguramente com

promessas falsas de uma proteção apenas de rótulo. Quem não

estiver por ele, será contra ele!

Com o auxílio de um deus estranho agirá contra poderosas

fortalezas;...

Esse deus estranho não é outro senão Satanás. Agirá contra

as fortalezas é uma referência que indica a sua atitude a

qualquer um que lhe resistir ou se opuser em seu caminho. Ele

imporá a sua astúcia, o seu poder e expandirá o seu império.

E aos que o reconhecerem multiplicar-lhes-á a honra, fá-

los-á reinar sobre muitos, e lhes repartirá a terra por prêmio,

mas na verdade tudo isso é falso, efêmero e passageiro, porque

ele recebeu o poder de Satanás e passará esse poder que tem

origem no deus desse século, que na verdade, não tem nada para

dar.

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210

É um mentiroso, um enganador. Suas promessas são ilusórias

e todo o seu reino é passageiro. Esse rei, por um período

muito pequeno, será reconhecido como solução para o mundo, mas

na realidade enganará a todos.

O Anticristo será humano sobre todos os aspectos, e será

natural como todos os demais, mas seu interior será diferente

de todos.

Sobre o Anticristo devo dizer:

a) Sua religião tem como centro a Satanás e a si próprio.

A glória é para ele próprio e ninguém mais.

b) É a besta que saiu do mar em Apocalipse 13.11.

c) A sua autoridade será mundial e se estenderá sobre todos

os povos e nações.

d) Receberá dos judeus o apoio e a força na metade inicial

de seu governo, o que lhe proporcionará prestígio e poderio

bélico e, como conseqüência, político e econômico também.

e) Não terá respeito por nada e nem por ninguém, mas será

respeitado por todos, inclusive pelo Falso Profeta.

f) Não terá respeito à instituição da família.

A partir do verso quarenta, começamos a firmar os passos a

respeito desse personagem, que manifestará no tempo do fim.

Aqui temos:

No tempo do fim, o rei do Sul lutará com ele, e o rei do

Norte arremeterá contra ele... Aqui temos uma forte razão para

ver que esse rei não é Antíoco Epifânio, porque ele não pode

―se arremeter contra si mesmo‖ e no início do versículo temos a

época do evento: no tempo do fim.

Esse rei do Sul que se levantará contra ele, é o Egito, que

surgirá com poderio militar no tempo do fim. Também o reino do

norte será restabelecido e nesse final ambos serão contra o

Anticristo, mas serão destruídos pelo seu poder brutal.

Verso quarenta e um:- Aqui temos uma área definida

profeticamente por Deus onde suas mãos não tocará Edom e Moabe

e as primícias de Israel.

Será uma área reservada para o remanescente de Israel na

época da grande perseguição.

Após o rompimento do concerto, o Anticristo se voltará

contra Israel, porque este perceberá nitidamente com quem estão

lidando, e isto despertará a sua fúria.

Mas Deus preparou um lugar para proteger o seu povo fiel.

Apocalipse 12.6

...Porém, fugiu para o deserto, onde lhe havia Deus

preparado lugar...

O deserto dos povos reservado por Deus. Ezequiel 20.35

Levar-vos-ei ao deserto dos povos, e ali entrarei em juízo

convosco,...

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211

Edom ou Iduméia é a região do mar morto e do golfo de

Ácaba.

Moabe é a terra ao oriente do mar Morto.

Amom é a região nordeste do mar Morto.

Essa região será o refúgio que os protegerá do destruidor.

Ver Isaías 16.4.

Mas a terra gloriosa não escapará das suas mãos e será uma

perseguição terrível, sobrenatural, assim como também o será

contra os outros países. Verso quarenta e dois.

O verso quarenta e dois faz uma especificação sobre o Egito

que não escapará de suas garras. Não sabemos porque esse

enfoque tão específico para o Egito, mas diz a profecia, não

resistirá.

O verso quarenta e três fala da derrota dos egípcios de

onde leva os despojos. Mas a Líbia e Etiópia parecem aceitar

sua supremacia sem oposição. A Líbia e a Etiópia aqui é uma

referência à África negra, provavelmente.

No verso quarenta e quatro vemos os ―rumores do oriente e

do norte‖ que o espantarão. Acredito se tratar do gigantesco

exército de duzentos milhões mencionados em Apocalipse capítulo

nove e verso dezesseis. Hoje já é possível se estruturar um

exército nesse teor. Por exemplo, a Rússia e a China, países

orientais extremamente populosos, dispostos a massacrarem

Israel e o governo mundial.

Verso quarenta e cinco: Armará as suas tendas palacianas

entre os mares contra o glorioso monte santo; mas chegará ao

seu fim, e não haverá quem o socorra.

Esse verso já se refere ao final da Tribulação, pouco antes

da Batalha do Armagedom. Armará suas tendas entre o Mar

Mediterrâneo e o monte Sião e Moriá.

Mas seu fim é líquido e certo. Sem ajuda de mãos humanas

virá a pedra do capítulo dois, e então a estátua ruirá e com

ela todo o governo humano, pois Jesus estabelecerá o seu Reino

Eterno.

FINAL CAPITULO 12

Vamos dividir o capítulo doze de Daniel em duas partes:- um

ao três, quatro ao treze.

O capítulo doze é seqüência do verso quarenta e cinco do

capítulo onze.

a) O final da Tribulação e a ressurreição dos justos.

b) As últimas mensagens de Deus a Daniel.

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212

a) O FINAL DA TRIBULAÇÃO E A RESSURREIÇÃO

1 - Nesse tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, o

defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia,

qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas

naquele tempo será salvo o teu povo, todo aquele que for achado

inscrito no livro.

2 - Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns

para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno.

3 - Os que forem sábios, pois, resplandecerão, como o

fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça,

como as estrelas sempre e eternamente.

Hoje Miguel permanece guardador de Israel como o foi até

aqui.

O verso um fala de um ―certo dia‖ em que ele se

―levantará‖.

Quero relacionar essa atitude de Miguel, aqui relatada, com

aquela que está em Apocalipse doze do verso sete ao dezoito.

Aqui no Apocalipse temos uma referência do início da

perseguição a Israel, perseguição essa que se instalará na

metade do período da Tribulação, logo após o rompimento do

concerto.

Aqui (Apocalipse doze), temos o relato de uma grande peleja

no céu, quando o dragão é expulso de lá e não se achou mais

lugar para ele, e (verso treze) vendo-se jogado na terra passa

a fazer a perseguição a Israel como nunca houve até então.

Creio assim que esse verso um (de Daniel doze) é uma

referência ao que acontecerá na metade do período quando haverá

o tempo de angústia, o qual nunca houve, desde que há nação até

naquele tempo.

Mas o anjo diz a Daniel profeticamente mais no final do

verso um, mas naquele tempo será salvo o teu povo.

A salvação de Israel é garantida por Deus, afinal é a nação

santa, a nação escolhida.

O verso dois fala da ressurreição, mas fala da ressurreição

de um modo genérico, não separando a primeira da segunda.

Na verdade o assunto ressurreição é muito complicado. Ele

pode ser dividido em duas grandes etapas, separadas por um

espaço de mil anos.

A primeira etapa, da qual participarão apenas os santos,

está referida em Apocalipse 20.6.

Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira

ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade;

pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e

reinarão com ele os mil anos.

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213

Aqui se fala da ―primeira ressurreição‖ que pode ser

dividida em duas fases:

a) primeira fase:- ocorrerá no Arrebatamento da Igreja,

quando os que estiverem vivos serão transformados e os mortos

ressuscitados para juntos irem ao encontro com o Senhor nas

nuvens.

b) segunda fase:- trata-se do complemento da primeira

ressurreição, apresentada em Apocalipse capítulo vinte e verso

quatro, que é a ressurreição dos Mártires da Tribulação.

Trata-se da colheita dos rabiscos.

Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais

foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos

decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por

causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta,

nem tão pouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e

na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos.

Aqui se trata dos mártires mortos durante a septuagésima

semana, que só poderão ressuscitar no final do período.

Portanto, sete anos após o Arrebatamento da Igreja e sete anos

após a primeira etapa. Estes não terão galardão, apenas uma

PALMA nas mãos, mas não perderão o privilégio de reinar com

Cristo os mil anos.

Também faz parte da colheita dos rabiscos a ressurreição

das duas testemunhas que ocorrerá na metade do período da

septuagésima semana, quando do rompimento do concerto entre a

besta e Israel.

Só participam dessa primeira ETAPA os santos. É na verdade

um prêmio para os que serviram a Deus nesta terra e louvaram ao

seu santo nome. Nesta etapa da ressurreição, ninguém será

ressuscitado para vergonha eterna, e sim para a bem-aventurança

dos Santos.

Na segunda etapa (da ressurreição) teremos o juízo do

grande trono branco onde Jesus não será advogado, mas será

JUIZ. É nessa época que ―todo o joelho se dobrará diante

Dele.‖ Nessa época, que ocorrerá mil anos após aquela primeira,

uns ressuscitarão para a vergonha eterna, outros ainda poderão

ser salvos no grande juízo do Trono Branco se forem encontrados

seus nomes no Livro da Vida.

Ver Apocalipse 20.5 - Os restantes dos mortos não reviveram

até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira

ressurreição.

É nessa ressurreição final, na qual o mar, o Hades, o

inferno, e a morte devolverão os seus mortos. Veja Apocalipse

20.13.

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214

Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além

entregaram os mortos que neles havia.

Todos esses mortos enfrentarão o juízo de Deus como

observamos em Apocalipse 20.12

Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé

diante do trono. Então se abriram livros. Ainda outro livro,

o livro da vida, foi aberto. E os mortos foram julgados,

segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos

livros.

Nessa ocasião ainda receberá o benefício do gozo eterno

todos aqueles que não participaram da primeira etapa da

ressurreição dos mortos, mas possuem o seu nome no Livro da

Vida.

Voltando então a Daniel capítulo doze, verso dois, vemos a

teoria da ressurreição apresentada a Daniel, assim como o juízo

de Deus aplicados aos homens após a morte.

No verso três:- Os que forem sábios, pois, resplandecerão,

como o fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à

justiça, como as estrelas sempre e eternamente.

Aqui fala dos ENTENDIDOS. Esses entendidos, são os sábios

desta vida. Ser sábio nesta vida é ter temor a Deus. O grande

sábio Salomão deixou escrito que o temor a Deus é o princípio

da sabedoria. Então só pode ser sábio quem tem temor a Deus.

Provérbios 1.7

Então, esses entendidos são os fiéis a Deus, que não

somente vivem uma vida de temor a Deus, como levam muitos a

seguir o mesmo caminho. Por esse motivo RESPLANDECERÃO como o

esplendor do firmamento, ou seja, terão brilho na presença de

Deus.

Esse versículo espelha uma parte do valor do crente aqui

nessa vida; aquele que trabalha ensinando a muitos o caminho da

justiça, refulgirá como as estrelas, pois testifica sobre o sol

da justiça. Malaquias 4.2.

b) AS ÚLTIMAS MENSAGENS DE DANIEL

Versos quatro a treze:-

4 - Tu, porem, Daniel, encerra as palavras e sela o livro,

até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se

multiplicará.

5 - Então eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros

dois, um duma banda do rio, o outro da outra.

6 - Um deles disse ao homem vestido de linho, que estava

sobre as águas do rio: Quando se cumprirão estas maravilhas?

7 - Ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as

águas do rio, quando levantou a mão direita e a esquerda ao

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215

céu, e jurou por aquele que vive eternamente, que isso seria

depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo. E quando

se acabar a destruição do poder do povo santo estas cousas

todas se cumprirão.

8 - Eu ouvi, porém não entendi; então eu disse: Meu senhor,

qual será o fim destas cousas?

9 - Ele respondeu: Vai, Daniel, porque estas palavras estão

encerradas e seladas até ao tempo do fim.

10 - Muitos serão purificados, embranquecidos e provados;

mas os perversos procederão perversamente, e nenhum deles

entenderá, mas os sábios entenderão.

11 - Depois do tempo em que o costumado sacrifício for

tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil

duzentos e noventa dias.

12 - Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos

e trinta e cinco dias.

13 - Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; pois

descansarás, e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a

tua herança.

Três são os períodos de tempo referidos aqui:

Verso sete:- tempo, dois tempos e metade de um tempo.

Essa expressão equivale a um mil duzentos e sessenta dias ou

três anos e meio. Corresponde ao tempo da Tribulação, ao final

do qual será vencido o Anticristo, o Falso Profeta e o Dragão.

O verso onze fala de outro período de tempo que é de um mil

duzentos e noventa dias, ou seja, trinta dias a mais que o

período dos três anos e meio.

Depois do tempo em que o costumado sacrifício foi tirado, e

posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e

noventa dias. (verso 11)

Verso doze:- fala de outro período de tempo que é de um mil

trezentos e trinta e cinco dias, onde se acrescem quarenta e

cinco dias aos mil duzentos e noventa do verso onze, e setenta

e cinco dias aos mil duzentos e sessenta do verso sete.

―Bem-aventurado o que espera e chega até um mil trezentos e

trinta e cinco dias.

Em nenhum lugar a Bíblia discute alguma coisa sobre esses

dias, mas seguramente, os trinta primeiros dias, após a

Tribulação, após a derrota do trio satânico (Anticristo, Falso

Profeta e Dragão), a seguir da prisão de Satanás, temos o

período do julgamento das nações, com a instalação do juízo de

Jesus sobre o povo que restou da grande Tribulação.

Os quarenta e cinco dias restantes, após o julgamento das

nações, é o período no qual haverá a instalação e organização

do reinado eterno de Jesus. Veja o verso doze novamente.

―Bem-aventurado‖... (Verso 12). Essa bem-aventurança de

entrar no reino milenar de Jesus e dele participar se refere

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216

aos sobreviventes da Tribulação. Se refere aos homens,

mulheres e crianças NATURAIS que adentrarão ao Milênio, e que

juntamente com os glorificados desfrutarão do reino milenar de

paz.

No verso quatro a expressão ―tempo do fim‖, se refere ao

período próximo ao Arrebatamento da Igreja, que ocorrerá antes

do início da Tribulação, e se refere a uma época de grande

progresso na ciência. Nós vemos hoje um extraordinário

progresso na ciência. Na parte final deste século

especialmente. Nunca houve tanto progresso em tão pouco tempo.

Sobre o automóvel temos: Naum 2.4

Os carros passam furiosamente pelas ruas, e se cruzam

velozes pelas praças; parecem tochas, correm como relâmpago.

O avião, o rádio, a televisão, a geladeira, a luz elétrica,

as armas nucleares, os computadores, o telefone, a automação

das fábricas, os robôs, etc., são produtos desse progresso onde

a ―ciência se multiplicará‖. (Daniel 12.4)

Quanto à expressão: ―e tu, Daniel, encerra essas palavras e

sela o livro‖ (Verso 4) é como se dissesse a Daniel: ―E tu,

Daniel, fecha essas palavras e guarde-as bem guardadas,

anotadas em um livro, que deverá permanecer até o tempo do fim,

quando haverá frutos do progresso da ciência (conexão de uma

parte para outras, e a ciência se multiplicará)‖.

Essas palavras, serão palavras que se utilizarão para

despertar o povo que estarão vivendo o tempo do fim.

“Essas visões serão entendidas na hora certa.”

Verso cinco:- nesta altura dos acontecimentos, Daniel se

volta para o cenário da visão e vê outros dois seres

celestiais, um dos quais estava na banda de lá e outro na banda

de cá, ambos à beira do rio. O anjo anterior, vestido de linho

ainda estava sobre as águas.

Não sabemos por que surgem esses dois anjos um em cada

margem do rio, mas Daniel nos informa que um deles interroga o

anjo vestido de linho sobre quando ocorrerão “estas coisas

maravilhosas”, como se estivessem ali ouvindo a narração do

anjo a Daniel. (verso seis).

―Quando se cumprirão estas maravilhas?‖

Estas ―coisas maravilhosas‖, na verdade, não têm nenhuma

maravilha, pois pela resposta do anjo dá a entender que ao

final da Tribulação estarão cumpridas.

A resposta do anjo que estava sobre as águas ―depois de um

tempo, de tempos e metade de um tempo‖; quando tiverem acabado

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217

de destruir poder do povo santo, todas estas coisas estarão -

Eu ouvi, porém não entendi nada. (verso oito)

Daniel se põe a perguntar ao anjo qual seria o fim

daquelas coisas que via e sobre o que ouvia.

Mas o anjo, pela segunda vez (a primeira foi no verso

quatro):

Verso nove:- ―Vai Daniel, porque essas palavras estão

encerradas e seladas até o tempo do fim.‖ Aqui nós podemos

entender porque o entendimento das profecias é progressivo, e

porque hoje as entendemos com profundidade. É porque essas

profecias são para os tempos do fim, e se nós estamos

entendendo bem a profecia é porque se trata do tempo do fim.

É como se o anjo dissesse para Daniel: continue vivendo

sua vida da forma que sempre viveu. Você não precisa, nem se

preocupe com isso; não se envolva em cálculos complicados, nem

perca noites de sono, pois isso aqui é para tempos muito

distantes.

À medida que se aproxima o fim, vai sendo mais difícil

permanecer no caminho, vai sendo necessário maior dose de

perseverança, coragem e também de paciência.

Paulo escreveu para os Tessalonicenses (II Tessalonicenses

2.3,2)

Verso três:- ―Ninguém de nenhum modo vos engane,...

Verso dois:- a que não vos demovais da vossa mente, com

facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por

palavra, quer por epístola,...

Dá a entender que os tempos finais serão ricos de enganos e

será fácil entrar pelo caminho da apostasia. Apocalipse 22.11

Os perversos procederão perversamente e nenhum deles

entenderá, mas os sábios entenderão. A sabedoria deverá ser

atributo constante. Somente os sábios resplandecerão como o

fulgor do firmamento. (Verso três).

Ser sábio é saber discernir o falso do verdadeiro, é saber

discernir o que é bom e o que é mau, é saber reconhecer o que é

de Deus, por Deus ou contra Deus, sendo que o temor a Deus é o

princípio do saber. (Salmo 110.10)

Muitos serão purificados, embranquecidos e provados (verso

10).

É o processo de aperfeiçoamento contínuo, na jornada de se

esperar ao Senhor. Na parábola das dez virgens, todas

esperavam pelo noivo, todas eram virgens, todas tinham azeite,

mas o noivo demorou muito e todas adormeceram. Até aqui nenhuma

diferença entre elas, mas Jesus disse que cinco delas eram

sábias e somente estas é que entraram e participaram da festa.

Verso dez:- Muitos serão purificados, embranquecidos e

provados; mas os perversos procederão perversamente;...

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218

Aqui temos uma referência ao final dos tempos, seguramente,

relacionada ao povo após o Arrebatamento da Igreja.

Dá-nos uma idéia parecida com aquela dada a João em

Apocalipse 22.11

Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo

ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o

santo continue a santificar-se.

Isso fala da salvação de muitos que serão purificados e

embranquecidos, mas através de PROVAÇÃO, e a maldade que já é

grande crescerá ainda mais. Isso fica claro no Livro de

Apocalipse, quando do derramamento das taças da Ira de Deus, no

final da septuagésima semana, quando o sofrimento será

multiplicado, mas também o será a prostituição religiosa, a

blasfêmia contra Deus e a perversidade do sistema universal

será ascendente.

Verso dez:- ... e nenhum deles entenderá, mas os sábios

entenderão.

As profecias de Deus nunca estiveram abertas ao

entendimento dos ímpios, mas os sábios terão entendimento. O

princípio da sabedoria é o temor de Deus, portanto apenas os

que terão o temor a Deus é que entenderão.

O leitor pode perguntar: entenderão o quê?

O anjo fala do tempo do fim, esse tempo envolve o final do

período da Igreja e todo o período da septuagésima semana. Ora

entenderão exatamente que se trata do período do fim e que Deus

está para derramar a sua IRA e tornar pleno o cumprimento das

profecias.

A perfeita compreensão das profecias só se dará no final

absoluto dos tempos.

No verso onze continua a exposição do anjo:

Depois do tempo em que o costumado sacrifício for tirado, e

posta a abominação desoladora...

Aqui fala do rompimento da aliança entre o Anticristo e o

povo de Israel, quando ocorrerá a morte das duas testemunhas.

Nessa época o Anticristo, através do Falso Profeta, fará parar

o sacrifício diário e instalará a abominação desoladora. Isso

acontecerá exatamente na metade do período, isto é, após três

anos e meio do início da Tribulação, quando faltará ainda a

segunda metade.

Verso onze - ... haverá ainda mil duzentos e noventa dias.

Aqui nós temos um período de trinta dias, além dos um mil

duzentos e sessenta dias que farão parte da septuagésima

semana. Esses trinta dias serão os dias da solidificação da

vitória de Jesus. Será um período intermediário entre o reinado

eterno e a derrota do trio satânico. Esses trinta dias,

acredito, são os dias do julgamento das nações. O julgamento

das nações ocorrerá logo a seguir do final da Tribulação.

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Verso doze:- Bem-aventurado o que espera e chega até mil

trezentos e trinta e cinco dias.

Essa bem-aventurança é para o povo que passou pela grande

Tribulação. Um povo consciente da vitória, que vive na

esperança de alcançá-la. Esses um mil trezentos e trinta e

cinco dias seria:

- um mil duzentos e sessenta - dias da grande Tribulação

(do período da Angústia de Jacó).

- trinta - dias para o julgamento das nações.

- quarenta e cinco - dias para a implantação do reino

milenar.

E, a partir daí, teremos Jesus reinando em Jerusalém e nós

estaremos reinando com Ele.

A partir desse período teremos um reinado especial, cujo

rei será Jesus, cujos membros e assessores da Coroa, serão os

santos, bem-aventurados, participantes da primeira

ressurreição. A partir daí Jesus reinará durante mil anos,

cujo reinado se caracterizará por uma grande paz, será um tempo

de grande prosperidade, quando todas as leis naturais serão

alteradas. Sugiro a leitura do Livro de Escatologia, e do

Livro do Apocalipse, desse mesmo autor, a fim de se estudar

melhor esse aspecto.

Verso treze:- Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim;

pois descansarás, e, ao fim dos dias, te levantarás para

receber a tua herança.

O Livro de Daniel não poderia finalizar de forma diferente.

Ele finaliza com a promessa a Daniel de que ele deve permanecer

fiel até o fim, quando morreria para descansar e receber a

promessa de participar da primeira ressurreição. - Te

levantarás para receber a sua herança, e participar da bem-

aventurança de reinar com Jesus durante os mil anos. Apocalipse

20.6.

Concluindo Daniel: Daniel foi um profeta que discutiu

profeticamente sobre:

a) A história universal com a indicação do final das

dispensações humanas.

b) A existência da ressurreição dos mortos, após o que se

seguirá o juízo de Deus

c) A existência de um período de grande Tribulação para

toda a humanidade, especialmente os judeus.

As profecias de Daniel possuem um ponto de ressonância e

seguem um padrão uniforme. Cada visão profética tem uma

ligação com a visão anterior, acrescenta novas informações e

sempre apontam para o fim dessa época humana.

No geral apresentam os impérios universais, com o governo

humano sempre subordinado a Deus e apontam para o fim desse

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220

processo com a destruição total e definitiva do governo humano,

com a instalação do governo de Jesus, o qual será eterno.

A profecia inicia no capítulo dois com uma visão

panorâmica, escatológica e misteriosa de todo o sistema do

governo humano representado na estátua do sonho de

Nabucodonosor que simboliza e representa o poderio gentílico,

mas que termina esmiuçada e espalhada se dissipando

completamente, enquanto que a pedra que a destruiu encheu e

ocupou toda a terra. Daniel 2.44,45.

Os capítulos três, quatro, cinco e seis são mais históricos

que proféticos e a profecia volta no capítulo sete onde lemos

novamente a repetição, sob outros aspectos, dos mesmos quatro

reinos já discutidos no capítulo dois. Aqui no capítulo sete

são enfocadas as características animalescas destes reinos.

Esse capítulo termina com o poder sendo entregue pelo Ancião de

dias ao Filho do homem e aos seus santos. Daniel 7.14.

Esse cenário diz respeito ao final do Milênio quando Jesus

receberá o reino de seu Pai, sem auxílio de mãos humanas, nem

interferência de homens.

O capítulo oito vem acrescentar detalhes às visões

anteriores, onde temos a visão do carneiro que representa o

império Medo-Persa e a visão do bode que representa o império

grego, onde se acrescentam em detalhes a partir do verso nove,

o período tipológico da grande Tribulação. Apresenta Antíoco

Epifânio, tipo do Anticristo, que atuou mais especificamente de

168aC a 165aC. Mas no verso vinte e três a profecia pula para

o final dos tempos com o rei de feroz cara (ARC) ou de feroz

catadura (ARA) que será derrotado sem auxílio de mãos humanas.

Daniel 8.23

No capítulo nove temos a importantíssima profecia das

Setenta Semanas de Daniel, que espelha o final dessa

dispensação. É uma profecia curta, de pouquíssimas palavras,

mas que resume o último período de setenta semanas sobre

Israel.

Vale comentar aqui que, desde o nascimento de Abraão, a fim

de constituir uma nação escolhida, Deus já determinara períodos

de setenta semanas sobre esse povo. Com isso quero dizer que

existiram outros períodos de setenta semanas sobre os

descendentes de Abraão, a saber:

1º - período - vai desde o nascimento de Abrão até as

tábuas da lei, no Sinai, quando Deus tinha um povo, mas não

tinha uma nação.

Abrão foi chamado aos setenta e cinco anos, e nasceu por

volta de 2111 a.C. Em Gálatas capítulo três versos dezesseis e

dezessete podemos ver a promessa de Deus a Abrão que foi

confirmada 430 anos depois com as tábuas da lei. Setenta e

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221

cinco anos de idade de Abrão mais quatrocentos e trinta anos

depois, dão quinhentos e cinco anos.

Se Abrão nasceu em 2111, isto nos leva a 1606 a.C.

Uma coisa interessante é notar que Deus não conta o tempo

em que Israel está desviado. Deus não conta o tempo em que

Israel está sob disciplina e esse é o grande motivo do tempo de

Israel estar parado agora nesse intervalo da Igreja e só

voltará a ser contado após o seu Arrebatamento.

Ora nesse período de quinhentos e cinco anos Abrão ficou

fora do caminho traçado por Deus, desde o nascimento de Ismael

até ao nascimento de Isaque que são exatamente quinze anos. Se

fizermos quinhentos e cinco menos quinze, teremos quatrocentos

e noventa, o que constitui o primeiro período das setenta

semanas.

Veja que a trama de Agar foi criada por Sarai. Gênesis

16.1-14

2º período - Vai desde o Êxodo (monte Sinai) até o templo

de Salomão.

Esse período corresponde ao período em que Deus tem uma

nação, tem um povo escolhido, mas não tem uma casa onde ser

adorado. Nessa época eles possuíam o Tabernáculo de Moisés que

fora ditado e desenhado por Deus. Vede Êxodo capítulos 25 a

27.

Isso quer dizer que o Tabernáculo foi mantido durante toda

uma dessas dispensações.

A dedicação do templo de Salomão está em I Reis capítulo 8,

9.9

A consagração do templo de Salomão foi em 1005aC.

Esse período durou seiscentos e um anos, portanto cento e

onze anos mais que os quatrocentos e noventa.

Mas nesses seiscentos e um anos Israel foi cativo ou

tributário de:

a) Mesopotâmia oito anos - Juízes 3.8

b) Moabitas dezoito anos - Juízes 3.12-14

c) Cananitas vinte anos - Juízes 4.2,3

d) Midianitas sete anos - Juízes 6.1

e) Filisteus e Amonitas dezoito anos - Juízes 10.7,8

f) Filisteus novamente quarenta anos - Juízes 13.5

Somando todos são cento e onze anos, portanto, 601-111=490

que é o segundo período das setenta semanas.

Terceiro período - inicia na inauguração do templo e vai

até o início das Setenta Semanas de Daniel em 445 a.C.

Desde agora, com o templo já construído por volta 1005

a.C., até quatorze de Nisã de 445 a.C., época do início das

Setenta Semanas de Daniel, temos quinhentos e sessenta anos,

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com uma diferença de setenta anos. Esse é o período do

cativeiro de Israel na Babilônia que deve ser subtraído dos

quinhentos e sessenta que dão os quatrocentos e noventa

proféticos sobre Israel.

Quarto Período - e último, corresponde às Setenta Semanas

de Daniel, que estão determinadas sobre Israel para pôr fim aos

pecados, expiar a iniquidade, extinguir a transgressão e trazer

a justiça eterna.

A razão de serem ―quatro‖ os períodos de setenta semanas, é

que ―quatro‖ na Bíblia é o número do homem ou da terra. O

conceito da semana de anos é do próprio Deus como se pode ser

em Levítico 25.8-11.

Assim nós temos no capítulo nove a profecia que encerrará a

época das transgressões, do pecado e da iniquidade, quando

Israel entrará na posse das bênçãos plenamente.

No capítulo onze, voltamos à Pérsia e à Grécia e dá

seqüência profética aos tempos interbíblicos, terminando

novamente nos juízos de Deus aplicados no período da grande

Tribulação, referido a partir do verso trinta e seis até o

final do capítulo doze.

Daniel é considerado o Apocalipse do Velho Testamento, e se

acha intimamente relacionado com o Apocalipse do Novo

Testamento, que foi dado a João na ilha de Patmos.

Textos de Daniel com correspondente no Apocalipse:

DANIEL APOCALIPSE

2.44 11.15 Reino de Deus

5.4 9.20 Idolatria

7.9 20.4 Os tronos

7.10 5.11 Milhares de anjos

7.13 1.7 Volta de Jesus

7.22 20.4 Julgamento dado aos Santos

7.25 12.7 Expressão tempo e tempos

8.10 12.4 Sobre as estrelas

8.26 22.10 Selvagem da visão

10.13 12.7 Miguel Arcanjo

12.1 7.14 Tribulação

12.1 20.15 Livro da vida

12.7 10 Juramento angelical

Daniel, cronologicamente, foi dos últimos profetas do Velho

Testamento, vindo depois dele apenas Ageu, Zacarias e

Malaquias. Foi contemporâneo de Ezequiel, e Jeremias, sendo

que já era jovem na época de Habacuque, que foi profeta em 606-

605 a.C durante o reinado de Joaquim, rei de Judá. Habacuque

foi contemporâneo de Jeremias, assim como também o foi

Sofonias.

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Observando-se o capítulo 10,11, e 12 do Livro de Daniel,

podemos observar o cumprimento fiel de suas profecias no

período interbíblico; assim como ocorreu o cumprimento fiel dos

reinados posteriores a Daniel. Isso nos desperta para

acreditarmos que a Septuagésima Semana de Daniel, que ainda é

porvir, realmente virá da forma que foi profetizada, porque a

profecia é verdadeiramente fiel.

Daniel 12.9 - ...Vai, Daniel, porque estas palavras estão

encerradas e seladas até ao tempo do fim.

AMÉM