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mario-santiago
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Reflexão sobre o design.
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Odesignssepreocupacomasaparncias
DanielPortugal1Aose ler textos,artigose livrossobredesign,maisdoquecomumencontrarasseresdo
tipo: o design muitomais do que apenas esttica; o design no pensa apenas em um
produtomaisbonitinho,masmaisfuncional;ouqualqueroutraequivalenteaodesignno
sepreocupaapenascomasaparncias.Esseapenas,claramentepejorativo,atestaqueas
aparncias continuam, aindahoje, a sofrermuitas infundadasdiscriminaes.Nesse estudo,
queremosdiscutirtalmenosprezo,criticlo,eargumentarqueaaparnciaoprpriocorao
dodesign.
Emumaperspectivaevidentementeparcial,alaremosaaparnciaaprincpioefimdodesign,
e por ela o definiremos: o design a atividade que trabalha as aparncias visando as
aparncias.Definiosimplesedireta:boaparacomearumtexto,masquepodeparecerum
tanto disparatada para aqueles que nunca se puseram a refletir sobre esse termo to
importante:aparncia.
Normalmente, entendemos "aparncia" como aquilo que semostra a ns atravs da viso.
Mas, se os objetos do mundo aparecem tambm atravs dos outros sentidos, por que
privilegiarapenasum?Nohmotivoparadesconsiderar,digamos,umaaparnciaolfativa.Se,
porexemplo, algum apareceremuma festa com visual impecvel,pormexalandoodores
inapreciveis,diremosque talpessoa"sepreocupacomasaparncias"?Demaneiraalguma,
porquealmdenoseincomodarcomoprpriofedor,importasemenosaindacomaimagem
que outras pessoas fazem dela. O episdio nos faz perceber, ento, que usamos o termo
"aparncia"paranosreferirmostantosimagenssensoriais(nocaso,ocheiroruim),quantoa
qualquercoisaqueinfluencieaformaodeimagensmentais,ouideiasarespeitodealgo(no
1DanielPortugalmestreemComunicaoePrticasdeConsumopelaESPMSPedesignergrficopelaUFRJ.Sciofundadordaformaelementar,empresadebranding,designeanlisedoconsumo.
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caso,aimagemdefedorentaqueamoabemvestidatransmiteatodosospresentesnafestae
comaqualaparentementeelanoseimporta).
Assim,digamos,deummodomaisgeral,queaparnciatudooqueapareceparansoupara
os outros, seja atravs de ginsticas imaginrias, seja atravs dos sentidos. A aparncia, a
imagem,oprincpiode todanossaexperinciacomomundo,emesmocomnossoprprio
eu, como prova Geng, personagem do livro Um, Nenhum e cemmil2: um belo dia, sua
mulheroencontrade frenteparaoespelhoe lhepergunta seeleestadmirando seunariz
torto. Geng, que sempre encarou seu nariz como reto, descobre, assim, uma nova
caractersticadesuapessoaecomeaaperceberquenooumquese imaginava.Pensa
ser,ento,nenhum,jquetodasascaractersticasquepercebeemsimesmosodistintasna
percepodeoutraspessoas.Concluidepois,entretanto,quenolhefaltaumaessncia,mas
queestaseencontraexatamentenamultiplicidadedesuas imagens,desuasaparncias.Ele
no,portanto,um,nemnenhum,masvrios,cemmil.
Nietzsche3diz,dosgregos,quesosuperficiaisporprofundidade.AssimsepercebeGeng.E
assim somos todos e so tambm, demaneiras diferentes, todas as coisas. Comomostra
Nietzsche,aradicalseparaoentreaparnciaeessnciaeadegradaodaprimeiraemprol
dasegundadasuperfcieemproldaprofundidadenopassadeumpreconceitosustentado
pela prpria lngua: por que superficial o que de pouca profundidade e no demuita
superfcie,eoqueprofundodemuitaprofundidadeenodepoucasuperfcie?Tratase,
aqui, puramente de um problemade gramtica, inflado pela fora do sensocomum: quem,
afinal,nuncaouviudizerqueasaparnciasenganam?Que"quemvcaranovcorao"?
E, entretanto, quem v cara pode ver, atravs de sua imaginao, um oumais coraes,
enquantoquemolhaparao corao,nada v.Epodeat serqueasaparnciasenganem,
mas,desdequenosencantem,queimportaquenosecomprometamcomaverdadeesse
talpontodevistaquetema infundadapretensodesesuporonico?precisoconstatar,
2Pirandello,Luigi.Um,nenhumecemmil.SoPaulo:CosacNaify,2000.3Nietzsche,F.AGaiaCincia.SoPaulo:CompanhiadasLetras,2001.
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inclusive, que a incerteza s intensifica a seduo: tudo o que se coloca como certo,
verdadeiro, , alm de pretensioso, pouco sutil forado e reforado demais para ser
interessante,jqueumpontodevistaqueprecisouficarendurecidoparasubirnopedestal.
Eaquelesqueveneramaverdade,portornaremseigualmenteempedernidos,perdemtodaa
graciosidade.
Diro alguns que a graciosidade e a beleza so apenas aparncias, que no podem ser
comparadasverdade,essasupostaessnciaintocvel.Voltaro,assim,aproferirasentena
preconceituosadequetratvamosequerefutamos.Porqueverasaparncias,talcomoofaz
ametafsicaplatnica,semprecomoumadegeneraodasIdeias,dasessncias,daverdade?
Porquenoexperimentlastambmnoqueelastmdeprpriasporquenoencarlas
esteticamente? As aparncias no so uma ponte para outra coisa, so um centro. Elas
podematserummeio,massotambmumfim.
E, ao falar de meios e fins, tocamos, finalmente, em um ponto central e delicado da
mentalidade ocidental contempornea. O ponto a que nos refirimos se evidencia no
documentrio O equilibrista4, centrado nas aventuras de Phillipe Petit, que montou um
complexoesquemaparaesticar ilegalmenteumcaboentreastorresgmeaseatravesslo.
No final do filme, Phillipe declara, em uma entrevista, que o quemais o impressionou na
reaoamericanaaoseufeitoforamosporqus.Todosqueoabordavamperguntavam:por
que voc fez isso?Nohavia porqu:a travessiaeraum fimem simesma,eraum feito
esttico. Como props Kant5, na experincia esttica, a finalidade est ligada prpria
sensibilidadedosujeito,tratandosedeumafinalidadesemrepresentaodefim.Ouseja,a
experinciaestticanoprocuraumfimalheioasi.Umaexperinciaquebastaseasimesma,
entretanto, era algo que os americanos que interpelavam Phillipe simplesmente no
conseguiamconceber.
O filsofo Olavo de Carvalho6, ao comentar a desespiritualizao do ocidente, diz que a
4Oequilibrista.Ttulooriginal:Manonwire.Direo:JamesMarch.E.U.A,ReinoUnido:Discoveryfilms,2008.5Kant,Immanuel.CrticadaFaculdadedoJuzo.2.ed.RiodeJaneiro,ForenseUniversitria,1995.6Carvalho,Olavo.Ojardimdasaflies.RiodeJaneiro:Topbooks,1998.
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mentalidade laica que a substitui transforma o universo em uma gigantescamquina de
desentortarbananas.Spodemos,entretanto,retorquir:antes fosseumamquinadessasa
imagem do universo produzida por certa vertente dominante da mentalidade ocidental
contempornea.Desentortar uma gigantesca quantidade de bananas no deixa de ter seu
apelo esttico, seja pela inovao na forma, seja pela imagemsntese que talmonte de
bananas desentortadas se tornaria de toda ao humana no mundo, transformandoo
segundoosparmetrosdesuaintelignciaesensibilidade.
Aocontrrio,avertentedamentalidadeocidentalcontemporneadequefalamostransforma
o universo em uma gigantesca mquina de produzir mquinas de produzir mquinas de
produzirmquinasetc.,emumadescomunal linhadeproduocrcular.Eomaiscurioso
que,aoseeliminarosfins,osmeios,paradoxalmente,tornamse,emltimainstncia,inteis,
jquesservemaoutrosmeiosqueservemaoutrosmeiosqueservemaoutrosmeiosad
infinitum.
claramente na mesma linha desse triste pragmatismo circular que se desenvolve uma
doutrina funcionalista sejanodesign, subordinando a forma funo, sejademaneira
generalizada,vendotodaatividadeunicamentecomoummeioparaarealizaodoobjetivo
prticoeespecficoaqueelaseprope.
MrioPerniola,aocomentarospensamentosdoestudiosochecoJanMukarovsky,evidenciaa
contradioinerenteaofuncionalismoemostraondechegaquemopensaatofundo:
[...] descobrirse ento que existe tambm uma funo esttica cujascaractersticas so diferentes de todas as outras funes, porque ela anegaodialticadaprprianoode funo,porque transparente,nopossuiumobjetivoprprioe remeteparauma imagempolifuncionaldo serhumano.7
No campo do design, a doutrina funcionalista j foi amplamente dominante, fixando uma
orientao grosseiramente materialista, hiperracionalista e pragmtica, voltada aos
desenvolvimentos de uma indstria massificadora qual as pessoas que deveriam se
7Perniola,Mrio.AestticadosculoXX.Lisboa:editorialestampa,1998.p.139.
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adaptarenoocontrrio.Aindahoje,essadoutrinaexerceinfluncia,emborapercaterreno
cada vez mais para outras teorias centradas na experincia humana com as coisas e as
imagens, tal como a filosofia do design de Klaus Krippendorff8. Esta focase na dimenso
simblicaousignificantedodesigne,emboramantenhaemsegundoplanosuadimenso
esttica, lida com a questo da finalidade sem representao de fim que caracteriza a
experincia esttica atravs do conceito de motivao intrnseca. Um comentrio
apropriadodessarobustateoriaexigiriaumartigo inteiro,maselanodesempenharpapel
centralemnossaargumentao.
Oquenos interessanomomentoa insuficincia radicalquecorrio funcionalismodesde
suasbases.Vejamos:mesmoosqueachamquea forma concebidapelodesignerdeva ser
escravadeumafuno,teroqueadmitirqueodesign,namedidaemqueatuanaforma
das coisas, uma atividade esttica. Pode ser, por outro lado, que os funcionalistasmais
radicalmente pragmticos no aceitem, a princpio, que a fruio esttica seja um dos
objetivosoufinsdodesign.
Entretanto,seobservamosqueafunodegrandepartedosobjetosserealizanocontato
comohomem,noserdifcilconcluirquepromoverumcontatoagradvelentreohomeme
oobjetofazpartedaprpriafuno.Umachaleira,porexemplo,quelevaaguaebulio
emtrintassegundos,masqueimaamodequemapega,maisfuncionaldoqueoutraque
demoraquarentasegundosparaferveragua,masmaisagradveldesegurar?
Scomesseexemplobanal,jpodemosconcluirqueimpossvelnoincluircomopartedo
objetivo do design, se no proporcionar prazer esttico no sentido mais elevado da
expresso,aomenosproporcionarconfortosensorial.Mas,semdvida,poderemos irmuito
alm se notarmos que a proposta funcionalista para o design, em uma reviravolta to
contraditriaquantoinevitvel,nodeixadesertambm,elaprpria,umapropostaesttica,
mesmoquedisfarada.Talconstatao,naverdade,bastanteevidente,nemquesejapelo
simplesfatodequeafunonopodedeterminarporsimesmaaformadealgumacoisa.
8Krippendorff,Klaus.Thesemanticturn:anewfoundationfordesign.BocaRaton:CRCPress,2005.
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Emumareflexoumpoucomaisdemorada,poderamosembasarnossaposiomostrando,
por exemplo, que a escola paradigmtica da tendncia funcionalista, a Bauhaus, abrigava
tambm artistas e que as experincias grficas levadas a cabo por Klee, MoholyNagy,
Mondrian,dentreoutros, ligavamse intimamente s formaselaboradaspelosdesignersda
escola. Basta comparar, digamos, as formas de uma das conhecidas composies de
Mondrian(figura01)sformasdafamosacadeiraWassily(figura02)paranotarqueasduas
seguemumamesmapropostaesttica.
Figuras01e02Composiocomvermelho,amarelo,azulepreto(Mondrian,1921)eCadeiraWassily(Breuer,1926).
Aconclusoaquesechega,dequalquermodo,equenoparecenenhumanovidade,queo
designer,aotrabalharaformadealgumacoisa,sepreocupaaomesmotempotantocom
suasutilidadesquantocomaexperinciaestticaqueelaproporciona.Ouseja,eleenxergaa
forma que imagina tanto como ummeio para um fim diverso quanto como um fim em si
mesma. E, do mesmo modo, ao interagir com as formas imaginadas pelos designers, os
observadores/usuriosseinteressaroporelastantonamedidaemqueelassoteisquanto
namedidaemqueainteraoproporcionadiretamenteprazeresttico.
A ttulodeexemplo,observemosnovamenteuma chaleira:devidoa suas formasqueela
servefunodeesquentargua.Mas,nessesentido,comotudomaisoquetilisto,
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ummeioparaumfimdiverso,elanosinteressaapenasindiretamente.Oquenosinteressa
diretamenteaguaquente,oumelhor,oefeitoqueaguaquentemisturadaaochproduz
emnossossentidossuaaparncia,portanto.Masachaleiratambmpodesetornarumfim
em simesma se nos agradar diretamente por suas formas: podemos considerla bela, ou
gostardesegurla.
A forma, portanto, pode, como j dissemos, ser tanto ummeio quanto um fim. Enquanto
meio, elapodeatuarsobreobjetosmateriaisou imateriais.Vimos,acima,queasformasda
chaleiraalteramaaparncia(ttil)dagua,agindo,nessecaso,materialmenteofimdetal
ao sendoaaparnciaalteradadagua.Emoutros casos,as formasdeumobjetoatuam
imaterialmente,moldandoimagensimaginrias.
Suponhamos,porexemplo,quealgummilionrioadquiraumaesculturapor74milhesde
euros.Podeserqueeleo tenha feitoporqueaescultura lheagradavadiretamenteporsua
formaisto,davalheprazeresttico.Maspodesertambmqueeleatenhacompradopara
mostrar a outros que aprecia arte, ou que um milionrio que pode gastar somas
astronmicasemobrasdearte;podeserqueeleatenhacomprado,pararesumir,emfuno
da capacidadedaesculturaemalteraraaparnciadeleoudizendodeoutromodo,para
moldar,deumamaneiraoudeoutra,asimagensdesiquecirculampelasmentesalheias.
Vemos,assim,quea imagemsensorial,aformapalpveldascoisasestnocentrododesign,
sendo, aomesmo tempo, fim ltimo, namedida em que experimentado esteticamente e
meioemdoissentidos.Noprimeiro,visaoqueseconvencionouchamarfuno,isto,uma
funomaterial. A forma tem, nesse caso, uma potnciamaterialmente ativa que altera a
formaeaspossibilidadesdeaodeoutrosobjetosoudecorposporexemplo,aformade
ummachadoquepermitealteraradequadamenteaformadarvoreeatornadeslocvelpara
que possa ser transformada emmadeira de construo, um carro cuja forma aerodinmica
ajudasualocomooeeconomizacombustveletc.Nooutrosentido,aformavisaumafuno
simblica, ela tem uma potncia representativa quemodela imagensmentais vinculadas a
certos objetos ou sujeitos por exemplo, a identidade visual de umamarca alterando sua
imagem,aobradeartede74milhesdeeuroselevandoostatusdeseudonoesendosmbolo
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debomgostoetc.
Obviamente, a obra de artemencionada tambm tem um potencial esttico e uma funo
material, assim como omachado tambm pode ser belo e possui vinculaes imaginrias
diversas.Nenhumaformaesttotalmenteisentadefunesmateriaisesimblicas,mesmoum
quadro tambm umamercadoria,mesmo ummictrio, como jmostrouDuchamp9, tem
potencial esttico.O design, portanto, trabalha com a estrutura esboada na figura 03: no
centro,aforma,deumlado,aaoparaaqualtalformacolabora,deoutro,asrepresentaes
aqueelasevincula.
Figura03
Voltemos, agora, definio proposta para odesign atividade que trabalha as aparncias
visandoasaparnciasevejamoscomoelaserelacionacomesseesquema.Odesignsempre
atuaprimeiramentenaesferacentral,isso,elesempretrabalhaaforma,aaparncia.Ataa
9Duchampumfamosoartistadadasta.Umadesuasobrasmaisfamosasummictrioqueeletomoujpronto,assinoueintitulouAfonte.Produziuassimoqueviriaasechamarumreadymade,umobjetoprexistentequeoartistatransformaemarteapenasrealizandoaaodedesloclodeseuambienteoriginal,evidenciando,comtalato,suapotnciaesttica.
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definio semievidente,mas vejamos o resto. Enquanto a forma estiver principalmente
voltadasobresimesma,centradanaexperinciaesttica,adefiniovaleporsimesma,poisa
aparnciatambmfim.Namedidaemqueelaseentrelaamaisfortementecomoscrculos
laterais,vejamosoqueacontece:seelaestivercentradanaexperinciasimblica,soaindaas
aparnciastantoomeioquantoofim,poisseaformadeixadebastarse,elaserve,entretanto,
saparnciasaomododeapariomentaldesujeitoseobjetos.
Se ela estiver centrada na aomaterial, entretanto, a definio parece um pouco forada,
pois, aqui, s podemos falar em aparncia na medida em que a ao atua no mundo
emprico,sensriomundodasaparncias,enonoplanometafsicodasessncias.Por
outrolado,podemosconsiderarqueaaomaterialprodutivapoisdessaquesetrataaqui
nuncaumfimemsimesma,elaessencialmenteummeioe,pormaiorquesejaacorrente
demeios,ela sempredesembocaremum fimquearticulaoutrasdimenses,dentreelas
dimensessimblicaseestticas.Nossadefiniossedissolverrealmente,portanto,quando
umdirecionamentoradicalparaaaodeixartotalmentede ladoasoutrasduasesferas.Mas
serque,nessecaso,estaremosaindanoterrenododesign?
Diremosqueno,e justificaremosnossaposiomostrandoquespodemos falaremdesign,
comomostraa figura03,quandohumaarticulaodas trsesferas,mesmoqueumaesteja
maisemevidnciaqueasoutras.Seconsiderarmoscadaesferaemseparado,namedidaemque
elastendemasairdoesquemaproposto,veremosqueelasnodizemmaisrespeitoaodesign.
Observemos, primeiro, a esfera da forma se a experincia esttica se afasta da ao e da
representaoetentasuperarseasimesma,cainodomniodosublimeedomisticismo,vaipara
ombitodecertotipodearteoudareligio,enomaisdodesign.Naesferadarepresentao,
se ela se afasta das demais, cai no domnio da lngua e dos conceitos, entra em um plano
totalmenteabstratoquenodizmais respeitoaodesign.Omesmoacontececomaesferada
ao.Seelaseafastardasdemais,cairnosplanosdatcnicaedaengenharia,ou,emcasosmais
primitivos,damaisbsicasustentaoorgnica,enoestarmaisnoterrenododesign.
Concluindo, podemos dizer entoque, se nossa definio no propriamente universal
dado que casos extremos nos quais o design se volta especialmente para a ao s so
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abarcados tangencialmente,elapelomenosd contados aspectos centraisdodesign.Ao
encarlo como atividade que lida com as aparncias, elaboramos uma espcie de anti
funcionalismoquese,comodissemos,podeparecerumpoucoforadoemalgumassituaes
limtrofes,mostrase,poroutrolado,especialmenteadequadoparalidarcomasdinmicasdo
designemummundo cadavezmaisdesmaterializado.,afinal,noplanoqueelamelhor se
aplicaquesepodecompreender,porexemplo,odesigndemarcas.Oqueobrandingseno
uma atividade esttica e simblica, um esforo em orientar as ligaes entre os contatos
materiaisdoconsumidorcomamarcasimagensmentaisaelarelacionadas?
Enotambmprincipalmentenesseplanoqueliga,noesquemaacimaproposto,aforma
representao que atua o design demoda to em voga atualmente? Pois, obviamente,
emboratambmoperemessafuno,asvestesnasmileumavitrinesdeumshoppingcenter
nosefocamprincipalmentenaregulaotrmicadocorpo.Eoquedizerdodesigndejias?
Dodesignde interiores?Dodesignde superfcies? Fica claroque spodemos compreender
todaasuapotnciapartindodeumpontodevistasemelhanteaoquepropusemosnesteartigo
isto,umpontodevistaqueenxergueodesignprincipalmentecomoatividadeestticae
simblica.