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i DANIELY XAVIER SOARES PLANEJAMENTO E OTIMIZAÇÃO DE PROCESSOS MULTIRESPOSTAS: TRATAMENTO QUIMIOMÉTRICO CAMPINAS 2014

DANIELY XAVIER SOARES PLANEJAMENTO E OTIMIZAÇÃO DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/249381/1/Soares... · 2018. 8. 26. · Carla, Ana Carolina, Bruna Campos, Eduardo,

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  • i

    DANIELY XAVIER SOARES

    PLANEJAMENTO E OTIMIZAÇÃO DE PROCESSOS MULTIRESPOSTAS: TRATAMENTO QUIMIOMÉTRICO

    CAMPINAS 2014

  • ii

  • iii

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE QUÍMICA

    DANIELY XAVIER SOARES

    PLANEJAMENTO E OTIMIZAÇÃO DE PROCESSOS MULTIRESPOSTAS:TRATAMENTO QUIMIOMÉTRICO

    ORIENTADOR: PROF. DR. ROY EDWARD BRUNS CO-ORIENTADOR: PROFA. DRA. IEDA SPACINO SCARMINIO

    TESE DE DOUTORADO APRESENTADA AO

    INSTITUTO DE QUÍMICA DA UNICAMP PARA

    OBTENÇÃO DO TÍTULO DE DOUTORA EM CIÊNCIAS.

    ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA POR DANIELY XAVIER SOARES, E ORIENTADA PELO PROF.DR. ROY EDWARD BRUNS.

    ______________________ Assinatura do Orientador

    CAMPINAS 2014

  • iv

  • vi

  • vii

    “Que coleção de cicatrizes você tem? Nunca se esqueça de quem lhe deu as melhores. E seja

    grato. Nossas cicatrizes têm o poder de nos

    fazer lembrar que o passado foi real.”

    Hannibal Lecter

    http://pensador.uol.com.br/autor/hannibal_lecter/

  • viii

  • ix

    AGRADECIMENTOS

    Embora uma tese seja, pela sua finalidade acadêmica, um trabalho

    individual, há contribuições de natureza diversa que não podem e nem devem

    deixar de ser realçados. Por essa razão, desejo expressar os meus sinceros

    agradecimentos:

    Aos meus pais por tudo apoio e por me permitirem escolher.

    Ao meu irmão pela amizade e por ser minha fonte de inspiração.

    Ao Professor Dr. Roy Edward Bruns, meu orientador, pela competência

    científica, correções e sugestões relevantes feitas durante a orientação.

    Pela paciência e atenção.

    À Professora Dra. Ieda Spacino Scarminio, minha co-orientadora, pela

    competência científica e orientação, bem como pela disponibilidade.

    À Professora Dra. Isabel Jardim, por toda ajuda e contribuição para o

    resultado final desta tese, pela atenção e disponibilidade.

    Aos Professores Dr. Ronei Poppi e Dr. Fábio Gozzo, por sempre

    estarem dispostos a tirar dúvidas e pela atenção.

    Ao Dr. Alexandre Ferreira Gomes: namorado, amigo e companheiro

    que sempre me estimula a crescer científica e pessoalmente. Pelas

    inúmeras conversas sobre assuntos diversos, pelas correções e

  • x

    comentários na tese. Acima de tudo, pelo inestimável apoio, pela

    paciência e compreensão.

    Aos amigos de todas as horas: Hector Koolen, Dr. Clécio Klitzke e

    Adriana Godoy.

    Aos amigos que conquistei no Instituto de Química: Giovana, Aline,

    Carla, Ana Carolina, Bruna Campos, Eduardo, Arnaldo, Bruna Zucoloto,

    Nicolas, João, Dr. Maurício (Cabuloso), Maurício (Xanxeré), Dr. Marcelo

    (P2), Luana, Jandyson, Lívia, Wagner e Klécia e aos muitos outros que

    também estão em meu coração.

    A Dra. Márcia Breitkreitz, IAPAR e Arnaldo pela contribuição com os

    conjuntos de dados.

    A todo Instituto de Química, professores, técnicos e funcionários.

    À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

    (CAPES) pelo apoio no desenvolvimento do trabalho.

    Mais uma vez, a todos os meus sinceros agradecimentos.

  • xi

    SÚMULA CURRICULAR (2010-2014)

    Daniely Xavier Soares

    Data de nascimento: 24/06/1985 Endereço eletrônico: [email protected]

    Formação Acadêmica

    2010 – 2014 Doutorado em Ciências (Química Analítica) Título: “Planejamento e otimização de processos

    multirespostas: tratamento quimiométrico”

    Instituto de Química – Universidade Estadual de

    Campinas (UNICAMP), Campinas, SP

    Orientador: Prof. Dr. Roy Edward Bruns

    Agência Financiadora: Capes

    2008 – 2010 Mestrado em Química Título: “Comparação de procedimentos de extração

    de material vegetal para otimizar o rendimento de

    metabólitos secundários”

    Departamento de Química – Universidade Estadual

    de Londrina (UEL)

    Orientador: Profa. Dra. Roy Edward Bruns

    Agência Financiadora: Capes

    2004 – 2007 Licenciada em Química Universidade Estadual de Goiás (UEG)

    2006 – 2007 Iniciação Científica em Química Analítica Título: “Avaliação das características físico-química

    do leite ultrapasteurizado (UHT)”

    Orientador: Profa. Ms. Tatiana de Oliveira Zuppa

    Universidade Estadual de Goiás (UEG)

    1. Produção Científica

    mailto:[email protected]

  • xii

    SOARES, D. X.; Scarminio, I. S.; Bruns, R. E. Mixture designs for

    exploring class diversity and metabolite fingerprinting: An efficient column

    chromatographic strategy. Analytica Chimica Acta, 2011.

    Silva, A. F.; Soares, D. X.; Faria, S. H. D. M.; Bruns, R. E. . Basis set

    selection for the calculation of the IR fundamental intensities for 1,1-

    C2H2F2 and F2CO. Journal of Molecular Structure, 2011.

    2. Experiência Didática

    2014 - CH5 serviços em análise instrumental: Ministrou o curso de

    planejamento de experimentos.

    2013 - Participação no Programa de Estágio Docente (PED) do Instituto de

    Química da UNICAMP, nível C, por um semestres, na disciplina QG108

    (Química Geral Teórica).

    2013 - Universidade Federal de Santa Maria: Ministrou o curso de

    planejamento de experimentos.

    2012 – Faculdade Oswaldo Cruz: Professora de quimiometria do curso de pós-

    graduação em analise instrumental.

    3. Apresentação de trabalhos em eventos

    2014 - 37° Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química. Trabalho:

    Identificação dos isômeros eritrartina e 11-metoxi-erisodina através dos

    espectros UV-VIS e cálculos teóricos

    2013 - V Congresso da BrMass. Trabalho: Simplex centroid design

    optimization for the extraction of the alkaloids in erisotrina of flowers

    Erythrina speciosa Andrews.

    2012 - XIII Chemometrics in Analytical Chemestry Conference.

    Trabalho: Multiple criteria decision making for chromatographic and

    electrophoretic separations.

    2011 - 16° Encontro Nacional de Química Analítica.

    Trabalhos: a) Análise multi-way dos dados CLAE-DAD da fração básica de

    Erythrina speciosa Andrews. b) Análise quimiométrica e planejamento

    experimental para avaliação dos espectros UV-Visível de extratos de plantas

    medicinais.

    2010 - 33º reunião Anual da Sociedade Brasileira de química. Trabalhos:

    (a) Comparação de dois procedimentos cromatográficos de coluna aberta pata

    análise de extratos das folhas de Erythrina speciosa Andrews. (b)

    Planejamento estatístico de misturas em cromatografia liquida para a busca da

    impressão digital de extrato de Erythrina speciosa Andrews.

  • xiii

    RESUMO “Planejamento e otimização de processos multirespostas: tratamento

    quimiométrico”

    Foram estudados três parâmetros cromatográficos: tempo de retenção,

    resolução e largura dos picos, em cromatogramas obtidos para uma mistura de

    onze agrotóxicos. Ajustes de modelos de regressão foram construídos e

    validados por ANOVA. Devido a sua simplicidade, os resultados obtidos para

    tempo de retenção foram usados em um programa interativo para estudar as

    separações como função de todo domínio experimental do planejamento

    simplex centróide. Um planejamento de misturas envolvendo três solventes

    (etanol, diclorometano e hexano) foi usado para avaliar a extração de

    alcalóides em Erythrina speciosa. Resultados diferentes foram observados

    para os extratos da flor, caule e folha, evidenciando que perfis de alcalóides

    distintos podem ser obtidos a partir de diferentes partes da planta. Modelos de

    regressão foram construídos e validados por ANOVA para dois alcalóides

    (tentativamente identificados por espectrometria de massas como eritrartina e

    11-metoxi-erisodina, isóbaros em m/z 330, e erisotrina em m/z 314, com base

    em literatura prévia). A análise das componentes principais foi aplicada ao um

    conjunto de dados de absorbância de folhas de quatro cultivares de café (IPR-

    59, CAT, 027 e 083) obtidos entre 350-1100 nm por um espectroradiômetro

    portátil LI_COR 1800. Esta análise somente conseguiu discriminar espectros

    obtidos na face adaxial e abaxial das folhas. Como estes dados seguem um

    planejamento fatorial para quatro fatores (irrigação, estratos extremos, pontos

    cardeais e face) valores de efeitos foram determinados para absorbância em

    três comprimentos de onda estratégicos, 520, 554 e 650 nm, que são

    importantes para a quantificação de conteúdos de clorofilas e antocianinas.

  • xiv

  • xv

    ABSTRACT “Design and multiresponse optimization of processes: chemometric

    treatments”

    Three chromatographic separation criteria were evaluated: retention time,

    resolution and peak width, in chromatograms obtained from a mixture of

    eleven pesticides. Regression models were constructed and validated by

    ANOVA. The use of the interactive program proved to be a valuable tool for

    studying peak separation behavior for the entire experimental domain of the

    simplex centroid design. Three solvents (ethanol, dichloromethane and

    hexane) and their binary and ternary mixtures were evaluated as extraction

    media for alkaloids in Erythrina speciosa. Different results were obtained

    between extracts of flowers, stems and leaves, showing that distinct alkaloid

    profiles can be obtained from different sources within the plant. Regression

    models were constructed and validated by ANOVA for two alkaloids

    (tentatively identified by MS as erytrartine and 11-methoxy-erisodine, isobaric

    ions of m/z 330, and erysothrine of m/z 314, based on previous literature).

    Principal component analysis was applied to data sets of absorbance values for

    leaves of four coffee cultivars (IPR-59, CAT, 027 and 083) obtained between

    350 – 1100 nm by a LI_COR 1800 portable radioespectrometer. This analysis

    was only able to discriminate between spectra of the abaxial and adaxial faces

    of the leaves. Since the spectral data were consistent with a factorial design for

    four factors (irrigated/field water, superior/inferior strata, cardinal points and

    face) effect values for absorbance were calculated at four strategic

    wavelengths, 520, 554 and 650 nm that are important for quantifying

    chlorophyll and anthocyanin contents of coffee.

  • xvi

  • xvii

    SUMÁRIO

    LISTA DE TABELAS.............................................................................................XIX

    LISTA DE FIGURAS...........................................................................................XXIII

    LISTA DE ABREVIATURAS..............................................................................XXVII

    INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................. 1

    CAPITULO 1 - OTIMIZAÇÃO CROMATOGRÁFICA POR MÉTODO

    COMPUTACIONAL INTERATIVO ............................................................. 13

    1.1. Introdução..............................................................................................13

    1.1. Parte experimental .................................................................................19

    1.2. Tratamento multivariado ...................................................................... 21

    1.3.1.Tempo de retenção .................................................................................21

    1.3.2. Resolução.............................................................................................. 23

    1.3.3. Larguras da base ...................................................................................27

    1.4. Programa Computacional ......................................................................29

    1.5. Conclusões 1..........................................................................................32

    CAPITULO 2 – OTIMIZAÇÃO DO SOLVENTE EXTRATOR DE

    ALCALÓIDES NAS FLORES, CAULE E FOLHAS DE ERYTHRINA

    SPECIOSA ANDREWS .................................................................................35

    2.1. Introdução .............................................................................................35

    2.2. Experimental .........................................................................................41

    2.2.1. Material botânico..................................................................................42

    2.2.2. Preparação das amostras e extratos.......................................................43

    2.2.3. Análises por UHPLC-ESI-MS..............................................................44

  • xviii

    2.3. Resultados e Discussão..........................................................................44

    2.3.1. Analise dos extratos das flores ..............................................................46

    2.3.2. Analise dos extratos do caule ................................................................61

    2.3.3. Analise dos extratos das folhas .............................................................71

    2.4. Identificações das estruturas de alcalóides erytrinicos por cálculos

    teóricos...................................................................................................85

    2.5. Conclusões 2 .........................................................................................87

    CAPITULO 3 - OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES PARA ABSORÇÃO

    NAS FOLHAS DE CULTIVARES DE CAFÉ ..............................................91

    3.1. Introdução ...............................................................................................91

    3.2. Dados .......................................................................................................94

    3.3. Tratamento multivariado .........................................................................96

    3.4. Conclusões 3 ..........................................................................................108

  • xix

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1.1. Tempos de retenção para os agrotóxicos analisados em cada ponto

    do planejamento experimental e sua replica em minutos.................................21

    Tabela 1.2. Valores de média quadrática da regressão (MQR), média

    quadrática dos resíduos (MQr), média quadrática da falta de ajuste (MQfaj) e

    media quadrática do erro puro (MQep) dos modelos de tempo de retenção....22

    Tabela 1.3. Valores de resolução para os pares de picos com base no

    cromatograma obtido no ponto central............................................................25

    Tabela 1.4. Valores de média quadrática da regressão (MQR), média

    quadrática dos resíduos (MQr), média quadrática da falta de ajuste (MQfaj) e

    média quadrática do erro puro (MQep) para modelos de resolução................26

    Tabela 1.5. Valores de largura da base para os picos cromatográficos de cada

    agrotóxico estudado ........................................................................................28

    Tabela 1.6. Valores de média quadrática da regressão (MQR) média

    quadrática dos resíduos (MQr), média quadrática da falta de ajuste (MQfaj) e

    média quadrática do erro puro (MQep) para modelos de largura da bas.........29

    Tabela 2.1. Planejamento simplex centróide com os valores de α, β, e π para

    cada mistura.....................................................................................................45

    Tabela 2.2. Valores de m/z encontrados nos extratos das flores de Erythrina

    speciosa em cada uma das misturas de acordo com o planejamento simplex

    centróide. Cada símbolo * representa o número de vezes que cada valor de

    m/z foi encontrado nas diferentes misturas, na forma de picos cromatográficos

    com tempos de retenção distintos....................................................................49

    Tabela 2.3. Intensidades totais dos espectros de massas dos m/z pares obtidos

    com a extração baseada num planejamento simplex centróide e o número de

    picos com m/z par para cada cromatograma....................................................50

  • xx

    Tabela 2.4. Análise de variância para o ajuste do modelo quadrático as

    intensidades de m/z 330 para as misturas do planejamento simplex

    centróide...........................................................................................................52

    Tabela 2.5. Análise de variância para o ajuste do modelo quadrático as

    intensidades de m/z 314 para as misturas do planejamento simplex

    centróide...........................................................................................................55

    Tabela 2.6. Valores de m/z encontrados nos extratos do caule de Erythrina

    speciosa em cada uma das misturas de acordo com o planejamento simplex

    centróide. Cada símbolo # representa o número de vezes que cada valor de

    m/z foi encontrado nas diferentes misturas, na forma de picos cromatográficos

    com tempos de retenção distintos....................................................................62

    Tabela 2.7. Intensidades totais dos espectros de massas dos alcalóides obtidos

    com a extração baseada num planejamento simplex centróide e o numero de

    picos com massa par para cada cromatograma ...............................................63

    Tabela 2.8. Intensidades totais dos espectros de massas dos alcalóides obtidos

    com a extração baseada num planejamento simplex centróide com pontos

    axiais e o número de picos com massa par para cada

    cromatograma.................................................................................................. 64

    Tabela 2.9. Valores de m/z encontrados nos extratos das folhas de Erythrina

    speciosa em cada uma das misturas de acordo com o planejamento simplex

    centróide. Cada símbolo ▲ representa o número de vezes que cada valor de

    m/z foi encontrado nas diferentes misturas, na forma de picos cromatográficos

    com tempos de retenção distintos....................................................................72

    Tabela 2.10. Intensidades totais dos espectros de massas dos alcalóides

    obtidos com a extração baseada num planejamento simplex centróide e o

    número de picos com m/z par para cada cromatograma .................................73

    Tabela 2.11. Intensidades totais dos espectros de massas dos alcalóides

    obtidos com a extração baseada num planejamento simplex centróide com

  • xxi

    pontos axiais e o número de picos com m/z par para cada

    cromatograma...................................................................................................75

    Tabela 2.12. Análise de variância para o ajuste do modelo cúbico especial as

    intensidades de m/z 314 para as misturas do planejamento simplex

    centróide...........................................................................................................75

    Tabela 2.13. Valores de m/z encontrados em cada mistura de solvente nas

    diferentes partes da planta analisadas. Múltiplos símbolos indicam mais de um

    pico cromatográfico com tempos de retenção distintos para a mesma

    m/z....................................................................................................................82

    Tabela 2.14. Comparação entre as frequências de absorção das transições pi-

    pi*, obtidas experimentalmente e teoricamente ..............................................87

    Tabela 3.1. Planejamento fatorial 24 para analise das folhas dos cultivares

    com a latitude variando nos pontos cardeais .................................................100

    Tabela 3.2. Tabela dos efeitos dos fatores na absorção em 520nm, 554nm e

    650nm para o cultivar IPR-59, com os valores de significância e erro padrão

    para cada efeito .............................................................................................101

    Tabela 3.3. Tabela dos efeitos dos fatores na absorção em 520nm, 554nm e

    650nm para o cultivar CAT, com os valores de significância e erro padrão

    para cada efeito .............................................................................................102

    Tabela 3.4. Tabela dos efeitos das variáveis na absorção em 520nm, 554nm e

    650nm para o cultivar 027, com os valores de significância e erro padrão para

    cada efeito .....................................................................................................103

    Tabela 3.5. Tabela dos efeitos das variáveis na absorção em 520nm, 554nm e

    650nm para o cultivar 083, com os valores de significância e erro padrão para

    cada efeito .....................................................................................................104

    Tabela 3.6. Planejamento fatorial 24 para análise das folhas dos cultivares

    com a longitude variando nos pontos cardeais ..............................................105

    Tabela 3.7. Tabela dos efeitos dos fatores na absorção em 520nm, 554nm, e

    650 nm para os quatro cultivares estudados...................................................106

  • xxii

  • xxiii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1. Esquema da decomposição da matriz X no produto de duas

    matrizes............................................................................................................. 7

    Figura 1.1. Sistema de natureza desconhecida com j respostas e k fatores ...13

    Figura 1.2. Esquema de otimização multi resposta para fase móvel em

    cromatografia...................................................................................................17

    Figura 1.3. Planejamento simplex centróide utilizado para determinação das

    composições de FM a serem utilizadas. ACN = ACN:H2O 30:70 (v/v); MeOH

    = MeOH:H2O 45:55 (v/v); THF = THF:H2O 30:70 (v/v) ...............................20

    Figura 1.4. Cromatograma obtido na separação de onze agrotóxicos

    empregando coluna SGE C18 (4,6 x 150 mm, partículas Wakosil II de 5 µm),

    volume de injeção 10 μL, FM 1/3 ACN:H2O 30:70 (v/v), 1/3 MeOH:H2O

    45:55 (v/v), 1/3 THF:H2O 30:70 (v/v), totalizando uma mistura final de

    ACN:MeOH:THF:H2O 10:15:10:65 (v/v), vazão 1,0 mL/min, detecção em

    210 nm e temperatura ambiente. Agrotóxicos: 1 = imazetapir, 2 = simazina,

    3=imazaquim, 4 = ametrina, 5 = cianazina, 6 = tiofanato, 7 = metsulfuron, 8 =

    bentazona, 9= atrazina, 10 = carbaril e 11 = carboxin ....................................24

    Figura 1.5. Representação gráfica do cálculo da largura da base para os picos

    cromatográficos de cada agrotóxico estudado.................................................27

    Figura 1.6. ACN:H2O 30:70 (v/v) do planejamento (a), cromatograma

    simulado pelo programa computacional; (b) cromatograma experimental;

    (c)cromatograma simulado. Ordem de eluição: 1 = imazetapir, 2 = simazina,

    3=imazaquim, 4 = ametrina, 5 = cianazina, 6 = tiofanato, 7 = metsulfuron, 8 =

    bentazona, 9= atrazina, 10 = carbaril e 11 = carboxin ....................................30

    Figura 2.1. Componentes basicos de um espectrometro de massas................39

    Figura 2.2. Procedimentos experimental empregado na analise da planta

    Erythrina speciosa..........................................................................................42

    Figura 2.3. Planejamento simplex centróide, onde as proporções x1= etanol

    (Et); x2= diclorometano (Dm); x3 = hexano (Hx). (a) Representação gráfica

    das misturas do planejamento simplex centróide e (b) proporção numérica das

    misturas do planejamento simplex centróide...................................................43

    Figura 2.4. Cromatograma total de íons das flores de Erythrina speciosa com

    a mistura (etanol:diclorometano:hexano (0.33;0.33;0.33(v/v)) ......................47

  • xxiv

    Figura 2.5. Valores de intensidade para m/z 330 de acordo com as misturas

    do planejamento simplex centróide ............................................................50

    Figura 2.6. Alcalóides tentativamente identificados no gênero Erythrina,

    observados por ESI (+)-MS como íons em m/z 330, sendo (a) eritrartina,

    previamente reportada em Erithrina speciosa como composto majoritário2 e

    (b)11-metoxi-erisodina, previamente identificado em Erythrina

    lysistemon26......................................................................................................51

    Figura 2.7. Superfície de resposta aplicada as intensidades referentes a m/z

    330 de acordo com o planejamento simplex

    centróide...........................................................................................................53

    Figura 2.8. Estrutura para m/z 314, tentativamente identificada em Erythrina

    speciosa como erisotrina2.................................................................................54

    Figura 2.9. Valores de intensidade para m/z 314 de acordo com as misturas

    do planejamento simplex centróide ...........................................................54

    Figura 2.10. Superfície de resposta aplicada as intensidades para os

    picos.................................................................................................................57

    Figura 2.11. Gráfico dos scores CP1xCP2 dos cromatogramas totais de íons

    no tempo de retenção de nove minutos para as sete misturas do planejamento

    simplex centróide das flores de Erythrina speciosa .......................................59

    Figura 2.12. Perfis cromatográficos para os extratos das flores obtidos nas

    diferentes misturas de solventes com base no planejamento simplex

    centróide...........................................................................................................60

    Figura 2.13. Gráfico dos loading das componentes principais 1 e 2 obtidos

    com as flores da Erythrina speciosa ...............................................................61

    Figura 2.14. Valores de intensidades para m/z 314 de acordo com o

    planejamento simplex centróide ...............................................................63

    Figura 2.15. Planejamento simplex centróide com valores médios de

    intensidades para m/z 314 em suas respectivas misturas ................................65

    Figura 2.16. Gráfico dos scores CP1xCP2 dos cromatogramas totais de íons

    para o caule de acordo com a planejamento simplex centróide ......................66

    Figura 2.17. Gráfico dos loadings das componentes principais 1 e 2 para os

    dados obtidos com o caule da Erythrina speciosa ..........................................68

    Figura 2.18. Gráfico dos scores para cromatogramas totais de íons das flores e

    caule de acordo com o planejamento simplex centróide .................................69

  • xxv

    Figura 2.19. Cromatograma totais de íons para as sete misturas do

    planejamento simplex centróide para o caule da planta e o cromatograma total

    de íons em hexano puro para as flores em negrito ..........................................70

    Figura 2.20. Cromatograma totais de íons para as sete misturas do

    planejamento simplex centróide para as flores com o cromatograma em obtido

    em hexano puro em negrito .............................................................................71

    Figura 2.21. Valores de intensidades para m/z 314 de acordo com o

    planejamento simplex centróide ...............................................................74

    Figura 2.22. Superfície de resposta aplicada as intensidades para os picos com

    m/z 314 ............................................................................................................76

    Figura 2.23. Gráfico dos scores CP1xCP3 para os dados dos cromatogramas

    totais de íons obtidos nas folhas da Erytrina speciosa ....................................78

    Figura 2.24. Gráfico dos loadings das componentes principais 1 e 3 para os

    dados obtidos com o caule da Erythrina speciosa ..........................................79

    Figura 2.25. Gráfico dos scores dados das flores, caule e folhas da planta na

    projeção CP1xCP2xCP3 .................................................................................80

    Figura 2.26. Gráfico dos loadings das componentes principais 1 e 3 para os

    dados obtidos com o caule da Erythrina speciosa .....................................81

    Figura 2.27. Estrutura clássica de alcalóides eritrinicos ...........................85

    Figura 2.28. Estruturas da (A) eritrartina e (B) 11-metoxi-erisodina, alcalóides

    eritrínicos identificados tentativamente por MS como íons de m/z

    330..................................................................................................................86

    Figura 3.1. Curva de rflectância de folhas verde e saudável típica.................93

    Figura 3.2. Esquema de analises para cada cultivar com as combinações

    possíveis dos fatores estudadas ..................................................................95

    Figura 3.3. Gráfico dos scores da CP1xCP2 para os cultivares de café com

    todos os espectros irrigados e não irrigados, onde os símbolos separam as

    amostras irrigadas das amostras não irrigados .........................................97

    Figura 3.4. Gráfico dos escores para o conjunto de dados irrigado e não

    irrigado nos quatro cultivares analisados ........................................................98

    Figura 3.5. Gráfico dos 32 espectros de absorbância para os quatro cultivares

    de cafés irrigados e não irrigados. Em vermelho temos os espectros obtidos na

    face abaxial e em preto os espectros obtidos na face adaxial nos comprimentos

    de onda de 350 até 1100nm............................................................................107

  • xxvi

  • xxvii

    LISTA DE ABREVIATURAS

    ANOVA Análise de variância

    ACN Acetonitrila

    Am Ametrina

    At Atrazina

    Be Bentazona

    Ca Carbaril

    CAT Catuaí IAC 99

    Ci Cianazina

    Cx Carboxim

    Dm Diclorometano

    Et Etanol

    FM Fase móvel

    Hx Hexano

    IAPAR Instituto Agronômico do Paraná

    IPR-59 IAPAR 59

    Im Imazetapir

    In Intensidade

    Iz Imazaquim

    Me Metsulfuron

    MeOH Metanol

    MQep Media quadrática do erro puro

    MQfaj Média quadrática da falta de ajuste

    MQR Média quadrática da regressão

    m/z Razão massa/carga

    PCA Analise de Componentes Principais

    Rs Resolução

    Si Simazina

    THF Tetrahidrofurano

    TIC Cromatograma totais de íons

    UPLC Cromatografia liquida de ultra eficiência

    v/v Volume/volume

    α Acidicidade

    β Basicidade

    π Dipolaridade

    027 Etiópia IAPAR 027

    083 Etiópia IAPAR 083

  • xxviii

  • 1

    1. Introdução geral

    O uso de computadores para analisar dados químicos cresceu

    drasticamente nos últimos vinte anos, em parte devido aos recentes avanços em

    hardware e software1. Cada vez mais fica evidente nos diversos segmentos da

    química o crescimento científico e também tecnológico devido ao uso de

    recursos computacionais, a química analítica não foge a esta regra. Na área de

    química analítica, a aquisição de dados atingiu um ponto bastante sofisticado

    com interface de instrumentos aos computadores produzindo uma enorme

    quantidade de informação, muitas vezes complexa e variada. Uma das

    características mais interessantes dos modernos instrumentos é o número das

    variáveis que podem ser medidas em uma única amostra. Diante desse cenário,

    os químicos analíticos se deparam com conjuntos de dados que podem oferecer

    diversos tipos de informações, sendo importante ter como alternativas algumas

    ferramentas matemáticas e estatísticas que possam extrair um maior número de

    informações do conjunto de dados de forma criteriosa e científica2,3,4. Tais

    ferramentas matemáticas e estatísticas também podem diminuir drasticamente o

    tempo necessário para extrair informações relevantes com confiabilidade a

    partir de grandes conjuntos de dados.

    Um novo termo foi introduzido na química e denominado quimiometria,

    que é uma área especificamente destinada à análise de dados químicos de

    natureza multivariada. A quimiometria pode ser definida com um ramo da

    química que se utiliza da matemática e da estatística de forma a obter resultados

    mais satisfatórios possíveis e fornecer conhecimentos sobre os sistemas

    químicos5. Esse termo surgiu pela primeira vez em 1971, quando o Professor

    Svante Wold (Umea University, Suécia) criou a palavra Kemometri das

  • 2

    combinações suecas Kemo e metri. Neste mesmo ano, sugeriu a palavra

    equivalente do inglês chemometrics. Em 1972 Svante Wold criou o primeiro

    grupo de quimiometria. Em 1973, o primeiro artigo com o termo chemometrics

    foi publicado. Em 10 de junho de 1974 a Sociedade Internacional de

    Quimiometria, do inglês International Chemometrics Society foi fundada por

    Svante Wold (Umea University) e Bruce R. Kowalski (University of

    Washington). Em 1975 os dois primeiros artigos contendo o termo

    chemometrics em seus títulos foram publicados pelo Grupo de Pesquisa em

    Quimiometria do Professor Bruce R. Kowalski, sendo que estes artigos

    definiram a quimiometria como uma nova disciplina da Química. Em 1976

    aconteceu o primeiro Simpósio de Quimiometria6, 7.

    O avanço da quimiometria veio no século 21 pelo fato de várias empresas

    de desenvolvimento de software terem promovido métodos de construção de

    equipamentos hifenados e mais avançados, abrindo muitas opções para

    melhoria de dados analíticos. Assim, a quimiometria passou a ter um papel

    importante na química analítica. Diversas contribuições da quimiometria no

    tratamento de dados analíticos estão presentes na literatura, seja em dados

    espectroscópicos, cromatográficos, eletroforéticos, entre outros8.

    A análise multivariada envolve a análise de dados que consiste em

    númerosas variáveis medidas a partir de um número de amostras. O objetivo da

    análise multivariada de dados é determinar todas as variações na matriz de

    dados de estudo. Assim, ferramentas quimiométricas tentam encontrar as

    relações entre as amostras e as variáveis em um determinado conjunto de

    dados9.

    Em sistemas multivariados, a conversão da resposta instrumental no dado

    químico de interesse requer a utilização de técnicas de estatística multivariada,

    álgebra matricial e análise numérica. Essas técnicas são apontadas, atualmente,

  • 3

    como a melhor alternativa para a interpretação de dados e para a aquisição do

    máximo de informação sobre o sistema10.

    Encontrar as melhores condições para uma dada medida requer

    procedimentos de otimização e encontrar as melhores respostas pode ser um

    trabalho difícil já que diversas respostas simultâneas podem ser geradas em um

    grande conjunto de dados. Pode-se definir otimização como sendo um processo

    baseado em instruções que permitam obter o melhor resultado de uma dada

    situação. Cientificamente, estas instruções são frequentemente expressas

    através de métodos matemáticos que procuram maximizar ou minimizar alguma

    propriedade, e obtenção das condições de controle otimizadas11, 12.

    Dentre as atividades habituais em química analítica que envolvem

    otimização estão13:

    a) O desenvolvimento de novos métodos de análise e o melhoramento ou

    adaptação de métodos já estabelecidos, estudando-se as variáveis que exibem

    efeitos significativos na resposta e que podem ser ajustadas para melhorar a

    eficiência do método.

    b) O melhoramento do desempenho de instrumentos analíticos

    complexos, por acerto simultâneo dos vários parâmetros instrumentais até que a

    resposta ótima seja obtida.

    c) O ajuste do modelo matemático para os dados experimentais, de tal

    modo que a equação teórica represente verdadeiramente os valores

    experimentais.

    Os procedimentos tradicionais de otimização consistem em estudar cada

    fator separadamente. Esse tipo de otimização conduz a um grande número de

    experimentos que têm que ser executados, tornando-se um processo demorado e

    caro. Em tais casos, uma abordagem multivariada ao problema pode ser

    utilizada. Ela baseia-se na utilização de um conjunto mínimo de experimentos

  • 4

    que permite a variação e avaliação simultânea de todos os fatores estudados. Há

    vários planejamentos de experimentos que se aplicam à otimização, reduzindo o

    número de experimentos e fornecendo informações que conduzem à

    otimização, entre eles estão: fatorial completo e fracionado, Plackett-Burman,

    composto central, Box-Behnken e o simplex centróide14,15.

    Por poderem ser usados em diferentes tipos de análises, os planejamentos

    mais usuais são os planejamentos fatoriais e o planejamento de misturas tipo

    simplex centróide. Com o planejamento fatorial é possível o estudo simultâneo

    dos efeitos que vários fatores podem ter sobre a otimização de um processo.

    Sua aplicação determina quais fatores tem importância sobre a resposta e como

    o efeito de um fator varia de acordo com o nível dos outros fatores16. Os efeitos

    são as quantidades diferenciais expressas com uma mudança de resposta

    quando o nível de um ou mais fatores são alterados. As interações são a força

    motriz em muitos processos de otimização de forma que, sem o uso do

    planejamento fatorial, algumas interações importantes podem permanecer

    escondidas, e a otimização global não pode ser alcançada. Um dos mais simples

    tipos de planejamentos fatoriais utilizados no trabalho experimental é aquele

    que tem dois níveis (2k). Num planejamento fatorial 2k, a cada fator podem ser

    atribuídos dois níveis: baixo (-1) e alto (+1). Se k fatores são considerados,

    então um minímo de 2k medições são realizadas numa análise fatorial17.

    Nos planejamentos com misturas, muito aplicados nesta tese, as

    propriedades estudadas dependem da proporção dos componentes da mistura e

    não da quantidade de cada componente da mistura18. Nesse caso, as variáveis

    não são independentes, ou seja, se o nível de uma variável muda significa que o

    nível de alguma outra variável também irá mudar, já que a proporção ente elas é

    a característica de interesse e o total da mistura corresponde a 100%k. Assim

    temos a seguinte restrição19:

  • 5

    (1)

    de forma que Xi é a proporção dos componentes na mistura e q é o número de

    componentes da mistura. Com três componentes (q=3) o espaço da mistura é

    um triângulo, chamado simplex, onde os vértices correspondem à composição

    dos componentes puros, ou seja, 100% de um componente simples. Nas arestas

    estão as misturas binárias em mesma proporção e o centro do triângulo

    corresponde à mistura na mesma proporção dos três componentes da mistura. A

    mesma ideia pode ser aplicada para q=4, onde a figura geométrica seria um

    tetraedro. Maiores números de componentes da mistura levam a figuras mais

    difíceis de serem visualizadas, dificultando o processo de otimização já que o

    planejamento de misturas explora todo o espaço da figura geométrica20.

    Na etapa de avaliação dos resultados dos experimentos, técnicas como a

    análise de variância (ANOVA) e a utilização de equações de regressão

    encontram larga aplicação. Para estudar o efeito da composição da mistura na

    variável resposta de um ensaio, podem-se utilizar modelos matemáticos, que

    fazem uso da resolução de equações pelo método dos mínimos quadrados para

    encontrar soluções que expressem o comportamento de uma variável

    dependente em função da proporção de cada fator estudado. Em geral, utilizam-

    se modelos lineares, quadráticos ou cúbicos que usam o mesmo número de

    ensaios que o número de coeficientes que se quer estimar21, 22.

    Em geral, os modelos usados em planejamentos de mistura são o

    quadrático e o cúbico especial. O polinômio cúbico especial é uma forma

    reduzida do polinômio de terceiro grau que contém informações sobre as

    misturas de todos os componentes. Com q=3 componentes, por exemplo, os

    modelos quadráticos e cúbicos especiais, respectivamente são23:

  • 6

    = β1X1 + β2X2 + β3X3 + β12X1X2 + β13X1X3 + β23X2X3 + (2)

    = β1X1+ β2X2 + β3X3 + β12X1X2 + β13X1X3 + β23X2X3 + β123X1X2X3 + (3)

    Onde y representa a função resposta dos dados experimentais; X1, X2 e

    X3 são variáveis de mistura que correspondem às proporções dos componentes

    estudados, e β representa os parâmetros estimados. A partir das respostas

    experimentais e dada a forma do modelo estima-se o vetor dos parâmetros β, de

    forma que o modelo se ajuste adequadamente aos dados. O vetor β é o resultado

    da operação matricial apresentada na equação 4:

    (4)

    O teste mais geral de ajuste do modelo aos dados é o teste F de análise de

    variância, que verifica a significância do modelo como um todo. Através do

    modelo ajustado, pode-se realizar a otimização da variável de resposta de

    interesse, isto é, obter a combinação de variáveis de controle que propiciará a

    melhor resposta do sistema com o qual se está trabalhando com o menor custo.

    Para extrair o máximo de informações dos resultados de um experimento

    químico, um grande número de variáveis está envolvida24. Muitas vezes, apenas

    parte dessas variáveis contém informações relevantes e a maioria das variáveis

    adiciona pouco ou quase nada à interpretação dos resultados em termos

    químicos. A redução de variáveis através de critérios objetivos, que permita

    dizer quais são as variáveis de interesse contendo maior informação, pode ser

    alcançada através da Análise de Componentes Principais (PCA), que permite

    explorar os resultados obtidos por meio de análises químicas com intuito de

    verificar a existência de similaridade entre as amostras.

  • 7

    A PCA é um método que tem por finalidade básica a redução de dados a

    partir de combinações lineares das variáveis originais. Na PCA, a

    decomposição é calculada através da diagonalização da matriz XtX ou XXt. A

    matriz X (n x p), formada por n objetos e p variáveis é decomposta no produto

    de duas matrizes menores, equação 5:

    X = T x P’ + (5)

    no qual T é a matriz dos scores das componentes principais, P é a matriz

    loadings (pesos) das componentes principais, e é a matriz dos resíduos. O

    sobrescrito t indica a transposta da matriz e q é um escalar que indica o número

    de componentes principais que descreve a maior parte da variância dos dados.

    Este procedimento está representado esquematicamente na Figura 125.

    Figura 1. Esquema da decomposição da matriz X no produto de duas matrizes.

    Após os cálculos, os resultados são utilizados para interpretar a

    distribuição das amostras num gráfico bidimensional das componentes

    principais e posteriormente identificar e julgar a importância das variáveis

    originais escolhidas, pois as variáveis originais com maiores valores de

    loadings na combinação linear das componentes principais são as mais

    importantes do ponto de vista estatístico26.

    q

    .

    p p

    n

    X

    n

    q

    T

    P t

    n

    p

    = +

  • 8

    Os chamados dados brutos, ou seja, dados obtidos diretamente de uma

    análise podem apresentar diversas fontes de variação. Isso causa irregularidades

    sistemáticas na linha de base, ruídos instrumentais ou unidades e magnitudes.

    Antes da realização do tratamento multivariado pode ser necessário um pré-

    processamento para remover fontes indesejáveis de variações que podem afetar

    as variáveis do conjunto de dados como um todo.

    Essa etapa é muito importante para os resultados obtidos no tratamento

    multivariado. Os principais pré-processamentos são o centrado na média, que

    subtrai de cada elemento da linha a média de sua respectiva coluna; o

    escalonamento, onde cada elemento fica na mesma escala fazendo com que

    cada variável fique com o mesmo peso; auto-escalonamento, que centraliza os

    dados na média e faz o escalonamento, deixando as variáveis com média zero e

    desvio-padrão igual a um. Outros pré-processamentos vem sendo utilizados

    como, por exemplo, a derivação. Essa etapa deve ser avaliada com cuidado e a

    decisão de qual pré-processamento deve ser coerente com a natureza dos dados.

    Para isso é muito importante ter conhecimento aprofundado sobre o sistema em

    estudo27.

    Tendo em vista a complexidade dos dados analíticos e a importância de

    condições que levem a melhores resultados, com extração do maior número de

    informações possível, ferramentas quimiométricas foram aplicadas a dados

    multirespostas para estudar e otimizar os fatores que levam as melhores

    respostas. Foram utilizados planejamentos fatoriais e de misturas com o

    objetivo de eliminar fatores que não afetam os resultados e chegar a condições

    que levem ao máximo em cada conjunto de dados.

    No capítulo 1 o objetivo geral foi utilizar planejamento de misturas para

    otimizar separações cromatográficas. Modelos de regressão foram construídos e

  • 9

    usados num programa computacional interativo para investigar a separação

    cromatográfica em todo domínio experimental.

    No capítulo 2 o objetivo geral foi a aplicação de planejamento de

    misturas para otimizar o solvente extrator na planta medicinal Erythrina

    speciosa e avaliar a influência de misturas de solventes na extração de

    alcalóides, principais constituintes da planta, e identificar similaridades nas

    extrações por PCA.

    No capítulo 3 o objetivo geral foi utilizar planejamentos fatoriais para

    avaliar a influência dos fatores na absorção de clorofila e antocianinas em

    cultivares do café para otimizar as melhores condições de absorção. Um estudo

    exploratório dos dados experimentais foi feito por PCA.

    _____________________________________________________________

    1 CORREIRA, P. R. M.; FERREIRA, M. M. C. Reconhecimento de padrões por métodos

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  • 10

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  • 11

    22 LANDSHEER, J.; WITTENBOER, G. V. D.; MAASSE, G. H. Additive and

    multiplicative effects in a fixed 2x2 design using ANOVA can be difficult to differentiate:

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  • 12

  • 13

    Capitulo 1 - Otimização cromatográfica por método

    computacional interativo

    1.1. Introdução

    Um dos problemas mais comuns para o experimentalista é determinar a

    influência de vários fatores ou variáveis sobre as respostas ou propriedades de

    um sistema. A Figura 1.1 descreve um sistema de natureza desconhecido com j

    respostas ou propriedades que serão otimizadas manipulando os níveis de k

    fatores ou condições experimentais.

    Figura 1.1. Sistema de natureza desconhecida com j respostas e k fatores.

    O grande desafio na otimização de sistemas químicos é simultaneamente

    tratar muitas respostas. As condições experimentais que melhoram algumas

    respostas muitas vezes resultam em piora nos valores de outras respostas.

    Existem dois métodos sendo usados em química para otimizar sistemas

  • 14

    multirespostas. Ambos são baseados em modelos empíricos obtidos dos

    resultados de um planejamento experimental1. Um dos métodos consiste na

    sobreposição das curvas de níveis de superfícies para cada resposta investigada.

    O pesquisador visualmente tenta achar regiões dentro do domínio experimental

    para as quais todas as respostas têm valores aceitáveis. O segundo utiliza a

    função de desejabilidade de Derringer e Suich. Esta função consiste de um

    produto das desejabilidades individuais de cada resposta. Utilizando os modelos

    empíricos que estão armazenados no computador, um algoritmo computacional

    faz uma busca para as condições experimentais que maximiza a desejabilidade

    global. Além de ser de uso difícil para o experimentalista e de exigir a escolha

    dos valores de vários parâmetros abstratos, sua aplicação requer a especificação

    de um alvo que nem sempre é fácil de definir 1.

    A otimização em cromatografia é um grande passo para funcionamento

    ótimo da técnica, porém é complicado achar uma condição cromatográfica que

    atinja todos objetivos da análise. Um fator complicado é que os objetivos da

    otimização cromatográfica podem variar consideravelmente de um caso para

    outro. Por exemplo, pode ser necessária a separação de todos ou apenas de

    alguns picos relevantes em um cromatograma complexo.

    Um problema de interesse contínuo em cromatografia líquida é o

    desenvolvimento de procedimentos práticos para otimizar processos de

    separação2. Neste caso, a composição e valor de pH da fase móvel são de suma

    importância bem como outros fatores, como tipo de coluna e química da fase

    estacionária, temperatura, etc. Métodos multivariados de otimização baseados

    em conceitos estatísticos tem bastante sucesso na otimização do sistema

    extrator, bem como da fase móvel em cromatografia líquida de alta eficiência2,3.

    Primeiro, porque as interações entre os fatores somente podem ser descobertas

    usando-se estratégias multivariadas. Segundo, os parâmetros calculados para

  • 15

    modelos multivariados são mais precisos do que as medidas individuais usadas

    para determinar o modelo. Terceiro, planejamentos multivariados economizam

    experimentos. As otimizações são alcançadas usando menor tempo, menos

    materiais e de uma maneira bem mais segura. O pesquisador pode sistematizar

    seu trabalho usando métodos multivariados de forma bem mais objetiva do que

    usando métodos convencionais de otimização 4,5.

    O estado da arte em separações de picos em cromatografia líquida inclui

    a utilização de modelos estatísticos obtidos de resultados de planejamentos de

    experimentos para descrever como os sinais analíticos se comportam como

    função das condições cromatográficas como composição da fase móvel, tipo e

    temperatura da coluna, fluxo da fase móvel entre outras. As primeiras tentativas

    nesse sentido envolveram o uso de funções objetivas que combinam

    informações de vários pares de picos e tentam descrever a separação global de

    um cromatograma. Mais de que uma dúzia de funções objetivas foram

    propostas e revisadas na literatura na tentativa de otimizar as separações

    cromatográficas6,7.

    Diferentes critérios têm sido sugeridos na literatura para avaliar a

    qualidade das separações cromatográficas. Os critérios de otimização que

    descrevem adequadamente a qualidade da separação estão entre os fatores

    essenciais que determinam a aplicabilidade dos procedimentos. A resolução é

    critério o mais clássico de otimização8.

    A resolução entre dois picos consecutivos é frequentemente escolhida

    como um critério elementar na construção de funções de resposta. A resolução

    de dois picos adjacentes é habitualmente definida como uma função da largura

    de cada pico na base (ou a metade da altura) e a diferença nas distâncias de

    retenção para os picos de interesse. Embora esta descrição possa ser aplicada, a

    mesma não é usual quando há sobreposição e assimetria de picos, que

  • 16

    constituem perfis bastante comuns no caso da separação de misturas

    complexas9.

    A resolução pode ser calculada a partir da distância que separa os pontos

    máximos dos picos (dR) e da média das larguras de suas respectivas bases (wb):

    (1.1)

    Quando a resolução é 1, os dois picos são razoavelmente separados. Um

    valor de resolução de 1,25 é suficiente para fins quantitativos e acima de 1,5

    têm-se separação completa10. Quando se pretende otimizar a resolução de

    apenas dois picos, a expressão para a resolução entre os dois picos é bastante

    simples. O problema se torna mais difícil quando se tenta descrever a resolução

    global de um cromatograma de componentes múltiplos11.

    A desvantagem no uso do critério resolução em sistemas cromatográficos

    é que existem várias resoluções de pares de picos que precisam ser otimizadas

    simultaneamente. Mais do que isto várias mudanças de ordem de eluição são

    observadas complicando o processo de otimização das separações de misturas.

    Idealmente seria mais conveniente utilizar tempos de retenção como critério

    cromatográfico para otimização. Além de simplificar a modelagem para

    amostras que apresentam inversão de picos, no caso dos tempos de retenção os

    modelos estatísticos devem ser mais precisos do que aqueles para resoluções,

    porque o tempo de retenção depende do comportamento de um pico só ao invés

    de um par de picos. Mas para a otimização com metodologia conhecida, no

    caso, para a função de desejabilidade é necessário um valor alvo para cálculo da

    função, que não pode ser expresso em termos de tempos de retenção12.

  • 17

    A resolução também apresenta limitações. Trata-se de um critério não

    normalizado, que restringe as possibilidades de combinações de valores

    elementares e torna a interpretação mais difícil. Refere-se a par de picos, em

    vez de picos individuais, o que implica em restrição quando o objetivo não é

    separação de todos os componentes, mas a resolução de alguns compostos

    particulares. A atribuição de valores é problemática quando a ordem de eluição

    é alterada, por exemplo, com a mudança da composição da fase móvel13. A

    Figura 1.2 descreve um planejamento tipo simplex centróide para a composição

    da fase móvel, onde os valores das resoluções são representados por superfícies

    de respostas que, quando sobrepostas, podem alcançar uma única região

    otimizada, desde que os máximos individuais estejam nas mesmas regiões de

    cada figura. Porém, em dados cromatográficos, isso se torna complicado, pois

    nem sempre a região otimizada individualmente será a mesma para todos os

    compostos analisados.

    Figura 1.2. Esquema de otimização multiresposta para fase móvel em

    cromatografia líquida.

    Em otimização multiresposta, Figura 1.2, as variáveis são avaliadas

    simultaneamente em relação a mais de uma resposta. Isso implica na

    determinação do ponto na superfície de resposta onde em relação aos critérios

    estabelecidos as respostas apresentem melhor desempenho ao mesmo tempo.

  • 18

    Os poucos métodos disponíveis para otimizar várias respostas

    cromatográficas simultaneamente como sobreposição de superfícies de

    respostas e o método de desejabilidade de Derringer e Suich que são úteis em

    termos de resolução entre pares de picos e retenções relativas. Infelizmente isto

    não é possível usando tempos de retenção porque as propriedades a serem

    otimizadas dependem das localizações de mais do que um pico.

    Devido à importância dos critérios de separação cromatográfica, foram

    comparados três parâmetros: tempo de retenção, resolução e largura na base dos

    picos com o objetivo de comparar as precisões de modelos obtidos de

    planejamentos de experimentos. Isso permitirá avaliar a viabilidade do uso de

    modelos de tempo de retenção juntamente com a computação gráfica na

    otimização multiresposta de sistemas cromatográficos. Tendo em vista as

    vantagens em fazer modelagem estatística usando tempos de retenção, que trata

    picos individuais, o desenvolvimento de um método de otimização por

    simulação dos comportamentos de picos cromatográficos com mudanças nas

    condições cromatográficas foi utilizado.

    A simulação foi feita com base em um programa de computação gráfica

    desenvolvido na Universidade Estadual de Londrina pelo Professor Doutor

    Carlos Alberto Paulinetti da Camara. Através do ponteiro do mouse escolhe-se

    um conjunto de condições dentro do domínio experimental já investigado por

    planejamento de experimentos. Os valores das condições cromatográficas serão

    substituídos nos modelos estatísticos onde o tempo de retenção de todos os

    picos cromatográficos de interesse é calculado. Esses tempos são então exibidos

    graficamente na tela de computador. O usuário manipula o mouse dentro do

    domínio experimental até conseguir obter um cromatograma simulado que

    satisfaça os objetivos previamente definidos, como a maximização das

    resoluções de todos os picos.

  • 19

    1.2. Parte experimental

    O conjunto de dados cromatográficos utilizado foi obtido em

    experimentos realizados no laboratório da Professora Doutora Isabel Cristina

    Sales Fontes Jardim, no Instituto de Química da Universidade Estadual de

    Campinas.

    Uma mistura complexa envolvendo onze agrotóxicos foi analisada por

    cromatografia liquida de alta eficiência com detector do tipo arranjo de diodos.

    A mistura de agrotóxicos foi composta de imazetapir (Im), imazaquim (Iz),

    ametrina (Am), cianazina (Ci), simazina (Si), atrazina (At), bentazona (Be),

    carbaril (Ca), carboxim (Cx), tiofanato metílico (Tm) e metsulfuron (Me). Essa

    mistura de agrotóxicos apresentou problemas de sobreposição de picos em

    trabalhos anteriores14.

    Um planejamento simplex centróide foi empregado para a fase móvel. Os

    três modificadores orgânicos mais usados em cromatografia líquida em fase

    reversa são acetonitrila, metanol e tetrahidrofurano, que correspondem

    respectivamente aos pontos 1, 2 e 3 do planejamento, Figura 1.3. A água foi

    usada para ajustar as misturas de forma que os três solventes apresentassem

    mesma força cromatográfica.

    As condições cromatográficas foram: temperatura ambiente, eluição

    isocrática (acidificada a pH 3 com ácido fosfórico) de 1 mL/min. Foram

    utilizadas duas colunas recheadas com as seguintes fases estacionárias: SGE

    C18 (4,6 x 150 mm, partículas Wakosil II de 5 µm) e Thermo Hypersil ODS

    C18 (4,6 x 150 mm, partículas de 5 µm). As corridas foram realizadas

    empregando-se um cromatógrafo a líquido marca Shimadzu, constituído de

    auto injetor com amostragem programada de 10 µL, modelo SIL-10AF;

    bombas de alta pressão, tipo recíproca, pistão duplo, modelo LC-10AT;

    https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0CBwQFjAA&url=http%3A%2F%2Fdgp.cnpq.br%2Fbuscaoperacional%2Fdetalhepesq.jsp%3Fpesq%3D7627341680778347&ei=FJLWU8-sE-HO8AGmsIGgAQ&usg=AFQjCNHkxPETUqEkx4h1c4hgtjIAxz0StQ&bvm=bv.71778758,d.b2U

  • 20

    detector espectrofotométrico de arranjo por diodos, cela do injetor de 8 µL de

    volume, 10 mm de caminho óptico, modelo SPD-M10AVP; sistema de

    aquisição de dados: microcomputador, com software de aquisição de dados

    cromatográficos Class VP; forno para coluna, modelo CTO-10AS; controlador

    de sistema SCL-10 A.

    Figura 1.3. Planejamento simplex centróide utilizado para determinação das

    composições de FM a serem utilizadas. ACN = ACN:H2O 30:70 (v/v); MeOH

    = MeOH:H2O 45:55 (v/v); THF = THF:H2O 30:70 (v/v).

    Para cada coluna foram gerados dois conjuntos de dados, nos quais a

    composições (v/v) de fase móvel dos vértices do planejamento simplex

    centróide foram:

    1) ACN:H2O (30:70); MeOH:H2O (45:55); THF:H2O (30:70).

    2) ACN:H2O (55:45); MeOH:H2O (70:30); THF:H2O (50:50).

    Foram gerados dois conjuntos de dados, utilizando as mesmas condições

    cromatográficas com exceção da coluna, que foi variada entre a coluna SGE e

    a coluna Thermo descritas acima. Porém, os experimentais não foram uteis

    para fins de previsão, pois apresentaram falta de ajuste para praticamente todos

  • 21

    os agrotóxicos. Como alternativa, o conjunto de dados apresentados nos

    cálculos foi gerado por Marcia Breitkreitz14 com uma coluna SGE (idêntica à

    descrita acima) nas condições de fase móvel 1 demonstrada acima.

    1.3. Tratamento multivariado

    1.3.1. Tempo de retenção

    Os tempos de retenção para cada agrotóxico analisado, em todas as

    misturas do planejamento e suas réplicas, são apresentados da Tabela 1.1:

    Tabela 1.1. Tempos de retenção, em minutos, para os agrotóxicos analisados

    em cada mistura do planejamento experimental e sua réplica em minutos. ACN MeOH THF Im Si Iz Am Ci Tm Me At Be Ca Cx

    1 0 0 9,75 10,41 11,30 11,30 13,86 14,82 17,70 18,43 20,00 6,41 22,15

    0 1 0 11,97 13,60 19,60 9,53 11,97 13,60 22,28 22,25 15,73 9,46 15,17

    0 0 1 9,25 9,91 13,93 10,50 18,78 7,68 15,46 15,50 9,60 5,01 12,20

    0,5 0,5 0 12,20 15,45 17,81 12,20 16,20 18,35 22,76 22,75 20,20 10,07 20,20

    0,5 0 0,5 8,45 7,28 10,80 9,15 14,87 8,45 15,27 14,40 11,85 5,37 13,27

    0 0,5 0,5 8,94 6,89 12,89 8,94 17,37 8,34 15,83 15,13 11,21 4,97 12,48

    0,33 0,33 0,33 5,74 9,17 8,10 12,60 9,17 16,02 9,67 16,04 16,02 13,27 14,02

    1 0 0 9,26 9,73 10,65 10,65 12,85 13,56 18,47 17,15 18,40 6,08 20,45

    0 1 0 12,20 13,25 10,03 9,95 12,72 14,02 22,20 22,16 15,92 9,51 15,40

    0 0 1 9,35 6,87 14,76 10,67 19,54 7,64 15,98 15,96 9,73 4,90 12,44

    0,5 0,5 0 12,45 16,10 18,69 12,45 16,79 19,22 23,66 23,68 21,08 9,84 21,08

    0,5 0 0,5 8,83 7,57 11,71 9,62 15,92 9,15 14,38 15,25 12,54 5,52 14,04

    0 0,5 0,5 9,22 7,06 13,89 9,22 18,26 8,60 15,13 15,79 11,67 5,03 12,97

    0,33 0,33 0,33 5,63 9,26 8,09 13,01 9,26 16,51 9,75 16,53 16,51 13,59 14,42

  • 22

    Com as respostas de tempo de retenção para cada um dos agrotóxicos

    foram construídos modelos de regressão para obter uma relação que nos

    permitisse prever estes valores de tempo de retenção como função dos valores

    de proporções dos solventes. Primeiramente foi aplicado o modelo linear,

    porém a análise de variância utilizada para testar o ajuste do modelo no nível de

    95% de confiança apresentou equação inadequada para representar

    precisamente os dados.

    O modelo quadrático foi avaliado quanto ao ajuste dos dados no nível de

    95% de confiança e os resultados da ANOVA para esse teste estão apresentados

    na Tabela 1.2, assim como o teste para significância da regressão.

    Tabela 1.2. Valores de média quadrática da regressão (MQR), média quadrática

    dos resíduos (MQr), média quadrática da falta de ajuste (MQfaj) e media

    quadrática do erro puro (MQep) dos modelos de tempo de retenção. Agrotóxico MQR MQr MQfaj MQep MQR/MQr* MQfaj/MQep*

    Imazetapir 10,55 1,46 1,44 0,02 7,20 72,00

    Simazina 5,40 0,65 0,61 0,04 8,24 14,36

    Imazaquim 26,06 4,60 3,86 0,74 5,67 5,21

    Ametrina 13,87 10,80 3,98 6,82 1,28 0,58

    Cianazina 3,10 1,28 1,21 0,07 2,43 16,94

    Tiofanato 13,47 1,20 0,87 0,33 11,22 2,62

    Metsulfuron 38,62 7,01 6,79 0,22 5,51 30,80

    Atrazina 0,40 7,90 1,21 6,69 0,05 0,18

    Bentazona 27,40 2,44 2,14 0,29 11,25 7,28

    Carbaril 39,85 2,32 2,02 0,30 17,20 6,76

    Carboxin 32,65 2,24 1,90 0,34 14,58 5,58

    *Valor de F para significância dos resultados dado por MQR/MQr e para

    falta de ajuste MQfaj/MQep. Valores críticos de F correspondentes no nível de

    95% de confiança são com F 5,8 = 3,69 e F 1,7 = 5,59, respectivamente.

    A razão MQfaj/MQep é usada para avaliar se o modelo está ou não bem

    ajustado as observações. Valores altos dessa razão significam maior falta de

  • 23

    ajuste. O valor dessa razão é comparado com o valor de F tabelado com os

    graus de liberdade correspondentes, que nesse caso é 1 e 7.

    O valor de F 1,7 é 5,59 e com base na Tabela 1.2, o imazetapir, a simazina,

    a cianazina e metsulfuron apresentaram falta de ajuste no nível de 95% de

    confiança. A bentazona e o carbaril estão bem próximos do valor tabelado, já o

    imazaquim, ametrina, tiofanato, atrazina e o carboxin apresentaram valores

    menores ao valor de Ftab para o modelo quadrático.

    No nível de 95% de confiança F5,8 é 3,69. Nesse caso a regressão é

    estaticamente significativa se MQR/MQr > 3,69. Com base na Tabela 1.2,

    apenas a ametrina, cianazina e a atrazina não apresentam significância

    estatística da regressão, porém nenhuma razão tem valor altamente

    significativo.

    Os dados foram testados em relação ao ajuste com o modelo linear,

    porém ocorreu falta de ajuste para todos os agrotóxicos. O modelo cúbico

    especial também foi testado, mas não apresentou resultados mais satisfatórios

    do que o modelo quadrático.

    Para testar modelos mais superiores é necessário um número bem maior

    de experimentos e as funções assim obtidas teriam comportamentos complexos

    e dificilmente seriam representadas por polinômios de baixa ordem. Como

    resultado os modelos estatísticos determinados para tempos de retenção não

    representaram precisamente os resultados experimentais.

    1.3.2. Resolução

    Muitos problemas que assolam tradicionais funções cromatográficas de

    resposta ou de critérios de separação podem ser atribuídos às sobreposições de

    picos, situação em que dificilmente se obtém informações suficientes quanto ao

  • 24

    número de componentes, grau de pureza e de sobreposição de pico a partir de

    uma única resposta no cromatograma16.

    No caso da mistura de agrotóxicos o uso da resolução tornou-se

    complicado devido à enorme inversão de picos de um ponto do planejamento

    simplex centróide em relação aos outros. A ordem de eluição obtida no

    cromatograma do ponto central foi tomada como base para os possíveis pares

    de picos e esta ordem pode ser vista na Figura 1.4.

    5 10 15 20 25

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    160

    180

    2001/3ACN:1/3MeOH:1/3THF

    6+8+9

    11

    10

    4

    7

    2+5

    31

    Inte

    nsid

    ade d

    e a

    bsorb

    ância

    Tempo / min

    Figura 1.4. Cromatograma obtido na separação de onze agrotóxicos

    empregando coluna SGE C18 (4,6 x 150 mm, partículas Wakosil II de 5 µm),

    volume de injeção 10 μL, FM 1/3 ACN:H2O 30:70 (v/v), 1/3 MeOH:H2O 45:55

    (v/v), 1/3 THF:H2O 30:70 (v/v), totalizando uma mistura final de

    ACN:MeOH:THF:H2O 10:15:10:65 (v/v), vazão 1,0 mL/min, detecção em 210

    nm e temperatura ambiente. Agrotóxicos: 1 = imazetapir, 2 = simazina,

    3=imazaquim, 4 = ametrina, 5 = cianazina, 6 = tiofanato, 7 = metsulfuron, 8 =

    bentazona, 9= atrazina, 10 = carbaril e 11 = carboxin.

  • 25

    A Tabela 1.3 agrupa os valores de resolução para cada par de picos,

    calculados de acordo com a equação 1. Os pares de picos seguindo a ordem da

    Figura 1.4 e seus valores de resolução estão na Tabela 1.3.

    Tabela 1.3. Valores de resolução para os pares de picos usando como base a

    ordem de eluição do cromatograma obtido no ponto central. ACN MeOH THF 1 e 3 3 e 2 2 e 5 5 e 7 7 e 4 4 e 10 10 e 11 11 e 6 6 e 8 8 e 9

    0 1 0 9,30 -1,45 3,46 8,08 -8,08 20,08 4,96 -19,04 9,00 1,50

    1 0 0 9,00 -2,54 -5,19 9,42 11,47 -7,15 -1,15 -6,23 1,38 21,46

    0,5 0,5 0 4,38 5,54 2,77 -6,69 14,54 -9,92 6,00 15,23 -4,38 -3,23

    0 0,5 0,5 13,15 -7,62 0 14,08 -1,15 5,54 0 -9,23 2,77 12,46

    0 0 1 4,38 2,77 1,62 -1,62 5,31 2,54 3,23 3,69 2,08 -3,23

    0,5 0 0,5 4,45 4,71 0 -1,25 10,39 -3,92 3,00 11,54 -2,31 -3,12

    0,33 0,33 0,33 5,42 2,54 0 1,13 6,97 1,43 1,62 4,73 0 0

    1 0 0 8,31 -0,92 3,00 6,92 -6,92 18,00 4,85 -17,77 8,31 1,62

    0 1 0 9,46 -3,69 -5,77 9,46 13,85 -9,00 -1,15 -7,39 -2,31 21,46

    0 0 1 4,62 5,77 2,77 -6,92 16,62 -11,77 6,23 16,62 -4,85 -3,46

    0,5 0,5 0 13,85 -8,54 0 15,69 -1,15 5,31 0 -9,69 2,77 13,15

    0,5 0 0,5 4,85 2,77 1,85 -0,92 5,77 2,08 3,23 4,38 2,08 -3,46

    0 0,5 0,5 4,85 4,85 0 -1,38 12,23 -5,08 3,00 12,23 -2,54 -3,23

    0,33 0,33 0,33 5,54 2,77 0 0,92 7,62 1,38 1,85 4,85 0 0

    Os valores de resolução para todos os pontos do planejamento simplex

    centróide foram submetidos a análise de variância ANOVA para testar o ajuste

    do modelo quadrático aos dados. A Tabela 1.4 apresenta os valores para estimar

    a significância da regressão e da falta de ajuste no nível de 95% de confiança.

    Para testar a falta de ajuste, o valor tabelado de F 1,7 foi 5,59. Com base

    na Tabela 1.4, a maioria dos pares de picos apresentou falta de ajuste. Os pares

    1-3, 3-2, 2-5, 5-7 apresentaram alto valor de MQfaj/MQep indicando que o

    modelo quadrático não se ajusta aos dados. Os pares 4-10, 10-11, 11-6 e 6-8

    não apresentaram falta de ajuste. E os pares 7-4 e 8-9 têm valores calculados

    próximos do valor tabelado podendo ser ajustados ao modelo quadrático.

  • 26

    Tabela 1.4. Valores de média quadrática da regressão (MQR), média quadrática

    dos resíduos (MQr), média quadrática da falta de ajuste (MQfaj) e média

    quadrática do erro puro (MQep) para modelos de resolução. Pares de picos MQR MQr MQfaj MQep MQR/MQr* MQfaj/MQep*

    1 -3 26,80 5,74 5,59 0,15 4,67 37,05

    3 - 2 55,39 11,53 11,34 0,19 4,80 61,28

    2 - 5 20,05 0,66 0,62 0,04 30,37 14,52

    5 - 7 132,93 13,81 13,48 0,32 9,63 41,59

    7 - 4 157,97 9,53 8,44 1,10 16,58 7,70

    4 - 10 239,66 0,91 0,03 0,91 263,36 0,03

    10 - 11 15,93 0,01 0,04 0,09 1592,55 0,48

    11 - 6 363,07 1,39 0,96 0,43 261,20 2,22

    6 - 8 43,54 1,59 0,57 1,03 27,38 0,55

    8 - 9 225,23 0,49 0,46 0,04 459,66 10,40

    *Valor de F para significância dos dados dado por MQR/MQr e para falta

    de ajuste MQfaj/MQep. Valores críticos de F correspondentes no nível de 95%

    de confiança são com F 5,8 = 3,69 e F 1,7 = 5,59, respectivamente.

    A regressão é estaticamente significativa se MQR/MQr > 3,69. Com base

    na Tabela 1.4, todos os pares de picos apresentam significância estatística da

    regressão.

    As variáveis em questão, proporções de acetonitrila, metanol e

    tretrahidrofurano, exercem influência sobre a resposta do cromatograma.

    Mudando-se a composição da fase móvel, a separação da mistura analisada

    também muda. As misturas binárias entre esses solventes também tem efeito

    significativo diante da resposta cromatográfica. Um modelo mais complexo

    poderia ser testado, visando melhorar a falta de ajuste e significância da

    regressão, porém seria necessária uma grande quantidade de experimentos.

  • 27

    1.3.3. Largura da base

    O tempo de retenção e a resolução são regularmente aplicados para

    avaliar a qualidade do cromatograma obtido, já os valores referentes à largura da

    base, ou seja, a distância entre as tangentes traçadas nas laterais do pico, não são

    comumente usados, mas de qualquer maneira foram testados para avaliar a falta

    de ajuste e a significância da regressão. Isso é importante porque além de simular

    o tempo de retenção de cada pico no programa computacional também é

    necessário prever a largura dos picos para se ter uma indicação da separação real

    entre os picos.

    A Tabela 1.5 contém os valores de largura da base dos picos

    cromatográficos para cada agrotóxico presente na mistura estudada. Esses valores

    foram obtidos pela subtração: X2 – X1, como representado na Figura 1.5:

    Figura 1.5. Representação gráfica do cálculo da largura da base para os picos

    cromatográficos de cada agrotóxico estudado.

  • 28

    Tabela 1.5. Valores de largura da base para os picos cromatográficos de cada

    agrotóxico estudado. ACN MeOH THF Im Si Iz Am Ci Tm Me At Be Ca Cx

    1 0 0 0,44 0,66 0,6 0,76 0,76 0,76 0,75 0,69 0,81 1,11 0,92

    0 1 0 0,46 0,65 0,71 1,15 0,64 0,44 0,53 0,71 1,10 1,43 1,43

    0 0 1 0,3 0,91 0,48 0,84 0,66 0,68 0,54 0,78 0,82 0,94 0,53

    0,5 0,5 0 0,53 0,91 1,57 1,73 0,91 1,57 1,73 1,73 1,20 1,21 1,21

    0,5 0 0,5 0,30 1,14 0,44 0,56 1,20 1,10 1,14 0,62 1,08 0,66 0,54

    0 0,5 0,5 0,30 0,66 0,40 0,98 0,66 0,56 0,38 0,70 0,76 0,59 0,98

    0,33 0,33 0,33 0,34 1,01 0,41 1,36 1,01 1,30 1,01 1,30 1,30 1,36 0,43

    1 0 0 0,50 0,47 0,50 0,78 0,78 0,63 0,69 0,65 0,86 1,09 0,71

    0 1 0 0,93 0,92 0,93 1,06 0,93 0,92 0,93 1,49 1,10 1,37 1,37

    0 0 1 0,51 0,87 0,44 0,75 0,76 0,81 0,47 0,87 0,78 0,87 0,51

    0,5 0,5 0 0,47 0,86 1,39 2,02 0,86 1,39 2,02 2,02 1,09 1,14 1,14

    0,5 0 0,5 0,35 1,19 0,37 0,47 1,19 1,20 1,19 0,65 1,20 0,70 0,56

    0 0,5 0,5 0,29 0,59 0,36 0,69 0,59 0,65 0,42 0,77 0,84 0,67 0,42

    0,33 0,33 0,33 0,36 1,07 0,46 1,16 1,07 1,07 1,07 1,07 1,07 1,16 0,46

    Com base na Tabela 1.6, podemos observar que os valores maiores que

    MQR/MQr > 3,69 são poucos e que nenhuma das medidas de largura de base

    apresentou um grande valor de significância estatística no nível de 95% para o

    modelo quadrático, portanto não sendo muito úteis para fins de previsão.

    O valor tabelado de F 1,7 é 5,59. Com base na Tabela 1.6, a falta de ajuste

    foi alta apenas para os agrotóxicos imazaquim e carbaril. Os demais

    agrotóxicos apresentaram valores de MQfaj/MQep baixos, indicando o bom

    ajuste ao modelo quadrático.

  • 29

    Tabela 1.6. Valores de média quadrática da regressão (MQR) média quadrática

    dos resíduos (MQr), média quadrática da falta de ajuste (MQfaj) e média

    quadrática do erro puro (MQep) para modelos de largura da base. Agrotóxico MQR MQr MQfaj MQep MQR/MQr* MQfaj/MQep*

    Imazetapir 0,05 0,02 0,00 0,02 2,25 0,04

    Simazina 0,11 0,02 0,01 0,01 5,11 1,39

    Imazaquim 0,34 0,17 0,17 0,01 1,98 22,99

    Ametrina 0,48 0,04 0,02 0,02 13,59 1,12

    Cianazina 0,09 0,02 0,01 0,01 5,45 1,30

    Tiofanato 0,27 0,03 0,00 0,03 10,36 0,01

    Metsulfuron 0,58 0,11 0,09 0,02 5,36 4,87

    Atrazina 0,07 0,02 0,02 0,01 3,19 2,65

    Bentazona 0,46 0,06 0,00 0,05 8,23 0,02

    Carbaril 0,14 0,35 0,35 0,00 0,38 79,25

    Carboxin 0,29 0,16 0,13 0,03 1,79 5,05

    *Valor de F para significância dos dados dado por MQR/MQr e para falta

    de ajuste MQfaj/MQep. Valores críticos de F correspondentes no nível de 95%

    de confiança são com F 5,8 = 3,69 e F 1,7 = 5,59, respectivamente.

    Portanto, independente dos critérios usados para modelos de regressão, o

    sistema cromatográfico estudado mostrou-se complexo e de difícil separação.

    Sendo o tempo de retenção o critério mais simples por tratar os picos de forma

    individual, os resultados obtidos foram usados para simular a separação

    cromatográfica no programa computacional.

    1.4. Programa Computacional

    A escolha e validação dos modelos que foram usados na simulação

    usando o programa computacional foram definidos pelos resultados das

    ANOVA das regressões para tempos de retenção. Para isso, foram utilizados os

    tempos de retenção dos onze agrotóxicos analisados estatisticamente de acordo

    com o planejamento simplex centróide. Após inserir os coeficientes dos

  • 30

    modelos da regressão no programa, com o ponteiro do mouse foi simulada a

    separação dos 11 compostos e a separação simulada foi então comparada com

    os cromatogramas reais obtidos em cromatografia liquida de alta eficiência em

    fase reversa (Figura 1.6).

    (a)

  • 31

    (b)

    5 10 15 20 25

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    11

    10

    9

    876

    4+5

    3

    2

    1

    Inte

    nsid

    ade d

    e a

    bsorb

    ância

    Tempo / min

    (c)

    Figura 1.6. ACN:H2O 30:70 (v/v) do planejamento (a), cromatograma simulado pelo programa computacional; (b) cromatograma experimental; (c)

    cromatograma simulado. Ordem de eluição: 1 = imazetapir, 2 = simazina,

    3=imazaquim, 4 = ametrina, 5 = cianazina, 6 = tiofanato, 7 = metsulfuron, 8 =

    bentazona, 9= atrazina, 10 = carbaril e 11 = carboxin.

    Para exemplificar, observamos à similaridade do comportamento

    experimental com o obtido pelo programa computacional (Figura 1.5) em

  • 32

    relação à separação e ordem de eluição dos agrotóxicos analisados no ponto

    indicado pela seta que corresponde a ACN: H2O. Essa similaridade nos

    permitiu avaliar todo espaço do simplex e em cada ponto obter a separação

    simulada. Assim, todas as combinações possíveis de misturas de fase móvel

    podem ser avaliadas.

    1.5. Conclusões 1

    De acordo com o estudo realizado no capitulo 1 concluímos que:

    1) A resolução e tempo de retenção mostraram a mesma dificuldade em

    ajustar um modelo matemático aos dados experimentais. Ambos os

    parâmetros cromatográficos apresentaram falta de ajuste para vários

    agrotóxicos presente na mistura.

    2) A maioria dos modelos para largura dos picos não mostraram falta de

    ajuste significativa e também uma branda dependência em mudanças no

    domínio experimental, ou seja, não apresentaram significância na

    regressão. Isto significa que podemos ter menos preocupação com a

    largura dos picos em tentativas de prever informações cromatográficas.

    3) Mesmo utilizando um método cromatográfico isocrático de separação,

    uma boa separação cromatográfica foi obtida com o planejamento de

    misturas, pois os picos que não f