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DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS. Definição das medidas socioeducativas. O Estatuto elencou as medidas socioeducativas a serem aplicadas aos adolescentes autores

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DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

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Definição das medidas socioeducativas. O  Estatuto  elencou  as  medidas  socioeducativas  a serem  aplicadas  aos  adolescentes  autores  de  atos infracionais, por meio do rol taxativo previsto no art. 112. Medida socioeducativo pode ser definida como uma medida  jurídica  aplicada  em  procedimento adequado ao adolescente autor de ato infracional.

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A instrumentalidade e a precariedade das medidas socioeducativas. A paz social é uma das primeiras preocupações do Estado e a sua busca se  faz por meio da efetivação de  intervenções de natureza preventiva e  repressiva. O ato  infracional-  enquanto  também  manifestação  de  desvalor  social-  enseja  a movimentação da máquina  estatal  no  sentido de  verificar-se  a  necessidade de efetiva  intervenção  com  o  objetivo  de  educar  o  adolescente  e,  mesmo inconscientemente, puni-lo como estratégia pedagógica. Para atingir esse fim, o Estado adequou a tutela  jurisdicional às especificidades da  matéria,  motivo  pelo  qual  lhe  foi  dado  o  adjetivo  de  “diferenciada”  e “socioeducativa”,  inserida  em  um  microssistema  de  direitos  da  infância  e juventude. Essa tutela tem, dentre as suas características, a instrumentalidade e a precariedade. Pela  instrumentalidade  se  entende  que  a  tutela  consiste  em  instrumento  de defesa  social  e  educação  do  adolescente.  A  precariedade  conduz  à provisoriedade  das  medidas  jurídicas  adotadas,  de  modo  que,  cumprida  sua finalidade, esgotada está a finalidade da tutela.

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A tutela jurisdicional é ofertada através da ação socioeducativa pública,  ou  simplesmente  ação  socioeducativa,  quando  o Estado-juiz, mesmo contra a  vontade do adolescente- daí  seu caráter  repressivo,  e  que  conduz  naturalmente  à  observância de  garantias  processuais-  pode  adotar  medidas  jurídicas  de duas  ordens:  as  medidas  de  proteção  e  as  medidas socioeducativas,  que  devem  ser  definidas  no  caso  concreto, sem guardar relação direta com o ato infracional praticado. Nesse  contexto,  as  medidas  socioeducativas  enumeradas  no art.  112  do  Estatuto  são,  portanto,  medidas  jurídicas,  de conteúdo pedagógico, porém, também de caráter sancionador, cuja  eleição  deve  atender  a  três  elementos:  capacidade  do adolescente para cumprir a medida, circunstâncias e gravidade da infração.

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Classificação das Medidas Socioeducativas. Quanto à classificação das Medidas Socioeducativas, vários  são  os  autores  que  perfazem  essas  trilhas. Pelo  caráter  mais  didático,  escolhi  o  autor  Flávio Américo  Frasseto,  que  dispõe  a  seguinte classificação:

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Classificação das Medidas SocioeducativasQuanto à severidade:a. Meio Aberto. O adolescente permanece junto à comunidade.b. Meio Fechado. O adolescente permanece institucionalizado.c. Meio  SemiAberto.  Há  um  misto.  Há  o  período  em  que  o 

adolescente permanece institucionalizado e outro que fica com a família.

Quanto à forma de cumprimento: a. Por  Tarefa.  A  medida  estará  cumprida  se  o  adolescente 

desempenhar  determinada  tarefa.  Por  exemplo:  prestação  de serviços à comunidade.

b. Por  Desempenho.  Haverá  necessidade  de  suprimento  de necessidades  pedagógicas,  sendo  que  o  projeto  poderá  ser redefinido  no  transcorrer  de  seu  cumprimento.  Exemplo: liberdade assistida.

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Quanto à duração:a. De  duração  instantânea.  Não  se  prolonga  no  tempo.  Ex: 

advertência.b. De duração continuada. Prolonga-se no tempo. Ex: internação.b.1. Tempo Mínimo: b.1.1. Determinado. Ex: liberdade assistida. b.1.2. Indeterminado. Ex: prestação de serviços à comunidade.

      b.2. Tempo Máximo:             b.2.1. Legal. A lei fixa o tempo máximo. Ex: internação.                         b.2.2.  Judicial.  Internação-sanção, em que o  juiz fixa o seu prazo máximo, muito embora tenha o limite de três meses.

Quanto ao gerenciamento da medida:a. Gerenciamento  Judicial.  É  o  próprio  Poder  Judiciário  quem  a 

gerencia. Ex: obrigação de reparar o dano.b. Gerenciamento pelo Executivo Municipal. Ex: liberdade assistida e 

prestação de serviços à comunidade.c. Gerenciamento  pelo  Executivo  Estadual.  Ex:  internação  e 

semiliberdade.

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Das Medidas: ADVERTÊNCIA. A  advertência  é  a mais  branda das medidas  socioeducativas  e  consiste apenas na admoestação (repreensão) verbal do adolescente. Para a sua aplicação, podem ser erigidos os seguintes requisitos: Prova da Materialidade.  Indícios suficientes de Autoria do Ato Infracional. Desnecessidade de posterior acompanhamento. Admoestação verbal conduzida por autoridade competente. Redução a termo da Advertência.

 Quanto à prova de materialidade e indícios de autoria, são requisitos de estrito cumprimento necessário devido a gravidade de se levar a termo uma ação socioeducativa.  Ou seja, não há necessidade de demonstração cabal da prática de ato humano doloso ou culposo ao adolescente para ser  aplicada  a  medida  de  advertência.  Até  porque  a  mesma  é  a  de caráter mais brando.

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Quando  se  fala  em  desnecessidade  de acompanhamento  posterior  do  adolescente,  é  que  é um tipo de medida socioeducativa que se esgota em si mesma. Ou seja, feita a admoestação não será tomada nenhuma outra medida, senão apenas para registrar o ato praticado mediante a lavratura do termo. Se,  porém,  for  necessário  o  acompanhamento posterior  do  adolescente,  é  porque  a  medida  de advertência  não  é  cabível  no  caso  concreto,  e  a gravidade da medida socioeducativa variará conforme o grau de acompanhamento, podendo chegar ao grau máximo, quando então será justificada a internação.

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A admoestação verbal conduzida por autoridade competente quer dizer que será a aplicada apenas pelo  Juiz da  Infância e Juventude, cabendo ao juiz demonstrar ao adolescente que o ato  por  ele  praticado,  embora  não  mereça  resposta  mais acentuada, produz conseqüências negativas para ele e toda a sociedade,  tanto  que  a  sua  reiteração  poderá  ensejar  a aplicação de futura medida mais severa. A  redução  a  termo  da  advertência  resulta  de  égide  do Estatuto.  Trata-se  de  formalidade  importante  para  o  registro do ato judicial praticado, uma vez que assinada, produz efeitos jurídicos,  pois  contará  dos  registros  da Vara da  Infância  e  da Juventude,  podendo  inclusive,  justificar  futura  medida  de internação, caso haja prática reiterada de atos infracionais.

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OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO. A obrigação de reparar o dano é medida socioeducativa que tem por finalidade  promover  a  compensação  da  vítima,  por  meio  da restituição do bem, do ressarcimento ou de outras formas.São  características dessa medida:

Prova da materialidade e de autoria da infração.  Da mesma forma que as  medidas  seguintes,  a  obrigação  de  reparar  o  dano  exige  a comprovação  da  autoria  e  da materialidade  da  infração,  e  não  apenas indícios de autoria, como ocorre com a advertência.

Gerenciamento realizado pelo Poder Judiciário. Não há necessidade da intervenção  de  entidade  de  atendimento  para  a  execução  da  medida socioeducativa  de  reparação  de  dano,  exercendo  o  Poder  Judiciário  a fiscalização  direta  e  indireta,  averiguando  se  houve  a  comprovação  da reparação;

Reparado o dano, extingue-se a medida. Uma vez reparado o dano, não há motivo  para  a  continuidade  da medida.  Por  isso,  ela  é  considerada como medida por tarefa, e não por desempenho.

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PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE. A prestação de serviços à comunidade consiste em medida socioeducativa aplicada ao adolescente, que realizará, gratuitamente,  tarefas de  interesse geral, observando suas aptidões.São características dessa medida: – Apuração da materialidade e da autoria mediante sentença. Para inserção de 

adolescente em medida socioeducativa de prestação de serviços à comunidade, deverá ser comprovada a autoria e a materialidade do ato infracional, em ação socioeducativa, na qual se garanta o devido processo legal.

– Possibilidade física e mental para realização de tarefas.  Quando da prolação da  sentença,  deverá  o magistrado  verificar  se  o  adolescente  reúne  condições físicas e mentais para a realização das tarefas. A tarefa a ser desenvolvida deve representar  e  acrescentar  uma  soma  de  conhecimentos  oportunidades  ao adolescente. Para que isso seja possível, a entidade responsável pela execução da  medida  deve  verificar  o  perfil  do  adolescente,  sua  condição  escolar,  sua experiência de vida, bem como de sua  família, e a partir desse estudo prévio proceder ao devido encaminhamento.

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– Abertura de processo de execução da medida com expedição de guia de execução. Atualmente  existem  dois  posicionamentos  sobre  o  momento  em  que deve  ser  expedida  a  guia  de  execução:  com  trânsito  em  julgado,  ou  já  quando proferida  a  sentença.  É  a  guia  de  execução  a  peça  inaugural  do  processo  de execução da medida, que se processará perante a Vara da Infância e Juventude. Se acaso o adolescente  tem domicílio em outro  local ou vier a  se mudar, deverá ser encaminhado o processo de execução para a comarca onde houver se mudado.

– Acompanhamento por entidade de atendimento responsável pela execução do respectivo programa. A entidade de atendimento, que pode ser governamental ou não  governamental,  responsável  pela  execução  do  programa  da  medida socioeducativa  de  prestação  de  serviços  à  comunidade,  terá  várias  obrigações, dentre  elas,  encaminhar  relatórios  ao  Juiz  da  Vara  da  Infância  e  Juventude, comunicando se o adolescente cumpriu ou não a medida. Havendo cumprimento por  tempo  fixado,  será  encaminhado  relatório  conclusivo  e  o  juiz  extinguia  a medida. Se o adolescente não cumprir, o  juiz pode modificar a medida por outra mais adequada, desde que ouvido o adolescente e a entidade.

– Período superior a 6 meses à proporção máxima de 8 horas por semana. Após eleger a prestação de serviços à comunidade como adequada à ressocialização do adolescente, deverá o Juiz indicar o seu período de duração, elegendo o ECA como tempo  máximo  de  6  meses.  O  limite  da  carga  máxima  estabelecida  pelo  ECA semanalmente é de 8 horas. Pode haver períodos inferiores à essa marca, podendo ser cumprida aos sábados, domingos e feriados.

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LIBERDADE ASSISTIDA. A  medida  de  liberdade  assistida  é  a  medida  socioeducativa  mais  aplicada  na prática. Por meio dela, o adolescente permanece junto à sua família e convive com a  comunidade  ao  mesmo  tempo  em  que  está  sujeito  ao  acompanhamento  e auxílio.Suas características:

Acompanhada por entidade de atendimento. A liberdade assistida será executada por entidade  de  atendimento,  governamental  ou  não  governamental.  Essa  entidade  de atendimento  indicará  uma  pessoa  capacitada  para  acompanhamento  do  adolescente, que  fará  papel  de  orientadora.  Na  ausência  de  entidade,  poderá  o  juiz  indicar  essa pessoa.  O  orientador  pode  promover  socialmente  o  ambiente  familiar  e  social  do adolescente, incluindo-o em outros programas sociais (bolsa família, bolsa-escola, vale-gás,  etc);  deve  supervisionara  frequência  e  aproveitamento  escolar  do  adolescente; diligenciar  no  sentido  de  profissionalizar  esse  adolescente;  e  apresentar  relatório  do caso ao Juiz da Infância e Juventude.

Prazo mínimo de 6 meses e máximo de 3 anos. A lei estabelece apenas o prazo mínimo da medida de liberdade assistida, não prevendo o prazo máximo. Contudo, por analogia, aplica-se o prazo máximo de 3 anos, qual seria quando o adolescente viesse a completar 21 anos de idade, no sentido que as jurisprudências aplicam normalmente.

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MEDIDA DE SEMILIBERDADE. A semiliberdade é espécie de medida restritiva de liberdade, por meio da qual o adolescente estará afastado do convívio familiar e da comunidade de origem, sem, no entanto, ficar privado da total liberdade de ir e vir.Por ser medida restritiva de liberdade, é condicionada aos princípios da brevidade e excepcionalidade.Pode ser aplicada por sentença na ação socioeducativa ou como forma de  transição  para  o  meio  aberto.  Não  pode  ser  cumulada  com  a remissão.Apresenta as seguintes características: 

Apuração de materialidade e de autoria mediante sentença. Obviamente que  por  restringir  a  liberdade  e  ser  mais  gravosa,  a  apuração  da materialidade  e  autoria  é  requisitada.  Detalhe  importante  é  que  não  pode ser cumulada com a remissão. Portanto, para se restringir a  liberdade, só é possível  após  regular  processo  de  ampla  defesa  e  contraditório  ao adolescente.

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Sujeição a prazo indeterminado, porém, limitado a 3 anos. As medidas restritivas de  liberdade  são  aplicadas  sem  prazo  determinado.  A  sua  duração  dependerá necessariamente  do  andamento  do  processo  socioeducativo  e  do  suprimento  do déficit existente, o que  será  feito através da  implementação de política pessoal e direcionada ao adolescente.

Aplicação do princípio da incompletude institucional. A medida de semiliberdade será cumprida necessariamente perante entidade de atendimento, governamental ou  não  governamental.  Essa  entidade  por  sua  vez,  pode  utilizar  vários  recursos: palestras,  programas,  convivência  comunitária  e  etc.  Pelo  princípio  da incompletude  institucional  entende-se uma política  voltada  ao  adolescente  como um todo, não exclusivista, mas inclusiva do adolescente em vários entes e pessoas.

Aplicação de atividades externas. A dinâmica  da medida  de  semiliberdade  pode ser  dividida  em  momentos:  como  a  execução  de  atividades  externas,  onde  o adolescente  pode  trabalhar,  freqüentar  a  escola,  visitar  família,  participar  de cursos,  etc.  Além  de  ter  esse  acompanhamento  realizado  pela  entidade  de atendimento.  Parte  da  doutrina  entende  que  essas  atividades  não  podem  ser retiradas  pelo  magistrado.  Contudo,  em  reiteradas  decisões  do  STJ  vem  se percebendo que o magistrado pode sim permitir essa vedação, como forma até de controlar e fiscalizar a reinserção desse adolescente ao convívio comunitário. O STF ao  julgar  a  questão  em  definitivo,  entende,  via  de  regra,  a  tal  restrição  não  é permitida,  sendo  tal  vedação  limitação aos direitos  fundamentais,  onde pode  ser permitida a restrição em casos excepcionais, e via decisão fundamentada.

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MEDIDA DE INTERNAÇÃO. A internação constitui medida privativa de liberdade, sujeita aos princípios de brevidade,  excepcionalidade  e  respeito  à  condição  peculiar  de  pessoa  em desenvolvimento.O estatuto prevê 3 modalidades de internação:

Modalidades de Internação CaracterísticasInternação Provisória Decretada  pelo magistrado  no  processo  de 

conhecimento,  antes  da  sentença.  Tem prazo  limitado  a  45  dias.  Está  previsto  no art. 108.

Internação com prazo indeterminado Decretada  pelo  magistrado  em  sentença proferida  no  processo  de  conhecimento, tem prazo máximo de 3 anos. Está prevista no art. I e II do art. 122.

Internação com prazo determinado Decretada pelo magistrado em processo de execução em  razão de descumprimento de medida  anteriormente  imposta.  Tem  prazo máximo  de  3 meses.  Previsão  no  art.  122, inciso III.

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Em  todas  as  modalidades  de  internação,  há necessidade  de  implementação  de  atividades pedagógicas.  Por  esse  motivo,  na  internação  com prazo  indeterminado  para  o  cômputo  do  prazo  de  3 anos,  inclui-se  o  período  em  que  o  adolescente  se encontrava provisoriamente.Assim,  se  o  adolescente  permanece  internado provisoriamente pelo período de 1 mês, a  internação decretada  por  sentença  somente  poderá  ter  duração de  2  anos  e  11  meses,  pois  deve  ser  considerado  o período total de contenção. As características são:

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Pressupõe apuração da materialidade e autoria. Como  é  medida  gravosa,  é imprescindível  a  prova  de materialidade  a  autoria.  Onde  só  pode  ocorrer  em processo  pelo  qual  se  tenha  garantido  o  devido  processo  legal.  É  proibido  ao defensor  concordar  com  a  internação,  sendo  obrigatória  a  impugnação  e empenho na liberdade do adolescente. Não é possível cumular com a remissão, vez que a remissão importa no NÃO reconhecimento da responsabilidade.

Possibilidade física e mental do adolescente. O  STJ  em  reiterado  julgados decidiu pela  impossibilidade de  internação para adolescentes que não reúnam condições mentais de entender o processo socioeducativo.

Excepcionalidade. É excepcional, por ser a medida mais gravosa ao adolescente. Se houver outra medida que possa  ser  aplicada  ao adolescente que preveja a ressocialização e seja menos gravosa é aplicada. Exemplo: se o adolescente não é reincidente, mesmo que tenha cometido ato infracional com grave ameaça ou violência não será aplicada a  internação, pode se prever a  semiliberdade ou a liberdade assistida por exemplo.

Hipóteses taxativas previstas em lei. Somente pode ser aplicada nas hipóteses taxativas da  lei: se for internação com prazo indeterminado (infração cometida mediante violência ou grave ameaça à pessoa;  reiteração em cometimento de infrações graves).

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Infração cometida com violência ou grave ameaça e reiteração de cometimento de infrações graves. Deve ser considerado o tipo penal de delito. Se o tipo penal revelar ato praticado mediante grave ameaça ou violência ABSTRATAMENTE a  internação pode estar autorizada,  desde  que  haja  reiteração  em  atos  infracionais  graves  e  esteja  presente  a necessidade pedagógica. Exemplos de delitos com grave ameaça e violência: roubo, lesão corporal grave, estupro, etc. Não autoriza a internação: furto, estelionato, tráfico ilícito de entorpecentes, etc. 

Acompanhamento pela entidade de atendimento. Pode ser entidade governamental ou não,  desde  que  seja  responsável  pela  fiscalização  e  acompanhamento  do  adolescente infrator. Deve zelar pela integridade física e emocional do adolescente.

Sujeita a diferentes prazos. Depende do tipo de internação para ter acesso aos prazos. Proibição de incomunicabilidade. É  proibida  a  inserção  do  adolescente  em  regime  de 

incomunicabilidade,  mesmo  em  razão  de  sanção  por  eventual  conduta  praticada  no interior  da  unidade.  Pode  ser  proibida  a  visita  dos  pais  mas  o  adolescente  não  fica incomunicável.

Possibilidade de restrição de atividades externas. Tal  como ocorre na semiliberdade, as atividades  externas  são  importantes  instrumentos  de  ressocialização.    Contudo,  as atividades  externas  nas  duas  medidas  semiliberdade  e  internação  são  diferentes.  Na semiliberdade  a  atividade  externa  pode  ser  desenvolvida  sem  vigília,  já  no  caso  da internação isso não é possível. O magistrado, se fundamentar sua decisão, pode restringir essas atividades e até mesmo vedar caso seja necessário, exemplo, para evitar a  fuga do infrator.

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Cumulação de Medidas Socioeducativas. Por  cumulação  de medidas  socioeducativas  entende-se  a incidência  de  diversas  medidas  aplicadas  em  uma  ou diversas ações socioeducativas. O  ECA  expressamente  autoriza  a  cumulação  de medidas, conforme se extrai da análise de seus arts. 99, 100 e 113. Essa  cumulação  pode  decorrer  da  mesma  ação socioeducativa  (quando  o  juiz  de  conhecimento, reconhecendo  a  prática  de  ato  infracional,  insere  o adolescente  em  mais  de  uma  medida),  ou  em  ações diversas, caracterizando, neste último caso, o incidente de cumulação.

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Assim, a cumulação pode se dar: 

a) De forma unitária (cumulação unitária). Decorrente  de uma única sentença.

b) De forma múltipla (cumulação múltipla). Decorrente de mais de uma sentença, surgindo o  incidente no processo de  execução,  com  análise  da  compatibilidade  da cumulação.

Portanto, não obstante haja autorização da lei, para que a  cumulação  seja  possível,  faz-se  necessário  verificar  o trabalho  pedagógico  a  ser  desenvolvido  em  cada medida, para que se permita a cumulação com outra.

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Substituição de Medidas Socioeducativas. Revela-se de complexidade ímpar a questão relativa à possibilidade ou não de  substituição  de  uma  medida  socioeducativa  por  outra,  notadamente quando  a medida  imposta  em  substituição  é  a  de  internação,  com  prazo indeterminado. Há precedentes importantes no Superior Tribunal de Justiça quanto à esta questão. o O  Estatuto  permite  a  substituição  de medida  anteriormente  imposta  em uma 

sentença, ao ser verificada a necessidade de acompanhamento pedagógico mais intenso, oportunizado-se ao adolescente a ampla defesa e o contraditório.

o Nem mesmo a  internação  com prazo determinado  impossibilita  a  substituição de outra medida, pois se demonstrada na prática a insuficiência da medida, esta pode ser substituída. (vide inciso III do art. 122- descumprimento reiterado).

o No caso da  internação, para que a  substituição  seja possível,  o ato  infracional deve ser cometido com violência ou grave ameaça, ou ainda, haver reincidência ou descumprimento de medida anteriormente aplicada, pois é medida extrema e indica gravidade maior ao que já foi estabelecido.

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Por exemplo:  se o adolescente é autor de ato  infracional de delito de  roubo e  aplica-se medida  socioeducativa de semiliberdade,  sendo  esta  se  mostrado  insuficiente  à ressocialização,  poderá  o  magistrado  substituir  essa medida pela a de internação com prazo indeterminado. Ou  seja,  há  de  ser  verificado  o  delito  e  sua  equiparação para  haver  compatibilidade  na  substituição.  Pois  para  a aplicação  da  medida  de  internação  é  necessária  a violência  ou  grave  ameaça,  delitos  estes,  considerados mais  graves  para  aplicação  e  óbvia,  substituição.  Assim, por  exemplo,  no delito de  furto de  autor primário,  onde não  haja  violência  ou  grave  ameaça,  a  substituição  pela medida de internação é impossível.

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Prescrição As medidas socioeducativas prescrevem? A resposta é positiva. Nesse sentido o  STJ  firmou  entendimento  no  sentido  de  serem  aplicadas,  de  forma subsidiária  as  regras  pertinentes  à  punibilidade  da  parte  geral  do  CP,  em relação  aos  atos  infracionais  praticados  pelos  adolescentes,  como  extensão aos  direitos  assegurados  aos  adultos,  editando  em  função  disso,  a  Súmula 338. STJ Súmula nº 338 - 09/05/2007 - DJ 16.05.2007Prescrição Penal - Medidas Sócio-Educativas “A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas”. Apesar  da  súmula  editada  o  tema  não  é  pacífico.  Pelo  contrário,  existem muitas resistências à aplicação da prescrição às medidas socioeducativas, sob o argumento de que, por terem caráter educativo, o decurso do tempo, por si só, não poderia excluir o adolescente do projeto pedagógico escolhido como apto à sua ressocialização.

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DA REMISSÃO

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Definição de Remissão.A permissão é um instituto previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente que proporciona a agilização do ato infracional, é de origem internacional do Tratado de Regras Beijing (art. 11). A remissão importa na adoção de um procedimento diferenciado daquele  ordinariamente  previsto  para  a  apuração  de  atos infracionais.  Não  significa  necessariamente  perdão.  Inclusive,  a expressão  vem  do  inglês  “diversion”,  cuja  tradução  pode  ser “encaminhamento  diferente  do  original”,  e  não  “remission”  do inglês, que significaria literalmente remissão (perdão). Por  meio  da  remissão,  são  mitigados  os  efeitos  negativos  da continuidade  do  procedimento,  que  importaria  no comparecimento do adolescente e seus pais a todos os seus atos.

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Possui três importantes características:A. Não  importará  no  reconhecimento  ou 

comprovação da  responsabilidade. A  remissão é ajuste  e  depende  do  consentimento  do adolescente e de seu representante.

B. Não prevalecerá para efeitos de antecedentes: se o adolescente, futuramente, vier a praticar novo ato  infracional, a remissão não será considerada como  antecedente,  independentemente  do número de remissões concedidas.

C. Poderá ser cumulada com qualquer medida não restritiva de liberdade.

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Espécies de Remissão. O  Estatuto  contempla  duas  espécies  de  remissão, classificação  essa  que  leva  em  conta  o momento  em  que  é concedida:

Pré-processual ou ministerial:  Importa na exclusão do processo de  conhecimento.  É  ofertada  pelo MP  e  homologada  pelo  juiz, estando  condicionada  ao  consentimento  do  adolescente  e  seu representante.  Quando  cumulada  com  medida  socioeducativa, deve haver concordância do adolescente e representante legal e defensor, seguida de homologação judicial. (art. 108, STJ).

Processual ou judicial: se dá com o procedimento já iniciado por oferecimento  de  representação  e  implica  na  extinção  ou suspensão  do  processo.  Independe  de  consentimento  do  MP, muito embora deva ser ouvido o mesmo antes de sua concessão, sob pena de nulidade.

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A classificação da remissão também pode se dar na seguinte categoria:

Própria: Quando importar em ‘perdão’ puro e simples (exclusão do processo) não sendo, portanto, cumulada com qualquer medida socioeducativa.

Imprópria: Quando  houver  cumulação  com  medida socioeducativa não restritiva de liberdade. Neste caso, o  adolescente  estará  submetido  a  medida socioeducativa sem processo. 

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Questionamentos.Devido  ao  tema  ser  interessante,  nesse  momento  pergunta-se: Deve  o  Ministério  Público  justificar  o  motivo  pelo  qual  deixa  de conceder remissão ao adolescente? De  fato,  em  atenção  ao  devido  processo  legal,  deverá  o  MP justificar o motivo porque adotou uma das opções indicadas no art. 180  do  ECA:  arquivamento,  remissão  ou  oferecimento  da representação. Adotada  uma  dessas  vias,  não  possui  o MP  a  obrigatoriedade  de justificar  o  motivo  de  não  haver  adotado  as  demais  opções, conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça. Além do mais, se a  defesa  entender  que  é  caso  de  concessão  da  remissão,  poderá formular  tal  requerimento  diretamente  ao  magistrado,  que analisará no momento oportuno.

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Medidas pertinentes aos pais e responsáveis

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Problemas  na  relação  entre  os  pais  e  os  filhos trazem consequências  indesejadas para a  formação d os adultos de amanhã. Infelizmente é com um que a violação dos direitos  infanto-juvenis aconteça em casa, dentro do ambiente familiar.Para  tutelar  essas  situação,  o  Estatuto  prevê  nos artigos  129  e  130  medidas  a  serem  aplicadas  aos pais  e  responsáveis  que  deixam  de  cumprir  suas obrigações legais e violam os direitos das crianças e adolescentes que estão sob sua responsabilidade.

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MEDIDAS

Observe-se o rol de medidas:- encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família- inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicómanos- encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico- encaminhamento a cursos ou programas de orientação- obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar- obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado- advertência- perda da guarda- destituição da tutela- suspensão ou destituição do poder familiar- afasta mento do agressor da moradia, com fixação de alimentos

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Como  se  pode  ver,  o  elenco  é  abrangente  e  procura  dar ferramentas ao aplicador do direito para tutelar de forma ampla a  situação de pais e filhos.  Inclusive, é  importante que  tanto as medidas de proteção aplicáveis  a  crianças e  adolescentes  como as  medidas  voltadas  aos  pais  sejam  aplicadas  de  forma coordenada.Na  maioria  das  medidas  indicadas  acima,  a  família  permanece junta, ou seja, as imposições aos pais para tratamento, obrigação de  matricular  o  filho  em  escola  etc.  não  demandam  o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar.Há situações, porém, que não podem ser resolvidas apenas com medidas mais brandas, sendo necessário tirar a criança de perto do  ambiente  hostil.  As medidas  previstas  para  tais  casos  são  a perda  da  guarda,  a  destituição  da  tutela,  a  suspensão  ou destituição  do  poder  familiar  e  o  afastamento  do  agressor  da moradia.

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O parágrafo único do artigo 129 traz importante alerta para a questão da carência material ao  fazer  remissão expressa ao artigo O parágrafo único do artigo 129 traz importante alerta para  a  questão  da  carência  material  ao  fazer  remissão expressa ao artigo.Como o princípio do devido processo  legal  jamais pode  ser deixado de lado em nosso ordenamento jurídico, a aplicação dessas  medidas  deve  seguir  o  procedimento  adequado, previsto nos  artigos  152  a 170 do Estatuto.  Pode  ser que a situação da  criança ou do adolescente não possa esperar o desfecho  do  processo  judicial,  uma  vez  que  a  violação  de seus direitos é flagrante. Para contornar o problema e tutelar devidamente os direitos  infanto-juvenis, o Estatuto autoriza que o agressor pode seja cautelarmente afastado da moradia comum.

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Acerca  da  medida  de  afastamento  do  agressor  da  moradia  familiar,  é importante perceber que tais medidas somente poderão ser tomadas se as  autoridades  públicas  tiverem  conhecimento  do  que  está  ocorrendo. Nesse sentido, tem especial importância a previsão do art. 13 do Estatuto, que impõe o dever de comunicar ao Conselho Tutelar os casos de suspeita ou confirmação de maus- tratos.O  parágrafo  único  do  artigo  130  permite  a  fixação  de  alimentos provisórios,  a  serem  pagos  pelo  agressor  afastado  do  lar  em  favor  da criança  ou  adolescente.  O  legislador  inseriu  essa  previsão  no  Estatuto através da Lei no 12-415/2011 diante da verificação de que, com u mente, o  agressor  é  também  o  único  responsável  pelo  sustento  da  família. Decretado  o  afastamento,  a  família  acaba  ainda  mais  prejudicada  pela falta  de  condições  financeiras  de  se  sustentar  sem  os  proventos  do homem.O juiz pode determinar o afastamento cautelar do agressor da moradia da família, o que garante a cessação da violação dos direitos infanto-juvenis, e conjuntamente ainda fixar o pagamento de alimentos provisórios.

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Resta  aos  órgãos  públicos  responsáveis  -  Judiciário  e Executivo  -  garantir a  aplicação material  da norma. Quer dizer, é fazer cumprir o afastamento do lar e o pagamento efetivo dos alimentos. Vale lembrar que a própria Constituição traz a orientação acerca da seriedade com que devem ser tratados os casos de  abuso,  violência  e  exploração  sexual  de  crianças  e adolescentes. O  §  4°  do  artigo  227  determina  que  a  "lei punirá  severa mente o  abuso,  a  violência  e  a  exploração sexual da criança e do adolescente.“O  Estatuto  procura  materializar  a  diretriz  constitucional através da previsão de afastamento cautelar e destituição do  poder  familiar  dos  pais  ou  responsáveis  agressores  - além das consequências penais dos atos.