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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS HABITACIONAIS POPULARES E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A REALIDADE DO BAIRRO 17 DE MARÇO, ARACAJU-SERGIPE. São Cristóvão/SE 2014

DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

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Page 1: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE

MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE

DANIELLE MENEZES DOS SANTOS

ASSENTAMENTOS HABITACIONAIS POPULARES E O

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – A REALIDADE DO BAIRRO

17 DE MARÇO, ARACAJU-SERGIPE.

São Cristóvão/SE

2014

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DANIELLE MENEZES DOS SANTOS

ASSENTAMENTOS HABITACIONAIS POPULARES E O DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL – A REALIDADE DO BAIRRO 17 DE MARÇO, ARACAJU-

SERGIPE.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente da Universidade Federal de Sergipe

como requisito parcial para a obtenção do

título de Mestre em Desenvolvimento e Meio

Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. José Daltro Filho

São Cristóvão/SE

2014

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

S237a

Santos, Danielle Menezes dos

Assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento

sustentável : a realidade do bairro 17 de março, Aracaju - Sergipe /

Danielle Menezes dos Santos ; orientador José Daltro Filho. – São

Cristóvão, 2014.

138 f. : il.

Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) -

Universidade Federal de Sergipe, 2014.

1. Desenvolvimento sustentável – Aracaju(SE). 2. Assentamentos

humanos. 3. Planejamento urbano. I. Daltro Filho, José, orient. II. Título.

CDU 502.131.1(813.7Aracaju)

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vi

“O saber a gente aprende com

os mestres e com os livros. A

sabedoria se aprende é com a

vida e com os humildes.”

Cora Coralina

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vii

AGRADECIMENTOS

Começo meu agradecimento àquelas que mais insistiram para que realizasse o

Mestrado do Programa de Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA, minha mãe –

Maria do Carmo e a Adriana de Lima. Sem elas não teria começado, continuado e finalizado o

mestrado. A persistência de vocês deu certo.

Agradeço a minha família, Maria do Carmo, José Everaldo e Danillo e Priscila, meus

irmãos, pelo apoio e compreensão nas horas que precisei me ausentar.

Ao meu orientador Prof. Dr. José Daltro Filho pelo conhecimento e informações

compartilhadas, pela disponibilidade, atenção e pela paciência nas orientações.

À coordenação do PRODEMA, na pessoa da profª Maria José, professores e

funcionários pelos esforços e carinho para o bom desempenho do curso do Mestrado e pelo

conhecimento adquirido.

Ao prof. Antônio Vital pelos esclarecimentos e orientações ainda na etapa da seleção.

Aos colegas de turma, pela união, informações e pela descoberta de um novo mundo e

por mostrar que é possível sim um mundo mais sustentável. Agradecimento especial a Ana

Maria, Andréa Sarmento e Roseane pelas madrugadas para realizar os trabalhos, pelos

momentos de desabafo, desesperos e das risadas que nos uniu e deu força para chegarmos até

o final. A Carla Taciane que também se fez presente, principalmente na etapa final.

Aos funcinários das Secretarias Municipais pelas informações disponibilizadas, que

foram essenciais para a realização da pesquisa, em especial a Ana Nery pela calma,

compreensão e disponibilidade para responder os questionamentos sobre a área de estudo.

A Mariana Albuquerque pela experiência do tirocínio, pela oportunidade de maior

contato com o mundo acadêmico, momento no qual descobri uma afinidade que não sabia.

Enfim, obrigada a todos que contribuíram, intencionalmente ou não, pela apoio para

que eu pudesse trilhar este caminho e concretiza-lo.

Muito obrigada!!

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viii

RESUMO

O planejamento urbano viabiliza a qualidade de vida da população. A execução de um bairro,

quando planejado, permite o desenvolvimento sustentável da comunidade. Diante disto o

presente trabalho tem como objetivo principal avaliar a aplicação dos indicadores de

desenvolvimento sustentável aos assentamentos habitacionais populares em Aracaju-SE, com

o intuito de promover o desenvolvimento sustentável, caso do Bairro 17 de Março. Para

atender ao objetivo central foi preciso definir como objetivos específicos: avaliar a situação

do Bairro 17 de Março segundo os moradores, avaliar os indicadores de desenvolvimento

sustentável do IBGE que se enquadram ao Bairro 17 de Março e indicar ações que

proporcionem melhorias aos assentamentos habitacionais populares. Com o intuito de

responder à problemática levantada, a metodologia de execução definida foi a pesquisa

exploratória e descritiva com o levantamento de dados quantitativos e qualitativos. Os

procedimentos técnicos utilizados foram: a pesquisa documental e bibliográfica e aplicação de

questionários com os moradores do assentamento e com funcionários da Secretaria Municipal

de Aracaju. O universo da pesquisa foi a primeira e segunda etapa do bairro entregue até

junho de 2013, o que totaliza 1.490 imóveis, dos quais foram pesquisados 251 domicílios. A

análise e a discussão dos dados foram realizadas, após os mesmos serem tabulados e

transformados em gráficos, posteriormente fundamentadas e analisados quanto aos

Indicadores de Desenvolvimento Sustentável do IBGE. Foram avaliadas as características da

edificação, da área comum, dos serviços, da infraestrutura, mobilidade, econômica, social e da

saúde e o resultado encontrado demonstrou que, quanto ao planejamento urbano, o bairro não

possui qualidade de vida e algumas das necessidades não foram atendidas. Em relação aos

indicadores, o bairro não tem situação satisfatória, o que demonstra a necessidade de ações

por parte da Prefeitura para que os moradores tenham qualidade de vida e ocorra o

desenvolvimento sustentável no bairro.

PALAVRAS-CHAVE: Planejamento Urbano; Desenho Urbano; Assentamentos Habitacionais;

Desenvolvimento Sustentável.

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ix

ABSTRACT

Urban planning enables the quality of life of the population. The execution of a neighborhood

when planned, allows sustainable community development. In view of this the present study

aims to assess the implementation of sustainable development indicators for public housing

settlements in Aracaju - SE, in order to promote sustainable development, case of 17 March

Quarter. To meet the main objective had to be defined specific objectives: to assess the

situation of the Neighborhood March 17 according to residents, to assess the sustainable

development indicators IBGE that fall to the Neighborhood 17 March and indicate actions that

provide improvements to public housing settlements. In order to respond to the issues raised,

the defined implementation methodology was exploratory and descriptive research with the

lifting of quantitative and qualitative data. The technical procedures were used: documentary

and bibliographic research and questionnaires with residents of the settlement and employees of

the Municipal Aracaju. The research was the first and second stage of the neighborhood

delivered through June 2013, totaling 1,490 properties, of which 251 households were

surveyed. The analysis and discussion of the data were performed after the same are tabulated

and graphed later founded and analyzed for Sustainable Development Indicators IBGE. The

characteristics of the building, common area, services, infrastructure, mobility, economic,

social and health were evaluated and the results found show that, the urban planning, the

neighborhood has no quality of life and some of the requirements were not met. Regarding

indicators, the district does not have satisfactory situation, which demonstrates the need for

action by City Hall for residents to have quality of life and sustainable development in the

neighborhood occurs.

KEYWORDS: Urban Planning; Urban Design; Housing Settlements; Sustainable

Development.

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x

LISTA DE ABREVIATURAS

BNH – Banco Nacional de Habitação

BRT – Bus Rapid Transit

CAP - Centro de Aperfeiçoamento Profissional

CDS – Comissão para o Desenvolvimento Sustentável

CEF - Caixa Econômica Federal

CNUMAD - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

EMSURB – Empresa Municipal de Serviços Urbanos

EMURB – Empresa Municipal de Obras e Urbanização

FAR - Fundo de Arrendamento Residencial

FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

IAP - Institutos de Aposentadoria e Pensão

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDS – Indicador de Desenvolvimento Sustentável

PAC – Programa de Aceleração do Crescimento

PAR - Programa de Arrendamento Residencial

PIB – Produto Interno Bruto

ONU - Organização das Nações Unidas

SEPLAN – Secretaria de Planejamento

SMS – Secretaria Municipal de Saúde

SMTT – Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 2.1 – Foto área de Aracaju e localização do Bairro 17 de Março ............................ 28

FIGURA 2.2 – Mapa de Diretrizes, área do Bairro ................................................................. 30

FIGURA 2.3 – Projeto urbanístico do Bairro .......................................................................... 31

FIGURA 2.4 – Foto área do Bairro 17 de Março, Bloco I e II e terreno dos próximos

Blocos ............................................................................................................ 32

FIGURA 2.5 – Foto área do Bairro 17 de Março, Bloco I e II................................................ 32

FIGURA 2.6 – Foto panorâmica do Bairro 17 de Março ........................................................ 33

FIGURA 2.7 – Vista das residências, na entrega do Bairro .................................................... 33

FIGURA 2.8 – Vista dos edifícios, na entrega do Bairro ........................................................ 34

FIGURA 2.9 – Bairro 17 de Março ......................................................................................... 34

FIGURA 2.10 – Bairro 17 de Março ....................................................................................... 34

FIGURA 2.11 – Bairro 17 de Março ....................................................................................... 35

FIGURA 2.12 – Bairro 17 de Março ....................................................................................... 35

FIGURA 2.13 – Vista da Etapa I do Bairro 17 de Março ....................................................... 40

FIGURA 2.14 – Vista da Etapa II do Bairro 17 de Março ...................................................... 41

FIGURA 2.15 – Vista da Etapa II do Bairro 17 de Março ...................................................... 41

FIGURA 2.16 – Nomenclatura adotada para as ruas do Bairro 17 de Março ......................... 43

FIGURA 3.1 – Imóvel como ponto comercial, mais doque os 20% permitido ...................... 49

FIGURA 3.2 – Casas com criação de cavalo .......................................................................... 50

FIGURA 3.3 – Praça do Bairro 17 de Março .......................................................................... 53

FIGURA 3.4 – Construção da Creche/Escola do Bairro 17 de Março .................................... 55

FIGURA 3.5 – Construção da Creche/Escola do Bairro 17 de Março .................................... 55

FIGURA 3.6 – Comércio local formado por pequenas mercearias ......................................... 57

FIGURA 3.7 – Feira livre ....................................................................................................... 57

FIGURA 3.8 – Projeto do Bairro com a marcação das áreas de comércio e serviços ............ 58

FIGURA 3.9 – Iluminação pública das vias principais ........................................................... 62

FIGURA 3.10 – Iluminação pública das vias locais ............................................................... 62

FIGURA 3.11 – Iluminação pública à noite ............................................................................ 62

FIGURA 3.12 – Fossas entupidas nas áreas dos prédios ........................................................ 64

FIGURA 3.13 – Fossas entupidas nas áreas dos prédios ........................................................ 64

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FIGURA 3.14 – Esgoto a céu aberto. Divisa da 2ª com a 3ª etapa ......................................... 64

FIGURA 3.15 – Tubulação de esgoto exposta. Divisa da 2ª com a 3ª etapa .......................... 65

FIGURA 3.16 – Presença de lixo nos canais de drenagem ..................................................... 67

FIGURA 3.17 – Presença de lixo nas quadras sem construção............................................... 67

FIGURA 3.18 – Centro para triagem do Bairro 17 de Março ................................................. 68

FIGURA 3.19 – Ciclovia do Bairro 17 de Março, nas vias principais .................................... 71

FIGURA 3.20 – Ciclovia sem continuidade para a segunda etapa do Bairro ......................... 72

FIGURA 3.21 – Acessibilidade constituída por rampas e rebaixamento da calçada .............. 72

FIGURA 3.22 – Rampa para a acessibilidade nos cruzamentos do Bairro ............................. 73

FIGURA 3.23 – Passeios sem arborização .............................................................................. 73

FIGURA 3.24 – Passeios sem calçamento no Bloco II do Bairro ........................................... 74

FIGURA 3.25 – Passeios sem calçamento no Bloco II do Bairro ........................................... 74

FIGURA 3.26 – Espaço para culto religioso, construído pelo proprietário ............................ 81

FIGURA 3.27 – Um dos bares do bairro ................................................................................. 82

FIGURA 3.28 – Mutirão da saúde no Bairro 17 de Março ..................................................... 84

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1.1 – Necessidade e aspectos da qualidade de vida .............................................. 10

QUADRO 2.1 – IDS selecionados quanto a situação do Bairro 17 de Março ........................ 44

QUADRO 3.1 – Síntese dos indicadores ................................................................................ 86

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xiv

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 2.1 – Grau de escolaridade dos moradores do Bairro 17 de Março ...................... 37

GRÁFICO 3.1 – Índice da ventilação natural ......................................................................... 50

GRÁFICO 3.2 – Índice da iluminação natural ....................................................................... 51

GRÁFICO 3.3 – Qualidade da iluminação pública do Bairro 17 de Março .......................... 61

GRÁFICO 3.4 – Qualidade do esgoto residencial do Bairro 17 de Março ............................ 63

GRÁFICO 3.5 – Situação das moradias em período de chuva ............................................... 66

GRÁFICO 3.6 – Conhecimento e uso do Centro para triagem ............................................... 68

GRÁFICO 3.7 – Valores da conta d’água dos moradores do Bairro 17 de Março ................. 77

GRÁFICO 3.8 – Valores da conta de energia dos moradores do Bairro 17 de Março ........... 78

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xv

LISTA DE TABELA

TABELA 2.1 – Amostra proporcional do Bairro por Bloco .................................................. 42

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xvi

SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................ viii

ABSTRACT ........................................................................................................................... ix

LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................ x

LISTA DE IMAGENS ............................................................................................................ xi

LISTA DE QUADROS ........................................................................................................... xiii

LISTA DE GRÁFICOS ........................................................................................................... xiv

LISTA DE TABELA .............................................................................................................. xv

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 01

CAPÍTULO I DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO

HABITACIONAL POPULAR ............................................................................................................................ 06

1.1 O Urbano e o Desenvolvimento Sustentável .................................................................... 07

1.1.1 Planejamento Urbano ............................................................................................. 08

1.1.2 Desenho Urbano ..................................................................................................... 11

1.2 Assentamentos Habitacionais Populares no Brasil ........................................................... 12

1.2.1 Assentamentos Habitacionais Populares no Brasil, Um Problema Histórico ......... 13

1.2.2 A Legislação e os Programas do Governo Federal ................................................ 16

1.2.3 Programa Minha Casa, Minha Vida ....................................................................... 19

1.3 Indicadores e o Desenvolvimento Sustentável ................................................................. 20

1.3.1 Indicadores do IBGE .............................................................................................. 22

1.4 Estudo de Caso ................................................................................................................. 24

CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA ........................................................... 26

2.1 Características da Área de Estudo .................................................................................... 27

2.1.1 Características Sócioeconômicas ............................................................................ 36

2.2 Metodologia de Execução ................................................................................................ 37

2.3 O Universo da Pesquisa .................................................................................................... 40

2.4 Tamanho da Amostra ........................................................................................................ 41

2.5 Análise de Dados .............................................................................................................. 43

CAPÍTULO III ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................... 47

3.1 Características das Edificações ......................................................................................... 48

3.2 Características da Área Comum ........................................................................................ 52

3.3 Características dos Serviços ............................................................................................. 54

3.4 Características da Infraestrutura ....................................................................................... 61

3.5 Características da Mobilidade .......................................................................................... 70

3.6 Características Econômicas .............................................................................................. 76

3.7 Características Sociais ...................................................................................................... 80

3.8 Características da Saúde ................................................................................................... 83

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xvii

CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ............................................................................ 94

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 99

APÊNDICES ......................................................................................................................... 104

APÊNDICE A – Roteiro de Entrevistas com as Secretarias Municipais ............................... 105

APÊNDICE B – Roteiro de Entrevistas com os moradores do Bairro 17 de Março,

Aracaju/SE .............................................................................................................................. 106

ANEXO .................................................................................................................................. 108

ANEXO A – Especificação da casa, Minha Casa, Minha Vida ............................................. 109

ANEXO B – Especificação do apartamento, Minha Casa, Minha Vida ................................ 114

ANEXO C – Indicadores de Desenvolvimento Sustentável do IBGE ................................... 119

Page 19: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

INTRODUÇÃO

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2

INTRODUÇÃO

A Revolução Industrial, em meados do século XVIII, causou grandes transformações

nas cidades, a oportunidade de emprego atraiu a população rural que abandonou o campo para

trabalhar nas fábricas instaladas nas cidades. Sem a estrutura mínima para atender essa

demanda, a população se viu obrigada a morar em cortiços, pagando altos preços pelo aluguel,

ou construir em áreas de preservação, como margens de rios, ou áreas de risco. Com isso,

começaram os problemas ambientais como a poluição da água e do ar pelas indústrias e pela

falta de saneamento adequado.

A transformação ocorrida nas cidades devido a Revolução Industrial ocasionou dois

grandes problemas, a questão da habitação para todos e a degradação do meio ambiente.

Abordados de forma independente, o meio ambiente teve maior destaque, pois afetava

diretamente a economia sem a preservação dos recursos naturais.

A conservação dos recursos naturais, visando à continuidade do crescimento

econômico dos países, levou à discussão do tema desenvolvimento sustentável, inicialmente,

com a preocupação de manter a matéria-prima necessária para o desenvolvimento econômico.

A discussão sobre o tema ganhou maiores proporções ao longo dos anos, notou-se que o

social e o ambiental também deveriam estar envolvidos, não mais ter a questão econômica

como ponto principal. Além disso, este desenvolvimento precisava atingir a todos e ser

realizado por todos para que reduzisse o impacto no meio ambiente.

Em relação à habitação, a preocupação era a construção de assentamentos1 com o

maior número de moradias possíveis para reduzir o déficit habitacional, retirar a população

das áreas de risco e evitar epidemias devido à falta de infraestrutura do local. As políticas

habitacionais, inicialmente, possuíam o cunho de limpeza das cidades e, ao longo dos anos, as

políticas foram modificadas, no intuito de abranger uma maior quantidade. A criação do

Banco Nacional de Habitação (BNH), na década de 1970, foi uma das medidas criadas para

resolver a questão habitacional no Brasil.

1 Defini-se como assentamento áreas destinadas a habitação popular. No caso dessa pesquisa o assentamento

também foi denominado como bairro devido o nome empregado para o empreendimento – Bairro 17 de Março.

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INTRODUÇÃO__________________________________________________________________________ 3

Apesar da criação de políticas públicas direcionadas à questão da habitação, durante

anos, ações eram implementadas sem analisar a questão ambiental ou o desenvolvimento da

comunidade que residirá nos novos assentamentos. Afinal, a construção de empreendimentos

deste porte causa grande impacto ao meio. A junção do desenvolvimento sustentável com a

questão da habitação é fundamental não só para reduzir o impacto ambiental, mas também

para evitar futuros problemas e promover a sustentabilidade da população que habitará no

local.

A criação da Agenda 21, realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em

1992, trouxe instrumentos de planejamento para a promoção de sociedades sustentáveis. Este

programa foi implantado no Brasil no intuito de promover o desenvolvimento sustentável das

cidades, reduzir o déficit habitacional e proporcionar uma adequada evolução urbana.

A formulação de leis e políticas públicas para reduzir o impacto na cidade alterou o

modelo das ações destinadas à questão habitacional. Diante disto, em 2007 o Presidente Luís

Inácio Lula da Silva criou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) o qual tem como

meta promover “a retomada do planejamento e execução de grandes obras de infraestrutura

social, urbana, logística e energética do país, contribuindo para o seu desenvolvimento

acelerado e sustentável” (BRASIL, 2012).

A alteração no programa do Governo Federal juntamente ao advento da Agenda 21

levantou o debate sobre as políticas públicas implantadas no Brasil. Leis foram criadas para

assegurar o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida dos moradores da cidade,

independente do local onde residam. A construção de novos assentamentos habitacionais pelo

PAC deveriam seguir as exigências previstas em lei e a dos programas.

Na cidade de Aracaju, Sergipe, a construção do Bairro 17 de Março foi realizada por

intermédio do PAC, o qual teve como meta resolver a questão da moradia dos que viviam em

áreas de risco. Tal assentamento destinado a abrigar aproximadamente 25 mil habitantes deve

promover a qualidade de vida dos moradores e o desenvolvimento econômico.

Construído na Zona de Expansão da cidade, o bairro, devido à dimensão, deve possuir

toda a estrutura exigida para o porte em que foi planejada, com primeira etapa entregue em

março de 2010. O bairro ainda está em processo de construção, mas já permite ter um

panorama quanto ao desenvolvimento sustentável da comunidade.

O desenvolvimento sustentável deve ser previsto no planejamento urbano do

assentamento, o que interfere no seu desenho urbano. A criação de indicadores como

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INTRODUÇÃO__________________________________________________________________________ 4

instrumento para avaliação e análise de determinada situação possibilita verificar a realidade

dos assentamentos e interferir nas políticas públicas que serão empregadas no local.

Com a análise do Bairro 17 de Março a partir dos indicadores de desenvolvimento

sustentável do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2012, é possível

verificar se o assentamento atende quanto à promoção do desenvolvimento sustentável da

comunidade. O panorama do bairro proporciona mais do que o entendimento da situação

local, mas também é um importante instrumento para definir as políticas públicas delineadas

às necessidades locais.

O intuito dos indicadores é promover, junto ao Poder Público, a criação ou aplicação

de políticas públicas destinadas ao desenvolvimento sustentável de assentamentos

habitacionais, promovendo assim a qualidade de vida aos moradores.

Esse estudo aqui proposto tem como temática a abordagem sobre assentamentos

habitacionais populares, qualidade de vida, desenvolvimento sustentável e indicadores de

desenvolvimento sustentável.

A pesquisa tem como problemática: como os indicadores de desenvolvimento

sustentável podem contribuir na evolução dos assentamentos habitacionais populares, tendo

como referência o projeto implantado no Bairro 17 de Março?

O objetivo geral proposto é: avaliar a aplicação dos indicadores de desenvolvimento

sustentável aos assentamentos habitacionais populares em Aracaju - SE com o intuito de

promover desenvolvimento sustentável dessa população, a partir da análise do Bairro 17 de

Março.

A partir do objetivo geral foram definidos os seguintes objetivos específicos:

Avaliar a situação do Bairro 17 de Março segundo os moradores;

Identificar e analisar os indicadores de desenvolvimento sustentável do IBGE

que se enquadram ao Bairro 17 de Março;

Identificar ações que proporcionem melhorias ao bairro de acordo com os

indicadores de desenvolvimento sustentável.

As hipóteses da pesquisa são:

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INTRODUÇÃO__________________________________________________________________________ 5

Os assentamentos habitacionais populares respeitam os indicadores de

desenvolvimento sustentável e visam as questões sociais, ambientais e

econômica dos moradores do bairro?

Há o desenvolvimento social e interação da população com o local onde

residem?

O trabalho está organizado em quatro módulos, o primeiro sendo a Introdução

contendo a problemática, os objetivos geral e específicos, e as hipóteses e os demais foram

divididos em capítulos, conforme a descrição:

Capítulo I trata da questão do desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade,

aborda a questão do planejamento e desenho urbano, assim como seu estudo e sua execução é

fundamental para a qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável. Seguido pela

evolução, no Brasil, dos assentamentos habitacionais ao longo dos anos até o modelo

empregado atualmente, o “Minha Casa, Minha Vida”, onde é possível ver as características do

atual programa, suas regras e exigências. A legislação direcionada aos assentamentos

habitacionais e ao desenvolvimento sustentável foi exposta, como o Estatuto da Cidade e a

Agenda 21, importantes norteadores para alcançar o desenvolvimento esperado. O estudo dos

indicadores, sua relevância e aplicação, também foram explanados no capítulo, onde são

explicados os indicadores de Desenvolvimento Sustentável do IBGE, quais são e como foram

definidos.

O Capítulo II refere-se sobre a metodologia utilizada, consta a caracterização da área

de estudo e do perfil da população, a metodologia de execução com as etapas realizadas para a

construção do trabalho, o universo da pesquisa com a delimitação da área de estudo, o

tamanho da amostra que foi definida segundo cálculo estatístico e a análise de dados, como

foi realizado e quais os indicadores selecionados.

No Capítulo III, são apresentados os resultados atingidos a partir da caracterização e

análise dos questionários, confrontados com os indicadores do IBGE a fim de alcançar uma

conclusão sobre a área de estudo e apontar possíveis soluções.

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CAPÍTULO I DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO

HABITACIONAL POPULAR

.

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CAPÍTULO I

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO

HABITACIONAL POPULAR

O rápido crescimento das cidades, incentivado pela Revolução Industrial, transformou,

ao longo das décadas, os centros urbanos. Estes centros precisaram se adaptar às novas

exigências como a utilização de automóveis e suprir a necessidade habitacional. O

desenvolvimento econômico foi o priorizado para promover a evolução e a adaptação das

cidades, porém este desenvolvimento não teve a devida preocupação com o social ou com o

ambiental, assim como define o desenvolvimento sustentável.

O conceito de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade alteraram-se ao longo

dos anos, ampliou sua abordagem e preocupação conforme o processo de reavaliação crítica

do meio social com o meio ambiente (BELLEN, 2006). Devido à quantidade de significados,

houve a necessidade de definir a que mais se enquadra com essa pesquisa.

A definição de qual conceito norteará esse estudo é fundamental para definir os

indicadores e realizar a avaliação do bairro. Assim, o conceito de desenvolvimento

sustentável empregado é o de “[...] que atende às necessidades das gerações presentes sem

comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem suas próprias necessidades”

(WCED apud BELLEN, 2006, p. 23). Ainda, conforme Sachs (2002) o crescimento justo e

com respeito pela natureza deverá atender aos três pilares, “a relevância social, prudência

ecológica e viabilidade econômica”.

Apesar do conceito de desenvolvimento sustentável sofrer alterações, pois a sociedade,

o meio ambiente, a cultura e as tecnologias sofrem constantes modificações, os valores e

desejos não são sempre os mesmos. Devido a tal fator, “[...] uma sociedade sustentável deve

permitir e sustentar essas modificações” (BELLEN, 2006, p. 29). A sociedade sustentável não

pode ser estática e todos os seus interesses devem ser atendidos sem privilégios e sem destruir

o meio ambiente.

A conservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável são questões que se

complementam. Este tipo de desenvolvimento é um processo importante na busca pela

sustentabilidade, pois, atender as necessidades atuais e futuras de forma progressiva e sem

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CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO HABITACIONAL

POPULAR_______________________________________________________________________ 8

agredir, é fundamental para permitir o correto crescimento da sociedade (MOEHLECKE,

2010).

Quanto à sustentabilidade, também com uma infinidade de conceitos, define-se que

esta deve agrupar questões ambientais e ecológicas juntamente com o social. O bem estar do

social e do ecológico e o progresso devem ser atingidos sem prejudicar um ou outro, ou seja,

com a interação entre as três esferas (BELLEN, 2006).

As dimensões do conceito de sustentabilidade não podem ser dissociadas, ou o

econômico ser condição prévia para a existência do social e do meio ambiente. Devendo ser o

social a prioridade, pois é a finalidade do desenvolvimento, acompanhado pela

sustentabilidade do meio ambiente e por último o econômico. Sachs (2002, p. 71) diz ainda

que “[...] um transtorno econômico traz consigo o transtorno social, que, por seu lado, obstrui

a sustentabilidade ambiental”. O ciclo precisa estar em harmonia para não trazer danos à

sociedade e ao meio ambiente.

O deslocamento da população em direção às cidades promoveu o seu crescimento,

muitas vezes sem o correto planejamento. Atualmente mais de 84% da população brasileira

vive em área urbana, (IBGE, 2011), o que exigirá atenção especial aos centros urbanos para

atender essa demanda sem agredir o meio ambiente nos próximos anos. Na construção de

conjuntos habitacionais e até mesmo de bairros, deve haver atenção com a sustentabilidade e

o desenvolvimento sustentável dos que ali habitarão e o desenho urbano é fundamental para

que haja essa interação.

1.1 O urbano e o desenvolvimento sustentável

O projeto urbano de um conjunto, bairro ou até mesmo de uma cidade quando

planejado é capaz de proporcionar o desenvolvimento sustentável. O planejamento urbano

quando analisado numa interdisciplinaridade facilita na organização para atingir tal objetivo.

1.1.1 Planejamento urbano

O planejar significa tentar antever o progresso em uma situação, é o andamento de um

processo com o intuito de precaver prováveis dificuldades ou tirar benefício de alguma

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CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO HABITACIONAL

POPULAR_______________________________________________________________________ 9

situação, o planejamento deve ser referenciado pelos fatos atuais, deve ser feito um

prognóstico (SOUZA, 2010).

O planejamento tem o intuito de estruturar a cidade para o futuro, cabendo não só ao

Estado determinar a situação, como afirma Souza que a cidade

[...] deve aparecer não como uma massa passivamente modelável ou como uma

máquina perfeitamente controlável pelo Estado [...], mas como um fenômeno gerado

pela interação complexa, jamais plenamente previsível ou manipulável, de uma

miríade de agentes modeladores do espaço, interesses, significações e fatores

estruturais, sendo o Estado apenas um dos condicionantes em jogo [...]. (SOUZA,

2010, p. 52).

A situação econômica e política fizeram com que os modelos de planejamento se

tornassem menos centralizados e rígidos. Mas, o imediatismo do Estado fez com que o

planejamento perdesse espaço na gestão, prevalecendo mais a atitude para o presente que o

estudo para ações futuras (SOUZA, 2010).

O planejamento necessita estar coerente ou incluso nas políticas públicas, estar de

acordo com as peculiaridades da cidade e de cada zona para que haja uma contribuição para

ocorrer assim qualidade do meio urbano tanto no presente quanto no futuro da população

residente na cidade (LIMA, 2004).

O planejamento urbano deve incorporar profissionais de diferentes áreas de atuação.

Não cabendo só ao arquiteto realizar o planejamento de uma cidade ou de um bairro. Conta-

se, também, com a colaboração de cientistas sociais como geógrafos, arquitetos, engenheiros,

antropólogos e especialistas em Direito Urbano. O diálogo entre as áreas de formação permite

que o planejamento urbano tenha mais do que a dimensão estética, tendo também a

preocupação com as relações e processos sociais (SOUZA, 2010). O planejamento urbano

deve ser interdisciplinar, ter uma cooperação em virtude de um intuito e uma problemática

comum.

O planejamento não é um processo simplificado, é preciso a compatibilização das

informações e dados que irão auxiliar na concepção do planejamento. A responsabilidade dos

envolvidos no processo é fundamental para que haja a melhoria da qualidade de vida da

população e conservação do meio (AMADO, 2005).

Devido à complexidade do planejamento urbano, a colaboração das ciências sociais,

da Arquitetura e, também, da ciência natural são fundamentais na contribuição da análise e

superação de problemáticas de ordem econômica, política, social, cultural, legal e ambiental

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CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO HABITACIONAL

POPULAR_______________________________________________________________________ 10

uma vez que, “a necessidade de diálogo, de aprendizado mútuo e de superação de fronteiras

artificiais fica ainda mais evidente quando se trata de pensar para além da problemática,

buscando refletir também sobre as soluções” (SOUZA, 2010, p. 100).

O planejamento urbano tem como principal finalidade superar problemas de cunho

social e promover melhoria da qualidade de vida, estratégias do desenvolvimento urbano.

Caracterizado pelo desenvolvimento urbano aponta “[...] dois objetivos derivados: a melhoria

da qualidade de vida e o aumento da justiça social. Tem-se, aqui, nada mais que uma

especificação, para o ambiente urbano [...]” (SOUZA, 2010, p. 75).

A qualidade de vida pretendida pelo desenvolvimento e planejamento urbano são

parâmetros relativos à saúde, à educação, entre outros. Os parâmetros devem ser analisados

com base na coletividade, na sociedade e não pensado em relação a interesses individuais. No

Quadro 01, têm-se as necessidades, aspectos da qualidade de vida e as possíveis

consequências da não satisfação com a situação.

Necessidades Aspectos particulares Possíveis consequências da não

satisfação

1. Regeneração Insolação, luz do dia, aeração, proteção

contra barulho, espaços para atividades

corporais, locais para prática de

esportes e brincadeiras.

Esgotamento físico e psíquico,

vulnerabilidade face a doenças, insônia,

estresse, depressão.

2. Privacidade

3. Segurança

Proteção da esfera privada, proteção

contra roubos e assaltos.

Raiva, medo, estresse, agressão,

isolamento, atritos com vizinhos, fraca

topofilia.

4. Funcionalidade

5. Ordem

Necessidade de espaço, conforto, senso

de orientação.

Raiva, desperdício de tempo e dinheiro,

desorientação, insatisfação com a

moradia e a vida, fraca topofilia.

6. Comunicação

7. Apropriação

8. Participação

Conversas, ajuda dos vizinhos,

participação e engajamento.

Preconceitos e conflitos sociais,

insatisfação com a moradia, vandalismo,

segregação.

9. Estética

10. Criatividade

Aspectos dos prédios e fachadas,

arruamento, presença de praças e

parques.

Fraca topofilia, insatisfação com a

moradia, mudança do local, vandalismo.

Quadro 1.1: Necessidade e aspectos da qualidade de vida

Fonte: Souza, (2010, p. 78)

O Estado é o principal agente do planejamento urbano e da gestão urbana, é o Estado

quem planeja e executa ações de políticas públicas. A participação popular nas etapas do

processo do planejamento é importante nas decisões sobre os espaços de habitação, lazer,

trabalho entre outras. Mas, o principal do planejamento são as relações sociais mais do que a

estrutura urbana.

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CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO HABITACIONAL

POPULAR_______________________________________________________________________ 11

Independente das preocupações e estratégias, o planejamento precisa ser

constantemente aperfeiçoado, pois a sociedade não é estática, assim como a cidade. As

modificações e transformações são constantes e o planejamento precisa acompanhar. “[...]

uma sociedade justa não é uma sociedade que adotou leis justas para sempre. Uma sociedade

justa é uma sociedade onde a questão da justiça permanece constantemente aberta”

(CASTORIADIS apud SOUZA, 2010, p. 186).

É no planejamento urbano que se inicia a preocupação com o desenvolvimento da

sociedade, em especial, o desenvolvimento sustentável, e, o desenho urbano precisa seguir

este enfoque para que ocorra o proposto por todo planejamento, melhorias nas relações

sociais.

1.1.2 Desenho urbano

O desenho urbano de uma cidade ou assentamento habitacional é fundamental para

definir seu desenvolvimento sustentável e sua sustentabilidade, pois influenciará no

deslocamento, na ocupação e na apropriação pela população. Porém, o lado econômico na

maioria das vezes, é o priorizado no desenho urbano. Os espaços são selecionados e

estruturados de acordo com a classe social que ali habitará. Santos (1993, p. 96) apud Villaça

(2001) expõe como as áreas são escolhidas pela especulação imobiliária, observando

[...] o funcionamento da sociedade urbana transforma seletivamente os lugares,

afeiçoando-os às suas exigências funcionais. É assim que certos pontos se tornam

mais acessíveis, certas artérias mais atrativas e, também, uns e outros, mais

valorizados. Por isso são atividades mais dinâmicas que se instalam nessas áreas

privilegiadas; quanto aos lugares de residência, a lógica é a mesma, com as pessoas

de maiores recursos buscando alojar-se onde lhes pareça mais conveniente, segundo

os cânones de cada época, o que também inclui a moda. É desse modo que as

diversas parcelas da cidade ganham ou perdem valor ao longo do tempo. (SANTOS

apud VILLAÇA, 2001, p. 96)

A busca pela melhor área, a segregação e a aplicação de infraestrutura de acordo com

a classe social promove distinções na cidade, ou seja, não é igualitária. Enquanto há o

interesse em transformar a região em um perfeito lugar para atrair a classe média e alta, outros

locais têm, como principal meta, abrigar o maior número de habitantes possível. No entanto,

alguns fatores não são analisados, como o meio, a natureza, o social entre outros fatores, ou

seja, não há a devida preocupação com o desenho urbano (VILLAÇA, 2001).

Para Romero (1988) o desenho urbano precisa avaliar outros fatores, pois,

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CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO HABITACIONAL

POPULAR_______________________________________________________________________ 12

Acredita-se que o estabelecimento de princípios de desenho urbano que levem em

conta as inter-relações meio-físico-espaço construído, princípios estes baseados no

exame, sistematização e elaboração de informações, e traduzidos numa linguagem

acessível aos planejadores e arquitetos, contribui tangivelmente para a construção de

espaços adequados às atividades do homem do ponto de vista de sua adequação

térmica e salubridade ambiental (ROMERO, 1988, p. 12).

Complementando o autor citado anteriormente, observa que,

O estabelecimento de princípios de desenho urbano que proporcionem ao homem

conforto térmico significa uma simplificação operacional, uma vez que, na sua

relação com o meio, o homem faz uma avaliação integrada das qualidades

ambientais, seja do ambiente físico, seja do social, envolvendo, além da percepção

térmica, a acústica, a luminosa, a olfativa, a tátil, entre outras (ROMERO, 1988, p.

12).

Mas, não são somente as questões bioclimáticas que precisam ser analisadas. Segundo

Jacobs (2009), é fundamental que a cidade, em especial as ruas, possua vida e que a relação

com o entorno deve ser incentivada e fortalecida para preservar o meio onde vivem, uma vez

que

[...] poucas pessoas, a menos que vivam debruçadas sobre mapas, conseguem

identificar-se com uma abstração chamada distrito ou preocupar-se com ela. A

maioria identifica-se com um lugar da cidade porque o utiliza e passa a conhecê-lo

quase intimamente. Nós nos movimentamos por ele com os pés e acabamos

dependendo dele. O único motivo para as pessoas fazerem isso é se sentirem atraídas

por particularidades das redondezas que se mostram úteis, interessantes e

convenientes (JACOBS, 2009, p. 141).

O desenho urbano quando tem a preocupação com a qualidade físico-ambiental e com

a paisagem atende aos critérios do tripé do desenvolvimento sustentável - o social, economia e

o meio ambiente, pois promove espaços mais igualitários e atendendo as questões ambientais.

Entende assim que uma intervenção na cidade afeta a qualidade ambiental local e global,

como também a maneira como a sociedade se relacionará com o espaço. O desenho urbano

precisa entender a realidade local para que consiga realizar o desenvolvimento sustentável da

região (ANDRADE, 2009).

1.2 Assentamentos habitacionais populares no Brasil

No século XIX, as cidades tiveram um significativo crescimento populacional devido

a Revolução Industrial que atraiu a população em busca de melhorias. Sem a estrutura

necessária, as cidades tiveram consequências devido ao rápido aumento populacional. Não

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CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO HABITACIONAL

POPULAR_______________________________________________________________________ 13

havia alojamento suficiente e a pouca condição financeira proporcionou o surgimento de

imóveis sem as condições mínimas de habitabilidade.

Apesar das inúmeras ações para reverter esse quadro, como as políticas sanitaristas e

construção dos assentamentos habitacionais nas periferias das cidades, o problema da

habitação popular no Brasil ainda é alto. A quantidade e a qualidade não são suficientes para

atender à população ou resolver as questões sociais, ambientais e econômicas que perduram

por anos. As ações para higienizar as cidades é um exemplo disso, a população foi retirada

dos imóveis sem um destino certo. A intenção se limitava a acabar com epidemias e limpar os

centros urbanos. Os empreendimentos habitacionais populares seguiam a mesma linha,

controlar o crescimento desordenado dos centros urbanos e remover aqueles habitantes.

A habitação popular é um problema recorrente nos países em desenvolvimento e o

Brasil não está isento desta situação. Atualmente, no Brasil, o déficit habitacional é de 7,2

milhões de famílias sem residência própria, dados da pesquisa realizada em 2007 por Fuzo

(2009). A construção de moradias para a população de baixa renda diminuiu este número,

mas, ainda não é o suficiente, como são percebíveis na evolução da aplicação de moradia

popular no Brasil.

1.2.1 Assentamentos habitacionais no Brasil, um problema histórico

A questão da habitação no Brasil iniciou-se no final do século XIX. A era industrial, o

fim da escravidão e a chegada dos imigrantes europeus causaram o aumento da população nas

cidades, as quais não possuíam a estrutura necessária para atender à alta demanda.

Segundo Siqueira (2008), a situação das habitações era precária em várias cidades do

Brasil, pois

A necessidade de moradia de baixo custo para os trabalhadores urbanos, os elevados

preços dos aluguéis e a limitada disponibilidade de habitações para atender a esta

demanda, contribuíram para a multiplicação de moradias coletivas insalubres. Desde

o Império, este tipo de moradia já abrigava as classes urbanas menos favorecidas,

dos mocambos no Recife, às estalagens, aos cortiços, às vilas operárias e às favelas,

podemos ilustrar formas típicas de habitação do proletariado e de outros setores

pobres da sociedade brasileira. Entre esses padrões, o cortiço esteve ligado de forma

especial ao nascimento do proletariado urbano, mais notadamente no Rio de Janeiro

e São Paulo. Foi a habitação predominante dos imigrantes europeus que povoavam

os primeiros espaços operários da cidade. (SIQUEIRA, 2008, p. 224)

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CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO HABITACIONAL

POPULAR_______________________________________________________________________ 14

Assim, com o intuito de reverter esse quadro e acabar com os males que a moradia

irregular começou a causar nas cidades, foi adotada a política sanitarista para exterminar as

epidemias e embelezar a cidade. Essa população expulsa dos centros começou a ocupar os

morros e encostas, local no qual construíram suas habitações de modo precário e “[...] limpar

a cidade significava também afastar o pobre para áreas mais distantes do centro e dos bairros

burgueses” (KOVARICK e ANT apud SIQUEIRA 2008, p. 226).

A partir da gestão do presidente Wenceslau Braz (1914-1918), houve uma tímida ação

quanto ao problema da moradia, foram construídos quatro conjuntos habitacionais com casas

geminadas, no total de 120 unidades. Nos anos seguintes, o investimento do Governo Federal

foi insuficiente frente à demanda existente. A repressão às favelas era maior do que a

construção de novas moradias (TRIANA FILHO, 2006).

As vilas operárias foram uma das medidas encontrada pelos empresários para atender

as necessidades dos seus empregados. Industriais motivados por incentivos e buscando

atender suas necessidades de mão de obra, começaram a construir vilas operárias. Depois,

empresas construtoras e investidores adotaram as características das vilas operárias como

modelo para a produção de empreendimentos imobiliários (TRIANA FILHO, 2006)

Segundo Triana Filho (2006), no período de 1930-1964, a oferta de moradia para a

população carente estava mais presente nos discursos ou nos projetos que não foram

concluídos. A verba para esses projetos era de origem previdenciária, o que limitava a ação

aos trabalhadores relacionados a estas categorias profissionais. O financiamento com recursos

estatais, quando ocorriam, dificilmente eram finalizados, por conta dos embargos que

impediam a continuidade dos programas. O projeto não conseguia atingir a todos,

principalmente a classe mais baixa.

Novas regulamentações foram criadas com o intuito de resolver a questão da habitação

como os Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAP) (1946-1964). Buscavam a construção de

imóveis para alugar aos empregados, mas não atendeu a demanda e, mais uma vez, não

conseguiu atingir todas as classes sociais (SIQUEIRA, 2008).

No Regime Militar (1964-1984), foi criado um programa de cooperativas

habitacionais do Banco Nacional de Habitação (BNH), extinto em 1986, que financiava

unidades cooperativas e foi responsável pela construção de 4,5 milhões de unidades

habitacionais (FRUET, 2004). O modelo de política habitacional do BNH deixou algumas

marcas nas políticas que se seguiram como a criação de uma série de programas que traçam as

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CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO HABITACIONAL

POPULAR_______________________________________________________________________ 15

diretrizes que deveriam ser adotadas pelos órgãos executivos. A utilização de recursos do

Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) como única fonte para o investimento

habitacional e a ideia que política habitacional se limita a executar conjuntos são algumas

características do BNH que ainda perduram. O BNH não atendia à população de baixa renda,

pois, por se tratar de financiamento, nem todos conseguiam arcar com as prestações, sem

contar o fato de que a população com mais renda atraia a atenção das empresas dessa área

(CARDOSO, 2008).

O BNH juntamente com as Companhias de Habitação (COHABs) foram responsáveis

pelos programas habitacionais para a população de baixa renda. Os programas utilizaram

recursos para obras de saneamento, sistema viário e abastecimento de água e o financiamento

das moradias tinham recursos de acordo com a faixa salarial a quem se destinava. Somente na

década de 1970 foram criados programas sociais e execução de infraestrutura urbana

(PEQUENO, 2008). O BNH foi o órgão responsável pela política que buscava o crescimento

econômico e assistir o déficit habitacional da população de baixa renda (CARDOSO, 2008).

Ao longo dos anos, novos programas e políticas foram criados, mas não alcançava a

todos, pois a população de baixa renda ficou aquém desses projetos, no entanto, em 2001 foi

criado o Programa de Arrendamento Residencial (PAR), instituído pela Lei nº 10.188, de

12/02/2001, para atendimento exclusivo à demanda por habitação a população de baixa renda.

Esta lei foi criada com o intuito de ampliar o acesso à moradia digna, reduzir o peso do

aluguel e desta forma melhorar a qualidade de vida da população carente nos grandes centros

urbanos, priorizando as capitais estaduais, regiões metropolitanas e municípios com

população urbana superior a 100 mil habitantes (BONATES, 2008).

No governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foi assinado o Programa de Aceleração do

Crescimento (PAC), o programa do Governo Federal, de 28/01/2007, que possui políticas

econômicas que têm como meta acelerar o crescimento do Brasil, através de investimento em

infraestrutura como: saneamento, habitação, transporte, energia. Estas ações promoveram o

crescimento das cidades atingindo todas as classes e as “[...] medidas econômicas para o

crescimento econômico do país abrangem: Estímulo ao Crédito e ao Financiamento, Melhoria

do Ambiente de Investimento, Desoneração e Administração Tributária, Medidas Fiscais de

Longo Prazo e Consistência Fiscal” (PAC, 2007).

Para a solução do problema, é necessário mais do que implantação de programas de

moradia social, a saber que,

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CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO HABITACIONAL

POPULAR_______________________________________________________________________ 16

Em função da interdependência da questão da moradia com outras esferas

recorrentes e complementares, nem sempre um simples incremento dos programas

de habitação se apresenta como a solução mais indicada para melhorar as condições

habitacionais da população mais pobre. Em primeiro lugar, porque esses programas

podem ser inviabilizados caso outras políticas urbanas, como as de transporte, de

energia elétrica, de esgotamento sanitário e de abastecimento de água, não estejam

integradas. Em segundo lugar, porque em certas ocasiões, em função do trade-off

entre diversas políticas públicas, mudanças em outros setores] – como maior

investimento em saneamento básico (esgoto e água), incremento no nível de

emprego, aumento do salário mínimo, regularização fundiária, entre outras – podem

ter um impacto muito maior nas condições habitacionais das famílias de baixa renda

do que um simples reforço dos investimentos no setor. (AZEVEDO, 2007, p. 14)

Nesta perspectiva foram iniciadas algumas ações pontuais para um determinado grupo,

a questão da habitação no Brasil resumiu-se à construção de alguns imóveis ou vilas operárias

para atender a mão de obra das indústrias. Somente quando o Governo Federal assumiu a

responsabilidade da construção dos assentamentos é que a dimensão e o grau de abrangência

ampliaram como também a quantidade de assistidos pelos programas. Os empreendimentos

habitacionais visavam apenas promover a moradia sem se preocupar com a sustentabilidade

ou desenvolvimento sustentável desses conjuntos.

1.2.2 A legislação e os Programas do Governo Federal

Em 10 de julho de 2001, foi aprovada a Lei nº 10.257, denominada Estatuto da Cidade

que, “[...] estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da

propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem

como do equilíbrio ambiental”, com o objetivo de coordenar o desenvolvimento da cidade de

forma sustentável, garantindo o direito “[...] à moradia, ao saneamento ambiental, à

infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer”, conforme

artigo 2º, inciso I (BRASIL,2001).

O Estatuto da Cidade propõe a participação popular na tomada das decisões

relacionadas ao desenvolvimento urbano, buscando sempre atender aos interesses sociais e

reduzir os danos do crescimento urbano e das consequências no meio ambiente. Uma das

medidas para minimizar os problemas é a junção da União com o Estado e o Município em

programas para a construção de moradias e melhoria das habitações existentes e do

saneamento básico.

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CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO HABITACIONAL

POPULAR_______________________________________________________________________ 17

Quanto à execução de assentamentos habitacionais populares, o Estatuto da Cidade no

artigo 39, assegura “[...] o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de

vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas [...]” (BRASIL, 2001).

O Estatuto da Cidade visa alterações e controle no crescimento da cidade de maneira que

atenda a todos moradores independente da localização, pois entende que a cidade pertence a

todos.

Seguindo a preocupação prevista no Estatuto da Cidade, a Agenda 21 visa o

desenvolvimento sustentável das cidades. A Agenda 21 é um acordo assinado em 1992 na

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD)

realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) que ocorreu na cidade do Rio de

Janeiro e contou com a participação de 179 países. A Agenda 21 é um programa de ações que

tem como meta promover um novo modelo de desenvolvimento, o desenvolvimento

sustentável (BRASIL, 2011).

No tocante à cidade e ao desenvolvimento proposto na Agenda 21, ficaram definidos

instrumentos de planejamento que visam a questão ambiental, social e econômica para

promover uma sociedade sustentável. Pelo caráter democrático da Agenda 21, a partir de

2003, foi implantada no Brasil, como instrumento de formação de políticas pública. No

Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, as diretrizes da Agenda foram incorporadas no Plano

de Governo, quanto as suas orientações estratégicas.

A Agenda 21 possui 40 capítulos que discutem sobre diversos pontos como: Combate

à pobreza, Mudança dos padrões de consumo, Manejo seguro e ambientalmente saudável dos

resíduos radioativos, Fortalecimento do papel dos trabalhadores e de seus sindicatos, entre

outros, sempre focalizando a questão ambiental, social e econômica (BRASIL, 2011).

No capítulo 3 da Agenda 21 que trata o “Combate a pobreza”, propõe como base para

ação a busca por medidas que visem o crescimento econômico sustentado e sustentável e a

erradicação da pobreza a partir de programas de emprego e geração de renda. Para isso é

preciso fornecer oportunidades e criar estratégias para gerar empregos e rendimentos. O

entendimento da situação local é necessário para definir a abordagem que será implementada,

e assim, estabelecer as condições para atingir os meios sustentáveis de subsistência como

reconhecer as atividades do setor informal como consertos, serviços, pequeno comércio e

reciclagem.

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CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO HABITACIONAL

POPULAR_______________________________________________________________________ 18

No capítulo 5, Dinâmica Demográfica e Sustentabilidade, prevê que haja o

gerenciamento municipal; políticas com a preocupação nos fatores humanos e estratégias para

minimizar o impacto das atividades humanas sobre o meio ambiente. Quanto ao assentamento

humano, no item 29, traz que nas políticas “[...] devem ser levadas em conta os recursos

necessários, a geração de resíduos e a saúde dos ecossistemas” (BRASIL, 2011).

Quanto à implantação de assentamentos humanos, a Agenda destaca as necessidades

de superar as questões econômicas e sociais, aplicar maiores investimentos e maior gasto com

matéria-prima e energia para resolver a questão da habitação. No capítulo 7, item 4 tem-se:

O objetivo geral dos assentamentos humanos é melhorar a qualidade social,

econômica e ambiental dos assentamentos humanos e as condições de vida e de

trabalho de todas as pessoas, em especial dos pobres de áreas urbanas e rurais. Essas

melhorias deverão basear-se em atividades de cooperação técnica, na cooperação

entre os setores públicos, privado e comunitário, e na participação, no processo de

tomada de decisões, de grupos da comunidade e de grupos com interesses

específicos, como mulheres, populações indígenas, idosos e deficientes. Tais

abordagens devem constituir os princípios nucleares das estratégias nacionais para

assentamentos humanos. [...] Além disso, os países devem tomar as providências

condizentes para monitorar o impacto de suas estratégias sobre os grupos

marginalizados e não-representados, com especial atenção para as necessidades das

mulheres. (BRASIL, 2011)

A política de urbanização deve promover análises dos empreendimentos para avaliar

os impactos ambientais e aplicar o planejamento adequado às necessidades e características da

cidade. Deve haver também a preocupação com a transição de um assentamento para outro e

promover o desenvolvimento econômico a partir de pequenas atividades para que haja uma

produção de renda local. O investimento no desenvolvimento sustentável proporcionará

assentamentos com melhor qualidade de vida, o que reduzirá o custo do governo com saúde e

programas sociais.

O transporte urbano também é uma preocupação da Agenda 21, o planejamento e

manejo dos transportes urbanos deve promover a redução da necessidade de transporte,

incentivar o transporte público e modais não motorizados.

A Agenda das Cidades para Construção Sustentável lista medidas arquitetônicas que

podem ser empregadas para reduzir o impacto ambiental como: aplicação de projetos flexíveis

com possibilidade de readequação; utilização de materiais com baixo impacto ambiental;

meios para reduzir o consumo de água e energia. Medidas tais quais: a adaptação do

empreendimento à topografia local; que privilegie o pedestre, acessibilidade e modais não

motorizados; uso do solo diversificado e a criação de áreas para a integração da comunidade.

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CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO HABITACIONAL

POPULAR_______________________________________________________________________ 19

Para a edificação, ações como projeto em conformidade ao local onde será construído para

que haja correta iluminação e ventilação; acessibilidade; o emprego de materiais construtivos

da região e com possibilidade de reciclagem. O saneamento básico com tratamento e o uso

consciente da água também são pontos para a construção sustentável.

A criação de leis e a implantação da Agenda 21 como política pública demonstra a

preocupação do Governo Federal com o desenvolvimento sustentável das cidades. A criação

do PAC tem o intuito de atingir esse desenvolvimento e o Programa Minha Casa, Minha Vida

é uma das medidas do programa e tem como principal objetivo reduzir o déficit habitacional.

1.2.3 Programa Minha Casa, Minha Vida

O programa do Governo tem a meta de construir 860.000 unidades habitacionais até o

ano de 2014 com recurso do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR). A Caixa Econômica

Federal (CEF) é a responsável pelo contrato e fiscalização das obras até a entrega

devidamente finalizada e legalizada. O FAR é o proprietário pelo imóvel até que seja

alienado. O Estado ou as prefeituras assinam o Termo de adesão com a CEF e esta será a

responsável pela licitação e contratação. Como também é a CEF quem define qual cidade será

a selecionada. Um dos critérios é a existência de equipamentos sociais de acordo com a

característica do projeto e, em caso de calamidade pública, o município terá preferência.

Os assentamentos habitacionais têm o número de unidades definidos em função da

área e do projeto, com limite, sempre que possível, de 500 unidades e os condomínios no

máximo 300 unidades habitacionais. A tipologia das casas e dos apartamentos é definida pelo

FAR (ver Anexo A e B), as casas são térreas com dois dormitórios, sala, cozinha, banheiro e

área de serviço e tem área útil mínimas de 32,00 e 36,00m² (com acessibilidade). O

apartamento segue o mesmo programa, com área útil de 37,00 e 39,00m² (com

acessibilidade).

A área útil mínima é definida pela quantidade de mobiliário em cada compartimento,

as dimensões dos ambientes podem sofrer alterações de acordo com a Legislação Municipal e

Estadual. Em imóveis com área superior a 36,00m² possui mais exigências como

acessibilidade e aquecimento solar.

Os assentamentos devem conter como infraestrutura: abastecimento de água,

esgotamento sanitário, energia elétrica e iluminação pública, calçamento nas vias e passeios.

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CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO HABITACIONAL

POPULAR_______________________________________________________________________ 20

As calçadas devem ter largura mínima de 90 cm e serem acessíveis. Os imóveis devem ter no

mínimo 3% adaptados, caso a legislação não delimite uma quantidade. Os equipamentos de

lazer e uso comunitário obrigatório são: centro comunitário; espaço descoberto para

lazer/recreação infantil; e quadra de esportes.

O Município ou Governo do Estado serão os responsáveis pela seleção das famílias

que serão beneficiadas com o imóvel e os moradores são responsáveis pelo pagamento do

imóvel, sendo este dividido em parcelas.

Os assentamentos habitacionais populares são uma necessidade do Governo Federal

para reduzir o déficit habitacional no país. A sustentabilidade, timidamente, é empregada, mas

o desenvolvimento sustentável proposto nas legislações vigentes e nas políticas públicas não é

perceptível no modelo empregado no programa Minha Casa, Minha Vida.

A proposta do programa Minha Casa, Minha Vida é promover a moradia própria para

uma maior camada da população, no entanto, o desenho urbano do assentamento fica a cargo

das prefeituras municipais e não há exigências relacionadas a sustentabilidade e

desenvolvimento sustentável dos assentamentos.

1.3 Indicadores e o desenvolvimento sustentável

O Planejamento e o Desenho Urbano são fundamentais não só para o crescimento e

organização das cidades, como também para a gestão. Quando existe a preocupação com o

desenvolvimento sustentável na concepção de projeto de assentamentos habitacionais, é

possível evitar problemas futuros e permite intervenções menores ao longo dos anos. O uso de

indicadores de sustentabilidade tanto auxilia na execução do projeto como nas futuras

intervenções para que ocorra o desenvolvimento sustentável presente na Agenda 21 e nas

legislações.

A Agenda 21 propõe a adoção de indicadores para monitorar os resultados de

instrumentos adequados ao eficaz emprego dos princípios e diretrizes de sustentabilidade. Os

indicadores têm como objetivo acrescentar e quantificar informações para destacar

determinada significância, facilitando o processo de comunicação das informações, ao

simplificar os dados. Mas, para um melhor funcionamento, o poder público e os responsáveis

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CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO HABITACIONAL

POPULAR_______________________________________________________________________ 21

pela deliberação final devem considerar importantes os indicadores de sustentabilidade

(BELLEN, 2006).

De acordo com Bellen (2006, p. 43), as principais funções dos indicadores são:

avaliação de condições e tendências;

comparação entre lugares e situações;

avaliação de condições e tendências em relação às metas e aos objetivos;

prover informações de advertência;

antecipar futuras condições e tendências.

Os indicadores são instrumentos que possibilitam o acompanhamento das principais

variáveis de um determinado ponto que se deseje melhorar o desempenho e realizar o

planejamento, assim como, avaliar o desempenho e identificar os problemas (CALLADO;

FENSTERSEIFER, 2010). O Produto Interno Bruto (PIB) é um exemplo de indicador, apesar

de inicialmente definir o produto anual de cada país, alterou sua avaliação para o desempenho

socioeconômico, para que assim, pudesse avaliar também a depreciação dos recursos naturais

e humanos para que tivesse um viés de sustentabilidade. Com a adoção da Agenda 21, houve

incentivo para a criação de indicador econômico de sustentabilidade, mas é preciso mais de

um indicador, são necessárias medidas simultâneas da dimensão ambiental, do desempenho

econômico e da qualidade de vida (VEIGA, 2010). A adoção do PIB não é suficiente no que

se refere à sustentabilidade, como demonstra Veiga (2010):

[...] correções do PNB ou do PIB até podem levar a um razoável indicador que

chame a atenção para a evolução divergente entre desempenho de uma economia

nacional e o bem-estar ou a qualidade de vida que ela foi capaz de gerar. Mas isso

tem muito pouco a ver com a ideia de sustentabilidade, que, por sua vez, se refere

necessariamente ao futuro [...]. (VEIGA, 2010, p. 43).

Os indicadores retratam a realidade e a ligação entre a ação humana e suas

conseqüências (BELLEN, 2006). A partir disso é possível definir como contribuir para

melhorias econômicas, ambientais e sociais, tanto local, como regional ou global

(CALLADO; FENSTERSEIFER, 2010).

É importante selecionar os indicadores de sustentabilidade que traduzam a realidade

do desempenho da dimensão ambiental, econômica e social, alcançando assim a solução das

principais inquietações sem deixar de captar as características de cada ação.

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CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO HABITACIONAL

POPULAR_______________________________________________________________________ 22

Bellen (2006) agrupa os indicadores de acordo com as dimensões para facilitar a

aplicação das medidas:

Duas dimensões: bem-estar humano e bem-estar ecológico;

Três dimensões: bem-estar humano, ecológico e econômico;

Quatro dimensões: riqueza material e desenvolvimento econômico, equidade e

aspectos sociais, meio ambiente e natureza, democracia e direitos humanos.

Independente da dimensão do indicador, este deve ser facilmente compreendido e

aplicável, para que não dificulte sua implementação, e constantemente atualizado para atender

à realidade atual. Diante disto, a seleção dos indicadores precisa, também, ter importância

direta com o objetivo e fundamentos que se almeja alcançar.

Atualmente, há estudos com os indicadores de sustentabilidade, no entanto as

variáveis estão integradas e ordenadas para responder determinados temas, sem englobar o

geral. Os indicadores ainda necessitam de estudo para que haja uma harmonização dos dados

(TAYRA; RIBEIRO, 2006).

1.3.1 Indicadores do IBGE

Os indicadores de desenvolvimento sustentável do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatísticas (IBGE) teve a série iniciada em 2002, criado com as orientações e recomendações

da Comissão para o Desenvolvimento Sustentável – CDS (Commission on Sustainable

Development – CSD) e da Organização das Nações Unidas (ONU) com adaptações à

realidade nacional. Em 2012, os indicadores completaram uma década da publicação dos

Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS) do Brasil (IBGE, 2012).

Os indicadores do IBGE têm o intuito de auxiliar na tomada de decisões políticas ao

apresentar o panorama dos temas relacionados ao desenvolvimento sustentável, assim

[...] permitem acompanhar a sustentabilidade do padrão de desenvolvimento

brasileiro nas dimensões ambiental, social, econômica e institucional, fornecendo

um panorama abrangente de informações para subsidiar decisões em políticas para o

desenvolvimento sustentável. (IBGE, 2010, p. 08)

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CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO HABITACIONAL

POPULAR_______________________________________________________________________ 23

Indicadores foram retirados ou acrescidos ao longo dos anos, os IDS foram lançados

bienalmente, nos anos de: 2002, 2004, 2008 e 2010. O IDS utiliza também dados dos

municípios, documentos e inclusive a Agenda 21 Local.

A edição de 2012 conta com 62 indicadores (ver Anexo C), todos revisados e

atualizados em relação às edições anteriores. Tais indicadores dizem respeito a fatos de curto,

médio e longo prazo, com o intuito de facilitar o acesso a informações relevantes para o

desenvolvimento e gerar novas informações. Tem a finalidade de

identificar variações, comportamentos, processos e tendências; estabelecer

comparações entre países e entre regiões dentro do Brasil; indicar necessidades e

prioridades para a formulação, monitoramento e avaliação de políticas; e, enfim, por

sua capacidade de síntese, são capazes de facilitar o entendimento ao crescente

público envolvido com o tema. (IBGE, 2012, p. 11).

O IDS criado pelo IBGE foi elaborado com o intuito de caracterizar e auxiliar o

desenvolvimento sustentável no país, com a capacidade de atender a diversidade existente no

Brasil, foi instituído com base em informações disponibilizadas pelo IBGE e outras

instituições. Com a criação do IDS, o Instituto pretende também, estimular um aumento nas

informações e atrair mais parceiros e a construção de novas abordagens para que assim

consiga “limitar-se a um conjunto de indicadores capazes de expressar as diferentes facetas da

abordagem de sustentabilidade da forma mais concisa possível”. (IBGE, 2012).

O IDS foi dividido em quatro dimensões: ambiental, social, econômica e institucional.

A dimensão ambiental está relacionada ao uso dos recursos naturais e à degradação ambiental,

preservação e conservação do meio ambiente. A dimensão social afirma quanto às

necessidades humanas, qualidade de vida e justiça social. Na dimensão econômica, são

abordados, o uso dos recursos naturais e o seu esgotamento; a produção e gerenciamento de

resíduos; o consumo de energia e o desempenho macroeconômico e financeiro. A dimensão

institucional corresponde à orientação política, capacidade e esforço despendido por governos

e pela sociedade para aplicação do desenvolvimento sustentável.

O IDS apresenta mais de uma variável por indicador, que integrados de diferentes

maneiras, conseguem demonstrar um significado mais amplo sobre o tema. Assim, tem o seu

maior valor pela situação que apresenta, do que por um valor absoluto. Analisado em

conjunto, o IDS atende a diferentes metas, com o intuito de proporcionar o acesso à

informação dos temas apontados e assinalam a necessidade da complementar as informações.

Além de identificar comportamentos e tendências, permitem um melhor entendimento da

situação que será analisada.

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CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO HABITACIONAL

POPULAR_______________________________________________________________________ 24

O maior compromisso do IDS criado pelo IBGE é “implementar estratégias

acompanhadas e avaliadas por indicadores capazes de captar, de forma sistêmica, os amplos

desafios postos na transição para um desenvolvimento com sustentabilidade” (IBGE, 2012).

1.4 Estudo de Caso

A análise de áreas residenciais, segundo os indicadores, é um tema que começou a

atrair a atenção de pesquisas sobre o assunto, com o intuito de mudar a realidade e, promover

o desenvolvimento sustentável ou entender a situação de uma determinada região.

Um dos estudos, é a pesquisa realizada por Bennett (2004), cujo tema foi Indicadores

de sustentabilidade em habitação popular: construção e validação de um instrumento de

medição da realidade local de comunidade de baixa renda. O trabalho foi realizado em uma

pequena comunidade de habitação popular na cidade de Alvorada – RS, onde foram aplicados

os indicadores de sustentabilidade com participação da comunidade para obter um diagnóstico

da realidade local quanto à sustentabilidade. A área de estudo constituiu-se de uma vila

construída para abrigar 53 famílias que moravam em área de risco na cidade.

A pesquisa selecionou, junto aos moradores, 25 indicadores retirados da: Agenda 21;

Seattle; Belo Horizonte; Florianópolis e da Comunidade Filhos de Sepá – Viamã. Os

indicadores foram separados na dimensão: social, ambiental, econômica, cultural, política. A

situação da comunidade foi avaliada visualizando os pontos críticos de sustentabilidade e

explicitados os problemas que mais incomodam os moradores do local e foram atribuído

valores aos indicadores, bem como, explicada a realidade do local (BENNETT, 2004).

Outro estudo que segue a mesma linha é o de Guilhon (2011), cujo tema foi

Indicadores de sustentabilidade urbana: aplicação ao conjunto habitacional Parque

Residencial Manaus – AM. O Residencial foi construído para abrigar 819 famílias que antes

residiam em áreas de risco. A pesquisa analisou a situação do local, quanto aos indicadores de

sustentabilidade, sendo estes divididos em: projeto flexível; controle de impacto ambiental;

materiais e processos construtivos; modelo de mobilidade; gestão de energia; gestão de água e

gestão de resíduos.

O diagnóstico demonstrou que poucos itens atenderam quanto aos indicadores. Em

seguida propôs alterações para o Residencial e para futuras construções deste porte.

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CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ASSENTAMENTO HABITACIONAL

POPULAR_______________________________________________________________________ 25

As pesquisas de Bennett (2004) e Guilhon (2011) fazem uma análise de assentamentos

habitacionais populares quanto aos indicadores de sustentabilidade. Com dimensões

diferentes e executados pela Prefeitura para atender à demanda populacional, os

assentamentos não atendem aos indicadores, o que impede o desenvolvimento sustentável das

comunidades, segundo avaliação dos critérios dos indicadores selecionados.

Em Sergipe não há registro de análise de empreendimentos residenciais quanto aos

indicadores, porém existem pesquisas focadas em pontos específicos como é o caso da

pesquisa de Albuquerque (2013), cujo tema foi Indicador de Salubridade Ambiental (ISA)

como instrumento de análise da salubridade do ambiente da Comunidade Saramém em Brejo

Grande – SE. Apesar de analisar a questão da salubridade, esta pesquisa se assemelha com as

demais e com a proposta deste trabalho por se tratar de áreas destinadas à habitação popular e

foi comparado com indicador existente, o Indicador de Salubridade Ambiental do Estado de

São Paulo.

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CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA

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27

CAPÍTULO II

METODOLOGIA DA PESQUISA

2.1 Caracterização da Área de Estudo

Situado num terreno de 1.939.083,13 m² (um milhão, novecentos e trinta e nove mil

oitenta e três metros e treze centímetros), o Bairro 17 de Março ou Bairro Novo foi construído

com o intuito de assentar a população carente e reduzir o déficit habitacional, em um terreno

que pertencia à União e através de um contrato de cessão sob regime de aforamento gratuito o

foi doado para a Prefeitura Municipal de Aracaju com o intuito de executar o projeto de

moradia para a população carente e de baixa renda, em agosto de 2005. O contrato determina

o prazo de um ano, da data de assinatura deste, para o início da implantação do projeto e

quatro anos para a entrega dos imóveis e a exigência do Licenciamento Ambiental.

A área localizada no Bairro Santa Maria foi desmembrada e transformada em um novo

bairro, o Bairro 17 de Março, situado na Zona de Expansão, na cidade de Aracaju – Sergipe.

Inaugurado em junho de 2010, o bairro foi construído com o investimento do Programa

Aceleração do Crescimento do Governo Federal. O projeto teve como principal meta a

retirada da população que habitava no Morro do Avião, Bairro Santa Maria e de outras

favelas. Localizado no sul da cidade, é vizinho do Bairro Santa Maria e do Costa do Sol,

sendo ligado ao resto da cidade por duas importantes vias, a Avenida Gasoduto e a Rodovia

Melício Machado (Figura 2.1).

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CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________28

Figura 2.1: Foto aérea de Aracaju e localização do Bairro 17 de Março ou Bairro Novo.

Fonte: Prefeitura Municipal de Aracaju (s/d).

N

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CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________29

Com o objetivo de abrigar aproximadamente 25.000 habitantes (vinte e cinco mil), o

bairro esta sendo entregue em etapas, no total de 05 blocos. Foram entregues duas etapas, um

total de 2.335 imóveis entre residências unifamiliares e multifamiliares. No Bloco I são 1.025

residências e no Bloco II 1.310 residências. A primeira etapa foi entregue em março de 2010,

uma parte da segunda etapa, em outubro/novembro de 2012 e o restante do segundo bloco, em

junho/julho de 2013. (SEPLAN, 2013).

Situado numa região com Áreas de Interesse Ambiental, partes com mangue e faixas

circundantes, o empreendimento necessitou realizar a terraplanagem e drenagem do terreno,

por não possuir infraestrutura e ter característica alagadiça com pequenas lagoas na sua

extensão (Figura. 2.2).

Page 48: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________30

Figura 2.2: Aérea de Diretrizes do Bairro 17 de Março.

Fonte: Prefeitura Municipal de Aracaju (s/d)

N

Page 49: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________31

O bairro foi dividido em quatro etapas, onde contarão com toda a estrutura necessária

como: energia elétrica, água, esgoto e vias pavimentadas. Além das moradias, também haverá

posto de saúde, escola, praças, galpão para triagem de resíduo reciclável, área para comércio,

uma unidade produtiva para disponibilizar cursos profissionalizantes e espaço de lazer com

cinema, telecentro, biblioteca, salas multiuso, pista de skate, jogos de mesa, espaço criança,

quadra coberta, equipamentos de ginástica, pista de caminhada e kit básico esportivo. Até o

levantamento desta pesquisa constatou-se a construção do galpão para triagem de material

reciclável e uma praça, enquanto que a creche, a escola e o centro produtivo estavam em fase

de construção.

O desenho urbano do conjunto, é em traçado xadrez, com quadras retangulares para

facilitar o aproveitamento do terreno. As praças se localizarão em alguns pontos do bairro,

com uma praça principal melhor estruturada que será construída no Bloco III. O comércio e

serviço serão localizados em áreas determinadas em todos os Blocos (Figuras 2.3 a 2.6). Os

passeios com aproximadamente 1,50 metros são cimentados sem a demarcação para

arborização e a acessibilidade resume-se a rampas para deficiente físico. As vias priorizam os

automóveis e o transporte público. Só há delimitação para ciclovias nas ruas principais. A

drenagem é realizada por galerias internas e os respectivos canais, como em toda a cidade.

Figura 2.3: Projeto Urbanístico do Bairro 17 de Março

Fonte: Prefeitura Municipal de Aracaju (s/d)

N

BLOCO I BLOCO II BLOCO III

BLOCO IV

BLOCO V

Page 50: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________32

Figura 2.4 – Foto área do Bairro 17 de Março, Bloco I e II e terreno dos demais Blocos.

Fonte: Google Earth (2013).

Figura 2.5 – Foto área do Bairro 17 de Março, Bloco I e II..

Fonte: Google Earth (2013).

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CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________33

Figura 2.6: Foto panorâmica do Bairro 17 de março.

Fonte: Danielle Menezes (2011).

As moradias possuem dois programas básicos. As casas têm 32,00m² contendo sala,

quarto, cozinha, banheiro, varanda e quintal com área de serviço. Os apartamentos possuem

sala, cozinha com área de serviço, dois quartos e banheiro. Apesar de a área ser menor, as

casas têm a vantagem de permitir o seu crescimento após certo período, pois há terreno

disponível que possibilita a ampliação. As construções são em alvenaria com telha cerâmica e

esquadrias em madeira nas residências e de alumínios nos edifícios. Os imóveis foram

entregues, com a parte externa, rebocadas e pintadas e com a infraestrutura básica (Figuras 2.7

a 2.12).

Figura 2.7: Vista das residências, na entrega do bairro.

Fonte: <http://www.aracaju.se.gov.br/obras_e_urbanizacao/?act=fixo&materia=obras_da_emurb. 2010>

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CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________34

Figura 2.8: Vista dos edifícios, na entrega do bairro.

Fonte: <http://www.aracaju.se.gov.br/obras_e_urbanizacao/?act=fixo&materia=obras_da_emurb. 2010>

Figura 2.9: Bairro 17 de Março.

Fonte: Danielle Menezes (2012).

Figura 2.10: Bairro 17 de Março.

Fonte: Danielle Menezes (2012).

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CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________35

Figura 2.11: Bairro 17 de Março.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Figura 2.12: Fotos recentes do Bairro 17 de Março.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

O acesso ao bairro é possível pelo Loteamento Aquarius e/ou pelo Bairro Santa Maria.

O transporte público que atende o assentamento são as linhas Aquarius/DIA e Aquarius Zona

Sul, que entram pela divisa com o Loteamento Aquarius. Os ônibus circulam pelas principais

vias do bairro.

O bairro sofreu algumas alterações após a entrega em março de 2010, por conta dos

donos de alguns imóveis terem alugado ou vendido; pela construção de muros e do

aproveitamento do terreno para ampliação do imóvel com construção de mais um pavimento,

em pequena quantidade, ou transformado em comércio ou espaço religioso, outros

construíram mais um pavimento. Percebeu-se que em termos de arborização, os moradores

ainda não tinham a iniciativa de plantar árvores, apesar de saber da importância. O bairro aos

poucos começa a ter uma identidade.

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CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________36

2.1.1 Caracterização socioeconômica

A caracterização socioeconômica do Bairro 17 de Março foi realizada a partir da

aplicação de questionário com os moradores daquele local. O Bairro foi criado para resolver o

problema do déficit habitacional da cidade de Aracaju – SE, suas moradias foram destinadas

àqueles que viviam em local de risco, como invasão em beira de rio ou morro. Grande maioria

residia em barracos em locais, como invasão da Prainha, que fica situada no Canal Santa

Maria do Bairro Santa Maria.

Há também, residentes oriundos da invasão do Morro do Avião, morro situado no

Bairro Santa Maria. Moradores de outros bairros da cidade que pagavam aluguel ou recebiam

auxílio moradia também foram beneficiados com imóvel no Bairro 17 de Março.

Dividido em cinco etapas, os primeiros moradores chegaram no Bairro à quase quatro

anos, no momento deste estudo, na entrega da primeira parte em 17 de março de 2010. O

segundo bloco foi dividido em duas partes, a primeira entregue em outubro de 2012 a outra

em julho de 2013. O espaço de tempo entre uma entrega e a outra, que foi de dois anos, é

marcante tanto no bairro como no relacionamento entre os moradores.

As habitações têm uma média de 3,79 moradores entre crianças, adultos e idosos por

imóvel. A quantidade de crianças por domicílio varia de uma a dez por casa, o que deixa

algumas residências superpovoadas. Apesar da quantidade de moradores por habitação, a

média é de um trabalhador por residência e são poucos os que possuem emprego fixo com

carteira assinada, sendo a renda complementada pelo Programa Bolsa Família.

O grau de escolaridade dos entrevistados (Gráfico 2.1) foi que 5,5% são analfabetos;

24,8% concluíram ou parou de estudar no Ensino Básico; 36,7% finalizaram ou pararam de

estudar no Ensino Fundamental; os que cursaram o Ensino Médio representam 30,3% e

apenas 0,9% ingressaram no ensino superior, porém ainda não concluíram. As crianças e os

adolescentes, em idade escolar, frequentam a escola em outros bairros e a prefeitura

disponibiliza o transporte para leva-los às escolas públicas em outros bairros. O transporte só

ocorre nos turnos da manhã e da tarde, como muitos dos entrevistados são adultos que

trabalham ou não e só poderiam estudar no turno da noite acabam buscando o transporte

público ou outra forma de locomoção. A distância e a dificuldade no acesso à escola no turno

da noite torna-se um empecilho para que muitos voltem a estudar.

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CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________37

Gráfico 2.1: Grau de escolaridade dos moradores do Bairro 17 de Março

Fonte: Danielle Menezes (2013).

2.2 Metodologia de execução

A pesquisa tem como enfoque metodológico os aspectos de pesquisa quantitativa e

qualitativa. O método quantitativo defini-se pelo uso da quantificação nas coletas de

informação, que foram tratadas estatisticamente. O método quantitativo busca uma maior

segurança e precisão dos resultados, evitando a dedução (RICHARDSSON, 2009). Por

abordar dados quantificáveis, os dados coletados sobre o Bairro 17 de Março são expressos

em números. A pesquisa será qualitativa por conter dados que não podem ser transformados

em número, pois há uma conexão indissociável entre o mundo real e o sujeito. As

informações numéricas, os documentos analisados e a percepção da autora serão confrontados

para se verificar a veracidade das informações obtidas.

Para Richardison (2009), a pesquisa qualitativa caracteriza-se pela apreensão das

informações passadas pelos entrevistados observando seus significados.

Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a

complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis,

compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir

no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de

profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos

indivíduos (RICHARDISON, 2009, p. 80).

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

Nãorespondeu

Analfabeto EnsinoBásico

EnsinoFundamental

Ensino Médio EnsinoSuperior

1,8% 5,5%

24,8%

36,7% 30,3%

0,9%

Po

rcen

tag

em

(%

)

Grau de escolaridade

Escolaridade

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CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________38

Para os dados quantitativos, foram empregados questionários para colher informações

dos moradores do Bairro, os atores sociais da pesquisa, que forneceram dados quantitativos e

qualitativos sobre a atual situação do assentamento, analisando questões como escolaridade,

economia, social, mobilidade entre outros.

A pesquisa diante dos objetivos, tem caráter exploratório e descritivo por se tratar de

um tema ainda pouco explorado e necessitar de mais caracterização das informações. Na

pesquisa exploratória pretende-se recolher dados sobre o objeto que está em estudo para

proporcionar maior intimidade com o problema e assim torná-lo mais explícito (SEVERINO,

2007). Nesta pesquisa trabalhou-se com entrevistas, pesquisa bibliográfica e estudo de caso

relacionado ao desenvolvimento sustentável e assentamentos habitacionais populares.

Na pesquisa descritiva “[...] sua preocupação é descobrir a frequência com que o

fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características [...]”

(GONÇALVES, 2005, p. 91). Neste trabalho envolve questionário e observação sistemática e

a coleta de dados sobre o Bairro 17 de Março, em Aracaju – Sergipe, a área de estudo.

Os procedimentos técnicos pretendem definir a maneira como a pesquisa será

conduzida, a forma como os dados serão obtidos (GIL, 1999). Para Lakatos:

Técnica é um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência ou

arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou normas, a parte prática. Toda ciência

utiliza inúmeras técnicas na obtenção de seus propósitos. (LAKATOS; MARCONI,

2003, p. 174)

Para a realização da pesquisa foram utilizadas as seguintes técnicas de coleta de dados:

Etapa I :

Pesquisa documental: utilização de fontes que não possuíram análise

aprofundada. Para a pesquisa foram analisadas leis, decretos, contratos,

fotografias, projetos, mapas e relatórios.

Pesquisa bibliográfica: a pesquisa foi realizada com base na revisão da

literatura relacionada ao assunto estudado. Foram utilizadas referências

teóricas publicadas em documentos, livros, revistas especializadas, artigos,

jornais entre outras fontes já publicadas.

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CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________39

Etapa II:

Levantamento: a pesquisa envolveu a interrogação direta com o intuito de

conhecer o comportamento das pessoas sobre o problema estudado. Foi

realizado com a aplicação de questionários com perguntas fechadas à

comunidade e entrevistas aos profissionais dos órgãos municipais responsáveis

pela execução do Bairro 17 de Março; análise do material coletado com os

órgãos municipais; verificação dos indicadores e sua influência para o

desenvolvimento sustentável.

Estudo de Caso: é o estudo aprofundado sobre um determinado objeto com o

intuito de aprofundar o conhecimento. Nesta pesquisa, foi abordado o Bairro

17 de Março, por ser um modelo completo dos empreendimentos habitacionais

populares implantados na cidade de Aracaju.

Etapa III:

Tabulação e análise dos dados coletados; interpretação e conclusão.

As informações sobre o Bairro 17 de Março contaram com a aplicação de

questionários nos órgãos municipais responsáveis pela execução do bairro e pelos projetos

complementares, assim como em posto de saúde, entre outros. Os questionários foram

aplicados junto à Empresa Municipal de Serviços Urbanos (EMSURB), Secretária de

Planejamento (SEPLAN), Empresa Municipal de Obras e Urbanização (EMURB),

Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) e Secretaria Municipal de

Saúde (SMS). Apresentado no Apêndice A.

Em concordância com a natureza do estudo, utilizaram-se dados de fontes primárias,

pesquisa de campo que englobou a pesquisa documental e aplicação de questionários

(Apêndice B), além da observação e percepção da autora no bairro.

Os questionários empregados nos órgãos municipais buscaram obter informações

sobre a implantação do bairro, suas características e futuras intervenções, a partir de perguntas

abertas relativas aos serviços realizados por cada órgão. Os questionários foram divididos em

três categorias: situação atual; ações futuras e percepção pessoal dos que responderam. As

questões tinham como intuito demonstrar a realidade do bairro e o que está programado para

os próximos anos.

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CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________40

Os questionários aplicados no bairro continham questões fechadas, onde buscou-se

obter informações como: quantidade de moradores, escolaridade, quantidade de trabalhadores

por imóvel, questões sociais, de saúde, mobilidade entre outros. As primeiras questões

possibilitaram na constituição do perfil socioeconômico dos moradores. As outras perguntas

foram divididas em categorias para que assim pudesse fazer a correlação com os indicadores

de desenvolvimento sustentável. As categorias são: edificações, área comum, serviços,

infraestrutura, mobilidade, economia, social e saúde as quais, a partir das questões fechadas,

deram informações quanti-qualitativa do bairro.

2.3 O universo da pesquisa

A pesquisa foi realizada no Bairro 17 de Março com os moradores do Bloco I e Bloco

II, dos imóveis entregues até junho de 2013, o que engloba um total de 1.025 imóveis da etapa

I e 862 imóveis da etapa II. Verificar Figuras 2.13 a 2.15.

Figura 2.13: Vista da Etapa I do Bairro 17 de Março.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

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CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________41

Figura 2.14: Vista da Etapa II do Bairro 17 de Março.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Figura 2.15: Vista da Etapa II do Bairro 17 de Março.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

2.4 Tamanho da amostra

A escolha do Bairro 17 de Março deu-se pela característica do assentamento e pelo

tamanho, o que exigirá maior atenção quanto à implantação de equipamentos comunitários,

além do fato de ser um empreendimento em execução que possibilita alterações.

A definição da amostra do bairro foi a partir da fração representativa pelo número de

domicílios que compõem cada Bloco. No Bloco I, há 1025 habitações construídas e entregues,

sendo 801 casas e 224 apartamentos. No Bloco II, há 1310 habitações construídas, sendo

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CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________42

1054 casas e 256 apartamentos. O Bloco II foi dividido em duas etapas, sendo a segunda

etapa entregue em junho de 2013, a qual não foi incluída na pesquisa. A primeira etapa do

Bloco II conta com 465 imóveis (SEPLAN, 2013). A quantidade de domicílios onde foram

aplicados os questionários está descrito na Tabela 2.1, a qual demonstra o cálculo do número

de amostra representativa.

Tamanho da amostra para estimativa de uma proporção populacional

p' = proporção da característica observada nas amostra. Não tendo um pré-conhecimento desta proporção na população a

a ser investigada devemos trabalhar com um percentual de 50%, que fornece o maior segurança nos resultados da

pesquisa em função de trabalharmos com maior número de elementos na amostra.

Nível de confiança adotado na pesquisa. O mais utilizado e um (NC = 95%), portanto a área da curva normal para a

pesquisa é de z = 1,96 em torno da proporção média de ocorrência a ser estimada para a população investigada.

Erro amostral: representa o erro admitido pelo pesquisador na realização de pesquisas. O mais utilizado é o de 5%.

Tamanho de Amostra para o Bairro 17 de março, conforme características abaixo relacionadas

Bairro 17 de Março Frequência wi = fi / ∑ fi ni = Wi*n

Bloco I 1.025 0,6879 173

Bloco II 465 0,3121 78

Total (N) 1.490 1,0000 251

Proporção de ocorrência (p') 0,50

Proporção de não ocorrência (q') 0,50

Tamanho da população (N) 1.490

Nível de Confiânça (NC) 95% 1,96

Erro Amostral (Er) 5% 0,05

Tamanho da Amostra para a estimativa da proporção (p) média para uma

População Finita, utilizando a amostragem aleatória simples.

Fórmula a ser utilizada: n = (z² p' q' N) / {Er² (N - 1) + z² p' q'} 251

Tabela 2.1 – Amostra proporcional do Bairro por Bloco

Fonte: Adaptado de Ribeiro (2013).

A amostragem definida para a proporção populacional é aleatória simples, cujo

tamanho foi definido pela fórmula da Tabela 2.1. Para o cálculo estatístico, foi consultado o

Professor Samuel de Oliveira Ribeiro, especialista em cálculos estatísticos, do Departamento

de Estatística da Universidade Federal de Sergipe. A amostra da pesquisa é de um total de 251

habitações, dividida igualmente pelo bairro. A divisão foi feita pelo número de ruas

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CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________43

longitudinais do bairro e uma proporção para entrevistar pelo menos um morador por prédio.

No Bloco I, do total de 173 imóveis dividiu-se em: 43 apartamentos e 130 casas divididas por

13 ruas, ficando 10 habitações por rua no Bloco I. No Bloco II, foram 78 imóveis divididos

por 06 ruas, o que totalizou 13 casas por rua (Figura 2.16).

Figura 2.16 – Nomenclatura adotada para as ruas do Bairro 17 de Março

Fonte: Adaptado pela autora. SEPLAN (2013).

2.5 Análise de dados

A análise dos dados se fez pela tabulação das informações dos questionários e,

posteriormente, transformados em gráficos. A análise dos questionários aplicados nos órgãos

compuseram as informações do bairro e complementaram os dados encontrados na aplicação

com a população do bairro.

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CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________44

Os indicadores selecionados serviram como ferramenta para analisar o bairro e indicar

situações que estão críticas, para dessa forma propor pontos que necessitam ser alterados nas

etapas entregues ou nas que serão construídas. Os indicadores utilizados foram os do IBGE,

os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, onde foram selecionados os que se

enquadram com o local e com a situação (Quadro 2.1). Foram analisados aqueles itens que

estão presente no bairro e a qualidade de vida. No Anexo C, apresentam-se todos os

indicadores sugeridos pelo modelo.

INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – IBGE

DIMENSÃO TEMA INDICADORES

AMBIENTAL

Atmosfera Concentração de poluentes no ar em áreas

urbanas

Saneamento

Acesso a sistema de abastecimento de água

Acesso a esgotamento sanitário

Acesso a serviço de coleta de lixo doméstico

Tratamento de esgoto

Destinação final do lixo

SOCIAL

Trabalho e rendimento

Rendimento domiciliar per capita

Rendimento médio mensal

Mulheres em trabalhos formais

Saúde

Esperança de vida ao nascer

Taxa de mortalidade infantil

Prevalência de desnutrição total

Oferta de serviços básicos de saúde

Educação

Taxa de frequência escolar

Taxa de alfabetização

Taxa de escolaridade da população adulta

Habitação Adequação de moradia

Segurança Coeficiente de mortalidade por acidentes de

transporte

ECONÔMICA Padrões de produção e

consumo

Coleta seletiva de lixo

INSTITUCIONAL Capacidade institucional

Acesso aos serviços de telefonia

Acesso à Internet

Agenda 21 Local

Quadro 2.1 – IDS selecionados quanto a situação do Bairro 17 de Março

Fonte: Adaptado pela autora. IBGE (2013)

Os indicadores do IBGE foram separados em quatro dimensões: ambiental, social,

econômica e institucional. A dimensão trata sobre o uso dos recursos naturais e deteriorização

do meio ambiente, destinado a conservar e preservar o ambiente e é dividido por temas.

Foram selecionados os que se enquadraram na análise do Bairro. O tema atmosfera está

relacionado à questão da poluição no ar em áreas urbanas.

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CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________45

O tema saneamento possui os indicadores que demonstram o impacto sobre os

recursos naturais, levanta questões relativas à política ambiental, além de estar relacionado

com a qualidade de vida da população. Os indicadores trabalhados do tema saneamento foram

os que analisaram a questão do abastecimento de água, serviço de esgoto e coleta de lixo.

A análise do Bairro quanto à dimensão ambiental ocorreu com base nas informações

adquiridas pelo questionário aplicado aos moradores da área e das informações adquiridas nos

órgãos inclusos neste estudo. Os resultados foram transformados em números, classificados

de péssimo a ótimo e foram comparados com a relevância proposta pelo IBGE para o

desenvolvimento sustentável, proporcionando assim um retrato do bairro e, verificação se o

desenvolvimento sustentável foi alcançado.

A segunda dimensão é a social, a qual está direcionada à melhoria da qualidade de

vida, atendimento das necessidades humanas e justiça social. Os temas tratados foram:

trabalho e rendimento, saúde, educação, habitação e segurança. Os indicadores ao serem

divididos por estes temas, buscaram analisar a situação quanto à distribuição de renda, a

situação da saúde dos moradores e o acesso e o nível educacional, analisando assim as

condições de vida da população e se há desigualdades.

Os indicadores da dimensão social selecionados para a análise do Bairro estão

divididos por tema, conforme Quadro 2.1, de acordo com as informações recolhidas sobre o

local. Os dados coletados junto aos órgãos municipais mais os obtidos com a aplicação dos

questionários permitiram fazer a comparação com as relevâncias definidas pelos indicadores

para a obtenção do desenvolvimento sustentável. As respostas obtidas pelos questionários

foram transformadas em números para demonstrar a situação quantitativamente.

A outra dimensão é a econômica, a qual aborda o gerenciamento de resíduos, o

consumo de energia, o uso e o esgotamento dos recursos naturais e o desempenho econômico

e financeiro do País. Tem a preocupação com uma economia sustentável e de longo prazo. Os

temas desta dimensão são: quadro econômico e padrões de produção e consumo.

O tema quadro econômico aborda a questão macroeconômica do país, que não foi

abordado neste trabalho por ter uma relação macro, o que não se enquadra com a análise do

bairro. O tema padrões de produção e consumo reflete como os recursos naturais são

explorados, a perspectiva de esgotamento e as estratégias relacionadas ao gerenciamento dos

rejeitos. O indicador coleta seletiva de lixo se enquadra neste último tema e trata sobre a

presença do serviço de coleta pelo município.

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CAPÍTULO II METODOLOGIA DA PESQUISA_________________________________________46

A dimensão institucional está relacionada à questão política, nas ações governamentais

e da sociedade para a implementação do desenvolvimento sustentável. Os temas desta

dimensão são: quadro institucional e capacidade institucional. Os indicadores destes temas

demonstram os investimentos em pesquisas que acarretem no desenvolvimento sustentável,

além de avaliar a participação da sociedade civil, mecanismo de participação popular e ações

governamentais.

Enquanto o tema capacidade institucional, foram selecionados os indicadores: acesso

aos serviços de telefonia, acesso à internet e Agenda 21 Local.

A análise quanto aos indicadores da dimensão econômica e dimensão institucional

deu-se por meio da comparação das informações recolhidas junto aos órgãos municipais e

resultados dos questionários, da mesma maneira como ocorreu com a dimensão ambiental e

social. A justaposição dos dados obtidos com o proposto pelo indicador permitiu a formulação

do retrato do bairro quanto ao desenvolvimento sustentável, que está apresentado no próximo

capítulo, o da análise de dados.

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CAPÍTULO III

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

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48

CAPÍTULO III

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A pesquisa teve como princípio avaliar a atual situação do novo bairro construído para

a população de baixa renda, no que diz respeito ao desenvolvimento sustentável dos novos

moradores. No que concerne quanto ao conceito delimitado de desenvolvimento sustentável,

ou seja, se promove o desenvolvimento da comunidade com preocupação quanto ao

econômico, social e ambiental.

3.1 Característica das edificações

A característica das edificações, apesar de não ser o foco do trabalho, e o uso que dão

ao terreno ou ao imóvel demonstra como o bairro está se desenvolvendo. O bairro conta com

03 tipologias de residências: casas com um ou dois quartos e apartamentos com dois quartos.

O questionário contou com algumas questões sobre as edificações para saber sua situação, se

sente a necessidade de ampliar a residência, como o terreno foi aproveitado e se há conforto

térmico. As respostas destes questionamentos, junto à característica socioeconômica,

permitiram ter uma melhor visão da realidade nas habitações.

A necessidade de ampliar a residência foi presente em 64% dos entrevistados. Esta

vontade de aumentar o tamanho da casa ou modificar um apartamento foi comum naqueles

que possuem família numerosa, com cinco ou mais integrantes. Porém só é permitida a

construção de muros e cimentar ou revestir o terreno, além do fato que nem todos têm

condições de arcar por uma obra na residência. A necessidade de ampliar a edificação mostra

que, para a grande maioria, a casa não está atendendo ao conforto adequado.

Outra questão relativa à edificação foi se há prestação de serviço como: salão de

beleza, creche ou escola particular, banca de reforço escolar, costureira, entre outros. Dos

entrevistados apenas 3% prestam algum serviço. No bairro foram encontrados escassos

imóveis que realizassem essas funções, inclusive poucos estavam em funcionamento.

Também se verificou quantos imóveis implantaram comércio na própria casa ou no

terreno. Dos entrevistados 13% vendem algum produto ou transformaram parte do terreno em

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________49

mercearia, bar ou lanchonete. Segundo as normas da Prefeitura, o proprietário pode utilizar

20% do lote para a construção de empreendimentos comerciais para uso do dono do imóvel.

No entanto houve imóveis que utilizaram áreas maiores ou que alugaram para terceiros,

segundo SEPLAN (Figura 3.1). Apesar da presença de poucos pontos comerciais, os

proprietários reclamam que não tem muita saída das mercadorias, o fluxo de compradores é

pequeno.

Figura 3.1 – Imóvel como ponto comercial, mais do que os 20% permitido.

Fonte: Danielle Menezes (2013)

As casas são entregues sem calçamento no terreno o que favorece a plantação de

árvores frutíferas ou hortas. Dos entrevistados apenas 16% plantaram algo, mas comumente

são tomate, ervas e mamoeiros. Dentre os questionados 19% criam animais como galinha ou

cavalo. É possível ver pelo bairro, cavalos pastando nas quadras vazias ou amarrados nas

calçadas, principalmente dos que residem nos apartamentos. Estes animais são utilizados para

puxar carroças, meio de vida de alguns moradores (Figura 3.2).

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________50

Figura 3.2 – Casas com criação de cavalo.

Fonte: Danielle Menezes ( 2013)

Quanto ao conforto térmico, foram avaliadas a ventilação e iluminação natural das

edificações, se o proprietário julgava: péssimo, ruim, regular, bom ou ótimo. Em relação à

ventilação, 3% julgaram péssima; 21% regular; 57% bom e 19% ótimo (Gráfico 3.1). Os que

julgaram péssimo são os moradores de apartamento ou casa virados para o poente. O bairro

tem uma boa ventilação e a disposição das casas conseguiu aproveitá-la, o que refletiu na

quantidade do Bom.

Gráfico 3.1: Índice da ventilação natural

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Em relação à iluminação natural, a intensa claridade do bairro, por não conter barreiras

vizinhas, é refletida na satisfação dos moradores. Os valores encontrados demonstram tal

3%

21%

57%

19%

Ventilação

Péssima

Regular

Bom

Ótimo

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________51

situação: péssimo 2%; ruim 3%; regular 23%; bom 58%; ótimo 14% (Gráfico 3.2). No caso

das casas, a estrutura favorece o aproveitamento da luz natural, o telhado cerâmico permite a

entrada da luz mesmo que as portas e janelas estejam fechadas, pois as casas não possuem

forro. Nos apartamentos, pelo fato das janelas conterem vidro, a iluminação natural é mais

intensa e possível mesmo quando estão fechadas.

Gráfico 3.2: Índice da iluminação natural

Fonte: Danielle Menezes (2013).

O questionário aplicado no bairro mostrou que, em relação à edificação, a maior

queixa é quanto ao tamanho do imóvel, pois poucos têm condições para executar as

modificações e as Normas da Prefeitura não permitem grandes alterações. Conforme Souza

(2010) para haver a qualidade de vida, um dos critérios é atender a funcionalidade, que

consiste no conforto e necessidade de espaço que evitaria consequências como a insatisfação

com a moradia.

O incentivo à construção de pontos comerciais ou de serviços evita a divisão do bairro

em zonas, consequentemente reduz o fluxo de veículos pelo bairro. Outra vantagem é o

aumento na renda da família e a não necessidade de participar dos Programas de Auxílio do

Governo, como o Bolsa Família. Para Andrade (2009), quanto maior a diversidade e a

densidade de usos no desenho urbano, menor é a necessidade de transportes e

consequentemente menor é o impacto no meio.

Para o desenvolvimento sustentável, em relação às edificações, dois dos indicadores

do IBGE se destacam: o Indicador de Rendimento Médio Mensal, o qual busca garantir a

2% 3%

23%

58%

14%

Iluminação

Péssima

Ruim

Regular

Bom

Ótimo

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________52

equidade de renda a todos, independentemente do sexo ou da cor. O incentivo ao comércio e

serviços é uma das maneiras de atingir tal indicador.

O Indicador de Adequação de Moradia tem como relevância o espaço físico

suficiente para os moradores. A permissão de alteração nas edificações é uma das maneiras de

atendê-lo.

Tais indicadores devem constar no planejamento urbano. De acordo com Souza (2010)

o planejamento urbano deve acompanhar as modificações e estar em constante

aperfeiçoamento.

3.2 Características da Área Comum

A presença de áreas comuns incentiva o encontro dos moradores, a comunicação e

troca de conhecimento. Andrade (2009) cita que as sucessivas interações no modo de vida

proporcionam um aumento das funções urbanas e assim uma estabilidade.

Os itens analisados relativos à área comum foram arborização, praça, parque infantil e

o centro comunitário, se há a existência destes e sua qualidade.

A arborização do bairro é incipiente, poucas foram as árvores diagnosticadas nas áreas

públicas e as existentes são as plantadas pelos moradores. Ao serem interrogados,

encontraram-se os seguintes valores: 6% julgaram péssimo, 13% ruim, 13% regular, 12%

bom, 2% ótimo e 54% disseram que não existe arborização no bairro. Os que classificaram

como ótimo são os que plantaram ou moram vizinho aos que assim fizeram. Segundo a

SEPLAN, a Secretária de Meio Ambiente de Aracaju começou o estudo para determinar as

espécies de árvores e os pontos onde serão plantadas. Após o estudo é que a Emsurb realizará

o plantio nos espaços das praças e demais áreas públicas. Enquanto isso, o bairro continua

árido e quente, pois mesmo com a ventilação percebida e aqui relatada, o local por ser um

campo aberto e sem arborização, não é suficiente para amenizar o calor e, principalmente, nas

ruas.

Em relação à praça construída na primeira etapa do bairro, a situação não é melhor.

Atualmente só existe uma praça no bairro, o seu mobiliário e os brinquedos estão destruídos

(Figura 3.3). A qualidade e a quantidade de praças destacaram-se na resposta dos moradores

que julgaram: 38% péssimo, 11% ruim, 15% regular, 14% bom e 22% julgaram não ter ou

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________53

não utilizar a praça. Os que classificaram como bom, mais uma vez, foram os moradores

vizinhos à praça e pela distância conseguem utilizar o espaço. Para os residentes no Bloco II é

como se a praça não existisse, por canta da localização, fica afastada.

Figura 3.3: Praça do Bairro 17 de Março

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Segundo a SEPLAN está prevista a construção de mais três praças em parceria com a

Secretaria de Saúde. O projeto está em fase de finalização para que passe pela aprovação da

Emurb.

Outro ponto avaliado foi o parque infantil onde os moradores consideraram: 9%

péssimo, 8% ruim, 1% regular, 4% bom e 78% julgaram não ter ou não utilizar. O parque

infantil está na única praça do bairro, mas foi destruído, restando apenas o escorregador. Por

causa da degradação, o local ficou abandonado e os moradores têm medo de frequentar,

principalmente à noite, o que refletiu o alto índice dos que não utilizam ou consideram não ter

parque para as crianças. As praças que serão construídas contarão com parque infantil e outros

atrativos para as crianças, segundo a SEPLAN.

No bairro não consta a existência de centro comunitário e não há espaço determinado

para tal uso.

Observa Romero (2009), que o âmbito do público tem como meta o espaço externo

acolhedor e seguro, o espaço público com qualidade, para que haja um domínio público pela

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________54

sociedade. Tal domínio promove a relação social da comunidade, a interação e a integração,

objetivos para o desenvolvimento sustentável do bairro.

Para Souza (2010), um dos critérios para a qualidade de vida é o de estética e

criatividade que prevê a presença de parques e praças, o que evitaria a insatisfação com o

local e o vandalismo. Para que a qualidade de vida seja alcançada, o indicador que se

enquadra em relação à área comum é o Indicador Agenda 21 Local. A Agenda 21 propõe

assentamentos com qualidade de vida e, assim, redução dos gastos públicos com saúde. A

disseminação da Agenda 21 Local de acordo com a realidade da cidade e do bairro é investir

no desenvolvimento sustentável, no entanto a Agenda 21 Local de Aracaju ainda não foi

criada.

3.3 Característica dos Serviços

A característica dos serviços presentes no bairro demonstra o grau de estrutura do

bairro e as dificuldades que a população sente. Os itens avaliados foram: creche, escola, posto

de saúde, telefone público, serviço dos correios, centro social, área para lazer, comércio local,

comércio na redondeza, segurança e serviços no local. O questionário buscou identificar a

existência destes serviços e sua qualidade.

Os serviços de creche, escola, posto de saúde, telefone público, serviço dos correios e

centro social não existem no bairro. As crianças em idade de frequentar creche são levadas

para as que funcionam no Bairro Santa Maria ou são deixadas com parentes ou vizinhos

enquanto os pais trabalham. O fato de não haver creche no bairro é um dos fatores que

impossibilita que mais de um membro da família trabalhe fora ou até mesmo algumas mães

solteiras.

A ausência de escola foi resolvida pelo uso de transporte escolar disponibilizado pela

prefeitura para levar crianças e adolescentes em idade escolar a colégio público em bairros

vizinhos. O fato de não haver escola no bairro dificulta a continuação dos estudos pelos

adultos ou pelos que trabalham durante o dia. No perfil socioeconômico do bairro,

diagnosticou-se a alta quantidade de adultos que não concluíram os estudos.

Relatado pelos entrevistados e confirmado durante a pesquisa de campo a creche

escola está em construção, mas ainda não há data para a inauguração (Figuras 3.4 e 3.5).

Segundo dados da SEPLAN, foram destinadas oito áreas para a construção de creches e

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________55

escolas, mas já foi diagnosticado que devido ao tamanho populacional do bairro, estimativa de

25.000 (vinte e cinco mil) moradores, as áreas destinadas não serão suficientes. Está previsto

a construção de mais uma escola no entorno do bairro, mas ainda não existe escola no bairro.

Figura 3.4: Construção da Creche/Escola do Bairro 17 de Março

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Figura 3.5: Construção da Creche/Escola do Bairro 17 de Março

Fonte: Danielle Menezes (2013).

No momento há uma unidade de saúde em construção no bairro, sem data prevista

para o início do funcionamento. Enquanto isso o atendimento médico é realizado nas

Unidades de Saúde da Família dos bairros vizinhos, as unidades Dr. Augusto César Leite,

Celso Daniel e Elizabeth Pita. Para o assentamento estão previstos uma unidade de

acolhimento, dois CAPs - Centro de Aperfeiçoamento Profissional, duas academias da cidade,

duas unidades de saúde e um Centro de Zoonoses, conforme dados da SEPLAN.

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________56

Apesar dos primeiros moradores já estarem com quase quatro anos no bairro, quando

realizada a pesquisa de campo, ainda não eram beneficiados com o serviço dos correios

porque as ruas naquele período que estavam recebendo nomes oficiais, e consequente o CEP.

O serviço de telefone público não existe e até mesmo o serviço de telefonia móvel é

insatisfatório, visto que se verificaram alguns pontos onde não há sinal ou é falho.

Não há centro social ou espaço para encontro da comunidade, realização de palestras

ou cursos. A área de lazer é quase inexistente e consiste na única praça do bairro. Tal situação

é perceptível no resultado do questionamento onde consideraram: 7% péssima, 8% ruim, 3%

regular, 4% boa, 2% ótima e 76% julgam não ter área de lazer. Aqueles que qualificaram a

área de lazer como boa ou ótima às vezes nem frequentam o local ou são vizinhos à praça

averiguado durante a entrevista. Mas a principal queixa é de não haver um local para levar as

crianças ou para pratica de esportes, como uma quadra. Os moradores utilizam um espaço,

onde está previsto a construção de quadra para jogarem futebol. Os espaços destinados para

praça e atividade de esporte serão executados na quarta etapa, onde haverá um parque com

espaços para cultura, lazer, esporte e conhecimento. Até que ocorra a execução, os moradores

deverão procurar por lazer nos bairros vizinhos ou outros pontos da cidade.

Quanto ao comércio avaliou-se o existente no bairro e o dos bairros vizinhos. Os

moradores foram questionados sobre o comércio nos bairros vizinhos para verificar se a

população estava assistida ou se precisavam realizar grandes deslocamentos. O comércio local

foi considerado, pelos moradores, como: 8% péssimo, 40% ruim, 7% regular, 36% bom, 2%

ótimo e 7% julgam não ter ou não utilizar. Este comércio consiste em pequenas mercearias,

lanchonetes e bares espalhados pelas duas etapas. Não foram visualizadas lojas de confecções

(Figura 3.6). Por ser de pequeno porte, o comércio local não atende a todas as necessidades e,

por isso, os moradores reclamaram do valor dos produtos comercializados. Também ocorre

aos domingos uma pequena feira livre, a qual é insuficiente para o tamanho do bairro e os

moradores reclamaram da pouca opção e dos altos preços, inclusive há residentes que optam

em fazer as compras na feira do Bairro Santa Maria que ocorre no mesmo dia e horário, no

domingo pela manhã (Figura 3.7).

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________57

Figura 3.6: Comércio local formado por pequenas mercearias

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Figura 3.7: Feira livre.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Em relação ao comércio da redondeza, o bairro vizinho que melhor tem estrutura e

opções é o Bairro Santa Maria, onde a maioria dos moradores realizam suas compras. Em

relação ao comércio dos bairros vizinhos, os moradores o consideraram: 23% ruim, 8%

regular, 38% bom, 18% ótimo e 13% não realizam as compras nos bairros vizinhos. Mesmo

com o alto índice de bom, os residentes ainda sentem falta de alguns itens, consideram o

preço um pouco alto ou reclamam da distância.

Os serviços também foram avaliados, tendo como resultado: 4% péssimo, 24% ruim,

1% regular, 1% bom, 5% ótimo e 65% julgam não ter. Algumas casas improvisaram serviços

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________58

como banca de reforço escolar, salão de beleza, costura e oficina, mas são poucos utilizados

pelos moradores, o que resultou no alto resultado da ausência de serviços no bairro.

No projeto do bairro foram destinadas áreas para a construção de comércio e serviço

de pequeno porte e uma área para supermercado de maior porte. As áreas para comércio

estarão presentes em todas as etapas. No Bloco I e II, terão uma quadra destinada para tal

construção, nas demais etapas os lotes comerciais localizar-se-ão às margens, voltados para as

avenidas principais (Figura 3.8). Os lotes comerciais do Bloco I e II estão em fase de

aprovação de projeto pela EMURB, para em seguida iniciar o processo de licitação, ou seja,

ainda não há data para execução.

Figura 3.8: Projeto do bairro com a marcação das áreas do comércio e serviço.

Fonte: Adaptado pela autora, SEPLAN (2013).

Outro serviço avaliado foi a segurança do bairro. Os moradores foram questionados

sobre tal serviço e o classificaram como: 16% péssimo, 25% ruim, 31% regular, 14% bom,

1% ótimo e 13% julgaram não ter. O policiamento do bairro é realizado pela passagem de

viaturas, mas não existe posto policial no local. O medo e a insegurança refletiram nos valores

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________59

de ruim a regular, pois os assaltos e roubos são constantes, principalmente no acesso ao Bairro

Santa Maria com maior frequência durante a noite. Conforme a SEPLAN, haverá uma base

para a guarda municipal dotada de canil e cavalaria.

Conforme um policial residente no bairro, os roubos são acometidos por delinquentes

dos bairros vizinhos. O índice de violência aumentou durante a época da invasão das

residências que estavam para ser entregues e durante a ocupação da praça vizinha ao bairro.

Mas ainda não há uma completa segurança, principalmente em algumas ruas.

Para a qualidade de vida dos moradores do assentamento e como Souza (2010)

destaca, o atendimento das necessidades de privacidade e segurança, ou seja, a proteção

contra roubos e outros crimes é essencial para reduzir o medo, as agressões e outras possíveis

consequências. A regeneração é uma das necessidades para a qualidade de vida, a qual tem

como aspecto a criação de espaços para atividades corporais, prática de esportes e diversão

para crianças.

Serviços como creche, educação e unidades de saúde são obrigatórios a depender da

quantidade de habitantes por área domiciliar. No caso do Bairro 17 de Março, um novo

assentamento destinado a abrigar 25.000 habitantes, tais serviços são obrigatórios. Porém,

após três anos, a população ainda não foi contemplada com essas estruturas. Enquanto não

forem construídas, os moradores serão obrigados a deslocar-se a bairros vizinhos, os quais

não tem estrutura para suportar o aumento de demanda.

De acordo com Villaça (2001), há uma segregação nos bairros destinados a classe

social diferente, onde os destinados para a classe alta e média têm melhor infraestrutura e

atrativos, enquanto que, em outros bairros, a maior preocupação é construir o maior número

de residências possíveis.

A Agenda 21 prevê que haja uma política pública atenta às questões humanas e ações

para resolver questões sociais e econômicas. Os indicadores do IBGE que abordam as

características dos serviços presentes e/ou necessários ao bairro são: Oferta de serviços

básicos de saúde; Taxa de frequência escolar; Taxa de alfabetização; Taxa de

escolaridade da população adulta; Acesso aos serviços de telefonia; Acesso à internet.

O indicador Oferta de serviços básicos de saúde, verifica a quantidade de recursos na

área de saúde, tanto o emprego de médicos quanto o de estabelecimentos e leitos hospitalares

para os residentes, no caso, o do bairro. No caso do 17 de Março, não há unidades de saúde.

Este indicador tem relevância para o desenvolvimento sustentável porque apesar da redução

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________60

nas taxas de mortalidade e o aumento da esperança de vida, o acesso aos serviços de saúde é

essencial à qualidade de vida.

O indicador Taxa de frequência escolar mede a quantidade dos moradores que

frequentam a escola na faixa etária de 15 a 17 anos, o de Taxa de alfabetização avalia o grau

de alfabetização da população de 15 anos ou mais de idade e o indicador Taxa de

escolaridade da população adulta demonstra o nível de escolaridade dos moradores com

idade entre 25 e 64 anos. Tais indicadores são relevantes para o desenvolvimento sustentável,

pois a educação, além de promover a obtenção de conhecimento e a formação de habilidades

cognitivas e assim, processar as informações, como cita nos estudos do IBGE em que,

A educação estimula uma maior participação na vida política, desenvolve a

consciência crítica, permite a geração de novas ideias e confere a capacidade para a

continuação do aprendizado. Permite aos cidadãos o discernimento de seus direitos e

deveres para com a sociedade e do espaço que ocupam e no qual interagem, sendo

agentes atuantes na sua organização e dinâmica. (IBGE, 2012, p. 203).

No perfil socioeconômico dos moradores do bairro, verificou-se que as crianças e

adolescentes frequentam a escola, mas os adultos têm um baixo grau de escolaridade. A falta

de escola no local dificulta o acesso pelos mais velhos e também torna-se um complicador

para os adolescentes que pretendem trabalhar para complementar a renda familiar. Ou seja, a

presença de colégios no assentamento é um incentivador para esta população que parou os

estudos ou está com dificuldade de continuar.

O indicador Acesso aos serviços de telefonia verifica o acesso da comunidade aos

serviços de telefonia, tanto o fixo como o móvel. Este indicador avalia o desenvolvimento de

tal serviço. A telefonia proporciona o contato, a troca de informação e o acesso a serviços,

além de reduzir a necessidade de transporte, o que favorece ao meio ambiente. O Acesso à

internet é outro indicador que expressa a quantidade de domicílios que possuem esse serviço.

Tal indicador tem relevância para o desenvolvimento sustentável, pois é mais uma ferramenta

de ingresso às informações, conhecimento e serviços, assim aumenta a participação dos

moradores nas tomadas de decisões e é um veículo viabilizador de mudanças. No entanto, no

bairro não há acesso a telefone público ou fixo e o funcionamento da telefonia móvel é com

falhas. O acesso à internet só é conseguida por via rádio e poucos têm acesso, inclusive não

foram verificadas lan-houses quando realizada a pesquisa de campo.

Apesar dos objetivos da Agenda 21, não há indicadores do IBGE relacionados à

segurança, área para lazer e social, serviço dos correios e esquematização do comércio e

serviços.

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________61

3.4 Características da Infraestrutura

As características da infraestrutura tiveram como meta demonstrar o panorama do

bairro quanto aos serviços de abastecimento de água, coleta de lixo e outros serviços básicos

necessários para uma habitação digna. No questionário foram abordadas perguntas para saber

a situação da iluminação pública; esgoto residencial; abastecimento de água; escoamento das

águas da chuva na rua; situação em período de chuva; coleta de lixo comum; coleta de lixo

seletivo e centro para reciclagem.

A iluminação pública do bairro é a partir de postes de concreto com uma lâmpada nas

vias locais e com quatro lâmpadas nas vias principais. Os moradores foram interrogados

quanto a qualidade da iluminação e foram encontrados os seguintes valores: 2% péssima, 7%

ruim, 20% regular, 55% boa, 14% ótima e 2% julgaram não ter (Gráfico 3.3).

Gráfico 3.3: Qualidade da iluminação pública do Bairro 17 de Março

Fonte: Danielle Menezes (2013).

A iluminação pública é considerada boa pelos moradores, mas, durante as visitas no

bairro para aplicação dos questionários, observou-se que há alguns pontos onde é insuficiente

ou, até mesmo, inexistente. Nas quadras ainda sem uso, não existe iluminação pública, o que

deixa certas zonas na penumbra ou às escuras (Figuras 3.9 a 3.11). A presença das áreas com

pouca iluminação refletiu nos valores das opções regular e ruim. A inconstância da

iluminação cria áreas perigosas ou inutilizadas no período da noite.

2%

7%

20%

55%

14%

2%

Iluminação Pública

Péssima

Ruim

Regular

Boa

Ótima

Não tem

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________62

Figura 3.9: Iluminação pública das vias principais.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Figura 3.10: Iluminação pública das vias locais.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Figura 3.11: Iluminação pública à noite.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________63

O esgoto residencial foi outro questionamento aos moradores do bairro. O intuito da

pergunta não era só saber se havia, mas também se estava funcionando e sua qualidade. O

resultado encontrado foi: 2% péssimo, 7% ruim, 20% regular, 55% bom, 14% ótimo e 2%

julgaram não ter (Gráfico 3.4). As moradias são bem assistidas quanto ao esgoto residencial,

mas foram diagnosticadas algumas casas com fossa entupida ou com retorno de esgoto. Os

maiores problemas foram verificados nos apartamentos, as fossas entopem constantemente e o

esgoto retorna nos apartamentos térreos (Figuras 3.12 e 3.13). Na segunda etapa, na divisa

com a etapa entregue em 2013, o serviço do esgoto residencial funciona de forma incipiente e

o sistema de saneamento urbano está incompleto (Figura 3.14).

Gráfico 3.4: Qualidade do esgoto residencial do Bairro 17 de Março

Fonte: Danielle Menezes (2013).

2%

7%

20%

55%

14%

2%

Esgoto residencial

Péssimo

Ruim

Regular

Bom

Ótimo

Não tem

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________64

.

Figuras 3.12 e 3.13: Fossas entupidas nas áreas dos prédios

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Figura 3.14: Esgoto a céu aberto. Divisa da 2ª com a 3ª etapa

Fonte: Danielle Menezes (2013).

A etapa entregue em 2013 está com problema no esgoto residencial causado pela falta

de conclusão da rede de esgotamento sanitário durante este estudo, conforme apresentado na

Figura 3.15. Fato que causa grande desconexão entre as partes do bairro que já foram

entregues.

3.12 3.13

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________65

Figura 3.15: Tubulação do esgoto exposta. Divisa da 2ª com a 3ª etapa

Fonte: Danielle Menezes (2013).

As residências devem ser entregues com toda a infraestrutura, esgotamento sanitário,

iluminação pública e as vias calçadas de acordo com a Legislação Municipal. Da

infraestrutura de saneamento, o abastecimento de água foi um dos questionamentos aos

moradores, os quais o classificaram como: 1% péssimo, 1% ruim, 9% regular, 71% bom, 17%

ótimo e 1% julgaram não ter. No geral o bairro é bem assistido quanto ao abastecimento de

água, visto que não costuma faltar e tem boa vazão. Os que julgaram péssimo, ruim ou

falaram não ter, são mais uma vez, aqueles residentes na divisa da segunda etapa com a

entregue em 2013.

O escoamento das águas da chuva na rua foi um dos pontos avaliados, pois, quando

não há um bom sistema de drenagem, a população fica prejudicada. O serviço foi avaliado e

os moradores julgaram: 6% péssimo, 2% ruim, 19% regular, 63% bom, 7% ótimo e 3%

julgaram não ter. O escoamento apresenta maiores problemas na área dos apartamentos e nas

residências da divisa com a nova etapa, pois nestes locais a inclinação e a altura dos imóveis

em relação ao nível da rua não favorecem ao escoamento da água. O tipo do terreno também

não favorece ao escoamento da água, além de existirem vias sem pavimentação e sem o

sistema de drenagem. Mas, no geral, o bairro não apresenta problemas de alagamento em

períodos de chuva.

Além das ruas também foram avaliadas as moradias quanto à situação em período de

chuva, se há algum problema como goteira, entrada de água ou infiltração. Os moradores

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________66

classificaram como: 5% péssimo, 5% ruim, 22% regular, 59% bom, 6% ótimo e 3% não

responderam (Gráfico 3.5). As principais queixas são a da entrada de água pelas esquadrias,

goteiras nos apartamentos do último andar e infiltração nos apartamentos térreos.

Gráfico 3.5: Situação das moradias em período de chuva

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Outra característica da infraestrutura avaliada foi a coleta de lixo, inclusive se há

coleta seletiva e centro para triagem. O serviço de coleta de lixo, quando em bom

funcionamento, evita o acúmulo de lixo ou o descarte em lugares inapropriados. Quanto ao

serviço, os moradores julgaram: 3% regular, 74% bom, 13% ótimo e 10% não responderam.

A coleta de lixo funciona normalmente e o caminhão de coleta atende a todas as ruas,

inclusive as que não possuem calçamento, de acordo com os moradores. Entretanto há a

presença de lixo nos canais de drenagem e nas quadras sem uso apesar do bom serviço

(Figuras 3.16 e 3.17), indicando o descaso e o nível de educação da população na residente no

local.

5% 5%

22%

59%

6%

3%

Situação em período de chuva

Péssimo

Ruim

Regular

Bom

Ótimo

Não respondeu

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________67

Figura 3.16: Presença de lixo nos canais de drenagem.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Figura 3.17: Presença de lixo nas quadras sem construção.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Por haver um centro de triagem de material reciclável no bairro, foi verificado se há a

coleta de lixo seletivo e a qualidade do seu funcionamento. Os moradores classificaram como:

1% péssimo, 11% ruim, 17% regular, 27% bom, 9% ótimo e 35% julgaram não ter. De acordo

com os entrevistados a coleta seletiva não funciona de maneira uniforme em todo o bairro, o

que refletiu na média dos resultados. Nos apartamentos existe casa para lixo comum e para os

resíduos recicláveis, porém os moradores não a utilizam para tal fim e poucos são os que

separam os materiais recicláveis.

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________68

Quanto ao centro para triagem de material reciclável, os moradores foram

questionados se sabiam a respeito, conheciam ou utilizavam, o resultado obtido foi: 1%

péssimo, 14% ruim, 7% regular, 18% bom, 6% ótimo e 54% não sabiam da existência ou não

conheciam (Gráfico 3.6). O centro é mais conhecido pelas pessoas que residem na redondeza

e outras pouquíssimas pessoas sabiam da existência do centro, mas nunca tinham ido ao local

ou desconheciam o que acontecia no local.

Gráfico 3.6: Conhecimento e uso do Centro para triagem

Fonte: Danielle Menezes (2013).

O centro para triagem foi inaugurado em julho de 2013 e aos poucos estão se

estruturando (Figura 3.18). Funciona por meio de cooperativa e o material é recolhido em

condomínios residenciais da cidade. Dos que trabalham no centro, a maioria reside no Bairro

Santa Maria ou outras localidades, são poucos os residentes no bairro dos estudados nessa

pesquisa.

Figura 3.18: Centro para triagem do Bairro 17 de Março.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

1%

14% 7%

18%

6%

54%

Centro para triagem

Péssimo

Ruim

Regular

Bom

Ótimo

Não sabe ou não conhece

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________69

Os principais problemas encontrados em relação à infraestrutura se concentraram na

área dos prédios e nas casas da segunda etapa que fazem divisa com a parte entregue em

2013, mas no geral o bairro é bem atendido quanto ao esgotamento sanitário, abastecimento

de água e coleta de lixo. Serviços que estão presentes nos critérios da Agenda 21 e nos

indicadores do IBGE.

Azevedo (2007) cita que só o incremento de habitação resolve a questão da moradia,

entretanto as políticas públicas devem estar integradas, como no caso do abastecimento de

água e o esgotamento sanitário, entre outros que podem ter um efeito maior nas condições

humanas. Esta preocupação está presente no Estatuto da Cidade, o qual assegura que os

assentamentos habitacionais atendam as necessidades dos moradores para que tenham

qualidade de vida.

Os indicadores do IBGE relacionados à infraestrutura são os classificados na dimensão

ambiental. De acordo com a Agenda 21, estes indicadores tem como objetivo universalizar o

saneamento ambiental, protegendo o ambiente e a saúde. Os indicadores que se enquadram

nos objetivos da Agenda e a realidade do bairro são: Acesso a sistema de abastecimento de

água; Acesso a esgotamento sanitário; Acesso a serviço de coleta de lixo doméstico e

Coleta seletiva de lixo.

O indicador Acesso a sistema de abastecimento de água representa a quantidade de

moradores que possuem acesso ao abastecimento de água. Tal indicador tem importância para

o desenvolvimento sustentável porque a água tratada promove melhoria à higiene e saúde da

população. O cumprimento do indicador é fundamental para promover a qualidade de vida e

verificar o incremento das políticas públicas de saneamento. A presença do abastecimento de

água no bairro cumpre o indicador e é percebível a melhoria de vida dos moradores.

O indicador Acesso a esgotamento sanitário indica a população assistida pelo serviço

de esgotamento sanitário. Sua importância para o desenvolvimento sustentável se deve pelo

fato de ser fundamental para avaliação das condições de saúde da comunidade, pois controla e

diminui a incidência de doenças. Tal indicador verifica tanto a qualidade de vida dos

habitantes quanto à ação das políticas públicas relacionadas ao saneamento. O esgotamento

sanitário avaliado, considerado por este indicador, é o ligado à rede pública e os servidos por

fossa séptica. O intuito final é promover a qualidade à saúde humana e o meio ambiente.

O bairro atende quanto ao indicador de Acesso a esgotamento sanitário, apesar de

existir alguns problemas e, ainda, haver ruas onde a rede não foi finalizada.

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________70

O indicador Acesso a serviço de coleta de lixo doméstico foi outro analisado no

bairro, tal indicador representa a quantidade de habitantes assistidos pelo serviço de coleta de

lixo. A presença desse serviço é importante para o desenvolvimento sustentável, pois evita a

proliferação de doenças e vetores, como também evita a poluição do solo ou corpos d’água.

No caso do bairro, onde existe o serviço, falta conscientização da comunidade para não

despejar o lixo em lugares inapropriados.

O indicador Coleta seletiva de lixo trata-se do oferecimento, pelo município, do

serviço de coleta seletiva do lixo. Apesar da existência de um centro de triagem no bairro, o

serviço de coleta seletiva realizado pela cidade de Aracaju não é realizado no bairro em

estudo. A disposição final do lixo é relevante para o desenvolvimento sustentável. A coleta

seletiva possibilita a redução do lixo que será destinado ao aterro sanitário, tem cunho social e

econômico ao melhorar a situação de trabalho dos catadores de lixo e minimiza os gastos com

a limpeza urbana e construção de novos aterros. O bairro não atende quanto ao indicador, pois

o bairro não é assistido pela coleta seletiva de lixo.

Por se tratar do bairro e não de cidade, não foram considerados os indicadores

Tratamento de esgoto e Destinação final do lixo, mesmo com uma estação de tratamento de

esgoto prevista para o bairro, ainda sem funcionamento devido a obra está inacabada.

3.5 Características da Mobilidade

A mobilidade urbana é um tema em constante debate na cidade. O bairro, devido ao

tamanho territorial e populacional, precisa ter a questão da mobilidade como uma das

preocupações para evitar problemas futuros. As características da mobilidade avaliada junto

aos moradores foram: o transporte público, as ciclovias, acessibilidade e passeios. As

informações colhidas no bairro foram complementadas com os dados obtidos pelo órgão

responsável pelo serviço de trânsito e transporte da cidade de Aracaju, SMTT, para entender

as características do local.

O questionamento teve como finalidade, não só ver a situação do transporte público,

mas também a estrutura do trânsito como sinalização, quebra-molas e investimentos futuros.

Os moradores foram perguntados quanto o transporte público e o julgaram: 7% péssimo, 16%

ruim, 39% regular, 28% bom, 5% ótimo e 5% não utilizam.

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________71

As maiores queixas dos residentes foram a pouca opção e/ou a demora dos transportes.

O local é assistido por duas linhas de ônibus que vêm pelo Conjunto Aquarius e demoram no

mínimo meia hora nos dias úteis e, no final de semana, chegam a demorar uma hora. Os que

sabem o horário do transporte o julgam regular. Outra reclamação é que o ônibus circula

muito antes de entrar no bairro e só passa pela primeira etapa. Não há linha que faça a ligação

com o Bairro Santa Maria, o bairro mais utilizado pelos moradores.

Os moradores foram questionados sobre as ciclovias, o resultado encontrado foi: 1%

ruim, 14% regular, 44% bom, 4% ótimo e 37% não utilizam. A ciclovia circunda o bairro

pelas avenidas principais, somente na primeira etapa (Figuras 3.19 e 3.20). Os residentes

pouco utilizam a ciclovia apesar de julgá-la boa, pois a ciclovia não é interligada a mais

nenhum ponto da cidade. Os pais não confiam deixar as crianças pedalar por ela por julgar

perigoso, pois os carros passam em alta velocidade pela avenida.

Figura 3.19: Ciclovia do Bairro 17 de Março, nas vias principais.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________72

Figura 3.20: Ciclovia sem continuidade para a segunda etapa do Bairro.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Os moradores foram interrogados sobre a acessibilidade do bairro, os quais julgaram:

1% ruim, 19% regular, 38% bom, 15% ótimo e 27% não têm. A acessibilidade do bairro é

facilitada pelo fato das calçadas estarem na mesma altura e de material que facilita o

deslocamento e pela presença de rampas para cadeirante nas calçadas nos principais

cruzamentos (Figuras 3.21 e 3.22). Mas o piso tátil, sinalização vertical e aviso sonoro não

constam no bairro. Na segunda etapa, não tinha acessibilidade na época do levantamento dos

dados desse estudo.

Figura 3.21: Acessibilidade constituída por rampas e rebaixamento da calçada.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Page 91: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________73

Figura 3.22: Rampa para a acessibilidade nos cruzamentos do Bairro.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Os passeios, item fundamental para mobilidade urbana, também foi avaliado junto aos

moradores, os quais consideraram: 1% péssimo, 2% ruim, 18% regular, 48% bom, 10% ótimo

e 21% não ter. O passeio do bairro segue na mesma altura e material, com calçamento em

concreto, o que facilita o deslocamento dos pedestres. No entanto, não possuem arborização,

deixando assim o espaço desconfortável para a locomoção (Figura 3.23).

Figura 3.23: Passeios sem arborização.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Page 92: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________74

Os passeios não devem só promover o deslocamento, mas também incentivar o uso e a

permanência dos habitantes nas calçadas, pois a presença de pessoas traz segurança ao bairro

por não deixar as ruas desertas. Por isso o material, a altura constante e a presença de árvores

são fundamentais. Na segunda etapa, os passeios não estavam construídos ainda, os existentes

foram executados pelos próprios moradores (Figuras 3.24 e 3.25). A ausência das calçadas

refletiu-se na quantidade que julgaram não ter ou a classificaram negativamente.

Figura 3.24: Passeios sem calçamento no Bloco II do Bairro 17 de Março.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Figura 3.25: Passeios sem calçamento no Bloco II do Bairro 17 de Março.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Page 93: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________75

Segundo Jacobs (2009), as ruas e as calçadas são primordiais em uma cidade e seu uso

precisa ser incentivado, mas, para isso, as pessoas precisam se sentir atraídas e estimuladas a

usá-las. O incentivo pelo deslocamento a pé promove a redução do uso de transportes

motorizados, o que traz benefícios para o meio ambiente ao diminuir a emissão de poluentes,

e reduz os engarrafamentos e acidentes.

Quanto à mobilidade, foram realizadas algumas perguntas a SMTT sobre a situação

atual do bairro e ações futuras para o local. Segundo a Secretaria, um dos pedidos dos

moradores é pela instalação de quebra-molas, que não existem no bairro, para reduzir a

velocidade que os veículos trafegam. A sinalização horizontal e vertical não foi instalada,

como também não há faixa de pedestre. A SMTT tem noção de tal deficiência afirmou a

instalação da sinalização, porém ainda não tinha data prevista.

O bairro, a partir de novembro, começou a ser atendido pelo serviço de táxi lotação

com saída do Bairro Santa Maria com destino ao 17 de Março. A disponibilidade de tal

transporte facilitou a vida dos moradores, pois boa parte dos serviços que necessitam são

encontrados no Santa Maria. Porém estes táxis lotação não são legalizados pela SMTT,

pertencem a uma cooperativa que começaram a realizar este percurso mesmo sem

autorização.

No momento, a indicação das paradas dos ônibus é feita por placas verticais. Está

previsto, pela SMTT, a construção de abrigos de ônibus, porém ainda está em processo de

licitação. Quanto ao transporte público, será construída uma Avenida Perimetral, paralela à

Rodovia Melício Machado, a qual contará com quatro corredores de BRT - Bus Rapid

Transit – transporte coletivo por ônibus rápido e aumentará a quantidade de linhas de ônibus.

O Bairro 17 de Março será beneficiado com este acréscimo.

A Agenda 21 tem como um dos objetivos para o desenvolvimento sustentável o

transporte urbano. O uso do transporte público e a redução da necessidade de transporte

motorizado devem ser previstas no planejamento urbano da cidade. Tal objetivo é implantar o

transporte de massa e a mobilidade sustentável, o qual inclui o transporte público, a redução

de congestionamento, de poluição e acidentes. Os indicadores do IBGE que se enquadram a

questão da mobilidade são: Concentração de poluentes no ar em áreas urbanas e

Coeficiente de mortalidade por acidentes de transporte.

O indicador Concentração de poluentes no ar em áreas urbanas, não será abordado

por ainda não haver dados relacionados à poluição no Bairro 17 de Março.

Page 94: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________76

O indicador Coeficiente de mortalidade por acidentes de transporte expressa a

quantidade de óbitos por acidentes no trânsito. Apesar de não haver dados de acidentes no

bairro, tal indicador é relevante para o desenvolvimento sustentável, pois ameaça a segurança

física dos moradores e reduz a qualidade de vida dos habitantes. Para que ocorra o

desenvolvimento sustentável, o processo de planejamento e gestão devem englobar ações

educacionais e de infraestrutura. Ações estruturais precisam ser aplicadas como adequação da

sinalização e desenvolvimento de planos de tráfego juntamente com metodologias específicas

ao local. No bairro não há ações educacionais de trânsito como programa de sensibilização e

prevenção, além de precisar melhorar a estrutura do trânsito, com a aplicação de sinalização e

construção de quebra-molas.

3.6 Características Econômicas

O desenvolvimento sustentável de uma comunidade é alcançado quando há a

preocupação com a dimensão ambiental, social e econômica. Em virtude disso, o questionário

buscou o perfil financeiro dos moradores, se há alguma outra forma de renda extra e se

recebem auxílio do governo. As características econômicas juntamente com os indicadores de

desenvolvimento sustentável proporcionam a criação do perfil econômico da comunidade e,

assim, determinam em que setores o planejamento urbano precisará investir.

O questionário aplicado no bairro em estudo contou com perguntas sobre os gastos

com água, energia elétrica, transporte, educação e lazer, se os moradores participavam de

cooperativas de trabalhadores, se produziam algo para vender ou se tinham a reciclagem

como fonte de renda. Também foram questionados a respeito do auxílio do governo. Os dados

encontrados comparados com as características socioeconômica dos moradores indicou o

perfil do bairro.

Quanto à participação em cooperativa de trabalhadores dos 251 entrevistados, apenas

07 fazem parte, o que equivale a 3% da amostra. Entre as cooperativas nas quais os moradores

participam, está a de reciclagem de lixo e de táxi lotação, não informou qual era o nome da

cooperativa que fazem parte, tanto da de reciclagem como da de táxi lotação.

Os residentes foram questionados se realizavam alguma produção caseira para a venda

e 9% afirmaram produzir algo para a venda, como complementação de renda. Alguns dos

itens encontrados foram a venda de milho cozido e produtos de limpeza, mas julgaram fraca a

Page 95: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________77

comercialização no bairro. Motivo que não incentiva outros moradores a realizarem a venda

ou a produção de itens.

Por o bairro contar com um centro de reciclagem, tornou-se necessário saber se os

moradores realizavam a reciclagem de lixo como fonte de renda ou como complemento. Dos

interrogados 32% coletam materiais recicláveis para vender ou trabalham em cooperativas, a

do próprio bairro ou de bairros vizinhos. Tal atividade mostrou-se presente no local, no

entanto o material é coletado em outras regiões. Os residentes do bairro ainda não têm a

iniciativa de separar os materiais recicláveis.

O questionamento sobre outra fonte de renda se deu pelo fato da grande quantidade de

moradores sem emprego e ou recebendo auxílio do governo, pois 69% vivem desta renda.

Dinheiro o qual é fundamental para o pagamento das contas, uma vez que pela estrutura do

bairro dificulta a saída de mais de um membro para trabalhar.

A conta de água dos moradores foi separada por valores: 15% pagam de R$0,00 a

R$19,00; 51% pagam de R$20,00 a R$30,00; 11% pagam de R$31,00 a R$40,00; 8% pagam

de R$41,00 a R$50,00; 7% pagam de R$51,00 ou mais e 8% não souberam o valor ou não

responderam (Gráfico 3.7). Há residentes que não pagam conta de água, segundo eles é

porque não foi instalado medidor ou simplesmente porque fazem gato, ou seja, de forma

clandestina. A maioria está inscrita na categoria Baixa Renda e desta forma tem uma conta

com valor reduzido, mas, mesmo assim, ainda sentem dificuldade para saldar a conta.

Gráfico 3.7: Valores da conta d’água dos moradores do Bairro 17 de Março

Fonte: Danielle Menezes (2013).

15%

51%

11%

8% 7%

8%

Valores de conta d'água

R$0,00 a R$19,00

R$20,00 a R$30,00

R$31,00 a R$40,00

R$41,00 a R$50,00

R$51,00 ou mais

Não sabe ou não respondeu

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________78

O valor da conta de energia também foi pesquisado de acordo com os valores, o

resultado encontrado foi: 25% pagam de R$0,00 a R$19,00; 21% pagam de R$20,00 a

R$30,00; 26% pagam de R$31,00 a R$40,00; 4% pagam de R$41,00 a R$50,00; 12% pagam

de R$51,00 ou mais e 12% não souberam o valor ou não responderam (Gráfico 3.8). Apesar

da quantidade de moradores enquadrados na categoria baixa renda, muitos reclamaram do

preço. Há também residentes que confessaram não pagar pela energia, pois fizeram ligações

clandestinas.

Gráfico 3.8: Valores da conta de energia dos moradores do Bairro 17 de Março

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Junto com o valor pago pelas contas de energia e água foi avaliado o gasto com

transporte público. Dividido pelo valor, o resultado encontrado foi: 33% pagam de R$2,35 a

R$50,00; 14% pagam de R$51,00 a R$100,00; 6% pagam de R$101,00 ou mais e 47% não

souberam o valor ou não utilizam. Devido à distância do Centro da cidade, o transporte

público torna-se obrigatório para quem precisa deslocar-se à outros bairros, porém os

moradores evitam sair do bairro e ter gastos com transporte público, quando não estritamente

necessário.

A distância e a dificuldade para ir a outros locais faz com que se dirijam mais ao

Bairro Santa Maria, pois podem ir caminhando. A questão do transporte interfere no modo de

vida da população local, inclusive em relação à educação e atividades de lazer.

Os moradores foram questionados se possuíam algum gasto com educação, uma vez

que o bairro não contém escolas públicas e devido ao baixo índice de escolaridade dos

25%

21% 26%

4%

12%

12%

Valores da conta de energia

R$0,00 a R$19,00

R$20,00 a R$30,00

R$31,00 a R$40,00

R$41,00 a R$50,00

R$51,00 em diante

Não sabe ou não respondeu

Page 97: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________79

moradores adultos. Dos residentes entrevistados 13% têm algum custo com educação, entre os

gastos está a realização de curso e a inclusão dos filhos em colégio particular.

Apesar da pequena porcentagem, os moradores gostariam de ter condições de realizar

cursos profissionalizantes ou colocar os filhos em escola particular, banca e principalmente

creches para ter condições de trabalhar fora.

Além dos gastos básicos com água e energia, houve a preocupação, também, com o

custo com lazer. O resultado encontrado foi de 30% com gasto médio de R$ 121,00 (cento e

vinte e um reais), em saídas para parques, shoppings e praia. O número encontrado demonstra

a dificuldade de ter lazer devido a distância do bairro em relação aos outros pontos da cidade,

tempo e o principal motivo foi pela situação financeira. Como o bairro não possui muitas

opções de lazer, os moradores consideraram não ter muito estes momentos.

Ao longo dos anos, as políticas habitacionais desenvolvidas pelo governo buscaram

atender ao maior número possível com a doação de casas próprias, porém, com a entrega vêm

as obrigações como a conta de água e energia. Mesmo com o programa Baixa Renda, os

moradores sentem dificuldade em arcar com as contas mensais.

Em virtude das dificuldades para pagar as contas mensais, o crescimento econômico

da comunidade é fundamental para que possam mais do que arcar com os custos tenham,

também, momentos de lazer. O desenvolvimento de atividades econômicas está previsto no

Estatuto da Cidade como uma das maneiras de atender as necessidades da população. A

Agenda 21 tem um capítulo destinado ao crescimento econômico sustentado e sustentável

como meio de erradicar a pobreza, com ações que proporcionam a geração de renda a partir

de programas de emprego ou por meio de diferentes estratégias.

Os indicadores do IBGE direcionados para as características econômicas do Bairro 17

de Março são: Razão de dependência; Rendimento domiciliar per capita e Mulheres em

trabalhos formais.

O indicador Razão de dependência demonstra a quantidade de dependentes em

relação à população ativa. Tal indicador é relevante para o desenvolvimento sustentável por

expor o grau de dependência da comunidade e assim criar políticas públicas de acordo com as

demandas sociais. Quanto maior é o grau de dependência econômica, maior é a necessidade

de intervenções políticas, principalmente nas áreas de educação e saúde. Não foram

calculados quantos eram os não aptos a trabalhar por residência, mas pelo número de

residências beneficiadas com auxílio do governo é perceptível que o não atendimento do

Page 98: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________80

indicador e a urgência de políticas públicas e ações no bairro se fazem necessárias para mudar

o panorama.

O indicador Rendimento domiciliar per capita demonstra a distribuição de renda por

domicílio. Tal indicador tem importância para o desenvolvimento sustentável por expor a

situação financeira dos moradores, a renda per capita, e com isso determinar políticas

direcionadas à redução da pobreza e das desigualdades. A aplicação de políticas como o Bolsa

Família no bairro não se mostrou suficiente para atender ao indicador. O rendimento

domiciliar é, basicamente, o valor recebido pelo auxilio do governo. As ações governamentais

precisam ir além do auxílio financeiro, criar estratégias que proporcionem o crescimento

econômico, ou seja, a independência financeira da comunidade.

O indicador Mulheres em trabalhos formais representa a quantidade de mulheres em

trabalhos formais na região. O acesso da mulher no mercado de trabalho reflete a igualdade

entre os gêneros, opções e a eficácia econômica, além de reduzir o grau de pobreza e

promover o desenvolvimento sustentável. Porém a ausência de creches dificulta a saída da

mulher, pois nem todas têm com quem deixar os filhos para cumprir a carga horária.

Os indicadores do IBGE, apesar de terem um cunho social, são fundamentais para

entender a situação financeira dos moradores do bairro e, com isso, criar estratégias

direcionadas à realidade local. O planejamento urbano e as políticas públicas devem

solucionar os problemas sociais e promover a qualidade de vida, proporcionar o crescimento

econômico da população é uma das estratégias para o atendimento dos indicadores, pois reduz

a dependência da comunidade em relação ao governo.

3.7 Características Sociais

O questionário aplicado ao Bairro 17 de Março, além das outras características, buscou

também demonstrar o panorama da vida social dos moradores, saber se há vida noturna e

espaço religioso no local e a sua qualidade. Outro ponto analisado foi se há ações realizadas

pela prefeitura de cunho social como palestras educacionais.

Os moradores foram questionados se havia espaço religioso no bairro, independente da

religião, e como julgam o espaço. O resultado encontrado foi: 2% péssimo; 5% ruim; 18%

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________81

regular; 17% bom; 5% ótimo e 53% julgaram não ter ou não usar o espaço do bairro. Dentre

os que avaliaram de péssimo a ótimo são evangélicos, os quais possuem locais para culto

espalhados pelo bairro. Os cultos evangélicos são realizados em espaços construídos pelos

próprios moradores ou nas casas, mas muitos ainda preferem frequentar o culto em outros

bairros (Figura 3.26). Mas não existe local para os que são católicos e não há previsão para a

construção de igreja no bairro. Dos entrevistados só foram diagnosticados evangélicos e

católicos.

Figura 3.26: Espaço para culto religioso, construído pelo proprietário.

Fonte: Danielle Menezes (2013).

A questão religiosa não foi prevista no projeto do bairro, enquanto isso os residentes

precisam se deslocar para a vizinhança.

A vida noturna promove movimentação à noite e, assim, evita áreas desertas e,

consequentemente, perigosas durante a noite. O bairro foi avaliado se possuía vida noturna e

como o morador a qualifica, o resultado encontrado foi: 1% péssimo; 7% ruim; 9% regular;

20% bom; 10% ótimo e 53% julgaram não ter. As únicas opções são lanchonetes e bares

espalhados pelo bairro que poucos frequentam durante a noite. A distância e a pequena

variedade são empecilhos para a saída (Figura 3.27). A insegurança e o fato de não haver

alternativas gratuitas faz do bairro um local com pouco movimento à noite, o que o deixa os

moradores mais vulneráveis.

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________82

Figura 3.27 : Um dos bares do bairro

Fonte: Danielle Menezes (2013).

Durante os quase quatro anos da existência do bairro, não houve a realização de

palestras educacionais. Na verdade, o local ainda não possui estrutura física para a realização

de ações educacionais.

Segundo Romero (2009), as relações sociais, quando equilibradas, proporcionam a

sensação de pertencimento e perspectivas de desenvolvimento da comunidade. Para isto são

necessárias ações que fortaleçam as relações da comunidade, a partir da interação social e da

educação. Conforme Andrade (2009), é fundamental desenvolver o sentido de lugar, a

apropriação do espaço pelos moradores para que assim haja o cuidado e preservação do local.

A Agenda 21 tem como um dos objetivos para o desenvolvimento sustentável a

inclusão social, com o incremento de Programas Governamentais. Os indicadores do IBGE

não englobam a questão da vida social dos habitantes, o modo como se relacionam com o

espaço e com os demais habitantes.

Souza (2010) traz como aspecto para a qualidade de vida a conversa, ajuda dos

vizinhos e a participação da comunidade, o que evitaria como consequência conflitos sociais,

segregação entre outros conflitos.

A interação social e as políticas públicas direcionadas à educação são relevantes para o

desenvolvimento sustentável da comunidade, pois evita ações negativas em relação ao espaço,

como atos de vandalismo. A população passa a zelar pelo espaço e ter maior integração.

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________83

3.8 Características da Saúde

“A saúde é direito de todos e dever do Estado” conforme a Constituição Federal, Art.

196 (Brasil, 1988), a promoção da saúde deve ser garantida a partir de políticas que reduzam

o risco de doenças e outros danos e o acesso para todos de maneira indiscriminatória.

A qualidade da saúde de uma população não pode ser limitada à estrutura de unidades

de saúde. A realização de políticas públicas educativas é essencial para evitar a proliferação

de doenças ou danos maiores. Em virtude da importância de ações informativas, os moradores

do bairro foram questionados se houve atos sobre os cuidados à saúde da criança, do idoso e

da mulher e trabalhos voltados à questão das drogas e da educação infantil. A resposta foi

unânime, nunca houve atuações de tal intenção no bairro.

A única ação que acontece no bairro é dos Agentes Comunitários de Combate a

Dengue. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), há a realização de Programas da

Saúde direcionados, também para os residentes no Bairro 17 de Março que acontecem no

Bairro Santa Maria, os Programas são: o Saúde da Mulher, Saúde da Criança, Saúde Bucal,

Adulto/Idoso e possui um Núcleo de Apoio Saúde da Família.

Em relação à SMS, foi perguntado se havia alguma ação programada para o bairro e

informaram que são realizados mutirões de acordo com a necessidade da população. Em

setembro de 2013 aconteceu um mutirão onde foi aferida a pressão arterial e realizados testes

para DST’s e exame de glicemia, entre outros e ocorreram orientações para a comunidade. No

mês de dezembro do mesmo ano, houve outro mutirão realizado com o apoio da SMS, onde

contou com a participação de estudantes da área de saúde do Senac e da Universidade

Tiradentes, médicos oftalmologista e endocrinologista e nutricionista. A ação realizou exame

ocular e para detectar o nível de glicemia, consulta endocrinológica e avaliação

antropométrica. Cerca de 500 moradores participaram do mutirão (Figura 3.28).

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________84

Figura 3.28 : Mutirão da saúde no Bairro 17 de Março

Fonte: http://www.aracaju.se.gov.br/index.php?act=leitura&codigo=57302 (2013).

Os mutirões foram uma alternativa encontrada pela SMS para que o bairro não fique

sem atendimento, enquanto a Unidade de Saúde do bairro ainda está em construção. O

problema dessas ações é que não são corriqueiras e não atende todo o local, além de serem

recentes.

A aplicação de programas preventivos realizados pelos diferentes níveis do Governo,

juntamente com a comunidade local está previsto na Agenda 21, pois tais ações vão além de

tratar e remediar. O intercâmbio de informações e práticas educativas devem ser praticadas

como maneira de controlar ou reduzir doenças e melhorar a saúde da comunidade. A Agenda

tem como um dos objetivos promover a saúde e evitar doenças, segundo tal objetivo os

indicadores do IBGE que se enquadram na característica da saúde no bairro são: Esperança

de vida ao nascer; Taxa de mortalidade infantil; Prevalência de desnutrição total.

O indicador Esperança de vida ao nascer expressa a expectativa média dos recém-

nascidos. Tal indicador, mais do que demonstrar a expectativa de vida, mostra um panorama

da saúde da população e das condições de vida, interferindo, assim, nas políticas públicas na

área da saúde e na questão ambiental. Não foram encontrados dados relativos a este indicador,

mas a ausência de ações sobre o cuidado da criança no bairro demonstra a necessidade de

maiores intervenções.

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________85

O indicador Taxa de mortalidade infantil expressa o número de óbitos de crianças

com menos de 1 ano de idade. Assim como o indicador Esperança de vida ao nascer, não há

dados específicos do bairro devido ao tempo de existência do bairro. Porém o indicador da

taxa de mortalidade infantil tem relevância para o desenvolvimento sustentável por mostrar o

panorama dos serviços de saúde e de assistência domiciliar. A redução da taxa demonstra o

grau de desenvolvimento da comunidade.

O indicador Prevalência de desnutrição total representa a quantidade de crianças

com desnutrição, as com menos de 5 anos de idade. Apesar de não haver dados específicos

para o bairro, a questão da desnutrição tem importância para o desenvolvimento sustentável

por demonstrar a situação das condições de vida da população e assim buscar políticas

públicas que mudem o panorama. A ausência de programas, no bairro, direcionados ao

cuidado da criança impede ter uma visão da realidade e, assim, criar ações direcionadas.

Quanto ao cuidado da mulher e do idoso e a relação com as drogas, o IBGE não possui

indicadores relacionados. A preocupação maior é com as crianças, em especial quanto a

desnutrição e na faixa etária até os 5 anos de idade.

Neste aspecto a análise do bairro juntamente com os indicadores permitiu uma visão

mais abrangente do bairro, como também entender quais pontos precisam de maior atenção

para que esta comunidade alcance o desenvolvimento sustentável. O entendimento das

necessidades do local viabiliza políticas públicas direcionadas que consigam trazer maiores

benefícios e evitar problemas futuros. No Quadro 3.1 é apresentada a síntese da classificação

da dimensão de cada indicador e o resultado encontrado.

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________86

Característica Dimensão Indicador Resultado

Edificação Social

Rendimento médio

mensal

Grande o número de

dependentes de auxílio do

Governo Federal. Pouco

incentivo em comércio ou

serviços.

Adequação de moradia

As moradias precisam ter

espaço suficiente para

acomodar toda a família de

forma confortável. A liberação

da ampliação da moradia

permitirá espaços mais

confortáveis e adequados com a

legislação.

Área comum Institucional Agenda 21 Local

Elaboração da Agenda 21 à

realidade local para que alcance

a qualidade de vida. Não há

indicadores direcionados à

áreas comuns e arborização do

espaço.

Serviços

Social

Oferta de serviços

básicos de saúde

Investimento na área da saúde

tanto a parte médica como a

parte física, pois no bairro não

há unidades de saúde.

Taxa de frequência

escolar

Ausência de escola no bairro

dificulta o acesso aos estudos

pelos adultos. Taxa de alfabetização

Taxa de escolaridade da

população adulta

Institucional

Acesso aos serviços de

telefonia

Os serviços de telefonia fixa e

móvel e a internet não estão

disponíveis no bairro. Acesso à Internet

Infraestrutura

Ambiental

Acesso a sistema de

abastecimento de água

O serviço de abastecimento de

água funciona normalmente.

Acesso a esgotamento

sanitário

Os imóveis têm serviço de

esgoto sanitário interligado à

rede coletora.

Acesso a serviço de

coleta de lixo doméstico

O serviço de coleta de lixo

funciona normalmente.

Econômica Coleta seletiva de lixo

O bairro possui um centro de

triagem, mas não é atendido

pelo serviço de coleta de lixo

seletivo do munícipio de

Aracaju.

Quadro 3.1: Síntese dos indicadores

Fonte: Danielle Menezes (2013).

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________87

Continuação do Quadro 3.1

Característica Dimensão Indicador Resultado

Mobilidade

Ambiental

Concentração de

poluentes no ar em áreas

urbanas

Investir no transporte público,

transportes não motorizados e

deslocamento a pé.

Social

Coeficiente de

mortalidade por

acidentes de transporte

Aplicação de programas

educacionais relacionados ao

trânsito e transporte.

Economia Social

Razão de dependência

A quantidade de residências

beneficiadas pelo auxílio do

governo demonstra a alta

dependência do bairro.

Mulheres em trabalhos

formais

Promoção do acesso da mulher

no mercado de trabalho para

reduzir a discriminação de

gênero e a pobreza.

Rendimento domiciliar

per capita

Criação de medidas que

promovam a redução da

dependência do auxílio do

governo.

Social -- --

Promoção de ações que

incentivem a vida social no

bairro.

Saúde Social

Esperança de vida ao

nascer

Investir em programas

direcionados aos cuidados da

saúde da criança, idoso ou da

mulher.

Taxa de mortalidade

infantil

Prevalência de

desnutrição total

A análise qualitativa do bairro em relação aos IDS do IBGE permitiu ter um panorama

da situação atual do assentamento. Dos sessenta e dois indicadores foram selecionados os

vinte que se enquadram na escala micro da região e com os dados obtidos na pesquisa de

campo foram separados de acordo com a dimensão. Os indicadores do IBGE e as dimensões

são:

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________88

Dimensão ambiental

1. Emissões de origem antrópicas dos gases associados ao efeito estufa - não se

enquadra por não haver no assentamento a emissão de gases que tragam

malefícios à camada de ozônio.

2. Consumo industrial de substâncias destruidoras da camada de ozônio - não se

enquadra por não possuir dados sobre o consumo de produtos industriais que

provocam a destruição da camada de ozônio.

3. Concentração de poluentes no ar em áreas urbanas - por não existir, ainda, dados

sobre a poluição do ar na região impossibilitou a análise quanto ao indicador.

Mas, devido a dimensão do bairro, se não houver o estímulo para o deslocamento

a pé ou de transportes não poluentes, futuramente, o assentamento pode ter uma

redução da qualidade do ar. As políticas públicas devem visar à mobilidade

urbana do bairro.

4. Uso de fertilizantes - não se enquadra pelo fato de não existir áreas com cultivo.

5. Uso de agrotóxicos - não se enquadra por não haver áreas de cultivo, as plantações

consistem em pequenas hortas ou árvores frutíferas, pouco presente.

6. Terras em uso agrosilvopastoril - não se enquadra pelo fato não ter áreas

destinadas à produção agrícola ou pecuária.

7. Queimadas e incêndios florestais - não existe floresta no local, apenas pequenas

lagoas.

8. Desflorestamento da Amazônia Legal - a região do bairro não está localizada na

área da Amazônia Legal.

9. Desmatamento nos biomas extra-amazônicos - o bairro não está situado em área

de bioma Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa ou Pantanal. Desta forma o

indicador não se enquadra.

10. Qualidade de águas interiores - por não existir corpo de água na área do bairro,

este indicador não se enquadra.

11. Balneabilidade - não se enquadra pelo fato de não estar situado próximo à praia ou

outro tipo de banho.

12. População residente em áreas costeiras - não se enquadra por se tratar da análise

micro e não existir comparação com outros bairros da cidade.

13. Espécies extintas e ameaçadas de extinção - não foi analisada a fauna da região.

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________89

14. Áreas protegidas - não se enquadra, pois o bairro não está situado em área de

proteção ambiental, conforme Figura 2.2.

15. Espécies invasoras - não foi analisada a flora existente atualmente ou a que havia

antes da execução do bairro.

16. Acesso a sistema de abastecimento de água - foi analisado o abastecimento de

água do bairro, o qual foi julgado bom pelos moradores. O bairro atende quanto

ao indicador, porém algumas residências ainda não tiveram o sistema de

abastecimento ativado.

17. Acesso a esgotamento sanitário - o bairro conta com o serviço de esgotamento

sanitário, classificado, na sua maioria, como bom. Quase 100% das moradias

estão assistidas, em alguns pontos falta finalizar a obra. O bairro atende quanto ao

indicador.

18. Acesso a serviço de coleta de lixo doméstico - o assentamento possui serviço de

coleta de lixo em 100% da área, o serviço foi classificado como bom, em sua

maioria, atendendo assim o indicador.

19. Tratamento de esgoto - não existe estação de tratamento em funcionamento, o que

impossibilitou a informação se a capacidade é suficiente para atender o bairro. O

indicador, de certa forma, não atende pelo fato da estação de tratamento não estar

em funcionamento.

20. Destinação final do lixo - pelo fato da análise ser escala micro e a destinação final

do lixo ser única para a cidade, o indicador não se enquadrou no caso da pesquisa.

Dimensão social

21. Taxa de crescimento da população - não se enquadra, pois o bairro está em

processo de construção, ainda não possui dados sobre o crescimento populacional

do assentamento.

22. Taxa de fecundidade - não foi analisado o grau de fecundidade da população

residente no bairro.

23. Razão de dependência - expressa a quantidade da população inativa, não foi

calculado o número de inativos, mas verificou-se que grande parte dos residentes

no bairro recebe auxílio do governo. Mesmo com a ausência de dados relativos ao

indicador, a quantidade de beneficiados demonstra que o bairro não atende ao

indicador.

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________90

24. Índice de Gini da distribuição do rendimento - não se enquadra, pois analisa a

concentração da distribuição de renda, não há dados sobre o índice e o bairro não

foi comparado a outras regiões da cidade.

25. Taxa de desocupação - não foi analisado, pois não há dados sobre a população de

10 anos ou mais que buscou emprego no período da pesquisa.

26. Rendimento domiciliar per capita - apesar de não haver dados quanto a

distribuição de renda, o grau de dependência, dos moradores, de auxílios do

governo demonstra o não atendimento do indicador e a necessidade de políticas

públicas que altere este quadro.

27. Rendimento médio mensal - não atende, precisa criar mais oportunidades de

emprego para os moradores. A aplicação de políticas públicas que incentive o

crescimento econômico.

28. Mulheres em trabalhos formais - apresenta pequena quantidade de mulheres em

trabalhos formais. A ausência de creche e escola dificulta a admissão no mercado

de trabalho. Assim, não atende ao indicador.

29. Esperança de vida ao nascer - apesar da inexistência de dados sobre a longevidade

dos recém-nascido, a ausência de unidades de saúde dificulta o acesso à saúde.

30. Taxa de mortalidade infantil - também não contem dados sobre o risco de

falecimento de menores de 1 ano de idade, mas falta ações voltadas ao cuidado da

criança e unidades de saúde.

31. Prevalência de desnutrição total - inexiste dados sobre a desnutrição em menores

de 5 anos de idade, apesar disso percebe-se que o indicador não atende pela

ausência de unidades de saúde e ações educativas sobre o cuidado da saúde.

32. Imunização contra doenças infecciosas infantis - não se enquadra pela ausência de

dados sobre a parcela dos moradores beneficiados com as políticas de vacinação.

33. Oferta de serviços básicos de saúde - não atende, pois carecem de unidades de

saúde no bairro, ou seja, a disponibilidade de recursos humanos e equipamentos

físicos são inexistentes.

34. Doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado - não se enquadra

devido a ausência de dados quanto as internações hospitalares devido doenças

causadas pelo saneamento ambiental inadequado.

35. Taxa de incidência de AIDS - não se enquadra devido à ausência de dados sobre a

ocorrência da doença.

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________91

36. Taxa de frequência escolar - ausência de informação oficial sobre a quantidade de

moradores de 15 a 17 anos de idade com frequência escolar, mas o questionário

aplicado demonstrou o baixo grau de escolaridade. A falta de escola no bairro

dificulta o cumprimento do indicador.

37. Taxa de alfabetização - apesar da inexistência de dados oficiais sobre o grau de

alfabetização da população de 15 anos ou mais, o questionário aplicado

demonstrou o baixo grau de escolaridade.

38. Taxa de escolaridade da população adulta - não atende devido o baixo grau de

estudo da população adulta.

39. Adequação de moradia - atende quanto a condição da moradia, mas precisa de

maior liberdade, liberação, quanto a ampliação do imóvel.

40. Coeficiente de mortalidade por homicídios - não se enquadra devido a ausência de

dados sobre a quantidade de mortes por causas violentas.

41. Coeficiente de mortalidade por acidente de transporte - apesar de não possuir

dados sobre as mortes ocasionadas por acidente de trânsito, os casos de acidentes

de notícias nas mídias demonstra que necessita de políticas públicas para atender

ao indicador.

Dimensão econômica

42. Produto Interno Bruto per capita - não cabe, pois a análise é de carater micro e

não há informação sobre a renda dos moradores.

43. Taxa de investimento - não se enquadra, pois não há informação sobre a

capacidade produtiva em relação ao Produto Interno Bruto.

44. Balança comercial - não cabe, pois a análise é micro e o indicador está

relacionado à importação e exportação do País.

45. Grau de endividamento - não contempla, pois está relacionado à dívida do País.

46. Consumo de energia per capita - não se enquadra, pois não há dados oficiais

sobre o consumo anual de energia por habitante em relação ao bairro.

47. Intensidade energética - não cabe pela ausência de dados oficiais da eficiência do

serviço de energia no bairro.

48. Participação de fontes renováveis na oferta de energia - não cabe devido à

ausência de produção de energia por fontes renováveis, no bairro.

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________92

49. Consumo mineral per capita - não se enquadra pela análise ser de caráter micro e,

também, por não existir o consumo de minerais primários e secundários.

50. Vida útil das reservas de petróleo e gás natural - não cabe, pois não existe, no

bairro, a extração de petróleo ou gás.

51. Reciclagem - não cabe devido à inexistência de indústria de reciclagem no bairro.

52. Coleta seletiva de lixo - não atende, pois, a realização da coleta seletiva de lixo

pelo município não atinge o bairro, não o suprindo com tal serviço.

53. Rejeitos radioativos: geração e armazenamento - não se enquadra, no bairro não

há utilização de rejeitos ou armazenagem de materiais radioativos.

Dimensão institucional

54. Ratificação de acordos globais - não se enquadra pelo fato da pesquisa ter escala

micro e o indicador tratar de acordos firmados pelo País em relação acordos

internacionais relativos à proteção do meio ambiente.

55. Conselhos Municipais de Meio Ambiente - não cabe, por não haver ações do

conselho junto ao bairro e o indicador verifica a existência, pelo município, de

Conselhos Municipais de Meio Ambiente.

56. Comitês de Bacias Hidrográficas - não cabe pelo fato da análise ser do bairro sem

a comparação com as demais áreas do município e o indicador avalia a

participação da cidade em Comitês de Bacias Hidrográficas.

57. Organizações da sociedade civil - não se enquadra, pois o indicador verifica em

escala macro o número de associações sem fins lucrativos e fundações privadas. O

bairro não possui estes tipos de organizações.

58. Gastos com Pesquisa e Desenvolvimento – P&D - não se enquadra por o

indicador tratar de escala nacional os investimentos no setor de Pesquisa e

Desenvolvimento – P&D.

59. Acesso aos serviços de telefonia - não atende, pois o bairro não é assistido pelo

serviço de telefonia fixo e o móvel funciona de forma precária.

60. Acesso à Internet - não atende, o serviço de Internet é inexistente no bairro, com

acesso limitado aos que podem pagar pela internet a rádio.

61. Agenda 21 Local - não atende, pois a Agenda 21 Local não foi implantada no

bairro.

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CAPÍTULO III ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS _______________________93

62. Articulações interinstitucionais dos municípios - não cabe, pois o indicador trata

da articulação dos municípios e a pesquisa possui uma escala micro e não foi

verificada ações de outras cidades quanto ao bairro.

Os indicadores que se enquadram na situação da pesquisa são os da dimensão

ambiental, social e institucional, com prevalência na social. Os indicadores da dimensão

econômica estão relacionados ao nível industrial e economia pública, não se enquadrando,

assim, a realidade do bairro. A questão social mostrou-se a principal para o desenvolvimento

sustentável da comunidade.

Apesar de não englobar alguns pontos analisados, principalmente em relação ao social,

o uso do IDS do IBGE consegue demonstrar a situação quanto ao desenvolvimento

sustentável do bairro. A comparação dos dados sobre o assentamento com os indicadores

evidenciou a necessidade de políticas públicas tanto nas áreas social, da saúde, econômica e

de educação para que o bairro atinja o desenvolvimento sustentável e tenha um histórico

diferente dos outros assentamentos populares existentes na cidade.

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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

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95

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Diante dos objetivos do presente trabalho, que foram avaliar a situação do Bairro

frente aos moradores; identificar e analisar os indicadores de desenvolvimento sustentável do

IBGE que melhor se enquadrassem ao bairro e indicar ações de acordo com os indicadores de

desenvolvimento sustentável que proporcionem melhorias ao bairro, juntamente ao que foi

exposto no referencial teórico, buscou-se avaliar a aplicação dos indicadores de

desenvolvimento sustentável nos Assentamentos Habitacionais Populares em Aracaju-SE com

o intuito de promover o desenvolvimento sustentável a partir da análise do Bairro 17 de

Março.

Durante o período de desenvolvimento do trabalho foram noticiados, pelas mídias,

problemas ocasionados no bairro. Este, em alguns pontos, não está em boa situação, o que

necessitou de ação judicial para diminuir os transtornos aos moradores. A percepção da

realidade do bairro fez com que as Secretarias, entre elas a SEPLAN e a SMS fizessem

alterações no projeto e iniciassem ações esporádicas para reduzir os inconvenientes.

O programa Minha Casa Minha Vida criado pelo Governo Federal com o intuito de

reduzir o déficit habitacional no Brasil com o acesso a infraestrutura, serviços e com

promoção ao desenvolvimento sustentável continua sem atingir suas metas. O

desenvolvimento proposto pela Agenda 21, onde os objetivos norteiam para a construção de

cidades sustentáveis, não foram alcançados por completo, pois, como no caso do Bairro 17 de

Março, a estrutura é feita por partes.

No caso do Bairro 17 de Março, entregue a primeira parte em 2010, a estrutura contou

com a moradia, iluminação pública, abastecimento de água e de energia, sistema de esgoto,

drenagem, vias e calçadas. Na etapa entregue em 2013, as vias não têm calçamento e o

saneamento básico não foi concluído. As residências foram entregues com a infraestrutura

básica, mas os serviços necessários como creche, escola e posto de saúde ainda não tiveram as

obras finalizadas, com quase quatro anos de existência, no momento desta pesquisa, e com

mais moradias sendo entregues aos inscritos, ainda precisam se deslocar para ter acesso aos

serviços básicos que o governo deve oferecer como educação, saúde e segurança.

Page 114: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES_____________________________________________________ 96

O bairro tem a estimativa de abrigar 25 mil habitantes, atualmente com mais de 1.490

moradias habitadas e mais de três anos de existência. É possível entender o funcionamento do

local e a situação quanto aos indicadores do IBGE. Na análise dos dados, com base nas

informações colhidas nas Secretarias Municipais e com os moradores, foi possível ter uma

visão das questões do bairro e saber o que está previsto para os próximos anos. Com acesso as

informações conclui-se que a situação do local com relação aos indicadores não é satisfatória,

o que impossibilita o desenvolvimento sustentável da comunidade ou a independência de

sobreviver com a ajuda do Governo Federal.

Ao chegar ao bairro a percepção é de um espaço abandonado, um povoado do interior

do Estado, um local vazio. Percepção de outros que visitaram o bairro e de alguns dos

funcionários da Secretaria Municipal que responderam ao questionário. A primeira impressão

ao entrar no bairro é de um local inseguro e vazio por ver poucos moradores pela rua. Porém,

ao conversar com os residentes e visitar a região mais vezes, a sensação de insegurança

passou, pois os moradores são receptivos e atenciosos. O que demonstrava um pré-conceito.

Também foi explicado o porquê das calçadas com pouco movimento, a sensação térmica é

muita alta e há poucas áreas com sombra, o que dificulta a permanência nas calçadas. Mas a

maior percepção foi que todos os moradores têm a sensação de que foram abandonados pela

Prefeitura.

Tal percepção juntamente com a análise quali-quantitativa do bairro em relação aos

indicadores do IBGE, foi importante para entender a realidade e definir quais pontos

necessitam de maior atenção e quais precisam de ações urgentes para melhorar a qualidade de

vida dos moradores.

A construção de assentamentos habitacionais é uma política necessária em várias

cidades brasileiras para reduzir o déficit habitacional. Entretanto os problemas encontrados no

caso do Bairro 17 de Março também se repetem em outros locais do Estado e do país. Os

indicadores do IBGE apesar de não abranger todos os pontos pesquisados já consegue mudar

o panorama, evitar que questões se repitam mais uma vez.

A aplicação dos indicadores demonstrou que o bairro está longe de alcançar o

desenvolvimento sustentável, mas que é possível reverter a situação. Estudos mais completos

e interligados a profissionais de outras áreas, juntamente às Secretarias podem mudar a

realidade do local e evitar que o problema ganhe maiores proporções.

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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES_____________________________________________________ 97

Mediante o que foi discutido e concluído, pode-se recomendar que sejam

implementadas algumas ações para a minimização dos problemas levantados e como

prevenção à implantação de futuros empreendimentos sugeridos a seguir:

O planejamento urbano com a participação das Secretarias e dos moradores

que irão ocupar o assentamento habitacional. O planejamento também deve ser

com uma equipe interdisciplinar, além de arquitetos e urbanistas. A questão

social precisa ser pensada durante a concepção do projeto.

Criação de estratégias e ações rotineiras educativas que proporcionem o

conhecimento dos moradores e, assim, maior interação e responsabilidade com

o bairro, o que reduz o abandono, o despejo de lixo em lugares impróprios e o

vandalismo na região.

Criação de programas educacionais sobre cuidados com a saúde para que

reduzam a necessidade de atendimento médico e gasto com medicamentos.

Concepção de medidas que incentivem o desenvolvimento econômico dos

moradores, com a criação de cooperativa de trabalhadores, cursos

profissionalizantes e incentivos para que possam ter meios para crescer

financeiramente, o que reduzirá a dependência do Governo Federal.

Obrigatoriedade da entrega de creche, escola, posto de saúde, área para lazer e

arborização, quando da entrega das moradias de assentamentos de tal porte.

Evitando assim, que os moradores demorem a ter acesso aos serviços.

A problemática dos assentamentos poderia ser reduzida ou evitada caso adotassem os

instrumentos de planejamento da Agenda 21 e executassem os serviços necessários. Ações

pontuais e esporádicas não são suficientes para promover o desenvolvimento sustentável de

um local. As estratégias precisam ser interligadas, as Secretarias precisam dialogar para que

se resolvam os problemas e evitem transtornos futuros.

A escolha dos IDS do IBGE deu-se pelo fato de ser um indicador criado pelo Governo

Federal com base em dados oficiais para, identificar e promover o desenvolvimento

sustentável do País. O uso do IDS permitiu ter uma visão da situação do bairro. Embora na

aplicação do modelo alguns dos seus indicadores não foram avaliados, o mesmo tem a sua

importância, pois agrega valor ao discurso do desenvolvimento sustentável sobre núcleos

habitacionais populares.

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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES_____________________________________________________ 98

Uma cidade não é estática, um bairro também não, essas mudanças quando

acompanhadas de planejamento urbano proporcionam o desenvolvimento sustentável, mas é

preciso mostrar que além dos estudos, que se faça a implantação e execução das medidas.

Contudo, há uma falta de planejamento urbano e de estratégias das políticas pública. Quando

realizadas de forma incompleta ou sem a participação da população, ficando a cidade com o

crescimento prejudicado, a sociedade sofrendo os efeitos e consequentemente o ambiente.

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REFERÊNCIAS

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RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 3. ed,

2009

ROMERO, Marta Adriana Bustos. Princípios bioclimáticos para o desenho urbano. São

Paulo: P.W., 1988.

ROMERO, Marta Adriana Bustos. Estratégias bioclimáticas de reabilitação ambiental

adaptadas ao projeto. Reabilitação Ambiental Sustentável Arquitetônica e Urbanística.

Brasília: FAU/UnB, 2009.

SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro:

Garamond, 2002.

SEPLAN, Secretaria de Planejamento de Aracaju. Bairro 17 de Março: proposta de

urbanização. Aracaju, 2013.

Page 121: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

REFERÊNCIAS________________________________________________________________________ 103

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez,

2007.

SIQUEIRA, Maria da Penha Smarzaro. Habitação popular: a materialização da casa própria

no Brasil. Dimensões, Espírito Santos, v. 21, 2008. Disponível em:

<http://www.ufes.br/ppghis/dimensoes/artigos/Dimensoes21_MariadaPenhaSmarzaroSiqueira

.pdf>. Acesso em: outubro de 2012

SOUZA, Marcelo Lopes de. Mudar a cidade: uma introdução crítica ao planejamento e à

gestão urbanos. Rio de Janeiro : Bertrand Brasil, 2010.

VEIGA, José Elid da. Indicadores de sustentabilidade. Estudos Avançados, São Paulo, v.

24, n. 68, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-

40142010000100006&script=sci_arttext&tlng=e!n>. Acesso em: maio de 2013.

VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel: FAPESP:

Lincoln Institute, 2001.

TAYRA, Flávio; RIBEIRO, Helena. Modelos de indicadores de sustentabilidade: síntese e

avaliação crítica das principais experiências. Saúde e Sociedade, São Paulo, v.15, n.1, p.84-

95, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v15n1/09.pdf>. Acesso em:

dezembro de 2012.

TRIANA FILHO, Antônio. Habitação popular no Brasil: análise do modelo operacional de

financiamento pelas agências oficiais. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) -

Universidade de Brasília, Brasília, 2006. Disponível em:

<http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/3489/1/2006_Antonio%20Triana%20Filho.pdf

>. Acesso em: novembro de 2012.

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APÊNDICES

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APÊNDICES___________________________________________________________________________ 105

APÊNDICE A – Roteiro de Entrevista com as Secretarias Municipais

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

NÚCLEO DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE

PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE-

PRODEMA

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Entrevistado:

Secretaria Municipal

Data da entrevista:

1 – SITUAÇÃO ATUAL

1.1 Quais os problemas diagnosticados no Bairro 17 de Março, especificamente, em relação a

este órgão?

1.2 Como é a relação da população do Bairro 17 de Março com o órgão e vice-versa?

1.3 Foram feitos alguns estudos ou pesquisas sobre o Bairro, que pudessem auxiliar na

elaboração das futuras propostas?

1.4 Com base na situação atual do Bairro 17 de Março, quais ações estão programadas?

2 – AÇÕES FUTURAS

2.1 Quais são as propostas elaboradas para o Bairro 17 de Março?

2.2 Em qual etapa se encontram tais propostas?

2.3 Houve participação da população em relação a essas propostas?

3 – PERCEPÇÃO PESSOAL

3.1 Qual a sensação do Sr (a) quando vai ao Bairro 17 de Março?

3.2 O que o Sr. julga ser primordial para o futuro do Bairro?

3.3 Qual a opinião do Sr. sobre o projeto do Bairro 17 de Março? Há algo que faria diferente?

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APÊNDICES___________________________________________________________________________ 106

APÊNDICE B – Roteiro de Entrevista com os moradores do Bairro 17 de Março –

Aracaju/SE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

NÚCLEO DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE

PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE-

PRODEMA

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Nome: Idade:

Endereço:

Escolaridade:

Onde residia antes:

Estado civil:

Quantidade de filhos: Número de pessoas no imóvel:

Trabalho:

Quando foi residir no Bairro:

Nota: 1 – Péssimo, 2 – Ruim, 3 – Regular, 4 – Bom, 5 - Ótimo

Edificação

Necessidade de ampliar: ( ) Sim ( ) Não Serviço: ( ) Sim ( ) Não

Comércio: ( ) Sim ( ) Não Plantações: ( ) Sim ( ) Não

Criação de animais: ( ) Sim ( ) Não

Item 1 2 3 4 5 N/S Item 1 2 3 4 5 N/S

Ventilação Iluminação

Área comum

Item 1 2 3 4 5 N/S Item 1 2 3 4 5 N/S

Arborização Praças

Parque infantil Centro comunitário

Serviços

Item 1 2 3 4 5 N/S Item 1 2 3 4 5 N/S

Creche Escola

Posto de Saúde Comércio local

Comércio na

redondeza

Segurança

Serviços no local Área para lazer

Page 125: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

APÊNDICES___________________________________________________________________________ 107

Telefone público Serviço do Correios

Centro social

Infraestrutura

Item 1 2 3 4 5 N/S Item 1 2 3 4 5 N/S

Iluminação

pública

Esgoto residencial

Escoamento das

águas da chuva na

rua

Abastecimento de

água

Situação em

período de chuva

Coleta de lixo

comum

Coleta de lixo

seletivo

Centro para

reciclagem

Mobilidade

Item 1 2 3 4 5 N/S Item 1 2 3 4 5 N/S

Transporte público Ciclovias

Acessibilidade Passeio

Economia

Cooperativa de

trabalhadores

Produção caseira para

venda

Reciclagem de

lixo

Gastos com conta d’água: Gastos com conta de energia:

Gastos com transporte: Gastos com educação:

Gastos com lazer: Auxílio do Governo: ( ) Sim ( ) Não

Qual:

Social

Item 1 2 3 4 5 N/S Item 1 2 3 4 5 N/S

Espaço religioso Vida noturna

Palestras

educacionais

Saúde

Item 1 2 3 4 5 N/S Item 1 2 3 4 5 N/S

Cuidados à saúde

da criança

Cuidados à saúde do

idoso

Trabalhos

voltados a questão

da educação

infantil

Trabalhos voltados a

questão das drogas

Cuidados à saúde

da mulher

Observação:

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ANEXOS

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ANEXOS______________________________________________________________________________ 109

ANEXO A – Especificação da casa, “Minha Casa Minha Vida”

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Paredes de áreas molhadas Tinta acrílica.

Projeto

Casa* (Para contratação com valor máximo de aquisição da unidade de acordo com o item 7.1 do Anexo I da Portaria N° 465, de 03 de outubro de 2011)

Casa com sala / 1 dormitório para casal e 1 dormitório para duas pessoas / cozinha / área de serviço (externa) / circulação / banheiro.

Quantidade mínima de móveis: 1 cama (1,40 m x 1,90 m); 1 criado-mudo (0,50 m x 0,50 m); e 1 guarda-roupa (1,60 m x 0,50 m). Circulação mínima

entre mobiliário e/ou paredes de 0,50 m.Dormitório casal

DIMENSÕES DOS CÔMODOS (Estas especificações não estabelecem área mínima de cômodos, deixando aos projetistas a competência de formatar os ambientes dahabitação segundo o mobiliário previsto, evitando conflitos com legislações estaduais ou municipais que versam sobre dimensões mínimas dos ambientes)

Quantidade mínima: 1 tanque (0,52 m x 0,53 m) e 1 máquina (0,60 m x 0,65 m).Área de Serviço

Sala de estar/refeiçõesLargura mínima sala de estar/refeições: 2,40 m. Quantidade mínima de móveis: sofás com número de assentos igual ao número de leitos; mesa para

4 pessoas; e Estante/Armário TV.

Banheiro

Dormitório duas pessoasQuantidade mínima de móveis: 2 camas (0,80 m x 1,90 m); 1 criado-mudo (0,50 m x 0,50 m); e 1 guarda-roupa (1,50 m x 0,50 m). Circulação

mínima entre as camas de 0,80 m. Demais circulações mínimo de 0,50 m.

CozinhaLargura mínima da cozinha: 1,80 m. Quantidade mínima: pia (1,20 m x 0,50 m); fogão (0,55 m x 0,60 m); e geladeira (0,70 m x 0,70 m). Previsão

para armário sob a pia e gabinete.

Largura mínima do banheiro: 1,50 m. Quantidade mínima: 1 lavatório sem coluna, 1 vaso sanitário com caixa de descarga acoplada, 1 box com

ponto para chuveiro – (0,90 m x 0,95 m) com previsão para instalação de barras de apoio e de banco articulado, desnível máx. 15 mm; Assegurar a

área para transferência ao vaso sanitário e ao box.

Programa Minha Casa Minha Vida / FAREspecificações Mínimas

Revestimento Áreas Molhadas

Azulejo com altura mínima de 1,50 m em todas as paredes do banheiro, cozinha e área de serviço.

Revestimento áreas comuns

Revestimento Interno

Revestimento Externo Massa única ou concreto regularizado para pintura.

Massa única, gesso (exceto banheiros, cozinhas ou áreas de serviço) ou concreto regularizado para pintura.

Massa única, gesso ou concreto regularizado para pintura.

Em Todos os CômodosEspaço livre de obstáculos em frente às portas de no mínimo 1,20 m. Deve ser possível inscrever, em todos os cômodos, o módulo de manobra sem

deslocamento para rotação de 180° definido pela NBR 9050 (1,20 m x 1,50 m), livre de obstáculos.

Cobertura Em telha cerâmica/concreto com forro ou de fibrocimento (espessura mínima de 5mm) com laje, sobre estrutura de madeira ou metálica.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

Área útil (área interna sem contar áreas de paredes)

36,00 m²

Pé direito mínimo 2,30 m nos banheiros e 2,50 m nos demais cômodos.

Portas e FerragensPortas internas em madeira. Admite-se porta metálica no acesso à unidade. Batente em aço ou madeira desde que possibilite a inversão do sentido

de abertura das portas. Vão livre de 0,80 m x 2,10 m em todas as portas. Previsão de área de aproximação para abertura das portas (0,60 m interno

e 0,30 m externo), maçanetas de alavanca a 1,00 m do piso.

Pisos Cerâmica esmaltada em todo a unidade, com rodapé, e desnível máximo de 15mm.

JanelasCompleta, de alumínio para regiões litorâneas (ou meios agressivos) e de aço para demais regiões. Vão de 1,50 m² nos quartos e 2,00 m² na sala,

sendo admissível uma variação de até 5%.

PINTURAS

Paredes internas Tinta PVA.

Ampliação da UH Os projetos deverão prever a ampliação das casas.

Esquadrias Em esquadrias de aço, esmalte sobre fundo preparador. Em esquadrias de madeira, esmalte ou verniz.

Paredes externas Tinta acrílica ou textura impermeável.

Tetos Tinta PVA.

Pia cozinhaBancada de 1,20 m x 0,50 m com cuba de granilite ou mármore sintético, torneira metálica cromada. Torneira e acabamento de registro de alavanca

ou cruzeta.

Vaso Sanitário Louça com caixa de descarga acoplada.

TanqueCapacidade mínima de 20 litros, de concreto pré-moldado, PVC, granilite ou mármore sintético com torneira metálica cromada com acionamento por

alavanca ou cruzeta. Acabamento de registro de alavanca ou cruzeta.

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS / TELEFÔNICAS

Número de pontos de tomadas elétricas

2 na sala, 4 na cozinha, 1 na área de serviço, 2 em cada dormitório, 1 tomada no banheiro e mais 1 tomada para chuveiro elétrico (mesmo em caso

de aquecimento solar).

Número de pontos diversos 1 ponto de telefone, 1 ponto de antena e 1 ponto de interfone (em condomínios).

Número de circuitos Prever circuitos independentes para chuveiro (dimensionado para a potência usual do mercado local), tomadas e iluminação.

Interfone Instalar sistema de porteiro eletrônico em condomínios.

Geral Tomadas baixas a 0,40 m do piso acabado, interruptores, interfones, campainha e outros a 1,00 m do piso acabado.

Louça sem coluna e torneira metálica cromada com acionamento por alavanca ou cruzeta. Acabamento de registro de alavanca ou cruzeta.Lavatório

LOUÇAS E METAIS

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Casa* (Para contratação com valor máximo de aquisição da unidade de acordo com o item 7.1 do Anexo I da Portaria N° 465, de 03 de outubro de 2011)

Programa Minha Casa Minha Vida / FAREspecificações Mínimas

Solução de esgotamento sanitário.

Sistema de abastecimento de água.

Alambrado com baldrame e altura mínima de 1,80 m no entorno do condomínio.

ReservatórioCaixa d´água de 500 litros ou de maior capacidade quando exigido pela concessionária local. Para reservatório elevado de água potável, em

condomínio, prever instalação de no mínimo 2 bombas de recalque com manobra simultânea.

Aceitáveis as tecnologias inovadoras testadas e aprovadas conforme a Norma de Desempenho - NBR-15.575 e homologadas pelo SINAT ou que

comprovarem desempenho satisfatório junto à CAIXA.

SUSTENTABILIDADE

Equipamento de lazer / uso comunitário

Obrigatório para empreendimentos em condomínio, com 60 UH ou mais, devendo prever recursos de, no mínimo, 1% da soma dos custos de

infraestrutura e edificações. Considerado o valor destinado para este item, serão produzidos os equipamentos a seguir especificados,

obrigatoriamente nesta ordem: centro comunitário; espaço descoberto para lazer/recreação infantil; e quadra de esportes.

Proteção da alvenaria externa

Em concreto com largura de 0,50 m ao redor da edificação.

Calçadas para circulação interna no condomínio

TECNOLOGIAS INOVADORAS

DIVERSOS

Máquina de Lavar Prever solução para máquina de lavar roupas (ponto elétrico, hidráulica e de esgoto).

Em condomínio, obrigatória a execução de depósito de lixo e local para armazenamento de correspondência.

Largura mínima de 0,90 m.

Vagas Vagas de garagem conforme definido na legislação municipal.

Cercamento do condomínio

ACESSIBILIDADE E ADAPTAÇÃO

Áreas de uso comumDeverá ser garantida a rota acessível em todas as áreas públicas e de uso comum no empreendimento. Orientações disponíveis na Cartilha de

Acessibilidade a Edificações e Espaços e Equipamentos Urbanos, elaborada pela CAIXA.

Energia elétrica e iluminação pública.

Aquecimento solar nas unidades (item obrigatório em todas as regiões). Sistema aprovado pelo INMETRO.

INFRAESTRUTURA

Pavimentação definitiva, calçadas, guias, sarjetas e sistema de drenagem.

Medição individualizada de água e gás (ou sistema de botijão individualizado).

Disponibilizar unidades adaptadas ao uso por pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida e idosos, de acordo com a demanda, com kits

específicos devidamente definidos. Na ausência de legislação municipal ou estadual que estabeleça regra específica, disponibilizar no mínimo 3%

das UH.

Unidades adaptadas

OBSERVAÇÕES

* Edificação residencial unifamiliar de um pavimento.

Page 130: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

Louça sem coluna e torneira metálica cromada.Lavatório

Interfone Instalar sistema de porteiro eletrônico (em condomínio).

Número de pontos diversos 1 ponto de telefone, 1 ponto de antena e 1 ponto de interfone (em condomínio)

Número de circuitos Prever circuitos independentes para chuveiro (dimensionado para a potência usual do mercado local), tomadas e iluminação.

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS / TELEFÔNICAS

Número de pontos de tomadas elétricas

2 na sala, 4 na cozinha, 2 na área de serviço, 2 em cada dormitório, 1 tomada no banheiro e mais 1 tomada para chuveiro elétrico.

Pia cozinha Bancada de 1,20 m x 0,50 m com cuba de granilite ou mármore sintético, torneira metálica cromada.

Tetos Tinta PVA.

Tanque Capacidade mínima de 20 litros, de concreto pré-moldado, PVC, granilite ou mármore sintético com torneira metálica cromada.

LOUÇAS E METAIS

Completa, de alumínio para regiões litorâneas (ou meios agressivos) e de aço para demais regiões.

Vaso Sanitário Louça com caixa de descarga acoplada.

PINTURAS

Paredes internas Tinta PVA.

Esquadrias Em esquadrias de aço, esmalte sobre fundo preparador. Em esquadrias de madeira, esmalte ou verniz.

Paredes externas Tinta acrílica ou textura impermeável.

Ampliação da UH Os projetos deverão prever a ampliação das casas.

Pisos Cerâmica esmaltada em toda a unidade, com rodapé.

Sala de estar/refeiçõesLargura mínima sala de estar/refeições: 2,40 m. Quantidade mínima de móveis: sofás com número de assentos igual ao número de leitos; mesa para

4 pessoas; e Estante/Armário TV.

Revestimento Externo Massa única ou concreto regularizado para pintura.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

Área útil (área interna sem contar áreas de paredes)

32,00 m²

Pé direito mínimoObservar a orientação municipal vigente ou adotar as dimensões mínimas previstas na Norma de Desempenho quando o município não

regulamentar o assunto.

Cobertura

Dormitório duas pessoasQuantidade mínima de móveis: 2 camas (0,80 m x 1,90 m); 1 criado-mudo (0,50 m x 0,50 m); e 1 guarda-roupa (1,50 m x 0,50 m). Circulação

mínima entre as camas de 0,80 m. Demais circulações mínimo de 0,50 m.

CozinhaLargura mínima da cozinha: 1,60 m. Quantidade mínima: pia (1,20 m x 0,50 m); fogão (0,55 m x 0,60 m); e geladeira (0,70 m x 0,70 m). Previsão

para armário sob a pia e gabinete.

Revestimento Interno Massa única, gesso (exceto banheiros, cozinhas ou áreas de serviço) ou concreto regularizado para pintura.

Paredes áreas molhadas Tinta acrílica.

Revestimento Áreas Molhadas

Azulejo com altura mínima de 1,50 m em todas as paredes do banheiro, cozinha e área de serviço.

Revestimento áreas comuns Massa única, gesso ou concreto regularizado para pintura.

Portas e FerragensPortas internas em madeira. Admite-se porta metálica no acesso à unidade. Portas externas de 0,80m x 2,10m. Portas dos banheiros e dos quartos

com largura de 0,80m para o caso de unidades adaptadas para portadores de necessidades especiais.

Quantidade mínima: 1 tanque (0,52 m x 0,53 m) e 1 máquina (0,60 m x 0,65 m).Área de Serviço

Janelas

Casa* (Para contratação com valor máximo de aquisição da unidade de acordo com o item 7.2.1 do Anexo I da Portaria N° 465, de 03 de outubro de 2011)

Projeto Casa com sala / 1 dormitório para casal e 1 dormitório para duas pessoas / cozinha / área de serviço (externa) / banheiro.

Quantidade mínima de móveis: 1 cama (1,40 m x 1,90 m); 1 criado-mudo (0,50 m x 0,50 m); e 1 guarda-roupa (1,60 m x 0,50 m). Circulação mínima

entre mobiliário e/ou paredes de 0,50 m.Dormitório casal

DIMENSÕES DOS CÔMODOS (Estas especificações não estabelecem área mínima de cômodos, deixando aos projetistas a competência de formatar os ambientes dahabitação segundo o mobiliário previsto, evitando conflitos com legislações estaduais ou municipais que versam sobre dimensões mínimas dos ambientes)

Em telha cerâmica/concreto com forro ou de fibrocimento (espessura mínima de 5mm) com laje, sobre estrutura de madeira ou metálica.

Programa Minha Casa Minha Vida / FAREspecificações Mínimas

Page 131: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

Casa* (Para contratação com valor máximo de aquisição da unidade de acordo com o item 7.2.1 do Anexo I da Portaria N° 465, de 03 de outubro de 2011)

Programa Minha Casa Minha Vida / FAREspecificações Mínimas

Disponibilizar unidades adaptadas ao uso por pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida e idosos, de acordo com a demanda, com kits

específicos devidamente definidos. Na ausência de legislação municipal ou estadual que estabeleça regra específica, disponibilizar no mínimo 3%

das UH.

Unidades adaptadas

OBSERVAÇÕES

* Edificação residencial unifamiliar de um pavimento.

INFRAESTRUTURA

Pavimentação definitiva, calçadas, guias, sarjetas e sistema de drenagem.

Medição individualizada de água e gás (ou sistema de botijão individualizado).

ACESSIBILIDADE E ADAPTAÇÃO

Áreas de uso comumDeverá ser garantida a rota acessível em todas as áreas públicas e de uso comum no empreendimento. Orientações disponíveis na Cartilha de

Acessibilidade a Edificações e Espaços e Equipamentos Urbanos, elaborada pela CAIXA.

Energia elétrica e iluminação pública.

Solução de esgotamento sanitário.

Sistema de abastecimento de água.

TECNOLOGIAS INOVADORAS

DIVERSOS

Máquina de Lavar Prever solução para máquina de lavar roupas (ponto elétrico, hidráulica e de esgoto).

Em condomínio, obrigatória a execução de depósito de lixo e local para armazenamento de correspondência.

Largura mínima de 0,90 m.

Vagas Vagas de garagem conforme definido na legislação municipal.

Cercamento do condomínio Alambrado com baldrame e altura mínima de 1,80 m no entorno do condomínio.

Aceitáveis as tecnologias inovadoras testadas e aprovadas conforme a Norma de Desempenho - NBR-15.575 e homologadas pelo SINAT ou que

comprovarem desempenho satisfatório junto à CAIXA.

SUSTENTABILIDADE

Equipamento de lazer / uso comunitário

Obrigatório para empreendimentos em condomínio, com 60 UH ou mais, devendo prever recursos de, no mínimo, 1% da soma dos custos de

infraestrutura e edificações. Considerado o valor destinado para este item, serão produzidos os equipamentos a seguir especificados,

obrigatoriamente nesta ordem: centro comunitário; espaço descoberto para lazer/recreação infantil; e quadra de esportes.

Proteção da alvenaria externa

Em concreto com largura de 0,50 m ao redor da edificação.

Calçadas para circulação interna no condomínio

ReservatórioCaixa d´água de 500 litros ou de maior capacidade quando exigido pela concessionária local. Para reservatório elevado de água potável, em

condomínio, prever instalação de no mínimo 2 bombas de recalque com manobra simultânea.

Page 132: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

ANEXOS______________________________________________________________________________ 114

ANEXO B – Especificação do apartamento, Minha Casa Minha Vida

Page 133: DANIELLE MENEZES DOS SANTOS ASSENTAMENTOS … · danielle menezes dos santos assentamentos habitacionais populares e o desenvolvimento sustentÁvel – a realidade do bairro 17 de

LOUÇAS E METAIS

Louça sem coluna e torneira metálica cromada.Lavatório

Interfone Instalar sistema de porteiro eletrônico.

Número de pontos diversos 1 ponto de telefone, 1 de campainha, 1 ponto de antena e 1 ponto de interfone.

Número de circuitos Prever circuitos independentes para chuveiro (dimensionado para a potência usual do mercado local), tomadas e iluminação.

Tanque Capacidade mínima de 20 litros, de concreto pré-moldado, PVC, granilite ou mármore sintético com torneira metálica cromada.

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS / TELEFÔNICAS

Número de pontos de tomadas elétricas

2 na sala, 4 na cozinha, 2 na área de serviço, 2 em cada dormitório, 1 tomada no banheiro e mais 1 tomada para chuveiro elétrico.

Pia cozinha Bancada de 1,20 m x 0,50 m com cuba de granilite ou mármore sintético, torneira metálica cromada.

Paredes externas Tinta acrílica ou textura impermeável.

Tetos Tinta PVA.

PisosCerâmica em toda a unidade, com rodapé, e desnível máximo de 15mm. Cerâmica no hall e nas áreas de circulação internas. Cimentado alisado nas

escadas.

Completa, de alumínio para regiões litorâneas ou meios agressivos e de aço para demais regiões.

Vaso Sanitário Louça com caixa de descarga acoplada.

PINTURAS

Paredes internas Tinta PVA.

Esquadrias Em esquadrias de aço, esmalte sobre fundo preparador. Em esquadrias de madeira, esmalte ou verniz.

Sala de estar/refeiçõesLargura mínima sala de estar/refeições: 2,40 m. Quantidade mínima de móveis: sofás com número de assentos igual ao número de leitos; mesa para

4 pessoas; e Estante/Armário TV.

Revestimento Externo Massa única ou concreto regularizado para pintura.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

Área útil (área interna sem contar áreas de paredes)

37,00 m²

Pé direito mínimoObservar a orientação municipal vigente ou adotar as dimensões mínimas previstas na Norma de Desempenho quando o município não

regulamentar o assunto.

Cobertura

Dormitório duas pessoasQuantidade mínima de móveis: 2 camas (0,80 m x 1,90 m); 1 criado-mudo (0,50 m x 0,50 m); e 1 guarda-roupa (1,50 m x 0,50 m). Circulação

mínima entre as camas de 0,80 m. Demais circulações mínimo de 0,50 m.

CozinhaLargura mínima da cozinha: 1,60 m. Quantidade mínima: pia (1,20 m x 0,50 m); fogão (0,55 m x 0,60 m); e geladeira (0,70 m x 0,70 m). Previsão

para armário sob a pia e gabinete.

Revestimento Interno Massa única, gesso (exceto banheiros, cozinhas ou áreas de serviço) ou concreto regularizado para pintura.

Paredes áreas molhadas Tinta acrílica.

Revestimento Áreas Molhadas

Azulejo com altura mínima de 1,50 m em todas as paredes do banheiro, cozinha e área de serviço.

Revestimento áreas comuns Massa única, gesso ou concreto regularizado para pintura.

Portas e FerragensPortas internas em madeira. Admite-se porta metálica no acesso à unidade. Portas externas de 0,80 m x 2,10 m. Portas dos banheiros e dos quartos

com largura de 0,80 m para o caso de unidades adaptadas para portadores de necessidades especiais.

Quantidade mínima: 1 tanque (0,52 m x 0,53 m) e 1 máquina (0,60 m x 0,65 m).Área de Serviço

Janelas

Apartamento* / Casa sobreposta* / Village* / Sobrado** (Para contratação com valor máximo de aquisição da unidade de acordo com o item 7.2.1 do Anexo I da Portaria N° 465, de 03 de outubro de 2011)

Projeto Unidade habitacional com sala / 1 dormitório para casal e 1 dormitório para duas pessoas / cozinha / área de serviço / banheiro.

Quantidade mínima de móveis: 1 cama (1,40 m x 1,90 m); 1 criado-mudo (0,50 m x 0,50 m); e 1 guarda-roupa (1,60 m x 0,50 m). Circulação mínima

entre mobiliário e/ou paredes de 0,50 m.Dormitório casal

DIMENSÕES DOS CÔMODOS (Estas especificações não estabelecem área mínima de cômodos, deixando aos projetistas a competência de formatar os ambientes dahabitação segundo o mobiliário previsto, evitando conflitos com legislações estaduais ou municipais que versam sobre dimensões mínimas dos ambientes)

Sobre laje, em telha cerâmica ou de fibrocimento (espessura mínima de 5 mm), com estrutura de madeira ou metálica. Admite-se laje inclinada

desde que coberta com telhas.

Programa Minha Casa Minha Vida / FAREspecificações Mínimas

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Apartamento* / Casa sobreposta* / Village* / Sobrado** (Para contratação com valor máximo de aquisição da unidade de acordo com o item 7.2.1 do Anexo I da Portaria N° 465, de 03 de outubro de 2011)

Programa Minha Casa Minha Vida / FAREspecificações Mínimas

Disponibilizar unidades adaptadas ao uso por pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida e idosos, de acordo com a demanda, com kits

específicos devidamente definidos. Na ausência de legislação municipal ou estadual que estabeleça regra específica, disponibilizar no mínimo 3%

das UH.

Unidades adaptadas

OBSERVAÇÕES

** Edificação residencial unifamiliar em mais de um pavimento.

* Edificação residencial multifamiliar

Medição individualizada de água e gás.

INFRAESTRUTURA

Pavimentação definitiva, calçadas, guias, sarjetas e sistema de drenagem.

ACESSIBILIDADE E ADAPTAÇÃO

Áreas de uso comumDeverá ser garantida a rota acessível em todas as áreas públicas e de uso comum no empreendimento. Orientações disponíveis na Cartilha de

Acessibilidade a Edificações e Espaços e Equipamentos Urbanos, elaborada pela CAIXA.

Energia elétrica e iluminação pública.

Solução de esgotamento sanitário.

Sistema de abastecimento de água.

TECNOLOGIAS INOVADORAS

DIVERSOS

Máquina Lavar Prever solução para máquina de lavar roupas (ponto elétrico, hidráulica e de esgoto).

Placas InformativasDeverão ser instaladas placas informativas nas edificações de empreendimentos em condomínios nos casos de utilização de alvenaria estrutural ou

sistemas inovadores.

Em condomínio, obrigatória a execução de depósito de lixo e local para armazenamento de correspondência.

Distâncias mínimas entre blocos

Edificações até 3 pavimentos, maior ou igual a 4,50 m. Edificações de 4 a 5 pavimentos, maior ou igual a 5,00 m. Edificações acima de 5

pavimentos, maior ou igual a 6,00 m.

Aceitáveis as tecnologias inovadoras testadas e aprovadas conforme a Norma de Desempenho - NBR-15.575 e homologadas pelo SINAT ou que

comprovarem desempenho satisfatório junto à CAIXA.

SUSTENTABILIDADE

Equipamento de lazer / uso comunitário

Obrigatório para empreendimentos em condomínio, com 60 UH ou mais, devendo prever recursos de, no mínimo, 1% da soma dos custos de

infraestrutura e edificações. Considerado o valor destinado para este item, serão produzidos os equipamentos a seguir especificados,

obrigatoriamente nesta ordem: centro comunitário; espaço descoberto para lazer/recreação infantil; e quadra de esportes.

Proteção da alvenaria externa

Em concreto com largura de 0,50 m ao redor da edificação.

Calçadas para circulação interna no condomínio

Largura mínima de 0,90 m.

Vagas Vagas de garagem conforme definido na legislação municipal.

Cercamento do lote ou condomínio

Alambrado com baldrame e altura mínima de 1,80 m no entorno do condomínio.

Reservatório Para reservatório elevado de água potável, em condomínio, prever instalação de no mínimo 2 bombas de recalque com manobra simultânea.

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Apartamento* / Casa sobreposta* / Village* / Sobrado** (Para contratação com valor máximo de aquisição da unidade de acordo com o item 7.1 do Anexo I da Portaria N° 465, de 03 de outubro de 2011)

Programa Minha Casa Minha Vida / FAREspecificações Mínimas

Paredes áreas molhadas Tinta acrílica.

Projeto Unidade habitacional com sala / 1 dormitório para casal e 1 dormitório para duas pessoas / cozinha / área de serviço / banheiro.

Quantidade mínima de móveis: 1 cama (1,40 m x 1,90 m); 1 criado-mudo (0,50 m x 0,50 m); e 1 guarda-roupa (1,60 m x 0,50 m). Circulação mínima

entre mobiliário e/ou paredes de 0,50 m.Dormitório casal

DIMENSÕES DOS CÔMODOS (Estas especificações não estabelecem área mínima de cômodos, deixando aos projetistas a competência de formatar os ambientes dahabitação segundo o mobiliário previsto, evitando conflitos com legislações estaduais ou municipais que versam sobre dimensões mínimas dos ambientes)

Quantidade mínima: 1 tanque (0,52 m x 0,53 m) e 1 máquina (0,60 m x 0,65 m).Área de Serviço

JanelasCompleta, de alumínio para regiões litorâneas ou meios agressivos e de aço para demais regiões. Vão de 1,50 m² nos quartos e 2,00 m² na sala,

sendo admissível uma variação de até 5%.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

Área útil (área interna sem contar áreas de paredes)

39,00 m²

Pé direito mínimo 2,30 m nos banheiros e 2,50 m nos demais cômodos.

CoberturaSobre laje, em telha cerâmica ou de fibrocimento (espessura mínima de 5 mm), com estrutura de madeira ou metálica. Admite-se laje inclinada

desde que coberta com telhas.

Revestimento Interno Massa única, gesso (exceto banheiros, cozinhas ou áreas de serviço) ou concreto regularizado para pintura.

Em Todos os CômodosEspaço livre de obstáculos em frente às portas de no mínimo 1,20 m. Deve ser possível inscrever, em todos os cômodos, o módulo de manobra sem

deslocamento para rotação de 180° definido pela NBR 9050 (1,20 m x 1,50 m), livre de obstáculos.

Dormitório duas pessoasQuantidade mínima de móveis: 2 camas (0,80 m x 1,90 m); 1 criado-mudo (0,50 m x 0,50 m); e 1 guarda-roupa (1,50 m x 0,50 m). Circulação

mínima entre as camas de 0,80 m. Demais circulações mínimo de 0,50 m.

CozinhaLargura mínima da cozinha: 1,80 m. Quantidade mínima: pia (1,20 m x 0,50 m); fogão (0,55 m x 0,60 m); e geladeira (0,70 m x 0,70 m). Previsão

para armário sob a pia e gabinete.

Sala de estar/refeiçõesLargura mínima sala de estar/refeições: 2,40 m. Quantidade mínima de móveis: sofás com número de assentos igual ao número de leitos; mesa para

4 pessoas; e Estante/Armário TV.

BanheiroLargura mínima do banheiro: 1,50 m. Quantidade mínima: 1 lavatório sem coluna, 1 vaso sanitário com caixa de descarga acoplada, 1 box com

ponto para chuveiro – (0,90 m x 0,95 m) com previsão para instalação de barras de apoio e de banco articulado, desnível máx. 15 mm; Assegurar a

área para transferência ao vaso sanitário e ao box.

Revestimento Externo Massa única ou concreto regularizado para pintura.

Revestimento Áreas Molhadas

Azulejo com altura mínima de 1,50 m em todas as paredes do banheiro, cozinha e área de serviço.

Revestimento áreas comuns Massa única, gesso ou concreto regularizado para pintura.

Portas e FerragensPortas internas em madeira. Admite-se porta metálica no acesso à unidade. Batente em aço ou madeira desde que possibilite a inversão do sentido

de abertura das portas. Vão livre de 0,80 m x 2,10 m em todas as portas. Previsão de área de aproximação para abertura das portas (0,60 m interno

e 0,30 m externo), maçanetas de alavanca a 1,00 m do piso.

PisosCerâmica em toda a unidade, com rodapé, e desnível máximo de 15mm. Cerâmica no hall e nas áreas de circulação internas. Cimentado alisado nas

escadas.

PINTURAS

Paredes internas Tinta PVA.

Esquadrias Em esquadrias de aço, esmalte sobre fundo preparador. Em esquadrias de madeira, esmalte ou verniz.

Paredes externas Tinta acrílica ou textura impermeável.

Tetos Tinta PVA.

Pia cozinhaBancada de 1,20 m x 0,50 m com cuba de granilite ou mármore sintético, torneira metálica cromada. Torneira e acabamento de registro de alavanca

ou cruzeta.

Vaso Sanitário Louça com caixa de descarga acoplada.

TanqueCapacidade mínima de 20 litros, de concreto pré-moldado, PVC, granilite ou mármore sintético com torneira metálica cromada com acionamento por

alavanca ou cruzeta. Acabamento de registro de alavanca ou cruzeta.

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS / TELEFÔNICAS

Número de pontos de tomadas elétricas

2 na sala, 4 na cozinha, 2 na área de serviço, 2 em cada dormitório, 1 tomada no banheiro e mais 1 tomada para chuveiro elétrico.

Número de pontos diversos 1 ponto de telefone, 1 de campainha, 1 ponto de antena e 1 ponto de interfone.

Número de circuitos Prever circuitos independentes para chuveiro, dimensionado para a potência usual do mercado local, tomadas e iluminação.

Interfone Instalar sistema de porteiro eletrônico.

Geral Tomadas baixas a 0,40 m do piso acabado, interruptores, interfones, campainha e outros a 1,00 m do piso acabado.

Louça sem coluna e torneira metálica cromada com acionamento por alavanca ou cruzeta. Acabamento de registro de alavanca ou cruzeta.Lavatório

LOUÇAS E METAIS

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Apartamento* / Casa sobreposta* / Village* / Sobrado** (Para contratação com valor máximo de aquisição da unidade de acordo com o item 7.1 do Anexo I da Portaria N° 465, de 03 de outubro de 2011)

Programa Minha Casa Minha Vida / FAREspecificações Mínimas

Solução de esgotamento sanitário.

Sistema de abastecimento de água.

Reservatório Para reservatório elevado de água potável, em condomínio, prever instalação de no mínimo 2 bombas de recalque com manobra simultânea.

Calçadas para circulação interna no condomínio

Largura mínima de 0,90 m livre.

Vagas Vagas de garagem conforme definido na legislação municipal.

Cercamento do lote ou condomínio

Alambrado com baldrame e altura mínima de 1,80 m no entorno do condomínio.

Aceitáveis as tecnologias inovadoras testadas e aprovadas conforme a Norma de Desempenho - NBR-15.575 e homologadas pelo SiNAT ou que

comprovarem desempenho satisfatório junto à CAIXA.

SUSTENTABILIDADE

Para edificação acima de dois pavimentos, deve ser previsto e indicado na planta o espaço destinado ao elevador e informado no manual do

proprietário. O espaço deve permitir a execução e instalação futura do elevador. Não é necessária nenhuma obra física para este fim. No caso, do

espaço previsto para futura instalação do elevador, estar no interior da edificação, a estrutura deverá ser executada para suportar as cargas de

instalação e operação do equipamento.

Equipamentos de lazer / uso comunitário

Obrigatório para empreendimentos em condomínio, com 60 UH ou mais, devendo prever recursos de, no mínimo, 1% da soma dos custos de

infraestrutura e edificações. Considerado o valor destinado para este item, serão produzidos os equipamentos a seguir especificados,

obrigatoriamente nesta ordem: centro comunitário; espaço descoberto para lazer/recreação infantil; e quadra de esportes.

Proteção da alvenaria externa

Em concreto com largura de 0,50 m ao redor da edificação.

TECNOLOGIAS INOVADORAS

DIVERSOS

Máquina de Lavar Prever solução para máquina de lavar roupas, ponto elétrico, hidráulica e de esgoto.

Placas InformativasDeverão ser instaladas placas informativas nas edificações de empreendimentos em condomínios nos casos de utilização de alvenaria estrutural ou

sistemas inovadores.

Em condomínio, obrigatória a execução de depósito de lixo e local para armazenamento de correspondência.

Distâncias mínimas entre blocos

Edificações até 3 pavimentos, maior ou igual a 4,50 m. Edificações de 4 a 5 pavimentos, maior ou igual a 5,00 m. Edificações acima de 5

pavimentos, maior ou igual a 6,00 m.

Elevador

ACESSIBILIDADE E ADAPTAÇÃO

Áreas de uso comumDeverá ser garantida a rota acessível em todas as áreas públicas e de uso comum no empreendimento. Orientações disponíveis na Cartilha de

Acessibilidade a Edificações e Espaços e Equipamentos Urbanos, elaborada pela CAIXA.

Energia elétrica e iluminação pública.

Medição individualizada de água e gás.

INFRAESTRUTURA

Pavimentação definitiva, calçadas, guias, sarjetas e sistema de drenagem.

Disponibilizar unidades adaptadas ao uso por pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida e idosos, de acordo com a demanda, com kits

específicos devidamente definidos. Na ausência de legislação municipal ou estadual que estabeleça regra específica, disponibilizar no mínimo 3%

das UH.

Unidades adaptadas

OBSERVAÇÕES

** Edificação residencial unifamiliar com mais de um pavimento. Neste caso, obrigatório instalação do sistema de aquecimento solar, em todas as

regiões do país, incluso no valor máximo de aquisição da unidade.

* Edificação residencial multifamiliar

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ANEXOS______________________________________________________________________________ 119

ANEXO C - Indicadores de desenvolvimento sustentável do IBGE

DIMENSÃO

AMBIENTAL

Atmosfera

1 Emissões de origem antrópica dos gases associados ao efeito

estufa

2 Consumo industrial de substâncias destruidoras da camada de

ozônio

3 Concentração de poluentes no ar em áreas urbanas

Terra

4 Uso de fertilizantes

5 Uso de agrotóxicos

6 Terras em uso agrossilvipastoril

7 Queimadas e incêndios florestais

8 Desflorestamento da Amazônia Legal

9 Desmatamento nos biomas extra-amazônicos

Água doce

10 Qualidade de águas interiores

Oceanos, mares e áreas costeiras

11 Balneabilidade

12 População residente em áreas costeiras

Biodiversidade

13 Espécies extintas e ameaçadas de extinção

14 Áreas protegidas

15 Espécies invasoras

Saneamento

16 Acesso a sistema de abastecimento de água

17 Acesso a esgotamento sanitário

18 Acesso a serviço de coleta de lixo doméstico

19 Tratamento de esgoto

20 Destinação final do lixo

DIMENSÃO

SOCIAL

População

21 Taxa de crescimento da população

22 Taxa de fecundidade

23 Razão de dependência

Trabalho e rendimento

24 Índice de Gini da distribuição do rendimento

25 Taxa de desocupação

26 Rendimento domiciliar per capita

27 Rendimento médio mensal

28 Mulheres em trabalhos formais

Saúde

29 Esperança de vida ao nascer

30 Taxa de mortalidade infantil

31 Prevalência de desnutrição total

32 Imunização contra doenças infecciosas infantis

33 Oferta de serviços básicos de saúde

34 Doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado

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ANEXOS______________________________________________________________________________ 120

35 Taxa de incidência de AIDS

Educação

36 Taxa de frequência escolar

37 Taxa de alfabetização

38 Taxa de escolaridade da população adulta

Habitação

39 Adequação de moradia

Segurança

40 Coeficiente de mortalidade por homicídios

41 Coeficiente de mortalidade por acidentes de transporte

DIMENSÃO

ECONÔMICA

Quadro econômico

42 Produto Interno Bruto per capita

43 Taxa de investimento

44 Balança comercial

45 Grau de endividamento

Padrões de produção e consumo

46 Consumo de energia per capita

47 Intensidade energética

48 Participação de fontes renováveis na oferta de energia

49 Consumo mineral per capita

50 Vida útil das reservas de petróleo e gás natural

51 Reciclagem

52 Coleta seletiva de lixo

53 Rejeitos radioativos: geração e armazenamento

DIMENSÃO

INSTITUCIONAL

Quadro Institucional

54 Ratificação de acordos globais

55 Conselhos Municipais de Meio Ambiente

56 Comitês de Bacias Hidrográficas

57 Organizações da sociedade civil

Capacidade institucional

58 Gastos com Pesquisa e Desenvolvimento - P&D

59 Acesso aos serviços de telefonia

60 Acesso à Internet

61 Agenda 21 Local

62 Articulações interinstitucionais dos municípios